Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

1. Ficha de Identificação da Produção Didático-Pedagógica

Título: O PROCESSO DE MOVIMENTO PENDULAR: PAIÇANDU/MARINGÁ

Autora Tânia Cristina Roncada

Disciplina/Área Geografia Escola de implementação do Colégio Estadual Paiçandu- EFMNP Projeto e sua localização Rua Alberto Santos Dumont, 521 Município da escola Paiçandu, PR

Núcleo Regional de Educação Maringá

Professora Orientadora Sueli de Castro Gomes

Instituição de Ensino Superior UEM

Relação Interdisciplinar Não há

Resumo Para a compreensão do processo do movimento pendular entre Paiçandu e Maringá, PR, recorremos ao processo histórico da organização espacial desses municípios. A história da mobilidade da população dessas cidades está associada ao processo de modernização da agricultura na década de 1970, à substituição da agricultura cafeeira pela rotação da cultura soja-trigo e pelo desenvolvimento do setor agroindustrial. Como consequência, ocorreu o êxodo-rural, gerando a ocupação da cidade de Maringá, supervalorizando seu solo urbano, e como alternativa uma grande parcela da população rural dirigiu-se para as cidades de seu entorno, como foi o caso de Paiçandu, já que os preços dos terrenos e de aluguéis eram mais acessíveis. Ressaltamos a importância de se compreender o processo que leva as pessoas a realizarem o movimento pendular, e identificar os fatores que contribuem com a construção e organização espacial das cidades de Paiçandu/Maringá. Diante desse contexto e da realidade escolar onde será desenvolvida esta implementação, há necessidade de oferecer aos alunos conteúdos, atividades diversificadas, entrevistas para que eles possam compreender a temática, assumindo uma postura crítica, saindo assim do senso comum para o conhecimento científico. Palavras-chave Movimento pendular; Região metropolitana, Paiçandu (PR), Ensino de Geografia. Formato do Material Didático Unidade Didática

Público Alvo Alunos do 1° ano do Ensino Médio

2. Apresentação

Esta produção refere-se ao Material Didático, que aqui recebe o nome de Unidade Didática, que será implantada durante as aulas de Geografia no primeiro semestre de 2014 aos alunos do 1° ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Paiçandu - EFMNP -, no município de Paiçandu, PR, núcleo de Maringá. Esse material faz parte das metas estipuladas pelo Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED) em conjunto com a Universidade Estadual de Maringá (UEM). Na Unidade Didática intitulada “O processo de movimento pendular: Paiçandu/Maringá – PR” objetivamos oferecer subsídios teórico-práticos para o desenvolvimento das atividades junto aos alunos para a compreensão do processo de deslocamento pendular. Nesse sentido, destacamos que a Geografia é uma ciência social que considera o aluno e a sociedade em que este vive, e os assuntos estudados nessa disciplina devem permitir que os alunos se percebam como participantes do espaço em que estudam, entendendo que os fenômenos que ali ocorrem são resultados da vida e do trabalho dos homens e se inserem em um processo de desenvolvimento. Pretendemos analisar o espaço urbano e sua organização nos municípios de Paiçandu e Maringá, PR, como resultado das intervenções que o homem realiza sobre o meio. Para tanto, recorremos ao processo histórico da organização espacial desses municípios. Este estudo resulta da busca para a explicação de muitas indagações que no cotidiano da prática profissional dos professores de Geografia ficam sem respostas, principalmente quando se trata da compreensão do processo de movimentos pendulares entre Paiçandu e Maringá. Não temos a intenção de uma pesquisa quantitativa, puramente numérica, mas sim refletirmos criticamente sobre o tema. É fundamental lembrar que as pessoas se deslocam porque não conseguem trabalho/estudo condignos no município de residência, e o que percebemos é que nossa vida social e econômica foi regulamentada historicamente pelo processo de valorização do capital. Dessa forma, pretendemos oferecer subsídios teóricos ao educando para que ocorra a compreensão do seu espaço de vivência, propiciando-lhes atividades que permitam a estes:  Compreender o processo que leva as pessoas a realizarem o movimento pendular;  Desenvolver leituras de textos variados, debates para a construção de textos sobre a temática;  Pesquisar dados demográficos relacionados ao tema nas cidades de Paiçandu e Maringá, importantes para o desenvolvimento das habilidades de leitura e construção de tabelas e gráficos;  Proporcionar a experiência da entrevista como fonte de construção de conhecimento;  Entender a construção da organização espacial das cidades de Paiçandu/Maringá, PR. Para atingir tais objetivos, dividimos a Unidade Didática em cinco partes, a qual será desenvolvida e realizada em um total de 32 horas, levando os alunos a superar o senso comum do conhecimento e tornando-os capazes de compreender o processo de deslocamento da população a partir de sua realidade.

