GESTÃO DE PROJETOS EDUCATIVOS E DESPORTIVOS:

3 DESTINOS, 3 CAMINHOS

(, Singapura, Timor-Leste)

Relatório Profissional apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, no âmbito do 2º Ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Gestão Desportiva, ao abrigo do Decreto-Lei 74/2006, de 24 de março.

Orientadora: Prof.ª Doutora Maria José Carvalho

Autora: Eduarda Maria Reis Pinto

Porto, junho de 2014

Ficha de catalogação:

Pinto, E. (2014). Gestão de Projetos Educativos e Desportivos – 3 destinos, 3 caminhos (Portugal, Singapura, Timor-Leste). Porto: E. Pinto. Relatório Profissional com vista à obtenção do grau de Mestre em Gestão Desportiva apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: PROJETOS EDUCATIVOS; DESPORTO E ESCOLA; PROJETOS DESPORTIVOS; GESTÃO DESPORTIVA; EVENTOS DESPORTIVOS

II

É nossa sina não caber no berço. Desde os primórdios que somos emigrantes. O português pré-histórico já era aventureiro, navegador, missionário, semeador de cultura. (…) Todos os caminhos transversais de Portugal vêm ter ao mar. Verificá-lo, é avivar na consciência a nossa razão de ser. Que nascemos para embarcar. Ou de imediato, ou na lembrança ou na imaginação.

Miguel Torga

III

Agradecimentos

Este relatório profissional constitui um precioso passo na minha formação pessoal e profissional mas que jamais teria sido concretizado sem o indispensável contributo de todos aqueles que participaram, de forma direta ou indireta, no meu percurso. A eles expresso o meu mais sincero reconhecimento e dedico o mesmo com gratidão.

À Prof.ª Doutora Maria José Carvalho, pelo incentivo e inesgotáveis sugestões e reformulações ao longo de todo este processo.

Ao Carlos, meu companheiro, pelo persistente apoio e disponibilidade incondicionais.

À minha família, pelo exemplo, valores e princípios transmitidos ao longo da minha vida.

Ao meu pai (em memória), que hoje sentiria orgulho com o findar desta minha etapa.

V

Índice Geral

Índice Geral ...... VII Índice de Figuras ...... IX Índice de Quadros ...... X Resumo...... XI Abstract ...... XIII Lista de Abreviaturas...... XV INTRODUÇÃO...... 1 I. DESCRIÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ...... 7 a) Formação Académica ...... 9 b) Prática Profissional Docente ...... 9 c) Prática Profissional não Docente ...... 12 II. CONTEXTOS DA PRÁTICA PROFISSIONAL ...... 15 1. PRÁTICA PROFISSIONAL DESENVOLVIDA EM PORTUGAL...... 19 1.1. ESTABELECIMENTOS DE ENSINO BÁSICO E SECUNDÁRIO ...... 21 1.1.1. Caraterização do contexto escolar e seu enquadramento teórico...... 23 1.1.1.1. A Escola enquanto Organização ...... 23 1.1.1.2. A Organização da Escola ...... 24 1.1.1.3. O Desporto e a Escola ...... 27 1.1.1.4. O Desporto Escolar e a Educação Física ...... 29 1.1.1.5. Objetivos do Desporto Escolar ...... 30 1.1.1.6. O Projeto/Clube do Desporto Escolar ...... 32 1.1.2. Cargos desempenhados e âmbito de intervenção ...... 34 1.1.2.1. Coordenação do Departamento Curricular de Educação Física...... 34 1.1.2.2. Representante de Grupo Disciplinar em Conselho Pedagógico ...... 39 1.1.2.3. Coordenação Técnica do Clube de Desporto Escolar ...... 43 1.1.2.4. Responsável por Grupo/Equipa de Desporto Escolar ...... 45 1.2. II JOGOS DA LUSOFONIA, LISBOA 2009 ...... 53 1.2.1. Caraterização do contexto profissional e seu enquadramento teórico ...... 55 1.2.1.1. Comité Olímpico de Portugal ...... 55 1.2.1.2. II Jogos da Lusofonia, Lisboa 2009 ...... 56

VII

1.2.2. Funções desempenhadas e âmbito de intervenção ...... 63 2. PRÁTICA PROFISSIONAL DESENVOLVIDA EM SINGAPURA ...... 73 2.1. I JOGOS OLÍMPICOS DA JUVENTUDE, SINGAPURA 2010 ...... 75 2.1.1. Caraterização do contexto profissional e seu enquadramento teórico ...... 77 2.1.1.1. Comité Olímpico Internacional ...... 77 2.1.1.2. I Jogos Olímpicos da Juventude, Singapura 2010 ...... 78 2.1.2. Funções desempenhadas e âmbito de intervenção ...... 81 3. PRÁTICA PROFISSIONAL DESENVOLVIDA EM TIMOR-LESTE ...... 85 3.1. PROJETO DE FORMAÇÃO INICIAL E CONTÍNUA DE PROFESSORES ...... 87 3.1.1. Caraterização do contexto profissional e seu enquadramento teórico ...... 89 3.1.1.1. Timor-Leste ...... 89 a) Situação Política ...... 91 b) Situação Económica ...... 93 c) Situação Social ...... 94 3.1.1.2. Instituto Nacional de Formação de Docentes e Profissionais da Educação 96 3.1.1.3. Projeto de Formação Inicial e Contínua de Professores ...... 100 a) Processo Contratual ...... 102 3.1.2. Funções desempenhadas e âmbito de intervenção ...... 105 3.1.2.1. Distrito de Manufahi ...... 106 3.1.2.2. Distrito de Ainaro ...... 113 3.1.2.3. Distrito de Lautém ...... 116 III. REFLEXÃO CRÍTICA E COMPETÊNCIAS ADQUIRIDAS ...... 121 a) Projetos Educativos ...... 123 b) Projetos Desportivos ...... 126 IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...... 131 BIBLIOGRAFIA ...... 137

VIII

Índice de Figuras

Figura 1: Organograma da COJOL, Lisboa 2009 (Zona de Sintra) ...... 65 Figura 2: Mapa de Timor-Leste ...... 89 Figura 3: Mapa do distrito de Manufahi ...... 106 Figura 4: Mapa do distrito de Ainaro ...... 114 Figura 5: Mapa do distrito de Lautém ...... 117

IX

Índice de Quadros

Quadro 1: Vetores Estratégicos do Programa do Desporto Escolar ...... 31 Quadro 2: Responsável por Grupo/Equipa do Desporto Escolar: Modalidades ...... 46 Quadro 3: Dados Estatísticos relativos aos I Jogos da Lusofonia, 2006...... 58 Quadro 4: Dados Estatísticos relativos aos II Jogos da Lusofonia, Lisboa 2009 ...... 61 Quadro 5: Data e Hora de Chegadas das Delegações ao Aeroporto ...... 66 Quadro 6: Ementa no Hotel Tivoli – Sintra ...... 69 Quadro 7: Data e Hora de Partida das Delegações ...... 70 Quadro 8: Distribuição Modular da Formação Complementar ...... 111 Quadro 9: Módulos lecionados no distrito de Manufahi ...... 112 Quadro 10: Módulos lecionados no distrito de Ainaro ...... 115 Quadro 11: Módulos lecionados no distrito de Lautém ...... 118

X

Resumo

O presente relatório pretende refletir um percurso profissional de aproximadamente doze anos, pautado por extrema dedicação e ambição, aspirando, a cada dia, um futuro melhor, enquanto profissional de Educação Física.

Deste percurso destaca-se a participação em Projetos Educativos, quer em Portugal, quer em Timor-Leste, e em Projetos Desportivos, nomeadamente, os II Jogos da Lusofonia, Lisboa 2009 e os I Jogos Olímpicos da Juventude, Singapura 2010, na qualidade de membro da sua comissão organizadora.

Assim, o presente relatório profissional pretende ilustrar a passagem por três destinos, Portugal, Singapura e Timor-Leste, atribuindo especial enfoque ao caminho percorrido em cada um deles, no âmbito da Gestão de Projetos Educativos e de Projetos Desportivos.

No sentido de proceder a uma aprofundada contextualização da envolvência nos vários projetos, a que se reporta este relatório, procurou-se efetuar uma caraterização dos diversos contextos profissionais e seu enquadramento teórico, bem como descrever as funções desempenhadas e âmbito de intervenção, em cada um deles.

Simultaneamente, procedeu-se a uma análise crítico-reflexiva de todo este percurso, quer em termos educativos, quer desportivos, sempre numa perspetiva construtiva.

Por último, assumiu-se de extrema relevância assinalar, não só o caminho percorrido em cada um dos três destinos, mas acima de tudo as suas ligações e conexões com caminhos futuros, no sentido de definir o próximo destino, um novo Projeto.

PALAVRAS-CHAVE: PROJETOS EDUCATIVOS; DESPORTO E ESCOLA; PROJETOS DESPORTIVOS; GESTÃO DESPORTIVA; EVENTOS DESPORTIVOS

XI

Abstract

This report intends to reflect a twelve year career full of dedication and ambition, aspiring, each day, to a better future, as a Physical Education teacher.

From my experience, I stand out my participation in different Educational Projects, in Portugal, as well as in , and in Sports Projects, as a member of the organization committee, namely in the 2nd edition of , 2009, and in Singapore’s Youth , 2010.

Thus, this career report illustrates my path through three destinations, Portugal, Singapore and East Timor, highlighting the experiences under Educational Project Managing and Sports Projects.

In order to conduct a thorough contextualization of the different projects that this report mentions, it is necessary to characterize the different and diverse professional contexts and their theoretical framework, as well as to describe the jobs performed and their scope of intervention.

At the same time, this report refers to the educational and sports experiences under a reflexive, critical and constructive perspective.

At last, it is truly relevant not only to apprehend the experiences and the connections between them, but also to see them as a whole from which to set a new destination, a new Project.

KEYWORS: EDUCATIONAL PROJECTS; SPORT AND SCHOOL; SPORTS PROJECTS; SPORTS MANAGEMENT; SPORTS EVENTS

XIII

Lista de Abreviaturas

ACOLOP – Associação dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa

COI – Comité Olímpico Internacional

COJOL – Comissão Organizadora dos II Jogos da Lusofonia – Lisboa 2009

CONs – Comités Olímpicos Nacionais

COP – Comité Olímpico de Portugal

CP – Cooperação Portuguesa

EEBS – Estabelecimentos de Ensino Básico e Secundário

INFORDEPE – Instituto Nacional de Formação de Docentes e Profissionais da Educação

MCCY - Ministry of Culture, Community and Youth of Singapore

METL – Ministério da Educação de Timor-Leste

ONU – Organização das Nações Unidas

PAA – Plano Anual de Atividades

PEC – Programa de Educação e Cultura

PFICP – Projeto de Formação Inicial e Contínua de Professores

PPP – Parceria Público-Privada

SNOC – Singapore National Olympic Council

SSC – Singapore Sports Council

SYOGOC – Singapore Youth Olympic Games Organizing Committee

UA – Universidade de Aveiro

XV

UM – Universidade do Minho

UNAMET – United Nations Assistance Mission for East Timor

UNMIT – United Nations Integrated Mission in Timor-Leste

UNPOL – United Nations Police

YOG – Youth Olympic Games

XVI

INTRODUÇÃO

1

INTRODUÇÃO

A realização deste relatório profissional surge no seguimento de um percurso profissional de aproximadamente doze anos, pautado por extrema dedicação e ambição, aspirando, a cada dia, um futuro melhor, enquanto profissional de Educação Física. Deste percurso destacam-se, após a conclusão da licenciatura, nove anos de ensino público nacional, em diversos níveis de ensino, desde o primeiro ciclo, passando pelos segundo e terceiro ciclos, até ao ensino secundário geral e profissional.

Pese embora o facto de grande parte do referido percurso ter sido vivenciado como docente, após a conclusão de uma pós-graduação em Organização e Gestão Desportiva, surge a necessidade e a ambição de alargar o campo da atuação profissional. Neste sentido, este percurso passa também a ficar pautado pela participação, a nível organizativo, em eventos desportivos, dos quais se salientam, em Portugal, os II Jogos da Lusofonia, Lisboa 2009 e, em Singapura, os I Jogos Olímpicos da Juventude, no ano de 2010.

Em resposta a um desafio ainda maior, mais recentemente, desde 1 de setembro de 2012 até ao presente, o campo da atuação ao nível do ensino estende-se além-fronteiras, ultrapassando o, já por si importante, ato de ensinar, complementando-o com a interação e partilha de vivências e experiências que são facultadas através da participação num Projeto de Formação Inicial e Contínua de Professores, em Timor-Leste.

Deste modo, o presente relatório profissional pretende ilustrar a passagem por três destinos, Portugal, Singapura e Timor-Leste, atribuindo especial enfoque ao caminho percorrido em cada um deles, no âmbito da Gestão de Projetos Educativos e de Projetos Desportivos. Assim, de forma a cumprir o referido propósito, este relatório assumirá a seguinte estrutura:

No primeiro capítulo, apresentar-se-á a descrição da prática profissional, procedendo-se à caraterização do percurso académico, bem como da prática profissional docente e não docente, exercidas até à presente data.

3

INTRODUÇÃO

Seguidamente, no segundo capítulo, apresentar-se-ão os contextos da prática profissional, subdivididos em três grandes partes: a primeira diz respeito à atividade desenvolvida em Portugal, a segunda refere-se à passagem por Singapura e, por último, na terceira parte, serão expostos os desafios que se colocam na atividade desenvolvida em Timor-Leste.

No que respeita à primeira parte, prática profissional desenvolvida em Portugal, irá efetuar-se uma subdivisão entre Estabelecimentos de Ensino Básico e Secundário (EEBS) e II Jogos da Lusofonia, Lisboa 2009.

Relativamente aos EEBS, proceder-se-á à caraterização do contexto escolar e seu enquadramento teórico, abordando diversos temas, tais como: a Escola enquanto Organização, a Organização da Escola, o Desporto e a Escola, o Desporto Escolar e a Educação Física, os Objetivos do Desporto Escolar e o Projeto/Clube de Desporto Escolar. Após a referida caraterização, apresentar- se-ão os cargos desempenhados e âmbito de intervenção, ao nível do contexto escolar.

Quanto aos II Jogos da Lusofonia, Lisboa 2009, não só pela importância atribuída ao facto de este se constituir como o primeiro grande evento multidesportivo a nível nacional, mas também por esta se assumir como a primeira participação na qualidade de membro da comissão organizadora, proceder-se-á à caraterização do contexto profissional e seu enquadramento teórico, nomeadamente o Comité Olímpico de Portugal e os II Jogos da Lusofonia, bem como à apresentação das funções desempenhadas e âmbito de intervenção.

Segue-se a segunda parte, prática profissional desenvolvida em Singapura, destacando-se a participação na organização do evento “I Jogos Olímpicos da Juventude, Singapura 2010”. Assim, começar-se-á por efetuar a caraterização do contexto profissional e seu enquadramento teórico, designadamente o Comité Olímpico Internacional, breve análise da estrutura administrativa do desporto em Singapura e os I Jogos Olímpicos da Juventude. Após a

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INTRODUÇÃO

caraterização, apresentar-se-ão as funções desempenhadas e âmbito de intervenção.

Por último, na terceira parte, prática profissional desenvolvida em Timor-Leste, apresentar-se-á a contextualização de uma realidade bastante distinta das anteriores, reportando-se a um país com caraterísticas muito particulares e a um projeto educativo que excede, em larga escala, o mero processo de formação de docentes. Por este facto, considera-se de extrema relevância a caraterização do contexto profissional e seu enquadramento teórico, nomeadamente a caraterização de Timor-Leste, ao nível político, económico e social, a caraterização da entidade responsável pelo projeto: Instituto Nacional de Formação de Docentes e Profissionais da Educação, bem como a caraterização do próprio Projeto de Formação Inicial e Contínua de Professores (PFICP). Para além desta caraterização, proceder-se-á também à descrição das funções desempenhadas e âmbito de intervenção.

Dando-se por concluída a apresentação dos contextos da prática profissional, surge o terceiro capítulo, onde se efetuará uma reflexão crítica, atribuindo-se especial destaque às competências adquiridas ao longo deste percurso profissional. O capítulo será subdividido em duas partes: a) Projetos Educativos, onde se refletirá sobre as competências adquiridas ao nível dos EEBS e do PFICP, em Timor-Leste, e b) Projetos Desportivos, destacando-se os II Jogos da Lusofonia e os I Jogos Olímpicos da Juventude, em Singapura.

Por último, no quarto capítulo, proceder-se-á à descrição de um conjunto de considerações finais, resultantes da explanação dos três destinos, três caminhos que pautaram a elaboração deste relatório profissional, urgindo também a necessidade de ligação a caminhos futuros, novos destinos, novos projetos.

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I. DESCRIÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

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DESCRIÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

a) Formação Académica

Iniciei a minha formação académica especializada em Desporto e Educação Física no ano de 1997, na Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade do Porto (FCDEF-UP), atual FADEUP, tendo concluído a licenciatura na opção complementar de Desporto de Reabilitação e Reeducação em 2002, obtendo a classificação de 15,0 valores.

Sentindo necessidade de prosseguir com a minha formação académica, no ano letivo 2004/2005, iniciei um curso de Pós-Graduação em Organização e Gestão Desportiva, na Fundação Técnica e Científica do Desporto/Instituto Superior de Entre Douro e Vouga, em Santa Maria da Feira, concluindo-o com a classificação de 16,0 valores.

Mais recentemente, e querendo dar continuidade a esta Pós-Graduação, inscrevi-me no curso de Mestrado em Gestão Desportiva na FADEUP, encontrando-me a frequentar o segundo ano do segundo ciclo de estudos.

b) Prática Profissional Docente

A minha prática profissional, enquanto docente de Educação Física, iniciou-se logo no ano letivo de 2001/2002, na Escola Básica 2,3 Bento Carqueja, em Oliveira de Azeméis, assumindo caráter de Estágio Pedagógico. Aqui desempenhei funções de docência de duas turmas de terceiro ciclo, sétimo e oitavo anos, fui secretária de Conselho de Turma, bem como docente de alunos com necessidades educativas especiais.

No ano letivo seguinte, 2002/2003, enquanto professora profissionalizada contratada, iniciei o processo de colocações nacionais na Escola Básica 2,3/S de São João da Pesqueira, tendo-me estreado enquanto Responsável por Grupo/Equipa de Desporto Escolar no Ténis de Mesa.

Imediatamente no ano letivo seguinte, 2003/2004, não obtendo colocação no concurso nacional de professores, rapidamente procurei alternativa, tendo

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DESCRIÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

exercido funções de Professora de Natação a crianças com idades compreendidas entre os três e os dez anos (Introdução ao Meio Aquático e às Técnicas de Aprendizagem) no Centro de Assistência Social à Terceira Idade e Infância de Sanguedo – CASTIIS. Paralelamente, através da Divisão Social da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, enquanto Professora de Atividade Física e Natação para a Terceira Idade, colaborei na implementação do Programa “Movimento e Bem Estar” direcionado à população sénior.

No ano de 2004/2005, obtive colocação, em concurso nacional, na Escola Básica Integrada Infante D. Pedro, em Penela, prosseguindo em simultâneo com o ensino da Natação, desta vez para Adultos, no Complexo Desportivo do Colégio Liceal da Santa Maria de Lamas, apenas aos fins de semana.

Em 2005/2006, desempenhei funções na Escola Básica 2,3 Mário de Sá Carneiro, em Camarate, voltando a ser Responsável por Grupo/Equipa de Desporto Escolar, desta vez, de Voleibol Feminino.

Entre os anos de 2006 e 2011, por fim consegui alguma estabilidade, desempenhando funções de docência sucessivamente na mesma escola.

A colocação, em 2006/2007, deu-se na Escola Básica 2,3 João Villaret, em Loures, onde, no primeiro ano, fui Coordenadora do Departamento Curricular de Educação Física, bem como Representante de Grupo Disciplinar em Conselho Pedagógico.

Em 2007/2008, iniciou-se o processo de avaliação docente, tendo obtido a classificação de Bom (7,5 valores). Neste ano, paralelamente à docência, fui Responsável por Grupo/Equipa de Desporto Escolar de Basquetebol Feminino e, pela primeira vez, fui Coordenadora Técnica do Clube de Desporto Escolar na escola.

No ano letivo 2008/2009, obtive a classificação de Muito Bom (8,0 valores), continuando como Responsável pelo Grupo/Equipa de Desporto Escolar referido anteriormente, assim como, com a Coordenação Técnica do Clube de Desporto Escolar, pelo segundo ano consecutivo. Neste ano acumulei funções,

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DESCRIÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

estreando-me no ensino ao primeiro ciclo na Escola Básica 1 e Jardim de Infância do Infantado, Loures, enquanto professora de Atividade Física e Desportiva.

Em 2009/2010, exercer funções de docência, ser Responsável por Grupo/Equipa de Desporto Escolar: Basquetebol Feminino, coordenar a tentativa de implementação da Equitação Adaptada, implementar o Boccia na escola e acompanhar um grupo de alunos com necessidades educativas especiais em provas de Atletismo e Natação, permitiu-me obter a classificação de Excelente (9,0 valores) na Avaliação Docente. Simultaneamente, continuei com a lecionação ao primeiro ciclo, na mesma escola.

No último ano na Escola Básica 2,3 João Villaret, 2010/2011, acusando já um certo cansaço e alguma saturação, para além da docência, fui Responsável por Grupo/Equipa de Desporto Escolar de Boccia, por mim implementado no ano letivo anterior. Neste mesmo ano, decidi também dar por terminada a lecionação ao primeiro ciclo, acumulando funções, pela última vez, na Escola Básica 1 do Fanqueiro, em Loures.

No ano letivo 2011/2012, pela primeira vez, assumo funções no ensino secundário, tendo ficado colocada na Escola Secundária D. Pedro V, em Lisboa. Aqui, sou confrontada com a abertura de um Curso Profissional de Técnico de Apoio à Gestão Desportiva, para o qual teria de desempenhar o papel de docente de Organização e Gestão Desportiva e Gestão de Programas e Projetos do Desporto. De salientar que não foi fornecido qualquer esclarecimento relativamente ao curso, bem como não existiu, durante todo o ano letivo, qualquer material de apoio, manuais escolares (para o aluno/professor), diretrizes ou linhas orientadoras. Paralelamente, fui docente da disciplina de Educação Física ao ensino secundário (cursos profissionais e cursos gerais), tendo acompanhado um grupo de alunos apurados para o Campeonato Nacional de Corta-Mato, que decorreu em Guimarães. No final do ano letivo colaborei na Organização da Gala do Desporto Escolar. Neste ano, obtive a classificação de Bom (7,5 valores).

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DESCRIÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

Por último, em 2012/2013, inicio a docência no estrangeiro, o que já ambicionava há muito, num Projeto de Formação Inicial e Contínua de Professores, em Timor-Leste. Este é um Projeto de Cooperação entre o Ministério da Educação de Timor-Leste e o Camões, Instituto da Cooperação e da Língua, I.P, tendo a duração de dois anos, com data prevista de conclusão em outubro de 2014. Atualmente, no ano letivo de 2013/2014, desempenho funções de professora formadora da disciplina de Educação Física, vertente científica, pedagógica e didática, lecionando a professores timorenses.

c) Prática Profissional não Docente

Após a conclusão da Pós-Graduação, em 2005, apenas no ano de 2009, consegui iniciar trabalho na área da Gestão Desportiva, enquanto Técnica, integrando a Comissão Organizadora dos II Jogos da Lusofonia, Lisboa 2009. Numa fase inicial, fui responsável por fazer o levantamento do número de Oficiais/Juízes e Técnicos por modalidade desportiva, bem como por calcular os custos com a Arbitragem. Posteriormente, assumi funções de Coordenação da Zona de Sintra, onde decorreu a competição de Basquetebol Feminino, assistindo a Coordenadora Geral. Durante esta fase participei em várias reuniões com membros da Câmara Municipal de Sintra, Hockey Club de Sintra, Hotel Tivoli Sintra, etc. no sentido de delinear estratégicas que culminassem na realização dos Jogos. No período em que decorreu a competição, fui ainda responsável por: Hotel, Lavandaria e Refeições e simultaneamente coordenei outras áreas, tais como: Tv/Imprensa, Instalações Desportivas, Transportes, Proteção Civil, Arbitragem e Controlo Antidopagem (Zona de Sintra). Colaborei ainda na organização do Fórum dos Jogos da Lusofonia, que teve lugar na Universidade Lusófona, em Lisboa, nos dias 17 e 18 de julho, sob a responsabilidade da Quest. Por último, realizei o Relatório Final de Coordenadores de Área da Zona de Sintra, bem como o Mapa de Pagamento dos Voluntários e Coordenadores da mesma zona.

