Ações Empresariais para mitigação das Mudanças Climáticas no Brasil: Uma análise das empresas que fazem parte do Índice Carbono Eficiente (ICO2) e do Programa Brasileiro GHG Protocol

ANDRÉ LUIS ROCHA DE SOUZA Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - IFBA [email protected]

JOSÉ CÉLIO SILVEIRA ANDRADE Universidade Federal da Bahia - UFBA [email protected]

SONIA MARIA DA SILVA GOMES Universidade Federal da Bahia - UFBA [email protected]

RITA DE CASSIA SOUZA RIBEIRO TORRES Universidade Federal da Bahia - UFBA [email protected]

JULIANO ALMEIDA DE FARIA Universidade Estadual de Feira de Santana [email protected]

Ações Empresariais para mitigação das Mudanças Climáticas no Brasil: Uma análise das empresas que fazem parte do Índice Carbono Eficiente (ICO2) e do Programa Brasileiro GHG Protocol

Resumo: A pesquisa teve por objetivo geral mapear, analisar e discutir as ações empresariais que estão sendo adotadas pelas empresas brasileiras participantes do Índice Carbono Eficiente (ICO2) e Programa Brasileiro GHG Protocol para mitigação das mudanças climáticas. Foi realizada uma pesquisa exploratória, de natureza bibliográfica e documental, em relatórios anuais e de sustentabilidade, inventários de emissões, questionários do CDP e sites institucionais, utilizando para tal a técnica de análise de conteúdo, com uma abordagem qualitativa e descritiva. Destaca-se a utilização das iniciativas internacionais Pacto Global, Global Reporting Initiative (GRI) e Carbon Disclosure Project (CDP) como instrumentos para melhorar, implementar e desenvolver ações de mitigação das mudanças climáticas. Também foi verificado um alinhamento entre algumas das iniciativas nacionais se comparado com o cenário internacional, com ênfase no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), no Indice Carbono Eficiente (ICO2), baseados nos índices da bolsa de Nova York. Nesse sentido, dentre as 19 empresas pesquisas, a destaca-se pela quantidade de iniciativas internacionais adotadas, enquanto que o Itaú Unibanco pelas iniciativas nacionais. No tocante às ações internas, verificou-se que as empresas estão preocupadas com o cenário de mudanças climáticas e têm implemetado ações internas, tais como plano de mitigação e adaptação, além de divulgar suas ações para seus stakeholders.

Palavras-Chave: Mudanças Climáticas; Ações Empresariais; Índice Carbono Eficiente (ICO2); Programa Brasileiro GHG Protocol; Brasil.

Corporate actions for mitigation of Climate Change in : An analysis of the companies that are part of the Carbon Efficient Index (CEI2) and the Brazil GHG Protocol Program Abstract: The research had the main objective to map, analyze and discuss the business actions being adopted by companies participating Brazilian Carbon Efficient Index (CEI2) and Brazilian GHG Protocol Program for climate change mitigation. Exploratory research, bibliographic and documentary nature, in annual reports and sustainability, emissions inventories, questionnaires CDP and institutional sites, using such a technique of content analysis with a qualitative, descriptive approach was performed. Noteworthy is the use of international initiatives Global Compact, Global Reporting Initiative (GRI) and the Carbon Disclosure Project (CDP) as tools to improve, develop and implement actions to mitigate climate change. Was also observed alignment between some of the national initiatives compared to the international scene, with emphasis on Corporate Sustainability Index (ISE) and Carbon Efficient Index (CEI2), based on the indexes of the New York Stock Exchange. In this sense, among the 19 research companies, Klabin distinguished by number of international initiatives adopted, while Itaú Unibanco by national initiatives. Regarding internal actions, it was found that companies are concerned about the climate change scenario and have implemented internal actions such as mitigation and adaptation plan, and disclose its actions to its stakeholders. Key Words: Climate Change; Company shares; Carbon Efficient Index (CEI2); Brazilian GHG Protocol Program; Brazil.

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1. INTRODUÇÃO As alterações na temperatura da terra, decorrentes das ações antrópicas, podem ocorrer por fenômenos naturais, todavia o que tem se constatado no último século é um aumento significativo de concentração de Dióxido de Carbono (CO2) e outros Gases de Efeito Estufa (GEE) na atmosfera, responsáveis pelo aquecimento global e consequentemente as mudanças do clima, decorrentes da queima de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás natural (IPCC, 2013). Diante do fenômeno do aquecimento global, o contexto de riscos gerados pelas mudanças climáticas apresenta-se como um desafio para as empresas, principalmente em função dos impactos que esse fenômeno pode provocar no retorno de seus investimentos, no desempenho organizacional ou até mesmo no valor agregado para os investidores (Labatt & White, 2007) questionando-se, portanto, as estratégias e caminhos adotados pelas organizações neste cenário. Acredita-se que um dos desafios para as empresas, no contexto de mudanças climáticas, é a configuração e divulgação de estratégias de enfrentamento desse fenômeno, de modo a preservar sua continuidade com resultados consistentes e, ao mesmo tempo, atender as demandas advindas dos stakeholders, inclusive ao tripé (aspectos econômicos, sociais e ambientais) da sustentabilidade (Labatt e White, 2007). Tais estratégias, para tanto, contemplam tanto os processos diretamente vinculados a empresa, como também, toda a cadeia de produção da organização tratada no âmbito da logística reversa (Page, Hurtt e Thomson, 2013; Carbon Disclosure Project - CDP, 2012a). Na visão do IPCC (2013) e Fuchs (2008), essas estratégias podem ser tanto de mitigação quanto de adaptação. Na primeira as empresas adotam medidas preventivas visando reduzir e/ou eliminar seus impactos no clima. Na segunda a estratégia problema é reativa na medida em que ele avança, adaptando-se ao cenário. Em função disso, as informações geradas para os stakeholders devem subsidiar as decisões de investimentos de forma sustentável e rentável, já que estes têm cobrado das empresas uma mudança de postura frente a essa realidade, evidenciando riscos para aquelas empresas que continuam mantendo os mesmos níveis de produção sem ações de mitigação e/ou redução de seus impactos ao meio ambiente (Page, Hurtt e Thomson, 2013). De acordo com a BM&FBOVESPA (2009) e Labatt & White (2007) as organizações têm passado por uma mudança de postura em função da forma como os seus investidores têm modificado o seu comportamento com relação ao destino que estão dando aos seus recursos e do reconhecimento dos níveis de riscos de negócios, físicos e financeiros que as mudanças climáticas podem provocar no desempenho organizacional, tornando-os mais exigentes quanto à necessidade das empresas adotarem práticas de gestão que atendam de forma equilibrada as dimensões econômica, ambiental e social. Para Amaral (2012) e Ziegler, Busch e Hoffmann (2011) a participação em iniciativas de mercado, tais como índice de sustentabilidade, mercado de carbono, Programa GHG Protocol, Carbon Disclosure Project (CDP), Global Reporting Initiative (GRI) dentre outros, contribuem para aumento do valor organizacional no mercado, considerando que impactam o desempenho organizacional. Assim, acredita-se que as empresas que participam de iniciativas de mercado com foco na sustentabilidade buscam a prática de uma gestão sustentável e adotam ações para redução e/ou mitigação das emissões de GEE como estratégia em resposta às mudanças climáticas. Nesse sentido, busca-se por meio da presente pesquisa responder a seguinte pergunta de pesquisa: Que ações empresariais estão sendo adotadas pelas

