Atualidades - Julho
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ATUALIDADES - JULHO JULHO vestido da função de policial, eu estava com um servidor público, BRASIL com um general. Vivenciar isso, analisar de uma forma fria, é com- plicado para quem está passando por aquilo.” ‘Um dólar por dose’: Luiz Paulo Dominguetti reafirma à CPI ter O depoente disse que, apesar de não ter vínculo empregatício recebido pedido de propina por vacina formal com a Davati, a empresa tinha conhecimento de sua nego- O empresário e policial Luiz Paulo Dominguetti reafirmou nesta ciação com o Ministério da Saúde e “validou a proposta”. quinta (01/07) à CPI da Covid a denúncia de que recebeu oferta de Ele também disse que comunicou verbalmente a empresa so- propina por vacinas da AstraZeneca de um representante do Minis- bre o pedido de propina e solicitou “um posicionamento”. “Mas o tério da Saúde do governo Bolsonaro. seu Roberto Dias foi informado que não ia acontecer” (ou seja, que Dominguetti, que se apresenta como representante da Davati a propina não seria paga). Medical Supply, disse que a oferta de propina foi feita em fevereiro Fernando Bezerra (MDB-PE), líder do governo no Senado, afir- em um encontro com o então diretor de Logística do Ministério da mou que o governo “quer ir a fundo” nas apurações e afirmou que Saúde, Roberto Ferreira Dias. Dominguetti não consta como registrado como representante co- Segundo Dominguetti, a Davati, empresa americana do ramo mercial autônomo na associação que reúne essa categoria profis- da saúde, procurou o governo para vender 400 milhões de doses da sional. vacina da AstraZeneca. A farmacêutica afirma que não tem interme- “É fácil perceber que existe uma instrumentalização para des- diários e negocia apenas com governos. gaste do governo federal. Cada semana há a construção de uma À CPI, Dominguetti disse que a oferta inicial da Davati foi de U$ narrativa”, declarou Bezerra. 3,50 por dose de vacina, mas Dias pediu o pagamento de propina de Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-57683689 US$ 1 por dose, com o aumento do valor da dose. Nomeado durante a gestão do então ministro Luiz Henrique Protestos contra Bolsonaro: MBL e Vem Pra Rua apoiam impe- Mandetta (DEM) na Saúde, Dias é apontado pelo jornal Folha de achment, mas não vão a atos de sábado S.Paulo como um indicado do líder do governo Bolsonaro na Câma- Apesar de defender o impeachment do presidente Jair Bolso- ra, Ricardo Barros (PP-PR). naro, o movimento Vem Pra Rua não está chamando seus seguido- Horas depois da publicação da reportagem da Folha de S.Paulo res para a rua - pelo menos não neste sábado (3/7), quando pro- com a denúncia, o Ministério da Saúde anunciou que ele seria exo- testos puxados pela esquerda estão marcados para acontecer em nerado do cargo. A saída dele foi oficializada na manhã de 30/06 no todo o país. Diário Oficial da União. O MBL (Movimento Brasil Livre) também escolheu não se jun- À CPI, Dominguetti afirmou que, durante as tratativas, Dias não tar aos protestos. citou os nomes de pessoas do governo, como Eduardo Pazuello, que “Temos muito receio quanto a aglomerações por causa da então era o número dois do ministério da Saúde. pandemia, então por enquanto não estamos marcando nem nos Dominguetti também afirmou que o único documento que juntando a manifestações presenciais”, afirma Adelaide Oliveira, possui confirmando que ele era representante da Davati tem data porta-voz do MBL. “Desejo sorte e que não chova”, diz ela sobre o de abril, depois da reunião, e que antes disso seu acordo com a protesto deste sábado. empresa era verbal. Também disse que não chegou a fazer vendas Tanto o MBL quanto o Vem Pra Rua fazem parte de uma sé- da Davati antes das negociações de vacinas. “Fiquei a cargo das ne- rie de grupos à direita que pararam de apoiar Bolsonaro em algum gociações de vacina mesmo”, disse. momento após a posse do presidente em 2019. O MBL foi um dos primeiros a abandonar o barco, alguns meses após a posse, quando Oferta de proprina Bolsonaro começou a dar sinais de que sua postura quanto à econo- Dominguetti afirmou que Dias disse, durante a negociação em mia não seria liberal, como prometeu durante a campanha. um restaurante de Brasília em fevereiro, que era preciso melhorar o O Vem Pra Rua passou a defender o “Fora Bolsonaro!” em julho valor ofertado pela Davati. O vendedor teria dito, então, que preci- de 2020, após o procurador-geral da República indicado por Bolso- saria tentar um desconto. naro, Augusto Aras, fazer críticas à Operação Lava-Jato. Segundo Dominguetti, Dias teria respondido que não seria um Defensores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, desconto, mas na verdade aumentar o valor. os dois movimentos foram protagonistas de grandes manifestações “E aí teria que se compor no ministério e se pediu o acréscimo em 2016, com alta