Número 18, Maio de 2004 novas da

número18 Cidade da Cultura da Galiza: Sucesso da o mausoléu como negócio greve pola José Manuel Lopes um Fraga ainda duramente abala- galeguizaçom do por um processo eleitoral que do ensino Na Galiza do betom, do "feísmo", confirmara o vertiginoso avanço das auto-estradas e do AVE, nacionalista, dedicou o seu dis- umha obra muito particular tem curso de investidura no parla- Mais de 19.000 elevado umha ruidosa polémica mento autonómico a avançar, acima de todo o resto. Prestes a sem dados mais precisos, a ideia assinaturas se consumar sobre a desfeita do de um futuro espaço para a cultu- levam NÓS-UP que tinha sido um dos emblemá- ra que havia de pasmar próprios e ticos montes que rodeiam estranhos. A partir de entom, a às europeias Compostela e um dos últimos combinaçom da ideia de grande- espaços agrários da capital gale- za (física e orçamentária, e nom ga, a chamada Cidade da Cultura propriamente cultural) de que Reintegracio- irrompeu como a brilhante pro- tanto gosta o PP galego com um posta de "fim de carreira" que procedimento opaco e obscuran- nismo começa Manuel Fraga desenhou no seu tista acompanhou todo o proces- a agir unido pôr-do-sol político e biológico. so. A oposiçom parlamentar nom Tratava-se de deixar umha pro- obtivo por parte da presidência funda pegada, de calar com os informaçom de primeira mao, factos toda a oposiçom -a institu- limitando-se a acumulá-la por Sindicatos cional até- e, sobretudo, de fechar conta própria e a aguardar notí- velhas e sólidas alianças: podero- cias mais concretas. A vizin- acudírom sos grupos financeiros e empre- hança do bairro do Viso, umha desunidos ao sariais aparecem já perfeitamente das zonas urbanas onde a idios- nítidos como actores na primeira sincrasia rural é ainda notável, 1º de Maio fileira de umha obra que há de tampouco conhecia ao pormenor consumar um projecto que consa- o que ia acontecer com essa parte gra a ostentaçom e o luxo, a von- de um terreno de mais de 70 000 Nunca Mais tade de espectáculo e o regiona- m2 que lhe pertencia e era utili- convoca Fórum lismo cultural. A maciça opo- zada como fonte de sustento. Os siçom da sociedade galega nom agentes culturais galegos, na da Verdade evitou, porém, que o protesto suas variadas manifestaçons, como comissom activo fosse protagonizado só por tampouco fôrom convocados a pequenos sectores e que a voz da qualquer reuniom informativa de investigaçom vizinhança afectada nom supe- sobre um espaço, dizia-se, em própria rasse a censura mediática. que haviam de ser os verdadeiros A primeira notícia que se tivo de protagonistas. E nom lhe falta- um projecto de concentraçom de vam ideias e sugestons ao que de Galega", que se tinha reunido em só o uso turístico do património serviços culturais, por empregar- certeza é um dos sectores mais Agosto de 2000, alertava contra através da utilizaçom de grandes Incumprimento mos a terminologia oficial, data vivos e críticos da nossa socieda- o trauma da cultura-espectáculo contentores culturais sem conte- dos acordos fai de finais do ano 1997. Na altura, de: o "Fórum da Cultura e contra a tentaçom de conceber údos definidos. retornar a greve M.Salgueiro relatórios com os nomes do seu Manobras para a sucessor. Ainda, o presidente da a Castromil O último encerramento dos Junta e presidente do PP na Galiza sucessom de Fraga Conselheiros da Junta da Galiza anunciou que criaria duas vice-pre- com Manuel Fraga tivo como notí- sidências. Umha delas seria, segun- cia mais transcendente a comuni- do fontes do próprio partido, para Barragem do rio caçom do Presidente da Junta ao José Cuinha Crespo, a fim de Narla: Mais umha seu governo de que nom se apre- devolvê-lo à actividade política. Os insensatez de umha sentará às próximas eleiçons auto- dirigentes populares em Ourense e nómicas. Este anúncio leva implí- Lugo propugérom Cuinha também política energética e cito o compromisso do PP de nom para a sucessom de Manuel Fraga. ambiental interesseira falar desta questom até depois do Boa parte do partido em Ponte dia 13 de Junho, data das eleiçons Vedra atreveu-se a manifestar que europeias. Manuel Fraga também "José Cuinha já pagou a sua dívida, Adela Figueroa Panisse encarregou a dirigentes do PP e aos soubo estar calado e os silêncios e seus conselheiros que elaborassem a lealdade em política pagam-se". 2 segunda Maio 2004 novas da galiza

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Barragem do rio Narla: Mais umha insensatez de umha política energética e ambiental interesseira

Por Adela Figueroa Panisse, Catedrática de Biologia/Geologia, E.S. Lucus Augusti de Lugo / Activista de ADEGA e Nunca Mais Lugo

uando se trata de interferir no entorno potabilizaçom retira entre 400 e 600 por das águas, o da quantidade e o do risco de com acçons que podam causar danos segundo. O caudal médio na estiagem é de poluiçom acidental que poderiam vir a sofrer as Qirreversíveis no mesmo, devia fazer-se 7000 por segundo nos 12 Km de rio que vam da águas do Minho perante umha cheia que Editora: Minho Media S.L. umha valoraçom dos benefícios da actuaçom, potabilizadora até à central depuradora de águas inundasse a Central Potabilizadora, dado que que compensassem os prejuízos provocados. residuais. está situada mesmo à beira do rio. Todos estes Director: Ramom Gonçalves. Sabemos que isto nom se fai assim nesta terra Portanto, nom é um problema de quantidade argumentos foram refutados acima, salvo o de de caciques. Antes som valoram os benefícios nem de qualidade. A quantidade até agora perigo de inundaçom. Sabemos que este existe, particulares de quem tem capacidade para sempre estivo garantida, e a qualidade é antes mas entom: Porque é que foi construída ali nom Redacçom: Carlos B.G., Marta conceder as licenças das obras e de interferir no um tema do tratamento das águas. há nem sequer 10 anos? Nom teria sido mais Salgueiro, J.Manuel Lopes, Antón entorno. As obras de infra-estrutura realizam-se, económico transferi-la para mais acima do que Álvarez, Ivám Garcia, Alonso Vidal. normalmente, da maneira menos onerosa Rio Narla construir umha barragem de 38 m de altura com possível para a empresa, sem se levarem em É um rio pequeno com um caudal que no Verao capacidade para 9,5 Hm3 e com umhas Correspondentes: Compostela, conta os danos ambientais. Estes danos também fica ainda mais reduzido. É um afluente do despesas de 33 545 126 euros? Beatriz Peres / Vigo, Xiana Gonzalez / podem ser avaliados economicamente, mas na Minho águas acima da potabilizadora. Se se Sabemos que esta barragem implicará também Lugo, Joám Bagaria / Ourense, Tiago actualidade isto nom se está a fazer assim. Esta figer umha barragem no Narla, o Minho vai a construçom de umha minicentral eléctrica Peres / Paris, J. Irazola / Madrid, José é umha velha reivindicaçom dos grupos receber ainda menos água e menos oxigenaçom cuja exploraçom resultaria bem rentável às R. Rodriguez ambientalistas e, em geral, de todos os que e a qualidade das suas águas virá a sofrer ainda empresas do sector, já que os excedentes de estám preocupados polo futuro do nosso mais do que hoje. O dinheiro necessário para electricidade tenhem que ser revertidos à rede e Colaboraçons: Maurício Castro, Joám entorno. Ou seja, por todos os que lutam por depurar o Minho e controlar os despejos águas pagos pola empresa que tem a exclusiva do um futuro, por um desenvolvimento acima nom supera o custo da represa, e, sempre abastecimento (em Lugo, Barras Eléctricas Carlos Ánsia, Santiago Alba Rico, sustentável. seria necessária esta actuaçom. A água do Asturiano-leonesas). Isto implica um impacto Xesus Serrano, Kiko Neves, José R. No caso da barragem que está a ser projectada Narla, segundo nos informárom na Cámara ambiental acrescentado ao já indicado da Pichel, Ramom Pinheiro, Carlos Taibo, no Rio Narla, som vulnerados todos os Municipal de Lugo, tem menos qualidade própria barragem, pois implica movimentos de Ignacio Ramonet, Ramón Chao. princípios deste desenvolvimento sustentável: que a do Minho, contendo, por exemplo, terra e acessos à minicentral. Já o Conselho de as alteraçons produzidas serám irreversíveis e muito mais ferro. Contas da Galiza emitiu um parecer segundo Fotografia: Borxa Vilas, Rosa Veiga, os rendimentos escassos. A justificaçom para se Juntamos aqui as declaraçons do vereador o qual as minicentrais nom som nunca Miguel Garcia, Arquivo NGZ. fazer esta barragem é a de dar água à cidade de do ambiente do Cámara Municipal de favoráveis do ponto de vista económico, Lugo. É verdade que a populaçom luguesa se Lugo Lino G. Dopeso: "nom é verdade só rentáveis para a empresa que as Humor Gráfico: Suso Sanmartin, queixa há tempo de que a água que nesta cidade que a água do Minho seja pior do que explora. Pepe Carreiro, Pestinho +1. se consome nom tem bom sabor, e ainda há a do Narla". Segundo as análises de Estes trabalhos vam ser elaborados quem diga que nom é de boa qualidade. A qualidade que tem o Pelouro do com orçamentos europeus, e assim, Publicidade: 639 146 523 qualidade das águas define-se polas suas Ambiente a água de ambos os rios a empresa construtora teria um características de salubridade e organolépticas é do tipo A2 (o nível óptimo de mínimo de despesas e um (sabor). É suposto estarem as de salubridade qualidade é o A1). A água do máximo de ganho. Nom se Imagem Corporativa: Paulo Rico. garantidas pola Conselharia da Saúde. Narla precisaria, da mesma entende, porém, como é que Em Lugo existe umha Central Potabilizadora maneira que a do Minho, de um organismo oficial como a Desenho gráfico e maquetaçom: há ainda menos de 10 anos (desde 1996) que um tratamento físico, químico Confederaçom Hidrográfica Miguel Garcia e Carlos Barros. garante a potabilidade das águas canalizadas. A e de um processo de do Norte, associada à potabilizaçom, neste caso, é conseguida desinfecçom. "Portanto, a Deputaçom de Lugo, que é a Correcçom lingüística: mediante um complexo tratamento físico- justificaçom da qualidade da impulsionadora do projecto, Eduardo Sanches Maragoto químico em que se eliminam os restos de lodo água para a construçom da apoia um empreendimento do rio, e um tratamento final com cloro para represa nom tem fundamento". que ocasiona um dano NOVAS DA GALIZA eliminar os possíveis patógenos que E ainda, o caudal do Narla é ambiental irreversível, que aliás Apartado dos Correios 1069 eventualmente podam conter as águas. De mínimo se o compararmos com o caudal do nom é necessário para os fins que se 27080 Lugo - Galiza facto, queixamo-nos de que a água da torneira Minho, e portanto a barragem poderá vir a declaram. Parece que esta quer ter o domínio da cheira a cloro com freqüência. A água contém encher muito devagar. Isto pode comprometer o água que fornecerá também Outeiro de Rei e Tel: 639 146 523 este excedente em previsom de umha possível seu conteúdo em oxigénio, e levar a umha Rábade. [email protected] contaminaçom posterior à saída da possível eutrofizaçom das águas. Águas acima Há pois negócio económico, para a empresa potabilizadora, a caminho dos reservatórios de nom há centrais depuradoras de águas residuais, que redige o projecto e para a empresa que o As opinions expressas nos artigos nom Garabolos até às casas. Para eliminá-lo, basta e neste rio desaguam os esgotos de Friol e executa (aproximadamente 60% do custo, representam necessariamente a deixarmo-lo evaporar umhas horas (mais ou várias exploraçons agrícolas, com o qual nom muito dele pago com dinheiro europeu do plano posiçom do periódico. Os artigos som menos seis horas). A quantidade de água nunca há garantia de salubridade destas águas. Qual FEDER). Também haverá negócio quanto ao de livre reproduçom respeitando a foi um problema em Lugo. Na própria entom a motivaçom para fazer uma barragem aproveitamento eléctrico, e finalmente, negócio ortografia e citando procedência. É potabilizadora diziam-nos, numha visita de que vai provocar umha mudança irreversível político e económico na Deputaçom de Lugo. proibido outro tipo de reproduçom sem estudo com os alunos e alunas da Escola mesmo nas Terras do Minho, reserva da Neste momento político em que os planos autorizaçom expressa do grupo editor. Secundária, que nom se lembravam de terem Biosfera? hidrográficos que tinha planeado o anterior tido problemas com o caudal. Aliás, nom esqueçamos que esta zona é partido no governo estám a ser revistos, era Fecho de Ediçom: 15.05.04 O caudal ecológico: Define-se como o caudal assinalada como zona LIC (lugar de interesse bom lembrarmos ao PSOE da Galiza os seus mínimo que mantém a vida no rio, com comunitário) e é proposta para ser incluída na compromissos com os votantes e votantes ambiente aeróbio, e que permite a Rede Natura 2000. Os argumentos da galegas. Nom há motivo para servirem autodepuraçom das águas. Segundo as fontes já Confederaçom Hidrográfica do Norte, a unicamente as directrizes centrais do seu referidas este caudal nunca foi ultrapassado. A promotora desta barragem, som o da qualidade partido espanhol. novas da galiza Maio 2004 editorial 3

