República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

ANO II-~ 253 QUARTA-FEIRA, 1 DE JUNHO DE 1988 BRAStuA-DF

ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE

SUMÁRIO

1 - ATA DA 276" SESSÃO DA AS­ em quatro anos do mandato do Presidente IRMA PASSONI-Movimento popular em SEMBLÉIA NACIONALCONSTITUINTE, José Sarney. favor da fixação em quatro anos do mandato EM 31 DE MAIO DE 1988 DEL BOSCO AMARAL - Definição do do Presidente José Sarney. Os direitos dos mandato do Presidente José Sarney. indígenas na futura Constituição. I- Abertura da Sessão JOÃO DE DEUS- Repúdio a declarações VIRGILDÁSIO DE SENNA-Inexistência 11 - Leitura da ata da sessão anterior prestadas pelo Constituinte Nélson Jobim ao de pressões sobre a Assembléia Nacional que é, sem obeservações, assinada. jornal Zero Hora a propósito de emendas Constituinte para a votação da duração do III - Leiturado Expediente apresentadas pelo oradorao novo texto consti­ mandato do atual Presidente da República. ile­ tucional. gitimidade da prorrogação dos mandatos ele­ COMUNICAÇÃO MAURO SAMPAIO - Contrariedade à tese trvos municipais. de prorrogação dos mandatos dos prefeitos Do Senhor Constituinte Mário Uma, partici­ LEITE CHAVES -Aspectos do julgamen­ pando que se ausentará no período com­ e vereadores. Eleições diretas em todos os níveis. to, por tribunal israelense, de caso de paterni­ preendido entre os dias 29 de maio e 22 de dade adotiva envolvendo a menor brasileira junho do corrente. oLÍVIo DUTRA - Manifestações populares em favor da fixação em quatro anos do man­ Bruna Vasconcelos. PRESIDENTE (Jorge Arbage) - Conces­ BEZERRA DE MELO- Preocupação da são da palavra aos Constituintes nos termos dato do Presidente José Samey. FRANCISCO KÜSTER- Apreciação, pelo Igreja Católica com a pobreza e a miséria do do § 2° do art. 39 do Regimento Interno da Terceiro Mundo. Assembléia Nacional Constituinte. Congresso Nacional, dos Decretos-Leis rrs SIQUEIRA CAMPOS - Criação do Estado 2.423, 2.424 e 2.425. Posição favorávelà fixa­ DORETO CAMPANARI- Impropriedade do Tocantins. ção em quatro anos do mandato do Presidente da inserção. no texto constitucional, da expres­ ERALDO TRINDADE - Inveracidade de José Sarney. Artigo "Militar critica reunião do são "posse imemorial" para definição das ter­ notícia veiculada pelo jornal O Estado de S. Comando do Exército", publicado no Jornal ras indigenas. Inexistênciade fatogeradorpara Paulo a respeito de posicionamento político do Brasil. cobrança de novo Imposto de Renda sobre do Constituinte Geovani Borges, do Terntório JAYME PALlARIN-Protesto contra o des­ contribuintes com mais de uma fonte de rendi­ mentos. Federal do Amapá. cumprimento, por prefeítos municipais, de lei ADYLSON MOTTA - Posição favorável à federal antecipando o feriado de Corpus Chris­ VIRGÍLIO GALASSI - Necessidade de fixação em quatro anos do mandato do Presi­ ti, por interesses locais. maior apoio governamental aos produtores dente José Sarney. EDUARDO JORGE - Importância de ime­ rurais. NILSON GIBSON- Presença do Presiden­ diata rejeição, pelo Congresso Nacional, do EDMILSON VALENTIM-Intervenções do te José Sarney na abertura da Sessão Anual Decreto-Lei rr 2.423. Exército brasileiro em atos civis.Solidariedade da Organização das Nações Unidas - ONU. MAURO BENEVIDES - Regozijo pela ele­ do PC do B aos trabalhadores da Companhia DIRCETUTUQUADROS - Devastação da vação de Dom Lucas Moreira Neves e Dom Siderúrgica Nacional, em greve por melhoria floresta amazônica. Posição favorávelà fixação .JoséFreíre Falcão ao cardinalato. salarial. 10868 Quarta-feira 1 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONsmUINTE Junho de 1988

ELIAS MURAD -Integridade histórica, de eleições presidenciais e municipais em leiro ensejadora da diminuição das dispari­ geográfica, política e econômica do Estado 1988. dades regionais no País. de . FERNANDO SANTANA (Pela ordem) ­ HÉLIO ROSAS - Improcedência das con­ CRISTINA TAVARES-Presença em Bra­ Imediata realização da verificação de quorum. clusões contidas em discurso proferido pelo sília do Sr. Hélio Dutra, brasileiro participante PRESIDENTE - Resposta ao Constituinte Constituinte Percival Muniz na sessão do dia da Revolução Cubana, para lançamento de Fernando Santana. 26, da Assembléia Nacional Constituinte. livro sobre suas experiências na luta pela liber­ JAIRO CARNEIRO- Artigo "Sobre a Refor­ CHICO HUMBERTO - Carta aberta a Se­ dade e pelo socialismo. Realização, pelo Cen­ maAgrária", do Prof. JosaphatMarinho, publi­ bastião Prata, Grande Otelo, a respeito da cria­ tro de Estudos Políticos e Sociais Teotônio cado no jornal Correio Braziliense. ção do Estado do Triângulo. VIlela, do Estado de Pernambuco, de debate PRESIDENTE - Resposta ao Constituinte ODACIR SOARES - Análise do texto da sobre a privatização de empresas estatais. Jairo Cameiro. nova Constituição brasileira. ' ERALDO TRINDADE (Pela ordem) - Ime­ ROBSON MARINHO - Posição favorável à JORGE UEQUED - Inconformidade com diato início da votação do texto constitucional. fixaçãoem quatro anos do mandato do Presi­ a tese de prorrogação dos mandatos dos pre­ PRESIDENTE-Resposta ao Constituinte dente José Sarney. feitos municipais e vereadores. Eraldo Trindade. LUIZ SALoMÃo- Repúdio àstentativas de JOSÉ GENOÍNO (Pela ordem) - Pedido ANTÔNIO DE JESUS - Os direitos dos in­ adiamento das eleições municipais e à não-vo­ de verificação de quorum ou suspensão da dígenas no futuro texto constitucional. tação, pelo Congresso Nacional, do Decre­ sessão por trinta minutos. BRANDÃOMONTEIRO- Regozijo da dire­ to-Lei rr 2.425. Desprezovotado pelo Governo PRESIDENTE - Resposta ao Constituinte .José Genoíno, . ção nacional do PDT pelo ingresso do Consti­ à política de saúde mental no País. tuinte Fernando Lyra nos quadros partidários. JOSÉ GENOÍNO (Pela ordem) -Sugestão ALOISIO VASCONCELOS - Repúdio à Regulamentação, pelo Senado Federal, das de desistência da palavra pelos oradores íns• tentativa de prorrogação de mandatos dos eleições municipais de 1988. critos para propiciar decisão da Presidência prefeitos municipais e vereadores. quanto ao andamento da sessão. JORGEVIANNA-Artigo "Waldir Pires quer FARABULINI JÚNIOR-Anistia ampla, ge­ PRESIDENTE - Resposta ao Constituinte substítuiçâo de Ulysses Guimarães na direção raI e irrestrita, a civis e militares, na futura do PMDB", publicado pelo jornal A Tarde, Constítutção. José Genoíno. JOAQUIM BEVILACQUA - Posição favorá­ Salvador, Estado da Bahia. CÉSAR MAIA - Dualidade de comporta­ AÉCIO NEVES-Regozijo com movimento mento governamental no tocante à privatiza­ vel à fixação em quatro anos do mandato do Presidente José Sarney. Eleições gerais, em desencadeado por entidades mineiras em fa­ ção das grandes empresas e à dos aparta­ vor da manutenção da integridade territorial mentos funcionais. todos os níveis, em 1988. do Estado de Minas Gerais. PAULORAMOS- Confronto entrepoliciais . , HERMES ZANETI (Pela ordem) - Agiliza­ EDÉSIO FRIAS- Protesto pela demora do e moradores, da favela da Rocinha, no Muni­ ção da votação, pela Assembléia Nacional início da votação da Ordem do Dia Resultado cípio do Rid de Janeiro, Estado do Rio de Constituinte, do Capítulo "Dos Índios", .para de plebiscito realizado pela OAB em Estados Janeiro. Recrudescimento da onda de violên- retomo dos indígenas presentes em Brasília da Federação sobre eleições presidenciais em . cia no Estado. às suas comunidades. 