Frase ANTAlógica II

"É uma motivação a mais estar na lista. O importante vai ser a dos 23 convocados, que sairá no dia 29 de novembro. Espero estar nela também. Fazer parte desse grupo é muito gratificante" - Oscar Emboaba Junior , com esperanças de figurar entre os escolhidos por Celso Roth para o Mundial. Por enquanto, segue mostrando seu talento no campeonato sub-23. Já pela equipe de profissionais, em quatro meses de Internacional, não jogou mais que 90 minutos somados.

ÍNDICE

1 - Entrevista - desconstruindo o apito. 2 - Futebol - torrando tudo até a última conta. 3 - Danilo Mironga - me deixem dormir! 4 - Internacional - a FIFA e seus melhores do mundo. 5 - Internauta - o craque anticorintiano de volta ao Desafio Sabichão.

Participam deste número:

Capa: Ferrari Editor: Gus Textos: Gus Colaboradores: Aldo Augusto, Amaral, Archibald, Rogério Stein e Murilo

2 Entrevista - Aldo Augusto

"O árbitro teme que reduzam sua importância!"

Em seu Trabalho de Conclusão de Curso na faculdade de jornalismo, Aldo e seu grupo decidiram realizar uma reportagem completa sobre a arbitragem paulista. Nesta entrevista, ele dá alguns detalhes da matéria, traz parte de sua experiência pessoal e conclui que o árbitro brasileiro não sabe trabalhar sem que o considerem autoridade.

ANTAS - Por que vocês escolheram este tema? Algo a ver com seu contato diário com os debates de futebol?

Particularmente, eu não tinha vontade de falar sobre futebol. Estava quase fazendo uma monografia abordando os erros das pesquisas e dos institutos de opinião, até que uma colega de grupo, Aliny, disparou a idéia. O curioso é que outro colega, , foi jogador profissional com passagens pelo Noroeste, Juventus e União São João, sendo que eu sou formado como árbitro de futebol de salão. E logo ela, a idealizadora, era estagiária de uma Web TV especializada em automobilismo, sem nada a ver com o tema proposto.

Pelo que vocês puderam observar, foi possível entender como um árbitro evolui na carreira? Qual seria o percentual de importância da meritocracia? E os outros fatores?

A FPF realiza um treinamento físico muito forte com os seus apitadores, nos mesmos moldes da FIFA. Além disso, contam com um psicólogo avaliando o árbitro antes, durante e depois das partidas. O começo é difícil, como em outras profissões, sendo preciso enfrentar as escalas oferecidas nas ligas ou em jogos de categorias menores. Tais ligas geralmente são contratadas para torneios internos de clubes e campeonatos municipais. Os que se destacam vão adquirindo a confiança do núcleo da arbitragem, até serem chamados para jogos maiores. É aí que reside o grande problema. Quando eu era estagiário de anotador no futsal, tinha de pegar muitos torneios ruins. A entidade responsável mesclava os iniciantes, como eu, e os mais experientes. Estes últimos faziam jogo duplo: tinham a missão de relatar o desempenho dos alunos e apontar os promissores. O "relatório" sobre os alunos escolhia, a dedo, quem não ameaçaria os mais antigos. Está feita aí a infame panela. A meritocracia tem papel importante, mas é necessário ter muita influência política.

Nas entrevistas com árbitros e ex-árbitros, como eles reagiram quando as perguntas versavam sobre possíveis erros? É algo que encaram com naturalidade ou desgosto?

Como já esperávamos, os árbitros não dizem muita coisa sobre isso, porque já se sentem severamente julgados pela opinião pública e pelos comentaristas. Eles falam de uma maneira mais superficial, com o argumento de que todas as pessoas são falíveis. A naturalidade sai de cena quando o assunto são os escândalos recentes. Todos os árbitros e ex-árbitros entrevistados são unânimes em demonizar os seus envolvidos. A minha impressão, após

3 algumas conversas em off , é a de que os culpados não gozam de oportunidade de redenção. Alguns sabem disso e buscam refúgio no esquecimento absoluto.

Pelo que pesquisaram, existe influência dos comentaristas de arbitragem na postura dos árbitros? De onde vêm as orientações sobre a forma de atuarem?

