RECONSTRUÇÃO DAS HISTÓRIAS DAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES DE (SC): EXPERIÊNCIA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA JÚNIOR

THOMÉ, Nilson 1 – UNIPLAC

Grupo de Trabalho: História da Educação Agência Financiadora: CNPq / FAPESC-BICJr

Resumo

Esta intervenção analisa uma proposta e seus primeiros resultados, acerca de um trabalho inovador em História da Educação, pioneiro em – a “Reconstrução das Histórias das Instituições Escolares de Curitibanos (SC): experiência de Iniciação Científica Júnior” – desenvolvido entre 2011 e 2012 a partir da junção das forças e esforços de pesquisadores universitários com o apoio de organismos públicos e comunitários. A partir de um programa que estava sendo desenvolvido nas áreas das GEREIs de e de Curitibanos pelo Observatório da Educação (OBEDUC) sobre a atuação dos professores e o desempenho nas suas redes escolares, surgiu a ideia da criação de “centros de memórias” no interior dos estabelecimentos. Essa ideia foi associada à outra, que estava também em desenvolvimento, de resgate das histórias das escolas no interior catarinense. Desenvolvido dentro desta iniciativa ímpar, o presente relato trata de um projeto de incentivo a alunos de escolas básicas da rede pública estadual para iniciação à pesquisa científica, sob a orientação de pesquisadores seniores, em atividades objetivando contribuir para o resgate histórico das instituições escolares envolvidas. A experiência aplicada em Curitibanos, sob o referencial teórico da nova história cultural, envolveu, como promotores e financiadores, o CNPq e a FAPESC, como intervenientes a UNIPLAC de Lages e a GEREI de Curitibanos, somados à assistência do GT HISTEDBR-Serra Catarinense e do Observatório da Educação, tendo como voluntário um docente do Mestrado em Educação da UNIPLAC e como orientandos dois alunos do ensino fundamental das duas escolas escolhidas, a Escola de Educação Básica Santa Teresinha e a Escola de Educação Básica Professor Antonio Francisco de Campos, na expectativa de, futuramente, ser possível ampliar o leque das pesquisas e estender os trabalhos para alcançar outras escolas no município, dessa forma contribuindo para a elaboração da História da Educação de Curitibanos.

Palavras-chave: Santa Catarina. Curitibanos. Instituições Escolares. História da Educação.

1 Doutor em Educação (História e Filosofia) pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Mestre em Educação pela Universidade do Contestado (UnC) convênio com a UNICAMP (Gestão Educacional). Especialista em História e Licenciado em História. Licenciando em Pedagogia. Professor Titular do Programa de Pós-Graduação da Universidade do Planalto Catarinense (UNIPLAC) de Lages (SC). Líder do Grupo de Pesquisa HISTEDBR-Serra Catarinense. E-mail: [email protected].