1988.Transcurso do 3° aniversário de emanci­ PRESIDENTE (Marcelo Cordeiro) -JustIfi­ PRESIDENTE - Resposta ao Constituinte pação política do município do Arraial do Ca­ cativa da demora no início davotação do texto Hermes Zaneti. bo, Estado de Rio de Janeiro. constitucional em face dos entendimentos en­ JOSÉ MARIA EYMAEL - Realização de PRESIDENTE (Mário Maia) - Razões justi­ tre as lideranças partidárias sobre a questão convenção regional pelo PDC paulista. Posi­ ficadoras da demora, pela Mesa, do início da indígena. ção majoritariamente favorável do eleitorado votação da Ordem do Dia. PAULO DELGADO - Necrológio do artista paulista à fíxaçãoem quatro anos do mandato NELTON FRIEDRICH - Reiteração de re­ plástico Alfredo' Volpi. do Presidente José Sarney. querimento do orador de transmissão ao vivo, ADEMIR ANDRADE - Repúdio à política PRESIDENTE ..;Suspensão da sessão. porcadeiade rádio e televisão, da sessãodesti­ econômica governamental. Posição do PSB PRESIDENTE (Jorge Arbage) - Reaber­ nada à votação do tempo de duração do man­ favorável à fixação em quatro anos do man­ tura da sessão, Concessão da palavra aos dato do Presidente José Samey, e votação dato do Presidente José Sarney e à realização constituintes, nos termos do § 2° do art. 39 nominal pelos constituintes. de eleições municipais em 1988. do Regimento Interno. ABIGAIL FEITOSA - Protesto pela privati­ zação da Caraíbas Metais. ALDO ARANTES - Posição favorável do MAUROMIRANDA - Possibilidade, na pró• CARLOS SANT'ANNA - Razões do empe­ PC do B à fixação em quatro anos do mandato xima safra, de novo recorde da produção agn­ nho da Liderança do Governo na imediata vo­ do PresidenteJosé Samey e às eleições muni­ cola nacional. Democratizàção do processo tação da duração do mandato do Presidente cipais em 1988: de decisão na área agropecuária. José Sarney. Absoluta confiança da Liderança AUGUSTO CARVALHO - Protesto pela de­ VICTOR FACCIONI- Democratização do do Governo na ação dos Constituintes Mauro mora na apreciação, no Congresso Nacional, ensino superior. Extensão dos benefícios da Benevides e Jorge Arbage. Descoberta de hi­ do Decreto-Lei n° 2.425, que congelou a URP bolsa-de-estudos aos estudantes universitá­ para efeitos de reajuste salarial dos servidores drocarbonetos na bacia de Marajó. rios. PRESIDENTE - Acolhimento, pela Mesa, da União. FÉRES NADER - O fortalecimento do Po­ das considerações da Liderança da Maioria PRESIDENTE - Comunicação ao Plenário der Legislativo como requisito para a' estabi­ sobre os Constituintes Mauro Benevides e Jor­ sobre andamento das negociações suprapar­ lidade das instituições. ge Arbage. Regozijo com a descoberta de hi­ tidárias a respeito do Capítulo "Dos Indios". VIRGÍLIO GUIMARÃEs - Reivindicações drocarbonetos na bacia de Marajó. Realização, às 17h, da verificação de quorum. dos servidores da educação e da saúde de JOÃO MENEZES (Pela ordem) - Protesto JOSÉ GENOÍNO (Pela ordem) - Imediata Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais. pela demora na celebração de acordo entre realização de verificação de quorum. GEOVAHAMARANTE-E1aboração de no­ as lideranças partidárias sobre o Capítulo "Do PRESIDENTE - Resposta ao Constituinte vo Plano Nacional de Educação, com ênfase Índio", do projeto de Constituição. José Genoíno. no ensino de 1° grau. PRESIDENTE - Resposta ao Constituinte VICENTE BOGO - Expectativas da socie­ BENEDITA DA SILVA - Os direitos dos João Menezes. . dade brasileira quanto à breve promulgação indígenas na futura Constituição. , Paulo Ramos (Pela ordem) - Providências do novo texto constitucional. Implantação de ­ JOAQUIM FRANCISCO - Adoção de polí• da Mesa Diretora da Assembléia Nacional novas políticas econômica e social. Realização tica de reorientação do desenvolvimento brasi- Constituinte para transmissão, ao vivo, por re- Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA' NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 1 10869

de de rádio e televisão, da sessão destinada CELSO DOURADO- Expectativas da con­ PRESIDENTE - Comunicação de realiza­ à votação do tempo do mandato do Presidente tribuição da presença do Presidente José Sar­ ção de sessões da Câmara dos Deputados José Sarney através do voto nominal dos ney na ONU à causa do desarmamento no e do Senado Federal no dia 10 de junho, às Constituintes. mundo. 9h e 10h respectivamente. Convocação de PRESIDENTE - Resposta ao Constituinte izuo SOUZA- Encerramento da sessão, sessão da Assembléia Nacional Constituinte Paulo Ramos. Apelo aos Constituintes no sen­ com convocação da Assembléia Nacional para o dia 10de junho às 14h30min. tido de permanecerem em plenário aguardan­ Constituinte para o dia 10de junho, no horário do o acordo de Lideranças partidârias acerca matutino. IV - Encerramento do Capítulo "Do Índio". MESSIAS GÓIS (Pela ordem) - Protesto JOSÉ GENOÍNO (Pela ordem) -Inconfor­ pela demora na celebração de acordo entre 2 - MESA (Relação dos membros) midade do orador com a não-realização de as Lideranças partidárias sobre o Capítulo "Do 3 - LíDERES E VICE-LíDERES DE d~ verificação de quorumdurantea sessão. Pedi­ Índio", no projeto constituição. Pedido de PARTIDOS '(Relação dos membros) do de verificação de quorum. encerramento da sessão. PRESIDENTE - Resposta ao Constituinte CÁSSIO CUNHA LIMA - Imediata reaÍiza­ 4 - .COMISSÃO DE SISTEMATIZA­ José Genoíno. ção de verificação de quorum. ÇÃO (Relações dos membros)

Ata da 276~ Sessão, em.31 de maio de 1988 Presidência dos Srs.: Mauro Benevides, Primeiro-Yice-Presidentet Jorge Arbage, , Segundo-Vice-Presidente; Marcelo Cordeiro, Primeiro-Secretário; e Mário Maia, Segundo-Secretário.

ÀS 14:30HORAS COMPARECEM OSSENHO­ nagre - PMDB; Cássio Cunha Uma - PMDB; PMDB; Gandi Jamil - PFL; Gastone Righi ­ RES: Célio de Castro - ; Celso Dourado - PMDB; PTB; Geovah Amarante - PMDB; Geovani Bor­ César Cals Neto - PDS; César Maia - PDT; ges - PFh; Geraldo Alckmin Filho - PMDB;Ge­ AbigailFeitosa-PSB;AcivalGomes-PMDB; Chagas Neto - PMDB; Chagas Rodrigues ­ raldo Campos - PMDB; Geraldo Fleming ­ Adauto Pereira - PDS; Ademir Andrade - PSB; PMDB; Chico Humberto - PDT; Cid Sabóia de PMDB; Gerson Camata - PMDB;' Gerson Peres Adhemar de Barros Filho - PDT;Adolfo Oliveira Carvalho - PMDB; Cláudio Ávila- PFL; Costa - PDS; Gidel Dantas - PMDB; Gilson Machado - PL; Adroaldo Streck - PDT; Adylson Motta Ferreira - PFL; Cristina Tavares -; Cunha - PFL; Gonzaga Patriota - PMDB; Gumercindo - PDS; Aécio Neves - PMDB; Affonso Camargo Bueno-PDS;Dálton Canabrava-PMDB; Darcy Milhomem - PT; Gustavo de Faria - PMDB; - PTB; - PFL; Agassiz Almeida Deitos-PMDB; Darcy Pozza-PDS; Daso Coim­ Harlan Gadelha - PMDB; Haroldo Sabóia ­ - PMDB; Agripino de Oliveira Lima - PFL; Ala- bra - PMDB; DaviAlvesSilva - PDS; Del Bosco PMDB; Hélio Costa - PMDB; Hélio Duque ­ rico Abib - PMDB; Albano Franco PMDB;Albé­ Amaral - PMDB; Delfim Netto - PDS; Délio PMDB;Hélio Manhães - PMDB;Hélio Rosas ­ rico Cordeiro - PFL; Albérico Filho - PMDB; Braz-PMDB; Denisar Ameiro-PMDB; Dionisio PMDB; Henrique Córdova - PDS; Heráclito For­ Alceni Guerra - PFL; Aldo Arantes - PC do Dal Prá - PFL; Dionísio Hage - PFL; Dirce Tutu tes - PMDB; Hermes Zaneti - PMDB; Homero B; Alércio Dias - PFL; Alexandre Costa - PFL; Quadros - PTB; Divaldo Suruagy- PFL; Djenal Santos- PFL;Humberto Lucena-PMDB; Hum­ Alexandre Puzyna - PMDB;Alfredo Campos ­ Gonçalves - PMDB;DomingosJuvenil -PMDB; to Souto.-P-FL; Iberê Ferreira - PFL; Ibsen PMDB; Almir Gabriel -e-r- PMDB; Aloisio Vascon­ Domingos Leonelli - PMDB; Doreto Campanari Pinheiro-PMDB;Inocêncio Oliveira-PFL;Iram celos - PMDB; Aloysio Chaves - PFL; Aluizio - PMDB; Edésio Frias - PDT; Edison Lobão Saraiva - PMDB; Irapuan Costa Júnior - PMDB; Bezerra - PMDB;Aluízio Campos- PMDB; Álva­ - PFL; Edivaldo Motta - PMDB;Edme Tavares Irma Passoni - PT; Ismael Wanderley - PMDB; ro Antônio - PMDB; Alysson Paulinelli - PFL; - PFL; Edmilson Valentim - PC do B; Eduardo Itamar Franco - ; Ivo Cersósimo - PMDB; Ivo Amaral Netto - PDS; Amaury Müller - PDT; Bonfim - PC do B; Eduardo Jorge - PT;Eduar­ Lech - PMDB; Ivo Vanderlinde - PMDB; Jacy Amilcar Moreira - PMDB; Ângelo Magalhães ­ do Moreira - PMDB; Egídio Ferreira Lima ­ Scanagatta - PFL; Jairo Azi - PFL; Jairo Car­ PFL;Anna Maria Rattes - PMDB; Annibal Barce­ PMDB; Elias Murad - PTB; Eliel Rodrigues ­ neiro - PFL;Jalles Fontoura - PFL; Jamil Had­ llos - PFL; Antônio Britto - PMDB;Antônio Câ• PMDB; Eliézer Moreira'-'PFL; Enoc Vleira­ dad - PSB; Jarbas Passarinho - PDS; Jayme mara - PMDB; Antônio Carlos Franco - PMDB; PFL; Eraldo Tinoco - PFL; Eráldo Trindade ­ Paliarin- PTB;Jayme Santana- PFL;Jesualdo Antônio Carlos Konder Reis - PDS; Antônio de PFL; Erico Pegoraro - PFL; Etevaldo Nogueira Cavalcanti --.:PFL;JesusTajra - PFL;Joaci Góes Jesus - PMDB;Antonio Gaspar - PMDB;Anto­ - PFL; Euclides Scalco - PMDB;Ézio Ferreira - PMDB; João Agripino - PMDB; João Alves nio Mariz - PMDB; Amaldo Martins - PMDB; - PFL; Fábio Feldmann - PMDB; Fábio Rau- - PFL;João Calmon - PMDB; João Carlos Ba- Arnaldo Moraes - PMDB; Amaldo Prieto - PFL; nheitti - PTB; Farabulini Júnior - PTB; Felipe celar - PMDB; João Castelo - PDS; João de Artenir Werner - PDS; Artur da Távola - PMDB; Mendes - PDS; Feres Nader - PTB; Fernando Deus Antunes - PTB; João Lobo - PFL; João Assis Canuto - PFL; Átila Lira - PFL; Augusto Bezerra Coelho - PMDB; Fernando Gasparian Machado Rollemberg - PFL; João Menezes ­ Carvalho - PCB; Áureo Mello --"- PMDB; Basílio - PMDB;Fernando Gomes - PMDB; Fernando PFL; João Natal - PMDB; João Paulo - PT; Villani - PMDB; Benedicto Monteiro - PTB; Be­ Henrique Cardoso- PMDB; Fernando Lyra- ; João Rezek - PMDB; Joaquim Bevilacqua ­ nedita da Silva - PT; Benito Gama - PFL; Ber­ Fernando Santana - PCB; Fernando Velasco­ PTB; Joaquim Francisco - PFL; Joaquim Hayc­ nardo Cabral-PMDB; Bezerra de Melo-PMDB; PMDB;Firmo de Castro - PMDB; Flavio Palrmer kel-PMDB;Jofran Frejat - PFL;Jonival Lucas Bocayuva Cunha - PDT; Bonifácio de Andrada da Veiga- PMDB; Flávio Rocha - PL; Florestan - PFL;Jorge Arbage - PDS; Jorge Bornhausen - PDS; Bosco França - PMDB;Brandão Mon­ Fernandes - PT; Floríceno Paixão - PDT; Fran­ - PFL; Jorge Hage - PMDB; Jorge Leite - teiro - PDT; Cardoso Alves - PMDB; Carlos cisco Amaral - PMDB; Francisco Benjamim ­ PMDB; Jorge Medauar - PMDB; Jorge Uequed Alberto- PTB;Carlos Alberto Caó - PDT;Carlos PFL;Francisco Carneiro - PMDB; Francisco Dor­ - PMDB; Jorge Vianna - PMDB; José Carlos Cardinal - PDT; Carlos Chiarelli - PFL; Carlos nelles - PFL; Francisco Küster - PMDB; Fran­ Grecco - PMDB; José Carlos Vasconcelos ­ Cotta - ; Carlos De'Carlí - PMDB; Carlos Mos­ cisco Rollemberg - PMDB; Francisco Rossi ­ PMDB; José Costa - ; José da Conceição ­ coni - ; Carlos Sant'Anna - PMDB; Carlos Vi- PTB; Furtado Leite - PFL; Gabriel Guerreiro- PMDB; José Dutra - PMDB; José Elias - PTB; 10870 Quarta-feira 1 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988

José Fernandes - PDT; José Fogaça - PMDB; PMDB; Plínio Arruda Sampaio - PT; Plínio Mar­ de minha ausência desta Casa no mencionado José Genoíno- PT;José Guedes - PMDB; José tins - PMDB; Pompeu de Sousa - PMDB; Ra­ período. Ignácio Ferreira - PMDB; José Jorge - PFL; chidSaldanha Derzi - PMDB; RaimundoBezerra Reiterandoa V. Ex'os protestos de elevadaesti­ José Uns - PFL; José Lourenço - PFL; José - PMDB; Raimundo Lira - PMDB; Raimundo ma e distinta consideração, subscrevo-me. Luiz de Sá - PL; José Luiz Maia- PDS;José Rezende - PMDB; Raquel Cândido - PFL; Ra­ Atenciosamente, - Mário Uma, Deputado Maranhão- PMDB; José MariaEymael- PDC; quel Capiberibe - PSB; Raul Ferraz - PMDB; Constituinte. José Maurício - PDT; José Melo- PMDB; José Renato Johnsson - PMDB; Renato Vianna ­ Mendonça Bezerra - PFL;José Moura- PFL; PMDB; RicardoIzar-PFL;RitaCamata- PMDB; O SR. PRESIDENTE (Jorge Arbage)- Não José Paulo Bisol-PMDB; José Queiroz- PFL; RitaFurtado - PFL; Roberto Freire - PCB; Ro­ há em plenário280 Senhores constituintes.É evi­ José Richa - PMDB; José Santana de Vascon­ berto Rollemberg - PMDB; Roberto Torres ­ dente a falta de quorum para que se dê início cellos- PFL; José Tavares - PMDB; José Tei­ PTB; Roberto Vital - PMDB; Robson Marinho ­ ao processo de votação. xeira - PFL; José Thomaz Nonô - PFL; José PMDB; RodriguesPalma- PTB;RonaldoAragão Nos termos do § 2° do art. 39 do Regimento Tinoco- PFL; José U1ísses de Oliveira - PMDB; - PMDB; Ronaldo Carvalho - PMDB; Ronan Interno, a Presidência vai conceder a palavra ao José Viana - PMDB; Jovanni Masini - PMDB; Tito- PMDB; Ronaro Corrêa- PFL;Rosa Prata Constituinte que dela queira fazer uso, até que Juarez Antunes - PDT; Júlio Costamilan ­ - PMDB; Ruben Figueiró- PMDB; Ruberval Pi­ seja complementado o quorum em plenário. PMDB; Jutahy Magalhães- PMDB; Koyu lha ­ lotto - PDS; Ruy Bacelar - PMDB; Ruy Nedel ; LaelVarella - PFL; Lavoisier Maia- PDS;Leite - PMDB; Sandra Cavalcanti - PFL; Saulo Quei­ O SR. SIQUEIRA CAMPOS (PDC- GO. Chaves-PMDB; Lélio Souza-PMDB;Leopoldo roz-PFL;SérgioWemeck-PMDB; Sigmaringa Pronuncia o seguinte discurso.)- Sr. Presidente, Peres - PMDB; Levy Dias- PFL; Lídice da Mata Seixas- PMDB; Simão Sessim - PFL;Siqueira Srs. Constituintes, segundo o IBGE, somos hoje - PCdo B;Louremberg Nunes Rocha - PMDB; Campos - PDC; Sotero Cunha - PDC; Tadeu 141.302.000 brasileiros. O crescimento da popu­ Lourival Baptista - PFL; Lúcia Vânia - PMDB; França - ; Telmo Kirst- PDS;Teotônio Vilela lação, pela falta de providências da classe diri­ Lúcio Alcântara - PFL; Luís Eduardo - PFL; Filho- PMDB; Ubiratan Aguiar- PMDB; UIdu­ gente, fez surgir legiões de rotos e famintos, que LuísRoberto Ponte - PMDB; Luiz Alberto Rodn­ ricoPinto- PMDB; Ulysses Guimarães- PMDB; perambulam de um para outro lado do Pais,sem gues - PMDB; Luiz Freire- PMDB; Luiz Gushi­ Valmir Campelo - PFL; Valter Pereira- PMDB; rumo e sem destino, a não ser as favelas das ken - PT; Luiz Inácio Lula da Silva- PT; Luiz­ Vasco Alves - PMDB; VIcente Bogo - PMDB; cidades grandes, sofrendotoda sorte de injustiças. Marques- PFL; Luiz Salomão - PDT; Luiz Viana Victor Faccioni - PDS; Victor Fontana - PFL; A criação do Estado do Tocantins; envolvendo - PMDB; LysâneasMaciel - PDT;Maguito Vilela Victor Trovão- PFL; Vieira da Silva- PDS;Vilson o norte-nordeste goiano,área situada entre o Nor­ - PMDB; ManoelCastro- PFL; ManoelRibeiro Souza - PMDB; Vingt Rosado - PMDB; Virgil­ deste e a Amazônia, constituiráimportante inicia­ - PMDB; Mansueto de Lavor- PMDB; Marcelo dásio de Senna - PMDB; Virgílio Galassi- PDS; tivapara amenizar o grave problema das endomí• Cordeiro- PMDB; MárciaKubitschek- PMDB; Virgílio Guimarães- PT;Vitor Buaiz- PT;Vival­ grações e erradicar as favelas e a violência das Márcio Braga- PMDB; MárcioLacerda-PMDB; do Barbosa - PDT; WaldecOrnélas- PFL; Wal­ grandes cidades brasileiras. MarcoMaciel - PFL; MarcondesGadelha.PFL; dyr Pugliesi - PMDB; WilsonCampos - PMDB; Aorganização racionaldos espaços do Centro­ MarcosUma - PMDB; MarcosQueiroz-PMDB; Wilson Martins- PMDB; Ziza Valadares- . Oeste e da Amazônia, para fazer face ao cresci­ Maria de Lourdes Abadia- PFL; MariaLúcia­ mento da população brasileira, evitaráa implosão PMDB; Mário Assad - PFL; Mário Covas ­ das grandes metrópoles, os vaziosdemográficos PMDB; Mário de Oliveira - PMDB; Mário Maia 1-ABERTURA DA SESSÃO e os vácuos de poder. - PDT; Marluce Pinto - PTB; Matheus Iensen O SR. PRESIDENTE (Jorge Arbage) - A E essa experiência pode ser feita a partir da - PMDB; Mattos Leão- PMDB; Maurício Cam- lista de presença registra o comparecimento de criação do Estado do Tocantins, por ser uma pos - PFL; Maurício Correa - PDT; Maurício 127 senhores cosntituintes. questão amplamente decidida pelo apoio unâ• Fruet - PMDB; Maurício Nasser - PMDB; Mau­ Está aberta a sessão. nime do povo, do Governo,da AssembléiaLegis­ rílio Ferreira Lima - PMDB; Mauro Benevides Sob a proteção de Deus e em nome do povo lativae da Bancada Federal de Goiás. - PMDB; MauroBorges - PDC; MauroCampos brasileiro, iniciamos nossos trabalhos. O Sr. Se­ O Congresso Nacionaljá aprovou por duas ve­ - ; Mauro Miranda- PMDB; Mauro Sampaio cretárioprocederá à leiturada ata da sessão ante­ zes a criação do Estado do Tocantins.E a terceira - PMDB; MaxRosenmann - PMDB; MeiraFilho rior. foiaprovada pelo Senado, estando em tramitação - PMDB; Melo Freire - PMDB; Mello Reis - na Câmara. PDS; Mendes Canale - PMDB; Mendes Ribeiro 11-LEITURA DE ATA O novoEstado terá amplas condições de auto­ - PMDB; Messias Góis - PFL; Messias Soares O SR. ANTÔNIODE JESUS,servindocomo sustentação. Sua área produz, por ano, 2,5 mi­ - PTR; Michel Temer - PMDB; Milton Barbosa 2°-Secretário, procede à leitura da ata da sessão lhões de toneladas de grãos e 1 milhão de bois - PMDB; Miraldo Gomes - PMDB; Moema São antecedente, a qual é, sem observações,assinada. gordos. Thiago- PDT; Moysés Pimentel- PMDB; Moza­ O rebanho bovino ultrapassa os 6,5 milhões rildo Cavalcanti - PFL; Mussa Demes - PFL; O SR. PRESIDENTE (Jorge Arbage)- Pas­ de reses, e a área do futuro Estado do Tocantins, Nabor Júnior - PMDB; Naphtali Alves de Souza sa-se à leiturado expediente. belas e ricas planícies entrecortadas por cursos - PMDB; Nelson Aguiar- PDT; Nelson Jobim O SR. MARCELO CORDEIRO, 1°-Secretá• perenes de águas límpidase por cordilheirascom - PMDB; NelsonSeixas- PDT; NelsonWedekin rio- Procede à leiturado seguinte: grandes jazimentos minerais,conta com riquezas - PMDB; Nelton Friedrich- PMDB; NeyMara- incalculáveis. nhão - PMB; Nilso Sguarezi - PMDB; Nilson 111- EXPEDIENTE Aotrazer,mais uma vez,estas informações ao Gibsoh- PMDB; NionA1bemaz - PMDB; Nyder Plenário, permito-me pedir o voto e o apoiolle Barbosa - PMDB; Octávio Elísio - ; Odacir COMUNICAÇÃO todos os Constituintespara a vitória que o povo Soares - PFL; Olívio Dutra- PT;Onofre Corrêa nortense de Goiáspersegue, com o apoio de todo - PMDB; Orlando Bezerra- PFL; Orlando Pa­ Do Sr. Mário Uma, nos seguintes termos: o povo goiano, há 179 anos. checo - PFL; Oscar Corrêa- PFL; Osmar Leitão Brasília, 24 de maio de 1988 O Estado do Tocantins somente veio para a - PFL; Osmir Uma - PMDB; Osmundo Rebou­ GDML087/88 Constituinteporque para aqui foi remetido pelos ças - PMDB; Osvaldo Bender - PDS; OsvaIdo Senhor Presidente: dois vetos presidenciais,não sendo considerado Coelho- PFL; OsvaldoSobrinho- PTB; Oswal­ Comprimentando-o muito cordialmente,infor­ o compromisso público do Presidente Tancredo do Trevisan - PMDB; Ottomar Pinto - PMDB; mo-Ihe que, cumprindo determinação de V. Ex', Neves de sancionar o primeiro projeto de sua Paes de Andrade- PMDB; Paes Landim- PFL; estarei embarcando no próximodia 29, domingo, criação e de destinar-lhe recursos para sua im­ Paulo Delgado - PT; Paulo Macarini - PMDB; com destino a Genebra, onde participarei da 75' plantação. Paulo Mincarone - PMDB; Paulo PImentel ­ Reunião da Conferência Internacional do Traba­ Esclareço, finalmente, que o Estado do Tocan­ 2 PFL; Paulo Ramos - PMDB; Paulo Roberto ­ lho. tins terá uma área de 286.706 km , uma popu­ PMDB; Paulo Silva - PMDB; Paulo Zarzur ­ Tendo em vista que o evento será realizado laçãocom cerca de 1.200.000habitantese oitenta PMDB; Pedro Canedo - PFL; Percival Muniz - de 30/5 a 22/6 do correnteano,solicitojustificativa Municípios. Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 1 10871

A criação do Estado do Tocantins será mais de S. Paulo um dos órgãos de comunicação O SR. NILSON GIBSON (PMDB- PE. Pro­ do que um ato de desagravo ao Congresso Nacio­ de grande reponsabilidade, que com seriedade nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, nal. Será, sem dúvida, um ato de soberania da procura transmitir as notícias à população brasi­ Sr"' e Srs. Constituintes, a política externa da Nova Constituinte, integrada por homens e mulheres, leira. Entendo que cada Constituinte deve votar República, esboçada pelo Presidente Tancredo os melhores filhos do nosso povo, que estão mu­ conforme sua consciência. Nesse sentido, inde­ Neves, ampliada e posta em prática pelo Presi­ dando o Brasil. pendentemente do fato de se votar quatro ou cin­ dente Sarney, é das mais enérgicas e abrangentes Era o que tinha a dizer. co anos para o Presidente José Sarney, ratifico de que o Brasil tem notícia. a minha posição de que satisfação devo somente A abertura em relação ao Mercado Comum, sobretudo após a integração de Portugal na Co­ o SR. ERALDO TRINDADE (PFL - AP. ao meu eleitorado e que continuarei votando com Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sr" minha consciência. munidade Econômica Européia, o incremento e Srs. Constituintes, dentro de mais algumas ho­ das interações com a África negra, com especial ras, deveremos votar o Capítulo "Dos Indios" e, atenção às nações de língua portuguesa, o posi­ em seguida, as Disposições Transitórias, onde es­ O SR. ADYLSON MOTTA (PDS - RS) ­ cionamento claro e objetivo frente à política segre­ tá contido o dispositivo que trata do mandato Sr. Presidente, Sr"' e Srs. Constituintes, devemos gacionista da África do Sul, são pontos da maíor do Presidente da República. Aproximando-se este votar hoje o Capítulo VIII do Título VIII e certamente importância que merecem a atenção pessoal do momento, Sr. Presidente, começa o terrorismo haveremos de fazer justiça àqueles que foram os Presidente Sarney. psicológico. O jornal O Estado de S. Paulo de primitivos habitantes, os verdadeiros donos desta Acrescente-se a isto o nascente Mercado Co­ domingo último, em matéria intitulada "Sarney terra, os índios. Em seguida, entratemos nas Dis­ mum Latino-Americano, envolvendo incialmente dá universidade em troca dos 5 anos", ao refe­ posições Transitórias, onde o assunto que mais a Argentina e o Uruguai, e teremos, em rápidas rir-se à luta desenvolvida pelo Constituinte Geo­ está polemizando é exatamente a definição do pinceladas, definido o novo perfil com que o Brasil vani Borges, no Território Federal do Amapá, pu­ mandato presidencial. Há parlamentares que vo­ se apresenta nos grandes conclaves internacio­ blicou o seguinte: tarão cinco anos, outros quatro, Aprendi a respei­ nais. tar todos aqueles que agem com honestidade Pela coerência com que se vem pautando o "Geovani Borges contratou o grupo RPM de propósito. Tenho as minhas razões, assim co­ ltamaraty nas relações Norte-Sul, na defesa da para puxar uma grande passeata em Macapá, mo as deverão ter aqueles que defendem os cinco não-intervenção e da paz para todos os povos, na terça-feira, para comemorar o envio ao anos. O que não posso aceitar é a vinculação nossoMinistériodasRelações Exteriores granjeou Congresso do projeto- de lei do Executivo que se fez entre a votação do período do mandato respeito e admiração em todos os organismos criando a fundação universitãria, uma das presidencial e essa série de interferência e inge­ internacionais em que estamos representados. A maiores bandeiras de suas campanhas elei­ rências do Executivo aqui dentro, nesse desaver­ palavra do Brasil é acatada toda vez que temos torais. Ele explicou aos companheiros de gonhado processo de aliciamento que, certamen­ oportunidade de dela fazer uso e toda vez que bancada que não poderia votar contra o go­ te, conquistou alguns votos indecisos, os quais a opinião do nosso Governo é solicitada sobre verno na Constituinte, para não jogar fora hoje talvez assegurem a vitória da tese dos cmco todos os temas de relações bilaterais ou plurina­ a única oportunidade que teria de cumprir anos. Esta decisão está fora da realidade brasi­ cionais. aquela promessa. . leira. Se se fizesse hoje um plebiscito, uma pes­ Por tudo isso, o Presidente José Sarney é consi­ Depois de ter votado com a liderança do quisa de opinião, certamente 90% dos brasileiros derado, hoje, a personalidade maior da política governo todas as questões polêmicas da votariam a favor dos quatro anos de mandato externa latino-americana, polarizando as atenções Constituinte, como a reforma agrária, a or­ para o atual Presidente da República. de todo o mundo, pelo pragmatismo de suas dem econômica, o mandato dos futuros pre­ Fiz um registro hoje de manhã, na sessão da ações e pela objetividade com que trata o inte­ sidentes e a manutenção do sistema presi­ Câmara dos Deputados, e vou repeti-lo já que resse nacional nas relações privilegiadas com o dencialista, Geovani Borges finalmente con­ estamos no plenário da Assembléia Nacional nosso continente e, não xenófobas, com as de­ seguiu concretizar seu antigo sonho e vai Constituinte: em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, mais nações do Globo. instalar uma fundação universitária no Ama­ foi feita uma pesquisa, um dos pontos mais movi­ Historicamente, cabe-nos o direito de abrir a pá. Anotícia, contudo, segundo os deputados mentados da cidade, com três umas, pegando, Sessão Solene Anual da Organização das Nações da bancada, só alegrará os filhos da elite e ao acaso, pessoas que transitavam pelas ruas. Unidas. ' da classe média alta do território, já que a De 2.044 pessoas chamadas a opinar sobre a Dia 5 de junho próximo, estará em Nova Iorque universidade será paga." duração do mandato presidencial, 1.992_votaram para cumpriresta missão o nosso PresidenteJosé Sr. Presidente, sequer fui procurado por algum a favor dos quatro anos, 26 pelos cinco anos, Sarney. Na ocasião, estará falando, em nome de repórter do jornal O Estado de S. Paulo como 21 por 6 anos e 0,3% abstiveram-se. toda a Nação brasileira, sem distinção de partido, integrante da bancada do Território Federal do De cento e oitenta Deputados Estaduais de to­ de ideologias ou convicções filosóficas. Amapá. Entendo