2.1 Fundamentação Teórica O objeto de estudo da Geografia é o espaço geográfico, sob a perspectiva de cidade ou campo, que traz a marca da sociedade que foi produzido ao longo da história. A esse respeito, citamos Carlos (2010, p. 86-87) para quem:

o espaço geográfico é um produto histórico e social onde o homem não se relaciona simplesmente com a natureza, mas a partir dela, pelo processo de trabalho, apropria-se da natureza transformando a em produto seu, como condição ao processo de reprodução da sociedade.

Na perspectiva de Endlich (2009, p.17), o espaço geográfico:

é a parte condicionante e expressão de dinâmicas econômicas, políticas, enfim, de processos sociais, ou seja, enquanto por um lado a sociedade define-se econômica e politicamente, estabelecendo condições sociais, produz também o espaço em que vive com atributos que só podem ser compreendidos neste contexto geral. Por outro lado, o espaço produzido é também mediação desse processo.

Podemos entender que o espaço urbano, então, é um produto humano e social que está sempre em transformação. Quando pensamos em cidade como o construído (casas, edifícios, praças), nos enganamos, pois esta é produzida pelo trabalho social enquanto espaço de vida urbana. A cidade pode ser entendida como reflexo de sua organização espacial, determinada pelas mais complexas relações sociais, políticas e econômicas vinculadas diretamente ao processo de reprodução do capital. Para Carlos (2010, p.86), "a metrópole é um produto que vai se construindo ao longo de uma história que, junto com sua fisionomia, transforma também a vida dos seus habitantes e consequentemente suas relações com o espaço urbano", acrescentando que ali se encontra a expressão máxima do dinamismo das atividades exercidas pelas pessoas, de acordo com suas necessidades sociais ligadas ao processo de reprodução do capital. Estudar a cidade/municípios é importante e necessário para o aluno na medida em que ele está participando e vivendo a realidade concreta, e não coisas distantes e abstratas. Nesse âmbito, neste estudo objetivamos compreender a a mobilidade humana entre as cidades de Paiçandu e Maringá, ambas localizadas no noroeste do Paraná. Para tanto, recorremos ao processo histórico da organização espacial desses municípios, salientando que a maioria das cidades do noroeste paranaense teve sua origem atrelada a empreendimentos imobiliários privados e estatais associados à instalação da economia cafeeira. A Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), de capital inglês, foi responsável pela colonização de Maringá e de vários outros núcleos urbanos, cujo principal objetivo foi planejar as cidades articuladas com os estabelecimentos rurais, já que, assim, elas poderiam atender às necessidades da população rural, considerando que o loteamento ocorreu em pequenas propriedades e havia intenso uso de mão de obra. A cidade de Maringá foi planejada em meados da década de 40 do século XX, com um projeto urbanístico que determinava a possibilidade de uma ocupação residencial diferenciada devido às condições econômicas dos futuros proprietários. Nesse contexto, a desigualdade socioeconômica da população refletiu em uma ocupação residencial desigual do espaço. As áreas centrais de Maringá foram designadas para uma ocupação de elite e a periferia para as residências populares. Ao longo dos anos, na organização espacial de Maringá e região sobressaiu-se a presença marcante dos agentes imobiliários que visavam ao lucro e menosprezavam o social. Quanto à formação do espaço urbano de Maringá, Machado e Mendes (2006) a dividiram em quatro fases distintas, quais sejam: Na primeira (1960-1969), segundo os autores, houve grande investimento na área central da cidade, oriundo do excedente de riquezas especialmente de alguns fazendeiros de café e comerciantes. A segunda fase (1970-1979), em consonância com os autores, foi marcada pela modernização agrícola implantada pelo Governo Federal. O campo passou por profundas transformações, como a utilização de máquinas e de insumos agrícolas. Tal transformação foi também sentida nos espaços urbanos pela absorção desse contingente. Muitos agricultores da região migraram para as cidades à procura de moradias; muitos foram para Maringá, a maioria sem nenhuma qualificação profissional, e outros permaneceram no perímetro urbano de Paiçandu, que até então não possuía nenhuma infraestrutura necessária aos moradores. Assim, ocorreu uma expansão territorial (horizontal e vertical) de Maringá, especialmente para atender às classes média e alta. Nesse período, teve início a implantação de loteamentos populares em Paiçandu, destinados principalmente à população de baixa renda de Maringá. A terceira fase (1980-1989), conforme os autores, foi marcada pela implementação da agroindústria, e os interesses de grupos ou pessoas de poder econômico e político da cidade e região influenciaram no espaço estrategicamente escolhido (entre Maringá e Paiçandu), facilitando o deslocamento do contingente de trabalhadores de Paiçandu e possibilitando o crescimento da cidade territorialmente mais em direção a leste, produzindo o fenômeno de periferização. A última fase (1990-1999), na acepção dos autores, foi a maturidade da verticalização, considerando a instabilidade política-econômica do país no início da década de 1990. A verticalização foi uma verdadeira inovação na cidade. Sobre essa questão, Machado e Mendes (2006, p.123) asseveram:

O rápido crescimento territorial da cidade de Maringá é reflexo de um planejamento com à uma integração internacional, nacional e regional característico do processo de expansão e acumulação capitalista. Essa expansão é conduzida por pressões dos agentes imobiliários, provocando dificuldades e deterioração da qualidade de vida da maioria da população em benefício de pequenas parcelas da sociedade.

