CÂMARA DOS DEPUTADOS – DETAQ Sessão:

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA REVISÃO E REDAÇÃO

SESSÃO: 190.3.51.O

DATA: 03/10/01

TURNO: Vespertino

TIPO SESSÃO: Ordinária - CD

LOCAL: Plenário Principal - CD

HORA INÍCIO: 13h

HORA TÉRMINO: 20h14min CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

I - ABERTURA DA SESSÃO

O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) - A lista de presença registra na Casa o comparecimento de 376 Senhores Deputados.

Está aberta a sessão.

Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos trabalhos.

O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão anterior.

II - LEITURA DA ATA

O SR. CLAUDIO CAJADO , servindo como 2° Secretário, procede à leitura da ata da sessão antecedente, a qual é, sem observações, aprovada.

O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) - Passa-se à leitura do expediente.

O SR...... , servindo como 1° Secretário, procede à leitura do seguinte

III - EXPEDIENTE

501 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) - Finda a leitura do expediente, vai-se passar ao

IV - PEQUENO EXPEDIENTE

Concedo a palavra ao Sr. Deputado Coriolano Sales.

502 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. CORIOLANO SALES (PMDB-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Brasil está mergulhado na mais grave crise de sua história. Essa crise, que ameaça a própria sobrevivência da Nação, agravou como nunca os problemas sociais do País, expressos principalmente na elevação dos níveis de desemprego, que poderá atingir a curto prazo o inaceitável patamar de

25% da população economicamente ativa nas áreas metropolitanas.

A dependência financeira externa e sua conseqüência direta, a exclusão social, constituem a principal causa da crise. Pior ainda, a exacerbação dessa dependência e da exclusão resultante da política econômica do atual Governo arruinou as contas externas e internas. Além disso, subordinou o País ao capital especulativo e está destruindo os fundamentos da Nação brasileira ao comprometer o aparelho produtivo, o emprego e as condições mínimas de sobrevivência da população.

Essa política danosa que tornou frágil a Nação e o Estado brasileiro deixou o

País vulnerável e à mercê da especulação externa, o que ameaça a sobrevivência do Brasil como nação soberana e independente.

Não deixa de ser uma triste realidade. Pagar juros é um dos mais penosos empregos de reservas, sobretudo num país como o Brasil, com tantas carências de desenvolvimento e de combate à pobreza. E será esta uma sina eterna do Brasil?!

Uma espécie de vício iniciado, desde a independência, quando fomos obrigados a assumir a dívida que Portugal tinha com a Inglaterra?!

A nossa moeda é constantemente desvalorizada. A insuficiência de produção para atender o mercado interno é um dos principais fatores que agravam a situação da economia brasileira. Outro fator que aumenta a nossa dependência é o crescente

503 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel número de importações. O País consome todos os seus investimentos em importação, ao invés de investir no mercado interno. Tudo isso aumenta a dependência ao capital exterior, desvalorizando assim, a moeda brasileira.

A história vem de longe, mas há que considerar vários fatores que nos levaram a acreditar que endividamento externo seria a solução. Fomos vítimas de uma política do fraco contra o rico, com uma crescente desvalorização de nossas exportações, enquanto os preços das importações continuavam estáveis. Dessa forma, seria necessário conviver com um déficit eterno. Nossos governos costumam recorrer ao financiamento externo não só para tapar buracos, como também para conseguir a rolagem da dívida externa.

Foi principalmente por essas razões que o Japão sempre recusou ofertas de empréstimos externos. Os poucos que fez foram insignificantes e nunca chegaram a causar preocupação com rolagens de dívidas. E não se diga que não havia carências, pois tratava-se de um país praticamente feudal, com uma população paupérrima. Os japoneses precisavam – e muito – de recursos, mas entenderam que melhor seria recusá-los do que cair numa dependência que poderia prejudicar o futuro do seu desenvolvimento. E, num minúsculo território, sem recursos naturais e com todas essas dificuldades, mas com essa política e essa orientação do Estado, conseguiram chegar à posição de segunda potência mundial.

Parece que a crise da economia brasileira está cada vez pior. Um dos fatores que também está impedindo o crescimento da nossa economia é a ausência de uma política interna de formação de poupança para possibilitar o acesso da população brasileira a crédito capaz de determinar desenvolvimento local. Seria a forma mais adequada de ensejar a produção e extinguir a pobreza e a miséria no nosso País.

504 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Para isso, devemos assumir o nosso próprio destino, readquirindo a soberania e a independência nacional, retomando o controle sobre nossa economia, reconstruindo o Estado nacional como instrumento promotor do desenvolvimento, fortalecendo o mercado interno e incorporando toda a população aos benefícios do desenvolvimento.

A condição básica para se recolocar o Brasil de pé é a união de todas as forças nacionais, de todos os brasileiros que amam este país, civis e militares, organizados ou não em partidos políticos, movimentos sociais e instituições de todos os tipos. Um movimento de afirmação cultural e de recuperação da auto-estima do povo brasileiro é o principal instrumento de aglutinação e articulação das forças vivas do país nesse sentido.

O Brasil é viável. Vamos fazer deste País uma grande Nação!

505 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. MANOEL SALVIANO (PSDB-CE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho, na sessão desta tarde, falar de José

Martins Rodrigues. Não há apenas de minha parte um dever parlamentar, vindo do compromisso com a minha terra, mas o sentimento de uma admiração que principiei a cultivar desde a minha juventude.

A sua origem é sertaneja. Nasceu em Quixadá, sertão central do Ceará.

A sua cidade teve em Martins Rodrigues a sua grande representação telúrica.

E ela o acompanhou por toda a sua vida.

Sua vida parlamentar, rica e séria nas suas atividades precípuas – trabalho nas Comissões e presença permanente na tribuna do plenário – definiu inconfundivelmente o jurista e, principalmente, o homem público.

A sua influência na política nacional é um fato incontestável. Soube o

Deputado Martins Rodrigues conciliar essas duas marcantes tendências da política brasileira: a do político citadino e a do político rural. Apesar do seu indiscutível prestígio na política nacional, jamais esqueceu os problemas da sua terra, nem os seus amigos. Essas qualidades que o fizeram para nós, cearenses, um mestre, um exemplo e um orgulho.

Daí a minha presença nesta tribuna, pelo amor que devoto ao Ceará e à sua tradição política. No ano em que se comemora o centenário de nascimento do

Deputado Martins Rodrigues não poderia deixar de assinalar o acontecimento com a evocação do conterrâneo ilustre.

Homem de um Estado pobre, teve acentuada e marcante passagem no panorama político do Brasil, pela sua inteligência incomparável, firmeza e lealdade de atitudes, força tranqüila do caráter, honestidade absoluta e modelar. Constituiu-

506 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel se, ao longo dos anos, personagem importante da representação política brasileira, vivendo-a com altivez, idealismo, dedicação, desinteresse total pelos benefícios materiais. Valorizador do Parlamento, ciumento de suas prerrogativas, defensor dos seus direitos, foi uma importante figura na vanguarda dos interesses reconhecidamente nacionais.

Exemplo positivo, Sr. Presidente, do desempenho político mesmo no plano eleitoral, compatível com as mais altas exigências morais da honestidade e do devotamento, homem de decoro, dignidade natural, grandeza magnética para liderar, tinha a intuição, o destino, a herança nata de um condutor de homens.

Pascal dizia que as virtudes dos homens não se apresentam nas expressões do seu maior esforço, nos momentos de sua ação mais convulsiva; que, ao contrário, a virtude dos homens se afirma precisamente na evolução dos seus feitos comuns, na coerência de sua linha habitual, na segurança do seu comportamento uniforme. Martins Rodrigues, do ponto de vista pascalino, foi, exatamente, um grande homem, pela coerência, pelo equilíbrio, pela segurança das suas virtudes e pela sua presença constante nos momentos oportunos e nos pontos adequados.

De coragem cívica indomável, Sr. Presidente, Martins Rodrigues constituiu-se num verdadeiro paladino da democracia.

Foi protagonista de inesquecíveis episódios da nossa história contemporânea.

No Governo militar, instalado no Brasil na década de 60, sua participação nos movimentos populares de contestação, fez dele um modelo e exemplo de dedicação ao direito e às liberdades individuais. Desafiou o autoritarismo para preservar as instituições democráticas. Aderiu e liderou manifestações reivindicatórias, como as

507 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel patrocinadas por entidades estudantis, enfrentando com brio e com a dignidade dos fortes, a intolerância e o arbítrio da força militar.

A todos emprestou o melhor de sua vida. Em toda parte a que chegava, impregnava as almas e os ambientes da virtude maior de seu espirito – a seriedade.

Tornou respeitável e digna a Casa que enchia com a sua presença. Por isso, todos os seus mandatos se revestiram de alta dignidade e mereceram sempre o respeito dos próprios adversários. Exerceu sucessivos mandatos de deputado federal, o

último deles interrompido pela força ditatorial, vítima, em 1969, da legislação de exceção. Foi a maneira encontrada pelo talante absoluto para calar a sua voz e frustrar a sua liderança.

Era o tipo de homem social, gerado pela democracia moderna. Não era o homem épico, nem o dramático. Era o político. O político em seus termos mais nobres, nas suas expressões mais altas. O político que capitalizava todas as suas forças do seu equilíbrio, da sua moderação, do seu sentido de humanidade. Era o homem requisitado nas horas das incertezas e das tribulações, para que orientasse o rumo a ser percorrido.

O profundo conhecimento do sentimento humano, Sr. Presidente, é uma virtude, pois nele só se afirmam a vitória da competência, o triunfo do entendimento, a glória da consumação dos objetivos. Mas, quando a experiência é pautada por decisões, pela coragem cívica e dela se tiram a força e as lições para comandar e salvar seu povo, o exercício do bem é uma dádiva divina. O notável humanista e incontroverso líder partiu para a eternidade, deixando aos pósteros os melhores exemplos de brasilidade, de acendrado amor aos postulados da democracia e de solidariedade ao próximo. Foi padrão de dignidade e modelo de homem público.

508 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Quando faleceu, em 1976, aos 75 anos, a imprensa nacional foi unânime em seu louvor, na lamentação de uma morte que privava o Brasil de um servidor na legitimidade do talento e do desinteresse.

José Martins Rodrigues, Sr. Presidente, não é uma personalidade cearense apenas. O saudoso homem público, nascido a 2 de setembro de 1901 foi um ardoroso defensor da democracia brasileira, amou os direitos e os deveres de uma cidadania prestimosa, exerceu até o fim a missão de devotamento e de alegria de servir.

Ao nos determos sobre sua memória, não nos devemos deixar amolecer pelo sentimento fácil da saudade; não nos devemos deixar enveredar pelas lamentações da ausência. Devemos, ao contrário, servir-nos da lição de sua vida como fonte de consolo para as nossas mágoas, como fonte de combate para as nossas descrenças e, essencialmente, como fonte de entusiasmo pelo futuro do Ceará e do

Brasil.

Era o que tinha a dizer.

509 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. MARCOS AFONSO (PT-AC. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna para comunicar o que está acontecendo no sul do Amazonas uma gigantesca operação de garimpagem madeireira.

Os seringais Pirapora, Novo Andirá e arredores, próximos à divisa dos

Estados do Amazonas com o Acre, estão sendo devastados por uma gigantesca operação de garimpagem madeireira. Seringueiros e agricultores que ocupam tradicionalmente aquelas áreas estariam sendo ameaçados por jagunços.

O Conselho Nacional dos Seringueiros que, por meio de seu presidente

Juarez Leitão, vem denunciando os conflitos e o desmatamento na localidade, acaba de realizar um vídeo-reportagem com imagens estarrecedoras, a serem levadas às autoridades responsáveis. Em audiência com o presidente do IBAMA, Hamilton

Casara, Juarez conseguiu assegurar a visita imediata do IBAMA ao local. A madeira

é retirada no Amazonas e negociada em Porto Acre e Rio Branco, no Acre. Segundo o Secretário de Meio Ambiente do Acre, Edegard de Deus, a madeira está sendo retirada em florestas nativas do Amazonas, com autorização do IBAMA de Manaus.

“Nas blitze que temos realizado, os responsáveis apresentam documentação legal”, conta o secretário. Entretanto, a forma como estão explorando a madeira, com inúmeras estradas rasgando a floresta, tratores de grande porte e correntes causando sério desperdício, além das ameaças à população local, é impossível imaginar que exista plano de manejo sustentável. Esta região tem sido alvo de conflitos. Meses atrás teria havido um tiroteio, com morte, envolvendo jagunços e posseiros.

510 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Era isso, Sr. Presidente, o que nós tínhamos a colocar no plenário desta Casa sobre tão relevante tema.

511 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. CLAUDIO CAJADO (Bloco/PFL-BA. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há quase sete anos sou Deputado Federal, eleito especialmente pela Região Metropolitana de Salvador.

Trago ao conhecimento do Plenário, para que fique registrado nos Anais da

Casa, fatos que me deixam extremamente feliz.

Primeiro, o Governador do Estado da Bahia, César Borges, tem feito maciços investimentos nos Municípios, em parceria com as Prefeituras. Segundo, grandes empresas estão sendo atraídas para o Estado, o que mudará o perfil da região.

Em relação aos investimentos do Governo do Estado, realizados basicamente por intermédio do PRODUR, a região nunca teve tantos recursos para modificar sua realidade, para melhorar as condições de vida nos Municípios de Camaçari, Simões

Filho, Dias D’Ávila, Candeias, São Francisco do Conde e Madre de Deus. Esses são os Municípios que conheço mais de perto e recebem volume de recursos que ultrapassa R$70 milhões para esgotamento sanitário e melhorias habitacionais e viárias, como pavimentação, calçamento com paralelepípedo ou asfalto e macrodrenagens. Enfim, uma gama de recursos foi destinada aos Municípios pelo

Governador César Borges, que tem recebido, cada vez mais, o reconhecimento do povo baiano e, em especial, da região metropolitana.

Neste momento de desemprego, o Governo do Estado da Bahia tem desenvolvido esforços no intuito de levar mais empresas para a região, não com apitaço e bandeira na mão, porque não se gera emprego dessa forma, mas proporcionando incentivos fiscais e tributários. Com isso, muitas empresas têm sido instaladas no Estado. A economia da Bahia, em poucos anos, será, sem dúvida alguma, um marco em termos de pujança para os demais Estados da Federação.

512 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Na verdade, a Bahia teve seu primeiro momento de desenvolvimento econômico com a implantação da RELAN — Refinaria Landulfo Alves —, depois, com a implantação do pólo petroquímico, todas viabilizadas pelo então Governador,

Antonio Carlos Magalhães.

Atualmente, com a Ford — que será inaugurada em 12 de outubro —, terá início o terceiro ciclo de desenvolvimento econômico do Estado da Bahia e do

Nordeste. Com a inauguração da empresa, haverá geração de 5 mil empregos diretos, mais de 50 mil indiretos e investimento de mais de 1 bilhão e 900 milhões de dólares.

O aporte tecnológico para as empresas coligadas à Ford trará enorme benefícios não apenas para trabalhadores, mas para indústrias e prestadores de serviços que venham a agregar a tecnologia de ponta à sua atividade inerente.

Somado a isso, o Estado passará a contar com a Monsanto. São quase 500 milhões de dólares em investimentos, também na cidade de Camaçari, que gerarão imediatamente 700 empregos diretos e, quando da sua operacionalização plena, mais de mil.

O Estado, Sr. Presidente, tem outros pólos importantes: de calçados, informática e turismo, que crescem cada vez mais. Com certeza, sob o comando do

Governador César Borges, a Bahia despontará dentre os Estados da Federação como o mais agressivo em termos de competitividade econômica e qualidade de vida.

O Governador César Borges tem contado com o apoio dos baianos, dos seus liderados e do grupo que lhe dá sustentação, mas, sem sombra de dúvida, tudo começou com o retorno de Antonio Carlos Magalhães ao Governo do Estado, em

513 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

1990, quando implantou o equilíbrio financeiro e a harmonia administrativa e política.

Hoje, os baianos podem colher os frutos.

Faço este pronunciamento para demonstrar que — comprometido que sou com a Bahia e seu povo — sei reconhecer as boas ações. Com o Governador César

Borges, as bancadas federal e estadual e o apoio de Antonio Carlos Magalhães e dos Senadores Antonio Carlos Magalhães Júnior, Waldeck Ornélas e Paulo Souto, no próximo ano, que será eleitoral, receberei o reconhecimento nas urnas.

Outro assunto, Sr. Presidente. No último dia 28 passado, o Município de

Camaçari comemorou 243 anos de emancipação política e administrativa. Camaçari

é um dos mais importantes Municípios da Bahia, localizado na Região Metropolitana, sede do Pólo Petroquímico, e dentro de alguns dias estará inaugurando a maior unidade de produção automotiva da Ford no mundo. O Município, que já ocupava lugar de destaque no Estado em função do grande parque industrial petroquímico, de alguns anos para cá ganha espaço no cenário nacional, principalmente pela forma como seus dirigentes a têm administrado.

A população que se aproxima dos 162 mil habitantes, tem todos os motivos para comemorar.

Sr. Presidente, o Prefeito José Tude assumiu a prefeitura, tendo recebido dos administradores anteriores uma cidade falida e destruída. Enfrentando todas as dificuldades com determinação, sabedoria e desprendimento, passados apenas cinco o Município foi transformado e reerguido.

Foram construídas escolas, postos de saúde, redes de esgoto, iluminação, praças, ruas foram calçadas, a cidade recebeu reforços na área de segurança

514 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel pública, além de aquisição de viaturas, ambulância e uma série de outras benefícios principalmente na área social.

A lição que o povo camaçariense e o Prefeito José Tude oferecem hoje ao

País é imensurável! O administrador público responsável e trabalhador governa para a população; e esta reconhece seus esforços, dando-lhe apoio e o estimulando a seguir em frente.

Sr. Presidente, quero, portanto, parabenizar o Prefeito José Tude e a toda sua equipe, ao Vice-Prefeito, Helder Almeida, ao Poder Legislativo Municipal, às lideranças comunitárias, aos dirigentes empresariais e, principalmente, à população pela nova Camaçari, ressurgida da cinzas e reerguida em rocha firme!

Ainda um outro assunto, Sr. Presidente. Já passou algum tempo desde o trágico incidente terrorista em Nova Iorque. No entanto, parece que foi ontem que recebemos a notícia de que as incríveis torres gêmeas estavam vindo abaixo.

Realmente, foi tudo lamentável. Ao que me parece, o mundo inteiro se sensibilizou pelas vítimas. Apenas alguns poucos países não estão apoiando os Estados Unidos em sua tentativa bélica de conter o terrorismo no mundo (ou pelo menos resolver o problema por lá). Diga-se de passagem que o apoio dado aos EUA não é só uma questão diplomática, mas econômica também, tendo em vista que eles estão ameaçando usar seu poder de superpotência contra aqueles que desejarem manter- se neutros, criando sérios empecilhos comerciais.

Mas não é disso que venho tratar. Enquanto discutíamos o terrorismo nos

EUA e um modo de nos mostrarmos solidários, ou até servis, aqui mesmo no Brasil um terrorismo muito mais sutil acontece a cada minuto. Enquanto lá morre-se de ataque terrorista, bem aqui morre-se de fome, de bala perdida, em filas de hospitais

515 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel etc. E nós aqui perdendo tempo discutindo os problemas deles... Eu lamento muito por tudo o que aconteceu, mas acho muito mais relevante tratarmos das nossas próprias necessidades. Eu nunca vi o Congresso Nacional Norte-Americano paralisar seus trabalhos para discutir sobre o problema da seca no Brasil ou um modo de se resgatar a nossa dívida externa de um jeito mais acessível à nossa economia.

Vejam bem, não estou desdenhando do que aconteceu por lá, mas abrindo os olhos para o fato de que temos mais o que fazer por aqui, até porque para eles, principalmente para o Governo George W. Bush, o Brasil é uma nação que compõe o segundo escalão de seus interesses. Que seja dita a verdade nua e crua! Eles criaram na América Latina uma espécie de zona neutra no cenário mundial. O termo

Terceiro Mundo, usado de forma pejorativa pela maioria para designar os países periféricos, foi justamente o termo encontrado para tratar aqueles que não sofriam influência da Guerra Fria. O Brasil se encaixou perfeitamente nesta categoria. E ainda hoje, apesar da tentativa de se erguer entre os grandes, somos artistas coadjuvantes em meio aos principais.

Mas nós temos o nosso valor, e por isso mesmo temos de parar com este complexo de inferioridade e redescobrirmos o nosso papel no mundo. Para isso precisamos de mais seriedade em tudo o que fazemos. Precisamos redefinir o que realmente queremos e começar a trabalhar junto ao povo em prol de nossos objetivos.

Sr. Presidente, quando analiso friamente esta Casa, encontro uma série de abismos entre nós e a grande massa. Não a elite, mas sim a maioria do brasileiros.

516 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Fazemos discursos bonitos, gestos fortes e, no entanto, a corrupção se faz presente entre nós, exatamente aqueles que devem satisfação de seus atos a população.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputadas, devemos velar pela primazia da realidade. É tão gritante a diferença entre princípios constitucionais da realidade que me envergonho! A chuva voltou a cair em São Paulo e no Sul do País. Mais um ano de mortes, mais um anos de destruição, mais um ano de inundações, e mais um ano de promessas que sabemos todos aqui não serão cumpridas...

Eu não consigo entender como podemos dormir bem, sabendo que tantos brasileiros passam necessidades inimagináveis! É sobre isso que devemos discutir.

É sobre a nossa gente que devemos gastar nosso tempo. Eu gostaria de propor que colocássemos em pauta, a cada dia de votação, pelo menos um projeto social. E dentre estes, em voga, a educação. Vamos parar de discutir aquilo que não é prioridade e aquilo que não é da nossa conta. Vamos resolver os problemas do

Brasil primeiro, porque eles são muitos e é pura ilusão achar que, se formos subservientes aos norte-americanos, eles vão ser bonzinhos conosco. Dependemos apenas de nossos esforços para começar a grande revolução brasileira.

Era o que tinha a dizer.

517 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. CARLOS SANTANA (PT-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) –

Sr. Presidente, Sras e Srs. Deputados, a exemplo do que fiz a semana passada, quando desta tribuna, chamei a atenção de todos para um fato que começou a se desenrolar desde a queda das torres gêmeas do World Trade Center, que é a questão da demissão em massa no setor de transportes aéreo, venho hoje mais vez de forma indignada, denunciar o terrorismo que as empresas estão fazendo com os trabalhadores.

Depois da VARIG, agora é a vez da EMBRAER anunciar a demissão, nos próximos dias, de 1.800 operários da produção e funcionários administrativos.

Mesmo debaixo de protestos, as demissões começaram ontem e vão atingir todas as subsidiárias, incluindo as dos Estados Unidos, Austrália, China, França e

Cingapura.

Como já tínhamos alertado Sr. Presidente, estamos vendo que a EMBRAER está pegando carona nessa tragédia para demitir seus funcionários, visto que há muito tempo a empresa não registrava uma demissão coletiva envolvendo tantos operários. Apesar de receber subsídios do Governo Federal, e por essa razão, não poderia adotar cortes tão radicais, a direção da empresa já mostrou sua intransigência, mostrando que não pensa em voltar atrás, alegando que tudo foi feito com transparência. Agora perguntamos: que transparência é essa, Sr. Presidente, que só quer ver o lado do patrão? Porque o funcionário, sem saber de nada, ao chegar no local de trabalho às 6 horas da manhã, a primeira notícia que recebe é a de que está demitido.

Isso não é fácil, Sr. Presidente. Por essa razão, estamos fazendo um requerimento convidando os presidentes da EMBRAER e da VARIG e o diretor dos

518 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel aeroviários a virem à Comissão de Viação e Transportes, desta Casa, prestar esclarecimentos a respeito dessas demissões em massa.

Já temos uma audiência marcada para quarta-feira, dia 10 de outubro, com o

Ministro do Trabalho, para, juntamente com o sindicato dos aeroviários, discutirmos alternativas à demissão massiva de trabalhadores.

Também estamos propondo a criação de uma comissão especial para acompanhar este momento da economia mundial, visto que grandes empresas, como Phillips, Renault, Volkswagen, Fiat, Ford, Honda, GM, Daimler-Chrysler e outras tantas empresas nacionais e multinacionais estão anunciando demissões em massa ou férias coletivas para seus trabalhadores.

Sabemos Sr. Presidente, que o momento é delicado, mas não é hora de agravar a crise econômica e social com anúncios de demissão. O Governo norte- americano tem feito de tudo para recuperar a sua economia; porém, até agora, o

Presidente Fernando Henrique não anunciou nenhum plano efetivo para proteger nossa economia e evitar que o caos se instale.

Volto a afirmar, Sr. Presidente, que a nossa principal luta, agora, é contra o fantasma da demissão e a falta de emprego. Esse é o pior terrorismo que os brasileiros podem enfrentar nos dias de hoje!.

Era o que tinha a dizer.

519 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. MANOEL VITÓRIO (PT-MS. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, gostaria de registrar nos Anais da Casa uma grave denúncia do Sindicato dos

Trabalhadores em Empresas Ferroviárias, Similares e Afins dos Estados da Bahia e

Sergipe – SINDIFERRO.

Foram demitidos arbitrariamente dois diretores. Há uma série de relatos graves da perseguição que vem sendo feita pelo Sr. André Coelho Teixeira, da FCA

— Ferrovia Centro-Atlântica.

Faço um apelo à Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários para impedir que continuem o nazismo e a perseguição contra os trabalhadores ferroviários, seja em Mato Grosso do Sul, seja na Bahia.

DOCUMENTOS ENCAMINHADOS PELO ORADOR

520 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

DOCUMENTO CITADO PELO DEPUTADO

MANOEL VITÓRIO

521 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. LINCOLN PORTELA (Bloco/PSL-MG. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o mineiro José Maria Alkmim completaria 100 anos no último dia 11 de junho, caso o destino não o tivesse ceifado definitivamente da política brasileira.

Alkmim foi um dos arquétipos do jeito mineiro de fazer política; hábil conversador, é autor de frases famosas, como aquela afirmando que “o que importa não é o fato, mas a versão”.

Sua biografia de homem público é riquíssima de títulos: Constituinte em 1934 e 1946, Secretário de Justiça e Finanças em Minas, diretor da Carteira de

Redesconto do Banco do Brasil, Ministro da Fazenda e Vice-Presidente da

República. Antes de concluir seu mandato, candidatou-se novamente à Câmara; e, uma vez eleito, renunciou ao cargo para ser Secretário de Educação. Ao todo, ocupou por quatro vezes o cargo de Deputado Federal.

Mesmo sem todos esses títulos, porém, seria quase que obrigatório referir- nos a ele quando historiássemos a política brasileira do século XX, especialmente por suas antológicas frases. Um exemplo: quando um eleitor pediu-lhe dinheiro, alegando estar desprevenido para o nascimento de seu filho, Alkmim safou-se com essa: “Se você que teve nove meses para preparar-se está desprevenido, imagine eu!”

Nascido em Bocaiúva, foi criado em Diamantina, onde foi amigo de infância de Juscelino Kubitschek de Oliveira. Aos 18 anos, os dois passaram em um concurso para telegrafista; outras vezes ainda suas vidas se cruzariam, ainda que, ao final, em campos políticos opostos.

522 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Alkmim foi um dos primeiros e melhores articuladores da eleição de

Kubitschek, e ampliou bastante a base de apoio daquele Governo, que já nascera marcado por tentativas de golpe da UDN.

Ministro da Fazenda, herdou dívidas e problemas dos Governos Vargas e

Café Filho. A superprodução cafeeira gerava uma inflação que o FMI e forças oposicionistas queriam combater a qualquer custo, com um plano recessivo. Em vez de estabilizar a economia às custas do desenvolvimento, Alkmim optou por gerenciar a crise de modo que ela não atrapalhasse a consecução do famoso Plano de Metas de Juscelino.

Alkmim, um dos pais da Organização Internacional do Café, que sofria a oposição dos Estados Unidos e da Bélgica. Foi um homem coerente, pragmático, que, Ministro, defendia o reatamento de relações com a União Soviética por pensar que tal atitude melhoraria a exportação do café brasileiro. Foi, por conta disso, apoiado por Luís Carlos Prestes e hostilizado pelo Marechal Lott, também Ministro de Juscelino. Somando-se a isso a histórica oposição de nomes como o de Roberto

Campos e Carlos Lacerda, tornou-se inviável sua permanência no cargo.

Alkmim apoiou Magalhães Pinto no golpe contra João Goulart, emprestando alguma legitimidade pública ao rompimento da ordem constitucional. Criada a

ARENA, a ela se filiou, mesmo se opondo à cassação política de nomes como o de

Juscelino.

Sua morte, como principiamos a dizer, foi a morte de um estilo de fazer política que talvez não tenha sobrevivido ao século XXI, mas que em muito engrandeceu o século XX.

523 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. LAMARTINE POSELLA (PMDB-SP. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, já faz quase um mês que ocorreu o atentado aterrorizante em Nova Iorque e Washington e o que tenho percebido é que, muito mais do que as cenas atrozes, terríveis, que temos visto pela televisão, fica uma pergunta muito importante no coração de toda a humanidade: por que tudo isso?

Em minhas reflexões, cheguei à conclusão de que uma das respostas é a contradição que há no mundo em que vivemos.

Na questão dos direitos humanos, por exemplo, vemos países que já conseguiram vencer as lutas raciais e os problemas sociais. Em contrapartida, vemos nações em que pessoas são executadas em praça pública, sem direito a nenhum julgamento. Na questão da espiritualidade, que está em alta, vemos, por exemplo, algumas nações tão materialistas, a ponto de a palavra Deus não fazer parte do vocabulário da maior parte dos seus habitantes, tornando-os insensíveis, individualistas. Em outros países, em função da religiosidade, da espiritualidade, vemos pessoas usando o nome de Deus para cometer atrocidades como essas praticadas nos Estados Unidos.

Como lutar por uma humanidade mais justa, mais igual, onde haja a paz?

Creio que a resposta está na lucidez dos homens. O mundo precisa de homens lúcidos. Gandhi, o grande lutador pela liberdade, certa vez, conversando com um jornalista, disse assim: “Olha, está vendo a multidão ali? Esse é meu povo; eu preciso segui-lo.”

Ora, Gandhi sabia da sua liderança, da importância do seu papel como líder.

No entanto, ele disse: “Eu preciso estar onde o meu povo está.”

524 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Somente alguém que se aproxima do povo pode ser sensível às suas necessidades.

Sr. Presidente, gosto muito daquela música de Milton Nascimento que diz assim: “Todo artista tem que estar onde o povo está.”

Na verdade, quer seja no nível da luta pela liberdade, quer seja na esfera lúdica da arte, da música, quer seja nas questões da espiritualidade, da redenção espiritual que os religiosos pregam para que o homem seja redimido também no seu nível espiritual, quer seja na esfera política, os líderes e os homens e mulheres lúcidos são aqueles que estão onde o povo está.

Jesus Cristo, o maior líder da história, sempre esteve no meio do povo, procurando sorver suas necessidades para trazer caminhos, direção, norte, enfim, soluções. Certa vez, Ele disse serem bem-aventurados os que choram, porque serão consolados, e bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.

Como alguém pode declarar ser feliz quem chora ou quem tem fome e sede?

Certamente, Jesus estava dizendo que aquelas pessoas que são capazes de chorar ao ver a miséria do outro, ao sentir sua dor, jamais dormirão sob o peso de culpa, de corrupção ou de terror.

Precisamos de líderes do calibre, por exemplo, do Deputado Paulo Paim, que, durante toda a sua vida, tem lutado pelo social. Em breve, será aprovado o Código do Idoso, iniciativa de uma pessoa que sabe ter fome e sede de justiça, como é o

Deputado Paulo Paim. Tive a felicidade de poder contribuir com o Estatuto do Idoso, eis que quatro projetos de minha autoria a ele foram apensados.

525 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Sr. Presidente, num tempo de corrupção, de escândalos, de morte, de lutas, de guerras, necessitamos de um Parlamento lúcido, de líderes e governantes que possam, a exemplo de Jesus Cristo, estar onde o povo está, sensibilizando-se com suas dores para lutar por uma sociedade mais justa, mais humana e que viva em paz.

Parabéns, Deputado Paulo Paim! Conte comigo na sua luta pela justiça social!

526 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. ENIO BACCI (Bloco/PDT-RS. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, registro nos Anais ofício a mim encaminhado pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Extração de Carvão do Rio

Grande do Sul, assinado pelo seu Presidente, Rosalvino de Souza Leal, solicitando que o Governo Federal dê mais agilidade às obras da Jacuí I, no sentido de gerar empregos na região carbonífera do Rio Grande do Sul.

O Sr. Rosalvino de Souza está em Brasília, e amanhã, às 9h30min, estaremos numa audiência com o Ministro de Minas e Energia, quando demonstraremos a S.Exa. que é viável a ampliação da extração do carvão e que este tipo de energia pode minimizar a crise energética do nosso País.

OFÍCIO A QUE SE REFERE O ORADOR

527 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

OFÍCIO CITADO PELO DEPUTADO ENIO

BACCI

528 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. ARMANDO ABÍLIO (PSDB-PB. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje, na liderança do meu partido na Câmara dos Deputados, assistiremos a ato político em que o Prefeito de Campina Grande e futuro Governador do Estado da Paraíba, Cássio Cunha , irá filiar-se ao PSDB.

Na sexta-feira próxima passada, o Senador Ronaldo Cunha Lima fez idêntico exercício de opção política e se filiou ao PSDB.

Sr. Presidente, ouvi com atenção o orador que me antecedeu, cujas palavras evangélicas eram embasadas pelo sofrimento. Nosso pronunciamento também mostra preocupação e faz uma radiografia das dificuldades enfrentadas pela população do semi-árido nordestino, filme a que os habitantes assistem há muito tempo. Como não poderia deixar de ser, focalizarei em nosso discurso o semi-árido paraibano.

Poucos fenômenos naturais são matematicamente tão certos de acontecer como as secas no Nordeste.

Segundo a revista Veja, edição de 6 de junho de 2001, em nenhuma região semi-árida do planeta existe tanta gente insistindo em fazer o solo produzir como no

Semi-Árido nordestino.

No Semi-Árido, Sr. Presidente, mais de 11 milhões de pessoas tentam sobreviver à base de uma agricultura em que pelo menos cinco entre cada dez safras se perdem, e onde o rendimento por hectare é dez vezes menor do que o que se obtém em outras regiões do País.

Mais da metade da população que tenta viver da agricultura no Nordeste é composta de analfabetos, e a quinta parte do restante sabe apenas escrever o

529 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel próprio nome. É gente que, mesmo migrando para outras regiões, não tem a menor chance de sobreviver de seu trabalho. O jeito mesmo é ir ficando por lá.

Mas o que é que significa esse "ir-ficando-por-lá"? Significa depender da ajuda oficial, de cestas básicas, bolsa-renda, bolsa-escola e carros-pipa, que chegam aqui mas não chegam acolá, e depender das chuvas que chegam, um ano sim, outros anos não. "Ir ficando por lá", Sr. Presidente, significa, até mesmo, num gesto de desespero, saquear armazéns, supermercados, caminhões e até carros particulares. Significa, enfim, lançar mão de qualquer recurso, para não morrer de fome e sede.

Todos sabemos, Sr. Presidente, que os fenômenos climáticos são, nos dias de hoje, perfeitamente previsíveis. O que torna a seca no Nordeste uma tragédia que se repete praticamente todo ano é mesmo a falta de planejamento e, em certos casos, a omissão. No ano passado, por exemplo, Governo Federal deixou de investir mais da metade do dinheiro destinado pelo Orçamento da União a três programas básicos de combate à seca. Com isso, quase R$500 milhões, que estavam previstos para investimentos no Departamento Nacional de Obras Contra a Seca e nos programas Pró-água e Irrigação e Drenagem, deixaram de ser aplicados.

O problema da falta de água para 1,5 milhão de moradores das regiões afetadas pela seca poderia também ser minimizado com a redução dos desperdícios de recursos públicos. Dados do Ministério da Integração Nacional mostram que 16 grandes obras de irrigação e abastecimento de água do Nordeste estão paralisadas.

Isso significa um imenso desperdício, uma vez que, juntas, essas obras poderiam representar a irrigação de 60 mil hectares de terra e o abastecimento de 1,5 milhão de pessoas.

530 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O pior é que essas obras, que já consumiram mais de R$700 milhões, estão abandonadas e não podem ser retomadas, porque foram proibidas de receber novos recursos pelo Tribunal de Contas da União. Nelas, o Tribunal registrou graves indícios de irregularidades, como superfaturamento, gastos acima do previsto, serviços pagos e não concluídos, alterações contratuais e problemas com as licitações.

Há previsões de especialistas de que a seca do Nordeste pode se prolongar até 2005 ou 2007. Por que, então, Sr. Presidente, não tomar isso como um dado importante, como uma variável básica no processo de elaboração do planejamento nacional?

Entre os Estados nordestinos, o Ceará e a Paraíba têm sido os mais castigados pela seca deste ano. As regiões do Cariri nesses dois Estados perderam praticamente 100% de suas produções agrícolas. Na Paraíba, algumas cidades dessa região, com é o caso de Serra Branca, estão sem chuvas desde 1998.

E já que, como diz o velho ditado, o infortúnio nunca chega desacompanhado, em Frei Martinho, Município paraibano da Região do Seridó com 3 mil habitantes, a população, além de tentar a todo custo conviver com a falta d'água, enfrenta uma epidemia de dengue. Por isso é que, em entrevista dada ao jornal O Estado de S.

Paulo, em julho passado, uma moradora do Município definiu, num desabafo sucinto mas sincero, a situação da maior parte do povo paraibano atingido pela seca: "Isso aqui parece o lugar dos esquecidos. Nunca melhora."

A opinião dessa gente humilde é um dado importante para se avaliar o sentimento de desespero que se abate sobre a população atingida pelas estiagens, não só na Paraíba, como em todo o Nordeste. É difícil entender por que até hoje não

531 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel se conseguiu, se não resolver, pelo menos amenizar o problema da seca na região.

Sabemos que o problema não é de tecnologia, porque hoje em dia não faltam recursos tecnológicos para fazer previsões a respeito da falta ou do excesso de

água em qualquer região do País ou do mundo.

No entanto, há pelo menos três séculos o povo do Sertão continua dependendo do Governo para comer e beber. Só que, hoje, a situação está ainda pior, porque, por falta de planejamento, no Sertão não falta só comida, água, saneamento, hospital, e escola. Como se não bastasse, no Sertão hoje falta até luz!

Era o que tinha a dizer.

532 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

A SRA. MIRIAM REID (Bloco/PSB-RJ. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o censo educacional deste ano revelou dado, para o qual venho alertando desde 1999, não só os colegas desta Casa mas a própria Nação brasileira. Agora, oficialmente, temos informação de que, em 1999, 4 milhões e 200 mil alunos abandonaram as salas de aula.

No ano de 2000, 3 milhões e 300 mil abandonaram o ensino fundamental e apenas 453 mil retornaram. Dos 970 mil estudantes que abandonaram o ensino médio somente 216 mil retornaram às escolas. Isso significa que o Programa Bolsa-

Escola e o FUNDEF foram capazes de atrair, pela sua eficiência, só 15% dos evadidos no ano anterior.

Por isso, alerto a todos para a necessidade da criação de programa nacional de combate à repetência e à evasão escolar, respaldado em lei.

O Presidente Fernando Henrique sancionou, no dia 20 de setembro, lei de nossa autoria que estabelece parceria entre o Poder Judiciário e o Poder Executivo e que alunos com 25 faltas sejam relacionados pela direção da escola. Além disso, devem ser notificados, com nome dos pais ou responsáveis e respectivos endereços, conselhos tutelares, Ministério Público e juízes da comarca local.

São duas as finalidades dessa notificação: primeira, conscientizar os pais da responsabilidade de manterem os filhos na escola; segunda, apurar as causas da evasão.

A partir desse estudo teremos condições de atender às necessidades dos alunos e resolver o grave problema social do baixo índice de desenvolvimento humano. Somos o 10º em desenvolvimento econômico e o 69º em desenvolvimento humano. Isso significa que precisamos de medidas rápidas.

533 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Proponho ao Ministério da Educação, através do INEP, que ainda este ano proceda à identificação dos 3,5 milhões de estudantes fora das escolas desde 1999, da 2ª série do ensino fundamental ao 2º grau, sejam intimados os pais e se elabore profundo estudo das soluções e medidas a serem tomadas para garantir seu retorno

à sala de aula.

Alerto para o fato de que crianças fora da escola também não estão em casa, mas fatalmente nas ruas. Muitas vezes elas correm risco de vida por serem indefesas, estarem expostas a todo o tipo de influência e não terem personalidade formada.

Três milhões e meio de estudantes fora das salas de aula constitui problema social da maior gravidade, que precisa ser enfrentado com seriedade, competência e, acima de tudo, com parcerias da sociedade, dos Poderes Executivo e Judiciário, em cumprimento à nova lei, em vigor desde 20 de setembro último.

534 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. SÉRGIO NOVAIS (Bloco/PSB-CE. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho hoje à tribuna para denunciar episódio ocorrido quando da renovação da Presidência do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador – CODEFAT.

Na condição de Parlamentar não posso ficar inerte diante de tamanho descalabro, ainda mais por nele haver a participação direta de um dos Ministros do

Governo Fernando Henrique Cardoso, o Ministro Francisco Dornelles.

Vamos aos fatos. O Decreto nº 3.101, de 30 de junho de 1999, que criou o

CODEFAT (Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador), estabelece que a Presidência do Conselho seria renovada bienalmente, havendo rotatividade entre todos os seus membros; e sendo alternada a ocupação do cargo entre

Governo, trabalhadores e empresários. Pois bem, Srs. Deputados. Nas duas últimas renovações da Presidência o cargo foi ocupado por representantes dos empregadores e do Governo respectivamente. Agora, nesta renovação, o cargo ficaria um com representante dos trabalhadores. Uma vez que a CGT, Central Geral dos Trabalhadores, a CUT, Central Única dos Trabalhadores, e a Força Sindical já ocuparam o cargo em renovações anteriores, o posto agora caberia, de direito, à

SDS, Social Democracia Sindical, também representante dos trabalhadores e única central sindical que ainda não assumiu a Presidência do CODEFAT.

Porém, nobres colegas, em 2 de agosto do corrente ano o Presidente do

CODEFAT realizou uma eleição totalmente ilegal, colocando a CGT na Presidência do Conselho, com o apoio da Força Sindical, atitude que afronta todas as regras estipuladas pelo Decreto nº 3.101/99.

535 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Inconformada com atitude de total desrespeito às normas vigentes, a SDS impetrou mandato de segurança perante a Justiça Federal, visando restabelecer o cumprimento da lei. Em 29 de agosto do corrente ano o Juiz Rafael Paulo Soares

Pinto, da 22ª Vara Federal de Brasília, suspendeu os efeitos do ato que elegeu o representante da CGT para a Presidência do CODEFAT e determinou a convocação imediata de nova eleição, em que deveria ser respeitado o critério da rotatividade.

Mas — pasmem, Srs. Deputados! — em 5 de setembro de 2001, com a clara intenção de não cumprir a determinação judicial, o Ministro do Trabalho, Francisco

Dornelles, obteve do Presidente Fernando Henrique Cardoso a edição do Decreto nº

3.906/01, que extinguiu a eleição pelo sistema de rotatividade entre os membros do

CODEFAT, passando o pleito a ser decidido por maioria absoluta dos votos.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esse novo decreto representa uma afronta ao Poder Judiciário, por ter a clara intenção de burlar a sentença judicial.

Além disso, através da Presidência do CODEFAT, a gestão dos recursos do FAT poderá ser controlada, uma vez que três membros do Conselho podem barrar indefinidamente o acesso a qualquer outro membro à Presidência do Conselho.

Mas a audácia contra a Justiça brasileira não parou por aí. Para mais uma vez burlar a decisão judicial, com base no Decreto nº 3.906/01, o representante da

CGT, Sr. Francisco Canindé Pegado, que ocupava ilegalmente a Presidência do

CODEFAT, afastou-se do cargo e imediatamente convocou nova eleição para o dia

12 de setembro. Nessa nova eleição, seu nome foi homologado como Presidente da entidade, selando de uma vez por todas o golpe para assumir a Presidência do

Conselho. Tal artimanha representa afronta e violência contra a democracia, mas, nobres colegas, o que muito me preocupa também são as razões que levaram o

536 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Ministro Dornelles a participar de tal episódio. A meu ver, várias indagações estão sem resposta. Por que o Ministro Francisco Dornelles não quis cumprir a decisão judicial e entregar a Presidência do CODEFAT à SDS, que, segundo dados oficiais, foi a Central que melhor aplicou os recursos do FAT? Por que o Ministro, que é do

PPB, se alia à Força Sindical, que apóia o PPS, para indicar a CGT para a

Presidência do Conselho e evitar a todo custo que a SDS assuma o cargo? Por que tanta intransigência em cumprir a lei? O que haveria por trás disso tudo?

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, creio que está mais do que na hora de se investigar a fundo essas questões, a fim de esclarecê-las, pois no próximo ano os recursos a serem geridos pelo CODEFAT totalizam R$11 bilhões. Esses acordos nebulosos, feitos na antevéspera das eleições, podem ser uma tentativa de abafar a apuração sobre os desvios dos recursos do FAT e permitir que o orçamento daquela entidade para 2002 financie projetos sem a devida supervisão e prestação de contas. A sociedade tem o direito de exigir que este Parlamento apure os verdadeiros motivos que levaram o Governo Federal, por intermédio do Ministro

Francisco Dornelles, a realizar esse novo acordo que, no mínimo, classifico como espúrio.

Por fim, Sr. Presidente, solicito que a Casa, por meio da Comissão de

Trabalho, convoque o Ministro Francisco Dornelles, para esclarecer esses fatos, que considero da maior gravidade não só pela caracterização de afronta ao Poder

Judiciário, mas por envolver a administração de recursos públicos que deveriam ser aplicados em prol dos trabalhadores brasileiros.

Era o que tinha a dizer.

537 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. CONFÚCIO MOURA (PMDB-RO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, deixo de colocar nos meus discursos, sobre o

Código Florestal, os meus argumentos. Trago neste momento os argumentos de muitos outros legisladores, e hoje especialmente os dos ilustres Vereadores do

Município de Pimenta Bueno, no Estado de Rondônia.

Faço minhas as palavras dos representantes de Pimenta Bueno. Hoje, portanto, discursamos juntos para todo o Brasil..

DOCUMENTO A QUE SE REFERE O ORADOR

538 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

DOCUMENTO CITADO PELO DEPUTADO

CONFÚCIO MOURA

539 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. MARÇAL FILHO (PMDB-MS. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o motivo pelo qual me pronuncio nesta tribuna hoje nem de longe é motivo pelo qual o Município de Dourados possa se orgulhar.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no último fim de semana a população de Dourados viveu episódios de verdadeiro terror e violência, somando cinco mortos e um ferido em estado grave. Os dias 28, 29 e 30 de setembro de 2001 vão ser para sempre lembrados com muita tristeza por vários moradores do Município, em especial pelos familiares das vítimas – uma população chocada com a violência e saudosa dos tempos em que Dourados podia ser considerada uma cidade segura para se viver e trabalhar!

Após a inauguração da Penitenciária Harry Amorim Costa, o então Juiz da

Vara de Execuções Penais do Fórum de Dourados, Adolf Astolf, alertou a população sobre os riscos da transferência de detidos do Carandiru para Dourados, sendo por isso tachado de “velho gagá” e acusado de com isso pretender somente promover- se.

Pois os acontecimentos deste fim de semana mostraram, infelizmente, a veracidade de um certo dito, de que as pessoas mais velhas sabem o que dizem. O apelo, que foi não só ignorado pelo Governo de Mato Grosso do Sul, como ridicularizado também por outros órgãos competentes, provou ser de extrema sabedoria e conhecimento.

Esse índice de fugas, roubos, assaltos a mão armada e homicídios assusta a todos, mas ao que parece não ao Prefeito José Tetila, que afirmou serem fatos normais na cidade os crimes do último fim de semana. Para mim é inadmissível, Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, que crimes como seqüestros, homicídios e uma

540 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel perturbadora sensação de insegurança sejam citados como acontecimentos normais, seja no lugar que for. Não obstante o fato de a violência no País e no mundo ter crescido assustadoramente, não posso aceitar que tais fatos sejam tratados com tamanho descaso por aqueles que deviam ser os primeiros a admitir a gravidade, a seriedade dos mesmos.

Alguns dos responsáveis pelo terror na última semana do mês de setembro, mortos no local do crime, segundo informações da polícia local, eram ligados ao

PCC – Primeiro Comando da Capital, facção criminosa criada em São Paulo e que hoje atua em quase todo País. O Sargento da PM ferido no confronto com a polícia ainda encontra-se em gravíssimo estado. A polícia conseguiu recuperar com os assaltantes mortos R$74.037,00 dos R$100 mil roubados no assalto à empresa de transportes de valores SIFRA, pela quadrilha que assustou Dourados.

A AGEPEN – Agência de Administração do Sistema Penitenciário de Mato

Grosso do Sul, informou que já tinha reforçado a guarda externa no Presídio de

Segurança Máxima Harry Amorim Costa. Segundo Oldemar de Oliveira, Diretor de

Unidades Penais da Agência, estaria sendo montado um plano para libertação de um detento integrante do PCC. Tinha-se ainda a informação de que o mesmo seria feito pela quadrilha que atuou neste fim de semana.

Pergunto então: por que tanta imprudência? Diante de tantas fontes de informações, poderia se presumir que a polícia não foi pega de surpresa e que teria havido tempo para, pelo menos, se organizarem a fim de que não acontecesse nada com os moradores, ou que não fosse espalhado todo aquele terror vivido pelos douradenses nestes últimos dias.

541 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Quero aqui somar minha indignação diante da crescente onda de violência no

Estado, ao mesmo tempo em que presto minha solidariedade aos moradores de

Dourados.

Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que este pronunciamento seja divulgado pelos meios de comunicação da Casa.

542 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. RICARDO BERZOINI (PT-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo mais uma vez a tribuna com o objetivo de protestar contra a incapacidade do Governo Fernando Henrique Cardoso de manter diálogo sério com as representações dos trabalhadores do setor público e, principalmente, com aqueles que, embora empregados de empresas controladas pelo Governo, não são da administração direta.

A greve dos servidores federais permanece sem solução e, o que é pior, sem interlocução séria por parte do Governo. Os Ministros tratam da questão sempre da

ótica medíocre de tentar derrotar o movimento, sem entender que a melhor forma de solucionar o problema é justamente a negociação, desprezam os prejuízos ao interesse público, decorrentes de tal intransigência e obedecem apenas à cartilha do

FMI, a Lei de Responsabilidade Fiscal, que sufoca as finanças públicas no que tange a despesas sociais, mas libera o Tesouro para custear injustos e concentradores dispêndios com os juros obscenos da dívida pública.

Nos bancos federais não é diferente a situação: as direções do Banco do

Brasil e da Caixa Econômica Federal continuam a acreditar que o orçamento pessoal de seus funcionários é eternamente comprimível. Ignoram que o mesmo

Governo, ao qual servem, autoriza aumentos generosos de tarifas para as concessionárias de serviços públicos de telefonia e energia elétrica, sem falar nos combustíveis. Tentam passar por cima do fato de que a inflação acumulada desde o

último reajuste passa dos 60%. Mas, como ninguém é de ferro, os dirigentes do BB se auto concederam um reajuste de mais de 100%.

Sr. Presidente, chamo a atenção da Casa para o fato de que os próprios dirigentes do Banco do Brasil reconhecem que o padrão salarial dos funcionários em

543 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel geral está defasado em relação à situação geral do poder aquisitivo, dos preços e da inflação. Para corrigir a situação, elevaram o salário do Presidente do Banco do

Brasil para mais de R$20 mil. Enquanto isso, o teto para servidores do setor público prevalece e os salários dos funcionários do Banco do Brasil, da Caixa Econômica, do Banco do Nordeste e do Banco da Amazônia permanecem congelados.

O Banco Central torra bilhões para tentar segurar o dólar, que se tornou indomável por causa da irresponsável política econômica mantida durante seis anos e meio pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo fundamentalista Ministro

Pedro Malan. Trata-se de política que estrangula a atividade econômica, inibe o investimento, incentiva a especulação, a aplicação em títulos públicos e não permite o desenvolvimento sustentável do Brasil.

Enquanto isso, os Estados Unidos da América baixam os juros, usando a lógica keynesiana do velho papel anticíclico do Estado para compensar a economia quando ela se desacelera. Na iminência de recessão, o Estado aplica grandes somas de recursos para tentar combater a desaceleração, através de instrumentos econômicos e orçamentários.

No Brasil, ao contrário, a cada ameaça de crise os juros, são aumentados.

Aqueles que vivem de renda permanentemente conseguem auferir melhor rentabilidade, ampliar seu patrimônio, aumentando o fosso entre os ricos e os pobres. O povo não tem a esperança de um futuro melhor, de um desenvolvimento sustentável. A sociedade não tem perspectiva de que possa de fato construir seu futuro com dignidade.

É hora de humildade por parte do Governo. É hora de tratar os funcionários públicos e os trabalhadores de empresas públicas com respeito. É hora de

544 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel reconhecer que os bancários do Banco do Brasil, por exemplo, merecem o mesmo tratamento dado aos das concessionárias de serviços públicos e aos dirigentes do próprio banco. É hora de reconhecer que a política econômica faliu, pois elevou nossa dívida interna de R$60 bilhões em 1994 para mais de R$650 bilhões, em

2001.

É hora de baixar os juros, incentivar a substituição de importações, reestruturar o sistema financeiro e o modelo tributário. O País quer voltar a sonhar, quer trabalhar por seus sonhos, quer realizá-los. O Brasil quer mudanças, e o

Governo precisa enxergar isso.

Sr. Presidente, eram as minhas palavras, e gostaria de vê-las divulgadas pelos órgãos de comunicação da Casa.

545 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. NILTON CAPIXABA (PTB-RO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o direito de ir e vir no território nacional está expresso no inciso XV do art. 5° da Constituição Federal. É cláusula pétrea.

Assegurar esta liberdade de locomoção é um princípio básico do Direito Público, mas é também um dever do Poder Público.

A manutenção das rodovias federais deveria ser prioridade do Governo

Federal. Os baixos níveis de execução orçamentária e ainda o contingenciamento de recursos para programas estratégicos impõem a restrição desse direito fundamental a diversos Municípios do Estado de Rondônia, cuja via de acesso é a

BR- 429.

Alvorada do Oeste, São Miguel do Guaporé, São Francisco do Guaporé,

Seringueiras e Costa Marques são Municípios ao longo da BR-429. As lideranças políticas e empresarias daquela região decidiram protestar contra o descaso do

Governo Federal, que não libera os recursos orçamentários, inclusive os inscritos na emenda de bancada para a rodovia federal BR-429. Até mesmo o Diretor do 22°

Distrito Rodoviário Federal, engenheiro José Humberto, declarou que a BR-429 não existe mais. Então, a forma de protesto das comunidades que dependem exclusivamente daquela rodovia federal é a do bloqueio estratégico.

De acordo com o presidente da Associação Comercial e Industrial de São

Miguel do Guaporé, Wilson Isidoro, os veículos que conseguem alcançar aquele

Município estão impedidos de prosseguir para São Francisco do Guaporé,

Seringueiras, Costa Marques, e ainda para Nova Brasilândia e Seringueiras.

O bloqueio é considerado estratégico por dois motivos. O primeiro, porque é seletivo. Cargas perigosas e alimentos chegam a São Miguel, mas não prosseguem.

546 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Passageiros de ônibus intermunicipais são obrigados a fazer uma série de conexões por causa das pontes, que não oferecem segurança ao longo de todo o trecho. O transtorno é permanente, especialmente no período chuvoso.

O segundo, para pressionar o DNER. Até as máquinas do 22° Distrito

Rodoviário Federal enviadas para dar início às obras estão retidas pela comunidade em São Miguel do Guaporé. O Diretor do 22° DRF informou que a licitação para a recuperação da BR-429 já foi realizada, mas os recursos ainda não foram liberados.

A previsão é de que na próxima semana recursos da ordem de R$3 milhões estejam disponíveis para celebração do contrato e início das obras.

Enquanto isso não acontece, permanece firme a decisão de manter o bloqueio da BR-429.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, até quando será necessário que comunidades inteiras se manifestem com bloqueios em rodovias federais para terem assegurados o seu próprio direito de ir e vir? Até quando a execução orçamentária federal estará contrariando as prioridades estabelecidas pelo Congresso Nacional?

Será necessário que nós Parlamentares, além de firmar nosso apoio àquelas populações, tenhamos que fazer bloqueio aos interesses do Poder Executivo, em tramitação nesta Casa, para sermos atendidos? Ou melhor, para que vejamos atendidos os nossos pleitos em defesa dos cidadãos e contribuintes?

É o próprio Relator Geral do Orçamento Geral da União em 2001, eminente

Senador Amir Lando, para nossa felicidade, integrante da bancada rondoniense, quem afirma: “(...) mesmo dentro dos limites de empenho e liquidação, muitos

Ministérios não estão cumprindo os programas aprovados.”

547 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Ressalte-se: aprovados por esta Casa, após inúmeras discussões, debates e análises técnicas.

É também o Senador Amir Lando quem afirma em documento da Comissão

Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização; “Os baixos níveis de execução observados não são justificáveis sob qualquer critério técnico, legal ou político.”

Então, que critérios são esses? Deveríamos conhecê-los e saber restringi-los.

Na verdade, deveríamos impedir que sejam utilizados ao bel-prazer do Poder

Executivo.

Dentro de um quadro no qual os investimentos federais para 2001 não ultrapassaram sequer 10% no primeiro semestre, é plenamente justificável que as comunidades de São Miguel do Guaporé, São Francisco do Guaporé, Seringueiras e

Costa Marques bloqueiem a BR-429 no sudoeste rondoniense, em favor do seu próprio interesse.

Era o que tinha a dizer.

548 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. DR. HELENO (PSDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em minhas visitas ao ilustre Ministro da

Educação, Paulo Renato Souza, tenho defendido a abertura de Escolas Técnicas em todo o País, o que também tem sido uma das bandeiras do Presidente Fernando

Henrique Cardoso.

O meu Município de Duque de Caxias, no Estado do Rio de Janeiro, está ultimando os procedimentos para que possa ser atendido, pelo Sr. Ministro, com uma dessas unidades na Baixada Fluminense. Essa nossa reivindicação reveste-se de um sentido amplo, pois entendemos que o País passa por uma transformação no tocante às diversas especialidades de mão-de-obra.

Com o avanço alcançado nas áreas de comunicação, elétrica, saneamento, recursos hídricos e outros, a falta de mão-de-obra especializada é um fato que tende a se agravar ainda mais, e isto acaba de ser constatado numa matéria muito bem redigida pelo colunista Valderez Caetano, publicada pelo Jornal do Brasil, que chama atenção para a invasão de técnicos estrangeiros que vêm preencher os espaços por falta de mão-de-obra especializada no Brasil.

Neste momento é de bom alvitre que alertemos, pois, o Ministério do

Trabalho, na pessoa do Ministro Francisco Dornelles, para esse importante fato.

Temos certeza que, pela sua capacidade de trabalho e defesa dos nossos interesses, o ilustre Ministro não deixará que essa "invasão" – entre aspas – aconteça de forma desordenada. A triagem, segundo informações, tem sido rigorosa. O profissional é obrigado a declarar o que ganha no País de origem, o que vai ganhar aqui e se realmente possui a especialização que diz ter. Outro dado é que sua permanência é provisória.

549 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Mas com todo esse cuidado é preciso saber se não existem casos de simples substituição; afinal, temos que lembrar que muitas dessas empresas que requisitam a mão-de-obra estrangeira são multinacionais. Necessário, portanto, proteger a mão-de-obra tupiniquim.

Mas os números dessa invasão são alarmantes. Em 1993, apenas 2.600 dessas vieram trabalhar no Brasil. No ano passado elas somaram 18.700.

Uma boa parte são técnicos. Na Europa, por exemplo, o jovem opta muitas das vezes por um curso técnico em vez da universidade. Aqui no Brasil dá-se o contrário. Baseado numa cultura tradicional, o chefe-de-família pensa primeiro em proporcionar ao seu filho um titulo de doutor. Não está, muita das vezes, informado sobre essas transformações que estão acontecendo.

Existem casos de técnicos americanos que estão vindo para cá a fim de ocupar cargos especializados de mão-de-obra. A própria PETROBRAS, por uma necessidade de momento, tem importado alguns desses técnicos.

O que desejamos deixar claro é a nossa posição de incentivo às Escolas

Técnicas, que se abram cursos de diversas modalidades técnicas. É muito importante a formação de técnicos, nesta hora de desemprego.

Nossos jovens precisam ser alertados para as diversas áreas da economia que estão em franco progresso e que, conseqüentemente, abrem vagas em suas especialidades.

Somente com o estudo, especializando nossa gente, é que poderemos atender à demanda dessa mão-de-obra que cresce dia a dia em nosso País, fruto da evolução tecnológica do mundo. O Presidente Fernando Henrique Cardoso sabe

550 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel muito bem disso, e por esta razão vem, através do seu Ministro da Educação, Paulo

Renato Souza, fomentando a construção dessas Escolas Técnicas.

Era o que tinha a dizer.

551 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. SIMÃO SESSIM (PPB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, todos os políticos brasileiros devem, obrigatoriamente, ter uma opinião sobre os efeitos dos sete anos do Plano Real em nossa economia. Afinal, altas taxas de inflação nos acompanharam durante quase todo o século passado e, desde a redemocratização, em 1985, até julho de 1994, quando foi implantado o Real, frustraram-se inúmeros planos econômicos: Cruzado,

Bresser, Verão, Collor I, Collor II...

Antes de expor os argumentos pelos quais eu considero que o Plano foi benéfico ao País, quero reconhecer que seu início não coincide com o Governo de

Fernando Henrique Cardoso, mas, sim, com o de Itamar Franco. Feita essa observação e reconhecidos, evidentemente, os méritos de Pedro Malan e da atual equipe econômica, passo a fazer a correlação entre a moeda estável e o desenvolvimento social.

Nos últimos sete anos, vivemos diversas turbulências externas: as crises do

México, da Ásia, da Rússia, da Argentina e dos Estados Unidos. Mesmo assim, a inflação manteve-se dentro de um patamar aceitável. É verdade que nossa dívida externa quintuplicou, e que todo o dinheiro obtido com as privatizações foi usado para pagar juros, mas também é verdade que os indicadores econômicos revelam um País um pouco melhor.

Quais os setores mais beneficiados, quais os mais prejudicados? Por exemplo: o Real melhorou ou piorou a segurança pública? E a educação?

Antes, as taxas inflacionárias alcançavam 1.000 ou 2.000% ao ano. Desde

1994, não tivemos inflação superior a 10% ao ano. Em dezembro de 2000, o IPCA registrou 5,9%. Mesmo com o risco de apagão, a produção continua em alta, e a

552 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel inflação, estável. Continuam a vir investimentos externos, embora nossa balança comercial esteja no vermelho desde que o real foi implantado.

Ora, o crescimento econômico médio dos últimos anos, da ordem de quase

3% do PIB ao ano, supera em muito os 0,6% de crescimento anual antes da nova moeda. Sabemos que a população brasileira cresce a uma taxa inferior a 3% ano; sendo assim, ao menos teoricamente, o Plano Real aumentou o dinheiro disponível para os brasileiros. Digo teoricamente, pois muito do aumento do PIB ficou sob o controle do capital estrangeiro, ou simplesmente não foi repassado à camadas mais pobres. Mesmo assim, se antes do Plano Real quatro em cada dez brasileiros eram inadimplentes, hoje, a relação é um pouquinho melhor: três em cada dez são miseráveis. Não é motivo para soltar foguetes, mas indica um progresso: o salário mínimo compra 123% de uma cesta básica; em julho de 1994, comprava 60%.

Houve melhoras estruturais: a taxa de escolarização já está em 97%, contra os 82% registrados na última década. Essa melhora é um ganho que pode ser atribuído ao Plano Real, e continuará a render frutos, mesmo que o real seja forçado a enfrentar seu maior inimigo: o fim do fluxo de capital externo que financia sua estabilidade.

É impossível fazer, aqui, um balanço detalhado dos sete anos do Real; mas podemos afirmar, com relativa certeza, que a educação e a saúde do povo brasileiro foram as maiores beneficiadas. Porém, após meio milênio de desigualdades, muito mais deveria ter sido feito. O caldeirão social já começa a explodir; a segurança pública é um grande problema, que nunca será resolvido a não ser que se implante uma política emergencial de distribuição de renda, através de um programa de renda mínima, por exemplo.

553 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O Real, mesmo quando o Governo trata de temas como o racionamento de energia, trata pobres e ricos igualmente, isto é, obriga os que consomem menos energia a economizarem tanto quanto os grandes gastadores.

Sendo assim, mesmo que o País fique mais rico, a extrema desigualdade brasileira, em uma economia capitalista, só pode levar ao aumento da violência. Eis, ao meu ver, a maior falha do Plano Real. Precisamos corrigi-la, e rapidamente. Do contrário, nos ameaça o surgimento de guerrilhas, como na Colômbia, ou mesmo a desintegração territorial, como na Iugoslávia.

Há também outro problema: a excessiva dependência do capital estrangeiro.