Os árbitros não se influenciam pela TV, mas ficam incomodados pela maneira como é feito o julgamento de suas atuações. Li um artigo em que o autor conta como acompanhou a exposição dos árbitros nas transmissões, usando o exemplo de uma partida entre Vasco e Paraná Clube. O comentarista inicia a análise dizendo conhecer o responsável pela condução do jogo e aprovar o seu trabalho. No decorrer dos noventa minutos, o árbitro passou a ter a sua qualidade questionada. Após o apito final, o mesmo comentarista decretou a incompetência daquele mesmo que foi bem reputado no começo. Por isso os comentaristas de arbitragem não são muito admirados.

A orientação sobre a forma de atuar dos árbitros brasileiros tem um componente cultural. O jogador daqui é tido como malandro, que vai sempre procurar uma forma de enganar o trio de arbitragem. Tal entendimento é transmitido de geração em geração, já que os professores são os árbitros do passado, influenciados pelos seus antecessores. Então se estabeleceu que o árbitro deve ser rígido na observação das regras, sem aberturas aos jogadores e técnicos.

Se os comentaristas não foram lembrados entre os bem quistos, quem seriam os árbitros mais conceituados?

Assim como os jogadores novatos citam Ronaldo, Rogério Ceni e o Marcos, os árbitros iniciantes citam os contemporâneos destes, como Sálvio Spínola, Paulo César de Oliveira, Leandro Vuaden e Valter José dos Reis. Os ex-árbitros citam Dulcídio Wanderley Boschilla e Romualdo Arppi Filho.

Qual o posicionamento dos entrevistados sobre recursos eletrônicos na arbitragem? E o da equipe que está fazendo o projeto?

Os árbitros rejeitam a idéia, pela conhecida opinião de que isso faria diminuir a magia do futebol. Também há uma pitadinha leve de vaidade - embora não admitida. A regra 5, logo no seu início, já determina seu poder no campo de jogo, como autoridade máxima da partida. A arbitragem é resistente à introdução destes recursos porque teme que sua importância seja reduzida. Entrevistamos também dois jornalistas que fazem coro com nossos personagens. Talvez eu seja o único que pense diferente. Se o árbitro souber usar os recursos disponíveis e estiver bem preparado para conduzir uma partida, seu trabalho será otimizado. Como o pré- requisito obrigatório para ingressar neste universo é ter uma profissão fora do futebol, ficaria muito mais fácil a preparação com o manuseio destes novos recursos.

4 Futebol

Big Spender FC!

Lá vem mais um querendo torrar dinheiro na Inglaterra. Mas ter um clube realmente compen$a?

A torcida do Liverpool não sabe se ri ou se chora. Há dois anos na pior, o autoproclamado maior vencedor britânico - título mundial não deve contar - está ganhando um novo boss : o grupo norte-americano New England Sports Ventures (NESV) , também proprietário do time de beisebol Boston Red Sox . A NESV se junta ao rol dos donos absolutos da paixão de milhões, com poderes legais para fazer o que quiser com aquilo que, afinal, a ela pertence. Ser propriedade não é fato novo para clubes de grandes centros como Reino Unido e Itália. O que chama a atenção, desde a compra do Chelsea por Roman Abramovich , é a volúpia para gastar mais a cada ano. Não parece haver dúvida de que o futebol pode trazer dividendos. A questão é que, com tamanhos custos, só restam duas deduções: ou eles acreditam que os lucros virão mais adiante, ou nem dão a mínima para o balanço no vermelho.

Analisando os números, a aparente conclusão sobre vantagem econômica é enganosa. Tom Hicks e George Gillet gastaram pouco mais de duzentos milhões de libras e venderão o Liverpool por trezentos milhões. Entretanto, boa parte deste dinheiro será usada para cobrir prejuízos que o faturamento não segurou. O clube que entregarão a contragosto - forçados pela Premier League e por credores - está à beira da falência, mesmo contando com receitas que chocariam os clubes sul-americanos. A maior causa é o estouro de salários e contratos, na tentativa de acompanhar o ritmo de aquisições de Abramovich, que também tem visto seu clube fechar temporadas com rombos superiores a cem milhões de euros. Longe de desanimar, o russo logo aparece com ofertas irrecusáveis a atletas que mal viu jogar, só pelo prazer de tirá-los da concorrência. Muito mais que dinheiro, seus objetivos parecem refletir outras ambições. "Se a idéia é proporcionar influência e notoriedade, o futebol é um excelente negócio" - reconhece Rogério Stein .

