música 6 FEVEREIRO 2015

Toumani & Sidiki Diabaté © Helene Collon Sobre o CD Toumani & Sidiki que de hip-hop (ver a sua biografia nesta está na base do concerto desta noite folha de sala), tem um conhecimento profundo, resultado de anos de estudo, Numa rara colaboração entre pai e filho, da cultura do , para além de uma Toumani Diabaté, génio da música técnica espantosa a tocar corá. africana e largamente reconhecido O álbum é um conjunto de duetos como o maior tocador de corá vivo (ver de corá, gravados com poucos ensaios a biografia de Toumani mais à frente), (alguns temas, sem ensaio nenhum), gravou um álbum de duetos com o seu como um concerto ao vivo, sem filho Sidiki, uma estrela emergente do acrescento de mais quaisquer sons instrumento. (overdubs). Descrito como “a melhor colabora- O repertório é baseado numa com- ção de Toumani desde o seu trabalho binação de quase esquecidas peças de clássico com Ali Farka Touré” (The corá com novas abordagens a alguns Guardian), Toumani & Sidiki é um diá- temas clássicos do povo Mandé, do logo conduzido através do corá, que a Mali. “Não vamos ao passado tentando dinastia Diabaté tornou no mais icónico tocar exatamente como o meu pai e o dos instrumentos africanos. meu avô tocavam. Temos que tocar à O pai de Toumani, Sidiki sénior, nossa maneira. Somos moder- gravou o primeiro de todos os álbuns de nos, vivemos na cidade, estamos em corá, o clássico Mali: Ancient Strings, em relação com o mundo”, diz Toumani, 1970, revelando o potencial do instru- que descreve o álbum como “o passado mento como solista e as suas capacida- encontra o presente para o futuro”. des de virtuosismo. O seu filho Toumani O CD é muito belo. Entre pai e filho foi mais longe, entrelaçando as linhas há como que uma comunicação tele- de baixo, antigas melodias e espantosas pática. O corá é dos instrumentos mais improvisações, criando um caleidoscó- tranquilos, mas aqui é tocado com um pio de cores musicais. Desde que gravou vigor, um ataque, um ritmo, uma inte- o primeiro álbum de corá a solo, em ligência, um swing, uma agitação vital, 1988, fez o mundo descobrir o instru- uma requintada intimidade. Toumani & Corá Toumani Diabaté, Sidiki Diabaté mento, com álbuns, digressões, prémios Sidiki soa como nenhum outro álbum Grammy, colaborações com Ali Farka de corá. Acaba de ser nomeado para os Touré, Taj Mahal, Herbie Hancock, Grammy. Damon Albarn e Björk. Toumani foi Para referir apenas a crítica inglesa, criando um número crescente de fãs, o álbum recolheu 4 estrelas dos jornais incluindo o Presidente Barack Obama The Guardian, The Times e Finantial que considera o trabalho de Toumani Times e 5 estrelas de The Independent, com Taj Mahal como o álbum número Evening Standard, e da revista de música um de todas as suas preferências. do mundo Songlines. Sex 6 de fevereiro Sidiki levou as coisas ainda mais (a partir da informação enviada pela 21h30 · Grande Auditório · Duração: 1h30 · M6 adiante. Para além de artista e produtor World Circuit Records)

3 Toumani Diabaté gens revelou a existência de 71 gerações Jimmy Smith e grupos rock britânicos gravado só com solos de corá e ainda de griots tocadores de corá que se como os Led Zeppelin. A influência hoje é um best seller e um dos melhores Toumani Diabaté é um dos mais cria- sucederam de pais para filhos. O mais destes sons, e das bandas modernas álbuns de corá alguma vez publicados. tivos e famosos músicos do continente notável foi o seu pai, Sidiki Diabaté de , foram importantes para o Foi também em 1986 que se apresentou africano. Foi descrito pelo jornal (c. 1922-1996) um tocador de corá com desenvolvimento musical de Toumani. no primeiro festival Womad tendo tido Observer como “um dos mais notáveis uma fama lendária na África Ocidental – Criança prodígio, Toumani come- logo um grande êxito. músicos, todos os géneros incluídos”. designado “Rei do Corá”, em 1977, pelo çou a tocar corá com 5 anos de idade. Durante esse período, no Reino Toca corá (grafia portuguesa para , muito falado Festival Africano de Artes Nesse tempo o governo do Mali estava Unido encontrou e trabalhou infor- como é mais frequentemente nomeado) e Culturas, Festac (que apenas teve uma empenhado em programas de apoio a malmente com artistas de diferen- um instrumento tradicional e muito edição, essa de 1977), e é uma inspiração bandas regionais que representassem as tes campos da música e de diversas antigo, espécie de, simultaneamente, permanente