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A MPB canta e conta nossa história

Além do ritmo inconfundível, música brasileira oferece poesia e rico conteúdo infor

HERBERT CARVALHO

Se a música e os cantos e danças populares representassem um Brasil seria possivelmente o seu maior exportador mundial. Essa entretanto, não se expressa apenas pelos ritmos variados como o ou pela herança das modinhas ibéricas, que séculos depois se tra surpreenderiam o mundo com o balanço da . Isso por melodia, harmonia e ritmo, a música popular brasileira tem poesia se confunde com a história do próprio país, que por seu intermédi acessível às grandes massas da população.

Como intérprete dos dilemas nacionais e veículo de nossas utopia conforme a define o professor de história da Universidade de São Marcos Napolitano, a música popular brasileira atingiu um grau de cultural que encontra poucos paralelos no mundo ocidental. "Luga fusões e encontros de etnias, classes e regiões que formam o mo brasileiro, a música feita no Brasil – uma das grandes usinas sono não é apenas para ser ouvida, mas para ser pensada", explica Na apresentação de seu livro História & Música (Autêntica Editora, 2ª Arte PB Essa música que faz pensar e também conta a história do Brasil em linguagem simples é, sobretudo, a "canç do século 20 que deixaria os saraus da elite para ganhar as massas urbanas por meio do disco, do rádio, do televisão. "Por oposição à música folclórica (de autor desconhecido, transmitida oralmente de geração a gera popular (de autores conhecidos, divulgada por partituras ou meios eletrônicos) constitui uma criação contemp aparecimento de cidades com um certo grau de diversificação social", resume o jornalista, pesquisador e críti Ramos Tinhorão, com mais de 20 livros publicados sobre o tema.

Surgida em nossas principais cidades coloniais – Salvador e –, é nesta última, já transformada República, que em 1902 a música popular chega ao disco com as gravações da Casa Edison, na Rua do Ouv aparelhos sonoros, então chamados de "máquinas falantes". Nos fundos da loja o empresário Frederico Figne pioneiro estúdio de gravações do Brasil, dando início à epopéia da canção brasileira no mundo eletrônico, que discos de 78 rotações tocados em vitrolas acionadas por manivelas até os CDs e os MP3, que permitem "baix sites da internet.

Sátira política

O cantor e compositor Eduardo das Neves, negro de origem humilde que também era palhaço, foi quem lanço imediato, a novidade de compor modinhas e lundus sobre fatos da atualidade. São de sua autoria: "O Aumen e "O 5 de Novembro", entre outras. De acordo com A Canção no Tempo – 85 Anos de Músicas Brasileiras, de e Zuza Homem de Mello (Editora 34, 5ª ed., 2006) – uma das melhores fontes para se pesquisar a relação en –, dois acontecimentos da época mereceram registros fonográficos da Casa Edison.

O primeiro foi o êxito de Santos Dumont na França, em 1901, ao contornar a Torre Eiffel com seu balão Nº 6, Eduardo das Neves uma homenagem desbragadamente ufanista na marcha "A Conquista do Ar", em 1902: " se ante o Brasil/ e clamou parabéns em meigo tom/ brilhou lá no céu mais uma estrela/ apareceu Santos Dum

O segundo foi a desratização do Rio de Janeiro em 1903, ordenada por Osvaldo Cruz para combater a peste Brigadas de exterminadores gratificados por cada rato morto saíam pelas ruas apregoando a compra de roed Rocha e Claudino Costa reproduziram o pregão na polca "Rato Rato": "Na minha valsa eu vou tocando/ rato, Por que motivo tu roeste meu baú?"

A sátira política, que sempre marcou presença em nosso panorama musical apesar dos períodos ditatoriais, q refugiava da censura nas marchinhas de carnaval ou nas metáforas de um de Holanda, teve e Machado, o senador gaúcho que manejava os cordões nos bastidores da República Velha, sua primeira gran de autoria de Juca Storoni a polca "No Bico da Chaleira", que ironiza a corte de políticos bajuladores que "peg

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chaleira" para suprir de água quente o chimarrão de Machado: "Iaiá me deixe subir nessa ladeira/ eu sou do g chaleira".

Esse sucesso do carnaval de 1909 consagrou na boca do povo o verbo "chaleirar" como sinônimo de bajular, décadas depois com a marchinha "O Cordão dos Puxa-Sacos", de Eratóstenes Frazão e Roberto Martins: "Lá dos puxa-sacos, dando vivas aos seus maiorais./ Quem está na frente é passado para trás/ e o cordão dos pu vez aumenta mais".

