SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 17º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Universidade Federal de Goiás (UFG) – Goiânia (GO) – Novembro de 2019 ::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

Manifestações em foco: Um olhar sobre as coberturas local e nacional dos protes- tos a favor da Educação e pró-Bolsonaro

Luiz Felipe Novais Falcão1 e Simone Martins2 Doutorandos, PPGCOM-UFJF

Resumo: O (tele)jornalismo produzido e veiculado por afiliadas de TV exerce função de refe- rência para o público nas localidades onde é ofertado, assim como a geração em rede de notícias permite a atuação da mídia e sua intervenção na sociedade que se reconhece nacional. Partindo desse pressuposto, pretendemos comparar a cobertura da manifestação a favor da educação e o protesto em apoio a realizados tanto pela TV Integração-Juiz de Fora, afiliada à Rede Globo de Televisão, quanto pelo , programa líder de audiência nacional, veiculado em rede e na Zona da Mata Mineira pela mesma emissora. Nossa hipótese é a de que a cobertura local reforce a relação entre TV, município e país, e a cobertura nacional pode ser entendida como produtora de significados sociais e culturais na medida em que funciona como elo entre o telespectador e o mundo.

Palavras-chave: Telejornalismo; Cobertura local; Função de Referência; Identificação; Rede de Televisão.

A televisão desempenha papel determinante na afirmação cotidiana dos laços que unem os cidadãos, seja em uma mesma comunidade ou em todo o país, e está consolidada

1 Mestre e Doutorando em Comunicação pela UFJF. Desenvolve estudos na linha de Pesquisa Mídia e Processos Sociais. Pesquisador do Núcleo de Jornalismo e Audiovisual. E-mail: [email protected] 2 Mestre e Doutoranda em Comunicação pela UFJF. Bolsista Capes, desenvolve estudos na linha de Pesquisa Mídias e Processos Sociais do PPGCOM da UFJF. Pesquisadora do NJA (Núcleo de Jornalismo e Audiovisual). e-mail: [email protected] 1

SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 17º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Universidade Federal de Goiás (UFG) – Goiânia (GO) – Novembro de 2019 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: como a principal fonte de diversão e conhecimento para a maioria da população, funci- onando como agente unificador da sociedade brasileira.

Local e nacional: espaços de visibilidade e identificação Douglas Kellner (2001) nos oferece ajuda para a compreensão da cultura da mídia, indi- cando a forma como ela pode ser entendida, usada e apreciada. O autor fornece meios de aprender a estudar, analisar, interpretar e criticar a mídia, assim como avaliar seus efeitos. Isso porque várias formas da cultura transmitida pela mídia induzem os indiví- duos a se identificar com as ideologias, posições e representações sociais e políticas dominantes. Embora acreditemos que não cabe mais nos referirmos aos telespectadores como seres passivos, mas como indivíduos capazes de procurar suas próprias respostas e alternati- vas, escolhendo e entendendo aquilo que querem ver, ou o que é possível ver, concor- damos com a visão do autor de que a produção (tele)jornalística siga na direção de bus- car a identificação de seu(s) público(s) com o que é veiculado. Nesse sentido, nosso objetivo aqui é o de verificar de que forma a manifestação contrá- ria ao corte de verbas na educação feita pelo atual governo, e o protesto favorável ao presidente Jair Bolsonaro foram representados pela Rede Globo, tanto nacional quanto localmente, por meio da análise das matérias veiculadas por sua emissora afiliada em Juiz de Fora-MG, a TV Integração. Nosso estudo parte do pressuposto de que os indivíduos interpretam as mensagens vei- culadas de forma diversa, visto que cada um tem seu próprio repertório e, consequente- mente, sua forma particular de apropriar-se da chamada “cultura de massa”. Dominique Wolton (2006) esclarece que “uma das conclusões mais interessantes do ponto de vista da teoria da recepção e da influência das mídias” é a de que “o público é inteligente” (WOLTON, 2006, p. 06). Essa afirmação do sociólogo francês vai ao encontro do pen- samento de Kellner (2001) ao verificar que a cultura veiculada pela mídia, ao mesmo tempo que tenta levar os indivíduos a permanecerem conformados com a organização vigente da sociedade também produz recursos para o contrário.

(...) contrariando a noção pós-moderna de desintegração da cultura na ima- gem pura sem referentes, conteúdos ou efeitos – ruído puro, em última análi-

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se –, argumentaremos que a televisão e outras formas da cultura da mídia de- sempenham papel fundamental na reestruturação da identidade contemporâ- nea e na conformação de pensamentos e comportamentos. (KELLNER, 2001, p. 303).