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Introdução

Em abril de 2011, ao Programa de Pós-Graduação Stricto sensu em Educação (PPGE) da Universidade do Planalto Catarinense (UNIPLAC), lançamos a ideia de desenvolvimento de um projeto pioneiro, inovador e consideravelmente amplo, voltado à reconstrução das histórias das instituições escolares da região de Lages, temática que vínhamos trabalhando desde 2002, a partir de quando estudávamos as histórias das instituições escolares da Região do Contestado (o Meio ). Vale considerar a nossa produção acadêmica voltada à temática, desde a graduação com a Licenciatura em História, até o Mestrado em Educação (2001) e o Doutorado em Educação (2007) na área da Filosofia e História, pois foi no Stricto sensu que desenvolvemos inúmeros trabalhos em História da Educação Regional, no caso, do interior de Santa Catarina. Neste momento, outros docentes do PPGE estavam desenvolvendo um trabalho nas escolas de educação básica da rede pública estadual de Lages e de Curitibanos, através do Observatório da Educação (OBEDUC), liderado pela UNICAMP, tendo a UNIPLAC como associada, compreendendo um estudo sobre o desempenho escolar, voltado ao estudo da formação e atuação dos professores da Educação Básica em Lages e Curitibanos, para realizar uma análise a partir de dados do INEP, da Prova Brasil e do Censo Escolar das disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática das escolas públicas estaduais, onde a história de cada escola fazia parte do estudo maior. O livre acesso às escolas pelos colegas mostrou que o caminho estaria aberto para, pela união dos interesses, todos podermos trabalhar em conjunto, dividindo tarefas, para alcançarmos objetivos mais amplos, dinamizando as pesquisas em andamento e iniciando novas, na identificação das fontes para o resgate da memória, seguindo-se o levantamento, catalogação, cópia e reprodução digital do material existente nos arquivos escolares (conhecidos como “arquivos mortos”) para constituírem seus Bancos de Dados, subsidiando e viabilizando a reconstrução das histórias de cada instituição escolar, e inclusive, motivando dirigentes, professores, alunos e pais de alunos de cada unidade a preparar seu futuro “Museu da Escola” a partir de acervos de móveis, utensílios, materiais didáticos, fotografias, recortes e documentos escolares.

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A trajetória

A 22 de junho de 2011, a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC) lançou a Chamada Pública 02/2011, convidando simultaneamente os pesquisadores das Instituições de Ensino Superior ou Centros de Pesquisa e os alunos da Educação Básica ou Profissionalizante das Escolas Públicas, localizadas no Estado, interessados em apresentar propostas de projetos para a solicitação de Bolsas de Iniciação Científica Júnior (BICJr), com o objetivo de despertar vocação científica e incentivar talentos potenciais entre estudantes da educação básica e profissional da rede pública catarinense. Surgia aí uma oportunidade única, de contarmos com o apoio de alunos de dentro de cada estabelecimento, para atuarem como “pequenos pesquisadores” em seus próprios ambientes. Analisado o edital da FAPESC, vista a viabilidade de participarmos da Chamada Pública, contatamos as Gerências Regionais de Educação (GEREIs) de Lages e de Curitibanos, subordinadas às respectivas Secretarias de Estado de Desenvolvimento Regional (SDRs) com sedes nas mesmas cidades, que já apoiavam o Observatório de Educação, as quais ratificaram o apoio aos professores da UNIPLAC. Foram então escolhidas as escolas que seriam os alvos dos projetos pioneiros, com o que o processo foi rapidamente deslanchado em duas frentes, seguindo os critérios da Chamada Pública, a saber: EEB , EEB Maria Quitéria, EEB Aristiliano Ramos; CEDUP Renato Ramos da Silva, EEB Vidal Ramos Jr., EEB de Lages (Colégio Industrial), EEB Visconde de Cairú, estas de Lages, mais as da cidade de Curitibanos, a EEB Santa Teresinha e a EEB Prof. Francisco Campos. Por um lado, em atenção às exigências do edital da FAPESC, em cada escola escolhida os alunos interessados em concorrer às bolsas de iniciação científica seriam selecionados a partir dos respectivos projetos de pesquisa apresentados. As propostas passariam pelo crivo de uma comissão de seleção interna, constituída em cada estabelecimento, elas que, além do projeto de pesquisa, analisariam os requisitos pedidos aos candidatos a orientandos, de: ter residência comprovada no Estado há pelo menos dois anos; estar matriculado a partir do 6º ano do ensino fundamental ao 2º ano do ensino médio de escolas públicas no Estado; apresentar histórico escolar; não possuir vínculo empregatício; comprovar frequência às aulas no ano anterior. Na outra ponta, os pesquisadores candidatos a orientadores deveriam se dispor à orientação dos alunos que fossem selecionados, ter vínculo formal com uma instituição educacional catarinense, possuir no mínimo o título de mestre ou perfil científico equivalente,

