Pontos de Interesse

Geológico no Trilho dos

Moinhos na

Paisagem

Protegida do

Corno de Bico

Vitor da Silva Tavares

Mestrado em Geologia Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território 2018

Orientador Helena Sant`Ovaia Mendes da Silva, Professora Associada, FCUP

Coorientador Alexandre Martins Campos de Lima, Professor Auxiliar, FCUP

Todas as correções determinadas pelo júri, e só essas, foram efetuadas.

O Presidente do Júri,

Porto, ______/______/______

FCUP I Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Agradecimentos

Antes de mais gostaria de agradecer à Professora Doutora Helena Sant`Ovaia, por toda a disponibilidade, atenção e paciência. Tudo o que me transmitiu, a orientação exemplar, a colaboração, o interesse permanente e todas as suas sugestões, para além de todo o apoio prestado durante as atividades práticas levadas a cabo.

Professor Doutor Alexandre Lima um bem-haja por todos os conhecimentos transmitidos, todo o apoio, pelas suas valiosas contribuições científicas para o trabalho e enriquecimento pessoal.

Professora Doutora Maria dos Anjos Ribeiro e Professora Doutora Helena Cristina Brites Martins, a minha gratidão por toda a ajuda, pela disponibilidade sempre prestada para me ensinar e pelo vosso forte contributo.

Aos meus amigos, por todo o companheirismo demonstrado ao logo de todo o meu percurso académico, aos que estiveram ao meu lado durante toda a realização deste trabalho. Pela força e apoio que me proporcionaram e que nunca me deixaram desistir. A vocês, um muito obrigado.

Por fim, dirijo um especial agradecimento aos meus pais. Pela forma presente e incondicional com que sempre me acompanharam, tornando possível a concretização deste trabalho, sem eles não teria conseguido chegar aqui.

O meu profundo e sentido agradecimento a todas as pessoas que contribuíram de uma maneira ou de outra para a concretização desta tese.

FCUP II Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Resumo

O geoturismo é um segmento do turismo que dinamiza a visita e a descoberta de áreas com aspetos geológicos e geomorfológicos particulares, contribuindo assim, para a proteção e preservação de determinado Património Geológico.

A riqueza geológica da área que coincide em parte com o Trilho dos Moinhos da Paisagem Protegida do Corno de Bico é um parâmetro que deve ser tido em conta, pois a existência de belos afloramentos do ponto de vista geomorfológico e geológico e a sua interligação com a flora dominante, proporcionam paisagens de grande beleza natural.

As antigas concessões mineiras de volfrâmio e estanho também são pontos de interesse na área que coincide com o Trilho dos Moinhos. Estas minas foram exploradas na década de 40 do século XX durante a Segunda Guerra Mundial, o que pode despertar algum interesse do ponto de vista histórico, a quem se desloca para visitar a paisagem protegida.

Assim, o âmbito desta dissertação de mestrado foi a caracterização geológica da região de forma à criação de pontos de interesse, que potenciem e dinamizem o geoturismo no Trilho dos Moinhos. Com estes estudos, também surgiu a oportunidade de enriquecer o website oficial com informação geológica, uma vez que este carece desse tipo de informação.

O trabalho de campo, estudo petrográfico, consulta bibliográfica e documental e elaboração de mapas foram fundamentais para o reconhecimento e a caracterização de pontos de interesse geológico. Cada um desses pontos foi caracterizado do ponto de vista de observação de campo, estudo da litologia e das macroestruturas e complementado pelo estudo petrográfico.

Palavras-Chave: Trilho dos Moinhos, Paisagem Protegida, Geoturismo, Concessões Mineiras.

FCUP III Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Abstract

Geotourism is a segment of tourism in which people are invited to visit areas with certain geological and geomorphological aspects, thus contributing to the protection and preservation of a certain Geological Heritage.

The geological richness of the area that coincides in part with the Windmills Trail of the Protected Landscape of Corno de Bico is a factor that must be taken into account, since this one has beautiful landscapes in which its geomorphology in interconnection with the vegetation provides landscapes of great natural beauty.

The old mining concessions of wolfram and tin are also points of interest in the area that coincides with the Windmill Trail. These were exploited in the 1940s during World War II, which may spark some interest in people visiting the protected landscape.

Thus, the geological studies in the region arose in order to create points of interest to potentiate and dynamize the geotourism in the windmills Trail. With these studies, the opportunity has also arisen to enrich the official website with geological information, since it lacks this type of information.

Fieldwork, petrographic study, bibliographical and documentary consultation and mapping were fundamental for the recognition of points of geological interest. Each of these points was characterized from the point of view of field observation, lithology and macrostructures studies, complemented by the petrographic study.