Assim como Kellner (2001), Wolton (2006, p. 06) entende que a televisão não manipule os indivíduos. “Evidentemente os influencia, mas todas as pesquisas (...) provam que o público sabe assistir às imagens que recebe. Não é jamais passivo. Nem neutro. O pú- blico filtra as imagens em função dos seus valores, ideologias, lembranças, conhecimen- tos”. Compartilhamos da visão dos autores, visto que entendemos que cada cidadão de- preende a mensagem que recebe de forma diferente, a partir de sua própria visão de mundo e de suas experiências de vida. Vizeu e Correia (2006) entendem que o telejornal seja fundamental na construção de uma identidade local, tornando-se lugar de referência para o telespectador, visto que a notícia local é diferente da notícia em rede porque gera uma relação de identificação com o telespectador, referindo-se a acontecimentos que o atingem em seu cotidiano mais próximo. Nessa perspectiva, se a mídia nos insere no espaço público, influencian- do nosso sentimento de pertencimento, podemos afirmar que quando as notícias se refe- rem à nossa cidade essa mediação se torna ainda mais estreita, pois o lugar do qual se fala também é o lugar em que o telespectador está.

A notícia na TV: um olhar sobre o jornalismo produzido local e nacio- nalmente pela Rede Globo de Televisão O diálogo entre os meios de comunicação e suas incidências sociais, como na consoli- dação de conhecimentos, saberes e identidades, utiliza-se de linguagens para estabelecer vínculos com o espectador, de modo a tê-lo cúmplice de sua audiência. Alfredo Vizeu (2003, p. 90) considera o telejornal o “meio mais simples, cômodo, econômico e acessí- vel para conhecer e compreender tudo o que acontece na realidade e como se transforma a sociedade”. Para o autor, a informação pode ser definida como um bem público (VI- ZEU, 2003). Para além da definição de bem público, acreditamos que a TV funcione como uma forma de “validação” da realidade. No ar desde o começo da década de 80, o MGTV (recentemente renomeado MG1 e MG2) é um telejornal local, com duas edições diárias. Voltado para espectadores de

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Juiz de Fora e região, segue o modelo criado pela Rede Globo para o telejornalismo local e regional para suas afiliadas3. O MG segue o modelo clássico dos telejornais lo- cais, com notícias da cidade sede (Juiz de Fora) e das cidades da área de cobertura (Zo- na da Mata e Vertentes). Nas duas edições (MG1 e MG2), procura-se enfocar assuntos relacionados ao âmbito local. A cobertura dos problemas da comunidade, expostos e debatidos com as autoridades, através de flashes nas ruas, entrevistas e reportagens compõem a estrutura do telejornal. Já o Jornal Nacional, carro-chefe da Rede Globo de Televisão, completa 50 anos no ar neste ano. Desde sua primeira exibição, em 19 de setembro de 1969, o primeiro telejor- nal brasileiro a ser exibido em Rede Nacional na televisão brasileira é líder de audiência e conquistou a preferência do público4, sendo reconhecido como um dos mais respeitá- veis do país. Após quase 50 anos no ar, o JN ainda se destaca enquanto produto midiáti- co responsável pela obtenção de informação pela maioria da população brasileira. Julia- na Gutmann (2009, p. 13-14) acredita que o Jornal Nacional construa “uma posição de representante da sociedade civil, convocando contato com a audiência, a qual, por sua vez, reconhece o papel de autoridade do programa como instituição legitimada para dizer sobre os fatos relevantes da e na atualidade”.

Manifestações em foco: uma análise sobre a construção da notícia nos telejornais Laerte Cerqueira (2018, p. 79-80) defende que o telejornal possua “uma das maiores credibilidades da televisão”. Isso porque, segundo o autor, “seu mergulho na realidade produz a sensação de segurança de quem deseja ter, ao menos, uma percepção dos atos e fatos que estouram perto ou longe dos pontos de referência”. (CERQUEIRA, 2018, p. 79-80). Compartilhamos da crença do autor e, por acreditarmos que o produto audiovi- sual produzido tanto local quanto nacionalmente pelas emissoras de TV em seus tele- jornais funcione como agente de identificação para seu público, realizamos um estudo do material que foi veiculado durante a primeira manifestação realizada contra o corte

3 Empresas administradas por terceiros, mas a partir de concessão obtida pela Rede para determinada área de abran- gência local. 4 Disponível em https://www.kantaribopemedia.com/conteudo/dados-rankings/audiencia-tv-15-mercados/. Acesso em 13/11/2018. 4

SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 17º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Universidade Federal de Goiás (UFG) – Goiânia (GO) – Novembro de 2019 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: de verbas da educação feito pelo governo federal e do ato em favor do presidente Jair Bolsonaro tanto pelo jornal de veiculação local (e regional), o MG, quanto pelo princi- pal jornal da Rede Globo de Televisão, o Jornal Nacional, em Juiz de Fora-MG. Como estratégia de observação, utilizamo-nos do método desenvolvido no Núcleo de Jornalismo e Audiovisual da FACOM-UFJF, coordenado pela Profª Drª Iluska Couti- nho. Ancorados a partir do método denominado de Análise da Materialidade Au- diovisual, as pesquisas realizadas tomam como objeto de avaliação a unidade texto+som+imagem+tempo+edição, em toda sua complexidade, de códigos, sentidos e símbolos. A opção pela observação do telejornalismo na inteireza de sua dimensão audiovisual é resultado da compreensão de que as análises que envolvem procedimentos de decomposição/transcrição de códigos desca- racterizariam a forma de enunciação/produção de sentido em reportagens au- diovisuais, noticiários ou outros programas televisivos, e assim representari- am um afastamento de sua experiência de consumo e mesmo de sua verdade intrínseca. (COUTINHO, I. MATTA, J. 2018 p. 09)

O primeiro dia analisado foi em uma quarta-feira, 15 de maio. Diversas manifestações aconteceram em todos os estados do país. O MG15 – primeiro telejornal objeto de análi- se a ser veiculado – é exibido ao meio-dia, de segunda-feira a sábado. Já na escalada da edição do dia 15, a apresentadora informa que instituições públicas e particulares havi- am paralisado suas atividades em Juiz de Fora, acrescentando ser o ato em defesa da educação e contra os cortes de verbas nas universidades. Como era uma informação importante e impactante para toda cidade e região (a parali- sação também se deu em outros municípios da zona de cobertura da emissora, inclusive com informações sobre alguns deles), a matéria abriu o telejornal. Uma nota coberta destacou que o ato acontecia em várias cidades do país, e que o Sindicato dos Professo- res do Estado havia informado que as 44 escolas de Juiz de Fora não tiveram aulas na- quele dia. Também foi divulgado que muitos colégios e faculdades da rede particular de ensino aderiram ao movimento, e que a Universidade Federal de Juiz de Fora não havia suspendido oficialmente as aulas, mas que tanto professores e técnicos, quanto estudan- tes, estavam autorizados a participar da mobilização. Depois de divulgar o movimento na cidade, a apresentadora diz que em Barbacena tam- bém havia paralisação e chama um repórter para repassar outras informações ao vivo,

5 Disponível em http://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/mgtv-1edicao/videos/v/mg1-edicao-de-quarta-feira- 15052019/7617984/. Acesso em 15/07/2019.

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SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 17º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Universidade Federal de Goiás (UFG) – Goiânia (GO) – Novembro de 2019 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: estabelecendo um vínculo do telespectador da região com o noticiário. O repórter Leo- nardo Patrus informa que na cidade do Campo das Vertentes a paralisação também acontecia nas escolas municipais e estaduais. Tomando por base esta primeira matéria, percebemos que a mídia apenas narra a situa- ção, sem dar voz a especialistas, visto que se trata apenas de uma nota coberta, em que imagens constroem a realidade que está sendo narrada pela âncora, e depois pelo repór- ter, quando no “vivo”. Nossa percepção é a de que isso tenha acontecido em função de as manifestações e reuniões estarem marcadas para o período da tarde na região. A segunda edição do MG vai ao ar por volta de 19h15, também de segunda-feira a sá- bado. Percebemos que, nesta edição6, a cobertura da manifestação é feita de forma mais aprofundada, com o repórter ao vivo acompanhando o protesto, além de entrevistas com autoridades e público em geral. A informação sobre a manifestação começa na chamada para o segundo bloco, quando a apresentadora convida os telespectadores para acompa- nhar a cobertura do ato que acontecia na cidade. Assim que retorna do break comercial, a âncora informa que havia protestos em todo o país contra o corte de recursos para a educação anunciado pelo MEC, fazendo uma ponte entre o local e o nacional. De acor- do com as informações da cabeça da matéria, universidades e escolas fizeram paralisa- ções depois de terem sido convocadas por diversas entidades. Depois de uma breve con- textualização, convida o telespectador local a acompanhar a cobertura do ato, que na- quele dia havia se concentrado no Parque Halfeld, região central de Juiz de Fora, mas que caminhava pelas ruas da cidade. O repórter Marcus Pena, ao vivo, informa que a manifestação havia começado com a concentração de dois grupos: um, no campus da UFJF e outro, no Parque Halfeld. Se- gundo o repórter, os dois grupos se juntaram no início da noite depois do primeiro ter descido em passeata do campus da Universidade até o centro da cidade. Naquele mo- mento, o grupo estava “passando aqui pela Rio Branco esquina com a Floriano”, inse- rindo geograficamente o telespectador no local onde o repórter cobria a matéria e indi- cando o trajeto para onde a manifestação se deslocava. Diferentemente da cobertura na primeira edição do noticiário, agora o repórter informava que havia conversado com