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ter produção profissional divulgada, demonstrar experiência em atividades de pesquisa ou em desenvolvimento tecnológico (e nosso caso, claro, elaborar os projetos de pesquisas), enquanto que a IES interessada deveria preferencialmente já ser beneficiária dos programas PIBIC, PIBID ou PIBITI, dispor de infra-estrutura adequada à realização das atividades, disponibilizar, quando necessário, transporte e alimentação os bolsista. As duas frentes de trabalho se encontraram na sequência. As escolas escolheram os alunos, e os pesquisadores finalizaram os detalhes dos planejamentos dos projetos de pesquisa. Aqui, um momento muito significativo: os alunos candidatos – crianças – aprenderam a acessar o site do CNPq, a Plataforma Lattes e, ali, inserirem (ou “fazerem”, como eles diziam) seus currículos. As propostas foram submetidas na Plataforma FAPESC de CTI, a partir do que todos os envolvidos permaneceram na expectativa da divulgação dos resultados. Todas as propostas avalizadas pelo PPGE da UNIPLAC foram acolhidas. Com a divulgação dos resultados positivos, aconteceu novo encontro dos orientadores com os orientandos, para a montagem final dos planos de trabalhos, a remessa de documentos em papel, as competentes assinaturas dos termos de aceites. E aqui, novo momento de alta significação para o aluno, menor de idade: acompanhado pelos pais, pelos dirigentes das escolas e pelos orientadores, a primeira experiência da abertura de conta-corrente no Banco do Brasil, onde seriam depositados os valores da bolsa, importando em R$ 1.000,00 (um mil reais) ou R$ 100,00 (cem reais) mensais por dez meses, recebendo eles os respectivos cartões para a movimentação bancária. Também cada orientador precisou abrir nova conta vinculada à FAPESC no mesmo banco, para receber a quantia de R$ 1.000,00 por projeto, a título de apoio financeiro para custeio.

Referencial teórico

A temática “Instituições Escolares”, sob o ponto de vista da História, tem evoluído significativamente desde há cerca de trinta anos no Brasil, principalmente a partir do desenvolvimento dos programas universitários de pós-graduação stricto sensu na área da História da Educação Brasileira. No Estado de Santa Catarina este fenômeno teve enfatizados estudos apenas desde dez a quinze anos atrás, a partir do desenvolvimento de pesquisas pelos grupos de estudos dos mestrados em Educação nas universidades públicas e em algumas universidades comunitárias. Mesmo assim, são poucas as produções científicas que enfocam a

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história das instituições escolares no tempo dos séculos XIX e XX, entrando no século XXI e no espaço físico do interior catarinense. Segundo Saviani (2005, p. 4), como o termo “instituição” implica um plano, a instrução, o ensino e a formação, assim como um método, um sistema e uma doutrina em torno da retórica “educação”, na análise léxica da palavra, observa-se que a expressão “instituição educativa” já soa como uma espécie de pleonasmo. Com efeito, a própria idéia de educação já estaria contida no conceito de instituição. A Escola é a instituição incumbida de educar, de socializar o indivíduo. Visa o desenvolvimento da pessoa e sua integração no meio social. É a agência encarregada pela sociedade da educação formal das pessoas. José Honório Rodrigues escreveu que a História precisa olhar a floresta e não apenas as árvores, oferecendo uma interpretação generalizadora que ajude os vivos a compreender as raízes do presente (1965, p. 14). E Thompson diz que “[...] tive de começar pelo começo e reconstruir a administração da floresta em 1723. [...] Assim, mais uma vez, foi preciso reconstruir o contexto episcopal antes de se poder ver os Negros dentro dele” (1997, p. 16). Este olhar para o todo da floresta e não apenas para as partes que a compõem, expressão tanto de Rodrigues como de Thompson, vem de encontro ao pensamento marxista, que indica a compreensão do singular a partir da apreensão do universal. Busca-se a totalidade e se enfoca a universalidade do tema, disposto no campo maior, para alcançar a particularidade e analisar sua singularidade no campo restrito. Segundo Carlos Jamil Cury, “a categoria da totalidade justifica-se enquanto o homem não busca apenas uma compreensão particular do real, mas pretende uma visão que seja capaz de conectar dialeticamente um processo particular com outros processos e, enfim, coordená-lo com uma síntese explicativa mais ampla” (2000, p. 27). Na historiografia nacional educacional, com concepções teóricas nem sempre iguais uns dos outros nos estudos sobre instituições escolares, destacam-se as produções de: Maria Isabel Moura Nascimento (2009), Décio Gatti Júnior (2002), Demerval Saviani, José Claudinei Lombardi, Sérgio Castanho e de José Luís Sanfelice (in: NASCIMENTO, 2007), Carlos Henrique de Carvalho (2007), Flávia Werle (2004), Diana Gonçalves Vidal (2006), Maria Luísa Santos Ribeiro (2007), além de trabalhos de outros autores, não citados e/ou referenciados nesta produção, como: Maria Elisabeth Blanck Miguel, Jorge Carvalho do Nascimento, Olinda Noronha, Teresa Jussara Luporini, José Carlos Souza Araujo, Paolo Nosella, Rosa Fátima de Souza, Ester Buffa, Gilberto , Sandino Hoffmann,

