Urn tragico acidente de avib encerra precocemente
a trajet6ria do pernambucano Eduardo Campos, -: . . . , .,;ocandidato Presidkia da Repliblica que queria .... ,,I...... :. I- .. ,
'-dar cara novai cena politica brasileira , + . ;Ln.;?j+f;~:-: *;A :..& Miguel Arraes. Junto do av6 governa- dor, deu os prirneiros passos como che- fe de gabinete (aos 22 anos, recem-for- mado em economia) e, depois, como secretirio de Fazenda. Mas sua ambi- fao era maior do que a de ser herdeiro natural de uma gera@o politica noto- riamente desgastada. Campos perce- beu o apelo do candidaro que se apre- senlasse como o novo, a aposra n2o contaminada por vicios antigos. Arre- gaqou as mangas e foi a luta: nos ulti- mos doze anos. periodo em que exer- ceu o terceiro mandato de deputado federal e foi governador de Pernambu- co por duas vezes, empenhou-se em agarrar a propria bandeira e trilhar um caminho aut6nomo. Em 2002. jB deputado federal de olho na reelei@io, Campos contrariou pela primeira vez o avQ, que o queria candidato a Assembleia Legislativa e n30 ao Congresso. ao qua1 ele proprio aspirava. Arraes temia dividir votos com o nelo. mas Campof fincou p6. No fim, foi sua vontade que prevaleceu, e elegerarn-se os dois para a C2mara dos Deputados. Logo depois, aceitaria inte- gar o primeiro governo Lula. como mi- nistro da CiCncia e Tecnologia ("Foi meu presente de Natal", derretia-se o presidente), e seria seu miculador no Congresso quando a fissura aber~apelo mensalao jB causava estragos - um tempo em que exercitou a habilidade para cosrurar alianfas e aparar rivalida- dcf. Foram muito prdximos elc e Lula, tnrimos ate, sd que Campos queria mes- mo era ter luz propria. Em 2006, deci- diu disputar o governo de Pernambuco contra o candidalo do PT, Largou com 4% e saiu ungido con1 mais de 60% dos votos. Fez um governo muito bem ava- liado, reelegeu-se com 82% e. no ano passado, deu o passo decisivo para a in- dependencia politica: em vez de apoiar a reeleif30 de Dihna Kousseff. resolveu lanfar-se ele mesmo a Presrdencia. Campos nao levava o sobrenome do ad\ ogada Ana Arraes, a visit&-lono exi- av6 matemo por decisao do pai, o escri- lio na ArgClia. "Antes. trocAvamos car- tor Maximiano Campos. Ele queria evi- tas. Todo ano chegavam duas ou tr@s", tar problemas para o filho nascido urn contou ele a VEJA, em uma entrevista ano depois do golpe mililar que caswu no Recife Ires dias antes de morrer. e exilou o lider esquerdista. 0 ~nenino Compartilhavam visdes de mundo. mas Eduardo (o Dudu) s6 conheceu Miguel corn diferenps que Campos assim divi- Arraes aos 10 anos, levado pela mb, a sou: "Nascemos em tempos sociais rnuiro diferentes. Meu av6 no senSo, no lo. o velho Arraes se exasperaka com a inicio do seculo XX, e eu na cidade. em fila de politicos que o neto incluia na 1965. Cada urn ganhou as rnarcas do agenda dikia do Palacio. "NSo e possi- seu tempo". Aproximaram-se quando vel o senhor. pela sua cabep. meter es- Arraes regressou ao Brasil: Carnpos se povo todo aqui!". reclamam. E pre- deu adeus a um mestrado nos Estados ciso. dizia Campos; s2o aliados que ga- Unidos e se engajou na campanha do rantem eleiqlio. E Arraes cedia. Apren- av6 ao governo de Pemarnbuco. Jd elei- deu ainda corn o avo a nunca cirar o norne de urn desafeto ao responder a alaques. E uma li@o inestirndvel: quando preciso. n3o hesitava em selar acordos com os adversririos. Anres do anuncio da candidaturn h PresidOncia, ainda ligado ao governo. Campos operou uma alianp emblemi- tics corn Jarbas Vasconcelos, o maior adversdrio hisr6rico do clil Arraes. Concluira que precisava agregar todas as forps politicas de Pernambuco se quisesse se tornar uma alternativa viB- vel no plano nacional. Ao sen~ar-se diante do antizo inirnizo. sentindo que havia uni ceno pudor na aproximaq30. jogou a isca. "EstB dificil conviver corn o PT,dissc. Jarbas sc recorda: "Ali clc me desarmou. pois sabia que eu era ro- ralmente contra as praticas do petis- mo". Assim Campos Soi consolidando sua estratkgia de lrazer frescor a embo- lorada politica nacional. Tudo pensado, tudo planejado - at6 o imponderivel se irnpor, na htidica nianhii de 13 de agosro. exatamente o dia da mone de Mipel Arraes, hi nove anos. Cenualizador e com pendor a se cercar de familiares no governo. Cam- pos se deixava influenciar por poucos. Sua grande inrerlocutora era a mulher. "dona" Renata. como ele a chamava. que comec;ou a namorar aos 15 anos t: com quem reve cinco filhos. "0s que conhecem bem Eduardo sabern que ne- nhurn assunto estri cornpletamente deci- dido aLC que ele oup a opinigo de Re- nata". resurniu ha poucas senma!, o presidente do PSB pernambucano. Sile- no Guedes. Na campanha, n80 se via urn scrn o outro: cla, scmpre com Mi- guel, o cayla de 7 meses, no colo. Ko ultimo dia 5. ele tratava de polirica se- purdndo o filho con1 uma fralda no om- bro. De presenre de aniversririo. que caiu no Dia dos Pais, ganhou da filhara- da um video que exibia orgulhoso. "Ho- mem, me acabei de chorar". comentava. Na cnsa anles em fesra e agora devasla- da pela rragedia. Renara desabafou: '-Estou con1 essa sensn@o de que a morte bateu na pona errada". B