Precisamos voltar a exportar mais do que importamos, pois o atual Governo já cavou muito o fosso da dívida, vendeu a maior parte do patrimônio público. Não é momento de acharmos que está tudo resolvido.

Como vimos, basta que a economia argentina dê um espirro para que a economia brasileira também fique gripada, e cesse o fluxo de dólares que sustentou, até hoje, o mandato de Fernando Henrique Cardoso.

554 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. AIRTON CASCAVEL (Bloco/PPS-RR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o programa Globo Rural do dia

30 de setembro nos exibiu algumas imagens que somente poderemos considerar alvissareiras. Caminhões carregados de soja cruzavam a fronteira entre o Brasil e a

Venezuela, também entre o Brasil e a Guiana, e para esses países levavam grãos produzidos no Estado de Roraima.

O asfaltamento dessas rodovias, a chegada das linhas de transmissão da

Hidrelétrica de Guri, em condições mesmo de atingir Manaus, tudo isso nos permite admitir que se está abrindo e ampliando uma nova e importante fronteira econômica em nosso País, agora aberta não apenas para o Atlântico sul, mas para uma área especial desse oceano, o Caribe.

Para Roraima, em particular, as imagens transmitidas pela televisão são, na verdade, o coroamento de um trabalho que se vem desenvolvendo na região, em busca de desenvolvimento auto-sustentado e, com ele, da possibilidade de alargarmos as perspectivas de um Estado para o qual, antes de quaisquer outras considerações, se acrescenta o adjetivo distante. Sucede que aquele processo de exportação, ao que podemos entender, nos está aproximando de povos irmãos e vizinhos, fazendo com que, de alguma forma, a noção de distância ganhe nova qualidade.

Ocorre-nos, agora, lembrar que o Sr. Presidente da República, num desses arroubos de quem é perito em elaborar frases de efeito, anunciou que, para o Brasil, a questão é exportar ou viver. Para nós é estimulante dizer ao Sr. Presidente que, em Roraima, com nossos esforços, estamos vivendo ou, melhor dizendo, estamos exportando!

555 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

É o instante, pois, de cobrar deste mesmo Governo aquelas medidas de há muito reclamadas que envolvem a redução dos juros do crédito rural, um maior e mais cômodo acesso do pequeno produtor a esses créditos, um sistema mais dinâmico para as exportações e, além disso, as providências para garantir a segurança naquelas estradas, consideradas de interesse vital para nosso Estado.

Era o que tínhamos a dizer.

556 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. ALDO ARANTES (Bloco/PCdoB-GO. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje está sendo realizada em Brasília a 2ª

Marcha Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública, promovida pela

CNTE, CUT, ANDES, FASUBRA, SINASEFE, UNE e outras entidades ligadas à luta em defesa da educação pública. Essa marcha está mobilizando milhares de trabalhadores de todo o Brasil em defesa da uma educação pública gratuita e de qualidade.

Ela ocorre em momento de extrema gravidade para os servidores públicos e, em especial, para os professores e servidores das universidades federais. São mais de dois meses de greve que atinge as Universidades, CEFET´s, Escolas Técnicas e

Agrotécnicas Federais.

Esse movimento também vem se configurando como ação em defesa das instituições federais de ensino, cada vez mais ameaçadas com a política de corte de verbas que o Governo Fernando Henrique vem impondo ao setor público.

Dentre as reivindicações do movimento grevista, além do reajuste de 75%, estão a contratação de professores, concurso público pelo Regime Jurídico Único e não pela CLT e aumento das verbas de OCC. Essa bandeira não é só dos integrantes das universidades, mas da democracia e do povo em defesa da ciência e da tecnologia.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta Casa precisa empenhar-se para abrir uma negociação que implique conquistas reais para os professores e servidores da universidade pública federal, porquanto esse impasse está colocando sob ameaça o término do semestre letivo, que poderá trazer enormes prejuízos para milhares de alunos dessas instituições.

557 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

É grande também o prejuízo que os usuários dos serviços públicos, como por exemplo, os hospitais universitários, estão tendo devido a greve.

Dessa forma, o impasse motivado pela recusa do Governo em abrir negociações com os servidores, traz sérios prejuízos para os usuários do serviço público e para população em geral.

Em discussão realizada com as entidades representativas, e que contou com a presença de 26 Parlamentares, inclusive da base do Governo, o Sr. Ministro da

Educação propôs a instalação de grupos de trabalho para discutir as reivindicações dos grevistas, condicionando essa instalação à volta ao trabalho. Tal proposta não foi aceita e ficou clara a necessidade de atendimento de algumas reivindicações básicas para a suspensão da greve.

A insistência no reajuste linear de 3,5%, a partir de janeiro do ano que vem, é prova cabal do desrespeito com que o Governo Fernando Henrique Cardoso trata os movimentos sociais e os trabalhadores. Mesmo questões que não dizem respeito diretamente ao reajuste de 75% reivindicado pelo movimento, como a incorporação de gratificações, não tem recebido a mínima atenção do Governo. Pior ainda, cortou o pagamento do salário dos servidores e professores, num claro desrespeito ao direito de greve, assumindo uma postura autoritária só vista antes, nos tempos da ditadura militar.

O discurso do Ministro Paulo Renato, de não pagar aos professores e funcionários porque, segundo suas palavras “não estariam trabalhando”, é um desrespeito ao direito de greve e vem reforçar a postura cada vez mais reacionária que assume o Governo do Sr. Fernando Henrique. E o Ministro da Educação é um dos que tem revelado maior veia autoritária.

558 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

A determinação de S.Exa. de que os Reitores enviem uma lista dos professores grevistas, caracteriza perseguição política àqueles que resolveram protestar contra sua política para as universidades públicas. Não é a toa que esse mesmo Ministro, há poucas semanas, editou medida provisória que ataca a autonomia das entidades estudantis.

A própria Justiça Federal reconheceu o direito de greve dos servidores e já concedeu liminar, ontem, obrigando o Governo a depositar os salários dos servidores. Até o momento o Governo vem ignorando a determinação judicial, o que reforça ainda mais o caráter autoritário dessa medida do Ministro Paulo Renato e a pouca disposição do Governo de negociar e de vencer o impasse que está ocorrendo nas universidades.

Mas não são apenas os servidores das universidades que estão sofrendo as conseqüências perversas dessa política do Governo Federal. Várias outras categorias, como os servidores do INSS, IBGE, IBAMA e de vários tribunais, também estão em greve contra essa política de achatamento salarial promovida pelo

Governo Fernando Henrique.

Na verdade, a política salarial para os servidores e a redução de verbas para as universidades é uma das faces mais visíveis da política de desmonte do serviço público, que é parte integrante do desmonte do Estado brasileiro implementado pela política neoliberal do Governo Fernando Henrique Cardoso. Destaca-se aqui a reforma administrativa, peça decisiva que implementou a quebra da estabilidade, os contratos de gestão e a adoção da seleção pública como forma de ingresso no serviço público através da CLT.

559 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O Governo insiste em dizer que não tem dinheiro para um reajuste maior do funcionalismo, pois quer cumprir, a todo custo, a meta de superávit primário acordado com o FMI, de 3,5% do PIB, o que equivale a um superávit de 36,7 bilhões de reais. Para gerar esse superávit e conseguir pagar os encargos e serviços da dívida, o Governo corta investimentos e salários. Só este ano, o total dos pagamentos com os juros e serviços da dívida já atingiu o patamar de 76 bilhões de reais. Esse é o verdadeiro motivo da recusa do Governo em discutir a implementação de uma política salarial digna para os servidores federais: um modelo econômico que precisa gerar superávits para pagar juros cada vez mais altos.

Durante o processo de discussão da LDO no Congresso, a Oposição sugeriu uma revisão da meta fiscal, reduzindo a proposta de superávit primário para cerca de R$6,7 bilhões, o que significaria 0,5% do PIB. Isso permitiria a retomada dos investimentos públicos em setores fundamentais para o nosso desenvolvimento e, nas áreas sociais, o reajuste do salário mínimo e uma política salarial que permitisse aos funcionalismo público pelo menos a recuperação do seu poder de compra de sete anos atrás.

Esta Casa, no dia 4 de setembro, realizou uma Comissão Geral, com a participação de diversas entidades sindicais, dentre elas a ANDES e a FASUBRA, para discutir a greve do funcionalismo federal.

Naquela oportunidade, ficou clara a necessidade da abertura imediata de negociações entre Governo e grevistas. Os servidores deixaram claro sua disposição para negociar uma saída para esse impasse e Parlamentares e Líderes de diversos partidos se dispuseram a ajudar nas negociações. Apesar disso o

560 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Governo tem se mostrado intransigente e rejeitado os apelos da sociedade e desta

Casa para atender, pelo menos, a algumas reivindicações básicas dos servidores.

É preciso que o Governo reconheça o direito de greve dos servidores, pague seus salários e que as negociações sejam reiniciadas. Só assim esse impasse será vencido e a sociedade deixará de sofrer os prejuízos de um serviço público e de uma universidade cada vez mais sucateados.

561 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. NILTON CAPIXABA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. NILTON CAPIXABA (PTB-RO. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é com imenso pesar que venho

à tribuna desta Casa para comunicar o falecimento, no dia 28 de setembro, em

Belém, do engenheiro agrônomo Edgard de Souza Cordeiro. Nascido em 25 de março de 1910, em Belém, Pará. É filho de Alfredo Luiz Cordeiro e Joana de Souza

Cordeiro. Contraiu núpcias com a Sra. Heloíza Ferreira Cordeiro, em 7 de novembro de 1934, com quem teve três filhos, Alfredo, Moacyr e Elody.

Formou-se em contabilidade pela Academia de Comércio da Fenix Caixeral

Paraense, na turma de 1927. Prosseguiu seus estudos obtendo o título de

Engenheiro Agrônomo, pela Escola Superior de Agricultura e Veterinária do Pará, na turma de 1932. Foi aprovado com “Aprovação Distinta” pela apresentação da tese sobre a mestiçagem do gado ponga do Marajó, com reprodutores de origem européia.

No período que decorreu desde a sua graduação, em 1932, até agosto de

1941, percorreu uma trilha entrecortada de mudanças de posições contratuais administrativas e de localizações geográficas. De 1933 a 1941, pouco mais de oito anos, foi um verdadeiro andarilho, trabalhando no Pará, Paraná e Estado do Rio de

Janeiro, com uma definição clara de sua inclinação profissional para o gerenciamento de colônias agrícolas.

O Dr. Edgard Cordeiro tinha uma preocupação constante, que era a de divulgar os seus conhecimentos, resultados de seus experimentos e trabalhos. Em uma edição da revista Pará Agrícola, em 23 de abril de 1938, manifestou a

562 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel preocupação com o tema da agricultura migratória, com a agricultura da pobreza, das derrubadas e queimadas.

O texto da revista Pará Agrícola que ora reproduzo é atual:

Herdada dos nossos antepassados e fortalecida pela ignorância e egoísmo dos colonos que nos procuram, é prática corrente na agricultura da Zona Bragantina a destruição incautelosa de vastas florestas, que são carbonizadas impiedosamente pelo fogo anual das novas queimadas. (...)

Façamos uma consorciação cultural, tendo em vista a condição tropical de nossa região. Vegetais perenes com afinidades quimiotrópicas e economísticas devem substituir a floresta bruta. Assim, preparemos a nós mesmos e aos nossos descendentes um porvir tranqüilo e a convicção altruística de que concorremos para o bem das populações futuras.

Não preciso tecer comentários. Em abril de 1938, Edgard Cordeiro, a quem rendo as minhas homenagens pelo descortino e visão, antecipou-se na proposta da implantação dos Sistemas Agroflorestais 63 anos antes da moderna concepção tão divulgada hoje.

Em agosto de 1942, foi contratado pelo Ministério da Agricultura, lotado no

IAN — Instituto Agronômico do Norte, como técnico em experimentação agrícola. A partir da sua contratação pelo IAN, foi indicado para a Chefia da Subestação

Experimental de Porto Velho, em outubro de 1942.

Durante o período de outubro de 1942 a abril de 1953, onze anos portanto, o

Dr. Edgard Cordeiro atuou como técnico em experimentação do antigo Instituto

Agronômico do Norte, da rede de experimentação do Ministério da Agricultura, no

Território Federal do Guaporé.

563 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Além dos trabalhos com a cultura de arroz sequeiro, dedicou-se exaustivamente à cultura da seringueira. Na oportunidade conseguiu demonstrar a ineficiência dos clones orientais de Hevea, como, por exemplo, os clones RRIM e os

PB, que vinham emperrando a heveicultura regional. Demonstrou a supremacia dos clones regionais sobre os clones orientais, sobretudo os melhores clones selecionados, da série IAN, nos seringais de Rondônia.

O Dr. Cordeiro teve oportunidade de comprovar, do sétimo ao décimo ano de teste de produtividade dos clones orientais e das seringueiras nativas selecionadas, que dispunha a Subestação Experimental de Porto Velho de bons materiais clonais.

O que ficou evidenciado foi que, enquanto os clones orientais produziam de 8 a 13 gramas de borracha seca por dia, os clones nativos alcançavam mais de 30 gramas de borracha seca por dia, produzindo de duas a três vezes mais.

Acumulando o DPTC — Departamento de Produção de Terras e Colonização do Guaporé, o Dr. Edgard Cordeiro se viu obrigado a incentivar a avicultura para a produção de ovos e carne. Deu apoio às raças New Hampshire e Rhodes. Os problemas de transporte, que dificultavam a importação de rações para aves, motivaram os avicultores do Território do Guaporé a pressionar o DPTC e disso resultaram estudos com umas 56 variedades de mandioca.

A proposta era deixar de usar o trigo, que era um componente essencial da ração balanceada. Consultando uma série de pesquisadores nacionais e de outros países que não produziam trigo, chegou a recomendação da utilização da mandioca.

O pesquisador teve a sua atenção ampliada para o aproveitamento, não só da raiz, como também da rama da mandioca, como componente de ração para aves.

564 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Foi criada uma ração “made in Guaporé”, cujos componentes eram farelo de raspa de mandioca e farinha da parte verde da haste.

Afirmações importantes foram alinhadas no Ofício nº 242, de 1º de julho de

1952, pelo Diretor do Departamento de Produção, Terras e Colonização do Território do Guaporé: “A pecuária é o problema número um deste Território. Pará e

Amazonas, bem ou mal, possuem seu próprio “bife” e nós estamos na dependência direta da Bolívia”.

Com o Dr. Georges Black, pesquisador dos Estados Unidos, percorreu os campos naturais de Roraima, Pussiari, no Amazonas, e os do Alto Rio Guaporé.

Teve oportunidade de estudar uma área de campos naturais de 150 mil hectares, no

Alto Rio Guaporé. O Dr. Edgard Cordeiro levou-os ao conhecimento do Ministro da

Agricultura e solicitou auxilio àquele Ministério para ampliar os estudos sobre as pastagens naturais e poder utilizar melhor os referidos campos.

Dizia Edgard Cordeiro:

Os campos naturais são cobertos das melhores

gramíneas e leguminosas forrageiras, podendo citar

algumas das mais comuns: taripuco (Paspalum platiaxis),

arroz de pato (Oryza latifolia), canarana de pato

(Paspalum Repeas). Nos campos mais alagados:

camalote liso (Paspalum plicatulum), capins marreca

(Panicum laxum) e outros capins de boa qualidade.

De modo geral, afirma o Dr. Edgard Cordeiro, os campos naturais do Guaporé são mais ricos em boas forrageiras do que os da Ilha de Marajó, no Estado do Pará, e os campos de Rio Branco.

565 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Há ainda que considerar os esforços feitos pelo Dr. Edgard Cordeiro, quando

Secretário da Agricultura do Governo Petrônio Barcelos, em 1953, na introdução da criação de búfalos. Foram adquiridos na Ilha de Marajó, no Pará, trinta fêmeas e dois machos de animais novos, novilhos, que foram transportados de Belém para

Porto Velho.

Chegaram vivos a Porto Velho 21 fêmeas e dois machos, que foram transportados para a fazenda Milagres e depois para o Rio Guaporé. O objetivo era o fomento de um animal adaptado às áreas baixas da região, dócil, com capacidade de fornecer carne, leite e trabalho na tração animal.

Os búfalos são bastante usados em países como Itália, Índia, Bulgária,

Rússia e regiões do Brasil, como a Ilha de Marajó. Os búfalos são bastante dóceis, não representando perigo a nenhum integrante do ecossistema no qual estão inseridos.

O que hoje se sabe é da existência de um rebanho, em estado selvagem, de

15 mil cabeças. O IBAMA decidiu exterminar os búfalos que estão espalhados em

600 mil hectares da Reserva Biológica do Guaporé. São animais que escaparam da fazenda “Páu D’Óleo” e se tornaram selvagens.

A decisão inesperada de um órgão cuja missão é proteger a fauna e a flora nacional é explicada por dois motivos. Primeiro, o búfalo é um animal doméstico de origem estrangeira e, portanto, sem direito à proteção. Segundo, porque as manadas estão destruindo o hábitat de dezenas de espécies nativas, entre elas a onça-pintada e o cervo-do-pantanal.

O zootecnista da EMBRAPA Ricardo Gomes Araújo Pereira afirma que na

Reserva Biológica do Guaporé, o búfalo, por ser herbívoro, não pode representar

566 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel uma ameaça às onças e aos cervos-do-pantanal que vivem na fazenda “Páu

D’Óleo”. “Ao contrário, suas crias é que servem de alimento para estes animais”, diz

Ricardo Pereira.

Em vez de considerá-los uma ameaça à ecologia da região, com o manejo adequado, os búfalos poderiam ser utilizados como uma base econômica de valiosa fonte de proteínas na alimentação escolar ou para a produção de leite e derivados para as populações carentes daquela região do Vale do Rio Guaporé. Ademais, podem ser empregados na tração animal para o preparo de terras e outras atividades na fazenda.

O Dr. Edgard de Souza Cordeiro afastou-se de Rondônia no período que decorre de abril de 1953 a julho de 1975. Em julho de 1975, não suportou as pressões feitas e foi obrigado a aceitar um novo desafio: voltar às terras de

Rondônia. O Governador nomeado para o Território de Rondônia, coronel Humberto

Guedes, convenceu o Dr. Edgard Cordeiro e a Sra. Heloíza Ferreira Cordeiro a retornarem a Porto Velho, para ele ser Secretário de Economia, Agricultura e

Colonização. É que a Administração Coronel Humberto Guedes necessitava de um técnico experimentado e sobretudo de um homem de conduta íntegra e anteriormente comprovada. Enfim, precisava de um homem probo.

Neste período, que decorre de julho de 1975 a abril de 1978, o Dr. Edgard

Cordeiro assimilou que os tempos eram outros. Já existiam EMBRAPA, CEPLAC e sobretudo a presença forte e cheia de recursos do INCRA — Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária, ao lado das Secretarias Especializadas Estaduais.

Era preciso ser habilidoso, gentil no trato e sobretudo um articulador competente.

567 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Dos trabalhos no setor agropecuário participavam uma série de instituições públicas, estaduais e federais, com o mandato específico para execução de tarefas.

A preservação das tartarugas e tracajás do Rio Guaporé absorveu muito tempo do Secretário. Apesar do que dispõe a Lei de Proteção à Fauna, de 3 de janeiro de 1967, que proíbe a livre captura de animais silvestres, as populações de tartarugas e tracajás continuaram sendo alvo da caça indiscriminada. O comércio ilegal proliferava livremente.

No Rio Guaporé, que faz a divisa com a Bolívia, as espécies Podocnemis expansa (tartaruga-da-Amazônia) e Podocnemis unifilis (tracajás) tiveram suas populações quase que dizimadas. A antiga SEAC — Secretaria de Agricultura e

Colonização iniciou as atividades de proteção a esses animais. Algumas praias ao longo das margens do Rio Guaporé no Município de Costa Marques e Pimenteiras passaram a ser fiscalizadas.

Um fato digno de nota, cuja importância deixo registrada, é a continuidade do projeto de preservação dos quelônios do Rio Guaporé. Nasceu modestamente, mas contou com a obstinada determinação e teimosia de pesquisadores, técnicos de campo e administradores. O atual PQA — Projeto Quelônios da Amazônia já conta com 25 anos de trabalho contínuo e merece apoio do IBAMA — Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, vinculado ao Ministério do

Meio Ambiente.

O Projeto Quelônio da Amazônia mereceu apoio do WWF — Fundo Mundial para a Natureza e da comunidade local, que, em vez de ridicularizar o projeto como nos anos iniciais, se envaidece do importante trabalho desenvolvido pelas médicas veterinárias Maria de Fátima Gomes e Souza Soares e Luisa Juliana Silveira Lopes,

568 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel assim como a bióloga Maria Elisa Monteiro Silveira, que atuaram em Costa Marques e Pimenteiras por muitos anos.

A partir de 1953, o Dr. Edgard Cordeiro foi transferido para Belém, no Pará, onde passou a chefiar a Estação Experimental, também da rede do IAN — Instituto

Agronômico do Norte. A Estação Experimental de Belém, situada à margem direita do Rio Guamá, pelas suas condições de várzea alta, deu oportunidade ao desenvolvimento da cultura do arroz irrigado.

Viajou para o Rio Grande do Sul, onde estagiou em Gravataí, e na Estação

Experimental de Pelotas, do Instituto Agronômico do Sul, que se dedicava à cultura do arroz irrigado.

Voltando para os trabalhos no Rio Guamá, tendo aprimorado seus conhecimentos sobre o arroz irrigado, e detentor de novas observações, concluiu que, com algumas modificações, se poderiam aplicar os conhecimentos adquiridos no Rio Grande do Sul no cultivo do arroz irrigado nas várzeas altas dos rios amazônicos.

O Núcleo do Guamá do INIC — Instituto Nacional de Imigração e Colonização fica às margens do rio que leva o mesmo nome. Deveria abrigar colonos nacionais e colonos japoneses, que chegaram à Amazônia com a forte corrente migratória japonesa que predominou a partir do ano de 1929.

No período de 1960 a 1963, foram feitos inúmeros ensaios, estudando-se as variedades a empregar, o método de plantio, o espaçamento, a profundidade da lâmina d’água, dando a consciência de levar ao produtor os melhores resultados. A administração do Núcleo Colonial do Guamá só concorria com o traçado das curvas de níveis, em áreas limitadas pela floresta, que iam de 2 até 10 hectares de arrozais

569 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel e com a confecção de moto-bombas, cujo modelo havia sido trazido do Rio Grande do Sul.

Em cada cultivo foram obtidos, inicialmente, 4.800 quilos/hectare de arroz de produção em casca, e, depois de anos de cultivo na mesma área, com novas variedades, essa produção chegou a alcançar 6.850 quilos/hectare. Observou-se que de uma colheita para outra a produção aumentava, graças à riqueza depositada pelos sedimentos do rio, sem receber qualquer tipo de adubação.

Com uma programação de semeadura e plantio, chegou-se a quatro ciclos de plantio de arroz por ano, com irrigação, no mesmo tabuleiro. Este resultado — cerca de 24 toneladas por hectare por ano — com certeza representa um recorde de produção mundial de arroz.

O engenheiro agrônomo Edgard Cordeiro repetidas vezes desempenhou a função de mestre. Logo nos seus primeiros anos de formado, foi assistente da cadeira de Agricultura Geral e Especial, da Escola Superior de Agricultura e

Veterinária do Pará, em 1934. Algum tempo depois, na mesma escola, foi professor assistente da cadeira de Horticultura e Silvicultura, até o fechamento da Escola, em

1941.

Na Escola de Agronomia da Amazônia ensinou Topografia e Estrada, no ano de 1953. Tornou-se professor catedrático de Engenharia Rural da Escola de

Agronomia de 15 de junho de 1960 até a sua aposentadoria, em 1971.

Pelos seus trabalhos na Colônia do Guamá, foi-lhe conferido o título de

Cidadão Izabelense, pela Câmara Municipal de Santa Izabel, Pará. Em maio de

1975, foi agraciado com a Medalha do Mérito Marechal Rondon, pelos serviços prestados a Rondônia e ao Brasil. O título lhe foi concedido conforme o Decreto nº

570 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

435, de 14 de abril de 1965, e era Governador do Estado de Rondônia o coronel

Marques Henriques.

Em julho de 1986, já na aposentadoria, foi homenageado com o prêmio

Destaque Agronômico Adubo Trevo, do Grupo LUXAMA, e pela FAEB — Federação das Associações dos Engenheiros Agrônomos do Brasil, pelo melhor trabalho realizado sobre agricultura no Estado do Pará, com o estudo “A Cultura de Arroz

Irrigado nas Várzeas Amazônicas”.

O Dr. Edgard Cordeiro não somente se destacou no plano profissional e político da sofrida classe dos agrônomos. Obteve o reconhecimento de centenas, de milhares — podemos dizer — de pequenos agricultores, os quais, até mesmo não sabendo da origem dos ensinamentos, utilizam práticas e executam serviços que tiveram a sua origem no modesto, competente e sempre disponível profissional da agronomia.

Relembrando a vida do Dr. Edgard Cordeiro, vejo com profunda admiração o papel extraordinário que ele desempenhou na região amazônica e no Estado de

Rondônia como pesquisador e homem de ação, dedicando-se às mais diferentes

áreas da agricultura.

Foi, sem lugar a dúvida, um homem de ciência, um estudioso e como tal merece ser invocado com reconhecimento e respeito; mas foi também, por isso mesmo, um semeador, transfigurando nossa realidade.

No ensejo, aproveito para apresentar a D. Heloíza Ferreira Cordeiro e seus filhos, Alfredo, Moacir e Elody, minhas condolências neste momento de tristeza e saudade em que se acham mergulhados. Nós de Rondônia haveremos de lembrar e praticar os ensinamentos passados pelo saudoso Dr. Edgard Cordeiro.

Muito obrigado.

571 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) - Concedo a palavra ao Sr.

Deputado Babá.

O SR. BABÁ (PT-PA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs.

Deputados, companheiros trabalhadores, logo em seguida a este pronunciamento estaremos nos dirigindo para a Marcha Nacional em Defesa e Promoção da

Educação Pública, que ocorre neste momento em Brasília. Milhares de trabalhadores de todo o Brasil — servidores e professores do ensino de 1º e 2º graus e das universidades e demais servidores públicos — estão mostrando o descontentamento dos profissionais de educação com a caótica situação imposta pelo Governo Fernando Henrique ao ensino público e gratuito.

Não nos podemos esquecer de que a greve dos servidores públicos é justa. O

Governo manteve congelado por longos sete anos o salário dos servidores, ao mesmo tempo em que cortou verbas para o funcionamento das universidades e da

Previdência Social, bem como para o restante do serviço público.

Junto a companheiros do IBAMA, do INCRA, do Ministério da Agricultura, da

Previdência e das universidades — este segmento faz, sem sombra de dúvida, uma das greves mais poderosas e fortes de toda a história —, estivemos presentes em algumas negociações com os Ministros do Planejamento, Orçamento e Gestão e da

Educação. O Ministro Martus Tavares veio a esta Casa para dizer o que sempre ouvimos de S.Exa.: não há recursos para atender à reivindicação dos trabalhadores.

Sabemos que há recursos. O problema são as prioridades que o Governo dá

à arrecadação, cujo destino é o bolso dos banqueiros internacionais. A política que se vê nos últimos longos anos é no sentido de não aumentar o salário dos servidores e aumentar os juros dos empréstimos ao capital financeiro. No

572 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Orçamento da União são destinados mais de 100 bilhões para os juros das dívidas.

No entanto, nem 10% desse valor é destinado para investimento no País. Em vez de conceder aumento aos servidores públicos, o Governo prefere enviar dinheiro aos seus amigos banqueiros, como ocorreu no caso do PROER, ou aos grandes latifundiários deste País — todos eles tiveram suas dívidas perdoadas.

Os trabalhadores em educação estão fazendo uma marcha em Brasília por não suportarem mais o desrespeito com que o Governo Fernando Henrique Cardoso trata o ensino público e gratuito.

Não adianta o Governo enganar a população com o Programa Bolsa-Escola, que mais parece “bolsa-esmola”. Dar 45 reais para uma família tirar suas crianças da rua é um engodo. O Governo sabe que, com esse valor, não conseguirá retirar das ruas as crianças que vendem alguma coisa para ajudar a família.

As universidades precisam de recursos para funcionar. Enquanto nos Estados

Unidos 80% dos jovens freqüentam cursos de nível superior, no Brasil são apenas

11%. Além disso, 70% das vagas são da iniciativa privada. O Governo só amplia o número de vagas nas universidades públicas por força do desejo dos professores e dos servidores, que estão hoje sendo massacrados por política salarial vergonhosa.

Na semana passada, o Sr. Paulo Renato fez amplo processo de negociação com a FASUBRA e a ANDES, e, no dia seguinte, mandou cortar os salários dos grevistas. Os trabalhadores entraram na Justiça, que determinou liminarmente ao

Governo que pague os salários, uma vez que o direito de greve é assegurado pela

Constituição Federal.

A marcha que os trabalhadores em educação estão fazendo a Brasília é justamente um repúdio a toda essa política vergonhosa do Governo, que mantém

573 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel salário baixo para servidores e professores, tanto das universidades quanto do ensino público de 1º e 2º graus, e corta brutalmente as verbas da educação como um todo. Saudamos os companheiros que estão chegando a Brasília e destacamos que essa é a forma que os trabalhadores têm para fazer suas reivindicações.

Devemos preparar uma greve geral e parar o País de ponta a ponta, a fim de mostrar ao Sr. Fernando Henrique Cardoso que, se ele quer atender aos banqueiros, os trabalhadores querem ver suas reivindicações atendidas. E isso só vai acontecer com luta, como a que se está travando hoje em Brasília.

574 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

A SRA. NICE LOBÃO (Bloco/PFL-MA. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, as universidades federais brasileiras encontram- se em greve há mais de um mês. Reivindicam reajustes salariais em proporção aos

índices de perdas inflacionárias acumulados em 75% ao longo dos sete anos do atual Governo.

Não há, Sr. Presidente, nenhuma razão que justifique a atual situação de penúria do funcionalismo público brasileiro. Sete anos sem direito a qualquer acréscimo nos vencimentos. Sete anos sem direito à reposição das perdas. Sete anos de empobrecimento, insatisfação no trabalho, desânimo e revolta com o

Governo Fernando Henrique Cardoso.

Inacreditável, nesse quadro sombrio, é a proposta governamental de reajuste salarial na ordem de 3,5% para o ano de 2002.

Considero esta proposta uma provocação ao Congresso Nacional.

Recentemente ouvimos do Ministro Martus Tavares, em reunião com o PFL, a possibilidade de um reajuste de 10% para os servidores.

Eis que tomamos conhecimento, posteriormente, do envio da proposta orçamentária contendo o reajuste de 3,5%.

O que interessa, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é que o mesmo

Governo que pretende conceder um reajuste salarial de 3,5% autoriza o aumento dos combustíveis, das tarifas públicas, transporte e alimentação, cuja soma impõe aos servidores públicos e aos trabalhadores em geral uma perda salarial superior a

75%.

Na primeira dificuldade enfrentada pelos banqueiros, o Governo brasileiro criou o PROER e destinou 35 bilhões para salvar os bancos mal administrados.

575 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Ninguém perdeu. Ao contrário, ganhou-se muito dinheiro às custas da generosidade da fazenda pública.

A mesma sorte não contempla os servidores públicos brasileiros, os esquecidos aposentados e pensionistas e todos os que buscam na dignidade do salário, o sustento material das suas famílias.

Não é por acaso que o Supremo Tribunal Federal já determinou a revisão geral dos salários do funcionalismo público federal a partir de julho de 1998.

Atacar os servidores públicos não é um bom caminho para nenhum governo.

Golpeia, nesse gesto insensível, o próprio serviço público e, por conseguinte, o cidadão brasileiro mais humilde que necessita do atendimento nos serviços públicos de saúde, segurança e educação.

Ao debater e votar o Orçamento da União para o próximo ano, o Congresso

Nacional não poderá frustrar a confiança e a expectativa dos servidores e do povo brasileiro. Haverá de encontrar fontes orçamentárias que permitam atender aos mais justos anseios do funcionalismo brasileiro.

Uma vez que o Governo não demonstra nenhum compromisso com questões sociais tão importantes quanto esta – fato revelado nas pesquisas de opinião pública

– compete ao Congresso Nacional reparar essa injustiça, alterando o Orçamento de

2002 para contemplar o interesse do povo brasileiro.

É o que devemos fazer, já que o Governo não faz.

Muito obrigada.

576 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. DR. HÉLIO (Bloco/PDT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, vejo publicado no Jornal do Brasil de hoje manchete de significado muito forte: “A infância vai à guerra no Afeganistão”. Menores de 12 anos que não conseguiram sequer entrar na escola pegam em armas para a resistência.

Não vou falar de guerra no Afeganistão, mas sim da infância no Brasil e no mundo, vítima de grande batalha com relação aos aspectos legais ligados à educação, à saúde e a direitos básicos.

Na avaliação da situação mundial da infância para 2002, promovida pelo

UNICEF, após uma década da última reunião de Nova York, o que mais se destacou foram as participações das lideranças das sociedades civis na luta e na defesa dos direitos da criança e do adolescente. No Brasil, entre tantos anônimos que trabalham pelos direitos da criança e do adolescente, três se destacaram nessa avaliação mundial do UNICEF: a jornalista Âmbar de Barros, com a agência de notícias especializada na defesa dos direitos da infância; o Sr. Oded Grajew, que fundou uma associação de empresas dedicada aos cuidados dos direitos da criança —uma delas é a Abrinq; e o Padre Júlio Lancelotti, que há anos defende os direitos das crianças e dos adolescentes em circunstâncias difíceis e em conflito com a lei.

As lideranças mundiais tiveram importante papel na mobilização nacional e no treinamento de pessoal, para se atingirem as principais metas preconizadas pelos

160 países.

Foram estabelecidas 27 metas em saúde, em educação e em direitos humanos; algumas foram parcialmente alcançadas no Brasil e em outros países.

Houve avanços significativos na suplementação da vitamina A para crianças menores de 5 anos, no combate à chamada cegueira noturna; houve adição de iodo

577 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel ao sal para combate à demência infantil e o hipotiroidismo; houve aumento do uso exclusivo do leite materno no combate à desnutrição e à diarréia, juntamente com o uso da reidratação oral.

Na saúde, a mortalidade infantil teve no Brasil uma queda — 46 por mil nascidos vivos para 36 por mil nascidos vivos —, embora ainda seja uma taxa três vezes superior à de qualquer país desenvolvido do mundo. Para salvar essas crianças, faltam medidas de saneamento básico, de combate às diversidades regionais, de acesso à água potável, de combate à pobreza e erradicação da miséria.

É inaceitável que ainda tenhamos índices tão altos de mortalidade de crianças menores de 5 anos por fome, contaminação ambiental, infecções, em conseqüência de doenças perfeitamente evitáveis, como sarampo, catapora e outras que promovem imunossupressão.

Ainda que tenhamos erradicado a poliomielite, ainda convivemos, em pleno século XXI, com o tétano neonatal. Não se admite que, em um país que evolui tecnologicamente no campo das informações, ainda haja mortes de recém-nascidos por falta de medidas higiênicas e de educação pré e pós-natal.

Avançamos no que se refere a imunização. Cerca de 90% das crianças brasileiras já são imunizadas com BCG, com tríplice e com antipólio. Mas ainda temos 10% a cumprir, pois convivemos com casos de tuberculose em ascensão, varíola, sarampo, com perda de vidas humanas, em conseqüência de complicações dessa natureza.

Embora haja diminuição nos índices de mortalidade materna, esta Casa concluiu uma CPI que aponta que ainda há muito por fazer no que diz respeito a

578 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel essa questão, como, sobretudo, a adoção de medidas socioculturais. Essas mortes, em sua maioria, atingem obviamente mulheres de baixa renda e de baixa escolaridade. É primordial que haja avanços no Brasil relativamente à proteção materno-infantil, ao combate à pobreza, à erradicação da miséria e do analfabetismo e ao respeito integral aos direitos básicos da mãe e da criança.

Faltam ainda avanços quanto ao combate ao trabalho infantil e em especial ao problema de meninos e meninas em regime de semi-escravidão no campo e nas cidades sob a forma de trabalhos domésticos.

O que fica para o futuro de crianças e adolescentes no mundo e no Brasil são desafios: a promoção da vida saudável e uma educação de boa qualidade.

Durante o discurso do Sr. Dr. Hélio, o Sr.

Themístocles Sampaio, § 2º do art. 18 do Regimento

Interno, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada

pelo Sr. Moroni Torgan, § 2º do art. 18 do Regimento

Interno.

579 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. AIRTON CASCAVEL - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Moroni Torgan) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. AIRTON CASCAVEL (Bloco/PPS-RR. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo esta tribuna para tratar de um assunto muito caro a nós Parlamentares de oposição e que, infelizmente, parece não causar qualquer comoção a este Governo.

Quero manifestar minha solidariedade aos servidores federais, que há mais de sete anos vêem seus salários cada vez mais achatados, sem qualquer promessa de reajuste. Dirijo-me principalmente aos professores e ao pessoal técnico-administrativo das universidades federais. Pessoas que têm como missão de vida produzir conhecimento e oferecer aos futuros profissionais deste País um ensino de qualidade. Por terem abraçado essa missão, mereciam ser muito mais valorizadas, mereciam tratamento, no mínimo, mais digno, mas sequer são ouvidas pelo Governo.

Estamos agora acompanhando a segunda grande greve dos servidores das universidades federais, que já dura mais de trinta dias. E o que faz o Governo?

Aceita sentar para negociar? Pelo contrário, ameaça com o puro e simples corte nos salários, como se esses servidores cruzassem os braços por vontade de fugir ao trabalho. Como admitir que profissionais capazes de abraçar carreiras tão dignas e tão dignificantes seriam capazes de fugir ao compromisso que têm, antes de mais nada, consigo próprios, mas também com a sociedade que querem ver transformada?

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é mais do que justo o que esses trabalhadores esperam do seu Governo. Pedem que seus salários sejam corrigidos

580 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel em relação à inflação acumulada nos últimos sete anos, um reajuste de 75,48%.

Pedem também melhores condições de trabalho, pedem o mínimo para poder continuar em sala de aula, contribuindo para a formação de uma elite intelectual neste País.

Abro um parêntese para citar o caso específico da Universidade Federal de

Roraima, a universidade do Estado que, com muita honra, represento neste

Parlamento. Ali existe uma carência de 130 professores; no entanto, após muita luta, inclusive deste Deputado, o Ministério da Educação autorizou a contratação de apenas 23, em caráter precário.

Como, então, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não concordar e não apoiar a greve desses professores que são obrigados a trabalhar sobrecarregados, acumular atribuições, simplesmente porque o Governo se omite e não realiza concurso público. A necessidade, em âmbito nacional, é superior a 6 mil profissionais, e ainda assim o Governo se recusa a dialogar.

Dessa forma, faço apelo ao Ministro Paulo Renato para que abra o canal de negociações com os servidores das universidades, das escolas técnicas, e que possa, acima de tudo, também abrir concurso público para o preenchimento das vagas.

Para encerrar, Sr. Presidente, gostaria de registrar o irrestrito apoio deste

Deputado aos servidores da Universidade Federal de Roraima e aos da Escola

Técnica Federal de Roraima, que, como a maioria dos servidores públicos federais deste País, são um exemplo de devoção e de amor à carreira que abraçaram e que reivindicam, tão-somente, o apoio e o reconhecimento de seus governantes.

Muito obrigado.

581 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Moroni Torgan) – Concedo a palavra ao nobre

Deputado Pedro Irujo.

O SR. PEDRO IRUJO (Bloco/PFL-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, no dia 29 de agosto de 2001, vim a esta tribuna fazer um apelo ao

Presidente Fernando Henrique Cardoso, no sentido de que tomasse medidas urgentes e adequadas com o intuito de aumentar o índice de nossas exportações.

Hoje aqui retorno bastante gratificado e mais otimista ao saber que o Governo

Federal, através do seu ilustre Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior, Embaixador Sérgio Amaral, agiu concretamente a favor da exportação ao criar a Câmara de Gestão do Comércio Exterior — GECEX, destinada a garantir a implementação de incentivos ao comércio exterior.

A GECEX, presidida pelo Ministro Sérgio Amaral, é composta por Ministérios ligados ao assunto, como o de Relações Exteriores, o do Esporte e Turismo, o da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o da Fazenda, reduzindo, dessa forma, as dificuldades e o excesso de burocracia, como as licenças especiais para exportação.

Sem dúvida alguma, trata-se de iniciativa importante para o desenvolvimento de nossa economia.

Sr. Presidente, vejamos alguns tópicos que o Ministro anunciou como prioritários: reavaliação dos créditos e financiamentos para o comércio exterior; revisão dos objetivos do Programa de Financiamento das Exportações — PROEX, possibilitando a inclusão de pequenas e médias empresas; desoneração de tributos na exportação; simplificação da legislação sobre o setor; e promoção das exportações, objetivando aumentar a fatia brasileira nos mercados estratégicos mundiais.

582 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Quanto à divulgação de nossos produtos, o Ministro Sérgio Amaral já tem uma política bem definida, ou seja, enviar missões especializadas ao exterior, algumas junto com o Presidente FHC.

Entre os países selecionados para as visitas, constam Estados Unidos,

China, Índia, Japão, Reino Unido, Alemanha, Rússia e México. Para assegurar êxito, será estabelecida uma estratégia de penetração para cada um desses mercados prioritários, onde serão divulgados determinados produtos, tais como alimentos, móveis, têxtil/confecções, calçados/couro, auto-peças, cerâmica revestida e software. Visando intensificar as vendas dos produtos nacionais, serão realizadas exposições, palestras, feiras e seminários em todos os países de interesse.

Por tudo isso, Sr. Presidente, na qualidade de representante do povo brasileiro neste Parlamento, quero registrar, nos Anais desta Casa, minhas sinceras congratulações ao Sr. Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, bem como ao Sr. Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,

Embaixador Sérgio Amaral, pelas oportunas e concretas iniciativas tomadas para revigorar nossa política de exportação, alavancando nossa economia, gerando mais empregos e proporcionado melhor qualidade de vida aos brasileiros.

Era o que tinha a dizer.

583 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. THEMÍSTOCLES SAMPAIO (PMDB-PI. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, com quase 80 anos, é com o espírito de um jovem que presto minhas homenagens ao Dia do Idoso.

Os idosos são uma minoria, mas uma minoria atípica. Em primeiro lugar, porque seu número cresce à medida em que o País melhora seus indicadores sociais, como a cobertura sanitária, a distribuição de renda, os serviços de saúde e de previdência e a acessibilidade dos equipamentos urbanos. Em segundo lugar, porque os idosos integram uma minoria, de 15 milhões, da qual todos farão parte, se tiverem um pouco de paciência.

Aqueles que sobrevivem à juventude e à maturidade tendem a ser mais ponderados e equilibrados. Lamentavelmente, porém, os idosos são discriminados negativamente. Para eles, conseguir emprego é mais difícil, mesmo tendo capacidade comprovada, pois erroneamente se pensa que os idosos são menos capazes de aprender novas habilidades.

Ledo engano, senhoras e senhores. Eugéne Ionesco, o criador do Teatro do

Absurdo, escreveu sua primeira peça, “A Cantora Careca”, com mais de 40 anos, iniciando uma carreira terminada apenas recentemente. Cartola, o grande compositor popular, foi descoberto já cinqüentenário, guardador de carros num estacionamento do Rio de Janeiro. Hilda Hilst, a escritora brasileira de maior impacto, inclusive no exterior, tem mais de 80 anos. E o que dizer do trabalho de

Millôr Fernandes, que nos faz rir desde os tempos da revista O Cruzeiro? Mais exemplos? Inesita Barroso, Dercy Gonçalves, Zagallo, Chico Anísio, Paulo Autran e milhares de outros da “ melhor idade” e não menos ilustres.

584 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O Governo e a sociedade vêm tentando implementar ou melhorar programas que facilitem a vida dos idosos, tais como o transporte gratuito municipal e estadual, o aceso ao lazer, a vacinação, a criação de opções de trabalho etc.

O idoso, mesmo aposentado, não deixa de ser importante; ele detém experiência na edificação de sua família, de sua comunidade, de nosso País.

Resta fazer muita coisa pelos idosos, inclusive para o bem das gerações futuras. Considero-me capaz de trabalhar por mais vinte anos, antes de começar a

‘‘curtir’’ minha aposentadoria. Enquanto isso, tenham a certeza de que farei tudo o que estiver ao meu alcance para facilitar a vida daqueles que nos abriram, com muito esforço, o caminho neste planeta.

Sr. Presidente, peço a V.Exa. que autorize a divulgação deste pronunciamento nos órgãos de comunicação da Casa.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

585 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. EXPEDITO JÚNIOR (PSDB-RO. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr.

Presidente, a crise que atinge a economia brasileira tem gerado conseqüências trágicas ao comércio do Estado de Rondônia.

A situação hoje é bastante grave, cerca de 1200 empresas podem ser fechadas na Capital, conforme alertou esta semana, o diretor de fiscalização da

Secretaria de Fazenda do Município.

As empresas que estão inadimplentes com o fisco municipal, foram notificadas das irregularidades e algumas foram, inclusive, autuadas com o respaldo do Código Tributário. Esta operação vai atingir todos e quaisquer tipos de estabelecimentos mercantis, como comércio lojista, bares, lanchonetes, restaurantes, casas de diversões noturnas e até os prestadores de serviços.

É necessário lembrar que o principal objetivo dessa operação é o combate à sonegação fiscal, como forma de moralizar o funcionamento dos estabelecimentos comerciais.

Nesse quadro de dificuldades, há ainda um outro aspecto, mais grave e, portanto, preocupante. É que, com a inadimplência financeira e fiscal, as empresas passam a ter o nome inscrito no CADIN, o Cadastro de Inadimplentes junto ao

Governo Federal.

Sr. Presidente, a verdade é que, a despeito de tudo, as microempresas milagrosamente conseguem sobreviver, para sorte de milhares de brasileiros, os quais, graças a elas, hoje dispõem de empregos.

As micro e pequenas empresas necessitam urgentemente de apoio. O apoio

é inadiável para a modernização dentro de um quadro que registra profundas mudanças, ditadas pela nova ordem econômica mundial.

586 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Na linha evolutiva, a tributação está influindo dentro da matriz econômica mais do que antes, na medida em que o Estado nacional torna-se importante para atingir determinados segmentos. Por exemplo, as grandes multinacionais praticamente estão fora da tributação, porque onde houver, elas não se instalam.

Mas as pequenas empresas não têm escolha, geralmente é questão de sobrevivência familiar.

Portanto, dirijo minha solidariedade a essas empresas pelo enfrentamento dos problemas no nosso Estado e espero que superem as dificuldades retomando o desenvolvimento.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

587 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. LÉO ALCÂNTARA (PSDB-CE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, devido aos recentes atentados terroristas ocorridos nos Estados Unidos, rigorosas medidas de segurança têm sido tomadas por aquele país e, por que não dizer, por todos os demais. Nós mesmos, no Brasil, estamos redobrando nossa atenção para não sermos surpreendidos por essa nova modalidade de guerra, que é desferida por fanáticos contra a população civil, indefesa e inocente.

Um dos aspectos mais relevantes nesse contexto é o que diz respeito ao transporte aéreo. Rigorosas medidas de segurança estão sendo colocadas em prática, especialmente no que diz respeito à identidade dos passageiros e aos objetos transportados.

Causa-me particular preocupação a atual condição dos passaportes brasileiros, com quase nenhuma credibilidade perante os demais países, pois oferecem enorme possibilidade de falsificação e adulteração.

Em matéria de passaporte, Srs. Deputados, ainda estamos em plena Idade

Média; em matéria de controle de aeroportos, pior ainda. Apenas para recordar: apesar de todas as cautelas, Salvatore Cacciola desfruta de passeios de lambreta na Itália e Ricardo Mansur, que promoveu a falência da Mesbla-Mappin, também saiu do País pela porta da frente, ostensivamente, sem ser molestado. Nosso sistema de vigilância está, efetivamente, em situação lastimável.

São recorrentes os casos de pessoas oriundas do Brasil e detidas por autoridades americanas e européias em razão de falsificação de passaportes ou de vistos de entrada. Isso sem falar nos estrangeiros que furtam os passaportes legítimos de turistas brasileiros para falsificá-los em proveito próprio.

588 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Há algum tempo, foi aberta uma concorrência para a confecção de novos passaportes, com moderna tecnologia, leitura ótica e outros avanços científicos. O consórcio SINAG foi o vencedor do certame licitatório. Mas, surpreendentemente, a licitação foi revogada, após já ter sido homologada e adjudicada. O consórcio recorreu à Justiça e o feito está se arrastando nos tribunais.

Enquanto isto, a farra dos marginais prossegue e o cidadão honesto continua enfrentando enormes filas para ser liberado nas aduanas e nos serviços de imigração. Se isso acontecia antes, Sr. Presidente, o que ocorrerá agora, após os atos terroristas em Nova Iorque e em Washington?

Sou membro da Comissão Especial que estuda o projeto de criação da

Agência Nacional de Aviação Civil — ANAC. Estamos muito preocupados com a questão de segurança de vôo. E ninguém duvida que ela se encontra fortemente relacionada com o fato de os terroristas utilizarem passaportes falsificados.

Importante acentuar, ainda, que o ICAO — organismo das Nações Unidas que cuida da aviação civil internacional —, há mais de dois anos, apresentou às autoridades brasileiras proposta de novo passaporte, com avançado formato tecnológico, que reduziria substancialmente as possibilidades de falsificação.

Buscando entender melhor toda essa questão e desejando que ela seja tratada da forma mais transparente possível, apresentei ontem requerimentos de informações dirigidos ao Ministro da Defesa, ao das Relações Exteriores e ao da

Justiça, bem como ao Advogado-Geral da União.

Estou convicto de que todos os responsáveis pela condução do País desejam superar, o mais rapidamente possível, essa questão relacionada aos passaportes,

589 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel que, se não for enfrentada com determinação, trará sensíveis prejuízos ao Brasil e aos brasileiros.

Sr. Presidente, peço a V.Exa. que autorize a divulgação do meu pronunciamento em todos os órgãos de comunicação desta Casa.

Era o que tinha a dizer.

Durante o discurso do Sr. Léo Alcântara, o Sr.

Moroni Torgan, § 2º do art. 18 do Regimento Interno,

deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr.

Themístocles Sampaio, § 2º do art. 18 do Regimento

Interno.

590 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PAULO GOUVÊA (Bloco/PFL-SC. Pronuncia o seguinte discurso.) –

Sr. Presidente, nos próximos dias 5, 6 e 7, o Município de Schroeder estará promovendo a sua Schroederfest, em comemoração ao seu 37º Aniversário de emancipação político-administrativa.

As solenidades serão abertas na noite do dia 5, no Ginásio de Esportes

Alfredo Pasold. Para os dois dias seguintes, a programação prevê a realização de competições esportivas: última etapa do campeonato catarinense de canoagem, 4º campeonato de motovelocidade, tiro ao alvo, passeio ciclístico e jogos de futebol, além de atividades culturais, como o IX Noite Cultural e I Encontro da Sabedoria

(terceira idade), com o sorteio de prêmios e show pirotécnico. No sábado, dia 6, haverá farta distribuição de chope pelas principais ruas da cidade.

A história de Schroeder, Município com 150 quilômetros quadrados, localizado na região norte catarinense, começou com a cessão de alguns lotes da

Colônia D. Francisca ao alemão de origem pomerana Christian Mathias Schroeder.

Em 1901, começaram a chegar à região imigrantes alemães e em 1919 foi a vez dos italianos tentarem a sorte. Dentre eles, merece destaque o Sr. Jerônimo Tomaselli, homem empreendedor que em 1926 começou com uma modesta serraria movida a roda d’água, executando naquele tempo uma função importantíssima. Hoje, o grupo

Tomaselli é conhecido até internacionalmente.

Desde a chegada dos desbravadores, a agricultura nunca deixou de ser a locomotiva do PIB municipal. A principal cultura é a da banana, com produtividade de 30 toneladas por hectare, a maior da região norte catarinense. Outras culturas são a do milho e a do arroz irrigado. A piscicultura, principalmente de carpas e

591 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel trutas, já atraiu muitos produtores. A maioria das indústrias é de pequeno e médio porte e dedicam-se aos setores de vestuário, metalúrgico e do mobiliário.

Schroeder foi elevado a Distrito de Guaramirim em 1959, sendo seu primeiro intendente o Sr. Helmuth Hertel. O povo, por intermédio de suas lideranças, iniciou o movimento que daria independência política e administrativa ao Distrito. Assim,

Schroeder chegava a Município cinco anos depois, em 1964, por ato do Presidente da Assembléia Legislativa, Ivo Silveira, tendo sido nomeado Prefeito provisório o Sr.

Paulo Roberto Gneipel.

Quero cumprimentar a administração municipal, comandada pelo Prefeito

Osvaldo Jurck e pelo seu Vice Orlando Tecilla. Ao mesmo tempo, desejo saudar os schroedenses, que comemoram os 37 anos de criação de seu Município. A bela história de Schroeder foi construída pela laboriosidade de seus habitantes. O futuro dessa terra será ainda mais brilhante se sua boa gente perseverar na trilha de progresso aberta por seus fundadores.

Parabéns ao Município e bons êxitos à Schroederfest.

592 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a alta taxa de juros, dentro da incerteza dos mercados, nestes últimos dias, e a elevada carga tributária suportada pelas empresas nacionais criam, no empresariado, fortes preocupações que se podem traduzir, nos próximos meses, no aumento da recessão por via da retração da atividade produtiva e, em conseqüência, no desemprego.

No âmbito do Governo Federal já funciona o REFIS — Programa de

Recuperação Fiscal, para refinanciar as dívidas tributárias das empresas, e no setor da Previdência Social é praxe o parcelamento das contribuições em atraso.

Na esfera estadual, o REFIS começa a ser adotado, tendo sido registrada, com sucesso, a recuperação de créditos tributários, em particular, nos Estados do

Ceará e Rio Grande do Norte, para citar apenas dois exemplos.

Sábado último, o Governo de Pernambuco publicou no Diário Oficial o

Decreto nº 23.642, que trata do Programa de Recuperação Fiscal, prevendo inscrições de empresas no programa até 30 de novembro próximo. Pelo decreto, iniciativa do Governador Jarbas Vasconcelos, podem ser refinanciados débitos do

ICMS registrados até 31 de dezembro do ano passado.

Conhecendo os problemas dos pequenos e médios empresários do meu

Estado, principalmente nos Municípios mais pobres afetados pelas secas, creio que a medida teria maior alcance social se estendida até 30 de junho deste ano, em termos de registro das confissões de débitos fiscais, com parcelamento até 120 meses e correção monetária baseada na Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP).

Outra flexibilização poderia ser feita em função do faturamento da empresa nos

593 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

últimos 24 meses, em lugar do faturamento médio mensal apurado só no ano passado.

O Estado de Pernambuco contabiliza R$4 bilhões em dívidas do ICMS dentro de um universo de 23 mil empresas, segundo noticiário da imprensa. Mas, um programa amplo de adesão poderia certamente incluir devedores ainda não confessos, mas potencialmente desejosos de restabelecer sua idoneidade fiscal e voltar a contribuir com o Tesouro, na linha da responsabilidade cidadã que todos desejamos ver exercida, no espaço do relacionamento Estado/contribuinte.

Reconheçamos que, no Brasil de hoje, a carga tributária das empresas e dos cidadãos, individualmente, é muito alta, talvez uma das mais altas do mundo. Daí a evasão fiscal que se observa e a disposição do Estado de aumentar os impostos, na busca de compensar-se da sonegação ou da superação dos núcleos da economia informal que os seus agentes sabem existir.

Projetos como REFIS criam alternativas para os empresários, diminuindo a pressão sobre os caixas das empresas e permitindo programação mais confortável do pagamento das suas obrigações tributárias.

Tenho certeza de que, com essa medida, os índices de arrecadação do

Tesouro em Pernambuco irão aumentar, ampliando-se, de outra parte, o universo de ação fiscal do Estado.

Muito obrigado!

594 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. MARCELO BARBIERI (PMDB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho hoje a essa tribuna para fazer algumas considerações a respeito do Poder Judiciário do Estado de São Paulo, sobretudo do enorme volume de processos que tramitam em suas instâncias e da necessidade de criação de novos cargos de juiz e de servidores para a agilização dos trabalhos, do qual tomei conhecimento através da brilhante exposição sobre o tema realizada pelo Exmo. Sr. Álvaro Lazzarini, Vice-Presidente do Tribunal de

Justiça do Estado de São Paulo, no último dia 12 de setembro.

Em primeiro lugar, ressalto as dificuldades impostas pela Lei da

Responsabilidade Fiscal, que, para atender o princípio da moralidade administrativa, em seu art. 20, no entanto, ao estabelecer para o Judiciário Estadual o limite de 6% incidente sobre a receita líquida corrente do Estado, está tendo preocupantes reflexos negativos no Poder Judiciário do Estado de São Paulo, porque esse percentual fica aquém das necessidades mínimas para atender o crescente fluxo de processos distribuídos mensalmente.

Para se ter uma idéia da dimensão do problema que tratamos, o percentual destinado às despesas com pessoal e o reflexo do Poder Judiciário em relação à receita do Estado de São Paulo, em 1997 foi de 6,76%, em 1998 foi de 6,95%, em

1999 foi de 6,68%, em 2000 foi de 6,39% e, no corrente ano, 2001, é de 6,27%, ou seja, equivalente a R$ 2.081.583.500,00, certo que a receita corrente líquida foi estimada em R$ 33.194.497.940,00.

Sr. Presidente, a demanda dos serviços do Poder Judiciário é enorme no

Estado de São Paulo, com uma população estimada em 35 milhões de habitantes.

Só em julho de 2001, em primeira instância, estavam em andamento 9.704.779

595 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel processos, dos quais 5.457.535 eram execuções fiscais ajuizadas contra contribuintes fiscais dos Municípios paulistas; em segunda instância, no dia 22 de agosto desse ano estavam aguardando distribuição um total de 328.655 recursos, sendo 152.046 no Tribunal de Justiça do Estado.

Para atender essa enorme demanda de processos, o quadro do Tribunal de

Justiça do Estado São Paulo conta com 55.566 servidores. Diante do volume de processos, é angustiante e caótica sua situação, pois com sua estrutura enxuta existe a necessidade de novos cargos de servidores, já criados, serem providos, como também de serem criados novos cargos de servidores, conforme projeto de lei existente, para atender milhões de processos que tramitam em primeira instância.

Uma alternativa apontada pelo ilustre Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Estado – a qual julgo como a melhor saída para o impasse – é a alteração da redação do art. 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal, para a viabilização do Poder

Judiciário do Estado de São Paulo.

Sr. Presidente, o art. 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal, na sua atual redação, condena o Poder Judiciário do Estado de São Paulo a extinguir varas e comarcas criadas, instaladas ou não, para adaptar-se ao percentual de 6% previsto para os gastos de seu pessoal. Portanto, junto-me aos servidores e juízes do Estado de São Paulo para pleitear do Governo Federal a modificação legislativa, inclusive com a expedição de medida provisória para regular o funcionamento do Poder

Judiciário e, assim, garantir o acesso e a agilização dos serviços à toda população paulista.

Muito obrigado.

596 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. RUBENS BUENO (Bloco/PPS-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na Câmara Distrital, em Brasília, um pobre Deputado investe contra os palestinos, que teriam recebido terreno para a construção de um templo religioso, aliás, como ocorre com as demais confissões.

Até aí nada a condenar. Mas o indigitado investiu exatamente contra a religiosidade de todo um povo, sem saber distinguir, sem ter a informação necessária quanto ao fato de que os palestinos, os que nasceram na Palestina, vivem lá ou estão espalhados por todos os países do mundo, foram expulsos em

1948, por decisão da ONU de ali também instalar o Estado israelense. Esses homens e essas mulheres podem ter qualquer credo religioso, inclusive o do próprio

Deputado, sem que, no entanto, percam por completo sua identidade nacional.

Pois foi exatamente essa identidade nacional que resolveram atacar da tribuna da Câmara do DF, ignorando, por inteiro, que identidades nacionais são e têm que ser diferentes, senão não seriam nacionais. Mas, em hipótese alguma, podem ser consideradas inferiores ou superiores a qualquer outra nacionalidade. E este nos parece um ponto de relevo no atual debate que se trava, mundo afora, diante dos escombros do Pentágono e das duas torres nova-iorquinas.

Tanto que, comparecendo ao debate, o Primeiro-Ministro da Itália, demitido do cargo anteriormente ante falcatruas que andou promovendo junto a seu poderoso sistema de telecomunicações, o maior daquele país europeu, acabou de declarar que a civilização ocidental é superior à islâmica.

É até compreensível que na defesa de seu aliado — no caso, os americanos

— o poderoso empresário pode dar demonstrações cabais de ignorância histórica,

597 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel ainda que essa ignorância acabe por recair sobre ele próprio, na forma como foi reprovada por toda essa mesma civilização ocidental.

Berlusconi talvez não saiba ou não lhe interesse lembrar que, enquanto sua

Europa estava mergulhada nas trevas da Idade Média, os árabes ali chegaram e permaneceram por sete séculos, levando com suas tropas a mais brilhante cultura do mundo daquele tempo, a mesma cultura que ora se considera ocidental. Um dado apenas já é suficiente para demonstrar esta afirmação: a obra de Aristóteles, até hoje canônica dentro do Ocidente, foi dada a conhecimento dos ocidentais em traduções árabes, pois que, até a invasão islâmica, era inteiramente desconhecida.

Veja, Sr Presidente, que iniciamos com um pobre Deputado brasiliense e chegamos ao chefe do governo de um dos países mais ricos do mundo, a Itália.

Esses extremos servem para demonstrar que enquanto esse tipo de preconceito, seja racial, seja religioso, persistir nas mentes e nos corações do Ocidente, essas mentes e corações poderão estar disponibilizados para aceitar, justificar e defender quaisquer atos de barbárie que se queira cometer contra um povo indefeso, na forma como se ameaça fazer contra os afegãos.

Grato pela atenção.

598 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PAULO ROCHA (PT-PA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Esplanada dos Ministérios será ocupada amanhã por milhares de trabalhadores da área de educação na 2ª Marcha Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública, promovida pela Confederação

Nacional dos Trabalhadores em Educação — CNTE. Entre as principais reivindicações dos trabalhadores destacam-se: a derrubada do veto presidencial ao

Plano Nacional de Educação, que reduziu os investimentos no setor, a criação de uma política de fomento à gestão profissional, a melhoria de infra-estrutura nas escolas, o fim dos desvios do FUNDEF.

Esta não é a primeira marcha e, com certeza, não será a última a protestar contra as medidas e o descaso do Governo. Mesmo com a permanente propaganda conduzida pelo Governo FHC, os números desmentem a propalada prioridade na educação. A grave situação educacional brasileira é retratada pela existência de aproximadamente 17 milhões de analfabetos literais e estima-se a existência de cerca de 30 milhões de analfabetos funcionais; mais de 70% das crianças de até três anos não têm creche e mais de metade das crianças entre quatro e seis anos não freqüentam o pré-escolar.

Essa marcha é um alerta à sociedade brasileira para o descaso crescente a que a educação vem sendo submetida em nosso País, especialmente a educação pública. Os educadores nunca foram tão desrespeitados e desvalorizados. Os salários médios são insuficientes. Variam de R$ 136,00, no Nordeste, a R$ 854, no

Sudeste, consagrando a insuficiência e as desigualdades entre as regiões e as esferas administrativas. A média nacional dos salários desses trabalhadores é de R$

409,00 — o quarto pior salário do mundo, segundo pesquisa da Organização das

599 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Nações Unidas para a Educação, Cultura e Tecnologia (UNESCO) e da

Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Não bastasse esse quadro crítico, apenas 32% dos professores têm curso superior –

11,7 dos professores da região Norte e 5,7% do Nordeste nem completarem o antigo

1º grau.

Para agravar a situação, no Plano Nacional de Educação o Governo Federal vetou alguns dispositivos, dentre eles os que garantiriam aumento de recursos para a educação — passando dos atuais 4% para 7% do PIB.

É preciso mudar este quadro para que tenhamos de fato uma educação de qualidade para todos, sem qualquer discriminação. Essa luta é de todos nós que nos preocupamos com o futuro do Brasil.

Era o que tinha a dizer.

600 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. LEUR LOMANTO (PMDB-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, crise, para os chineses, também significa oportunidade. Assim preferimos enxergar o mundo atual e o Brasil nesse contexto de conflito que se avizinha.

O relatório econômico preliminar do Banco Mundial sobre a economia global, divulgado recentemente, prevê conseqüências muito negativas para os países em desenvolvimento após o atentado terrorista de 11 de setembro passado, nos

Estados Unidos. A recessão econômica mundial prevista para 2001 ganhará conotações mais dramáticas na África, Ásia, América Latina e Leste Europeu, num cenário de escassez de emprego e comida, onde a população infantil sofrerá cruelmente o impacto do conflito que se desenha no âmbito global entre as forças da aliança ocidental e a teia terrorista mundial, segundo alerta o Banco Mundial.

Um dos setores mais atingidos já é o do turismo internacional, que registra incrível redução do fluxo para os Estados Unidos e a Europa, alvos em potencial do terrorismo. O cancelamento de pacotes turísticos para esses destinos, provocado pelo medo de ocorrência de novos atentados e pela alta do dólar, abrem uma crise sem precedentes no setor da aviação civil e das agências de viagens, exigindo imediata intervenção dos governos para evitar a falência de tradicionais companhias aéreas e rigorosas medidas de contenção por parte das empresas do ramo turístico.