Keywords: Windmills Trail, Protected Landscape, Geotourism, Mine Concessions

FCUP IV Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Índice

Agradecimentos ...... I

Resumo ...... II

Abstract ...... III

Índice de Figuras ...... VI

Índice de Tabelas ...... X

Lista de Acrónimos ...... XI

1. Introdução ...... 1

2. Objetivos...... 3

3. Enquadramento Geográfico ...... 4

4. Áreas Protegidas ...... 6

5. Enquadramento Geológico ...... 7

6. Metodologia ...... 12

6.1. Sistema de Informação Geográfica ...... 12

6.2. Trabalho de Campo ...... 12

6.3. Petrografia ...... 19

6.4. Consulta Bibliográfica e Documental ...... 21

7. Resultados ...... 22

7.1. Caracterização petrográfica ...... 22

7.1.1. Liditos ...... 22

7.1.2. Quartzitos ...... 25

7.1.3. Identificação de mineral de cor verde ...... 28

7.1.5. Quartzito com turmalina ...... 32

7.1.6. Pegmatito com Granada ...... 34

7.2. Síntese da caracterização petrográfica ...... 37

8.Concessões Mineiras de Vascões ...... 38

8.1. Síntese documental ...... 38

8.1.1. Mina da “Cova da Raposa” ...... 39 FCUP V Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

8.1.2. Mina da “Cova da Raposa (Lamas I)” ...... 42

8.1.3. Mina de “Lugar de Lamas” ...... 47

8.1.4. Mina de “Cova da Raposa (Lamas II)” ...... 49

9. Pontos de Interesse Geológico ...... 52

9.1. Pontos de Interesse Geológico na Paisagem Protegida de Corno de Bico ...... 52

9.2. Património Geológico ...... 55

9.3. Património Geomineiro ...... 61

9.4. Visita Virtual ...... 63

10.Discussão e Conclusão...... 67

11.Trabalhos Futuros ...... 68

Referências Bibliográficas ...... 69

Websites ...... 70

FCUP VI Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Índice de Figuras

Figura 1. Enquadramento geográfico da Paisagem Protegida do Corno de Bico; mapa do Google Earth...... 4 Figura 2. Trilho dos Moinhos; mapa do Google Earth...... 5 Figura 3. Zonas paleogeográficas e tectónicas do Maciço Hespérico (adaptado da Carta Tectónica da Península Ibérica, segundo Ribeiro et al., 1979)...... 7 Figura 4. Paisagem Protegida do Corno do Bico abrangida pelas Cartas Geológicas 1:50 000, folhas 1-C e 1-D...... 8 Figura 5. Excertos das legendas das folhas 1-C e 1-D da Carta Geológica de à escala 1:50 000...... 9 Figura 6. Trilho dos Moinhos nas folhas 1- C e 1-D da Carta Geológica de Portugal; à escala 1:50 000...... 10 Figura 7. A)-Localização dos pontos de paragem onde foram feitas observações e colhidas amostras na folha 1-D da Carta Geológica de Portugal; à escala 1:50 000. B)- Localização dos pontos de paragem onde foram feitas observações e colhidas amostras; mapa do Google Earth...... 13 Figura 8. Liditos com intercalações de quartzitos; são observados cristais de turmalina e roscoelite (círculos amarelos)...... 13 Figura 9. Veio de roscoelite (mineral de cor verde)...... 14 Figura 10. Liditos com bancada quartzitica dobrado...... 15 Figura 11. Dobras deitadas e diaclases em liditos...... 15 Figura 12. Quartzitos com intensa turmalinização...... 16 Figura 13. Boudins de turmalina...... 16 Figura 14. Lentícula de material aplito-pegmatito no xisto...... 17 Figura 15. Diaclases...... 17 Figura 16. Pegmatito estéril com granada e megacristais de feldspato...... 18 Figura 17. Localização das amostras; mapa do Google Earth...... 20 Figura 18. Microfotografia em NX: Bt- biotite, Ms- moscovite e Qtz- quartzo. Aspeto geral dos grãos de quartzo nos liditos...... 23 Figura 19. Microfotografia em N//: Bt- biotite, Matéria orgânica, Ms- moscovite e Qtz- quartzo. Grande abundância de matéria orgânica nos liditos...... 23 Figura 20. Microfotografia em NX: Bt- biotite, Ms- moscovite e Qtz- quartzo. Biotite em continuidade com a moscovite...... 24 Figura 21. Microfotografia em N//: Bt- biotite, matéria orgânica, Ms- moscovite e Qtz- quartzo. Biotite a preencher espaços intergranulares em cristais alongados...... 24 FCUP VII Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 22. Microfotografia em NX: Qtz- quartzo e Wmca- mica branca. Micas brancas a envolver o grão de quartzo...... 26 Figura 23. Microfotografia em NX: Qtz- quartzo e Wmca- mica branca. Grãos de quartzo com inclusões de mica branca com um crescimento fibrorradiado...... 26 Figura 24. Microfotografia N//: Inclusões de silimanite (fibrolite) nas micas brancas que envolvem os grãos de quartzo; biotite em continuidade com as micas brancas...... 27 Figura 25. Microfotografia NX: Matéria orgânica, Qtz- quartzo e Wmca- mica branca. Contacto entre os liditos e os quartzitos separados por micas brancas...... 27 Figura 26. Microfotografia N//: roscoelite...... 28 Figura 27. Microfotografia em NX: roscoelite...... 29 Figura 28. Microfotografia em NX: roscoelite...... 29 Figura 29. Microfotografia em NX: Ap- apatite, Bt- biotite, Qtz- quartzo e Wmca- mica branca. Quartzo poligonado com pontos triplos entre grãos de quartzo; mica branca com crescimento fibrorradiado e biotite em continuidade com as micas brancas; qrãos de quartzo com inclusões ...... 31 Figura 30. Microfotografia em NX: Bt- biotite, Qtz- quartzo e Wmca- mica branca. Micas brancas a envolver os grãos de quartzo e com inclusões de silimanite (fibrolite)...... 31 Figura 31. Microfotografia em NX: Bt- biotite, Ms- moscovite, Qtz- quartzo e Tur- turmalina. Aspeto geral dos grãos de quartzo...... 33 Figura 32. Microfotografia N//: Bt- biotite, Qtz- quartzo e Tur- turmalina. Biotite a preencher espaços intergranulares em cristais alongados...... 33 Figura 33. Microfotografia em NX: Ms- moscovite, Qtz- quartzo e Tur- turmalina. Turmalina prismática, fratura e com inclusões de quartzo, biotite e moscovite...... 34 Figura 34. Microfotografia em NX: Pertite, Pl- plagióclase sódica, Qtz- quartzo e Wmca- mica branca. Albite com maclas polissintética. Mica branca com inclusões de silimanite (fibrolite)...... 35 Figura 35. Microfotografia em NX: Or- ortóclase e pertite. Ortoclase subédrica com macla de Carlsbad e pertite...... 35 Figura 36. Microfotografia em NX: Grt- granada e Qtz- quartzo. Granada euédrica com inclusões...... 36 Figura 37. Microfotografia N//: Bt- biotite, Grt- granada, Qtz- quartzo e Wmca- mica branca. Granada subédrica de bordos irregulares, fraturada, e de grandes dimensões com inclusões de quartzo, mica branca e biotite...... 36 Figura 38. Microfotografia em NX: Bt- biotite, Grt- granada, Qtz- quartzo e Wmca- mica branca. Granada subédrica de bordos irregulares, fraturada, de grandes dimensões com inclusões de quartzo, mica branca e biotite. Mica branca com inclusões de silimanite (fibrolite)...... 37 FCUP VIII Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 39. Áreas das Concessões Mineiras de Vascões nas folhas 1- C e 1-D da Carta Geológica de Portugal; à escala 1: 50 000...... 38 Figura 40. Planta Topográfica com os Cortes do Plano de Lavra da Mina de Volfrâmio de “Cova da Raposa” à escala 1:1 000...... 40 Figura 41. Planta do Plano de Lavra da Mina de Volfrâmio de “Cova da Raposa” à escala 1:1 000...... 41 Figura 42. Planta Topográfica com os respetivos Cortes e Planta dos Trabalhos Efetuados em 1943 na Mina “Cova da Raposa” à escala 1:1 000...... 41 Figura 43. Esboço Geológico da Região Mineira de Vascões...... 44 Figura 44. Região Mineira de Vascões. Vista geral, vendo-se no fundo do vale as casas da mina, em último plano observam-se escombreiras...... 44 Figura 45. Região Mineira de Vascões. Vista parcial mostrando as casas das minas. 45 Figura 46. Região Mineira de Vascões. Veem-se algumas escombreiras e no último plano, à esquerda, os afloramentos graniticos que contornam a região estanífera. .... 45 Figura 47. Região Mineira de Vascões. Escombreira e boca de um poço...... 46 Figura 48. Planta Topográfica com os Cortes do Plano de Lavra da Mina de Volfrâmio e Estanho de “Cova da Raposa (Lamas I)” à escala 1:1 000...... 46 Figura 49. Planta do Plano de Lavra da Mina de Volfrâmio e Estanho de “Cova da Raposa (Lamas I)” à escala 1:1 000...... 47 Figura 50. Planta Topográfica com os Cortes do Plano de Lavra da Mina de Volfrâmio e Estanho de “Lugar de Lamas” à escala 1:1 000...... 48 Figura 51. Planta do Plano de Lavra da Mina de Volfrâmio e Estanho de “Lugar de Lamas” à escala 1:1 000...... 49 Figura 52. Planta Topográfica com os Cortes do Plano de Lavra da Mina de Volfrâmio e Estanho de “Cova da Raposa (Lamas II)” à escala 1:1 000...... 51 Figura 53. Planta do Plano de Lavra da Mina de Volfrâmio e Estanho de “Cova da Raposa (Lamas II)” à escala 1:1 000...... 51 Figura 54. Website oficial da Paisagem Protegida do Corno de Bico (http://www.cornodebico.pt/portal/)...... 52 Figura 55. Website oficial da Paisagem Protegida do Corno de Bico na secção do Património (http://www.cornodebico.pt/portal/)...... 53 Figura 56. Website oficial da Paisagem Protegida do Corno de Bico na secção da Visita Virtual (http://www.cornodebico.pt/portal/)...... 53 Figura 57. Quartzitos com turmalina...... 56 Figura 58. Liditos...... 57 Figura 59. Liditos com intercalações de quartzitos e roscoelite...... 57 Figura 60. Pegmatito...... 58 FCUP IX Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 61. Região Mineira de Vascões. Vista geral, vendo-se no fundo do vale as casas da mina...... 62 Figura 62. Mapa das litologias da Paisagem Protegida do Corno de Bico segundo as Cartas Geológicas 1:50 000, folhas 1-C e 1-D...... 63 Figura 63. Mapa dos Pontos de Interesse Geológico na Paisagem Protegida do Corno de Bico...... 64 Figura 64. Mapa dos Pontos de Interesse Geológico mais pormenorizado na Paisagem Protegida do Corno de Bico...... 65 Figura 65. Mapa da Paisagem Protegida do Corno de Bico com o Trilho dos Moinhos...... 66

FCUP X Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Índice de Tabelas

Tabela 1. Tabela de afloramentos rochosos...... 19 Tabela 2. Tabela de amostras recolhidas e descrição macroscópica das litologias. ... 19 Tabela 3 Tabela de pontos de interesse geológico e respetivas descrições...... 59

FCUP XI Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Lista de Acrónimos

AMNP - Arquivo de Minas do Norte de Portugal

CEIA - Centro de Educação e Interpretação Ambiental

DGAOT - Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território

DGEG - Direção Geral de Energia e Geologia

IUGS - The International Union of Geological Sciences

N// - Nicóis paralelos

NX - Nicóis cruzados

RNAP - Rede Nacional de Áreas Protegidas

SCMR - Subcommission on the Systematics of Metamorphic Rocks

SIG - Sistema de Informação Geográfica

FCUP 1 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

1. Introdução

O presente relatório tem como alvo estudo o Trilho dos Moinhos, um itinerário interpretativo da Paisagem Protegida do Corno de Bico, onde se pretende fazer um estudo de caracterização geológica de forma a criar pontos de interesse geológicos que se enquadrem e enriqueçam este trilho.

O Trilho dos Moinhos atravessa as freguesias de Parada e Vascões onde dá a conhecer o património arqueológico, etnográfico e paisagístico deste território. Este é um percurso de Pequena Rota integrado na Rede Municipal de Percursos Pedestres do Concelho de Paredes de .

A Paisagem Protegida do Corno de Bico, foi reconhecida legalmente em setembro de 1999, considerando que a área constitui um repositório de vegetação natural de valores naturais e culturais que importa preservar numa lógica de conservação da Natureza e desenvolvimento sustentável.

No que se refere à flora existe uma mancha carvalhal, para além de outras espécies, mas onde também ocorrem numerosas espécies de inquestionável valor botânico a nível regional e nacional. Em relação à fauna, em associação com os recursos florísticos, ocorrem diversas espécies de reconhecido valor. Para além de aspetos de fauna e flora, a área do Corno de Bico apresenta aspetos ligados à geomorfologia que, em interligação com a vegetação, proporcionam paisagens de grande beleza natural. Nesta área também existe um importante património cultural, em que se destacam estações dolménicas, mamoas, castros e vestígios de presença romana. Verifica-se na área uma harmoniosa e equilibrada interação entre o natural e o humanizado que importa otimizar.

A vontade demonstrada pelas populações e a autarquia de Paredes de Coura levou, então, à criação da Paisagem Protegida do Corno de Bico, como área protegida de âmbito regional (Decreto Regulamentar n.o 21/99 de 20 de Setembro, Ministério do Ambiente , 1999).

Para além do estatuto de Paisagem Protegida, esta região está, quase na sua totalidade, incluída na Lista Nacional de Sítios de Importância Comunitária - Rede Natura 2000, ao abrigo da Diretiva Habitats, por ser uma zona de conservação de uma variedade de habitats e espécies ameaçados a nível europeu. FCUP 2 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

O geoturismo é um segmento do turismo que dinamiza a visita e a descoberta de áreas com aspetos geológicos e geomorfológicos particulares, contribuindo assim, para a proteção e preservação de determinado Património. É à volta do Património Geológico que se desenvolvem várias estratégias que produzem estratégias de geoturismo. No entanto, não nos podemos esquecer de todas as características do património geológico nem de todas as suas circunstâncias inerentes à sua conservação, pois consoante estas características será ditado o tipo de atividade que poderá ser desenvolvida. Com isto vem a legislação, que não só vai proteger como condicionar a sua potencialidade de uso (Rodrigues, 2009).

FCUP 3 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

2. Objetivos

Na Paisagem Protegida do Corno de Bico foram estabelecidos um conjunto de percursos pedestres, entre os quais se destaca o Trilho do Moinhos, que como o nome indica, permite a observação de importante património arqueológico e etnográfico. A necessidade de complementar este percurso com informação geológica, nomeadamente com a caracterização de pontos de interesse geológico, geomorfológico e de património geomineiro, conduziu à realização deste estudo. Estes pontos de interesse geológico, podem assim, potencializar e dinamizar ainda mais o geoturismo da região, que passa assim a ser valorizado por um interesse científico e didático.

Outro objetivo é completar e desenvolver a informação geológica no website oficial da Paisagem Protegida do Corno de Bico, uma vez que este tipo de informação é praticamente inexistente no website oficial.

Assim, os objetivos deste trabalho são: (i) o reconhecimento de pontos de interesse geológico no Trilho dos Moinhos; (ii) para cada um desses pontos de interesse, fazer uma caracterização do ponto de vista de observação de campo, estudo da litologia e das macroestruturas, complementado pelo estudo petrográfico; (iii) fazer uma síntese da informação geológica relativa a cada ponto de interesse; (iv) desenvolver conteúdos que possam ser adicionados ao website oficial da Paisagem Protegida do Corno de Bico que enriqueçam o percurso e que também permitam a visita virtual.

FCUP 4 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

3. Enquadramento Geográfico

A área em estudo localiza-se no distrito de no concelho de Paredes de Coura. O município de Paredes de Coura, no centro do distrito de Viana do Castelo, em pleno é constituído por 16 freguesias onde a Natureza se encontra conservada pela Homem com uma variedade de paisagens. A 883 metros de altitude, no ponto mais alto do concelho, situa-se o Corno de Bico, na área da paisagem protegida com mesmo nome (Fig. 1).