que, se algum Constituinte do do o Brasil-e entendo que eles tenham alguma Incompreensivelmente, os opositores internos, Território deu esse tipo de informação a O Esta­ representatividade - reunidos em um congresso em manobra de procrastinação na Assembléia do de S. Paulo, agiu de forma irresponsável e na cidade de Natal, excetuando-se apenas dois, Nacional Constituinte, tentam empalidecer a pre­ leviana. Não estou aqui com procuração para de­ 178 assinaram manifesto pedindo que se vote sença do Presidente Sarney na ONU, ou impedir fender o Constituinte Geovani Borges. Quem co­ por quatro anos de mandato para o Presidente que o nosso Presidente cumpra, nessa oportu­ nhece o meu trabalho no plenário, sabe que fre­ da República. nidade, a missão histórica que não lhe cabe, a qüentemente tenho divergido das posições assu­ Deixo este registro para meditação desses par­ ele, mas à Nação brasileira. Trata-se de manobra midas pela Liderança do meu partido, isso -por­ lamentares que votarão cinco anos e que serão impatriótica, desprovida de qualquersenso nacio­ que, como Parlamentar, devo satisfações somen­ rechaçados nas suas bases eleitorais, porque não nalista, é que visa apenas a atender a preocu­ te ao meu eleitorado. Mas entendo que esse tipo é isto o que o povo brasileiro está desejando. pações político-eleitoreiras, imediatistas e irres­ de notícia, de certa forma, contribui negativamen­ O que ele quer é que se conclua a transição nos ponsáveis. te para nosso trabalho, pois, como-Parlamentar, quatro anos prometidos pelo Presidente José Sar­ Esperamos que esses políticos e líderes reflitam tenho procurado representar de forma significa­ ney, e que seria a última etapa do processo de melhor e não confundam a pessoa do Presidente tiva o Território Federal do Amapá no plenário transição. Então com as eleições diretas para Pre­ com o papel que ele tem a desempenhar, por da Assembléia Nacional Constituinte e minha luta sidente da República reiniciaríamos uma nova eta­ força do cargo que ocupa, em nome do Brasil vem desde a legislatura passada. Se, coincidente­ pa de esperança para este País, porque o povo e de todos o brasileiros, no concerto e no foro mente, a universidade agora está sendo homolo­ brasileiro precisa de um pouco mais de fé, con­ maior de todas as nações. gada pelo Presidente José Samey, este é um pon- fiança e esperança, e num governo que perdeu to a ser questionado. . a sua credibilidade isto não mais será possível. Sr. Presidente, lamento profundamente que no­ A única forma de se dar um novo alento e uma A SR" DIRCE TUTU QUADROS (PTB ­ tícia como essa chegue distorcida à população nova esperança a nossa gente é através da mu­ SP. Sem revisão da oradora) - Sr. Presidente, brasileira, até porque consideroo jornal O Estado dança deste Governo que a vem infelicitando. Sr"' e Srs. Constituintes, fiqyeiterrivelmente assus- 10872 Quarta-feira 1 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSmUINTE Junho de 1988 tada com o artigo de primeira página da Folha sorte de falcatruas que hoje imperam em nosso em conseqüência diSSO significa não voltar para de 5. Paulo de sábado, sobre a Amazônia. País. o Congresso Nacional nas próximas eleições. A lenta destruição da floresta amazônica, com Pelo povo brasileiro, pelo bem do Brasil, em as queimadas e a exploração irracional de suas respeito à nossa tradição democrática, em home­ O SR. JOÃO DE DEUS ANTUNES (PTB potencialidades, é um dos maiores crimesjá prati­ nagem à memória do Presidente Tancredo Neves, - RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, cados contra o Brasil,pelo seu carátermesquinho votarei pelos 4 anos de mandato! Srs. Constituinte, li no jornal Zero Hora de e impatriótico. Era o que tinha a dizer. 29-5-88 e também tomei conhecimento através A imprensa, as entidades ambientalistas, as li­ de informações de um programa do jornalista deranças ecológicas de todo o País aí estão de­ o SR. DEL BOSCO AMARAL(PMDB - SP. Mendes Ribeiro, que o nobre Constituinte Nélson nunciando a devastação da Amazônia e o roubo Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Jobim assacou considerações contra minha pes­ de suas riquezas, frente ao estupor nacional e Constituintes, há alguns meses cheguei a afiançar soa, o Constituinte Paulo Mincarone e o Consti­ a omissão e indiferença criminosa do Governe -que seria talvez o único Constituinte a votar a tuinte Osvaldo Bender. Federal. favor do mandato de cinco anos para todos os Tenho o nobre Constituinte Nélson Jobim co­ A questão do desmatamento amazônico é de presidentes, inclusive para o Presidente José Sar­ mo um jurisconsulto, um homem de ilibada con­ segurança nacional, exigindo ação imediata até ney, principalmente por pensar, como ainda pen­ duta, com um grau de conhecimento jurídico, das Forças Armadas contra os dilapidadores, os so, razoavelmente nas grandes dífículdades para um homem na verdadeira acepção da palavra. caçadores, os devastadores de nossa selva e os a econômia deste País, caso ocorra um pleito Lendo a reportagem, verifiquei que ele se repor­ ladrões de nossas potencialidades. direto para a Presidência este ano. tava ao meu nome dizendo que tínhamos colo­ A Amazônia, pulmão da humanidade, verde de cado lixo dentro da Constituinte. nossa bandeira, de rica fauna e belíssima flora, Mas existe uma balança para pesar aquilo que Sinceramente, eu não sabia que, ao chegar responsável por 1/5 do oxigênio do planeta Terra, é o melhor para o povo brasileiro. Temos, por aqui, deveria pedir autorização ou idéias a esse está sendo assassinada com a conivência e o exemplo, o escândalo da Siderbrás, que venho nobre cidadão da minha terra, para saber o que apoio velado da incapacidade governamental em há muito denunciando ao Sr. Presidente. A propó• seria bom apresentar para ser inserido na Carta reagir à altura. sito, há um pedido de constituição de CPI, eu Constitucional. Realmente errei. Através da Presi­ Tenho lido sobre o drama amazônico, acompa­ diria, encalhado aqui na Câmara dos Deputados, dência da Assembléia Nacional Constituinte, de­ nhando-o muito de perto, e como cidadã brasi­ com 251 assinaturas. Existem os problemas habi­ veria ter procurado saber que era o homem que leira, como mulher consciente, comoparlamentar tacionais de minha região, onde foram prome­ tinha o mando e que poderia me dar as primeiras eleita por um Estado que sofre o drama da polui­ tidas 11 mil casas e concedidas apenas 174. Mais explicações. ção e da devastação em seuvasto território, quero profundamente ferida foi a comunidade quando Portanto, S. Ex" vê por um prisma e eu por lançar um apelo veemente pela Região Amazô• os novos ministros, da Fazenda e do Planejamen­ outro. nica, contra a devastação de sua vegetação nativa, to, recusaram-se a pagar a complementação de Sr. Presidente, Srs. Constituintes, sou um cons­ em defesa dos homens e das mulheres amazô• aposentadoria dos portuários. Seis mil homens tituinte classista, pois fui eleito pelo voto da Polícia nicas, em defesa do amanhã da humanidade, em deviam estar recebendo essa complementação Civil do Rio Grande do Sul e também dos meus prol da conservação daquele autêntico santuário desde janeiro, conforme acordo firmado por qua­ amigos. E esse cidadão não se insurgiu em mo­ ecológico de nosso País. tro ministérios com os sindicatos das respectivas mento algum contra as emendas apresentadas Temos de impedir que a rica e bela Amazônia, classes portuárias. E o Governo não o cumpriu. em favor do Judiciário - ouçam bem, do Judi­ um dia chamada pelo poeta amazonense Thiago Existe uma convulsão popular causada pelo ciário - nem tampouco contra as emendas em de Mello de "Pátria D'água" se transforme na "Pá­ desgoverno, pelos desatinos de um Ministro da favor do ministério público, mas única e exclusiva­ tria da Devastação". Indústria e do Comércio que realmente não co­ mente contra as emendas que apresentei em fa­ Sr. Presidente, encontramo-nos na antevéspera nhece indústria - pode conhecer um pouco de vor da classe da qual fIZ parte durante 26 anos, da votação do mandato presidencial, quando as comércio- não conhece o que se passa na Cosi­ ininterruptamente. Aqui estou não para represen­ forças situacionistas se