sumário editorial Mausoléus, tumbas e cidades

A verdade sobre a Cidade da Cultura relaçom atormentada e desigual Cidade da Cultura nom virá a solucionar a entre a cultura e o poder veu a ser endémica e lamentável situaçom do nosso um dos sinais identitários deste ámbito cultural. Será a reserva indígena que A nosso século. O uso, por parte do sempre sonhou Fraga para a Galiza. Mas cul- Analisamos o que se encon- poder, do ámbito cultural para exercer o con- tura nom é isso. Pavese teria dito com mais tra detrás do faraónico pro- trolo sobre o pensamento quase sempre estivo clareza ainda: "o humanismo nom é umha pol- jecto no monte Gaiás de acompanhado por lufadas de populismo e foi trona." Compostela característica sine qua non dos regimes totali- A Cidade da Cultura está planificada como 7 tários. A Cidade da Cultura planificada por um parque temático, mais um passo para a Manuel Fraga Iribarne é um claro exemplo de turistificaçom da Galiza, um zoológico cul- utilizaçom perversa e interesseira da esfera tural que nom reverterá em benefício do Quem sucederá cultural para uns fins económicos e políticos conjunto da populaçom galega, embora haja Fraga Iribarne? que nada tenhem a ver com o altruísmo que elementos culturais que nom vejam com deve rodear e limitar o espaço cultural. Obra maus olhos a sua construçom. Decerto, nom faraónica, imposta e messiánica, construçom é preciso dizer que, evidentemente, nem a "José Cuinha já pagou a sua alheia à realidade das necessidades galegas, a oposiçom a este projecto, nem a vizinhança dívida, soubo estar calado e os Cidade da Cultura é o legado pessoal do de Sar e Viso afectada polas expropiaçons se silêncios e a lealdade em governadorinho de Vilalva, da mesma manei- oponhem à cultura nas suas diversas mani- política pagam-se" dizem no ra que há tempo herdamos o Vale dos Caídos festaçons. É cinismo visceral expor o pro- PP de Lugo e Ourense 10 ou o "Triunfo da Vontade". Oitenta mil mil- blema nesses termos. O que está em causa é hons de pesetas investidos para umha ope- que o dinheiro dos galegos e galegas nom é raçom económica em que serám nomeada- para ser esbanjado nos projectos megalóma- Estreamos secçom: mente os bancos e as empresas multinacionais nos de um Presidente da Junta que ainda há O Pelourinho a obterem umha boa talhada. E isto acontece pouco tempo reprimia a fogo e sangue tudo ao mesmo tempo que das instáncias indepen- o que cheirasse a cultura galega (mesmo NGZ também quer dar voz dentes da nossa cultura se fala da necessidade tudo o que cheirasse a cultura) e que exer- àqueles grupos ou indivíduos de impulsionar o mundo editorial galego, ceu, como ministro da informaçom no fran- que desejam compartilhar diversificar e aumentar os irrisórios subsídios quismo, umha das censuras culturais mais informaçons, opinions ao teatro deste país ou impedir que a nossa férreas e obscuras da história europeia do ou debates com todos os língua desapareça nuns poucos anos. A século vinte. leitores e leitoras. 12

O galeguismo de dom Joaquim Lourenço Suso Sanmartin

Marcos Valcárcel achega-nos à figura do Xocas, o etnógrafo ourensám a quem se dedica este Dia das Letras Galegas 13

Pontos de encontro: associacionismo na BD galega

Germám Hermida aproxima- nos ao mundo da Banda Desenhada galega 14 4 notícias Maio 2004 novas da galiza

notícias

A luita pola galeguizaçom continua com a irrupçom de piquetes em centros de Santiago e Ourense Estudantado secunda maioritariamente greve pola galeguizaçom do ensino

Redacçom organizaçom estudantil Agir também participou na greve, A jornada de greve convocada trabalhando em doze localida- na passada quarta-feira 28 de des. Abril contou com umha ampla O decreto 247/95 só delimita adesom na maior parte dos cen- num terço o número de horas tros de ensino secundário. leccionadas em galego e é deri- Galiza Nova quantificou a parti- vado da Lei de Normalizaçom. cipaçom estudantil em 85%, Segundo um relatório elaborado enquanto o conselheiro da pola Mesa, 70% dos centros de Educaçom, Celso Currás, redu- ensino nom cumpriam o decreto ziu a percentagem a 15,41%. no ano passado. Por sua vez, o Segundo as estimativas dos secretário geral da Conselharia colectivos convocadores, a da Educaçom, Néstor Valcárcel, greve paralisou, polo menos, a assegurou ter dados que situam maioria dos centros de ensino e o cumprimento da lei em houvo manifestaçons em nume- 94,81% dos centros, e ironiza rosas localidades. Entre as orga- com o 5,19% restante, já que, nizaçons que chamavam à indicou, "nom temos constáncia mobilizaçom em defesa da gale- do que acontece exactamente guizaçom integral do ensino nessa percentagem". estavam os Comités Abertos de A Mesa assinala que "é evidente Estudantes (CAE), Galiza Nova, que o incumprimento da legis- A Mesa, Mocidade pola laçom é assim percebido polo Normalizaçom, AMI e Agir. estudantado, para além de ser em galego, continuou com acti- directiva do centro, a AMI criti- completamente as aulas. Com Galiza Nova valora "muito posi- confirmado por numerosos rela- vidades neste sentido depois do cou a negativa explícita desta a bandeiras, bombos e pandeire- tivamente" a participaçom estu- tórios realizados por diferentes passado dia 28. Assim, no 11 de fazer cumprir o estipulado no tas, activistas e estudantes exi- dantil, apesar de nom se terem instituiçons e organismos." Maio, um piquete conformado decreto, e anunciou novas mobi- girom o cumprimento imediato cumprido as expectativas nas por umha vintena de militantes lizaçons. dos mínimos fixados pola lei, grandes cidades. Do indepen- Piquetes polo idioma independentistas irrompeu no Apenas dous dias depois, no dia assim como a plena galegui- dentismo, AMI analisa a jornada IES Rosalia de Castro de 13, umha iniciativa semelhante zaçom do ensino. O acto rema- destacando que o dia 28 de Abril A AMI, que leva desde começos Santiago, paralisando as aulas era levada a cabo no IES Blanco tou com umha concentraçom de "deve ficar como um referente deste curso a trabalhar na em espanhol e denunciando até Amor de Ourense. Neste caso, o umhas 200 pessoas no pátio do para continuarmos a avançar na denúncia do incumprimento do nove professores que violam a alunado do centro somou-se centro, onde se deu leitura aos reivindicaçom e consecuçom de decreto 247/95 e na reivindi- normativa em matéria lingüísti- maciçamente ao piquete inde- nomes do professorado riscado um sistema de ensino galego". A caçom dum ensino integramente ca. Após umha reuniom com a pendentista, paralisando-se de "espanholista e delinquente".

NÓS-UP supera barreira legal para concorrer às eleiçons europeias Com a presença do independentismo, Galiza apresenta nesta ocasiom duas opçons nacionalistas

Redacçom concorrer terám que apresentar a lismo maioritário vai coligado reconhecimento da condiçom se trata de ir de braço dado com assinatura de cinqüenta cargos com a direita basca e catalá). plurinacional do Estado espan- as opçons políticas que contam A organizaçom política indepen- eleitos ou eleitas ou, no seu Falta por ver qual é o rendimen- hol" e levar à Europa a voz da com o beneplácito do PSOE", ou dentista fizera público já no iní- defeito, a de 15 000 cidadaos e to eleitoral tirado dos escassos Galiza, que estará presente sem de se inserir numha plataforma cio de Abril a sua vontade de cidadás. Devido a que NÓS-UP três anos de existência de NÓS- intermediários, se mais umha em companhia de organizaçons apresentar candidatura às carece dos requisitos que marca UP numhas eleiçons em que joga vez for eleito o eurodeputado regionalistas, em referência à eleiçons para o Parlamento essa primeira condiçom, viu-se um papel de menor releváncia o Camilo Nogueira. Anxo convergência que desenhou a Europeu que se celebrarám no na obrigaçom de desenvolver em chamado "voto útil" e com um Quintana participou do debate formaçom de Carod-Rovira. vindouro mês de Junho. O desta- apenas duas semanas umha índice mais baixo de partici- sobre a política de alianças inter- Ainda no nível informal, som cável desta notícia nom é apenas intensa campanha de angariaçom paçom. nacionais do BNG sustendo que muitas as vozes que se ouvem no o facto de ser a primeira vez que de apoios que superou as expec- Por sua vez, o BNG decidiu for- "nom se trata de ver Galeusca nacionalismo a mostrar o seu o independentismo galego deci- tativas mais optimistas. Graças a talecer os laços que o unem com como umha aliança entre certos descontentamento com a de concorrer a umha cita eleito- um esforço organizativo sem PNB e CiU desde há seis anos, partidos, mas umha aliança entre assunçom da linha política mais ral de ámbito europeu, mas, precedentes, NÓS-UP conseguiu quando assinárom a Declaraçom naçons". Numha linha especial- dubitativa e difusa que publica- sobretudo, a barreira legal que juntar 19.638 assinaturas, e o de Barcelona. Ainda parcialmen- mente dura com quem do interior mente encarna Anxo Quintana, e tinha a obrigaçom de ultrapassar independentismo estará nas te envolvidos no debate que se da frente acusa o BNG de perder nom poucas as que sugerem a para a candidatura alcançar vali- eleiçons europeias, erigindo-se, seguiu aos pobres resultados das a cada vez mais o seu perfil pertinência de dar o aval eleitoral dade legal. Com efeito, a legis- por palavras da própria organi- eleiçons espanholas, da nacionalista de esquerda, à organizaçom independentista laçom eleitoral vigorante no zaçom política, "na única candi- direcçom da organizaçom nacio- Francisco Rodríguez deslegiti- catalá como castigo ao que se Estado espanhol estabelece que datura galega e de esquerda" nalista afirmou-se que o objecti- mou umha possível candidatura entende como 'aggiornamento' todas as forças que desejarem (em referência a que o naciona- vo de tal aliança é "avançar no com ERC afirmando que "nom progressivo. novas da galiza Maio 2004 notícias 5

Reintegracionismo começa a agir unido As datas do 17 de Maio e o 10 de Junho sustentam esta esperançosa unidade de acçom

A.V. na colaboraçom entre entidades sobre actos concretos podem oferecer em Compostela um Basco e os caminhos para o que outrora se mostravam reti- visitar-se as seguintes páginas magnífico programa de actos nas monolingüismo... Tudo acom- Parece que, por fim, o alvo da centes. web: www.mdl-galiza.org ou suas VI Jornadas da Língua. panhado de umha "Noite de acçom conjunta, sempre multi- O programa é ambicioso, con- www.agal-gz.org ou ainda ligar Cinema, exposiçons fotográfi- Abril" celebrada no dia 26 de plicadora de efeitos, está a ser templando actos em Compostela, para o telemóvel permanente do cas, documentários e palestras Abril no bar Tarasca, com poe- atingida aos poucos polos colec- Condado, Corunha, Límia, Lugo, MDL (609 309 780). para reflectir sobre temas de sia, fotografia, música e teatro. tivos reintegracionistas do País. Ourense, Ponte Vedra e Vigo. As actualidade, como a situaçom de No fim-de-semana seguinte, um Após um magnífico Fórum da actividades propostas abrangem Jornadas da Língua de marginalidade das favelas do roteiro polo Suído pujo fim a Língua, onde o MDL contou com todo o tipo de manifestaçons Compostela, mais e melhor Brasil, a situaçom ambiental na estas Jornadas, que fôrom um a participaçom activa da prática lúdicas e reivindicativas, de reci- Por outra lado, o MDL, Oureol e Galiza, as eivas da sociedade êxito -tanto de crítica como de totalidade dos colectivos lusistas tais poéticos a cortejos normali- Rádio Kalimero, conseguírom moderna, a educaçom no País público- difícil de superar. em activo, o seguinte plano de zadores que percorrerám as nos- acçom conjunta apresenta-se-nos sas ruas para galeguizar os seus como um projecto esperançoso, nomes. Nom faltará a música, o Reintegracionismo convoca inovador e vanguardista: a teatro, títeres, conferências, criaçom de umha temporada semana de cinema brasileiro, e a manifestaçom pola primeira vez activa das letras, unindo simboli- já tradicional Festa da Língua de camente as datas do 17 de Maio Ponte Vedra, organizada polo Novas da Galiza está entre os colectivos convocantes, reunidos sob o e do 10 de Junho (Dia de MDL, apoiada pola Cámara lema "Agora é Reintegracionsimo." Camões), tornou-se num projec- Municipal, e que também conta- to aglutinante de esforços que rá este ano com um 'book cros- Redacçom taçom, que partirá da Alameda unido, encetando com este acto visa perpetuar-se. E a ideia é tam sing' na cidade. compostelana às 12h, o movi- umha ambiciosa Temporada das simples quanto eficaz: este ano, Entre os colectivos implicados A boa saúde de que está a des- mento reintegracionista reapare- Letras que se prolongará até o os actos desenvolvidos por todos neste amplo programa coordena- frutar o reintegracionismo gale- ce no 17 de Maio como o único dia 10 de Junho e sobre a qual os colectivos culturais do ámbito do estám associaçons culturais go nos últimos anos parece ter a convocar um acto reivindicati- também encontrará infor- reintegracionista vam ser anun- como O Facho, Alto Minho, muito a ver com a manifestaçom vo em prol da língua nesta data maçons neste número do ciados e apresentados em con- Galeguiza, Gentalha do Pichel, que os principais grupos norma- assinalada, num momento histó- NOVAS DA GALIZA. Os orga- junto, no mesmo cartaz, nas mes- Revolta, Reviravolta, Auriense, lizadores do País convocárom rico em que a recente reforma nismos convocadores, para mas brochuras e com o mesmo Rádio Kalimero -Casa para a manhá do dia 16 de Maio, normativa parecia ter deixado o além do nosso periódico, som lema. É verdade que isso nom Encantada-, Juventude pola véspera do Dia das Letras reintegracionismo ainda mais AGAL, Alto Minho, Fundaçom significa que a organizaçom de Autodeterminaçom e a Galegas. Assim o entendem os isolado face ao segregacionismo Artábria, Associaçom Cultural cada acto esteja a ser conjunta, Associaçom Reinegracionista colectivos organizadores, entre lingüístico. Longe de ter sido Galeguiza, a Gentalha do mas o caminho percorrido nom Ene Agá, para além dos promo- os que se encontra NOVAS DA assim, o movimento normaliza- Pichel, MDL, a Reviravolta e a permite voltar atrás, e já está a tores iniciais da ideia, AGAL e GALIZA. Com esta manifes- dor mostra-se agora muito mais Revolta. desembocar, em actos concretos, MDL. Para mais informaçons Retomam greve em castromil perante Continuam em favor dumha o "incumprimento dos acordos" rádio livre para Trás-Ancos

