Gerenciamento de Riscos
Os principais fatores de risco divulgados pelas empresas abertas brasileiras
5ª edição
ACI Institute Brasil Ouvir, Aprender, Compartilhar, Liderar
2020
kpmg.com.br
Sumário
Introdução...... 04 Perfil das empresas analisadas ...... 06 Os 25 fatores de risco mais citados ...... 08
Os 10 fatores de risco mais citados pelas empresas de cada setor de negócios Bens Industriais ...... 12 Comunicações ...... 13 Consumo Cíclico ...... 14 Consumo Não Cíclico ...... 15 Financeiro...... 16 Materiais Básicos...... 17 Petróleo, Gás e Biocombustíveis ...... 18 Saúde ...... 19 Tecnologia da Informação ...... 20 Utilidade Pública ...... 21 Glossário ...... 24 Empresas que integram a amostra deste estudo ...... 26 O ACI Institute...... 31
Gerenciamento de Riscos 2020 3 Introdução
As empresas estão cada vez mais atentas às co poderia ser considerado como “the risk around suas vulnerabilidades. Na última edição do es- the corner”, ou seja, o risco de uma pandemia tudo A Governança Corporativa e o Mercado de ocorrer era considerado como de baixa probabi- Capitais (14ª edição 2019/2020), 62% das 223 lidade, mas com impacto bastante relevante nos empresas abertas analisadas declararam ter uma negócios. Vale ressaltar que outras versões do área específica para o gerenciamento de riscos. coronavírus surgiram anteriormente, foram rapida- Trata-se da maior porcentagem obtida nesse mente erradicadas, mas, no meio científico, discu- quesito desde 2010. O volume de organizações tia-se a possibilidade do vírus surgir numa versão que informaram ter uma política corporativa de mais poderosa e abrangente. Justamente por sua gerenciamento de riscos também aumentou no baixíssima probabilidade, as organizações não se último ano: passou de 47% para 60%. Ocorre prepararam antecipadamente para enfrentá-lo. que nem todos os riscos podem ser mapeados Em algum momento de suas trajetórias, compa- ou mitigados com antecedência, como eviden- nhias, seus gestores e funcionários precisarão ciou a pandemia da Covid-19. lidar com o imponderável. E, diante desse cená- Os primeiros casos de coronavírus no mundo rio, o que conta é a agilidade e a assertividade ocorreram no final de 2019. Em 31 de dezembro da resposta. Podemos traçar um paralelo com daquele ano, a Organização Mundial da Saúde o endereçamento do coronavírus pelos diferen- recebeu a informação de que uma pneumonia de tes países. As nações que conseguiram mapear causa não identificada havia sido detectada em melhor a transmissão, por meio da testagem em Wuhan, na China. Os casos foram aumentando massa da população, saíram-se melhores. As em- em progressão geométrica, mas, ainda assim, presas que rapidamente tomaram medidas para parecia muito improvável que tomassem a propor- reduzir os impactos do coronavírus nos negócios ção de uma pandemia e com reflexo significativo não sairão incólumes da crise, mas possivelmen- no Brasil. Nenhuma companhia estava totalmente te menos combalidas. preparada para o que viria na sequência. Uma A tarefa de gerenciamento de riscos exige, além semana antes dos governos estaduais brasileiros de uma estruturação adequada, mapeamento começarem a impor regras para o isolamento dos negócios e alinhamento com a cultura corpo- social, as operações e os negócios transcorriam rativa, um acompanhamento dos componentes de forma rotineira. externos e circunstâncias que podem se tornar A pandemia do novo coronavírus é um grande um fator de risco emergente. Situações passa- exemplo de risco emergente, que no jargão técni- das, tais como Plano Collor, crise dos derivativos
4 e sub-primes e greve dos caminhoneiros, pas- saram a ser componentes dos mapas de riscos das empresas somente depois que acontece- ram. Conseguir mapear e mitigar esses riscos emergentes tem sido o grande desafio nesse mundo dos negócios pós-Covid-19. Aqueles que aproveitarem o momento para rever e melhorar seus procedimentos de resposta tornarão seus negócios mais robustos e estarão contribuindo para sua perenidade. Esperamos que este estudo sirva de guia e suscite discussões construtivas acerca do assunto. Boa leitura!