mobilizam, inclusive, lan­ pa, nem na siderurgia brasileira. Essa gente tar os interesses do Dr. Nélson Jobim, mas para çando mão de expedientes espúrios, em favor vem sendo mantida, não sei em nome de quais defender os dos que considero acertados e os do mandato de cinco anos para o Presidente José compromissos. daqueles que me elegeram. Sarney. Desta forma, Sr. Presidente, dei hoje uma entre­ Vejam bem, o lobby do Sr. Constituinte Nélson Não é lícito a ninguém desconhecer o fracasso vista à rádio de São Paulo - por que não dizer Jobim, de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, do atual Governo. Sua incapacidade decisória e - Jovem Pan dizendo que vivo um grande con­ que se tem levantado e se insurgido não apenas sua incompetência crônica afloram frente aos flito: o de saber da impropriedade de um eleição contra a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, de­ olhos da Nação brasileira. A falta de autoridade aínda este ano; de saber, também, que o Presi­ monstra muito bem o que vai ser a defesa ou e a corrupção que campeia solta e grossa aí estão, dente Sarney não precisa de inimigos nem de a contrariedade daquilo que vamos epresentar, desafiando a tradição de honradez, dignidade e oposição. Já tem S. Ex", no seu Governo, entre porque só gostam da Polícia aqueles que preci­ decência do povo brasileiro. alguns dos seus ministros e nos escalões mais sam dela, aqueles que em momentos de dificul­ O Brasil está de olhos voltados para esta Casa. próximos, o que há de pior para inviabilizar um dades, de necessidades, quando têm um filho O povo torce por um resultado digno, onde os governo a continuar o seu caminho. seqüestrado, quando têm uma filha esturpada, 4 anos sejam aprovados e o atual Presidente, ape­ Será uma decisão dura. E será tomada. Vejam quando são levados por algum perigo a cair nas sar de seu fracasso, saiba que já ganhou mais V. Ex", abordei Síderbrás, habitação e comple­ mãos desses facínoras, se levantam e dão um do que devia. Que esse mandato não lhe pertence, mentação de aposentadoria. Nada disso me traz voto de louvor à Polícia. que sua passagem pela Suprema Magistratura a sensação do dever cumprido; nada disso pode Fui policial durante 26 anos, e tenho uma ficha do País é obra do destino, é capricho do acaso, me trazer, um dia, à quarta reeleição a Deputado limpa. Orgulho-me de dizer aqui, alto e bom som, é um preço caro que estamos pagando pelo desa­ Federal, como tive duas a Deputado Estadual e que fui policial da Polícia Civil, delegado de Polícia parecimento lamentável do Estadista Tancredo duas à vereança. É lógico que o político busca do Rio Grande do Sul. Em todas as classes temos Neves. votos. Mas, também, busca estar ao lado de um maus elementos, em todas as categorias temos Devo renovar minha posiçaõ em favor de um governo que sirva ao povo, para que o povo o ovelhas negras. Agora, não venha o Dr, Nélson mandato de 4 anos. É o povo quem quer, é o reconduza, quando necessário. Então, tenham Jobim dizer que vim para cá, juntamente com Brasil quem reclama. cuidado aqueles - isto é um alerta geral - que outros homens, despreparados, para colocar lixo Não posso deixar de salientar, apesar de todo votarão pelos cinco anos para o Presidente José dentro da Carta constitucional. Fico até com ver­ o respeito que merecem todos os demais colegas, Samey, em face de razões que não chamaria de gonha. inclusive, os cincoanistas, que o voto em favor subalternas, primeiro, porque sou um homem ele­ Infelizmente, devo dizer - tenho consideração de um mandato de 5 anos é um voto favorável gante e, segundo, porque todos somos homens pelo Dr. Nélson Jobim e CNerocontinuar respei­ à Ferrovia Norte-Sul, à corrupção, ao nepotismo, honrados, mas pelo fato de que não são eminen­ tando esse cidadão - acho que S. Ex" teve um ao favorecimento ilícito, ao desmando e a toda temente populares. Cuidado, porque o retomo momento de grandeza que lhe causou problema. Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 1 10873

Existem pessoas que, para subir na vida, não pre­ tos, telegramas, cartas; temos participado de ma­ mente - este é o desejo de todos nós - rejei­ cisam superar os obstáculos enfrentados por es­ nifestações públicas ou a elas assistido em entida­ tá-los. sas categorias pequenas e desprezadas, porque des, nas ruas e nas praças, clamando para que Em segundo lugar, Sr. Presidente, quero discu­ já nasceram em berço esplêndido. Essas pessoas a Assembléia Constituinte aprove o mandato de tir aqui o óbvio, do ponto de vista do povo bra­ nascidas em .berço esplêndido nos olham com quatro anos para o Presidente Sarney. São as sileiro. desprezo e se colocam como primeiros-ministros Câmaras de Vereadores, as Assembléias Legisla­ Há pouco antecedeu-me nestatribuna o Consti­ Já foi dito, aqui S. Ex' seria, quem sabe, um dos tivas, por maioria dos seus integrantes, as entida­ tuinte Nilson Gibson, muito afinado com os inte­ mais fortes candidatos a primeiro-ministro da des do movimento sindical em todos os níveis, resses do Presidente Samey. Digo isto respeitosa­ nossa República. Para subir, eles pisam no pesco­ as entidades da sociedade civil organizada ­ mente, até mesmo porque S. Ex' é um colega ço dos pequenos. Sou pequeno, mas tenho a OAB; CNBB, Associação Brasileira de Imprensa muito simpático Não concordo em absoluto com grandeza de defender com convicção aquilo que - que nos enviam manifestos, com milhares de suas idéias, com seu comportamento, mas tenho acho certo. assinaturas, postulando umaposiçãofirme e deci­ de declinar esta simpatia. Assume S. Ex' com Por isso deixo aqui o registro do meu repúdio dida do Congresso Constituinte a favor dos quatro coragem uma postura que muita gente adota tra­ a tudo quanto S. Ex' disse, não dando oportu­ anos. Na verdade, são os que legitimam nossos vestidamente, isto é, a nível de bastidores "estão nidade de me defender. Gostaria de irpara tribuna mandatos de constituintes que querem que res­ com o Presidente e não abrem", mas publica­ juntamente com S. Ex' para mostrar que a Polícia pondamos a este anseio nacional, votando com mente fazem um discurso sem-vergonha e dema­ Civil, não só do Rio Grande do Sul, mas do Brasil, a maíoríàdo povo. gógico. é de elite, é uma das melhores Polícias que temos Não vi em nenhuma praça, em nenhuma enti­ Sr. Presidente, em seguida ouvimos o discurso no Brasil, quiçá no mundo. Orgulho-me de ter dade, em nenhum logradouro público qualquer do eminente Presidente do PT, na mesma linha pertencido a ela. manifestação de massa em defesa de um man­ que queremos adotar doravante. É fundamental dato de cinco anos, ou mais, para o Presidente que se respeite o povo. É impossível imaginar O SR. MAURO SAMPAIO (PMDB - CE. Sarney. Não recebemos e não vimos nenhum que o grupopalacianopense queaindatem forças Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs parlamentar apresentar, da tribuna desta Casa, para continuar enganando o povo, tripudiando Constituintes, a opinião pública brasileira encon­ manifesto com um número considerável de assi­ sobre sua desgraça. Quando falo em desgraça, tra-se apreensiva com notícias insistentemente naturas defendendo cinco anos para o Presidente refiro-me a essa inflação que destrói a economia veiculadas pela nossa imprensa e também por José Sarney. Como, então, se propala que, dentro popular, a economia do trabalhador, que destrói declarações de lideranças políticas desta Casa de do Congresso constituinte, há maioria cíncoanís• as micro, pequenas e até as médias empresas, que os mandatos dos atuais prefeitos e vereadores ta? Estaria o Congresso constituinte suspenso no e que está, no ano de maior safra, destruindo seriam prorrogados por mais de um ano. Somos ar? Estaria o Congresso constituinte desligado do a agricultura de subsistência, dos pequenos pro- favoráveis a eleições diretas de vereador a presi­ povo brasileiro, que o elegeu pelo voto direto? prietários. c dente da República ainda esteano, e não entende­ Estaria o Congresso constituinte, por uma maioria Com essa inflação terrível, o Govemo, na pala­ mos que os Constituintes, que não tiveram a cora­ que se pretende ter aqui, conforme alardeiam os vra do Presidente José Sarney, diz que estamos gem de reduzir