Somos otimistas quanto aos esforços para a busca da paz e da minimização do conflito, através do diálogo, do entendimento, da justiça social e do combate à pobreza, à fome e ao analfabetismo, focos potenciais do terrorismo.

Na condição de membro da Comissão de Relações Exteriores e Defesa

Nacional, apoiamos o alinhamento pragmático do Brasil às forças de combate ao

601 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel terrorismo mundial, mas sem confundir a ação de minorias fanáticas com o teor da doutrina islâmica. Temos cerca de 1,5 milhão de árabes no Brasil, muitos muçulmanos, contribuindo inestimavelmente para compor a nossa nacionalidade e o nosso desenvolvimento.

Acreditando na paz e na oportunidade, sugerimos ao Governo brasileiro, através da EMBRATUR, o lançamento de campanha de âmbito internacional para a captação de turistas com base na imagem do Brasil como país pacífico e hospitaleiro, com belezas naturais e atrativos especiais para quem quer fugir dos riscos existentes em outros continentes alvos potenciais do terrorismo.

Além de direcionar para o Brasil os fluxos turísticos tradicionalmente europeus e norte-americanos, o Governo deve promover investimentos na infra-estrutura turística nacional e incentivar as empresas do setor. Eis uma grande oportunidade para nossa economia, nesse momento de apreensão e expectativa de todos os países pelos rumos do conflito que ameaça o mundo inteiro.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

602 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. FERNANDO GONÇALVES (PTB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a razão do meu pronunciamento desta tarde

é expressar meu total apoio à campanha salarial desenvolvida pelos trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, essa abnegada categoria que presta serviços públicos relevantes a toda a sociedade.

Já tive a oportunidade de fazer um alerta e um apelo à direção daquela empresa, no sentido de que atenda às justas e antigas reivindicações dos seus empregados, não apenas por melhores salários, como também por condições mais adequadas de trabalho.

Tenho acompanhado, no Estado do Rio de Janeiro, particularmente em Nova

Iguaçu, Mesquita e em toda a Baixada Fluminense, o grau de eficiência em que a empresa de Correios consegue realizar suas atividades graças à abnegação e ao espírito público e de responsabilidade do seu quadro de pessoal. De fato, mesmo enfrentando adversas condições de trabalho, como a carência do número de servidores e o conseqüente excesso do volume de correspondências por empregado, além da remuneração insuficiente e injusta, são mantidos os padrões de manuseio e entrega que construíram toda a credibilidade de que hoje desfruta a

ECT, em âmbito nacional e internacional.

Tal volume, Sr. Presidente, ultrapassa a casa de um bilhão de objetos por dia no Brasil inteiro, entre cartas, telegramas, correspondência comercial, numa prestação de serviços extraordinária à população. A passagem do entregador de correspondência — o carteiro — é sempre aguardada com muita expectativa todos os dias em cada rua e em cada residência, porque ele se constitui no mensageiro da notícia que aproxima as pessoas e as famílias.

603 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Além disso, os Correios implantaram vários outros serviços, como, por exemplo, a inscrição em concursos públicos, a venda da Tele Sena, dos carnês do

Baú, de cartões telefônicos, além do recebimento de contas diversas, o que fez aproximar cada vez mais os seus abnegados servidores das comunidades.

É incompreensível, por tudo isso, que a Empresa de Correios e Telégrafos não venha adotando uma política de valorização do seu pessoal, sem dúvida, o maior patrimônio da organização. Ao contrário, a ECT tem relutado muito em atender a reivindicações básicas dos seus empregados, como pequenas mudanças no tíquete refeição/alimentação, no próprio reajuste salarial e na concessão de abono pecuniário.

É preciso que a ECT, cuja receita operacional acaba de ganhar um grande incremento com o reajuste das tarifas postais de 24% em média, desde o dia 15 de agosto último, atenda efetivamente ao que pleiteiam os seus trabalhadores, para que se faça, acima de tudo, justiça à dedicação ao esforço e à eficiência no desempenho de atividades tão específicas e complexas que caracterizam a área postal.

Em qualquer organização, especialmente naquelas onde são mais fortes os vínculos com a população — exemplo típico da Empresa Brasileira de Correios e

Telégrafos — o real sentido do seu valor e da própria existência está expressa no compromisso em bem servir e no reconhecimento aos que constróem a sua história de êxitos, desenvolvimento e grandeza.

Era o que tinha a dizer.

O SR. GEDDEL VIEIRA LIMA (PMDB-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Bahia, por seus segmentos mais

604 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel representativos, reverencia hoje a memória de um de seus filhos mais ilustres,

Ernesto Simões da Silva Freitas Filho, projetado na vida pública de seu Estado e do

País simplesmente como Ernesto Simões.

A oportunidade que se nos oferece para o justo tributo é o aniversário de 115 anos de seu nascimento, nesse 4 de outubro.

Ao longo de sua vida, finda em 1957, soube construir uma das mais belas e respeitáveis biografias deste País. Foi jornalista, administrador público, Deputado

Estadual e Federal, além de Ministro de Estado. Enfim, homem público na mais nobre acepção da palavra.

Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela antiga Faculdade Livre de

Direito da Bahia, Simões Filho esteve engajado em nobres causas desde a mocidade. A elas emprestava o vigor de seus artigos e de seus discursos nas tribunas parlamentares. Participou de muitas campanhas ao lado de Rui Barbosa.

Como Ministro da Educação, na era Vargas, realizou reformas que transfiguraram a situação do ensino no País. Na liderança desse trabalho, colocou o também baiano Anísio Teixeira, até hoje reputado como um dos maiores educadores que o País já produziu. Buscou suprir as necessidades na preparação de técnicos, cientistas, pesquisadores e professores. Valorizou também o ensino industrial e comercial, instituindo cursos pré-vocacionais, sem esquecer da construção de unidades escolares modernas e bem equipadas.

O interesse pelo jornalismo se revelou desde os tempos do Ginásio da Bahia, quando fundou seu primeiro jornal, não à-toa batizado de “O Carrasco”. Depois de se firmar como um vitorioso profissional de imprensa, ainda aos 26 anos, acabou por

605 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel fundar o jornal A Tarde, em 1912. Talvez não adivinhasse, mas estava plantando ali uma de suas obras mais meritórias.

Nas palavras de outro grande baiano, Afrânio Coutinho, a Bahia ganhou, com

A Tarde, “o seu grande jornal, que penetra em todos os lares baianos, imprescindível, indestrutível, a sua voz, a voz de todos, a voz que fala por todos”.

De fato, o jornal se mantém com invulgar força empresarial, mas nele permanece ainda o espírito crítico e o humanismo de seu fundador. É voz da Bahia que se deseja livre e democrática, razão por que tem sido alvo de perseguições dos que se consideram donos do Estado. A Tarde e a Bahia vão vencer.

Um episódio da vida de Simões Filho bem ilustra o desmedido amor que nutria por sua terra. No calor de uma das muitas campanhas políticas em que esteve envolvido, ao discursar das escadarias da antiga sede de A Tarde, em plena Praça

Castro Alves, um adversário gritou: “Morra Simões Filho!” Ao que ele, de forma vibrante, rápida, retrucou, numa frase que ficou célebre entre os baianos: “Morra

Simões Filho, mas viva a Bahia!”

Hoje, pessoalmente e na qualidade de Líder do meu partido, o PMDB, tomo a liberdade de parafrasear Simões Filho: “Morra o jornalista Silvio Simões, sucessor do velho timoneiro e fundador desse corajoso diário, defensor das verdades e liberdades cívicas, mas viva o jornal A Tarde!

Muito obrigado.

606 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. ROBERTO PESSOA (Bloco/PFL-CE. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, acreditamos que somente com a educação assentada como prioridade dos governos é que poderemos almejar uma sociedade mais justa e igualitária.

E é sempre uma satisfação homenagearmos instituições que efetivamente trabalham pela valorização educacional do nosso povo.

Assim, estamos aqui para registrar o transcurso dos 25 anos de fundação do

Centro Educacional Zulmira Melo, que muito tem contribuído na educação dos jovens de Ibiapina, no Ceará.

Não há como se falar do CEZUMEL sem se contar um pouco da história de uma de suas fundadoras, D. Zulmira Melo, que, lamentavelmente, não está mais entre nós, mas seu trabalho e exemplo de vida marcarão por muito tempo a memória da comunidade ibiapinense.

Seguindo a religião da família, D. Zulmira Melo foi orientada pelos princípios católicos que nortearam sua vida em dedicação a Deus e ao próximo.

Na ocasião em que o Pe. Antônio Cândido foi nomeado pároco de Ibiapina, D.

Zulmira Melo esteve ao seu lado nos trabalhos pastorais. Fundou a Pia União das

Filhas de Maria e a Associação das Amiguinhas do Menino Jesus, nas quais, prazerosamente, dedicava seu tempo em benefício dos seus semelhantes.

Sua participação na vida educacional e cultural do Município foi indiscutível.

Como importante incentivadora do teatro, coordenou a Escola de Teatro de Ibiapina, que funcionava no Centro Educacional Zulmira Melo, onde eram exibidas peças bem produzidas.

607 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

A preocupação com os menos favorecidos era impressionante. Outro exemplo de sua abnegação foi a criação de uma escola para moças pobres. D. Zulmira Melo conseguiu formar uma equipe de professores que lecionavam gratuitamente. Dessa experiência bem-sucedida, surgiu a Escola Profissional Monsenhor Melo, que, ao longo dos anos, desenvolveu significativos trabalhos em prol da infância e da juventude ibiapinenses.

O Centro Educacional Zulmira Melo foi fundado em 1976, graças à dedicação do Pe. Odilon Marinho de Pinho, que empenhou-se para que os jovens de Ibiapina pudessem concluir seus estudos na própria cidade.

Como temos dito, Sr. Presidente, a escola nasceu pequenina, simples, humilde. Como qualquer empreendimento, enfrentou dificuldades financeiras. Mas a competência de seus administradores impulsionava o funcionamento da instituição, que se mantinha com taxas simbólicas.

Era preciso trabalhar com desprendimento para evitar a evasão escolar, pois muitos de seus alunos não podiam pagar as mensalidades. Aliás, sabemos que esse não é um problema apenas do Nordeste, mas particularmente do Ceará, Estado formado essencialmente de Municípios carentes.

Destacamos que os sacrifícios não foram em vão. Os resultados gratificantes são comprovados pelos médicos, advogados, professores, engenheiros, políticos e muitos outros de carreira promissora que passaram pelos bancos do Centro

Educacional Zulmira Melo.

Cumprimentamos o povo de Ibiapina pela sorte de ter os relevantes serviços educacionais prestados pelo Centro Educacional Zulmira Melo nesses 25 anos de existência e aproveitamos para parabenizar toda a equipe do CEZUMEL.

608 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Passo agora a tratar de outro assunto, Sr. Presidente. Profundamente consternado, venho à tribuna desta Casa registrar o falecimento do Sr. Wilson

Bastos Rodrigues, ocorrido no último dia 25, em Fortaleza, Ceará, aos 67 anos de idade e com uma capacidade e experiência profissional que, sem dúvida, ainda poderiam ser revertidas em benefício do seu povo, notadamente no setor agropecuarista, onde atuava.

Com uma vida pautada pela seriedade, o Sr. Wilson Bastos Rodrigues foi um homem trabalhador e a marca da sua competência pode ser conferida na

Cooperativa Mista de Maranguape, amplamente conhecida em nosso Estado como

Cooperativa do Leite, que teve a oportunidade de presidir por longos 30 anos.

Trata-se da primeira usina de leite do Ceará, que integra a principal bacia leiteira de Maranguape e Fortaleza e também de cidades circunvizinhas. O Leite

Maranguape é produto de referência no desenvolvimento do Município.

Como dizia no início desta homenagem póstuma, Sr. Presidente, a agropecuária cearense deve muito ao empenho do Sr. Wilson Bastos Rodrigues. É indiscutível sua contribuição para o progresso e inovação tecnológica do setor.

Devo mencionar ainda que ele presidiu e participou ativamente do Sindicato dos Laticínios do Ceará, entidade filiada à Federação das Indústrias do Estado do

Ceará — FIEC.

Todos testemunhamos e tivemos o prazer de conviver e aprender com o homem simples, mas de valores grandiosos. Era honesto, um exemplo de pai de família, profissional dedicado e que transmitia a todos nós sentimentos e ensinamentos de amor, determinação, coragem, generosidade, lealdade, responsabilidade e, acima de tudo, de respeito ao próximo.

609 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Infelizmente, não pude comparecer ao sepultamento do amigo Wilson, mas fui

à missa de sétimo dia e pude verificar que a cidade estava em luto. Mais de mil pessoas compareceram àquele ato de fé religiosa.

Concluindo, Sr. Presidente, manifesto sinceras condolências, em meu nome e de minha família, à viúva D. Zélia, aos filhos Wilson, Virgínia e Rommel, aos demais familiares e amigos.

Muito obrigado.

610 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. NELSON MARQUEZELLI (PTB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo hoje esta tribuna para parabenizar o empresário e amigo, Sr. Antônio Celidônio Ruette, pela honrosa homenagem que recebeu da Câmara Municipal de Catanduva/SP que, por unanimidade, decidiu outorgar-lhe o título de Cidadão Catanduvense.

O Sr. Antônio C. Ruette, que é professor e diplomado em Direito, tem antecedentes atuantes em várias frentes.

Foi Vereador e Presidente da Câmara Municipal de ltapira. Exerceu com rara habilidade a função pública eletiva, destacando-se pela defesa de projetos relacionados com o desenvolvimento e o bem-estar social, a par de várias iniciativas que contemplam as causas sociais com objetivos transparentes.

Soube ser combativo e sobretudo coerente, beneficiado pelo arejamento de uma inteligência brilhante, suportada por um grau cultural invejável.

Esse mesmo comportamento não sofreu qualquer recuo quando ele se transferiu para Catanduva, em função de propostas empresariais bem fortalecidas e definidas num megainvestimento do qual é titular.

Paulista de Jaboticabal, o Sr. Ruette desfruta de um grande prestígio naquela cidade, em função de sua peculiar capacidade de fazer amigos.

Atualizado, culto, trabalhador, correto, sempre bem informado, disposto a auxiliar a comunidade e possui uma legião de amigos. A política, economia e perspectivas de médio e longo prazo para o Brasil encontram em sua inteligência uma definição avançada, sem meio termo e com uma ótica capaz de convencer pelo acerto de suas propostas.

611 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Quero nesta oportunidade, Sr, Presidente, ao deixar registrado nos Anais desta Casa, a justa e merecida homenagem da Câmara Municipal de Catanduva a este ilustre brasileiro, Sr. Antônio Celidônio Ruette, pela sua atuação participativa não só em sua empresa, como em muitas iniciativas e empreendimentos da comunidade, render também a minha homenagem.

Parabéns ao amigo Ruette!

612 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. FEU ROSA (PSDB-ES. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, foi recentemente inaugurado no Município capixaba de Serra o Vitória Apart Hospital, unidade resultante de concepção revolucionária em termos de assistência à saúde.

Modelo de gestão de negócios na área hospitalar, o empreendimento conta com as mais modernas tecnologias de processo e de produtos, além de permitir a concentração de serviços similares ou complementares em um mesmo espaço físico, privilegiando a integração no atendimento médico-hospitalar, com maior rapidez na elucidação diagnóstica e na ação terapêutica.

A princípio, estão sendo oferecidos 270 leitos, mas a definição do número se dará de acordo com o mercado, uma vez que o projeto prevê ampla mobilidade entre apartamentos de um e de dois leitos.

A estrutura básica do empreendimento contém área de hotelaria e serviços médicos de apoio logístico, centro médico de consultas e exames, recepção e sistema de marcação de consultas, com locais para lazer, além de centro de vivência e qualidade de vida, incluindo locais como academia de ginástica, restaurantes, comércio segmentado para o setor de saúde, floricultura e uma agência bancária. Há estacionamento aberto para 1.800 vagas.

Quanto aos equipamentos hospitalares, a intenção foi dotar a sociedade capixaba dos mais modernos avanços em medicina, deixando atrás a postura de busca por outros centros de diagnóstico, terapêutico ou cirúrgico fora das fronteiras do Estado.

Os serviços disponibilizados pelo Vitória Apart Hospital incluem diagnóstico por imagem (ressonância magnética, tomografia, raios X, mamografia,

613 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel ultra-sonografia e medicina nuclear), intervenção por imagem (angioplastia, cateterismo, radioterapia), laboratório de análises clínicas, banco de sangue, hemodiálise, quimioterapia, endoscopia, medicina esportiva e fisioterapia, além do serviço especial de medicina hiperbárica.

Do ponto de vista do impacto ambiental da obra, toda a legislação municipal foi cumprida à risca. Há mais: por sua dimensão e influência sobre o funcionamento da cidade, foi exigido outro relatório de impacto, dessa vez, urbano. Estudou-se com cuidado toda a infra-estrutura necessária, como consumo de água e de energia elétrica, serviços de telefonia e demanda por esgotamento sanitário.

Os diferenciais do empreendimento colocam-no em destaque ante o conceito tradicional de atendimento hospitalar.

Por se tratar da prestação de serviços, o paciente é considerado um “cliente” e, como tal, constitui a razão de ser da instituição. Visando a uma administração voltada para a excelência do atendimento, o Vitória Apart Hospital encaminhou 25 de seus sócios, médicos, administradores, enfermeiros e farmacêuticos para curso de pós-graduação em Gestão Empresarial na Fundação Getúlio Vargas.

A edificação de um complexo médico-hospitalar desse porte trará inúmeros benefícios sociais e econômicos não somente para o Município de Serra, mas também para todo o Estado do Espírito Santo.

As estimativas do projeto indicavam a criação de 670 empregos diretos e 450 indiretos, estes restritos aos que mantêm relação com as atividades-fim do complexo. Se considerarmos os postos de trabalho que surgirão em decorrência da demanda por serviços de alimentação, limpeza e transporte, multiplicar-se-ão as oportunidades de emprego.

614 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Oferecer conforto e segurança, além da concentração de serviços, poupando o precioso tempo do homem moderno, vem coroar de sucesso a inovação no conceito de atendimento hospitalar. Desejamos, pois, parabenizar o Dr. Adão Cellia,

Diretor-Presidente do Vitória Apart Hospital, por capitanear tão nobre iniciativa na espinhosa área de assistência médico-hospitalar.

615 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. GERSON GABRIELLI (Bloco/PFL-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, os ideais de dignidade e liberdade do ser humano se alicerçam no princípio da justiça, na eliminação da violência e do arbítrio do Estado e na supressão de todas as formas de opressão econômica, social e política, com a valorização da cidadania e das regras fixadas pela Declaração Universal dos Direitos do Homem. Uma sociedade pluralista e moderna tem suas bases fixadas sobre os direitos do cidadão. Nada sobrevive sem o exercício das liberdades: a liberdade de consciência, de culto, de pensamento, de convicção política, de independência. Entre as liberdades, porém, há que se destacar a liberdade de imprensa, formadora do pensamento, inspiradora de costumes, definidora de cultura.

A liberdade de imprensa está no cerne da soberania de um povo. Pois a imprensa livre faz fluir a seiva que dá vida às democracias, fazendo circular as idéias, vitalizando os pulmões sociais com oxigênio das opiniões, permitindo o controle dos governos, energizando a política, promovendo a ação mobilizadora em torno de grandes causas e realizando a integração dos grupamentos sociais.

Desenvolvidas são as Nações que sabem fazer da imprensa o grande instrumento da harmonia, do equilíbrio, da justiça e um permanente facho de luz para iluminar os caminhos do progresso. Ao contrário, países que ainda silenciam a imprensa condenam-se ao autoritarismo e à barbárie, porque assim estão silenciando a verdade, subjugando seu povo ao mais pérfido arbítrio e, mais que isso, colocando amarras em seu próprio futuro.

Países democráticos, que se inspiram no dogma da soberania popular, não podem admitir a censura, fórmula deletéria que os poucos ditadores ainda existentes

616 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel na face da terra encontram para perpetuar grilhões que sufocam seus povos. Como já pregava Alexis de Tocqueville, em "Democracia na América", “quando se concede a cada um o direito de governar a sociedade, torna-se necessário reconhecer também a sua capacidade de escolher entre as diferentes opiniões que agitam seus contemporâneos e de apreciar os diferentes fatos cujo conhecimentos pode guiá- los.” A imprensa é o meio que permiti aos cidadãos discernir sobre as questões socialmente significativas da atualidade, aperfeiçoando sua capacidade de entender os fenômenos e aumentando sua racionalidade.

Os meios de comunicação têm o dom de intensificar os sentimentos de uma

Nação, ajustando os pontos de vistas, reforçando as fidelidades e as consciências, integrando grupos e harmonizando as convicções políticas, culturais e religiosas em torno de idéias comuns. Sabemos quão necessária é a missão da imprensa para a modernização da sociedade. Pelas ondas do rádio, pelas notícias da televisão, dos jornais e das revistas, os cidadãos juntam-se ao universo de informação, dando vazão, nas esquinas, nos bares, nos cafés, nos encontros, a uma linguagem nacional comum. Linguagem que, de alguma forma, é recolhida pala própria imprensa, nas coberturas dos eventos, nas entrevistas junto às mais variadas fontes, nas participações coletivas dos grupos sociais. Por isso, a imprensa se assemelha aos olhos e ouvidos da sociedade, sendo, nessa condição, indutora de novas funções, novas responsabilidades e novos problemas, informando constantemente sobre os planos e as realizações nacionais, as experiências de pessoas e entidades e ainda sobre os heróis e perfis que nos devem servir de inspiração e guia.

Reconhecemos, é oportuno dizer, os abusos que a imprensa comete, no exercício cotidiano de transmitir informações, interpretar situações, analisar fatos e

617 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel quando não eliminar, às vezes de modo proposital, elementos que parcializam os acontecimentos, criando freqüentemente vícios injustos e perniciosos para os cidadãos. Pensamos, porém, como D. Pedro II, para quem “contra os excessos da imprensa, mais imprensa”. Só a imprensa pode corrigir os seus próprios erros, só ela tem condições de repor posições que, de alguma forma, tenham contribuído para deixar alguém em situação difícil. Por isso, a imprensa livre é o maior fórum para purgação de seus próprios excessos.

O Brasil contemporâneo muito deve à imprensa. Graças à imprensa, abriu-se o universo da locução nacional, gerando-se, em cadeia, um processo de pressão pela redemocratização, hoje perfeitamente consolidado. Por sua força, expandem-se as vontades, as expectativas e os sentimentos nacionais.

Ao enaltecer a missão da imprensa, devemos reforçar nossas crenças sobre sua importância para o desenvolvimento de um país, porque a imprensa é o farol mais brilhante de um povo.

Obrigado.

618 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. EDUARDO CAMPOS (Bloco/PSB-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Transnordestina, estrada de ferro projetada desde o século XIX para escoar a produção do Nordeste, parece mais uma daquelas obras das quais os governos sempre falam, mas que nunca saem do papel. Pior: por ser obra fundamental, contra a qual ninguém se posiciona, o anúncio de sua implantação tem servido como desculpa para abrandar outras decisões questionáveis do Governo. Por exemplo: quando o Governo Federal anunciou a privatização da Malha Ferroviária do Nordeste, a preço de banana, plantou na mídia a informação falsa de que, com a privatização, a Transnordestina finalmente seria implantada. Depois, ficou-se sabendo que o contrato de privatização não fazia nenhuma referência à Transnordestina.

De custo estimado hoje em R$800 milhões, a Transnordestina não sai do papel, mas vem sendo usada para tirar dinheiro da viúva. Primeiro, foi durante o

Governo Itamar Franco, quando as obras tiveram início e consumiram US$8 milhões. Por suspeitas de superfaturamento, tais obras logo foram interrompidas, sem que um só metro de trilho fosse colocado. Em 2001, o TCU julgou o Processo n° 500.376/91, sobre irregularidades na implantação da ferrovia, condenando o coordenador do projeto, Fernando Jordão, e outros, por pagamento de serviços de implantação de canteiros de obras que não foram realizados. E, assim, a tão esperada Transnordestina continuou no papel.

O golpe mais recente está em articulação. A Companhia Ferroviária do

Nordeste (CFN), grupo que recebeu a concessão para explorar a Malha Ferroviária do Nordeste (a preço de banana, vale lembrar, e que tornaria possível a implantação da Transnordestina, como divulgou o Governo), agora, se propõe a construir a

619 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel ferrovia — só que com recursos financiados pelo Poder Público. E isso quando se sabe que a CFN até hoje não cumpriu nenhuma dos seus compromissos assumidos quando da privatização, como as metas de produção, recuperação da malha e redução de acidentes. Pelo quadro que se apresenta, tudo indica tratar-se de mais uma jogada para pegar dinheiro da viúva, utilizando como pretexto a construção da

Transnordestina.

Vale lembrar que, em maio de 2000, o presidente da Companhia Ferroviária do Nordeste, Wagner Bittencourt, foi nomeado Superintendente da SUDENE e, tão logo assumiu o cargo, anunciou que a hoje extinta autarquia aprovara projeto de financiamento, com dinheiro da viúva, para construção da Transnordestina. O golpe não se concretizou, mas é outro exemplo de como a tão esperada ferrovia é usada para encobrir falcatruas. Se esta jogada não era falcatrua, foi, no mínimo, esquisita, pois o ex-presidente da CFN, que apresentou o projeto de financiamento, foi a mesma pessoa que, como superintendente da SUDENE, aprovou o referido projeto.

Parece coisa da minha avó, que era viciada em baralho e, quando não tinha parceira, jogava sozinha, ora por ela, ora pela moça da frente. Precisa dizer quem sempre ganhava o jogo?

Em linhas gerais, o drama é esse aí.

Passo, agora, a abordar outro assunto, Sr. Presidente, Sras. e Srs.

Deputados.

Os altos índices de violência que aterrorizam a sociedade brasileira já não são particularidades dos grandes centros urbanos. Hoje, qualquer pequena cidade do País, seja na região Sul, Norte ou Nordeste, está mergulhada numa situação de criminalidade e medo jamais registrada em nossa história.

620 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Em Pernambuco, a pequena Itambé, a 95 quilômetros do Recife, é um exemplo do que falo aqui. O número de homicídios registrados naquela região triplicou de 1998 para este ano. E, no momento, pelo menos dez pessoas estão ameaçadas de morte na cidade, inclusive o Vice-Prefeito Renato Ribeiro.

Numa situação assim, de crescente violência, era de se esperar que as autoridades reforçassem o policiamento e tomassem outras medidas de segurança.

Mas, o que aconteceu em Itambé foi exatamente o contrário: no mês passado, o

Governo Estadual removeu uma força-tarefa que atuava na cidade, deixando seus habitantes entregues à ação dos marginais.

Apavorada, a população do Município agora vive em total desespero. Esta semana, representantes da Prefeitura, da Câmara Municipal e de vários setores da sociedade estiveram no Recife, para cobrar medidas de combate à violência ou até mesmo uma explicação sobre a remoção da equipe que atuava na cidade. Mas, até o momento, não obtiveram nenhuma resposta da parte do Governo.

Em Itambé, qualquer cidadão comum tem informações de que a cidade vive hoje sob a mira de grupos de extermínio que atuam entre os Estados de

Pernambuco e Paraíba, na famosa rota dos roubos de cargas. Só as autoridades pernambucanas desconhecem (ou fingem desconhecer) essa realidade. Postura que, infelizmente, só contribui para o aumento da violência e dos índices de criminalidade.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.

O SR. CUNHA BUENO (PPB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, solicito a transcrição nos Anais da Casa de parecer do

621 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Deputado Bonifácio de Andrade, apreciado hoje na Comissão de Educação desta

Casa, o qual aprova a denominação "Senador Nilo Coelho" para o aeroporto de

Petrolina, Estado de Pernambuco.

Era o que tinha a dizer.

PARECER A QUE SE REFERE O ORADOR

622 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

PARECER CITADO PELO DEPUTADO

CUNHA BUENO

623 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL-ES. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, todos os que nos assistem ou nos ouvem pelas galerias, Rádio Câmara ou TV Câmara, ao retornar a esta tribuna, na tarde de hoje, quero manifestar minha homenagem aos fiscais do Estado do Espírito Santo e ao seu sindicato: o SINDIFISCAL. Há muito tempo o SINDIFISCAL vem realizando belo trabalho em nosso Estado, fazendo convênios com clínicas odontológicas e planos de saúde, além de recentemente ter inaugurado linda sede social no Município de

Vila Velha.

Outra iniciativa que nos deixa feliz com sua realização é o Programa Estadual de Educação Tributária — PEET, lembrando ainda que o Espírito Santo foi o primeiro Estado a ter um programa desses, através da Lei nº 4.618, de 1992, que acabou inspirando o Programa Nacional de Educação Tributária. O objetivo do

PEET, Sr. Presidente, é a conscientização de crianças, jovens e adultos sobre a importância socioeconômica dos tributos, da boa aplicação dos recursos arrecadados, de uma maior fiscalização e da integração da população com a administração pública.

Há, ainda, o Vendinha Capixaba, projeto também elaborado pelo

SINDIFISCAL e voltado para o público infantil. Ele tem por objetivo mostrar que é através dos impostos que pagamos quando compramos uma mercadoria e pegamos a nota fiscal ou quando os pais recolhem o IPTU e/ou o IPVA que o Município beneficia a sociedade com mais escolas, hospitais, segurança pública, etc.

Isso demonstra, Sr. Presidente, que entramos em nova fase do sindicalismo brasileiro. São líderes sindicais preocupados com propostas, com a construção de uma nova visão da sociedade brasileira, e não apenas críticos do Governo ou do

624 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel modelo econômico. O sindicalismo, mais do que nunca, sabe aonde quer chegar e como vai chegar.

Aproveito a oportunidade para também registrar meu apoiamento à Lei de

Produtividade, Promoção e Ascensão Funcional.

Para finalizar, Sr. Presidente, parabenizo os diretores do SINDIFISCAL e todos os seus filiados, em especial os companheiros Cláudio de Almeida Thiago

Soares, Walker Ricardo Pinto, Júlio César Camilo Muniz e Délio Castelo, entre outros líderes do movimento sindical capixaba.

Muito obrigado.

625 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há trinta dias o Governo editou a Medida

Provisória nº 2.288, onde estabelece uma política para o cinema nacional. A MP cria o Conselho Superior de Cinema, a Agência Nacional do Cinema (ANCINE), institui o

Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Cinema Nacional e autoriza a criação de

Fundos de Financiamento à Indústria Cinematográfica Nacional (FUNCINES).

Boa parte do conteúdo dessa MP atende aos cineastas nacionais. Só que somos contra medidas provisórias, uma vez que se trata de artifício ilícito para uma sociedade democrática e que se baseia no equilíbrio dos três Poderes da República.

Consideramos que não é função do Executivo fazer leis. O problema é que o atual dirigente da nação, Sr. Fernando Henrique Cardoso, se considera uma espécie de monarca, acima de tudo e de todos. Por isso, em sete anos, já assinou mais de 5 mil medidas provisórias!

O que nos traz hoje aqui é um tema que foi excluído dessa MP: a exibição dos curtas-metragens. Em depoimento na audiência pública realizada ontem nesta

Casa, o Presidente da Associação Brasileira de Documentaristas (ABD), Leopoldo

Nunes, apresentou dados que nos deixam estarrecidos, como cidadãos brasileiros.

Por exemplo, o Brasil produz 220 filmes de curta metragem por ano; as escolas de cinema realizam quarenta filmes/ano. Mas onde estão esses filmes? Com os próprios realizadores, talvez em armários particulares. Não existe um órgão nacional que faça a história do curta-metragem no cinema brasileiro.

Os curtas nacionais não passam nas salas de cinema, não passam nas TVs.

Os únicos espaços abertos aos curtas são festivais de cinema. E, felizmente, eles são muitos. Há mais de duas dezenas ocorrendo por ano no Brasil.

626 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Algumas pessoas mantêm o preconceito segundo o qual só o longa-metragem deve ser considerado filme — acham que curta-metragem não é cinema. Trata-se de uma afirmação desprovida de lógica e conhecimento. Desprezar o curta, como obra menor do cinema, é como desprezar o conto, que seria menor que o romance. Ou seja, não tem sentido.

Afirmações desse tipo foram construídas pela exclusão histórica do cinema nacional e, em especial, do curta-metragem. Como podemos debater curta-metragem e o seu papel dentro do cenário cultural se o povo brasileiro não tem acesso a ele? Não passa na TV, não é exibido nos cinemas. Este é o fato: o curta-metragem é sistematicamente boicotado pelos exibidores nacionais e pelas emissoras de televisão.

E, no caso das salas de cinema, cumpre registrar que não é falta de legislação. Existe uma lei em vigor, desde 1975, nº 6.281, que estabelece a obrigatoriedade de exibição de um curta para cada filme estrangeiro. Acontece, porém, que a lei não é cumprida!

Os exibidores atuam segundo uma lógica de mercado. Mas uma lógica insana, de acordo com a qual se privilegia um só produto, ou uma só fonte: a norte-americana. Sim, 95% do audiovisual exibido no Brasil vem dos Estados

Unidos. A insanidade é depender de um único mercado. A insanidade é descartar o cinema nacional, curtas e longas, e desse modo descartar também a cultura e os valores nacionais. E ainda cobrar caro pelo produto — afinal, pagar 12 reais por uma sessão de cinema é proibitivo para 90% da população brasileira.

Para muitos aqui o cinema é apenas entretenimento. Uma bobagem, um lazer como outro qualquer. E aí gostaria de observar que, para a China, Rússia, França,

627 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel só para citar alguns, o cinema é questão de Estado! Para os Estados Unidos, a questão do audiovisual está atrelada à política do Departamento de Estado. Tanto que o cinema norte-americano é o mais subsidiado do mundo.

Portanto, estamos tratando de algo muito sério. Estamos tratando de economia, mas, principalmente, de valores, cultura, interesses de uma nação. Se os exibidores boicotam o cinema nacional, eles estão, na verdade, boicotando o Brasil.

Como podemos nos conhecer como povo e nação se não assistimos nada sobre nós? Em contrapartida, graças a essa política de mercado, sabemos tudo sobre Los

Angeles, Nova York, Manhattan... Esses filmes dizem a todo instante que os valores norte-americanos são superiores aos nossos. E aí se explica por que é uma questão de Estado para eles.

Durante a audiência de ontem, o presidente da federação nacional dos exibidores, Ugo Sorrentino, afirmou que “não se pode impor leis ao mercado de cinema”. Ele também disse que não concorda com “golpes de legislação”.

Afirmações absurdas como essa fazem parte do mercado brasileiro neoliberal. Isso ocorre porque o Estado se reduziu tanto nas mãos de FHC que repetem esta bazófia: o Estado não deve se meter no mercado. E mais, chegam ao ponto, como esse senhor, de tratar por “golpe” uma ação do Legislativo. Um segmento que sustenta um mercado como esse, totalmente dominado por uma única fonte, não tem moral nem competência para falar em golpe.

Precisamos de uma política que permita o acesso da população ao cinema, para que isso deixe de ser um luxo restrito a algumas regiões. Hoje, só 9% dos

Municípios brasileiros têm cinema e 80% das salas estão concentradas no eixo

Rio—São Paulo—Belo Horizonte.

628 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Precisamos mudar este quadro. Não aceitamos que o mercado imponha ao povo brasileiro um único tipo de cultura, um único tipo de informação, um único conjunto de valores. Vamos continuar lutando para que o cinema nacional tenha seu espaço e que, dentro dessa luta, os curtas deixem de ser discriminados. Ao contrário dos exibidores, queremos que os brasileiros conheçam seu País.

Obrigado.

629 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. RUBEM MEDINA (Bloco/PFL-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao iniciar há dois anos a formação de consórcios de pequenas e microempresas para atuarem no comércio exterior, o

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) descobriu que poderia estar nesse segmento produtivo a solução para o crônico problema do déficit na balança comercial brasileira e para superar a pesada concorrência do comércio internacional.

A participação das pequenas e microempresas poderá mudar o perfil das exportações brasileiras, hoje concentradas em commodities, especialmente agrícolas. Com elas, o País passaria a vender também produtos elaborados, de maior valor agregado. E o volume menor de vendas seria compensado por preços mais competitivos, o que facilitaria a colocação dos nossos produtos no exterior.

Dos cinco consórcios formados pelo SEBRAE, quatro atuam na área de joalheria e um no setor de brinquedos. Já os consórcios em formação, num total de dez grupos, reúnem empresas das áreas de confecções, equipamentos médicos e odontológicos, cerâmica, couro e fruticultura.

Em pronunciamento anterior, destaquei pesquisa realizada em 21 países, que coloca o brasileiro como o povo mais empreendedor do mundo. Com 16% de sua população economicamente ativa envolvida com a abertura de novas empresas, os brasileiros ficaram à frente de países como Canadá, Itália, Alemanha e Reino Unido, além dos Estados Unidos.

Apesar da vocação empreendedora de nossa gente e do empenho do

SEBRAE, as microempresas respondem por menos de 2% das exportações

630 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel brasileiras, um índice modesto se comparado com o de países como Itália e EUA, em que essa participação chega a 50%.

Entendo que essa iniciativa do SEBRAE merece o apoio do Governo Federal e dos Estados e Municípios, num verdadeiro mutirão em favor do incremento das exportações.

Alguma coisa já vem sendo feita nesse sentido, como o lançamento do Export

Fácil, programa que permite a exportação de mercadorias pelos Correios, ou por ações promovidas por entidades como o SEBRAE, cujo projeto conta com o apoio da Agência de Promoção à Exportação (APEX), do Governo Federal.

Todo esse empenho é voltado para o ingresso das pequenas empresas no comércio internacional, por meio da união de forças, já que, sozinhas, poucas teriam condições de arcar com os pesados custos de exportação e das exigências burocráticas e alfandegárias.

No Brasil, essa inversão de procedimentos em benefício dos pequenos deveria ser induzida pelas instituições financeiras oficiais. Além do Banco do Brasil, o Governo deveria mobilizar as demais instituições oficiais de crédito, como a Caixa

Econômica Federal, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste e Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no sentido de apoiarem todas as iniciativas dos pequenos empreendedores, sejam elas voltadas ou não para o comércio exterior.

Pela natureza de suas operações, o BNDES seria o mais indicado para desempenhar esse papel. E já faz isso, de forma modesta, através da participação no capital de empresas emergentes. É preciso, porém, ampliar essa ação. No mundo todo dá certo, por que não daria aqui? Seria, também, uma forma de ampliar

631 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel as oportunidades dos milhares de jovens que chegam anualmente ao mercado de trabalho ou de reforçar o esforço exportador do País.

Além do apoio oficial a essas iniciativas, o Governo deve atuar também no sentido de facilitar a vida das pequenas empresas, seja simplificando o sistema tributário, seja eliminando a tributação em cascata, para reduzir o excesso de custos sobre a produção. Mesmo que não seja possível a redução da carga tributária, a simples introdução de um sistema mais racional já representaria alívio para o setor produtivo, particularmente para a microempresa.

De acordo com o SEBRAE, o acesso das pequenas empresas ao comércio exterior também é dificultado pela falta de informações, o que torna esse desafio ainda maior. Isso sem falar na falta de crédito, cada vez mais restritivo quando se trata de microempresa, que não dispõe das mesmas garantias oferecidas pelo grande exportador.

Cabe ao Governo, com apoio desta Casa, buscar soluções para a superação dessas dificuldades. A cultura empreendedora está profundamente enraizada na sociedade brasileira, apesar da existência de diversos problemas que inibem o sucesso de iniciativas que seriam vitais para o crescimento econômico.

A microempresa está ansiosa para ampliar fronteiras e tem tudo para ajudar o

País a reverter o quadro negativo da balança comercial, fazendo com que as vendas externas passem a ter peso bem maior que as importações.

Com maior apoio oficial ela dará sua contribuição ao desenvolvimento econômico e social, gerando emprego e renda para milhões de brasileiros.

Muito obrigado.

632 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. RICARTE DE FREITAS (PSDB-MT. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nesta oportunidade dirijo-me aos ilustres pares para fazer algumas contribuições ao debate no Congresso Nacional sobre a implementação da Convenção sobre Diversidade Biológica, assinada em 1992, durante a Conferência do Rio, em vigor desde 1993.

A proposta é tratarmos aqui dos seguintes assuntos: a medida provisória que dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado, a repartição de benefícios e o acesso à tecnologia e transferência de tecnologia para sua conservação. Nas mesmas linhas, também me manifestarei sobre a Proposta de Emenda à Constituição nº 618, de

1998, que inclui entre os bens da União o patrimônio genético.

Tenho a satisfação de ser Relator, na Câmara dos Deputados, das

Comissões que analisam a PEC do Patrimônio Genético e os projetos de lei sobre acesso a recursos genéticos.

Essa posição certamente me desafia a refletir sobre temas estratégicos da agenda nacional, apesar de sua pouca exposição e compreensão pública. O desafio tem dimensões espetaculares! Cuida-se aqui de regulamentar o acesso aos códigos vitais de plantas, animais e microorganismos no País da megadiversidade.

Um passo em falso ou decisões equivocadas podem custar muitíssimo caro ao Brasil — e, por conseqüência, ao planeta. Falamos aqui de preservação, estudo e uso de tesouros biológicos encontrados na Amazônia brasileira, no cerrado, no

Pantanal, na Mata Atlântica, nas florestas de araucárias. Fazemos também referência às riquezas ainda intocadas da fauna e flora microbiana e dos organismos vivos aquáticos e marinhos.

633 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O Brasil, primeiro País em megadiversidade do mundo, tem procurado exemplos de regulamentação da matéria em outros países. Porém, percebe-se que nossa definição no tratamento desses temas servirá, isto sim, de guia para muitos outros países do cinturão de diversidade tropical na Terra.

De fato, neste ponto da fronteira da regulamentação, encontramo-nos em relativo isolamento, porque nenhum outro país tem tanto a proteger — e tanto a perder — quanto o Brasil!

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é preciso enfatizar a importância da discussão desse conjunto de temas. Estou convencido de que somente através da aproximação e do diálogo constante entre cientistas naturais, cientistas sociais e políticos será possível levar adiante a majestosa tarefa de regulamentar a proteção, o estudo e o uso sustentável da biodiversidade no Brasil.

Neste momento, gostaria de lembrá-los de que, desde a metade da década passada, esses temas estão na agenda do Congresso Nacional. Durante esse período, tanto o Senado Federal quanto a Câmara dos Deputados têm se esforçado para combater a biopirataria. Esse termo ganhou espaço nos meios de comunicação e implica o uso de instrumentos de propriedade intelectual para legitimar o acesso irregular a recursos genéticos e a conhecimentos associados.

Além dos desenvolvimentos da Comissão da Biopirataria da Câmara, em

1997, realizaram-se diversas audiências públicas nos últimos anos. Foram consultados os mais destacados especialistas em biodiversidade, biodireito e biopolítica para debates abertos no Parlamento.

De modo que é possível afirmar, sem medo de errar, que o Congresso

Nacional tem feito sua parte quanto à regulamentação da matéria. A demora no

634 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel processo legislativo explica-se, em parte, pela inacessibilidade do tema à maioria dos legisladores e pelo hermetismo da discussão — seara de especialistas.

Uma rápida avaliação de como tem se portado o Executivo Federal também nos indica que os melhores especialistas têm se esforçado por apresentar propostas de regulamentação sobre o conjunto de temas que compreende a implementação da

Convenção sobre Diversidade Biológica no Brasil.

Assim falando, parece que a indefinição do quadro jurídico e legal sobre a matéria é resultado do acaso. Porém, tudo leva a crer que estamos diante de impasses legislativos, gerados pela indisponibilidade para debater no espaço público. É como se alguns assuntos, por sua complexidade, não coubessem num debate aberto e público; como se a democracia colocasse em risco o rigor técnico das normas. Ou seja, o debate público de projetos de lei é negligenciado, ao passo que medidas provisórias com aval de especialistas são apresentadas como inegociáveis, dado seu caráter técnico e a excelência de seus formuladores.

Ora, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, todos sabemos que essa atitude

é pouco efetiva, além de trazer mais carga de desinformação ou confusão sobre os temas. O legislador deve situar-se na realidade em que vive e não na que gostaria de viver. E a realidade, hoje, é de altíssimo dinamismo e complexidade, independentemente de qual seja o tema em apreciação.

Quem quiser chão firme, certeza científica e clareza conceitual deve abster- se da tarefa de legislar neste início de milênio. Como se costuma dizer: “Tudo o que

é sólido desmancha no ar”.

O emaranhado normativo hoje é composto de proposta de emenda à

Constituição, medida provisória e projetos de lei sobre proteção, estudo e uso

635 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel sustentável dos recursos da biodiversidade brasileira. Além desses textos normativos propostos ou em vigência precária, existem regras esparsas sobre expedições de pesquisa científica, entre outros temas afins.

Esse quadro pode ser interpretado de várias maneiras, dependendo da perspectiva do observador. Quem se esforce para encontrar alguma referência legal, provavelmente deparará com a Constituição Federal de 1988 e seu clássico capítulo sobre meio ambiente, com referências à importância para o Brasil da proteção de seu patrimônio genético e de seus biomas mais significativos.

Na seqüência, está a própria Convenção da Biodiversidade, em vigor no

Brasil desde 1994 e promulgada por decreto em 1998. Pelo direito pátrio, as normas de direito internacional passam a compor o ordenamento jurídico interno, uma vez que os tratados sejam ratificados e promulgados por decreto presidencial.

Assim sendo, no Brasil a Convenção é lei, com sua revolucionária fórmula de repatriar os recursos genéticos — antes patrimônio comum da humanidade — e condicionar o acesso a esses recursos à repartição de benefícios advindos do seu uso.

Entre as diretrizes expressas pela Convenção, cabe mencionar a promoção da transferência de tecnologia — inclusive biotecnologia — como garantia para a conservação, o estudo e o uso sustentável dos recursos, além do reconhecimento do direito de as comunidades indígenas e locais se beneficiarem dos conhecimentos associados aos recursos da biodiversidade.

Claro, recomendações de tal envergadura jamais poderiam ter sua operacionalidade definida em tratado internacional. Como bem prevê a Convenção,

636 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel cada país deve promover internamente o debate sobre a regulamentação do conjunto temático. O que, no caso do Brasil, é tarefa essencial e estratégica.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, farei um esforço para, ao invés de descer a detalhes de cada peça legislativa, tratar de forma mais compreensiva o conjunto normativo em exame.

Tomemos o exemplo da Medida Provisória nº 2.186-15, de 26 de julho de

2001, que regulamenta o inciso II do § 1º e o § 4º do art. 225 da Constituição, os arts. 1º, 8º, alínea ”j”, 10, alínea “c”, 15 e 16, alíneas 3 e 4, da Convenção sobre

Diversidade Biológica, dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado, a repartição de benefícios e o acesso à tecnologia e transferência de tecnologia para sua conservação e utilização, e dá outras providências.

Trata-se de “lei” vigente por um mês apenas, já em sua décima quinta reedição, com alterações periodicamente inseridas. Ou seja, há um ano e três meses, esse temário estratégico para o Brasil vem sendo regulamentado de forma provisória e instável.

Como mencionei anteriormente, é forçoso reconhecer que a excelência dos membros do grupo de apoio à formulação da medida provisória somente poderia repercutir em um texto legal de qualidade e substância.

Entretanto, a exclusividade da autoria da Medida Provisória n.º 2.186-15 é, ao mesmo tempo, seu maior mérito e seu maior defeito, pela ausência do imprescindível debate público sobre as opções normativas tomadas.

A medida provisória dispõe sobre os bens, os direitos e as obrigações relativos ao acesso a componente do patrimônio genético; ao acesso ao

637 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel conhecimento tradicional associado ao patrimônio genético; à repartição justa e eqüitativa de benefícios; e ao acesso à tecnologia e transferência de tecnologia (art.

1º). Tais atividades ficam condicionadas à autorização da União (art. 2º).

As disposições da medida provisória não se aplicam ao patrimônio genético humano (art. 3º). Além dessa ressalva, é preservado o intercâmbio e a difusão de componente do patrimônio genético e do conhecimento tradicional associado praticado entre si por comunidades indígenas e locais para seu próprio benefício e baseados em prática costumeira (art. 4º).

O acesso ao patrimônio genético para práticas nocivas ao meio ambiente e à saúde humana, e para o desenvolvimento de armas biológicas e químicas é proibido

(art. 5º).

É adotado o princípio da precaução, para quando existir evidência científica consistente do perigo de dano grave e irreversível à diversidade biológica, decorrente de atividades praticadas na forma estabelecida pela medida provisória.

Nessas hipóteses, o Poder Público, com base em critérios e parecer técnico, determinará medidas destinadas a impedir o dano, podendo, inclusive, sustar a atividade (art. 6º).

O patrimônio genético é conceituado da seguinte forma:

Informação de origem genética, contida em

amostras do todo ou de parte de espécime vegetal,

fúngico, microbiano ou animal, na forma de moléculas e

substâncias provenientes do metabolismo destes seres

vivos e de extratos obtidos destes organismos vivos ou

mortos, encontrados em condições in situ, inclusive

638 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

domesticados, ou mantidos em coleções ex situ, desde

que coletados em condições in situ no território nacional,

na plataforma continental ou na zona econômica

exclusiva.

A opção por um conceito tão amplo e estranho à Convenção da

Biodiversidade é provavelmente a mais séria deficiência da medida provisória.

Sabemos todos o quanto deve ser clara a definição legal de termos. Essa foi a orientação dada pela Convenção, que define material genético como “todo material de origem vegetal, animal, microbiano ou de outra origem que contenha unidades funcionais de hereditariedade”. E define recursos genéticos como “material genético de valor real ou potencial”.

Em seguida, a Convenção define recursos biológicos como “recursos genéticos, organismos ou parte deles, populações ou qualquer tipo de componente biótico dos ecossistemas de valor ou utilidade atual ou potencial para a humanidade”.

Fique claro que em nenhum momento a Convenção se refere a “patrimônio genético”, e que esse termo consta da Constituição Federal, no capítulo sobre meio ambiente, numa acepção ampla de “diversidade de formas de vida”, prévia ao conceito logo depois firmado de diversidade biológica ou biodiversidade.

De maneira que a medida provisória tem como proposta regulamentar a

Convenção, mas de fato altera formal e materialmente o conteúdo normativo, sem melhor definir o objeto da regulamentação.

Esse é o primeiro desvio conceitual tomado pela medida provisória, que também insiste em utilizar o termo “anuência” em diversos artigos para significar

639 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

“autorização” ou “consentimento prévio fundamentado”, conceitos, esses sim, já solidamente firmados em nosso ordenamento jurídico administrativo e no direito internacional.

Por outro lado, a indefinição quanto ao papel da União no processo resulta em inconsistências no texto legal. Em um momento a União é parte no Contrato de

Utilização do Patrimônio Genético e de Repartição de Benefícios; em outro, deve

“anuir” sobre o contrato.

Em um momento o Ministro do Meio Ambiente é o Presidente do Conselho de

Gestão do Patrimônio Genético, que tem função deliberativa e normativa, com competência para autorizar o acesso e a remessa de amostra de componente do patrimônio genético, ou o acesso a conhecimento tradicional associado. Em outro momento, o Presidente do Conselho deve assinar pela União, como parte nos

Contratos, que a rigor deve autorizar e monitorar.

São essas inconsistências que revelam a necessidade de se aperfeiçoar a regulamentação da matéria, de forma urgente e imperativa. Uma base legal tão débil inviabiliza que se coloque em funcionamento o arcabouço institucional criado pela medida provisória.

Assim, a justificativa constitucional da utilização de medida provisória para disciplinar o tema — relevância e urgência — deixa de fazer sentido, uma vez que não se logrou até agora, passados quinze meses desde a primeira edição, instituir e fazer funcionar os mecanismos criados pela medida provisória, principalmente o

Conselho de Gestão do Patrimônio Genético.

640 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Vê-se, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, que os temas abordados são de impressionante complexidade. E nos custa acreditar que o debate sobre essas questões se esvazie.

Precisamos recuperar o Congresso Nacional como espaço público por excelência para deliberação sobre temas que demandam apreciação conjunta de vários especialistas e um processo de ampla consulta com as partes interessadas. E esse é o caso, quando se trata de implementar uma convenção de alcance global e impacto nacional tão importante como a Convenção da Biodiversidade.

Somente a partir da revitalização do debate poderemos partir para a avaliação conclusiva da proposta de emenda constitucional, considerando o patrimônio genético como bem da União, e das proposições legais dispondo sobre acesso a recursos genéticos e repartição de benefícios.

Era o que havia a considerar.

Muito obrigado.

641 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. JOSÉ DIRCEU (PT-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, desta vez não foi pela televisão, mas publicada, como de costume, num grande jornal — O Globo —, a entrevista do Presidente

Fernando Henrique Cardoso sobre os últimos acontecimentos no mundo e, o que importa, suas conseqüências para o País que preside há sete anos.

Nenhuma humildade na fala, nada de reconhecer erros, nenhuma convocação ao País, nenhum diálogo. Trata-se de um monólogo, quase uma fala do trono. Lembra aos “súditos” que S.Exa. tinha um projeto para o Brasil, que talvez não devesse ter mantido o câmbio por tanto tempo, que deveria ter feito a reforma tributária. Mas, pasmem: a mudança mais urgente é a do Código de Processo Penal.

E, lógico, não deixa de pôr a culpa nos outros, no Congresso, que sempre escolhe

Relatores do contra.

Numa mistura de cinismo e irresponsabilidade, o Presidente passa a deitar falação sobre sua sucessão, sem deixar de fazer provocações ao PT, sempre tentando desqualificá-lo, falando em falta de alternativa, e lamenta: “Se o PT tivesse noção do mundo”.

Para ele, seu Governo é um sucesso, principalmente na área social, e cabe aos seus candidatos, inclusive aos Congressistas — deve estar falando do

Hildebrando “Motosserra”, do Eurico Miranda, do Luiz Estevão, do Arruda, do Jader

Barbalho e de tantos outros —, serem mais afirmativos e conversar com o País, já que para a Oposição “basta jogar pedra”.

Conclui a primeira parte falando em resolver a crise energética (que S.Exa. criou), continuar a reforma agrária (sic) e, por fim, “consolidar a rede de proteção social”. Como vemos, trata-se de uma mistura de mentiras com arrogância.

642 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

No segundo trecho da entrevista, afirma que os fundamentos da economia brasileira estão sem problemas e que em nossa política fiscal “não existe nenhum problema”. Isto mesmo: segundo o Presidente, não temos problemas fiscais, nossa economia tem fundamentos sólidos e as “contas estão em ordem”. S.Exa. diz que não aumentará os juros — os maiores do mundo — e manterá “a meta de exportar”.

Parece piada, mas não é, já que, segundo o Presidente, são “talibãs” os que propõem “fechar a economia” para diminuir a dependência externa. S.Exa., não.

S.Exa. propõe exportar, investir, aumentar a produção. Pode?

Até parece que a economia não está entrando numa recessão, senão numa depressão, e que, pela enésima vez, o Governo nomeia um Ministro para o setor de exportação e promete a todos que, agora, vamos exportar. Mas nem com o câmbio desvalorizado em 50%.

O final da entrevista é melancólico. Nosso Presidente volta a deitar falação sociológica sobre a queima de mais valia e, com muita arrogância, diz que tudo é natural, que estamos num ciclo e devemos nos ajustar. S.Exa. menciona que os economistas devem se ajustar ao ciclo recessivo — mas está falando do Brasil e de nosso povo — e que, portanto, não adianta querer crescimento econômico.

FHC não deixa de lembrar que Malan já esta fazendo os ajustes. Talvez a guerra — e S.Exa. é contra ela, deixa claro — possa abreviar o ciclo, ou seja, não há nada o que fazer.

Vem, então, um misto de opiniões sobre o papel do Estado, em que novamente vemos a incapacidade do Presidente em reconhecer seus erros, além de obviedades sobre a nova situação internacional, o papel dos Estados Unidos e nossa política neste momento.

643 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O que mais nos espanta na entrevista, no entanto, não é a arrogância, o desprezo aos adversários e a falta de autocrítica. Tudo isso já conhecemos no nosso Presidente. O que nos apavora é a falta de grandeza para enfrentar o atual momento dramático que o mundo e o Brasil atravessam, a ausência total de liderança, de comando e incapacidade de convocar a Nação para, diante da crise, propor ao País uma saída.

Salta à vista o óbvio e não precisamos ser historiadores ou sociólogos para saber que o Brasil se desenvolveu e cresceu nas crises mundiais do capitalismo, na primeira guerra, na década de 30 e na segunda guerra. Que nos ciclos recessivos é preciso ter a coragem de adotar mudanças no modelo — isso mesmo, no modelo —, já que não somos uma economia central ou desenvolvida. Que é preciso ter uma liderança nacional e uma coalizão político-empresarial promovida por um governo com apoio na sociedade, a fim de aproveitar o momento de crise e de recessão para mudar de rumo.

A hora é de coragem e iniciativa. Precisamos mudar a política econômica, convocar a sociedade para exigir do Congresso Nacional medidas que permitam a redução dos juros, investimentos na infra-estrutura, começando por refazer o orçamento e fazendo a reforma tributária e a da Previdência.

O que vamos esperar? O agravamento das contas externas? O dólar chegar a 3 reais? A dívida interna explodir? Ou — o pior — uma crise social, ou mesmo uma explosão social?

Se foi possível, pelos erros graves do Governo, impor ao País o racionamento de energia, por que não é possível mobilizar a sociedade por uma nova economia, voltada para o crescimento do emprego e da renda nacional, enfim, para nosso

644 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel mercado interno; uma renegociação do nosso passivo externo; uma redução dos juros; uma política de investimentos e obras públicas para criar empregos; investimentos na infra-estrutura social e econômica do País; substituir importações e aumentar as exportações; uma nova política industrial e tecnológica?

Acreditamos que isso é possível e que nosso povo o fará nas urnas em 2002.

O problema é que pode ser tarde demais, ou que o custo social venha a ser ainda muito maior. Por tudo isso é que lamentamos a entrevista do Presidente, que demonstra não estar à altura do Brasil, do momento que o mundo vive.

645 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) – Vai-se passar ao

V - GRANDE EXPEDIENTE

Concedo a palavra à Sra. Deputada Jandira Feghali, do Bloco Parlamentar

PSB/PCdoB do Rio de Janeiro. S.Exa. disporá de 25 minutos.

646 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

A SRA. JANDIRA FEGHALI (Bloco/PCdoB-RJ.) – Sr. Presidente, em primeiro lugar, vou abordar a questão internacional e registrar não apenas a minha posição, mas a da Executiva Nacional do PCdoB, que emitiu uma nota recentemente sobre os acontecimentos relacionados ao atentado terrorista contra os Estados Unidos e seus desdobramentos a partir de 11 de setembro.

O mundo vive a iminência de guerras e invasões, numa imensa escalada militar e armamentista. O PCdoB condenou de pronto os atentados ocorridos em

Nova Iorque e Washington em 11 de setembro. Uma posição em consonância com a opinião unânime das forças democráticas e progressistas em todo o mundo, cujos acontecimentos têm ensejado mudanças de vulto no quadro mundial. A humanidade vive dias de tensão, confrontada com ameaças que, se concretizadas, causarão uma catástrofe de inestimável dimensão e nefastas conseqüências. A situação internacional, que comporta graves contradições econômicas, sociais e geopolíticas, atingiu, nos últimos dias, ponto elevado de agravamento. O império norte-americano proclamou a primeira guerra do século XXI, que, no entender do Presidente George

W. Bush, “será prolongada e suja”, “extensa e diferente de qualquer outra”, e implicará o “uso de toda arma de guerra necessária”.

São graves ameaças à paz mundial, à democracia e à segurança dos povos e nações, às etnias e religiões, que não se deve subestimar e marcarão por muito tempo o desenvolvimento da situação mundial.

Os Estados Unidos preparam o horror infinito: mais agressão e dominação sobre os povos. A máquina militar norte-americana fez história como a mais colossal incubadora de atos de terrorismo internacional de todos os tempos; declarou guerras de agressão e é responsável pelo massacre de vários povos. Agora se desloca e

647 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel ocupa a Ásia Central, onde prepara um ataque maciço e devastador ao Afeganistão, país indefeso e exaurido, pretextando caçar o suspeito do atentado, até agora sem provas claras.

As conseqüências de uma ação bélica dos Estados Unidos são incalculáveis, uma vez que visa a objetivos expansionistas de longo alcance. O ataque ao

Afeganistão será o primeiro passo de uma estratégia em cuja consecução o

Presidente norte-americano coloca no alvo um grande número de países e povos.

Em discurso carregado de ameaça, o governante estadunidense prometeu perseguir nações que ofereçam ajuda ou abrigo seguro para o terrorismo, que os

órgãos de espionagem norte-americanos quantificam em sessenta. O Presidente da superpotência desafia o mundo a fazer uma opção e fala a célebre frase: “Cada nação tem de tomar uma decisão agora: ou estão conosco ou com os terroristas.” E deste dia em diante, qualquer nação que continue a proteger ou sustentar o terrorismo vai ser considerada pelos Estados Unidos como regime hostil.

A quantificação é arbitrária e a designação de terrorista na linguagem do

Presidente estadunidense é imprecisa e difusa. Não nos enganemos. No sistema ou rede terrorista proclamados como o inimigo a combater, serão doravante também enquadrados os povos e países que lutem contra a globalização imperialista, resistam ao neocolonialismo e se esforcem para concretizar suas legítimas aspirações à verdadeira democracia, à independência nacional e ao progresso social. Localizações estratégicas na Ásia, reservas de petróleo, disputas geopolíticas e intensamente ideológicas não podem justificar o uso do poderio militar americano.

648 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Meu partido, PCdoB, considera importantes iniciativas de nosso País no quadro das necessárias relações com os Estados Unidos e no âmbito do sistema da

OEA, o combate a atos como o perpetrado em 11 de setembro. Mas essas iniciativas têm que obrigatoriamente respeitar a soberania das nações e contar com o respaldo das Nações Unidas e das normas consagradas de convivência internacional vigentes. Uma nação ou um conjunto de nações não pode ser punida em decorrência de ações terroristas de grupos ou de comandos isolados.

O Brasil tem tradição de ação diplomática pacifista e não-intervencionista.

Esta deve continuar sendo a norma da ação governamental nesse terreno. Mas é importante que o Congresso Nacional esteja atento. O Governo Fernando Henrique parece querer um perfilamento mais estreito com o “espírito guerreiro”, intervencionista e agressivo dos EUA. É inadmissível o envolvimento militar do

Brasil. Seria desastroso o engajamento de nosso País em ações de guerra em nome de interesses que não são os do povo brasileiro.

Buscar o TIAR como referência é inadmissível, muito menos sem o devido debate com a sociedade brasileira, que não autorizou o Governo brasileiro a tomar essa posição. Ele não tem autonomia para buscar o TIAR como referência de perfilamento ao império americano, à potência norte-americana.

Juntamente com atos de guerra, os Estados Unidos preparam enorme investida contra a democracia e a liberdade. O Congresso norte-americano vota pacote de medidas com esse objetivo. São leis que limitam severamente direitos e atingem com dureza inédita os imigrantes legais ou ilegais. O estrangeiro poderá ser detido pela polícia americana por tempo indeterminado, sem necessidade de autorização judicial. A detenção costumava ser limitada a 24 horas, mas a Casa

649 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Branca estendeu-a para 48 horas, já na esteira do clamor antiterrorista. Prevê que agente de segurança monitore ligações telefônicas e mensagens via Internet.

E o mais grave de tudo, Sr. Presidente: prevê a admissão, como prova válida em tribunal, de gravações e confissões obtidas por meios ilegais, inclusive tortura, desde que a ilegalidade tenha ocorrido fora do território americano. Ainda dilata o conceito de atividade terrorista para englobar ligação de qualquer natureza com organizações suspeitas de apoiar terroristas.

As propostas são tão escandalosas que um grupo de parlamentares pediu tempo para pensar, enquanto a Casa Branca insistia em que a votação fosse realizada imediatamente. A mobilizar-se para a guerra, ou para massacre — melhor dito —, os Estados Unidos proclamaram a novíssima ordem mundial, na qual intensificarão a aplicação dos seus planos hegemônicos.

Nessa nova situação, a luta pela paz passa para o primeiro plano na ação política dos comunistas e das demais forças democráticas e progressistas do País.

Essa luta está em estreita ligação com o combate ao domínio unipolar do mundo pelos Estados Unidos, com a ameaça neocolonialista em nosso País, com a aviltada defesa da nossa soberania e democracia e dos direitos do povo brasileiro. Devemos exigir, sem vacilação, das autoridades brasileiras, política externa independente.

Exigir a defesa da multilateralidade e não, repito, o acrítico perfilamento às decisões unilaterais do império norte-americano.

Esse período de sério conflito internacional traz dificuldades e más notícias para o mercado internacional. Mostra que as conseqüências para os países dependentes, inclusive o Brasil, serão muito piores no que toca ao aspecto econômico.

650 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O desajuste do centro capitalista e a recessão que começa a tomar conta dos

Estados Unidos tendem a ser compensados com fortes restrições adicionais às economias periféricas, que normalmente servem de escape para ajustes feitos pelos países hegemônicos do sistema.