6 Disponível em http://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/mgtv-2edicao/videos/v/mg2-edicao-de-quarta-feira- 15052019/7618638/. Acesso em 20/07/2019.

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SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 17º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Universidade Federal de Goiás (UFG) – Goiânia (GO) – Novembro de 2019 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: autoridades no assunto, como professores e estudantes, além do responsável pelo polici- amento. Em seguida, o repórter convida os telespectadores para assistir a matéria sobre o protesto. No VT, a contextualização informa que o ato de estudantes e professores havia começa- do no meio da tarde. Imagens mostravam cartazes e faixas nas mãos de vários manifes- tantes, indicando a insatisfação contra a medida anunciada pelo MEC, assim como em mensagens cantadas, que apareciam em sobe sons no meio da matéria: “a nossa luta é todo dia; educação não é mercadoria”! Além de narrar a realidade que se construía na- quele momento, o repórter também relatou que, quando os manifestantes ganharam as ruas, os motoristas tiveram que ter paciência porque o tráfego de veículos havia sido interrompido. Em seguida, imagens do Parque Halfeld lotado seguidas de depoimentos de, acreditamos, autoridades no assunto: “é um projeto de destruição da ciência e tecno- logia, do pensamento crítico, da produção de conhecimento do Brasil pra que a gente esteja sempre aquém do que podemos ser”; “e na educação a gente trabalha ensino, pes- quisa e extensão, que são ações importantes para todo o país”, mas sem a legenda in- formando aos telespectadores de quem eram as falas. O repórter ainda divulgou que o ato contou com a participação de diversos movimentos sociais e, depois, informou que outras cidades da região também tiveram manifestações contra o corte de verbas. Imagens dos protestos nas cidades de Viçosa, São João del Rei, Barbacena, Rio Pomba e Santos Dumont, todas chamando a atenção para a impor- tância da educação pública e de qualidade, foram exibidas. No final da matéria, o repórter amplia a cobertura do noticiário ao destacar que pesqui- sadores e professores também haviam protestado em Belo Horizonte, Ouro Preto, Divi- nópolis e Uberlândia, com imagens do protesto nestas cidades do estado. Já no final do telejornal, a apresentadora volta a chamar o repórter ao vivo para falar sobre o trajeto percorrido pelos manifestantes e sobre a liberação do trânsito, que havia ficado engarra- fado no centro da cidade, aliando à informação mais uma prestação de serviço. A partir da análise da cobertura do primeiro dia de protestos feita pela TV Integração, comparti- lhamos do pensamento de Vizeu e Correia (2008) de que o telejornal ocupe um lugar de referência para seus telespectadores, funcionando como referência de estabilidade e segurança para as pessoas no mundo que as cerca.

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Já o principal jornal veiculado pela Rede Globo de Televisão dedicou quase 24 minutos, de um total de pouco mais de 35, para a cobertura noticiosa da manifestação a favor da educação no primeiro dia de protestos. A informação sobre os atos que aconteceram em todos os estados brasileiros e o desdobramento das manifestações ocuparam a quase totalidade da escalada do Jornal Nacional7 do dia 15 de maio. A primeira matéria do JN informa que professores e alunos de universidades, escolas públicas e privadas de todo o Brasil protestaram contra os cortes na educação. A cabeça de matéria tem início com a arte de um quadro negro cheio de fórmulas atrás da apre- sentadora, simulando uma sala de aula, noticiando que brasileiros haviam ido para as ruas em 198 cidades do país, incluindo todas as capitais. O VT tem início com imagens de Brasília, apresentando a concentração de manifestan- tes no começo da manhã na Esplanada dos Ministérios. A matéria começa a partir de uma edição com vários sobe sons e cartazes, construindo uma narrativa que entendemos ter sido favorável à manifestação. Isso porque, ao som de “Educação é o futuro da na- ção” e com imagens de cartazes com os dizeres: “professor lutando também está ensi- nando” e “tira a tesoura da mão e investe na educação”, o repórter consegue envolver os telespectadores contra a decisão do governo de cortar verbas da educação. Além de mostrar pessoas em passeata, o repórter informa que a força nacional ficou na frente do MEC para garantir a segurança, mas que em todo o trajeto a manifestação ha- via sido pacífica. Aconteceu apenas um princípio de tumulto depois da dispersão da maioria dos manifestantes, mas rapidamente foi contido pela Polícia. Nesse contexto, percebemos que a preocupação com a segurança da população também foi abordada na matéria, legitimando a garantia da estabilidade e segurança oferecida pelos noticiários a seus telespectadores. Depois de mostrar as imagens da manifestação em Brasília, apre- senta imagens da cidade de São Paulo, com faixas impedindo a passagem de carros. O áudio informava que funcionários, estudantes e professores da USP bloquearam o trân- sito na cidade universitária. Em seguida, a informação de que outras universidades par- ticulares e estudantes de escolas públicas e colégios particulares haviam aderido ao pro- testo. De São Paulo, a matéria abordou o ato em Campinas. O foi a quar-

