A Chácara, depois... a Vila

Contribuição para a história da Vila Santa Catarina

2ª edição 60 ANOS DE FUNDAÇÃO

Jairo Pires de Campos A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA

60 anos de fundação

CONTRIBUIÇÃO PARA A HISTÓRIA DA VILA SANTA CATARINA

- 2ª. EDIÇÃO -

Jairo Pires de Campos - JUNHO 2013 -

ÍNDICE

APRESENTAÇÃO...... 5 INTRODUÇÃO...... 7 PRIMÓRDIOS...... 7 A SEMENTE...... 8 ORIGEM DAS TERRAS...... 8 CASA SEDE - FOTO...... 9 EVOLUÇÃO DA CHÁCARA...... 11 PROPRIETÁRIOS ...... 11 LOTEAMENTO...... 11 VENDA DO LOTEAMENTO E DO REMANESCENTE...... 11 LOTEAMENTO COMPLEMENTAR...... 12 O NOME DA VILA...... 13 DEMOLIÇÃO DA CASA SEDE...... 13 PEDRO VIEIRA...... 13 O ÚLTIMO MORADOR...... 14 FRANCISCA FUSCO CORTI...... 14 PEDRO ROCHA...... 14 BENEDITO PIMENTEL...... 15 MOINHO DE FUBÁ...... 15 QUADRO DE ISAURA...... 15 QUADRO DE NEIDE...... 16 MAQUETE DO AUTOR...... 16 O SISTEMA E O PRODUTO...... 17 NOVO PROPRIETÁRIO...... 17 VESTÍGIOS DO MOINHO...... 17 ATRAÇÃO TURÍSTICA...... 18 PINTORES...... 19 FOTÓGRAFO...... 19 POETA...... 20 ESCRITORA...... 20 MINA DE ÁGUA...... 20 PASSEANTES – FOTOS -...... 21 PAINEIRAS...... 23 PONTES...... 24 PRIMEIRA...... 24 SEGUNDA...... 25 ESTRUTURAL DA VILA...... 27 TRANSPORTE...... 27 RUAS...... 28 DENOMINAÇÃO ...... 28 DIVISAS (I)...... 29 FUNDADORES...... 29 FRANCISCO JOSÉ SOARES (CHICUTA)...... 29 JULIÃO PIRES DE CAMPOS...... 30 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 5

ANIVERSÁRIO...... 30 LOCALIZAÇÃO E ACESSO...... 32 PRÉDIOS...... 33 MORADORES ANTIGOS...... 34 LUZ – ÁGUA - ESGOTO...... 37 ASFALTO & GALERIA...... 38 ASFALTO – COMPLETANDO SERVIÇO ...... 40 ASSOCIAÇÃO DE MORADORES...... 42 RIBEIRÃO LAVAPÉS...... 44 O NOME...... 45 LENDA...... 45 RELIGIÃO...... 46 CAPELINHA...... 46 IGREJA EVANGÉLICA...... 46 REGIÃO ESQUECIDA...... 47 CONSTRUÇÕES QUE DESAPARECERAM...... 47 PROPRIETÁRIOS DE IMÓVEIS – 1984...... 48 CRÔNICAS...... 49 TURISMO NA CHÁCARA – JAIRO...... 49 A CHÁCARA DOS MEUS AVÓS – MILAR ...... 51 BIOGRAFIAS...... 53 FRANCISCO JOSÉ SOARES...... 54 JULIÃO PIRES DE CAMPOS...... 57 DOMINGOS GARCIA...... 59 FRANCISCO MARTINS FILHO...... 60 MIRABEAU CAMARGO PACHECO...... 61 LUIZ VAZ DE CAMÕES...... 62 ULISSES ROSSI GRASSI...... 63 SANTA CATARINA (DE ALEXANDRIA)...... 64 JAIRO PIRES DE CAMPOS...... 66

GRÁFICOS...... 70 CASA SEDE – DESENHO RABISCOS DO AUTOR...... 71 PLANTAS DA CASA SEDE...... 71 QUADRA “D”...... 72 QUADRA “D” – COM PRÉDIOS – 1986...... 73 VILA – CONPLETA – 1986...... 74 VILA VIZINHAS ...... 75 VILA E REGIÃO...... 76 BOTUCATU – ATUAL – 1890 CONTORNOS INSERTO – N.G...... 77 BOTUCATU 1890 E CHÁCARA NOVA GRANADA...... 78 ENCERRANDO...... 79 6 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA APRESENTAÇÃO

Este opúsculo foi inicialmente pensado para se ater à assuntos concer- nentes às terras e atividades da família pioneira Pires de Campos aportada em Botucatu no ano de 1883, chefiada por José Pires de Campos – o PIRÃO -, destacando a fundação nessas terras, em 1912, pelo seu filho Julião, da chácara “Nova Granada”, até a venda desta em 1925. Entrementes, o autor, por razoáveis motivos, optou por alguma alteração na ideia inicial e estender a abrangência deste trabalho seguindo em frente acompanhando a trilha da evolução das terras da referida chácara, após sua venda, até à Vila Santa Catarina, sua sucessora, que ocupou integralmente a área. O autor entendeu que essa atitude viria beneficiar o leitor que passaria a encontrar no livrete, assuntos com aspectos enriquecidos, mais interessantes, mais vivos, mais alegres, mais atrativos além de informativos. Este opúsculo pode estar oferecendo algum subsídio básico a ser consi- derado no caso de elaboração futura da história da Vila Santa Catarina. O autor reconhece que não se trata de trabalho acabado nem perfeito, apesar do seu reduzido porte, estando por isso, entregue à introdução de alte- rações que couberem visando sua melhora. Eis pois, o livrete.

O AUTOR NOVEMBRO 2008

EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO 60 ANOS

Com o intuito de assinalar o transcurso no próximo dia 30 do corren- te mês de junho, a data do 60º aniversário de fundação da VILA SANTA CATARINA instituída pela Lei Municipal nº. 5121, de 08 de março de 2010, resolvemos e estamos apresentando a reedição do primeiro opús- culo editado em janeiro de 2009, de menor tiragem. Esta EDIÇÃO COMEMORATIVA, portanto, é praticamente uma reprodução do conteúdo da anterior, com pouca variação apenas para efeito de atualização em alguns aspectos e que só pode melhorá-la.

- JUNHO/2013 - O AUTOR A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 7

INTRODUÇÃO Para bem situarmos e melhor conhecermos a história toda da VILA SANTA CATARINA, é importante que retroajamos razoavelmente, no tempo. Dessa maneira conseguiremos chegar praticamente, à origem das terras nas quais hoje se encontra instalada essa vila e, consequentemente, à real origem de sua história, visto que ambas se confundem. Com isto, ainda poderemos oferecer mais conteúdo informativo para a elaboração dessa história, tornando- -a mais pormenorizada, mais atrativa e mais consistente. A presente narrativa é alicerçada em documentos pesquisados e reuni- dos pelo autor, bem como, em informações confiáveis recolhidas através de entrevistas que efetuou com pessoas que poderiam oferecer algo de positivo, inclusive para efeito de estudo, confronto, confirmação e aproveitamento para este trabalho. O pai do autor, Pedro, filho de Julião Pires de Campos, ambos já fa- lecidos, foi uma valiosa fonte, visto que deixou importantes documentos - de cartório e manuscritos seus - inclusive que abrangiam este assunto. Quanto aos primeiros - os de tabelião -, neles encontramos as primeiras pistas que nos induziram a iniciar pesquisas à busca e coleta de maior quantidade de informações possíveis, para aprofundamento no estudo referente ao caso em tela. Quanto aos segundos - os manuscritos -, neles conhecemos e acolhemos interessantes informações atinentes ao presente assunto, e as inserimos, no que cabia, neste modesto e despretensioso trabalho, visto que contribuem para seu aprimoramento.

PRIMÓRDIOS É evidente que na época à qual vamos nos reportar inicialmente, jamais se poderia imaginar algo a respeito da futura fundação da VILA SANTA CA- TARINA, que somente viria a acontecer dali a 64 anos à frente. Pois, como afirma o jargão popular, o futuro só a DEUS pertence. Situamo-nos, no momento, no ano de 1883. Foi neste ano que aportou nesta terra de Botucatu, procedente de Tietê-SP, sua cidade natal, JOSÉ PIRES DE CAMPOS (PIRÃO), acompanhado da esposa Innocencia Leopoldina de Almeida Campos e do filho do casal, JULIÃO, na ocasião com 12 anos de idade. Em Botucatu José instalou-se com a família no subúrbio da cidade, lado sul, ou seja, na atual região (hoje, histórica) do chamado Bairro do Lava- pés, e em sequência iniciou trabalho de transporte de variadas produções rurais 8 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA das chácaras, sítios e fazendas dos arredores da cidade. Cuidou, também, do transporte e fornecimento de lenha para a população local, para abastecer os fogões da época. Para esse fim utilizava carros de boi de sua propriedade. Era o meio de transporte mais utilizado. Aguardava oportunidade para expandir suas atividades comerciais. Na lida diária contava com o utilíssimo e indispensável auxílio do filho Julião.

A SEMENTE ORIGEM DA TERRA QUE NO FUTURO CONSTITUIRIA A ÁREA DA VILA SANTA CATARINA

Em 1888, ou mais precisamente, no dia 26 de dezembro, José Pires de Campos, adquiriu de JOSÉ ANTÔNIO DE OLIVEIRA MARQUES, uma gleba de terra, correspondente “...a metade de uma chácara, no suburbio desta cidade, no lado direito do ribeirão; compreendendo também, terreno ao lado esquerdo...” (Escritura lavrada no Tabelião CESAR - Livro 48 - fls. 022v./023v.). Em 1895, José Pires de Campos e esposa mudaram-se para Jahu, onde já estavam morando outros Pires de Campos. Com isso, a continuidade dos interesses da família, em Botucatu, foi confiada aos cuidados do filho Julião (foto). Em 1900, ocorreu o falecimento, em Jahu, da mãe de Julião, Dna. Inno- cencia. Em decorrência desse fato, Julião herdou parte das terras, em Botucatu, inicialmente mencionadas. Nessa ocasião, adquiriu a parte da herança (terra) de seu irmão José Jr., e também, PARTE do remanescente de seu pai. Unificou-as e fundou para si, na divisa norte das mesmas, margeando o lado direito do ribeirão, uma CHÁCARA com aproximadamente, dois alqueires de área. Atribuiu-lhe o nome de NOVA GRANADA. Foi esta chácara a verdadeira SEMENTE da VILA SANTA CATARINA. Claro que, como já dissemos, vila essa ainda inimaginável nesse início de século, mas, que surgiria no futuro (1952 em planta), na conformidade como veremos mais adiante. Essa região, ainda era isolada e coberta por mata. A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 9 CASA SEDE Como uma de suas pri- meiras providências para a organização e consolidação dessas terras como CHÁ- CARA, próximo à divisa leste, na parte alta do terreno Julião definiu um local, que considerado adequado, aí construiu, de tijolos, coberta por telhas “comuns”, asso- bradada, em estilo colonial, contendo ampla varanda na frente e à meia altura abrangendo toda a fachada, uma vistosa e confortável casa, para sede da propriedade e residência da fa- mília, esta constituída do casal e sete filhos. A seguir duas fotos de Pedro, filho de Julião e pai do autor quando residente na Nova Granada:

1914 - Pedro com 19 anos 1922 - Pedro com 26 anos - Photographia Rocha -

Em seguida, também duas fotos do autor, na época em que era trazido à N.G. pelos pais quando em visita:

10 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA

1924 - Jairo, seis meses 1925 - Jairo, um ano e meio - Photographia Rocha -

O prédio continha seis amplos cômodos, sendo quatro dormitórios, sala de jantar e cozinha. Exceto esta, eram todos forrados e assoalhados Possuía um alto e espaçoso porão, o qual era utilizado para depósito e guarda de vários materiais, como cereais, “arreiames” dos animais de montaria e de carga, petrechos dos carros de boi, ferramentas, etc. Para o alicerce dessa casa foram utilizadas pedras-ferro extraídas da pedreira existente na própria “Nova Granada”, na margem direita do ribeirão, a qual Julião também explorava comercialmente. Transportando para o presente, essa pedreira se localizaria no início da Rua Luiz Vaz de Camões, e a casa, abrangeria hoje, parcialmente, os terrenos dos prédios números 41 e 51 da Rua Domingos Garcia, e 781 da rua Francisco Martins Filho, na Vila Santa Catarina. Atualmente ainda há no sítio da antiga casa (demolida em 1966), vestígios desse mencionado alicerce. Mais adiante falaremos sobre essa demolição. Essa casa foi a primeira construída na região, a qual, na época - início do século 20 (vinte) -, como já dissemos, era isolada e coberta por mata. Dessa forma, a família de Julião Pires de Campos foi também, a primeira moradora da região, onde no futuro surgiria a Vila Santa Catarina. A família Pires de Campos, aí permaneceu até meados do ano de l925, quando então Julião vendeu sua chácara Nova Granada. A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 11 EVOLUÇÃO DA CHÁCARA “NOVA GRANADA”

PROPRIETÁRIOS Em 04-07-1925, JULIÃO (fundador) vendeu a “Nova Granada” a JOSÉ CRUZ DOMINGUES. (Escritura: Lº 118 - fls.06 -1º Tabelião); Em 30-04-1926, José Cruz Domingues, transferiu-a a EMÍLIO GARCIA Y GARCIA (Escritura: Lº 059 Aux - fls. 068v°/070 - 1º Tabelião); Por último, em 12-09-1928, FRANCISCO JOSÉ SOARES (CHICUTA), adquiriu-a de Emílio Garcia y Garcia (Escritura: Lº 122 - fls. 180/181v.- 1° Tabelião). Francisco José Soares conservou consigo a chácara Nova Granada, como tal, até 1952, nela residindo com a família, quando então decidiu lotear parte de suas terras.