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empresas brasileiras participantes do Índice Carbono Eficiente (ICO2) e Programa Brasileiro GHG Protocol para mitigação das mudanças climáticas? Assim, a presente pesquisa tem por objetivo geral mapear, analisar e discutir as ações empresariais adotadas pelas empresas brasileiras participantes do Índice Carbono Eficiente (ICO2) e Programa Brasileiro GHG Protocol para mitigação das mudanças climáticas. A relevância da presente pesquisa se deve a necessidade de evidenciar como as empresas estão se comportando diante dos riscos gerados pelas mudanças climáticas. Ou seja, mapear as ações empresariais contribuirá para uma análise dos tipos de ações, objetivos corporativos, a sua inserção nas estratégias empresariais e, posteriormente, a análiseda sua contribuição para a mitigação das mudanças climáticas. Além disso, evidenciará ações de empresas diferentes, permitindo comparar as convergências e estudar as particularidades, bem como, destacar as empresas brasileiras que estão atuando de forma proativa ao problema, já que não há regulação que obrigue a adoção de ações em respostas às mudanças climáticas. Assim, justifica-se esta pesquisa, pois é preciso compreender as principais ações empresariais, no cenário internacional e nacional, bem como analisar e discutir qual a inserção de cada uma das empresas nessas iniciativas. Assim, a elaboração de um quadro genérico capaz de direcionar ações das empresas que desejam ajustar suas estratégias frente as mudanças climáticas. A partir disso, diversas oportunidades de pesquisa poderão surgir haja vista que o panorama traçado gera novos questionamentos e soluções para que as empresas possam trilhar caminhos mais curtos nas suas ações frente às mudanças climáticas. Neste contexto, este trabalho também aponta indicativos para uma análise micro empresarial, ou seja, evidenciando quais as ações internas que essas empresas estão adotando em respostas as mudanças climáticas. Este passo faz-se necessário para que as empresas possam conhecer melhor suas ações e comparar-se quanto as demais empresas participantes do ICO2 e GHG Protocol. Por fim, a indicação das empresas por meio de um ranqueamento quanto ao número de ações estratégicas viabilizará indicar empresas benchmarketing no Brasil, ou seja, referências para as demais dentro e fora dos programas de divulgação, podendo viabilizar ganhos em médio e longo prazo para todos os stakeholders.

2. REVISÃO DA LITERATURA As organizações têm sido cada vez mais exigidas quanto à elaboração de estratégias corporativas de enfrentamento às mudanças climáticas, mas não só isso. Na atualidade, os impactos climáticos já são estimados e ameaçam cada vez mais os negócios na difícil equação que envolve o desenvolvimento sustentável, recebendo atenção especial dos stakeholders tendo em vista a necessidade de se analisar e verificar os resultados econômicos e financeiros, bem como os sociais e ambientais das organizações e os impactos de suas atividades ao meio ambiente (Hoffman, 2006). Em função dos riscos associados à situação atual dos seres humanos no planeta, bem como em função dos impactos que podem provocar nos preços dos produtos e serviços, a incorporação dos gastos ligados as questões ambientais têm demandando das empresas estratégias de modo a alcançar vantagens competitivas sustentáveis (CDP, 2012b; Farias, Souza e Andrade, 2012). Na visão de Hoffman e Woody (2008) os efeitos das mudanças climáticas evidenciados pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) estão manifestando-se paulatinamente, motivo pelo qual as empresas devem nortear a formulação de estratégias para enfrentamento desse problema atendendo a três critérios: a) gestão dos seus impactos e emissões de GEE decorrentes de suas atividades, por meio do registro, controle e evidenciação; b) desenvolvimento de competência técnica alinhada com os objetivos do mercado e perspectiva a cerca da transição para uma economia de baixo carbono, projetando

