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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

VALUATION COMO FERRAMENTA DE TOMADA DE DECISÃO DE INOVAÇÃO EM AGRICULTURA: ESTUDO DE CASO DE PLATAFORMA TECNOLÓGICA DE BACILOS PARA BIODEFENSIVOS

Autor: Gabriel Almada Gavina da Cruz Orientador: Sérgio José Mecena da Silva Filho

Niterói Julho de 2019

GABRIEL ALMADA GAVINA DA CRUZ

VALUATION COMO FERRAMENTA DE TOMADA DE DECISÃO DE INOVAÇÃO EM AGRICULTURA: ESTUDO DE CASO DE PLATAFORMA TECNOLÓGICA DE BACILOS PARA BIODEFENSIVOS

Projeto Final apresentado ao curso de graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para aquisição do Grau de Engenheiro de Produção.

ORIENTADOR: SÉRGIO JOSÉ MECENA DA SILVA FILHO, D. SC.

GABRIEL ALMADA GAVINA DA CRUZ

VALUATION COMO FERRAMENTA DE TOMADA DE DECISÃO DE INOVAÇÃO EM AGRICULTURA: ESTUDO DE CASO DE PLATAFORMA TECNOLÓGICA DE BACILOS PARA BIODEFENSIVOS

Projeto Final apresentado ao curso de graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para aquisição do Grau de Engenheiro de Produção.

BANCA EXAMINADORA

______Prof. SÉRGIO JOSÉ MECENA DA SILVA FILHO, D. SC - Orientador Universidade Federal Fluminense

______Prof. OSVALDO LUIZ GONÇALVES QUELHAS, D. SC Universidade Federal Fluminense

______Prof. RICARDO BORDEAUX REGO, D. SC Universidade Federal Fluminense

RESUMO

O presente estudo se propôs a verificar se a utilização de biodefensivos, como inovação no sistema de produção agrícola, é viável economicamente, e como uma combinação dos métodos do Valor Presente Líquido (VPL) e das Opções Reais, no valuation de empresas, pode auxiliar na tomada de decisão por parte daquelas que desejam inovar através da utilização de biotecnologia. O trabalho se baseou em dados reais de séries históricas documentadas, para quantificar a estratégia de campo do uso de biodefensivos, onde fez-se um estudo de viabilidade técnica e econômica desta inovação através de dois métodos de forma comparativa: VPL e Opções Reais. A aplicação do método do VPL seguido de Opções Reais no projeto estudado resultou em um lucro de US$ 3.625.400,00, no caso do uso de produto químico, e de US$ 17.559.065,00, no caso do uso de biodefensivo. Ou seja, foram encontrados resultados que apontam para um valor presente do projeto de utilização de biodefensivos até 4,84 vezes maior que o valor do mesmo projeto, caso fosse utilizado produto químico no controle de pragas. Por se tratar de um projeto que ocorreria em anos futuros, diversos valores precisaram ser estimados, e baseados na evolução e dados de testes apresentados na literatura e resultados de testes em campo de dosagens e eficiências dos biodefensivos. Como resultado, observou-se que empresas que atuam no setor agrícola podem ter um maior retorno financeiro ao utilizar ou vender produtos biológicos, impactando positivamente a economia do país. A não utilização de agrotóxicos, produtos de base química, traria grandes benefícios à população. Evitar-se-ia a ocorrência de diversas doenças e mazelas causadas pelos produtos químicos, que poderiam vir a consumir verbas de saúde pública a serem usadas para outras necessidades da área. Através de métodos de avaliação financeira, foram obtidos resultados palpáveis que corroboram a hipótese de que é mais interessante, de um ponto de vista social e econômico, utilizar alternativas biológicas no lugar de agrotóxicos. Mostrou-se ainda como a utilização de Opções Reais pode auxiliar tomadores de decisão que desejam inovar em determinado ramo.

Palavras-chave: Valuation, Agricultura, Biodefensivo, Meio-ambiente, Decisão, Valor Presente Líquido, Opções Reais, Agrocare. Categoria do trabalho: Artigo científico / Estudo de caso

ABSTRACT

This paper has the purpose to assess if the use of biopesticides, as an innovation in the agricultural production system, is financially viable and how a combination of the Net Present Value (NPV) and Real Options methods, in the valuation of companies, can help in the decision process of those companies which want to innovate through the use o biotechnology. The case was based on real data from documented historical series, in order to quantify the field strategy of the use of biopesticides where a study of the technical and financial viability of this innovation was conducted, by means of the application of two methodologies in a comparative manner: NPV and Real Options. The application of the NPV method, followed by the Real Options analysis in the case studied resulted in a profit of US$ 3,625,400.00, with the use of chemical compounds, and of US$ 17,559,065.00, with the use of biopesticides. In other words, when biopesticides were used, the results point to an NPV of up to 4.84 times bigger than if chemical compounds were used to control plagues in the crop. Because this case would be developed in the coming years, many values needed to be estimated and based on the evolution and data from tests found in the literature and results of field tests of biopesticides dosages and efficiencies. As a result, it was observed that companies that operate in the agricultural sector may have a broader financial return if they buy or sell biopesticides, which impacts the country’s economy positively. Society would greatly benefit from the non-use of agrochemicals. The occurrence of many diseases and unfavorable physical conditions caused by these chemical compounds would be avoided. Besides, the public health system’s budget, instead of being used to treat agrochemical related diseases, could be redirected towards other public health issues. Through the use of financial evaluation methods, positive results were obtained that confirm the hypothesis that the of use biological alternatives, instead of agrochemicals, is more interesting from a financial stand point. Moreover, it was demonstrated how the use of the Real Options analysis can help decision makers that wish to innovate in a certain business.

Key-words: Valuation, Agriculture, Biopesticide, Environment, Decision, Net Present Value, Real Options, Agrocare. Paper Category: Research Paper / Case Study

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Quantidade comercializada de ingredientes ativos de agrotóxicos no Brasil em 2012 (mil toneladas) Figura 2 - Uso de agrotóxicos no Brasil Figura 3 – Crescimento da comercialização e uso de agrotóxicos por área (kg/ha) Figura 4 – LMR de glifosato permitido no Brasil (mg/kg). Convencional versus transgênico Figura 5 – Redução populacional da praga (ácaro rajado) no experimento da PROMIP Figura 6 – Comparação do modelo da Árvore de Decisões e de Opções Reais Figura 7 – Áreas de atuação da empresa por atividade Figura 8 - Previsão de TCH até 2026 Figura 9 – Previsão do Kg de ATR por Tonelada de Cana até 2026 Figura 10 – Previsão da porcentagem do ATR utilizado para produção de açúcar até 2026 Figura 11 – Previsão do preço da tonelada de açúcar refinado até 2026 Figura 12 – Previsão do preço de 1.000L de etanol até 2026 Figura 13 – Cálculo do Total de Toneladas utilizáveis de cana produzidas no ano Figura 14 – Cálculo da Tonelada de ATR resultante de cada ano Figura 15 – Cálculo da tonelada de açúcar refinado produzido a cada ano Figura 16 – Cálculo de 1000L de etanol produzido a cada ano Figura 17 – Cálculo da receita resultante da venda de açúcar refinado a cada ano Figura 18 – Cálculo da receita resultante da venda de etanol a cada ano Figura 19 – Cálculo da receita total a cada ano, com a venda dos dois produtos Figura 20 – Cálculo do custo anual da empresa Figura 21 – Cálculo do VPL do projeto caso fosse utilizado agrotóxico Figura 22 – Cálculo do novo total útil (ton) de cana produzido com a nova eficácia Figura 23 – Cálculo do custo com químico no período Figura 24 – Cálculo do custo com BTA no período Figura 25 – Cálculo do percentual da diferença de custo Figura 26 – Cálculo do custo da empresa no período Figura 27 – Cálculo do VPL no caso de a empresa utilizar o BTA Figura 28 – Cálculo do cenário otimista para o ano 1 Figura 29 – Cálculo do cenário pessimista para o ano 1 Figura 30 – Árvore resultante da aplicação sucessiva da fórmula Valor anterior multiplicado pela chance de sucesso no ano, para o caso da utilização de agrotóxico Figura 31 – Árvore resultante do VPL encontrado caso a empresa utilizasse biodefensivo ao longo de todo o projeto Figura 32 – Nova árvore resultante do VPL encontrado caso a empresa utilizasse biodefensivo ao longo de todo o projeto Figura 33 – Árvore resultante da aplicação sucessiva da fórmula Valor anterior multiplicado pela chance de sucesso no ano, para o caso de utilização de biodefensivo Figura 34 – Cálculo da quantidade de Kg vendidos Figura 35 – Cálculo do lucro no período Figura 36 – Cálculo do VPL do cenário onde se utiliza o mínimo de BTA por hectare Figura 37 – Cálculo do VPL do cenário onde se utiliza o mínimo de agrotóxico por hectare

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Área Global de culturas transgênicas em 2012: Por país (Milhões de Hectares) Tabela 2 – Resposta da praga a diferentes concentrações de BTA Tabela 3 – Árvore Binomial construída a partir de So Tabela 4 – Árvore resultante da aplicação sucessiva da fórmula do valor anterior, resultando no VPL mais preciso Tabela 5 – Dados da empresa: países onde atua e distribuição de hectares e instalações Tabela 6 – Atividades em terras próprias e arrendadas pela empresa Tabela 7 – Tamanho das áreas utilizadas a cada ano do projeto Tabela 8 - TCH médio na Região Centro-Sul do Brasil por ano Tabela 9 – Histórico do Kg de ATR por Tonelada de Cana Tabela 10 – Porcentagem do ATR produzido no ano utilizado para produção de açúcar Tabela 11 – Preço da tonelada de açúcar refinado no mercado brasileiro, de 2003 a 2019 Tabela 12 – Preço de 1000L de etanol no mercado brasileiro, de 2002 a 2019 Tabela 13 – Valores que foram utilizados para o cálculo das opções reais Tabela 14 – Percentuais de chance de sucesso no projeto a cada ano Tabela 15 – VPLs a cada ano de projeto utilizando agrotóxico Tabela 16 – VPLs da empresa produtora de biodefensivo Tabela 17 – VPLs da empresa produtora de agrotóxico

SUMÁRIO

CAPÍTULO I – O PROBLEMA ...... 10 1.1 - INTRODUÇÃO ...... 10 1.2 - SITUAÇÃO PROBLEMA ...... 11 1.3 - OBJETIVOS ...... 12 1.3.1 - Objetivo geral ...... 12 1.3.2 - Objetivos específicos ...... 12 1.4 - QUESTÕES DA PESQUISA ...... 12 1.5 - DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ...... 13 1.6 - IMPORTÂNCIA DO ESTUDO ...... 13 1.7 - ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO ...... 14 CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...... 15 2.1 - PANORAMA DA SITUAÇÃO ATUAL DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA ...... 15 2.2 - OS DANOS ACARRETADOS PELO USO DE AGROTÓXICOS ...... 16 2.3 - O CENÁRIO BRASILEIRO ...... 17 2.4 - MOVIMENTOS “ANTI-AGROTÓXICOS” ...... 20 2.5 - BIODEFENSIVOS COMO ALTERNATIVA ...... 21 2.6 - PREDADORES COMO AGENTES DE CONTROLE BIOLÓGICO DE PRAGAS . 22 2.7 - ENTOMOPATÓGENOS COMO AGENTES DE CONTROLE BIOLÓGICO DE PRAGAS: O BTA ...... 25 CAPÍTULO III – METODOLOGIA ...... 27 3.1 - METODOLOGIA DA PESQUISA ...... 27 3.1.1 - O Método do Valor Presente Líquido (VPL) ...... 28 3.1.2 - O Método da Árvore de Decisões ...... 29 3.1.3 - O Método das Opções Reais ...... 30 3.2 - LIMITAÇÕES DO MÉTODO ...... 33 CAPÍTULO IV – ESTUDO DE CASO ...... 35 4.1 - A EMPRESA ...... 35 4.2 - DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO ...... 37 4.2.1 - Previsões a partir de séries históricas ...... 39 4.2.1.1 - Previsão de Toneladas de Cana por Hectare (TCH) ...... 39 4.2.1.2 - Previsão do Açúcar Total Recuperável (ATR) ...... 41 4.2.1.3 - Previsão do Mix de Produtos ...... 42 4.2.1.4 - Previsão do Preço de Venda dos Produtos ...... 43 4.2.2 - Cálculo do VPL Utilizando Produto Químico no Projeto ...... 45 4.2.3 - Cálculo do VPL Utilizando BTA no Projeto ...... 54 4.2.4 - Aplicação do Método das Opções Reais sobre os VPLs Encontrados ...... 64 4.2.4.1 - Cenário onde o Produto Químico é utilizado ...... 65 4.2.4.2 - Cenário onde o BTA é Utilizado ...... 70 4.2.5 - Empresas que Vendem Produto Químico ou BTA para o Projeto ...... 76 CAPÍTULO V - CONCLUSÃO ...... 87 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 89

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CAPÍTULO I – O PROBLEMA 1.1 - INTRODUÇÃO