LOTEAMENTO (1º) DA CHÁCARA NOVA GRANADA SURGIMENTO DA VILA SANTA CATARINA Em 24-10-1952, o topógrafo Joaquim Amaral Gurgel assinou planta que elaborou, configurando loteamento par- cial da Chácara Nova Granada a partir da divisa norte, com a denominação de VILA SANTA CATARINA equivalente a 32.805m², desmembrados do total de 48.400m² de área global das terras da chácara, por decisão e determinação do seu proprietário, Fran- cisco José Soares, contendo 54 (cinqüenta e quatro) lotes, mais duas áreas de terrenos de forma irregular e íngremes, na divisa oeste, margeando o Ribeirão Lavapés, planta essa registrada em 30/06/1953, sob nº 15.362 - Lº 3-Y - pág. 79, no 2º Cartório de Registro de Imóveis local.

VENDA DO LOTEAMENTO E DO REMANESCENTE Em 03/08/1956, YOLANDA MALOCCI adquiriu de Francisco José Soares (Chicuta), através da escritura lavrada no 2º Tabelião de Notas local - Lº 110 - págs. 286 a 287v., o loteamento parcial acima mencionado, exceto 12 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA

14 (quatorze) lotes que já haviam sido negociados por Francisco J. Soares. Nessa ocasião, e através do mesmo instrumento de venda e compra, Yo- landa Malocci adquiriu também, mais o remanescente da área total da chácara Nova Granada, não incluída na referida planta de loteamento parcial, com superfície de 15.595m², com todos os bens nela existentes, como, a casa-sede, casa de empregado, e ainda, o moinho de fubá.

LOTEAMENTO (2º) COMPLEMENTAR Em 1959, uma segunda planta, complementar, encomendada por Yolanda Malocci, igualmente elaborada e assinada pelo topógrafo Joaquim Amaral Gurgel, veio completar o loteamento da área da chácara Nova Granada, po- rém, preservando a mesma denominação de VILA SANTA CATARINA, com abrangência da totalidade do seu território original. Esta planta foi aprovada pelo Sr. Prefeito Municipal em 14/03/1959, e registrada no 2º Cartório de Registro de Imóveis local, em 25/07/1959, sob nº 11.882 - pág. 65 - Lº 3-Z. Dessa forma, diante do acima discorrido, conclui-se que Dna. Yolanda Malocci detém valioso mérito de haver tido importante, decisiva e destacada par- ticipação na constituição da VILA SANTA CATARINA, com seu atual perímetro.

NOTA I: Lotes, em número de 14 (quatorze), constante da planta do loteamento parcial, em 1952, das terras da chácara Nova Granada, não incluídos na venda retro referida realizada em 03/08/1956. à Yolanda Ma- locci, pelo então proprietário, Francisco José Soares: Na Quadra C - lotes de números 1 a 9, mais o 18 - (10 lotes); e na Quadra D - os lotes números 2, 3, 6 e 7 - (04 lotes). NOTA II: Nesta segunda planta (1959), aparece na Quadra D, o lote 11, com a maior testada - 20 metros - pela necessidade de contemplar a área ocupada pelo perímetro da casa-sede da chácara, que extrapolava à de um lote comum. Era ela a única existente na ocasião do primeiro loteamento com a denominação de Vila Santa Catarina, que mantida neste segundo, a qualifica como o primeiro prédio desta vila. NOTA III: Esta segunda planta foi aprovada coincidentemente pelo vice-prefeito em exercício no cargo de prefeito, Progresso Garcia, ex-vereador e importante fotógrafo, que havia residido na Chácara Nova Granada no período de maio de 1926 a setembro de 1928, na época, propriedade de seu genitor. A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 13 O NOME DA VILA Esse loteamento, como dissemos, recebeu em 1952, o nome de VILA SANTA CATARINA, atribuído pelo próprio Francisco José Soares, e em 1959, foi reconhecido e mantido por Yolanda Malocci, na mencionada planta complementar. Conforme informação recebida de Maria Soares Cahil (Zita), filha do Sr. Chicuta, em entrevista concedida ao autor, em 27-11-l999, a desig- nação de SANTA CATARINA, para PADROEIRA do loteamento, decorreu da grande devoção de seu genitor à essa entidade.

NOTA - Na data de 25 de novembro é comemorado o dia de Santa Catarina (de Alexandria). Mais adiante apresentamos um resumo biográfico dessa santa.

DEMOLIÇÃO DA CASA SEDE Foi-me mencionado, durante as pesquisas, o nome de Inocêncio Gomes como sendo o penúltimo proprietário dessa primeira casa da Vila. Em seguida, a mesma teria sido adquirida deste, por Antônio Laureano (“Mineiro”). Em 1966, Laureano contratara Arthur Lyra para proceder a demolição do prédio, visto que já apresentava alguma deficiência em parte da construção. Neste mister, Arthur Lyra foi auxiliado por Pedro Vieira de Andrade, que na ocasião contava com 14 anos de idade. Durante essa demolição, Pedro Vieira, quando realizava serviços sobre o forro, este cedera sob seus pés, causando-lhe perigosa queda daí ao soalho, tendo, no entanto, tido a milagro- sa sorte de só haver recebido algumas escoriações, as quais não o impediram de prosseguir no seu trabalho. Este tópico concernente à demolição dessa his- tórica casa, foi relatada pessoalmente, ao autor pelo próprio Pedro Vieira, em 14-05-2004, em entrevista que tivemos em sua residência.

Pedro Vieira Andrade (Diário da Serra) 14 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA O ÚLTIMO MORADOR De acordo com o apurado, essa casa recebeu habitantes até 1965. Como a mesma só foi demolida no ano seguinte -1966 -, e ela existiu desde o início do século 20 (vinte), inúmeras pessoas, moradoras ou não da região, tiveram oportunidade de conhecê-la. Muitas, até hoje, ainda dela se recordam e a mencionam com alguma admiração e até saudade, lamentando seu desaparecimento, bem como, do próprio antigo cenário em seu redor. Era comum, pessoas referirem-se à ela, até por hábito que se transmitia entre elas, como casona, casão, casarão ou sobradão, por se destacar pelo seu porte e estilo, dentre os poucos e modestos prédios que iam surgindo na área.

FRANCISCA FUSCO CORTI Dna. Francisca Fusco Corti - hoje com cem anos - residente no n.1782, da Rua Curuzu, em entrevista de 25-11- l999, relatou que lavara e passara roupas para a família do sr. Chicuta. Para esse fim utilizava água do ribeirão ou de uma das fontes existentes na chácara. A lava- gem era feita no próprio Ribeirão ou na fonte. A água da mina era potável, e por isso também usada para se beber e cozi- nhar. Acrescentou ainda que esses seus trabalhos lhe propiciavam frequentar a casa, e com isso a conheceu muito bem.

PEDRO ROCHA O Sr. Pedro Rocha, já falecido - Rua Curuzu, 2018 - foi umas das pri- meiras pessoas entrevistadas. Em 24-11-1999, primeira conversa mantida, também comentou haver bem conhecido a chácara, e igualmente, a respectiva casa-sede. Disse que sempre morou na região. Foi ele quem indicou, nessa ocasião, ao autor, Dna. Francisca Fusco Corti, umas das mais antigas moradoras da região, e por isso, pessoa das mais qualificadas para falar sobre esse assunto. Na foto que fiz do Pedro, faltou nitidez para publicação. A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 15 BENEDITO PIMENTEL No início das pesquisas, também, foi entrevistado, em 22-11-1999, Bene- dito Pimentel, residente no n. 497 da Rua Mirabeau Camargo Pacheco - Vila Cidade Jardim -, cujas informações sobre o mes- mo assunto, são semelhantes às de outros entrevistados.

O MOINHO DE FUBÁ - CHÁCARA NOVA GRANADA -

Para construção do moinho o Sr. Chicuta, em 1940, contratou o Sr. Au- gusto Afonso Martins, cidadão português, com bom now how nesse trabalho. Moacir Bernardo disse que há tempo, conversou sobre esse assunto com Dna. Carmem Carvalho Martins (Carminha), já viúva de Augusto, falecido em 1960, e agora passou-me essas informações.

Quadro de Isaura

Autora: Celina S. Chamma 16 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA

Quadro de Neide

Autor: Odilon Rebello Ferreira

Réplica-miniatura do MOINHO DE FUBÁ, do AUTOR.

Trabalho encomen- dado ao artesão Jayro José dos Santos.

(Fornecemos informações, fotos, desenhos e algumas medidas)

O moinho foi construído na Nova Granada, à margem direita do Ribeirão e abrigado em uma casinha de madeira, e com intuito comercial, tendo o Sr. Chicuta possivelmente mantido-o ativo até 1956, quando vendeu o loteamento da chácara a Yolanda Malocci. A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 17

O SISTEMA E O PRODUTO Um represamento do ribeirão, localizado a pouca distância do engenho - cerca de uns vinte metros acima -, propiciava a consecução do nível adequado da água para sua captação e condução através de bica (calha) de madeira, suspensa e sustentada por escoras, até sua grande RODA D’ÁGUA, despe- jando o líquido sobre a mesma, enchendo suas canecas abaixo, cujos peso e força produzidos nessa metade da roda, a faziam girar, e consequentemente, por meio do prolongamento do seu eixo, acionava o maquinismo do moinho. O milho depositado em um receptáculo de fundo afunilado situado em nível mais elevado do conjunto, possibilitava sua descida por gravidade, ao dispositivo processador, e chegar ao ínfimo espaço entre duas mós sobrepos- tas, que o moia, pelo atrito resultante do movimento rotativo executado pela superior sobre a inferior que permanecia inerte, apresentando como resultado desse processo de transformação, e mediante prévia graduação, a quirera e o nosso conhecidíssimo fubá, valoroso produto alimentício de elevado teor nutritivo, de uso bastante difundido e diversificado.

NOVO PROPRIETÁRIO Já quando Vila Santa Catarina, ficou com esse moinho o Sr. Joaquim Ceranto, que continuou sua exploração comercial, também por vários anos. Ceranto residia com a família na Vila, no início da atual rua Luiz Vaz de Camões, bem próximo ao moinho, que automaticamente passou a situar-se em terreno de sua propriedade, ao adquirir a área. Com o passar do tempo desativou-o e removeu o maquinário, cujas algumas peças ainda, se encontram com a família. Visitamos essas peças guardadas.

VESTÍGIOS DO MOINHO - Uma restante mó do moinho, do con- junto composto de duas, o autor teve oportunida- de de fotografá-la pela primeira vez, em 28/ MAIO/2000.

09/10/2003 18 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA

O AUTOR NO LOCAL ONDE EXISTIU O MOINHO

Hoje ainda é possível ver no local, na margem direita do ribeirão Lava- pés, onde funcionou o moinho, remanescentes pilares de concreto (foto) que sustentavam sua estrutura. O local não é de muito fácil acesso, todavia, com um pouco de esforço físico e disposição, é perfeitamente viável atingi-lo e observá-lo, para quem, por curiosidade, se interessar por essa micro aventura. Por se tratar de local de terreno um tanto íngreme, meio acidentado e com brejo, é conveniente para quem pretenda fazer essa visita ao antigo sítio do moinho, prevenir-se para essa situação. Um par de botas de borracha e um bastão, ajudariam.