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DESCRIÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

No mesmo ano, em outubro, através da Confederação do Desporto de Portugal, colaborei na Organização do 12º Fórum da ENGSO (European Non- Governmental Sports Organisation), colaborando na receção e acompanhamento das altas patentes europeias, nomeadamente Secretários de Estado e membros da União Europeia, no escalonamento de horários e transportes, bem como no registo das chegadas, entrega de documentação e apoio às salas de conferência. Paralelamente, a comissão organizadora foi responsável por acompanhar as referidas entidades à Gala do Desporto.

No ano seguinte, entre julho e agosto, fiz parte da Comissão Organizadora dos I Jogos Olímpicos da Juventude, Singapura 2010. Tendo iniciado funções enquanto voluntária, rapidamente, após ter frequentado um Seminário e levado a cabo todos os exames necessários, me tornei Juiz Internacional de Pentatlo Moderno. Assim, posteriormente, assumi-me como Técnica Desportiva, assegurando funções de Assistente da Manager de Competição na referida modalidade. Fui ainda responsável pela Supervisão da Gestão da Formação de Pentatlo Moderno, no local da competição, Supervisora do Programa de Treinos, Coordenadora dos Oficiais Técnicos Nacionais, Coordenadora da equipa de voluntários, bem como Oficial Técnica Internacional de Pentatlo Moderno durante a competição – Esgrima (Scorer), Natação (Clerk of Course) e Evento Combinado – Corrida e Tiro (Range Officer).

Esta revelou-se uma das experiências mais gratificantes que tive, até à data, na área dos eventos desportivos. Como tal, e de regresso a Portugal, decidi contatar a Federação Portuguesa de Pentatlo Moderno, sedeada nas Caldas da Rainha, no sentido de dar continuidade à formação e trabalho iniciado em Singapura. Após reunião com o Presidente, em outubro de 2010, iniciei trabalho, paralelamente à docência na Escola Básica 2,3 João Villaret, enquanto Técnica Desportiva e Administrativa, assumindo funções de apoio ao Plano de Atividades (reports de apoio aos clubes, rankings, estatísticas), apoio à Formação (cursos, documentação, relatórios e manuais), bem como atendimento e funcionamento geral da sede (uma vez por semana, às quartas-

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DESCRIÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

feiras). Infelizmente, este trabalho tornou-se incompatível com a docência, pelo que, no final de dezembro do mesmo ano, cessei funções na Federação.

Mais recentemente, integrei a Comissão Organizadora do EUROGYM 2012, em Coimbra, enquanto Coordenadora de Palco, Responsável de Performances/Apresentações e Coordenadora Local de Workshops.

Dando-se por concluída a Descrição da Prática Profissional, importa avançar para a contextualização da mesma. Assim, seguidamente, apresentar-se-á o segundo capítulo, Contextos da Prática Profissional.

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II. CONTEXTOS DA PRÁTICA PROFISSIONAL

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CONTEXTOS DA PRÁTICA PROFISSIONAL

Concluída que está a descrição da prática profissional, importa avançar para a contextualização da mesma. Neste sentido, seguidamente, apresentar-se-ão, de acordo com o já descrito no ponto anterior, os contextos da prática profissional, subdividindo-se em três grandes partes: a primeira diz respeito à atividade desenvolvida em Portugal; a segunda refere-se à passagem por Singapura; e, por último, na terceira parte, serão expostos os desafios que se colocam na atividade desenvolvida em Timor-Leste.

No que respeita à primeira parte, prática profissional desenvolvida em Portugal, irá efetuar-se uma subdivisão entre Estabelecimentos de Ensino Básico e Secundário (EEBS) e II Jogos da Lusofonia, Lisboa 2009, por se considerar a intervenção nestas entidades, ao nível da gestão de projetos educativos e de projetos desportivos, de maior relevância, constituindo-se por isso um elemento de destaque neste relatório, quer pela sua duração em termos de tempo, quer pela importância do evento em si, respetivamente.

Quanto à segunda parte, prática profissional desenvolvida em Singapura, destaca-se a participação na organização do evento “I Jogos Olímpicos da Juventude, Singapura 2010”.

Por último, na terceira parte, prática profissional desenvolvida em Timor-Leste, apresenta-se a contextualização de uma realidade bastante distinta das anteriores, reportando-se a um país com caraterísticas muito particulares e a um projeto educativo que excede, em larga escala, o mero processo de formação de docentes.

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1. PRÁTICA PROFISSIONAL DESENVOLVIDA EM PORTUGAL

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1.1. ESTABELECIMENTOS DE ENSINO BÁSICO E SECUNDÁRIO

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PRÁTICA PROFISSIONAL DESENVOLVIDA EM PORTUGAL: EEBS

1.1.1. Caraterização do contexto escolar e seu enquadramento teórico

1.1.1.1. A Escola enquanto Organização

À semelhança de uma organização empresarial, o estudo da Escola como organização tem vindo a ganhar cada vez mais importância, permitindo um maior conhecimento da instituição escolar enquanto “unidade pedagógica, organizativa e de gestão” (Barroso, 2005, p. 55), sem esquecer a sua identidade e individualidade.

Segundo Chiavenato (2000, p. 25), entende-se por organização “um sistema de atividades conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas”. Referindo o mesmo autor (2000), uma organização existe por si só, a partir do momento em que há pessoas capazes de comunicarem mutuamente, estando dispostas a contribuir numa ação conjunta a fim de alcançarem um objetivo comum.

Compete, pois, à Escola, enquanto organização, cumprir um papel importante no desenvolvimento integral das crianças e jovens em idade escolar, na formação de comportamentos e decisões sempre no contexto de todos os fenómenos sociais e em interação com outras influências educativas (Pina, 1995).

Na perspetiva de Silva (2006) compete também à Escola proporcionar as oportunidades necessárias para a conquista da autonomia pessoal do aluno, o que pressupõe a apreensão de valores e a construção de conhecimento e personalidade que possibilitem o desenvolvimento de atitudes orientadas para uma participação crítica e mais consciente nas diferentes manifestações da vida social.

Em suma, a Escola é, indubitavelmente, uma das organizações com um papel mais importante nas sociedades contemporâneas, não devendo ser apenas um local de instrução, mas um local onde se personaliza, socializa e educa a criança e o jovem para a sociedade em que se insere (Meneses, 1999).

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PRÁTICA PROFISSIONAL DESENVOLVIDA EM PORTUGAL: EEBS

1.1.1.2. A Organização da Escola

“As escolas são estabelecimentos aos quais está confiada uma missão de serviço público, que consiste em dotar todos e cada um dos cidadãos das competências e conhecimentos que lhes permitam explorar plenamente as suas capacidades, integrar-se ativamente na sociedade e dar um contributo para a vida económica, social e cultural do País. É para responder a essa missão em condições de qualidade e equidade, da forma mais eficaz e eficiente possível, que deve organizar-se a governação das escolas” (Decreto- Lei nº 75/2008).

Ao longo dos tempos o ensino tem vindo a ser alvo de sucessivas reformas que se têm manifestado, entre outras, ao nível da organização e gestão das escolas.

Neste relatório profissional procurar-se-á, sucintamente, reportar as alterações mais significativas que ocorreram durante o período de prática profissional, compreendido entre 2002 e 2012.

Assim, quando iniciei as minhas funções de docência em 2002, deparei-me com a Escola, enquanto organização formal, como detentora de uma estrutura própria, hierarquicamente tripartida.

No topo da responsabilidade, encontravam-se os órgãos de gestão e administração: a) Assembleia de Escola, b) Conselho Executivo ou Diretor, c) Conselho Pedagógico e d) Conselho Administrativo.

Esta organização estava definida, desde 1998, no Decreto-Lei nº 115-A/98, de 4 de maio, de acordo com o seu artigo 7º, alterado pela Lei nº 24/99, de 22 de abril.

Como estruturas de gestão intermédia surgiam os departamentos curriculares, os conselhos de turma e de diretores de turmas e ainda outros conselhos que a escola entendesse constituir. Por último, aos professores competia a gestão da sua prática letiva individual.

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De acordo com o mesmo Decreto-Lei, a direção executiva era assegurada por um Conselho Executivo ou por um Diretor, que representava o órgão de administração e gestão da escola nas á reas pedagógica, cultural, administrativa e financeira.

O Conselho Executivo era constituído por um Presidente e dois Vice- Presidentes. No caso de a escola ter optado por um Diretor, este era apoiado no exercício das suas funções por dois adjuntos.

Ainda no referido Decreto-Lei, a constituição do Conselho Pedagógico era definida pelo regulamento interno de cada escola. De acordo com o artigo 25º, não obstante a sua composição ser da responsabilidade de cada instituição de ensino, deveria salvaguardar a “participação de representantes das estruturas de orientação e dos serviços de apoio educativo, das associações de pais e encarregados de educação, dos alunos no ensino secundário, de pessoal não docente e dos projetos de desenvolvimento educativo, num máximo de 20 membros”.

Neste modelo de gestão, os departamentos curriculares tinham como função assegurar a articulação curricular e as dinâmicas a desenvolver pelas escolas e neles se encontravam representados os agrupamentos de disciplinas e áreas disciplinares. A sua coordenação era da responsabilidade de um professor profissionalizado, eleito de entre os docentes que os integravam.

No ano seguinte, com o surgimento do Decreto Regulamentar nº 10/99 de 21 de julho, estabelece-se o quadro de competências das estruturas de orientação educativa e de gestão intermédia. Assim, o artigo 5º define, entre outras medidas, as competências do coordenador de departamento curricular, cabendo-lhe: “a) promover a troca de experiências e a cooperação entre todos os docentes que integram o (…) departamento curricular; b) assegurar a coordenação das orientações curriculares e dos programas em estudo, promovendo a adequação dos seus objetivos e conteúdos à situação concreta da escola ou do agrupamento de escolas; c) promover a articulação com outras estruturas ou serviços da escola ou do agrupamento de escolas, com vista ao

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desenvolvimento de estratégias de diferenciação pedagógica; d) propor ao conselho pedagógico o desenvolvimento de componentes curriculares locais e a adoção de medidas pedagógicas destinadas a melhorar as aprendizagens”. Este mesmo artigo apontava para uma caraterística preferencial a ter em conta na escolha do coordenador: ser possuidor de “formação especializada em organização e desenvolvimento curricular ou em supervisão pedagógica e formação de formadores”.

Posteriormente, o Ministério da Educação procedeu à alteração do Estatuto da Carreira Docente (Decreto-Lei nº 15/2007, de 19 de janeiro). De acordo com este estatuto, a carreira docente passa a estar estruturada em duas categorias, ficando reservado à categoria superior, de professor titular, o exercício de funções de coordenação e supervisão. Estes docentes destacam-se dos demais, de entre outros aspetos, pelo número de anos de docência e cargos anteriormente exercidos.

Atualmente, encontrando-se em vigor desde 2008, de acordo com o Decreto- Lei nº 75/2008, a administração e gestão dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas é assegurada por órgãos próprios. São órgãos de direção, administração e gestão dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas os seguintes: a) Conselho Geral, b) Diretor, c) Conselho Pedagógico e d) Conselho Administrativo.

Este Decreto-Lei introduz mudanças significativas no regime de funcionamento das instituições escolares, pois prevê a criação de um órgão colegial de direção: o Conselho Geral. Constata-se que o Conselho Geral se assume de maior importância quando comparado com a Assembleia de Escola (modelo de gestão anterior) na medida em que, no que respeita à sua composição, para além de incluir representantes do corpo docente, representantes dos pais e encarregados de educação, bem como do pessoal não docente e a participação dos alunos (ensino secundário), além de representantes dos municípios, o Conselho Geral integra representantes da comunidade local, designadamente de instituições, organizações e atividades de caráter económico, social, cultural e científico. Entre outras competências, confere-se a

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este novo órgão a capacidade de eleger e destituir o Diretor. Ao Diretor está confiada a gestão administrativa, financeira e pedagógica da escola, assumindo ainda a presidência do Conselho Pedagógico.

“Com grandes diferenças, constata-se que, com este novo modelo de autonomia, a gestão das escolas deixa de ser da responsabilidade de um órgão colegial e passa a ser de um órgão unipessoal constituído pelo Diretor, coadjuvado por um subdiretor e um número reduzido de adjuntos” (Cabral, 2009, p. 24).

A este Diretor compete a responsabilidade de escolher e nomear os coordenadores dos departamentos curriculares que deixam, deste modo, de ser eleitos pelos seus pares. Estes coordenadores devem ser, forçosamente, professores titulares, tendo o seu mandato a duração de quatro anos.

1.1.1.3. O Desporto e a Escola

Antes de se debater a dicotomia Desporto/Escola, considera-se importante perceber o conceito de Desporto, para uma melhor compreensão da sua relação com a Escola, embora esta se apresente como uma tarefa complexa, na medida em que o próprio conceito se encontra em constante mutação e adaptação a um mundo que também está a mudar (Pires, 1995). De acordo com Garcia (1999), a dificuldade de definir Desporto assemelha-se à dificuldade de definir Homem.

Na Carta Europeia do Desporto, encontra-se uma definição que carateriza o Desporto como “todas as formas de atividades físicas que, através de uma participação organizada ou não, têm por objetivo a expressão ou o melhoramento da condição física e psíquica, o desenvolvimento das relações sociais ou a obtenção de resultados na competição a todos os níveis” (Conselho da Europa, 1992).

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Segundo Teixeira (2007), a ideia de que o Desporto na Escola deve ser entendido apenas como fator de desenvolvimento das capacidades motoras é uma filosofia que durante anos imperou na nossa sociedade, mas que hoje carece de fundamento. Constantino, citado pelo mesmo autor (2007, p. 52), refere que, a este propósito, os valores do desporto “situam-se não no plano do “corpo motor”, mas do “corpo” que encerra comportamentos que, tendo na base o movimento, suscitam o aparecimento de sentidos e condutas que, justamente, reivindicam uma certa dimensão cultural, da qual decorrem consequências no plano educativo e formativo”.

Encontra-se um forte valor educativo no conceito de Desporto apresentado por Bento (2001, p. 88) quando este foca que “o ato desportivo constrói e revela o Homem por dentro e por fora”. Acrescenta ainda o mesmo autor (2001, p. 88) que o Desporto se assume como a forma preponderante da cultura da nossa época e como tal “um dos meios mais poderosos de modelar o corpo e as almas”.

Seguindo a mesma linha de pensamento, Pires (2005) acrescenta que o Desporto deve ser encarado como um instrumento de desenvolvimento humano.

Bento (1995, p. 170) refere ainda que “as atividades desportivas não se confinam ao resultado atlético, perseguem sempre o objetivo do aperfeiçoamento humano, da humanização dos humanos, da modelação, desenvolvimento e formação da personalidade e do seu caráter moral”.

Por tudo, isto torna-se imperativo afirmar que o Desporto é um veículo perfeito para a educação, pois gera nas crianças uma grande excitação e prazer, tornando-as permeáveis a qualquer tipo de aprendizagem (Valdano, 2002).

Neste sentido, conforme consta na Carta Internacional da Educação Física e do Desporto, todas as pessoas humanas têm o direito à educação física e ao desporto, indispensáveis ao desenvolvimento da sua personalidade. O direito ao desenvolvimento das aptidões físicas, intelectuais e morais, através da

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educação física e do desporto, deve ser garantido, tanto no quadro do sistema educativo, como nos outros aspetos da vida social (UNESCO, 1978).

1.1.1.4. O Desporto Escolar e a Educação Física

De acordo com Conde (2012, p. 7), a “Escola é a base de todo um manancial de sistemas que se interligam e agem entre si, dos quais fazem parte a Educação Física e o Desporto Escolar, havendo por vezes situações onde não se sabe onde começa um e termina outro”. Neste sentido, o mesmo autor (2012, p. 7) refere que existe uma forte ligação entre a Educação Física e o Desporto Escolar que se interligam e influenciam mutuamente.

Por sua vez, Bento (1991, p. 34) afirma que “o desporto apresenta-se na escola como uma unidade, por isso, é artificial a separação entre Educação Física e Desporto Escolar (…), uma vez que a matéria de ensino e aprendizagem, de exercitação e recreação é comum”.

“A Escola que não proporcione aos seus alunos a Educação Física e o Desporto Escolar, não pode considerar-se uma Escola completa” Carneiro, citado por (Silva, 2006, p. 17).

Nesta perspetiva, concorda-se com Constantino (2001, p. 13) quando este refere que a Escola e em particular o Desporto Escolar e a Educação Física são os principais meios para implementar o desenvolvimento de uma “nova literacia desportiva”.

Torna-se, portanto, evidente que o Desporto Escolar deve constituir-se como um elemento transformador da escola, no sentido de a tornar numa escola mais ativa, mais viva, mais solidária, mais democrática (Mota, 2003), ao que Teixeira (2007) acrescenta que, proporcione num ambiente de verdadeira missão, a formação desportiva integral dos nossos jovens, transmitindo-lhes um conjunto de valores de caráter educativo e formativo.

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De acordo com a Lei de Bases da Atividade Física e do Desporto, “a Educação Física e o Desporto Escolar devem ser promovidos no âmbito curricular e de complemento curricular, em todos os níveis e graus de educação e ensino, como componentes essenciais da formação integral dos alunos, visando especificamente a promoção da saúde e condição física, a aquisição de hábitos e condutas motoras e o entendimento do desporto como fator de cultura” (Lei nº 5/2007).

1.1.1.5. Objetivos do Desporto Escolar

Constatados que foram os valores educativos do Desporto Escolar, a sua relação com a Educação Física e a importância da Escola enquanto organização promotora do desenvolvimento integral da criança e do jovem, importa agora interrogarmo-nos acerca dos objetivos do Desporto Escolar.

Gonçalves (2002) defende que o Desporto Escolar deverá perseguir os seguintes objetivos: proporcionar a todos um conjunto de atividades desportivas de caráter recreativo ou competitivo; aquisição de atitudes de integração e de convivialidade, de responsabilidade, de pertença e de partilha, da noção de direitos e deveres, ou seja o desenvolvimento precoce da cidadania; aquisição dos valores e princípios do Espírito Desportivo e da Tolerância, do respeito pelas diferenças, de aceitação do outro, nas práticas desportivas e na vida em sociedade; e contribuir para um estilo de vida ativo e saudável.

Seguindo as opções do Ministério da Educação (2003) e tendo em conta o desenvolvimento do Desporto Escolar na década 2003-2013, foram definidas aquelas que se consideram ser as três grandes finalidades a atingir pelo Desporto Escolar: a) Promoção da Saúde; b) Desenvolvimento da Cidadania e c) Formação de Candidatos a Bons Praticantes de Desporto.

De acordo com o Programa do Desporto Escolar 2009-2013 (2009), definiram-se os seguintes objetivos estratégicos: melhorar a qualidade da

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Educação; aumentar as oportunidades de prática desportiva de qualidade; aumentar o sucesso escolar; formar mais e melhores praticantes; garantir a igualdade de oportunidades; aumentar a visibilidade das boas práticas; melhorar métodos de ensino/aprendizagem; adaptar ofertas às necessidades; criar instrumentos facilitadores da inclusão; melhorar a imagem e divulgação do Desporto Escolar; valorizar a formação profissional; potenciar projetos estruturantes em parcerias; desenvolver tecnologias de apoio e implementar um sistema de informação e comunicação.

Mais recentemente, o Programa do Desporto Escolar 2013-2017 (2013) concentra quatro vetores estratégicos que reúnem um conjunto de objetivos, projetos e ações, como se pode verificar no Quadro 1.

Quadro 1: Vetores Estratégicos do Programa do Desporto Escolar

A. Melhorar a oferta educativa · Reforçar a componente de atividade interna · Diversificar o leque de modalidades desportivas disponíveis e aumentar o acesso àquelas cujas especificidades técnicas exigem condições especiais · Aumentar o número de atividades para alunos com necessidades educativas especiais

B. Estimular a procura do Desporto Escolar · Aumentar o número de praticantes na atividade interna e externa · Aumentar a taxa de feminização dos praticantes · Aumentar o número de praticantes no ensino secundário

C. Qualificar a atividade do Desporto Escolar · Melhorar o desempenho desportivo dos alunos · Reforçar a articulação entre o Desporto Escolar e o currículo, destacando o seu papel na promoção do sucesso educativo, da inclusão e do combate ao abandono escolar · Alargar e dinamizar a rede de parceiros do Desporto Escolar · Aumentar a formação e atualização de conhecimentos dos intervenientes no Desporto Escolar · Definir e implementar o código de conduta dos intervenientes no Desporto Escolar

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D. Consolidar a gestão do Desporto Escolar · Implementar uma cultura de exigência baseada na autoavaliação e na avaliação · Melhorar a comunicação interna e externa do Programa do Desporto Escolar · Implementar um sistema integrado de informação

Fonte: adaptado de Programa do Desporto Escolar 2013-2017

1.1.1.6. O Projeto/Clube do Desporto Escolar

Segundo Conde (2012), o Projeto do Desporto Escolar deve ser elaborado em conformidade com o grupo de Educação Física e fazer parte do Plano Anual de Atividades e do Projeto Educativo da Escola.

De acordo com Teixeira (2007), o Clube de Desporto Escolar é a unidade organizativa da escola que serve de suporte ao desenvolvimento e execução do Programa do Desporto Escolar.

Seguindo a mesmo linha, (Pina, 1995, p. 5) refere que o “Núcleo/Clube Escolar deverá constituir, em cada escola, a unidade organizativa das atividades desportivas”.

O mesmo autor (1995, p. 5) acrescenta que “entendemos ainda o Núcleo/Clube Escolar como o ponto de encontro da comunidade escolar – dos órgãos de gestão da escola, dos professores, dos alunos, dos encarregados de educação e familiares dos alunos, dos funcionários e outros parceiros que integrem a comunidade local”.

De acordo com o Programa do Desporto Escolar 2013-2017 (2013, p. 14), a estrutura organizacional do Desporto Escolar compõe-se por três níveis complementares: “uma coordenação de âmbito nacional, cinco coordenações de âmbito regional que incluem 24 coordenações locais e um número variável de Clubes de Desporto Escolar, promovidos pelos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas”.

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Conforme estipulado no referido Programa (2013, p. 17), o Clube de Desporto Escolar representa a “unidade organizacional do agrupamento de escolas ou escolas não agrupadas responsável pelo desenvolvimento e execução do Programa do Desporto Escolar”.

Ainda de acordo com o mesmo Programa (2013, p. 17), compete ao Clube de Desporto Escolar, através do seu Diretor, “elaborar e fazer aprovar anualmente no Conselho Pedagógico do agrupamento de escolas ou escola não agrupada o seu Projeto de Desporto Escolar”.

Por sua vez, (2013, p. 18) o Diretor do Clube de Desporto Escolar designa um docente de Educação Física como Coordenador Técnico do Clube de Desporto Escolar. Este responsável, sempre que solicitado, “participa como convidado em Conselho Pedagógico de modo a promover a dinamização da atividade desportiva em meio escolar”.