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Sandra Jatahy Pesavento, Thais Nivia de Lima e Fonseca, Luciano Mendes de Faria Filho, entre outros. Em Santa Catarina, as obras pioneiras publicadas sobre as instituições escolares são as de Norberto Dallabrida (2001; 2003; 2006), Neide Fiori (1975; 2003), Vera Lúcia Gaspar da Silva (2012) e Marilia Gabriela Petry (2012), Antonio Munarim (2000), como as mais citadas. No Paraná, entre outras iniciativas, Maria Isabel Moura Nascimento, vem desenvolvendo o projeto de pesquisa intitulado: “Reconstrução Histórica das Instituições Escolares Publicas do Estado do Paraná”, através dos GTs do HISTEDBR de cidades do Estado do Paraná, com base no resgate, recuperação, manutenção e registro das fontes históricas. O trabalho de resgate vem se defrontando com dois problemas presentes nas investigações da História das Instituições Escolares, que são: o trabalho de levantamento e catalogação de fontes diante das precárias condições de armazenamento e manutenção pelas escolas públicas, e o trabalho de articulação dos diversos tipos de fontes, de modo a não deixar escapar as características e o significado do fenômeno investigado, como ensina Demerval Saviani (2005). Neste sentido, considera-se o processo de resgate das fontes históricas e de reconstrução da história das instituições escolares uma forma de ampliar as possibilidades de compreensão da própria História da Educação, na medida em que elas se relacionam com o todo e não uma mera subdivisão da educação. Como a reconstrução histórica depende essencialmente das fontes, que são o ponto de origem, a base e o ponto de apoio para a produção historiográfica, Maria Isabel (2009) destaca que o resgate das fontes das instituições escolares ganha significado na medida em que traz a expressão de sujeitos ou grupos sociais específicos, que representam um contexto histórico determinado, sendo relevantes para compreensão da História da Educação de uma sociedade.

Metodologia

A perspectiva teórico-metodológica que orientou a investigação foi definida, de modo geral, como um esforço de superação dos limites dos paradigmas clássicos da historiografia representados pelo positivismo e presentismo, mantendo uma interlocução ativa e crítica com as correntes atuais que resultaram das contribuições da chamada “Escola dos Annales”, atentando-se, porém, aos riscos a elas inerentes de incidência relativista ou irracionalista. Os materiais básicos para a realização da pesquisa foram documentos escritos. Tais documentos se compuseram de livros, artigos e textos oficiais, destacando-se nesses últimos

