UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação

OSMIR APARECIDO CRUZ

DISCURSOS SOBRE CORPOS (IN)CONFORMADOS: FREI PEDRO SINZIG E A EDUCAÇÃO FEMININA NO BRASIL

Itatiba 2019 OSMIR APARECIDO CRUZ - R.A. 002201600990

DISCURSOS SOBRE CORPOS (IN)CONFORMADOS: FREI PEDRO SINZIG E A EDUCAÇÃO FEMININA NO BRASIL

Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação Stricto Sensu em Educação da Universidade São Francisco, como requisito para obtenção do título de Doutor em Educação. Área de concentração: Educação

Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto da Silveira

Itatiba 2019

37.043.21 Cruz, Osmir Aparecido.

C963d Discursos sobre corpos (in)conformados: Frei Pedro Sinzig e a educação feminina no Brasil / Osmir Aparecido Cruz. – Itatiba, 2019. 520 p.

Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação da Universidade São Francisco. Orientação de: Carlos Roberto da Silveira.

1. Sinzig, Pedro, Frei. 2. Foucault, Michael. 3. Discurso. 4. Governamentalidade. 5. Educação. I. Silveira, Carlos Roberto. II. Título.

Sistema de Bibliotecas da Universidade São Francisco - USF Ficha catalográfica elaborada por: Mayara Cristina Bernardino - CRB-08/9525

Aos meus pais, Sr. Valdevino Cruz (in memoriam) e Sra. Maria Zélia de Miranda. AGRADECIMENTOS

Na jornada da vida, gratifico: A Deus, pela sua Graça e Misericórdia. Aos meus pais, Valdevino Cruz (in memoriam) e Maria Zélia de Miranda, por terem me trazido ao mundo e me ensinado a labutar por meus objetivos. À minha esposa, Maria do Rosário dos Santos Cruz, e aos meus filhos, Filipe dos Santos Cruz e Sofia dos Santos Cruz, pela compreensão e paciência ao longo desta pesquisa. Na jornada acadêmica, gratifico: Aos colegas de mestrado e doutorado, que me acompanharam desde 2012. Obrigado pela amizade e companheirismo, com especial afeto ao Gilmar Lopes Dias, pela parceria e pela disposição em ter lido meu texto, antes da primeira Banca Examinadora de Qualificação, quando ainda era informe e vazio. Ao Marcelo Vicentin, amigo e excelente crítico. Obrigado pelas boas orientações e correções do texto, quando da segunda Banca Examinadora de Qualificação. À revisora Leda Farah, pela dedicação e delicadeza na leitura e correções finais do texto. Aos funcionários do CDAPH, muito obrigado pela atenção, disposição e valiosa ajuda: Sandra e Elton. À minha amiga da Central de Alunos da USF, Sr.a Reginalda, por quem tenho apreço e admiração pela sua história de vida. Ao meu orientador, Prof. Dr. Carlos Roberto da Silveira, a quem atribuo o meu respeito e dispendiosa admiração, pela sua paciência, constância e ética. Atrevo-me a dizer que furto um pouco de sua sabedoria, respeito à vida e à dignidade humana. À Prof.ª Dr.a Marcia Aparecida Amador Mascia, por quem tenho forte admiração, respeito e afeto, tendo sido a todo tempo de Doutorado uma coorientadora indireta. À Prof.ª Dr.a Adair Mendes Nacarato, com as quais tive a oportunidade de cursar a disciplina “Epistemologia da Educação”. Sempre tão atenciosa e agradável. Aos nobres professores que participaram direta e indiretamente das três bancas, que, por mais de uma vez, leram exaustivamente os conteúdos de minha Tese. Coitados! Obrigado pela paciência e perseverança! São eles: Prof. Dr. Carlos Roberto da Silveira; Prof.ª Dr.a Marcia Aparecida Amador Mascia; Prof.ª Dr.a Adair Mendes Nacarato; Prof. Dr. Daniel Santini Rodrigues; Prof. Dr. Conrado Neves Sather; Prof.ª Dr.a Luzia Batista de Oliveira Silva e Prof.ª Dr.a Edilene Mizael de Carvalho Perboni. À CAPES, pelo apoio acadêmico e financeiro, para garantir a elaboração desta Tese. Em particular, a todos os professores do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação da USF, pelo carinho com que me acolheram desde 2012.

“O essencial não é aquilo que se fez do homem, mas sim aquilo que ele fez do que fizeram dele”. Jean-Paul Sartre RESUMO

Esta pesquisa de doutorado, que recebeu apoio financeiro da CAPES1, se situa na área da Educação, na linha de pesquisa de Educação, Linguagens e Processos Interativos, e faz parte do Grupo de Estudos de Pesquisa GPEFE - Grupo de pesquisa: estudos foucaultianos e educação. Aborda o discurso sobre o corpo feminino na educação, por meio da obra de Frei Pedro Sinzig, intitulada Através dos romances: guia para as consciências (ARGC) e publicada entre os anos de 1915 a 1923. O recorte temporal se justifica por se tratar do período em que Frei Sinzig esteve em plena publicação literária no Brasil, somado a idealização da educação, como um dos temas mais importantes daquele cenário nacional. Trabalhamos com a afirmação (hipótese confirmada) de que Frei Sinzig se apropria, em ARGC, de certa governamentalidade do discurso sobre o corpo, por intermédio da restrição e da indicação da leitura de romances como forma de objetivação da figura feminina. Logo, delimitam-se como objetivos: apresentar Frei Sinzig como intelectual da educação, como um sujeito constituído historicamente; apresentar ARGC como um manual organizado e selecionado de objetivação da figura feminina; listar os romances e as autoras brasileiras que circulavam na imprensa brasileira no período; problematizar as condições de emergência e constituição do discurso de Frei Sinzig sobre a figura feminina; verificar os modos de objetivação e subjetivação dos sujeitos femininos presentes em ARGC; analisar as categorizações discursivas utilizadas por Frei Sinzig e suas produções de sentido, nas condições de conformidade e (in)conformidade; por fim, dar voz às autoras brasileiras de romances restritas por Frei Sinzig. Para isso, tomaram-se, como corpus desta pesquisa, excertos de comentários de Frei Sinzig em ARGC, os quais analisam-se na sua relação sócio- histórico-cultural de constituição e sua produção de sentidos, buscando notar o tipo de sujeito feminino objetivado e subjetivado que se constituía. O ponto de vista teórico aqui adotado situa-se na perspectiva foucaultiana, em que o sujeito não é uma substância como essência, mas estética, ou seja, uma construção externa e aparente, resultado de uma dada realidade construída historicamente e submetido a um jogo de governamentalidade, a par de práticas de objetivação e subjetivação. Os resultados das análises apontam para um sujeito projetado para família e o casamento, com uma educação cívica, portador de sentimentos nobres, ligado à educação infantil, à vida religiosa e piedosa. Em contrapartida, apontam para um sujeito feminino tido como perigoso, insaciável e sexualizado. A contribuição desta Tese de Doutorado à Educação, é inerente ao seu ineditismo e reside na discussão da seleção da leitura de romances, como um tipo de educação que produziu uma dada objetivação e subjetivação na constituição do sujeito feminino em fins do século XIX e início do século XX.

Palavras-chave: Frei Sinzig. Foucault. Educação. Discurso. Governamentalidade.

1 O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil - código de financimento 001. Abstract This doctoral research, which received financial support from CAPES,2 is located in the area of Education, in the research line of Education, Languages and Interactive Processes, and is part of the Group of Research Studies GPEFE - Research Group: Foucaultian Studies and Education . It addresses the discourse on the female body in education, through the work of Frei Pedro Sinzig, entitled Through the Novels: Guide to Consciences (ARGC) and published between the years of 1915 and 1923. The temporal cut is justified because it is the a period in which Frei Sinzig was in full literary publication in Brazil, added to the idealization of education, as one of the most important themes of that national scenario. We work with the affirmation (confirmed hypothesis) that Frei Sinzig appropriates, in ARGC, a certain governmentalality of the discourse on the body, through the restriction and indication of the reading of novels as a form of objectification of the female figure. Therefore, they are delimited as objectives: to present Frei Sinzig as intellectual of education, as a subject constituted historically; present ARGC as an organized and selected manual of objectification of the female figure; to list the novels and the Brazilian authors that circulated in the Brazilian press in the period; to problematize the conditions of emergency and constitution of Frei Sinzig's speech on the female figure; to verify the modes of objectification and subjectivation of the female subjects present in ARGC; to analyze the discursive categorizations used by Frei Sinzig and his productions of meaning, in the conditions of conformity and (in) conformity; finally, to give voice to the Brazilian authors of romances restricted by Frei Sinzig. For that, as a corpus of this research, Frei Sinzig's comments in ARGC were taken as a corpus of this research, which are analyzed in their socio-historical-cultural relation of constitution and their production of meanings, seeking to note the type of objectified female subject and subjectivated that was constituted. The theoretical point of view adopted here is in the Foucaultian perspective, in which the subject is not a substance as an essence, but aesthetic, that is, an external and apparent construction, the result of a given reality historically constructed and submitted to a game of governmentalism, along with practices of objectification and subjectivation. The results of the analyzes point to a subject designed for family and marriage, with a civic education, bearer of noble feelings, connected with infantile education, religious and pious life. In contrast, they point to a female subject regarded as dangerous, insatiable and sexualized. The contribution of this Doctoral Thesis to Education is inherent to its novelty and lies in the discussion of the selection of reading novels as a kind of education that produced a given objectification and subjectivation in the constitution of the female subject in the late nineteenth and early twentieth centuries. century.

Keywords: Frei Sinzig. Foucault. Education. Speech. Governmentality.

2 This work was carried out with the support of the Coordination of Improvement of Higher Education Personnel - Brazil - finance code 001. LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Panorama das condições sociais e sofrimentos retratados na Guerra 50 de Canudos

Figura 02: Orquestra Sinfônica, com regência de Frei Sinzig, em apresentação 51 ao Centenário de Portugal no Brasil

Figura 03: O voto feminino em 1932 81

Figura 04: Contra capa de Através dos romances: guia para consciências de 95 1915

Figura 05: Contra capa de Através dos romances: guia para consciências de 96 1917 Figura 06: Contra capa de Através dos romances: guia para consciências de 97 1923

Figura 07: Livros queimados em Berlim em 1933 (1) 174

Figura 08: Livros queimados em Berlim em 1933 (2) 174

Figura 09: Capa de Olvalho Vespertino 184

Figura 10: Carta de Lima Barreto sobre o romance “Exaltaçao” de Albertina 190 Bertha em 1916.

Figura 11: Propaganda de cigarros Vanille 199

Figura 12: Mulheres no trabalho no inicio do século XX 199

Figura 13: A fragilidade da figura feminina ao lado de criança 206

Figura 14: Modos e atuações da figura feminina 216

LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Outras obras de Frei Pedro Sinzig 39

Quadro 02: Músicas e cantos de Frei Sinzig 53

Quadro 03: Quantidade de escolas primárias, secundárias e ensino mútuo 78 Quadro 04: Divisões gerais dos romances 94

Quadro 05: Quantitativo de romances que circulavam no Brasil em fins do 95 século XIX e início do XX

Quadro 06: livros escolares indicados por Através dos romances: guia para as 121 consciências (1923)

Quadro 07: Categorias discursivas nas obras indicadas em ARGC 177

Quadro 08: Categorias discursivas nas obras restritas em ARGC 178

Quadro 09: Categorias discursivas morais de Frei Sinzig: conformidade e 209 (in)conformidade social Quadro 10: Causas da prostituição e causas de restrições à leitura por Frei 210 Sinzig

Quadro 11: Romances restritos à leitura por Frei Sinzig 214

Quadro 12: Objetivação e subjetivação do suicídio em ARGC 227

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AD - Análise do Discurso

ARGC - Através dos romances: guia para as consciências

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CDAPH - Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa em História da Educação

CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

EAD - Educação a distância

FPS - Frei Pedro Sinzig

IES - Instituição de Ensino Superior

MEC - Ministério da Educação e Cultura

NC - Não consta ou não constam

OFM - Ordem dos Frades Menores

OIL - Obra indicada à leitura

ORL - Obra restrita à leitura

PUC - Pontifícia Universidade Católica

PPGSSE - Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Educação

SI - Sem identificação

UNICAMP - Universidade de Campinas

USF - Universidade São Francisco

USP - Universidade de São Paulo

SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS 11 LISTA DE QUADROS 12

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 13 INTRODUÇÃO 17 CAPÍTULO 1 - FREI PEDRO SINZIG, VIDA, OBRAS E CONTEXTO 31 HISTÓRICO-CULTURAL DO PERÍODO 1.1. DO FREI PEDRO SINZIG 31 1.1.1. Principais pesquisas acadêmicas sobre Frei Pedro Sinzig 32 1.2. DAS OBRAS DE FREI PEDRO SINZIG 36 1.2.1. Obras literárias publicadas no Brasil 37 1.2.2. Obras literárias publicadas fora do Brasil 41 1.3. DAS RELAÇÕES POLÍTICAS E SOCIAIS DE FREI PEDRO SINZIG 43 1.3.1. Relações políticas e sociais de Frei Pedro Sinzig 44 1.3.2. Relações políticas: nominações de ruas em diferentes estados 46 1.3.3. Relações sociais: participação na Guerra de Canudos 48 1.3.4. Destaque social como musicólogo 51 1.4. CONTEXTO HISTÓRICO-CULTURAL DE FINS DO SÉCULO XIX E 55 INÍCIO DO XX NO BRASIL 1.4.1. A virada do século: expectativas e idealizações 55 1.4.2. A educação na República 61 1.4.3. A figura feminina e a educação da mulher 73 1.4.4. A educação por meio da expansão da literatura impressa: romances 82 CAPÍTULO 2 - ATRAVÉS DOS ROMANCES DE FREI PEDRO 89 SINZIG: UM MANUAL DE DISCURSOS PARA AS CONSCIÊNCIAS BRASILEIRAS EM FINS DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX 2.1. OS ENTREMEIOS DE ATRAVÉS DOS ROMANCES: GUIA PARA AS 90 CONSCIÊNCIAS PARA EDUCAÇÃO 2.2. A EDUCAÇÃO PROPOSTA POR MEIO DE ATRAVÉS DOS 105 ROMANCES: GUIA PARA AS CONSCIÊNCIAS 2.2.1. Uma educação da consciência 107 2.1.2. Uma educação invasiva por meio da família, através da figura da 111 mulher 2.2.3. Uma educação da consciência invasiva: tema comum entre Igreja e 122 República CAPÍTULO 3 - A GOVERNAMENTALIDADE NA CONSTITUIÇÃO 130 DO SUJEITO: OBJETIVAÇÃO E SUBJETIVAÇÃO 3.1. A OBJETIVAÇÃO DO SUJEITO PELA GOVERNAMENTALIDADE 131 NA CONSTITUIÇAO DO SUJEITO 3.2. A SUBJETIVAÇÃO DO SUJEITO FRENTE À 144 GOVERNAMENTALIDADE 3.3. MODOS DE SUBJETIVAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO 148 FEMININO 3.3.1. “Ser saber”: o saber pressupõe categorizações discursivas que se 150 constituem sob intencionalidades 3.3.2. “Ser poder”: práticas de poder que o capturam, dividem e 154 classificam 3.3.3. “Ser consigo”: pensar sobre si (ética) 160 CAPÍTULO 4 - UMA GOVERNAMENTALIDADE NA 170 CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO FEMININO EM ATRAVÉS DOS ROMANCES 4.1. A VALIDADE DE ATRAVÉS DOS ROMANCES: GUIA PARA AS 170 CONSCIÊNCIAS COMO MANUAL DE OBJETIVAÇÃO 4.2. MODOS DE OBJETIVAÇÃO E SUBJETIVAÇÃO EM ATRAVÉS DOS 176 ROMANCES: GUIA PARA AS CONSCIÊNCIAS 4.2.1. A mulher como uma figura de preservadora da família e de certa 183 moralidade social 4.2.2. A mulher como uma figura de educação e controle de diferentes 192 vícios 4.2.3. A mulher como uma figura de especificidade e singularidade 199 4.2.4. Figura de uma mulher frágil e soberana 204

4.2.5. Figura de uma mulher pensante e racional 212 4.2.6. Figura de uma mulher que controla as emoções, principalmente 218 contra o suicídio 4.2.7. Figura de uma mulher da família versus felicidade 227

CONSIDERAÇÕES FINAIS 232

REFERÊNCIAS 237

ANEXO I - QUADRO DE LEITURA INDICADA POR FREI SINZIG, 250 ENTRE FINS DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO XX

ANEXO II - QUADRO DE LEITURA RESTRITA POR FREI SINZIG, 387 ENTRE FINS DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO XX

ANEXO III - QUADRO DE ESCRITORAS BRASILEIRAS RESTRITAS À 510 LEITURA POR FREI SINZIG, ENTRE FINS DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO XX

ANEXO IV - QUADRO DE ESCRITORAS BRASILEIRAS INDICADAS À 515 LEITURA POR FREI SINZIG, ENTRE FINS DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO XX 17

INTRODUÇÃO

Para iniciar, traço uma breve autobiografia com a trajetória de minha formação, para justificar o caminho até aqui trilhado nesta Tese. Inicio pelo hoje, pois atualmente tenho dupla atuação e formação, ou seja, na área de Segurança Pública e na educação. Na Segurança Pública, atuo há 20 anos como profissional de carreira, desenvolvendo (desde novembro de 2018) a função de Secretário Municipal de Transportes e Defesa Social do município de Vinhedo/SP. Na educação, desenvolvo a atividade de docente no ensino superior desde 2011 e atualmente possuo um Polo de EAD em Campinas, conveniado à Universidade de Jaguariúna. Nasci no dia 02 de novembro de 1976, no município de Campina da Lagoa, no estado do Paraná. Aos 7 anos, ingressei em 1983 na Escola Municipal Humberto de Souza Mello, no Jardim das Bandeiras II, onde estudei até 1988 (5.ºano). Tratava-se de uma escola pública, com forte peso pedagógico. Por força de iniciar na vida do trabalho e ter que ajudar no sustento familiar, devido principalmente à ausência de meu pai, aos 12 (doze) anos, em 1989 ingressei na Escola Terezinha da Fonseca Pares, onde terminei o 8.º ano. Após o 8.º ano, estive alguns anos fora da escola, principalmente pelo fato de ter ingressado na Força Área Brasileira e tido grandes dificuldades em terminar o então 2.º grau. Saído da Força Área Brasileira, terminei os estudos no Sesi Campinas, através de um supletivo do Telecurso 2000. De forma geral, recebi educação escolar sempre com grandes dificuldades e forte esforço, principalmente devido ao fato de sempre ter tido que conciliar trabalho-estudo-família. Em 2003, concluí o curso superior de Bacharel em Teologia, pela Faculdade Teológica Batista de Campinas (FTBC). Em 2009, o curso superior de Licenciatura em Filosofia, pela Faculdade Phênix de Ciências Humanas e Sociais do Brasil, e em 2011 o curso de Licenciatura em História pela Universidade Metropolitana de Santos/SP. Visando ingressar na docência do ensino superior, realizei uma especialização Lato Sensu em Didática do Ensino Superior com aplicação das novas tecnologias na Faculdade Phênix de Ciências Humanas e Sociais do Brasil. Na sequência, realizei uma especialização Lato Sensu em Filosofia Contemporânea e História na Universidade Metodista de São Bernardo do Campo. Em 2012, o Mestrado em Educação, na linha “História, Historiografia e ideias educacionais” pela USF, concluído em 2014. Pela mesma IES, iniciei o Doutorado em Educação em 2016, cursei as seguintes disciplinas: Seminários Avançados; Estudos sobre Discursos, Sujeito e Saberes; Subjetividades em 18

Educação na Contemporaneidade; Educação e Teorias Críticas Latino-Americanas; Educação, Regimes de Verdade e Liberdade; Epistemologia e Educação. Durante o período em que cursei as disciplinas, em parceria com o orientador, Prof. Dr. Carlos Roberto da Silveira, realizamos diversas publicações de textos, tais como “Frei Pedro Sinzig: um guia para as consciências às reminiscências exemplares” no Educare Educere; “Discursos na Educação através das obras de Frei Pedro Sinzig sobre mulheres brasileiras: uma análise foucaultiana”, no Encontro de Iniciação Científica, XVI Encontro de Pós-Graduação, XII Encontro de Extensão Universitária e X Seminário de Estudos do Homem Contemporâneo da USF; “O comportamento cínico parresiástico na contemporaneidade: riscos da verdade insolente”, no IV Congreso Latinoamericano de Filosofía de la Educación em Buenos Aires; “Educação nas obras de Frei Pedro Sinzig e o grito feminino na interpelação e decolonialidade”, no I Congresso Internacional de Educação da Universidade de Sorocaba; “Interpelação, decolonialidade, sujeito e discurso na educação: ensaios sobre a voz feminina nas obras de Frei Pedro Sinzig”, no 5.º Encontro SENAC de Conhecimento Integrado: educação e transformação para o mundo do trabalho. Além disso, publicamos, junto com a Prof.ª Maria de Fátima Guimaraes, o texto “Frei Pedro Sinzig: de um Guia para as consciências às reminiscências exemplares” na revista Educare Educere, em 2017, e “Frei Pedro Sinzig: por entre um guia para as consciências às reminiscências exemplares”, no XIX Colóquio de História de la Educación em Madri/Espanha. Recentemente (abril/2019), através da Procuradoria Especial da Mulher da Câmara Municipal de Vinhedo, encaminhamos para publicação o texto com o título “Empoderamento feminino na virada do século XIX para XX”, como um dos capítulos do livro Antes que seja Tarde, do projeto da vereadora Flavia Bittar. Cabe destacar que tal material será utilizado como material didático, na rede escolar municipal. Dando continuidade, em novembro de 2017, fui aprovado no primeiro Exame de Qualificação do Doutorado que me conduziu para a segunda Qualificação em dezembro de 2018. Entendo que esta trajetória formativa, principalmente nas disciplinas cursadas durante o Doutorado, me subsidiou para apropriar-me da linha de pesquisa do PPGSSE, com o tema “Educação, linguagens e processos interativos”, que propõe a Educação sob enfoque discursivo, a par de temas como constituição de saberes e sujeitos, análise do discurso e de processos interativos, permitindo-nos analisar as obras de Frei Sinzig sob um olhar foucaultiano. 19

Após concluir as disciplinas obrigatórias do doutorado e já ter lido a maioria das obras de Frei Sinzig sobre o tema, com o olhar foucaultiano, passei a perceber que tais escritos continham discursos que visavam conformar e/ou (in)conformar os corpos femininos do período e com isso delineavam os sujeitos, moldando-os e definindo-os. Notei, além disso, que o discurso de Frei Sinzig continha um poder que não era algo apenas de cima para baixo, mas que circulava na sociedade da sua época. A par disso, fui motivado a perceber como os discursos de Frei Sinzig se constituíram, considerando que ele foi um franciscano que nasceu em 1876 e morreu em 1952, pertenceu à Ordem dos Freis Menores (OFM), após ter chegado ao Brasil em 1893 e ter desenvolvido um sacerdócio católico exemplar, publicando mais 100 obras literárias, a ponto de se tornar um influente escritor brasileiro no início do século XX e um dos editores mais conhecidos da Editora Vozes3 de Petrópolis/RJ, do qual foi diretor entre 1913 e 1914.4 Ademais, seus livros impressos ultrapassaram os limites de Petrópolis/RJ, alcançaram escolas de outros estados brasileiros, a ponto justificar a criação da “Typografia de São José”,5 em 05 de março de 1901, pela necessidade de aumentar e repetir as tiragens dos livros publicados pela editora. Assim, as obras de Frei Sinzig, somadas as contribuições de outros autores franciscanos, estão entre os materiais mais lidos no período tratado nesta pesquisa. Somado isso, o período em questão foi marcado por significativa expansão da produção editorial impressa e por um relevante aumento no número de leitores no Brasil, em razão da emergência e da consolidação do processo educacional como um dos temas mais importantes para a elite letrada e urbana (GUIMARÃES; BUENO; GALZERANI, 2013), que, com os ideais da recém-formada República, tinha como pressuposto formar e moldar a população, pressupondo certo progresso social a partir de determinadas condições (RAGO, 1985). Convém acentuar que a expansão da literatura impressa se vinculava ao consumo de romances, que recebiam certa desconfiança por

3 A “Typografia Gratuita de São José”, atual Editora Vozes, inicialmente imprimia livros didáticos para aos alunos da Escola Gratuita São José, que, destinada à educação de meninos pobres, foi fundada por franciscanos em 1897, em Petrópolis,RJ (KIRCHNER, 2009), com a matrícula inicial de 500 crianças. Inicialmente foi mantida por três padres franciscanos e seis professores leigos assalariados. Também recebia sustento financeiro do Convento e de doações da população (SINZIG, 1917, p. 288-289). O nome Editora Vozes, atribuído posteriormente, teve sua origem em uma revista criada pelos franciscanos em 1907, com título “Revista de Cultura de Vozes”. Atualmente, a Editora Vozes é a maior editora católica da América Latina e completará 118 anos em 2019. 4 A coleção está disponível no Centro de Documentação e Apoio a História da Educação (CDAPH) da Universidade São Francisco (USF) em Bragança Paulista/SP. 5 Para os textos extraídos diretamente de fontes primárias, conservamos a escrita original. 20 parte da Igreja Católica e de muitos republicanos, que os tinham como uma leitura perigosa e audaciosa (PAES, 2013; PAIVA, 1997; SANGENIS; SANGENIS, 2013). Tendo em vista esse panorama, o objetivo geral desta pesquisa foi problematizar a governamentalidade do discurso sobre o corpo6 feminino na educação, por meio do ARGC de Frei Sinzig, entre fins do século XIX e início do XX. Trabalhamos com a afirmação (hipótese confirmada) de que Frei Sinzig se apropria em ARGC de certa governamentalidade do discurso sobre o corpo, por intermédio da restrição e da indicação da leitura de romances,7 como forma de objetivação da figura feminina, entre fins do século XIX e início do XX. Logo, delimitamos como objetivos específicos: 1. Apresentar Frei Sinzig como intelectual da educação, enquanto um sujeito constituído historicamente. 2. Apresentar ARGC como um manual, organizado e selecionado, de objetivação da figura feminina.

6 Ressaltamos acolher o corpo como a realidade mais concreta do indivíduo, e não somente como um conjunto biológico, mas como um objeto de conhecimento, um território simbólico, processador de virtualidades infindáveis, campo de forças que não cessam de inquietar-se e confortar. Nesse sentido, o corpo é o mais belo traço da memória da vida e da subjetividade do sujeito que o constituí. Portanto, entendemos ser possível compreender o corpo na história, ou seja, no tempo e espaço, diante das dinâmicas que atravessam e o atravessam (BUENO; 2007; CHAUI, 2009; CRUZ, 2014; PORTER, 1992; SANT’ANNA, 2002; SOARES, 2002). Assim, analisar o discurso sobre o corpo pode nos fornecer imagens de uma dada sociedade e de sua contemporaneidade, servindo-nos como vestígios indicadores de costumes, práticas, valores, comportamentos etc., inscritos discursivamente, a partir do momento em que ele (o corpo) absorve as práticas sociais em exercício, instaurando práticas sociais em cada sociedade, seja no campo da sexualidade e/ou qualquer outra área. Portanto, ao destacar uma dada educação do corpo, estamos colocando em evidência certas posições-sujeito e seus efeitos de sentido, os quais são produzidos em sintonia com o discurso sobre o corpo de uma dada realidade histórico- cultural. Isso porque pressupomos que “os corpos são educados por toda a realidade que os circunda, por todas as coisas com as quais convivem, pelas relações que se estabelecem em espaços definidos e delimitados por atos de conhecimento” (SOARES, 2002, p. 110). Para Vigarello (1978 apud SOARES, 2002, p. 17), “o corpo é o primeiro lugar onde a mão do adulto marca a criança, ele é o primeiro espaço onde se impõe os limites sociais e psicológicos que foram dados a sua conduta”. 7 Os romances eram tidos por Frei Pedro Sinzig como obras ficcionais, que exerciam uma fascinação irresistível capaz de seduzir a todos: mulheres, crianças e adultos. Eram tratados como uma “maçã rosada”, que, na primeira mordida, “envenenava” todo o corpo. Para ele, o perigo de ser envenenado era decorrente da falta de condições intelectuais de escolha, ou seja, da seleção daquilo que poderia ou não ser lido (SINZIG, 1915b, p. 2). Acrescente-se que o século XIX é denominado século do romance (PAES, 2013). Contudo, a partir da segunda metade do século XIX no Brasil, os romances eram vistos como um gênero suspeito por parte de críticos e censores da época, por tratar-se de uma literatura que atraía todo tipo de leitor, devido à sua linguagem acessível e que suscitava interpretações diversas. Segundo Paes (2013, p.13), os romances eram caracterizados pelo fácil acesso e pela linguagem atrativa; porém, seus enredos “feriam” todo tipo de ortodoxia, pelas restrições morais condenáveis, tais como o contato com cenas de adultério, incesto, sedução e crimes, fazendo com que o leitor aprendesse como levar a cabo situações semelhantes. Além de outras objeções, os romances eram tidos por alguns como imorais, como constituidores de corrupção do gosto, em razão do contato com situações moralmente condenáveis (PAIVA, 1997). 21

3. Listar os romances e as autoras brasileiras que circulavam na imprensa brasileira no período. 4. Problematizar as condições de emergência e constituição do discurso de Frei Sinzig sobre a figura feminina. 5. Verificar os modos objetivação e subjetivação dos sujeitos femininos presentes em ARGC. 6. Analisar as categorizações discursivas utilizadas por Frei Sinzig e suas produções de sentido, nas condições de conformidade e (in)conformidade. 7. Por fim, dar voz às autoras brasileiras de romances restritas por Frei Sinzig. Para tanto, delimitamos as seguintes questões de pesquisa: 1. Quem foi Frei Sinzig e quais exigências e qualificações ele satisfazia? 2. Em que condições emergiu o discurso controlado, selecionado e organizado de Frei Sinzig sobre as mulheres brasileiras? 3. De que forma o poder e o saber, por meio de uma dada governamentalidade, conjuraram tais mulheres? 4. Quais são os modos de objetivação e subjetivação na constituição dos sujeitos femininos? 5. Quais são as categorizações discursivas distribuídas e suas produções de sentido relativas à conformidade e à (in)conformidade da figura feminina? Ancorada nestas questões, esta pesquisa tem como pano de fundo o contexto histórico-cultural do período em que Frei Sinzig e suas obras estavam inseridos, bem como certa governamentalidade sobre o corpo feminino, a partir de um poder-saber, disposto nos discursos das obras restritas e indicadas em ARGC. Somado a isso, esse recorte temporal se justifica por se tratar de um período em que Frei Sinzig esteve em plena publicação literária no Brasil, acrescido ao fato de o país ter vivenciado constantes transformações de ordem social, política e cultural, ancoradas na idealização da educação, como um dos temas mais importantes do cenário brasileiro. Cabe ainda salientar que os verbetes das três edições de ARGC de Frei Sinzig tecem comentários sobre 21.553 livros de 6.657 autores, na grande maioria romances, em que ele se coloca como um intermediário dos valores morais da Igreja Católica, ora pelas indicações8, ora pelas restrições9 à leitura. Esses romances foram utilizados como

8 Autoras brasileiras indicadas para leitura: Ancilla Domini (pseudônimo de Hilda Leite Guimarães); Emília de Souza Costa; Julia Varisco; Emilia Gomide Penido; Maria Pinto Figueirinhas; Stella de Faro; 22 instrumentos de embate ideológico, na contraposição entre ideias e atitudes contrárias a posicionamentos morais e doutrinários da Igreja e, por vezes, da República. Além disso, destacamos que ARGC era a única literatura no País, utilizada como referência obrigatória para os que lidavam com a censura católica (CRUZ, 2014). Ademais, um dos fatos marcantes das obras de Frei Sinzig é justamente o número considerável de autoras brasileiras de romances que dominavam a arte de ler e escrever, mesmo em meio à situação precária da educação feminina. Além disso, muitos desses romances contrariavam as doutrinas da Igreja Católica, com contestações diretas, trazendo marcas de uma ruptura com a ordem social e moral do período, mesmo num período em que a Igreja detinha um poder considerável sob a educação feminina. Em certa medida, convém salientar que nesse período, a mulher se constituía, com certo destaque, a base de uma dada estabilidade social e assumia importância central a serviço da ordem social, principalmente, na constituição de uma família moralizada (CUNHA, 1986), marcada pela (re)definição de um novo modelo de mulher, buscando novos sentidos (RAGO, 1985). Diante disso, pesquisar a emergência de discursos sobre o corpo feminino, pautados por indicações e restrições à leitura de romances, permite-nos compreender um dado contexto histórico-cultural, suas contradições, tensões e conflitos, e perceber a ideia de mundo que atravessou esse período de certa sociedade. Ainda sobre o contexto do período aqui abordado, consideramos também o fato de Frei Sinzig estar inserido em uma realidade que propunha a interiorização do espaço urbano, constituindo comportamentos, em que a educação, por meio da leitura, constituiu-se como um meio de transformação da sociedade (ESCOLANO, 2001; VEIGA, 2002). Paralelamente a isso, o Brasil vivenciava processo crescente de industrialização e aumento populacional urbano, o que propiciava, além de emergência e urgência, a consolidação da educação, como dissemos, como um tema candente do cenário nacional para a elite letrada urbana (CUNHA, 1986; RAGO, 1985; SEVCENKO, 1983). Ademais, essas transformações sustentavam-se em uma racionalidade segundo a qual o corpo deveria ser educado para o trabalho – como virtude social –, higienizado e saudável, para a convivência urbana, expressando certa moralidade (CRUZ, 2014).

Amelia Castro Osório; Amélia Rodrigues; Adelina Lopes Vieira; ICKS (pseudônimo de Alexina de Magalhães Pinto); e Maria Luiza Souza Alves. 9 Autoras brasileiras restritas para leitura: Albertina Bertha; Ângela Barco; Augusta Franco de Sá Sampaio; Ana Ribeiro Bittencourt; Carmem Dolores; Cecília Mariz; Emília Penido; Júlia Lopes de Almeida; Maria das Dores; Maria Luzia de Souza; e Maria Amélia de Carvalho. 23

Nesse contexto, a educação emergiu como essencial para a sociedade e para a Igreja, visando conformar as pessoas para convivência urbana, social e para o progresso (VEIGA, 2002). De forma geral, nosso interesse pelo discurso sobre corpos conformados e (in)conformados, por meio das obras de Frei Sinzig, originou-se a partir da pesquisa de Mestrado, realizada na USF, no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, na linha de História, Historiografia e ideais educacionais, sob orientação da Prof.ª Dr.a Maria de Fátima Guimarães, defendida em julho de 2014, com título “Por entre as obras de Frei Pedro Sinzig e as potencialidades para a História da Educação do Corpo (1889-1920)”. 10 Ali consideramos que o período entre o fim do século XIX e o início do século XX – de extrema importância para compreensão da sociedade ocidental e contemporânea – estava atrelado aos ideais da modernidade, que propunham a formação de pessoas sob novas percepções (BERMAN, 1986; ESCOLANO, 2001; THOMPSON, 1998; VEIGA, 2002). Neste contexto, o discurso sobre o corpo, que pode ser tido como uma forma de saber-poder, estabelecendo padrões de conformidade social, era uma das ferramentas utilizadas com objetivo de educar a sociedade11. Portanto, ao colocarmos em relevo o discurso sobre o corpo feminino,traremos à tona padrões de comportamentos segundo a conformidade social do período, além de relações de poder, resistências, contracondutas etc., ou seja, uma certa governamentalidade e sua dinâmica de condução e coerção, no momento em que o Brasil se constituía como República, sob a influência de várias correntes ideológicas. Pretendemos, assim, problematizar a constituição da figura feminina nesse contexto brasileiro, a par de uma educação por meio da literatura de romances, o que, portanto, implica as obras do Frei Sinzig como potencialmente relevantes para a educação. O interesse nesses discursos sobre o corpo feminino presentes nas obras de Frei Sinzig também repousa no intrigante fato de tratar-se de um personagem eclesiástico com demasiada preocupação com a figura feminina, no momento em que a República se constituía como o modelo de nação. Sobre isso, notamos em Frei Sinzig um intenso

10 Disponível em: http://www.usf.edu.br/publicacoes/dissertacoes.vm?pagina=4&programa=Educacao&ano=todos&. Acesso em: 07 ago. 2018. 11 Convém esclarecer que nossa percepção de uma dada educação do corpo feminino por meio da leitura de romances aconteceu em fins do período de execução da pesquisa de Mestrado, na qual notamos uma forte preocupação de Frei Sinzig com a figura social da mulher. Tal percepção foi apontada nas considerações finais da referida Dissertação, mas não recebeu desenvolvimento teórico. Assim, impôs-se a nós um despertar para esse tipo de materialidade relacionado à figura feminina, o qual seria objeto de interesse posterior para o Doutorado. 24 trabalho no sentido de orientar suas leituras sobre o corpo feminino, mediante restrições e/ou indicações, classificando-o como “vítimas fáceis dos folhetins e romances de amores intensos” (SINZIG, 1923, p.46). A esse respeito, entendemos que o contexto da época propunha uma figura feminina como constituidora da arquitetura urbana e protetora dos bons costumes, retratando-a em algumas ocasiões como alguém que toma decisões e deve ser preservada (CRUZ, 2014). Portanto, presumimos que a análise do discurso de Frei Sinzig sobre as mulheres brasileiras pode ser um dos fios condutores de outros discursos sobre a mulher na educação brasileira, pois conjecturamos que a seleção da leitura de romances constituía um tipo de educação que produzia uma dada conformação social para as mulheres brasileiras. Assim, entendemos que ARGC pode ser considerado como a tensão e o esforço de um dado discurso sobre a figura feminina do período, pois foi justamente nessa tensão e nesse esforço de propor uma dada governamentalidade que Frei Sinzig publicou seu próprio material literário12, de modo a servir como “guia para as consciências”, principalmente para o público feminino, pois segundo ele, “não existia literatura apropriada para as moças” (SINZIG, 1917, p.17),13 já que a igreja estava diante de uma dada expansão da literatura romanesca, que imprimia livros sob influência do positivismo, tidos como “impuros” pela Igreja Católica e por parte de uma elite letrada republicana do período. Outra questão marcante, entre as obras de Frei Sinzig e a educação, é o fato de elas revelarem um número considerável de autoras de romances, que dominavam a arte de ler e escrever, mesmo em meio à situação precária da educação feminina14. No entanto, muito embora a educação do período fosse insatisfatória, Sangenis e Sangenis (2013) destacam que a partir da terceira década do século XX ocorreu um aumento na taxa de alfabetizados, o que provavelmente fez com que Frei Sinzig se visse desafiado a

12 Paiva (1997) destaca que os livros impressos por Frei Pedro Sinzig eram lidos em todo o Brasil. 13 Frei Pedro Sinzig publicou outros livros destinados ao público feminino, com a finalidade de combater os romances tidos como “impuros”, além de colocar à disposição outras literaturas paralelas, tidas como “saudáveis”, tais como Ramalhete de flores, em 1907, e Violetas, em 1913. 14 No que se refere à educação de letramento no Brasil, o final do século XIX e o início do XX foram marcados por uma tímida formação de leitores e escritores, além de um precário sistema educacional. Sobre isso, ao tratar sobre a educação, como forma redentora da sociedade, Nagle (1977, p.263) propõe a existência de uma “ignorância reinante” no Brasil no início do século XX e avalia essa ignorância como causa de todas as crises e como “primeiro problema nacional”. No mesmo sentido, ao tabular números comparativos entre o crescimento do público leitor (o caso infantil), Bittencourt (1953, p.71-72) mostra que pouco se conseguiu acompanhar a evolução da população com a melhora da educação no Brasil e que os esforços dos governos municipais, estaduais, federal e da iniciativa privada eram “absolutamente insuficientes” em proporção ao crescimento das populações. 25 orientar as leituras, a fim de participar ativamente na formação social do período.15 Isso porque o processo de educação, na qual se espraiavam impressos de várias ordens por todo o Brasil, notadamente representava perigos, não somente para a Igreja Católica, como denominação cristã, mas também para o sistema republicano recém-implantado. Portanto, o trabalho de Frei Sinzig se pautava por uma relação binária, pois, se de um lado se ancorava nas doutrinas católicas, de outro, encontrava guarida e respaldo no então sistema republicano16. A esse respeito Sangenis e Sangenis (2013, p. 90) afirmam:

[...] novamente, em plena era de uma pretensa luminosidade de ideias republicanas, a leitura acaba por estar sob tutela, sendo utilizada como mecanismo formador da moral do progresso e de um sentimento nacional-ufanista que desse suporte ao discurso da nova ordem política. Nesse sentido, nada mais natural que aparecessem diversos manuais de leitura que pudessem orientar as mentes em formação (nas escolas) e aquelas que precisavam refinar suas leituras (mulheres consumidoras de romances franceses e outros leitores menos abalizados).

Desse modo, percebe-se uma educação voltada à orientação da leitura para o público feminino, leitura que não deveria ferir o status quo nem da Igreja nem da República. Por conseguinte, convém frisar o ineditismo desta pesquisa no campo da educação, pois, apesar de outros pesquisadores já terem tratado do tema,17 não se debruçaram acerca do discurso sobre o corpo feminino a partir da visão de mundo de

15 Sangenis e Sangenis (2013) destacam que Frei Sinzig combateu as literaturas naturalistas francesas que circulavam no Brasil, principalmente aquelas para o público feminino. Buscou também esfacelar certo anticlericalismo militante presente nas confrarias literárias do período, associadas a certos movimentos culturais que agregavam realistas e pós-decadentistas. 16 Sobre a questão do trabalho em comum da Igreja Católica e da República, existem divergências de opiniões de pesquisadores; no entanto, é preciso destacar que no Brasil atuavam diferentes religiosos e, segundo nossa percepção de Frei Pedro Sinzig e de suas obras ele atuava em certa medida coadunado, principalmente devido ao fato de haver “inimigos” comuns, tais como grupos militantes de distintas correntes ideológicas, como anarquistas e socialistas, que disputavam territórios brasileiros. A esse respeito indicamos a leitura de Bilhão (2016). 17 Alguns autores brasileiros pesquisaram sobre Frei Pedro Sinzig, dentre os quais citamos Renato Kirchner, com uma pesquisa de doutorado direcionado à Escola Gratuita e a Tipografia São José, mostrando a evolução da tipografia até os livros escolares. Também Luiz Fernando Conde Sangenis, em Gênese do pensamento único em Educação, no qual aborda o franciscanismo e o jesuitismo, tendo como ponto de partida a educação brasileira. Também Maria Margarete Santos, que analisa a história editorial através de frei Pedro Sinzig. Além disso, há também a pesquisa de Aparecida Paiva, com o título principal a Voz do veto, que num modo geral, se aproxima desta pesquisa. Entretanto, apesar de abordar a questão da feminidade no período e a censura católica à leitura de romances, não analisa diretamente o discurso sobre corpo feminino no período e não se debruça sobre a investigação específica do discurso, como é caso desta pesquisa. 26 um frei que representava não somente a Igreja, mas também a elite republicana letrada da época. Tomamos como corpus desta pesquisa excertos de comentários de Frei Sinzig em ARGC, os quais analisamos na sua relação sócio-histórico-cultural de constituição e sua produção de sentidos, buscando notar o tipo de sujeito feminino objetivado e subjetivado que se constituía. Nesse viés, realizamos os seguintes procedimentos: 1. Revisão das fontes primárias de ARGC de Frei Sinzig. 2. Elaboração de quadros descritivos dos romances indicados e restritos, contendo autores, obras e excertos de comentários de Frei Sinzig, conforme ANEXOS I e II. 18 3. Elaboração quadros descritivos, separadas por autoras femininas brasileiras, demonstrando quem foram elas, suas obras e excertos de comentários de Frei Sinzig, conforme anexos III e IV. 19 4. Realização de análise documental das obras privilegiadas, perscrutando o contexto histórico-cultural, visando analisar o discurso de Frei Sinzig como instrumento de poder e saber e como modo de objetivação e subjetivação da figura feminina. Do ponto de vista teórico, situamo-nos na perspectiva foucaultiana, em que o sujeito não é uma substância como essência, mas estética, ou seja, uma construção externa e aparente, resultado de uma dada realidade construída historicamente e submetido a um jogo de governamentalidade, a par de práticas de objetivação e subjetivação. Os resultados das análises apontam para um sujeito projetado para a família e o casamento, com uma educação cívica, portador de sentimentos nobres, ligado à educação infantil, à vida religiosa e piedosa (FOUCAULT, 1995, 2008, 2010). Porém, em contrapartida, revelam um sujeito feminino tido como perigoso, insaciável e sexualizado. Nossa contribuição à Educação, que é inerente ao ineditismo desta Tese de Doutorado, refere-se à discussão da seleção da leitura de romances, como um tipo de

18 Esclarecemos que foi utilizado a edição de 1915 de ARGC para a elaboração deste quadro (Anexo II e II), contendo 11.663 livros e 5.150 autores. Ademais, privilegiamos nos comentários, apenas as informações que pudessem nos subsidiar para notar se tal romance era indicado ou restrito. Conservamos a escrita original para os nomes dos autores, títulos e comentários. 19 Para elaboração destes quadros descritivos (Anexo III e IV), utilizamos das três edições de ARGC. Conservamos a escrita original para os nomes dos autores, títulos e comentários. 27 educação que produziu uma dada objetivação e subjetivação na constituição do sujeito feminino em fins do século XIX e início do século XX. Nesse percurso investigativo, pautamo-nos teoricamente nos discursos de Frei Sinzig como uma materialidade discursiva, como forma de poder-saber, em relação a uma dada governamentalidade das consciências, pois eles exerceram uma função privilegiada na sociedade do período e podem ser tidos como manifestação de poder- saber. Assim, apropriamo-nos deles como algo que pressupunha não apenas lutas ou sistemas de dominação, mas um poder do qual Frei Sinzig buscou apoderar-se. Portanto, esse poder-saber ali contido não está abarcado num conjunto de instituições, nem numa racionalidade proposta, ou mesmo na História, mas em situações estratégicas que formam e constituem sujeitos em cada espaço e tempo, permitindo-nos, assim, observar as relações que se estabeleceram (FOUCAULT, 1999). Assim, tomamos o discurso não como uma fala, nem uma língua, mas como um elemento que tem relação direta com a constituição de sujeitos. Para isso, entendemos o sujeito do discurso como uma construção realizada historicamente por práticas discursivas, de forma que o sentido do discurso não está na palavra, mas no seu contexto histórico-cultural-social de emergência. A par disso, a sociedade passa a ser uma produção discursiva, que, ao mesmo tempo, controla, seleciona, organiza e redistribui, de acordo com certos procedimentos, com seus poderes e perigos. Assim, saberes e poderes são construídos por práticas discursivas e instituem-se como domínios nas sociedades em geral (FOUCAULT, 1995, 1997, 1999). Neste percurso teórico foucaultiano, em que o discurso tem relação direta com a constituição dos sujeitos, notamos que o sujeito histórico é produzido pela própria história que os permeia, ou seja, por regimes e jogos de verdade, os quais ele conduzirá em uma hermenêutica do sujeito (FOUCAULT, 2006). Nessa hermenêutica, compreender os discursos em que o próprio sujeito é inserido permite-nos verificar os processos de objetivação e subjetivação, “que fazem com que o sujeito possa se tornar, na qualidade de sujeito, objeto de conhecimento” (FOUCAULT, 1984a, p. 236). Assim, os processos de objetivação se referem às ações externas sobre o sujeito (FOUCAULT, 1995), já os chamados processos de subjetivação vinculam-se ao modo como o sujeito compreende-se sujeito de uma determinada realidade social. Portanto, tomamos os processos de objetivação e subjetivação como processos complementares, que se relacionam por meio do que resolveu chamar de “regimes de verdade” e “jogos de verdade” (FOUCAULT, 1979, p.12; FOUCAULT, 2010, p.4). Todavia, o sujeito é um 28 efeito das relações de poder-saber (FOUCAULT, 1995, 1997) que, em especial a partir do século XVI, retomaram questões de governamentalidade (FOUCAULT, 2008), a partir de dispositivos de segurança e saberes econômicos, visando ao governo de massas de população. Com isso, destaca-se a constituição de uma sociedade controlada e disciplinada, em especial no Ocidente (FOUCAULT, 2011). O objetivo da governamentalidade, portanto, é compor a população com sujeitos controlados e disciplinados (FOUCAULT, 1979, 2008), sob olhares definidos e direcionados. Daí deriva, nesta face da governamentalidade, a demanda de guias para as consciências. Portanto, segundo Foucault (2008, p.92) a governamentalidade se inscreve como uma arte ou, em todo caso, táticas e técnicas novas de governo que eclodem no século XVI e se difundem, não mais como manuais de conselhos ao monarca, mas como diferentes possibilidades de governar. Assim a governamentalidade se situa no âmbito individual, social, religioso, pedagógico, político, médico e filosófico. Nesta guisa, desenvolveremos este trabalho através de quatro eixos distintos e complementares. Na primeira parte, intitulada “Frei Pedro Sinzig, vida, obras e contexto histórico- cultural”, focaremos a vida e as obras principais de Frei Sinzig, como um intelectual da educação que satisfazia certas exigências para o discurso na sua época. Dessa forma, observaremos as principais pesquisas acadêmicas sobre Frei Sinzig, que envolveram as obras literárias publicadas no Brasil e no exterior. Aduziremos, também, algumas de suas relações políticas e sociais em diferentes estados brasileiros, bem como sua relação com a Guerra de Canudos (1896-1897). Por fim, suscitaremos o contexto histórico- cultural do período, a educação feminina, abordando a expansão da literatura brasileira por meio de romances, somada à posição social da figura feminina. Na segunda parte, intitulada “Através dos romances: guia para as consciências de Frei Pedro Sinzig – um manual para as consciências”, privilegiaremos expor os entremeios das edições impressas de 1915, 1917 e 1923 de ARGC, como obras controladas, selecionadas e organizadas discursivamente. Desenvolveremos também nessa parte do trabalho o tipo de educação proposta por Frei Sinzig entre o fim do século XIX e o início do XX. Identificaremos em ARGC uma educação da consciência que ocorreu de forma invasiva pela família, através da figura da mulher, demonstrando que esse tipo de educação era um tema comum à Igreja e à República. Além disso, trataremos de apresentar Frei Sinzig como um educador de sua contemporaneidade, à guisa de um tipo de educação que o diferenciava daquelas usualmente atreladas às 29 instituições escolares. Assim, abordaremos uma educação inscrita dentro e fora da escola a partir da leitura. E apresentaremos os rastros de um ideário para a educação brasileira, no qual a mulher, representando a família, se tornou o canal de transmissão dos ideais de educação de Frei Sinzig por meio do ARGC; a educação como um meio próprio e eficaz de dotar a sociedade de comportamentos homogêneos, com a Igreja e a República intervindo sobre a contemporaneidade, com diferentes grupos sociais e propondo uma dada conformidade social e condenando a (in)conformidade. Na terceira parte, após considerar Frei Sinzig como um intelectual que satisfaz certas exigências para o discurso e a ARGC, como uma obra selecionada, controlada e organizada discursivamente, abordaremos “A governamentalidade na constituição do sujeito: objetivação e subjetivação”. Trata-se de um capítulo teórico, essencialmente foucaultiano, ancorado em conceitos da governamentalidade na constituição dos sujeitos. Assim, salientaremos os modos de subjetivação na constituição do sujeito feminino, a par do “Ser saber”, como discursos que derivam de intencionalidades; “Ser poder”, como práticas de poder que o captura, divide e o classifica; e o “Ser consigo”, como pensar sobre si (ética).20 Esta parte tem por objetivo teorizar a ideia de governamentalidade como uma forma de governo, que visa constituir uma população controlada, classificada e disciplinada, através de relações de poder-saber, com a finalidade constituir sujeitos governáveis. Assim, trabalharemos sobre o pressuposto de que o sujeito se constitui num jogo de governamentalidade, submetido a técnicas e práticas de subjetivação. Consideraremos o sujeito, não como uma substância enquanto essência, mas estética, ou seja, uma construção externa e aparente, resultado de uma dada realidade construída historicamente. Portanto, procuramos discutir a atuação da governamentalidade na constituição do sujeito. Convém frisar que essa parte nos permitiu observar e entrever ARGC, cônscio dos conceitos foucaultianos sobre a constituição de sujeitos, possibilitando realizar os apontamentos que seguem através de nossas considerações, constantes na quarta parte. Na quarta parte deste trabalho, intitulada “Governamentalidade na constituição do sujeito feminino em Através dos romances: guia para as consciências”, trabalhamos a governamentalidade do discursivo, como eixo constituidor de da objetivação e da subjetivação sobre o sujeito feminino em fins do século XIX e início do XX. Portanto, controlá-las e discipliná-las (as consciências), eram formas de conformação dos sujeitos

20 Apropriações foucaultianas realizadas por Veiga-Neto (2011, p.115) 30 em ARGC. Assim, consideramos ARGC como um manual de constituição de sujeitos, como forma de poder e saber, a par do jogo da governamentalidade, que objetivou e subjetivou a mulher com uma figura preservadora da família e de certa moralidade social; a mulher como uma figura de educação e controle de diferentes vícios; a mulher como uma figura de especificidade e singularidade; a mulher como uma figura pensante e racional; a mulher como uma figura que controla as emoções: principalmente contra o suicídio; e, por fim, a mulher como a figura da família versus felicidade.

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CAPÍTULO 1 - FREI PEDRO SINZIG, VIDA, OBRAS E CONTEXTO HISTÓRICO-CULTURAL

Ninguém entra na ordem do discurso, se não satisfizer a certas exigências ou se não for, de início, qualificado para fazê- lo. Michel Foucault (1999, p.09).

O distincto amigo não se surprehenderá com a dedicatória deste livro. Faço-a, já porque conheço suas maximas sobre a leitura; já porque nenhuma publicação deu tanto trabalho, logo tambem nenhuma seria mais apropriada para oferecer-lhe em singela lembrança do auspicioso dia de suas bodas de prata.21 Frei Pedro Sinzig (1915a, p. X). 22

O primeiro capítulo desta tese focará a vida e as principais obras de Frei Sinzig, orientado pela qualificação intelectual para a educação brasileira, a par do seu contexto histórico-cultural. Para isso, desenvolveremos quatro eixos distintos. Primeiramente, sua vida e obras, aborda das através de algumas pesquisas acadêmicas na atualidade. Na sequência trataremos de expor as obras publicadas por Frei Sinzig no Brasil e no exterior. Dando continuidade, salientaremos suas relações sociais e políticas, bem como algumas contribuições. Por fim, circularemos o contexto histórico-cultural do período delimitado, dando ênfase à formação da República e da educação feminina, ancorados na expansão da literatura romanesca. Entretanto, frisamos tomar Frei Sinzig como frei franciscano e intelectual, pertencente a uma elite letrada, o qual satisfaz as exigências da ordem do discurso em que está inserido no seu contexto histórico-cultural.

1.1. FREI PEDRO SINZIG

Frei Pedro Sinzig (1876-1952) foi um franciscano pertencente à Ordem dos Frades Menores (OFM), nasceu em Lins, Alemanha, em 29 de janeiro de 1876.

21 Para todas as citações de fontes primárias, tanto de Frei Sinzig como de outras fontes, conservamos a escrita original. 22 Dedicatória de ARGC (1915a) para Dr. Olympio Viveiros de Castro, Ministro do Supremo Tribunal Federal. 32

Desembarcou no Brasil, em 1893, com 17 anos, a bordo do navio Leipzig, sob a idealização de uma vocação católica, visado ao exercício do ministério sacerdotal (SINZIG, 1915b). Naturalizou-se brasileiro em 1898, com 22 anos, ano em que também foi ordenado frei franciscano católico. Pertenceu ao grupo dos primeiros franciscanos que restauraram a tricentenária Província da Imaculada Conceição do Sul do Brasil.23 Tido pelos franciscanos como um sacerdote exemplar e escritor fecundo,24 suas obras abrangem crônica jornalística, romance, textos espirituais e polêmicos. Foi musicólogo, compositor, intérprete, divulgador, autor de centenas de peças e até de uma ópera, sendo inclusive incentivador do canto gregoriano. Fundou a revista Música Sacra e pertenceu à Academia Brasileira de Música, na época presidida por Villa-Lobos, seu grande amigo. Faleceu em 23 de dezembro de 1952.25

1.1.1. Principais pesquisas acadêmicas sobre Frei Sinzig

Notamos que, em especial, a partir dos anos 2000, houve um aumento de pesquisas acadêmicas sobre a vida e as obras de Frei Sinzig, em particular por universidades paulistas. A esse respeito, destacamos o trabalho realizado pelo Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa em História da Educação (CDAPH), vinculado ao PPGSSE o desta Universidade (USF), localizado no Câmpus de Bragança Paulista, possuidor de um trabalho de preservação e catalogação de materiais pertencente à História e Historiografia da Educação Brasileira, permitindo acesso não somente de alunos do programa da USF, mas também de outros pesquisadores de diversas universidades.26

23 Convém destacar que a vinda de Frei Sinzig ao Brasil esteve permeada de idealizações, seja no campo pessoal ou religioso, pois o período delimitado, é marcada por tensões e disputas políticas de uma recém-república, somados aos ideais de ampliação do catolicismo brasileiro, dos quais podem ter impactado e estimulado a elaboração, publicação e distribuição das obras de suas obras. Nesse sentido, Carvalho (2000, p.103) salienta que o período foi tido como um “campo doutrinário”, em que segundo Sangenis (2004, p.5), permitia a Igreja uma nova forma clerical de organização, substituindo a forma leiga e litúrgica, presentes no Brasil desde o período colonial, marcando uma nova fase na vida do catolicismo no Brasil, em que segundo Passos e Delgado (2005, p.49), visava “agregar” o cristão ao “cidadão”, sem que haja conflitos Igreja e República. 24 É importante salientar que Frei Sinzig foi um importante escritor do período, pois além das obras que destacaremos neste capítulo, é autor de vários artigos que combatiam o nazismo no Brasil. Nosso acesso a estas informações se deu através do CDAPH. 25 Os restos mortais são indicados pelo site oficial dos franciscanos, como pertencentes ao Cemitério de São João Batista – Botafogo/RJ. 26 Outras informações sobre Frei Sinzig podem ser acessadas através do site www.usf.edu.br/institucional/cdaph, site oficial da USF e do CDAPH. Salientamos que o CDAPH está 33

Inicialmente, colocamos em evidência a tese de doutorado defendida em 2004, na Universidade Federal Fluminense, pelo Prof. Dr. Luiz Fernando Conde Sangenis, intitulada “Gênese do pensamento único em educação: franciscanismo e jesuitismo na Educação Brasileira”. Ademais, em 2013, junto com sua esposa, Prof.ª. Dra. Anabelle Loivos C. Conde Sangenis, avançou com a publicação do livro Quais maçãs de face rosadas: frei Pedro Sinzig e educação censória na formação do público leitor brasileiro. História, memórias e narrativas: os anos recentes da educação no Brasil, por meio da Revistaleph. Nesses trabalhos, a partir da concepção de História, os autores apresentam a relação do franciscanismo e do jesuitismo com a educação e a expansão literária no Brasil, inserindo Frei Sinzig e sua literatura em resposta à convocação pela Igreja Católica para a produção de materiais literários, em face de expansão de outros materiais tidos como imorais:

Percebe-se, nos discursos que circulavam a partir dos primeiros anos do século XX entre a elite eclesiástica católica brasileira, uma forte necessidade de incentivar o esforço tanto dos sacerdotes, em geral, quanto dos chamados “bons católicos” na busca por combater toda a “má imprensa”. Partindo da crença de que a leitura mais perigosa fornecida na atualidade seria a dos “maus” jornais, os clérigos, como líderes dos “bons católicos”, seriam agentes fundamentais para instruírem os fiéis sobre tão grande perigo. Era necessário fazê-los conhecer os males oferecidos pela “má imprensa”, para que, só a partir de então, ela pudesse ser desprestigiada pelos fiéis e substituída pela “boa”. (SANGENIS; SANGENIS, 2013, p. 5)

Outra pesquisa, o artigo científico publicado no II Seminário Brasileiro Livro e História Editorial pelo Prof. Dr. Renato Kirchner, com o título “A Escola Gratuita e a Tipografia São José: da tipografia aos livros escolares”, em que Frei Sinzig é citado nas referências bibliográficas. Kirchner (2009) destaca o modo como se deu a atuação dos frades franciscanos alemães, a partir do final do século XIX, em especial nos estados do sudeste e do sul do Brasil, por meio dos livros escolares. A importância de Frei Sinzig se manifesta devido ao fato de ter sido um dos diretores da Editora Vozes e autor de diversos livros.27

localizado no Campus Bragança Paulista, na Avenida São Francisco de Assis, nº 218, Bragança Paulista/SP. 27 Destacamos o fato de que Frei Sinzig foi um dos editores mais conhecidos da Editora Vozes, que inicialmente, somente imprimia livros didáticos destinados aos alunos da Escola Gratuita São José, voltada à educação de meninos pobres. A Editora Vozes foi fundada pelos franciscanos em Petrópolis em 1897, mantida por três padres franciscanos e seis professores leigos assalariados e era sustentada 34

Em 2004, no I Seminário Brasileiro sobre Livro e História Editorial, da Universidade Federal Fluminense, o artigo científico “Frei Sinzig: apóstolo da boa imprensa”, de autoria de Maria Margarete Santos, aborda a análise da história editorial intermediada por Frei Sinzig, durante o período em que foi Diretor da Editora Vozes,28 apresentando-o como responsável pela modernização, com a aquisição de uma máquina de dobrar, cortar e costurar, importada da Alemanha, de nome Windsbraut. Frisamos que os investimentos no mercado editorial se depararam com uma realidade crítica da educação brasileira no início do século XX, quando mais de 80% da população se constituía por analfabetos, mesmo em meio aos ideais nacionalistas. Em sentido contrário, a então Capital Federal, Rio de Janeiro, possuía uma população com mais 61,1% de alfabetizados (ALMEIDA, 2000). Frei Sinzig foi um dos grandes incentivadores da leitura de obras brasileiras em períodos em que o Brasil vivia uma dada precariedade na educação. Quando Frei Sinzig retornou da Europa com a máquina Windsbraut – que permitiu o aumento da qualidade e da quantidade da impressão de obras brasileiras, o Jornal Paulistano, de 30 de janeiro de 1921, fez questão de anunciar sua ida e seu retorno da Europa. Destacou seus serviços para a educação brasileira por meio da imprensa, correlacionando-o à educação e salientando: “foi a Europa em missão da educação”.29 Em 1997 a primeira edição do livro A voz do veto: a censura católica à leitura de romances, de Aparecida Paiva, com críticas às práticas católicas de censura do início do século XX no Brasil, destinava-se, principalmente, ao público feminino. Tudo isso, vinculado à expansão da literatura brasileira nas livrarias da época, que se tornavam ponto de encontro dos intelectuais e políticos brasileiros. Nesse sentido, Paiva (1997, p.50) toma Frei Sinzig como um intelectual religioso, cujas publicações tiveram certa visibilidade e circulação, destacando seu empenho e dedicação, na tentativa de formar consciências no período em questão.

Sinzig lançou mão de todos os meios modernos, pôs em funcionamento toda a maquinaria à sua disposição para defender a sua causa: imprensa, cinema, jornalismo, política. Implementou sua pelos Conventos e pela receita da então Typografia Gratuita de São Jose, além de doações da população (SINZIG, 1917, p. 288-289). 28 Frei Sinzig foi diretor da Editora Vozes entre 1908 e 1913 e responsável, em 1910, pela fundação do Centro da Boa Imprensa, uma Sociedade Brasileira de Cooperativa de Produções, cujo objetivo era o de propagar a boa imprensa e difundir uma leitura tida como sã pela Igreja Católica (CRUZ, 2014). 29Jornal Paulistano de 30 de janeiro de 1921, p. 4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=090972_07&pagfis=37719&url=http:/ /memoria.bn.br/docreader#. Acesso em: 10 maio 2017. 35

mensagem através de uma luta que beirou o épico, tentando formar as consciências por meio da palavra escrita. (PAIVA, 1997, p.50)

Cabe destacar que a pesquisa de Paiva (1997), de certa maneira, se aproxima do objeto desta pesquisa; entretanto, apesar de abordar a questão da mulher no período e a censura católica à leitura de romances, não analisa o discurso sobre a mulher e os atravessamentos do período, como também não se debruça sobre uma investigação específica e não dá voz e visibilidade às autoras brasileiras de romances, como nos propomos nesta pesquisa. Quanto aos trabalhos mais recentes, citamos a dissertação de mestrado defendida por Talita Deniz Amâncio, na Pontifícia Universidade Católica, Câmpus São Paulo (PUC-SP), na área de Educação, intitulada Um borel a pleno pulmões: atuação de Frei Pedro Sinzig na educação franciscana e imprensa católica (1900-1920), defendida em 2014. Nesse trabalho, a autora desenvolveu a trajetória de Frei Sinzig, como o responsável pela modernização da Typografia Gratuita de São José, apoiando-se em recortes de jornais dos periódicos Cruzeiro do Sul30 e O Imparcial31. Também em 2014, a pesquisa de mestrado realizada por Cruz na USF, na área de Educação, na linha História e Historiografia, intitulada Por entre as obras de Frei Sinzig e as potencialidades para a História da Educação do Corpo (1889-1920). A pesquisa abordou a concepção de corpo, mediante as obras Reminiscências d´um frade (1917) e Através dos romances: guia para as consciências (1915), discutimos a preocupação de Frei Sinzig com a moralização da população à educação do corpo, que deveria ser educado para o trabalho como virtude, sendo o ócio signo de miséria e pobreza, devendo-se afastar a população dele. Além disso, a preocupação com um corpo higienizado e saudável para a convivência urbana, de modo que expressasse uma dada moralidade social, mediante a interiorização desse pensamento pela família, como base da sociedade urbana do período (CRUZ, 2014). Destacamos também o artigo científico com o título “Acervo iconográfico de Frei Sinzig”, publicado por Rafael Registro Ramos, Mítia Ganade D'Acol e Diósnio Machado Neto, 2011, da Universidade de São Paulo (USP), no “13th International RIdIM Conference & 1º Congresso Brasileiro de Iconografia Musical: Enhancing Music Iconography research: considering the current, setting new trends”. Nesse trabalho, Ramos, D´Acol e Machado Neto (2011) pesquisaram o acervo iconográfico pertencente

30 Jornal de publicações de frades franciscanos entre os anos de 1902 a 1905 (AMANCIO, 2014). 31 Jornal de publicação de membros da maçonaria catarinense (AMANCIO, 2014). 36

à Igreja de Nossa Senhora do Outeiro, Rio de Janeiro, destacando Frei Sinzig como um dos pioneiros no tratamento da iconografia musical, por meio da análise de painéis de azulejos localizados no interior da igreja e de suas obras musicais. A esse respeito, os autores destacam:

Frei Sinzig demonstrou sensibilidade singular para a sua época e ambiente no que concerne à função iconográfica no estudo da música, que por sua vez encontrava-se como um dos pilares da fundamentação da renovação litúrgica, que não se limitou às análises das imagens, como também concedeu grande importância à escolha dessas imagens. Foi dessa maneira que procedeu em seu trabalho sobre a terminologia musical, resultando em seu dicionário musical, que quando comparado com o dicionário musical de Mário de Andrade ou mesmo os livros de História da Música que circulavam no Brasil, as obras de Mário de Andrade, Renato de Almeida e até mesmo de Cernicchiaro, a obra de Pedro Sinzig se coloca no cenário musicológico como legítima pioneira na utilização mais atenciosa das imagens nos estudos musicais. Podemos afirmar que essas maneiras de se apossar da iconografia constituíram verdadeiras estratégias de empréstimo de imagens. (RAMOS; D´ACOL; MACHADO NETO, 2011, p. 295)

Outros pesquisadores acadêmicos têm demonstrado interesse nas obras de Frei Sinzig. A esse respeito, citamos a Prof.ª Maria de Fátima Guimarães, Prof.ª Cleonice Aparecida de Souza e o Prof. João Batista Gonçalves Bueno. Em parceria com este, publicamos o artigo científico intitulado “Frei Sinzig Sinzig: por entre um guia para as consciências às reminiscências exemplares” (2017), no XIX Coloquio de la Sociedad Española de Historia de la Educación (SEDHE 2017), Espanha. Por meio da obra ARGC, edição de 1915b, abordaram-se aspectos socioculturais que balizaram sua produção, publicação e circulação, em conexão com questões sobre a trajetória da imprensa no Brasil, nas primeiras décadas do século XX. Portanto, notamos que as pesquisas sobre Frei Sinzig e suas obras caminham numa ascendência acadêmica, embora tímida, mas demonstram certo interesse por pesquisadores brasileiros.

1.2. DAS OBRAS DE FREI PEDRO SINZIG

Como temos destacado, Frei Sinzig foi um escritor fecundo, com publicações de importantes obras literárias no Brasil e fora dele, tornando-se um dos autores e editores mais conhecidos da então Typografia Gratuita de São José. 37

1.2.1. Obras literárias publicadas no Brasil

Três obras se destacam como principais: Reminiscências d´um frade (1915); Ramalhetes de flores (1929) e ARGC, nas edições de 1915a, 1917, 1923. Reminiscências d´um frade (1915), autobiografia de Frei Sinzig, está organizado em vinte e uma divisões sumárias, iniciando com sua infância, sua vida ministerial no Brasil, até o retorno à Alemanha.32 Ao terminar esta obra, Frei Sinzig nos dá indícios do que o levou a escrever uma obra extensa e intrigante: demonstrar a vida de padre para além das paredes dos conventos: 33

Ora, si um homem instruído e bem intencionado admitte a possibilidade de um frade, em vez de morar no convento, tomar quarto em hotel ou em casa particular, e si o lamenta por julgal-o não saber como matar o tempo, creio que é dever mostrar o que é, na realidade, a vida de frade. É o que acabo de fazer. (SINZIG, 1917, p.427)

ARGC (1915a, 1917, 1923) é uma obra de censura católica, em que Frei Sinzig ora restringe, ora indica a leitura de romances, comentando-os em pequenos verbetes: 21.553 livros de 6.657 autores, obras de homens ou mulheres. Dessa forma, coloca-se como intermediário dos valores morais da Igreja Católica em relação a sua contemporaneidade, utilizando os romances como instrumento para um embate ideológico contra diversos autores de romances. Consequentemente, tais obras compõem um manual para o leitor. Cabe ainda destacar que novas obras e autores foram acrescidos em relação ao primeiro volume (1915a).34 Convém salientar que, com essas obras (ARGC), não nos resta dúvidas de que Frei Sinzig é um dos representantes mais atuantes da censura católica brasileira e de parte do regime republicano, devido à quantidade de títulos e autores avaliados, destacados nas diferentes edições da obra.

32 Estas identificações estão parcialmente legíveis; portanto, podem conter erros. 33 Para todas as citações diretas de fonte primárias, foram conservadas as escritas originais. 34 Convém salientar que não temos informações sobre algum tipo de ajuda direta que Frei Sinzig tenha recebido na confecção e na elaboração de tais obras. No entanto, pressupomos ter havido suporte de muitos outros autores, pertencentes ao seu círculo de amizade. 38

Outra obra de Frei Sinzig é Violetas (1913). Trata-se de um livro de contos,35 tido como uma obra que valoriza o trabalho como virtude, necessário para a convivência urbana e o progresso social. Além dessas obras, Frei Sinzig publicou diversos outros materiais literários, alguns dos quais destacamos a seguir, no Quadro 1:36

Quadro 1: Outras obras de Frei Pedro Sinzig Título Conteúdo Editora Ano

Sei tocar Métodos para aprender órgão e tocar Vozes 1944 nos atos litúrgicos da Igreja

50 modinhas brasileiras Modinhas Vozes 1913

Ai! Meu Portugal Romance contemporâneo Vozes NC

Arte cristã Notas da 1.ª Exposição de Arte Cristã NC 1917 no Brasil.

Canto de Rosana a duas Canto NC 1949 vozes

Caricatura para imprensa Contribuição para um estudo histórico- Vozes 1911 brasileira social

Cecilia Manual de cânticos sacros Vozes 1926

De automóvel para o céu NC Guaira 1943

Dicionário musical Dicionário Kosmos 1947

Dona Rosa Contribuições para a vida de uma Vozes 1952 senhora em sociedade

Em plena guerra NC Vozes 1912

Entre dois mundos Teresa Neumann – estigmatizada de Vozes 1930 Konnersreuth

Frei Rogerio Neuhaus Atos 10.38 Vozes 1939

Guerra Quadro de atualidades Vozes 1915

35 Contos: “Victima do sigillo da confissão”; “Um presente a Maria”; “A cigana”; “Mater dolorosa”; “Arcabouço de uma tragédia”; “Um ed Dschamahl”; “Uma filha de Maria”; “A ultima hora”; e “Joãosinho e Margaridinha”. 36 As informações a seguir foram extraídas do CDAPH. 39

Hino de São Francisco Musica NC 1949

Maravilhas da religião e da Igreja e Convento de São Francisco da Imprensa 1934 arte Bahia Nacional

Maria Santíssima Soprano e contralto NC 1941

Mês de Maria e Folhinha NC CIV. 1942 Brasileira

Messe Zu Ehren Des HL. NC NC 1901 Petrus

Monch Und Welt NC Herder Erinnerrungen

Morrer crucificado Canto sacro popular brasileiro NC 1951

Musica Sacra Revista Vozes 1953

Não desanimar Romance Vozes 1925

Não desanimar Romance Vozes 1912

Órfão brasileiro Musica (serviço de educação musical e NC 1950 artístico)

Padre Rogerius Neuhaus Um Franciscano no Brasil (1836-1934) V. Butzon e 1935 Bercker

Pela mão de uma menina: Romance Vozes 1913 romance contemporâneo

Pela mão de uma menina: Romance Vozes 1920 romance contemporâneo

Pela mão de uma menina: Romance Vozes 1957 romance contemporâneo

Pelo Brasil e pela Fé Guia na imprensa, literatura de arte Centro da 1922 religiosa. Boa Impressa

Presépio de São Francisco Contos Vozes 1929

Presépio de São Francisco Contos Vozes 1929 (v.II)

Ramalhete de flores Romance Pustet V. 1907

Reminiscências d´um frade Reminiscências Vozes 1917 40

Reminiscências d´um frade Reminiscências Vozes 1925

São Franciscus Seraphicus Cantata SI 1909

Santa Cecília Cantata São Jorge 1908

Santo Antônio do Rio de História do seu convento e catalogo da SI SI Janeiro exposição antoniana da morte do santo inaugurado em 06/10/1931

São Francisco de Assis e seu História B. Kuhlen e 1926 culto no Brasil Vozes

Segredos da Harmonia Romance Vozes 1953 (4.ª edição)

Sei compor! Guia despretensioso através do Vozes 1919 contraponto da imitação

Sete palavras de Nosso Partituras Vozes 1952 Senhor na cruz

Tempestades Bochevismo por dentro Est. de 1931 Artes Gráficas

Texto do manual de cânticos Manual de cânticos Vozes 1952 sacros – Cecília

Thaumaturgo Santo Antônio História, lenda e arte Centro da 1922 Boa Imprensa

Um apóstolo de nossos dias História contemporânea Vozes 1936 – Frei Rogerio Neuhaus

Um servo de Deus no Rio de História contemporânea Vozes 1928 Janeiro

Violetas Contos Vozes 1913

Zeppelin e o cão de casa História Vozes SI

José Bem David – Centro História Centro da 1924 Biblico do Tempo de Christo Boa Imprensa

Branca de Neve Romance Vozes 1926

Acompanhamento de órgão Manual de cânticos Vozes 1940 ou harmonium para Cecilia 41

Jahrbuch (anuário) Subrasilianischen Franziskanerprovinz Vozes 1911 (provinciana sub-brasileira)

Jahrbuch (anuário) Subrasilianischen Franziskanerprovinz Vozes 1915 (provinciana sub-brasileira)

Litanei Zu Ehern Des Partituras Stich, 1909 Heiligen Joseph Druck Und Verlag Von l. Schwann

Unter Dem Kreuze Des Partituras SI SD Sudens (sob o cruzeiro do sul)

Fonte: CDAPH

1.2.2. Obras literárias publicadas fora do Brasil

O objetivo é apresentar algumas das obras de Frei Sinzig, identificadas por meio de uma pesquisa específica, direcionada ao site da Biblioteca Nacional da Alemanha. O site é identificado como Deutsche National Bibliothek. 37 Inicialmente encontramos referências à obra Angst vor Pedro, Medo Pedro, publicada em 1952 por Rolf Randall (1905-1974).38 O material contém 250 páginas e foi escrito em alemão (não traduzido). Trata-se uma literatura de aventura, típica do autor,39 acompanhada por cerca de oitenta outras obras do mesmo gênero. Consideramos que o serviço sacerdotal cristão, desenvolvido por Frei Sinzig, constituiu- se na Alemanha com uma conotação de aventura, provavelmente, pelo modo como o Brasil era concebido por outros países em fins do século XIX e início do XX.40 Encontramos também registrada a obra Missa em honra S. Perter, publicada pela Editora Dusseldorf Schwann em 1950. O título se refere a uma letra de coro musical; no entanto, o que nos chama a atenção é o fato do registro alemão apresentar Frei Sinzig

37 Convém destacar que, por não dominarmos o alemão, fizemos uso de tradutores virtuais e em alguns momentos, solicitamos ajuda de uma companheira de trabalho, Sra. Karen Tepluk. 38 Norueguês, escritor de novelas, diretor de cinemas, fotógrafo e tradutor. 39 Disponível em: www.booklooker.de. Acesso em: 26 mar. 2017. 40 Convém acrescer que, ao escrever a obra Reminiscências d´um frade (1915), obra essa publicada em português e alemão, Frei Sinzig (1915b) destaca sua autobiografia e suas andanças pelo Brasil, e por vezes, demonstra uma conotação de que seu ministério sacerdotal era cheio de aventuras, num país marcado por poucos avanços sociais e econômicos. 42 como “pessoa de literatura”, “pessoa de música” e “pessoa a impressionar”, destacando assim o seu nível intelectual e moral, como influência no contexto alemão.41 Outra questão notória, que salienta essa influência de Frei Sinzig é a publicação pela Editora La Campana, de Buenos Aires, em 1937, da obra Cristianismo, o hitlerismo e o bolchevismo, publicada em parceria com um destacado escritor e jornalista alemão, chamado Tete Harens Tetens.42 Tal obra sujeita o cristianismo aos temas do hitlerismo, do bolchevismo e demonstra o envolvimento de Frei Sinzig com temas relevantes e contemporâneos, além de sua inserção intelectual e social fora do País. Outra influência de Frei Sinzig, no âmbito político, foi obra Nellizinha do Santo Deus: a violeta do santíssimo, registrada na Biblioteca Alemã e publicada em 1937 por J.A. Scannell (1841-1918), pela Editora Friburgo, em Brisgau: Herder,43 em parceria com Frei Sinzig. A obra foi publicada pela Editora Vozes, no Brasil, em 1920. Isso denota que Frei Sinzig mantinha contatos e amizades com autores que ocupavam importantes cargos políticos fora do País e, provavelmente, que a modernização da Typografia Gratuita de São José44 aconteceu sob orientações e cuidados de autores e editores estrangeiros, com os quais Frei Sinzig se relacionava. Identificamos também, a obra Monch und Welt: Erinnergn e Rhein: Petrus Sinzig, publicada em alemão, em 1925, pela Editora Herder, por Frei Sinzig e Maria Kahle (1891-1975), autora que segundo informações do site do Instituto Martius- Staden: de Ciência, Letras e Intercambio Cultural Brasileiro-Alemão45 e do site Wulfenwiki,46 veio da Alemanha para o Brasil, em 1913, com o objetivo de visitar uma tia e não conseguiu retornar no período previsto, em face do pleno andamento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Forçada a permanecer Brasil, estabeleceu contato com a colônia alemã, o que provavelmente a levou a conhecer Frei Sinzig. Tal

41 Disponível em: www.portal.dnb.de. Acesso em: 27 mar. 2017. 42 Trata-se de um jornalista alemão, judeu e escritor. Nascido na Alemanha em 1899, Haréns fugiu dos nazistas para o USA em 1933. Escreveu extensivamente sobre temas relacionados à Alemanha e ao Nazismo. 43 Trata-se de um político, comissário e membro do Distrito de Montagem de Nova Iorque. Em 1893 foi nomeado um comissário de incêndio de Nova Iorque com excelente salário. Serviu nessa posição até o fim da administração de Van Wyck em 31 de dezembro de 1901. 44 Cabe salientar que Frei Sinzig foi um dos responsáveis pela modernização da Editora Vozes, em que atuou na atualização do sistema de impressão da então Typografia de São José, atual Editora Vozes, através da colocação de máquina de dobrar, costurar e imprimir, que trouxe de sua viagem à Alemanha (CRUZ, 2014). 45 Disponível em: http://www.martiusstaden.org.br/conteudo/detalhe/135/maria-kahle-1891-1975- vida-e-obra. Acesso em: 29 nov. 2017. 46 Disponível em: http://wulfen-wiki.de/index.php/Maria_Kahle. Acesso em: 29 nov. 2017. 43 fato conduz a pressupor certa amizade com Frei Sinzig, o que resultou na publicação posterior da referida obra na Alemanha, sob os cuidados pessoais de Maria Kahle. Outra importante obra de Frei Sinzig é Reminiscências d´um frade (1915), registrada na Biblioteca Nacional da Alemanha, com lançamento em 1922,47 com o título Lebendig begraben: erinnerungen48. Pressupomos que a publicação de tal obra em alemão, tenha sido gerenciada por Maria Kahle, devido ao fato de que, no registro da obra no site da Biblioteca Nacional Alemã, aparece o nome de Maria Kahle como coautora, diferentemente da publicação realizada no Brasil, em 1915.

1.3. DAS RELAÇÕES POLÍTICAS E SOCIAIS DE FREI PEDRO SINZIG

Frei Sinzig, no início do século XX, desenvolveu seu ministério sacerdotal e editorial, geograficamente, na capital do País (Rio de Janeiro),49 e na cidade de Petrópolis50, estuário da alta elite brasileira, da qual destaca: “lembro-me que Petrópolis, é terra dos diplomatas, dos ministros acreditados junto ao nosso governo, da alta sociedade no verão” (SINZIG, 1915b, p. 288). Portanto, Petrópolis era um celeiro de altas autoridades, com algumas das missas celebradas por Frei Sinzig, sendo acompanhadas pelo então Presidente da República, Dr. Affonso Augusto Moreira Penna - 1987-1909 (SINZIG, 1917, p. 329)51. De tal maneira, o ministério sacerdotal de Frei Sinzig se desenvolveu sob o suporte de influências políticas e sociais tão próximas, que, muito provavelmente, consentiam ou reprovavam em suas obras.

47 Essa obra teve sua primeira publicação no Brasil em 1915 através da Editora Vozes de Petrópolis. 48 Titulo em português: Enterrado vivo? Memórias. 49 O Rio de Janeiro foi capital do País de 1763 a 1960. O site da Câmara dos Deputados apresenta como justificativa para transição da capital do Brasil, de Salvador para Rio de Janeiro, o fato de que o governo brasileiro necessitava preservar a descoberta do ouro e o consequente risco de contrabando, ou seja, era preciso ter uma capital mais perto das minas em geral, que ficavam em Minas Gerais. Com isso, transitam para o Rio de Janeiro não somente os principais políticos brasileiros, mas também uma elite capitalista, interessada na exploração. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/a-musica-do-dia/434576-em-1763-a- capital-do-brasil-foi-transferida-de-salvador-para-o-rio-de-janeiro.html. Acesso em: 21 dez. 2017. 50 Fundada em 1843 por Dom Pedro II. A Fundação de Cultura e Turismo de Petrópolis destaca que a história de Petrópolis se ancora predominantemente entre os séculos XIX e início do século XX em face do clima ameno e da influência dos imigrantes alemães, italianos, sírio-libaneses e portugueses, que destacaram Petrópolis como uma das cidades mais importantes no contexto brasileiro. Disponível em: http://www.petropolis.rj.gov.br/fct. Acesso em: 21 dez. 2017. 51Affonso Augusto Moreira Penna foi um político brasileiro, membro do Partido Republicano Mineiro. Foi deputado federal, governador do estado de Minas Gerais, vice-presidente e presidente do Brasil, entre 15 de novembro de 1906 e 14 de junho de 1909, data de seu falecimento. Antes da carreira política, foi advogado e jurista. Disponível em: www.biblioteca.presidencia.gov.br/ex- presidentes/affonso-penna. Acesso em: 20 nov. 2017. 44

1.3.1. Relações políticas e sociais nas obras de Frei Sinzig

Inicialmente, o destaque social e político de Frei Sinzig, o qual pretendemos tecer, refere-se ao fato de pressupormos ser um assíduo frequentador de livrarias, em especial das livrarias cariocas no início do século XX, o que provavelmente alargou suas relações sociais. Paiva (1997, p. 55) salienta que as livrarias, no início do século XX, eram verdadeiros pontos de encontro da intelectualidade e de políticos brasileiros. Nesse sentido, Frei Sinzig não as conhecia somente como frequentador, mas pela forte crítica literária aos seus conteúdos, tendo-as como grandes “pomares de laranja podre, [portadores de] livros envenenados” (SINZIG, 1915a, p. 19). Tal era sua atenção com as livrarias que, em 1914, Frei Sinzig fez uma compilação e apontou dados estatísticos de frequentadores na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, demonstrando o número de frequentadores bastante elevado no período52 (SINZIG, 1915b, p. 17). Sangenis e Sangenis (2013, p. 24) argumentam que essa preocupação de Frei Sinzig não somente se ancorava na intenção de colocar-se como um guardião da literatura, mas também de combater um anticlericalismo militante de boa parte das livrarias, associadas aos movimentos culturais dos movimentos positivistas e liberais (PAIVA, 1997; SANTOS, 2004). Outro fato marcante do destaque social e político de Frei Sinzig, foi sua proximidade com autoridades públicas e religiosas do alto clero episcopal do período, como observado na dedicatória da edição de 1915a de ARGC:

Ao Exmo. Snr. e Amigo Dr. Augusto Olympio Viveiros de Castro, dd. Ministro do Supremo Tribunal Federal Não dou livros algum a meus filhos, que não tenha lido primeiro. Lembra-se o amigo destas palavras, que me dirigiu um dia? Nem todos os paes têm bastante força de vontade e nem tempo – sem falar de outros pontos – para fazerem o mesmo. Eis porque tentei auxiliál-os. Innumeras vezes, quem folhear estas paginas, encontrará, mesmo com relação a obras de autores sérios, a nota “reserva”, “perigoso” ou termo semelhante. São maús estes livros? Muitas vezes não prejudicariam o leitor adulto sensato, que o lessem por algum justo motivo. O chefe de família porém, preferirá para seus filhos um livro que seja de todo inofensivo, a outro que possa impressionar mal. E

52 Total de frequência de pessoas: 7.374. Total de consultas: 16.254 (SINZIG, 1915a, p.17). 45

como o pae, assim agirá para seu proprio uso toda consciência delicada. As pags. 39 e 40 expuz as máximas seguintes: Julgam-se livros, não a pessoa do autor. Trata-se de guia para as consciências, não para um curso de literatura. Si errei em algum qualificativo, desse de já peço que me perdoem e que me forneçam informações mais amplas. O distincto amigo não se suprehenderá com a dedicatória deste livro. Faço-a, já porque conheço suas máximas sobre a leitura; já porque nenhuma publicação me deu tanto trabalho, logo também nenhuma seria mais apropriada para oferecer-lhe em singela lembrança do auspicioso dia se duas bodas de prata. Petropolis, 2VIII.15. Frei Sinzig, O.F.M. (SINZIG, 1915a, p. IX, XX, grifo nosso)

Sobre essa proximidade com autoridades públicas e religiosas, colocamos em relevo o fato de Frei Sinzig ter recebido indicação do Revmo. Bispo de Niterói, Sr. Agostinho, em 18 de julho de 1915 na edição de ARGC de 1915. Nessa mesma edição, recebeu aprovação e referenciamento de sua obra, além do consentimento de várias outras autoridades e instituições do período, tais como: “Joaquim, Cardeal e Arcebispo do Rio de Janeiro” (Rio de Janeiro, 02 de outubro de 1915); “Giuseppe, Arcebispo de Sardes”, Núncio Apostólico; “Monsenhor Duarte Leopoldo, Arcebispo de São Paulo” (São Paulo, 24 de novembro de 1915); Santuário da Apparecida (São Paulo, 21 de setembro de 1915); Resenha Eclesiástica (Florianópolis, setembro de 1915); Jornal do Brasil, Sr. Affonso Celso (Rio de Janeiro, 19 de outubro de 1915); A Rua, 53 (06 de setembro de 1915; A Resposta, Júlio Tapajós” (setembro de 1915).54 A União (Rio de Janeiro 19 de setembro de 1915;55 Lourdes (Belo Horizonte, 03 de setembro de 1915); Ave Maria (São Paulo, 18 de setembro de 1915); Revista Social, Alfredo de Toledo Costa (Rio de Janeiro, 1915).56 Essas indicações demonstram um movimento de interação de Frei Sinzig, principalmente no âmbito eclesiástico, extrapolando o ambiente carioca, com outras regiões brasileiras, primordialmente com as regiões sul e sudeste do Brasil. Um exemplo disso está no exemplar da edição de 1915a, que possui a imagem de dois carimbos na antecapa, indicando que a obra pertencia à biblioteca do Colégio São José

53 Para este provável jornal, temos em fins da indicação de leitura, a identificação “A.T.”. Pressupomos ser a abreviatura do nome do editor. 54 Não possui o nome do editor. 55 Para este provável jornal, temos em fins da indicação de leitura, a identificação “Q.C.”. Pressupomos ser a abreviatura do nome do editor. 56 Os nomes e as instituições entre aspas aparecem nas páginas finais da edição de ARGC de 1915a, como forma de aprovação da obra e indicação para leitura. Junto a tais nomes, aparecem textos de referenciamento a Frei Sinzig e sua obra. 46 de Lages, em Santa Catarina. Nesse mesmo sentido, consultando as outras edições de ARGC, constatamos carimbos de outros colégios e conventos, o que nos indica que suas publicações compunham o acervo de bibliotecas franciscanas, situadas em diferentes localidades brasileiras.

1.3.2. Relações políticas: nominações de ruas em diferentes estados

Frei Sinzig teve seu nome associado a ruas brasileiras, algumas depois de sua morte. Estas nominações demonstram seu destaque político e social, o reconhecimento de seu trabalho e produções. Pesquisando em sites de busca pelo nome de Frei Sinzig, foi possível identificar, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, sua nominação em ruas das capitais e em uma rua da cidade de Piracicaba/SP57. As regulamentações dessas nominações aconteceram nos anos de 1953, 1976 e 1985, mediante Decretos do poder Executivo. Cabe destacar que a motivação para legislar a partir de uma Lei se origina do poder legislativo, ou seja, das Câmaras Municipais; já a motivação para criação de um Decreto se origina diretamente do poder executivo, ou seja, do Prefeito.58 Isso nos permite supor a proximidade de Frei Sinzig com autoridades do poder executivo, das quais partiram tais nominações. Convém sublinhar que a nominação de ruas pelo poder público é uma forma de destacar ou pôr em evidência uma personalidade insigne ou familiar. Na Revista da Semana59, publicada em 21 de setembro de 1940, com a finalidade de colocar em relevo o Centenário de Portugal no Brasil, Frei Sinzig apareceu com destaque na capa, ao lado de diversas autoridades brasileiras, entre elas, o então Prefeito do Rio de Janeiro, Sr. Henrique de Toledo Dodsworth. A matéria pronunciava o “talento” e “alta espiritualidade” do concerto vocal e instrumental sob a regência de Frei Sinzig, que fora realizado pelos frades do Convento de Santo Antônio na Escola

57 Município brasileiro localizado no interior do estado de São Paulo, a cerca de 160 km. 58 Cabe sublinhar que, no contexto de uma municipalidade, o decreto é sempre um ato direto do Poder Executivo, do Prefeito. Ou seja, sujeita-se à hierarquia das leis, mas não passa pela Câmara Municipal. Já as leis até podem ser motivadas pelo Poder Executivo, mas necessitam da aprovação da Câmara Municipal, dos vereadores. Essa compreensão nos ajuda entender quais eram os níveis de relações políticas e sociais que Frei Sinzig pode ter tido, ou às quais pode, de alguma forma ter-se submetido. 59 Revista da Semana, ano XLI, n. 38, p.32-33, 1940. Disponível em: www.memoria.bn.br. Acesso em: 03 maio 2017. 47

Nacional de Música, onde executaram uma música denominada “Juventude Brasileira”, em benefício das Missões Franciscanas no Brasil. A importância musical do frei retornou com o Decreto n.º 12.250, de 18 de setembro de 1953, no ato de ofício do então Prefeito Municipal do Rio de Janeiro, Sr. Dulcídio do Espírito Santo Cardoso, nominando determinada rua como “Frei Sinzig”.60 No mesmo decreto, ao lado do nome de Frei Sinzig, outras nominações de ruas, com o nome de pessoas com alto prestígio social e político: um cônego, com a função de realizar os atos litúrgicos principais e mais solenes na igreja catedral ou colegiada; vários generais, designação geral de um oficial superior, homens de grandes responsabilidades e comando nas Forças Armadas Brasileiras no período. Desse modo, o reconhecimento do então Prefeito Municipal, ao nominar uma rua com o nome de Frei Sinzig, traz à tona certo prestígio e influência exercida na cidade do Rio Janeiro, seja através dos seus materiais literários ou da musicologia. A esse respeito, há um acervo iconográfico61 produzido por Frei Sinzig, aproximadamente a 30 quilômetros da rua com seu nome: a Igreja de Nossa Senhora do Outeiro no Rio de Janeiro, com um rico material iconográfico, encontrado em publicações e pinturas em azulejos62, frutos de seus esforços e trabalhos na musicologia – materiais analisados por pesquisadores brasileiros (RAMOS; D´ACOL; MACHADO NETO, 2011). 63 No mesmo encalço, analisamos o Decreto n.º 13.742, de 22 de outubro de 1976, em que o Prefeito do município de São Paulo, num ato de ofício único, baseado em Lei estadual de 1969,64 nominou uma Rua no Bairro Virgínia com o nome de Frei Sinzig. Além do nome, a placa deveria constar o ano de nascimento e morte, demonstrando seu tempo de contribuição social. Este Decreto apareceu isolado no período, permitindo-nos conjecturar que o ato de nominação pode ser originário de um intenso propósito, que visava salientar a vida social de Frei Sinzig, mesmo depois de vinte quatro anos de sua morte. O Decreto n.º 3.736, de 19 de outubro de 1983, pelo Prefeito Municipal de Piracicaba, Sr. Adilson Benedito Maluf, dispõe sobre a nominação de uma rua no

60 Localizada atualmente no Bairro Honório Gurgel, CEP 21511-310. 61 Forma de linguagem visual que utiliza imagens para representar determinado sentido. 62 Essas pinturas de azulejos aconteceram entre 1942 e 1947, período em que Frei Sinzig estava morando no Rio de Janeiro. 63 Ramos, Amos e Machado Neto (2011) através de uma pesquisa sobre o acervo iconográfico de Frei Sinzig, na Igreja de Nossa Senhora do Outeiro no Rio de Janeiro, destaca-o como um dos pioneiros no tratamento da iconografia musical, através de análises de painéis de azulejos pertencestes a Igreja e através de outras obras musicais de Frei Sinzig. 64 Lei Complementar nº09 de 31 de dezembro de 1969. 48

Parque Cecília, com o nome Frei Sinzig. Não descuramos do fato de que todas as nominações estavam relacionadas a músicos, pianistas e compositores, no entanto, somente Frei Sinzig foi citado como “musicólogo”. 65

1.3.3. Relações sociais: participação na Guerra de Canudos

Na obra Reminiscências de d´um frade (1915), Frei Sinzig relata sua participação na Guerra de Canudos, como capelão, desenvolvendo um trabalho intenso no cuidado das pessoas, que sofriam com os incursos militares do Exército Brasileiro. A par de seus relatos, detalhados e singulares, as cores da miséria do sertão, da violência e dos combates travados entre Exército e adeptos da guerra, diante do extermínio da população de Canudos. Convém salientar que todos os relatos, diante da contemplação do sofrimento alheio, da miséria, da fome e de todo tipo de escassez, apresentam uma intensa preocupação social com o sofrimento, principalmente das crianças e das mulheres, de modo a colocá-los em primeiro plano nas imagens que destaca no texto.66 A Guerra de Canudos foi um confronto entre o Exército Brasileiro e o movimento popular, de ênfase social e religiosa, liderado por Antônio Conselheiro67, durante os anos de 1896 a 1897, no interior da Bahia, na cidade de Canudos. A participação de Frei Sinzig iniciou em 08 de março de 1897, quando bateram à porta do Convento de São Francisco, para informar que todo o Exército Brasileiro68 teria sido “anniquilado em Canudos, pelo famoso Antônio Conselheiro” (SINZIG,

65 Em contato na Diretoria do Departamento de Documentação e Arquivo da Câmara Municipal de Vereadores, através do Sr. Fábio Bragança, Diretor de patrimônio histórico, fomos informados que, devido ao aniversário do município, estava sendo realizada uma consulta pública, visando identificar a história de 250 ruas do munícipio, de maneira a compor um livro impresso, que será entregue gratuitamente à população, destacando e relatando a história dessas referidas ruas, uma das quais seria a rua “Frei Sinzig”. Essas informações formam publicadas no Jornal de Piracicaba de 14 de fevereiro de 2017, com o título “Câmara anuncia ações para a comemoração dos 250 anos da cidade”. Disponível em: http://www.jornaldepiracicaba.com.br/imprimir/cidade/ 2017/02/camara_anuncia_acoes_para_comemorar_250_anos_da_cidade. Acesso em: 03 maio 2017. Convém salientar que escrevemos uma pequena biografia de Frei Sinzig, que ali será publicada. Até o presente momento não tivemos acesso ao material oficial publicado. 66 Acentuamos que, no início do século XX, a figura da mulher e da criança eram emblemáticas, e a sua exposição em situações de sofrimento revelava indícios de problemas sociais e poderia preocupar principalmente a elite política e filantropos do próprio do período em questão (CRUZ, 2014; KUHLMANN JR., 1998). Muito provavelmente Frei Sinzig utilizou-se desse artifício para despertar atenção das autoridades do período para as condições de sofrimento das pessoas na Guerra de Canudos (SINZIG, 1917, p. 192). 67 Frei Sinzig destaca que seu nome verdadeiro era Antônio Vicente Mendes Maciel (SINZIG, 1915b, p.140). 68 Aos comandos do Sr. Moreira César (SINZIG, 1915b, p.133). 49

1915b, p.133) e salientando o pânico que tomara conta da Bahia, com os jagunços dele circulando pela cidade. A contribuição social de Frei Sinzig na Guerra de Canudos está relacionada ao sistema republicano então recém-implantado no Brasil, que Antônio Conselheiro (1830- 1897)69 condenava radicalmente, sob todos os pontos de vista, fomentando aversão a tudo quanto dele provinha (SINZIG, 1915b, p.141). Diante disso, destacou seu objetivo:

A missão de que fui encarregado, além da vantagem de apprehender e denunciar a impostura e perversidade da seita fanática, no próprio centro de suas operações, teve ainda um benéfico efeito, que foi o de arrancar-lhe innumeras prezas, desenganando a uns das virtudes supostas, e premunindo outros contra as doutrinas e praticas abusivas e reprovadas de Antonio Conselheiro e de seus fanaticos discípulos. (SINZIG, 1915b, p.156)

Frei Sinzig prestou apoio em várias áreas durante a Guerra de Canudos, às vezes como transmissor de telegramas, cuidador de jagunços presos e feridos, no serviço de enterro de soldados, na enfermaria e tantas outras atividades. Assim, inserido ainda jovem numa guerra, Frei Sinzig relata as condições precárias e o alto sofrimento, em especial de mulheres e crianças:

A maior parte das mulheres estavam feridas, algumas gravemente; contudo, soffriam pacientemente caladas, si bem que muitas chorassem em silencio. O acadêmico Pinheiros, que desejára se passassem a fio de espada mulheres e crianças, nada fazia pelos infelizes prisioneiros [...]. Si bem que a principio me sentisse acanhado em me dedicar assim a mulheres, comtudo já estava dentro em pouco affeito a medicamentos, algodão, iodo, pinça, etc., como se em toda a minha vida não houvesse feito outra cousa. Ajoelhamo-nos ao relento, no chão, diante dos feridos, operando e curando tanto quanto podíamos. Mas sempre o mesmo espetaculo: nem um gemido das pobres victimas com panos sujos ou folhas verdes, e muitas até em estado de putrefacção. [...] Uma miseria horrível por toda a parte! (SINZIG, 1915b, p. 192-193)

69 Nascido no Ceará, era tido como um líder religioso e seu nome era Antônio Vicente Mendes Maciel, no entanto era mais conhecido como Antônio Conselheiro. É destacado por Bovo (2007, p.13) com outros nomes, tais como “Antônio dos Mares”, “Irmão Antônio”, “Santo Antônio Aparecido”, “Santo Conselheiro”, “Bom Jesus Conselheiro”, “Senhor do Bonfim”. Tratava-se de um comerciante sem êxito e organizador de uma curiosa experiência social sertaneja, inspirada na solidariedade do cristianismo primitivo. 50

Figura 01: Panorama das condições sociais e dos sofrimentos retratados na Guerra de Canudos

Fonte: SINZIG, 1915b, p.19270

Parece-nos que Frei Sinzig buscou demonstrar forte sensibilização à dor e ao sofrimento feminino, durante o período em que participou na Guerra de Canudos. Fatos esses percebidos nos relatos de pequenos detalhes descritos na sua experiência:

Graças a Deus já estamos habituados com estas feridas horríveis, pois si assim não fôra, não poderiamos trabalhar com mão segura, por ser enorme o numero de mulheres gravemente feridas. Deparei com uma que tinha completamente perdido uma vista, e na cavidade, agora ôca, via-se o tremular dos nervos e veiasinhas. Fazia dó! Limpei e liguei a ferida com todo o cuidado para evitar maiores dôres, mas tinha o coração oprimido. [...] ajoelhado ao lado de uma mulher, pensava-lhe uma ferida aberta abaixo da espadua e tão profundamente que reabrisse algumas polegadas mais abaixo, já corroída por vermes em grande quantidade, augmentando-lhes as dôres. Ella gemia baixinho, e, com grande esforço, foram retirados os vermes com a pinça. Nunca porém, ouvi dela um gemido forte. (SINZIG, 1915b, p.195)

Com isso notamos que a questão do sofrimento humano foi destaque e interesse de Frei Sinzig em suas obras.

70 Apesar de não termos desenvolvido uma pesquisa mais aprofundada referente à história desta imagem, destacamos que mesma compõe-se da obra citada de Frei Sinzig, enquanto fonte primaria de 1915, no entanto, também faz parte de vários outros sites, que relatam a história da Guerra de Canudos. Como exemplo, indicamos o site https://www.estudopratico.com.br/resumo-sobre-a-guerra-dos- canudos. Acesso em 21 de dez. de 2017. Suspeitamos que tal imagem circulou no período, como forma e comoção e sensibilização social. 51

1.3.4. Destaque social como musicólogo

Frei Sinzig possui diversos trabalhos voltados à musicalização. O site oficial dos franciscanos no Brasil o apresenta como um notável músico, com mais de 100 composições, elevando-o à condição de um exímio crítico da arte, além da regência em diversos concertos sinfônicos em teatros municipais, destacando-o como membro da Academia das Artes, dirigido pelo amigo Villa-Lobos. 71

Figura 02: Orquestra Sinfônica, com regência de Frei Sinzig, em apresentação ao Centenário de Portugal no Brasil

Fonte: Revista Semana, 1940 72

Ramos, D´Acol e Machado Neto (2011, p. 293), na pesquisa sobre materiais iconográficos produzidos por Frei Sinzig,73 objetivaram apresentá-lo como um importante musicólogo no contexto brasileiro, como um dos pioneiros no tratamento da iconografia musical e da revitalização do cerimonial musical católico no período. Para

71 Disponível em: http://www.franciscanos.org.br/?page_id=909. Acesso em: 04 dez. 2017. 72 Revista da Semana, ano XLI, nº38, p.32, 1940. Disponível em www.memoria.bn.br. Acesso em 04 de dez. de 2017. 73 Abordaremos este trabalho com profundidade mais adiante do texto. 52 isso, levantaram inúmeras imagens, associando Frei Sinzig à música de forma geral, já que se valeu da música como principal ferramenta para a divulgação da moral cristã. Em fins das páginas de ARGC, na edição de 1917, Frei Sinzig se utiliza de indicações de sua própria autoria, com o título “Obras de Frei Sinzig, O.F.M”, em que sugere outras leituras, de livros recreativos, livros instructivos, livros religiosos, músicas sacras e músicas religiosas, indicando os temas e os conteúdos de músicas de sua autoria e que se espraiavam pelo período. Assim nos mostra o Quadro 2:

Quadro 2: Músicas e Cantos de Frei Sinzig Título da música Comentário Edições

Músicas sacras Missa em honra de São Pedro Para duas vozes com 5.ª edição acompanhamento Missa a Santo Antônio Para duas vozes com 3.ª edição acompanhamento (partitura) Missa Brevis Para duas vozes com 2.ª edição acompanhamento Missa Exultemos NC 2.ª edição Missa pelos defuntos NC NC Missa a São José Para três vozes a seco NC Ladainha do Santo Coração de Jesus Para duas vozes com 3.ª edição acompanhamento do órgão Ladainha de Nossa Senhora Para quatro vozes a seco NC Benedicite Manual de cânticos sacros 2.ª edição Sursum Corda Cinquenta cânticos a três vozes Esgotado Cecília Manual de cânticos sacros 3.ª edição Acompanhamento de órgão ou de NC NC harmonia para a Cecilia Cruz, Ave Cânticos para oficio da semana NC santa Motetes Marianos Para duas vozes com NC acompanhamento 53

Salve, Episcope Para duas vozes iguais ou mista NC Ofício da Imaculada Conceição Para duas vozes com NC acompanhamento O Salutares, Cântico Nupcial Com acompanhamento de NC harmônio Laudes In Organo Para órgão ou harmonia NC Quatro Marchas para Procissão Para seis a dez instrumentos de 2.ª edição sopro In Sono Tubae Um hino e três marchas para NC procissões, para seis a dez instrumentos de sopro

Músicas religiosas Maria Santíssima Oratório com quadros vivos e NC declamações para coros a duas vozes e solos, com acompanhamento de piano Santa Cecilia Cantata para solos e côros NC Natal! Natal! Oratório com declamações e quadros vivos Jesus e as criancinhas, Ave Maria, Para uma voz com NC Hino a Cruz acompanhamento de piano

Músicas Profanas Cancioneiro de Modinhas Populares NC NC Modinhas Brasileiras NC 2.ª edição Branca de Neve Opereta em seis actos 2.ª edição Joãozinho e Margaridinha Opereta infantil NC Hino Escolar, O Amor Pátrio, Hino Para canto e piano NC das Arvores Chloris, A Cega; Roma-Amor Para canto e piano NC Minha Terra Quatro fantasias para cânticos NC nacionais 54

Estrelas e Flores Quatro fantasias para canto e NC violino Sob o Cruzeiro do Sul Quatro fantasias sobre canto NC brasileiros, para piano e violino Segeslied Texto de Maria Kahle NC As Três Rosas Para canto e piano, com violino NC

Fonte: SINZIG, 1917

Apesar de não nos atermos a uma pesquisa mais profunda sobre as músicas tidas como profanas por Frei Sinzig, muito provavelmente elas eram assim consideradas pelo teor que carregavam; conteúdos com ênfase na vida amorosa e, por vezes, erótica, além de serem tocadas por violeiros, que, segundo Frei Sinzig, eram beberrões e, na maioria das vezes, negros. Esse é o caso de Cancioneiro de modinhas populares74, de Catulo da Paixão Cearense75, que abre sua obra fazendo uma dedicação em homenagem a Arthur Azevedo,76 “primoroso e distincto comediógrafo brasileiro” (CEARENSE, 1908, p. XIII). Em tal obra, notamos centenas de modinhas77 que decantam a expressão de sentimentos, representando tipos de canções que têm como tema primordial o amor romântico. Como exemplo, citamos a modinha “Penso em ti”, que é tida como “música muito conhecida”, em que o autor evidencia sentimentos relacionais.

Penso em ti, quando vejo em céo sereno, Meiga estrella isolada a scintillar, Quando a lua pensosa e macilenta, Merencorea e saudosa, beija o mar,

Penso em ti nessas horas tristorosas, Porque triste e bem triste é meu viver, Ai, não posso, não devo, nem me é dada, Dar-te um beijo de amor, depois morrer,

Penso em ti, nessas horas de saudades, Quando a noite a cahir, pezar traduz, Quando o môeho, gemendo, adeja e pouza, Nos braços carcomidos de uma cruz,

74 Disponível em: http://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=43511. Acesso em: 04 dez. 2017. 75 O material indica que é organizado pelo autor citado e dá a referência das músicas que devem ser usadas para cantar suas poesias. O material possui mais de 200 páginas. 76 Arthur Azevedo é considerado por Frei Sinzig como restrito à leitura. Sua obra é vista como aquilo “que se pode conceber de mais pornographico”. Portanto, indica “rejeitem-no” (SINZIG, 1915a, p.90). 77 Total de 155 modinhas brasileiras. 55

- Impossivel! Não posso! Agora é tarde! Dos teus lábios ouvi, n'um máu sonhar! - Impossivel! Direi, já quando a louza, Para sempre do mundo me ocultar,

Penso em ti, quando escuto a vez queixosa, De uma flauta a gemer em solidão, Quando escuto do leito o doce harpejo, De um choroso plangente violão,

Soluçando, na dor de atroz vigília, Porque a esperança morreu, já não sorri, Nas caladas da noite, em horas mortas, Solitário e cançado, eu penso em ti! (CEARENSE, 1908, p.26-27)

1.4. CONTEXTO HISTÓRICO-CULTURAL DE FINS DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO XX NO BRASIL

Esta parte do trabalho tem por objetivo apresentar o contexto histórico-cultural em fins do século XIX e início do XX, junto com suas expectativas e idealizações, no que diz respeito ao contexto em que Frei Sinzig esteve inserido, com direcionamento à educação feminina brasileira e atenção à figura da mulher do período, somados à literatura impressa, em especial dos romances.

1.4.1. A virada do século: expectativas e idealizações

O fim do século XIX e o início do XX foram marcados por atravessamentos de uma dada modernidade78, como um processo histórico-cultural complexo, que buscou inserir nas pessoas uma mudança de comportamento79 diante do mundo e diante de si mesmas. Também a convivência no espaço urbano passou a ser engendrada por intencionalidades, ou seja, a convivência urbana pressupunha comportamentos homogeneizados. Sobre isso, diversos autores, como Costa e Schwarcz (2000); Cunha

78 Ao utilizarmos o termo “modernidade”, estamo-nos apropriando das contribuições de Hobsbawm (1988), que a propõe como um período de consolidação da racionalidade produtiva e fabril, moldando uma economia que passou a ser mundial e internacionalizada, além de alterações nos meios de transporte e meios de comunicação. Com isso, segundo Sevcenko (1987), assegurava-se uma racionalidade produtiva, permitindo o avanço do uso de diferentes fontes de energia, o que propiciou a aplicação da eletricidade, o uso de derivados de petróleo em diferentes frentes de produção. 79 A respeito dessa mudança de comportamento, própria do início do século XX, citamos o trabalho como virtude, a higienização como pressuposto para convivência urbana e a moralidade como indicação para a urbanidade. Esses ideais foram tratados na dissertação de mestrado (CRUZ, 2014). 56

(1986); Rago (1985); e Sevcenko (1983), dentre outros, denotam esse período como de transições de comportamento,80 com a emergência de certa disciplinarização e controle da população, em especial no espaço urbano.81 Ademais, absorvemos as contribuições de Benjamin (1985), que salienta tal período como um momento de mudanças rápidas de costumes e valores, ancorados numa dada tecnologia e na aglomeração de pessoas – especialmente no espaço urbano, em contraposição ao espaço rural.82 Com isso, segundo Le Goff (2003), há um sentimento – próprio dos séculos XIX e XX no Ocidente – de ruptura com o passado, atrelado a um conjunto amplo de modificações nas estruturas sociais, atingindo as esferas econômicas, políticas e culturais. Para resumir esse período da modernidade, Berman (1986, p. 14-15) frisa que ele (a modernidade) é compreendido como um “conjunto de experiências” de tempo e espaço, experiências essas vitais, compartilhadas entre homens e mulheres a todo o momento. Para o autor, “ser moderno é encontrar-se em um ambiente que promete aventura, poder, alegria, crescimento, autotransformação e transformação das coisas em redor”. 83 Convém destacar que esse período foi marcado por uma imagem de progresso que, segundo Costa e Schwarcz (2000, p. 27), tinha por finalidade afastar a ideia de um Brasil atrasado, que se distanciava da “barbárie da escravidão”, buscando (re)significar nomes, hinos, bandeiras, heróis, com intuito de marcar um novo tempo, rumo a um dado progresso. Sobre isso afirmam Costa e Schwarcz (2000, p. 11):

80Abordaremos essa transição de comportamentos mais adiante, Capítulo 3, como governamentalidade, tendo como referencial Foucault (2008). 81 Apesar dessa ideia, segundo Escolano (2001), esse espaço urbano será percebido como um espaço que educa, forma e conforma. 82 De acordo com Benjamim (1985), todos os valores passados tendem a ser considerados ultrapassados, restando apenas o fascínio pelo presente, o que pressupõe novos ideários, que afirmam o trabalho como virtude, e este, por sua vez, passa a pressupor um rígido controle do tempo, matematicamente cronometrado e controlado, vinculado a uma produção voltada para o mercado, sobretudo no espaço urbano. Sobre esse controle do tempo, nos apropriamos de Thompson (1998), que nos mostra uma alteração da percepção do tempo, decorrente das relações com o trabalho. Tal alteração foi acarretada por reestruturação rigorosa dos hábitos de trabalho, em que novas disciplinas e estímulos para a vida moderna foram propostos, com a inserção do tempo do relógio. 83 Apesar da ideia de Berman (1986), que propõe a modernidade como aventura e transformações, registramos que também acolhemos, como fruto dessa modernidade, as contribuições de Dussel (1977, 1993, 1995) e Mignolo (2005), que datam sua origem em 1492, como um “mito de violência” que encobre o “outro”, controlando-o, vencendo-o e violentando-o (DUSSEL, 1993, p.7-8). Essas ações aconteceram, ao mesmo tempo em que a Europa se identificou como descobridor, conquistador e colonizador, afirmando-se como o “centro” da História Mundial. Portanto, entendemos que esses sentimentos de aventura e transformações, além de outros, foram interiorizados ao mesmo tempo em que se impunha uma dada colonialidade, enquanto prática de dominação (MIGNOLO, 2005, p.47). 57

Era hora de não só mapear o presente, como também de planejar o futuro. Se a chegada de um novo século sempre fez sonhar, talvez tenha sido o fim do século XIX o que melhor concretizou esse tipo de utopia. As exposições universais passavam a demonstrar didaticamente o progresso e a imaginar o amanhã; os mapeamentos e inventos olhavam para os impasses do presente, mas de esguelha miravam o século seguinte; a “sciencia” impunha-se como forma de redimir incertezas. Sonhou-se muito na passagem do século XIX para o XX. Era esse o momento das realizações, da efetivação de projetos de controle das intemperes naturais. Ainda não pairava o cheiro de guerra; a ideia do conflito parecia controlada pela fantasia do progresso, e os novos avanços técnicos traziam a confiança de um domínio absoluto sobre a natureza e os homens.

Ao lado desse progresso, sublinhado por Costa e Schwarcz (2000), Frei Sinzig estava inserido a cerca de 60 quilômetros da cidade do Rio de Janeiro, e nesse cenário iniciava o século XX, com o 15.º porto do mundo em volume de comércio, sendo superado apenas por Nova Iorque e Buenos Aires. Além de um aumento significativo de sua população, atingindo a maior concentração populacional do País.84 A esse respeito destaca Sevcenko (1983, p. 27):

A situação era realmente excepcional. A cidade do Rio de Janeiro abre o século XX defrontando-se com perspectivas extremamente promissoras. Aproveitando de seu papel privilegiado na intermediação dos recursos da economia cafeeira e de sua condição de centro político do país, a sociedade carioca viu acumular-se no seu interior vastos recursos enraizados principalmente no comércio e nas suas finanças, mas derivando já também para as aplicações industriais. Núcleo da maior rede ferroviária nacional, que o colocava diretamente em contato com Vale do Paraíba, São Paulo e os Estados do Sul, Espírito Santo, e o hinterland de Minas Gerais e Mato Grosso, o Rio de Janeiro completava sua cadeia de comunicações nacionais com o comércio de cabotagem para o Nordeste e o Norte até Manaus. Essas condições fizeram da cidade o maior centro comercial do país. Sede do Banco do Brasil, da maior Bolsa de Valores e da maior parte das grandes casas bancárias nacionais e estrangeiras, o Rio de Janeiro polarizava também as finanças nacionais.

Contudo, Sevcenko (1983, p. 23) mostra que nas primeiras décadas do século XX, além do predomínio econômico e populacional do Rio de Janeiro, o Brasil era marcado pelo predomínio de correntes ideológicas, tais como realismo, liberalismo,

84 Sevcenko (1983, p.56-58) destaca que a cidade do Rio de Janeiro, na virada do século XIX para o XX, deixou de ter uma população de 522.661 habitantes em 1990, para 1.157.873 habitantes em 1920. A justificativa para esse crescimento foi as fazendas arruinadas do Vale do Paraíba, após a abolição, as miríades de migrantes internos atraídos pela febre fiduciária do Encilhamento e pelas promessas do que se apresentava concretamente como maior centro comercial, industrial e de serviços do País. 58 positivismo, etc., que demonstravam nítidas intenções sociais, associando a ideia de modernidade a uma “ordenação da comunidade”, ou seja, a uma dada conformação social, que padronizasse comportamentos, principalmente através de atitudes como a de um acervo literário comum,85 que pudesse homogeneizar as leituras brasileiras, o que se revela uma inquietação por parte de intelectuais brasileiros do período, que se preocupavam com a possibilidade de uma “crise de consciência” da população brasileira. Portanto, vislumbrar ações de cunho moralizante era uma das preocupações da intelectualidade da época. A esse propósito, nos apropriamos das ideias de Velloso (2003, p.350), que relata a emergência de diferentes intelectuais brasileiros que buscavam afirmar-se como mediadores entre o povo e a nação, “investidos de uma missão”, que além “construir a brasilidade” da nação, tinha como finalidade a moralidade do povo, em suas diversas dinâmicas. Para isso, se fazia necessária a existência de intelectuais que se colocassem socialmente como “guias” intelectuais – como é o caso de Frei Sinzig na ARGC – que assumissem “postos de comando”, criando bases legitimadoras de conformidade86 e (in)conformidade87 social. Essas ideias nos mostram que Frei Sinzig se ancorava claramente numa tradição intelectual e autoritária da época, própria do início do século XX no sistema republicano brasileiro, em que frequentemente os intelectuais se portaram como consciência iluminada da nacionalidade, ou seja, como agentes da consciência e do discurso, autodelegando-se a função de diretores da vida social e urbana. Velloso (2003, p. 351) busca explicar a causa dessa autodelegação dos intelectuais da seguinte maneira:

Guia, condutor, arauto. A que atribuir tal poder? Em parte, por causa da própria condição do Brasil e enquanto país periférico, com grande contingente de pobres e analfabetos, sendo as elites francamente europeizadas. Faltava, portanto, uma mediação adequada. Intelectuais que atuassem mais próximos do conjunto da sociedade.

85 A esses intelectuais, Sevcenko (1983, p. 27) os chamam de “mosqueteiros intelectuais”. 86 Ao utilizar o termo “conformação” (social ou da população), estamo-nos referindo aos ditames impostos por uma política autoritária, em fins do século XIX e início do XX, que visava a uma dada homogeneidade social dos corpos, no que se refere a comportamentos urbanos. Ademais, por vezes nos referiremos a termos como “normalização”, “adestramento”, “disciplinarização”, utilizados por diferentes autores nesta pesquisa. 87 Ao utilizar o termo “(in)conformidade” (social ou da população), remetemos aos corpos que não se submetiam aos ditames impostos por uma política autoritária, que busca a homogeneidade social dos corpos no que se refere a comportamentos urbanos. A estes corpos incumbiam a normalização, o adestramento, a disciplinarização. 59

Portanto, esses intelectuais brasileiros – no caso, Frei Sinzig – exerceram certa governamentalidade, respaldados pelo próprio contexto histórico do período, que mobilizava uma intensa gama de intelectuais, reunia saberes e garantia poderes a uma minoria intelectual que se impunha sobre o conjunto maior, justificando a organização da sociedade, ancorada numa política autoritária, que por vezes atuava numa trilogia: República, Igreja e Exército. Ainda sobre essa mediação realizada por intelectuais brasileiros, destacamos que o contexto clamava por tal demanda, em razão de uma população com baixo teor político. Assim, esses intelectuais idealizavam uma separação moral de conformidade e (in) conformidade social, separando condutas, de forma a agregar algumas e separar outras, buscando constituir uma simetria moral urbana. Cabe destacar que, para Sevcenko (1984), essa separação moral ocorreu paralela a uma “separação ética dos corpos”, divididos geograficamente em corpos rebeldes, corpos docentes, corpos sãos, etc., através da discriminação de espaços no ambiente urbano, tido como um ambiente civilizado. Assim salienta:

A enorme massa de trabalhadores, subempregados, desempregados e vadios compulsórios era empurrada para o alto dos morros e para os subúrbios ao longo das estradas de ferro e ao redor das estações de trem. [...] O centro tornou-se o foco de toda agitação e exibicionismo da burguesia arrivista: seu pregão; sua vitrine e seu palco. [...] Verifica-se uma estratégia de ocultamento. (SEVCENKO, 1984, p. 81)

Evidentemente, neste mundo em que não se deseja ver o doente, o desempregado, o vadio, etc., também não se suporta a adúltera, a pornográfica, a viciada, etc. Trata-se de um estilo novo de vida, urbano, em conformidade social do corpo, em que a (in)conformidade deve ser afastada, estilo esse implantado por uma elite letrada, burguesa, definhada em fins do século XIX e início do XX. Não é por acaso que ARGC recebe aplausos do Ministro do Supremo Tribunal Federal em 1917, com elogios do Diretor da Hygiene e Assistência Publica Municipal do Rio de Janeiro, Dr. Paulino Werneck (SINZIG, 1917, p.4) e do Jornal do Brasil em 1915 (SINZIG, 1917, p. 472). Essa organização da população no contexto urbano brasileiro, Velloso (2003, p. 356) mostra que emerge como uma “problemática principal” para o governo, pois esses corpos (in)conformados, segundo Rago (1985, p. 18), se tornaram foco principal de uma 60

“vasta empresa moralizadora”, que pretendia constituir um corpo conformado88, que pudesse ser construído “de cima” e “do exterior”, ou seja, por meio de ações intencionadas por uma elite letrada e urbana. Assim, cabe destacar que as questões de ordem moral, relacionadas àquilo que denominamos como conformidade social, segundo Porter (1992, p. 314), tinham o mesmo peso de outras questões em fins do século XIX e início do XX, tais como as higienistas, as de trabalho, etc. Nesse mesmo sentido, Cunha (1986, p. 23) frisa que as questões de ordem moral tinham um grande peso nas discussões dos intelectuais do período, que insistiam na necessidade de uma “disciplina cotidiana”, de uma “normalização” e um “adestramento” das populações, o que era tão importante como o combate à criminalidade e a implantação da medicina mental, também presente.