Em 1915, com o fim do mandato de Hermes da Fonseca, apelidado pelo povo de seu Dudu, surgem sátiras à agourento. A que se tornou mais famosa é "Ai, Filomena", de J. Carvalho Bulhões: "Dudu sai a cavalo/ o cava só começa a andar/ ao ouvir o corta-jaca.// Ai, Filomena, se eu fosse como tu,/ tirava a urucubaca/ da careca faz referência a um sarau no Catete, em 1914, quando a primeira-dama Nair de Tefé tocou ao violão o "Corta Chiquinha Gonzaga, causando grande escândalo. O episódio levou o erudito e elitista Rui Barbosa a ocupar a Senado para classificar esse gênero de ritmo como "a mais vulgar e grosseira de nossas manifestações musi

Derrotado na eleição presidencial de 1919, Rui Barbosa não escaparia de ser vítima de um , gênero qu marchas do carnaval de rua, é considerado por Tinhorão uma das "maiores criações coletivas do povo miúdo Meu Louro", de 1920, samba da fase inicial de José Barbosa da Silva, o Sinhô, ironizava o súbito mutismo do outrora tão falante: "A Bahia não dá mais coco/ pra botar na tapioca./ (...)/ Papagaio louro/ do bico dourado,/ t qual a razão/ que vives calado?"

Em 1918 termina a 1ª Guerra Mundial, na qual o Brasil teve participação modesta, mas suficiente para inspira Neves a compor "Fim da Guerra": "Finda-se a guerra/ que o universo inteiro/ cobriu de luto, de tristeza e dor".

Um episódio das primeiras décadas do século 20, entretanto, passaria em branco na música popular de então resgatado magistralmente na década de 1970, numa composição de João Bosco com letra de Aldir Blanc: "O Mares". Grande sucesso na voz de Elis Regina, evoca a Revolta da Chibata de 1910, cujo líder, João Cândid negro, que tem por monumento, as pedras pisadas do cais"), expulsou os oficiais dos navios de guerra ancor Guanabara, exigindo o fim dos castigos corporais aplicados a marinheiros. Essa canção também traz um brad preservação da memória do povo e de suas lutas: "Glória a todas as lutas inglórias, que através da nossa his esquecemos jamais".

Revolução de 30

Em 1922 a marchinha que satirizava Arthur Bernardes (apelidado de "seu Mé" e "Rolinha"), candidato à presi xilindró para os autores Freire Júnior e Careca. A letra dizia: "Ai, seu Mé/ Ai, seu Mé/ Lá no Palácio das Águia pôr o pé./ (...)/ Rolinha, desista,/ abaixe esta crista,/ (...)/ a cacete/ não vais ao Catete". Contrariando o prognó eleito, empossado e passou quatro anos no Catete governando sob estado de sítio, o que faria os compositor período, se voltarem para temas sociais. "A Favela Vai Abaixo", de Sinhô, protesta contra a demolição do mo zona portuária do Rio de Janeiro, em razão de uma reforma urbana levada a cabo pelo prefeito Prado Júnior: a Favela vai abaixo,/ quanta saudade/ tu terás deste torrão./ (...)/ Vê agora a ingratidão da humanidade/ (...)/ desabrigo ao nosso povo da Favela".

A sátira política retorna em 1929. O compositor Eduardo Souto, na música "É, sim, senhor", ridiculariza o "pau Washington Luís (que ocultava o fato de ter nascido em terras fluminenses), sua política de abrir estradas e s implantar uma nova moeda, o cruzeiro, plano abandonado em virtude da quebra da Bolsa de Nova York: "Ele sim, senhor./ Falsificado?/ É, sim, senhor./ Cabra farrista?/ É, sim, senhor./ Matriculado?/ É, sim, senhor./ Ele sim, senhor./ Habilitado?/ É, sim, senhor./ Mas o cruzeiro?/ É, sim, senhor./ Ovo gorado?/ É, sim, senhor". O em 1942 e nunca teria a estabilidade do mil-réis (nossa primeira moeda), como registrou em u mais conhecidos: "No tempo do ‘derréis’ e do vintém, se vivia muito bem, sem haver reclamação./ (...)/ Depois tal cruzeiro,/ (...)/ deixo um saco de dinheiro,/ pra comprar um quilo de feijão".

Em 1930 o assassinato do paraibano João Pessoa – candidato a vice-presidente na chapa derrotada de Getú comove a nação. Em homenagem ao político morto, Francisco Alves grava um hino, de autoria de Eduardo S Santiago: "João Pessoa, João Pessoa,/ bravo filho do sertão,/ toda a pátria espera um dia/ a tua ressurreição depois, em 1950, e mencionariam na música "Paraíba" – até hoje um dos m da dupla – o episódio da revolta contra o governo estadual ocorrida na mesma época na cidade de Princesa, coronel sertanejo Luís Pereira. Além de descrever a tragédia da seca e da migração forçada – "Quando a lam mandacaru secou,/ quando ribaçã de sede/ bateu asas e voou,/ foi aí que eu vim-me embora/ carregando a m letra da canção recorda: "Eta, pau Pereira, que em Princesa já roncou".