para todos os tocadores de tradições locais. Toumani foi recrutado tradições que ele desconhecia até então, harpa e alaúde, utilizado pelos povos da corá até aos nossos dias. pelo conjunto de Koulikoro (a cerca de como música clássica indiana, de onde África Ocidental. É feito de uma grande Sidiki nasceu na Gâmbia, filho de 60 km a leste de Bamako) com o qual, retirou a ideia de jugalbandi (que se cabaça cortada ao meio e coberta de pais do Mali. Fixou-se no Mali depois aos 13 anos, fez a sua estreia pública traduz no diálogo entre dois instrumen- pele de vaca, funcionando como caixa da II Guerra Mundial onde se tornou com grande sucesso local. tos solistas), que se tornou numa das de ressonância, com um longo braço famoso pelo seu estilo virtuoso, Em 1994 passou a fazer parte do suas marcas características. de madeira. As suas 21 cordas, tradicio- “quente” e idiossincrático (cujos ecos grupo de jovens músicos que acompa- A primeira grande colaboração com nalmente feitas de finas tiras de pele, se podem ouvir no estilo de Toumani). nhavam a grande diva Kandia Kouyate, músicos de outras tradições, foi com o agora de cordas de harpa ou de fio de Depois de o Mali se tornar indepen- a mais conhecida e poderosa cantora grupo de Ketama. A primeira nylon, que vão do braço até à caixa de dente, Sidiki, com a sua primeira do Mali, com a qual fez muitas vez que os encontrou, eles começaram ressonância, arrumam-se em duas filas, mulher, mãe de Toumani, a cantora digressões por África, quando ainda só logo por acompanhar a sua música com o que permite um som duplo. Nene Koita, foi convidado a juntar-se ao tinha 19 anos. o bater de palmas característico do Mais do que qualquer outro tocador Conjunto Instrumental Nacional – um Toumani herdou do seu pai a ideia flamenco. Toumani não queria acreditar de corá, é ele o responsável por levar grupo apoiado pelo Governo e formado de desenvolver o corá como instru- como é que eles entenderam tão facil- este instrumento ao público de todo o para celebrar a riqueza da cultura do mento solista e de facto elevou-o a um mente as complexidades rítmicas da sua mundo. É um músico de um virtuosismo Mali. Sidiki e Nene foram muito prote- patamar que ele nunca tinha conhecido. música; era como se os músicos de fla- e criatividade excecionais, alguém que gidos pelo primeiro presidente do Mali, Descobriu uma forma de tocar, em menco tivessem escutado desde sempre mostrou como o corá pode rivalizar com Modibo Keita, que lhes deu o terreno simultâneo, a melodia solo, o acompa- a tradição musical do corá e como se os melhores instrumentos do mundo. onde construíram a casa de família, que nhamento rítmico e a linha de baixo, o Toumani desde sempre estivesse fami- Toumani nasceu em Bamako, a capi- ainda existe, perto do palácio presiden- que normalmente só seria possível com liarizado com aquela música cigana. tal do Mali, em 1965, numa família exce- cial em Bamako. dois instrumentos. O álbum que daí resultou, Songhai, faz cional de griots (as famílias griots são as Este foi o ambiente musical em que Toumani veio pela primeira vez à uma síntese perfeita entre o corá e o depositárias de uma longínqua tradição Toumani cresceu. Mas do seu pai nunca Europa em 1986 para acompanhar flamenco. oral. Eles são os guardiãos da sabedo- teve lições. Ou apenas teve as que outro cantor do Mali, Ousmane Sacko e Para Toumani, experimentar faz ria do povo, da sua música e história, resultavam de o ouvir tocar. Na década acabou por ficar em Londres sete meses. parte do trabalho de um moderno griot. da genealogia das famílias; Toumani de 1960 e, sobretudo, na seguinte, a cena Nesse período, com 21 anos, gravou o “O papel do griot é desenvolver a comu- disse que “se a África Ocidental fosse musical de Bamako foi influenciada seu primeiro álbum a solo, Kaira (que nicação entre as pessoas, mas não apenas um ser vivo, o griot seria o seu sangue; por sonoridades de outras origens, em quer dizer Paz), numa única tarde, a comunicação relativa ao passado. enquanto griots nós somos a memória, a especial da música negra americana. sem pausas, num estúdio da capital No Mali eu posso trabalhar da maneira ligação entre a sociedade e o passado”). A música soul era particularmente britânica. Foi um disco completa- tradicional. Fora do Mali posso trabalhar A investigação que fez sobre as suas ori- popular, como eram Jimi Hendrix, mente inovador, o primeiro alguma vez de outra maneira. Porque não?”.