ATRAÇÃO TURÍSTICA Esse engenho, devido suas características e aspectos interessantes, prin- cipalmente em razão de sua grande RODA D’AGUA, de certa maneira se constituía, em uma razoável atração à curiosidade de inúmeras pessoas, que o visitavam com o propósito de conhecê-lo de perto e aproveitar a oportunidade para retratá-lo, além de realizar convescotes nas imediações, com familiares, colegas e amigos e até mesmo, adquirir seu principal produto, o fubá. Confirmam essa realidade, fotos cedidas pelo amigo Darcy Venâncio, já falecido. A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 19

PINTORES Esse moinho, além de alvo de fotógrafos amadores e profissionais, também foi motivo, com destaque, para TELAS À ÓLEO de conhecidos e competentes pintores locais, como Celina Semionatto Chamma e Odilon Rebello Ferreira. O autor fotografou duas de suas obras, cujos QUADROS pertencem, individualmente, à duas filhas de Francisco José Soares - Isaura e Neide - que gentilmente, aquiesceram à solicitação do autor. Durante as pesquisas, o autor, em conversa com o amigo Ocimar Antônio Santa Rosa, ficou sabendo que UM QUADRO apresentando “moinho com roda d’água”, há alguns anos atrás, estivera exposto, com destaque, na antiga loja de calçados Casa Paganini (Rua Amando de barros, 433 - centro), ador- nando mais, o já agradável ambiente oferecido aos clientes pelos atenciosos e corteses proprietários, irmãos Paganini: Domingos, Octacílio e Osônio. Em 26/04/2000 (12:00h. mais ou menos), por telefone, ouvido a respeito pelo autor, o saudoso amigo Domingos Paganini, confirmou essa informação, acrescentando ainda, que esse ÓLEO pertencia “à uma professora de Piapara”, cujo nome não se recordava no momento, e à quem fora o mesmo devolvido. Posteriormente, o autor, casualmente, apurou tratar-se da professora Neide Soares, a pessoa citada por Domingos, quando ao conversar com Zita, em sua residência, mencionou-lhe a conversa tida com Domingos, tendo a mesma (Zita), de pronto, dito: “É a Neide. Ela morou em Piapara e lecionou lá”. No momento conversei daí, por telefone, com Neide, e ela confirmou todo o fato. Dessa maneira ficou esclarecido o caso do quadro de moinho que es- tivera exposto durante cerca de dois anos na loja de calçados dos Paganini. Era mesmo de moinho, e do Chicuta.

FOTÓGRAFO Em l95l, o conhecido e operoso fotógrafo amador botucatuense, Luiz Simonetti, registrou pela sua objetiva, os garotos Daniel e Danilo, filhos do consagrado pintor sacro italiano, Gentilli (Ulderico) (pintou, entre outras, o Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, a capelas do Colégio Santa Marce- lina e de Santo Antônio, em Rubião Júnior) divertindo-se ao sopé do moinho, nas águas limpas e transparentes do Ribeirão Lavapés, naqueles idos tempos. Cópia dessa foto, há algum tempo, o autor recebeu do escritor botuca- tuense Moacir Bernardo, que também lhe passou as informações acima, a respeito da mesma (página 22). 20 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA

Assim como essas pessoas retro mencionadas, e pelas mesmas razões, com toda certeza muitas outras também teriam fotografado e pintado esse moinho; e ainda, a casa-sede que isolada se destacava pujante, garbosa e imponente ao alto da colina; e em sentido mais abrangente, também, toda a interessante paisagem da chácara “Nova Granada”, que por ser relativa- mente pequena, permitia ser visualizada, fotografada ou pintada quase que por inteiro.

POETA A “Chácara do Chicuta” - (era costume de assim chamarem a “Nova Granada”), o Ribeirão Lavapés, o moinho de fubá e a paineira, foram fonte de inspiração para o poeta botucatuense WALTER DOS REIS que os men- ciona nas suas poesias “O Cepo da Paineira” e “Rio Lavapés”, no seu livro de poemas “PRÁ LEMBRAR BOTUCATU” (1985).

ESCRITORA Também a professora Maria de Lourdes Gramulha Laperuta, em seu livro “O PODER DE UMA EXISTÊNCIA” - (Ed.2007), refere-se à essas características e outras mais, da “Chácara do Chicuta”.

MINA DE ÁGUA Praticamente junto à parede da lateral sul da casinha-abrigo do moinho, brotava continuamente de uma fonte, água cristalina de boa qualidade, potá- vel, própria para consumo doméstico, que podia ser aparada e usada por quem se interessasse dela se ser- vir. Esse fato confirma-o a foto. A mesma qualidade de água era encontrada Marlene Bernardo, irmã de Moacir, moradores na em outra fonte existente Rua Curuzu, colhendo água na bica em 15-07-1954 na chácara. Foto - Presente do escritor Moacir Bernardo A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 21

PASSEANTES

Muita gente costumava utilizar-se do agradável, convidativo, acon- chegante e próximo, ambiente apresentado e oferecido pela chácara, para um restaurador relaxamento físico e mental, como mostram as fotos a seguir:

À direita, Darcy Venân- cio e noiva Terezinha, no centro da 1ª. fila. No alto, casa-sede da Chácara N.G. - (Década 1950)

A seguir, três fotos feitas na N.G., presentes de Moacir Bernardo -

No 1º. plano - à esq., Marlene Bernardo (blu- sa estampada) - Lado oposto: Lourdes Sauer (saia escura - turbante) - ao lado, Joana Galerani (vestido branco - cabelos soltos) /// Na pinguela: à esq. ? - no centro, Diva Mendonça (vestido branco e turbante) - á dir., Maria de Lourdes Padovan - saia e blusa escuras) 22 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA

Da esq. p/ dir.: Maria de Lourdes Padovan, Lourdes Sauer, Marlene Bernardo, Joana Galerani e Diva Mendonça -

Vê-se o MOINHO DE FUBÁ (margem direita) Foto de Luiz Simonetti: - Irmãos Daniel e Danilo Gentilli (Ver título “Fotógrafo”)

NOTA - Daniel, o menor, à esquerda, eu o conheci, e conversamos em 10 de outubro de 2011, no Centro Cultural de Botucatu. onde voltamos a nos encontrar em data posterior. À direita, Danilo o maior, já falecido. A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 23 PAINEIRA (Chorisia Speciosa)

Era um símbolo e referência para a chácara, uma grande e frondosa PAINEIRA (“Chorisia Speciosa”) existente próximo à casa-sede, do lado es- querdo (olhando-a de frente), da qual distava lateralmente, para nor- te, cerca de 30 (trinta) metros. Por volta de 1990 foi cortada pelo corpo de bombeiros, por solicitação do sr. Benedito Oian, receoso de que, debilitada por incêndio que a corroeu internamente, viesse tombar sobre sua residência - rua Luiz Vaz de Camões, 90 -, de cujo muro da divisa leste, a grande árvore distava aproximadamente, seis metros. Também uma segunda paineira, igualmente vistosa, frondosa, contem- poraneamente existiu na chácara, nas proximidades do moinho e foi a primeira

Paineira próxima ao moinho ainda em pé

(Ao fundo vê-se a outra) 24 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA

a ser abatida. Essas árvores ornamentaram as retro mencionadas TELAS, e certamente figuraram também em outras, além de em muitas fotos feitas no lugar e dis- seminadas entre os visitantes e seus parentes e amigos. Sabendo-se que a paineira possui vida bastante longa, é de se lamentar o desaparecimento do local desses magníficos e admiráveis espécimes de nossa flora, que por muitos anos apresentaram-se como um verdadeiro adorno e marco na região pelas suas imponências e floradas coloridas que exibiam, e enfeitavam anualmente a paisagem- ambiente.

NOTA - I) - Em concurso promovido pela Secretaria Municipal de Educação local, e realizado no mês de novembro de 2005 entre os alunos do ensino fun- damental, para a escolha da árvore-símbolo da flora da região de Botucatu, a PAINEIRA foi uma das quatro espécies eleitas. Este fato muito valoriza e dá importante destaque à paineira. NOTA - II)- À paineira, como já citado, o poeta Walter dos Reis, dedicou a poesia de sua autoria “O Cepo da Paineira” em o seu livro de poemas “Prá Lembrar Botucatu” - (1985).

PONTES QUE SERVEM DIRETAMENTE A VILA PRIMEIRA PONTE - Durante a primeira gestão do prefeito municipal Emílio Peduti (01/01/l952-29/02/1956), foi construída, para travessia do Ri- beirão Lavapés, e servir loteamentos de terras na área, uma ponte de madeira, A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 25 com base de pedras, na rua Conselheiro Rodrigues Alves, ligando o corpo da cidade ao loteamento da nascente Vila Santa Catarina, e consequentemente, servindo também, o contíguo loteamento da Vila Cidade Jardim, a leste, as quais emergiam simultaneamente nesse ano na região, ainda despovoada. Essa ponte teve relativamente, curta duração, pois que, algum tempo depois foi destruída por força da correnteza das águas do Ribeirão, provocada por grande enchente, e não mais foi refeita. Para satisfazer curiosidade, ainda pode ser visto no local situado à margem direita do Ribeirão, no início da rua Mirabeau Camargo Pacheco - Vila Santa Catarina - o paredão restante, construído com blocos de “pedra-doce” (Arenito de Botucatu), que susten- tou uma das cabeceiras dessa ponte. O paredão de sustentação da cabeceira da margem esquerda, solapado na base pela avalanche ruiu completamente, tendo este fato se constituído também na principal causa da queda da ponte.

Foto: 01/09/2001 pelo autor - Ruínas do paredão de apoio da cabeceira da margem direita da ponte sobre o Ribeirão Lavapés, ligando as Ruas Mirabeau Camargo Pacheco e Consº Rodrigues Alves.

SEGUNDA PONTE - Mostramos a seguir, duas fotos da construção da ponte sobre o Ribeirão, ligando a Rua Cel. Fernando Prestes ao seu pro- longamento (atual Ulisses Rossi Grassi), recebidas de presente do Engº Eu- gênio Monteferrante, por intermédio do escritor Moacir Bernardo. A data de 13/02/1980 dessas fotos corresponde ao período da gestão, em segundo man- dato, do Prefeito Municipal Luiz Aparecido da Silveira (01/02/77 - 31/01/83)

NOTA) - É com pesar que estamos registrando o falecimento desse nosso amigo - engenheiro Eugênio Monteferrante Netto - ocorrido no dia 3 deste mês de junho. Que esteja na paz do Senhor. 26 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA

Na foro acima, após o vale do Ribeirão, em aclive, vê-se a atual Rua Ulisses Rossi Grassi

Em primeiro plano, a atual Rua Ulisses Rossi Grassi (já com guias e sarjetas) - Após o vale, início da Rua Cel. Fernando Prestes A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 27 ESTRUTURAL DA VILA SANTA CATARINA A Vila Santa Catarina é dotada de toda a infra-estrutura básica, o que permite razoável conforto à sua população. Assim é, que podemos mencionar: energia elétrica, para os prédios e iluminação pública (CPFL); água tratada e encanada, e esgoto (SABESP); galeria de águas pluviais e ruas asfaltadas (PREFEITURA), linhas telefônicas (VIVO, - ex-TELESP-TELEFÔNICA).

TRANSPORTE Presentemente servem a Vila (e entorno) duas linhas regulares de ônibus com horários pré-fixados, operadas pela empresa STADTBUS, do Estado do Rio Grande do Sul. Outra linha com menor frequência com destino direto ao Hospital de Clínicas da UNESP, está a cargo da SÃO DIMAS, do Estado de . Essas duas empresas assumiram recentemente a operacionali- dade do serviço de transporte público da cidade.

16/03/2012 - FOTO DO AUTOR - STADTBUS APRESENTA ÔNIBUS DE SUA FROTA

Santa Catarina é uma vila pequena, com dois (2) alqueires paulistas (48.400m²) de superfície. Não possui estabelecimento comercicial ou indus- trial. Em alguns casos compatíveis, seus moradores recorrem aos existentes na contígua Vila Cidade Jardim e nos mais exigíveis, dos existentes em outros bairros ou no centro comercial da cidade, do qual dista muito pouco. 28 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA RUAS A integralidade do território da Vila Santa Catarina é servida por cinco ruas; sendo duas longitudinais, no sentido Sul-Norte, uma, e Norte-Sul, ou- tra; e três transversais, no sentido Oeste-Leste. Todas elas asfaltadas, como já foi dito.

DENOMINAÇÃO DAS RUAS 1)- Domingos Garcia (ex-rua 1) - CEP. 18601-310 -Longitudinal - sen- tido Sul-Norte - inicia na Vila e continua. Decreto nº 3172, de 19-08-1982 - Processo nº5563/8; 2)- Francisco Martins Filho (ex-rua 2) - CEP 18601-290 -Longitu- dinal - sentido Norte-Sul - atravessa a Vila Decreto nº 3084, de 26-05-1982 Processo nº 1682/82.; 3)- Mirabeau Camargo Pacheco (ex-prolongamento da Rua Consº Rodrigues Alves) - CEP 18601-420. Transversal - sentido Oeste-Leste - Di- visa com Parque Santa Inês - inicia na Vila e continua Decreto nº 2882, de 21-11-1980 Processo nº 8853/82; 4)- Luiz Vaz de Camões (ex-rua São Benedicto) - CEP 18601-410. Transversal - sentido Oeste-Leste - inicia na Vila e continua Decreto nº 2830, de 15-07-1980 (Comemorativa do quadringentésimo aniversário da morte do patrono); e 5)- Ulysses Rossi Grassi (ex-prolongamento da rua Cel. Fernando Prestes) - CEP 18601-285. Transversal - sentido Oeste-Leste - divisa com a Vila Lavapés - inicia na Vila e continua - Decreto nº 2817, de 02-06-1980.