A principal manifestação sobre a periferia e o Brasil será o forte aumento da restrição externa pela diminuição significativa da disponibilidade de divisas. Essa restrição, que já vem aumentando nos últimos anos, se acentuará tanto pela diminuição do financiamento do déficit externo como pela dificuldade de aumentar ou manter a receita de exportação.

Esse quadro aponta para um aperto no ajuste fiscal, já imposto pelo Governo a partir dos recentes acordos com o Fundo Monetário Internacional. O reflexo imediato e óbvio deve ser a piora da proposta orçamentária de 2002. A mensagem presidencial que trata do Orçamento Geral da União encerra fortes restrições a investimentos e, ao fazer a exposição geral das metas governamentais, mostra de forma evidente os reais propósitos do Governo.

O principal item do Orçamento, mais uma vez, é o pagamento dos juros das dívidas interna e externa, que deverá consumir 72,1 bilhões de reais. Essa previsão pode ser superada, sobretudo após a crise que se abateu sobre a economia, particularmente a norte-americana.

O reflexo imediato no Brasil foi a queda da bolsa de valores, a disparada do dólar, que atingiu quase 3 reais, além da retração de vários segmentos econômicos.

Estamos assistindo a demissões e protestos em todo o País. Isso onera as contas internas, já que boa parte dessas divisas são em dólar.

651 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O Orçamento prevê 20,4 bilhões de reais para a Saúde, 8,2 bilhões de reais para a Educação, 5 bilhões de reais para o Fundo de Combate à Pobreza. As três

áreas de impacto social receberam juntas 33.6 bilhões de reais, ou seja, menos da metade do que o Governo vai gastar somente com juros.

Esses números servem para indicar a matriz, o referencial político e os objetivos centrais do Governo, que permanece de costas para o País e para o seu povo. Podemos provar isso, quando comparamos os dados centrais com os investimentos, o superávit primário exigido pelo FMI e os recursos destinados ao pagamento de juros e serviços das dívidas interna e externa. O superávit primário exigido é de 37 bilhões de reais, 5 bilhões de reais acima do já estabelecido na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Esse dinheiro será obviamente retirado do destinado ao combate à pobreza, o que, conseqüentemente, aumentará a exclusão social, a concentração de renda, o desemprego e a sucção de recursos do orçamento social das diversas áreas, garantidos pelo contribuinte com o pagamento de tributos.

De certa forma, essa linha geral já estava prevista na LDO aprovada em junho

último pelo Congresso Nacional.

Sr. Presidente, o salário mínimo aumentará apenas 4%, pela proposta, ou seja, 7 reais e 20 centavos. A tabela do Imposto de Renda poderá permanecer sem correção, extraindo bilhões de reais dessa população que já está com os salários achatados e defasados. A proposta de reajuste dos servidores públicos é de apenas

3,5%, depois de sete anos sem aumento e de inflação acumulada em mais de 70%.

Isso sem considerar a supressão, através de medida provisória, de gratificações e de conquistas na área da educação, da previdência social, da saúde e do trabalho, o

652 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel que ocasionou explosão de greves, entre elas a possível greve dos funcionários da

Fundação Oswaldo Cruz.

Ora, Sr. Presidente, esses grevistas precisam da nossa solidariedade absoluta, porque o Governo tem respondido a eles com intransigência, insensibilidade e desrespeito às decisões do Supremo Tribunal Federal e do

Superior Tribunal de Justiça. E, agora, parte para a prática de punições, como cortes de pagamento, novamente sem respeitar as decisões recentemente tomadas pelo

STJ. Com relação aos servidores públicos, o PCdoB entrou com ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal para garantir no Orçamento aumento salarial.

É bom que se diga, Sr. Presidente, que, se as greves continuarem, a responsabilidade é do Governo Federal; se os alunos perderem o ano letivo, se os aposentados e os pensionistas não conseguirem receber seus benefícios, o único responsável é o Governo Federal, em que pese às posições diferenciadas de vários

Ministérios. Isso se deve à posição absurda e arbitrária do Governo Federal, com a qual, lamentavelmente, o Ministro Paulo Renato se perfila de forma intransigente.

Nem mesmo a geração de energia ficou fora do ajuste fiscal. Tendo de gerar superávit, o setor deixou de proceder a investimentos, mesmo diante de crise de abastecimento sem precedentes em nossa história.

É importante dizer que, entre 1998 e 2001, a dívida líquida do Governo

Central passou de 235,8 bilhões para 407,8 bilhões de reais. Em outras palavras, o

País foi sacrificado em 122,4 bilhões de reais, e a dívida cresceu quase 100% em apenas cinco anos. Hoje, ela já ronda 640 bilhões de reais.

653 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O problema, obviamente, está no modelo e na orientação imposta ao País pelo Fundo Monetário Internacional, pelo Banco Mundial, pelo Presidente Fernando

Henrique, pelo Ministro Pedro Malan e companhia — nem vale a pena citar o nome de todos eles. As votações realizadas no Congresso Nacional exprimem de forma latente o potencial confronto que teremos, em breve, em função de pelo menos dois projetos, o atual e os alternativos.

É bom que se registre outro foco dessa luta política: a área da saúde, que hoje sofre conseqüências absurdas por causa da adoção da mesma política localizada no ajuste fiscal e nas quebras orçamentárias.

Vejam que desde a Constituição de 1988 foi garantido, no Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias, que seriam destinados ao setor 30% do orçamento da seguridade social. E depois do Plano de Custeio, de tantas LDOs e de tantas tentativas, chegamos a uma conquista constitucional: a Emenda

Constitucional nº 29.

A proposta para a Saúde no Orçamento de 2002 desrespeita todas essas iniciativas e também a Carta Magna. O parecer da Advocacia-Geral da União, assinado pelo Presidente da República e por isso transformada em norma administrativa, retira da Saúde pelo menos 1,2 bilhão de reais por ano. Em cinco anos, retiraremos da Saúde o correspondente a um ano de internações neste País.

O parecer da AGU teve o claro objetivo de reduzir os encargos da União.

Chega a afirmar textualmente, no seu parecer, que a interpretação em contrário apresentada pela Consultoria Jurídica do Ministério da Saúde “traz o inconveniente econômico para a governabilidade das necessidades do País”, ou seja, colocar

654 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel dinheiro na Saúde é gerar instabilidade econômica para o País, como se a saúde no

Brasil estivesse muito bem.

A partir desses cortes na Saúde, o PCdoB e vários outros partidos que ainda assinam entrarão hoje no Supremo Tribunal Federal com uma ação direta de inconstitucionalidade, para que o Governo cumpra a Constituição a partir da Emenda

Constitucional nº 29.

Na execução do Orçamento, segue-se uma linha de raciocínio, que é a quebra do pacto federativo. Como Deputada do Estado do Rio de Janeiro, afirmo que o nosso Estado está sendo tratado a pão e água. Daqui a pouco nem a pão e, talvez, nem a água, se a privatização da água e do saneamento seguir em frente no

Congresso Nacional. Nunca o Estado foi tão penalizado. Além dos parcos recursos destinados aos investimentos, nem mesmo esses são aplicados.

Na execução do Orçamento da União de 2000, o Estado do Rio de Janeiro ocupa o 24º lugar, seguido pelo Maranhão, Piauí e Amapá. É uma desproporção e um gigantesco despropósito, sobretudo porque sabemos que atualmente o Rio de

Janeiro ocupa a terceira posição, seguindo para a segunda posição, na composição do Produto Interno Bruto — PIB nacional.

Em 2000, a média nacional de aplicação dos recursos previstos pela União foi

35,32%. O Rio de Janeiro recebeu apenas 20% do que estava previsto entre janeiro e dezembro daquele ano. É importante citar que nesse mesmo período São Paulo recebeu 44,78% do que tinha direito, mais que o dobro de nosso Estado. Não se trata aqui de um regionalismo ou de uma mesquinharia política, mas há que se perguntar por que São Paulo, governado pelo PSDB, recebe mais que duas vezes o

Rio de Janeiro.

655 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Na execução dos investimentos previstos para este ano, a situação se agrava mais ainda. Um levantamento que fizemos em 5 de setembro último, junto ao

Sistema Integrado de Administração Financeira — SIAFI, demonstra que a execução financeira deste ano está mais reduzida do que no ano passado. Os dados registrados têm como base 24 de agosto e expõe o arrocho orçamentário que o País vive, e o Rio de Janeiro, em particular. São 732 rubricas destinadas ao Rio de

Janeiro, dessas apenas 36, ou seja, apenas 5% receberam uma parte dos recursos.

Nesse ano, a média nacional de execução do Orçamento é de apenas 9, 54%. O Rio de Janeiro recebeu apenas 2,92%, mais uma vez ocupa a 24ª posição, com as

últimas posições ocupadas por Amazonas, Roraima e Sergipe. Faço mais uma vez a comparação com São Paulo, que já recebeu 23,68%, quase três vezes a média nacional e mais de dez vezes o que o Rio de Janeiro recebeu.

Um estudo mais detalhado, feito por nós, mostra o tamanho do crime que o

Governo Federal comete contra a população do nosso Estado. A lei orçamentária mais os créditos destinados ao Rio de Janeiro este ano são da ordem de 425 milhões de reais, quase os mesmos valores do ano passado. No entanto, até agora só foram pagos 12 milhões e 420 mil reais.

Para se ter uma idéia, o Rio de Janeiro deveria receber uma média mensal de

35,4 milhões de reais ou diária de 1,18 milhões de reais. Fica demonstrado, pelos números oficiais, que o Rio de Janeiro recebeu apenas o equivalente aos dez primeiros dias do ano, sem receber nenhum centavo dos investimentos aprovados pelo Congresso Nacional e sancionado pelo próprio Presidente da República.

Mas vou detalhar melhor, para que o povo do Estado do Rio de Janeiro e do

Brasil perceba como isso acontece. As rubricas destinadas ao Estado, via Secretaria

656 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Especial de Desenvolvimento Urbano, somam 118 milhões destinados a 152 projetos, mas até agora nenhum centavo e nenhum projeto foi iniciado. Só como exemplo cito as obras de saneamento na Baixada Fluminense que deveriam receber

16,5 milhões e, na região metropolitana, 15 milhões, mas até agora não viram a cor de um único centavo. Outras ações de infra-estrutura urbana, também previstas para a região metropolitana e para a Baixada Fluminense, deveriam receber 32 milhões e até agora nada receberam.

Destino semelhante têm tido os 22 projetos previstos pelo Ministério da

Agricultura e Abastecimento. São recursos destinados à produção, ao cooperativismo, à aquisição de máquinas agrícolas e à eletrificação rural. Nenhum centavo foi liberado até agora. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação também tem zero de execução.

Na área social, a situação também é gravíssima. São recursos fundamentais para creches, atenção à pobreza, tratamento de esgoto, também com zero de execução. A cultura foi esquecida. O meio ambiente não recebeu nenhum centavo para os onze projetos previstos.

Outro aspecto é que das emendas parlamentares, no total de 733, direcionadas para o Rio de Janeiro, apenas sete foram liberadas parcialmente, ou seja, 0,95%. É bom até que se registre que das bancadas da base do Governo, a que menos recebeu liberação de recursos foi a do Estado do Rio de Janeiro.

Mas o Governo pretende agravar ainda mais esse quadro. Ao voltar os olhos

à proposta orçamentária para 2002, a situação do Estado torna-se ainda mais dramática. Os investimentos previstos para o Estado chegam a 97,4 milhões de

657 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel reais, quando no ano passado pusemos 425 milhões, ou seja, há perda de 77,1% nos recursos destinados a investimento no Estado.

O Sr. Dr. Hélio – Permita-me V.Exa. um aparte?

A SRA. JANDIRA FEGHALI – Ouço, com prazer, V.Exa.

O Sr. Dr. Hélio – Deputada Jandira Feghali, V.Exa. está fazendo um retrato em preto e branco da grave situação por que estamos passando no País, fruto de uma globalização do terror, do temor, da criminalidade. Este assunto atinge as cidades de maneira muito forte e aguda. Estamos vivendo não só o risco de desemprego. Em determinados segmentos, o desemprego já se faz presente. Por exemplo, no sistema de transportes aéreo, já estamos observando uma retração não só nacional, mas também mundial. Estamos observando a desativação de investimentos. Por exemplo: na EMBRAER não há só a falta de investimentos mas também o desemprego. Estamos assistindo à retração do comércio; as pessoas não estão comprando porque não têm dinheiro e porque não há o que comprar. Estamos observando os aspectos diplomáticos que V.Exa. mencionou. Pergunto: por que a

Câmara dos Deputados e o Senado não estão sendo consultados para debater com profundidade esse assunto? Não só a parte diplomática é importante, mas também os aspectos econômicos, que estão rondando o País. A situação parece estar ficando muito grave. Sei que vamos estar inserindo na história do nosso País nomes como o do Ministro Malan, que vai acabar sendo responsabilizado pelo aprofundamento do apartheid socioeconômico, muito similar àquele do Malan da

África do Sul, o Daniel Malan, à época responsável pelo terror do apartheid racial.

Parabenizo V.Exa. pela reflexão que traz a esta Casa e ao País, dizendo que é necessário tomarmos atitudes importantes. A Câmara e o Senado têm que se

658 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel mobilizar para que possamos ir ao fundo nos aspectos diplomáticos, que são importantes, mas também na crise socioeconômica, que está se apontando para o

País neste instante. Parabéns!

A SRA. JANDIRA FEGHALI - Agradeço o aparte ao Dr. Hélio. Aproveito para deixar registrado que já existem propostas para a realização de uma Comissão

Geral em plenário, para que toda a Casa debata e impeça que o Governo brasileiro tome atitudes sem a representação da sociedade, como vem erradamente fazendo.

Também há propostas no sentido de que os Líderes busquem o Presidente da Casa para que o debate se faça não somente no aspecto diplomático, como também no aspecto da repercussão econômica e social, que refletirá na votação do Orçamento.

A proposta de Orçamento para o próximo ano é a pior que já votamos no

Congresso Nacional. O alerta de V.Exa. é contundente. Acho que todos os Líderes devem procurar os Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, para que essa discussão seja efetivamente realizada.

Concluindo, o Brasil precisa de um novo rumo político e econômico. Os cortes orçamentários feitos contra o País e o arrocho fiscal imposto pelo Governo são um acinte ao nosso povo, ao nosso Estado e a toda nossa República.

Tudo isso parece provocação de um Governo que em fim de mandato está perdendo sua capacidade e lucidez para lidar com gente. Gente que não é estatística fria, número ou percentual. É gente que tem nome, endereço, emprego ou desemprego — mais provavelmente —, sofre, chora, ri, tem filhos e parentes para criar, cuidar e manter. Gente que tem pátria e direito a condições dignas de existência.

659 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Essa lógica precisa ser alterada, e vamos alterá-la, sim, para que nosso País tome um rumo diferente do atual. Um rumo em que os recursos e as riquezas aqui geradas tenham como destino fundamental a satisfação das necessidades do povo e do País como Nação. Que se garanta um avanço da democracia à liberdade e que não se permitam conflitos neocoloniais, unilaterais e restrição à privacidade aos direitos civis.

Muito obrigada.

660 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. JOÃO MENDES – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOÃO MENDES (Bloco/PFL-RJ. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não sem razão os servidores públicos contestam e reivindicam. Na verdade, trata-se de movimentos legítimos.

Esses problemas, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não estão cingidos apenas a aspectos pecuniários, ainda que a crise salarial tenha se abatido sobre a categoria dos servidores; ainda que o campo esteja a clamar por justiça e igualdade social. São, antes de mais nada, lances de trato conceitual. O que se reclama do

Governo é principalmente a sua sensibilização, de forma a estabelecer alternativas que, sem inviabilizar o Orçamento, como alegam as autoridades, reconheçam as dificuldades existentes e lhes dêem solução.

O que não se pode nem se quer mais é que se postergue ad infinitum o que,

à luz da razão e em face das necessidades, exige desfecho imediato.

Vejam, por exemplo, dentro da genérica classificação de "servidor público", o que acontece com o professorado brasileiro, em especial os que integram os quadros das universidades federais. São pessoas preparadíssimas, algumas com formação nos melhores centros de ensino e pesquisa do mundo, homens e mulheres devotados, que constituem a elite intelectual da Nação, multiplicadores de cérebros, à frente dos mais importantes estudos que se levam adiante no Brasil, a face humana da vida acadêmica nacional.

Pois bem, esses profissionais padecem de vários males.

Em primeiro lugar, o trabalho anônimo que desenvolvem raramente chega ao conhecimento da sociedade. A eles, os servidores, falta valorização.

661 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Em segundo, essa sociedade, por ignorá-los, tende a ver a categoria alheia ao cotidiano da Nação, como se o trabalho silentemente realizado — seja nas salas de aula, seja nos laboratórios universitários, seja nas bibliotecas, seja nos centros de estudo e pesquisa — constituísse abstração que não lhes dissesse respeito. À sociedade, falta a virtude da solidariedade.

Por último, o mercado, em especial, o setor privado, conquanto ávido de mão- de-obra qualificada, é incapaz de enxergar nos profissionais, em gestação nos bancos universitários, uma fonte de recursos humanos com potencial à altura de suas demandas. A ele, falta visão estratégica.

No processo de interface com o Governo, este medeia mal. Quando pode, não sabe ceder nem apresenta propostas factíveis. Não raro, deixa-se levar pelo turbilhão dos ressentimentos dos poucos — e esses sempre existem — que se aproveitam das naturais confusões para plantar a crise, uma crise que, antes de ser da educação, tem contornos claros de crise política.

Bom senso, serenidade e prudência costumam ser, nessas horas, poderoso antídoto. Vale endurecer, por momentos; vale ceder, por outros; vale negociar, sempre, a fim de que a educação não seja mais prejudicada do que historicamente tem sido.

A greve do professorado é fato real do momento, mas a insatisfação não só no que respeita aos salários, mas também quanto às condições do ensino tem permeado nos últimos anos toda a atividade docente.

O que se espera das autoridades federais, à frente o Ministro Paulo Renato

Souza, além do próprio Presidente da República, são atitudes amplas com vistas ao futuro, de modo a que o Brasil consiga, por fim, dar o grande salto de qualidade em

662 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel direção ao desenvolvimento, cujo maior pressuposto reside, longe de dúvida, na educação.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

663 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. EDINHO BEZ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. EDINHO BEZ (PMDB-SC. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, retorno hoje a esta tribuna para ressaltar projeto de lei de minha autoria, apresentado no último dia 19 de setembro nesta Casa legislativa, que tem por intuito dar gratuidade a franquia postal para as correspondências postadas pelas Defensorias Públicas.

Eis o meu projeto:

O Congresso Nacional decreta:

Art. 1º Esta lei institui a franquia postal para as

correspondências relacionadas a processos judiciais, que

envolvam as Defensorias Públicas.

Art. 2º As correspondências postadas pelas

Defensorias Públicas da União, do Distrito Federal e dos

Estados, a que se refere o artigo 134 da Constituição

Federal, e que disserem respeito a processos judiciais em

andamento, gozarão de franquia postal.

Art. 3º Esta lei entra em vigor na data de sua

publicação.

As Defensorias Públicas da União, do Distrito Federal e dos Estados prestam assistência judiciária aos necessitados. Para grande parte da população, o defensor público é o único advogado com quem podem contar.

664 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Essas entidades, no entanto, enfrentam todo tipo de dificuldades para desempenhar a sua missão. Uma delas, senão a mais importante, é a constante deficiência de dotação orçamentária que lhe consignam os orçamentos.

A isenção de pagamento na postagem de sua correspondência — a franquia postal — por certo é uma parcela bastante pequena dos gastos das Defensorias

Públicas. Muitos processos, no entanto, às vezes ficam parados por longo tempo exatamente pela falta de comunicação das Defensorias Públicas com as partes envolvidas no processo. Entendo que a franquia postal agilizaria esses processos, em benefício direto da parcela mais pobre da população.

A perda de receita por parte da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos seria ínfima e não teria reflexos sobre o seu equilíbrio econômico-financeiro.

Por esses motivos, espero contar com o indispensável apoio de todos os ilustres Parlamentares para a aprovação desse projeto.

Era o que tinha a dizer.

665 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PAULO FEIJÓ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PAULO FEIJÓ (PSDB-RJ. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, como Parlamentar eleito pelo

PSDB, tenho comigo um compromisso partidário, do qual não me distancio.

Compromisso esse, contudo, que não tolda minha visão dos avanços registrados pela sociedade brasileira nos dois mandatos do Presidente Fernando Henrique

Cardoso.

Foi a gestão do PSDB no Governo Federal a responsável, inquestionavelmente, pela implementação de conjunto de medidas que consolidaram as bases para a estabilidade de nossa economia, por anos refém de um cenário de especulação financeira, de inflação descontrolada, impondo à população brasileira, por décadas, uma situação de penúria e de mazelas sociais, somente agora corrigidas.

Mesmo a ânsia oposicionista dos extremistas de plantão, entrincheirados em seus palanques armados entre os corredores desta egrégia Casa de Leis, e a fúria de seus argumentos reduzem-se aos patamares da razão quando confrontados com a realidade que nunca um Governo Federal investiu tanto em tão grande número de programas sociais, e permitiu, ao mesmo tempo, a criação de cenários ideais para o desenvolvimento da economia nacional.

É assim que me conduzo, nestes dias em que crises políticas de ordem diversa rondam o Congresso Nacional, não como fiel escudeiro do PSDB em defesa de suas lideranças, mas com o senso crítico do cidadão comum, que assiste, no

666 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel interior do Estado do Rio de Janeiro, à força dos programas do Governo Federal, em benefício de milhares de fluminenses.

Minhas ligações com a gente do norte, do noroeste e do centro-norte do Rio de Janeiro são estreitas, mantidas com minha presença constante nesses

Municípios, aproximando-me sempre de suas lideranças políticas e buscando intervir. Tenho meu mandato como instrumento no atendimento das demandas regionais.

O Presidente Fernando Henrique Cardoso assumiu em 1995 um país repleto de dificuldades, de problemas, encarando-os sem destemor, tomado de empenho e de dedicação à causa pública. É uma luta construída em várias frentes, na busca, sem demagogia e hipocrisia, da apresentação de medidas efetivas de saneamento do País.

Não é possível fechar os olhos frente aos avanços obtidos nas áreas de saúde, de infra-estrutura e de educação, por exemplo, mesmo se considerarmos, em função de anos de ausência de investimentos, que esses segmentos necessitam ainda de permanentes e maiores injeções de recursos.

Sou Deputado eleito por uma base regional, composta de Municípios do interior fluminense, com ênfase maior para o norte do Rio de Janeiro. É nessa região, detentora de importante papel, qual seja, o de sediar mais de 80% da produção nacional de petróleo nacional, que testemunho os benefícios de uma das principais intervenções do Presidente Fernando Henrique Cardoso.

Reporto-me, especificamente, à flexibilização do monopólio estatal do petróleo, que faz com que somente o Estado do Rio de Janeiro receba, até o final deste ano, cerca de 1,6 bilhão de reais. Somente o Município de Campos dos

667 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Goytacazes, cidade-pólo do norte fluminense, recebeu de royalties pela produção de petróleo, nos últimos doze meses, um total acumulado de 114 milhões e 687 mil reais, sem citar valores referentes às participações especiais.

Não creio percorrer os campos do exagero ao observar que o Presidente

Fernando Henrique Cardoso, sociólogo e estadista preparado, está construindo um país moderno, estável democraticamente, ajustado aos princípios econômicos globais, mas com políticas de manutenção de suas premissas nacionais.

Ao encerrar este pronunciamento, quero manter como claro meu compromisso de assumir uma postura rígida de cobrança ao Governo Federal, quando assim se fizer necessário, em apoio direto e prioritário aos Municípios do interior do Estado do Rio de Janeiro, aos quais devo a orientação e o rumo político que imponho ao meu mandato como Deputado Federal neste insigne Parlamento.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados.

668 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado Arthur Virgílio.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs.

Deputados, avesso a ler pronunciamentos, tomarei muito cuidado desta vez — vou procurar medir as palavras, sobretudo na fase inicial deste discurso que pronuncio em nome da diplomacia brasileira e, portanto, em nome do Governo do Presidente

Fernando Henrique Cardoso —, observando o máximo de cautela em relação a cada frase pronunciada, em função de repercussões que possam eventualmente não ser positivas. Na hora dos apartes — faço questão de tê-los — discutiremos de maneira mais aberta e solta os pontos em tela.

Mas, Sr. Presidente, os trágicos atentados de 11 de setembro tiveram, sem dúvida, grande impacto sobre as relações internacionais. Ainda é cedo, é claro, para tirar conclusões definitivas sobre suas conseqüências, e acho que a prudência e o cuidado na análise são mais essenciais do que nunca. Surpreende-me, por exemplo, ler posições que parecem absurdas ao sugerir, mesmo de forma sutil, que ato de tamanha violência possa ser justificado.

Quero lembrar, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, que se a Constituição

Federal define o repúdio ao terrorismo como um dos princípios fundamentais de nossa política externa, mais ainda, ela determina que o terrorismo é crime inafiançável em solo pátrio, insuscetível de graça ou de anistia.

E se essas normas valem para dentro do Brasil, é claro que elas devem valer também para nossa relação com o mundo. Não se trata, então, de fazer opções, nem vou questionar se foi hábil ou não a declaração do Presidente Bush, aquela

669 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel coisa de “estar contra ou a favor dos EUA”, mas pergunto se, em sã consciência, alguém pode estar ao lado do terrorismo.

Do outro lado do espectro, preocupa-me igualmente ver manifestações, felizmente não em nosso País, de intolerância racial e religiosa contra membros de uma comunidade que em sua imensa maioria vive de forma ordeira e pacífica. Como já disse, ainda é cedo para conclusões categóricas, mas algumas coisas já estão bastante nítidas ao nosso entender.

Primeiro, é absolutamente indispensável deixar claro que a comunidade islâmica e seus tantos representantes no Brasil são um povo de paz e que o islamismo não pode ter sua mensagem de tolerância associada a interpretações fundamentalistas que o transformam em instrumento de ódio.

Em segundo lugar, a solidariedade expressa por, virtualmente, toda a comunidade internacional às vítimas do atentado deixa evidente que estamos diante de uma ameaça — “a nova ameaça” — à qual nenhum país, nenhum cidadão, nenhum democrata, ninguém de bom senso pode ficar indiferente.

Hoje, foram mais de 6 mil nacionais, de diversos países, imolados em Nova

Iorque. Tragicamente, alguns brasileiros ainda estão desaparecidos; eles, certamente, morreram. Transmito, mais uma vez, a essas famílias minha solidariedade, a do Governo Fernando Henrique Cardoso e, sem dúvida, da Nação brasileira.

A primeira lição clara e inequívoca é que o real inimigo é o terrorismo com seu alcance global, seu desrespeito à vida humana, sua capacidade de dano. O terrorismo deve ser condenado com veemência inequívoca. Quem pode, em sã consciência, justificar ou — mais grave! —, deixar de condenar o terrorismo? É a

670 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel pergunta que todos fazem, seja de que matiz ideológica for, desde que em plena noção dos seus compromissos com a humanidade, a quem quer que porventura manifeste essa dúvida cruel. O terrorismo é uma ameaça global e configura a clara questão da segurança, da liberdade e do direito à vida.

É natural, portanto, que o Governo brasileiro tenha decidido, nesse contexto, recorrer a um instrumento multilateral, que está voltado precisamente para a segurança continental. A decisão do Governo, que represento nas duas Casas do

Congresso Nacional, de invocar o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca,

— o TIAR, contou com amplo respaldo dos demais Estados-partes do Tratado.

O objetivo claro da invocação do TIAR é fazer frente às ameaças do terrorismo internacional. Precisamos ter presente que o Conselho de Segurança da

ONU, que deveria ser ampliado, possibilitando a participação do Brasil, da África do

Sul e de países que emergem como atores importantes neste novo cenário de disputa internacional, e a Assembléia Geral das Nações Unidas já condenaram os ataques de 11 de setembro. A legalidade na ação de represália, a meu ver, deve limitar-se aos autores dos atentados e aos Governos que os abrigam, claro que sem que se atinjam as populações civis, até porque, numa ditadura que oprime, os

“ditados” devem ser libertados por quem tenha instrumentos para ajudá-los. Essas pessoas já têm sido punidas demasiadamente em função de tantas agruras econômico-sociais por que já passaram, estão passando, e espero que, em futuro breve, deixem de passar.

No âmbito regional, Sr. Presidente, o TIAR é o marco jurídico adequado para discussão aberta e busca de linhas de ação comuns. Pode ser um tratado antigo, concluído em pleno início da Guerra Fria, mas é o único instrumento jurídico de

671 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel segurança coletiva a nosso dispor. Quero lembrar — e é bom que fique claro — que o TIAR não menciona apenas a possibilidade de ataques de um Estado a outro, mas também prevê qualquer tipo de ameaça à paz e à segurança do continente americano. Sem sombra de dúvidas, é o mecanismo de solidariedade continental previsto para o caso.

É preciso deixar um aspecto bastante evidenciado. Essas linhas de ação não se traduzem em uma guerra imposta por um tratado. O texto do TIAR determina que nenhum Estado será obrigado a usar suas forças armadas.

O Governo brasileiro, por exemplo, não cogita ter nenhum envolvimento militar nesse conflito, embora esteja de corpo e alma engajado em dar todo o apoio de que necessitem e que esteja ao nosso alcance, no sentido de combater esta chaga, esta nova ameaça, como bem denomina o Itamaraty, que é o terrorismo. É algo sem rosto, cruel, sem objetivo político, que começa pelo desrespeito à própria vida de quem pratica esses atentados, a um tempo, assassinos e suicidas.

Há, além disso, ampla gama de medidas, como, por exemplo, o combate à lavagem de dinheiro, entre tantas outras que podem ser tomadas. A iniciativa de invocação do TIAR foi diplomática e não militar. É uma iniciativa visando à paz e não a fazer proliferar a idéia do conflito beligerante.

O compromisso de Governo, portanto, está em cada um de nossos países, de acordo com a capacidade e os meios de que dispõem para encontrar a melhor maneira de contribuir para o esforço comum na luta contra o terrorismo, seus responsáveis e aqueles que os abrigam e patrocinam — esses, sim, preparando-se as populações civis —, por tudo que representam na ação principal ou na ação

672 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel coadjuvante desse crime que enlameia o momento que vai sendo vivido pela humanidade.

Nossa solidariedade, então, é motivada pela adesão a valores fundamentais.

Na base do sistema interamericano estão a democracia, o respeito à diversidade, o repúdio ao racismo e à intolerância.

Na base de nossa própria sociedade estão cada vez mais bem firmados e mais oficializados, por todos nós, de Oposição e de Governo, indiferentemente ao posicionamento ideológico de qualquer manifestante democrático, cada vez mais enraizados em nossos próprios corações, esses valores ligados à defesa do ser humano e da liberdade.

Ao livrarmos nosso continente da ameaça do terrorismo, estamos dando passo decisivo para reforçar nossa tradição de paz e solidariedade.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, faço este pronunciamento com o desejo de explicitar, em primeiro lugar, a posição oficial do Governo brasileiro. E, em segundo lugar, nesta hora em que vemos uma página de investigação, presenciada pela Nação e, muito de perto, pelo Senado Federal, sendo virada. Então, o Governo agora sugere às Oposições que aqui troquemos a agenda da mera denúncia — sem prejuízo do que deva ser investigado até o fim, com punidos sendo apontados e com a coragem democrática de se absolver inocentes —, para, em outra ocasião, discutirmos a política social e econômica do Governo, para, enfim, abordarmos temas substantivos que expressem nossa preocupação responsável com o presente e com o futuro dos nossos filhos e netos.

O Sr. José Genoíno – Deputado Arthur Virgílio, V.Exa. me concede um aparte?

673 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO – Neste momento, concedo, com muito prazer, o aparte ao nobre Deputado, ao nobre Líder José Genoíno.

O Sr. José Genoíno – Deputado Arthur Virgílio, em primeiro lugar, quero parabenizar V.Exa. por sua iniciativa de, em nome do Governo, assumir a tribuna para falar de assunto da maior importância. Em segundo lugar, concordo com a preliminar do discurso de V.Exa. que ressaltou os valores que nos motivam a combater o terrorismo, que deve ser enfrentado com base no Direito Internacional, tanto em relação às provas, às prisões, como em relação àqueles que dão sustentação a ele, e não com a história da guerra total e da justiça infinita. Eu gostaria de fazer três observações rápidas ao Líder do Governo. Primeira, em relação ao debate sobre a invocação do TIAR, um tratado inadequado, na minha avaliação, para enfrentar os novos desafios da segurança coletiva no nosso hemisfério. Vem da época da Guerra Fria, de uma situação em que o Brasil trabalhava sob o guarda-chuva da bipolaridade, particularmente com os Estados

Unidos. Inclusive, o Presidente do México já havia feito posicionamento público em relação ao TIAR. Acho que não é o melhor instrumento. A segunda observação crítica é sobre a instalação do escritório de inteligência dos Estados Unidos em São

Paulo. Isso deveria ter sido precedido por um acordo bilateral entre os dois

Governos e ser aprovado pelo Congresso Nacional. Na minha avaliação, era possível resolver o problema da troca de informações por meio de convênios, acordos entre o serviço secreto brasileiro e o serviço secreto norte-americano.

Portanto, quero expressar minha discordância pela instalação do escritório de inteligência norte-americano em São Paulo. E, por último, Deputado Arthur Virgílio, e este é o problema mais crítico, há um pronunciamento hoje do Presidente da

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República, depois dos atentados, sobre a importância de se regulamentar leis sobre abate de aeronaves. Relatei essa lei em nome da Comissão de Defesa Nacional.

Então, ela foi votada pelo Congresso Nacional em 1997. Foi aprovada por consenso e promulgada no início de 1998. Estamos há três anos e meio esperando que o

Executivo a regulamente, e somente hoje o Presidente da República fala sobre o assunto, inclusive, dando a entender que o problema está no Congresso Nacional. O problema é do Executivo. Sei, Deputado Arthur Virgílio, que existem dois memorandos no Itamaraty da então Chefe da diplomacia norte-americana Madeleine

Albright contra a regulamentação da lei — a Sra. Madeleine é contra a lei, já que o abate a aeronaves não é só para aquelas que transportem drogas. Discordo da postura do Presidente da República quando fala desse assunto hoje, como se

S.Exa. não tivesse nada com isso. Essa lei está há três anos e meio sobre a mesa do Presidente da República para ser regulamentada. Espero que S.Exa. o faça, já que não devia ter esperado todo esse tempo. Elogio a atitude de V.Exa. neste pronunciamento, mas essas são as três observações críticas que faço. Quanto aos fundamentos do seu discurso, quero expressar minha concordância em relação ao combate ao terrorismo com base nos valores da civilização, da tolerância e da pluralidade de civilizações que compõem a humanidade.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO - Antes de conceder aparte ao Deputado Aldo

Rebelo, agradeço ao Deputado José Genoíno as duas partes de sua contribuição: a que concorda com meu discurso e a parte em que dele discorda, até porque me propicia, tentando ser dialético, procurar tocar adiante um belo momento de debate.

Em relação à concordância, nada a dizer. Quero apenas registar que não esperava nada diferente do democrata que V.Exa. sempre foi.

675 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Quanto à instalação de base do serviço secreto americano em São Paulo, de maneira bem sucinta, confesso-lhe que não só imaginava como desejava que esse assunto viesse à tona, até para explicar à Nação que se trata de um acordo de cooperação para o combate à lavagem de dinheiro. E são apenas três funcionários.

Em contrapartida a isso, funcionários vinculados à Receita Federal estão atuando numa espécie de adidância econômica na Embaixada brasileira em Washington.

Com relação a Alcântara, alguns pontos precisam ser esclarecidos, e sinto que já estamos começando a conseguir virar a página de um momento negro da história deste Parlamento para entrar na discussão substantiva dos assuntos que verdadeiramente interessam ao País. Este é o objetivo do Governo, que aqui represento.

O Sr. José Genoíno – Deputado Arthur Virgílio, minha pergunta não foi sobre a base de Alcântara, e sim sobre a regulamentação do abate de aeronaves.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO – Desculpe, Deputado José Genoíno, é que são muitos os assuntos importantes.

O Sr. José Genoíno – É claro que a base de Alcântara tem relação com o tema. Se V.Exa. falar sobre ela vai ser interessante.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO – Eu falarei. Não sei se o nobre Deputado Aldo

Rebelo tem a intenção de abordar esse assunto em seu aparte.

Mas o Presidente da República o que está fazendo? Ora, tudo aquilo que está ao alcance da ação militar defensiva brasileira e ao alcance da nossa ação diplomática. O Brasil quer ser ator relevante e, por isso, inclusive, pleiteia virar membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. O Brasil pretende dar uma clara demonstração de que não vai compactuar com nada que cheire a

676 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel terrorismo, lavagem de dinheiro ou tráfico de drogas. Foi para enfrentar essas chagas que acabam, da mesma maneira, fazendo mal à humanidade que S.Exa. se reportou à Nação. Com ele me ponho de acordo, embora respeite muito a posição discordante de V.Exa.

Sobre Alcântara — perdoe-me o momento de distração — falarei antes do fim deste pronunciamento.

Com imensa honra e alegria, concedo aparte ao Deputado Aldo Rebelo.

O Sr. Aldo Rebelo – Deputado Arthur Virgílio, desejo cumprimentá-lo não apenas pela oportunidade do pronunciamento desta tarde, mas também pelo discurso proferido por V.Exa. no calor dos acontecimentos de 11 de setembro.

Quero lembrar uma passagem do Sermão do Bom Ladrão. Diz o Pe. Antônio Vieira que certa vez, ao atravessar o Mar da Eritréia, o então Rei da Macedônia, Alexandre o Grande, deparou-se com um pequeno barqueiro que praticava a pirataria, assaltando pescadores naquele mar. Admoestado por Alexandre pela prática de maus costumes, assim respondeu o barqueiro acusado de pirataria: “Pois é, V.Exa.

é rei. Eu pratico a pirataria com um pequeno barco, V.Exa. pratica a pirataria com grandes esquadras. Eu sou um pirata, V.Exa. é um estadista”. Esse diálogo nos remete, Deputado Arthur Virgílio, a uma meditação sobre o conceito de terrorismo. O terrorismo contra o qual devem se prevenir os povos e as nações é apenas o resultante da ação desesperada de grupos ou indivíduos ou é também o terrorismo de Estado? Qual é a diferença entre os civis mortos nas torres de Nova Iorque — lamentamos a morte daqueles trabalhadores, das secretárias, dos ascensoristas, dos office-boys — e os milhares de civis que sucumbiram nos bombardeios sobre

Bagdá e Belgrado, Capital da Iugoslávia, onde hospitais, escolas e até mesmo a

677 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Embaixada da China, que não era alvo, foram atingidos? Qualquer medida preventiva deve ser antecedida de um debate nesta Casa e no Governo sobre o conceito de terrorismo no dias de hoje, para que possamos combatê-lo não a serviço do interesse de um ou de outro, mas a serviço do interesse da humanidade.

Parabéns a V.Exa., Deputado Arthur Virgílio.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO – Agradeço ao Deputado Aldo Rebelo o aparte.

Mantenho os termos que usei no calor dos acontecimentos do 11 de setembro. A remoção das causas do terrorismo está também na transferência de renda de nações muito ricas para nações muito pobres. Não me reporto ao Brasil, à

Argentina ou ao México, que não precisam disso, mas — e não me refiro a esmolas

— à transferência de riqueza de nações muito ricas para nações até aqui inviáveis, como muitas do Oriente Médio. Devem ser estimulados os movimentos democráticos nos países que adotam o fundamentalismo religioso, que, muitas vezes, recruta adeptos na miséria. Há, sim, necessidade de os Estados Unidos fazerem a reavaliação de certos pontos de sua política externa. No entanto, diante do fato que está posto, é preciso agir com rapidez e energia. Todos estamos sendo ameaçados. Mesmo que a ameaça seja ainda invisível, sem cara, sem corpo, sem cor, temos de agir com a máxima dureza. A nova ordem internacional precisa começar a ser escrita pela opinião democrática de todos que verdadeiramente acreditem na paz.

Sempre manifestarei minha solidariedade aos mutilados pelas agonias da crise no Oriente Médio, àqueles que tiveram a mãe morta, o pai ferido, o irmão desalentado, aos que deixaram o ódio tomar conta de si próprios. Mas, neste momento, quando percebemos que existe um forte sentimento antiamericano,

678 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel proponho que as pessoas mantenham suas queixas, mas não deixem de considerar seres humanos também aqueles cidadãos, de todas as nacionalidades, que foram imolados no atentado covarde e bárbaro do dia 11 de setembro.

De certa forma, quando expomos nossa opinião, estamos firmando um compromisso com a luta pela paz, e a luta pela paz passa, neste momento emergencial, pelo combate ao terrorismo.

Concedo aparte ao nobre Deputado Osmar Terra.

O Sr. Osmar Terra – Deputado Arthur Virgílio, faço meus os cumprimentos a

V.Exa. pela escolha do tema. Acredito que este seja o assunto mais importante a ser discutido neste Parlamento. O que aconteceu nos Estados Unidos muda a regra do jogo, e essa mudança vai ser para muito pior ou poderá ser amenizada de acordo com a forma como tratarmos politicamente a questão em todo o mundo. Todas as formas de terrorismo são condenáveis, porque o terrorismo é cego, é burro, não consegue, com sua barbárie, transformar a realidade. Pelo contrário, aquela realidade que pretensamente desejava transformar fortalece quem ele pretendia derrotar. Hoje assisti pela televisão ao Presidente Vladimir Putin sentado com a

OTAN, com os Estados Unidos. Quem imaginaria isso antes do atentado ao World

Trade Center? Quem acreditaria numa cooperação como essa, nunca feita antes, com fins militares, envolvendo os serviços de espionagem de alguns Estados russos e de alguns Estados da antiga União Soviética? Os atentados levam-nos a pensar que o que ocorreu nos Estados Unidos, o centro do poder, o centro de um sistema de segurança “perfeito” — entre aspas —, pode acontecer em qualquer país a qualquer momento. Isso gera medo e pânico e justifica ações de espionagem, militarização, concentração de poder e diminuição das liberdades em todo o mundo,

679 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel fora esse maremoto econômico que já está varrendo o mundo e nos atinge de várias maneiras. Sempre cito o exemplo do Vietnã, que impôs a maior derrota militar aos

Estados Unidos sem nunca ter matado um civil americano, sem nunca ter usado uma bomba ou cometido um atentado terrorista contra aquela nação. Ele não precisou disso. Atacou objetivos militares e, com o apoio da sua população, venceu o gigante americano. A forma escolhida agora foi a pior possível. Ganha força todo o complexo industrial militar dos Estados Unidos e se fortalece uma economia que tende a ser desfavorável a países emergentes como o Brasil. O Presidente

Fernando Henrique Cardoso convoca as Lideranças de todos os partidos a cerrar fileiras e a discutir medidas importantes, que precisam do apoio da Nação inteira.

Não nos podemos perder em discussões secundárias. Precisamos nos ater a medidas que visem prevenir um mal maior para o Brasil, tanto nas questões da liberdade quanto nas questões econômicas. Essas atitudes são extremamente importantes. É louvável a serenidade com que o Presidente enfrenta a questão e declara que o Brasil não enviará tropas para combater no Afeganistão ou no teatro de guerra e que de alguma forma o terrorismo deve ser contido no mundo e prevenido no Brasil. Portanto, Deputado Arthur Virgílio, considero muito importante seu pronunciamento, com o qual concordo. Aproveito para manifestar minha preocupação com o nível e a qualidade do debate que deve ser feito a partir de agora, principalmente nesta Casa.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO – Deputado Osmar Terra, é inestimável sua contribuição ao meu pronunciamento. Na verdade, poucos comentários teria a fazer, até porque temos absoluta irmandade de pensamento nesta matéria.

680 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Sr. Presidente, gostaria de ouvir os Deputados Paulo Delgado, Miro Teixeira e

Luciano Bivar. Em seguida, responderei a todos, encerrando meu pronunciamento e agradecendo a proverbial boa vontade que V.Exa. tem com os grande temas e com este modesto orador.

Ouço, com prazer, o Deputado Paulo Delgado.

O Sr. Paulo Delgado – Deputado Arthur Virgílio, gostaria simplesmente de inscrever minha opinião em seu discurso. V.Exa. demonstra grandeza e ampla visão da questão devido à sua natureza de político e diplomata de nosso País. O terrorismo é a quinta-essência do individualismo possessivo. O que mais assusta a nação americana e seus seguidores em todo o mundo, inclusive muitos brasileiros, segundo opiniões divulgadas, é o fato de se imaginar que não interferir na liberdade individual é elemento do progresso dos Estados Unidos. Na verdade, é estabelecido que o Estado-nação não tem direito de propor obediência voluntária do cidadão à autoridade do Estado. Pedir documento a um cidadão que circula nos Estados

Unidos tornou-se tarefa do Direito americano. Tudo o que o advogado americano quer é que o Estado interpele um cidadão americano. Assim, poderá entrar com ação de indenização contra o Estado. O individualismo americano acha que o

Estado não tem o direito de fiscalizar o cidadão. O terrorista percebe essa fragilidade da nação americana — não sua grandeza, porque não é isso que pregavam Lincoln,

Jefferson e Thomas Paine, os grandes democratas americanos do final do século passado. O direito individual não permite que haja constrangimento ao cidadão. O direito coletivo é sufocado pelo individual. O terrorista seqüestra um equipamento americano. A lei americana não permite hostilidade da defesa contra equipamento nacional. Talvez, se o avião fosse da VARIG, da Alitalia, da Air France, não tivesse

681 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel havido a tragédia. Mas o equipamento era americano, da United Airlines e da

American Airlines. O terrorista vale-se do supra-sumo do direito individual para feri- lo com canivete, num país que está pensando em escudo antimíssil. Temos de rediscutir se o Estado pode ou não interpelar o cidadão com plenos direitos. O

Deputado Miro Teixeira, com sua larga experiência, em conversa na semana passada, ensinou-me a expressão correta: o uso arbitrário das próprias razões é legítima defesa indevida. Deputado Arthur Virgílio, os Estados Unidos estão presentes em tudo de positivo ou de negativo que aconteceu no mundo no século passado. Por si só, a nação merece respeito. Mas a autoridade americana precisa reconhecer que é preciso fortalecer o Estado. O Estado-nação deve deter os direitos individuais quando estes ferirem a liberdade coletiva, porque a maioria do povo precisa ser protegida. Espero que o episódio fortaleça as agências multilaterais. As

Nações Unidas têm de ser fortalecidas, porque os Estados Unidos abriram mão da jurisdição nacional na investigação do atentado, quando o considerou questão internacional. Assim sendo, só a ONU pode ajudar na investigação. Deputado

Arthur Virgílio, agradeço a V.Exa. a possibilidade de aparteá-lo.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO – Deputado Paulo Delgado, agradeço a V.Exa. o extraordinário aparte. De fato, é preciso fortalecer a diplomacia parlamentar, a diplomacia multilateral, assim como é preciso entender e limitar este momento de certo constrangimento às liberdades individuais, para se derrotar o terrorismo, que é o maior inimigo da democracia, erigida com tanta força pelos Estados Unidos e que, em nossas fronteiras, queremos consolidar à maneira brasileira, de acordo com nossas ambições e possibilidades.

Ouço, com prazer, o nobre Deputado Miro Teixeira.

682 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O Sr. Miro Teixeira – Deputado Arthur Virgílio, o terror não é explicável. Não há concentração de renda ou regime político que o justifique. Muitos anos atrás, li um livro baseado em fato real ocorrido nos Estados Unidos: o julgamento de agentes brancos por estupro de menina negra. No tribunal, em Estado do sul, àquela época racista , o advogado descreveu o crime para os jurados brancos. Depois de relatar a barbárie do ato, de afirmar que era inadmissível o estupro daquela menina negra, que morrera em função dos ferimentos recebidos, o advogado disse ao corpo de jurados: “Imaginem que a menina era branca e julguem”. Se o ato de terrorismo ocorrido nos Estados Unidos fosse transportado ao Brasil, nós, brasileiros, não aceitaríamos qualquer espécie de explicação e buscaríamos controlar nossos sentimentos. O impulso seria de vingança, mais do que de justiça. O atentado terrorista não foi exclusivamente contra o povo americano, o que já seria gravíssimo, mas contra a humanidade. Os países envolvidos no ato, embora aparentemente pareçam destituídos de apetrechos sociais, são produtores de petróleo e possuem grande concentração de riqueza. O autor intelectual presumido do atentado é de família que acumula enorme riqueza, conquistada em obras realizadas no Oriente.

Em termos práticos, está na hora de nos prevenirmos. Com palavras não será possível fazê-lo. Palavras, bastariam as de V.Exa., elevadas, em momento tão complexo, e perfeitas, no objetivo. Não seria preciso fazer apartes, a não ser para cumprimentá-lo. Objetivamente, V.Exa vem à tribuna pedir a realização de agenda comum. No âmbito interno, não vejo possibilidade, porque a visão do Governo aproxima-se do neoliberalismo — para não polemizar, uso a expressão aproxima-se.

O Governo não fez reforma, mas contra-reformas, por mais que sustente o contrário.

Todavia, no âmbito externo, não sei se temos tamanho para tanto. Talvez do

683 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Parlamento brasileiro possa surgir a iniciativa para o Ministério das Relações

Exteriores presidir no Brasil uma tentativa de tratado internacional, consolidando algumas normas sobre a territorialidade da lei. Algumas normas que já existem poderiam ser consolidadas e outras inovações poderiam ser discutidas. Isso nos remeteria ao foco principal da questão, o multilateralismo das decisões, porque, com toda a solidariedade — e meu partido já a prestou aos Estados Unidos da América, ao seu povo, as vítimas do atentado —, não podemos ficar à mercê de soluções unilaterais. É preciso que as soluções sejam multilaterais, que a Organização das

Nações Unidas seja revigorada diretamente, através da sua Assembléia Geral e do seu Conselho de Segurança. Agora, a existência de um tratado internacional objetivo promovido pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil — e V.Exa. poderá interferir para que haja essa iniciativa — é que nos colocará no caminho da solução legal no plano do Direito Internacional Público. Fora isso, vamos ficar ao sabor das alianças militares, dos interesses políticos, pura e simplesmente a observar a possibilidade até de novos atentados. Tem de ser uma cruzada diferente daquela que houve no passado. Não é a cruzada com aquele sentido. É a cruzada de todos os democratas do mundo, de todos aqueles que prezam a liberdade, a vida humana, o meio ambiente, o direito de ir e vir, a autodeterminação dos povos e o multilateralismo. E V.Exa., como Líder do Governo no Congresso, poderá ter essa iniciativa junto ao Ministério das Relações Exteriores. Aí, sim, a Oposição também colaborará. Parabéns a V.Exa.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO – Deputado Miro Teixeira, o Sr. Presidente da

República tomou como primeira iniciativa uma reunião em que V.Exa. teve participação brilhante no Palácio do Planalto justamente para procurar na questão

684 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel externa, já que na interna é até desejável que não se uniformizem as posições, uniformizar a posição em relação a essa ameaça.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Nobre Deputado, seu tempo está esgotado.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO - Sr. Presidente, peço a V.Exa. que me permita conceder aparte aos Deputados Fernando Gabeira e Luciano Bivar. Apenas quero terminar de responder ao Deputado Miro Teixeira. O tema é tão importante, tão relevante, que tenho a impressão de que valeria a pena investirmos um pouco mais de tempo nele.

Deputado Miro Teixeira, entendo que o Brasil fez reformas e não contra- reformas. Se nossa situação não é mais confortável é precisamente porque não se fez mais reforma estrutural.

Entendo também que, em vez de ser próximo do neoliberalismo, meu

Governo pretende modernizar a socialdemocracia.

Digo a V.Exa. que, já que não posso tê-lo como correligionário, tenho enorme orgulho de tê-lo como adversário pela lealdade e compreensão de País, pelo talento e por tudo que V.Exa., ao lado de pessoas como o Deputado Fernando Gabeira e o

Deputado Paulo Delgado, aqui demonstra do ponto de vista do espírito público e do amor ao Brasil.

Muito obrigado pelo aparte.

Ouço o Deputado Luciano Bivar.

O Sr. Luciano Bivar – Nobre Deputado Arthur Virgílio, cumprimento V.Exa. pelo pronunciamento que faz neste momento. Como brasileiro, sinto-me satisfeito ao ver a posição que adotou o Brasil com relação ao episódio do dia 11 de setembro

685 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel nos Estados Unidos. Tenho naquele país cerca de 800 mil compatriotas. É preciso pensarmos nos que moram lá. Como disse o Deputado Miro Teixeira, aquele ato terrorista não tem nenhum embasamento social, ideológico ou de qualquer outra natureza. Devemos nos manter firmes nesse pensamento. Devemos nos aliar por meio de um diploma de direito público, como disse o Deputado Miro Teixeira, para continuarmos juntos na luta contra o terrorismo. O momento é oportuno para que o

Brasil expresse categoricamente que abomina o terrorismo. Fico muito receoso quando percebo certo lirismo, quando se afirma que vem à frente uma nova ordem social. Não é um fato isolado como este que nos trará uma nova ordem social!

Aquele foi um ato covarde, bárbaro, sem precedentes na história. Efetivamente, não podemos confundir o ato de uma minoria com o de uma nação, um Estado. É preciso expressar de maneira firme nossa solidariedade não apenas aos americanos, mas principalmente à humanidade. Lembro-me do poeta russo

Evtusenko. Ele disse que as pessoas boas se dispersam, enquanto os homens maus se juntam. Por isso, abre-se um espaço para o sofrimento humano. Não devemos permitir isso. Para finalizar meu aparte, quero fazer uma sugestão a

V.Exa., que está no Palácio do Planalto, que é Líder do Governo. Por que migra tanto real transformado em dólar para a Europa? Porque nossa moeda cada dia mais está apodrecida. É preciso proteger nossa moeda, a exemplo de outras nações em que um cidadão comum — não é um banqueiro ou um segurador — pode comprar títulos cambiais e defender seu patrimônio. Minha esposa é bibliotecária, não entende nada de economia, mas me obrigou a abrir legalmente uma conta no nome dela nos Estados Unidos para garantir uma poupança que fez, porque não acredita no real. Temos de ter certeza de que esse dinheiro ficará no Brasil. Não é

686 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel que as pessoas mandem para fora dinheiro ilegal, fruto de corrupção. É dinheiro de poupança em real. Mandam-no para o exterior, como, por exemplo, para países como a Suíça. O franco suíço hoje teve uma supervalorização, porque todos procuram defender seu patrimônio, sua economia. Portanto, é preciso que V.Exa. e nossa equipe econômica dêem um basta à evasão de dinheiro legal para o exterior para garantirmos nossa poupança. Era o que gostaria de transmitir a V.Exa. nesta oportunidade, parabenizando o Governo pela posição adotada nesse episódio do terrorismo.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO – Agradeço a V.Exa. o aparte.

O esforço contra a crise é muito grande. Nada contra o trâmite do dinheiro legal. Caminhamos na direção de conter a evasão do dinheiro ilegal. Essa é a nossa preocupação, em nome do bom senso e do realismo.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Solicito ao orador que conclua em função do Regimento e dos diversos Parlamentares inscritos para falar.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO – Sr. Presidente, vou conceder aparte aos três

Deputados solicitantes e responderei aos três de uma só vez. O tema motiva o Brasil a se unir para que a paz mundial tenha a atuação de ator principal e não de coadjuvante.

O Sr. Fernando Gabeira – Deputado Arthur Virgílio, tenho muito prazer em fazer este aparte, como tenho tido também em todas as suas intervenções em nome do Governo. Hoje estamos tratando de um tema muito especial, que envolve toda a humanidade. No comportamento do Governo há alguns elementos que são passíveis de crítica. O Governo realmente chamou os Líderes ao Palácio do Planalto para comunicar a grande crise mundial que se instalou, provocada pelo atentado

687 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel terrorista nos Estados Unidos. Depois do momento inicial, o Governo não procurou a

Oposição para desenvolver outras medidas ao longo do tempo. Certamente, algumas delas foram mencionadas aqui, como a evocação do Tratado do Rio de

Janeiro. Não fomos consultados para dizer se a medida era boa ou má, se era bom ou mau desenterrar um tratado de 1947, uma peça da Guerra Fria. Também não fomos consultados sobre a instalação do escritório do serviço secreto em São Paulo.

Constitucionalmente, o Congresso teria de ser consultado, mas, ainda que não o fosse, o Governo teria de nos dizer que tomou essa atitude por tempo limitado. É claro que a democracia implica alternância de poder. O Governo, ao atrair para São

Paulo escritório do serviço secreto americano, teria de delimitar o tempo, sob pena de causar grande constrangimento aos futuros governos. O terceiro aspecto de grandes dimensões é a presença do porta-aviões Nimitz no Rio de Janeiro. Trata-se de porta-aviões com numerosos problemas, haja vista a ocorrência de dois acidentes. Tenho todos os dados. O art. 21, inciso XXIII, alínea “a”, da Constituição

Federal diz claramente: “toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional”. Esse navio tem dezoito reatores nucleares. Por tudo isso, seria mais do que razoável que o Congresso Nacional fosse comunicado do fato, uma vez que a própria

Constituição prevê tal situação. Admito que não há nenhuma ligação entre a presença dessa embarcação e a crise mundial, mas a relação com o Congresso tem de ser mantida. Ressalto, ainda, a timidez do Governo brasileiro, que, de pronto, transmitiu solidariedade ao Governo e ao povo americano em relação ao Oriente

Médio. Será que temos de esperar o Presidente Bush dizer que os palestinos têm direito a um Estado, quando esta é a posição brasileira? Agora, estamos autorizados

688 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel a reafirmar nossa posição de que os palestinos têm direito a um Estado. Da mesma maneira, tem de tomar muito cuidado o Governo quando afirma apoiar a coalizão de combate ao terrorismo. O Presidente do Equador foi bastante sensato ao dizer que quer ação militar que poupe vidas civis. Por outro lado, temos de prestar atenção às manobras e aos acordos políticos norte-americanos. Eles estão agora — vimos na

CNN — chamando a Aliança do Norte, no Afeganistão, de freedom fighters, isto é, lutadores da liberdade, quando todos sabemos, mediante dados já divulgados mundialmente, que se trata de estupradores, de um bando de criminosos que ocupa parte daquele país. Já atuaram em Cabul. Isso tudo não é dito por mim, mas pelo jornal Independent, de Londres. O Governo tem de ser cauteloso no tocante a seu apoio: deve apoiar os Estados Unidos, mas se distanciar de certos acordos, visto que eles já apoiaram Saddam Hussein, Bin Laden e agora podem cair em situação semelhante. Aconselho o Governo a discutir mais. Aquela reunião no Palácio do

Planalto foi puramente formal. Falou-se um pouco, depois separaram-se as partes, o

Governo tomou uma série de medidas que deveriam ser discutidas no Congresso

Nacional e nunca mais fomos consultados. Deputado Arthur Virgílio, a presença de

V.Exa. aqui é garantia de que esse entendimento pode ser reatado e as consultas ao Parlamento, reativadas. Muito obrigado.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO – Na minha intervenção final, responderei a V.Exa.

Agradeço-lhe o aparte.

Ouço o Deputado Dr. Hélio.

O Sr. Dr. Hélio – Deputado Arthur Virgílio, quero rapidamente registrar minha conformidade com tudo o que V.Exa. disse e parabenizá-lo pelo papel que exerceu.

689 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

V.Exa. preencheu hiato nesta Casa no day after ao 11 de setembro. Esta Casa se fechou, quando deveria estar, como outros Parlamentos do mundo inteiro, em constante vigília, por se tratar de acontecimento que marcou a história deste novo século. V.Exa. iniciou debate que deveria ser permanente. São inúmeros os assuntos, muito bem abordados por outros Deputados, que merecem continuidade.

O pior de todos esses desdobramentos é a guerra que está sendo vislumbrada. Esta

Casa tem de estar em permanente estado de alerta e debater o assunto incansavelmente. Nós, Parlamentares, precisamos ser parte integrante na discussão dos destinos da Nação, uma vez que somos representantes do povo brasileiro.

Gostaria de parabenizar V.Exa. e de dizer que concordo com seu posicionamento como representante do Governo brasileiro.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO – Sr. Presidente, há ainda tempo para conceder apartes? (Pausa.)

Concedo os últimos apartes ao Deputado Gerson Gabrielli, da Bahia, e depois ao nobre Líder Alexandre Cardoso.

O Sr. Gerson Gabrielli – Quero congratular-me com V.Exa. por abordar tema tão atual e oportuno. Os canais diretos estão agora descobrindo o Paquistão e os países islâmicos. Ainda ontem, a TV Record noticiou muito bem o assunto. TV

Mundo e outros canais também estão descobrindo os países onde predomina o islamismo, cuja população miserável não dispõe sequer de água ou de médicos; países em que as pessoas brigam e se matam por um pedaço de terra. Trata-se de guerra de civilizações. Mas, caro Arthur, provocando V.Exa. em sua acuidade mental, o mundo e o Brasil deveriam tirar lições do lamentável episódio nos Estados

Unidos. Quantos brasileiros morrem diariamente em virtude da equivocada política

690 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel econômica, política que se distancia do projeto de Deus? O projeto de Deus somos nós, pessoas, e não a moeda. O compromisso do Governo brasileiro tem de ser com nosso povo. Os Estados Unidos, a fim de manter ativa sua indústria bélica, estimularam guerras em vários países ao longo de muitos anos. Cito o exemplo da guerra para reconquistar espaços da antiga União Soviética, em que os Estados

Unidos estimularam o terrorismo com o objetivo de derrubar os talibãs no

Afeganistão. Essa cultura da moeda, essa cultura da guerra gera crueldade, maldade, revolta e o lamentável episódio ocorrido nos Estados Unidos. Apelo a

V.Exa. para que, ao longo da história deste Parlamento, não usemos esse fato como exemplo, e, sim, como lição. Mais de 6 mil pessoas morrem no Brasil diariamente porque a política econômica não tem sido prioridade de Deus.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO - Ouço, com prazer, o Líder Alexandre Cardoso.

O Sr. Alexandre Cardoso - Deputado Arthur Virgílio, todos nesta Casa que acompanhamos o desenvolvimento americano temos conhecimento da crise por que passava a indústria bélica daquele país, principalmente nos últimos dez anos. O partido do Presidente Bush tinha o compromisso de reativar essa indústria. Não defendo nenhum ato que tenha a morte como o “dia seguinte”. Não podemos defender tal prática. O País precisa promover debate suprapartidário sobre algumas ações do Governo. Ouvi o Deputado Fernando Gabeira falar sobre a instalação do escritório da CIA em São Paulo. Isso é inadmissível. Por que se instalar escritório de uma central de inteligência de um país em outro país? É também inadmissível não se analisar a questão do ponto de vista da cidadania. Um porta-aviões, para se deslocar durante um dia, gasta 5 milhões de dólares. Então, se três porta-aviões parassem durante doze dias, seria possível acabar com a fome no Afeganistão por

691 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel um ano. Apenas metade da frota que serve esses porta-aviões seria suficiente para sanear todo o Afeganistão, 6 bilhões e meio, nos níveis da França. Duvido que esse povo não tivesse sentimento de aproximação e de paz. O Presidente da República tem de promover amplo debate e tomar medida que não seja a mesma adotada pelos Estados Unidos quando se utilizaram de determinadas estruturas para combater a antiga União Soviética, e hoje estão combatendo essas estruturas.

Temos de pensar mais alto. É fundamental que V.Exa., Líder do Governo, amplie esse debate na Casa. Seria da maior importância a convocação de todos os Líderes

— o Líder do nosso Bloco, Deputado Eduardo Campos, o Líder do Senado, Senador

Ademir Andrade — na próxima semana para debater o assunto e, aí sim, termos firmada posição do Congresso brasileiro. Temo que, neste momento, as coisas não estejam, pelo menos no meu entendimento, onde deveriam estar. Só queria registrar minha posição.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO – Sr. Deputado Alexandre Cardoso, começo respondendo a V.Exa. e, de maneira telegráfica, farei o mesmo relativamente a cada um dos nobres aparteantes.

Registro, com alegria, que todos somos contra a manifestação do terror e a favor da transferência de renda de nações riquíssimas para nações paupérrimas.

Quanto a isso, não há nenhuma discordância, pelo que remarquei.

Sobre a questão do serviço secreto americano, já expliquei as razões do

Governo ao Deputado José Genoíno. É um escritório com apenas três pessoas, que visa enfrentar a lavagem de dinheiro, montado nos mesmos moldes de um departamento da Receita Federal na Embaixada de Washington.

692 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Deputado Gerson Gabrielli, tanto quanto seu partido, defendo a política econômica ora em curso. A idéia que temos é a de que se houvesse a desorganização econômica de antes teríamos muito mais injustiças e aprofundamento das desigualdades. Mas, de qualquer maneira, agradeço a V.Exa. a clara manifestação contra o terrorismo.

Ao Dr. Hélio, com sua nobreza e seu espírito público, só tenho a dizer que incorporo suas palavras ao meu discurso como se elas tivessem sido escritas por mim.

Finalmente, digo ao Deputado Fernando Gabeira que o Governo tem, ao longo dos tempos, adotado posição firme com relação à causa palestina. E o

Presidente do Equador dispõe de liberdade — até pelo tamanho daquele país — diferente das responsabilidades que se impõem a uma nação do porte do Brasil. O porta-aviões americano está aqui em missão pacífica. Quanto às medidas tomadas pelo Governo, legais, mas que porventura tenham passado ao largo do Congresso, explico-lhe que isso se deveu à necessidade de, longe de demostrar timidez, provar rapidez na participação na cena da crise. S.Exa. nos chama à autocrítica. Aquela reunião com os Líderes foi formal, como o momento exigia — a liturgia teria de ser completa e perfeita —, mas creio, sim, que outras reuniões deveriam ter-se seguido.