Poucos temas são tão importantes e presentes no dia-a-dia da humanidade como a agricultura. Direta ou indiretamente, todos temos contato com esse setor da economia. Segundo Federico (2005, p. 3), agricultura sempre foi absolutamente necessária para a sobrevivência da humanidade. Por séculos, tem provido as pessoas com alimentos, vestimenta e aquecimento, e tem empregado a maior parte da população ativa. Há 10.000 anos, surgiam os primórdios da agricultura e a existência desta até hoje se dá pelos esforços contínuos do ser humano em fazer com que este setor continue crescendo e sendo cada vez mais produtivo. Afinal, conforme dito por Mazoyer e Roudart (2006, p. 19), se a humanidade permitisse que todos os sistemas cultivados do planeta ficassem sem ação humana, estes retornariam rapidamente aos seus estados naturais, próximos dos quais existiam há 10.000 anos. Este seria um cenário quase impossível de se imaginar e que levaria a uma extinção em massa da população mundial. Qualquer estudo que se proponha a analisar algum aspecto da agricultura tende a ser muito relevante. Afinal, o medo de que haja uma crise de alimentos é real, pois a população mundial só atingiu o tamanho atual graças aos avanços na produção de alimentos e depende dela para assim se manter ou crescer ainda mais. Segundo Mazoyer e Roudart (2006), 90% da população humana morreria porque a predação simples (caça, pesca, coleta) certamente não alimentaria mais de 500 milhões de pessoas. A importância de uma agricultura eficiente só tende a crescer, conforme destacado na revista Scientific American: “Certamente reduzir a fome em um mundo que terá mais de 9 bilhões de pessoas por volta de 2050 é um desafio complexo e requer um amplo espectro de soluções”. Portanto, para que a humanidade possa continuar existindo e evoluindo é essencial pensar ativamente sobre o tema da produção de alimentos. Afinal, existe combustível mais necessário para o progresso que aquele que move o próprio homem? Sem alimento estamos de mãos atadas. Por isso, é essencial pensar-se em soluções que aumentem a produtividade de nossos campos, começando por uma redução das perdas daquilo que é produzido. Conforme será explicitado no decorrer do trabalho, os produtores rurais ao redor do mundo, visando a uma redução de perdas, vêm recorrendo, na vasta maioria dos casos, a compostos químicos excessivamente danosos à saúde do ser humano e ao meio ambiente. Já existem várias evidências, senão provas, de como os agrotóxicos podem ser prejudiciais e com efeitos duradouros e globais. Porém, momento surge a questão: Qual postura adotar então frente ao acelerado aumento populacional supracitado? Precisamos que nossos campos sejam 11 eficientes e, se não podemos recorrer aos agrotóxicos já estabelecidos na indústria, quais alternativas nos restam? A opção que tem despontado no cenário tecnológico é o uso da biotecnologia. Mais especificamente, dos biodefensivos, conforme abordado por Souza Filho (2015).

1.2 - SITUAÇÃO PROBLEMA

A principal questão acerca do setor agrícola deixou de ser apenas a busca de meios de produção mais eficientes, seja por maquinário mais avançado ou controle de pragas. A humanidade já enxergou que a produção precisaria aumentar para acompanhar o crescimento populacional, segundo Souza Filho (2015). Portanto, o aproveitamento das áreas plantadas já é razoavelmente alto, mesmo que eventualmente alguns produtores ainda percam safras inteiras por causa de organismos que destroem as lavouras, conforme descrito em reportagens do portal G1 (2013). De um ponto de vista puramente econômico, então, já estaríamos no caminho certo. Porém, aos poucos estamos percebendo que devemos repensar agora a questão da qualidade do alimento. Produzir grandes quantidades é importante e necessário, mas no longo prazo, isso pode nos custar caro, conforme o caso da cidade de Uruçuí, onde gestações estavam sendo terminadas devido à aplicação de agrotóxico em fazendas vizinhas (THE INTERCEPT, 2018). Para manter os níveis de produção de alimentos elevados, os produtores agrícolas têm recorrido aos já muito utilizados agrotóxicos, ou até a alimentos transgênicos, que resistem melhor a climas extremos e até a certos organismos que seriam predadores caso o organismo cultivado estivesse em seu estado natural. O que ocorre é que ambas as soluções possuem lados muito negativos. No caso dos agrotóxicos, os consumidores acabam ingerindo parte das substâncias utilizadas, o que acarreta danos à saúde, conforme destacado por Fernandes (2018). Além disso, podem ser prejudiciais ao meio ambiente por se acumularem no solo, em corpos hídricos e nos organismos que venham a ingeri-los, segundo Mattos (2015). Os alimentos transgênicos, por sua vez, podem trazer efeitos negativos mais difíceis de serem detectados, pois lida-se com reconfiguração genética e exige estudos mais profundos e longos para observar seus efeitos no organismo humano.

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1.3 - OBJETIVOS

1.3.1 - Objetivo geral

O presente estudo visa analisar a viabilidade da aplicação de biodefensivos para controle de pragas de um ponto de vista financeiro, analisando os impactos financeiros da redução de perda da produção.

1.3.2 - Objetivos específicos

• Levantar e analisar um caso de uma empresa atuante no país no ramo da agricultura e a repercussão da inovação de uso de um biodefensivo por ela, na busca de alternativas mais limpas no cultivo de cana-de-açúcar, e análise do impacto no resultado econômico da atividade. • Aplicar os métodos do VPL e das Opções Reais sobre os lucros líquidos desta empresa, a fim de comparar os retornos financeiros decorrentes da utilização de produtos químicos ou biodefensivos no combate à praga, visando criar ferramental, de tomada decisão, do uso da inovação de biológicos para agrocare1 em cultivos de alta competitividade global.

1.4 - QUESTÕES DA PESQUISA

Para guiar o estudo, as seguintes questões foram foco da pesquisa:

• A utilização de biodefensivos pode ser viável do ponto de vista econômico?

1 Agrocare é tudo o que se preocupa com (AGRO-CARE, 2019): 1) Salvaguardar a segurança alimentar para uma população mundial em crescimento, a partir de uma área encolhida disponível para a agricultura. 2) Desenvolvimento de regulamentações respaldadas cientificamente para aplicação de pesticidas em usos agrícolas e não-agrícolas. 3) A pesquisa para melhorar a saúde, a qualidade e a produtividade das culturas. 4) O equilíbrio das leis de propriedade intelectual, entre incentivos para os inovadores e benefícios para a sociedade, decorrentes da concorrência dos fornecedores de novos produtos de proteção de cultivos patenteados ou não. 5) O desenvolvimento de produtos e tecnologias para melhorar a saúde das culturas, reduzindo ao mesmo tempo os riscos associados ao seu uso. 6) Manejo Integrado de Pragas que se mostrou eficaz no aumento e estabilização dos rendimentos.

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• Como os métodos do VPL e das Opções Reais podem apoiar a tomada de decisão por parte das empresas que desejam inovar no ramo da biotecnologia?

1.5 - DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

O escopo deste estudo consiste em avaliar os impactos econômicos da aplicação do biodefensivo aizawai (BTA) no combate à praga Diatraea saccharalis no cultivo de cana-de-açúcar de uma empresa de agricultura atuante no Brasil. Para levantar os dados, diversas fontes se mostraram interessantes. Dentre elas, artigos científicos publicados anteriormente; notícias de revistas, para garantir o uso de informações recentes e enriquecer mais a pesquisa; e, para levantamentos de dados acerca da agricultura brasileira, foi interessante o uso de sites de órgãos como o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Além disso, alguns dados foram cedidos pelo professor orientador referentes às empresas em questão e ao biodefensivo BTA. Para que fosse possível realizar o estudo no tempo proposto, não foram estudados vários casos para comparar diferentes situações e não foi possível a análise de todas as soluções em biodefensivos existentes no mercado, bem como o estudo de produtores de diferentes portes. Foi um estudo de caso isolado que, idealmente, poderá ser utilizado como base para pesquisas futuras.

1.6 - IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

Por se tratar de uma questão de cunho ambiental e de bem-estar social, este trabalho mostra-se de grande importância na conjuntura contemporânea, pois se propõe a dar visibilidade a um método alternativo, mais saudável e mais seguro, tanto para a população quanto para o meio ambiente, de combate a pragas na agricultura, ao mesmo tempo em que evidencia a viabilidade econômica deste. Além disso, o Brasil é um player estratégico na revolução do uso dos biodefensivos mundialmente. Afinal, é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, tendo sido responsável por produzir mais de 641 milhões de toneladas deste produto na safra 2017/2018 (UNICA, 2018) e por quase 35% da produção mundial de soja (EMBRAPA, 2018). O setor agropecuário

14 também representou quase 5% do PIB brasileiro em 2017, segundo o Ministério da Agricultura (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, 2018). Ou seja, focar no uso de biodefensivos no Brasil é de enorme importância econômica e social, visto que o país é um dos grandes produtores de alimentos mundiais. O mundo verá o benefício de uma produção mais saudável de alimentos, colaborando para um futuro sustentável e para a saúde das futuras gerações, e o país pode se tornar um expoente na produção destes alimentos cujos plantios não se utilizam de agrotóxicos, fazendo com que sejamos os fornecedores de alimentos limpos top of mind de todas as nações do mundo, refletindo positivamente no fluxo de caixa brasileiro.

1.7 - ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

O estudo se dividiu em 5 capítulos. O primeiro capítulo apresenta uma breve introdução, apresentando o leitor ao assunto que será abordado, seguido da situação-problema a que este trabalho se propõe a solucionar, os objetivos específicos que se desejam alcançar, as questões do estudo às quais se busca a resposta, a delimitação do estudo, sua importância e a organização do estudo. O segundo capítulo é um referencial teórico que baseará as pesquisas e dará argumentos para o estudo, bem como inserir o leitor no tema em questão, com todos os pontos que são julgados necessários para o entendimento do todo. O terceiro capítulo traz a metodologia utilizada para a realização do trabalho, ou seja, as técnicas, métodos, ferramentas utilizadas, etc., bem como as limitações dos métodos. O quarto capítulo consiste no estudo de caso em si, apresentando dados da empresa utilizada como referência e o estudo que foi realizado de forma detalhada. O quinto capítulo traz as conclusões do trabalho.

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CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 - PANORAMA DA SITUAÇÃO ATUAL DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA

Existem algumas alternativas utilizadas pelos produtores rurais para que se mantenham competitivos no mercado. A mais difundida tem sido o uso de agrotóxicos, como o glifosato, utilizado em “95% da área de soja, milho e algodão, as três maiores culturas anuais do País” (revista Globo Rural, 2018). Na figura abaixo, é mostrada a quantidade comercializada de ingredientes ativos nos agrotóxicos utilizados no Brasil. Observa-se que o glifosato e seus sais são expressivamente mais utilizados que os demais ingredientes na composição dos agrotóxicos.

Figura 1- Quantidade comercializada de ingredientes ativos de agrotóxicos no Brasil em 2012 (mil toneladas)

Fonte: Atlas do Agronegócio (2018)

Contudo, agrotóxicos podem ser prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Uma alternativa é a utilização dos produtos geneticamente modificados, um ramo da biotecnologia que levanta aspectos como o impacto do consumo destes na saúde da população e que normalmente resulta em produtos de menor qualidade e menos saborosos. Como demonstrado abaixo, já há alguns anos o Brasil se mostra como o segundo maior produtor de variedades transgênicas no mundo.

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Tabela 1 - Área Global de culturas transgênicas em 2012: Por país (Milhões de Hectares)

Fonte: James (2012)

No ano de 2016, 28 países plantaram alimentos transgênicos, totalizando uma área de 185 milhões de hectares, em especial soja, milho e algodão. Destes, 49 milhões de hectares estavam no Brasil, ou seja, os cultivos brasileiros de transgênicos corresponderam a aproximadamente 26% do total mundial, além de ter crescido 11% em relação ao ano de 2015. Sendo assim, o Brasil permanece atrás apenas dos EUA na produção de alimentos geneticamente modificados. (BRANDÃO, 2017)

2.2 - OS DANOS ACARRETADOS PELO USO DE AGROTÓXICOS

Voltando à questão do uso de agrotóxicos, é vital destacar o fato de que estes são nocivos não apenas para o meio-ambiente, como também para os seres humanos. Estes fertilizantes químicos podem gerar intoxicações àqueles que tem contato direto ou “indireto” com eles, como o consumidor final. As intoxicações podem ser agudas naqueles que aplicam as substâncias nas lavouras, gerando coceira, irritações de pele e olhos, vômitos, dificuldades respiratórias e até morte. Ou, podem ser intoxicações crônicas, que afetam toda a população devido à contaminação do ambiente ou alimentos em doses pequenas. Alguns impactos que os indivíduos com intoxicação crônica podem perceber são: infertilidade, impotência, malformações, efeitos sobre sistema imunológico, câncer, entre outros. (FERNANDES, 2018) Um dos grandes representantes dos agrotóxicos utilizados mundialmente é o glifosato. Este agrotóxico é o mais vendido, apesar de já ter sido classificado pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS), como provável cancerígeno para os seres humanos. Os cultivos brasileiros utilizam outros agrotóxicos que constam como danosos à saúde na lista da IARC, dentre eles o 2,4-D, que é o terceiro agrotóxico mais usado no país, sendo aplicado nas culturas de arroz, aveia, café, cana-de-açúcar, centeio,

17 cevada, milho, pastagem, soja, sorgo e trigo. Mesmo sendo classificado pela Anvisa como extremamente tóxico, pode ser aplicado sobre 3 variedades de soja e 5 de milho transgênico, com autorização da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). (ATLAS DO AGRONEGÓCIO, 2018, P.22-23) Existem casos concretos dos impactos que agrotóxicos como o glifosato podem causar sobre a população. Mulheres e seus filhos, ainda no período de gestação vêm sofrendo os impactos do glifosato na cidade de Uruçuí, no Piauí, por exemplo. Lá, já foram registrados casos onde houve términos precoces de gestações devido ao efeito do glifosato nas populações que vivem em regiões próximas às fazendas onde utiliza-se este agrotóxico (THE INTERCEPT, 2018). Além disso, pesquisas como a de Lima (2017) concluem que foi alta a contaminação do leite materno pelo agrotóxico glifosato na cidade de Uruçuí, o que novamente corrobora com a hipótese dos malefícios deste composto para a saúde humana. Somando-se esses exemplos ao fato de que o glifosato é o agrotóxico mais vendido no mundo, faz com que este seja o de maior risco potencial para a saúde humana. (LIMA, 2017) Casos como esses colaboram para aumentos inclusive nos gastos públicos devido à casos de contaminação. Afinal, de acordo com o Ministério da Saúde (2018), a exposição humana a agrotóxicos é um problema de saúde pública bastante relevante e, como qualquer problema de saúde pública, este seria mais um fator que colabora para a sobrecarga do sistema, tanto em capacidade de atendimento, quanto em custos para os fundos governamentais.