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as oportunidades e projetos vinculados; e c) participação da configuração do cenário político ligado às questões climáticas, por meio do envolvimento com a formulação das políticas ambientais no cenário em que atuam. Na visão de Azzone et. al. apud Fuchs (2008, p. 28) a adotação de iniciativas e/ou ações internas são incorporadas nas estratégias empresariais de três formas : a) Ações adaptativas que compreendem uma postura mais reativa ao problema; b) Ações proativas que está diretamente relacionadas às ações de mitigação das mudanças climáticas e antecede as adaptativas, compreende um conjunto de ações com foco na redução e/ou extinção dos impactos, tais como a gestão dos gases de efeito estufa (GEE), a participação de iniciativas de mercado que tenham como foco a redução das emissões, como influência na mudanças interna, a exemplo dos índices de sustentabilidade, iniciativas de carbon disclosure, dentre outros; c) Ações inovativas que representam uma visão de futuro, ou seja, ações estratégicas que já encarem os problemas climáticos como uma situação inadiável e que requer respostas rápidas e inovadoras (Fuchs, 2008). No cenário de mudanças climáticas, na visão de Kolk e Pinkse (2007), Hilmman et al (1999) e Eberlein e Matten (2009), a atuação das empresas pode ser norteada a partir do cenário político, por meio do qual buscam-se conformar estruturas favoráveis a sua atuação no âmbito internacional. Por outro lado, na visão de Kim (2008), Hoffman e Woody (2008), Sussman e Feed (2008) e Lemme (2010) as questões associadas às mudanças climáticas devem ser encaradas de forma proativa e com uma visão de longo prazo, principalmente por afetar a competitividade das empresas no mercado. Para Kim (2008) a configuração de ações em respostas às mudanças climáticas centra- se em três níveis. O primeiro nível refere-se à participação das organizações no cenário político. A inserção das empresas na configuração das políticas e marcos regulatórios do clima, a exemplo de políticas de mudança do clima; o segundo nível constitui-se na Estratégia de Adaptação, ou seja, ação a partir de um direcionamento político institucional – Nesta dimensão as empresas se adaptam as decisões governamentais e a partir dessas decidem sobre as ações a serem implementadas para enfrentar o problema., o que, por sua vez, gera grandes riscos associados ao desempenho organizacional, principalmente perda de competitividade e produtividade; e no terceiro nível prevalece a Estratégia Cética, que significa desprezar o fenômeno adotando uma posição mais cética, questiona-se o problema tentando desqualificá- lo. Na visão de Abranches (2010) que corrobora com a de Azzone et al apud Fuchs (2008), as empresas precisam adotar ações mais robustas, de longo prazo, ao invés de iniciativas que mantém as mesmas emitindo um grande volume de GEE. De acordo com o autor, as empresas precisam adotar uma postura mais forte aplicando recursos em inovações tecnológicas, que priorize o uso de fontes renováveis, bem como, tecnologias mais limpas, favorecendo a transição para uma economia de baixo carbono. As pesquisas de Kolk e Pinkse (2004-2005-2009) corroboram com a de Lemme (2010) ao afirmarem que as estratégias para enfrentamento das mudanças climáticas não podem ser consideradas de igual forma para todas as empresas, já que as questões legais, políticas, bem como o setor de atuação influenciam na sua conformação, além da característica e natureza de cada atividade, destacando nesse sentido, uma estratégia comum, de fundamental importância para empresas que é a contabilização e divulgação das emissões de GEEs, que consiste em uma estratégia que visa a mitigação das mudanças climáticas.Em pesquisa realizada por Wallace (2009), foram analisadas as divulgações de informações relacionadas às ações das empresas distribuídas em 15 setores da economia. Os resultados encontrados pelo autor

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reiteram o que Kolk e Pinkse apresentaram nos anos de 2004 e 2007, evidenciando que as empresas multinacionais são mais sensíveis às respostas do que as empresas nacionais. Para Fuchs (2008), as empresas realmente engajadas com as mudanças climáticas estão deslocando o foco de uma postura baseada no gerenciamento de riscos para uma que prioriza as oportunidades de negócios criadas, e consequentemente, gera vantagens competitivas num ambiente de negócios com restrições ao uso do carbono.Nesse cenário, destaca-se o papel exercido pelo CDP que vem sendo reconhecido como uma das principais alternativas privadas de Governança Ambiental Global (GAG) para subsidiar as questões atinentes à crise ambiental global, especificamente as alterações climáticas (Kolk et al, 2008; Farias, Souza e Andrade, 2012). O CDP, instituição sem fins lucrativos, criada a partir da iniciativa privada com o objetivo de consolidar informações acerca das estratégias de diferentes empresas no mundo com relação ao enfrentamento das mudanças climáticas, tem mostrado que as organizações estão preocupadas com os problemas ambientais que ameaçam seu desempenho, bem como a vida das futuras gerações. Essa iniciativa concentra esforços em quatro grupos de informações relacionadas às atividades empresariais e o meio ambiente, quais sejam: 1) os riscos corporativos advindos dos problemas climáticos; 2) o controle dos volumes de emissões, por meio dos inventários de emissões; 3) Os esforços e ações empresariais no sentido de reduzir os impactos das organizações ao meio ambiente; e 4) gestão sobre os efeitos das decisões corporativas em relação ao meio ambiente, com foco na mitigação (Farias, 2013; Farias, Souza e Andrade, 2012; Kolk et al, 2008). Além do programa voltado para consolidar informações das estratégias enfrentamento das mudanças climáticas, o CDP apresenta quatro outros programas, complementares, quais sejam: O Programa Ação Carbono que oferece insights sobre adaptação dos negócios no futuro de baixo carbono e orienta a tomada de decisão no mercado de capitais; O Programa Florestal que contribui para que as empresas entendam a exposição ao desmatamento dentro de suas carteiras; O Programa Ação Água que tem como foco adaptar as empresas a um cenário de mudança em relação à disponibilidade de água global, medir e gerenciar o uso dos recursos hídricos; e O Programa Supply Chain que permite às organizações promoverem o engajamento dos fornecedores. Além do CDP, outras iniciativas estão entre as ações das empresas no sentido de melhorar a evidenciação de suas ações como também provocar mudanças internas. Dentre elas destacam-se: o Pacto Global, instrumento de participação voluntária, que dentre os seus objetivos estão o compromisso assumido pelas empresas signatárias de adotarem práticas sustentáveis em suas atividades; O Global Reporting Initiative (GRI), instituição sem fins lucrativos que tem como foco a promoção da sustentabilidade econômica das empresas, sendo responsável por um dos mais conceituados padrões de relatórios de sustentabilidade empresarial, em nível internacional, concentrando informações de ordem econômica, social, ambiental e de governança; A participação em índices de sustentabilidade empresarial que tem por objetivo evidenciar empresas que são referências em práticas de gestão. Esses índices geram um duplo dividendo para as empresas, pois além de tornar público para o mercado as práticas corporativas, auxiliam a promoção de mudanças internas necessárias para que as empresas possam se manter nessas iniciativas, tais como a gestão dos GEE, a fixação de metas de reduções, dentre outras. Podem-se destacar ainda os principais índices globais, tais como o Índice de Dow Jones de Sustentabilidade e o Carbon Effcient Index (CEI), ambos da Bolsa de Nova York, O Índice de Sustentabilidade Empresarial e Índice Carbono Eficiente, ambos da BM&FBOVESPA, o FTSE 4good em Londres e o JSE na África do Sul; O mercado de carbono regulado e voluntário, com foco na comercialização