Além da medicina mental, outras práticas de disciplinarização terão simultaneamente a dupla função do combate e da moralização. É o caso, por exemplo, da polícia vitoriana, cujo papel moralizador era tão ou mais importante que o da própria repressão à criminalidade. As técnicas de moralização da família, da afirmação dos papéis sexuais, da afirmação do casamento e da maternidade. (CUNHA, 1986, p. 27)

Portanto, constitui-se um discurso que agrega certa conformação social e separa a (in)conformidade, que circula em todas as instâncias da vida, invadindo a esfera das relações, para moldá-las segundo os propósitos da ordem e da disciplina. Inúmeras foram as armas e as estratégias deste embate: da indicação de leitura à queima de livros; da saúde à sexualidade; da vida ao suicídio; da família à prostituição – esforços, ainda que pontuais através de um frei franciscano que enfrentou tenazmente a resistência de parte de seus destinatários, como veremos nesta pesquisa. Ademais, destacamos que nesta enfieira da conformação social, a educação da população torna-se demasiadamente importante, já que “educação”, “ordem social” e “ordem moral”, eram sinônimos, convergiam num período marcado pela tentativa de um rigorismo moral (ARAÚJO, 2010; KUHLMANN JR., 2001; PASSOS; DELGADO, 2005; VEIGA, 2002). Assim, a educação apareceu como proposta de uma elite letrada urbana, visando constituir certa subjetivação sob marcos de conformação social, mediante a inserção de comportamentos necessários às relações no espaço urbano (CRUZ, 2014).

88A análise de Rago (1985, p.12) é especialmente fundamentada na relação do trabalhador com a fábrica, no início do século XX, em que ele é visto como “selvagem” e “ignorante”, compondo uma classe operária trabalhadora em formação nos inícios da industrialização no Brasil. 61

Convem salientar que para Figueiredo (2007, p.129), a subjetivação é uma experiência própria da modernidade, fruto de uma intensificação da experiência do individuo, frente à diversidade e da ruptura, dos quais desembocarão na constituição do sujeito moderno. Em especial no século XIX, essa subjetivação, se ancora num liberalismo, romantismo e num regime disciplinar. Ademais o século citado, é tido como “apogeu” do individualismo, enquanto princípios de organização econômica e política.

1.4.2. A educação na República

Inicialmente, definiremos o que compreendemos como educação. Ao nos referirmos a ela, estamo-nos apropriando principalmente dos conceitos de Saviani (2004, 2011), que tem a educação como uma atividade comum às pessoas, para tornar os outros semelhantes, ou seja, reproduzir sua própria existência. Isto é, trata-se da produção do saber, seja ele ético, simbólico ou científico. Com isso, a educação tem a ver com ideias, conceitos, valores, símbolos, hábitos e habilidades. Assim, “a natureza humana não é dada a ele, mas por ele é produzida, sobre a base da natureza biofísica”. Portanto, educação envolve “todo ato de produzir direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto de homens” (SAVIANI, 2011, p.13). Assim, consideramos como educação tudo aquilo que é produzido pelas ações do homem, que não acontece somente através de um regime didático, sistemático ou institucionalizado, mas a partir de toda a realidade que o contorna e o envolve – enfim, por todas as coisas com as quais o indivíduo convive, pelas relações que se estabelecem no tempo e no espaço, ou seja, uma educação polissêmica, que não se dá apenas de modo específico, mas por palavras, olhares, gestos, coisas, etc., por meio dos quais o indivíduo convive no seu cotidiano. Portanto, trata-se de uma educação descentralizada, com ou sem intencionalidades, que se desenvolve a partir de grupos ou instituições, em uma dada realidade sócio-histórico- cultural. Também nos apropriamos dos conceitos de Durkheim89 (2011) sobre educação, que a tem como fatos sociais90 que contribuem para o funcionamento da sociedade. Para

89 Émile Durkheim nasceu na cidade de Épinal (França) no dia 15 de abril de 1858. Faleceu em Paris, capital francesa, em 15 de novembro de 1917. É considerado, junto com Max Weber, um dos fundadores da sociologia moderna. Viveu numa família muito religiosa, pois seu pai era um rabino. 62 o autor, a educação está além da escolarização, pois repousa sobre um certo ideal humano, em que aparece (a educação) como um amplo processo socializador a partir de ideais a serem compartilhados pela sociedade, através da família, da escola, etc. Assim, a educação é uma ação exercida com a justificativa da manutenção da coesão social:91

[...] a sociedade não somente eleva o tipo humano à dignidade de modelo para o educador reproduzir, como também o constrói, e o constrói de acordo com suas necessidades. […] O homem que a educação deve realizar em nós não é o homem tal como a natureza o criou, mas sim tal como a sociedade quer que ele seja. (DURKHEIM, 2011, p. 107)

Durkheim (2011) propõe duas dimensões da consciência do indivíduo: os pensamentos individuais e o pensamento coletivo. O pensamento coletivo, obviamente, está ligado a um sistema de ideias, sentimentos e hábitos que exprimem os grupos a que o indivíduo pertence (p.127); ambos formam o que Durkheim chama de “ser social” (p. 13), que é o objetivo da educação, ou seja, desenvolver no indivíduo certos de estados físicos, intelectuais e morais, exigidos tanto pelo conjunto da sociedade política quanto pelo meio específico no qual ela está inserida. Por fim, o autor acentua a educação como o conjunto de ações exercidas externamente, portanto, como algo geral e constante, que se origina numa estrutura anterior aos indivíduos e determina as formas de pensar, sentir e agir no convívio com a sociedade. Assim, apresenta a educação como uma forma socializadora, que insere os indivíduos numa posição de conformidade, como passividade, de uma dada objetivação. 92 Contudo, olhamos para a educação na República como uma forma de constituir nos indivíduos ideias, símbolos e comportamentos sociais, visando intencionalidades que Romanelli (2013, p. 23) denomina “educação para o desenvolvimento”, justificando

Porém, não seguiu o caminho da família, optando por uma vida secular. Desde jovem, foi um opositor da educação religiosa e defendia o método científico como forma de desenvolvimento do conhecimento. Em boa parte dos seus trabalhos, procurou demonstrar que os fenômenos religiosos tinham origem em acontecimentos sociais. Aos 21 anos de idade, Durkheim foi estudar na Escola Normal Superior (École Normale Supérieure) e passou a dedicar-se ao mundo intelectual. Formou-se em Filosofia no ano de 1882. Cinco anos após sua formatura, foi trabalhar na Universidade de Burdeos como professor de pedagogia e ciência social. Neste período, começaram seus estudos sobre sociologia (COSTA, 2005, p. 80-109). 90 Os fatos sociais consistem em maneiras de agir, pensar e sentir numa sociedade, que exercem determinada força sobre os indivíduos, forçando-os a se conformarem às regras cotidianas e contemporâneas (COSTA, 2005, p. 85-86). 91 Trata-se da força intimidadora que os fatos exercem sobre os indivíduos que levam a sociedade a formar suas regras, independentemente da vontade de alguns (COSTA, 2005, p. 90). 92 Sobre objetivação, trataremos com mais profundidade nos capítulos posteriores. 63

“necessidades de desenvolvimento” que aparecem determinadas pela “expansão econômica” do período. Portanto, é uma educação que tem por finalidade a conformação do indivíduo para convivência no espaço urbano. Ela forma e molda a população, com o objetivo de representar um dado progresso social a partir de determinadas condições, sob influências de ideais positivistas93 e liberais94 (VEIGA, 2002). Convém salientar que a discussão sobre a educação da população brasileira se colocou com mais efetividade em fins do século XIX, quando se difundiram no País diversas correntes de pensamentos vindas da Europa e dos Estados Unidos. Barros (1959, p. 23) chama esse movimento de “Ilustração Brasileira” (parte do título de seu livro), que, para ele, se entendeu até o início do século XX: ao menos boa parte dos intelectuais políticos da elite tinha entre seus ideais propostas para “sair com uma nação transformada”. Ou seja, uma nação que visava alçar novos caminhos. Stephanou e Bastos (2010, p. 86-87) nos dão um breve resumo dos primeiros anos de República, que serviram de base para as demais alterações da educação, durante a Primeira República:

Logo após a proclamação da República, o governo deu passos decisivos no sentido de reformular o ensino público, principiando pela criação do Ministério da Instrução Pública e dos Correios e Telégrafos, ao qual foi atribuído um grande número de responsabilidades e funções conforme indicado no Decreto-lei n.346, de 19/04/1890. O Decreto n.981, de 08/11//1890, aprovou o novo regulamento para o Gynásio Nacional, como passou a ser designado o Collegio de Pedro II. O mentor do novo plano de estudos foi Benjamim Constant, estabeleceu, para o ensino secundário, um curso de sete anos que deveria ser desenvolvido, tendo como eixo a ordem lógica de classificação das ciências fundamentais, proposta por Auguste Comte. Paralelamente a este eixo, dispunha-se o estudo das línguas modernas, do Grego e do Latim, da Geografia e da História, do Desenho, da Ginástica e da Música, tornando-o enciclopédico. Ao

93 O positivismo baseia-se na crença do poder dominante e absoluto da razão humana para conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis, como base da regulamentação da vida do homem e da natureza. Sua característica principal está na crença da ciência como guia para a vida individual, social e moral. Tem como característica a substituição das explicações teológicas e de senso comum pelas quais os homens explicavam a realidade com base em sua participação nela. Seu fundador foi Auguste Comte - 1798-1857 (COSTA, 2005, p. 72). 94 Marcados por ideais políticos surgidos na França em 1789 a partir da Revolução Francesa, em oposição às monarquias absolutas, derivadas das concepções teocráticas do poder, que estava baseado politicamente na teocracia absolutista sob os ditames de uma organização feudal. No liberalismo, expandem-se as ideias de relações entre os indivíduos livres e iguais por natureza, quebrando a concepção de hierarquia e também a de submissão, pois os indivíduos se relacionavam a partir de um pacto social, tido de forma livre e igualitária. O Estado, por meio da lei e da força, tem poder de domínio, de exigência de obediência e de repressão, porém tem como diretrizes suas leis definidas pelos proprietários privados e seus representantes (CHAUI, 2009, p. 376). 64

final do curso os alunos deveriam demonstrar assimilação de conhecimento humano, no chamado Exame de Madureza, que fora instituído. Os princípios norteadores da reforma Benjamim Constant foram, aos poucos, sendo dilapidados em sucessivas reformas que ocorreram de 1892 a 1899.

Essa ideia de sair com uma nação transformada, pelo menos na idealização, já havia sido detectada por Barbosa (1947, p.121, 143) nos anos que precediam a instauração da República. A esse respeito declara: “ao nosso ver a chave misteriosa das desgraças que nos afligem, é esta, e só está, a ignorância popular, mãe da servilidade das desgraças e da miséria”. A par disso, propõe “uma reforma radical do ensino público é a primeira de todas as necessidades da pátria, amesquinhada pelo desprezo da cultura cientifica e pela insigne deseducação do povo”. Essas declarações nos servem de exemplos da ilustrada mentalidade de intelectuais em fins do século XIX. Confirmando o pensamento de Rui Barbosa, Bittencourt (1953, p. 53) salienta que, mesmo antes da implantação da República, já se fazia de forma intensa e “efervescente” a discussão sobre educação no cenário brasileiro, como uma política nacional. Nesse mesmo sentido, Nagle (1977, p. 261) frisa que havia uma profunda e “vigorosa discussão” em fins do Império e início da República, a propósito de assuntos educacionais, que abrangia uma tomada de posição diante das precárias condições do sistema educacional brasileiro, nos seus vários graus e ramos existentes, necessitando avançar para política nacional de educação. Com isso, a multiplicação dos debates e a tentativa republicana de uma reforma na educação marcaram a virada do século XIX e o início do XX. Ao abordar a educação especialmente na Primeira República, trazendo dados estatísticos que vão desde a criação do Ministério de Instrução Pública, Correios e Telégrafos em 1890, o qual teve inicialmente à frente Benjamim Constant, até a criação do Departamento Nacional do Ensino, subordinado ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores, através do Decreto n.º 16.782A, de 1925, Bittencourt (1953, p. 53-59) mostra que durante esse período a educação pública foi ineficaz, pois havia apenas 350 estabelecimentos de ensino secundário e cerca de 200 casas de ensino superior, incluindo as de formação militar e eclesiástica, com duas universidades, uma no Rio de Janeiro e outra em Minas Gerais, para uma população brasileira de 35 milhões de habitantes. A matrícula escolar não excedia 2.000.000, ou seja, menos da metade da população em idade escolar. “Certamente pouco, muito pouco, para as necessidades nacionais e depois de quarenta anos de novo regime” (BITTENCOURT, 1953, p.59). Portanto, apesar de todo o “entusiasmo na educação”, destacado por Nagle (1977, p.72), 65 a Primeira República pouco se desenvolveu com a educação da população, em quase nada mudou a estrutura da educação do Império, período tão criticado. Contudo, é necessário reconhecer que, após a implantação da República, o Brasil, através de sua elite política, começou a preocupar-se de maneira efetiva com a educação popular, notadamente nos estados mais avançados economicamente, como São Paulo, que promoveu sua reforma de ensino a partir de 1890, criando as escolas graduadas, que acabariam por se tornar o modelo para outros estados brasileiros no decorrer do século XX (ALMEIDA, 2000). Segundo Saviani (2004, p.17-18):

Foi somente com o advento da República, ainda que sob a égide dos estados federados, que a escola pública, entendida em sentido próprio, fez-se presente na história da educação brasileira. Com efeito, é a partir daí que o poder público assume a tarefa de organizar e manter integralmente escolas, tendo como objetivo a difusão do ensino a toda a população.

Entretanto, apesar dos poucos avanços e das diversas críticas recebidas por intelectuais do período,95 quanto às políticas de educação da Primeira República, realçamos que, na virada do século XIX para o XX, apesar de todos os diferentes vieses que recebeu por diversos pesquisadores da História da Educação (instrução pública; educação da população; educação popular, etc.), a educação, de forma geral96, estava acompanhada de certa entonação de conformação social. Para isso, a educação foi tomada como legitimação do progresso, visando a conformar as pessoas a padrões de conformidade social do período. A esse respeito, Veiga (2002, p. 285) salienta que todos os projetos sociais do período, seja da Escola, por meio da República, ou da Igreja, funcionavam como “sujeitos ativos”, que tinham como “função” “formar cidadãos”. Convém colocar em relevo que, segundo Gonçalves Neto e Magalhães (2009), a ideia de cidadão foi disfarçada, assim como a proposta de uma República laica sob os ideais positivistas, pois o que se viu foi uma educação voltada não especificamente para

95 Gonçalves Neto e Magalhães (2009) desenvolvem um texto denominado como “O local na História da Educação: o município pedagógico em Portugal e Brasil” em que apresentam uma série de intelectuais que desenvolveram fortes críticas às políticas de educação da Primeira República em comparação com as do Brasil Império. 96 Quando nos referimos neste parágrafo ao termo “a educação de forma geral”, estamos agregando a ideia de educação, da forma como tratamos no início da seção desta parte do trabalho, a partir dos conceitos de Durkheim (2011) e Saviani (2011) e a breve historiografia que trouxemos com Bittencourt (1953) e Nagle (1977), além de outros autores. 66 os interesses da população, mas sim para os de uma elite de dirigentes, que buscava atender a anseios econômicos. A esse respeito afirma Romanelli (2013, p.24):

A necessidade de manter os desníveis sociais teve, desde então, na educação, um instrumento de reforço das desigualdades. Nesse sentido, a função da escola foi a de manter os privilégios de classes, apresentando ela mesma como uma forma de privilégio, quando se usou de mecanismo de seleção escolar e de um conteúdo cultural que não foi capaz de propiciar às diversas camadas sociais sequer uma preparação ao trabalho. Ao mesmo tempo que ela deu à camada popular a oportunidade de se ilustrar, ela se manteve insuficiente e precária, em todos os seus níveis, atingindo apenas uma minoria, que nela procurava uma forma de conquistar ou de manter status.

Portanto, o que se notou na República, por conta de sua aproximação com ideais positivistas e liberais, diante de novos interesses econômicos que se afirmavam na realidade brasileira, foi a idealização de uma educação considerada como fundamento necessário para a formação da população e de certa cidadania, como bases para uma ordem democrática que se pretendia, entretanto, cheia de interesses e com poucos resultados numéricos na educação. Paralelamente a isso, como veremos de forma mais minuciosa no Capítulo 2 desta Tese, a Igreja Católica, que buscava certa reestruturação política e administrativa do seu poder em território brasileiro, viu na educação da população um meio de moralizar a sociedade, pois, juntamente com outros fatores, identificava a educação como elemento constitutivo da sociedade moderna. Portanto, para ela o problema da educação aparecia como algo não apenas interno à escola ou ao sistema educacional, mas a toda a sociedade, pois via a educação como um dos alicerces da vida civilizada: “ela [a educação] seria a produtora do progresso e não uma consequência do desenvolvimento econômico e social” (KUHLMANN JR., 2001, p. 20). De certa forma, a maneira como a Igreja concebeu a educação esteve influenciada pelo Concilio do Vaticano I, ocorrido entre os anos de 1869-1870, como forma de centralização do catolicismo, como resposta à nova conjuntura histórica da sociedade europeia nesse período. É preciso destacar que em fins do século XIX ocorreu, no continente europeu, um novo e significativo levante revolucionário, consagrado por Hobsbawm (1986, p. 273) como “Revolução Dupla,97 que, segundo

97 Hobsbawm (1986) salienta que o século XIX foi o período histórico que deu forma à sociedade contemporânea, pois a “Revolução Dupla”, a Revolução Industrial (1780-1840) e a Revolução Francesa (1789) têm um significativo processo de transformação política e econômica, a priori na sociedade 67

Arruda (1993), culminou em três fatores que contribuíram para as revoluções de 1848: o liberalismo, contrário às limitações impostas pela monarquia absolutista; o nacionalismo, que procurou unir politicamente os povos de mesma origem e cultura; e o socialismo, força nova que pregou a igualdade social e econômica mediante reformas radicais. Como influência formaram-se os chamados Estados-nacionais, desenvolvendo- se o cientificismo, a consolidação do liberalismo, além do socialismo científico de Karl Marx (1818-1883)98 e Friedrich Engels (1820-1895). Ademais, nas ciências humanas foram marcantes o desenvolvimento do positivismo de Auguste Comte (1798-1857) e a publicação da Origem das espécies, de Charles Darwin (1809-1882). Assim, essas mudanças levaram alguns teóricos a considerar o catolicismo uma religião arcaica, anticientífica. Com isso, gerou-se neste século uma valorização do profano em detrimento do sagrado. Em combate a isso, a Igreja não ficou inerte diante deste processo secularizante; pelo contrário, o papa Pio IX convocou o Concílio Vaticano I (1869-1870) em 29 de junho de 1868. Contrariamente a esse processo secularizante, a Igreja Católica tomou uma série de medidas reacionárias. Segundo Santirocchi (2010, p. 24), esse movimento de reação, chamado de ultramontanismo,99 se estruturou através dos seguintes pontos:

O fortalecimento da autoridade pontifícia sobre as igrejas locais; a reafirmação da escolástica; o restabelecimento da Companhia de Jesus (1814); a definição dos “perigos” que assolavam a Igreja (galicanismo, jansenismo, regalismo, todos os tipos de liberalismo, protestantismo, maçonaria, deísmo, racionalismo, socialismo, casamento civil, liberdade de imprensa e outras mais), culminando na condenação destes por meio da Encíclica Quanta Cura e do “Sílabo dos Erros”, Por ‘governamentalidade’, entendo o conjunto constituído pelas instituições, procedimentos, análises e reflexões, cálculos e táticas que permitem exercer essa forma bem específica, bem complexa, de poder, que tem como alvo a mesma, publicados em 1864.

Nota-se que o Concílio Vaticano I, além das questões de fortalecimento da autoridade pontifícia, teve preocupação com a reafirmação dos “perigos” que assolavam europeia, em seguida na sociedade mundial. Com isso, afirma que a Inglaterra introduziu no mundo uma nova forma de economia com a invenção da indústria, ao mesmo tempo que a França popularizou as ideias políticas, tais como direitos individuais, o poder emanando do povo e não do Rei, que se espalharam pelo mundo inteiro. Com isso, lançaram as bases da economia e da política do mundo, marcando o final da Idade Moderna e o princípio da Idade Contemporânea. 98 Destacamos que é neste período que Marx publica a célebre frase: “a religião é o ópio do povo”. 99 Ultramontanismo se refere àqueles que defendiam a superioridade do Papa sobre os governantes, mesmo em questões temporais (ARAÚJO, 2010). 68 a Igreja. Ou seja, não esteve somente preocupado com questões espirituais, religiosas e litúrgicas, houve interesse pela defesa do poder temporal100 do Papa. Além dos perigos que assolavam a Igreja, no Brasil, segundo Santirocchi (2010) existia um chamado “abrasileiramento do catolicismo”, praticado pela fé do povo, formado por mestiços, índios e escravos, gerado pela vida prática, pela convivência com a senzala e o índio, pelo cruzamento de tradições reinóis e da terra e por catolicismo mestiço e barroco. Medeiros (2013, p.6) salienta que

O Concílio Vaticano I deveria ultrapassar as novas dificuldades postas à Igreja e lançar bases sólidas para que se processasse uma restauração espiritual na sociedade em geral, e o fez. Dentro deste processo de restauração, destaca-se o que ficou consagrado na historiografia como romanização101 – embora, alguns historiadores contemporâneos prefiram o termo reforma em detrimento de romanização. A igreja romanizada seria a afirmação da autoridade de uma igreja institucional e hierárquica estendendo-se sobre todas as variações populares do catolicismo. Portanto, o processo de romanização estava estritamente ligado ao objetivo de expurgação das religiosidades populares e centralização do catolicismo defendido pelos padres conciliares.

Para que houvesse esse fortalecimento da Igreja, ela necessitava reagir, processando uma restauração na população, que tivesse respaldo do Papa, enquanto líder principal. Nesse contexto Santirocchi (2010, p. 25) afirma:

A partir dessa ótica é compreensível que se tenha difundido uma eclesiologia que fortalecia a função e as prerrogativas do Sumo Pontífice, considerando-o, praticamente, como a fonte dos ensinamentos da Igreja e como a autoridade da qual emanavam, de modo indiscutível, todas as decisões. Essa centralização, na prática, levou a uma intervenção mais sentida das congregações romanas na vida de cada diocese e uma maior uniformização da disciplina eclesiástica.

Assim, notamos que a Igreja se colocou na busca de lançar bases sólidas,102 através da aprovação da Constituição Dogmática Dei Filius em abril de 1870, e na

100 Poder temporal designa-se à influência de governo como político, que o Vaticano poderia exercer sobre as pessoas, em especial o Papa (PASSOS; DELGADO, 2005). 101 Segundo Kirchner (2009, p.10), trata-se de um movimento dirigido pela hierarquia eclesiástica, visando a desvincular a hierarquia da Igreja da coroa luso-brasileira e colocá-la sob ordens diretas da Santa Sé, onde três fases costumam caracterizar o período de romanização do catolicismo brasileiro. São elas: a “reforma católica”, a “reorganização eclesiástica” e a “restauração católica”. 102 Nessa busca por bases sólidas, autores como Kirchner (2009), Kuhlmann Jr. (1998) e Sangenis (2004) afirmam que a Igreja Católica, entre fins do século XIX e início do XX, estabeleceu como missão abrir 69

Constituição Dogmática Pastor Aeternus em 18 de abril de 1870,103 em que buscou, de forma impetuosa e inquietante, expor sucintamente a doutrina católica e condenar práticas de (in)conformidade mediante uma educação ousada e segura. Através disso, nos foi possível perceber, por termos explícitos na Dei Filius, tais como “educar adolescentes”, com “ardor constante”, através da “mente dos homens”, “tanto da vida (cotidiano), como dos costumes dos povos” (prática diária), “com potência”, “proscrever e condenar os erros”, “comandá-los com a autoridade”. Da mesma forma na Constituição Dogmática Pastor Aeternus, em que se utiliza de termos como “governar”, “ autoridade”, “ensinar e ser um dogma”, “fé e moral” “condutas irreformáveis”. Assim, notamos nessas Constituições, uma busca mais agressiva104 e incisiva, por parte da Igreja, de certa governamentalidade em relação à população105 e de uma educação pautada por rígidos padrões morais, com uma visão espiritualizante do mundo e da vida, além de uma exigente disciplina. Por fim, uma educação elitista e conservadora. Em decorrência disso, notamos que as obras de Frei Sinzig, em especial ARGC, se originam sob certo respaldo do Vaticano,106 levando-nos a entender que, de certa forma, Frei Sinzig estava agindo sob influências dessas Constituições do Vaticano. A exemplo, na edição de ARGC de 1917, Frei Sinzig recebe a benção e a aprovação da obra, através de saudosas palavras do Bispo de Niterói/RJ, Sr. Agostinho, em que, falando em “defesa da religião”, em “contestação” e “guia seguro” (SINZIG, 1917, p.V), o Papa Leão XIII é lembrado em memória. Portanto, é de esperar nas obras de Frei Sinzig uma ação contestadora, incisiva e conformadora, que, sob viés eclesiástico e

casas de impressos (tipografias) e escolas, como é o caso da Tipografia Gratuita de São José e do Colégio São José, citados por Frei Sinzig (1915b). 103 O acesso aos textos das Constituições Dogmáticas Dei Filius e Pastor Aeternus se deu através do site oficial do Vaticano, disponível em: http://www.vatican.va/archive/hist_councils/i-vatican- council/documents/vat-i_const_18700424_dei-filius_it.html. Acesso em: 29 dez. 2018. Convém salientar que tais informações se encontram na língua italiana e em latim, e que utilizamos tradutor digital para traduzi-las. Portanto, por não dominarmos tais línguas, podem ocorrer erros. 104 Essa busca por certa agressividade por parte da Igreja foi notada principalmente na Constituição Dogmática Dei Filius, que suscita a excomunhão, penalidade máxima para o catolicismo. “Se alguém afirmar ser idêntica a condição dos fiéis e a daqueles que ainda não chegarem à fé única e verdadeira, assim que os católicos possam ter justa razão para duvidar da fé que abraçaram sob o Magistério da Igreja, suspendendo o assentimento até terem concluído a demonstração científica da credibilidade e veracidade da sua fé – seja excomungado”. Doutra forma, “se alguém disser que as ciências humanas devem ser tratadas com tal liberdade que as suas conclusões, embora contrárias à doutrina revelada, possam ser retidas como verdadeiras e não possam ser proscritas pela Igreja – seja excomungado”. 105 O termo “governamentalidade” será tratado no Capítulo 3 com suas devidas definições teóricas e conceituais, sob olhar foucaultiano. 106 Para Santirocchi (2010, p.25), o movimento do Vaticano I buscou reforçar mais intensamente na comunidade católica o sentimento de pertencimento à Igreja Universal, abandonando as tendências de catolicismo bairristas ou nacionalistas. 70 influências republicanas, buscava conformar uma dada população de negros e analfabetos em fins do século XIX e início do XX. Sobre essa ação do Vaticano, Almeida (2016, p.333) declara que:

Condenadas pelo Syllabus, a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa continuaram ocupando um lugar privilegiado nas reflexões de Leão XIII que consagrou mais de quarenta documentos à análise desses “problemas”. Recuperando propostas que já haviam sido enunciadas por Pio IX, Leão XIII enfatizou a necessidade de se mobilizarem na “organização de sociedades dedicadas à publicação e difusão da boa imprensa” que se encarregariam de combater a ação deletéria da imprensa anticlerical.

Evidenciamos que essas ações da Igreja Católica, sob certo respaldo e influxo do Vaticano, podem ser notadas em outros escritores brasileiros, contemporâneos a Frei Sinzig, como é o caso de Alceu Amoroso Lima (1896-1983). 107 Alceu Amoroso Lima estava inserido no Rio de Janeiro e conviveu com o fim do Padroado,108 em coincidência com a instauração da República, momento em que a Igreja Católica recompôs seus quadros institucionais, diante da proibição do ensino religioso nas escolas públicas, de acordo com a Constituição de 1981. E, em sua recomposição institucional, a Igreja defendeu ações de educação por meio da imprensa nos meios sociais. Para isso, defendeu a demanda de fundar e organizar escolas, cuja finalidade seria formar e educar crianças e jovens e principalmente as mulheres com valores cristãos. Nesse sentido, Alceu Amoroso Lima se destacou como um dos principais representantes do pensamento católico nos meios culturais e educacionais do início do século XX. Figueira e Barboza (2016, p.380), ao tratarem sobre Alceu Amoroso Lima, afirmam que uma das estratégias utilizadas pela Igreja foi a de não criticar os aspectos econômicos e políticos das ações liberais (também positivistas), mas centrar-se num determinado “afrouxamento da moral” em uma sociedade dita como laica. Com isso, a educação se caracterizou como parte importante para construção de uma dada

107 Nasceu na cidade de Petrópolis/RJ e cursou o Colégio Pedro II, formando em Direito pela Faculdade do Rio de Janeiro em 1913. Foi um crítico literário e polígrafo, adotou o pseudônimo de Tristão de Ataíde. Disponível em: http://www.academia.org.br/academicos/alceu-amoroso-lima-pseud-tristao-de- ataide/biografia. Acesso em: 04 jan. 2019. 108 Refere-se a um acordo entre Igreja Católica e os Reinos de Portugal e da Espanha, em que a Igreja delegava aos governos locais sua administração e organização. Diante disso, muitas funções e atividades da Igreja passaram estar sob a administração direta da administração política local, inclusive a nomeação de padres e bispos, assim como a construção de igrejas, ambos sob a autorização do papa (SANGENIS, 2004). 71 determinada hegemonia católica, não somente no que se refere ao letramento da população, mas também para adaptá-la às demandas econômicas e de mercado do período. Justamente nesse viés foi que o pensamento109 de Alceu Amoroso Silva ganhou proeminência como liderança intelectual nas instituições católicas para a ordenação da população, uma vez que a Igreja Católica, para garantir que a República fosse organizada nas bases cristãs, vinha estimulando a participação de seus intelectuais nos diferentes segmentos institucionais110. Ademais, para tratar desse “afrouxamento da moral” (FIGUEIRA; BARBOZA, 2016, p.380), em fins do século XIX e início do XX, de modo a conciliar os ditames da Igreja e da República, sob uma ênfase cristã, Silva (2009) nos informa que muitos intelectuais, no Brasil, foram influenciados pelo neotomismo111 como uma forma de conjugar fé e razão. E mais: esse movimento não somente promoveu a conciliação entre Igreja e República, mas também garantiu o equilíbrio social para o período. Para esse mesmo autor, o neotomismo favoreceu o processo de relação e reconciliação entre República e Igreja, frente a diferentes correntes filosóficas, como é o caso do positivismo. “Se o positivismo apagava a fé em prol da razão e do empirismo, o neotomismo trazia para muitos intelectuais a possibilidade de conjugar fé e razão, tradição e modernidade, o que condizia com as expectativas de futuro da classe dominante” (SILVA, 2009, p.2). Silva (2009) pondera que o neotomismo foi muito bem aceito, principalmente a partir de 1920, momento em que o positivismo encontrava despeito e desgosto por parte

109 Alceu Amoroso Lima defendia a renovação dos métodos pedagógicos em favor de uma educação integral, a partir de toda a realidade que circunda o indivíduo, visando ao desenvolvimento dos diferentes aspectos da potencialidade humana e à elevação espiritual da personalidade. Para ele, as ideias liberais contribuíam para que o indivíduo se tornasse órfão da educação moral e religiosa. Assim, a volta do ensino religioso seria, portanto, fundamental para a superação do imoralismo social, presente na República. Para ele, uma educação laica arrastava a inteligência ao estado de desordem e enfraquecimento geral (SKALINSKI, 2015). 110 Figueira e Barboza (2016, p.381-382) afirmam que esse movimento católico teve destaque a partir de 1930, após o golpe, quando os intelectuais católicos deram suporte e legitimidade ao Governo Provisório. Em 1931, como resultado dessa aliança, ocorreu o retorno do ensino religioso, em caráter facultativo, nos cursos primário, secundário e normal das escolas públicas. Posteriormente, intelectuais brasileiros, tais como Lourenço Filho, Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira – restritos à leitura por Frei Sinzig em ARGC –, apresentaram uma nova proposta política de educação para o País, gerando conflitos entre intelectuais, pois no texto adotavam princípios marcadamente liberais, defendendo uma educação laica e obrigatória. 111 Com Neotomismo, segundo Abbagnano (2007), entende-se o movimento de retorno à doutrina de S. Tomás de Aquino, no seio da cultura católica, que foi iniciado pela encíclica Aetemi Patris de Leão XIII (4 de agosto de 1879). Esse movimento consiste na defesa das teses filosóficas tomistas contra as diversas tendências da filosofia contemporânea e, indiretamente, na reelaboração e na modernização de tais teses. 72 de intelectuais brasileiros, pois poucos eram os avanços.112 Assim, o neotomismo foi acolhido por intelectuais como uma forma de não desperdiçar tudo que foi proposto pelo positivismo – ciência, ao mesmo tempo abandoná-lo, entretanto, era preciso buscar outra explicação para que não se continuasse inferior. Ou seja, era necessária uma alternativa que fosse capaz de preencher as lacunas que a ordem liberal burguesa havia deixado. Portanto, o neotomismo foi uma alternativa que satisfazia os anseios e os interesses de uma elite letrada dominante e cristã, temerosa quanto à manutenção do seu poder.

Assim, busca-se uma via que não seja subversiva, como o socialismo e o comunismo, e nem estritamente racional ou apenas religiosa. Romper com a razão liberal não poderia, já transcorridas duas décadas do século XX, significar o abandono por completo das contribuições da ciência e da razão. Seria preciso encontrar uma alternativa capaz de conjugar a fé que se temia ter perdido e o que de positivo teria sido trazido pela razão. Será esta a função do neotomismo, alcançando uma ampla esfera de intelectuais católicos ou não. (SILVA, 2009, p.5-6)

Entretanto, apesar de o neotomismo ter se desenvolvido com mais empenho e desenvoltura na educação a partir 1930,113 notamos sua influência nas obras de Frei Sinzig. Como exemplo, citamos sua participação como capelão do Exército na Guerra de Canudos (SINZIG, 1915b), juntamente com outros freis. Bem sabemos que a Guerra de Canudos teve como um de seus motivadores a oposição à República, que nesse sentido representava a ciência, enquanto Frei Sinzig, como capelão, representava a Igreja. Ou seja, notamos a atuação da fé e da ciência (da República e da Igreja). Embora não de forma declarada por Frei Sinzig, notamos a formação de uma linha de pensamento mais aberta à pluralidade e à releitura de valores cristãos adaptados à modernidade, o que será motivador para escrita de ARGC. Outro ponto importante nas obras de Frei Sinzig, que o marca pelo neotomismo, é quando escreve Reminiscências d´um frade (1915), obra publicada no Brasil e fora dela. Ali Frei Sinzig descreve a sua condição como frei, mas dedica uma forte atenção ao contexto brasileiro em fins do século XIX e início do século XX, abordando-o como uma “nova pátria”, a qual, apesar de destacar suas péssimas condições sanitárias,

112 Um dos discursos do positivismo, próprio do início da República, inclusive diretamente sobre a educação, é sobre o atraso profundo em relação aos países europeus e suas características de desqualificação demorariam muito a ser superadas (SILVA, 2009). 113 Esse foi o motivo pelo qual optamos por não desenvolvê-lo mais profundamente em nossa pesquisa, atendo-nos apenas ao momento (1920) em que, segundo os autores que lemos (SANTOS, 2010; SILVA, 2004; SILVA, 2009 ), ocorreu certa cisão com outras correntes filosóficas, principalmente o positivismo. 73 principalmente da Bahia, e de ser um censor moral, ele preza e estima pela história do Brasil, diferente dos ditames do positivismo. Com isso, valoriza os aspectos nacionais, sem apagar a esfera universal na qual está inserido. Portanto, finalizamos este seção, apontando que a educação em fins do século XIX para o XX, não era apenas metódica e sistemática, como prevista nos ideários republicanos, mas também polissêmica, em razão dos vieses da Igreja Católica, que, sob influência do Concílio do Vaticano I, de Alceu Amoroso Lima e do neotomismo, pautava-se numa educação moralista, mais agressiva e incisiva, não somente ancorada na transformação social sob a fé cristã, mas também apoiada em sua fração motivadora de busca por consolidar a Igreja como instituição milenar. Assim, tanto a Igreja como a República atuavam na ordem social do período, em que a figura da mulher seria utilizada como base para a estabilidade social, conforme veremos a seguir.

1.4.3. A figura feminina e a educação da mulher

O início do século XX foi marcado pela expansão da figura feminina como símbolo de fragilidade e necessidade de segurança. Como confirmação dessa realidade, muitas imagens, veiculadas principalmente por jornais e revistas do período, carregavam essa ênfase, inserindo a imagem da mulher como destaque social e certa notoriedade da figura feminina (CRUZ, 2014).114 Ademais, nesse período, a mulher se constituía destaque e base para certa estabilidade e assumia importância central – era um dos objetos principais a serviço da ordem social, voltada principalmente para constituição de uma família moralizada, em um período marcado pela (re)definição de um novo modelo de mulher, em busca de novos sentidos.

Frágil e soberana, abnegada e vigilante, um novo modelo normativo de mulher, elaborado desde meados do século XIX, prega novas formas de comportamento e de etiqueta, incialmente às moças das famílias mais abastadas e paulatinamente às das classes trabalhadoras, exaltando as virtudes burguesas da laboriosidade, da castidade e do esforço individual. Por caminhos sofisticados e sinuosos se forja uma representação simbólica da mulher, a esposa-mãe-dona-de-casa,

114 Em nossa dissertação de mestrado, intitulada “Por entre as obras de Frei Pedro Sinzig e as potencialidades para a História da Educação do Corpo (1889-1920)”, no Capítulo 3, colocamos em conexão a educação do corpo em franco diálogo com a moralidade defendida por Frei Sinzig, na relação com imagens impressas pelos periódicos Fon Fon e Careta do período. Muitas dessas imagens apresentavam a figura da mulher como destaque e estabilidade social. Disponível em: http://www.usf.edu.br/educacao/dissertacoes.vm?lang=br. Acesso em: 30 dez. 2018. 74

afetiva, mas assexuada, no momento mesmo em que as novas exigências da crescente urbanização e do desenvolvimento comercial e industrial que ocorrem nos principais centros do país solicitam sua presença no espaço público das ruas, das praças, dos acontecimentos da vida real, nos teatros, cafés, e exigem sua participação ativa no mundo do trabalho. (RAGO, 1985, p.62)

Portanto, o contexto histórico-cultural propõe e propicia a constituição de uma subjetivação feminina ancorada numa figura de família nuclear. A respeito dessa figura da mulher, Cunha (1986, p.146) salienta que

A figura da mulher no final do século XIX e início do século XX tinha muito a ver com sua completa adequação ao papel de esposa e mãe, dentro da família idealizada e feliz. A adequação da função sexual ao cumprimento desta meta feminina – a felicidade no casamento e a estabilidade da família.

Em contrapartida, qualquer associação, à figura feminina, de mulheres que não atendessem a esses pressupostos estava sujeita a ser identificada como (in)conformada, estranha ou nociva, e seria alvo de articulações de grupos sociais (República, Igreja, Hospício, etc.) para sua normalização e conformação. Sobre isso, complementa:

Mulheres que mantém uma vida sexual livre – características atenuadas no caso de mulheres negras e pobres – são identificadas como anormais, sobretudo quando evidenciam qualquer manifestação precoce do instinto sexual, isto é, anterior ao casamento. (CUNHA, 1986, p.155)

Ainda mais,

tudo o que diz respeito à mulher está mergulhado na natureza e suas leis. Seu corpo a ancora na natureza, isto é, corpo destinado a nutrir, compreender, abraçar, acolher, sustentar, revigorar, descansar a outros. A única subjetividade que lhe é reconhecida é a de viver uma constante doação ou uma constante anulação de si mesma. (CUNHA, 1986, p.144)

Nessa lógica, com verbos acolhedores e mantenedores (“nutrir”, “abraçar”, “acolher”, “sustentar”, etc.), relacionados à figura da mulher por Cunha (1986), Carvalho (1990) evidencia que, em fins do século XIX e início do XX, houve, de forma geral, um esforço de intelectuais republicanos – principalmente positivistas115 e

115 Carvalho (1990, p.86) enfatiza que os positivistas foram os que mais levaram a cabo a tentativa de utilizar a figura da mulher como alegoria cívica. 75 defensores do sistema – para associar a figura feminina à República por meio de símbolos e imagens, enfatizando-a (a República e a mulher) como aquela que protege e cuida dos seus.

[...] o uso da alegoria feminina se baseava em um sistema de interpretação do mundo do qual a república era apenas parte, embora importante. Na escala dos valores positivistas, em primeiro lugar vinha a humanidade, seguida pela organização pátria. A mulher representava idealmente a humanidade. [...] a mulher era quem melhor representava esse sentimento, daí ser ela o símbolo ideal para a humanidade. O símbolo perfeito seria a virgem-mãe, por sugerir uma humanidade capaz de se reproduzir sem a interferência externa. [...] o tipo feminino que deveria representar a mulher: uma mulher de trinta anos, sustentando um filho nos braços. (CARVALHO, 1990, p.81)

Portanto, espraiava-se pelo contexto brasileiro a imagem da República-mãe, em comparação à figura feminina, como aquela que dá de mamar a tanta gente. A esse respeito, diversos jornais, revistas, folhetins, caricaturas, circulavam entre a população, atribuindo o papel tradicional de mãe e esposa, guardiã do lar, visando garantir a reprodução e uma dada moralidade social. 116 A invasão do cenário urbano pela figura da mulher como cuidadora, protetora, etc., não abrandava as exigências a elas impostas. Pelo contrário, Frei Sinzig fazia sérias imposições morais, indicando e restringindo radicalmente algumas obras escritas por mulheres brasileiras. Em contrapartida, em ARGC, buscou objetivar a figura de uma mulher preservadora da família e de certa moralidade e estabilidade social, conforme veremos no Capítulo 4 deste trabalho. Isso porque, para ele, a figura da mulher estava sujeita a certa fragilidade, em face de poder tornar-se vítima, suscetível aos encantos da vida – no caso a literatura romanesca –, tornando-se vítima fácil de certa contaminação moral (SINZIG, 1915a, p. 2). Com isso se justificariam seus vetos e indicações à leitura. Entretanto, cabe-nos indagar: que tipo de educação essas mulheres receberam em fins

116 Apesar dessa idealização da figura da mulher espraiada pela sociedade na virada do século XIX para o XX no Brasil, principalmente sob influências do imaginário francês do uso da alegoria da mulher para representar a República *desde 1792, Carvalho (1990, p.89) nota que essa foi apenas uma tentativa e que, no Brasil, houve sérias críticas por parte de intelectuais e mesmo de mulheres. Como resultado, evidencia que, para manipular o imaginário, necessita-se de raízes, de sentido, e, no Brasil, símbolos, alegorias, mitos só criam raízes quando há terreno social e cultural no qual possam se alimentar. Para justificar que no Brasil esse imaginário da mulher com a República não obteve tanto sucesso quanto no caso da França, Carvalho (1990, p. 90) salienta que lá as mulheres tiveram ativa participação nas revoluções de 1789, 1830, 1848 e 1871, inclusive com notabilidade de ações heroicas. Já no Brasil, a participação das mulheres na implantação da República foi absolutamente zero. “Entre nós, se o povo brasileiro esteve ausente na proclamação, que dizer do povo feminino? Se não havia político masculino, como pensar em povo político feminino? Havia uma elite política de homens, que eram chamados de públicos” (CARVALHO, 1990, p. 92). 76 do século XIX para o XX, já que, ao longo desse período, a educação era apanágio, principalmente para homens? Importa aqui enfatizar que, no período em questão, movida por pressões econômicas e carência de mão de obra, a mulher ingressou na educação, especialmente no magistério, e encontrou uma atividade que, do ponto de vista do homem, era a que mais se assemelhava a sua figura de mulher, pela possibilidade de exteriorização dos supostos atributos femininos: docilidade, submissão, abnegação, instinto maternal, dedicação,117 bem como pela possibilidade de mantê-la sujeita à governamentalidade masculina, pois eles eram os detentores do poder econômico e político, do controle da educação e, mesmo com as mulheres como professoras, poderiam articular as regras e as normatizações da instrução e limitar seu ingresso em profissões por eles determinadas. Ademais, o magistério de crianças era o espaço ideal onde poderiam exercer esse controle. Sobre isso, afirma Almeida (1998, p.17-18):118

No imaginário da sociedade brasileira no final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, o sexo feminino aglutinava atributos de pureza, doçura, moralidade cristã, maternidade, generosidade, espiritualidade e patriotismo, entre outros, que colocavam as mulheres como responsáveis por toda beleza e bondade que deveriam impregnar a vida social. Essa concepção sobre as qualidades femininas, mais a religiosidade e ausência de instinto sexual das mulheres, induzia ao arquétipo religioso da comparação com a Virgem da religião católica e, ao mesmo tempo, revelava uma mudança de mentalidades acerca das concepções vigentes nos séculos XVII e XVIII, quando se pregava a lascívia e maldade inatas das mulheres, claramente postas no discurso antifeminino desse período.

Entretanto, sua nova posição social como participante da educação não lhe garantia nenhum tipo de liberdade. A esse respeito afirma Kessamiguiemon (2002, p.3):

Sem identidade e/ou autonomia, mesmo nos anos iniciais do século XX, o fim último da existência da mulher ainda era constituir família – através do casamento – e nela expandir seus atributos morais e

117 Para Almeida (1998), o discurso das qualidades morais femininas armava-se de ambiguidades e prestava-se admiravelmente bem para referendar o mito da inferioridade biológica que vinha impregnando também o discurso dos evolucionistas, segundo as ideias spencerianas, o que permaneceu por décadas. 118 Em grande parte, até 1827 essa educação feita por mulheres acontecia principalmente no lar e era destinada apenas para a casa e a criação de filhos, pois “era na atuação como ‘educadora’ de filhos que residia a sua utilidade à pátria”. Ademais, nem todas as mulheres poderiam exercer atividade de trabalho externo, apenas as mulheres pobres, como forma de sustento do lar. A esse respeito destaca que “o labor feminino que visava a suplementar a renda masculina era visto como trabalho, não como profissão. Dentre as possibilidades de ocupação profissional para as mulheres do século XIX, o magistério, era superior à ocupação de enfermeira ou costureira” (KESSAMIGUIEMON, 2002, p. 4). 77

espirituais, pois, segundo o pensamento majoritário da época, a mulher seria a guardiã da moral pela sua essência pura, desprovida de instintos sexuais.

Ademais, a educação feminina tinha um viés de conformidade social, principalmente para a mulher pobre, que na sua ociosidade e falta de instrução (para o trabalho), era vista como um grande risco para a sociedade, pois poderia pôr em risco – por meio de vícios, jogos, libertinagem sexual – os bons costumes e a moralidade burguesa da época. Para Manacorda (2010, p.360), essa educação feminina era vista como “novos fermentos”, em que despontava uma nova mulher, no bojo da conquista de vários espaços e direitos até então exclusivamente masculinos.119 Com isso, novos saberes foram relacionados à mulher através de sua educação, passando a ser vista atuando em demais espaços, além do estreito ambiente doméstico, já que, até o início da República, segundo Almeida (2000, p.61), era comum os pais não quererem que suas filhas se expusessem, “sob pretexto de que a instrução de uma mulher deve limitar-se aos serviços domésticos e à costura”. Por isso, temos números tão tímidos na instalação de escolas primárias até o início da República (1889), conforme se percebe no Quadro 3, quando comparados às escolas masculinas. 120

Quadro 3: Quantidade de escolas primárias, secundárias e ensino mútuo121 Província Total de escolas Total de escolas Escolas mistas masculinas femininas (masculino e feminino)

Alagoas 6 0 0

Bahia122 124 8 0

Ceará123 9 4 0

119 Com exceção do voto, que só ocorreria em 1932. 120 Almeida (1998) frisa que, na época da implantação do regime republicano, do total das mulheres, quase dois terços eram analfabetas. 121 Cabe destacar que esses dados referentes à instrução pública brasileira, principalmente a partir de 1827 até 1889, foram extraídos de Almeida (2000). Entretanto, realizamos as contagens manuais e notamos algumas incongruências na formatação dos quadros pelo autor, principalmente quando se refere a ser a escola destinada somente a meninos ou ser mista. Entretanto, nosso objetivo com tal Quadro foi revelar os baixos números de investimentos na educação em geral, principalmente no que se refere ao público feminino. 122 Almeida (2000, p.69) destaca que a Província da Bahia foi a que mais fez pela instrução pública até a implantação da República. 78

Espírito Santo 4 0 4

Goiás 16 1 2

Maranhão 13 2 0

Mato Grosso 1 1 6

Paraíba do Norte 19 2 6

Minas Gerais 46 8 0

Pará 7 0 2

Piauí 7 0 0

Pernambuco 23 3 0

Sergipe 10 1 6

Rio de Janeiro 20 2 4

Santa Catarina 5 0 2

Rio Grande do Norte 19 0 2

São Pedro do Rio 11 3 2 Grande do Sul

São Paulo 28 2 2

Município do Rio de 33 16 0 Janeiro

Fonte: elaborado pelo pesquisador

Almeida (2000) mostra que, no decorrer do século XIX, a situação da educação feminina era mais grave do que a já precária educação primária, pois havia um número muito pequeno de escolas, sem contar que, em algumas províncias, não havia escolas suficientes para o atendimento da educação. Ao mesmo tempo, essas escolas também tinham pouca procura, uma vez que parte da população mais pobre não acreditava no

123 Almeida (2000, p.70) salienta que os prejuízos do ensino público no Ceará ocorreram em face de um despovoamento, pelo flagelo da irregularidade das estações, com a chegada de pestes, seca, fome e discórdias civis. 79 aprendizado da leitura e da escrita e não tinha grande interesse por ele, enquanto nas classes mais abastadas este tipo de ensino era suprido pela prática de contratação de preceptores. Assim, ao apresentar os dados do Quadro acima, reforçamos a comparação entre as escolas públicas, que revela a incidência baixíssima124 daquelas voltadas ao público feminino, relativamente às de atendimento masculino. Ademais, Almeida (2000) busca justificar que problemas da educação do período aconteciam em face de vários fatores, colocando em relevo alguns, tais como a expulsão dos jesuítas, as pestes, as doenças, as crises políticas, etc. Com isso, entendemos que esses mesmos fatores se aplicam ao não avanço da educação da mulher. Em contrapartida, esse argumento justifica que a educação em questão estivesse fortemente voltada ao dever e à pátria. Assim justifica Almeida (2000, p. 85): “enfim, se pretendeu que não se saísse da escola, sem compreender o sentido desta grande palavra: o dever, e sem conhecer quais obrigações se lhe impõe como homem e como cidadão, na vida prática quanto pública, para com a família, humanidade e pátria”. Contudo, a partir da implantação do sistema republicano brasileiro, que, apesar dos poucos resultados, conforme vimos na seção anterior, emergia um “entusiasmo na Educação” (NAGLE, 1977, p.262) que, segundo Müller (1999, p.103), fazia aumentar o número de escolas públicas e de professoras (ainda que timidamente), justificando um dado “progresso”.125 Para ele, essa relação entre educação da população e progresso

124 Convém salientar que, até 1827, a educação da mulher era realizada em casa ou no convento; este, muitas vezes, funcionava como forma de punição masculina a alguma “falta” cometida pela mulher, pois serviam para resolver o problema das mulheres desviantes, que escapavam às normas de conduta impostas por pais e maridos, devendo, então, redimir-se de seus pecados no claustro. Entretanto, com a primeira Lei do Ensino Primário em 1827, emergiu a demanda de mulheres na educação como professoras para as futuras escolas para meninas, que ofereceriam o mínimo de conteúdo instrucional e um grande destaque à formação doméstica feminina. Ênfase que permaneceria até às primeiras décadas do século XX. Salientamos que a profissionalização da mulher ainda tinha menor importância do que o casamento e a criação dos filhos (KESSAMIGUIEMON, 2002, p.4). 125 Citamos como exemplo a educação feminina desenvolvida na região de Campanha/MG, no início do século XX. Sobre isso, citamos a pesquisa de Balbino (2018), que mostra que, desde o final do século XIX, Campanha experimentava as incursões da modernidade, através de uma emergente burguesia rural. Ademais, destaca que no início do século XX, aquela região era uma das mais desenvolvidas do estado de Minas Gerais e fundamental na oferta da educação feminina. Conquistava seu lugar no cenário mineiro com as riquezas provenientes do café e da criação de gado. Balbino (2018, p.134, p. 138) salienta que Campanha passou a ser vista como local específico da materialização da modernidade, “lugar onde os fazendeiros deveriam enviar suas filhas para receber a educação segundo o modelo burguês em plena expansão”. Era apelida como “Atenas sul-mineira” e “Metrópole sul-mineira”. Ademais, uma das preocupações da região de Campanha era a educação da juventude, principalmente a instrução e a formação das moças, futuras mães e colaboradoras naturais da Igreja na missão evangelizadora e reprodutora dos preceitos católicos. “Esta era uma necessidade das famílias proprietárias de todo o Sul de Minas, inserir suas filhas no processo civilizatório idealizado pela burguesia rural em fase de transição do mundo rural para o mundo urbano”. 80 facilitou a inserção da mulher na educação. Como exemplo, destaca que no Rio de Janeiro, nas primeiras décadas do século XX, elas já sobrepujavam em número os homens que cursavam a Escola Normal,126 iniciando-se um processo de feminização do trabalho docente. Em 1911, o governo de Minas Gerais já limitara a admissão à Escola Normal exclusivamente às mulheres. Assim, notamos certa governamentalidade no processo de constituição da mulher como professora, sob a intencionalidade de uma civilização para o progresso, mesmo considerando que as professoras eram oriundas de camadas mais baixas da sociedade e, por isso, traziam consigo as marcas e as doenças da pobreza, tais como tuberculose, lepra, lesões cardíacas, sofrimentos mentais, etc. Essa governamentalidade de inserção da mulher na educação, principalmente no início do século XX, ofereceu mais oportunidades à mulher, representadas pela escolarização das meninas e moças, na esteira dos ideais positivistas e republicanos, como vimos, tendência que se estruturou nas décadas seguintes. A historiografia tem mostrado essas mudanças como resultado de resistências praticadas por várias mulheres, em que pese uma grande parte oculta na história da educação feminina no Brasil. Sobre essas oportunidades à mulher de inserção na educação, por vezes vista como um desafio à estruturação social vigente do período, Almeida (1998, p.28) mostra que as maiores oportunidades aconteceram na escolarização de meninas e moças, lançando-as no panorama socioeconômico do País e oferecendo a oportunidade para ingressar no mercado de trabalho. Com isso, a possibilidade de aliar ao trabalho uma profissão revestida de dignidade e prestígio social tornou-a extremamente popular entre as jovens, e, se a princípio temia-se a mulher instruída, agora tal instrução passava a ser desejável, desde que normatizada e dirigida para não oferecer riscos sociais. Portanto, ensinar crianças foi, por parte das aspirações sociais, uma maneira de abrir às mulheres um espaço público, que ampliasse as tarefas desempenhadas no lar. Com isso a mulher se inseriu na estruturação social, produzindo novos saberes.

126 Segundo Villela (1992), Escola Normal é o nome que se dá, em vários países, ao Ensino Médio, para a formação de professores habilitados a lecionar no ensino elementar ou primário. O nome Escola Normal teve seu primeiro uso na França, onde se adotou um sistema de ensino pedagógico nos moldes alemães, e foi em 1794 que uma primeira instituição recebeu essa denominação. A primeira Escola Normal brasileira foi criada em Niterói, Rio de Janeiro, no ano de 1835. O Curso Normal criado em 1835 tinha o objetivo de formar professores para atuarem no magistério de ensino primário e era oferecido em cursos públicos de nível secundário (atual Ensino Médio). A partir da criação da escola no Município da Corte, várias Províncias criaram Escolas Normais a fim de formar o quadro docente para suas escolas de ensino primário. Desde então a criação de Escolas Normais no Brasil esteve marcada por diversos movimentos de afirmação e de reformulações, mas não obstante isso, o Ensino Normal atravessou a República e chegou aos anos 1940/50 (mudando apenas com a Lei nº5692/71) como instituição pública fundamental no papel de formadora dos quadros docentes para o ensino primário em todo o País. 81

E mais: Almeida (1998, p.28) mostra que a inserção da mulher na educação feminina foi assento para o futuro movimento feminista, culminando nos resultados de 1930.127 A esse respeito, afirma que

o movimento feminista no Brasil, na virada do século, foi liderado por uma elite feminina letrada, culta e de maior poder econômico, que, a exemplo das suas iguais européias e norte-americanas, não queria ficar ausente do processo histórico. Apesar de, no caso brasileiro, o processo ter se desenvolvido de forma um tanto quanto amena, sem a radicalização das inglesas, por exemplo, as brasileiras, a seu modo, também desafiaram a estruturação social vigente, no que foram muitas vezes apoiadas por homens pertencentes aos meios políticos e intelectuais, e sua causa serviu, também, às oligarquias que ditavam e normatizavam as regras sociais de então. (ALMEIDA, 1998, p.28)

Figura 03: O voto feminino em 1932

Fonte: Artigo de Jornal sem data, disponível na coleção do CDAPH. O referido artigo foi escrito por Frei Sinzig com tema “Progresso?”. Provavelmente em 1932.128

Portanto, o contexto brasileiro de fins do século XIX e início do XX, inseriu a mulher no espaço público, mais predominantemente na educação, como forma de atribuição vantajosa, dada a necessidade do mundo trabalho na realidade republicana. Assim os discursos sobre educação do período buscavam demonstrar que as relações e as práticas de ensino deveriam se aproximar das relações familiares, ou seja, a carreira de professora foi marcada pela associação com a condição biológica da mulher de procriar, justificada pelo dom natural da mulher para cuidar e por sua capacidade de educar outras crianças que não fossem seus próprios filhos. A partir dessa questão, a

127 Momento em que as mulheres adquiriram o direito ao voto, através do Decreto nº 21.076 de 1932. 128 Essa imagem também aparece na internet disponível em https://jornalggn.com.br/noticia/a- conquista-do-voto-feminino-em-1932. Acesso em 05 de jan. de 2019. 82 educação se tornou uma atividade permitida e indicada para as mulheres. E passou a ser composta, em sua maioria, por mulheres, cujo grau máximo de escolaridade era dado pelo ensino da Escola Normal. Por fim, ressaltamos que no Brasil a educação feminina seguiu a tendência do mundo ocidental em geral, em fins do século XIX e início do XX, em que a mulher entrou na educação como aluna e professora, tornando-se o magistério uma profissão feminina. Ademais, essa associação da mulher à educação estava atrelada a vários fatores, dentre eles, a expansão da literatura impressa por meio de romances, conforme veremos a seguir.

1.4.4. A educação por meio da expansão da literatura impressa: romances

Ao ver consolidado o processo de implantação da República, os primeiros legisladores logo pensaram em organizar um sistema educacional capaz de atender às necessidades de uma elite letrada que, naquele momento, passava a assumir a direção da recém-nascida República brasileira. Neste desejo se encaixava a preocupação de incluir a mulher no processo educacional. No entanto, a instauração de vários debates e discussões acerca da educação, conforme destacam autores como Nagle (1977) e Bittencourt (1953), não foi suficiente para que as Escolas das Primeiras Letras fossem construídas em quantidades satisfatórias, capazes de atender à demanda do segmento feminino, conforme vimos com Almeida (2000), através do Quadro de Quantidade de escolas primárias, secundárias e ensino mútuo. No decorrer do fim do século XIX e no início do XX havia um número muito pequeno de escolas, sem contar que em algumas províncias não havia escolas suficientes para o atendimento da população. Ao mesmo tempo, essas escolas também tinham pouca procura, conforme destacam Bastos e Sthepanou (2010) em Histórias e memórias da Educação no Brasil, uma vez que – como já apontamos aqui – parte da população mais pobre não acreditava no aprendizado da leitura e da escrita e não via nele grande interesse. Como vimos com Almeida (1998), na tentativa de suprir a necessidade de formação de professores para o magistério primário, decidiu-se criar as Escolas Normais, mantidas precariamente, onde se ensinavam os conteúdos elementares do ensino, caracterizados pela baixa qualidade da formação que proporcionavam. Ademais, para as mulheres pobres, existiam as Escolas de Primeiras Letras e as Escolas Normais e, segundo Kuhlmann Jr. (1998), instituições de caráter assistencial, que complementavam a sua formação. Segundo o autor, essas instituições assistenciais, de 83 caráter educativo, eram mantidas pelo Estado ou por Ordens Religiosas Femininas,129 porém também eram limitadas quanto aos conteúdos, direcionando o ensino às prendas domésticas, aos aspectos básicos de leitura, escrita e às operações básicas da matemática. Depois desse período de ensino básico, as alunas eram consideradas aptas a exercer a educação pública e privada. Almeida (2000) destaca que a partir de 1850 as escolas femininas, em número pequeno em relação às escolas masculinas, começaram a se organizar em grande parte na Corte130 e nas capitais das províncias. Entretanto, algumas fugiam à regra, propondo uma educação completa, porém encontravam sérias dificuldades para manter-se. Para a maioria delas, a saída foi adaptar seus currículos às necessidades definidas pela sociedade da época: o ensino de línguas estrangeiras, em geral o francês, e trabalhos manuais, conhecimento fundamental para a formação de uma mulher de família. É preciso destacar que, de acordo com Cunha (2010, p.104), existiam dois tipos de educação feminina no período: a primeira, voltada as famílias mais abastadas, ou seja, da burguesia, que acontecia através da contratação de professores particulares, chamados “preceptores”, na maioria das vezes mulheres alemãs, francesas ou inglesas, que tinham por objetivo acompanhar a educação das meninas. De outra forma era a educação nas famílias urbanas de condições mais simples, realizada pela própria família, sem qualquer tipo de sofisticação, com base na prática do cotidiano e da sobrevivência. Além disso, subsidiavam-se, de forma muito tímida, pela educação fornecida pela República. Ao lado dessa educação feminina, expandia-se no Brasil, em fins do século XIX e início do XX, a literatura impressa,131 principalmente entre a elite letrada, operando um exercício intelectual que Sevcenko (1983, p.78-79) considera denotar uma atitude política, em que a literatura como missão se expandia pelo cenário brasileiro: “o engajamento [a literatura] se torna a condição ética do homem de letras. Não por acaso, o principal núcleo de escritores cariocas se vangloriava fazendo-se conhecer por

129 Segundo Kuhlmann Jr. (1998), a educação feminina também se apresenta como uma questão de redenção social e, atreladas a tal ideia, emergem e destacam-se, no contexto brasileiro, práticas sociais filantrópicas e assistencialistas, ligadas umbilicalmente à ideia de sociedade moderna e civilizada. 130 Almeida (2000) aponta que no município do Rio de Janeiro, capital do Brasil e então sede da Corte do Império, a instalação de escolas superava em muito algumas Províncias, tais como Alagoas, Ceará, Espirito Santos e Maranhão (vide Quadro 1: Quantidade de escolas primárias, secundárias e ensino mútuo). 131 Para Frei Sinzig (1915a, p. 7), “entre os meios de defesa da religião, nenhum havia mais eficaz do que a imprensa, [pois para ele, a] boa imprensa é a propaganda da sã leitura”.

84 mosqueteiros intelectuais”. Ao lado dessa expansão literária romanesca, não se economizavam ao focar na apresentação de atributos dos romances, com objetivo de atingir prendas femininas. Para Cunha (2010, p.105), os romances funcionavam como veículos para educar as mulheres na maneira de se portar na sociedade, e muitos desses autores utilizavam suas obras para criticar de alguma forma a educação dada às mulheres. Eram críticas não do ponto de vista humanista, mas ajudavam a reforçar o ideal de sociedade patriarcal, uma vez que apresentavam mais os aspectos negativos e nocivos ao caráter feminino. Ademais, para Orlando e Dantas (2008, p. 4), os impressos católicos, no início do século XX, eram uma forma de conformação no campo da educação, um forte aliado com fins objetivos de conseguir a consciência das pessoas. Entretanto, a leitura de romances ainda vivia resquícios do século XIX, denominado como o século do romance (PAES, 2013), pois nutria-se certa desconfiança dos romances, pois eram tidos como uma leitura perigosa. Embora fosse uma leitura agradável, tratava-se de um gênero que atraía todo tipo de leitor, por sua linguagem acessível e suscitava interpretações que poderiam ferir qualquer tipo de ortodoxia. Nesse sentido, Paes (2013) salienta que os romances eram caracterizados por sua linguagem atrativa e de fácil acesso, e muitas vezes apresentavam cenas de adultério, incesto, sedução e crimes, prendendo o leitor a situações tidas como imorais e moralmente condenáveis. No mesmo sentido, afirma Paiva (1997) que a leitura de romances nesse período poderia despertar a novidade, suscitar curiosidades e, principalmente, levar o leitor a questionar o costumeiro e, com isso, colocar em risco as mentes acríticas devotas. Muito embora os romances já estivessem em circulação desde o século XIX, somente no século XX sua presença se intensificou no Brasil e passou a fazer parte da leitura do brasileiro, em diferentes partes do País, despertando a reflexão crítica por parte, principalmente, de uma elite letrada, que, segundo Paiva (1997), circulava pelas livrarias, pontos de encontro e reuniões obrigatórias com políticos e escritores. A circulação de romances imbricou-se com a presença e o discurso de Frei Sinzig, atravessando a criação da Typografia São José pelos franciscanos, visando combater uma imprensa não católica (CRUZ, 1914), pois, à medida que essa se expandia, poderia tornar-se prejudicial aos seus fiéis e à sociedade. Situação também indicada por Sangenis e Sangenis (2013): eles salientam que, para a Igreja Católica, no início do século XX, a maior preocupação foi a de uma imprensa que emergisse como arma contra a fé cristã. Desse modo, a Igreja utilizou-se de certa governamentalidade, 85 restringindo a leitura de materiais que apresentavam más condutas e depravação de costumes e atentavam contra moralidades.132 Ademais, segundo Santos (2004), existia por parte da Igreja a preocupação com certa escassez de material de base moral e religiosa, o que nos sugere que muitos dos impressos publicados pelos franciscanos (e também por Frei Sinzig) emergiram pela possibilidade de concorrer com os demais impressos (romances) publicados por outros regimes de verdade.133 Para Frei Sinzig, a literatura não católica, quando acessada irrestritamente, poderia causar “na primeira mordida”, a contaminação de “gerações inteiras”. Eram “frutos podres”, “lixo literário”, produtos de “grandes pomares pecaminosos”, “repletos de ervas daninhas”, “veneno” e podiam contaminar a consciência, principalmente da mulher, pois ele as via como “vítimas fáceis” (SINZIG, 1915a, p. VII). Porque, segundo Sangenis e Sangenis (2013, p.90), as mulheres no início do século eram “ativas consumidoras de romances franceses e outras leituras menos abalizados”.134 Ademais, notamos que os romances funcionavam como modos de governamentalidade para educar as mulheres, de maneira a propor uma dada conformidade social. Ao mesmo tempo, Cunha (2010, p.105) salienta que muitos autores de romances utilizavam suas obras para também criticar de alguma forma a educação dada às mulheres. Essas críticas se faziam, na maioria das vezes, para reforçar o ideal de sociedade patriarcal, uma vez que apresentavam mais os aspectos negativos e nocivos da mulher. Assim, a família e a escola, através da leitura de romances, buscavam objetivar as mulheres do período. Entretanto, Kessamiguiemon (2002, p.6) revela que, embora secretamente, a partir do século XIX as mulheres passaram a escrever romances sobre seus sonhos e anseios, e, mesmo pertencendo as autoras, em grande parte, à elite, davam vozes às classes oprimidas do período de então, assim como acontecia na Europa.

Na Europa, as mulheres reivindicavam igualdade e espaço na sociedade. Essas ideias chegavam às terras – e mulheres – brasileiras.

132 Sangenis e Sangenis (2013) afirmam que a Typografia São José trabalhava a serviço da Igreja Católica, em socorro ao catolicismo, tendo a literatura impressa, tais como romances, como instrumento principal de combate, visando preservar uma determinada moralidade. 133 Ater-nos-emos com mais detalhe no Capítulo 3, à explicação do que compreendemos como regime de verdade. 134 Sangenis e Sangenis (2013, p.90) afirmam que, apesar de haver certo incentivo ao acesso à leitura, de modo geral, no contexto ocidental, esse incentivo sempre esteve revestido de certa tutela, que, em muitas ocasiões, fortaleceu movimentos censórios, negando a possibilidade – principalmente às mulheres – de uma comunicação aberta e da troca de ideias entre interlocutores.

86

Inspiradas nessas ideias, algumas mulheres “desviantes” surgem como escritoras que passam a escrever sobre o direito da mulher à educação – como Nísia Florestá – e sobre as ideias republicanas e abolicionistas – como Maria Firmino dos Reis e Júlia Lopes de Almeida [autora restrita em ARGC]. Apesar de tudo, arcavam com as consequências da rebeldia, do desvio intelectual que ousaram atingir: as críticas e ataques masculinos, e os critérios diferenciados para julgar ou comentar obras de homens e obras de mulheres. Escrever correspondia à necessidade de se descobrirem, de se reconhecerem femininamente diferentes da imagem feminina impressa nos textos masculinos de seu tempo; de se alforriarem na não-identificação com as personagens com que eram associadas/representadas.

Com isso, surgiram diversas autoras de romance brasileiro que, apesar das contradições, oposições e limitações impostas, ousaram tornar-se (in)conformadas, ou seja, tornaram-se (in)conformadas escrevendo e com qualidade, fazendo do romance o difusor de uma subjetivação que acreditava no poder da palavra escrita, e com isso foram tidas como (in)conformadas, pois enfatizaram a educação da mulher como um caminho para a sua emancipação moral e social, o que mais tarde resultaria no desenvolvimento do cérebro e no enfraquecimento do útero. Portanto, resta-nos perguntar: quem eram as mulheres (in)conformadas, segundo Frei Sinzig, em fins do século XIX e início do XX? São elas: Albertina Bertha, Ângela Barco, Augusta Franco de Sá Sampaio, Ana Ribeiro Bittencourt, Carmem Dolores, Cecília Mariz, Emília Penido, Júlia Lopes de Almeida, Maria das Dores, Maria Luzia de Souza e Maria Amélia de Carvalho. Por fim, resta-nos entender que a vida e as obras de Frei Sinzig estavam entremeadas pelo seu contexto histórico-cultural, marcando-o como um homem do seu tempo (BLOCH, 2001), que demonstrava ser qualificado ao satisfazer às exigências do seu período, motivo que o conformou às condições dos regimes de verdade, para se inscrever como o maior censor católico literário brasileiro, na virada do século XIX para o XX. Portanto, trazemos algumas considerações desta parte da pesquisa, que nos permitiu: a. Entender que Frei Sinzig tem sido objeto de interesse de pesquisadores brasileiros, para a compreensão tanto do contexto de formação da República como das ações de restauro da Igreja Católica, por se tratar um autor com vasta publicação literária no Brasil e fora dele, materiais de alta relevância para área da educação em geral. b. Perceber que as obras de Frei Sinzig, sua vida, atuação e influências sociais e políticas, servem-nos como termômetro do contexto histórico-cultural do período, no 87 que se refere à idealização da expansão da educação, por meio de romances no Brasil. Além do que, permitem-nos conhecer os entremeios sociais de aderências e resistências da população, através da implantação do regime republicano, a exemplo da Guerra de Canudos. c. Notar que a virada do século XX para o XX no Brasil foi marcada por uma imagem de progresso, que tinha por finalidade afastar a figura de um Brasil atrasado, que se distanciava da barbárie da escravidão, e buscar a (re)significação de nomes, hinos, bandeiras, heróis, com intuito de marcar um novo tempo, rumo a um dado progresso, de que a educação foi condição sine qua non. d. Compreender que essa imagem de progresso do Brasil esteve associada à emergência de diferentes intelectuais brasileiros, pertencentes a uma elite letrada, que buscaram afirmar-se como mediadores entre o povo e a nação; e que Frei Sinzig esteve imbuído desse ideal como intelectual, na busca por agregar uma dada conformidade social e apenar a (in)conformidade, por meio de ARGC. e. Notar que todo o processo de conformidade e (in) conformidade social no período em questão ocorreu através de uma separação de moral, ao lado de uma separação de corpos, ou seja, da mesma maneira que não se deseja ver o doente, o desempregado, o vadio, etc., também não se deseja ver a adúltera, a pornográfica, a viciada, etc. Tratava- se de um estilo novo de vida, urbano, em que uma dada conformidade social do corpo era almejada. Com isso, permitiu-nos notar a emergência de discursos que agregavam certas conformidades e separava outras. Notar também que esses discursos de conformidade e (in)conformidade circulavam em todas as instâncias da vida da população, invadiam a esfera das relações, visando moldá-las segundo os propósitos de ordem e de disciplina. Como exemplo, a indicação a queima de livros restritos por Frei Sinzig. f. Perceber a emergência da educação na República como uma ação exercida com a justificativa da manutenção da coesão social – uma educação polissêmica, a partir das relações dos indivíduos com seu cotidiano. Contudo, notar ações públicas de governamentalidade, através da escola brasileira e da Igreja Católica, sob influências de ideais liberais e positivistas e do Vaticano I, associadas à influência de autores como Alceu Amoroso Lima e do neotomismo. g. Observar como a Igreja Católica e a República atuaram na ordem social do período, no que se refere à figura da mulher como base para a estabilidade social, sinalizando-a como símbolo de fragilidade e necessidade de segurança, ao passo que tal figura 88 feminina se somava à completa adequação ao papel de esposa e mãe, dentro da família idealizada e feliz, além da adequação à função sexual e à felicidade no casamento. h. Esboçar a inserção da mulher na educação, movida por pressões econômicas e carência de mão de obra, especialmente no magistério, que encontrava, na figura da mulher, atributos que a atrelavam à possibilidade de ser professora, tais como docilidade, submissão, abnegação, instinto maternal e dedicação, sem deixá-la livre do controle masculino. i. Reparar a carência social da educação feminina e os poucos avanços no início do sistema republicano na educação pública. Contudo, notar a inserção da mulher na educação feminina, como assento para o movimento feminista de 1930, que culminou no voto. j. Sublinhar a educação feminina por meio de romances como veículos para educar as mulheres na maneira de se portar na sociedade, além de expor as mulheres autoras de romances (restritas) por meio de ARGC. A partir disso, entendemos que esta parte do trabalho nos servirá de pano de fundo para os próximos capítulos. Dito isso, passaremos à segunda parte desta pesquisa, visando perscrutar a principal obra de Frei Sinzig, ARGC e abordar seus conteúdos e entremeios, além do tipo de educação proposta. 89

CAPÍTULO 2 – ATRAVÉS DOS ROMANCES DE FREI PEDRO SINZIG: UM MANUAL DE DISCURSOS PARA AS CONSCIÊNCIAS BRASILEIRAS EM FINS DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX

[...] em toda a sociedade a produção do discurso é ao mesmo tempo controlada, selecionada, organizada e redistribuída por certo número de procedimentos que têm por função conjurar seus poderes e perigos, dominar seu acontecimento aleatório, esquivar sua pesada e temível materialidade. Michel Foucault (1999, p.11).

Já entraram alguma vez numa das nossas grandes livrarias do Rio? Quais maçãs de faces rosadas, em todas elas se apresentam lindos livros, de capas sedutoras e títulos sugestivos. Exercem uma quase que irresistível fascinação. Muitas mocinhas que passam, já não podem desprender o olhar da vitrina. Pedem ao pai ou ao irmão que as acompanhe; manuseiam esta ou aquela obra, folheiam esta ou aquela novidade literária, e não deixam de escolher a que mais sedutora se lhes apresente. Horas depois o veneno começa a agir. Denuncia-se pelas faces coradas, que não sabem ocultar a sensação. Quando os pais dão fé, muitas vezes é tarde: murchou a flor da inocência. Frei Pedro Sinzig (1915a, p. XII).

Esta parte do trabalho tem por objetivo perscrutar as edições de 1915a, 1917 e 1923 de ARGC, abordando seus conteúdos e entremeios, salientando o tipo de educação proposta em suas obras. Além disso, mostraremos que Frei Sinzig atuou como um educador de sua contemporaneidade, isso, à guisa de um tipo de educação que diferenciava daquelas usualmente atreladas às instituições escolares. Assim, abordaremos uma educação que se inscreveu dentro e fora da escola a partir da leitura. Nesse sentido, pretendemos expor Frei Sinzig sob rastros de um ideário para a educação brasileira, ao abordar uma educação da consciência, através dos impressos, de uma educação invasiva, em que a família ganhava notoriedade, como figura simbólica, somada à figura da mulher e relacionada à educação, temas esses comuns à Igreja e à República. Assim, a mulher, representando a família, foi o canal de transmissão dos 90 ideais de educação para Frei Sinzig em ARGC. Dessa forma, a educação foi o meio mais próprio e eficaz de dotar a sociedade de comportamentos homogêneos e funcionais para o seu próprio desenvolvimento, período em que a Igreja e a República marcaram sua contemporaneidade através de intervenções na educação, para diferentes grupos sociais. Para desvelar isso, desenvolvemos este capítulo em duas partes, separando-o em dois eixos distintos e complementares. Primeiro eixo: Os entremeios de Através dos romances: guia para as consciências para educação brasileira em fins do século XIX e início do século XX. Segundo eixo: A educação proposta por meio de Através dos romances: guia para as consciências em fins do século XIX e início do século XX, abordando a educação da consciência, de maneira invasiva, através da apropriação das figuras da família e da mulher. Entretanto, frisamos tomar ARGC como uma obra composta de categorizações de discursos, dos quais nos permite sua análise.

2.1. OS ENTREMEIOS DE ATRAVÉS DOS ROMANCES: GUIA PARA AS CONSCIÊNCIAS PARA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Nosso objetivo é aludir a ARGC, nas edições de 1915a, 1917 e 1923,135 publicadas pela Editora Vozes de Petrópolis/RJ, como uma importante obra para educação. Realçamos o fato de pertencerem a um conjunto de fontes primárias, de relevância significativa para a educação brasileira, pois trazem ideias e práticas de leitura que atravessavam a imprensa e a leitura, entre os fins do século XIX e o início do XX. Nesse sentido, perscrutaremos o contexto histórico e cultural, tendo em vista a

135 É importante salientar que as três edições de ARGC ganharam destaque especial, no que se refere à quantidade e qualidade de impressões, bem como de circulação no Brasil. Tomamos o exemplar de ARGC da edição de 1923, o qual é a 2ª edição. Essa situação se deu principalmente pelo fato de Frei Sinzig, como diretor da Vozes de Petrópolis (Editora Vozes), ter trazido da Alemanha uma impressora de Windsbraut, além de outros equipamentos. Cabe destacar que sua viagem à Alemanha é relatada em Reminiscências d´um frade (1915), em que busca apoio mais efetivo para questões de imprensa. Na Alemanha, na Holanda e em Roma, onde teve uma audiência com o papa Pio X, Frei Sinzig recolheu doações que lhe permitiram adquirir tal impressora e outros equipamentos. Seu retorno ao Brasil foi marcado por fatos interessantes, pois tão logo o vapor atracou no Rio de Janeiro, Frei Sinzig foi cercado por correligionários que, mais do que saudar o amigo, queriam protegê-lo de grupos anticlericais que haviam se dirigido ao porto com o objetivo de impedir o desembarque de jesuítas portugueses supostamente trazidos pela embarcação. Revigorado pelo sucesso de sua missão na Europa, Frei Sinzig desdobrou-se em inúmeras atividades, tais como montagem de novos equipamentos gráficos; construção de dependências para abrigá-los; elaboração de artigos para Vozes de Petrópolis, que a partir de julho de 1911, passou de mensal a quinzenal; produção de ensaios, tais como “A caricatura na imprensa brasileira” e “Em plena guerra” (ALMEIDA, 2016; CRUZ, 2014). 91 larga expansão da literatura, em especial de romances, diante da presença de diferentes ideários, ou seja, não somente da Igreja, mas também de movimentos sociais, que se faziam presentes nesses períodos. Cumpre-nos destacar que ARGC se ancorava no contexto de outras obras do período, que se afirmavam através da palavra impressa, propondo saberes que conformavam o comportamento social das pessoas, em especial, daquelas que conviviam no espaço urbano. A par disso, cabe esclarecer que essas edições trazem discursos de Frei Sinzig por meio de pequenos verbetes, de maneira que em alguns momentos ele restringe e, em outros, indica a leitura de muitos romances. Nesse contexto de outras obras que circulavam no período, Paiva (1997, p. 26) salienta que

[...] havia um número significativo de mulheres escritoras, cristãs, que escreveram seus livros para consumo de específico das jovens. São livros de educação, contendo guias, conselhos, recomendações, destinados à formação das mães de família. Esses textos, em geral precedidos de uma apreciação favorável do clero, foram publicados para compor bibliotecas destinadas à infância e à juventude católica. Esses pertencem ao agrupamento: A sacrossanta escrita dos fiéis: paixão coibida.

Por outro lado, Santos (1995, p.196) mostra que havia um número significativo de mulheres que transgrediram essas literaturas de mulheres católicas e publicaram romances que contestavam explicitamente os valores morais da época, ou seja, colocavam-se em (in)conformidade social, assumindo o ato da escrita como forma de liberdade. Convém frisar que, mesmo com os ideais republicanos para a educação escolar, segundo Paiva (1997, p. 27), a educação feminina no período passava pelo viés da Igreja, que detinha uma influência considerável e estruturava a educação feminina com determinados princípios de valores, prescritos e divulgados, e restringia o seu acesso e sua leitura àquelas literaturas legitimadas e permitidas pelas autoridades eclesiásticas. Assim, ARGC se pautou numa censura voltada a critérios de conformidade social, tanto da Igreja como da República, e funcionou como catalogação dos romances indicados e restritos no período. Sua difusão em escolas (confessionais ou não) e entre a população em geral, notabilizou-o como uma obra que seleciona, organiza e distribui a literatura romanesca da época nas primeiras décadas do século XX. Sobre isso, 92 salientamos que ARGC evidencia 20 escritoras de romances, sendo 11 que tiveram seus romances indicados à leitura e 9 com livros restritos à leitura. As autoras indicadas à leitura são: Ancilla Domini (pseudômino de Hilda Leite Guimarães); Emília de Souza Costa; Julia Vatrisco; Emilia Gomide Penido; Maria Pinto Figueirinhas; Stella de Faro; Amelia Castro Osório; Amélia Rodrigues; Adelina Lopes Vieira; ICKS (pseudômino de Alexina de Magalhães Pinto); e Maria Luiza Souza Alves. Cumpre-nos destacar que, apesar de serem autoras indicadas à leitura por Frei Sinzig, notamos que essa condição de conformidade – como autoras indicadas –, não teve total aceitação por parte das mesmas autoras, pois nos parece que algumas delas (Hilda Leite Guimarães e Alexina de Magalhães Pinto) decidiram proteger-se com pseudônimos, pois, se de um lado era um comportamento usual das escritoras daquela época, de outro, nos parece um desejo de não ser reconhecidas ou identificadas. As autoras restritas são: Albertina Bertha; Cecilia Mariz; Augusta Franco de Sá de Sampaio; Angela Barco; Ana Ribeiro de Goes Bittencourt; Carmem Dolores (pseudônimo); Emilia Moncorvo Bandeira de Mello; Julia Lopes de Almeida; Maria das Dôres e Maria Amalia Vaz de Carvalho.136 Reforçamos que as nove escritoras tiveram veementemente seus escritos restritos à leitura por Frei Sinzig, ao considerá-los leituras contaminadas, capazes de produzir “maus frutos” na vida daqueles que as lessem (SINZIG, 1917, p.17).

136 Convém salientar que essas mulheres tiveram seu atestado de óbito discursivo tão precoce. A esse respeito, salientamos que elas não aparecem na historiografia brasileira, muito provavelmente em face do veto de Frei Sinzig. É interessante informar aqui que fomos muito desafiados, durante o cumprimento dos créditos das disciplinas do doutorado, a realizar futuramente uma pesquisa direcionada sobre estas nove mulheres restritas à leitura, sob os conceitos teóricos de Enrique Dussel, pois, para ele, essas mulheres foram silenciadas muito certamente pela voz de uma colonialidade, fornecida por uma razão moderna arrogante e indolente. Este emudecimento, representado pelas restrições de leitura de Frei Sinzig, foi um ato de dominação, denominado “práxis de dominação”, uma ação perversa e de afirmação em que se exerce poder sobre o outro por meio de um agir opressor, sujeitando-o e alienando-o. Diante disso, o outro obedece por temor ou por costume ou, quando não, pela coragem de se destacar como sujeitos, com um discurso de resistência, às margens de uma suposta moralidade, fazendo o que tais mulheres fizeram. Ao que nos parece, elas foram totalmente silienciadas após sua morte, porque foram colocadas à margem e apagadas pela historiografia e pela crítica literária brasileira, pois, apesar de haver diversas pesquisas sobre as mulheres no século XIX e XX, há poucas pesquisas acadêmicas e materiais sobre elas. Num primeiro levantamento, encontramos apenas uma dissertação de mestrado, defendida em 2009 por Anna Faedrich Martins, na Universidade Católica do Rio Grande do Sul, abordando o romance de introspecção no Brasil e a importância de Albertina Bertha. Além disso, encontramos para venda num sebo a obra “Heloísa” (1912), de Augusta de Franco de Sá de Sampaio. Portanto, notamos que havia opressão sobre essas mulheres e seus escritos, como ferramenta de dominação, e nos parece que o auge dessa dominação aconteceu quando elas tentaram se libertar, utilizando a escrita de romances, pelos quais foram restritas à leitura. Para desenvolver esses conceitos, realizamos leituras de autores como Backes e Nascimento (2011); Ballestrin (2013); Dussel (1977, 1993, 1995); Miglievich-Ribeiro (2014) e Mignolo (2005). Contudo, serão objeto de futuras pesquisas, e não as desenvolveremos aqui. 93

Convém salientar que Frei Sinzig se colocava como um intermediário dos valores morais da Igreja Católica,137 utilizando-se dos romances como instrumento para entrar num embate, contrapondo publicações que iam contra os valores morais da Igreja, disseminando ideias e atitudes contrárias a posicionamentos práticos e doutrinários da então Igreja Católica, que em alguns momentos consonavam com os ideais republicanos. Ademais, destacamos que ARGC tratava das únicas literaturas no País, que eram utilizadas como referência obrigatória para os que lidavam com a censura católica, elevando Frei Sinzig ao maior censor que o Brasil possuiu na virada do século XIX para o XX. Tem-se ainda que ARGC constitui uma série de críticas a uma infinidade de obras de ficção, com objetivo de indicá-las ou não. Frei Sinzig utiliza-se de três divisões gerais, destacando as condições em que se encontram os romances, ou seja, em conformidade ou (in)conformidade. Assim expõe o Quadro 4:

Quadro 4: Divisões gerais dos romances Condições Comentários Conformidade ou (in)conformidade Romances recomendados “Bons”, “sã leitura” Conformidade Romances recomendados “Não prejudicam o leitor Conformidade (parcial) com ressalva adulto sensato que o ler por justo motivo” Romances perigosos “leitura venenosa para as (In)conformidade almas dos leitores, que contamina definitivamente os espíritos incultos. “Lixo literário”. Fonte: ARGC (1923)

Temos ainda a acrescentar que nas três edições de ARGC somam-se 21.553 livros de 6.657 autores. Com efeito, apesar de tais obras possuírem o mesmo título, elas

137 Trabalhamos em nossa pesquisa somente com a Igreja Católica; dessa forma, ao abordarmos a terminologia “Igreja”, estaremos sempre nos referindo a ela: Igreja Católica. Quando não (por poucas vezes), procuraremos ser o mais explícito possível. 94 se somam e se complementam na quantidade de livros e autores indicados e restritos, da seguinte forma, exposta no Quadro 5:138

Quadro 5: Quantitativo de romances que circulavam no Brasil em fins do século XIX e início do XX Romances Quantidade

Avaliados por Frei Pedro 21.553

Sinzig Brasileiros 381

Romances Autoria de mulheres 54

Avaliados por Frei Sinzig 6.657

Brasileiros (homem) 107

Autores Autores Brasileiros (mulher) 20 Fonte: ARGC (1923)

Contudo, apresentam algumas particularidades: A edição de 1915a, possuiu indicações e restrições à leitura de 11.863 livros, comentando 5.150 autores através de verbetes. Notamos, nesse exemplar, disponível no CDAPH, uma capa dura na cor marrom, com desenhos de um solo seco, o qual supomos representar uma terra árida e sedenta. O exemplar possui 1.030 páginas, com um carimbo do Colégio São José de Lages, em Santa Catarina. Além disso, possuiu o chancelamento da obra pelo Reverendo Bispo de Niterói, Frei Agostinho, datada de 18 de julho de 1915, e uma dedicatória do Frei Sinzig ao Ministro do Supremo Tribunal Federal, Dr. Augusto Olympio Viveiros de Castro, do qual salientava ser amigo. Após as indicações e as restrições à leitura, o exemplar apresenta a seguinte lista de livros, tidos como “livros instructivos” e disponíveis para venda na Editora Vozes de Petrópolis: “A Caricatura na Imprensa Brasileira”, “Em Plena Guerra”, Ao Céu!”, “Breve Meditações para todos os dias” e “Musicas sacras e profanas”.

138 É importante destacar que Frei Sinzig pode ter tido acesso a diversos outros materiais de censura, tais como da obra francesa Romans à lire et romans à proscrire (1904), de Bethléem. Nesta obra, Bethléem seleciona a leitura de cerca de 120.000 exemplares. 95

Figura 04: Contra capa de Através dos romances: guia para consciências de 1915

Fonte: CDAPH, 1915

A edição de 1917 possuiu indicações e restrições à leitura de 17.766 livros, comentando 5.641 autores através de verbetes. Esse exemplar apresenta as mesmas características da edição de 1915a, entretanto, não notamos a dedicatória de Frei Sinzig ao Ministro do Supremo Tribunal Federal, Dr. Augusto Olympio Viveiros de Castro. Há ali, também, o carimbo de um Convento (Fratum) de Lages, em Santa Catarina.

96

Figura 05: Contracapa de Através dos romances: guia para consciências de 1917

Fonte: CDAPH, 1917

A edição de 1923 é a obra completa de Frei Sinzig, com 21.553 livros e 6.657 autores comentados através de verbetes. Este exemplar apresenta as mesmas características das edições de 1915 e 1917. Diferentemente das outras edições, Frei Sinzig, num texto de uma página com título “Duas Palavras”, dedica-se a explicar a boa aceitação social de tais obras e o fato de desejar ocupar-se com a leitura de mais romances, dos quais “apparecem em tal número que nenhum homem de letras que o possa examinar todos”. Além de salientar estar com muito trabalho e em viagens fora do Brasil, destaca o auxílio que recebeu de um Frei de nome Fernando Fiene.

Era minha intenção não deixar nesta edição nova, que reúne e completa os 2 volumes da 1º, nenhum romance ou livro de contos em portuguez sem o devido exame. Não me foi possivel, principalmente porque, nesses interminaveis 4 annos de composição typographica do livro, passei duas vezes longo tempo fóra do paiz, não podendo acompanhar o movimento literario estive fora. (SINZIG, 1923, p.VI) 97

Figura 06: Contracapa de Através dos romances: guia para consciências de 1923

Fonte: CDAPH, 1923

O número extenso de análises e comentários de diferentes romances realizados por Frei Sinzig causou impacto nos seus contemporâneos. Na edição de 1917 de ARGC, dedica as partes finais de seu livro à reprodução de prólogos de algumas revistas e autores diferentes, em cuja leitura atenta percebemos que a maioria dessas revistas e autores, ao apresentar a importância da obra de Frei Sinzig, demonstra espanto pela quantidade de romances analisados. Por exemplo: a revista A Rua, do Rio de Janeiro, de 15 de setembro de 1915, salienta ser “curioso”, “interessante” (SINZIG, 1917, p.473). A revista Resenha Ecclesiastica139 destaca ser um “trabalho enorme de impagável valor” (SINZIG, 1917, p.471). O Jornal do Brasil, de 19 de dezembro de 1915, salienta

139 A fonte primária digitalizada não possui a data completa, apenas o ano de 1915. 98

“um esforço extraordinário” (SINZIG, 1917, p.472). A revista Lourdes, de Belo Horizonte, de 30 de setembro de 1915, ressalta ser “um trabalho benecditino” (SINZIG, 1917, p.475). A Revista Social do Rio de Janeiro,140 tem o trabalho de Frei Sinzig como um “trabalho severo” (SINZIG, 1917, p. 476). Portanto, a extensão da obra em indicações e restrições à leitura foi percebida pelos seus contemporâneos, que notaram a importância, a relevância e o impacto de tal obra, o que nos sugere que Frei Sinzig pode ter sido um autor polêmico e controverso, o que supomos ter sido comum no seu cotidiano, pois já estava acostumado a escrever artigos também polêmicos e refutadores contra o nazismo no Brasil. Assim, ARGC se insere como um material de leitura apropriada e como guia, ao mesmo tempo censório, adiante da franca expansão dos romances. A esse respeito declara: “Si é pois de grande mérito a leitura san, como não será de valor um guia seguro nos declarando os bons livros, especialmente referindo-se aos romances, cuja leitura no presente e avidamente procurada?” (SINZIG, 1917, p.VI). Com isso, justifica seu material, para preservação da moral e da fé cristã, já que para ele os romances possuíam uma “moral ambígua”, “relaxadamente perversa”, capaz de contaminar a imaginação das leitoras, deixando-as “superexcitadas”, levando a “satisfazê-las a todo custo”, e com isso uma “curiosidade doentia” (SINZIG, 1915a, p. 12-13). Isso implica que ARGC se justificava como um material guia, que buscava preservar certa leitura, já que a sociedade, principalmente as mulheres, não possuía capacidade para analisar o que podia e o que não podia ser lido, pois alguns materiais (romances), segundo Frei Sinzig, poderiam carregar em si o “veneno” ou o “antidoto”. Nesses moldes, ARGC se inscreve como intermediário entre a cura e doença, entre o bom e o ruim, o certo e o errado, o moral e o imoral, etc. Portanto, ARGC era um guia que assentava certa conformidade social e desagregava a inconformidade. Para Frei Sinzig, os romances poderiam ser fontes de bem ou de mal. Para exemplificar o fato de que de uma mesma fonte provêm benção (bem) e maldição (mau),141 cita uma poesia sem identificação, de autoria de um “velho poeta”:

Do mesmo formoso cravo, Pompa de jardim ameno, A serpe tira o veneno, E tira a abelha o favo. (SINZIG, 1915a, p.25).

140 Não possui a data completa, apenas o ano de 1915. 141 Terminologia bíblica, referente ao uso do falar, prevista no livro do Novo Testamento, no Capítulo 3 da Carta de Tiago (BÍBLIA, 2008). 99

ARGC ancora-se na ideia de que a República e Igreja devem certa conformação social através de uma governamentalidade da leitura, com a finalidade de preservação social e distanciamento de atos e ações que poderiam conduzir as pessoas a certo envenenamento, que para Frei Sinzig se referia às condutas sociais destoantes daquelas de conformidade social, tidas neste trabalho como (in)conformidade. Por exemplo, quando cita a Revolução Francesa (1789), a expõe como uma forma de envenenamento coletivo, em que uma nação toda sofria, mostrando que, no caso da França, o efeito da revolução acabou se espraiando para outros países, como fruto de leituras impróprias que haviam transbordado para a sociedade da época, demonstrando certo descontentamento pelas condições sociais. A esse respeito, deixa pistas de autores que, segundo sua visão de mundo, haviam influenciado o derramamento de sangue e miséria. A esse respeito cita o absolutismo de Thomas Hobbes (1588-1679); o ceticismo de Antony Collins (1729) e David Hume; o envenenamento do “diabólico” François- Marie Arouet, o Voltaire (1694-1778); a sensualidade e o abalo das leis de Montesquieu (1689-1778); a denúncia de roubo da propriedade de Jean Jacques Rousseau (1712- 1778). Por fim, cita autores, denunciando os responsáveis por minar a religião: D´Alembert (1717-1783) e Denis Diderot (1713-1784) (SINZIG, 1915a, p.8). Portanto, justifica, com isso, ARGC como um material censório e como um bem social, que pode prevenir o derramamento de sangue e a miséria social. Sangenis (2013, p. 84) salienta que esse movimento censório não é privilégio da Igreja brasileira, pois o Vaticano concebeu e orientou políticas classificatórias de materiais impressos, sob orientação do Papa Pio XI, através da “Exposição Mundial de Imprensa Católica”. Portanto, percebemos que havia um alto interesse da Igreja na difusão de discursos católicos através da imprensa. E os impressos eram uma forma utilizada pela Igreja como meio de conformação social. Com efeito, segundo Orlando e Dantas (2008, p.1) destacam, eles eram uma estratégia de “conformação no campo educacional”, pois tinham a capacidade de revelar a “circulação dos saberes” e o “conjunto de códigos” considerados necessários à formação social em diferentes tempos e espaços.142 Acrescentam esses autores que os impressos católicos influenciavam em

142 Orlando e Dantas (2008) destacam que os estudos sobre impressos e seus usos pedagógicos vêm se constituindo uma importante área de investigação para o campo da História da Educação, em especial nas últimas três décadas. 100 grande parte aqueles que lidavam com a educação (professores e outros) e, além disso, eram vistos como uma forma de modernização da educação. Nesse sentido, ao realizar uma saudação ao Papa Leão XIII, na edição 1917 de ARGC, o bispo de Niterói, Frei Agostinho, dois anos depois de publicada a obra143, faz uma menção à importância dos impressos para a Igreja, para sua expansão, e declara sua aceitação e a aprovação do trabalho de Frei Sinzig com a imprensa:

Leao XIII, de saudosa memoria, já afirmava que entre os meios de defesa da religião nenhum havia mais efficaz do que a imprensa, e sem contestação, um dos meios proveitosos do Apostolado da Boa Imprensa e a propaganda da leitura san, cuja influencia foi reconhecida pelo próprio Voltaire, quando dizia: empreste-se um bom livro, e este produzira mais effeitos do que todos os argumentos e controvérsias, porque então ninguém se envergonha de ser subjugado pelos raciocínios superiores de antagonista. Si é, pois, de grande de grande mérito a propaganda da leitura san, como não será de valor um guia seguro, nos declarando os bons livros, especialmente os romances, cuja leitura é avidamente procurada. Queira, portanto, Revmo. Frei Sinzig, acceitar minhas saudações, recebendo aprovação e bençam. (SINZIG, 1917, p.5-6)

Assim, ARGC apresenta um compêndio de recomendações indicativas das leituras para a sua contemporaneidade, além de apresentar livros não indicados, sob a alegação de que seria um “guia” para as consciências e para a boa leitura, propondo assim, uma verdadeira sinopse de educação, sobre bons e maus livros.

O interesse de Frei Sinzig pela literatura, via de regra, o faz também enveredar pelo campo da produção ficcional, sempre com o intuito de oferecer alternativas ao público católico contra a devassidão dos escritores não-recomendados por ele próprio. Seu Index – se não é a expressão orgânica de um programa censório da Igreja Católica brasileira, ou ao menos de uma plataforma de censura do próprio franciscanismo tupiniquim, naqueles primeiros anos do século XX – muito bem pode figurar como uma altiva expressão deste intento. E, aporeticamente, dirige-se àqueles que, via de regra, não precisariam ser “guiados” (os que foram catequizados de acordo com a doutrina moral da Igreja), e não àqueles que ainda podiam ter o privilégio da salvação - os hereges que não partilhavam da comunhão dos fiéis. (SANGENIS; SANGENIS, 2013, p.77-78)

Ancorado numa sinopse pedagógica, ARGC associa as obras restritas a lixos literários, obras de autores populares e consagrados por parte da sociedade brasileira da

143 Em 18 de julho de 1915 (SINZIG, 1917, p.5). 101

época, tais como Machado de Assis e Aluísio Azevedo. Tais autores, na visão de Frei Sinzig, poderiam levar os leitores às obscenidades e a valores transitórios, que afastavam os valores morais da ética cristã.144 Com isso, ARGC funcionou como uma fonte de denúncia de possíveis usurpadores literários de romances, que se ocupavam de escritas tidas como pervertidas, fazendo a função de esfarelar o anticlericalismo militante, presente em parte das livrarias da época, ligadas a movimentos culturais que congregavam naturalistas e realistas.145 A esse respeito salienta: “o romance de hoje é o principal veneno das almas. Como antidoto, ou melhor, como preservativo, o trabalho de Frei Sinzig excede tudo quanto poderíamos esperar” (SINZIG, 1917, p.475).146 Nessa medida, ARGC foi escrito num momento em que os romances se destacavam como uma leitura preferida pelos leitores da época, pois eram tidos como um material “cuja leitura é avidamente procurada” (SINZIG, 1917, p. 5). Sobre isso, reafirmamos que o século XIX é tido como século do romance. A esse respeito, Paes (2013) propõe que a partir do século XVII os romances passaram a circular de forma quantitativa e, em especial no Brasil, com maior intensidade a partir da segunda metade do século XIX, sendo vistos como um gênero suspeito por parte de críticos, censores e outros intelectuais da época. Essa suspeita se deu por tratar-se de um gênero que feria a moral da época de parte da contemporaneidade de Frei Sinzig.

Segundo os detratores do novo gênero, dedicar-se a essas leituras não somente constituía perda de tempo como também levava à corrupção do gosto e ao contato com situações moralmente condenáveis, uma vez que ― as narrativas ensinavam a fazer coisas reprováveis: favoreciam o contato com cenas de adultério, incesto, sedução, crimes, fazendo com que o leitor aprendesse como levar a cabo situações semelhantes, como evitar riscos, como burlar as leis. (PAES, 2013, p.12)

144 Convém salientar que, segundo Passos e Delgado (2005, p.50), a Igreja atuava contra alguns movimentos, difusores de práticas e teorias, tidos como “erros modernos”. Entre eles: liberalismo, positivismo, socialismo, comunismo, cientificismo e maçonaria. 145 Trata-se de movimentos que se iniciaram no Brasil, em fins do século XIX. Foram movimentos estéticos-literários, enfáticos em seus comentários e muitas vezes sem eufemismos ou cordialidades. Marcados pela descrição minuciosa das relações sexuais e das cenas de obscenidades entre as personagens (FLOR, 2015, p.1). Temas abordados na literatura naturalista são: miséria, violência, crimes, patologias humanas, sexualidade, adultério, dentre outros. O movimento foi marcado por vários escritores, dentre eles Aluísio de Azevedo (restrito a leitura por Frei Sinzig), com a publicação do romance O mulato (1881) e O cortiço (1890). Ao estudar aspectos do realismo-naturalismo no Brasil, Castello (1982, p.439) coloca Machado de Assis (restrito à leitura por Frei Sinzig) em primeiro, destacando as obras Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Yayá Garcia (1878), salientando que tais obras tinham um caráter introspectivo, com as causas íntimas e secretas formadoras de paixões, determinadoras de comportamento. 146 Declaração do Jornal A União (Rio de Janeiro), de 19 de setembro de 1915, em indicação de leitura da obra de Frei Sinzig. 102

A ousadia de Frei Sinzig ao nominar ARGC como um “guia para as consciências” foi justificada pela boa aceitação da obra. Por exemplo, ao publicar a edição de 1917, nos traz indícios de que houve “boa aceitação do primeiro volume” (SINZIG, 1917, p.8). Diante disso, pressupomos que essa aceitação ocorreu não somente na Igreja, mas também em certa elite republicana, já que a única edição em que aparece uma dedicatória ao Ministro do Supremo Tribunal Federal, Dr. Augusto Olympio Viveiros de Castro, é a de 1915. Muitos leitores demonstraram aceitação da leitura desse novo gênero, romances, alegaram prover uma excelente leitura, capaz de plantar sementes de virtude, principalmente na juventude, pois possuíam uma finalidade instrutiva e corretora de maus costumes, uma vez que punham em ação conteúdos morais, permitindo que os leitores projetassem e se identificassem com personagens semelhantes a eles mesmos, do seu cotidiano real. Sobre isso, Paes (2013) destaca que o romance, a partir da segunda metade do século XIX, tornou-se um gênero aceito pelas elites letradas e, transformando-se em material de reflexão por críticos que se consideravam sérios na época e eram tidos por eruditos, constituiu-se em um tipo de leitura obrigatória no ambiente escolar, fazendo parte significativa do repertório de leituras dos brasileiros em diversas localidades do País.147 Essas leituras, feitas em cidades brasileiras diferentes, tinham o forte peso literário de autores tidos por naturalistas. Ao tratar sobre alguns desses autores, Flor (2015, p. 6) evidencia o autor Júlio Ribeiro (1845-1890),148 que escreveu o romance A carne (1888), publicado em forma epistolar e em língua francesa, e, de forma audaciosa, destinava-se ao próprio Émile Zola (1840-1902).149 Além de Júlio Ribeiro, Flor (2015, p.7) destaca Adolfo Caminha (1867-1997),150 que, em forma de Cartas Literárias

147 Paes (2013, p.14-15) destaca que autores franceses eram os principais autores lidos no Brasil em fins do século XIX e início do XX. Dentre eles: Alexandre Dumas, Eugéne Sue, Paul de Kock, Ponson du Terrail, Frederic Soulié, , Julio Verne, Ponson du Terrail, Vigny, Vitor Hugo, Chateaubriand, etc. 148 Júlio César Ribeiro Vaughan foi um escritor e gramático brasileiro. 149 Trata-se de um escritor francês, considerado o criador e representante mais expressivo da escola literária naturalista, além de uma importante figura libertária da França (FLOR, 2015). Zola foi um escritor restrito por Frei Pedro. É citado na obra de Caiel, Revista Branca, como sendo uma obra “não louvável”, por possuir “elogio ardente e caloroso aos méritos de Zola como escritor” (SINZIG, 1923, p.423). A obra principal de Emíle é Naná, sendo um dos romances mais conhecidos. A personagem principal é a primeira periguete dos palcos, a grande vagabunda que alcança o maior sucesso social. Filha de pai alcoólatra e de uma lavadeira, Naná é uma atriz de teatro, que apresenta um corpo de Vênus e uma sexualidade à flor da pele. É o tipo perfeito da prostituta de luxo, uma cortesã da alta sociedade francesa em fins do século XIX. 150 Adolfo Ferreira dos Santos Caminha foi um escritor brasileiro e um dos principais autores do Naturalismo no Brasil. 103

(1895), destina o romance ao redator do Jornal Gazeta de Notícias. Outro romancista foi Marques de Carvalho (1866-1910),151 com o romance em folhetim, O pajé (1887) no jornal paraense A República.152 Ademais, frisamos que ARGC buscava constituir certo apagamento dos autores que citamos anteriormente, e uma determinada secularização dos romances por eles produzidos, como forma de conformação social, pois, apesar de serem autores com determinada aceitação social,153 notoriedade e popularidade, Frei Sinzig buscou construir certo enfraquecimento literário relacionado a eles, demonstrando que suas obras não circulavam mais como outrora. E mais, salientou ser uma leitura de menor valor moral, expondo-os como escritores de segunda categoria, os quais não possuíam legitimação social para produção literária época. Entretanto, cabe destacar que esses autores, tidos na maioria como restritos em ARGC, estavam com suas obras circulando entre o povo e se colocavam à disposição da educação, que nesse momento, estava descentralizada da República, já que os municípios e as iniciativas privadas receberam autonomia para constituição de redes de ensino. Isso permitiu diversificar na educação saberes e visões de mundo, por vezes constituídos por grupos de diferentes setores da sociedade. Nesse sentido, a busca de apagamento e secundarização de alguns autores e obras, conforme destacamos anteriormente, feita por ARGC, se colocava como uma tentativa de alagar espaços e influenciar a educação de modo geral. No entanto, essa tentativa de influência de ARGC era somada a outros tipos de influências na educação no início no século XX. A esse respeito, Bilhão (2016) pondera que os anarquistas foram um dos grupos que mais se preocuparam com a difusão de preceitos relativos à educação, tendo como base alguns de seus principais divulgadores: Polydoro dos Santos e Zenon de Almeida, em Porto Alegre; João Penteado e Edgard Leuenroth, em São Paulo; Maria Lacerda de Moura e José Oiticica, no Rio de Janeiro. Assim, esses educadores se ocuparam de grande quantidade de páginas em jornais militantes para defender uma educação moderna, colocando-se diretamente contra preceitos católicos e, juntamente com outros militantes, esforçaram-se por criar escolas em distintas

151 João Marques de Carvalho foi um escritor, diplomata e jornalista paraense. É autor da obra naturalista Hortênsia, de 1888, ambientada em Belém. 152 Outros autores também são destacados por Flor (2015, p.4), entre eles, Sílvio Romero e José Veríssimo. 153 Sobre essa aceitação social, destacamos a influência que autores como Dumas, Vigny, Vitor Hugo e Chateaubriand, em específico, tiveram em um dos primeiros romancistas brasileiros, José de Alencar, que, em sua autobiografia literária, revela seu apreço pelos referidos autores, na obra Como e porque sou romancista. 104 localidades. Algumas escolas chegaram a funcionar por certo tempo, outras tiveram caráter bastante efêmero. O método divulgado e proferido era o da “a propaganda pela palavra”, tanto oral quanto escrita. Assim, o estímulo à alfabetização e à leitura se constituíram em temas centrais de seus esforços (BILHÃO, 2016, p. 238). Como salientamos anteriormente, a escrita de ARGC ocorreu no mesmo período da separação entre Estado e Igreja, justamente como um dos temas recorrentes para implantação da República brasileira. Essa divisão ameaçou os poderes da Igreja, que silenciosamente se viu traída. A esse respeito, Sangenis (2004) realça que inicialmente a Igreja teve muitas de suas funções e atividades reduzidas, pois a sensação, segundo Araújo (2010, p.84), era de que a Igreja havia recebido um “golpe”, sendo “isolada”, fazendo com que, segundo Oliveira (1985), muitos de seus privilégios fossem suprimidos com essa separação.154 Com isso, ARGC buscou constituir-se como um material de sobrepujamento da Igreja. Segundo Araújo (2010, p.83), o papel de sobrepujar é próprio da Igreja Católica na História:

Poucas instituições, ao longo da história, não sucumbiram aos efeitos erosivos do tempo. Dentre elas, a Igreja Católica conseguiu um moroso e enorme poder de resistir e adaptar-se às mudanças da sociedade. Durante a Idade Moderna e Contemporânea, à guisa de exemplo, ela pôde centralizar-se ao redor de si quase toda a realidade social, usando para controlá-la seus paradigmas medievais. Por isso mesmo, a Igreja Católica tornou-se parte fundamental da intrínseca da história ocidental.

Neste diapasão, a Igreja se viu diante da necessidade de alcançar as massas populares para afirmar e reafirmar seus dogmas. Para isso, ARGC se inseriu como uma evidência de uma nova aproximação com o povo brasileiro, em face da separação promovida entre Estado e Igreja. Nesse contexto, Oliveira (1985, p.275) afirma:

[...] a ruptura entre o clero e a grande massa de fiéis, ruptura posta em evidência e agravada pela separação entre Igreja e Estado. Para sobreviver sem o apoio do Estado era indispensável ao aparelho religioso reestruturar-se, restabelecendo a articulação entre o aparelho eclesiástico e as grandes massas.

154 A esse respeito, citamos o Padroado, um acordo (tratado) entre a Igreja Católica e os Reinos de Portugal e da Espanha, mediante o qual a Igreja delegava aos governos locais sua administração e organização sob seus referidos domínios (CRUZ, 2014). 105

Reforçamos que tal medida de separação da Igreja causou, ao mesmo tempo, alívio e apreensão à hierarquia eclesial. Alívio, porque os novos tempos permitiram uma liberdade de ação ante o poder temporal, que há muito era reclamada. Apreensão, devido à nova Constituição de 1891,155 que apresentava propostas evidentes de limitação da esfera de ação da Igreja Católica. Em contrapartida a essa apreensão, a Igreja no Brasil pôde fortalecer sua hierarquia eclesial, atuando de forma mais direta nas questões que entendia como erros contemporâneos. Nesse sentido, ARGC se inseriu no combate às concepções racionalistas e anticlericais, o que visou aprofundar a ofensiva contra o ensino de grupos concorrentes, renovando as antigas ordens religiosas. Paralelamente a isso, a Igreja brasileira reforçou a instalação de congregações católicas europeias que pudessem se envolver em obras assistenciais, associações operárias e escolas para os trabalhadores. A par desse contexto, a virada do século XIX para o XX foi marcada tanto por diferentes lideranças políticas como pela vinda para o Brasil de diferentes frades franciscanos,156 além da instalação de instituições assistenciais, tais como a Escola Gratuita São José em 1897 e sua Tipografia em 1900.157 Portanto, ARGC promoveu tanto uma ação de política de reconquista da população brasileira, em que propor uma dada conformidade social era uma maneira de se recolocar e de não sucumbir aos efeitos de vários outros movimentos sociais, tidos como erosivos em sua contemporaneidade.

2.2. A EDUCAÇAO PROPOSTA POR ATRAVÉS DOS ROMANCES: GUIA PARA AS CONSCIÊNCIAS

Inicialmente destacamos Frei Sinzig como um idealizador de um determinado tipo de educação, que, apesar de ser próprio do período em questão, tem suas singularidades. Convém realçar que nossa análise se pauta em Frei Sinzig como intelectual da educação, sem colocar em discussão o mérito do tipo de educação por ele proposto. Tampouco nos colocamos como juízes, pois nosso objetivo não é discutir

155 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao91.htm. Acesso em: 01 mar. 2018. 156 Citamos Frei Ciríaco Hielscher, Frei Zeno Wallböhl e Frei Mariano (ANDRADES, 2001). 157 A vinda de diferentes frades franciscanos para o Brasil, em especial de frades alemães, associados aos novos ideários da Igreja Católica, fez com que emergissem uma série de novos modos de atuação dos franciscanos, visando à ampliação do catolicismo brasileiro, de modo que permitiu ao governo geral da Ordem Franciscana, em 1901, criar a missão dos alemães do Brasil na categoria de províncias independentes: a da Imaculada Conceição (no Sul) e a de Santo Antônio (no Norte) (KIRCHNER, 2009). 106 benefícios sociais, analisar ARGC como forma de educação ou exibir Sinzig como um educador, já que consideramos como educação todos os atos diretos e indiretos produzidos historicamente sobre as pessoas, conforme tratamos no Capítulo 1. Entretanto, apesar de não estarmos tratando de uma educação escolar, mas sim social, salientamos que a educação escolar nesse período emergiu e se consolidou como um dos temas mais candentes do cenário nacional para a elite letrada urbana. Portanto, a educação ganhou foros de questão nacional e social, como pressuposto para formar e moldar a população, atendendo aos interesses daqueles que defendiam o progresso social, a partir de uma dada conformidade social. Assim, a educação foi assumida, por parte da elite letrada urbana, como uma condição sine qua non para o progresso da recém-proclamada república brasileira, ligada umbilicalmente à ideia de sociedade moderna e civilizada (CARVALHO, 2000; VEIGA, 2002). Portanto, ARGC dialogou com dois tipos de educação, uma educação escolar e uma educação social, ambas visando a certa conformação. Assim, destacamos que Frei Sinzig foi um educador e um intelectual religioso, pertencente uma elite letrada e representante da sua realidade sócio-histórico-cultural, ou seja, um homem de seu tempo (BLOCH, 2001, p.125), cujas publicações tiveram certa visibilidade e circulação em sua época e carregavam em si marcas da sua contemporaneidade, atravessada por regimes de valores, os quais são expressos pelo tipo e pelo modo com que praticava seus ideais através da leitura e assim propunha uma dada educação. Nesse contexto, compreendemos que sua ação como educador trouxe para a educação, fatos, crises, dilemas, celeumas, etc., que atravessam a história do período. Nessa medida, cabe destacar que ARGC se insere num contexto brasileiro, coadunado com diferentes lideranças políticas e segmentos sociais, que discutiam o papel da República em relação à situação precária do cenário educacional (SAVIANI, 2004), cujos interesses convergiram, tal como a idealização de pessoas voltadas ao progresso social e à civilidade para a convivência urbana (VEIGA, 2002). Além de que, a educação era tida como pressuposto para formar a população, a partir de determinadas condições e comportamentos (RAGO, 1985), tais como o higienismo, o trabalho e certa moralidade social (CRUZ, 2014). Cabe enfatizar que, muito embora essas condições fossem específicas no Brasil, elas receberam influências de ideais positivistas e liberais que afloravam do contexto europeu, influenciando intelectuais de diversas áreas sociais brasileiras. 107

É importante colocar em evidência que, ao inserir ARGC e Frei Sinzig como uma obra e um frei de relevância para a educação, não estamos somente introduzindo a Igreja com seus ideais cristalizados na cristandade, mas também os ideais da República, que, recém-formada, buscava se fortalecer e consolidar-se no contexto brasileiro. Portanto, como vimos anteriormente, Frei Sinzig não é somente um representante da Igreja, mas também do regime republicano recém-instaurado.158 Nesse sentido, o conceito de educação presente em suas obras desloca-se em diferentes sentidos sociais, atravessando e sendo atravessado, os quais passamos a destacar a seguir.

2.2.1. Uma educação da consciência.

A preocupação de Frei Sinzig era educar o indivíduo pela consciência para convivência urbana e social, pois para ele, dela (consciência) procedem todos os demais comportamentos. A esse respeito, afirmava que a consciência “clama” por um “guia” (SINZIG, 1917, p. 8) e assim, justamente nesse clamor, a educação se insere como guia para as consciências. Para Frei Sinzig, a educação era um tipo de governamentalidade,159 que atuava diretamente na consciência, visando não permitir certa interiorização voluntária, na qual o indivíduo possa decidir suas vocações pessoais. Contrariamente, a educação atuaria de forma seletiva, justificando-se por um “bem social”, uma vez que tinha por interesse propor ao indivíduo, certa conformação social. Sobre essa conformação social, ARGC funcionou como um veículo de educação sobre como deveria portar-se na sociedade. Frei Sinzig utiliza-se de críticas e, por diversas vezes, utiliza-se de uma visão que reforçava o ideal de uma sociedade patriarcal, principalmente quando apresenta comentários por meio de verbetes referentes à restrição à leitura, expondo por vezes aspectos negativos ao caráter feminino, como foi descrita a situação da autora Emilia Moncorvo Bandeira de Mello, na obra Luta, em que frisa: “Immoral. A autora parece que estava sob influencia d´uma impressão extranha quando escreveu o livro. Não se comprehende que uma senhora possa escrever semelhantes immoralidades” (SINZIG, 1923, p.168). Da mesma forma faz com a obra Fallencia, de Julia Lopes de Almeida:

158 Representante declarado do regime republicano, Frei Sinzig atuou como Capelão na Guerra do Canudos (1996-1997). 159 Desenvolveremos esse conceito de “governamentalidade” no próximo Capítulo. 108

Romance mundano, de costumes cariocas. Descreve e põe a nú muitas chagas sociaes. Anna, mulher pobre e bonita, casa com um negociante portuguez, que enriquece rapidamente, entrega-se ao luxo que o arrasta ao procedimento indigno, cuja descripção enche a melhor parte do volume. Não recommendamos a leitura. (SINZIG, 1923, p.52)

Portanto, entendemos que o grande mote da educação proposta por Frei Sinzig, tinha a ver com uma dada conformidade social, em que a exclusão e a integração de comportamentos são medidas essenciais, visando a certa recuperação social, em que se valorizam condutas e comportamentos (SINZIG, 1915). A esse respeito, Trindade e Menezes (2009, p.127) chamam de “regeneração da sociedade”, próprio do período, o que se pressupõe uma valorização da formação de um indivíduo civil e educado. Assim, o período foi marcado por essa busca de regeneração, em que a escolarização cumpria tais papéis, em nome de uma ordem e um progresso que eram próprios dos objetivos republicanos. Em certa medida, Frei Sinzig difundiu e inspirou a educação das consciências, colocando a leitura sob o crivo de sua obra ARGC, tida como uma enciclopédia do saber do período. Entretanto, como educar a consciência? Logo, se ela (consciência) necessita de um guia, Frei Sinzig utiliza-se de um processo de seleção intencional daquilo que deveria ou não ser lido, ou seja, um trabalho indicativo, de seleção e restrição ao acesso a determinados tipos de leituras, em especial de romances. Dessa forma, colocou-se como detentor de certa credencial social160, ou seja, como alguém qualificado que satisfaz as exigências sociais; e mais, como alguém que está respaldado pelas principais instituições dominantes do discurso e, com isso, passou a imperar através de uma seleção qualificada e propor uma conformidade social e negar outras. A esse respeito, salientamos que sua seleção era tão qualificada que, em algumas ocasiões, determinou a queima de livros, os quais eram considerados como contaminados (SINZIG, 1915a, p. 271). Dessa forma, utilizou-se da indicação e da restrição à leitura como uma forma de educação. E mais, como uma autoridade do saber e poder. De certa forma, realçamos que, muito embora a educação do período fosse precária, Sangenis e Sangenis (2013) destacam que, no início do século XX, ocorreu um

160 Sobre essa credencial social de Frei Sinzig, temos por pressupostos que Frei Pedro Sinzig publicou a obra Reminiscências d’um frade (1915) como uma afirmação de sua condição social, que o elevou à posição de alguém com poderes para indicar e restringir o que poderia ou não ser lido. Ou seja, essa obra foi publicada no mesmo ano em que publicou a primeira edição de ARGC em 1915. Portanto, tal obra é tomada como uma demonstração de que ele próprio possuía as exigências e a qualificação para o discurso, autocredenciando-se para indicar e restringir o que poderia ser lido através de romances. 109 aumento na taxa de alfabetizados que, apesar de tímido, provavelmente fez com que Frei Sinzig se visse desafiado a investir na educação, o que o fez orientar as leituras para a formação das pessoas.161 Isso porque o processo de educação do período, em que se espraiavam impressos de várias ordens por todo o Brasil, notadamente representava perigos, não somente para a Igreja como denominação cristã, mas também para o sistema republicano. Portanto, o trabalho de Frei Sinzig encontrava respaldo em ambos os lados, pois se ancorava na doutrina da Igreja católica, ao mesmo tempo que encontrava guarida e respaldo no sistema republicano162. Apesar de já abordada no Capítulo 1 a questão da educação feminina em fins do século XIX e início do XX, temos a destacar que ARGC se insere num período em que a Igreja se utiliza do espaço de colégio femininos, como espaço formal para a educação feminina. A esse respeito, destacamos que os colégios femininos foram uma saída para a República, que via a educação como uma forma de progresso para educar as mulheres. Santos (1995, p.195) expõe que a República cedeu terrenos, prédios e subsídios financeiros, visando à educação feminina. Entretanto, essa educação foi vista com cautela, tanto pela Igreja como pela República.

Pressionadas por todas as restrições impostas pela mulher, elas teriam que romper com toda a ideologia que perpassa o século XIX, continuando até o século atual, de que a mulher deveria ser instruída, para que pudesse aperfeiçoar, ainda mais, sua sagrada missão de mãe e esposa. A exaltação da maternidade e os limites da família, como espaço exclusivo para as mulheres desempenhar sua função social, chocam-se com seus anseios de exercerem a atividade literária. Inúmeros autores, diante da crescente e inevitável produção feminina chegam a afirmar que esse exercício literário seria aceito, desde de que a mulher não levasse seu ofício de escritora muito a sério. Em torno, estariam sempre os filhos, exigindo seus cuidados, e o lar, para ser competentemente administrado. (SANTOS, 1995, p.196)

Entretanto, numa (in)conformidade social, uma minoria significativa de mulheres transgrediu, buscando expor outras subjetivações no seu contexto sócio-

161 Sangenis e Sangenis (2013) destacam que Frei Sinzig embate-se contra literaturas naturalistas francesas, principalmente aquelas para o público feminino que circulavam no Brasil. Além disso, buscava esfacelar certo anticlericalismo militante presente nas confrarias literárias do período, associadas a certos movimentos culturais que agregavam realistas e pós-decadentistas. 162 Sobre a questão do trabalho em comum, da Igreja Católica e República, existem divergências de opiniões de pesquisadores; no entanto, é preciso destacar que no Brasil atuavam diferentes religiosos e que nossa percepção de Frei Sinzig e de suas obras, em certa medida estavam coadunados, principalmente devido ao fato de terem “inimigos” comuns, tais como grupos militantes de distintas correntes ideológicas, como anarquistas e socialistas, que disputavam territórios brasileiros (BILHÃO, 2016). 110 histórico-cultural através da escrita de romances. Em contrapartida, surgiu um manual completo de veto, ARGC, capaz de abrir, num único texto, um compêndio de conformidade social através da leitura, com a finalidade de rebuscar as leituras indicadas e restritas. Sobre isso, Sangenis e Sangenis (2013, p. 90) afirmam:

Novamente, em plena era de uma pretensa luminosidade de ideias republicanas, a leitura acaba por estar sob tutela, sendo utilizada como mecanismo formador da moral do progresso e de um sentimento nacional-ufanista que desse suporte ao discurso da nova ordem política. Nesse sentido, nada mais “natural” que aparecessem diversos manuais de leitura que pudessem orientar as mentes em formação (nas escolas) e aquelas que precisavam refinar suas leituras (mulheres consumidoras de romances franceses e outros leitores menos abalizados).