Assim, esse espaço urbano capitalista apresenta-se dividido com usos e valores distintos, caracterizado pela divisão social. A cidade de Maringá, em um processo mais abrangente, pode ser caracterizada como o tradicional modelo centro-periferia. Para Negri (2006, p.41), “poder-se-ia analisar a periferia como um reflexo da segregação espacial produzida pelo sistema capitalista, que atua através da divisão social do trabalho”. As pessoas que saem do campo ou de outras cidades que não dispõem de recursos financeiros para comprar lotes ou pagar os altos aluguéis nas áreas servidas por redes e sistemas de infraestrutura (saneamento, pavimentação e outros) acabam se deslocando para as cidades vizinhas para morar. Maringá assume um papel de cidade polo da região, conhecida por sua beleza urbanística, prestadora de serviços especializados, importante centro educacional, comercial e agroindustrial. Devemos repensar a ideia de periferia associada à pobreza. O que se observa hoje nas grandes metrópoles do Brasil e também em Maringá são as construções de condomínios fechados de luxo, associadas aos bairros pobres sem infraestrutura e aos bolsões industriais. Paiçandu assume o papel de cidade-dormitório, que são “municípios pouco dinâmicos, implicando subordinação e dependência e promovendo a segregação socioespacial” (MOURA, 2009, p.34), portadora de carências e fornecedora de mão de obra. Nesse sentido, Negri (2006. p.48) propala que:

Dentro do seu processo histórico, Paiçandu foi concebida com a função de ser um núcleo secundário, ou seja, fornecedora de mercadorias, bens e serviços para o abastecimento do campo. Com o advento da modernização agrícola e a sua consequente emancipação política, a cidade se tornou um refugio para a população expulsa do campo e para aquela que não consegue suportar o custo de vida em cidades maiores, como Maringá.

Desse modo, nos municípios de menor porte, como é o caso de Paiçandu, ocorre a não oferta de condições de trabalho e qualidade de vida, provocando o fenômeno chamado movimento pendular "que se refere à circulação das pessoas que residem num município e todos os dias se dirigem a outro para trabalhar ou estudar, retornando ao final de cada dia" (RODRIGUES, 2004, p.141). Percebemos o quanto essa mobilidade é decorrente da sustentabilidade do capital, ou seja, o trabalhador desloca-se para atender às exigências do mercado. Nesse contexto, verificamos o quanto somos impotentes diante do grande capital. O deslocamento das pessoas tem como principais motivações o trabalho e o estudo. Notamos que Maringá é uma zona de influência, polarizando capital e força de trabalho, enquanto Paiçandu apresenta-se como uma cidade adjacente, reservatório de mão de obra desqualificada que busca emprego na cidade polo. Essa mobilidade pendular apresenta algumas implicações, o transporte utilizado para esse percurso tem um custo elevado para os trabalhadores e estudantes, pois estes utilizam veículos próprios, ônibus comercial de linha, motocicletas e outros. Para realizarem esse movimento, viajam diariamente por um longo tempo, provocando um desgaste físico e emocional. Esse tempo gasto com a viagem é retirado, especialmente, da convivência familiar, do tempo gasto com alimentação e com o descanso. Portanto, além desses fatores, também devemos lembrar da vulnerabilidade que envolve esses deslocamentos diários, como os atrasos e a falta de conforto nos ônibus, a inexistência de cintos de segurança, além de situações mais graves, tais como assaltos e acidentes, os trabalhadores e estudantes estão expostos a várias situações de riscos. Provavelmente, se as pessoas desse município de residência tivessem opção de trabalhar, estudar e morar com dignidade, o número de deslocamentos seria bem menor, ou seria realizado por outras motivações. Salientamos a necessidade de adoção de políticas públicas que orientem os gestores municipais no intuito de atender à coletividade e lutar contra as desigualdades desse ambiente urbano.

3 Material Didático

3.1 Mobilidade Humana

Nesta seção, apresentamos, na íntegra, as atividades a serem repassadas aos alunos do 1o ano do Ensino Médio sobre os movimentos populacionais, com a finalidade de que estes compreendam essa temática.

3.1.1 Os movimentos populacionais

O que você entende por mobilidade?

Podemos dizer que a mobilidade é a “capacidade dos corpos se deslocarem”. Estudos realizados sobre os deslocamentos humanos apontam que estes acontecem desde há muito tempo atrás.

Na pré-história, as informações obtidas mediante as inscrições rupestres indicavam os movimentos cotidianos como caça, coleta de frutos, permitindo conhecer o mover dos homens. Ao longo dos séculos, a evolução e o desenvolvimento da espécie humana intensificaram esses deslocamentos. Porém, há uma complexidade dos movimentos desses corpos devido às inúmeras mediações para seu deslocamento. O porquê de um indivíduo se deslocar está relacionado a vários aspectos, como os de ordem política, social, afetiva, moral, econômica etc., os quais interagem, construindo para cada indivíduo um perfil dessas ordens de fatores.