4 5 Em 1990 Toumani fundou a forma jugalbandi e da música tradicio- swingada de uma canção folclórica de música moderna e tradicional no Symmetric Orchestra. Para ele o nome nal dos griots, como se torna evidente galesa ou uma variação sobre a Ode à Conservatório das Artes, Cultura e evoca um balanço perfeito – uma no álbum Djelika, de 1995. Nesse mesmo Alegria da 9.ª Sinfonia de Beethoven. Multimédia de Balla Fasseke, que abriu simetria – entre tradição e modernidade ano Toumani viajou até para Toumani participou em muitas outras em Bamako em 2004. e entre as contribuições de músicos de gravar Songhai 2. gravações no seu país e no estrangeiro. Ainda em 2004 começou a trabalhar países que estão relacionados entre si. Em 1998 gravou um álbum que é Aparece no álbum de estreia de Ali com a editora World Circuit numa Senegal, Guiné, Guiné-Bissau, Burkina- um dueto de corá entre ele e Ballake Farka Touré para a World Circuit; fez trilogia de álbuns gravados em sessões ‑Faso, Costa do Marfim e Mali faziam Sissoko. Os pais de ambos haviam digressões com Salif Keita e toca nos no Hotel Mande na capital do Mali. parte do império medieval Mandé. gravado na década de 1970 o clássico seus aclamados álbuns Papa e Mbenda; O primeiro a ser editado foi o álbum In Toumani teve a ideia de recrear o equi- Cordes Anciennes (Cordas Antigas, o pri- participou no projeto de Damon Albarn, The Heart Of The Moon, um dueto com líbrio cultural do Império Mandé num meiro álbum de corá), por isso este novo Mali Music e no álbum de Kasse Mady Ali Farka Touré que ganhou o Grammy contexto musical moderno. O nome álbum foi chamado New Ancient Strings Diabaté Kassi Kasse, nomeado para os de 2005 para o melhor álbum de world da orquestra aparece pela primeira (Novas Cordas Antigas), um tributo Grammy de 2004; em 2007 intervém na music tradicional. O segundo da trilogia vez num CD com um projeto de 1992, dos dois músicos ao disco original dos canção Hope do álbum Volta, de Björk, foi o já atrás referido Boulevard de Shake The Whole World, editado seus pais e uma tentativa para levar um aparecendo como artista convidado L’Indépendance, com a sua Symmetric apenas no Japão e no Mali. O grupo foi material antigo a audiências modernas. no espetáculo da cantora islandesa no Orchestra, em que se sintetizam dez evoluindo e crescendo durante anos e As relações entre os blues e a música Festival de Glastonbury. anos de experimentação da mais densa, em 2005 gravou o álbum Boulevard de da África Ocidental são bem conhecidas. Em 2003 recebeu o “Tamani de vigorosa, ricamente texturada música L’Indépendance, muito elogiado pela crí- Taj Mahal, uma lenda do blues, ouviu e Ouro” consagrando-o como o melhor que veio de África. O terceiro álbum tica, seguindo-se uma grande digressão tocou com muitos grandes músicos de músico de corá do mundo. No ano foi o último registo a solo de Ali Farka internacional. corá e o que mais o impressionou, como seguinte obteve o “Zyriab dos virtuo- Touré (que, como é sabido, faleceu em Na primeira metade da década de revelando inesperada semelhança com sos”, um prémio da UNESCO concedido 2006). Toumani acompanhou Ali no 1990, em Bamako, Toumani começou os blues, foram as técnicas de tanger o no Festival Mawazine organizado pelo último concerto da sua digressão no a chamar para junto de si um grupo de corá e outros instrumentos de corda do Rei Mohammed VI de Marrocos. Foi o verão de 2005, durante a qual estiveram músicos excecionais, como o excelente Mali. “Dizem que os blues e o vêm primeiro africano negro a receber esse três dias num estúdio de Londres a Basekou Kouyate, um tocador de ngoni de África”, afirma Toumani, “o