Com isso, se desenvolvia uma educação da consciência que buscava orientar as consciências e refinava as leituras de forma injuntiva, resultando em uma leitura direcionada que não ferisse o status quo nem da Igreja, nem da República. E mais, salientamos a existência de uma educação da consciência que buscava preservar as fantasias da mente, pois, para Frei Sinzig, as mentes possuem fantasias que podem ser contaminadas pela ingestão de “frutos podres” e, pior, uma vez ingeridos (lidos), além de estragar a fantasia do indivíduo, contaminavam outros, levando grandes multidões arrastadas à contaminação (SINZIG, 1923). Para Frei Sinzig e também para o sistema republicano do período, a suavização das consequências de uma contaminação, se revolvia com fogo:

[...] honra a União Cathólica, do Rio, que por meio de seu presidente, dr. Pio Ottoni, com o auxilio do Chefe de Policia, dr. Belisario Tavora, e mais tarde, por outro presidente, dr. Romulo de Avellar, fez apprehender e queimar milhares dessas publicações, que envergonham o paiz e o levam ao abismo certo. (SINZIG, 1915b, p.15)163

Portanto, notamos a atuação da Igreja em cooperação com a República, que acontecia de forma conjunta e, por vezes, repressiva, como o caso que citamos, em que há uma queima coletiva de livros. Assim, concorriam contra as dificuldades agravadas e desaparelhadas que feriam a moral do período, impregnando fantasias que podiam contaminar a mente. Ademais, cabe destacar que, ao atuar na educação da consciência,

163 Por tratar-se de fonte primária foi conservada a escrita original. 111

Frei Sinzig preocupava-se com a formação da moral e, com isso, compunha uma conformação social, supostamente preparando o indivíduo para ser capaz de orientar e corrigir as paixões às quais estava submetido. Numa convicção cristã, Orlando e Dantas (2008, p. 4) evidenciam o que significava essa consciência para um cristão:

A consciência é a base mais segura da vida cristã. Está dentro do indivíduo é considerada a própria voz de Deus, embora padeça da influência dos sujeitos e aos vícios lhe impõem. Por essa razão ela se constitui no foco principal da doutrinação do indivíduo. Educar a consciência significa plantar em terreno seguro. Os ensinamentos inculcados de forma precisa, sem deixar margem de dúvida a respeito da sua veracidade, garantem uma apropriação efetiva das ideias ensinadas e consequentemente a repercussão das mesmas. O indivíduo que inicialmente se constitui em um agente passivo no processo doutrinário passa a ser um importante elemento ativo nesse mesmo processo abrangendo o contingente de fieis. (ORLANDO; DANTAS, 2008, p. 4)

Portanto, Frei Sinzig instigou uma dada educação da consciência, que se apresentava como desafio para formação da consciência do indivíduo pertencente a um sistema republicano, que estava sob influência de várias correntes de pensamentos e em uma franca expansão e acesso de literaturas em geral. Portanto, o desafio que nos parece ter saltado aos olhos de Frei Sinzig é: de que modo começar uma educação da consciência, se era necessária uma estratégia de governamentalidade? Para tanto, ARGC propõe uma preservação da consciência através de uma educação invasiva, de modo a combater um chamado “lixo literário”, tido como “fructos podres” (SINZIG, 1915a, p.10), capaz de contaminar toda a consciência.164 Essa educação invasiva, visando educar as consciências, se instalou a partir das seguintes nuances:

2.2.2. Uma educação invasiva por meio da família, através da figura da mulher

Frei Sinzig estava respaldado pela Igreja e pela República; no entanto, a Igreja em fins do século XIX e início do XX possuía uma tímida atuação prática na sociedade,

164 Ao expor algumas obras de romances como “lixo literário” ou mesmo como “livros ruins” (SINZIG, 1915a, p.10, 12), Frei Sinzig nos dá informações importantes, destacando que estava exercendo uma função preventiva à leitura de romances tidos por ele como contaminados, pois no Brasil tais materiais ainda não estavam “tão propagados”, como na Europa, onde, na Áustria e na Alemanha, já havia se tornado uma “praga”, porém, salienta que o Brasil não estava imune. 112 ao contrário da República, que se apresentava otimista e ofegante para um dado progresso social.165 Nesse sentido, a Igreja precisava utilizar de uma estratégia para a educação das consciências. Portanto, ARGC era uma ferramenta estratégica que poderia de forma invasiva, atingir seu objetivo principal, educar as consciências, pois com a educação da consciência se apagam os comportamentos de (in)conformidades, na visão de Frei Sinzig. Assim, se a educação da consciência era um tipo educação, a educação invasiva era a forma como se desenvolveria esse tipo de educação. Ora, como um frei podia educar as consciências, de modo invasivo, numa sociedade que buscava a liberdade e a laicidade de ensino? A estratégia é ter um canal de entrada que não ferisse os ideais republicanos e que atendesse aos interesses evangelizatórios da Igreja. Para isso, a família foi o principal canal de entrada. Frei Sinzig criou um arcabouço de indicações e restrições pelo limiar da família, método esse também empregado por diversos jornais e revistas do período, pois a ideia de família se fazia proeminente. Convém colocar em destaque que segundo Figueiredo (2007), a família tornou- se uma agência de subjetivação, por isso ela é tão importante para Frei Sinzig. A esse respeito salienta:

[...] a família deixa de ser o espaço de liberdade privada, em contraposição às regras dos espaços públicos (como no século XVIII), para se converter numa agência disciplinadora destinada a, simultaneamente, individualizar e normatizar suas crianças, jovens e adultos. (FIGUEIREDO, 2007, p. 132)

Para demonstrar essa proeminência da família em ARGC, destacamos a edição de 1915a, em que nas suas últimas páginas havia uma série de indicações de revistas, jornais e autores, com a finalidade de financiamento moral e referenciamento da obra. A exemplo, o jornal União, quando se referiu sobre a importância ARGC, mostrou ser uma obra “indispensável em cada lar”. Também o jornal Lourdes”, de Belo Horizonte, destacou que ARGC era uma obra de assujeitamento de romances para família, em que os “paes de familia, que nao queria propinar veneno aos seus filhos” encontravam nesta obra um “guia” para as “consciências atribuladas” (SINZIG, 1917, p. 475). Este agenciamento da família por Frei Sinzig aconteceu não somente nas edições de ARGC, mas em outras obras suas, tais como Reminiscencias d´um frade (1915), em que a Editora Vozes fez questão de evidenciar a obra: “Para os cattolicos esse trabalho

165 Sobre a relação entre Igreja e República trataremos mais adiante. 113 de Frei Sinzig é de uma vantagem extraordinária, porque os habilita a escolher as obras que os filhos devem ler, sem se exporem a consulta na casa do visinho” (SINZIG, 1915a, p.325) Este direcionamento da família, como guisa de entrada da educação não foi exclusivo da Igreja, como já dissemos anteriormente, pois a República, segundo Oliveira (2003, p.79), responsabilizou a família com a incumbência de formar as crianças e os jovens. Assim, também caberia à família o cuidado dos filhos, na medida em que era de ambos o papel de formá-los, de forma virtuosa e cumpridores de seus direitos e deveres, pois “na ignorância e na falta de educação é que reside a fonte da miséria e da desordem, dos crimes e dos vícios de toda sorte, como é nestes malles que estam os principaes causas dos perigos e despesas sociaes” (OLIVEIRA, 2003, p.75). Neste mesmo sentido, ao expor quatro requisitos essenciais para instrução obrigatória, Oliveira (2003, p.80-81) destaca que o 4.º requisito responsabilizaria a família, de modo que pudesse ser punida, quando não observasse os ditames instituídos: “Quarto – estatuir a penalidade, em que hão de incorrer os pais que por culpa deixa de dar instrução a seus filhos e dispor sobre a execução dela” (OLIVEIRA, 2003, p.81).166 Portanto, fica evidente que, apesar de todas as divisões propostas pela República para a educação, a divisão em níveis de ensino167 fez com que a família passasse a ocupar um papel fundamental, na medida em que ela era um dos agentes ativos do processo de educação, pois exerceria uma forte atuação de conformação social sobre as pessoas no período em questão. Assim, ao destacar o papel da família, Oliveira (2003, p. 61) declara que essa ideia de família era “voltada para si mesmo, através de uma habitação aconchegante”. Portanto, tinha por finalidade exercer uma função de “sedução na sociedade”, de forma a integrar-se ao universo dos valores dominantes, em que a

166 Convém destacar que, para Oliveira (2003, p.32), os grandes males do País advinham de resquícios do sistema monárquico brasileiro. Para ele, os males educacionais do País seriam revertidos através do poder republicano recém-implantado: “A monarchia tem sido funesta no Brasil. À ella é que devemos todos os nossos males”. 167 Segundo Castrol e Lopes (2002, p.8), em fins do século XIX e início do XX, o ensino deveria ser de responsabilidade do Estado, das províncias e dos municípios, e a educação inferior seria atribuição dos municípios; o ensino superior, das províncias, mediante as suas necessidades. Ao Estado caberia o controle de todos os níveis, e a administração escolar deveria ficar a cargo dos Conselhos Escolares, compostos pelos professores e por representantes dos pais. Os Conselhos das Universidades seriam compostos pelos diretores das faculdades e pelos professores catedráticos. Estes Conselhos seriam aglutinados e orientados por um Conselho Central, que deveria manter um periódico com a finalidade de publicar todas as ideias que pudessem interessar à educação. 114 família recebia uma atenção especial,168 na qual era percebida como potencial de riqueza da nação e culminava num fortalecimento das relações intrafamiliares.169 Nesse mesmo sentido, Sousa (2016, p.110) evidencia que a educação se direcionava para a família, tida como não formal170 e lidava com uma lógica de espaço e tempo diferente daquela proposta no ambiente pelo sistema republicano, chamada de escolar. Essa educação permitia e possibilitava outras maneiras de lidar com o cotidiano, com os saberes e, consequentemente, com o meio social. Isso porque se tratava de uma educação que acontecia na relação intrafamiliar,171 por isso era tão importante e poderia trazer relevantes transformações no contexto do período, quanto às questões práticas de conformidade social e atendimento aos propósitos daqueles que a idealizaram. Ainda sobre a família, realçamos o fato de que a modernidade foi marcada por terrenos políticos, religiosos, éticos e sociais, que enfatizam a família na relação com a educação, visando à formação das pessoas. A esse respeito, Trindade e Menezes (2009, p.126), ao tratar da educação na modernidade no Brasil, no século XIX e no início do XX, mostram que esses terrenos tinham uma ênfase “evangélica”172 e ao mesmo tempo controladora, em que a família, inserida nesses terrenos, visava impor condutas, “escolhas”, “subjetividades” e “visões de mundo”, com a finalidade de atender a uma sociedade disciplinar que tendia a “[...]reprimir, controlar e inserir o indivíduo em sistemas de controle cada vez mais pertencentes à ideologia e à burocracia do governo, seja ele laico ou religioso-eclesiástico” (TRINDADE; MENEZES, 2009, p.125). Portanto, a família era objeto de objetivação e esquadrinhamento. Ademais, cabe salientar que, segundo Anjos (2015, p. 52), ao longo do século XIX, uma luta nem um pouco silenciosa foi travada entre a escola e a família, para a afirmação daquela sobre esta, como espaço adequado de educação. Muitos discursos foram produzidos na época, que desqualificavam a família como agência educativa. Entretanto, o que parece foi que Frei Sinzig buscou (re)afirmar a família como

168 Essa atenção especial também está associada à figura da mulher e da criança (RAGO, 1985, p. 62). 169 Para Rago (1985), esse novo agenciamento da família no período, como conformação social, foi recebido não somente pela Igreja e pela República, mas também por grupos opositores – dentre eles os anarquistas –, que igualmente expunham suas vozes. 170 Ao tratar sobre a educação não formal, Sousa (2016) destaca que nos anos 90, houve um reconhecimento da tal educação, como base para um processo de transformação social. 171 Para Sousa (2016, p.111), essa educação que acontecia na família, principalmente através do senso comum, era indispensável para conformação social. 172 Entendemos o termo “evangélica”, proposto por Trindade e Menezes (2009, p.126), no sentido de boas novas, esperança, otimismo... 115 educadora, e a relação do indivíduo com a sua família deveria estar em perfeita conformidade com a ideia de família patriarcal e consanguínea, como base da sociedade. Por isso, a visão de Frei Sinzig

[...] se funda na família como matrimônio, que não se torna motivo de escândalo e vergonha, que valoriza a vida conjugal, honra os filhos, não pratica paixões culposas, valoriza a criança, a mocidade e o adulto como membros de uma a família. Portanto, a boa relação familiar do indivíduo era objeto de interesse da elite letrada, buscando educar um novo indivíduo para convivência no espaço urbano, mas, principalmente, para as relações de trabalho na fábrica. Nesse sentido, a família deveria ser constituída sob um novo modelo normativo. Assim, todo modelo desviante, toda forma de relacionamento incontrolável, ameaçadora e impura, deveriam ser anulados. (CRUZ, 2014, p.108)

A família e a educação eram um campo de grande interesse por parte de Frei Sinzig, pois era uma porta de entrada do seu “guia para a consciência”, ou seja, a família era um agente educador. Em certa medida, não existem atualmente muitas pesquisas nesta área, que tratem a família como um agente educador para a sociedade, como é caso destacado por Frei Sinzig. Nesse sentido, Anjos (2015, p.56) salienta que as pesquisas que existem no Brasil, relacionadas a família-educação, estão em grande parte voltadas, por instância de historiadores, para a questão da demografia histórica (investigações que versam sobre a nupcialidade, fecundidade e formas familiares) e para uma história social, a partir das relações de parentesco. Isso, quando não se voltam às questões das crianças, ligadas às preocupações com a assistência e a proteção, tais como as questões de abandono das instituições de acolhimento e proteção; dos cuidados médico-higienistas; ou, mesmo, da história da escolarização. No demais, a educação proposta por Frei Sinzig através da família relaciona-se à figura dela como agente de preparação e condução social dos filhos, para conformação social e urbana, apesar de toda dinâmica de escolarização proposta, sob os ditames da Igreja e parcialmente da República. Sobre isso, Anjos (2015, p. 58) destaca ser ainda “um campo privilegiado de pesquisa”,173 com pouco interesse de pesquisadores brasileiros. Portanto, ARGC se inseriu como um mediador entre o espaço social (principalmente urbano) e o privado, colocando-se como “guia”, no diálogo entre conformidades, de modo a produzir certo tipo de educação da família, preparando essas pessoas para convivência social e familiar. Assim, pressupomos que ARGC consistia em promover certas práticas sociais

173 Juntamente com a criança. 116 e culturais por meio da família, visando à transmissão de valores, hábitos e comportamentos e, com isso, aproximar a família de práticas sociais da República e da Igreja. Dessa forma, também pressupomos que ARGC considerava a família como uma mediadora entre os interesses tanto da Igreja como da República. Por conseguinte, o caminho trilhado por ARGC é o espaço entre a educação escolar e a educação familiar, frente a uma educação que, segundo Trindade e Menezes (2009, p. 127), “emancipa-se dos modelos religioso-autoritários”, reivindicando às pessoas certa formação que envolvia determinada autonomia e liberdade, em que a educação (no caso, a escolar) atrai para si a ideia de que ela seria capaz de renovar a sociedade. Assim, a educação seria o meio mais próprio e eficaz de dotar a sociedade de comportamentos homogêneos e funcionais para o seu próprio desenvolvimento. Para isso, no contexto da família, além da criança e dos outros símbolos do contexto intrafamiliar, a figura da mulher relacionada à educação, como vimos, foi utilizada como subterfúgio para que Frei Sinzig atingisse seus objetivos. A esse respeito, Oliveira (2003, p. 336) afirma: “[...] torna-se necessário dar todo o desenvolvimento à educação da mulher, ou instruí-la, de modo que cada casa possa ser uma escola”. Assim, a mulher, que representava a família, seria o canal de transmissão dos ideais de educação para Frei Sinzig. Rago (1985, p. 62) coloca em evidência que o período em destaque era marcado por um novo modelo de feminidade, esposa, dona de casa, mãe de família, que constituía peça mestra nesse jogo de agenciamento da mulher como preservadora da moral: “[...] à mulher cabia agora, atentar para os mínimos detalhes da vida cotidiana de cada um dos membros da família, vigiar seus horários, estar a par de todos os pequenos fatos do dia a dia, prevenir a emergência de qualquer sinal da doença ou do desvio”. Paiva (1997, p. 15) destaca que a mulher exercia a função de “guardiã dos bons costumes da moral”, pois deslocava-se de uma “esfera privada” para “pública”, usurpando, pela primeira vez, atividades que não lhe eram atribuídas culturalmente (p.83). Cunha (1986, p. 34-35) argumenta que a figura feminina assumiu, a partir do século XX, uma importância central a serviço da ordem social, voltada para constituição de uma família moralizada. Logo, temos a figura da mulher como um instrumento de finalidade e objetivo para inserção naquilo que Frei Sinzig propunha como educação, pois não era apenas uma mulher, mas também mãe de família, e cabia preocupar-se com 117 detalhes da vida da família, cuidando deles 174 em todos os sentidos (horários, condutas, saúde física, etc.) do cotidiano urbano e social da família. Por conseguinte, Frei Sinzig era categórico em pautar-se no tipo de leitura que essas mulheres deveriam ou não fazer, pois a elas cabia a moralidade da família; caso contrário, poderiam se tornar uma ameaça, pois passavam a ocupar um lugar entre o público leitor, em particular de romances da época. Essa função da preservação da mulher como guardiã da moralidade da sociedade é também destacada por Oliveira (2003, p.333), que, ao relacionar a figura da mulher à educação, salienta:

Se é tal e não se pode negar a influência da mulher nos destinos da humanidade, posso estabelecer sem hesitação este asserto. A querermos seriamente reformar o ensino público, e com ele os nossos costumes, uma das primeiras coisas que devemos fazer é chamar a mulher em seu auxílio. Na verdade, a mulher que influi sobre tudo não pode deixar de influir sobre a instrução da mocidade. Como se entende o auxílio que a mulher pode prestar à instrução? De dois modos: fazendo-se elas promotoras da instrução, ou cuidando cada uma da instrução de seus filhos.

Diante deste aparato social, por meio de histórias alegóricas,175 ARGC176 busca mostrar, por meio de uma introdução intitulada como “maças de faces rosadas”,177 a

174 Para Paiva (1997), a preocupação de Frei Sinzig era desencadeada em face de uma significativa posição que a mulher passara a ocupar, enquanto guardiã por excelência dos bons costumes e da moral. Segundo Rago (1985), a mulher tornava-se cúmplice do médico na tarefa de moldar a família, em que teria sua importância enfatizada pelas entidades científicas. 175 Antes de iniciar as indicações e as restrições de leitura, Frei Sinzig apresenta histórias comoventes e metafóricas, com a finalidade de tencionar seus leitores à necessidade de uma sã leitura e, em contrapartida, às consequências de uma leitura tida por ele como contaminada (SINZIG, 1915a). 176 Apenas na edição de 1915a. 177 Apesar de existir diversas interpretações, o termo “maçã” para o cristianismo, tem uma relação direta com o livro de Gênesis, primeiro livro da Bíblia, em que Adão e Eva são exilados do Jardim do Éden, após desafiarem a ordem de Deus, comendo um fruto proibido. Embora a Bíblia não diga que tipo de fruto foi, mais tarde, interpretações de textos bíblicos, muitas vezes lhe deram a forma de uma maçã. Essa é possivelmente uma alusão ao simbolismo da maçã como um objeto sexual, o que faz todo o sentido, devido ao fato de Adão e Eva se envergonharem ao descobrirem a própria nudez (GUIMARÃES, 1972). O termo “faces rosadas” é adjetivante que qualifica a maçã. Ao utilizar o termo “maças de faces rosadas”, Frei Pedro Sinzig o associa (o termo) aos romances disponíveis e acessíveis nas bibliotecas do Rio de Janeiro no início do século XX, que poderiam ter títulos sugestivos e, entretanto, abrigar conteúdos tidos por imorais, capazes de contaminar gerações inteiras. Também tem referência às vitrines das bibliotecas. Essa associação também é realizada por meio de outros termos, tais como “Frutos em penca” (SINZIG, 1915a, p. 4), “O veneno a actuar” (SINZIG, 1915a, p.7), “Fructos podres” (SINZIG, 1915a, p.11), etc. Todos esses termos fazem correlatos a uma história fictícia, contada por Frei Sinzig, em que uma jovem mulher, de alguma maneira realiza a leitura de romances (maçãs), sempre sob a intermediação de um homem, e com isso, passa a ser contaminada (fruto podre). 118 vitimização de uma mulher que, quando exposta a um pomar de maçãs (livraria), diante de muitos frutos (títulos) contaminados, as come após o consentimento do pai e, assim, contamina-se e, como resultado, morre. Com isso, Frei Sinzig mostra que “gerações inteiras” são contaminadas (SINZIG, 1915a, p.2). Nesse contexto, utiliza-se da vulnerabilidade social da mulher, da responsabilidade da República e da família quanto ao fortalecimento da moral, principalmente da figura feminina:

[...] já entraram alguma vez numa das nossas grandes livrarias do Rio? Quaes maças de face rosadas, em todas ellas se apresentam lindos, de capas sedutoras e títulos sugestivos. Exercem uma quasi que irresistível facinação. Muitas mocinhas que passam, já não podem despreender o olhar da vitrine. Pedem ao pae ou ao irmão que as acompanhe; manuseiam esta ou aquela obra, folheiam esta ou aquella novidade literária, e não deixam de escolher a que mais seductora se lhes apresente. Horas depois o veneno começa a agir. Denuncia-se pelas faces córadas, que não sabem ocultar a sensação. Quando os paes dão fé, muitas vezes é tarde: murchou a flôr da inocência. (SINZIG, 1915b, p.3)

Essa figura da mulher é o grande mote de ARGC, que as tem como frágil e inocente. ARGC parte da premissa de que elas ficam aturdidas e tentadas diante dos romances-impropérios, que fazem apaixonar loucamente (SINZIG, 1923). Entretanto, como não se apaixonar, sendo que os romances indicados só trazem questões de moralidade e economia? Ao passo que os romances restritos trazem temas convidativos. Vejamos o exemplo de Uma paixão de mulher, de Cecilia Mariz, em que censura:

Pode ser assumpto bom e util quando tratado por um escriptor de principios christaos; o livro de Cecilia Mariz e tudo, menos util e honesto. Salta aos olhos a completa falta de pudor, duplamente censuravel e repugnante, quando as suas expressoes sao assignadas por um nome de mulher. (SINZIG, 1917, p. 209)

Em contrapartida, indica a leitura da obra A família de Moraes Gomes, de Hilda Leite Guimaraes:178

178 Um fato interessante é que, apesar de Frei Sinzig se justificar que não julga o autor e sim a obra do autor (SINZIG, 1915a, p. VI), em vários momentos, ao restringir a leitura de um romance de autor masculino, Frei Sinzig reserva comentários com certa condescendência quanto a um possível aperfeiçoamento da obra; entretanto, ao comentar um romance de autor feminino, recai sobre a pessoa, sobre o comportamento. Por exemplo, ao julgar a obra de Albertina Bertha, frisa “estremamente perigosa”, “espirito conscupiscente, obsecado pelo erotismo insaciavel”, “satisfacção carnal de sua luxuria... (SINZIG, 1917, p. 20).

119

Romance genuinamente brasileiro, onde os episodios, ora se arrastam sob uma pressão forte e violenta, ora saltitam e brincam numa encantadora exaltação de fé. As scennas descriptas, a da fazenda, a da cidade, a da estrada de ferro, todas ellas naturaes e espontaneas, ás vezes com certa originalidade, impressionam bem e dão á autora um estylo todo seu, que não sóbe á bombastissidade nem desce á giria batida dos folhetins. Enfim, um romance para jovens, que é ao mesmo tempo um compendio de educação civica e ainda contem paginas logicas e capitulos de apologeticas e para dentro das familias. S.d´A. (SINZIG, 1923, p. 60-61)

Além de ancorar-se na figura feminina, Frei Sinzig utiliza a relação intrafamiliar para adentrar com aquilo que pressupunha como educação, pois a felicidade da família era quesito dos objetivos republicanos. Ademais, a boa relação familiar do indivíduo era objeto de interesse, e, assim, todo modelo desviante, toda forma de relacionamento incontrolável, ameaçadora e impura, deveriam ser anulados. Diante disso, Rago (1985, p.26) destaca que a redefinição das relações familiares estava em jogo, e que se buscava um dado “gosto pela privacidade”, em contrapartida a “práticas populares” consideradas “ameaçadoras” para a estabilidade social. Portanto, a educação pela leitura era tema emergente, e Frei Sinzig encontrava na família um modo de adentrar nas consciências, pois a denominava uma auxiliadora na educação da sociedade. “Nem todos os paes tem bastante força de vontade e tempo – sem falar de outros pontos – para fazerem o mesmo. Eis porque tentei auxilia-los” (SINZIG, 1915, p. 9). Enfim, essa educação da consciência que invadia a família, especialmente através da figura feminina, somada a outros ditames, compunha o escudo de preservação social e guardiã da moral da sociedade da época. Portanto, ARGC marcou o período como uma das únicas obras de censura brasileiras. A esse respeito, salientamos sua importância para a Educação, pois muito embora tenha tido sua certidão de nascimento no Rio de Janeiro, circulou por todo o Brasil, entre livrarias e escolas, sobre as mãos e sob os olhos daqueles que tinham acesso à leitura, conforme já destacamos anteriormente. Portanto, é clara a ancoragem de ARGC para educação, principalmente entre escolas e professores do período, e, com isso, tal obra concedia uma dada autoridade a diversos educadores anônimos que a consultaram. Também subsidiava professores para cumprir as leis do período, leis essas que permitiam, na educação escolar, a exposição dos princípios de doutrina cristã (MOACYR, 1940). Dessa forma, a obra referida se fazia imprescindível para a educação. A exemplo, em fins das páginas de ARGC, na 120 edição de 1923, Frei Sinzig se ocupa de trazer “Catálogos e bons livros”, em que indica a leitura de livro escolares, 179os quais salienta terem sido indicados por “autores modernos”, em que, de forma sistemática, orienta o letramento das primeiras letras, conforme se nota- no Quadro 2 com obras que possuíam mais de uma edição, evidenciando-nos a relação de ARGC com a educação escolar.

Quadro 6: livros escolares indicados por Através dos romances: guia para as consciências (1923) Livro Edição da obra Primeiro Livro de Leitura 15 Segundo Livro de Leitura 8 Terceiro Livro de Leitura 4 Quarto Livro de Leitura 5 Primeira Arithmetica 1-20 7 Segundo Arithmetica 1-100 5

Terceiro Arithmetica 4 operações 5

Chave da Terceira Arithmetica (para professores) 3 Quarta Arithmetica (frações decimais e ordinárias) 3 Quinta Arithmetica (problemas de regra de três e juros) 3 Chave da quinta Arithmetica (para professores) 3 Lições práticas de gramatica e ortografia (para escolas 3 primárias) Fonte: ARGC (1923)

Deixando à parte a questão da educação escolar, ressaltamos que é arbitrário ou intransigente, mas tornou-se num importante instrumento de validação de normas e condutas, seja pelo lócus da Igreja ou da República e, com isso, materializou-se um discurso normatizador institucionalizado. E permitiu-nos esquadrinhar os materiais literários, através de obras e autores que circularam em fins do século XIX e início do XX no Brasil. Sobre isso, realçamos o fato de que, nas partes reservadas para anúncios e indicações de leituras de propagandas de outros materiais literários na edição de 1917

179 Ao fazer essas referências, Frei Sinzig justifica que tais livros foram compilados por professores da Escola Gratuita de São Jose (SINZIG, 1923, p.1037). 121 de ARGC,180 notamos a presença não somente de instituições ligadas à Igreja, como é o caso da Editora Vozes, mas também de órgãos que aparentemente se ligavam mais à República do que propriamente à Igreja, como é o caso do Jornal do Brasil181, que nesse período possuía uma ênfase muito mais estatal do que eclesiástica, conforme realçam Spannenberg e Barros (2016, p.3). Portanto, o que afirmamos é que ARGC aparece como indicação de um jornal que estava muito mais próximo da República do que da Igreja, levando-nos a aceitar que ARGC atuava em cooperação com a República. Assim, reafirmamos a importância de pesquisar sobre a relação entre impressos católicos e educação, como afirmam Orlando e Dantas (2008, p.13), ao frisar que o fim do século XIX e o início do século XX estão permeados por intervenções da Igreja na educação. Faz-se relevante um olhar mais atento para a educação de tal período, em que se verificam práticas e intencionalidades que a atravessaram, principalmente através de impressos. Portanto, foi-nos possível identificar uma atuação conjunta com a República, visando educar o indivíduo a partir da seleção de leitura e da educação da consciência, tendo como canal de entrada a família, através da figura da mulher. E mais, um tipo de educação não somente cristalizada na cristandade, mas pautada pelas concepções de civilidade, ordem e progresso social, oriundas de uma visão republicana. Nesse esteio, Frei Sinzig se colocou como garantidor dos valores da Igreja, ao lado de postulados republicanos. Para isso, ele utilizou de um tipo de educação deliberada, com um itinerário que o sujeito percorreria com ajuda dos meios sociais, principalmente da Igreja, que objetivava manter e direcionar as pessoas a certa moralidade considerada válida pela Igreja e por parte do sistema republicano do período (SINZIG, 1923, p.10). Portanto, sua finalidade, através de suas obras, foi conduzir as pessoas a uma conformidade social. Para isso, reuniu 6.657 autores, fez indicações e restrições, trazendo suas obras como um fio condutor, ora conformando, ora expondo deformações através da seleção de leitura.

180 Em algumas ocasiões, divulgação de outras obras do próprio Frei Sinzig. 181 É tido como o jornal mais antigo do Brasil. Criado no fim do século XIX, em um contexto de transição política e estabelecimento da República como uma nova forma de governo no País. Fundado por Rodolfo de Souza Dantas em abril de 1891, o periódico nasceu com cunho monarquista. Originalmente era composto por oito páginas de 120 por 51 centímetros, com capa em corpo 10 e textos distribuídos em colunas de seis centímetros. Não dispunha de muitas imagens, mas era distribuído em carroças (inovação para a época), que permitiam que os exemplares chegassem ao público de modo rápido e eficaz. Ainda antes da virada do século, precisamente em 1898, o JB iniciou a publicação de caricaturas e, em 1914, tornou-se o primeiro a ter cores em suas edições (SPANNENBERG; BARROS, 2016, p.6). 122

2.2.3. Uma educação da consciência invasiva: tema comum entre Igreja e República

Diante desse tema, visamos aproximar a inserção de ARGC no cenário da educação, proposta em fins do século XIX e início do XX, período esse, segundo Passos e Delgado (2005), marcado por um “rigorismo moral”, “repressão do corpo” e “medo”. A propósito, destacamos que esse período foi marcado por um forte interesse pelo desenvolvimento da educação brasileira, somado a inúmeras transformações do ponto de vista político, social e econômico, pois, com o advento da República, principalmente nas primeiras décadas, grandes discussões foram geradas em torno da precariedade do ensino, da organização escolar, do atraso dos métodos e dos processos de ensino, com vistas a promover iniciativas de reformas na educação. Além disso, essas discussões de reformas educacionais, conforme tratamos no Capítulo 1, além de serem provocadas pelas transformações políticas, sociais e econômicas que estavam ocorrendo no País, estavam ancoradas por ideias pedagógicas que chegavam da Europa, em favor da renovação de métodos e processos de ensino (BITTENCOURT, 1953; NAGLE, 1977). Paralelamente a tudo isso, a Igreja se inseriu na missão de educar para cristandade, sob novos paradigmas e objetos, próprios do seu momento histórico. Destarte, apesar de não serem postas com forte relevo, percebemos certas contradições, ou mesmo divergências entre Igreja e República. E aqui destacamos o fato de que o pensamento da educação católica encontrou abertura para dialogar com o ideário modernizante da República, proposto em fins do século XIX e início do XX, em que a educação era vista como um direito de todo cidadão, laica e não submetida, de modo geral, à aprovação da Igreja. Há de se considerar que nem a Igreja incitava seus fiéis contra o novo sistema republicano, nem o contrário. Dessa forma, a Igreja mantinha uma educação eclesiástica, como um dos fatores necessários à sua expansão (PASSOS; DELGADO, 2005). Assim, a educação era um tema convergente tanto para Igreja como para a República. Ambas depositavam nela certa esperança, viam-na (a educação) como uma forma de salvação social. Entretanto, a Igreja era mais idealizada na humanidade e a República, no progresso social. A respeito dessa esperança depositada na educação, Oliveira (2003, p. 58) expõe um pouco do se esperava dela:

123

Ninguém mais ignora que da instrução é que nascem os bons costumes, o amor ao trabalho, e todas as virtudes, que fazem a felicidade das nações. Que os povos contam seus progressos pela destruição das barreiras da ignorância, ou pelos elementos novos, que as conquistas do espírito oferecem ao desenvolvimento da civilização.

Sobre otimismo e esperança, ao abordar a educação entre fins do século XIX e início do XX, Nagle (1977, p.126) salienta uma tomada de posição do poder público, diante das precárias condições sociais, fazendo-o pensar (o poder público) em uma “doutrina” e um “programa de educação”. Em especial, a partir de 1915, iniciou-se um período de fortes discussões e pressionamento para um amplo desenvolvimento do sistema escolar, o que exigiu uma intervenção. Esse momento foi marcado por um “entusiasmo pela educação”, em que se construiu um dado “mito da educação” (TRINDADE; MENEZES, 2009, p.127), de que ela seria capaz de renovar a sociedade e levá-la a novos caminhos. Desse modo, a educação foi o meio mais próprio e eficaz de conduzir as pessoas a uma conformidade, visando ao seu próprio desenvolvimento.

O século XIX foi rico nos debates sobre as ideias pedagógicas e sobre o problema da instrução no Brasil. Através de publicação de livros, matéria em jornais e publicação de textos legais, aparece o interesse das elites pela educação. Ressalta-se no período o ideário civilizatório iluminista que se irradiava, a partir da Europa, para boa parte do mundo e também para o Brasil. Assim, estava fincada a ideia da necessidade de alargar as possibilidades de acesso a um número cada vez maior de pessoas às instituições educacionais e às práticas civilizatórias. (TRINDADE; MENEZES, 2009, p.129)

Junto a todas essas questões de tomada de posição, diante do contexto brasileiro da educação destacado por Nagle (1977), o Brasil conviveu com certo federalismo político, um liberalismo econômico e da educação,182 somados a novos ditames legais propostos pelo sistema republicano à Igreja, tais como a separação entre Estado e Igreja.183 Sobre essa separação, iniciada pelo padroado, Oliveira (2003) coloca em realce que uma das grandes dificuldades postas foi o restabelecimento de uma dada articulação

182 Na educação, sob a concepção federativa e liberal de Estado, o Governo permitiu delegar aos estados e municípios grande parcela de autonomia nos assuntos escolares. 183 Denominado como padroado, trata-se de um acordo (tratado) entre Igreja Católica e os Reinos de Portugal e da Espanha, mediante o qual a Igreja delegava aos governos locais sua administração e organização sob seus referidos domínios. Com isso, muitas das funções e atividades da Igreja Católica estavam sob a administração do poder político local, inclusive a nomeação de padres e bispos, assim como a construção de igrejas, ambos sob a autorização do papa (SANGENIS, 2004). 124 entre o aparelho eclesiástico e as grandes massas de pessoas. Sobre isso, Passos e Delgado (2005) salientam que a Igreja se articulou numa relação de conveniência, em que agregava o cristão e o cidadão ao mesmo tempo, fazendo com que a separação entre Igreja e Estado fosse mais formal do que prática. A par disso, entendemos que a República, por não ter se tornado “irreligiosa” (CORRÊA, 2010, p. 44), contribuiu para que a Igreja efetivasse sua atuação no território brasileiro, principalmente na educação184. Nesse sentido, destacamos como exemplo o fato de que algumas escolas brasileiras, apesar de toda a questão de laicidade da República,185 estabelecido pelo padroado, inseriu o catolicismo como componente moralizador na educação (CORRÊA, 2010), momento em que a Igreja inaugurou ações de atuação sobre a massa popular. A esse respeito, citamos os franciscanos no Brasil, que nessa nova fase de atuação da Igreja, se espalharam no Sudeste e no Sul, criando vários conventos, paróquias, tipografias, etc.186 Entre essas ações, colocamos em destaque a criação da Escola Gratuita de São José187 e de sua Typografia, os quais destacavam a educação como uma iniciativa civilizatória e moralizadora (CRUZ, 2014). Convém reforçar que, segundo Almeida (2016, p. 327), nas duas primeiras décadas do século XX, os católicos de Vozes de Petrópolis e do Centro da Boa Imprensa

184 Algumas escolas no Brasil – como exemplo destacamos o Colégio Progresso em Campinas –, apesar de toda a questão de laicidade da República, reconheceram a inserção da religião católica, como componente moralizador das alunas, sem o questionamento dos pais, os quais aspiravam e coadunavam com aqueles que defendiam o ensino laico (CORRÊA, 2010). 185 Sobre a laicidade da República, corroboramos as ideias de Sangenis (2004), que salienta que a laicidade, proposta no período, propunha de certa maneira uma liberdade social religiosa, e não um afastamento entre República e Igreja, o que justifica a não resistência e, certo de modo, o apoio da República ao trabalho da Igreja católica. Segundo esse mesmo autor, a laicidade (tratada em seu texto como sinônimo de secularização) é vista no século XIX a partir de uma moral que se baseia no bem-estar da vida presente, apartado e “independente” (p. 11) da crença religiosa; defende uma “moral racional”, segundo a qual todo homem, inclusive o ateu, está submetido a uma ordem de verdade, independente da religião, ou seja, não decorre do fato de conhecer ou não um Deus, mas de certa “disposição do temperamento, fortificado pela educação” (p. 23). Ademais, a laicidade não era antitética em relação à religião, mas clamava por uma liberdade religiosa, a qual emerge no contexto da sociedade e do Estado. Assim, o sentido da laicidade nunca foi referente àquele que não tem religião, mas, sim, àquele que não está submetido a uma, mas tem liberdade para escolhê-la. Portanto, esta será explicação possível para a ausência de conflitos expostos entre República no Brasil e Igreja, durante a virada do século XIX para o XX. 186 Sangenis (2004, p.30-31) realça que a história franciscana no Brasil é marginal em decorrência da ausência de embates políticos com o poder instituído, em que apresenta uma tênue visibilidade, optando conscientemente pelo silêncio, no entanto não deixa de afirmar que “com segurança, afirmar que a presença franciscana, no Brasil, contribuiu decisivamente na formação da nossa cultura”. 187A Escola Gratuita de São José, fundada em 1896 no Rio de Janeiro pelos franciscanos, tratava-se de uma escola destinada a meninos pobres, em especial a filhos de colonos (KIRCHNER, 2009), mantida pelo convento, pela Typografia da Escola Gratuita de São José e doações da população. Dirigida por professores leigos e três padres franciscanos, contava com um público de mil alunos (SINZIG, 1917, p. 288-289). 125 investiram na criação tanto de periódicos, como de instituições culturais que contribuíssem para a “recristianização” da República. A esse respeito afirma:

A questão religiosa alertou para a necessidade de uma mudança no regime do padroado que parecia não atender mais aos interesses do Estado e da Igreja, revelando o desejo por mudanças que conferissem ao clero brasileiro uma maior liberdade de ação sob a liderança do Vaticano. Ao mesmo tempo em que pareciam demonstrar que o Estado continuava mantendo seu controle sobre a Igreja, as penas impostas a dom Vital e dom Macedo Costa evidenciavam o esgarçamento de laços que foram finalmente rompidos quando do estabelecimento da República. Esta, no entanto, foi interpretada como uma salvação e uma ameaça pelos católicos brasileiros: ao mesmo tempo em que conferia a liberdade que lhes permitiria investir em sua reestruturação de forma mais autônoma, a separação do Estado privava a Igreja dos direitos e privilégios que ela usufruíra até então. Pressionada pela República, a Igreja buscou reorganizar-se criando novos seminários, escolas, dioceses e arquidioceses; renovando conventos e mosteiros e editando revistas e jornais, num esforço que contou com o apoio do Vaticano que patrocinou a transferência de um grande número de sacerdotes estrangeiros para o Brasil.

Assim, a Igreja se desenvolveu, buscando agregar o cristão e o cidadão,188 utilizando-se de um papel significativo no horizonte das pessoas, através das camadas sociais. Cabe salientar que nesse momento, apesar do padroado, a Igreja ainda exerceu uma forte influência na vida pessoas, controlando natalidade e moralidade, atravessando a sociedade em seus diversos níveis, de modo que tratar da educação nesse período sem falar da Igreja é correr o risco de desenvolver uma pesquisa incongruente, principalmente em fins do século XIX e início do XX, em que houve uma forte articulação entre fé e República, com divergências, aberturas e integração. Isso porque a missão da Igreja era alcançar a maior liberdade possível, sem perder o vínculo com a sociedade (PASSOS; DELGADO, 2005, p. 49-50). No entanto, essa missão era fatigante, pois a Igreja possuía poucas condições no que se refere à liderança, porque em meados de 1889, período em que se oficializou a Proclamação da República, a Igreja possuía apenas uma única província na Bahia, com 12 sedes sufragâneas, 700 padres e 9 seminários para os vocacionados ao ministério sacerdotal, diante de uma população de

188 De uma forma geral, existiam objetivos diferentes entre Igreja e República. Entretanto, a diferença desses objetivos, não as levou (Igreja/República) a uma desavença ou peleja. A República objetiva energizar a educação por meio da obrigatoriedade do ensino, vislumbravam um avanço em termos de escolarização, fator relevante para a concretização do regime republicano. Já a Igreja, uma educação enquanto purificação, enquanto herança, a mais valiosa, enquanto luz. Entretanto, ambos, em sintonia ou separados, produziam certa conformação social, visando constituir os indivíduos. 126

17.218,556 habitantes. No entanto, essa realidade foi sendo alterada, à medida que a Igreja iniciou uma série de atividades voltadas às massas populares, com a finalidade de formar cristãos cidadãos.

O mundo profano deve ser abandonado e o mundo religioso, anunciado pelo catolicismo, assimilado. Essa representação cruza com a educação, por isso, educar é formar cristãmente as pessoas. O elemento religioso desempenha um papel preponderante. Sua voz é memória cidadã. (PASSOS; DELGADO, 2005, p. 52)

Outra significativa modificação advinda com a República foi a separação Estado-Igreja. Tal medida causou, ao mesmo tempo, alívio e apreensão à hierarquia eclesial: “Alívio porque os novos tempos permitiam uma liberdade de ação ante o poder temporal há muito reclamada e apreensão porque o projeto da nova Constituição (1891) apresentava propostas evidentes de limitação da esfera de ação da Igreja Católica” (MIRANDA, 1969, p. 123). Uma das principais questões trazidas com essa separação foi a laicização do ensino público. Apesar de não percebermos um conflito iminente entre Igreja e República, a questão da laicidade e liberdade de ensino trouxe para a Igreja muita insatisfação, provocou polêmicas entre episcopado, políticos e o próprio governo. Isso porque a República associava a laicidade e a liberdade do ensino com o progresso da nação, e com isso opunha-se ao ideário da Igreja de formar cristãos cidadãos. No entanto, a Igreja, de forma silenciosa, atuava na conformação social religiosa, dentro das suas possibilidades de liberdade de ensino, que também passou a ter. É importante registrar que a Igreja não trazia perigos para a República, mesmo diante de possíveis divergências, nem instigava católicos contra o sistema republicano. Da mesma maneira, o regime republicano, apesar de seus propósitos, não trazia questões contra a Igreja. Sobre isso, sobrelevam Passos e Delgado (2005, p. 59):

[...] o regime republicano não promoveu uma perseguição religiosa, nem confiscou os bens eclesiásticos, como também não impediu a organização do ensino privado e católico. Isso foi um fator que contribuiu para a expansão do movimento educativo religioso. Nesse período houve um aumento considerável da rede escolar católica. No período de 1889-1930, chegaram ao Brasil 95 congregações religiosas femininas. O tema da educação católica foi um enfoque significativo nos documentos do episcopado.

127

Nessa relação entre Igreja e República, Balbino (2018) salienta que a República, ainda sem condições de assumir por completo a educação do povo brasileiro, mantinha boas relações com a Igreja através do seu episcopado, que se servia das congregações religiosas femininas vindas da Europa para oferta da educação, especialmente às filhas dos proprietários rurais e comerciantes.189

A preocupação com a formação das elites estava entre as prioridades dos republicanos em formar seus filhos e filhas para ocupar as funções importantes na administração pública, ampliando a autonomia política e administrativa dos Estados e garantindo o domínio das oligarquias regionais nas instituições e decisões políticas. Este contexto político leva os bispos a investir em ações de caráter estratégico, aproximando dos fiéis para tentar manter a hegemonia da fé católica e fortalecer os laços de obediência e dependência às instruções romanas. Uma das ações mais adotadas pelos bispos sulmineiros foram as visitas pastorais, por meio das quais se difundiam a doutrina católica, combatiam as heresias, pregavam os bons costumes e se tornavam conhecidos, fortalecendo a autoridade dos bispos frente ao povo. Incentivada desde o Concílio de Trento, será aperfeiçoada e praticada por todos os bispos ultramontanos na primeira metade do século XX. (BALBINO, 2018, p. 29)

Portanto, apesar da separação entre os poderes, a Igreja buscava atuar em cooperação, numa busca por certa conformação social, procurando garantir assim a disciplina e a ordem almejadas pela República. Essa atuação correspondia às orientações da Santa Sé, que pregava a boa harmonia entre os dois poderes e a prosperidade da população. Assim, é possível perceber certa junção entre República e Igreja, principalmente devido ao fato de que o discurso da Igreja não feria o status quo de autoridades republicanas, pois a Igreja dava ênfase, de certa forma, à cultura intelectual, que atendia aos interesses de uma elite letrada brasileira, bem como das classes médias urbanas. Da mesma forma, a educação proposta pela Igreja valorizava um tipo de família que ia ao encontro do programa de modernização da sociedade e da cultura, idealizados pela elite republicana.

189 Balbino (2018) desenvolve as relações entre Igreja e poder local na região sul-mineira, que são analisadas a partir das parcerias estabelecidas para oferta do ensino nas escolas confessionais. Seu objeto de pesquisa centrou-se na investigação sobre as relações entre Igreja, educação e poder local no Sul de Minas, atentando para as transformações próprias do período de transição do mundo rural para o urbano na região, num diálogo constante com o projeto de modernidade que se consolidaria ao longo da primeira metade do século XX. Nesse sentido, salienta que o discurso da Igreja aparentemente se opunha ao discurso dos intelectuais republicanos na fase de expansão dos ideais liberais, porém as práticas os aproximavam, visto que ambas não almejavam alterações na estrutura da sociedade. 128

Por outro lado, liberada das obrigações e do controle estatal, a Igreja fortaleceu sua hierarquia eclesial, ao atuar de forma contundente no que considerava como erros contemporâneos, ou seja, as concepções racionalistas e anticlericais, e aprofundou a ofensiva em favor da educação cristã. Portanto, nesse escopo, ARGC se inseriu como um guia para as consciências, que, de certa maneira, reativava a antiga predominância da Igreja, afirmando-se diante da nova situação política e social do período, pois a educação (seja ela formal ou não formal), nas perspectivas da Igreja e da República, era subsidiária para o progresso social. Entretanto, a perspectiva da Igreja incorporava uma visão de mundo, sociedade e homem, enquanto a da República estava ligada à ideia de liberdade para o progresso. Por fim, resta-nos salientar e (re)afirmar a importância de Frei Sinzig como um educador, e a relevância de ARGC para a educação brasileira. Portanto, persistimos em trazer algumas considerações desta parte da pesquisa que nos permitiu: a. Verificar que ARGC é uma fonte primária privilegiada, por compor-se de visões de mundo de determinado período da história composta de atravessamentos da Igreja e do recém-formado sistema republicano, em que educar pela leitura era uma das formas de conformação social. b. Notar que ARGC expõe certa relação entre Igreja e Estado, num período marcado pela secessão formal entre ambos, tido pela República como uma forma de progresso e pela Igreja, forçadamente, como oportunidade de alargar suas fronteiras. c. Notar como ARGC articula a reação da Igreja diante de vários movimentos sociais do período, tais como naturalistas, realistas, etc., e a maneira como ambos (Estado e Igreja), ora divergindo, ora convergindo, atuaram em relação a tais movimentos. d. Perceber como ARGC se articula sistematicamente, como um compêndio de recomendações à leitura de autores e autoras nacionais e internacionais, lidos de forma geral. e. Aproximar-nos de autores e autoras brasileiros, entre indicados e restritos, percebendo certa moralidade e conformação social do período. f. Trazer à tona vozes silenciadas do período. g. Colocar em evidência o esforço quantitativo da Igreja, com a finalidade de retomar espaços entre o novo sistema republicano, articulando-se em um refazer 129

da Igreja, diante da separação do Estado. Por isso, pode ser tido como um material de sobrepujamento da Igreja. Por isso, afirmamos que ARGC é uma evidência de nova aproximação da Igreja com o povo brasileiro, posteriormente à separação promovida entre Estado e Igreja, em que a educação da consciência, à guisa de educação invasiva por meio das famílias, através da figura das mulheres, constituiu uma forma de manter, renovar e expandir seu predomínio e prestígio entre o povo brasileiro. Portanto, as questões aqui apresentadas denotam uma efetiva intervenção sobre o meio social e, principalmente, educacional, reservado aos conceitos propostos nesta pesquisa sobre educação, mas também de uma educação escolar, como vimos. De um lado, os aspectos fundamentais das estratégias católicas de organização e mobilização que buscam preservar sua situação anterior; por outro, um sistema republicano, buscando a todo custo transformações em nome do progresso. No âmbito de tais questões, ARGC, por meio do seu autor, Frei Sinzig, empreende o esforço para articular os princípios morais católicos, presentes nas indicações e nas restrições à leitura, visando constituir indivíduos com determinada conformidade social.

130

CAPÍTULO 3 - A GOVERNAMENTALIDADE NA CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO: OBJETIVAÇÃO E SUBJETIVAÇÃO

Eu gostaria de dizer, antes de mais nada, qual foi o objetivo do meu trabalho nos últimos vinte anos. Não foi analisar o fenômeno do poder nem elaborar os fundamentos de tal análise. Meu objetivo, ao contrário, foi criar uma história dos diferentes modos pelos quais, em nossa cultura, os seres humanos tomaram-se sujeitos. Meu trabalho lidou com os modos de objetivação que transformam os seres humanos em sujeitos [...]. Necessitamos de uma consciência histórica do presente. Michel Foucault (1995, p. 231-232).

A citação que abre este Capítulo referencia a necessidade de uma consciência histórica. Assim, entendemos não se tratar de resgatar algo perdido, dominado e discriminado, que faça explicar o presente como consequência de sucessivas ações do passado, como lutas de classes, processos de exploração, etc. Pelo contrário, trata de nos justapor a uma consciência histórica datada e localizada, própria de nosso autor como referencial teórico principal (Foucault),190 permitindo-nos entender um dado histórico como acontecimento, forjado por regimes e jogos de verdade assumidos por distintas categorias discursivas. Portanto, apropriando-nos dos conceitos foucaultianos, passaremos a desenvolver a ideia de governamentalidade como uma forma de governo que visa constituir uma população controlada, classificada e disciplinada, através de relações de poder-saber, que têm como objetivo constituir sujeitos governáveis. Assim, pressupomos que o sujeito se conforma num jogo de governamentalidade, submetido a um jogo de objetivação191 e subjetivação.192

190 Em suas categorizações teóricas, Foucault jamais atua aleatoriamente e de forma geral. Em contrapartida, sempre se utiliza de bases e fontes de pesquisas localizadas e temporalmente datadas, ancoradas em diferentes realidades históricas e culturais. 191 Entendemos como objetivação os modos externos (ações) pelos quais as pessoas se tornam sujeitos. Exemplo: “sujeito produtivo”, “sujeito do trabalho”; “sujeito de sexualidade” (FOUCAULT, 1995, p.231). Portanto, pressupomos que, qualquer que seja o sujeito, ele foi submetido a um modo de objetivação, que acontece ancorado em condições históricas. Por isso é que, para conhecer o sujeito, segundo Foucault (1995), necessitamos conhecer os modos de objetivação desse sujeito e, portanto, “necessitamos de uma consciência histórica da situação presente”, pois a partir de então, seremos capazes de “compreender como fomos capturados em nossa própria história” (FOUCAULT, 1995, p.232). 192 Para uma tentativa de definição de subjetivação, nos ancoramos em Revel (2005, p.82) que a define essencialmente como a maneira como o sujeito faz a experiência de si mesmo, num jogo de verdade, no 131

Para Foucault (1984a), o sujeito se refere a uma substância não como essência, mas sim estética, ou seja, uma construção externa e aparente, resultado de uma dada realidade construída historicamente.193 Convém colocar em relevo que os modos de constituição desse sujeito, diante da governamentalidade, foram temas de interesse de Foucault. Portanto, nosso foco nesta parte do trabalho é expor a atuação da governamentalidade na constituição do sujeito, o que, através de diferentes modos, objetiva-o e subjetiva-o. Para isso, primeiramente desenvolveremos conceitos sobre a objetivação do sujeito na governamentalidade. Em seguida, abordaremos a subjetivação do sujeito diante da governamentalidade. Seguem-se depois os modos de objetivação e subjetivação do sujeito, na suposta constituição do sujeito feminino, através de três domínios194: ser-saber, ser-poder e ser-consigo, abordando os saberes como discursos que derivam de intencionalidades; o poder como práticas de poder que captura, divide e classifica o sujeito; a ética como sendo pensar sobre si.

3.1. A OBJETIVAÇÃO DO SUJEITO PELA GOVERNAMENTALIDADE NA CONSTITUIÇAO DO SUJEITO

Não propomos trazer todos os conceitos que se referem à governamentalidade e à constituição do sujeito, nem tampouco traçar uma linha retilínea do pensamento de Foucault, mas expor alguns pensamentos, como forma de problematização e análise para esta tese, que subsidiarão o capítulo posterior, permitindo assim, analisar a ação de Frei Sinzig sobre as mulheres; e, ao contrário e ao mesmo tempo, expor como uma dada governamentalidade atravessou a constituição dos sujeitos femininos, visando uma

qual se permite copnstituir-se como sujeito de sua própria existencia. Ora, se a objetivação consiste nos modos externos (ações) pelos quais as pessoas se tornam sujeitos, a subjetivação resume-se nos modos internos (repouso ou o desfecho) em relação aos modos de objetivação, ou seja, um processo. Cabe destacar que a subjetivação não é acabada, pois está em constante constituição, ou seja, em “perpétuo desprendimento”. Contudo, apesar de às vezes separamos no texto os conceitos como objetivação e subjetivação, eles são apenas meios didáticos no sentido de ponto de partida (a partir da visão de Frei Sinzig), entretanto, compreendemos que a objetivação acontece sob determinada subjetivação, ao passo que, a subjetivação também acontece sob dada inferência de uma objetivação. 193 Sob a guisa foucaultiana, para Freitas, Silveira e Mascia (2017, p.581), a constituição do sujeito está ligada às relações de poder, ao qual o indivíduo está submetido, num dado momento histórico-cultural. Essas condições formam o sujeito pelos tipos de constituição que se dão ao mesmo tempo e de diversas formas, ou seja: a objetivação e a subjetivação, conforme tratamos anteriormente. Assim, “os processos de subjetivação são constituídos pelos modos de objetivação que atravessam os sujeitos, e, ao mesmo tempo, estes se autoconstituem como sujeitos das suas próprias existências”. 194 Ancoraremos nossa concepção nos três domínios propostos por Veiga-Neto (2011). 132 determinada subjetivação no período em questão. E, no mesmo sentido, compreender as teias do processo de subjetivação de tais mulheres. Sobre essa governamentalidade, privilegiamos Segurança, território e população (1977).195 Nela, Foucault (2008, p.145) salienta que, a partir do século XVI, de forma simultânea, retomaram-se questões como o “governo de si”, “como se governar”, “como ser governado”, “como governar os outros”. Nesse sentido, faz um retorno à Antiguidade greco-romana, ao abordar temas dos séculos II e III, estendendo até o século XVIII, em que de forma pastoral, o Estado deveria cuidar da população (tida como figura de ovelhas), através de dispositivos de segurança e saberes econômicos, governando assim “massas de população”. Com isso, destaca a constituição de uma sociedade controlada e disciplinada (em especial no Ocidente). Portanto, depois de percorrer um longo caminho de projeções e perspectivas históricas do governo dos outros, Foucault (1979, p.164) propõe que esse governo dos outros não acontece através do macro e sim do micro poder e relações. Ainda sobre o governo, Foucault (1979, p.167) destaca a governamentalidade pautada em três princípios: “paciência, soberania e diligência”. A “paciência”, por possuir o poder de morte, mas não utilizá-lo.196 A “sabedoria”, relacionada àquilo que se deve procurar atingir no governo das pessoas. A “diligência”, como certa capacidade de governar. Dessa forma, Foucault (2008) traz uma governamentalidade que incide pacificamente sobre a população e atua de forma ativa e permanente, agindo no cerne da constituição do sujeito. Portanto, a atuação da governamentalidade acontece de forma pedagógica, não somente ancorada no corrigir para disciplinar, mas, principalmente, no constituir para corrigir; e, assim, disciplinando e controlando. Portanto, a governamentalidade possui uma ação estratégica na constituição dos sujeitos, pois é

[...] o conjunto constituído pelas instituições, os procedimentos, análises e reflexões, os cálculos e as táticas que permitem exercer uma forma bem específica, embora muito complexa, de poder que tem por

195 Segurança, território e população é uma obra com temas de alta relevância, tais como território, espaço urbano, população, etc. Nela Foucault (2008) focaliza, sobretudo, o que ele denomina como “sociedade de segurança” ou “biopolítica”, alicerçada no “poder sobre a vida”. Nela levanta questões sobre o poder que, fundado no papel da Igreja, teria dado origem ao poder soberano ou do próprio Estado moderno, que ele denomina de poder pastoral. Um debate central envolve a questão da governamentalidade, cuja aula principal sobre o tema já havia sido publicada anteriormente na coletânea “Microfísica do poder” sob o título “A governamentalidade”. 196 Foucault (1979, p.167) compara o poder na governamentalidade ao poder do zangão, salientando que ele reina sobre a colmeia sem ter necessidade do ferrão, ou seja, na governamentalidade não deve haver necessidade de ferrão, isto é, de um instrumento mortífero para exercer o governo: “deve ser mais paciente que colérico”. 133

alvo principal a população, por principal forma de saber a economia política e por instrumento técnico essencial os dispositivos de segurança. (FOUCAULT, 2008, p.143)197

Como justificativa para o surgimento desse tipo governamentalidade, Foucault (1979, p.169) apresenta algumas justificativas para o desenvolvimento e sua expansão (os quais estão fora do quadro jurídico da soberania, presentes nos sistemas de poder verticalizado). Primeiro, a expansão demográfica, ligada à abundância monetária e, por sua vez, o aumento da produção agrícola; segundo, a emergência dos problemas da massa da população, que fez com que ela fosse pensada de forma específica, a par de suas dificuldades iminentes, e não mais pensada de maneira global.198 Aqui entra em cena a estatística, para pontuar questões específicas da população, tais como grandes epidemias, a mortalidade endêmica, a espiral do trabalho e da riqueza, assim, permitindo quantificar os fenômenos próprios à população e suas especificidades.199 Sobre a questão de pensar a população nas suas especificidades, como tática da governamentalidade, alguns fatores são importantes para que a governamentalidade se mantenha e se solidifique. Dentre alguns, colocamos em relevo a ideia de família, tema tão importante. Nesse aspecto, convém ressaltar que a ideia de família sofre uma alteração de percepção social, ou seja, ela deixa de ser vista como um modelo de governo, na medida em que, a partir do século XVII, ela (a família) deixa de ser pensada como uma forma de governo (família global) e passa a ser concebida como um elemento interior da população (família interna) e como um instrumento fundamental de governamentalidade (FOUCAULT, 1979). A esse respeito, afirma:

Em outras palavras, até o advento da problemática da população, a arte de governar só podia ser pensada a partir do modelo da família, a partir da economia entendida como gestão da família. A partir do momento em que, ao contrário, a população aparece como absolutamente irredutível à família, esta passa para um plano secundário em relação à população, aparece como elemento interno à população, e, portanto, não mais como modelo, mas como segmento. E segmento privilegiado, na medida em que, quando se quiser obter

197 Convém salientar que o termo “governamentalidade” não é diretamente definido, assim possui um sentido lato e genérico, entretanto, sempre relacionado à arte de governar. 198 Tida por Foucault (1979) como uma família global. 199 A grande diferença da governamentalidade proposta por Foucault (1979), é que ela não é mais pautada (como em Maquiavel) na relação príncipe-posses, mas no príncipe-pessoas (relações). Cabe destacar que, para Foucault (2008, p.451), as relações das pessoas é grande desafio na governamentalidade a partir do século XVIII, diante dos problemas da coexistência e de uma “coexistência densa”. 134

alguma coisa da população − quanto aos comportamentos sexuais, à demografia, ao consumo, etc. − é pela família que se deverá passar. De modelo, a família vai tornar-se instrumento, e instrumento privilegiado, para o governo da população e não modelo quimérico para o bom governo. Este deslocamento da família do nível de modelo para o nível de instrumentalização me parece absolutamente fundamental, e é a partir da metade do século XVIII que a família aparece nesta dimensão instrumental em relação à população, como demonstram as campanhas contra a mortalidade, as campanhas relativas ao casamento, as campanhas de vacinação, etc. Portanto, aquilo que permite à população desbloquear a arte de governar é o fato dela eliminar o modelo da família. (FOUCAULT, 1979, p.169-170)

Segundo Candiotto (2010, p.38), essa transição de concepção de família coloca em relevo uma ferramenta importante na sua governamentalidade: a estatística. Isso acontece porque

a expansão demográfica do século XVIII propicia o desenvolvimento de uma ciência de governo e uma concepção diferente da economia, não mais centradas no modelo da família. A estatística, que na soberania somente funcionava no quadro da administração monárquica, tornar-se-á uma ciência de governo fundamental para tal desbloqueio. Essa nova ciência descobre que a população tem fenômenos específicos decorrentes de sua agregação, irredutíveis àqueles da família. É o caso das regularidades próprias da população, tais como taxas de natalidade, mortalidade, morbidade, endemia, epidemia, trabalho e riqueza. Quando a estatística realiza a quantificação dos fenômenos específicos da população com seus efeitos econômicos, a consequência disso é o desaparecimento da família como modelo econômico. Ainda assim a família continua sendo um segmento privilegiado da população, porque quando se quiser saber algo sobre o comportamento sexual, sobre a demografia e sobre o consumo, é imprescindível a passagem pela família.

Convém salientar que tal é a importância da estatística na governamentalidade, que Foucault (2008) a trata como um saber, eixo tão importante em Segurança, território e população, para direcionar as práticas da governamentalidade.

[...] a estatística, é o conhecimento do Estado, o conhecimento das forças e dos recursos que caracterizam um Estado num momento dado. Por exemplo: conhecimento da população, medida da sua quantidade, medida da sua mortalidade, da sua natalidade, estimativa das diferentes categorias de indivíduos num Estado e da sua riqueza, estimativa das riquezas virtuais de que um estado dispõe: minas, florestas, etc., estimativa das riquezas produzidas, estimativa das riquezas que circulam, estimativa da balança comercial, medida dos efeitos das taxas e dos impostos – são todos esses dados e muitos outros que vão constituir agora o conteúdo essencial do saber do soberano. Não mais, portanto, corpus de leis ou habilidade em aplicá- 135

las quando necessário, mas conjunto de conhecimentos técnicos que caracterizam a realidade do próprio Estado. (FOUCAULT, 2008, p. 365)

Portanto, Foucault (2000, p.148) nos deixa entender que a estatística balizará a população, nas suas diferentes práticas de governamentalidade, incidindo sobre ela técnicas diretas e indiretas de governo. Nesse sentido, o objetivo da governamentalidade é tornar a população em sujeitos controlados e disciplinados (FOUCAULT, 1979, p.170), sob olhares definidos e direcionados do Estado, e mais, conscientes daquilo que deveriam desejar, mas por vezes inconscientes daquilo que deveriam fazer. Consequentemente, surge, nesta face da governamentalidade, a necessidade de guias para as consciências. Portanto, a governamentalidade inscreve-se como uma arte ou, em todo caso, como táticas e técnicas novas de governo que eclodiram no século XVI e difundiram-se, não mais como manuais de conselhos ao monarca, mas como diferentes possibilidades de governar. Para isso, Foucault mostra que a questão das formas de governo se situa no âmbito individual, social, religioso, pedagógico, político, médico, filosófico, e que essas formas de governo se inserem numa população que é inconstante e variável: “Na verdade, a população não é dado primeiro, ela está na dependência de toda uma série de variáveis. A população varia com o clima” (FOUCAULT 2008, p. 92). Não obstante, convém ainda salientar que essa população variável se submete a uma governamentalidade que está diretamente interessada nas suas complexas relações, sendo essa uma das grandes marcas salientes da governamentalidade, que tinham sob escopo a oposição às formas de governo presentes na obra de Maquiavel (1469-1527), O príncipe (2002), que circulou entre o século XVI e o século XVIII, sendo objeto de repulsa e de indignação. 200

200 Candiotto (2010, p. 35) salienta, no seu trabalho sobre a governamentalidade, que o livro de Maquiavel foi louvado pelos seus contemporâneos e sucessores imediatos. pois, no século XVI, Florença estava assolada por conflitos e sendo invadida por estrangeiros. Maquiavel observa que os modelos de rei justo e bom já não serviam para seu tempo. Nesse sentido, destaca que o bom rei medieval que dava coisas para os súditos, agora deveria ser substituído por uma nova figura: bom administrador. Percebeu- se que o modelo medieval (justo e bom) era prejudicial à governamentalidade. Assim, sob a ótica foucaltiana, mostra que a questão no século XIX era como manter a soberania de um soberano sobre o Estado. Para isso, destaca que Maquiavel foi muito lido nesse período, principalmente em face do complexo contexto marcado pelas invasões napoleônicas, pelo problema da Revolução, pelo equilíbrio das relações de forças dos países europeus imposto pelo Congresso de Viena e pelos conflitos em torno da unidade da Alemanha e da Itália. Uma das razões da afluência ao seu pensamento se deve ao fato de que, no seu tempo, ele já tratara a respeito da unidade da Itália. 136

Todavia, o que Foucault procura mostrar é que todas essas formas de governo, através da governamentalidade, tinham como finalidade a constituição dos sujeitos, o que ele destaca ser objetivo maior em boa parte de suas obras e de sua vida, concebendo uma história dos diferentes modos pelos quais as pessoas se tornam sujeitos, através de modos de objetivação, que as transformam em sujeitos (FOUCAULT, 1995, p. 231). Com o intuito de esclarecer a compreensão foucaultiana moderna sobre a constituição do sujeito, Veiga-Neto (2011)201 evidencia que ele absorveu as noções de pensamento do “eu pensante” de Descartes, da “mônada” de Leibniz, do “sujeito do conhecimento” de Kant, todos esses teóricos determinantes na concepção foucaultiana de sujeito, que partiu do pressuposto de que o sujeito não é uma concepção dada, ou seja, preexistente ao mundo social. Assim, a sociedade é o nascedouro do sujeito. Portanto, a educação se insere como um aparelhamento na constituição dos sujeitos, em que ele (o sujeito), é “matéria prima” a ser trabalhada, seja para “levá-lo de um estado selvagem para um estado civilizado (como pensou Rousseau)”, seja para “levá-lo da menoridade para a maioridade (como pensaram Kant, Hegel e Marx)”, partindo da compreensão de que ele, o sujeito, é uma entidade natural e, assim, preexistente ao mundo social, político, cultural e econômico (VEIGA-NETO, 2011, p.108). Ademais, ao demonstrar a origem da filosofia foucaultiana sobre o sujeito, Revel (2005, p.84) destaca que

O pensamento de Foucault apresenta-se, desde o início, como uma crítica radical do sujeito tal como ele é entendido pela filosofia de Descartes e Sartre, isto é, como consciência solipsista e a-histórica, auto-constituída e absolutamente livre. O desafio é, portanto, ao contrário das filosofias do sujeito, chegar a uma análise que possa dar conta da constituição do sujeito na trama histórica.

Veiga-Neto (2011, p.110-111), sublinha que Foucault não foi absolutamente o único, nem mesmo o primeiro a se despir dessa noção moderna de sujeito, enfatizando que outros filósofos e sociólogos, tais como Nietzsche, Heidegger, Wittgenstein, Norbert Elias, já haviam se desfeito da ideia de um sujeito naturalmente constituído. No entanto, coloca em relevo o fato de que Foucault foi o filósofo que, de forma mais trabalhada e objetiva, demonstrou como esse sujeito se constitui através de modos de

201 Veiga-Neto é um dos autores de destaque, que nos últimos anos, tem apresentado abordagens referentes às diversas contribuições de Foucault para a área da educação em geral. Na obra em citação, faz uma síntese clara e sucinta das principais inquietações, possibilidades e mesmo contribuições que o pensamento de Foucault pode trazer para a educação. 137 subjetivação202 que transformam a população em sujeitos, sejam eles: arqueologia, enquanto campos de saber; genealogia, enquanto práticas de poder que dividem e classificam; e ética, referente ao que o sujeito pensa sobre si.203 Assim, as práticas e os saberes estão sempre ancorados historicamente, enquanto a ética se estabelece numa convergência de si do sujeito. Portanto, para entender o sujeito, é necessário compreender suas convergências (de si para si) em decorrência de saberes e práticas históricas. 204 Somado a isso, a teoria de Foucault baseia-se numa genealogia histórica, que deve buscar conhecer as formas de sujeição, a partir da história dos saberes, dos discursos, dos domínios de objetos, etc., pensando o sujeito como objeto historicamente constituído, com bases externas, conforme já dissemos.205 Neste contexto de conhecer as formas de sujeição, Foucault (1995) destaca que a constituição do sujeito, de forma que possa saber de si, é um dos grandes temas da modernidade,206 principalmente a partir do século XIX, em que prevalece um complexo arsenal de técnicas disciplinares e procedimentos de normalização, com um conjunto formidável de saberes postos a serviço da produção do sujeito, pois esse saber de si acontece através das relações sociais, em que as pessoas são conduzidas a certas afirmações e identificações de si e, com isso, são marcadas pelas suas diferenças. Isso porque, numa sociedade das diferenças, para a constituição de singularidades, à medida que as pessoas afirmam quem são, voltando-se para si mesmas, ligam-se a uma identidade e, com isso, constroem sujeitos numa ordem totalizadora e homogênea, segundo padrões de conformidade social, códigos morais, etc. Apesar de parecer certa redundância, na forma como escrevemos, a sujeição do sujeito à sua própria identidade é uma forma de controle, classificação e disciplina. Portanto, é nesse sentido que Foucault (1995, p.

202 Desenvolveremos esses três modos de subjetivação mais adiante. 203 Foucault trabalha as técnicas de subjetivação na obra o Sujeito e poder, da qual traremos citações mais adiante. 204 Foucault (1995) apresenta dois significados importantes para o sujeito. Primeiro, o sujeito como assujeitado, ou seja, como alguém que sofreu o controle e a dependência externa para sua constituição. Segundo, a prisão da sua própria identidade, através de um autoconhecimento de si. 205 Como exemplo dessa busca de conhecer o sujeito constituído na exterioridade, Revel (2005) cita a obra As palavras e as coisas, de Foucault, em que procura compreender como o sujeito pôde, numa certa época, tornar-se um objeto de conhecimento e, inversamente, compreender como esse estatuto do conhecimento teve efeitos sobre as teorias do sujeito como ser vivo, falante e trabalhador. 206 Segundo Veiga-Neto (2011, p.107), Foucault deu as costas para as metanarrativas (grandes narrativas) iluministas, tais como “o sujeito desde sempre aí”, pois, ao invés de aceitar que o sujeito é algo dado, Foucault dedicou-se a averiguar não apenas como se constituiu essa noção de sujeito, que é próprio da modernidade, mas também as maneiras como nós mesmos nos constituímos como sujeitos modernos, ou seja, de que maneira tomamos essa entidade que chamamos de sujeitos. 138

235) expõe certa sujeição (que acontece no social) para a constituição do sujeito, como uma forma de poder.

Esta forma de poder aplica-se à vida cotidiana imediata que categoriza o indivíduo, marca-o com sua própria individualidade, liga-o à sua própria identidade, impõe-lhe uma lei de verdade, que devemos reconhecer e que os outros têm que reconhecer nele. É uma forma de poder que faz dos indivíduos sujeitos.

No entanto, essa formação de sujeitos não é tão pacífica ou simples como talvez possa parecer. Em certa medida, Foucault (1995, p. 236) aponta que existem no seio da população certas “batalhas contra o governo da individualização”, em que se desenvolve uma série de “oposições”. Cabe frisar que, para Foucault (1995), essas oposições não são apenas lutas antiautoritárias, principalmente por serem oposições transversais, que não diretamente objetivam um inimigo maior, mas que se voltam aos efeitos do poder imediato, local, cotidiano, contemporâneo e, assim, questionam diretamente as formas de governo das pessoas, bem como os privilégios do saber, impostos à população. Em geral, a principal finalidade dessas oposições não é atacar as instituições de poder, ou mesmo as elites ou classes, mas, antes, atacar a forma como o poder se estabelece e se impõe sobre as pessoas,207 visando questionar o que somos (Aujklàrer), ou melhor, recusar o que somos. A esse respeito afirma: “temos que promover novas formas de subjetivação através da recusa deste tipo de individualidade que nos foi imposto há vários séculos” (FOUCAULT, 1995, p.139). Essas novas formas de subjetivação acontecem por meio de uma incisão epistemológica que rompe com o pensado e contra uma ordem proposta ou imposta por uma trama de poder e relações (FOUCAULT, 2008).208 Por isso Foucault (1979, p. 6) destaca:

E preciso se livrar do sujeito constituinte, livrar-se do próprio sujeito, isto é, chegar a uma análise que possa dar conta da constituição do sujeito na trama histórica. E isto que eu chamaria de genealogia, isto é, uma forma de história que dê conta da constituição dos saberes, dos discursos, dos domínios de objeto, etc., sem ter que se referir a um sujeito, seja ele transcendente com relação ao campo de acontecimentos, seja perseguindo sua identidade vazia ao longo da história.

207 Para Foucault (1995, p.135), existem três formas de oposição (lutas): 1. contra as formas de dominação étnica, social e religiosa; 2. contra as formas de exploração, ou seja, que separam os indivíduos daquilo que eles produzem; 3. contra aquilo que liga o indivíduo a si mesmo e o submete. 208 Para Foucault (2008, p. 140), a população é o “fim” e o “instrumento” de governo. 139

Portanto, é importante compreender as tramas de poder das relações da população, pois, para Foucault (2008, p. 143-145), a população e as suas relações são os adjacentes da governamentalidade. A esse respeito, o autor faz uma crítica sobre Maquiavel (1469-1527), demonstrando o “governo das coisas” como um governo das relações entre as classes, e não mais as formas de relações entre súditos e o seu Príncipe, e discute a maneira como nascem as relações de poder. Assim, as formas de governo se assemelhavam ao pastorado – governo de exemplos, em que a obediência envolve aceitar o sistema existente, que, para ele, é “um sistema complexo constituído pelos homens pelas coisas”, o qual trata de cuidar das possibilidades de relações da população (FOUCAULT, 2008, p. 129). Nesse sentido, acontece uma transição de uma soberania, anteriormente centrada no Príncipe, e que passa a estar centrada Estado. São, porém, baseadas em princípios diferentes, pois, enquanto a soberania do Príncipe estava centrada na mantença do governo monárquico, a do Estado centrava-se numa metodologia tática intencional de governo das pessoas, a governamentalidade. Diante disso, Foucault (2008) salienta que na governamentalidade a concepção de soberania foi alterada, pois o poder não estava mais ligado apenas a uma pessoa, como o príncipe, mas estava pulverizado entre a população; portanto, era um poder que não podia ser simplesmente tomado e levado adiante. Por conseguinte, ao trazermos essas questões referentes à concepção de poder, notamos que a governamentalidade incide num sentido eminentemente político nas formas de governo da população. Para esclarecer isso, Foucault (2008, p.41) utiliza exemplos políticos e sociais, como a escassez e a revolta, as quais devem ser evitadas – principalmente a segunda – no governo das pessoas, pois a escassez gera a revolta e expõe a fragilidade de “má fortuna”, tanto da população como do governo. Assim, ele conclui: “a revolta urbana é a grande coisa a evitar no governo” (FOUCAULT, 2008, p.41). Portanto, ao tratar de escassez, revoltas, etc., Foucault (2008) preocupa-se em mostrar que as pessoas não estão livres da governamentalidade, a qual sublinha como complexa e considera que se impõe às pessoas, visando constituí-las em sujeitos governáveis. Nesse sentido da governamentalidade, Branco (2015, p. 43) pondera que não se pode sujeitar as pessoas sem atuar diretamente na consciência delas, ou seja: “implica um conhecimento da consciência e uma aptidão em dirigi-la”. Enfim, é uma governamentalidade que busca dirigir as consciências, com saberes e práticas externas, como forma de constituição dos sujeitos, controlando-os e classificando-os. 140

Sobre essa governamentalidade das consciências, Foucault (1990, p. 3)209 destaca que a partir do século XV, antes mesmo da Reforma, houve uma verdadeira “explosão da arte de governar os homens” nas sociedades civis, discutindo métodos e formas. E aponta alguns domínios variados e comuns, tais como: a ideia de governamentalidade separada do foco religioso, ou seja, a laicidade, a multiplicação da arte de governar crianças, mulheres, pobres, mendigos, família, etc. Assim, a governamentalidade passa ser uma das questões fundamentais.210 Foucault (1990, p. 2- 3) aprofunda ainda mais esse assunto na aula de 27 de maio de 1978, mostrando que tinha uma aproximação com a pastoral cristã, advinda da Igreja grega (techné ou technôn) e romana latina (ars artium), em que se buscava não somente direcionar o comportamento, porém, mais precisamente, a “direção de consciência”, como a arte de governar as pessoas.

[...] a Igreja cristã enquanto ostentava uma atividade precisamente e especificamente pastoral, desenvolveu esta ideia – singular, creio eu, e absolutamente estranha à cultura antiga – que cada indivíduo, quais sejam sua idade, seu estatuto, e isso de uma extremidade a outra da sua vida e até no detalhe de suas ações, devia ser governado e devia se deixar governar, isto é conduzir à sua salvação, por alguém que o ligue numa relação global e, ao mesmo tempo, meticulosa, detalhada, de obediência. (FOUCAULT, 1990, p.2)

Associando essa ideia de direção de consciência à arte de governo, ao iniciar a aula de 29 de março de 1978, Foucault (2008, p.420) expõe a governamentalidade como sendo a capacidade moderna de

[...] manipular, em manter, em distribuir, em restabelecer relações de força, e relações de força num espaço de concorrência que implica crescimentos competitivos. Em outras palavras, a arte de governar se desenrola num campo relacional e forças. É isso, ao meu ver o grande limiar de modernidade dessa arte de governar.

No entanto, convém sublinhar que os séculos XIX e XX foram marcados por uma solidificação de ações críticas em relação à formação de certa subjetivação, para a

209 Utilizamos a referência do ano de 1990 para citações, por tratar-se de uma conferência proferida em 27 de maio de 1978. Disponível em: http://michel-foucault.weebly.com/textos.html. Acesso em: 01 abr. 2018. 210 Foucault (1990, p.3-4) salienta que houve uma multiplicação de todos os tipos de governamentalidade, tais como a “arte pedagógica”, “arte política” e a “arte econômica”.

141 qual Foucault (1990, p. 4) chamou a atenção como sendo “a arte de não ser de tal forma governado”, ou seja, não ser “governado assim”. Portanto, foi um período marcado por críticas contra as formas de subjetivação social, destacando certa crise contra as formas de governo.

Eu não quero dizer com isso que, na governamentalização, seria opor numa sorte de face a face a afirmação contrária, nós não queremos ser governados, e não queremos ser governados absolutamente. Eu quero dizer que, nessa grande inquietude em torno da maneira de governar e na pesquisa sobre as maneiras de governar, localiza-se uma questão perpétua que seria: “como não ser governado assim, por isso, em nome desses princípios, em vista de tais objetivos e por meio de tais procedimentos, não dessa forma, não para isso, não por eles; e se se dá a esse movimento da governamentalização, da sociedade e dos indivíduos ao mesmo tempo, a inserção histórica e a amplitude que creio ter sido a sua, parece que se poderia colocar deste. (FOUCAULT, 1990, p. 3)

Dessa forma, Foucault (1990) pretendeu realizar uma crítica às verdades sociais postas, conduziu um questionamento, com a finalidade de constituir um ethos, embasado numa racionalidade crítica.211 Assim, contrariando a constituição do sujeito, Foucault (2008) retomou a filosofia cartesiana e demonstrou a necessidade do governo de si, como ato de liberdade. A esse respeito de como governar-se, destaca:

Como se conduzir? Regulae ad directionem ingenit, meditationes, tudo isso são categorias, são formas de prática filosófica que haviam reaparecido no século XVI em função dessa intensificação do problema da conduta, o problema de conduzir/conduzir-se como problema fundamental, que ressurge nesse momento ou, em todo caso, que adquire nesse momento uma nova forma não especificamente religiosa e eclesiástica. [...] Com o século XVI, entramos na era das condutas, na era das direções, na era dos governos. (FOUCAULT, 2008, p. 309)

Como dissemos, Foucault (1979) desenvolveu não somente a ideia de que o sujeito é constituído no tempo histórico, mas salienta que as verdades também são construções históricas, que se aplicam ou desaparecem a cada sociedade no tempo e no

211 Para isso, Foucault (1990) vê a Aufklärung de Kant como a pedra angular do modo de filosofar sobre a relação entre a verdade e o sujeito, ou seja, o modo como múltiplas constituições do sujeito atuam na formação da subjetivação, frente aos conjuntos de regras de produção de verdade. Assim, faz uma opinião contrária à noção tradicional de sujeito, diante de uma dada governamentalidade. 142 espaço, pois não existe uma verdade, mas verdades que são postas por uma dada governamentalidade. Sobre isso, evidencia:

A verdade é deste mundo; ela é produzida nele graças a múltiplas coerções e nele produz efeitos regulamentados de poder. Cada sociedade tem seu regime de verdade,212 sua “política geral” de verdade: isto é, os tipos de discurso que ela acolhe e faz funcionar como verdadeiros; os mecanismos e as instâncias que permitem distinguir os enunciados verdadeiros dos falsos, a maneira como se sanciona uns e outros; as técnicas e os procedimentos que são valorizados para a obtenção da verdade; o estatuto daqueles que têm o encargo de dizer o que funciona como verdadeiro. (FOUCAULT, 1979, p.12-13)

Para Foucault (1979, p.14), essa verdade carrega uma validação dupla, ou seja, uma validação científica e institucional, que é produzida e transmitida sob um controle não exclusivo, mas dominante, por pessoas credenciadas e instituições validadas. Portanto, a governamentalidade no governo da verdade será sempre política e de confronto social, pois a subjetivação por vezes se conformam, outras vezes se chocam e se cotejam. Isso porque as verdades trazidas por pessoas credenciadas e instituições validadas carregam efeitos específicos de poder. 213 Para Foucault (1990), essa verdade presente na Modernidade (verdade essa comparada ao período Helenístico Romano)214 visava transmitir aos sujeitos outras verdades, capazes de dotá-los de aptidões, capacidades e saberes, as quais não possuíam até então. Ou seja, essas verdades tinham cuidado com o tempo verbal, com a finalidade de objetivar os sujeitos, impondo-lhes regras necessárias para que outras verdades pudessem produzir neles efeitos e mutações. De modo geral, a governamentalidade sob a ótica do poder constituí sujeitos, sempre a par de uma dada intencionalidade. Sobre

212 Segundo Veiga-Neto (2011) os regimes de verdade estão ancorados num enunciado que se estabeleceu para atender a determinada vontade de verdade, que também visa atender uma vontade de poder. 213 Convém esclarecer o poder contido nessas pessoas credenciadas, ou mesmo nas instituições validadas. Trata-se do mesmo tipo de poder, apenas com efeitos específicos diferentes, pois, para Foucault (1995), o poder está em níveis variados, em pontos diferentes da rede social, ou seja, espraiado por todo tecido social, uma vez que não existe ponto de partida ou final do poder, “o poder não é algo que se detém como uma coisa, como uma propriedade que se possui ou não. Não existe de um lado os que têm poder e de outro, aqueles que se encontram dele alijados. Rigorosamente falando, o poder não existe, existe sim relações e práticas de poder. O que significa dizer que o poder é algo que se exerce, que se efetua, que funciona” (MACHADO, 1995, p. XIV). 214 Foucault (1990) utiliza-se de três períodos principais: período Socrático-Platônico (IV a.C.); período Helenístico-Romano (I-II d.C.); período Ascético-Monástico (III-IV d.C.). 143 isso, ao tratar da positividade do poder215 em Genealogia do poder, Machado (1995, p. XVII) evidencia que a governamentalidade na Modernidade tem como finalidade gerir a vida das pessoas, controlar suas ações, visando ao aproveitamento de suas potencialidades, ou seja, é ela “que manipula seus elementos, produz seu comportamento, enfim, fabrica o tipo de homem necessário ao funcionamento e manutenção da sociedade industrial, capitalista”. Portanto, ela é “produtora de individualidade”. A isso assim se refere: “o indivíduo é uma produção do poder e do saber” (MACHADO, 1995, p. XIX). Essa produção de um sujeito intencionalizado, em especial a partir do século XIX, era uma forma específica de dominação, diferente de outras sociedades predecessoras, em que se buscava instaurar certa dissimetria entre os sujeitos, com a finalidade de que

A ação do homem sobre o corpo, o adestramento do gesto, a regulação do comportamento, a normalização do prazer, a interpretação do discurso, com o objetivo de separar, comparar, distribuir, avaliar, hierarquizar, tudo isso faz com que apareça pela primeira vez na história esta figura singular, individualizada – o homem – como produção do poder. Mas, também ao mesmo tempo, como objeto de saber. (MACHADO, 1995, p. XX)

Essa produção do poder como resultado sobre as pessoas não recebe mérito bom ou ruim, pois o que interessa nas relações de poder é gerir a vida dos homens (biopoder),216 controlá-los em suas ações (governamentalidade), para que seja possível e

215 Machado (1995, p. XVI) salienta que o poder tem seu lado negativo, ou seja, “reprime”, “realça”, “censura”, “abstrai”; no entanto, ele possui certa positividade, visando à eficácia produtiva. Ainda sobre essa positividade, salienta que o poder não destrói o indivíduo, ao contrário, “ele o fabrica” (p. XX). 216 Apesar de não privilegiarmos o desenvolvimento do conceito de “biopoder”, cumpre-nos destacar tratar-se de um conceito surgido no ocidente moderno, enveredado de práticas direcionadas ao controle e à regulação dos processos vitais da população. Assim, o poder sobre a vida é tido por Foucault (2008) como modo de orientar e conduzir população, levando em conta sua realidade biológica fundamental, que se estabeleceu desde o século XVII, a partir de saberes e práticas de controle principalmente urbano, tais como epidemias e medidas sanitárias. Ele o define como “[...] conjunto dos mecanismos pelos quais aquilo que, na espécie humana, constitui suas caraterísticas biológicas fundamentais” (FOUCAULT, 2008, p.3), submetido a uma estratégia política de poder. Salientamos que o biopoder é tido como uma das ferramentas da governamentalidade que transforma a vida em objeto de poder. Assim, o biopoder constitui-se como tática de governo, para conclusão de suas finalidades e objetivos (da governamentalidade). No entanto, para desenvolver a governamentalidade através do biopoder, Foucault (2008, p.234) chama atenção para necessidade de uma chamada “servidão integral”, em que as pessoas atuam sabendo o que fazer, sem saber o porquê de fazer. Para que isso ocorra, faz- se importante atuar em duas direções complementares e distintas: primeiro, na constituição de condutas e comportamentos. Segundo, no controle da consciência. Nessa guisa, a governamentalidade deve instituir verdades e obediências, em submissão e direção a uma proposta de salvação, que atua com objetivo de uma dada conformidade social. 144 viável “utilizá-los” no diagrama de uma sociedade industrial e capitalista, e assim “manipular seus elementos, produzir seu comportamento, enfim fabricar o tipo de homem necessário ao funcionamento e manutenção da sociedade” (MACHADO, 1995, p. XVI-XVII). Portanto, nessa governamentalidade, o sujeito é “resultado de um processo de objetivação, que se dá no interior de redes de poderes, que o capturam, dividem, classificam” (VEIGA-NETO, 2011, p. 55). “Em outras palavras, nós nos tornamos sujeitos pelos modos de investigação, pelas práticas divisórias e pelos modos de transformação que os outros aplicam e que nós aplicamos sobre nos mesmos” (VEIGA- NETO, 2011, p.111). Entretanto, para Foucault (1984a), afirmar que o sujeito é um efeito das relações de poder e saber, como vimos e veremos a seguir, não significa que ele está submetido de forma incontornável, podendo falar em sujeitos livres, mesmo como aquele que está sendo sujeitado. Contudo, mesmo sujeitados, eles possuem um campo de possibilidade para várias condutas e comportamentos. Em resumo, o poder só pode ser exercido sobre sujeitos livres, pois ele (o poder), só pode exercer-se sobre algo que é livre, pois, se não houvesse possibilidade de resistência e de reação, não seria necessário o poder, uma vez que nada poderia ser diferente do que já é. Assim, podemos entender poder e liberdade como um par que se provoca a cada instante, e não como exclusão mútua. Essas provocações entre liberdade e poder ocorrem a partir de um exercício sobre si mesmo, do governo de si. Entretanto, cabe-nos indagar como o sujeito é constituído a partir de práticas que lhe são exteriores, que o subordinam por práticas de si, que são relações interiores e autônomas? Para isso, nos ocuparemos da próxima seção: a subjetivação do sujeito diante da governamentalidade.

3.2. A SUBJETIVAÇÃO DO SUJEITO FRENTE À GOVERNAMENTALIDADE

Para início, destacamos que a ação da subjetivação em relação à governamentalidade é uma ação reativa, resultante de uma objetivação ora posta e sequente a ela, pois cabe realçar que se refere à experiência de si mesmo, em que o sujeito se relaciona consigo. Ora, em linhas gerais, se a objetivação trata de ação teoricamente ativa, a subjetivação trata de uma ação passiva às determinações históricas e do trabalho de si sobre si. 145

Sublinhamos que entendemos o sujeito como constituinte de uma dada subjetivação, a qual é produto de ações exteriores nos modos de objetivação. Ademais, essa subjetivação trata de uma construção social e coletiva, exterior ao sujeito, ou seja, como uma prática social, submetida a padrões de verdades mutáveis, compartilháveis (ou não), que conduz as formas de saber “[...] o sujeito se constitui, não é sobre o fundo de uma identidade psicológica, mas por meio de práticas que podem ser de poder ou de conhecimento, ou ainda por técnicas de si” (REVEL, 2005, p. 85). Ainda mais, por subjetivação, corroborando o que afirma Revel (2005, p. 82), entendemos um “processo” no qual o sujeito se constitui diante de modos de objetivação. Para tanto, desenvolveremos esta parte do texto, buscando afirmar os modos de objetivação,217 que transformam as pessoas em sujeitos com uma dada subjetivação, por considerar que as pessoas são constantemente sujeitos objetivados. 218

No curso de sua história, os homens jamais cessaram de se construir, isto é, de deslocar continuamente sua subjetividade, de se constituir numa série infinita e múltipla de subjetividades diferentes, que jamais terão fim e que não nos colocam jamais diante de alguma coisa que seria o homem. (FOUCAULT apud REVEL, 2005, p. 85) 219

Como temos afirmado, de forma geral, o sujeito, sob o prisma foucaultiano, é um sujeito histórico produzido na sua própria história, sob “jogos de verdade”,220 que o ligam e o assujeitam, marcando-o e classificando-o. Ademais, para Foucault (1990),

217 Foucault (1995, p. 231) é um dos autores que deu um trato distinto às questões da constituição do sujeito: “[...] meu objetivo tem sido elaborar uma história dos diferentes modos pelos quais os seres humanos são constituídos em sujeitos”. Esses diferentes modos são chamados modos de objetivação ou formas de subjetivação (REVEL, 2005). Ele elege três formas distintas de objetivação: primeiro, o sujeito se dá a conhecer pela ciência, como objeto de estudo, ou seja, como um ser que produz economias, além de ser parte de uma história biológica e natural; em segundo plano, está o processo de objetivação, em que destaca o sujeito como prática divisória, isto é, como divisão em si mesmo e dos outros, o que resultará em seus estudos sobre a segregação social entre loucos, prisioneiros, etc., em comparação com a parcela tida como sadia; em terceiro, caracteriza-se pelo modo como o homem se dá como sujeito, ou seja, o conhecimento de si e as práticas de si levam o homem a constituir-se como sujeito. 218 Analisando as obras foucaultianas, Revel (2005) destaca que os modos de objetivação correspondem a dois processos: primeiro, os modos de objetivação que transformam as pessoas em sujeitos; segundo, a maneira pela qual a relação consigo, por meio de técnicas, permite que o sujeito constitua sua própria existência. 219 Entrevista de Foucault. 220 A fim de esclarecimento, entendemos como jogos de verdade aquilo que se refere a um conjunto de regras de produção da verdade, ou seja, um conjunto de procedimentos pelos quais a verdade é instituída, ou não (destituída) por meio de práticas dos sujeitos constituídos. 220 Paralelos aos regimes de verdade, estão os chamados jogos de verdade, remetendo-nos a um plano ético, como relações entre verdadeiro e falso, construídas, e que balizam o entendimento que cada um tem do mundo e de si mesmo. “As balizas indicam aquilo que pode e que deve ser pensado, ou seja, um regime de verdade em que se dão esses jogos” (VEIGA-NETO, 2011, p.82). 146 quando tratamos do sujeito, não estamos nos referindo a uma substância propriamente dita, mas sim a formas de sujeito (subjetivação), por considerar que o sujeito assume socialmente diferentes formas em sua manifestação. Para isso, existe a necessidade de uma hermenêutica do sujeito, que busque perscrutar as suas diferentes formas, diante dos jogos de verdade. Para ele, a constituição histórica dessas diferentes formas de sujeito é o grande tema de suas pesquisas, pois seu objetivo era criar uma história dos diferentes modos pelos quais as pessoas se tornam sujeitos submetidos a modos de subjetivação. Convém salientar que para essa condição, de estar diante de sua própria subjetivação, Foucault trata de “práticas de si”, “técnicas de si” e “cuidado de si” (FOUCAULT, 2010, p. 4-5).221 Essas “práticas”, “técnicas” e “cuidados” atravessaram a governamentalidade, propondo uma determinada ética, ancorada em jogos de verdade.222 Portanto, o que Foucault (2010) propõe é uma história da subjetivação, mas não através de uma relação binária e dualista, que classifica louco e são, doente e sadio, etc., mas através das formações e transformações das relações consigo mesmo, que ocorreram no contexto histórico-cultural. Em continuidade, Foucault (2010, p.15) evidencia a importância das técnicas de si na Antiguidade, demonstrando que o tema foi um fio condutor para estudos sobre a subjetivação.

Temos pois, com o tema do cuidado de si, uma formulação filosófica precoce, por assim dizer, que aparece claramente desde o século V a.C. e que até os séculos IV-V d.C. percorre toda a filosofia grega, helenística e romana, assim como a espiritualidade cristã. Enfim, com a noção de epiméleia heautou, temos todo um corpus definindo uma maneira de ser, uma atitude, formas de reflexão, práticas que constituem uma espécie de fenômeno extremamente importante, não somente na história das representações, nem somente na história das noções ou das teorias, mas na própria história da subjetividade ou, se quisermos, na história das práticas da subjetividade.

Nessa história da subjetivação (ou das práticas de subjetividades), Foucault (1984a, p. 260), salienta que a ideia de ética tem a ver com o cuidado de si, que

221 Foucault (1984a, p.264) não atribui a origem do “cuidado de si” puramente ao cristianismo, pois, apesar de o cristianismo buscar o cuidado de si através da salvação, esse cuidado de si envolve renúncia a si mesmo. A esse respeito não trata diretamente. Em contrapartida, esse sujeito tratado por Foucault, não é o sujeito como essência, mas um sujeito constituído. 222 Para demonstrar como esse sujeito se constitui, Foucault (2006) busca, na Antiguidade Grega, formas em que ele se constitui. 147 culminara numa chamada “prática da liberdade”. Assim, procura mostrar como o sujeito se constituía de uma forma determinada, através das práticas de si, que se constituiriam a partir dos jogos de verdade. Ou seja, por fatores binários e dualistas (exemplo loucura/sanidade) e pela projeção (comparação) consigo mesmo. Dessa certa forma, a subjetivação se constituiu na relação das pessoas com o seu contexto histórico-cultural, ou seja, a partir dos regimes de verdades da sua contemporaneidade. Tais regimes nem sempre são impostos, mas por vezes podem ser apenas postos a uma contemporaneidade, permitindo às pessoas viver suas experiências. Convém salientar que nosso autor (Foucault) não é um libertador, nem se apresenta como tal, no sentido daquele que lhe concede condições de libertar-se ou de afastar-se de dadas práticas sociais, só porque elas são impostas ou postas por determinada contemporaneidade. O que propõe são “práticas de liberdade”, mais do que processos de libertação, e, com isso, a possibilidade de abrir novos campos para novas relações de poder (FOUCAULT, 1984a, p. 260-261). Nessa prática de liberdade, Foucault (1983) mostra que regras e normas instauradas, em que as pessoas são levadas a dar sentido e valor a sua conduta, a seus deveres e mesmo a seus prazeres e sentimentos, podem ser pressupostos para que se conheça a subjetivação, através de uma investigação pautada nos jogos de verdade, em que se possibilite problematizar, e assim conhecer as tramas de constituição de uma verdade; e, com isso, aproximação do movimento se faz entre a objetivação e a subjetivação na constituição dos sujeitos. 223 E mais, Foucault (1995, p. 234) mostra não somente a possibilidade de verificação através dos jogos de constituição de regras e normas, condutas e deveres, mas também a verificação de como a resistência atuará contra as diferentes formas de poder. A esse respeito destaca que a resistência consiste num “catalisador químico, de modo a esclarecer as relações de poder, localizar sua posição, descobrir seu ponto de aplicação e os métodos utilizados”. Ainda sobre a resistência, salienta:

223 Foucault (1983) procura mostrar como os jogos de verdade se constituíram através da experiência. Para isso, ancora-se na Antiguidade Grega, nos prazeres sexuais, ao problematizar através das “práticas de si”. Foucault propõe uma genealogia do homem, de desejo da Antiguidade Clássica, à cristandade. Ao analisar as formas de problematização, percebe que a cristandade teria associado o sexo ao mal e ao pecado, enquanto a antiguidade grega o teria vinculado ao bem. Com isso conclui que no cristianismo havia um sistema coercitivo organizado por uma moral unificadora, já entre os gregos eram propostas, e não imposições. 148

[...] um poder só pode se exercer sobre o outro na medida em que ainda reste a este último a possibilidade de se matar, de pular pela janela ou de matar o outro. Isso significa que nas relações de poder há necessariamente a possibilidade de resistência, pois se não houvesse possibilidade de resistência – de resistência violenta, de fuga, de subterfúgios, de estratégias que invertam a situação –, não haveria de forma alguma relações de poder. (FOUCAULT, 1995, p. 234)

E mais,

Qualquer luta é sempre resistência dentro da própria rede do poder, teia que se alastra por toda a sociedade e a que ninguém pode escapar: ele está sempre presente e se exerce como uma multiplicidade de relações de forças. E como onde há poder há resistência, não existe propriamente o lugar de resistência, mas pontos móveis e transitórios que também se distribuem por toda a estrutura social. (FOUCAULT, 1995, p. 241)

A resistência224 é uma recusa ao poder que assujeita o sujeito, pois incide contra a submissão de uma objetividade. Portanto, resistência é modo de subjetivação. Com isso, Foucault (1995) enfatiza que o poder só se exerce sobre sujeitos que são tidos como livres, pois o poder não pode confrontar-se com a liberdade, apenas com a escravidão, no sentido daqueles que não são capazes de reconhecer a si mesmos, isso porque não há choque ou cotejo entre poder e liberdade, pois a liberdade é própria para existência do poder. Diante disso, afirmamos que a governamentalidade atua de forma mais evidente, onde há ausência de liberdade. Portanto, trata-se do exercício de poder da governamentalidade aos que não possuem liberdade. Por fim, ressaltamos a importância das obras de Foucault em pesquisas que se debruçam de alguma maneira sobre a subjetivação, pois elas nos incitam a perscrutar os jogos e os regimes de verdade na constituição dos sujeitos e de seus assujeitamentos. E mais, mostram as possibilidades do sujeito de subverter-se e resistir aos diversos assujeitamentos constituídos em sua subjetivação.

3.3. MODOS DE SUBJETIVAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO FEMININO

Foucault (1995, p. 234-235) evidencia que o século XX teve uma série de oposições, entre as quais destacamos a oposição dos homens às mulheres. Elas não são

224 Para tratar sobre o tema “resistências”, teremos separadamente um capítulo. 149 oposições “antiautoritárias”, mas “formas de resistência”, conforme vimos anteriormente. Ou seja, elas contrariam as diferentes formas de poder, como ponto de partida. De forma mais clara e objetiva, ele define as oposições como oposições transversais, ou seja, não era contra uma política ou um governo em particular, mas contra formas de poder, contra o “governo da individualização”, contra os efeitos do poder, relacionados ao saber. No entanto, há de se ressaltar que as obras de Foucault não tratam diretamente de questões relacionadas ao gênero feminino ou masculino, enfatizando suas diversidades, tanto dentro das culturas como entre elas, mas abordam forma como o poder, sob uma dada governamentalidade, atuou na constituição desses sujeitos de forma geral. Algumas pesquisas, tais como a de Navaz e Nardi (2007), afirmam certa ausência no trato da questão feminina e certa exclusividade masculina em suas reflexões. A esse propósito, buscam estabelecer um diálogo entre Foucault e o feminismo, mantidas as diferenças e as tensões que lhes são constitutivas, pretendendo problematizar alguns aspectos a partir do olhar dos estudos feministas.

Além da crítica feminista a Foucault em sua omissão da questão de gênero na construção histórica da sexualidade e da subjetividade, o uso de formas masculinas de práticas eróticas como modelo generalizante a partir da sexualidade antiga igualmente tem sido alvo das problematizações feministas. [...] Uma vez que a erótica – constitutiva da subjetividade humana – é tomada a partir do modelo masculino em Foucault, o pressuposto aí encontrado é o de que o modelo erótico masculino – que valoriza o modelo fálico e representa relações eróticas como necessariamente hierárquicas – é transferível para a erótica feminina. Foucault constrói uma visão da sexualidade baseado na erótica masculina da Grécia Antiga, uma erótica definida por Foucault como uma relação hierárquica entre um sujeito ativo e um partner passivo. (NAVAZ; NARDI, 2007, p.55)

Não temos a finalidade de adentrar em discussões sobre feminidade, pois afirmamos entender que as questões de poder e governamentalidade na produção dos sujeitos têm muito a ver com a questão de formação de subjetivação feminina, isso porque os modos de subjetivação atuam em diferentes realidades, sejam homens ou mulheres. Ademais, Foucault não buscou tratar de nenhum tipo de gênero, mas dos sujeitos, aludindo tanto ao gênero masculino como ao feminino, pois ambos estão mergulhados em certa constituição de sujeitos, externamente subjetivados. Aqui, pretendemos mostrar as inegáveis contribuições de Foucault para a possibilidade de constituição de uma nova subjetivação, que se oponha à conformidade 150 social presente em cada contemporaneidade, mesmo diante dos dispositivos de dominação que produzem sujeitos a partir da submissão a uma moralidade hegemônica, legal, moral e religiosa. Portanto, cabe-nos perguntar: quais são os principais modos de subjetivação que assujeitam os sujeitos? Para responder a esta questão, nos ateremos a perscrutar quais são as relações de domínio de si sobre si, ou de conhecimento de si por si, buscando evidenciar os três modos de subjetivação que visam transformar as pessoas em sujeitos. A respeito desses três modos de subjetivação, ancoraremos nos três domínios propostos por Veiga-Neto (2011), a saber: o primeiro domínio é o do ser-saber, chamado arqueológico, ancorado na análise de Foucault sobre os discursos. O segundo, o do ser-poder, tido como genealógico, a partir de estudos de Foucault sobre as relações de poder; e, por fim, o terceiro, o do ser-consigo, chamado por Foucault de ética, por constituir-se o modo como as pessoas se compreendem como sujeitos, num determinado contexto sócio-histórico-cultural.

3.3.1. “Ser saber”: o saber pressupõe categorizações discursivas que se constituem sob intencionalidades

Para esse momento, privilegiamos a obra a Arqueologia do saber (1969) 225 de Foucault (1997), que metodologicamente demonstra que o pensamento e o conhecimento se constituem sob as regras, operando nas consciências das pessoas e, com isso, constituindo sujeitos. Para tanto, os discursos são tomados como forma de projetar as consciências, assim eles surgem e se mantêm, de acordo com um conjunto vasto e complexo de relações institucionais, pautadas por rupturas ou permanências. Nesse sentido, Foucault (1997) buscou sobremaneira tratar de questões relativas às estruturas que constituem os conhecimentos e os saberes. Para isso, desenvolveu o discurso como objeto do saber. Dessa forma, seu interesse não foi focar os fatos em si, mas, sim, perscrutar tudo aquilo que disseram e dizem sobre os acontecimentos. Isso porque o que foi dito instaura uma realidade atrelada ao discurso, e, sendo as pessoas seres discursistas, o objetivo da arqueologia será de ater-se à forma como as pessoas

225 A arqueologia do saber (1969) trata da efetiva elaboração do pensamento de Foucault (1977), no sentido de solidificar as bases investigativas da ciência, sobretudo ao promover uma revisão dos conceitos que enfatizam a natureza da história epistemológica. Nela, critica primordialmente a psiquiatria e a medicina e inaugura uma nova dinâmica do pensamento filosófico, ao centrar seus estudos na vida e nos processos de subjetivação. 151 constituem sua própria existência. Ou seja, o discurso dá vida e morte às coisas na história dos acontecimentos. Assim, o sujeito não existe a priori, mas é construído discursivamente. Portanto, entender a constituição do discurso é de suma importância para compreender o saber. Para isso, Foucault (1997, p. 132-133) define o discurso como “um conjunto de enunciados, na medida em que se apoiem na mesma formação discursiva”. E mais, estão ligados a um momento histórico, ou seja, a uma “unidade e descontinuidade” na própria história, abruptos em “meio às cumplicidades do tempo”. Para ele (Foucault), o discurso se define como um

[...] conjunto de regras anônimas, históricas, sempre determinadas no tempo e no espaço, que definiram, em uma dada época e para uma determinada área social, econômica, geográfica ou linguística, as condições de exercício da função enunciativa. (FOUCAULT, 1997, p. 133)

Para Foucault (1984a, p. 177), o discurso possui poder, porque instaura verdades e constitui sujeitos, “pois aquele que tem a possibilidade de formular verdades também tem um poder, o poder de poder dizer a verdade e de expressá-la como quiser”.226 Nesse sentido, os discursos potencializados pelo poder se constituem ancorados em questões históricas. Dessa forma, quando o sujeito se ocupa de um dado tempo histórico, faz uso de discursos não separados de tramas históricas e intencionalidades, sejam elas implícitas ou explícitas. Portanto, o discurso são práticas históricas, que constroem significados. Para Foucault (1997, p. 8), a história é

[...] o que transforma documentos em monumentos e que desdobra, onde se decifravam rastros deixados pelos homens, onde se tentava reconhecer em profundidade o que tinham sido, uma massa de elementos que devem ser isolados, agrupados, tornados pertinentes, inter-relacionados, organizados em conjuntos. Havia um tempo em que a arqueologia, como disciplina dos monumentos mudos, dos rastros inertes, dos objetos sem contexto e das coisas deixadas pelo passado, se voltava para a história e só tomava sentido pelo restabelecimento de um discurso histórico; que poderíamos dizer, jogando um pouco com as palavras, que a história, em nossos dias, se volta para a arqueologia – para a descrição intrínseca do monumento.

226 Para Foucault (1984a, p.178), o poder não é um mal, apenas jogos estratégicos de poder. 152

Portanto, para Foucault (1997, p. 50) existe uma trama de relações que caracteriza a prática discursiva e com isso a formação do sujeito, pois ele não existe por ele mesmo, mas como resultado de uma complexa rede de discursos, em que se desenvolve a partir de relações de “instituições, processos econômicos e sociais, formas de comportamento, sistemas de normas, técnicas, tipos de classificação, modos de caracterização”. Concluímos, então, que os sujeitos estão relacionados a um conjunto de regras e tramas, que lhe permitem sua constituição, ancorados numa rede de discursos. Assim, seu aparecimento é histórico. Portanto, apontamos que o discurso deve ser analisado em paralelo ao monumento, já que o monumento é também uma construção discursiva, ocorrida no tempo e no espaço, com bases culturais, econômicas, sociais, etc. E, nesse sentido, o discurso está sempre relacionado a um sistema de formação através de diferentes estratégias que nele se desenrolam (FOUCAULT, 1997). Como então trabalhar (pesquisar) com o discurso como monumento histórico? Foucault (1997) orienta-nos a debruçar-nos, a compreender o sistema de formação discursiva amparados nas regularidades existentes e previstas na constituição do discurso. Para ele, esses elementos discursivos podem levar a compreender o sujeito, como resultados dessa trama discursiva. Para finalizar, o estudo do sujeito não pode ser feito com base única, mas sim pautado em aspectos diversos, isso porque é primeiramente histórico, e não se pode dizer qualquer coisa, em qualquer época, sob o risco de anacronismo. Além de que, os sujeitos não preexistem a eles mesmos, mas existem e estão ligados a um feixe complexo de relações. Por certo, essas relações se estabelecem no tempo e no espaço, ligadas a monumentos históricos, associadas a “instituições, processos econômicos e sociais, formas de comportamento, sistemas de normas, técnicas, tipos de classificação, modos de caracterização” (FOUCAULT, 1997, p. 50), que, de forma objetiva, não aparecem no discurso, por não estar no corpo do objeto do discurso ou discursivo do sujeito, mas são possíveis de compreender, pois estão previstas nos limiares e nos entremeios do discurso. Portanto, compreender o discurso requer categorizá-los, ancorando-os a uma temporalidade, na relação direta com o contexto sócio-histórico-cultural, já que, conforme vimos, segundo Foucault (1977, p.37), eles (os discursos) estão “dispersos no tempo”, cabendo ao pesquisador verificar as regras que permitiram sua emergência em épocas diferentes, a partir de categorizações; e assim encontrar certas formações discursivas. 153

Em certa medida, cabe salientar que consideramos como categorização o processo pelo qual os discursos são reconhecidos, ligados a regimes e jogos de verdade. Em linhas gerais, a categorização discursiva consiste nos modos como os discursos são organizados, ancorados em verdades com direcionamentos específicos. Destarte, esses direcionamentos de verdade categorizam o discurso, de modo a sujeitá-lo, o que, segundo Foucault (1999, p. 36-37), ocorre mediante procedimentos externos que tratam de seu ordenamento, de modo a atender à imposição de regras aos sujeitos do discurso ou ainda determinar suas condições de funcionamento.

[...] trata-se de determinar as condições de seu funcionamento, de impor aos indivíduos que os pronunciam certo número de regras e assim de não permitir que todo mundo tenha acesso a eles. Rarefação, desta vez, dos sujeitos que falam; ninguém entrará na ordem do discurso se não satisfizer a certas exigências ou se não for, de início, qualificado para fazê-lo.

Assim, as categorizações discursivas permitem-nos notar as problematizações discursivas. Como exemplo, citamos História da sexualidade: sobre o uso dos prazeres,227 em que Foucault (1984b) problematiza as questões sexuais (século I e II), através de categorizações, tais como “paganismo”; “Cristianismo”; “moral”; “moral do sexo”; etc., em que faz uma diferenciação entre a Antiguidade Clássica e a Era Cristã: mostra a mutabilidade, sentido e regularidade do discurso e destaca que o cristianismo teria dado uma conduta mais voltada ao alto valor moral espiritual desses pontos; difere, assim da moral pagã, que teoricamente inseria o seu discurso num contexto menos restritivo. Com isso, salienta como os indivíduos se assujeitavam a tais modos de sujeição. Aplicamos esse exemplo, para frisar que as categorias discursivas se submetem a procedimentos de sujeição,228 os quais, segundo Foucault (1999), expõem certa

227 Foucault (1984b, p.9) salienta que seu objetivo, em História da sexualidade: sobre o uso dos prazeres, era ver de que maneira, nas sociedades ocidentais modernas, constitui-se uma "experiência", ou seja, de que maneira os indivíduos são levados a reconhecer-se como sujeitos de uma "sexualidade", que abre para campos de conhecimentos bastante diversos e se articula num sistema de regras e coerções contemporâneos a ele (Foucault). Seu projeto era, portanto, o de trazer a história da sexualidade como experiência, entendendo experiência como a correlação numa cultura, entre campos de saber, tipos de normatividade e formas de subjetivação. 228 A obra que melhor trata desses procedimentos é A ordem do discurso (1999). Para ele, o primeiro desses procedimentos é o ritual, sendo a “forma mais superficial e mais visível desses sistemas de restrição”, pois indica o grau de especialização que os sujeitos do discurso devem possuir para a eles terem acesso, definir gestos, comportamentos, circunstâncias, e todo o conjunto de signos que devem acompanhar o discurso (FOUCAULT, 1999, p. 39). O segundo são as sociedades de discurso, responsáveis pelo resguardo de segredos, ou seja, por um jogo de “não permutabilidade” de 154 maleabilidade de alguns discursos, enquanto outros parecem impenetráveis, como uma proibição. Contudo, convém destacar que essas categorizações discursivas são entremeadas de saber e poder. Assim, a arqueologia é aplicada ao saber, enquanto a genealogia é utilizada para investigar o poder. Contudo, ambos são comunicáveis (o saber e o poder) e constituidores do conceito de regime de verdade foucaultiano. Portanto, a verdade não é uma essência atemporal, que paira sobre todos, pois ela (a verdade) não existe fora do poder. Assim, cada contemporaneidade estabelece tipos de categorizações discursivas, fazendo-as funcionar como verdadeiras. Por isso, para Foucault (1984a), as categorizações são verdadeiros efeitos do poder/saber e as categorizações podem ser tidas como máscaras discursivas, constituídas em cada sociedade, como efeitos do “ser poder”, “ser saber” e “ser consigo”.

3.3.2. “Ser poder”: práticas de poder que o capturam, dividem e o classificam

Para este momento, atemo-nos principalmente à obra de Foucault Genealogia do poder (1970).229 Nesta obra, ao autor interessa expor como o conceito de poder eclode nas relações entre indivíduos e instituições. Busca mostrar que não existem sociedades livres de relações de poder, das quais as pessoas são resultados imediatos. E essas relações acontecem através dos modos de objetivação, que ocorrem nas redes de poderes, que os capturam, dividem e classificam. Ademais, não se trata de um poder macro, mas micro, que atravessa a estrutura social em suas extremidades.

Trata-se de captar o poder em suas extremidades, lá onde ele se torna capilar; captar o poder nas suas formas e instituições mais regionais e determinados discursos para com agentes externos. A ela (a sociedade do discurso), cabe a função de “conservar ou produzir discursos, mas para fazê-los circular em um espaço fechado, distribuí-los somente segundo regras estritas, sem que seus detentores sejam despossuídos por essa distribuição” (FOUCAULT, 1999, p. 40). O terceiro procedimento envolve a apropriação social dos discursos, que compõe o último dos mecanismos de sujeição do discurso. Ele toma os sistemas de educação como “maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem consigo” (FOUCAULT, 1996, p. 44), o que sinaliza que, em sua função de difusora dos discursos, com isso, a educação se coloca em um jogo de permitir ou impedir o acesso a eles. 229 Genealogia do poder (1970) surgiu após a publicação de Vigiar e punir (1975) e de História da sexualidade I: A vontade de saber (1976), complementando o projeto de uma arqueologia do saber. O objeto de interesse de Foucault foi o poder como elemento capaz de explicar como se produzem os saberes e como nos constituímos na relação entre eles (saber/poder). Enquanto em Arqueologia do saber (1969) objetivou verificar as gêneses e as transformações dos saberes no campo das ciências humanas, em Genealogia do poder (1970) procurou analisar o surgimento dos saberes, que se dá a partir de condições de possibilidade externas aos próprios saberes. Assim busca mostrar que não existem sociedades livres de relações de poder. Os indivíduos são o resultado imediato dessas relações de poder. 155

locais, principalmente no ponto em que, ultrapassando as regras de direito que o organizam e delimitam, ele se prolonga, penetra em instituições, corporifica-se em técnicas e se mune de instrumentos de intervenção material, eventualmente violentos. (FOUCAULT, 1979, p.182)

Ancorado em Foucault, Revel (2005) mostra que a partir do século XVII o poder esteve fortemente relacionado à produção, ou seja, à ideia de que as pessoas deviam produzir. Portanto, elas eram fortemente submetidas a uma governamentalidade, cuja racionalidade era uma economia política produtiva.

Essa disciplinarização sofre, por seu turno, uma modificação, na medida em que o governo dos indivíduos é completado por um grande controle das “populações”, por meio de uma série de “biopoderes” que administram a vida (a higiene, a sexualidade, a demografia) de maneira global a fim de permitir uma maximização da reprodução do valor. (REVEL, 2005, p. 69)

Dessa forma, notamos que o poder não pode ser visto de maneira global e centralizada, mas espraiado pelos diversos setores da sociedade, funcionando como uma rede de dispositivos ou mecanismos que atravessam toda a sociedade e de que nada nem ninguém escapa. Portanto, não se trata de um poder vertical, como vimos anteriormente (relacionado ao Estado), mas sim da existência de uma série de relações de poder, que se colocam na vida em sociedade e, segundo Foucault (1979), não deve ser visto em termos de soberania, de proibição ou de imposição de uma lei. Com isso, Foucault não quer negar a importância do Estado – apenas tem um outro foco, pois sua intenção é demonstrar que as relações de poder ultrapassam o nível estatal e se estendem por toda a sociedade. Com isso, sob os preceitos foucaultianos, notamos que na modernidade não apenas o Estado foi uma forma de controle e de formação da subjetivação através de uma governamentalidade, mas também a Igreja, a escola, as ciências, a fábrica, o quartel, o hospício, etc., que, sob um viés econômico, objetivaram uma racionalidade capitalista. Posto isso, corroboramos a afirmação de Danner (2009, p.788-789):

[...] o poder não é uma coisa, uma propriedade que pertence a alguém ou alguma classe; não existe, de um lado, aqueles que detêm o poder (dominantes) e, de outro, aqueles que a ele estão submetidos (dominados). Na realidade, “o Poder” não existe. Existem, sim, práticas ou relações de poder. Logo, o poder é algo que se exerce, que se efetua, que funciona em rede e que, portanto, deve ser entendido 156

antes como uma tática, manobra ou estratégia do que uma coisa, um objeto ou bem.

Assim, compreendemos que o poder atua como uma maquinaria, não está localizado em um lugar específico, mas se dissemina por toda a estrutura social e a perpassa. Ou seja, trata-se de relações de poder que constituem um sistema de poder, a partir de instituições que mantêm uma relação direta com o social. Portanto, “o poder está em toda parte; não porque englobe tudo, e sim porque provém de todos os lugares” (FOUCAULT, 2017, p.89). Assim, justifica-se o interesse de Foucault (2017, p.16) em executar uma analítica do poder, pois desejava verificar a história dos sistemas de moral (pelo prisma das interdições), ou seja, “saber sob que formas, através de que canais, fluindo através de que discursos o poder consegue chegar às mais tênues e mais individuais das condutas”.230 Posto isso, convém destacar que as lutas contra o seu funcionamento (do poder), não podem ser feitas externamente, pois nada e ninguém está livre de poder, já que ele está, como vimos, em toda parte e se exerce como uma multiplicidade de relações. Em resumo, Danner (2009, p.790) corrobora:

Em suma, Foucault rejeita a idéia de poder inspirada no modelo econômico, do poder como mercadoria, como um bem que se possui. Um aspecto importante da analítica do poder de Foucault é a adoção do modelo da guerra à inteligibilidade das relações de poder. Assim, o poder é guerra, guerra prolongada por outros meios. Ou seja, o poder é luta, enfrentamento, disputa, relação de forças, estratégia, onde se tem por objetivo acumular vantagens e multiplicar benefícios.231 Portanto,

230 Foucault (1984b, 1985, 2017) constrói a História da sexualidade” dividida em três volumes: A vontade de saber, O uso dos prazeres e O cuidado de si. Portanto, podemos situar o primeiro mais voltado à analítica do poder. Entretanto, após oito anos (período que separa esse volume dos dois seguintes - O uso dos prazeres e O cuidado de si, ele deixa o eixo do poder e transita em do prol de fazer, a partir das práticas de si, uma história das problematizações éticas. A par disso, Foucault traça uma nova trajetória, em que um novo elemento é acrescentado, o sujeito. Com isso, não queremos dizer que ele não esteve presente em outros momentos de Foucault, como ele próprio afirma nos cursos de 1982, entretanto, não é um sujeito-substância ou uma autoconsciência que o autor busca, mas sim uma dada subjetivação, nos termos de uma relação com o ser consigo. Rodrigues Santini (2018, p. 67) salienta que História da sexualidade é uma “espécie de gozo”, que se tem ao perceber-se como “conhecedor de si mesmo”, experiência essa de que Foucault se apropriou através da filosofia antiga, que lhe permitiu um deslocamento em seu pensamento. Por fim, Foucault publicaria o último título da História da sexualidade, As confissões da carne, o qual, entretanto, não foi concluído em decorrência de sua morte. Como fontes de pesquisa utilizou-se de tratados médicos, filosóficos e morais: diálogos de Platão, textos de Aristóteles, Xenofonte, Hipócrates, Demóstenes e outros. E em Uso dos prazeres, utilizou-se de escritos de Epiteto, Sêneca, Marco Aurélio, Plutarco, Epicuro, Galeno e tantos mais. Em Cuidado de si, procurou por textos prescritivos, os quais propunham regras de condutas. Assim, foi traçando comparação desses regimes com os existentes na época cristã e moderna, apesar de não ter tido tempo, devido a sua morte, para completar os estudos como pretendia. 231 O autor utiliza-se uma citação de “Genealogia do poder”. 157

é em termos de guerra que melhor podemos compreender o modo pelo qual se desdobra e se articula a extensa rede de poderes que atravessa o corpo social. A base das relações de poder seria o confronto belicoso das forças sociais em antagonismo constante.

Com isso, Foucault (1979) adota o modelo de guerra, buscando escapar das insuficiências da análise tradicional do poder em que, em geral, a reflexão se dá em termos de direito e soberania. E esses, via de regra, caíam numa perspectiva em que o poder se exerceria através de aspectos negativos, tais como proibições, etc. Assim, ele traz uma nova análise do poder.