Assim, peço desculpas a V.Exa., Sr. Presidente, pela paciência que teve, e aos Deputados que ainda vão usar da palavra e em nome do Governo digo que devemos também desculpas à Oposição, porque teria sido melhor se tivéssemos mantido reuniões mais freqüentemente, seja entre as Lideranças parlamentares, seja entre estas e o próprio Governo. Neste momento dramático, todos os passos devem ser seguidos por todos, pois a responsabilidade é supragovernamental: ela

693 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel pertence à Nação brasileira. Evidentemente, o Governo faz parte dela, mas a oposição democrática, que nos combate nos limites estritos da lei, merece de nós toda a consideração e todo o respeito.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

Era o que tinha a dizer. (Muito bem. Palmas.)

Durante o discurso do Sr. Arthur Virgílio, o

Sr. Themístocles Sampaio, § 2º do art. 18 do

Regimento Interno, deixa a cadeira da presidência,

que é ocupada pelo Sr. Enio Bacci, 3º Suplente de

Secretário.

694 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. JAIME MARTINS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JAIME MARTINS (Bloco/PFL-MG. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho hoje a este plenário para fazer o registro de um evento da mais alta relevância, não apenas para Minas

Gerais, mas para todo o Brasil.

Inicia-se na próxima segunda-feira, dia 8, e estende-se até quinta-feira, dia

11, em Belo Horizonte, o 1º Congresso Internacional de Uso da Biomassa Plantada para a Produção de Metais e Geração de Eletricidade.

Esse é o primeiro grande fórum técnico e de oportunidades de negócios ligados ao uso de biomassa plantada, basicamente a madeira, para a produção de metais, a carbonização, a geração de eletricidade e a obtenção de produtos e materiais da química fina a partir dos derivados da carbonização. Ali se demonstrará a capacidade de auto-sustentação do uso de biomassa plantada na produção de materiais no Brasil e no mundo.

O momento atual dessa indústria e seus desafios serão discutidos e delineados por especialistas, cientistas, investidores externos, empresas internacionais compradoras de nossos metais, instituições governamentais e não-governamentais, centros de pesquisas nacionais e internacionais e outras entidades afins.

O evento, organizado pela Iron & Steel Society — ISS Brazil e pela

Universidade Federal de Minas Gerais — UFMG, tem o objetivo maior de divulgar mundialmente o potencial nacional, as tecnologias já desenvolvidas para o uso de

695 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel biomassa cultivada para produção de metais, químicos de óleos vegetais e geração de eletricidade.

A essas duas instituições uniram-se a Companhia Vale do Rio Doce, a

Companhia Energética de Minas Gerais — CEMIG e a Vallourec & Mannesmann

Tubes, patrocinadores oficiais do evento, que tem o apoio do Ministério do Meio

Ambiente, do Programa Nacional de Florestas, da Federação das Indústrias do

Estado de Minas Gerais — FIEMG, do Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de

Minas Gerais — SINDIFER, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e

Social — BNDES, da Plantar S/A, da Associação das Siderúrgicas de Carajás e do

Fundo Florestal Carajás, além da colaboração do Governo do Estado de Minas

Gerais, da Sociedade de Investigações Florestais, do Centro Mineiro para

Conservação da Natureza, da Sociedade Mineira de Engenheiros, do Instituto

Brasileiro de Siderurgia — IBS, da Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais

— ABM, da Universidade Federal de Ouro Preto — UFOP, da Universidade Federal de Viçosa — UFV e da Associação das Siderúrgicas para Fomento Florestal —

ASIFLOR.

Além de ser a rota tecnológica que menor impacto causa ao meio ambiente, se comparada às equivalentes que utilizam energia fóssil para produção de bens como o aço (usado em carros e talheres) e o silício do coletor solar e do microchip, esse processo também fornece metais com menores índices de impurezas contidas, sendo, por isso, preferidos pelas indústrias nacional e internacional.

Serão apresentadas soluções tecnológicas fundamentadas na energia renovável da biomassa, principalmente aquelas relacionadas à diminuição do caráter

696 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel poluente da atividade industrial de produção de metais e aquelas que possibilitem o aumento da geração de energia para atender a demanda de forma auto-sustentável.

A biomassa plantada, Sr. Presidente, é um eficaz vetor de distribuição de renda, sendo, por isso, um veículo de diminuição da poluição social, representada pela miséria em que vivem mais de 40 milhões de brasileiros. E essa distribuição de renda ocorre principalmente no campo, pelo reflorestamento.

A utilização da biomassa reduz a zero a emissão de CO no ciclo de produção de metais e cria um estoque dinâmico de carbono retirado da atmosfera e oxigênio retornado a ela. É também uma fonte de energia isenta de emissão de compostos sulfurosos formadores da chuva ácida. Nesses aspectos, é única no mundo para a produção de metais.

Estão programadas cinco sessões técnicas, para as quais foram selecionados cerca de oitenta trabalhos, sendo um terço de autores do exterior, abordando as aplicações da madeira e outras fontes de biomassa plantada, que exploram novas tecnologias sobre a capacidade de auto-sustentação. São elas: “Biomassa e

Mudanças Climáticas”, “Carbonização”, “Carboquímica Vegetal”, “Metalurgia do

Ferro Primário, Aços e Ferroligas” e “Termo e Co-Geração de Biomassa”.

Também serão discutidos os benefícios ambientais e sociais das indústrias de produtos florestais e metais, baseados em biomassa, e sua relação com a redução da chuva ácida, a camada de ozônio e o aquecimento global.

O Congresso será aberto a todo público com interesse no uso de biomassa cultivada para produção de metais e geração de eletricidade, bioóleos e química fina, que atuam nas áreas ambiental, florestal e metalúrgica.

697 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Para atender aos expositores, haverá um espaço destinado a empresas e demais interessados em apresentar os diferenciais de seus produtos e serviços, além de estimular a troca de tecnologias entre os países participantes. Haverá exposições de trabalhos, produtos e resultados obtidos, para garantir a melhoria e otimização tanto na produção de formação de florestas para produção de biomassa, quanto na qualidade dos resultados finais dos produtos obtidos.

Assinale-se que, atualmente, o Brasil é o centro mundial no uso de biomassa cultivada para a produção de metais e carvão vegetal. O País produz aproximadamente 800 mil toneladas de ferroligas (ligas metálicas para a produção de metais especiais), 6 milhões de toneladas de ferro primário (insumo para a produção de aços e peças fundidas) e 3,5 milhões de toneladas de aço. Minas

Gerais responde por 70% da produção do ferro primário e cerca de 95% do aço a base de biomassa.

O evento contará, ainda, com visitas técnicas à Vallourec & Mannesmann

Tubes, à Vallourec & Mannesmann Florestal, em Belo Horizonte; ao Centro de Apoio

à Pesquisa e Experimentação Florestal — CAPEF, Fazenda Itapoã, Município de

Paraopeba, Minas Gerais; à Fazenda Liberdade, da Cia. Siderúrgica de Pitangui, no

Distrito de Azurita, em Mateus Leme, também em Minas Gerais, onde os participantes conhecerão o processo DPC, ali desenvolvido. O DPC é inovador, não poluente e de alta eficiência para carbonização de lenha de metro. Por fim, visita à

Área de Plantio da Plantar S/A, no Município mineiro de Curvelo.

A Plantar é uma empresa especializada em serviços e produtos florestais, com larga experiência e tecnologia própria, que executa plantios na formação de florestas para empresas dos mais diversos segmentos. A Plantar possui viveiros

698 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel próprios com capacidade anual de 40 milhões de mudas clonais. Possui também a

Certificação nas Normas de Qualidade ISO 9002, e suas florestas são certificadas pelo FSC, entidade inglesa reconhecida mundialmente, garantindo que nossos produtos e serviços derivam de práticas ambientais ecologicamente corretas, socialmente benéficas e economicamente viáveis.

Com meus votos pelo amplo sucesso do evento, fica este registro, Sr.

Presidente, para que conste dos Anais desta casa, como tributo a uma iniciativa pioneira que eleva nosso País a uma posição de liderança nessa promissora área da tecnologia.

Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que autorize a divulgação deste pronunciamento nos meios de comunicação da Casa e no programa A Voz do

Brasil.

Muito obrigado.

699 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. IÉDIO ROSA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. IÉDIO ROSA (Bloco/PFL-RJ. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso. ) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no dia-a-dia vivido em nossas bases eleitorais é muito freqüente sermos contatados por eleitores que nos apresentam sugestões das mais diversas com relação ao procedimento por nós adotado, quer quanto à apresentação de projetos de lei, quer quanto à posição assumida nas votações diárias.

Por exemplo, as alterações da Lei Orgânica da Assistência Social visando a beneficiar os portadores de deficiência e os idosos geram questionamentos dos mais diversos, todos conduzindo à torcida para a aprovação.

Mas, ao pesquisar o assunto, encontrei em tramitação nada menos do que 27 projetos de lei sobre a matéria, entre os quais o PL 738/95, do Deputado Waldomiro

Fioravante; o PL 883/95, do Deputado Ezídio Pinheiro; o PL 1.451/96, do Deputado

João Fassarella; o PL 1.519/96 do Deputado Luiz Carlos Hauly; o PL 3.108/97, do

Deputado Chico da Princesa; o PL 3.197/97, do Deputado Luiz Moreira; o PL

463/99, do Deputado Ricardo Barros; o PL 788/99, do Deputado Marcos de Jesus e o PL 1.463/99, do Deputado Evilásio Farias.

Por essa razão, ao invés de apresentar mais uma proposição, resolvi abraçar tais projetos e solicitar o andamento deles com rapidez.

Outro exemplo, Sr. Presidente, diz respeito ao controle das ligações telefônicas pelo usuário, visando ao acompanhamento dos seus gastos, assunto que foi, junto à comunidade, objeto de muitas queixas, pois o usuário tem se sentido lesado com a forma de controle unilateral de pulsos imposta pela concessionária.

700 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Contudo, nesse sentido, existem sete projetos em tramitação. São eles:

Projeto de Lei nº 1078/99, do Deputado Ronaldo Vasconcelos, que prevê o detalhamento de todas as ligações locais na conta mensal, ao qual foi apensado o

Projeto de Lei nº 1861/99, do Deputado Luiz Sérgio, os quais foram aprovados, com substitutivo, na Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias e, no momento, aguardam apreciação na Comissão de Ciência e Tecnologia,

Comunicação e Informática.; Projeto de Lei nº 1758/99, do Deputado Pedro

Fernandes, que prevê a instalação, junto aos telefones, de dispositivo de registro das chamadas e dos pulsos locais, ao qual foram anexados os Projetos de Lei nº

2.225/99, do Deputado Marçal Filho, nº 3.085/00, do Deputado Roberto Pessoa, nº

3.795/00, dos Deputados Jaques Wagner e Ricardo Berzoini e nº 4.726, da

Deputada Maria de Lourdes Abadia que também estão aguardando apreciação na

Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática.

Ora, desnecessário, entendo eu, é apresentar novo projeto, mas considero importante associar-me a eles visando à sua aprovação e transformação em lei.

Vejam, Srs. Deputados, como o povo não toma conhecimento dos trabalhos que realizamos no Congresso Nacional. É preciso que se lhes dê mais divulgação, e o Presidente está tentando fazê-lo .

Sendo esses assuntos de grande importância, estamos solicitando à Mesa da

Casa e às Comissões Permanentes pertinentes que acelerem o andamento dos projetos.

Quero elogiar a disposição do Presidente desta Casa, o nobre Deputado

Aécio Neves, que tantos aplausos tem recebido de todos os colegas deste Plenário pela exemplar maneira de se conduzir no cargo. Espero que S.Exa., juntamente com

701 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel o novo Presidente do Senado, a quem apresento votos de sucesso à frente do

Congresso Nacional, consigam meio melhor de divulgação dos expedientes das

Casas Legislativas, a despeito dos órgãos de divulgação existentes.

Aproveito para dizer que estou apresentando projeto de lei que proíbe a prática do uso do fumo em escolas públicas e particulares dos ensinos fundamental, médio e superior.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – A Mesa autoriza a divulgação do pronunciamento de V.Exa. nos meios de comunicação da Casa, bem como determina a tramitação regimental do projeto de lei ora apresentado por V.Exa.

702 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Concedo a palavra ao Deputado Virgílio

Guimarães. S.Exa. dispõe de até cinco minutos para seu pronunciamento.

O SR. VIRGÍLIO GUIMARÃES (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, tenho em mãos este boné do

SINDIUTI, Minas Gerais, da CNTE, Confederação Nacional dos Trabalhadores em

Educação e da CUT, que está sendo usado agora pelos integrantes da fantástica manifestação pública que ocorre hoje em Brasília. Pena que nosso plenário tenha sido isolado, pelos vidros, das galerias. No passado, todas as manifestações da

Capital Federal, no Rio de Janeiro e, depois, em Brasília, tinham lugar adequado para acontecer: as galerias da Câmara dos Deputados. Hoje, percebemos que a

Segurança afasta o povo do Poder, não o deixando aproximar-se do Palácio do

Planalto e, sequer, da Casa do povo: o Congresso Nacional. Por outro lado, se conseguisse chegar às galerias, mesmo assim o povo estaria distanciado dos

Parlamentares.

Por isso, trago aqui este boné, que usava debaixo do sol quente, junto com outros 70 mil trabalhadores que estão participando da Marcha Nacional em Defesa e

Promoção da Educação Pública. Os professores, servidores da área de educação e estudantes receberam o apoio, de forma magnífica, de representantes das populações indígenas presentes em Brasília e de trabalhadores da agricultura, e estão fazendo uma marcha fantástica, ordeira, educativa.

Sr. Presidente, o Brasil recebe hoje um recado, uma lição de mobilização e inconformidade. Junto com o povo, o professorado pensa no futuro do Brasil. São reivindicações justas dos trabalhadores de ensino, sim, mas sobretudo reivindicações do povo brasileiro para a educação pública. Mais de 70 mil pessoas

703 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel estão presentes. Em termos de categoria, creio que esta manifestação seja a maior já realizada nesta cidade. Dos últimos anos, com certeza é. Houve a Marcha dos

Cem mil, mas ela englobava trabalhadores de todas as categorias.

Esta é uma marcha organizada pelos educadores, em prol da educação, para denunciar o Governo de um professor — Fernando Henrique Cardoso —, que, de maneira fria e calculista, sucateou o ensino público brasileiro. Ao empurrar nossas escolas públicas federais em direção à busca incessante de financiamentos próprios, fez com que o professor deixasse de ter ambiente adequado de pesquisa, extensão e ensino e partisse para o mercado. Não liquidou a escola, mas a transformou num instrumento tão monetarista quanto tantos outros implementados pelo perverso modelo neoliberal.

Por todas essas razões, Sr. Presidente, temos fé nos trabalhadores do ensino e acreditamos nos estudantes e trabalhadores rurais. Usamos este boné, juntamente com vários outros Deputados que lá estão, debaixo de sol forte, participando desse ato público, cada um expressando sua inconformidade, sua luta. O Brasil precisa dessa lição, precisa acreditar que o povo unido jamais será vencido. Essa é a verdade proclamada hoje nas ruas de Brasília.

Parabenizo os professores, estudantes, indígenas e trabalhadores rurais que se juntaram ao movimento dos trabalhadores da educação, para proclamar que o

Brasil precisa de ensino público adequado.

Sr. Presidente, desejo que esta Casa junte-se ao clamor nacional. Que a educação não seja defendida apenas como um ato de campanha eleitoral, mas seja um exercício de cidadania e de ação parlamentar concreta. É disso que o Brasil precisa, os professores exigem e terão, de um jeito ou de outro, agora ou a partir de

704 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

2002. O Brasil não terá essa frustração. Educação pública já! Educação pública digna para que o povo tenha um futuro digno!

Muito obrigado.

705 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Convoco os Srs. Deputados que estejam nos seus gabinetes, nas Comissões e nas demais dependências da Casa para que venham ao plenário registrar sua presença no painel.

A portaria da Casa já assinalou a presença de 409 Srs. Deputados. Faz-se necessário o registro no painel para que tenhamos quorum e possamos iniciar a

Ordem do Dia.

Srs. Deputados, venham ao plenário registrar a presença.

706 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. NILSON MOURÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. NILSON MOURÃO (PT-AC. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o jornal Folha de S.Paulo, em sua edição do dia 25 de setembro de 2001, publicou pesquisa do Instituto Datafolha, dando conta de que houve um crescimento na imagem positiva que a população vem fazendo da ação da Câmara dos Deputados.

Os números são os seguintes: na pesquisa realizada em junho de 2001, 41% consideram a atuação dos Deputados regular; 35%, ruim ou péssima; 17%, ótima ou boa; 7% não sabem. Na última pesquisa realizada, em 18 de setembro, são estes os dados: 41%, regular; 31%, ruim ou péssima; 21%, ótima ou boa; e 7% não sabem.

Está evidente que cresce a credibilidade da Câmara dos Deputados, muito embora o índice “ruim ou péssimo” chegue a 31%. Somando-se 21% de “ótimo ou bom” com 41% de “regular”, temos 62% de credibilidade. Isso mostra apenas que a maioria da população ainda acredita na Câmara dos Deputados. Importa notar que

31% de “ruim ou péssimo” ainda é um índice alto, demonstrando que a população está acompanhando as atividades realizadas pelos Deputados Federais, e não está satisfeita.

Cabe urgentemente resgatar as prerrogativas do Poder Legislativo e recuperar a ética que deve nortear a ação dos representantes do povo. Urge priorizar uma pauta de discussão e de decisão que contemple as aspirações populares, colocando na ordem do dia as questões sociais.

A pesquisa indica que, apesar de tudo, mesmo que na Câmara e no Senado ocorram escândalos permanentemente, como o que ocorre no Senado Federal, o

707 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel povo alimenta a esperança de que o Congresso Nacional expresse de fato as aspirações dos brasileiros. Os entrevistados foram generosos, mas impuseram um desafio a ser buscado: ser o mandato mais um instrumento para a construção de uma sociedade livre, democrática e solidária.

Sr. Presidente, peço a V.Exa. seja este pronunciamento divulgado pelos meios de comunicação da Casa.

Muito obrigado.

708 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Concedo a palavra ao nobre Deputado

Avenzoar Arruda, do PT do Estado da Paraíba. Dispõe S.Exa. de até cinco minutos.

O SR. AVENZOAR ARRUDA (PT-PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, neste momento, na Esplanada dos

Ministérios, está acontecendo uma das maiores manifestações já vistas em Brasília.

Dela participei e fiquei impressionado com a capacidade de mobilização dos profissionais em educação, especialmente porque o tema de que tratam já foi bastante debatido em âmbito nacional e parecia ter perdido força.

Sr. Presidente, precisamos retomar o debate sobre a educação. Abordamos questões atinentes ao Plano Nacional de Educação, às universidades, ao ensino fundamental e assim por diante. Porém, deixamos de lado a perspectiva da educação como instrumento fundamental de construção e de desenvolvimento da cidadania, de modelo de sociedade. A educação pode moldar na sociedade determinado comportamento ético, inclusive no que diz respeito à relação dos

Poderes Públicos com a população.

Com muita satisfação percebi que o movimento que ora ocorre em Brasília não é apenas das entidades representativas dos trabalhadores em educação e dos estudantes. Ele conta com a participação da CONTAG, da CUT e de diversas outras entidades representativas de segmentos de trabalhadores. Significa dizer que é uma das maiores manifestações populares realizadas em defesa de tema e diz respeito a toda a população.

Que repercussão terá na sociedade? Certamente esperamos que a educação não se transforme num tema secundário nas discussões sobre modelo econômico, plano plurianual, Orçamento e situação dos servidores públicos. É preciso lembrar

709 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel que o Governo quer reduzir a problemática da educação ao ensino fundamental com o intuito de apresentar o FUNDEF como a grande solução para a educação brasileira. Esquece que temos baixo índice de escolaridade não apenas no ensino fundamental, mas no ensino superior.

Se compararmos a quantidade de pessoas que concluem o curso superior no

Brasil com os números de outros países, inclusive do MERCOSUL, perceberemos grande defasagem. O Brasil está atrasado em relação a países como a Venezuela e o Chile. Nem cito a Argentina, que adotou o modelo de ingresso aberto. Isso também é motivo de preocupação.

Sr. Presidente, e o que aconteceu com a reforma no ensino profissionalizante, imposta pelo Governo Fernando Henrique Cardoso? A rede de ensino técnico- profissionalizante foi desmontada. As escolas técnicas perderam o importantíssimo papel que cumpriam em todo o sistema educacional brasileiro. Elas foram obrigadas a optar entre o sistema CEFET — cursos de tecnólogos — e o ensino médio, o que desmontou a estrutura para formação concomitante do técnico de nível médio. Ou seja, o desmonte do ensino técnico-profissionalizante foi a perspectiva apontada por

Fernando Henrique Cardoso,.

No que diz respeito à educação infantil, o Governo simplesmente desconsiderou-a, assim como a educação de jovens e adultos. Tanto é assim que não permite às turmas de ensino para jovens e adultos serem contempladas pelo

FUNDEF.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, a Marcha da Educação tem por objetivo chamar a atenção para a necessidade de se trazer o tema “educação” ao centro do debate. Em outras épocas, as reivindicações de todos os partidos e de

710 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel todos os planos de Governo faziam a educação figurar como prioridade. É tempo de fazermos voltar esse princípio, porque a questão não foi solucionada. Não dá para aceitar o engodo de que o FUNDEF basta para a educação brasileira. Não basta!

Além dos problemas que temos com esse fundo, a segmentação da educação e o tratamento dispensado ao ensino fundamental, em detrimento dos outros níveis de ensino, trouxeram-nos grande prejuízo.

Era o que tinha a registar, Sr. Presidente.

711 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. FIORAVANTE – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FIORAVANTE (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna para, em primeiro lugar, declarar apoio e solidariedade ao movimento dos servidores públicos brasileiros, que se encontram em greve pela recuperação das perdas salariais que sofreram durante todo o período do Governo Fernando Henrique Cardoso. É de se lamentar que elas já ultrapassem a casa dos 75%. Depois de tantos esforços e de tantas tentativas de diálogo com o Governo, até hoje não se chegou a um entendimento. O Governo mantém-se intransigente ao negociar com o movimento dos trabalhadores brasileiros.

Desde o início, o Governo Fernando Henrique Cardoso, com seu projeto político concentrador de poder e de renda, tem se transformado numa fábrica de exclusão social e de desemprego. Os trabalhadores brasileiros, especificamente os servidores públicos, foram o bode expiatório para uma série de violências contra o serviço público. A grande mídia dizia que eles eram a causa do endividamento brasileiro, que o número de servidores era excessivo, que eles eram desqualificados e não trabalhavam corretamente. Falava-se até que a dívida interna era causada pelo excesso de servidores públicos e pelos altos salários que recebiam.

Com esse discurso, conseguiu-se privatizar setores importantes das estatais brasileiras. Foram arrochados os salários dos trabalhadores e dos funcionários públicos durante todos esses anos. No entanto, a dívida do País, de 60 bilhões de dólares no início deste Governo, hoje já passa da casa dos 565 bilhões de dólares.

712 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Este é o momento oportuno para o Governo negociar com os trabalhadores.

Afinal de contas, o País não pode continuar sobrevivendo com uma política cujo ponto fundamental é garantir a estabilidade da moeda e recursos para pagar juros ao capital especulativo, em especial aos banqueiros internacionais.

Com o serviço público paralisado, o Brasil deixa de avançar em todas as

áreas, principalmente na educação. Os estudantes estão sob ameaça de perder o semestre com a greve nas universidades. O Governo continua fazendo de conta que o movimento não existe e propagando que ele não terá grandes conseqüências.

Haverá conseqüências, sim – e serão extremamente sérias e profundas. Se não retornarem imediatamente ao serviço, os funcionários públicos causarão enorme prejuízo ao Brasil. E evidentemente eles só voltarão se houver acordo, condições de trabalho e recuperação das perdas salariais acumuladas durante todo este Governo, cuja prioridade é sustentar os banqueiros e o capital especulativo em detrimento do povo trabalhador brasileiro.

Muito obrigado.

713 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PAULO PAIM - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa a palavra.

O SR. PAULO PAIM (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, encaminho à Mesa requerimento sobre aposentadoria integral aos servidores rodoviários.

Sr. Presidente, aproveito a oportunidade para questionar as pesquisas realizadas no Rio Grande do Sul com relação às eleições para o Senado. Na pesquisa espontânea, estou empatado em três pontos percentuais com o candidato que está em primeiro lugar. Na pesquisa estimulada, leia-se induzida, há uma diferença de 150%. Não dá para entender.

Por isso, também encaminho à Mesa requerimento de informações sobre o

IBOPE. Nele solicito que o instituto explique o fato de eu estar empatado com o candidato que está em primeiro lugar na pesquisa estimulada, leia-se induzida.

Sr. Presidente, solicito ainda a V.Exa a transcrição nos Anais de documento que trata da problemática dos servidores públicos, questionando a posição do

Governo de não reconhecer o movimento nem atender suas reivindicações básicas.

Muito obrigado.

DOCUMENTO A QUE SE REFERE O ORADOR

714 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

DOCUMENTO CITADO PELO DEPUTADO

PAULO PAIM

715 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. ADÃO PRETTO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ADÃO PRETTO (PT-RS. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, venho a esta tribuna hoje fazer importante registro para a história da reforma agrária no Brasil e para os que lutam por implementá-la.

O Governo do Estado do Rio Grande do Sul dará início nesta quinta-feira, 4 de outubro, à Conferência Estadual de Reforma Agrária, evento de larga abrangência que visa avaliar as ações e debater os desafios a serem perseguidos nessa área.

Sr. Presidente, não seria organizada a Conferência se já não tivesse nosso

Governo Democrático e Popular desenvolvido uma série de ações para responder a urgente desafio nacional. Comprometido com os trabalhadores, o Governo do nosso

Estado está assumindo a sua parte.

E os dados nos ajudam a comprovar o que afirmamos: até hoje, o Governo

Olívio Dutra investiu cerca de 86 milhões em aquisição de áreas e liberação de créditos para 237 assentamentos no Estado. Foram feitos 94 novos assentamentos em mais de 70 mil hectares, beneficiando 4 mil famílias nos últimos dois anos e meio.

Para garantir autonomia na aquisição de sementes para o plantio dos assentamentos, o Governo do Rio Grande do Sul e a Cooperativa Central dos

Assentados de Bagé incentivam a produção própria de sementes. Num dos projetos, a Bionatur, uma das maiores produtoras de sementes de olericultura da América

Latina, desenvolve sementes ecológicas em Hulha Negra. Investimento inicial de 6

716 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel milhões está garantindo a construção das primeiras 1.500 casas em assentamentos e reassentamentos de agricultores atingidos pela Barragem de Dona Francisca.

Sr. Presidente, agricultores assentados pelo Governo Federal em Dom

Pedrito esperavam há doze anos infra-estrutura de luz e água, sem obter nenhum apoio. Neste ano, a CEEE, empresa do povo do Rio Grande do Sul que nosso

Governo não deixou privatizar, instalou energia para mais de sessenta famílias de três assentamentos do Município. Cada família ainda recebe 3 mil reais do Estado para investimentos em habitação e 2 mil e 300 reais para programas de geração de renda.

Na Região Sul do Estado, a fruticultura, junto com a produção de leite, garante renda mensal aos agricultores. Falando em leite, dados levantados pelo

Gabinete Especial da Reforma Agrária indicam que de cada dez litros de leite consumidos no Estado um tem origem nos assentamentos. É 1,3 milhão de litros de leite por mês. E os investimentos não param: programa de investimentos na bacia leiteira beneficiará 120 assentamentos com recursos superiores a 12 milhões de reais, a partir do primeiro semestre de 2002.

Sr. Presidente, esse é o resultado da combinação de dois fatores que garantem aos trabalhadores e ao povo organizado conquistas tão esperadas e direitos tão merecidos: por um lado, a ação do Governo que tem projetos populares e pratica ações coerentes com esse caráter; e, por outro lado, movimentos organizados com o povo disposto a trabalhar e a produzir.

Muito obrigado.

717 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. LINCOLN PORTELA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LINCOLN PORTELA (Bloco/PSL-MG. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é lamentável a situação das estradas brasileiras, com forte tendência a piorarem as suas condições devido ao período de chuvas que se inicia.

Matéria publicada no jornal Hoje Em Dia diz o seguinte:

A sexta rodada da pesquisa rodoviária divulgada

ontem pela Confederação Nacional do Transporte (CNT)

revelou que mais de dois terços (68,7%) dos 45.294

quilômetros de estradas federais e estaduais pesquisados

estão em estado péssimo, ruim ou deficiente. Apenas

79,4% das estradas brasileiras têm acostamento. Desse

total, 21,9% estão tomados pelo mato.

Das estradas consideradas em boas condições,

algumas passam por Minas. A melhor rodovia em

condições gerais de trânsito e conservação, pelo segundo

ano consecutivo, foi o trecho que liga Uberaba a São

Paulo (BR-050 e SP-330) por causa da melhoria nas

condições de pavimentação.

Também existem estradas mineiras entre as piores,

como os trechos que ligam Curvelo a Ibotirama (BA),

pelas BRs 135, 122, 030 e BA-160; e Poços de Caldas a

Lorena (SP), pela BR-459, que foram considerados

718 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

deficientes e estão na lanterna do ranking devido às

condições ruins de engenharia, pavimentação e

sinalização insuficiente, além de grandes extensões sem

acostamento. A pior estrada pesquisada é a que liga

Juazeiro (BA) a Salvador (BA).

Só as rodovias privatizadas é que estão em

melhores condições, mas o custo/benefício é alto.

Em entrevista ao jornal, Clésio Andrade, Presidente da CNT, sintetizou o motivo pelo qual as estradas estão tão ruins:

Este Governo esqueceu um pouco essa questão e

é preciso urgentemente resolver esse problema. Somos

um país ‘rodoviarista’, que transporta 62% de sua carga e

96% de seus passageiros. As estradas estão

encarecendo o custo do transporte no País em até 30%, e

serão necessários cerca de R$ 10 bilhões para recuperar

a malha rodoviária. O parque rodoviário, estimado em R$

200 bilhões, está se degradando.

Era o que tinha a dizer.

719 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. RENATO VIANNA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. RENATO VIANNA (PMDB-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, estava em , Estado de , no último final de semana, quando houve sobre a Região Sul do País forte precipitação pluviométrica.

Solicitamos, imediatamente, ao Prefeito da cidade, Décio Nery de Lima, que entrasse em contato com o Ministro da Integração Nacional em exercício, Sr. Pedro

Augusto Sanguinetti Ferreira. S.Exa. determinou hoje que o Secretário Nacional de

Defesa Civil se desloque ao Estado de Santa Catarina e sobrevoe as áreas atingidas junto com o Governador Esperidião Amin, a fim de constatar a dramática situação.

720 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. HENRIQUE FONTANA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. HENRIQUE FONTANA (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, senhoras e senhores que acompanham esta sessão da Câmara Federal, no último dia 11 de setembro o mundo foi agredido, de forma evidentemente covarde e agressiva, por bárbaro ataque terrorista que, não há dúvida, deve merecer nosso veemente repúdio. Todos nós, defensores de um mundo justo, equilibrado e que caminhe pelas diretrizes da paz, devemos repudiar, repito, com toda veemência, esse ataque terrorista.

É preciso que este momento sirva para que o mundo, este Congresso, enfim, todas as pessoas que constróem nosso País e desejam um mundo diferente façam uma profunda reflexão.

O impacto desse ato não pode ser compreendido com o uso de qualquer artifício que o simplifique, procurando dar a ele interpretação marcada por viés conservador ou por viés que impeça a compreensão de todo o fenômeno nele embutido. Mais do que isso, hoje, dia 3 de outubro, vivemos sob crescente temor de que ato de barbárie praticado por grupo terrorista possa seguir-se de ato de maior barbárie patrocinado por um Estado de nosso mundo.

Os Estado Unidos não podem e não devem responder a esse ato de barbárie com outro de mesma intensidade, porque barbárie semeia barbárie. Nesse sentido, se a opção for essa, nós, Congressistas brasileiros, temos de alertar o mundo, a

América Latina, aqueles que detêm responsabilidade sobre a política externa de nosso País para o fato de que nenhuma guerra pode ser feita em caráter global com o intuito de responder a ataque de terror.

721 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Precisamos, mais do que isso, reafirmar os caminhos da diplomacia, da constitucionalidade e da justiça, para que os responsáveis pelo atentado sejam punidos, porque tão inocentes quanto as pessoas assassinadas nas torres do World

Trade Center são todos aqueles que moram no Afeganistão e em tantos países que têm sido atacados por uma política imperialista.

Também fazemos crítica contundente à política belicista encaminhada pelo

Governo norte-americano, que tem atacado nações sem nenhuma explicação, assassinado milhares — se é que já não chegam a milhões — de civis que moram em outros países.

O mundo exige outra alternativa global: a das negociações, a da busca de redistribuição de renda, a do reequilíbrio das condições sociais de cada um dos povos. Evidentemente, quando o mundo apresenta uma chaga como a do terror a que assistimos dia 11 de setembro, ele deve autocriticar-se, auto-analisar-se, e não optar pelo caminho da simplificação, que significaria um contra-ataque com as mesmas armas bárbaras usadas no ataque às duas torres do World Trade Center.

Temos de dizer que não existe guerra do bem contra o mal que possa receber nosso apoio. Se o terrorismo é um problema que a humanidade precisa enfrentar, que o seja por meio das vias democráticas e constitucionais. Sabemos que o superpoder dos países mais ricos precisa ser debatido e contestado, assim como uma nova ordem global precisa ser construída, a fim de que não haja mais situações como a do dia 11 de setembro.

Registro desta tribuna, com todas as letras e ênfase, a posição de que nenhuma guerra proposta pelo Presidente George W. Bush pode ser apoiada pelo

722 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

País e por este Congresso. A humanidade não quer terrorismo, quer paz. A um ato de barbárie não se responde com outro ato de barbárie.

Obrigado, Sr. Presidente.

723 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. CHICO DA PRINCESA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CHICO DA PRINCESA (PSDB-PR. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, os alimentos transgênicos não se resumem, apenas, a mera questão de vontades empresariais de auferir vantagens econômicas com a exploração de uma oportunidade comercial. Os impactos de sua influência atingem produtores, consumidores, empresários do agronegócio, pesquisadores, centros de pesquisas, governos e diversas instituições sociais.

Trata-se de novidade que se originou na esteira da revolução genética, com o desvendamento do DNA dos organismos vivos, inclusive do genoma humano.

Muitos comparam a tecnologia do DNA a algo superior à bomba atômica pelo potencial de afetar o mundo. O poder de manipulação dos genes, de intervenção nos domínios recônditos do DNA dos seres vivos, reduzindo, enxertando, retificando, adicionando e alterando, segundo conveniências diversas, a estrutura genética é uma realidade assustadora, que pode ultrapassar os limites do bom senso, da ética, da justiça e da liberdade responsável de pesquisa.

É assunto atual, polêmico e diz respeito a todos os cidadãos, seja por sua influência direta nos alimentos, principalmente, pela correlação entre o problema de sustentabilidade do planeta no longo prazo em termos de biodiversidade, ecossistema, qualidade de vida, direitos econômicos e pessoais e crença na natureza como patrimônio da humanidade.

É, portanto, assunto eminentemente político que concerne diretamente ao

Congresso Nacional, em virtude da necessidade de estabelecimento de

724 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel instrumentos legais e estruturas institucionais consentâneas com a realidade instável dos novos tempos. Os políticos precisam estar conscientes do seu papel de representantes do povo e da responsabilidade de suma envergadura na dotação de infra-estrutura jurídico-institucional ajustada aos interesses do País.

É engano imaginar que ciência e tecnologia sejam matérias privativas dos cientistas e dos técnicos especializados. Fala-se também que os políticos não deveriam opinar sobre assunto tão indigesto e problemático para leigos da área.

Ledo engano, de avaliação intempestiva.

A decisão de pesquisar e desenvolver tecnologia objetiva sempre foi iniciativa de líderes, de pessoas dinâmicas de visão e crença no progresso e melhoria de vida. E sempre foi possível graças ao concurso de muitos pesquisadores, de recursos financeiros, de adesões firmes de empresários, do governo e da própria sociedade.

Para concretização de inovações tecnológicas, precisa-se convencer outras pessoas em várias instâncias sociais de que investimentos em projetos de pesquisa são produtivos e compensadores. Essa via-crúcis de angariar apoio e recursos financeiros é um duro exercício de política, de definir escolhas entre alocações alternativas, de estabelecer regras e meios de consecução de objetivos aprovados por dada organização ou coletividade.

Na ciência e tecnologia não se conseguem resultados expressivos à revelia de participações, contribuições e envolvimento de pessoas e instituições diversas.

Hoje, a interdependência institucional e a multidisciplinaridade são condições prévias para a exeqüibilidade de qualquer projeto de pesquisa na biotecnologia, como é o exemplo do seqüencionamento genômico humano, de pragas e plantas no

725 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Estado de São Paulo, que envolve um consórcio de vários centros de pesquisas nacionais e do exterior.

Essa ação sinergética nada mais é do que uma política explícita de convivências e de boas relações entre diversos institutos de pesquisas e pesquisadores de distintas áreas de conhecimento.

Boa parte dos projetos sempre tem o poder do orçamento público através de universidades, centros de pesquisas estatais, órgãos governamentais ou internacionais, todos dependentes em graus variáveis de recursos da sociedade. E na alocação de recursos orçamentários tem-se três peças fundamentais de procedimentos institucionais: LDO — Lei de Diretrizes Orçamentárias, estabelecendo regras claras e explícitas de detalhamento operacional de orçamento público; LOA — Lei Orçamentária Anual, detalhando os montantes e finalidades específicas de cada aplicação de recursos; e o PPA — Plano Plurianual, enfeixando alocações que ultrapassam mais de um exercício financeiro.

Além da matéria orçamentária, os Parlamentares atuam nas Comissões

Técnicas Permanentes, notadamente Comissões setoriais pertinentes ao problema dos transgênicos — de Agricultura, Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente,

Seguridade Social e Família. Há, ainda, a Comissão de Fiscalização e Controle, que tem o poder de acompanhar e fazer diligências sobre qualquer questão de interesse do Congresso Nacional.

O campo de atuação política do Congresso Nacional é extenso e abrangente, fato que evidencia o grau de responsabilidade no tratamento das questões sobre alimentos transgênicos. Como os Parlamentares vão agir politicamente estabelecendo estratégias institucionais e operacionais é uma questão de

726 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel organização interna de seus membros. Comissões especiais, subcomissões nas comissões permanentes, frente parlamentar ou outra designação constituem formas de agilizar o entendimento e tramitação dos trabalhos no Congresso Nacional.

O aperfeiçoamento e a busca de eficácia das instâncias decisórias e de ação da classe política decorrem da vontade, determinação, objetividade e sagacidade dos Parlamentares, muitas vezes pressionados por movimentos de grupos de interesses envolvidos na questão dos transgênicos.

De qualquer forma, o encaminhamento de soluções e alternativas nem sempre harmônicas acabam encontrando no Congresso Nacional o foro adequado para entendimentos e buscas de convivências através de leis e regras de conduta aprovadas pela maioria, como convém a um processo democrático de deliberações.

É por isso que o Congresso Nacional deve estar à altura dos desafios, estruturando e aperfeiçoando suas instâncias de discussão, avaliação, coordenação e deliberação dos assuntos pertinentes aos transgênicos.

Algumas estimativas falam em 30 milhões e outras, em 44 milhões de pessoas que passam fome no Brasil. São números que representam, pelo menos,

25% da população brasileira que vivem à margem de uma alimentação adequada, com sérios distúrbios nutricionais.

Mesmo com medidas paliativas de relativo alcance social, como o Bolsa-

Escola ou a criação do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, a realidade social do País exige ação mais ousada, criativa e abrangente de políticas econômicas que efetivamente mudem o status quo vigente.

Como fazer e com que recursos, em que horizonte de tempo e com quem fazer são questões cruciais que só o debate acalorado, consciente e responsável

727 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel tende a indicar a melhor estratégia socialmente viável dentro das limitações gerais do País.

O transgênico é solução para o problema da fome no Brasil, como alardeiam as mensagens dos ufanistas das empresas interessadas? Envolvem até um antigo

Prêmio Nobel da Paz, na crença de que ele não só vai resolver o problema da fome como é a única arma disponível para fazer frente ao crescimento populacional. Mas, ressalte-se, será que é isto mesmo?

A fome castiga milhões de pessoas no Brasil, nos campos e nas cidades. O paradoxo é que existe fome mesmo nos centros ricos, tecnologicamente avançados, com agricultura diversificada e de certa produtividade, como São Paulo e Paraná.

Como pode o Brasil com uma produção de mais de 90 milhões de toneladas ter uma população faminta de 30 milhões de pessoas? Tem-se comida até para exportar, mas não se tem para mitigar a fome de nossos irmãos desfavorecidos.

Para fazer frente a esse problema, uma proposta intitulada “Fome Zero” preconiza várias alternativas de equacionamento: agilização da reforma agrária, ampliação do programa de alimentação ao trabalhador, expansão da previdência social não contributiva e cupom de alimentação, entre algumas medidas que visam sempre ao fortalecimento dos pequenos agricultores e da agricultura familiar.

O problema básico, fundamental, continua sendo a distribuição de renda e a melhoria do poder aquisitivo da população. É uma equação complexa que passa por saneamento básico, educação, planejamento familiar, infra-estrutura, reforma fiscal, reforma tributária, adequação tecnológica, dinâmica empresarial, vontade política e mobilização social, entre outros fatores de alavancagem do progresso.

728 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O problema alimentar do Brasil não é questão de produção da agricultura. Por isso, quem achar que o transgênico vai reduzir a fome está agindo de forma deliberadamente simplista. A fome no Brasil é decorrência de políticas inadequadas, de políticas econômicas e sociais em desacordo com a ética, com a eqüidade, com a democracia econômica. Faltam-nos, sobretudo, princípios de justiça social com tributação justa e, principalmente, eficácia de políticas públicas.

O primeiro passo para acabar com a fome consiste na eqüidade de oportunidade econômica para todos os brasileiros, corrigindo distorções nas políticas públicas, em termos de alocações orçamentárias, impostos, taxas, contribuições, incentivos, vantagens fiscais e tributárias de várias naturezas e incidências.

O Brasil precisa de uma democracia econômica efetiva, aberta e francamente favorável à livre iniciativa de empreendedores dinâmicos. O transgênico como meio de combate à fome não passa de mera figura de retórica, um discurso demagógico para ganhar a adesão de incautos e confundir a opinião pública.

A afirmação de que o Brasil está correndo sérios riscos de perder mercados por não se adequar a produtos e processos de países concorrentes não corresponde à lógica comercial. Se todos os principais concorrentes do Brasil em produtos como a soja convergirem maciçamente para o transgênico, a esmagadora maioria da oferta mundial passa a ser de origem geneticamente modificada. Em conseqüência, o grande e decisivo diferencial mercadológico passa a ser a soja convencional como produto natural de qualidade superior. Isto passa a ser um fato, uma realidade da oferta mundial de soja que se segmenta em transgênicos (em sua grande maioria), em convencionais (tendo o Brasil como grande produtor) e em orgânicos (um nicho de mercado especial).

729 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Assim, em um mundo que tende a ser todo personalizado e diferenciado, dispor de um produto com a tipificação de natural é a melhor estratégia comercial. É também a chance de o Brasil destacar-se da concorrência, atuando de forma diferente, com um produto especial de grande aceitação e apelo do consumidor europeu e asiático.

Em termos de marketing, nenhum competidor de qualquer produto faz a mesma coisa que o concorrente, mas de forma diferente e especial, ressaltando características próprias e únicas. Isso é válido para artistas, profissionais, aparelhos de som, televisão, computador e tudo que é material de consumo ou de investimento.

Para se vender, e bem, o produto tem que ser diferente, possuir alguma coisa superior, com algo a mais que incuta no consumidor um sinal de vantagem real, ou imaginário, ou simbólico. E é para isso que existe o marketing, denotando uma idéia, uma imagem intrínseca a dado produto ou serviço. Assim, ter soja transgênica como qualquer outro americano ou argentino é miopia comercial, é cometer grave erro de marketing em um mercado altamente competitivo e massificado, como o de commodities agrícolas.

Mas será que os agricultores não enxergam que a soja natural tem um mercado demandante e que pode se tornar crescentemente preferencial pelos consumidores internacionais? E que produzir transgênico significa estar e ser concorrente dos Estados Unidos, maior produtor mundial do produto? Se podemos ser competitivos com a soja natural, e com chances de melhorar de forma acentuada os nossos horizontes, com a reforma tributária e equacionamento da infra-estrutura,

730 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel não é muito esquisito nos nivelarmos com a concorrência em posição claramente vantajosa (altos subsídios e práticas protecionistas) em relação ao Brasil?

A competitividade de produtos agrícolas no comércio internacional não depende somente de custos de produção, mas de complexos fatores que vão da infra-estrutura (transportes, armazenagem, pesquisa, portos), carga tributária, taxas de juros, contribuições e despesas burocráticas à estrutura organizacional e institucional do País (instâncias oficiais obrigatórias no comércio exterior).

Dificuldade maior no caminho das exportações encontra-se no acesso aos mercados internacionais, principalmente dos países desenvolvidos, que se armam de inúmeros expedientes explícitos e implícitos na forma de impostos, taxas, cotas, entraves burocráticos e sanitários, atendimento a cláusulas sociais, (trabalho escravo, trabalho infantil, direitos sociais) e a cláusulas ambientais (sustentabilidade e produção ecologicamente correta).

Só o fato de os países desenvolvidos (Europa, Estados Unidos, Japão, principalmente) subsidiarem a agricultura com diversas modalidades de apoio aos seus produtores, gastando, praticamente, 1 bilhão de dólares diariamente sugere- nos uma idéia do grau de injustiças e egoísmo em matéria de comércio mundial.

Esse comércio é uma guerra impiedosa onde se emprega todo um arsenal de armas e discursos, apesar da existência de uma Organização Mundial do Comércio.

Os montantes financeiros envolvidos nessas operações são expressivos. Os subsídios respondem por cerca de 50% da renda do produtor americano de soja e, no caso de farelo de soja, acham-se programados para 2001 cerca de US$3,3 bilhões em sustentação ao setor para um faturamento total de US$6,4 bilhões desse

731 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel mercado, segundo a Gazeta Mercantil Latino-Americana, de 13 a 19 de agosto de

2001.

Assim, considerando que cerca de 60% da soja americana de 2001 é de transgênicos e que a tecnologia transgênica reduz significativamente os custos de produção, como alegam seus propagandistas, como é que eles (mais de 50% dos produtores) precisam de tanto subsídio governamental para permanecer competitivos no mercado?

Na realidade, em uma economia globalizada de mercados abertos, livres e justos eles não teriam nenhuma competitividade com a soja brasileira, mesmo com toda iniqüidade fiscal e mazelas de nossa infra-estrutura. Significa, ainda, que eles deveriam, segundo a teoria econômica, encarar outras alocações alternativas para os seus fatores de produção, deixando a sojicultura para países com maiores vantagens competitivas.

Assim, diante do flagrante descompasso entre teoria e realidade, fica claro que o transgênico tupiniquim não terá garantida sua fatia no mercado e muito menos melhorada a sua competitividade internacional. A realidade fatual vigente no comércio mundial de commodities mostra que as virtudes propaladas pelos transgênicos — essencial para a redução de custos e aumento da competitividade internacional — não se revelam oportunas e eficazes para os nossos propósitos de desenvolvimento econômico.

É inegável que o processo de concentração de poder econômico vai acirrar- se no mercado brasileiro de produtos agrícolas com a entrada dos transgênicos.

Sementes e insumos essenciais vão ser produzidos e vendidos como bens

732 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel conjuntos indissociáveis por uma mesma empresa, que passará a coordenar segmentos vinculados na forma de monopólios.

Monsanto, Aventis e Syngenta tendem a dominar o setor com operações de escala, facilidades de financiamento a produtores, poder de inovação e geração de tecnologias, abrangência nacional e internacional, entre outros fatores de explícito poder empresarial.

Toda atividade econômica concentrada em um reduzidíssimo número de empresas, principalmente para o caso dos complexos agroindustriais com ações interdependentes a montante e a jusante do setor agrícola, suscita e propicia o surgimento de graves riscos de sustentabilidade do sistema socioeconômico setorial envolvido.

Com o produto combinado (semente e insumo) estabelece-se o poder desigual de barganha entre empresas de biotecnologia (sementes e pesticidas), comerciantes de insumos e agricultores. Mas o perigo maior dessa concentração exacerbada decorre, exatamente, do poder de padronização e massificação de variedades em pouquíssimo grupo de alternativas de germoplasmas. Em termos de riscos biológicos isso favorece a ocorrência de rupturas na teia de vidas, uma vez que a variedade transgênica permanece fixa ao longo de sua validade útil (distinta, homogênea e estável), enquanto os genes de infinidade de seres inimigos ou concorrentes recombinam-se em permanente agitação.

O surgimento eventual de doenças, reações adversas e suscetibilidades a estresses variados pode afetar um número significativo de populações em diversas

áreas homogêneas de cultivo, expondo os agricultores a riscos desnecessários.

Toda padronização em grande escala em uma mesma região e com reduzido

733 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel número de variedades tende a enfraquecer a biodiversidade, aumentando as chances de efeitos indesejáveis na produção, em decorrência de marolas evolutivas e de diuturnas mudanças nas forças bióticas e abióticas da natureza.

No caso de agricultura tradicional, com sementes convencionais, são vários produtores empregando técnicas, sistemas e sementes de diversas origens em uma rica diversidade de procedimentos e condições de desenvolvimento das lavouras. Já em cultura transgênica, por imposição legal (direito de patente sobre sementes e defensivos simultaneamente), os agricultores não têm alternativas diferentes das preconizadas em contrato e todos se subordinarão, sob penas de sanções, aos métodos e condições estabelecidas pela empresa contratante.

Nesse sistema, a agricultura familiar ficará totalmente a reboque das decisões e orientações, tanto tecnológicas como de mercados da empresa na região. Uma variedade de soja de sucesso, por exemplo, hoje é produzida por vários sementeiros de uma região. Apesar de usar uma mesma variedade eles semeiam, adubam e cuidam de acordo com as especificações microclimáticas e edáficas de suas propriedades. No caso de essa mesma variedade tornar-se transgênica, os sementeiros vão usar a mesma semente e forçosamente o mesmo herbicida na quantidade prescrita pelo fabricante, e adotarão os mesmos tratos culturais.

O conjunto semente e herbicida constitui, por si só, um pacote tecnológico de largo espectro de ação a ser empregado por todos os agricultores de uma mesma região. Nessas condições, o setor de produção de sementes assume novos parâmetros e enfrenta particularidades inéditas no franco desenvolvimento de suas atividades.

734 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Orientações técnicas de campos de sementes, planejamento de medidas da biossegurança, sistema de credenciamento de produtores, padronização e difusão de técnicas de produção e controle, assistência técnica, acompanhamento de efeitos nos ecossistemas, avaliação socioeconômica setorial, cláusulas específicas e novos direitos e obrigações, entre outros aspectos, compõem o vasto cenário de profundas alterações na produção de sementes e que precisarão de ajustamentos legais e de regras e regulamentos operacionais de pleno funcionamento. A própria lei de cultivares, portarias e atos administrativos pertinentes terão que ser revistos e atualizados, coadunando-se às finalidades e necessidades práticas dos tempos de transgênicos.

O assunto transgênico envolve um aspecto totalmente distinto de atividade econômica no cenário agrícola mundial. Sua influência pode ultrapassar os limites geográficos de um país, tanto na forma de produtos in natura ou processados como, principalmente, de doenças infecto-contagiosas letais. Riscos biológicos decorrentes de evoluções indesejadas ou surgimento de novas e inéditas moléstias e pragas não podem ser descartados nem na agricultura convencional.

Efeitos catastróficos da vaca louca na Europa e da febre aftosa no Brasil são um bom exemplo para reflexão e ponderação acerca dos efeitos epidêmicos de grandes proporções. A imagem de animais sendo mortos e empilhados para incineração, fazendeiros indo à falência, fechamento de fronteiras, interdição de comércio, causando enormes prejuízos, e vidas humanas sendo inapelavelmente interrompidas mostram o quadro dantesco das conseqüências de uma epizootia em uma região ou país.

735 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Hoje, as possibilidades de disseminação planetária de qualquer patógeno mortífero são reais em decorrência das alterações climáticas, diminuição do espaço vital dos predadores naturais, intensificação das rotas comerciais e dos sistemas de transportes e ocorrências de fenômenos abióticos de grande magnitude — furacões, terremotos, tempestades, nevascas, correntes aéreas, correntes marítimas, grandes secas etc.

O aperfeiçoamento da legislação e da organização de instâncias de vigilância e controle de doenças e pragas, tanto animais como vegetais, é exigência moderna que se tem de enfrentar com planejamento, qualificação técnica e infra-estrutura de apoio logístico e laboratorial.

Com a revolução na biotecnologia torna-se essencial a implantação de um programa de adequação de estruturas ágeis e funcionais e a atualização de leis e normas de biossegurança, vigilância, monitoramento e controle sanitário. Sua viabilização técnica e operacional exige, ainda, esforço de gerenciamento de pontos críticos e participação responsável de todos aqueles diretamente envolvidos com atividades econômicas de natureza biológica.

Trata-se de nova realidade, com novo contexto de problemas, desafios e oportunidades em novo patamar de relacionamentos entre países, empresas, produtores rurais, consumidores, técnicos e cidadãos de forma geral.

O advento dos transgênicos no Brasil impõe profunda avaliação das instituições e organizações que trabalham com ciência e tecnologia na área biotecnológica.

Estruturas de instalações, aparelhagens, laboratórios, computadores e outros dispositivos de alto desempenho precisam ser atualizados e dimensionados para

736 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel dotação de condições adequadas de trabalhos. Igualmente, programas de formação, treinamento e reciclagem, especialmente voltados para os quadros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias, envolvendo todos os aspectos multidisciplinares inerentes à atividade, devem ser devidamente avaliados e objetivamente programados.

O conhecimento e a experiência adquiridos com os trabalhos de seqüenciamento genômico do homem, de pragas e plantas pelos pesquisadores nacionais devem ser aprimorados e incentivados. Agora, com muito maior relevância, quando se parte para a análise proteômica — análise de todas as proteínas de uma célula ou tecido, uma nova e complexa etapa de investigações científicas — mecanismos de estímulos e modalidades de intervenções públicas devem ser avaliados e ordenados em ações programáticas para o progresso do setor.

Negociações internacionais, com apoio explícito do Governo, na forma de intercâmbios, projetos de desenvolvimento, financiamentos públicos e não- governamentais, criação de linhas de crédito e estímulos para empresas de biotecnologia devem ser agilizados e ordenados em uma plataforma de ações da biotecnologia.

A criação de pólos ou regiões de excelência em pesquisa e desenvolvimento em biotecnologia, voltados para diferentes áreas de aplicação, notadamente nas

áreas de saúde pública e saneamento básico, pode ser uma estratégia de concentrar recursos e maximizar efeitos de interdependência e multidisciplinaridade dos trabalhos. Mas para isso torna-se essencial a montagem de uma rede informatizada de laboratórios e centros de excelência em biotecnologia. Igualmente

737 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel devem ser preconizadas condições de contratações de especialistas de toda área pertinente ao campo de pesquisas, de qualquer lugar de centros avançados no

Brasil e no exterior.

Para poder acompanhar todo esse processo de desenvolvimento tanto os

órgãos do Governo como do Legislativo e Judiciário devem ser atualizados e devidamente estruturados, com vistas ao cumprimento eficiente de suas atribuições em novas áreas e particularidades. Bibliotecas virtuais, cadastros de pesquisadores e instituições de pesquisas, rede de contatos com especialistas em áreas estratégicas, sistemas informatizados de comunicação on line, dentre outras providências, devem ser disponibilizados aos técnicos responsáveis para as novas missões.

Tal como a revolução da informática na sociedade, a biotecnologia moderna de proteômica tende a influenciar e a modificar o próprio conceito de vida na Terra.

Com isso, são reavaliados e reclassificados conceitos e opiniões de sustentabilidade, ecossistemas, oportunidades de negócios e projetos pessoais e sociais que tenham qualquer relação com a misteriosa natureza.

Com tantos fatos e experiências de sucesso no campo da biotecnologia ocorrendo no Brasil, é perfeitamente concebível a preparação, mesmo em caráter preliminar e a despeito da política neoliberal da economia, de uma política de biotecnologia para o País.

A idéia de um programa ou plano estratégico do setor para as necessidades e estratégias de desenvolvimento do País poderia ser materializada através de uma comissão especial para tratar desse assunto no Congresso Nacional, reunindo especialistas de diversas áreas e setores empresariais, instituições de ensino,

738 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel consumidores, centros de desenvolvimento e apoio técnico-científico, entre outros.

Esse grupo de trabalho promoveria seminários, debates, conferências e estudos especiais com vistas à elaboração de um programa de ação de longo prazo do tipo

Plano Plurianual em biotecnologia, definindo objetivos, prioridades, recursos necessários, medidas legislativas, medidas administrativas, projetos e setores essenciais, público-alvo, calendários, estratégias, consecução de metas e benefícios, entre outros pontos programáticos. Seria uma prévia da programação setorial para o PPA 2003, que vai ter que ser feita de qualquer forma.

A montagem de uma política de biotecnologia para o Brasil facilitaria expressivamente tanto a negociação de propostas orçamentárias específicas como daria indicações objetivas de prioridades e relevâncias setoriais para a iniciativa privada, além de dispor de um eixo, de um norte para a promissora trajetória desse segmento técnico-científico para o País, de forma abrangente, transparente, objetiva e participativa.

O tema transgênico é complexo, atual, polêmico e muito envolvente. Como segmento da biotecnologia seu alcance é extraordinário, com aplicações em vários campos de interesse do homem: agropecuária, silvicultura, aqüicultura, médico- farmacêutica, veterinária, industrial e ambiental. Desses campos, provavelmente o setor rural é o de menor projeção (alimento é limitado pelo estômago e apresenta elasticidade-renda negativa) e, de longe, o de maior expressão é o setor de saúde

(diagnóstico, nutrição, médico-farmacêutico).

O campo de aplicações industriais em vários segmentos e produtos é infindável — mineração, tratamento de efluentes, obtenção de enzimas e catalizadores, produtos de limpeza e higiene etc.

739 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

No campo de tratamento da poluição e dejetos de várias procedências a tecnologia de biorreatores e fitorremediadores, usando fungos, bactérias, algas, plantas e insetos é uma alternativa cada vez mais real.

Os esforços de organização, sistematização e estruturação de campos de ação dos transgênicos, de forma coordenada e disciplinada, exigem novas posturas administrativas e princípios de gerenciamento ajustáveis a uma nova realidade com visão inédita da vida. Os desafios são enormes.

São necessárias novas leis, portarias, atos administrativos, regulamentos e novas formas de convivência entre diversos grupos de interesse no setor com o surgimento de novos e poderosos agentes econômicos.

Em uma revolução de conceitos, de idéias e de oportunidades de negócios surgem, também, possibilidades efetivas de efeitos social e ambientalmente indesejáveis para a sociedade e para o País.

Esse ambiente de diversidade de opiniões, interesses, necessidades e realidades torna o Congresso Nacional um foro adequado e oportuno para o tratamento racional, lógico, ético, justo e sensato das questões complexas de transgênicos, em benefício de todos os cidadãos e, principalmente, para a natureza, patrimônio de todos os seres vivos do Planeta.

740 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. POMPEO DE MATTOS – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. POMPEO DE MATTOS (Bloco/PDT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, gosto de escrever poesias e procuro fazer meu pronunciamento em rimas, até para — quem sabe — ser melhor compreendido.

Peço a V.Exa. licença para ler meu primeiro pronunciamento desde que aqui cheguei, sobre a CPMF, datado do início de 1999.

Senhores peço licença

Para dar minha opinião

Neste assunto que a nação

Hoje inteira debate

E lhes digo é um disparate

De novo a C.P.M.F

Pois o povo não esquece

Que outra vez lhe enganaram

E com promessas aprovaram

O tal imposto do cheque

E depois como “pé que um leque”

Se mandaram com a grana

P’ro povo sobrou uma banana

C’o a conta a pagar

E os hospitais a reclamar

Onde está o dinheiro

Dele não vimos o cheiro

741 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Assim nós vamos quebrar.

II

Porque então meus senhores

Que o governo está insistindo

E com pressão exigindo

Que o imposto seja aprovado

Constrangendo os Deputados

Fazendo imposição

Alegando que a nação

Tá devendo pro estrangeiro

E que o tesouro em desespero

Só encontrará salvação

Se a tal contribuição

Venha ser logo aprovada

E de imediato repassada

Para conter a inflação

III

Espero assim que me entenda

Eu explico o que acontece

Nosso povo não merece

Tanta carga tanto imposto

Que só causa mais desgosto

Aumentando nosso medo

Arrochando o desemprego

742 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Que mata o trabalhador

Nos causando tanta dor

Atingindo nossa moral

Pois não há desgraça igual

Quando falta o pão na mesa

E com esta incerteza

De pouco adianta as preces

Pois essa tal C.P.M.F.

Vem para enganar a pobreza.

IV

Na ânsia de enganar o povo

Diz que a verba é pra saúde

Eu peço a Deus que me ajude

A não aceitar a mentira

E chega a me atiçar a ira

Ao ver tamanho impropério

Hoje qualquer homem sério

Sabe qual é a verdade

E eu digo com sinceridade

Coisa igual eu nunca vi

E reafirmo aqui

Que este imposto malvado

Só servirá de agrado

Aos banqueiros e ao F.M.I.

743 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Eu disse isso, Sr. Presidente, em 1989 — fevereiro ou março. Está nos Anais da Casa. Escrevi, sentado neste plenário. E vejo agora que tudo se repete, porque de novo a CPMF volta a plenário para ser votada. CPMF quer dizer Contribuição

Provisória sobre Movimentação Financeira. Sou do Banco do Brasil e conheço como funciona o mecanismo de arrecadação da CPMF.

Pasmem, senhores: o provisório virou definitivo ou está definitivamente provisório, e vamos ter que engolir de novo. Aliás, eu disse a certa altura que só temos incerteza e que pouco adianta as preces — a tal CPMF veio para enganar a pobreza. Pois não é que agora estipularam 0,8 para a pobreza? Trinta para a saúde e 0,8 para a pobreza. Vão enganar o povo novamente, como estão enganando o pobre, que precisa de saúde neste País.

Digo antecipadamente: será votada, aprovada e será dito amém, como burrinho de presépio.

E como não sou bobo nem filho de pai bobo, para mostrar que não sou contra o mundo e que não falo pelo prazer de falar contra — tipo “se hay govierno soy contra” — apresentei emenda à proposta da CPMF para ver se o Governo é sincero, se quer realmente arrecadar dinheiro para a Saúde. Ela determina que

22,5% do que for arrecadado fique no Município; 21,5% vá para o Estado; e 56% para a União.

Por que isso? Hoje todo o dinheiro arrecado vem para Brasília; encanta-se no

Lago Paranoá; cai nos escaninhos da burocracia e adeus, tia Chica, não volta mais.

E ficamos “na beira da estrada com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar”!. E a morte vem, porque não adianta ficar esperando

744 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel quem não ficou de vir. E o dinheiro arrecadado da CPMF, que tinha de voltar para os

Municípios, não volta.

Quero testar a sinceridade do Governo, mas principalmente a dos nossos colegas. Se aprovarmos essa emenda, na hora em que essa contribuição for arrecadada no Município, o banco arrecadador — conheço esse sistema, como já disse, sou bancário, sei como funciona — deve deixar 22,5% para o Município. Esse valor é depositado numa conta especial, chamada Fundo de Saúde, e será gerenciado por uma comissão de saúde do Município, representada por Prefeito,

Vereadores, entidades, médicos, paramédicos, enfim, membros da comunidade, que saberão o melhor destino para ele. Para o Estado, ficarão 21.5% dessa contribuição, numa conta separada, vinculada, gerenciada por uma comissão estadual de saúde; e os outros 56% vêm para Brasília. E o Governo que faça o que quiser: dê para o FMI e os banqueiros.

Assim, pelo menos, salvamos um pouco dessa dinheirama. São 2 bilhões por mês. É muito dinheiro! E ninguém sabe para onde vai. Com certeza, sabemos para onde não vai: para a Saúde. Esse dinheiro deveria ser destinado à saúde, à prevenção de doenças, à cura, mas não é. Não se curam os doentes nem se previnem doenças.

Espero ver sinceridade dos meus colegas, porque, do Governo, não espero nada. Vamos possibilitar a que 22,5% do que se arrecada em CPMF fique no

Município, e o Prefeito administre bem essa verba; que 21,5% desse imposto fique em cada Estado, para que o Governador e a comissão de saúde o administrem. O restante pode vir para Brasília, para o Governo Fernando Henrique fazer o que quiser, porque, para a saúde, até agora, ele não tem feito absolutamente nada com esse dinheiro.