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de créditos de carbono; O Programa GHG Protocol global e brasileiro, cujo foco é estimular as organizações a elaborarem e divulgarem suas emissões de GEE, através de uma metodologia internacionalmente conhecida; dentre outras iniciativas. (PNUD, 2014; GRI, 2014; Marcondes e Bacarji, 2010; UNFCCC, 2013). Em relação ao Índice Carbono Eficiente (ICO2) da BM&FBOVESPA, surgiu inspirado no Carbon Effcient Index (CEI) da bolsa de Nova York e tem por objetivo medir a eficiência de carbono das empresas que fazem parte da carteira teórica do índice. Ao fazer parte do ICO2, as empresas passam a ter a necessidade de informar à BM&FBOVESPA seus dados do inventário de emissão de GEE, o que consequentemente desenvolve a necessidade dessas empresas gerenciarem suas emissões diretas e indiretas, sendo, portanto, uma ação de mitigação. A composição da carteira teórica do ICO2 segue alguns critérios fundamentais para sua formação. São eles: pertencer ao IBrX-50 – que é um indicador composto pelas 50 ações mais negociadas na BM&FBOVESPA, ponderadas na carteira pelo free float (quantidade de ações da empresa disponíveis para negociação no mercado); receber o convite e aceitar; reportar dados das emissões de ICO2 anualmente; e não está em processo de recuperação judicial, processo falimentar, situação especial, bem como, estiverem em processo de suspensão de negociação (BM&FBOVESPA, 2013). Atualmente, dos 50 papéis (ações) que formam a carteira teórica do IBrX-50 somente 29 que respondem por 31 papéis (ações) na carteira teórica do ICO2. Desses 31 papéis, dois são do Bradesco (ações ON e PN) e outros dois papéis são da Vale (ON e PN) (BM&FBOVESPA, 2014). O ICO2 mede quanto de emissão foi necessária para geração das receitas de uma determinada empresa, ou, mais especificamente, quanto de emissão de GEE foi necessário para cada R$ 1 (um real) de receitas. Nesse índice, uma empresa considerada eficiente é aquela que cresce seu faturamento de forma inversamente proporcional ao volume de emissões.. Assim, a empresa mais eficiente no índice é aquela que tem o menor Coeficiente de Eficiência em Carbono em relação ao IBrX-50 (BM&FBOVESPA, 2014).É importante destacar que as ações são ponderadas de acordo com o peso dos papéis das empresas no índice, bem como, o peso desses mesmos papéis no IBrX-50, levando, portanto, a um coeficiente ponderado dos dois índices. Para cálculo do Coeficiente de emissão, a fórmula utilizada pela BM&FBOVESPA (2013) é a seguinte: Emissão de GEE (tCO e) Coeficiente Emissão/Receita = 2 Receitat (R$ milhões) Equação 01: Fórmula de Cálculo do Coeficiente de Eficência Fonte: BM&FBOVESPA (2014, p. 4). Legenda: Emissão de GEEt = quantidade de toneladas de dióxido de carbono equivalente, emitida no ano base t; 2 Receitat = Receita bruta anual reportada na demonstração financeira consolidada, referente ao ano-base t , elaborada de acordo com os padrões contábeis brasileiras, em milhões de reais. Para ingresso no ICO2, a BM&FBOVESPA não exige das empresas a publicação dos respectivos inventários de emissões, apenas o reporte dos dados das emissões, por meio de um formulário padrão, disponibilizado pela GVCes – Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas - GVces, que é responsável pela harmonização dos dados de emissões, ou seja, adequação dos dados à realidade de cada empresa. Como não há uma exigência quanto ao uso de uma metodologia padrão na realização dos inventários de emissões de GEE, a exemplo do GHG Protocol, há dificuldades de se comparar os dados de emissões, já que no ICO2 as diretrizes para contabilização, cálculo e relato de emissões de GEE considera para tal as emissões das empresas do mesmo grupo que atuam no Brasil e no Exterior e na metodologia GHG Protocol Brasil, por exemplo, considera-se como limite

