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Period.: Semanal Área: 18,00 x 27,00 cm² ID: 93043998 27-05-2021José Cardoso Botelho Âmbito: Interesse Geral Corte: 1 de 2 “Não é verdade que se ande a construir só para estrangeiros” O braço-direito do multimilionário francês Claude Berda em Portugal, CEO da Vanguard Properties, revela que não falta dinheiro para investir no nosso País. O problema agora é a escassez de ativos para comprar MARISA ANTUNES TIAGO CARAMUJO

Vanguard Properties é o de o que dizem, que se anda a construir e está a reduzir... A verdade é que as maior investidor imobi- só para estrangeiros. Nestes nacionais pessoas dão cada vez mais importância liário privado de Portugal, há um peso importante de portugueses à qualidade do ar, da vida, à liberdade, com mais de mil milhões que viviam no estrangeiro e que agora, à segurança. E muita gente reconhece de euros aplicados em com o teletrabalho incentivado pelas isso em Portugal, por isso escolhe o 20 projetos, maiorita- multinacionais onde desenvolvem a País não para investir, mas para viver. riamente de luxo, con- sua atividade, conseguem viver em Ao contrário do Dubai, por exemplo, centrados em Lisboa, no Portugal e ainda beneficiar do progra- onde se veem prédios inteiros sem A e na Comporta. ma do Residente Não Habitual. É um ninguém lá dentro. Acho que a pan- A emblemática Herda- segmento de mercado que começa a demia veio reforçar a necessidade de de da Comporta, antiga pérola dos aparecer. se garantir qualidade de vida. Espírito Santo, o edifício com os A pandemia “congelou” muitos Mas teve algum impacto nos apartamentos mais caros de Lisboa, negócios imobiliários. Como foi preços que praticam? o Castilho 203 (cujo único português com a Vanguard? Nós nunca corrigimos preços! Até sou morador é Cristiano Ronaldo), a casa Excetuando 15 dias em março de 2020, conhecido por não fazer descontos… E mais cara da capital, na Lapa, e uma em que, de facto, não houve procura, a não fazemos porque isso seria violar das torres mais altas da cidade, a In- partir do verão as coisas foram recu- a confiança dos nossos clientes que finity, em , são alguns dos perando o seu ritmo e tivemos épocas compraram as casas em planta, seria projetos que fazem parte da carteira muitíssimo boas, como os últimos desvalorizar o seu património. Temos deste império fundado pelo multimi- quatro meses de 2020. Neste segmento de ser coerentes. lionário francês Claude Berda e que de luxo, a procura manteve-se forte Dos 20 projetos que a Vanguard está a ser gerido pelo seu braço-di- e, como a oferta de imóveis é escassa tem na sua carteira, quantos já reito, José Cardoso Botelho. saíram da fase de licenciamento e A Vanguard Properties está a estão em obra? celebrar cinco anos de existência O Castilho 203, em Lisboa, está con- em Portugal. Quantos projetos cluído e 100% vendido. Em obra es- e quantos milhões foram tão os projetos A-Tower, também em investidos durante este tempo? Lisboa, a aldeia da Muda, o Torre, o A carteira da Vanguard soma já 20 AS PESSOAS ACHAM Dunas, o Bayline, no Algarve, etc. Se projetos e 1 148 milhões de euros de estivermos a falar em volume, diria investimento. QUE TÊM UM DIAMANTE que cerca de 80% está a andar. Posicionaram-se no mercado de Os projetos são financiados com luxo e superluxo em Portugal. NA MÃO E, AFINAL, É capitais próprios? Qual é o peso dos portugueses na Não. O que fazemos é comprar os ativos vossa carteira de clientes? APENAS UM RUBI DE com capital próprio e depois desenvol- Os portugueses sempre gostaram de vemos com financiamento bancário ou investir em imobiliário. E nós sempre QUALIDADE MÉDIA uma parte de financiamento bancário fizemos transações com portugueses, garantido pelo imóvel e com um plano os quais representam 50% dos nossos de negócios bem estruturado. Todos os clientes. Isso significa que não é verda- projetos até agora têm cumprido as ex-