seu próprio mandato, tenham au­ meios de comunicação, atendendo não aos inte­ saindo da maior crise. Não sei por onde S. Ex' toridade moral para diminuir o mandato de quem resses de quem o elegeu, o povo brasileiro, mas está saindo. Acho que via Congresso, via Assem­ quer que seja, eleitos que foram pela mesma aos interesses do Palácio do Planalto, onde está bléia Nacional Constituinte, através do apoio da Constituição. Seria, sem dúvida alguma, um pre­ o atual presidente, José Sarney, que não tem a maioria dos seus membros, com o qual, segundo cedente grave no nosso entender, porquanto, no legitimidade do voto popular direto? ele, conta; hoje para conseguir cinco anos de regime democrático, procuraria desestabilizar go­ Se isto estiver acontecendo, Sr. Presidente, Sr'" mandato. vernos e diminuir mandatos. A situação econô• e Srs. Constituintes, o Congresso constituinte, por Quero abrir um parêntese nas colocações que mica de dificuldades não é só do Brasil, mas de esta maioria, estaria perdendo uma enorme opor­ faço. Respeito aqueles cincoanistas convictos. todo o Terceiro Mundo. Nos países vizinhos da tunidade de se sintonizar com a Nação, com o Mas aqueles cincoanistas de última hora, interes­ América do Sul observamos as mesmas dificul­ povo brasileiro. Mas acreditamos que essa sinto­ seiros, estes não merecem o mínimo respeito da dades que ora enfrenta o Brasil. nia ainda pode acontecer. Os manifestos vindos nossa parte. Há dois tipos de cincoanistas, dois Somos contrários, pois, à prorrogação dos das entidades populares, a mobilização popular tipos de amigos do Presidente e inimigos do povo: mandatos dos srs. prefeitos e vereadores, até por­ hao de ter repercutido na consciência da maioria aqueles convictos, que assumiram há muito tem­ que a prorrogação por um ano não permitiria dos Constituintes, e eles hão de corresponder a po a bandeira de permanência do Presidente Sar­ a coincidência dos mandatos, que seria desejável. estavontade. Acreditamos que, na ocasião devida, ney à testa do Governo do País, quejá assumiram Poderíamos até apoiar tal prorrogação, desde quando votarmos o mandato do Presidente José os cinco anoshá muitotempo, e aqueles de última que no próximo ano se realizassem eleições em Sarney, a vontade da maioria do povo brasileiro, hora, que se deixaram levar pela conversa dos todos os níveis. Isto é o de que a Nação precisa, expressa em toda essa mobilização e nesses do­ governa,dores e por outros interesses ainda muito paraque, coma renovação de todosos mandatos, cumentos, deverá também expressar-se nosvotos piores. E preciso registrar que, via de regra, esses após a Constituinte, e com o advento das novas dos Constituites. Quatro anos para o Presidente Governadores estão divorciados da soberanavon­ leis, pudesse haver o reencontro da sociedade José Sarney, para que o Presidente da República tade do povo brasileiro, a de eleger o Presidente com o govemo e o surgimento de novas espe­ passe, efetivamente, a ter representatividade. , da República. ranças para o nosso povo. Para concluir, Sr. Presidente, quero manifestar Firmamos, portanto - repito - nossa posição OSR. FRANCISCOKÜSTER (PMDB-SC. minha preocupação quanto a matéria publicada contrária à prorrogação dos mandatos e a favor Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sr" no Jornal do Brasil, edição de 27 de maio de de eleições diretas em todos 05 níveis. e Srs. Constituintes, nossa presença na tribuna, nesta oportunidade, dá-se por dois motivos. Em 1988, sob o título "Militar critica reunião do co­ O SR. oLÍVIo DUTRA (PT - RS. Sem revi­ primeiro lugar, quero reclamar, mais uma vez, mando do Exército". Diz a publicação: sãodo orador.)-Sr. Presidente, Sr" e Srs. Consti­ como vimos fazendo ao longo dos últimos dias, "Brasília -A reunião do Alto Comando tuintes, estamos caminhando para a votação das a apreciação, pelo Congresso Nacional, dos fami­ do Exército, iniciada ontem de manhã, com Disposições Transitórias. Esperamos haver quo­ gerados Decretos-Leis nOS 2.423, 2.424 e princi­ a presença de 19 generais da arma, e que rum nesta Casa, hoje, para votarmos o Capítulo palmente o de n° 2.425. terá continuidade hoje, foi classificada pelo VIII, do Título "Da Ordem Social", referente aos O Presidente do Congresso não convocou reu­ Centro de Comunicação do Exército como índios. nião para os próximos dias, a não ser que o tenha de "rotina". Segundo o chefe do Cecomcex, Das Disposições Transitórias, Sr. Presidente, o feito nessas últimas horas em que estivemos au­ general Carlos Lacombe, osoficiais estão dis­ ponto mais polêmico é, sem dúvida, o quarto, sentes de Brasília, e não tivemos conhecimento. cutindo apenas os cortes orçamentários de­ que trata do mandato do atual presidente da Re­ Seria oportuno que o Senador Humberto Lucena terminados pelo Governo federal na semana pública. Quero registrar nosAnais desta Casa que convocasse o Congresso Nacional para amanhã, passada. "É uma reunião administrativa nor­ temos recebido- e penso que também 05 outros para que pudéssemos apreciar os referidos decre­ mal", garantiu o general. A questão da anistia 55 constituintes - abaixo-assinados, documen- tos é claro, mas para que pudéssemos, principal- dos militares cassados e a duração do man- 10874 Quarta-feira 1 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988

dato do Presidente José Sarney também fo­ e vergonha na cara, e não de "ddp" (dias e dias servidores, para que haja real implantação de um ram discutidas pelo AltoComando, segundo parado). turno único, para que haja estímulo para essa um dos participantes da reunião. Infelizmente é isso o que está acontecendo no implantação e não desestímulo à permanência - Muito mais importante do que a dura­ Brasil do servidor público, o que deseja o Decreto-Lei ção do mandato do Presidente da República Era o que tinha a dizer. n° 2.423. Daí, a importância de os Deputados e a anistia dos militares cassados são as e Senadores prestarem atenção também no De­ questões do reaparelhamento e dos salários o SR. EDUARDO JORGE (PT - SP. Sem creto-Lei n°2.423, que não congela a URPapenas das Forças Armadas - opinou um oficial revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Consti­ por dois meses, mas causa danos permanentes do Alto Comando da Aeronáutica, surpreso tuintes e demais presentes, numerosos Consti­ ao servidor público. Por isso há necessidade de com a reunião da cúpula do Exército. "Du­ tuintes se têm sucedido ao microfone para reivin­ se rejeitar os Decreto-Leis nos 2.423 e 2.425. rante 20 anos tratamos de política e deu no dicar a realização de sessão do Congresso Nacio­ Sr. Presidente, ao concluir, apelo para que o que deu: o país vive uma grave crise econô• nal, amanhã, para apreciação - e rejeição - dos Senador Humberto Lucena convoque sessão do mica e institucional e as Forças Armadas se Decretos-Leis n°S 2.423, 2.424 e 2.425. Gostaria Congresso Nacional para amanhã, às 21 horas desprofissionalizaram. A hora é de somar­ de solidarizar-me com os Constituintes que fazem ou 21 h e 30m, após a sessão da Assembléia mos com o mundo político e buscarmos, ao Presidente do Congresso Nacional, Senador Nacional Constituinte, quando então teremos ga­ dentro da Constituição, uma convivência pa­ Humberto Lucena, esse apelo no sentido de que rantido o quorum qualificado para discutir, votar cífica e próspera", recomendou. realmente seja convocada para amanhã uma no­ . e rejeitar esses decretos-leis. A reunião do Alto Comando do Exército va sessão para discussão da matéria, já que toda não surpreendeu apenas oficiaisda Aeronáu­ a semana passada foi gasta com a manobra da O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB - CE. tica. Segundo um oficial do Alto Comando obstrução. Pronuncia o seguinte díscurso.) - Sr. Presidente, da Marinha,o Exército "quer repetir a mesma Neste momento, gostaria de ressaltar a Impor­ Srs. Constituintes, a IgrejaCatólica, no Brasil,pas­ cena montada durante a votação do regime tância de se rejeitar o Decreto-Lei n° 2.423. O sou a contar, desde o último dia 21, com dois de governo pela Constituinte, em que forçou de rr 2.425, que congela a URP para os funcio­ novos Cardeais, por decisão de Sua Santidade, a mudança de