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geográfico as emissões no Brasil, além do escopo 3 que é mais amplo se comparado com o ICO2. Com relação aos escopos, apenas o 1 e 2 do ICO2 são iguais aos escopos previstos no Programa GHG Protocolo brasileiro. As diretrizes do ICO2 consideram para os inventários recebidos das empresas que fazem parte do ICO2 os escopos de emissões: 1 – referente às emissões diretas que se referem a fontes de propriedade direta da empresa ou sob seu controle; escopo 2 – referente às emissões indiretas decorrentes do consumo de energia; o escopo 3 no caso do ICO2 é considerada apenas a logística interna da empresa e viagens aéreas de negócios. Já no Programa GHG Protocol Brasil, considera-se além do previsto no ICO2, emissões do ciclo de vida (extração, produção e transporte dos bens e serviços, atividades relacionadas com combustível e energia que não estão nos escopos 1 e 2, transporte e distribuição, resíduos gerados nas operações, dentre outras atividades (FGVces, 2014). Nesse sentido, para fins dessa pesquisa e considerando a importância da análise dos inventários de emissões, estão sendo analisadas as empresas que participam, concomitantemente, do ICO2 e do Programa Brasileiro GHG Protocol, considerando, portanto, a interseção entre as duas iniciativas, já que as empresas que participam do GHG Brasil publicam os seus inventários de emissões baseado numa mesma metodologia. O Programa Brasileiro GHG Protocol foi criado a partir de uma ação conjunta entre o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVces) e o Word Resources Institute (WRI) e tem por objetivo incentivar às empresas brasileiras a contabilizarem e divulgarem as suas emissões de GEE (GVces, 2013). Embora exista o Programa GHG Protocol, no país não há qualquer exigência quanto ao uso dessa metodologia para inventariar as emissões das empresas brasileiras, ficando a critérios dessas. Cabe salientar que no Brasil várias empresas, dentre elas as que compõe a amostra da presente pesquisa elaboram seus inventários de emissões com base na metodologia GHG, como pode ser observado no portal Registro Público de Emissões (http://www.registropublicodeemissoes.com.br/). Cabe salientar que no Brasil ainda existe a iniciativa EPC – Empresas pelo Clima, criada em 2009 a plataforma visa sensibilizar e promover a articulação entre empresas com foco para a transição para uma economia de baixo carbono. Essa iniciativa nasceu a partir de uma parceria entre o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVCes) e a The Prince of Wales Corporate Leaders Group on Climate Change (CLG) (GVces, 2014). As ações discutidas anteriormente, que compreendem a adoção de respostas às mudanças climáticas, seja por meio da implementação interna ou por meio da participação de iniciativas externas, estão inseridas na proposta do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). De acordo com o IPCC (2007), existem duas formas de ação frente aos desafios das mudanças climáticas: a mitigação e a adaptação. A mitigação, foco da presente pesquisa, que compreende a proposta de Azzone et al apud Fuchs (2008), além de Kim (2008), Hoffman e Woody (2008), Sussman e Feed (2008) e Lemme (2010), compreende a redução das emissões de GEE através da adoção de ações específicas como: suprimento de energia; transporte; construções; indústria; agricultura; florestas e resíduos. Para Abranches (2010) as tecnologias já existentes podem contribuir para a conformação desse cenário, paralelo às ações de avanços e inovações tecnológicas que contribuirão para a redução das tecnologias intensivas em carbono, bem como a geração de oportunidades pautadas nesse novo cenário. Nesse contexto, as empresas mais proativas desenvolverão uma vantagem competitiva em relação às demais, bem como estarão adaptadas a esse novo cenário.Já no tocante às iniciativas de adaptação, referem-se à tomada de medidas

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para minimizar os impactos ambientais negativos em função da mudança do clima, seja por aumento das secas, enchentes, intensificação de fenômenos naturais, tais como furacões, ciclones, dentre outros (IPCC, 2013; Mancini e Kruglianskas, 2007). As medidas de adaptação oscilam de região para região e dependem diretamente do incentivo de políticas públicas, da efetivação de objetivos empresariais, da mobilização e cobrança da sociedade civil organizada. Isso sugere uma urgência na necessidade de mecanismos internacionais para financiar a adaptação (Pattberg, et al, 2009). As pesquisas demonstram que as respostas das empresas às alterações climáticas são bastante divergentes, predominando abordagens em termos estratégicos de mercado e de política. Nessa abordagem, as empresas visam acompanhar a dinâmica do mercado, bem como, se inserir na discussão regulatória e configuração do cenário de restrição ao carbono. Por um lado, as respostas são econômicas e enfatizam o macroambiente e o ambiente interno dos negócios. Nessa abordagem, buscam-se ações de mitigação por meio das quais buscam-se a implementação de ações internas que contribuam na redução dos impactos, por meio da adoção de práticas sustentáveis de desenvolvimento (Reid; Toffel, 2009; Kim, 2008;Sussman; Freed, 2008; Mancini; Kruglianskas, 2007). Para a segunda abordagem, o objetivo é propor novas regras para influenciar a GAG do clima (Kolk; Pinkse, 2007; Eberlein; Matten, 2009; Hilmman et al. 1999). Assim, busca-se nessa pesquisa, mapear, analisar e discutir como as empresas estão se comportando diante do cenário de mudanças climáticas, no tocante as suas ações conforme AZZONE et. al. apud Fuchs (2008) e IPCC (2007), bem como, analisar e discutir as respostas das empresas às mudanças climáticas conforme Kim (2008), Hoffman e Woody (2008), Sussman e Feed (2008), Lemme (2010), Farias, (2013), Farias, Souza e Andrade, (2012), Kolk et al, (2008), bem como sua inserção no cenário político em iniciativas conforme PNUD, (2014), GRI (2014), Marcondes e Bacarji (2010) e UNFCCC, 2014).

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para o alcance do objetivo geral, foi realizada uma pesquisa exploratória, de natureza bibliográfica e documental, com uma abordagem qualitativa, descritiva e analítica, por meio de consultas a livros, artigos científicos (nacionais e internacionais). Os dados coletados são secundários, extraídos relatórios de sustentabilidade e relatórios anuais, inventários de emissões divulgados no Programa Brasileiro GHG Protocol, questionários CDP, além de consulta no site das empresas e site do Índice Carbono Eficiente (ICO2), motivo pelo qual dispensa-se a aprovação num comitê de ética em pesquisa com seres humanos. De acordo com Badin (1977), a análise de conteúdo é conformada por um conjunto de procedimentos que visam descrever os fundamentos de uma comunicação. Nesta pesquisa, as comunicações analisadas foram as constantes nos documentos analisados, conforme mencionados anteriormente. Para tanto, os documentos analisados referem-se ao período de 2008, ano em que foi criado o Programa Brasileiro GHG Protocol, a março de 2014, data de fechamento dos dados da presente pesquisa. Para fins dessa pesquisa e considerando a necessidade de se analisar os inventários de emissões de GEE de todas as empresas, a amostra definida é composta de empresas que fazem parte, concomitantemente, do ICO2 e do Programa Brasileiro GHG Protocol. Nesse sentido a amostra da pesquisa é composta pelas seguintes empresas. No tocante ao setor financeiro, tem-se: o , Bradesco, Itaú Unibanco, Banco Santander - ambos do subsetor de intermediação financeira – e a BM&FBOVESPA e a Cielo – ambas no subsetor de serviços financeiros diversos; no setor de materiais básico - subsetor de químico e mineração - têm-se a e a Vale, e a Klabin - subsetor de madeira e

