REGIAO Relevo rmponentea

À REGIAO agro-florestal da Interior bretudo a SE, depósitos de cobertura essencialmen- corresponde sensivelmente aos distritos da Guarda te constituidos por cascalheiras e arenitos. e de Castelo Branco, ocupando uma área com A morfologia desta região compreende diversas 11.946km2, distribuidos por cinco unidades de unidades morfológicas (O. Ribeiro, 1994 a), das nível III da NUTS (Nomenclatura das Unidades quais, numa análise muito simplificada, destacamos Territoriais para Fins Estatisticos): Pinhal Inte- as mais representativas. rior Sul (cinco municipios: Oleiros, Proença-a- A Cordilheira Central é a unidade de maior ex- -Nova, Sertã, Vila de Rei e Maçào); Serra da Es- pressão morfológica, com uma génese essencialmen- trela (três municipios: Fornos de Àlgodres, Gou- te tectónica mas cuja litologia ajuda a melhor dife- veia e Seia); Beira Interior Norte (nove munici- renciar as subunidades. Costumamos dividi-la em pios: Âlmeida, , Figueira de Cas- três compartimentos: Serras Setentrionais, Fosso telo Rodrigo, Guarda, , Meda, , do Médio Zêzere e Serras Meridionais (L. Louren- e Trancoso); Beira Interior Sul (quatro ço, no prelo). As serras correspondem a blocos municipios: Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Pe- soerguidos e, entre elas, o Fosso do Módio Zêzere namacor e Vila Velha de Rodão); e Cova da Beira comporta-se como um bloco abatido. (três municipios: Belmonte, Covilhã e Fundão). Cada um destes compartimentos ainda se pode Do ponto de vista geológico, esta região possui subdividir em seclores que, muito genericamente. grande uniformidade, sendo constituida quase ex- poderemos considerar em número de três - ociden- clusivamente por granitos, que predominam no tal, central e oriental -, não só em função da tec- Norte, e xistos, que dominam no Sul. Sobre estes tónica mas também tendo em conta as rochas jazem, por vezes, possantes bancadas de quartzitos envolvidas. Assim, os compartimentos ocidentais que, pela sua dureza. sobressaem na paisagem e, so- são constituidos predominantemente por xisto, )

= RELEVO DrsrRrBUrçAo Adaptado da carta hipsométrica l: I 000000 Adaptado de «Répar do «Atlas do Ambiente», mapa l.l5 des Précipitations

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> enquanto os centrais, além destes materiais, são As lormas salientes mais importantes neste sec- também lormados por quartzitos, responsáveis por tor são as serras do Muradal (861 m) e da Pedra- algumas das formas mais importantes, enquanto os gueira (900 m). também associadas a quartzitos e orientais são constituídos quase exclusivamente por dispondo-se ortogonalmente ao desenvolvimento granitos. geral da Cordilheira Central. 0s compartimentos ocidental e central das Ser- Por último. os sectores orientais, que se desen- ras Setentrionais (Lousã e Açor), como o do Foso volvem em rochas predominantemente granitóides. do Médio Zêzere,loram já mencionados no núme- A norte, a serra da Estrela (1993 m) e, a sul, a serra ro anterior, pelo que agora iremos tratar apenas dos da Gardunha (1227 n).Abatida entre elas a Cova restantes. da Beira. Nas Serras Meridionais individualizam-se. no À serra da Estrela, por ser a montanha mais alta compartimento ocidental, as serras de Alvelos (970 de Portugal alcança os 1993 metros de altitude m) e do Cabeço Rainho (1084 m), cuja separação é naTorre -, encerÍa um signiÍicado e uma atracção leita pelo vale meandrizante da ribeira da Sertã (hg. muito particulares. A presença de neve, por vezes, e 1), que, como oZêzere, apresenta magníficos me- a espectaculosidade de muitas formas de relevo, quer andros «de trincheira», encaixados simétricos ou estruturais (S. Daveau, I 969) quer herdadas de an- quase simétricos (0. Ribeiro, 1949,b), pág. 80). tigos glaciares que a cobriram (S. Daveau, 1971), No compartimento central, a montante das so- constituem atractivos mais do que suficientes para leiras de rocha dura que as cristas de quartzito pro- justihcarem uma visita. porcionam, desenvolvem-se meandros «de dureza», A serra da Gardunha constitui óptimo miradou- dissimétricos. Ao atravessarem os afloramentos ro, podendo contemplar-se paisagens deslumbran- quartzíticos, os rios ou proporcionam imponentes tes, quer a platitude a perder de vista. para su1, quer vales em garganta ou, quando incapazes de talhar o vigor e a imponência do relevo. sobretudo da ser- a rocha, despenham-se através de quedas de água, ra da Estrela, para noÍte. como se verihca a sul do Orvalho, concelho de 0lei- Entre estes dois conjuntos monianhosos de- ros, no local conhecido por Água d'A1te. senvolve-se uma área aplanada. a Cota da Beira DAS CHUVAS DENSIDADE DA POPULAÇÃO útion et Rythme Elaborado a partir do Xlll Recenseamento au Portugal>> Geral da População

(nn)