7 Disponível em https://globoplay.globo.com/v/7618764/. Acesso em 15/07/2019.

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SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 17º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Universidade Federal de Goiás (UFG) – Goiânia (GO) – Novembro de 2019 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: ta cidade a entrar na reportagem. A matéria informava que uma das concentrações foi no Largo do Machado, na zona sul da cidade, e outra em frente ao Hospital Universitá- rio, na Ilha do Fundão, localizando os telespectadores sobre os locais onde as manifes- tações haviam acontecido e mantendo um pacto de referência com o seu público. Em seguida, a notícia aborda que alunos e professores saíram em passeata em frente à faculdade de medicina da UFMG, em Belo Horizonte, ampliando a zona de cobertura do noticiário. Nesse momento, uma suposta autoridade afirma que “a gente está aqui para garantir que a educação não é mercadoria, e a gente tem direito a lutar por isso”. Todavia, não há créditos na sonora. A notícia passa, então, a informar que em Porto Alegre havia acontecido uma confusão durante a manifestação em frente à faculdade de educação da Universidade Federal do e que a polícia se utilizou de bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral para dispersar os cerca de 200 alunos e professores que tinham fechado uma avenida na capital gaúcha. Apesar da correria rela- tada, a informação de que ninguém ficou ferido também ajudou os telespectadores a sentirem-se protegidos. Logo depois informações das cidades de Curitiba, Campo Grande – assim como de outras cidades do estado de do Sul –, Natal, Ara- caju, Salvador – com enfoque também para as cidades do interior –, Fortaleza, Manaus e Belém, além de Paragominas e Marabá, no Pará, ganharam destaque. Após a cobertura das manifestações em grande parte das capitais do país, uma nota pé (que serviu de cabeça para a matéria seguinte) informava que o presidente Jair Bolsona- ro, em viagem a Dallas-EUA, afirmou que não queria cortar verbas da educação, mas que isso havia sido necessário. Depois de uma sonora com Bolsonaro criticando o nível da educação no Brasil, a matéria segue com a apresentadora informando que ao ser questionado quanto aos atos de protesto, Bolsonaro havia afirmado serem naturais. To- davia, chamou os manifestantes de “idiotas úteis” e “massa de manobra”.

(...) é natural, é natural. Agora, a maioria ali é militante. São militantes. Não têm nada na cabeça. Se perguntar 7 vezes 8, por exemplo, não sabem. Se per- guntar a fórmula da água não sabem. Não sabem nada. São uns idiotas úteis, uns imbecis, que estão sendo usados como massa de manobra de uma mino- ria espertalhona que compõe o núcleo de muitas universidades federais no Brasil. (BOLSONARO, 2019)