O que me parece certo é que, para analisar as relações de poder, só dispomos de dois modelos: o que o Direito nos propõe (poder como lei, proibição, instituição) e o modelo guerreiro ou estratégico em termos de relações de forças. O primeiro foi muito utilizado e mostrou, acho eu, ser inadequado: sabemos que o Direito não descreve o poder. O outro sei bem que também é muito usado. Mas fica nas palavras: utilizam-se noções préfabricadas ou metáforas (“guerra de todos contra todos”, “luta pela vida”) ou ainda esquemas formais (as estratégias estão em moda entre alguns sociólogos e economistas, sobretudo americanos). Penso que seria necessário aprimorar esta análise das relações de força. (FOUCAULT, 1979, p. 176)

Em certa medida, a “Genealogia do poder”, de Foucault (1979), se propôs a desenvolver uma concepção não jurídica do poder. Convém frisar que sua crítica se dirige principalmente às teorias dos filósofos do século XVIII, que definiram o poder como direito originário, que se cede para se constituir a soberania e tem como objeto o contrato social. Também se volta para as teorias que fazem a crítica do abuso do poder, caracterizando o poder não somente por transgredir o direito, mas o próprio direito, por ser um modo legal de exercício da violência, e o Estado, cujo papel central é realizar a repressão, isto é, o poder como uma espécie de violência legalizada. Sobre isso, Danner (2009, p.791) destaca que, na realidade, o que ele (Foucault) procurou fazer, em Vigiar e punir (com o estudo das instituições carcerárias), e com A vontade de saber (a partir do estudo da constituição da sexualidade) foi justamente mostrar que é um equívoco procurar qualificar o poder como fundamentalmente repressivo, que diz “não”, que castiga, que impõe limites, etc. Posto isso, em oposição a essa concepção negativa do poder, característica das teorias dos filósofos do século XVIII que identificam o poder com o Estado (ou o Estado como foco central do poder) e o consideram essencialmente como aparelho repressivo – na medida em que seu modo de exercício sobre os cidadãos se daria essencialmente por meio de violência, de 158 coerção, de opressão, da imposição de limites, etc. –, Foucault acrescenta uma concepção positiva do poder, que justamente tem por objetivo compreender o poder livre de termos como dominação e repressão. Ainda complementa:

É preciso parar de sempre descrever os efeitos do poder em termos negativos: “ele exclui”, ele “reprime” ele “recalca”, ele “censura”, ele “abstrai”, ele “mascara”, ele “esconde”. De fato, o poder produz; ele produz real; produz domínios de objetos e rituais de verdade. O indivíduo e o conhecimento que dele se pode ter se originam nessa produção. (FOUCAULT, 2011, p. 161)

De certa maneira, Foucault (2011) procura mostrar que não se explica o poder quando se procura caracterizá-lo como essencialmente repressivo. Ele, ao contrário, afirma que só pode haver saber em locais de poder:

Temos que admitir que o poder produz saber (e não simplesmente favorecendo-o porque o serve ou aplicando-o porque é útil); que poder e saber estão diretamente implicados; que não há relação de poder sem a constituição correlata de um campo de saber, nem saber que não suponha e não constitua ao mesmo tempo relações de poder. Essas relações de “poder-saber” não devem ser analisadas a partir de um sujeito de conhecimento que seria ou não livre em relação ao sistema de poder; mas é preciso considerar ao contrário que o sujeito que conhece, os objetos a conhecer e as modalidades de conhecimento são outros tantos efeitos dessas implicações fundamentais do poder-saber e de suas transformações históricas. Resumindo, não é a atividade do conhecimento que produziria um saber, útil ou arredio ao poder, mas o poder-saber, os processos e as lutas que o atravessam e o constituem, que determinam as formas e os campos possíveis do conhecimento. (FOUCAULT, 2011, p.162)

Assim, o objetivo de Foucault (1979, p. 205) foi mostrar como o sujeito se constitui diante das formas de poder na sociedade, entendendo que o poder “não é uma coisa, nem um controle de um conjunto de instituições, nem uma racionalidade escondida da história, mas situações estratégicas complexas numa sociedade”, que formam e constituem sujeitos. Ademais, essa forma de poder se aplica na vida diária das pessoas, categorizando e marcando-as com uma dada subjetivação; por isso trata-se de um poder que faz das pessoas sujeitos (FOUCAULT, 1995, p. 235). Foucault define poder de modo objetivo, ao associar as relações de poder para mostrar que o poder está espraiado entre as pessoas, através das relações que se estabelecem no cotidiano da vida.

159

Isso nos leva ao problema do que entendo por poder. Quase não emprego a palavra poder, e se algumas vezes o faço é sempre para resumir a expressão que sempre utilizo: as relações de poder. Mas há esquemas prontos: quando se fala de poder, as pessoas pensam imediatamente em uma estrutura política, em um governo, em uma classe social dominante, no senhor diante do escravo etc. Não é absolutamente o que penso quando falo das relações de poder. Quero dizer que, nas relações humanas, quaisquer que sejam elas, quer se trate de comunicar verbalmente, como o fazemos agora, ou se trate de relações amorosas, institucionais ou econômicas, o poder está sempre presente: quero dizer, a relação em que cada um procura dirigir a conduta do outro. São, portanto, relações que se podem encontrar em diferentes níveis, sob diferentes formas; essas relações de poder são móveis, ou seja, podem se modificar, não são dadas de uma vez por todas. O fato, por exemplo, de eu ser mais velho é de que no início os senhores tenham ficado intimidados, pode se inverter durante a conversa, e serei eu quem poderá ficar intimidado diante de alguém, precisamente por ser ele mais jovem. Essas relações de poder são, portanto, móveis, reversíveis e instáveis. (FOUCAULT, 1984a, p. 270)

Cabe reafirmar que, para Foucault (1979), o poder deve ser analisado como algo que circunda as pessoas e funciona em cadeia na sociedade. Ou seja, o poder não está localizado aqui, ou acolá, nem nas mãos de única pessoa, mas sim nas malhas sociais, que exercem e sofrem os exercícios constantes do poder. Para ele, o poder é exercido em micropoderes. Por isso, sua análise é complexa e dinâmica e deve partir do macro para micro (FOUCAULT, 1979, p. 10), pois o poder é produtor dos sujeitos. Ademais, ele não é mau em si, pois não destrói as pessoas, pelo contrário, fabrica, adestra gestos, comportamentos, prazeres, moraliza, com os objetivos de separar, comparar, distribuir, avaliar e hierarquizar. Diante disso, esse sujeito será tido como produção do poder. Portanto, o poder é produtor de sujeitos, pois os sujeitos são resultados do poder e do saber, e não há relação de poder sem constituição de um campo de saber; da mesma forma inversa, pois todo saber constitui novas relações de poder (FOUCAULT, 1979, p. 94). De forma objetiva, ao mostrar que o poder existe em si de maneira desapropriada,232 Foucault (2011) evidencia que é algo que se exerce, que se efetua, que funciona em rede. E deve ser compreendido como uma tática, uma manobra ou uma estratégia, ou seja, um objeto ou bem. Assim define:

Ora, o estudo desta microfísica supõe que o poder nela exercido não seja concebido como uma propriedade, mas como uma estratégia, que

232 No sentido de que ninguém se apropria de forma totalitária. 160

seus efeitos de dominação não sejam atribuídos a uma “apropriação”, mas a disposições, a manobras, a táticas, a técnicas, a funcionamentos; que se desvende nele antes uma rede de relações sempre tensas, sempre em atividade, que um privilégio que se pudesse deter; que se seja dado como modelo antes a batalha perpétua que o contrato que faz uma cessão ou uma conquista que se apodera de um domínio. Temos, em suma, de admitir que esse poder se exerce mais do que se possui, que não é “privilégio” adquirido ou conservado da classe dominante, mas o efeito de conjunto de suas posições estratégicas – efeito manifestado e às vezes reconduzido pela posição dos que são dominados. (FOUCAULT, 2011, p. 29)

Assim, Foucault (1979) deixa claro que o poder funciona por toda a estrutura social e por ela atravessa e é atravessada. Portanto, tratar do poder é tratar de relações de poder no tecido social. Nesse sentido, afirma: “[...] a todo um conjunto de relações de poder que podem ser exercidas entre indivíduos, no seio da família, em uma relação pedagógica, no corpo político” (FOUCAULT, 1984a, p. 206).

3.3.3. “Ser consigo”: pensar sobre si (ética)

Até aqui temos visto que os modos de subjetivação referem-se à maneira como as pessoas se compreendem como sujeitos, num determinado contexto sócio-histórico- cultural. Assim, esses modos de subjetivação tratam da forma como o sujeito percebe a si mesmo nas relações de poder e saber. Portanto, são processos complementares, que se relacionam por meio do que Foucault chamou de “jogos de verdade”.233 Nesse contexto, a ideia fundamental de Foucault é que o sujeito é o sujeito do poder, na medida em que ele é constituído pelos modos de objetivação e subjetivação. Foucault (1985) centraliza a relação do ser consigo. Nesse sentido, explica que a construção do sujeito (a partir do tema da sexualidade) acontece a partir de práticas concretas da vida cotidiana, na qual ele está inserido. Com isso, constroem uma subjetivação e direcionam sua conduta a partir de dispositivos de subjetivação (no caso, a sexualidade). Assim, considerando a sexualidade como substrato de sua pesquisa, Foucault buscou discorrer sobre os modos de subjetivação e de objetivação, cuja atuação interdependente resulta na transformação dos indivíduos em sujeito. Entretanto,

233 Revel (2005, p. 87) acrescenta que os jogos de verdade são as regras segundo as quais o sujeito diz a respeito de certo objeto decorrente da questão do verdadeiro e do falso. Ou seja, não são as descobertas referentes às coisas verdadeiras, mas segundo as suas regras. São, portanto, os modos pelos quais os discursos podem ou não se tornar verdadeiros. Ademais, trata-se da maneira pela qual um determinado tipo sujeito lida com o seu exterior, também chamado de objeto. 161 essa ação está vinculada à maneira pela qual ocorre a relação do sujeito consigo. O modo de o sujeito relacionar-se com ele mesmo esboça-se por meio de um conjunto de técnicas, que lhe possibilitam constituir-se como sujeito da própria existência.234 Portanto, afirmar que o sujeito é resultado do poder e do saber não significa que ele esteja submetido a uma força sem retorno, a qual conduz a uma subjetivação predestinada. Pelo contrário, para Foucault (1979), os sujeitos possuem campos de possibilidade para várias condutas e comportamentos que podem submergir aos jogos de verdade de uma determinada contemporaneidade e, com isso, livrar-se do seu próprio sujeito, isto é, chegar a uma análise que possa dar conta da constituição do seu próprio sujeito, na trama histórica, a par da constituição de saberes, de discursos e de domínios (FOUCAULT, 1979, p. 6). Portanto, esse submergir das condições emergentes, dos objetos ou dos domínios constituídos, faz referência a esse livrar-se do sujeito de si, em busca de seus desejos e interesses, insurreições e rebeldias – resistências.235 Assim, como vimos no subtópico anterior sobre o poder, acrescentamos: onde há poder há resistência. A esse respeito, Foucault (2011, p.91-92) declara:

[...] não existe [...] um lugar da grande recusa – alma da revolta, foco de todas as rebeliões, lei pura do revolucionário. Mas sim resistências no plural, que são casos únicos: possíveis, necessários, improváveis, espontâneas, selvagens, solitárias, planejadas, arrastadas, violentas, irreconciliáveis, prontas ao compromisso, interessadas ou fadadas ao sacrifício; por definição, não podem existir a não ser no campo estratégico das relações de poder. [...] As resistências não se reduzem a uns poucos princípios heterogêneos; mas não é por isso que sejam ilusão, ou promessa necessariamente desrespeitada. Elas são o outro

234 Para Foucault (1985), esse conjunto de técnicas, formuladas como resultado de uma disposição de saberes, criado para instituir o sujeito como objeto de conhecimento, está agrupado em: 1. tecnologias de produção; 2. tecnologias de signos; 3. tecnologias de poder; 4. tecnologias do eu. O uso dessas técnicas possibilita ao sujeito relacionar-se consigo, com os outros e com o meio material e institucional no qual está inserido. Segundo Cavallari (2014, p. 149), o primeiro (tecnologias de produção) possibilita que ações, pensamentos e objetos sejam produzidos ou transformados. O segundo (tecnologias de signos), permite formar um sistema de signos, a fim de atribuir sentidos, símbolos ou significados à vida material e ao relacionamento interpessoal e intrapessoal. O terceiro (tecnologias de poder) visa a determinar a conduta dos indivíduos, procurando submetê-los a determinados procedimentos e interdições, cuja finalidade reside na objetivação do sujeito. O quarto (tecnologias do eu), possibilita que os indivíduos, por si mesmos ou auxiliados por outros, empreguem algumas técnicas sobre seu corpo, pensamento e conduta. Ao operar essas técnicas, o indivíduo anseia pela transformação de si, a fim de atingir determinado resultado que, naquele momento, o satisfaça. 235 Foucault (1985) destaca que as tecnologias aplicadas ao sujeito, conforme destacamos na nota de rodapé anterior, a constituição do sujeito está associada às condições de produção da vida material, dos signos socialmente edificados e das relações de poder estabelecidas entre os indivíduos. Convém salientar que História da sexualidade: o cuidado de si, tem como objetivo verificar como a subjetivação é despontada, por intermédio da sexualidade e dos sistemas de prescrições e de interdições advindos de sua prática. A abordagem do sexo e da sexualidade, problematizados sob a perspectiva das tecnologias do eu, é iniciada a partir de dois princípios: “conhece-te a ti mesmo” e “cuida de ti mesmo”. 162

termo nas relações de poder; inscrevem-se nestas relações como o interlocutor irredutível.

De certa maneira, as resistências são modos de o sujeito exercer uma dada liberdade, pois, para Foucault (1995), o poder só pode se exercer sobre algo livre

Certamente é preciso enfatizar também que só é possível haver relações de poder quando os sujeitos forem livres. Se um dos dois estiver completamente à disposição do outro e se tornar sua coisa, um objeto sobre o qual ele possa exercer uma violência Infinita e ilimitada, não haverá relações de poder. Portanto, para que se exerça uma relação de poder, é preciso que haja sempre, dos dois lados, pelo menos uma certa forma de liberdade. (FOUCAULT, 2011, p. 29)

Pois é nessa liberdade que habita a possibilidade de resistência que o poder se exerce. Se, em uma relação de poder, um dos lados estiver completamente à mercê do outro, não haverá possibilidade de exercício do poder, pois haveria apenas violência e domínio completo. Dando continuidade, destacamos que, nos últimos escritos de Foucault (1984a), ocorre uma transição, ou seja, certo deslocamento. Não mais se direciona para a constituição de um sujeito ativo e autônomo, mas de uma relação de sujeitos, com os jogos de verdade, em que não se pensa no sujeito constituído a partir de uma prática coercitiva, mas a partir de uma prática de autoformação desse sujeito, ou seja, do cuidado de si (epiméleia heautoû). Sobre esse cuidado de si, Revel (2011, p. 138) salienta que se trata de uma

[...] retomada da epiméleia heautoû, que se encontra, em particular, no Primeiro Alcibíades de Platão, indica, na verdade, o conjunto das experiências e das técnicas que elaboram o sujeito e o ajudam a transformar-se em si mesmo. No período helenístico e romano, no qual se concentra rapidamente o interesse de Foucault, o cuidado de si inclui a máxima délfica do gnôthi seautón, mas ele não se reduz a isso: a epiméleia heautoû corresponde mais a um ideal ético (fazer de sua vida um objeto de tekhnê, uma obra de arte) do que a um projeto de conhecimento em sentido estrito.

Nesse cuidado de si, Foucault (1984a) ocupou-se com as relações intersubjetivas para um exercício sobre si mesmo, por meio do qual buscou a compreensão sobre o “quem sou”, para passar a exercer uma dada liberdade. E, em referência principalmente aos gregos, Foucault (1984a, p.262) propõe que “[...] para se conduzir bem, para praticar adequadamente a liberdade, era necessário se ocupar de si mesmo, cuidar de si, 163 ao mesmo tempo para se conhecer – eis o aspecto familiar do gnôthi seautón”. E mais, evidencia que

não é possível cuidar de si sem se conhecer. O cuidado de si é certamente o conhecimento de si – este é o lado socrático-platônico –, mas é também o conhecimento de um certo número de regras de conduta ou de princípios que são simultaneamente verdades e prescrições. Cuidar de si é se munir dessas verdades. (FOUCAULT, 1984a, p. 262)

Segundo Foucault (1984a), a partir de um exercício de si mesmo, do governo de si, o sujeito exerce liberdade em relação ao modo como se deve portar. É uma maneira ativa de as pessoas constituírem-se sujeitos próprios e compor sua subjetivação, ou seja, trata-se da forma como o sujeito fará frente à experiência de si mesmo, diante de todo um jogo de verdades, no qual ele se relaciona consigo mesmo. Assim, o sujeito não é livre da sujeição, mas é livre para constituir-se em diferentes sujeitos. Ou seja, o governo de si é a forma própria de ser e de se conduzir.

Os gregos problematizavam efetivamente sua liberdade e a liberdade do indivíduo, como um problema ético. Mas ético no sentido de que os gregos podiam entendê-lo: o êthos era a maneira de ser e a maneira de se conduzir. Era um modo de ser do sujeito e uma certa maneira de fazer, visível para os outros. O êthos de alguém se traduz pelos seus hábitos, por seu porte, por sua maneira de caminhar, pela calma com que responde a todos os acontecimentos etc. Esta é para eles a forma concreta da liberdade; assim eles problematizavam sua liberdade. O homem que tem um belo êthos, que pode ser admirado e citado como exemplo, é alguém que pratica a liberdade de uma certa maneira. Não acredito que haja necessidade de uma conversão para que a liberdade seja pensada como êthos; ela é imediatamente problematizada como êthos. Mas, para que essa prática da liberdade tome forma em um êthos que seja bom, belo, honroso, respeitável, memorável e que possa servir de exemplo, é preciso todo um trabalho de si sobre si mesmo. (FOUCAULT, 1984a, p. 264)

Nessa relação entre ética236 e liberdade, Veiga-Neto (2011, p. 81) destaca que

236 Trazemos, para a definição de ética, as contribuições de Freitas, Silveira e Mascia (2017, p. 579), que a definem como um “conjunto de princípios que regulam as ações humanas, embasados em referenciais historicamente constituídos com base em valores universais, racionais que avaliam e criticam costumes estabelecidos em determinada sociedade. Dessa forma, entende-se por ética a ciência da conduta humana”. Nesse mesmo sentido, Cavallari (2014, p.150) destaca que a ética, na perspectiva de Foucault, corresponde ao modo como o indivíduo se constitui como sujeito moral, demonstrando a maneira com a qual ele tece relações com o conjunto de regras. Assim, a ética seria o espaço onde se desenvolve a relação consigo mesmo, a partir das técnicas de si, por meio das quais o sujeito constitui a si próprio como tal. 164

a ética, numa perspectiva foucaultiana, faz parte da moral, ao lado do comportamento de cada um e dos códigos que preceituam o que é correto fazer e pensar e que atribuem valores (positivos e negativos) a diferentes comportamentos, em termos morais. Esse conceito idiossincrático desloca a noção clássica de ética como estudo dos juízos morais referente à conduta humana (quer em termos sociais, quer em termos absolutos) para ética como modo como o indivíduo se constitui a si mesmo como um sujeito moral de suas próprias ações, ou, em outras palavras, a ética como a relação de si para consigo.

Ademais, acrescenta que a ética, a saber, essa relação de si para consigo mesmo, ou seja, a forma como cada um se vê a si mesmo, só pode ser colocada em movimento, ancorada em dois eixos: o “ser saber” e o “ser poder”, que operam simultaneamente. Assim, o sujeito passa a ser “produto” dos três eixos (acrescenta-se “ser consigo”), e então é caracterizado como sujeito moderno.

No processo pelo qual nos transformamos de indivíduos em sujeito moral moderno – ou seja, no processo pelo qual cada um aprende e passa a ver a si próprio – sempre estão atuando também as práticas divisórias que, por sua vez, são constituintes de outro eixo: o do ser poder. E, combinadas com essas, estão também determinadas disposições de saberes, que se ocupam as ciências modernas. Vê-se, assim, que é nesse terceiro domínio que Foucault amarra coerentemente a subjetivação que deu, como resultado, isso a que denominamos sujeito moderno.

Dando continuidade, cabe salientar que esse cuidado de si também incluía o cuidado do outro, como uma forma de governar. A esse respeito, Foucault (1984a, p. 272) demonstra uma estreita relação entre governar e o cuidado de si, salientando que “[...] o cuidado de si aparece como uma condição pedagógica, ética e também ontológica para a constituição do bom governante. Constituir-se como sujeito que governa implica que se tenha se constituído como sujeito que cuida de si”. Assim, Foucault (1984a) destaca que o cuidado de si, como prática de liberdade, relaciona-se ao modo como o sujeito se constitui de uma forma determinada, através das práticas de si que se constituem na relação com jogos de verdade. Ou seja, de que forma esse sujeito lida com o exterior (para isso utiliza-se da relação com a loucura, a delinquência, a sexualidade, etc.), na sua própria diferença consigo, diante da loucura, da imoralidade, etc. Com isso, o sujeito se constitui de forma ativa, através das práticas de si, as quais não são inventadas pelas pessoas, mas por esquemas, presentes na 165 cultura, que lhe são propostos. Ademais, as práticas de si são exercícios de si sobre si mesmo, através dos quais o sujeito procura elaborar-se, transformar-se e atingir certo modo de ser. Dessa forma, os processos de subjetivação têm relação com as coisas, por meio do tempo e do espaço e pelas relações que os corpos estabelecem com sua existência, compreendendo todas as práticas que envolvem o cuidado de si com o cuidado com o outro. Para finalizar, o que de mais importante nos oferecem as obras foucaultianas lidas até aqui é atentar para a constante possibilidade do autopercepção do sujeito quanto à objetivação e à subjetivação, mesmo sob preponderância da governamentalidade, que se dá sob um saber e poder. A partir do ponto em que compreendemos a governamentalidade como governo das pessoas, visando formar sujeitos, cabe, então, indagar: como esses sujeitos podem perceber-se (atentar-se) diante da atuação dessa governamentalidade? Para responder a esta pergunta, é necessário entendermos qual o tipo de consciência é possível ao sujeito, diante da objetivação e da subjetivação postas. A consciência possível é aquela que é capaz de levar o sujeito a livrar-se de seu sujeito constituinte, ou seja, livrar-se daquilo que o liga a si mesmo e o submete. Portanto, tomar consciência é incidir contra as formas de objetivação e subjetivação, investigar a trama histórica, e não o sujeito da trama. Assim, haverá uma acareação à objetivação e à subjetivação postas, levando o sujeito a conhecê-las a partir de uma arqueologia do saber e uma genealogia do poder, o que lhe permitirá constituir-se como sujeito de sua própria existência. Assim, compreendendo os jogos e os regimes de verdade, bem como seus efeitos de sentido, será possível constituir, segundo Foucault (1979, p.10), uma “nova política de verdade”. Essa nova política de verdade permite ao sujeito fazer uso daquilo que Veiga- Neto (2011, p.60) chamou de “liberdade homeopática”, ou seja, que se volta para o seu cotidiano, para a vida concreta, ao criticar a sua contemporaneidade. Enfim, esse sujeito, segundo Revel (2005, p. 85), é um “lugar de intervenção de si”, uma “torção íntima”, que desemboca em si mesmo. Portanto, trata-se de o sujeito pensar na sua própria ênfase histórica e na sua constituição,237 já que, segundo Freitas, Silveira e Mascia (2017, p. 581),

237 Essa afirmação de Foucault, de que o sujeito possui uma ênfase histórica, é originária de autores que muito provavelmente o influenciaram, tais como Nietzsche, Blanchot, Klossowski, Lacan, etc.. (REVEL, 2005, p. 85) 166

o sujeito é constituído pela relação que tem com as coisas, por meio da história e do tempo, e pelas relações que o corpo possui com as coisas de sua existência, compreendendo todas as práticas que envolvem o cuidado de si, fazendo com que o sujeito também seja responsável por si, e assim, se autoconstituem como sujeitos das suas próprias existências.

Sobre esse cuidado de si e de liberdade, eles se misturam e se atravessam, pois ambos têm a conotação de como ser e de se conduzir. Conforme o autor:

Para se conduzir bem, para praticar adequadamente a liberdade, era preciso ocupar-se de si mesmo, cuidar de si, ao mesmo tempo para se conhecer – eis o aspecto familiar do gnôthi seauton – e para se formar, superar-se a si mesmo, para dominar em si os apetites que poderiam arrebatá-lo. (FOUCAULT, 1983, p. 268)

Assim, nesse cuidado de si como prática de liberdade, Foucault (1984a) mostra a possibilidade de o sujeito se constituir de forma determinada, através das “práticas de si” que se constituiriam a partir dos jogos de verdade. Ou seja, o sujeito se constituir de uma maneira ativa através das práticas de si, as quais não são inventadas pelo próprio indivíduo, mas são esquemas que ele encontra em sua cultura, que lhe são propostos e, por vezes, impostos. Portanto, as “práticas de si” são um exercício de si sobre si mesmo, através do qual o sujeito procura se elaborar, se transformar e atingir um certo modo de ser. Ademais, essas práticas de si estarão sempre se movimentando com a cultura de uma certa contemporaneidade, que se imporá (a cultura) justamente sobre o poder das instituições encarregadas de produzir a verdade, momento em que poderá surgir a resistência, conforme tratamos.

É certamente nesse campo da obrigação de verdade que é possível se deslocar, de uma maneira ou de outra, algumas vezes contra os efeitos de dominação que podem estar ligados às estruturas de verdade ou às instituições encarregadas de verdade. (FOUCAULT, 1983, p. 280)

Esse “poderá” que destacamos anteriormente, sugere que Foucault (1984a, p. 277) salienta a possibilidade de “resistência”:

[...] um poder só pode se exercer sobre o outro na medida em que ainda reste a este último a possibilidade de se matar, de pular pela janela ou de matar o outro. Isso significa que nas relações de poder há necessariamente a possibilidade de resistência, pois se não houvesse possibilidade de resistência – de resistência violenta, de fuga, de 167

subterfúgios, de estratégias que invertam a situação –, não haveria de forma alguma relações de poder.

Assim, através das práticas de si e do cuidado de si, os indivíduos tornam-se sujeitos de uma forma ativa. Como vimos, essas práticas estão relacionadas aos jogos de verdade, isto é, o indivíduo se apresenta num exercício de si sobre si mesmo, se transformando, elaborando um modo de ser diante da sua contemporaneidade. Nesse sentido, a resistência resulta em práticas de si, em que o sujeito exerce uma relação consigo mesmo e também com a cultura, possibilitando uma transformação e uma nova produção de jogos de verdade. Portanto, segundo Foucault (1984b), é necessário fazer um deslocamento, analisando as práticas discursivas que articulavam um saber, um deslocamento que o fez se questionar sobre as relações múltiplas do poder e, mais uma vez, um deslocamento para compreender o sujeito. A esse respeito, afirma: “existem momentos na vida onde a questão de saber é se pode pensar diferentemente do que se pensa, e perceber diferentemente do que se vê, é indispensável para continuar a olhar ou a refletir” (FOUCAULT, 1984 b, p. 13). Em certa medida, o que Foucault quer entender são as práticas de si que constituem o sujeito ético, como ele mesmo fez em História da sexualidade: sobre o uso dos prazeres, em que buscou compreender as relações sexuais desde os séculos I e II. Por fim e a par dessas contribuições foucaultianas, apropriamo-nos de conceitos que nos permitirão, no próximo capítulo, analisar ARGC, de Frei Sinzig, na relação de constituição dos sujeitos femininos, com os seguintes apontamentos subsidiários: a. A governamentalidade busca objetivar sujeitos governáveis, submetendo-os a modos de objetivação, ancorados em jogos e regimes de verdades, com a finalidade de constituir uma sociedade controlada e disciplinada, própria do Ocidente. b. A governamentalidade incide pacificamente sobre a sociedade e atua de forma ativa e permanente, agindo no cerne da constituição do sujeito. c. A governamentalidade busca constituir uma sociedade das diferenças, como constituição de singularidades, visando que as pessoas se autoafirmem sobre quem são, voltando-se para si mesmas e ligando-se a uma identidade, assim construindo sujeitos numa ordem totalizadora e homogênea, segundo padrões de conformidade social. d. Sob o viés da governamentalidade, a família, com as bases teóricas foucaultianas sobre governamentalidade, deixou de ser pensada como uma família global e passou a 168 ser concebida como uma família interna, como elemento intrínseco à população, passando a ser observada na estatística própria do cenário urbano. e. O poder, na sua microfísica, aplica-se à vida cotidiana imediata, categorizando o indivíduo, marcando-o na sua própria individualidade e ligando-o a uma identidade própria. f. Os regimes de verdades sob jogos de verdade visam transmitir aos sujeitos verdades que sejam capazes de dotar os sujeitos de aptidões, capacidades e saberes, visando a uma dada conformidade social. g. O sujeito é resultado de um processo de objetivação, que se dá no interior de redes de poderes que o capturam, dividem e o classificam. h. A subjetivação do sujeito diante da governamentalidade é uma ação reativa, resultante e sequente a uma objetivação ora posta, ou seja, uma experiência de si mesmo, na qual o sujeito se relaciona consigo. Com isso, trata-se de uma ação passiva de si, diante da governamentalidade. i. O saber pressupõe discursos que derivam de intencionalidades, na busca de constituir sujeitos. Assim, o sujeito é um sujeito histórico produzido sob regimes e jogos de verdade. j. Ao sujeito é possível perceber a si mesmo nas relações de poder e saber, através da ética. A ideia de ética envolve o cuidado de si, que culmina numa prática da liberdade. m. Ao sujeito lhe cabe a possibilidade de resistência, através dos jogos de constituição de regras e normas, condutas e deveres. l. A resistência é uma possibilidade de verificar como a objetivação atua a par de diferentes formas de poder. m. A resistência pode ser tida como recusa ao poder que assujeita o sujeito e que incide contra a submissão de uma objetividade. Portanto, resistência é modo de subjetivação. n. O “Ser poder” são práticas de poder que capturam, dividem e classificam o sujeito. o. O “Ser saber” são práticas discursivas que constituem os sujeitos sob determinadas intencionalidades. p. O “Ser consigo” é um modo de subjetivação como prática de liberdade, ou seja, é um sujeito que pensa sobre si (ética). q. Tanto o “Ser poder” como o “Ser saber” e o “Ser consigo”, manifestam-se através de discursos, como formas de poder-saber (notáveis e verificáveis), por meio de categorizações discursivas, que visam, sob intencionalidades, constituir sujeitos governáveis. 169

Assim, os processos de subjetivação são constituídos pelos modos de objetivação que atravessam os sujeitos e, ao mesmo tempo, estes se autoconstituem como sujeitos das suas próprias existências. Portanto, consideramos que o sujeito, na subjetivação diante da governamentalidade, é a consciência presente daquilo que fizeram dele. 170

CAPÍTULO 4 – UMA GOVERNAMENTALIDADE NA CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO FEMININO EM ATRAVÉS DOS ROMANCES: GUIA PARA AS CONSCIÊNCIAS

É preciso se livrar do sujeito constituinte, livrar-se do próprio sujeito, isto é, chegar a uma análise que possa dar conta da constituição do sujeito na trama histórica. Michel Foucault (1979, p. 6).

O discurso é uma representação culturalmente construída pela realidade, não uma cópia exata. Michel Foucault (1977, p.49).

Ancorados nos conceitos tratados no capítulo anterior, nesta parte da pesquisa temos por finalidade analisar as constituições dos sujeitos, através da obra ARGC, de Frei Sinzig, tomando a governamentalidade como eixo constituidor, que incidirá sobre as figuras dos sujeitos femininos. Ademais, nossa tentativa não é somente teorizar conceitualmente e metodologicamente um determinado conhecimento, mas trazer práticas e saberes, condutas e comportamentos, em fins do século XIX e início do XX.

4.1. A VALIDADE DE ATRAVÉS DOS ROMANCES: GUIA PARA AS CONSCIÊNCIAS COMO MANUAL DE OBJETIVAÇÃO

Asseguramos que, se a atuação da governamentalidade se pauta na “diligência”, como mestria de governo, de modo a demonstrar que está a serviço dos governados para governar (FOUCAULT, 1979, p.167), podemos testificar que ARGC é uma forma de diligência de Frei Sinzig para governar as consciências das pessoas, em especial das mulheres em fins do século XIX e início do XX. Embora em alguns momentos ARGC se apresente de forma violenta e agressiva, indicando, por exemplo, a queima de certos romances (SINZIG, 1915a, p.117),238 por contrariar determinada moral, tal obra é apresentada, no seu contexto, como um bem social, como um “presente”, que se propõe

238 Em ARGC, quando alguns romances apresentavam a nudez de alguma forma, eram indicados a ser queimados publicamente (SINZIG, 1917, p.142). 171 a servir a população, livrando-a dos “perigos” iminentes na sua contemporaneidade (SINZIG, 1917, p.8). Com isso, ARGC se colocava a serviço do social, como um “guia seguro”, contendo certo mérito social (SINZIG, 1915a, p. IV). Para se apresentar como um guia seguro, que, nas palavras do Bispo de Niteroi, Frei Agostinho, era tido como de “grande mérito” (SINZIG, 1917, p.VI), ARGC utilizava-se de um radicalismo literário e moral, que acontecia ancorado no seguinte critério: “O livro é bom quando todas as suas partes são bôas. O mal, porém, provém de qualquer defeito [...]. É julgado o valor moral. Sem este, o valor literário torna o livro ainda mais perigoso. Cruel desengano: quase todos estão bichados!” (SINZIG, 1915a, p.39). Apesar das possíveis contradições da época, das resistências, ARGC se inscreveu como uma obra de valor social não somente para a Igreja católica, mas também para o sistema republicano recém-implantado. A esse respeito, ao indicar a leitura da edição de 1915 de ARGC,239 o Arcebispo do Rio de Janeiro, Rev. Joaquim,240 em 02 de outubro de 1915, destacou ARGC como “um excellente consultor e guia” para a sociedade, capaz de separar “o joio do trigo”, “o bem do mal”, mostrando sem hesitações e nem condescendências, que Frei Sinzig era um mentor social.

A falta de um mentor como este ja se fazia sentir, no meio desse amontoado de livros de todos os feitios, de todas as cores, de uma literatura arrevezada e impulsiva, que tao grandes males tem feito a mocidade incauta e a vida de impressoes de toda ordem. Em boa hora, pois, apresenta-se V. Revma. Com o seu excellente guia Atravez dos Romances. (SINZIG, 1917, p. 469)

Complementa tratar-se de um

[...] ensaio de classificação e qualificação, sob o ponto de vista moral, dos principaes Romances e Romancistas de nossa epoca, apontando- lhes os senoes e os perigos provenientes da leitura delles. V. Revma. vem ao encontro dessa falta, que sensivelmente se fazia notar e de muito se avantajou ao egregio escriptor francez, na enumeracao de obras desse genero, na indicacao de seus senoes e dos perigos que podem resultar de taes leituras. Noticias sao essas de grande vantagem as pessoas de boa vontade e de consciencia delicada, na escolha de suas leituras amenas, literarias e scientificas. As mas leituras tem causado mais victimas a mocidade inexperientes a vida de emoções, do que as epidemias de nossas regiões tropicaes. Vem, pois, em boa hora, esses preservativos e despertadores para neutralizarem de algum

239 Essa indicação é feita na edição de 1917, visando referenciar a edição de 1915 de ARGC. 240 ARGC (1915, 1917, 1923) não presentam o nome completo do arcebispo. 172

modo os grandes males que podem produzir as mas leituras dos maus livros e principalmente dos maus Romances. (SINZIG, 1917, p. 469, 470) .

Nesse mesmo sentido, o Jornal do Brasil, em 19 de outubro de 1915, referencia ARGC como um esforço social extraordinário em diligenciar as consciências das pessoas, conduzi-las às leituras, como uma orientação social para a sociedade contemporânea.

No meio da colossal producção contemporanea, quando sobre cada assumpto especial, ha avultadas bibliothecas, como discernir, como escolher, como, de antemao, saber o que convem acceitar e o cumpre repellir, afim de se não perder, quando preciosíssimo tempo, tão escasso no turbillião hodierno? O redactor das Cótas agradece a maneira altamente benevola corn que foram tratados alguns de seus opúsculos. (SINZIG, 1917, p. 472-473)

Cabe colocar em relevo que essa atuação diligente, de forma ativa e permanente se repete nas três edições de ARGC. Tais obras se inserem na sua contemporaneidade de forma relevante e com dada aceitação social, pois, apesar de haver oposições a Frei Sinzig e à Igreja, muitos letrados religiosos e não religiosos demonstravam aceitação pela importância de tais obras. Como exemplo, a edição de 1915 recebeu nas primeiras páginas a indicação de leitura do Bispo de Niterói, ao afirmar a obra importante por seus efeitos sociais, como uma “leitura san” para a população (SINZIG, 1915a, p. VI). Dessa forma, ARGC propôs uma forma de governo da leitura, que incidiu pacificamente sobre as pessoas, atuou de forma ativa e permanente na constituição do sujeito. E mais, essa atuação de ARGC ocorreu através de uma condução pedagógica, visando deslocar os sujeitos a um convencimento racional, que por vezes foi tida como científica.241 A exemplo dessa condução pedagógica, na edição de 1917 a obra ARGC apresenta um índice alfabético, tidos por “apelidos de autores”, em que os typos escolhidos para os títulos, davam valor moral a obra. E mais, para os títulos grifados, a obra não poderia ser lida. Para as letras maiúsculas, as obras poderiam ser lidas com reserva. Os typos gordos se referiam às obras católicas que poderiam ser lidas sem restrição. Para as obras em português, eram escolhidos typos maiores (SINZIG, 1917,

241 Cabe salientar que diversas vezes, principalmente nos prefácios e nas indicações de leitura realizados por jornais, revistas e outros autores, Frei Sinzig é associado não somente a um letrado religioso, mas também como aquele que domina o cientificismo, ou seja, como aquele que detém o conhecimento científico. 173 p.10). Assim, Frei Sinzig escolhia a forma de condução na constituição de sujeitos, agindo sob certa intencionalidade. Em geral, essa atuação de ARGC como formas de governamentalidade ocorreu no sentido de não somente corrigir e disciplinar, de maneira punitiva, mas principalmente no sentido de constituir e corrigir de maneira pacífica sobre os sujeitos, em que pese, atingir aquilo que Foucault (2008) destaca como disciplina, visando controlar como formas de governo. Cabe destacar que para Frei Sinzig, a seleção de leitura de romances era uma forma de governamentalidade que poderia prevenir males contra a sociedade em geral. Para isso, Frei Sinzig busca enfatizar em ARGC, que o controle de leitura de romances, era um tipo de governamentalidade das quais poderiam produzir um bem social as pessoas. Como exemplo, nas páginas de referência de ARGC (somente nas edições de 1915a e 1917), Frei Sinzig indica categoricamente que as boas leituras de obras Santo Agostinho fizeram com que muitos se afastassem do “manicheismo”. Ao mesmo tempo, cita a transformação de Ignácio de Loyola como sendo a partir da boa leitura, fazendo com que se tornasse em “chefe poderoso”, a serviço da Igreja (SINZIG, 1917, p. V, VI). Assim, notamos que o controle da leitura como formas de governamentalidade é uma das marcas do período, não somente de Frei Sinzig, mas também do sistema republicano. A esse respeito, citamos a confluência entre Igreja e República, ao se unirem para queimar milhares de publicações tidas por contaminadas, e que circulavam no Rio de Janeiro no início do século XX, conforme salienta Frei Sinzig (SINZIG, 1915a, p.15). Ao que pudemos notar, a queima de livros de forma pública, foi um tipo de governamentalidade presente no início do século XX em diferentes locais do mundo (BÁEZ, 2004). A esse respeito citamos a queima em praça pública, em várias cidades da Alemanha, de milhares de obras de escritores tidos como (in)conformados em 1933. Com isso, montanhas de livros e suas cinzas se acumulavam em espaços públicas, conforme denota a imagem a seguir.242 Portanto, apesar de Frei Sinzig se declarar um antinazista, diante da escrita de centenas de artigos de jornais243 utilizou-se de costumes semelhantes, visando certa governamentalidade.

242 A queima de livros, por vezes tida como um ritual, geralmente praticada em local público, era uma forma de destruir certa imoralidade, convicções e ideias dominantes, numa forma de censura. Em alguns casos, os livros queimados são insubstituíveis, constituindo-se numa severa perda para o patrimônio cultural da humanidade, como nos casos das destruições citadas por Frei Sinzig (SINZIG, 1915, p.15). 243 O CDAPH disponibiliza diversos artigos antinazistas, tidos como fontes primárias, escritos por Frei Sinzig no início do século XX. 174

Figura 7: Livros queimados em Berlim em 1933 (1)

Fonte: Disponível em: http://novo.roteirosliterarios.com.br/2016/08/05/grande-queima-de- livros-em-berlim. Acesso em: 31 jan. 2019.

Figura 8: Livros queimados em Berlim em 1933 (2)

Fonte: Disponível em https://www.dw.com/pt-br/1933-grande-queima-de-livros-pelos- nazistas/a-834005. Acesso em 31 de janeiro de 2019.

Além de notar essa queima de livros, percebemos também certa governamentalidade semelhante entre Igreja e República, ao atuar contra as condutas 175 que poderiam contaminar as consciências. Portanto, controlá-las e discipliná-las (as consciências), são formas de governamentalidade na formação dos sujeitos em ARGC. Ademais, ARGC foi escrito para a população de forma geral, submetendo-a à certa governamentalidade que incidia diretamente nas formas de condutas das pessoas. Com isso temos um movimento de objetivação e subjetivação dos sujeitos, principalmente dos sujeitos femininos do período, no contexto brasileiro, conforme veremos a seguir.

4.2. MODOS DE OBJETIVAÇÃO E SUBJETIVAÇÃO EM ATRAVÉS DOS ROMANCES: GUIA PARA AS CONSCIÊNCIAS

Por consideramos ARGC como um manual de objetivação e subjetivação feminino, em fins do século XIX e início do XX, passamos a entender as indicações de leitura de Frei Sinzig como objetivações. Já as restrições à leitura eram também modos de objetivação, mas principalmente modos de subjetivação, em que pese considerar certo contrariamento de uma determinada objetivação. Portanto, temos dois significados importantes: primeiro, o sujeito feminino como assujeitado, ou seja, como alguém que sofreu o controle e a dependência externa para sua constituição: objetivação; segundo, a subjetivação daquele que se utiliza de uma dada liberdade para contrariar o sistema proposto: subjetivação. Portanto, ARGC faz um movimento entre objetivação e subjetivação, que busca constituir outros sujeitos nas suas complexidades e dinâmicas da contemporaneidade. A esse respeito, destacamos que Frei Pedro Sinzig, em ARGC, utiliza-se de categorias através da indicação à leitura de determinados romances. Vejamos: discursivas para a objetivação. Em que pese, essas categorias têm força moral de conformidade social do período, e representam valoração de certa moralidade, no que se refere à figura da mulher. Assim, destacamos essas categorias discursivas como formas de objetivação, pois, depois de acompanhar os conceitos de Foucault no capítulo anterior, pudemos perceber a importância que essas categorias discursivas tiveram, no movimento de constituição do sujeito feminino na virada do século XIX para o XX. Portanto, olhar para essas categorias discursivas permite-nos notar que tipo de sujeito feminino se estabelecia em face de certa objetivação através da leitura de romances. Assim, vejamos:

176

Quadro 7: Categorias discursivas nas obras indicadas em ARGC Escritoras indicadas

Autora Obras Categorias discursivas

Ancilla A arena da vida - Piedade Domini Os divorciados - Boa moral (pseudônimo Colar perdido e outros contos - Vida íntima moralizada de Hilda Leite A Família Moraes Gomes - Valoriza a família Guimarães) Fazenda em Maranhão - Bom casamento Na intimidade e outros contos - Educação cívica O orvalho vespertino - Defesa da religião Quadros da vida - Reafirma a história do Brasil A Família Moraes Gomes - Não permite traições - Valoriza costumes da terra da inconfidência - Intimidade na familia - Mulher leal - Condena a sedução - Apresenta sentimentos nobres - Apresenta quadros da vida real Emilia de Historias maravilhosas - Não contamina a inocência jovem Souza Costa extraidas das mil e uma noites - Busca entretenimento - Tem cuidados com as fantasias Julia Varisco Spartaco ou O pequeno - Disciplina caixeiro viajante da Casa Arba - Boa família - Valoriza o Exército Emilia Ramalhete de rosas -Fatos da vida real de diferentes Gomide classes da sociedade Penido Maria Pinto Conto das crianças - Moralidade Figueirinhas Stella de Faro O apostolado das filhas de - Espírito cristão Maria no Brasil (revista mensal) Mutilado Açucenas Amelia Castro Alma Infantil - Valoriza crianças Osorio - Religiosa - Moralidade Amelia Bofarinheiro - Livro útil Rodrigues Contos avulsos - Valor moral Do meu archivo - Conto humorístico - Risadas e alegria Adelina Contos infantis - Religiosa Lopes Vieira Destinos - Família - Educa crianças 177

ICKS Nossos brinquedos - Diplomada (pseudônimo Nossas histórias - Professora de Alexina de - Honestidade Magalhães - Inteligente Pinto) - Religiosa - Compatriota - Religiosa - Boa educação Maria Luiza Isabel Moore - Família Souza Alves Fonte: ARGC (1915, 1917, 1923)

Em contrapartida a essa objetivação, notamos o movimento de certa subjetivação, também através de categorias discursivas. Vejamos:

Quadro 8: Categorias discursivas nas obras restritas em ARGC Escritoras restritas

Autora Título do Categorias discursivas Romance Albertina Exaltação - Perigosa Bertha - Espírito desordenado - Conscupiscente - Erótica - Insaciável - Satisfacção carnal - Luxúria - Fusao dos sexos

Cecilia Mariz Uma paixão - Desonesta de mulher - Falta pudor - Imoral - Repugnante - Felicidade Augusta Heloísa - Valoriza o vício Franco de Sá - Imoral de Sampaio - Mentiras - Questiona o machismo - Valoriza o sentimento - Satisfação - Linguagem desapropriada - Futilidade - Abando do esposo - Suicídio - Adultério 178

- Irreligiosa

Angela Barco Feminina - Novela feminina Ana Ribeiro Filha de - Sentimentos impuros de Goes Jephte (1882) - Apresenta inconveniências Bittencourt - Desfacelamento do lar Lecticia - Desrespeito ao marido (1908) - Falsa - Leviandade e pelas faltas graves do marido - Injusta indulgência da sociedade para com o homem impuro - Suicídio

Carmem Ao escoaçar - Anticlericalismo. Dolores da ideia - Defende o divórcio. (pseudônimo) - Imoral Larmes (Les) - Perigosa Emilia de tanto Zezé - Lendas graciosas e atrativas Moncorvo - Êxtase Bandeira de Lendas Mello Brasileiras

Luta

Julia Lopes Ancia Eterna - Não segue os princípios da Egreja Catholica. de Almeida - Desenvolve e defende theses sociaes Cruel Amor - Tem contos bastantes livres - Costumes cariocas. Elles e Ellas - Amores contrariados, com o assassinato por desfecho. Fallencia - Espirito frívolo e irreligioso - Apresenta muitas chagas sociaes Historias da - Apresenta a mulher pobre e bonita nossa terra - Luxúria - Ausência de fé O juiz de - Ciumenta Ouro - Sem atrativos morais

A Intrusa

Silveirinha 179

Maria das Noiva do - Imoral Dôres Assassinato (1879) Maria Amalia Contos e - Apresenta a história de P. Guevara S. J. Vaz de Phantasias - A autora é grande admiradora Balzac Carvalho - Não desonra Zola, que na sua opinião não é immoral

Fonte: ARGC (1915, 1917, 1923)

Atento às categorizações apresentadas, notamos que a objetivação proposta por Frei Sinzig em ARGC tem uma ênfase moral de conformidade da figura feminina, que a projeta socialmente associada à família e ao casamento, ao passo que a reafirma em quadros da vida real, com uma educação cívica, portadora de sentimentos nobres, ligadas à educação infantil, sem se esquecer da vida religiosa e piedosa. Em contrapartida, notamos que a subjetivação apresentada ressalta uma figura feminina, tida como perigosa e insaciável. E, dentre as várias categorias discursivas que colocamos em relevo, a que mais se destacou foram as relacionadas às questões sexuais. Bem sabemos que essas são de fato um aspecto em que residem a “grade mais cerrada e os burracos mais negros” (FOUCAULT, 1999, p. 9). Dentre as 55 categorias discursivas apresentadas, 20 são associadas a questões sexuais. A esse respeito (sobre os discursos sobre questões sexuais), num enfoque foucaultiano, o que Frei Sinzig estaria objetivando em ARGC não seria a restrição ou mesmo a proibição do discurso sobre sexo, mas sim o controle do discurso, ou seja, o poder, pois, para Foucault (2017), a sexualidade não foi reprimida, depois de ter vivido em liberdade antes do século XVIII. O que aconteceu foi uma proliferação de discursos sobre sexo a partir do século XVIII, o que se intensificou a partir do século XIX, em que o sexo, incitado a manifestar-se por uma vontade de saber, tornou-se uma das peças estratégicas de poder. Ou seja, o próprio poder incitou essa proliferação de discursos, seja através da Igreja, da escola, da família, etc. Essas instituições não visavam proibir ou reduzir a prática sexual, visavam o controle do discurso do indivíduo e da população. Portanto, deve-se falar de sexo, mas como uma coisa que deve não apenas ser tolerada, mas ser gerida e inserida no contexto social. “O sexo não se julga apenas, mas administra-se” (FOUCAULT, 2017, p. 47). Assim, regula-se o sexo, mas não pela 180 proibição, e sim por meio de discursos de conformação.244 “Censura sobre o sexo? Pelo contrário, constituiu-se uma aparelhagem sobre produzir discursos sobre o sexo, cada vez mais discursos, suscetíveis de funcionar e de serem efeitos de sua própria economia” (FOUCAULT, 2017, p. 26). Foi, por exemplo, o que Frei Sinzig fez, ao tratar sobre o “sexo na intimidade na família”, apresentado no quadro de “Categorias discursivas de objetivação”. Portanto, o que temos é um discurso sobre a sexualidade, mas que deve passar por uma governamentalidade discursiva. Ou seja, pode-se falar dele? Sim! Entretanto, da maneira correta, de modo a não ferir uma certa conformidade social do período. Convém colocar em relevo que no início do século XVII não se tinha essa governamentalidade do discurso sobre o sexo, pois ele (o discurso sobre o sexo), acontecia com certa franqueza e sem segredo, uma vez que as palavras eram ditas sem reticências e sem disfarce, quando comparadas ao século XIX. Entretanto, no século XX, houve um sequestro da sexualidade pela família, e a sexualidade foi cuidadosamente encerrada e confiscada para dentro de casa (família). A esse respeito, Foucault (2017, p.7) propõe:

Muda-se para dentro de casa. A família conjugal confisca. E absorve- a, inteiramente, na seriedade da função de reproduzir. Em torno do sexo, se cala. O casal, legítimo e procriador, dita a lei. Impõe-se como modelo, faz reinar a norma, detém a verdade, guarda o direito de falar, reservando o princípio do segredo. No espaço social, como no coração de cada moradia, um único lugar de sexualidade reconhecida, mas utilitário e fecundo: o quarto dos pais. Ao que sobra só resta encobrir- se; o decoro das atitudes esconde os corpos, a decência das palavras limpa os discursos. E se o estéril insiste, e se mostra demasiadamente, vira anormal: receberá este status e deverá pagar as sanções.

Dando prosseguimento, esse movimento entre objetivação e subjetivação é notável, não somente através das leituras indicadas ou restritas por Frei Sinzig em ARGC, mas também através dele próprio, pois, ao afirmar as indicações e as restrições ele se volta para si mesmo, ligando-se a sua identidade, que também é fruto de objetivação e subjetivação, na sua constituição como sujeito. Assim, notamos que, nessa ligação com sua própria identidade, ele buscou constituir outros sujeitos homogêneos,

244 Foucault (2017) mostra que um dos motivos para se regular o sexo foi o surgimento da população como problema econômico e político, sendo necessário analisar a taxa de natalidade, a idade do casamento, a precocidade e a frequência das relações sexuais, a maneira de torná-las fecundas ou estéreis e assim por diante.

181 numa ordem totalizadora, segundo padrões de conformidade social e códigos morais. Portanto, nas suas indicações e restrições em ARGC, Frei Sinzig estava apenas buscando reproduzir inconscientemente outros sujeitos ligados a sua identidade objetivada e subjetivada, a partir do controle e da disciplina, ou seja, uma sujeição social como forma de poder e saber (FOUCAULT, 1995, p. 235). No entanto, essa sujeição social, que implica numa objetivação e subjetivação, conforme destacamos anteriormente, não é pacífica, o que se revela principalmente pelas restrições à leitura, que, como vimos, indicava o efeito de subjetivação constituídas, que contrariaram o regime ora posto. Para nós, essas restrições presentes em ARGC são expressões de batalhas contra a objetivação, ou seja, tratam-se de oposições contra certa governamentalidade. Essas mulheres que publicaram obras restritas evidenciadas em ARGC buscavam imprimir oposições transversais, ao modo de como o sujeito feminino era objetivado. Essas oposições aconteciam através de pequenas práticas diárias, demonstradas no ato de Frei Sinzig ao censurá-las, tais como falar de sexo publicamente (SINZIG, 1917, p. 20); expressar os sentimentos femininos (SINZIG, 1917, p. 209); demonstrar o divertimento feminino (SINZIG, 1917, p. 68); revelar a possibilidade de felicidade amorosa da mulher (SINZIG, 1917, p. 254-256); divulgar a feminilidade singular da mulher (SINZIG, 1923, p. 89); mostrar a exposição da leviandade de maridos no lar (SINZIG, 1923, p. 115); afirmar a possibilidade de divórcio na relação conjugal (SINZIG, 1923, p. 168); demonstrar felicidade fora da religiosidade (SINZIG, 1923, p. 53). Assim, tais demonstrações e exposições que destacamos eram fruto da oposição de mulheres em fins do século XIX e início do XX no Brasil. Essas oposições se voltavam aos efeitos do poder imediato, local, cotidiano, contemporâneo, e assim questionavam de maneira objetiva as formas de governo das pessoas, bem como os saberes impostos à sociedade. E não atacavam as instituições de poder, ou mesmo as elites ou classes, mas as formas como o poder e o saber se estabeleciam e impunham-se sobre essas mulheres. Convém salientar que essas oposições, que aconteciam através de pequenas práticas diárias, como formas de subjetivação feminina, as quais destacamos anteriormente, elevavam tais mulheres à condição social de (in)conformadas, pois às mulheres e às suas condições de sexualidade muito se impunha através de uma governamentalidade do discurso. A esse respeito, Foucault (2017) mostra que, não raras vezes, esteve colocado sobre a mulher, o mistério da vida aprisionada em seu corpo, e 182 ela devia ser controlada através de instrumentos legítimos para isso, pois muitos acreditavam que, ao se descuidar da mulher, ela poderia perder-se. Por isso, é tida em ARGC como “victima fácil”, “frágil”, etc., e, para ela, requer-se um “guia das consciencias” (SINZIG, 1923, p.VI).245 É nesse cenário moderno de certa governamentalidade dos discursos sobre a figura feminina que o início do século XX é constituído e circunscrito naquilo que Foucault (2017, p. 28) chamou de lógica da modernidade: “a repressão”.

O que não é regulado para a geração ou por ela transfigurado, não possui eira, nem beira, nem lei. Nem verbo também. É ao mesmo tempo expulso, negado e reduzido ao silêncio. Não somente não existe, como não deve existir e à menor manifestação fá-lo-ão desaparecer – sejam atos ou palavras. [...] Isso seria próprio da repressão e é o que distingue das interdições mantidas pela simples lei penal: a repressão funciona, decerto, como condenação ao desaparecimento, mas também como injunção ao silêncio, afirmação de inexistência e, consequentemente, constatação de que, em tudo isso, não há nada para dizer, nem para ver, nem para saber. (FOUCAULT, 2017, p. 55)

Assim, ao restringir a leitura de romances, Frei Sinzig demonstrava a existência de formas de subjetivação através da recusa de um determinado tipo de objetivação, em relação a uma governamentalidade que não atuava à deriva, mas operava diretamente na consciência. Ou seja, a seleção de leitura de Frei Sinzig em ARGC operava um tipo de governamentalidade que buscava dirigir as consciências, com saberes prontos e externos, como forma de constituição dos sujeitos, buscando controlar e classificar. Assim, ARGC, numa relação de poder que se validava pela sua aceitação no âmbito do corpo social, buscou constituir um homogêneo corpo social de seu período histórico através da objetivação. Para isso, ARGC passou a descrever saberes e práticas como modos de objetivação, que se aplicavam diretamente à figura feminina. Assim, que práticas e saberes são esses, que, geridos por um poder, constituiu a figura das mulheres e trouxe à tona subjetivação como efeitos desse movimento entre objetivação e

245 Segundo Foucault (2017), muitas foram as formas de vigiar o feminino, desde sua relação com seu corpo, bem como a sua sexualidade. Sobre isso, o autor destaca os discursos médicos, jurídicos e religiosos. Entretanto, no campo da sexualidade e da maternidade, o discurso adquire força e poder, sobretudo a escondida menstruação. Era preciso cuidado nas regras mensais, pois o sangue imundo contaminaria a tudo e todos. A menstruação adquiriu o símbolo, em muitos casos, da misteriosa anatomia feminina. 183 subjetivação, notados através da indicação e da restrição à leitura de romances, em fins do século XIX e início do século XX?

4.2.1. A mulher com uma figura preservadora da família e de certa moralidade social

Os saberes e as práticas estão interligados, e às vezes se dividem, mas, na maioria, se somam. Assim, da objetivação de práticas e saberes, verificamos que uma das grandes autoras brasileiras, destacadas por Frei Sinzig nas edições de ARGC foi Hilda Leite Guimarães, que trazia o pseudônimo de Ancilla Domini.246 Ela foi uma das autoras mais sublinhadas por Frei Sinzig em ARGC. Sobre suas obras, salientou práticas e saberes, visando controlar condutas e assim propor uma dada conformidade social. Esse exercício do poder por Frei Sinzig, no caso aqui, sobre a vida de Hilda Leite Guimarães não é estático, mas aconteceu como um “fluido” (FOUCAULT, 2008, p. 4), que circunda e atravessa as diferentes obras escritas por ela. Tanto que, ao citar a autora, cita também várias de suas obras do período, tais como A arena da vida; Os divorciados; Colar perdido e outros contos; A Família Moraes Gomes; Fazenda em Maranhão; Na intimidade e outros contos; O orvalho vespertino; Quadros da vida e a Família Moraes Gomes; Lucilia, Maldição”, Meus dois romances, Natal, No asylo e A esmola do pobre (SINZIG, 1915,1917,1923). Nessas obras, todas indicadas à leitura, Frei Sinzig coloca em relevo a mulher como uma figura de preservadora da família e de certa moralidade social. Cabe destacar que esse colocar em relevo segue certos procedimentos de evidências por Frei Sinzig, em que ele destaca determinados adjetivos e os associa as condutas tidas como convenientes (aprovadas), no âmbito não somente religioso, mas também republicano.247 Portanto, a leitura das obras de Hilda Leite

246 Hilda Leite de Guimaraes (Ancilla Domini) foi vencedora de um prêmio em agosto de 1911, através da revista Vozes, de Petrópolis. Santos (2017, p.195) salienta que a revista Vozes publicou um convite a seus leitores para participar de seu primeiro concurso literário. O objetivo da iniciativa era estimular que novos escritores colaborassem com o desenvolvimento da “sã literatura” no Brasil. Ao divulgar o projeto, a revista propôs um tema e um estilo estético a serem seguidos pelos autores que desejassem participar do concurso: peças teatrais sobre o tema “só a prática da religião torna a mulher feliz”. Para motivar os candidatos, foram publicadas chamadas nas páginas da revista, sugerindo ideias que poderiam ser abordadas. Neste sentido, os anúncios explicitavam que os autores precisariam se dedicar a escrever sobre a verdadeira felicidade das mulheres, não se limitando às aparências. Por fim, a comissão de avaliação concedeu o terceiro lugar no concurso à Ancilla Domini, tida como serva de Deus, autora da obra O triunpho do dever. 247 Cabe destacar que Frei Sinzig utilizou-se de uma ideia de governamentalidade, própria daquilo que propôs Foucault (1990, p. 2-3) conceitualmente, tal como a ideia de governamentalidade separada do 184

Guimarães pelas mulheres pressupoe adeptos a “san moral” e a preservaçao da “intimidade da vida”, do “respeito ao pae” (SINZIG, 1923, p. 60), de “utilidade pública”, do “casamento bem feito”, do “casamento civil e religioso”,248 bem como da necessidade de uma “vida pública sem desastres e vergonha”, de “unir-se-lhe pelos laços do matrimonio”, de uma boa “educação civica”; “fidelidade conjugal”, a não reprodução de “costumes da terra dos inconfidentes249” e o amor à virtude (SINZIG, 1923, p. 25-60).

Figura 09: Capa de Olvalho vespertino

Fonte: Santos (2017, p.258)

foco religioso. Ou seja, Frei Sinzig, a todo momento articula questões religiosas (por exemplo, piedade) com questões sociais, por exemplo questões de moral cívica (SINZIG, 1923, p.60). 248 Frei Sinzig salienta que existiam o casamento religioso e o civil, e que por vezes eram feitos separadamente. No entanto, destaca que ambos têm o mesmo peso social e religioso. 249 Frei Sinzig parece se referir a costumes e práticas da família no período da Inconfidência Mineira, dos quais se praticavam no Brasil e eram tidas como imorais. Não se refere exatamente quais seriam essas práticas. 185

Santos (2017, p.131) mostra que o interesse da Igreja Catolica numa certa figura da mulher como preservadora da família e de certa moralidade social se deu em face do interesse de um “agenciamento da sexualidade” feminina, por considerar ser ela (a Igreja Católica), a única fonte legítima de orientação moral para a população. Diante disso, surge de fato um interesse numa certa governamentalidade da família, como forma de catolicizar a sociedade brasileira, impondo uma dada conformidade social.250 Sobre essa imposição, Soihet (2004, p. 304) revela que

convergiam as preocupações para a organização da família e de uma classe dirigente sólida – respeitosa das leis, costumes, regras e convenções. Das camadas populares se esperava uma força de trabalho adequada e disciplinada. Especificamente sobre as mulheres recaía uma forte carga de pressões acerca do comportamento pessoal e familiar desejado, que lhes garantissem apropriada inserção na nova ordem, considerando-se que delas dependeria, em grande escala, a consecução dos novos propósitos.

Notamos que ARGC está inserido nessas preocupações com a organizaçao da família, atrelada à figura feminina como preservadora da organizaçao familiar. Assim, segundo Soihet (2004, p. 304), era um modelo de família burguesa que se implantava como conformidade social, em que as famílias de modo geral, vistas de forma essencial, principalmente no regime capitalista que se instaurava, que, com a supressão do escravismo, o custo de reprodução do trabalho era calculado considerando a contribuição invisível e não remunerada do trabalho doméstico das mulheres. Ademais, esse tipo de conformidade tinha o respaldo da Igreja e da República, além da medicina social, que assegurava como características femininas, como razões biológicas: a fragilidade, o recato, o predomínio das faculdades afetivas sobre as intelectuais, a subordinação da sexualidade à vocação maternal. As características atribuídas às mulheres eram suficientes para justificar que se exigisse delas uma atitude de submissão, um comportamento que não maculasse sua honra. Estavam impedidas do exercício da sexualidade antes de se casar e, depois, deviam restringi-la ao âmbito desse

250 Santos (2017) salienta a existência de certo ordenamento cristão, coadunado com ações da República, em que a Igreja resistiu a certos discursos científicos, quando neles notou oposições à doutrina católica, tais como a intervenção médica na família. Neste sentido, durante muito tempo houve uma declarada aversão, por parte da Igreja, à educação sexual, à difusão de conhecimentos sobre a contracepção e, até mesmo, à educação física feminina, introduzida nos colégios protestantes no início do século XX. 186 casamento. A esse respeito surgem autores como Cesare Lombroso,251 que sob pressupostos, argumentava que

[...] as leis contra o adultério só deveriam atingir a mulher não predisposta pela natureza para esse tipo de comportamento. Aquelas dotadas de erotismo intenso e forte inteligência, seriam despidas do sentimento de maternidade, característica inata da mulher normal, e consideradas extremamente perigosas. Constituíam-se nas criminosas natas, nas prostitutas e nas loucas que deveriam ser afastadas do convívio social. (SOIHET, 2004, p. 305)

Nessa arquitetuta, em que a mulher se inseria como uma figura feminina preservadora de certa organizaçao familiar, notamos certo patriarcalismo contemporâneo.252 Segundo Silveira (2011, p. 03), no curso de nossa história, o poder masculino – representado no patriarcalismo – venceu o feminino, criando uma sociedade “hierarquicamente organizada regida pela lei, pelo pensamento racional positivo, com base na obediência à autoridade do pai”. Daí, a transição de uma cultura matriarcal para uma cultura patriarcal. 253 Dando continuidade, o mesmo Frei Sinzig faz com Júlia Varisco, autora de Spartaco e O pequeno caixeiro viajante da Casa Arba. Depois de descrever uma sequência de atributos, destaca o fato de ser ela uma “excellente senhora” de família, podendo servir de “modelo á juventude” (SINZIG, 1923, p. 733). Portanto, Frei Sinzig utiliza-se procedimentos descritivos, práticas e saberes de mulheres que possuíam atributos sociais, por serem escritoras brasileiras que tinham suas obras circulando no Brasil, com um dado destaque social. Assim, ao indicar a leitura de tais obras, estaria objetivando condutas e constitundo sujeitos, como uma ferramenta de controle, como tática de governo da leitura, para atingir suas finalidades e objetivos. Portanto, essas

251 Médico italiano e nome conceituado da criminologia no final do século XIX. 252 Trata-se de uma estrutura sobre a qual se assenta uma autoridade imposta institucionalmente, do homem sobre mulheres e filhos no ambiente familiar, permeando toda a organização da sociedade, da produção e do consumo, da política à legislação e à cultura. Nesse sentido, o patriarcado funda-se nos relacionamentos pessoais e interpessoais que, via de regra, são marcados pela dominação e pela violência (BARRETO, 2004, p. 64). 253 Silveira (2011) desenvolve o patriarcalismo na mitologia grega, como uma grande portadora dos significados e dos símbolos, à sua sombra dos quais vivemos. Para ele, o patriarcalismo ficou ainda mais forte quando da relação de Zeus com Métis, pois quando esta fica grávida, o que ameaça o trono, Zeus engole Métis, antes que a criança nascesse. Entretanto, Zeus sofre de muitas dores e procura ajuda com Hefestos, que lhe abre a cabeça e no mesmo instante, salta de fronte uma bela guerreira chamada Palas Atena, deusa da razão. Com ela, legitimava-se toda a força do patriarcalismo, pois essa deusa havia sido gerada não de um útero materno, mas da própria cabeça de Zeus, do lógos, ou seja, da razão. 187 mulheres participaram de uma dada governamentalidade proposta por Frei Sinzig, que atuou em duas direções distintas e complementares: primeiro, na consciência da população, através dessas autoras indicadas, estabelecendo condutas e comportamentos; segundo, instituiu verdades e obediências, com objetivo de uma dada conformidade social, visando sujeitar os indivíduos por “mecanismos de poder” (FOUCAULT, 1995, p. 5), apoiando-se em saberes e práticas prontas. Enfim, é uma governamentalidade que buscou dirigir as consciências, com práticas e saberes externos, como forma de constituição do sujeito feminino. Com isso, ele pôde controlar e classificar quais romances poderiam ser lidos e quais não podiam. Consequentemente, ARGC compôs-se como um compêndio de governamentalidade para inserção da figura da mulher como preservadora da família e da sociedade. Para essa finalidade, constatamos – entre o que poderia e o que não poderia ser lido, proposto por Frei Sinzig – uma dinâmica de força que se desenrolou no campo relacional do período e que pode ser percebido a partir do ato de Frei Sinzig em pontuar, através da obra ARGC. Ou seja, essa obra, na sua terceira edição, reflete aquilo que Foucault (2008, p.420) chamou de “campos de forças”, pois, se de um lado estão as literaturas indicadas, do outro estão as resistências, as literaturas não indicadas. Com isso queremos destacar que, ao inserir a mulher através de uma figura preservadora da família e de certa moralidade social, Frei Sinzig também estava lidando com outras figuras femininas, que provavelmente contrariavam essa ideia, pois é próprio da governamentalidade essa disputa de forças e resistência, sem qual ela nem existiria. Percebemos isso ao verificar que as autoras femininas quase se dividem na mesma quantidade, ou seja, enquanto 11 delas podiam ser lidas, apenas 9 não podiam, segundo Frei Sinzig. Ou seja, existiam campos de forças e disputas sobre a ideia da mulher como uma figura preservadora da família e de certa moralidade social. Sobre essa mulher, figura preservadora da família e de certa moralidade social, Santos (2017, p.199) nos mostra campos de forças e disputas, em que as mulheres buscavam contrariar essa ideia família-moralidade-casamento, fazendo emergir outras discussões em que existia família-moralidade-sem casamento. Ou seja, apesar da Igreja defender que a felicidade da mulher estava no casamento, existiam outros discursos, produzidos na mesma esfera social, que valorizavam as mulheres solteiras no contexto urbano, de modo que, sem ferir uma dada moralidade, essas mulheres poderiam se dedicar à caridade, à imprensa e, principalmente, à educação.254

254 Convém salientar que, apesar de se oporem a esse discurso da família-moralidade-casamento, a vida de mulher solteira não era uma tarefa fácil, pois os discursos de caráter normativo, produzidos tanto 188

Apesar de se oporem a esse discurso, assumindo uma posição de defesa do casamento e da família, mulheres vinculadas à Igreja começaram a produzir discursos que valorizavam a ação das solteiras no interior do catolicismo. Para elas, ainda que não tivessem vocação religiosa e não se casassem, as mulheres católicas poderiam se dedicar à ação católica. Dando continuidade, destacamos que, em ARGC, algumas autoras femininas de romances colocaram em relevo outras questões sociais, referentes à figura feminina. Como exemplo, citamos Albertinha Berta (autora restrita), que escreveu Exaltação e foi tida por Frei Sinzig como “perigosa”, “espirito concupiscente”, “desordenado espirito”, “erotica”, “carnal (SINZIG, 1923, p. 20). O mesmo aconteceu com Emilia Moncorvo Bandeira de Mello, de pseudônimo Carmem Dolores, que foi tida como alguém que “defende o divórcio”, “immoral” (SINZIG, 1923, p. 168). Dessa forma, o que nos parece ter havido foi uma crítica relativa às verdades sociais postas, seja por Frei Sinzig ou pelos regimes de sua contemporaneidade, que conduziu essas mulheres restritas a um dado questionamento, objetivando a construção de um éthos da mulher em relação à família e à moralidade social, embasada numa racionalidade crítica. Portanto, temos diante de nós, sob o olhar de Foucault (1990), uma relação entre as verdades e os sujeitos dessa verdade e o questionamento a uma dada objetivação. Outrossim, constatamos essas mulheres (de leituras restritas) tidas por “adulteras”, “perigosas”, de “espirito concupiscente”, de “desordenado espirito”, “eroticas”, “carnais”, etc., em ARGC, com uma certa aceitação social no período. Ou seja, existiam (além delas) outras subjetivações postas socialmente. Assim, notamos que os discursos produzidos por Frei Sinzig não eram homogêneos, pois há indícios de que a sociedade não as reconhecia com esses mesmos adjetivos, conforme destacamos anteriormente. Assim, identificamos dispersões e descontinuidade nos discursos de restrição de Frei Sinzig, ou seja, outras vozes sociais falando simultaneamente. Assim, a atribuição desses adjetivos nos remete a pensar tratar-se de ideias, frutos de um determinado discurso, seja da Igreja ou de parte do sistema republicano.

pela Igreja como pela República, defendiam que a verdadeira felicidade para a mulher se encontrava no casamento. Assim, as mulheres que permaneciam solteiras, em geral, sofriam com a dependência econômica, o ostracismo social, a vigilância e o julgamento constantes a respeito de suas vidas pessoais. Ao mesmo tempo, desenvolvia-se no interior dos discursos feministas, tidos como mais radicais, uma crítica cada vez mais demarcada ao casamento, considerado opressivo para as mulheres em muitas realidades (CUNHA, 1986; RAGO, 1985; SANTOS, 2017).

189

A esse respeito, salientamos que os adjetivos propostos por Frei Sinzig, provavelmente não eram os mesmos, se consideramos que Olavo Bilac a introduziu em Sociedade de Homens de Letras, por admirar seu estilo de fortes influências. A esse respeito, Martins (2012) salienta ser uma autora de ativa participação social, escritoras de contos literários, trechos de romances, além de ter participado de várias entrevistas em variados jornais e revistas brasileiras e estrangeiras, em que se destacou- pelas palestras e conferências sobre filosofia, que acabara publicando na imprensa, emitindo opiniões sobre diferentes assuntos, tais como o voto feminino, a criação de uma Academia Feminina de Letras e o divórcio.

Albertina escrevia, sem limites, sobre religião, política, filosofia, psicologia e história. Dava conselho às mulheres, demonstrava uma visão crítica da sociedade intelectual predominantemente masculina, reconhecia a necessidade de a mulher mudar a sua postura antes mesmo de exigir seus direitos. A voz de Albertina era muito respeitada. [...] destacamos a recepção crítica de toda a sua obra, literária e ensaística, que originou uma série de comentários, algumas vezes elogiosos, reconhecendo o talento da escritora, outras vezes severos, acusando a ousadia do seu estilo e o teor de seus romances. Nos jornais, encontramos uma série de publicações, opiniões, polêmicas, notas, recomendações e críticas, sobre a escritora e sua produção intelectual, que confirmam a importância da sua voz na sociedade em que vivia, confirmam a participação ativa que ela tinha no meio literário e cultural da época e, principalmente, para o seu público-leitor. (MARTINS, 2012, p. 47)

O primeiro livro de Albertina Bertha, intitulado Exaltação, foi publicado como romance em 1916. Nele, que teve considerações favoráveis de Lima Barreto, através de uma carta manuscrita em 16 de dezembro de 1916 (ver figura 10 [indicar o número da figura e excluir o termo “abaixo”]abaixo). Nela, Lima Barreto teceu elogios à conduta e principalmente à capacidade feminina da autora255. Ainda sobre Albertina Bertha, Martins (2009, p. 54) destaca a agitação cultural causada por ela, por ser considerada uma autora com temática audaciosa. Nessa mesma obra, evidencia o fato de que Albertina Bertha era vítima de comentários desagradáveis realizados por membros da Igreja Católica, pois, quando não era vítima de comentários preconceituosos e de discursos religiosos moralistas, ela recebia “críticas elogiosas, que destacavam o seu

255 Posteriormente Lima Barreto escreveu um artigo, publicado na Gazeta de Notícias, em 26 de outubro de 1920, em que comenta a respeito da obra e da personalidade de Albertina Bertha. Sobre a autora carioca, ele demonstra grande admiração em relação à sua educação refinada (MARTINS, 2009, p. 50). 190 estilo, o seu perfil psicológico e a sua refinada educação, que formou seu vasto conhecimento em filosofia e estética”.

Figura 10: Carta de Lima Barreto sobre o romance Exaltação de Albertina Bertha, em 1916

Fonte: Disponivel em https://www.bn.gov.br/acontece/noticias/2016/02/exaltacao- romance-feminista-grande-sucesso-inicio. Acesso em 03 de jan. de 2019

O mesmo aconteceu com Augusta Franco de Sá Sampaio, autora do romance Heloisa. Sobre a autora, Frei Sinzig destaca que “não maneja correctamente a língua”. Sobre a obra, salienta tratar-se de um romance que expõe amor ao luxo e aos prazeres, o abandono do esposo, adultério, suicídio e fantasias (SINZIG, 1917, p. 254-256). Assim, tratava-se de um romance que fragilizava o ideal de família e certa moralidade. 191

Numa leitura cuidadosa de Heloisa,256 ao referenciar a própria jovem Heloisa, personagem principal da obra, notamos que, para Frei Sinzig, poderia tratar-se de um conteúdo atraente, sedutor, vistoso e chamativo, de forma a envolver seu público leitor com particularidades e sinais corporais:

Ninguem, por certo, que a visse, suporia que, sob tao jovem e fascinante figura, se ocultasse um coração impiedoso e uma alma tão inflexível. Esbelta e graciosa e com porte soberano, em que as linhas se mantinham harmoniosas. A cútis, ligeiramente morena, realçado pelo assetinado do colorido, e os lábios de carmim, tentadores, quando lhes corria um sorriso, entre duas covinhas e os alvíssimos dentes. E os olhos negros, quaes dous fanaes intensos e os cabelos, da mesma cor e em ondas, tornavam na irresistivel. Demasiado vaidosa, vestia-se com arte e extravagancia. (SAMPAIO, 1924, p.7)

Contudo, apesar de ser uma autora restrita em ARGC é uma autora que possui distintos predicados morais na sociedade de sua época. Como exemplo, citamos o jornal O Correio da Manhã,257 que em 10 abril de 1931,258 se referiu ao falecimento de Augusta Franco de Sá de Sampaio, sublinhando-a na página de “Vida Social”, ao lado de outras pessoas (inclusive homens) que, muito provavelmente, possuíam a aprovação de Frei Sinzig, por representar uma dada moralidade da época. O mesmo aconteceu com o Jornal A Noite,259 que, em 14 de abril de 1931260, propôs uma certa reverência à família da mesma autora, convidando a sociedade para sua Missa de Sétimo de Dia, salientando-a como uma mulher de moral ilibada e elevada. Portanto, dois jornais diferentes, na então capital do Brasil, apresentaram ideias antagônicas, com outras verdades, ancoradas provavelmente em outros regimes de verdade. Assim percebemos que, mesmo que Frei Sinzig estivesse amparado nas ideias sobre mulher da recém- formada República, encontramos nesses jornais divergências de ideais por parte da sociedade, principalmente devido ao fato de terem circulado entre fins do século XIX e a primeira metade do século XX. Cabe destacar que, segundo Mariani (1996), esses jornais atuavam sobre uma “norma identificadora”, ou seja, funcionavam regidos por

256 Ressaltamos ter encontrado e adquirido por R$ 6,00 a obra Heloisa, num sebo no Rio Grande do Sul. Trata-se da 2.ª edição melhorada de 1924 e fonte primária. Após a finalização desta Tese, pretendemos doá-la ao CDAPH. 257 O jornal O Correio da Manhã é um jornal brasileiro, publicado no Rio de Janeiro, entre os anos de 1901 e 1974. 258 Arquivo digital disponível na Biblioteca Nacional em www.bn.com.br 259 O jornal A Noite é um jornal brasileiro publicado no Rio de Janeiro, entre os anos de 1911 e 1957. 260 Arquivo digital disponível na Biblioteca Nacional em: www.bn.com.br 192 relações sociais de ideias261 postas, pelas quais eram responsáveis para manter certas informações em circulação e, com isso, contribuir para a manutenção das relações sociais. Dito de outra maneira, a imprensa era constituída por uma “norma identificadora” e os periódicos eram responsáveis pela mantença de uma conformação social, de modo a defender o cristianismo como religião, a República, os bons costumes e as propriedades. Os jornais não divulgavam informações que contrariavam esses pilares ocidentais (MARIANI, 1996). Portanto, percebemos ideias diferentes sobre o comportamento e as condutas dessas mulheres restritas. O que nos parece é que os verbetes de Frei Sinzig sobre essas mulheres e suas obras, colocavam em alusão a existência de uma dada subjetivação feminina, que, muito embora apareça associada por Frei Sinzig a adjetivos pejorativos, o contexto histórico demonstrava que tais mulheres tinham o respeito e a aceitação da sociedade na qual estavam inseridas. Diante disso, é possível entender que elas constituíram uma dada subjetivação subversiva em tais romances, ao contrapor-se aos padrões morais e da família e, com isso, colocar de modo audível uma voz feminina que pudesse ecoar nos ouvidos das autoridades e da sociedade em geral. Cabe destacar que grande parte dos verbetes de reprovação de Frei Sinzig, em desfavor aos escritos de tais mulheres, estavam relacionados a questões sexuais. Sendo assim, utilizar de ideias sobre sexualidade gerou uma série de impactos de ordem moral, o que implicava na ordem como as ideias de Frei Sinzig se veiculou. Para isso, Frei Sinzig se amparou nos discursos religiosos, ao determinar para os sujeitos que falam, “propriedades singulares” e “papéis preestabelecidos” (FOUCAULT, 1999, p. 39). Portanto, as obras de Frei Pedro Sinzig não somente demonstram um antagonismo de ideais, mas denotam a tensão e as especificidades de um contexto tão importante para as mulheres, como foi o fim do século XIX e o início do século XX, onde elas transitavam de uma figura social privada, para uma figura social pública, conforme podemos perceber em várias dissertações e teses de pesquisas realizadas no Brasil neste período.

4.2.2. A mulher com uma figura de educação e controle de diferentes vícios

Ao que nos parece, ao aproximar a figura da mulher ao regime de controle dos vícios, Frei Sinzig estava preocupado em controlar vícios, no sentido de que esses

261 Tratado no texto como ideologia. 193 poderiam interferir numa dada tranquilidade social, além de estimular os conflitos e as tensões sociais. Frei Sinzig vetou a leitura de obras, não somente escritas por autoras femininas, mas também por autores masculinos que compunham a elite letrada, tais como A farsa, de Raul Brandão, justificando que continha características hediondas, mas, principalmente, exaltava a devoção a muitos vícios, tais como jogos e embriaguez (SINZIG, 1915a, p. 138). Vetou a leitura de Contos amenos , Comedia do amor, Casamentos do diabo, A casaca Azul, A caridade Christian, Caminho do bem, A calumnia, Os caçadores, Os anjos da terra, O anjo, O anjinho, A visinha da porta, O violino do diabo, Rico e pobre, A pescadora, O pão dos pobres, A mulher adultera, O milionário, O Martyr do Golgotha, Manuscripto materno, A mancha, Magdalena, a visinha do poeta, a mãe dos desamparados, Ladrões da honra, Historia de um beijo, Os filhos da fé, A cura da aldeia, Coração nas mãos, Um filho do povo, As culpas dos Paes, A esposa martyr, A felicidade, Os cômicos ambulantes e o amor dos amores, A formosura da alma, O inferno dos ciúmes, Inveja, O livro de Job, Um livro para meus netos, As maripousas da alma, O martyrio da gloria, O milionário, As obras de misericórdia e noites amenas, Os que riem e os que choram, O piano de Clara, A perdição da mulher, Por bem fazer mal haver, Os predestinados, A promessa sagrada, A prosa da glória, Quem tudo quer perde, As redes do amor, A segunda vida, Tal arvores, tal fruto e o ultimo beijo. Todos de Enrique Perez Escrich, por incitarem vícios prazerosos, ligados a prazeres noturnos e a uma vida apegada a drogas (SINZIG, 1915a, p. 275-283). Rago (1985, p. 11) pontua que os fins do século XIX foram marcados pela inserção de vícios degradantes que aportavam na sociedade brasileira.

A degradação dos costumes, as práticas dissolutas, o alcoolismo, o jogo, o crime, as doenças que penetram pelo Porto de Santos em companhia dos trabalhadores italianos, espanhóis, portugueses, polacos, a nova mania das greves, a lepra da luta pelas classes: tudo se passa como se os novos bárbaros aportassem entre nós.

Ainda sobre isso, é importante destacar que

[...] os vícios, na virada do século XIX para o XX, não estavam ligados diretamente àquilo que produzia enquanto prejuízo para o indivíduo, ou mesmo para suas relações no espaço urbano, mas principalmente porque interferiam nas relações capitalistas do 194

trabalho. Como exemplo, o trabalho noturno, que era condenado em algumas situações, não só porque impedia o acesso à luz natural, ou mesmo suas relações no espaço urbano, mas porque favorecia o uso e abuso de bebidas alcoólicas, as quais eram vistas como um forte vício, que retirava o indivíduo do trabalho. Em contrapartida, tomamos como exemplo o cigarro (ou fumo), que apesar de ser considerado um vício, não tinha relação direta com a perda do trabalho. Tanto que, em quase todas as edições dos periódicos Fon Fon e Careta, temos a sua presença [cigarro] em imagens sociais, em alguns momentos na capa da revista, destacando-o sem restrições, além de fortes propagandas incentivando o seu uso. (CRUZ, 2014, p.116)

A par disso, Frei Sinzig cuidou-se para associar, em ARGC, a figura da mulher à educação e ao afastamento dos vícios. A exemplo, recomenda a leitura de um romance intitulado Cruzeiro da Missão (OIL), da autora Amélia Rodrigues, pelo fato de tal obra destacar “costumes nacionaes” e por denunciar diversos vícios dos cablocos.262 Ao mesmo tempo que tal autora tinha obras que condenavam os vícios, como destacamos, tinha também obras que eram aceitas e aprovadas pelo Conselho Superior de Intrucção Pública da Bahia (SINZIG, 1923, p. 632-633), como é o caso de um outro romance (da mesma autora), intitulado Do meu archivo (OIL). Convém frisar que essa relação da mulher com a educação e a prevenção de vícios ainda era imprópria no período. Nesse mesmo direcionamento do afastamento dos vícios, ao indicar a leitura do romance Orvalho vespertino (OIL), de Ancilla Domini, Frei Sinzig adjetiva a autora como “admirável”, que sabe “apresentar quadros da vida real”, mas a destaca principalmente, pelo fato de apresentar um conteúdo que realçava o “horror ao vicio” (SINZIG, 1923, p. 61). O mesmo acontece quando Frei Sinzig comentou sobre a autora Alexina de Magalhães Pinto, de pseudônimo ICKS, sobre quem faz questão de salientar que foi nascida em São João del-Rei, Minas Gerais e que foi professora diplomada pelas escolas Normais do Rio de Janeiro, destacando que “as annotações de ICKS são instructivas e cheias de preceitos de bôa educação”. Entretanto, ao comentar o romance Nossos brinquedos (OIL), em que associa a questão dos vícios à pobreza e à falta de educação, Frei Sinzig comenta: “tem pugnado pela imprensa em pról das desditosas creaturas atiradas ao vício pela miseria ou pela ignorancia do mal” (SINZIG, 1923, p. 115). Portanto, algumas das indicações à leitura de Frei Sinzig trazem uma vinculação

262 Ao utilizar o termo “caboclo” (SINZIG, 1923, p. 632), notamos que Frei Sinzig estava associando o termo a um indivíduo rústico, bruto e, principalmente, detentor de diversos vícios. 195 estreita da figura mulher com a educação e o afastamento de condutas viciantes e tidas como (in)conformidade social, ou seja, reprovadas. Cabe destacar que a figura da mulher se inseria como uma imagem pública, como vimos anteriormente neste trabalho; e, dessa forma, associá-la no combate aos vícios e aproximá-la da educação era uma forma de estabelecer novas práticas e, com isso, novos saberes. Convém enfatizar que esses novos saberes e práticas, segundo Foucault (1995, 2008), foram postos a serviço da produção do sujeito, sempre intencionalizados, visando à massa da população. Portanto, é importante percorrer o contexto histórico do período e perceber que o Brasil convivia com uma chamada bela época,263 datada entre fins do século XIX e início do século XX, que tem recebido demasiada atenção por parte de pesquisadores, por tratar-se de um período de ebulições sociais, debates políticos – e mais, da estruturação de um novo modelo econômico e social, visando inserir o Brasil numa dada modernidade, momento em que se sinalizava a constituição de sujeitos pautados no trabalho fabril. Assim, vícios não combinam com o ideal de educação. Cabe destacar que, segundo Veiga-Neto (2011, p. 27), a modernidade trouxe um sentimento de “intolerância”, marcado por um tempo de busca de ordem, em que os vícios, sob uma ótica sinzigana, devem ser anulados e repreendidos. Sob essa intolerância é que ARGC encontra guarida e respaldo, para legitimar as leituras indicadas e condenar as restritas. Tais eram os diversos fatores que culminavam no período histórico, conforme destacamos na citação seguinte, em que Silva (1999) sublinha que questões de conformidade social na República, no início do século XX, foram tratadas como questões de polícia:

Considerando apenas nossas especificidades históricas, discorremos a respeito de um período onde a escravidão enfim chegava ao seu término, com a Lei Áurea, após longo período de sucessivas medidas legais que abriram caminho para sua consecução como a Lei do Ventre Livre e a Lei dos Sexagenários, por exemplo. Quando a

263 Esse momento denominado como bela época, ou belle époque, era marcado de realizações e de efetivação de projetos, pois foi considerado como um tempo de perspectivas, avanço da ciência, de reafirmação de valores morais e religiosos. Esse otimismo era fruto da Segunda Revolução Industrial, ocorrida na década de 1870, quando as novas descobertas científicas eram integradas aos processos produtivos, o que propiciou o desenvolvimento de novas fontes de energia, trazendo impactos diretos na indústria e em outras áreas. Temas como progresso, civilização, velocidade, rapidez eram candentes nesse momento histórico-cultural (COSTA; SCHWARCZ, 2000; SEVCENKO, 1987). 196

abolição foi consumada, uma parcela dos ex-escravos já havia sido absorvida pelo mercado de trabalho livre. Outra parcela expulsa das fazendas e casas de seus antigos senhores vivia à solta pela cidade, sem moradia, emprego ou rumo, em situação de abandono e miséria, fonte de constantes conflitos sociais. Assomada à presença maciça de imigrantes europeus e asiáticos, adaptados ao funcionamento das relações de trabalho livre e iniciados em organizações e lutas operárias em seus países de origem, os conflitos de natureza social eram encarados como afrontamentos por um poder público pouco inclinado a dar ao problema maiores atenções – não foi à toa que a República Velha alcunhou a questão social como caso de polícia.264 (SILVA, 1999, p.3)

Destacamos essa citação de Silva para colocar em relevo que as questões de vícios eram associadas a certo afrouxamento moral, a uma questão social e faziam parte de certa governamentalidade. Para isso, muitas medidas de governamentalidade passaram a existir no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, capital do Brasil, a fim de constituir um espaço urbano civilizado, ordeiro, conforme o gosto das elites locais afrancesadas. Daí, a busca de uma definição para o ideário republicano por políticos, artistas e literários, nas rodas de conversa dos letrados, nas rodas de boemias, nos salões frequentados pela alta sociedade. Assim, constituir sentidos para o lema “ordem e progresso”, associado a certa conformidade social, era um desafio para uma elite de intelectuais. Com efeito, ARGC se associava a essa construção de sentidos, que objetivavam aglutinar a figura de mulher, a educação e o controle de diferentes vícios. Paralelamente a isso, os romances com conteúdo idealista, por vezes fictícios, que despertavam as fantasias sem fim, se disseminaram por todo o Brasil. Por isso entendemos que Frei Sinzig poderia estar sob uma motivação de cunho literário, concentrando em contrapor-se ao Romantismo e às suas imagens tão idealizadas quanto distanciadas da realidade. No entanto, não podemos esquecer-nos que as obras de Frei Sinzig representam um esforço de elaboração de um sujeito nacional que apresentasse certa brasilidade. Por isso, ARGC pode ser visto como a busca de um dado equilíbrio de ruptura, em que a figura da mulher se fez de forma estratégica para atingir suas finalidades, ao constituir um sujeito educado e afastado dos vícios que assolavam o País naquele momento.

264 A oração “A questão social é um caso de polícia” é da autoria do presidente Washington Luís, sendo ele o último da República Velha. Ela é emblemática das concepções da elite política brasileira a respeito das reivindicações das camadas baixas da população, entendidas como crimes políticos (SILVA, 1999, p.3). 197

A esse respeito, salientamos que o Rio de Janeiro convivia com a realidade de um estado em que no início do século XX convivia com um paradoxo entre vício e drogas, ordem e progresso, atravessados pela idealização de bela época, que, segundo alguns pesquisadores, demonstrava uma realidade bastante diferente do sonhado. Sobre isso, Sousa (2009, p.48) destaca para o Rio de Janeiro no início do século XX o olhar de um narrador-Flâneur, que transita pelos lugares não vistos, não acessíveis e, por ser noturno e alheio ao mundo urbano, mostra um Rio de Janeiro não civilizado, dominado pelos vícios, pelas drogas e pelo analfabetismo. Ou seja, a realidade carioca do período, em que drogas e vícios eram comuns em espantosa quantidade de jornais e anúncios no Brasil, propondo substâncias entorpecentes, tais como morfina, ópio, cocaína, etc., as quais seriam criminalizadas nas décadas seguintes265.

Nos primeiros anos do século XX, contexto de majoritário enaltecimento destas substâncias, não lhes eram dirigidas considerações desabonadoras de maior repercussão ou capaz de deflagrar algum conflito ou debate sobre o tema. O status de aceitação, crença e prestígio usufruído pelas drogas nesses anos consegue manter seus opositores com rasa ressonância na sociedade muito em razão de não se saber ao certo como substituí-las nas prescrições terapêuticas de então. À medida que avançavam os anos e esse status sofria severos abalos, novos significados sociais iam surgindo em substituição àqueles. (SILVA, 1999, p. 9)

Silva (1999, p.10-12) relata que os novos significados atribuíam às drogas e aos vícios a responsabilidade pela degeneração física e da personalidade, por causa da perda do domínio da vontade e do autocontrole. Assim, pressupomos que ARGC denuncia o prejuízo dos vícios, que sai do confinamento de fins do século XIX e início XX e vai para as páginas de romances indicados à leitura por Frei Sinzig, ao associar a figura feminina à sua prevenção, como uma ação social. Convém destacar que os vícios eram tidos como doenças crônicas, que comprometiam o desempenho da vontade das pessoas, como dissemos, caracterizado pela repetição compulsiva de um hábito, incapacitando a participação do usuário em uma sociedade normativa e, principalmente, produtiva. Somado a isso, o período era marcado por práticas populares de vida, que eram objeto de grande preocupação de médicos, sanitaristas, filantropos, reformadores sociais e de setores da burguesia industrial (RAGO, 1985). Notamos assim, uma dada governamentalidade, ao propor novas práticas e saberes, visando intencionalidades.

265 Destacamos que, a partir de 1910, quando surgiu a primeira lei antidrogas, haveria uma queda na recorrência dessa propaganda. 198

Portanto, ARGC surgiu neste contexto, quando inseriu a mulher como capaz de afastar os vícios da sociedade e assim caminhar rumo a uma dada moralização. Ao passo que certa subjetivação feminina pode ser percebida em obras como Heloisa (NIL), de Augusta Franco de Sa Sampaio. Sampaio (1924, p. 26-34) propõe certa aproximação feminina a determinados vícios, tais como o tabagismo, jogos, etc., no romance em questão. Contudo, notamos que existia uma subjetivação constituída, que de certa forma visava corresponder às mesmas condições naturais do homem ao trabalho, já que o período é marcado por uma forte variação entre homem e mulher, tanto que se refere ao corpo físico, intelectualidade, economia, etc. A esse respeito, Rago (2004, 488) sublinha:

Da variação salarial à intimidação física, da desqualificação intelectual ao assédio sexual, elas tiveram sempre de lutar contra inúmeros obstáculos para ingressar em um campo definido – pelos homens – como naturalmente masculino. Esses obstáculos não se limitavam ao processo de produção; começavam pela própria hostilidade com que o trabalho feminino fora do lar era tratado no interior da família.

Rago (2004) revela que em fins do século XIX as mulheres estavam sendo expulsas do ambiente do trabalho, tanto fabril como industrial. Dessa forma, a constituição de sua subjetivação a associava a determinados vícios, praticados principalmente pelos homens, especialmente o fumo de cigarro, que tinham certa conotação de destaque social, elevando-as às mesmas condições de igualdade social masculina, principalmente para o trabalho. Essa subjetivação parece ter sido eficaz, pois no início do século XX, a maioria dos trabalhadores era de mulheres, como vemos na imagem seguinte. 266 Assim notamos um movimento entre uma objetivação, proposta por Frei Sinzig em ARGC, e uma subjetivação, ensaiada nos romances restritos. Se, de um lado, buscava-se constituir mulheres afastadas dos vícios, como forma de moralidade religiosa e parcialmente republicana, de outro, os vícios podem ser tidos como motivadores de uma busca de similaridade aos homens (ver imagem de propaganda de cigarros “Vanilles”) 267 e como forma de ser imersa ao trabalho fabril e industrial no início do século XX.

266 E crianças. 267 As imagens referem-se ao uso do cigarro (fumo) nas propagandas de diferentes revistas que circulavam no Rio de Janeiro no início do século XX. 199

Figura 11: Propaganda de cigarros Vanille

Fonte: CDPH (CARETA, Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 1914, n° 294, ano VII e FON FON, Rio de Janeiro, 15 de agosto de 1914, n° 33, ano VIII).

Figura 12: Mulheres no trabalho no início do século XX 268

Fonte: Del Priore (2004, p.488).

4.2.3. A mulher como uma figura de especificidade e singularidade

Nota-se em ARGC uma especificidade e uma singularidade dadas à figura da mulher, em face da recorrência do uso textual de adjetivos, atributos, qualidades e

268 Rago (2004), sublinha estas operárias trabalhava uma média de 12 horas por dia, sem levar em conta os três ou quatro dias de semana em que, em muitas oficinas, o trabalho é prolongado até a meia-noite, correspondendo assim o dia a 16 horas de trabalho. 200 traços, por Frei Sinzig, particularizando-as nos seus sentimentos, corpo e comportamento, fatos esses não comuns no período anterior, mas que se iniciaram em fins do século XIX e se estenderam no início do século XX. Em relação a isso, salientamos verificar práticas e saberes, que visavam de forma peculiar a figura da mulher na sociedade, pois, segundo Foucault (1979), pensar na população é pensar nas suas especificidades, como governamentalidade. Ou seja, a figura da mulher foi destacada e pensada, em ARGC, como um elemento interior à população, e não mais como uma figura geral, inferior e menor do século XIX. Nesse sentido, Frei Sinzig fez, em seus verbetes e comentários, afirmações (nas obras indicadas) e negações (nas obras restritas) sobre as mulheres, de forma que pudessem saber de si. Cabe destacar que, para Foucault (1995), conduzir as pessoas a saber de si é um dos grandes temas da modernidade, principalmente a partir do século XIX, conforme vimos no capítulo anterior. E esse saber de si acontece através das relações sociais, em que as pessoas são conduzidas a certas afirmações e identificações de si e, com isso, marcadas pelas suas diferenças. Essas diferenças foram articuladas em ARGC. Por isso, Frei Sinzig tratou de marcar e colocar em relevo as singularidades dessas mulheres. Diante disso, as pessoas afirmam quem são, voltam-se para si mesmas, ligam-se a uma identidade e, com isso, constroem sujeitos, numa ordem totalizadora e homogênea, segundo padrões de conformidade social, códigos morais, etc. Apesar de parecer certa redundância, na forma como escrevemos, a sujeição do sujeito à sua própria identidade é uma forma de controle, classificação e disciplina. Portanto, é nesse sentido que Foucault (1995, p. 235) expõe certa sujeição (que acontece no social) para constituição do sujeito, como uma forma de poder. Ao comentar a obra Na intimidade e outros contos, de Ancilia Dominni, editado em 1916, Frei Sinzig percebeu e salientou a imagem de uma mulher “triste” e “profunda”, dando realce às condições emocionais de uma mulher tratada na obra. Em continuidade, nessa sua mesma obra, ARGC, salienta o fato de que as obras da autora tinham como características a figura da “mulher brasileira”, “estudada com muito cuidado e muito espirito” (SINZIG, 1923, p. 60-61). Em outros momentos, fez questão de colocar em relevo os sentimentos femininos (cita o caso Mécia – desconhecido). Nesse segmento, ao adjetivar uma escritora de nome Amelia Rodrigues, classificada como autora indicada de vários títulos, Frei Sinzig a sublinha como “distincta”, “benemeritas”, comentando ser uma autora que dá “vida a alma feminina” (SINZIG, 201

1923, p. 632). Ainda sobre Amélia Rodrigues, ao descrever a importância da obra Do meu archivo, Frei Sinzig mostrou-a como um obra de utilidade positiva, pois revelava imagens do Brasil e destacou que tal obra só “pôde sahir duma penna de mulher” (SINZIG, 1923, p. 633). Cabe assinalar que, quando Frei Sinzig iniciou os verbetes (comentários) das obras indicadas, ele fez questão de brevemente descrever uma biografia de cada autora, de forma a destacar adjetivos e atributos peculiares dessas mulheres, o que não aconteceu com as autoras restritas. A exemplo, citamos Alexina de Magalhães Pinto, da qual destaca ser “nascida em S. João d´El-Rey, Minas. A autora, diplomada pelas escolas normaes do Rio de Janeiro e de Minas, dedicou-se principalmente ao magistério. E’ uma senhora dotada de grandes conhecimentos e de coração inclinado ao bem” (SINZIG, 1923, p. 115). Embora haja uma maior predicação de singularidades femininas para as autoras indicadas, também é recorente num nível menor para as autoras restritas. Como exemplo citamos a autora Augusta Franco de Sá de Sampaio, na obra Heloísa, em que é descrita como uma autora que “revela-se dotada de bellos predicados moraes” (SINZIG, 1923, p. 254-256). O mesmo com Carmem Dolores, pseudônimo de Emilia Moncorvo Bandeira de Mello, que é tida com “grande talento” (SINZIG, 1923, p.168). Da mesma forma aconteceu com Julia Lopes de Almeida, autora tida por Frei Sinzig como alguém que defendia “theses sociaes”, compondo um “”espirito frivolo e irreligioso”. Da mesma autora, comenta a obra Fallencia, destacando uma mulher- personagem de nome Anna, apresentada como “pobre e bonita” (SINZIG, 1923, p.52). De modo geral, Frei Sinzig buscou categorizar e singularizar a figura feminina, na medida em que estabeleceu práticas e saberes nesse sentido. Cabe sublinhar que, segundo Martins (2004), em Visões do feminino, essa prática de singularizar a mulher é própria de uma transição acontecida do século XIX ao início do XX, em que, sob uma ancoragem médica e também sexual, a mulher passou a ser tida como uma figura peculiar. Esse autor salienta que o saber médico conferiu às mulheres uma identidade específica e ao mesmo tempo comum, além de um lugar social privilegiado. Martins (2004, p. 23-24) mostra que no século XIX a questão sexual 269 foi um problema que perseguiu muitos homens da ciência, particularmente os médicos, e que

269 Martins (2004, p. 36) destaca que, embora o interesse pela mulher e sua diferença sexual crescesse e chamasse a atenção de um público letrado diversificado, os médicos desempenharam um papel de destaque nessa reflexão. Especialmente em fins do século XIX e início do XX, foram inúmeras as 202 esses especialistas estabeleceram um olhar para examinar o indivíduo (corpos) e estabelecer verdades sobre a natureza e suas singularidades. Em que pesem os pudores vitorianos, os exames médicos se tornariam, ao longo do século, muito detalhados, seguindo o modelo das autópsias, descendo aos detalhes mais íntimos e internos dos corpos examinados, principalmente da figura feminina.

A produção historiográfica relativa à história das mulheres e da sexualidade mostra como a mulher e a sua sexualidade foram objeto de uma vasta produção discursiva entre os séculos XVIII e XIX. As fontes são muito diversificadas, mas um grande número delas revela a preocupação dos cientistas e dos homens cultos da época em entender a especificidade feminina, ou melhor dizendo, a natureza da mulher, para formular seus discursos a respeito das relações sociais entre homens e mulheres, definindo seus lugares e estabelecendo seus papéis. (MARTINS, 2004, p. 36)

Em decorrência disso, notamos haver um saber e uma prática que outorgavam uma dada singularidade feminina. Convém destacar que essa singularidade feminina é constada em ARGC em relação às mulheres de forma geral, mas principalmente para com as jovens mulheres. Por exemplo, ao comentar a obra A Família Moraes Gomes, Frei Sinzig salientou sua preocupação com o acesso de jovens a leituras restritas e suas influências (das leituras) para a convivência urbana e cívica. Ademais, na edição de 1915 de ARGC, Frei Sinzig se preocupa em destacar uma série de estórias, antes de iniciar as indicações e as restrições, o que nos parece uma forma de sensibilização do seu público leitor, quanto à preocupação com a educação de jovens mulheres (SINZIG, 1915a, p. 01-41). Sobre isso, Martins (2004, p. 36) propõe que essa preocupação não era somente de religiosos e autoridades, mas envolvia principalmente o público médico e, por extensão, pais e professores. Nessa perspectiva, num texto de medicina social, Rohden (2001, p. 29) argumenta que os fins do século XIX são marcados por uma preocupação de controle por parte de médicos, tida como uma verdadeira obsessão em demarcar claramente os limites da figura feminina (no caso o corpo) e enraizá-los nas especificidades. A figura feminina recebeu esses esforços, visando “administrar”, “dirigir os impulsos” e “ajudar a natureza”. Vale salientar que, segundo essa mesma

publicações médicas sobre o corpo feminino, que procuravam explicar a singularidade de sua anatomia e fisiologia, prescrever condutas por meio da higiene e classificar as doenças que lhe eram específicas, indicando as respectivas terapias. Ademais, multiplicaram-se os tratados e manuais médicos sobre a natureza feminina; alguns alcançaram mais de 30 edições e demonstraram uma incrível continuidade de saberes e práticas médicas, desembocando em um campo específico da medicina da mulher: a ginecologia. 203 autora, a juventude feminina representava perigos sociais, principalmente em face de vícios típicos daquela contemporaneidade, como, por exemplo, a masturbação feminina. Sobre isso, Baumel (2014) afirma que, no início do século XX, a masturbação feminina foi considerada como extremamente prejudicial pela ciência médica, tendo sido propostas, inclusive, algumas formas de tratamento ou de prevenção.270 Entretanto,

Enquanto a religião apontava para o pecado e para o vício, a medicina trazia a ideia de doença e a pedagogia via tal prática como um problema de educação. Nenhum deles considerava a masturbação como uma forma de estimular o desejo sexual, de obter prazer ou de proporcioná-lo ao parceiro. (BAUMEL, 2014, p. 14)

A esse respeito, Foucault (2017) propõe que, a partir do século XVI, em face de esforços entre Igreja e Estado, no sentido de controlar os corpos e discipliná-los, houve uma intensa repressão do prazer, recuada apenas a partir da década de 1960 (FOUCAULT, 1984b). Seguindo essa direção, dividem-se em três partes a sexualidade no mundo ocidental: séculos XVI, XVII e XVIII.271 Com isso temos uma sexualidade feminina entre esses séculos, que transita entre uma intensa desconfiança principalmente pela Igreja, sob suspeição das pretensas bruxas; uma sexualidade feminina, marcada por coitos dolorosos e esterilidade; por fim, uma sexualidade feminina, provocada por uma luxúria disseminada na iconografia, além de sua vinculação ao pecado original, e os romances faziam parte desses símbolos e das imagens de certas iconografias (principalmente os restritos por Frei Sinzig em ARGC). Paralelamente a esse cenário, delimitava-se a imagem da esposa centrada na procriação, sem recurso ao prazer dentro do casamento que, por si só, é o destino dos incapazes de viver virtuosamente. Portanto, notamos que as obras de Frei Sinzig, recebiam influências da sua contemporaneidade, empreendendo-se numa governamentalidade peculiar da figura

270270 Segundo Baumel (2014, p .16-17), a história cultural da masturbação aponta que somente a partir do início do século XVIII é que tal prática foi considerada como uma condição perniciosa e geradora de doenças físicas e mentais. Revela o autor que na Antiguidade greco-romana o tema era muito pouco discutido, e a masturbação não era considerada prática imoral ou pouco saudável. Entretanto, com a ascensão do Cristianismo no século XVIII, a masturbação passou a ser vista como prática imoral, juntamente com outras práticas sexuais, notadamente por não levar à procriação. Ainda assim, conforme Laqueur, a masturbação não aparecia como assunto muito relevante. Também destaca que, por volta de 1712, a masturbação se tornou pecado hediondo, e todas as suas consequências assustadoras, consideradas em ambos os sexos, com conselhos espirituais e físicos àqueles que já se prejudicaram por essa prática abominável. Com isso, a masturbação passou a ser assunto em destaque, carregando as ideias de pecado, vício, doença e problema de educação. 271 Que irá até 1960. 204 feminina, em que se volta para si (para a mulher e suas partes físicas e emocionais)), e a educação por meio da leitura de romances se torna primordial. Nesse voltar-se para si, novos regimes de verdade se comporão, tais como continuaremos a descrever a seguir.

4.2.4 Figura de uma mulher frágil e soberana

Apesar de já termos trazido algumas considerações na seção “4.3.1”, nos ateremos mais especificamente nesta nova seção, com um olhar mais atento ao movimento objetivação e subjetivação da figura feminina, no que se refere a fragilidade e soberania. Com isso, queremos propor que ARGC alvitra um saber e uma prática que promoveram a figura feminina como uma mulher frágil, em contraponto soberana, mas abnegada e, ao mesmo tempo, vigilante. Com isso temos flashes de um determinado saber e práticas que compõem os fins do século XIX e início do XX em relação às mulheres, entendendo que houve uma dada objetivação do sujeito feminino, o que, segundo Foucault (1995), acontece pelo fato de o sujeito ser um sujeito histórico, constituído por ela e para ela (para a história). Assim, esse sujeito feminino objetivado, com uma figura frágil, soberana, abnegada e vigilante, se constitui num jogo de governamentalidade, em que atravessa e é atravessado por jogos de verdade, que o assujeitam por uma dada objetivação. Nas obras de Frei Sinzig, essa objetivação acontece principalmente nas páginas introdutórias, em especial da edição de 1915a, em que realiza um jogo de verdades, ao mostrar a condição de fragilidade das mulheres, em especial jovens, associando-as a determinada soberania. Cabe destacar que verificamos essa fragilidade, quando Frei Sinzig confina a mulher à família e ao lar, de forma geral. Já a soberania desponta quando as mulheres são inseridas no sistema trabalho. Portanto, temos uma relação dupla: família-fragilidade e trabalho-soberania. Sobre essa fragilidade, como exemplo, ao escrever Maças de faces rosadas, Frei Sinzig destaca a figura de uma criança que é contaminada por ingerir maus frutos (maças – livros), levando o pai ao desespero e a mãe à angústia (Igreja/República). Com isso, percebemos que o objetivo de Frei Sinzig não é destacar a fragilidade da criança, 205 ainda que o seja neste contexto histórico-cultural (KUHLMANN, 1998),272 mas, sim, destacar a fragilidade da figura feminina. Sobre essa fragilidade feminina, Soihet (2004) propõe tratar-se não somente de uma fragilidade social, mas também física, isso porque, no imaginário dos séculos XIX e XX, a figura da mulher estava à mercê de seu aparelho reprodutivo, que, segundo se acreditava, tornava seu comportamento emocional errático e imprevisível. Nesse momento, a figura construída para a mulher destacava a sua fragilidade física, da qual decorriam sua delicadeza e debilidade moral. Convém salientar que esta afirmação da inferioridade e fragilidade feminina, encontra raízes na filosofia iluminista. Dando continuidade, ao propor o texto Fructos em penca, Frei Sinzig destaca que as mulheres são expostas a frutos estragados (pêssegos), produzidos por pessegueiros (editoras). Assim expõe:

Sentado a janela, sorvendo a plenos pulmões, o ar sadio e embalsamado, admiro o pecegueiro do jardim do vizinho. Tão carregada está a arvore, que se lhe abateram por terra os ramos. Foi preciso armar-lhes um esteio para não quebrarem e cahirem de vez. Que bençam de fructos! Como sorriem felizes os rostos das meninas juvenis que os contemplam! Como as crianças os cubiçam e correm a provar os que lhes parecem maduros! Cruel desengano: quasi todos estão bichados! Fazem por acaso idéa de quantos fructos produzem as arvores das grandes casas editoras? (SINZIG, 1915a, p. 4, grifo nosso)

Assim, notamos que a escolha de gênero, bem como a associação da figura feminina e das crianças, pressupõe um saber de fragilidade da figura feminina, fato que se repete em outras ocasiões em ARGC, como se pode notar através do Quadro de indicações e restrições à leitura no Anexo (indicar o número). Doutra forma, na Imagem 12, notamos a exposição comum, em revistas e periódicos, da imagem da mulher associada à da criança, fato comum e próprio de fins do século XIX e início do XX, buscando atestar certa fragilidade social de ambos – no caso aqui, destacamos a figura feminina.

272 No texto Infância e educação infantil, numa abordagem histórica, Kuhlmann (1998) traz uma nova concepção da criança como uma pessoa frágil, própria dos séculos XIX e XX. Cabe frisar que criança e mulher são símbolos de fragilidade (CRUZ, 2014). 206

Imagem 13: A fragilidade da figura feminina ao lado de crianças

Fonte: FON FON, Rio de Janeiro, 4 de janeiro de 1914, nº 27, ano XVIII.

Ao mesmo tempo, essa fragilidade aparece ao lado de uma dada soberania que se destaca pelo fato de serem notadas, não somente nas páginas de revistas, ao lado de crianças, demonstrando uma dada sensibilização da importância família (CRUZ, 2014), mas agora como escritoras de romances, num século tão importante, como é o século XX. Não somente isso, mas, sendo alvitras no escrito de romances, demonstrando sua subjetivação em relação ao contexto, o que, para Foucault (1995, p.139), é uma forma de promover “novas formas de subjetivação através da recusa”. Diante disso, pressupomos que ter seus livros expostos na galeria de livros vetados por Frei Sinzig traz à tona a soberania de que tais mulheres estavam imbuídas e de fato exercendo, em seu contexto histórico-cultural. Esse fato é notório quando, mesmo restritas à leitura, são evidenciadas por Frei Sinzig como “notaveis escriptoras brasileiras” (SINZIG, 1923, p.52), “grande talento” (SINZIG, 1923, p.168), “merece confianza” (SINZIG, 1923, p.170), “dotada de bellos predicados” (SINZIG, 1917, p.254). Portanto, Frei Sinzig reconhece uma dada soberania presente também na figura feminina, pois, apesar de sua restrição à leitura, reconhece que tal soberania já estava pulverizada na sociedade. 207

Contudo, essa soberania e a fragilidade requeridas para a figura da mulher passaram por fortes questionamentos por parte de jornais operarários do período, conforme destacado por Rago (1985, p.68), pois, se a mulher é soberana e frágil, por que então recebe um tratamento tão diferenciado? E, ademais, em alguns casos, foram violentadas no interior das fábricas no período. Se assim elas são, por que os patrões e os contramestres não se relacionam com elas como figuras delicadas, maternais e sensíveis, conforme destacamos? Portanto, notamos que ARGC percorreu um saber e uma prática de uma figura de mulher frágil, ao mesmo tempo soberana, mas que recebeu diversos contrapontos na realidade social, pois essa figura frágil tinha como finalidade contrapor-se à figura de outro tipo de mulher, a prostitututa, que de certa forma se apresentava com dada soberania social. Os fins do século XIX e o início do XX são marcados por esses dois tipos de figuras de mulher – a frágil (da família) e a prostituta (do sexo). Para destacar a figura de mulher frágil, Frei Sinzig utilizou-se de uma categorização que qualificou o perfil da figura mulher como frágil, em contrapartida à figura da mulher prostituta. Segundo Rago (1985, p. 89), esse período foi também identificado por uma categorização do perfil da mulher prostituta.273 Portanto, notamos que ARGC traz em relevo essas diferentes categorizações, conforme vemos a seguir, ao mostrar a existência de uma forte aproximação de comportamentos, que tem em si uma disputa de poder pela soberania da figura da mulher. Enfim, qual seria a figura da mulher que prevaleceria? A da prostituta ou da mulher frágil de família? Nesse sentido, Rago (1985) demonstra que existiam religiosos e republicanos que afirmavam a necessidade de idealização da figura da mulher frágil e interiorizada; de outro, médicos e sanitáritas traziam contradições paradoxais sobre a figura da mulher, no caso a prostiututa:

[...] a prostituta numa cidade, numa vila, em qualquer lugar de certo movimento, é uma necessidade vital, tornando-se uma válvula de segurança social, com especialidade, coibindo vícios no elemento púbere e mantendo um certo e determinado equilíbrio na ação popular da localidade. (RAGO, 1985, p.87)

273 Segundo Rago (1985, p. 85-95), houve, nesse período, no Brasil uma forte demarcação, por médicos e sanitaristas, do perfil da prostituta, sob influência da literatura prostitucional de um francês de nome Parent-Duchâtelet. Segundo a autora, essa demarcação de um modelo imaginário de prostituta teve aceitação universal, o que determinou o comportamento das mulheres identificadas nessas condições. 208

Portanto, queremos destacar que ARGC se inscreve nesta disputa entre figuras femininas idealizadoras do período. É possível perceber essa idealização através de uma categorização feita por Frei Sinzig em ARGC, quando buscou afirmar e negar comportamentos. Ademais, esse contraponto, através de demarcações morais de comportamento, é percebido mediante categorizaçoes discursivas, em que coloca em relevo certo realçamento adjetivante, os quais separamos como condutas conformadas e (in)conformadas, na forma como passamos descrever a seguir.274

Quadro 9: Categorias discursivas morais de Frei Sinzig: conformidade e (in)conformidade social Conformidade275 (in)conformidade Possui religião Falta de religião Educação moral Falta de educação moral Guarda a família Casamento mal feito Divórcio Possui sã moral Viciosa Guarda a intimidade da vida sexual Satisfação carnal Sugestiva ao sexo Amante dos prazes Amante do adultério É modesta Amante do luxo (aparece por várias vezes)276 É afável Pertubação da linguagem Possui educação cívica Incívica Ama a virtude Cheia de presunção Ódio aburdo Possui horror ao vício Atirada ao vício Erotismo insaciável Falta de pudor Possui versos de sentimento Ciumenta Tem formas admiraveis Encandarora Tem idéias Cética Burra Possui valor moral Imoral Moçamede

274 Essas categorizações apresentadas foram extraídas da edição de ARGC de 1923. Privilegiamos tal edição por tratar-se da última e estar completa nas indicações e nas restrições à leitura. Cabe salientar que as indicações e as restrições são complementares e adicionais em cada edição. 275 Tanto para a descrição dos comportamentos das conformadas como da (in)conformadas, procuramos utilizar os próprios termos de Frei Sinzig; no entanto, em poucos casos, atualizamos e interpretamos os termos didaticamente para facilitar a compreensão do leitor e a nossa comparação entre comportamentos conformadas e (in)conformadas. 276 Rago (1985) destaca que as estatísticas de médicos e sanitaristas apresentavam as prostitutas como mulheres de origem pobre, mas que idealizavam a luxúria através do sexo. 209

Flagera o vício Apaixonante Canta a virtude (essa categorização Leviandade aparece diversas vezes) Boas intenções Domina a fantasia

Fonte: Sinzig (1923)

Somados a isso, Rago (1985) coloca em relevo adjetivos e condutas tidas como causadoras da prostituiçao em fins do século XIX e início do XX.277 Quando comparamos essas condutas com categorias discursivas utilizadas por Frei Sinzig em ARGC, notamos forte semelhança. Vejamos

Quadro 10: Causas da prostituição e causas de restrições à leitura por Frei Sinzig Causas da prostituição (Dr. Ferraz de Causas da restrição à leitura (Frei Macedo) Sinzig) Ociosidade Não aparece Preguiça Não aparece Desejo desmensurável ao prazer Satisfação carnal Sugestiva ao sexo Amante dos prazes Amante do adultério Amor ao luxo Luxuria Amor ao Luxo Desprezo pela religião Falta de religião Falta de educação cívica Incívica Temperamento erótico Satisfação carnal Sugestiva ao sexo Amante dos prazes Amante do adultério Burrice Burra e cética Ignorância Cética Prazer desenfreado Amante dos prazes Álcool Viciosa Fumo Viciosa Uso de falsos nomes Não aparece Adoração a flores e animais Não aparece Fonte: Rago (1985); Sinzig (1923)

277 Essas condutas são tidas como causadoras da prostituição pública. Foram apontadas numa pesquisa de doutorado sobre a prostituição no Rio de Janeiro em 1973, pelo médico F. Ferraz de Macedo (RAGO, 1985, p. 86-90). Cabe destacar que as inúmeras teses, como a que citamos, estudaram o fenômeno da prostituição no Brasil no período, tendo em vista combater doenças venéreas públicas, tais como a sífilis, repetindo argumentos e metodologias de influência francesa. 210

Portanto, o que temos diante dessas categorizações de comportamentos é a presença de uma relação de contrapontos de uma figura de mulher frágil, proposta por Frei Sinzig como antinomia da prostituta, como uma figura de mulher. Assim, ao referenciar os comportamentos de mulheres, propondo comportamentos em (in)conformidade social, Frei Sinzig em ARGC objetivou um modelo de conformidade (ideal) da figura feminina, através de uma mulher frágil, mãe de família, submissa, honesta, dessexualizada, fiel, etc., na medida em que se diferencia do contratipo repelente da prostituta. Portanto, a mulher de figura frágil deveria agarrar-se ao modelo não desviante de “mulher da vida” 278 e associar-se ao modelo de mãe de família. Del Priore (2011) ao demonstrar a sexualidade e o erotismo no Brasil, destaca várias autoras brasileiras que buscaram contrariar essa posição fundante da mulher como uma figura frágil recatada ao lar, como mãe de família. Dentre elas, Ercília Nogueira Cobra, com Virgindade anti-higiênica: preconceitos e convenções hipócritas e Virgindade inútil: novela de uma revoltada. Nessas obras escrevia contra a figura de mulher proposta, mostrando que o modelo de mulher era definido pela sua sexualidade, e não pela sua liberdade. Com isso, questionava a base de sustentação para definição da figura feminina, ou seja, a sexualidade: Os homens no afã de conseguirem um meio prático de dominar as mulheres, colocaram-lhe a honra entre as pernas, perto do ânus, num lugar que, bem lavado, não digo que não seja limpo e até delicioso para certos misteres, mas que nunca poderá ser sede de uma consciência [...]. A mulher não pensa com a vagina, nem com o útero. (DEL PRIORE, 2011, p.150)

Assim, Del Priore (2011, p.151) salienta que a figura feminina proposta em fins do século XIX e início do XX, seja ela frágil ou mesmo prostituta, passava pelas mãos dos homens de forma imperiosa e abusiva, e não foi dada à mulher a condição de

278 Cabe destacar que prostitutas brasileiras passaram por um processo de regulamentação por médicos e sanitaristas em fins do século XIX, o que visou ações de cunho moral e médico, com a justificativa de uma dada governamentalidade, que tinham como objetivo a domesticação de práticas sexuais, propondo uma nova economia do sexo, disciplinando a prostituição, de modo a impedir que se manifestasse de maneira aberrante. Com isso pretendeu-se institucionalizar a prostituição, através de uma linha divisória clara entre a prostituição institucionalizada (aquela aceita socialmente, necessária e tolerada) e a clandestina (não aceita e que deveria ser eliminada da sociedade brasileira). “O ideal de puta para os regulamentaristas é a mulher recatada e dessexualizada, que cumpre seus deveres profissionais, mas sem sentir prazer e gostar de sua atividade sexual” (RAGO, 1985, p.92). Para que isso acontecesse, houve a intervenção de autoridades policiais, de forma a reprimir e a prevenir toda a ofensa moral e os bons costumes. Com isso, foi estabelecido um regulamento provisório para as prostitutas em 1897, com o objetivo de controlar o exercício da profissão. 211 escolher sua própria sexualidade, pois, se solteira, tinha que conservar a virgindade para o homem; se casada, dobrava-se aos direitos dos maridos; se prostituta, aos anseios varonis. Para todas, a masturbação era proibida. Assim, ressalta a pesquisadora que em qualquer das posições sociais não lhe cabia a liberdade. Ela estava confinada a ser ou frágil (mãe de família, fiel, honesta, etc.) ou prostituta. Ou seja, ambas as sexualidades femininas – seja a da mulher frágil da família, ou mesmo a da prostituta – foram sequestradas e confinadas por certa governamentalidade. Se uma foi para o recôndito do lar, a outra foi para o isolamento em casas especiais. 279 Por fim, cabe enfatizar que Frei Sinzig propôs em ARGC certa objetivação através das leituras indicadas, mas, paralelamente, demonstrou deparar-se com outras subjetivações. Sobre essa subjetivação, Telles (2004, p. 341) aponta que a escrita de romances foi uma saída para a exclusão de uma efetiva participação na sociedade, da possibilidade de ocupar cargos públicos, de assegurar dignamente sua própria sobrevivência e até mesmo do impedimento do acesso à educação superior, pois, para ele, “as mulheres no século XIX ficavam trancadas, fechadas dentro de casas ou sobrados, mocambos e senzalas, construídos por pais, maridos, senhores”. Com isso, estavam enredadas e constritas pelos enredos da arte e da ficção masculina. Portanto, é notório que a figura da mulher, de conformidade social, objetivada, se mistura com a figura da mulher subjetivada; e que essas figuras se envolviam em uma mistura de imagens: mãe de família, piedosa da Igreja, mãe educadora da república positivista, etc. Mas todas elas convergiam para certa pureza sexual, ou seja, a virgindade da moça e a castidade da mulher. Para a mulher estar sob certa conformidade social, devia se casar, pois não havia outra alternativa. E, para casar, era teoricamente preciso ser virgem, pois o próprio Código Civil previa a nulidade do casamento, quando

279 Cabe expor que, com a institucionalização da prostituição em fins do século XIX, a prostituição clandestina foi designada pelas polícias de postura e autoridades para casas especiais e isoladas em determinadas áreas do espaço urbano. Além disso, as prostitutas passaram a ser fichadas, vigiadas severamente pelas polícias e pelos médicos, sofrendo assim sozinhas as práticas tidas como intoleráveis para a sociedade, enquanto o homem permaneceu isento e inculpável (DEL PRIORE, 2011). Segundo Machado et al. (1978, p.334), a prostituição se apresentou no período como veículo de doenças e de imoralidades, afetando as famílias (figura base da República) e a sociedade como um todo. Doenças como a sífilis – a principal – foram atreladas ao meretrício, pois o homem contraía a sífilis de uma prostituta e a passava a sua mulher e filhos. Além dessa doença, há muitas outras consideradas marcas da prostituição desse período. Além disso, o autor destaca que a prostituição estava diretamente ligada às várias marcas sociais: 1. abandono do trabalho por meninas incentivadas pelas prostitutas; 2. incentivo ao adultério por parte das mulheres esquecidas por seus maridos; 3. caminho para a criminalidade. 212 constatada pelo marido a não virgindade não virgindade da noiva (NUNES, 2004, p. 404). Numa demonstração dessa subjetivação feminina no início do século XX, Telles (2004, p. 341) cita uma das autoras restritas por Frei Sinzig em ARGC, a escritora e jornalista Júlia Lopes de Almeida: 280

Não há meio de os homens admitirem semelhantes verdades. Eles teceram a sociedade com malhas de dois tamanhos – grandes para eles, para que os seus pecados e faltas saiam e entrem sem deixar sinais; e extremamente miudinhas para nós. […] e o pitoresco é que nós mesmas nos convencemos disto!