3000 2500 2000 1800

1600 1400

1200 1000

900 800

700 600 500 0a2o ffi 400 26a50 Fffi 300 il alool

(0. Ribeiro, 1994, c), da qual emergem alguns re- das serras de Mesas (1259 m) e da Malcata (1007 levos residuais não quartzíticos, de tipo «Insel- m) desenvolve-se, pelos 700 m, a denominada su- berg», Belmonte (721 n) e Meal Redondo (791 perÍicie aplanada da Meseta (A. Brum Ferreira, m) ou PedraAguda (733 m), semelhantes aos exis- 1978), onde se destacam relevos quartzíticos que tentes mais a sul, sobre a superficie de Castelo constituem a serra da Marola (976 m) e vales en- Branco, nomeadamente Monsanto (763 m). caixados da rede de drenagem lormada pelo rio A superficie de Castelo Branco estende-se des- Côa e alguns dos seus principais afluentes. de a Cordilheira Central até ao rio Ponsul, desen- Sendo uma região essenciaimente constituída volvendo-se a cotas ligeiramente superiores a 300 por superficies aplanadas, embora situadas a co- m. Sobre ela, além dos relevos residuais antes re- tas dilerentes, mas que também possui vastas áre- feridos, desenvolvem-se também relevos quartzí- as montanhosas. nào será de admirar que apresente ticos, orientados NW-SE, dos quais destacamos a características climáticas relativamente dilerentes. crista de Penha Garcia (754 m) e as serras deTa- A sua localização no interior, atrás de cadeias thadas (614 m) - Perdigão (570 m) e da Melriça montanhosas situadas a ocidente, isola-a das in- (591 m) - e Amêndoa (508 m). fluências do oceano, lazendo com que, lora dessas A SE do rio Ponsul, a superficie de Castelo regiões montanhosas. a relativa secura seja uma Branco encontra*e abatida, pelo que já se consi- das características predominantes. Em média, cho- dera pertencente à superficie do Alto Alentejo. vem menos de 1000 mm/ano na superÍicie de Sobre ela desenvolve-se mais um pequeno relevo Castelo Branco, e menos de 600 mm/ano a SE do quartzítico, a crista de Monforte (457 n). rio Ponsul, situação semelhante à de grande par- Para norte da Cordilheira Central e a ociden- te da superficie da Meseta, onde chegam a regis- te do meridiano da Guarda, o planalto da Beira tar-se menos de 500 mm/ano (Fig. 2). Em contra- Alta, com as bacias de Seia e de Celorico da Beira, partida, nas regiões montanhosas registam-se faz a transição para as maiores altitudes do pla- valores de precipitação mais elevados, superio- nalto da Nave, onde, a norte, termina esta região. res a 1200 mm/ ano, e nas cotas mais altas esses A oriente do meridiano da Guarda e a norte !iirl:,!;.i:iit

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) O valor máximo. superior a 2500 mm/ano, da a três do Pinhal Interior Sul (Oleiros, Vila de regista-se nas áreas mais elevadas da serra da Rei e Mação), valores que marcam um contraste Estrela. Face a estas dilerenças de altitude, tem- gigantesco com aqueles que iremos encontrar no peratura e precipitação, tanto a launa como a próximo número, em que se abordará uma das vegetação das áreas serranas apresentam parti- regiões mais densamente povoadas do país - o cularidades de tal modo especíhcas que duas de- Grande Porto. lt, las constituem áreas protegidas. 0 Parque Na- tural da Serra da Estrela (Dec.-Lei 567 lT 6) ocu- LUCIANO LOURENÇO pa cerca de 100.000 ha, onde o pastoreio e o fa- Docente do Instituto de Estudos Geográficos brico do queijo permanecem como actividades da Fac. de Letras da Universidade de Coimbra tradicionais dominantes. A reserva Natural da Serra da Malcata (Dec.-Lei 29418 I ), com 2 1 .760 Referências bi bl iográfi cas: ha, posui extensas áreas de matagal mediterrâ- «Structure et Relieí de la Serra da Estrela», S. neo, no qual vive uma launa variada, com desta- Daveau, Finisterra, Lisboa, 1969; «La Glacia- que para o lince ibérico. tion de Serra da Estrela», S. Daveau, Finisterra, Mas a interioridade desta região faz sentir os Lisboa, I 97 1 ; «Planaltos e Montanhas do Norte seus eleitos sobretudo a nível de distribuição da da Beira», À. Brum Ferreira, Centro de Estudos população (Fig. 3). Com efeito, em 1991 todos Geográficos, Lisboa, 1978; «Serras de Xisto do os concelhos apresentavam uma densidade popu- Centro de Portugal», L. Lourenço, no prelo; «Le lacional inferior a 1 00 habitantes por lcm2 e ape- Portugal Central», Orlando Ribeiro (livret-guide nas cinco deles (Guarda, Belmonte, Covilhã, Seia de l'excursion C), Cong. Int. Geog., Lisbonne, e Gouveia), os que gravitam em torno da serra UGI, 1949; (reed. 1982); «0 Fosso do Médio da Estrela, possuiam densidades superiores a 50 Zêzere», Orlando Ribeiro, Com. Ser. Geol. Port., hab./kmr. As situações mais graves. com menos Lisboa, I 949; «A Cova da Beira. Controvérsia de de 25 hab./km2, dizem respeito a todos os conce- Goemorfologiari, Orlando Ribeiro, Com. Ser. I 0 lhos lronteiriços, excepto Castelo Branco, e ain- Geol. Port., Lisboa, 1949.