Destacamos que com essa atividade intencionamos instigar nos alunos, por meio de vídeos a serem repassados sobre a mobilidade humana, a curiosidade de como foi e é o processo que envolve essa temática.

Fiquem ligados nos

vídeos!!!

Links: http://www.youtube.com/watch?v=QMY5ZTyaDMk. Acesso em 17/10/2013. http://www.youtube.com/watch?v=iVrZtaQp0r4. Acesso em 17/10/2013. http://www.youtube.com/watch?v=lhFKRy0EkcQ. Acesso 17/10/2013.

Após assistirem aos vídeos, será solicitada aos alunos leitura do texto citado abaixo como complemento para posterior discussão.

Texto complementar

As formas de mobilidade em Geografia

A mobilidade forçada é vista a partir da mercantilização do homem, que se torna uma mercadoria; nesse sentido, a mobilidade é a capacidade que permite à força de trabalho se adaptar à jornada de trabalho com suas variações no tempo e na intensidade do trabalho, à permuta dos postos de trabalhos, enfim, aos efeitos de uma divisão de trabalho cada vez mais acirrada. A circulação da força de trabalho é o momento da submissão da mobilidade do trabalhador às exigências do mercado, em que o trabalhador se desloca geográfica e funcionalmente; respectivamente, um deslocamento físico em diversas escalas e um deslocamento funcional de uma atividade a outra ou mesmo em uma mesma atividade. Em síntese, a mobilidade centrada no trabalho é a expressão do processo de mercantilização da força de trabalho e de seu uso produtivo pelo capital. Márcio Mendes Rocha

Boletim de Geografia, v.16, ex.2, 1998, p. 62.

ATIVIDADES

1- Feita a leitura do texto complementar, sublinhe e procure o significado das palavras não conhecidas por você. 2- Em dupla, discutam o texto, compartilhem as ideias e produzam uma síntese.

3.2 Construção do espaço urbano de Paiçandu

3.2.1 Localização

A cidade de Paiçandu localiza-se na Região Sul do Brasil e ao Norte do Estado do Paraná; possui uma área de 183,12 quilômetros quadrados, localizada na latitude 23°27’20” Sul e longitude 52°02’30” Oeste. Sua altitude média é de aproximadamente 470 metros, acima do nível do mar. Faz parte da Mesorregião Norte Central Paranaense e limita-se com os municípios de Mandaguaçu ao Norte, ao Sul, a Leste com Maringá e a Oeste com e Dr. Camargo.

Mapa do Município de Paiçandu com relação ao Brasil e ao Paraná

3.3 Aspectos históricos de Paiçandu

O espaço urbano se caracteriza por ser um produto humano e social em constante transformação tempo/espaço. Quando pesamos em cidade tal como a conhecemos (casas, edifícios, praças, etc.), nos enganamos, pois esta é produzida pelo trabalho social enquanto espaço de vida urbana. Pontuamos que a cidade pode ser entendida como o reflexo de sua organização espacial, determinada pelas mais complexas relações sociais, políticas e econômicas vinculadas diretamente ao processo de reprodução do capital. Não podemos entender a cidade de hoje sem analisar seu passado; assim, recorremos ao processo histórico da organização espacial dos municípios aqui contemplados: Paiçandu e Maringá, PR. A área do município de Paiçandu, entre os anos de 1938 a 1940, era um sertão inóspito habitado por índios e caboclos que formavam um agrupamento no local de um pequeno cemitério, que era o ponto de referência na densa mata virgem, conhecido por “Cemitério dos Caboclos”. No período de 1942 a 1944, começaram a surgir os primeiros desbravadores oriundos de Minas Gerais e São Paulo, atraídos pela fertilidade das terras próprias para o café, que na época do desbravamento e dos massacres indígenas se constituía na maior fonte de riqueza da região. Em 1948, teve início a obra colonizadora da Companhia Melhoramentos Norte Paraná e a formação de glebas como a de Paiçandu, Colombo, Bandeirantes, Chapecó e Água Boa. Os trilhos de aço da ferrovia que alicerçou o povoado chegaram a Apucarana em 1943, a Maringá em 1954 e somente em 1973 em Cianorte. A estrada de ferro passava estrategicamente por Paiçandu, favorecendo o povoado, o qual, por sua vez, se fortaleceu, começando a surgir as primeiras casas de comércio nas proximidades da futura estação ferroviária. Em seu processo histórico, o município de Paiçandu foi concebido com a função de ser um núcleo secundário, ou seja, fornecedor de mercadorias, bens e serviços para abastecimento do campo. Assinalamos que em 14 de novembro de 1951 emancipou-se de , e em 25 de julho de 1960 desmembrou-se de Maringá através da Lei nº 4245, pelo Governador Moisés Lupion. A partir dos anos de 1970, ocorreram profundas transformações no campo (refletidas no meio urbano), em decorrência da modernização da agricultura na região de Maringá. Houve um incentivo por parte do governo estadual em diversificar as culturas plantadas (soja, trigo, milho, entre outras), consequentemente a erradicação da cultura cafeeira. Todo esse processo de transformações trouxe como consequência o êxodo rural, gerando mudanças na distribuição espacial da população e alterações nas relações de trabalho.