corá e prémio. gravar Ali e Toumani, uma continuação premiado internacionalmente (ngoni o ngoni são muito antigos, de séculos. Toumani é um ativo e dinâmico de In the Heart of the Moon. é um instrumento de cordas muito Então pode ser que alguma vez os blues membro da comunidade musical do A Symmetric Orchestra firmou utilizado na África Ocidental, com uma tenham sido tocados nesses instru- Mali e exerce grande influência sobre uma carreira na cena internacional, caixa de ressonância de madeira coberta mentos. Gravar um álbum com Taj é as gerações mais novas. Tomou várias realizando concertos em locais como por pele de animal, um braço curto, e como juntar o velho e o novo”. O disco, iniciativas no sentido de ajudar a o Carnegie Hall, ou sendo cabeça um número variável de cordas de nylon, Kulanjan, foi editado em 1999. preservar o legado da música tradicio- de cartaz em Festivais como o de de 4 a 12) ou o discreto mas magnífico Procurando constantemente evoluir e nal do corá no Mali e de transmitir às Glastonbury, o Festival de Jazz de Nice Keletigui Diabaté, mestre do inovar, o disco seguinte, MALIcool, com gerações mais novas o conhecimento da e o de Montreal. (espécie de xilofone com reduzido o trombonista americano de free jazz sua rica herança musical, encorajando- Ao mesmo tempo preparava o seu número de teclas e cabaças a servirem Roswell Rudd, representou mais uma -as a explorar as suas possibilidades próximo álbum, The Mandé Variations, de caixas de ressonância), músicos que, superação de fronteiras. Os arranjos criativas dentro da música. É Presidente que saiu em 2008. É um álbum total- com Toumani, cultivam um certo som e nesse álbum dão espaço para cada das Produções Mandinka Kora que mente acústico, o seu segundo a solo uma abordagem à música que faz uma músico improvisar e há algumas peças ativamente promove o corá através de depois do primeiro que gravou, Kaira, síntese, ou recolhe influências, do jazz, inesperadas, como a versão do tema workshops, festivais e vários even- mais de 20 anos antes. Quer o CD, quer da música clássica indiana através da Hank, de Thelonious Monk, uma versão tos culturais. É professor de corá e os recitais a solo – em maio de 2008

6 7 esteve na Culturgest num concerto de sessões inspiradas que deram origem apresentar ao mundo a 72.ª geração de de gravação digitais e em 2013 foi eleito inesquecível – receberam aclamação ao citado CD AfroCubism, concretizado griots Diabaté, mas também reafirmar o melhor produtor de hip-hop do Mali. unânime da crítica. Toumani tocou 14 anos depois de ter sido originalmente que acredita que o mais precioso bem Mantendo-se fiel à tradição clássica do num concerto especial com a London planeado. do Mali é a sua música e a sua cultura, corá, Sidiki cita, como suas influências, Symphony Orchestra e o ano acabou Toumani ganhou o seu segundo a sua fé tradicional e os laços que ligam estrelas contemporâneas ocidentais num climax com outra nomeação para Grammy em 2011 com Ali and Toumani. os seus povos muito diferentes. como Kendrik Lamar e Kanye West. os Grammy e um NAAPC Image Award, Embarcou numa nova colaboração, (a partir do texto enviado pela World Há alguns anos Sidiki formou um pelo seu álbum The Mandé Variations agora com os artistas brasileiros Circuit Records, por sua vez baseado dueto com o rapper Iba One, que se (NAACP significa American National Arnaldo Antunes e Edgar Scandurra, no texto original de Lucy Duran, com tornou na grande banda da crescente Association for the Advancement of de que resultou o CD A Curva a Cintura. vários acrescentos.) cena rap do Mali. Um dos seus maiores Colored People). Toumani foi nomeado A crise