Contudo, o mesmo autor sublinha que, no Brasil do século XIX, houve um forte levante de várias mulheres, fundando jornais e visando, inclusive, fazer reinvindicações e esclarecimentos. Em grande parte, esses jornais pertenciam a mulheres de classe média, algumas das quais investiram todos os seus recursos neles, tais como no Rio Grande do Sul, Escrínio e Corymbo, das irmãs Revocata – Heloísa de Melo e Julieta de Melo Monteiro. Em 1919, no Rio de Janeiro, o Tribuna Feminina do Rio, órgão do partido Republicano Feminino, de Leolinda Daltro. Assim, revelavam-se subjetivações diante de uma objetivação posta.

4.2.5. Figura de uma mulher pensante e racional

Para desenvolver esta subseção, partimos da convicção de que as leituras restritas em ARGC se colocam como formas de subjetivação feminina. Para isso, nos apropriamos das ideias de Foucault (1995, 2008), que mostra que a subjetivação se desliza sob certa incisão epistemológica, que rompe com o pensado, tornando-se um sujeito pensante que questiona a realidade proposta, alvitrando certo enfrentamento à governamentalidade em questão, a partir de uma série de oposições. A par desses conceitos, expomos a relação de mulheres (autoras) e títulos de romances restritos à leitura, que se inseriram como modos de subjetivação, através da figura de mulher pensante, portadora de sentimentos e emoções. São estas as autoras e títulos:

280 Convém salientar que Telles (2004) não indica a fonte direta da citação. 213

Quadro 11: Romances restritos à leitura por Frei Sinzig Autoras Título dos romances restritos à leitura

Albertina Bertha Exaltação

Cecilia Mariz Uma paixão de mulher

Augusta Franco de Sá de Sampaio Heloísa

Angela Barco Feminina

Ana Ribeiro de Goes Bittencourt Filha de Jephte (1882)

Lecticia (1908)

Carmem Dolores Ao escoaçar da ideia

Emilia Moncorvo Bandeira de Mello Larmes (Les) de tanto Zezé (pseudônimo) Lendas Brasileiras

Luta

Julia Lopes de Almeida Ancia Eterna

Cruel Amor

Elles e Ellas

Fallencia

Historias da nossa terra

O juiz de Ouro

A Intrusa

Silveirinha

Maria das Dôres Noiva do Assassinato (1879)

Maria Amalia Vaz de Carvalho Contos e Phantasias

Egreja prohibiu

Fonte: Sinzig (1915a); Sinzig (1917); Sinzig (1923).

Portanto, tomamos esses romances como formas de contrariedade a uma realidade posta. Convém destacar que essas autoras brasileiras tiveram veementemente 214 seus romances restritos à leitura por Frei Sinzig e por ele foram silenciadas, como mostramos no Capítulo 1. Apenas algumas delas, como Albertinha Bertha, Julia Lopes de Almeida e Augusta Franco de Sá de Sampaio, têm sido objetos de pesquisas recentes. No demais, a censura de ARGC nos parece ter produzido efeitos classificatórios de restrição e certo emudecimento historiográfico. Na edição de 1915 de ARGC, utilizando metáforas orgânicas, nas quais os livros são postos como “frutos”; as editoras como árvores que dão “fruto em pencas”; e as livrarias comparadas a “grandes pomares”, Frei Sinzig evidencia as formas de poder que atravessaram a constituição de uma subjetivação feminina no período, seja pela contrariedade de Frei Sinzig, ou mesmo das mulheres. Conforme vimos no capítulo anterior deste trabalho, esse poder “não é uma coisa, nem um controle de um conjunto de instituições, nem uma racionalidade escondida da história” (FOUCAULT, 1979, p. 205), mas envolve situações estratégicas complexas de uma sociedade, num determinado tempo e espaço, que formam e constituem sujeitos na vida cotidiana imediata (FOUCAULT, 1995, p. 235). No entanto, o que queremos destacar é que a fala dessas mulheres, bem como o veto de Frei Sinzig, anunciam a ideia de uma figura feminina que não é somente portadora de sentimentos, ou mesmo de uma especificidade, como vimos nos subitens anteriores deste capítulo, mas também portadora de uma capacidade de pensar e de questionar, fato esse não apropriado até aquele momento. Rago (1985, p. 98) destaca que a condição dessa mulher pensante não era exclusiva de certas classes sociais, mas se repetia entre as mulheres burguesas, que também se sentiam oprimidas: “assim como a mulher trabalhadora, a burguesa é oprimida, teve sua vida decidida desde a infância, aprendeu a reprimir seus sentimentos e a dizer o que não sente, a fingir dotes que não possui; também ela não é livre nem feliz”. A exemplo, citamos a obra “Leticia” (1908), de Ana Ribeiro de Góes Bittencourt, em que a autora apresenta uma família que se defaz pela “leviandade” e pelas “faltas graves do marido”, e a esposa toma atitudes prévias para evitar o sofrimento. Mesmo reconhecendo a maldade do marido, Frei Sinzig repeliu energicamente algumas partes do romances, citando páginas da obra que deveriam ser extraídas ou não lidas: “desejamos vêr repellida, energeticamente” (SINZIG, 1923, p. 115). Com isso, notamos que o romance “Letícia” propunha uma mulher pensante, que raciocina diante de dificuldades sociais – no caso, a família. O mesmo aconteceu com 215 várias outras autoras de romances, que definiram o divórcio como possibilidade para a mulher infeliz. Assim, percebemos no período uma figura de mulher pensante e não apenas sentimental (apesar de aparecer com grande peso a demonstração de sentimentos), que se debruça sobre o seu cotidiano, tanto no interior da família como na vida pública. Com isso não buscaram conquistar direitos políticos ou institucionais, mas uma vida prática e cotidiana, em que visavam a certa emancipação, recusando o casamento monogâmico, a imposição de cônjuges, além de defender novas formas de relacionamentos femininos afetivos.

Assim, a luta pela emancipação da mulher não passa pela reivindicação de aceder à esfera pública simplesmente, mas é primeiramente uma questão de ordem moral: trata-se da necessidade de libertar-se do modelo burguês que lhe é imposto e de construir uma nova figura negadora daquela forjada pela reprsentação burguesa e masculina. A mulher não é apenas sentimento e passividade, daí a necessidade de instruir-se, de utilizar seu potencial intelectual na crítica ideológica das instutuições e das mitologias religiosas e de lutar pela própria independência. (RAGO, 1985, p.100)

Cabe frisar que essas lutas por certas emancipações, em que se destacam como mulheres pensantes, capazes de refletir sobre sua contemporaneidade, aconteceram de forma bastante evidente. Cunha (1986, p. 23), ao mostrar o espelho do mundo entre fins do século XIX e início do século XX, salienta que o espaço urbano potencializava contradições entre classes sociais, concedendo a certos grupos (no caso, aqui, as mulheres), “um poder de contestação consideravelmente ampliado”. A esse respeito, pressupomos que essas obras restritas e suas autoras ganharam forte destaque no período, demonstrando certa figura pensante e racionalista, que, por vezes, nesse espaço passa a adotar condutas, modos e atuações, que antes não lhe eram permitidos. Por exemplo, a figura abaixo, que aparece em revistas e jornais, como uma mulher que adota um comportamento racional e pensante e, como parte principal do enunciado da figura, agride quando necessário.

216

Figura 14: Modos e atuações da figura feminina

Fonte: CARETA, Rio de Janeiro, 18 de agosto de 1914, n°321, ano XVIII.

A esse propósito, realçamos a autora Albertina Bertha, que tem o romance Exaltação restrito por Frei Siznig (SINZIG, 1917, p. 20). Verificamos ter essa autora participado ativamente da imprensa periódica carioca do período. Com isso, agitou o cenário cultural brasileiro, como romancista, ensaísta e palestrante. É tida como uma autora ousada, na sua forma e no seu conteúdo, por possuir um teor erótico e libertário nas suas obras ficcionais, e foi vitimizada por muitas críticas conservadoras por atrever- se a comentar fatos e circunstâncias relacionadas à relação conjugal, os quais a colocaram em destaque para os republicanos e religiosos do período (MARTINS, 2009). Assim, notamos que Albertina Bertha foi uma das representantes da figura de uma mulher pensante do período. Apesar de ser uma autora restrita por Frei Sinzig, ela recebeu convalidação de autores de renome, como Olavo Bilac, um autor indicado por Frei Sinzig pelo romance Atravez do Brazil (SINZIG, 1915a, p. 526). Essa figura da mulher pensante tem uma dada subjetivação que é associada por Martins (2009, p. 14) e denominada pela autora como “introspecção”,281 atributo também atrelado a outras mulheres do período, que da mesma forma adotaram para si essa figura de uma mulher pensante, atreladas a uma tendência que prevalecia em fins

281 Introspecção é a reflexão que a pessoa faz sobre o que ocorre interiormente e sua exposição (MARTINS, 2009, p. 13-14). Dessa forma, a expressão do mundo interno e do próprio comportamento estão presentes no romance Exaltação, através da apresentação da consciência da personagem principal. Portanto, entendemos que essa introspecção se refere à exposição de certa subjetivação, como acontece nos romances do período. 217 do século XIX; a de revelar o funcionamento da consciência. Essa revelação da consciência pensante se tornou pública através de romances e foi notada por diversos autores, como, por exemplo, o advogado, crítico literário e escritor brasileiro Araripe Júnior (MARTINS, 2012, p. 49), bem como por Lima de Barreto, que escreveu uma carta com considerações sobre o romance Exaltação em 1916,282 em que chamou a autora de “minha senhora”, dotada de “capacidade”, “inteligência”, “vantagens de mente”, uma intelectual do seu período.283 Contudo, apesar dessas referências que destacamos, Martins (2009, p.54) mostra que Albertina Bertha não estava isenta de críticas:

Quando não era vítima de comentários preconceituosos e de discursos religiosos moralistas, Albertina Bertha recebia críticas elogiosas, que destacavam o seu estilo, o seu perfil psicológico e a sua refinada educação, que formou seu vasto conhecimento em filosofia e estética. (MARTINS, 2009, p.54)

Por sinal, salientamos que essa figura de mulher pensante, presente em fins do século XIX e início do XX, está sempre filiada aos quesitos de uma determinada liberdade (ou à busca dela). Por isso, ambos, pensamento e liberdade, caminham juntos num mesmo trilho, somando-se e completando-se. Assim, liberdade é contrapeso do pensamento feminino, o que foi expresso por Frei Sinzig através do ato de fala dessas mulheres, manifestado em forma da escrita de romances. Portanto, ao compor esses romances e publicá-los, essas mulheres não somente se inseriram com figuras de mulher pensante, mas estavam exercendo um ato de fala como interpelação, ou seja, uma práxis, ao editar romances contrários à moral de sua época. E assim se inseriram na busca da liberdade do seu próprio sujeito objetivado, na constituição de certa subjetivação. E, segundo Foucault (1995, p. 235), buscaram libertar-se do sujeito dependente, ou seja, daquele que está preso pelo “controle” e pela “dependência” da realidade cultural e social na qual estavam inseridas. Também se libertaram da sua própria “consciência” e desenvolveram o “autoconhecimento”. Com isso, essas mulheres estavam contestando aquilo que as ligava a si mesmas e as submetia. Portanto, contrariavam as formas de objetivação e submissão e, assim, subverteram a realidade da

282 Disponível em: http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_manuscritos/mss1448642/mss1448642.pdf. Acesso em: 03 ago. 2016. 283 Por tratar-se de uma carta escrita manualmente, interpretamos parcialmente a escrita do referido documento, podendo conter erros, em razão de um estilo de letra manual precário, com rasuras e anotações de somatórias numéricas, o que dificultou nossa compreensão. 218

época, ao confrontar um mundo concreto284 já construído, então ancorado numa figura de mulher pensante e que usufruía de uma dada liberdade, ao utilizar os romances como ferramenta para exposição de um grito de afirmação de vontade – isso porque estavam banidas do mundo moralizante de Frei Sinzig. Ademais, percebemos em tais romances (restritos) uma busca por livrar-se de si, como propõe Foucault (1979, p. 6):

[...] preciso se livrar do sujeito constituinte, livrar-se do próprio sujeito, isto é, chegar a uma análise que possa dar conta da constituição do sujeito na trama histórica [...] é uma forma de história que dê conta da constituição dos saberes, dos discursos, dos domínios de objeto, etc., sem ter que referir-se a um sujeito, seja transcendente com relação ao campo de acontecimentos, seja perseguindo sua identidade vazia da história.

Com isso, na busca dessa liberdade do sujeito constituinte, essas mulheres fizeram uso de outro tipo de liberdade, aquela que é chamada por Veiga-Neto (2011, p.22 e p. 27) de “liberdade homeopática”, ou seja, uma liberdade ancorada no cotidiano, para aquilo que já denominamos como vida concreta, que acontece através de pequenas “revoltas diárias”. Elas se permitiram pensar e criticar o mundo no qual estavam inseridas – e não somente isso, mas também alteraram as práticas pelas quais estavam constituídas, através do exercício de uma determinada “atitude-limite285”, como caminho para a crítica e para a mudança da sua realidade. Portanto, notamos, nesses romances restritos à leitura, certa resistência dessas nove mulheres às condições emergentes e aos seus sujeitos objetivados, em busca de um livrar-se do seu próprio sujeito (o constituído), em busca de seus desejos e interesses, insurreições e rebeldias, colocando-se (as mulheres) como outro sujeito.

4.2.6. Figura de uma mulher que controla as emoções: principalmente contra o suicídio

Entendendo a objetivação como um modo pelo qual as pessoas são constituídas em sujeitos (FOUCAULT, 1995), notamos em ARGC, nas obras restritas por Frei

284 Ao referir-nos ao “mundo concreto”, estamo-nos apropriando dos conceitos de Alfredo Veiga-Neto (2011) sobre o mundo das práticas discursivas e não discursivas. 285 O termo “atitude limite” é a condição apontada por Veiga-Neto (2011) como real capacidade de mudar práticas em que somos constituídos como sujeitos morais. Para ele, “atitude-limite”, é a possibilidade de liberdade foucaultiana, apesar de o termo liberdade ter sido pouco usado por Foucault em seus escritos. 219

Sinzig, certa busca por objetivação da figura feminina, num controle de suas emoções, com especial atenção a um domínio atinente ao suicídio. Ao realizar os vetos à leitura, Frei Sinzig preocupou-se em afastar as mulheres de leituras que pudessem ser associadas ao suicídio, seja como um modo voluntário ou como uma busca por livrar-se de certas emoções, ou mesmo do sofrimento. Ao que nos consta, algumas dessas obras restritas traziam à tona o suicídio como uma realidade presente na literatura feminina, tratando-o como um fato cotidiano ou mesmo normal entre as mulheres entre fins do século XIX e início do XX. Por isso, ARGC traz certa objetivação no sentido de nortear as mulheres a controlar a vida através da seleção de leituras e, ao mesmo tempo, rechaçar o ato do suicídio como uma prática de satisfação, livramento ou de coragem. A esse respeito, convém destacar que os fins do século XIX e o início do XX, segundo Costa e Schwarcz (2000, p.17), foram o período da belle époque, “tempo de certezas” e “expectativas”, e as pessoas se viam num mundo civilizado e cheio de esperanças, ou seja, um período de abundância, riqueza e prosperidade, em que os espaços passavam por um processo de transformação urbana e social. Contudo, a imagem dessa bela época, que perdurou por muitos anos no imaginário social, também carregou consigo práticas que preocuparam médicos e sanitaristas do período. Dentre elas o suicídio. 286 Carvalho (2012), ao tratar de questões históricas sobre o suicídio, sublinha que esse período deu-se envolto em um número considerável de notícias sobre suicídio, tanto nas cidades maiores, como em outras partes do Brasil e do mundo, identificando a formação de um “novo jornalismo de massa”, em que o suicídio se constituiu em um dos objetos prediletos para servir de mote ao noticiário impresso. Assim, essa época, “marcava os dramas do cotidiano – ou o universo de certo submundo citadino [...] transformavam-se em relatos do extraordinário, marcados por um profundo sentido moralizante” (CARVALHO, 2012, p.11). Não distante dessa realidade e inserido nela, Frei Sinzig procurou objetivar a figura feminina no controle de suas emoções. Rechaçou o ato do suicídio como prática de satisfação, livramento ou mesmo de coragem. Assim, ARGC traz certa objetivação da figura de mulher portadora de sentimentos e emoções, ou seja, certa especificação na percepção dessa figura feminina; em contrapartida, o mau controle dessas emoções

286 Lopes (2012, p.09) evidencia que o suicídio passa a ser um saber médico presente em dissertações e teses brasileiras, defendidas na Faculdade do Rio de Janeiro, entre os anos de 1830 a 1900 e recebeu atenção especial por parte de médicos, sanitaristas e religiosos. O suicídio transitou de uma concepção de pecado, ligado a moralidade, para uma concepção de doença. 220 poderia levá-las ao suicídio. Portanto, Frei Sinzig se vê na condição de certa objetivação da figura feminina contra o suicídio. Ao propor verbetes em ARGC, nas obras restritas, Frei Sinzig culpabiliza a prática do suicídio como imoral, acoima as autoras que apresentavam opiniões favoráveis a ele e apena aquelas que o utilizam (o suicídio] como fuga das emoções, ou mesmo como ato de coragem. Por exemplo, ao restringir o romance Heloísa (1914), de Augusta Franco de Sá Sampaio, Frei Sinzig demonstrou interesse em indicá-lo à leitura, mas o restringiu pelo fato de conter a morte de um pai, sob consentimento da filha (Heloisa), que o assistiu, como um ato de coragem, demonstrando que ele (Frei Sinzig) tinha “pena” da filha, por ter conduzido o pai ao suicídio (SINZIG, 1923, p. 254). Da mesma forma, ao restringir a leitura do romance Leticia, de Ana Ribeiro de Goes Bittencourt, que combina o suicídio com ato de coragem e, ao mesmo tempo, de salvação (no sentido de livramento), Frei Pedro Sinzig procura objetivar a figura da mulher a um controle de si, que se volta à vida, penalizando o suicídio como modo de solução dos sentimentos ou de livramento. A restrição à leitura de romances contendo conteúdos que supostamente destacavam ou incentivavam o suicídio acontece não somente em relação às autoras brasileiras em ARGC, mas também com outros autores (homens) nacionais e internacionais. A esse respeito, Frei Sinzig restringe a leitura do romance Um homem prático, de Medeiros e Albuquerque, alegando possuir “crimes e suicídios” (SINZIG, 1915a, p. 68); O verdugo de Honoré de Balzac, alegando ser “cruel e elogia o suicídio” (SINZIG, 1915a, p.156); Memorias d´um suicida de Maxime du Camp, considerando “Nada recomendável” (SINZIG, 1915a, p.52); A amante do embaixador (D´os mysterios do invisivel) de Sar Dubnotal, ponderando possuir “jogo, suicídios, espiritismo, embriaguez, assassinatos, aventuras amorosas, deboche, hypnotismo, ridiculo incommensuravel” (SINZIG, 1915a, p.451); Amor vendado, de Salvatore Farina, alegando possuir “ciumes, morte, suicídio, não é recommendado e não é para todos” (SINZIG, 1915a, p.689); O conde de Camors, de Octave Feuillet, argumentando que “começa e acaba mal, suicídio” (SINZIG, 1915a, p.742); O senhor de Fois, de Gustav Frenssen, comentando conter “scenas escabrosas, assassinio e suicidio” (SINZIG, 1915a, p.852); Honra ou loucura, de Arnaldo Gama, justificando que “não convêm à leitura, rixas, amores, mortes, suicídios e intrigas” (SINZIG, 1915a, p.789); Um grito na treva, de Arnoldo Golsworthy, alegando ser “interessante narrativa toda em volta de um crime de morte, suicídio, divorcio (SINZIG, 1915a, p.736); Beatriz, de 221

Henry Rider Haggard, ponderando que “Não deixa de ter inconvenientes, amor e suicidio” (SINZIG, 1915a, p.456); A porta do reigo, de John H. Harding, por ser “interessante mas não deve ser lido por todos, veneno, suicídio” (SINZIG, 1915a, p.78). Por fim, Um castigo de um malvado, de Carolina Invernizio, por ser “excitante; justificação do suicídio” (SINZIG, 1915a, p. 356). Importa considerar que o suicídio não foi somente tema de jornais, revistas e periódicos do período, mas também foi tema de diversas pesquisas acadêmicas por parte de universidades públicas durante o período,287 buscando delimitar frequência, meios, gênero, classe social, etc.288 Sobre isso, Carvalho (2012, p.12) destaca:

Entretanto, nesse mesmo período, muito havia sido analisado e, em especial, debatido e lido sobre o suicídio. Este exercia o seu fascínio, seja pela polêmica das posições; seja pela preocupação dos saberes médico, jurídico e sociológico em diagnosticá-lo e tratá-lo como problema nas suas respectivas áreas; e seja pela exploração de seu caráter de sensacional, em função do próprio estigma que o marca. A morte voluntária foi tema de trabalhos acadêmicos, de obras de referência, e até mesmo de artigos, de editoriais e de notícias publicadas nas folhas diárias dos centros urbanos naquela virada do século XIX para o XX. Os periódicos procuravam, a sua maneira narrativa, manter o diálogo com todos aqueles saberes quanto ao trato sobre o suicídio [...] os jornais constituíram o principal veículo de familiarização do suicídio aos olhos do [grande] público.

Ao que nos parece, ao restringir a leitura de romances com o tema suicídio, Frei Sinzig esta sendo atravessado por certo sensacionalismo que o tema trazia e não somente com o fato em si. Parece-nos que seu interesse maior não foi tratar as causas, mas a repercussão que o tema estava gerando, bem como a questão de seus efeitos no período. Portanto, condenar obras que previssem qualquer tipo de destaque ou mesmo indicação foi uma medida de governamentalidade adotada por Frei Sinzig em ARGC.

287 Principalmente pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. 288 Não realizamos um levantamento minucioso acerca de dissertações e teses, a fim de tratar da concepção de suicídio. Mas o que nos pareceu é que a maioria das teses ou dissertações que exploramos, tratando deste período, algumas não citadas neste trabalho, partem da concepção de Durkheim (1982, p.16), na sua obra célebre obra, O suicídio, um estudo sociológico, tendo o suicídio como um “caso de morte, que resulte direta ou indiretamente de um ato positivo ou negativo, praticado pela própria vítima, sabedora de que devia produzir esse resultado”, numa ótica social (estudada principalmente a partir do século XVIII), e não somente moral. Portanto, as pesquisas que vimos se desenvolveram nesta ótica social de controle do suicídio, por entender que, segundo Durkheim, o suicídio é produto de um profundo conflito relacionado ao meio social exterior das pessoas. Dessa forma, cada sociedade possuiria inclinação coletiva ao suicídio, e suas causas situam-se internamente nas pessoas. 222

É preciso destacar que o suicídio se relaciona com resquisos de certa liberdade negativa289 presente no século XVIII, dando-nos indícios da sua existência como maneira de expressão de certo livramento, presente no romantismo da época.290 Muito provavelmente Frei Sinzig atuou contra o suicídio jornalístico, restringiu leituras que traziam fábulas e fantasias, em busca de dar certa notoriedade a um tema marcante e sedutor, como observa Carvalho (2012, p.14), comentando o jornalismo amazonense:

Observa-se que as notícias sobre as ocorrências de suicídio não se tratavam de descrições frias e diretas dos fatos ocorridos – como hoje se pretende atribuir ao discurso e à técnica jornalísticos. Eram, na sua maioria, narrativas carregadas de efeitos melodramáticos e de tons coloquiais – que garantiam a sua fácil compreensão e rápida leitura –, mas marcadas por um fundo moralizante. Algumas dessas notícias assumiam mesmo a estrutura de fábulas. Os fait divers se prestavam a elevar à potência máxima o absurdo e o extraordinário de ocorrências trágicas ou que deveriam estar longe da ordem estabelecida, como o suicídio, à maneira dos velhos folhetins.

Lopes (2012, p.187) mostra que o suicídio no Brasil, no início do século XX, como em outros lugares do mundo, foi marcado por certo biopoder, marcado por estratégias e práticas, projetos e intervenções políticas, ações científicas e sociais, colocando em relevo o tema, destacando assim uma biopolítica, no interesse de controle. 291

A partir da segunda metade do século XIX e início do século XX, mais precisamente, casos publicados pela imprensa, inquéritos policiais e relatórios ministeriais, por exemplo, articulam estratégias e dispositivos anátomo-políticos com aquilo que pode ser caracterizado

289 Parte do romantismo, a liberdade negativa (conceito do liberalismo de Stuart Mill) é aquela exercida no campo da não interferência, implicando naquilo que o sujeito é, ou seja, de uma certa singularidade (FIGUEIREDO, 2007, p.143). 290 O romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico, surgido nas últimas décadas do século XVIII. Caracterizou-se pelo contrariamento ao racionalismo e ao iluminismo. 291 Esse controle do suicídio por meio de um biopoder, segundo Lopes (2011), principalmente ao longo do século XIX, constituiu vários saberes e discursos, sobretudo os médico-científicos, os literários e os jornalísticos, que se dedicaram a propor temas, imagens, sentidos e valores a tudo e a todos que se envolveram com o suicídio: sujeitos, instintos, paixões, impulsos, desejos, práticas, meios, estratégias e espaços foram mapeados, etc., denunciando e, sobretudo, condenando. A partir dessas estratégias e possibilidades, o ato de se dar à morte foi transformado em suicídio, em ato intempestivo, subversão da ordem, ameaça, risco e perigo; em evidência de uma sociedade insegura e caótica; ousadia desmedida; desassossego, amargura, angústia, dor e sofrimento; desequilíbrio, doença, loucura; enfraquecimento, desvanecimento, covardia; pecado, erro; enfim, transformado em morte trágica. Por sua vez, o sujeito que o pratica foi moldado como suicida, como contraordem. Portanto, entendemos que a objetivação de Frei Sinzig em ARGC está a contrapelo da afirmação do suicídio como ato de liberdade, conforme veremos a seguir. 223

como preocupações iniciais de uma biopolítica da população. Com esta conexão são esboçadas novas medidas preventivas, novas regulamentações, disciplinas, normalizações e normatividades. Se inicialmente, ao longo do século XIX, a atenção perpassava pelo corpo doente e em desequilíbrio do indivíduo, tratou-se, em seguida, de focalizar cada vez mais os espaços sociais e geográficos, os meios, seus elementos, seus efeitos sobre corpos e sobre organismos. Depois, a partir do final do século XIX, sobretudo ao longo das primeiras décadas do século XX, discursos historicamente imbuídos de poderes sobre a vida e sobre os corpos (tanto individual, como coletivo) modificaram os meios e as estratégias de produzir e de garantir vidas ordenadamente desejadas, esquadrinhadas, com a tarefa de impedir a proliferação de tudo o que pudesse possibilitar a interrupção, o encurtamento e as sabotagens da(s) vida(s). Saberes, discursos e práticas que complexificam as tecnologias políticas de poder, as relações saber-poder, suas estratégias e mecanismos, transpõem, dessa maneira, os modelos disciplinares que objetivavam produzir corpos dóceis. (LOPES, 2012, p.188)

Portanto, Frei Sinzig utilizou-se de suas restrições à leitura como ferramenta de biopoder para controle feminino, como tática para conclusão de suas finalidades e seus objetivos, que foi constituir uma figura feminina que deveria conter as emoções no que se refere ao suicídio. Portanto, sob o enfoque da objetivação, o suicídio é produto de uma dada governamentalidade, que submete as mulheres a uma forma de governo de condutas – “servidão integral” (FOUCAULT, 2008, p.234) –, em que o suicídio não transita em uma esfera apenas moral, mas também uma esfera de saúde pública. Dessa forma, o suicídio se submete a práticas e saberes de objetivação em que a vida e os corpos (tanto o corpo individual como coletivo), a constituição de vidas ordenadamente desejadas, esquadrinhadas têm a finalidade de impedir a proliferação de saberes que interrompem a vida ou a encurtam. 292 Ao nos referirmos à realidade sócio-histórica do Rio de Janeiro, em fins do século XIX e início do XX, pressupomos que os vetos de Frei Sinzig a romances com ênfase em temas relacionados ao suicídio se somam a um contexto privilegiado de

292 Estacheski (2017, p. 9) mostra que o final do século XIX e início do século XX, período em que o suicídio passou a ganhar destaque no que se refere às determinações sociais de gênero, conferia um sentido muito diferente para a honra suicida de homens, quando comparado com as mulheres. Os homens, se considerados honrados, honestos e trabalhadores, possuíam honra na morte. As mulheres, por sua vez, para serem consideradas honradas, deveriam ter sua honestidade medida pela postura recatada, submissa, virgens quando solteiras, fiéis quando casadas e castas ao se tornarem viúvas. Sua honestidade estava relacionada à conduta sexual regrada e à relação que tinham com os homens que eram seus tutores, pais ou maridos. Quando uma jovem perdia a virgindade antes do casamento, por exemplo, gerava um problema, pois não agravava apenas a sua honra, mas a de sua família, principalmente do pai, já que isso representava desobediência, insubmissão e, portanto, maculava a autoridade do homem em relação à sua família. 224 observação do suicídio em si, como biopoder, visando controlar o modo de vida das populações. A esse respeito, Lopes (2012, p.189)293 destaca:

No Brasil, a cidade do Rio de Janeiro é campo privilegiado de observação e, por isso mesmo, de estudo e análise de processos e de procedimentos de regulamentação, do exercício, mesmo que pontual e imediato, de um novo diagrama político de práticas heterogêneas. A esse respeito, faz-se necessário uma explicação: se ainda há um ordenamento político-disciplinar dos corpos-organismos dos indivíduos, oriundo de um dispositivo disciplinar e de processos de normalização, é possível identificar, simultaneamente, traços de uma governamentalidade, projetos e práticas de regulação e de controle do modo de vida das populações.

Ademais, segundo Carvalho (2012, p.20), apesar de o Rio de Janeiro ter sido um campo privilegiado do suicídio, essa sequência de práticas suicidas, dadas à leitura no noticiário local em curto espaço de tempo, envolveu pessoas pertencentes a diversos segmentos sociais, gêneros e locais de origem em todo o Brasil.294

293 Na linha de uma governamentalidade das condutas das pessoas, própria daquilo que Foucault (2008) denomina como controle das pessoas (governamentalidade e biopoder), Lopes (2012) coloca em relevo o contexto sócio-histórico do Rio de Janeiro no período em questão, destacando a consolidação do pensamento higienista; as reformas urbanas e sanitárias; as políticas e a institucionalização de saúde pública; a medicalização dos espaços e das instituições; a sedimentação cada vez maior do saber científico; as cotidianas inspeções sanitárias em residências cariocas; a intromissão arbitrária na vida privada dos cidadãos; as experiências civilizatórias, destacando o desejo de trazer a civilização aos trópicos e de forjar, definitivamente, os costumes e hábitos cosmopolitas; a necessidade imperiosa de superar os limites impostos pelas condições sociais e naturais; os regulamentos sanitários; as intervenções da República; as políticas de imigração; a política de miscigenação; a causa eugênica; a criação e a prática de diversas ligas e brigadas a favor da vida e contra as doenças e epidemias; os mata- mosquitos; a caça aos ratos; a vacina obrigatória; as propostas de regulamentação e de vacinação; os serviços de estudos de grandes epidemias; as descobertas no campo da medicina; a aliança entre saber científico e força política; a incrementação da assistência médico-hospitalar; a proliferação de dados estatísticos e o registro de fatos morbígeros; o censo como grande fonte de informação e a partir do qual estratégias de intervenção na urbe foram definidas; a organização do Departamento de Saúde Pública. Portanto, tudo expõe todo um esboço de biopolítica no Rio de Janeiro, entre o final do século XIX e o início do século XX. 294 Algumas notícias de sensações suicidas presentes nas páginas de jornais na Belém da virada do século XIX para o XX, destacadas por Carvalho (2012, p. 19-20): Em 06 de dezembro de 1905: “dos continuos factos de suicidio e tentativas de suicidio que [...] se têm dado nesta Capital”, considerou que aquele mês seria o “dos tresloucados”. Em 2 de dezembro de 1905: “noticiou a tentativa de suicídio da mundana Rosa Portuguesa, de 31 anos. Em 5 de dezembro de 1905: “foi a vez de levar ao conhecimento público a também tentativa de suicídio, por ingestão de querosene, da moradora de cortiço Francisca Maria do Nascimento”. Em 6 de dezembro de 1905: “publicaram-se tanto o trágico suicídio consumado do melancólico paraense David Pereira Barros, como o da portuguesa Felicidade da Rosa Viegas, que trabalhava no comércio local com o irmão”. Em 17 de dezembro de 1905: “foi registrado outro ato do gênero, sobre a morte do cidadão norte-americano William W. Ver-Valem, sugestivamente intitulada como mais um suicídio”. Em 21 de dezembro de 1905, o articulista expôs seu temor particular de que: “estamos, infelizmente, numa febre louca de suicídios. Raríssimo é o dia em que não é dado ao noticiarista registar um desses casos de verdadeira loucura”. 225

Nesse sentido, cabe destacar que para Lopes (2011), somente no século XIX o suicídio foi tratado pelo saber científico no Brasil, em face de sua exagerada expansão.295 Como causas dos suicídios entre brasileiros se destacam os vícios, oriundos dos excessos e desvios da população, que se davam a perversões sociais, em todos os âmbitos sociais, seja da burguesia ou das classes menos favorecidas.

No que se refere às perversões, cabe destacar que os médicos brasileiros, juntamente com outros profissionais – engenheiros e educadores, todos homens em sua maioria brancos – definiram e implantaram as perversões que deveriam ser identificadas e erradicadas do meio social, para assim gerar e garantir uma vida ordenada, medicalizada e civilizada. Ao lado dos loucos, vagabundos, prostitutas, criminosos, homossexuais e tantos outros considerados e feitos anormais, os suicidas também foram enquadrados entre os infames, aqueles portadores e produtores de desordem, que precisavam ser identificados, curados, regenerados e normatizados. (LOPES, 2011, p. 31)

Portanto, cabe-nos sublinhar que todo o trabalho de Frei Sinzig aconteceu amparado por um saber médico, que visava um País civilizado, espaço urbano de poder que unificasse, centralizasse e separasse as pessoas em nome de um saber médico. Segundo Machado et al. (1978, p. 5) esse saber médico, aliado a outras instituições sociais, visava tudo o que dissesse respeito à qualidade de vida das pessoas, propondo saberes e práticas biológicas, psicológicas e sociológicas, num ambiente politizado, com a finalidade de totalizar as pessoas, com um saber de preservação da vida.296 Referindo- se ao período em destaque, salienta:

Pouco a pouco se começa a olhar o funcionamento crítico da sociedade, ao nível do cotidiano, dos aparelhos que assumem o comando das vidas, das instituições que produzem, aperfeiçoam ou orientam os comportamentos. A cada dia se descobre os poderes que envolvem a existência, atingem o corpo e organiza o desempenho social. Cada vez mais se politiza o dia a dia. (MACHADO et al., 1978, p. 13)

Assim, a orientação desses comportamentos que pressupõem saberes e práticas que se opõem ao suicídio, propostos por Frei Sinzig, encontra corroboração numa

295 A justificativa é que somente no século XIX surgiram as primeiras universidades médicas no Brasil (LOPES, 2011). 296 Cabe destacar que a obra de Roberto Machado propõe que o século XIX iniciou com uma ciência médica chamada medicina social, que tinha como objetivo interferir e medicalizar a sociedade através de uma medicina aliada ao poder da República; medicalizava as diferentes esferas e as diferentes instituições da sociedade brasileira, sobretudo do Rio de Janeiro (MACHADO et al. 1978). 226 medicina social do período, que também defende o equilíbrio e se opõe às paixões, aos excessos, etc. Assim, a moral passou a ser causa da doença e, a partir daí, também objeto da medicina, de religiosos, como da República. Portanto, segundo Machado et al. (1978, p.197-198), para que a saúde da população seja preservada, deve-se criar uma sociedade sem paixões, sem caos, onde reine a ordem, de modo a também guiar-se pelos médicos, que, além de conhecem profundamente as pessoas, podem oferecer combate às epidemias, apoio na formulação de legislações297 e urbanização. “A cidade e seus habitantes transformaram-se em objetos de estudos e intervenção. Esse saber permitiu e orientou a tarefa de esquadrinhar a sociedade na busca de perigos e perigosos” (LOPES, 2012, p. 41). Nesse esquadrinhamento, notamos em ARGC subjetivações constituídas em relação ao suicídio por Frei Sinzig.

Quadro 12: Objetivação e subjetivação do suicídio em ARGC. Romance Objetivação de Frei Sinzig Subjetivação Heloisa Negar o suicídio Validação do suicídio Condenar o suicídio Aceitação o suicídio Imoral Leticia Penalizar o suicídio Suicídio é ato de coragem O verdugo Cruelíssimo Elogio ao ato do suicídio Honra ou loucura O suicídio associado a O suicídio associado amores mortes e intrigas e prazeres Beatriz Penalizar o Suicídio Amor Um castigo de um Penalizar o Suicídio Excitante malvado Fonte: Sinzig (1915); Sinzig (1917); Sinzig (1923).

Essa subjetivação apresentada pelas mulheres em ARGC em relação ao suicídio, que traz o amor e o prazer como causas ou talvez justificativas, é diferente no que se refere a causas de outros grupos sociais, que se apresentavam no fim do século XIX. Como exemplo, citamos as causas apresentadas por Oliveira e Raimundo (2008, p. 386), numa pesquisa referente aos suicídios de escravos em São Paulo nas últimas duas décadas da escravidão, em que o suicídio apresentava causas como protestos e fuga da situação de cativeiro. A esse respeito, corroboramos o que afirma Nunes (1998, p.18),

297 Machado et al. (1978, p.229-232) revela que nesse período muitos médicos se tornaram vereadores, mostrando que a presença no Estado é imprescindível para a medicina social, pois fazia parte dos seus quesitos básicos. 227 que ao reavaliar a literatura sociológica durkheiniana do século XIX sobre o suicídio, salienta que as causas são múltiplas e é um tema que ultrapassa os limites de um único campo do conhecimento. Portanto, cabe destacar que nosso objetivo não foi realizar uma pesquisa sobre as causas do suicídio, mas mostrar uma relação de encontros e desencontros de objetivação e subjetivação no que se refere ao tema, na busca de constituir o sujeito feminino em fins do século XIX e início do XX. No demais, buscamos destacar que o suicídio tratou- se de uma tema comum, que objetivou e subjetivou as mulheres do período.298 De forma geral, notamos que, ao objetivar a figura feminina com aspectos de controle do suicídio, Frei Sinzig procura certa governamentalidade de biopoder, como dissemos anteriormente. Ao passo que, ao serem subjetivadas e, de certa forma, propondo o suicídio como forma de liberdade, essas mulheres estão buscando entrar na ordem do discurso, no sentido de interpelação do seu contexto histórico-cultural. Ademais, corroboramos a afirmação de Carvalho (2012, p.82-83) que o suicídio moderno derivou das condições da modernidade, na forma como argumentou Walter Benjamin (1975, p. 20), para quem o suicídio seria inerente ao próprio homem “e à sociedade que o forma; e é mais forte que o seu instinto de sobrevivência”. Essa afirmação reforça o que propõe o diálogo entre Benjamin (1975) e Durkheim (1982) – cada tipo de sociedade fornece às estatísticas sociais a sua própria cota regular de suicidas; portanto, o suicídio feminino, seja na esfera de biopoder (ARGC) ou de liberdade, envolve modos de objetivação e subjetivação na constituição do sujeito (FOUCAULT, 1995).

4.2.7. Figura de uma mulher da família versus felicidade

Como já dissemos, Frei Sinzig objetiva a figura de uma mulher da família, recatada no lar, que, como vimos nas categorias discursivas apresentadas, possui piedade, boa moral, vida intíma moralizada, valoriza a família, bom casamento, educação cívica, intimidade na familia; e condena a sedução, (SINZIG, 1915, 1917, 1923). Contudo, a subjetivação constituída apresenta categorias discursivas, em

298 Cabe observar que a associação da mente do suicida com as manifestações da loucura se fortaleceu ao longo do século XIX, juntamente com o aprimoramento das especialidades psiquiátricas da medicina. Nesse mesmo período, o saber médico-científico, em geral, firmava-se como o definidor dos contornos da normalidade e da conformidade e passava a determinar as regras de conduta das pessoas (LOPES, 2012). 228 contrapelo, tais como felicidade, satisfação, êxtase, contentamento, prazer, etc. Assim, notamos um movimento de objetivação e subjetivação na constituição de diferentes sujeitos, voltado a certa esfregação em desacordo a constituição da figura de uma mulher da familia, que se submete as categorias discursivas de objetivação proposta em ARGC, em contrapartida à figura de uma mulher que busca a felicidade. A esse respeito, colocamos em relevo a obra Madame Bovary (1857), 299 restrita à leitura em ARGC. Não somente a obra Madame Bovary, mas também Un coeur simple; Trois contes; A educação sentimental; Salambô e A tentação de Santo Antonio, todos de Gustave Flaubert. A justificativa de Frei Sinzig é que, no caso de Un coeur simple, “não preza a moral christan, são dos menos perigosos”; os outros romances, incluindo Madame Bovary, são “Misantropico e imoral”; “Perverso, desonesto” (comentário específico para Madame Bovary) é “Immoral” (SINZIG, 1915a, p. 886).300 Madame Bovary é tido por Llosa (2012, p. 6) como um romance “semelhante a um strip-tease”, já que o romancista desnuda sua intimidade perante seus leitores, destacando experiências pessoais, vividas e/ou sonhadas, suas angústias, etc. Para ele, romances como esse tinham a intenção de aproximar o narrador dos personagens, como uma forma de grande transformação na forma de narrar. Nesse mesmo direcionamento, Avila (2012, p. 5) afirma que esse tipo de escrita de romances (Madame Bovary) faz uma abordagem do discurso do “discurso indireto livre” e na época dessa publicação não existiam uma classificação e uma sistematização de romances desse tipo de forma geral, embora na França, já fosse um procedimento largamente utilizado. De forma

299 Trata-se de um romance realista de Gustave Flaubert (1821-1880). Foi considerado por muitos críticos e estudiosos como a maior realização do romance ocidental, por tratar da desesperança e do desespero de uma mulher que sonhava com um casamento feliz. Publicado originalmente em capítulos de jornal, em 1856, o romance propõe certo questionamento sobre a realidade de Emma Bovary, que figura na literatura ocidental no mesmo degrau que Dom Quixote, o personagem de Cervantes. Ambos não se conformam com a realidade em que vivem e tanto o cavaleiro da triste figura quanto a desolada dona de casa oscilam entre o status de herói e de anti-herói. Madame Bovary foi escrito em francês e, como nenhum outro na literatura ocidental, levou o estilo à perfeição, reescrevendo inúmeras vezes o texto e procurando, como um artesão, o melhor encaixe das palavras. 300 Cabe salientar que as restrições à leitura por Frei Sinzig a Madame Bovary, são específicas da edição de 1915a e 1917, conforme consta no Quadro de leitura indicada e restrita por Frei Sinzig, entre fins do século XIX e início do XX (anexo), e não mais aparecem nas edição de 1923. Pressumimos que, por tratar-se de uma obra de 1857 e, segundo alguns pesquisadores, tais como Avila (2012), Laufer (2012) e Llosa (2015), tal obra recebeu grande destaque social no início do século XX, principalmente em face de sua irreverência social, Frei Sinzig pode ter retroagido na sua restrição à leitura, ou mesmo sentido o peso, dos movimentos feministas que se fortaleceram no decorrer do século XX. 229 geral, afirma que, a partir do século XX, esses romances realistas ganharam destaque e peso social entre os romancistas.301 Avila (2012, p.12), nos traz uma informação importante, com relação aquilo que nos propomos a analisar em Madame Bovary, que é verificar esse cuidado de si como busca de liberdade. Nesse sentido, observa que entre a metade do século XIX e o início do XX, houve um abandono progressivo da narração em primeira pessoa, sendo substituída pelo uso da norma do romance dramático, da narrativa objetiva, do narrador discreto, ao passo que se introduzia uma “subjetividade da experiência individual”, expondo todo tipo de produção nas reações íntimas das personagens. Assim, notamos que essas mulheres restritas em ARGC estão numa busca de expor certa subjetivação, desinteressadas naquilo que poderia causar a conformidade social. Contudo, estão numa busca de expor certa felicidade, que aqui tratamos como um cuidado de si, como forma de liberdade. Dentre várias outras subjetivações, Madame Bovary apresenta um casamento fracassado para outro mais fracassado ainda. A protagonista possui muitos conflitos internos e deseja ver-se livre do marido e encontrar o amor em outro homem, além de outras idealizações que ela busca, como uma vida cheia de glamour, coisas essas condenadas em ARGC (adultério e luxúria). Bovary tem uma personalidade cheia de contraditórios, o que a faz tão interessante. De forma geral, o tema Madame Bovary e o adultério, além recheado de críticas à sociedade do período, tem um tom realista e traz um retrato fiel dos anos em que foi escrito. Além disso, o romance recebeu uma série de críticas quanto à linguagem do livro. Ao final do romance, Bovary morre, trazendo a sensação de morte de sonhos, ilusões e desejos, a ponto de Laufer (2012) propor seu artigo com o tema “Bela Morte”, em que trabalha a descrição do falecimento de Bovary e a mantença viva de uma iconografia recalcada, destacando o processo de censura contra o livro, que é emblemático da repressão da sociedade.302

301 Convém salientar que um grande número de romances, indicados e restritos à leitura por Frei Sinzig em ARGC tem origem francesa. 302 Laufer (2012, p. 18) trabalha uma mudança que ocorre no século XX, momento em que se começa a poder falar da morte como fenômeno natural e de certa forma enaltecedor; assim nasce a “bela morte” romântica, em que se camuflam-se os horrores, apagam os traços de sofrimento, somem-se os vestígios dos corpos, dos mortos. Apesar de nossas leituras nesse sentido não terem sido profundas e extensas, notamos que esses fatores contribuíram para propagação e notabilidade de obras como Madame Bovary e outros romances no início do século XX. 230

Assim, temos em Madame Bovary a subjetivação de um sujeito moral, que demonstra certa maneira com a qual ele tece relações com o conjunto de regras do período. Portanto, temos um sujeito que se relaciona consigo, demonstrando-nos uma subjetivação. Por fim, resta-nos salientar e (re)afirmar que ARGC atravessou e foi atravessado por uma governamentalidade, em fins do século XIX e início do XX, que buscou constituir o sujeito feminino e que, nessa constituição, deparou-se com sujeitos que buscavam livrar-se do seu sujeito constituinte, estabelecendo uma relação de objetivação e subjetivação. A par disso, elencamos algumas considerações finais desta parte do trabalho: a. ARGC foi uma forma de diligência de Frei Sinzig para governar as consciências das pessoas, em especial das mulheres, justificada como um bem social, um guia seguro, a serviço da população. b. Consideramos ARGC como um manual de objetivação e subjetivação da figura feminina, em que, através das indicações de leitura, objetivava; e das restrições, subjetivava. Assim, consideramos dois significados importantes. Primeiro, o sujeito feminino como assujeitado, ou seja, como alguém que sofreu o controle e a dependência externa para sua constituição: objetivação. Segundo, a subjetivação, como aquele que se utiliza de uma dada liberdade, para contrariar o sistema proposto. No demais, ARGC compôs um movimento entre objetivação e subjetivação, que buscou constituir outros sujeitos nas suas complexidades e dinâmicas da contemporaneidade. c. Consideramos que Frei Sinzig, em ARGC, utilizou-se de categorias discursivas, visando marcar certa moralidade. Em que pese, essas categorias tiveram força moral de conformidade social do período e representaram valoração, no que se refere à figura da mulher. Portanto, olhar para essas categorias discursivas permitiu-nos notar o tipo de sujeito feminino que se estabelecia. d. A ênfase de conformidade social das categorias discursivas de Frei Sinzig em ARGC relacionava-se à figura de uma mulher projetada socialmente para a família e o casamento, com uma educação cívica, portadora de sentimentos nobres, ligada à educação infantil e à vida religiosa e piedosa. Em contrapartida, notamos que a subjetivação apresentada ressaltava uma figura feminina tida como perigosa e insaciável, com sobria questões relacionadas ao sexo. 231 e. ARGC tratou de uma representação culturalmente construída pela realidade, e não de uma cópia exata, momento em que o próprio Frei Sinzig foi objeto de objetivação e subjetivação, pois, ao afirmar as indicações e as restrições, ele se volta para si mesmo, ligando-se a sua identidade como sujeito, que também é fruto de objetivação e subjetivação na sua constituição. Assim, notamos que nessa ligação com sua própria identidade, ele buscou constituir outros sujeitos homogêneos, numa ordem totalizadora, segundo padrões de conformidade social e códigos morais. Portanto, nas suas indicações e restrições em ARGC, estava apenas buscando reproduzir inconscientemente outros sujeitos ligados a sua identidade objetivada e subjetivada, a partir do controle e da disciplina como forma de poder e saber. São elas: a mulher como uma figura preservadora da família e de certa moralidade social; a mulher como uma figura de educação e controle de diferentes vícios; a mulher como uma figura de especificidade e singularidade; a mulher como uma figura pensante e racional; a mulher como uma figura que controla as emoções: principalmente contra o suicídio; e por fim, a mulher com a figura da família versus felicidade. 232

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Procuramos neste trabalho demonstrar a constituição de sujeitos femininos em ARGC, numa articulação entre fé e República, mesmo em meio às inúmeras divergências, aberturas e integração, em que a educação emergiu de forma candente em todo cenário nacional, num período em que a Igreja exerceu influência (entre o final do século XIX e início do XX) e buscava agregar o cristão e o cidadão, assumindo um papel significativo no horizonte das pessoas nas diferentes camadas sociais. Buscamos seguir um direcionamento de pesquisa apoiados principalmente nos conceitos foucaultianos de que nos apropriamos e envolvidos pelas considerações que já realizamos em cada parte deste trabalho (Capítulos), e aqui expomos as seguintes considerações finais a respeito deste estudo: a. Frei Pedro Sinzig se colocou como um intelectual do período, trazendo para si certa brasilidade, momento em que emergiam diferentes intelectuais brasileiros, afirmando-se como mediadores da nação, investidos de uma missão, com a finalidade de propor certa conformação nas suas diversas dinâmicas sociais. Assim, ele se mostrava como um guia intelectual e, principalmente, das consciências, que satisfazia certas exigências e era qualificado para tal. Portanto, assumiu a função de agente da consciência e do discurso, autodelegando-se o papel de diretor da vida social e urbana, representando a Igreja e parcialmente a República. A par disso, colocou-se em condições adequadas aos regimes e aos jogos de verdade, para se inscrever como o maior censor católico literário brasileiro, na virada do século XIX para o XX. Ao lado dessa censura, propôs indicações e restrições à leitura, num processo de conformidade e (in)conformidade social, mediante uma separação de moral. Portanto, tratava-se de um estilo novo de vida, urbano, em que uma dada conformidade social era objetivada. Nesse escopo, emergem discursos que agregavam certas conformidades e separavam outras, circulando em todas as instâncias da vida da população, invadindo a esfera das relações, visando moldá-las segundo os propósitos de ordem e de disciplina. Nesse sentido, uma educação polissêmica aparece, a partir das relações dos indivíduos com seu cotidiano, sob influência de vários ideais, tais como liberais, positivistas, Vaticano I, etc. Contudo, a Igreja Católica e a República atuaram na ordem social do período, no que se 233

refere à figura da mulher, como base para a estabilidade social, sinalizando-a como símbolo de fragilidade e necessidade de segurança, ao passo que tal figura feminina se prestava à completa adequação tanto ao papel de esposa e mãe, dentro da família idealizada e feliz, quanto à função sexual e à felicidade no casamento. A partir disso, sublinhou-se a educação feminina por meio de romances, como veículos para educar as mulheres quanto à maneira de portar-se na sociedade. Daí decorrem as motivações para as indicações e as restrições à leitura por Frei Sinzig em ARGC. b. Ora, se Frei Sinzig é um educador, representante de uma dada intelectualidade e coloca-se como mediador do discurso como conformidade social, que satisfazia certas exigências e qualificações, então ARGC representa o discurso controlado, selecionado, organizado e redistribuído, com a finalidade de conjurar poderes e saberes. Posto isso, ele (ARGC) se compõe como uma fonte primária privilegiada de autorrelevância, por conter visões de mundo de determinado momento da história, composta por atravessamentos da Igreja e pelo recém- formado sistema republicano, num período em que educar pela leitura era uma das formas de conformação social. Cabe destacar que ARGC representou o esforço da Igreja com a finalidade de retomar espaços no novo sistema republicano, articulando-se em um refazer da Igreja, diante da separação do Estado. Por isso, pode ser tido como um material de sobrepujamento da Igreja, como já afirmamos, em que se evidencia uma nova aproximação da Igreja com o povo brasileiro para a educação da consciência, própria do período, à guisa de uma educação invasiva por meio das famílias, por meio da figura das mulheres, como uma nova forma de manter, renovar e expandir seu predomínio e prestígio entre o povo brasileiro. Portanto, ARGC denota uma efetiva intervenção sobre o meio social e, principalmente, educacional, relativo aos conceitos propostos nesta pesquisa sobre educação, mas também ligados a uma educação escolar, como vimos no Capítulo 1. Assim, temos elementos contraditórios que se somam e se dividem, pois, se um lado temos os aspectos fundamentais das estratégias católicas de organização e mobilização, buscando preservar sua situação anteriormente existente (da Igreja), de outro, o sistema republicano busca, a todo custo, transformações em nome do progresso social. No âmbito de tais questões, ARGC representou um esforço para articular os princípios morais católicos, presentes nas indicações e nas restrições à leitura, visando constituir 234

indivíduos segundo determinada conformidade social, já que ARGC ancora-se na ideia de que a República e a Igreja, devem, mediante o controle da governamentalidade da leitura, garantir a preservação social, bem como o distanciamento de atos e ações que possam conduzir as pessoas a certo envenenamento social, o que, para Frei Sinzig, se referia às condutas sociais destoantes daquelas da conformidade social, tidas neste trabalho como (in)conformidade. c. Portanto, verificar essas conformidades e (in)conformidades requer uma consciência histórica, através dos diferentes modos pelos quais essas mulheres se tomaram sujeitos, o que exigiu de nós uma verificação atenta dos modos como objetivação e subjetivação transformam as pessoas em sujeitos. Para isso, ancorados em nosso referencial teórico (Foucault), trouxemos o movimento de ações de poder e saber, permitindo-nos desenvolver a ideia de governamentalidade como uma forma de governo que visa constituir uma população controlada, classificada e disciplinada e sujeitos governáveis. Assim, notamos que o sujeito feminino daquela época, se constituiu sob certa governamentalidade, submetido a um jogo de objetivação e subjetivação, e neste movimento há sempre uma busca por: 1. Objetivar sujeitos governáveis, submetendo-os a modos de objetivação, ancorados em jogos e regimes de verdades, isso porque consideramos como objetivação os modos externos (ações) pelos quais as pessoas se tornam sujeitos, ou seja, o modo como foram submetidas a um modo de objetivação, diante de diferentes condições históricas. 2. Incidir pacificamente sobre a sociedade e atuar de forma ativa e permanente, agindo no cerne da constituição do sujeito feminino, ou seja, essa atuação não é agressiva e repressora e, por vezes, se justifica como um bem social comum. 3. Compor uma sociedade de diferenças, como constituição de singularidades, visando que as pessoas se autoafirmem sobre quem são e voltem para si, ligando-se a uma identidade, assim construindo sujeitos numa ordem totalizadora e homogênea, segundo padrões de conformidade social do período, como a ideia de família interna, como elemento intrínseco à população. 235

4. Categorizar o sujeito, marcando-o com sua própria individualidade e ligando-o a uma identidade própria. 5. Marcar uma subjetivação do sujeito diante da governamentalidade, como ação reativa, resultante e sequente de uma objetivação ora posta. 6. Pressupor discursos que derivaram de intencionalidades, na busca de constituir sujeitos históricos produzidos sob regimes e jogos de verdade. 7. Possibilitar ao sujeito perceber a si mesmo nas relações de poder e saber, através uma ética do cuidado de si, que culminou numa prática da liberdade, incidindo ali certa resistência, através dos jogos de constituição de regras e normas, condutas e deveres. Com isso, a resistência tornou-se uma possibilidade de verificação de como a objetivação atua a par de diferentes formas de poder. 8. Notar o “Ser saber” como práticas discursivas que constituem os sujeitos sob determinadas intencionalidades, enquanto o “Ser consigo” tratou de um modo de subjetivação como prática de liberdade. Assim, tanto o “Ser poder”, como o “Ser saber” e o “Ser consigo” manifestaram-se através de discursos, como formas de poder-saber, verificáveis por meio de categorizações discursivas, conforme apresentadas nos diferentes quadros. No demais, esses modos de subjetivação foram constituídos pelos modos de objetivação que atravessam os sujeitos, permitindo a autoconstituição pelos sujeitos de suas próprias existências. Assim, o sujeito na subjetivação é a consciência presente daquilo que fizeram dele. Na busca de livrar-se do sujeito constituinte, numa relação de objetivação e subjetivação, notamos a constituição de um sujeito feminino numa trama histórica, em que o discurso, principalmente através de categorias discursivas, era parte de diferentes construções da realidade. A par disso, elencamos algumas considerações finais desta parte do trabalho: 1. ARGC foi uma forma de diligência de Frei Sinzig para governar as consciências das pessoas, em especial das mulheres, através da seleção da leitura de romances, justificado como um bem social, um guia seguro, a serviço da população. Contudo, essa forma de diligência atuou para constituir e corrigir de maneira pacífica os sujeitos, em que pese, de forma disciplinada e controlada enquanto formas de governo. Portanto, notamos um controle da leitura como 236

formas de governamentalidade, por parte não somente de Frei Sinzig, mas também do sistema republicano. 2. ARGC, como um manual de objetivação e subjetivação da figura feminina, permitiu-nos verificar o sujeito feminino assujeitado, como alguém que sofreu o controle e a dependência externa para sua constituição (objetivação); e a subjetivação, como aquele que se utiliza de uma dada liberdade, para contrariar o sistema proposto. 3. ARGC apresenta categorias discursivas, visando marcar certa moralidade de conformidade do período, e representou valoração, no que se refere à figura da mulher. 4. ARGC movimenta-se num jogo de objetivação e subjetivação, relacionando a figura de uma mulher projetada socialmente à família e ao casamento, com uma educação cívica, portadora de sentimentos nobres, ligada à educação infantil e à vida religiosa e piedosa. Ao passo que, em contrapartida, notamos que, da subjetivação apresentada, ressaltava uma figura feminina tida como perigosa e insaciável, com sobria questões relacionadas ao sexo. Além disso, a mulher como uma figura preservadora da família e de certa moralidade social; a mulher como uma figura de educação e controle de diferentes vícios; a mulher como uma figura de especificidade e singularidade; a mulher como uma figura pensante e racional; a mulher como uma figura que controla as emoções: principalmente contra o suicídio; e, por fim, a mulher como a figura da família versus felicidade. Por fim, esta Tese nos incita para desfechos de futuras pesquisas acadêmicas, permitindo os seguintes direcionamentos:

a. Apropriação desta Tese como um manual das obras por autores indicadas e restritas virada do século XIX para o XX; b. Possibilidade de aprofundamento sobre questões de objetivação e subjetivação relacionada ao suicídio; c. Verificação e aprofundamento das questões a prostituição feminina como ato social; d. Exploração das biografias das autoras indicadas e restritas; e. Ampliação de pesquisas das obras restritas e indicadas; f. Aprofundar o tipo de educação escolar do período; 237 g. Aprofundamento das aproximações e distanciamentos entre Igreja e Republica; h. A educação católica proposta por Frei Sinzig.

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VILLELA, Heloísa O. S. A primeira Escola Normal do Brasil. In: NUNES, Clarice (Org.). O passado sempre presente. São Paulo: Cortez, 1992.

251

ANEXO I - QUADRO DE LEITURA INDICADA POR FREI SINZIG, ENTRE FINS DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO XX 303

Autor Título Comentários de Frei Pedro Sinzig

João Aanrud Solve Solfing Indicado para as crianças Kroppzeug História boas para jovens Sdsei Langrockchen Indicado para as crianças P. Zeferino de Abreu Contos Sertanejos Merece lugar de destaque – piedoso, Casos Reales indicado Louis Amadeu Eugeniio Histoire de mês amis Indicado Achard Les trois grace Indicado Le journal d´une heritiere – Le clos Indicado pommier Indicado Histore d´um home Indicado Les femmes honnetes Indicado Roche blanche Indicado Droint au but Indicado

Arthur Achleitner Das Bahnle Indicado para adultos

Der Eiskaplan Indicado para adultos

Der Lawinenpfarrer Indicado para adultos

Der Wilde Gallhirt Indicado para adultos

Stofelle Indicado para adultos

Admont Indicado para adultos

Der Dezirkshauptmann Indicado para adultos

Die Gebirgsbatterie Indicado para adultos

Im Grenzdienst Indicado para adultos

Der Leibeigene Von Krawarsko Indicado para adultos

Portiunkula Indicado para adultos

Der Radmeister Von Vordernberg Indicado para adultos

Der Klostermaler Indicado para adultos

Gregorius Sturmfried Indicado para adultos

303 Esclarecemos que a elaboração deste quadro ocorreu entre meados de 2012 a 2017, tendo como fonte primária ARGC (edição de 1915), tratando de notas de 11.663 livros e 5.150 autores. Salientamos que para confecção do quadro, em alguns momentos resumimos os comentários de Frei Sinzig, visando demonstrar se tal obra era indicada ou restrita à leitura. Ademais, esclarecemos que conservamos a escrita original para os nomes dos autores, títulos e para os comentários. 252

Paul Acker Le Soldat Bernard Indicado para adultos Les Exiles Indicado para adultos Les Deux Cahiers Indicado para adultos Soledad Acosta de Semper Los Piratas en Cartagena Indicado com reserva de erro historico Los Españoles en America, Hun Hidalgo Indicado com reserva de erro Conquistador histórico Edmond Mme Adam Chrétienne Indicado Trouvère Adenez Roumans de Berte aus grans pies / Nova Indicado edição Berthe aux grands pieds) Eufemia de Adlersfeld O espelho de Lucrezia Borgia Indicado, combate superstição (Condessa Ballestrem) multisecular Y.Z. 100 Indicado, humorismo O Thesoiro de noivado da Bisavó Indicado exposto com vida de bom humor Paul Adrien Le PI lote Willis Indicado continuação de Robinson Suisse A. Joaquim Afan de Rivera Las noches del albacin Indicado lendas e contos granadinos Joseph Ageorges Plaisantes dictions de Pierre Pilotat Indicado Contes de mon oncle Indicado Deuil Du Clocher Indicado com reserva por certas passagens José Agostinho O caminho das lagrimas Recomendado a todos Federico Aguilar Matilde Indicado costumes de Bogotá e cenas da guerra civil 1876-77 Tomas Aguiló Cuentos fantasticos Indicado Jean Aicard Tata Indicado quase um romance christão Gustave Aimard Bala Franca Indicado inoffensivo Coração de Panthera Indicado inoffensivo O grande chefe dos Aucas Embora exista um trecho q o autor coloque em duvida certa passagem biblica, há descripções bastante livres de costumes dos selvagens

Mathilde Alanic Mlle La romance de Joconde Indicado para adultos La fille de la sirène Indicado para adultos Au soleil Couchant Indicado para adultos Et l´amour dipose Indicado para adultos Julio Alarcon El zapatito de oro Contos mereciam ser traduzidos De broma y de veras Contos mereciam ser traduzidos El pan de La Virgem Contos mereciam ser traduzidos La golondrina Del lazo Contos mereciam ser traduzidos La imagem rota Contos mereciam ser traduzidos 253

Pedro Antonio de Alarcon El final de Norma Indicado hora notável hora tolerável

El carbonero-alcalde Indicado hora notável hora tolerável

El afrancesado Indicado hora notável hora tolerável

Viva El Papa! Indicado hora notável hora tolerável

O Capitão veneno Pode ser lido, diz o P. Guevara S. J

Antoniene Albalat Marie É realista, mas honesto e interessante E. Maria Albanesi *** geral Moral Ansgar Albing Moribus Paternis Excellente livro, valor apologetico Thijm Alberdingk *** geral Tem bons livros Louise May Alcott *** geral Escreveu bons livros para a mocidade Juan Alcover Cuentos Inoffensivos The Stillwater Tragedy Pode ser lido, com alguma reserva José Martiniano de Alencar O Ermitão da Gloria Não vê inconveniência na leitura A alma de Lazaro Todos podem lê-lo, piedade Guerra dos Mascates Poderão lê-lo apenas maiores e O sertanejo moços ajuizados e instruidos Sonhos de Ouro Pode ser lido por pessoas instruídas Til Para leitores avisados e prevenidos, O tronco do Ipé romance inoffensivo Ubirajára Para pessoas de critérios superiores á sedução dos romances Para pessoas habituadas à leitura de romances Para adultos instruídos, não contem passagens de envergonhar

Alexander The admiral´s ward Podem ser lido por todos Barbara, lady´s maid and peeress Podem ser lido por todos Mona´s choice Podem ser lido por todos What gold canot buy Podem ser lido por todos The yellow fiend Podem ser lido por todos Alexandra, princeza da Le facteur de La poste Bom livro Baviera Les roses de Noël Bom livro Wilibald Alexis ***geral Grandes romances para adultos instruídos Abilio de Almeida Um homem perigoso Apenas para pessoas com certo critério Julia Lopes de Almeida Ancia eterna Contos bastante livres Historias da nossa terra (cerca de 30 É boa, mas a alma da criança quase historias) nada se ganha com ella, O Juiz de Ouro é um conto admirável

Juan B. Altes y Alabart ***geral Autor de livros positivamente úteis, 254

não sabemos de traducções portuguezas Enrique Alvarez ***geral Publicou excellentes narrativas em hespanhol Miguel Alvarez Chape Cuentos Azules Aprovado pela autoridade eclesiástica Joachim Baron d´Ambert Le chemin de damas Podem ser lidos L´héroisme en soutane Podem ser lidos Constant Améro Tour de France d´um petit parisien Bom e coroado pela academia franceza Mme Constant Améro Grain de sel et poule d´eau Obra inoffensive escrita para mocidade L´étoile du Nord Obra inoffensive escrita para mocidade La princesse des Monettes Obra inoffensive escrita para mocidade Ancilla Domini Da arena da vida Contos que devem ser lidos por todos

O collar perdido e outros contos Util a todos Uma fazenda em Maranhão Indicado para todos Orvalho Vespertino Commovem e augmentam o amor à virtude, bem como o horror ao vicio

Quadros da Vida Excellente sob todos os pontos de vista

William Henri Anderdon ***geral Escreveu novellas muito boas Han Christian Andersen O homem de Neve Inoffencivo O javali de bronze Excellente para adultos e crianças A virgem dos geleiros Pode ser lido por todos G. André S. J. Nouvelles Dignas d´um filho de Santo Ignacio Suze Andriessen Bosch em duin Bom livro para mocidade Heide em veld Bom livro para mocidade Het Klaverblad Bom livro para mocidade Sneeuwklokjes Bom livro para mocidade S´Zomersbuiten Bom livro para mocidade Marc Anfossi Jacques l´abandonné Pode ser lido Le Robinson russe Pode ser lido Le secret de Sir William Pode ser lido René d´Anjou Au tournant de la route Religioso Mme A. Annenskaïa Retour au bercail, histoire d´une jeune fille Pode ser lido russe Mr. F. Anstey Only toys, a story for boys and girls Pode ser lido pela mocidade Une idole em exil Pode ser lido com alguma reserva La Monette Pode ser lido com alguma reserva Vice-versa Inoffensivo Leon Anthony Contos Humoristiques Para todos Ludwing Anzengruber Der Schandfleck Pode ser lido por adultos Der Sternsteinhof Pode ser lido por adultos Der Erbonkel Pode ser lido por adultos Der Gewissenswurm Pode ser lido por adultos 255

Adolphe Archier *** geral Autor de bons romances que talvez ainda não tenham sido traduzidos Mme Henri Ardel Um conte bleu Pode ser lido Histoire três simple Pode ser lido Mon cousin Guy Pode ser lido Renée Orlis Pode ser lido Le Rêve de Suzi Pode ser lido Seule Pode ser lido Toute arrive Pode ser lido

N. Ardin Le sergent Michaud Pode ser lido Sylvia Pode ser lido Paul Arène Nouveaux contes de Noel Pode ser lido P. Bernhard Arens S. J. Licht un Schatten Excellente Tomas Argüelles Leyendas Prende o interesse de pequenos e grandes Affonso Arinos Em viagem Muito interessante, pode ser dado a adultos Pedro d´Arlay Misette Novella boa Armand -Blanc Bibelot Para todos W. Arminius Stietzkandidat Pode ser lido Mme Olivier des Armoises Fils de gueux Todos podem ler Laicisé Todos podem ler

Mme Charles Reybaud Les aventures d´um renégat Todos podem ler Arnaud Le château de Saint Germain Todos podem ler Les deux réprouvées Todos podem ler Une terrible folie Todos podem ler L´abbé N. Arnault Nouvelles morales des faubourgs de Paris Para todos Joachim Ludwig Arnim Dertolle Invalide Pode ser lido por todos Frau Hans Arnoud Aus der kindheit Pode ser lido, apesar de uma ou outra expressão pouco acertada Auguste et N. Fournier A la belle etoile Inoffensivo Arnould A. G. Arnould Entre deux haines Inoffensivo Johanna L. Arntzen ***geral Muito recomendáveis principalmente para mocidade Joseph Arras Gekke Sprookjes Inoffensivo Ramon Arrufat Pesadumbres Novella interessante e moral Otto Cäsar Artbauer *** geral Leituras recommendaveis para adultos Camille d´Arvor ***geral Romance simples, mas interessantes e moraes Gabrielle d´Arvor Lucie Coroado pela academia franceza Jete´par le flot Clássicas para a infancia Louise et hélène Clássicas para a infância Mademoiselle Arlaban Clássicas para a infância Valentine Daubray Clássicas para a infancia Julio Ascanio La bruja branca Premiada e pode ser lida por todos Machado de Assis Helena Pode ser lido por todas as pessoas de alguma experiência, amor 256

Yayá Garcia Leitura permittida aos adultos de alguma experiencia Alfredo Assolant La chasse aux lions Podem ser lido por todos Le docteur judassohn Podem ser lido por todos François buchamor Podem ser lido por todos Histoire du célèbre pierrot Podem ser lido por todos Pendagron Podem ser lido por todos J.J. Astor Voyages em d´autres mondes Inoffensivo Dr. Francisco Xavier As mouras encantadas Pelo lado moral pode ser permittida a Athahide de Oliveira todos Octave Aubert En sentineele Inoffensivo Théodore Aubert L´Isolé Todos podem ler Fernand Aubier Trois filles a marier? Leitura Inoffensiva Gabriel Aubray Les lettres a ma cousine Podem ser lidos por todos L´allée des demoiselles Podem ser lidos por todos Pierre Aubry Valentin Guillois Pode ser lido Pseudonimo Auctor De boerenvan Oolen Todos podem ler

Luimig Verhaal Todos podem ler

Audebert de Bovet Histoire d´um garçon Pode ser lido por todos Philibert Audebrand Um petit fils de Robinson Pode ser lido Voyages et aventures autour du monde de Pode ser lido Robert Kergorien Hippolyte Audeval ***geral Autor de romances honestos Maxime Audouin La bande mysterieuse Para todos Ludwig Auer *** geral Excellente escriptor catholico, ao que sabemos suas obras ainda não foram traduzidas Berthold Auerbach Schwarzwälder dorfgeschichten Podem ser lidos por adultos instruídos, mas transluz destas novellas a antipathia do autor pelo christianismo Edouard Auger Histories Americaines Inoffencivas Ludwig Aurbacher Ein Volksbüchlein Para adultos, um dos melhores prozadores alemães Die lalenbürger Para adultos, um dos melhores prozadores alemães Gesammelte Grössere erzählungen Para adultos, um dos melhores prozadores alemães Julies Berlioz d´Auriac ***geral Escreveu romances honestos Dr. Alois Ausserer ***geral Dramaturgo e prosador excellente Jane Austen Emma Inoffencivos Mansfield park Inoffencivos Pride and prejudice Inoffencivos Sense and sensibility Inoffencivos Michel Auvray Mille laure rounot Honesta e recommendavel Alfred d´Aveline La feuille de trafle Para todos, honesto La clef de La fregate e outros Para todos, honesto Guy d´Aveline ***geral Escreveu romances de espírito 257

christão Elise Averdieck Kinderleben Todos podem ler Harold Avery Op en top ´n jongen É inoffensivo La baronne Avignon de Les quatre missions Leitura boa Norew Arthur Lobo d´Avila Os caramurús O romance historic é moral Marie Aycard Nobles et gypsie Inoffensivo A. Aylicson *** geral Escreveu excellentes romances christãos Gabriel d´Azambuja ***geral Seus romances merecem toda recommendação Cuno Bach Das geheimniss Von king´s Norton Inoffensivo Ein stolzes herz Inoffensivo Anna Bachofner Moed en volharding Para a juventude Adolphe Badin Marie Chassaing Pode ser lido por todos Richard Bagot A roman mystery Inoffensivo Théodor Bahon Histoire d´une jeune fille pauvre Todos podem ler Joseph Baierlein *** geral Escriptor de grande feritilidade Maria Baierlein Die Copistin Pode ser lido Gänseblümchen Pode ser lido Louis Bailleul ***geral Autor honesto Mrs. Baillie Reynolds A phantom wife Pode ser lido Sir Samuel White Baker L´enfant du naufrage Para todos Victor Balaguer Un sudario con sus trenzas Pode ser lido La cabeza del conde de Urgel Pode ser lido Historia de um Pañuelo Blanco Para adultos La covadonga catalana Com alguma reserva La peña de uruel Com alguma reserva El penitente de manresa Com alguma reserva

Cézar Comte Balbo Six nouvelles Todos podem ler Lagarde Balech Le Chevalier de Jeanne d´Arc Pode ser lido L´ermite de beausoleil Pode ser lido La ville des neiges Pode ser lido

Robert Michel Ballantyne Jarvin and Cuffy Inoffensivo Le chasseur de fourrures Inoffensivo

Alphonse Balleydier ***geral Cumpriu a palavra dada á mãe, de jamais escrever um livro provocante Noémi Baleyguier ***geral Seus livros são moraes e interessantes Jacques Ballings Dowe Lente Inoffensivo Heinrich Bals *** geral Escriptor catholico Johanna Baltz ***geral Excellente escriptora catholica John Banim Les blancs garçons Pode ser lido La famille Nowlan Pode ser lido Louis Banneux L´âme des humbles Para todos H. A. Banning Ko kolkes Inoffensivo De familie Walker Inoffensivo Tafereelen uit de Fransche Revolutie Inoffensivo 258

Le Père Baptiste Ailey Moore Para se recommendar Jean de Brancy Aventures dd´espiègle Inoffensivo La folle de Virmont Inoffensivo La fiancée Inoffensivo La prèferée Inoffensivo Henri Baraude La voie mauvaise Inoffensivo Dr. Ramon Barbera El corazón de Maria Muito boa P. Mario Barbera S. J. Fiore di Rovine Excellente romance Scuola laica Excellente romance André de Rarberino ***geral Sempre recommendavel André Barbes La politique d´un villageois Inoffensivo Jean Barbert de Vaux Coeurs d´enfants Todos podem ler Muguette Todos podem ler Charles Barbier La filleule de La reine Todos podem ler Vengeance et pardon Própria para jovens Quid me persequeris Leitura boa L´abbé Jean –François Émilia Paula Um bom romance Bareille Sabine Baring-Gould Court Royal Todos podem ler Inthe roar of the sea Todos podem ler Winefred Todos podem ler Miss Jane Barlow Irish neighbour Todos podem ler Pierre de Barneville Le grand silvain É bom H. Barnheim Um serment entre frères d´armes Inoffensivo Theodoro Baro Em la costa Todos podem ler Golondrinas Todos podem ler La paz del alma Todos podem ler Robert Barr De jonge lord Stranleigh Inoffensivo Léon Barracand Epée brisée Todos podem ler. Um protesto enérgico contra a explusão dos Chartreux. Dormilhouze La Jeune Todos podem ler Hilaire Gervais Todos podem ler. Historia d´uma criança Servienne Todos podem ler. A vida d´uma criada La rançom de La gloire Todos podem ler La loi des coeurs Todos podem ler Amour oblige Todos podem ler

Serge Barranx Face á la vie Todos podem ler Yacha, le vagabond Todos podem ler Théodore H. Barrau Amour filial Inoffensivo Mrs Barrauld Evenings at home and others A propria juventude pode ler Maurice Barrès La grande pitié des églises de france Poderá ser lido, a favor da egrejas francezas ameaçadas Frank Barret Péril de Mort Inoffensivo 259

James Matthew Barrie The little minister Merecem recommendação The little withe bird Merecem recommendação My lady Nicotine Merecem recommendação Tommy and Grizel 2 vol Merecem recommendação Margaret Ogilvy Merecem recommendação M. Barrington The kings fool São recommendaveis Knight of the Golden Sword São recommendaveis Reminiscences of Sir Barrington São recommendaveis Beaumont Francisco de Barros O morgado de S. Cosme Não inhibem ser lido por pessoas de juízo seguro Dr. William Barry Arden Massiter Recommendavel The dayspring Recommendavel Place of dreams Recommendavel

Two Standards Recommendavel

The wizard´s knot Recommendavel

Adolf Bartels Wilde Zeiten Pode ser lida por todos Comtesse de Bassanville Vengeances d´une morte Deve ser lido só com reservas, em geral seus livros podem ser entregues a todas as mãos Elizabeth Bastien Légendes de Sainte Odile São boas José J. R. Bastos O medico do deserto Esplendido A virgem da Polonia Moral e religioso Jean Basty Le neuvaine de Simonne Pode ser lido por todos Batavus De koloniaal Inoffensivo François Battanchon L´âme de Roland Bom livro Loin du nid Bom livro Luiz P. Battaro A cruz e a espada Interessante para todos Dr. Wilhelm Die Beatushöhle Conhecido e querido principalmente bela berra narrativa J. Baudry Devant l´obstacle Leitura boa Wolfgang Bauernfeind Aus dem Volksleben Pode ser lido por todos Baugard Jeanne et Marie; le trésor volé Destina-se á juventude, pode ser lido sem susto Antoine Baumann Les martyrs de Lyon Todos podem ler Le tribunal de Vuillermoz Todos podem ler Emile Baumann *** geral Autor de romances honestos que nele não se envergonha de seu catholicismo Rudolph Baumbach Uit mijne jeugd Inoffensivo Georg Baumberger Aus sonnigen Tagen Excellente escriptor Grüss Gott Excellente escriptor Juhu-Juhu Excellente escriptor Questa la via Excellente escriptor Alexander Baumgartner S. *** geral É um orgulho da Companhia de Jesus J. Isidoor Bauwens Iwein van Aalst Todos podem ler 260

Alexandrine S. G. de. Nouvelles São moraes Champgrand Bawr Robertine São Moraes Lês soirées de jeunes personnes São moraes Any. Mar. Bayeux Profils et contes normands Inoffensivo Marc Antoine Bayle ***geral Obras todas recommendaveis Léonie de Bazelaire Figure Exquise Moral René Bazin Davidee Birot Moral La barrière Moral De toute son ame Moral A barreira Excellente trabalho apologético, mas não para a mocidade Donaciana Só para pessoas ajuizadas Casal Bretão Edição do mesmo livro (Donaciana) feito pelo jornal do commercio

Bazouge Jane de Kerhors Inoffensivo Gabriel Béal Demi soeurs Decente e delicada Le médecin de Lochrist Decente e delicada Trop petite Decente e delicada L´abbaye Decente e delicada D. Bearne S. J. The golden stair Agradará e fará bem Sanctity´s Agradará e fará bem Mme. Louise de Bellaigue Le bucheron de longchaumois Podem ler Beauchesne Charles Beaugrand Les promenades du Dr. Bob Inoffensiva Mme. Caroline de Beaulieu Jean Mühlberg Leiam sem medo Mme. M. Beaulieu Le Robinson de 12 ans Pode ser confiado ás crianças Guillaume Marie Georges Les deux rivales Podem ser lidos Beaume Rosière et moi Podem ser lidos Petite princesse Podem ser lidos Mademoiselle Cécile Podem ser lidos Le maitre d´ecole Podem ser lidos La bourrasque Podem ser lidos Le secret Podem ser lidos Les trois apotres Podem ser lidos Une religion secrete Podem ser lidos Jacinthe Podem ser lidos Le maudit Podem ser lidos

Comtesse André de ***geral Inoffensivos Beaumont Gustave de Beaumont L´esclavage aux e´tats unis Podem ler Maurice le Beaumont ***geral Recommendavel Gérard de Beauregard Ordre du roi Bom Le rubi de Laperouse Bom Leroi du timbre-poste Bom Comtesse de Beaurepaire de *** geral Excelente escriptora Louvagny Fréderic Béchard Jambe d´argent Pode ser lido Ludwig Bechstein Märchenbuch Pode ser entregue a todos, linguagem bem cuidada 261

Karl Friedrich Becker Erzählungen aus der alten Welt Todos podem ler Elizabeth Harriet Beecher- A cabana do tio Thomaz Valor literário pequeno, pode ser lido Stowe por todos Béha De Pastoor van Auvrigny Podem ler o romance Rudolf Behrle König und Köningin Bello livro, do piedoso sacerdote (Roi et reine versão em francez) La comtesse de Belfeuille Chatelaine et Fermière Pode-se ler M. C. Belgrand´Arbaumont L´appel Podem ler Belhon Valentin, le jeune menuisier Recommendavel para jovens E. H. V. Belie Semmen dest gemoeds Bom Justin Bellanger Mlles. De Chambray Leiam sem susto Bellarmin Les aventures d´um corsaire Pode a mocidade póde ler Beller L´ abbé J. La Meuse Escreveu belos livros, podem ser lidos por todos Récits Escreveu belos livros, podem ser lidos por todos Léonde de Bellesrives Sobieski Leiam Jacques de Bellevière Familles ennemies Boa leitura Hilaire Belloc Emmanuel Burden Inoffensivo Girondin Inoffensivo Green overcoat Inoffensivo Pongo and the Bull Inoffensivo Mme. Alphonse Belpaire Le château du Bec-Vauquelin Bem recomendáveis Le dosier du président Bem recomendáveis Un savant et son ménage Bem recomendáveis Maria Elisa Belpaire Monderland Interessante e moral (já tem 5 edições) Antonio Beltramelli Au seuil de la vie Pode ser lido H. Bème Mariette Pode ser lido por todos Jacintho Benavente *** Escreveu pelo menos um conto muito moral Marthe Benedict Anna de Maldeghem Todos podem ler Arnold Enoch Bennet Buried alive. A tale of these days Pode ser lido por todos Eulalie Benoit Brésil et France: l´album d´Eléonore Todos podem ler

La chaumière de haut- Castel Todos podem ler

Françoise Todos podem ler

Les visites de Mme. Marguérite Todos podem ler

Valentine Benoit Marie É moral Edward Frederic Benson The luck of the vails Inoffensiva 262

Robert Hugh Benson Le maître du monde Descreve de maneira grandiosa o fim do mundo By what autority? Para ser lido com grande proveito The king´s achievement Para ser lido com grande proveito L´oeuvre du roi Para ser lido com grande proveito The lord of the ages Para ser lido com grande proveito The necromancers Para ser lido com grande proveito History of Richard Raynal, solitary Para ser lido com grande proveito Les sentimentalists Para ser lido com grande proveito La vocation de Frank Guiseley Para ser lido com grande proveito La Lumiére Invisible Para ser lido com grande proveito

Thérèse Bentzon Le chateau de bois vipere Podera ser lido sem perigo La fille a louvrie Podera ser lido sem perigo Genevieve delmas Podera ser lido sem perigo Le mystere d´une tutelle Podera ser lido sem perigo Pierre casse-cou Podera ser lido sem perigo La rose-blanche Podera ser lido sem perigo Yette Podera ser lido sem perigo

Marie Beppa Religieuse et mère Leiam sem susto Paul Béral Le mirage Podem ler J. B. Berger Remors et Vengeance Pode ser lido Lya Berger L´aiguilleuse Inoffensivo Maria berger Angelica von Sainte-Croix Todos podem ler Dolores Todos podem ler Schloss Hartenfels Todos podem ler Wie sie sich finden Todos podem ler P. Alexander Berghold ***geral Não occultam o espirito catholico Tony Bergman Ernest Stass Pode ser lido Twee rijnlandsche novellen Pode ser lido Charles de Berkeley L´instinct du coeur Bom Marcelle Bom Aventure em Voyage Bom Le marquis de louvancourt Bom Vieille Histoire Bom R. de Bermont Le passé Moral Marie Bernard Het gravenkind Inoffensivo Na zwaren strijd Inoffensivo Yorik Bernard-Derosne Mehallah Inoffensivo Marie Bernhard Heimatluft Inoffensivo Opfer Inoffensivo Adhelme Bernier Le chateaú de Pierrefonds Pode ser lido Armand Berquin Choix de petits drames et de contes Inoffensivo Sandfort et Merton Inoffensivo Julien Berr de Turique La petite chanteuse Pode ser lido por todos Vittorio Bersezir Les anges de la terre Inoffensivo Pauvre Jeanne! Inoffensivo Mlle. Berthem- Bontoux ***geral Escrevos 3 bellos livros inteiramente moraes Bhertem de Rigny Ames de femmes Todos podem ler 263

Jean Bertheroy L´enfant septentrion Refinado sensualismo, inoffensivo Le rachat Refinado sensualismo, inoffensivo Sur la pente Refinado sensualismo, inoffensivo Les trois filles de pieter waldorp Refinado sensualismo, inoffensivo E´lie Bertrand Berthet André, le mineur O autor se mostra neutro em matéria de religião, inoffensivo La belle drapière O autor se mostra neutro em matéria de religião, inoffensivo Les drames du cloitre O autor se mostra neutro em matéria de religião, inoffensivo L´enfant des bois O autor se mostra neutro em matéria de religião, inoffensivo En route pour le tonkin O autor se mostra neutro em matéria de religião, inoffensivo L´êtang de précigny O autor se mostra neutro em matéria de religião, inoffensivo L´experience de grand papa O autor se mostra neutro em matéria de religião, inoffensivo La falaise sainte-honorine O autor se mostra neutro em matéria de religião, inoffensivo Les houilleurs de polignies O autor se mostra neutro em matéria de religião, inoffensivo

Le juré O autor se mostra neutro em matéria de religião, inoffensivo

Louisette de plougastel O autor se mostra neutro em matéria de religião, inoffensivo

Les naufragés du marie-elizabeth O autor se mostra neutro em matéria de religião, inoffensivo

Le nid de cigognes O autor se mostra neutro em matéria

de religião, inoffensivo

Odilia O autor se mostra neutro em matéria

de religião, inoffensivo Le pacte de famine O autor se mostra neutro em matéria

de religião, inoffensivo L´assassin du garde O autor se mostra neutro em matéria de religião, inoffensivo La peine de mort O autor se mostra neutro em matéria de religião, inoffensivo La route du mal O autor se mostra neutro em matéria de religião, inoffensivo La petite chailloux O autor se mostra neutro em matéria de religião, inoffensivo Les petits écoliers 264

O autor se mostra neutro em matéria de religião, inoffensivo Le réfractaire O autor se mostra neutro em matéria de religião, inoffensivo La Roche tremblante O autor se mostra neutro em matéria de religião, inoffensivo Tête a l´envers O autor se mostra neutro em matéria de religião, inoffensivo Les vases sacrés O autor se mostra neutro em matéria

de religião, inoffensivo L´oiseau du désert O autor se mostra neutro em matéria de religião, inoffensivo

Lazare Berthie Em sui ant le flot bleu Pode ser lido Samuel Henri Berthoud Aventures des os d´un géant Pode ser lido

Les femmes des pays-bas et des flanfres Pode ser lido

Legendes et traditions surnaturelles des Pode ser lido flandres Les soirées du dr. Sam Pode ser lido

Le monde des insectes Pode ser lido

Contos do doutor Sam Pode ser lido por todo mundo (P. Bethléem)

Marthe Bertin Denise laugier Recommendado para infancia Friquet Recommendado para infancia Cigale ou fourmi? Recommendado para infancia Man-Ghite Pode ser lido Adieu, Magie! Pode ser lido Alfred de Besancenet Amour de grande dame Escreveu romances e novellas decentes, indicado para adultos Les contes d´un champenois Escreveu romances e novellas decentes, indicado para adultos E´tienne de Besancenet Le chemin du repentir Moral Pauvreté, silhouettes parisiennes Moral 265

Sir. Walter Besant All sorts and conditions of men Inoffensivo

Dorothy forster, 2 vol Inoffensivo

Het vierde geslacht Inoffensivo

The chaplain of the fleet Podem ser lidos, romances escriptos em collaboração com J. Rice

Podem ser lidos, romances escriptos Golden butterfly em collaboração com J. Rice

Podem ser lidos, romances escriptos em collaboração com J. Rice Ready money mortiboy

Marie de Besneray Paul, souvenir d´australie Autora de romances mundanos dos quais podem ser lidos por todos

Autora de romances mundanos dos Au pays de Bernadette quais podem ser lidos por todos

André Besson Em cheminant Bellos contos moraes Fusains Bellos contos moraes Vers l´aube Bellos contos moraes Pierre Alexandre Bessot de *** geral Autor de romances muito apreciados Lamotte e moraes Beta Der Spieler Pode ser lido Miss Edwards Betham La fortune de kitty Inoffensivo G. Bethuys L´homme em nickel Pode ser lido Franz Betten S. J. Paul Springer Merece ser recommendado M. Beudant La Maison Blanche Todos podem ler Henri Beugnon Antony; le crucifix d´argent Bom Gabrie´de Beugny ***geral Autor bom e moral d´Hagerne K. Berversluijs Bootochtjes Bellos contos Moraes para infancia Bellos contos Moraes para infancia Hun vancantie

Henriette Bezançon Bourgeoises artistes Pode ser lido Le préjugé Pode ser lido Madame Tartarin Pode ser lido Marie –Aiméé Pode ser lido Qui m´aime me suive Pode ser lido Raton Pode ser lido Henriette de ligny Pode ser lido 266

Lucien Biart Les clientes du docteur bernagins Bom para todos Les ailes brulés Bom para todos Antonia Bezarez Bom para todos Le bizco Só pode ser lido por pessoas ajuizadas Dª Evornia Veja-se Farina Salvador ‘Amor vendado.’ Na fronteira indiana Para todos

Richard Bidembach Schalmeier (der) Von Wald Pode ser lido Démètrios Bikélas Loukis laras Pode ser lido Olavo Bilac Atravez do Brasil Bellos sentimentos de patriotismo e affeição da familia Contos patrios O paracho é admirável, podem lel-os

Pierre Billand Le péché de Marie – Rose Inoffensivo Au Moulin de Virelune Inoffensivo Emma Biller Im puppenparadies Toda a infancia pode ler Pierre Binon L´anneau imperial Podem ser lidos Le doigt du commissaire Podem ser lidos

La fille de la Pétroleuse Podem ser lidos

Le trupier louis latour Podem ser lidos

Pierre Bion ***geral Militar, escreveu narrativas decentes Robert Bird Le démon des bois Inoffensivo Gaorge Birmingham Spanisch gold Todos podem ler Elizabeth Bisland A widower indeed Todos podem ler Henry Bister ***geral Autora honesta e moral

Björnstjerne Björnson Kleine verhalen Podem ser lidos

Synnöve Solbakken Podem ser lidos

Olaf Björnson ***geral Muito productiva

William Black Anna béresford Pode ser lido

Sabrua iembra Pode ser lido

Richard Roddridge Lorna doon Inoffensivo Blackmore E´rema Inoffensivo

Cradock Nowell Inoffensivo

Jean Blaise Tante Cacatois Todos podem ler

Bonheur en germe Pode ser lido

Similia Pode ser lido 267

Aug. Blanche Carlutter Inoffensivo

Henri la Blanchère ***geral Falta sentimento religioso, não são de grande valor literário, todavia são decentes Francisco Blanchet ***geral Conego e censor real, autor de contos moraes Stella Blandy Le petit roi Bonito, mas sente-se a falta de principios religiosos L´abbé A. Blanlveil Récits bretons Para todos Germaine Blanvilain Les asservis Inoffensivo Blatchford The bonnder: his book Pode ser lido Contraptions Pode ser lido Jean Blave Les yeux simples Inoffensivo Mathilde Blind Tarantella Podem ler Miss Blundell Pension Kraus Inoffensivo Baron Asper de Boaça Calby ou les Massacres de septembre Pode ser lido por todos Michel Bodeux Liégeoise Idylle Leiam sem susto Albert M. Boegle Helden jugend Para todos Helene Boehlau Der Rangierbahnhof Inoffensivo Agnes Boehnert ***geral Escreveu peças teatraes e narrativas recommendaveis Antonio de Bofarull e Broca Leyendas: Hazãnas e recuerdos de los 26 narrativas que podem ser lidas catalanes com exceção de Um hijo por milagro, que é immoral Joaquin Bohigas de Argullol Los amantes de teruei Pode ser lido Albert Boissière Le jeune de fleches É exceção dos livros perigosos Aimée, la jeune fille a marier É exceção dos livros perigosos Un crime a été commis É exceção dos livros perigosos Mme. B. Boissonnas Une fammille pendant la guerre Pode se ler Felippe J. Boistel *** geral Autor catolico, moral D´Exauvillez Conrad von Bolanden O velho Deus ainda vive Excelente, sobre historia e religião Rolf Boldrevood Robbery under arms Leiam Niklaus Bonafoux Daisy Podem ler Luis Bonafoux Bilis Impio

Paul Bonhomme Les demoiselles de la poste Moral Deux mariages Moral Rève de jeune fille Moral Le Roman de germaine Moral Les vacanes chez grand´mère Moral Albert Bonjean Legendes et profils des hautes-fagues Podem ler Ferdinand Bonn *** geral Seus livros revelam bom humor que sabe respeitar os devidos limites Gaston Bonnefont Le cousin Jacques Bom Les deux roses blanches Bom

Pierre Bonnefont Au pays de l´or Leiam sem medo

La fille du tisserand Leiam sem medo 268

Guy Boothy Pharos l´egyptien Inoffensivo J. J. Borda Coralia Com alguma reserva é tolerável Henry Bordeaux La peur de vivre (ed. 1910) Exceção dos romances perigosos La robe de laine Exceção dos romances perigosos

La vision de Pierrette vieugy Exceção dos romances perigosos

La petite mademoiselle Exceção dos romances perigosos

Helden (hollandez) Exceção dos romances perigosos

O vestidinho de lan Esplendido, saboreiem-n´o

Henri Bordiez Les blés murissent Todos podem ler

Anatole Bordot Légendes, souvenirs et recits Inoffensivos

Pierre Borel d´Hauterive Monsieur de l´Argentière Exceção que pode ser lida

Dom André Vesalius Exceção que pode ser lida

Ghampavert Exceção que pode ser lida

Julie Borius ***geral Autora de livros decentes e proveitosos

Henri de Bornier ***geral Obras tão boas que foi até censurado por tanto respeitar a moral

Don Giovanni Bosco Valentim Bellos escriptos, mostra as consequencias d´uma vocação contrariada

Marie de Bosguérard ***geral Escreve bons contos para a petizada.

Cristobal Botella Sin pretensiones Recommendavel Barone Sebastian de Bouard *** geral Muito recommendavel Simon Boubée Le petit boscot Pode ser lido Le pierrot de cire Pode ser lido Jean Boucherij Nieuwe Rijken Pode ser lido S. Boucherit Deux Parvenus Inoffensivo Laquelle? Inoffensivo Josephine Blanche Bouchet ***geral Inoffensivo Maurice Bouchor Contes, d´après la tradition Para crianças Dion Boucicault L´ile providentielle Pode ser lido em 2 volumes Ina Boudier Bakker Een dorre plant Pode ser lido F. Bouhours Les trois vierges noires de l´Afrique Para crianças, contemporâneo équatoriale O maçon da Virgem Tocante, convem recommendar 269

Jean Nicolas Bouilly Causeries Podem ser lidos pela infancia Contes a ma fille Podem ser lidos pela infancia

Contes a mês petites amies Podem ser lidos pela infancia

Contes populaires Podem ser lidos pela infancia

Louis Boulé Dos d´ane Inoffensivo Maman Claudie Inoffensivo Bathild Bouniol ***geral Mostra-se christan em todos os livros Mme. Bourdon ***geral Escreveu livros moralizadores e interessantes Paul Bourget Un saint Podem ser lidos por adutos Outremer Podem ser lidos por adutos Drames de Famille Podem ser lidos por adutos Pages choisies Podem ser lidos por adutos Contes choisis Podem ser lidos por adutos

Le Divorce Podem ser lidos por adutos

Mélane Bourotte ***geral Autora seria, moral O. Honoré de Bourzeis L´orpheline des ardoisières É decente J. Bousquet Blanda Pode ser lido por todos Luiz Boussenard Os estranguladores de Bengala Pode ser lido com reserva, interessantes mas completamente despidos de espirito christão Hub Bouten Het Hoofd Der Dakoiten Inoffensivo De Meriah Inoffensivo Marie Anne Bovet Histoire d´un garçon Bem escripto Cadette Bem escripto Mademoiselle L´amirale Poderão ser lidos mais ou menos por todos

Fausse Voie Poderão ser lidos mais ou menos por todos

Arthur Bovy Aucassin et Nicolette Podem ler Marjorie Bowen Ik zal haddhaven Inoffensivo Augustin Boyer d´Agen Le pays natal Pode ser lido, parece ter reparado o mal feito em outras obras

Monsieur le rédacteur Pode ser lido, parece ter reparado o mal feito em outras obras

Pascal bordelas Pode ser lido, parece ter reparado o mal feito em outras obras A. E. Brachvogel Malcolm Sinclair Podem ler Ferdinand Brackel A filha do Director do Circo Moral e summamente empolgante, mais apropriado a adultos 270

Brada Disparu Podem ser lido, bem escriptos Isolée Podem ser lido, bem escriptos

La voix qui accuse Podem ser lido, bem escriptos

Contes de la grève Podem ser lido, bem escriptos

Mary Elizabeth Braddon In high places 2 vol Escritos com facilidade e prendem a atenção Ishmael 3 vol Escritos com facilidade e prendem a atenção

Joshua Haggard Escritos com facilidade e prendem a atenção

Like and unlike 2 vol Escritos com facilidade e prendem a atenção

Vixen, 2 vol Escritos com facilidade e prendem a atenção

L´amour et l´argent Escritos com facilidade e prendem a atenção

Barbara Escritos com facilidade e prendem a atenção

Les Belfield 2 vol Escritos com facilidade e prendem a atenção

Le brosseur du lieutenant 2 vol Escritos com facilidade e prendem a atenção

Le capitaine des vautour Escritos com facilidade e prendem a atenção

La chanteuse des rues Escritos com facilidade e prendem a atenção

Le chêne de Blatchmardean Escritos com facilidade e prendem a atenção

Um fruit Escritos com facilidade e prendem a atenção

Henry Dumbard 2 vol Escritos com facilidade e prendem a atenção

L´héritage de Charlotte Escritos com facilidade e prendem a atenção

L´intendant ralph Escritos com facilidade e prendem a 271

atenção

Lady lisle Escritos com facilidade e prendem a atenção

Licius Davoren 2 vol Escritos com facilidade e prendem a atenção

Milly Darrell Escritos com facilidade e prendem a atenção

Les oiseaux de proie 2 vol Escritos com facilidade e prendem a atenção

Rupert Godwin 2 vol Escritos com facilidade e prendem a atenção

Le secret de lady andley 2 vol Escritos com facilidade e prendem a atenção

Le testament de john marchmont 2 vol Escritos com facilidade e prendem a atenção

La trace du serpert 2 vol Escritos com facilidade e prendem a atenção

Le triomphe d´eléonore Escritos com facilidade e prendem a atenção

The conflit 2 vol Escritos com facilidade e prendem a atenção

To the bitter end 3 vol Escritos com facilidade e prendem a atenção

Geld! 2 vol Escritos com facilidade e prendem a atenção

Hare eer gered 2 vol Escritos com facilidade e prendem a atenção

Roodvogels 2 vol Escritos com facilidade e prendem a atenção

Thomas Brandao O sentimento Dr. Carlos Aguiar assegura que é um belo livro, episódios moraes H. Brandstaedter In – de leerschool des levens Pode ser lido Dr. A. J. H. Willem Brandt Sa confession Inoffensivo Basseur de Bourbourg La dernière vestale Pode ser lido Le kalife de Bagdad Pode ser lido Ana Allnutt Brassey Voyages d´une famille a travers la Podem ler méditerranée 272

Isabella Braun Dorgeschjcten Todo mundo pode ler Heinrich Findelkind Todo mundo pode ler Marie de Bray Ce que peut la charité Coroado pela academia, excellente livro principalmente para infancia Parcy J. Brebner La Princesse maritza Podem ler Brédéah La soif du luxe Inoffensivo M. Breen Mayotte Pode ser lido Johanna Breevoort Het huis op den heuvel Inoffensivo Alfred Bréhat Les Aventures de Charlot et de ses soeurs Podem ler Aventures d´un petit parisien Podem ler Adolphe de Brem Chroniques de la Vendée militaire Podem ler Jacques Bémond Le chaiment d´une mère Pode ser lido Le drame de l´aveyron Pode ser lido L´héritage de jean séguin Pode ser lido Maner nevez Pode ser lido Hanny Brentano Aus dem baltenlande Para todos Klemens Brentano Geschichte vom braven kasperl und dem Todos podem ler excellente schönen annerl Die mehreren wehmüller Adultos com alguma reserva Märchen Para todos Goken, hinkel und gackeleia Para todos Die chronika eines fahrenden schuelers Para todos S. J. Antonio Bresciani de La comtesse Mathilde de Canossa et De fundo religioso, historico Borsa Yolande de Groningue De fundo religioso, historico

Don Giovanni, le bienfaiteur oculte De fundo religioso, historico Edmond Le juif de Vérone De fundo religioso, historico

Lionello De fundo religioso, historico

La maison de glace De fundo religioso, historico

Le chasseur de Vincennes De fundo religioso, historico

Ubaldo et Iréne De fundo religioso, historico

Victorin De fundo religioso, historico

Profundamente moral, emocionante e Lourenço ou o Conscripto bem escripto

Contruibui muito para aumentar o Olderico ou O Zuavo Pontificio amor ao Santo Padre 273

Jean de La Brête Um obstacle Inoffensivos Almer quando même Inoffensivos

Badinage Inoffensivos

Le comte de palène Inoffensivos

Conte bleu Inoffensivos

Illusion Masculine Inoffensivos

Réver et vivre Inoffensivos

Le roman d´une croyante Inoffensivos

La solution Inoffensivos

Inoffensivos Vieilles gens, vieux pays

O P. Bethléen chama de obra prima, Meu tio e meu cura o P. Gevara diz que é muito bom, sujeito a opinião dos mestres embora eu não recomende indistinctamente a todos

L. Brethous Lafargue La bague de fiançailles Pode ser lido Emilie Breton L´héritage de l´oncle Michel Pode ser lido

Le mariage d´Elizabeth Pode ser lido

Jean de la Bretonnière Une ame d´enfant Leiam Contes a mademoiselle Leiam Marcelle Breuil La tour aux étoiles Podem ler Pierre Breuil Le Coffret Inoffensivo E. Briand Les destinées d´un petit patre, Philibert Pode ser dado as crianças Simon Bridget e J. Kavannagh A fonte das perolas Mais para crianças, interessante inoffensivo, conto de fadas Paul Brill Les petits pieds d´une aristocrate Pode ser lido Rodolphe Bringer L´infortuné plumard Pode ser lido Le vicomte Hervé de Broc Au coin du feu Podem ler Angelina Brocca Flocon de neige Podem dar as crianças Perles noires Podem dar as crianças Condessa Sophia Brockdorf Ein Geheimnis des Koenigsee Par todos Frances Brookfield A friar observant Podem ler Broster and Taylor Chantemerle Podem ler Louis Brouard Sous le pressoir Inoffensivo 274

Rhoda Broughton Cometh up as a flower, (Comme une Para todos Fleur)

The game and the candle Para todos

Red as a rose is she, (fraiche comme une Para todos rose) 2 vol A widower indeed Para todos

Joanna Para todos

Hélas Para todos

Kate Chester Para todos Alphonse Brown La conquête de l´air Podem ler Les faiseurs de pluie Podem ler Conquérants de l´air perdus dans le désert Podem ler A. F. Brown Book of saints and friendly beasts Inoffensivo S. J. Brown A reader´s guide to irish fiction Leiam Manuel Brunetto El Capitán Navarro Podem ler Las tres Marias Podem ler Mary Brunton Self- control Inoffensivo André Bruyère Dans l´ornière Bom Le journal de madeleine Bom Le chateau du mystère Bom Georges de la Bruyère La petute nivose Pode entrar em todas as casas John Bruchan Prester John Podem ler Robert William Buchanan That winter night , and other stories Podem ler Father Anthony Podem ler Wraak en gerechtigheid Podem ler J. F. Buerbaum Neel Ceusters Podem ser lido Uit ons volk Podem ser lido Lize Buehrs Mia Para a infancia Charles Buet Acquitée Inoffensivo

L´ainéé Inoffensivo

Aubanon – cinq-liards Inoffensivo

Le capitaine guel d´acier Inoffensivo

Les chevaliers de la croix blanche Inoffensivo

Contes a l´eau de rose Inoffensivo

Les coups d´épée de M. de publinge Inoffensivo

La dame noir de myans Inoffensivo

L´enfance d´un saint Inoffensivo 275

Léscalade d´un genève Inoffensivo

François de balafé Inoffensivo

Les gentilshommes de la Cuiller Inoffensivo

Hauteluce et blanchelaine Inoffensivo

Histoires a dormir debout Inoffensivo

Histoires cosmopolites Inoffensivo

L´homme au puchon rouge Para jovens L´Honneur dunom Inoffensivo

L´hotellerie du prêtre-jean Inoffensivo

Hun isolé Inoffensivo

Legendes du bord du lac d´annecy Inoffensivo

Légendes du Mont Pilate Para jovens Mme. La connétable Inoffensivo

Le curé de marcellaz Inoffensivo

Le marechal de monbtmayeur Inoffensivo

Médaillons et camées Inoffensivo

La mitre et l´épée, morogh a la hache Inoffensivo

Les mystères de Villebranche Inoffensivo

Philippe-monsieur Inoffensivo

Le roi charlot Inoffensivo

Les roys du pays d´or Inoffensivo

Les savoyardes Inoffensivo

Scenes de la vie cléricale Inoffensivo

Sous le soleil d´afrique Inoffensivo

La tour griffe-d´or Inoffensivo

Le trésor du commandeur azupert Inoffensivo

S.C.M. Buijs Franciskaansche legenden Muito boa Cyriel Buijsse T´verdriet van meer ongena Esse pode ser lido, os outros são perigosos Edward – Gorge Earl The last Days of Pompeii Tem passagens livres, preferível a Lytton Bulwer edição franceza da casa Mâme : Les 276

derniers jours de pompéi Ned Buntling Im banne der rache Podem ler Maria Burg De Kleine hertog Inoffensivo Maria Hemelvaart Inoffensivo

Opde Luneburger Heide Inoffensivo

Alice de Salvère Inoffensivo

Gertrude Inoffensivo

De man van den vuurtoren Inoffensivo

Oom Tom Inoffensivo

Ph Burnet La maison grise Pode ser lido Mrs. Frances Hodgson In the closed room Para a mocidade Burnet Little lord Fauntleroy Pode ser lido

Entre deux présidences, 2 vols Pode ser lido

La fille a lourie Pode ser lido

Lousiana Pode ser lido

Dr. Joseph Buschmann Deutsche sagen und geschichten aus dem Leiam sem susto altertum Karl Busse Die famillie hoermann Pode ser lido Charle de Bussy Veillées sur terre et sur mer Podem ler Henry Buteau Un Orage Inoffensivo Mary Butler The ring of day Inoffensivo William Francis Butler Red cloud, the solitary sioux Pode ser lido Fernando Caballero La mouette Não desmente o catholicismo, para adultos Nouvelles andalouses Não desmente o catholicismo, impõe alguma reserva George Cable Delphine Inoffensivo Mgr. François- Marie- Deux histories vraies Leiam Anatole de Rovérié Cabrières Cecilia Maria Caddel Wild Times Podem ler Agnès Genebiève Para crianças Snodrop, les trois baptêmes Para crianças Victor Edouard Cadol Gilberte, Mademoiselle Exceção dos livros offensivos La fiancée anonyme Exceção dos livros offensivos

Dr. Juan F. Cofferata Esther Moral e interessante Mrs. Mannington Caffyn Anne Mauleverer, 2 vol Pode ser lido Théodore Cahu Um héritage dans lês airs Inoffensivo Juan Esteban Caicedo Julia Bom, costumes nacionaes 277

Caïel Amor a´antiga Delicada e interessante narrativa, pode ser lido por qualquer pessoa

A filha de João do outeiro Interessante, pode ser dado a ler a pessoas de certo juízo. Em assumptos religiosos requer certos reparos.

Para crianças e não tem o menor Primeiras leituras inconveniente

Dedicada aos pequenos e aos novos, Revista branca única coisa não louvável, elogio ardente e caloroso aos méritos de Zola como escriptor

Todos podem ler, paes que tinham Testamento de mãe desprezo pela filhinha doente e rachitica. Thomas Henri Hall Caine The bondman Inofensivo The manxman Inofensivo

The White prophet Inofensivo

L´enfant prodigue Inofensivo

L´abbé Calas Le hournal de Gaston Para todos M. F. Caldow Die hoffnung Von ulmenhorst Moral Alexis Callant Een gebroken Hart Pode ser lido por todos Flick Para infância, contos moraes Een kransje gedichten voor onze kinderen Para infância, contos moraes Iwarte Willem en andere vertellingen Para infância, contos moraes

E. H. K. Callebert Jan Onraedt Inoffensivo Alexis Calliers La route de l´est Para todos Adrienne Cambry Rêve de printemps Quasi inoffensivo La Vierge de Raphaël Quasi inoffensivo M. C. Cambry Een werk der duisternis Inoffensivo Verney Lovett Cameron The craze of Christina Para todos G. Camille Une jeune Bom Fille d´aujourd´hui Bom Robert perry Bom Maxime du Camp Bons coueurs et braves gens Inoffensivo Joachim Heinrich Campe Robinson Obra mais celebre e inoffensiva deste autor M. du Campfranc Toit de chaume Foi coroado pela academia Le Roman d´une Sainte É no gênero de ‘’Fabiola’’ Alfredo Campos A cruz de brilhantes Inoffensivo, criança engeitada 278

Dr. Ernest Candèze Aventures dun grillon São moraes The curious adventures of a Field, cricket São Moraes La gileppe São Moraes Périnette São moraes

R. Candiani Les Robinsons de la nouvelle-russie Podem ler Luis Canida Asesinos Inoffensivo Henri Cantel Le roi polycarpe Todos podem ler L´émeraude Todos podem ler Cesare Cantú Marguerita Pusterla Moral, escreveu enquanto estava na prisão Paul- Henri Capdevielle Fils de la terre Pode ser lido sem receio Ernest Capendu Ango lé dieppois Inoffensivo Le chasseur de phanthères Inoffensivo Le chat du bord Inoffensivo Hotel de niorres Inoffensivo La vivandière de la 17e. Inoffensivo M. Harriet Capes The wise princess, and others Pode ser lido Giulio Carcano Angiola Maria Podem ler

Novelle Campagnuole Podem ler

Novelle Domestiche Podem ler

Le chapelain de la rovello Podem ler

Geertruida Carelsen Noord-Hollandsche vertellingen Leiam sem receio Rosa Nouchette Carey Doctor Luttrell´s firsr patient Podem ler

Herb of grace Podem ler

The highway of fate 2 vol Podem ler

Molllie´s prince Podem ler

Not like other girl´s 2 vol Podem ler

Sir godfrey´s grand-daughters 2 vols Podem ler

Célanie Carissan Le récit de catherine Moral Emilie Schmidt Carlen Deux Jeunes femmes; un an de mariage Inoffensivo William Carleton The black prophet Moral The poor scholar, and other tales Moral

Le mauvais oeuil ; le spectre noir Moral

Sylvia Carmen La servitude de pélesch Inoffensivo 279

M. Carmichael Life of john william walshe Moral The major general Moral

Sketches and stories Moral

José Carner Den rondalles Contos infantis muito bons Henry Carnoy Hans mertens Moral La nuit de noel Moral Henri Carrère Ma chère Denise Trabalhos excellentes Guérison Trabalhos excellentes

La vraie lumière Trabalhos excellentes

Emile Carrey Les aventures de robin jouet Para todos Thereza Carrillo La bola de nieve Conto inoffensivo Ricardo Carrion Paginas de antaño Merece a melhor divulgação Lo que vale uma oración Merece a melhor divulgação

La vengenza de una madre Merece a melhor divulgação

Lewis Carroll Alice´s adventures in wonderland Boa leitura para infancia Paul Carrot Une absente Podem ler Sñra Carroy El joven institutor Moral mas pouco interessante H. Cartigny La tour au lierre Pode ser lido por todos Henry Carton de Wiart La cité ardente Para todos Les vertus bourgeoises Para adultos instruidos Contes hétéroclites Inoffensivo Maria Amalia Vaz de Contos e phantasias Alguns contos mui tocantes e Carvalho delicados. Carver Aventures chez les sauvages de l´amérique Todos podem ler septentrionale François Casale Chanteclair Pode ser lido por todos (episodio do tempo da revolução) Karl J. H. Cassau Frühlingsblumen Para todos Mme. Hélène du Castel Régine, la perle des grèves Podem ler Hubert de Castella Les squatters australiens Inoffensivo Enrique Castelnuovi Un regalo de bodas Inoffensivo Yan de Castetis Le moulin du diable Não é tão feio como o nome pinta, podem lê-lo. Amelia de Castro Osorio Alma Infantil Mais ou menos neutro no sentido religioso. Victor Catalã Vida tragica Escreveu boas narrativas G. Catlin La vie chez les indiens Inoffensivo Cat Aicha Para todos Brillant mariage? Para todos

Le secrétaire particulier Exceção dos livros offensivos 280

Henri Cauvain Le chariot d´or Inoffensivo

Le grand vaincu 2 vol Inoffensivo

La main sanglante Inoffensivo

Maximilien heller Inoffensivo

Les proscrits de 93 Inoffensivo

Le roi de gand Inoffensivo

Charles CAuvin Henri de guise, le balafré Inoffensivo Jeanne Cazin Nobles cceurs Coroado pela academia Aventures de Jean le Savoyard Coroado pela academia Wilhelm Ceelen Roovers Pode ser lido H. Célarié Au pair Inoffensivo Antonin Célarier Fleurs de famille. Hélène et Julia Para a juventude Celmar de Garal Le crime la folle Podem ler Conde de Affonso Celso Lupe Tem paginas grandiosas sobre a beleza do Brasil, para adultos

Minha filha O autor se revela o pae mais carinhoso que pode haver, em face da triste paralysia da primeira filha

Não foi possivel compreender os Um invejado comentários (p. 182)

Aventuras de Manoel João Não foi possivel compreender os comentários (p. 182)

Porque me ufano de meu Paiz 4ª edição Celebre trabalho, honrado com a expressão : Biblia do nosso patriotismo Da imitaçao de Christo Uma obra maravilhosa que dispensa qualquer palavra de louvor Justin Cénac -Moncaut Le colporteur des pyrénées, aventures de Inoffensivo pierre ardisan Henri Chabrillat Les cinq sous de lavarède Pode ser lido Emile Chambe Les romans de la terre. Droit au pole sud 2 Inoffensivo vol L´abbé Champ d´Avoine L´oeuvre des aïeux Para todos Maurice Champagne Huit millions sous les flots É moral Champol Amour d´antan Artista que merece a melhor recommendação, mas não é para todos. Jules Chancel Le pari d´un lycéen Para todos Clair de Chandeneux Blancheneigé Para todos 281

Caritas Para todos

Cléricale ! Para todos

Folle ? Para todos

L´homme pendule Para todos

Miss ellen Para todos

L´héritage du capitaine Para todos

Le mari de laurence Para todos

Un roman dans une cave Para todos

Les ronces du chemin Para todos

Souvenirs de bérénice Para todos

La tache originelle Para todos

Les terreurs de lady suzanne Para todos

Vaisseaux brules Para todos

Val-régis la grande Para todos

La vengeance de geneviève Para todos

Visions d´or Para todos

Louis- Henri Chantavoine Histoire de Pinchu. Inoffensivo Le ménage poterlot Gui Chantepleure Le chateau de la vieillesse Para todos Fiancée d´avril Para todos

Mon ami l´oiseau bleu Para todos

Les trois fees Para todos

Florizel et percinette Para todos

La passagère Para todos

Joseph Chantrel Brutus le maudit Inoffensivo Les deux clochers Inoffensivo La falaise de mesnil-val Inoffensivo Lizzie Maitland Inoffensivo Les trois eléonores Inoffensivo Guy Chardonchamp L´inventaire Moral Elizabeth Rundle Charles The cottage by the cathedral, and other Para todos parables Edmond Charles Le neveu du comte sérédine Inoffensivo 282

Maria Luiza Charlesworth Ministering Children Para a infancia Jean Charlette Chouchoute Podem ler á vontade Marinette Podem ler á vontade

Millionaire Podem ler á vontade

Francis Charmery Amis d´enfance Para todos Larmes fécondes Para todos Le prix du pardon Para todos Tantes et nièce Para todos Math Charrue Le paysan soldat Podem ler Marie de Chateau - Verdun Comme un conte Saboreiem sem medo Noble coeur Saboreiem sem medo

Une histoire émouvante Saboreiem sem medo

Légendes brétonnes et autres récits Saboreiem sem medo

Chateaubriand Voyage en amerique Só para adultos ponderados Les natchez Só para adultos ponderados Pierre J. Chauveau Charles Guérin Moral B. Chauvelot Scènes de la vie de campagne. Le Riollot Podem dar à juventude M. de Chavannes Le fouet de poste Leiam sem medo H. Chavannes de la Simon le Polletais Bom Giraudière Prosper Chazel Histoire d´un forestier São para todos, honesto Le chalet des lapins São para todos, honesto Marie de la Chenette Reves et realite Moral Adolphe Chénevière Jacques l´intrépide Honesto Charles Victor Cherbuliez Samuel Brohl & C Inoffensivo Marie Chéron La famille Muller Podem ler Marquis Gaspard- Georges Les bêtes en robe de chambre Todos podem ler de Cherville Contes de chasse et de pêche Todos podem ler

Contes de ma campgne Todos podem ler

Gaspard l´Avisée ; histoire d´un loup Todos podem ler

Matador Todos podem ler

Le monde des champs Todos podem ler

Récits du terroir Todos podem ler

R. des Chesnais A tire d´aile Pode ser lido Henri – Emile Chevalier Les Auberges de France : L´hotel de la Inoffensivo, excessão dos livros poste mundanos do autor Ernest Chevereau Une vocation d´artiste Podem ler

E. childers Riddle of the sands Pode ser lido Choiseul - Gonffier Halina Oginska Inoffensivo Mary Cholmondeley Diana Tempest 2 vol Inoffensivo 283

Myriem de Chonski La barbina Podem ler Nitchevo Podem ler Joseph Chot A la Frontière Podem ler Légendes et nouvelles de l´entre-sambre et Podem ler meuse Noel Chrestien L´ouvrier de paix Bom romance social Sophie Christ Die Sternguckerin Pode ser lido por todos Winston Churchill Coniston Podem ler The crises Podem ler L´abbé Albin de Cigala Urbi et orbi Pode ser lido Albert Cim Entre camarades Inoffensivo, excessão do autor que escreveu livros brutaes

Fils unique Inoffensivo, excessão do autor que escreveu livros brutaes

Le neveu de melle Papilon Inoffensivo, excessão do autor que escreveu livros brutaes

Grand´mère et petit-fils Inoffensivo, excessão do autor que escreveu livros brutaes

Histoire d´une tante, de ses neveux et de Inoffensivo, excessão do autor que ses nièces escreveu livros brutaes

Mademoiselle coeur d ´ange Inoffensivo, excessão do autor que

escreveu livros brutaes

Mes amis et moi Inoffensivo, excessão do autor que

escreveu livros brutaes La petite fée Inoffensivo, excessão do autor que

escreveu livros brutaes Le petit léveil lé Inoffensivo, excessão do autor que escreveu livros brutaes Mes vacances Inoffensivo, excessão do autor que escreveu livros brutaes

Gustave Cirilli Sans Courage Moral Ernest Claes Langs harde paden Inoffensivo Clair S. J. Charles Grippard Leiam e saboreiem a vontade Jules Claretie Le sang français Pode ser lido por todos Pierrille Pode ser lido por todos Léo Claretie Les vieux tsiganes Inoffensivo Hubert Clary Le Roman d´une coloniale Moral S. Clausius Auge um auge Podem ler Marie de la Clavière Fidélité Leitura boa 284

Berta M. Clay Um welchen preis? Inoffensivo Zwischen ihnen die welt Inoffensivo Felix Clément Françoise de sauvigny Inoffensivo Hugh Clifford Free lance of to-day Podem ler Mrs. Caroline Clive Paul Ferrol Pode ser lido La Contesse Clo Autour d´une heritière Pode ser lido François du Clos Fierté de race Inoffensivo Les petits enfants de maman didier Inoffensive Richard de Cneudt De secretaris der deke-nij Podem ler De primus Podem ler Pauline Cocheris Histoires sérieuses sur une pointe Todos podem ler d´aiguille Affons de Cock Dit Zijn Vlaamsche verterlsels São bons Dieren sprookjes São bons Zoo vertellen de vlamingen São bons E. H. Josef de Cock Ons Leven Podem ler Henri Cockton The lipe and adventures of valentine Vox , Moral the ventriloquist Fr. Coeckelbergs Sprookjes Podem ler A. Coelho Diario de Eugenia Embora seja uma tradução truncada e não declarada do belíssimo livro de Eugenie Guérim, é bom pode ser recommendado. Henrique Coelho Netto Apologos Contos para crianças, sabe dar mimo às crianças T. Coelho Mis amores Com a permissão da autoridade ecclesiastica Carlos Coello Cuentos inverosimiles Leitura inoffensiva M. E. Coleridge The king with two faces Podem ler Mme Colette Deux cousines Inoffensivo Louis Charles Collas Un exilé São bons Deux Nouvelles São bons

Jean bresson São bons

Tout ou rien São bons

L´enfant volé São bons

Joseph Collin Dans la forèt ardennaise Decente Collin de Plancy Légendes de la Vierge Bom Légendes des commandements e Dieu Bom

Légendes des sept péchés capitaux Bom

Légendes des vertus Bom

Légendes de l´histoire de France Bom

Légendes des philosophes Bom

Grande vie des Saints Bom 285

Les aventures de maitre adam borel Inoffensivos Le champion de la sorcière Inoffensivos

La cour du roi dagobert Inoffensivos

Le docteur faust Inoffensivos

Les douze convives du chanoine de tours Inoffensivos

Geneviève de Brabant Inoffensivos

Godefroid de Bouillon Inoffensivos

Lègende du Juif Errant Inoffensivos

Légendes de la province d ´anvers Inoffensivos

Légendes des origines Inoffensivos

Legendes des personnagens... qui ont eu Inoffensivos des relations avec la diable Le ménétrier d´echternach Inoffensivos

Quelques scènes du moyen-age Inoffensivos

La reine berthe au grand pied Inoffensivos

Le roman du renard Inoffensivos

Le sanglier des ardennes Inoffensivos

William Wilkie Collins The woman in withe (la femme en Obra que o celebrisou, pode ser lido blanche) obra que o celebrisou por todos Hide and seck (cachê-cache) Pode ser lido por todos C´était écrit Pode ser lido por todos

Les deux destinées Pode ser lido por todos

L´hotel hanté Pode ser lido por todos

Je dis non Pode ser lido por todos

Mademoiselle ou madame? Pode ser lido por todos

La mer glaciale Pode ser lido por todos

La morte vivante Pode ser lido por todos

Pauvre Lucile Pode ser lido por todos

La pierre de lune Pode ser lido por todos

La piste du crime Pode ser lido por todos 286

Le secret Pode ser lido por todos

Miss finch, de arme blinde Pode ser lido por todos

Na donker Pode ser lido por todos

Na kerstmis Pode ser lido por todos

S. J. Coloma Pequeñeces Traduzido em quase todas as línguas, só para adultos ponderados

Boy Só para adultos ponderados

Pelo mundo Contos Moraes, tudo excellente

O Pilatinhos Historia interessante d´um joven que passa do collegio á unversidade Mme C. Colomb Les conquètes d´hermine Moral Max Colomban Raoul du vertfaucon Podem ler Mme Eng. Torelli Colombi Dans lês rizières Inoffensivo Mme Àdele Hugenin Combe Monique Leiam Bonne Grace Leiam

Chateau Pointu Leiam

Enfant de commune Leiam

Abel Combes Un drame aux antipodes Podem ler Lucy Randall Comfort Die erbin von redcliff Inoffensivo

Das geheimniss von glenhampton Inoffensivo

G. Commadry Le creuset É bom

Arthur Conan Doyle Aventuras de Sherlock Holmes Interessante, leitura inoffensiva, todos podem ler com excepção dos que se deixam demasiadamente impressionar pela descripção de crimes.