Redacçom sextas-feiras. O sindicato CUT, Também se assinalou o tremen- Redacçom Alonso, o membro d'Os que lidera os protestos, infor- do zelo da Junta da Galiza na Cempés Óscar Fernández, os A tranqüilidade em Castromil mou que a falta de acordo com hora de velar por uns "serviços A associaçom cultural OPAI Funky Brewsters, Loom, os foi sol de pouca dura. a direcçom de Monbus eviden- mínimos claramente excessi- apresentou-se publicamente no ferrolanos Window Pane e a Terminada há menos de meio ciava a pretensom do grupo de vos". Vários porta-vozes sindi- passado dia 8 de Abril numha banda de rap IV Guerra ano a passada greve, cuja fina- Raul López de "destruir cais manifestárom, aliás, que festa em Ferrol sob a legenda Mundial. lizaçom tinha evidenciado as Castromil, outrora umha esta greve que afecta mais de "Conspirando por umha rádio Para conseguir pôr em anda- diferenças entre as centrais empresa modélica de transporte 20 000 pessoas, nom se fai con- livre". O colectivo continua a mento o projecto de Rádio nacionalistas CIG e CUT, o de viajantes na Galiza". Após o tra "mas a favor dos usuários e angariar apoios humanos e Filispim precisam de conseguir comité de empresa decidiu acordo alcançado depois da usuárias, de dia para dia mais materiais para fazer possível o financiamento para a emissora retomar as medidas de pressom. última greve, em Outubro de afectadas pola progressiva pre- projecto de rádio livre a médio e a antena, razom pola qual A greve está a atingir as comar- 2003, a CUT denuncia "incum- carizaçom da empresa". No prazo. estám a desenvolver diferentes cas das províncias da Corunha, primentos do pactuado, a elimi- fecho desta ediçom, a greve Na festa de apresentaçom actividades, como a ediçom de Ourense e Ponte Vedra, recor- naçom de empregos e do pró- mantinha-se com as posiçons actuárom numerosos artistas um CD com 17 formaçons tando-se os serviços todas as prio volume de trabalho". inalteradas. como o jovem cantor Miguel musicais da comarca. 6 notícias Maio 2004 novas da galiza

Sindicatos acudírom desunidos ao 1º de Maio Os actos centrais celebrárom-se em Ferrol, em apoio ao sector Naval

Redacçom rado" e "trabalho temporário, terro- rismo patronal". Nom faltou nesta Mais uma vez, o mundo sindical na reinvindicativa manifestaçom, a Galiza acode desunido ao chama- alusom à conflitividade por que mento do Dia da Classe operária. atravessa a empresa Castromil, Nas principais cidades galegas, mil- podendo ler-se noutro cartaz: "Nom hares de trabalhadores e trabalhado- à destruiçom de Castromil". ras percorrêrom as ruas sob palavras Por outro lado, as centrais sindicais de ordem relativas à precariedade de ámbito estatal espanhol, UGT e laboral, ao pleno emprego, ou recla- CC.OO., reunírom perto de 4000 mando atençom sobre os conflitos pessoas sob o lema "Constituiçom em empresas, principalmente do europeia para a paz, o pleno empre- ramo naval, têxtil ou dos transpor- go e o bem-estar. Nom ao tes. Terrorismo". Na manifestaçom Assim, em Vigo, três manifestaçons insistiu-se na necessidade de a futu- diferentes terminárom na Porta do ra constituiçom europeia vir a ter Sol. A mais numerosa foi a convo- um conteúdo social avançado. cada pola CIG com cerca de 10 000 pessoas, sob o lema "contra a preca- Actos centrais em Ferrol riedade, mais e melhor emprego". Mas os actos centrais das princi- Animada por um ambiente festivo, pais forças sindicais foram transfe- com música e cançons, a marcha ridos neste ano para a cidade ferro- ta. Nom faltárom referências à Também apoiou incondicional- deu ênfase, nomeadamente, à recla- lana, dada a actual situaçom de mudança da cor política no mente, nesta jornada, o quadro de maçom de convençons laborais precariedade do ramo naval nesta Governo do Estado e à necessidade ASTAFERSA, que está em luta galegas, mais emprego e mais sobe- zona. Nom foi possível, apesar das de se manterem as mobilizaçons contra o seu patrom, Juan rania. À cabeça da manifestaçom tentativas, que os três sindicatos, para pressionar o novo governo do Fernández, líder dos caminhavam Beiras, Castrilho e a polo menos em Ferrol, acudissem PSOE, cuja etapa "felipista" lem- Independentes por Ferrol. deputada Olaia Fernández. unidos sob um mesmo lema. brou como sendo de reconversom Nas outras cidades galegas a parti- A manifestaçom mais madrugadora A manifestaçom da CIG, com cerca brutal e políticas neoliberais. cipaçom nas manifestaçons foi foi a da CUT e CGT, em que cerca de mil pessoas, contou com a pre- Por sua vez, também na comarca menos numerosa, mas nem por de duas mil pessoas marchárom sença destacada de trabalhadores de Trás-Ancos, cumpre destacar a isso menos reivindicativas. Na pola cidade olívica. Atrás de um das empresas Texmin, Astafersa e postura de NOS-UP de participar Corunha, Ourense e Compostela, cartaz em que se lia: "pola paz e a Localia, que atravessam por umha nas manifestaçons convocadas, a divisom sindical foi também justiça social", os participantes profunda crise. O secretário Geral sem deixar de criticar as "inco- manifesta. Em Compostela, para berrárom palavras de ordem como da CIG, Jesus Seixo, fijo finca-pé erências da CIG" e a "manipu- além das duas manifestaçons de "Europa social e nom do capital", na crise do sector naval que afecta laçom das organizaçons sindicais UGT-CC.OO e CIG, vários centos "reforma laboral, traiçom sindical", a comarca, tam castigada já desde a por parte das organizaçons políti- de pessoas respondêrom à convo- "operário despedido, patrom pendu- reconversom naval dos anos oiten- cas que as hegemonizam". catória da CNT. Nunca Mais convoca Fórum da Verdade como comissom de investigaçom própria Celebra-se na Corunha e Ponte Vedra com diferentes mesas e comunicaçons sobre o acontecido com o Prestigeacontecido com o Prestige

Redacçom A mesa do sector piscatório, a Molecular do Cancro no Instituto de civil que estará simbolizada comissom jurídica, a mesa dos Municipal de Investigaçom nos pratrons maiores que na altura Após ano e meio da catástrofe do meios de comunicaçom e o "reci- Médica de Barcelona e Professor estivérom em greve de fome, nas Prestige, a Plataforma Nunca tal das verdades" é o programa titular da Universidade Autónoma redeiras, nas cozinheiras que aten- Mais convocou o Fórum da que será desenvolvido em Ponte de Barcelona. À tarde, o debate diam o voluntariado, no próprio Verdade. Esta nova convocatória Vedra. A programaçom da vai tratar das repercussons socioe- voluntariado, nos marinheiros e do Fórum vai ocorrer em Ponte Corunha começa no sábado 29 de conómicas, com três relatórios nas crianças que participárom Vedra, no Paço da Cultura, nos Maio às dez da manhá com umha apresentados por diferentes eco- naquela espectacular corrente dias 15 e 16 de Maio e ainda no mesa sobre "segurança marítima" nomistas, para analisar os recursos humana. Entre as actividades Paço de Marinhám, na Corunha, em que participarám Tomás piscatórios e o impacto da maré cumpre salientar a projecçom de durante os dias 29 e 30 deste mês. Rodríguez, Presidente da negra. Os movimentos sociais e a um vídeo da Confraria de Ogrove O Fórum da Verdade é concebido Associaçom de Chefes e Oficiais resposta dada pola sociedade gale- a homenagear os voluntários e as como umha comissom de investi- de Máquinas Navais da Galiza, ga terám um protagonismo espe- voluntárias. Ao meio dia e meia gaçom própria desta plataforma Felipe Louzán, Capitám da cial na Corunha. Assim, numha do domingo celebrará-se a con- cidadá, e nele vam comparecer, Marinha, e Antón Salgado, oficial participarám Uxia Senlle, Xesus ferência de encerramento em que para além dos sectores mais afec- radioeléctrico da Marinha Ron, José Luís Castro Baleto, os coordenadores e coordenadoras tados pola catástrofe, pessoas liga- Mercante. A jornada continuará Xosé Sánchez Blázquez, vice-pre- de cada mesa se encarregarám de das ao campo artístico, literário, com umha mesa sobre "saúde e sidente da Confederaçom Galega expor as conclusons de todas as jornalístico, actores e actrizes, e Prestige" em que participam inte- de Associaçons Vicinais e Ramom mesas celebradas neste Fórum, ainda "aquele movimento das pes- grantes da Plataforma de Pessoal Chao, que reflectirá acerca dos tanto em Ponte Vedra como na soas que de diferentes áreas tra- Sanitário da Associaçom movimentos sociais no actual con- Corunha. O escritor Manuel Rivas balhamos em todo o que tem a ver Espanhola de Toxicologia e texto europeu e mundial. Para a será o encarregado de pôr o ponto com a catástrofe do Prestige", Miguel Porta, coordenador do jornada do domingo deixou-se o final a esta nova convocatória do compostela segundo apontam na Plataforma. Grupo de Epidemiologia Clínica e acto de reconhecimento à socieda- Fórum da Verdade. novas da galiza Maio 2004 reportagem 7

reportagem

Cidade da Cultura da Galiza, o mausoléu como negócio

Um projecto de cultura-espectáculo mediante grandes contentores sem conteúdos definidos

Na Galiza do betom, do "feísmo", das irrompeu como a brilhante proposta de "fim de na primeira fileira de umha obra que há de auto-estradas e do AVE que nom chega, umha carreira" que Manuel Fraga desenhou no seu consumar um projecto que consagra a obra muito particular tem elevado umha ruidosa pôr-do-sol político e biológico. Tratava-se de ostentaçom e o luxo, a vontade de espectáculo e polémica acima de todo o resto. Prestes a se deixar umha profunda pegada, de calar com os o regionalismo cultural. A maciça oposiçom da consumar sobre a desfeita do que tinha sido um factos toda a oposiçom -a institucional até- e, sociedade galega nom evitou, porém, que o dos emblemáticos montes que rodeiam sobretudo, de fechar velhas e sólidas alianças: protesto activo fosse protagonizado só por Compostela e um dos últimos espaços agrários poderosos grupos financeiros e empresariais pequenos sectores e que a voz da vizinhança da capital galega, a chamada Cidade da Cultura aparecem já perfeitamente nítidos como actores afectada nom superasse a censura mediática.