A morte de João Pessoa é o estopim da Revolução de 30. Chefiando um levante iniciado a 3 de outubro no R

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Vargas chega ao Rio de Janeiro e depõe o governo. A queda de Washington Luís, o presidente defenestrado conhecido como doutor Barbado, foi comemorada assim por Lamartine Babo: "De sul a norte todos viram a in Brasil heróico e forte/ a raiar no dia 3./ A Paraíba, terra santa, terra boa,/ finalmente está vingada./ Salve o gra Pessoa./ Doutor Barbado foi-se embora, deu o fora./ Não volta mais".

Em seu governo "provisório" que acabaria por durar 15 anos, Getúlio Vargas espalha os tenentes como interv estados, como ficaria indelevelmente marcado em "O Teu Cabelo não Nega, Mulata", a mais famosa marchin de Lamartine, que anuncia: "Mulata, mulatinha, meu amor,/ fui nomeado o teu tenente interventor". "História d seria o título desta outra imortal marchinha do mesmo autor: "Quem foi que inventou o Brasil?/ Foi seu Cabra No dia 21 de abril,/ dois meses depois do carnaval".

Os ímpetos ditatoriais de Getúlio provocam a reação dos paulistas na Revolução Constitucionalista de 1932, são o trem blindado e a matraca, que João de Barro utiliza com humor no carnaval de 1933: "Meu bem, pra m matraca/ da língua de uma sogra infernal/ eu comprei um trem blindado/ pra poder sair no carnaval".

Mesmo antes que Vargas desse o golpe de novembro de 1937, cancelando as eleições, uma música de Náss Alencar, vencedora do concurso radiofônico "Quem Será o Homem", descarta as chances dos presidenciávei Salles Oliveira (o "seu Manduca") e Oswaldo Aranha (o "seu Vavá"), antecipando o desfecho: "O homem que Manduca ou será seu Vavá?/ Entre esses dois meu coração balança porque/ na hora H quem vai ficar é seu

Segunda Guerra

Com o advento do Estado Novo e a criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), responsável artes e espetáculos, surge o samba-exaltação, cujo emblema maior é "", de Ari Barroso, en títulos, como "Onde o Céu É Mais Azul" e "Canta Brasil". Essa adesão era em parte espontânea, pois Getúlio desfrutava da simpatia da classe artística por ter criado um mercado de trabalho protegido para músicos e co brasileiros, que agora já se aventuravam pelo exterior, seguindo a trilha aberta por .

A crítica social, porém, conseguia driblar a censura nas marchinhas de carnaval como em "Pedreiro Valdema Batista, talvez a mais expressiva e pungente denúncia da alienação do trabalhador em relação ao fruto de se por meio da música popular: "Você conhece o pedreiro Valdemar?/ Não conhece?/ Mas eu vou lhe apresenta toma o trem da circular,/ faz tanta casa e não tem casa pra morar./ Seu Valdemar é mestre do ofício,/ constró depois não pode entrar".

Já a 2ª Guerra Mundial foi cantada desde seus primórdios. Em "Salada Mista" Ary Barroso denuncia o Pacto assinado por Alemanha, Itália, Inglaterra e França –, que deu a Tchecoslováquia de presente aos nazistas: "U massa de tomate/ e três gotinhas de molho inglês,/ algumas [sic] gramas de petit-pois/ e ficou pronto o pirão d papou de colher". A figura bizarra de Hitler rendeu várias marchinhas carnavalescas, como "Adolfito Mata-Mo que faz referência aos ataques à Inglaterra: "Adolfito Bigodinho era um toureiro/ que dizia que vencia o mund touro que morava em certa ilha/ quis espetar a sua bandarilha".

A participação do Brasil na guerra contra o Eixo é decidida após o torpedeamento de nossos navios por subm num clima emocional que as modinhas de Alvarenga e Ranchinho, a dupla caipira mais popular da época, aju a tomada de Monte Castelo, músicas foram compostas pelos pracinhas da Força Expedicionária Brasileira (F gravado pela BBC, como esta, do soldado Natalino Cândido da Silva, intitulada "Lurdinha" (a metralhadora ale morro eu encontrei sinhá Lurdinha./ Tava toda afobadinha,/ querendo me pegar./ (...)/ Mas onde eu vi muito te Monte Castelo".