2.3 - O CENÁRIO BRASILEIRO

Questões como as apresentadas acima surgem no contexto de um Brasil que está em período de crescimento populacional e econômico, onde os produtores rurais se veem compelidos a fazer uso de diversas técnicas para aumentar a produtividade de seus campos e, assim, se manterem competitivos em um mercado agressivo. Afinal, conforme dito por Mazoyer e Roudart (2006) é um erro considerar a agricultura nos países em desenvolvimento como tradicional e estática, eles estão sempre buscando novas formas de se modernizar. Mais que isso, a modernização destes países vai além da substituição do homem pela máquina, ela conta com a aplicação de técnicas de ponta para que os produtores rurais possam se manter competitivos em um cenário global. Dentre estas técnicas, estão o uso de produtos transgênicos e agrotóxicos para controle de pragas. Dentre as principais empresas que controlam o mercado agrícola brasileiro, tanto para produção, quanto para especulação financeira, estão: SLC Agrícola (404 mil hectares), Grupo

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Golin/Tiba Agro (300 mil ha), Amaggi (252 mil ha), BrasilAgro (177 mil ha), Adecoagro (164 mil ha), Terra Santa (ex-Vanguarda Agro, 156 mil ha), Grupo Bom Futuro (102 mil ha) e Odebrecht Agroindustrial (48 mil ha). Quanto ao que é cultivado, entre 2000 e 2016, o cultivo perene de grãos (soja, milho e sorgo) passou de 7,4 milhões para 20,5 milhões de hectares, uma área duas vezes maior que Portugal. A cana-de-açúcar foi de 926 mil para 2,7 milhões de hectares. Majoritariamente, esta expansão se deu sobre o território conhecido como Matopiba, uma área de 400 mil km² que está nos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. (ATLAS DO AGRONEGÓCIO, 2018, P. 15). A seguir, um infográfico demonstrando geograficamente a quantidade média de toneladas de agrotóxicos utilizadas por cada estado entre os anos de 2012 e 2014:

Figura 2 - Uso de agrotóxicos no Brasil

Fonte: Repórter Brasil (2017)

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O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. De 2002 a 2012, a utilização desses produtos saltou de 2,7 para 6,9 quilogramas por hectare, segundo dados do IBGE. As plantações de soja, milho, cana e algodão concentram 85% do total de agrotóxicos utilizados. Entre 2000 e 2012, quando houve a maior expansão das áreas de soja e milho transgênicos no Brasil, esse número cresceu 160%, sendo que na soja aumentou três vezes. 71% desse volume é utilizado apenas pela soja, a maior das culturas geneticamente modificadas. Vale ressaltar que mais da metade de todo o agrotóxico usado no Brasil é glifosato. Poder-se-ia argumentar que o aumento no uso de agrotóxicos no país é consequência do aumento da área cultivada, porém dados oficiais mostram que, entre 2007 e 2013, o uso de agrotóxicos dobrou, enquanto a área cultivada cresceu apenas 20%. No mesmo período, também dobraram os casos de intoxicação (ATLAS DO AGRONEGÓCIO, 2018, P. 22).

Figura 3 – Crescimento da comercialização e uso de agrotóxicos por área (kg/ha)

Fonte: Atlas do Agronegócio (2018)

A figura acima destaca como o crescimento no tamanho da área cultivada não foi proporcional ao aumento do uso de agrotóxicos por hectare. Acompanhando esse aumento no uso destes produtos, aumentaram também os casos de intoxicação, também não respeitando uma proporção “razoável”. Não só o cenário do mercado de substâncias químicas tóxicas já apresenta números alarmantes, o uso das variações transgênicas dos organismos plantados, permite que ele se agrave ainda mais. Em 2008 a CTNBio permitiu o uso comercial do milho Roundup Ready, resistente ao glifosato. Mais que isso, mesmo com todas as evidências apontando para os males que este agrotóxico e os próprios alimentos transgênicos podem fazer para o ser humano, a CTNBio autorizou a comercialização de outras 18 contendo a mesma modificação genética para resistência ao glifosato (ATLAS DO AGRONEGÓCIO, 2018, P.22). Além disso:

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O limite máximo de resíduos de agrotóxicos (LMR) do glifosato no milho foi multiplicado por 10, saltando de 0,1 para 1,0 mg/kg. No caso do algodão resistente ao glifosato, o resíduo permitido é de 3,0 mg/kg. A título de comparação, o resíduo de glifosato para o feijão comum é de 0,05 mg/kg. Para a soja, o LRM de glifosato era 0,2 mg/kg, valor que foi aumentado em 50 vezes com a liberação da soja Roundup Ready. (ATLAS DO AGRONEGÓCIO, 2018, P. 22)

A figura abaixo, demonstra graficamente a ideia trazida pelo trecho acima:

Figura 4 – LMR de glifosato permitido no Brasil (mg/kg). Convencional versus transgênico

Fonte: Atlas do Agronegócio (2018)

2.4 - MOVIMENTOS “ANTI-AGROTÓXICOS”

Com tantos indícios apontando para os males que os agrotóxicos podem trazer para o organismo humano e com casos documentados de pessoas que foram afetadas diretamente por estes produtos, já estamos presenciando um movimento de conscientização pública. Espera-se que, através de avanços científicos e tecnológicos, o uso de produtos nocivos ao ambiente e ao ser humano reduza constantemente. Este paradigma é desafiador, uma vez que o foco dos produtores é aumentar o rendimento de cada hectare plantado e os meios mais eficientes de fazê-lo, historicamente, tem sido o uso de substâncias químicas e não naturais. Contudo, há evidências de um movimento “pró natural”, como o crescimento do mercado de produtos orgânicos e a busca por parte dos órgãos regulamentadores de informar a população dos

21 benefícios que uma dieta sem aditivos químicos pode trazer para toda a população (BARBOSA, DEMITE, et al., 2017, p. 5). Diversos movimentos de resistência têm surgido frente ao uso desenfreado de agrotóxicos e que exigem alternativas ao modelo agroquímico. Exemplos são a “Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida”, que surgiu após outra campanha, a “Por um Brasil Livre de Transgênicos” (ATLAS DO AGRONEGÓCIO, 2018, P. 23).

2.5 - BIODEFENSIVOS COMO ALTERNATIVA

Mas então, nos resta como sociedade recorrer a qual alternativa? Uma solução seria a utilização da própria natureza para reestabelecer o equilíbrio que o homem destruiu com a agricultura em escala industrial que existe hoje. Ao invés de recorrer a substâncias artificiais produzidas em laboratório, desponta como alternativa o uso de biodefensivos para controle de pragas. Ou seja, ao invés de aplicar um pesticida tóxico à praga que se deseja neutralizar, a ideia seria utilizar um predador natural ou então um organismo patógeno que reduza significativamente a população da praga que está acometendo a plantação. Basta que o organismo inserido no ambiente para controlar a praga não ataque a própria plantação. Isto é o Manejo Integrado de Pragas (MIP), ramo da biotecnologia que se destina a estudar a relação entre praga e predador de forma inteligente e que traga apenas benefícios para a produção agrícola (BARBOSA, DEMITE et al. 2017). Um indício de que este é o caminho a ser seguido reside no fato de que um país desenvolvido tecnologicamente como a Coréia do Sul já vem investindo no ramo da biotecnologia há algum tempo. O governo se preocupou em gerar recursos humanos (desde o nível de graduação) habilitado a atuar em vários segmentos de ciência e tecnologia, dentre eles a biotecnologia. Esta postura trouxe resultados positivos e agora o setor produtivo é o responsável por financiar 75% das pesquisas que lá são realizadas (FELIPE, 2007). Além disso, as empresas que desenvolvem biodefensivos compõem hoje apenas 1% do total de faturamento do setor de defensivos químicos. No ano passado, isso representou R$ 97 milhões dentro dos R$ 9,7 bilhões que o segmento faturou. Mas a Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio), estimou que, em 15 anos, o setor representará entre 10% e 15% do faturamento total das agroquímicas e alcançará uma receita anual de R$ 1 bilhão. Um evento que colaborou para o aumento das buscas por alternativas de combate a pragas foi a grande presença nos últimos anos da lagarta Helicoverpa armigera nas grandes culturas, como

22 soja, milho e algodão. Os prejuízos causados por este já somam mais de R$ 10,7 bilhões. (DCI, 2013) Na busca por alternativas aos agrotóxicos no controle de pragas, o controle biológico mostra-se como uma ferramenta poderosa para reduzir paulatinamente os prejuízos decorrentes do uso indiscriminado de substâncias químicas. Para isso, é muito importante que os produtores estejam convencidos da viabilidade e dos aspectos positivos do uso dos biodefensivos, tais como a falta de risco trazido ao trabalhador que manuseia as substâncias de controle, o quão limpa é a solução dos predadores naturais para o ambiente, a não necessidade de aguardar um período entre a aplicação e a colheita para venda, o direcionamento dos biodefensivos apenas aos organismos que se deseja combater, e também o fato de que os agentes biológicos podem permanecer na colheita por tempo indeterminado se as condições permitirem (BARBOSA et al., 2017). Existem três tipos de inimigos naturais utilizados para o controle biológico. • Entomopatógenos: microrganismos que contaminam as pragas, causando doenças. • Parasitóides: parasita um único indivíduo da espécie praga (hospedeiro). • Predadores: ataca e se alimenta de diversos indivíduos pragas (presas) para completar seu desenvolvimento. Como exemplo de predadores, existem inúmeros ácaros (BARBOSA et al., 2017). Já como exemplo de Entomopatógenos, existem os microrganismos da família Bacillaceae, como o Bacillus thuringiensis (GALZER e AZEVEDO FILHO, 2016). Como frisado anteriormente, o foco deste estudo será especificamente o Bacillus thuringiensis aizawai (BTA).

2.6 - PREDADORES COMO AGENTES DE CONTROLE BIOLÓGICO DE PRAGAS

Mesmo não sendo foco deste estudo, para demonstrar como a utilização de biodefensivos é interessante, vale considerar um outro exemplo de organismo que pode se utilizar no controle de pragas sem compostos químicos. Os ácaros predadores são excelentes agentes de controle biológico e podem ser usados em um programa de manejo integrado de pragas (MIP) (BARBOSA et al., 2017, p. 5-7). São três os tipos de estratégias que podem ser seguidas nos programas de controle biológico: controle biológico natural, controle biológico clássico e controle biológico aplicado (BARBOSA, 1998). O controle biológico natural é o mais básico e menos agressivo. Ele consiste em criar as condições ideais para o surgimento e proliferação de predadores naturais das pragas que estão

23 atacando a plantação. Para isso, podem ser inseridas ali plantas que sirvam de alimento e/ou refúgio para os inimigos naturais, levando ao aumento das populações destes (BARBOSA, 1998). Outro método de controle biológico é o controle biológico clássico. Este consiste na importação de agentes de controle biológico exóticos (que não são nativos do lugar). Esta estratégia foi desenvolvida principalmente porque muitas plantas cultivadas não são nativas do lugar onde estão. Ao serem trazidas para o local de destino para a plantação em larga escala, trouxeram também os organismos que se alimentam delas. Sendo assim, introduzir novas espécies também introduz novos predadores (PARRA et al.., 2002). Para combater isso então, o controle biológico clássico seleciona predadores do local de origem daquela planta e os insere no novo lugar onde estão as novas plantações. Obviamente, antes de inserir os novos predadores, é necessário estudar os impactos no ambiente de destino. Caso não impacte negativamente as espécies do novo local, os inimigos naturais das pragas são colocados artificialmente no novo local. Com isso, o novo inimigo natural deve entrar em equilíbrio com o ambiente após a liberação (PARRA et al., 2002). A terceira técnica é o controle biológico aplicado. Nesta, os inimigos naturais das pragas são produzidos em biofábricas em larga escala, sendo comprados pelos produtores e inseridos sistematicamente no local desejado. A utilização de ácaros predadores como agentes de controle biológico já é consolidada no Brasil e no mundo para o controle de diversas pragas (BARBOSA et al., 2017, p. 11-12). Visando testar a eficiência do ácaro predador Phytoseiulus macropilis (P. macropilis) no controle do ácaro rajado Tetranychus urticae (T. urticae), a PROMIP (2017), empresa que atua no manejo integrado de pragas, realizou um estudo em Holambra (SP) em cultivos de rosa spray, entre novembro e dezembro de 2015. O estudo foi realizado utilizando seis vãos de rosas, totalizando uma área de 350 m². Em cada vão foram realizadas liberações de P. macropilis conforme a densidade populacional de ácaro rajado (T. urticae) (número de ácaros/folíolo) encontrada, de acordo com a seguinte classificação: (a) baixa densidade, com 22 ácaros/folíolo; (b) média densidade, com 80 ácaros/folíolo e; (c) alta densidade, com 240 ácaros/folíolo. Assim, a quantidade de adultos de P. macropilis liberados, respectivamente, para cada densidade foi: (a) 20 predadores/m2; (b)150 predadores/m2 e;

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(c) duas liberações, com 150 e 60 predadores/m2, com intervalo de 7 dias entre elas. Além disso, nas duas primeiras semanas as plantas foram lavadas com água em abundância. Pois o predador prefere ambientes úmidos e o ácaro praga, ambientes mais secos. Houve redução na população de ácaros rajados em todos os vãos. Depois de quatro semanas, os resultados foram os seguintes: havia entre 5 e 16 ácaros/folíolos nos vãos classificados com densidade baixa e média, respectivamente, indicando uma diminuição de cinco vezes na densidade populacional da praga. No vão com alta densidade, havia 16 ácaros/folíolo, representando uma diminuição de 15 vezes na população da praga. P. macropilis foi encontrado nos folíolos em quantidade de 2, 7 e 4 predadores/folíolo nas densidades baixa, média e alta, respectivamente (BARBOSA et al., 2017, p. 31-32). Os gráficos abaixo demonstram as flutuações populacionais resultantes do experimento.