Gillet e Hicks - e eles acabaram andando sós

5 Além da fama repentina, existem mais vantagens extrapatrimoniais, como observa Fernando Gelman ao lembrar que os investimentos dos magnatas russos provocaram a simpatia das autoridades inglesas, evitando suas extradições. Gelman também cita os príncipes árabes, que também tentaram adquirir os Reds e não hesitaram em fazer propostas a outro ricaço, o italiano Sílvio Berlusconi , tentando trazer o campeoníssimo Milan para sua coleção de brinquedos de luxo. "Tudo sem compromisso algum com lucro" - completa Gelman. Contudo, há que se diferenciar tais bilionários das empresas investidoras, como a própria NESV. Considerando que americanos não costumam entrar para perder, os compradores do Liverpool devem ter anseios bem delineados de tornar o clube campeão e lucrativo, de preferência ao mesmo tempo. Não se descarta que consigam, mas há que se lembrar que até a FIFA teve dores-de-cabeça em barcas furadas como a ISL. Restará saber se, como no saudoso bordão, os americanos serão muito melhores.

Do ponto de vista administrativo, os europeus aprenderam a distinguir os pontos favoráveis dos incômodos de ter patrimônios emocionais em mãos alheias. "Uma vantagem evidente é o processo decisório mais rápido e a maior liberdade de ação. O fato de ter um dono facilita a elaboração de um longo projeto estratégico e minimiza a necessidade de agradar a grupos políticos para continuar no poder" - opina Stein. Também ajuda o fato de que é seu próprio dinheiro entrando em campo. Com isso, a tendência profissional é escolher seus gestores por méritos, em vez de conveniência. Mas o lado bom pode terminar por aí. Além da explosão global de custos, a liberdade destes diretores dura até a página 3, em que será alvo de ingerências nos primeiros sinais de vacas magras. Logo a vontade do comandante se torna lei e todos abaixo viram testas-de-ferro ou aspones, o que já era notório com o manda-chuva milanista. Longe de ser exceção, Berlusconi é apenas a regra levada ao máximo do constrangimento, já que nada os obriga a serem discretos.

No Brasil, poucos são os indícios de surgir alguém disposto a usar dinheiro próprio para adquirir clubes estabelecidos. "S ó o patrimônio imobiliário dos clubes, incluindo centro de treinamento e estádio, já inviabilizaria o negócio" - opina Gelman . A versão nacional é mais pragmática e procura o único ativo devidamente desenvolvido no futebol doméstico: os jogadores. É o que têm feito, entre outros, as empresas Pão de Açúcar e Traffic . Seus clubes existem unicamente para garantir o vínculo com jovens atletas que, mais adiante, serão negociados para clubes consagrados ou diretamente para o exterior. Para esta finalidade, jogar divisões inferiores e os principais torneios de juniores é o suficiente. Mais ambiciosos foram os empresários que montaram o Grêmio Barueri . Não apenas chegaram à primeira divisão, como mudaram a equipe de cidade. Neste caso, o passo foi maior que a perna. Mal recepcionado em Presidente Prudente e com os donos batendo cabeça, o clube deve ser rebaixado. De mercadorias, os atletas se transformaram em fundo perdido.

Walter Jorquera Sanches, presidente do G Prudente - sem torcida, não há time de verdade

6 Não se pode dizer, contudo, que os clubes consagrados do país deixaram de viver experiências semelhantes. Os paulistas Palmeiras e Corinthians , por exemplo, já deixaram seus destinos centralizados nas mãos de parceiros, aos quais repassaram o controle dos departamentos de futebol. Foi quando se pôde sentir, em solo brasileiro, o impacto destas aquisições perante os torcedores. Em ambos os casos, a reação inicial foi de desconfiança. "O torcedor deve se sentir como se alguém tivesse roubado o que seria seu por direito" - diz Stein. O que modificou a antipatia foi o rendimento nas quatro linhas. "No Chelsea, muitos torcedores protestaram, mas depois aceitaram em virtude dos bons resultados" - aponta André Amaral . Entretanto, especialmente com os corintianos, a aceitação terminou dando lugar ao desespero contra o "invasor", tão logo as vitórias escassearam. A sorte dos alvinegros foi que a MSI sumiu do mapa e a parceria foi rescindida. Se o clube fosse vendido de fato, só restaria torcer para o dono revendê-lo. Devolver de graça é que não iria.