745 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. LUIZ ALBERTO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LUIZ ALBERTO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na última semana, na cidade de Salvador, dois terreiros de culto africano

(Vila São Roque e Olufã Anancidê) foram vítimas de insultos e agressões por membros da Igreja Internacional da Graça de Deus.

O menosprezo e o ódio contidos na expressão “Sai, satanás” e o arremesso de sal e de enxofre nas dependências dos terreiros confirmam que a liberdade de culto religioso, mesmo naquela que é considerada cidade multirracial e multirreligiosa, ainda é sonho e desejo.

Atos de intolerância religiosa têm sido, sistematicamente, denunciados pelos adeptos do culto afro na Bahia. É comum hoje avistar a construção de igrejas evangélicas em local próximo aos terreiros, em diversos bairros de Salvador, o que comprova a investida planejada contra o culto afro em nosso Estado.

A intolerância religiosa configura ofensa à liberdade de expressão e é considerada crime racial. A Constituição de 1988 distinguiu o crime com sede própria entre os direitos e os deveres individuais e coletivos no Título II, dos Direitos e Garantias Fundamentais, prevendo que a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, a exemplo do que já fazia a Carta anterior, sujeito à pena de reclusão. E mais: não satisfeito com essa garantia, o Constituinte deferiu à lei a punição de qualquer discriminação atentatória dos direitos e às liberdades fundamentais.

746 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O art. 5º, inciso VI, abraça ainda garantia de invulgar interesse e importância, tornando inviolável a liberdade de consciência e de culto e assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e a proteção aos locais de culto e as suas liturgias.

Esse constrangimento desumano, fruto da absurda, dolorosa e brutal era do colonialismo e do escravismo, perdura ainda nas diversas regiões do planeta, como demonstram as atrocidades ocorridas na África, na Ásia, na Europa e na América ou no dito Primeiro Mundo civilizado. A segregação é má tanto se for praticada pela maioria quanto pelas minorias que vêm nela uma forma de se protegerem.

Recentemente, têm emergido assustadoramente conflitos humanos provocados por fundamentalismos religiosos, limpeza de etnias e até segregação social e biológica, que, na verdade, influenciam as outras diferenças humanas e devem ser combatidos a todo custo.

Por ser este um país imigratório que forjou sua nação pelo amálgama de povos os mais diversos, de etnias, procedência, credos, cor e religião distintos, os direitos e garantias fundamentais de brasileiros e estrangeiros merecem das autoridades governamentais maior atenção.

O Procurador Leon Fredja, em sua obra “Crimes Resultantes de

Discriminação ou Preconceito de Raça, Cor, Etnia, Religião ou Procedência

Nacional”, assevera o seguinte:

O Estado, cumprindo a ordem constitucional,

deverá oferecer proteção não só às manifestações das

culturas populares indígenas e afro-brasileiras, como

também às de outros grupos que contribuem para o

processo da nacionalidade. É tão significativo este fato

747 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

que a lei deverá dispor sobre as datas de alta relevância

dos diversos agrupamentos étnico-sociais.

Repudio o crime racial praticado contra os terreiros e cultos africanos, afirmando que estarei atento e solidário à luta contra o preconceito, o racismo e a discriminação existente na sociedade brasileira e não pouparei esforços para buscar mecanismos de valorização da cultura afro-descendente, da preservação da ancestralidade e da auto-estima do povo negro.

Por fim, Sr. Presidente, abordo outro assunto. Refiro-me à grande manifestação promovida pelos trabalhadores da educação em Brasília, que exigem do Governo Federal e do Ministro Paulo Renato o acatamento das reivindicações da categoria, em greve há mais de trinta dias.

Era o que tinha a dizer.

748 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. ALEX CANZIANI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ALEX CANZIANI (PSDB-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, com muita satisfação, registro o grande evento que está sendo realizado com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador, numa parceria entre a

Social Democracia Sindical — SDS e a CONTRATUH, Confederação dos

Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade.

O Fórum Nacional de Turismo, Gastronomia e Hospitalidade está sendo realizado em 45 cidades e vai atingir mais de dez mil trabalhadores brasileiros. Os recursos do FAT, um dinheiro do trabalhador, está sendo usado muito bem, em prol da capacitação de nossa mão-de-obra.

E não poderia deixar, Sr. Presidente, de cumprimentar a SDS, o Presidente da CONTRATUH, Sr. Moacyr Roberto Tesch Auersvald, e, principalmente, os trabalhadores do turismo, que, através desse fórum estão sendo capacitados.

Parabéns a todos, ao Ministério, principalmente porque o recurso do FAT está sendo bem utilizado na capacitação dos nossos trabalhadores.

Muito obrigado.

749 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. MENDES RIBEIRO FILHO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MENDES RIBEIRO FILHO (PMDB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero aproveitar o fato de a sessão ser presidida por um gaúcho e homenagear os 106 anos do Correio do Povo, jornal de alta credibilidade, que fez história, registrando os fatos em todos os momentos, e que honra por demais os gaúchos.

Registro os cumprimentos da Câmara dos Deputados ao Correio do Povo e peço a V.Exa. que comunique os órgãos de divulgação da Casa a providência deste

Parlamentar, que é — acredito — de toda a bancada gaúcha.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Esta Presidência soma-se aos cumprimentos de V.Exa., que, certamente, representa a vontade não apenas da bancada gaúcha, mas, com certeza, do Parlamento, pelos 106 anos do Correio do

Povo, importante jornal não apenas para o Rio Grande do Sul, mas para toda a imprensa brasileira.

750 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

A SRA. VANESSA GRAZZIOTIN - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB-AM. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, antes de iniciar o assunto que me traz à tribuna, gostaria de tecer comentários sobre a grande marcha em defesa da educação pública no País. Neste momento, o ato público já começou, e a marcha ainda não foi concluída. Estão em Brasília mais de 50 mil trabalhadores em educação, professores, estudantes e sindicalistas, que vieram apoiar a luta justa das escolas e universidades públicas brasileiras em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade.

Há mais de 50 mil pessoas em frente ao Ministério da Educação. Diante dessa quantidade de pessoas, o Ministro Paulo Renato se vê obrigado a sair de seu pedestal e, logo mais, conversar com os dirigentes da CNTE — Confederação

Nacional dos Trabalhadores em Educação. O Ministro deverá receber também um grupo de Parlamentares que compõem a Comissão da Amazônia e de

Desenvolvimento Regional, para seguir nas negociações e nos encaminhamentos que visam ao fim da greve, que ocorre há mais de um mês nas universidades públicas brasileiras.

A situação das instituições públicas de ensino é a cada dia mais grave. As universidades públicas estão paralisadas devido a uma greve nacional, que só foi deflagrada depois que os trabalhadores perceberam inexistir a menor boa vontade do Governo Federal em resolver seus problemas. Se não fosse a greve, certamente as universidades estariam paralisadas por falta de recursos.

751 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Para não ir muito longe, trago o exemplo da Universidade Federal do

Amazonas, que só não teve sua luz cortada porque o reitor fez um acordo com a empresa de energia elétrica que atua em Manaus. A conta está atrasada não há meses, mas há anos, porque os recursos do MEC sequer são suficientes para manter aquela instituição pública de ensino superior.

Quero dizer à sociedade brasileira que a greve, que o movimento paredista não se dá apenas em função de questões salariais. E, nessa área, eles têm muito o que reivindicar, porque mais de 70% dos vencimentos dos docentes das universidades são gratificações. Salário mesmo constitui somente 25%, ou um pouco mais, daquilo que eles ganham. Eles não podem viver nessa permanente instabilidade, sendo ameaçados de perder uma ou outra gratificação. Mais do que isso, todas as universidades brasileiras têm grande parte de seu quadro docente formado por professores contratados temporariamente. Muitos dos que se aposentaram não foram substituídos por meio de concurso público, automaticamente, inclusive.

Esse grande movimento cívico e exemplar soube enfrentar a truculência do

Planalto e do Governo do Distrito Federal. Foram deslocados dos quartéis milhares e milhares de policiais militares, a cavalaria e a tropa de choque para intimidar estudantes e trabalhadores honestos, que viajaram horas e horas e vieram de regiões as mais diferentes do País. Mas de nada adiantou pôr cavalaria e soldados armados até os dentes nas ruas, porque o movimento agiu pacificamente. Não tenho dúvida alguma de que isso sensibilizará ainda mais a sociedade brasileira. Espero que, a partir de agora, o Governo Federal olhe um pouco mais para o País e sua gente.

752 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Paira no ar grande contradição. O Presidente Fernando Henrique, recentemente, disse nos meios de comunicação que a área de ciência e tecnologia nunca teve tanto dinheiro como neste ano, Deputado José Genoíno. Trata-se de verbas acima de 1 bilhão e 800 milhões de reais. Como há dinheiro para ciência e tecnologia, Sr. Presidente, se as universidades públicas, que deveriam receber recursos não apenas para o ensino, mas também para a pesquisa, estão falindo? Os estudantes que compõem grupos do PET estão há quase um ano sem bolsa de iniciação científica, assim como os professores que os coordenam.

Este momento, nobres pares, em muito nos gratifica e traz ainda mais a esperança de mudar o rumo do País, o Presidente da República e a política. É a

única forma de salvar a Nação e o povo brasileiro.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ontem, juntamente com grupo de

Deputados, visitamos o Comando de Defesa do Espaço Aéreo Brasileiro da

Aeronáutica. Discutimos o assunto com especialistas e conhecemos os CINDACTAs

I, II e III. Vimos também como será o SIVAM.

Tivemos oportunidade de debater com altos dirigentes da Aeronáutica sério problema: o tráfego aéreo ilícito no Brasil, cada vez maior — chega a ser assustador. Não há legislação devidamente regulamentada que permita a derrubada de aeronaves que voam em nossos espaços aéreos ilicitamente.

O Presidente Fernando Henrique declarou isso ontem, quando esteve em

Tabatinga, no meu Estado. Só que S.Exa. é quem deve tomar iniciativa para regulamentar a lei. S.Exa. esqueceu-se de referir-se a esse fato.

Apelo para o Presidente Fernando Henrique no sentido de que regulamente o mais rapidamente possível essa lei, para que possamos ver diminuído o tráfego

753 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel aéreo ilícito, que só traz desgraça ao País. É tarefa de todos combater os tráficos de droga e de armamento, os quais alimentam o terrorismo.

Era o que tinha a dizer.

754 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. ROBÉRIO ARAÚJO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ROBÉRIO ARAÚJO (Bloco/PL-RR. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há poucos dias, desta tribuna, cobrei do DNER e do Ministério dos Transportes maior atenção para com a rodovia

BR-174, que liga o Amazonas a Roraima e encontra-se com vários trechos em situação precária, como acontece em praticamente todas as estradas federais do

País que ainda não foram privatizadas.

As obras de pavimentação da mencionada rodovia foram concluídas há aproximadamente dois anos e meio, como atesta o próprio DNER, no Estado do

Amazonas; em Roraima, já se vão cinco anos com tráfego normal de veículos.

Devido à constante falta de recursos, não houve a devida conservação e, com isso, a rodovia está praticamente intransitável, trazendo grandes prejuízos aos caminhoneiros, aos empresários e à população roraimense, porque os fretes acabam tendo que ser majorados.

Correspondência que acabo de receber de técnicos rodoviários mostra que os maiores inimigos das estradas brasileiras são a falta de conservação adequada, o

índice pluviométrico da região e a falta de controle de carga. Leva ao colapso de qualquer rodovia a existência desses três fatores.

No caso da região amazônica, a situação é ainda mais complicada, devido ao elevado índice pluviométrico, com chuvas freqüentes em qualquer época do ano.

Quanto ao excesso de cargas, os níveis são alarmantes em todo o País. Isso ocorre porque inexiste fiscalização mais eficiente, permitindo que caminhões e carretas trafeguem sempre com volume de carga muito além do que deveriam.

755 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Esse fator, segundo o Departamento de Estradas de Rodagem, é o pior de todos. Por mais que o órgão se desdobre para atender às necessidades, recuperando as rodovias, sempre esbarra nesse problema.

É necessário, no entanto, que o Governo Federal libere mais recursos para que o DNER possa contratar maior número de fiscais e instalar, ao longo das rodovias, balanças para controlar o peso das cargas dos veículos.

Se essa providência não for tomada, e de forma urgente, de nada valerá consertar as rodovias, porque em pouco tempo as obras estarão danificadas novamente.

Por outro lado, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero, desta tribuna, agradecer ao Ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, pela atenção com que tem atendido aos pleitos de Roraima e dizer que, entre todos os Ministros, ele vem sendo o mais solícito para com os Parlamentares, sempre de forma cordial, ao contrário do que ocorre com outros Ministros, que parece serem os donos dos seus cargos.

Muito obrigado.

756 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. JOSÉ GENOÍNO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, manifesto meu apoio e solidariedade à Marcha

Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública, realizada hoje em Brasília, que, numa demonstração de força, unidade e espírito público dos profissionais exigem do Governo respeito, tratamento digno e postura democrática.

Mas quero referir-me especificamente à declaração do Presidente da

República, divulgada hoje em todos os jornais. No seu pronunciamento em

Tabatinga, na fronteira com a Colômbia, disse S.Exa. que está na hora de regulamentar a lei sobre abate de aeronaves. Contudo, falou S.Exa. de maneira genérica. E, nas entrelinhas, deu a entender que cobrará isso do Congresso

Nacional.

Ao ler a matéria fiquei revoltado. Não sei se o Presidente é comentarista ou omisso, não sei se falta a ele sinceridade com o País, como Chefe de Estado e de

Governo. S.Exa. não quer assumir a responsabilidade política perante o País. A lei, oriunda de projeto aprovado pelo Congresso Nacional em 1997, foi sancionada no início de 1998. Depende de regulamentação do Poder Executivo. Os Estados Unidos querem monitorar o abate de aeronaves na fronteira e especificar a questão do narcotráfico, e fazem pressão.

Essa lei está há três anos na mesa do Presidente da República. E faz S.Exa. declaração como se tal regulamentação nada tivesse a ver com o Poder Executivo, dando a impressão de que essa questão não compete a ele.

757 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Sr. Presidente, ocorreu o atentado nos Estados Unidos, a instalação do

Escritório de Inteligência em São Paulo, algo que estamos criticando e cobrando do

Governo uma atitude. E quanto à lei que trata do abate de aeronaves, o Presidente tece comentários olímpicos sobre ela. Trata-se de um Presidente que se coloca de maneira olímpica diante de grave problema, como se nada fosse com ele.

Hoje, Sr. Presidente, procedi ao levantamento de dezenas de pronunciamentos feitos desta tribuna sobre o assunto. Neles, há três de minha autoria e alguns de outros Deputados, cobrando do Executivo a regulamentação da lei sobre o abate de aeronaves. Há, inclusive, requerimento de informações de minha autoria ao Itamaraty sobre possíveis pressões do Governo dos Estados

Unidos acerca da regulamentação da lei.

Aos olhos da opinião pública, parece que o Congresso Nacional é omisso e não regulamenta leis, quando, na verdade, quem deve fazê-lo é o Presidente da

República.

Já estivemos visitando o Centro de Defesa Aérea do País e pudemos constatar, assim como qualquer observador, a quantidade de aeronaves clandestinas que entram nas fronteiras da região amazônica e da Região Sul do

País.

Diante dessas cobranças e de todos os discursos feitos, o Poder Executivo agiu de maneira olímpica. Não soube enfrentar pressões dos Estados Unidos e não regulamentou a lei sobre abate de aeronaves.

Em conseqüência do agravamento da crise internacional, fala S.Exa. em fazê- lo, como se o problema fosse do Congresso Nacional.

758 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Exijo respeito a esta Casa, que há quatro anos votou projeto, quase por unanimidade, e há três anos e meio espera a regulamentação dessa lei. Repito: ela foi sancionada no início de 1998.

Caberia ao Presidente da República tratar a matéria com a responsabilidade de Chefe de Estado e de Governo, até admitindo que não a regulamentou por não ter noção dos problemas relacionados com a defesa aérea nas nossas fronteiras.

S.Exa. discordou de orientações e notas técnicas da área da Defesa Nacional e da

Aeronáutica. Convenceu-se de que está na hora de regulamentá-la.

Quero, mais uma vez, cobrar da tribuna postura diferente do Presidente da

República, a quem compete exclusivamente regulamentar leis. O Congresso

Nacional cumpriu sua parte exatamente há três anos e meio.

Era o que tinha a dizer.

759 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. CARLOS SANTANA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CARLOS SANTANA (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, a PETROBRAS completa hoje 48 anos de existência. A empresa tem exercido trabalho fundamental em todo o País. Além disso, continua sendo a maior empresa estatal sobrevivente ao desmonte do Governo Federal.

Quero dizer aos companheiros que, neste momento, estão nas plataformas, longe de suas famílias e de seus lares, que o Congresso Nacional respeita a

PETROBRAS e reconhece sua importância no contexto nacional.

Era o que tinha a dizer.

760 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. JOÃO LEÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOÃO LEÃO (PPB-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, comunico a esta Casa que a Subcomissão de Desenvolvimento do

Semi-Árido está examinando a PEC Nº 57-A, de 1999. Gostaria de agradecer aos

Srs. Parlamentares a assiduidade de comparecimento às reuniões.

Quero também lembrar que a PEC nº 57-A será votada no próximo dia 20 de outubro e nos próximos trinta dias a Comissão Especial estará chegando ao fim do seu prazo regulamentar.

A Comissão Especial trata do desenvolvimento do semi-árido brasileiro, região que tem um dos menores índices de desenvolvimento humano e grandes problemas.

Agradeço a V.Exa.

761 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Concedo a palavra ao nobre Deputado

Walter Pinheiro, para uma Comunicação de Liderança pelo PT. S.Exa. disporá de até seis minutos na tribuna.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Como Líder. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo esta tribuna para registrar que mais de 50 mil trabalhadores da área de educação estão participando, na Esplanada dos

Ministérios, nesta Capital, da Marcha pela Educação, para reivindicar mudanças substanciais na estrutura educacional, com a consolidação da universidade pública gratuita e de qualidade, o restabelecimento das negociações e das relações de respeito à instituição.

Condena-se veementemente a postura intransigente assumida pelo Ministro da Educação nos últimos dias. Mesmo diante do empenho de reitores, de

Deputados, do Colégio de Líderes desta Casa e de todos os segmentos da sociedade em prol da negociação, o Ministro Paulo Renato adotou postura de suspender o pagamento do salário dos professores, como forma eficaz, segundo ele, de acabar com a greve.

Sr. Presidente, greve acaba-se com negociação! Movimento paredista acaba- se por meio de diálogo, de conversa!

Tenho plena convicção — e creio que também toda a sociedade — de que a greve dos servidores públicos federais, e particularmente a dos servidores e professores universitários, foram pautadas única e exclusivamente pela intransigência e pela incapacidade de negociar deste Governo, além da absurda prática por ele adotada ao longo dos dois períodos de destruição do serviço e dos

762 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel servidores públicos. Por isso, e em busca de canais de conversação, esses trabalhadores participam dessa grande marcha.

Sr. Presidente, na semana passada, participei de manifestação com trabalhadores rurais sem terra e pequenos produtores atingidos por rompimento de barragens, com o intuito de dialogar com o Governo. Esses trabalhadores caminharam até a porta do Palácio do Planalto na esperança de que o Presidente da

República designasse, dentre seus auxiliares diretos, alguém para esse fim, mas foram surpreendidos com a não-aceitação do diálogo.

Assim tem feito o Governo com os servidores públicos federais e com os previdenciários. Estes últimos, mesmo querendo apresentar proposta de conciliação no sentido de resolver problema que se arrasta na Previdência Social, até agora não foram ouvidos, nem conseguiram estabelecer o canal de negociação .

Sr. Presidente, é possível encontrar alternativa viável para acabar com o impasse. Esta Casa discutirá projeto de revisão geral dos salários. Ela tem o dever de intermediar, buscar canais para reatar diálogo dos servidores e professores de universidades e o dos trabalhadores da Previdência com o Governo.

A marcha que hoje se realiza é no sentido de melhorar a educação e de resgatar universidades capazes de dotar a Nação de efetivas condições de disputa no mundo globalizado. Mas não de forma subserviente, não pela porta dos fundos, como mera consumidora. Temos de adotar políticas que nos permitam cada vez mais adquirir e bem aplicar conhecimentos e padrões tecnológicos, visando ao nosso desenvolvimento.

É o que pretendem os servidores e professores da área da educação que participam dessa marcha. Neste momento, milhares e milhares de trabalhadores

763 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel buscam identificar as causas que levaram a universidade ao estado de verdadeiro caos em que se encontra. Eles esperam encontrar um caminho que permita a profunda transformação do papel da universidade, mas que a mantenha capaz de produzir profissionais e pesquisadores competentes. E isso só se dará com pesados investimentos nas áreas de pesquisa e tecnologia. Nossas universidades criaram ambiente propício para que a Nação participe de grandes disputas no campo econômico e, prioritariamente, no tecnológico.

Portanto, chamo a atenção do Ministro da Educação para a necessidade de reabrir o canal de negociação com os servidores em greve, a fim de que, por meio do diálogo, encontremos alternativa para acabar com os graves problemas vividos pelos professores e servidores das universidades públicas e pelos profissionais da

Previdência Social.

Sr. Presidente, quero ainda fazer um apelo no sentido de que se resolva de forma justa e correta a greve dos servidores públicos, que busca abrandar o verdadeiro massacre havido com o arrocho salarial, que já dura sete anos .

Muito obrigado.

764 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. MARCELO TEIXEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MARCELO TEIXEIRA (PMDB-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, estou encaminhando à Mesa projeto de lei que modifica a

Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997, determinando mudanças na estrutura tarifária do serviço de telefonia fixa.

Registro ainda o falecimento do ex-Prefeito de Itapagé, no Ceará, Luiz

Gonzaga Saraiva.

Muito obrigado.

765 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. ANDRÉ BENASSI – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ANDRÉ BENASSI (PSDB-SP. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o projeto de lei do Orçamento de

São Paulo para 2002, encaminhado pelo Governador Geraldo Alckmin à apreciação da Assembléia Legislativa, traz em seus números a comprovação de que o Estado vive situação completamente diversa daquela herdada pelo primeiro Governo de

Mário Covas.

De fato, Sr. Presidente, desde o início de 1995, quando tomou posse o saudoso Governador Covas, São Paulo passou a ter grandes prioridades.

Inicialmente, o saneamento das finanças públicas estaduais, completamente deterioradas nas duas administrações anteriores. A seguir, ganharam ênfase a área social e o setor de infra-estrutura, destacando-se a saúde, a educação, os transportes e a reestruturação do complexo penitenciário estadual.

Graças à eficiente ação do Governador Geraldo Alckmin, cuja administração se consolida em resultados e em reconhecimento perante a esmagadora maioria do povo paulista, tiveram plena continuidade as mesmas prioridades que fundamentaram o Governo sério e austero inaugurado por Covas, voltado, sobretudo, para a solução das questões sociais e de infra-estrutura.

Em 2002, serão concluídas mais de 3 mil obras realizadas com recursos do

Estado, grande parte iniciada ao longo do primeiro Governo, em que Geraldo

Alckmin era Vice-Governador; outras tantas já de iniciativa do atual Governador. São obras de grande, médio e pequeno porte, que atendem à Capital, à área metropolitana e praticamente a todos os 645 Municípios do Estado. É importante

766 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel acrescentar que o Governo Alckmin está concluindo obras que se encontravam paralisadas por muito tempo, pois iniciadas e interrompidas em antigas administrações.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Orçamento estadual para o próximo ano prevê aumento de 78% das verbas para a área social. Para a segurança pública, serão destinados 6,2 bilhões de reais, ou seja, 17% acima do consignado no atual exercício. No setor de infra-estrutura, haverá um total de 3,2 bilhões de reais,

14,2% superior ao estabelecido para 2001.

São números e indicadores que demonstram a verdadeira dimensão do atual

Governo do Estado, o qual conseguiu imprimir amplo conjunto de realizações com o objetivo de dotar São Paulo de infra-estrutura moderna e adequada às suas reais necessidades, para continuar crescendo economicamente, mas, sobremodo, oferecer melhor qualidade de vida a sua gente.

São indiscutíveis os benefícios para toda a coletividade de obras como o trecho oeste do Rodoanel, a ser entregue no primeiro semestre de 2002, compreendendo 32 quilômetros de extensão, em duas pistas, seis túneis, seis pontes e 43 viadutos, pela conexão que faz com as Rodovias Régis Bittencourt,

Raposo Tavares, Castelo Branco, Bandeirantes e Anhangüera. Também relevante a extensão da Linha 5 do metrô, para fazer a ligação entre Capão Redondo e Largo

13, visando melhorar a qualidade do transporte de massas em São Paulo, um dos mais graves problemas enfrentados pela população.

Sr. Presidente, se é fundamental destacar esse extraordinário elenco de obras do Governo Alckmin, mais importante ainda tem sido sua atuação na melhoria de serviços públicos de saúde e de educação, em consonância, aliás, com os

767 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel princípios de sua notável formação humanista, o que torna S.Exa. sensível às questões de maior relevância social. Há em pleno curso programa de ampliação de leitos e de reformas hospitalares, incluindo-se as dos Hospitais Darcy Vargas e

Luzia Pinho Melo, além da entrega de três novos grandes hospitais nos próximos oito meses, em Santo André, Sapopemba e Bauru, e ainda a construção do hospital de Francisco Morato.

O tempo não me permite fazer a devida abordagem sobre todas as iniciativas do Governo de São Paulo, o que me levará a retornar ao assunto em próximo pronunciamento para registrar a especial atenção também dedicada às áreas de educação, habitação, saneamento e energia, assim como à construção de várias novas penitenciárias.

Sob o competente comando de Geraldo Alckmin, São Paulo continuará a ser referência para as demais Unidades da Federação, em termos de administração austera e responsável, além de destinação dos recursos públicos, seguindo rigorosamente as prioridades de elevado interesse coletivo.

Muito obrigado.

768 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. FERNANDO CORUJA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FERNANDO CORUJA (Bloco/PDT-SC. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nos últimos dias, repetiu-se o drama das enchentes, dos prejuízos e de enormes custos sociais e financeiros em razão do frágil planejamento urbano em muitos Municípios catarinenses. A tudo isso, soma-se o fato de que a o Ministério da Integração

Nacional, alegando falta de recursos, ainda não liberou as verbas contingenciadas do Orçamento da União para obras de recuperação dos estragos causados pelas cheias do ano passado e do início deste ano. São 8,6 milhões para as obras do ano passado e do início de 2001. Agora, a situação se agravou e muito mais será necessário para solucionar os problemas causados pelas chuvas da última semana no Estado.

Ainda não existem levantamentos sobre quanto será necessário de verbas para normalizar a situação, mesmo porque a Defesa Civil e as Prefeituras ainda estão preocupadas com a segurança da população, que, apesar da melhora do tempo, ainda está sob a ameaça de rios, que continuam subindo. A abertura das comportas das Hidrelétricas de Itá e Machadinho, apesar de estarem sendo monitoradas, estão amedrontando aqueles que moram nas margens dos rios.

A Defesa Civil catarinense já registra, além das quatro mortes, 7 mil pessoas desalojadas, 1,5 mil desabrigados e 54 Municípios em situação de emergência e um em estado de calamidade pública. Quase duas dezenas de rodovias foram interditadas e sofreram danos, exigindo novos recursos para recuperação. Ainda há

769 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel os prejuízos não dimensionados na área rural dos Municípios mais atingidos, muitos com a economia baseada no setor primário.

O Departamento de Estradas de Rodagem — DER e a Defesa Civil contabilizaram dezoito rodovias que tiveram trechos interditados, inclusive duas federais, sob a administração do Estado. Desabamentos, alagamentos, quedas de barreira e desmoronamento da pavimentação, com interrupção parcial do tráfego, comprometem as rodovias mais intensamente usadas, provocando, com os congestionamentos e atrasos, novos prejuízos à indústria, comércio e setores ligados à produção e distribuição de alimentos.

Volto a pedir ao Ministério do Planejamento que apresse a liberação do que está previsto no Orçamento de 2001 para infra-estrutura urbana em Santa Catarina.

E peço ao Governo Estadual catarinense que desenvolva ações mais eficazes em relação à contenção de cheias.

Sr. Presidente, peço a V.Exa. que autorize a publicação do meu discurso no programa A Voz do Brasil e no Jornal da Câmara.

Muito obrigado.

770 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. EDUARDO CAMPOS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. EDUARDO CAMPOS (Bloco/PSB-PE. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje, o País mobiliza-se em torno da 2ª Marcha Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública, promovida pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação — CNTE.

Essa manifestação tem como mote a derrubada dos vetos presidenciais ao Plano

Nacional de Educação, os quais foram os responsáveis pela redução dos investimentos no setor, impedindo uma política de gestão democrática do ensino, bem como o desenvolvimento de programas de formação e qualificação profissional, além da melhoria da infra-estrutura nas escolas.

As universidades públicas brasileiras passam por uma situação crítica, tendo como pano de fundo política deliberada de desmantelamento dessas instituições educacionais pelo Governo Federal, em cumprimento a exigências do mercado mundial globalizado.

A falta de compromisso do Governo com a manutenção e a realização de investimentos nas Instituições Federais de Ensino Superior — IFES é responsável pelo estado de degradação das universidades. Impedem-se, assim, as atividades inerentes ao próprio desenvolvimento do ensino, pesquisa e extensão de forma indissociável, representando, desse modo, uma afronta ao patrimônio histórico da

Nação.

Em matéria publicada no jornal Correio Braziliense de ontem, foi divulgado que os 140 mil servidores e professores das cinqüenta universidades federais ganharam na Justiça o direito de receber seus salários, mas o Ministro da Educação

771 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel recusa-se a liberar a verba para o pagamento, argumentando que não há essa necessidade, tendo em vista que as universidades não estão funcionando. Completa ainda S.Exa. que somente os aposentados irão receber.

Em recente visita que fizemos à Universidade de Araripina, em meu Estado, constatamos uma dura realidade, que afeta todas as universidades públicas brasileiras: está prestes a fechar suas portas por falta de estrutura e capacitação de professores. Temos compromisso com essa luta, dentro de uma ótica suprapartidária, uma vez que, se os Governos Federal e Estaduais não investirem em educação, não teremos uma nação consciente e capaz de lutar pelos seus direitos.

Recordamos Michel Foucault, quando dizia: "Conhecimento é poder". Na medida em que o povo brasileiro detenha o conhecimento e sejam reduzidos os altos índices de analfabetismo, deixará de ser submisso para tornar-se consciente e questionador de seus direitos de cidadania.

Por outro lado, cresce o mercado educacional superior brasileiro, com o aumento do número de instituições privadas, responsável hoje por 64% das matrículas no ensino superior.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a democracia exige que todas essas questões sejam discutidas e abertas ao diálogo entre o Governo e os representantes das entidades educacionais públicas.

O PSB vem lutando na defesa dessa causa inadiável para a sociedade brasileira, fazendo parte da Subcomissão Especial do Ensino Superior, da Comissão de Educação, Cultura e Desporto, assim como da Frente Parlamentar em Defesa do

Movimento Estudantil. Defende, também, a carreira docente e a malha salarial, para

772 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel um ensino público de boa qualidade dentro de uma política efetiva que contemple a população que paga impostos e, portanto, garanta o direito de estudar em uma universidade pública de qualidade.

Nosso papel nesta Casa é de defesa do ensino superior brasileiro, e que a

Universidade Pública Federal continue com seu papel histórico de desenvolver o

País social e economicamente.

Era o que tinha a dizer.

773 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. LUIZ BITTENCOURT – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LUIZ BITTENCOURT (PMDB-GO. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o horário de verão, que em breve retornará, para a intranqüilidade e a insegurança dos brasileiros, está preocupando a população de Goiás, que se manifesta em pronunciamento de protesto contra a imprevisão do Governo em face dos problemas energéticos do

País.

Agora mesmo, em crônica publicada no jornal O Popular, de Goiânia, o escritor Bariani Ortêncio, figura de destaque nos meios culturais, condena o malfadado horário de verão, mostrando a inquietação que essa medida traz ao povo, sobretudo aos escolares, e, especialmente, à saúde. O autor da crônica é folclorista, ensaísta, cronista, romancista, pesquisador e muito afeiçoado ao estudo da medicina alternativa, tendo publicado vários livros a respeito da cozinha goiana, que mereceu encomiásticas referências de Luís da Câmara Cascudo. É de sua autoria também o “ Dicionário do Brasil Central”, um alentado volume que registra os costumes, as tradições, a ciência, a cultura e aspectos particulares da vida do sertanejo do Centro-Oeste. Esse trabalho é elogiado por instituições culturais do estrangeiro e mereceu referências dos melhores pesquisadores do folclore de nosso

País.

É a seguinte a crônica de Bariani Ortêncio, membro da Academia Goiana de

Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, publicada em O Popular, sobre o horário de verão:

774 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Os defensores do malfazejo horário devem ser

daqueles que levantam com o barulho das panelas do

almoço. Mas as mães dos estudantes e as mulheres dos

maridos que vão para as aulas matutinas e os

empregados, levantam com o escuro e têm de acender as

luzes para a lida de forno e fogão, o que não se daria se

fosse no horário normal. Os especialistas no assunto já

provaram que o horário de verão é dispensável no Centro-

Oeste.

O povo não está aceitando essa imposição

absurda. O povo é quem paga as contas, portanto,

deveria ser respeitado, pelo menos, ouvido. Também já

estamos entrando no tempo das águas, as represas se

avolumam e mantêm as turbinas dos geradores

suficientes. Que economia mixuruca de 0,9% é essa pra

prejudicar as pessoas? Será que o conforto dos

brasileiros só vale 0,9%? O povo consumidor já esta

bastante sacrificado, desligando os seus eletrodomésticos

imprescindíveis para chegar aos 20% de economia

energética. Absurdo é o que acontece nas repartições

públicas: são dezenas, centenas, milhares de lâmpadas

acesas dia e noite, numa prova irresponsável de

desperdício.

775 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

A seção Cartas dos Leitores dos jornais está com

muitos pedidos para que o governo exclua o

inconveniente horário de verão, que deverá permanecer

de 14 de outubro a 17 de fevereiro, alegando que o

Centro-Oeste está economizando 20% de energia e

menos de 1% não compensaria o sacrifício das pessoas.

Depois vem a falta de segurança nas ruas e no

transporte, que os bandidos estão na impunidade,

nadando-de-braçada, principalmente na escuridão. O

governo dá garantia? Pode confiar? Ninguém confia. O

grande sacrifício do povo para pouco resultado é

insensível aos olhos e ao coração dos governantes.

Se não for realmente possível a exclusão destes

0,9%, então a solução seria aumentar 1% na cota de

sacrifício que os centroestinos vêm cumprindo.

Até que para a tarde o horário de verão é ótimo,

pois sobra mais tempo até escurecer e menos violência.

Mas, pela “madrugada”, é inteiramente desumano.

Já que estamos em plena democracia por que não

tirar a prova dos 9? Vamos partir para um plebiscito! Um

plebiscito rapidinho e barato. Votar pelo cupom colocado

nos jornais diários e depositados em urnas das principais

bancas. Não há despesa alguma para o governo. É fazer

776 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

plebiscito e ver como o povo vai dar de 10 a 0 no time

dos tecnocratas.

Plebiscito, para os jovens que o desconhecem, é

um ótimo conto apresentado em forma de esquete, do

escritor Carlos Laet, falecido em 1927.

Resumindo. A criança com o pai e a mãe à mesa

do jantar: - Pai, o que é plebiscito? O Pai encara o filho e

o repreende: - Que pergunta mais tola que você me faz,

meu filho! Pois se eu não sei, o que é que tem perguntar?

– Você não vai na escola? Pergunte a sua professora,

que é ela que é obrigada a responder. Eu pago escola é

pra isso. Aí entra e mulher: - O que custa você responder

para o menino? – Eu acho um absurdo, um desaforo eu

pagar escola cara para meu filho estudar e eu ter de

ensinar! – O que custa você falar aí pro menino o que é

plebiscito? Não falo! Comigo é cada coisa no seu lugar!

E a discussão se acalorou e foi por aí afora até que

o marido deu um soco na mesa, saiu enfezado e se

trancou no quarto. Passado um tempinho, depois de ter

consultado o pai-dos-burros, voltou bastante calmo,

pedindo desculpas:

Que bobagem fazer drama por uma pergunta tão

tola, e justamente à hora sagrada da refeição. Vou falar,

mais é só esta vez, hein?! Plebiscito vem de plebe,

777 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

plebeu, é uma lei lá da antiga Roma, resolução submetida

à apreciação do povo. Voto do povo, sim ou não, sobre

uma proposta que lhe seja apresentada. Direito que têm

os cidadãos de se pronunciarem diretamente a respeito

das questões de interesse geral...

Está aí o plebiscito para o horário de verão, ótimo

para provar a democracia.

Passo a abordar outro assunto, Sr. Presidente. Está sendo realizado em

Goiânia o 56º Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Participam do evento 4 mil médicos e mil outros profissionais de áreas afins, como enfermagem, fisioterapia e nutrição. Quinhentos expositores de temas têm feito palestras apresentando os painéis e fazendo avaliação de trabalhos científicos, inclusive ministrando aulas relativas às doenças do coração. Além do mais, 850 trabalhos científicos foram remetidos ao debate congressual, dos quais 350 estão sendo discutidos no evento, com o registro ainda de que novecentos médicos de submetem à prova para obter o título de cardiologista.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia pretende articular a criação de um sistema de emergência que garanta o atendimento de vítimas do terrorismo. As primeiras conversas sobre a estruturação desse sistema foram oficialmente iniciadas no dia 30, data da abertura da reunião. O médico Nabil El Sanadi, responsável pelo

Sistema Médico Nacional contra Desastres (National Medical Disaster System), na

Flórida, EUA, encontrou-se com o presidente do Comitê de Ressuscitação da entidade, Sérgio Timermam, para tratar do assunto. O médico El Sanadi está em

Goiânia para ministrar palestras sobre seu campo de pesquisa (ataques cardíacos

778 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel desencadeados pelo uso de cocaína) e em seu primeiro pronunciamento explicou que o Brasil tem que se preparar para o “impensável”, tendo em vista os atentados terroristas que vêm ocorrendo em diferentes partes do mundo.

O 56º Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia é o maior evento da

área ocorrido em nosso País. Conta com muitos convidados estrangeiros, da

França, dos Estados Unidos, do Canadá, do Chile, da Argentina, da Inglaterra, da

Itália e da Nova Zelândia. Reúne cardiologistas de 95 países e 140 instituições científicas, representadas por médicos especialistas na luta contra a cardiopatia. A preocupação dos cardiologistas de todos os países com a saúde do coração é justificada, pois as doenças cardíacas matam 17 milhões de pessoas por ano no mundo, e o desafio dos médicos é reduzir pela metade esse número de óbitos.

Sabe-se que 300 mil brasileiros morrem de doenças cardíacas e correlatas a cada ano, por não combaterem os conhecidos fatores de risco, tabagismo, hipertensão, diabetes, obesidade e sedentarismo. Também revelam as estatísticas que, todos os anos, cerca de 20 milhões de pessoas, em nosso planeta, sofrem acidentes vasculares cerebrais, conhecido popularmente como derrame, e, desse contigente, 5 milhões morrem. Outros 15 milhões sobrevivem, a maioria com seqüelas, como a paralisia de membros. O Acidente vascular cerebral atinge com mais freqüência a população dos países do Terceiro Mundo, onde a hipertensão não tem controle rigoroso.

O 56º Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia está sendo presidido pelo Dr. Anis Rassi, professor emérito da Faculdade de Medicina da

Universidade Federal de Goiás, autoridade internacional no estudo e na pesquisa da doença de Chagas, com trabalhos publicados em revistas especializadas da Europa,

779 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel dos Estados Unidos e da América Latina. Além do exercício da cátedra universitária, sua atividade profissional é desenvolvida no Hospital São Salvador e é, no Centro-

Oeste, uma referência na respectiva área.

O Prof. Anis Rassi é consultor da Organização Mundial da Saúde para a

América Latina e tem recebido vários encômios de instituições científicas estrangeiras e do Brasil. Em sua homenagem está sendo construído em Goiânia, inclusive já em fase de acabamento, o Hospital Anis Rassi, dotado do mais moderno equipamento para tratar das moléstias que afetam o coração, inclusive para a realização de complexas cirurgias. Esse médico há muito que se dedica à cardiologia e é considerado por seus companheiros um dos mais competentes e experientes do seu campo de ação.

Durante o 56º Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o Prof. Anis

Rassi recebeu aplausos e muitas homenagens de todos quantos participaram do evento. Presidindo as reuniões do conclave, foi muito prestigiado pelos seus colegas de profissão, que destacaram sua vocação para o exercício da Medicina, o seu fervor pelo estudo das doenças cardíacas, especialmente a doença de Chagas, e o alto valor dos seus trabalhos científicos, a maior parte dos quais inseridos em publicações estrangeiras da América Latina e dos Estados Unidos.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

780 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. LINCOLN PORTELA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LINCOLN PORTELA (Bloco/PSL-MG. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, os países latino- americanos vêm sentindo, nos últimos anos, a necessidade de realizar profundas reformas, particularmente nas áreas administrativa, previdenciária e tributária. A urgência e a relevância do tema exigem que sobre ele sempre se fale.

A relutância do Governo em impulsioná-las não significa que a sociedade não necessite delas com a máxima brevidade. No México, o governo diz que até dezembro haverá novo sistema fiscal, que fará com que mais pessoas paguem impostos. No Chile, a Câmara dos Deputados aprovou reforma que reduziu as taxas sobre os ganhos pessoais e aumentou aquelas que oneram as empresas. A

Argentina vive um impasse em meio à grave crise que enfrenta: precisa buscar alternativas para atenuar o déficit fiscal.

Em toda a América Latina, apenas 25% a 30% da população paga Imposto de

Renda e, percentual ainda menor, impostos sociais. Ao contrário dos países desenvolvidos, que em época de recessão aliviam seus impostos para não assustar os consumidores e os empresários, nos países latinos, os governos tendem a agravar ainda mais esses impostos, sobrecarregando em extremo os contribuintes, especialmente aqueles que são da classe média.

Problema sério que o Brasil e os demais países enfrentam é o alto índice de sonegação. Ao que parece, não faz parte da cultura dos latinos pagar os impostos corretamente. Da mesma forma, não há nos governos desses países uma cultura de

781 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel oferecer infra-estrutura e serviços de qualidade, como contrapartida à arrecadação desses impostos.

Essa é a principal diferença entre o sistema tributário nos países desenvolvidos e nos países latinos. Naqueles, as pessoas pagam altos impostos e têm como retorno serviços de qualidade; nestes, a carga tributária é excessiva e o contribuinte não sabe onde seu dinheiro vai parar, pois não há melhoria nos serviços.

Ainda falando do grave problema da sonegação fiscal, no início de setembro, a Receita Federal quebrou o sigilo bancário de 4.858 contribuintes dos 7 mil que vêm sendo investigados com base nos dados da CPMF. Foram atingidas 3.357 pessoas físicas e 1.501 pessoas jurídicas.

As investigações da Receita Federal concluíram que os 7 mil investigados movimentaram, em 1998, nada mais, nada menos do que 172 bilhões de reais.

Apesar disso, muitos se haviam declarado isentos do Imposto de Renda; outros, omitiram-se de apresentar a declaração ou tiveram o Cadastro de Pessoa Física cancelado.

A Associação de Comércio Exterior do Brasil — AEB fez um levantamento sobre todos os entraves tributários, burocráticos e logísticos às exportações brasileiras. Para que um produto brasileiro seja exportado, ele precisa passar antes por cerca de 112 tributos. O Presidente da AEB, Benedicto Fonseca Moreira, considera essa lista uma “parafernália tributária” e afirma que existem taxas cobradas ainda hoje que reportam à época do Brasil imperial.

Um sistema tributário eficiente não significa, necessariamente, aumento da pressão fiscal. Precisamos, nas nossas futuras discussões sobre a reforma tributária

782 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel brasileira, tomar como base para todas as nossas ações o conceito de “justiça tributária”. Não podemos permitir que poucos continuem levando o fardo que é de todos, da mesma forma que a Receita Federal deve estar cada vez mais empenhada em encontrar e punir os sonegadores, especialmente aqueles que são chamados os maiores sonegadores do Brasil.

Era o que tinha a dizer.

783 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. WELLINGTON DIAS – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa a palavra.

O SR. WELLINGTON DIAS (PT-PI. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, como outros colegas, também desejamos registrar nosso apoio à manifestação de estudantes, professores e servidores da

área de educação na 2ª Marcha Nacional em Defesa e Promoção da Educação

Pública, da qual participamos.

Temos hoje conosco lideranças de praticamente todos os Estados do Brasil, mostrando a necessidade de, por um lado, o Governo abrir negociações com todos os servidores e, por outro, se garantir os recursos necessários para a educação, seja do ensino fundamental, seja do ensino superior, a fim de que se realizem os concursos que se fazem necessários.

Cito particularmente a presença de lideranças do Estado do Piauí, que têm à frente o Sindicato dos Trabalhadores da Educação, na pessoa do seu Presidente,

Manuel Rodrigues.

Portanto, manifestamos nosso integral apoio a essa marcha.

Sr. Presidente, não conseguimos compreender a determinação do Ministério de Minas e Energia e dos órgãos que mais uma vez implantam, através de ato do

Presidente da República, o horário de verão na Região Nordeste.

Estivemos em 1999 com o então Ministro Rodolpho Tourinho. Naquela época, lembro-me de uma audiência do Ministro com o Deputado Sérgio Novais e outros

Parlamentares desta Casa. Na ocasião, S.Exa. comprometeu-se a realizar estudos sobre os dados que lhe eram apresentados pelo setor privado.

784 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Em seguida, tivemos, já no ano 2000, a apresentação desses estudos, repito, feitos pelo próprio Governo, segundo os quais o horário de verão aplicado em alguns lugares, especialmente do Nordeste, causava aumento e não economia no consumo de energia.

Naquela época, o Ministro de Minas e Energia já anunciava ao Brasil, em nome do Ministério, que aquele seria o último ano em que teríamos o horário de verão, pelo menos pela tão propalada razão de economia de energia. Entretanto, de repente abrimos os jornais e vemos anunciada sua volta. E não se apresenta outra explicação que não a teórica economia alcançada com essa medida.

Ora, basta citar os Estados do Ceará, do Rio Grande do Norte e do Piauí, entre outros, onde a adoção do horário de verão causa aumento no consumo de energia simplesmente porque as pessoas passam a acordar mais cedo, quando ainda está escuro, e a usar fartamente a energia elétrica. Além do mais, nessas regiões normalmente há um acréscimo no índice de violência, além de se mudar completamente o costume das pessoas: crianças e adolescentes acordam mais cedo, tendo sua rotina alterada, o que causa prejuízos à saúde, como também fartamente comprovado.

Quero dizer, alto e bom som, que são feitos lobbies por banqueiros e redes de televisão que desejam o horário unificado em todo o Brasil, e o Presidente submete-se a eles para implantá-lo, utilizando falso argumento, porque em algumas regiões do Brasil, repito, temos aumento no consumo de energia.

Estou preparando uma ação contra a adoção desse horário, como fizemos tempos atrás, até porque é ilegal a forma como ele é instituído, ou seja, por meio de portarias e medidas ilegais. Aliás, desde o ano passado o Judiciário vem negando o

785 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel uso desse expediente. Portanto, fazemos aqui um apelo para a revogação desse ato.

O povo já sofre por conta da aplicação de medidas de restrição do consumo de energia elétrica, pela possibilidade de apagão. Imaginem V.Exas. o que significa economizar energia numa cidade como Teresina, no Piauí, onde a temperatura nesta hora da tarde chega a mais de 40 graus. Não é exagero, mais de 40 graus é a temperatura que se registra numa cidade como Teresina. Imaginem a população ter de economizar mais de 20% de energia, desligar ventilador, ar-condicionado, enfim, abdicar das condições ideais de sobrevivência, inclusive em unidades de saúde localizadas em áreas essenciais.

Pedimos ao Governo Federal que não faça mais essa imposição ao povo, especialmente o do Nordeste, sobretudo do Estado do Piauí.

Muito obrigado.

O Sr. Enio Bacci, 3º Suplente de Secretário, deixa

a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Aécio

Neves, Presidente.

786 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

VI - ORDEM DO DIA

PRESENTES OS SEGUINTES SRS. DEPUTADOS:

787 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - A lista de presença registra o comparecimento de 291 Srs. Deputados.

788 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Apelo para que os Parlamentares que estejam em outras dependências da Casa venham imediatamente ao plenário, pois faremos sucessivas e importantes votações nominais na tarde e na noite desta quarta-feira.

789 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. ARISTON ANDRADE – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ARISTON ANDRADE (Bloco/PFL-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, ocupo a tribuna na condição de Vice-Líder nacional do meu partido para externar nosso repúdio à atitude inconseqüente de certos planos de saúde.

Ontem, no programa Jornal Nacional, foi veiculada matéria simplesmente estarrecedora, principalmente para a classe médica e para a saúde brasileiras, sobre cidadão que precisava se submeter à cirurgia de correção de desvio do septo nasais e, para isso, apresentou a identificação do plano de saúde. A cirurgia não era urgente e foi precedida de todos os procedimentos necessários. Levado para a sala de cirurgia, foi anestesiado e passou quatro horas no centro cirúrgico, mas quando acordou viu que não havia sido operado.

O desrespeito com que os pacientes são tratados pelos planos de saúde é inaceitável, mas os responsáveis continuam impunes, fazendo de idiotas aqueles que despendem parte de sua renda para o pagamento das mensalidades.

Aproveito a oportunidade para denunciar práticas semelhantes por parte da

Unimed. Espero que a Agência Nacional de Saúde tome providências sobre o assunto.

Muito obrigado.

790 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. MIRO TEIXEIRA – Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem sobre a Ordem do Dia.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MIRO TEIXEIRA (Bloco/PDT-RJ. Questão de ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, deveria estar na pauta da Ordem do Dia de hoje o Projeto de Lei nº 5.470, do Senado Federal, que altera a Lei nº 9.504, de 1997, sobre normas para as eleições, para ampliar a segurança e a fiscalização do voto eletrônico.

Confesso que tentei, percebendo que não estava cogitada a sua inclusão na pauta, apresentar requerimento de urgência urgentíssima para o projeto, não tendo sido bem-sucedido.

A minha preocupação é com a anterioridade constitucional. Do meu ponto de vista, que não é relevante, não existe anterioridade nesse caso. Não se trata do processo eleitoral propriamente dito, não se alteram as regras do processo eleitoral.

Pelo contrário, complementa-se o processo já existente na fase de votação e de apuração, para dar maior garantia ao eleitor.

Nessa hipótese, se houver a compreensão da Assessoria da Mesa de que não estamos sujeitos à anterioridade constitucional, como presumo, poderíamos deixar a votação para a semana que vem, examinando melhor o projeto, conforme me informaram Líderes partidários.

Se houver percepção da Assessoria de que o projeto está submetido ao regime da anterioridade constitucional, deveremos definir hoje a posição da Câmara dos Deputados, de qualquer maneira, votando contra ou a favor. Cada um deverá assumir sua responsabilidade.

791 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

A impressão do voto, da maneira descrita no projeto do Senado, representa avanço. Ninguém de boa-fé pode ser contrário a isso, o que não significa pressupor a existência de fraude no sistema. Mas nenhuma pessoa de boa-fé pode ser contrária à exibição da cédula impressa ao eleitor depois da votação.

O projeto do Senado é bom. Teríamos de fazer duas ou três emendas de caráter supressivo, a fim de que não voltasse ao Senado. Angustia-me apenas a possibilidade de discutirmos e votarmos a matéria nas próximas semanas, quando já poderá estar vencida pela anterioridade constitucional, o que, presumo, não seja o caso.

Então, Sr. Presidente, gostaria de ouvir a palavra tranqüilizadora de V.Exa. nessa direção.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Miro Teixeira, V.Exa. ouvirá minhas palavras, mas não sei se serão tão tranqüilizadoras como gostaria.

Creio que V.Exa. aponta três questões. Uma delas trata do mérito da matéria, que V.Exa. defende na proposta e sobre o qual não preciso falar, na qualidade de

Presidente da Casa, posto que conhece minha opinião a respeito.

A segunda dúvida de V.Exa. se refere ao fato de a proposta estar submetida ao critério da anterioridade constitucional, o que obrigaria sua votação até hoje, um ano antes da eleição. Creio, Deputado Miro Teixeira, na análise preliminar que

V.Exa. sugere, que se trata de mudança no processo eleitoral e, em determinado momento, a anterioridade poderia ser questionada.

Não posso assegurar a V.Exa., se a matéria for votada na próxima semana, que não haverá no futuro questionamento em relação ao tempo. De qualquer forma, estou solicitando à Secretaria-Geral da Mesa que formule parecer sobre a questão,

792 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel se tiver condição de fazê-lo, o mais rapidamente possível. Antecipo a minha preocupação pessoal.

A outra questão é de foro regimental. Esta Presidência informou, na sessão de ontem, que, se fosse apresentado requerimento de urgência, a matéria seria submetida ao Plenário hoje, em sessão extraordinária a ser realizada logo após o encerramento da sessão em curso. V.Exa., profundo conhecedor do Regimento

Interno da Casa, sabe que, por não haver parecer de Comissões em relação à matéria, só será possível incluí-la na Ordem do Dia com a apresentação de requerimento de urgência assinado pelo número regimental de Líderes partidários.

Se me permite, sugiro a V.Exa. que, no decorrer desta sessão — até porque a inclusão do projeto seria feita logo após o término desta sessão; e já anuncio que imediatamente após a votação do Código de Ética e da PEC da Iluminação Pública, sobre a qual há entendimento, iniciaremos sessão extraordinária para retomar a

Ordem do Dia —, encaminhe à Mesa requerimento solicitando urgência para a apreciação da matéria, que entraria na pauta da Ordem do Dia com prioridade de votação. Não quero correr o risco de a anterioridade constitucional ser questionada amanhã.

Portanto, havendo instrumento regimental — a urgência —, disponho-me a tomar a decisão, do ponto de vista político, de submeter a matéria à deliberação dos

Srs. Líderes ainda hoje. Não posso incluir na pauta matéria que não tenha urgência tampouco parecer das Comissões.

O SR. MIRO TEIXEIRA - Sr. Presidente, permita-me V.Exa. encaminhar à

Mesa requerimento de urgência urgentíssima apenas com a minha assinatura — obviamente, não peço que o considere, até porque não poderia, por causa do

793 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Regimento Interno —, pois não me sentiria à vontade para pedir aos Srs. Líderes, que não estão no plenário no momento, que me procurassem ou que passassem na

Liderança do PDT. Eu deixaria o requerimento com a Assessoria da Mesa e entraria em contato com os Srs. Líderes. No caso de S.Exas. concordarem, recorrerão à

Mesa para apor suas assinaturas ao requerimento.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – O requerimento ficará sob a severa vigilância da Secretaria-Geral da Mesa. E V.Exa., certamente, praticará a ação política — o que faz com muita competência — de convencer os Srs. Líderes sobre a assinatura.

Repito: tendo o requerimento o número regimental de assinaturas, será submetido ao Plenário.

794 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. LUIZ EDUARDO GREENHALGH – Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LUIZ EDUARDO GREENHALGH (PT-SP. Questão de ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, formulo esta questão de ordem com o apoio do

Deputado Fernando Gabeira. O porta-aviões nuclear Nimitz, da Marinha de Guerra dos Estados Unidos, chegou ao Brasil para participar de exercícios com a Marinha brasileira. Possui trinta torpedos, vinte bombas nucleares e de profundidade, dezoito reatores nucleares e é capaz de operar 36 aviões com armas nucleares.

O art. 15, inciso VIII, do Regimento Interno, determina que é atribuição da

Mesa da Câmara dos Deputados adotar medidas adequadas para promover e valorizar o Poder Legislativo, resguardando o seu conceito perante a Nação.

Por sua vez, o art. 17, inciso VI, alínea “g”, estipula que é atribuição do

Presidente da Câmara dos Deputados zelar pelo prestígio e pelo decoro da Casa, bem como pela dignidade e pelo respeito às prerrogativas constitucionais de seus membros em todo o território nacional.

No que tange às prerrogativas constitucionais do Poder Legislativo, o art. 21, inciso XXIII, alínea “a”, da Constituição Federal, estabelece:

Art. 21......

XXIII - ......

a) toda atividade nuclear em território nacional

somente será admitida para fins pacíficos e mediante

aprovação do Congresso Nacional;

795 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

De acordo com a interpretação do texto constitucional, o deslocamento de tal navio nuclear por águas brasileiras representa atividade que só poderia ser admitida mediante aprovação do Congresso Nacional. Destaque-se que o referido porta- aviões já causou três acidentes nucleares de proporções significativas.

Diante disso, Sr. Presidente, indagamos a V.Exa. se a Presidência recebeu informações oficiais sobre a entrada, em águas territoriais brasileiras, do referido porta-aviões norte-americano. Em caso afirmativo, que providências foram tomadas?

V.Exa. considera que a passagem de navios nucleares em nossas águas devem ser autorizada pelo Congresso Nacional, nos termos do art. 21, inciso XXIII, alínea “a”, da Constituição Federal? Caso seja essa a interpretação de V.Exa., que iniciativas tomará, com base nos arts. 15 e 17 do Regimento Interno, para exigir que tal fato seja apreciado pelo Poder Legislativo? Na eventualidade de recusa por parte do

Poder Executivo em enviar ao Congresso Nacional informações oficiais que possibilitem a apreciação legislativa do fato, que medidas a Presidência da Casa tomará, à luz da interpretação dos dispositivos regimentais mencionados?

796 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. ANTONIO CARLOS PANNUNZIO – Sr. Presidente, peço a palavra para contraditar.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Concedo a palavra a V.Exa., mas peço que seja breve.

O SR. ANTONIO CARLOS PANNUNZIO (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, evidentemente, o art. 49 da Constituição

Federal é muito claro no que se refere às prerrogativas do Congresso Nacional.

Tenho certeza de que tanto V.Exa. quanto o Presidente do Senado e do Congresso

Nacional estão perfeitamente atentos ao que dispõe o art. 49 sobre a passagem de tropa estrangeira ou mesmo sua permanência temporária em território nacional.

De resto, parece-me que está havendo interpretação forçada do Regimento da Casa e insinuação de que V.Exa. não está atento ao que está ocorrendo no País.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Agradeço a V.Exa., mas tenho certeza de que não foi essa a intenção do Deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, que conhece bem a atuação da Presidência da Casa.

797 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. FERNANDO GABEIRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FERNANDO GABEIRA (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, apenas informo que houve equívoco. Não invocamos o art. 49, mas o art. 21, que fala explicitamente de atividades nucleares no território brasileiro. O

Deputado Antonio Carlos Pannunzio contraditou questão de ordem que não ouviu.

Se quiser contraditar novamente, V.Exa. decidirá.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Certamente, não será esse o debate da sessão, por mais relevante que seja a matéria. Exatamente pela complexidade da questão de ordem levantada, peço aos autores que a encaminhem à Mesa. Darei resposta objetiva, com a presteza possível, a cada um dos itens formulados. O que posso antecipar é que até este instante não houve comunicação oficial à Câmara dos Deputados sobre a passagem do porta-aviões norte-americano por águas brasileiras.

Deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, encaminhe à Mesa a questão de ordem, que será respondida objetivamente no menor espaço de tempo possível.

O SR. LUIZ EDUARDO GREENHALGH – É salutar a decisão de V.Exa. Caso dessa gravidade não pode ser respondido de afogadilho.

Muito obrigado.

798 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Antes de passar à votação, em segundo turno, do Código de Ética e Decoro Parlamentar desta Casa, dou ciência ao Plenário de decisão desta Presidência ao Recurso nº 175, de 2001:

A Senhora Deputada Yeda Crusius formulou

questão de ordem ao Presidente da Comissão

Parlamentar de Inquérito destinada a investigar várias

irregularidades praticadas durante a vigência do regime

de administração especial temporária (RAET) do

BANESPA — Banco do Estado de São Paulo S.A. (CPI

do BANESPA), acerca da aplicação do disposto nos arts.

52, § 5º, c/c 187 do Regimento Interno da Câmara dos

Deputados — RICD.

A questão de ordem se referiu à votação de

Requerimento extrapauta do Relator, Deputado Robson

Tuma, em reunião da Comissão de 19 de setembro do

corrente.

Em síntese, a autora da questão de ordem aduziu

que o requerimento deveria ter sido objeto de votação

nominal, uma vez que se tratava de matéria própria de

quorum especial, a teor do disposto no art. 52, § 5º, do

RICD. Pleiteou, assim, a aplicação do disposto no art.

186, inciso I, do mesmo Regimento, invocando

precedente constante de decisão proferida pelo

799 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Presidente anterior da Casa, nobre Deputado Michel

Temer.

A questão de ordem foi indeferida no âmbito da

Comissão, vindo então o presente Recurso nº 175, de

2001, apresentado nos termos do art. 57, inciso XXI, do

Regimento Interno da Câmara dos Deputados — RIDC.

Esta Presidência solicitou manifestação da

Comissão sobre o Recurso, vindo informações no tempo

devido, onde o Presidente do Órgão salientou seu

entendimento de que o quorum especial previsto no art.

52, § 5º, do RICD é inconstitucional, haja vista o disposto

no art. 47 da Constituição Federal. Quis assim, o nobre

Presidente, justificar a inaplicabilidade do disposto no art.

186, inciso I, do citado Regimento, uma vez que seria

inexigível o quorum especial no caso considerado.

É o relatório.

De fato, a matéria deste Recurso não é nova,

conforme salientou a recorrente.

O cerne da questão posta ao descortino desta

Presidência reside no reconhecimento ou não da

inconstitucionalidade do disposto no art. 52, § 5º, do

RICD, frente ao que dispõe o art. 47 da Constituição

Federal.

800 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Parto da premissa de que o Regimento Interno da

Câmara dos Deputados, aprovado pela Resolução nº 17

de 1989, posterior portanto à promulgação da

Constituição Federal vigente, tendo passado pelo crivo da

Comissão de Constituição e Justiça e de Redação, não

contém dispositivos inconstitucionais.

Nesse sentido, cabe ao Presidente da Câmara dos

Deputados velar pela aplicação das normas regimentais

vigentes. Caso haja inconstitucionalidade de qualquer

dispositivo, tal fato haverá de ser dilucidado pelo Poder

Judiciário, no bojo da ação própria.

Nessa linha de raciocínio, acolho os fundamentos

de Decisão anterior do eminente Deputado Michel Temer,

optando assim por dar inteira aplicabilidade ao disposto

no art. 52, § 5º, do RICD.

Com este entendimento, tenho que o aludido

requerimento do Depurado Robson Tuma foi incluído na

Ordem do Dia da reunião da Comissão de 19 de setembro

de 2001 sem a observância das regras regimentais, visto

que a inclusão — para apreciação imediata — se deu

mediante votação simbólica, quando deveria ocorrer em

votação pelo processo nominal, a teor do disposto no art.

186, inciso I, c/c o art. 52, § 5º, do RICD.

801 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Nestes quadrantes, dou provimento ao Recurso nº

175, de 2001, para declarar nula a deliberação da CPI do

BANESPA acerca do Requerimento do Relator, Deputado

Robson Tuma, incluído em 19 de setembro de 2001 na

Ordem do Dia da Comissão da mesma data, por meio de

votação pelo processo simbólico.

Oficie-se à recorrente, à Comissão Parlamentar de

Inquérito e, após, publique-se.

802 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Vai-se passar à apreciação da matéria que está sobre a mesa e da constante da Ordem do Dia.

Item 1.

Votação, em segundo turno, do Projeto de

Resolução nº 106-D, 1992, que institui o Código de Ética

e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados.

Emendas oferecidas em plenário em segundo turno de

discussão, tendo pareceres da Comissão de Constituição

e Justiça e de Redação pela rejeição das de nºs 1, 3, 4 e

7, pela aprovação parcial com subemenda substitutiva da

de nº 5 e pela aprovação das de nºs 2 e 6 (Relator:

Deputado Inaldo Leitão); e da Mesa pela rejeição das de

nºs 1, 4 e 6, pela aprovação parcial com subemendas das

de nºs 3 e 7, pela aprovação da de nº 2 e pela adoção da

subemenda substitutiva da Comissão de Constituição e

Justiça e de Redação à Emenda nº 5 (Relator: Deputado

Barbosa Neto).

803 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Há oradores inscritos.

Concedo a palavra, para encaminhar favoravelmente à matéria, ao Deputado

Professor Luizinho.

O SR. PROFESSOR LUIZINHO (PT-SP. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, inicialmente, solicito a V.Exa. que sejam distribuídas cópias de todos os destaques, para não atrasarmos os trabalhos.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – As cópias já estão sendo providenciadas, nobre Deputado. Ao retornar à tribuna, V.Exa. as terá.

O SR. PROFESSOR LUIZINHO – Obrigado.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, foi muito rico o estudo da matéria na

Comissão de Constituição e Justiça e de Redação, sob a Presidência do Deputado

Inaldo Leitão, que conduziu os trabalhos com maestria, avocando para si a apresentação do relatório.

Saímos do plenário com dois encaminhamentos profundamente danosos à organização do Código de Ética. Divulgados pela imprensa escrita, televisiva e falada, colocaram em dúvida nossa capacidade de produzir com competência o

Código de Ética desta Casa.