NOTA I: Todos os cinco decretos retro mencionados foram editados na segun- da gestão do prefeito Luiz Aparecido da Silveira (01/02/1977 - 31/01/1983) e por ele sancionados. NOTA II: Luiz Vaz de Camões, ilustre cidadão português, conhecido e reco- nhecido mundialmente, destaca-se nesse sentido como importante personagem dentre os patronos das referidas ruas. Considerado o “poeta máximo da língua portuguesa”, teve essa máxima mandada pela lei, constar das placas indicativas da rua com seu nome, realçando, com inteira justiça, essa modesta homenagem que lhe é prestada. NOTA III - Mais à frente, são apresentados resumos biográficos dos respecti- vos patronos das ruas acima mencionadas, do primeiro proprietário-fundador da Chácara Nova Granada, e do último proprietário da mesma área, fundador da Vila Santa Catarina; e ainda, do autor deste trabalho. A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 29 DIVISAS A Vila Santa Catarina tem as seguintes divisas: NORTE - Rua Mirabeau Camargo Pacheco - Com Parque Santa Inês - OESTE - Ribeirão Lavapés - Com a Vila Moreira e cidade -; SUL - Rua Ulisses Rossi Grassi - Com a Vila Lavapés -; e LESTE - Em linha com duas retas cortando duas quadras - Com a Vila Cidade Jardim.Estão nesta divisa os prédios: Nº 166 - Rua Mirabeau Camargo Pacheco; Nº 193 e 274 (ex-192) - Rua Luiz Vaz de Camões; e Nº 141 - Rua Ulisses Rossi Grassi.

FUNDADORES DA VILA SANA CATARINA E DA CHÁCARA NOVA GRANADA

- FRANCISCO JOSÉ SOA- RES - (CHICUTA) Francisco José Soares (Chicuta) e esposa, - FUNDADOR DA VILA Maria Alves Porto Soares (Dna. Cota). SANTA CATARINA -

NA CHÁCARA N.G.: à dir. Chicuta e Dona Cota, na frente, senta- das, três filhas do casal. Os demais, amigos da família 30 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA

- JULIÃO PIRES DE CAMPOS -FUNDADOR Julião Pires de Campos e esposa, DA “CHÁCARA NOVA Maria Risoleta de Campos GRANADA” (QUE DEU ORIGEM À VILA)

ANIVERSÁRIO DA VILA O autor apresenta a data de 30 de junho para comemoração do aniver- sário de fundação da Vila Santa Catarina, pois que, nessa data aconteceu o registro no 2º Cartório de Registro de Imóveis local, da primeira planta do loteamento com essa denominação. Justifica, ainda, a adoção da referida data, o fato de ser o registro da planta um procedimento obrigatório e indispensável para a oficialização de um loteamento e liberação da respectiva área para início de venda legal. Por conseguinte, a partir do dia 30 de junho de 1953, passou a existir, real e legalmente, na cidade de Botucatu, a VILA SANTA CATRINA. Na primeira edição, como se lê acima, apresentamos a idéia sobre a instituição de uma data para ser comemorada a fundação desta Vila. Agora podemos registrar com alegria, sua efetivação. Em 09 de fevereiro de 2010, apresentamos ao senhor Presidente da Câmara Municipal, vereador Reinaldo Mendonça Moreira, a respectiva proposta para esse fim, que ele houve por bem, acolhê-la com toda aten- ção e interesse. Em 09 de março o vereador Reinaldo, apresentou ao plenário da Câ- mara para apreciação e votação o competente Projeto de Lei Nº. 017 datado A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 31 de 10 de fevereiro, que foi aprovado por votação unânime dos senhores vereadores da Casa de Leis. Encaminhado ao executivo do muni- cípio, o mencionado projeto foi sancionado pelo Senhor Prefeito Municipal João Cury Neto, transformado-o na Lei Nº 5121 de 08 de março de 2010 e publicada na página 5 da edição de 18 de 09/FEV/2010 – O autor com o vereador Reinaldo março do Semanário Mendonça Moreira, Presidente da Câmara Mu- Oficial de Botucatu, nicipal em seu gabinete, na ocasião da entrega da como segue: mencionada proposta 32 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA

À essas autoridades aqui citadas, apresentamos, em nome próprio e dos moradores, nossos reconhecidos agradecimento pela valiosa e indispensável participação no trâmite e desfecho desse desiderato. Viva!

NOTA – A Vila Santa Catarina é o terceiro bairro da cidade a ter data para comemoração de aniversário instituída por lei municipal. É também o segundo a ter a respectiva história edita e publicada em livro.

LOCALIZAÇÃO E ACESSO

LOCALIZAÇÃO Na conformidade do estabelecido na prefeitura, a Vila Santa Catarina, situa-se no “Setor Sul – Região 14” da cidade. Localiza-se em encosta oeste de colina, com terreno apresentando por volta dos 15º de inclinação. É perto do centro comercial da cidade. Calculamos que dista aproximadamente um quilômetro do Marco Zero.

ACESSO A Vila apresenta acesso fácil pelos quatro pontos cardeais. Para quem procede do centro, pode ser usada ponte da rua Santos Dumont sobre o Ri- beirão Lavapés, no final da rua Rangel Pestana, ingressando em seguida, à direita, na Francisco Martins Filho, que margeia o córrego. Para quem procede da região do final das ruas Curuzu ou Amando de Barros, pode ser usada a travessia da ponte da Rua Emílio Cani (continuada pela Moacyr Teixeira), e ingressar e prosseguir à esquerda na Francisco Martins Filho (que beira o Ribeirão); ou usar a Cel. Fernando Prestes que alcança a Rua Ulisses Rossi Grassi já na Vila. Prosseguir nestas considerações seria enfadonho e desnecessário. De- pendendo da procedência, é evidente que outras opções e alternativas existem para se chegar à Vila, como frisamos já no início deste tópico. Antigamente a entrada direta para N.G. era feita transpondo o Ribeirão na altura da atual Rua Luiz Vaz de Camões por pinguela pelos pedestres, ou simplesmente por dentro da água por estes, veículos (carros de boi, troles, etc) e animais. A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 33 PRÉDIOS

UMA BONITA VIVENDA NA VILA - FOTO-15/09/2003

PRÉDIOS – A Vila conta aproximadamente com cerca de noventa mo- radias. No período deste último lustre mais ou menos, recebeu algumas novas construções, dentre elas, prédios que embora não de estilo luxuoso, apresentam características de bom gosto, como os que se pode notar nas fotos.

SOBRADO GRAN- DE E DE BONITA APARÊNCIA -

FOTO – SETEM- BRO 2009 – HOJE NA ETAPA FINAL DE ACABAMENTO 34 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA MORADORES ANTIGOS Segundo Luiz Benedito Afonso de Arruda (Bingão), ele próprio é um dos moradores mais antigos da Vila. Seu genitor à ela chegou com a família, por volta de 1964, adquiriu o lote de terreno nº 16 da Quadra “C”, na rua nº 2, atual Francisco Martins Filho, contendo um barraquinho de madeira, o qual devido sua precariedade, em pouco tempo foi demolido e substituído por outro mais condizente, porém, também de madeira (madeirit), tendo este igualmente, dado lugar à atual casa de alvenaria, nº 679 (antigo 144). Infelizmente, estamos registrando nesta 2ª. edição, a ausência deste cidadão no nosso meio. Chamado por Deus, deixou nosso convívio e partiu para usufruir em outra esfera de nova vida, com certeza mais promissora.

ANTIGO BARRACO DO BINGÃO - FOTO CEDIDA PELO PRÓPRIO -

Outro morador bastante antigo é Vicente Crispim Rodrigues, que mais ou menos em 1970 comprou terreno na mesma quadra “C”, e construiu sua casa na antiga rua São Benedicto, atual Luiz Vaz de Camões, nº 8l. Como se pode verificar, algumas datas fornecidas não são precisas, mas certamente apresentam aproximação.

NOTA: Nessa Quadra “C”, localizam-se 10(dez) dos 14 lotes vendidos por Chicuta, entre 1953 e 1955, ou seja, os de números l a 9, mais o 18 e que não foram passados a Yolanda Malocci. A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 35

Na quadra “A”, permaneceu por vários anos, como única, a casa nº 156, da Rua Mirabeau Camargo Pacheco, de Sérgio Martins. Em 1984, ain- da só esse prédio existia nessa quadra. Foi esta, também uma das primeiras construções da Vila.

SOLER - (BENEDITO SOLER DE CAMPOS)

Em razão de certas particularidades que observamos inerentes a esse morador da Vila, bem popular, que de certa maneia o distingue, o individu- aliza, e que achamos interessantes, resolvemos menciona-lo também, neste nosso trabalho

ESPORTISTA Benedito Soler, botu- catuense, hoje com setenta e quatro anos, é técnico em conserto de refrigeradores, aposentado e morador da Vila Santa Catarina há mais ou menos vinte e cinco anos. É antigo torcedor do Santos F.C. e aficionado e assíduo praticante do esporte so- bre duas rodas. É trilheiro (como diz) e sempre parti- cipa de eventos realizados para essa modalidade de provas, inscrevendo-se na categoria compatível com sua idade. Para isso possui uma bicicleta Monark tipo MONTAIN BIKE e uma moto Honda XL (250 c.c.), devidamente ade- quadas e preparadas para enfrentar os percalços dessas provas. A sua mais recente participação foi na prova realizada no domingo, dia 2 deste mês de junho, da Brasil Ride Warm Up, na categoria SPORT (50 quilômetros). Para provas urbanas também possui outra bicicleta e outra moto (125 c.c.). Soler conserva com orgulho e carinho em uma exclusiva prateleira, as premiações conquistadas, representadas por medalhas e outros troféus. Também já par- ticipou de evento nessa modalidade fora de Botucatu. Dá um bom exemplo, inclusive aos da melhor idade! 36 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA

SOLER FESTEIRO Benedito Soler é chegado à uma festa. Sempre que haja oportunidade, lá está ele organizando uma. No mês de junho anualmente ele promove nesta Vila, o tradicional e típico festejo comemorativo da data de São João (24) que atrai a presença de bom número de pessoas, principalmente de crianças. Para esta garotada, não deixa de preparar atrativos condizentes com essa faixa etária. No local é fincado no solo, o alto, conhecido e liso pau-de-sebo contendo no seu topo a premiação para o garoto herói que consiga alcançá- -la e apanhá-la, que pela façanha ainda receber os aplausos dos presentes. A fogueira e o famoso quentão são imprescindíveis nessa festança. A música ajuda animar e alegrar o ambiente festivo. Ao redor da fogueira, usufruindo do calor dela irradiado, em animados bate-papos postam-se as pessoas para se aquecer, nessa noite sempre bem fria, reforçado pelos efeitos dos goles do saboroso quentão. Os causos correm soltos. Refrigerante e pipoca também não faltam. Ninguém dos interessados - crianças ou adultos - se esquece de comparecer à festa do Soler, visto que os estampidos liberados e espalhados bem do alto pelos fogos queimados anunciam que a festa está para começar.

SOLER PAPAI NOEL Papai Noel é outra do Soler. Nos fins de ano, nas lojas e fazendo sua propaganda por algumas horas a troco de brinquedos para a criançada ele é visto caracterizado de Papai Noel, mas com sua própria barba de neve. Essa sua nobre ação, no Natal faz a alegria da garotada da Vila e adjacências. E até de outras. Diz ele que no ano anterior arrecadou e distribuiu cerca de seis mil brinquedos.