Constatada que foi a caraterização do contexto escolar e o seu enquadramento teórico, proceder-se-á à descrição dos cargos desempenhados e âmbito de intervenção ao nível dos EEBS.

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1.1.2. Cargos desempenhados e âmbito de intervenção

Antes de se iniciar a descrição dos cargos desempenhados ao nível da Escola, importa mencionar que existem já bastantes trabalhos que abordam esta temática, nomeadamente no que se refere ao Projeto do Desporto Escolar.

Neste sentido, convém fazer uma breve reflexão sobre o trabalho desenvolvido ao nível da Escola, destacando, para este relatório profissional, os aspetos que se consideram mais relevantes, no domínio da gestão de projetos educativos, e que podem vir a enriquecer ainda mais a referida temática.

Assim, a participação na Escola subdivide-se em quatro itens, de acordo com as várias funções de gestão e coordenação até então desempenhadas: a) Coordenação do Departamento Curricular de Educação Física; b) Representante de Grupo Disciplinar em Conselho Pedagógico; c) Coordenação Técnica do Clube de Desporto Escolar; d) Responsável por Grupo/Equipa de Desporto Escolar.

Torna-se importante salientar que, embora não se encontre mencionada a função de docente da disciplina de Educação Física, função primordial na qualidade de agente de educação, optou-se, neste relatório profissional, por destacar apenas as funções na área da gestão e coordenação, por se considerar ser esta a temática essencial do relatório. Assim, seguidamente, proceder-se-á à descrição dos quatro itens assinalados anteriormente.

1.1.2.1. Coordenação do Departamento Curricular de Educação Física

No ano letivo de 2006/2007, após colocação em horário de vinte horas semanais (componente letiva) na Escola Básica 2,3 João Villaret em Loures, é- me atribuído, pela primeira vez, o cargo de Coordenadora do Departamento Curricular de Educação Física.

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Embora a Coordenação de Departamento deva ser exercida, sempre que possível, por um professor titular, designado pela Direção (Decreto-Lei nº 15/2007, de 19 de janeiro), no referido ano letivo, após sorteio aquando da primeira reunião de grupo, fui nomeada para desempenhar o cargo, mesmo sendo professora contratada e colocada com horário incompleto.

Tal decisão ficou a dever-se ao facto de o Grupo Disciplinar ser apenas constituído por três docentes, em que somente um era titular, mas que por desempenhar o cargo de Representante dos Diretores de Turma, não poderia acumular outras funções.

Assim, desde cedo, a minha atividade docente na Escola Básica 2,3 João Villaret se assumiu como um desafio, não só pelo desempenho de uma função até então desconhecida para mim, como pelas próprias caraterísticas e particularidades da escola, nomeadamente ao nível das suas instalações desportivas e da importância atribuída à disciplina de Educação Física. Sucintamente: na escola não existia Pavilhão Desportivo, tendo os alunos e professores que se deslocar para um local contíguo à escola, de modo a que se realizasse a aula de Educação Física, num Pavilhão da Câmara Municipal de Loures, partilhado com a Escola Secundária Dr. António Carvalho Figueiredo. A escola possuía apenas um campo em terra batida com dimensões de 60mx30m aproximadamente, cuja utilização era condicionada pelo clima. De referir que este campo não possuía balneários ou quaisquer outras instalações de apoio que assegurassem as condições mínimas de higiene aos alunos e de suporte à prática letiva. Paralelamente a esta situação, a disciplina de Educação Física era praticada, por todas as turmas da escola, em blocos de noventa minutos, apenas uma vez por semana.

Por este motivo, no meu horário de vinte horas letivas semanais, foram-me atribuídas dez turmas e, simultaneamente, acumulava ainda o cargo de Coordenadora de Departamento Curricular de Educação Física.

Conforme constava no Regulamento Interno da Escola Básica 2,3 João Villaret, eram competências do Departamento Curricular:

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a) Planificar e coordenar as atividades pedagógicas a desenvolver, no domínio da implementação dos planos curriculares nas suas componentes disciplinares e outras atividades educativas constantes no Plano Anual de Atividades (PAA); b) Elaborar e aplicar medidas de reforço no domínio das didáticas específicas das disciplinas; c) Assegurar, de forma articulada, com outras estruturas de orientação educativa da escola ou do agrupamento de escolas, a adoção de metodologias específicas destinadas ao desenvolvimento quer dos planos de estudo, quer das componentes de âmbito local do currículo; d) Desenvolver e apoiar projetos educativos de âmbito local e regional, numa perspetiva de investigação – ação, de acordo com os recursos do agrupamento ou através da colaboração com outras escolas e entidades; e) Analisar a oportunidade de adoção de medidas de gestão flexível dos currículos e de outras medidas destinadas a melhorar as aprendizagens e a prevenir a exclusão; f) Colaborar com o Conselho Pedagógico na conceção de programas e na apreciação de projetos no âmbito da reorganização curricular; g) Elaborar propostas curriculares diversificadas, em função da especificidade de grupos de alunos; h) Assegurar a coordenação de procedimentos e formas de atuação nos domínios da aplicação de estratégias de diferenciação pedagógica e da avaliação das aprendizagens; i) Promover a elaboração de provas, no âmbito do sistema de avaliação dos alunos do ensino básico; j) Elaborar e avaliar o PAA do Departamento/Escola, tendo em vista a concretização do Projeto Educativo do Agrupamento; k) Identificar necessidades de formação dos docentes; l) Analisar e refletir sobre as práticas educativas e o seu contexto; m) Identificar as necessidades e otimizar os recursos existentes; n) Eleger os Coordenadores de Conselhos de Docentes e de Departamentos Curriculares de entre os docentes que os integram;

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o) Elaborar o regimento interno, de acordo com a legislação em vigor; p) Propor critérios de avaliação ao Conselho Pedagógico.

No que diz respeito ao exercício do cargo que me foi atribuído, embora não possuindo “formação especializada em organização e desenvolvimento curricular ou em supervisão pedagógica e formação de formadores” conforme constava no Decreto Regulamentar nº 10/99 de 21 de julho, legislação em vigor no referido ano letivo, procurei cumprir com correção as atribuições do Coordenador de Departamento Curricular, enunciadas no Decreto-Lei nº 115- A/98 e no Decreto Regulamentar nº 10/99, designadamente: a) Representar os respetivos docentes no Conselho Pedagógico, atuando como transmissora entre este órgão e o Departamento Curricular; b) Orientar e coordenar pedagogicamente os docentes do Departamento, tendo em vista a sua formação contínua; c) Coordenar as planificações das atividades pedagógicas e promover a troca de experiências e a cooperação entre os docentes do Departamento; d) Desenvolver, em conjugação com os Diretores de Turma, medidas nos domínios de orientação, acompanhamento e avaliação dos alunos, visando contribuir para o seu sucesso educativo; e) Colaborar com o Conselho Pedagógico na conceção de programas e na apreciação de projetos para a concretização do Projeto Educativo da Escola; f) Colaborar na definição de objetivos mínimos, bem como na elaboração das provas aferidas, no quadro do sistema de avaliação dos alunos do Ensino Básico; g) Promover a elaboração do PAA e proceder à respetiva avaliação; h) Proceder à elaboração dos relatórios de atividades (primeiro e segundo períodos, bem como o de final de atividades).

Para além destas, no Regulamento Interno da Escola, eram também atribuídas ao Coordenador de Departamento Curricular as seguintes competências: a) Convocar e presidir às reuniões do respetivo Departamento;

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b) Afixar, com 48 horas de antecedência, as convocatórias para as reuniões; c) Entregar no Conselho Executivo as atas das reuniões assinadas por todos os presentes; d) Promover a troca de experiências entre os professores do respetivo Departamento; e) Coordenar a elaboração de planificações, materiais pedagógicos, critérios de avaliação, pareceres, provas globais, exames, tendo em vista a concretização do Projeto Educativo do Agrupamento; f) Elaborar e avaliar o PAA de acordo com o Projeto Educativo do Agrupamento; g) Promover a realização de atividades de investigação, reflexão e de estudo, visando a melhoria das práticas educativas; h) Promover o cumprimento dos deveres profissionais dos docentes, fazendo cumprir as decisões do Departamento Curricular e do Conselho Pedagógico; i) Assegurar a participação dos docentes na análise crítica da orientação pedagógica; j) Responder perante os órgãos de gestão pelas questões relacionadas com o Departamento; k) Marcar no horário horas de apoio aos docentes, garantindo o apoio a todos; l) Apresentar ao Presidente do Conselho Executivo um relatório do trabalho desenvolvido; m) Exercer as demais competências previstas na legislação em vigor e no Regulamento Interno da Escola.

A tarefa que, à primeira vista, parecia árdua, pelas imposições a que o cargo obrigava, acabou por se revelar extremamente enriquecedora, no final do ano letivo, por tudo o que me permitiu descobrir e concomitantemente alcançar, no sentido de me munir com um conjunto novo de competências para um melhor desempenho das minhas funções enquanto agente de educação.

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1.1.2.2. Representante de Grupo Disciplinar em Conselho Pedagógico

O cargo de Coordenadora de Departamento Curricular implicou, no mesmo ano letivo, que eu representasse os docentes de Educação Física em Conselho Pedagógico, atuando como elemento de ligação entre este órgão e o Departamento Curricular.

Entende-se por Conselho Pedagógico o órgão de coordenação e orientação educativa da escola, nomeadamente nos domínios pedagógico-didático, da orientação e acompanhamento dos alunos e da formação inicial e contínua do pessoal docente e não docente.

De acordo com a legislação (Decreto-Lei nº 115-A/98, de 4 de maio) a composição do Conselho Pedagógico é da responsabilidade de cada escola, a definir no respetivo Regulamento Interno, devendo neste estar salvaguardada a participação de representantes das estruturas de orientação e dos serviços de apoio educativo, das associações de pais e encarregados de educação, dos alunos no caso de se tratar de um estabelecimento de ensino secundário, do pessoal não docente e dos projetos de desenvolvimento educativo, num máximo de 20 membros.

Conforme constava no Regulamento Interno da Escola Básica 2,3 João Villaret, o Conselho Pedagógico apresentava a seguinte constituição: a) Da Articulação Curricular (artigos 3º, 4º e 5º do Decreto Regulamentar nº 10/99): · Um Coordenador do Conselho de Docentes do Pré-Escolar; · Um Coordenador do Conselho de Docentes do primeiro ciclo do Ensino Básico; · Oito Coordenadores dos Departamentos Curriculares dos segundo e terceiro ciclos, dos quais eu fazia parte, enquanto Coordenadora do Departamento Curricular de Educação Física;

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b) Da Coordenação Pedagógica (artigos 8º e 9º do Decreto Regulamentar nº 10/99): · Dois Coordenadores de Conselho de Docentes do primeiro ciclo (um em representação do primeiro e segundo anos e outro em representação do terceiro e quarto anos); · Dois Coordenadores dos Diretores de Turma (um do segundo ciclo e outro do terceiro ciclo); c) Outras Coordenações: · Um Coordenador do Departamento dos Serviços Especializados de Apoio Educativo; · Um Coordenador do Núcleo de Projetos de Desenvolvimento Educativo; d) Outros: · Presidente do Conselho Executivo; · Um Representante do Pessoal Não Docente; · Dois Representantes da Associação de Pais e Encarregados de Educação.

Assim, enquanto membro efetivo do Conselho Pedagógico, no ano letivo 2006/2007, na Escola Básica 2,3 João Villaret, tendo em conta o seu Regulamento Interno, assumi como competências: a) Eleger o respetivo Presidente de entre os membros docentes; b) Aprovar a proposta de Projeto Educativo do Agrupamento; c) Elaborar o projeto curricular de Agrupamento; d) Aprovar o projeto pedagógico dos Jardins de Infância de acordo com as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar; e) Apresentar propostas para a elaboração do PAA e pronunciar-se sobre os respetivos projetos; f) Pronunciar-se sobre a proposta de Regulamento Interno; g) Pronunciar-se sobre as propostas de celebração de contratos de autonomia;

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h) Elaborar o plano de formação e de atualização do pessoal docente e não docente, em articulação com o centro de formação em que o Agrupamento está integrado e acompanhar a respetiva execução; i) Definir critérios gerais nos domínios da informação e da orientação escolar e vocacional, do acompanhamento pedagógico e da avaliação dos alunos; j) Propor aos órgãos competentes a criação de áreas disciplinares ou disciplinas de conteúdo regional ou local, bem como as respetivas estruturas programáticas; k) Definir princípios gerais nos domínios da articulação e diversificação curricular, dos apoios e complementos educativos e das modalidades especiais de educação escolar; l) Adotar os manuais escolares, salvaguardando as realidades de cada estabelecimento de ensino, ouvindo os Departamentos Curriculares e os representantes do conselho de docentes; m) Propor o desenvolvimento de experiências de inovação pedagógica e da formação, no âmbito do agrupamento em articulação com instituições ou estabelecimentos do ensino superior vocacionados para a formação e a investigação; n) Incentivar e apoiar iniciativas de índole formativa e cultural; o) Definir os critérios de avaliação para cada ciclo e ano de escolaridade, de acordo com as orientações do currículo nacional e sob proposta dos departamentos curriculares e conselhos de docentes; p) Decidir sobre a permanência ou não de um aluno na turma a que já pertencia, em caso de retenção no segundo ou terceiro ano de escolaridade; q) Decidir sobre a retenção ou transição de alunos que tenham ultrapassado o limite de faltas justificadas; r) Decidir sobre uma segunda retenção no mesmo ciclo, à exceção do nono ano de escolaridade; s) Colaborar com os outros órgãos de gestão tendo em vista a realização dos objetivos do Agrupamento; t) Definir os critérios gerais a que deve obedecer a elaboração dos horários;

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u) Apresentar propostas em relação à rede escolar e às disciplinas/áreas de enriquecimento curricular a criar na escola; v) Definir os critérios para a contratação de pessoal docente e não docente, de acordo com o disposto na legislação aplicável; w) Intervir, nos termos da lei, no processo de avaliação do desempenho dos docentes; x) Proceder ao acompanhamento e avaliação da execução das suas deliberações e recomendações.

O Conselho Pedagógico reuniu ordinariamente uma vez por mês e extraordinariamente sempre que convocado pelo respetivo Presidente: a) por sua iniciativa; b) a requerimento de um terço dos membros do Conselho Pedagógico; c) sempre que a Assembleia ou o Conselho Executivo solicitaram a emissão de parecer sobre matéria relevante; d) quando foram tratados assuntos que envolveram sigilo, designadamente sobre matérias de provas de exame ou de avaliação, e em que apenas participaram os membros docentes.

O Conselho Pedagógico elaborou o seu próprio regimento, nos primeiros trinta dias do seu mandato, de acordo com os princípios consignados no Regulamento Interno do Agrupamento. De cada uma das reuniões lavrou-se, em livro próprio, a respetiva ata, redigida por um membro do seu Conselho, iniciando-se, a sua designação, por ordem alfabética.

Embora estivesse definido no Regulamento Interno que o mandato dos membros do Conselho Pedagógico tem a duração de três anos, com a exceção dos representantes dos pais e encarregados de educação que serão eleitos anualmente, o meu mandato teve a duração de apenas um ano.

Fazendo um balanço, à semelhança do cargo desempenhado enquanto Coordenadora do Departamento Curricular de Educação Física, ser Representante do Grupo Disciplinar em Conselho Pedagógico conferiu-me competências para as quais não estava ainda sensibilizada, nomeadamente ao nível da coordenação e orientação educativa da escola, sobretudo nos

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domínios pedagógico-didático, da orientação e acompanhamento dos alunos e da formação inicial e contínua do pessoal docente e não docente.

Considero que no ano letivo a que se referiu o desempenho das duas funções anteriormente mencionadas neste relatório profissional, ano de 2006/2007, para além da minha função primordial de docente da disciplina de Educação Física, adquiri competências na área da gestão e coordenação educativa, que contribuíram para uma melhor visão da escola, enquanto elemento essencial no desenvolvimento da criança e jovem, em todos os seus domínios, apetrechando-me de ferramentas que, ainda hoje, julgo fundamentais para o correto cumprimento das minhas funções.

1.1.2.3. Coordenação Técnica do Clube de Desporto Escolar

Imediatamente a seguir aos cargos mencionados nos pontos anteriores, nos anos letivos 2007/2008 e 2008/2009, assumi funções como Coordenadora Técnica do Clube de Desporto Escolar, sendo responsável por planear e supervisionar a preparação, desenvolvimento e monitorização de todas as atividades previstas no Projeto do Desporto Escolar, competindo-me em particular: a) Elaborar o PAA do Clube do Desporto Escolar; b) Organizar atividades que promovessem a melhoria da condição física da população escolar; c) Realizar ações de formação para os alunos com funções de juízes/árbitros; d) Elaborar o Dossier do Clube do Desporto Escolar; e) Acompanhar as competições, preencher os relatórios e atualizar os resultados; f) Implementar projetos e ações no âmbito da promoção dos estilos de vida saudáveis; g) Dinamizar a atividade interna; h) Produzir e apresentar o relatório anual de atividades.

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As funções acima citadas foram desempenhadas na Escola Básica 2,3 João Villaret, pertencente à Direção Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo (DRELVT), Equipa de Apoio às Escolas (EAE) Lisboa Oriental, que possuía uma população escolar (distribuída do quinto ao nono anos) de 532 alunos, no ano letivo de 2007/2008, e de 571 alunos, no ano de 2008/2009.

No que se refere ao ano de 2007/2008, ao nível da Atividade Interna, salienta-se a dinamização das seguintes atividades: Torneios Interturmas de Basquetebol, Voleibol e Futsal no final de cada período; Corta-Mato Escolar, no início do segundo período; e Semana da Saúde e Condição Física, no decurso do terceiro período. Realça-se ainda a participação no 23º Torneio Interescolas de Loures na modalidade de Basquetebol (3x3).

Quanto à Prova de Corta-Mato a nível escolar, em parceria com o LoureShopping, esta contou com a participação de 217 alunos, dos quais 124 do sexo masculino e 93 do sexo feminino, apurando-se um total de 37 alunos para a fase concelhia.

Ainda no que concerne a atividades dinamizadas pelo Grupo de Educação Física, há a salientar a organização da Semana da Saúde e da Condição Física. Esta aconteceu num período em que o grupo se viu impossibilitado de lecionar no Pavilhão Municipal de Loures, devido a atividades externas à escola. Esta atividade contou com a presença da comunidade escolar, nomeadamente, 532 alunos, todos os professores e funcionários. O objetivo da mesma prendia-se com a sensibilização da comunidade escolar para hábitos de vida saudáveis.

No que diz respeito à Atividade Externa, a Escola possuía dois Grupos/Equipa de Desporto Escolar, um de Basquetebol (escalão Iniciados Femininos) e um de Tiro com Arco (escalão Infantis Misto).

No ano letivo seguinte, 2008/2009, introduziu-se o Torneio Interturmas de Andebol que decorreu, juntamente com o Torneio Interturmas de Futsal, no terceiro período. Contou-se ainda com a participação da escola no 24º Torneio

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Interescolas de Loures, alargando-se desde o Basquetebol até ao Futsal e o Corta-Mato Concelhio que contou com a presença de 29 alunos apurados dos 193 participantes ao nível escolar. Quanto à Atividade Externa, continuaram em vigência as duas modalidades iniciadas no ano letivo anterior, respetivamente, o Basquetebol e o Tiro com Arco.

Torna-se importante destacar que a modalidade de Basquetebol, nos dois anos letivos a que se refere este ponto, foi da minha responsabilidade, assumindo, paralelamente a função de Coordenadora Técnica do Clube de Desporto Escolar e Responsável por Grupo/Equipa.

Por último, é importante acrescentar que todas as informações anteriormente apresentadas surgem de um trabalho de pesquisa e análise de documentação devidamente arquivada, nomeadamente Fichas de Candidatura da Escola ao Desporto Escolar, bem como Relatórios Finais de Atividades do Clube de Desporto Escolar.

1.1.2.4. Responsável por Grupo/Equipa de Desporto Escolar

A minha participação ao nível do Desporto Escolar, para além da Coordenação Técnica, decorreu, nos anos letivos de 2002/2003, 2005/2006, 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010 e 2010/2011 enquanto Responsável por Grupo/Equipa de modalidades diversas.

Aos docentes responsáveis pelos Grupos/Equipa, compete: (Direção Geral da Educação, 2013) a) Elaborar o plano técnico anual do seu Grupo/Equipa; b) Promover ações de recrutamento de praticantes e de divulgação da modalidade; c) Realizar as sessões de treino previstas no plano de atividades; d) Atualizar as fichas de presença e a base de dados; e) Acompanhar e preparar as competições, jogos e atividades;

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f) Realizar ações de formação para os alunos com funções de juízes/árbitros, em articulação com o Coordenador Técnico do Clube do Desporto Escolar; g) Elaborar o relatório de atividades, que deverá incluir a avaliação qualitativa referente ao desempenho e assiduidade dos alunos.

No Quadro 2, apresentam-se os detalhes relativos à minha participação, ao nível do Desporto Escolar, na qualidade de Responsável por Grupo/Equipa:

Quadro 2: Responsável por Grupo/Equipa do Desporto Escolar: Modalidades

Quadro Agrupamento de Ano Letivo Escola Modalidades Competitivo Modalidades Nacional EB 2,3/S São João Desportos de 2002/2003 Ténis de Mesa da Pesqueira Raquetas EB 2,3 Mário Sá 2005/2006 Carneiro – Voleibol Sim Camarate Desportos 2007/2008 Coletivos 2008/2009 Basquetebol 2009/2010 EB 2,3 João Villaret - Loures Atividades 2010/2011 Desportivas para Boccia Não alunos com NEE

Fonte: adaptado de Programa do Desporto Escolar 2007-2009

Relativamente ao ano de estreia no Desporto Escolar, 2002/2003, para além da função de docência, desempenhei funções de Coordenação de Atividade Interna, fui Responsável por dois Grupos/Equipa de Desporto Escolar (Ténis de Mesa – Iniciados e Juvenis Masculinos), sendo ainda Responsável por um Grupo/Equipa de Atividade Interna (Xadrez).

Na qualidade de Coordenadora de Atividade Interna, entreguei ao Conselho Executivo, no início do ano letivo, um Projeto com todas as atividades que o

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grupo de Educação Física planeou realizar, ao longo de 2002/2003, procurando cumprir com correção todas as tarefas que me foram propostas, ao nível da Coordenação.

Como Responsável por dois Grupos/Equipa do Desporto Escolar (Ténis de Mesa – Iniciados e Juvenis Masculinos) e por um grupo de Xadrez (Atividade Interna), tentei formar da melhor maneira possível atletas e futuros praticantes de desporto, procurando incutir da melhor forma o espírito do Desporto Escolar, representando sempre o bom nome da Escola Básica 2,3/S de São João da Pesqueira.

No ano letivo de 2005/2006, com a minha colocação na Escola Básica 2,3 Mário de Sá Carneiro, em Camarate, o meu horário inicial era composto por doze horas. A partir do dia 1 de novembro de 2005, foram-me atribuídas oito horas de Desporto Escolar, distribuídas por dois Grupos/Equipa de Voleibol (Iniciados e Juvenis Femininos). Destaca-se, nesta escola, a enorme adesão por parte dos alunos para a referida modalidade, verificando-se, a partir de determinada altura do ano, a prática regular do Voleibol, no decorrer da interrupção letiva contemplada para o almoço, entre alunos e professores.

