O filho do Brasil no Poder

Ted Goertzel * [Tradução: Juliana Lemos]

Resumo Lula deixou o poder com popularidade recorde, mas, paradoxalmente, as mudanças realizadas foram modestas. Lula parece ter compreendido que o que os brasileiros mais queriam era a ausência de mudanças. Talvez tão importante quanto a religiosidade ou as origens de Lula seja o fato dele ter sido criado pela mãe. O estilo de Lula é o oposto do estilo “macho”. Ele é um feminista, não apenas em ideologia como também em seu próprio estilo pessoal. Ele é menos o filho do Brasil do que o filho de uma mãe solteira brasileira. Palavras-chave : Política, Brasil, Lula, FHC.

* TED GOERTZEL é Professor de Sociologia na Rutgers University em Camden, New Jersey. Publicou uma biografia de Fernando Henrique Cardoso e está escrevendo uma biografia sobre Luiz Inácio Lula da Silva.

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Há oito anos, Luiz Inácio Lula da Silva Partido dos Trabalhadores quanto os inaugurou seu mandato com um Social-Democratas defendiam há pronunciamento de grande impacto: décadas. “Mudança : esta é a palavra-chave, esta No dia 19 de dezembro de 2010, O foi a grande mensagem da sociedade Globo publicou uma seção especial brasileira nas eleições de outubro. A chamada “A Construção do Mito Lula”. esperança, finalmente, venceu o medo e (O Globo, 2011). Nela, os autores a sociedade brasileira decidiu que apontavam de maneira impiedosa as estava na hora de trilhar novos falhas nas supostas realizações de Lula. caminhos.” (Silva, 2003) Se a economia havia apresentado um Lula deixou o poder com popularidade crescimento fenomenal em 2010, isso recorde, e a grande maioria dos só ocorreu porque havia enfrentado uma brasileiros estava satisfeita com o crise no ano de 2009. Se o Brasil havia trajeto de seu governo. Mas, crescido em média 4% ao ano durante o paradoxalmente, as mudanças realizadas mandato de Lula, esse crescimento era foram modestas. Lula parece ter menor do que a média para a América compreendido que o que os brasileiros Latina durante o mesmo ciclo mais queriam era que a ausência de ecônomico (4,64%). Apesar de suas mudanças. Desejavam a prosperidade promessas, a reforma agrária continuava econômica e pareciam felizes em tão lenta quanto antes. Os conflitos nas partilhar um pouco dela com os mais áreas rurais aumentaram. Lula firmou pobres. Mas, fora isso, havia pouca alianças políticas com oligarcas como demanda para as reformas que tanto o José Sarney e Fernando Collor. Embora

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tivesse prometido aumentar a de seu governo num discurso de infraestrutura, Lula deixou estradas, despedida em transmissão nacional pelo portos e aeroportos em situação quase rádio e TV (Secretaria de Comunicação, caótica. Seu programa Fome Zero 2011; Silva, 2010). A lista de transformou-se numa esmola realizações era grande. O salário permanente, fazendo com que os pobres mínimo teve um aumento de 67%. não tivessem outra alternativa senão Foram construídas represas, depender do Estado. E o pior de tudo, hidrelétricas, refinarias de petróleo e segundo O Globo, foi que Lula manteve novas ferrovias. Dois milhões de as altas taxas de juros e uma alta carga pessoas passaram a ter eletricidade, e tributária que continuaria a ser um fardo mais um milhão passou a ter moradia. para o país durante muitos anos, já que Foram criados novos programas de não houve reforma tributária e nem da saúde, assim como 14 novas previdência. universidades e 126 escolas técnicas. O Brasil saldou sua dívida com o Fundo O Blog do Planalto revidou: Monetário Internacional e agora passava Quem leu ou vier a ler o caderno a emprestar dinheiro ao fundo. especial do jornal O Globo sobre a Era uma boa lista, mas não mais Era Lula não terá dúvida: a direção do jornal, seus editores e analistas impressionante do que aquela feita em estão entre os 3% a 4% de publicação similar, preparada pelo brasileiros que consideram o mesmo órgão e publicada ao fim dos Governo Lula ruim ou péssimo. oito anos de mandato de Fernando Henrique Cardoso. (Secretaria de Para eles, a aprovação de mais de Estado, 2002). A maioria das 80% alcançada pelo presidente realizações eram continuações de Lula e seu governo ao final de oito anos de mandato é um mistério. programas nos quais o governo já Talvez uma ilusão ou uma hipnose trabalhava antes de Lula assumir o coletiva, que estaria impedindo o poder. Houve bastante progresso povo de enxergar a realidade. Para contínuo, mas poucas mudanças O Globo e seus analistas, o Brasil drásticas. avançou muito pouco na Era Lula e os poucos avanços teriam sido Não são apenas os críticos da direita apesar do governo e não por causa que estão surpresos com a falta de de suas ações. maiores reformas estruturais no governo Lula. O estudioso de esquerda Fernando Como disse o presidente Lula no J. Cardin de Carvalho argumenta que dia em que registrou em cartório o tanto Lula quanto o ex-Presidente seu legado, a imprensa não tem Fernando Henrique Cardoso foram interesse nas ações construtivas do líderes fracos: governo, ela prefere focalizar as destrutivas. Cabe ao próprio Há uma ausência significativa de governo fazer chegar à sociedade o liderança tanto em relação à contraponto. (Blog do Planalto, capacidade de formular estratégias 2011) claras quanto à de segui-las. No caso de FHC, essa falta de E foi isso o que fizeram. A secretaria de diretrizes parecia ter raízes em sua comunicação de Lula publicou uma teoria de dependência (...). No caso coleção enorme, em seis volumes, de Lula e do Partido dos chamada Balanço do Governo 2003- Trabalhadores, os motivos para a 2010 , e Lula gabou-se das realizações ausência de raciocínio estratégico