SOLER NA POLÍTICA (MAIS UMA DA DIVERSIDADE DO SOLER) Soler não para por aí. Vai além. Gosta da política (local). Já se candidatou à vereança por mais de uma vez, sem sucesso, entretanto. Mas não deixa de participar. Na última eleição municipal esteve engajado com muito empenho, vontade e dedicação em campanha a favor do candidato Reinaldo Mendonça Moreira. Cobriu de propaganda seu carro. Distribuiu santinhos e panfletos na região da Vila, centro da cidade, e por onde pode. Não escondeu sua pre- ferência. E por fim, extravasando alegria, viu seu candidato eleger-se, e por cima, com a maior votação entre os eleitos. Também a chapa encabeçada pelo atual prefeito - João Cury Neto - recebeu seu apoio. Aguardemos a próxima. A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 37 ÁGUA – LUZ – ESGOTO Os dois primeiros moradores citados na página 34 – Bingão e Chrispim - disseram que assistiram a chegada à Vila, por volta da metade da década de 1970, e através daquela área, com poucos habitantes, desses importantes benefícios, porém, ainda com qualidade a desejar. Primeiro chegou a luz elétrica; pouco tempo após, foi a vez da água e por último, e também com pequeno intervalo de tempo, chegou o esgoto, melhorando a condição de vida dos moradores. Essas melhorias teriam ocor- rido durante a gestão administrativa do prefeito Plínio Paganini (1973/1977) e chegaram por ali. O primeiro poste – de madeira – foi fincado em frente a casa do Sr. Cris- pim, no lado direito da Rua São Benedicto, atual Rua Luiz Vaz de Camões, nº 81, como informou. A CPFL vem procedendo há algum tempo a substituição desses postes de madeira por postes de concreto e com maior altura, o que é bastante im- portante. Não só na Vila, mas sim na região. As fotos a seguir, feitas na manhã de 22/12/2012, documentam uma dessas operações: 38 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA ASFALTO & GALERIA A primeira das ruas que servem a Vila Santa Catarina a receber a cobertura asfáltica, foi a Ulisses Rossi Grassi, por volta de 1974, segundo informação. Esse melhoramento, precedido da instalação de galeria de águas pluviais, só foi retomado, para toda a Vila, em junho de 1994, no segundo mandato do prefeito Engº Antônio Jamil Cury, com seu término no início de 1996. En- tretanto, na ocasião, essa benfeitoria não alcançou a Rua Francisco Martins Filho, que continuou aguardando a chegada da mesma, fato este que provo- cou inconformismo, críticas e reclamação dos moradores, que continuaram reivindicando a presença do asfalto. No final de 2003, na primeira gestão do prefeito Antônio Mário de Paula Ferreira Ielo, os residentes da referida rua, embora com certo atraso, foram contemplados com a realização da tão importante e ansiosamente aguardada melhoria. Com isso, exatamente às 12:00h. (doze horas) do dia 09/10 (nove de outubro) do retro referido ano, uma quinta-feira, junto o cruzamento dessa rua com a Rua Mirabeau Camargo Pacheco, aconteceu a finalização da terceira (3ª.) e última fase dessas obras, no concernente à Vila Santa Catarina, muito embora, tenham, incompreensivelmente, os executores deixado de asfaltar cruzamento, causando um descontínuo naquilo que seria a ligação asfáltica dessas ruas. Dada a importância de que se reveste esse serviço para os moradores da rua em referência, bem como para toda esta Vila, e também para as demais vilas da região (é claro), apresento fotos ilustrativas da matéria.

RUA FRANCISCO MARTINS FILHO 21/05/2000 = TRECHO MIRABEAU X CAMÕES – DE TERRA A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 39

17/09/2003 – MESMA RUA – MESMO TRECHO - PREPARAÇÃO PARA O ASFALTO

09/10/2003 - 12:00 – ENCERRANDO O ASFALTAMENTO – MESMA RUA MESMO TRECHO – FOTO SENTIDO INVERSO 40 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA

09/10/2003 – 12:00h - ENCERRADO 12:00h – DEIXARAM DE ASFALTAR A ÁREA DO CRUZAMENTO MARTINS FILHO X MIRABEAU – COMO MOSTRA A FOTO

COMPLETANDO O SERVIÇO Pretendendo corrigir a retro citada anomalia, o autor solicitou a inter- ferência do vereador professor Dr. Antônio Luiz Caldas Júnior, que visitou o local, dele fez foto, e através de expediente legislativo, requereu em 19-04- 2004, providências cabíveis ao Sr. Secretário Municipal de Obrras:

SEMANÁRIO OFICIAL DE BOTUCATU – 22/ABRIL/2004 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 41

Dessa maneira, no dia 17 do mês seguinte – maio -, com o trabalho encerrado às 16:00h, o questionado cruzamento foi asfaltado. Encerrando serviço deixado de fazer em 09/10/2003:

17/05/2004 – 16:00h – (Complementando). – Cruzamento das Ruas Mirabeau Camargo Pacheco com a Francisco Martins Filho Agora sim, todas as ruas no território da Vila Santa Catarina se encontram integralmente revestidas com asfalto.

Rua Mirabeau em 22/02/1994, de terra, asfaltada no ano seguinte Foto cedida pela família Zonta, moradora na mesma, da qual a foto mostra Fernando e o filho Émerson 42 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA

21-05-2000 – Rua Mirabeau (asfaltada em 1995) – Mesmo quarteirão mostrado na foto anterior (de 22/02/1994) vista a partir da esquina com a rua Martins Filho (esta, ainda de terra)

ASSOCIAÇÃO DE MORADORES

- FOTO: 15/09/1999 - A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 43

Vila Santa Cata- rina irmanada com a contígua Vila Cidade Jardim, fundaram em 07 de maio de 1989, com registro sob nº 323 em 21/06/1989, do respectivo estatuto, no lº Cartório de Registro de Imóveis, Títulos e Documentos, local, a Associação de Mora- dores das Vilas Cidade Jardim e Santa Catarina, agora com sede instalada e funcionando em prédio próprio, sito à Rua Germino Daltin, 381, na Vila Cidade Jardim (foto). Para consecução dessas importantes realizações, cumpre ressaltar o considerável trabalho desenvolvido pela dedicada moradora da região, Sofia Luque da Cruz, que no sentido de realizar um de seus ideais no âmbito social de sua atividade, recebeu valiosa e espontânea ajuda colaborativa de Maria do Socorro Figueiredo Silva Rúbio, Carmen Teixeira Lopes e outros. Vários residentes da Vila Santa Catarina tiveram ensejo e grata sa- tisfação de serem eleitos e participar da diretoria da entidade, inclusive o autor, que no biênio l998-l999, ocupou o cargo de vice-presidente. Em razão do prédio-sede da Associação ter sido construído com recursos financeiros doados pela Fundação W. K. Kellogg (E.U.A.), e dentro do período acima mencionado, sua representante em Botucatu, a Fundação UNI (UNESP), mandou confeccionar e fez afixar em parede interna desse prédio, placa nominativa da retro referida diretoria (1998- 1999), registrando essa valiosa conquista, como auspicioso e importante acontecimento social (foto acima). Por indicação aprovada, do Professor Dr. Antônio Luiz Caldas Júnior, Diretor Financeiro da Fundação UNI (UNESP), o autor foi designado para acompanhar a execução das obras de construção do acima citado prédio, o que fez com satisfação e dedicação. 44 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA O RIBEIRÃO LAVAPÉS

20/04/2000 / Ribeirão passando pela Vila – Divisa oeste

Escrevendo sobre a Vila Santa Catarina impõe-se a necessidade de apre- sentar, pelo menos, algumas limitadas informações a respeito do tradicional córrego que banha a divisa oeste da Vila, numa extensão de 222 metros (linha reta), pela sua grande importância no passado para a economia da cidade. O Ribeirão Lavapés, a despeito de seu pequeno porte, teve antiga- mente, importante, relevante participação no cenário econômico do município, visto ter atraindo diversificadas indústrias de transformação para se instalarem em suas margens, buscando a utilização da força motora que se podia obter de suas águas através das antigas e famosas (e atrativas) rodas d’água, e ainda o que mais interessava aos empreendedores, certamente, que era a vantagem que lhes proporcionava o sistema, ou seja, o lucro obtido com o bom resultado a baixo custo operacional. Assim é que se estabeleceram ao longo de seu curso no perímetro urbano e suburbano, aproveitando sua potencialidade, olarias para a fabricação de telhas e tijolos (com barro preto), serrarias (que se denominavam “engenho de serra” ou “serra d’agua”), monjolos, moinhos de fubá, fábrica de farinha, turbinas geradoras de eletricidade, etc. Outros usos mais, certamente eram propiciados por essas águas lim- pas (antigamente) do Ribeirão, como para lavagem in loco, de roupas pelas donas de casa, suas empregadas ou pelas famosas lavadeiras profissionais da A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 45 cidade; para folguedos da criançada, e mesmo por adultos para brincadeiras que improvisavam como laser. Dona Francisca Fusco Corti, foi uma dessas lavadeiras de roupas, como já vimos. No passado, só na região entre a rua Cel. Fernando Prestes (prolon- gada pela Ulisses Rossi Grassi) e Santos Dumont, funcionaram e podem ser citados: na margem direita, um moinho de fubá (na Vl. Santa Catarina – apresentado no título “O MOINHO DE FUBÁ); e na margem esquerda, duas serrarias, uma fábrica de farinha, um monjolo, dois moinhos de fubá e um curtume. O Ribeirão Lavapés nasce e recebe diversos pequenos afluentes na região compreendida pelo Parque Marajoara, Vila Real, Jardins Riviera e Evelyn, e Hospital Psiquiátrico Prof. Cantídio de Moura Campos. Esse nosso querido curso d’água vem motivando muita preocupação aos ambientalistas pelo seu estado de poluição. A SABESP tem procurado livrá-lo da contaminação por despejo de esgotos domiciliares através de ações de sua responsabilidade. Porém esse ribeirão necessita ainda de muita atenção e ação de todos e em todos os sentidos necessários.

O NOME LAVAPÉS No século XIX esse córrego foi conhecido, e referido em documentos como ribeirão (só), ribeirão da cidade, ribeirão do Patrimônio, e por ultimo, reconhecendo a menção surgida, generalizada e consagrada no meio popular como Lava-péz (ou Lavapés) também acabou esta denominação, por volta do início do século XX, sendo aceita e adotada até por tabelião. A mesma se consolidou e esse curso d’água é o nosso lendário reconhecido Ribeirão Lavapés. Entretanto desconhecemos possível existência de um estatuto le- gal reconhecendo e oficializando essa denominação corrente, desse ribeirão genuinamente botucatuense. Ainda seria muito bom que esse Ribeirão voltasse a ter as mesmas condições gerais de antigamente. Quem sabe?!

LENDA Conta a lenda que no passado, os moradores das propriedades rurais do lado sul, ao virem a pé à cidade, traziam seus calçados em bornais (ou outro receptáculo), os quais só usavam após lavarem os pés poeirentos ou barrentos nas providenciais e oportunas águas rasas do riacho, para chegarem calçados ao destino. Esse costume rotineiro, por conseguinte, teria motivado o surgimento da denominação atual desse córrego. 46 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA RELIGIÃO CAPELINHA

Confeccionada pelo autor, co- meçou a circular na Vila e proximi- dades, em 03 de maio de 2004, uma segunda-feira, uma capelinha com a imagem de Coração de Maria, em substituição a anterior, considerada um tanto pesada por mulheres que a conduziam para cumprimento do itinerário e datas pré-estabelecidos. Essa capelinha visita men- salmente 30 (trinta) domicílios de famílias católicas, nos quais permanece durante 24 horas, para receber orações e meditações dos fiéis, que tanto bem fazem a todos que as praticam. Tem como zeladora Cár- men T. Lopes, em nome da Paróquia do Santíssimo Sacramento com igreja e sede no Conj. Habitacional Roque Ortiz Filho (Comerciários II).

NOTA - A visita de Capelinhas aos lares de famílias católicas, é uma prá- tica muito antiga, é uma tradição na cidade de Botucatu, e acontece até os presentes dias em toda à urbe e até mesmo em região rural.

IGREJA EVANGÉLICA Funcionou na Vila, há algum tempo atrás, na Rua Luiz Vaz de Camões, nº 80, a igreja Assembléia de Deus, de culto evangélico, sob a direção do Pastor Benedito Oian. Foi desativada. A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 47 REGIÃO ESQUECIDA COMENTÁRIO - A região na qual se encontra, entre outras, a Vila Santa Catarina, permaneceu inexplicavelmente, quase despercebida, igno- rada, despovoada, por muitos anos, apesar de sua localização privilegiada, bem próxima do centro principal da cidade, e do relativamente baixo preço de seus lotes de terrenos, enquanto muitas outras surgiam e se desenvolviam rapidamente em regiões longínquas do centro, e com lotes normais de terreno comparativamente, com preços geralmente, mais elevados. Só recentemente – de uns sete ou oito anos para cá, os olhares, e ações de instituições públicas e privadas, empresas do ramo, e por último, particulares, se voltaram, com maior atenção, para a região, motivando nela um rápido surto de crescimento e consequente valorização imobiliária.

CONSTRUÇÕES QUE DESAPARECERAM Mostramos a seguir, fotos de quatro residências simples e antigas da Vila, que conhecemos e que já não mais existem:

Foto SETEMBRO 2000

Foto JANEIRO 2009 48 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA PROPRIETÁRIOS DE IMÓVEIS NA VILA STA. CATARINA

A seguir, pessoas que há aproximadamente trinta anos - por volta de 1984 - eram proprietárias de imóveis - terreno ou prédio - na Vila Santa Catarina. Entre elas, há ainda aquelas que mantiveram até o presente suas propriedades e até mesmo são moradoras da Vila.