Um desses encaminhamentos se refere à exigência de provas ao cidadão que apresentar ação para investigar Parlamentar. No primeiro turno, se V.Exas. se lembram, a Comissão de Constituição e Justiça chegou a acordo, pode-se dizer, quase consensual. Decidiu-se por indícios suficientes, o que é bastante lógico no mundo jurídico, pois, havendo indícios, instaura-se o processo e buscam-se as provas. Em se obtendo as provas, imputa-se a acusação e a penalidade.

804 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Assim atuam o Poder Judiciário, o Ministério Público e as Comissões

Parlamentares de Inquérito desta Casa, criadas a partir de denúncias com indícios fortes e suficientes para a obtenção de provas. Foi muito penosa para esta Casa a substituição da expressão “indícios suficientes” por “provas”.

Apresentamos emenda visando suprimir a exigência de apresentação de provas. Isso não tem cabimento. Estaríamos violentando a lógica processual. Por isso, parabenizamos a Comissão de Constituição e Justiça, que houve por bem acatar a emenda.

Por outro lado, criticamos a iniciativa do Deputado Barbosa Neto de apresentar parecer à Mesa tentando negar a obviedade e manter a violência da necessidade de provas. Ora, se há provas, há imputação de culpa, de modo que não há necessidade de processo nem de instauração de Comissão.

O segundo ponto, por nós entendido como fundamental, está relacionado com o fato de que temos característica diferente: somos Parlamentares, exercemos mandatos eletivos, por decisão pessoal. Portanto, temos de dar total transparência

às nossas declarações de renda e de bens, aos nossos passivos financeiros e fiscais e às nossas dívidas. Também foi suprimida a publicidade de tais dados, mas a Comissão houve por bem aprovar a divulgação dos dados em jornais de grande circulação. Essa postura teve por fim resguardar a moral e a honra desta Casa, dando credibilidade ao Código de Ética. A Comissão cumpriu muito bem seu papel.

Louvo a sua atuação, mas critico o Relator designado pela Mesa, que rejeitou gloriosa decisão dos seus membros.

Espero que o Plenário mantenha a decisão da Comissão.

805 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Com a palavra o Deputado Gerson

Peres, para encaminhar contrariamente à matéria.

O SR. GERSON PERES (PPB-PA. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, o projeto de resolução que institui o Código de Ética volta ao plenário para, novamente, ser discutido e votado, na forma do primeiro turno.

Minha surpresa é que os vícios derrubados, por serem desrespeitosos à

Constituição Federal, retornam no segundo turno de votação.

Tenho pelo Deputado Inaldo Leitão profundo respeito e admiração, mas estranho, com toda a sinceridade, a afirmativa do ilustre Relator e Presidente da

Comissão de Constituição e Justiça e de Redação, na justificativa da Emenda nº 6, com relação à quebra do sigilo dos dados:

Cumpre observar que não há ofensa ao sigilo dos

dados previsto no art. 5º, XII, tampouco à inviolabilidade

da vida privada, consagrada no inciso X do mesmo art. 5º.

Note-se que nenhum dos direitos elencados no art. 5º,

embora fundamentais, são absolutos. Não há Direito

absoluto.

Todo Direito pode ser confrontado, pode e deve ser

flexibilizado, ceder ante a um outro Direito que, naquele

momento e circunstância, avulte em importância.

Sendo advogado, como posso entender que todo Direito pode ser confrontado? É blasfêmia à hierarquia das leis. A Constituição é Direito delimitador de todas as leis. Nenhuma lei pode ser contrária ao que determina a Carta Magna.

Se a Constituição estabelecer que a eleição no Brasil ocorrerá em tal dia, não terá

806 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel eficácia lei que determine outra data. O Direito Constitucional não pode ter confrontos, exatamente porque existe a Lei Maior.

Na hierarquia das leis, em primeiro lugar está a lei complementar; em seguido, a lei ordinária, que trata dos assuntos comuns; em terceiro, os decretos legislativos e as resoluções. Não há cabimento jurídico ou justificativa para desrespeitar a Constituição.

Se o ilustre Relator dissesse que há necessidade de emenda constitucional para quebra de sigilo, eu me acomodaria, mas discutiria o assunto. O Supremo

Tribunal Federal, por maioria simples, mantém jurisprudência de que a questão é cláusula pétrea inserida no Título dos Direitos e Garantias Fundamentais.

Dessa forma, peço aos colegas que respeitem a Constituição, votando contra a matéria.

Sr. Presidente, o ilustre Relator designado pela Mesa, Deputado Barbosa

Neto, judicioso Parlamentar, insere modificações nos prazos. Ora, se estamos elaborando Código de Ética para moralizar o princípio do julgamento dos pecados veniais e mortais cometidos por algum Parlamentar, temos de estabelecer prazos.

De outra forma, vamos assistir ao mesmo espetáculo: os processos ficarão na gaveta por dois ou três anos, e a imprensa bradará novamente contra nós, acusando-nos de não cumprir nossas obrigações, de irresponsáveis e de não definir julgamento e prazos.

Na emenda, mantêm-se os prazos de sessenta e de noventa dias. Com relação ao prazo de sessenta dias, afirma-se que é prorrogável, mas não se estabelece por quanto tempo. O Código de Ética deve estar escoimado de certos abusos presentes nas emendas que prevêem quebra de sigilo dos dados.

807 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Defendo a Constituição. Concedi à Presidência da Mesa autorização para mostrar a qualquer brasileiro os meus dados. A Constituição não garante apenas o meu direito, mas o de todos os cidadãos, que podem abdicar dele, se assim acharem melhor.

Sr. Presidente, há necessidade de esclarecer os colegas de que devemos manter a emenda do acordo do primeiro turno e encaminhá-la no momento da votação. Peço aos colegas que rejeitem as emendas que agridem a Constituição.

Sei da boa intenção de S.Exas. em querer abrir mão de direitos, mas a lei não se pode sobrepor às normas delimitadoras estabelecidas pela Constituição.

Portanto, o confronto do Direito não existe porque a Constituição determina a hierarquia da leis e está acima de todas elas. Quando a Constituição estabelece que não se pode fazer determinada alteração, não podemos elaborar a lei.

Se o Congresso optar pelo triste desrespeito à Constituição, passará a maior vergonha no Supremo Tribunal Federal. As emendas não podem ridicularizar a

Constituição do Brasil com resolução que complementa o Regimento. Será o fim da ordem jurídica deste País, se resolução interna corporis do Congresso derrogar normas que delimitam os direitos e as garantias dos cidadãos brasileiros.

Era o que gostaria de deixar bem claro, sem nenhum confronto com a opinião do Presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Redação, que merece minha admiração e o meu respeito, mas pecou quando inseriu no relatório a possibilidade de quebra da cláusula do art. 5º, inciso XII, da Constituição brasileira.

808 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Concedo a palavra ao Sr. Deputado

Fernando Coruja, para encaminhar a votação.

O SR. FERNANDO CORUJA (Bloco/PDT-SC. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vamos votar, em segundo turno, o Código de

Ética e, uma a uma, as sete emendas destacadas.

O título do projeto já nos chama a votar favoravelmente. Ninguém pode ser contrário ao código de ética dos políticos neste momento em que o País vive crise

ética, distanciamento muito grande entre valores políticos e morais.

Desmandos da classe política deste País, cassação de mandatos e renúncia de Parlamentares no Congresso Nacional, desvios de dinheiro público, tudo faz com que a população brasileira clame por ética no processo político.

Quando votamos o Código de Ética, alteramos a legislação. A primeira dúvida que surge é a seguinte: alterando a legislação, conseguiremos modificar a postura

ética das pessoas? Neste País já existem muitas leis que não são cumpridas.

Sempre é bom lembrar que ética diz respeito ao foro íntimo das pessoas, mas é importante definir limitações.

O Código de Ética em apreciação propõe limitações severas, invade até os decantados direitos individuais que surgiram nos tempos da Revolução Francesa e que passam, às vezes, pelo sigilo de dados pessoais. Mas tal é o desmando, tal é a corrupção neste País que as pessoas querem saber o que estamos fazendo aqui, como determinados políticos enriquecem de uma hora para outra depois de assumirem cargos públicos.

Por isso, temos de cometer alguns exageros e pender a balança no sentido da publicidade dos atos da classe política. Realmente, temos que nos despojar, na

809 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel qualidade de homens públicos, dos nossos direitos individuais e permitir a publicidade de certos dados.

Queremos ser, na medida do possível, radicais na apreciação do Código de

Ética, para mostrar à sociedade brasileira que queremos fazer alterações nessa

área. Vamos votar a favor de todas as medidas que procurem dar publicidade aos dados pessoais dos Parlamentares, seja na Internet, seja nos jornais, seja em outros meios de comunicação. Os Parlamentares não são inferiores a ninguém, têm direito ao sigilo, mas a roubalheira e o desmando fazem crescer o clamor popular pela ética na política. Vamos cometer equívocos, mas será em nome da publicidade dos nossos atos.

Portanto, votamos a favor do Código de Ética e esperamos que muitas emendas sejam aprovadas, radicalizando em favor da publicidade.

810 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. BONIFÁCIO DE ANDRADA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. BONIFÁCIO DE ANDRADA (PSDB-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, comunico à Casa que a Comissão Especial da Reforma

Constitucional, que teve na Presidência a Deputada Rita Camata, encerrou seus trabalhos aprovando por larga maioria a implantação no Brasil do regime parlamentarista segundo o modelo francês a partir de 2007, com referendo em 2010.

Aprovou também a criação da figura do Ministro-Coordenador para, de imediato, certificar e fortalecer o atual presidencialismo brasileiro.

811 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. JOÃO PAULO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOÃO PAULO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, sobre o informe do Deputado Bonifácio de Andrada, gostaria de deixar registrado que não houve unanimidade no resultado apurado na Comissão Especial.

Em nome da bancada do PT, apresentei voto contrário, sustentando jurídica e filosoficamente nossa posição contrária à introdução do parlamentarismo via emenda constitucional.

Por isso, recorreremos às instâncias adequadas.

812 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. JOSÉ GENOÍNO - Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Questão de ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, minha questão de ordem é exatamente sobre o informe dado anteriormente.

Na legislatura anterior, apresentei questão de ordem, juntamente com o

Deputado Inocêncio Oliveira, sustentando que a questão do parlamentarismo esbarra no óbice da admissibilidade constitucional, por se tratar de matéria plebiscitada.

Como é polêmica a possibilidade ou não de deliberarmos sobre matéria plebiscitada, registro essa questão de ordem para exame posterior. Vou fundamentá-la melhor para não ser taxado de omisso ou correr o risco de dizerem depois que o silêncio significou a concordância.

813 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação as Emendas de Plenário nºs 1 e 4, com pareceres pela rejeição de ambos os Relatores.

814 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que forem pela aprovação permaneçam como se acham.

REJEITADAS.

815 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

A SRA. LUCI CHOINACKI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. LUCI CHOINACKI (PT-SC. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) -

Sr. Presidente, os trabalhadores rurais que estão em Brasília seriam recebidos hoje,

às 14h, pelo Ministro Raul Jungmann. Mais isso não aconteceu. Ao contrário, S.Exa. chamou a polícia para bater até em Deputado. Os Deputados Adão Pretto e Babá foram agredidos.

Repudiamos essa atitude do Ministro e esperamos que S.Exa. tenha consciência e trate, no mínimo, com diplomacia os Parlamentares do PT.

816 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Passa-se à votação da Emenda de

Plenário nº 2, com parecer pela aprovação.

817 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado

Waldir Pires, para encaminhar a votação.

O SR. WALDIR PIRES (PT-BA. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, estamos chegando a um instante crucial da votação do

Código de Ética. Trata-se de um código respeitável, capaz de ser recebido pela opinião pública com crédito ou é apenas esquema de faz-de-conta que a sociedade não respeitará?

Devo registrar meu maior apreço ao parecer elaborado na Comissão de

Constituição e Justiça, que seguiu em parte substantiva a posição do Relator que o antecedeu, Deputado José Dirceu, cujo mérito está na lealdade ao pensamento democrático do Deputado Inaldo Leitão.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Interrompo V.Exa., Deputado Waldir

Pires, para saudar delegação do Parlamento russo, extremamente representativa, em visita a esta Casa.

É presidida pelo Vice-Presidente da Duma Estatal, Sr. Vladimir Avertchenko, acompanhado dos Srs. Gainullina, Ivanov, Savostianova, Taratchev, Egorov e

Tikhomirov.

Em nome de todos os Parlamentares, dou-lhes boas-vindas ao Parlamento

Brasileiro. (Palmas.)

818 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Concedo a palavra ao nobre Deputado

Waldir Pires, a quem peço desculpas. A contagem do tempo concedido a V.Exa.,

Deputado, será reiniciada.

O SR. WALDIR PIRES (PT-BA. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, dizia que este é um momento decisivo para os destinos do Código de Ética.

Seremos ou não capazes de aprovar um código respeitável, que seja recebido com apreço pela opinião pública, ou, ao contrário, que já nasceu com total descrença por parte da opinião pública?

Sr. Presidente, registro a lealdade e a fidelidade democrática com que o

Presidente da Comissão de Constituição e Justiça procedeu com relação ao parecer que substituiu o anterior, do Deputado José Dirceu. S.Exa. manteve as linhas de entendimento para que o Parlamento brasileiro esteja em sintonia com a opinião pública nacional.

Somos um regime cuja legitimidade decorre da representação republicana popular. Se não há credibilidade na ação do Parlamento, passamos a ter posição extremamente fragilizada na condução das nossas responsabilidades legislativas e, sobretudo, na representatividade da opinião nacional. Somos uma sociedade hierarquizada, submetida a todos os tipos de deformações, de patrimonialismo, de injunções, de desrespeito à cidadania.

Essa emenda, por exemplo, quer suprimir algo absolutamente intolerável: a possibilidade de representação ou a iniciativa de cidadão comum denunciar membro desta Casa pela prática de atos reputados ilícitos, imaginando que somente a prévia apresentação de provas poderia legitimar essa iniciativa. Isso é intolerável, sobretudo quando todos dissemos e repetimos que qualquer cidadão pode

819 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel denunciar o Presidente da República ou Ministro de Estado. Então, Deputado ou

Senador não poderia ter grau de responsabilidade tão acima da normalidade institucional a ponto de serem necessárias apenas provas preliminares. Provas preliminares são a negação do processo penal, são a negação de qualquer ação judicial. Os indícios são insuficientes. Ouvimos respeitáveis figuras desta Casa, de notável conhecimento jurídico, assegurando essa linha de entendimento.

A segunda, Sr. Presidente, é a representação múltipla de 5% do corpo eleitoral, também inadmissível num código de ética que se pretenda respeitável.

E, por último, temos a posição da última das emendas, que cogita do princípio da publicidade. É inadmissível não se determinar que Deputados e Senadores tenham a evolução de seu patrimônio devidamente conhecida pelos cidadãos, com ampla publicação no Diário Oficial e na Internet. Essa possibilidade foi rejeitada no primeiro turno de votação. Restauramos iniciativa já prevista no projeto de código de

1991, segundo a qual a publicação se daria por organismo de grande circulação da

Capital do Estado do qual o Deputado é representante.

Pois bem. Se não formos capazes de atender às aspirações da sociedade e de conferir ao mandatário político respeitabilidade, de poder sua declaração de renda ser acompanhada pelo corpo dos cidadãos que o elegeram, não teremos um

Código de Ética que mereça apreço da sociedade, nem contribuiremos para que ela se reintegre ao sistema representativo e às instituições brasileiras.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

820 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação a Emenda de Plenário nº 2, com pareceres pela aprovação. O parecer é comum, pela aprovação, de ambos os

Relatores.

Aqueles que forem pela aprovação...

Vou repetir o encaminhamento, para que fique claro. Vou ler a emenda, porque estou notando que há dúvidas de encaminhamento. (Pausa.)

821 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. GERSON PERES – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Caro Deputado Gerson Peres, vou prestar esclarecimentos ao plenário. No momento adequado, V.Exa. poderá falar.

O SR. GERSON PERES – A matéria já está em votação, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Na verdade, estamos colocando em votação a Emenda Supressiva nº 2. Ela suprime o parágrafo único do art. 5º. Essa é a proposta do Deputado Gerson Peres.

O SR. GERSON PERES – Sr. Presidente, queria esclarecer a V.Exa.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Como autor da proposta?

O SR. GERSON PERES – Claro.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GERSON PERES (PPB-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador. ) –

Caros colegas, já dissemos no primeiro turno que não concordamos com a tese dos indícios para o caso dos Parlamentares. Exercemos uma atividade diferenciada de qualquer outro tipo de cidadão. Exercemos uma atividade pública. A nossa vida é pública. Podemos ser denunciados por qualquer pessoa ou pela imprensa a qualquer momento, e a nossa dignidade e a nossa imagem podem ser atingidas.

Quem denunciar Deputado, Senador ou quem quer que represente o povo brasileiro, que o faça trazendo provas, e não indícios. É o que queremos. Somos bem claros quanto a isso.

Portanto, somos contra a emenda do Deputado Waldir Pires.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Agradeço a V.Exa. o esclarecimento.

822 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. ALDO ARANTES – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado, já houve tempo para encaminhamento desta matéria. Darei a palavra apenas para orientação de bancada.

O SR. ALDO ARANTES – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ALDO ARANTES (Bloco/PCdoB-GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, em nome do Bloco PSD/PCdoB, manifestamo-nos favoravelmente à emenda, à supressão. Na realidade, ao se querer prova, cria-se uma camisa-de-força. Como haverá a instauração de processo, em que, aí, sim, as provas serão suscitadas, estabelecer como precondição a apresentação de provas antes do julgamento, na nossa opinião, parece uma exigência absurda.

Portanto, fomos favoráveis à aprovação da emenda.

823 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação a Emenda de Plenário nº 2, com parecer pela aprovação.

824 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Aqueles que forem favoráveis permaneçam como se acham. (Pausa).

REJEITADA.

825 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. WALTER PINHEIRO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, peço verificação de quorum.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Será concedido o pedido de verificação.

826 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. JOSÉ GENOÍNO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado José Genoíno, vamos iniciar o processo de votação. Durante o processo de votação nominal, V.Exa. poderá se manifestar.

O SR. JOSÉ GENOÍNO – Sr. Presidente, era sobre a votação, mas tudo bem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Vou ouvir os Líderes.

827 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Como votam os Srs. Líderes?

O SR. ALDO ARANTES (Bloco/PCdoB-GO. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, o Bloco/PCdoB vota “sim”. Já fiz o encaminhamento.

O SR. DR. HÉLIO (Bloco/PDT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PDT vota “sim”.

O SR. FERNANDO GONÇALVES (PTB-RJ. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, O PTB vota “não”.

828 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Como vota o PPB, Líder Odelmo Leão?

O SR. ODELMO LEÃO (PPB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PPB quer aprovar um código de ética no qual fique claro que o quorum para cassar um Deputado tem de ser o quorum qualificado do Plenário da Câmara dos

Deputados. A denúncia tem de ser feita com provas concretas. A Mesa as examina e envia o processo para a Comissão Corregedora, que deve devolvê-lo à Mesa, a fim de ser submetido ao Plenário. Queremos aprovar um código de ética decente para os Paramentares.

Portanto, o PPB vota “não”.

829 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Como vota o Bloco/PL, Deputado Bispo

Rodrigues?

O SR. BISPO RODRIGUES (Bloco/PL-RJ. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, coerentemente, o Partido Liberal encaminha da mesma forma que da vez passada. Nós, políticos, vemos serem feitas acusações nem sempre provadas pela imprensa. Achamos, por conseguinte, que deve haver prova para que o

Deputado seja investigado. Quando alguém é acusado, a imprensa noticia o fato em manchetes, depois, se inocentado, sai apenas uma pequena nota de rodapé, dizendo que nada daquilo foi provado.

Portanto, queremos que o Deputado seja denunciado somente mediante provas. E vale salientar que esta Casa tem cassado muita gente, depois de fazer criteriosa investigação.

Por isso, encaminhamos o voto “não”.

830 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Como vota o PT?

O SR. MARCOS ROLIM (PT-RS. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, criou-se situação absolutamente inusitada neste plenário. Certamente V.Exa dará atenção a este novo argumento, que não foi levantando até agora. Estou particularmente convencido de que estamos, ao apreciar esta emenda, criando um fato inédito na história do parlamento mundial, algo que deverá entrar para o Anais da Câmara para todo o sempre.

Pretende-se, pela manutenção do parágrafo único do art. 5º, que aquele que denunciar um Parlamentar deve, primeiro, provar que ele é culpado. Depois que a culpa for reconhecida, abriremos processo para garantir ao Parlamentar o direito de defesa.

Isso é absolutamente ridículo, Sr. Presidente. A prova não existe em abstrato, antes do processo penal. A prova é o indício reconhecido como prova por sentença judicial. Fico muito admirado com o fato de Parlamentares com grande formação jurídica imaginarem que existam provas em abstrato, fora do processo. Temos de garantir a apresentação de indícios, para que Deputados possam ser processados e defender-se.

Por isso, votamos favoravelmente à emenda. O PT vota “sim”.

831 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Como vota o PMDB, Líder Wagner

Rossi?

O SR. WAGNER (PMDB-SP. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, confesso que estou abismado com as barretadas jurídicas que temos visto nesta Casa. Há pessoas que não distinguem o julgamento político do feito na delegacia da esquina. Para aqueles que querem transformar esta Casa em delegacia de polícia da esquina, indício serve como prova. Nesta Casa fazemos julgamentos políticos. Há uma tradição de perseguição política e de acusações levianas, e não podemos compactuar com isso. Essa lição, trazida como se fosse de alto saber jurídico, de igualar a Câmara dos Deputados à delegacia da esquina só serve para aqueles que mais freqüentam a delegacia da esquina do que fazem a verdadeira política.

Por isso o PMDB, coerentemente, volta a encaminhar o voto “não”, contra essa aberração que alguns estão defendendo como se saber jurídico fora, mas não

é.

832 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Sécio Neves) – Como vota o PSDB?

O SR. JUTAHY JUNIOR (PSDB-BA. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, este Código de Ética é um avanço extraordinário que estamos conquistando nesta tarde. A votação em primeiro turno já se deu. Chegamos a um entendimento a respeito de um texto básico que possibilitasse a esta Casa ter um instrumento normativo, de valor extraordinário, que nos permitisse apreciar a conduta de um Parlamentar de forma não subjetiva. O Presidente da Casa, Aécio

Neves, conduziu os trabalhos de forma serena, objetiva, transformando o projeto num grande instrumento de aperfeiçoamento do convívio democrático. Esse trabalho foi feito em função desse grande entendimento, construído dentro de relações de apoio que nos deram condições de fazer o projeto tramitar. Dentro desse acordo, a idéia aceita foi a da manutenção da tese da prova como instrumento de abertura do processo.

Diante desse entendimento, que foi o mesmo do primeiro turno de votação, reafirmamos nossa posição e votamos “não” à emenda.

833 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Como vota o Bloco PFL/PST, Líder

Inocêncio Oliveira?

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, creio que, como disseram alguns oradores que me antecederam, o

Código de Ética é um grande avanço. Todos tentamos fazê-lo anteriormente, e só agora estamos conseguindo, sob a Presidência de V.Exa.

Transformar a Câmara numa grande delegacia de polícia é outra história.

Nenhuma atividade é sujeita a tanta emoção e tanta paixão quanto a atividade política. Só quem faz política nos Municípios sabe das implicações quando se tomam posições por determinada facção em detrimento de outra. Se deixarmos que a denúncia seja feita só com base em indícios, Sr. Presidente, Parlamentares, só pela posição firme, estarão sempre sujeitos a processos, a serem indiciados.

Sr. Presidente, vale salientar algo fundamental agora. Será que é bom para a atividade política ter legítimo representante do povo sub judice? Acho que esta questão é um avanço. Em qualquer processo há de se ter provas contra uma determinada pessoa, sobretudo num país em que a primeira informação é a que vale; depois, pode-se provar o que quiser que sempre fica a suspeição de que havia alguma culpa. Será que é preciso?

Quem não se lembra que Émile Zola, no caso Dreyfus e Esterhazy, mostrou que o país inteiro se uniu para condenar, degredar um capitão, porque ele tinha uma determinada procedência, e depois de 25 anos de degredo constatou-se que haviam cometido a maior injustiça?

Sr. Presidente, não vamos transformar esta Casa em delegacia de polícia.

Vamos exigir o avanço, para que a sociedade possa contestar, com provas,

834 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel qualquer ação dos legítimos representantes do povo que não seja correta. Agora, denunciar só com base em indício é um exagero que não faremos, em benefício da instituição, da democracia e, sobretudo, da sociedade, que deseja justiça para todos, independentemente da posição ou da profissão.

Por isso, Sr. Presidente, o Bloco Parlamentar PFL/PST recomenda o voto

“não”.

835 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – A Presidência solicita aos Srs.

Deputados que tomem os seus lugares, a fim de ter início a votação pelo sistema eletrônico.

Está iniciada a votação.

Queiram seguir a orientação do visor de cada posto.

836 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - A Presidência prorroga a presente sessão por mais uma hora e comunica ao Plenário que, às 19h, teremos sessão extraordinária da Câmara dos Deputados para conclusão desta matéria.

Espero contar com presença dos ilustres pares.

837 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. GERSON PERES – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GERSON PERES (PPB-PA. Sem revisão do orador.) – Vamos votar

“não”, pelo PPB.

838 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. JOSÉ ROBERTO BATOCHIO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ ROBERTO BATOCHIO (Bloco/PDT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, a respeito da matéria em votação, gostaria de alertar os Srs. Deputados e sobretudo V.Exa.

Sr. Presidente, estamos inserindo no nosso Código de Ética e, por conseguinte, no Regimento Interno da Casa uma impropriedade, com o devido respeito às opiniões em contrário aqui manifestadas, como a do Deputado Wagner

Rossi e de tantos outros que se posicionaram de maneira diferente.

Prova são elementos que se colhem na presença do acusado, com a participação deste e na presença do órgão julgador. Então, quem faz uma denúncia,

Sr. Presidente, não pode trazer prova, porque, tecnicamente, é impossível produzir- se prova sem a presença do julgador e sem a participação do acusado. O que se traz com uma acusação é uma proposta de demonstração de um fato ilícito. E isso são indícios.

Se exigirmos prova “provada” da acusação, então não precisamos ouvir mais ninguém. Oferecida a acusação, já podemos cassar o mandato ou punir o

Parlamentar. Não obstante, Sr. Presidente, ele não foi ouvido ainda. Temos de aceitar a acusação quando há indícios plausíveis de que ela seja verdadeira. A prova produz-se ao longo da instrução, Sr. Presidente. Não vamos cometer esse equívoco jurídico, com o devido respeito às opiniões em contrário.

839 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Sr. Presidente, acho que nosso compromisso com a legalidade e com a ordem jurídica impõe que suprimamos esse dispositivo, sob pena de sermos criticados pela mídia de termos cometido uma cincada jurídica.

É isso, Sr. Presidente.

840 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Concederei a palavra ao Deputado

José Genoíno. Em seguida, aos Deputados Rubens Bueno, Vicente Arruda e

Gerson Peres.

O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, é exatamente sobre a votação. Entendo que a questão está clara: para o cidadão comum e mortal a prova é a conclusão da investigação; para nós,

Parlamentares, a prova antecede a investigação. Mas esta Casa não preza pelo conteúdo republicano. Há tratamento diferente: para nós, a prova antecede; para o cidadão, está no final.

Quero solicitar a V.Exa. um esclarecimento: quem vota “sim”, vota exatamente para suprimir o parágrafo único do art. 5º, porque se trata de DVS; quem vota “não”, está mantendo o parágrafo único do art. 5º. Há uma dúvida sobre isso.

Portanto, “sim” é para suprimir, o que desejamos, e “não” é para manter a exigência de prova para se denunciar.

Para o cidadão, que não tem mandato, a prova é no final; para nós, que temos mandato, a prova é no início.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Esclareço a V.Exa. Na verdade, estamos votando a Emenda nº 2. Quem votar “sim”, Deputado José Genoíno, como sabe bem V.Exa., suprime do texto o parágrafo único do art. 5º.

841 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Esclareço ao Deputado Milton Temer que agora concederei a palavra ao Deputado Rubens Bueno. Depois, aos

Deputados Vicente Arruda e Gerson Peres, e, em seguida, a V.Exa., apenas para seguir a ordem que me foi solicitada.

O SR. RUBENS BUENO (Bloco/PPS-PR. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Deputado Aécio Neves, a bancada do Bloco Parlamentar PDT/PPS está evidentemente votando com esta emenda, que o Deputado Waldir Pires tão bem ilustrou no seu documento, porque não se quer ampliar a imunidade no campo formal, não se quer estabelecer mais privilégio.

O que se busca aqui — seguindo as palavras do Presidente da Casa — é fazer com que esse tipo de privilégio acabe e não seja ampliado mais ainda; não se crie aqui mais uma estrutura ou algo especial que não possa ser processado a partir de indício, até porque indício é o primeiro instrumento com que se vai processar para saber se há prova material.

Portanto, na questão processual e formal não podemos ampliar a imunidade parlamentar. Estaríamos aqui contra a opinião pública e trabalhando para que não se venha a atender àquilo que foi o discurso do Presidente Aécio Neves quando propôs o pacote ético a esta Casa.

Por isso, radicalizamos o processo, para que haja transparência. Esta Casa não tem nada a esconder de ninguém, sobretudo o mandato parlamentar, que é público. E devemos nos comportar como tal.

Portanto, a bancada do Bloco Parlamentar PDT/PPS vota “sim”, pela emenda, tão bem apresentada pelo Deputado Waldir Pires.

842 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. GERSON PERES – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GERSON PERES (PPB-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, vou ser breve. Tenho pelo Deputado José Roberto Batochio admiração muito grade. S.Exa. é um jurista, um penalista, mas está fazendo confusão em matéria de provas. Quem vai dizer se as provas são verdadeiras ou não é a instrução processual. Então, não queremos provas. A prova pode até ser falsa!

Como a Constituição manda os Deputados serem zelados judicial ou extrajudicialmente pela Mesa da Câmara, quem denunciar Deputado tem de ir à

Mesa da Câmara apresentar as provas. A pessoa vai apresentar documento, as razões não somente dele, o nome da testemunha. A Mesa abrirá uma sindicância, que não é instrução processual ainda, examinará toda aquela situação e poderá, pelas provas circunstanciais da denúncia, buscar a prova material. Se não conseguir, mas achar que as provas apresentadas têm incidência e que há possibilidade de a perícia encontrar a prova material, mandará para o Conselho. O

Conselho iniciará a instrução processual, quando poderá mandar fazer as perícias, a fim de verificar se realmente aquelas provas apresentadas eram verdadeiras ou não.

Mas se a Mesa, que é lúcida e, pelos seus componentes, capaz e experimentada, verificar que as provas iniciais são meros toques para destruir a imagem do Parlamentar, para negar, nas áreas políticas do Parlamentar, a possibilidade do apoio do povo, então manda arquivar, e cessa a causa e o efeito.

Não estamos impondo a prova como se ela fosse a verdadeira; ela pode ser falsa. Agora, o Deputado não pode sofrer ataque à sua imagem por uma prova falsa.

843 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

A Mesa pode descobrir que é falsa, na sindicância, e mandar arquivar a denúncia inicial.

Eram essas as considerações que faria ao nobre Deputado José Roberto

Batochio, quem realmente conhece bem o processo jurídico. Só que estamos aqui julgando os Deputados.

Quanto ao Deputado José Genoíno, por quem tenho bastante admiração,

S.Exa. faz um trocadilho injustificável, ao dizer que para o cidadão é um tipo, para outro, não. É completamente diferente. O juiz, de acordo com os indícios que recebe

— e podem ser provas falsas —, pode, de início, mandar arquivar o processo contra o cidadão. Inicialmente, estamos tendo apenas um cuidado preliminar, para que a imagem do Parlamentar não seja sufocada, destruída instantaneamente na primeira ação da denúncia. Somos homens públicos, mas não somos privilegiados. Somos diferentes porque exercemos o mandato popular.

Sr. Presidente, agradeço a V.Exa. o tempo a mim dispensado para dar justificativa sobre as duas observações dos Deputados José Roberto Batochio e

José Genoíno.

844 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. VICENTE ARRUDA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. VICENTE ARRUDA (PSDB-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero esclarecer um ponto técnico de direito e provas.

Segundo Malatesta, provas são indícios, depoimentos de testemunhas, documentos, perícias. Qualquer pessoa que deseje postular em juízo, na petição inicial, é obrigada a indicar os elementos de prova. O promotor, ao oferecer uma denúncia, tem de apresentar os meios de prova. O indício é um meio de prova, mas não suficiente para dar início e impulsionar uma ação penal ou cível. É preciso haver ocorrência de indícios com outras provas.

A prova só se consolida, só passa a ser prova depois que o juiz decide sobre ela. Até então ela é instrumento de averiguação, que tem de ser apontada e indicada. Por conseguinte, ao dizer “mediante prova”, está-se dizendo indícios, testemunhas, que serão apurados na instrução. Logo, não se está cometendo nenhum absurdo, nenhuma falta de técnica jurídica. Falta de técnica jurídica seria não indicar ser necessário apresentar provas para dar início a um processo.

845 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. MILTON TEMER - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MILTON TEMER (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, gostaria de lembrar que os Deputados que defendem a necessidade de haver provas consolidadas para abertura de inquérito — ao contrário do que ocorre com qualquer cidadão comum, que para ser denunciado pelo Ministério Público basta haver indícios contra ele — são os mesmos que invocam o direito de igualdade com qualquer cidadão para não ter seus sigilos quebrados. Aí, sim, deveria ser obrigação dos homens públicos defender transparência nas suas contas.

Vale a comparação com a cidadania comum para manter o privilégio de não quebrar sigilo bancário, mas não vale para abertura de investigação com base em indícios claros.

Sr. Presidente, aproveito a oportunidade para registrar que não pude participar da primeira votação, porque estava presente à CPI do PROER. Deixo, portanto, registrado meu voto: de acordo com a orientação da bancada.

Em tempo, comunico que os Deputados Ivan Valente, Jorge Bittar, Iara

Bernardi e Gilmar Machado, da bancada do PT, não estão presentes a esta votação porque foram convocados ao Ministério da Educação, tendo em vista a manifestação realizadas pelos professores da ANDES.

846 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. INÁCIO ARRUDA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, há poucos instantes, entre mais de 40 mil pessoas, dois jovens estudantes foram detidos pela polícia.

Com cavalaria e cachorros, e sob o argumento de que eram suspeitos de terem jogado uma garrafa de refrigerante vazia nos policiais, a polícia os prendeu.

Bastou esse indício para eles serem presos.

A rigor, queremos aqui nos proteger. Penso que podemos mutilar, logo no seu nascedouro, o Código de Ética, porque vamos permitir o privilégio sem a garantia de que todas as denúncias, todos os indícios possam abrir algum tipo de processo na nossa Comissão de Ética. Essa Comissão pode ser natimorta, porque ela só vai poder apreciar com provas cabais. Ora, se há provas cabais, não há necessidade do

Conselho, cassa-se logo o Deputado. Se já está provado e mostrado claramente que o Deputado incorreu em falta de decoro, então ele tem de ser cassado de imediato.

Precisamos estar muito atentos para o fato de que, com esta votação, poderemos estar, Sr. Presidente, mutilando o que chamamos de Código de Ética.

Isso pode não servir para absolutamente nada na Câmara dos Deputados. Chamo a atenção de V.Exas., dos Líderes para isso, porque por esse mecanismos não vamos conseguir investigar, abrir processo, fazer com que funcione o Conselho de Ética da

Câmara dos Deputados. Isso liquida com a possibilidade de seu funcionamento.

O Código de Ética não é problema somente do Bloco Parlamentar

PSB/PCdoB, do PT, do Bloco Parlamentar PDT/PPS, enfim, da Oposição na Casa, mas de todos os 513 Deputados.

847 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

É preciso muita atenção. Estamos mutilando o Código de Ética e Decoro

Parlamentar. Ele não terá nenhuma serventia, será apenas propaganda, uma onda nacional, mas jamais apurará qualquer denúncia contra Deputado que falte com o decoro na Câmara Federal.

Sr. Presidente, era essa minha solicitação, em função desta importante votação.

848 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. SERAFIM VENZON – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. SERAFIM VENZON (Bloco/PDT-SC. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em 2001, Santa Catarina vem sendo acometido mais uma vez por enchentes, causando muitas avarias em diversos Municípios. Dos 293 Municípios do Estado, mais de 120 precisam do apoio urgente do Governo Federal. Já houve diversos encaminhamentos, mas, por enquanto, ainda não ocorreu uma ação efetiva.

Em 16 de agosto próximo passado, o então Ministro da Integração Nacional,

Senador Ramez Tebet, esteve em Santa Catarina assinando 36 convênios no valor de 4 milhões de reais para atender aos Municípios que foram afetados por enxurradas em janeiro e fevereiro de 2001.

Em 19 de setembro, o Governador Esperidião Amin encaminhou ofícios ao então Ministro Ramez Tebet e ao Presidente da República, Sr. Fernando Henrique

Cardoso, solicitando a assinatura de convênios e a conseqüente liberação de recursos financeiros no valor de 8 milhões, 631 mil e 200 reais para atender a outros

31 Municípios também atingidos por intempéries climáticas.

Antes das enchentes do dia 30 de setembro e 1º de outubro de 2001, 87

Municípios catarinenses estavam listados pela Defesa Civil como em situação de emergência ou em estado de calamidade pública.

As últimas chuvas que se precipitaram em nosso Estado atingiram 58

Municípios, sendo 48 deles declarados em situação de emergência, com significado número de desabrigados: em Palhoça, quinhentos; em Bom Retiro, 120; em

Sombrio, cem desabrigados e 160 desalojados; em Araranguá, duzentos; em

849 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Maracajá, trinta; em Ermo, 22 desabrigados e 44 desalojados; em Blumenau, 396 desabrigados e 3 mil desalojados; em Salete, cinco desabrigados e o Município isolado; em Presidente Getúlio, mil desabrigados, 525 residências atingidas, doze repartições e três comunitárias, dez feridos leves e um, grave; em Rio do Oeste,

1.300 desalojados e cinqüenta desabrigados; em Brusque, 25 ocorrências de deslizamento de terra com uma vítima fatal, ainda não contabilizados os desabrigados; em Witmarsun, trinta; em Lages, noventa desabrigados e 1.910 desalojados. O Município de está em estado de calamidade pública, com quinhentos desabrigados, 1.300 desalojados e uma vítima fatal. No Relatório nº 13 da Defesa Civil, as barragens de Itá e Machadinho estão em situação de alerta e a de Taió, com as comportas abertas. Diversas rodovias estaduais estão interditadas e a BR-101, do km 404 ao 410, está com o tráfego interrompido

Diante do exposto, solicitamos a liberação de 4 milhões de reais para atender aos convênios assinados em 16 de agosto de 2001; de 8 milhões, 631 mil e 200 reais para atender aos 31 Municípios já solicitados anteriormente pelo Governador no Ofício nº 20.552/017.1; de crédito suplementar para atender emergencialmente aos Municípios atingidos pela última enchente.

Peço o apoio dos nobres pares desta Casa para o atendimento desse pleito do Estado de Santa Catarina

Muito obrigado.

850 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Vou encerrar a votação. Consulto se existe em plenário algum Sr. Deputado que ainda não tenha votado. (Pausa.)

Srs. Deputados, teremos sucessivas votações no dia de hoje. Conto com a colaboração de V.Exas. para que tenhamos a celeridade necessária. A palavra continuará sendo franqueada durante o processo de votação, desde que não atrapalhe o andamento da sessão. Não podemos permitir que processos alheios à votação retardem as inúmeras votações previstas para o dia de hoje.

851 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. JOÃO PAULO - Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOÃO PAULO (PT-SP. Questão de ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, minha questão de ordem não é sobre a matéria em votação, mas pertinente à sessão.

Tivemos informação do Deputado Bonifácio de Andrada de que a Comissão que estuda a PEC sobre a instituição do regime parlamentarista no Brasil votou o relatório nesta tarde.

No final da reunião da Comissão, disse ao Presidente em exercício que acabara de ser informado de que a Ordem do Dia estava em andamento, e, portanto, reservava-me o direito de apresentar, junto à Mesa, uma questão de ordem. Se a Mesa confirmar que havia, de fato, a Ordem do Dia no mesmo horário do processo de votação na Comissão, evidentemente, a votação na Comissão torna- se sem efeito.

Sr. Presidente, deixo essa questão de ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Recebo a questão de ordem de V.Exa.

Farei checar os horários para respondê-la oportunamente.

852 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. REGIS CAVALCANTE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra, rapidamente, por favor.

O SR. REGIS CAVALCANTE (Bloco/PPS-AL. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, encaminhamos à Presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito de Obras Inacabadas um requerimento, com assinatura de um terço dos seus membros, solicitando a convocação extraordinária da Comissão. Até o momento, não obtivemos resposta; sequer uma justificativa pelo menos válida da ausência de reunião daquela CPI.

Portanto, Sr. Presidente, diante do descaso da Presidência da Comissão, encaminho a V.Exa. requerimento para que autorize publicação do requerimento de convocação daquela Comissão, até porque essa é uma posição já tomada pela

Casa em momentos anteriores.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - A Mesa recebe a solicitação de V.Exa. e, com base no Regimento, tomará as providências cabíveis.

853 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Está encerrada a votação.

854 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. JAIRO CARNEIRO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JAIRO CARNEIRO (Bloco/PFL-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, gostaria de fazer um registro a respeito desta votação e, ao mesmo tempo, dirigir um apelo à Casa.

Entendo que não podemos simplesmente excluir do texto do Código de Ética uma regra essencial. Nem sempre podemos ter provas pré-constituídas a matérias cobertas pelo sigilo constitucional. E as denúncias podem vir a ser comprovadas no curso da instauração do processo. Por isso, apelo para os Srs. Deputados que busquemos uma fórmula salvadora, de modo a que a imagem da Casa não periclite no meio da opinião pública.

Voto "sim". Vivemos num Estado de Direito Democrático. São garantias e direitos fundamentais os que decorrem do nosso regime, que prevê o devido processo legal. Ninguém pode ser condenado sem provas. Por isso mesmo, faço um apelo: busquem uma forma salvadora. Do contrário, estaremos consagrando a impunidade nesta decisão.

855 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - A Mesa vai anunciar o resultado da votação: 124 votos "sim", 241 votos "não"; 2 abstenções. Total: 367 Parlamentares votantes.

A emenda foi rejeitada.

856 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Em votação a Emenda de Plenário nº 3, com pareceres divergentes da Mesa e da Comissão de Constituição e Justiça e de

Redação, ressalvada a subemenda modificativa.

857 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Srs. Deputados, peço a compreensão de V.Exas.: no período de votação, darei a palavra apenas aos que estão inscritos para encaminhar a matéria. São sucessivas votações. Aqueles que queiram manifestar-se sobre outros assuntos ou apenas registrar o voto, poderão fazê-lo durante o processo de votação nominal.

Aqueles que não votaram nesta votação, não precisam manifestar-se no microfone, poderão fazê-lo na próxima votação nominal. O voto ficará contabilizado para os efeitos administrativos cabíveis.

858 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Para falar contrariamente à emenda, concedo a palavra ao Deputado Walter Pinheiro. (Pausa.)

Não estando presente o Deputado Walter Pinheiro, concedo a palavra ao

Deputado José Genoíno.

O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, essa emenda foi acolhida pela Comissão de Constituição e Justiça e de Redação, que aprovou parecer apresentado pelo seu Presidente, Deputado Inaldo Leitão. Ela

é essencial para o Código de Ética e Decoro Parlamentar, se queremos de fato mostrar à população que estamos votando um código de ética. Ela permite a avaliação do que, na filosofia do Código de Ética, é considerada atividade ilícita e incompatível com o exercício do mandato parlamentar.

Ora, Sr. Presidente, na proposta referente à suspensão das prerrogativas — não queria levantar essa questão agora, já que pretendo fazê-lo no final —, não se está considerando o inciso VII do art. 14, que diz respeito ao mau uso das verbas de gabinete. Ao se deferir a suspensão das prerrogativas à Mesa Diretora — órgão colegiado político —, esvazia-se, enfraquece-se, limita-se esse órgão, que tem como função principal a investigação e a própria admissibilidade da denúncia encaminhada à Mesa Diretora.

Portanto, somos pela aprovação da Emenda nº 3. Entre o parecer da CCJ e o da Mesa, preferimos o da CCJ.

859 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação a Emenda de Plenário nº 3, com pareceres divergentes da Mesa e da Comissão de Constituição e Justiça e de

Redação, ressalvada a subemenda modificativa.

860 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que forem pela aprovação permaneçam como se acham.

APROVADA.

861 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Passa-se à votação da subemenda modificativa adotada pela Mesa à Emenda de Plenário nº 3.

862 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em discussão.

Consulto o Deputado José Genoíno sobre se já considera a subemenda encaminhada no bojo da competente explanação feita por S.Exa.

O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, entendo que há uma vontade do Plenário — até uma pressa — em votar a matéria.

Não vou usar muito tempo, mas quero deixar claro para a população — sei do compromisso e do esforço de V.Exa. — que as emendas que estão sendo votadas anulam parte substancial do Código de Ética. Dessa forma, macula-se a parte mais importante dele.

863 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Em votação a subemenda modificativa.

864 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que estiverem de acordo permaneçam como se acham.

REJEITADA.

865 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. LUIZ BITTENCOURT - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LUIZ BITTENCOURT (PMDB-GO. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei “sim” na primeira votação.

O SR. WELINTON FAGUNDES (Bloco/PL-MT. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, na primeira votação segui a orientação do partido.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Não há necessidade de V.Exas. justificarem voto ao microfone. Na próxima votação nominal, será contabilizado o voto para a anterior. Se faltarem às duas, nem ao microfone.

866 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Sobre a mesa a Emenda Aglutinativa nº 1.

Dê-se ao caput do art. 14 a seguinte redação:

Art. 14. A aplicação das penalidades de suspensão

temporária do exercício do mandato, de no máximo trinta

dias, e de perda do mandato são de competência do

Plenário da Câmara dos Deputados, que deliberará em

escrutínio secreto e por maioria absoluta dos seus

membros, por provocação da Mesa ou de partido político

representado no Congresso Nacional, após processo

disciplinar instaurado pelo Conselho de Ética e Decoro

Parlamentar, na forma deste artigo.

Assinam os Líderes do PSDB, do PMDB, do PFL, entre outros.

867 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Em votação a emenda.

868 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Os Srs. Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram.

APROVADA.

869 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. JOSÉ DIRCEU - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ DIRCEU (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, já que o Líder Walter Pinheiro assinou emenda aglutinativa, não poderíamos manter no texto maioria absoluta de votos.

Lembro a V.Exa. e aos Srs. Líderes que há sobre a mesa emenda ao projeto de resolução para corrigir o art. 13, ou seja, incide com as redações dos incisos VI a

VIII, e não e VIII.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Há entendimento de todos os Líderes partidários, segundo chegou à Presidência, no sentido de que será corrigido por emenda de redação. Portanto, não há dúvida alguma.

O SR. JOSÉ DIRCEU - Sem prejuízo, Sr. Presidente, para que a redação pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, aprovado o Destaque nº 13, seja mudada para o plenário.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Sim, sem qualquer prejuízo.

870 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Ouço o Deputado Wagner Rossi, pela ordem.

O SR. WAGNER ROSSI (PMDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, nesses termos, restabelecendo-se a regra geral numa das votações subseqüentes, nada temos a objetar.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Isso pode ser resolvido por redação.

871 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Passa-se à votação da subemenda substitutiva, adotada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Redação e pela

Mesa, à Emenda de Plenário nº 5.

872 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. GERSON PERES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GERSON PERES (PPB-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, substitutiva à emenda?

873 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Está inscrito para encaminhar o

Deputado Waldir Pires..

O SR. JOSÉ DIRCEU - Sr. Presidente, o Deputado Waldir Pires, gentilmente, cedeu-me a oportunidade.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Concedo a palavra ao Deputado José

Dirceu, para encaminhar a votação da matéria.

O SR. JOSÉ DIRCEU (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, acredito que todas as Lideranças estarão de acordo com a aprovação da Emenda nº

5, adotando a subemenda substitutiva da Comissão de Constituição e Justiça e de

Redação. Para representação contra o Presidente da República basta que o cidadão faça como no caso do ex-Presidente Fernando Collor de Mello.

Na nossa redação original, havia exigência de 5% dos eleitores para fazer a representação contra Parlamentar. A Comissão de Constituição e Justiça e de

Redação, uma vez que a representação passará necessariamente pela análise da

Mesa e do Conselho de Ética, houve por bem declarar exagerada a exigência de quorum elevado de assinaturas para que o cidadão possa levar ao exame da Casa denúncia contra Deputado. Não haverá representação contra Parlamentar, como exigimos para Presidente da República.

A Comissão de Constituição e Justiça e de Redação, Sr. Presidente, fez, assim, uma subemenda substitutiva, atendendo ao bom senso e ao óbvio. Espero que todos os Líderes concordem, lembrando que é a Mesa que aceitará ou não a denúncia. Sabemos que os casos de suspensão de prerrogativas de mandato e de cassação dependem de votação de maioria absoluta do Plenário.

874 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Portanto, é pacífica a subemenda que a Comissão de Constituição e Justiça e de Redação houve por bem realizar.

875 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem a palavra o nobre Deputado

Henrique Fontana, para encaminhar a votação.

O SR. HENRIQUE FONTANA (PT-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o texto original exige 5% de assinaturas de cidadãos, de cujo Estado vem o Deputado, a fim de que o Conselho receba representação contra o mesmo.

Defendemos maior transparência. Queremos que qualquer cidadão possa representar perante o Conselho de Ética contra a conduta inadequada de

Deputados. Aprovando a subemenda proposta pela Comissão de Constituição e

Justiça e de Redação, que é correta, daremos maior credibilidade ao Código de

Ética. É evidente que depois seguirá os trâmites normais, oportunidade em que o

Deputado poderá apresentar defesa, quando o Conselho analisará se deve ou não ser acolhida aquela representação. Mas parece-me inadequado dificultar a representação.

Por isso, peço apoio aos nobres pares para a subemenda que estamos apreciando.

876 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. ARMANDO MONTEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ARMANDO MONTEIRO (PMDB-PE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, acompanhei o partido.

877 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Concedo a palavra ao nobre Deputado

Gerson Peres, para encaminhar a votação.

O SR. GERSON PERES (PPB-PA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, esta matéria já está prevista no inciso I do art. 13.

Art. 13......

I - Qualquer cidadão é parte legítima para

representar contra Deputado perante o Conselho,

especificando os fatos e as respectivas provas.

O ilustre Deputado Waldir Pires pretende retirar as provas. Estaríamos sendo incoerentes, porque já aprovamos a matéria. Devemos votar contra a emenda, ou

V.Exa. poderia julgá-la prejudicada. S.Exa. está querendo voltar à matéria que acabamos de aprovar, ou seja, as provas serem apresentadas perante a Mesa. Por analogia, estaria prejudicada. Mas, se não quiser, podemos votar.

Recomendamos o voto “não”.

878 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação a subemenda.

879 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Aqueles que forem pela aprovação permaneçam como se acham.

REJEITADA.

880 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Passa-se à votação da Emenda de

Plenário nº 5.

881 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Consulto o Deputado Henrique Fontana se deseja falar sobre a matéria.

882 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. GERSON PERES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GERSON PERES (PPB-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, essa emenda está prejudicada.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – A subemenda foi rejeitada. Tenho de colocar em votação, neste instante, a emenda.

883 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. OSVALDO BIOLCHI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. OSVALDO BIOLCHI (PMDB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior segui orientação do partido.

884 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Posso colocar em votação a matéria,

Deputado Gerson Peres?

885 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Concedo a palavra ao nobre Deputado

José Dirceu para encaminhar a votação.

O SR. JOSÉ DIRCEU (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, peço aos Srs. Líderes atenção. Acabamos de cometer um erro. Peço a aprovação da Emenda de Plenário nº 5.

Já estava aprovada a necessidade de provas. Portanto, a queda do pedido de provas na emenda anterior nada altera. Exigir 5% dos cidadãos para abrir representação contra Deputado é um escárnio, um escândalo. Isso não tem nenhum sentido, já que um cidadão pode pedir o impeachment do Presidente da República.

Está escrito no texto original.

A emenda agora propõe que qualquer cidadão possa ser considerado parte legítima para representar contra Deputado perante o Conselho, especificando os fatos que pretende apurar. A Mesa pode ou não aceitar. E o Plenário punirá, em caso de suspensão de mandato ou de cassação.

Rejeitamos a emenda anterior e já poderíamos ter resolvido esse problema da subemenda. Solicito então a aprovação da Emenda n.º 5.

886 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado

Inocêncio Oliveira para encaminhar contrariamente à matéria.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, eu gostaria de dizer que o que se deseja é um subterfúgio. Já decidimos várias vezes que não queremos indícios, mas, sim, provas.

Em segundo lugar, a substituição por fatos é muito genérico. Queremos apenas que o cidadão possa representar com provas.

Então votamos ”não” à emenda.

887 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Em votação a emenda.

888 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Os Srs. Deputados que aprovam a emenda n.º 5 permaneçam como se encontram.

REJEITADA.

889 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Em votação a emenda de plenário n.º 6, com pareceres divergentes da Mesa Diretora e da Comissão de Constituição e

Justiça e de Redação.

890 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. JOSÉ DIRCEU (PT-SP) - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Estou apenas seguindo a ordem de inscrição. O Deputado Walter Pinheiro está inscrito e certamente cederá seu tempo a V.Exa. (Pausa.)

Deputado José Dirceu, tem V.Exa. a palavra, para encaminhar a votação da matéria.

O SR. JOSÉ DIRCEU (PT-SP. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, quero chamar a atenção do Deputado Wagner Rossi, que está respondendo pela

Liderança do PMDB, e também do Deputado Inocêncio Oliveira para o seguinte: no texto não dispensamos prova. Ela já foi assegurada com a aprovação da Emenda n.º

2, se não me engano.

Ficou estabelecido no texto que é necessário 5% de assinaturas para que o cidadãos possa representar contra Deputado. Houve um erro, Sr. Presidente, o que

é uma lástima. Agora, estamos na Emenda nº 6. Cometemos um grave erro e isso vai desmoralizar o Código de Ética.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – É isso. Está feito o registro nobre

Deputado José Dirceu.

V.Exa. continua com a palavra para encaminhar em relação à Emenda nº 6.

O SR. JOSÉ DIRCEU – Sr. Presidente estou tentando explicar ao nobre

Deputado Wagner Rossi que já havia caído na subemenda. Está claro para mim. Há boa-fé, não estou levantando nenhuma suspeição, mas não tínhamos intenção de introduzir esse contrabando — é a expressão que se usa — para derrubar a exigência de provas. Até porque a subemenda foi rejeitada.

891 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

A Emenda nº 5 não fala nada sobre provas. Ela apenas estabelecia que bastava um cidadão para fazer denúncia e não 5%. Infelizmente, Sr. Presidente, ficou 5% e não sei como resolver

Sr. Presidente, quero reiterar a posição do PT, e acredito que, de todos os partidos da Oposição, pela publicidade da declaração de rendas, bens e do passivo dos Parlamentares.

Quero lembrar que estou falando sobre a Emenda nº 6.

892 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. BARBOSA NETO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. BARBOSA NETO (PMDB-GO. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, apesar de reconhecer que nós já votamos a Emenda nº 05, houve impossibilidade, do ponto de vista regimental, de atendermos parte do que havia na emenda. Por outro lado, nós criamos a exigência de 5% que, sem sombra de dúvida, traz dificuldades para que a sociedade participe.

Sr. Presidente, quero então solicitar aos Srs. Líderes, com a aprovação desta

Presidência, mantendo a Mesa Diretora, mantendo o Plenário, a não-aprovação da exigência dos 5%. Pergunto a todos os Líderes se isso é voto vencido ou se podemos, repito, com a concordância de todos os Líderes, manter essa prerrogativa do cidadão brasileiro.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Eu sugiro a V.Exa., como Relator da matéria perante a Mesa Diretora, que, enquanto damos andamento à apreciação de outra parte do texto, converse com todos os Líderes. Estaremos discutindo a

Emenda nº 06, enquanto V.Exa. conversa com os Líderes sobre a possibilidade, do ponto de vista regimental. Se possível, nós acolheremos. Registro mais uma vez que precisa haver o entendimento de todos os Líderes para que isso ocorra.

893 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, a matéria está aprovada, com a exigência dos 5%. A

Comissão de Constituição e Justiça e de Redação sobrepôs-se ao Plenário e mudou o texto. É um direito que tem. Mas, o Plenário, soberanamente, tem derrubado muita coisa que a Comissão tenha aprovado. Mas vamos demonstrar que queremos avançar. Concordo em retirar os 5%, desde que tenha sido assegurado que só se pode fazer representação com provas.

Não faço questão de que se retire os 5%. Mostraremos que a Câmara está preocupada em fazer o melhor, mas não queremos transformá-la numa grande delegacia de polícia.

894 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação a Emenda de Plenário nº

06 com parecer divergente da Mesa, da Comissão de Constituição e Justiça e de

Redação. Voltaremos em seguida a esta questão específica.

895 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. WALTER PINHEIRO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, falta o encaminhamento.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado José Genoíno, já concedi a palavra ao Deputado José Dirceu, que encaminhou. Agora V.Exa. tem a palavra.

896 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. GERSON PERES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GERSON PERES (PPB-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, o PT tem quantos Líderes, um ou três? Só pode falar o Líder.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Gerson Peres, para encaminhar a matéria podem falar até dois Deputados. Fique tranqüilo que a

Presidência zela pelo equilíbrio entre as partes.

O SR. GERSON PERES - Peço desculpas. Pensei que S.Exa. ia falar pela

Liderança.

897 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. WALTER PINHEIRO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, eu gostaria de esclarecer aos Srs. Deputados que o Deputado José

Dirceu havia pedido a palavra para encaminhar, mas optou por fazer primeiro o levantamento sobre a questão da Emenda nº 05, na busca do entendimento. Isso suscitou a intervenção do Deputado Relator, Barbosa Neto. Portanto, o Deputado

José Dirceu não fez o encaminhamento. Poderia ter feito, não haveria problema. O

Deputado José Dirceu não fez o encaminhamento e, sim, um apelo às Lideranças para que rediscutíssemos a Emenda nº 05, até mesmo em função da diferença do que ela trata. O Relator da Mesa é que fez a subemenda, incluindo a questão das provas. Portanto, o Deputado José Genoíno é o primeiro inscrito dos dois oradores a que todos os partidos têm direito.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Compreendo V.Exa., mas não posso, da Mesa, orientar cada orador inscrito para encaminhar. O Deputado José Dirceu usou o tempo previsto para o encaminhamento da matéria, no entanto, a Mesa tem sido bastante compreensiva e tem dado oportunidade para que as discussões se aprofundem.

898 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Concedo a palavra ao Deputado José

Genoíno, para encaminhar a votação.

O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, estamos falando do art. 17, que trata das declarações obrigatórias do Parlamentar à

Câmara dos Deputados e à Mesa Diretora, que em função da natureza do exercício do mandato, tornam-se públicas, como a declaração de renda que fazemos ordinariamente. Atualmente todos os Parlamentares, ao fazerem sua declaração de renda ao Fisco, entregam uma cópia à Casa. A novidade que queremos estabelecer com a Emenda nº 6 baseia-se no princípio republicano da separação do privado com o público, de que tanto fala o Deputado Waldir Pires.

Assumimos este cargo público, em decorrência da votação da sociedade, por um período de quatro anos. É uma função pública e, para deixar bem claro que essa função é pública na finalidade e no meio nos obrigamos com o País a que nossa vida esteja submetida ao que prevê a Constituição e o Regimento Interno da Casa para o exercício da profissão.

Ser Deputado ou Senador não é uma profissão — pode virar uma vocação —,

é um contrato temporário renovado periodicamente.

No caso do cargo executivo é renovado uma vez, no caso de Deputado e

Senador pode ser renovado pelo eleitor.

No momento em que o Parlamentar assume, sua declaração deve ser transparente, e a transparência é a melhor defesa para o Deputado e para o

Senador. Não ter medo de dizer o que tem, de dizer o que pode e o que deve é uma arma para separar o joio do trigo, é uma arma para tirar o Parlamentar da

899 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel chantagem, é um caminho para o Parlamentar legislar e não existir dúvida alguma sobre a sua atividade que é para toda a sociedade.

Não somos uma categoria, não somos um corpo político; somos representantes da Nação. Representamos o povo e legislamos para o povo. Por isso, devemos dizer para o povo que a nossa vida é pública e transparente, porque estamos legislando para toda a sociedade.

Sr. Presidente, considero esta emenda fundamental para o Código de Ética e peço a sua aprovação.

900 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Passa-se à votação da Emenda de

Plenário nº 6.

901 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. WALTER PINHEIRO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, para nós, do PT, esta emenda é importante. Há aqueles que dizem que aqui não é delegacia de polícia e acham que a apresentação de indícios agride um processo que deveria se abrir contra Parlamentar. Esses Parlamentares deveriam também pleitear o mesmo tratamento que todo e qualquer cidadão tem, que é a possibilidade de ser processado, quando houvesse indícios para inquérito. Nesse particular, o que pretendemos é que as figuras públicas que percebem dos cofres da

União tornem pública sua atuação, até porque se dispõe desta forma no processo eleitoral; não há por que temer a divulgação, já que são com provas. Para processar-se um Deputado é preciso que se conheça até a sua vida; do contrário, bloqueando as provas, a possibilidade de abrir processo, e agora bloqueando-se a possibilidade de acessar as informações sobre os Deputados, obviamente não teremos possibilidade alguma de processos aqui serem encaminhados.

Portanto, a publicidade faz parte do contexto, para que o cidadão tenha as reais e prováveis condições para tentar promover aqui na Casa um pedido de abertura de processo contra Parlamentares.

O SR. GERSON PERES – Sr. Presidente, queremos respeitar a Constituição.

O SR. WALTER PINHEIRO – Sr. Presidente, eu estou falando. S.Exa. deveria ser um pouco mais educado e aguardar, quando estivesse um orador na tribuna, que este terminasse sua intervenção.

O SR. GERSON PERES – Deputado Walter Pinheiro, pensei que V.Exa. já tivesse terminado.

902 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem a palavra o Deputado Gerson

Peres.

O SR. GERSON PERES (PPB-PA. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, os progressistas votam “não” para respeitar a Constituição, que está acima de todos nós e de todos os partidos. Se publicarmos os dados, violaremos os direitos e as garantias dos cidadãos, e os Deputados são cidadãos.

O SR. ALDO ARANTES (Bloco/PCdoB-GO. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, o Bloco Parlamentar PSB/PCdoB vota “sim”, para respeitar o povo brasileiro e a fim de que este tenha conhecimento da situação patrimonial dos

Deputados.

903 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação a Emenda de Plenário nº 6.

904 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Aqueles que estiverem de acordo permaneçam como se acham.

REJEITADA.

905 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. WALTER PINHEIRO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, peço verificação da votação.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Nobre Deputado, gostaria muito de concedê-la, mas, como fiel seguidor do Regimento Interno, não poderei fazê-lo, pois ainda não passou o interstício necessário.

906 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Passa-se à votação da subemenda substitutiva, adotada pela Mesa Diretora, à Emenda de Plenário nº 7.

907 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Consulto o Deputado Professor

Luizinho se S.Exa. mantém a inscrição. (Pausa.) A Mesa agradece.

Consulto o Deputado José Genoíno se mantém a inscrição. (Pausa.) A Mesa agradece.

908 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. GERSON PERES – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GERSON PERES (PPB-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, V.Exa. fez uma observação diferenciada da votação anterior, ficamos meio confusos.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Não foi diferenciada. A Mesa tem toda a paciência e vai esclarecer o Plenário.

Reitero que a Mesa tem seguido as inscrições feitas, como prevê o

Regimento Interno.

Está em votação a subemenda substitutiva adotada pela Mesa à Emenda de

Plenário de nº 7.

909 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Como autor da Emenda, concedo a palavra ao Deputado Gerson Peres, para encaminhar a votação.

O SR. GERSON PERES (PPB-PA. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, o Relator da Mesa cometeu um equívoco, por isso, deformou a nossa emenda.

Estabelecemos prazo de sessenta dias para terminar o julgamento no plenário do

Congresso, fora os outros prazos do decurso da instrução processual que somam quase quatro meses e meio e noventa dias, além dos prazos para a cassação do mandato.

O Relator da Mesa resolveu eliminar na prorrogação o prazo. Disse:

“sessenta dias prorrogáveis”, mas não disse qual é o tempo. Queremos evitar que amanhã esses processos fiquem na gaveta e a imagem do Parlamento seja maculada.

Poderia propor ao Relator que prorrogasse o prazo por mais trinta dias. Mas se ficarmos sem prazos para o julgamento desses processos, incorreremos no mesmo erro. A procrastinação irá predominar sobre os julgamentos oriundos da decisão do Código de Ética. Isso é um pecado mortal.

Se vamos fazer um Código de Ética para moralizar a tramitação processual, e na prorrogação, pedimos ao Relator que também dê prazo terminativo. De outra forma, estaremos sendo incoerentes.

910 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. CEZAR SCHIRMER - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CEZAR SCHIRMER (PMDB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei de acordo com a orientação da minha bancada.