Figura 1. Enquadramento geográfico da Paisagem Protegida do Corno de Bico; mapa do Google Earth.

Existem seis percursos pedestres definidos pelo município de Paredes de Coura e bem sinalizados, nos quais está incluída a passagem pela área da Paisagem Protegida do Corno de Bico: o Trilho do Corno do Bico, Trilho Megalítico de Vascões, Trilho dos Miradouros, Trilho Alto dos Morrões, Trilho da Varanda do Coura e o Trilho dos Moinhos. Este último localiza-se a norte da área protegida, sendo nesta área que se vai focar este estudo. O Trilho dos Moinhos é um pequeno percurso circular com cerca de 8 km, num âmbito paisagístico e cultural, e tem como cota mais alta a Colonia Agrícola de Chã de Lamas a 590 metros, onde se localiza o ponto de partida deste percurso (Fig. 2). FCUP 5 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 2. Trilho dos Moinhos; mapa do Google Earth.

A Colonia Agrícola de Chã de Lamas resulta dos trabalhos de arroteamento de solos florestais onde foram instalados campos para o cultivo de batata e de milho na década de 40 do século XX durante o Estado Novo, tendo, neste período, constituído um empreendimento importante para a fixação da população rural. É também em Chã de Lamas que se localiza o CEIA - Centro de Educação e Interpretação Ambiental da Paisagem Protegida do Corno de Bico. Este centro oferece várias atividades de educação ambiental e um conjunto de informação que permite ao visitante individual organizar a sua visita à área protegida. A estrutura resulta de uma remodelação dos edifícios da antiga colónia agrícola. A “casa do professor” é hoje o centro de acolhimento e a escola primária foi transformada em cozinha e cantina. Foi ainda construído o Centro de Recursos de Educação Ambiental. O CEIA inclui áreas destinadas à investigação e à divulgação dos recursos naturais da Paisagem Protegida do Corno de Bico, designadamente ateliês, sala de exposições, auditório, laboratório, entre outros equipamentos.

FCUP 6 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

4. Áreas Protegidas

A Rede Nacional de Áreas Protegidas, abreviadamente designada por RNAP, é constituída pelas áreas protegidas classificadas ao abrigo do decreto-lei e dos respetivos diplomas regionais de classificação (DL nº 142/2008 de 24 de julho).

Devem ser classificadas como áreas protegidas as áreas terrestres e aquáticas interiores e as áreas marinhas em que a biodiversidade ou outras ocorrências naturais apresentem, pela sua raridade, valor científico, ecológico, social ou cénico, uma relevância especial que exija medidas específicas de conservação e gestão, em ordem a promover a gestão racional dos recursos naturais e a valorização do património natural e cultural, regulamentando as intervenções artificiais suscetíveis de as degradar. A classificação de áreas protegidas pode abranger o domínio público e o domínio privado do Estado, a zona económica exclusiva e, em geral, quaisquer bens imóveis.

As áreas protegidas podem ter âmbito nacional, regional ou local, consoante os interesses que procuram salvaguardar. No caso da Paisagem Protegida do Corno de Bico é âmbito regional, pelo que compete às comunidades intermunicipais, às associações de municípios ou aos respetivos municípios a gestão das áreas protegidas (Decretos-Leis n.os 264/79, de 1 de Agosto, e 19/93, de 23 de Janeiro, 2008).

Uma paisagem protegida é uma área que contenha paisagens resultantes da interação harmoniosa do ser humano e da natureza, e que evidenciem grande valor estético, ecológico ou cultural. A classificação de uma paisagem protegida visa a proteção dos valores naturais e culturais existentes, realçando a identidade local, e a adoção de medidas compatíveis com os objetivos da sua classificação, designadamente:

a) A conservação dos elementos da biodiversidade num contexto da valorização da paisagem; b) A manutenção ou recuperação dos padrões da paisagem e dos processos ecológicos que lhe estão subjacentes, promovendo as práticas tradicionais de uso do solo, os métodos de construção e as manifestações sociais e culturais; c) O fomento das iniciativas que beneficiem a geração de benefícios para as comunidades locais, a partir de produtos ou da prestação de serviços (Decretos-Leis n.os 264/79, de 1 de Agosto, e 19/93, de 23 de Janeiro, 2008). FCUP 7 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

5. Enquadramento Geológico

A área de estudo localiza-se na Zona Centro Ibérica, subzona da Galiza Média Trás-os-Montes, uma das zonas da unidade hercínica da Península Ibérica com características paleogeográficas, tectónicas, metamórficas e plutónicas específicas (Fig. 3).

Figura 3. Zonas paleogeográficas e tectónicas do Maciço Hespérico (adaptado da Carta Tectónica da Península Ibérica, segundo Ribeiro et al., 1979).

A Paisagem Protegida do Corno de Bico abrange duas Cartas Geológicas na escala 1:50000, a folha 1-C () e a folha 1-D () (Fig. 4 e Fig. 5).

Na área da Paisagem Protegida do Corno de Bico as litologias presentes são granitóides biotíticos tardi-tectónicos, relativamente à fase D3, que incluem granodioritos e granitos porfiróides, essencialmente biotíticos. Para além disso estão também presentes xistos pelíticos com intercalações de quartzitos e liditos de idade silúrica. Associados aos xistos pelíticos estão presentes filões de quartzo e filões de aplitos e pegmatitos. FCUP 8 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Dentro da mancha de granitoides tardi-tectónicos da folha 1-D da Carta Geológica de Portugal à escala 1:50000 destaca-se um granito biotítico porfiróide de grão grosseiro designado por Granito de Paredes de Coura. Associado a este granito há uma pequena mancha de granodioritos porfiroides de grão médio, designados por granodioritos da Boalhosa.

Na mancha de xistos pelíticos existiu a concessão mineira de Lamas, testemunho da existência de mineralização associada a rochas filonianas e que foi objeto de exploração mineira nos anos 40 do século XX. Nesta exploração extraia-se, sobretudo, o estanho e o volfrâmio. Atualmente e com carácter pontual, observam-se pequenas áreas de exploração temporária de saibro (Beja et al., 2008).

Figura 4. Paisagem Protegida do Corno do Bico abrangida pelas Cartas Geológicas 1:50 000, folhas 1-C e 1-D. FCUP 9 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

1-C 1-D

Figura 5. Excertos das legendas das folhas 1-C e 1-D da Carta Geológica de Portugal à escala 1:50 000.

O Trilho dos Moinhos atravessa dois tipos de litologias diferentes (Fig. 6). Começando de este para oeste o trilho tem início na mancha de xistos pelíticos, o FCUP 10 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico designado afloramento de S. Martinho de Vascões, com uma orientação regional NW- SE.

Figura 6. Trilho dos Moinhos nas folhas 1- C e 1-D da Carta Geológica de Portugal; à escala 1:50 000.

Nesta mancha de xisto, assinalam-se intercalações de bancadas de liditos, quase sempre pouco espessas. Estas são rochas de grão muito fino, negras, constituídas essencialmente por grãos de quartzo e grande quantidade de matéria orgânica. Por vezes as bancadas mostram um bandado devido ao aparecimento de níveis de quartzitos de cor clara.

As bancadas de liditos são sempre pouco espessas, variando desde alguns centímetros até à dezena de metros e ocorrem frequentemente em camadas lenticulares interestratificadas nos xistos. As bancadas de liditos revelaram duas orientações principais, uma N-S inclinada 50º a 60º para oeste e outra N15-20ºW inclinada 50º a 60º para sudoeste.

Também é possível encontrar quartzitos sericíticos que evidenciam dobramentos de plano axial vertical e eixo ligeiramente inclinado para norte, apresentam-se compactos e de cor clara (Moreira & Simões, 1988). FCUP 11 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Nesta mesma mancha também se encontram filões de aplito, pegmatito e quartzo.

A parte intermédia e oeste do trilho atravessa a segunda litologia, o granito porfiroide de grão grosseiro essencialmente biotítico, o designado granito de Paredes de Coura. Este granito é de cor cinzenta, por vezes azulado quando são, com numerosos megacristais de feldspato branco de dimensões variáveis que podem atingir 7 cm, segundo o eixo maior, estando em certos locais orientados e alguns também são zonados. A instalação deste granito foi acompanhada, ou precedida, pela intrusão de rochas mais básicas como granodioritos, quartzodioritos e microdioritos que afloram na área sob a forma de encraves (Moreira, 1988). O granito de Paredes de Coura, para além dos encraves de rochas básicas, por vezes também apresenta encraves xistentos.

O granito de Paredes de Coura é bastante uniforme na textura e na composição. No entanto, há áreas da mancha granítica em que os megacristais de feldspato são mais raros, ou até inexistentes (Teixeira, 1961).

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6. Metodologia

A metodologia de trabalho a utilizar neste estudo inclui Sistema de Informação Geográfica (SIG), trabalho de campo, estudo petrográfico e consulta bibliográfica e documental.

6.1. Sistema de Informação Geográfica

Os mapas são fundamentais neste trabalho, pois permite-nos visualizar, questionar, analisar e interpretar dados para compreender relações, padrões e tendências. Assim, foram elaborados vários mapas com recurso aos softwares ArcGIS e Google Earth Pro.

Tendo em conta os objetivos do geoturismo esta é uma forma mais interativa e ideal de apresentar informação.

6.2. Trabalho de Campo

O trabalho de campo constitui a base de trabalho fundamental para o conhecimento da área em estudo e das suas características geológicas para a perceção das potencialidades de interesse geológico da região e do Trilho dos Moinhos.

Numa primeira saída de campo de reconhecimento realizada em outubro de 2017, foram observados diversos afloramentos rochosos na área este do trilho (Tabela 1), perto da aldeia agrícola de Chã de Lamas. É nesta zona que se encontra a única mancha de xisto aflorante na Paisagem Protegida do Corno de Bico (Fig. 7). FCUP 13 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

A B Figura 7. A)-Localização dos pontos de paragem onde foram feitas observações e colhidas amostras na folha 1-D da Carta Geológica de Portugal; à escala 1:50 000. B)-Localização dos pontos de paragem onde foram feitas observações e colhidas amostras; mapa do Google Earth.

Na primeira paragem foram observadas bancadas de liditos concordantes com as de quartzitos, com orientação N140; 20W, ambas apresentando sinais de intensa deformação. Nas bancadas de liditos e quartzitos foi observada intensa turmalinização assim como a existência de um mineral verde, posteriormente identificado como roscoelite (Fig. 8 e Fig. 9).

Figura 8. Liditos com intercalações de quartzitos; são observados cristais de turmalina e roscoelite (círculos amarelos).

FCUP 14 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 9. Veio de roscoelite (mineral de cor verde).