Ao nível da Atividade Interna, o Grupo de Educação Física dinamizou, ao longo do ano letivo, Torneios Interturmas de Voleibol, Futebol e Ténis de Mesa. Para além destas atividades e, no entender de todo o corpo docente, o projeto mais importante dinamizado pela escola, no ano letivo 2005/2006, foi a realização de uma Feira Medieval para o encerramento das atividades letivas. Nesta atividade, participei com um grupo de animação “Saltimbancos”, no qual se incluíam atividades de Percussão, Malabarismo (bolas e swings), Andas e Acrobática. A grande maioria dos alunos envolvidos pertencia à turma 9ºC, os outros repartiam-se por turmas de segundo ciclo e pelas turmas 9ºB e 9ºD. A todos eles (que ainda hoje recordo) agradeço, pois, sem o seu envolvimento, o projeto jamais se teria realizado. Não posso deixar de dizer que o empenho, dedicação e interesse demonstrados ao longo de todo o tempo em que estivemos envolvidos foi, certamente, o motivo pelo qual o projeto resultou.

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Nos três anos seguintes de participação no Desporto Escolar, 2007/2008, 2008/2009 e 2009/2010, após colocação na Escola Básica 2,3 João Villaret, assumi a responsabilidade pelo Grupo/Equipa de Basquetebol (escalão Iniciados Feminino).

Uma vez que o ponto anterior salienta já a participação do Grupo/Equipa de Basquetebol, far-se-á apenas fazer referência ao ano letivo de 2009/2010, tendo este sido, em continuidade, o terceiro ano consecutivo com o mesmo Grupo/Equipa.

De acordo com a planificação anual da atividade, definiram-se como competências a adquirir: a cooperação com os companheiros para o alcance do objetivo do jogo de Basquetebol, realizando com oportunidade e correção as ações técnico-táticas elementares em todas as funções, conforme a oposição em cada fase do jogo, aplicando as regras como jogador e como árbitro. Definiram-se ainda os seguintes objetivos a alcançar: a) Conhecer o objetivo do jogo e as suas regras principais, aplicando-as nas diferentes situações de exercício e no jogo, quer como jogador, quer como árbitro; b) Identificar as situações que justificam a utilização das diferentes ações técnicas e/ou táticas e aplicá-las; c) Cooperar com os companheiros, procurando o êxito pessoal e do grupo; d) Fomentar o gosto pela prática do Basquetebol; e) Conhecer e aplicar as normas do Espírito Desportivo (“Fair-Play”); f) Melhorar os níveis de Organização, Autonomia, Responsabilidade e Empenhamento.

Paralelamente à função de Responsável por Grupo/Equipa, o ano 2009/2010 destacou-se dos demais por um conjunto de atividades desportivas direcionadas para alunos com necessidades educativas especiais que foram sendo introduzidas na Escola Básica 2,3 João Villaret – Loures, e que se passarão a enunciar.

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A primeira participação ocorreu em Lisboa, na Pista de Atletismo do Estádio do Inatel, no dia 2 de março de 2010: IV Torneio de Captação Síndrome de Down – Região Sul. Para este torneio, contámos com a presença de quatro alunos, que participaram em várias provas destacando-se os primeiro e segundo lugares nos 400m de Marcha. De referir que este torneio se destinou a atletas com Síndrome de Down (Trissomia 21 ou Mosaicismo), para observação dos mesmos, com vista à constituição da futura Seleção Nacional que iria participar no “I Campeonato do Mundo de Atletismo IAADS (Sports Union for athletes with Down Syndrome)”, a ter lugar em Morelia – Michoacan, no México, de 25 a 30 de outubro de 2010.

Seguiu-se a participação no V Festival de Natação Adaptada do Sporting C.P., no Complexo Desportivo do Estádio de Alvalade XXI - Lisboa, no dia 25 de março de 2010. Para esta prova conseguiu-se, através da Câmara Municipal de Loures, duas aulas de preparação nas Piscinas Municipais. Participaram dois alunos e destacam-se os seguintes resultados: segundo lugar nas provas de 25m Bruços e 25m Livres. Após esta participação conseguiu-se que, durante o terceiro período, os alunos passassem a frequentar uma vez por semana aulas de Natação nas Piscinas Municipais de Loures, acompanhados por mim enquanto docente de Educação Física.

No decurso do referido ano letivo, paralelamente a todas estas atividades, procedeu-se à aquisição de um Kit de Boccia, de forma a introduzir a modalidade na Escola, apesar de, por incompatibilidade de horários entre docente e alunos envolvidos, não ter sido possível a sua introdução, tendo esta ocorrido no ano imediatamente seguinte.

Por último, foi proposto aos Encarregados de Educação de vários alunos com necessidades educativas especiais a prática de Equitação Adaptada/Hipoterapia, tendo-se procedido a contactos com o Centro Hípico mais próximo. No entanto, a atividade acabou por não se iniciar, por falta de meios logísticos, nomeadamente o transporte dos alunos da Escola para o Centro Hípico.

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Perante esta realidade e dado o meu envolvimento e comprometimento em todas as atividades acima descritas, sem que estas estivessem contempladas no PAA da Escola ou fizessem parte do Projeto do Desporto Escolar, decidi apresentar ao Conselho Executivo da Escola, no final do ano, o Projeto “Desporto Adaptado na Escola” para que este entrasse em vigor no ano letivo seguinte.

Finalmente, no ano letivo 2010/2011, no seguimento do anteriormente exposto, é importante salientar que, por variados motivos, um dos quais a pouca disponibilidade financeira da escola, não foi possível colocar em prática o Projeto “Desporto Adaptado na Escola”, tendo, no entanto, prosseguido com o trabalho iniciado no ano letivo anterior, assumindo a função de Responsável por Grupo/Equipa de Boccia, modalidade introduzida no início do ano.

Assim, após a introdução da modalidade na Escola, defini como objetivos a atingir por parte dos alunos, os seguintes: a) Conhecer o campo de Boccia, identificando os seus limites e as funções das linhas; b) Identificar o número de bolas existente no conjunto de Boccia, a sua cor e a distribuição do número de bolas por cada jogador, dependendo do tipo de jogo a efetuar (individual, duplas ou equipa); c) Em situação de jogo, o aluno deve ser capaz de: · Identificar os conceitos básicos do jogo, de maneira a permitir uma correta colocação no campo e o respeito pelo natural desenrolar do jogo; · Efetuar lançamentos de forma consistente e orientada, posicionando corretamente a sua cadeira e alternando a velocidade de lançamento de acordo com a proximidade da bola alvo; · Respeitar a ordem de lançamento, bem como enquadrar-se na estratégia de equipa respeitando as decisões do capitão de equipa; · Delinear uma estratégia de jogo, tanto individualmente como em equipa, tendo em conta as suas capacidades, do(s) seu colega(s) do(s)

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PRÁTICA PROFISSIONAL DESENVOLVIDA EM PORTUGAL: EEBS

adversários(s), respondendo às situações impostas pelo desenvolvimento do jogo; d) Colocar a bola alvo numa zona do campo favorável a si ou à sua equipa; e) Bloquear a bola alvo, colocando uma ou mais bolas de cor na trajetória do(s) adversário(s); f) Afastar as bolas do adversário através de um lançamento; g) Lançar a bola para fora de campo ou lançá-las para uma zona morta, de maneira a não colocar em causa a sua vitória (ou da equipa); h) Exercer as funções de árbitro quando requisitado, conhecendo as regras do jogo, inclusive o sistema de pontuação e identificando situações passíveis de violação/falta e respetivas penalizações; i) Conhecer o objetivo do jogo e as suas regras principais, aplicando-as nas diferentes situações de exercício e no jogo, quer como jogador, quer como árbitro; j) Identificar as situações que justificam a utilização das diferentes ações técnicas e/ou táticas e aplicá-las; k) Cooperar com os companheiros, procurando o êxito pessoal e do grupo; l) Fomentar o gosto pela prática do Boccia; m) Conhecer e aplicar as normas do Espírito Desportivo (“Fair-Play”); n) Melhorar os níveis de Organização, Autonomia, Responsabilidade e Empenhamento.

Contando com a presença efetiva de cinco alunos, participei com um Grupo/Equipa de Boccia em quatro encontros do Desporto Escolar. De referir que esta modalidade não possui quadro competitivo nacional.

Concluída que está a apresentação dos cargos desempenhados e âmbito de intervenção ao nível dos EEBS, enquanto prática profissional desenvolvida em Portugal, segue-se a descrição da participação ao nível dos II Jogos da Lusofonia, Lisboa 2009.

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1.2. II JOGOS DA LUSOFONIA, LISBOA 2009

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1.2.1. Caraterização do contexto profissional e seu enquadramento teórico

1.2.1.1. Comité Olímpico de Portugal

Fundado em 26 de outubro de 1909, o Comité Olímpico de Portugal (COP) desde sempre se constituiu como uma associação privada de utilidade pública, estabelecida de acordo com as normas do Comité Olímpico Internacional (COI), tendo como finalidades o desenvolvimento, a difusão e a defesa do movimento olímpico e do desporto, assim como, assegurar a representação nacional nos Jogos Olímpicos e noutras manifestações desportivas patrocinadas pelo COI (Meirim, 1995).

De acordo com o Artigo 12º da Lei nº 5/2007 o COP é uma associação sem fins lucrativos, dotada de personalidade jurídica, que se rege pelos seus estatutos e regulamentos, no respeito pela lei e pela Carta Olímpica Internacional. Este tem competência exclusiva para constituir, organizar e dirigir a delegação portuguesa participante nos Jogos Olímpicos e nas demais competições desportivas realizadas sob a égide do COI, colaborando na sua preparação e estimulando a prática de atividades aí representadas. O COP, mantendo atualizado o registo dos praticantes desportivos olímpicos, tem direito ao uso exclusivo dos símbolos olímpicos, em território nacional, nos termos da lei.

Enquadrando-se no direito constitucional de liberdade de associação, o COP deverá adotar as regras do COI, tornando-se representante deste em território nacional. O COP, tal como todos os outros Comités Olímpicos Nacionais (CONs), constitui-se, portanto, como uma "filial" do COI no país onde está sedeado. Para além disso, é parte imprescindível do sistema desportivo nacional, entre outros, pela cooperação que desenvolve com a administração pública desportiva.

Conforme consta no Artigo 27º do capítulo IV da Carta Olímpica (IOC, 2011): A missão dos CONs é desenvolver, promover e proteger o Movimento Olímpico nos seus respetivos países. O papel dos CONs, em cada país, é promover os

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princípios fundamentais e os valores do Olimpismo, em particular nos campos da educação e do desporto; assegurar a observância da Carta Olímpica e encorajar a ética e o desenvolvimento do desporto. Eles são responsáveis pela representação do seu país nos Jogos e pela cooperação com governos e entidades não-governamentais durante os Jogos.

Assim, o Estado português reconhece as atribuições e competências que para o COP decorrem da Carta Olímpica Internacional, "nomeadamente para organizar a representação nacional aos Jogos Olímpicos e para autorizar a realização de provas desportivas com fins olímpicos" (Lei nº 1/90).

Neste sentido, para além de conceber o Programa de Preparação Olímpica, assegurando a otimização das condições de preparação dos praticantes ou seleções nacionais que reúnam condições para atingirem resultados de excelência nos Jogos Olímpicos, compete também ao COP a autorização para realizar outras provas desportivas, desde que estejam garantidos os seus fins olímpicos.

Exemplo de uma dessas provas foi a realização dos Jogos da Lusofonia, que decorreu em 2009, em Portugal, cuja organização se assumiu da responsabilidade do COP, como se poderá constatar no ponto que se segue.

Importa realçar que, embora neste relatório profissional os estudos se centrem na edição que decorreu em Portugal, pela minha participação enquanto membro da comissão organizadora, procurar-se-á enquadrar o evento desde a sua criação até aos dias de hoje.

1.2.1.2. II Jogos da Lusofonia, Lisboa 2009

Antes de se reportar a edição dos Jogos da Lusofonia que decorreu em Portugal, torna-se evidente destacar a importância do evento, atribuindo especial enfoque à sua origem.

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Neste sentido, considera-se que “Os Jogos da Lusofonia” surgiram através de uma necessidade comum de vários países, que se passarão a enunciar mais à frente, com o intuito de promover a língua portuguesa, através do Desporto, enaltecendo a harmonia entre povos, de diferentes culturas, e estreitando os seus laços de amizade e fraternidade.

Assim, pode afirmar-se que se constituem como objetivos essenciais dos Jogos a exortação do ideal olímpico, com as suas componentes de civismo e desporto. Por outro lado, a partilha de laços afetivos e a criação de um ambiente de festa e fair-play, valorizando a verdade desportiva, são objetivos paralelos que servem de palco à reflexão sobre o futuro das políticas desportivas, no contexto de desenvolvimento e afirmação dos países lusófonos (COJOL, 2009).

Procurando ir de encontro a estes objetivos, surge a primeira edição dos Jogos da Lusofonia, que decorreu entre 7 e 15 de outubro de 2006, em Macau (), reunindo cerca de 733 atletas, oriundos de quatro continentes (africano, americano, asiático e europeu) unidos pela língua portuguesa.

Em termos estatísticos, esta edição contou com a participação de onze países ou regiões, nomeadamente: , Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Índia, Macau (China), Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, e Timor-Leste.

No Quadro 3, que se apresenta seguidamente, destacam-se alguns dados estatísticos relevantes, relativos à primeira edição dos Jogos da Lusofonia.

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Quadro 3: Dados Estatísticos relativos aos I Jogos da Lusofonia, Macau 2006

Indicadores Macau 2006

Países e Regiões participantes 11

Desportos 8

Eventos desportivos 48

Locais de Competição 12

Medalhas (ouro, prata e bronze) 153

Pessoas credenciadas 12,937

Atletas 733

Oficiais 197

Voluntários 1645

Voluntários da Cerimónia de Abertura 2500

Recursos Humanos 342

Convidados 1085

Bilhetes disponibilizados ao público 111,223

Espectadores 30,754

Patrocinadores 3

Testes de Antidopagem 75

Veículos 285

Fonte: adaptado de Viegas, 2013

Constatados que foram alguns indicadores que nos elucidam sobre a dimensão do evento, na sua primeira edição, torna-se imperativo realçar o surgimento da segunda edição. Assim sendo, em Macau, no decorrer da primeira edição, a 10 de outubro de 2006, o COP, sob a supervisão máxima do COI, conquistou o direito à organização da segunda edição do evento multidesportivo “Jogos da Lusofonia” na 6ª Assembleia-Geral da ACOLOP (Associação dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa) (ACOLOP, 2014).

A ACOLOP, fundada a 8 de junho de 2004, constitui-se como uma organização não-governamental, composta por doze membros, que tem como principal

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objetivo reforçar a união e cooperação dos seus associados, através do Desporto (II Jogos da Lusofonia, 2008).

A criação desta entidade vem tornar realidade um sonho antigo das nações envolvidas - os Jogos da Lusofonia - seguindo os exemplos dos Jogos da Comunidade Britânica (Jogos da Commonwealth) e Jogos da Francofonia (Jogos Francófonos) (Viegas, 2013).

A ACOLOP, assente no lema “Quatro Continentes, Uma Língua, Unidos pelo Desporto”, tem como fundadores os Comités Olímpicos de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau (China), Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e, na qualidade de membros associados, os Comités Olímpicos de Guiné Equatorial, Índia e Sri Lanka (ACOLOP, 2014).

Importa enfatizar que esta comunhão de países partilha uma língua, o Português, que segundo Madeira (2013) é falado por 244 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo a sexta língua mais falada do globo. As estatísticas são do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua e foram transmitidas pela presidente, Ana Paula Laborinho, a propósito da II Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial.

A 31 de janeiro de 2008, o COP, por deliberação da sua Comissão Executiva, constituiu a Comissão Organizadora dos II Jogos da Lusofonia – Lisboa 2009, adiante designada por COJOL, que assume a natureza de comissão especial autónoma dotada de personalidade jurídica, que se rege pelas suas disposições estatuárias e, supletivamente, pelas normas aplicáveis às associações (COJOL, 2009).

A COJOL, no exercício das atribuições que lhe foram conferidas pela ACOLOP, ao organizar os Jogos da Lusofonia, assumiu como principal atribuição estabelecer relações institucionais para o benefício e valorização do impacto desportivo e social dos jogos, declarados de Interesse Público por Despacho nº 1601/2008, de 15 de janeiro.

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PRÁTICA PROFISSIONAL DESENVOLVIDA EM PORTUGAL: II JOGOS DA LUSOFONIA, LISBOA 2009

Dentro do quadro das suas atribuições especiais, estão, entre outras, o planeamento, organização e coordenação de toda a logística inerente aos Jogos da Lusofonia.

Segundo o Presidente da COJOL e ex-Presidente do COP, Comandante Vicente Moura, os Jogos da Lusofonia definem-se como “um certame desportivo ao mais alto nível olímpico, movido pelos ideais e valores históricos do património linguístico comum, que atravessam o tempo, cruzam culturas e civilizações em todas as latitudes e alcançam a modernidade” (COJOL, 2009, p. 10).

Em resumo, do ponto de vista organizativo, os II Jogos da Lusofonia – Lisboa 2009, traduzidos no espírito e no lema “A união mais forte que a vitória”, constituíram-se como “o maior evento internacional multidesportivo alguma vez realizado em Portugal” (COJOL, 2009, p. 38).

Exemplo desta afirmação são os dados estatísticos relativos a esta segunda edição que evidenciam este facto e que se podem constatar no Quadro 4, que se segue.

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Quadro 4: Dados Estatísticos relativos aos II Jogos da Lusofonia, Lisboa 2009

Indicadores Lisboa 2009

Países e Regiões participantes 12

Desportos 10

Eventos desportivos 65

Locais de Competição 10

Medalhas (ouro, prata e bronze) 247

Pessoas credenciadas 3,908

Atletas 839

Oficiais 370

Voluntários 787

Voluntários da Cerimónia de Abertura 300

Recursos Humanos 36

Convidados 3318

Bilhetes disponibilizados ao público 143,000

Espectadores 52,000

Patrocinadores 13

Testes de Antidopagem 145

Veículos 57

Fonte: adaptado de Viegas, 2013

Embora este relatório profissional focalize a edição de Portugal, posteriormente, já se verificou mais uma edição dos jogos, a terceira, que decorreu, em 2014, no estado de Goa, na Índia. Estando o evento inicialmente previsto para as datas de 2 a 10 de novembro de 2013, este foi oficialmente adiado para as datas de 18 a 29 de janeiro de 2014. Em causa esteve a finalização de algumas infraestruturas (Atleta-Digital, 2013).

A quarta edição será realizada na cidade de Maputo, em Moçambique, em 2017, prevendo-se uma periodicidade quadrienal.

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Concluída que está a caraterização do contexto profissional e o seu enquadramento teórico, de seguida passar-se-á à apresentação das funções desempenhadas e âmbito de intervenção ao nível da participação nos II Jogos da Lusofonia, Lisboa 2009.

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1.2.2. Funções desempenhadas e âmbito de intervenção

Apesar da COJOL se ter constituído a 31 de janeiro de 2008 e, a partir dessa data, ter iniciado funções no âmbito do planeamento, organização e coordenação de toda a logística inerente aos Jogos da Lusofonia, a minha relação com os referidos Jogos iniciou-se apenas em meados de abril de 2009.

Após ter tomado conhecimento, via internet, da realização dos Minijogos da Lusofonia, através do Programa K’CIDADE, Centro de Inovação Comunitária da Alta de Lisboa, decidi entrar em contacto com o mesmo, no sentido de conhecer os requisitos e a fim de poder participar no evento desportivo, na qualidade de voluntária. De imediato, obtive resposta positiva, a 16 de abril de 2009, através de Mónica Azevedo, Técnica de Desenvolvimento Comunitário do Programa K’CIDADE.

De uma forma resumida, estes jogos contaram com a participação de cerca de mil alunos do primeiro ciclo, de cinco escolas de duas freguesias da Alta de Lisboa (Lumiar e Charneca). O evento desportivo Minijogos da Lusofonia apresentava como principais objetivos: a) Promover a capacitação das Coletividades Desportivas da Alta de Lisboa; b) Sensibilizar para a Educação Multicultural e a Interculturalidade junto dos alunos das escolas; c) Contribuir para um maior relacionamento das escolas da Alta de Lisboa; d) Promover a visibilidade e uma imagem “positiva” da zona da Alta de Lisboa; e) Facilitar a introdução de novas ofertas desportivas na Alta de Lisboa.

Neste evento, decorreram as seguintes atividades: a) Sessões nas Escolas EB1 com Atletas Olímpicos; b) Cerimónia de Abertura dos Minijogos; c) Torneios Interescolas em cinco modalidades; d) Programa de Voluntariado e e) Cerimónia de Encerramento dos Minijogos.

De realçar que, como entidades promotoras do evento, estava envolvido não só o Programa K’CIDADE, como também a COJOL.

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PRÁTICA PROFISSIONAL DESENVOLVIDA EM PORTUGAL: II JOGOS DA LUSOFONIA, LISBOA 2009

Neste sentido, durante a minha participação enquanto voluntária na organização do evento, surgiram contactos importantes que me possibilitaram o envio do Curriculum Vitae (CV) para a COJOL.

Posto isto, a 21 de abril, após contacto via e-mail com Tiago Viegas (Direção de Operações da COJOL), procedeu-se ao envio do meu CV para o Diretor Executivo da COJOL, Dr. João Ribeiro.

Poucos dias depois, após entrevista com o Dr. João Ribeiro, passei a integrar a COJOL, no seu Departamento Desportivo, assumindo, inicialmente, funções administrativas, no princípio do mês de maio de 2009.

Uma vez que, nesse ano letivo (2008/2009), me encontrava a lecionar na Escola Básica 2,3 João Villaret, em Loures, a COJOL definiu o seguinte horário em part-time para os meses de maio e junho: 2ª, 3ª e 5ª feiras (das 9h30 às 12h30), e mês de julho disponibilidade total, não obstante ter assumido disponibilidade total (a qualquer hora do dia) nos restantes meses (maio e junho), através de e-mail.

Os Jogos da Lusofonia contaram, no seu programa desportivo, com um total de dez modalidades (Atletismo, Basquetebol, Desporto para Deficientes – demonstração, Futebol, Futsal, Judo, Taekwondo, Ténis de Mesa, Voleibol e Voleibol de Praia) cuja competição se realizou em cinco Câmaras Municipais distintas, nomeadamente: Lisboa, Oeiras, Sintra, Almada e Amadora. No entanto, a sede de trabalho da COJOL encontrava-se na Alta de Lisboa, Av. Santos e Castro, Lote 2, 1750-265 Lisboa.

No dia 14 de maio de 2009, em reunião com o Subdiretor Desportivo, Luís Gomes da Costa, delinearam-se as funções que passaria a assumir na qualidade de membro da COJOL. Numa fase inicial, sob a coordenação de Luís Gomes da Costa, responsável pela Zona de Almada na secção de Ajuizamento e Arbitragem, fui responsável por fazer o levantamento do número de Oficiais/Juízes e Técnicos por modalidade desportiva, bem como por calcular os custos com a Arbitragem.

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Assim, findada a tarefa inicial, concluiu-se que, para este evento multidesportivo, seriam necessários cerca de 178 árbitros/juízes, o que implicaria um custo total estimado com a arbitragem de, aproximadamente, 86,150 euros.

Após esta tarefa, e com a entrada de novos elementos para a COJOL, num total de 34 pessoas, redefiniram-se alguns cargos, tendo eu passado a assumir funções de Coordenação da Zona de Sintra, onde decorreu a competição de Basquetebol Feminino, assistindo a Coordenadora Geral, Teresa Ramilo.

Durante esta fase, ainda a trabalhar na sede, em Lisboa, participei em várias reuniões com membros da Câmara Municipal de Sintra, do Hockey Club de Sintra (local de competição), bem como do Hotel Tivoli Sintra (local de alojamento), no sentido de delinear estratégicas que culminassem na realização dos Jogos. Todas estas reuniões foram sempre acompanhadas por um elemento da COJOL, Gerson Melo, que se revelou fundamental para o desenvolvimento das minhas competências a nível organizativo.