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não são claros. (...) Na ausência de partido, entre outros. Tentou contornar estratégias claramente definidas, a empecilhos legislativos com a compra política de Lula parece ter de votos de seus supostos aliados. consistido basicamente em se Depois do escândalo da compra de deixar levar pelos ventos votos, ele basicamente se afastou das favoráveis da economia controversas tentativas de fazer uma internacional (...) (Cardin de Carvalho, 2007). reforma. É compreensível que os críticos estejam Fernando Cardin de Carvalho tem razão decepcionados com o fato de que tanto ao afirmar que nem Lula e nem FHC Lula quanto FHC não tenham foram o tipo de líder “forte”, capaz de concretizado seus planos. Fernando impor mudanças radicais à sociedade. Cardin de Carvalho é bastante explícito Mas sua explicação para a suposta quanto às expectativas de um governo fraqueza de ambos está errada. A obra de centro-esquerda: acadêmica de FHC falava sobre como os países poderiam superar a Até mesmo um governo que é dependência, não criava desculpas para nominalmente de esquerda, em um ela. Assim que assumiu o poder, FHC país em desenvolvimento, precisa formulou uma estratégia clara para pôr perseguir pelo menos quatro metas: fim à hiperinflação e seguiu-a à risca. emprego para todos, crescimento Lula é um estrategista e organizador econômico, redistribuição da renda e da riqueza e fortalecimento das político brilhante. Sua Carta ao Povo classes mais necessitadas, dando a Brasileiro deixou clara sua estratégia elas o direito da cidadania. Um política em 2002 e ele a executou com governo de esquerda não deve ser maestria. É difícil pensar em dois "generoso". Pelo contrário: ele líderes melhores para formular deve avançar a redefinição de estratégias e executá-las. direitos e deveres, repassando o poder daqueles que antes estavam Por que, então, o fracasso em no comando para os que se implementar reformas tributárias e na encontram em posição de previdência, que tanto FHC quanto Lula subordinação. (Cardin de Carvalho, acreditavam ser necessárias? A fraqueza 2007: 30). não está nos líderes, e sim no próprio Lula e FHC partilham dessas quatro sistema democrático. FHC e Lula metas e fizeram progresso em todas. O possuem personalidades muito progresso não foi tão rápido quanto diferentes, mas ambos entraram na desejavam, mas foi favorável se política como parte de um movimento comparado com o de governos de para democracia e são democratas esquerda mais ditatoriais. O problema assumidos. Um líder democrático não parece estar com aquilo que Cardin de pode simplesmente impor mudanças Carvalho chama de "generosidade" de radicais. As políticas de FHC eram Lula. O impulso de Lula é de se dar constantemente rechaçadas pela bem com todos. A esquerda radical oposição, tanto do Partido dos queria que ele fizesse duras críticas aos Trabalhadores como de outros partidos. ricos e poderosos, assim como Hugo Lula tentou implementar muitas dessas Chávez. Lula preferiu adulá-los e mesmas reformas em seus dois persuadi-los. O mesmo vale para FHC. primeiros anos, mas acabou enfrentando a oposição dos funcionários públicos e Para Lula, ter um bom relacionamento da ala de esquerda de seu próprio com pessoas de todas as esferas é uma