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ID: 93043998 27-05-2021 Âmbito: Interesse Geral Corte: 2 de 2 pectativas, ficando sempre além daquilo E já há um volume predefinido proprietários que... Enfim, eu percebo a que é o plano de negócios. para gastar? lógica de tentar vender ao melhor preço, Já venderam mais de 100 A indicação que tenho é de que tudo mas vejo propostas de valor completa- unidades no Bayline, todas as aquilo que apareça e faça sentido mente fora de mercado. Costumo dizer quintas de luxo na Comporta comprar, é para avançar. Não temos que há alguns donos de ativos para ven- (durante a pandemia), todos os um limite, ou melhor, o limite é gran- der que querem ganhar a margem de apartamentos do Castilho 203 e de. Estamos a falar de uma grande ca- quem efetivamente arrisca, o promotor, quase todos no A-Tower… Qual é pacidade de investimento e, portanto, e nesses casos eu só lhes digo: “Então o plano em termos de lançamento pode ser até mais do que já investimos avancem vocês se acreditam tanto no de novos projetos? até agora. Só não vamos comprar só que dizem…” Existe um desconheci- Pois, essa é a grande questão. Ainda por comprar, tem de fazer sentido. mento muito grande sobre o real custo há pouco tempo, estive em reunião do E ponderam alargar para outras da promoção, o fator tempo, os impos- grupo em Paris, com o Claude Berda, áreas geográficas? tos envolvidos, etc. As pessoas acham e isso foi abordado. Estamos a ter um À partida, não vamos sair de onde que têm um diamante na mão e, afinal, sucesso maior do que o esperado e estamos. Portanto, Algarve, zona da é apenas um rubi de qualidade média. corremos, de facto, o risco de vender Comporta, Lisboa. Não estamos con- Portanto, a dificuldade neste momento tudo muito em breve e deixar quase vencidos ainda a ir ao Porto. é conseguir adquirir ativos de qualidade de ter produto para vender, nomea- Investir nesta fase, ainda durante a um preço razoável. damente em Lisboa. Daí termos tido a pandemia, poderá ser uma boa Venderam as 40 quintas de luxo carta-branca para acelerar o processo. estratégia em termos de preços do projeto da aldeia da Muda, na Carta-branca para procurar dos terrenos ou imóveis para Comporta, durante a pandemia, oportunidades de investimento? reabilitar? com preços até quatro milhões Sim. Não existe muita oferta e há alguns de euros. Surpreendeu-o a velocidade das vendas? Sim, surpreendeu-me. Sempre achei que era um produto único e, de facto, não há nada parecido na região. Es- tamos muito satisfeitos porque, no fundo, confirmou a visão que tivemos há uns anos, e que era muito solitária. A maior parte das pessoas achou que eu e o Claude éramos completamente chalados da cabeça [Risos]. Criaram uma escola de ténis, estão a construir uma igreja na Comporta, doaram ventiladores durante a pandemia, participaram no lançamento da escola de programação 42 Lisboa e agora vão também contribuir para a construção do Museu Judaico, que vai nascer em Belém. Quanto é que já investiram no total em responsabilidade social? Cerca de seis milhões de euros. A questão da responsabilidade social demonstra o carinho e o apreço que o Claude tem por Portugal e pelos portugueses, que não se demonstra apenas por palavras, mas também por atos concretos. E pode ser tam- bém um incentivo para que outros investidores tenham a mesma postura. Recebemos muitos pedidos e obvia- mente não podemos apoiar todos, mas temos feito um esforço significativo para apoiar os que consideramos mais relevantes. Um exemplo é o Museu Judaico. Tem a ver com uma ideia de justiça para uma comunidade que foi tão maltratada no passado e que pode voltar a ser muito importante para Portugal. [email protected]

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