José Manuel Lopes contra a tentaçom de conceber só riedade polo seu papel protago- o uso turístico do património nista na obra projectada: A primeira notícia que se tivo de através da utilizaçom de grandes começou por nom respeitar as um projecto de concentraçom de contentores culturais sem conteú- bases do concurso, enviando um serviços culturais, por empregar- dos definidos. texto em inglês -embora teorica- mos a terminologia oficial, data mente só fossem admitidos o de finais do ano 1997. Na altura, Procedimento irregular galego e o espanhol- e continuou um Fraga ainda duramente abala- O que estava em questom nom a manifestar, os dias prévios às do por um processo eleitoral que era dar informaçons concretas de eleiçons autonómicas de Outubro confirmara o vertiginoso avanço mais, porque todas as infor- de 2001, que as obras se paralisa- nacionalista, dedicou o seu dis- maçons de que dispomos apon- riam se Manuel Fraga nom repe- curso de investidura no parla- tam que nom havia demasiadas tisse como presidente da Junta. mento autonómico a avançar, ideias. Para além de erigir um sem dados mais precisos, a ideia grande parque temático da cultu- Conteúdos: concretizaçom de um futuro espaço para a cultu- ra galega a escassos quilómetros do espectáculo ra que havia de pasmar próprios e do maior centro de concentraçom Com a passagem do tempo os estranhos. A partir de entom, a turística da nossa naçom, a Praça responsáveis pola Junta dam a combinaçom da ideia de grande- do Obradoiro, Pérez Varela resu- conhecer parte dos conteúdos za (física e orçamentária, e nom mia o sentido profundo da obra concretos que albergará esta obra propriamente cultural) de que projectada com a frase: "os gale- magna e, mais importante ainda, tanto gosta o PP galego com um gos temos que fazer peito". A o sentido concreto que se escon- procedimento opaco e obscuran- indefiniçom dos conteúdos era a de atrás de umha das mais fabu- tista acompanhou todo o proces- carência mais gritante que carac- losas mostras de investimento so. A oposiçom parlamentar nom terizava o projecto nos seus pri- público na Galiza. Tratava-se de obtivo por parte da presidência meiros passos, como insistiam construir sobre o lombo do Gaiás informaçom de primeira mao, em assinalar umha e outra vez um museu de história, duas limitando-se a acumulá-la por destacados representantes do bibliotecas e umha hemeroteca, conta própria e a aguardar notí- Bloco Nacionalista Galego no um centro audiovisual galego, cias mais concretas. A vizinhança Paço do Hórreo. De facto, e um auditório, um teatro da ópera, do bairro do Viso, umha das perante a insistência da Junta a umha sonoteca e um chamado zonas urbanas onde a idiossincra- clamar pola necessidade de ser- "bosque autóctone". A enxurrada sia rural é ainda notável, tampou- viços culturais em Compostela, a de projectos concentrados neste “Fundaçom Cidade da Cultura da Galiza” acolhe entidades como Caixa Galiza, Caixanova co conhecia ao pormenor o que ia organizaçom nacionalista recla- e Telefónica. Nom se descarta a entrada de transnacionais como Siemens ou Philips monte compostelano e a atractiva acontecer com essa parte de um mou a imediata posta em anda- exibiçom de poderio cultural terreno de mais de 70 000 m2 que mento nesta cidade do conserva- concurso de ideias estava a ser contrastárom, ainda, com um lhe pertencia e era utilizada como tório de música, da escola dramá- arranjado para a concessom do outro tipo de valorizaçons chega- fonte de sustento. Os agentes cul- tica galega e de um ambicioso desenho arquitectónico da das paradoxalmente do mesmo turais galegos, na suas variadas plano de reabilitaçom do patri- Relatório Galiza Cidade da Cultura, era mais um lado dos impulsionadores do pro- manifestaçons, tampouco fôrom mónio. Mas nom só se tratava de 2010 mostrou-se exemplo de marginalizaçom da jecto. O historiador X.R. Barreiro convocados a qualquer reuniom ausência de definiçom. O partido Corunha. Com efeito, um tribu- Fernández, presidente da Real informativa sobre um espaço, governante na Junta insistiu crítico com os ámbitos nal composto por vários profis- Academia Galega e representante dizia-se, em que haviam de ser os numha outra marca da casa que que a Cidade da sionais da arquitectura e destaca- egrégio do oficialismo cultural verdadeiros protagonistas. E nom define a sua gestom: umha opaci- dos responsáveis políticos, entre galego (conhecido espanhol- lhe faltavam ideias e sugestons dade continuada que tam-só se Cultura pretende os quais Manuel Fraga, Pérez falante que até tem defendido ao que de certeza é um dos secto- rompeu pola desavença frustrada Varela e Sánchez Bugalho conce- Francisco Vázquez ao lhe restar res mais vivos e críticos da nossa de Francisco Vázquez. O presi- revitalizar em diam a obra ao arquitecto estado- gravidade aos seus arroubos con- sociedade: o "Fórum da Cultura dente da cámara corunhesa fijo formato concentrado unidense Peter Eisenman. Para tra o idioma) nom demorou a Galega", que se tinha reunido em público perante os meios de além da sua reconhecida fama manifestar que lhe parecia umha Agosto de 2000, alertava contra o comunicaçom, aguilhoado polo internacional, este arquitecto aca- obra perniciosa e excessiva. O trauma da cultura-espectáculo e seu localismo, que um grande baria por ganhar ainda mais noto- conhecido Relatório Galiza 2010, 8 reportagem Maio 2004 novas da galiza

um estudo prospectivo elaborado seguinte, com umha ilustrativa por diferentes especialistas sobre comparaçom: "acontece o mesmo cada campo de actuaçom, fazia que em qualquer economia umha diagnose terrivelmente críti- doméstica: com certeza qualifica- ca sobre o estado da cultura gale- ríamos de insensata a pessoa que ga ao longo da nossa geografia: tivesse três vídeos e quatro tele- índices mínimos na aquisiçom de visores na sua morada e nom livros face a outras zonas do tivesse água corrente ou aqueci- Estado, ausência de umha rede mento num país como o nosso. bibliotecária pública que atinja a Pois transfiramos este esquema totalidade dos núcleos de popu- ao dos orçamentos públicos, que laçom, falta de incentivos fiscais ainda necessitam mais desta polí- para o uso e promoçom do galego, tica: em primeiro lugar, devemos deficiências profundas nas infra- atender o que há, sem adiarmos a estruturas de catalogaçom e docu- realizaçom, quando for necessá- mentaçom do património, nulida- ria, de novas infra-estruturas". de na política de formaçom e qua- Contudo, a maior concreçom do lificaçom do pessoal restaurador... projecto que incubava a Junta da o relatório, crítico Galiza nom foi resul- com todos e cada um tado do enquadra- dos ámbitos que a mento traçado por Cidade da Cultura Peter Peter Eisenman nem Mais da metade dos 700 000 m2 de extensom do Gaiás pertenciam à Caixa Galiza pretende revitalizar da distribuiçom físi- em formato concen- Eisenman foi ca de cada um dos do PSOE Francisco Candela, que Galiza", sita no Hospital de Sam Guggenheim era só "umha trado, foi encomen- muito claro prédios do macro- tem equiparado orgulhosa e publi- Roque do centro de Compostela, avançada do colonialismo for- dado às caixas de complexo. Foi o con- camente a Zona Velha da nossa acolhe entidades como Caixa mal norte-americano". Longe de poupança, responsa- ao seu jeito: selheiro da cultura capital com "um autêntico parque Galiza, Caixanova e Telefónica, e identificaçons com o seu país de bilizadas pola sua Jesús Pérez Varela temático". Talvez esta acabada por enquanto nom se descarta a origem, Peter Eisenman foi, no publicaçom. Apesar “a Cidade da quem insistiu umha e definiçom dos objectivos, em con- entrada no Patronato de transna- entanto, muito claro ao seu jeito: da conhecida e explí- outra vez na ligaçom fronto com a imprecisom dos pro- cionais como Siemens ou Philips, "a Cidade da Cultura, como o cita vinculaçom dos Cultura, como que tem a própria jectos culturais a promover, sirva que terám capacidade para decidir museu Guggenheim em Bilbau, grandes poderes eco- o Guggenheim, obra com umha pla- para entender a arriscada aposta sobre os conteúdos e actividades será um símbolo da Espanha no nómicos galegos nificaçom global no económica da Junta: dos iniciais do complexo. mundo". com o projecto polí- será um que diz respeito à 18 000 milhons das antigas pese- Umha obra de filosofia muito tico da direita espan- economia e à cultura tas a investir no macrocomplexo - semelhante, mas neste caso geri- Pretexto para devolver favores hola mais dura, as símbolo da galegas. Para este o BNG insistiu logo no início em da por umha fundaçom através Mas as decisons com maior rele- conclusons que ava- dirigente do PP, que que a quantidade ultrapassaria o de umha franquia e com menor váncia económica de algumha lizavam esse relató- Espanha no passou de adepto montante oficial- o governo auto- carga fiscal para o governo auto- maneira ligadas à Cidade da rio bem poderiam entusiasta do golpis- nómico chegou a reconhecer que nómico -o Guggenheim bilbaí- Cultura nom se encontram apenas coincidir com as crí- mundo” mo no 23-F, quando o investimento andaria por volta no- foi umha e outra vez compa- na gestom do seu Patronato. A ticas chegadas da era jornalista, a dos 80 000 milhons. Ficam ainda rada com o projecto de Peter escolha do terreno para situar as própria oposiçom agente promocional por concretizar as despesas que Einsenman quanto ao que partil- obras nom foi inocente, porquanto institucional. A deputada Pilar do nosso património, este "navio originará o mantimento das insta- ham de sintoma de certo fenó- mais da metade dos 700 000 m2 Garcia Negro destacava a escas- almirante da cultura galega" foi laçons e a organizaçom das activi- meno cultural em duas naçons de extensom do Gaiás pertenciam sez de meios da infra-estrutura pensado como centro aglutinante dades, que o membro do PSOE sem Estado. Homologáveis som à Caixa Galiza. Ainda que a Junta cultural galega e manifestava a de serviços "porque os relatórios Antón Louro avaliou em mais de as obras, como homologáveis nom fizesse nunca nenhuma sua rejeiçom ao esbajamento pro- técnicos aconselhárom a fazê-lo 5000 milhons de pesetas por ano. podiam ser, salvando todas as declaraçom pública em relaçom pagandístico de recursos. Para a assim, à procura de umha maior Com efeito, a pura generosidade diferenças, as críticas que mere- ao que parecia umha evidente ex-parlamentar, umha biblioteca repercussom económica". Nom se nom poderá carregar com semel- ceu por parte de certas vozes operaçom político-económica nacional galega, umha hemerote- trataria tanto de melhorar as hante nível de gasto. Mesmo tra- autorizadas: o arquitecto galego com a entidade de José Luís ca nacional galega, novos museus dotaçons culturais da Galiza como tando-se de umha intervençom César Portela pujo em causa que Méndez, aproveitando a "cultura" de arte contemporánea ou qual- de erigir a Cidade num "pólo de pública, a iniciativa privada nom "um arquitecto à distáncia seja o como pretexto, era sobejamente quer tipo de inovaçom som per- atracçom em si próprio, ao nível vai ficar nem muito menos à mar- mais acertado para a Cidade da conhecido que assistíamos ao pri- feitamente factíveis partindo do de Paris, Praga ou Berlim". Estas gem da gestom e orientaçom do Cultura da Galiza". O artista meiro capítulo de umha operaçom que já existe. A dirigente nacio- declaraçons, complementam-se futuro complexo. A chamada basco Agustín Ibarrola, por seu de relativa transcendência, desti- nalista acrescentava ainda o perfeitamente com as do vereador "Fundaçom Cidade da Cultura da turno, afirmou que o nada a se consumar com umha novas da galiza Maio 2004 reportagem 9