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papel; já com relação ao setor de construção e transporte apenas a CCR; a BRF Foods e JBS (subsetor de alimentos), Grupo Pão de Açúcar (subsetor de comércio e distribuição) e a Natura (subsetor de produtos de uso pessoal e de limpeza) conformam o setor de consumo não cíclico; já o setor de telecomunicações é formado pela Tim (subsetor de telefonia móvel) e a telecomunicações e Telefônica Brasil – Vivo (ambas do subsetor de telefonia fixa); e, por fim, as empresas e Lojas Americanas que forma o setor de consumo cíclico – subsetor comércio. Assim, visando alcançar o objetivo da pesquisa, foram determinadas 5 etapas:1) Mapear, analisar e discutir as iniciativas internacionais das quais as empresas do ICO2 e do Programa Brasileiro GHG Protocol fazem parte; 2) Mapear, analisar e discutir as iniciativas nacionais das quais as empresas do ICO2 e do Programa Brasileiro GHG Protocol fazem parte; 3) Mapear, analisar e discutir as ações internas as quais as empresas do ICO2 e do Programa Brasileiro GHG Protocol adotam para gestão de suas práticas de sustentabilidade; 4) Calcular o coeficiente de carbono a partir do volume de emissões de GEE inventariados versus faturamento bruto, no período de 2009 a 2012, com base nos dados fornecidos pela BM&FBOVESPA; 5)Ranquear as empresas do ICO2 e do Programa Brasileiro GHG Protocol quanto ao número de iniciativas e ações que participam/adotam frente às mudanças climáticas.

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Atualmente a carteira do ICO2 é constituída por 31 ações de 29 empresas. Já o Programa Brasileiro GHG Protocol foi adotado por 103 empresas para publicação dos inventários de GEEs referente ao ano de 2012, último período que constam as divulgações até a data do fechamento da presente pesquisa. Essa pesquisa baseou-se na análise de 19 empresas que aderem as duas iniciativas e tenha elaborado o inventário de GEE até o último ano de publicação no GHG Brasil (2012). A maior participação da amostra é das Instituições financeiras (4 empresas), seguida das áreas de serviços financeiros, telefonia fixa, comércio e alimentos processados (2 empresas de cada), e empresas dos ramos de transporte, mineração, telefonia móvel, químicos, varejo, madeira e papel e produtos pessoais (1 empresa de cada). 4.1 Respostas empresariais no âmbito das iniciativas internacionais A Tabela 01 consolida e demonstra as iniciativas internacionais adotadas pelas empresas analisadas com foco nas mudanças climáticas.

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Tabela 01: Iniciativas Internacionais em respostas às mudanças climáticas Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa. O Pacto Global, iniciativa proposta pela ONU para encorajar organizações a adotar políticas de responsabilidade social corporativa e sustentabilidade, é adotado por 89% das empresas analisadas que elaboram anualmente o Comunicado de Progresso sobre a evolução em cada um dos dez princípios relacionados a direitos humanos, trabalho, meio ambiente e corrupção. Apenas as empresas JBS e CCR não aderiram a esta iniciativa até o presente momento. Observa-se também a participação total das empresas nas iniciativas GRI e CDP Investidor/Mudanças Climáticas. A empresas analisadas adotam as diretrizes do GRI para elevar a qualidade dos relatórios de sustentabilidade há mais de três anos, entretanto, a empresa Lojas Americanas aderiu a esta iniciativa apenas na elaboração do relatório referente ao ano de 2013. Além disso, todas as empresas reportam seus dados relativos às estratégias de mudanças climáticas ao CDP Investidor permitindo o compartilhamento de informações sobre suas emissões de gases de efeito estufa e ações para mitigá-las. O CDP criou quatro outras iniciativas, também chamadas de programas, que possuem 68% de adesão das empresas analisadas em pelo menos um deles. A) Em relação ao Programa Ação Carbono, do total de empresas analisadas, apenas o Santander e o Banco do Brasil aderiram; Já o Programa Florestal, possui a maior representação quando comparado com os outros programas desenvolvidos pelo CDP, tendo a adesão de 42% das empresas, dentre elas a Klabin, que possui muitos riscos associados ao tema por ser do segmento de papel e celulose. Com relação ao Programa Ação Água o qual participa 32% das empresas; e o Programa Supply Chain, com a adesão de 32% das empresas analisadas. A carteira do Índice Carbono Eficiente criado pela Standard Porr’s na Bolsa de Nova York integra 95% das empresas, excluindo apenas as Lojas Renner que faz parte do Índice Carbono Eficiente da BM&FBOVESPA. Já com relação ao Índice Dow Jones de Sustentabilidade, tanto o Global quanto ao destinado a mercados emergentes, as empresas Klabin, JBS, Natura, BM&FBOVESPA, Tim, Lojas Americanas e Cielo não participam e não foram observados nos relatórios analisados a informação da intenção de participação no futuro. Considerando os mercados de carbono, 32% das empresas já comercializaram créditos de carbono, sendo que apenas a Kablin já negociou créditos tanto no mercado regulado que é vinculado ao Protocolo de Quito e no voluntário, mercado alternativo que não se encontra sob as regras do Protocolo. Ressalta-se que todas as empresas possuem inventários de emissões no âmbito do Programa GHG Protocol Brasil, sendo que 74% delas possuem o inventário classificado como Ouro por conter todas as informações consideradas obrigatórias pelas especificações do Programa, além de ser auditado por terceira parte. As empresas JBS, Lojas Renner, CCR, Grupo Pão de Açúcar e Lojas Americanas possuem inventários classificados como Prata. Não foram identificadas empresas com projetos de REDD com o intuito de reduzir as de GEEs provenientes do desmatamento e da degradação florestal.Observa-se que a Klabin adere a 10 iniciativas, maior número de iniciativas internacionais, e é a única empresa que participa do mercado de carbono voluntário, entretanto, não compõe a carteira do Índice Dow Jones de Sustentabilidade. As empresas CCR e Cielo adotam cinco iniciativas, sendo que nenhuma participa dos programas desenvolvidos pelo CDP.