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De volta à bancada do noticiário, o âncora informa que as declarações dadas pelo presi- dente haviam recebido críticas de professores, estudantes e políticos. Em seguida, um VT tem início com a sonora da presidente executiva do Todos pela Educação cobrando respeito a professores, alunos e a todos que trabalhavam pela educação no Brasil. O presidente da associação nacional dos dirigentes das instituições de ensino superior também defendeu o diálogo com os estudantes. Ainda foram lidas uma nota do sindica- to nacional dos docentes das instituições de ensino superior, que se dizia chocado com a falta de sensibilidade do presidente da República para perceber o quão importante é para a população brasileira uma educação pública de qualidade, também fundamental para o crescimento econômico do país, e a declaração do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que disse que educação também é saber ouvir, discutir com respeito e encontrar soluções para desafios. Nesse contexto, entendemos que aqui as autoridades são convidadas a expor suas opini- ões como forma de apresentar o contraditório às declarações dadas pelo presidente da República e cumprindo o papel defendido por Wolton (2004) de que a TV agrega à in- formação televisiva um papel democratizador, de importância equivalente à educação e à saúde para seus telespectadores. O VT continua com uma passagem da repórter Cláudia Bomtempo informando que no Congresso as declarações do presidente haviam causado impacto, dando voz a algumas autoridades para também falarem sobre o assunto, tanto favorável quanto contrariamen- te. Novamente de volta à bancada do noticiário, a apresentadora aborda o depoimento do ministro da educação, Abraham Weintraub, a deputados e senadores, explicando aos congressistas quais eram as prioridades do governo para a educação e apresentando crí- ticas a governos anteriores. Em sequência, uma nova cabeça divulgava as manifestações contra os cortes de verbas na educação, dando visibilidade para aquelas que haviam acontecido no turno da tarde, depois das declarações dadas por Jair Bolsonaro. A reportagem começou com imagens de São Paulo, com sobe sons e faixas construindo sua narrativa mostrando o protesto na maior cidade do Brasil, tomada de manifestantes. Diversas sonoras com estudantes e professores autenticavam a matéria, que apresentava a multidão protestando contra o corte de verbas na educação e, no turno da tarde, também contra as declarações dadas

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SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 17º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Universidade Federal de Goiás (UFG) – Goiânia (GO) – Novembro de 2019 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: pelo presidente da República. Depois da cobertura em São Paulo, a matéria abordou a participação do ato no Recife, em Campo Grande, Florianópolis e Porto Alegre. Assim como nas demais cidades e capitais, a matéria apresentava diversos manifestantes em- punhando cartazes e criticando os cortes na educação. Em nosso entendimento, o tele- jornal foi construído para que os telespectadores pudessem ter seus próprios julgamen- tos a respeito da educação nacional, visto que todo o conteúdo apresentado no primeiro bloco do noticiário versava sobre o tema, ajudando-os a tomar ciência e a interpretar as matérias exibidas de acordo com as suas experiências de vida. O segundo dia de análise efetuado deveria acontecer na segunda-feira, 27 de maio, um dia após o protesto marcado por apoiadores do governo de Jair Bolsonaro em defesa do próprio governo, da reforma da previdência e do pacote anticrime elaborado pelo minis- tro Sérgio Moro. Todavia, julgamos importante destacar que não houve menção ao pro- testo nesta edição do Jornal Nacional. Entendemos que a falta de visibilidade tenha acontecido em função de já ter havido a cobertura completa da manifestação no dia an- terior, um domingo, feita pela Revista Eletrônica Semanal da emissora, o Fantástico, e pelo fato de o assunto já ter sido abordado em diversos telejornais da Globo antes da veiculação do Jornal Nacional, no dia seguinte às manifestações, como é o caso do e do , ambos veiculados em rede nacional. Em contrapartida, a manifestação teve sua cobertura efetuada pelo MG1, na segunda-feira, porque as emis- soras afiliadas apenas têm espaço para noticiar o que de mais importante acontecer na cidade e região nos seus telejornais de maior audiência: MG1 e MG2, portanto. Por outro lado, julgamos válido abordar a cobertura feita pelo Fantástico no dia 26 de maio, dia do protesto em favor do governo. A revista semanal8 da Rede Globo de Tele- visão abriu a sua edição informando que, onze dias após os protestos nacionais contra os cortes na educação, as ruas voltaram a ser tomadas por manifestantes, mas que desta vez o ato havia sido em defesa do governo. Os apresentadores acrescentaram que o protesto aconteceu em apoio ao presidente Jair Bolsonaro e a propostas, como a reforma da pre- vidência e o pacote anticrime do ministro Sérgio Moro. A matéria começou da mesma forma que a contrária aos cortes na educação veiculada pelo JN: na capital federal. O repórter Vinícius Leal noticiou que os manifestantes co-