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de modo especial as exposições de motivos e as justificativas de leis, decretos e demais disposições normativas, assim como os relatórios oficiais de dirigentes da instrução pública. Foram trabalhadas tanto fontes primárias como secundárias. Entretanto, cabe esclarecer que o objetivo deste projeto incidiu mais sobre a síntese do que sobre a análise. Isto significa que, em lugar de se dar precedência à descoberta de fontes ainda não exploradas visando a produzir análises de momentos específicos da história da escola pública, buscou-se, a partir das fontes disponíveis, construir sínteses explicativas de amplo alcance, revendo-se, quando foi o caso, interpretações sejam elas já consagradas ou que se pretenderam ser inovadoras. O método de trabalho foi de caráter historiográfico, particularmente levando-se em conta a especificidade do objeto, a atitude a ser adotada teve afinidades com os procedimentos utilizados no âmbito da História da Cultura, domínio historiográfico objeto da várias incursões no âmbito da chamada “história nova”. Assim, partindo das hipóteses sugeridas pelo levantamento preliminar de fontes, de caráter geral, foram utilizadas as técnicas de manipulação, análise e interpretação de documentos, próprias da Historiografia, cujo conteúdo foi confrontado com os determinantes histórico-sociais de modo a se evidenciar, através da reflexão crítica, a construção da escola pública no seu movimento objetivo e em seus significados. A partir dos elementos dispostos foram redigidas sínteses parciais sobre cuja base se chegou ao texto final, que procurou espelhar o modo como a escola pública foi sendo construída.

Os loci do projeto

As duas unidades escolhidas para o desenvolvimento do nosso projeto, situadas no município de Curitibanos, assim o foram por estarem entre as mais tradicionais e importantes da cidade, com características diferentes – uma por reunir alunado de classe média-alta, e outra, por concentrar corpo discente oriundo de camada econômica média-baixa. São escolas da rede estadual de ensino, bem estruturadas, cada uma com mais de 500 alunos.

EEB Santa Teresinha

Alguns anos após a Guerra do Contestado, a pedido do Vigário Frei Justino Girardi, de Dom Daniel Hostim, Bispo da Diocese de Lages, e do Prefeito Municipal Antonio Granemann de Souza, em 1933, chegaram as Irmãs da Sagrada Família e criaram o Colégio

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Santa Theresinha, lançando as primeiras sementes de cultura, iniciando a primeira Escola Oficial em Curitibanos. A estadualização do ensino em 1934 aconteceu em 1934 com o Grupo Escolar Arcipreste Paiva. Em 1971 recebeu autorização para as séries finais do ensino fundamental. Desde os anos 1946 o Curso de Habilitação ao Magistério forma professores para atuarem nas séries iniciais do ensino fundamental e a partir de 1987 o Curso de Ensino Médio e de Habilitação ao Magistério foi estadualizado. A Escola de Educação Básica Santa Teresinha há 80 anos está a serviço da Educação Curitibanense, e atualmente oferece o Ensino Fundamental com 545 alunos nas séries iniciais e 702 alunos nas séries finais, o Ensino Médio e Magistério com 239 alunos. Está localizada no centro da cidade, possui 57 Professores sendo 38 Professores efetivos e 19 Professores contratados em caráter temporário, sete Profissionais na área pedagógica, oito Serventes, dois Assessores de Direção e uma Diretora Geral. A Associação de Pais e Professores e o Conselho Deliberativo são atuantes. A estrutura física contém 23 salas de aula, uma sala de recurso para alunos com deficiência visual, 28 banheiros, uma sala de Professores, uma cozinha e refeitório, uma Biblioteca instalada em 15 de julho de 1977 com acervo didático e literário de 26.000 exemplares e registro no Instituto Nacional do Livro. A Sala Informatizada contém 22 computadores, há sala específica para as atividades de artes, laboratório de ciências, um ginásio de esportes, uma quadra esportiva, uma sala de jogos, quatro salas de educação física um auditório com capacidade para 450 pessoas. Os recursos tecnológicos disponíveis são: televisores, vídeos, DVD, filmadora, máquina fotográfica, retro projetor, aparelho de som, data show, planetário, projetor de slides, telescópio, além de jogos pedagógicos. No ano de 2009 a EEB Santa Teresinha obteve os maiores indicadores na Prova Brasil, que compõe o índice IDEB, nas disciplinas de matemática e português no ensino fundamental tanto nas séries iniciais e séries finais da rede pública de Curitibanos.