Na Figura 1, que se segue, apresenta-se o Organograma da Zona de Sintra, com toda a equipa da COJOL, de acordo com as várias funções atribuídas:

Coordenação Geral - Prof.ª Teresa Ramilo

Antidopagem, Hotel, Competição e Transportes, Voluntariado e Lavandaria e Instalações Segurança e Arbitragem e TV/Imprensa - Programa Protocolo - Refeições - Desportivas - Proteção Civil - Susana Ana Rodrigues Desportivo - Rui Eduarda Pinto Gerson Melo Paulo Ferreira Rodrigues Biscaia

Figura 1: Organograma da COJOL, Lisboa 2009 (Zona de Sintra)

Conforme consta na Figura 1, acima representada, seguidamente apresentar- se-ão as funções por mim desempenhadas no decorrer dos jogos, ao nível do setor “Hotel, Lavandaria e Refeições”, subdividindo-se nos seguintes itens: a) Chegada ao Hotel; b) Controlo de Acreditações; c) Acomodação no Hotel; d)

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Reunião Técnica; e) Refeições; f) Lavandaria; g) Programa Cultural no Hotel e h) Saída do Hotel.

a) Chegada ao Hotel

Com a chegada a Sintra, a 7 de julho de 2009, dos Coordenadores de Área Eduarda Pinto e Gerson Melo, iniciou-se o afluxo dos atletas/oficiais ao Hotel Tivoli – Sintra, no período designado de pré-abertura oficial dos jogos. No Quadro 5, que se segue, resume-se a chegada das várias Delegações, participantes na competição de Basquetebol Feminino, por data e hora, que decorreu na Zona de Sintra.

Quadro 5: Data e Hora de Chegadas das Delegações ao Aeroporto

Chegada Angola Brasil Cabo Verde Moçambique Portugal Data 08/07 09/07 08/07 08/07 08/07 Hora 05H 06H55 16H 19H40 22H

Chegadas as várias Delegações ao Aeroporto, elementos da COJOL instalados em Welcome Desk montado para o evento, recebiam as respetivas comitivas, encaminhando-as para os autocarros que as transportariam para o local da competição.

As Delegações, após aproximadamente três horas depois da chegada ao Aeroporto, davam entrada no Hotel Tivoli – Sintra. A receção das mesmas era efetuada por mim, que imediatamente as orientava para o balcão de receção do Hotel para que procedessem ao check-in.

Todo este processo decorreu dentro da normalidade, havendo apenas um caso a reportar e que se referiu à Delegação de Portugal, uma vez que, de acordo com os registos do Hotel, havia apenas reserva para as doze atletas e não mais para os restantes elementos da Delegação, nomeadamente oficiais (chefe

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de equipa, treinadores e fisioterapeuta). Este problema rapidamente se resolveu, em articulação com Hélder Simões, Adjunto do Diretor Executivo.

b) Controlo de Acreditações

Com a chegada das Delegações, procedia-se também à entrega das acreditações. No caso de elementos cuja acreditação ainda não se encontrava de nossa posse, as Coordenadoras de Área Susana Rodrigues e/ou eu dirigiam-se ao Pavilhão Atlântico – Balcão de Acreditação a fim de regularizar a situação.

Quanto a esta área, há apenas a referir que se verificou um atraso na entrega das acreditações nos primeiros dias. Isto ocorreu por um lado, porque algumas Delegações não enviaram as inscrições atempadamente e, por outro, porque a equipa de Acreditação era em número insuficiente para a totalidade de pessoas envolvidas nos jogos.

c) Acomodação no Hotel

Cada Delegação estava instalada em quartos duplos e/ou triplos, sempre que possível, no mesmo piso. Em alguns casos, apenas um elemento ocupava quartos duplos, devido a número ímpar no total por Delegação, nomeadamente Angola (17) e Cabo Verde (15).

Reservado no Hotel esteve também, durante o decorrer dos jogos, um quarto preparado para o Controlo Antidopagem, um quarto para equipamentos, um quarto de massagens, uma Sala de Secretariado/Reuniões e um Balcão de Welcome Desk colocado na área de receção do Hotel.

Os Coordenadores de Área Gerson Melo, eu e Ana Rodrigues estivemos também alojados no Hotel, durante o decorrer do evento, bem como três voluntários devido a falta de proximidade com a zona de residência.

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d) Reunião Técnica

Com a chegada de todas as Delegações e após instalação das mesmas, no final do dia 9 de julho efetuou-se uma Reunião Técnica na Sala de Secretariado a fim de discutir todas as questões referentes a treinos, horários dos mesmos; refeições, horário das mesmas; cores dos equipamentos e informações gerais. Nesta Reunião, estiveram presentes, para além dos Coordenadores de Área Gerson Melo e Rui Biscaia, o Professor João Cardoso, da Associação de Basquetebol de Lisboa, e os chefes e treinadores de cada Delegação, num total de treze elementos.

e) Refeições

Relativamente às refeições, inicialmente, estava previsto que os almoços se realizassem na Cantina da Escola Nacional de Bombeiros e os jantares no Hotel Tivoli – Sintra. Após algumas queixas relativamente à qualidade da comida, nomeadamente por parte da Delegação do Brasil, a partir do dia 9 de julho, os almoços transferiram-se para o Hotel, deixando de haver reclamações.

Diariamente, articulava-me com o Hotel, mais especificamente com Ana Fernandes ou Cristina Brandão de Mello, no sentido de atualizar o número de refeições totais (almoços e jantares) para o dia seguinte. Eram também feitos regularmente pequenos reajustes nos menus, de forma a satisfazer todas as Delegações.

No Quadro 6, que se segue, apresentam-se os menus servidos ao longo dos jogos.

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Quadro 6: Ementa no Hotel Tivoli – Sintra

Data Almoço Jantar Creme de grão 8 de Julho Arroz de peixe Salada de frutas tropicais Creme de alho francês 9 de Julho Peru assado Tartelete de frutos Creme de abóbora Creme de couve - flor 10 de Julho Escalopes com natas e cogumelos Bacalhau com natas Gelado de baunilha c/ topping de morango Mousse de chocolate branco e preto Creme de espargos Salada do campo com queijo fresco 11 de Julho Bifinhos de peru strogonoff Quiche de espinafres cogumelos e queijo Maçã assada Bavaroise de ananás Creme de legumes Creme de coentros Frango assado com esparguete 12 de Julho Salada de fruta Bacalhau à Brás Profiteroles com chocolate Salada César Sopa de feijão branco 13 de Julho Fettucine com atum e camarão Garoupa à bela vista Tarte de fruta Leite creme queimado Caldo verde com broa Creme de ervilhas Novilho à jardineira Filetes de pescada com amêndoa 14 de Julho Abacaxi ao natural Arroz doce

Creme de tomate Melão com presunto Bacalhau á gome Sá 15 de Julho Macarrão com novilho Salada de frutas tropicais Bavaroise de morango Canja de galinha Sopa camponesa Empadão com salada mista Pescada com laranja 16 de Julho Tarte de limão Pudim flã

Sopa Juliana Creme de marisco Frango na púcara com arroz 17 de Julho Salada de fruta Filetes á florentina Paris Brest Creme Crécy Creme de alface Brandade de bacalhau com natas & salada 18 de Julho Esparguete à bolonhesa mista Tarte de framboesa Salada de fruta Creme de agriões Creme de espinafres 19 de Julho Perna de Frango assada à padeira Maruca á Bela Moleira com puré & legumes Mousse de manga Salada de Fruta Sopa de feijão verde gloria Vichyssoise quente com cebolinho Tagliattelle com frango Garoupa com ananás 20 de Julho Travesseiro de Sintra com bola de gelado de Salada de fruta baunilha

Relativamente ao número total de refeições, foram servidos 1085 almoços e 1042 jantares, entre os dias 7 e 20 de julho.

f) Lavandaria

No final de cada dia, entre 8 e 18 de julho, em articulação com os Voluntários – Guias de Equipa, eram recolhidos os equipamentos (três peças por atleta) em

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sacos próprios, fornecidos pela responsável da Lavandaria “A Vapor”: Teresa Vieira, no dia anterior à noite. O período de recolha decorria das 21h30 às 22h, aproximadamente. Há apenas um caso a registar de uma camisola de atleta da Delegação do Brasil que desapareceu.

g) Programa Cultural no Hotel

Integrado na Semana Gastronómica de Macau, o Hotel Tivoli – Sintra gentilmente convidou, entre outras pessoas, vários elementos da COJOL para estarem presentes num jantar, no dia 16 de julho. Do jantar recolhem-se boas memórias e convívio, para além de diferentes sabores experimentados com a Mostra Gastronómica Macaense.

h) Saída do Hotel

Após o término dos jogos, as Delegações foram deixando o Hotel, em diferentes dias e horas, mediante a hora de voo, consoante expresso no Quadro 7.

Quadro 7: Data e Hora de Partida das Delegações

Partida Angola Brasil Cabo Verde Moçambique Portugal Data 20/07 19/07 22/07 20/07 20/07 Hora 11H 16H 16H 17H40 11H

O transporte para o Aeroporto era efetuado sensivelmente com três horas de antecedência da hora de voo, com exceção da Delegação de Portugal, cuja hora de partida se refere à saída do Hotel. De referir que todas as Delegações deixaram o Hotel Tivoli – Sintra até ao dia 20 de julho, após o almoço, tendo a Delegação de Cabo Verde sido transferida para o Vip Executive Art’s Hotel, em Lisboa.

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Embora não sendo da minha responsabilidade a gestão e coordenação do setor da “Competição e Instalações Desportivas”, torna-se importante salientar que a competição de Basquetebol Feminino decorreu nos dias 12, 14, 15, 18 e 19 de julho de 2009 no Pavilhão do Hockey Club de Sintra, tendo-se iniciado os treinos a 8 de julho, aquando da chegada das primeiras delegações.

Relativamente à parte desportiva, destaca-se a forte competitividade entre as quatro primeiras classificadas na competição, cuja classificação final foi a seguinte: 1º Portugal; 2º Brasil; 3º Angola; 4º Moçambique e 5º Cabo Verde. Durante a competição, a arbitragem foi assegurada por uma equipa de oito árbitros: dois angolanos, dois brasileiros, um macaense e três portugueses, entre os quais três eram do sexo feminino. A coordenação foi assegurada pelo Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB). A organização dos jogos, em conjunto com a Associação de Basquetebol de Lisboa, por delegação da FPB, decorreu da melhor forma, tendo recebido elogio de todas as delegações participantes.

Um aspeto que ficou marcado pela negativa foi a fraca adesão do público à competição. Após balanço efetuado pela equipa organizadora, pensamos que o fenómeno se ficou a dever a alguns fatores que poderão vir a ser corrigidos em provas futuras. Assim, o historial da região na prática da modalidade, a pouca divulgação do Torneio nos meios de comunicação social local e os horários dos jogos não contribuíram para que estes tivessem uma maior assistência.

Torna-se importante frisar que um dos aspetos que contribuiu positivamente para a boa organização da Competição de Basquetebol Feminino nos II Jogos da Lusofonia, Lisboa 2009, foi a equipa de voluntários que em muito colaborou com a equipa organizadora no decorrer dos treinos e jogos.

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2. PRÁTICA PROFISSIONAL DESENVOLVIDA EM SINGAPURA

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2.1. I JOGOS OLÍMPICOS DA JUVENTUDE, SINGAPURA 2010

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PRÁTICA PROFISSIONAL DESENVOLVIDA EM SINGAPURA

2.1.1. Caraterização do contexto profissional e seu enquadramento teórico

2.1.1.1. Comité Olímpico Internacional

Tendo sido criado em 23 de junho de 1894, durante o Congresso Internacional de Paris, o Comité Olímpico Internacional (COI) surgiu, na sequência da proposta do Barão Pierre de Coubertin, de restabelecer os Jogos Olímpicos com a missão de assegurar a celebração regular das Olimpíadas e promover o Movimento Olímpico.

Nesse sentido, o COI, de acordo com a Carta Olímpica, propõe-se, entre outras coisas, a: “promover a organização do desporto e as suas competições em colaboração com as instituições desportivas internacionais e nacionais; colaborar com as autoridades competentes, públicas ou privadas, a fim de colocar o desporto ao serviço da humanidade; assegurar a celebração regular dos Jogos Olímpicos; encorajar a ética desportiva e combater o doping no desporto; promover a mulher no âmbito desportivo e velar pelo princípio da igualdade de sexos; opor-se a toda a utilização política e comercial do desporto e dos atletas” (IOC, 2011).

Constituindo-se os Jogos Olímpicos como um referencial do desporto, todos estes objetivos que o COI se propõe realizar devem ter reflexo nos Jogos, de modo a que efetivamente sejam "a festa quadrienal da juventude universal, a festa da Primavera humana" como era intenção de Pierre de Coubertin. Segundo Pires (2007), a bem sucedida e audaciosa empreitada de Coubertin demonstra aliás a universalidade do desporto, sendo este um exemplo atual e típico de prática diversificada, multicultural e planetária.

Verdadeiramente, o significado dos Jogos Olímpicos vai para além do próprio desporto, constituindo-se como um símbolo de unidade de toda a humanidade, sob o lema e divisa latina “Citius, Altius, Fortius” (mais rápido, mais alto, mais forte) e que simboliza a vontade de superação dos atletas (Pires, 2007).

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Sendo uma entidade extremamente poderosa, capaz de condicionar o desporto na multiplicidade das suas modalidades, bem como no plano nacional ou internacional, "registe-se que a plenitude do seu poder se afirma relativamente a toda a pessoa ou organização que faça parte, a qualquer título, do movimento olímpico, as quais estão sujeitas à sua autoridade e se submetem às suas regras e jurisdição" (Meirim, 1995, p. 37).

Relativamente à natureza jurídica do COI, esta entidade define-se como sendo uma organização internacional não-governamental, de fim não lucrativo, dotada de personalidade jurídica ilimitada (IOC, 2011). Com efeito, o COI não foi criado por Estados, nem estes são seus membros. No entanto, é-lhe reconhecido um status moral internacional pelos Estados e Organizações Internacionais, devido à importância atribuída ao seu desempenho, nomeadamente o peso institucional que representam os Jogos Olímpicos. Estes, com reflexos ao nível das relações internacionais, projetam o Presidente, Thomas Bach, em exercício das suas funções desde 10 de setembro de 2013, para um papel marcadamente político e diplomático, onde, não raras vezes, lhe são atribuídas honras de chefe de Estado.

Em conclusão, e segundo Baddeley, citado por (Teixeira, 2007), o COI é uma associação de direito privado, em que os seus contenciosos com outras organizações desportivas, com atletas, ou com terceiros, caem sob o domínio do direito suíço, por ser aí que se localiza a sua sede.

2.1.1.2. I Jogos Olímpicos da Juventude, Singapura 2010

Antes de se partir para a análise dos Jogos, considera-se deveras importante proceder a uma breve análise da estrutura administrativa do desporto em Singapura.

Assim, o Ministério do Desenvolvimento Comunitário, Juventude e Desportos (MCCY) assume-se como o órgão máximo de supervisão de todas as questões relacionadas com o desporto. Sob a alçada do MCCY, o Conselho do Desporto

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de Singapura (SSC) é o órgão central responsável por fornecer os programas do desporto. Através da criação de uma cultura, alcançando o desporto de elite e desenvolvendo a indústria do desporto, o SSC produz campeões no desporto e oferece uma experiência desportiva agradável para os Singapurianos (SSC, 2014).

A fim de criar uma vibrante indústria do desporto, o governo de Singapura decidiu desenvolver um sistema integrado de instalações desportivas de classe mundial dentro da cidade chamado "Sports Hub". O Sports Hub fornece programas integrados a todos os cidadãos de Singapura para entretenimento, negócios e treino de elite. Considera-se o Sports Hub o primeiro e maior projeto de infraestrutura de instalações desportivas no mundo, designado de “Parceria Público-Privada” (PPP). A PPP é um projeto abrangente proposto pelo setor privado, que será responsável pela conceção, construção, gestão e operação de financiamento do Sports Hub por um período de 25 anos (Chan & Lau, 2012).

De acordo com os mesmos autores (2012, p. 67), “o estádio não é apenas uma questão de dinheiro, indústria desportiva ou oportunidade de emprego, é também um ícone para um povo e o seu país”.

Referem ainda os mesmos autores (2012) que, com esta estrutura única de financiamento, Singapura alcançou o direito de sedear os I Jogos Olímpicos da Juventude (YOG).

Após breve análise da estrutura administrativa do desporto em Singapura, importa agora partir para o enquadramento do evento desportivo propiamente dito.

Assim, sob a supervisão máxima do COI e subsequentemente do Conselho Nacional Olímpico de Singapura (SNOC) os Jogos Olímpicos da Juventude (YOG) constituem-se como um evento desportivo de elite para os jovens de todo o mundo, distinto de outros eventos desportivos para jovens, uma vez que com ele se integrou, pela primeira vez, um Programa único de Educação e

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Cultura (PEC), com base nos cinco seguintes temas principais: Olimpismo; Responsabilidade Social; Desenvolvimento de Competências; Expressão; Bem-estar e Estilo de Vida Saudável. O PEC dá aos atletas participantes a oportunidade de aprender sobre os valores olímpicos, explorar outras culturas e desenvolver as habilidades necessárias para se tornarem verdadeiros embaixadores do seu desporto (SNOC, 2014).

Esta primeira edição dos YOG, que decorreu entre 14 e 26 de agosto de 2010, contou com a presença de 3600 atletas, num universo de 205 nações, competindo entre si em 26 modalidades, cujo programa desportivo é baseado no dos Jogos Olímpicos (IOC, 2009).

Este Evento será recordado, provavelmente, como o grande legado do ex- Presidente do COI, Dr. Jacques Rogge, “senhor dos anéis” (Pires, 2007) que, em 2007, deu início a esta visão, posteriormente consumada em Singapura (COP, 2014).

A segunda edição dos jogos decorrerá ainda este ano em Nanjing, na China, estando já marcada a terceira edição para Buenos Aires, em 2018.

Concluída que está a caraterização do contexto profissional e o seu enquadramento teórico, segue-se a apresentação das funções desempenhadas e âmbito de intervenção no que se refere aos I Jogos Olímpicos da Juventude, Singapura 2010.

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2.1.2. Funções desempenhadas e âmbito de intervenção

Muito antes do início dos I Jogos Olímpicos da Juventude, Singapura 2010 e ainda enquanto me encontrava a exercer funções na comissão organizadora dos II Jogos da Lusofonia, Lisboa 2009, surge o primeiro e importante contacto com uma colega da equipa de organização e ex-membro do COP, Maria Angélica Paula Santos, que me deu a conhecer os Jogos que se iriam realizar no ano seguinte.

A minha ligação aos I Jogos Olímpicos da Juventude, Singapura 2010 surge, portanto, a 3 de agosto de 2009, assim que, via e-mail, me foi facultado o contacto de Karen Myers, Manager da Competição de Pentatlo Moderno em Singapura, nos referidos jogos.

No dia seguinte, estabelece-se contacto com Karen Myers, para manifestação de interesse na participação nos jogos na qualidade de membro da organização. Prontamente, recebo resposta negativa por parte de Dawn TAN, Executive, Human Resource Management – Workforce Division Singapore Youth Olympic Games Organising Committee (SYOGOC).

Não tendo obtido qualquer resposta do Departamento de Recursos Humanos, nos meses que se seguiram, para participar na qualidade de membro da organização, a 9 de junho de 2010, voltei a reforçar o meu interesse em participar nos Jogos, desta vez na qualidade de voluntária. Assim, a 16 de junho, obtive resposta da Karen Myers, referindo que ia encaminhar o meu processo para o Departamento de Voluntariado. Sendo já um pouco tarde para a inscrição de voluntários, o Departamento de Voluntariado prontamente me acolheu, no dia seguinte, tendo procedido ao preenchimento de toda a documentação a fim de estabelecer a minha inscrição como Sports Specialist Volunteer – competition management team of Modern Pentathlon.

Nesse mesmo dia, após receber contacto de Karen Myers, acertam-se alguns detalhes, nomeadamente que o pagamento da viagem seria da minha responsabilidade e que a organização asseguraria o alojamento e alimentação.

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PRÁTICA PROFISSIONAL DESENVOLVIDA EM SINGAPURA

Posto isto, a 26 de junho, fica consumada a minha ida para Singapura através da compra da viagem. Ainda antes do início desta grande viagem, a 1 de julho, é-me fornecido, através de Karen Myers, o contacto de um pentatleta português que se encontrava a trabalhar em Singapura, Nuno Delicado, que colaborou com a federação de pentatlo singapurense, fundada há pouco mais de um ano, na organização e planeamento para desenvolver a modalidade no país. Este contacto veio a revelar-se extremamente útil, na medida em que o Nuno Delicado, aquando a minha chegada a Singapura, prontamente me orientou e ajudou na adaptação a uma realidade tão distante e distinta da que até então conhecia. Atualmente, mantenho boas relações pessoais e profissionais com o Nuno que, curiosamente, se mudou para Timor-Leste, onde me encontro na atualidade e com o qual, neste momento, poderão vir a traçar- se novos projetos futuros.

Por fim, a tão aguardada viagem acontece a 27 de julho, tendo permanecido em Singapura até ao final do mês de agosto. Imediatamente no dia seguinte, pelas doze horas, inicia-se o primeiro contacto com Karen Myers, na Singapore Sports School, localizada na parte noroeste de Singapura, local que acolheu as competições de Pentatlo Moderno, Natação e Tiro. O trabalho iniciou-se ainda pela tarde, assumindo funções administrativas, na qualidade de voluntária. Essencialmente, estabelecia-se contacto com as diversas delegações no sentido de proceder à atualização de informações fundamentais para a organização dos jogos.

Num horário das 8h às 21h (por vezes estendia-se até às 24h), com pausa de uma hora para almoço, o trabalho cada vez mais se assumia de cariz burocrático e administrativo, não indo, de todo, ao encontro das expectativas que para Singapura levava na bagagem. Assim, após conversa com Karen Myers, passei a desempenhar funções mais práticas, vocacionadas para a preparação dos três locais de competição, uma vez que a prova de Pentatlo Moderno compreendia diversas modalidades (Esgrima, Natação e Evento Combinado: Corrida e Tiro). Nessa mesma altura, embora tendo iniciado funções enquanto voluntária, rapidamente, após ter frequentado um Seminário

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PRÁTICA PROFISSIONAL DESENVOLVIDA EM SINGAPURA

e levado a cabo todos os exames necessários, me tornei Juiz Internacional de Pentatlo Moderno, assumindo-me, paralelamente, como Técnica Desportiva, na qualidade de membro da comissão organizadora.

Desde a receção à montagem e preparação de todo o material e equipamento necessário para a realização dos jogos, assim como de todo o apoio prestado às equipas de montagem, fui experienciando um conjunto de tarefas que me permitiram alargar o meu campo de atuação ao nível da gestão desportiva. Paralelamente, assegurando funções de Assistente da Manager de Competição, fui ainda responsável pela Supervisão da Gestão de uma Formação de Pentatlo Moderno que ocorreu no local da competição, fui Supervisora do Programa de Treinos, Coordenadora dos Oficiais Técnicos Nacionais, Coordenadora da equipa de voluntários, bem como Oficial Técnica Internacional de Pentatlo Moderno durante a competição – Esgrima (Scorer), Natação (Clerk of Course) e Evento Combinado – Corrida e Tiro (Range Officer).