O cão dos baskerville Pode ser lido por todos, interessante As façanhas do brigadeiro gérard Interessante serve para todos Um estudo vermelho Interessante, o único senão é o sentimento de vingançapresentado como justo, no mais é inoffensivo.

As memórias de Sherlock holmes 11 contos de phantasia espantosa, interessantes e inoffensivos.

O signal dos quatro Inoffensivo, porém não servindo para pessoas nervosas

A tragédia do korosko Leitura inoffensiva, sobre um grupo 287

de excursionistas

Volta de Sherlock Holmes Não offende crenças nem a moral

C. Conklins Zweier gatten weib Inoffensivo

Ralph Connor Le pilote du ciel Bom Hendrik Conscience De leew van Vlaanderen Celebrizou-se por seus bellos romances da historia patria

Jacob van Artevelde Celebrizou se por seus bellos romances da historia patria

Klodwig em Clothildis Celebrizou se por seus bellos romances da historia patria

De Kerels van Vlaanderen Celebrizou se por seus bellos romances da historia patria

Historia de dois filhos de operarios Podem ler

A sepultura de ferro Pode ser lido por qualquer joven

Dorothea Conyers Aunt Jane and uncle james Decente

Florence Coombe Een woelige logé Pode ser lido por todos

James Fenimore Cooper The spy Bom romance

The pioneers Bom romance

The last of the mohicans Bom romance

The prairie Bom romance

The path-finder Bom romance

The deerslayer Bom romance

The pilot Bom romance

The red rover Bom romance

O Derradeiro mohicano Inoffensivo O piloto Mais ou menos para todos

O Derradeiro mohicano Inoffensivo

Thz Hendrik Coopman Jeugd Para todos

Simples Récits Para todos 288

François Coppée Contes pour les jours de fête Bom

Souvenirs d´un parisien Bom só para adulto

La bonne souffrance É optimo

Marguerite Coppin Monsieur benoidon, docteur Todos podem ler

L´abbé Alphonse Cordier Veillées flamandes 2 vol Leiam

Les aventures d´une mouche Leiam

Maria Corelli Boy Inoffensivo

Gods good man Inoffensivo

The sorrows of satan Inoffensivo

Barrabás Inoffensivo

Angèle Cornelis Marguerite au Coeur d´or Pode entrar em todas as casas

P. J. Cornelissen Vlaamsche volksvertelsels em Para a juventude kindersprookjes Evangelina Correa de Los emigrados Inoffensivo Rincon Soler La marquise de Cortanze Dinah Leiam L´esclave de Memphis Leiam Edmond Coste Le pás d´armes de villers-sur-lesse Moral Marie Cottin Elisabeth Inoffensivo Les exiles em jéricho Inoffensivo

La prise de jéricho Inoffensivo

L´abbé Stéphen Coubé Ames juives Inoffensivo para leitores cultos, mas não o aconselhamos a todos Henri Coüannier La fausse princesse Inoffensivo Augusta Coupey Imato rex dei Pode ser lido Victor Coupin Em famille É bom Attale de Cournan Yvonnette Podem ler Jules Courtet L´isle Pode ser lido por todos La valmasque Pode ser lido por todos Frédéric Cousot La tour aux rats Podem ler Dr. Achille Couvreur Une invasion de macrobes Inoffensivo Egbert Craddoch Le prophète des montagnes fumeuses Pode ser lido 289

Miss Georgina Craik Doreans Bom Mildred Bom

Winifred´s Wooring Bom

A tale of Florence Bom

Poor Christine Bom

A. D. Crake De laastste abt van Glastonbury Podem ler A Cramer De geheiwzinnige visscher Sem receio podem ler Valentine du Cayla Craon Henri Percy Leiam Une soirée em famille Leiam

Thomas Morus Leiam

Francis Marion Crawford Marzio´s crucifix Sua obra prima, pode ser lido Paul Patoff Pode ser lido Insaisissable amour Pode ser lido

Saracinesca Pode ser lido

Sant´ilario Pode ser lido

Arethusa Pode ser lido

Casa braccio Pode ser lido

Cigarrete-Maker´s romance Pode ser lido

Corleone Pode ser lido

In the palace of the king Pode ser lido

Mariette a maid of venice Pode ser lido

Pietro Ghisleri Pode ser lido

A roman singer Pode ser lido

Taquisara Pode ser lido

Via crucis Pode ser lido

Avec les immortels Pode ser lido

Le dr. Claudius Pode ser lido

Une paroisse Isolée Pode ser lido

Helena Harmon Pode ser lido

Lia Cresseden Rose et Juliette Podem ler E. H. Pieter H. Creten De zot Inoffensivo 290

Jacques Crétineau-Joly Un fils de pair de france Podem ler S. R. Crockett Cleg Kelly Inoffensivo

The raiders Inoffensivo

Paul Croiset Um cnhinois chez les apaches Bom Les deux jeunesses Bom

L´or vaincu Bom

P´tit malgache Bom

Edmond Croissant Sur le littoral belge Pode ser lido por todos Henri de Croisy La famille danglas Romance moral Henri Romance moral Le Roman intime Romance moral Camille Croix –d´Hins Deux femmes Moral Godefroy, chevalier de Les compagnons de la chausse São moraes Crollalanza La mélusine de mortans São Moraes May Crommelin Bettina Leiam La Jolie fille de marken Leiam Clara Cron Die auserwählte Inoffensivo T. W. H. Crosland The country life Moral Julia M. Crottie The lost land Inoffensivo A. C. van den Cruijssen Fortuin Bom De jogen van ruisselede Bom

De jonge kunstenaar Bom

Moeder Geetrui Bom

Twee beproefde harten Bom

Luise Cruppi Avant l´heure Moral Mrs. Pender Cudlip Conrades true Inoffensivo Angel Cuervo Jamás Bom e recommendavel Dick Bom e recommendavel Cuey-Na-Gael Na Irishman´s difficulties with the dutch Podem ler language The further adventures of o´oneill I Podem ler holland Le comte de Cugnac Une heroine sous la terreur Podem ler Le marquis de Cugnac Souvenirs vendéens Moral Mistress Cummins The Lamplighter (L´allumeur de Honesto réverbères) Mabel Vaughan São bons La rose du liban São bons

Les fantomes du coeur São bons

Cunha e Sá Da parte da Rainha Pode ser lido por todos, historia de desavença entre El Rey e o filho, q só a rainha com suas peregrinas virtudes 291

logrou apaziguar e refrear. François Cunisset-Carnot Pour les chasseurs Pode ser lido Currer Bell Jane Eyre Romance mais celebre Shirley Romance mais celebre

Villette Romance mais celebre

C. J. Cutcliffe Hyne Kate Meredith Leiam Mme J. Fleury Cuvillier La petite maman Para todos M. Dabaumont Cons´tantin Auguste Para todos Le comte G. D´Adhémar Roman vécu au transvaal Inoffensivo Le comte Victor D´Adhémar Hérédité Pode ser lido Dr. Oskar Daehnhardt Naturgeschichtliche maerchen Podem ler Schwänke aus aller welt Podem ler Servaas Domien Daems Schetsen em vertellingen Leiam Um Double sacrifice Leiam

Scènes de Castelfidardo Leiam

J. M. Daffigny La tache au front Bom Née pour souffrir Bom Jean Daguet La chauvinesse Pode ser lido por todos Dr. Albert Daiber Perluchtschip ‘’ de agonaut ‘’ naar mars Podem ler Marie D´Ajac Ma tante laure Para todos Pierre D´Alban Le secret du vallon d´enfer Podem ler Pierre Dalligre Le roman de simone Inoffensivo Achilles J. Dalseme Le mystère de courvaillan Inoffensivo Mme D´Altenheym Dieu pardonne Bom Les marguerites de France Bom Marianne Damad Une jeunne fille Podem ler Rebelles et soumises Podem ler Conte D´Amezeuil La braçonnière Podem ler

Souvenirs de chasse Podem ler

Pieter Danco Ook een ideal Leiam De roode haan Leiam Jean D´Anin Laquelle? Inoffensivo Germaine D´Anjou La Petite nièce d´o´connel Podem ler René d´anjou Les chevaliers du lys Inoffensivo Alfred -François Danrit Invasão Amarella Inoffensivo Paul D´Aurosey Les montrépan Leiam General Dantas Barreto Ultima expedição a canudos Descripção minuciosa e interessante, poderão lel-a maiores Jacques D´Antuzan Mére d´orphelins São Moraes Les revanches de Monique São Moraes

Tel père, tel fils São Moraes

Francisco Danvila y Collado Rika (novella) Boa e moral 292

Louis D´Apilly Les amis dua peuple Pode ser lido por todos Légendes de l´histoire Pode ser lido por todos MMe D´Arbouville Marie Madeleine Podem ler Maryelle D´Artheli Les deux écoles Podem ler Hugues D´Artois La tour des roches Inoffensivo Madeleine D´Arvisy Rosèle Pode ser lido por todos M. Dessenoy Sylvia São decentes Le feuilleton de substitut São decentes Messieurs de Saint-Remy São decentes Oú est-il? São decentes Le pardon São decentes Les sabots de la reine anne São decentes

Alphonse Daudet Contes choisis Inoffensivo La belle nivernaise Inoffensivo

De la haine a l´amour Inoffensivo

Lettres de mon moulin Inoffensivo

Port-tarascon Inoffensivo

Tartarin sur les alpes Inoffensivo

Aventuras prodigiosas de Tartarin de Quase inoffensivo, com excepção Tarrascon dos capítulos 7 à 11 inclusive.

Alfredo David A criança abandonada Os jovens leitores só podem lucrar com a leitura desta obra

Durante o cerco Título de uma pequenina novella inoffensiva Ernest Daudet Au temps de l´empereur Inoffensivo Beau casque Inoffensivo La course a l´abime Inoffensivo Le crime de jean malory Inoffensivo Dans la tourmente Inoffensivo Drapeaux ennemis Inoffensivo Em 1815 Inoffensivo Expiatrice Inoffensivo Fils d´emigré Inoffensivo Une idylle dans un drame Inoffensivo Jeunes filles d´autrefois Inoffensivo Nini, la fauvette Inoffensivo Ratapiole Inoffensivo La religieuse errante Inoffensivo Robert darnetal Inoffensivo La tour des maures Inoffensivo Victimes de Paris Inoffensivo Les deux antoinettes Inoffensivo 293

Léon Daudet La déchéance Pode ser lido

La flame et l´ombre Pode ser lido

Auguste Daufresne de Récits de l´ardenne Podem ler Durbuy Pierre D´Anlnoy Le lieutenant de trémazan Inoffensivo

MMe Léonie D´Aunet Un mariage en province Podem ler

Une vengeance Podem ler

Jean Daurel Les secrets de la guerre Inoffensivo

A. D´Autun La soeur dun bel esprit Bom

Henriette Daux Frères de lait Para a juventude, moral Le petit Don Quichotte Moral Simon Davangour Sous le cielgris Inoffensivo Barao Joseph D´Avenel Orient ét occident Moral A. Jules Le procureur du roi Podem ler Le serment d´une fiancée Podem ler Adèle Davidoff Isabelle et lucio Inoffensivo

O morto que mata Mais ou menos inoffensive, ainda que não seja recommendavel a mocidade Henri Davignon Um belge Podem ser lidos sem medo L´ardennaise Podem ser lidos sem medo

Croquis de jeunes filles Podem ser lidos sem medo

Écravassière Podem ser lidos sem medo

Charles D´Avold La vengeance d´un père Inoffensivo Charles D´Avone Une gerbe de legendes Moral Caroline D´Awans Histoires, legendes et anecdotes Podem dar ás crianças Pierre Dax Nique et Paul Inoffensivo Les deux soeurs Inoffensivo Félicie D´Ayzag Au temps passé Podem ler Mms Alfred S. Dean The grasshoppers Inoffensivo Alice Dease The beckoning of the wand Podem ler Marrying of brian Podem ler Children of the gael Podem ler 294

Camille Debans L´aventurier malgré lui Bom Le baron jean Bom

Les drames a toute vapeur Bom

Histoires des dix-huit prétendus Bom

Histoire de tous les diables Bom

Moumousse Bom

Victor Debay Cousine sidonie Inoffensivo Les demoiselles bignolet Inoffensivo Pierre Decourcelle Le cure de moulin-rouge Pode ser lido Daniel Defoe Robinson crusoe Inoffensivo, celebrizou-o em todo o mundo N. Dejussé La dame noire Pode ser recebida em casa Aagje Deken Mejuffrouw Dara burgerhart Inoffensivo Alfons Dekkers Fiere Margriet van leuven Pode ser recebida em casa Alphonse Delacroix Fleurette d´Occitanie Leiam Nouvelles Leiam

Le volontaire pontifical Leiam

MMe Julie Dalafaye – Le enfants de la Providence Leiam Bréhier Les jumeaux de Saint-Cyr Leiam

Les orphelins piémontais Leiam

 Les trois orphelins Leiam

P. Delatire Une fille de henri IV Todos podem ler George Delaunoy Contes d´autrefois. Vers la glèbe Bons Delaville Armelle Podem dar aos menores Victor Delcroix La nièce du millionaire Podem abrir as portas Grazia Deledda Manzéla Inoffensivo Michel Delines Le pain russe Sadio Albert Delpit Jean –nu-pieds Inoffensivo Edouard Delpit Paule de Brussange Podem ser lido por adultos Les fils du siècle Podem ser lido por adultos Albert Delvallé Le Roman d´un chien Inoffensivo Fernand Delysle Sigrid Podem ler Paul Demade Contes inquiets São recommendaveis Les ames qui saignent São recommendaveis

Boutique d´idées São recommendaveis

Odilon Demarré Vertellingen Para todos 295

Servais Demarteau Les indecisions d´un célibataire Inoffensivo

La robe de la fiancée Inoffensivo

Le Roman des proverbes em action Inoffensivo

La famille charmette Inoffensivo

Dina Demers Eenig dochtertje Podem aprecial-a Op wolsken Podem aprecial-a Henrique Demesse Zizi Histoire d´un moineau de paris Inoffensivo Démocrite Le Roman d´un savetier Pode ser lido por todos Eugène Demolder Le couer des pauvres Pode ser lido MMe Gustave Demoulin Le Roman d´un apprenti Inoffensivo Pieter –Pol Denijs Hendrik groenlandt São para todos

Le crime du chateau de comines São para todos

Léonie Dennit Manuel Não há perigo na leitura

Monique em robe rouge Não há perigo na leitura

Le moulin vanderbood Não há perigo na leitura

Valentin Não há perigo na leitura

Louis Dépret Si jeunesse pouvait Inoffensivo

Charles Derennes Les ravisseurs de dieux Inoffensivo

Emile Desbeaux Les pourquoi de Mlle Suzanne Podem dar ás crianças Marceline Desbordes – Contes et scènes de l avie de famille Leiam Valmore François Deschamps Au coq d´or Para todos L´intrépide Marcel Para todos

Mona mie georgette Para todos

La cousine suzanne Para jovens Les deux Henri Para jovens

Les grandeurs de sophie Para jovens

Lili l´a dit Para jovens

Mon ami Jean Para jovens

Mon Jacques Para jovens

Les petits poussargues Para jovens

Le Roman d´um sot Para jovens 296

Paul Deschamps L´abbé Jacques Leiam Jean Christophe Leiam

Suzanne Leiam

Charles des Granges Germain Vandelle Bom Le Roman d´une princesse Bom Guillemette Desgranges Le chemin du college Podem dar aos jovens La famille Jarriel Podem dar aos jovens Deshayes -Dubuisson Mina Klarz Podem ser lido Les elfes Podem ser lido Le manoir de noiseville Podem ser lido La marjolaine Podem ser lido Renê Desiles Fabienne, l´esclave vandale Inoffensivo Le baron Deslandes Le butin de l´abeille Podem dar a todos Charels Deslys L´ami du village Inoffensivo

La balle d´iéna Inoffensivo

Le bien d´autreu Inoffensivo

La fille du rebouteur Inoffensivo

Le blessé de gravelotte Inoffensivo

Les buttes-chaumont Inoffensivo

Le canal saint-martin Inoffensivo

Le capitaine minuit Inoffensivo

Le casseur de pierres Inoffensivo

Les compagnons de minuit Inoffensivo

Ma tante Jeanne Inoffensivo

L´oncle Antoine Para crianças Courage et dévouement Inoffensivo

De part en part Inoffensivo

La houppelande Inoffensivo

Les diables rouges Inoffensivo

Grand-maman Inoffensivo

L´irlandaise Inoffensivo

La loide dieu Inoffensivo

Maitre Guillaume Inoffensivo 297

La majorité de Mmle Bridot Inoffensivo

La mère aux chats Inoffensivo

Le mesnil-au-bois Inoffensivo

Le mont Saint –laurent Inoffensivo

Les noménoé Inoffensivo

Nouvelles Inoffensivo

La petite mère Inoffensivo

Petit Jacques Inoffensivo

Le rachat du passe Inoffensivo

Les récits de la greve Inoffensivo

Le serment de Madeleine Inoffensivo

Zingara Inoffensivo

Henriette Desmoulins Le retour aux champs Todos podem ler Louis Desnoyers Les aventures de Robert-Robert Podem dar as crianças Les mésaventures de Jean-paul Choppert Podem dar as crianças L´abbé Henri Desportes Le juif franc-maçon Leiam o romance contemporaneo Louis Despréaux Chez les Yankees Para todos Le colonel Para todos Ma belle-mère Para todos Anne Desrochers Un sauvetage Moral M. Desroches Boules de neige Podem ler Alfred Destournelles Le loup dans la bergerie Não tem nada de lobo perigoso, podem fazê-lo entrar em casa E. Destrés-Guyencourt Aventures etonnantes de M. e MMe Fanor Inoffensivo Vincent Déttaré Terre Nouvelle Bom Charles Deulin Chez nos voisins Pode ser lido Karoline Deutsch In letzter stunde Podem ler V. R. Deutscher Kapitola Inoffensivo M. Deutschmann Spes única Merecem a melhor recommendação

Sonnenstrahl Merecem a melhor recommendação Marius Devès Nouvelles petites histoires Leiam Marcel Dhanys Les lunettes de la marquise Podem ler Paul Dhormoys Souvenirs d´un vieux chasseur Inoffensivo Manuel Diaz caro Abandono Digna de louvor Pick wick papers Teve um sucesso enorme com a obra humorística

Oliver Twist Valor artístico mais alto

298

Nicholas Nickleby Valor artístico mais alto

Dombey and son Melhores romances

David copperfield Melhores romances

Bleak-House Melhores romances

O abysmo Melodrama da inoccencia perseguida, atraiçoada e afinal triumphante P. Guevara

O armazém de antiguidades Pode ser lido

O cantico de natal Pode ser lida por todos

David Copperfield Pode ser confiada a todas as mãos

As vozes dos sinos Interessante e delicado, podendo ser lido por qualquer pessoa O guarda das agulhas Interessante e delicado, podendo ser lido por qualquer pessoa Edouard Didier La petite modeste Pode ser recebida em todas as casas Urbain Didier Aux champs São moraes Joseph renier São moraes

La ligne droite São moraes

M´sieur quantois São moraes

Hélène São moraes

L´héritier du mandarin São moraes

G. Dielemans Eene handvol schetsen Moral Maria Diers Dokter Joost en Zijn zeven zorgen Inoffensivo Tante Lütte Inoffensivo Antonio Diestro de Lama Paginas legendarias Moral Henr. Dietz Zonnestralen in school ein hus Podem confiar aos menores Jane Dieulafoy Aragon et valence, excursions en espagne Podem ser lido por adultos Vicente Diez de Tejada Ninette Leitura boa Tio Virtudes Leitura boa D. Dijkstra In strijd om de vrijgeid Todos podem ler De jongens van oudenoord Todos podem ler J. B. Dillies Margue rite danvers Podem ler 299

Emma Von Dincklage Das comtessel Inoffensivo Die echten abbergs Inoffensivo

Fürstliches blut Inoffensivo

Die seelen der hellas Inoffensivo

Klara Dincklage Nort-west Bom Julio Diniz A morgadinha dos cannaviaes O livro é delicado e interessante Aimée Dionaz Volte-face Moral J. J. Marius Diouloufet Dom Quichote philosopho Traducção é cuidadosa e correcta, honrando seu autor. Josefa Dirkink Hermann´s vermächtnis Para todos Im kampf mit der welt Para todos Der klosterschatz Para todos Joseph Divat Les Dieux d´or Inoffensivo Charles Dodeman Le secret du livre d´heures Bom Dr. Peter Doerfler Als muter noch lebte É uma glorificação do amor materno, de primeira ordem Karl Domanig Der Abt von Fiecht Leiam Die Fremden Leiam

Kleine Erzählungen Leiam

Ant. Jos. Fr. Anne S. L. Les héros –martyr de fama, gouste Podem ler Doncourt Les enfants bien sages Podem ler

L´esclave Podem ler

Les faux visages Podem ler

La fée du logis Podem ler

Fleurs de l´histoire Podem ler

Une jeune fille modele Podem ler

Perdus en mer Podem ler

Les roses de Noël Podem ler

Les soirées de charité Podem ler

Christine Doorman Warom Annie niet mee kon doen Podem ler Fritz Doring De houtvester Podem ler

De rakker Podem ler

V. M. Dorochevitch Bourgeois gentilshommes Bom Petites gens Bom Anna –H. Dorsay May Brooke Moral Jules Dorsay Boulot, Grison e Cie Para as crianças 300

Mme Louise Dorval La famille kersanne Podem ler Johannes Dose Der trommler Von düppel Inoffensivo Fedor M. Dostojewsky Bessy Inoffensivo Lina Dou La vengeance de madelon Podem ler Victor Doublet de Villers L´orpheline de sienne Moral M. P. Douhaire Le décameron russe Inoffensivo Arthur Dourliac Trop marquise Foi coroado pela academia Deux Dauphins Para jovens Un eleve de trintoret Para jovens

La première garde de roustan Para jovens

Les apprentis de l´armurier Para jovens

Droit d´ainesse Para jovens

Coeur dévoué Para jovens

H. A. Dourliac La dernière des villemarais Podem ler Edmund Downey Derrière la porte Todos podem ler Mlle. S. Doy Les coeurs aimants Não tem perigo E. H. Fr. Drehmanns Morgenlandsche tafereelen Podem ler Engelbert Drerups Der propstinghof Para todos Guido Maria Dreves Stimmen der vorzeit Leiam Schwertlilien Para leitores cultos Max Dreyer Strand (4 narrativas) Bem feitas e moraes Marguerite kankes D. de Les ames muettes Podem ler Krabbé Johann Driggeberger D´rr Garribaldi Honram a literatura catholica Marie Dronsart Helen Clifford Todos podem travar conhecimento Annette Droste-Hülshoff Anna Morian Aconselhamos Die judenbuche Aconselhamos

Perdu Aconselhamos

Berta Aconselhamos

Ledwina Aconselhamos

Joseph Aconselhamos

Gustave Droz Une femme gênante Pode ser lido Paul Droz Lettres d´un dragon É um modelo neste gênero e recommendavel Henri Druon La jeunesse du doyen Leiam Michel roschine Leiam Armand Dubarry Les colons du tanganika Podem ler Mlle E. Dubois Willy Não fará mal a ninguém Le comte Adrien Dubois Coup d´aile a´travers la tempète Inoffensivo D´Aische Les mystères du chateau de toutevent Inoffensivo Maxime Du Camp Bons coeur et braves gens Inoffensivo S. Ducamp Maud Nortley Podem ler 301

Duchemain des Cespeaux Récits du Bocage Inoffensivo Jean Ducluseau Par le dur chemin Leiam A. Dudley Nouvelles, vieilles et nouvelles Inoffensivo Roger Duguet L´amazone blanche Bom Après l´option Bom

Jean Chouan Bom

La pauvre paroisse Bom

Adrienne Duhamel Le choix de suzanne Livros honestos Irréparable faute Livros honestos

Le testament d´une vieille fille Livros honestos

Petite paienne Livros honestos

Louise Duijkers Gehuwd leven Leiam Lena Leiam Rosa Leiam Hoogere vlucht Leiam Langs verschillende paden Leiam Alexandre Dumas Suisse Podem ser lido por adultos com precaução P. Bethléen

Excursions sur les bords du rhin Podem ser lido por adultos com precaução P. Bethléen

Une année a Florence Podem ser lido por adultos com precaução P. Bethléen

Le midi de la france Podem ser lido por adultos com precaução P. Bethléen

Le speronare Podem ser lido por adultos com precaução P. Bethléen

La Villa Palmieri Podem ser lido por adultos com precaução P. Bethléen

Em russie Podem ser lido por adultos com precaução P. Bethléen

Histoire de Bètes Todos podem ler

La bouillie de la comtesse berthe Todos podem ler Mlle. M. Dumeynieu Une erreur Os menores podem ler Felix Dumont Dans la crise Inoffensivo 302

Fulbert Dumonteil Um ambitieux de province Inoffensivo

Les carillons de Noel Inoffensivo

Le parfumeur millionaire Inoffensivo

La petite main de bronze Inoffensivo

Ph. H. Dunand Récits de l´ancien testament Saboreiem com prazer Episodies de l´ancien testament Saboreiem com prazer

Récits des temps évangeliques Saboreiem com prazer

Ere des martyrs Saboreiem com prazer

Ere des docteurs Saboreiem com prazer

Mlle. Fanny – André Dupin Double Conquête Podem ler de Saint –André P. Dupin –Durbec Les deux femmes de Pierre Recommendaveis

La filleule de Claude Recommendaveis

Germaine de puyselaye Recommendaveis

Antonin Dupuy Le comte de tréazek Podem receber em casa H. Dupuy Mazuel Le Roman d´une fiancée Não tem nada de mal Yvonne Durand La petite gratienne Obra moral e intessante Pierre Durandal Le supplicié vivant Pode ser lido por todos L´agonie d´une race Pode ser lido por todos

Le chapeau de bleuets Pode ser lido por todos

Le docteur Samuel Pode ser lido por todos

L´expiation Pode ser lido por todos

Fils du desert Pode ser lido por todos

Gennaro Pode ser lido por todos

Le secret de roch Pode ser lido por todos

Duchesse Amédée B. M. de Ourika Podem ler Duras Marie Dutoit A deux voix Podem ler Adrien Duval Contes merveilleux Inoffensivos E. H. C. F. Amandus Buitenleven Todos podem ler Duvillers Georg Freiherr von Dyherrn Auf der Schwaige Para todos Hochlandsnovellen Para todos 303

Baroneza Marie von Ebner Agave Para adultos Eschenbach Die freiherren von gemperlein Para adultos

Bertram vogelweid Para adultos

Ein buch, das gerne volksbuch werden Para adultos mochte Die erste beichte Para adultos

Lotti, die uhrmacherin Para adultos

Une incompris Para adultos

Deux amis Para adultos

Une première communion Para adultos

Para adultos La grand´mère

Para adultos Comtesse béate Para adultos Le roman de la conseilére

Maria Edgeworth de Contos familiares Para todos Firmont J. Edhor La dette et l´otage Muito recommendavel La dette des hallwyl Muito recommendavel Annie Edwardes Archie lovell Todos podem ler A point of honor Todos podem ler

A vagabond heroine Todos podem ler

Un basbleu Todos podem ler

L´heritage de Jacob trafalden Todos podem ler

Mystérieuse disparition de lord Todos podem ler brackenbury Een wolf onder de schapen Todos podem ler

Uit bourgondië Todos podem ler

Edward Eggleston Au bon vieux temps Inoffensivos Le land-warrant Inoffensivos

Le précheur en plein air Inoffensivos

Eginhard Restez au village Leiam Louis Eglé Le voisin Gilbert Para a petizada Brenno von Ehrenkron Unter himmlischem Schutze Bom 304

Joseph Karl Benedikt Aus dem Leben eines Taugenichts Bom para adultos Eichendorff Das marmorbild Bom para adultos

Die Entführung Bom para adultos

Eine Meerfahrt Bom para adultos

Die Geschichte der wilden Spanierin Bom para adultos

Het kastell Durande Bom para adultos

Jan Eigenhuis De Waterwolf Inoffensivo Hivon Eimbeck Im lande der mondscheinler Bom M. Von Ekensteen Aus der jugendzeit Adultos podem ler

Die brüder und die schwestern Adultos podem ler

Friede den hutten Adultos podem ler

Herzensbrecher Adultos podem ler

Immer aufwärts Adultos podem ler

Schatten Adultos podem ler

Wellen des lebens Adultos podem ler

Frei Samuel Eijan El socialista modelo Bela Narrativa Mme du Bos d´Elbecq La cloche des perdus Inoffensivo Frances Eliot The red cardinal Inoffensivo

Aristocracy Inoffensivo

The Itilien Inoffensivo

George Eliot Daniel daronda Inoffensivo

Silas marner Inoffensivo

Felix holt, the radical Inoffensivo

Middlemarsh Inoffensivo

Romola Inoffensivo

Mme Sophie Elkan Said bem ali Pode ser lido por todos Elliot de Saint –Oulph Le Chevalier Noir Todos podem ler Mac Gregor Todos podem ler Edward-S Ellis The boy hunters of Kentucky Todos podem ler Lord Ellis Souvenirs d´un escroc du grand monde Inoffensivo Jose de Elola Corazones bravios Pode ser lido Vivan los toros Pode ser lido 305

Marie Emery Les nègres de la Louisiane Para a petizada

Les orphelins. Deux adoptions Para a petizada

Les veillées de la famille Para a petizada

Louis Enault Le chien du capitaine Pode ser lido por crianças La ciscassienne Inoffensivo Victor Enclin Bonté Para todos

Dans le temps Para todos

Terre maternelle Para todos

Jacques de l´Enclos Les tribulations de robillard Moral M. L. Enduran La traite des nègres Para jovens Le chalet d´engelberg Para jovens Céline Éniagar La Maison regrettée Os jovens podem ler Cl. de Énilec Herbe fole Pode ser lido por todos Jean – Baptiste Epagny La fille de l´émigré Podem ler Kilien d´Epinoy Amour et dot Inoffensivo Michel Epuy Petite ame Inoffensivo Francis Ergil Aventures de deux jeunes anglais em Leiam sem medo australie Hans Erlenbusch Die Sphinx Para todos Pierre l´Ermite La grande amie Coroado pela academia Pierre Ermeline A Victoria do Amor Interessantissima e altamente proveitosa

L´emprise Leiam

Et de quatre! Leiam

Restez chez vous! Leiam

Toujours Elle! Leiam

Les deux mains Leiam

Et ça...? Leiam

Le grand mufflo Leiam

Le soc Leiam Caroline Ernst Tony brenner Leiam Alexandrine de E´cherolles Une famille noble sous la terreur Podem ler Mathilde von Eschstruth Spuk Inoffensivo L´ame errante Inoffensivo 306

Marguérite d´Escole Au temps des crinolines Inoffensivo

Le pain de chez nous Inoffensivo

Petite novice Inoffensivo

Les sources claires Inoffensivo

D´ escrennes Rancune Leiam

Enrique Perez Escrich Os apostolos Pode ser lido por todos

Escudero Louise et Mercedes Todos podem ler

La tache e sang Todos podem ler

Léopold Espardec Les histoires du large Podem dar a mocidade

Yvan le pirate Podem dar a mocidade

R. Esparza Em navarra Inoffensivo

Concha Espina de Serna Trozos de vida 25 contos Moraes e úteis

Alfred des Essarts Le chalet d´hoffmann Podem ler

Les coeur dévouês Podem ler

Les deux veuves Podem ler

L´enfant volé Podem ler

La force des faibles Podem ler

La gerbe Podem ler

Lectures d´hiver Podem ler

Le Maquis e Rocquefeuille Podem ler

Le meneur de loups morvan Podem ler

Une petite fille de robison Podem ler, para crianças.

La richesse des pauvres Podem ler

Souffrir Podem ler

C´est vaincre Podem ler

Le tour du cadran Podem ler

Valentin Podem ler 307

La femme de mousse Podem ler Esy Les deux jumeaux Leiam L´oiseau blanc Leiam Jean Étian Les Prétendants de Viviane Inoffensiva A. E. de l´Étoile Nelly, la fille du médecin Muito bom Wilson Evans Bis euch scheidet der tod Para todos

Green Everett The head of the house Leiam sem medo

Mrs. Julienne H. Ewing Jan of the windmill Para todos

Lob-lie-by-the-fire Para todos

A flat iron for a farthing Para todos

Jackanapes Para todos

Daddy darwin´s divecot Para todos

Les reminiscences de la dame d´em face Para todos

B. d´Exauvillez Anne de geierstein Podem ler

Aurélie Podem ler

Le comte de varfeuil Podem ler

Henri morton Podem ler

Ariste Excoffon Chez les corsaires Não fará mal a ninguém

Louis –Xavier Eyma La chasse a l´esclave Pode ser lido por todos

Les poches de mon parrain Appropriado para jovens

Freiin Von Eynatten Deutsche Sagen und Geschichten Para todos

G. Eyser Heldhaftige kinderliefde Leiam

Max Eyth Der Schneider Von ulm Bom

Der blinde passagier Bom

Der kampf um die cheopspyramide Bom

Frederick William Faber Contes angéliques Para crianças

Sir Lancelot Para crianças 308

Jean – Paul Faber Les amis en vacances Deem aos jovens

Les amis du paon d´or Deem aos jovens

Les bords de la Somme Deem aos jovens

Veillées picardes Deem aos jovens

Um Voyage em Flandre Deem aos jovens

Ferdinand Fabre Julien Savignac Inoffensivo

Fabri de Fabris Fräulein Uebermeer Excellentes

Aus wildfangs brautzeit Excellentes

Heimchen Excellentes

In Zauberland Excellentes

Am Wichtelborn Excellentes

Zur Sonnwendzeit Excellentes

Im Wandel des Lebens Excellentes

Die Wacholderleute Excellentes

Die da wandern und irren Excellentes

Von stillen Leuten Excellentes

Ruth Hergarten Excellentes

Was die Blumen erzählen Excellentes

Die goldmaria Excellentes

Lieb und Leid Excellentes

Von der Wanderstrasse Excellentes

Mme. Caroline Falaize Confidences d´une jeune fille 3 vol Bom romance

Ernest Faligan Le mendiant de la bondraie Para todos

Une nièce du balafré Para todos

Suzanne de Pierre-Pont Para todos

Gustav Falke Klaus bärlappe Para todos

Unruhig steht die sehnsucht auf Para todos 309

Mmme. Céline Fallet L´homme propose et dieu dispose Recommendaveis

Jeanne de Montfort Recommendaveis

Eugénie Para jovens

Piété filial Para jovens

Le testament d´une mère Para jovens

Eugène Falloy Nouvelles maritimes, aventures, naufrages Leiam sem medo

Jules- Cézar Fangarezzi Elisa de Montfort Leiam

S. Fanjac de Peaucellier Le petit roi Para jovens, inoffensivo

Salvatore Farina Cheveux blonds Inoffensivo

L´écume de la mer Inoffensivo

Pour la gloire Inoffensivo

Le Tresor de donnina Inoffensivo

I due desiderii Inoffensivo

Il signor io Inoffensivo

Paul-Augustin Farochon Aouina, la nièce du curé Podem abrir as portas

Dean F. W. Farrar Erié, or little by little Leiam

Mme. Césaire Farreni Deux éducations Para todos

G. E. Farrow The escape of the mullingong Todos podem ler

Georges Fath Bernard, la gloire de son village Leiam

René Fath La rançon du Bonheur Inoffensivo

Mlle. Emma Faucon Olga Pode ser lido por jovens

Voyage d´une jeune fille autour de sa Pode ser lido por adultos chambre S. M. H. Faure Soirées littéraires Leiam

Nouvelles soiréees littéraires Leiam 310

Victor Favet Duel d´ames Todos podem ler

Mieux que l´amour Todos podem ler

Les robes noirs Todos podem ler

Georges Favre Le manuscrit de Cecília Inoffensivo

Mathilde fawald Marcia Bella narrativa

Cordeiro Febres El quijote em America Pode ser lido

Henrique Federer Berge und Menschen Celebrizou-se pela obra, para adultos instruidos

Pilatus Para adultos instruidos

Jungfer Therese Para adultos instruidos

Lachweiler Geschichten Para adultos instruidos

Sisto e Sesto Para adultos instruidos

Padre Nosso, que estaes no Céu Optima pratica para quem esta afastado da pratica da Religião

Jan Feith Ter zonne Leiam

Victor Féli Ame de femme Inoffensivo Dinah, la paria Inoffensivo

Féli Brugère L´asie em feu Pode ser lido por todos

Alfred-Laurence Felkin Kate of Kate hall Inoffensivo

Clive R. Fenn The White flower Pode ser lido

Oscar de Ferenzy Ames fortes Inoffensivo

Isidoro Fernandez Flores La oruga Inoffensivo

Miss arabella Inoffensivo

Delfin Fernandez y El riñon de la montaña Moral Gonzalez Jacques Fernay La brioulette O jovens podem ler Le rameau de Noël Le messager O jovens podem ler

O jovens podem ler 311

Claudius Ferrand La fée des roches grises Podem deixar entrar em casa

J. J. Ferreira Uma família Christan Excellente conto moral

L´abbé Ferret Contes Leiam

Eugène l. G. Ferry de Les chercheurs d´or Contos inoffensivos sobre os indios, Bellemare tornou o autor conhecido.

Les aventures du capitaine ruperto Honestos podem ser lidos castaños au mexique Les aventuriers du Val d ´or Honestos podem ser lidos

Costal l´indien Honestos podem ser lidos

Le crime du bois des hogues Honestos podem ser lidos

Dernières aventures de bois-rosé Honestos podem ser lidos

Les étapes de Nicolas rameau Honestos podem ser lidos

Scenès de la vie militaire au mexique Honestos podem ser lidos

Scenés de la vie sauvage Honestos podem ser lidos

Les squatters Honestos podem ser lidos

La clairière du bois des hogues Honestos podem ser lidos

Gabriel Ferry de Bellemare Les exploits de Martin- Robert, histoire Inoffensivo d´une humble François Fertiault Le berger du bèage Bom

La chamber aux histoires Bom

Paul Féval Anne des iles Inoffensivo

Inoffensivo La belle –étoille Lacroix-miracle Inoffensivo

La fille de l´émigré Inoffensivo

La Cavaliere Inoffensivo

La chasse au roi Inoffensivo

Le chateau de velours Inoffensivo

Chateaupauvre Inoffensivo

La chatelaine de berthor Inoffensivo

Le chavalier de keramour Inoffensivo 312

La bague de chanvre Inoffensivo

Les chevaliers de l´aventure Inoffensivo

Mariotte la basquaise Inoffensivo

Le Chevalier tènèbre Inoffensivo

Chouans et bleus Inoffensivo

Les compagnons du silence Inoffensivo

Contes de bretagne Inoffensivo

Corbeille d´histoires Inoffensivo

Les couteaux d´or Inoffensivo

Le dernier Chevalier Inoffensivo

Les dernières fées Inoffensivo

Douze femmes Inoffensivo

Les errants de nuit Inoffensivo

Les fanfarons du roi Inoffensivo

La fée des greves Inoffensivo

La femme blanche des marais Inoffensivo

La fille du juif errant Inoffensivo

Fontaine aux perles Inoffensivo

Frère tranquille Inoffensivo

La duchesse de nemours Inoffensivo

Une histoire de revenants Inoffensivo

L´homme de fer Inoffensivo

L´homme du gaz Inoffensivo

Le loup Blanc Inoffensivo

La louve Inoffensivo

Le mendiant noir Inoffensivo

Les merveilles du mont Saint-michel Inoffensivo 313

Les parvenus Inoffensivo

Le poisson d´or Inoffensivo

La première aventure de corentin quimper Inoffensivo

Le Prince corriolani Inoffensivo

La quittance de minuit Inoffensivo

Le régiment des géants Inoffensivo

La reine des épées Inoffensivo

Roger bontemps Inoffensivo

Rolland pied-de-fer Inoffensivo

La tour du loup Inoffensivo

Romans enfantins Inoffensivo

Valentine de rohan Inoffensivo

Veillés de la famille Inoffensivo

Veillées de vacances Inoffensivo

Paul Féval Le dernier laird Todos podem ler

La providence du camp Todos podem ler

La dette de l´orpheline Todos podem ler

L´enfant de la noire Todos podem ler

La fiancée du corsaire Todos podem ler

L´invention maudite Todos podem ler

Marie-laura, la femme du franc-maçon Todos podem ler

O crime do juiz Todos podem ler

J. Fichtner Gefunden! Inoffensivo

Heimatglück Inoffensivo

Der erbstreit Inoffensivo

Humoreske Inoffensivo

Der kleine jäger Inoffensivo 314

Marthe Fiel Sur le sol d´alsace Inoffensivo

Antonio Figueirinhas Contos para as crianças Inoffensivo, mas pouco interessante.

Maria Pinto Figueirinhas Contos das crianças Interessantes narrativas de fundo moral.

Louis Figuier Le gardien de la camargue Todos podem ler

Mos de lavène Todos podem ler

Mme. Camille de Fillyères A chacun as part Pode ser lido por todos

Le dernier des sablonins Pode ser lido por todos

Le Roman d´une année Pode ser lido por todos

Les surprises de berthe Pode ser lido por todos

La villa esculape Pode ser lido por todos

Les suites d ´un crime Pode ser lido por todos

Pierre m. Augustin Filon Micheline Inoffensivo

S. J. Francis Finn Claude Light foot Bem traduzidos, muito enriqueceriam a literatura do brasil

Bem traduzidos, muito enriqueceriam a literatura do brasil Harry Dee Bem traduzidos, muito enriqueceriam a literatura do brasil

Percy Winn Bem traduzidos, muito enriqueceriam a literatura do brasil

Admiravel, transição de tom Figures amies vagabundo para o tom da primeira

comunhão

Tom playfair

Max e Alex Fischer Um jeune homme trop aimable Todos podem ler 315

Wilhelm Fischer Grazer novellen Boa leitura

Lebensmorgen Boa leitura

Muswellen Boa leitura

Sonnenopfer Boa leitura

Josephine Flack Durch Kampf zum Ziel Leiam

Herzenswirren Leiam

La contesse de Flavigny Notre amirale São bons

Pour l´honneur São bons

Flavius De lijfeigene Inoffensivo

George Fleming Un roman sur le nil Inoffensivo

Mrs. May Agnes Fleming Les chaines d´or Inoffensivo

L´héroine du mal Inoffensivo

Mariage et fatalité Inoffensivo

Un mariage extravagant Inoffensivo

Am rande des abgrundes Inoffensivo

Auf Einsamem felsenriff Inoffensivo

Dem irrlicht gefolgt Inoffensivo

Dém volke entstammt Inoffensivo

Es fiel ein reif Inoffensivo

Ein furchtbares geheimnis Inoffensivo

Geheimnissvoll Inoffensivo

Im turmhause Inoffensivo

In ebbe und flut Inoffensivo

Die kinder eines hauses Inoffensivo

Um Ihretwillen Inoffensivo

Vermählt, und doch keines mannes weib Inoffensivo

Eines weibes martyrium Inoffensivo 316

J. S. Fletcher Einen tag königin Todos podem ler

Margaret Fletcher Fugitives Podem ler

Céline Fleuriot Le petit Berger Podem dar a jovens

M. Long-Nez Podem dar a jovens

L´auberge du Spessart Podem dar a jovens

Zénaide M. A. Fleuriot Die Kleine Herzogin Muito recommendavel

Ein verzogenes kind Muito recommendavel

Fr. Fleuriot - Kérinon De fil em aiguille Todos podem ler

Éli Floënan Mon oncle et ma femme Inoffensivo

Mary Floran Orgueil vaincu Coroado pela academia

Un an d´epreuve Coroado pela academia

Adopté Todos podem ler

Chimères Todos podem ler

Coupable? Todos podem ler

Cousins germains Todos podem ler

Daniel levar Todos podem ler

Dernière Cartouche Todos podem ler

La destine de Jacques Todos podem ler

En secret Todos podem ler

L´esclavage Todos podem ler

Eternel sourire Todos podem ler

La faim et la soif Todos podem ler

Femmes des letters Todos podem ler

Héritier Todos podem ler

L´institutrice des chantepot Todos podem ler

Mademoiselle millions Todos podem ler

Manan cendrillon Todos podem ler 317

Le marriage de clement Todos podem ler

Le plus riche Todos podem ler

Romanesque Todos podem ler

Tentation mortelle Todos podem ler

Revanche de Marthe Para jovens

Soeur jumelle Para jovens

Jean Pierre Claris de Eliézer ou a Ternura fraternal Inoffensivo e muito sentimental Florian Galatéa Novella sentimental. Podem ler-se

Charles Florisoone La legende dorée des gaules Inoffensivo

Jean Floryde Jehan le meneur de loups Inoffensivo

Eugénie Foa Contes historiques Novellas deliciosas moraes

Les enfants de la vallee Novellas deliciosas moraes

La fiancée juive Novellas deliciosas moraes

Mémoires de croquemitaine Novellas deliciosas moraes

La petite maman Novellas deliciosas moraes

Contes de ma bonne Destinam-se a jovens

Enfants illustres Destinam-se a jovens

Le vieux Paris Destinam-se a jovens

Daniel de Foe The life and surprising adventures of Inoffensivo Robinson crusoë, of York, mariner Andrä H. Fagowitz Djamar Inoffensivo

Charles Foley L´anneau fatale Inoffensivo

Coeur de roi Inoffensivo

La demoiselle blanche Inoffensivo

Fiancés de printemps Inoffensivo

Guilleri-guilloré Inoffensivo

Histoire de la reine de bohême et de sés Inoffensivo sept chateaux Jean des brumes Inoffensivo 318

Kowa, la mystérieuse Inoffensivo

Les mauvais gars Inoffensivo

Le roi des neiges Inoffensivo

Un trésor dans les ruines Inoffensivo

Vendée! Inoffensivo

Henry Fonlupt du Verdier L´iver qui commence Pode ser lido por todos

Theodor Fontane Effi Briest Todos podem ler

Frau jenny treibel Todos podem ler

Irrungen und wirrungen Todos podem ler

Quitt Todos podem ler

Stine Todos podem ler

J. de Fontguyon Autour d´un Tresor Podem ler

Wilfrid de Fontvielle Aventures aériennes Pode ser lido

Paul Leicester Ford The story of an untold love Bom

Tattletales of cupid Bom

G. Forestier La pointe-aux-rats Todos podem ler

Dans l´ouest canadien Todos podem ler

Henry de Forge Calval´e Maternel (conferir escrita) Podem ser lidos

Au-dessus de l´entresol Podem ser lidos

Madel Podem ser lidos

Yves des Forges L´apostolat d´andré Bom

Le mariage d´édith Bom

Mon vieux fermier Bom

Blanche Bom

Paul-Émile Dourand Le rose et le gris Todos podem ler Forgues Léon Fornel Les flibustiers Inoffensivo

R. E. Forrest Eight days Inoffensivo 319

Miss Jessie Fothergill Kith and kin Moral

Le premier violon Moral

Le marquis Louis A. T. Madame de miremont Pode ser lido Fondras Perles et diamants Pode ser lido

Les recits du foyer Pode ser lido

Les veillées de st-hubert Pode ser lido

Mme. Alfred Fouiller Francinet Podem dar aos jovens

Le tour de la France par deux enfants Podem dar aos jovens Ernest Fouinet Les anémones du roi noman Todos podem ler

Les douze nations Todos podem ler

Gerson; le manuscript aux enluminures Todos podem ler

L´ile des cinq Todos podem ler

Le robinson des glaces Todos podem ler

Allan, le jeune déporté à Botany-B ay Para jovens

Frédéric Fouqué Undine Inoffensiva

Jean de Foville Les adieux Leiam

Ellen Thorneycroft Fowler Concerning Isabel Canaby Todos podem ler

Cupid´s garden Todos podem ler

A double thread Todos podem ler

Fuel of fire Todos podem ler

Kate of kate hall Todos podem ler

Place and power Todos podem ler

D. Fradin Le cadet de biarge Inoffensivo

Um secret Inoffensivo 320

Gabriel Franay Come dans un conte: Axel, flaine Todos podem ler Flossette Todos podem ler

Mlle Huguette Todos podem ler

La marraine de peau-d´ãne Todos podem ler

Le chateau des ayrelles Todos podem ler

Les memoires de primevère Todos podem ler

Mon chevalier Todos podem ler

Abbé France Sérapia Leiam

Alphonse France D´Alger au désert Inoffensivo

La fièvre du remords Inoffensivo

La soif du luxe Inoffensivo

Anatole France Albuns pour la jeunesse Inoffensivo Isabelle France Fleur – desglaces Bom La petite promise Bom

Jeanne France Avec tous lês atouts Moral

Celles qu´ils aiment Moral

Chatiée! Moral

Échos Limousins Moral

Envieux et neviés Moral

Femme de traitre Moral

La fièvre du remords Moral

Le fils d´un Prince Moral

Fortunes maudites Moral

Les heures d´angoisse Moral

Histoire d´un inconnu Moral

L´honneur des Aubert Moral

Jeunes femmes Moral

Joujoux brises Moral 321

Les oeuvres des autres Moral

Rêve et réalités Moral

Téméraires ambitions Moral

Une française Moral

Un héros de 16 ans Moral

Le mystère dun vieux chateau Moral

Pour ètre riche Moral

Dom Fernando Moral

L´ex –voto de montanac Moral

Le souvenir d´une mère Moral

Noel Francès Les entravées Moral

E. de Franchimont La fille du joueur Inoffensiva

M. E. Francis Christian tal Todos podem ler

Flander´s widow Todos podem ler

Lychgate hall Todos podem ler

The manor farm, Todos podem ler

Pastorals of dorset Todos podem ler

Stepping westward Todos podem ler

Wild wheat Todos podem ler

Duenna of a genius Todos podem ler

Frieze and fustian Todos podem ler

Todos podem ler Gentleman Roger

Todos podem ler Yeoman fleetwood

J. J. Francken Leven meisjes op de brug Todos podem ler

Leven meisjes op een wrak Todos podem ler 322

S. J. Franco Benjamine Merecem a mais franca recomendação

Aurora Merecem a mais franca recommendação

Tigranate Merecem a mais franca recommendação

Merecem a mais franca Trois Nouvelles recommendação

Merecem a mais franca Les croisées de Saint- Pierre recommendação

Les jumelles africaines Merecem a mais franca

recommendação

Une légende chrétienne. Simon Pierre et Merecem a mais franca Simon Le Magicien recommendação Le sage et la folle Merecem a mais franca

recommendação Quatre récits Merecem a mais franca recommendação As conspiradoras Excellente para todos

Alexis Frank Roseline. Histoire d´un brave sultan qui ne Inoffensivo fut pas um turc Elisa Frank Les causeries d´une grand´mère Podem dar as crianças Emil Frank Im ringen um das Luftmeer Leiam Etienne Frank L´anneau d´argent Inoffensivo La fin dun conte Inoffensivo H. Frankenstein Eine geheime mission Para todos Charles Frans Au pays homiller Podem ler Panores fiancées Podem ler Emma Franz Schneekatherl Inoffensivo Zwei bräute Inoffensivo Henry Franz Petite Etoile! Novella moral Mme. C. Franz Hermann et Wilhelmine Todos podem ler Ilse Frapan – Akunian Hamburgerbilder Moral Hugh Fraser The splendid porsenna Inoffensivo

The satanists Inoffensivo

The stolen emperor Inoffensivo

M. e Mrs. Hugh Fraser Queen´s peril Todos podem ler H. Fred Nach langemsuchen Bom Die tochter des flüchtlings Bom 323

Jácques Fréhel Les ailes brisées Pode ser lido Gustav Frenssen Peter moors fahrt nach südwest Inoffensivo Mme. Fresneau Une année du petit Joseph Sempre moral para crianças

Comme les grands Sempre moral para crianças

Deux abandonnés Sempre moral para crianças

Les protégés d´Isabelle Sempre moral para crianças

Thérèse à St. Domingue Sempre moral para crianças

H. Von Freyenstein Dativ Para todos Gustavo Freytag Soll und haben Celebre, pode ser lido por adultos Die verlorene handschrift Celebre Ingo und ingraban Inoffensivo Pierre Froment L´affaire padelewski Todos podem ler

L´araignée d´or Todos podem ler

La rançon Todos podem ler

Petit-Prince Para crianças Caroline Frossard Le vallon des plans Todos podem ler Renato Fucini Le veglie di neri Todos podem ler Elena Fuente Y Gordon Epoca Borrascosa Excellente Harry Furniss The comic side of crime Bom The light side of finance Bom Charles Fuster Par le bonheur Inoffensivo Jacques Futrelle The chase of the golden plate Podem ler Maurice de la Fuy Les feuilles sur la route Podem ler Jacques des Gachons Le ballon fantome Inoffensivo

Le chemin de sable Inoffensivo

Frivole Inoffensivo

Les mauvais pas Inoffensivo

Notre Bonheur Inoffensivo

Rose, ou le fiancé de province Inoffensivo

Les deux aumones Inoffensivo

Vers le calme Inoffensivo

La Maison desdames Renoir Inoffensivo

La vallée bleue Inoffensivo

Pierre Gaël Les richesses de Mme. Fortuné Recommendavel 324

René Gaell Les bijoux de la princesse Merece a melhor recommendaçao

Encore soldat! Merece a melhor recommendaçao

L´Hôpital militaire Merece a melhor recommendaçao

Jeunes gloires Merece a melhor recommendaçao

Mes compagnes a vélo Merece a melhor recommendaçao

Roublard em Mandchurie Merece a melhor recommendaçao

Soutane noir et coulotte rouge Merece a melhor recommendaçao Elice Moreau Gagne Nancy vallier Inoffensivo Suzanne Gagnebin Petite Nell Todos podem ler Soeur Vic Todos podem ler Ernest Gagnon Choses D´autrefois Inoffensivo H. Gaillard Les bouilleurs de cru Pode ser lido Antoine Galland Les mille et une nuits des familles Adultos podem ler Jean Galloti Le jardin délaissé Inoffensivo Ce qui ne resuscite pas Inoffensivo Arnaldo Gama A comedia a serio Leitura inofensiva

O segredo de Abbade Bom romance histórico para adultos

Para adultos ponderados, algumas A ultima dona de S. Nicolau observações do autor despertam contradição. Antoine Gandon Le grand godard, histoire d´un home fort Inoffensivo Mme René Gange Pages de la vie Inoffensivo Joseph Gangl Und sie liebten sich doch Inoffensivo

Die wunderflur Inoffensivo

Markus, der tor Inoffensivo

Reine Garde Marie –Rose Podem dar as crianças Ambroise – Louis Garneray Mes pontoons Para todos

A bord d´un négrier Para todos

Mon évasion des pontons Para todos

Richard Garrold S. J. The ma´n hands Saboreiem a vontade

The white road Saboreiem a vontade

The kings visit Saboreiem a vontade

The boys of St. Batts Saboreiem a vontade 325

Paul de Garros L´orgueil d´une mere Leiam

L´héritage de thonarec Leiam

La plus heureuse Leiam

La revanche de l´honneur Leiam

Le secret de la mendiante Leiam

Charles Garvice Just a girl Inoffensivo

Mrs. Elisabeth C. Gaskell Cranford Para todos

Autour du sofá Para todos

Nord et sud Para todos

Mgr. Bernardin Gassiat Le juif de Goritz Leiam Louis-Jules Gastine L´asie em feu Inoffensivo Seul sur l´océan Inoffensivo L. Gasty A la derive Inoffensivo

La fille des angads Inoffensivo

Gatti de Gamond Les oeuvres de miséricorde Todos podem ler Mme. Joséphine de Gaulle Echos et souvenirs de la Flandre Pode-se ler

Fastes et legendes du St. Sacrément Pode-se ler

Le foyer chrétien Pode-se ler

L´orpheline et la veuve Pode-se ler

Récits maritimes Pode- se ler

Valérie de Montlaur Pode- se ler

Noël Gaulois Le chateau des fantomes Todos podem ler Détresse Mousquetaire Todos podem ler Le secret de la marinière Todos podem ler

Todos podem ler

Adele Gaus-Bachmann Der gaensedoktor Leiam

Gegen das schicksal Leiam

Lorbeer um rose Leiam

Pierre Gauthiez Contes sur velin Inoffensivo 326

Émile T. L. Gautier Scènes et nouvelles catholiques Excellente, moral leiam Voyage d´um catholique autour de as Excellente, moral leiam chambre L´amour chrétien dans le mariage Excellente, moral leiam

Théophile Gautier Baron van muenchhausen Inoffensiva a edição hollandeza Elisa Gay Les fiancés de saint cyprien Inoffensivo

Le marqus de savone Inoffensivo

Le Roman d´une jeune fille pauvre Inoffensivo

L´abblé J. B. Gay Frère et soeur Histoire d´hier Leiam La plante du Bon Dieu Leiam Mme. Sophie Gay Cruelle méprise Bom

Le mari confident Bom

Mouchoir perdu Bom

Victorieux Bom

J. A. Geel Het trio van nos dorp Inoffensivo Max Geissler Hütten im hochland Inoffensivo

Inseln im winde Inoffensivo

Die musikantenstadt Inoffensivo

A. Géline Les cousines de Rachel Leiam

Le mari d´andrée Leiam

Pouzzolane Leiam

Phénix et fauvette Leiam

Antoine Genevay Les révolutions d´autrefois: les mémoires Inoffensivo de Don ramos Inoffensivo Le siège de florence Charles Géniaux Les deux chatelaines Podem ler Le voueur Podem ler Stéphanie Genlis Le petits emigre Inoffensivo

Le siège de la rochelle Inoffensivo

Les veillées du chateau 2 vol Inoffensivo

Les veillées du chateau de champcery Inoffensivo 327

A. Gennevraye Um château ou l´nos´amuse Bom

Andrée de sozé Bom

La petite louisette Bom

Le Roman d´um méconnu Bom

M. de fayen Bom

Mme. De faverlay Bom

Mme. A de Gentelles Les épreuves de valentine Inoffensivo Auguste Geoffroy Les camarades jaunes São moraes

La fille des boers São moraes

Fille d´irlande São moraes

Martyrs d´irlande São moraes

La petite mandarine São moraes

La somnambule São moraes

Abel Georges Lazzaro Lazzari Inoffensivo

Au pays de la fièvre Inoffensivo

Un curé Inoffensivo

La dame de St. Ouen a la cour de la reine Inoffensivo Anne

Le petit duc Inoffensivo Jean le solognot Inoffensivo Lady hester Inoffensivo Mémoires d´une pièce de quatre sous Inoffensivo

Paul georges Fiançailles lointaines Todos podem ler

L´héritage du père Todos podem ler

Roman blanc Todos podem ler 328

Louise Gérald La faute de germaine Inoffensivos

La buissonnière Inoffensivos

Gertrude Inoffensivos

Le mariage de Madeleine Inoffensivos

La Maison giniel Inoffensivos

Mabel Gérald Donna beatrice Todos podem ler

Les deux chemins Todos podem ler

Jamais contents! Todos podem ler

Les mathurins du < bayard> Todos podem ler

André Gérard L´enfant du 26 me Todos podem ler

Cécile Gérard Le mangeur d´hommes Inoffensivos

Le tueur de lions Inoffensivos

Dorothéa Gerard The conquest of London Inoffensivos

On the way through Inoffensivos

Reata what´s in a name Inoffensivos

Une reine des fromages et de la crême Inoffensivos

The blood tax Inoffensivos

Lady baby Inoffensivos

One Year Inoffensivos

Lot 13 Inoffensivos

Inoffensivos Orthodox

Inoffensivos A spotless reputation

Emily Gérard Honour´s glassy bubble Todos podem ler

F. C. Gérard Riche et pauvre Inoffensivo

L´abbé Gérard Le comte de Vaimont Leiam

Maurice Gérard De koning van scud Todos podem ler

Pierre Gérard- Wégimont Um gentilhomme wallon Inoffensivo 329

M. Gerbrandt Sich selber treu Leiam E. Gerdes Een Million Moral

J. W. Gerhard Aladdin en de wonderlampe Inoffensivo

Ali baba en de veertig roovers Inoffensivo

A. de Gériolles Un parisien aux philippines Pode ser lido por todos

Un parisien a´java Pode ser lido por todos

A la belle étoile Pode ser lido por todos

Ce qu´amour veut Pode ser lido por todos

Fils de chef Pode ser lido por todos

La legende d´argent Pode ser lido por todos

La legende dorée Pode ser lido por todos

Mémoires d´un rat écorché Pode ser lido por todos

Sous terre Pode ser lido por todos

Auguste Germain Premier prix de conservatoire Leiam S. de la Germondaye Recueillie Moral

Anna Germonprez Schetsen em novellen Para todos Gabriel Gerny Les soldats du Pape Para os petizes Un dévouement filial Para os petizes Gerralt Trésor de guerre, les tours de maitre Inoffensivos pathelin M. Gervais Sans dieu Leitura para todos Mme. O. Gevin-Cassal Ame Claire Todos podem ler

Dany Todos podem ler

Les grandes manoeuvres du capitaine Todos podem ler loulou La fille du docteur Todos podem ler

Histoire d´um petit exile Todos podem ler

Mauviette chérie Todos podem ler

Charles Geyller Aus den strassen newyorks Para todos E. H. Guido Gezele Van den kleenen hertog Para todos

Leopoldo Gheri Entre demônios Pode ser confiado a todas as mãos

Antoinette Giacomelli Le long du chemin Para todos

Sur la brêche Para todos 330

Agnes Giberne Flossette Todos podem ler

Fénelon Gibon En tout honneur Moral

Le dimanche em action Podem dar a jovens

Pierre – Louis Giffard La guerre infernale Inoffensivos

L´hotellerie souterraine Inoffensivos

Microbe, Champion des sports Inoffensivos

La piste du tzar Inoffensivos

Just Girard L´enfant de troupe. Souvenirs d´um vieil Todos podem ler invalide Le père tropique. La premiere campagne Todos podem ler de Pierre maulny Les aventures d´um capitaine français, Para jovens planteur au texas Alfred Jules Girardin Dans notre classe Para a infancia

Aimé Giron La béate Todos podem ler

Ces pauvres petits Para jovens Contes a nos petits róis Todos podem ler

Les etrennes de m. le recteur Todos podem ler

La familie de la marjolaine Todos podem ler

Les lurons de la ganse Todos podem ler

La maison qui pleure Todos podem ler

La troupe de l´illustre carmagnol Todos podem ler

Braconnette Todos podem ler

Chez l´oncle Aristide Todos podem ler

Coeur malade Todos podem ler

Le manoir de meyrial Todos podem ler

Un mariage difficile Todos podem ler

Mme. Bernillon, notaire Todos podem ler

Les cinq sous du juif-errant Todos podem ler

Les trois mages Todos podem ler

Lope Gisbert Luz Excellente 331

Georges Gissing The crown of life Bom

New grub street Bom

The private papers of Henry ryecroft Bom

August Gittée Uit boeken en bladen Inoffensivo Marie Gjertz L´enthousiasme Para todos

Gabrielle Para todos

Luise Glass Gustel wildfang Podem ler Otto Glaubrecht L´étrangère Moral

Jules de Glouvet Aventuriers celèbres Exceção dos que contem páginas perigosas.

Mrs. Élinor Glyn Fräulein Schmidt and Mr. Austruther Inoffensivo

Three weeks Inoffensivo Elisabeth Ganuck-Kühne Goldene früchte aus märchenland Para todos André Godard L´agence spirite Leiam

Brigandes Leiam

Crimes d´aîeux Leiam

Marie Amélie F von Godin Alte Paläste Leiam

Sonne des Südens Leiam

Benedetta Leiam

Aus dem Stande der Knechtschaft Leiam

Charles – Henri Le Goffic Croc-d´argent Leiam

L´erreur de Florence Leiam

Morgane Leiam

Piphanic Leiam

Le voile noir Leiam

Nikolai W. Gogol Le manteaux Inoffensivo

Nouvelles russes Inoffensivo 332

Itha Maria Goldegg- Das Märchen vom Glück Leiam Fedriggotti Aus Trotz Leiam

Was ist die Liebe? Leiam

A Rainhazinha Interessante pode ser lida por todos

Helène de Galesco Um dévouement sublime sous la Terreur Pode ser lido

Arnoldo Golsworthy Les mains dans lês ténèbres Inoffensivo

Gomes dos Santos Caçada em Balão Admiravel romance instrutivo Emilia A. Gomide Penido O ramalhete de rosas Para todos

C. Gondlach Maria Von Magdala Delicadíssimo, todos podem ler

Henri A. Alfred de Os invejosos Interessante, não tem inconvenientes Gondrecourt para pessoas de juízo seguro.

Eugénie Gonon Le million de marthe Todos podem ler

Claire hervey Todos podem ler

Histoire d´une épingle Para jovens

Louis de Gonzage – Privat L´équipage de la rosette Podem ler Claudio Santos Gonzälez A gruta encantada Interessante e inoffensivo

L. Jean Emmanuel Gonzalès Les sabotiers de la forêtnoire Pode ser lido Max comte de Goritz La fiancée du fusillé Inoffensivo

H. de Gorsse Les cadets de gascogne São moraes

La jeunesse de cyrano de bergerac São moraes

Le roi du timbre-poste São moraes

Jeremias Gotthelf Der besenbinder Von rychiswil Inoffensivo

Hans berner und reine shone Inoffensivo

Elsi, die seltsame magd Inoffensivo

Uli, der knecht Inoffensivo

Der knabe des tell Inoffensivo

Jois et souffrances d´un maitre d´école Inoffensivo 333

Amédée Gouët L´homme d´argent Todos podem ler

La journée aux surprises Todos podem ler

Un hiver dans les glaces Todos podem ler

La noblesse de nos jours Todos podem ler

Le marchand d´esclaves Todos podem ler

Julie Gourand Marianne Aubry Foi coroado pela academia, muito recommendavel

Pierre Gourdon A la derive Honesto, interessante

Bernard de flée Honesto, interessante

Le prix d´une ame Honesto, interessante

Vers la haine Honesto, interessante

Les courtagré Honesto, interessante

Paul Gourmand Le sacrifice d´yvon Moral

Paul Gouzi Promenade d´une fillette autour d´un Inoffensivo laboratoire Voyage d´une fillette au pays des étoiles Inoffensivo

Hermann Grabert Aufehre Inoffensivo

Miss Winifred Graham Emma Hamilton Todos podem ler

Marie Grandmaison Belle-boule Moral, destina-se a crianças

L´enfant sans nom Moral, destina se a crianças

Les heroines de l´amour filial Moral, destina se a crianças

Le journal d´yvonne Moral, destina se a crianças

Le petit montagnand Moral, destina se a crianças

Grandmaison y Bruno L´écharpe bleue Inoffensivo

Mme. Gransard Les coeurs d´or Leiam

Sous la feuille la vallée sainte-barbe Leiam

Deux misères Leiam

Josephine Grau Das lob des Kreuzes Leiam 334

Emil de Grave Brem en varen Moral

Muizenissen Moral

Maxwell gray The least sentence Inoffensivo

L´héritage de gledesworth Inoffensivo

Anna Katherine Green L´affaire Leavenworth Todos podem ler

La dame au diamant Todos podem ler

L´enfant millionaire Todos podem ler

La fiancée du pévenu Todos podem ler

Le médaillon Todos podem ler

Mrs. Gon Greene Filling up the etinks Jovens podem ler M. Von Greiffenstein Die Reiterin auf der Römerstrasse Leiam

Das Roserl Von der Waldrast Leiam

Bunte astern Leiam

Sie gingen aus, ihn zu suchen Leiam

Eustace-Clare Grenville- Étranges histories Inoffensivo Murray Une famille endettée Inoffensivo

Le jeune brown Inoffensivo

Henry Gréville Aurette Podem ser lido por todos

Céphise Podem ser lido por todos

Le fil d´or Podem ser lido por todos

La fille de dosia Podem ser lido por todos

L´héritage de xénie Podem ser lido por todos

L´heritière Podem ser lido por todos

Idylles Podem ser lido por todos

Jolie proprieté a vendre Podem ser lido por todos

Koumiassine Podem ser lido por todos

Louis Breuil Podem ser lido por todos 335

Mon chien bop et ses amis Podem ser lido por todos

La niania Podem ser lido por todos

Petit princesse Podem ser lido por todos

La seconde mere Podem ser lido por todos

Villoré Podem ser lido por todos

Le voeu de nadia Podem ser lido por todos

Gerald Griffin La fille du cordier Saboreiem George Griffith De gestolen onderzeeboot Inoffensivo Franz Grillparzer Der arme spielmann Todos podem ler

Das kloster bei sendomir Todos podem ler

Ein erlebniss Todos podem ler

Die ahnfrau Todos podem ler

F. Grimaldi Historias do Reino Encantado Todo mundo infantil será grato pelos bellos contos Émile Grimaud Les fils du gardechasse Inoffensivo Récits vendéens Inoffensivo Édouard Grimblot La comtesse de semainville Todos podem ler Jacob Grimm Deutsche Sagen Conto popular, celebre Contos dos Irmãos Grimm Podem ser dado a todos sem susto Friedrich W. Grimme Auf roter Erde Leiam Schlichte Leute Leiam Hans J. C. Grimmelshausen Abenteuerlicher simplicissimus Alto valor histórico, mas só deve ser lido por adultos ponderados Balduin Groller Wat een fietstocht kan opleveren Para todos Flôr exotica Merece toda recommendação Erwin Gros De onderwijzer von hartenhausen Todos podem ler Leopold Gros A l´ombre du clocher Leiam Tomasso Grossi Marco Visconti Para todos Klaus Groth Uit mijn jonges paradijs Para todos La comtesse de Grothaus Le fiancé de thérèse Leiam La baronne de Grune Le château d´Athis Bom José David Guarin Mi cometa Inoffensivo M. Gucet Histoire du bom géant gargantua et le Inoffensivo monsieur des antipodes Maria Gué Simone et sés amis Podem confiar a todos Paul Gué Arrière saison Boa leitura Cruelle méprise Boa leitura M. Guechot Passe-partout et l´affamé Os jovens podem ler L. de Guénin L´heure qui passe Podem ler Henri Guenot La petite lady Leiam Arabella Para jovens Felynis Leiam 336

Eugene de Guérin Diario de Eugenia O trabalho é bom e pode ser recommendado Henri Guerlin A l´ombre de l´akropole Para todos L´épopée de Cezar Para todos

La petite patricienne Para todos

Angel Guerra Coriños Novella inoffensiva Jean Guétary Les compagnons de l´alliance Todos podem travar conhecimento

Todos podem travar conhecimento Fille de preux M. Gugen Coeur de soldat Inoffensivo Julien Guillain Mon sacristain Todos podem ler Emile Guilaumin Tableaux Champétres Todos podem ler Mme. Nanine Guillon Cinq annees de l avie des jeunes filles Bom

L´entrée dans Le monde Bom

Fleurs et ronces Bom

Projets de jeunes filles Bom

Aux méres de famille Bom

Clare duquénois Bom

Mlle. Guillotin Têtes blondes Livro moral

Octave Guilmot L´oracle du musinus Inoffensivo

Bernardo Guimarães O ermitão de muquem Com algumas reservas pode ser lido por todos

A escrava Isaura Pode ser lido por pessoas ponderadas

Pode ser lido por todos O garimpeiro Restringirá a pessoas calmas e Historias e tradições da Provincia de ponderadas Minas Geraes Interessante e util Mauricio ou os paulistas em S. João Del Rei

Luiz Guimarães Samurais e mandarins Com algumas reservas, pode ser dado para os jovens instruidos

M. Guiraud Les grandes tristesses d´alice Todos podem ler

Richard Gustafsson Autour du poële Jovens podem ler 337

François de Guy Bédouin Inoffensivo

Jules Guy Histoire dun instituteur Leiam sem medo

Gérard Le résolu Leiam sem medo

Stephen Gwynn Robert Emmet Todos podem ler The fair hills of treland Todos podem ler Talbot Gwynne Der Letzte seines stammes Inoffensivo Gaston Gyl Le docteur yves Podem franquear a entrada em casa John Habberton Helen´s babies Inoffensivo

Otter people´s children Inoffensivo

Récits d´um humoriste Inoffensivo

Luisa Maria Von Haber Durch tiefe Wasser Leiam

Ludwig Habicht Ein verfehltes leben Todos podem ler

Friedrich Wilhelm Tag und nacht Para todos Hackländer Boutique et comptoir Para todos

Le moment du bonheur Para todos

L. Hagen De martelaren en hunne vervolgers Leiam

Nelly Hager Branche de verveine Bom

Le drapeau de valmy Bom

Étienne andriel Bom

La fiancée du rhin Bom

Le fils de la mer Bom

Française Bom 338

Henry Rider Haggard King salomon´s mines Inoffensivo

Cleopatra Para adultos

Dawn Para adultos

Le colonel quasitch Para adultos

Jesse Para adultos

De ring van de koningin van scheba Para adultos

As minas de Salomão Honesto, P. Bethleem

Honoré Haghebaert Aptonga Leiam

Ida Hahn-Hahn Maria Regina Depois da conversão a um convento Depois da conversão a um convento Doralice Depois da conversão a um convento Depois da conversão a um convento Geschichte eines armen Fräuleins Depois da conversão a um convento Depois da conversão a um convento Erzählung des Hofrats Pode ser lido por adultos instruidos

Nirwana Podem ser lido por adultos instruidos

Wahl und Fügung Podem ser lido por adultos instruidos

Les amants de la croix Podem ser lido por adultos instruidos

Podem ser lido por adultos instruidos Deux soeurs

Eudoxia

Les martyres

Pérpegrin

M. Halbe Frau meseek Para todos 339

Ludovic Halévy Deux mariages Inoffensivo

Abbade Constantino Com ideia falsa de sacerdócio, pode ser lido por pessoas ajuizadas

Basil Hall Scènes de la vie maritime Para todos Scène du bord et de l a terre ferme Para todos

Mary Grace Halpine Wessen schuld? Podem todos ler Marie – Robert Halt Ladies et gentlemen Leiam

Louise Hameau Les filles du peintre Leiam

Les mémoires de finette Leiam

La pècheuse de crevettes Leiam

Sigrid Leiam

Mademoisele Pourquoi Deêm aos jovens

Petite Rosette Deêm aos jovens

Sans Mère Deêm aos jovens

John A Hamilton The MS. In a red Box Inoffensivo

Hans von Hammerstein Die blaue blume Para todos

Handel - Mazzetti Jesse und maria Para adultos instruidos

Die arme Margaret Para adultos instruídos

Meinrad Helmpergers denkwürdiges Jahr A vida monastic é descripta com um realismo historico que não impressionara bem, por outro lado não falta a apotheose a virtude

Stephana Schwertner Para adultos instruidos

Brüderlein und Schwesterlein Para adultos instruidos

O anjinho Simples e encantador

Morto por imprudencia Simples e encantador 340

A. Hans De boer van´t lindenhof Para todos

Groeninghe Para todos

Helden Zonder zwaard Para todos

Boerenkinderen Para todos

Boete Para todos

A. S. Hardy Le collier de la captive Todos podem ler

Miss Iza Duffus Hardy Le sacrifice de Paul wynter Para todos

Thomas Hardy Le trompette-major Leiam

Paul Harel Hobereaux et villageois Só para pessoas ponderadas

A l´enseigne du grand-saint-andré Bom Le demising Bom

Gorgeansac Bom

La petite marthe Bom

Le nez du cousin barnabé Bom

Gustave levavasseur Bom

Houlmont duhaume Bom

Jean hutfer Bom

René holt Bom

Souvenirs d´auberge Bom

Henry Harland The cardinal´s snuff-box Todos podem ler

The lady paramount Todos podem ler

My friend prospero Todos podem ler

Béatrice Harraden Katharine frensham Leiam

Ships that pass in the night Leiam

L´oiseleur Leiam

Een professor´s dochter Leiam

M. Harrisen Stanis Moral 341

Francis Le blocus des neiges Inoffensivo

Les pays des chimères Inoffensivo

Thankful blossom Inoffensivo

Juan Eugenio Hartzenbusch Margarita la pelona Podem ser lidos

La reina sin nombre Podem ser lidos

La hermosura por castigo Podem ser lidos

J. R. Harwood Lord ulswater Inoffensivo

P. Franz Hattler S. J. Ein Sträusschen Rosmarin Excellente escriptor, leiam

Wilhelm hauff Lichtenstein Inoffensivo

Die Bettlerin von Pont-des-arts Inoffensivo

Aus gewählte marchen (la carávane, Inoffensivo contes orientaux) Inoffensivo Das kalte herz Jet Haugen Onschuld Leiam Georges Haurigot La conquete d´un oncle Inoffensivo

C de hauteville Marchand contre marchand Leiam

Louise Haltirères La petite Tzigane Podem dar as crianças

Robert Havard de la L´ame qui se donne Moral Montgne Leurs fils Moral Miss E. F. Haworth Une Méprise Inoffensivo

Nattanael Hawthorne Tanglewood tales Inoffensivo

La Maison aux sept pignons Inoffensivo

Le livre des merveilles Inoffensivo

Jan Hay The right Stuff Para todos

Mary-Cecil Hay Jolette Inoffensivo

Old myddelton´s money Inoffensivo

Victor and vanquished Inoffensivo

A Haxthaussen Mädchenleben Inoffensivo 342

Headon- Hill Pretty miss smith Podem ler

Peter Johann hebel Das Schatzkästhein des rheinischen Leiam hausfreundes Luzie Von H. Kempfer Taubenflug Para todos

Carlos José A. von Zweedsche beelden Inoffensivo Hedenstjerna Hermann Heiberg Am marktplatz Pode ser lido por todos

Werner Von Heidenstam Le pèlerinage de sainte brigitte Para todos

Ida Heijermans Prins Peter Podem travar conhecimento

E. Heimans Willem roda Não fará mal a ninguém

Mlle G. Heimar Le fils D´un Prince Leiam

Wilhelmine Heimburg L´autre Inoffensivo

Le roman d´une orpheline Inoffensivo

Lorenz Heitzer Victima do sigillo da confissão Sempre moral o autor

Regis Hellimer Les récits e l´aïeul Jovens podem ler Martin Von Hellinden Der Stern Von halalat Bom

Ernest Hello Contes Extraordinaires Inoffensivo

Clementine Helm Das vierblätterige kleeblatt Podem ler

Mme. Theódore Podem ler Martial Hémon Le marquis d´héliante Podem ler

A Henot Haspegomosche vertelssels Inoffensivo

Wondersprokges uit haspegouw Inoffensivo

Henry Henriot Un prix de cinq millions Para todos

Mlle J. Henrion Ce que peut une femme Moral

George Alfred Henty Out on the pampas, the yong settlers Podem ler

St. Bartholomew´eve Podem ler

Les jeunes franc-tireurs Podem ler

Hephell Le bien D´autrui Pode ser lido por todos Lady Herbert Amour et sacrifice Leiam Agnès Grozier Herbertson Louise-Marie Podem ler Johann G. Von Herder Palmblätter Podem ler Eugène Herdiès Le norma de la digue Leiam 343

Charles – Joseph de Ricault La comedie des champs Inoffensivo d´Héricault Les cousins de normandie Inoffensivo

FannyRoseval Inoffensivo

La fiancée de la Fontenelle Inoffensivo

La fille de notre dame Inoffensivo

Un gentilhomme catholique Inoffensivo

Un gentilhomme socialiste Inoffensivo

Mademoiselle sous-pliocène Inoffensivo

Inoffensivo L´ombree du passe

Inoffensivo Les patriciens de paris Inoffensivo Rose de Noel Inoffensivo Une veuve millionaire

Mme Séraphine d´ Hermerel Loisirs des casseaux Moral Jose Hernandez de Mas Los secretos del protestantismo Bella instructiva narração Dr. Modesto Hernandez Oro oculto Leiam Villaescusa Francisco Hernando El cruzado São baoas suas novellas Gracia ó la Cristiana Del Japón São baoas suas novellas Eugène Herpin Armand de chateaubriand Para todos Leandro Herrero El monge del monastério de Yusfe Edificante Herrgott Une femme de France au XV e Siècle Podem ler Robert Herrick The gospel of freedom Leiam Mme Hervé –Velasco Rèveries et réalités Para todos Ernest Hervilly Trop grande Inoffensivo Hester Schooleven Podem ler Marie Hildebrandt Een Herstvacantie Bom Richard Hildreth Archy Moore (l´esclave Blanc) Para adultos, combateu a escravidão por seu romance Headon Hill Sous peine de mort! Um peril dans l´air Todos podem ler Wilhelmine Marie Sophie La fille au vautour Leiam Von Hillern Hoeher als die kirche Para todos A Hillier Memoir of a person of quality Para todos Dr. F. X. Himmelsteinun Wegweiser und Warnungstafeln an der Saboreiem Lebensstrasse Émile Hinzelin Le trésor de marie-anne Leiam Victor d´Hinselinne Jeanne la loi de malheur Não há perigo Hermann Hirschfeld Die hexe Von scharnrode Leiam Die komödianten-toni Leiam Franz Hisgen C. SS. R. O du falsche Welt! Para todos In der Falle Para todos 344

John Oliver Hobbes Robert Orange Podem ler The school for saints Podem ler

The sinner´s comedie Podem ler

Otto Hoecker Stumme Zeugen Leiam Une idylle américaine Leiam Le chevalier de la Hoëgne Éléonore de rougecloitre Inoffensivo Dr. Mathias Conego Hoehler Eli Belíssimo conto G. van der Hoeven Bloemenkindje Não fará mal a ninguém Agnes Hoffmann Doktors evchen Todos podem ler Wilde Rose Todos podem ler Ernst Theodor Amadeus Nussknacker und mäusekönig Leiam Das Fremde King Leiam Contos fantásticos Não me parece inconveniente para pessoas de juízo seguro

Desquite Contosinho interessante e bom F. J. Hoffmann De hacienda aan de valdivia Inoffensivo De verdwenen brieventasch Inoffensivo Franz Hoffmann 150 moralische Erzählungen Bom Les contrebandiers du Val des trois-hètres Bom

Le Tresor de l´ile des flibustiers Bom

De stijfhoofd Bom

Willem Lohberg Bom

Julius Joseph Hoffmann Der jugend fabelschatz Podem dar aos petizes Cornelis Hoffmann Door den burgeroorlog gescheiden, doch Para todos door de liefde hereenigd Katharina Hofmann Das Erbe der Halfensteiner Podem ler Lindenmüller Podem ler J. Hohenfeld Unter falscher flagge Todos podem ler Gerhard Hoischen Veronica Leiam Jan Holland Het Apenbock Todos podem ler

Galgenhumor Todos podem ler

Darvinia Todos podem ler

Doris em Doortje Todos podem ler

Die familie willems Todos podem ler

De geschiedenis van adam almeurs Todos podem ler

Keesje putbus etc Todos podem ler

Nette menschen Todos podem ler 345

Omdolingen in het rijk der krachten Todos podem ler

Oude ideën in nieuwekleedij Todos podem ler

Het smeult Todos podem ler

De woort en zijn kring Todos podem ler

Condessa Ida von Holnstein Am see Bom Agot Hols Magnus Barvoet Podem ler Franz Joseph Holzwarth Ludwig und Edeltrude Leiam Anthony Hope The chronicles of count Antonio Todos podem ler

Double harness Todos podem ler

The instrusions of peggy Todos podem ler

A man of mark Todos podem ler

Phroso Todos podem ler

Tristram of blent Todos podem ler

Le roman d´un roi Todos podem ler

Service de la reine Todos podem ler

Jessie Herne –Vaizey About peggy saville Inoffensivo R. Horney Stonewall´s scout Inoffensivo Ernest William Hornung A bride from the bush Inoffensivo

Stingaree Stories Inoffensivo

Frank Rattray Inoffensivo

Raffles Inoffensivo

Raffles , cambioleur amateur Inoffensivo

Fathers of men Inoffensivo

E. H. J. J. Van der Horst Oud en nieuw Para todos William –Dean Howels La fortune de Silas Lapham Todos podem ler La passagère de l´aroostook Todos podem ler Robert Huchard Dix contes vécus São bons Mme. Hudry Menos Ames cévenoles Inoffensivo

Un petit monde alsacien Inoffensivo

W. H. Hudson Green mansions Leiam 346

Gustave Hue Quand l´été s´annonce Leiam

La novia Leiam

José Huertas Lozano Martirio Excellente

Clovis Hugues Le temps des cerises Leiam somente esse

Thomas Hugues Tom Brown Todos podem ler Tom Brown a oxford Todos podem ler E. H. Victor-Léon Huijs Bakelandt Inoffensivo

Isabelle Hummel Weiss und Rot Inoffensivo

Mrs. Argles Hungerfor Doris Inoffensivo

Her lest throw Inoffensivo

A little rebel Inoffensivo

Her weck´s amusement Inoffensivo

Ugly barrington Inoffensivo

Lady branksmere Inoffensivo

A life´s remorse Inoffensivo

A little irish girl Inoffensivo

A lovely girl Inoffensivo

Loys lord berresford Inoffensivo

A mad prank Inoffensivo

Molly bawn Inoffensivo

La conquète d´une belle-mère Inoffensivo

Portia Inoffensivo

Premières larmes Inoffensivo

Eyre Hussey A girl of resource Leitura inoffensiva Freiin Maria Luise von Durchgekämpft Para todos Hutten Stolzenberg Die stärkere Para todos

Volstreden Para todos

Joris Jarl Haysmans En route Manisfestou transformação religiosa La cathédrale Manisfestou transformação religiosa 347

Ste lydwine de Schiedam Manisfestou transformação religiosa

L´oblat Manisfestou transformação religiosa

Manisfestou transformação religiosa

Georg Hyckel Mein Heimatland Leiam

Schack von Igar Eine schweizerreise Para todos

Karl Leberecht Immermann Der oberhof Clássico, inoffensivo

Les paysans de westphalie Clássico, inoffensivo

J H Ingraham The prince of the house of david Podem ler Washington Irving The Alhambra Pode ser lido por todos

Un tour dans les prairies Pode ser lido por todos

La herencia del moro Inoffensivo p. Guevara

La reina de la aldea Inoffensivo p. Guevara

El novio espectro Inoffensivo p. Guevara

Salmagundi São bons

Rip van winkle São bons

Henriette d´Isle Histoire de deux ames Moral

Y. d´Isné Um petit Voyage Ótimo pode ser confiado a todos

Le secret du docteur Ótimo pode ser confiado a todos

Les soirées de l´abbé Jean Ótimo pode ser confiado a todos

O Bufarinheiro Para todos, como logo o prova o nome dos beneméritos editores

Contos Meia dúzia de contos, uns melhores que os outros Paul d´Ivoi O homem sem rosto Quase perfeitamente inócuo, 2 ou 3 senões irreligiosos

Serge d´Ivry Christiane Podem ler

H H Jackson Ramona Para todos

Violet Jacob Flemington Para todos 348

William W. Jacobs At Sunwich post Todos podem ler

Dialstone Lane Todos podem ler

Light freights Todos podem ler

Many cargoes Todos podem ler

Salthaven Todos podem ler

Jacobus Quilleboeuf Todos podem ler

Hubert Jacques Vivre Podem ler

Joseph Jacquin Les cadets de gascogne Leiam

La jeunesse de cyrano de bergerac Leiam

Monsieur de la palisse Leiam

Le chien de serloc kolmes Leiam

George P. R. James The life and adventures of John Marston Leiam hall Margaret Graham Leiam

Henry James The golden bowl Leiam

L´américain a Paris Leiam

Le forestier Leiam

Léonora d´orco Leiam

Roderick Hudson Leiam

The outcry Leiam

Francis Jammes Ma fille bernadette Todos podem ler

Hélène Janin Tante Marguerite Recebam bem

Jules Gabriel Janin L´interné Pode ser lido

Lodewijk Janssen Uit eene jongensleven Para todos Voor ons volk Para todos

O. Jauffret de Rambert Christine Todos podem ler

La fille du mineur Todos podem ler

Mlle. De saint-pons Todos podem ler 349

Mme. B. A. Jeanroy Beaux –Frères Para todos

Deux coeurs Para todos

Un phénomène Para todos

Le sac de riz Para todos

Tante – lolotte Para todos

La petite Jeanne d´arc Para todos

Louis – François Jéhan Isola Para todos

Vera Jelikowska Aventurès au caucase Podem ler

Mrs. Ch. Jenkin Qui passé paie Inoffensivo

Dr. Wilhelm Jensen Der tag von stralsund Podem ler

Edgar Jepson Lady noggs intervenes Bom

Jerome Klapka Three men in a boat Inoffensivo

S werelds maskerade Inoffensivo

Sketches Inoffensivo

Douglas William Jerrold Cakes and ale Podem ser lidos Sous les rideaux Podem ser lidos

F. Jérusalémy Miss louise Não fará mal a ninguém

Th. Jeske- Choinsky Eine Sonne im V erlösche Leiam A Jeneusse Le journal de louise Podem folhear

Alfons Jeurissen Broeder bertus Leiam

J. de Jiadcer La muse de lilia Podem ler

Job Récits et nouvelles Podem ler

Charles Jobey Les enfants braves Serve para crianças

R B Johnson Dans l´extrème far-west Para todos

Miss Mary Johnston The old dominion Todos podem ler

By onder of the company Todos podem ler

Maurus Jokai Zwanzigtausend jahre unter dem eise Leiam 350

La marquise Marie M. F. Il crisantemo rosa Leiam Jolanda Suor immacolata Leiam

Charles Joliet Diane Inoffensivo

Emile Jonveaux Les aventures de Robroy Todos podem ler

Le sacrifice de Paul wynter Todos podem ler

M. de Jorel Nouvelles irlandaises Inoffensivo

Le vieux jolliffe Inoffensivo

J. Joseph- Renaud L´enlizé de mont-st-michel Leiam

Èva Jouan Au bord de l´océan Bom livro

La ferme des étangs Bom livro

La meilleure part Bom livro

Téméraires ambitions Bom livro

Louis Joubert Mariquita Podem travar conhecimento J. M des Journaux Le Chevalier aux armes vertes Inoffensivo

La fille des tzars Inoffensivo

Mme. Jouville Dans le monde Inoffensivo

El Infante Juan Manuel El conde Lucanor Moral e util El libro de Patronio Moral e util

Maxime Juillet Aveu supreme Leiam Chatiment Leiam La nuit du crime Leiam Pour lire en express Leiam Jean –Lucien-Adolphe Ernest reyer Inoffensivo Jullian François de Julliot Terre de france Inoffensiva Paul Junka Le fiancé de Josette Leiam

La succession du marquis Leiam Laurent Pierre Jussieu Simão de nantua Para todos Clement Just Les compagnons de la croix- d´argent Podem ler Theodora Justus Auf dem altenteil Podem ler

In sturmesfluten Podem ler

Das wrack Podem ler 351

Mme de Kadenole A travers la haute-asie Moral

Les cahiers d´une petite toulonnaise Moral

Fin de siècle Moral

Mag en marga Moral

L´odyssée de jean languille Moral

Le secret de luisa Moral

Isabelle Kaiser Sorcière Para adultos ponderados

Vater unser (Notre Père, qui étes aux Lindo romance cieux) Coeur de femme Leiam

S. J. Karl Kalin In den Zelten des Mahdi Leiam

Miss Annie Keary Castle Daly Inoffensivo

L´irlande, il Y a 40 ans Leiam L. Keiffen Das düstere haus Para todos Leslie Keith Near of kin Bom A plasant rogue Bom Tony Kellen Alter und neuer Humor des deutschen Leiam Volkes Paul Keller O filho de Agar Para adultos, todas suas obras deveriam ser traduzidas para o portuguez O maltrapilho Commove profundamente Crianças Encanto dos Paes e família, professores e todos que gostam de crianças. Gold um Myrrhen Excellente Gold und Myrrhe. Neue Folge Excellente

In deiner Kammer Excellente

Waldwinter Excellente

Die Heimat Excellente

Das letzte Märchen Excellente

Das Niklasschiff Excellente

Ausgewählte Erzählungen Excellente

Die alte Krone Excellente

Die fünf Waldstädte Excellente 352

Stille Strassen Excellente

Die Insel der Einsamen Excellente

Ferien vomlch Excellente

Sr. L. Kellner Vischersknaap en Edelman Para todos Kenavo Soeur guénolé Para todos Mrs. Edward Kennard A professional rider Bom Paul Ker En penitence chez les jésuites Todos podem ler L. de Kérany La roche aux algues Leiam L. de Kerguy L´oiseau de France Para adultos

Jean Kerlecq La chanson d´orient Inoffensivo

Jean de Kerlys L belle vicomtesse Inoffensivo

Les enfants d ´ernée Inoffensivo

Le gros lot Inoffensivo

Les premiers pas Inoffensivo

Les seconds pas Inoffensivo

Simonne Inoffensivo

Une fin d´année Inoffensivo

Le collier Inoffensivo

Inoffensivo L´oeuf rouge

H. H. O. Kern In sturm und not Para jovens Unter Schwarz-weiss-roter Flagge Para jovens Jan H. Caspar Kern Die Vrijbuiters van sumatra Para todos Maximiliaan Kern De begum geschiedenis uit de indische Leiam bergen Justinus Kerner Die Heimatlosen Muito bom Lady Amabel Kerr Mixed Marriage Podem ler

Loïs Kerval Une grosse affaire Bom

Les guinées de lord pennebrock Bom

Kervyn de Volkaersbeke Le songe d´un antiquaire Todos podem ler

Charles J. Kickham Knocknagow Podem ler C. Johann Kievieth Het slot op den hoef Bom Wilde bob Bom Constant de Kinder De wonderlijke lotgevallen van jan zonder Inoffensivo vrees Alexander William Kinglake Eothen Moral 353

Florence Morse Kigsley Het zegevierend kruis Para todos George – Henry Kingsley The recollections of Geoffrey Hamlyn Leiam

Austin elliot Leiam

W H G Kingston Een Koopman in Zoeloeland Para todos

A drift in a bot Para todos

Peter the whaler Para todos

The three admirals Para todos

Un blanc chez les peaux-rouges Para todos

Rudgard kipling The five Nations Inoffensivo para adultos

Just so stories for little children Inoffensivo para adultos

Kim Inoffensivo para adultos

Puck of pook´s hill Inoffensivo para adultos

The seven seas Inoffensivo para adultos

Traffies and discoveries Inoffensivo para adultos

The jungle book Inoffensivo para adultos

The second Jungle book Inoffensivo para adultos

Inoffensivo para adultos Simples contes des collines

Inoffensivo para adultos Stalky e Cie Inoffensivo para adultos Brugglesmith Inoffensivo para adultos La baleine et son gosier Inoffensivo para adultos Sous les Déodaro

Jan Kisselman Dauwdruppels Para todos

Maria Gabrielle Kittl La fiancée du marotine Para todos

Le scheik Para todos

La juive a jerusalem Para jovens Hubert Klaassen Misdaad en vergelding. Zegepraal van ´t Para todos kruis De schat op het eiland der vrijbuiters Para todos 354

Gotthold Klee Die deutschen heldensagen Para todos

Sagen der griechischen vorzeit Para todos

Jacques van der Klei Hetdrievoudig verbond Bom

Veendorper jongens Bom

H. Von Kleist Michael kohlhaas Para todos

Klikspaan Studententypen Para todos Klitsche de la Grange Bernardo de Sarriano Leiam

La vestale Leiam

La victoire Leiam

Le bateau du tibre Leiam

Arthur Knipe De kleine miss fales Para todos Knowles Glencoonoge Leiam Elize Knut - Fabius Aan de Rivier Para todos Henny Koch Moedertje Sylvia Prefiram-lhe este Marie Koenen De witte burcht Leiam Prof. Den Echte Kokadorus Op het amstelveld Para todos Adolf Kolping Erzählungen 4 vol Apreciado Ausgewählte Erzählungen 7 vol Apreciado Leopoldo Kompert Les juifs de la Bohème Leiam Mme Maya Konopnicka Promethée et sisyphe Todos podem ler M C Kooij can Zeggelen Van kleine meisjes Todos podem ler August Kopisch Entdeckung der blauen grotte auf der insel Todos podem ler Capri Ein karnevalsfest auf ischia Todos podem ler

Leonhard Korth Hinter der Front Para todos A B Koster Boomsche verhalen Para todos Wilhelm Kotzde Im schillschen zug Leiam Wode Brausebart Leiam Mme Isabelle Krafft Le secret d´un dévouement Todos podem ler Bucaille Ritter von M. Kralik Heimaterzählungen aus alten Zeiten 2 vol Leiam

Das deutsche Götter-und Heldenbuch 6 Leiam vol J. G. Kramer De avonturier Para todos Tot ridder geslagen Para todos Een hollandsche jongen in china Para jovens 355

Anna Krane Das licht und die Finsternis Commovents narrativas sobre Jesus Christo

Das Schweigen Christi Tocante romance sobre a idade média

Es ging ein Sämann aus zu säen Bella narrativa biblica

Das Mithrasschiff Bella narrativa biblica

Magna Peccatrix Enche de verdadeiro respeito á santa religião

Grandeza occulta e a Coroa de Espinhos Leitura para todas as edades

O terror do Rei Merece um lugar de destaque em todos os lares Joseph Ignaz Kranzewski L´agonie d´une race Leiam sem medo Les sniekota Leiam sem medo Sur la spree Leiam sem medo Iermola en zijn aangenomen zoon Leiam sem medo Dr. Lorenz Krapp Kreuz oder halbmond Leiam Joseph A H Kraus Souvenirs d´un milicien Todos podem ler Jul Krekel Met z´n vogen open Leiam Charles Krienen Een hollandsche jongen Para todos Uit de jeugd van kees kolving Para todos Timm Kroeger Heimkehr Leiam

Mit dem Hammer Leiam

Das buch der guten leute Leiam

Um den Wegzoll Leiam

Des reiches kommen Leiam

Die wohnung des Glücks Leiam

Leute eigener Art Leiam Theo Krozcek Schicksalsschläge Para todos Im roten Sarafan Para todos Hermann Krueger Anders Gottfried Kämpfer Para adultos, ha uma phrase reprovavel sobre a confissão. Wilhelm Von Kruegelgen Jugenderinnerungen eines alten mannes Todos podem ler S. Von Kruensberg Alpen Blümele Para todos Alpenkräuter Para todos 356

Mons Konrad Kuemmel Der Schreinermax Merecem a maior propagação

An gottes hand 6 vol Merecem a maior propagação

Auf der Sonnenseite 2 vol Merecem a maior propagação

Sonntagsstille 6 vol Merecem a maior propagação

Des lebens flut 4 vol Merecem a maior propagação

A´ ultima hora Narrativa tocante Kujawa Michel Pausback Para todos

Der Pechvogel Para todos

Der Spuk in der Kaserne Para todos

Hoe klomp korporaal werd Para todos

Charles Kurner Les drames de la croix-noir Todos podem ler Hermann Kurtz Die glocke Von attendorn Inoffensivo

Der Weihnachtsfund Inoffensivo

Wie der grossvater die grossmutter nahm Inoffensivo

Schillers heimatjahre Inoffensivo

A Kuth Die regimentsböcke Inoffensivo Gaston Labadie-Lagrave Dans le monde des animaux Todos podem ler Albert de Labadye Silvio Vercellesi Pode ser lido por todos Mlle Labillois Un drame dans l avie intime Para todos Édouard – René L de Abdallah Podem ler Laboulaye Contes choisies Podem ler M. La Bruyère L´inutile route Inoffensivo

Lis et scabieuse Inoffensivo

Midi a quatorze heures Inoffensivo

La grand´gourre Inoffensivo

Le Roman d´une épée Inoffensivo

La belle chaillete Inoffensivo

Vers l´honneur Inoffensivo Marie –Emma Lachaud Pierre de bel-air. Le Page du roi Leiam Paul Lacour Soeurette Leiam somente este do autor Marie Lacroix Jeanne Para todos Jeanne de Lacrousille Oiseau sans nid Pode ser lido Le vertige Pode ser lido René Ladault L´ame jeune Para todos 357

Fernand Lafargne La fille des vagues Pode ser lido por todos P. Bethléem, a Bibliothèque Choisie chama também de perigoso

Marciel La Faye Le plaisir tendre Para adultos instruidos

André Lafon L´élève giles Leiam

Edmond Lafond Um médecin sous la Terreur Podem dar aos jovens

Henri Laforêt Idu Para todos

Selma Lagerlöf Die Königinnen Von Kungahalla O jesuíta P. Hermann só recommenda este

Astrid Em particular recommendo

Ingrid Em particular recommendo

Legenden und Erzählungen Em particular recommendo

Wunder des Antichrist Em particular recommendo

Wunderbare reise des kleinen nils Em particular recommendo holgerssohn mit den Wildgänsen Unsichtbare bande Em particular recommendo

Erzählungen Em particular recommendo

Liljecronas Heimat Uma obra de mestre, boa

MMe Élise Lagrange Le chateau de walzin Todos podem apreciar Edouard Lalaing L´interne du Val-de-grace Podem ler Mme. Edouard de Lalaing Cécile Fontval Moral

Mlle de Brèval Moral

Barnabas twites Moral

Les deux fils de la veuve Moral

La ferme des bruyères Moral

Jules de La Madelène Le marquis de Saffrer Pode ser lido por adultos Alphonse Lamartine Le tailleur e pierres de Saint-point Inoffensivo para adultos

Fior d´alisa Pode ser lido pela mocidade madura e adultos Charles Lamb Contes de strakespeare Para todos Delphine Lambert Lecture de l´enfance Para a criançada L H J Lamberts- Limburgsche schetsen Leiam Hurrelbrink C. de Lamiraudie Aventures d´artiste Inoffensivo Une part de Bonheur Inoffensivo 358

Jean lander Marguerites en fleurs Inoffensivo R. Landsteiner Ein jünger ahasvers Para adultos

Die geister des sturms Para adultos

Erwin Para adultos

Anno Dazumal Para adultos

Mme G. Landy La fée du grünensée Leiam Mrs. John Lane According to maria Todos podem ler Andrew Lang Disentanglers Inoffensivo The monk of fife Inoffensivo Ludwig Albert Lang Am grünensee Para todos August Friedrich Ernst Marchand contre marchand Para todos Langbein Mme Langlet Une anneé Para todos

Cécilia Para todos

Les deux ménages Para todos

Les dons de dieu Para todos

Mme Henri Langlois Angèle Todos podem ler

Oiseaux et fleurs Todos podem ler

Paté de pigeons! Todos podem ler

Johannes Rombaldus van Gregorius de Groote Todos podem ler der Lans En bloem en de kerker Todos podem ler

De gouden Dubloen Todos podem ler

Humoresken en novellen Todos podem ler

De indringster Todos podem ler

Juffrouw van gezelschap Todos podem ler

Koning karel en widukind Todos podem ler

Kruis en Adelaar Todos podem ler

Lood in ´t hart Todos podem ler

Maagdepalmen Todos podem ler

Om de keizerskroon Todos podem ler

De tocht naar Damiate anno Domini Todos podem ler MCCXIX 359

Voor honderd jaren Todos podem ler

Sra. Johannes Rombaldus Gedenkschriften van Azar Para todos van der Lans Janus Peek en ziju vliegmachine Apropriado para crianças De meerssener bende Para todos Hugues lapaire Ames berrichonnes Leiam Léon de Lapérouse Les mas est lézardé Muito bom Savinien Lapointe Il était une fois Pode ser lido

Os dous rivaes Servirá mais ou menos para todos, exceto para meninas muito novas Bernard de La Roche Béatrice, la femme sans dieu Inoffensivo Écumeurs d´ames Inoffensivo

Fausse route Inoffensivo

Les femmes malheureuses Inoffensivo

Francmaçonne Inoffensivo

Le page de la duchesse anne Inoffensivo

Pantins d´argent Inoffensivo

Le Roman d´un honnête homme Inoffensivo

Mme Madeleine Laroque Grands et petits Pode brindar os jovens com o livro Maurice Larne Les deux vierges Não tem inconveniências para adultos ponderados Juan G. L. V. Las Novas El procurador Pode ser lido Alphonse de Lasthénié Les chemins verts Moral Penserosa Moral Une esquisse parisienne Moral Louise Moral Gustave La Tour Scènes de l avie hongroise Inoffensiva

Nouvelles scènes de Inoffensiva la vie hongroise La comtesse R. de La Tour Les amours purs Bom du Pin Sous Le chaume Bom Mme Marie Laubot Jours d´épreuve Leiam Mademoiselle Grinchue Para jovens Malgrétout Para crianças Un ménage de poupées Para crianças Alphonse Laudy Jan rap em cº. Para todos Zwervers Para todos Josef Lauff Kärrekiek Inoffensivo Ch. Laumièr Les récits du foyer Para todos 360

Daniel Laumonier Anne-marie la providence Para todos

Collier d´or Para todos

Le secret de l´abbé fauvel Para todos

Juan Laur Victimas y verdugos Muito bom Charles –Marie Laurent Le dernier condé Leiam E H E Laurent Zedelijka verhalen Para todos Marcel Laurent Le calvaire fleuri Inoffensivo Andre Laurie e Philippe La vie de college dans tous les pays Honesto, 14 vol da série dirigido a Daryl juventude laica

Les chercheurs d´or de l´afrique a australe Inoffensivo

De new – York a brest em 7 heures Inoffensivo

Le géant de l´azur Inoffensivo

Le maitre de l´abime Inoffensivo

Le rubis du grand lama Inoffensivo

Le secret du mage Inoffensivo

Selène-company limited Inoffensivo

O herdeiro de robinson Romance todo limpo, não é inferior a obra célèbre de Fenimore Cooper

Pascal Lauroy Les martyrs d´alsace-lorraine Inoffensivo H B de laval Boumaza Podem ler

Un clerical en voyage Podem ler

Rolland Podem ler

Trompe-la moet Podem ler

C Lavalette La dette Inoffensivo

Le gout de vivre Inoffensivo

Henri –Léon- Em Lavedan Le krak du mariage Inoffensivo Mauricio Leblanc Arsenio Lupin, gatuno de alta roda P. Guevara pode ser lido, porém Roubos e assassínios

Bastante interessante apesar dalguns 813 pequenos senões, pode talvez ser lido por todos

Cheio de peripécias e enredos é uma A rolha de crystal leitura que não offende a não ser as leis de verosemelhança da vida 361

humana

Marius –Ary Leblond Anicette et Pierre desrades Inoffensivo Mlle Le Bourgeois La mouette du rocher Para todos Auguste Le Brás Jean-Marie Kerdren et sés soeurs Todos podem ler até jovens Anatole Le Braz Jean pentecote Leiam

Paques d´islande Leiam

Le sang de la sirène Leiam

La terre du passé Leiam

Guilhaume Lebrocquy La tribune réservée Para todos Pauline Guyot Julien Morel, l´aînè de la famille Para todos

Trois mois à la Louisinae Para todos

Lecarm Les projets de Mme. Deville Para todos Mlle.Antonine Lecler Les chrétiens sous Néron Todos podem ler La comtesse de Gloswood Todos podem ler La Barone de Leclerc Abnégation Inoffensivo

Souvenirs d´antan Inoffensivo

Surprise du coeur Inoffensivo

Inoffensivo Le testament de mon oncle Jean-Baptiste Leclère Ribodeau le dru ribleur Leiam d´Aubigny Léon Leconte Les pascani Todos podem ler Mme V. Le Coz Sans mari Inoffensivo Charles Ledhuy Le capitaine d´aventure Inoffensivo

Les sires de coucy Inoffensivo

Benedict Lee Valérie Podem ler Holm Lee Her title of honour Prefiram-lhe Joseph Sheridan Le Fann Uncle Silas Todos podem ler 362

Georges Le Faure La cantinière du 13. me Leiam

Coeur de soldat Leiam

Les faiseurs de bombes Leiam

L´innocent de rocheville Leiam

Mam´zelle mouche Leiam

La mission de l´abbé brutel Leiam

Les mystères de panamá Leiam

Le taupier de la maison rouge Leiam

Les voleurs d´or Leiam

Leiam Le volontaire de 1815

Marie –Renée Le Far Les ames errantes Inoffensivo Olivier Le Gall La duchesse Anne, histoire d´une frigate Para jovens Marc Le Goupils Les filles du pionnier Inoffensivo Gabriel Legouvé Fleurs d´hiver. Fruits d´hiver Leiam Histoire de ma maison Leiam Blanche Legrand L´amour fait peur Para todos Les demoiselles du noel-fleuri Para todos Charles Louis Legrand Originales Todos podem ler Les sept demoiselles tonnelet Todos podem ler La vocation d´hélène Todos podem ler Charles Legras La grande attente Inoffensivo La vie rurale en angleterre Inoffensivo Joseph Legueu Entre rêveurs Todos podem ler

Un petit tour du monde Todos podem ler

Lehmann Césonia Leiam Marie Connor en Robert Levenslang onschuldig veroordeeld Inoffensivo Leighton Mrs. Leith-Adams Cruel calumny and other stories Bom Perdu et retrouvé Bom Marguerite Lejeune Ce bon loff! Pode ser lido por todos Louis Le leu Les fastes de L´Église Saboreiem a vontade os 26 volumes Éveline Le Maire Le Prince Para todos Le revê d´antoinette Para todos Fr. Em. Jules Lemâitre Dez contos Conjunto moral, mas doloroso pra uma alma crente Mme Claude Lemaître Le bom samaritaine Delicado, mas neutro Pamphyle Lemay Contes Vrais Podem ser lidos Adrien Lemercier La dernière vestale Para todos Séphora Para todos 363

Marie Le Mière Le fils de l´étrangère Inoffensivo

Les filles de Mme. Bienaimé Inoffensivo

Tante geneviève Inoffensivo

Trop Cher Inoffensivo

Romans d´ames Inoffensivo

Sur Le Sable Inoffensivo

Fleur de montagne Inoffensivo

R. Lemire Les deux cousines Para jovens Mark Lemon Golden letters Leiam Wait for the end Leiam Camille Lemonnier La comédie des jouets Inoffensivo Les joujoux parlants Inoffensivo Eugène Le Mouel L´inconnue Todos podem ler K. von Lenhard Meister Müller und sein geselle Todos podem ler Der teufelstriller Todos podem ler E. K. Lenze Gräfin Eva Inoffensivo Maria Lenzen Auf einsamen Wegen Leiam

Die begrabenen schuhe Leiam

Blumen der Haide Leiam

Drückende fesseln Leiam

Fritz elmers pflegesohn Leiam

Was sein muss, muss sein Leiam

Karoline Leiam

Gefehlt Leiam

Leiam Rau von nettelhorst

Leiam Trüber morgen, goldenertag

Frits Léonhard Kleine bandeloozen Para todos

E. Leonhart Gertrud Inoffensivo

Maria Leoperaz Seis contos em prosa Moral, contém uma passage incomprehensivel e dispensável. Talvez erro de revisão. 364

Marie Leopold Een jolig troepje Pode ser dado a jovens

Louis Antoin Léouzon Le Nouvelles du nord Inoffensivo Duc Auguste Lepage Le roman d´un héros Para todos

André-Joseph Le Pas A la porte du paradis Todos podem ler

Paille et grain Todos podem ler

Maurice Le Prevost La statue de Voltaire Inoffensivo

La grand´mére Inoffensivo

Les christiens aux bêtes Inoffensivo

Le Renest Les plus vaillants Todos podem ler

Jules Hippolyte Lermina Alise Todos podem ler

Dix Mille lieues sans Le vouloir Todos podem ler

Jacques Lermont Histoire de deux bébés, kitto et Bo Para jovens

Les prisonniers de maman Para jovens

Sans joujoux Para jovens

Michel Lermontoff Un héros de notre temps Para todos La comtesse Olympe Lernay La marquise de thérange 2 vol Podem ler

Pierre Le Rohu Contre Le flot Pode ser lido

Veillées brunes Pode ser lido D. Le Roux Ricardo Le franc-maçon Inoffensivo

Angelina Le Roy L´ainée de la famille carr Leiam

Mme Ferdinand Le Roy Les étourderies de Mlle. Lucie Podem deixar nas mãos de jovens

Pipo Podem deixar nas mãos de jovens

E. H. Julius Leroy Karel de Blauwer Inoffensivo

Oud Vlamsche Zeisels em Vertellingen Inoffensivo

De pensejager Inoffensivo

Gabriel V. Eugène Le Roy Nicette em milon Todos podem ler 365

Mme. Jeanne Leroy-Alais Histoire d´un honnête garcon Leiam

Chez les bêtes Leiam

Ames vaillantes Prefiram esse ao Marie-Rose au couvent

Allain René Lesage Aventures de Gil blas de santillane Inoffensiva a edição franceza

Charles Lesbruyères La chevauchée des reitres Para todos

Mme Lescot Fêlure d´ame Para todos

Um peu. Beaucoup, passionnément Para todos

Les vaines promesses Para todos

E H Lescouhier Van den konig der roodhuiden Inoffensivo

Mathurin-Fr Ad de Lescure Les cadets de gascogne Pode ser lido

M F Lesor Les deux voies Para todos

Madame Clara de Lespinaas Le Prince kergelen Inoffensivo Reinbold Daniel Lesmann Enlevé dans un incendie Inoffensivo A de Lestoille Gabrielle-Claire ou lys parmi lês ronces 2 Bom vol Daniel Lesueur Mortel secret Contentem-se em ler

Henri Leturque L´indien Blanc Para todos

Fr. M. Bonaventura Leus De heldinnen van V alenciennes Todos podem ler martelaressen der Revolutie Todos podem ler De hertogin de Tourzel Mlle Van der Leus La femme en noir, la femme em rouge Todos podem ler

Gustave Levavasseur Dans Les herbages Para todos

La vengeance d´ursule Para todos 366

Charles – James Lever The daltons Inoffensivo

Davenpoort dunn Inoffensivo

The fortunes of gleniore Inoffensivo

Jack hinton the guardsman Inoffensivo

The martins of cro´martin Inoffensivo

The o´donoghue Inoffensivo

Sir brook fossbrooke Inoffensivo

That boy of norcott´s Inoffensivo

Inoffensivo Tony butler

Inoffensivo L´homme du jour Inoffensivo Tom burke of <>

August Lewald Klarinette 3 vol Deu espirito catholico aos romances

Deu espirito catholico aos romances Der insurgent 2 vol

Deu espirito catholico aos romances

Moderne familiengeschichten 3 vol Deu espirito catholico aos romances

Anna Mrs. H. Lewis A la recherche du coupable Para todos

Bannie du toit paternel Para todos

Le coup de cravache Para todos

Pierre Lhande S. J. Louis Para todos

L´Héritier Hubert et Paul Podem deixar nas mãos dos jovens JUlien L´Hermitte Les petites chatelaines Todos podem ler

MMe Louise Lhermitte Le secret de soeur thérèse Não tem nada de mal 367

André Lichtenberger Line Podem ler

Lotte Podem ler

Mon petit trott Podem ler

Notre Minnie Podem ler

La petite soeur de trott Podem ler

Le petit roi Podem ler

Portraits de jeunes filles Podem ler

Jean de Ligneau La fin d´um siècle sans dieu Leiam

V. Von Lijchdorff Huzarenstreken Inoffensivo

Anna Lilien Duell und ehre Todos podem ler

Im kampf des lebens Todos podem ler

Rosa Lima Miss Dora Para todos

Soeur jeanne Para todos

Mary Linskill Between the heather and northern sea Para todos

Karl Linzel Der treubrecher Para adultos

Um die 6. Stunde Para adultos

Dr. Ernest Lionnet Le docteur chalot Honesto, foi coroado pela academia

Maria Lionnet Feliza Bom, decente, coroado pela academia

Adelaide B. Lippens Bien mal acquis NE profite pás Para todos

L´oncle parjure Para todos Adam de Lisle Le serment Podem ser lido por todos

Le crime de stilwater Podem ser lido por todos

La nièce du docteur Podem ser lido por todos

Scènes de l avie australienne Podem ser lido por todos

Lloifriu y Sagrera Tempestades del alma Podem ser lido

Leyenda de costumbres Podem ser lido 368

Lloyd- Csborne Bébéboulet Podem ler

Le comte de Locmaria La chapelle Bertrand Podem ser lido por todos

Les guerillas Podem ser lido por todos

Lodois Les tribulations de m. dufraisfort Leiam

Margareta Loë Rosen und dornen Leiam

Märchen Leiam

Anton Lohr Geistig defekt Inoffensivo

Pauline – Marie L´Olivier Anémones Boa leitura

Églantines Boa leitura

Fleurs des dunes Boa leitura

Gabrielle Boa leitura

Liserons Boa leitura

Mathilde Boa leitura

Pervenches Boa leitura

Henry W. Longfellow Evangeline Celebre obra, foi traduzida até o chinez.

Travassos Lopes Os contos da avósinha Os três volumes são bons, interessantes e bem inscriptos. Alvaro Lopez Garcia La cruz del perdón Excellente

Mauricio Lopez Roberts El vagón de tespis Inoffensiva para adultos

Jean Lorédan L´homme aux aigles Bom

Mme de Lorémont Les petits Noëls Bom livro para jovens Georg –Horace Lorimer Letters from a self-made Merchant to his Para todos son Louise de Lortal Le jonc d´or Podem ler Arthur – Joseph- M. Loth Autour du bon cure Para todos Julien Loth A traverrs le monde des ames Leiam Pierre Loti Meu irmão Yves Inoffensivo para leitores cultos Sophronyme Loudier Une Idylle Bom L´oublieuse Bom Henry Louis Mon foyer Merece as melhores recommendações

J. de Loussot Une famille française em océanie Leitura moral 369

Virginie Loveling Een dure ecd Leiam

De grote manoeuvers Leiam

Jonggezellen levens Leiam

Het lot der kinderen Leiam

Mijnheer conehaye Leiam

De twistappel Leiam

Cecilia Selby Lowndes Belofde maakt schuld Bom

Loyal Serviteur Histoire du gentil seigneur de bayart Inoffensivo

De Lucenay La bayadère Livro inoffensivo

M. Ludolff Disparu! Bom

La fille du joueur Bom

La fille du vagabond Bom

Sa dernière volonté Bom

Arthur Maria Luettwitz Das hemd des Glücklichen Celebre narrativa da própria vida

Marcel Luguet Coeurs naifs Bom

Frère et soeur Bom

Le sabre a la main Bom

Une vraie jeune fille Bom

Pierre Luguet Les aventures du capitaine Jean kerbiquet Todos podem ler Le sous-sol du monde

La prisonnière de la sierra madre Todos podem ler

Pierre Lux Décavé Bom Edna Lyall The autobiography of a truth Leiam

Derrick Vaughan Leiam

In the golden days Leiam

We two Leiam

Won by waiting Leiam 370

S. M. Lyne Aux tilleuls ou le cadran solaire du Bom manoir Georges de Lys Le logis Moral

Enfants des rues Moral

La trempe Moral

Sur lês têtes blondes Moral

Ceux qui partent Moral

Les conquérants du l´air Moral

Les fiancés du Val d´ajol Moral

Les isoles Moral

Moral L´orcille fendue

Moral Ou Le grain tombe Moral Plus fort que la taine

Elisabeth J. Lysaght Een flink kèreltje Leiam Sydney Royse Lysaght On of the grenvilles Bom Marcelle Lythe e Feliz L´averse Inoffensivo Maxime Maartens Dorothea Todos podem ler The sino f joost avelingh Todos podem ler

Emma Mac Allan Stories descriptive of the isle of wight Para todos

Mac Cabe Florina Pode ser lido por todos (novella do tempo das cruzadas)

Adelaide Pode ser lido por todos

Berthé Pode ser lido por todos

Justin Hantly Mac Carthy The waterdale neighbours Todos podem ler

Dear lady disdain Todos podem ler

Miss misanthrope Todos podem ler

Elle Mac Mahon Oxendale Inoffensivo

Senmas Mac Manus A lad of the o´friels Para todos

Richard J. Mac Les chevaliers de l´ombre Todos podem ler

Le stylet rouillé Todos podem ler 371

Mac Sherrys Der Schwurdes Huronenhäuptlings Excellente Jean Macé Histoire d´une bouchée de pain Pode ser lido por todos Les serviteurs de l´estomac Pode ser lido por todos Contes du petit chateau Pode ser lido por todos L´arithmétique du grand-papa. Histoire de Excellente obra de vulgarização 2 petits marchands de pommes scientifica

Dr. Joaquim Manuel de Os dois amores Adultos podem ler este romance que Macedo contem algumas liberdades

A luneta mágica O livro não é immoral, podendo ser lido por pessoas ajuizadas e de critério seguro.