Num outro afloramento, para alem das bancadas de quartzitos concordantes com os liditos, foram observadas dobras deitadas de plano axial horizontal (Fig. 10), (Fig. 11). A intensa turmalinização também estava presente neste afloramento (Fig. 12), mas concentrada em veios nos quartzitos e dispersa nos liditos. Por vezes a turmalina apresenta-se boudinada no seio dos liditos (Fig. 13). O mineral de roscoelite estava presente ao longo da bancada de liditos. Neste afloramento também foi observado uma lentícula de material aplito-pegmatito (Fig. 14). Todo afloramento se apresenta bastante fraturado (Fig. 15). FCUP 15 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 10. Liditos com bancada quartzitica dobrado.

Figura 11. Dobras deitadas e diaclases em liditos.

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Figura 12. Quartzitos com intensa turmalinização.

Figura 13. Boudins de turmalina.

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Figura 14. Lentícula de material aplito-pegmatito no xisto.

Figura 15. Diaclases.

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Numa outra paragem foi observado um afloramento de pegmatito estéril rico em granada e com grandes cristais de feldspato (Fig. 16).

Figura 16. Pegmatito estéril com granada e megacristais de feldspato.

Durante o trabalho de reconhecimento de campo foram encontradas algumas galerias mineiras junto ao trilho, galerias essas que deviam ser as utilizadas nas explorações mineiras de estanho e volfrâmio que existia em Chã Lamas durante o período da Segunda Guerra Mundial. Outro aspeto não menos importante é a presença de ruínas que parecem ser estações de tratamento de minério destas antigas explorações, esta também junto ao Trilho dos Moinhos.

Refira-se que durante esta saída de campo não foram observados os filões de quartzo que estão cartografados na folha 1-D (Arcos de Valdevez) da Carta Geológica 1:50000. Provavelmente seriam estes filões de quartzo que estariam mineralizados com volframite e que teriam sido explorados durante a Segunda Guerra Mundial. A explicação possível para a inexistência de afloramentos destes filões reside provavelmente, segundo habitantes locais na necessidade de aplanamento do terreno para a prática agrícola e mais tarde para o plantio de eucaliptais.

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Na tabela 1 apresenta-se uma síntese das características observadas nos afloramentos das diferentes estações realizadas.

Tabela 1. Tabela de afloramentos rochosos.

ORIENTAÇÃO DAS ESTAÇÕES LITOLOGIA BANCADAS FALHAS/DIACLASES OBSERVAÇÕES Bancadas de liditos concordantes com as de quartzitos, ambas deformadas. Turmalina. 1 Liditos/Quartzitos N140/20W Roscoelite disseminada. Liditos dobrados, dobras deitadas. Bancadas de liditos concordantes com as bancadas de quartzitos. Turmalina nos quartzitos. Turmalina orientada nos liditos e nos quartzitos dispersa. Boudins de turmalina. N135/15W; N140/sub. vert.; Roscoelite orientado N30/sub. Vert. Lenticula 2 Liditos/Quartzitos N40/sub. vert. de material igneo. Pegmatito estéril, com granadas, feldspatos, micas. Lineação das granadas e grandes 3 Pegmatitos cristais de feldspatos. 4 Granito Granito biotitico porfiroide de grão grosseiro. 6.3. Petrografia

Com vista à realização de estudos petrográficos, foram recolhidas algumas amostras, durante a saída de campo realizada em outubro de 2017. Na tabela 2 figuram o número de lâminas realizadas e uma descrição macroscópica das litologias amostradas.

Tabela 2. Tabela de amostras recolhidas e descrição macroscópica das litologias.

Numeração das Amostra Lâminas Descrição da Amostra Delgadas

1 1 Dobra em liditos

2 2 Contacto liditos/quartzitos

3 3 Mineral de cor verde

4 4 Contacto lidito/greisen

5 5 Quartzito com turmalina

6 6 Contacto liditos/quartzitos

7 7 Pegmatito com granadas

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A localização dos pontos de amostragem está representada no mapa da figura 17.

Figura 17. Localização das amostras; mapa do Google Earth.

Estas sete amostras foram posteriormente cortadas e preparadas para a execução de lâminas delgadas nos laboratórios e equipamentos do Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território (DGAOT) da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

O estudo petrográfico foi realizado nas sete lâminas delgadas com o objetivo de caracterizar as diferentes litologias presentes nas lâminas delgadas sendo elas: lidito, quartzito, greisen, quartzito com turmalina, pegmatito com granadas e identificação de um mineral de cor verde. Para além disso foi feita uma lâmina delgada dum aspeto particular para identificação de um mineral.

O microscópio petrográfico usado nos estudos petrográficos é da marca Leica DM2500P, e as microfotografias foram obtidas com o apoio do software Leica Aplication Suite 4.7. (LAS v4.7.). A análise petrográfica também foi realizada com a lupa binocular da gama Leica M205C. A câmara utilizada, da gama Leica DFC 295, era acoplada ao microscópio ou à lupa binocular, para obtenção das microfotografias.

A petrografia teve como objetivo a caracterização textural das amostras e a identificação dos minerais com base nas suas propriedades óticas. FCUP 21 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Todas as abreviações de minerais usados ao longo deste trabalho são recomendadas pela subcomissão Systematics of Metamorphic Rocks (SCMR) pertencente à comissão The International Union of Geological Sciences (IUGS).

Os estudos petrográficos também foram uma oportunidade de aprendizagem para mim, uma vez que no início deste trabalho não possuía qualquer tipo de bases sobre análise petrográfica. Todavia, tive a oportunidade de assistir a aulas de Mineralogia Ótica, unidade curricular de primeiro ano de Licenciatura de Geologia, que me forneceram bases para fazer este estudo petrográfico e assim enriquecer as minhas competências.

6.4. Consulta Bibliográfica e Documental

Para este estudo, para além da pesquisa bibliográfica fundamental para a base de qualquer trabalho de investigação e da consulta cartográfica, foi necessária a consulta de planos de ordenamento e relatórios de antigas concessões mineira locais, documentos esses disponíveis na autarquia e na Direção Geral de Energia e Geologia da zona norte.

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7. Resultados

Neste capítulo estão apresentados os resultados da caracterização petrográfica das sete lâminas delgadas referidas anteriormente.

7.1. Caracterização petrográfica

A caracterização petrográfica, como foi referido anteriormente, foi realizada tendo em conta as diferentes litologias presentes nas amostras, com o objetivo da caracterização e identificação da mineralogia.

7.1.1. Liditos

Os liditos apresentam uma textura granoblástica de grão muito fino, equigranular e sem orientação.

A associação mineralógica presente é constituída por quartzo, biotite, moscovite, zircão e turmalina.

O quartzo é essencialmente anédrico e apresenta junções intergranulares de bordos irregulares (Fig. 18). São visíveis vários grãos de quartzo que apresentam um crescimento mais tardio, o que sugere serem de natureza hidrotermal. A maioria dos grãos de quartzo apresenta extinção ondulante e abundantes inclusões de biotite, matéria orgânica e raramente inclusões de zircão e turmalina.

A matéria orgânica é abundante, sendo sempre observável quando analisamos esta litologia em lâmina delgada (Fig. 19).

Os cristais de moscovite possuem tendência subédrica e com bordos irregulares. É também observável a biotite em continuidade com a moscovite (Fig. 20). A moscovite apresentam por vezes inclusões de matéria orgânica.

A biotite pode ser incipiente e possui uma tendência anédrica, com bordos irregulares. Muitas das vezes esta encontra-se a preencher espaços intergranulares em FCUP 23 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico cristais alongados, sugerindo ser um mineral mais tardio com origem hidrotermal (Fig. 21). A biotite apresenta por vezes inclusões de matéria orgânica.

Figura 18. Microfotografia em NX: Bt- biotite, Ms- moscovite e Qtz- quartzo. Aspeto geral dos grãos de quartzo nos liditos.

Figura 19. Microfotografia em N//: Bt- biotite, Matéria orgânica, Ms- moscovite e Qtz- quartzo. Grande abundância de matéria orgânica nos liditos. FCUP 24 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 20. Microfotografia em NX: Bt- biotite, Ms- moscovite e Qtz- quartzo. Biotite em continuidade com a moscovite.

Figura 21. Microfotografia em N//: Bt- biotite, matéria orgânica, Ms- moscovite e Qtz- quartzo. Biotite a preencher espaços intergranulares em cristais alongados.

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7.1.2. Quartzitos

Os quartzitos apresentam uma textura granoblástica nas zonas mais quartzosas com grão muito fino e equigranular. Nas zonas micáceas apresenta uma textura lepidoblástica.

A associação mineralógica presente é constituída por quartzo, biotite, mica branca, silimanite, zircão e turmalina.

O quartzo é essencialmente anédrico e apresenta junções intergranulares de bordos irregulares (Fig. 22). Os grãos de quartzo são consideravelmente maiores que a litologia anterior. Nestes quartzitos, contrariamente aos liditos, a matéria orgânica está ausente. Podemos dizer que os quartzitos, tal como os liditos também sofreram hidrotermalismo, pois os grãos de quartzo aparentam ter um crescimento mais tardio, possuindo estes quartzos hidrotermais grande dimensão. Os grãos de quartzo apresentam extinção ondulante e subgranulação. Estes também podem ter inclusões de mica branca e raramente inclusões de zircão, turmalina e matéria orgânica.

A biotite pode ser incipiente e encontra-se muitas vezes em continuidade com a mica branca e por vezes a preencher espaços entre os grãos de quartzo.

A mica branca apresentam-se em abundância nesta litologia. Na maioria das vezes encontram-se a envolver os grãos de quartzo (Fig. 22), não apresentando qualquer tipo de orientação. Estas micas brancas têm uma origem hidrotermal devido ao crescimento fibrorradiado que apresentam, sendo assim minerais mais tardios (Fig. 23). Muitas das vezes estas micas brancas têm inclusões de silimanite em forma de fibrolite (Fig. 24) e raramente inclusões de matéria orgânica. No contacto entre os liditos e os quartzitos observa-se, na maior parte das vezes, bandas de mica branca e biotite a separar as duas litologias (Fig. 25). FCUP 26 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 22. Microfotografia em NX: Qtz- quartzo e Wmca- mica branca. Micas brancas a envolver o grão de quartzo.

Figura 23. Microfotografia em NX: Qtz- quartzo e Wmca- mica branca. Grãos de quartzo com inclusões de mica branca com um crescimento fibrorradiado. FCUP 27 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 24. Microfotografia N//: Inclusões de silimanite (fibrolite) nas micas brancas que envolvem os grãos de quartzo; biotite em continuidade com as micas brancas.