Sugestão de pesquisa para os alunos

Evolução da dinâmica populacional rural/urbana do município.

Expulsos do campo, muitos trabalhadores adotaram as pequenas cidades ou as maiores cidades da região como local de moradia e procura de empregos. Na década de 1970, houve acentuado interesse das imobiliárias de Maringá pelos terrenos e imóveis localizados em Paiçandu, tendo em vista que as pessoas que não conseguiam comprar moradia, ou pagar aluguéis de acordo com o mercado imobiliário local de Maringá, buscaram fixar residência nas cidades vizinhas. A proliferação de loteamentos, nessa década, ocorreu na cidade de Paiçandu. Após 1976, o número de loteamentos implantados cresceu vertiginosamente, com a instalação de vários Parques e Jardins Habitacionais de iniciativa privada.

ATIVIDADES

1. Divididos em grupos, realizem uma pesquisa acerca do surgimento dos primeiros loteamentos urbanos até os dias atuais do município. Essa pesquisa pode ser efetuada nos órgãos públicos do município, nas igrejas, e com os pioneiros. Com base na pesquisa, construa uma tabela. 2. Com base na tabela e no texto, faça uma análise da formação urbana da cidade. Escreva os fatores que influenciaram para o crescimento da população urbana.

3.4 Espaço urbano de Maringá

A cidade de Maringá localiza-se na Região Norte-Central do Estado do Paraná, fundada pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP), no final da década de 1940, criada com o objetivo de ser transformada em um polo regional. Maringá foi dividida em várias zonas distintas, através de padrões de zoneamento rígidos de habitação tais como a do comércio, indústria, armazéns, habitações de vários padrões e uma zona de serviços públicos, definindo suas funções urbanas. A cidade teve um projeto urbanístico que determinava a possibilidade de uma ocupação residencial diferenciada, segundo o padrão econômico da população para adquirir os lotes. Nesse contexto, a desigualdade socioeconômica da população refletiu em uma ocupação desigual do espaço urbano. As áreas centrais de Maringá foram designadas para uma ocupação de elite e a população de baixa renda para a periferia, se assentando em loteamentos populares, com inúmeras deficiências de infraestrutura.

O que é periferia?

Pode ser concebida como um reflexo da segregação espacial produzida pelo sistema capitalista, que atua através da divisão social do trabalho.

Ao longo dos anos, na organização espacial de Maringá sobressaiu-se o interesse marcante da Companhia e os agentes imobiliários que visavam ao lucro e menosprezavam o social.

Texto complementar

Quanto à formação do espaço urbano de Maringá, Machado e Mendes (2006) a dividiram em quatro fases distintas, expostas a seguir: Na primeira (1960-1969), houve grande investimento na área central da cidade, oriundo do excedente de riquezas especialmente de alguns fazendeiros de café e comerciantes. A segunda fase (1970-1979) foi marcada pela modernização agrícola implantada pelo Governo Federal. O campo passou por profundas transformações, como a utilização de máquinas e de insumos agrícolas. Tal transformação foi também sentida nos espaços urbanos pela absorção desse contingente. Muitos agricultores da região migraram para as cidades à procura de moradias; muitos foram para Maringá, a maioria sem nenhuma qualificação profissional, e outros permaneceram no perímetro urbano de Paiçandu, que até então não possuía nenhuma infraestrutura necessária aos moradores. Assim, ocorreu uma expansão territorial (horizontal e vertical) de Maringá, especialmente para atender às classes média e alta. Nesse período, teve início a implantação de loteamentos populares em Paiçandu, destinados principalmente à população de baixa renda de Maringá. A terceira fase (1980-1989) foi marcada pela implementação da agroindústria; os interesses de grupos ou pessoas de poder econômico e político da cidade e região influenciaram no espaço estrategicamente escolhido (entre Maringá e Paiçandu), facilitando o deslocamento do contingente de trabalhadores de Paiçandu e fez a cidade crescer territorialmente mais em direção a leste, produzindo o fenômeno de periferização. A última fase (1990-1999) foi a maturidade da verticalização, considerando a instabilidade político-econômica do país no início da década de 1990, constituindo-se em uma verdadeira inovação na cidade.

A cidade de Maringá apresenta localização privilegiada, e um bom sistema rodoviário regional, o que permite o escoamento de sua produção, a comercialização de mercadorias com os demais municípios; é também referencia nos segmentos de serviços, educação e saúde, tornando-se um polo regional, como fora planejada. A influência exercida sobre os municípios ao seu entorno gerou condições para que fosse institucionalizada a Região Metropolitana de Maringá, sendo Maringá a cidade polo.