aproximaçom obscena do PP e da construtor. Perguntado polos Mais recentemente, em plena crise entidade financeira. Com efeito, enormes fundos que o Plano nacional do Prestige, activistas de um ano depois da cessom dos 406 Galiza dedica à promoçom turís- NÓS-UP pintárom de preto parte 000 m2 à administraçom autonó- tica - quase o triplo do que dedi- da fachada do prédio da mica por meio de umha con- ca a potencializar os sectores pro- Fundaçom Cidade da Cultura para vençom em condiçons vantajosas dutivos -, manifestou ser esta reivindicarem que o orçamento da para esta, umha polémica decisom "umha excelente notícia". obra se destinasse a combater as da Junta acabava por se tornar marés negras. pública: no processo de privati- Oposiçom fragmentária Porém, o tecto mediático foi zaçom da Empresa Nacional de e contundente atingido em 2001: no mês de Celuloses em 2001, o importante A oposiçom de certos sectores da Novembro, umha sabotagem grupo de pressom florestal forma- sociedade e o tecido associativo e com vários artefactos incendiá- do por Sonae, Banco Pastor, político desinchou-se por razons rios de fabricaçom caseira, reti- Foresgal e Silvanus ficava fora de diversas à medida que as obras rados dos camions antes de jogo ao adquirir 24,9% do capital avançavam (o seu final teórico explodirem, voltou a situar o da papeleira o grupo Caixa devia situar-se em 2003). O projecto como manchete de Galiza-Banco Saragoçano- mundo da cultura nom saiu à rua actualidade. Umha comunicaçom Bankinter. Tampouco Fraga nem exteriorizou o seu desconten- anónima atribuiu a autoria a gru- Iribarne andou com demasiadas tamento além dos canais habi- pos independentistas, facto que a voltas, porventura iludido com um tuais, revistas especializadas ou delegaçom do governo espanhol complexo cultural que eternizará Dos iniciais 18 000 milhons das antigas pesetas a investir no macrocomplexo, o governo manifestos, e o nascimento de confirmou tempo depois. autonómico chegou a reconhecer que o investimento andaria por volta dos 80 000 milhons o seu nome e a sua tradiçom polí- Burla Negra nom inverteu a Pequenas e nem sempre comuni- tica, quando concedeu à caixa ra. Nom surpreendeu ninguém que também das obras do porto exte- tendência. Tam-só umha asso- cadas oposiçons continuárom a corunhesa a medalha de ouro da a concessom da obra, feita através rior de Ferrol (que, como já ciaçom cultural local, "O confluir ou a confundir-se ao Galiza. Entre os méritos valoriza- de concurso público, recaísse denunciou NOVAS DA GALIZA, Pedroso", organizou palestras e longo do processo: a vizinhança dos estava, como afirmou o presi- numha aliança pontual de empre- está a destruir ilegalmente umha roteiros contra a construçom do que acabou por perder as suas dente da Junta, o de "ter cedido os sas entre Construçons Paraño S.A. área incluída na Rede Natura Gaiás. O BNG, por sua vez, aderiu terras de lavoura polo processo terrenos dos quais é proprietária e NECSO. A primei- 2000). Umha outra ao "apoio crítico" do PSOE umha de expropriaçom forçosa recorrê- no monte Gaiás (Santiago de ra, com sede em divisom de Acciona vez que o governo municipal rom à advogacia. As queixas apa- Compostela) onde se empreenderá Ourense e habitual projecta a cons- levou o nacionalismo autonomista recêrom entrecortadas nas pági- a construçom da Cidade da das obras licitadas A operaçom truçom de quatro a assinar com Sánchez Bugalho a nas d'El Correo Gallego. A opo- Cultura da Galiza". pola Junta, fora parques eólicos na reivindicaçom de um complexo siçom nom prosperou e muitos Também nom podemos desconsi- denunciada há pouco económica do província de Lugo, cultural para a cidade de Santiago. lembram com pesar o tempo em derar as preferências económicas mais de um ano por enquadrados no A possível indefiniçom quebrou que o prado se estendia pola aba de um arquitecto, Peter Nunca Mais Carnota Gaiás é a Plano de Energia quando Encarna Otero assistiu ao sul do monte ou em que ainda Eisenmann, que demonstrou em por trabalhar nas tare- Eólica 2004, sob a acto de colocaçom da primeira havia vacas no lugar. Alguns mais de umha ocasiom o seu gosto fas de limpeza do ponta do direcçom da Junta pedra em companhia de autorida- recordam o barulho de certas polo protagonismo: a ele se deve, piche, junto a Tragsa, da Galiza. des religiosas, militares e políti- noites, quando as pressas da segundo algumhas fontes, a sem a mínima consi- icebergue de Se dermos atençom cas. Nesse mesmo dia, um cordom Junta obrigárom a meter a eleiçom de Soluziona -filial de deraçom polo meio umha aliança à letra pequena, policial mantinha afastado o pro- maquinaria de noite e a trabalhar FENOSA dedicada aos serviços- natural nem pola veremos que a apa- testo dos fastos: umha concen- todas as madrugadas. Outros como empresa encarregada do saúde dos trabalhado- tácita entre os rente distáncia entre traçom da Assembleia Popular da ainda podem ensinar as fendas desenho e direcçom da obra. res e trabalhadoras. os propósitos turis- Comarca de Compostela, antece- que aparecêrom nas suas mora- Neste cenário tam previsível, e em Quanto a NECSO, poderes tificadores que dente compostelano de NÓS- das nos primeiros momentos da absoluto oculto, nom podiam fal- trata-se da divisom de Pérez Varela ideia Unidade Popular. A organizaçom obra, produto das explosons que tar aqueles que estám a demons- construçom do gigan- económicos e através da Cidade política independentista protago- destripárom o monte. O Viso e o trar ser os mais sólidos aliados do te empresarial políticos da da Cultura e o boom nizou umha oposiçom mais sim- Sar, dous dos bairros mais esque- PP dentro dos grandes capitalistas, Acciona, e está a ser construtivo destes bólica do que relevante, mas que cidos polos sucessivos governos ansiosos por consumar esse Plano umha das empresas Galiza anos nom é tal. A em qualquer caso pretendia repre- municipais, com défices no Galiza que tam destacada pre- mais beneficiadas operaçom económi- sentar a vizinhança afectada e esse transporte público, na ilumi- sença lhe cede. Os grandes gigan- polo Plano Galiza e o ca do Gaiás é a 59% de compostelanos e compos- nação ou no firme das ruas, tes da construçom som, como é novo desenvolvimen- ponta do icebergue telanas que nom viam necessária a aguardam como vertiginosamen- óbvio, actores principais num pro- to agressivo que os sucessivos de umha aliança tácita, como obra. Umha assembleia de vizin- te tudo isto se tornará decente, jecto que precisou, antes de mais, governos espanhóis ensaiam na reconheceu nom há muito hos e vizinhas, propaganda e agi- embora artificial e forçosamente, de destruir todo um monte para Galiza em matéria de infra-estru- Antonio Fontenla, presidente da taçom contra a obra caracterizá- quando as vagas de turistas instalar o grande parque da cultu- turas. Hoje em dia, encarrega-se patronal galega e ele próprio rom os primeiros meses de 2001. começarem a invadir o Gaiás.

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Dirigentes do PP galego querem recuperar Cuinha para suceder Fraga

Relatórios dos presidentes do PP de Ourense e Lugo proponhem cacique de Lalim para a vice-presidência

O último encerramento dos Conselheiros da Junta depois do dia 13 de Junho, data das eleiçons de devolvê-lo à actividade política. Os dirigentes da Galiza com Manuel Fraga, celebrado nesta europeias. Manuel Fraga também encarregou a populares em Ourense e Lugo propugérom Páscoa no Parador de Monforte de Lemos, tivo dirigentes do PP e aos seus conselheiros que ela- Cuinha também para a sucessom de Manuel como notícia mais transcendente a comunicaçom borassem relatórios com os nomes do seu suces- Fraga. Boa parte do partido em Ponte Vedra, interna do Presidente da Junta ao seu governo de sor. Ainda, o presidente da Junta e presidente do sobretudo tendo em conta o fracasso eleitoral do que nom se apresentará às próximas eleiçons PP na Galiza anunciou que criaria duas vice-pre- 14-M, atreveu-se a manifestar que "José Cuinha autonómicas. Este anúncio leva implícito o com- sidências. Umha delas seria, segundo fontes do já pagou a sua dívida, soubo estar calado e os promisso do PP de nom falar desta questom até próprio partido, para José Cuinha Crespo, a fim silêncios e a lealdade em política pagam-se".

Manuel Salgueiro Ponte Vedra e Lugo insistem na injustiça cometida com o filho O Partido Popular iniciou já os do Moleiro -como gosta Cuinha preparativos para a sucessom de de se chamar a si próprio- e Manuel Fraga, que tivo de ser entende que a dívida foi sufi- paralisada em várias ocasions. O cientemente paga com o silên- primeiro braço-de-ferro foi a cio mantido por quem tinha sido Convençom que se celebrou a 15 o eterno aspirante à sucessom de Maio, em que José Manuel de Manuel Fraga Iribarne. Barreiro e Alberto Nuñez Feijoó Cuinha calou, esperou e entre os apresentárom as comunicaçons populares vincou a ideia de que mais esclarecedoras do encontro. "já pagou". Muitos dirigentes do O segundo grande passo, com a PP galego recordam agora que estratégia perfeitamente desenha- Mariano Rajoy está na opo- da e a executiva remodelada, vai siçom em Madrid. Um fracasso dar-se após as eleiçons europeias. eleitoral que para alguns Dous movimentos de Manuel "desautoriza Mariano para Fraga voltavam nestas últimas impor sucessor". semanas a levantar a poeira polí- tica do Partido Popular, adorme- Dirigentes querem cida durante as eleiçons espanho- regresso de Cuinha las. Primeiro, Fraga anunciava no Rivas Fontán, de Ponte-Vedra, tradicional "retiro" do governo, dizia para quem o quigesse Fraga encarregou a elementos destacados do partido relatórios "francos" sobre quem e porquê poderia vir a sucedê-lo Arquivo neste ano celebrado em ouvir o que muitos pensam no Monforte, que nom se candidata- PP mas poucos se atrevem a o seu filho José Manuel Baltar e com a surpresa eleitoral e o Eleiçons autonómicas ria à reeleiçom. Ao mesmo dizer a viva voz: "Fraga já nom quatro parlamentares populares Secretário Geral do PP na opo- As eleiçons autonómicas som em tempo, encarregava a elementos serve, vai velho". Agustim ourensanos um protesto perante siçom começam-se a sentir os Outubro de 2005. Até depois das destacados do partido relatórios Baamonde, presidente popular Fraga pola perda de "galeguida- movimentos políticos para as Europeias, em Junho próximo, "francos" sobre quem e porquê da Cámara Municipal de de" do Partido Popular na Galiza diferentes fracçons populares se nom haverá movimentos públi- poderia vir a sucedê-lo. Em Vilalva, a localidade natal de e em apoio de Cuinha Crespo. cos no Partido Popular. Mas a Monforte, o presidente da Junta, Fraga, manifestou abertamente Baltar Pumar indicou naquele estratégia já está definida a estas anunciou também que nomearia que "no PP as luzes vermelhas momento: "Na mente de todos os alturas do campeonato. O "duas vice-presidências". estám acesas". O Secretário de militantes está que voltará a che- Num relatório que Presidente da Deputaçom de Posteriormente, logo após umha Organizaçom no PP de Ourense, gar o momento de Cuinha". Foi o Lugo, Francisco Cacharro indica- das reunions do Conselho da José Manuel Baltar Blanco momento em que a fracçom do acabou na mesa va recentemente que "o processo Junta, dizia perante os meios de pedia "reflexom e galeguismo PP conhecida por "os da boina" de sucessom deve ficar claro no comunicaçom "que com probabi- para sair da epilepsia política considerárom que os tempos para da Presidência, próximo congresso". Umha cita lidade nomearia um vice-presi- em que está metido o partido". Cuinha eram chegados. No rela- elaborado por que o PP terá antes do fim do dente". Destacados membros da Foi entom também, após as tório que acabou na mesa da ano. executiva estám confiantes de eleiçons espanholas, quando Presidência, elaborado polos pre- altos cargos do Um dos nomes mais citados nos que umha delas "há de ser para José Luis Baltar, presidente do sidentes de Ourense e da Partido Popular últimos tempos som o de Alberto Cuinha, cumpre recuperar a sua PP de Ourense indicou que ele Deputaçom de Lugo e ainda por Nunes Feijoo, Conselheiro da imagem, já pagou". "nom se movia". Todos os olha- alguns cargos políticos de Ponte de Galiza, o nome Política Territorial e substituto de As conjecturas voltavam com res se voltárom entom de novo Vedra o nome proposto é o de José Cuinha Crespo. No entanto, força ao Partido Popular, e as para Lalim. José Cuinha José Cuinha Crespo. proposto é o de José as possibilidades do ouresano velhas aspiraçons de alguns e as Crespo, o eterno delfim de Cuinha Crespo som mínimas por nom contar novas de outros começavam a Manuel Fraga até aquele mês de Fraga ordena silêncio com os apoios necessários dentro tentar ganhar posiçons dentro Janeiro de 2003, quando o Manuel Fraga Iribarne tinha dado do partido. Nunes Feijoó chegou do partido do governo na Conselheiro foi defenestrado no Partido Popular a consigna de à Conselharia da Política Comunidade Autónoma Galega. politicamente por causa da nom se falar da sucessom até posicionarem. Umha corrente Territorial após ter passado por José Luís Baltar e Francisco venda de material das empresas depois das eleiçons e até que popular quer devolver Cuinha Madrid, onde presidia os Cacharro querem recuperar José familiares para a recolhida do Mariano Rajoy fosse presidente para a cena política galega. Correios, e chegou com o apoio Cuinha Crespo para suceder piche do Prestige., voltou às do governo Espanhol. Rajoy diri- Umha corrente encabeçada por do presidente da cámara ourensa- Manuel Fraga. O político de palestras políticas. gia "pessoalmente" da rua aqueles deputados que no pior na Manuel Cabezas, de José Lalim conta com apoio suficien- Em Março de 2003, José Luis Génova, segundo apontam fontes momento do ex-conselheiro o Manuel Romay Beccaria e ainda te, sobretudo no rural galego. Baltar já tinha esclarecido a sua do PP, a sucessom de Manuel apoiárom e se fizérom chamar "o da própria política desenhada na Os dirigentes do PP de Ourense, posiçom, após ter protagonizado Fraga. Após o dia 14 de Março, grupo de Ourense". rua Génova. Foi empregado polo novas da galiza Maio 2004 reportagem 11

Cronologia

1993. Cuinha, sendo já conselheiro, retoma a amizade com Jorge Esparza, cúmplice e testa-de-ferro de Roldán. Naquele momento, Esparza exerce de alto cargo executivo de Huarte, a empresa que ganhou a licitaçom para construir o Hospital Clínico de Santiago. Começa a especular-se com as comissons recebidas por Cuinha pola realizaçom desta obra.