Eles também!

Outros que resolveram virar senhores da bola.

Zico - fez o CFZ (Centro de Futebol ), que começou no Rio de Janeiro, transferiu-se para o DF e até ganhou um título estadual. Com os filhos do Galinho na gestão, o controle do clube acabou negociado com um fundo de investimentos, o que causou insinuações contra Zico quando diretor do Flamengo.

Careca - mais um a montar um time para revelar jogadores - o Campinas Futebol Clube. Como administrador, esteve longe de mostrar a competência que tinha dentro de campo. O clube acabou sendo comprado e, atualmente, chama-se Sport Clube Barueri.

Elton John - ele mesmo. O astro internacional foi dono do Watford de 1978 a 1987. Não se pode dizer que o rocket manager se saiu mal, já que o time chegou à Premier League e até foi vice-campeão, em 1983. Em 1987, Elton alienou o controle acionário e se tornou presidente vitalício, cargo honorário ao qual renunciou em 2008, insatisfeito com os proprietários.

Rupert Murdoch - em 1998, o magnata das comunicações acordou bem-humorado e resolveu comprar o Manchester United. Mas, na época, uma comissão inglesa de proteção à concorrência achou que seria desleal e vetou a idéia. Misteriosamente, mudaram o ponto de vista quando veio a frente russa.

Seja qual for o número de responsáveis por um clube, é cada vez mais evidente que o cenário atual vem formando uma nova bolha que não se restringe aos imitadores de Abramovich. Prova disso foi a admissão, pelos dirigentes do Barcelona , de um déficit recente de setenta e sete milhões de euros. Cada novo marajá da bola traz consigo a inflação globalizada, tornando-se também problema dos outros. Entre os tempos paleolíticos de marketing esportivo e os delírios otimistas de hoje, é preciso encontrar um equilíbrio que dificilmente virá pelo mero bom senso. Se a FIFA quiser cumprir seu ofício de preservar o futebol, terá que forçar limites e fazer com que os clubes os obedeçam. Do contrário, o caos iminente não destruirá o esporte, mas tornará a brincadeira cada vez mais cara - e menos divertida.

7 Danilo Mironga

VARIAÇÕES SOBRE O MAIS DO MESMO

Estava com a coluna pronta e decidi aproveitar para dormir até mais tarde, até que uma de minhas fontes resolveu que tinha a informação do ano e me telefonou. Mais ou menos assim:

"Danilo, você viu?"

Vi o quê?

"Hoje vão confirmar Itaquerão na abertura!"

Mesmo? Aprovaram o projeto?

"Não. Exigiram que adaptem pra sessenta e cinco mil lugares."

O governo vai ajudar?

"Falou que não gasta, mas acredita que vai dar tudo certo."

E a FIFA já viu tudo e aprovou?

"Não. O projeto só foi mostrado ao COL. A FIFA ainda não viu."

E você me acorda pra dizer isso? Vai catar coquinho! De preferência, em Itaquera!

Para quem não lembra, a FIFA também aprovou o Morumbi na Copa, desde que dessem as garantias. Na época, Juvenal decidiu apostar no blefe do outro lado e terminou fora da mesa. Agora o drama é de seu inimigo novelístico. Como a coluna passada mostrou, o plano de um estádio corintiano precisa da Copa, mas a Copa não precisa de um estádio corintiano. Se precisasse, escolhiam a Fazendinha, numa boa. A FIFA quer, seja de quem for, um estádio com tudo o que acha ter direito, incluindo os tais sessenta e cinco mil lugares e a visão perfeita - das placas de publicidade, bem entendido. Ainda há quem fale que aquele caderno de encargos foi feito só para tirar o alcaide tricolor da jogada. Isso é uma asneira. Nem os bajuladores de Juvenal dariam tanta importância a ele. Coisa Nossa e el Sanchez , sim. José Bláter e Jeromão Vauqui , nem tanto.

