Projeto de Decreto Nº 12/2017

Concede Título de Cidadã Jaboticabalense a Georgina Morozini dos Santos (Cantora Giane) e dá outras providências.

Art. 1º Fica concedido Título de cidadã Jaboticabalense a Georgina Morozini dos Santos (cantora Giane).

Art. 2º A entrega da honraria de que trara o artigo 1º será realizada em Sessão Solene na Câmara Municipal de Jaboticabal, em data a ser designada pelo Presidente da Mesa Diretora.

Art. 3º As despesas decorrentes da aprovação deste Decreto Legislativo correrão por conta de verba própria consignada no orçamento vigente.

Art. 4º Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua publicação.

Jaboticabal, 05 de maio de 2017.

JOÃO BASSI VEREADOR EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Jaboticabal e Excelentíssimos Senhores Vereadores.

Georgina Morozini dos Santos, nasceu aos 10 de dezembro de 1938, na fazenda do avô materno, localizada em Taquaral, município do interior paulista. Filha única do casal Florindo Morozini e Ana da Cunha Morozini, a garota que mais tarde decidiria adotar Giane como nome artístico, desde criança já mostrava a sua inclinação para a arte.

Passou os primeiros anos da infância na cidade de Jaboticabal - SP, onde aos 8 anos de idade teve o primeiro contato com a arte ao representar no teatro o papel de uma menina pobre. Na ocasião foi assistida pelo maestro e compositor Hekel Tavares e pelo jornalista e dramaturgo Joracy Camargo, que ficaram encantados com a sua atuação, chegando inclusive a convidá-la pra ir ao e estudar pra ser artista profissional. Mas, ainda não seria desta vez que o Brasil e o mundo passariam a conhecer Giane, já que seus pais não concordaram com a ideia de deixa-la ir pro RJ por ser ainda muito nova.

Por volta dos 11 anos de idade, mudou-se com a família pra cidade vizinha de Ribeirão Preto e, aos 15 anos tornou-se crooner da Orquestra Sul América de Jaboticabal.

Quando inaugurou a TV 3 em Ribeirão Preto, retransmissora da TV Tupi de São Paulo, Giane conseguiu ingressar no elenco da programação local, onde era garota propaganda e cantava nos intervalos. Lá conheceu Silas e Seu Conjunto e passou a ser crooner do grupo, participando ativamente de animação de bailes e festas por Ribeirão, que já era uma cidade repleta de universidades. Nesta época grandes nomes do rádio que por lá se apresentavam, como Nelson Gonçalves e Ângela Maria, já notando o seu grande potencial, a convidavam frequentemente a ir para São Paulo tentar a carreira profissional.

Em visita ao Rio de Janeiro, através de sua cunhada, foi apresentada ao locutor Jonas Garret (que também era de Jaboticabal) e na ocasião atuava na Rádio Nacional. Conhecer a Rádio Nacional do Rio de Janeiro foi descrito por Giane como um dos momentos mais emocionantes de sua vida, pois ali desfilaram os principais nomes da música brasileira até então. Ao visitar os estúdios da Rádio com o conterrâneo Jonas Garret, acabou cantando com um grupo que lá estava ensaiando e logo recebeu o convite pra participar do programa "Papel carbono", de Renato Murce.

Sua participação em "Papel carbono", um dos mais famosos programas de calouros do rádio na época, foi interpretando o samba "Último desejo", de e lhe rendeu o primeiro lugar entre os participantes. Apesar da premiação, ainda não pretendia se profissionalizar naquele momento e voltou pra Ribeirão Preto logo após.

A convite de uma amiga, crooner do mesmo conjunto do qual fazia parte em Ribeirão, foi à São Paulo pra acompanha-la em um teste na gravadora Chantecler, na Rua Aurora. Foi apresentada pela referida amiga como também cantora e, imediatamente abordada pra fazer um teste. Percebendo o imenso talento da jovem Giane, que interpretou "Suas mãos", de Antônio Maria e Pernambuco, a gravadora não deixou passar a oportunidade e na sequência a contratou.