que rebentou no Mali em 2012 êxitos, Hommage à Mohamed Cherif Embaixador de Boa Vontade da teve um profundo efeito em Toumani. Sidiki Diabaté Madani Haidara é um tributo ao filho de UNAIDS em dezembro de 2008, utili- Soube do golpe militar que derrubou o um eminente líder religioso que pregava zando a sua música num programa de Presidente Mamadou Toumani Toure Nascido em Bamako, no Mali, em a tolerância. O duo também desempe- sensibilização contra a SIDA. quando ia a caminho de Gales para cola- 1990, Sidiki Diabaté, tocador de corá e nhou um papel muito importante na 2010 foi mais um ano prolífico para borar com a arpista Catrin Finch. A vida produtor de hip-hop, é a mais recente gravação de On Veut La Paix (Queremos Toumani. O álbum Ali and Toumani noturna em Bamako e os meios de sub- contribuição da celebrada dinastia Paz) um hino rap all-star à paz no foi lançado no mercado no início do sistência de muitos músicos extingui- musical dos Diabaté. É o filho mais Mali, que saiu com grande estrondo em ano com aplauso universal. A seguir ao ram-se durante um tempo. A ocupação velho de Toumani e o neto de Sidiki 2012, quando os militantes religiosos lançamento do disco Toumani e a sua islâmica de dois terços do norte do país Diabaté sénior (c.1922-1996) que foi estavam a tentar proibir a música. O duo banda tocaram as suas interpretações e o banimento da música nessa região considerado o maior tocador de corá da apresentou-se perante 20.000 fãs no da música de Ali Farka Touré numa também provocaram profundo repúdio sua geração. Como o seu pai e o seu avô, estádio Modibo Keita em Bamako. série de concertos especiais apropria- de Toumani, que não só é um dos mais Sidiki é um griot. O desejo de Sidiki é tornar o seu damente chamados The Ali Farka Touré famosos músicos do Mali, mas também Sidiki foi iniciado no mundo do instrumento, um símbolo de 700 anos Variations Tour. um devoto islamita. corá quando tinha 10 anos de idade. de história, uma parte essencial na Nesse verão estreou-se AfroCubism, Em março de 2014 a School of A história vem contada em Sidikiba mudança do ambiente à sua volta. “Não um grupo all-star que reuniu os melho- Oriental and African Studies (SOAS) Kora’s Lesson (Ryan Thomas Skinner, conseguem imaginar um movimento res músicos de Cuba e Mali, incluindo anunciou que ia conferir a Toumani 2008) um popular livro para crianças no rap em qualquer parte do mundo que Toumani. Em 1996 um grupo dos o grau de Doutor honoris causa em início da adolescência, que é acompa- tenha o poder e a força do rap no Mali”, melhores músicos do Mali deveriam Música, em reconhecimento do seu tra- nhado de um CD da sua primeira grava- diz o seu pai Toumani. “Iba One e ter ido a Havana para colaborar com balho de divulgação do corá e da música ção. A partir da sua iniciação e durante Sidiki Diabaté são os melhores rappers alguns dos mais brilhantes cantores tradicional do Mali. O único outro anos, Sidki estudou intensamente o corá do Mali. As suas letras falam sobre as e músicos cubanos. Por razões nunca músico a receber um grau honorífico da e a cultura que o rodeia. doenças da nossa sociedade, os seus esclarecidas os músicos do Mali nunca SOAS foi o grande pianista e chefe de Agora, com 23 anos e pai por sua problemas. Mas ao mesmo tempo a sua chegaram a Cuba. Um álbum muito orquestra Daniel Baremboim, em 2008. vez, Sidiki é considerado um músico música está cheia de ritmo, no ver- diferente foi gravado: The Buena Vista A recente tragédia do Mali foi um dos de génio com uma formidável téc- dadeiro espírito da Música do Mali”. Social Club, só com as estrelas cubanas. principais impulsos que levou Toumani nica e