8 Disponível em https://globoplay.globo.com/v/7644923/. Acesso em 15/07/2019. 11

SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 17º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Universidade Federal de Goiás (UFG) – Goiânia (GO) – Novembro de 2019 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: meçaram a se concentrar na área da Biblioteca Nacional no início da manhã. Também com faixas e cartazes, defenderam a aprovação das reformas da previdência e adminis- trativa, o pacote de medidas anticrime e a manutenção do COAF, o conselho de controle de atividades financeiras no ministério da Justiça. Os manifestantes seguiram em passe- ata pela Esplanada dos Ministérios em direção ao Congresso, mas desta vez amparados por carros de som. A matéria deu destaque, ainda, para um boneco gigante do ministro Sérgio Moro vestido de super-homem, inflado pelos manifestantes. Em sua passagem, o repórter informou que por volta de uma hora da tarde a grande maioria das pessoas já tinha ido embora, e que o trânsito foi sendo liberado gradativa- mente, oferecendo uma prestação de serviço aos moradores de Brasília. Da capital fede- ral a matéria passou a cobrir o protesto em Salvador, Maceió, São Luís, Belém e Rio de Janeiro, mostrando cartazes de apoio ao governo e sobe sons. Alguns dos entrevistados, sem serem identificados, disseram estar apoiando o presidente. Cabe destacar que pudemos perceber uma crítica ao movimento durante dois momentos da reportagem. No primeiro deles, ao mostrar imagens do ato no Rio de Janeiro, a notí- cia dizia que os manifestantes se estendiam por 7 quadras, mas ficaram concentrados em dois pontos principais, os extremos, e cada grupo ocupava duas quadras. Ou seja: entre os extremos havia uma distância de 3 quarteirões, com menor concentração de pessoas. Os depoimentos coletados eram de críticas ao Supremo Tribunal Federal e ao Congres- so Nacional, além de apoio a Jair Bolsonaro. Em um dos cartazes, os dizeres “Bolsona- ro, queremos o fechamento do Congresso e também o do Supremo – STF! Queremos um Brasil limpo, sem corrupção!”, e, logo após, a segunda crítica identificada: o repór- ter lembrou ao telespectadores que esta era uma ação inconstitucional, ilegal e que feria a democracia. Vestidos de verde e amarelo, os manifestantes usaram carros de som e hastearam a bandeira do Brasil com um guindaste, no Rio de Janeiro. Em seguida, imagens do protesto em Belo Horizonte, com apoio à Bolsonaro, aos mi- nistros Sérgio Moro e Paulo Guedes, e também a favor da reforma da previdência, ao contingenciamento de recursos para a educação e à redução do número de ministérios. Logo depois de mostrar a cobertura na capital mineira, o Fantástico mostrou Juiz de Fora, criando um laço entre os telespectadores da cidade e o programa. Os juiz-foranos viram-se representados nacionalmente, e se reconheceram como parte da nação.

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A parte da reportagem que abordou a cidade mostrou que os manifestantes fizeram uma oração em frente ao local onde Bolsonaro levou uma facada durante a campanha presi- dencial. Depois, a cobertura do ato no Parque Halfeld, com a sonora de um morador, deu aos telespectadores a sensação de pertencimento. Depois da cobertura local, cidades do interior de São Paulo também foram foco da Revista Semanal. Campinas, Piracicaba, Ribeirão Preto e Bauru tiveram o dia de protestos exibido no programa em rede nacio- nal. A primeira parte da matéria termina com a informação de que outras cidades brasileiras se manifestaram a favor do governo no período da tarde, exatamente como havia sido construída a matéria no Jornal Nacional do dia 15 de maio. Imagens de um buzinaço e uma carreata em Fortaleza abriram a segunda parte da matéria, que mostrou também um boneco gigante do presidente da República. Recife, Curitiba, Porto Alegre, Goiânia, Florianópolis, Vitória, João Pessoa e São Paulo foram as capitais escolhidas para dar visibilidade ao movimento. A passagem do repórter Alan Severiano, em São Paulo, gra- vada em um helicóptero, mostrava os manifestantes na Avenida Paulista e outro boneco inflável do presidente. Faixas pedindo o fim do foro privilegiado eram empunhadas pe- los participantes do protesto. A nota pé relatou que os presidentes do STF, do Senado e da Câmara dos Deputados não comentaram as manifestações, mas que o presidente ha- via abordado o assunto em dois momentos: durante um culto em uma Igreja Batista, na Barra da Tijuca, ao ressaltar que a “responsabilidade é muito grande, mas esta missão Deus me deu” (BOLSONARO, 2019), e na chegada ao Palácio da Alvorada: “As ima- gens valem mais do que um milhão de palavras. (...) o povo foi pedir aquilo que todos querem, né? Mais democracia, responsabilidade, liberdade (...)”. (BOLSONARO, 2019) Ao final da matéria, uma nova nota pé informava que o G19 havia feito um balanço so- bre as manifestações do dia, comparando-as com o ato do dia 15 de maio. A informação destacava que, no primeiro dia de protestos, “as manifestações tinham ocorrido em 222 cidades de todos os 26 estados e no distrito federal. Hoje no mesmo horário as manifes- tações tinham acontecido em 156 cidades de todos os 26 estados e no distrito federal”.