No ano de 1962 o ritmo que predominava no rádio brasileiro era o bolero, gênero surgido no final do século XIX em Cuba e difundido principalmente em países hispano-americanos. Curiosamente nessa época não era muito comum cantoras alcançarem o topo das paradas de sucesso no Brasil e, permanecerem por longo período, mas havia duas delas que estavam no auge do sucesso interpretando boleros: Edith Veiga com "Faz-me rir" e Martha Mendonça com "Tu sabes", ambas da mesma gravadora: Chantecler. O selo do galinho, como ficou conhecida a gravadora popular paulista, surgiu em 1958 através de uma parceria da internacional RCA Victor com a loja de departamentos Cássio Muniz e, exerceu importante papel na difusão de artistas que faziam um estilo de música "desprezado" pelas grandes companhias fonográficas, especialmente a regionalista, sertaneja e romântica popular. Foi exatamente nesse momento que Giane estreou em disco no mesmo selo das cantoras "boleiristas" e, obviamente se lançou cantando um bolero. "Por acaso", de Antônio Ávila e Paulo Aguiar, foi o lado B do disco em formato 78 rotações que a apresentou ao grande público. No lado A do disco ouvia-se o samba "Quero ver", de Jorge Costa e Kiko, em arranjos do maestro Élcio Álvarez.

Apesar da onda dos boleros, não foi exatamente dentro desse gênero que Giane emplacou. Ainda no ano de sua estreia, lançou mais um bolachão 78 rpm com arranjos de Pepe Ávila: de um lado a versão de Milton Rodrigues (da dupla sertaneja Tibagi e Miltinho) para a música argentina "Mariquilla bonita", gravada como "Canção de uma pena" e do outro o bolero "Minha alegria, minha tristeza", de Daniel e Cid Magalhães, que virou o título de seu primeiro compacto duplo lançado na sequência.

Para o primeiro compacto duplo, a gravadora apostou em sua versatilidade vocal e trouxe, além do bolero "Minha alegria, minha tristeza", a balada "Suave é a noite" (Tender is the night), sucesso na voz de Moacyr Franco, o clássico "Prelúdio pra ninar gente grande (Menino passarinho)", de Luiz Vieira, que ganhou uma interpretação arrebatadora em sua voz e o rock-balada "Quem me dera", versão de Paulo Rogério para "A lonesome heart", faixa que também entraria em seu próximo 78 rotações com o bolero "Mente-me" (Mienteme), de Armando Domínguez do outro lado, todas com os famosos arranjos sob regência de Élcio Álvarez.

Enquanto o grande sucesso não acontecia, recebeu o convite do renomado maestro Edmundo Peruzzi pra atuar como crooner em sua orquestra. Peruzzi foi um grande amigo que a ajudou muito no início de sua trajetória profissional em São Paulo. Outro amigo de essencial importância em sua caminhada foi o colega de gravadora Paulo Queiróz. Cantor, compositor e versionista, Paulo foi o responsável pela virada de sucesso na carreira de Giane como seu produtor artístico.

Em 1963, com a música romântica italiana em alta, Paulo Queiróz assinou a versão da balada "Uno dei tanti", sucesso de Arturo Gatica, que ganhou o título de "Não sou ninguém" na voz de Giane em seu quarto disco, ainda em 78 rpm, e obteve razoável repercussão. Apesar do tímido sucesso com "Não sou ninguém", ao findar 1963, teria a sua última oportunidade em disco, já que o contrato inicial com a gravadora se aproximava do final e ainda não havia conseguido emplacar um sucesso expressivo. Foi quando novamente o amigo Paulo Queiróz chegou nos estúdios da Chantecler balançando um disquinho nas mãos e dizendo: "Acho que você não vai mais embora. Consegui achar o seu sucesso, Giane!". Era "Dominique", gravação belga da freira Soeur Sourire (Irmã Sorriso), que ganhava as paradas da Europa e EUA naquele momento. Ao ouvir a canção, Giane ficou desapontada e desacreditou que pudesse ser sucesso, pois aquela seria a sua última chance de emplacar em disco pela gravadora, mas, Paulo Queiróz garantiu que a versão em sua voz cairia como uma luva.