ESQUENTANDO A CUCA!

1. Qual a importância da colonizadora para a formação do espaço urbano de Maringá?

2. Por que ocorreu uma desigual ocupação do espaço urbano de Maringá?

3. Com ajuda do mapa rodoviário identifique as principais rodovias que dão acesso a Maringá.

3.4 Origem e multiplicação do número de municípios da Região Metropolitana de Maringá

Segundo Carlos (2010, p.86), "a metrópole é um produto que vai se construindo ao longo de uma história e que, junto com sua fisionomia, transforma também a vida dos seus habitantes e consequentemente suas relações com o espaço urbano", acrescentando que na metrópole encontra-se a expressão máxima do dinamismo das atividades exercidas pelas pessoas, de acordo com suas necessidades sociais ligadas ao processo de reprodução do capital. O termo metrópole pode ser também utilizado para denominar uma região dotada de equipamentos urbanos, densamente povoada e uma área contígua ocupada, com alto grau de integração e com interdependência social. Uma região metropolitana não precisa ser obrigatoriamente formada por uma única área contígua urbanizada, composta geralmente por uma metrópole de influência; vale ressaltar que área metropolitana inclui o espaço urbano e rural das cidades que a compõem, podendo desmarcar uma região com duas ou mais áreas urbanizadas, intercaladas com áreas rurais. Uma região metropolitana é constituída por uma cidade que polariza as demais, as quais possuem um alto grau de integração entre si. Em 1989, foi criado o Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento Metropolitano da Região de Maringá, Paiçandu, Sarandi e (Metroplan), com a finalidade de planejar o desenvolvimento regional e executar serviços e obras de interesse comum, garantindo um crescimento ordenado e tratando as quatro cidades como uma só. Posteriormente, esse Consórcio foi extinto por motivos políticos. Na administração de Jairo Gianoto (1997 – 2000), foi criado o Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Maringá (Cidermma), o qual evoluiu para a instituição da Região Metropolitana de Maringá. Em 1998, foi apresentado o Projeto de Lei Complementar 253/98, que propunha a criação legal da Região Metropolitana de Maringá, formada pelos oito municípios integrantes do Cidermma: Maringá, Sarandi, Paiçandu, Marialva, Mandaguaçu, Mandaguari, e Ângulo. Em 2002, foi aprovada, por meio da Lei Complementar nº 13565/2002, o Projeto de Lei nº 313/99, incorporando o município de Floresta. Com a aprovação da Lei Complementar nº 110/2005 a essa Lei, foram incorporados os municípios de Astorga, Ivatuba, Itambé e . Após vários acordos políticos estabelecidos entre prefeitos e deputados regionais, outros municípios foram incluídos para compor esse conjunto. Hoje, são 26 (vinte e seis) municípios que compõem a Região Metropolitana de Maringá.

O que são regiões metropolitanas?

Podem ser entendidas como um agrupamento de municípios que se integram e se organizam.

Mapa dos municípios que compõem a região metropolitana de Maringá

Fonte:http://www.cch.uem.br/observatorio/index.php?option=com_content&view=article&id=314:mapa- regiao-metropolitana-de-maringa-agosto-2013&catid=46:mapas&Itemid=53 – Acesso: 14/11/2013.

A produção do espaço urbano da Região Metropolitana de Maringá constitui-se por um conjunto de municípios cujas características socioeconômicas resulta em espacialidades urbanas bastante diferenciadas umas das outras. Nem todos os municípios dessa Região apresentam integração social e econômica igual, alguns municípios possuem maiores fluxos de população e de mercadorias. Por exemplo, Sarandi e Paiçandu possuem um alto grau de integração; a primeira cidade está conurbada à Maringá (por meio de bairros residências) e a segunda em via de conurbação (por meio do setor industrial).

ATIVIDADES

1. O que é conurbação? 2. Pintem o mapa da Região Metropolitana de Maringá, identificando a origem e a multiplicação do número dos municípios que a compõe, elaborando uma legenda.

A justificativa da Região Metropolitana de Maringá está relacionada ao planejamento e execução de serviços comuns de interesse metropolitano, como planejamento integrado do desenvolvimento econômico e social, saneamento básico, abastecimento de água, rede de esgoto e serviço de limpeza pública, uso do solo metropolitano, transportes e sistema viário, aproveitamento dos recursos hídricos e controle da poluição ambiental.

NO LABORATÓRIO DE

INFORMÁTICA

1. Coletar dados (principais indicadores sociais) de cada município que faz parte da Região Metropolitana de Maringá. 2. As características socioeconômicas resultam em espacialidades urbanas bem diferentes umas das outras. Após a coleta, o objetivo é analisar os dados para realizar debate em sala, e servirá de material de apoio para a elaboração da produção textual.