A competição ocorreu nos dias 21, 22 e 24 de agosto, sendo que, no primeiro dia, ocorreu a prova feminina, no segundo a prova masculina e no terceiro a prova mista. Todos os dias que antecederam os dias da competição foram dias de treinos, sendo necessária muita articulação com toda a equipa de voluntários para que os atletas e técnicos, ao seu mais alto nível, vissem satisfeitos os seus requisitos.

A cerimónia de abertura decorreu no dia 14 de agosto e a cerimónia de encerramento a 26 de agosto de 2010, sendo que ambas tiveram lugar na Plataforma Flutuante da Marina Bay.

Após o encerramento oficial dos Jogos Olímpicos da Juventude e findadas todas as funções ao nível da organização da competição de Pentatlo Moderno, o regresso a Portugal avizinhou-se enriquecido pela experiência mais gratificante que tive, até à data, na área dos eventos desportivos.

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3. PRÁTICA PROFISSIONAL DESENVOLVIDA EM TIMOR-LESTE

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3.1. PROJETO DE FORMAÇÃO INICIAL E CONTÍNUA DE PROFESSORES

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PRÁTICA PROFISSIONAL DESENVOLVIDA EM TIMOR-LESTE

3.1.1. Caraterização do contexto profissional e seu enquadramento teórico

3.1.1.1. Timor-Leste

Por parte deste relatório profissional recair sobre um país que se assume como a mais jovem Nação do século XXI, com todas as suas particularidades, bem como pela estreita ligação com Portugal, que se iniciou há cerca de quinhentos anos atrás, constitui-se imperativo começar este capítulo com a caraterização desse mesmo país, ao nível geográfico, administrativo, demográfico, abordando a sua situação política, económica e social.

Assim, Timor-Leste (oficialmente chamado de República Democrática de Timor-Leste) é uma das Nações mais jovens do mundo, sendo o único país independente na Ásia de língua oficial portuguesa, caraterizando-se como a menor e a mais oriental das ilhas do arquipélago malaio. Situando-se a cerca de 550km ao Norte da Austrália, de Timor-Leste fazem parte também o enclave costeiro de Oecussi-Ambeno (815km²) situado no Timor Ocidental, e as ilhas de Ataúro (141km²) e Jaco (11km²), conforme se pode verificar na Figura 2.

Figura 2: Mapa de Timor-Leste

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PRÁTICA PROFISSIONAL DESENVOLVIDA EM TIMOR-LESTE

O território apresenta uma área total de 15.007km², com uma população de cerca de 1.066.582 habitantes (Censos 2010), e tem por capital a cidade de Díli, situada na costa norte (Governo de Timor-Leste, 2014).

Embora as línguas oficiais sejam o Português e o Tétum, maioritariamente utilizam-se o Inglês e Bahasa Indonésio como línguas de trabalho. Para além destas, existem no território cerca de quinze línguas nativas. Ainda assim, mesmo com uma permanência de cerca de cinco séculos em Timor-Leste, a eficácia do sistema educacional português foi de pouca expressão, quando comparado aos 24 anos de dominação indonésia. Neste curto intervalo de tempo, a Indonésia conseguiu impor de maneira exemplar a sua língua, o Bahasa Indonésio. Os dados de recenseamento, porém, em relação à fluência da população timorense em Bahasa Indonésio e em língua portuguesa não são exatos, já que o Timor-Leste Census of Population and Housing (2006) afirma que 58% da população fala Bahasa Indonésio, enquanto que apenas 37% falam Português, mas o Relatório de Desenvolvimento Humano de Timor-Leste (2001) afirma que 42% é fluente em Bahasa Indonésio, mas somente 5% é fluente em Português. Os únicos dados em concordância são em relação à população total de fluência em Tétum que se encontra acima dos 80% (Albuquerque, 2010).

Em termos administrativos, Timor-Leste encontra-se dividido em treze distritos: Bobonaro, Liquiçá, Díli, Baucau, Manatuto e Lautém na costa norte; Cova- Lima, Ainaro, Manufahi e Viqueque, na costa sul; Ermera e Aileu, situados no interior montanhoso; e Oecussi-Ambeno, enclave no território indonésio. Os atuais treze distritos de Timor-Leste mantêm, no essencial, os limites dos treze concelhos existentes durante os últimos anos de administração Portuguesa.

Em termos demográficos, é o distrito de Díli que concentra maiores valores totais, 167.777 habitantes (Censo de 2004), e Aileu é o distrito com menos população, 36.889 habitantes (Censo de 2004), muito embora possua uma área superior ao dobro da de Díli.

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O país é também formado por 67 subdistritos, variando o seu número entre três e sete subdistritos por distrito. Os subdistritos são divididos em 498 sucos1, compostos por uma localidade sede e subdivisões administrativas, e que variam entre dois e dezoito sucos por subdistrito (Governo de Timor-Leste, 2014).

a) Situação Política

Conhecido no passado como Timor Português, foi uma colónia portuguesa até 1975, altura em que se tornou independente, tendo sido invadido pela Indonésia três dias depois. Permaneceu, considerado oficialmente pelas Nações Unidas, como território português por descolonizar até 1999.

Durante cerca de duas décadas e meia, a sociedade timorense conviveu com a opressão e a violência por parte da Indonésia. Simultaneamente, exibiu uma capacidade de resistência e uma vontade de ser parte ativa no seu destino verdadeiramente ímpares, caraterística que ofusca qualquer outra.

Em maio de 1999, Portugal e a Indonésia assinaram os Acordos de Maio, que permitiram a realização de um Referendo Popular sob os auspícios das Nações Unidas que viria a pôr fim a 24 anos de ocupação indonésia, tendo para o efeito sido criada a United Nations Assistance Mission for East Timor (UNAMET). Neste Referendo, a população timorense pôde optar entre a independência ou a integração na Indonésia. A esmagadora maioria dos timorenses (78%) optou pela independência.

A UNAMET, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), surgiu com o objetivo de preparar Timor-Leste para a independência plena, administrar o território na fase de transição e preparar as eleições presidenciais e legislativas de abril de 2002.

1 A menor divisão administrativa de Timor-Leste, que pode ser composta por uma ou mais aldeias.

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Em 22 de março de 2002, foi aprovada a primeira Constituição da República Democrática de Timor-Leste, tornando-se o Português e o Tétum, constitucionalmente, reconhecidos como as duas línguas oficiais.

A 20 de maio de 2002, Timor-Leste recuperou formalmente a independência, no seguimento de um quarto de século sob ocupação e conflito, tendo a ONU permanecido no terreno para apoiar o primeiro novo Estado do século XXI.

Desde então, tal como outras jovens Nações, Timor-Leste teve que enfrentar enormes desafios. A ausência de um Estado com todas as suas instituições em pleno funcionamento, aliada à inexistência de um quadro legal adequado, foram, desde logo, os primeiros obstáculos a enfrentar. Neste aspeto, a atuação da Comunidade Internacional, nomeadamente de Portugal, foi determinante no apoio às autoridades timorenses.

Não obstante dos progressos alcançados, Timor-Leste permanece um Estado frágil, cuja estabilidade está muito dependente de fatores internos. A elevada taxa de desemprego, nomeadamente entre a população mais jovem, aliada à pobreza e à diminuição dos rendimentos, são fatores que podem ajudar a explicar esta situação (IPAD, 2008).

Os desafios que Timor-Leste enfrenta enquanto jovem Nação, particularmente os ligados à expetativa quanto à necessidade de melhoria das condições de vida da população, fizeram com que, desde 2004, venham acontecendo algumas manifestações de descontentamento no país. Estas contestações abalaram a estabilidade e tiveram o seu momento mais agudo em abril e maio de 2006 devido a desentendimentos registados no seio das forças de defesa e segurança. Este clima social colocou à prova não só o seu ainda frágil setor da Justiça como provocou a entrada, a pedido das autoridades timorenses, de forças militares internacionais, com o objetivo de apoiar a normalização da situação interna, à qual se veio juntar o apoio de um numeroso contingente da United Nations Police (UNPOL), na sequência do mandato da United Nations Integrated Mission in Timor-Leste (UNMIT), a 25 de agosto de 2006. A atuação

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da UNMIT centra-se na promoção da estabilidade, reconciliação nacional e governação democrática em Timor-Leste (IPAD, 2008).

Entre abril e junho de 2007, decorreram as eleições presidenciais e legislativas. As autoridades timorenses coordenaram estes atos eleitorais, tendo contado com a intervenção dos parceiros internacionais no apoio à sua organização. Face a esta realidade, foi continuando a ser necessário e importante o apoio da comunidade internacional para garantir a consolidação da situação política de Timor-Leste.

Em dezembro de 2012, com o cessar da missão das Nações Unidas, os militares portugueses findaram a sua participação na UNMIT, apesar de, atualmente, se manterem alguns efetivos das forças armadas, que prestam apoio, sobretudo, ao nível da formação militar (EMGFA, 2014).

b) Situação Económica

Embora o potencial do petróleo e do gás natural seja determinante para o seu desenvolvimento, Timor-Leste é ainda um país marcado pela pobreza, mais acentuada nas zonas rurais onde é praticada uma agricultura de pura subsistência.

Os primeiros anos após a independência foram marcados pela presença de um elevado número de funcionários e agentes internacionais, auxiliando o país nos necessários ajustes à nova realidade. Mais tarde, a saída desses agentes cooperantes, cujo efeito positivo em termos de crescimento da economia nacional se revelou, contudo, artificial, o país entrou numa fase de contração económica que se arrastou por 2003 (IPAD, 2008).

A partir de 2004, os indicadores económicos começaram a apontar para uma recuperação da economia do país, contudo, e apesar dos recursos existentes, a falta de planeamento adequado e a frágil organização e preparação técnica

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dos quadros técnicos da Administração Pública têm condicionado a capacidade do Governo em executar o crescente Orçamento de Estado.

A exploração de petróleo e de gás constitui um elemento incontornável no contexto económico timorense, tendo o Governo lançado um programa ambicioso para um maior desenvolvimento deste setor. Regista-se, contudo, uma significativa dependência dos referidos recursos naturais, o que tem motivado um esforço paralelo para a captação de investimento noutras áreas, de modo a não tornar a economia timorense exclusivamente dependente da exploração de petróleo e gás.

De acordo com a legislação aprovada, em 2005, as receitas provenientes da exploração petrolífera transitam para o Fundo Petrolífero, para efeitos de capitalização, podendo as mesmas ser utilizadas em casos devidamente justificados, de acordo com procedimentos específicos (IPAD, 2008).

A existência de rendimentos provenientes dos seus recursos naturais poderá garantir a Timor-Leste a base para a sustentação do seu desenvolvimento económico. Nesse sentido, a continuidade da política de gestão dos recursos naturais é essencial para o desenvolvimento do país e para a melhoria significativa do nível de vida da sua população.

c) Situação Social

“Dez anos depois da independência, Timor-Leste continua por construir. Quase metade da população vive abaixo do nível de pobreza, a corrupção não para de subir, os manuais não chegam às escolas. Há quem diga que Timor não está a "semear" o dinheiro do petróleo, está a enterrá-lo. E quem lamente: «Em Díli, os grandes não se entendem. Não se amam e o povo sofre» ” (Alvarez, 2012).

Timor-Leste tem um Estado e uma democracia reconhecidos pelo mundo. As estatísticas nacionais e internacionais revelam um progresso impelido pelo petróleo, mas que não reduziu, efetivamente, a pobreza. Nas estatísticas, o

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rendimento dos timorenses quase quadruplicou, entre 2000 e 2011, por causa do petróleo.

No entanto, Timor-Leste parece ter duas caras. De um lado, a cara gorda dos poucos, mas cada vez mais fartos, por onde circulam os milhões de dólares do petróleo e gás natural, do luxo asiático, das mãos sujas pela corrupção que já ninguém nega. Do outro, a cara magra de milhares que continuam a viver em condições indignas e de reformas de um dólar por dia (0,78 euros) pagas por um Estado que, com um estalar de dedos, gasta seis milhões de dólares para remendar à pressa a estrada por onde hoje vão passar os chefes de Estado convidados para as celebrações dos dez anos da restauração da independência, mas não faz chegar às muitas escolas que construiu o material básico necessário para educar os mais novos (Alvarez, 2012).

Em 2004, a taxa de alfabetização adulta era de 50,1% (56,3% para os homens e 43,9% para as mulheres). Um grande número de crianças continua a não frequentar a escola (entre 10% a 30% das crianças com idade para frequentarem a escola primária) e menos de metade das crianças que entram para a escola primária completam os seis anos de ensino.

O bom funcionamento dos setores público e privado é dificultado pelos baixos níveis de educação e de experiência profissional. Esta situação é, em grande medida, herdada da época da ocupação indonésia, uma vez que a maioria dos quadros intermédios e de chefia eram ocupados por indonésios. A partir de 1999, e com a saída da Indonésia, estes lugares foram ocupados por internacionais, estando a transferência para timorenses a processar-se, ainda atualmente, a um ritmo lento (IPAD, 2008).

Desde 2001, regista-se um aumento considerável da população de Díli, que ascende a 160.000 pessoas. Cerca de 50% da população do país tem menos de 18 anos e o desemprego atinge particularmente esta população a qual, em muitos casos, carece de uma preparação adequada para entrar no mercado de trabalho.

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O Relatório sobre a Avaliação da Pobreza em Timor-Leste (Projeto de Avaliação da Pobreza, 2003) confirma as variações nas condições de vida entre os habitantes das zonas rurais e dos espaços urbanos, com a população das duas maiores cidades, Díli e Baucau, a viver em situações melhores do que os restantes cidadãos do país.

Enquanto um em cada sete residentes é considerado pobre em Díli e Baucau, mais de quatro em dez são pobres nas zonas rurais, uma situação que se torna mais dramática quando comparada com a distribuição populacional. As aldeias de Timor-Leste, onde se concentram três quartos da população, acolhem seis em cada sete pobres do país.

Diferenças também no acesso a serviços básicos, que chegam a 70% das populações urbanas. Nas áreas rurais, apenas 25% dos residentes dispõe de água potável, 37% de saneamento e 61% de eletricidade. Atualmente, 64% da população sofre de insegurança alimentar.

Na educação, "os maiores sucessos" são a reconstrução do sistema escolar e o aumento acentuado do número de matrículas, especialmente para os pobres, raparigas e crianças dos meios rurais, com aumentos de 65% em 1998/99 para 75%, em 2000/2001.

Apesar disso, o setor continua a enfrentar vários desafios, entre os quais a crescente população em idade escolar e a elevada taxa de analfabetismo, com mais de sete pessoas em cada dez, com idade superior a 30 anos, que nunca foram à escola. De acordo com Rocha (2003), um quarto das crianças entre os 6 e os 18 anos nunca frequentou a escola.

3.1.1.2. Instituto Nacional de Formação de Docentes e Profissionais da Educação

A nova Lei Orgânica do Ministério da Educação de Timor-Leste (METL) aprovada em Decreto-Lei nº 22/2010, de 9 de dezembro, surge no sentido de

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promover profundas reformas na sua estrutura organizacional, como medida de adaptação ao quadro legal, entretanto aprovado, para o Sistema Educativo e atendendo ao disposto no Plano Estratégico para a Educação.

Esta nova Lei Orgânica do Ministério da Educação consagra, no seu artigo 8°, a criação do Instituto Nacional de Formação de Docentes e Profissionais da Educação (INFORDEPE), enquanto estabelecimento público dotado de autonomia administrativa e científica, sob a tutela e superintendência do METL, com a competência de promover a formação do pessoal docente e dos funcionários não docentes do sistema educativo.

Neste pressuposto, cumpre ao Governo regular os termos da criação, organização e funcionamento do referido Instituto, em coordenação com as demais entidades ou serviços do METL e do Sistema Educativo, designadamente os serviços com competências próprias nas áreas do desenvolvimento e implementação curricular, da gestão dos recursos humanos da Educação, de administração e gestão escolar, bem como da Agência Nacional para a Avaliação e Acreditação Académica.

Pretendeu o IV Governo Constitucional, ex-governo, dotar o INFORDEPE dos mecanismos necessários para responder ao enorme desafio de requalificação dos Docentes em exercício de funções, como determina o Estatuto da Carreira Docente, de promover a Investigação necessária às melhores práticas na ótica de formação de Docentes, de desenvolver os currículos de todas as modalidades de formação e de garantir capacidade e eficiência na prestação dos seus serviços em todo o território nacional, para a prossecução da qualificação do Sistema de Educação e Ensino como pressuposto do sucesso escolar dos alunos.

O INFORDEPE é uma pessoa coletiva de direito público, na forma de instituto público, integrado na administração indireta do Estado e dotado de autonomia administrativa e científica. O INFORDEPE prossegue as atribuições que lhe são conferidas nos termos da presente lei e demais legislação aplicável, sob a tutela e superintendência do Ministro da Educação. Para a prossecução das

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suas atribuições e no respeito pelas normas de tutela e superintendência, o INFORDEPE pode celebrar convénios, protocolos, contratos e outros acordos com instituições públicas ou privadas, nacionais, estrangeiras ou internacionais (Decreto-Lei nº 4/2011).

O INFORDEPE é um organismo com competência sobre todo o território nacional, com sede em Díli. Constitui-se como instituto académico, de formação e de investigação, que tem por missão promover a formação académica e profissional de pessoal docente e de profissionais do Sistema Educativo, nos termos da presente Lei, da legislação aplicável e em coordenação com os demais serviços competentes do METL (Decreto-Lei nº 4/2011).

São atribuições do INFORDEPE: a) Desenvolver e aprovar, sem prejuízo das competências próprias das demais entidades competentes, os programas curriculares específicos aplicados à formação superior de docentes, através da elaboração de programas curriculares exclusivamente aplicáveis à formação académica ou através de programas curriculares complementares a cursos académicos já existentes, para permitir o acesso à carreira docente; b) Ministrar cursos ou as competentes componentes curriculares dos cursos referidos no número anterior, assim como cursos superiores pós- graduados, designadamente Mestrados e Doutoramentos, nas áreas das Ciências da Educação, da Formação de Docentes, da Gestão e Administração Escolar e da Inspeção Escolar; c) Assegurar o desenvolvimento e a implementação de programas curriculares de formação contínua e especializada; d) Assegurar o desenvolvimento e a implementação do Programa de Formação Intensiva do Regime Transitório Especial do Estatuto da Carreira Docente, nos termos do quadro obrigatório de competências do pessoal docente;

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e) Assegurar o desenvolvimento e a implementação de programas de formação para docentes orientadores, nos termos da legislação relativa à administração e gestão dos sistemas de educação e ensino; f) Pesquisar e desenvolver melhores práticas aplicadas ao desenvolvimento do quadro de competências obrigatórias do pessoal docente; g) Promover a inovação e desenvolvimento curricular da formação dos docentes; h) Proceder ao levantamento das necessidades de formação de profissionais da educação e docentes, para definição dos planos de formação; i) Proceder à monitorização e avaliação dos diferentes programas e cursos de formação de pessoal docente; j) Auxiliar na definição e implementar os cursos de formação e pós- graduação superior para o pessoal não docente do setor da educação, designadamente o pessoal dos serviços de inspeção do Ministério da Educação, os seus dirigentes, os representantes de cargos de administração e gestão escolar e o pessoal técnico e administrativo.

Para a prossecução das suas atribuições, o INFORDEPE é competente para: a) Conceder, individualmente ou em articulação com outras entidades competentes, bolsas de estudo e pesquisa, destinadas a cidadãos timorenses, nos domínios objeto do presente diploma; b) Estabelecer ou colaborar em programas ou ações de formação, destinados a cidadãos timorenses, nos domínios referidos na alínea anterior; c) Celebrar contratos e estabelecer convénios e protocolos com entidades nacionais ou estrangeiras, públicas ou privadas; d) Colaborar com outras entidades relevantes na realização de eventos nacionais e internacionais, nos seus domínios de atividade; e) Colaborar, nos termos da lei, com outras entidades ou instituições, com objetos afins ou complementares; f) Criar equipas móveis para atividades de formação, pesquisa, monitorização e avaliação da formação, a realizar junto dos docentes e das escolas em todo o País.

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Resumidamente, entre outros projetos, o INFORDEPE assume a responsabilidade no Projeto de Formação Inicial e Contínua de Professores que, de seguida, passar-se-á a apresentar.

3.1.1.3. Projeto de Formação Inicial e Contínua de Professores

O Projeto de Formação Inicial e Contínua de Professores (PFICP), em Timor-Leste, constituiu, pelos meios financeiros envolvidos (mais de 23 milhões de euros no período de 2012 a 2014), uma das mais importantes ações da Cooperação Portuguesa (CP) na área da Educação, no ano de 2013.

O lançamento do PFICP resultou da assinatura de um protocolo de cooperação entre o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal e o Ministério da Educação de Timor-Leste, a 1 de janeiro de 2012.

Como declarou a Presidente do Camões, I.P, Ana Paula Laborinho, na reunião realizada a 5 e 6 de dezembro na UNESCO, em Paris, com o tema L’éducation dans l’agenda pour le développement post-2015, a CP reconhece a educação como o setor catalisador de maior importância para a mudança social, ao desenvolver competências e valores para alcançar a liberdade, a igualdade de oportunidades, a segurança e, em última análise, o desenvolvimento sustentável (Camões, Instituto da Cooperação e da Língua, 2013).

Os objetivos do PFICP (1 de janeiro de 2012 a 31 de dezembro de 2014) são o apoio à reconstrução do sistema educativo de Timor-Leste e o desenvolvimento do domínio da língua portuguesa, através do reforço da capacitação dos docentes timorenses a nível científico, pedagógico e didático, promovendo o desenvolvimento de aptidões em língua portuguesa nos diversos graus de ensino, com enfoque na formação inicial e contínua de docentes.

De uma forma mais específica, o PFICP tem como objetivos reforçar a capacitação dos docentes timorenses dos vários graus de ensino (diversas

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disciplinas) em língua portuguesa; reforçar a capacitação dos docentes a nível científico, pedagógico e didático; reforçar a capacitação de futuros professores timorenses do ensino pré-primário e primário na Faculdade de Ciências da Educação da Universidade Nacional de Timor-Leste (UNTL), do Instituto Católico de Formação de Professores de Baucau e dos polos de Baucau, Díli e Maliana do INFORDEPE; reforçar a formação dos formadores timorenses que constituem a Bolsa Nacional de Formadores do INFORDEPE. Para dar cumprimento a estes objetivos, foram recrutados, em 2012, 136 docentes portugueses.

O orçamento do PFICP para todo o período do projeto, de 23,77 milhões de euros, é cofinanciado pelo Ministério da Educação de Timor-Leste (13,98 milhões de euros) e pelo Camões, I.P (9,78 milhões de euros).

Conforme disposto no protocolo, o PFICP encontra-se integrado no INFORDEPE, que dispõe de importantes competências no âmbito do projeto, cabendo-lhe, em particular, a indicação do coordenador-geral do PFICP (Antoninho Pires, vice-presidente do INFORDEPE, responsável pela área de formação de docentes).

Nos termos do protocolo, as universidades do Minho (UM) e de Aveiro (UA) dispõem de importantes competências, cabendo-lhes a seleção dos docentes/formadores portugueses e dos coordenadores-adjuntos científico- pedagógicos adstritos ao projeto (um por universidade). A UM tem a seu cargo o ensino pré-escolar e básico, enquanto a ação da UA cobre, essencialmente, o ensino secundário.

O PFICP incide fundamentalmente sobre cinco atividades distintas, sendo a UM responsável pelas Atividades 1, 2, 3 e 4 (ensino básico) e a UA responsável pelas Atividades 4 (ensino secundário) e 5, apresentando-se descritas da seguinte forma:

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Atividade 1 – Formação Científica e Pedagógica de Professores no Curso de Formação Complementar de Equivalência ao grau de Bacharelato para docentes do Ensino Básico;

Atividade 2 – Formação Inicial de Professores na Universidade Nacional de Timor-Leste (UNTL), no Instituto Católico de Formação de Professores de Baucau e nos Polos Regionais do INFORDEPE;

Atividade 3 – Formação de formadores na Bolsa Nacional de Formadores Timorenses;

Atividade 4 – Formação de Professores do terceiro ciclo do Ensino Básico (UM) e do Ensino Secundário (UA), no âmbito da implementação dos novos currículos e do uso dos manuais;

Atividade 5 – Formação de Professores do Ensino Secundário Técnico- Vocacional nas áreas da Língua Portuguesa, currículos e manuais.

