O Gênero Partamona Schwarz, 1939 (Hymenoptera, Apidae)1
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Revista Brasileira de Entomologia 47(Supl.Meliponini 1): 1-117 neotropicais: o gênero Partamona Schwarz 31.III.20031 Meliponini neotropicais: o gênero Partamona Schwarz, 1939 (Hymenoptera, Apidae)1 Silvia R. M. Pedro2 João M. F. Camargo2,3 ABSTRACT. Neotropical Meliponini: the genus Partamona Schwarz, 1939 (Hymenoptera, Apidae). The systematics and biogeography of Partamona Schwarz, a Neotropical genus of stingless bees (Meliponini, Apinae, Apidae), are revised. Seventeen new species are described: P. epiphytophila sp. nov., P. subtilis sp. nov., P. nhambiquara sp. nov., P. batesi sp. nov., P. yungarum sp. nov., P. vitae sp. nov., P. ferreirai sp. nov., P. gregaria sp. nov., P. auripennis sp. nov., P. nigrilabris sp. nov., P. combinata sp. nov., P. chapadicola sp. nov., P. seridoensis sp. nov., P. littoralis sp. nov., P. criptica sp. nov., P. rustica sp. nov. and P. sooretamae sp. nov. Partamona pseudomusarum Camargo, 1980, is considered as junior synonym of P. vicina Camargo, 1980. Types of P. grandipennis (Schwarz, 1951), P. xanthogastra Pedro & Camargo, 1996-1997, P. pearsoni (Schwarz, 1938), P. ailyae Camargo, 1980, P. pseudomusarum, P. vicina, P. mulata Moure in Camargo, 1980, P. aequatoriana Camargo, 1980, P. mourei Camargo, 1980, P. peckolti, (Friese, 1901), P. testacea (Klug, 1807), P. helleri (Friese, 1900) and P. musarum (Cockerell, 1917) were examined. Lectotypes of P. orizabaensis (Strand, 1919), and P. cupira (Smith, 1863) are designated. An identification key for the species and drawings of morphological characters are presented. A phylogenetic hypothesis, based mainly on morphological characters is proposed. Four groups are defined, considering the shape of mandible of workers and sternum VII of males: bilineata / epiphytophila group (western Amazon to México), including P. bilineata (Say), P. grandipennis, P. xanthogastra P. orizabaensis P. peckolti P. epiphytophila sp. nov., P. subtilis sp. nov., P. nhambiquara sp. nov., P. batesi sp. nov., P. yungarum sp. nov. and P. vitae sp. nov.; musarum group (Central Brazil, north of South America to Central America), including P. musarum, P. aequatoriana, P. vicina, P. mourei, P. pearsoni, P. ferreirai sp. nov., P. gregaria sp. nov. and P. testacea; nigrior group (Central Brazil to northeast of South America) including P. nigrior (Cockerell, 1925), P. auripennis sp. nov., P. nigrilabris sp. nov., P. combinata sp. nov., P. chapadicola sp. nov., P. seridoensis sp. nov. and P. littoralis sp. nov., and cupira group (southeastern and Central Brazil), including P. cupira, P. mulata, P. ailyae, P. sooretamae sp. nov., P. criptica sp. nov., P. rustica sp. nov. and P. helleri. Some geographic distribution patterns, congruent with that of other Meliponini bees, are commented. KEYWORDS. Biogeography; Partamona; phylogeny; stingless bees; systematics. INTRODUÇÃO P. cupira (Smith, 1863), P. grandipennis (Schwarz, 1951), P. helleri (Friese, 1900), P. mourei Camargo, 1980, P. mulata Moure Partamona Schwarz, 1939, é um gênero de abelhas sociais, in Camargo, 1980, P. nigrior (Cockerell, 1925), P. nigrita (Friese, sem ferrão, produtoras de mel, exclusivamente neotropical, com 1901), P. pearsoni (Schwarz, 1938), P. peckolti peckolti (Friese, ampla distribuição (do sul do Brasil ao México). Ocorre em 1900), P. peckolti musarum (Cockerell, 1917), P. pseudomusarum matas, cerrado, caatinga, regiões montanhosas (cordilheiras Camargo, 1980, P. testacea (Klug, 1807), P. vicina Camargo, andinas e centro-americanas), chegando até mais de 2.000 m de 1980, e P. xanthogastra Pedro & Camargo, 1996-1997. Uma altitude; algumas espécies toleram bem o ambiente antrópico. revisão sistemática do “grupo testacea” foi apresentada por São abelhas agressivas que nidificam em uma ampla variedade CAMARGO (1980), abordando questões sobre a variação de substratos, sendo que muitas espécies são termitófilas geográfica infra-específica e sobre o comportamento de obrigatórias. Até o presente estudo, eram reconhecidas 17 nidificação. No presente trabalho são apresentadas descrições espécies e subespécies de Partamona: P. aequatoriana de novas espécies, chave de identificação, hipótese de filogenia Camargo, 1980, P. ailyae Camargo, 1980, P. bilineata (Say, 1837), e comentários sobre a biogeografia de Partamona, em 1. Dedicado ao Prof. Pe. Jesus Santiago Moure, pelo seu 90º aniversário (02.IX.2002). 2. Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Av. Bandeirantes 3900, 14040-901 Ribeirão Preto-SP, BRASIL. 