Até então seus discos haviam sido produzidos com grandes orquestras, porém para a gravação de "Dominique", entrou no estúdio com apenas dois músicos: Miranda no violão e Capacete no contrabaixo. O famoso violeiro e compositor Teddy Vieira, autor de clássicos sertanejos como "O menino da porteira" e outros, foi quem dirigiu a gravação de "Dominique" e deu a ideia de Giane "dobrar a voz" no refrão da música, algo que era pouco comum na época. Ali mesmo ele ensinou como fazer a segunda voz e, assim Teddy deu um toque especial à gravação: Giane fazendo segunda voz consigo mesma no trecho do refrão, no melhor estilo sertanejo, embora não fosse uma canção desse gênero. Essa foi a "cereja do bolo" de "Dominique" e fez com que a música ganhasse as graças do grande público, tanto que ao término da gravação, outros artistas que aguardavam pra entrar no estúdio e ouviram "Dominique" pela primeira vez, cumprimentaram Giane e foram unânimes em afirmar que aquele seria um sucesso absoluto.

Com apenas 15 dias de lançada, inicialmente em 78 rpm, em dezembro de 1963 "Dominique" alcançou as paradas de sucesso e tornou-se a música mais executada no Brasil no ano seguinte, um verdadeiro fenômeno. O retumbante êxito foi responsável pela renovação do contrato com a gravadora Chantecler e abriu as portas inclusive para o sucesso no exterior, como em alguns países da América latina e, principalmente em Portugal, onde Giane teve diversos discos lançados pela etiqueta Alvorada.

Com o estouro nacional, o primeiro LP de carreira foi providenciado às pressas e lançado em maio de 1964, para o qual gravou apenas 7 músicas inéditas, as demais faixas foram resgatadas de seus 78 rotações e compactos lançados anteriormente. O long-play, que ganhou o título de "Esta é Giane, A Voz Doçura", além de reafirmar o apelido carinhoso da intérprete romântica, trouxe 14 faixas, fato pouco comum numa época que os LP's em sua grande maioria eram lançados com 12 músicas. Apesar disso, nenhuma das canções desse disco chegou a frequentar as paradas, além de "Dominique".

Colhendo os louros do sucesso "Dominique", recebeu os principais prêmios e troféus da época, como o cobiçado Chico Viola, entre outros. Embora para Giane a música só tenha trazido motivos de alegria, não foi o mesmo com a intérprete original desta canção, que viu a vida desandar depois desse sucesso. A freira Jeanne-Paule Marie Deckers (Irmã Sorriso), não teve a mesma sorte que Giane, já que seus respectivos lançamentos em disco após "Dominique" foram um fracasso e, enfrentou sérios problemas com o fisco belga, pois todo o dinheiro que recebeu com a venda de seus discos (3 milhões de cópias na época) foi destinado ao convento onde morava e não houve recibo dessas doações. Não tendo como prestar contas dos impostos atrasados sob a vendagem dos discos, teve que responder por um processo judicial que se arrastou por anos a fio. Abandonou o sacerdócio em 1966, quando passou a viver com a enfermeira Annie Pescher, que foi sua parceira até o fim de sua vida em 1985, quando ambas se suicidaram juntas. Na época de seu falecimento, algumas emissoras de rádio no Brasil noticiaram: "Morre cantora do sucesso 'Dominique'", porém ao fundo ouvia-se a gravação da música na voz de Giane, fato que fez muitas pessoas pensarem que ela havia morrido e não a autora do sucesso original.

Dando sequência ao sucesso, vieram novas versões de Paulo Queiróz para composições da freira Irmã Sorriso: "Todos os caminhos (Tous les chemins)" e "Se você quer saber (Mets ton joli jupon)", lançadas em compacto duplo. Logo depois gravou "Preste atenção", mais uma versão garimpada por Paulo Queiróz para a francesa "Fais attention", original da dupla J. L. Chauby e Bob du Pac. Com "Preste atenção" já gravada, mas ainda antes de lança-la em disco, divulgando o novo sucesso nas rádios foi ouvida pelo empresário Genival Melo, na época produtor do então iniciante cantor paulistano Wanderley Cardoso. Giane lembra do quanto foi ingênua na ocasião, quando Genival percebeu que aquele poderia ser o sucesso do artista que ele produzia, tratou logo de perguntar que música era, quem eram os autores, quando seria lançado o disco, etc e obteve todas as informações com a própria Giane, que nem imaginava ver o disco "Preste atenção" com Wanderley Cardoso lançado na praça antes do seu.