Em novembro de 2013, teve lugar o processo de renovação contratual dos docentes portugueses, simultaneamente agentes de cooperação, adstritos ao projeto. Para 2014, o PFICP contará com apenas 97 dos inicialmente 136 docentes portugueses, dois coordenadores-adjuntos científico-pedagógicos e um coordenador-adjunto logístico.

a) Processo Contratual

O primeiro contacto com o PFICP ocorreu a 9 de fevereiro de 2012, através de uma colega de trabalho na Escola Secundária D. Pedro V, em Lisboa, Alexandra Pereira, que me deu a conhecer a abertura de um procedimento concursal para um projeto que iria ter lugar em Timor-Leste. Assim, a 13 de fevereiro, remeto a candidatura ao PFICP à UM, uma das instituições responsáveis pelo processo de seleção dos candidatos em Portugal. Após a candidatura, a 11 de abril sou notificada para uma entrevista a 13 de abril, em Braga. A entrevista, conduzida por um painel constituído pelos professores da

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UM, Rui Vieira de Castro e Laurinda Leite, incidiu sobre: (i) motivação e disponibilidade para o desempenho das funções para as quais apresentei candidatura; (ii) formação académica e experiência profissional relevantes para o projeto; (iii) competências de comunicação.

Posteriormente, a 5 de junho, na sequência da entrevista realizada, sou informada de que o júri decidiu propor ao METL a minha contratação para participar, como docente de Educação Física, em cursos de formação inicial e contínua de professores do ensino básico, preferencialmente no âmbito da Atividade 1 (já anteriormente caraterizada), a desenvolver no INFORDEPE, em Díli, ou em outros distritos timorenses. Aos doze dias do mesmo mês sou novamente notificada, recebendo a informação de que havia sido remetido ao METL o resultado do processo de seleção realizado no âmbito do PFICP, juntando-se o resumo das condições contratuais dos agentes de cooperação.

Apenas em meados do final do mês de agosto, no âmbito do PFICP, recebo convocatória para uma reunião a ter lugar no dia 4 de setembro, nas instalações do Camões, Instituto da Cooperação e da Língua, I.P, de modo a serem assinados os contratos de cooperação. Mais se informou que os contratos produziriam efeitos para o período compreendido entre 1 de setembro e 31 de dezembro de 2012.

No decorrer do referido período, foi-se tornando evidente a indefinição relativamente à renovação ou não renovação do contrato para o ano seguinte, o que colocava os docentes do PFICP numa posição de alguma instabilidade. De referir que, a 30 de novembro de 2012, após manifestar disponibilidade para a renovação do contrato em 2013, recebo e-mail do Adido para a Cooperação (Embaixada de Portugal em Díli), Daniel Carolo, a transmitir que o Camões, I.P, pretendia proceder à renovação do contrato, sem prejuízo naturalmente da necessária autorização da tutela em 2013, bem como do cumprimento das obrigações decorrentes da Lei do Orçamento de Estado. Todo este processo de espera foi-se tornando moroso, pelo que, apenas a 25 de janeiro de 2013, recebo notificação do Camões, I.P, a fim de se proceder à renovação do contrato. No entanto, em face das alterações transmitidas pelo

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METL, segundo contraente do contrato de cooperação celebrado no âmbito do PFICP, designadamente a alteração do período do ano letivo, foi proposto pelas referidas autoridades que as renovações contratuais a celebrar com os docentes do Projeto fossem apenas para o período compreendido entre 1 de janeiro e 31 de outubro de 2013.

À semelhança da situação descrita anteriormente, no ano de 2013, as atribulações oriundas do facto de nada ser dito, durante todo o ano, sobre o processo de renovação, mais uma vez, foi instigando a incerteza em redor do grupo de professores portugueses em Timor-Leste. Não obstante, após manifestar interesse na renovação do contrato, a 30 de setembro sou informada de que o Camões, I.P pretendia proceder à renovação do contrato de cooperação, intenção que estaria sujeita à autorização da tutela em 2014, bem como ao cumprimento de obrigações decorrentes da lei do Orçamento de Estado do ano seguinte. Após este e-mail, apenas a 5 de dezembro de 2013, recebo a informação de que as adendas ao contrato haviam sido assinadas pelos primeiro e segundo contraentes, datadas de 29 de novembro, pelo que os docentes deveriam, assim que possível, dirigir-se ao Edifício do PFICP a fim de se proceder à sua assinatura, bem como fazer o levantamento do seu exemplar. Mais se informou que esta renovação teria a duração de um ano (até 31 de outubro de 2014), prorrogável, eventualmente, por mais dois meses (até 31 de dezembro de 2014).

Toda esta situação implicou que os docentes, entre 31 de outubro e 16 de dezembro (data de assinatura da minha adenda ao contrato), se encontrassem a trabalhar sem contrato de trabalho, sem seguro, sem receber o vencimento e sem garantias totais de renovação por parte de ambas as entidades empregadoras.

Apresentada que está a caraterização do contexto profissional e seu enquadramento teórico, bem como de todo o processo contratual, proceder-se- á, de seguida, à descrição das funções desempenhadas e qual o âmbito da minha intervenção.

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3.1.2. Funções desempenhadas e âmbito de intervenção

“Quando iniciamos uma nova experiência ou entramos pela primeira vez num novo espaço, para além da curiosidade vigente, também nos deparamos com enormes medos, dúvidas e receios. A partir disto, logo se formula um conjunto de imagens daquilo que nos espera e iremos encontrar, problemas e prévias resoluções obviamente descabidas, mas também saudáveis” (Correia, 1990).

Assim se iniciou a minha experiência em Timor-Leste, a 29 de setembro de 2012, momento do primeiro contacto, com uma realidade bastante distinta das vivenciadas anteriormente, reportando-se a um país com caraterísticas muito particulares e a um projeto educativo que, vim a constatar, excede em larga escala o mero processo de formação de docentes.

Imediatamente após a chegada do grupo de professores portugueses a Díli, Timor-Leste, e após uma reunião/sessão de trabalho, no dia 5 de outubro de 2012, com a Coordenadora Adjunta Científico-Pedagógica, Dr.ª Elisa Sousa, foi-nos solicitado um documento onde constasse, a partir da realidade observada à nossa volta, a descrição de uma atividade/tarefa, cujos objetivos defini como: a) evidenciar o que é expetável os formandos adquirirem ao longo da formação; b) fornecer ferramentas de trabalho para a implementação dos programas do ensino básico; c) criar bases de trabalho para uma intervenção inicial, a partir da realidade observada; e d) definir estratégias que contribuam para alcançar os objetivos a delinear. Esta atividade seria apresentada em reunião seguinte, datada de 9 de outubro, no INFORDEPE. No entanto, apenas alguns grupos disciplinares iniciaram as referidas apresentações dos trabalhos. Posteriormente, vieram a constatar-se alguns atrasos e adiamentos sucessivos de reuniões que comprometeram a preparação das atividades letivas.

Tendo passado sensivelmente um mês de permanência em Díli, apenas a 22 de outubro, após reunião com a Coordenação Pedagógica, os professores foram encaminhados para os seus distritos e, consequentemente, locais formação. Assim, nessa mesma data iniciei funções de docência no distrito de Manufahi.

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3.1.2.1. Distrito de Manufahi

O distrito de Manufahi localiza-se na costa sul da ilha, como é possível verificar na Figura 3, confinando a nascente com o distrito de Manatuto, a norte com Aileu, a poente com Ainaro e a sul com o Mar de Timor. Tendo 48.894 habitantes (Censo de 2010) e uma área de 1.325km², apresenta como capital a vila de Same. O distrito de Manufahi inclui os subdistritos de Alas, Fatuberliu, Same e Turiscai. Para além das línguas oficiais do país, o tétum e o português, no distrito de Manufahi, grande parte da população expressa-se também em mambai. (Governo de Timor-Leste, 2014)

Figura 3: Mapa do distrito de Manufahi

a) 22 de outubro de 2012 a 14 de dezembro de 2012

As atividades no distrito de Manufahi tiveram início no dia 22 de outubro de 2012, momento em que eu e os meus colegas de trabalho, Marta Carvalho (Ciências Físico-Naturais), Miguel Ribeiro (Matemática) e Nuno Duarte (Português), nos apresentámos às entidades locais para os devidos formalismos, nomeadamente: a) Diretor Distrital da Educação; b) Coordenador Regional da Formação; c) Administrador do Distrito; d) Coordenador Geral do Curso; e) Diretores das Escolas de Same, Alas, Fatuberliu e Turiscai; e f) Coordenadores dos subdistritos de Same, Alas, Fatuberliu e Turiscai (subdistritos onde iria decorrer a formação).

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As atividades letivas propriamente ditas iniciaram-se no dia 29 de outubro, sendo que o grupo de professores de Manufahi cedo se apercebeu da dificuldade de articulação, devido não só à existência de apenas um carro no distrito, como a deslocações de quase quatro horas diariamente (ida e volta), o que nos obrigou a uma rápida alteração dos horários atribuídos.

De referir que, no horário inicial, atribuído pela Coordenação, tinha apenas cinco turmas; no entanto, juntamente com o professor Miguel Ribeiro, vimos a necessidade de dividir a turma de Turiscai em duas. Esta divisão ficou a dever- se ao elevado número de formandos na turma (cerca de sessenta) o que se considerou ser pouco adequado a esta tipologia de formação de professores, dificultando o ensino individualizado, bem como a rentabilização do processo de ensino/aprendizagem. Outra estratégia adotada por parte dos professores de EF e Matemática foi a de lecionar alternadamente as suas disciplinas, de duas em duas horas, a diferentes turmas, num total de quatro horas por turma, por dia e por disciplina. De acrescentar que esta estratégia implicou a lecionação, por parte de cada professor, de oito horas letivas consecutivas, com pausa de apenas 30 a 45 minutos para almoço, acrescendo o tempo de deslocação de quase quatro horas diárias (ida e volta).

No total, no período letivo compreendido entre 29 de outubro e 5 de dezembro, lecionei 168 horas da disciplina de Educação Física a 205 formandos distribuídos por seis turmas (28 horas de formação por turma). Para isso, foram necessárias cerca de 63 horas de deslocações para cobrir toda a formação no distrito.

De acordo com o Programa de Educação Física para o terceiro ciclo do Ensino Básico, bem como os objetivos programáticos para o ano académico de 2012, as modalidades abordadas nas minhas aulas foram: Atletismo, Ginástica, Andebol, Basquetebol, Futebol, Voleibol, Jogos Tradicionais e modalidades alternativas: Disco e Raquetes. De salientar que as escolas não apresentavam quaisquer instalações desportivas, nem material de apoio à disciplina de Educação Física, pelo que se revelou de extrema necessidade o uso da criatividade para a construção de materiais a partir de objetos do dia-a-dia. As

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aulas incidiram sobre uma componente teórica, mas, essencialmente, assumiram caráter prático, por todas as lacunas constatadas ao nível da lecionação dos conteúdos em Timor-Leste. De referir que a disciplina de Educação Física é completamente negligenciada por parte dos professores timorenses, que apenas conhecem um caminho, ou seja, a sua lecionação teórica, com os alunos dentro da sala de aula a copiarem para o caderno as regras das várias modalidades. Acresce ainda o facto da realidade da grande maioria das escolas timorenses não ter luz, água, casas-de-banho e as salas de aula não possuírem portas ou janelas, apenas mesas/carteiras, um quadro de ardósia em mau estado e caminhos, não raras vezes, de difícil acesso.

Deste primeiro contacto com a realidade de Timor-Leste e concretamente com os objetivos do PFICP a alcançar no final de 2012, assumiram-se como constrangimentos ao desempenho das minhas funções:

1. Indisponibilização das listas dos formandos inscritos por parte da Coordenação; 2. Inexistência de um calendário de visitas ao Distrito de Manufahi, por parte da Coordenação, de forma a permitir um acompanhamento periódico do trabalho realizado; 3. Inúmeros formandos não inscritos nas listas da Educação a apresentarem- se para iniciar a formação; 4. Vários formandos referiram que não tiveram informação sobre a data de início do curso, apresentando alguma falta de assiduidade inicial; 5. Desconhecimento do procedimento para justificação de faltas, nomeadamente, validade dos documentos e validação por parte de quem; 6. Dificuldade por parte dos formandos em se apresentarem na formação, uma vez que muitos deles tinham deslocações de mais de cinco horas a pé até chegar ao local de formação; 7. Existência de apenas um carro no distrito, até ao dia 24 de novembro, o que levou à reformulação dos horários atribuídos;

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8. Início tardio da formação o que implicou trabalhar oito horas por dia, incluindo sábados e dias de férias, para poder concluir o calendário de atividades dentro do prazo estabelecido; 9. Distribuição de serviço não equitativa em relação aos professores formadores no distrito de Manufahi, uma vez que dois deles se deslocaram sempre para fora da vila e dois permaneceram na vila durante grande parte da formação; 10. Deslocações longas para as escolas o que implicou, todos os dias de trabalho, sair de casa entre as sete horas e regressar por volta das vinte horas, restando pouco tempo para a preparação das atividades letivas; 11. Inexistência ou existência de escassos materiais didáticos para a disciplina de Educação Física; 12. Chegada tardia dos manuais de apoio à formação (Alas e Fatuberliu não usufruíram dos mesmos); 13. Inexistência de manuais de apoio à formação em número suficiente para todos os formandos; 14. Necessidade de lecionar a disciplina de EF em horas pouco recomendadas devido ao extremo calor e imediatamente a seguir ao almoço, de modo a poder cumprir o calendário de atividades; 15. Deslocação impossível, em termos de acessos, ao subdistrito de Turiscai a partir de Same, o que implicou a estadia na casa de Maubisse, entre os dias 25 de novembro e 5 de dezembro. De salientar que esta casa da cooperação já não era habitada desde 2007 e, por isso, não havia água, condições para cozinhar, frigorífico e/ou arca congeladora.

Dando-se por concluída a atividade letiva no distrito de Manufahi, a 5 de dezembro, e após deslocação para Díli, a fim de proceder à elaboração do Dossier Individual do Formador, do Relatório de Atividades, bem como de reunir com a Coordenação, no dia 14 de dezembro, efetuou-se o primeiro balanço final da formação. Nesta reunião, por indicação da Coordenadora- Adjunta Científico-Pedagógica, Dr.ª Elisa Sousa, fui nomeada Representante Pedagógica do distrito de Manufahi, iniciando funções, no mesmo distrito, apenas em 2013.

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b) 8 de abril a 3 de agosto de 2013

Concluídas as atividades letivas respeitantes ao ano de 2012, os docentes deslocaram-se a Portugal, tendo apenas regressado a 14 de fevereiro de 2013. Imediatamente no dia seguinte, decorreu uma reunião na Embaixada de Portugal em Díli a fim de dar as boas vindas e de modo a serem transmitidas considerações gerais respeitantes ao PFICP. Posto isto, entre os dias 18 e 22 de fevereiro, decorreram reuniões de trabalho da Equipa de Representantes Pedagógicos de cada distrito no INFORDEPE, em Díli. Nestas reuniões, foi possível perceber um pouco melhor como se iria processar a formação, nomeadamente a Formação Complementar de Acesso à Carreira Docente, atividade na qual me encontrava integrada. Assim, no Quadro 8, que se segue, apresenta-se a descrição de todos os módulos/disciplinas a frequentar por parte dos professores timorenses e a serem lecionados pelo grupo de professores portugueses.

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Quadro 8: Distribuição Modular da Formação Complementar

Módulo Disciplina Horas M3 Educação, Aprendizagem e Desenvolvimento 20 M4 Currículo e Avaliação 15 M5 Modelos, Métodos e Técnicas de Ensino 15 M6 Língua e Educação em Contextos Multilingues 15 M7-PT Português 20 M7-IN Inglês 20 M7-HG História e Geografia 20 M7-EA Educação Artística 20 M7-CFN Ciências Físico-Naturais 20 M7-MAT Matemática 20 M7-EF Educação Física 20 M7-CID Educação para a Cidadania 20 M7-CVT Competências para a Vida e para o Trabalho 20 M8-PT Português 28 M8-IN Inglês 28 M8-HG História e Geografia 28 M8-EA Educação Artística 28 M8-CFN Ciências Físico-Naturais 28 M8-MAT Matemática 28 M8-EF Educação Física 28 M8-CID Educação para a Cidadania 28 M8-CVT Competências para a Vida e para o Trabalho 28 M9 Profissão Docente e Ética Profissional 12 M10 Organização e Administração Escolar 15

Na semana seguinte, entre 25 de fevereiro e 8 de março, os docentes, encaminhados para os seus distritos, deram início à preparação das atividades letivas. Infelizmente, por questões de caráter pessoal, tive de me deslocar a Portugal a 11 de março, iniciando a formação somente a 8 de abril.

No que respeita às atividades propriamente ditas, relativamente ao Distrito de Manufahi, é importante salientar que o subdistrito de Turiscai, passou a ser da responsabilidade do grupo pedagógico do distrito de Aileu, conforme aprovação por parte da Coordenação, em reunião pedagógica datada de 1 de março de 2013, no INFORDEPE. Neste sentido, no Quadro 9, que se segue,

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apresentam-se os módulos por mim lecionados, entre 8 de abril e 3 de agosto de 2013.

Quadro 9: Módulos lecionados no distrito de Manufahi

PFICP – Formação Complementar 2013 - MANUFAHI Módulos Lecionados Subdistritos Turmas 7 8 5 10 EF EF CVT 1 x a) x Alas 2 x a) x 1 x a) x Fatuberliu 2 x a) x 1 x x x 2 x x x 3 x x x Same 4 x x 5 x x 50+ x x 1 b) b) a) b) b) Turiscai 2 b) b) a) b) b) a) Módulos lecionados no ano de 2012 b) Módulos lecionados pelo distrito de Aileu, no ano de 2013

Resumindo, num total de 350 horas letivas, contando com mais 51 horas para deslocações, e cerca de 300 formandos, em quinze semanas de formação, durante nove semanas, excedi as 22 horas letivas, num máximo de 33 horas semanais. Para além das horas letivas, semanalmente, disponibilizei diversas horas para preparação das atividades letivas, correções de trabalho autónomo, bem como avaliações sucessivas. A par da formação e enquanto Representante Pedagógica do distrito de Manufahi, sempre que solicitado, disponibilizei-me para o cumprimento atempado de todas as tarefas, reunindo, sempre que necessário, com o grupo de formadores do distrito, com os Coordenadores dos vários subdistritos, com o Coordenador Distrital da Educação, bem como com a Coordenação Pedagógica, contribuindo para a resolução de inúmeros problemas, tais como: reestruturação dos horários de

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formação; inexistência de salas de aula; insuficientes recursos materiais (mesas, cadeiras, quadros, etc); indisponibilidade de certas turmas para formação em determinados dias da semana bem como, por vezes, inexistência de espaços desportivos no local de formação.

Por tudo isto, à já extensa lista de constrangimentos verificados em 2012, acrescento outros com os quais me deparei no processo de formação, no ano de 2013, no distrito de Manufahi:

1. Alguma resistência dos formandos em mais horas semanais de formação; 2. Dificuldades de acesso a alguns subdistritos devido ao mau estado das estradas; 3. Escassas reuniões de Coordenação Pedagógica; 4. Inexistência de atas das reuniões de Coordenação Pedagógica.

3.1.2.2. Distrito de Ainaro

O distrito de Ainaro localiza-se no sudoeste do país, como se pode verificar na Figura 4, possuindo 59.382 habitantes (Censo de 2010) e uma área de 797km². A sua capital é a vila de Ainaro. O distrito de Ainaro inclui atualmente os subdistritos de Ainaro, Hatudo, Hatu Builico e Maubisse. Carateriza-se por uma grande abundância de cursos de água e de terrenos férteis para a agricultura. Tem uma área litoral, na costa sul do país, mas também zonas montanhosas, incluindo o ponto mais alto de Timor-Leste, o Monte Ramelau (2.960m). Historicamente, Ainaro teve um papel importante durante o período da Resistência à ocupação indonésia de Timor-Leste, dando abrigo aos guerrilheiros nas suas montanhas. Para além das línguas oficiais do país, o tétum e o português, no distrito de Ainaro grande parte da população expressa- se também em mambai. (Governo de Timor-Leste, 2014)

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Figura 4: Mapa do distrito de Ainaro

a) 5 de agosto a 23 de outubro de 2013

A transição do distrito de Manufahi para Ainaro foi, por si só, atribulada, na medida em que recebi comunicação telefónica por parte da Coordenação Pedagógica, a 31 de julho, quarta-feira, ao final do dia, para cessar funções no distrito, incluindo o cargo de Representante Pedagógica, devendo iniciar funções, apenas de docência, no distrito de Ainaro, na segunda-feira seguinte, dia 5 de agosto. Depois de interrogar a Coordenação sobre esta súbita alteração, foi-me indicado que tal se devia ao facto de ser preciso suprir necessidades de serviço.

Salienta-se que esta mudança implicou que não fosse possível informar as turmas, que haviam iniciado novos módulos, bem como todas as entidades locais envolvidas, direta ou indiretamente, no PFICP. Outro facto de enorme relevância foi a urgência na mudança de residência, com todas as particularidades que isso envolve, provocando uma inevitável instabilidade emocional, muitas vezes esquecida ou desvalorizada, relativamente aos professores que se encontram fora de Díli.

No que concerne às atividades letivas propriamente ditas, no Quadro 10, que se segue, apresentam-se todos os módulos por mim lecionados no distrito de Ainaro.

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Quadro 10: Módulos lecionados no distrito de Ainaro

PFICP – Formação Complementar 2013 - AINARO Módulos Lecionados Subdistritos Turmas 7 8 9 10 EF EF ECDH E x x x Ainaro G x x x E x x Hatudo G x x E x x x Hatu Builico G x x x x E x x Maubisse G x x

É ainda de salientar que, inicialmente, estava prevista a lecionação de, apenas, a disciplina de Educação Física no distrito de Ainaro, de modo a poder suprir necessidades noutros distritos, conforme indicações por parte da Coordenação; no entanto, a mesma decidiu efetuar uma reformulação no horário, acrescentando, então, os módulos transversais: 8 (ECDH), 9 e 10, e prolongando o término das minhas funções no distrito por mais uma semana (de 18 para 25 de outubro). Nessa mesma semana, encontrava-me a aguardar pela comunicação por parte da Coordenação de qual o próximo distrito em que iria lecionar a disciplina de Educação Física, ainda no ano de 2013.

Quanto ao distrito de Ainaro, num total de 222 formandos, em doze semanas de formação, por nove semanas excedi as 22 horas de formação, num máximo de 32 horas semanais, acrescendo as horas de deslocação, preparação das atividades letivas, correções de trabalho autónomo e avaliações sucessivas, no sentido de concluir a formação em todo distrito, entre 5 de agosto e 25 de outubro. Para além dos constrangimentos já assinalados nos pontos anteriores, salientam-se ainda os seguintes, verificados em 2013, no distrito de Ainaro:

1. Mudança súbita para o distrito de Ainaro o que impossibilitou o término de dois módulos transversais iniciados em sete turmas no distrito de Manufahi;

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2. Inexistência de manuais de apoio à formação nos módulos 3, 4, 5, 7 e 8 (ECDH e CVT) e 10; 3. Distribuição de serviço não equitativa em relação aos professores formadores da disciplina de Educação Física, quer em termos do número de horas semanais lecionadas, conforme os vários distritos, quer em termos do número de transições/mudanças para outros distritos; 4. Verificação de inexistência de critérios de distribuição/redistribuição dos professores formadores das várias disciplinas nos vários distritos.