1994. INASUS factura quase 1000 milhons de pesetas em empreitadas para obras da Junta.

1995. As empresas de Cuinha Inasus, Metaldeza e Pumade passam do registo de Morosos do Banco de Espanha em 1989 a ser as quintas no estado em fabricaçom de fachadas.

1999. Confronto entre o empresário afim ao PP Martínez Ninguém dá por perdido José Cuinha Crespo e os dirigentes estám Arquivo Nunhez e José Cuinha dispostos a recuperá-lo para a acçom e o protagonismo político partido em Madrid para romper, a caso do ex-vice-presidente da 1999-2000. As empresas da família Cuinha recebem 250 favor da maquinaria central do Junta José Luis Barreiro Rivas, milhos de pesetas em subsídios a fundo perdido. O partido, a luta contra os chamados que indicou que "Palmou é o can- Ministério da Economia contribui com 180 milhons e a "da boina", entre os que se encon- didato melhor situado". Corre o Junta, através do IGAPE, com 70 milhons de pesetas. As trava o próprio Cuinha, José Luis tempo também contra o consel- beneficiárias som as sociedades mercantis INASUS, Ibérica Baltar, presidente do PP ourensa- heiro do Ambiente pois a apresen- de Conformados e Pumade. no (que continua a ser um dos taçom perante a sociedade galega grandes feudos de voto do parti- começa a ter pressa, e unicamente 2000. A Guarda Civil investiga a tentativa de assassinato do do) e Francisco Cacharro Pardo, há um ano de tempo para fazer conselheiro. O sicário contratado por Martínez Nunes, presidente da Deputaçom em esse trabalho. Wolfrang Pérez, para sabotar empresas da sua competência Lugo. Se se produzisse pois o no Berzo, relacionado também com a tentativa de assassi- nomeamento de Nunes Feijoó Queda de um conselheiro, nato de Cuinha, aparece morto. como vice-presidente poderia pro- promoçom de um vice-presidente duzir-se dentro do PP galego Ninguém dá por perdido José 06/2000. A viuva de Wolfrang Perez apresenta manuscritos que umha profunda crise. Isso apesar Cuinha Crespo e os dirigentes implicam o seu homem na trama contra o Conselheiro e decla- de que Nunes Feijoo protagoni- estám dispostos a recuperá-lo ra: "o meu marido morreu por nom ter querido matar Cuinha". zou a maioria das inauguraçons para a acçom e o protagonismo produzidas nos últimos anos, por político. De Monforte saiu a 09/2001. O jornalista Manuel Rico denuncia a violaçom da estar muito ligado à figura do ex- informaçom de que polo menos Lei de Incompatibilidades. O conselheiro possui 16% das ministro Álvarez será vice-presidente. acçons do grupo empresarial familiar que factura 48 mil- Cascos, e nomeada- Contra o ex-consel- hons de euros por ano. mente por ser a heiro figuram os cabeça visível da As informaçons escándalos protago- 16/01/03. Cuinha é demitido após comprovar-se que empresas conselharia mais nizados com as suas da sua propriedade vendêrom material para recolher piche do investidora. que acusavam empresas familiares, Prestige. Os dirigentes populares culpam Xesús Palmou, O actual Conselheiro o conselheiro o incumprimento da Secretário Geral do Partido na Galiza de ter "atraiçoado" do Ambiente e Lei de Cuinha e de "se ter submetido aos ditados do PP de Madrid". Presidente do e a presumível Compatibilidade. Os Partido Popular em escándalos de venda 17/01/03. As empresas TECONSA e PROINSA do Holding Lugo José Manuel trama para de material do seu de Martínez Nunes celebram a sua convençom anual no Barreiro é o nome assassiná-lo holding familiar Grande Hotel de Lugo, um dia depois da queda de Cuinha. que mais consenso para recolher piche suscita dentro das partírom da do Prestige. Mas o 20/01/03. Cuinha tenta promover umha rebeliom, dirigida fileiras do PP galego. própria "rua PP na Galiza tem da sua casa em Lalim, de presidentes de cámara afins e diri- No entanto, Barreiro claro que a queda de gentes do PP contra Palmou. terá de lidar com o Génova" Cuinha responde confronto aberto que antes à sua "aposta 22/01/03. José Luis Baltar ordena ao seu filho José Manuel mantém com galeguista" do que Baltar Blanco e a quatro parlamentares ourensanos que pro- Francisco Cacharro ao facto de que o seu tagonizem um protesto perante Fraga. Assim acontece. Pardo, a quem substituiu na lide- perfil nom tivesse convencido Exigem de Aznar e do presidente da Junta a destituiçom de rança do PP provincial. Barreiro é em Madrid. Nesta ultima ques- Palmou como Secretário Geral do PP da Galiza. No mesmo também a pessoa de confiança de tom radica a principal das causas dia, Palmou assegura: "comprometo a minha palavra: nom Xesús Palmou. De facto, Palmou da sua defenestraçom política. houvo nenhum tipo de armadilha para acabar com Cuinha". já o tinha ao seu lado como vice- As informaçons jornalísticas que secretário geral do PP da Galiza. acusavam o conselheiro de nom 01/04/04. Cuinha manifesta: "quem vai a 300 à hora em Nom perdoam os dirigentes popu- cumprir a lei de compatibilidade, política, pode acabar na sargeta, mas da sargeta também é lares a Palmou o que consideram a venda de material para o possível sair". umha traiçom a Cuinha e a sub- Prestige e a presumível trama missom "aos ditados" do PP de urdida para assassiná-lo partírom 24/05/04. Inicia-se em Ponferrada o julgamento contra Madrid. Apesar disso há vozes da própria "rua Génova". Por Martínez Nunes polas sabotagens sofridas por duas empre- que consideram que Xesús isso nos corredores do partido sas da concorrência. Relacionado com as sabotagens tam- Palmou é a figura melhor situada ouve-se de dia para dia com mais bém figura o nome do sicário que apareceu morto após ter para a sucessom. Mas todas estas força "os tempos som chegados sido implicado na tentativa de assassinato de Cuinha. vozes procedem de fora do PP. É o para José Cuinha". 12 vários Maio 2004 novas da galiza

O Novas da Galiza nasceu com o propósito PELOURINHO do NOVAS é, porém, para de ocupar um lugar na informaçom alternati- expor a tua voz à opiniom pública. Se tens análise va desvinculada das dependências políticas e algumha crítica a fazer, algum facto a denun- económicas a que está ligada a imprensa do ciar, ou desejas transmitir-nos qualquer nosso país. Nasceu para informar de outra inquietaçom, comentário ou mesmo algumha forma, de outro ponto de vista, dando opiniom sobre qualquer artigo aparecido no Pontos de encontro: atençom a temas que nos interessam, muitos NGZ ou noutros meios, este é o teu lugar. deles mal tratados polos media politicamente Para fazeres uso dele envia o texto junto ao associacionismo correctos. Mas o NGZ também quer dar voz teu nome completo, localidade, número de àqueles grupos ou indivíduos que desejam bilhete de identidade, correio electrónico e compartilhar informaçons, opinions ou deba- telefone de contacto. NOVAS GZ reserva-se o na BD galega tes com todos os leitores e leitoras. direito de descartar as cartas que ostentarem O PELOURINHO é umha coluna levantada algum género de desrespeito pessoal ou pro- Germám Hermida Galega. Polas suas páginas tenhem numha praça pública, onde outrora eram moverem condutas antisociais intoleráveis. desfilado boa parte dos autores e Do mesmo modo que em tantos autoras do País. O conselho de expostos os criminosos e as criminosas. O Tu tens a palavra... todos e todas te escutamos. outros ámbitos da acçom social redacçom da revista conta com galega, a banda desenhada no País membros nas principais cidades da caracterizou-se durante anos por Galiza e entre os promotores do pro- umha incapacidade organizativa jecto só há um desenhador (Kiko da O Pelourinho do Novas aparentemente crónica. Apesar de a Silva), algo que fai com que esta criaçom de colectivos de abrangi- publicaçom seja um caso estranho mento local, articulados ao redor da na história da banda desenhada gale- ediçom de qualquer fanzine, ter sido ga. No entanto, foi a catástrofe do Silêncio informativo sobre a ineficaz inevitável por razons práticas, a Prestige o que acabou por impulsar escassa difusom das diferentes ini- um movimento unido na nossa BD. gestom do Provedor da Justiça ciativas e mesmo a rivalidade entre A partir da participaçom de Manel propostas impediu que estes movi- Cráneo e de Kike Benlloch na Dá nas vistas o vergonhoso tra- sendo que o lógico teria sido muito amplo (46 artigos em mentos cristalizassem a nível nacio- assembleia fundacional da tamento informativo dado que o Provedor da Justiça gale- total) e fala do direito a umha nal. Unicamente o fanzine Plataforma contra a Burla Negra, polos meios de comunicaçom à ga as tivesse remetido directa- informaçom verdadeira, do "Valiumdiez", dirigido em começou a articular-se o Colectivo apresentaçom do Relatório mente, enviando-as a Enrique direito ao honor, do direito à Compostela por Fausto Isorna em "Chapapote". O grupo organizou 2003 do Provedor da Justiça, Múgica. Também foi oculto o tutela judiciária, do direito a meados dos anos oitenta, conseguiu uns setenta autores e autoras do País, mais conhecido por Valedor do facto de que várias denúncias manifestar-se, do direito de integrar boa parte dos autores que na que pugérom a sua criaçom gráfica Povo. Apesar de os jornais e que vulneram claramente o reuniom, do direito à liberdade altura trabalhavam na Galiza. Em ao serviço do povo na luta contra o rádios do nosso país terem rece- Título I da Constituiçom nom de expressom, etc., direitos 1989, o colectivo "Frente piche e a incom- bido no mesmo dia desta apre- fôrom expedidas porque o vulnerados polas adminis- Comixário" de Ourense substituiu sentaçom umha análise que Provedor da Justiça se conside- traçons e denunciados polos "Valiumdiez" nesta liderança. A chamava a atençom sobre rou incompetente para as reme- cidadaos e cidadás sem que, revista deste grupo ourensano viu vários pontos negativos da ges- ter enquanto realizava outras na data de hoje, tivessem passar polas suas páginas a prática tom desta instituiçom, estes actividades que fugiam clara- merecido umha atençom clara totalidade de autores e autoras do mesmos meios tenhem-se limi- mente às suas competências, por parte do Provedor da País, contando com umha distri- tado a louvar o trabalho de José como a abertura de umha conta Justiça, que por enquanto se buiçom a nível nacional nunca vista Ramón Vázquez Sande, para os danificados e danifica- tem interessado, nomeada- até entom. O colectivo organizou, mesmo quando a gestom dele das pola crise do Prestige em mente, por questons de urba- pouco antes da sua morte e sem supujo umha diminuiçom das que fôrom depositados 600 000 nismo (40% das queixas). êxito, a primeira assembleia de auto- queixas, que passárom de 2656 €. A falta de iniciativas por Por tudo isto, e sobretudo polo res e autoras galegas de BD, com a em 2001 a 1635 em 2002 e a só parte da Provedoria da Justiça direito a receber umha infor- qual pretendia tornar efectiva a 1307 em 2003. Apesar de este para realizar inquiriçons sobre maçom verdadeira e contrasta- criaçom de um movimento nacio- facto vir a demonstrar umha eventuais direitos vulnerados da, assim como pola liberdade nal de criadores e criadoras da falta de confiança crescente por aos cidadaos e cidadás também de expressom, gostaria que os nona arte. Logo depois da desapa- parte dos cidadaos e cidadás foi oculta, e estas investigaçons meios de comunicaçom mos- riçom do grupo começou umha nesta instituiçom, a questom foi só atingem 1% das indagaçons trassem um pouco mais de nova etapa de atomizaçom no minimizada polo meios de realizadas, tratando muitas imparcialidade e oferecessem panorama, que duraria quase dez ‘Pangirl’, por Paula e Crego comunicaçom. Foi oculto o delas sobre temas tam leves todos e cada um dos diferentes anos. No ano 2001 a BD galega facto de o Provedor da Justiça como o facto de, nas ruas de pontos de vista quando, como viu nascer dous novos projectos que ‘Golfiño’ nom ter aceitado denúncias que umha urbanizaçom, ter faltado acontece neste caso, existem. invertêrom esta dinámica. Na petência. Exposiçons, depois, quando formuladas a numeraçom dos prédios. Corunha, o colectivo Polaqia nasceu cartazes, acçons na rua ou trabalhos perante o Provedor da Justiça Gostava de lembrar que o Xosé Renato Núñez da Silva com o propósito de publicar os seus de desenho gráfico para movimen- espanhola, sim fôrom aceites, Título I da Constituiçom é Teu, Compostela autores e autoras com umha qualida- tos como Nunca Mais ou a Burla de realmente profissional. Negra situárom pola primeira vez a Começárom com "Mmmh!!" um BD à mesma altura que o resto dos álbum de histórias mudas. Ao grupo campos criativos e surgiu com umha original de cinco autores (Kike capacidade organizativa nunca vista Benlloch, Alberto Vázquez, Jano, antes no sector. Paralelamente a este Bernal e David Rubín) que se auto- movimento, o ilustrador Óscar editavam, fôrom somando-se, com a Villán trabalhava na revitalizaçom A Peneira fai vinte anos passagem do tempo, outros criado- da praticamente inactiva res e criadoras como Enma Ríos ou Associaçom Galega de Profissionais Do Novas da Galiza queremos parabenizar o vos da comarca do Condado e os arredores. os irmaos Hugo e Sérgio Covelo, da Ilustraçom. Este processo culmi- periódico comarcal A Peneira no seu vigési- A Peneira é um exemplo de resistência no que colaborárom em diferentes ini- nou em Junho de 2003, quando mo aniversário, desejando-lhe umha longa e tempo frente a numerosas dificuldades e ciativas até que no ano 2003 nasceu umha grande maioria de autores de frutífera vida como publicaçom galega e pressons, sobrevivendo com escassos recur- a revista "Barsowia" que reunia tra- BD do País entrárom para formar independente. Esta publicaçom foi desde o sos, mas com grande perseveráncia e ilusom. balhos de muitos dos autores já refe- parte dela, substituindo a anterior seu nascimento um espaço aberto à partici- Neste número do Novas da Galiza celebra- ridos ao lado de outras colabo- junta directiva. Este colectivo ini- paçom e à difusom dos diversos colectivos mos o aniversário e aguardamos que iniciati- raçons, e que continua a sua camin- ciou entom umha nova época, con- sociais, culturais e políticos, um autêntico vas como A Peneira se espalhem por todas as hada. Também em 2001 apareceu tando de novo com umha activa lista referente para os sectores conscientes e acti- comarcas do País. "BD Banda", revista que aspira, de correio e desenvolvendo diferen- semelha por enquanto que com bas- tes iniciativas que ainda estám em tante sucesso, a ser a revista da BD boa medida por concretizar. novas da galiza Maio 2004 letras galegas 13 letras galegas