Figura 5 – Redução populacional da praga (ácaro rajado) no experimento da PROMIP

Fonte: Adaptado de Barbosa et al. (2017)

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2.7 - ENTOMOPATÓGENOS COMO AGENTES DE CONTROLE BIOLÓGICO DE PRAGAS: O BTA

Como dito anteriormente, dentre as alternativas para o controle biológico de pragas, visando à redução no uso de agrotóxicos, temos o uso de parasitoides, predadores ou então organismos entomopatógenos. Entre esses patógenos, estão microrganismos cujo uso é considerado seguro para os seres humanos e meio ambiente. Um exemplo é a bactéria Bacillus thuringiensis (Eubacteriales: Bacillaceae). Uma característica típica da B. thuringiensis é a produção de cristais proteicos, durante a fase de esporulação, que são tóxicos a alguns grupos de insetos. “B. thuringiensis é um bastonete gram-positivo, com célula vegetativa de 1,0 a 1,2μm de largura por 3,0 a 5,0μm de comprimento e geralmente móveis.” (GALZER e AZEVEDO FILHO, 2016) As espécies pertencentes ao gênero Bacillus são responsáveis por mais de 90% dos biopesticidas disponíveis em todo o mundo. As toxinas produzidas por essas bactérias levam à paralisia do aparelho digestivo, que resulta em morte por inanição, paralisia geral e dos músculos. Além das toxinas, os esporos do B. thuringiensis podem germinar no interior do inseto alvo, ocasionando septicemia (infecções com complicações fatais) (GALZER e AZEVEDO FILHO, 2016). Ainda segundo Galzer e Azevedo Filho (2016): No país, são registradas e comercializados cerca de nove fórmulas que levam B. thuringiensis. O produto a base de Bt com maior alcance no mercado mundial é o Dipel® (Bt Kurstaki HD-1). Esse produto apresenta baixa toxicidade a ácaros, coleópteros, dípteros, hemípteros, sendo altamente eficiente para 170 lepidópteros- praga.

Em outro exemplo, Berlitz et al. (2004) testaram B. thuringiensis subsp. Aizawai (BTA) proveniente do produto formulado Xentari®, comercializado a 40 dólares/libra no site Amazon, verificando que a suspensão celular reduziu em 57% o consumo alimentar das lagartas Spodoptera. Além disso, Polanczyk, Silva e Fiuza (2000) fizeram uso de cepas de B. thuringiensis aizawai e também verificaram que foram eficientes no controle da lagarta Spodoptera frugiperda (: Noctuidae), em condições de laboratório. Pereira (2012), fez um estudo onde, em determinado momento da pesquisa, buscou testar a eficiência do Bt aizawai sobre lagartas da espécie Bonagota salubricola (B. salubricola). Para isso, testou diferentes concentrações que variavam de forma decrescente de C1 a C7 de Bt aizawai em sete grupos cujos tamanhos das populações de B. salubricola estão

26 descritos na tabela abaixo, além de um grupo de controle. Com isso, verificou os seguintes números referentes a indivíduos praga mortos ou que fugiram devido à presença do entomopatógeno BTA, descritos na tabela abaixo:

Tabela 2 – Resposta da praga a diferentes concentrações de BTA

Fonte: Adaptado de Pereira (2012)

Castelo Branco (1999), estudou a eficácia de formulações de Bacillus thuringiensis (dentre eles, var. aizawai) no controle de traça-das-crucíferas em cultivos de repolho. Em seu estudo, verificou que todos os produtos à base de B. thuringiensis tiveram uma taxa de eficácia de 97% ou mais no combate à praga. Porém, os resultados podiam variar, pois estes organismos usados para controle podem ter sua vida útil encurtada sob ação da luz solar. Em seu estudo, o intervalo no qual observou a redução na população de biodefensivos era de 72 horas. Essa informação coincide com o intervalo de reaplicação sugerido da bula do biodefensivo que será utilizado como referência ao longo do estudo, o Agree® WG. Esta informação é corroborada pelo que foi encontrado por Yee et al. (2008) em estudo acerca da eficácia do Bacillus thuringiensis (dentre eles, var. aizawai) sobre a praga Metisa Plana em cultivos de palmeiras-de-dendê. Neste estudo, concluiu-se que a eficácia do uso de produtos à base de BTA pode resultar em uma taxa de eficácia no combate a determinada praga de até 100%. Macedo et al. (2012) concluem algo semelhante em estudo acerca da eficácia de Bacillus thuringiensis contra a praga Diatraea saccharalis (broca da cana-de-açúcar). Em sua pesquisa, concluem que há casos de até 100% de eficácia no combate à praga.

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CAPÍTULO III – METODOLOGIA

3.1 - METODOLOGIA DA PESQUISA

De acordo com Vergara (1990) o tipo de pesquisa pode ser classificado quanto aos fins e quanto aos meios. Em relação aos fins, têm-se os seguintes tipos: exploratória, descritiva, explicativa, metodológica, aplicada e intervencionista. Como trata-se de uma área do conhecimento pouco desbravada e com pouca bibliografia em relação ao assunto, se comparado a outros temas, a pesquisa desenvolvida aqui tem caráter exploratório. Com relação aos meios de investigação, a autora propõe os seguintes: pesquisa de campo, pesquisa de laboratório, documental, bibliográfica, experimental, ex post facto, participante, pesquisa-ação e estudo de caso (VERGARA, 1990). O presente estudo, por se utilizar de material publicado em livros, revistas, sites, entre outros, consiste em uma pesquisa bibliográfica, seguida de um estudo de caso, já que aborda os dados de uma empresa e um produto específicos. Primeiro foi realizado um levantamento de referencial teórico. Esta etapa é de suma importância uma vez que amplia os conhecimentos do autor acerca do tópico, apresenta o tema ao leitor e cria uma base para o entendimento do desenvolvimento da pesquisa. Além disso, é nesta etapa também que o autor busca saber de outros trabalhos semelhantes que podem complementar e contribuir com sua pesquisa. Posteriormente, foi feito um estudo de caso sobre a empresa foco do estudo e o biodefensivo BTA, seguido de uma análise financeira de investimento, visando à criação de uma metodologia de cálculo financeiro para a viabilidade da utilização de biodefensivos em cultivos agrícolas no Brasil. Existem diversos métodos de avaliação financeira, como Valor Presente de Líquido (VPL), Payback, Taxa Interna de Retorno, Retorno sobre Investimento, Índice de Lucratividade, Opções Reais, Valor Comercial Esperado, Árvore de Decisão, Cenários, Simulação de Monte Carlo, Análise de Sensibilidade, Racionamento de Capital, Análise de Capacidade de Recursos, Modelo de Pontuação e Diagrama de Bolhas (RODRIGUES, 2014). Para o estudo, foram usados os métodos do cálculo do Valor Presente Líquido (VPL), aperfeiçoado pelo uso de Árvore de Decisões e das Opções Reais de modo a realizar as estimativas dos resultados financeiros da aplicação do biodefensivo em questão nos cultivos de cana-de-açúcar da empresa estudada.

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Para isso, foi necessário estimar taxas (de desconto e outras), além de fluxos de caixa a serem usados nos cálculos. As taxas seguiram os padrões do setor agrícola e biotecnológico, enquanto os fluxos de caixa foram estimados através da curva de tonelagem por hectare de cana-de-açúcar, do quanto de açúcar e/ou etanol é possível produzir a partir de uma tonelada de cana e dos valores de mercado destes dois produtos nos próximos anos, através de projeções feitas a partir de séries históricas. A partir daí, foram construídos cenários simulando a produção e venda destas commodities se, ao cultivar a cana, fosse utilizado o produto químico atualmente empregado, mas extremamente nocivo aos seres vivos e meio ambiente, ou então a alternativa limpa, que é o BTA. Por fim, os cenários foram comparados para verificar a viabilidade deste meio muito mais natural de combate às pragas.

3.1.1 - O Método do Valor Presente Líquido (VPL)

O valor econômico de um bem corresponde ao valor presente do fluxo de caixa que este bem produzirá ao longo do tempo. Esta teoria pode ser também aplicada a empresas, sendo este o critério mais utilizado nos processos de negociação, fusão, cisão, privatização, etc. O foco, nesses casos, é sempre o caixa futuro. É importante salientar que, mesmo que dois fluxos futuros sejam iguais em valor e distribuição ao longo do tempo, podem ser diferentes no valor presente, pois este está relacionado ao risco do negócio (MARTINS, 2000). O VPL é um método que demonstra se um investimento é viável ou não em um determinado prazo. O cálculo leva em consideração o investimento inicial, tempo de investimento, fluxo de caixa e o retorno neste período (HCINVESTIMENTOS, 2018). Como o valor do dinheiro no futuro é diferente do valor do dinheiro no presente, esse método considera a Taxa Mínima de Atratividade (TMA), levando a um retorno mínimo exigido para que esse investimento seja viável. A TMA está sempre acima das taxas dos investimentos seguros, como títulos públicos e poupança. É um método muito utilizado para analisar a viabilidade econômica de projetos e na valoração de empresas (HCINVESTIMENTOS, 2018). O Valor Presente é calculado através da seguinte fórmula (SAMANEZ, 2009):

n FCn R VPL = −I + ∑ + (1 + 푖)푛 (1 + 푖)푛 1

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Sendo I o Investimento inicial, FCn o Fluxo de caixa no período n, i a taxa de juros, n a quantidade de períodos e R o Valor Residual. Interpreta-se o resultado do VPL da seguinte forma: se for positivo, o investimento/empreendimento é viável; se negativo, não é viável (HCINVESTIMENTOS, 2018). Porém, o método tem suas limitações, como a dificuldade da determinação da taxa mínima de atratividade (TMA), utilização de períodos fixos, não permite captação de opções, que serão demonstradas na seção seguinte, e não possibilita flexibilidade no gerenciamento de projeto (EVANGELISTA, 2006). Outra dificuldade está em estimar os fluxos de caixa da companhia (KEEGAN, 2008). Essas limitações serão melhor detalhadas na seção 3.2 (Limitações do Método).

3.1.2 - O Método da Árvore de Decisões

O método da Árvore de Decisões consiste no método do VPL em conjunto com probabilidades de sucesso, o que traz um pouco mais de flexibilidade a este modelo financeiro. Além disso, as árvores de decisão evidenciam diversos cenários futuros de um projeto, onde as probabilidades podem ser definidas a cada nó ou ponto de decisão. Isso é importante ao investidor, pois mostra decisões que ele deve tomar ou evitar, uma vez que busca mostrar os cenários prováveis e os ganhos ou perdas atreladas a eles (KEEGAN, 2008). A Árvore é composta por nós que representam pontos do projeto onde decisões devem ser tomadas ou então resultados diferentes podem ocorrer. Ela é organizada da esquerda para a direita, de forma a representar que cada decisão (tomada em uma ordem cronológica) implica na exclusão da outra que sai do mesmo nó. Isso permite que em diferentes estágios do projeto o investidor possa avaliar se deve continuar o projeto ou não, baseado nas probabilidades de sucesso e falha de cada cenário, além de ter uma visão gráfica e mais clara do caminho desenhado pelas decisões que podem ser tomadas. Daí a maior flexibilidade que este método adiciona ao VPL resultante puramente dos Fluxos de Caixa Descontados (KEEGAN, 2008). As Árvores de Decisão podem ser resolvidas identificando as decisões ótimas na ordem cronológica inversa. Iniciando nos últimos nós, faz-se o caminho inverso, multiplicando o valor resultante daquela opção pela probabilidade de sua ocorrência. Depois disso, faz-se o cálculo do valor do dinheiro no ano correspondente, considerando a taxa de desconto escolhida. Por fim, é somado o fluxo de caixa esperado naquele ano (que pode ser positivo ou negativo).

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Depois, repete-se o procedimento para todos os períodos anteriores de forma análoga (KEEGAN, 2008).