4.2 Respostas empresariais no âmbito das iniciativas nacionais Seguindo uma tendência internacional, nos últimos anos tem surgido no Brasil iniciativas nacionais e sub-nacionais frente às mudanças climáticas e alinhadas à Política Nacional de Mudança do Clima, assim como para implementação de esquemas de comércio de emissões, a exemplo da discussão de implementação dos mercados de carbono de São XVI ENGEMA 2014 10

Paulo e (International Carbon Action Partnership-Icap, 2014). A Tabela 02 apresenta essas iniciativas identificadas nas empresas analisadas.

Tabela 02: Iniciativas Nacionais em Respostas às mudanças climáticas Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa. Observa-se uma semelhança quanto à existência de iniciativas se comparado com o cenário internacional. No Brasil existem índices de sustentabilidade aplicados às empresas de capital aberto, a exemplo do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e Índice Carbono Eficiente (ICO2). Tais Índices visam divulgar empresas com práticas de gestão consideradas de destaque em sustentabilidade em seus setores de atividades e evidenciam a preocupação das mesmas quanto aos impactos que geram no meio ambiente, principalmente, no tocante a emissão de poluentes que é um dos principais responsáveis para o aquecimento global e mudança climática. O ISE e o ICO2 são baseados nos índices da bolsa de Nova York, gerenciado pelo BM&FBOVESPA. Enquanto o primeiro lista as empresas consideradas líderes em práticas de sustentabilidade, o segundo lista as empresas que se mostram preocupadas com a gestão dos GEEs. Todas as empresas analisadas participam da carteira do ICO2, assim como do ECOO11, fundo de investimento do BNDES constituído por ações de empresas brasileiras que divulgam suas emissões de CO2, entretanto, 68% são listadas no ISE. A BVRio é uma bolsa de valores ambientais, nacional, com o objetivo de prover soluções de mercado para auxiliar no cumprimento de leis ambientais, principalmente, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, comercializando créditos de atividades de logística reversa e florestal, porém, ainda não há participação das empresas pesquisadas. Já a iniciativa Empresas pelo Clima (EPC) compreende um conjunto de ações articuladas entre as empresas que foco na gestão das emissões de GEE com foco na transição para uma economia de baixo carbono e conta com a participação de 68% das empresas analisadas, não participando apenas: Lojas Renner, Cielo, Santander, Grupo Pão de Açúcar, JBS e Lojas Americanas. A Fundação Getúlio Vargas e a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (FGV/BVRIO) lançaram em março de 2014 o sistema de simulação do mercado de carbono, que consiste em uma plataforma que visa preparar as empresas integrantes para o comércio de emissões, da

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qual participam as seguintes empresas: Itaú Unibanco, CCR, Klabin, Vale, Telefônica Vivo, Banco do Brasil e Braskem. Foram identificadas algumas iniciativas que reconhecem as melhores empresas com base na análise de respostas fornecidas através de um questionário: 1) Guia Exame de Sustentabilidade - metodologia de avaliação do desempenho das práticas sustentáveis que já premiou 37% das empresas analisadas. 2) Prêmio Época de Mudanças Climáticas - reconhece as empresas que mais trabalham para reduzir e controlar suas emissões de gases do efeito estufa e já premiou 21% das empresas em questão. O Itaú Unibanco é a empresa com maior adesão às iniciativas nacionais mapeadas, seguindo sete delas. Já empresas como Grupo Pão de Açúcar, JBS S.A e Lojas Americanas possuem apenas duas iniciativas, o ICO2 e o ECOO11. As iniciativas das quais participam as empresas contribuem para uma mudança de postura no processo de gestão interna, motivando a implementação de ações empresariais.

4.3 Ações internas em respostas às mudanças climáticas Na visão de Hoffman e Woody (2008) a formulação das estratégias empresariais em respostas às mudanças climáticas devem levar em consideração a gestão dos impactos corporativos e a gestão das suas emissões. Em pesquisa realizada por Wallace (2009) evidenciou-se que é de fundamental importância para as empresas aproveitar as oportunidades e avaliar os riscos, a partir de uma gestão respaldada no planejamento estratégico das organizações. Para Hoffman (2005) tais oportunidades permeiam a gestão interna das organizações, uma vez que contribuem em melhorias de processos e redução de custos, além de influenciar a adoção de ações proativas, diante de um possível cenário regulatório de restrição de carbono.

Tabela 03: Ações internas em respostas às mudanças climáticas Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa. A Tabela 03 demonstra a adoção de planos de mitigação por 63% das empresas analisadas e plano de adaptação por 32% das mesmas, o que evidencia a preocupação com o impacto das mudanças climáticas nos negócios, bem como, ratifica a preparação com um cenário com restrição do carbono.Foram mapeados projetos com foco na preservação ambiental e/ou pagamento por serviços ambientais (PSA) no Banco do Brasil, Braskem, JBS, Santander e Natura. XVI ENGEMA 2014 12

As empresas JBS, Santander, BM&FBOVESPA, Klabin e Natura compensam suas emissões próprias ou de empresas integrantes da cadeia de suprimentos, através da compra de créditos de carbono por meio do mercado de carbono regulado. Em relação ao mercado voluntário, somente a Klabin compensou emissões neste mercado. Observa-se que todas as empresas afirmam manter uma relação transparente com os seus stakeholders através da divulgação das iniciativas adotadas frente às mudanças climáticas. Todavia, a partir dos documentos analisados, observa-se que as empresas relacionam a divulgação mais com o fortalecimento da imagem corporativa do que com mudanças nos processos produtivos e estratégia de baixa intensidade de carbono, podendo ser ratificado pela não identificação de projetos de redução de emissão e/ou de energia renovável, exceto nas empresas Braskem, BRF Food, Klabin e JBS. A Braskem, embora possua projeto de redução de emissão, não é registrado na UNFCCC e ainda não comercializou créditos de carbono. Já a BRF Food, Klabin e a JBS possuem projetos registrados e já realizaram comercialização. Contudo, as demais empresas, considerando os aspectos regulatórios atualmente incipiente no tocante a restrição do carbono, apresentam ações de mitigação tímidas com foco na redução de emissões, evidenciando, portanto, que as práticas dessas empresas tendem a ser mais reativas ao cenário regulatório do que proativas no tocante a modificação de processos. Ou seja, embora enquadram-se em práticas de mitigação, não apresentam inovações (Lemme 2010, Abranches, 2010, Azzone apud Fuchs, 2008; Kim (2008); Hoffman e Woody 2008; Sussman e Feed, 2008).