Fechando o ciclo, Wilson Batista compõe "Cabo Laurindo" –"Laurindo voltou,/ coberto de glória,/ trazendo gar Cruz da Vitória" – e "Comício em Mangueira", onde o mesmo personagem, cabo Laurindo, lembra os nomes d tombaram, para concluir: "Mangueira tomou parte na vitória,/ Mangueira mais uma vez na história".

Canção engajada

Em 1945, Vargas é deposto, mas cinco anos depois retorna ao poder, eleito pelo povo, como anuncia o "Retr Haroldo Lobo e Marino Pinto: "Bota o retrato do velho, outra vez./ Bota no mesmo lugar./ O sorriso do velhinh trabalhar".

Juscelino Kubitschek, eleito a seguir, é o presidente "Bossa Nova", cantado por Juca Chaves, já que o termo, inusitada do violão de João Gilberto, passa a designar tudo o que é diferente: "Bossa nova mesmo é ser pres descoberta por Cabral./ Para tanto basta ser tão simplesmente/ simpático, risonho, original".

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O golpe militar de 1964 e a rebeldia estudantil dessa década dão lugar à música engajada, que em alguns ca óbvios, não chega a ser gravada, como nesta quadrinha de Chico Buarque – "Todo povo tem um osso./ O no presidente sem pescoço" –, em referência ao baixinho e atarracado Humberto Castello Branco, o primeiro ge da ditadura.

Nessa época, a música não apenas conta a história – como nas trilhas compostas para o teatro por Guarnieri em "Arena Conta Zumbi" – como também interfere na própria, com a epopéia de canções dos festiv "Disparada" e "Para não Dizer que não Falei das Flores", de Geraldo Vandré, são os principais ícones – e pos "Apesar de Você", de Chico Buarque.

Ao mesmo tempo, o Tropicalismo, lançado por e , busca nos aproximar da Améric a evocar Che Guevara ("el nombre del hombre muerto,/ ya no se puede decirlo,/ quien sabe?") na canção bilí por Ti América". Quando a repressão aperta, após a edição do AI-5, muitos partem para o exílio, como Caeta refugiados em Londres, e Chico Buarque, na Itália.

Com a redemocratização, Chico resumiria o que foram os anos da ditadura em "Vai Passar": "Um tempo,/ pág nossa história,/ passagem desbotada na memória,/ das nossas novas gerações./ Dormia, a nossa pátria mãe sem perceber que era subtraída/ em tenebrosas transações.// Seus filhos/ erravam cegos pelos continentes,/ como penitentes,/ erguendo estranhas catedrais".

Quando o século 20 termina, o país é novamente resenhado como nos tempos de Ary Barroso, só que de ma crítica, por e , o primeiro em "Brasil" ("Não me convidaram/ para esta festa pobre/ que o armaram/ pra me convencer./ (...)/ Brasil,/ mostra a tua cara,/ quero ver quem paga,/ pra gente ficar assim") e "Que País é este?": "Nas favelas, no Senado,/ sujeira pra todo lado./ Ninguém respeita a Constituição,/ mas t futuro da Nação./ Que país é este?"

Finalmente, neste início de século 21, diante de uma mídia que, por motivos ideológicos ou mercadológicos, c mas jamais seus próprios leitores, ouvintes ou telespectadores, cabe novamente à MPB registrar a realidade faz de maneira exemplar a canção "Classe Média", classificada para o Festival Cultura – A Nova Música do B compositor Max Gonzaga: "Sou classe média,/ papagaio de todo telejornal./ Eu acredito/ na imparcialidade da (...)/ Compro roupa e gasolina no cartão./ Odeio ‘coletivos’/ e vou de carro que comprei a prestação./ Só pago sempre no limite do meu cheque especial./ Eu viajo pouco, no máximo um pacote CVC trianual./ Mas eu ‘tô n traficante é quem manda na favela./ Eu não ‘tô nem aqui’/ se morre gente ou tem enchente em Itaquera./ Eu q exploda/ a periferia toda./ Mas fico indignado com o Estado/ quando sou incomodado/ pelo pedinte esfomead a mão./ O pára-brisa ensaboado,/ é camelô, biju com bala/ e as peripécias do artista, malabarista do farol./ M em Moema,/ o assassinato é no ‘Jardins’,/ e a filha do executivo é estuprada até o fim,/ aí a mídia manifesta a regressa,/ de implantar pena de morte ou reduzir a idade penal./ E eu que sou bem-informado, concordo e faç enquanto aumenta a audiência e a tiragem do jornal./ (...)/ Toda tragédia só me importa quando bate em minh mais fácil condenar quem já cumpre pena de vida".

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