O galeguismo de dom Joaquim Lourenço

Marcos Valcárcel em Ponte Vedra neste momento), vai-se produzir limitada à frente cul- Roberto Branco Torres ou Alfonso tural e ao redor da Editorial Galáxia. Dom Joaquim Lourenço (1907- V. Monjardín. Em Agosto de 1930 o Dom Joaquim Lourenço estivo fiel- 1989), a figura a que se dedica este directório da Irmandade Galeguista mente embarcado nessa caminhada ano o Dia das Letras Galegas, foi um de Ourense estava formado por até o fim dos seus dias e, chegada a dos nossos mais importantes etnó- Vicente Risco como presidente; transiçom democrática, em múlti- grafos e um intelectual que nos Florentino Lopes Cuevillas e Ánge- plas entrevistas repetia que o seu achegou realizaçons importantes lo Martins do Val como vice-presi- partido de sempre tinha sido o noutros campos do saber (arqueolo- dentes; Afonso Vasques Monjardín Partido Galeguista e que essa era a gia, museologia, língua, literatura como secretário; Isaac Forneiro sua militáncia para o resto da vida. popular, etc.). Foi membro da Barandilla como tesoureiro e os Aliás, assinou vários manifestos do geraçom do Seminário de Estudos irmaos Joaquim e Xurxo Lourenço galeguismo histórico a favor do Galegos e, por motivos de idade e Fernandes como vogais (La Zarpa, Estatuto de Autonomia ou pola uni- cronologia, foi também, em boa 3-VIII-1930). Neste momento havia dade dos partidos nacionalistas nas parte, o responsável por guardar o grupos activos da Irmandade, para eleiçons autárquicas. Quando se lhe fio da memória que vinha da além do da própria capital, nas vilas perguntava polas suas ideias políti- Geraçom Nós, da qual se considera- de Celanova e na Rua de Val de cas ou económicas, repetia, com a va só um modesto discípulo. Ambas Orras. Este embriom de partido polí- mesma fidelidade, os eixos básicos as geraçons -Nós e o Seminário de tico, muito centrado ainda na activi- do pensamento galeguista anterior a Estudos Galegos- cons- dade cultural, tirou à 1936: por exemplo, a necessidade de tituírom a arquitectura rua, desde Outubro umha política económica que favo- fundamental do pensa- desse ano, o seu sema- recesse a industrializaçom agrária e mento do galeguismo Pretendia a nário Heraldo de piscatória, sem estragar as con- do período 1920-1936 criaçom de , porta-voz dos diçons naturais do País, ou a neces- e assentárom os alicer- galeguistas até o início sidade de dar cabo dos incêndios flo- ces do nacionalismo umha cultura da guerra civil, que restais ou a defesa da proximidade contemporáneo. estava dirigido polo cultural entre a Galiza e o norte de Joaquim Lourenço foi orgulhosa de jornalista Ricardo Portugal. Eram as ideias chave galeguista porque todo si própria, Outeirinho (poucos aprendidas antes da guerra no seio o seu labor em prol da anos depois, em 1932, do Partido Galeguista. Nos seus últi- nossa cultura e da nossa com raízes director de La Región). mos anos, o protagonismo político identidade estivo sem- Deveu ser este o único Todo o labor de Xocas em prol da nossa cultura estivo sempre guiado polo impulso ético de de dom Joaquim Lourenço foi muito na Terra construir a nossa pátria a partir do terreno que ele considerava mais ajeitado às suas inquietaçons pre guiado polo impul- momento da sua vida escasso e mesmo se poderia afirmar so ético de construir a em que Joaquim qual militárom igualmente Vicente Representaçom diplomática e con- que tinha umha "incapacidade será- nossa pátria a partir do Lourenço aceitou ocu- Risco, Cuevillas, Pena Rei, etc. Com sular; defesa do território nacional, fica para entender às direitas nada terreno que ele considerava mais par algum tipo de cargo político, esta plataforma, o galeguismo exército e marinha; ordem pública; que tivesse a ver com a política, o ajeitado às suas inquietaçons. aliás, por um período muito breve ourensano situa nos Paços do justiça criminal e regime penitenciá- qual é umha prova inequívoca da Nom foi um político galeguista com de tempo, pois sabemos que já em Concelho o primeiro vereador rio; caminhos-de-ferro, correios e falta absoluta de qualquer intuito protagonismo destacado. Nem um Janeiro de 1931 se reformula a nacionalista da história local, o mes- telégrafos; monopólios de carácter malicioso", tal como escreveu em pensador sistematizador do naciona- directiva da Irmandade e desapare- tre Eleutério Gonçales Salgado, e geral e alfándegas, culto e clero. 1983 Carlos Casares. O seu terreno lismo. Desde muito novo, estivo cem dela os irmaos Lourenço, pouco depois Outeiro Pedraio no Estes serviços, como próprios da era outro: o galeguismo cultural, a integrado no núcleo ourensano do enquanto continua Risco como Parlamento espanhol, servindo-se soberania do Estado, ficam a cargo criaçom de umha cultura orgulhosa galeguismo, através da Irmandade presidente e entram novos nomes para isso de diferentes coligaçons do Poder Central. 3. Cooficialidade de si própria que plantasse as suas Nacionalista Galega, que conduzia como Eleutério Gonçales Salgado, com os republicanos e os socialistas. dos idiomas galego e castelhano. 4. raízes na própria Terra, sem rejeitar Vicente Risco, em confronto com o Inácio Herrero e o poeta Manuel O programa do PNRO era nidia- A terra para quem a trabalha, como os contributos mais valiosos de núcleo corunhês das Irmandades. O Luís Acunha. mente nacionalista e defendia quatro ideal para a resoluçom do problema outros povos e culturas, sem recu- grupo ourensano tinha umha com- Chegada a Segunda República, pontos básicos, assim reflectidos: agrário." (Heraldo de Galicia, sar-se tampouco a assumir a moder- ponente basicamente intelectual, encontramos Joaquim Lourenço, em "1. República federal espanhola, que Ourense, 20 Abril de 1931). nidade nos seus aspectos mais nele estavam também figuras como coerência com todo o grupo ouren- leva consigo a autonomia do Estado A guerra frustrou todas aquelas fecundos. E foi nesse campo onde o Outeiro Pedraio, Florentino sano, subscrevendo o manifesto fun- galego, sob a soberania do Estado esperanças e o impulso das pessoas seu labor adquiriu maior valia inte- Cuevillas, o próprio Xurxo dacional do Partido Nacionalista espanhol. 2. O poder autónomo que as tinham feito possíveis. A reor- lectual e onde nos deixou um legado Lourenço, Artur Noguerol, Antom Republicano de Ourense, que presi- galego deve encarregar-se de todos ganizaçom do "galeguismo históri- que deve ser relembrado polas novas Lousada Diegues (embora residisse dia Ramom Outeiro Pedraio e no os serviços, tirando os seguintes: co" no interior, desde os anos 50, geraçons da Galiza de hoje.

[email protected] [email protected] 14 cultura Maio 2004 novas da galiza portal galego da língua

Novidades "Longe, tão perto", Lusófonas na Ponte... nas ondas! estreia literária Biblos Já na X edição em prosa de Kike Benlloch PGL Esta Xª edição mostrou a viveza e a presença da cultura imaterial mais próxima às escolas O clube de leitores e leitoras PGL galego, Biblos, acabou de assi- nar acordos com as importantes PGL O corunhês Kike Benlloch aca- editoras portuguesas Dom bou de ver publicado o seu Quixote e Caminho. Entre as Desde 1995 um grupo de profes- livro de contos "Longe, tão edições que oferecerão a quem sores e professoras da Galiza e perto", com 16 histórias, que for assinante destaca uma biblio- do Norte de Portugal vêm reali- suponhem a sua estreia como teca fundamental de literatura. zando uma experiência educati- escritor em prosa, acompanha- Durante um ano, cada bimestre va que visa, através de uma jor- das de fotografias de Brais serão oferecidos dois autores ou nada de rádio elaborada pelos Rodríguez. autoras da Dom Quixote, editora alunos e alunas das escolas par- O livro fai parte da colecçom que recolhe uma boa selecção de ticipantes, mais um ponto de "Criaçom" da AGAL, e da penas do país vizinho. união entre a Galiza e Portugal. colecçom "Vento do Sul" da Esta experiência de rádio inter- editora Laiovento, que mais escolar atingiu já a X edição no uma vez publica de parceria Vem a lume passado dia 7 de Maio. com a Associaçom Galega da Esta décima edição mostrou a Língua. traduçom em viveza e a presença da cultura Kike Benlloch desenvolve a galego-português imaterial mais próxima das esco- sua actividade em diferentes las. Esta proximidade esteve liga- campos. Tem trabalhado como de um livro da à apresentação da Candidatura redactor para muitos meios sobre a figura de do Património Imaterial Galego- electrónicos e como produtor Português, um património O projecto "Ponte... nas Ondas" tem sido reconhecido por múltipas instituições para culturagalega.org, o portal António Gramsci comum vivo, evolutivo e trans- da Internet do Conselho da fronteiriço. O projecto "Ponte... ra de diferentes países, como a Cultura Galega. PGL nas Ondas" tem sido reconhecido França, Holanda, Finlândia e per- por múltipas instituições. mitindo, nomeadamente, a incor- Com o objectivo de dar a conhe- Várias estações de rádio da Galiza "Ponte... nas ondas! poração da "área linguística mais cer o pensamento dialéctico de e Portugal, das Câmaras é uma ponte de próxima", como as escolas do António Gramsci relacionado Municipais dos Concelhos próxi- Brasil ou Moçambique. GZe-ditora publica com o papel da cultura na socie- mos, gente do mundo da cultura e, comunicação entre Como referenciam no seu web na conclusons do ''I dade civil, e ainda para comemo- ainda, a Companhia Telefónica de Internet "PONTE...NAS ONDAS! Fórum da Língua'' rar o centenário (1891-1991) do Espanha, que fornece a infra- jovens, professorado, é uma ponte de comunicação entre nascimento deste grande pensa- estrutura técnica para a emissão, jovens, professorado, jornalistas e dor, o educador e escritor vene- colaboram numa experiência que jornalistas e gente gente da cultura, que podem PGL zuelano Carlos Mezones escreveu nos últimos anos também pôde ser comunicar numa língua comum a "Educaçom e Cultura em ouvida através da Internet, aproxi- da cultura partir da sua realidade social, edu- A editora de e-books da AGAL, Gramsci", publicaçom que desde mando desta maneira escolas, pro- cativa e cultural, compartilhando GZe-ditora, volta para trazer-nos já pode ser lida na versom galego- fessorado e personagens da cultu- uma experiência multicultural". as conclusons do "I Fórum da portuguesa traduzida por Mário J. Língua", que decorreu em Herrero Valeiro. Compostela no passado dia 28 de Fevereiro, sob a organizaçom Campanha procura aumentar do MDL, e com a participaçom Construindo o de praticamente todo o reintegra- massa associativa agálica cionismo galego. Subordinado activismo limiao ao título "Um espaço para o O objectivo é tornar mais forte o reintegracionismo debate sobre a situaçom actual e Juventude pola autodeterminaçom as estratégias de futuro do rein- tegracionismo. Conclusões do O dia 1 de Novembro de 2003 Conselho da AGAL bém foi retomada a iniciativa edito- ros". Umha campanha que convida Fórum da Língua" apresenta as constituiu-se a Associaçom da rial com sucesso. todas as pessoas interessadas a se análises de actuaçom realizadas Juventude pola Autodeterminaçom Nos últimos anos a AGAL e o rein- Nesta nova etapa da AGAL o associarem à AGAL e conseguirem em cada uma das palestras e as da Límia, J.A.!! , cujo objectivo é tegracionismo todo passárom por Conselho é consciente de que a pre- livros editados pola associaçom. propostas de actuaçom futuras. a criaçom dum movimento juvenil momentos em que a sua força e pre- sença pública e a força do movimen- Entre outros, obras de Guerra da na Límia comprometido com a sença social fôrom mínimas, beiran- to de normalizaçom reintegracionis- Cal, Carvalho Calero, João Guisán libertaçom nacional e a transfor- do o desaparecimento. Mas há já ta dependerá directamente do núme- ou Joel R. Gómez. Para além disto, maçom da sociedade. algum tempo, a associaçom iniciou ro de pessoas envolvidas nele. É por as sócias e sócios da AGAL tenhem A Juventude pola um novo caminho de reorganizaçom isso que se considera muito impor- direito a um desconto de 30% nas Autodeterminaçom, consciente e fortalecimento. Um dos primeiros tante que todas as pessoas que somos publicaçons da associaçom e a um da situaçom da Límia , defende a frutos desse trabalho é o Portal polo reintegracionsimo podamos tra- endereço de correio-e pessoal oteu- cultura e língua galega nesta Galego da Língua. Posteriormente balhar juntos e juntas para avançar- [email protected] comarca , além de reclamar iniciou-se um processo de for- mos para a sua consecuçom. A plena Para obter mais informaçons sobre o reconhecimento jurídico-políti- maçom de grupos locais, com gru- normalizaçom da língua dependerá a campanha pode escrever para o co de Galiza como naçom e o pos que já funcionam em cidades do trabalho de todos e todas nós. apartado dos correios 453 de seu legítimo direito de livre como Ourense, Compostela, Lugo, Com esta ideia lança-se a campanha Ourense ou para o endereço de determinaçom. Corunha ou Vigo. Além disto tam- "Associa-te à AGAL e ganha liv- correio-e [email protected]. novas da galiza Maio 2004 música 15 música FESTIVAL IFI