Figura 25. Microfotografia NX: Matéria orgânica, Qtz- quartzo e Wmca- mica branca. Contacto entre os liditos e os quartzitos separados por micas brancas.

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7.1.3. Identificação de mineral de cor verde

Foi realizada uma lâmina delgada para identificação de mineral que apresentava cor verde à vista desarmada.

Em nicóis paralelos é transparente (Fig. 26) e em nicóis cruzados apresenta diferentes cores de polarização que variam entre azuis, rosa e castanhos (Fig. 27 e Fig. 28).

A observação ao microscópio juntamente com a análise química por Fluorescência de raios-X, com o equipamento da marca Oxford- Instruments, que indicou uma composição de 9,3% de K, 0,79% de Fe, 0,29% de V e 0,09% de Ca, permitiu a identificação deste mineral como roscoelite. Mindat (https://www.mindat.org/min-3449.html): mica branca com vanádio na composição química.

3+ Fórmula da roscoelite: K (V , Al, Mg)2 Al Si3 O10 (OH)2

Figura 26. Microfotografia N//: roscoelite.

FCUP 29 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 27. Microfotografia em NX: roscoelite.

Figura 28. Microfotografia em NX: roscoelite.

FCUP 30 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

7.1.4. Greisen

O greisen apresenta uma textura lepidogranoblástica com os grãos de quartzo com grão muito fino e equigranular. As zonas micáceas exibem um aspeto fibrorradiado sem orientação.

A associação mineralógica presente é constituída por quartzo, biotite, micas brancas, silimanite, apatite e zircão.

O quartzo apresentam-se poligonado, o que indica que se formaram a altas temperaturas, e também com estabilidade estrutural apresentando pontos triplos entre os grãos. Também se observa quartzo com os bordos mais arredondados e com maiores dimensões que os anteriores, sugerindo crescimento mais tardio, e origem hidrotermal. Os grãos de quartzo apresentam extinção ondulante e abundantes inclusões de mica branca e biotite. Raramente existe inclusões de zircão e apatite nos minerais de quartzo (Fig. 29).

A mica branca é abundante e envolve os grãos de quartzo, não apresentando qualquer tipo de orientação. Estas micas brancas têm uma origem hidrotermal devido ao crescimento fibrorradiado que apresentam (Fig. 30). As micas brancas têm inclusões de silimanite, variedade fibrolite.

A biotite encontra-se muitas vezes em continuidade com a mica branca e por vezes a preencher espaços entre os grãos de quartzo. Existem, também, biotite de grandes dimensões, quando comparadas com os restantes minerais desta litologia. FCUP 31 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 29. Microfotografia em NX: Ap- apatite, Bt- biotite, Qtz- quartzo e Wmca- mica branca. Quartzo poligonado com pontos triplos entre grãos de quartzo; mica branca com crescimento fibrorradiado e biotite em continuidade com as micas brancas; qrãos de quartzo com inclusões

Figura 30. Microfotografia em NX: Bt- biotite, Qtz- quartzo e Wmca- mica branca. Micas brancas a envolver os grãos de quartzo e com inclusões de silimanite (fibrolite).

FCUP 32 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

7.1.5. Quartzito com turmalina

Os quartzitos com turmalina apresentam uma textura granoblástica de grão muito fino e equigranular destacando-se os minerais de turmalina de hábito prismático dos restantes, pois estes apresentam maiores dimensões que os restantes minerais. Para além da grande presença de turmalina nestes quartzitos, outra diferença em relação aos quartzitos anteriores, é a ausência de mica branca.

A associação mineralógica presente é constituída por quartzo, biotite, moscovite e turmalina.

O quartzo é essencialmente anédrica e apresentam junções intergranulares de bordos irregulares (Fig. 31) e apresentam também origem hidrotermal. Os grãos de quartzo apresentam extinção ondulante e subgranulação. Estes também têm abundantes inclusões de moscovite e biotite. Raramente apresentam inclusões de zircão e matéria orgânica.

A biotite pode ser incipiente e encontra-se muitas vezes em continuidade com a moscovite. Muitas das vezes ela encontra-se a preencher espaços intergranulares em cristais alongados (Fig. 32).

Os cristais de moscovite possuem tendência subédrica e com bordos irregulares.

A turmalina apresenta hábito prismático, sem orientação preferencial e é muito abundante. Apresenta-se frequentemente fraturada e com inclusões de biotite, moscovite e quartzo (Fig. 33). FCUP 33 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 31. Microfotografia em NX: Bt- biotite, Ms- moscovite, Qtz- quartzo e Tur- turmalina. Aspeto geral dos grãos de quartzo.

Figura 32. Microfotografia N//: Bt- biotite, Qtz- quartzo e Tur- turmalina. Biotite a preencher espaços intergranulares em cristais alongados. FCUP 34 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 33. Microfotografia em NX: Ms- moscovite, Qtz- quartzo e Tur- turmalina. Turmalina prismática, fratura e com inclusões de quartzo, biotite e moscovite.

7.1.6. Pegmatito com Granada

O pegmatito com granada apresentam uma textura ígnea de grão médio e inequigranular destacando-se a presença abundante de granada.

A associação mineralógica presente é constituída por quartzo, plagióclase, ortóclase, feldspato pertitico, silimanite, mica branca, biotite e granada.

A plagioclase é subédrica com bordos irregulares e são do tipo albítica. Estas também podem ter inclusões de mica branca e biotite (Fig. 34). A ortoclase é subédrica com bordos regulares e são menos frequentes que as plagióclases (Fig. 35). As pertites, exsoluções de plagióclases sódicas no feldspato potássico, apresentam grandes dimensões em relação aos restantes minerais. São geralmente subédricas com bordos irregulares (Fig.35).

O quartzo é anédrico de bordos irregulares e apresenta extinção ondulante (Fig. 36). Este pode ter inclusões de mica branca e biotite.

A granada pode ser euédrica, subédrica ou anédrica. O mineral geralmente tem grandes dimensões e encontram-se bastante alterados com fraturas, bordos irregulares e inclusões de mica branca, biotite e quartzo (Fig. 36 e Fig. 37).

A biotite encontra-se em continuidade com as micas brancas. Muitas das vezes a preencher espaços intergranulares em cristais alongados (Fig. 37). FCUP 35 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

A mica branca não é abundante como nas litologias anteriores e apresentam inclusões de silimanite sob a forma de fibrolite (Fig. 38).

Figura 34. Microfotografia em NX: Pertite, Pl- plagióclase sódica, Qtz- quartzo e Wmca- mica branca. Albite com maclas polissintética. Mica branca com inclusões de silimanite (fibrolite).

Figura 35. Microfotografia em NX: Or- ortóclase e pertite. Ortoclase subédrica com macla de Carlsbad e pertite. FCUP 36 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 36. Microfotografia em NX: Grt- granada e Qtz- quartzo. Granada euédrica com inclusões.

Figura 37. Microfotografia N//: Bt- biotite, Grt- granada, Qtz- quartzo e Wmca- mica branca. Granada subédrica de bordos irregulares, fraturada, e de grandes dimensões com inclusões de quartzo, mica branca e biotite.

FCUP 37 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 38. Microfotografia em NX: Bt- biotite, Grt- granada, Qtz- quartzo e Wmca- mica branca. Granada subédrica de bordos irregulares, fraturada, de grandes dimensões com inclusões de quartzo, mica branca e biotite. Mica branca com inclusões de silimanite (fibrolite).

7.2. Síntese da caracterização petrográfica

As características descritas para as amostras das diferentes litologias permitem, em síntese, as seguintes considerações:

• Os grãos de quatzo, quer nos liditos, quer nos quartzitos, apresentam extinção ondulante e crescimento tardio, devido à alteração hidrotermal a que estas litologias foram sujeitas. • A alteração hidrotermal pode ser responsável pela abundância de mica branca e turmalina presente nos quartzitos. • As micas brancas, geralmente apresentam inclusões de silimanite. • Os quartzitos com turmalina não apresentam micas brancas com um crescimento fibrorradiado, como é comum nos quartzitos sem turmalina. • A biotite encontra-se, maior parte das vezes, em continuidade com as micas brancas em todas as litologias. • Foi identificado o mineral roscoelite com base nas características macroscópicas, microscópicas e químicas.

FCUP 38 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

8.Concessões Mineiras de Vascões

Neste capítulo apresenta-se a síntese documental realizada a partir da consulta bibliográfica no Arquivo de Minas do Norte de Portugal (AMNP) - Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG).

8.1. Síntese documental

No Arquivo de Minas do Norte de Portugal (AMNP) - Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) estão referidas quatro explorações mineiras que seguidamente passo a descrever.

As 4 áreas das concessões mineiras de Vascões pertenciam à Empresa Mineira de Vascões, Lda e localizam-se na área mais a nordeste da paisagem protegida, sendo que algumas dessas áreas são atravessadas pelo Trilho dos Moinhos, tornando-se, assim, pontos de interesse de património geomineiro que podem complementar, potencializar e dinamizar o geoturismo em relação a este trilho pedestre (Fig. 39).

Figura 39. Áreas das Concessões Mineiras de Vascões nas folhas 1- C e 1-D da Carta Geológica de Portugal; à escala 1: 50 000. FCUP 39 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

8.1.1. Mina da “Cova da Raposa”

Esta Mina é de volfrâmio e está identificada com o Nº2211. Localiza-se em Paredes de Coura a nordeste da povoação de S. Martinho de Vascões e acede-se a esta por um caminho de carro ligado à Estrada Nacional 303.

Todos os produtos extraídos podiam ser transportados a partir de Caminha utilizando o caminho de ferro ou estradas que ligavam Caminha – Viana do Castelo – Porto.

A mina fica situada numa mancha de xistos arcaicos no distrito de Viana do Castelo. Nestes xistos atravessam alguns filões quartzosos mineralizados com volframite e tinham, em média, uma possança de 15 centímetros, com inclinações de 30º para Este e direções sensivelmente paralelas a Norte-Sul.

O jazigo é constituído por vários filões quartzosos mineralizados com volframite e cassiterite e estão encaixados na mancha de xistos luzentes, que se estendem de Braga para Norte em direção a Valença. A mineralização apresenta-se de modo geral distribuída em bolsadas e alternadas com zonas estéreis. Contudo, existia em média 2,0 kg de volframite e cassiterite por tonelada de filão desmontado. Os filões por vezes não estão mineralização e apresentam possanças variáveis.