4.4 Número de iniciativas/ações por empresas do Índice Carbono Eficiente (ICO2) e Programa Brasileiro GHG Protocol Observa-se que as empresas que mais aderem às iniciativas internacionais em resposta às mudanças climáticas são: a Klabin (10) e o Santander (09). Já no tocante às iniciativas nacionais destacam-se as empresas Itaú Unibanco (6), Bradesco, CCR, Klabin, Vale e Telefônica Brasil (Vivo) com cinco iniciativas cada. No tocante às ações internas, adotadas pelas empresas, destacam-se o Banco do Brasil, Braskem, JBS e Santander com quatro ações identificadas. Em aspecto geral, dentre as empresas analisadas o destaque no número total de iniciativas é a Klabin (18), seguida das empresas Santander, Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Braskem e Vale com o total de 16 iniciativas. Analisando a média de iniciativas por segmento de mercado, destaca-se o segmento Madeira e Papel com 20 iniciativas, cuja única representante é a Kablin. Apesar de empresas do segmento de intermediação financeira terem se sobressaído, a média dos segmentos de mineração e químicos ocuparam a segunda colocação em iniciativas. Observa-se nas tabelas apresentadas anteriormente que o setor de Madeira e Papel possui mais adesões em iniciativas internacionais e nacionais, enquanto que o setor de mineração em iniciativas nacionais.

4.5 Coeficiente de Carbono com base na metodologia ICO2 Para a metodologia ICO2 as empresas que são consideradas eficientes em termos de gestão do carbono são aquelas que conseguem crescer seu faturamento, sem, contudo, aumentar as suas emissões de GEE, ou seja, aquelas que apresentam o menor Coeficiente de Eficiência em Carbono. De acordo com a BM&FBOVESPA (2014), o ICO2 mede quanto de emissão de GEE foi necessário para cada R$ 1 (um real) de receita. Nesse índice, uma empresa considerada eficiente é aquela que cresce seu faturamento de forma inversamente proporcional ao volume de emissões. Assim, a empresa mais eficiente no índice é aquela que tem o menor Coeficiente de Eficiência em Carbono em relação ao IBrX-50. Dessa forma, com

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base nos dados fornecidos pela BM&FBOVESPA, as empresas e os respectivos coeficientes de eficiências estão apresentadas na Tabela 05.

Tabela 05: Coeficiente de Eficência Emissão/Receita Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados fornecidos pela BM&FBOVESPA (2013). A partir da Tabela 05, em relação ao setor financeiro, observa-se que o Banco Santander apresentou no período o menor coeficiente médio 0,7846, ficando o Banco do Brasil em segundo lugar com 0,9227. Contudo, observa-se que se comparado o ano de 2012 com 2011, o Santander foi o que apresentou um aumento significativo no coeficiente de emissão, representando um crescimento de 63%, seguido do banco Itaú com 43%. Já em relação ao desempenho das demais empresas, destaca-se a JBS que aumentou em média 75% do seu coeficiente ao ano, seguida da Oi Telecomunicações que aumentou teve um crescimento médio no coeficiente de 59%. Já com relação as empresas que tiveram reduções médias significativas em termos de coeficiente emissões/receitas destacam-se a Natura que reduziu o coeficiente em média 22% ao ano, a Klabin que apresentou uma redução média de 17% e o Grupo Pão de Açúcar juntamente com a Braskem que apresentaram uma redução média de 13%, cada.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A realização da pesquisa em empresas que fazem parte da carteira teórica do ICO2 e aderem ao Programa Brasileiro GHG Protocol possibilitou identificar iniciativas e ações adotadas que refletem uma preocupação com os riscos e impactos às quais estão expostas, advindos das mudanças climáticas. Apesar de todas as empresas adotarem o GHG Protocol visando o gerenciamento de suas emissões de GEE, observou-se que não existe continuidade na elaboração dos inventários, reflexo da inexistência de marco regulatório no Brasil que obrigue a contabilização das emissões no país. No Brasil foram desenvolvidas iniciativas baseadas em iniciativas internacionais, com destaque ao Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e ao Índice Carbono Eficiente (ICO2) fundamentados nos índices da bolsa de Nova York. Esse alinhamento é importante para que o país siga a tendência mundial e facilite o processo de adequação quando houver a obrigatoriedade. A identificação de 14 iniciativas internacionais, 7 iniciativas nacionais e 6 ações internas focadas em mudanças do clima reflete a alteração de comportamento das empresas que passaram a utilizar variáveis ambientais no desenvolvimento de estratégias corporativas.

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Ainda que este cenário evidencie proatividade das empresas em respostas às mudanças climáticas, a preocupação com a imagem organizacional é um dos principais motivos que levam as empresas a buscarem iniciativas no mercado, principalmente, para divulgar nos reportes de informações para os stakeholders. Por fim, observou-se que as empresas que estão no ICO2 e que tem apresentado uma evolução no coeficiente de eficiência emissão/receita, ou seja, que tem conseguido reduzir o coeficiente no período analisado são Natura com -22%/ano, Klabin com -17%/ano e Braskem com -13%/ano. Já as empresas que tem seguido o caminho inverso, apresentando aumento no coeficiente são JBS com 75%/ano, Oi Telecomunicações com 59%/ano e BRF Foods e Cielo, ambas com 23%. Como pesquisas futuras recomenda-se analisar o impacto no valor das ações negociadas no mercado de bolsa das empresas que aderiram ao Índice Carbono Eficiente (ICO2) em comparação a empresas que não fazem parte dessa iniciativa. Além disso, propõe-se uma investigação, através de entrevistas com os gestores da área de sustentabilidade, para analisar o discurso desses gestores comparados aos conteúdos evidenciados, visando triangular as informações e verificar as convergências e divergências.

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