Mesmo tendo sido lançada primeiro com Wanderley Cardoso, como Giane já estava divulgando a música "Preste atenção" em todos os programas de rádio e TV onde se apresentava, acabou se tornando um "hit" em ambas as interpretações. Se tornou o primeiro êxito da carreira de Wanderley Cardoso e um dos maiores da carreira de Giane, faixa título de seu segundo LP.

Em seu segundo álbum de carreira, lançado no início de 1965, além de "Preste atenção", emplacou outros sucessos como: "Angelita", versão de Paulo Queiróz para a italiana "Angelita di Anzio", "Johnny Guitar", versão de Júlio Nagib para o clássico de Victor Young e Peggy Lee, trilha do filme homônimo estrelado por Joan Crawford em 1954 e "Longe do mundo", versão de Fred Jorge para "The end of the world". Com esta última, a "Voz Doçura" ganhou um dos mais disputados e importantes troféus da época, o Roquette Pinto.

Para o fim de 1965 entrou no estúdio e registrou quatro canções natalinas cantando com o amigo Paulo Queiróz em arranjos do maestro Willy Join a serem lançadas no compacto duplo intitulado "Nosso presente de Natal". Em dezembro daquele mesmo ano Paulo perdeu a vida em um acidente de carro no interior de SP. Com ele também estavam Teddy Vieira e Lauripes Pedroso (da dupla sertaneja Irmãos Divino) e, infelizmente nenhum sobreviveu ao desastre.

Com a perda de Paulo, Giane ficou um pouco órfã, mas mesmo após a sua partida, ele ainda garantiu mais um enorme sucesso na carreira da amiga. "Não saberás", versão do sucesso francês "N`avoue jamais" de Guy Mardel, foi o último sucesso de Paulo na interpretação de Giane e puxou o sucesso de seu terceiro LP, de 1966. O disco com arranjos de Portinho e Willy Join, ganhou o título de "Suavemente" e trazia ainda outras derradeiras criações assinadas por Paulo, como: "Se eu pudesse encontrar você", versão para "Se non avessi incontrato te", de , "Quando o amor acontece", versão de "Les vendanges de l'amor" e "Simples desejo primeiro", composta por Paulo em parceria com Teddy Vieira. Apesar da marca registrada interpretando canções românticas, em "Suavemente", além de apresentar belíssimas páginas como: "O princípio e o fim" (Ma vie), sucesso lançado por Agnaldo Rayol e "Florescem as colinas" (Le colline sono in fiore), Giane registrou dois sambas de primeira qualidade: o clássico "Bom dia tristeza", da inusitada dupla Vinícius de Moraes e Adoniran Barbosa e "Lago da felicidade", de Lúcio Cardim e Nello Nunes.

A frequência nas paradas de sucesso fez com que participasse dos principais programas musicais de TV na época, inclusive do "" (TV Record). Ao lado da contemporânea cantora capixaba Joelma, colega de gravadora e amiga pessoal, Giane se tornou uma das mais famosas intérpretes de baladas românticas dos anos 60, em sua grande maioria versões de hits europeus. Mesmo tendo um repertório mais sério, tanto Giane quanto Joelma acabaram fazendo parte do movimento Jovem Guarda, por serem as duas únicas intérpretes femininas dentro desse estilo a alcançarem tamanho sucesso, que era inevitável a constante participação no dominical de Roberto Carlos. Embora não fossem cantoras "exclusivas" de rock / iê iê iê, faziam também um gênero de música jovem e, por isso muitas vezes a gravadora não concordava que fizessem outros estilos de música. Giane recorda que gostaria, por exemplo, de ter gravado mais sambas.