Para o aproveitamento dos vários filões, o ataque ao jazigo era sempre feito onde a topografia do terreno permitia, por meio de galerias e por poços verticais de extração. Segundo o Plano de Lavra as galerias eram distanciadas 20 metros umas das outras. Estas eram ligadas entre si e também ligadas à superfície por meio de chaminés de ventilação espaçadas de 50 em 50 metros. Estes maciços eram desmontados pelo método das “talas ascendentes” e seguido de enchimento (Fig. 40 e Fig. 41).

Atendendo à pequena possança dos filões, o material estéril desmontado eram mais do que suficientes para enchimento das galerias, tendo ainda que transportar para o exterior o material que sobrava. Quanto às entivações, a rocha encaixante (xisto) apresentava-se bastante dura, havendo, assim, pouca necessidade de as empregar, no entanto, a direção técnica previa a sua utilização sempre que fosse necessária.

Dentro das minas o transporte de produtos era feito com recurso a carros de mão e por vezes vagonetes assentes em vias Décauville. Numa fase inicial era utilizado material de perfuração manual e mais tarde logo que os trabalhos tomassem um relativo FCUP 40 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico desenvolvimento eram instalados grupos de moto-compressores para alimentar alguns martelos perfuradores com os respetivos acessórios de tubarias de mangueiras. Por vezes podiam ser usado explosivos para ajudar no desmonte.

Nesta área mineira constam numerosas sanjas ao longo dos filões, galerias e um poço vertical.

Para além dos trabalhos de lavra, a concessionária construiu uma lavaria manual e casas para instalação de escritórios, armazém, habitação pessoal e cantina. Havia também um barracão de madeira para armazém e uma pequena oficina/forja para aguçar e reparar ferramentas.

Figura 40. Planta Topográfica com os Cortes do Plano de Lavra da Mina de Volfrâmio de “Cova da Raposa” à escala 1:1 000.

FCUP 41 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 41. Planta do Plano de Lavra da Mina de Volfrâmio de “Cova da Raposa” à escala 1:1 000.

A imagem que se segue é referente à planta e cortes dos trabalhos efetuados em 1943 na mina “Cova da Raposa”, sendo esta planta referente aos trabalhos que foram encontrados na área mineira após sua exploração (Fig. 42).

Figura 42. Planta Topográfica com os respetivos Cortes e Planta dos Trabalhos Efetuados em 1943 na Mina “Cova da Raposa” à escala 1:1 000.

FCUP 42 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

8.1.2. Mina da “Cova da Raposa (Lamas I)”

Esta Mina é de estanho e volfrâmio e está identificada com o Nº2292. Localiza- se na freguesia de Vascões, concelho de Paredes de Coura, distrito de Viana do Castelo e fica no lugar “Cova da Raposa” que deu nome à mina.

O terreno é acidentado, com cerca de 700 metros altitude média. Esta pequena região mineira encontra-se numa relativa depressão formada por xistos, limitada por afloramentos graníticos.

Pelo local da “Cova da Raposa” corre um ribeiro, com bastante água, até mesmo no verão.

Os terrenos são relativamente pobres e recobertos de delgada camada de terra vegetal e calhaus de quartzo. A vegetação, em grande parte, era selvagem e somente junto da ribeira e próximo das casas das minas é que se fazia a cultura de legumes e alguns cereais em pequena escala.

Quanto à geologia da região mineira é constituída por um complexo metamórfico ante-silúrico, em que predominam os xistos cinzento-escuro subluzentes, por vezes com muita turmalina colunar. Este mineral geralmente aparece junto do “Filão Grande”, que contem uma parte estruturalmente pegmatítica, e a sua ocorrência é talvez devida ao metamorfismo de contacto com aquele filão.

A tectónica local é simples, apresentando os xistos uma direção e inclinação mais ou menos constantes, respetivamente: N 25º E; 80º para NW, sendo esta também a direção geral das dobras do terreno.

Fora da região propriamente mineira, mas muito perto e talvez dentro de áreas de alguns registos aparecem os granitos de grão grosseiro, especialmente biotíticos de textura porfiroide. Por vezes encontram-se exemplares de xenólitos em que a estrutura parece microgranular, com forte predominância de elementos escuros, ferromagnesianos. Dentro desta massa xenólita também se encontram, como que xenólitos de segunda ordem, massas brancas quartzosas. Também se encontram casos de superfície de disjunção esferoidais.

O contacto das duas formações faz-se ao longo de uma série de alturas grosseiramente alinhadas em semicircunferência. A parte central do arco está voltada para Norte, quase atingindo a estrada para , um dos extremos do arco passa junto do marco geodésico “Curro de Agosto” dirigindo-se para Sul. O outro ramo FCUP 43 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico segue também para Sul, perto da “Cova da Raposa” e depois aproxima-se da linha de cumeadas duma dobra da elevação que limita a Sul a zona mineira (Fig. 43).

Quanto aos trabalhos encontram-se em muito mau estado de conservação, sendo mais produto de exploradores furtivos, do que técnicos mineiros. Nas condições encontradas na altura era impossível fazer a sua descrição. Contudo, podiam assegurar que, em especial, o “Filão Grande” foi muito trabalhado numa extensão de mais de 1 km e numa profundidade que podia atingir mais de 15 metros. As fotografias (Fig. 44, Fig. 45, Fig. 46 e Fig. 47) mostram alguns aspetos dos trabalhos, aspetos relativamente à morfologia do terreno, escombreiras e as casas das minas.

O jazigo era constituído essencialmente por uma série de filões sensivelmente paralelos, interestratificados nos xistos com possanças variáveis de 10 centímetros a cerca de 1 metro. O minério encontrava-se disseminado, mas não em toda a massa filoneana. No filão mais trabalhado, o “Filão Grande”, podem-se distinguir três tipos de enchimentos:

• Uma parte central, com cerca de 0,60 metros de possança, em que predomina o quartzo e elementos escuros, talvez ferromagnesianos. Esta parte não contem volframite ou cassiterite. • Uma parte lateral, para Oeste, com cerca de 0,20 metros de possança, composta por material pegmatítico, um pouco greisenizado. Os mineiros que trabalharam este filão garantiam que não continha, também, cassiterite ou volframite. • Uma parte lateral, para Este, essencialmente quartzosa, leitosa, em que se encontrava volframite disseminada. Não era possível colher elementos quanto à estrutura dos outros filões, por causa dos trabalhos em completa ruína. Mas numa escombreira junto do local onde houve uma lavaria era possível encontrar volframite em matriz quartzosa.

A génese do jazigo está relacionada com a intrusão do batólito granítico, que aflora próximo.

Pela descrição feita da estrutura do maior filão, parece ter havido mais que uma fase na sua formação, havendo pelo menos duas matrizes de fases nitidamente diferentes: a pegmatítica e quartzosa. Pode-se supor que numa primeira fase, que se seguiu à formação do batólito granítico, um magma residual, penetrou as fendas abertas entre faces de xistosidade, originando filões pegmatíticos. Posteriormente soluções hidrotermais mais ácidas, altamente siliciosas penetraram nas mesmas fendas, em especial para Este da formação pegmatítica. Estas soluções hidrotermais conteriam mineralizadores da volframite e cassiterite. Propriamente a parte central ficou por FCUP 44 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico esclarecer, pois esperavam receber indicações dos resultados de exame microscópicos não constando, assim, resultados nos processos.

Figura 43. Esboço Geológico da Região Mineira de Vascões.

Figura 44. Região Mineira de Vascões. Vista geral, vendo-se no fundo do vale as casas da mina, em último plano observam-se escombreiras.

FCUP 45 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 45. Região Mineira de Vascões. Vista parcial mostrando as casas das minas.

Figura 46. Região Mineira de Vascões. Veem-se algumas escombreiras e no último plano, à esquerda, os afloramentos graniticos que contornam a região estanífera.

FCUP 46 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 47. Região Mineira de Vascões. Escombreira e boca de um poço.

Por fim o Plano de Lavra da Mina de Volfrâmio e Estanho de “Cova da Raposa (Lamas I)”, onde estão desenhados os cortes e as plantas (Fig. 48 e Fig. 49).

Figura 48. Planta Topográfica com os Cortes do Plano de Lavra da Mina de Volfrâmio e Estanho de “Cova da Raposa (Lamas I)” à escala 1:1 000.

FCUP 47 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 49. Planta do Plano de Lavra da Mina de Volfrâmio e Estanho de “Cova da Raposa (Lamas I)” à escala 1:1 000.

8.1.3. Mina de “Lugar de Lamas”

Esta Mina é de estanho e volfrâmio e está identificada com o Nº2293. A mina de “Lugar de Lamas”, quase continua para Este da mina “Cova da Raposa”, fica situada na freguesia de Vascões, concelho de Paredes de Coura, distrito de Viana do Castelo.

Da área mineira até Caminha são cerca de 37 km, assim, todos os materiais extraídos podiam ser levados para Caminha que estava ligada por boas estradas e caminho de ferro com todos os centros industriais e de exportação do País.

O terreno é acidentado com uma cota média de cerca de 700 metros, é cortado por algumas linhas de água com direção aproximada de E-W.

As considerações de caracter geral, tal como a geologia, génese e morfologia do terreno são extensíveis a 3 minas de que fizeram reconhecimento e apresenta-se com maior pormenor no relatório referente à mina “Cova da Raposa (Lamas I)”.

Os terrenos da área mineira são, talvez, completamente constituídos pelo complexo metamórfico ante-silúrico, em que predominam os xistos cinzento-escuros, subluzentes, com mais ou menos turmalina colunar.

Muito próximo dessa área estão os granitos de grão grosseiro, de duas micas mas com acentuada predominância de biotite, de textura porfiroide. Por vezes aparecem xenólitos, de granularidade fina e com abundância de elementos negros, ferromagnesianos. FCUP 48 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Quanto aos trabalhos e talvez devido ao prolongado abandono da mina, não foram encontradas evidências que permitissem estudar isoladamente esta mina. Na mina “Cova da Raposa (Lamas I)”, quase continua a esta para Oeste, encontraram trabalhos visitáveis que forneceram elementos para o estudo do jazigo comum à região. Este jazigo de volframite e cassiterite de Vascões era constituído por uma série de filões paralelos, de direção N 20º E e inclinação cerca de 80º para NW.

O jazigo é hipotermal derivado de soluções hidrotermais altamente siliciosas contendo mineralizadores de volframite e em menor quantidade de cassiterite. A sua génese está ligada à intrusão do batólito granítico, de cujo magma provieram as soluções hidrotermais que penetraram e encheram as fendas nos xistos, de direção e inclinação concordante com as destes.