EEB Prof. Antonio Francisco de Campos

O Grupo Escolar Professor Antonio Francisco de Campos foi fundado em 30 de janeiro de 1957 e transformado em Escola Básica em 1972 com a implantação gradativa de 5 a a 8a série. Foi a segunda escola fundada no município de Curitibanos. Recebeu este nome em

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homenagem ao Sr. Antonio Francisco de Campos, professor com extraordinária capacidade cultural. Seu maior sonho sempre foi à luta incansável em prol da educação. A equipe administrativa é formada por Diretor e uma Assessora, um Assistente de Educação, dois Assistentes Técnica Pedagógica, uma Orientadora Educacional, 26 Professores, cinco serventes. Possui Associação de Pais e Professores, Conselho Deliberativo e Grêmio Estudantil. Esta Unidade Escolar atende uma clientela bem diversificada com alunos oriundos principalmente dos Bairros São José, Bom Jesus e imediações da escola. A comunidade estudantil é bem heterogênea tanto em nível econômico como cultural. São filhos de trabalhadores que pertencem à classe baixa e pobreza extrema. No ano de 2010 a escola possuía oito turmas nas séries iniciais que totalizam 213 alunos e 388 alunos nas séries finais em 12 turmas. Encontra-se instalada nesta Unidade Escolar a APADAC (Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos), frequentada pelos alunos com deficiência auditiva (DA). A APADAC é uma sociedade civil, filantrópica, assistencial e educacional, sem fins lucrativos, regida na forma da lei por estatuto. Fundada 1990 tem como finalidades promover a integração família-escola-comunidade; realizar encontros e conferências, destinados aos Surdos e seus familiares para o atendimento do problema, e objetivar o aperfeiçoamento de todos os que trabalham na área de surdez; buscar parcerias para a solução dos problemas atinentes aos Surdos como o propósito de assegurar-lhe uma maior proteção, integração e participação na sociedade. A escola possui a Sala de Recursos para crianças com Deficiência Auditiva, enturmadas nas Séries Iniciais e do Ensino Fundamental até 12 anos. Este trabalho envolve o acompanhamento desses alunos em dois encontros semanais, no período contrário ao que frequentam a classe regular, enquanto que o professor do SAEDE/DA faz visitas às escolas desses alunos para acompanhar e sugerir encaminhamentos que se fizerem necessários aos professores e orientadores para a integração e desenvolvimento de suas potencialidades. A EEB. Professor Antonio Francisco de Campos teve sua última reforma física em 2002. A Biblioteca tem um espaço físico que garante o bom funcionamento da mesma, porém, não tem bibliotecário. O acervo tem mais de três mil livros, entre enciclopédias, livros de literatura infantil e juvenil. O laboratório de informática conta com doze computadores. São doze salas de aula, sala de professores, orientação educacional, assistente técnico, técnico

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pedagógica, Sala de Recursos DV, ginásio de esportes, cozinha, oito banheiros. Possui equipamentos tecnológicos.