3.1.3 - O Método das Opções Reais

Uma atividade crítica na tomada de decisões é a determinação da viabilidade de projetos/investimentos e suas respectivas prioridades. As incertezas relacionadas a essas decisões podem desencadear custos elevados, se tomadas sem conhecimentos prévios, ou criar oportunidades imperdíveis para os investidores, se feitas avaliações confiáveis. As incertezas são provenientes de diversas fontes e condições de mercado e cabe aos responsáveis avaliar as evoluções do mercado e realizar as mudanças cabíveis nos planos de investimento (LAZO, 2004). Este dinamismo do mercado e a flexibilidade gerencial no que tange à avaliação dos projetos de investimento, como novas informações acerca do projeto, podem levar aos tomadores de decisões a alterar o cenário definido originalmente, isto é, podendo fazer com que eles posterguem, expandam, prorroguem ou, até mesmo, abandonem este projeto (LAZO, 2004). Essa flexibilidade em relação às decisões do projeto é captada pelo método das Opções Reais, algo que o VPL não é capaz de fazer, uma vez que este considera apenas os fluxos de caixa previstos, descontados a uma taxa constante, sem levar em conta a variabilidade do risco do projeto ao longo de sua vida útil. Dessa forma, as Opções Reais são as consequências naturais advindas de situações do mundo real, considerando as características de irreversibilidade, incerteza e possibilidade de adiamento (LAZO, 2004). Segundo Keegan (2008), para realizar os cálculos através do método das Opções Reais, são necessários alguns dados chave: o VPL do projeto/empreendimento calculado através de um fluxo de caixa descontado (FCD) (So), o tempo total que será avaliado (T), a volatilidade estimada (σ), a taxa livre de risco (r) e os avanços incrementais de tempo por período considerado (Δt). Ainda segundo Keegan (2008), assim como o Método da Árvore de Decisões, as Opções Reais também se organizam em forma de árvore, se ramificando da esquerda para a direita. Porém, no lugar de “investir” ou “não investir”, onde apenas a primeira opção resultava em um caminho que continuaria se desdobrando nos outros nós de decisão, agora temos os parâmetros de “subida” (u) e “descida” (d). Estes, permitem a expansão de uma árvore binomial recombinante de forma que o ativo possa aumentar de valor (em um up movement) ou perder

31 valor (em um down movement). Vale ressaltar que o down movement de uma opção (nó) corresponde ao up movement da decisão que está logo abaixo, como visto no exemplo abaixo:

Figura 6 – Comparação do modelo da Árvore de Decisões e de Opções Reais

Fonte: Adaptado de Keegan (2008)

Sendo assim, deve-se calcular os parâmetros u e p, da seguinte forma (KEEGAN, 2008): 푢 = 푒휎√훥푡 푑 = 푒−휎√훥푡 = 1/푢

Sendo σ a volatilidade estimada em % e Δt o avanço de tempo para cada passo dentro da árvore binomial. Vale ressaltar que o tamanho dos avanços de tempo interfere na precisão dos resultados, onde períodos menores de tempo resultarão em resultados finais mais precisos. Para o método das Opções Reais, também é necessário calcular a probabilidade de risco neutro (p), calculada da seguinte forma (KEEGAN, 2008):

푝 = (푒푟훥푡 − 푑)/(푢 − 푑)

Sendo r a taxa livre de risco. Para preencher a árvore então, inicia-se com um único ponto, que é o valor do VPL calculado pelo Fluxo de Caixa Descontado (So). Para encontrar o próximo ponto que está acima, multiplica-se So por u, enquanto que para encontrar a próxima opção para baixo, multiplica-se So por d. O processo se repete sucessivamente até todo o

32 período desejado (T) ser preenchido com o número de incrementos (Δt) necessários (KEEGAN, 2008). Uma vez que a árvore for concluída, pega-se todos os valores do último período (ano, por exemplo) desejado. Para cada par de valores consecutivos desse último período, será calculado um único valor do período anterior, estreitando-se novamente a árvore de forma a que se chegue em apenas um resultado: um novo VPL mais preciso. Para encontrar o valor anterior que deu origem aos dois valores que estão sendo considerados, deve-se utilizar a equação abaixo sucessivamente até chegar ao único valor final. Se no período houver fluxo de caixa, esse deve ser somado ao valor encontrado. Além disso, deve-se multiplicar por uma probabilidade de ocorrência, caso esta seja conhecida (KEEGAN, 2008):

푉푎푙표푟 푎푛푡푒푟푖표푟 = [푝(푣푎푙표푟 푚푎푖표푟) + (1 − 푝)(푣푎푙표푟 푚푒푛표푟)] ∗ (푒−푟훥푡)

Para ilustrar o método, um exemplo onde So = 120, u = 1,284, d = 0,779, p = 0,539, e existe uma oferta de outra empresa, de comprar o projeto por 60, que pode ser aproveitada caso o retorno em algum ano seja inferior a isso, como ocorre no menor valor do Ano 3. (KEEGAN, 2008):

Tabela 3 – Árvore Binomial construída a partir de So Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 254 198 154 154

120 120 93 94

73 60 Fonte: Adaptado de Keegan (2008)

No exemplo acima, o valor 154 foi resultado de 120 multiplicado por u, e o valor 93 foi resultado de 120 multiplicado por d.

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Tabela 4 – Árvore resultante da aplicação sucessiva da fórmula do valor anterior, resultando no VPL mais preciso Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 254 198 156 154

122 124 96 94

74 60 Fonte: Adaptado de Keegan (2008)

Neste caso, 122 foi resultante da aplicação da fórmula do valor anterior utilizando os valores 156 e 96.

3.2 - LIMITAÇÕES DO MÉTODO

Como foram usados dados de levantamentos e pesquisas realizados por terceiros, estes podem não corresponder à realidade. Além disso, serão feitas estimativas no decorrer do estudo que não serão postas a prova. Os métodos de avaliação de investimento utilizados também apresentam suas limitações. No caso do VPL, foi necessário estimar certos valores e taxas que podem não refletir a realidade dos próximos anos. Além disso, este método apresenta algumas outras limitações intrínsecas, como a dificuldade da determinação da taxa mínima de atratividade fixa para todo o período do projeto, utiliza-se de períodos estanques para analisar projetos, não permite captação de opções e não possibilita flexibilidade no gerenciamento de projeto (EVANGELISTA, 2006). Para buscar reduzir alguns destes problemas, o presente estudo fez uso dos outros métodos descritos anteriormente na seção 3.1. Outra dificuldade está em estimar os fluxos de caixa da companhia (KEEGAN, 2008). Neste estudo, buscou-se utilizar valores e estimativas dos preços da tonelada de cana-de-açúcar no mercado nos próximos anos, bem como a quantidade de toneladas de cana por hectare. Tais dados foram retirados de previsões baseadas em séries históricas e outras fontes, podendo muito bem não condizer com a realidade dos próximos anos.

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Assim como no caso dos Fluxos de Caixa Descontados, para encontrar o VPL, ao utilizar a Árvore de Decisões, o resultado final pode variar substancialmente dependendo das taxas de desconto e probabilidades escolhidas, o que é uma limitação deste método. O método das Opções Reais também traz suas limitações, como o fato de que o resultado irá variar dependendo da precisão das informações. Por exemplo, alguém que trabalhe na empresa conseguirá informações mais precisas do que quem vê de fora apenas. Além disso, como foi dito anteriormente, a estimativa da volatilidade e da taxa livre de risco são difíceis e podem muito bem não refletir a realidade (KEEGAN, 2008). Outra limitação se dá pelo fato de que foram usados apenas três métodos de avaliação, quando o ideal seria a utilização do maior número de métodos possível, para que o resultado da pesquisa fosse o mais próximo possível da realidade. Apesar disso, Keegan (2008) recomenda o VPL para avaliações financeiras iniciais. Afirmando que, mesmo não tendo o rigor financeiro de outros métodos, é uma ferramenta muito útil e utilizada por diversos analistas. Somado ao fato de que tanto a Árvore de Decisões, quanto as Opções Reais, apesar de não serem métodos passíveis de serem usados isoladamente e de não substituírem o FCD, quando aplicados em conjunto com este criam um ferramental de análise mais sofisticado. Diz ainda que não existe uma forma única correta de fazer avaliações no setor de biotecnologia, visto a diversidade das empresas do setor e os mercados onde operam.

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CAPÍTULO IV – ESTUDO DE CASO

Foi realizado um estudo de caso utilizando a empresa cujos dados serão apresentados a seguir. Considerando esses dados, foram aplicadas as técnicas do VPL e das Opções Reais para criar uma ferramenta de cálculo financeiro para a análise da viabilidade da utilização de biodefensivos em cultivo agrícola no Brasil.

4.1 - A EMPRESA

O estudo teve como foco uma empresa do ramo de agronegócio da América do Sul, com uma receita de 933 milhões de dólares em 2017 (YAHOO FINANCE, 2018), operando na Argentina, Uruguai e Brasil. A companhia atua em diversas atividades, como diferentes cultivos, gado e leite, açúcar, etanol e produção de energia através da cana-de-açúcar. A empresa tinha um total de 283 mil hectares em 2011. Argentina representa 84% desse total, seguida do Brasil, com 13% e Uruguai com 3%, conforme demonstrado na figura abaixo (DEUTSCHE BANK, 2011).

Tabela 5 – Dados da empresa: países onde atua e distribuição de hectares e instalações

Fonte: Deutsche Bank (2011)

Dentre as atividades do grupo, estão: a produção de grãos, arroz, oleaginosas, lácteos, açúcar, etanol, café, algodão. No Brasil, destacam-se biocombustíveis, energia renovável e açúcar, produzidos a partir da cana-de-açúcar. Para produzir etanol, açúcar e energia elétrica através da cogeração a partir do bagaço, a empresa faz uso de áreas próprias, arrendadas e de fornecedores (ÚNICA, 2018).

A seguir, as instalações da empresa em seus países de atuação (DEUTSCHE BANK, 2011):

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• Argentina: 21 fazendas, 3 instalações de processamento de arroz, 1 instalação para produção de laticínios e 7 instalações para armazenamento de grãos e arroz; • Brasil: 15 fazendas, 2 instalações para processamento de café e 2 instalações para produção de açúcar e etanol; • Uruguai: 1 fazenda de grãos e gado.

Seus principais negócios são (DEUTSCHE BANK, 2011):

• Agricultura: Soja, milho, trigo, algodão, arroz e café, além de laticínios e gado. Para estas atividades a empresa tem mais de 254 mil hectares, apesar de querer aumentar sua área de atuação através de novas parcerias; • Açúcar e Etanol: A área da empresa destinada ao plantio de cana-de-açúcar era de 54 mil hectares em 2011 (13 dos quais são próprios). A empresa opera duas instalações de açúcar e etanol: uma em Minas Gerais, e duas no Mato Grosso do Sul, formando um cluster de atividades relacionadas à cana-de-açúcar na região.

No mapa abaixo, estão demonstradas as áreas de atuação da empresa por atividade:

Figura 7 – Áreas de atuação da empresa por atividade

Fonte: Deutsche Bank (2011)

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• Transformação de terras: A empresa emprega tecnologias de ponta e técnicas de produção sustentável em fazendas de baixo potencial produtivo, para que se tornem mais produtivas, aumentando, assim, seu valor.

A tabela abaixo ilustra a quantidade de terras próprias e arrendadas pela empresa e as respectivas atividades desenvolvidas:

Tabela 6 – Atividades em terras próprias e arrendadas pela empresa

Fonte: Deutsche Bank (2011)

Considerando esse contexto e os dados da empresa, principalmente no que se refere ao plantio de cana-de-açúcar, foram calculados os possíveis retornos financeiros na hipótese do uso do biodefensivos BTA no lugar dos agrotóxicos comuns, utilizando-se dos métodos do Valor Presente Líquido (VPL) e Opções Reais, que foram apresentados anteriormente.

4.2 - DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO

Para se estudar o aspecto econômico da utilização do BTA, foram projetados alguns cenários de uso deste produto. Inicialmente, considerou-se que a empresa foco atua na produção de açúcar e etanol em uma área de 54.000 hectares, segundo relatório do Deutsche Bank (2011), citado anteriormente na seção que descreve a empresa utilizada como referência no estudo. Visto isso, assumiu-se que a empresa consideraria muito arriscado simplesmente trocar o produto de combate às pragas em toda a extensão de seu cultivo sem antes fazer um teste projetado ao longo de anos. De acordo com a Agência Embrapa de Informação Tecnológica (2019), existem alguns modelos para o plantio de cana-de-açúcar, sendo um deles o Sistema de ano (cana de 12 meses), no qual o cultivo de cada safra se desenvolve no período de um ano. Como este estudo considerou que a área plantada pode aumentar a cada ano, optou-se por assumir este Sistema de ano como o que será utilizado pela empresa neste projeto. Sendo assim, o projeto de teste consistiu em trabalhar com uma área que aumenta no próximo ano conforme o sucesso do experimento do ano corrente. No primeiro ano (Ano 0), a

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área escolhida tem apenas 576m². Caso a empresa decida continuar com o projeto, no próximo ano a área dedicada ao uso do BTA será de 10% da área total (10% x 54.000 hectares = 5.400 hectares). Para não aumentar em taxas constantes algo que está sob observação, se, no Ano 1, a empresa decidir continuar com o projeto, no Ano 2, ainda serão utilizados 5.400 hectares. Porém, decidindo manter o projeto, a área utilizada no Ano 3 será de 20% (10.800 hectares). A partir de agora, a taxa de crescimento cresce de 20% em 20%, porém, para nos 60%. Dessa forma, as áreas destinadas ao projeto serão:

Tabela 7 – Tamanho das áreas utilizadas a cada ano do projeto Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 % da área utilizada 576 m² 10% 10% 20% 40% 60% 60% 60% Hectares plantados 0,0576 5.400,00 5.400,00 10.800,00 21.600,00 32.400,00 32.400,00 32.400,00 Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 % da área utilizada 576 m² 10% 10% 20% 40% 60% 60% 60% Hectares plantados 0,0576 5.400,00 5.400,00 10.800,00 21.600,00 32.400,00 32.400,00 32.400,00 Fonte: Próprio

Ao longo do estudo, dois produtos foram usados como referência: o biodefensivo Agree® WG, da empresa Certis USA, e o químico Nomolt® 150, da empresa BASF. Ambos sendo aplicados ao cultivo da cana, visando ao combate da praga conhecida como “Broca-da- cana” (Diatraea saccharalis). Ao longo do estudo, para tornar as análises mais viáveis, foi assumido um cenário ideal, onde a Broca-da-cana é a única praga que ataca o cultivo. Após esses cálculos iniciais, o objetivo passou a ser observar os VPLs do projeto do ponto de vista da empresa que irá comprar o BTA ou agrotóxico. Para guiar esta parte do estudo, foram levantadas duas questões: • Questão 1: Se a empresa foco do estudo, optasse por usar apenas o biodefensivo em seu projeto, do início ao fim, qual seria o VPL deste projeto? • Questão 2: Se a empresa foco do estudo, optasse por usar apenas o agrotóxico em seu projeto, do início ao fim, qual seria o VPL deste projeto? Para responder estas questões, foi feito um estudo acerca da receita e despesas da empresa em cada um dos casos. Vista a quantidade de hectares plantados por ano, foi necessário saber os seguintes dados para cada ano: • A quantidade de toneladas de cana por hectare (TCH);

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• O Açúcar Total Recuperável (ATR) por tonelada de cana. Ou seja, a quantidade de cada tonelada de cana plantada que poderá ser convertida de fato em etanol e/ou açúcar; • O Mix de Produção, analisando qual a porcentagem de ATR se torna açúcar ou etanol; • O preço de mercado do litro do Etanol em cada ano; • O preço de mercado da tonelada do açúcar refinado em cada ano. Nas próximas seções, serão apresentados em detalhe os cálculos realizados.