911 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Vamos ouvir o Relator, Deputado

Barbosa Neto. V.Exa. mantém a sua proposta?

O SR. BARBOSA NETO (PMDB-GO. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, quanto à fixação de prazo e ao que se exclui do § 2º do referido artigo, acho fundamental, com a aprovação do Código de Ética e Decoro Parlamentar, ter prazos prefixados para, além de dar clareza as ações deste Conselho, defini-las.

912 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação a emenda substitutiva adotada pela Mesa à Emenda de Plenário nº 7.

913 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. GERSON PERES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GERSON PERES (PPB-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, quero saber se V.Exa. está colocando em votação a minha emenda ou a subemenda do Relator.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Vou repetir pela quarta vez, atendendo a pedido de V.Exa.

Em votação a subemenda substitutiva adotada pela Mesa à Emenda de

Plenário nº 7.

914 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, rejeitada a subemenda, vota-se a emenda do Deputado

Gerson Peres?

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Inocêncio Oliveira, rejeitada a subemenda, passa-se à votação da emenda apresentada pelo Deputado Gerson

Peres.

915 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Em votação a subemenda.

916 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que estivem de acordo permaneçam como se acham.

REJEITADA.

917 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pela Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, como a emenda pode ter sido rejeitada, se apenas meia dúzia de

Parlamentares levantaram o braço?

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Walter Pinheiro, a subemenda foi claramente rejeitada. Convido V.Exa. para acompanhar a votação aqui da Mesa. Foi essa a manifestação majoritária do Plenário.

918 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Em votação a Emenda de Plenário nº 7, com pareceres divergentes da Mesa.

919 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que forem pela aprovação permaneçam como se acham.

APROVADA.

920 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, essa emenda fortalece o Código de Ética. Concluído o processo, ele virá à Mesa, que tem o prazo de dois dias para incluí-lo na pauta, sobrestando as demais matérias.

Que não digam que queremos fazer leve Código de Ética. Pelo contrário, queremos o melhor para a Casa.

921 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Votação, em segundo turno, do Projeto de Resolução nº 106-F, de 1992, ressalvados os destaques.

922 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que estiverem de acordo permaneçam como se acham.

APROVADO.

923 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação o Destaque de Bancada nº

1, assinado pelo Deputado Gerson Peres, do PPB.

924 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. GERSON PERES – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GERSON PERES (PPB-PA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, retiro o destaque.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – O autor retira o destaque.

925 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Está prejudicado o Destaque nº 2, apresentado pelo Deputado José Antonio Almeida, obviamente, devido à aprovação da Emenda nº 2.

926 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. MAURO LOPES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MAURO LOPES (PMDB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior votei com o partido.

927 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Sobre a Mesa Destaque nº 3, assinado pelo Líder Walter Pinheiro:

Requeremos, nos termos do art. 161, inciso I, § 2º,

destaque para votação em separado com vistas à

supressão do § 3º do art. 14 do Projeto de Resolução nº

106, de 1992.

928 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem a palavra o autor, Deputado Walter

Pinheiro.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador.) – Vamos votar,

Sr. Presidente.

929 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. ITAMAR SERPA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ITAMAR SERPA (PSDB-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior votei com o partido.

O SR. ALBÉRICO FILHO (PMDB-MA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei de acordo com a orientação do partido na votação anterior.

930 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. GERSON PERES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GERSON PERES (PPB-PA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, essa emenda está prejudicada.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Estou consultando a Assessoria da

Mesa.

931 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. ARMANDO ABÍLIO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ARMANDO ABÍLIO (PSDB-PB. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, na votação anterior votei de acordo com a orientação do PSDB.

O SR. OSMÂNIO PEREIRA (PSDB-MG. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, na votação anterior acompanhei a orientação do partido.

O SR. ANÍBAL GOMES (PMDB-CE. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, na votação anterior votei de acordo com a orientação do partido.

932 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação o Destaque de nº 3.

Os Srs. Deputados que queiram manter o texto original do projeto deverão votar “sim”. Os Srs. Deputados que queiram modificá-lo, portanto, atendendo ao objetivo do destaque, deverão encaminhar o voto “não”. Repito: quem quiser manter o texto encaminha o voto “sim”; quem quiser atender aos objetivos do destaque, portanto, suprimir o § 3º do art. 14, encaminha o voto “não”.

933 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Em votação o dispositivo destacado.

934 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Aqueles que estiverem de acordo permaneçam como se acham.

REJEITADO.

Está mantido o texto.

935 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Prejudicado o Destaque nº 4 ao Projeto de Resolução de nº 6, do PSDB.

936 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. SAMPAIO DÓRIA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. SAMPAIO DÓRIA (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, na votação nominal anterior votei de acordo com a orientação da

Liderança da bancada.

O SR. RENATO VIANNA (PMDB-SC. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, na votação anterior votei de acordo com a orientação do partido.

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ (PT-RS. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, na votação anterior votei de acordo com a orientação do partido.

937 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Prejudicado o Destaque de Bancada nº

5, de autoria do Deputado Gerson Peres.

938 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PAULO LIMA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PAULO LIMA (PMDB-SP. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, na votação anterior acompanhei a orientação do partido.

939 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Prejudicada a Emenda de Redação nº

1, do Deputado Gerson Peres.

940 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação Emenda de Redação nº 2, objeto de entendimento entre todos os Srs. Líderes.

Dê-se ao caput do artigo 13 a seguinte redação:

Art. 13. A suspensão de prerrogativas regimentais

será aplicada pelo Conselho de Ética e Decoro

Parlamentar ao Deputado que incidir nas vedações dos

incisos VI a VIII do art. 5º, observado o seguinte:

941 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. WAGNER ROSSI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WAGNER ROSSI (PMDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, esclareço apenas que a aplicação da pena será feita posteriormente pelo Plenário, em virtude da regra geral.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – É esse o entendimento.

O SR. WAGNER ROSSI – A única questão encerrada, salvo melhor juízo, é a troca da expressão “e” por “a”, de maneira que o inciso VII também seja incluído.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Exclusivamente isso. E há acordo entre todos.

O SR. GERSON PERES - Sr. Presidente, estamos de acordo.

O SR. BARBOSA NETO - Sr. Presidente, estamos de acordo.

942 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação a emenda.

943 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que estiverem de acordo permaneçam como se acham.

APROVADA.

944 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. BARBOSA NETO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. BARBOSA NETO (PMDB-GO. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, quero falar sobre a Emenda de Redação nº 3.

945 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação a Emenda de Redação nº

3.

Chamo a atenção dos Srs. Líderes para o texto submetido à Mesa.

Dê-se ao § 3º do art. 17 a seguinte redação:

§ 3º - Os dados referidos nos parágrafos anteriores

terão, na forma da Constituição Federal (art. 5º, XII), o

respectivo sigilo resguardado, podendo, no entanto, a

responsabilidade pelos mesmos ser transferida para o

Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, quando este os

solicitar, mediante aprovação do respectivo requerimento

pela sua maioria absoluta em votação nominal.

946 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Concedo a palavra ao Relator.

O SR. BARBOSA NETO (PMDB-GO. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, em nome da Relatoria da Mesa Diretora, acatamos parcialmente a emenda de redação.

Da substituição da expressão “pelo mesmo” por “pelos mesmos”, ou seja, colocando no plural, somos pela rejeição, porque a pretensão aqui é o sigilo. No segundo caso, sobre a expressão “quando este os solicitar”, a Relatoria está de acordo, porque o termo “os” se relaciona com o termo “dados”.

Portanto, somos pela aprovação da emenda de redação parcialmente: na primeira pretensão, pela rejeição; na segunda pretensão, pela aprovação.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Está clara a intenção, mas V.Exa. deve encaminhar favoravelmente ou contrariamente. É difícil encaminhar parcialmente.

O SR. BARBOSA NETO – Sou favorável, com a ressalva de que aprovamos apenas a segunda pretensão da emenda de redação. O que está em discussão aqui

é apenas a correção. Vou ler a emenda, para que fique bem claro: “ (...) o respectivo sigilo resguardado, podendo, no entanto, a responsabilidade pelos mesmos”.

A pretensão é substituir a expressão “pelo mesmo” por “pelos mesmos”.

Neste ponto, estamos nos referindo ao sigilo, que está no singular. Quanto à segunda pretensão, continuo a ler: “(...) ser transferida para o Conselho de Ética (...) quando este o solicitar”. A expressão “o solicitar” está relacionada com os dados.

Portanto, neste ponto, somos pela aprovação.

Logo, Sr. Presidente, eu gostaria de encaminhar da seguinte forma: somos pela aprovação da emenda, ressalvando que somos pela rejeição da primeira pretensão.

947 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. JOSÉ DIRCEU – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ DIRCEU (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, o PT acompanha a emenda modificativa do Relator, Deputado Barbosa

Neto.

948 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. JOÃO LEÃO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOÃO LEÃO (PPB-BA. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, estive trabalhando até há pouco na Comissão Mista de Planos, Orçamentos

Públicos e Fiscalização. Na última votação, acompanhei a orientação do meu partido.

949 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Faço consulta de público ao Deputado

Inácio Arruda, autor da proposta, que talvez possa atender ao interesse de todos, ou seja, resguardar o sigilo. Se todos concordarem, a matéria pode ser submetida ao

Plenário com a seguinte redação, que atende à preocupação do Relator, Deputado

Barbosa Neto, e também, parece-me, à dos Líderes que se manifestaram:

§ 3º. Os dados referidos nos parágrafos anteriores

terão, na forma da Constituição Federal, art. 5º, XII, o

respectivo sigilo resguardado, podendo, no entanto, a

responsabilidade pelo mesmo ser transferida para o

Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, quando este o

solicitar — o Conselho vai solicitar tanto o sigilo quanto os

dados — mediante a aprovação do respectivo

requerimento pela sua maioria absoluta, em votação

nominal.

950 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. GERSON PERES – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GERSON PERES (PPB-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – É a mesma redação.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Não é a mesma redação, Sr. Deputado.

O SR. GERSON PERES – Estamos de acordo.

951 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. ALDO ARANTES – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ALDO ARANTES (Bloco/PCdoB-GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, em nome do Deputado Inácio Arruda, concordamos com a proposta do Relator.

952 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação a Emenda de Redação nº

3, da forma como li agora.

953 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Aqueles que estiverem de acordo permaneçam como se acham.

APROVADA.

954 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Há sobre a mesa e vou submeter a votos a seguinte

REDAÇÃO FINAL:

955 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Aqueles que estiverem de acordo permaneçam como se acham.

956 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. JOSÉ DIRCEU - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ DIRCEU (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, solicito ao Relator, Deputado Barbosa Neto, que estabeleça o acordo sobre o critério de 5% previsto na Emenda nº 5. S.Exa. ficou de consultar os Líderes, a pedido de V.Exa.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Isso só poderia ser modificado em razão do impedimento, que posso até dizer que estimula porque se trata de matéria votada em primeiro turno. Se não houver objeção dos Srs. Líderes — e eu ouso, embora não costume fazê-lo, apelar para que sigam essa direção —, poderíamos votar hoje ainda a redação final, com o compromisso de retornar ao acordo do primeiro turno, o que não vai ferir, parece-me, os objetivos do texto aprovado.

957 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. GERSON PERES – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GERSON PERES (PPB-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, nós não temos nenhuma objeção ao critério de 5% do quociente eleitoral do Estado do Deputado para propositura da representação. Acreditamos até que se trata de oportunidade da população de se arregimentar. Desde que apresente a esta

Casa provas e não fatos. Queremos provas. Não vamos obstaculizar nenhuma denúncia popular contra os Parlamentares, desde que haja provas.

O que nós rejeitamos é a denúncia vazia, falsa e mentirosa que prejudica a imagem do Deputado.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Vou prestar um esclarecimento ao

Plenário, com muita serenidade: foi aprovada, corretamente ou não, a necessidade de manifestação de 5% do quociente eleitoral do Estado do Deputado denunciado, diferente daquilo que foi votado no primeiro turno. Foi aprovada também, Deputado

Gerson Peres, a necessidade de prova e de encaminhamento à Mesa.

O SR. GERSON PERES – Aqui, fala-se em Conselho. Deve ser encaminhado

à Mesa.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Não, foi aprovado o encaminhamento à

Mesa. Consulto o Plenário se há entendimento em relação à questão, já que é necessária a apresentação de provas, e o encaminhamento terá que ser feito à

Mesa. É viável a sugestão do Relator, ou seja, a necessidade de o cidadão encaminhar as provas à Mesa para a representação, até para que não pareça que há retrocesso em relação ao que foi votado em primeiro turno e o que foi votado

958 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel agora, com o apoio de V.Exa. O encaminhamento, então, deverá ser feito à Mesa e com provas.

A consulta final que formulo, dependendo do entendimento dos Srs.

Parlamentares, é sobre a perspectiva de o cidadão se manifestar.

O SR. GERSON PERES - Sr. Presidente, não tenho objeção, desde que o cidadão apresente provas que incriminem o Parlamentar no que se refere à quebra do decoro parlamentar. Desse modo, ele está, sim, zelando pela boa imagem do

Parlamento. Que não venha com conversa fiada, com recortes de jornal. Isso não é prova. A Mesa terá a responsabilidade de arquivar, ab initio, denúncia do cidadão à

Casa baseada em conversas e fatos incertos.

959 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. WAGNER ROSSI – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WAGNER ROSSI (PMDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, em nome do PMDB, não temos objeção à apresentação, pelo cidadão, de denúncias contra os Parlamentares. Aliás, essa prerrogativa constitucional já existe no Direito brasileiro, e nós não queremos privilégios. Devemos aproveitar o ensejo para comentar a defesa até emocionada que aqui se fez, com base em princípios éticos, quando, na verdade, era apenas o princípio político que se estava a defender.

O PMDB deseja, sim, que o cidadão brasileiro tenha o direito de apresentar provas. O que não queremos é instituir o princípio político do “laranjal”, ou seja, qualquer irresponsável, sem base ou comprovação, pode enxovalhar a imagem de homens públicos. Infelizmente, no nosso País, certos setores políticos transformaram isso em prática política da qual não se envergonham. Exemplos, nós os tivemos nesta semana. Tínhamos provas, tínhamos tudo. A avaliação política, porém, é maior, e não responsabilizamos aqueles que faltaram com o decoro parlamentar. A questão política se sobrepôs. Política deve ser feita com seriedade.

Não se pode transformar a Casa em delegacia de polícia.

Somos favoráveis, sim, à manifestação do povo, mas que não seja instruído por pessoas daqui, que querem denegrir as instituições, para as quais quanto pior, melhor.

Não apenas V.Exa., Sr. Presidente, mas o PMDB espera que impere a ética.

Assim o afirmo porque aprovamos, por ampla maioria, todos os procedimentos

éticos. Mas não aceitaremos laranjas, para enxovalhar homens de bem.

960 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

A Mesa saberá avaliar cada denúncia. Aquelas que forem fortes e verdadeiras deverão, sim, ser analisadas, a fim de serem responsabilizados os que atentam contra a ética na vida pública, contra a moral das sagradas instituições do nosso

País.

961 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. BARBOSA NETO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. BARBOSA NETO (PMDB-GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, apesar do calor da discussão, a matéria não está em debate. Em relação à apresentação de provas, é matéria vencida. Exigiram-se provas no texto aprovado pela Câmara dos Deputados nesta noite.

O que está em discussão é apenas a exigência que passo a ler integralmente:

“Em número não inferior a 5% do coeficiente eleitoral verificado na última eleição, na unidade federativa pela qual se elegeu o representado”. Estamos solicitando a todos os partidos que, num acordo unânime, aprovem a possibilidade de o cidadão, mediante provas, apresentar denúncias à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados contra Parlamentares.

Esse é avanço que julgo importante, tendo em vista os debates realizados na

Comissão de Constituição e Justiça, neste Plenário, na Mesa Diretora, com o envolvimento das forças políticas partidárias. Neste última votação, verifiquei que o encaminhamento do PPB e do PMDB é nesse sentido. Não podemos, portanto, voltar ao debate sobre a necessidade de provas, já decidida pela Câmara dos

Deputados.

Então, desarmando os espíritos dos partidos políticos, esta Relatoria, em nome da Mesa Diretora, deixa claro que preferia retirar a exigência dos 5% do eleitorado de cada Estado para a apresentação de representação.

962 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Se houver compreensão por parte de todos os Líderes, como já foi manifestado aqui, poderemos firmar esse compromisso por unanimidade. Encontrarei, antes de votar a redação final, o texto adequado, a fim de que, preservada a necessidade de encaminhamento de provas à Mesa, o cidadão possa apresentar as denúncias, como era a intenção no primeiro turno.

Deputado Gerson Peres, vejo que V.Exa. está inquieto em relação a esse ponto. Trata-se apenas de questão específica: há ou não necessidade do critério de

5% de assinaturas? O entendimento, tento sintetizar a sugestão do Relator, é de que a prova a ser encaminhada à Mesa poderia ser apresentada pelo cidadão.

Não havendo posições divergentes, fica acertado esse ponto.

963 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, este Plenário, mais uma vez, demonstrou responsabilidade. Em matéria tão importante — há muitos anos se pretende elaborar o Código e o Conselho de Ética, para balizar o que pode ou não ser feito pelo

Parlamentar no exercício de seu mandato —, optou-se pela solução correta, evitando-se transformar a Câmara numa grande delegacia de polícia.

O Bloco Parlamentar PFL/PST não faz nenhuma objeção à retirada da exigência dos 5%, desde que conste que a representação será feita perante a Mesa e que simples recorte de jornal ou denúncia de determinado laranja não serão considerados prova. E que se use a lei para garantir também o direito de representação contra quem apresentou denúncia falsa. Preservamos o que de melhor havia. O Código é bom, é avançado, é perfeito.

Concluo com a seguinte frase: a esperteza, quando é de mais, termina engolindo o esperto.

964 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. WALTER PINHEIRO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador) –

Sr. Presidente, a contribuição que demos desde a fase de elaboração da proposta, desde a primeira relatoria, do Deputado Marcelo Déda, até a última, do Deputado

José Dirceu, teve o intuito de promover debate sob a égide do comportamento ético.

Quanto à história de que alguns tinham provas a apresentar — e não o fizeram —, eu pergunto: por que não deram seqüência aos mais de dezenove processos em tramitação na Corregedoria da Casa?

Sr. Presidente, não cabe ilação agora, porque os Deputados que defenderam, na sessão do Congresso Nacional, projeto escandaloso talvez tenham medo desse tipo de indício. Por isso, falam em recortes de jornais, páginas de revistas ou coisa do gênero.

Ora, o que se está propondo é o funcionamento do Conselho de Ética, até porque será ele que vai analisar a representação. Não se está propondo julgamento prévio, absolutamente. O que se pretende é que o Conselho receba e apure as denúncias. Mas há quem prefira que o Conselho nem mesmo receba as denúncias a apurar, para que se elimine toda e qualquer possibilidade de o cidadão apresentar- lhe seus questionamentos. Esse é o objeto central da disputa, e o medo não é só de páginas de jornal, não. São outros os receios.

Ética se pratica e se vive. Ela é comprovada ao longo do tempo. O Conselho de Ética deveria, ao menos, ter a oportunidade de receber as denúncias, mas parece que a Mesa terá de receber conjunto de provas, para só, então, o Conselho de Ética se manifestar.

965 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. GERSON PERES – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GERSON PERES (PPB-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, que fique registrado nos Anais que não estamos inovando nada.

O Conselho de Ética não se pode sobrepor ao inciso II do art. 55 da

Constituição Federal, que trata do decoro parlamentar. A Constituição determina que os processos de quebra de decoro passem primeiro pela Mesa Diretora da Câmara e só depois sejam encaminhados ao plenário.

Não podemos aceitar a argumentação do ilustre Líder do PT, porque seria afrontoso resolução regimental contrariar dispositivo constitucional. Por isso, redigimos, os companheiros que compuseram esta grande obra da administração de

V.Exa., que lavra hoje um dos tentos mais grandiosos do Parlamento brasileiro, código que segue as normas delimitadas na Constituição Federal.

Os que acham que o texto deveria ser modificado terão a oportunidade constitucional de apresentar emenda para mudar o inciso II do art. 55 da Carta

Magna.

Faço essa menção, Sr. Presidente, para que as palavras do ilustre e douto

Líder do PT não fiquem registradas nos Anais insinuando que violentamos o princípio da ética. O processo está determinado na Constituição e deve passar pelo crivo da Mesa e, depois, do Plenário. Nós vamos fazê-lo passar pela Mesa, pelo

Conselho de Ética e, por fim, pelo Plenário.

966 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Concedo a palavra pela ordem ao

Deputado Aldo Arantes. Em seguida, lerei e submeterei ao Plenário o texto da emenda de redação. Parece-me que há acordo.

O SR. ALDO ARANTES (Bloco/PCdoB-GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, está claro que não estamos discutindo a necessidade das provas e, sim, a necessidade ou não de que 5% do eleitorado do Estado subscrevam o pedido de abertura de processo contra o Deputado denunciado.

É evidente que, após a aprovação da exigência de prova — o que já se deu

— fica absolutamente irracional pretendê-la, até porque há possibilidade de iniciar processo por crime de responsabilidade. Qualquer cidadão pode tomar iniciativa dessa natureza.

Na minha opinião há certo consenso. Alternativa contrária vai diminuir o significado que esse Código de Ética passa a ter para nós. Na opinião do Bloco

Parlamentar PSB/PCdoB, a exigência desmoraliza o que se pretende estabelecer.

967 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Com a palavra, pela ordem, o Deputado

Rubens Bueno.

O SR. RUBENS BUENO (Bloco/PPS-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, em nome da bancada do PPS, afirmo que estamos preocupados com a situação. Ouvimos virulento discurso que tentava separar a ética do sentimento do País. Temos de denunciar. Por exemplo, sobre as denúncias envolvendo a presidência da CPI das Obras Inacabadas a Direção desta Casa deve tomar providências. A CPI não se reúne, o presidente simplesmente não aparece, não atende à requisição de um terço dos membros. A Comissão precisa funcionar e apurar as denúncias de obras superfaturadas nas docas de Santos, no aeroporto de

Salvador e no Rodoanel de São Paulo.

Queremos que a ética predomine no Brasil. Essa é a discussão. Não podem aqueles que não têm como responder a indício qualquer se esconder sob o mandato popular.

Sr. Presidente, o indício deve ser acatado pela Mesa e recebido pelo

Conselho. O Deputado, ou quem quer que seja, deve ser julgado sob a luz da lei.

968 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Lerei o texto da emenda proposta pelo

Sr. Relator, Deputado Barbosa Neto, a quem dou a palavra, pela ordem.

O SR. BARBOSA NETO (PMDB-GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, não é sobre essa emenda que eu gostaria de falar e, sim, sobre o pronunciamento que o nobre colega acaba de fazer.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Darei a palavra a V.Exa. após a votação da matéria. Agradeço a V.Exa. a compreensão.

969 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, tenho uma dúvida. O Deputado Rubens Bueno, ao concluir sua brilhante e efusiva manifestação, obra-prima da oratória, acabou dizendo algo que me faz imaginar que S.Exa. não estava presente no plenário há pouco. Disse o

Deputado que o Plenário teria decidido que simples indícios ensejariam representação à Mesa. Ou eu não estava no plenário, ou S.Exa. não estava. O

Plenário votou a favor da necessidade de provas e decidiu que a Mesa as analisará e as remeterá ao Conselho.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Isso está claro, é matéria vencida, Líder

Inocêncio. Não foi intenção do Deputado Rubens Bueno dizer o contrário.

970 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Submeto ao Plenário a seguinte emenda de redação:

Suprima-se do § 2º do art. 14 a seguinte

expressão: “desde que subscrita por cidadãos no gozo de

seus direitos políticos, em número não inferior a 5% do

quociente eleitoral verificado na última eleição na unidade

federativa pela qual se elegeu o representado”.

Aprovada esta emenda, o § 2º passará a vigorar com a seguinte redação:

Art. 14......

§ 2º. Poderá ser apresentada à Mesa

representação popular contra Deputado com

procedimento punível, na forma deste artigo.

971 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação a emenda.

972 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Aqueles que estiverem de acordo permaneçam como se acham.

APROVADA.

973 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Há sobre a mesa e vou submeter a votos a seguinte

REDAÇÃO FINAL:

974 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que forem favoráveis permaneçam como se acham.

APROVADA. (Palmas.)

975 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Fica desde já marcada para a próxima terça-feira a promulgação desta matéria.

Aproveito para dizer que considero este um dos momentos mais marcantes do Parlamento brasileiro nos últimos tempos. Meus cumprimentos a todos os Líderes partidários.

Se não construímos o ideal de cada um, construímos mecanismo extremamente eficiente e concreto para dizer à sociedade, mais uma vez, que cumprimos nosso mandato. É o que a maioria esmagadora desta Casa tem feito, de acordo com as regras absolutamente claras da ética e do decoro parlamentar.

Meus agradecimentos a todos os Srs. Parlamentares que participaram do entendimento e votaram pela aprovação da proposta.

Devido ao adiantado da hora, não submeterei à discussão, na noite de hoje, a

PEC que trata da taxa de iluminação pública, até porque alguns Líderes me solicitaram tempo para negociar modificações feitas na Comissão. A matéria entrará na pauta da sessão da próxima terça-feira, com prioridade.

976 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Apresentação de proposições.

Os Srs. Deputados que tenham proposições a apresentar queiram fazê-lo.

APRESENTAM PROPOSIÇÕES OS SENHORES:

977 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

A SRA. TELMA DE SOUZA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. TELMA DE SOUZA (PT-SP. Sem revisão da oradora.) – Sr.

Presidente, na votação anterior, votei de acordo com a orientação da bancada.

978 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. BARBOSA NETO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. BARBOSA NETO (PMDB-GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, em nome dos demais membros da Mesa Diretora, parabenizo V.Exa. e todos os Líderes com assento nesta Casa.

Temporariamente, ocupo a função de Corregedor. Aproveito para dar o testemunho sobre a importância da aprovação do Código de Ética e Decoro

Parlamentar, que instrumentaliza ações da Corregedoria e, conseqüentemente, do

Conselho.

Sem sombra de dúvida, demos à sociedade brasileira transparência e à

Corregedoria, o rito processual que tanto faltava.

Não tenho dúvida de que avanços como esses e tantos outros, como a regulamentação de edição de medidas provisórias, a questão da Ouvidoria

Parlamentar e a da possibilidade de o eleitor dar início a projeto de lei, remodelam o

Legislativo, possibilitando que nos aproximemos cada vez mais da sociedade brasileira.

Quero crer que outros instrumentos — a reforma política, a discussão da imunidade — poderão coroar os 513 Parlamentares perante a sociedade brasileira, no sentido de consolidar esse avanço de transparência e de co-responsabilidade na ação legislativa na Câmara dos Deputados.

979 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. GILBERTO KASSAB - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GILBERTO KASSAB (Bloco/PFL-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei de acordo com a Liderança do meu partido.

O SR. JOEL DE HOLLANDA (Bloco/PFL-PE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei de acordo com a orientação do partido.

980 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, uma vez que V.Exa. marcou a promulgação da matéria para a semana quem vem, peço que seja distribuída, antes da promulgação, cópia do que foi aprovado, a fim de que todos tenham conhecimento, até porque ocorreram alterações — a aprovação era importante politicamente —, para que se possa corrigir eventual divergência.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Espero que não haja divergência, mas atenderei a V.Exa., porque é correta sua solicitação.

981 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. RICARDO IZAR - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. RICARDO IZAR (PTB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, meu nome não apareceu no painel na votação anterior, apesar de eu ter votado.

O SR. B. SÁ (PSDB-PI. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei de acordo com a orientação do partido.

O SR. NARCIO RODRIGUES (PSDB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei de acordo com a orientação do PSDB.

O SR. PAULO GOUVÊA (Bloco/PFL-SC. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei de acordo com a recomendação do partido.

O SR. DANILO DE CASTRO (PSDB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei de acordo com a orientação do partido.

O SR. RENILDO LEAL (PTB-PA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei de acordo com a orientação do partido.

O SR. HENRIQUE FONTANA (PT-RS. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, na votação anterior, votei de acordo com a orientação do Partido dos

Trabalhadores.

O SR. GIOVANNI QUEIROZ (Bloco/PDT-PA. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, na votação anterior, votei de acordo com a orientação do partido.

O SR. MANOEL SALVIANO (PSDB-CE. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, na votação anterior, votei de acordo com orientação do partido.

O SR. POMPEO DE MATTOS (Bloco/PDT-RS. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, na votação anterior, votei de acordo com a orientação do partido.

982 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. MARCELO CASTRO (PMDB-PI. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, na votação anterior, votei de acordo com a orientação do partido.

983 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. RUBENS BUENO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. RUBENS BUENO (Bloco/PPS-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, encaminhei à Mesa, com todo o respeito a V.Exa., requerimento nos seguintes termos:

De acordo com os arts. 117 e 268, ambos do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, que se digne V.Exa. a adotar as providências necessárias para que seja apurada a inércia do Presidente da CPI de Obras Inacabadas quanto ao andamento dessa Comissão.

Sabe-se perfeitamente que as Comissões Parlamentares de Inquérito têm o prazo de 120 dias, prorrogáveis até metade, para conclusão dos seus trabalhos.

Não obstante o aparecimento de denúncias veiculadas pela imprensa quanto

à ineficácia da Comissão, vem sendo canceladas injustificadamente as reuniões previstas para aquela Comissão. É o caso, dentre outros, do cancelamento das reuniões previstas para o dias 25 e 26 de setembro passado.

Não existe justificativa para obstrução às reuniões dessa relevante Comissão

Parlamentar de Inquérito. Além do mais, existem requerimentos aprovados pelos

Parlamentares integrantes da CPI que não estão sendo cumpridos, tendo em vista os misteriosos e injustificados cancelamentos das reuniões efetuados pelo seu

Presidente. É o caso do Requerimento nº 149/1, bem como o de nº 138/1, apresentados, respectivamente, pelos Deputados Norberto Teixeira e Sérgio Reis.

Tratam-se de requerimentos de audiências públicas que têm por objetivo a apuração de irregularidades.

984 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Percebe-se, desta forma, que existe trabalho a ser realizado por esta

Comissão.

Por isso, Sr. Presidente, peço a V.Exa. que instaure processo de quebra de decoro parlamentar contra os Parlamentares que não cumprem o Regimento Interno desta Casa.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Rubens Bueno, examinarei seu requerimento. No entanto, comunico a V.Exa. que também recebi solicitação do

Deputado Regis Cavalcante com o mesmo objetivo, pelo menos em parte, pedindo a retomada dos trabalhos daquela Comissão. Parece-me que o preâmbulo do requerimento de V.Exa. estimula a Comissão a apresentar resultados.

Imediatamente após esta sessão, marcarei a data de reunião da Comissão, atendendo ao que prevê o Regimento Interno da Casa, já que há solicitação assinada por um terços dos membros daquela Comissão.

O SR. RUBENS BUENO – Sr. Presidente, no requerimento, solicito apuração do motivo de as reuniões não terem sido realizadas.

Aproveito a oportunidade para registrar, em nome da bancada do PPS, a filiação ao nosso partido do Deputado Federal Nelson Proença, que está em seu terceiro mandato, figura do maior respeito no campo ético e democrático. O PPS o recebe de braços abertos.

985 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Registro a presença, nesta sessão, do ilustre ex-Deputado Federal Eden Pedroso, o que muito nos honra.

986 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. ODELMO LEÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ODELMO LEÃO (PPB-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo a tribuna, neste momento, para fazer duas referências sobre a conduta de V.Exa., em nome da bancada do Partido

Progressista Brasileiro.

Primeiramente, cumprimento-o pela atuação, nos dias anteriores, com relação ao restabelecimento do funcionamento do Congresso Nacional. Fica o registro da eficiência de V.Exa., pela maneira como conduziu o processo e pela conquista que teve, dando-nos a tranqüilidade da volta do funcionamento do Congresso Nacional.

Em segundo lugar, quero dizer que na noite de hoje V.Exa cumpre mais um compromisso com esta Casa e com a sociedade brasileira, ao votar o Código de

Ética. Portanto, em nome do PPB, cumprimento V.Exa. e todos os partidos que participaram da discussão.

Parabéns, Presidente Aécio Neves.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Agradeço, ilustre Líder Odelmo Leão, as referências à minha pessoa. Permito-me apenas devolvê-las. V.Exa. tem sido aliado permanente desta Mesa nas boas causas, que não são deste Presidente ou da Mesa Diretora, mas do Parlamento brasileiro. O PPB tem sido um dos aliados mais importantes, sobretudo nos momentos difíceis. Cito especialmente o partido que V.Exa. com tanto brilho lidera nesta Casa, já que ousou fazer referências a este

Presidente. Agradeço a parceria que V.Exa. me tem proporcionado, Líder Odelmo

Leão.

987 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. ASDRUBAL BENTES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ASDRUBAL BENTES (PMDB-PA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei de acordo com a orientação do partido.

O SR. FEU ROSA (PSDB-ES. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, na votação anterior, votei de acordo com a orientação do partido.

O Sr. Aécio Neves, Presidente, deixa a cadeira da

presidência, que é ocupada pelo Sr. Pedro Valadares, 1º

Suplente de Secretário.

988 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. INÁCIO ARRUDA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB-CE. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, inicio este pronunciamento em homenagem aos 48 anos da instalação da PETROBRAS, citando as palavras ditas em 1947 pelo grande patriota general Júlio Caetano Horta

Barbosa:

Petróleo é bem de uso coletivo, criador de riqueza.

Não é admissível conferir a terceiros o exercício de uma

atividade que se confunde com a própria soberania

nacional. Só o Estado tem qualidade para explorá-lo em

nome e no interesse dos mais altos ideais de um povo”.

Poderia aqui verbalizar citações de inúmeros brasileiros, bravos e valorosos defensores das causas nacionais, em todas as fases da luta pelo petróleo, do início até nossos dias. Mas as palavras cunhadas pelo general Horta Barbosa estão contextualizadas num dos momentos mais ricos da história nacional: na luta de “O

Petróleo é Nosso”. Um momento em que essa Casa, numa grande demonstração de vínculo com os interesses do povo, discutiu acaloradamente a necessidade de tornar a atividade petrolífera privativa dos brasileiros, resultando na criação da

PETROBRAS e do monopólio estatal do petróleo. Essa Casa foi caixa de ressonância dos interesses populares traduzidos numa campanha que empolgou o

País.

A juventude, com o apoio decisivo da União Nacional de Estudantes, dos diretórios acadêmicos e dos grêmios secundaristas, lançou nas praças públicas a

989 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel palavra de ordem que logo empolgaria o País, de norte a sul: "O Petróleo é Nosso".

Militares patrióticos, entrincheirados no Clube Militar, levantaram a sua voz em defesa da soberania ameaçada. Os trabalhadores se mobilizaram. Parlamentares e intelectuais nacionalistas conclamaram a Nação a resistir.

Em 04 de abril de 1948, foi formado no Rio de Janeiro o Centro Nacional de

Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional. Entre outros dirigentes, a grande Maria Augusta Tibiriçá lá estava na linha de frente, coração da resistência. A sua primeira manifestação pública, três dias depois, foi duramente reprimida, deixando o saldo de dois feridos a bala, três presos e inúmeros espancados. O

Governo tentou afogar, a ferro e fogo, o movimento que se espalhava por todo País, unindo nacionalistas, comunistas e militares patriotas.

Em setembro de 1949, a polícia metralhou um comício em Santos. Morre varado pelas balas o portuário Deoclécio Santana, mártir da campanha do petróleo.

Outros dois líderes operários são processados e condenados a cinco anos de prisão, pelo simples motivo de terem assinado a convocatória do comício.

Conferências, seminários, palestras, diálogos, bem como dados informativos sobre os temas da campanha empolgaram de tal forma os brasileiros que, no início de 1953, as Assembléias Legislativas de catorze Estados e as Câmaras Municipais de 1.500 Municípios integraram a defesa da criação da PETROBRAS.

Em 3 de outubro de 1953 é sancionada a Lei nº 2.004, criando a

PETROBRAS. Ao ser instituída, recebeu do Conselho Nacional de Petróleo, pequeno acervo, além da experiência de reduzido corpo técnico: uma refinaria, em

Mataripe, Bahia, com capacidade para processar 5.000 barris/dia; uma refinaria em fase de construção, em Cubatão, São Paulo, com capacidade de 45.000 barris/dia;

990 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel uma fábrica de fertilizantes, também em construção em Cubatão; 22 navios petroleiros com capacidade global de 224 mil toneladas; e os bens da Comissão de

Industrialização do Xisto Betuminoso. A produção de petróleo à época não ultrapassava 2.600 barris/dia, representando apenas 2% do nosso consumo. A capacidade do parque refinador correspondia a 23% do consumo de derivados.

Desde então, nunca cessaram os esforços dos grandes trustes no sentido de liquidar com a PETROBRAS e com o monopólio estatal do petróleo.

Mas os maiores crimes e ameaças contra a PETROBRAS deram-se exatamente no Governo Fernando Henrique e com a implementação acelerada do projeto neoliberal no Brasil. Em novembro de 1995, através da Emenda

Constitucional nº 9, sob os aplausos dos trustes internacionais, foi liquidado o monopólio estatal do petróleo. Enormes áreas, já pesquisadas pela PETROBRAS, foram transferidas para a Agência Nacional de Petróleo – ANP, criada para entregar o nosso petróleo aos grandes capitais internacionais. Na sua direção foi colocado o ex-genro de Fernando Henrique, David Zylbersztajn, que, quando secretário de energia em São Paulo, entregou todo o sistema energético paulista. Seu primeiro ato foi afirmar, em uma reunião pública, com representantes das multinacionais que "o petróleo é vosso".

A Lei nº 9.478, aprovada em 1997, colocou para a PETROBRAS a exigência de explorar seus blocos em águas profundas no prazo máximo de 3 anos, sob pena de perdê-los. Para as multinacionais a ANP concede prazos de até 8 anos, ou seja, se a PETROBRAS não cumprir o exíguo prazo, devolverá os blocos para a ANP que os leiloará para as multinacionais. Aliás, esse prazo reduzido tem sido apontado

991 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel como um dos motivos que provocou os erros de projeto que causou a morte de 11 petroleiros e o afundamento da P-36.

O desmonte da PETROBRAS seguiu através do enxugamento e terceirização de sua mão-de-obra: dos 60.028 funcionários da PETROBRAS, em 89, hoje restam

33.134, enquanto as atividades da empresa quase triplicaram. O resto é mão-de- obra terceirizada.

Este sucateamento consciente e planejado da PETROBRAS tem levado a uma sucessão de acidentes inexplicáveis, que só buscam desmoralizar a empresa.

Não por acaso, a opinião pública começa a afirmar que trata-se de clara sabotagem.

Com o nome de troca de ativos estão promovendo uma privatização disfarçada da

PETROBRAS. Melhor seria chamar de entrega de ativos, pois o que estão fazendo com a REFAP – Refinaria Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul, é extremamente lesivo ao País. Na troca de ativos com a hispano-argentina Repsol-YPF, a

PETROBRAS entraria com US$3 bilhões e aquela multinacional, com US$750 milhões. Mesmo assim, a direção da PETROBRAS quer levar o acordo adiante.

Hoje a PETROBRAS produz um milhão quinhentos e sessenta e seis mil barris de petróleo ao dia; possui 11 refinarias, 15.330 quilômetros de dutos, 8.813 poços de produção, 9,8 bilhões de barris de reservas provadas, e está presente nas

áreas de gás e petroquímica. No plano estratégico da empresa está previsto o investimento de R$32 bilhões até 2005, apontando para a auto-suficiência em petróleo.

Todas essas atividades da PETROBRAS e suas subsidiárias possuem efeito multiplicador em larga escala sobre a economia, exercendo papel fundamental na industrialização e no desenvolvimento socioeconômico do País. Além de líder

992 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel mundial no desenvolvimento de tecnologias de exploração e produção de petróleo em águas profundas, a PETROBRAS continua dando suas contribuições nesta área.

No Centro de pesquisa CENPES, por exemplo, desenvolveu-se uma nova tecnologia de ancoragem, mais barata e segura, com a criação da Âncora Torpedo, modelo

único no mundo e que permitirá uma economia anual de R$259 milhões.

Somado ao impacto de suas tecnologias e atividades produtivas alavancado o desenvolvimento econômico brasileiro como um todo, a PETROBRAS também contribui em larga escala para o erário público. Só em royalties do petróleo, suas atividades distribuíram, no ano passado, cerca de R$1,9 bilhões a Estados,

Municípios e à Marinha do Brasil. Outro exemplo é a arrecadação de ICMS proporcionada pelas atividades da empresa, que, também em 2000, chegou a R$7,1 bilhões, correspondente à metade do que foi obtido pelo Governo com a CPMF no mesmo período, segundo dados do DIEESE (Departamento Inter-Sindical de Estudo

Estatísticos e Socioeconômicos).

Impõe-se, Sr. presidente, retomar uma grande mobilização nacional pela

PETROBRAS, pelo seu engrandecimento e sua viabilidade como uma grande e integrada empresa de energia, capaz de alavancar um projeto nacional de desenvolvimento. Esse é o papel que queremos dar-lhe. Mas entendemos que essa luta em defesa da PETROBRAS, em defesa do petróleo, em defesa da soberania nacional deve estar em consonância com as grandes batalhas do povo brasileiro.

Somente uma mudança profunda em nosso País e a ruptura com o modelo que levou o Brasil ao rumo do precipício, enquanto nação soberana, somente o fim do projeto da exclusão social e quebra da soberania nacional, de liquidação dos direitos do povo trabalhador, de restrição à democracia e de corrupção, somente a união do

993 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel povo fortalecerá a luta em defesa da PETROBRAS e de um País livre, soberano e justo.

Termino com a lembrança das palavras de Herbert de Souza, o Betinho: “O

Brasil só tem petróleo porque se definiu o monopólio e porque uma empresa estatal apostou na pesquisa, na produção e distribuição de petróleo. A PETROBRAS é nossa e não vamos abrir mão dela” .

Muito obrigado.

994 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. BABÁ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem a palavra V.Exa.

O SR. BABÁ (PT-PA. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, na votação anterior votei de acordo com a orientação da bancada.

995 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. WELLINGTON DIAS – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WELLINGTON DIAS (PT-PI. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero comunicar à Casa que a

Comissão de Fiscalização Financeira e Controle estará realizando amanhã, dia 4 de outubro, o Seminário sobre Convivência com o Semi-Árido Brasileiro. O evento terá lugar no Plenário 9, Anexo II, no horário das 9 às 12 horas.

Na ocasião, a Comissão fará a divulgação da campanha Convivência com o

Semi-Árido Brasileiro, do programa Cisterna Caseira: toda família com água potável, e o lançamento do livro "Água de Chuva: o segredo da convivência com o semi-árido brasileiro".

A Casa receberá como convidados o Sr. Manoel Bonfim Dias Ribeiro — consultor técnico da Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio

Ambiente; o Sr. José Magalhães de Sousa — diretor-executivo da Cáritas Brasileira; o Sr. Ivo Poletto — assessor da Cáritas Brasileira; o Sr. Harald Schistek – representante do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada — IRPAA; o Sr. Roberto Malvezzi (Gogó) — representante da Comissão Pastoral da Terra; o

Sr. Nilton Freire de Mello – representante do Movimento de Organização

Comunitária, representando a Articulação do Semi-árido – ASA; o Sr. Expedido

Rufino de Araújo – representando a Confederação Nacional dos Trabalhadores da

Agricultura — CONTAG; a Irmã Yolanda Setubal — representante do Conselho

Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, dentre outros técnicos e interessados no assunto em pauta.

996 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Informo ainda que iniciou-se no dia de hoje e vai até amanhã uma exposição de fotografias, cartazes, folhetos e peças simples do semi-árido. A exposição acontece no espaço que divide o corredor das Comissões e que fica em frente à

Comissão de Economia, Indústria e Comércio, e poderá ser visitada no horário das 9

às 17 horas.

Sr. Presidente, peço a V.Exa. que autorize a divulgação do meu pronunciamento nos meios de comunicação da Câmara dos Deputados, e convido as Sras. e os Srs. Deputados para prestigiarem o evento e darem a sua contribuição.

Sr. Presidente, gostaria ainda de saber da Mesa sobre o dia de amanhã na

Câmara dos Deputados. Teremos sessão da Câmara ou do Congresso Nacional?

997 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. VIRGÍLIO GUIMARÃES – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. VIRGÍLIO GUIMARÃES (PT-MG. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, na votação anterior votei com a bancada.

998 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Antes de dar prosseguimento à sessão, esta Mesa dá conhecimento ao Plenário do seguinte comunicado do Sr.

Presidente do Congresso Nacional, Senador Ramez Tebet, dirigido ao nobre

Deputado Aécio Neves, Presidente da Câmara dos Deputados:

Sr. Presidente, comunico a V.Exa. e, por seu alto

intermédio, à Câmara dos Deputados, que esta

Presidência convoca sessão conjunta a realizar-se

amanhã, dia 4 de outubro do corrente, quinta-feira, às

quatorze horas, no Plenário da Câmara dos Deputados,

destinada à apreciação de projetos de lei do Congresso

Nacional e de projetos de decreto legislativo do

Congresso Nacional.

Na oportunidade, renovo a V.Exa. protestos de

estima e distinta consideração.

Senador Ramez Tebet

Presidente do Senado Federal.

999 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. IVAN VALENTE – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. IVAN VALENTE (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, gostaria de saudar os mais de 40 mil educadores que estiveram em

Brasília hoje para a Marcha pela Educação e pedir ao Sr. Ministro da Educação que suspenda imediatamente a atitude intolerante de cortar o ponto dos professores e dos servidores das universidades públicas brasileiras, que estão em greve há mais de dois meses.

É necessário que se abram as negociações para garantir que a universidade pública, gratuita e de qualidade continue oferecendo seus serviços a todos os brasileiros, produzindo conhecimento e saber para o nosso povo.

Muito obrigado.

1000 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. EDINHO BEZ – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. EDINHO BEZ (PMDB-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, além de registrar o meu voto de acordo com o partido na votação anterior, quero registrar que o PMDB tem a satisfação de ter a partir de hoje nos seus quadros o Deputado Federal mais votado do Estado do Paraná, o Deputado

Max Rosenmann.

1001 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. JOÃO SAMPAIO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOÃO SAMPAIO (Bloco/PDT-RJ. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, na votação anterior votei de acordo com a orientação do partido.

1002 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. HENRIQUE FONTANA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. HENRIQUE FONTANA (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, gostaria de comunicar à Casa que protocolamos às 18h, no Palácio do Planalto, um pedido de audiência com o Presidente da República, assinado por todos os Líderes desta Casa, tanto dos partidos de oposição como da base do

Governo, para discutir com S.Exa. uma alternativa que retire o nosso País deste momento de impasse.

A intransigência do Governo Federal em insistir com a proposta de reajuste salarial de 3,5% para os servidores públicos federais contra uma defasagem de

75%, resultante de sete anos sem aumento, está levando ao impasse, que inclusive pode provocar a perda do semestre letivo e à não-realização do vestibular nas universidades públicas e prejudicar o atendimento na área da Previdência Social.

Portanto, informo que todas as Lideranças da Câmara Federal estão solicitando uma audiência com o Presidente da República, com a máxima brevidade, para discutir uma solução para a greve no serviço público federal.

Muito obrigado.

1003 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na qualidade de Deputado Federal pelo Rio

Grande do Sul, vimos ocupar esta tribuna para registrar nossa homenagem ao

Correio do Povo pelos seus 106 anos. É o jornal de maior circulação no Estado gaúcho.

Fundado em 1º de outubro de 1895, por Caldas Júnior, com a intenção de fazê-lo independente, num tempo em que proliferavam os órgãos partidários, ou pelo menos vinculados às idéias defendidas pelas agremiações políticas da época, foi o desafio enfrentado e vencido pelo Correio do Povo.

E hoje, tendo à frente a família Bastos Ribeiro, o Correio do Povo revela não apenas o jornal centenário, de 106 anos, fundado em 1895, e de maior circulação e tiragem no Rio Grande do Sul, mas também seu perfil de depositário de grande parte de nossa história.

Recebam, pois, diretores, redatores, jornalistas, colaboradores, pela conduta isenta e democrática que continua sendo o apanágio desse jornal, que mostrou-se sempre jovem, embora ancião nos seus 106 anos, os cumprimentos deste

Deputado, solicitando permissão ao Sr. Presidente para fazê-lo em nome de toda a

Câmara Federal.

Sr. Presidente, quero dizer que comungo também da idéia daqueles que estão defendendo uma urgente solução para o problema do funcionalismo público federal, em especial daqueles que vieram a Brasília para fazer suas reivindicações, que são os professores e os funcionários das universidades federais.

1004 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. HAROLDO LIMA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. HAROLDO LIMA (Bloco/PCdoB-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, primeiro, registro que na votação anterior votei com a

Liderança do partido.

Aproveito a oportunidade para fazer uma saudação aos 40 mil educadores que vieram a esta cidade, constituindo este um fato absolutamente excepcional.

A greve dos professores das universidades públicas e dos servidores públicos permanece sem solução por absoluta responsabilidade do Governo do Sr. Fernando

Henrique Cardoso e, no caso dos professores, do Ministro Paulo Renato.

Quero registrar que há um clamor nacional para que o Presidente da

República e o Ministro Paulo Renato desçam da posição de que estão investidos, da intransigência mais completa, e venham negociar de forma séria com trabalhadores do nosso País.

1005 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. NELSON PELLEGRINO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. NELSON PELLEGRINO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, associo-me também às homenagens prestadas à

PETROBRAS, pela passagem de seu 48º aniversário. Trata-se de uma empresa que

é motivo de orgulho para o povo brasileiro, que deu certo e que deve servir de paradigma para um Brasil soberano. É evidente que queremos fazer modificações nela, mas devemos reconhecer que é um exemplo a ser seguido.

Sr. Presidente, aproveito a oportunidade para também registrar meu protesto contra a decisão do Juiz da Comarca de Ubaíra, Alberto Sales, que, de forma vergonhosa, determinou a soltura do assassino do ex-militante do PT e do PV, Natur

Assis Filho.

O Sr. Ivan Eça Menezes, de forma covarde, tirou a vida de Natur. Por pressão da sociedade local, o juiz havia decretado a prisão preventiva do assassino.

Recorreram ao Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, que manteve a prisão.

Recorreram ao STJ, e o Ministério Público Federal deu parecer contrário. A tendência do STJ era manter a prisão, mas o juiz, de maneira covarde e vergonhosa, relaxou a prisão do assassino, o que serve de estímulo à impunidade e

à violência em toda a Bahia.

Muito obrigado.

1006 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. WALDIR PIRES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares ) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALDIR PIRES (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, não sei quando vai acabar a falta de ética em nossas instituições, seja no Legislativo, seja no Executivo, seja no Judiciário.

A magistratura, por intermédio do Juiz Alberto Sales, afrontou a sociedade da

Bahia. O Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Casa acaba de denunciar que um grande poeta e militante do PV e do PT, Natur de Assis, filho de poeta, grande cidadão, grande figura humana, foi assassinado pelo Prefeito de Ubaíra, Sr.

Ivan Eça Menezes, e seu irmão, Laurito Eça Menezes, e o Juiz Alberto Sales, que se ligava aos assassinos por relação de emprego no passado, agora relaxou suas prisões. Por esse motivo é que nós todos precisamos lutar em prol da ética e da dignidade em todas as instituições democráticas.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

1007 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Concedo a palavra pela ordem ao

Deputado Babá.

O SR. BABÁ (PT-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, estive na marcha dos professores, dos funcionários públicos e de universidades e do movimento sem terra. Posteriormente, dirigi-me ao Ministério da Reforma Agrária, em companhia do Deputado Adão Pretto, para tentar, junto com os companheiros do

MST, tentar uma negociação com o Ministro.

Fomos proibidos de entrar no Ministério pelo pelotão de choque da PM, que usou de brutalidade e nos agrediu. Fui barbaramente agredido.

Estamos entrando com representação nesta Casa para pedir providências, porque já é a segunda vez que a Polícia Militar do Distrito Federal ataca

Parlamentares do nosso partido.

Depois fomos recebidos pelo Ministro Raul Jungmann, que encaminhou a proposta dos trabalhadores sem terra ao Presidente do INCRA.

1008 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. MARCOS CINTRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MARCOS CINTRA (Bloco/PFL-SP. Sem revisão do orador. ) – Sr.

Presidente, votei “sim”.

O SR. CONFÚCIO MOURA (PMDB-RO. Sem revisão do orador. ) – Sr.

Presidente, na votação anterior votei com o PMDB.

1009 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Com a palavra a Deputada Teté

Bezerra pela ordem.

A SRA. TETÉ BEZERRA (PMDB-MT. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, votei de acordo com orientação da bancada.

Sr. Presidente, desejo também registrar nossa satisfação com a intervenção do Diretório Nacional do PMDB no Diretório Estadual do partido no Espírito Santo e a nomeação da Deputada Rita Camata como interventora naquele Estado. (Palmas.)

1010 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. ORLANDO DESCONSI – Sr. Presidente, pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ORLANDO DESCONSI (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, nas votações anteriores, votei com o partido. Não estava no plenário em virtude de me encontrar, em companhia da Deputada Luci Choinacki e dos

Deputados Babá e João Grandão, em processo de negociação com o Ministro Raul

Jungmann e trabalhadores sem terra. A reunião acabou há pouco e os movimentos estão sendo recebidos pelo Presidente do INCRA.

Quero manifestar minha solidariedade aos professores e trabalhadores em greve e, da mesma forma, minha indignação, meu repúdio ao descaso com que o

Governo Federal vem tratando os movimentos sociais ligados à agricultura.

1011 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. SERAFIM VENZON – Sr. Presidente, pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. SERAFIM VENZON (Bloco/PDT-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, a Comissão Mista de Orçamento está prestes de votar o

Orçamento para 2002.

Este ano cada Estado podia apresentar no mínimo quinze emendas de bancada e mais três regionais, além das vinte emendas individuais. A Comissão

Mista de Orçamento está por votar resolução da Mesa do Congresso Nacional na qual estipula alteração do número de emendas. Seria a seguinte alteração: permanecem as vinte emendas individuais; as emendas de bancada seriam quinze mais o número correspondente de Parlamentares menos onze. Onze corresponde à menor bancada, como as do Acre e de Rondônia, por exemplo, que teriam direito a quinze emendas, porque não teriam excedentes. As bancadas com vinte Deputados ficarão também com quinze emendas, de acordo com essa resolução, porque o excedente não dá mais dez.

Insisto para que os Parlamentares atentem para o art. 25, incisos II e III, que estabelece o número de emendas de bancada para 2002, prejudicial às bancadas de médio porte.

1012 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Concedo a palavra pela ordem ao

Sr. Deputado Luiz Antonio Fleury.

O SR. LUIZ ANTONIO FLEURY (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, apenas para registrar o ingresso no PPS, nosso aliado na candidatura Ciro Gomes, do ex-Governador Antônio Britto, do Senador José Fogaça, do Deputado Nelson Proença e de tantos outros nomes importantes do Rio Grande do Sul.

A grande festa, que se realizou ontem e hoje e contou com a presença do nosso candidato, mostrou que o PPS se engrandece. Cumprimentamos nossos companheiros e parceiros do PPS.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Está feito o registro.

1013 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) - Concedo a palavra pela ordem ao

Deputado Mário de Oliveira.

O SR. MÁRIO DE OLIVEIRA (PMDB-MG. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, seremos para sempre um país doente! Esta é uma afirmação que não gostaria de fazer nunca, no entanto, os fatos a que tenho acesso e as informações de que tenho notícia não me dão outra opção, senão acreditar que os nossos governantes não conseguem mesmo mudar a situação da saúde no Brasil. O que vivemos hoje no setor de saúde tem sido tema muito rico e polêmico e tem gerado várias manchetes de jornal.

Medicina da exclusão, erro médico, médicos contra planos de saúde são apenas alguns dos tópicos ressaltados pela imprensa nacional todos os dias. E, ao que tudo indica, essa situação ainda permanecerá por muito tempo. O grande problema brasileiro baseia-se, principalmente, na falta de financiamento da saúde pública, onde ainda não existe um programa eficaz voltado para as pessoas de baixa renda, que são assistidas pelo Sistema Único de Saúde. No ano passado, aprovamos a PEC da Saúde, de nº 29, que assegura recursos financeiros das três esferas governamentais, ou seja, da União, dos Estados e dos Municípios, para uma assistência adequada.

Acontece que esses recursos não estão chegando de maneira eficiente para os hospitais públicos e para os conveniados. Há necessidade de um gerenciamento de ações condizentes com as necessidades básicas de saúde, que propicie o nível satisfatório de atendimento.

Quanto às pessoas de renda mais elevada, elas buscam os planos de saúde, que atendem a cerca de 40 milhões de brasileiros.

1014 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

Esses planos imperam, e o segurado não tem conseguido exigir tratamento adequado. Os médicos já se rebelaram contra os planos, que exigem dos profissionais uma carga de trabalho estressante e uma remuneração incompatível. O atual sistema não oferece a assistência à saúde necessária para incluir enfermidades listadas na Classificação Estatística Internacional de Doenças e

Problemas Relacionados com a Saúde, da Organização Mundial de Saúde. Hoje, mais de 70% dos brasileiros não têm tratamento garantido em áreas como fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia ou terapia ocupacional.

O problema da saúde é tão sério que uma análise superficial não conseguirá apontar todos os problemas envolvendo saúde no Brasil. Alguns problemas são de ordem acadêmica, pois muitos profissionais chegam e entram no mercado de trabalho com deficiências seriíssimas, repercutindo no atendimento de qualidade dos pacientes. Pesquisas indicam que 40% dos médicos que saem das universidades não conseguem vaga para fazer a residência, período em que o profissional complementa sua formação e se qualifica para determinada especialidade. A saúde e a Medicina precisam ser repensadas. O próprio profissional já tem consciência de suas deficiências, admitindo o erro médico como uma realidade cada vez mais crescente e já recorrem a seguros para o caso de terem que indenizar pacientes: um verdadeiro disparate! A falta de condições dignas de trabalho e os baixos salários acabam por afastar os médicos mais qualificados e os planos de saúde acabam contratando os profissionais mais inexperientes e com menos especialização para aturarem junto ao seu público.

Com isso, o Sistema Único de Saúde ainda não conseguiu garantir dois de seus princípios fundamentais, a universalização e a integralidade. Em um país de

1015 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel dimensões continentais, com cerca de 170 milhões de habitantes, é preciso que a saúde seja financiada, mas o que acontece no caso do Brasil é um desrespeito ao cidadão e aos profissionais, que ficam à mercê da vontade e do mando de instituições pouco interessadas em contribuir para a melhoria da saúde dos cidadãos brasileiros e para a cura das doenças e das moléstias existentes em nosso País.

Portanto, cabe aos gestores brasileiros intervir de maneira efetiva em favor de nossos pacientes, que para permanecerem com saúde contam com a sorte ou com a misericórdia divina. O que tem sido feito até agora são ações paliativas, que não atendem aos pleitos da sociedade.

1016 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. WALFRIDO MARES GUIA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa a palavra.

O SR. WALFRIDO MARES GUIA (PTB-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, quero justificar minha ausência na última votação. Estava no Ministério da Educação, representando a Comissão de Educação, junto com vários Parlamentares, para tentar criar condições para a negociação entre o

Ministério da Educação, a FASUBRA e a ANDES.

Fomos recebidos pela Secretária de Ensino Superior. Há disposição para a continuidade do diálogo.

A Comissão de Educação e todos os partidos que a compõem lá estiveram para tentar encontrar uma solução para a greve, que deixa insatisfeito o País inteiro.

1017 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. PEDRO FERNANDES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa a palavra.

O SR. PEDRO FERNANDES (Bloco/PFL-MA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, o povo de minha cidade é muito hospitaleiro, mas tem também enorme capacidade de se indignar.

O Deputado Tilden Santiago visitou nossa cidade no final de semana e nos classificou de República das Bananas. Aqui fica a indignação do povo maranhense.

No entanto, isso não diminuirá a admiração que tenho pelo nobre Deputado Tilden

Santiago.

Muito obrigado.

1018 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

A SRA. TELMA DE SOUZA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa a palavra.

A SRA. TELMA DE SOUZA (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) –

Sr. Presidente, ao lado de outros Parlamentares desta Casa representamos a luta de mais de 50 mil funcionários federais e professores que hoje em passeata fizeram ato digno de louvor.

O salário é a reivindicação básica. Os funcionários estão há sete anos sem aumento, e a greve se eterniza. Outros pontos questionados são a falta de qualidade no ensino público e a ausência de universidades públicas em vários lugares do

Brasil, particularmente na minha região. Pedem ainda algo que deveria ser a primeira providência de um Governo que quer formar a próxima geração: a educação.

O ato de hoje foi enérgico. Vários Deputados e Senadores estiveram presentes. Houve negociações, mas elas precisam chegar a bom termo, uma vez que respeito e dignidade são o grande exemplo que podemos deixar para os alunos e para a juventude do País.

1019 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. AUGUSTO NARDES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. AUGUSTO NARDES (PPB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, estava em importante audiência com o Ministro da Agricultura e não pude participar da votação. Quero declinar meu voto de acordo com orientação do

Partido Progressista Brasileiro.

Na audiência, tratei de assunto de grande interesse, que envolve 1 milhão de produtores: a questão do endividamento rural. Sou autor de projeto para a área e levei ao conhecimento do Sr. Ministro as providências que estão sendo tomadas com o objetivo de se resolver o assunto. S.Exa. está atento ao tema.

Justifico minha ausência e declino meu voto favorável, conforme orientação do meu partido.

1020 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. GIVALDO CARIMBÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GIVALDO CARIMBÃO (Bloco/PSB-AL. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, gostaria de fazer um apelo. Peço regime de urgência para votação de projeto que considero da maior importância para o País neste momento.

Apresentei projeto de lei que visa acabar com a pouca-vergonha e atualizar a legislação no que diz respeito à renúncia de Deputados e Senadores. Não podemos mais aceitar que Parlamentares tenham a possibilidade de renunciar, para fugir de um processo de cassação e, logo em seguida, candidatem-se outra vez. Se o

Parlamentar quiser renunciar, que renuncie, mas deve perder os direitos políticos, como se fosse cassado, caso seja provada qualquer denúncia que sobre ele pese. O pior é que os processos param. Não é justo.

Portanto, faço apelo aos Srs. Deputados para que aprovem o pedido de urgência, a fim de que possamos atualizar essa legislação. Não podemos continuar permitindo que Deputados e Senadores tenham a oportunidade de renunciar, sem perder os direitos políticos, e, logo depois, candidatarem-se novamente.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Está feito o registro, nobre e brilhante Deputado Givaldo Carimbão, grande sergipano e Deputado pelas Alagoas.

1021 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel

O SR. JOÃO CALDAS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra, como último orador.

O SR. JOÃO CALDAS (Bloco/PL-AL. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, pretendia fazer um pronunciamento amanhã, na sessão solene em homenagem aos 500 anos do “Velho Chico”, o rio da integração nacional, mas terei de ir a Minas Gerais. Não vou à Serra da Canastra, mas à Assembléia Legislativa de

Minas, para um compromisso com o Partido Liberal. A propósito, ontem já foi realizada sessão do Senado Federal e vários Senadores de todos os Estados banhados pelo Rio São Francisco falaram sobre a importância da revitalização do referido rio e da intenção de declará-lo patrimônio da humanidade. Ele já é, falta só reconhecer.

Por isso, Sr. Presidente, registro que queremos a revitalização do São

Francisco, com o desassoreamento e recuperação das matas ciliares, enfim, uma política para o São Francisco.

Aproveito para informar que o Presidente da República liberou 70 milhões para a Bacia do São Francisco, para um projeto do Ministério do Meio Ambiente.

Comunidade política, científica, acadêmicos, Vereadores e Prefeitos estão fazendo um mutirão para salvar o São Francisco.

Ontem o Senador José Alencar, que é mineiro e dono da nossa caixa de

água, pois Minas nos empresta a água do São Francisco, chamou a atenção para um detalhe: não nos devemos preocupar somente com o assoreamento e a devastação, mas também com a demanda de água para irrigação e para consumo humano. Quer dizer, com o aumento da população, muita gente está-se utilizando

1022 CÂM ARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 190.3.51.O Tipo: Ordinária - CD Data: 03/10/01 Montagem: Daniel da água do São Francisco. Por isso, precisamos fazer a integração das Bacias do

Tocantins, Rio do Sono e Amazonas. Precisamos levar a sério uma política sobre os recursos hídricos, o que está preocupando toda a humanidade.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Digo a V.Exa. e aos demais

Parlamentares que o São Francisco, o rio da integração nacional, é preocupação não somente de sergipanos, alagoanos e baianos, mas das futuras gerações brasileiras.

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VII - ENCERRAMENTO

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) - Nada mais havendo a tratar, vou encerrar a sessão, lembrando que amanhã, quinta-feira, dia 4, às 10h, haverá sessão solene em homenagem aos 500 anos do Rio São Francisco.

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O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) - COMPARECEM MAIS OS

SENHORES:

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DEIXAM DE COMPARECER OS SENHORES:

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O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) - Encerro a sessão, designando para amanhã, quinta-feira, dia 4 de outubro, após a sessão solene, sessão extraordinária com a seguinte

ORDEM DO DIA

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(Encerra-se a sessão às 20 horas e 14 minutos.)

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