Sidney Ito Fernanda Allegretti CEO do ACI Institute Brasil Gerente Sênior do Sócio-líder de Consultoria ACI Institute Brasil em Riscos e Governança Corporativa da KPMG no Brasil e na América do Sul
Esta 5ª edição do estudo de Gerenciamento de Riscos foi realizada pelo ACI Institute Brasil e o Board Leadership Center (BLC), com a colaboração dos seguintes profissionais de Risk Consulting da KPMG: Luis Navarro, Thais Mendonça, Diego Salgado, Alison Barbosa e Bruna Oliveira.
Gerenciamento de Riscos 2020 5 Perfil das empresas analisadas
Nesta edição do estudo, analisamos dados de 218 empresas, que foram selecionadas levando em conta os seguintes critérios:
*100% das empresas dos segmentos diferencia- O gráfico abaixo apresenta o número de empre- dos da B3 – Novo Mercado, N1 e N2. sas por setor de atuação, conforme classificação da B3. A lista completa das companhias que inte- *Especificamente em relação às empresas do gram este levantamento está na pág. 26. segmento Básico da B3, foram selecionadas aque- las com as 50 ações mais negociadas. Número de empresas por setor de atuação
55 3833 32 17 17 12 7 4 3
Consumo Financeiro ti idade Bens Materiais Consumo Saúde etró eo ecno ogia Comunicações Cíc ico úb ica Industriais Básicos ão Cíc ico Gás e da Informação Biocombustíveis
De onde vem os dados?
As informações do estudo foram coletadas do Formulário de Referência (FR) das empresas citadas. Instituído em 2009 pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), esse documento deve ser entregue por todas as empresas abertas, com algumas exceções, em até cinco meses após o fim do exercício social. Nas mais de 20 seções do FR estão dados sobre o ramo de atividade da companhia, infor- mações financeiras, sua estrutura de capital, comentários dos administradores e suas práticas de governança corporativa, incluindo gerenciamento de riscos e os fatores de riscos da companhia. Organizações que desrespeitam a instrução ficam sujeitas a multas e até mesmo a serem deslistadas da B3.
6 Os quadros abaixo nos permitem fazer duas holdings diversificadas, bancos, corretoras e afirmações. A primeira delas é que os seto- seguradoras. A porcentagem geral de com- res mais regulados, como Comunicações e panhias desse setor que conta com uma área Utilidade Pública, são os que apresentam um específica de gerenciamento de riscos é 69%. maior percentual de empresas com uma área Se considerarmos apenas os bancos, que são específica dedicada ao gerenciamento de também altamente regulados, nota-se que há riscos. Vale ressaltar que, na edição anterior uma aderência de 93%, ou seja, apenas um do estudo, 78% das companhias do setor banco divulgou não ter uma área de gerencia- “Financeiro e Outros” tinham uma área de mento de riscos. gerenciamento de riscos. Para esta edição, a A segunda afirmação que podemos fazer com classificação utilizada mudou, pois a B3 di- base nos dados abaixo é que a atenção dedi- vidiu esse setor em dois: o “Financeiro” e o cada aos riscos é proporcional ao faturamento “Outros”. No nosso levantamento, apenas as da empresa. Nas companhias com faturamen- empresas do setor “Financeiro” foram consi- to acima de 10 bilhões de reais, 94% têm deradas, dado que em “Outros” constavam uma estrutura dedicada a essa atividade. Já apenas duas companhias de atividades muito nas empresas com faturamento até 500 mi- distintas. O setor “Financeiro” engloba diver- lhões de reais, a porcentagem cai para 18%. sos segmentos, como exploração de imóveis,
Percentual de empresas que têm uma área de gerenciamento de riscos (por setor) % #
Comunicações 100% 3 Utilidade Pública 84% 27 Materiais Básicos 75% 12 Financeiro 69% 25 Consumo Não Cíclico 65% 11 Bens Industriais 64% 18 Petróleo, Gás e Biocombustíveis 57% 4 Saúde 50% 6 Consumo Cíclico 41% 21 Tecnologia da Informação 33% 1
Observação: As empresas não são obrigadas a divulgar a existência da área de gerenciamento de riscos. Para o cálculo do percentual da tabela acima, as empresas que não divulgaram essa informação foram desconsideradas.
Percentual de empresas com área de gerenciamento de riscos conforme faturamento 94% 75% 63% 33% 18%