Considerações finais

Os resultados parciais dessas pesquisas foram animadores. Os dirigentes educacionais da rede estadual provocaram os dirigentes das escolas que não haviam sido objeto daquelas pesquisas, incentivando-os a seguir estes passos. Aventou-se, então, no âmbito interno do PPGE da UNIPLAC, a possibilidade da realização de um novo trabalho, de mais profundidade e com maior amplitude, tanto para a volta às escolas supra mencionadas como alcançando todas as demais escolas de educação básica da rede estadual em Curitibanos, antes não inseridas, pra serem contempladas todas num projeto maior de pesquisa. No transcurso das pesquisas realizadas junto às escolas, verificou-se que uma das maiores dificuldades encontradas nas etapas de coletas de dados foi a relacionada à cópia dos seus acervos documentais. O projeto que tinha o objetivo de reproduzir todo o arquivo escolar de cada unidade, para alimentar o centro de memória, foi prejudicado pela não disponibilidade de equipamentos eficientes para este fim. Por este motivo, entendem os pesquisadores do PPGE, e com eles concordam os dirigentes dos sistemas de ensino e das escolas, que a atividade somente se concretizará se houver equipamentos disponibilizados; afinal, não se fala de alguns poucos documentos... trata-se de milhares e milhares de peças, desde fotografias, livros de atas, recortes de jornais e revistas, fichas individuais de alunos, acervos de atos oficias, correspondências, diários de classe e outros. No relatório Final, encaminhado à FAPESC, assim nos manifestamos: - Sobre alcance das metas previstas: Apreciaríamos ter alcançado todos os objetivos expostos na proposta original. Por termos realizado mudanças no projeto, priorizando mais o levantamento de informações, conseguimos chegar mais perto do ideal de dar à Escola seu Centro de Memória, constituído por um Banco de Dados, e só após isso concluído, possibilitar o trabalho de reconstrução da história da instituição escolar, o que fica para um próximo passo, em nova oportunidade de pesquisa científica. - Sobre mudanças no projeto inicial: Logo no início do desenvolvimento da pesquisa observou-se a necessidade de realizar inicialmente um maior e mais amplo levantamento de dados no Arquivo e na Secretaria da Escola, antes de se escrever sua História. Diante disso foi dedicada maior atenção ao levantamento e catalogação de fontes, com o trabalho de cópia e

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reprodução de documentos e imagens, para subsidiar a construção da História, o que demandou o tempo dedicado ao projeto. Não houve propriamente mudança no projeto original, mas, apenas, ajuste nos objetivos. - Sobre dificuldades encontradas: Falta de um equipamento disponível em tempo integral e exclusivo para a reprodução do material do arquivo da escola. - Sobre os apoios institucionais: Dentro das suas condições, a UNIPLAC ofereceu todas as condições para o desenvolvimento do projeto, sem ônus, desde a liberação do orientador até a cessão de equipamento para a cópia e reprodução de documentos, e para a realização de reuniões mensais com os alunos bolsistas e representantes das escolas beneficiadas com o projeto. As diretorias das Escolas de Educação Básica apoiaram integralmente o projeto, franqueando o acesso aos documentos e às instalações escolares para os alunos pesquisadores bolsistas e para o orientador. A GEREI da SDR apoiou o projeto e esteve permanente à disposição do projeto. - Sobre avaliação: Participar deste projeto foi muito importante para os alunos bolsistas. Sentiram-se prestigiados pelas suas escolas. Demonstraram orgulho por serem considerados pesquisadores perante os colegas. Usaram os recursos recebidos da Bolsa FAPESC/CNPq para aquisição de material escolar e de uso pessoal. Lamentaram não ser possível concluir o projeto no prazo, uma vez que o volume de material a ser trabalhado apresentou necessidade de continuidade da pesquisa. Mostraram ter aptidão para a pesquisa. Os valores destinados ao orientador para este projeto foram utilizados em beneficio direto das próprias Escolas. Com o recurso, foi editada uma Agenda Escolar, com as menções de apoio da GEREI, da UNIPLAC e da FAPESC na sua introdução. O material foi impresso e destinado aos corpos docentes das Instituições beneficiadas. O trabalho do orientador, não remunerado, foi integralmente voluntário.

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