9 G1 é o portal de notícias da Globo. 13

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Apesar de o MG2 não noticiar o ato acontecido no dia anterior, o MG110 veiculou uma nota coberta sobre a manifestação em Juiz de Fora. Já na escalada do telejornal a apre- sentadora informou aos telespectadores que a manifestação em favor do presidente Jair Bolsonaro havia reunido conservadores, liberais e ativistas cívicos de direita no centro de Juiz de Fora; informação que se repetiu na chamada para o segundo bloco de notícias do telejornal. No começo do segundo bloco, o relato de que a manifestação em favor de Bolsonaro havia se concentrado no Parque Halfeld, e os participantes do protesto reivindicavam as reformas da previdência e administrativa, a aprovação do pacote anticrime e a instalação da CPI lava-toga. A nota coberta repetiu a informação divulgada pelo Fantástico no dia anterior, e acrescentou que houve protestos contra a mídia, professores esquerdistas, aborto, contra o movimento socialista, a sexualização infantil, a ideologia de gênero e a divisão da sociedade. Em seguida, relatou que os manifestantes seguiram em direção à Praça Antônio Carlos, onde cantaram o Hino Nacional. A nota termina com um sobe som do hino sendo tocado em um palco preparado para a manifestação.

Considerações Finais Assim como Laerte Cerqueira (2018, p. 82), entendemos que, no que diz respeito ao jornalismo produzido pela e para a TV, “as imagens ajudam a aproximar o telespectador ao real-referencial, construindo o mundo possível, que o abastece de conteúdo para as relações sociais”. Entendemos, portanto, que o telejornalismo deva ser acessível para que os indivíduos possam conhecer e compreender tudo o que acontece na realidade, assim como o modo como o universo social se transforma. Isso porque, assim como Beatriz Becker (2018, p. 150), partimos da premissa de que os telejornais permitem “aos cidadãos terem acesso à informação sobre os acontecimentos em um país continental e desigual como o Brasil, por meio de representações de um mundo possível”, consumindo informações tanto locais quanto nacionais de forma semelhante.

10 Disponível em http://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/mgtv-1edicao/videos/v/mg1-edicao-de-segunda-feira- 27052019/7646977/. Acesso em 17/07/2019.

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Nessa perspectiva, entendemos que as matérias são construídas para que os telespecta- dores se reconheçam nas notícias, sintam-se parte e participantes de um mesmo país, promovendo, como sugere Wolton (2006), a integração nacional através dos laços social e cultural estabelecidos por uma televisão generalista.

Referências

BECKER, Beatriz. Tendências e desafios da produção noticiosa audiovisual: contribuições do Grupo de Pesquisa Mídia, Jornalismo Audiovisual e Educação – diálogos possíveis do Pro- grama de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da UFRJ. In: EMERIM, C.; COUTINHO, I.; FINGER, C. (orgs.). Epistemologias do telejornalismo brasileiro. Coleção Jornalismo Au- diovisual. V7. Florianópolis: Insular, 2018.

CERQUEIRA, Laerte. A função pedagógica no telejornalismo – e os saberes de Paulo Freire na prática jornalística. Insular: Florianópolis, 2018. 350p.

COUTINHO, Iluska; MATA, Jhonatan. Um telejornal e um método para chamar de nossos: uma reflexão sobre telas, fronteiras e modos de olhar. Disponível em http://sbpjor.org.br/congresso/index.php/sbpjor/sbpjor2018/paper/viewFile/1423/707. Acesso em 29/06/2019.

GUTMANN, J. F. Articulações entre Dispositivos Televisivos e Valores Jornalísticos na Cena de Apresentação do Jornal Nacional. Disponível em http://intercom.org.br/premios/2009/Gutmann.pdf. Acesso em 06/04/2019.

KELLNER, Douglas. A Cultura da mídia – estudos culturais: identidade e política entre o moderno e o pós-moderno. Tradução de Ivone Castilho Benedetti. Bauru, SP: EDUSC, 2001.

VIZEU, A. Decidindo o que é notícia: os bastidores do telejornalismo. 4ª Ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003.

VIZEU, Alfredo Eurico; CORREIA, João Carlos. A construção do real no telejornalismo: do lugar de segurança ao lugar de referência. In: SBPJor 2006, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: 2006. Disponível em https://www.academia.edu/385852/A_constru%C3%A7%C3%A3o_do_real_no_telejornalismo _do_lugar_de_seguran%C3%A7a_ao_lugar_de_refer%C3%AAncia. Acesso em 17/07/2019.

WOLTON, D. Pensar a Comunicação. Brasília: UnB, 2004.

WOLTON, Dominique. Elogio do Grande Público. São Paulo: Editora Ática, 2006.

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