8 A FIFA terminou de criar o vampiro imaginado pelo brasileiro Jean Marie Havelange. Com trinta e duas seleções e trocentos anunciantes, realizar uma Copa do Mundo virou tarefa para poucos - aqueles dispostos a criar estruturas dez vezes maiores que o necessário a um país. Ninguém precisa de redes de hotelaria gigantescas para receber pessoas que nunca mais vão dar as caras. Zé e Jerô sabem disso, mas o dia seguinte é problema dos outros. Agora chegou a nossa vez de receber os gafanhotos. A presidente mal foi eleita e vai entrar na dança. Ainda não recebeu nenhum chefe de Estado para conversar, mas se reunirá com a dupla. Essa é a FIFA e sua ordem de importância mundial. E ainda acham pouco. No dia em que o futebol se difundir pelo Universo, eles irão até Marte para mostrar quem manda. Saturno terá que construir mais cinco anéis. Imaginem a visibilidade dos patrocinadores.

No planeta Brasil, a presidente contará com o anti-heróico Sanchez, que o IDMEB (Instituto Danilo Mironga de Especulações Baratas) indica ser o futuro Ministro dos Esportes. Unidos e orientados pelo antecessor, os dois devem fazer o que a praxe recomenda - garantir que tudo será executado e, mais tarde, entregar qualquer coisa parecida com aeroportos, hotéis e estádios. Mas haverá um pequeno problema, e estou longe de me referir ao Ministério Público. O obstáculo brasileiro tem outro nome: Brasil. Sim, eu acredito que todas as leis serão estupradas, as licitações ignoradas e a opinião pública não dará a mínima. Mas, ainda assim, alguma coisa vai dar errado. Por quê? Porque o Brasil não nasceu para dar certo. Alguns brasileiros, tudo bem. O país inteiro, só se jogarmos os livros de História no lixo. O Brasil, tal como o Corinthians na Libertadores, nem precisa de corda para se enforcar sozinho.

Então a Copa será em outro lugar? Não. Mas duvido que, entre as poucas coisas prontas, estará o estádio da Conceição (se existiu...). Não me peçam argumentos. É só um palpite. Mas tenho a dizer uma coisa: o polvo Paul estaria vivo se tivessem dado ouvidos ao meu telefonema...

9 Internacional

Uma eleição atrapalhada!

Na escolha dos melhores do ano, a maior competição do planeta vai parar na berlinda.

A FIFA acaba de indicar os vinte e três candidatos à . Como esperado, a Copa do Mundo foi o referencial. Assim, a Espanha traz o maior número de aspirantes, com sete membros da vitoriosa Roja . Mas, em meio à pompa e circunstância do anúncio, é difícil disfarçar um óbvio incômodo: como em 2006, o vencedor do ano anterior (no caso, ) não chegou perto de se destacar na África do Sul . Outros nomes badalados tampouco arrancaram suspiros. Se a Alemanha trouxe a Copa da defesa, 2010 apresentou uma superprodução de coadjuvantes. Os astros? Morreram no meio do filme.

Antes agitadora de mercados, a Copa quase não influiu nas transações de julho e agosto. Ao contrário do que aconteceu após 1998 (Zidane), 2002 (Ronaldo) e 2006 (Cannavaro), o Real Madrid não foi atrás do melhor da competição, Diego Forlan . O fato de jogar no rival Atlético conspirou contra, mas a verdade é que o grande desempenho do uruguaio não bastou para elevar seu status a craque de primeira linha. Em vez disso, e muito por conta da lesão de Kaká, o Real Madrid preferiu se limitar à revelação Özil e seu compatriota, o esforçado Khedira . No mais, seu chamariz continua sendo Cristiano Ronaldo , talvez a maior decepção em solo africano. O inglês Rooney, outra performance medíocre, acaba de renovar o contrato e se tornar o atleta mais bem pago do mundo. Enquanto isso, entre os campeões mundiais, o único a trocar de ares foi o atacante David Villa. Contudo, este já estava acertado com o Barcelona antes do torneio. Em suma: para todos os efeitos especulativos, o que aconteceu em Soccer City ficou em Soccer City .

Forlan - muitos aplausos. Mas proposta, que é bom...