Resumindo a mina “Lugar de Lamas”, contida num único jazigo de volframite, e talvez cassiterite, é quase continua à mina “Cova da Raposa (Lamas I)”.

Por fim, apresenta-se o Plano de Lavra da Mina de Volfrâmio e Estanho de “Lugar de Lamas”, onde estão desenhados os cortes e as plantas (Fig. 50 e Fig. 51).

Figura 50. Planta Topográfica com os Cortes do Plano de Lavra da Mina de Volfrâmio e Estanho de “Lugar de Lamas” à escala 1:1 000.

FCUP 49 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 51. Planta do Plano de Lavra da Mina de Volfrâmio e Estanho de “Lugar de Lamas” à escala 1:1 000.

8.1.4. Mina de “Cova da Raposa (Lamas II)”

Esta Mina é de estanho e volfrâmio e está identificada com o Nº2295. A mina de “Cova da Raposa (Lamas II)”, quase continua para Oeste da mina “Cova da Raposa (Lamas I)”, fica situada na freguesia de Vascões, concelho de Paredes de Coura, distrito de Viana do Castelo.

Da área mineira até Caminha são cerca de 36 km, assim, todos os materiais extraídos podiam ser levados para Caminha que estava ligada por boas estradas e caminho de ferro com todos os centros industriais e de exportação do País.

O terreno é acidentado com uma cota média de cerca de 550 metros, é cortado por algumas linhas de água, com direção aproximada de N-S, que convergem para um ribeiro de direção E-O e que mesmo no verão leva bastante água.

As considerações de carácter geral, tal como a geologia, génese e morfologia do terreno são extensíveis a 3 minas de que fizeram reconhecimento e apresenta-se com maior pormenor no relatório referente à mina “Cova da Raposa (Lamas I)”.

Os terrenos da área demarcada são talvez completamente constituídos pelo complexo metamórfico ante-silúrico, em que predominam os xistos cinzento-escuros, subluzentes, com mais ou menos turmalina colunar.

Muito próximo dessa área afloram os granitos de grão grosseiro, de duas micas mas com acentuada predominância de biotite, de textura porfiroide. Por vezes aparecem FCUP 50 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico xenólitos, de granularidade fina e com abundância de elementos negros, ferromagnesianos.

Os trabalhos, devido ao prolongado abandono da mina, não permitiram estudar isoladamente esta mina.

Na mina “Cova da Raposa (Lamas I)”, que é quase continua a esta para Este, foram encontraram trabalhos que forneceram elementos para o estudo do jazigo comum à região. Eram da opinião de que o jazigo, constituído por uma série de filões paralelos, de direção N 20º E e inclinação cerca de 80º para NW, é abrangido pela área demarcada para a concessão “Lamas II” e que as condições metalogénicas são as mesmas.

O jazigo, como foi referido anteriormente, é hipotermal derivado de soluções hidrotermais altamente siliciosas contendo mineralizadores de volframite e em menor quantidade de cassiterite. A génese deste jazigo está ligada à intrusão do batólito granítico, de cujo magma provieram as soluções hidrotermais que penetraram e encheram as fendas nos xistos, de direção e inclinação concordante com as destes.

A mina “Cova da Raposa (Lamas II)”, contida num único jazigo de volframite, e talvez cassiterite, é quase continua à mina “Cova da Raposa (Lamas I)”.

No Plano de Lavra da Mina de Volfrâmio e Estanho de “Cova da Raposa (Lamas II)” estão desenhados os cortes e as plantas (Fig. 52 e Fig. 53). FCUP 51 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 52. Planta Topográfica com os Cortes do Plano de Lavra da Mina de Volfrâmio e Estanho de “Cova da Raposa (Lamas II)” à escala 1:1 000.

Figura 53. Planta do Plano de Lavra da Mina de Volfrâmio e Estanho de “Cova da Raposa (Lamas II)” à escala 1:1 000.

FCUP 52 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

9. Pontos de Interesse Geológico

Neste capítulo irão ser apresentados todos os conteúdos desenvolvidos, a partir da informação recolhida, estudada e tratada ao longo deste trabalho, para complementar o website oficial da paisagem protegida e também a criação de pontos de interesse geológico que ajudem a dinamizar e potenciar o geoturismo.

9.1. Pontos de Interesse Geológico na Paisagem Protegida de Corno de Bico

Como já referimos, o objetivo deste trabalho é a criação de pontos de interesse geológico, em que cada ponto será caracterizado por uma síntese da informação geológica que possam dinamizar e impulsionar o geoturismo da região e da Paisagem Protegida do Corno de Bico. Assim, também, achamos pertinente acrescentar informação geológica ao website oficial da paisagem protegida (http://www.cornodebico.pt/portal/) (Fig. 54) uma vez que este carece desse tipo de informação.

Foram, então, desenvolvidos conteúdos que podem ser adicionados ao website oficial da Paisagem Protegida do Corno de Bico que enriquecem o percurso e o próprio website, permitindo assim consultar informação geológica, cartográfica e bibliográfica.

Figura 54. Website oficial da Paisagem Protegida do Corno de Bico (http://www.cornodebico.pt/portal/).

FCUP 53 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

No website oficial da Paisagem Protegida do Corno de Bico, propomos acrescentar na secção do “Património” (Fig. 55), o Património Geológico, tendo como subtemas as diferentes litologias presentes na área da Paisagem Protegida do Corno de Bico, e o Património Geomineiro, onde serão mencionadas as quatro concessões mineiras de Vascões.

Figura 55. Website oficial da Paisagem Protegida do Corno de Bico na secção do Património (http://www.cornodebico.pt/portal/).

Na secção da “Visita Virtual” (Fig. 56), onde é apresentada informação geográfica, propomos acrescentar no mapa as manchas das diferentes litologias cartografadas na área, os diferentes pontos de interesse geológico desenvolvidos e o traçado do Trilho dos Moinhos.

Figura 56. Website oficial da Paisagem Protegida do Corno de Bico na secção da Visita Virtual (http://www.cornodebico.pt/portal/). FCUP 54 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Os pontos de interesse geológico que propomos localizados na área do Trilho dos Moinhos, são em número 10 pontos: 3 dos quais se referem a galerias mineiras, 2 a ruínas de anexos mineiros e 5 a pontos de interesse geológico. Nos pontos de interesse geológico, enquadram-se 5 afloramentos: afloramento de pegmatito com granada, afloramento de liditos, afloramento de bancadas de quartzitos com turmalina, afloramento rico em roscoelite e por último afloramento do granito de Paredes de Coura.

FCUP 55 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

9.2. Património Geológico

A Paisagem Protegida do Corno de Bico é uma região de natureza essencialmente montanhosa e de grande beleza paisagística.

Esta Paisagem Protegida localiza-se na Zona Centro Ibérica, Subzona da Galiza Média – Trás-os-Montes e nela predominam zonas graníticas, que no geral, constituem os maiores relevos. Na área nordeste da paisagem protegida é onde se encontra a mancha de xistos pelíticos de idade silúrica, o designado afloramento de S. Martinho de Vascões, com intercalações de quartzitos e liditos. Nesta mancha de xistos pelíticos estão associados alguns filões de pegmatitos e quartzo. Grande parte destes filões de quartzo foram alvo de explorações mineiras na década de 1940 durante a Segunda Guerra Mundial, pois eram mineralizados com volframite e cassiterite pelo que tinha grande valor industrial na época. A restante área da paisagem protegida, e por isso grande parte da área protegida, é ocupada pelo granito porfiroide de grão grosseiro essencialmente biotítico, o designado granito de Paredes de Coura.

Assim, a Paisagem Protegida do Corno de Bico tem como litologias os xistos pelíticos com intercalações de quartzitos e liditos, o granito de Paredes de Coura, filões de pegmatitos e filões de quartzo.

Quartzitos

Descrição geral: Os quartzitos evidenciam dobramentos de plano axial vertical e eixo ligeiramente inclinado para norte, apresentam-se compactos e de cor clara. As bancadas de quartzitos são concordantes com as de liditos e apresentam sinais de intensa deformação assim como intensa turmalinização (grande quantidade de turmalina). Devido à intrusão do batólito granítico, que aflora próximo, a mancha de xistos pelíticos de S. Martinho de Vascões sofreu hidrotermalismo, afetando tanto os quartzitos como os liditos presentes na mancha de xistos pelíticos. Isto foi possível confirmar graças aos estudos petrográficos efetuados em amostras de rocha recolhidas nos afloramentos rochosos da região (Fig. 57). FCUP 56 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 57. Quartzitos com turmalina.

Liditos

Descrição geral: Rochas de grão muito fino, negras, constituídas essencialmente por grãos de quartzo e grande quantidade de matéria orgânica. Por vezes as bancadas mostram um bandado devido ao aparecimento de níveis de quartzitos de cor clara. As bancadas de liditos são sempre pouco espessas, variando desde alguns centímetros até à dezena de metros e ocorrem frequentemente em camadas lenticulares interestratificadas nos xistos e apresentam sinais de intensa deformação. Nos afloramentos rochosos de liditos é possível encontrar turmalina e por vezes boudinada. Outro mineral muito comum nestes afloramentos é a roscoelite, um mineral verde da família das micas brancas e que contem na sua composição vanádio. Devido à intrusão do batólito granítico, que aflora próximo, a mancha de xistos pelíticos de S. Martinho de Vascões sofreu hidrotermalismo, afetando tanto os quartzitos como os liditos presentes na mancha de xistos pelíticos. Isto foi possível confirmar graças aos estudos petrográficos efetuados em amostras de rocha recolhidas nos afloramentos rochosos da região (Fig. 58 e Fig. 59). FCUP 57 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 58. Liditos.

Figura 59. Liditos com intercalações de quartzitos e roscoelite.

FCUP 58 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Granito de Paredes de Coura

Descrição geral: O granito de Paredes de Coura é tardi-tectónico. Este é porfiroide de grão grosseiro essencialmente biotítico. Apresenta cor cinzenta, por vezes azulado quando são, com numerosos megacristais de feldspato branco de dimensões variáveis que podem atingir 7 cm. A instalação deste granito foi acompanhada, ou precedida, pela intrusão de rochas mais básicas como granodioritos, quartzodioritos e microdioritos que afloram na área sob a forma de encraves. O granito de Paredes de Coura, para além dos encraves de rochas básicas, por vezes também apresenta encraves xistentos. O granito de Paredes de Coura é bastante uniforme na textura e na composição. No entanto, há áreas do granito em que os megacristais de feldspato são mais raros, ou até inexistentes.