3. Pesquisador do CNPq, proc. 300014/84-8 RN. Endereço eletrônico: [email protected] / [email protected] Revista Brasileira de Entomologia 47 (Supl. 1), 2003 2 Pedro & Camargo continuidade à série de revisões dos gêneros de Meliponini Para interpretação das espécies descritas foram examinados Neotropicais, iniciada por Camargo e Moure, na qual já foram os tipos de P. grandipennis, P. pearsoni, P. xanthogastra, P. tratados Paratrigona Schwarz, 1938, e Aparatrigona Moure, ailyae, P. pseudomusarum, P. vicina, P. mulata. P. 1951 (CAMARGO & MOURE, 1994), Camargoia Moure, 1989 aequatoriana, P. mourei, P. cupira, P. orizabaensis, P. peckolti, (CAMARGO, 1996b) e Geotrigona Moure, 1943 (CAMARGO & P. testacea e P. musarum. Foram designados lectótipos e MOURE, 1996). paralectótipos para P. cupira e P. orizabaensis. O exemplar único, no qual foi baseada a redescrição de P. testacea, é MATERIAL E MÉTODOS reconhecido como holótipo. De P. helleri, foram examinados exemplares com etiqueta de “TYPUS”, em papel de cor salmão, e Para este estudo, foram examinados mais de 26.000 etiqueta de determinação manuscrita, possivelmente do punho exemplares montados em alfinetes, além de milhares em álcool, de Friese (mas com a data de determinação posterior à a maior parte dos quais depositada na Coleção do Departamento descrição), que provavelmente pertencem à série tipo. Além do de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de material tipo das espécies descritas, também foram examinados Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (RPSP). Outras exemplares selecionados como tipos por Schwarz, de “Trigona instituições e pesquisadores que forneceram material estão (Paratrigona) (sic) testacea var. centralis” e de “Trigona listados abaixo. As abreviações citadas no item “Material (Partamona) testacea var. atahualpa”, porém não publicados. examinado” são as recomendadas por ARNETT et al. (1993). A interpretação de P. bilineata foi feita com base na descrição Coleções particulares são abreviadas pelo nome do seu original de SAY (1837) e em AYALA (1992). Partamona nigrior proprietário. foi interpretada segundo a descrição original de COCKERELL AMNH- American Museum of Natural History, Dr. Jerome G. (1925). Rozen Jr. A terminologia e forma de apresentação (diagnose, BHMH- Museu de História Natural, Universidade Federal de dimensões, forma e proporções, etc.) seguem CAMARGO & Minas Gerais, Dr. Fernando Silveira MOURE (1996). Tergos e esternos abdominais são indicados, BMNH- Natural History Museum (British Museum), Dr. David ao longo do texto, como TII-TVIII e EII-EVIII, respectivamente. G. Notton O termo propódeo refere-se ao 1o tergo abdominal, incorporado CMNH- Carnegie Museum of Natural History, Dr. John E. ao tórax. As pernas são indicadas com numerais romanos – I, Rawlins II, III (pró, meso e metatorácicas, respectivamente). As CUIC- Cornell University Insect Collection, Dr. George Eickwort abreviações “l.m.c.” e “c.a.a.”, no item “Diagnose”, referem-se (in memorian) a largura máxima da cabeça e comprimento da asa anterior. DEIC- Deutsches Entomologisches Institut, Eberswalde, Dr. Medidas de comprimento da asa anterior foram tomadas entre Andreas Taeger o ápice do esclerito costal e a ponta da asa, exceto quando DZUP- Depto. de Zoologia, Universidade Federal do Paraná, indicado de outra forma (medidas incluindo a tégula). Os Dr. Jesus Santiago Moure. caracteres mencionados na chave de identificação para as INPA- Instituto Nacional de Pesquisas da Amazonia, Francisco espécies de Partamona e no item “Diagnose”, referem-se às Peralta. operárias, exceto quando indicado. O diâmetro do escapo foi MELO- Dr. Gabriel A. R. Melo, coleção particular medido na sua porção mais larga. A largura do mesoscuto foi MSUC- Michigan State University Collection, Dr. Frederick medida entre as tégulas. Nas descrições das espécies novas e Stehr redescrições, os cálculos de proporções foram feitos com base MUCR- Museo de Insectos, Universidad de Costa Rica, Dr. nas medidas dos espécimens tipo indicadas nas tabelas X-XIV. Jorge Arturo Lobo Segura Os números seguidos pela letra c (e.g. 21c, 665c), referem-se MZSP- Museu de Zoologia de São Paulo, Dr. Carlos Roberto F. aos números de série dos ninhos, cujo material está depositado Brandão da coleção do Departamento de Biologia da Faculdade de NZCS- National Zoological Collection of Suriname, Bart De Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (RPSP). Dijn No item “Material examinado” foram transcritas as OLIV- Márcio L. de Oliveira, coleção particular informações originais constantes das etiquetas de procedência, SEMC- Snow Entomological Museum, University of Kansas, apenas os meses foram indicados em algarismos romanos e os Dr. Robert Brooks anos com 4 algarismos. Algumas localidades indicadas de forma STRI- Smithsonian Tropical Research Institute, Dr. David W. imprecisa, não foram localizadas nos mapas. Países e suas Roubik subdivisões (estados, províncias, etc.) foram listados de oeste UFVB- Museu de Entomologia, Universidade Federal