Nina 2 vol Não contém paginas escabrosas, não vejo em que possa prejudicar muito.

Jan Maclaren Beside the Bonnie Brier bush Todos podem ler S. Macnaughtan The expensive miss du cane Para todos Katherine S. Macquoid Patty Todos podem ler David Macrae Book of blunders Bom Aline Madelaine Au bon vieux temps. Boccage Para todos Madelaine de Menon Hons de l´ornière Inoffensivo Pierre Maël L´alcyone Inoffensivo

Amours simples Inoffensivo

Au pays du mystère Inoffensivo

Blanche contre jaune Inoffensivo

Castel rouge Inoffensivo

Cendrillonette Inoffensivo

Ce que femme peut Inoffensivo

Charité Inoffensivo

Les derniers homes rouges Inoffensivo

Fille de roi Inoffensivo

La filleule de Guesclin Inoffensivo

Fleur de France Inoffensivo

Fleur de mer Inoffensivo

Le forban noir Inoffensivo 372

Honneur patrie Inoffensivo

La lionne de clisson Inoffensivo

Un manuserit Inoffensivo

Mer béncè Inoffensivo

L´ondine de rhuis Inoffensivo

Paule de porsguern Inoffensivo

Petite-fille d´amirale Inoffensivo

Poucette Inoffensivo

Quand, o aime Inoffensivo

Qui parlera? Inoffensivo

La roche-qui-tue Inoffensivo

Sauveteur Inoffensivo

Seulette Inoffensivo

Le sous-marin le vengeur Inoffensivo

Le trésor de Madeleine Inoffensivo

Loin des yeux, près du Coeur Inoffensivo

La lande aux loups Inoffensivo

Les deux tigresses Para jovens Mademoiselle Pompon Para jovens A filha do sol Merece ser recommendado, a unica inconveniencia é que na capa esta annunciando obras pessimas

V. Mag Le chateau de pontinés Todos podem ler

J. Magherini –Graziani Le diable Inoffensivo

Achille Magnier L´honneur des Aubert Todos podem ler Alfred Mahon Veilleés de touraine Para todos Eugène Mahon de Histoires émouvantes Todos podem ler Monaghan Louis Maigue La source du bonheur Todos podem ler G. Mailhard de la Couture Les sept cornes de la bête Para todos 373

Louis Mainard Le capitaine des sans-souci Inoffensivo

Une cousine d´amérique Inoffensivo

Droit au but Inoffensivo

L´heritage de Marie-noël Inoffensivo

Les millions du petit jean Inoffensivo

Georges –René- Maurice Les chasseurs d´oiseaux de paradis Pode ser lido Maindron Un enlèvement sous Louis XIII Inoffensivo

La fortune de balsandras Inoffensivo

Jeanne Mairet L´enfant de la lune Pode ser confiado a todas as mãos Crime Inutile Pode ser confiado a todas as mãos Xavier Maistre Prascovia Para todos

Viagem Á roda do meu quarto Pode ler-se ainda que tenha alguma coisa inconveniente Lady M. Majendie Sur lapiste Bom C. Malcolm Hinks De tankerton auto´s Moral

Mlle Georges Maldagne La prisonnière du mahdi Inoffensivo

Lucas Malet The far horizon Leiam De Malleray Preux d´armor Podem ler Hector- Henri Malot Em famille Inoffensivo

Le mari de charlotte Inoffensivo

La marquise de lucillière Inoffensivo

La petite scoeur Inoffensivo

Romain kalbris Inoffensivo

Sem familia Obteve grande sucesso e pode ser lido por todo mundo

Dr. Malpertus Hoofd em kop Bom Céline Malraison de Rulins Les deux patries de Christine Todo mundo pode ler

Les dunes de brisck-gale Todo mundo pode ler

Nelly des alouettes Todo mundo pode ler

La politique et le coeur Todo mundo pode ler

Ernest Maltravers Une rançon Para todos Jean Manayre Em désir Bom Mme. Adélaïde V. A. Les vraies amies Para todos, também jovens 374

Manceau Claude Mancey Intellectualles! Todos podem ler

Par dessus lês vieux murs Todos podem ler

Sources perfides Todos podem ler

Vieilles filles Todos podem ler

Grazia Pierantoni Mancini De ma fenêtre Para todos

Mary E. Mann The cedar star Bom

Er was eens´n prins Bom

Charles T. Manners Dem grabe erblüht Inoffensivo

Richard Manoir Lafaute de soeur pétronille Para todos

Le Moulin du grand-bé Para todos Jean Manonviller Souvenirs d´un petit villageois lorrain Todos podem ler Jessie Mansergh Een iersch kasteel eb zizn bewoners Para todos U Z Manteuffel Lora Inoffensivo Conde Alessandro Manzoni Os noivos Todo homem instruido deve conhecer Ernestine Mara Lina Dale Para todos A Marby Hanka Todos podem ler A Marc Lucien de seillan Inoffensivo Etienne Marcel L´hetman Maxime Foi coroado pela academia

F. Marchel Contes a mes élèves Leiam M. Marchand Les fils des larmes Podem as jovens Lord Marcus Le crime de la justice Bom La fille du maudit Bom La libre pensée, c´est la crime Bom

Eline Mare Cleemke´s fortuintje Inoffensivo

Georgers Maréschal de Le coeur s´éveille Leiam Bièvre Destinée d´amour Leiam

Reine –by ciclette Leiam

Emilio de Marchi Arabella Leiam

Il cappello del prete Leiam

Colfuoco non si scherza Leiam

L´accusateur imprévu Leiam

Hendrik de Marez De gouden vlinder Podem ler 375

Joseph de Margal Un souvenir de la terreur Inoffensivo

En pleine vie Inoffensivo

Amédée de Margerie Vingt chapitres de l´histoire d´un sabotier Inoffensivo

J. P. de Marguerie Agathe et gustave Não há nenhum mal em ler

Raymond et marianne Não há nenhum mal em ler

Paul e Victor Margueritte Femmes nouvelles Inoffensivo

Le jardin du roi Inoffensivo

Renée de Margueron Évolution Pode ser lido

Carla Maria Un Royal aventurier dans l´asie central Para todos

Andre du Mesnil Maricourt L´oncle praline Inoffensivo

Le trésor de m. d´esclignac Inoffensivo

Angélique et florentin Inoffensivo

Anne Maie Les cathelineau Boa leitura

La famille cazotte Boa leitura

Les soeurs des anges Boa leitura

Mme Marie Angelique Une Maison de correction em 1868 Todos podem ler

La Marguerite de San Miniato Todos podem ler

Les soirées du Père Laurent Todos podem ler

Michel Ange Marin Adelaide de Witsbury Leiam

E. Marlitt Thüringer erzählungen Inoffensivo para adultos instruidos

Barbe bleue Inoffensivo para adultos instruidos

Chez le conseiller Inoffensivo para adultos instruidos

La dame aux pierreries Inoffensivo para adultos instruidos

Élisabeth aux cheveux d´or Inoffensivo para adultos instruidos

Gisèle Inoffensivo para adultos instruidos

La Maison des hibous Inoffensivo para adultos instruidos

La Maison schilling Inoffensivo para adultos instruidos 376

La seconde femme Inoffensivo para adultos instruidos

Le secret de la vieille demoiselle Inoffensivo para adultos instruidos

La servante du régisseur Inoffensivo para adultos instruidos

A princezinha de charneca Pode ler-se, não tem grandes inconvenientes, mas também não tem valor moral

J M Xavier Marmier Gazida Inoffensivo

Les hasards de la vie Inoffensivo

Les perce-neiges Inoffensivo

Le Roman d´um héritier Inoffensivo

Les fiancés du spitzberg Inoffensivo

Trois jours de la vie d´une reine Para crianças

L´arbre de Noël Para crianças

A la ville e a la campagne Todos podem ler

Les ames em peine Todos podem ler

Au sud et au nord Todos podem ler

L´avare et son trésor, en Alsace Todos podem ler

Contes populaires de different pays Todos podem ler

Diverses curiosités Todos podem ler

Les drames intimes Todos podem ler

En franche-comté Todos podem ler

En pays lointains Todos podem ler

Hélène et Suzanne Todos podem ler

Histoire d´un pauvre musicien Todos podem ler

Histories allemandes et scandinaves Todos podem ler

Légendes des plantes et des animaux Todos podem ler

Les memoires d´um orphelin Todos podem ler

Nouvelles danoises Todos podem ler 377

Nouvelles du nord Todos podem ler

Les quatre ages Todos podem ler

Recits américains Todos podem ler

Sous les sapins Todos podem ler

Jean François Marmontel Os incas ou destruição do Imperio do Peru Inoffensivo mas não vimos em portuguez

Lorenzo Marroquin Pax Bom, embora alguma vez mostre uma moral rigorosa e outras um tanto larga

Paul Marrot Le mariage de Suzanne Bom

Florence Marryat The beautiful soul Bom

Frederick Marryat Gerald estcourt Inoffensivo

My own child Inoffensivo

Un combat contre une ombre Inoffensivo

Deux amours Inoffensivo

Camille Mars Pas jolie Para todos

Henri Marsac Renée Inoffensivo

Jean Madelaine Marsac Les écumeurs Todos podem ler

Mrs Emma marschal The Young Queen of hearts Inoffensivo

Dans la cite des fleurs Inoffensivo

La maitresse de piano Inoffensivo

Jean – Jacques des Martels Les fantaisies de la charité Podem ler

Jules de Marthold Histoire d´un bonnet a poil Moral

A Martigné La duchesse claude Moral

Fille d´Israel Moral

Rodolphe – Emile Martin Berlin- Bagdad Todos podem ler

Victor H Martin Le chemin de la Vera Cruz Interessante e recommendavel 378

Miss Harriet Martineau The hour and the man Para todos

Le fiord Para todos

Les lutins norvégiens Para todos

Martineau des Chesnez Le donet des bouqueteaux Para todos

Les allumettes d l´oncle Grandésir Podem brindar a petizada

Le grande Aulnaie Podem brindar a petizada

La marquise Satin-Vert et sa femme de Podem brindar a petizada chamber Rosette

Roses et rubans Podem brindar a petizada Les trouvailles de M. Montvert Podem brindar a petizada

Francisco Martinez de la Doña Isabel de Solis Pode ser lida por adultos Rosa Mary Amours et larmes Todos podem ler

Adolphe Mary Deux voies Não há perigo em ler

Eugénie de revel Não há perigo em ler

Immolation Não há perigo em ler

Julie de noiron Não há perigo em ler

Pauvre Jacques! Não há perigo em ler

M. Maryan A expiação Pode ler o romance quem gostar de semelhantes phantasias, embora o fundo não seja louvavel

John Masefield Jim Davis Bom

Alfred Edward Woodley The broken Road Boa leitura Mason Clementina Boa leitura

The four feathers Boa leitura

Laurence clavering Boa leitura

Miranda of the balcony Boa leitura

Parson Kelly Boa leitura

At the Villa rosa Boa leitura 379

Miss Mason Catherine geary Para todos

Myriam Cornelio Massa La chanoisse d´Ambremont Pode-se ler

Gémeas Todos devem ler, enredo filha caprichosa e desrespeitosa

Le comtesse de Massacré La métairie de lãs ramadas Inoffensivo

Justin Massé Les deux réves Todos podem ler

Jacques Massiges Fors l´honneur! Podem ler

Michel Masson Le dévouement Todos podem ler

Les lectures em famille Todos podem ler

Paul Masson Forestier Remords d´avocat Inoffensivo

Paul de Masvergne Um épisode au bagne Podem ler

Helen Mathers Cherry Ripa! Todos podem ler

Cinders Todos podem ler

The fashion of this world Todos podem ler

Sam´s sweetheart Todos podem ler

José Maria Matheu La hermanita Comino Recommendavel

Frank Mathew At the rising of the moon Inoffensivo Jean Mathos Consciences a vendre Para todos

La fin d´un rève Para todos V H de Matigny Histoires et souvenirs Decente Stella ou le manoir de tréméheuc Decente C. Matthias Met Volle zeilen Bom Charles Emile Matthis Les deux Gaspards Jovens podem ler Marie Louise Mattioli Les fidèles Para todos Joseph Maurain L´élu du peuple Bom

Franz Mauthner Histoire du pauvre petit franichko Para todos L´archet d´or Para todos Frèdéric Mauzens L´académicien cambriolé Podem ler

Le chien de garde Podem ler

Le coffre-fort vivant Podem ler

F. Marvil Le Tresor Bom 380

L. Mavil Giboulées Leiam

Karl May Mater Dolorosa Bom

Umm ed dschamahl Bom

Caravane de la mort Inoffensivo

L´empire du dragon Inoffensivo

Le fils du chasseur d´ours Inoffensivo

Une maison mystérieuse a stamboul Inoffensivo

Les pirates de la mer rouge Inoffensivo

Le roi des requins Inoffensivo

La vengeance du farmer Inoffensivo

Une visite au pays du diable Inoffensivo

Durch die wüste Altamente interessante, honesto

Durchs wilde Kurdistan Altamente interessante, honesto

Von bagdad nach stambul Altamente interessante, honesto

In den schluchten des balkan Altamente interessante, honesto

Durch das land der skupetaren Altamente interessante, honesto

Der schut Altamente interessante, honesto

Orangen und datteln Altamente interessante, honesto

Im land des mahdi 3 vol Altamente interessante, honesto

Winnetou 4 vol Altamente interessante, honesto

Satan und ischariot 3 vol Altamente interessante, honesto

Old surehand 3 vol Altamente interessante, honesto

Weihnacht Altamente interessante, honesto

Am stillen ozean Altamente interessante, honesto

Auf fremden pfaden Altamente interessante, honesto

An rio de la plata Altamente interessante, honesto

In den kordilleren Altamente interessante, honesto 381

Am jenseits Altamente interessante, honesto

Im reiche des silbernen löwen 4 vol Altamente interessante, honesto

Und friede audf erden Altamente interessante, honesto

Ardistan und dschinistan Altamente interessante, honesto

Noël Mayeul Le lieutenant vandeins Bom Maynard de Queilhe Outremer Podem ler Charlotte Mayval Petite Caporale Excellente para crianças Jules Mazé L´année terrible Interessante e moral

Les amants de Byzance e outros São muito apaixonados (Não diz sei se indica ou não)

L. T. Meada Colonel Tracy´s wife Todos podem ler

Loveday Todos podem ler

That brillant peggy Todos podem ler

The wooing of monica Todos podem ler

Le secret du docteur Todos podem ler

F. Meaulle Et moi aussi, je suis peintre! Todos podem ler

Fernand Médine Moeurs militaires Inofensivo

Mehier de mathuisieux Récits exotiques Todos podem ler

Victor Meijere Langs den stroom Leiam

De roode schavak Leiam

Georges Meirs O automovel vermelho Não é immoral, são scenas de processos criminaes adultos poderão ler.

Friedrich Meister In´t vaarwater van den zeeroover Bom

Achille Melandri Bistouri Para todos

Le capitaine henriot Para todos

La fille du braaconnier Para todos 382

Melati von Jawa Voor God em koning Leiam

De familie van den residente Leiam

De ringder grootvorstin Leiam

La renzoni Leiam

Rosa Marina Leiam

Colibri Leiam

Ménabréa Le muletier et son mulet Para todos

Theophile Ménard Le baron des adrets Podem ler

Ferréol Podem ler

Louis de la trémville Podem ler

L´héritage du comte de Marcelly Para jovens

Mon oncle André Para jovens

Solange de Châteaubrun Para jovens

Maria Mendonza de Vives El alma de uma madre Inoffensivo

Les lingots d´argent Inoffensivo G. Mensch Auf hoher see Todos podem ler

Mgr. J H E Menten De plasmolen in het Lissedal Leiam

De vlock Gods Leiam

De weg tem afgrond Leiam

Door kruis tot lic ht Leiam

Mij is de wrake Leiam

A Mercator Uit de koopmanswerwld Para todos

Gaston Mercier Jean guilbert Bom

Jérôme Mercier Campanella Os jovens podem ler Louis Mercier Hélène sorbiers Boa leitura

Leonard Merrick La fille de lynch Todos podem ler

Henri Seton Merriman Barlash of the guard Para todos

The sowers Para todos 383

Joseph Méry Un amour dans l´avenir Inoffensivo

Maria Inoffensivo

Le gladiateur Inoffensivo

La punition Inoffensivo

A corte de amor Interessante, não me parece offerecer inconveniente

Le comte H. du Mesnil Jeanne Herbelin Todos podem ler

Parfums du grand monde Todos podem ler

Le vicaire de saint-martin-les bois Todos podem ler Mme Gustave Mesuréur Les chataignes Para todos

Histoire d´un enfant de Paris Para todos

Voyage a la mer Para todos

Le petit mousse Para todos

W J Metz Hoe kees zeeman werd Para todos

De pleegkinderen Para todos 384

Ernestine Meunier Branche maudite Todos podem ler

Un coup de t~ete Todos podem ler

La famille de l´amiral Todos podem ler

Front d´avoire Todos podem ler

Les idées de la douaireère Todos podem ler

Les idées de tante vieillotte Todos podem ler

Les kéronaz Todos podem ler

Un marriage original Todos podem ler

Todos podem ler L´oasis juvenilla

Todos podem ler La pupille de goiliath et de brahma Todos podem ler Quelle est l´héritière? Todos podem ler Le secret du Bonheur Todos podem ler Tante michette

Meurz -hault La poupée Para todos J. Meyer Holland sche kommiezen en smokkelaers Para todos Konrad Ferdinand Meyer Derheilige Inoffensivo

Die hochzeit des mönchs Inoffensivo

Jürg jenatsch Inoffensivo

Louise Meyer von Ein sturm auf dem vierwaldstätter Bom Schauensee Nicolas Meyra Le fakir Para todos

Jean Middlemass Blanche coningham´s surrender Bom

Mijra Uit het land der jeugd Bom

Kalman de Mikszath Le parapluie de st. pierre Podem ler

La comtesse de Mila Plus heureux qu´un roi Brindou o mundo avido de com as narrativas moraes

Linda Brindou o mundo avido de com as narrativas moraes

Guido Milanesi Bain Turc Inoffensivo 385

A. Miles Une famille de polytechniciens Para todos

Pierre Mille Bernavo general Inoffensivo

Richard Millecam Réus finhard em liederik van buk Para todos

Elise Miller Bergfahrten Bom

Die talmühle Bom

Der zauber seiner geige Bom

Esther Miller A prophet of the real Inoffensivo

Alphonse de Milly Causeries du soir Lerão com grande proveito

Les matinées de la Gravioère Lerão com grande proveito

Paul Mimande Les chemins tortueux Todos podem ler

Joseph Minnaert Werkelijkheid em ideal Bom

Hugo Mioni Nos montes rochosos Para todos

Marie de G. Mirabeau L´éte de la saint-martin Inoffensivo

Hélène de gardannes Inoffensivo

Veillées normandes Inoffensivo

Maria Mirbach Marianne Meister Pseudonymo

Tout petit Leiam

Miriam Grande amie Moraes II faut le croire Moraes

L G. Moberly Hope my wife Para todos

A very doubtful experiment Para todos

Ferdinand Moine Martyr Leiam

Mary – Louisa Molesworth Les aventures de monsieur Baby Jovens podem ler

The cuckoo clock Jovens podem ler

J de Molliens Neige fatale Inoffensiva

E Molt Schooljongens ief en leed Para todos 386

Mme Julie Monceau Gros pierre Bom

Mon petit frére Bom

Henri Monet Les héros de médine Bom

La sibérienne Bom

Labbé Theophile Mongis A travers genêts et bruyères Leiam

R. Monlaur O raio de luz Romance do tempo de Christo

Henri – Bonaventure L´ami du chateau Inoffensivo monnier Albert Monniot Coqs et corbeaux Podem ser lido por todos

Souvenirs d´un bleu Podem ser lido por todos

Le dernier preux Podem ser lido por todos

Victorine Monniot Anne pigard Para todos

La chambre de la grand´mère Para todos

Coralie Delmont et les jeunes filles Para todos incurables Delassement Para todos

Le jornal de mardelassement Para todos

Le jornal de marguérite Para todos

Une journée du petit Alfred Para todos

Mme. Erosély Para todos

Marguérite a vingtans Para todos

Les mémoires d´une mere Para todos

Nina l´incorrigible Para todos

La petite concierge Para todos

Les petites filles de MMe. Rosély Para todos

Raphaëla de mérans Para todos

Les semeuses de bon grain Para todos

Charles Monselet Les souliers de sterne Todos podem ler 387

Pol de Mont Dit zijn vlaamsche vertelsels Podem ler

Vier legenden Podem ler

Zoo vertellen de vlamingen Podem ler

Marie Montal A l´ombre de lourdes. Journal de Myriam Todos podem ler

L´idéal de germaine Todos podem ler

Le mari d´alice Todos podem ler

Jean de Montalac Epée bricée Leiam

A Montalant Phoebé Pode ser lido

Pierre Montan Contes du bivouac Para todos

Mme Louise Montanclos Clémence de lisville Bom

La sorcière de melton hill Bom

De Montbard Le Jeanne peintre d´enseignes Leiam

A de montbrilland Au loup! Moral Um coup de foudre John-john, la folie en action Moral Rose de valfleury Moral

Moral 388

ANEXO II - QUADRO DE LEITURA RESTRITA POR FREI SINZIG, ENTRE FINS DO SÉCULO XIX DO XX Autor Livro Comentário de Frei Pedro Sinzig

Abbé Trois Etoiles O Maldito Fogo com o livro – trapaceador O Monge Sem valor moral A Religiosa Condena a vida monástica Conde Paul d´Abbes Luxuria Não recomendado

Edmundo About Casamentos de Paris Imoral – os piores de About O Fellah Não convém leitura Germana Inconveniente Infame Infame Nariz D´um Tabellião Imoral Rei das Montanhas Chefe de bandidos Rochedo Velho Anticlerical Tolla Muito apaixonado O Turco Não recomendado Laura Saint Martin Termon Catharina II Inconveente – luxuosa Abrantes Hespanhola Destruidora de famílias Scenas da vida Hespanhola Amores nada digno

Claudino d´Abreu Na torrente Menos convenientes F. Abreu e F. Castros Nossa Senhora dos Gararapes Não conheceu P. Zeferino de Abreu Casos Reales Melhor seria desaparecer Josefa Acebedo de Gomez Angelina Desavença na família Valério Desavença na família Louis Amadeu Eugeniio La cape et l´épée Não recomendado Achard Lês coups d´epée de M. de la Guerche Não recomendado Entre Le bal et Le berceau Não recomendado Envers et contre tours Não recomendado Le livre a serrure Não recomendado La sabotière Não recomendado Belle rose Não recomendado Grande (um) da hespanha Não aconselhável Marcello Não aconselhável

Mauricio de treuil Não aconselhável

Sombra de Ludovico Não aconselhável

Tunica de nesso Não aconselhável

Vergonha que mata Não aconselhável

A vibora Não aconselhável

Paul Acker Almas Pequenas Pouco recommendavel Amante de Coração Não satisfaz exigências dos catholicos O Desejo de Viver Não ousa recomendá-lo 389

Edmond Mme Adam Contos d´uma camponeza Devem ser banidos Impressões francesas na Russia Devem ser banidos Minhas illusoes Minha terra Devem ser banidos Nos Alpes Devem ser banidos Nossos soffrimentos Devem ser banidos Romance de minha infância e primeira Devem ser banidos mocidade A Santa Russia Devem ser banidos

Devem ser banidos Paul Auguste Marie Adam Chair Molle Autor condenado a prisão e multa O Anno de Clarissa Devem ser proscriptos O Ardil Devem ser proscriptos A Batalha de Uhde Devem ser proscriptos As cartas de malaisie Devem ser proscriptos A companhia de Clarissa Devem ser proscriptos Corações Novos Devem ser proscriptos Essencia de sol Devem ser proscriptos A força Devem ser proscriptos A força do Mal Devem ser proscriptos A Gleba Devem ser proscriptos Historia de Bysancio Devem ser proscriptos Historia do Papado Devem ser proscriptos Juventude e Amores de Manuel Héricourt Devem ser proscriptos Os leões A parada amorosa Devem ser proscriptos A Serpente negra Devem ser proscriptos O Sol de Julho Devem ser proscriptos Stephania Devem ser proscriptos O tempo e a vida Devem ser proscriptos Tentativas apaixonadas Devem ser proscriptos Togas vermelhas Devem ser proscriptos O trust Devem ser proscriptos Devem ser proscriptos Fulgencio Afan de Rivera Virtud al uso y mística á La moda Não recomendado Julio Afranio Rosa Mystica Não recomendado, títudo máu grado Afranio Peixoto A esfinge Não recomendado, sem censura Jose Agostinho Brasil Não indicado paixão illicita Noemia Não indicado falta de virtude Padre Antonio Não indicado casamento por dinheiro O rei infame Não indicado hediondo realismo Tiradentes – O romance histórico Não indicado insulta crenças catholicas brasileiro Tragedia Maritima Não indicado, a discripção pormenorizada dos costumes dissolutos dos Portugues na índia, em tempos de peregrinação de Francisco Xavier Marie Agoult (Comtesse) Hervé Deve ser proscripto (baseia-se nas obras de Georges Sand)

Nélida Seriamente perigoso baseia-se nas obras de Georges Sand)

390

Valentia Maximas antichristians e contra a moral

Jean Aicard Le pavê dá mour Não indicado quadros sensuaes Mauvin dês Maures Não indicado quadros sensuaes O diamante preto Não indicado quadros sensuaes Dom Juan Não indicado quadros sensuaes Flor do Abysmo Não indicado quadros sensuaes O íbis azul Não indicado quadros sensuaes Nossa senhora do amor Não indicado quadros sensuaes Gustave Aimaré Os piratas das planicies Pouco interessante e muito inverosimil Pedro Antonio de Alarcon El niño de La Bola Ora prejudicial, ora gravemente El Sombrero de três picos perigoso La ultima calaverada Ora prejudicial, ora gravemente El abrazo de Vergara perigoso Sin un cuarto Ora prejudicial, ora gravemente La Alpujarra perigoso A Bella ideal Ora prejudicial, ora gravemente Commendadora perigoso O Coro de anjos Ora prejudicial, ora gravemente Escandaloso perigoso A prodiga Ora prejudicial, ora gravemente perigoso Inconveniente Deshonesto Desonesto É o que o título diz Não o leiam Leopoldo Alas Supercheria Diz que morreu abraçado ao crucifixo, mas seus livros continuam ruins como antes Cuervo Diz que morreu abraçado ao crucifixo, mas seus livros continuam ruins como antes Dona Berta Devem ser proscriptos A Regente Devem ser proscriptos Seu filho unico Devem ser proscriptos Antoine Albalat Um adulterio Immoral Sá de Albergaria Caricaturas a giz Não leiam Comedia de todos os dias Não o aconselhamos a ninguém Figuras Comicas Os filhos do Padre Anselmo Tem trechos que não devem ser lidos Anticlerical Irman Dorothea (3vol) Contra os jesuítas. Indigno Chabrol Alberich La peur de Dalila Autora de romances mundanos Le flambeau Autora de romances mundanos A carne de minha carne Leitura perigosa A casa das senhoras Divorcio 391

Medeiros e Albuquerque Em voz alta Leitura frívola e inconveniente Contos escolhidos Alguns intoleráveis Um homem pratico Crimes, suicídios Mãe Tapuia Pornografia e banalidade Mateo Aleman Atalaia da Vida Humana Scenas e descripções immoraes

Vida de Guzmán de Alfarache Scenas e descripções immoraes

Jose Martiniano de Alencar Alfarrabios Pontos picantes e livres O garatuja Pontos picantes e livres Cinco Minutos Não aconselha leitura, ousados A viuvinha Não aconselha leitura, ousados Encarnação Não recomendado, amores ardentes O gaúcho Romance, heróe sombrio O guarany Aberração humana, um frade Iracema Vedado principalmente aos jovens Luciola Immoral As minas de prata Romance nocivo A Pata de Gazella Provocante Senhoras Esposos separados Luis Alfonso Historias cortesanas Prega moral diferente do catholicismo Cuentos raros Prega moral diferente do catholicismo Pedro Alfonso Disciplina clerical Narrativas algumas boas outras bastante immoraes Filadelfo Alhoy *** geral Não se baseiam em princípios christãos Abilio de Almeida Contos Incompreensível Julia Lopes de Almeida Cruel Amor Não recomendado, assassinato Elles e Ellas Espirito frívolo e irreligioso A fallencia Romance mundano A intrusa Não aconselha a leitura A silveirinha Uma ofensa a sociedade e egreja A viúva Simões Não faltam inconveniências Manoel Antonio de Almeida Memorias de um sargento de milícias Rapaz extravagante contém inconveniências Ceu aberto É dedicado a crianças mas contém passagens menos convenientes Fé Diversas crenças diferentes, com exceção da linguagem poética não vale nada Terra bemdita Glorifica idéas maçonicas sem Cristo Contos sem cor Scenas equivocas e escandalosas 392

Garrett Almeida Dona Branca Anticlericais A sobrinha do Marquez Anticlericais Gil Vicente Páginas inconvenientes Viagens na minha terra Páginas inconvenientes

O arco de Sant´ Anna Nele descreve muito dissoluto os costumes do clero de Portugal Henri d´ Alméras *** geral Romances de caracter mundano Rafael Altamira *** geral Redactor de um jornal de má orientação Ignacio Manuel Altamirano Clemencia Scenas de guerra e paixão, pouco conveniente Maria Miguel Altaroche Aventuras de Victor Angerol Não recommendado

Contos democraticos Não recommendado Miguel de los Santos Alvarez Contos em prosa Não prestam Manoel Antonio Alvarez de Noite na taverna Será proscrito em absoluto Azevedo Constant Améro Contes émouvants Horrores e algum fatalismo, torna menos conveniente Candido Amezquita La mujer infiel Leitura perigosa aos jovens Edmundo de Amicis Coração A moral do livro não é a que poderá educar a infancia Francisco Gomes de Amorim Os selvagens Contem algumas liberdades Miguel Luis Amunategui Uma conspiracion em 1780 Idéas menos christans Marc Andiol Le paradis de l´homme Impõe reservas Leónide Andreieff O abysmo Immoral Ange Benigne L´orpheline Mais ou menos honesto Daphnis e Chloé Frivolo , inconveniente José Maria Angel Gaitan O doutor Temis Menos conveniente Claude Anet *** geral Não respeitam a moral christan René d´Anjou Amor intuitivo Excitante, não é leitura útil Gabriele d´Annunzio O crime Aventuras escandalosas, prohibido O filho da volúpia, 2 vol Aventuras escandalosas, prohibido O fogo Aventuras escandalosas, prohibido O intruso Aventuras escandalosas, prohibido O prazer Aventuras escandalosas, prohibido Talvez sim, talvez não Aventuras escandalosas, prohibido Terra virgem Aventuras escandalosas, prohibido As virgens Aventuras escandalosas, prohibido Dr. Antonio Memorias de um rato de hotel Não merecem recomendação, crimes, amores impuros Guillaume Apollinaire ***geral Obras inconvenientes Apuleyo O burro de oiro Immoral, as vezes cynico Dr. Graça Aranha Chanaan Irreligioso Dr. Junior Araripe Miss Kate Scenas Violentas Mme Henri Ardel Le faute d´autrui Perigoso Schwester Henriette Arendt *** geral Não convem para o publico em geral Jules Arène ***geral Não podem ser recomendados Paul Arène *** geral Só podem ser lidos com muita reserva Leonardo de Arezzo Guiscardo e Segismunda Scenas cruéis Antonio Argerich ***geral Extremo naturalismo, não pode ser 393

recommendado Paul Argys L´accessoire Não pode ser lido por todos Marie Aris Ambition et amour Algumas inconveniencias Erreur ey amour Algumas inconveniencias Victor Vicomte ***geral Sentimentos catholicos, mas não d´Arlincourtt deixam de ter senões Armand -Blanc ***geral Obras impõe reservas Emilie Arnal Marthe Brienz Não é para todos Antonin Arnaud A dama gatuna Não é aconselhado Mme Arthur Arnoud ***geral Não respeitam a moral christan Auguste et N. Fournier Aleixo Petrowitsch Tem páginas deshonestas Arnould Arnyvelde Le roi de Galade Não é para todos seu romance G. Pérez Arroyo Le coup de filet de l´épousée Não pode ser aconselhado a todos Art Roé L´héritage du Président Marceau Não deve ser lido Danielle d´Arthez *** geral Romances decentes, mas pouco christãos Michel Artzybacher ***geral Obras pouco Moraes Arvède Barine ***geral Passagens demasiadamente realistas Gabrielle d´Arvor Maxime Dufournel Páginas um tanto apaixonadas Alice et Claude Askew The premier´s daughter Não satisfaz plenamente seu romance Asquerino ***geral Livros devem ser proscriptos Machado de Assis Contos Fluminenses Embora alguns sejam inócuos, outros há que proscrevem o livro

Don Casmurro Não ousamos recomendar

Esaú e Jacob Romance bizarro

Historias sem data 18 contos porém alguns impedem que se recommende o livro

A mão e a luva Deus indefferente e frio

Memorial de Ayres Não é das mais interessantes mais interessantes mas é inoffensiva

Memorial de Braz Cubas Passagens inconvenientes

Memorias posthumas de Não pode ser recomendado Braz Cubas

Outras Reliquias Páginas inconvenientes e nocivas

Páginas recolhidas Não é livro para bibliothecas catholicas Papeis avulsos A moral deixa a desejar Quincas Borba Exhaustiva e não pode ser recommendada a todos Reliquias de casa velha Amores ilícitos, adultérios Várias historias 394

Nem todas são acceitaveis

Alfredo Assolant Um casamento no mosteiro Não presta

Marcomir Historia de um estudante, pouco conveniente Lino d´Assumpção Fim de século Autor inimigo da egreja, não podemos recommendar Frades e freiras Autor inimigo da egreja, não podemos recommendar Narrativas do Brasil Autor inimigo da egreja, não podemos recommendar As ultimas freiras Autor inimigo da egreja, não podemos recommendar Dr. Francisco Xavier Contos tradicionaes do Algarve Há falta de princípios de moral em Athahide de Oliveira muitos contos Gertrude Atherton Rezanov Não é leitura para todos Senator North Não é leitura para todos T. Agrippa d´Aubigne Aventuras do barão de Foeneste Anticlerical Octave Aubry *** geral Nada recomendável Marcel Aldibert ***geral Não devem ser lidas obras deste autor, por serem livres Camille Audigier L´Art et l´Amour Não é para todos seu romance Marguerite Audoux Marie -Claire Tem senões seu romance Mme Aurel *** geral Autora de romances livres Georges Auriol ***geral Autor de livros cheios de indecências L´Auteur ***geral Escreveu livros immoraes Gertrudiz Gomez di ***geral Não recommenda a leitura, muito Avellaneda apaixonados Paul Avenel ***geral Livros inconvenientes Avesnes ***geral Seus livros não são para todos H. Avrenil Une ombre sur l´eau Não pode ser lido por todos 395

Wenceslau Ayguals de Izko A justiça divina ou o filho da deshonra Não podemos recomendar, irreligioso e perigoso Maria, a filha de um jornaleiro Livro prohibido A marqueza de Bellaflor ou o menino engeitado Não podemos recomendar, irreligioso A victima d´ um frade (10 vol) e perigoso

Não podemos recommendar, irreligioso e perigoso Massimo Taparelli Marchese Nicolau dos Lappi Não pode ser recommendado d´Azeglio Aluisio Azevedo Casa de Pensão Immoral A condessa Vesper Inconveniente, deslavado por vezes Girandola de Amores Impudico, leitura desenxabida A mortalha de Alzira Perniciosa Demonios (contos) Alguns são detestáveis O cortiço Immundíssimo O coruja Rejeitem-no por inconveniente O homem É inacceitável, offende a moral O livro duma Sogra Inconveniente, torpe O mulato O que se pode conceber de mais pornographico Pégádas Rejeitem-no Uma lagrima de mulher Inconveniente, passagens immoraes Arthur Azevedo Contos ephemeros A maior parte deles não serve Contos fóra da moda Lastimamos no interesse da moralidade publica Contos possíveis São poucos os contos que não descem a lama do adultério ou do bordel Dr. Cyro de Azevedo Alma Dorida Impõe reserva Hippolyte Babou *** geral Não respeitam a moral christan Ferdinand Bac Le voyage romantique chez Louis II, roi Não deve ser lido de Bavière Alfredo Baccelli Ah! Quel bonheur d´avoir des filles! Não pode ser lido por todos Henri Bachelin Pas comme lês autres Nocivo Margaret Baillie -Saunders Saints in society Não pode ser lido por todos F. W. Bain Een schoone vrouw Tem alguns perigos Victor Balaguer Contos de minha terra Tem seus senões As legendas de Monserrat Tem algumas poucas páginas O ultimo trovador perigosas Tem uma passagem inconveniente Jean Balde Les ébauches Não é de todo inoffensivo Henri Balesta Servante Tem algum perigo W. Balestier Le naulahka Não é inoffensivo Léo Balet Roeping Não pode ser lido por todos Mme. Berthe Balley Les parvenus Embora não gravemente nocivo, não é para todos Jacques Ballieu *** geral Romances immoraes Honoré de Balzac Beatriz Perigoso Bertha, a arrependida Inconveniente Os camponezes Menos máu 396

A casa de Nucingen Não deve ser lido Cezar Biroteau Menos inconveniente do que os outros Começo de vida Perigoso Um conchego de solteirão Egualmente perigoso O coronel Chabert Amores Impuros A duqueza de Langeais Desonesto Emilio de Fontaine Para proscrever-se Esplendor e misérias das cortezans Muito desonesto Estudo de mulher Inconveniente Eugenia Grandet Precisa de cortes e transformações para poder ser tolerado O Excommungado Não dever ser lido Uma filha de Eva Não serve Historia dos Treze Licencioso Honorina Deshonesto A grande Bretéche Narrativas immoraes Illusões perdidas De cahida em cahida passa por todas as capitulações da consciencia João Luiz Perigoso O israelita Perigoso La vendetta Perigoso, seg o padre Bathléem pode ser lido por pessoas ajuizadas O mystico Má leitura O lyrio do Valle Amores impuros de mistura com instinctos brutaes A menina dos olhos d´oiro Analyse de uma dessas depravações em que se compraz a linceciosa imaginação de Balzac (p. Guevara) Missa da athéa Inconveniente Modeste Mignon Inconveniente A mulher abandonada Contém immoralidades Mulher de trinta annos Impuro A mulher virtuosa Deshonesto A musa do Departamento Adultério, não é leitura honesta Novos contos philosophicos Indecentes Uma paixão no deserto Não presta A physiologia do casamento Deshonesto A prima Bette e o primo Pons Perigoso Sarrasine Deshonesto Os soldados do império Immoral O tio Gonot Enredo deshonesto Ultima encarnação de Vautrin Quadros repugnantes e vergonhosos Ursula de Mironet Menos máu embora não satisfaça O verdugo Cruel, elogia o suicídio O vigário de Ardennes Baixo O vigário de Tours Para proscrever-se Julio Bañados Espinosa ***geral Se mostrou um tanto anticlerical Hermann Joachim Bang Een ondergaand geslacht Não é de todo inoffensivo John Banim Father Connell Offerece algum perigo Theodore de Banville A lanterna mágica Não ousamos recommendar Augustin Bar Au soleil de l´amour Um tanto perigoso Jean de Brancy Pour Suzanne Tem algum perigo Toujours aimée Tem algum perigo 397

Bernard Barbery Le fils unique Sem valor literário nem moral Henri Baraude Fatale méprise Tem algum perigo Gisèle et Guillemette Tem algum perigo Alfred Baraudon Enracinés Não é de todo inoffensivo Luiz Carlos Barbara Luisita Scena um tanto sensual Magdalena Lorin Não ousamos recommendar Jules Barbey d´Aurevilly Le Chevalier des Touches Tem uma página indecente Le prêtre Marie Embora melhor que seu título, não é recommendavel Les diaboliques Perigoso Ulisses Barbieri ***geral Escreveu obras que não podem ser recommendadas John Barclay ***geral Um dos seus escriptos políticos esta no índice, outros contêm desonestidades Angela Barco Feminina Novella não pode ser recommendada Henry Bargy France d´exil Tem alguns perigos Pierre de Barneville Le sabot de Vénus Não é bom Une crise nouvelle Não é bom Pio Baroja ***geral Apesar do prenome escreveu romances bastante impios Léon Barracand Le bonheur au village São honestos, embora mundanos Robert São honestos, embora mundanos A adoração Novellas das quais uma muito ímpia A bela sra. Lenain Não o leiam O manuscripto da sra. Planard Situações arriscadas, não recommendamos O manuscripto do Tenente Menos conveniente Um monstro Enredo arriscado, inconveniente O romance nupcial Proscrevam- n´o Traições Não inspirará bem A viscondessa Muito apaixonado Vicente Barrantes ***geral Seus contos em prosa nem sempre satisfazem as justas exigências do Catholicismo Barraute du Plessis ***geral Enumerado pelo P. Bethléem entre os autores de livros perigosos Maurice Barrère Sous l´oeil des barbares É bem perigosa a leitura Maurice Barrès O homem livre Melhor não le-lo O jardim de Berenice Perigoso Um voluptuoso Proscrevam-no Frank Barret Le mystère du Grand Hesper Impõe alguma reserve Un mari complaisant Impõe alguma reserve Paulo Barreto Era uma vez São 18 contos, o conto Pelo céu e pelo inferno é derespeitoso e prejudica o livro todo Marcel Barrière La dernière épopée Tem algumas inconveniencias A. J. Barrowcliffe Normanton Não é de todo inoffensivo Alice de Bary Les voix de la Montagne Não é para todos Serge Basset Une aventure de Frédéric Lemaître Não é de todo inoffensivo Luiz Amadeu de Bast Uma amante de Carlos II Não o leiam Jean François Bastide ***geral Tem trabalhos nada recommendaveis Fernando Basurto Dom Florindo Leitura perigosa 398

Marcel Batilliat La vendée aux gennèts Não é inoffensivo, não merece A liberdade confiança Deve ser proscripto José Batres Y Montufar Tradições de Guatemala Deve ser proscripto Carlos de Battle Frei Gabriel Não satisfaz exigências da religião, não convem lel-o Sophus Bauditz Chinoiserie Não é de todo bom o romance La baronne Baulny ***geral Seus livros não são inoffensivos Georges Bayard Vainqueurs et vaincus du métier militaire Não é inoffensivo Michel Bazan Le double visage Impõe algumas reservas Guillaume Marie Georges Os amorosos Proscrevam-n´o Beaume Cynicos Não deve ser lido Nos jardins Não é inoffensivo O peccado Não convem ler Os quissera Prejudicial O senhor deputado Inconveniente Gustave Beaumont de la Maria ou a escravidão nos Estados Unidos Scenas excitantes Bonnière Beaumont Vassy L´amour diplomate Não é inteiramente inoffensivo André Beaunier La fille de Polichinelle Escabroso Les Dupont Leterrier Não é inoffensivo Picrate et Siméon Não é inoffensivo Les trois Legrand Não é inoffensivo Gérard de Beauregard L´amides mauvais jours Tem inconveniencias Roger de Beauvoir ***geral Narrativas pouco decentes Giulio Bechi La bonne amie d´Antonien Sotgin Tem senões e perigos William Becqford Vathek Tem certos senões Gustavo Adolfo Becquer Leyendas Tem certos senões Joseph Bédier Le roman de Tristan et Iseut Não é de todo inoffensivo Emilio Gigault de la ***geral Redactor d´ um periódico nada bom, Bedollière suas obras não inspiram confiança Henriette Beerstecher Schuldig Tem senões Nicolaas Beets Camara obscura Páginas inconvenientes Die familie Kegge Páginas inconvenientes Edvar Bellamy Em el año 2000 Não recommendamos André Bellesort Reine - Coeur Tem suas inconveniencias Le marquis Auguste de Les toqués Tem inconveniencias Belloy Adolphe Belot Erneste Baroche Approva o duello Adelina Patti Toleravel, mas não positivamente bom L´incendie de vienne Toleravel, mas não positivamente bom O artigo Deve ser proscripto, immoral O cárcere de Clairmont Deve ser proscripto, immoral A cortezã Deve ser proscripto, immoral Depois da Carta Deve ser proscripto, immoral

O drama da rua da Paz Deve ser proscripto, immoral

As fugitivas de Vienna Deve ser proscripto, immoral

Lelit Deve ser proscripto, immoral 399

Louca de amor Deve ser proscripto, immoral

Mãe e Filha Deve ser proscripto, immoral

O Matricida Deve ser proscripto, immoral

A mulher de fogo Deve ser proscripto, immoral

A mulher de gelo Deve ser proscripto, immoral

O Parricida Deve ser proscripto, immoral

Lubin e Dacolard Deve ser proscripto, immoral

Rainha de formosura Deve ser proscripto, immoral

O rei dos gregos Deve ser proscripto, immoral

A Roleta Deve ser proscripto, immoral

O segredo terrível Deve ser proscripto, immoral

A senhorita Girand, minha mulher Deve ser proscripto, immoral

Sua majestade o amor Deve ser proscripto, immoral

Sultana a parisiense Deve ser proscripto, immoral

Antonio Beltramelli Maréja Tem inconveniencias Henri Belzac Histoire de l´autre monde: le crime du Tem páginas inconvenientes fantôme Julien Benda *** geral Autor de livros perigosos Juliette Bénière *** geral Suas obras não podem ser recommendadas Arnold Enoch Bennet Clayhanger Tem inconveniencias The statue Tem inconveniencias Edward Frederic Benson Juggernault Alguns perigos The angel of pain Alguns perigos The Challoners Alguns perigos Thérèse Bentzon Constance Tem senões Au-dessus de l´abìme É particulamente perigoso Antonine Nicolas Beraud A dama das Camelias Deve ser proscripto Henning Berger Un cadeau de Noël Não é todo inoffensivo Lya Berger Sur l´aile des moulins Não convem a todos Emile Bergerat ***geral Suas obras não respeitam a moral christan J. Gaston Bergeret Nicole à Marie Não é de todo inoffensivo Charles de Berkeley Le Journal de Mlle. de Sommers Tem senões Alphonse de Bernard ***geral Seus livros não são para todos Paul Bernard ***geral Seus romances tem páginas perigosas Pierre Marie Charles de Uma aventura do magistrado Obra deshonesta Bernard As azas de Icaro Escandalos da vida conjugal Gerfaut Inconveniente O Nó gordio Não é absolutamente recommendavel 400

A Pelle de Leão Não ousamos recommendal-o Pierre Bernard *** geral Redigiu um mu periódico, não é recommendavel Valère Bernard Les nains Tem inconveniencias Arthur Bernède ***geral Anticlerical e obsceno

Julien Berr de Turique Suzanne et son père Não é inteiramente inoffensivo Vittorio Bersezir Nowvelles piémontaises Tem inconveniencias Jean Bertheroy As virgens de Syracusa 2 vol Muito apaixonado e perigoso Frédéric Berthold *** geral Brutalmente realista, immoral Paul Bertnay A Fortuna do defunto, 2 vol Não pode ser recommendado Louis Bertrand ***geral Autor de romances mundanos que deverão ser lidos só por adultos e com alguma reserva Hugo Bertsch Frère et sceur Não é inoffensiva Éric Besnard Héra Tem inconveniencias Franz Adam Beyerlein Der Zapfenstreich Não recommendamos Henriette Bezançon Bas-bleu Um tanto perigoso Des maris Um tanto perigoso Henry Bidou Marie de Sainte-Heureux Não recommendamos Démètrios Bikélas L´enragé Algumas inconveniencias La souer laide Algumas inconveniencias E. Louis Billardon de ***geral Páginas perigosas Sauvigny A. Billot Le roman d´um petit bourgeois Um tanto perigoso O. Bilse ***geral Não recommendamos Binet- Valmer ***geral Não leiam, livros deshonestos Gaorge Birmingham The northern iron Tem algum perigo W. H. Bishops Choy - Suzanne Páginas inconvenientes Björnstjerne Björnson Almas a soffrer Não ousamos commendar Arne Não ousamos commendar O caminho da felicidade Não ousamos commendar O enigma Não ousamos commendar A filha do pescador Não ousamos commendar Içam a bandeira Não ousamos commendar Nos caminhos de Deus Não ousamos commendar Os Reflexos do espelho Não ousamos commendar Richard Roddridge Mary Amerley Não é todo bom Blackmore J. Blain Amor de Miss Inconveniente Jean Blaize Saison divine Não é para recommendar-se Blanco Fombona Démocratie créole Não recommendamos Stella Blandy Benedicte Tem algum perigo La dette Zééna Tem algum perigo Les indiscretions du prince Svanine Tem algum perigo

Albert Blanquet ***geral Livros immoraes Eusebio Blasco Uma senhora compromettida Escandaloso e atrevido 401

Vicente Blasco Ibañez A Cortezã de Sagunto Não pode ser aconselhada a leitura, anticlerical e deshonesto Flor de maio Não pode ser aconselhada a leitura, anticlerical e desonesto A Cathedral Obsceno, anticlerical, atheu e anarchista, perigosíssimo Contos Valencianos Demasiadamente livres Emile Blavet *** geral Autor de livros ruins Aimée Blech ***geral Devem ser proscriptos Pierre Blessebois O livro de Angela Deshonesto Blessington Memoirs of a ‘ emme de cambre’ Tem algum perigo Alberto Blest Gana L´idéal d´um mauvais sujet O. P. Guevra não o recommenda. Porém é inoffensivo Guillermo Blest Gana ***geral O padre Guevara chama-o de demasiadamente sentimental e defensor acalorado de princípios perigosos Padre Zacarias M. Blondel Eloys e Morlocks Um mconto do futuro, taxado, pelo Jesuíta P. Guevara, de perigoso por diversas passagens Léon Bloy ***geral Seus livros em geral não são recommendaveis Giovanni Boccaccio Decamerone (obra de 10 dias) Coleção de Muitas são em alto grau obscenas 100 novellas Alfred Bock Le Napoléon Não é todo bom o romance Simone Bodève La petite Lotte Muito perigoso Suzanne Bodève ***geral Nada recommendavel Carlos Bodin O monstruoso E´ quase o que a leitura diz, não é conveniente Helene Boehlau Die Ratsmädel gehen einen Spuk zu Leibe Merece reservas Margrete Boehme Eene verloren ziel Perigoso François Boeuf Le coeur nu É um pouco nu de mais Jules Bois O amor doce e cruel Sensual, perigoso A boneca eterna Muito inconveniente A mulher inqueita Não é bom e moral Uma nova dor Não o leiam A nova Eva Deve ser proscripto

Visões da India Contem paginas quase christans, mas vem ellas ao lado de outras cruas e perigosas Fortuné Abraham du Amor e crime 2 vol Excitante, não pode ser recommendado Boisgobey François le Metel de ***geral Não é recomendável em suas novellas Boisrobert Paul Boiteau ***geral O P. Guevara não o recommenda Johan Bojer La puissance de mensonge Não são recommendaveis Sous le ciel vide Não são recommendaveis Luis Bonafoux Contrastes Mais ou menos inoffensivo François de Bondy ***geral Não leiam, obras deshonestas Florene Bone De roos van York Um tanto perigosa Paul Bonhomme Prisma de amor Não pode ser recommendado Silvain Bonmariage ***geral Suas obras só podem perverter 402

Georges Ronnamour *** geral Autor de livros immoraes Abel Bonnard La vie et l´amour Perigoso Alexandre Bonnel *** geral Cuidado com ele faltou moral Paul Bonnetain *** geral Livros indecentes Robert de Bonnières *** geral Caustico e sensual não leiam Henry Bordeaux La croisée des chemins Perigoso de acordo com a Bibliothèque Choisée Le yeux qui s´ouvrent Perigoso de acordo com a Bibliothèque Choisée Charles de Bordeau Pages de la vie Tem inconveniencias Henri Borel Het jongetje Muito perigoso Jean Bosc ***geral Prosprevam seus livros Anna Louisa Gertruida ***geral Seus livros não são para todas as mãos Bosboom Toussaint Paul Bosq L´inutile victoire Possui senões Amélie Bosquet *** geral Seus livros não prestam Abel Botelho O Abbade Faria Seus livros exploram por vezes o sensualismo e escandalo. O amanhã Materialismo e amores baratos Barão de lavos Immoral, abjecto Ceará alheia Não ousamos aconselhar Esparsas Cuidado Fatal dilema Não o aconselhamos Idyllio triste Não o recommendamos Os lazaros Escandalos da vida conjugal, immoral O livro de Alda Revoltante, immoral Mulheres da Beira Sensual Prospero fortuna Inconveniencias imperdoáveis Sem remedio Immoral Simon Boubée Le violon fantôme Muito inconveniente Mme. Pierre de Bouchand L´impossible Muito perigoso Ferdinando Bouché Les Mourlons Não aconselhamos Guilaume Bouchet *** geral Escreveu sem respeitar a moral Jean Bouchor L´ironie sentimentale Perigoso Alfred Boguy L´étiquette Não é dos livros inoffensivos Louis Boulé Ceux de chez nous Não deve ser lido por todos Tourterelle Não é inoffensivo Marcel Boulenger Le apvé du roi Não é dos piores, mas ainda assim é perigoso E´née Bouloc Les pagés Tem páginas inconvenientes Elémir Bourges ***geral Páginas immoraes Paul Bourget L´irréparable Contraste irônico entre profissões de fé e efeito de seus romances Le deuxiéme amour Contraste irônico entre profissões de fé e efeito de seus romances

Cruelle enigme Contraste irônico entre profissões de fé e efeito de seus romances

Un crime d´amour Contraste irônico entre profissões de fé e efeito de seus romances

André Cornélis Contraste irônico entre profissões de fé 403

e efeito de seus romances

Scrupule Contraste irônico entre profissões de fé e efeito de seus romances

Un coeur de femme Contraste irônico entre profissões de fé e efeito de seus romances

Ydylle tragique, moeurs cosmopolites Contraste irônico entre profissões de fé e efeito de seus romances

Physiologie de l´amour moderne Contraste irônico entre profissões de fé e efeito de seus romances

La duchesse bleue Contraste irônico entre profissões de fé e efeito de seus romances

Le disciple Contraste irônico entre profissões de fé e efeito de seus romances

A agua profunda Só para adutos, tem algum perigo Um coração de mulher Não é recommendavel Um Ydyllio Não presta O Discipulo Não impressionará bem, perigoso O luxo dos outros Para adultos, luxo. Jean de Bourgogne La chauvinesse rouge Não aconselhamos Fauvlelet de Bourienne Napoleão intimo Insupportavel Alexandre Boutique ***geral Publicou livros muito maus Alexis Bouvier O casamento dum forçado Perigoso As filhas do povo Não serve Jean Bouvier ***geral Não convem ler Violette Bouyer Karr Une amoureuse Não é de todo bom Fruit sauvage Não é de todo bom Le voile rouge Não é de todo bom Pauvres diables Não é de todo bom Marie Anne Bovet La terre refleurira Só para adutos muito ponderados, tem passagens perigosas Marjorie Bowen Beschermer van het gellof Não é inoffensivo Philoxane Boyer ***geral Muito senões Augustin Boyer d´Agen A Gouvine Deploravel, immoral Terra de Lourdes Inconveniente A Venus de Paris Para o fogo René Boylesve La becquée Não convem La jeune fille bien élevée Não convem Madeleine jeune femme Não convem La marchande de petits pains pour les Não convem canards L´enfant à la balustrade Não convem Le bel avenir Não convem Le meilleur ami Não convem Mlle Clocque Perigosissimo A lição de amor n´um parque Obsceno O medico das senhoras de Néans Licencioso 404

Meu amor. Tem páginas livres O perfume das ilhas Borroméas Muito livre Santa Maria das Flores Altamente perigoso J. du Boys A condessa de Montechristo Pouco conveniente, para proscrever-se Brada Les beaux jours de Flavien Muito perigosos

Jeunes Madames Muito perigosos Carlotta Braeme *** geral Cujas obras o P. Guevara acha em geral mais prejudiciaes do que proveitosas Henry de Braisne Sur l´estrelle Páginas perigosas Marie Páginas perigosas Um amour Páginas perigosas Julio Brandao Perfis Suaves Entre os contos esta o Sermão dos Milagres que é ofensivo ao clero e immoral Raul Brandao A farça Caracteres hediondos, une devoção a muito vícios B. P. Brasndt com Uit de gis Paginas inconvenientes Doorne Al Bratesco-Voineshti La samedi Páginas perigosas Max de Bray Sans défense Não são de todo inoffensivo Journal d´une femme du monde Não são de todo inofensivo

J. F. G. Bredenberg Elize Pover Tem senões e perigos Johanna Breevoort Karakterzonde em levensleed Não é inoffensivo Alfred Bréhat L´auberge du Soleil d´Or Não são sem perigo Les chasseurs de tigres Não são sem perigo Les contrebandiers de Santa Cruz Não são sem perigo Le cousin aux millions Não são sem perigo Scenas apaixonadas e inconvenientes, Os Incediarios da India não é bom recomendar para menores, pode ser lido por adultos La Comtesse Anna de Mrs. Evelyn´s hasbands Não é para todos Bremont Jean de la Brête L´esprit souffle où il vent Ha algum perigo L´imagination fait te reste Ha algum perigo

L´impossible Ha algum perigo

Un mirage Ha algum perigo

Un révail Ha algum perigo

Un vaincu Ha algum perigo

Etienne Bricon Les anxiétes de Therèse Lesieure Muito perigoso

Michelin Quinette Não é dos piores, mas não pode ser lido sinão por adultos ponderados Léon de la Brière Blanche et noir Ha algum perigo Le chemin n. 1 07 Ha algum perigo Contes et souvenirs Ha algum perigo 405

Eugène Brieux Le frein d´Hippolyte Não é inoffensivo Rodolphe Bringer La dame du logis de Berre Tem algum perigo La commère du roy Tem algum perigo Fritz-la-Haine Tem algum perigo Une héroine de 15 ans Tem algum perigo Le docteur Briois A torre de Santhiago 3 vol Inconveniente e perigosa La duchesse de Brissac Dans L´ornière Não é sem algum perigo Adolphe Brisson Florise Bonheur Não é de todo inoffensivo P. Fernando Thomaz de Virginia Costumes depravados, impedem que se Brito aconselhe aos jovens indistinctamente Johann W. Broedelet Feest Só com boas reservas Pierre Brodevorens Petit Willi Não é sem algum perigo P. Brooshooft De Kinderen van baron van Batenberg 2 Não é para todos vol Jean des Broquetons L´amour meurt Não aconselhamos Alphonse Brot A terra da promissão Tem inconveniencias A Torre de Londres 2 vol Perigosa Charles Brockden Brown Wieland Não é recommendavel Raymond Brucker Les docteurs du njour devant la famille Não é um romance, ataca terrivelmente Quinet, Michelet e sua escola Panl-Auguste Brulat La faiseuse de gloire Muito perigoso Jules Brun Sept contes roumains Não são para todos Le vieux de la Montagne Não são para todos Harry Brunn O alte Burschenherrlichkeit Só com reservas Georges de la Bruyère La grande aventure Não o pode entrar em todas as casas Charles Buet Le crime de maltaverne Há o senão de o sacerdote não guardar ainda mais energicamente o sigilo da confissão Philippe Monsieur Um tanto livre Le Péché Só para pessoas instruídas e Contes ironiques ponderadas Contes moqueurs Tem algum perigo La princesses Gizèle Tem algum perigo Tem inconveniencias Heinrich Buettmen Giuseppe Musolino, der Räuber Von Não recommendamos Kalabrien Buffalo Bill Les héros du Far-West O conjunto se torna prejudicial Jacob B. Bull É´rik, le fou Tem incoveniencias Edward – Gorge Earl Lytton Alice, or the mysteries Páginas perigosas Bulwer The Caxtons, a family picture Páginas perigosas

The disowned Páginas perigosas

Ernest Matravers Páginas perigosas

Eugène Aram Páginas perigosas

The last of the barons Páginas perigosas

Night and morning Páginas perigosas

Pelham Páginas perigosas 406

Rienzi, the last of the tribunes Páginas perigosas

What will he do with it Páginas perigosas

Zanoni Páginas perigosas

Henry Bunner Petite soeur, nem Não é de todo inoffensivo Lettre a un ami Não é de todo inoffensivo Autor Livro Comentário Marguérite Burnat Provins La Fenêtre ouverte sur la vallée Não é para todos La servante Não é para todos Mrs. Frances Hodgson In connexion with the de Willough by Tem senões Burnet claim A lady of quality Tem senões Franmcis Burney Evelina Não é para todos

Clara- Louise Burnham Porte à porte Devem ter algum cuidado Juweeltje Devem ter grande cuidado Burrford-Dellanney L´appartement du mort Tem senões Wilhelm Busch Juca e Chico Humorista que tem de a graves offensas á religião. Esta obra não ensina nada de bom, mas também não se pode chamal-o de ruim é mais ou menos inoffensivo. Karl Busse La traitresse Um tanto perigoso Mme Jaques de Bussy Collaboratrice Nada recommendavel, divorcio Josephine Elizabeth Butler Avant l´aurore Não é sem perigo Arthur Byl Champignol malgré lui Páginas perigosas George Cable Jean Roquelin Não é inoffensivo Madame délicieuse Não é inoffensivo Pierre Cabriés Peau de chamois Perigoso Antoine-Maurice-jacques Le baiser de la Comtesse Savina Páginas perigosas Caccianiga Le Bocage de Saint -Alipio Páginas perigosas Theodore Cahu O senado Ignacio Não desperta interesse algum, blasfêmia, situação escabrosa, deshonra de menores Caïel Desgarrada Em suma não pode se recommendar, diz que o casamento é immoral e que só se pode encontrar a felicidade no amor livre Thomas Henri Hall Caine O apostolo Não podemos recommendar, tutellada que se entrega a vida mundana, espancamento.

Cidade eterna Eivado de tais torpezas, prohibidos Fernand Calmettes Mademoiselle Vonlonté Não é muito recomendável

Brave fille Quasi inofensivos

Simplette Quasi inoffensivos

407

Soeur aïnée Quasi inoffensivos

Mme Calmon La faute de Germaine Tem algum perigo Um secret Tem algum perigo Gauthier de Costes de la Cassandra 10 vol Tem alguns senões Calpenede Dion Clayton Calthrop Tinsel and gold Tem algumas inconveniencias Joseph Bonzinac Cambon Marie de Mireul Não é isento de perigos, muito triste Adrienne Cambry On em meurt Não pode se dizer que seja inoffensivo O amor perdôa Inconveniente Trio de amor Leitura perigosa Verney Lovett Cameron A difficult mater Tem senões e perigos A loyal lover Tem senões e perigos Cami L´homme à la Tetê d´épingle Nada recommendavel Adolpho Caminho O bom Creoulo Deve ser proscripto Maxime du Camp Memorias d´um suicida Nada recommendavel Narciso Campillo Contos Antireligioso Princesse Olga de Responsavel Não é para todas as mãos Cantacuzène Alfieri

Luigi Capuana La creche Tem páginas perigosas

Le marquis de Roccaverdina Tem páginas perigosas Enriqueta Caracciolo Os mysterios dos conventos de Napoles Infame, um mixto de mentiras e suppostas convicções João Lucas Caragiale Um cierge pascal Não é sem perigo Louis Carbin De grunwzame grot Tem inconveniencias Jenaro Cardona O primo Novella costaricana com muitas inconveniências. Pierre de Cardonne Les dissentiments Tem inconveniencias Cardoso de Oliveira Dois metros e cinco Vidas de estudantes, scenas populares, costumes de negros cujo realismo e liberdade não permittem recommendar. Emilie Schmidt Carlen La demoiselle de la mansarde Não é inoffensivo John Carling A Queda de Cezar Genero Sherlock Holmes, de crimes de um artista louco. Embutidos de preconceitos contra o catholicismo Carmen Dolores Lendas brasileiras Serim recommendados se não fossem alguns senões, felizmente não muito graves

Ao esvoaçar da ideia Defende o divorcio, contem passagens immoraes e ataca a religião em alguns pontos.

A luta Immoral, parece que a autora estava sob influencia, não se comprehende que uma senhora possa escrever semelhantes immoralidades. Mme Edmée Pauline Cassin Le péché de Madeleine Páginas que podem não impressionar 408

Caro bem Mme P. Caro Aimer c´est vaincre Não é livro para todos Tomas Carrasquilla Salve Regina Honesto mas tem alguns senões Alvaro Carrillo Dolores Um tanto perigoso Catharina Howard Pouco conveniente Mme J. H. Caruchet Fausse route Não é dos piores mas tem páginas perigosas Domingo Carutti Contos Não são recommendaveis Julian del Casal A ultima illusao Tem paginas muito feias e perigosas François Casale La rose du Bocage Obriga algumas reservas Giovanni Jacopo de Seingalt Memorias Esta no índice de livros prohibidos Casanova C. Casciani Les jeunes chasseurs d´apaches parisiens Tem algumas inconveniencias Guy Cassagnac Quand la nuit fut vennue Tem inconveniencias L´agitateur Tem inconveniencias André Castaigne Les jolies ‘’Bill troppers’’ Causa sérios perigos a leitura Emilio Castelar Historia dum coração 2 vol Não merece recomendações

Tragedia da historia Nada recommendavel Juliano Castellanos y Amor fatal 4 vol Banal, passagens incovenientissimas Velasco Dois berços roubados 3 vol Não inspiram confiança P. Guevara Lagrimas de mulher 4 vol Não inspiram confiança P. Guevara Vingança de mulher 4 vol Não inspiram confiança P. Guevara

Camillo F B Castello Branco Amor de Perdição Não se deve indicar, ainda que não seja tão máu como o título parece indicar. Anáthema Não deve ser lido Annos de Prosa Ridiculariza os frades O bem e o Mal Passagens inconvenientes, insultos, mortes, prisões A brasileira de Prazins Não devem ler Os brilhantes do brasileiro Não aconselhamos Carlota Angela Inconveniente, pessimista e exaggerado A corja Deve ser proscripto immoral e irreligioso Cousas leves e pesadas Não contém nada propriamente licencioso. O que fere é a ironia constante contra padres e religiosos. Doida do candal Não serve, moral mais que frouxa, diffamação e ma contade contra o clero. A engeitada Ma vontade contra o clero A filha do Dr. Negro O autor faz de Deus responsável pela culpa humana A filha do regicida Não deve ser lido O judeu 2 vol Faz referencia a inquisição Lagrimas abençoadas Pode ser lido mais ou menos por todos, mas quem tiver gosto literário apurado não dará valor. Um livro Sceptico (Gazeta do Povo, São Paulo) Memorias de Guilherme do Amaral Não o aconselhamos 409

A mulher fatal Não leiam Mysterios de Lisboa Deve ser absolutamente proscripto, morte, traição, trechos hediondos A neta do arcediago Não recommendamos O olho de vidro Não deve ser lido, a inquisição é considerada obra exclusiva da egreja O que fazem mulheres Tem inconveniencias O Regicida Não o leiam O retrato de Ricardina Não pode ser recommendado, cynismo e immoral O sangue Não é recommendado, frases como acreditando em inferno e ainda descreve paixões culposas O santo da Montanha Não pode ser lido, freiras indignas, frades com amantes, lutas miguelistas O senhor do Paço de Ninães O livro mette alguns frades franciscanos incitando ao assassinato e interpreta mal a doutrina christan. Sereia Paixão culposa As três irmans Há trechos que absolutamente não brilham pela orthodoxia, poderá ser permittido a pessoa criteriosa, de juízo seguro Vinte horas de liteira Não aconselhamos Volcões de lama Não o recommendamos Antonio Feliciano de A chave do enigma Páginas de difícil comprehensão para Castilho jovens, é inútil que menores e jovens leiam.

Mil e um mysterios Menores não devem ler, crimes, incêndios e mortes

O prebyterio da montanha São contos, prosas, para se ler é preciso estudal-o primeiro. Alfonso Castro Les humildes Não é recommendavel José Castro Y Serrano Quadros comtemporaneos Tem ao lado de páginas boas outras com senões Cat Au sortir du couvent Tem algum perigo La vocation de Soledad Tem algum perigo Henri Cauvain Le mari de sceur Thérèse Não merece recomendação

La mort d´Eva Não merece recommendação

Rosa Valentin Não merece recommendação

Um cas de folie Não merece recommendação

Jacques Cazotte O bacharel de salamanca Não o recommendamos Svatopluk Cèch Le caractere donné em gage Tem certos perigos H. Célarié Petite Novia De moral fácil, pessoas ajuizadas talvez poderão lel-o Paul Cellières Le chef-d´ceuvre de papa schmeltz Escreveu obras inoffensivas, mas este só para adultos 410

Conde de Affonso Celso Notas e Ficções Contém verdadeiras pérolas, entre as quais avultam iniciação na dor, é leitura para adultos Giovannina Revela os perigos moraes para a innocencia incauta Miguel de Cervantes Nouvelles Tem algum perigo Historia de D. Quixote É uma das edições expergadas Paul Cervières Plus fort que tout Tem algum perigo Camille Chabot Scènes villageoises Tem algum perigo Thomé das Chagas Novos contos da carochinha Colleção de 34 contos offerecidos a infância, algumas narrações são impróprias para crianças e deverão ser modificadas Marius Chaillon du Coeur La duchesse de Rouvreuse Não recommendamos Joly Jean Challamel Les superstitions dans le mariage Tem algum perigo Frederic Chamier Jack Adams or the mutiny of ‘’the Não é inteiramente inoffensive Bounthy’’

Peter Schlemihl Tem alguns senões quanto á moral Marice Champion Um trait de vertu de Mlle. Beuamesnil Não pode ser dado a todos Mrs. Philip Champion de The mischief of a glove Tem algum perigo Crespigny Félicien Champsaur A marquezinha Brutal, provocante Clair de Chandeneux La croix de Monguerre Tem algum perigo La femme du capitaine Aubepin Tem algum perigo

Les filles du colonel Tem algum perigo

Le marriage du trésorier Tem algum perigo

Les deux femmes du major Tem algum perigo

L´automne d´une femme Tem algum perigo

Une faiblesse de Minerve Tem algum perigo

Une fille laide Tem algum perigo

Les giboulées de la vie Tem algum perigo

Le lieutenant de Rancey Tem algum perigo

La dot réglementaire Tem algum perigo

Um coeur de soldat Tem algum perigo

L´honneur des Champavayre Tem algum perigo

Sans coeur Tem algum perigo

Secondes noces Tem algum perigo 411

Marc de Chandplaix Dans la houle Não recommendamos Le fond d´um coeur Não recommendamos

Pour un mari Não recommendamos

Louis- Henri Chantavoine Em province Não é inoffensivo Gui Chantepleure Ames féminines Tem algum perigo L´aventure d´Huguette Tem algum perigo

Le baiser au clair de la lune Tem algum perigo

Ma conscience em robe rose Tem algum perigo

La folle histoire de Fridoline Tem algum perigo

Le hasard et l´amour Tem algum perigo

Malencontre Tem algum perigo

Les ruines en fleurs Tem algum perigo

Sphinx blanc Tem algum perigo

Louise Chasteau L´ avenir de Claire Tem páginas perigosas

La ravageuse Tem páginas perigosas

Olivier du Chastel Regain d´amour Não é inoffensivo

François René Atala, Renato, aventuras do derradeiro Demasiadamente perturbadores para Chateaubriand abencerrage poderem ser lidos pela mocidade

Os Martyres Demasiadamente perturbadores para poderem ser lidos pela mocidade

Alphonse de Chateaubriant M. des Lourdines Não é sem perigo

Geoffroy Chaucer Canterbury Tales Não evita immoralidades

Prosper Chazel La haie blance Tem inconveniencias

Félix de Chazournes Les boucles Não é para todos

C´étaient lês vôtres Não é para todos 412

Charles Victor Cherbuliez Feitiços de mulher feia Inconveniente, traços immoraes

O conde Kostia Perigoso

O noivo da menina Saint- Maur Immoral

A idéia de João Teretol Arriscado, perigoso A aventura d´um polaco Escrito em linguagem medíocre, para adultos

Marquis Gaspard- Georges Caporal, histoirie d´un chien Não são para todos de Cherville Les aventures d´un chien de chasse Não são para todos

Muguette, la braconnière Não são para todos

Contes d´un coureur des bois Não são para todos

Nouveaux contes d´un coureur des bois Não são para todos

Histoire de chiens Não são para todos

Histoire d´un trop bon chien Não são para todos

Omer Chevalier Le Chevalier Jehan des Vignes Páginas inconvenientes

Théodore Chèze Myriam de Magdala Tem passagens tão vivas que o tornam perigoso

Paul Chiewitz Fra Gaden Tem frivolidades

Jafet Tem frivolidades

Michel S. Chirtzesco L´enlèvement Tem paginas perigosas

Chirvansadé Fatma et Assad Não é de todo inoffensivo

Mary Cholmondeley Red potage Não é inoffensivo

The Danvers jewels Não é inoffensivo

Gevangenen Não é inoffensivo

Victor Cholnoky Le cimeterre Não é para todos

R. Choppin d´Arnouville L´ombre de Guillemette Tem algumas inconveniencias

Winston Churchill The crossing Tem algum perigo

Richard Carville Tem algum perigo

Guelfo Civinini Le temps est d´argent Não recommendamos 413

Victor Clairvaux Le manteau de bure Sem valor literário, nem moral Jules Claretie A casa vasia Páginas perigosas, não aconselhamos João Mormas Páginas perigosas, não aconselhamos Noris Páginas perigosas, não aconselhamos O príncipe Zilah Páginas perigosas, não aconselhamos O renegado Páginas perigosas, não aconselhamos A senhora Bertin Páginas perigosas, não aconselhamos Léo Claretie Le pavillon de Saint-Marc Não é inoffensivo Le carnaval de Binche Não é inoffensivo Claridades y su compadre Sor Patrocínio em la corte de la Luna Autor de conto infame Mateo Lucas Cleeve The indiscretion of Gladys Tem senões

Plato´s handmaiden Tem senões Georges Clémenceau Les plus forts Não é para aconselhar-se a todos Janin Clement Judith vaincue Anticlerical e odioso Emile Clermont Laure Não é dos mais interessantes e nem se destina a todos Luce de Cléryan La Rançon de Geneviève Ridicularisa a piedade e termina por uns suicidios Viuva William Kingdon The modern way Tem inconveniência

Aunt Anne Tem inconveniencia

A woman alone Tem inconveniencia

Woodside farm Tem inconveniencia

J. Storer Clouston Le fou em liberte Tem senões Gabriel Clouzet Jeanne Moreau Tem algumas inconveniencias Richard de Cneudt Geluk Não é para todos Henrique Coelho Netto A capital federal Tem trechos de moral duvidosa Fabulario Junto com contos delicados, agradáveis tenham outros que não possam ser aconselhado, adoradores de Buddha. Inverno em flor Se revela muito livre Melusina Não é recommendavel, erotismo Miragem Não permite recommendar do ponto de vista moral O morto Infelizmente bastante livre Mysterio do natal Não pode ser recommendado do ponto de visto religioso, exige reparos O Rajah de Pendjab Não é recommendado, scenas crueis de vingança Rei Negro Palavras grosseiramente lascivas, obscenidades mostruosas Romanceiro Do ponto de vista religioso não satisfaz, mas pode ser lido por adultos instruídos. Scenas e perfis Não concordam com a moral christan Sertão Algumas immoralidades 414

Henrique Coelho Netto As sete dores de Nossa Senhora Seria preferível maior recato, precisa de grandes modificações O turbilhão Não satisfaz tem scenas excitantes Vida Mundana Scenas de adultério, infidelidades, amor livre Trinidad Coelho Vai victoribus Tem algum perigo Frans Coenen Jr. Verveling Há algumas inconveniencias Pierre Coeur Héautontimoroumenos - Berzélius Não é inoffensivo Josef Cohen Ver van de menschen Não deve ser dado a todos Joseph Henri Collet Silex Convem proscrever Florence Collins The Luddingtons Não é de todo bom Mme Àdele Hugenin Combe La maltournée Não leiam Oscar Commettant Um savant à quatre pattes Não é sem perigo Le Comte Marie-bernard- L´election sentimentale Tem paginas perigosas Élie de Comminges MMe L. M. Compain L´opprobre Não são sem perigo

L´um vers l´autre Não são sem perigo

La vie tragique de Genevière Não são sem perigo

Arthur Conan Doyle A campainha branca Contem immoralidades e não pode ser recommendado, parece até ser de outro autor Joseph Conrad Lord Jim Tem senões The mirror of the sea Tem senões Le nègre du ‘’narcisse’’ Tem senões Max de Constant Le journal d´un sceptique Algum cuidado

La Conteuse victoire Algum cuidado

Pour bysance! Algum cuidado

Constant Napoleão Em parte interessante em outra immoral, pondo a nu scenas intimas q mais valia ficassem na obscuridade Benjamin Constant de Adolpho Para proscrever-se Rebecque Luiza Margarida de Amores de grande Alexandre Immoral Lorraine Conti Aventuras do rei da Persia Inconveniente Luiz Ruiz Contreras Novellas Infantis Não serve para crianças, descreve scenas que ellas não comprehenderão Hugo Conway Paulo Vargas Menos conveniente James Fenimore Cooper Le bourreau de Berne Não aconselhamos Les lions de mer Não aconselhamos

Le paquebot américain Não aconselhamos

A bord et à terre Não aconselhamos 415

Le cretère Não aconselhamos

Les deux amiraux Não aconselhamos

Ève Effingham Não aconselhamos

Le feu follet Não aconselhamos

L´Heidenmauer ou le camp des païens Não aconselhamos

Lucie Hardinge Não aconselhamos

Mercédès de Castille Não aconselhamos

Les moeurs du jour Não aconselhamos

Les monikins Não aconselhamos

Le Porte-Chaîne Não aconselhamos

Précaution Não aconselhamos

Les Puritains d´Amérique Não aconselhamos

Ravensnest Não aconselhamos

Satanstoe Não aconselhamos

Wyandotté Não aconselhamos

François Coppée Prose 6 vols Não recommendamos Contes em prose Não recommendamos Contes rapides Tem algum perigo Henriette Tem algum perigo

Les humbles Tem algum perigo

Une idylle pendant le siege Tem algum perigo

Longues et brèves Tem algum perigo

Toute une jeunesse Tem algum perigo

Vingt contes nouveaux Tem algum perigo

Les vrais riches Tem algum perigo

Contes pour les jours de fêtes É delicado para quasi todos O criminoso Não pode ser aconselhado, costumes muito livres Charles Cerbin La comtesse de Sartènes Não pode entrar em qualquer casa 416

Maria Corelli The máster Christian Combate o catholicismo

The strange Visitation of Josiah Mac Não é bom Nason

O atomo poderoso Não o recommendamos, para adultos talvez seja inofensivo

Um romance dos dois mundos Não podemos recommendar, a autora mesma diz que já foi taxado de blasfemo Alexandre Carmier Le livre des fées, des fantômes et des Não é de todo inoffensivo sages Maurice Cornelis Cité brabant Tem algum perigo Samuel Cornut L´inquiet Cuidado Miss Cuidado

La trompette de Marengo Cuidado

Eurico Corradini Lao mére Páginas um tanto perigosas Pedro del Corral Cronica do Rei Don Rodrigo Tem scenas deshonestas Dr. Viriato Corrêa Contos do sertão Tem páginas demasiadamente livres, mesmo para adultos Richard Cortambert Vegeance Tem algumas inconveniencias André Corthis Le fils Tem algumas inconveniencias Charles de Coster Contes brabançonnes São perigosos e não recommendamos a ninguem Légendes flamandes São perigosos e não recommendamos a ninguem

La legende et lês aventures héroïques, São perigosos e não recommendamos a joyeuses et glorieuses d´Uylenspiegel et ninguem de Lamme Goedzak Marie Cottin Amelia Mansfielf Não é sem perigo Clara de Alba Tem paginas inconvenientes Malvina Tem paginas perigosas

Mathilde ou Memorias de Cruzadas Tem muitos senões Pierre de Coulevain Le Roman merveilleux Contra a Egreja catholica, nenhum é sem perigo Louis Couperus Antieke vertalen van goden em keizers, Páginas perigosas, pertencem aos mais van dichters em hetaeren nocivos

Dionysos Páginas perigosas, pertencem aos mais nocivos Georges Courteline Les têtes de bois Tem páginas inconvenientes Charles Coynart Les malheurs d´une grande dame sous Não são sem algum perigo Louis XV

Une petite-nièce de lauzun Não são sem algum perigo Edmond Coz Paganisme Não deve ser lido por jovens 417

Miss Dinah Craik Trois histoires d´amour Não são inoffensivos A legacy Não são inoffensivos Lord Erlistoun Não são inoffensivos Studies From life Não são inoffensivos Miss Georgina Craik Faith unwin´s ordeal Tem Inconveniencias Hard to bear Tem Inconveniencias Mme Augustus Craven Éliane Não recommendamos Le mot de l´énigme Não recommendamos Francis Marion Crawford La Marchesa Carantoni Não aconselhamos M. Isaacs Não aconselhamos Don Orsino Não aconselhamos Le baiser sur la terrasse Não aconselhamos Brigands siciliens Não aconselhamos Greifenstein Não aconselhamos Zoroastre Não aconselhamos Jean Creanga La fille de la vieille et la fille du vieux Há algum perigo Croissant-Rust Die nann Não é livro para todas as idades Mrs. B. M. Croker Diana Barrington Não são inofensivos

A state secret Não são inoffensivos

Mary AM Gittertor (a nine day´s Wonder) Não são inofensivos

Die Katzenpfote

Não são inoffensivos

Grégor Csiky Pecados velhos Frase inconveniente na pág 198, por esse motivo não permittiriamos que todos lessem.

Emilio Cuervo Marquez Phinées, tragédia de los tiempos de Tem alguns senões deploraveis Christo Cunha Mendes Divorciados Romance canalha, o autor ataca o sacramento do matrimonio François Cunisset-Carnot Étrange fortune Tem paginas perigosas La vie à la campagne Tem paginas perigosas Viscomte François de Curel L´été des fruits secs Mundano favorece o divorcio

Le sauvetage d´um grand duc Muito livre Currer Bell The professor Não pode ser aconselhado a todos James Oliver Curwood Mélissa Não é de todo bom

Fernand Dacre L´heure critique Não é sem algum perigo

Le comte Victor D´Adhémar Les fibres secretes Tem algum perigo

Dejeihoun B. H. Daghestani La journée d´hadji kérime Tem algumas inconveniencias

Achilles J. Dalseme Le monsieur des antipodes Tem paginas perigosas

O orgulho da carne Immoral Moray Dalton Olive in Italy Tem inconveniencias 418

Marianne Damad Rencontres Tem algum perigo Pour une autre Tem algum perigo Un grand amour É muitíssimo inconveniente Louis Liesta D´Ambaloges Assunta Não são inoffensivos Le baron de Soriac Não são inoffensivos Frank Danby An incompleat Etonian Não é sem perigo Nicolas G. Dantchev Les yeux noirs Tem páginas perigosas Danti Henri En wagon Não é sem perigo Daniel Darc Une aventure d´hier Não é para todos D´Arcy Jacques Conscience de femme Tem inconveniencias Mme Jean Darcy L´homme aux yeux verts Não é leitura para todos Mme Daring Robin Hoord Não satisfaz sob o ponto de vista catholico Azul Blasphemo e immoral Emelina Impio e deshonesto A morte da imperatriz da China Tem alguma sensualidade perigosa Parisina Muito inconveniente J. M. Darros Les aventures de William Tharps Algum cuidado com os 4 volumes Comtesse Dash Fogo e gelo Algum cuidado com um e outro! Henri – Michel Datin Le docteur corlier Tem algum perigo

Le prestige Tem algum perigo

Le trapiste Tem algum perigo

Gabriel Dauchot Immortelle Pologne! Não é para todos Alphonse Daudet Contes du lundi Tem algum perigo

Les femmes d´artistes Tem algum perigo

Jack Tem algum perigo

Robert Helmont Tem algum perigo

Le Tresor d´Arlatan Tem algum perigo

Soutien de famille Muito perigoso Alfredo David A egrejinha Muito prejudicial A evangelista Não recommendamos sua leitura A Fedora Muito inconveniente O imortal Tem scenas de luxuria, muito perigoso O nababo Falta ao respeito devido á Egreja Catholica Numa Roumestan Um tanto contra a egreja, muito prejudicial Os reis no exilio Positivamente nociva Rose e Ninette Embora seja contra o divórcio, o P. Bethléem não o recommenda Sapho Lubrico e prejudicial

Ernest Daudet Au galop de la vie Tem páginas perigosas 419

Aventures de femmes Tem páginas perigosas

La baronne Amalti Tem páginas perigosas

Coeur blessé Tem páginas perigosas

Le comte de Chamarande Tem páginas perigosas

Detroque Tem páginas perigosas

Les deux évêques Tem páginas perigosas

Dolorès Tem páginas perigosas

Don Rafaël Tem páginas perigosas

L´espionne Tem páginas perigosas

Fléau qui passe Tem páginas perigosas

Gisèle Rubens Tem páginas perigosas

L´héritage des Kerlouan Tem páginas perigosas

Mlle de Fougères Tem páginas perigosas

Le mari Tem páginas perigosas

La marquise de Sardes Tem páginas perigosas

La Mongautier Tem páginas perigosas

Pauline Fossin Tem páginas perigosas

Les persécutées: Séverine Realti. La Tem páginas perigosas baronne Mirouel Poste restante Tem páginas perigosas

La princesse de Lerne Tem páginas perigosas

Les reins casses Tem páginas perigosas

Les rivaux Tem páginas perigosas

Rolande et André Tem páginas perigosas

La romance du temps présent Tem páginas perigosas

Sans espoir Tem páginas perigosas

La caissière Tem páginas perigosas

La vénitienne Tem páginas perigosas 420

Les fiançailles tragiques Tem páginas perigosas

Um mariage tragique Tem páginas perigosas

Madame Sylvani Perigosos em alto grau Une vie d´imperatrice Perigosos em alto grau

Le gendarme excommunié Perigosos em alto grau

Os bastidores da sociedade Tem quadros escandalosos e prejudiciaes Clarissa Tem uma passagem livre, não o aconselhamos Confissões de mulher Immoral A entrada da vida Ao lado de página boas, outras muito livres Mater dolorosa Seriamente perigoso, offensa ao catholicismo e sua moral, em particular uma calumnia contra a confissão. O missionário Escabroso em alto grau A senhora Robernier Scenas de adultério livres Julia Daudet Enfants et mères Tem algum perigo Léon Daudet Hoerès Tem paginas perigosas Les Kamschatka Tem paginas perigosas

La lutte Tem paginas perigosas

Les mortícoles Tem paginas perigosas

Le partage de l´enfant Tem paginas perigosas

Le pays des parlementeurs Tem paginas perigosas

Les primaires Tem paginas perigosas

Le Voyage de Shakespeare Tem paginas perigosas

Le lit de Procuste Tem paginas perigosas

La romance du temps présent Tem paginas perigosas

Os dois amores Pouco interessante, paginas voluptuosas Lucien –Alphonse Doudet La fourmilière Para adultos Le Prince des cravates Para ninguém D´Aulnoy La chatte blanche Tem páginas perigosas Simon Davangour Les fronts têtus Não é inoffensivo H. Davenel Parisienses Immoral com passagens obcenas e sensuaes, leitura perniciosa J.J. David Frühschein Não é todo inoffensivo Henri Davignon Le prix de la vie Tem inconveniências Le courage d´aimer Tem inconveniências Pierre Dax L´intime d´un coeur Embora tenham perigo, talvez possam ser lidos por adultos ponderados 421

Amour et prejudge Embora tenham perigo, talvez possam ser lidos por adultos ponderados

Les épreuves de Michelle Embora tenham perigo, talvez possam ser lidos por adultos ponderados

La bague de fiançailles Embora tenham perigo, talvez possam ser lidos por adultos ponderados

Yamina Embora tenham perigo, talvez possam ser lidos por adultos ponderados

Mon oncle de Chamirol Embora tenham perigo, talvez possam ser lidos por adultos ponderados

Le roman d´une laide Embora tenham perigo, talvez possam ser lidos por adultos ponderados

Casada sem amor Não recommendaveis a ninguem

O drama de Massiac Não recommendaveis a ninguem

A irman do morto Não recommendaveis a ninguem

O romance do pintor Não recommendaveis a ninguem

Mms Alfred S. Dean A woman with a future Tem paginas perigosas La comtesse F. De Les ombres passent Não é para todos baillehache Victor Debay Au carrefour d´une vie Muito inconveniente Pierre Decourcelle Amour de fille Perigoso

Les deux Frangines Perigoso

Fanfant et Claudinet Perigoso

Gigolette Perigoso

La voleuse d´honneur Perigoso

Os dois garotos Muitas inconveniencias Warwick Deeping The slanderers Não aconselhamos C.M Dekker Schetsen wit de strafgevangenis Não aconselhamos Emilie Delaunay du Dezen Mademoiselle France Algum perigo R. Delbecq De legende van Uilenspiegel Muito perigoso Emmanuel Delbousquet Miguette de Cante-Cigale Não aconselhamos André Delcamp Princesse de rêve Algum cuidado Grazia Deledda Cenere Perigoso L´assassin des arbres Perigoso

Deux amours Perigoso

Élias Portolu Perigoso 422

Le fantôme du passé Perigoso

Je meurs où je m´attache Perigoso

Le sang sarde Perigoso

La voie du mal Perigoso

Dans le désert Perigoso

L´ombre du passé Muitissimo perigoso Les algues vertes Algum cuidado Un bàtard légitime Não aconselhamos a leitura Plutôt souffrir Não é leitura para todos O casamento de Odette É um elogio magnífico da educação religiosa, mas tem páginas escabrosas O desapparecido Sem ser dos peiores, não é no entanto este, um romance que se possa aconselhar em absoluto. Faustina de Bressier Não é sem algum perigo O filho da cortezan Não convém João romano Tem paginas inconvenientes A marqueza Não leiam Morto de amor Não aconselhamos Therezina Não é recommendavel Comme dans la vie Perigoso La famille cavalié Perigoso

Le fills de Coralie Perigoso

Le père de Martial Perigoso

Solange de Croix-Saint-Luc Perigoso

Toutes les deux Nocivo em alto grau Edouard Delpit Bérengère Não aconselhamos

Joseline Não aconselhamos

Marcienne Não aconselhamos

Sans merci Não aconselhamos

Yvonne Não aconselhamos

Catharina Levallier Tem algumas paginas livres

As represálias da vida Scenas escabrosas 423

Louis Delzons Le coeur se trompe Não aconselhamos

Le meilleur amour Não aconselhamos

L´affaire Nell Não aconselhamos

Vainqueurs et vaincuns Não aconselhamos

Le maitre des foules Não aconselhamos

Paul Demade La passion catholique. Um ame princesse Não é para todos Henrique Demesse La fille du forgeron Não leiam

Os amores de Margarida de Borgonha Inconveniente Eugène Demolder Contes d´Yperdamme Não aconselhamos Adolphe Dennery Os dois orphãos Não podemos recommendar A filha do condemnado Não podemos recommendar

Linda de Chamounix Não podemos recommendar

A Martyr Não podemos recommendar

Mulher do povo Não podemos recommendar

O príncipe de Moria Não podemos recommendar

La Grace de Dieu Nem tão pouco Marie-Jeanne Nem tão pouco

Markariantz Nem tão pouco

Paillasse Nem tão pouco

Les remords d´un ange Nem tão pouco

Seule! Nem tão pouco

Felix Depardieu Ce que mes Oreilles ont entendu È perigosissimo Louis Dépret Mademoiselle Delyvois Não são inoffensive

Comme nous sommes Não são inoffensivo

Trop fière Não são inoffensivo

Charles Derennes L´amour fessé Ha perigos Le people du pôle Ha perigos J. Dermont Singkep tin Não é inoffensivo Paul Déroulède Histoire d´amour Indigno La plus belle fille du monde Indigno Feuilles de route São d´um bom soldado, não servem Pages françaises para mocinhas São d´um bom soldado, não servem para mocinhas 424

Marceline Desbordes – Le muséum litteraire Não é para todos Valmore Le salon de lady Betty Não é para todos François Deschamps Au lys d´argent Não aconselhamos

Au plat d´étain Não aconselhamos

Marie Claire Não aconselhamos

Jacques Germain Não aconselhamos

Charels Deslys La marchande de plaisirs De ser proscripto

L´aveugle de Bagnolet Tão pouco aconselhamos

Les bottes vernies de Cendrillon Tão pouco aconselhamos

Les compères du Roy Tão pouco aconselhamos La fille à Jacques Tão pouco aconselhamos Les 17 ans de Martha Tão pouco aconselhamos L´héritage de Charlemagne Tão pouco aconselhamos

Le roy d´Yvetot Tão pouco aconselhamos

Destin Mieux que l´amour Não é sem perigo Charles Deulin Chardonnette Paginas muito perigosas

Contes d ´un buveur de bièr Não são inoffensivos

Contes du roi Gambrinus Não são inoffensivos Histoire de ma petite Ville Não são inoffensivos

Jean Deuzèle Le recueillemcnt Um tanto perigoso La Maison vide Muito perigoso André Devilna Force d´âme Não é para aconselhar-se a leitura Prosper – Henri Devos Um jacobin de l´na CVIII Não é para todos Johannes Von Dewall Manöver und Kriegsbilder Reservas

Marcel Dhanys Le fille de Racine Tem paginas perigosas Journal d´une eleve de Port-Royal Tem paginas perigosas

Les marriages blancs au XVIII, siècle Tem paginas perigosas

Mémoires d´une petite fiancée Tem paginas perigosas

Mésaliance Tem paginas perigosas 425

Les perplexities d´Hélène Tis Tem paginas perigosas

Les prétendants de Simone Tem paginas perigosas

Le rival du roi Tem paginas perigosas

Sur les marches du trône. Marie de Tem paginas perigosas Manzini et Louis XIV Le voeu de Phanette Tem paginas perigosas

Le Roman du Grand – Condé, Souvenirs Tem paginas perigosas d´une Bleue, élève de Saint -Cyr Comtesse Diane Le grand père et ses quatre filles Não convem ler por suas ideas protestantes e seus erros dogmaticos Juan de Jesus Diaz El rio de sangre Sensual e perigosa Charles Dickens Aventuras de pickwick Nem todas são de todo inoffensivas P. Guevara Casa com escriptos Para adultos ponderados Scenas da vida inglesa Para adultos ponderados Barnaby Rudge Ainda para adultos Hard times Ainda para adultos

Martin Chuzzlewit Ainda para adultos

Little Paul dombey Ainda para adultos

Notoroughfare Ainda para adultos

The posthumous papers of the pickwick Ainda para adultos club The battle of life Ainda para adultos

The haunted man Ainda para adultos

A tale of two cities Ainda para adultos

Sketches Ainda para adultos

Evelyn Dickinson Hearts important Não aconselhamos Denis Diderot Le bijoux indiscrets Immoral e imprudente Novellas e contos Deshonesto e brutal A religiosa Muito immoral, mentiroso e O segredo do Marselhez deturpador O senador de Veneza Obsceno Inconveniente Jules Didiée L´art de faire sés treize jours Ha algum perigo Charles Didier O filho de Napoleão I Cuidado com todas as obras de Didier Orgia bíblica Pornographico Alice Mangold Diehl The Love of her life Ha paginas perigosas Marie Diemer La légend dorée de lá Abrace Tenham algum cuidado Maître Josias Tenham algum cuidado Maria Diers Die liebe Not Não é para todos 426

Jane Dieulafoy Dechéance Perigoso Voltaire Perigoso Parysatis Muitíssimo inconveniente Charles Diguet Karita Há senões

Nos amis Há senões

Les bêtes Há senões

Tablettes d´um chasseur Há senões

Liesbeth Dill Vrinjheid Muito perigoso Almachio Diniz A carne de Jesus Immoral e sacrilego Julio Diniz Apprehensões d´uma mãe Palavras desrespeitosas a sacerdotes e idéas falsas O espolio do Sr. Cypriano Encerra com uma passagem desrespeitosa e um pouco chula, ao reitor da freguesia Uma família Ingleza O romance vai bem até o casamento, onde fazemos parenthesis de exepção para os jovens e as imaginações exaltadas que pensem em repetir as aventuras amorosas Uma flor dentre o gelo É violento e tem considerações um pouco forte para mocinhas ou rapazes Impressões do Campo Desvaneios, amores contrariados, philosophia chata, pensamentos vagos Os novellos da tia philomena O livro esta bem escripto mas não interessa menores nem talvez lhes faça bem, leiam-n´o os adultos As pupillas do Senhor reitor Há um medico que tem o sestro de zombar de religiosos, para adultos instruidos Senões de Provincia Alguns destes contos obrigam a certa reserva Diraison Le pays des petites filles Não é recommendavel, tem inconveniencias Benjamin Disraëlli Lothair Tem algum perigo

Contarini Fleming Tem algum perigo

Coningsby Tem algum perigo

Endymion Tem algum perigo

Sybil Tem algum perigo

Tancred Tem algum perigo

Vivian Grey Tem algum perigo Mme Valentine Dmitriev Le terroriste Não é inoffensivo Fritz Doering De weddenschap Impõe reservas Georges Dombre L´énigme de la rue Cassini Há algum perigo 427

Roger Dombre Tante Rabat-joie Não são para todos, excessão dos romances Moraes

Mademoiselle d´Ypre Não são para todos, excessão dos romances moraes

Mon Ancien papa Não são para todos, excessão dos romances Moraes

Lucie Donay Suzanne Algum cuidado

Lucien Donel L´augure Não é para todos Louis Dorinat La vie blanche Não é para todos

Henri Doris Amour et science Alguma reserva

La grande déesse Alguma reserva

Marie Trifaël Alguma reserva

De Dorlisheim La durmellière Mais ou menos inoffensivo

Felix Dormann La valse de la mort Não é para todos

Paul Dormise L´ideal. Au fil des jours Algum cuidado

Charles Dornier Le val d´amour Cuidado

Fedor M. Dostojewsky Carnel D´um inconnu Tem algum perigo

Le Double Tem algum perigo

L´esprit souterrain Tem algum perigo

Les étappes de la folie Tem algum perigo

L´eternal mari Tem algum perigo

Humiliés et offensés Tem algum perigo

Les pauvres gens Tem algum perigo

Souvenirs de la Maison des morts Tem algum perigo

Sua obra mais celebre, no entanto não Crime e castigo 2 vol é sem perigo para o leitor Alma simples Um tanto exaltado, serve mais ou menos para todos. Mas descrê de Deus

Thomas Doubleday The eve of St.- Mark Nem todos podem ler

Arthur Dourliac Aimée du roi Não é sem algum perigo 428

Emile Dousset Idées fatales Não aconselhamos

Ménie-Muriel Dowie Love and his mask Tenham algum cuidado

Holger Drachmann Autour du cap Horn Não aconselhamos

Maurice Drack Le pavê de l´enfer Fique onde está, sem travar conhecimento com o leitor

Marie Dronsart La fille du Klédive Não podem travar conhecimento

Gustave Droz Monsieur, madame et Bébé Perigosíssimo

Autour d´une source Scenas de Lourdes contra a religião Babolain Perigosíssimo L´enfant Perigosíssimo Les étangs Perigosíssimo Um paquet de lettres Perigosíssimo Le cahier bleu de Mlle. Cibot É ainda altamente perigoso

Edouard Drumont Le dernier des trémolins Não são recommendaveis

Armand Dubarry Le Roman d´un baleinier Não aconselhamos

G. Dubarry Othello Escandalosas aventuras

Sar Dubnotal A amante do Embaixador (d´os mysterios Jogo, suicídios, espiritismo, do Invisivel) embriaguez, assassinatos, aventuras amorosas, deboche, hypnotismo, ridiculo incommensuravel

Paul Dubost La socialiste Não achamos bom

Jean – Louis Dubut de la A sogra Para proscrever-se Forest A virgem do boulevard Não presta para nada

Ferdinand Duchene Au pas lent des caravanes Algum cuidado

Thamilla Algum cuidado

François Duminil Ducray O cego da fonte de S. Catharina Inconveniente

Mons. Henri E. Dudeney The story of Susan Não é para todos

Mme Duffus –Hardy Le sacrifice de Paul Wynter Há inconveniencias 429

Pierre Dufour Mémoires curieux Foi seqüestrado com razão pela policia

Les hauts faits d´assouci Mais ou menos inoffensivos

Le dieu pépitus Mais ou menos inoffensivos

Le revenant du chateau Mais ou menos inoffensivos

Un p´tit home Mais ou menos inofensivos

Aventures d´un petit orphelin Mais ou menos inoffensivos Contes littéraires a mes petits enfants Mais ou menos inofensivos Les histories d´autrefois Mais ou menos inoffensivos

Roger Duguet La Folie Mauroy Não recommendamos

Alexandre Dumas Actéa Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

A San Felice Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

Capitão Paulo Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

A casa de gelo Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

Os casamentos do tio Alifus Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

Catharina Blunn Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

O Cavalleiro de Harmental Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

O cofre de prata Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

O collar da rainha Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

Os companheiros de Jéhu Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

O conde de monte christo Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

A condessa de Charny Atentado a moral e bom senso, deve 430

ser proscripto

A condessa de salisbury Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

A dama de Monsereau Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

Os dramas do mar Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

As duas dianas Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

Diana de Lys Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

Eduardo III Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

As gêmeas de Machecoul Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

Historia do reinado de Luiz XVI e de Atentado a moral e bom senso, deve Maria Antonietta ser proscripto

Impressões de viagem Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

Joanna de Nápoles Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

Jorge, o capitão dos piratas Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

José Balsamo, ou memórias d´um medico Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

A marqueza de brinvilliers Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

Memorias de Garibaldi Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

Mortandade no meio dia Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

Murat Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

Mysterios de Napoles Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto 431

A Mao do finado Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

Olympia des Elèves Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

Paulina Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

A Pomba Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

A predicção Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

Os Quarenta e cinco Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

A rainha Margot Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

Os tres mosqueteiros Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

Urbano Grandiers Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

A vida aos 20 annos Atentado a moral e bom senso, deve ser proscripto

Vinte annos depois, ou Visconde de Atentado a moral e bom senso, deve Bragelone ser proscripto

Le capitaine pamphille Detalhes reprehensiveis

Johanne la pucelle Detalhes reprehensiveis

Histoire d´um casse-noisette Detalhes reprehensiveis

Le père gigogne Detalhes reprehensiveis

Pages choisies Detalhes reprehensiveis

Alexandre Dumas Filho La question du divorce Livro que o celebrizou, apezar disto é de valor literário medíocre e de moral duvidosa

La dame aux camélias Livro que o celebrizou, apezar disto é de valor literário medíocre e de moral duvidosa, deve ser proscripto

Deus dispõe ou a bocca do infermo Deve ser proscripto 432

A fama das pérolas Deve ser proscripto

Filho de Marat Deve ser proscripto

A ilha do fogo Deve ser proscripto

Martins de Freitas Deve ser proscripto

Mil e um phantasmas Deve ser proscripto

Uma noite em Florença Deve ser proscripto

Romance d´uma mulher Deve ser proscripto

Sophia Printemps Deve ser proscripto

Paul Dumas Zézia Há algum perigo na leitura

Felix Dumont Malgré son père Impõe reservas

Louis Dumont – Wilden Les soucis des derniers soirs Muito perigoso

Gabrielle –William Duncan A travers la vie Certo cuidado

Felix Duquesnel Dix mile et deux nuits Não são de todo inoffensivo

La duchesse Éva Não são de todo inoffensivo

Le mystère de Gaude Não são de todo inoffensivo

Roussignac, policier Não são de todo inoffensivo

Yvonne Durand Le bonheur accessible Não é para todos

Dominique Durandy La maré ensoleillée. Poussières du midi Não á para todos Duchesse Amédée B. M. de Edouard Tem algum perigo Duras Georges Duruy Le garde du corps Particularmente prejudicial

Andrée Tem senões

Ni dieu ni Maître Tem senões

L´unisson Tem senões

Henri Duvernois Le mari de la coutunière Improprio

Nane Improprio 433

George Moriz Ebers Homo Summas Da neste romance uma caricatura dos anachoretas christãos, perigoso

Die Schwestern Gravemente perigoso

Egypto 2 vol Não podemos recommendal-o a leitores catholicos

Baroneza Marie von Ebner La comtesse Muschi Reservas Eschenbach José Maria Eça de Queiroz Uma campanha alegre Devem ser proscriptos

A cidade e as serras Devem ser proscriptos

Correspondencia de Fradique Mendes Devem ser proscriptos

Contos Devem ser proscriptos

O crime do Padre Amaro Devem ser proscriptos (são os peoramentos dos defeitos de Primo Basilio, num crescendo de immoralidade propositada e satânica)

A illustre casa de ramires Devem ser proscriptos

In memoriam Devem ser proscriptos

Os maias Devem ser proscriptos (são os peoramentos dos defeitos de Primo Basilio, num crescendo de immoralidade propositada e satânica)

O mandarim Devem ser proscriptos

As minas de Salomão Devem ser proscriptos

O mysterio da Estrada de Cintra Devem ser proscriptos (leiam pelo valor literário)

O primo Basilio Devem ser proscriptos leiam pelo valor literário)

A relíquia Devem ser proscriptos

Revista de Portugal Devem ser proscriptos

Ernst Eckstein Die Claudier Não é leitura para todos

Edgy La couronne de roses É brutal e perigoso

Charles Edmond Le neveu du comte Sérédine Há inconveniencias 434

Annie Edwardes A plastes Saint Há paginas inconvenientes

Brune aux yeux bleus Há paginas inconvenientes

A ballroom repentance Há paginas inconvenientes

Ought we to visit her? Há paginas inconvenientes

Daphné Há paginas inconvenientes

Emilie Edwards De strijd Não é inoffensivo

George Egerton Discords Ha inconveniencias

Keynoets Ha inconveniencias

Jan Eigenhuis De jonge Dominee Affastem as mãos por serem muito perigosos

Groei Affastem as mãos por serem muito perigosos

Mrs. Eilvart The dean´s wife Há inconveniencias

George Eliot Adam Rede Sua obra prima é honesta, mas não pode ser dado a todos

The Mill on the floss É honesta, mas não pode ser dado a todos

Scenes off Clerical Life Idéas positivistas, não pode ser dado a todos

Pages choises Passagens inconvenientes

Kristian Mandrup Elster Um calvaire Há inconveniencias

Marcellus Emants Godenschemering Há senões

Waan Há senões

Opzee É muito perigoso 435

René Emery Bilelia do amor Atirem ao fogo, immoral

A burla do casamento Atirem ao fogo, immoral

Hora propicia Atirem ao fogo, immoral

A Martyr Atirem ao fogo, immoral

Santa Maria magdalena Atirem ao fogo, immoral

Veneno dos lábios Atirem ao fogo, immoral

A Vertigem Atirem ao fogo, immoral

A virgem d´Amor Atirem ao fogo, immoral

Atirem ao fogo, immoral Virgens em flor

Etienne –Joseph Enault Danielle Há senões

Comment on aime Há senões

L´homme de minuit Há senões

Le Roman d ´une altesse Há senões

Louis Enault Alba Há algum perigo

Un amour en laponie Há algum perigo

L´amour en voyage Há algum perigo

L´amour et la guerre Há algum perigo

Le baptême de sang Há algum perigo

Christine Há algum perigo

Cordoval Há algum perigo

La destinée Há algum perigo

Un drame au marais Há algum perigo

Un drame intime Há algum perigo

Une histoire d ´amour Há algum perigo

Histoire d´une femme Há algum perigo

Jours d´épreuve Há algum perigo

Le mirage Há algum perigo 436

Myrtho Há algum perigo

Pêle-Mêle Há algum perigo

Les perles noirs Há algum perigo

Pour um Há algum perigo

La pupille de la Légion d´honneur Há algum perigo

Le rachat d´une âme Há algum perigo

Le roman d´une veuve Há algum perigo

La rose blanche Há algum perigo

Inès Há algum perigo

Une tarme Há algum perigo

Stella Há algum perigo

Tragiques amours Há algum perigo

Valneige Há algum perigo

La vierge du Liban Há algum perigo

Nadège Há algum perigo

Enault et Judicis O homem da meia noite Scenas reprováveis, dramas, aventuras, ciladas, amores.

Francis Enne Brutalités Infame

J. B. Enseñat Os amores de Catharina de Medicis Não aconselhamos

Argyris Ephtaliotis Marinos Kondaras Não é para todos

Alexandre Erckmann – O amigo Fritz Não pode ser recommendado sem Chatrian reserva

Paul Ernst De smalle weg naar het geluk Só deve ser lido com reservas Armando Erse Contos e Chronicas Alguns são razoáveis, outros são estúpidos, não há elevação de ideias. Ao sol e á neve Phrares desrespeitosas para a Egreja. Enrique Perez Escrich O amor dos amores Crimes e futilidades Os cômicos ambulantes Não se pode recomendar a ninguém

Um filho do Povo É uma indecência grosseira, não se pode recommendar.

Coração nas mãos Além de uma nudeza na capa, há páginas bastante livres. 437

O cura da aldeia Não é de genuína piedade e moralidade O filhos da fé 3 vol Intenções deshonestas Historia de um beijo Não merece ser recommendado, valor moral é nulo. Ladrões da Honra Não é muito recommendavel, pois uma moça passada por todas as phases da deshonra nunca é bom exemplo A mãe dos desamparados Piedades e moralidades de permeio com immoralidades P. Guevara Magdalena, a visinha do poeta Não tem valor, é perigoso também. A mancha Tem belíssimos trechos de moral num fundo immoral.

Manuscripto materno 6 vol Perigoso, contém passagens execraveis

O Martyr do Golgotha 3 vol Improprio, sensual algumas vezes P. Guevara. Amores prohibidos e blasphemias <>

O millionário Crime e immoralidade

A mulher adultera 4 vol É indigno dum lar

O pão dos pobres 3 vol Indecente e immoral.

A peccadora 6 vol Não tem no enredo um ideal nobre

Rico e pobre Não se pode recommendar a ninguém, traição, prazeres noturnos, riquezas mal adquiridas

O violino do Diabo Adulterio e vida desregrada, não se recommenda.

A visinha do poeta Futil e de fraco estylo.

O anjinho Tão pouco aconselhamos

O anjo 3 vol Tão pouco aconselhamos

Os anjos da terra Tão pouco aconselhamos

Os caçadores Tão pouco aconselhamos

A Calumnia 5 vol Tão pouco aconselhamos

Caminho do bem 4 vol Tão pouco aconselhamos

A caridade christan 3 vol Tão pouco aconselhamos

A casaca azul 2 vol Tão pouco aconselhamos

Casamentos do diabo 3 vol Tão pouco aconselhamos 438

Comedia do amor 4 vol Tão pouco aconselhamos

Contos amenos Tão pouco aconselhamos

As culpas dos Paes Tão pouco aconselhamos

A esposa martyr 5 vol Tão pouco aconselhamos

A felicidade 4 vol Tão pouco aconselhamos

A formosura da alma 5 vol Tão pouco aconselhamos

O inferno dos ciúmes 3 vol Tão pouco aconselhamos

Inveja 3 vol Tão pouco aconselhamos

O livro de job 3 vol Tão pouco aconselhamos

Um livro para meus netos Tão pouco aconselhamos

As mariposas da alma 4 vol Tão pouco aconselhamos

O martyrio da gloria Tão pouco aconselhamos

O milionário Tão pouco aconselhamos

As obras de misericórdia 4 vol Tão pouco aconselhamos

Noites amenas Tão pouco aconselhamos

Os que riem e os que choram 3 vol Tão pouco aconselhamos

O piano de clara Tão pouco aconselhamos

A perdição da mulher 3 vol Tão pouco aconselhamos

Por bem fazer mal haver Tão pouco aconselhamos

Os predestinados Tão pouco aconselhamos

A promessa sagrada (4 vol) Tão pouco aconselhamos

A prosa da Gloria Tão pouco aconselhamos

Quem tudo quer tudo perde Tão pouco aconselhamos

As redes do amor Tão pouco aconselhamos

A segunda vida Tão pouco aconselhamos

Tal arvore, tal fructo Tão pouco aconselhamos

O ultimo beijo 4 vol Tão pouco aconselhamos

L. Espinasse-Mongenet La leçon dez jours Altamente nocivo 439

Antonio R. Espinosa Insondable Inconveniente José de Espronceda Sancho Soldaña Não é recommendavel Henri Alphonse Esquirós L´evangile du peuple Obra que o levou a cadeia Le chants d´un prisonnier Mesmas tendencias, anticlerical Une vie a deux Novella licenciosa

Historia dos martyres da Liberdade Mente bastas vezes, attribue á Egreja actos que Ella não commetteu Alfred des Essarts Le champ de roses Não aconselhamos

La femme sans Dieu Não aconselhamos

Le Roman d´un vieux garçon Não aconselhamos

Edouard Estaunié Bonne Dame Não fará muito bem ao leitor Alfred des Essarts Le champ de roses Não aconselhamos

La femme sans Dieu Não aconselhamos

Le Roman d´un vieux garçon Não aconselhamos

Robert Eustace La société des sept rois Não é para todos Max Eyth Hinter Pflug und Schraubstock Exige alguma reserva Conde de Fabraquer Misterios del Escorial Obra perniciosa Ferdinand Fabre Le chèvrier Muito senões em relação a moral, são prejudiciaes Les Courbezon Muito senões em relação a moral, são prejudiciaes L´hospitalière Muito senões em relação a moral, são prejudiciaes Mademoiselle de Malavieille Muito senões em relação a moral, são prejudiciaes Ma vocation Muito senões em relação a moral, são prejudiciaes Mon ami Gaffarot Muito senões em relação a moral, são prejudiciaes Mon oncle Célestin Muito senões em relação a moral, são prejudiciaes Monsieur Jean Muito senões em relação a moral, são prejudiciaes Petite mère Muito senões em relação a moral, são prejudiciaes La rue du puits-qui-parle Muito senões em relação a moral, são prejudiciaes Taillevent Muito senões em relação a moral, são prejudiciaes Toussaint Galabru Muito senões em relação a moral, são prejudiciaes Xavière Muito senões em relação a moral, são prejudiciaes René Fage Dans les sentiers de l´histoire Não é sem algum perigo

Gustav Falke Die Stadt mit den goldenen Türmen Ha maximas bastante livres sobre o 6º 440

mandamento

Samuel Falkland Drijvende klompjes Há algum perigo

Kleine vertelses Há algum perigo

Kleine verschrikkinger Há algum perigo

De roode flibustier Há algum perigo

La servante Há algum perigo

G. Fanton Hommes Nouveaux Não é sem algum perigo

Eduardo de Faria Giestas (contos sem cor) Immoral

Salvatore Farina Les cent yeux de l´amour Há inconveniencias

Amor vendado Ciumes, morte, suicídio, não é recommendado e não é para todos

G. A. Farjeon Huit móis au Kala hari Traz inconveniencias

Renée Fauer Armelle et son mari Não aconselhamos a todos

Abel Faure La elé des carrières Ha inconveniencias

Maria M. Pioche de la La princesse de Clèves Não perde nada quem não ler Vergne Fayette Geo Manville Fenn The parson O´Dumford Há inconveniencias

Octave Féré O medico assassino Grosseira blasphemia

Diego Fernandez de San La cárcel del amour Foi prohibida pela inquisição Pedro Isidoro Fernandez Flores Cuentos rápidos Não recommendavel

Ricardo Fernandez Guardia La princeza Lulu Não é recommendavel

Manuel Fernandez y Os Bandidos celebres 4 vol Não aconselhamos a ninguén, Gonzalez romancista desenfreado e dos mais perigosos para os bons costumes

O Cachimbo turco Não aconselhamos a ninguén, romancista desenfreado e dos mais perigosos para os bons costumes

O collar do diabo Não aconselhamos a ninguén, romancista desenfreado e dos mais perigosos para os bons costumes

O perigoso 6 vol (P. Guev.) Não aconselhamos a ninguén, romancista desenfreado e dos mais 441

perigosos para os bons costumes

Conde Duque de Olivares 4 vol Apresenta amores ilícitos. Inspira desprezo dos religiosos e adianta alguma insinuação calumniosa contra Roma

O Cosinheiro d´el Rey 5 vol Não aconselhamos a ninguén, romancista desenfreado e dos mais perigosos para os bons costumes

Os desherdados 5 vol Não aconselhamos a ninguén, romancista desenfreado e dos mais perigosos para os bons costumes

D. João Tenório 4 vol Não aconselhamos a ninguén, romancista desenfreado e dos mais perigosos para os bons costumes

D. Ramiro I de Aragão 2 vol Não aconselhamos a ninguén, romancista desenfreado e dos mais perigosos para os bons costumes

Os Filhos do Monfi 4 vol Não aconselhamos a ninguén, romancista desenfreado e dos mais perigosos para os bons costumes

Os filhos perdidos 5 vol Não aconselhamos a ninguén, romancista desenfreado e dos mais perigosos para os bons costumes

Historia dos sete morcegos Não aconselhamos a ninguén, romancista desenfreado e dos mais perigosos para os bons costumes

João Palomo 4 vol Não aconselhamos a ninguén, romancista desenfreado e dos mais perigosos para os bons costumes

Lucrezia Borgia 2 vol Não aconselhamos a ninguén, romancista desenfreado e dos mais perigosos para os bons costumes

O Marques das 7 egrejas 4 vol Não aconselhamos a ninguén, romancista desenfreado e dos mais perigosos para os bons costumes

Pasteleiro de Madrigul ou o Rei D. Não aconselhamos a ninguén, Sebastião 5 vol romancista desenfreado e dos mais perigosos para os bons costumes 442

A Princeza dos Ursinos 4 vol Não aconselhamos a ninguén, romancista desenfreado e dos mais perigosos para os bons costumes

O rei maldito 5 vol Não aconselhamos a ninguén, romancista desenfreado e dos mais perigosos para os bons costumes

O rei do punhal 5 vol Não aconselhamos a ninguén, romancista desenfreado e dos mais perigosos para os bons costumes

O Rei da Serra Morena 5 vol Não aconselhamos a ninguén, romancista desenfreado e dos mais perigosos para os bons costumes

Tony Férvë Deux convictions Há inconveniencias

Illia Starkoff Há inconveniencias

Mariage fictif Há inconveniencias

Mona laura Há inconveniencias

Alfred de Ferry Les épines ont des roses Não recommendamos

Eugène l. G. Ferry de Le coureur des bois 2 vol Tem preconceitos contra a religião Bellemare catholica

François Fertiault Les petits drames rustiques Não é sem algum perigo

Claude Ferval Ciel rouge Páginas um tanto perigosas

Le plus fort Páginas um tanto perigosas

L´autre amour Páginas um tanto perigosas

Mme Octave Feuillet L´autre Um tanto perigoso

Le délaissé Um tanto perigoso

Une divorcée Um tanto perigoso

La jeunesse d´une Um tanto perigoso Marquise

Mystérieux passe Um tanto perigoso

Petite Régine Um tanto perigoso

Le voeu de Béatrice Um tanto perigoso Octave Feuillet Bellah São geralmente perigosos, porque 443

fazem sonhar muito e respiram um perfume de pecado

Le divorce de Juliette São geralmente perigosos, porque fazem sonhar muito e respiram um perfume de pecado

Charybde et Scylla São geralmente perigosos, porque fazem sonhar muito e respiram um perfume de pecado

Le cure de Buzzon São geralmente perigosos, porque fazem sonhar muito e respiram um perfume de pecado

L´ermitage São geralmente perigosos, porque fazem sonhar muito e respiram um perfume de pecado

Histoire dune parisienne São geralmente perigosos, porque fazem sonhar muito e respiram um perfume de pecado

Le Journal d´une temme São geralmente perigosos, porque fazem sonhar muito e respiram um perfume de pecado

Un marriage dans le monde São geralmente perigosos, porque fazem sonhar muito e respiram um perfume de pecado

La morte São geralmente perigosos, porque fazem sonhar muito e respiram um perfume de pecado

La petire contesse São geralmente perigosos, porque fazem sonhar muito e respiram um perfume de pecado

Onesta São geralmente perigosos, porque fazem sonhar muito e respiram um perfume de pecado

Le parc São geralmente perigosos, porque fazem sonhar muito e respiram um perfume de pecado

Amores de Felippe Escabroso

O conde de Camors Começa e acaba mal, suicídio 444

Julia Trecoeur Não presta por todo o seu enredo

Historia de Sybilla Segundo uns quase inoffensivo, outros não julgam assim

A menina de Kergant Não o aconselhamos

Uma noite em Florenças Inconveniente

Romance de um moço pobre Pode ser lido por adultos, embora não o aconselhemos positivamente.

Paul Féval Le capitaine Simon É um tanto escabroso

Blanche fleur Há algum perigo na leitura

Le bossu ou le petit parisien Há algum perigo na leitura

Le capitaine fantôme Há algum perigo na leitura

Le cavalier Fortune Há algum perigo na leitura

Chizac le Riche Há algum perigo na leitura

L´oncle Louis Há algum perigo na leitura

La tache rouge Há algum perigo na leitura

Talavera de la reine Há algum perigo na leitura

Le tueur de tigres Há algum perigo na leitura

O corcunda 2 vol Banal e despido de interesse não aconselhamos

A creoula Embora não contenha ultra graves, directos é religião poderá ser lido apenas por pessoas de certo conhecimento

A loba Lutas, mulher como ponto de discórdia, só pode ser lido por pessoas de experiência e instruidas

A rainha dos estudantes Pode ser lido por pessoas ajuizadas

Paul Féval Barbe Bleuette Não deixam de ter algum perigo

Chasse aux traîtes Não deixam de ter algum perigo

Les chevauchées de Lagardère Não deixam de ter algum perigo

Cocardasse et Passepoil Não deixam de ter algum perigo 445

Le collier sanglant Não deixam de ter algum perigo

La fabrique de crimes Não deixam de ter algum perigo

Fille de general Não deixam de ter algum perigo

La fille de l´ouvrière Não deixam de ter algum perigo

Les fils de lá Artagnan Não deixam de ter algum perigo

Le fils de Lagardère Não deixam de ter algum perigo

Le livre jaune Não deixam de ter algum perigo

Madame Bonvaret Não deixam de ter algum perigo

Les nuits tragiques Não deixam de ter algum perigo

Secret mortel Não deixam de ter algum perigo

Le serment de Lagardère Não deixam de ter algum perigo

Les sceurs Pomponne Não deixam de ter algum perigo

Le temóin du crime Não deixam de ter algum perigo

Les testament à surprises Não deixam de ter algum perigo

La trombe de fer Não deixam de ter algum perigo

L´écusson des Kergorlah Não deixam de ter algum perigo

Um amour de belle-mère Muitíssimo perigoso

A mulher de um Russo Crime, morte, não convém ler

Ernest Feydeau Arte de agradar Deve ser proscriptos

Memórias d´uma dama Deve ser proscriptos

Fanny Muito sensual, obteve immenso successo de escandalo

Henry Fielding Joseph Andrews Tem muitas inconveniencias

Trulliber Tem muitas inconveniencias

Jonatham Wild Certos senões

The history of Amelia Certos senões

Juliano, o aposta Inconveniente

Hippolyte Fierens-Gevaert Le tocsin Não é sem algum perigo 446

A. Fiévée Le sergent d´Armagnac Há inconveniencias

Le resuscité. Légendes militaires Há inconveniencias

Antero de Figueredo D. Pedro e D. Inês Casamento clandestino, não recomendam a todos

Figueiredo Pimentel O aborto Devasso, nunca li tanta immoralidade

Contos Assassinato

Historias da Avosinha Algumas macabras, impróprias para crianças

Os meus brinquedos Não me parece muito apropriada as crianças.

Marques de Figueroa El ultimo estudante Não podem ser recommendados

Antonio Fuertes Não podem ser recommendados

La Vizcondesa de armas Não podem ser recommendados

Pierre M. Augustin Filon Amours anglais Não deixam de ser perigosos

Contes du centenaire Não deixam de ser perigosos

Vacances d´artiste Não deixam de ser perigosos

Violette Mérian Não deixam de ser perigosos

Dr. Ludwig Finckh Der Rosendoktor Não é de todo inoffensivo

Max e Alex Fischer De la rue Laffitte à Regent street São nocivos

Camembert-sur-Ourcq São nocivos Huit jours em Suisse São nocivos

Louise Fisquet Thérèse Dalbran Não é leitura para todos

Flambart des Bords Dix pas dans l´inconnu Não aconselhamos as novellas

Camille Flammarion Le Roman de la terre Maneira Seductora, defende a transmigração das almas e suas provações successivas nos outros.