01. FRANCISCO SOARES 32 IMANOEL BELUT 02. SÉRGIO MARTINS 33. VICENTE CRISPIM RODRIGUES 03. PEDRO DA CRUZ 34. BENEDITA M. DE ALMEIDA 04. DEOMIRA MALONI S. COSTA 35. NAIR DE OLIVEIRA MARTINS 05. ARTHUR LORENZON 36. ALAOR APARECIDO 06. FAUZE NAHAS 37. FERGUSON LUIZ TREVISO 07. VICENTE TORCIA 38. JOSÉ GABRIEL DA SILVA 08 .WADY MUCARI 39. JOSÉ PÔPOLO JÚNIOR 09. EUGÊNIO ALVES NETO 40. MANOEL MARIANO GAUDÊNCIO 10. JOSÉ CRISPIM RODRIGUES 41. MANOEL DA ALDEA GOMES 11. HENA P. RIBEIRO FOGAÇA 42. ADHEMAR D. VICENTINI 12. APPARECIDO DOMINGUIES DA SILVA 43. VICENTE ANGALICI 13. SANTINA DE OLIVA 44. ROMILDO MARIANO 14. JOAQUIM CIRÍACO FRANÇA 45. HELUISA HELENA TRONCARELLI 15. BRAULINA ANDRADE 46. WALKÍRI\A FRAGA GETTOLLI 16. IZOLINA PEREIRA DOMINGUES 47. GENY VILLAS BOAS FERREIRA 17. ADELAIDE DOMIINGUES S. IANA 48. MÁRIO EDUARDO MONTOYA 18. MARIA HELENA CAMARGO LUIZ 49. ALCIDES MORATO 19. VALTER DA SILVA 50. LUIZ APARECIDO DE CASTRO 20. JOSÉ CARLOS BRBOSA 51. JOSÉ MENDES 21. ANTÕNIO AZEVEDO 52. ALUISIO ALVES 22. MARIA EVANISE T. NICOLAU 53. VALDOMIRO CESÁRIO 23. JOSÉ TORRES NETO 54. LUIZ BONOME 24. JÚLIO LORENZON 55. ALCIDES RUA. 25. JOÃO CARLOS SALVADOR 56. LÁZARA VIEIRA PIZONI 26. PREFEITURA MUNICIPAL 59. ADHEMAR D. VICENTE 27. APARECIDA GREGÓRIO 60.. BRASÍLIO RODRIGUES DE CAMPOS 28. ABEL GIANINA SANTI 61. MANOEL CÍCERO DE FRANÇA 29. FERMINO MARTINS 62. JOSÉ BENEDITO PACCI 29. JOAQUIM AFONSO ARRUDA 63. JOÃO BATISTA 30. ILDA RAUL MIQUELETTO 64. ALCEBÍADES GÓES VIEIRA DE ANDRADE 31. AÉRCIO DAS DORES 65. JOAQUIM CERANTO A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 49 CRÔNICAS

CONHECENDO BOTUCATU Jairo Pires de Campos

TURISMO NA CHÁCARA NOVA GRANADA

A chácara Nova Granada, à margem do Ribeirão Lavapés, antes de ser po- voada como Vila Santa Catarina, pelas suas características ambientais aliadas ao conforto de sua proximidade ao centro da cidade, representou no passado para Botucatu, um modesto, porém ativo ponto turístico à disposição, e assim desfrutado por muita gente que aprecia essa espécie de distração saudável. Com essa sua localização privilegiada, o fluxo de visitantes ao lugar, tam- bém era de bom tamanho e se manteve por muitos anos, visto como o mesmo oferecia atrativos interessantes que propiciavam um ambiente de agradável e favorável ao relaxamento físico mental e espiritual, que sem dúvida, refletia na r4estauração das energias necessárias à retomada das atividades rotineiras dasa pessoas. Fazia bem a saúde. Era antiga e vistosa, a única casa, com seu porte e estilo colonial assobra- dado; era o moinho de fubá à margem do ribeirão, com sua grande roda d’água girando e borrifando nuvens do líquido ao redor; era o pequeno e interessante lago formado pelo represamento do córrego; eram pequenos peixes – lambaris e bagres – que povoavam e podiam ser observados no seu inquieto vai-e-vem nas águas transparentes, à cata de migalhas atiradas pelos visitantes; eram adultos e crianças – pri8ncipalmente estas – a brincar nas águas rasas e limpas do córrego; eram as árvores frutíferas a atrair e a alimentar os pássaros que em plena liberdade esvoaçavam de um lado para outro e colocavam no ar uma sonoridade harmônica e variada; eram as multe- coloridas borboletas voejando ao redor da flores do campo; eram muitas árvores, e frondosas paineiras floridas colorindo e adornando o ambiente, oferecendo naturalmente, aos visitantes, refrescantes e acolhedoras sombras; era a relva verde e viçosa, forrando como um macio tapete, a terra benfazeja, na qual sentava ou deitavam os visitantes, para descanso ou lanche; era um momento de lazer, prazer e relaxamento, que a todos deleitava, alegrava, divertia e encantava. Infelizmente tudo isso, toda essa beleza se findou. O cenário transformou-se com o decorrer do tempo, diante do povoamento progressivo da área da antiga Chácara Nova Granada, loteada. Os visitantes desapareceram. A monotonia tomou o lugar de alegria. Não havia mais aquele 50 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA atrativo, aquela motivação, aquele fascínio. A paisagem admirada findou-se. A antiga casa imponente e solitária – casona – foi demolida. O interessante moinho de fubá foi desativado e desmontado. As paineiras e outras árvores foram cortadas, abatidas. As águas do Ribeirão tornaram-se poluídas e os pequenos peixes sumiram. Nem as crianças brincaram mais nessas águas. Obra do desenvolvimento e do progresso. Uma pena! Uma lembrança. Uma saudade. Tudo isso ao sobrevive ainda, nos registros que tem o poder de parar o tempo: Nas fotos. Nos filmes. Nos desenhos. Nas pinturas. E na memória de quem viu. É um pequeno e disfarça consolo! Hoje é difícil, e até impossível, para quem não viu, não conheceu, ima- ginar com clareza o que foi e o que representou no passado para muita gente esse singelo lugar, nascido no subúrbio de Botucatu.

NOTA – Crônica do autor para sua coluna “Conhecendo Botucatu” no jornal “Mais Botucatu” - Edição de 24 a 30 de outubro de 2009 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 51 A CHÁCARA DOS MEUS AVÓS

Por Milar

Com a passagem do dia dos avós – 26 de julho -, quando é reservada uma carinhosa comemoração a essas criaturas amorosas que nos antecederam na formação da família, senti a vontade de buscar em minha gostosas recordações, a doces figuras dos meus saudosos ancestrais. Assim pensando, a minha memória levou-me ao passado já distante, quando garoto, residindo com meus pais e demais irmãos em Botucatu, visi- tava com relativa freqüência os meus avós maternos – Julião e Mariquinha -, que possuíam nas cercanias daquela cidade, uma pequena chácara. Então ele, meu avô, que beirava uns quarenta anos de idade, mourejava colhendo alguns produtos hortigranjeiros e criando poucos pequenos animais domésticos, para seu próprio consumo e modesta sobrevivência. O reduzido imóvel rural, situava-se às margens do ribeirão Lavapés, onde ao depois, muito próximo foi construído e instalado o Asilo de Mendicidade Botucatuense. Tal qual todo moleque, considerando que a distância que separa a minha casa da chácara não era muito, pra lá ia freqüentemente, muitas vezes pernoi- tando na singela, na acolhedora morada dos meus avós. Sem energia elétrica, o que valia eram os lampiões e candeeiros à querosene, com sua iluminação e cheiro característicos, muito de perto observados e apreciados com curiosidade infantil por nós crianças. Era tudo divertido com os folguedos naturais que a gente por ali en- contrava, além da carinhosa atenção dos avós, sempre procurando atender à vontade e interesse dos netos que por lá aparecessem. São inesquecíveis as caçadas de passarinhos, com estilingues ou alçapões; o andar à cavalo num velhos animal de estimação; brincar na águas não poluídas do ribeirão, cujo fundo era forrado por uma areia branca; enfim um mundo de coisas agradá- veis às fantasias de qualquer criança, especialmente sendo neto dos donos da casa. Todos aqueles fatos ficaram gravados em minha lembrança até agora, já decorridos tantos anos... Interessante que, chegando daqui a Botucatu, pela estrada estadual de rodagem, à direita do viajante, a chácara dos meus avós, situada na contra encosta da colina, era bem visível, de tal forma que, passando por aquele lu- gar com meus filhos ainda pequenos, olhando à distância curta, ia eu fazendo referência, apontando para eles: “- ali está a chácara do meu avô Julião, onde, quando moleque eu sempre ia passear”. 52 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA

Os anos foram passando, outros filhos nossos vieram surgindo, depois os seus filhos, - nossos netos, - e, então, a minha “ladainha”, quando por ali passando com eles, ia sendo repetida... Agora, em ocasião que para lá vou, tendo a Lucia ao meu lado, ao aproximarmos do local, ela, a Lúcia, para brincar, é que fala: “Olhe lá a chácara dos seus avós...” A vida correu como é natural, as coisa foram sendo modificadas com o passar do tempo, hoje naquelas paragens foram edificas outras moradias, no terreno que foi loteado, com o aparecimento de uma Vila que tem a denomi- nação de Santa Catarina. Por sorte do destino, sei lá, um dos meus primos, Jairo Pires de Campos, também neto dos avós Julião e Mariquinha, tem sua residência própria, e com alguma freqëncia mantém contato telefônico, comi- go. Com as conversas, sempre ligadas ao passado que ali vivemos, reativamos nossas lembranças daqueles bons tempos. Na verdade, acredito que a chácara dos avós, é o melhor lugar do mundo para o aproveitamento divertido e inesquecível dos netinhos, na sua infância e até na juventude. Isso penso e posso afirmar com segurança, que “a chácara do vô” e recanto que acolhe a todos sempre com a mais calorosa ternura e muita alegria. Que o digam os nossos netinhos, bisnetinhos e seus amigos que nos cercam hoje... ao disporem de um desfrute semelhante... no agradável aconc

NOTA - Crônica de Milton Pires de Arruda, colunista do jornal “O alerta”, - publicada na edição de 0l/AGOSTO//2008.- A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 53

B I O G R A F I A S 54 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA - FRANCISCO JOSÉ SOARES (Chicuta) - = Resumo sobre sua vida e suas atividades =

Nasceu em 24/03/1886, em São Manuel-Sp. Fa- leceu em 25/09/1965, em Botucatu-Sp. Francisco José Soares era casado com Maria Alves do Porto Soares. O casal tinha treze filhos. Foi proprietário da Chácara Nova Granada, adquirida em 12/09/1928 de Emílio Garcia y Gar- cia. Conservou-a como tal, até 1952, nela residindo com família. Em 1953, procedeu o loteamento da chácara, atribuindo ao mesmo, a denominação de VILA SANTA CATARINA, visto ser devoto dessa entidade. Francisco José Soares foi proprietário da fazenda Rio Pardo, situada entre Botucatu e Espírito Santo do Rio Pardo (), na estrada velha, atualmente Santa Ma- rina, colônia japonesa. Francisco José Soares re- cebeu homenagem pós morte com a atribuição de seu nome à uma rua da cidade, locali- zada na Vila São Luiz, em cuja placa indicativa, fez-se constar seu apelido Chicuta, pelo qual era conhecido. A proposta, foi de iniciativa e autoria do vereador da Câmara Munici- pal local, Progresso Garcia e compartilhada com seus colegas de vereança, Antônio Benedito Aria e Hernâni dos Reis, e consubstaciada na Indicação n. 258, datada de 07/11/1978. Dessa proposta resultou o Decreto n. 2656, de 23/01/1979 (processo n.409/79), editado e assinado pelo Prefeito Municipal Luiz Aparecido da Silveira, atribuindo o nome de Francisco José Soares (Chicuta), a uma rua da Vila São Luiz (CEP. 18603-150). A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 55

Este documento é transcrito a seguir.

CÂMARA MUNICIPAL DE BOTUCATU

Proc. 409/79

Decreto 2656

23-01-79 Indicação N. 258

Ilmo. Snr. Mário Pascucci DD. Presidente da Câmara Municipal Botucatu Considerando que o Snr. Francisco José Soares, (Chicuta), foi em vida um ilustre morador de Botucatu, levando sempre sua vida dedicado ao trabalho digno e honesto, a maior parte na lavoura e pecuária, deixando diversos filhos todos dignos, e que ainda em Botucatu, constituíram novas famílias que em muito honram o nome do ilustre varão Francisco José Soares e dignificam a nossa mui querida Botucatu, indico que seja em nome da Câmara Municipal, oficiado ao Ilmo. Snr. Luiz Aparecido da Silveira, Prefeito Municipal, propondo que se perpetue o nome do ilustre cidadão citado, em uma rua de Botucatu, onde sugerimos que referida homenagem seja no prolongamento da rua Agenor Nogueira, em direção ao Jardim Bom Pastor. Propõe-se ainda que na placa a ser colocada, conste além do nome, o apelido de Chicuta, como foi sempre conhecido.