O festival celebrado os dias 6, 7 e 8 de Maio em Ponte Vedra demonstrou que o público demanda cultura muito afastada do inferno da Operaçom Triunfo

Davide Loimil e Inácio Gomes

Pensamos que nom estamos a dizer nenhum disparate se afirmamos que umha grande parte das propostas artísticas, digamos antes musicais, que se organizam na Galiza tenhem umhas eivas determinadas mesmo antes de nascerem e serem concebidas: a falta de ima- ginaçom, variedade e o próprio medo a afastar-se de determinados convencio- nalismos. A organizaçom do Festival IFI celebrado nos dias 6, 7 e 8 de Maio na cidade de Ponte Vedra demonstrou que o público galego está a reclamar umha outra cultura, muito afastada do inferno da Operaçom Triunfo, mas também do inferno da "gaita-pandeire- ta-pandeireta-gaita". Suponho que todo o mundo sabe de que estamos a falar… e por isso queremos dar a conhecer nestas páginas o que se passou durante essas três jornadas, concentrando-nos na vertente musical. Dj Rupture estivo presente no Festival IFI de Ponte Vedra

Tendo Lambchop e Explosions chamada Lambchop, ainda que do este ponto, foi dentre o públi- cheiram a clássicos constantes, in the Sky como pequenas estre- para curtir com ela tivéssemos co que começárom a sair comen- revisando quase completamente a las, a oferta completou-se com de sofrer antes esse par chamado tários altissonantes do tipo sua última obra e fechando com pessoal como Dj Rupture e Niza, um casal insulso como "...isto já é umha outra cousa" ou Com a sala cheia, umha inesquecível sucessom de Console. Já na quinta-feira o nenhum outro, devedor nos seus "...isto sim é umha banda", para um recebimento se temas com maiúsculas: "The man grupo escandinavo Cleaning textos do discurso elegante e nos apresentarem Lambchop, who love beer", "Soaky in the Women surpreendeu toda a simples de Le Mans, aqui ofere- desta vez oito em cena, com esse calhar inesperado, pooper" e "Is a woman", todos gente com o seu jazz-cabaré cido com vestes semielectróni- engendro de duas caras que é eles de discos anteriores (vaiam, futurista executado com instru- cas e sem graça, sem atitude, "Aw c'mon"/"No, you c'mon" sob dérom um recital por favor, até "What another man mentos de fabrico próprio, mas sem credibilidade... Custa a o braço. Com a sala cheia, mos- desses que cheiram a spills", "I hope you're sitting foi na sexta-feira que tivemos a acreditar que fosse, como expli- trando-se encantados com a down" ou "Is a woman" ) tridente oportunidade de desfrutar pola cou a frágil vocalista no fim do comida autóctone e um recebi- clássicos constantes selecto para resumir umha carrei- primeira vez no nosso país dessa concerto, convidado pola pró- mento se calhar inesperado, ra de maos dadas com emoçom e maravilhosa banda de Nashville pria banda Lambchop. E, chega- dérom um recital desses que a honestidade. novas da

a entrevista Michael Collon Meninos "O mundo é umha guerra entre ricos do coro

e pobres, e a informaçom também" Kiko Neves Outra vez a mentira. Contra F. Marinho por cento dos e das jornalistas ape- as campanhas de infor- nas transformam matérias primas. maçom orquestradas através A 20 de Abril inaugurava-se o Os boletins das agências de impren- do poder, o jornalista curso "Guerra e Informaçom" sa som essas matérias primas. Michel Collon reclama organizado na Universidade de Com o controle das quatro grandes construir informaçom alter- Santiago de Compostela. A aber- agências de imprensa (AP, UIP, nativa através dos meios de tura nom pudo ser mais especta- AFP e Reuters) sobre a informaçom comunicaçom modernos cular e surpreendente para os mundial, o papel dos e das jornalis- (Internet, sms, etc.). amadores e amadoras do jorna- tas é o de transformarem esses bole- "Globalizemos a resposta", lismo alternativo. Nesse dia, tins em notícias breves para a rádio, diz. No entanto, nem sem- Michel Collon, autor reconhecido a imprensa e a televisom, mas sem pre é fácil apontar ao alvo. polo seu livro 'Olho com os nenhum trabalho prévio de investi- O eleitorado do Estado Media', dirigiu um colóquio gaçom. Sem tempo para investiga- espanhol, cansado de enga- sobre os seus trabalhos à volta rem, porque investigar é caro. nos, respondeu com o voto das guerras da Jugoslávia e do ao PSOE. "Era boa!", há Iraque. Porque era a Jugoslávia tam quem ironize. A vanguarda desejada polas multinacionais? dos protestos dos últimos Qual a sua opiniom acerca da Havia dous motivos. O primeiro era anos, a esquerda alternativa formaçom dos jornalistas nas que a Jugoslávia supunha um mal e independentista, regressa faculdades? exemplo com a sua legislaçom para o acampamento base Bem, eu nom sou jornalista de for- laboral, o sistema de autogestom e com o sorriso parvo dos maçom académica, nem de univer- as limitaçons legais que encontra- ciclistas gregários. A massa sidade nem de escola especial, vam as multinacionais. manifestante, sempre dis- como setenta por cento dos jorna- Para além disso, também podemos posta ao "karaoke" das listas da minha geraçom. Mas acho referir os corredores energéticos, palavras de ordem, cumpri- que, na verdade, a maioria das como bem explicou o general Repsol. As multinacionais espanho- representatividade e isso fai com menta o campeom com um faculdades de Ciências da Jackson (chefe das tropas da NATO las, aliás, comprárom empresas na que dê umha impressom determi- infantil "nom nos decepcio- Comunicaçom sofrem umha enor- na Macedónia no ano 1999). Estes América Latina aproveitando a nada, porque cada intelectual que nes". Um passo à frente, me pressom por parte dos grandes corredores eram também um exem- crise económica de países como a vemos em qualquer momento na dous passos atrás. Já sabe- poderes económicos e políticos plo da rivalidade entre Washington Argentina. Os interesses na televisom nom é representativo ou mos. Entom, cumpre voltar para a formaçom de soldados. e Berlim. América Latina som muito impor- representativa da intelectualidade a caminhar pola velha tantes, e por isso o Estado espanhol toda. A cultura também é um mer- corredoira das estratégias Entom, está a falar da formaçom Qual o motivo polo qual estados necessita de um exército para os cado, e assim, quem quiger ser um desestabilizadoras. De dia de pessoas servis ao sistema, aos europeus como o espanhol se manter. Naturalmente, para isso famoso ou famosa escritora, por para dia somos menos. interesses económicos? aliárom aos EUA? está o exército estado-unidense. exemplo, deve empregar umha lin- Enlameado com o possibi- Nom, nom. Eu falo, como já dixem A Gram-Bretanha depende muito guagem acorde com o sistema. lismo pós-moderno, o BNG nas conferências, de que há muitas das suas exportaçons de capital, No seu artigo "Dividamos o apanha, finalmente, as auto- classes de escolas de jornalismo. muito mais do que outros países. Iraque em três partes", dizia que Nesse sentido, os meios de comu- estradas de portagem no No entanto, a maioria preparam Também existe umha aliança tradi- esta era umha proposta apresen- nicaçom som vítimas do sistema? elegante carro da burguesia soldados da informaçom nos seus cional entre a classe dirigente britá- tada por Israel no ano 1982. Nom, porque quando reparamos basca e catalá. Quer dizer, a planos de estudo. Umha minoria nica com a dos EUA, para a defesa Pensa que se está a avançar com nos conselhos de administraçom circular pola direita e sem prepara jornalistas críticos, com dos interesses económicos comuns. o referido argumento? dos meios de comunicaçom, encon- incomodar. Esquece, claro, possibilidade de decidir o que é que Quem tinha contratos importantes Está, sim. É o modelo de divisom tramos representantes de grandes qual a obrigaçom dos tem importáncia na hora de infor- com o Iraque? A França. Quem é o étnica dos países e das regions: multinacionais com interesses em peons: na estrada, sempre mar. Como dixem antes, o mundo é sócio número um do Irám? A divide e vencerás. É um modelo qualquer sector industrial. O grande pola esquerda. A paraferná- umha guerra entre ricos e pobres, e Alemanha. Quando Bush organiza aplicado ao povo palestiniano, e exemplo: Berlusconi na Itália. lia dos hemiciclos semelha a informaçom também é. o ataque contra o Iraque, é um ata- também ao povo sérbio no Kosovo. Assim, os media nom som vítimas, a dos altares das catedrais. que contra os interesses alemáns e Isto pom em causa os estados etni- porque quem os chefia nom é tam Ao cabo, os deputados gas- Entom, podemos falar da infor- franceses. camente puros, que é umha atroci- boa gente como se pensa. tam as energias em genufle- maçom como umha mercadoria? A posiçom que adoptárom estados dade, a justificaçom de todos os A minha conclusom sobre isto, que xons. Assim, o Bloco Podemos, é isso. Nom penso que como o espanhol ou o italiano é um processos de limpeza étnica. aparece no livro de dous jornalistas sucumbe ao isco e luta por isto seja algo novo, porque o jorna- problema a nível europeu. Europa intitulado 'As mentiras dos Media', um espaço nas belas fotos lismo foi sempre umha indústria. tem interesses contrários aos dos Continua a pensar que a inte- é que nom devemos cair na falsa de fato escuro e gravata. Os Mas, na verdade, tem vindo a inten- Estados Unidos, interesses numha lectualidade europeia está ilusom de que o sistema será refor- meninos do coro que aju- sificar o seu carácter mercantil. aliança. Devêrom ser muitas as paralisada? mado ou que mudará para melhor. dam os padres a repartir as Nos media actuais, a imensa maio- deliberaçons das classes dirigentes A intelectualidade nom é um Devemos ter cuidado quando nos rodas de moinho. Daí, cui- ria dos e das jornalistas sofrem de outros países para saberem o que mundo à parte. Está submetida aos dizem que a informaçom é um pre- dam, só podem subir na hie- umha situaçom de proletarizaçom era melhor para a defesa dos seus mesmos interesses e às mesmas sente, um obséquio. A informaçom rarquia. Ao fim, é boa nova: da informaçom. Qualquer jornalista interesses. ideologias dominantes. E se eu digo é cousa de todos e todas. Estes a velha corredoira despeja- de hoje em dia já nom é umha per- Sobre a intervençom espanhola, que o mundo se divide a cada vez autores afirmam que todos somos se de entraves. E de menti- sonagem como Tintim, que viaja isso deve-o responder o Estado mais entre pobres e ricos, a intelec- jornalistas, cada um de nós pode rosos. polo mundo para investigar e con- espanhol. Bush prometeu umha tualidade também tem que escolher recolher informaçom de qualquer hecer segredos. Noventa e cinco parte do petróleo do Iraque a ali onde puder. O problema é de lugar ou fonte.