4 MOVIMENTOS PENDULARES

4.1 Mobilidade no Brasil e no Paraná através do trabalho

Na década de 1960 e início dos anos de 1970, ocorreu no Brasil uma política econômica de modernização à custa de um forte endividamento. Porém, essa modernização é conservadora, pois ocorreu uma dinamização da economia socialmente restrita, em que os contrastes sociais aumentaram e o crescimento econômico ficou restrito às pessoas de maior poder aquisitivo. Ao mesmo tempo, a agricultura passou por profundas transformações; foram instaladas no país as indústrias de insumos agrícolas (fertilizantes químicos, rações, medicamentos veterinários, tratores, máquinas agrícolas e outros), e a agricultura e a indústria apresentaram desde então uma relação de interdependência. A partir da década de 1980, a agricultura transformou-se em uma verdadeira indústria, pois além de consumir as máquinas, insumos e outros, se posicionou como vendedora de produtos; houve mudanças na estrutura fundiária, favorecendo o domínio das grandes propriedades. A urbanização no Brasil foi intensificada com a mecanização da agricultura nas décadas de 1970 e 1980, promovendo mais intensamente o êxodo rural, a saída do homem do campo para os centros urbanos, e pelo surgimento de novas áreas que estavam se industrializando. Na década de 1990, a economia brasileira abriu-se para o mercado mundial, modificando sua indústria a uma produção mais flexível e subordinada ao capital financeiro. Atualmente, o trabalhador encontra-se em piores condições em decorrência da sustentabilidade do capital. Continua a buscar morada nas cidades morada e faz grande mobilidade rumo aos centros urbanos produtivos. No Paraná não foi diferente, houve também essa reestruturação econômica, mas o processo de urbanização aconteceu somente uma década depois do que ocorreu no restante do Brasil. Os municípios paranaenses desenvolveram-se muito rapidamente e com intensidade, gerando dificuldades na implantação de novas estruturas como escolas, postos de saúde, hospitais, creches, saneamento básico, transporte adequado, entre outros, para atender às novas demandas da população. Isso fez com que se acentuassem os problemas urbanos nos municípios.

ATIVIDADES

1. Escreva os principais problemas urbanos de seu município e se possível suas origens e as ações que podem ser feitas visando à redução desses problemas. 2. Identifique os fatores que influenciaram muitos camponeses a migrar para o espaço urbano.

Segundo estudos do Ipardes, em todas as mesorregiões do Estado do Paraná houve um aumento expressivo dos deslocamentos pendulares. Sua concentração está nas aglomerações urbanas que polarizam as Regiões Metropolitanas de , e Maringá. Entre 2000 e 2010, o Paraná elevou de 478.650 para 933.276 o número de pessoas que deixaram o município de residência para trabalho e/ou estudo em outro município.

4.1 Movimento pendular entre Paiçandu e Maringá

Nosso objetivo, no estudo do movimento pendular entre Paiçandu e Maringá, é a compreensão desse processo. Para tanto, recorremos ao processo histórico através da organização espacial desses municípios. Maringá teve uma organização espacial diferenciada devido à presença da colonizadora e de agentes imobiliários, como já apontamos. A desigualdade socioeconômica da população refletiu em uma ocupação residencial desigual do espaço, e esse planejamento pode ser considerado característico do processo de expansão e acumulação capitalista. O papel de cidade polo da região foi assumido por Maringá, a qual é conhecida por sua beleza urbanística, configurando-se como prestadora de serviços especializados, importante centro educacional, comercial e agroindustrial. Paiçandu, em seu processo histórico, foi concebida com a função de ser núcleo secundário, fornecendo mercadorias, bens e serviços para o abastecimento do campo. Entretanto, com a modernização na agricultura e sua emancipação, a cidade tornou-se refúgio para a população expulsa do campo e para aqueles que não conseguiram comprar uma casa ou pagar aluguel em cidades maiores como Maringá. O papel de cidade dormitório foi assumido por Paiçandu, que pode ser considerada um município pouco dinâmico, “implicando subordinação e dependência e promovendo à segregação socioespacial” (MOURA, 2009, p.34), ao mesmo tempo em que é portadora de carência e fornecedora de mão de obra. Desse modo, nos municípios de menor porte, como é o caso de Paiçandu, ocorre a não oferta de condições de trabalho e qualidade de vida provocando o fenômeno chamado movimento pendular. O movimento pendular é caracterizado pelo deslocamento de pessoas, que pode ser um movimento diário ou de períodos maiores, quando as longas distâncias exigem permanência no local. A sua principal característica está vinculada a não fixação de residência no local de destino. As pessoas movimentam-se periodicamente de seu local de residência para trabalhar ou estudar em outra cidade devido à concentração de oportunidades de estudo e de trabalho nos centros urbanos maiores.

ENTREVISTA

* Em dupla os alunos iram elaborar questões para entrevistar parentes, amigos ou vizinhos sobre este movimento. Algumas questões norteadoras para seguir:

1. Para onde você se desloca?

2. Qual o meio de transporte você utiliza?

3. Quais os principais motivos que leva você a se deslocar para Maringá ou outro município?

4. Quais os problemas enfrentados neste deslocamento diário?

5. Quais as soluções possíveis para resolver

esses problemas?