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questão de personalidade e de filosofia adolescência e a seguir uma carreira de vida, não de ideologia política. A adequada a seus talentos e vocações. No visão de mundo de Lula é caso de Lula, seu pai voltou a fazer fundamentalmente cristã, não marxista. parte de sua vida quando ele tinha nove Isso fica obscurecido pelo fato de que anos de idade, e ele teve de ele mantém sua vida religiosa em deliberadamente se rebelar contra ele, privado e respeita a separação entre com o apoio da mãe. Lula é bastante Estado e Igreja. Como Católico explícito quanto a ter adotado um modo Romano, por diversas vezes manifesta maternal de liderança. Num discurso de seu apreço por todos os grupos campanha de 2010, ele afirmou: religiosos do Brasil, inclusive os O melhor exemplo que dou para a evangélicos e judeus. Escolheu um arte de governar é a arte de ser protestante evangélico como vice. Seu mãe. Governar não é nada mais do cristianismo não é de mentalidade que agir como uma mãe age estreita, sectária; é uma teologia de tomando conta de uma família, compaixão por outros seres humanos. É garantindo a todos o direito de ter uma filosofia que encontra grande oportunidades. Aliás, a palavra respaldo com o povo brasileiro, e isso "governar" está errada. Não sei contribuiu em muito para sua quem foi o filósofo que inventou a popularidade. palavra "governar". Na verdade, em vez de "governar", deveria ser Talvez tão importante quanto a "cuidar". (MENZES, 2010b). religiosidade ou as origens de Lula é o De acordo com os dicionários, a palavra fato de que ele ter sido criado pela mãe. “governar” implica exercer autoridade e Ele se recusou a seguir os passos do pai, fazer cumprir as regras. Essa é uma que via como um homem fracassado. abordagem estereotipadamente Ter um pai que é um fracasso pode ter masculina da vida, presente no vantagens na vida: pesquisas mostram treinamento legal e militar da maioria que o fracasso paterno é comum na dos presidentes brasileiros do passado. infância de pessoas de sucesso. O estilo de Lula é o oposto do estilo (Goertzel, 2003). Dois presidentes “macho”. Ele é um feminista, não americanos, Barack Obama e Bill apenas em ideologia como também em Clinton, também sentiam raiva ou se seu próprio estilo pessoal. Ele fala de ressentiam de seus pais (ou padrastos) e seus sentimentos abertamente e não tem tinham um relacionamento muito vergonha de chorar em situações próximo com suas mães. públicas. Lula não herdou tal estilo de governar de sua classe social ou do Os filhos de mães bem-sucedidas lugar onde nasceu, e nem do fato de ter aprendem a partilhar seus sentimentos e sido criado no Brasil. Isso é herança de a criar empatia com outras pessoas, sua mãe. Ele é menos o filho do Brasil além de desenvolver habilidades do que o filho de uma mãe solteira práticas nos relacionamentos pessoais e brasileira. na resolução de problemas. O fato de não precisarem competir com os pais Lula prometeu “mudanças”, mas ele pela atenção das mães na infância talvez sabia que os brasileiros estavam os ajude a ter mais autoconfiança. Não cansados de ouvir que suas instituições precisar submeter-se à autoridade precisavam ser reformadas, cansados de paterna, ou se rebelar contra ela, pode perder a segurança de cargos ajudá-los a superar com tranquilidade a governamentais e aposentadorias

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precoces, cansados de receber ordens de dois partidos, os Social Democratas e o ambientalistas e outros ativistas. Eles Partido dos Trabalhores, aliaram-se a desejavam um presidente que lhes desse partidos mais tradicionais e passaram a ânimo, e não alguém que fizesse adotar aquilo que Marina Silva, a críticas. Apreciavam receber salários ambientalista do Partido Verde, chama em uma moeda que não perdesse seu de "pragmatismo ilimitado". Ela afirma: valor para que pudessem desfrutar dela. Foi sorte o fato de Lula ser eleito em É uma ironia da História: dois partidos nascidos para afirmar a uma época em que a economia diversidade da sociedade brasileira, brasileira pudesse gerar crescimento para quebrar a dualidade existente econômico com algum grau de à época de suas formações, se redistribuição de renda e sem provocar deixaram capturar pela lógica do uma nova inflação. Ele aproveitou a embate entre si até as últimas oportunidade e assumiu a autoria dos consequências. avanços no Brasil, como se os governos Ambos, ao rejeitarem o mosaico anteriores não tivessem lhe deixado indistinto representado pelo nada além de uma herança maldita. guarda-chuva do MDB, enriqueceram o universo político Quase duas décadas de eficaz liderança brasileiro criando alternativas presidencial tornaram o Brasil um lugar democráticas fortes e referendadas bem melhor, e a maioria esmagadora da por belas histórias pessoais e população deseja a continuidade do coletivas de lutas políticas e de governo. Mas a política costuma ser ética pública. algo cíclico, e o Brasil pode estar se aproximando de um momento de Agora, o mergulho desses partidos no pragmatismo da antiga lógica mudança. Cristóvam Buarque acredita empobrece o horizonte da inadiável que o Brasil está chegando ao fim de mudança política que o país um ciclo, prestes a começar outro reclama. (Franco, 2010). (Buarque, 2010). Ele chama o atual ciclo, que começou com a transição expressou seu para a democracia e a estabilização da compromisso de liderar um processo de moeda, de “social-democracia tímida”. reforma mais ativo, para assim realizar Afirma que o próximo ciclo deve ser de as mudanças duradouras que acredita social-democracia mais agressiva para que o Brasil precisa. A dependência de tornar a política menos corrupta, gerar seu partido na aliança com o PMDB, no uma economia de alta tecnologia, entanto, pode tornar isso difícil. O promover a igualdade de oportunidade e PSDB está revendo suas estratégias aumentar a segurança nas áreas urbanas. depois de perder a eleição presidencial É da opinião de que, se social- de 2010, e também está bastante ciente democracia não puder realizar isso, o da necessidade de reformas. Talvez seja próximo ciclo poderá ser tanto uma demais esperar que esses dois partidos volta à direita quanto uma volta ao social-democratas e progressistas populismo. acabem se unindo, mas os Social- Democratas no Congresso cooperaram O Brasil tem dois fortes partidos social- com o governo de Lula em diversas democratas que ainda são liderados, em questões, colocando as necessidades do grande parte, por pessoas que entendem país à frente das vantagens partidárias esses objetivos e concordam com eles. de curto prazo. Dilma Rousseff fez Contudo, em vez de unir forças, esses parte desse processo quando foi Chefe