um estilo próprio. Personifica a Sidiki e o seu corá estão na frente de um O resto, como se diz, é uma história a decidir gravar um álbum de duetos entrada do corá na era digital. Quando movimento que procura mudar o pensa- de vendas de muitos milhões. World com o seu filho, Sidiki Diabaté, um era adolescente matriculou-se no mento político na África Ocidental. Circuit finalmente juntou os convidados tocador de corá de enorme talento e um Instituto Nacional para as Artes em A gravação de Toumani & Sidki iniciais com novos talentos, numa série bem-sucedido artista hip-hop. Ele quis Bamako, estudando bateria e técnicas (World Circuit, 2014) marca um

8 9 momento comovente e de grande Próximo espetáculo significado na vida de Sidiki. “Para mim, tocar com o meu pai é como um sonho. É verdade que sou um artista de hip-hop, mas amo e respeito as minhas Eurovision + raízes como tocador de corá. Quero saber mais. É uma sorte para mim aprender diretamente com o meu pai. + Tear Gas É super especial, porque ele é o meu Três espetáculos de Pedro Zegre Penim ídolo.” para o Teatro Praga (adaptado da biografia fornecida pela World Circuit Records) Teatro Sex 13, sáb 14, dom 15 fevereiro · M12 www.worldcircuit.co.uk www.toumaniandsiki.com A Europa e Eu: três espetáculos e dez anos de trabalho entre o universal e a autobiografia, o mistério e a razão, gregos e judeus. I AM EUROPE é o título oficioso deste retrato a três velocidades de um mapa antropomórfico.

Próximo espetáculo de música Yuri Daniel Quartet Ritual Dance

Jazz Qui 19 de fevereiro Grande Auditório · 21h30 Duração aproximada: 1h30 · M6

Yuri Daniel é um dos mais reconhecidos contrabaixistas da nova geração do jazz, tendo integrado, entre outras, a banda de Jan Garbarek. O seu mais recente CD, lançado neste concerto, percorre os caminhos da profusão rítmica brasileira e dos vestígios da herança lusitana.

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10 As emissões de gases com efeito de estufa associadas à produção desta publicação foram compensadas no âmbito da estratégia da CGD para as alterações climáticas. Conselho de Administração Comunicação Técnico Auxiliar Presidente Filipe Folhadela Moreira Vasco Branco Álvaro do Nascimento Publicações Frente de Casa Administradores Marta Cardoso Rute Sousa Miguel Lobo Antunes Rosário Sousa Machado Margarida Ferraz Bilheteira Atividades Comerciais Manuela Fialho Assessores Catarina Carmona Edgar Andrade Dança Patrícia Blazquez Clara Troni Gil Mendo Teatro Serviços Administrativos e Financeiros Receção Francisco Frazão Cristina Ribeiro Sofia Fernandes Arte Contemporânea Paulo Silva Auxiliar Administrativo Miguel Wandschneider Teresa Figueiredo Nuno Cunha Serviço Educativo Direção Técnica Coleção da Caixa Geral de Depósitos Raquel dos Santos Arada Paulo Prata Ramos Isabel Corte-Real Pietra Fraga Direção de Cena e Luzes Inês Costa Dias Direção de Produção Horácio Fernandes Maria Manuel Conceição Margarida Mota Estagiários: Assistente de Direção Cenotécnica Mariana Frazão Produção e Secretariado José Manuel Rodrigues Pedro Escada Patrícia Blázquez Audiovisuais Mariana Cardoso Américo Firmino de Lemos (coordenador) Jorge Epifânio Ricardo Guerreiro Exposições Suse Fernandes Coordenação de Produção Iluminação de Cena Mário Valente Fernando Ricardo (chefe) Produção Vítor Pinto António Sequeira Lopes Paula Tavares dos Santos Maquinaria de Cena Edifício Sede da CGD Fernando Teixeira Nuno Alves (chefe) Rua Arco do Cego, 1000-300 Lisboa, Piso 1 Culturgest Porto Artur Brandão Tel: 21 790 51 55 · Fax: 21 848 39 03 Susana Sameiro [email protected] · www.culturgest.pt

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