Ainda em 1966 lançou "Meu Deus, como te amo" (Dio, come ti amo) de Domenico Modugno. Curiosamente a versão do hit que ficou conhecido na voz da italiana Gigliola Cinquetti, chegando inclusive a estrelar um filme campeão de bilheteria na época com o mesmo título da canção, foi assinada por Demétrio Carta, verdadeiro nome do jornalista italiano e naturalizado brasileiro Mino Carta. Antes que o ano findasse, Giane apresentou mais um LP sob o título de "A Voz Doçura", marcado por outro grande sucesso: "Olhos tristes", adaptação feita por Gláucia Prado para "There won't any snow". Nesta gravação, contou com a declamação do então radialista Barros de Alencar, que nos anos seguintes se tornaria o apresentador mais famoso do rádio paulista. Entre outras várias versões do quarto long-play, destaque também para "Io ti darò di più", sucesso de Ornella Vanoni que Nazareno de Brito verteu para o português e foi lançada primeiro com o cantor Moacyr Franco com o título de "Eu te darei bem mais". Na voz doçura de Giane, essa bela melodia ganhou uma interpretação primorosa com um arranjo fantástico! Em 1967 o astro Charlie Chaplin brilharia em seu último grande momento no cinema, dirigindo, produzindo e compondo a trilha da película "A countess from Hong Kong" (A condessa de Hong Kong), estrelado por Sophia Loren e . A trilha "This is my song", assinada por Chaplin, ganhou interpretação da britânica Petula Clark e estourou em todas as paradas. Giane se recorda que na ocasião o apresentador Abelardo Barbosa, o , chamou a atenção dela para essa música e disse que deveria grava-la por combinar muito com o seu timbre vocal. Com o título de "Esta é a minha canção", versão de Alexandre Círus, Giane registrou "This is my song" na coletânea "O fino das paradas de sucesso". Quase simultaneamente a gravadora Chantecler também lançou na praça a mesma versão com a cantora Marília Maura.

A segunda metade da década de 60 foi também a era dos grandes festivais de música. O Festival de Música Popular Brasileira da TV Record era a grande sensação e, em sua terceira edição, no ano de 1967, a cantora e apresentadora defendeu a música "Volta amanhã", de Fernando César e Mariah Brito. Não chegou à grande final, mas rendeu também uma bonita gravação na voz de Giane para a coletânea "As 12 finalistas do III Festival de MPB", lançada pela Chantecler logo após a final da edição festivaleira que consagrou os baianos tropicalistas começando a despontar para a fama: com "Alegria, alegria" e com "Domingo no parque".

"Volta amanhã" e "Esta é a minha canção" entrariam para o seguinte LP de Giane juntamente com outras interessantes páginas musicais, como a canção que deu título ao referido disco "O importante é a rosa" (L'important c'est la rose), autoria do francês Gilbert Becaud, "Meu bem, não vá" (Mais tu t'en vas), "Estarei ao seu lado", versão de "Reach out I'll be there", clássico do grupo Four Tops, direto da Motown Records (celeiro da Soul Music norte-americana) e "Esse amor que eu não queria" (A whiter shade of pale), da banda britânica de rock progressivo Procol Harum. A miscelânea do quinto álbum de carreira ainda trazia uma linda gravação de "E por isso estou aqui" (um dos temas de Roberto Carlos no filme "Em ritmo de aventura"), além de apresentar duas das primeiras composições do então iniciante Reginaldo Rossi: "Ontem e hoje" e "Onde vais?", também havia espaço para a brejeira "Poeira" (de Luiz Bonan e Serafim Colombo Gomes), vencedora do Primeiro Festival de Música Sertaneja da Rádio Nacional de SP com o Duo Glacial e "O homem do coração de ouro" (de Alberto Calçada e Antônio Queiróz), que se tornou o grande sucesso do disco.