capacidade de mobilização. de um dólar. Eu já disse que não teria como fazer”, afirmou Domin- Mas em 2021, mesmo apoiando o impeachment de Bolsona- guetti à CPI. ro, os movimentos ainda não estão clamando para suas bases de “O clima da mesa mudou e logo se encerrou o jantar e no final apoiadores que tomem as ruas e dizem que estão focados em ou- ele disse para eu pensar direitinho que no dia seguinte ele me cha- tras formas de atuação. maria para um encontro no Ministério da Saúde”, disse o vendedor. Em contrapartida, movimentos de direita como o Livres aderi- Questionado pelo senador governista Luis Carlos Heinze (PP- ram ao protesto deste sábado. Formado dentro do PSL, o movimen- -RS) sobre como poderia atuar como representante de vendas ao to rompeu com o partido em 2018 quando Bolsonaro se candidatou mesmo tempo em que era policial militar da ativa - algo que seria à Presidência pela sigla. proibido pelo regulamento da corporação -, Dominguetti admitiu o Até o momento, o presidente Jair Bolsonaro tem minimizado os problema. “Nunca me identifiquei como policial militar ou negociei atos contra si e participado de atos pró-governo, como demonstra- como policial militar. A gente diz ‘seja escravo do regulamento, para ção de força. Em sua live mais recente, em 1° de julho, ele ironizou não ser escravo do homem’. Hoje estou sendo escravo do homem, o “superimpeachment”. “Quem não tem o que fazer fica tentando vou ser escravo dessas denúncias, dessa infração administrativa.” atrapalhar a vida de quem produz”, declarou. Dominguetti disse que estava “pensando no bem maior”, que seria Adelaide Oliveira, do MBL, destaca que o grupo tem atuado de “trazer vacina para o Brasil”. outras formas antes de protagonizar protestos na rua. Ela destaca a Heinze perguntou também por que Dominguetti, como policial, atuação parlamentar dos líderes do movimento que foram eleitos não deu voz de prisão ao receber o pedido de propina. Dominguetti em 2018, como o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) e o de- respondeu que, naquele momento, “foi algo surreal”. “Embora in- putado estadual Arthur do Val (DEM-SP), o Mamãe Falei. 1 ATUALIDADES - JULHO Kim foi um dos parlamentares de direita que assinaram o “su- “(Caso haja convergência de protestos), a gente espera que não perimpeachment”, um novo pedido protocolado pela oposição na haja problemas entre as militâncias, já que a pauta converge. Nossa quarta (30/06) que reúne a motivação de outros mais de 120 pedi- conversa (com a esquerda) tem sido pacífica também, isso é uma dos em um único documento. conquista, amadurecimento da sociedade”, afirma ela. O parlamentar do MBL subiu ao mesmo palanque em que fa- Segundo Luciana, o Vem Pra Rua tem focado sua atuação em lavam nomes como o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) e a de- outras frentes. putada Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente nacional do PT, partido O grupo não assinou o pedido de “superimpeachment”, mas ferozmente combatido pelo MBL. protocolou o próprio pedido de impeachment um pouco antes, “Acho que ninguém aqui tem nenhuma dúvida que, numa con- com 35 crimes de responsabilidade que Bolsonaro teria cometido. dição normal, assim como eu não estaria, os líderes da esquerda O movimento também criou um mapa com contatos de parla- não estariam (juntos). Eleitoralmente estaremos em campos dis- mentares para que as pessoas façam pressão em seus representan- tintos”, disse Kim durante a apresentação do “superimpeachment”. tes no sentido de aprovação do impeachment. “Mas é algo maior que existe aqui, é algo maior que está sendo pro- tocolado contra o presidente criminoso, corrupto, Jair Bolsonaro, e Direita na rua por isso é uma causa suprapartidária. É uma questão de valores, é Manifestação contra Bolsonaro em São Paulo no dia 29 de uma questão de moral.” maio; líderes de movimentos de direita entrevistados apontam para “Não tenho dúvida nenhuma de que a causa de derrubar esse risco de contágio por covid-19 nos protestos que é um dos maiores males da história desse país nos unifica nesse Apesar de MBL e Vem Pra Rua não estarem presentes neste momento”, disse Kim, que ao final gritou “Fora Bolsonaro!” sábado, as manifestações não terão apenas militantes de esquerda. O discurso entusiástico de Kim, um dos principais líderes do De orientação liberal, o movimento Livres, por exemplo, deci- movimento, fez surgir expectativas na esquerda de que o MBL fosse diu chamar seus associados e seguidores para irem ao protesto de se juntar aos protestos deste sábado, mas o movimento ainda não sábado caso se sintam seguros. se uniu à esquerda quando o assunto é manifestação. “A mobilização em nossos grupos pela participação das ruas foi “Estamos avaliando o cenário da pandemia, mas por enquanto crescendo muito nos últimos tempos”, afirma Magno Karl, diretor- não é a hora”, diz Adelaide.