4.2.1 - Previsões a partir de séries históricas

Por se tratar de um projeto que ocorreria nos próximos anos, não existem valores reais confirmados para estes dados. Porém, visando a uma estimativa mais próxima da real, optou- se por estimar os dados futuros a partir de séries históricas documentadas. Com isso, as previsões foram feitas utilizando a função da Planilha de Previsão do Microsoft Excel®, com um intervalo de confiança de 95%.

4.2.1.1 - Previsão de Toneladas de Cana por Hectare (TCH)

De acordo com o Relatório final da safra 2017/2018 da Região Centro-Sul da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), a produtividade agrícola na região Centro-Sul do Brasil, em toneladas de cana por hectare, de 1998 a 2017, foi a seguinte:

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Tabela 8 - TCH médio na Região Centro-Sul do Brasil por ano Ano TCH Ano TCH 1998 96 2008 87 1999 84 2009 89 2000 70 2010 81,5 2001 81,5 2011 69 2002 79 2012 75 2003 84,5 2013 80 2004 86 2014 74 2005 82 2015 83 2006 84 2016 76 2007 81,5 2017 75,5 Fonte: Adaptado de UNICA (2018)

Com estes dados em mãos, foi feita a previsão para os anos seguintes, até 2026, onde o projeto teria sua conclusão. O resultado do uso da função da Planilha de Previsão ficou como segue: Figura 8 - Previsão de TCH até 2026

Fonte: Próprio

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4.2.1.2 - Previsão do Açúcar Total Recuperável (ATR)

O próximo passo foi estimar a quantidade de ATR por ano. Isso é necessário visto que, ao observar a série histórica, constatou-se que este valor não é constante, variando em torno de um valor médio ao longo do tempo. Ainda de acordo com o Relatório final da safra 2017/2018 da Região Centro-Sul da ÚNICA, o ATR de 2007 a 2017 teve os seguintes valores:

Tabela 9 – Histórico do Kg de ATR por Tonelada de Cana Ano ATR (Kg) 2007 143,63 2008 140,11 2009 129,36 2010 140,88 2011 137,64 2012 135,46 2013 133,27 2014 136,45 2015 130,5 2016 133,03 2017 136,59 Fonte: Adaptado de UNICA (2018)

Utilizando-se a Planilha de Previsão novamente até o ano de 2026, obteve-se:

Figura 9 – Previsão do Kg de ATR por Tonelada de Cana até 2026

Fonte: Próprio

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4.2.1.3 - Previsão do Mix de Produtos

O mix de produção foi analisado de acordo com a porcentagem de ATR que se tornou açúcar nas produções de 2003 a 2017. Conforme o Relatório final da safra 2017/2018 da Região Centro-Sul da UNICA, esta porcentagem, do ano 2003 ao ano 2017 foi a seguinte:

Tabela 10 – Porcentagem do ATR produzido no ano utilizado para produção de açúcar Ano Açúcar Ano Açúcar 2003 48,6% 2011 48,4% 2004 49,6% 2012 49,5% 2005 48,3% 2013 45,2% 2006 49,5% 2014 43,0% 2007 44,1% 2015 40,7% 2008 39,7% 2016 46,3% 2009 42,8% 2017 46,5% 2010 44,9% Fonte: Adaptado de UNICA (2018)

O resultado da previsão no período relevante ao estudo foi o seguinte:

Figura 10 – Previsão da porcentagem do ATR utilizado para produção de açúcar até 2026

Fonte: Próprio

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4.2.1.4 - Previsão do Preço de Venda dos Produtos

Uma vez que se verificou a quantidade total de ATR produzido por ano e a proporção dele que se torna açúcar ou etanol, restava então pesquisar o preço pelo qual a tonelada de açúcar ou 1.000 litros de etanol poderiam ser vendidos em cada ano do estudo. Com isso, foi extraído do site do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) da Universidade de São Paulo (USP) uma série composta pelos preços médios do Etanol e do Açúcar no mercado brasileiro, do ano 2003 a 2019. Os resultados foram os seguintes:

Tabela 11 – Preço da tonelada de açúcar refinado no mercado brasileiro, de 2003 a 2019 ANO Preço ton (US$) ANO Preço ton (US$) 2003 163,8866242 2012 566,3508065 2004 178,5285141 2013 434,6120482 2005 259,0384 2014 420,3572581 2006 416,0717742 2015 335,2325203 2007 288,5311741 2016 495,9696 2008 313,0270916 2017 432,1174089 2009 495,8987552 2018 319,8154472 2010 688,7663934 2019 361,1236842 2011 787,7186992 Fonte: Adaptado de CEPEA (2019)

Tabela 12 – Preço de 1000L de etanol no mercado brasileiro, de 2002 a 2019 ANO Preço 1000L (US$) ANO Preço 1000L (US$) 2002 191,02 2011 726,5480769 2003 216,6096154 2012 570,95 2004 201,8132075 2013 546,9211538 2005 306,2173077 2014 536,3673077 2006 415,8288462 2015 411,3433962 2007 364,9865385 2016 485,8057692 2008 399,5461538 2017 477,7711538 2009 392,7981132 2018 460,2173077 2010 518,3942308 2019 454,85 Fonte: Adaptado de CEPEA (2019)

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As previsões de preços de mercado para o açúcar e para o etanol, respectivamente, foram as seguintes:

Figura 11 – Previsão do preço da tonelada de açúcar refinado até 2026

Fonte: Próprio

Figura 12 – Previsão do preço de 1.000L de etanol até 2026

Fonte: Próprio

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4.2.2 - Cálculo do VPL Utilizando Produto Químico no Projeto

Com estes dados obtidos, o próximo passo foi calcular o VPL da empresa foco do estudo se esta continuasse utilizando químico em suas plantações. Os Valores Presentes Líquidos foram calculados tendo os lucros líquidos da empresa em cada período como sendo os fluxos de caixa de cada ano. Com isso, foi necessário encontrar a receita da empresa, assim como seus custos em cada ano do projeto. A receita foi calculada como uma soma da receita com a venda de açúcar refinado e de etanol, produzidos a partir da cana cultivada. Dessa forma, o primeiro passo foi encontrar o total útil de toneladas produzidas, através da multiplicação da quantidade de hectares plantados no ano, pela previsão de Toneladas de Cana por Hectare no ano (apresentado na figura 8) e pela eficácia do produto utilizado. De acordo com a Agência Embrapa de Informação Tecnológica (2019), em média, os produtos químicos utilizados no cultivo de cana-de-açúcar mundialmente, combatem cerca de 80% das pragas que atacam as plantações. Por isso, a eficácia escolhida do produto químico foi essa. Logo, o total útil de toneladas de cana produzido foi calculado conforme a figura abaixo, resultando em 3,47 toneladas, para o ano Teste.

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Figura 13 – Cálculo do Total de Toneladas utilizáveis de cana produzidas no ano

Fonte: Próprio 47

O próximo passo foi calcular quantas toneladas de ATR resultariam de cada ano. Isso foi o resultado da multiplicação da quantidade útil de toneladas de cana produzidas no ano pela previsão de quantos quilogramas de ATR poderiam ser extraídos de uma tonelada de cana (Figura 9), divididos por 1.000, para encontrar o resultado em toneladas. O cálculo está demonstrado abaixo, sendo que para o ano Teste, foi encontrado 0,46 tonelada como resultado.

Figura 14 – Cálculo da Tonelada de ATR resultante de cada ano

Fonte: Próprio

Segundo relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (2010), para produzir 1 Kg de açúcar refinado é necessário 1,0495 Kg de ATR e para produzir 1L de Etanol, é necessário 1,7282 Kg de ATR. Estes foram os valores considerados para o cálculo da quantidade de toneladas de açúcar refinado e de litros de etanol produzidos a cada ano. Para verificar estes valores, observou-se a quantidade de ATR disponível no ano, a porcentagem deste ATR que se destinaria à produção de açúcar refinado ou de etanol (figura 10) e o quanto seria necessário para produzir um quilograma de açúcar refinado ou então 1 litro de etanol. Os cálculos estão demonstrados abaixo. No ano Teste, seriam produzidos 0,19 toneladas de açúcar refinado e 150 litros de etanol.

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Figura 15 – Cálculo da tonelada de açúcar refinado produzido a cada ano

Fonte: Próprio 49

Figura 16 – Cálculo de 1000L de etanol produzido a cada ano

Fonte: Próprio 50

Vistas as quantidades de açúcar refinado (ton) e etanol (1.000L) produzidos a cada ano, multiplicou-se essas quantidades pelo valor de mercado do açúcar e do etanol (figuras 11 e 12, respectivamente), para verificar quais seriam as receitas com cada produto em cada ano do projeto para, assim, obter a receita total da empresa no ano ao vender os dois produtos. Os cálculos estão demonstrados a seguir. No ano Teste, a receita com a venda de açúcar foi de US$ 68,72 e com a venda de etanol de US$ 67,82.

Figura 17 – Cálculo da receita resultante da venda de açúcar refinado a cada ano

Fonte: Próprio

Figura 18 – Cálculo da receita resultante da venda de etanol a cada ano

Fonte: Próprio 51

Figura 19 – Cálculo da receita total a cada ano, com a venda dos dois produtos

Fonte: Próprio

Para o ano Teste, a receita total foi de US$ 136,54. Estimada a receita esperada em cada ano, foi necessário estimar os custos que a empresa teria a cada período, para assim obter- se o lucro líquido anual. Como a empresa já utiliza químicos atualmente, optou-se por considerar o custo atual dela para calcular o quanto deveria ser subtraído da receita. Segundo o Valor Econômico (2019), a receita da empresa foco do estudo é de 1.636,1 milhões de reais, seu EBITDA é de 803,4 milhões de reais e seu lucro líquido de 83,5 milhões de reais. Com isso, subtraindo o lucro líquido da receita, obteve-se 1.552,6 milhões de reais. Este é o custo, que representa 94,8964% da receita. Esta foi a porcentagem utilizada para calcular todos os custos que a empresa tem para gerar seus produtos finais. O cálculo do custo por período então foi feito conforme a figura abaixo.

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Figura 20 – Cálculo do custo anual da empresa

Fonte: Próprio

Os custos da empresa no ano Teste foram de US$ 129,57. Finalmente, o lucro de cada período foi obtido através de Receita menos Custo. Para o cálculo do VPL, foi necessário definir uma taxa de desconto a ser utilizada. Escolheu-se utilizar o mesmo custo médio ponderado de capital, ou Weighted Average Cost of Capital (WACC), para a agroindústria sucroenergética, ao longo de todo o estudo. Segundo Longo et al. (2018), este WACC seria de 14,05%. Com os lucros de todos os períodos, foi feito o VPL do projeto, da forma como está demonstrado abaixo.

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Figura 21 – Cálculo do VPL do projeto caso fosse utilizado agrotóxico

Fonte: Próprio 54

O valor encontrado para o VPL, considerando a utilização de agrotóxico e que este tem uma eficácia de 80% no combate às pragas, foi de US$ 9.697.256,00.

4.2.3 - Cálculo do VPL Utilizando BTA no Projeto

Conforme citado na seção 2.7 do presente trabalho, estudos apontam para uma taxa de eficácia no combate a pragas pelo BTA muito superior à taxa média de eficácia dos produtos químicos utilizados no mercado. Alguns casos apontam para uma eficácia de até 100% sobre uma praga específica. Como valor de referência, será utilizado o valor encontrado por Castelo Branco (1999) de 97% de eficácia do BTA no combate a pragas. Tal valor foi escolhido porque 100% de eficácia é uma taxa extremamente alta e que pode facilmente não ser alcançada dependendo das condições ambientais que atuam sobre a plantação. Com isso, fez-se uma planilha Excel® semelhante àquela utilizada para calcular o VPL da empresa foco do estudo em seu projeto, utilizando produto químico. Contudo, foram alterados os custos que a empresa teria no caso de utilizar o biodefensivo, que passariam a ser os custos fixos que esta já tinha, somados com a diferença de custo entre o que era gasto com agrotóxico e que passaria a ser gasto com o biodefensivo. Além disso, foi calculado também o novo lucro que a empresa teria no caso de poder utilizar mais do seu cultivo (devido a uma maior eficácia do produto de base biológica) para gerar os produtos finais (açúcar e etanol) para venda no mercado. Basicamente, partiu-se da premissa de que a empresa tem um determinado custo para desempenhar sua atividade e que praticamente tudo que for recuperado de cana utilizável e vendido como produto final será revertido em lucro líquido para a empresa, com exceção apenas do custo extra com a compra do biodefensivo. Esta premissa foi apresentada, através de vídeo, a dois gestores do segmento industrial de cultivo agrícola: Everaldo Filho, fundador da Malva, distribuidora de biopesticidas no Brasil e Ricardo Picard, CEO da Tribeca, empresa voltada a cultivos de nozes finas. Ambos confirmaram a percepção de que os custos com a produção se manteriam praticamente constantes e que o excedente produzido retornaria como lucro líquido. Ressaltaram também que a diferença expressiva em lucro encontrada no estudo se deve ao fato de que foi considerado que apenas uma praga ataca o cultivo. Para um resultado mais próximo da realidade, dever-se-ia considerar todas as pragas e substituição de todos os agrotóxicos utilizados. Para estudar o novo cenário, foi importante definir o novo lucro da empresa no caso de poder utilizar 97% da cana plantada. Para isso, foi calculado um novo total útil de cana 55 produzida com base neste percentual, conforme a figura abaixo, onde encontrou-se 4,20 toneladas no ano Teste.