Charles Flarry Em vivant Não aconselhamos

Paul Flat Le frein Não são inoffensivos

Le Roman de la comédienne Não são inoffensivos 447

Gustave Flaubert Un coeur simple Não preza a moral christan, são dos menos perigosos

Trois contes Não preza a moral christan, são dos menos perigosos

A educação sentimental Misantropico e immoral

Madame Bovary Perverso, deshonesto

Salambô Immoral

A tentação de Santo Antonio Perfido, uma sem vergonha

Cäsar Fleischen Jost Seyfried Não é para todos

Mary Floran Bonheur méconnu Há algum perigo

Carmencita Há algum perigo

Criminel? Há algum perigo

Lequel l´aimait? Há algum perigo

Mystérieux dessein Há algum perigo

Antonio Florez Ayer, Hoy y Mañana Deve ser proscripto

Maximo Florez Noche de perros Tolerável

Daniel de Foe Moll Flanders Tem senões

Antonio Fogazzaro II Santo Não satisfazem do ponto de vista catholico

Leila Não satisfazem do ponto de vista catholico

Daniele Cortis Há algum perigo na leitura

Malombra Há algum perigo na leitura

Piccolo mondo ântico Há algum perigo na leitura

Piccolo mondo moderno Há algum perigo na leitura

Fedele Há algum perigo na leitura

Le mystère du poete Há algum perigo na leitura

Pereat Rochus Há algum perigo na leitura

O santo 448

Prohibido pela egreja

Falarçon Quand j´étais brigadier Há algum perigo

Charles Foley Au téléphone Muito realista, não são para todos

Bonheur conquis Muito realista, não são para todos

La chambre au Judas Muito realista, não são para todos

Les colonnes infernales Muito realista, não são para todos

Um concert chez les fous Muito realista, não são para todos

La course au mariage Muito realista, não são para todos

La dame aux millions Muito realista, não são para todos

L´écrasement Muito realista, não são para todos

Fleur d´ombre Muito realista, não são para todos

Jolies-âmes Muito realista, não são para todos

Les miettes de l´amour Muito realista, não são para todos

Monsieur Belle-Humeur Muito realista, não são para todos

L´ôtage Muito realista, não são para todos

Pernettes em escapade Muito realista, não são para todos

Risque tout Muito realista, não são para todos 449

La soif rouge Muito realista, não são para todos

Tuteur Muito realista, não são para todos

Zéphiriu Baudru Muito realista, não são para todos

Le petit Décameron Altamente perigoso

A. G. Folliot Stokes A moorland princess Há inconveniencias

F. Guimarães Fonseca A dama das violetas Muito inconveniente

André Fontainas Les étangs noirs Há inconveniencias

Lady Helen Forbes It´s a way they have in the army Não aconselhamos

The provincials Não aconselhamos

Mlle. Charlotte-Rose de La bonne femme Ha algum perigo Caumont de la Force Louis Forest L´oubli Não é inoffensivo

Justus Miles Forman Le jardin des mensonges Ha inconveniencias

Maxime Formont La chambre vide São dos menos perigosos

Le péché de la morte São dos menos perigosos

La princesse de Venise São dos menos perigosos

Le risque São dos menos perigosos

Le sacrifice São dos menos perigosos

La torture São dos menos perigosos

La fausse coupable Altamente nocivos

Le baiser rouge Altamente nocivos

J. de Fossendal L´amour guette Há senões

Le marquis Louis A. T. Jacques de Briançon Há paginas perigosas Fondras Les gentilshommes châsseurs Há paginas perigosas

Les hommes des bois Há paginas perigosas Les landes de Gasgogne Há paginas perigosas Mémoires d´un veneur Há paginas perigosas Suzanne d´Estouville 450

Há paginas perigosas

Ernest Fouinet Roch, le corsaire Há algum perigo

François Victor Fournel L´ancêtre Há algum perigo

La confession d´un père Há algum perigo

Maman capitaine Há algum perigo

L. P. Narcisse Fournier Struensee, le favori de la reine Há algum perigo

Ellen Thorneycroft Fowler The Faringdons Não aconselhamos

Marcel Frager Près des tombeaux d´amour Há inconveniencias

Gabriel Franay Lisbeth Há inconveniencias Alphonse France Pente fatale Não é inoffensivo Le vengeur de son père Não é inoffensivo France Anatole Le crime de Silvestr Bonnard Seus livros são todos de uma perversidade e scepticismo mais que ordinários, adultos podem ler Pages choisies Seus livros são todos de uma perversidade e scepticismo mais que ordinários, adultos podem ler

Abeille Seus livros são todos de uma perversidade e scepticismo mais que ordinários, adultos podem ler

Nos enfants Seus livros são todos de uma perversidade e scepticismo mais que ordinários, adultos podem ler

Le livre de mon ami Seus livros são todos de uma perversidade e scepticismo mais que ordinários, adultos podem ler

O annel de amethyst Deve ser proscripto Bergeret em Paris Deve ser proscripto

O crime de Silvestre Bonnard. Romualdo Talvez para adultos bem ajuizados dos Santos. Lisboa 451

O Lyrio vermelho Mistura de deboche e piedade

O manequim Não presta

Thais De uma immoralidade nojenta, anticlerical

O ulmo do Malho Ofensiva ao clero e chocante

A´sombra do olmo Ofensiva ao clero e chocante

Jeanne France Duchess Algum perigo La baronne de Langis Algum perigo

Denise, comtesse de Bardannes Algum perigo

Abeilles et frelons Algum perigo

C´elles qui pleurent Algum perigo

Le derrner Chevalier Algum perigo

Mme. Fulbert Algum perigo

Le Père Algum perigo

Pour si peau Algum perigo

Veuves et vieilles filles Algum perigo

Noel Francès Tante Aymée Não é para todos

Robert Francheville Le mariage de Mlle. Yolande Py Há algum perigo

Edmond Frank Le crime de Clodomir Busiquet Há senões

Frank Mariposas Não deleita nem instrue os próprios adultos

Karl Em Franzos Le juge de biala Há algum perigo

Pauvre Moschko Há algum perigo

Léon – Eugène Frapié La boîte aux gosses Não recommendamos

La liseuse Não recommendamos

M´ame Préciat Não recommendamos

Les obsédés Não recommendamos

Sévérité Não recommendamos

Alexander Fraser Guardian and lover Há algum perigo 452

Harold Frédéric Gloria mundi Há senões

Jacques Fréhel Bretonne Um tanto perigoso

Le cabaret des larmes Um tanto perigoso

Dorine Um tanto perigoso

Tablettes d´argile Um tanto perigoso

Viane pâture Um tanto perigoso

Déçue Um tanto perigoso

D. I. Freire A paixão de Olympio Bastante fútil, sem mérito algum, trabalho muito verde de autor extremamente novato

Gustav Frenssen Jörn Uhl Não deixam de ter algum perigo

Die drei Getreuen Não deixam de ter algum perigo

Die Sandgräfin Não deixam de ter algum perigo

Sanches de Frias O senhor de Fois Scenas escabrosas, assassinio e suicidio

Henry Frichet Dans les ronces Há senões

Eugène Fromentin Dominique Não aconselhamos

Frantz Funck-Brentano Rosette ou L´amoureuse conspiration Ha senões

Antoine Furetiere Le roman burgeois Deve ser proscripto

Charles Fuster L´amour de Jacques Ha algum perigo

Coeurs tenders Ha algum perigo

Louise Ha algum perigo

Les tendresses Ha algum perigo

La vie Ha algum perigo

Emile Gaborieau L´argent des autres Não são inoffensivos

La clique dorée Não são inoffensivos

Le dossier n. 113 Não são inoffensivos

Monsieur Lecocq Não são inoffensivos 453

Le 13e. hussards Não são inoffensivos

A cicada aos milhões Podem talvez lel-o maiores e ainda assim com muito cuidado A corda na garganta Podem talvez lel-o maiores e ainda assim com muito cuidado

O crime de Orcival Podem talvez lel-o maiores e ainda assim com muito cuidado

O desmoronar do império Podem talvez lel-o maiores e ainda assim com muito cuidado

Os escravos de Paris Podem talvez lel-o maiores e ainda assim com muito cuidado

O processo de Leronge Podem talvez lel-o maiores e ainda assim com muito cuidado

O velhinho de Batignolles Podem talvez lel-o maiores e ainda assim com muito cuidado

A vida infernal Podem talvez lel-o maiores e ainda assim com muito cuidado

O desmoronamento Podem talvez lel-o maiores e ainda assim com muito cuidado

Jacques des Gachons Mon ami Não aconselhamos

La maré aux gosses Não aconselhamos

N´y touchez pas Não aconselhamos

Le Roman de la vingtième année Não aconselhamos

Louis Gallet Le capitaine Satan Há algum perigo na leitura

454

Alfredo Gallis A amante de Jesus Livro estúpido, cheio de infâmias, mentiras e obscenidades. Amor ou farda Devem ser proscriptos

O livro dos mortos Devem ser proscriptos

Casas de hospedes Devem ser proscriptos

Decadentes? Devem ser proscriptos

Malucos? Devem ser proscriptos

Marido Virgem Devem ser proscriptos

As martyres da virgindade Devem ser proscriptos

Mulheres honestas Devem ser proscriptos

Mulheres perdidas Devem ser proscriptos

Devem ser proscriptos Pelintras

Devem ser proscriptos Os políticos Devem ser proscriptos Predestinados Devem ser proscriptos A sacristia Devem ser proscriptos Saphicas Devem ser proscriptos Sensualismo na antiga Devem ser proscriptos Grecia Devem ser proscriptos A taberna Jean Galloti L´amour halluciné Há algum perigo Emmanuel Gallus La tare Não é de todo bom Arnould Galopin L´homme au complet gris Não é sem algum perigo

Um crime tenebroso Mais ou menos inoffensivo para adultos, morte, prisão John Galsworthy The mano of porperty Há inconveniencias Arnaldo Gama Balio de Leça Não pode ser recommendado esse romance, o autor acusa levianamente o clero.

O filho da Baldaia Certas passagens pouco dignas

Não convem a leitura, rixas, amores, Honra ou loucura mortes, suicídios e intrigas.

Talvez possa ser lido por pessoas Um motim de cem annos experientes e ajuizadas, scenas nem sempre rigorosamente moraes. 455

Domicio da Gama Historias curtas O autor ofende gravemente o catholicismo Ganconagh John Sherman-Dhoya Não aconselhamos Joseph Gangl Der letzte Baum Tem inconveniencias Arne Garborg Jeunesse Tem inconveniencias Vsevollod M. Garchine Nadejda Nikolaevna Não aconselhamos

Quatre jours Não aconselhamos

Ignacio Garcia Malo Voz de la naturaleza Imprudente

Dr. Redondo Garcia Arminhos Contos ligeiros que crianças não devem ler, adultos observar os contos, alguns immorais.

Não convem, tem passagens piegas, Caricias tolas, de namorados-crianças.

Pequenos contos, nos quaes a moral A choupana de rosas leva fortes empurrões.

Contos e chronicas alguns Salada de fructas interessantes e dignos, outros porem tornam-se realistas de mais em certas expressões que o autor procura divinizar a mulher.

Geza Gardonyi Levin Pode fazer mal a cabeça

Nicolas Garine Le devin Não aconselhamos

Hamlin Garland La troisième chambre Não convem a todos

Georges Garnir Les charneux Tem senões

Le conservateur de la Tour Noir Tem senões

Les Dix-javelles Tem senões

A´la Boule Plate Altamente prejudiciaes Contes à la Marjolaine Altamente prejudiciaes

Nouveaux contes à la Marjolaine Altamente prejudiciaes

La ferme aux grives Altamente prejudiciaes

Charles Garvice Love decides Não é inoffensivo 456

Mrs. Elisabeth C. Gaskell Mary Barton Há algum perigo na leitura

Silvia´s lovers Há algum perigo na leitura

Cousine Phyllis Há algum perigo na leitura

Nos femmes et nos filles Há algum perigo na leitura

Ruth Há algum perigo na leitura

Trois histoires d´amour Há algum perigo na leitura

Louis-Jules Gastine Le roi d´espace É um tanto perigoso Jules de Gastyne Coupable? Há algum perigo Le mauvais génie Jusqu´au crime Há algum perigo O segredo do desconhecido Há algum perigo

Immoral, não pode ser recommendado G. Gasztowtt Les fêtes du coeur Não aconselhamos Adolescence Não aconselhamos André Gauchor Une grande famille parlementaire. Les Há algum perigo Chautemps Paul Gaulot Ames de vaincus Não é de todo inofensivo

Amours d´autrefois Não é de todo inoffensivo

Les défiances de Martha Não é de todo inoffensivo

Les Pâques véronaises Não é de todo inoffensivo

L´illustre Casaubon Gravemente prejudicial Bernard H. Gausseron Au temps de la Ligue Há inconveniencias Pour le Roy Há inconveniencias Lucie Gauthey L´inutile volonté Não aconselhamos

Le destin nous conduit Não aconselhamos

Judith Gautier Une aventure coloniale au XVIII. Siècle Não aconselhamos

L´inde éblouio Não aconselhamos

Le dragon imperial Não aconselhamos

Khou-n-atonou Não aconselhamos

Le prince à la Tetê sanglante Não aconselhamos

Tokio Não aconselhamos

Mèmoires d´un éléphant Blanc Não aconselhamos

La soeur du soleil Não aconselhamos 457

Théophile Gautier Le capitaine Fracasse Ha senoes Romans et contes É altamente prejudicial Le roman de la momie É altamente prejudicial Avatar Não leiam Fortunio Não leiam

Novellas Não leiam

O rei Candaule Não leiam

Mme. Sophie Gay Le comte de Guiches Tem algumas inconveniencias Dr. Affonso Gayo da Silva Mario O autor põe na bocca dos personagens alguns desrespeitos á Egreja, que não me parecem propositaes, podem lêl-o adultos e assim mesmo prevenidos

Os novos Romance de vida bohemia, não pode ser recommendado a ninguém Émile – Nicolas Gebhart D´Ulisse à Panurge Een pauselijke kroon Não aconselhamos in de middenceuwen

Geen Onbekende ´T eerste bedrijf Não é sem algum perigo Gustave Geffroy L´apprentie Não deixam de ser perigosos La voix e outros Não deixam de ser perigosos Charles Géniaux Les forces de la vie Não aconselhamos Stéphanie Genlis Mlle de clermont Tem algum perigo Mle de la Fayette Tem algum perigo A. Gennevraye Le marchand d´allumette Embora revele bom coração, não tem espírito christão Coeurs vierges Não aconselhamos

Histoires invraisemblades Não aconselhamos

Le Roman d´un sous-lieutenant Não aconselhamos

Trop riche Não aconselhamos

Fièvre Não aconselhamos En cabriolet Não aconselhamos Une cause secrete Não aconselhamos L´Ombre Não aconselhamos

Auguste Geoffroy La belle Marocaine Ha inconveniencias Ernst Georgy Berliner Range Não deixa de ter paginas inconvenientes 458

André Gérard Christiane Há inconveniencias e perigos

Envers et contre tous Há inconveniencias e perigos

Renée Há inconveniencias e perigos

Solange Há inconveniencias e perigos

Trop jolie Há inconveniencias e perigos

Dorothéa Gerard Beggar my neighbour Há inconveniencias

The bridge of life. A novel without a Há inconveniencias purpose

Etelka´s vow Há inconveniencias

Holy matrimony Há inconveniencias

Jouets du destin Há inconveniencias

Recha Há inconveniencias A. de Gériolles Fier Amour Ha paginas perigosas Auguste Germain L´agité Não leiam Henri germain Dernière illusion Há inconveniencias

Détresse maternelle Há inconveniencias

La fille des franc-tireurs Há inconveniencias

Geneviève Há inconveniencias

Saltimbanque! Há inconveniencias

Le secret de la duchesse Há inconveniencias

La soif de l´argent Há inconveniencias

Friedrich Gertäcker Herrn Mahl hubers reiseabenteuer Tendencia de atheismo, mais ou menos inoffensivo

Wie der christbaum entstand Tendencia de atheismo, mais ou menos inoffensivo

Das wrack Tendencia de atheismo, mais ou menos inoffensivo

Au pays de l´or Tendencia de atheismo, mais ou menos inoffensivo

Aventures d´une colonie d´émigrants en Tendencia de atheismo, mais ou menos amérique inoffensivo 459

Les brigands des prairies Tendencia de atheismo, mais ou menos inoffensivo

Une charmante habitation Tendencia de atheismo, mais ou menos inoffensivo

Les deux convicts Tendencia de atheismo, mais ou menos inoffensivo

La maison mystérieuse Tendencia de atheismo, mais ou menos inoffensivo

Le peau-rouge Tendencia de atheismo, mais ou menos inoffensivo

Les pionniers du far-west Tendencia de atheismo, mais ou menos inoffensivo

Les pirates du mississipi Tendencia de atheismo, mais ou menos inoffensivo

Scènes de la vie californienne Tendencia de atheismo, mais ou menos inoffensivo

Les voleurs de chevaux Tendencia de atheismo, mais ou menos inoffensivo

Pierre B. Gheusi Gaucher Myriam Há inconveniencias

Les Etlantes Há inconveniencias

L´opéra romanesque Há inconveniencias

Le puits des ames Há inconveniencias

Sous le volcan Há inconveniencias

Antonio Ghislanzoni Emilia Redempti Leitura perigosa

Georges Giacometti Leopoldo dal Merco Há senões

Salvatore di Giacomo Sofia Nappi Não é de todo inoffensivo

Piero Giacosa Lumière Tem inconveniencias

André Gide Isabelle Não aconselhamos

Josephine Giese Van een droom Há paginas inconvenientes 460

Pierre – Louis Giffard Des diables jaunes Há algum perigo

L´em-casde Nangualine Há algum perigo

Le terrier de Napoléon Há algum perigo

Um conseil de guerre Há algum perigo

Hamanité Há algum perigo

Roubles et roublards Há algum perigo

Les soirées de Mukden Há algum perigo

O tumulo de Gelo Ridiculariza toda e qualquer crença religiosa

A virgem vermelha Só para adultos ponderados

François Gillette Aimons Não aconselhamos

Longue route Não aconselhamos

Paul Ginisty Lucinde É perigosa a leitura

Camilla Não aconselhamos

Aimé Giron Les nuits de Bagdad Convém ser proscripto

Une lune de miel Não aconselhamos

Georges Gissing Demos Não aconselhamos

La rue des meurt-de-faim Não aconselhamos

André Gladès Au gré des choses Merece reparos a sua doutrina

Récits de l avie du coeur Merece reparos a sua doutrina

Résistance Merece reparos a sua doutrina

Le stérile-sacrifice Merece reparos a sua doutrina

Edmond Glesener Le coeur de François Remy Muito perigoso

Maurice J. Glomeau Après la fête du gui Há senões

Jules de Glouvet L´étude Chandoux Detalhes arriscados

Mrs. Élinor Glyn The reflections of Ambrosine Há inconveniências

The visites of Elisabeth Há inconveniencias Beyond the rocks 461

Há inconveniencias

Joseph-Arthur Gabineau Nouvelles asiatiques Tem inconveniencias

André Godard Vers plus de joie Tem detalhes um pouco livres

Chantegrolle Não são para todos

Les huttiers Não são para todos

Hal Godfrey L´eau de jouvence Não aconselhamos

William Godwin Caleb Williams 3 vol Sem valor literário, primeiro vol criminal não recomendamos

Johann W. van Goethe Götz Von Berlichingen Foi supprimida, por motivo de religião e prudencia

Werther Foi supprimida, por motivo de religião e prudencia

Magoas de Werther Não pode ser recommendado de maneira alguma

Wilhelm Meister Não recommendamos a todos

Charles – Henri Le Goffic Les bonnets rouges Abstenham-se da leitura

Le crucifié de Keraliès Abstenham-se da leitura

La double con -fession Perigosissimo

Passé l´amour Abstenham se da leitura

Passions celtes Abstenham se da leitura

Ventôse Abstenham se da leitura

Nikolai W. Gogol Tarass Boulba Não são para todos

Les ames mortes Não são para todos

Un homme difficil à marièr Não são para todos

Oliver Goldsmith O vigário de wakerfield Para adultos, o livro esta em contraste com a vida desregrada do autor, trata dum pastor protestante, sua mulher e filhos. 462

Arnoldo Golsworthy Le détective assassin Há senões

Um grito na treva Interessante narrativa toda em volta de um crime de morte, suicídio, divorcio. Acho que estava sendo irônico quando escreveu interessante pág. 348.

Teixeira Gomes L´album Há inconveniencias

Edmond L. A. h. de Carlos Demailly Não leiam, algumas obras são de Goncourt immoralidade revoltante

Coriolis Não leiam, algumas obras são de immoralidade revoltante

Germinia Lacerteux Não leiam, algumas obras são de immoralidade revoltante

Madame Gervaisais Não leiam, algumas obras são de

immoralidade revoltante

Não leiam, algumas obras são de Renata Mauperin immoralidade revoltante

Soror Philomena Não leiam, algumas obras são de immoralidade revoltante

Henri A. Alfred de Les péchés mignons Tem páginas perigosas Gondrecourt Iwan Aleksandrowitsch Marc Le nihiliste Há algum perigo Gontscharow Simple histoire Há algum perigo

L. Jean Emmanuel Gonzalès Les frères de la côte Não aconselhamos

Une princesse russe Não aconselhamos

L´epave Não aconselhamos

Les trois fiancées Não aconselhamos 463

Gorki maxim A angustia Devem ser proscriptos, os personagens são despidos de todo o senso moral

Uma confissão Devem ser proscriptos, os personagens são despidos de todo o senso moral

O espião Devem ser proscriptos, os personagens são despidos de todo o senso moral

Os Ex homens Devem ser proscriptos, os personagens são despidos de todo o senso moral

Historia d´um crime Devem ser proscriptos, os personagens

são despidos de todo o senso moral

Devem ser proscriptos, os personagens A mãe são despidos de todo o senso moral

Devem ser proscriptos, os personagens Na prisão são despidos de todo o senso moral

Varenca Olessova Devem ser proscriptos, os personagens são despidos de todo o senso moral

Goron Un beau crime Não pode ser lido por todos

Les mystères de la tour pointue Não pode ser lido por todos

Le secret du Dr. marcenay Não pode ser lido por todos Les antres de Paris Perigosissimos Le crime de la rue de Javel Perigosissimos

Simon Gorter Een praatje Não é de todo bom

Emile Gossot Madelzine Há senoes

Nat Gould The old Mare´s foal Ha inconveniencias

Henri Gourdon de Francine la bouquetière Ha que sensurar Genouillac L´homme au nez coupé Ha que sensurar

Une luronne Ha que sensurar

Remy de Gourmond Merlette Talvez possa ser lido por pessoas ponderadas, no mais o autor é perigoso 464

Léon Gozlan La dernière soeur grise Tem muitas inconveniências

Aristide Froissart Tem muitas inconveniencias

Le dragon rouge Tem muitas inconveniencias

Les émotions de Polydore Marasquin Tem muitas inconveniências

La main cachée Tem muitas inconveniencias Les martyrs inconnus Tem muitas inconveniencias Un petit bout d´orielle Tem muitas inconveniencias

La pluie el le beau temps Tem muitas inconveniencias

Une tempête dans un verre d´eau Tem muitas inconveniencias

Cruz Graça Almas torturadas Não é livro a recommender-se, contos simples mas deixam a desejar quanto a moralidade

Miss Winifred Graham Meresia Não podem ler

The Lionists Não podem ler

Sarah Grand The heavenly twins Há inconveniencias

James Grant Shall I win her Há inconveniencias

Mme. Erna Grantoff Le déclin Não é sem algum perigo

João Grave Os famintos Algumas idéas avariadas, dispensáveis.

Johannès Gravier Le calvaire d´un docteur Altamente prejudicial

João Gravigni As ultimas bacchantes Pornographico

Maxwell gray An innocent imposter Não são inoffensivos The silence of Dean Maitland Não são inoffensivos 465

Anna Katherine Green Cynthia Wakeham´s Money É perigosa a leitura

Le crime de Gramercy- Park É perigosa a leitura

La main et la bague

Derrière les portes closes É perigosa a leitura

Une étrange disparition É perigosa a leitura

Lequel des trios? É perigosa a leitura É perigosa a leitura

Rudolf Greinz Simerls gutter Tag Ha inconveniencias

Henry Grenet La femme mousquetaire Não aconselhamos a leitura

Vicomte E. de Grenville Histoire de deux heritières Ha inconveniencias

Eustace-Clare Grenville- The <> cabal Ha perigo Murray Veuve ou mariée? Ha perigo

Athanase Grésol Propos d´antichambre Não aconselhamos

Henry Gréville L´amie Não aconselhamos

Angèle Não aconselhamos

Ariadne Não aconselhamos

A travers champs Não aconselhamos

Autour d´un phare Não aconselhamos

L´avenir d´Aline Não aconselhamos

L´aveu Não aconselhamos

Bonne-Marie Não aconselhamos

Chant de noces Não aconselhamos

Chénerol Não aconselhamos

Cité Menard Não aconselhamos

Clairefontaine Não aconselhamos

Cléopatre Não aconselhamos

Le Coeur de Louise Não aconselhamos 466

Le comte Xavier Não aconselhamos

Croquis Não aconselhamos

Les degrés de l´échelle Não aconselhamos

La demoiselle de Puygarron Não aconselhamos

Dosia Não aconselhamos

Les épreuves de Raïsa Não aconselhamos

L´expiation de Savéli Não aconselhamos

Le fiancé de Sylvie Não aconselhamos

Fidèlka Não aconselhamos

Folle avoine Não aconselhamos

Frankley Não aconselhamos

L´ingénu Não aconselhamos

Louk louktich Não aconselhamos

Madame de Dreux Não aconselhamos

La Mamselka Não aconselhamos

Les mariages de Philomène Não aconselhamos

Le mari d´Aurette Não aconselhamos

Marier sa fille Não aconselhamos

Le mors aux dents Não aconselhamos

Le moulin Frappier Não aconselhamos

Un mystère Não aconselhamos

Nikanor Não aconselhamos

Nouvelles russes Não aconselhamos

Les ormes Não aconselhamos

Le passe Não aconselhamos

Perdue Não aconselhamos

Péril Não aconselhamos 467

Un peu de ma vie Não aconselhamos

La princesse Oghéroff Não aconselhamos

Le roi des milliards Não aconselhamos

Rose Rozier Não aconselhamos

Sonia Não aconselhamos

Une trahison Não aconselhamos

A casa de Maurèze Não é recommendavel

Um crime Tem passagens impróprias

Louis Cleopatra Não o leiam

Lucia Rodey Tende a justificar o divorcio

Suzanne Normis Antireligioso

Sidney C. Grier A young man married Não aconselhamos

Ricardo Fernandez Guardia La princesse Lulu Tem algumas inconveniencias

José David Guarin Las bodas de um nuerto Não satisfaz plenamente

Las três semanas Não satisfaz plenamente

Entre usted, que se moja Tem uma pagina contra vida religiosa

Paul Gué Les luttes de Marguerite Reservas para a leitura

Henri Guerlin Le baiser de la déesse Existem umas inconveniencias

L´inutile révolte Existem umas inconveniencias

Constant Guéroult La bande Graftique Tem inconveniências

La bourgeoise d´Anvers Tem inconveniencias

A Herança trágica Mortes, roubo, assumpto immoral

O segredo do Sr. Lubin O romance não é dos mais corruptores; ainda assim não devem lel-o crianças

A volta do rocambole São aventuras e dramas que excitam a imaginação e não têm fundo moral

Rafael Guerrero Don Juan Tenório Immoral

Teodoro Guerrero La passión de lós celos. Cuadros de la Tem senões vida intima 468

Gustave Guesviller Catherinette Não aconselhamos L´idole Não aconselhamos Gustave Guiches Um coeur discret Tem senões

L´ennemi Tem senões

Chacun sa vie São prejudiciaes em alto grau

Um Monsieur três bien São prejudiciaes em alto grau

Marcel Guillain Le mystère du train de 7 heures Há inconveniencias

Emile Guillaumin La vie d´um simple Prejudicial Baptiste et sa femme Há senões

Emile Guillemin Le syndical de Baucignoux Não aconselhamos

Bernardo Guimarães O bandido do Rio das Mortes É escassa a psychologia, violenta a acção O Indio Affonso Scena immoral, vedado a menores. Nem vê conveniência que terão adultos em lel-o Rozaura, a engeitada Scenas bastante grosseiras, não serve

O seminarista Reserva o livro para leitores muito maduros e illustrados Delphim Guimaraes O Rosquedo Scenas nada edificantes, não é livro que se recommende.

Ares do Minho São bastante livres e desrespeitosos para com a religião e sacerdotes L´Abbé B. Guinandeau Paule Sainte-reine; les dévoués Não é para todos indistinctamente Pierre Guitet Vauquelin La force du doute É muito nociva a leitura Gustavo Guitton Le fléau Há senões

Le prix du sang Há senões

Inconveniente segundo alguns, A O que serão os homens no anno 3000 Bibliothèque Choisie dá-o porém como inoffensivo

Archibald C. Gunter Criminelle par amour Há algum perigo

Friedrich Wilhelm La vie militaire em Prussie Há umas inconveniencias Hackländer 469

Henry Rider Haggard She Não é inoffensivo

Beatriz Não deixa de ter inconvenientes, amor e suicidio

O filho dos boers O valor literário é assaz limitado, aventuras, perseguição, rapto

Ida Hahn-Hahn Aus der Gesellschaft Não são recomendaveis

Gräfin Faustine Não são recomendaveis

Ulrich Não são recomendaveis

Sigismund Forster Não são recomendaveis

Ludovic Halévy Cadette Não aconselhamos

Criquette Não aconselhamos

La frontière Não aconselhamos

Karikari Não aconselhamos

Um mariage d´ amour Não aconselhamos

Monsieur e madame Cardinal Não aconselhamos

Les petites Cardinal Não aconselhamos Princesse Não aconselhamos Tricoche et Cacolet Não aconselhamos

Per. Hallström Idylle secrète Não é para todos

Marie – Robert Halt Histoire d´um petit homme Tenham algum cuidado

Les infortunes d´un gentilhomme Tenham algum cuidado Fernand Hamelin Le journal d´un prêtre Prohibido pela egreja Antonio Hamilton Memorias do Cavalheiro de Grammont Deshonestas Cosmo Hamilton Cupid in many moods Há inconveniencias Ola Hansson Sensitiva amorosa Há inconveniencias Edmond Haraucourt Les naufragés Há senões

Le Setubal Há senoes

Trumaille et Pelisson Há senoes

470

Les Benoit Muitissimo prejudicial

Dieudonat Muitissimo prejudicial

John H. Harding A porta do reigo Interessante mas não deve ser lido por todos, veneno, suicídio.

Miss Iza Duffus Hardy Only a Love story Exige reserva

Thomas Hardy The dynasts Não leiam

For from the madding Não leiam crowd Não leiam Tess of the d´Ubervilles Não leiam Barbara Não leiam La bien-aimée Não leiam Jude l´obscur Henry Harland Mlle Miss Abstenham –se da leitura La sabatière du cardinal Abstenham –se da leitura Béatrice Harraden Des ombres qui passent Ha senoes Frank Harris Le meilleur home de Garotte Ha umas inconveniencias Francis Bret Harte Three partners or the big strike on heavy Não é inoffensive tree hill

Les aventures d´un pionnier Não é inoffensivo Henri Hartog Sjofelen Não havendo motive especial não leiam

D. Harville Lucien Gaudran Não pode ser aconselhado

Wilhelm hauff Nouvelles Há inconveniencias

Jud Süss Há inconveniencias Nattanael Hawthorne The Scarlet letter (La lettre rouge) Não é inoffensive

Contesd étranges Não é inoffensivo La veillée de Noël du Quaker Não é inoffensivo

Valentina Hawtkey Personelle Não é inoffensivo 471

Mary-Cecil Hay Among the ruins and other stories Não é inoffensivo

The Arundel motto Não é inoffensivo

Under the will Não é inoffensivo

Emmanuel des Hayes Un triptyque d´amour Não aconselhamos Headon- Hill Comme dans un rêve Não aconselhamos

Juste crime Não aconselhamos

Betrapt Não aconselhamos

Cora Gourko Não aconselhamos

Het geheim van prinses Paul Não aconselhamos

Lafeadio Hearn La lumière vient de l´Orient Não aconselhamos

La legende de Mimi –Nashi-Hôichi

Não aconselhamos

Carlos José A. von Le foyer conquis Não é inoffensivo Hedenstjerna Le seigneur de Halleborg Não é inoffensivo Werner Von Heidenstam Le retour Reserva Wilhelmine Heimburg Op dwaalwegen Tem inconveniencias

De sterkste Tem inconveniencias

E. Hell Les glaneurs d´idées Não aconselhamos

Franz Hellimer La ville morte Há senões Les scories Há senões

E. E. Helstan Les victimes de la Révolution Há inconveniencias

Lady Hely- Hutchinson Monica Grey Não deixa de ter algum perigo

Martial Hémon Mauvais ménage As vezes inconveniente Vivante enigme As vezes inconveniente Henri d´Hennezel L´entrave Não aconselhamos Le lendemain du péché Não aconselhamos Léon Hennique Les anolis Convem proscrever

Elisabeth Cournneau Convem proscrever

La menteuse Convem proscrever

Peuf Convem proscrever

O. Henry Le Chevalier à la rose Não aconselhamos Jacques Henry Les noyés Há senões 472

Alexandre Hepp Chaos Não aconselhamos

Contes, études et portraits Não aconselhamos

Quotidiennes Não aconselhamos

Voyages Não aconselhamos

François Hercee Le hussard Não são para todos

Le mariage de Szaboles Não são para todos

Alexandre Herculano O bobo Mostra-se hostil a Egreja Catholica

Eurico, o Presbytero Idéa falsa do sacerdócio catholico, só deve ser lido por pessoas instruídas e bastante ponderadas

Com algumas restricções se pode Lendas e narrativas 2 vol permitir

Há nelle muito ódio e muita vingança . O monge de Cister 2 vol

Charles – Joseph de Ricault Les amours de Lord Saint-Albans Não aconselhamos d´Héricault Aventures d´amour d´un diplomate Não é para todos

Les extravagances du hazard Não é para todos

La fille aux bluets Não é para todos

Un pasysan de l´Ancien Régime Não é para todos

Fon d´amour Não é para todos

Liévin Liévinette Não é para todos

Les memoires de mon oncle Não é para todos

Les noces d´un Jacobin Não é para todos

Une reine sauvage Não é para todos

Le roman d´un propriétaire Não é para todos

Le secret des Valrège Não é para todos

Thermidor Não é para todos

Henri A. Hering Le fruitier desincarné Não é para todos O club dos ladrões É a apologia do roubo Gaston Herisson Un jeune bourgeois Nem todos devem ler Georg Hermann JettchenGebert Não é de todo inoffensivo 473

Abel Hermant Le bon Roy Henry Não pode ser aconselhado, porém é decente

Daniel Há algum perigo

Chaîne anglaise Há algum perigo

La discorde Há algum perigo

Eddy et paddy Há algum perigo

Les grands bourgeois Há algum perigo

Le cavalier Misrey São altamente prejudiciais

Les frisson de Paris São altamente prejudiciaes Esteban Hernandez y La fuente de lãs gracias Deve ser proscripto Fernandez Don Pedro El Crul Não é isento de senões Maria de Herrera Lucha de la vida Sceptico e Immoral Ignaz Herrmann Un plat inconnu de la parfaile cuisimère Há algumas inconveniencias François d´ Hers Les joies du Capitole Há algum perigo na leitura Paul-Ernest Hervieu L´alpe homicide Perigoso Diogène, Le chien Perigoso

Le silence du sang Perigoso

Deux plaisanteries Nocivo em alto grau L´armature Nocivo em alto grau

Flirt Nocivo em alto grau

Peints par eux-mêmes Nocivo em alto grau

Les tenailles Nocivo em alto grau

Point de lendemain Nocivo em alto grau

Les paroles restent Nocivo em alto grau

Ernest Hervilly Contes pour lês grandes personnes Não é inoffensivo Frankel Herzberg Reb Herschel Não aconselhamos

Um quêteur Não aconselhamos

Baschinka Não aconselhamos

Hermann Hesse Peter Camenzind Não é sem algum perigo Paul Heuzé L´aïeul Não deixam de ser perigosos La relique Não deixam de ser perigosos Jules-Philippe Heuzey Une femme Há algum perigo 474

Maurice Henry Hewlett The life and death of Richard Yea-and- Não é inteiramente inoffensive nay

The new Canterbury Pilgrins Não é inteiramente inofensivo

Messer Cino et le charbon ardent Não é inteiramente inoffensivo

Robert Smyttie Hichens The garden of Allah Não é para todos Le tambour du désert Não é para todos Wilhelmine Marie Sophie Ein Arzt der Seele Reservas Von Hillern Le couvent de Marienberg Reservas

Le plus fort Reservas

Émile Hinzelin Le maître du jeu Não leiam André marsy Não leiam Charles- Henri Hirsch Le crime de Potru Tenham cuidado La fin de Salomé Tenham cuidado Jules Hoche Les bouleverseurs du monde Deve ser proscripto Mrs. Cashel Hoey A golden sorrow Não é para todos Hans Friedrich Karl Eistrug Não é propriamente para todos

Aus der Sommerfrische Não é propriamente para todos

Von Haff und Hafen Não é propriamente para todos

Jan Holland Athanasius Mors Há algum perigo na leitura Tages Há algum perigo na leitura Een koningsdroom É seriamente nociva a leitura Oliver Wendell Holmes Elsie Venner Inconveniente Arno Holz La première classe Há algum perigo na leitura Jean Honcey Jean Bise Não é para todos Anthony Hope A change of air É um tanto perigosa a leitura

The prisoner of Zenda É um tanto perigosa a leitura

Rupert of Heztzau É um tanto perigosa a leitura

Le patrimoine perdue É um tanto perigosa a leitura

Simon Dale É um tanto perigosa a leitura

Ernest William Hornung Raffles, cambioleur pour Não aconselhamos Le bon motif

L´ombre de la corde Não aconselhamos

Auteur! Auteur! Não aconselhamos

Lady Judas Não aconselhamos

Um gatuno de casaca Conto de aventuras, menos 475

recommendavel para jovens

Arsène Houssaye Les larmes de Jeanne Não leiam Lucia Devem ser prohibidos a todos Mademoiselle Cleopatra Devem ser prohibidos a todos Mademoiselle Miriani Devem ser prohibidos a todos As mãos cheias de rosas Devem ser prohibidos a todos O romance da duqueza Devem ser prohibidos a todos O romance da mulher que amou Devem ser prohibidos a todos A virtude de Rosina Devem ser prohibidos a todos William –Dean Howels Achance acquaintance Não pode ser lido Joseph Hudault La formation de Jean Turoit Não aconselhamos Gustave Hue L´utile amie Perigoso Avocate Perigoso Le petit faude Perigoso Victor-Marie Hugo Bug -Jargal Menos perigosa de suas obras, immoralidades Le dernier jour d´un candamné Menos perigosa de suas obras, immoralidades Claude Gueaux Menos perigosa de suas obras, immoralidades L´homme qui rit Menos perigosa de suas obras, immoralidades Les travaìlleurs de la mer Menos perigosa de suas obras, immoralidades O bom bispo Não é livro para crianças e nem para adultos Cezar que mata e Pedro que mente Não o recommendamos Claudio Gueux Não o recommendamos Han d´Islandia 4 vol Não faltam scenas deshonestas Historia de um crime Antireligioso Os homens do mar O menos sensual de todos Os miseraveis Pessimo, posto no índice dos prohibidos Nossa senhora de paris Um insulto Noventa e tres Uma glorificação da revolução (Não entendi se é indicado ou Não) pág. 397 Johan Huizing Liefde´s wraak Não serve para todos Fergus W. Hume Miss Méphistophelès Não aconselhamos L´oeuil de jade Não aconselhamos La dame errante Não aconselhamos O mysterio de um trem de praça Não é propriamente ruim, mas também A sombra Mysteriosa não deixa de ter algum perigo Ambição, libertinagem, assassinato e morte, não deve ser lido 476

L. Michaud d´Humive As grandes lensas da humanidade Oito lendas umas boas outras ruins.

Amor d´Aldeia Junto as oito lendas passeia a novella immoral Mrs. Argles Hungerfor A Born coquette Abstenham-se da leitura The duchess Abstenham Hon-Mrs. Wercker Abstenham Lady Patty Abstenham The professor´s experiment Abstenham The Red-House mystery Rossmoyne Abstenham Abstenham Hunt-Violet Alfairs of the heart Não aconselhamos Antonio Hurtado Cosas del mundo Inconveniente Hussein Djahid Les kerodji Há algum perigo Freiin Maria Luise von Marr´d in making Reservas Hutten Stolzenberg Joris Karl Huysmans Eu ménage Devem ser proscriptas A rebours Devem ser proscriptas Làbas Devem ser proscriptas A vau-l´eau Devem ser proscriptas En rade Devem ser proscriptas Les foules de Lourdes Escandalizará almas piedosas, mas poderá fazer bem a incredulos As Irmans Vatard Tem indecencias Martha Deve ser proscripto Lourdes Paginas belíssimas, outras porém de realismo revoltante A Cathedral Belissimos trechos de ardente fé, outros de realismo bastante grosseiro A caminho Muito livre O Castello de Lourps Não foi feliz neste trabalho, historia de um homem casado que apoquentado pelo creados, se vê na necessidade de se recolher à hospedagem de um amigo, onde vê fantasmas, tem pesadelos e passa mal.

Carolina Invernizio Amor triumphante Scenas apaixonadas e perigosas O beijo da morta (O ultimo beijo) Não o recommendamos Excitante; justificação do suicídio O castigo de um malvado Coração de mãe Muito livre e perigoso

As filhas da duqueza e o ermitão 2 vol Immoral O gremio do mal A luta pelo amor Vingança duma louca Scenas provocadoras, deshonestas Immoral Não o leiam Jorge Isaacs Maria Honesto, há todavia uns senões 477

Y. d´Isné O sello da Roda Ciumes, morte, jovens não devem ler e adultos verão que nada aproveitam Serões d´inverno São meia dúzia de contos interessantes, porém um pouco forte para jovens Samuel Ivo Pae Domingos ou o Ladrão Aristocrata O livro nada vale, prostituição aos quinze anos Os dez olhos de oiro Assassinatos ás dúzias, enredo estúpido de tão inverosimil Jehan Ivray Au coeur du harem Não aconselhamos Wilfrid S. Jackson Helen of Troy Há senões William W. Jacobs Le puit Não aconselhamos Met volle zeilen Não aconselhamos Jens Peter Jacobsen Entre la vie et le rève Não aconselhamos Madame Fonss Não aconselhamos Marie Grubbe Não aconselhamos Niels Lyhne Não aconselhamos Luiz Jacolliot A Africa mysteriosa Não pode ser recommendado Ricardo Jaimes Freire Noche em casa de Myrthia Immoral Edmond Jaloux L´éventail de crepe Não é de todo inoffensivo Le reste est silence Não é de todo inoffensivo George P. R. James The convict Deixem de ler Henry James The american Não aconselhamos The europeans Não aconselhamos Le menteur Não aconselhamos Jules Gabriel Janin L´âne mort et la femme guillotine Não aconselhamos Le chemin de traverse Contes fantastiques Não aconselhamos Contes non estampillés Não aconselhamos Contes nouveaux Não aconselhamos Petits romans Não aconselhamos Não aconselhamos Petits romans d´hier et d´aujourd´hui Não aconselhamos Bertrand de Jarre Ce qui demeure Leitura muito perigosa J E Jasper Van deugden en dwalingen Ha inconveniencias De Jassaud Disparue Ha algum perigo D. Jaubert Gestes de Provence. Guerres de religion Não é para todos Édouard Jenkins Ginx´s baby Há inconveniencias Lord Bantam Há inconveniencias La chaine du diable Há inconveniencias Miss Sarah Orne Jewet Le Roman d´un loyaliste Não é para todos Geraldina Emdror Jewsbury Zoe É muito apaixonado Jeznca Die Tochter des Intendanten Não é leitura para todos Aloïs Jirasek Le romarin Tem seus perigos Jacques Joel Madame Flirt Embora tire conclusões Moraes, quadros realistas demais, pinta a sociedade moderna com os seus ridículos e perversões. Johan De legende van Uilenspiegel em Lamme Não aconselhamos Goedzac 478

Miss Mary Johnston L´amour plus fort que l´orgueil Não podem ler

Para ler e reter Adultos podem ler com reserve, põe na vida dum pastor protestante algumas passagens pouco serias. De vez em quando também escapa o sal grosso e a entrelinha que diz muito e mal. La marquise Marie M. F. Accanto All´amore Abstenha-se Jolanda Eugène Jolielerc de Rollice Le fruit vert Tem páginas perigosas Le sang Tem páginas perigosas Nos péchés Tem páginas perigosas Les enchaînés Muitíssimo nocivo Charles Joliet Papiers de famille Un Roman dan les annonces du Times Ha perigo na leitura

Elisabeth Jonathan Waarheid en droomen Com reservas St. Josef Le cerisier de Lucullen Ha reservas J. Joseph- Renaud Le chercheur de merveilleux Reservas J. Khalil Joubranc Martha la Banaise Reservas G. Jubin Les aventures de M. Haps Reservas Stanislas Julien Les deux jeunes filles lettrées Reservas

Yu-Kialoli. Les deux cousines Reservas

Jean –Thomas –Edouard L´ours- à – lunettes Reservas Jullien Léo Junius Os libertinos e Tartufos do Rio de Janeiro Inconveniente Paul Junka L´aube de l´amour Não leiam Gracieuse Não leiam Mademoiselle Nouveau- Jeu Não leiam Le vertige de l´or Não leiam A Kaempfen A chávena de cha´ Pode ser lido, mas dificilmente achara apreciadores de tão antiquado e fora de moda Isabelle Kaiser L´éclair dans la voile Reservas Héro Reservas

Vive le Roi! Les guerres de la Vendée Reservas

Andre Karkavitzas La capitaine Alguma reserva Jann Karmor Ame de Breton Não é para todos Alphonse Karr Le chemin Le plus court Ha perigo na leitura Devant les tisons Ha perigo na leitura Fá dièze Ha perigo na leitura Menus propos Ha perigo na leitura Une heure trop tard É muito nocivo Leslie Keith By fancy led Não leiam 479

Gottfried Keller Leute von Seldwyla Reservas Sieben Legenden Reservas Le drapeau des Sept Reservas Les trios justes Reservas Der grüne Heinrich Ha muitos ataques ao christianismo Eugène Kemechey Le csardas magique Alguma reserva Kenan Tissi Em razzia Alguma reserva Mrs. Edward Kennard The girl in the Brown habit Reservas The right sort Tony larkin Reservas Reservas Jean de Kerlys C´est faiblaisse que d´aimer Não é para todos Edouard de Keyer Savério s´amuse, Moeurs de Merece a mais franca repulsa Constantinople Charles Kingsley Il y a deux ans Com alguma reserva De waterkindertjes Com alguma reserva George – Henry Kingsley Ravenshoe Alguma reserva Rudgard kipling Lifes Handicap Trazem perigo ao leitor Many inventions Trazem perigo ao leitor Actions et reactions Trazem perigo ao leitor Au Blanc et noir Trazem perigo ao leitor Au hasard de la vie Trazem perigo ao leitor Les bâtisseurs de ponts Trazem perigo ao leitor Le chat maltais Trazem perigo ao leitor Gemini Trazem perigo ao leitor L´homme qui voulut être roi Trazem perigo ao leitor

Kim Trazem perigo ao leitor Lettres de marque Trazem perigo ao leitor Lettres du Japon Trazem perigo ao leitor Le livre de la Jungle Trazem perigo ao leitor Le second livre de la Jungle Trazem perigo ao leitor

La lumière qui s´éteint Trazem perigo ao leitor La nauhlaka Trazem perigo ao leitor Le retour d´Imray Trazem perigo ao leitor Nouveaux contes des collines Trazem perigo ao leitor

Sur le mur de la ville Trazem perigo ao leitor Trois troupiers Trazem perigo ao leitor Captains courageous Trazem perigo ao leitor The story of the Gadsbys Trazem perigo ao leitor Chez les Américains Trazem perigo ao leitor

Edmond Kirke Les noirs et les Petits blancs dans les etats Alguma reserva du sud de l´amerique du nord Alexandre Kjeland Le presbytère Alguma reserva Fortuna Alguma reserva Lute Klaver De vrachtrijder van warmelo Não é para todos P. J. Kloppers In gods leerschool Alguma reserva Henny Koch Luimige vertelsels Não é inofensivo Paul de Kock As Alcovas malditas Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Aleixo e Georgina Devem ser proscriptos por motivo de 480

arte e limpeza, deshonestos Os amantes da minha amante Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos O amante da lua Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos O amigo Piffard Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos O amor concunda Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Amores de duas irmans Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Amores de narciso Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Amor que acaba e amor que começa Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Amor só d´um lado Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos André, o Saboyano 2 vol Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos O bandido Giovanni Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos O barbeiro de paris Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos A baroneza blaguiskof Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos O bigode Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos O bom do Snr. Leitão Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Burro do Snr. Martinho Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos O campo das papoulas 2 vol Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos A casa branca Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos A casa de Pardaillon e C. 2 vol Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos O casal Chamoureau Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos A cerejinha Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Cerizeta Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos O coitadinho Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Os companheiros das turbaras 2 vol Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Contos jocozos Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos O corcunda Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Criada impagável Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos A dama dos três espartilhos Devem ser proscriptos por motivo de 481

arte e limpeza, deshonestos Demonio da alcova Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Donzella de Belleville Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Duas irmãs Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Edmundo e sua prima Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos A família braillard Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos A família gogó Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos A família pavilhão Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Fidalgos e plebeus 2 vol Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos O filho de minha mulher Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Florentina Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Frederica Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos A grande envenenadora Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Gustavo o estroina Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Gustavo o libertino Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Historia dos coitadinhos celebres 9 vol Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Um homem atribulado Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos O homem dos três calções Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos O incorrigível Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Os intrujoes 2 vol Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos O joão 2 vol Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos A ladra de amor Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Magdalena Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Um marido de quem se zomba Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Um marido perdido Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Um marido por um pé de meia Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Médico dos ladrões Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Memorias 2 vol Devem ser proscriptos por motivo de 482

arte e limpeza, deshonestos A menina bonita do arrabalde Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos A menina das três saias Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos A Menina lisa Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos As meninas da água furtada Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos O menino de Izidoro Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos O meu vizinho Raymundo Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Mulheres independentes Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos As mulheres, o jogo e o vinho Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Mulher, marido e amante Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Uma mulher singular Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Namorado sem ventura Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos O neto do Cartouche Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos A noiva de Fontenay das Rosas Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos A noiva do cadette Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos O papá sogro Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Paulo e o seu cão Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Os pequenos regatos formam grandes Devem ser proscriptos por motivo de ribeiros arte e limpeza, deshonestos A procura de Noiva Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Professor Ficheclaque Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos O Rapaz mysterioso da esquina Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Romance de uma mulher pallida Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Scenas e quadros parisienses Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Sem gravata 2 vol Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos A senhora de Monflanquin Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Senhor chéramy Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos O senhor choublanc procurando sua Devem ser proscriptos por motivo de mulher arte e limpeza, deshonestos Senhor Dupont Devem ser proscriptos por motivo de 483

arte e limpeza, deshonestos Taquinet, o corcunda Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos As treze noites de Joanna Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Triquette 2 vol Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Vereda das ameixas Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos Uma vida atribulada Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos A viúva tapin Devem ser proscriptos por motivo de arte e limpeza, deshonestos A M Kollevijn De ondheid (Kleio) in schetsen em Alguma reserva verhalen Edgar Kolmar Het dagbock van kleine Maurits Algum cuidado Komensky Le labyrinthe du monde et le paradis du Não é para todos coeur Leopoldo Kompert Nouvelles Juives Algum cuidado Alfred Konar Les papillons noirs d´Aline Alguma reserva Mme Maya Konopnicka Ma petite tante Menos conveniente Aleko I. Konstantinoff Societé de temperance Algum cuidado Vladimir G. Korolenko Contes d´Ukraine et de Sibérie Alguma reserva Une fille étrange Schetsen em verteling Alguma reserva Alguma reserva August Von Kotzebue Contos a meus filhos Não os recommendamos MArg. Hankes D. de Krabbé Le partage de la lune Visto e julgado pelos olhos de uma criança, não é leitura para todos Thomas Peter Krag Dora Alguma reserva Hubert Krains Amours rustiques Não aconselhamos Figures du pays Não aconselhamos L´oillet rouge Não aconselhamos Le pain noir Muito menos aconselhamos este Les bons parents Muito menos aconselhamos este Mm Mite Kremuitz Astra Requer alguma reserva E T Laan Hij die Kvam em ging Seriamente perigoso H. van der Laans Norine´s keuze Reservas François Labeur Le bom combat Não aconselhamos, exige reservas Villa des roses Não aconselhamos, exige reservas Jean Klein legionnaire Não aconselhamos, exige reservas Dr. Henry Labonne Salvor Alguma reserva Raymond Labruyère Le sel de la terre Não é sem algum perigo Augusto de Lacerda O rabbi da Galiléa Não toquem nelle Paul Lacour Un Roman du Premier Consul Ha algum perigo Le secret d´Antoine Ha algum perigo Léon Lafage La chèvre de Pescadoire Algum cuidado com Par aventure Algum cuidado com Fernand Lafargne Une idylle à Taiti Não aconselhamos La palombière Não aconselhamos Le point noir Não aconselhamos Rutt Não aconselhamos 484

Louis M. Lafontaine La Jolie paimpolaise Alguma reserva Selma Lagerlöf Jèrusalem em Dalécarlie Alguma reserva La legende de gosta berling Alguma reserva Le livre des legendes La marche nuptiale Alguma reserva Le vieux manoir Alguma reserva Alguma reserva Jules Lair Louise de la vallière et la jeunesse de Alguma reserva Louis XIV Pierre Lalande Sang de vainqueur Algum cuidado Roger Lalli Nella Jolie fille Reserva Louis Lamapet Les fondroyés Não satisfaz nem sob o ponto de vista literário, nem moral Alphonse Lamartine Jocelyn Prohibido Voyage em Orient Prohibido La chute d´un Ange Prohibido Roger Lambelin Fils de chouan Alguma reserva L H J Lamberts- In limburg en daarbruiten Algum cuidado Hurrelbrink Limburgsche Ardennen Algum cuidado Van limburj´s grenzen Algum cuidado Nanny Lambrecht Die franzmänner Mais ou menos inoffensivos para adultos instruidos Das land der nacht Mais ou menos inoffensivos para adultos instruidos Was im venn geschah Mais ou menos inoffensivos para adultos instruidos Armsünderin Muito perigoso Allsünderdorf Muito perigoso Statuendame Muito perigoso Die Mädchen Muito perigoso Die eiserne Freude Acentua o lado erotico Marul Lami Grand Paul Traz algum perigo Étienne M. Victor Lamy Le femme et lês penseurs Mostrem se reservados Maurice Landay Les robes noires Não aconselhamos Gabriel de la Landelle O amor de Ninette Não convém para bibliothecas Os grande amores catholicas O homem de fogo Não convém para bibliothecas Rouget e Nourot catholicas As ilhas de gelo 3 vol Não convém para bibliothecas Le mouton enragé e as edições da casa catholicas Dentu Não convém para bibliothecas catholicas Não convém para bibliothecas catholicas Não convém para bibliothecas catholicas Mme R. landis Um petit monde russe à Paris Reserva Pierre de Guéheneuc de O romance de um príncipe Não podemos recommendar Lano Geneviève Lanzy Vers l´amant Alguma reserva Hugues lapaire Le fardeau Abstenha se da leitura Les demoiselles blanchard Abstenha se da leitura 485

Hélène Lapidoth – Swarth Villa vrede Leitura muito nociva Berusting Leitura muito nociva Blijde verwachting Leitura muito nociva Armand Lapoint Le bonhomme misere Há algum perigo La princesse Há algum perigo Le cousin Cézar Há algum perigo Valery Larbaud Fermina Marquez Tenham algum cuidado Enrique Larreta A gloria de Don Ramiro Sensualidade, brutalidade e realismo, não convem Karl Larsen Le cochonnet Reserva De biecht eener vrouw Reserva Pierre Lassere Le crime de Biodos Há algum perigo na leitura Alex de La Tour et Taxis Le violon de Jacob Stainer Não é sem perigo Louis Latzarus La demoiselle de la rue des notaries Mostrem-se reservados Daniel Laumonier Sang d´Argonnes Não é para todos Raymond Lauraine L´évail Tem inconveniências Charles –Marie Laurent L´espion de l´empereur Deixem a parte Le valet de Crillon Deixem a parte L´empereur s´amuse Deixem a parte Henri –Léon- Em Lavedan Bom na, mal na Não é inoffensivo Le bon temps Não é inoffensivo Lydie Não é inoffensivo Mon filleul Não é inoffensivo Terre natale Não é inoffensivo La valse Não é inoffensivo La vie courante Não é inoffensivo Alexandre Lavergne Le cadet de famille Não leiam Épouse on mère Não leiam Le lieutenant Robert Não leiam La robe et l´epée Não leiam Antonin Lavergne Jean coste Há inconveniencias Les frelons Há inconveniencias Henry Lawson Camarade de son père Leitura um tanto perigosa Lazare Lazarevitch Stana Não é todo inoffensivo Mauricio Leblanc Arsenio Lupin contra Herlock Sholmes Crimes, roubos, assaltos, aventura amorosa do gatuno não merece A agulha oca recomendação Não podemos recommendar, gatuno, ladrão, assassino Marius –Ary Leblond L´enfance crêole de Pierre Desrades Não é Inoffensivo Anatole Le Braz Au pays des pardons Alguma reserva Contes du soleil et de la brume Alguma reserva Vieilles histoires du pays Breton Ames d´ Occident Alguma reserva

Alguma reserva A Lebrun Feuilles mortes Alguma reserva Georges Lechartier La confession d´une femme du monde Paginas muito fortes L´irréductible force Où va la vie? Tão pouco aconselhamos Le vaisseau de plomb Tão pouco aconselhamos Tão pouco aconselhamos Gaston Lecocq Sous une tombe Alguma reserva 486

Georges-Charles Lecomte Suzeraine Perigoso Maison en fleurs Perigoso Les hannetons de Paris Perigoso Les cartons verts Perigoso Le veau d´or Perigoso Holm Lee Ben Milner´s wooing Não aconselhamos Georges Le Faure Le pays de la soif Deixem de parte Julien Lefèvre Foyer – détruit Algum perigo Robert Perceval, depute Algum perigo Le secret du lendemain Algum perigo Maurice Lefèvre La princesse sans coeur Não aconselhamos Anne-Charlotte Leffler Aurore Bunge Algumas inconveniencias Mary-Ann Legendre La toute petite Não é todo inoffensivo Gabriel Legouvé Edith de Falsen Abastenha-se L´éducation d´un père Abastenha-se Un lâche Abastenha-se Jules Legoux Les propos d´un bourgeois de Paris Inconveniencias Blanche Legrand L´eau dormante Não é para todos Charles Legras Servitude Não aconselhamos Marie Connor en Robert Detectief dred Não é inoffensivo Leighton Marguerite Lejeune L´âme victorieuse Não é para todos Fritia Lelijvelt Van Lieverlede Reserva Fr. Em. Jules Lemâitre La cloche É preciso alguma reserva Un martyr sans la foi É preciso alguma reserva Myrrha É preciso alguma reserva Les rois Seriamente perigoso Reis e Povo Não podemos recomendal-o Serenus Tem reflexoes contra a eucharistia, deve ser proscripto Mme Claude Lemaître L´aubaine Reserva Cadet Oui-Oui Reserva Jeux de dames Reserva Lina Reserva Le cant Reserva Les chimères Reserva Ma soeur Zabette Reserva 487

Camille Lemonnier Nos flamands Nocivo e ruim Un mâle Nocivo e ruim Happechair Nocivo e ruim L´homme em amour Nocivo e ruim Les charmiers Melhor sem ser inoffensivo Tante Amy Melhor sem ser inoffensivo Le mort Melhor sem ser inoffensivo Le vent dans lês moulins Melhor sem ser inoffensivo Bebés et joujoux Melhor sem ser inoffensivo Un coin de village Melhor sem ser inoffensivo Noëls flamands Melhor sem ser inoffensivo Le bon amour Melhor sem ser inoffensivo La chanson du carillon Melhor sem ser inoffensivo Comme va le ruisseau Melhor sem ser inoffensivo Contes flamands Melhor sem ser inoffensivo Contes flamands et wallons Melhor sem ser inofensivo Fleur-de-Rlé La maison qui dort Melhor sem ser inoffensivo Au beau pays de Flandre Melhor sem ser inoffensivo Mon mari Melhor sem ser inoffensivo Le petit homme de Dieu Melhor sem ser inoffensivo Melhor sem ser inoffensivo Jules Lenonvel Le Maraudeur Reservas Edmond Lepelletier Mme. Sans-Gêne Não aconselhamos William Le Queux The Temptress Não aconselhamos

Coupable? Não aconselhamos

La dame en bleu Não aconselhamos

Achter de schermen Não aconselhamos

Zoraïda Não aconselhamos

Jules Hippolyte Lermina Os lobos de Paris 3 vol Não aconselhamos

Cem mil francos de recompensa 1 vol Não aconselhamos

O filho do conde de monte Christo Não aconselhamos

Michel Lermontoff A princeza Maria Diario nada edificante, não recommenda-se Pierre Le Rohu L´autre rive Algum perigo

La faillite de Jacques Algum perigo Leblay Algum perigo Intègre Algum perigo Les procès de Lucette Gustave Lerouge O prisioneiro de Marte Alguma reserva 488

Gaston Leroux Le fauteuil hanté Há algum perigo

La Maison des juges Há algum perigo

Balaôo Há algum perigo

O mysterio do quarto amarello Há algum perigo

O perfume da dansa de negro Há algum perigo

Há algum perigo O phantasma da opera Há algum perigo Rouletabille Hugues Le Roux Les amants byzantins eos 6 volumes Não deixam de ter páginas nocivas (6244-6249)

L´épopée d´Afrique Não deixam de ter páginas nocivas

Chasses er gens Não deixam de ter páginas nocivas d´Abyssinie

Ménélik et nous Não deixam de ter páginas nocivas Je deviens colon Não deixam de ter páginas nocivas Gens de poudre Não deixam de ter páginas nocivas Le maître de l´heure Não deixam de ter páginas nocivas Prisonniers marocains Não deixam de ter páginas nocivas O mon passe Não deixam de ter páginas nocivas

Médéric et Lidée Não deixam de ter páginas nocivas

Le Roman de la peur Não deixam de ter páginas nocivas

Tout pour l´honneur Não deixam de ter páginas nocivas

Gladys Não deixam de ter páginas nocivas

Jules Le Roux Léon Chatry, instituteur Obriga alguma reserva

C. Cesbron- Leroux Autre temps Não são inoffensivos

L´étrangère Não são inoffensivos

La loi nouvelle Não são inoffensivos

Maître Lardent, notaire Não são inoffensivos

Gabriel V. Eugène Le Roy Joucquou le Croquant Melhor absterem-se 489

Grégoie Le Roy Joe Trimborn Perigoso e anticatholico Mme. Jeanne Leroy-Alais Marie-Rose au couvent Um tanto perigoso Allain René Lesage Le diable boiteux Não é inoffensiva O bacharel de Salamanca Não é leitura para todos Gil Braz de Santillana, 4 vol Exige reservas, pricipa obra de Lesage, um dos melhores romances do séx XVIII Mme. Richard Lesclide Une idylle em ballon Reserva

Mme Lescot Mariages d´aujourd´hui Não aconselhamos

Le Roman d´un petit vieux Não aconselhamos

Nikolas Leskov Gens de Russie Não é sem algum perigo

Daniel Lesueur Le Roman d´amour de M. Ingres Não podem ser aconselhados Une âme de vingtans Não podem ser aconselhados

Calvaire de femme Não podem ser aconselhados

Le Coeur chemine Não podem ser aconselhados

Le droit à la force Não podem ser aconselhados

Du sang sans des ténèbres Não podem ser aconselhados

La force du passe Não podem ser aconselhados

Haine d´amour Não podem ser aconselhados

Invincible charme Não podem ser aconselhados

Justice de femme Não podem ser aconselhados

Le masque d´amour Não podem ser aconselhados

Passion slave Não podem ser aconselhados

Au tournant des jours Não podem ser aconselhados

Guilles de Claircoeur Não podem ser aconselhados

Comédienne Muito prejudicial 490

Louis Létang La croix de chair Não convém dar a todos

La fee aux dentelles Não convém dar a todos

Fille de reine Não convém dar a todos

Grippe-soleil Não convém dar a todos

La muete Não convém dar a todos

Les testament du corsaire Não convém dar a todos

L ´or dispore Não convém dar a todos

Poudre d´or Não convém dar a todos Henri Leturque Au pays des Gauchos Não é para todos

Charles – James Lever Charles O´ Malley Há algum perigo

The confessions of Harry Lorrequer Há algum perigo Horace Templeton Há algum perigo The knight of Gwynne Há algum perigo Lord Kilgobbin Há algum perigo Roland Cashel Há algum perigo Aventures d´Harry Loerequer Há algum perigo

Antoine de Levis Miropoix Le papillon noir Ha paginas perigosas Le nouvel apôtre Ha paginas perigosas John K. Leys The black terror Reservas Mlle. Marie – Jeanne L´adroile princesse. Les aventures de Não deixa de ter algum perigo L´Héritier Finette Marcel L´Heureux Journal d´une jeune fille d´aujourd´hui Reservas

Jean L´Hopital Rêve d´enfants Algum cuidado

Mary Lhuissiar –Masson Tous deux Reservas

André Lichtenberger L´automme Não aconselhamos

L´autre Não aconselhamos

Contes héroïques Não aconselhamos

La folle aventure Não aconselhamos

Lilette Não aconselhamos

Juste lobel, alsacien Não aconselhamos 491

Monsieur de migurac, le marquis Não aconselhamos pkilosophe La mort de Corinthe Não aconselhamos

Père Não aconselhamos

La petite Não aconselhamos

Portraits d´aieuls Não aconselhamos

Rédemption Não aconselhamos

Tous héros Não aconselhamos

Petite madame Não aconselhamos

Jonas Lauritz Idemil Lie Le trold des mirages Reserva Le galérien Reserva J. V. F. de Liefde Onder zes nichtjes em neefjes Há algum perigo Raphael Lightone L´envers d´une haine Alguma reserva Detlew Axel A. Liliencron Greggert Meinstorff Alguma reserva

Kriegsnovellen Alguma reserva Kriegsund

Friedensnovellen Alguma reserva

Eine Sommerschlacht Alguma reserva

Antonio G. de Linares Excelsa Anticlerical e deshonesta Rudolf Lindau Der lange Holländer Alguma reserva

Miss Elisabeth Lynn Linton The true historie of Joshua Davidson Alguma reserva

Giuseppe Lipparini Le lunettier de Nuremberg Alguma reserva Gervasio Lobato Os invisiveis de Lisboa Adulterio, rapto, assassinato, vergonha, intriga. Mysterios do Porto Adulterio, rapto, scenas vergonhosas A primeira confessada Adulterio, torna o livro immoral M G L van Loghen Fortuin Altamente perigoso Charles Lomon L´affaire de Malpel Não aconselhamos

Amour sans nom Não aconselhamos

Les Atlantes Não aconselhamos

La régina Não aconselhamos

Lady Catherine Long The first-lieutenant´s story Algum cuidado

Ch. B. Loomis De ware Pisang Algum cuidado Oscar Lopes Maria Sidney São contos, desc rença e grave blasphemia Thomaz Lopes A vida Passagens immoraes 492

Travassos Lopes Historia de animaes 3 volumes, não sei como indicar as crianças. Falando do coelho diz: é invejoso, avarento, imbecil e hypocrita como um frade de bigode. Adelina Lopes Vieira Destinos Contos bem feitos, alguns admiráveis, pena que a autora não tenha guardado recato na descripção dalgumas scenas um pouco mais sérias. In extremis é um conto inconveniente.

Contos infantis Alguns contos são livres, são pequenas coisas que principiam a transtornar o espírito da criança. Rafael Lopez de Haro Del Tajo em lar ibera Deshonesto e nocivo Francisco Lopez de Ubeda La picara Justina Immoral

Mauricio Lopez Roberts Les soeurs Garcia-Triz Não é inoffensivo

Loraine-Rupert Met bloed gekocht Algum cuidado

A De Lorde Rosette ou L´amourese conspiration Ha inconveniencia Pierre Loti Le livre de la pitié et de la mort São dos mais perigosos Le mariage de Loti São dos mais perigosos

La troisième jeunesse de Mme. Prune São dos mais perigosos

Mme. Chrysanthème São dos mais perigosos

Aziyadé Ideias nocivas e immoralidades O Castello da Bella Deve ser proscripto As desencantadas Não pode ser lido por todos O deserto Immoral e irreligioso

Escalas no Japão Não é inoffensivo, ao menos não para jovens

Galiléa Offende crenças religiosas

As índias sem os ingleses De doutrinas antichristans

Jerusalem Deve ser proscripto O livro da piedade e da morte Doutrinas e moral falsas Morte de Philoe Tem descripções admiráveis do Eypto, mas sobre um fundo sensual e sceptico Paginas escolhidas Não recommendamos a todos

Para Ispahan Um tanto sensual

Os pescadores da Islandia Tem umas scenas voluptuosas

Ramuntcho Irreligioso e desonesto O romance d´uma criança Tem duas paginas escabrosas O romance d´um spahi Para proscrever-se O romeiro de Angkor Tem um fundo perturbante 493

A terceira juventude de MMe Prune Perigoso Lou- Paou- T´Ouo L´héritage énigmatique Não aconselhamos Pierre Louys Aphrodite Romantismo sensual, só para o fogo

Antonio coelho Louzada A rua escura Linguagem vulgar e obscena, amor livre e assassinato

Virginie Loveling Erfelijk belas Não aconselhamos

Idonia Não aconselhamos

Samuel Lover Handy Andy Reserva

Loyan de Lacy La nouvelle Antigonne Não aconselhamos

Auguste Luchet Frère et soeur Dos menos perigosos q o autor escreveu

João Lucio Pontes e Comp Escandalosamente immoraes

Emile Lucka Lettres jaunes Algum perigo

Ludana Les yeux clos Há senoes

Otto Ludwig Zwischen Himmel und Erde Não é para todos

Marcel Luguet Jaune et blanche Perigoso

Le berceau Perigosissimo

Jean Lusamont Le sort d´aimer Reserva

Fabio Luz Virgem –Mãe Um romance e dois contos, immoraes. Ainda que bem escripto contém passagens pornographicas

Ly- Chao-Pée Le magnólia Reservas

Edna Lyall Donovan, a modern englishman Abstenham da leitura

Horminio Lyra Dona ede Não convem a menores faz dos beijos e abraços uma grande cousa da vida, adultos podem lel-o

Georges de Lys La Maison du passeur Há paginas perigosas

Justin Hantly Mac Carthy Als ik koning was Há senões

George Mac Donald Malcolm Não é para todos

Dr. Joaquim Manuel de A carteira do meu tio Poe ao ridículo a politicagem do pais, Macedo fala da religião como sendo para enganar os papalvos, no mais 494

inoffensivo e também pouco interessante

Memorias da rua do Ouvidor Scenas um pouco ermas, não permittem aconselhal-o a todos As memórias dum sobrinho de meu tio Desapiedada critica aos politicos da monarchia, thesouradas nos jesuítas e outros religiosos, leitura fastidiosa.

O moço loiro Amores alambiscados, paixoesitas de crianças, só maiores podem lel-o ainda assim com certo escrúpulo

A moreninha Um tanto livre, outros senões, phrase insultuosa a um padre imaginario Mulheres de mantilha Maria aos quinze annos foi deshonrada e abandonada pelo amante e depois amaziou-se com o Conde A mysteriosa Tem insinuações immoraes A namoradeira 2 vol Um homem casado faz as honras a uma moça, não convem lêr Noivo a duas noivas A leitura não convém, desprezo, vigança, ambição Pamphilio Contém passagens que nem mesmo eu comprehendo, apenas para pessoas com critério. Os quatro pontos cardeaes O desfecho é bom, mas o enredo duvidoso, avareza, amor ao dote. O rio do quarto Historia de um padre indigno Os romances da semana Para leitores muito novos não serve, a primeira narrativa é delicada e pode ser permittida a qualquer; as demais novellas para pessoas de juízo seguro Rosa Poucochinho ridículo, conquistadpr. Pessoas ajuizadas e de critério podem lêl-o As vitimas algozes e quadros de Não acho útil a jovens. Immoral não escravidao são, mas accusam a presença dum realismo aqui e além perturbador

Varagem Muda de amantes como muda de roupas, inconveniente causa de algumas mortes

A filha do Jorge Romance canalha, deshonra o lar

José Tible Machado Visitha Reservas

Julio Cesar machado Retalhinhos Ridicularizam verdades e actos christaos, da prohibição podem excluir-se pessoas instruídas e de edade madura. 495

Teixeira Machado OS filhos da caveira Não presta

Alfred Machard Souris l´arpète Leitura perigosa

Fiona Macleod Le mangeur de péchés Reservas

S. Macnaughtan The gift Não é para todos

Jean Madeline L´erreur conjugale Não é para todos

Manuel Maria Madiedo Nuestro siglo XIX Não pode ser recommendado

Uma gran revolución Não pode ser recommendado

Pierre Maël Autour d´um crime Não pode ser recommendado

Bonheur conquis Não pode ser recommendado

Le bois d´amours Não pode ser recommendado

Celles qui savent aimer Não pode ser recommendado

Ce que chante l´amour Não pode ser recommendado

Ce qu´elle voulait Não pode ser recommendado

Les coulisses de la vie Não pode ser recommendado

Crépuscule d´amours Não pode ser recommendado

Le crime et l´amour Não pode ser recommendado

Dernière pensée Não pode ser recommendado

Au sol Não pode ser recommendado

La Double vue Não pode ser recommendado

Djina Não pode ser recommendado

Le drame de Rosmeur Não pode ser recommendado

Erreur d´amour Não pode ser recommendado

Femme d´artiste Não pode ser recommendado

Femme d´officier Não pode ser recommendado

Les fils de la tempête Não pode ser recommendado

Fleurs fanées Não pode ser recommendado

Flots et jusants Não pode ser recommendado 496

Le main d´ombre Não pode ser recommendado

Marc et Lucienne Não pode ser recommendado

Martyre d´um coeur Não pode ser recommendado

Mer bleue Não pode ser recommendado

Mer sauvage Não pode ser recommendado

Myris Não pode ser recommendado

Les naufrageurs Não pode ser recommendado

Partage de coeur Não pode ser recommendado

Pas de dot Não pode ser recommendado

Pauline Dérilly Não pode ser recommendado

Petit ange Não pode ser recommendado

Pilleurs d´ápaves Não pode ser recommendado

Um Roman de femme Não pode ser recommendado

Solitude Não pode ser recommendado

Terre de fauves Não pode ser recommendado

Terre d´heroisme Não pode ser recommendado

Le torpilleur Não pode ser recommendado

Toujours à toi Não pode ser recommendado

Luiz de Magalhães O brasileiro soares Muito inconveniente

William Magnay The man of the hour Reserva

Le comte Zarka Reserva

Achille Magnier Le père Não pode ser recommendado

H J Magog L´attentat de la Rue Royale Ha inconveniencias

L´enigme de la malle rouge Ha inconveniencias 497

Paul Mahalin Le duc rouge Autor immoral, livro perigoso

Le filleul d ´Aramis Autor immoral, livro perigoso

Le filleule de Lagardère Autor immoral, livro perigoso

La pointe au corps Autor immoral, livro perigoso

Les petits bouffons du roi Autor immoral, livro perigoso

La reine des gueux Autor immoral, livro perigoso

O filho do Mosqueiro Não perde em se abster da leitura

Franz Mahutte Gens de province Não aconselhamos

Pages versicolores Não aconselhamos

Bruxelles vivant Não aconselhamos

Feuilles au vent Não aconselhamos

Maurice Maillard Eve Duverroy Algum cuidado

Georges –René- Maurice La gardienne de l´idole noire Perigoso Maindron

Daviolette Não aconselhamos Ce bom M. de Véragues L´incomparable Não aconselhamos

Florimond Prejudicial em alto grau

Jeanne Mairet Charge d´âme Não aconselhamos

Deux mondes Não aconselhamos

L´inutile richesse Não aconselhamos

Marca Não aconselhamos

Sybil, silhouette americaines à Paris Não aconselhamos 498

Henry Maisonneuve Éprouvé Nocivo

Louisette Nocivo

Marqueé Nocivo

Rehabilitée Nocivo

Les scrupules de Paule Nocivo

L´une ou l´autre Nocivo em alto grau

René Maizeroy Amie de coeur São dos menos perigosos

L´ange São dos menos perigosos

La payse São dos menos perigosos

Joujou São dos menos perigosos

Trop Jolie São dos menos perigosos

Toujours aimer, toujours souffrir Seriamente prejudiciaes

Le marchand de déesses Seriamente prejudiciaes Educação amorosa Para o fogo Sereia Larguem della as mãos! Mlle Georges Maldagne O castigo Ninguem perde em abster-se de sua leitura Lucas Malet The caríssima Não leiam Carlos Malheiro Dias Do desafio à debandada É o histórico da passagem da forma monarchica a republica, o autor é infeliz em muitas paginas

Filho das ervas De pouco realismo e as vezes obsceno

O grande Cagliostro Frade commetendo acções indignas, intrigas na corte, aventuras criminosas.

O livro esta admiravelmente bem Paixao de Maria do Céu escripto, mas a leitura é perniciosa

Mlle Camille Mallarmé Le Ressac Muito perigoso Pardal Mallet Hospede Não pode ser entregue a jovens, sem riscos de corrupção. O meio Pouco ou nada vale

Pelo divorcio Propagandista do divorcio 499

Ingrid-Mathilde Malling Le Roman du Premier Consul Ha algum perigo

Hector- Henri Malot Les amours de Jacques Não aconselhamos

Ame Não aconselhamos

Baccara Não aconselhamos

Une bonne affaire Não aconselhamos

Cara Não aconselhamos

Clotilde Martory Não aconselhamos

Le colonel Chamberlain Não aconselhamos

Conscience Não aconselhamos

Corysandre Não aconselhamos

La duchesse d´Arvernes Não aconselhamos

La fille de la comédienne Não aconselhamos

Ghislaine Não aconselhamos

L´heritage d´Arthur Não aconselhamos

Justice Não aconselhamos

Le lieutenant Bonnet Não aconselhamos

Le mariage de Juliette Não aconselhamos

Mariage riche Não aconselhamos

Marichette Não aconselhamos

Micheline Não aconselhamos

Les millions honteux Não aconselhamos

Mondaine Não aconselhamos

Paulette Não aconselhamos

Pompon Não aconselhamos

Raphaelle Não aconselhamos

Le sang bleu Não aconselhamos

Séduction Não aconselhamos 500

Souvenirs d´um blessé Não aconselhamos

Une femme d´argent Não aconselhamos

Zyte Não aconselhamos

O doutor Claudio Não aconselhamos consultal-o Mme Hector Malot La beauté Não aconselhamos

Le Prince Não aconselhamos

Eve de France Não aconselhamos

Dmitri Narkissowitch La confession Não aconselhamos Mamine –Sibiriak Valentin Mandelstamm Un aviateur Não aconselhamos

Jom Blackwood, jockey Não aconselhamos

G. Manville-Fenn The parson O´Dumford Reserva

Les Maoris Rangé et Papatua Reserva Auguste Maquet Les prisons de l´Europe Prohibido

Paul Marabail Le secret du grand sphinx Algum cuidado

Camille Marbo La statue voile Não aconselhamos

Mario Marc Os amores do assassin 8 vol Não pode entrar em nenhuma casa christan

J B Marcaggi Fleuve de sang Reserva

Gabriel Marcel Le seuil invisible Perigoso

Mrs. Marche La fille de l´amiral Reserva Georgers Maréschal de Cousine ma mie Deixe de ler Bièvre Um mari em loterie Deixe de ler Tante Bébé Deixe de ler

Emilio de Marchi Demetrio Pianelli Páginas perigosas 501

Paul Margueritte La flamme São dos menos perigosos

Ma grande São dos menos perigosos

Ame d´enfant São dos menos perigosos

L´avril São dos menos perigosos

La tourment São dos menos perigosos

Le cuirassier Blanc Muito prejudiciaes

L´eau qui DORT Muito prejudiciaes

La faiblesse humaine Muito prejudiciaes

Muito prejudiciaes Les Fabrecé

Paul e Victor Margueritte Le carnaval de Nice Perigosos

L´eau souterraine Perigosos

Les deux parties Perigosos

Le desastre Perigosos

Les tronçons du glaive Perigosos

Les braves gens Perigosos

Le jardin du roi Perigosos

Le poste des neiges Perigosos

Poum Perigosos

Le prisme Perigosos

Sur le vif Perigosos

Vers la lumière Perigosos

Zette Perigosos

Poum et le zouave Perigosos

Vanité Perigosos

La commune Perigosíssimos

La pariétaire Perigosíssimos 502

Victor Margueritte Les frontières du coeur Tem algum perigo

Jeunes filles Tem algum perigo

Le petit roi d´ombre Tem algum perigo

Ténèbres Tem algum perigo

Georges Maricourt Em vitrine Não é para todos

Madeleine Marion Heurs et malheurs Algum cuidado

Phrosine Algum cuidado

Le dïndon Algum cuidado

B M Markéwitch De la coupe aux lèvres Algum cuidado

Mariana Algum cuidado

La princesse Lina Algum cuidado

Mme Marylie Markovitch Thamar Não aconselhamos

J M Xavier Marmier Au bord de la Néva Não aconselhamos José Marmol Amalia Alguma reserva, pode ser lido por adultos ponderados Jean François Marmontel Contes moraux Não deixam de ser perigosos Belizario Nocivo Schiller Marmoreck Le rempart Não aconselhamos Jean Marui et Voild L´une et l´autre Menos prejudicial

Pierre Tisserand Seriamente nocivo

Marques Xavier Holocausto Sofrimento, morte, não esta bem feito.

Pindorama Contem inconveniencias, adultos podem lel-o com algum escrúpulo

Praieiros (Janna e Joel) Tem algumas escabrosidades Richard Marsch The Duke and the damsel Reserva

Mrs Emma marschal Penshurst castle Ha algum perigo

Tancrède Martel Le prince de Hanau Cuidado

Châteaux en Espagne Cuidado

La flute du Chevalier Pèbre Frívolo 503

Jules Mary Le Dr. Madelor Passagens perigosas

La fée Printemps Passagens perigosas

Le fille sauvage Passagens perigosas

Je t´aime Passagens perigosas

La jotie fugitive Passagens perigosas

Mortel outrage Passagens perigosas

Les piogennes Passagens perigosas

Roger la honte Passagens perigosas

Passagens perigosas Le Roman d ´une figurante Passagens perigosas Roule ta bosse Passagens perigosas La nuit maudite

M. Maryan Infancia Immoral, jogo, miséria, interesse financeiro no casamento

Misericordia! Não deixa de ser perigoso

Um tiro de revolver Começa com adultério e termina com loucura

Alfons Maseras Biélo nem Não aconselhamos

L´arbre du bien et du mal Não aconselhamos

Joseph Massabuau Nos maîtres, moeurs parlementaires Reserva

Michel Masson Les gardiennes Não leiam

Philomène Não leiam

Paul Masson Forestier A même la vie Não são inoffensivo

Angoisses de juge Não são inoffensivo

Le déserteur Não são inoffensivo

Le Roman de François Não são inoffensivo

Tommaso de Guardati Novellino Muito livre Masuccio Jose Matheu La ilustre figuranta Inconveniente

Guillermo Matta Cuentos Atheu puro 504

Henry Maubel Miette Tenham algum cuidado

Quelqu´un d´aujourd´hui Tenham algum cuidado Miss Constance Maud Une jeune anglaise à paris Reserva Guy de Maupassant Historia d´uma mulher Proscrevam

Contos Alguns são insupportaveis

Pedro e João Menos reprehensivel que os outros

Vagabundo Não recommendamos

Forte como a morte Não o leiam

Yvete Muito perigoso

Max Maurey Les aventures de M Haps Não aconselhamos

Barthélemy Maurice D´un procureur qui avait vendu son âme à Algum cuidado Réméré Georges du Maurier Trilby Não aconselhamos

Frèdéric Mauzens Les écumeurs de salons e Não aconselhamos

Les reptiles de paris Não aconselhamos

Paul max Volcar le terrible Fujam

W B Maxwell Vivien Alguma reserva

Maya Tapéra Muitas inconveniencias Mayac La banque violette Algum cuidado Cendra Algum cuidado Thomas Mayne reid Le gantelet blanc Apenas não é para todos

L. T. Meadat Drift Traz algum perigo

La societé des sept rois Traz algum perigo

Manuel Medina Betancort Cuentos al corazón Graves senões; leitura muito inconveniente

Fernand Médine L´armée qui souffre Não é inoffensivo

L´eternelle atente Não é inoffensivo

Pieter Van der Meer Le lien Não dever ser lido por todos

Leo Meert Van jongere geslachten Algum cuidado

Éziza –Johannes de Meester Geertje Muito perigoso Aristocraten Menos perigoso mas não inoffensivo 505

Johann Wilhelm Meinhold Maria Schweidler, die Bernsteinhexe Alguma reserva, procura ridicularizar a hypercritica Sidonia von Bork, die Klosterhexe Alguma reserva, procura ridicularizar a hypercritica

Georges Meirs Le cadavre assassin Alguma reserva

Une main dans la nuit Alguma reserva

L´énigme du train Alguma reserva

La carte sanglante Alguma reserva

Le manoir hanté Alguma reserva

Dora Melegari Ames dormantes Não são para todos

Chercheurs de sources Não são para todos

Christine auberjol Não são para todos

Faiseurs de peines et faiseurs de joies Não são para todos

Les mères Não são para todos Catharina Spadaro Não são para todos Ondoyante et diverse Não são para todos La petite mlle Christine Não são para todos

Mes filles Muito perigoso

Francis Melvil Marcel Campagne Algum perigo na leitura

Catulle Mendès Grande –mauguet Alguma exceção de onde corre a veia libertina

Monstros parisienses Não podem ser recomendados de forma alguma

Não podem ser recomendados de A Nihilista forma alguma

Não podem ser recomendados de Vida e morte de um clown forma alguma

Virgens e peccadoras Não podem ser recomendados de forma alguma 506

J da S Mendes Leal Os mosqueteiros da Africa Não é dos mais interessante, mas não ofende a moral

Henrique Mendonça Terra de Santa cruz Scenas sensuais que não permitem recomendar, no mais é interessante e tem alguma originalidade

Lucio de Mendonça Esboços e Perfis Contos alguns Moraes, outros apresentam pequenas esquinências, pessoas de critério podem lel-os.

Diego Hurtado de Mendoza Vida e aventuras de lazarillo de Tormes Tem páginas inconvenientes

O Negus Ménélik Magda, reine de Sabá Não é para todos

J. h. Menos Deux feuilles au vent Não é para todos

Leon Mera Cumandá ó um drama entre salvajes Para adultos ponderados, tem senões

George Meredith Diana of the crossways Ha perigo

The ordeal of Richard Feverel Ha perigo A morte Cheio de ódio a Christo A Ressurreição dos Deuses O romance de juliano Não leiam tem paginas perigosas

O apostato antichristão Prosper Mérimée O aubain Abbade Pessimo Arsenio Guillot Inconveniente

Carmen Deshonesto

A carroça do SS Sacramento Infame

A Chronica de Carlos IX ou os Deve ser proscripto Huguenotes Colomba Historia tragica de uma vingança, talvez possa ser lido por pessoa ponderada Matteo Falcone Inconveniente

O quarto azul Deshonesto

A revolta (la Jacquerie) É pernicioso

A vênus de Ille Pouco interessante. É menos perigoso que o título faz suppor.

Estroinices de Mulher Obra digna do mau autor

Charles Mérouvel Riches et pauvres Honesto mas leigo, não deixa de causar algum perigo 507

La passarelle não deixa de causar algum perigo

Noëlla não deixa de causar algum perigo

Misère et beauté não deixa de causar algum perigo

Sang rouge et sang bleu não deixa de causar algum perigo

La roche sanglante não deixa de causar algum perigo

Thermidor não deixa de causar algum perigo

Les vantours não deixa de causar algum perigo

Ville maudite não deixa de causar algum perigo

Costa e deshonrada Não aconselhamos Diana de Briolles Não aconselhamos

Filha perdida Não aconselhamos

Os filhos do crime Não aconselhamos

Flor da Corsega Não aconselhamos

O marido de Florentina Não aconselhamos

Leonard Merrick L´imposteur Alguma reserva

Henri Seton Merriman The slave of the lamp Reserva

Joseph Méry La chasse au castre Trazem perigo ao leitor

La comtesse Hortensia Trazem perigo ao leitor

Un crime inconnu Trazem perigo ao leitor

La croix de Berny Trazem perigo ao leitor

Les damnés de L´Inde Trazem perigo ao leitor

La floride Trazem perigo ao leitor

La guerre de Nizam Trazem perigo ao leitor

Héva Trazem perigo ao leitor

Un marriage de Paris Trazem perigo ao leitor

Monsieur Auguste Trazem perigo ao leitor

Trafalgar Trazem perigo ao leitor

O carnaval de Paris Tão pouco aconselhamos 508

O Degregado Tão pouco aconselhamos

Duas almas transmigradas Tão pouco aconselhamos

Os jesuitas Tão pouco aconselhamos

A judia no vaticano Tão pouco aconselhamos

O paraiso terrestre Tão pouco aconselhamos

O senhor Augusto Tão pouco aconselhamos

Ursula Tão pouco aconselhamos

J. de Mestral-Combremont Le fantôme du Bonheur Há perigos na leitura

Le miroir aux alouettes Há perigos na leitura

Oscar Marie-Joseph Nina Sartorelle Não leiam Méténier Dr. Hippolyte Mettais Le docteur Marat Há algum perigo

Marie Metz Koning Nacht-silene Levemente perigoso

Gabriëlle Gravemente perigoso

Van ´t viooltje dat weten wilde Gravemente perigoso

Het beeld op de rots Há senões De ring Há senões Van de zonnebloen die de zon wonzijn Há senões

Ernestine Meunier Le mariage de Josiane Só para adultos instruídos, por exigirem alguma reserva

Les esquisses provinciales Só para adultos instruídos, por exigirem alguma reserva Stanislas Meunier L´amour miséricordieux Não deixam de trazer algum perigo La chatelaine d´Éza Não deixam de trazer algum perigo

Confessions d´honnêtes femmes Não deixam de trazer algum perigo

Le désir Não deixam de trazer algum perigo

L´Inconnue Não deixam de trazer algum perigo

L´innocence reconnue Não deixam de trazer algum perigo

Plaisir d´amour Não deixam de trazer algum perigo 509

Pour le Bonheur Não deixam de trazer algum perigo

Le roman du mont St. Michel Não deixam de trazer algum perigo

Le trésor des Ponthierry Não deixam de trazer algum perigo

La voisine Não deixam de trazer algum perigo

La princesse ennuyée Não deixam de trazer algum perigo

Mme Meunier-surcouf L´eternelle méprise Reserva La maison morte Reserva Konrad Ferdinand Meyer Das Leiden eines knaben Antijuitico Das amulet Há algum perigo

François Mézin St. Eloi de guyenne Reserva

Karin Michaelis L´âge dangereux Não pode ser aconselhada, pode trazer gravíssimos prejuízos.

Louis Michel-y- Serentant Pierre et Anna. Le marriage Reserva

L´idole monstrueuse. Le fatalism de l´hérédité: liberté Reserva Jules Michelet L´oiseau Páginas escabrosas

L´insecte Páginas escabrosas

La mer Páginas escabrosas

L´oiseau Páginas escabrosas

L´insecte Páginas escabrosas

La mer Páginas escabrosas

La montagne Páginas escabrosas Jean Hippolyte Michon Le confesseur (17.XII.1866) Prohibidos

Le jésuit (2.XII. 1867) Prohibidos Le maudit (15..III. 1864) Prohibidos La Religieuse (20.VI.1864) Prohibidos De la rénovation de L´eglise (20. VI. 1864) Prohibidos 510

Justine – Louise – Philippine L´écluse des cadavres Um tanto perigoso Mie d´aghonne Les mémoires d´un chiffonnier Um tanto perigoso

La Jolie laide Um tanto perigoso L´usurier des gueux Um tanto perigoso

Johannes Mignard Sous la r afale Reservas Kalman de Mikszath Le paysan à la faux Não é inoffensivo

Albert Milland Theàtre de campagne Reservas

Paul Mimande La galérie d´un sous préfet Há algum perigo

Le roman d´Odette Há algum perigo

Francis de Miomandre L´histoire de Pierre Pons, paint de feutre Único irreprehensivel Marie de G. Mirabeau Le baron d´Aché Cuidado com

Histoire de deux héritières Cuidado com

Jane et Germaine Cuidado com

Les jeunes filles pauvres Cuidado com

Shocking Cuidado com

Constancio Miralta Memorias de um clérigo pobre Prohibida Le comte Miramon fargues Terre Maternelle Não é para todos Veiga de Miranda Redempção Abstemo-nos de entrar em discussão Octave H M Mirbeau La mort du père Dungué Menos prejudiciaes O calvário De uma brutalidade revoltante (P. Bethleen) Dingo Deve ser proscripto O jardim dos Supplicios Nojento e infame no ultimo gráo.

Memorias duma creada de Quartos Torpíssimo

O padre Julio Indecente e brutal

Sebastião roch Impio e feio

Eugène Mirecourt Comment les femmes se perdent Inconveniencias e perigos La marquise de courcelle Inconveniencias e perigos

Fréderic Mistral Jarjaye au paradis Alguma reserva

Georges Mitchell Petite Sagesse Algum cuidado com 511

Jules Moinaux Les gaietés bourgeoises Muitas vezes nocivo

Emile de Molènes Histoires et récits militaires Não são para todos Voyages et pensées militaires Não são para todos

Emile de Molènes Histoires et récits militaires Não são para todos Voyages et pensées militaires Não são para todos

Giuseppe Molteni Come muore la giovinezza Muito perigoso

Gliatei Muito perigoso

H Monjauze A la derive Algum cuidado

Henri – Bonaventure Jean Hiroux Não é inoffensivo monnier Madame Pochet Não é inoffensivo

Mémoires de joseph Prudhomme Não é inoffensivo

Philippe Monnier Mademoiselle Reserva

Charles Monselet Les ruines de Paris Não aconselhamos

Juan Montalvo Siete tratados Impio e anticlerical, está no índice

El cura de Santa engracia Foi prohibido pelo Sr. Bispo Ordoñez

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ANEXO III - QUADRO DE ESCRITORAS BRASILEIRAS RESTRITAS À LEITURA POR FREI SINZIG, ENTRE FINS DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO XX

Autora Título do Comentários de Frei Pedro Sinzig Romance 1. Albertina Exaltação Estremamente perigosa. É a história de um desordenado espirito Bertha conscupiscente, obsecado pelo erotismo insaciavel de quem não quer perder tempo em divagações que não concordam para a satisfacção carnal de sua luxuria... Em tudo a escriptora descobre a ancia, muito animal, da fusão dos sexos (SINZIG, 1917, p.20).

2. Cecilia Mariz Uma paixão de Pode ser assumpto bom e util quando tratado por um escriptor de principios mulher christaos; o livro de Cecilia Mariz e tudo, menos util e honesto. Salta aos olhos a completa falta de pudor, duplamente censuravel e repugnante, quando as suas expressoes sao assignadas por um nome de mulher (SINZIG,, 1917, p.209).

3. Augusta Franco Heloísa A autora tem as meIhores intencoes possiveis. Flagella o vicio, canta a virtude. de Sá de Sampaio Quanto ao lado moral, Heloisa pode ser confiada a todas as pessoas de alguma experiencia. Quanto ao lado psychologico ha o que prejudica o valor do romance: as tantas são demasiadamente carregadas, tanto no mal quanto no bem, faltando frequentemente a verdade interna da situacao. Os maus, muitas vezes, falam e agem como monstros; os bons ja nao sao homens, mas anjos. Merecendo-nos grande estima a autora, pedimos ainda o juizo critico de dois personagens competentes: É um romance brasileiro, bastante sentimental. A autora reveia-se dotada de bellos predicados moraes, mas não maneja correctamente a lingua. A acçao desenvolve-se no Rio e em Petropolis. O conde de Aragao despreza dois filhos e estremece a filha Heloisa, futil, sem educacão religiosa, e amante do luxo e dos prazeres. Aborrece a mãe e os irmãos, e obriga o pae a fazer-lhe todas as vontades. Casa com Lizard, da legação franceza, mas não o ama nem e por elle amada. Tem uma filha, que mais tarde professa. Abandona o esposo, enquanto o pae expulsa a condessa de casa. Esta vive calmamente com os outros dois filhos, praticando a religião. Na Europa, o Conde e Heloisa entregam-se a todas as aventuras. O Conde suicida- se, convertido, pedindo perdão a Deus, para si e para os seus. Heloisa volta ao Brasil, pede perdão a mãe e morre-lhe nos braços. O romance é moral no seu enredo; passa por elle um admiravel fio religioso. Pena, porem, que a autora tenha dado o suicidio ao pae e o adulterio a filha, narrando-o, alias, em meia duzia de linhas apenas. Se não foram estas duas inconveniencias, o romance nao so poderia ser lido indistinctamente por todos, porque é moral, como talvez pudesse fazer bem a muitos, porque tern um fundo religioso. A autora juntou- os inconscientemente ou não conhece bem a religião que tanto exalta. Parece o romance ter sido feito com as melhores intenções; nele vemos os inconvenientes da educação sem Deus; erros, queda, arrependimento e perdão da heroina principal. Pena e não se poder elogiar o trabalho em absoluto. Deslustram-lhe o merito: o estylo, em extremo descurado, a lingua que a autora parece conhecer mal e cuja vernaculidade não lhe da cuidados. Todavia, para quem num trabalho de fantasia só tem em mira o enredo, não é o livro mau. Notam-se-lhe, não obstante alguns deslises. Admira numa penna catholica (que o parece ser a da autora) o suicidio de um grande culpado que, sinceramente arrependido, tocado de sentimentos religiosos, só no acto de desespero final encontra sahida para os seus remorsos. Admira ainda que a heroina recebendo a graça do arrependimento va procurar regeneração no palco da Comedia Franceza e ahi, pouco verosimil e a sua rapida acceitacao pelo director do 513

theatro e os applauses que sem estudo nem preparo algum alcançou do publico. Todo o final do romance é inverosimil. Contem assertos que não brilharão muito pela orthodoxia: O nosso divino Redemptor, diz uma religiosa, não vem ao mundo pelos bons e pelos justos; veiu somente pelos peccadores. Os arrependidos são os que se salvam. Desse modo a pureza baptismal conservada teria que desesperar da salvação. Em summa, e o romance de penna bastante inexperiente, mas tem a seu favor a boa intençao e a sinceridade religiosa com que foi escripto (SINZIG, 1917, p. 254-256).

4. Angela Barco Feminina Contemporanea cuja Novela Feminina não pode ser recommendada (SINZIG, 1923, p.89)

5. Ana Ribeiro de Filha de Jephte Romance tirado das escriptura sagrada. Bahia, Typ, & á rua da Alfandega, 321 Goes Bittencourt (1882) – 1882. Póde ter um logar em todas as bibliotecas populares e de associações religiosas, por ser interessante e por não ter nada que offenda sentimentos puros ou que por outros motivos seja prejudicial. ‘Modesta, a autora, justifica no prefácio, o seu trabalho: O viajor que reconhece falleceram-lhe as forças para subir as grandes alturas onde se respiravam ar puro e beneficio, não deve esforçar-se por chegar ás pequenas eminencias, fugindo dos lugares baixos e humidos, onde se respira os effluvios deleterios e os miasmas insalubres dos pantanos? O esforço ou trabalho mal succedido é mais louvavel do que a completa inacção’. Apoioado! E que sirva de norma a tantas pennas – em inactividade completa! Sob o ponto de vista literario desejavamos não fossem intercaladas considerações, embora acertadas, da autora, visto a technia do romance preferir que tudo conste tão sómente das acções e das palavras dos varios personagens, como si não houvesse romancista a falar. O prefacio, embora bem escripto, tem incoveniente de contar aos leitores, desde logo, qual o desfecho do romance (SINZIG, 1923, p. 114-115).

Este romance publicado 20 anos depois de ‘A Filha de Jephte’ tomou seu assumpto da actualidade e mostra incontestavel progresso na arte de narrar. A Lecticia (1908) autora apresenta um lar que se defaz pela leviandade e pelas faltas graves do marido, e procura mostrar o que á esposa convem fazer para evitar semelhante mal. Desejamos vêr repellida, energeticamente. A pags. 23 e 57, a falsa e injusta indulgencia da sociedade para com o homem impuro. Não achamos próprio citar a pag. 54, a opinião dum escriptor tão reprovavel como E. Súe, sobre o suicidio, opinião esta que, pelo menos, deveria encontrar a mais decidida constetação. Felizmente, estes sinões passam quase desapercebidos e não impedem que Lecticia seja bem recebida por todos os leitoress adultos (SINZIG, 1923, p. 115).

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6. Carmem Ao escoaçar da Nascida no Rio em 1852 onde falleceu em 1910, de grande talento mas Dolores ideia infelizmente, poz em parte a serviço do anticlericalismo. Defende o divorcio. (pseudômino) Contem passagens immoraes (SINZIG, 1923, p.168).

Emilia Moncorvo Bandeira de Mello Larmes (Les) de É enumerado pela ‘Bibliotheque Choisie’ entre os livros perigosos (SINZIG, tanto Zezé 1923, p.168).

Lendas Illustrações de Julio Machado, Laemberg & C.ª, Rio. Em sua maioria são Brasileiras lendas graciosas e attractivas, que recommendariamos a todos indistictamente, se não fossem uns senões, felizmente não muito graves (SINZIG, 1923, p.168).

Immoral. A autora parece que estava sob influencia d´uma impressão extranha Luta quando escreveu o livro. Não se comprehende que uma senhora possa escrever semelhantes immoralidades (SINZIG, 1923, p.168).

7. Julia Lopes de Fluminense, nascida no Rio, a 24. IX 1862; uma das mais notaveis escriptoras Almeida brasileiras. Seus livros, geralmente, não seguem os principios da Egreja Catholica. Desenvolve e defende theses sociaes (SINZIG, 1923, p.52).

Tem contos bastantes livres (SINZIG, 1923, p.52). Ancia Eterna Costumes cariocas. Amores contrariados, com o assassinato por desfecho. Não Cruel Amor recommendamos a leitura (SINZIG, 1923, p.52)..

Os poucos folhetins deste livro, que tem a forma de narrativa, resentem-se, Elles e Ellas como o livro todo, de um espirito frivolo e irreligioso (SINZIG, 1923, p.52).

Romance mundano, de costumes cariocas. Descreve e põe a nú muitas chagas sociaes. Anna, mulher pobre e bonita, casa com um negociante portuguez, que Fallencia enriquece rapidamente, entrega-se ao luxo que o arrasta ao procedimento indigno, cuja descripção enche a melhor parte do volume. Não recommendamos a leitura (SINZIG, 1923, p.52).

São umas trinta historiazinhas para crianças, bem ardidas e interessantes. A autora não ataca a religião, mas nota-se naquellas paginas uma absoluta Historias da ausencia de fé. Isso não quer dizer que a sua leitura deva ser prohibida. E’ bôa, nossa terra mas a alma da criança quasi nada ganha com ella (SINZIG, 1923, p.52).

É um conto admiravel (SINZIG, 1923, p.52).

O advogado Argemiro Claudio jurou á sua mulher morimbunda nunca mais O juiz de Ouro tornar a casar. Fiel ao juramento vive só, durante 7 annos, mal servido por criados, confiando a sua filha á sogra, que mora afastada da cidade. Agora tem A Intrusa saudades da filha. Para poder tel-a em casa, pelo menos durante um dia por semana, procura por annuncio uma moça, á qual entrega o governo da casa com a condição singular de que ella nunca appareça a sua presença. Esta, a intrusa, é de boa familia, instruida, mas pobre e sem parentes. Heroicamente, para sustentar dois velhos criados doentes, acceita a posição equivoca sem fazer caso das más linguas. A sogra de Argemiro, porém, ciumenta e zelosa 515

pelo juramento do genro, obstinadamente vê nela uma especuladora. Argemiro, que não conhece a moça de vista, sente-lhe entretanto a influencia no governo da casa, agora menos dispendioso, e sobre tudo no conforto e bem estar admiravel, devido ao fino tacto, gosto artisitico e a discreção da moça. A´s mofas dos amigos responde que nem a conhece. ‘A Intrusa’ consegue tambem domesticar-lhe a filha um tanto mal educada em casa da sogra. Esta observa de longe a crescente influencia da moça e cada vez mais ciumenta installa-se em casa do genro a contra gosto deste, que foge viajando. A sogra, durante a ausencia de Argemiro quer despedir a moça. O genro volta, desapprova a sogra e ... casa com a moça. Ha no romance um padre, amigo de Argemiro, a quem se insinua um papel duvidoso como um apaixonado da primeira mulher de Argemiro, da qual era confessor. Romance de valor literario, mas de maximas moraes que não permittem aconselhar sua leitura. A autora, querendo, transformará, este romance em outro, moral, sem dimnuir-lhe atractivos e valor moral (SINZIG, 1923, p.52-53).

Homens que procuram dinheiro a todo transe e mulheres que se divertem egualmente a todo transe, é este o conteudo do romance. Em toda a sociedade ahi apresentada há uma única pessoa sympathica. O livro é uma offensa á sociedade e á Egreja Catholica; parace incrivel ser elle escripto por uma senhora! Chega a repugnar (SINZIG, 1923, p.53). Silveirinha

8. Maria das Noiva do Quanto a moral, bastante deixa a desejar, apezar das boas intenções da autora, e Dôres Assassinato quanto a literatura é muito muito fraca (SINZIG, 1923, p.155. (1879) 9. Maria Amalia Diz textualmente que o P. Guevara S. J. ‘Novelista del siglo XIX, que no Vaz de Carvalho merece confianza’ (SINZIG, 1923, p.170).

Contos e Os contos são bons, alguns mui tocantes e delicados como: ‘O melhor somno Phantasias do millionario’ (muito mimoso). ‘A escolha de Gastão. A tia Izabel’. Todos os outros de primeira parte não são maus para adulto de criterio. Quanto ao da segunda parte é uma critica literaria, com a qual nem sempre pode se concordar. A autora é grande admiradora Balzac, cujos livros estão na maior parte prohibidos, preconisa a leitura d´elles. Não desonra Zola que na sua opinião não é immoral, mas sim o cauterio dos costumes modernos. De Victor Hugo admira e aconselha para as horas de desalento a leitura de suas obras, sem exceptuar aquellas que a Egreja prohibiu (SINZIG, 1923, p.170).

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ANEXO IV - QUADRO DE ESCRITORAS BRASILEIRAS INDICADAS À LEITURA POR FREI SINZIG, ENTRE FINS DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO XX

Autora Título do Comentários de Frei Pedro Sinzig Romance 1. Ancilla Domini A arena da vida Piedosa e distincta escriptora fluminense que guardou o incognito até sua santa (pseudômino) morte. Diz sobre ella, com inteira justiça, A Imprensa, de Parayiba (6. VII . Hilda Leite 1914). ‘De tres annos esta parte appareceu entre os collaboradores das Vozes de Guimarães Petropole e da A Resposta optimas revistas... uma gentil escriptora com pseudomino supra... cada dia aumenta o numero de admiradores e leitores de Ancilla Domini. Ninguem é capaz de resistir ao encanto de suas narrativas edificantes, em todos os generos da san moral. A juventude, que é quasi sempre objecto de suas produçções literarias, e, em particular, a juventude feminina, estima-a de véras, venerá-a respeitosa, e lhe é, de muitos conselhos são... Bemdita seja Ancilla Domini! Seu nome, verdadeiramente consagrado á causa do Senhor, proclama ser aquilo que prega com sua penna de mestre primeiramente praticado na intimidade de sua vida’. Contos, Vozes de Petropole, 1913. Broch. rs. 500; enc. 1$ (SINZIG, 1923, p. 59-60).

O resgate de um pae. Uma correspondencia franqueada ao publico, são os Os divorciados titulos das emocionantes narrativas da privilegiada autora brasileira, que devem ser lida por todos (SINZIG, 1923, p. 60).

Vozes de Petropole, 1914. Broch. rs. 500; enc. 1$000. A mesma penna Colar perdido e seintillante como sempre e que sabe ser util a todos. Coném: O collar perdido – outros contos Pagina Intima – Dois quartos – Eugenio e Celina – Cartas da amigas - Margarida (SINZIG, 1923, p. 60).

Typ. do Centro da Bôa Imprensa. Rio de Janeior, 1916. Preço, 1$500 reis. A Família Perdidos á redacção d´A União, Rio, ou das Vezes de Petropolis. Mais um Moraes Gomes trabalho literario da apreciada escriptora, que nos ultimos annos se tem revelado de uma operosidade prodigiosa. Cremos ser este o primeiro romance de Ancilla Domini, e isto porque os Quadros da Vida são uma reproducção de scenas destacadas e os outros trabalhos seus não assumem propriamente a forma de romance. Neste a A Familia de Moraes Gomes há muito que admirar e apreender. Admirar a facilidade da exposição, o estylo leve e saltitante, a variedade das scenas, o aprumo daspersonagens. Apreender o conceito profundo, as consequencias do casamentos mal feitos e da educação mal apreendida e viciosa. O enrédo deste romance apresenta muitos pontos de semelhança com o Gêmeos, da escriptora italiana Myriam Cornelio Massa. Apparecem duas irmans, uma vietima da tyrania e dos odios da outra. A primeira modesta, affavel, catholica. A segunda irritante, cheia de pressumpção e sceptia em materia religiosa. Casa-se esta, pelo civil, com um homem que já era casado pelo regigioso. Máu começo, e tanto assim que a vida futura foi desastre e uma vergonha. Viuva a desastrada moçaméde a extensão do abysmo a que se atirára, pede perdão a familia, regressa com o filhinho á casa paterna e procura uma vida melhor, consoante o nome da familia e a educação religiosa que lhe fora dada. A irman, por sua vez, que fora repellida pelo noivo, em virtude do escandalo que a outra produziu a sociedade, vê o engenheiro a regressar de Matto Grosso, dar o dito por não dito, e unir-se-lhe pelos laços do matrimonio. Tout est bien qui finit bien... Assim é o romance de Ancillia Domini. Romance genuinamente brasileiro, onde os episodios, ora se arrastam sob uma pressão forte e violenta, ora satitam e brincam numa encantadora 517

exaltação de fé. As scennas descriptas, a da fazenda, a da cidade, a da estrada de ferro, todas ellas naturaes e espontaneas, ás vezes com certa orinalidade, impressionam bem e dão á autora um estylo todo seu, que não sóbe á bombastissidade nem desce á giria batida dos folhetins. Enfim, um romance para jovens, que é ao mesmo tempo um compendio de educação civica e ainda contem paginas logicas e capitulos de apologeticas e para dentro das familias. S.d´A. (SINZIG, 1923, p. 60-61).

Vozes de Petropolis, 1912. Broch. Rs. 500; enc. 1$. Faz reviver uma interessante epoca da historia do Brasil, prende a attenção por ser muito bem escripto para todos (SINZIG, 1923, p. 61).

Fazenda em Na Intimidade e outros contos. Edição da Bôa Imprensa. Petropolis. 1916. Maranhão Trabalho posthumo, este na Intimidade, revela a mesma mulher triste e profunda d´A Familia Moraes Gomes e do Quadro da Vida. Bem avisado andou o Centro da Bôa Imprensa, editando este trabalho de Ancilla Domini. Na Na intimidade e Intimidade descreve os amores de Mécia. E’ uma troca de correspondencia outros contos entre mãe e filha. Aquela oppõe-se ao casamento desta Meudo, ama a outro, que esta quase noivo de Luiza, e é por elle correspondida. Vendo, porem, a traição que iria fazer a Lulu, enterrompe relações com rapaz. Passado algum tempo enamora-se e casa com Lorenço. Os outros contos são assim leves na forma, mas profundos no conceito. Lar Mineiro, publicado n´A Resposta, e com dedicatoria ao Dr. Felicio dos Santos, reproduz os velhos costumes da terra da inconfidencia. Estuda um engenheiro frances que se apaixonou pela esposa dum fazendeiro que o alojára em sua casa, quando foi vietima de um desastre. Por fim, o intruso reconhece a sua situação esquerda, encontra a lealdade da mulher que procurava seduzir, arepende-se e abala de novo para o sertão, com a alma amargurada por fazer soffrer os seus generosos bemfeitores. Os contos de Ancilla Domini são assim, de uma simplicidade encantadora. Prende-se quasi exclusivamente aos habitos paiz e raro é aquelle em que a alma da mulher brasileira não seja estuda com muito cuidado e muito espirito. Alem desses, já apontados o livro Ancilla Domini encerra os seguintes contos: Lucilia, Maldição, Meus dous romances, Natal, No asylo e A esmola do pobre. E´ neste encantador volumesinho de 207 paginas que a saudosa escriptora enfeixa em 500 sentimentos nobres e poem todas as suas admiraveis qualidades de autora e de catholica. Este seu livro é vasado nos mesmo molde do Quadro da vida, 1ª. edição do Centro da Bôa Imprensa. Como elle, tem a mesma graça no dialogo, o mesmo brilho na descripção, a mesma doçura nos affectos, que expoem levemente como que a brincar (SINZIG, 1923, p. 60-61).

Vozes de Petropolis, 1914. Broch. rs. 500, enc. 1$000. E’ admiravel como a autora sabe apresentar quadros sempre novos da vida real, tão superiormente que pintados que arrebatam, commevem e argmentam o amor á virtude, bem como o horror ao vicio (SINZIG, 1923, p. 61).

Centro da Bôa Imprensa, Petropolis, 1914. Broch. 1$500; enc. 2$500. A obra prima da sympathica autora, em que revela os mais raros dons de escriptora. O orvalho Contem os pontos: - Sylvia – Um pretendente – ‘sui generis’ – Instantaneos – vespertino Sorrisos e lagrimas – Perfis femininos – Celeste – Segunda edição d´um romance – e as peças dramaticas: O triunpho do dever – Casa a tua filha com o filho do teu visinho – Oxalá o livro – excellente sob todos os pontos de vista, entre em todas as casas (SINZIG, 1923, p. 61-62). Quadros da vida Privilegiada autora (...). Publica primeiramente no único jornal catholico do Rio de Janeiro, A União, agradou tanto que muito é de aplaudir a edição em 518

forma de livro (SINZIG, 1917, p.25).

A Família Moraes Gomes 2. Emilia de Souza Historias A autora soube felizmente eliminar destas paginas tudo que pudesse Costa maravilhosas directamente prejudicar a inocencia ou mal influenciar o espirito dos pequenos, extraidas das de modo que o livro pode ser lido por todos. Entretanto, diz ella mesma, muito mil e uma noites acertamente, numa nota: Desnecessario será dizer que, nestes contos cujo fim único é entreter, e nos quaes a phantasia predomina, não se devem procurar verdades, nem ensinamentos (SINZIG, 1917, p. 94).

3. Julia Varisco Spartaco ou O Nitheroy, Salesianos. 500 réis, n. 285 das ‘Leituras Catholicas’. A vida de pequeno spartaco, filho de uma excellente senhora e dum disciplinado Subofficial do caixeiro viajante exercito italiano, póde servir de modelo á juventude. Bem contado. Para todos da Casa Arba (SINZIG, 1923, p. 733). 4. Emilia Gomide Ramalhete de Salesiano, 500 réis; enc. 1$000. Serie de factos da vida actual de diversas Penido rosas classes da sociedade. Para todos (SINZIG, 1923, p. 351). 5. Maria Pinto Conto das Interessante narrativas de fundo moral. Muitas historias de fadas e principes Figueirinhas crianças encantados, inoffensivas todas (SINZIG, 1923, p. 308). 6. Stella de Faro O apostolado Escreveu a pequenina mas commovente novella, de espirito Christão (SINZIG, das filhas de 1923, p. 292). Maria no Brasil (revista mensal)

Mutilado Publicado em contaos de n.354 das ‘Leituras Catholicas’ dos PP. Salesianos de Nyteroy (SINZIG, 1923, p. 292). Açucenas No n. 350 da mesma publicação, vêem as pequeninas novellas, egualmente bôas – Seguindo as estrela e Sorrisos e Lagrimas (SINZIG, 1923, p. 292). 7. Amelia Castro Alma Infantil Simples narrativas para crianças. Mais ou menso neutra no sentido religioso, Osorio comquanto sensure a S. Nicolau por ser desigual na distribuição do Natal, favorecendo tão sómente aos ricos, não se dignando, por ser bispo, visitar com seu brindes as choupanas dos desherdados da fortuna. A autora não parece preocpar com Deus na educação. Na offerta que de seu livro faz ao filho diz, ‘Esperamos confiadamente que crescendo, tornando-te homem, não precisarás de outro estimulo, que não seja tua razão, d´outro conselho que não seja a tua intelligencia, d´outro incentivo que não seja a tua vontade”. A não ser porém esses reparos, são os demais contos moraes e neutros em religião; ultimo: ‘O Engeitado’, é interessante (SINZIG, 1923, p. 179). 8. Amelia Nascida em 26 do V de 1861. Uma das mais disticta e benemeritas escriptoras Rodrigues do Brasil Catholico. Todos os seus livros são positivamente uteis. Como poetisa Amelia Rodrigues tem versos de sentimento, idéa e fórma admiraveis (SINZIG, 1923, p. 632).

Bofarinheiro Broch. 500 réis; enc.1$000 (Salesianos) Nictheroy (SINZIG, 1923, p. 632).

Broch. 500 réis; enc.1$000 (Salesianos Nictheroy) (SINZIG, 1923, p. 632). 519

Contos avulsos (Centro da Bôa Imprensa, Petropolis). 2$000. Isto sim! Um livro que enche as medidas. Scennas bem obervadas, narrações logicas, linguagem fluente, Do meu archivo poetica, sempre cuidada, valor moral e utilidade positiva. Que mais querem? E, demais a mais, e scennas não da Patagonia ou do Japão e sim daqui, familiares a todos, e que ganham com a superioridade da sua exposição. Abre o livro com um conto para crianças: O Tanto haja, delicioso como so pôde sahir duma penna de mulher. Nada perdem com isso os adultos, pois todo o resto e para elles, e contos e phantasias ha que os obrigam a profundas meditações, por leve que seja a fôrma. Em um genero, á autora parece caber a primazia entre os escriptores catholicos do Brasil: na apologia da religião. Aquele profundo conhecimento do dogma, da religião e do coração humano, que transluz da admiravel poesia Creio! E do fino conto Horrivel, meu Deus, publicado as pags. 1435-1443 Vozes de Petropolis, 1919, é o que caracteriza os contos desse genero em Do meu archivo. Assim são modelos o conto humoristico o Mata- frades e o de não menos actualidade de Dois coelhos de uma cajadada. A phantasia Em pleno céo pôde parecer á primeira vista, dstinada as crianças, mas não é: o adulto nella encontrará grande encanto e se surprehenderá com a originalidade das édeas. Dos contos de constumes nacionaes, um dos que mais subresáem é O Cruzeiro da Missão; pinta ao vivo a maneira de pensar, sentir e proceder dos caboclos; Fal-os conhecer em poucos instantes, como se o leitor estivesse entre elles; apresenta caracteres – commove. Entre outros contos, como Quai das duas? Parece que é saudosa Ancilia Domini que nos fala: a mesma fina obervação, a mesma nota de vida brasileira, a mesma lição dada de bocca risonha e de olhos que querem bem. As ultimas paginas são dedicadas ao pensamento religioso e a imprensa, constatando nellas essa superioridade de vistas que caracteriza todo o livro. Duas Coroas. Broch. 500 réis; enc. 1$000 (Sales. Nichteroy). Flores recreativas. Brochado 500 réis; enc. 1$000 (Sales. Nichteroy). Mestra e mãe. 2$000. Pequeno romance, tão bem feito que foi unanimemente approvado pelo Conselho Superior de Intrucção Pública da Bahia. Quadros encantadores e suggestivos. Assumpto nacional e religioso (Sales. Nichteroy). Promessa Broch. 500 réis; enc. 1$000 (SINZIG, 1923, p. 632-633).

9. Adelina Lopes Contos infantis Fez este volume de collaboração com D. Julia Lopes d´Almeida. Fala de Deus Vieira como duma coisa poetica, que dá mais encanto ao verso, mais sentimento á prosa. Traduz versos de Ratisbone. A mãe diz á filha que Deus a fizera. A filha responde: Custa-me a acreditar que Deus tivesse jeito para fazer uma mãe tão bôa como és. Quando a mãe ensina o Padre Nosso e chega ao ‘Pão de cada dia’, a filha pede a deus pão com manteiga. São pequenas coisas que principiam a transformar o espirito da criança. Alguns contos são livres (SINZIG, 1923, p. 482).

Destinos São contos muito bem feitos, alguns admiraveis. Pena é que autora não tenha guardado certo recato na descripção dalgumas scenas um pouco mais sérias ‘In extremis’ é um conto incoveniente. (S. d´A.) (SINZIG, 1923, p. 482). 10. ICKS Nascida em S. João d´El-Rey, Minas. (pseudômino) A autora, diplomada pelas escolas normaes do Rio de Janeiro e de Minas, Alexina de dedicou-se principalmente ao magistério. E’ uma senhora dotada de grandes Magalhães Pinto conhecimentos e de coração inclinado ao bem. Tem pugnado pela imprensa em pról das desditosas creaturas atiradas ao vicio pela miseria ou pela ignorancia do mal. O escopo de D. A. de Magalhães Pinto é reerger essas desgraças pelo trabalho honesto a sobra de intelligente e carisosa proteção. Qualquer que seja o modo de pensar de Icks em materia reiligisa, em seus livros dedicados a 520

infancia não se nos deparará jamais a semente da desgraça: ella respeita em seus pequenos compatriotas a fe que ampara e consola. Tão grande é esse respeito seu, que já uma vez nas lutas jornalisticas, foi acoimada de carola por irreverente antagonismo quando, em certo artigo, requeria ella do governo a conservação dos feriados escola es das quintas-feiras (alem dos domingos) afim de que as criianças pudessem frequentar nesses dias aulas de religião (SINZIG, 1923, p. 115).

Nossos brinquedos, me parece profusamente divulgadas pelas escolas Nossos primarias e Jardins de infancia e introduzido devia ser em todos os lares brinquedos brasileiros. Muitas daquellas quadrinhas singelas são geralmente conhecidas, mas por isso mesmo vem desperta-nos n’alma recordação amena dos dias que se foram. Icks não é mera collecionadora de jogos populares; o seu trabalho é de real valor didactico. Procurando sempre conservar o sabor primitivo e popular nessas trovas, a autora sabe corrigir nellas a deturpação da linguagem que o elemento africano introduziu em muitas desses jogos. As annotações de Icks são instructivas e cheias de preceitos de bôa educação (SINZIG, 1923, p. 115).

Outro inconveniente não tem alem do apontado em nota pela autora: em um dos contos, o pedido de casamento do pae a filha, com a resistencia desta. Essa Nossas historias odéa absurda, contraria toda a moral, apparece em outros contos para crianças, como na Pelle de Burro, de Perrault, por exemplo. O livro é bom e instructivo, com annotações e explicações pedagogicas (SINZIG, 1923, p. 115).

11. Maria Luiza Isabel Moore Salesiano, Nictheroy, Broch. 5000 réis, enc. 1$000. Uma donzela chega a Souza Alves maldizer a própria mãe e a sorte que a fizeram filha de pescador. Arrepende-se e entra em bom caminho, casando-se com um pescador. Narrativa singela, para todos (SINZIG, 1923, p.687).