Sala das Reuniões, em 7 de novembro de 2978.

a)______Progresso Garcia – autor a)______Antonio Benedito Aria

a)______Hernani dos Reis Protocolo 258 Data – 07=11=78 a)______Antonio Barreiros -x-x-x- 56 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA

PREFEITURA MUNICIPAL DE BOTUCATU ======ESTADO DE ======

D E C R E T O Nº 2.656 De 23 de janeiro de 1.079

LUIZ APARECIDO DA SILVEIRA, Prefeito Municipal de Botucatu, no uso de suas atribuições legais, e,

CONSIDERANDO, a exposição de motivos constantes no processo nº 409/79 D E C R E T A : ARTIGO 1º- A Rua “E”, do loteamento Vila São Luiz, com início na Estrada de Ferro (Fepasa), passa a denominar-se “RUA FRANCISCO JOSÉ SOARES”, e todo e qualquer prolongamento dela oriundo terá a mesma denominação.

ARTIGO 2º - Da placa indicativa constará a expressão “CHICUTA”.

ARTIGO 3º- Este decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Botucatu, 23 de janeiro de 1.079 a) LUIZ APARECIDO DA SILVEIRA PREFEITO MUNICIPAL ===== Publicado na Seção de Secretaria e Expediente, e no quadro de Publica- ção da Prefeitura Municipal de BOTUCTU, aos 23 de janeiro de 1.979, 123º Ano de Fundação de Botucatu. O CHEFE DA SEÇÃO DE SECRETARIA E EXPEDIE NTE, SUBSTITUTO, a) MARIA JOSÉ DE LIMA ROSOLEN. A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 57 = JULIÃO PIRES DE CAMPOS = - RESUMO DE SUA VIDA E DE SUAS ATIVIDADES –

JULIÃO PIRES DE CAMPOS nasceu no ano de 1871, na cidade de Tietê-Sp.. Era filho de José Pires de Campos (Pirão) e Innocencia Leopoldina de Almeida. Descendia de tradicional família PI- RES, com raízes nos primórdios da fundação do Reino de Portugal por Dom Affonso Henriques, a partir do Condado de Portus Calle. No Brasil a família PIRES teve con- tinuidade através de João Pires, integrante do grupo de colonização vindo de Portugal na esquadra expedicionária e de exploração, comandada pelo Capitão Martim Afonso de Souza, aportada em São Vicente no ano de 1532. Julião Chegou a Botucatu em 1883, com 12 (doze) anos de idade, com seus pais, que para cá se mudaram, procedentes de Tietê. A família instalou-se no subúrbio da cidade, na região hoje conhecida como Bairro do Lavapés. Aí seu pai adquiriu terras para exercício de suas atividades rurais. No ano de 1895 seus pais transferiram-se para a cidade de Jahu onde já se encontravam morando outros Pires de Campos. Coube, então, a Julião, já casado, gerir os interesses da família em Botucatu, onde permaneceu. Em suas terras ha- viam instalado na margem esquerda do Ribeirão Lava- pés, olaria e moinho de fubá, este, sucedendo ao monjolo. Julião, com seus carros de boi e carreta, além da lida na terra, dedicava-se tam- bém, a serviços de transpor- tes diversos, no seu próprio 58 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA interesse ou fretados, para terceiros. Neste sentido, era rotineiro o transporte de toras para as serrarias de Vicente Vignatti e a de Alí- pio Martins Ramos, vizinhas às suas terras, instaladas na margem esquerda do Ribei- rão. Essas toras chegavam pela ferrovia, ou Julião as trazia da mata de seu sítio na fazenda Janeiro, na Freguesia do Espírito Santo do Rio Pardo (Pardinho), da qual, também retirava lenha, que fornecia à po- pulação para alimentar os fogões e fornos das casas, e também do comércio, como pensões, hotéis, restaurantes, padarias, etc. Julião participou ainda, da construção da adutora de captação e condu- ção de água do Rio Pardo para a caixa-reservatório construída nos altos da cidade (local onde hoje se encontra o Espaço Cultural), para armazenamento, distribuição e suprimento da população local, para cujas obras fez o transporte dos respectivos canos, chegados pela ferrovia Sorocabana. Teve também, participação na construção dos prédios da Santa Casa, da Caridade Portuguesa, do Grupo Escolar Dr. Cardoso de Almeida e da Cadeia Pública (velha). No início do século XX, adquiriu terras, onde fundou e instalou uma chácara, à qual denominou de NOVA GRANADA. Para sede dessa chácara e residência da família, construiu aí, em estilo colonial, assobradada, com extensa varanda na frente e acima do porão, uma vistosa e espaçosa casa. Nova Granada Em 1925, vendeu a Nova Granada a José Cruz Domingues, e comprou uma casa à Rua Cesário Alvim, 1172 (ex-92) – centro – (hoje Rua João Passos), para a qual se mudou com a família. Passou a comerciali- zar carne de suíno, forne- A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 59 cendo aos açougues locais. Anexo à sua residência construiu um cômodo e nele instalou seu próprio açougue, onde vendia carne retalhada. Tinha como auxiliar, Jorge Venâncio, que após o falecimento de Julião (1931), abriu seu próprio açougue, também, para venda exclusiva de carne de porco, à rua Amando de Barros nº 1745. A chácara teve mais três proprietários, os quais mantiveram a inte- gridade de sua superfície. Na metade do século, Nova Granada foi loteada, e assim fundada a atual Vila Santa Catarina. Julião Pires de Campos era um tipo característico de seu tempo. Ci- dadão simples, correto, de caráter, pacífico, tranqüilo, labutador. Era cidadão respeitado e de muitos amigos. Ótimo chefe de família. Gostava do trabalho. Amou Botucatu e sua gente. Julião Pires de Campos foi homenageado com a atribuição de seu nome como patrono de uma rua no Jardim Cambuí, pela Lei nº 4.556, de 03 de junho de 2004. Em Botucatu, casou-se em 1893, com Maria Risoleta Campos Mello, filha de Prudente Pires de Almeida Campos e Maria Francisca de Mello. Aqui tiveram e criaram os filhos. Faleceu em 21 de agosto de 1931, e sua esposa, em 15 de novembro de 1938. Estão sepultados no Cemitério Portal das Cruzes, na Quadra 02, em jazigo perpétuo da família.

DOMINGOS GARCIA Consta a respeito desse cidadão, patrono de uma rua que serve a Vila Santa Catarina, conforme ofício 573/82, da presidência da Câmara Municipal de Botucatu, que fora “empregado por muitos anos da Casa Vermelha. Contribuíra para o engrandecimento da cidade”. A Casa Vermelha, de acordo com pesquisas, tinha o ramo de calçados e funcionou no nº 650 da Rua Amando de Barros – centro – (no local está hoje a loja Exótica). Essas pesquisas também nos levaram à Dna. Cleonice Bruder (2009) que confirmou essas informações, acrescentando que seu falecido marido e ela foram os únicos proprietários dessa loja, a qual mantiveram de 1962 a 1989 (27 anos). Todavia não se recorda desse cidadão como funcionário de sua loja. 60 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA

O autor não conseguiu informações mais completas sobre as atividades de Domingos Garcia. A respeito da Casa Vermelha, apenas ficou sabendo tratar-se de uma loja comercial do ramo de calçados, estabelecida à Rua Amando de Barros – centro. -, como dito.

FRANCISCO MARTINS FILHO FRANCISCO MARTINS FILHO, engenheiro agrônomo, nasceu em Lençóis Paulista, em 15 de agosto de 1905. Era filho de Francisco Martins e Genebra Marioto Martins. Depois do curso ginasial, ingressou na Escola Superior de Agricultura LUIZ DE QUEIRÓZ, de , formando-se em 1934. Em seguida, entrou no Departamento Nacional do Café. Depois foi chefe da Casa da Lavoura de Presidente Prudente, onde incentivou a cultura do algodão. Em 1943, mudou-se para Botucatu, com a mesma função. Chefiou tam- bém, o Posto de Sementes de Avaré. Exerceu o cargo de Agrônomo Regional e em seguida o de Delegado Regional, com sede em Botucatu. Em 1935 fez cursos de especialização em café, pelo Ministério da Agri- cultura, e em algodão, no Instituto Agronômico de . Aposentou-se em 1969, e passou a exercer suas atividades na Chácara Cachoeirinha, no município de Botucatu. Publicou artigos em revistas especializadas, no Mundo Agrário e em suplementos agrícolas de jornais, como o Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, etc. Restaurou o Clube Agrícola de Botucatu. Ministrou aulas, cursos práticos e realizou conferências na área de sua especialidade. Foi grande incentivador da atividade agrícola no município de Botucatu. Introduziu métodos modernos de conservação do solo, adubação e de plantio de cereais. Participou da Revolução Constitucionalista de 1932, no Batalhão de Piracicaba, tendo sido condecorado com Diplomas e Medalhas de Mérito. Era casado com a prof. Ângela Miller Martins. Faleceu em 13 de novembro de 1974, com 69 anos de idade. Deixou dois filhos: Engº Paulo Francisco M. Martins e o Engº Reinaldo Martins. (Pesquisa: 2001) A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 61 MIRABEAU CAMARGO PACHECO

RESUMO DE SUAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM BOTUCATU

O Dr. Mirabeau Camargo Pacheco, era médico Oftalmologista. Procedeu de Campinas, aqui chegando no ano de 1932. Teve sua primeira residência e consultório na Praça João Pessoa, nº l34 – centro – (hoje Praça Com. Emílio Peduti). Logo a seguir, mudou-se para o sobrado à Rua Mal. Deodoro, nº 345- centro -. Não demorou nada e já estava participando da política local. Assim é que, conseguiu eleger-se vereador pelo Partido Constitucionalista. A 26 de agosto de 1935, tomou posse no cargo de prefeito municipal de Botucatu, para o qual fora nomeado. Já, em 19 de novembro seguinte, pediu exoneração, e no dia 27 passou o cargo ao Dr. Elói Rodrigues Alves. Em 1936 retornou a Campinas, indo residir no Bairro Cambuí e retomou trabalho no renomado Instituto Oftalmológico Penydo Burnier. No curto período em que exerceu o cargo de Prefeito, instalou a Escola Municipal da Fazenda Morrinhos (Fazenda Agrícola de Paula Souza). Iniciou severo combate ao mosquito transmissor da malária, no município, princi- palmente no antigo Distrito de Porto Martins (hoje Distrito de Rio Bonito), através do Dr.Costa Brito. Durante sua gestão, foi instalado na Fazenda São Bento, a Estação Ex- perimental do Algodão. Instalou a Fonte São Domingos em (atual Piapara). Deu nome de Raphael de Moura Campos, ao 3º Grupo Escolar da cidade. Recebeu Visita oficial do Dr. Cantídio de Moura Campos, Secretário Estadual da Educação. Conseguiu autorização do governo estadual para a construção do Grupo escolar Raphael de Moura Campos. Por escassez de dinheiro, paralisou obras de reforma do prédio da Câmara, na rua Cesário Alvim (atual Câmara Municipal). Em 1935 estabeleceu a luz elétrica na Vila Antártica. Em outubro desse ano, organizou a Corporação Musical São José, no Espírito Santo do Rio Pardo (hoje Pardinho). 62 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA

Foi Presidente Municipal da Campanha Pró Monumento e Mausoléu ao Soldado Constitucionalista da Revolução de 1932.

Fonte: Jornal local A Gazeta – Suplemento à edição de 14/04/2005 (150 anos de Botucatu). E informações de Milton Pires de Arruda.

NOTA: Mirabeau Camargo Pacheco tem seu primeiro nome originário do francês, e inspirado no título nobiliárquico de Honoré Gabriel de Riquetti – CONDE DE MIRABEAU.

LUIZ VAZ DE CAMÕES RESUMO BIOGRÁFICO

Poeta épico, satírico, bucólico e comediógrafo português. Nasceu em Lisboa, em 04/02/1524 e faleceu em 10/06/l580, na mesma cidade, em extrema pobreza, assistido pelo seu dedicado escravo J A U , q u e à n o i t e s a i a p e d i r e s m o l a . Presume-se que tenha estudado Letras e Filosofia em Coimbra, dado sua erudição. Foi freqüentador da Corte. Apaixo- nou-se por Catharina de Athaide, cujo amor celebrizou no poema Natércia. Suas obras mais famosas são os poemas OS LUSÍADAS - que o imortalizou - e NATÉR- CIA, acima citado. Esteve preso por se envolver numa briga durante uma Procissão de Corpus Christi. Na prisão começou a escrever o poema épico “Os Lusíadas”. Depois de um ano, foi solto na condição de ir para a Índia, onde ocupou o cargo de “Provedor dos Ausentes e Defuntos”. Aí escreveu mais cantos de sua principal obra. Sofreu acusação de peculatário. Foi quando então, em- preendeu viagem de regresso à pátria, durante a qual o navio naufragou na foz do Mecon. Salvou-se com dificuldade, nadando só com um braço levan- do consigo, na mão do outro, levantado, os manuscritos de sua importante obra “Os Lusíadas”. No naufrágio morreu afogada DINAMENE, formosa A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 63 moça chinesa, que o acompanhava. Foi um dos grandes amores do poeta. Em terra compôs sonetos à sua morte, onde aparece a comentada expressão “alma minha”. Com sua chegada a cidade do Porto, concluiu sua mais importante obra, “Os Lusíadas”. Dedicou-a a Dom Sebastião, que lhe concedeu uma pensão anual de 15.000 reis. Escreveu ainda, “Anfitriões” – “El Rei Seleuco” e “Filo- demo”; mais, 122 elégias, 17 canções, 15 écoglas, 286 sonetos (dos quais, 100 são perfeitos), algumas sátiras e poesias bucólicas. Foi considerado o maior sonetista, o maior poeta, e MESTRE da língua portuguesa. Lutando na África nas tropas portuguesas, ficou cego do olho direito. Camões levou uma vida aventurosa. Era filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá e Macedo. Descendia de fidalgos galegos imigrados para Portugal.