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Figura 22 – Cálculo do novo total útil (ton) de cana produzido com a nova eficácia

Fonte: Próprio 57

Todos os demais cálculos até a Receita com a nova eficácia foram análogos àqueles do caso onde a empresa utiliza agrotóxico. A receita aumentou apenas porque mais cana utilizável significa mais açúcar e etanol produzidos e, consequentemente, vendidos. Conforme a figura 22, a nova receita da empresa no ano Teste, por exemplo, foi de US$ 165,56, ao invés de US$ 136,54 do cenário anterior, onde apenas 80% do cultivo era aproveitado. A seguir, foi importante definir a diferença de custo que a empresa teria se utilizasse o biodefensivo no lugar do produto químico. O preço de mercado do Agree® WG (biodefensivo), segundo o site de venda de biodefensivos Seven Springs Farm, é de US$ 38,56 por Kg. A quantidade de produto a ser utilizada, segundo a bula do Agree® WG disponível no site da empresa Certis USA é de, no mínimo 0,28Kg/Hectare e de, no máximo, 2,24Kg/Hectare. Então o cenário onde se utilizaria a quantidade média seria o equivalente a 1,26Kg/Hectare. O preço de mercado do Nomolt® 150 (agrotóxico), segundo o site de venda de insumos agropecuários Agrinumo, é de US$ 29,28 por Litro. A quantidade de produto a ser utilizada, segundo a bula do Nomolt® 150 disponível no site da empresa BASF é de, no mínimo 0,12L/Hectare e de, no máximo, 0,30L/Hectare. Então o cenário onde se utilizaria a quantidade média seria o equivalente a 0,21L/Hectare. Para evitar apenas somar o custo do biodefensivo aos custos fixos que a empresa já tem, foi necessário verificar o quanto a mais a empresa gastaria por ano com a substituição de produtos. Para isso, foram calculados os gastos com agrotóxico a cada ano, da seguinte forma: a quantidade a ser utilizada naquele ano (na planilha está arredondado para duas casas decimais) vezes o preço de mercado (US$ 29,28). A seguir, o exemplo para o ano Teste, que resultou em US$ 0,35.

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Figura 23 – Cálculo do custo com químico no período

Fonte: Próprio 59

A seguir, calculou-se o custo com BTA no período, conforme a próxima figura. No ano Teste, foi encontrado US$ 2,80, fazendo-se a quantidade de BTA a ser comprado (arredondado para duas casas decimais) vezes o preço de mercado (US$ 38,56).

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Figura 24 – Cálculo do custo com BTA no período

Fonte: Próprio 61

Em seguida, foi verificado o percentual de acréscimo no custo que a empresa terá ao optar pelo BTA. Para analisar isso, fez-se o custo com BTA, menos o custo com agrotóxico, dividido pela receita de referência, que é aquela que a empresa teria ao usar o químico. Vale salientar novamente que, neste estudo, assume-se que todos os custos permanecem fixos, com exceção da margem extra de custo com o produto que será utilizado no combate à praga. A seguir, a demonstração de como foi feito este cálculo do percentual da diferença de custo que, no ano Teste, foi de 1,7902%.

Figura 25 – Cálculo do percentual da diferença de custo

Fonte: Próprio

Para calcular o custo que a empresa terá em cada período, multiplicou-se a receita de referência (quando ela só podia aproveitar 80% de sua produção) pela margem de custo. Esta margem é resultado da soma da antiga margem de custo (calculada anteriormente no valor de 94,8964%) com a margem devido à diferença com os gastos com o BTA no lugar do agrotóxico (1,7902% no ano Teste, por exemplo). A seguir, o exemplo de cálculo no ano Teste, que resultou em um custo no período de US$ 132,02.

Figura 26 – Cálculo do custo da empresa no período

Fonte: Próprio

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O lucro líquido em cada ano foi calculado através de: nova receita (aproveitando 97% da cana cultivada) menos o custo no ano (calculado na etapa anterior). O VPL deste cenário então pode ser calculado, considerando o lucro do ano como o fluxo de caixa do período. Na próxima figura, está demonstrado o cálculo do VPL deste cenário, que resultou em US$ 46.961.061,62

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Figura 27 – Cálculo do VPL no caso de a empresa utilizar o BTA

Fonte: Próprio 64

Para fins de complementação do estudo, também foi analisado o percentual mínimo de eficácia para que o BTA seja viável, isto é, resultar em um VPL maior que 0 e também a partir de qual percentual o BTA é mais vantajoso que o produto químico, do ponto de vista puramente econômico. Para ter VPL maior que 0, a eficácia deve ser de, pelo menos, 77,23%. Para ser mais vantajoso economicamente que o químico, deve ter uma eficácia de 81,32%.

4.2.4 - Aplicação do Método das Opções Reais sobre os VPLs Encontrados

Obtidos os resultados dos VPLs de cada caso, foi feito um refinamento dos valores através da aplicação do método das Opções Reais, descrito na seção 3.1.3. Para fazer este cálculo, foi necessário a determinação de alguns parâmetros necessários, como a volatilidade, a taxa livre de risco e o período de tempo a ser utilizado. Keegan (2008), cita que é possível obter a volatilidade de uma empresa através dos preços de suas ações em determinado período. Os valores diários do preço da ação da empresa foco do estudo, de 2011 a 2018, foram obtidos do site do mercado de ações automatizado NASDAQ e imputados em uma planilha. Segundo site da empresa norte-americana Investopedia, a volatilidade pode ser calculada através do Microsoft Excel® e dos dados do valor das ações no período desejado, fazendo-se os cálculos que serão descritos a seguir. Com os valores diários, foi calculada a rentabilidade diária através da seguinte fórmula:

Rentabilidade diária = (Preço no dia – Preço no dia anterior) / Preço no dia anterior

Com estes valores imputados na planilha, fez-se o desvio padrão amostral desta série de valores para encontrar a volatilidade diária, que resultou em 2,0178%. Para transformar a volatilidade diária em anual, foi necessário multiplicar o valor da diária pela raiz quadrada do número médio de dias úteis no ano, que é 252. Com isso, obteve-se 32,0319% como a volatilidade anual. Como explicado anteriormente, para fazer o método das Opções Reais, este valor da volatilidade anual (σ) é necessário, bem como a taxa livre de risco (r) que será utilizada (neste estudo será utilizado 5%) e a quantidade de tempo (∆t) que avança a cada período (neste caso, 1 ano). Todos os valores foram descritos um uma planilha e, a partir deles, obtiveram-se os valores de u, d, p, 1-p e exp(-r∆t), através das seguintes fórmulas:

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푢 = 푒휎√훥푡 푑 = 푒−휎√훥푡 = 1/푢 푝 = (푒푟훥푡 − 푑)/(푢 − 푑)

Os resultados obtidos com a aplicação das fórmulas foram os seguintes:

Tabela 13 – Valores que foram utilizados para o cálculo das opções reais

Fonte: Próprio

Para aplicar o Método das Opções Reais, foi necessário iniciar com um valor So, que corresponde ao VPL calculado anteriormente para cada cenário (empresa continua usando agrotóxico ou empresa opta pelo biodefensivo). Sendo assim, foram feitos dois cálculos de opções reais, um para o cenário onde o químico seria utilizado e outro para o caso de o biodefensivo ser utilizado no projeto. O primeiro deles foi feito conforme a explicação a seguir.

4.2.4.1 - Cenário onde o Produto Químico é utilizado

Com o valor So de US$ 9.697.256,00, estimou-se um cenário otimista e um pessimista para o ano seguinte. Para o cenário otimista, multiplicou-se So pelo valor up (u), retornando US$ 13.358.624,00. Para o cenário pessimista, multiplicou-se So pelo valor down (d), retornando US$ 7.039.406,00. A demonstração de como isso foi feito, bem como os demais resultados alcançados, estão demonstrados nas figuras abaixo.

66

Figura 28 – Cálculo do cenário otimista para o ano 1

Fonte: Próprio 67

Figura 29 – Cálculo do cenário pessimista para o ano 1

Fonte: Próprio 68

O resto da árvore foi preenchido de forma análoga. Com todos os valores encontrados para o último ano do projeto (ano 7), foram calculados os novos valores para cada ano. Para fazer o “caminho inverso” do que foi demonstrado até aqui e encontrar os novos valores dos anos anteriores, multiplicou-se os valores do ano 7, por exemplo, pela fórmula abaixo:

푉푎푙표푟 푎푛푡푒푟푖표푟 = [푝(푣푎푙표푟 푚푎푖표푟) + (1 − 푝)(푣푎푙표푟 푚푒푛표푟)] ∗ (푒−푟훥푡)

Onde valor maior é aquele resultante do valor do ano anterior multiplicado por u e valor menor é aquele resultante do valor do ano anterior multiplicado por d. Além disso, para cada ano, foi estimado um valor percentual da chance de o projeto dar certo naquele ano e todos os resultados obtidos com a fórmula acima foram multiplicados por esse percentual. Como a área cultivada cresce conforme a passagem de tempo, o percentual de chance de haver sucesso reduz sempre que há um aumento na área cultivada, pois mais variáveis ambientais não previstas podem agir quanto maior for a área cultivada. Além disso, quanto maior a área, menor a chance de sucesso quando a empresa a utiliza pela primeira vez. Porém, se a mesma área for utilizada por anos consecutivos, as chances de sucesso voltam a subir. Para exemplificar o raciocínio, a tabela abaixo demonstra os percentuais de sucesso que a empresa teria a cada ano, conforme aumenta a porcentagem utilizada dos 54.000 hectares pertencentes à empresa.

Tabela 14 – Percentuais de chance de sucesso no projeto a cada ano Ano Teste Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Percentual da 576 m² 10% 10% 20% 40% 60% 60% 60% área utilizado Probabilidade 95% 90% 95% 85% 80% 75% 95% 95% de sucesso Fonte: Próprio

Aplicando o que foi descrito acima nos resultados obtidos para o ano 7 (descritos na figura 29), obtiveram-se os resultados abaixo. Vale ressaltar que os valores do ano 7 que serão apresentados a seguir são aqueles do ano 7 da figura 29 já multiplicados pelo percentual de chance de sucesso, também indicados na próxima figura.

69

Figura 30 – Árvore resultante da aplicação sucessiva da fórmula Valor anterior multiplicado pela chance de sucesso no ano, para o caso da utilização de agrotóxico

Fonte: Próprio 70

Foi encontrado um novo VPL para a situação onde a empresa utilizaria o químico. Ao invés de US$ 9.697.256,00, passaria a ser de US$ 3.625.400,00.

4.2.4.2 - Cenário onde o BTA é Utilizado

A situação onde seria utilizado o biodefensivo foi calculada de forma análoga à situação anterior. Porém, aqui aplicou-se a ideia trazida por Keegan (2008) de que se a alternativa (usar produto químico) for mais vantajosa em qualquer ano, a empresa poderia optar por desistir do projeto e voltar a usar o químico. Como valor de referência para saber se seria mais vantajoso voltar ao químico, utilizou-se o VPL de cada ano do projeto se este produto fosse utilizado. Estes VPLs foram os seguintes:

Tabela 15 – VPLs a cada ano de projeto utilizando agrotóxico Teste Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Receita Total 136,54 12.906.924,97 13.271.455,81 27.183.591,10 55.703.032,22 85.180.033,18 85.539.515,23 85.915.996,09 Custos da Empresa 129,57 12.248.207,15 12.594.133,79 25.796.249,34 52.860.172,27 80.832.785,00 81.173.920,53 81.531.187,32 Lucro Líquido 6,97 658.717,82 677.322,02 1.387.341,76 2.842.859,95 4.347.248,17 4.365.594,70 4.384.808,78 VPL 9.697.256,00 11.059.712,52 11.862.334,45 12.756.506,68 12.966.532,60 11.546.048,65 8.210.231,94 4.384.808,78 Teste Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Receita Total 136,54 12.906.924,97 13.271.455,81 27.183.591,10 55.703.032,22 85.180.033,18 85.539.515,23 85.915.996,09 Custos da Empresa 129,57 12.248.207,15 12.594.133,79 25.796.249,34 52.860.172,27 80.832.785,00 81.173.920,53 81.531.187,32 Lucro Líquido 6,97 658.717,82 677.322,02 1.387.341,76 2.842.859,95 4.347.248,17 4.365.594,70 4.384.808,78 VPL 9.697.256,00 11.059.712,52 11.862.334,45 12.756.506,68 12.966.532,60 11.546.048,65 8.210.231,94 4.384.808,78 Fonte: Próprio

Ao calcular a árvore a partir do valor So do cenário onde o biodefensivo seria utilizado (o VPL encontrado de US$ 46.961.062,00), obtém-se o seguinte resultado demonstrado abaixo.

71

Figura 31 – Árvore resultante do VPL encontrado caso a empresa utilizasse biodefensivo ao longo de todo o projeto

Fonte: Próprio 72

Ao comparar os números da tabela 15 com os da figura 31, percebeu-se que apenas o ano 5 tem um valor inferior ao VPL do mesmo ano (9.466.155,00 vs 11.546.048,65). Por isso, foi feita uma substituição por esse valor na árvore da figura 31. Todos os resultados pessimistas a partir deste também precisaram ser trocados e também estão indicados em verde, pois são resultados que vem do uso de produto químico. A nova árvore, com todos esses valores substituídos, está na figura abaixo.