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da Casa Civil, e deve estar preparada http://oglobo.globo.com/pais/mat/2010/12/20/es para continuar a trabalhar com os pecial-construcao-do-mito-lula-923329740.asp . Social-Democratas e outras forças Acesso em 01.01.2011. progressistas. GOERTZEL, T. Cradles of Eminence. Scottsdale, Arizona: Great Potential Press, Lula escolheu retirar-se com um alto 2003. grau de popularidade em vez de fazer MENZES, M. Lula fala em Deus e vingança no uso dessa mesma popularidade para Piauí, O Globo, 15 de outubro de 2010. pressionar por reformas controversas. Disponível em: Ele também escolheu não usar essa http://www.senado.gov.br/noticias/OpiniaoPubli popularidade para tentar se tornar um ca/inc/senamidia/notSenamidia.asp?ud=201010 15&datNoticia=20101015&codNoticia=481646 dos "presidentes vitalícios" da América &nomeOrgao=&nomeJornal=O+Globo&codOr Latina. Percebeu que seu legado político gao=47&tipPagina=1 . Acesso 18.10.2010. era mais de continuidade do que de PARIZ, T e MARTELLO, A. Só vou ser mudança. Observou, realista, que “O comparado a Vargas, diz Lula, Globo.com, 30 legado do nosso governo é a de agosto de 2007. Disponível em: consolidação das políticas sociais com http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL96 crescimento da economia e uma 520-5601,00.html . Acesso 30.8.2007. situação macroeconômica sólida”. PLANALTO. Balanço da Era Lula no Globo: (Pariz e Martello, 2007). Olho torto entorta a vista. In: Blog do Planalto, 21 de dezembro de 2010. Disponível em: http://blog.planalto.gov.br/balanco-da-era-lula- no-globo-olho-torto-entorta-a-vista/ . Acesso em Referências 22.01.2011. BUARQUE, C. O Ciclo Dilma. In: Blog do SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO. Balanço Noblat, O Globo, 23 de dezembro de 2010. do Governo 2003|2010. Secretaria de Disponível em: Comunicação Social da Presidência da http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/ República, 2010. Disponível em: 12/18/o-ciclo-dilma-350289.asp . Acesso: http://www.secom.gov.br/sobre-a- 28.12.2011. secom/publicacoes/balanco-de-governo-2003- CARDIM DE CARVALHO, F.J. “Lula’s 2010 . Acesso: 21.1.2011. Government in : A New Left or the Old SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO. Brazil: Populism?” In: ARESTIS e SAAD-FILHO, 1994-2002: The Era of the Real. Secretaria de Political Economy of Brazil, New York, Estado de Comunicação do Governo, Brasília, Palgrave, 2007, p. 33. 2002. FRANCO, B.M. Em carta, Marina acusa PT e SILVA, L.I. Discurso na cerimônia de posse, PSDB de 'pragmatismo sem limites', In: Congresso Nacional, 1º. de janeiro de 2003. Folha.com, 17 de outubro de 2010. http://www1.folha.uol.com.br/poder/815926- SILVA, L.I. Pronunciamento à nação em cadeia em-carta-marina-acusa-pt-e-psdb-de- nacional de rádio e TV, por ocasião do final de pragmatismo-sem-limites.shtml . Acesso: ano, 23 de dezembro de 2010. Disponível em: 18.10.2010. http://www.info.planalto.gov.br/static/inf_briefd iscusos.htm . Acesso: 25.2.2011. GLOBO. A Construção do Mito Lula, O Globo , 19 de dezembro de 2010. Disponível em:

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