Os patrocinadores pessoais também não ficaram contentes com o desprestígio de seus contratados. Nos últimos quinze anos, salvo Ronaldo e Zidane, nenhuma das jóias de

10 marketing produziu, por sua seleção, o que mostrou nos times em que atuavam. O caso de Ronaldinho foi emblemático. Antes da Copa de 2006, estava sendo elevado ao nível de Maradona. Depois dela, foi até chamado de enganador. É o risco que Lionel Messi já está tentando afastar com boas atuações, inclusive em amistoso da contra a Espanha. Mas ele e seus anunciantes sabem que, até 2014, a lembrança do que não fez em 2010 continuará rondando os debates. Preocupada, a FIFA volta a dizer que estudará mudanças. Já ajudaria muito se não atrapalhasse. Ter aprovado a Jabulani foi como recriar o esporte na véspera do evento. A prova de que a bola saltitante influiu mal está nos campeonatos seguintes: nenhuma outra marca usou as discutíveis inovações tecnológicas da Adidas. Como a vuvuzela, a bola foi um sucesso de vendas - e só.

Alheios a isso, os jogadores que deixaram seu nome em Joanesburgo aguardam a eleição na qual, em anos sem Copa, ocupariam o segundo pelotão. Para Forlan, figurar na lista já seria impossível. Cabeça-de-sardinha de uma seleção limitada e de um time médio, o atacante mostrou recursos que o credenciam, com justiça, a estar entre os favoritos. Mas o esquecimento pós-Copa torna um bronze mais provável. Entre a prata e o ouro, deve estar o holandês Sneijder , o único a ser protagonista de sucesso na Copa do Mundo e na Champions League, em que levou o troféu e o prêmio de melhor jogador. Sneijder deve ter a concorrência de algum espanhol, se os votos não se diluírem demais entre todos os campeões. Por ter feito o gol histórico, o volante Iniesta pode ter leve preferência, ao lado do goleiro Casillas . Correndo por fora, dependendo do que continuar produzindo até a entrega dos votos, estará Messi. Contra o 10 argentino, estará a torcida da FIFA. Se ele vencer, a desmoralização da Copa - a mesma que fez de Pelé e Maradona mitos inatingíveis - será completa.

Iniesta - a última impressão será a que fica?

Por fim, o Brasil aparece com poucos integrantes, todos eles muito mais pelo que fizeram na CL . Será surpresa se Júlio César, Maicon, Lúcio e Daniel Alves figurarem no top 10. Em termos de destaques internacionais, o futebol brasileiro foi o grande derrotado da temporada. Daí a pressão para que o técnico Mano Menezes convoque mais atletas do "joga bonito", na esperança de que chamem a atenção da Europa - onde realmente se decide o número 1. O perigo é que tais atletas cheguem ao Velho Continente como fez, dando ouvidos à imprensa ufanista e acreditando que seria apenas questão de dar a primeira pedalada. Como seu desempenho por lá sugere, seria tão simples se fosse tão simples.

11 Internauta

Desafio Sabichão!

Em parceria com o editor, Murilo apresenta:

Tremei, corintianos! Raí na grande área!

Aproveitando a proximidade de mais um Majestoso, o sabichão do dia quer saber:

1 - Em 2005, o SPFC ganhou seu primeiro título paulista, desde 1985, sem Raí com a camisa 10. Esta informação é falsa, porque: a - entre estes vinte anos, o SPFC ganhou outro título paulista sob tais condições. b - entre estes vinte anos, o SPFC ganhou dois títulos paulistas sob tais condições. c - entre estes vinte anos, o SPFC ganhou três títulos paulistas sob tais condições.

2 - Graças à intervenção materna, Raí deixou de se chamar Xenofonte. Mas ele adotou o gosto do pai por homenagens e deu a uma de suas filhas o nome de uma primeira-dama famosa. Em que ano seu marido chegou ao poder? a - 1980 b - 1985 c - 1990

3 - Raí estava mesmo predestinado mesmo a ser do SPFC, já que o Globo Esporte usou uma música da banda IRA!, então com o são-paulino Nasi, para encerrar o programa que comentou sua estréia pela seleção. Que música foi a escolhida? a - Flores em Você b - Dias de Luta c - Tarde Vazia

4 - Além de aparecer numa novela e num videoclipe, Raí já fez ponta em seriado da Rede Globo. Qual destes atores trabalhava no episódio? a - Luís Fernando Guimarães b - Marco Nanini c - Tarcísio Meira

5 - mais uma de falso ou verdadeiro. Em que ano, vestindo camisa tricolor, Raí marcou pela primeira vez contra o Corinthians? a - 1986 b - 1988 c - 1989

Quanto tempo vai levar para gabaritarem? Boa sorte e até a próxima edição!

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