73

Figura 32 – Nova árvore resultante do VPL encontrado caso a empresa utilizasse biodefensivo ao longo de todo o projeto

Fonte: Próprio 74

Os cálculos do “caminho inverso” para encontrar o novo valor mais preciso de VPL para esse caso foram análogos aos do cenário onde a empresa utilizaria produtos químicos. O resultado, contendo este novo VPL, está demonstrado na figura abaixo.

75

Figura 33 – Árvore resultante da aplicação sucessiva da fórmula Valor anterior multiplicado pela chance de sucesso no ano, para o caso de utilização de biodefensivo

Fonte: Próprio 76

Foi encontrado um novo VPL para a situação onde a empresa utilizaria o biodefensivo. Ao invés de US$ 46.961.062,00, passaria a ser de US$ 17.559.065,00.

4.2.5 - Empresas que Vendem Produto Químico ou BTA para o Projeto

Para complementar o estudo, foi feita uma análise com o objetivo de calcular o quanto pode ser interessante para uma empresa vender BTA, ao invés de produto químico para uma área de 54.000 hectares. Para fazer a comparação (empresa que vende BTA vs empresa que vende o agrotóxico) foram levantadas duas questões: • Questão 1: Se a empresa foco do estudo optasse por usar apenas o biodefensivo em seu projeto, do início ao fim, qual seria o VPL da empresa que vende o BTA para ela? • Questão 2: Se a empresa foco do estudo optasse por usar apenas o agrotóxico em seu projeto, do início ao fim, qual seria o VPL da empresa que vende o produto químico para ela? Utilizando ainda a taxa de desconto de 14,05%, foi necessário calcular os fluxos de caixa em cada período. Para saber o fluxo, foi calculado o lucro no ano. A estimativa da margem de lucro com a venda do produto veio de uma comparação da receita da empresa produtora e seu EBITDA, de forma que EBITDA / Receita é igual à margem de lucro que a empresa tem na venda do produto. Como receita do caso estudado, foi utilizado apenas o quanto a empresa ganharia com a venda do produto para a aplicação no projeto foco do estudo. Para encontrar esse valor, observou-se a quantidade de produto (químico e biológico) a ser usado por hectare em Kg, a quantidade de hectares plantados no ano e o lucro com a venda do Kg do produto (Valor de mercado x margem de lucro). Além disso, para fins de desenvolvimento do estudo, foram feitos então 3 cenários de venda do produto. No primeiro caso, a quantidade vendida se o projeto utilizar o mínimo de produto recomendado; no segundo caso, a quantidade vendida se for utilizado um valor médio de produto por hectare; e, em um terceiro caso, onde o projeto faria uso do máximo permitido pela bula. Esses valores foram multiplicados pelo lucro por Kg e resultaram nos lucros de cada cenário decorrentes da venda de produto (biológico ou químico). No caso da empresa produtora de BTA, a receita encontrada foi de US$ 6.957.524,00 e o EBITDA de US$ 458.498,00 de acordo com o site Market Screener (dados referentes a Mitsui & Co., grupo que adquiriu a Certis USA, de acordo com o site da empresa) o que retorna 77 uma proporção de 6,59% de margem de lucro. O preço de mercado do Agree® WG, segundo o site de venda de biodefensivos Seven Springs Farm, é de US$ 38,56 por Kg. Com isso o lucro da empresa por Kg vendido é de 6,59% x US$ 38,56 = US$ 2,54. A quantidade de produto a ser utilizada, segundo a bula do Agree® WG disponível no site da empresa Certis USA é de, no mínimo 0,28Kg/Hectare e de, no máximo, 2,24Kg/Hectare. Então o cenário onde se utilizaria a quantidade média seria o equivalente a 1,26Kg/Hectare. Esses números foram imputados em uma planilha Microsoft Excel®, onde também foi calculado o VPL considerando os fluxos de cada período, retornando resultado a seguir.

78

Tabela 16 – VPLs da empresa produtora de biodefensivo Hectares plantados 0,0576 5.400,00 5.400,00 10.800,00 21.600,00 32.400,00 32.400,00 32.400,00 Kg vendidos - Mín 0,02 1.512,00 1.512,00 3.024,00 6.048,00 9.072,00 9.072,00 9.072,00 Kg vendidos - Méd 0,07 6.804,00 6.804,00 13.608,00 27.216,00 40.824,00 40.824,00 40.824,00 Kg vendidos - Máx 0,13 12.096,00 12.096,00 24.192,00 48.384,00 72.576,00 72.576,00 72.576,00 Lucro Mínimo $ 0,04 $ 3.842,13 $ 3.842,13 $ 7.684,25 $ 15.368,50 $ 23.052,75 $ 23.052,75 $ 23.052,75 Lucro Médio $ 0,18 $ 17.289,56 $ 17.289,56 $ 34.579,13 $ 69.158,26 $ 103.737,39 $ 103.737,39 $ 103.737,39 Lucro Máximo $ 0,33 $ 30.737,00 $ 30.737,00 $ 61.474,01 $ 122.948,02 $ 184.422,02 $ 184.422,02 $ 184.422,02 VPL Mínimo $52.192,01 VPL Médio $234.864,05 VPL Máximo $417.536,08 Fonte: Próprio 79

Como apresentado pela tabela 16, o VPL da empresa produtora de biodefensivo é mínimo de US$ 52.192,01, médio de US$ 234.864,05 e máximo de US$ 417.536,08. A seguir, nas figuras 34, 35 e 36, estão demonstrados como foram feitos os cálculos da quantidade mínima de kg vendidos pela empresa produtora de biodefensivo, o lucro mínimo em cada período e também o VPL resultante, utilizando como fluxos os lucros mínimos de cada período. Os resultados de cada fórmula podem ser vistos na tabela 16.

80

Figura 34 – Cálculo da quantidade de Kg vendidos

Fonte: Próprio 81

Figura 35 – Cálculo do lucro no período

Fonte: Próprio 82

Figura 36 – Cálculo do VPL do cenário onde se utiliza o mínimo de BTA por hectare

Fonte: Próprio 83

Os cálculos para os demais cenários (médio e máximo) são análogos aos demonstrados acima. Já no caso da empresa produtora de agrotóxico, a receita encontrada foi de US$ 2.146.268.389,50 e o EBITDA de US$ 135.522.321,00 de acordo com o site Valor Econômico o que retorna uma proporção de 6,31% de margem de lucro. O preço de mercado do Nomolt® 150, segundo o site de venda de insumos agropecuários Agrinumo, é de US$ 29,28 por Litro. Com isso o lucro da empresa por Litro vendido é de 6,31% x US$ 29,28 = US$ 1,85. A quantidade de produto a ser utilizada, segundo a bula do Nomolt® 150 disponível no site da empresa BASF é de, no mínimo 0,12L/Hectare e de, no máximo, 0,30L/Hectare. Então o cenário onde se utilizaria a quantidade média seria o equivalente a 0,21L/Hectare. Esses números foram imputados em uma planilha Microsoft Excel®, onde também foi calculado o VPL considerando os fluxos de cada período, retornando o seguinte resultado:

84

Tabela 17 – VPLs da empresa produtora de agrotóxico Hectares plantados 0,0576 5.400,00 5.400,00 10.800,00 21.600,00 32.400,00 32.400,00 32.400,00 Kg vendidos - Mín 0,01 648,00 648,00 1.296,00 2.592,00 3.888,00 3.888,00 3.888,00 Kg vendidos - Méd 0,01 1.134,00 1.134,00 2.268,00 4.536,00 6.804,00 6.804,00 6.804,00 Kg vendidos - Máx 0,02 1.620,00 1.620,00 3.240,00 6.480,00 9.720,00 9.720,00 9.720,00 Lucro Mínimo $ 0,01 $ 1.198,04 $ 1.198,04 $ 2.396,09 $ 4.792,18 $ 7.188,27 $ 7.188,27 $ 7.188,27 Lucro Médio $ 0,02 $ 2.096,58 $ 2.096,58 $ 4.193,16 $ 8.386,31 $ 12.579,47 $ 12.579,47 $ 12.579,47 Lucro Máximo $ 0,03 $ 2.995,11 $ 2.995,11 $ 5.990,22 $ 11.980,44 $ 17.970,66 $ 17.970,66 $ 17.970,66 VPL Mínimo $16.274,41 VPL Médio $28.480,22 VPL Máximo $40.686,03 Fonte: Próprio 85

Como apresentado pela tabela 17, o VPL da empresa produtora de agrotóxico é mínimo de US$ 16.274,41, médio de US$ 28.480,22 e máximo de US$ 40.686,03. A seguir, na figura 37, a planilha Excel® com os valores de referência para a empresa produtora de agrotóxico, com a demonstração do cálculo do VPL mínimo. Os demais cálculos foram análogos ao caso da empresa produtora de biodefensivo, apenas considerando os novos valores:

86

Figura 37 – Cálculo do VPL do cenário onde se utiliza o mínimo de agrotóxico por hectare

Fonte: Próprio 87

CAPÍTULO V - CONCLUSÃO

A utilização de biodefensivos traz diversos benefícios socioeconômicos. Além de não ser prejudicial ao ser humano, e ao meio ambiente de forma geral, da forma como os produtos químicos são, estes produtos de base biológica ainda trazem uma grande vantagem frente aos agrotóxicos, que é uma maior eficácia no combate às pragas. Com isso, uma parte maior do cultivo pode ser aproveitada pelo produtor rural. Ao longo do estudo, buscou-se mostrar como os agrotóxicos são nocivos ao ser humano, mesmo para aqueles que não tem contato direto com o produto. Aos poucos, estes produtos químicos agressivos podem contaminar e adoecer a população que reside em áreas próximas ou que consome os alimentos produzidos em cultivos que fazem uso de agrotóxico. Conforme citado ao longo do estudo, os prejuízos podem chegar a câncer ou términos precoces de gestações. Sendo assim, além dos consequentes gastos governamentais decorrentes destes prejuízos à saúde da população poderem ser evitados, ao se recorrer ao uso de alternativas mais “limpas” de combate às pragas, também se contribui para um maior bem-estar social. Observou-se que, mesmo que uma quantidade maior de produto biológico precise ser utilizada e que este seja mais caro, a diferença de eficácia no combate às pragas faz com que seja mais interessante utilizá-los. Utilizando uma eficácia de 80% do produto químico e de 97% do produto biológico, observou-se que o Valor Presente Líquido, em uma área de 54.000 hectares de plantio de cana, poderia saltar de US$ 3.625.400,00 para até US$ 17.559.065,00. Estes valores foram resultado da aplicação do método de Opções Reais sobre o VPL simples de cada cenário (empresa utiliza agrotóxico vs empresa utiliza biodefensivo). O método de Opções Reais mostrou-se como uma ferramenta valiosa no valuation de empreendimentos. Levando em conta a volatilidade da empresa, baseado no valor de mercado desta, a possibilidade de que o projeto falhe em determinado ano e também a possibilidade de os tomadores de decisão poderem reavaliar a cada ano se vale continuar com o projeto ou não, este método trouxe um refinamento nos VPLs encontrados anteriormente. Isto faria com que a empresa trabalhasse com projeções mais próximas da realidade, ao invés de trabalhar com um “melhor cenário” estático que poderia facilmente não se concretizar. Além disso, o trabalho trouxe outras contribuições interessantes. Por exemplo, estimou-se que, para o uso de biodefensivos seja viável, nesta situação estudada, o produto biológico deveria ter uma eficácia de, pelo menos, 77,23% no combate à praga, possibilidade que alguns estudos, referenciados anteriormente, apontam como totalmente plausível. Outra 88 estimativa relevante foi com relação à eficácia a partir da qual o biodefensivo passaria a ser melhor, de um ponto de vista puramente econômico, que o produto químico: 81,32% Verificou-se também como a utilização de biodefensivos pode ser algo positivo para a economia de forma geral. Além de a empresa que possui cultivos se beneficiar economicamente disto, também é mais interessante para uma empresa que vende produtos para combate de pragas que este produto seja de base biológica. Para comparação, observou-se que o VPL médio de uma empresa produtora de agrotóxico, que teria como cliente apenas a empresa foco do estudo (54.000 hectares), giraria em torno de US$ 28.480,22, enquanto que para uma empresa concorrente, produtora de biodefensivo, seria em torno de US$ 234.864,05. Para estudos futuros, seria interessante aplicar o método das Opções Reais também para o caso das empresas produtoras de defensivos agrícolas. Além disso, sugere-se que sejam estudados casos onde considere-se que mais de uma praga ataca o cultivo. Neste estudo, a diferença entre VPLs esperados é alta devido à simplificação feita onde assumiu-se que este produto acabaria com 97% de uma única praga que ataca a plantação, o que não ocorre na prática. Na realidade, seria combatido o Diatraea saccharalis, mas outras pragas iriam persistir, pois precisariam ser utilizados diversos outros biodefensivos. Apesar disso, visto o que foi observado, o esperado é que, mesmo assim, utilizar biodefensivos seria mais vantajoso economicamente. Além disso, o método das Opções Reais varia conforme as probabilidades de sucesso que são escolhidas para cada período. Também seria interessante um estudo onde alguns experts do setor agrícola estimassem de forma mais precisa as probabilidades de sucesso que o projeto deveria ter a cada ano. Isto aproximaria ainda mais o VPL esperado daquele que de fato será observado uma vez que o projeto foi concluído. Em suma, mesmo focando em uma situação bastante específica, espera-se que o estudo contribua como um estímulo ao movimento de produção de alimentos mais saudáveis e “limpos”, que já vem ganhando força em países mais desenvolvidos tecnologicamente e que se preocupam com a saúde, bem-estar e prosperidade econômica das próximas gerações.

89

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