Fonte: Dicionário Enciclopédico Ilustrado FORMAR.

ULISSES ROSSI GRASSI BIOGRAFIA

Nasceu em Botucatu em 10/01/1912, na fazenda Capão Bonito. Faleceu em Botucatu em 10/12/1979. Está sepultado no Cemitério Portal das Cruzes. Era filho de Augusto Grassi e Ange- lina Rossi Grassi, ambos de nacionalidade italiana. Ulisses casou-se em 26 de dezembro de 1931 com Aurora Calixto. Tiveram duas filhas, Magnólia e Angelina Maria. A primeira casou-se com José Bissacot e a segunda com Walter Marcolin. Deixou seis netos, e hoje, estaria com cinco bisnetos. Trabalhou na prefeitura municipal local durante trinta anos e aí se aposen- tou. Nessa repartição pública foi chefe da Seção de Águas e Esgotos. Após sua aposentadoria trabalhou 64 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA como vendedor da Companhia de Seguros Sul América. Foi também, cobrador da Rádio Municipalista de Botucatu. Gostava muito de caminhar. Só após o falecimento de sua esposa ocorrido em 1965 é que comprou um “fusquinha”, de cor verde. Tinha grande amor e entusiasmo pela vida. Era uma pessoa muito alegre, comunicativa e brincalhona. Contava com muitos amigos e com eles empre- endia pescarias que eram uma de suas principais distrações e ainda, fonte de relaxamento físico e mental. Amava Botucatu sua gente e seu trabalho. Na década de 1960 acompanhou o prefeito Emílio Peduti a São Paulo, o qual estava se empenhando junto às autoridades estaduais a favor da criação no distrito de Rubião Júnior, da faculdade de medicina. Participou da Revolução Constitucionalista de 1932, tendo sido, como reconhecimento, agraciado com medalhas do M.M.D.C., as quais, em respeito ao seu desejo, foram doadas pela família ao Museu Histórico de Botucatu.

NOTA: Biografia baseada em informações de sua filha Angelina Maria Grassi Marcolin, ao escritor botucatuense Olavo Pinheiro Godoy e por este, gentil- mente, cedidas ao autor. (07-03-2008).

SANTA CATARINA (DE ALEXANDRIA) - PADROEIRA DA VILA - RESUMO BIOGRÁFICO

É lendária ou fantasiosa sua história. Santa Catarina nasceu em Ale- xandria, no Egito, no início do século IV. Tornou-se princesa. A tradição popular conta que era bela, inteligente, sabia ler e escrever (o que era raro para mulher nesse tempo). Na época o imperador romano de credo pagão, desencadeara uma drástica perseguição aos cristãos usando da maior crueldade contra eles, torturando, inclusive sacrificando até crianças. Essa sua ira contra os cristão chegou até o Egito, e à princesa Catarina. Conta-se que o chefe romano veio a se apaixonar pela encantadora garota, com a qual até pretendeu se casar, divorciando-se da mulher. O imperador então convidou a nobreza do império – reis, rainhas, príncipes, princesas -) para adoração em Roma, de seus ídolos pagãos. A princesa Catarina não atendeu o convite. Ignorou o mesmo não compa- recendo à reunião. Foi então chamada para se explicar. Não se intimidou frente ao poderoso imperador. Interrogada, respondeu-lhe que não adoraria A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 65

falsos deuses e que seu único Deus era Cristo. Por esse motivo foi detida e mandada ao cárcere. O chefe romano então convocou à Roma, cinqüenta professores sábios para convencê- -la à renegar sua crença convertendo-se ao paganismo. Esses ilustrados, deparando-se com apenas uma pessoa tão jovem, riram do imperador. Entretanto foram advertidos de que se não convencessem Catarina, eles seriam mortos. Todavia foi o contrário que aconteceu: pela grande sabedoria, inteligên- cia, conhecimentos teológicos e filosóficos da princesa, eles é que foram convencidos, e se converteram todos ao cristianismo, o que lhes valeu prisão tortura e morte. Sabendo o imperador que sua mulher e os guardas da corte também haviam se convertido ao cristianismo, ela foi morta e os guardas mandados aos leões na arena do Coliseu. Quanto à princesa Catarina, que a des- peito de todo seu poder, esforço e persistên- cia, não tendo logrado êxito na satisfação de seus propósitos, ele ordenou fosse trucidada sob roda com pontas de ferro. Porém aconteceu que as pontas de ferro da roda ao contato com o corpo da jovem se dobraram como se fossem de vime. Diante do fracasso dessa tentativa bárbara, Catarina foi decapitada. Todavia aqui também algo de extraordinário aconteceu: Em vez de jorrar sangue, de seu pescoço foi leite que saiu. Dessa maneira Santa Catarina (de Alexandria) tornou-se PADROEIRA dos que de algum modo lidam com RODA e considerada PROTETORA das mulheres que amamentam, principalmente das que possuem pouco leite. O corpo de Catarina teria desaparecido levado por anjos para o Monte Sinai, onde mais tarde foi encontrado incorrupto por monges que ai fundaram um mosteiro consagrado à ela. 66 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA

NOTA I – Chicuta era um caboclo do meio rural. Lidava com carro de boi, carroça, etc. Certamente por ser a RODA símbolo do sacrifício imposto à CATARINA e razão de sua santificação, teria à ela dedicado sua devoção, bem como, aproveitado a oportunidade do loteamento de suas terras, para prestar à Santa, reconhecida homenagem colocando-a como PADROEIRA do empreendimento atribuindo-lhe o nome de Vila Santa Catarina. NOTA II – Comemora-se anualmente o DIA DA PADROEIRA DA VILA SANTA CATARINA na data de 25 de novembro.

JAIRO PIRES DE CAMPOS RESUMO AUTO BIOGRÁFICO

Pai – Pedro Pires de Campos, Mãe – Eugê- nia Teixeira Pires. Avós paternos – Julião Pires de Campos e Maria Risoleta de Campos Avós maternos– Luiz Teixeira Pinto e The- odora Francisca de Campos Jairo nasceu em 08 de novembro de 1923 na casa 199 da Rua Riachuelo (atual Amando de Barros) – Subúrbio - Bairro do Lavapés -.onde seus pais residiam. Anteriormente, seu pai (Pedro) morava desde 1912 na proprieda de de seus pais (Julião e Maria Risoleta), a Chácara Nova Granada (atual Vila Santa Catarina) e sua mãe, desde 1916 na Fazenda Lageado, da qual seu pai (Luiz) era administrador. Tem escolaridade de nível superior. Sua carreira profissional pública transcorreu por 33 anos divididos entre o Departamento de Correios e Telégra- fos (D.C.T.) e a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (E.B.C.T.), onde ingressou em 1943 (em Botucatu) e se aposentou em 1976 em Santos, da Diretoria Regional de São Paulo, após ter passado pelas Diretoria Regionais de Botucatu e . Exerceu nessas repartições muitas funções como chefias de seções e comissões, inclusive a de Diretor Regional Eventual. No setor privado teve menor participação. Em Botucatu trabalhou no Escritório Brasil Ltda.; na Fábrica de Cola Botucatu Ltda. por três anos como encarregado do A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 67 escritório; e como sócio fundador da Fábrica de Ladrilhos Arco-Iris - Artefatos de Cimento -. Em Santos, depois de aposentado trabalhou por pouco tempo, na Livraria Atlântica; no Condomínio Edifício Presidente Prudente; e como representante-vendedor de firma de aparelhos hospitalares de São Paulo. Foi ainda, proprietário de lanchonete motorizada ambulante (Caminhonete Fordson - americana). Em 1993 adquiriu a casa 94 da Rua Mirabeau Camargo Pacheco – Vila Santa Catarina -, para a qual se mudou no ano seguinte, e reside com sua mulher Carmen Teixeira Lopes. Nesta Vila foi Vice-Presidente da Associação de Moradores no biênio 1998/1999. Nesse período foi encarregado pela UNI – UNESP - por indicação do Professor Dr. Antônio Luis Caldas Júnior, de acompanhar a construção do prédio sede da Associação de Moradores das Vilas Cidade Jardim e Santa Catarina, custeada por essa entidade com recursos doados pela Fundação W. K. Kellogg – USA. Também em 1999, foi eleito e integrou a Diretoria da UNASAB’s no cargo de Diretor Jurídico ao qual renunciou. Recentemente, manteve por dois anos e meio, no jornal local Mais Bo- tucatu, como as principais participações, a coluna “Conhecendo Botucatu” substituída por “Coluna do Jairo”, e concomitantemente, por menos tempo, um espaço com título “Curiosidade”. O Jornal parou de circular, em dezembro de 2012 com a última edição de nº 323 no dia 19. Atualmente dedica-se a freqüentar o Centro Cultural - de cuja diretoria faz parte -, e a preparar material para integrar um livro de memória que tem idéia de editar.

JUNHO/2013 68 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA

G R Á F I C O S A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 69 CHÁCARA NOVA GRANADA CASA-SEDE – DÉC. 1910

PRIMEIRA CASA DA VILA SANTA CATARINA

Rabiscos do autor: Casa construída por Julião Pires de Campos na sua chácara “Nova Granada”, no início do sécu- lo 20. Veio a constituir-se na primeira casa da Vila Santa Catarina, fundada por Francisco José Soares (Chicuta), em 1953 nesse terreno. 70 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA PLANTA DA CASA SEDE NOVA GRANADA 1912 Julião Pires de Campos Casa-sede (1912) A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 71 VILA SANTA CATARINA – PLANTA PARCIAL – Q D 72 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA VILA SANTA CATARINA – PLANTA PARCIAL Q. D COM PRÉDIOS-

- 18/09/86 - A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 73 VILA SANTA CATARINA – PLANTA 1986 - 74 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA VILA SANTA CATARINA E VILAS CONTÍGUAS – LIMÍTROFES A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 75 PLANTA DA REGIÃO COM A VL. STA.CATARINA INSERTA EM DESTAQUE - 76 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA PLANTA RECENTE BOTUCATU ASSINALANDO A CIDADE EM 1890 E A CHÁCARA NOVA GRANADA 1912 (ATUAL VILA SANTA CATARINA) - A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 77 - PLANTA DE BOTUCATU – 1890 - VISUALIZA LOCALIZAÇÃO DA N.G. NA ÉPOCA DE FUNDAÇÃO

PLANTA DA CIDADE DE BOTUCATU DE 1890 EMPRESA THEYRIEL CHASSERAUX S. ARAUJO SÃO PAULO - ÁREA DA VILA COLOCADA PELO AUTOR 78 A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA ENCERRANDO

Pelas informações apresentadas neste livrete, verifica-se que a Vila Santa Catarina assenta-se na evolução relativa à Chácara Nova Granada fundada por Julião Pires de Campos e provenientes de terras iniciais de 1888 de José Pires de Campos, mantida íntegra pelos proprietários sucessores abaixo nomeados. Por conseguinte, o perímetro da Vila é o mesmo da Chácara N.G. na sua fundação. 1º) Julião Pires de Campos - Fundou - Início séc. XX; 2º) José Cruz Domingues - Comprou - 04/07/1925; 3º) Emílio Garcia y Garcia – Comprou - 30/04/1926; 4º) Francisco José Soares - Comprou -12/09/1928, e em 1952 transfor- mou-a na Vila Santa Catarina.

Cismando: Se, por hipótese, não tivesse o Sr. Chicuta a ideia e loteado, mas sim vendido a Chácara a outrem, conseguiríamos imaginar como ela evoluiria daí em diante? O que existiria hoje nesta área? Apenas saberíamos com certeza que não seria a Vila Santa Catarina. Talvez até outra! Porém seria demais que essa suposta outra vila viesse a se chamar justamente Santa Catarina!

O AUTOR. A CHÁCARA, DEPOIS... A VILA 79