Filões de pegmatito

Descrição geral: Os filões de pegmatitos presentes na Paisagem Protegida do Corno de Bico são estéreis, isto é, pobres em álcalis raros (Li, Rb e Cs). Estes pegmatitos são ricos em minerais de granada e com grandes minerais de feldspato. A génese dos filões de pegmatitos está relacionada com a intrusão do batólito granítico, que aflora próximo. A sua génese seguiu-se à formação do batólito granítico, em que um magma residual, penetrou as fendas abertas entre faces de xistosidade da mancha de xistos pelíticos de S. Martinho de Vascões, originando os filões pegmatíticos (Fig. 60).

Figura 60. Pegmatito. FCUP 59 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Filões de quartzo

Descrição geral: Os filões de quartzo presentes na Paisagem Protegida do Corno de Bico não são atualmente visíveis, ou pelo menos difíceis de detetar. Na década de 40 do século passado, durante a Segunda Guerra Mundial, estes filões de quartzo foram explorados por serem mineralizados em volframite e cassiterite, pois tinham grande valor industrial na época. Após a sua exploração os terrenos, segundo habitantes locais, foram aplanados para a prática agrícola e mais tarde para o plantio de eucaliptais. A génese dos filões de quartzo está relacionada com a intrusão do batólito granítico, que aflora próximo. A sua génese seguiu-se à formação do batólito granítico, em que soluções hidrotermais mais ácidas, altamente siliciosas penetraram em fendas, em especial para Este da formação pegmatítica. Estas soluções hidrotermais conteriam elementos mineralizadores da volframite e cassiterite, formando assim os filões de quartzo ricos em volframite e cassiterite.

Na tabela 3 apresenta-se uma síntese dos pontos de interesse geológico propostos no presente trabalho.

Tabela 3 Tabela de pontos de interesse geológico e respetivas descrições.

Pontos de interesse geológico Descrição Galerias mineiras Galeria mineira que servia para o desmonte subterrâneo dos filões de quartzo mineralizados em volframite e cassiterite.

Ruínas de anexos mineiros A concessionária das explorações mineiras, para além dos trabalhos de lavra possuíam uma lavaria manual e casas para instalação de escritórios, armazém, habitação pessoal e cantina.

Liditos Os liditos são rochas de grão muito fino, negras, constituídas essencialmente por grãos de quartzo e grande quantidade de matéria orgânica. Por vezes as bancadas mostram-se dobradas e com um bandado devido ao aparecimento de níveis de quartzitos de cor clara. Ocorrem frequentemente em camadas lenticulares interestratificadas nos xistos e apresentam sinais de intensa deformação. FCUP 60 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Tabela 4 Tabela de pontos de interesse geológico e respetivas descrições.

Pontos de interesse geológico Descrição

Quartzitos com turmalina Os quartzitos evidenciam dobramentos de plano axial vertical e eixo ligeiramente inclinado para norte, apresentam-se compactos e de cor clara. As bancadas de quartzitos são concordantes com as de liditos e apresentam sinais de intensa deformação assim como intensa turmalinização, ou seja, abundância de mineral de turmalina. A turmalina por vezes está boudinada devido à intensa deformação. Mineral de roscoelite O mineral de roscoelite é uma mica branca com vanádio que apresenta cor verde. Este mineral encontra-se em afloramentos rochosos de liditos. Pegmatito com granada Filão de pegmatito estéril. Estes pegmatitos são ricos em minerais de granada e com grandes cristais de feldspato.

Granito de Paredes de Coura O granito de Paredes de Coura é tardi-tectónico e é a litologia dominante na área da paisagem protegida. No geral, constituem as maiores elevações. Este granito é porfiroide de grão grosseiro essencialmente biotítico. Possui numerosos megacristais de feldspato branco de dimensões variáveis que podem atingir 7 cm. Também pode ter encraves xistentos e encraves de rochas básicas.

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9.3. Património Geomineiro

Na área mais a nordeste da Paisagem Protegida do Corno de Bico existiram 4 concessões mineiras na década de 40 do século passado durante a Segunda Guerra Mundial. Essas concessões mineiras eram a Mina da “Cova da Raposa”, Mina da “Cova da Raposa (Lamas I)”, Mina de “Lugar de Lamas” e a Mina de “Cova da Raposa (Lamas II)”. Estas minas de estanho e volfrâmio tinham grande valor industrial na época.

Os jazigos eram hipotermais derivados de soluções hidrotermais altamente siliciosas contendo mineralizadores de volframite e em menor quantidade de cassiterite. A sua génese está ligada à intrusão do batólito granítico, de cujo magma provieram as soluções hidrotermais que penetraram e encheram as fendas nos xistos, de direção e inclinação concordante com as destes, formando assim os filões de quartzo mineralizados em volframite e cassiterite.

O ataque aos jazigos era sempre feito onde a topografia do terreno permitia, por meio de galerias e poços verticais de extração. Estes maciços eram desmontados pelo método das “talas ascendentes”. Devido à pequena possança dos filões, o material estéril desmontado era mais do que suficiente para enchimento das galerias, tendo ainda que transportar para o exterior o material que sobrava resultando assim em várias escombreiras. Por causa do enchimento das galerias com o material estéril que sobrava e mais tarde o aplanamento dos terrenos para praticas agrícolas é que hoje em dia as minas não são tão evidentes.

Dentro das minas o transporte de produtos era feito com recurso a carros de mão e por vezes vagonetes assentes em vias Décauville. O material de perfuração era manual ou martelos perfuradores alimentados por moto-compressores mais os respetivos acessórios de tubarias de mangueira. Por vezes podiam ser usado explosivos para ajudar no desmonte.

Nesta área mineira constam ainda numerosas sanjas ao longo dos filões, galerias e poços verticais. Os trabalhos de exploração encontram-se em muito mau estado de conservação, tendo sido mais produto de exploradores furtivos do que técnicos mineiros.

Para além dos trabalhos de lavra, a concessionária construiu uma lavaria manual e casas para instalação de escritórios, armazém, habitação pessoal e cantina que atualmente se encontram em ruína. Havia também um barracão de madeira para armazém e uma pequena oficina/forja para aguçar e reparar ferramentas (Fig. 61). FCUP 62 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 61. Região Mineira de Vascões. Vista geral, vendo-se no fundo do vale as casas da mina.

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9.4. Visita Virtual

Na secção da “Visita Virtual” do website oficial é onde está a informação geográfica e é nessa secção que propomos acrescentar o mapa com as manchas das diferentes litologias presentes na área da paisagem protegida (Fig. 62), os mapas com os diferentes pontos de interesse geológico desenvolvidos (Fig. 63 e Fig. 64) e o mapa com o traçado do Trilho dos Moinhos (Fig. 65).

Figura 62. Mapa das litologias da Paisagem Protegida do Corno de Bico segundo as Cartas Geológicas 1:50 000, folhas 1-C e 1-D. FCUP 64 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 63. Mapa dos Pontos de Interesse Geológico na Paisagem Protegida do Corno de Bico.

FCUP 65 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Figura 64. Mapa dos Pontos de Interesse Geológico mais pormenorizado na Paisagem Protegida do Corno de Bico.

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Figura 65. Mapa da Paisagem Protegida do Corno de Bico com o Trilho dos Moinhos.

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10.Discussão e Conclusão

Paisagem protegida é considerada uma área que contenha paisagens resultantes da interação harmoniosa do ser humano e da natureza, e que evidenciem grande valor estético, ecológico ou cultural. A classificação de uma Paisagem Protegida visa a proteção dos valores naturais e culturais existentes, realçando a identidade local, e a adoção de medidas compatíveis com os objetivos da sua classificação.

A criação de pontos de interesse geológico contribuem, não só, para o geoturismo da região, assim como para a sua preservação e consciencialização das pessoas para preservação dos mesmos, sendo possível que gerações futuras possam desfrutar delas tal como as gerações do passado e presente. Logo, estes locais são de grande importância para a preservação de qualquer tipo de área protegida.

A base científica que sustenta a utilização de um local de interesse geológico é importante para a geoconservação. Sem estes estudos é impossível determinar o interesse, a vulnerabilidade e a utilização de um ponto de interesse geológico tornando necessário um acompanhamento técnico especializado não só para a valorização e divulgação, mas também para uma eficaz monitorização, imprescindível para a manutenção do local.

A proximidade destes pontos de interesse geológico ao Trilho dos Moinhos facilita a acessibilidade aos visitantes que desejam visitar apenas estes pontos ou atrair as pessoas que fazem este percurso pedestre a visitar estes locais.

Relativamente às informações de teor geológico acrescentado ao website oficial da Paisagem Protegida do Corno de Bico são uma forma de atração do público que potencia a paisagem protegida no que toca à sua riqueza geológica, geomorfológica e mineira.

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11.Trabalhos Futuros

Em termos de trabalho futuro, existem muitas linhas de desenvolvimento que podem ser seguidas.

A necessidade de complementar o Trilho dos Moinhos com informação geológica e o desenvolvimento e caracterização de pontos de interesse geológico, geomorfológico e de património geomineiro, conduziu à realização deste estudo. No entanto, este estudo focou-se essencialmente na área norte da paisagem protegida, existindo assim, muita área que pode ser estudada e com igual potencial.

Seria interessante aprofundar mais os estudos geológicos e abranger a restante área da paisagem protegida de forma a criar mais conteúdos que possam ser adicionados ao website oficial e criar mais geossítios/pontos de interesse geológico e respetivas descrições de forma a potencializar e dinamizar o geoturismo da região.

Esta paisagem protegida conta com vários percursos pedestres e esses podem ser aproveitados para criar pontos de interesse na área envolvente, facilitando assim a visita desses pontos/geossítios para as pessoas que se deslocam nesses percursos.

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Referências Bibliográficas

Arquivo de Minas do Norte de Portugal (AMNP) - Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG)

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Beja, P.; Rosa, S.; Lourenço, S.; Honrado, J.; Marques, J.; Reino, L.; Santana, J. & Gordinho, L. (2008). Plano de Ordenamento e Gestão da Paisagem, 1ª Fase - Caracterização, Parte 1: Estudos de Base - Descrição. ERENA.

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FCUP 70 Pontos de Interesse Geológico no Trilho dos Moinhos na Paisagem Protegida do Corno de Bico

Websites

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Mindat.org: https://www.mindat.org/min-3449.html (visitado no dia 20/9/2018)

Município de Paredes de Coura: https://www.paredesdecoura.pt/ (visitado no dia 21/1/2018)

Natural.PT: http://natural.pt/portal/pt/AreaProtegida/Item/34 (visitado no dia 16/1/2018)

Paisagem Protegida do Corno de Bico: http://www.cornodebico.pt/portal/ (visitado no dia 24/9/2018)