A mobilidade pendular apresenta algumas implicações, como, por exemplo, o transporte utilizado para esse percurso tem um custo elevado para os trabalhadores e estudantes, pois estes utilizam veículos próprios, ônibus comerciais de linha, motocicletas e outros. Para realizarem o trajeto, viajam diariamente um longo tempo, o que acarreta um desgaste físico e emocional. Esse tempo gasto com a viagem é retirado especialmente da convivência familiar, e do descanso. Ademais, a rodovia que liga Paiçandu a Maringá, a PR-323, é uma das mais movimentadas da região e a principal via de ligação entre esses municípios. Essa rodovia dividiu o espaço urbano de Paiçandu, provocando um significativo dinamismo em sua economia, crescimento urbano, na instalação de indústrias, no escoamento rápido de sua produção industrial e agrícola, mas também o deslocamento de sua mão de obra em direção à Maringá. Nos quatro quilômetros do perímetro urbano de Paiçandu ocorreu a duplicação das pistas da rodovia, como ilustra a Figura 1.

Figura 1 - Foto da Rodovia PR-323, que liga os municípios de Maringá a Paiçandu

Fonte: A autora.

O comércio, os serviços bancários, as repartições públicas, o atendimento hospitalar, dentre outros serviços urbanos, se encontram localizados no centro de Paiçandu, a oeste do município, portanto, de um único lado da rodovia, obrigando seus moradores a atravessarem, pulando a mureta de divisão das pistas, e se colocando em risco diariamente. As obras de duplicação da PR-323 no trecho Maringá/Paiçandu são de quatro quilômetros, e estão sendo construídos cinco viadutos e três trincheiras, e um viaduto passa por alargamento. Essas melhorias (Figura 2) são aguardadas há muito tempo pelos moradores de Paiçandu que se deslocam diariamente a Maringá para trabalhar ou estudar, porque trarão desenvolvimento para toda a região, melhorarão a situação para a indústria e para o comércio e trarão mais segurança a motoristas e pedestres, pois esse trecho da rodovia já causou causado muitos acidentes com vítimas fatais.

Figura 2 - Obras no trecho Maringá/Paiçandu

Fonte: a autora.

1. Pesquise com seus parentes, amigos, vizinhos se eles utilizam essa rodovia diariamente ou eventualmente. Em seguida, peça para eles pontuarem os pontos positivos e negativos da duplicação dessa rodovia.

Atualmente, o motorista demora em torno de 40 minutos para percorrer esse trecho, formando um longo congestionamento; espera-se que a duplicação reduza esse tempo para 10 minutos. No projeto, está a construção de ciclovias, passarelas e calçadas para a segurança do deslocamento dos pedestres, uma revindicação da população há muito tempo. O transporte público é necessário para garantir a mobilidade das pessoas, que habitam uma aglomeração urbana ou uma região metropolitana, pois é uma das condições de deslocamentos dessas pessoas. O transporte coletivo da Região Metropolitana de Maringá é integrado. Foi aprovada a integração do transporte coletivo metropolitano entre Paiçandu ou Sarandi até Maringá, objetivando a diminuição dos custos da tarifa, ou seja, os moradores desses dois municípios deverão pagar menos pela passagem. Além desses fatores, lembramos da vulnerabilidade que envolve esses deslocamentos diários, como os atrasos e a falta de conforto no ônibus, a inexistência de cintos de segurança, e situações mais graves como assaltos e acidentes. O deslocamento das pessoas tem como principais motivações o trabalho e o estudo. No entanto, percebemos o quanto essa mobilidade é decorrente da sustentabilidade do capital, ou seja, o trabalhador desloca-se para atender às exigências do mercado. Estudos realizados pelo Ipardes (2010) demonstram a situação da mobilidade urbana dos moradores de Paiçandu que saem para trabalhar ou estudar, isto é, 37,30% de seus habitantes realizam a mobilidade pendular, e o principal destino é a cidade de Maringá, pois buscam as principais instituições de ensino, e atividades econômicas como o comércio, a indústria de transformação, o setor de serviços, as atividades de apoio à produção (transportes, comunicação, financeiros, engenharia, informática, dentre outras) e as de natureza pública (administração, educação, saúde e serviços sociais), e também para o lazer. Provavelmente, se as pessoas desse município de residência tivessem opção de trabalhar, estudar e morar com dignidade, o número de deslocamentos seria bem menor, ou seria realizado por outras motivações. Salientamos a necessidade de adoção de políticas públicas que orientem os gestores municipais no intuito de atender à coletividade e lutar contra as desigualdades desse ambiente urbano.

PRODUÇÃO TEXTUAL

1 - Com base nos textos, em pesquisas, entrevistas, debates e questionamentos, produza um texto sobre a compreensão do processo pendular entre Paiçandu e Maringá.

2 - Como processo final de avaliação, os alunos deverão socializar os textos elaborados por eles no grande grupo, e a professora mediará uma discussão das temáticas abordadas nas aulas e atividades realizadas extraclasses.

Referências

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