Já em 1968 alcançou relativo sucesso com "Não esqueço jamais" (On n'oublie jamais), um dos temas da telenovela "Antônio Maria", estrelada por Sérgio Cardoso na extinta TV Tupi de SP, que abriu seu LP daquele ano seguido de faixas como: "O caminho de São José" (Do you know the way to San Jose), sucesso de Dionne Warwick, "O amor é uma canção" (Quand une fille aime un garçon), "Pra sorrir outra vez" (The world will smile again), tema do filme "A noite dos generais (The night of the generals)", "Cortejo" e "Quem me quiser", lindas composições do poeta Luiz Vieira, entre outras com arranjos de Willy Join e Poly.

Por essa época a cantora francesa Françoise Hardy estourou com "Comment te dire adieu" e, logo o versionista e compositor paulista Fred Jorge providenciou uma versão para Giane: "Como dizer adeus", lançada em 1969, pouco depois de registrar "Adeus", outra versão de Fred Jorge, desta vez para "Goodbye" (de Lennon e McCartney), hit da britânica Mary Hopkin e sucesso aqui no Brasil na voz de Nalva Aguiar. No ano marcado por seu último álbum de carreira, puxado pelo sucesso de "Somos iguais", autoria da cantora e compositora mineira Martinha, ainda deu tempo de a voz doçura nos presentear registrando compacto com "Aqui", também de Martinha e uma bonita interpretação de "Sentada à beira do caminho", clássico da dupla Roberto e Erasmo e absoluto sucesso na voz do "Tremendão" naquele momento.

Após um breve afastamento dos palcos, retornou em 1972, quando fez um compacto pelo selo Sinter, passando depois a figurar o elenco da gravadora Continental, onde faria mais alguns trabalhos, com destaque para: "A mais amada" (de Martinha), "Estou triste (Estoy triste)", os clássicos "Meu primeiro amor (Lejania)" e "Índia" (ambas cantadas em dueto com o cantor Francisco Petrônio), Proposta (de Roberto e Erasmo) que, segundo Giane, o próprio rei Roberto Carlos declarou ter sido a "melhor proposta" que ele já recebeu e "Estrada do sol", versão para "Alle porte del sole", campeã do Festival italiano Canzionissima na interpretação de Gigliola Cinquetti em 1973. A música "Estrada do sol" foi o último single de relativo sucesso com Giane, apesar de a cantora Perla, paraguaia radicada no Brasil, ter emplacado com a mesma canção por aqui na época.

O último registro em disco foi em 1978, com "Onde estão teus olhos lindos (Donde estan tus ojos negros)" e "Diga que sim (Por favor, dime que sí)", logo após deixou a carreira e passou a se apresentar esporadicamente em shows e/ ou programas de TV e Rádio, relembrando os grandes sucessos. Passou a trabalhar como representante comercial no ramo da cosmetologia.

No ano de 2006 participou do programa "Rei Majestade", apresentado pelo veterano Sílvio Santos em sua emissora paulistana SBT. O programa trouxe a proposta de resgatar artistas a muito afastados dos palcos e do grande público apresentando o maior sucesso de sua carreira no primeiro bloco e, na segunda parte do especial cantando uma música de outro intérprete com arranjos de orquestra ao vivo, numa espécie de festival com votação do público por telefone / Internet e do auditório. Giane recordou o sucesso "Dominique" e interpretou a romântica "Você", de Roberto e Erasmo Carlos, recebendo expressivo número de votos entre os demais cantores participantes que concorriam no mesmo programa. Tanto que foi escalada para voltar ao palco de "Rei Majestade", desta vez relembrando o sucesso "Não saberás" e interpretando um sucesso da cantora Alcione.

Hoje reside com a amiga e assessora Marilene na cidade de São Roque, interior de SP. Quem tem o privilégio de conhecer de perto Giane nunca esquecerá. Do seu talento e carisma incomparáveis, além de uma artista que marcou época com suas lindas e românticas interpretações, uma pessoa encantadora que sempre demonstrou imenso carinho e respeito pelos fãs e amigos. Com tudo isso, não haveria melhor definição para essa querida estrela que "A Voz Doçura", pois doce também é ela como pessoa em sua vida fora dos palcos.

Jaboticabal, 05 de maio de 2017. JOÃO BASSI VEREADOR