3.1.2.3. Distrito de Lautém

O distrito de Lautém localiza-se na ponta oriental da ilha de Timor, conforme se verifica na Figura 5, incluindo também a ilha de Jaco. Possui 60.218 habitantes (Censo de 2010) e uma área de 1.702km². A sua capital é a vila de Lospalos que fica 248km a leste de Díli, a capital do país. O distrito de Lautém é idêntico ao concelho do mesmo nome do tempo do Timor Português. Naquele tempo, muitas localidades tinham nomes portugueses, a começar pela vila de Lautém que se chamava Vila Nova de Malaca, mas também a atual Com (antigamente Nova Nazaré), Tutuala (antigamente Nova Sagres), Laivai (antigamente Nova Âncora) e Loré (antigamente Silvícola), entre outras. O distrito de Lautém inclui os subdistritos de Iliomar, Lautém Moro, Lospalos, Luro e Tutuala. Para além das línguas oficiais do país, o tétum e o português, no distrito de Lautém os habitantes expressam-se em fataluco, idioma com raízes nas línguas papuas, faladas na ilha da Nova Guiné. (Governo de Timor-Leste, 2014)

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Figura 5: Mapa do distrito de Lautém

a) 28 de outubro a 13 de dezembro de 2013

Embora tendo conhecimento prévio da mudança de distrito, a comunicação de que partiria para o distrito de Lautém foi apenas transmitida em reunião, por parte da Coordenação Pedagógica, na sexta-feira, dia 25 de outubro. Nessa mesma reunião, foi-me comunicado que seria necessário um esforço adicional, ao nível da carga letiva, de modo a concluir a lecionação da disciplina de Educação Física, em todas as turmas do distrito, até ao dia 13 de dezembro. Assim, pela segunda vez no ano de 2013, com todas as condicionantes a que uma mudança obriga, iniciei funções, cumprindo com o objetivo solicitado, como se pode constatar no Quadro 11, que apresenta os módulos por mim lecionados no distrito de Lautém.

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Quadro 11: Módulos lecionados no distrito de Lautém

PFICP – Formação Complementar 2013 - LAUTÉM Módulos Lecionados Subdistritos Turmas 7 8 EF EF Iliomar 7 x x D x x Lautém E x a) Lore 13 x x A x a) Lospalos B x a) C x x Luro 11 x x Tutuala 12 x x a) Módulo lecionado por outra docente de Educação Física

Salienta-se que, de modo a concluir a formação dentro do prazo estabelecido, foi necessário agrupar turmas; em alguns dos casos, o número de formandos alcançou os cem por turma, sendo também necessário que a carga horária chegasse às dez horas diárias por turma, acrescendo o tempo de deslocação aos subdistritos.

No total, em sete semanas de formação, foram cumpridas 276 horas letivas, perfazendo uma média semanal de 39,4 horas, acrescendo cerca de quarenta horas de deslocações, de modo a que a formação contemplasse um total de 354 formandos.

Para além de todos os constrangimentos já assinalados nos pontos anteriores, considero que o distrito de Lautém ficou marcado pelo número excessivo de formandos por turma e pela excessiva carga horária diária/semanal, quer por parte dos professores, quer por parte dos formandos, desvirtuando por completo todo o processo de formação de docentes em Timor-Leste.

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b) 24 de fevereiro de 2014 até à presente data

Findado o ano de 2013, e após viagem a Portugal, o grupo de docentes portugueses regressou ao território timorense, no dia 4 de fevereiro de 2014. Querendo dar continuidade ao ano letivo anterior, a Coordenação Pedagógica entendeu que a grande maioria dos professores iniciaria funções nos mesmos distritos onde haviam concluído o ano anterior. Desta feita, no distrito de Lautém, a 24 de fevereiro são iniciadas as atividades letivas.

Uma vez que, em 2013, se deu por concluída toda a Formação Complementar em Timor-Leste, tendo, para o efeito, a totalidade dos professores assiduamente participantes, recebido o seu Certificado, bem como, obtido acesso à Carreira Docente, em 2014, foi dada uma segunda oportunidade a todos os professores que anteriormente não participaram no curso, ou que, por falta de assiduidade, não completaram a formação.

Assim, atualmente, no distrito de Lautém, a formação está a ser dirigida a cerca de sessenta professores, em dois subdistritos, Lautém e Lospalos, distribuídos por três turmas, sendo que uma delas tem apenas sete formandos.

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III. REFLEXÃO CRÍTICA E COMPETÊNCIAS ADQUIRIDAS

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REFLEXÃO CRÍTICA E COMPETÊNCIAS ADQUIRIDAS

Todo o profissional de Educação Física deve ser detentor de um conhecimento científico e pedagógico profundo, bem como de uma forte capacidade reflexiva da sua atividade, de modo a melhor poder desenvolver e incrementar a eficácia e eficiência do seu trabalho. Assim, antes de se partir para a análise crítico- reflexiva de todo o processo que compreendeu a elaboração deste relatório profissional, importa salientar que, pela estrutura que o próprio relatório foi assumindo, a reflexão crítica estará subdividida em duas partes. A primeira parte compreenderá os Projetos Educativos, nos quais constará a atividade docente exercida nos EEBS em Portugal, bem como toda a atividade no âmbito do PFICP, projeto desenvolvido em Timor-Leste. A segunda parte incluirá os Projetos Desportivos, na qual nos debruçaremos sobre as principais competências adquiridas ao nível da participação nos II Jogos da Lusofonia, Lisboa 2009 e nos I Jogos Olímpicos da Juventude, Singapura 2010.

a) Projetos Educativos

No que respeita aos Projetos Educativos, o meu percurso profissional foi maioritariamente marcado pela participação, enquanto agente de educação, ao nível dos EEBS em Portugal. Deste percurso, destaca-se um envolvimento que acabou por se constituir de alguma solidez pelos nove anos de ensino público que o caraterizaram. Oscilando, ao longo dos anos, pelos diversos níveis de ensino, à medida que o tempo avançava, eu, ao nível pessoal e profissional, fui-me revestindo de novas abordagens, de diferentes referências, de estratégias diversificadas, mas, acima de tudo, de uma ambição que ia para além do mero, mas simultaneamente complexo, ato de ensinar.

Antes de iniciar o processo reflexivo em torno dos Projetos Educativos, salienta-se que, embora neste relatório profissional não se encontre mencionada a componente da docência da disciplina de Educação Física, função primordial na qualidade de agente de educação, optou-se por destacar essencialmente as funções no domínio da gestão e coordenação, por se considerar ser esta a temática primordial do relatório. Estas funções foram

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assumidas no desempenho de quatro cargos, nomeadamente: Coordenação do Departamento Curricular de Educação Física, Representante de Grupo Disciplinar em Conselho Pedagógico, Coordenação Técnica do Clube de Desporto Escolar e Responsável por Grupo/Equipa de Desporto Escolar.

Em termos gerais, com a minha participação ao nível dos EEBS em Portugal, considero ter contribuído empenhadamente para o cumprimento dos objetivos dos Projetos Educativos e PAA das diversas escolas, nomeadamente através da cooperação a nível das várias atividades desenvolvidas, da promoção do sucesso dos alunos e do desenvolvimento de atitudes e valores como elementos essenciais da aprendizagem.

No que se refere aos cargos de Coordenação de Departamento e de Representante em Conselho Pedagógico ambos se revestem de extrema importância na medida em que me conferiram competências, nomeadamente ao nível da gestão e coordenação educativa da escola, sobretudo nos domínios pedagógico-didático, da orientação e acompanhamento dos alunos e da formação inicial e contínua do pessoal docente e não docente. Simultaneamente, estas competências contribuíram para uma melhor visão da escola, enquanto elemento essencial no desenvolvimento da criança e do jovem, em todos os seus domínios, apetrechando-me, enquanto profissional, de ferramentas que, ainda hoje, julgo fundamentais para o correto cumprimento das minhas funções.

Por sua vez, constituindo-se o Desporto Escolar como um Projeto Educativo fundamental no contexto escolar, não só pelo desenvolvimento da cultura motora e desportiva, mas também pela promoção de competências sociais e relacionais, confere-se aos cargos de Coordenação Técnica e Responsável por Grupo/Equipa igual relevância, merecedora de destaque neste relatório. Assim, efetuando uma análise ao desempenho dessas funções, considero imperativo que se crie uma maior ligação entre a disciplina de Educação Física e o Clube de Desporto Escolar. Paralelamente, devem coordenar-se esforços para que, de uma forma mais eficaz, a Atividade Interna do Desporto Escolar e o PAA da escola, sejam coincidentes. Outro fator de destaque é a constituição dos

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Grupos/Equipa nas escolas. Por vezes, estes definem-se pela experiência do professor, independentemente da vontade dos alunos; outras vezes, são impostos ao professor, por tradição escolar, independentemente deste ter ou não conhecimento/experiência da modalidade. Assim, uma boa forma de encontrar um equilíbrio poderá ser auscultar os alunos, no final do ano letivo, de modo a definir as modalidades para o início do ano seguinte, facultando ao professor a oportunidade de frequentar ações de formação no sentido de se munir de melhores competências para o ensino e abordagem da matéria.

Concluído que está este ciclo de ensino em Portugal e em resposta a um desafio ainda maior, o campo da atuação ao nível da docência estende-se a Timor-Leste, através da participação num Projeto Educativo de formação de docentes. Após o seu enquadramento teórico, caraterização e âmbito de intervenção, é essencial refletir sobre um projeto que defino como ambicioso, cujo principal objetivo se prende com a capacitação de docentes em língua portuguesa e nos conteúdos curriculares das diversas disciplinas, num país onde a esmagadora maioria da população, incluindo os professores, não fala aquela que é uma das suas línguas oficiais.

Relativamente ao PFICP em Timor-Leste, realizando uma análise a tudo aquilo que o carateriza, concluo que este foi o período mais exigente, mais motivador e que me facultou os ensinamentos mais valiosos para o meu futuro, enquanto profissional de Educação Física. Esta experiência proporcionou-me o contacto com formandos de diferentes idades, habilitações, interesses, gostos e motivações, assim como me possibilitou o conhecimento de diferentes histórias, culturas e tradições, implicando a gestão de um processo educativo, automaticamente, complexo e ambíguo.

No desempenho das minhas funções, encontrei condições de trabalho adversas, tais como: elevado número de formandos por turma, reduzido espaço disponível, inexistência de material didático, excessiva carga horária, entre outros aspetos, o que interferiu na escolha da melhor organização didático-metodológica e das mais adequadas estratégias de ensino. No entanto, em todos os momentos, considero que as decisões tomadas, no

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contexto profissional, foram sempre de modo a contribuir para uma maior evolução dos formandos, nomeadamente para uma mudança desejável na forma de abordar a disciplina de Educação Física na escola.

Estando o PFICP a chegar ao fim, gostaria de deixar algumas sugestões que considero poderem ser proveitosas para uma melhor concretização dos objetivos de Projetos Educativos semelhantes no futuro:

· Deverá existir uma estrutura que efetue a ligação entre a coordenação nas suas diversas vertentes e os docentes do projeto, nomeadamente com a nomeação de um ou mais elementos que funcionem como interlocutor entre as partes;

· Deverão ser criados instrumentos que permitam, com maior clareza, verificar a distribuição de serviço para evitar que se criem situações de desigualdade entre os docentes do projeto;

· Não deverão ser criados entraves à liberdade de circulação dos docentes no território timorense ou da ausência do mesmo, desde que tal não interfira nas suas atividades letivas, nem tenha impacto financeiro no projeto;

· Não deverão ser tão esquecidos os docentes que se encontram a lecionar nos distritos, por vezes sujeitos a condições muito adversas, não lhes sendo, muitas vezes, reconhecido o esforço adicional que é efetuado para garantirem a realização do que lhes é solicitado, quando comparado com os docentes que desenvolvem as suas atividades em Díli.

b) Projetos Desportivos

No que diz respeito aos Projetos Desportivos, estes assumiram real destaque no meu percurso profissional a partir do momento em que se concretizou a participação em dois Eventos Desportivos que se constituíram, cada um deles,

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como um fenómeno social de enorme escala. Em primeiro lugar, os II Jogos da Lusofonia, Lisboa 2009, foram o maior evento internacional multidesportivo alguma vez realizado no país, ao seu mais alto nível olímpico, reunindo atletas de quatro continentes, doze nações, unidos e movidos pelos ideais e valores históricos do património linguístico que possuem em comum. Em segundo lugar, os I Jogos Olímpicos da Juventude, Singapura 2010, foram o primeiro grande evento desportivo de elite para os jovens de todo o mundo, reunindo cerca de 3600 atletas, num universo de 205 nações, e num espírito de puro enaltecimento dos ideais e valores olímpicos.

Assim, antes de nos reportarmos à análise crítico-reflexiva acerca da participação nestes dois eventos, urge fazer uma caraterização genérica da importância que a gestão de eventos desportivos assume, bem como se torna determinante no impacto que estes podem vir a alcançar.

O Evento, quando devidamente enquadrado, é um excecional catalisador para o desenvolvimento, seja em que contexto for. No âmbito muito próprio do Desporto, esta potencialidade tem vindo a ganhar uma dimensão cada vez maior, em função da forma como a atual sociedade pós-moderna valoriza o entretenimento, a diversão e o prazer (Sarmento, Pinto, Silva, & Pedroso, 2011). De acordo com os mesmos autores (2011) a dimensão do evento é, em si mesma, um fator fundamental para a sua caraterização.

“Os grandes eventos ou megaeventos desportivos têm ainda a capacidade de influenciar e/ou alterar a imagem de uma determinada região ou país a nível internacional, devido ao posicionamento estratégico do evento, mas também devido à cobertura mediática do mesmo” (Cardeira & Nunes, 2012). Referindo os mesmos autores (2012) tais eventos constituem-se também como um elemento de desenvolvimento individual, apresentando-se como fatores de crescente importância a nível cultural.

Assim, a ação do gestor desportivo assume-se de extrema importância, na medida em que exige uma permanente participação, de modo a que a organização do evento seja bem sucedida, alcançando-se, pois, os seus

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objetivos. Neste sentido, “a gestão de eventos corresponde a uma das tarefas mais importantes que os gestores desportivos realizam independentemente do tipo de organização aonde trabalham” (Sarmento, Pinto, Costa, & Silva, 2011, p. 2).

Foi sobre esta premissa que assentou a minha participação, na qualidade de membro da comissão organizadora, nos dois eventos desportivos acima referenciados. Posto isto, torna-se imperativo tecer as ilações que, de uma forma construtiva, possam contribuir para a análise crítica dessa participação, fazendo referência às competências adquiridas em cada um dos eventos.

Pessoas que já exercem cargos ao nível da gestão podem melhorar o seu desempenho de modo significativo se lhes for dada a oportunidade de aprenderem de uma maneira reflexiva, partindo da sua própria experiência (Mintzberg, 2007). Foi assim que se iniciou o meu contacto com os II Jogos da Lusofonia, Lisboa 2009. A partir da experiência vivenciada ao nível dos EEBS, pude transferir todos os meus conhecimentos para a área da gestão, permitindo-me melhorar o meu desempenho de forma significativa, em vários domínios. Acima de tudo, pelo facto de ter sido o primeiro grande evento desportivo no qual exerci funções ao nível organizativo, este despertou o interesse pela área, culminando numa vontade de redirecionar o meu percurso profissional. O contacto com estes jogos foi imprescindível para o alcançar de determinantes competências, nomeadamente: trabalhar coordenadamente com as mais diversas autoridades; saber obter e gerir recursos financeiros; criar condições desejáveis para as competições de grande repercussão; relacionar- me adequadamente, tendo em conta o público-alvo; utilizar a imprensa e os meios informativos de forma justa e apropriada, bem como coordenar, de forma equitativa, os recursos humanos.

Tendo participado na fase de preparação, realização e avaliação do evento, todas estas competências foram ferramentas extraordinariamente profícuas para a participação, no ano seguinte, nos I Jogos Olímpicos da Juventude, em Singapura, mais uma vez, na qualidade de membro da comissão organizadora. Neste momento, assumindo-se já como o segundo grande evento desportivo, a

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REFLEXÃO CRÍTICA E COMPETÊNCIAS ADQUIRIDAS

escala transcende Portugal, transcende a língua portuguesa, ultrapassa continentes e reúne mais de duzentas nações, num espetáculo mediatizado, à escala mundial. A participação nestes jogos constitui-se como um referencial, colocando a fasquia ao mais alto nível. Em muito me valeu a experiência que trazia comigo dos Jogos da Lusofonia, mas, acima de tudo, nestes jogos, prevaleceu o choque de culturas, de tradições e de costumes, reunidos num país da Ásia, com caraterísticas particulares, ao nível da sua organização e legislação, assumindo-se com rigor e determinação. Por tudo isto, considero que pouco haverá a apontar, em termos críticos, à organização do evento que, cumprindo com o rigor e determinação definidores do país que o acolheu, se tornou em mais um marco na história do olimpismo que, para sempre, será recordado. Na minha vida profissional, a participação nestes Jogos alcançou também o mérito de, voluntariamente, ter partido rumo à Ásia, sem muito conhecer, mostrando-me completamente recetiva para abraçar um projeto desportivo de tal envergadura, sem preconceitos, sem quaisquer barreiras e, acima de tudo, disponível para aprender e apreender todo o tipo de informação ou conhecimento.

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IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entrando na fase final do relatório profissional, este último capítulo, de considerações finais, que se assume, também ele, de natureza reflexiva, é fruto de uma aprofundada análise sobre todo o percurso profissional, quer em termos educativos, quer desportivos, sempre numa perspetiva crítica e construtiva.

Tendo já procedido, no capítulo anterior, à síntese de toda a informação, neste momento, torna-se premente assinalar, não só o caminho percorrido em cada um dos destinos mas, acima de tudo, realçar as suas ligações e conexões com caminhos futuros.

Numa perspetiva bastante positivista, ao efetuar o balanço final, considero que o meu percurso profissional se demarca dos demais pela particularidade da sua diversificação, não só em termos de experiências, mas também de projetos (educativos e desportivos), assim como ao nível do contacto com diferentes culturas.

Possuindo, como experiência de raiz, nove anos de ensino em Portugal, considero que estes foram determinantes para o meu desenvolvimento, crescimento e amadurecimento, não só ao nível profissional, mas também ao nível pessoal. Ao longo deste tempo, fui permitindo o acesso a novas aprendizagens, melhorando os métodos de ensino, experimentando diferentes abordagens, aprimorando o contacto com os diversos intervenientes do contexto escolar, assim como, interiorizando uma cultura profissional que me foi integrando, cada vez mais, na profissão e na escola enquanto instituição.

Caraterizando-me, saudavelmente, como uma eterna insatisfeita, foi-se tornando evidente, ao longo do meu percurso, que a escola, por si só, não me preencheria no seu todo. Olhava à minha volta e, ora encontrava colegas eternamente insatisfeitos, mas que nada faziam para o mudar, ora encontrava colegas que sentiam ver cumprido um sonho, o de ensinar, o de ensinar para a vida, o de ensinar ao longo da vida.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não me encaixando em nenhuma dessas duas premissas e na ânsia de satisfazer o meu mais recôndito desejo, redirecionei o meu caminho para a vertente organizativa. Eis o momento em que surgiu o contacto com duas realidades completamente distintas da anterior. A participação em eventos desportivos, quer em Portugal, quer em Singapura, começou assim a ganhar corpo, forma e, em mim, começou a nascer o gosto e interesse pela área, a vontade e a ambição de aprender cada vez mais, mas, acima de tudo, a humildade para perceber a dimensão da realidade que ainda estava por explorar. Singapura revelou-se crucial ao nível dos contactos que estabeleci, considerando que estes, no futuro, me poderiam ligar a outros eventos desportivos. De regresso a Portugal, tudo me parecia mais pequeno. A adaptação, de novo, à escola tornou-se uma tarefa árdua, mas simultaneamente desafiante. Assim, encarei a partilha de todas as experiências vivenciadas, como um fator grandemente enriquecedor de todo o processo educativo. Assumi essa experiência como uma mais-valia, sentindo que, ainda hoje, ergo um troféu de que poucos ousam orgulhar-se.

Neste sentido, e tendo sido de facto marcante, em todo o meu percurso profissional, a participação em eventos desportivos, reconheci a vontade de permanecer nesse caminho e lancei-me para outros eventos. Na mesa estiveram os XVI Jogos Pan-americanos, Guadalajara 2011; seguiram-se os X Jogos Pan-africanos, Maputo 2011; os Jogos Olímpicos, Londres 2012; os III Jogos da Lusofonia, Goa 2014; os II Jogos Olímpicos da Juventude, Nanjing 2014; a Copa do Mundo da FIFA – Brasil 2014 e os Jogos Olímpicos, Rio 2016. Em nenhum destes eventos desportivos, por variados fatores, se concretizou, ainda, esta ambição de continuar a contribuir para o desenvolvimento do Desporto, como um veículo difusor de valores tão essenciais à sociedade dos nossos dias.

Neste caminho de constante superação, surge um projeto educativo, a ter lugar em Timor-Leste, o qual, desde o primeiro momento, decidi abraçar de corpo e alma, comprometendo-me em espírito de missão, com uma causa educativa que se reveste de um cariz humanitário e social ímpares. Passados quase dois

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

anos de compromisso, demostrando sempre lealdade para com as minhas convicções, valores e princípios, hoje sinto que sou uma profissional mais rica, mais capaz, mais realizada e com uma disponibilidade maior para encarar novos desafios, diferentes culturas, adversas condições, enfim, o que quer que o futuro me possa vir a reservar.

Assente no gosto de me projetar nesse futuro, recentemente, tenho vindo a tentar delinear o próximo caminho a seguir. Neste sentido, diversos contactos têm sido efetuados, de modo a tentar operacionalizar essa ambição. Considero não estar completamente posta de parte a permanência em Timor-Leste, a fim de desempenhar outras funções, nomeadamente, ao nível do Ministério da Educação, da UNICEF, ou outras organizações não-governamentais, na área da Coordenação de Projetos. Outra das vertentes poderá ser a área do Desenvolvimento Desportivo, quer através da Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, com a qual mantenho boas relações, quer através da SPORTIMPACT, empresa focada no desenvolvimento humano através do desporto, que atua ao nível dos países em desenvolvimento, cujo principal mentor é Nuno Delicado, que havia já conhecido em Singapura.

Não se concretizando nenhuma destas hipóteses em Timor-Leste, encaro como distante a possibilidade de regressar a Portugal, enveredando, de novo, no ensino público (básico ou secundário), quer pela própria situação económica que o país está a enfrentar, quer pelo diminuto estímulo que isso poderá vir a representar. No entanto, não coloco de lado o desafio do ensino superior, nível que ainda não preenche o meu percurso profissional, quer em Portugal, quer em Timor-Leste, quer no Brasil.

Encaro este último país como uma forte possibilidade, em termos de oportunidades, nos anos que se seguem, por ser o anfitrião de dois grandes eventos desportivos desenhados à escala mundial, a Copa do Mundo da FIFA, Brasil 2014 e os Jogos Olímpicos, Rio 2016. Para estes dois eventos desportivos, estou consciente da dificuldade em enveredar na sua equipa organizadora; no entanto, nunca deixarei de acreditar no sonho e jamais cairá por terra a minha forte ambição. Assim, concluo este relatório profissional com

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

uma frase que considero ir ao encontro desta minha ambição: “É imperativo querer. É imperativo escolher. É imperativo navegar e não apenas, fatalisticamente, boiar” (Bento, 2006, p. 58).

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