voto de vários Parlamentares". nários públicos e de estatais, já tem sido bastante o Papa João Paulo 11. Segundo este oficial. "O Exército deve se discutido aqui. Como disse, gostaria de ressaltar A escolha de Dom José Freire Falcão e Dom preocupar mais com a sua profissionalização a importância de se rejeitar também, além do' Lucas Moreira Neves alcançou ampla repercus­ do que com a política,cumprindo sua função Decreto-Lei rr 2.425, o Decreto-Lei n°2.423, que, são junto aos círculos sócio-religiosos do País, constitucional". Para ele, a reunião do Alto sob o pretexto de estar estimulando a jornada sendo divulgada como fato dos mais auspiciosos Comando do Exército, às vésperas de uma única no serviço público, na verdade está Iíquí• por todos os veículos de comunicação, ensejando votação importante como a duração do man­ dando o serviço público em várias áreas. E o a que os dois Arcebispos, o de Brasíliae o Primaz dato do Presidente José Sarney pela Consti­ caso, por exemplo, da Previdência, onde existe da Bahia - começassem a receber as primeiras tuinte "dá a impressão de uma medida de a jornada de quatro horas para os médicos, o congratulações pela elevação ao Colégio Cardi­ força das armas rmlítares", que lhes possibilita ter um outro emprego, em nalício. Manifestoo meu repúdio, Sr. Presidente, a esses outro período, às vezes em outro órgão público Ligado por laços de velha amizade ao meu teatrínhos, a essas providências que em nada aju­ do Município ou do Estado. Existe, também, a coestaduano Dom José Freire Falcão, acompa­ dam a construção da democracia, mas servem, jornada de seis horas para aqueles que não são nhei, de perto, toda a sua trajetória, desde os pri­ sim, para atemorizar os medrosos, esses calças• médicos, sejam universitários ou não. É muito mórdios de seu fecundo apostolado, iniciado em curtas que, ao menor gesto de mal humor dos comum na Previdência Social, já de longa data, 1949, com a ordenação sacerdotal, ungido pelo militares, correm imediatamente a lhes pedir a ajomada de seis horas. Inúmeros servidores, além saudoso Dom Aureliano Matos, Bispo da Diocese bênção. A minha repulsa a essas posturas. (Pal­ das seis horas, têm outra jornada de quatro horas de Limoeiro do Norte. mas.) na iniciativaprivada, ou um plantão, às vezes, nos Antes disso, convivicom Dom Falcão em reu­ fins de semana. Ora, o Decreto-Lei n° 2.423 exige niões à que comparecia, com freqüência, no ve­ que o servidor, seja ele médico, universitário de tusto Seminário da Prainha, quando representava o SR. JAYME PALlARIM (PTB - SP. Sem outra categoria ou não-universitário, assine um importante segmento dolaicato, sob a liderança revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Consti­ documentodizendo que vaiabrir mão de qualquer der Padre Perdigão Sampaio, lazarista devotado tuintes, venho a esta tribuna, nesta oportunidade, outro emprego que não seja o da Previdência ao trabalho de assistência eclesiástica àjuventude lamentaro procedimento de centenas de prefeitos Social. Essa medida, Sr. Presidente, irá pratica­ cristã do Ceará. de Municípios brasileiros. mente liquidar a carreira, a vida profissional de Em dezembro de 1954, já exercendo o vicariato Todos sabemos que ontem foiferiado nacional. milhares de servidores da Previdência Social, pre­ na região jaguaribana - filho que é do récern­ Os prefeitos deveriam acatar o feriado, mas resol­ judicando diretamente o usuário, o trabalhador criado Município de Ererê, desmembrado de Pe­ veram criar um feriado próprio, levando o dia de brasileiro. reiro - participei,juntamente com o jovem padre dencanso dos trabalhadores de segunda-feira, 30, Evidentemente que nós, do Partido dos Traba­ José Freire Falcão, de um grandioso Congresso para quinta-feira ou qualquer outro dia da sema­ lhadores, somos a favor de que o Governo dê Eucarístico, durante o qual proferimos palestras, na, de acordo com entendimento próprio. aos trabalhador médico, enfermeiro ou auxiliar a convite de Dom Aureliano Matos e do Vigário Lamentamos o fato, Sr. Presidente, porque no condições de cumprir jornada de oito horas de Geral, Cônego MisaelAlves de Sousa. Brasil já há um número elevado de feriados, o serviço, apenas no serviço público, para que não Ascendendo ao Episcopado, como titular do que traz grandes prejuízos para o Município, o se obrigue a trabalhar no serviço privado e no Bispado de Limoeiro do Norte, e, a seguir, do Estado e a Nação. Um dia não se trabalha por serviço público, ou no serviço público federal e Arcebispado de Teresina, Dom Falcão impôs-se causa da Ascensão de Nossa Senhora, outro, por­ municipal. Somos a favor de que haja um estí• à admiração de seus jurisdicionados pelo descor­ que é dia da Descida de Nosso Senhor Jesus mulo real para que.as oito horas sejam cumpridas tino, clarividência,aprumo e zelo pastoral extraor­ Cristo. E os prefeitos resolvem dar feriado em num único cargo, num único órgão público. En­ dinários. dia diferente do feriado oficial,quando isso con­ tretanto, o Decreto-Lei n° 2.423 não possibilita Em 1984, tendo Dom José Newton resignado turba, perturba e atrapalha o comércio das referi­ isso. Ao exigir, sob pena de perda de qualquer a Arquidiocese de Brasília, a Santa Sé entendeu das cidades, pois os bancos ficam fechados ­ gratificação, que o funcionário abra mão de qual­ de substituí-lo por Dom José Freire Falcão, que, como aconteceu ontem- e o comércio ficaaber­ quer outro serviço, mesmo tendo jornada redu­ na capital da República, granjeou o respeito e to. Daqui a alguns dias, os bancos ficarão abertos zida, de quatro ou seis horas ele na verdade des­ a merecida consideração do mundo oficial e da e o comércio ficará fechado. Essa é uma demons­ monta o servíçô da Previdência Social. comunidade brasiliense. tração de que no Brasil não trabalhamos como Então, ressalto a importância de se rejeitartam­ Em todos os atos a que comparece, o Arce­ devíamos. Os prefeitos estão usando de insen­ bém o Decreto-Lei n°2.423. É preciso haver uma bispo é sempre alvo de reiteradas demonstrações satez e irresponsabilidade. No País em que vive­ discussão entre os Ministérios da Previdência e de apreço à sua figura exemplar, sobretudo pelo mos precisamos de trabalho, trabalho, trabalho Assistência Social e da Administração e os seus equilíbrio de seus pronunciamentos e o devota- Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONsmUINTE Quarta-feira 1 10875 mento às reinvindicações que dizem respeito, e com um frio intenso, dez mil pessoas caminha­ ciamos duração do mandato do Presidente da mais de perto, à população carente do Distrito ram a partir das 7 horas da manhã, tendo ocorrido República. Federal. uma celebração pelo Cardeal Dom Paulo Evaristo Quero deixarregistrado nos Anaisda Casa, para No próximo dia 29 de junho, Dom Falcão rece­ Aros e pelos bispos da região das 15 às 17 horas. que não pairem dúvidas, que jamais votei na As· berá o Chapéu Candinalício das mão do Santo O tema tratado foi a carestia, a terrível situação sembléia Nacional Constituinte sob qualquer Padre, passando a compor o Sacro Colégio, ao da falta de moradia da população de São Paulo pressão externa. Não há pressão, alguma, que qual são conferidos atribuições relevantíssimas e região, a violênciae o desemprego. Apopulação eu saiba, sobre qualquer um dos Srs. Constituin­ no âmbito da Igreja. de São Paulo se manifesta publicamente contra tes, seja militar, seja das associações civis, ou Ainda recentemente, no plenário do Senado esta situação econômica que está deteriorando seja dos Governadores, porque não me constituo Federal, contamos com a presença do novo Car­ a qualidade de vida do povo brasileiro,especifica­ uma exceção particular nesta Assembléia. Nunca deal, quando aqui se homenageou, em sessão mente do povo de São Paulo e da Grande São usei o meu mandato votando nesta ou naquela solene, a memória imperecíveldo Senador Mene­ Paulo. situação em decorrência de pressões ínsuportá• zes Pimentel - uma das maiores expressões da Sr. Presidente, estamos discutindo na Assem­ veis, como dizem alguns jornais e ouço alguns vida pública do Ceará. bléia NacionalConstituinteum tema muito impor­ Parlamentares apregoarem. Ao registrar, nesta tribuna, a nomeação dos tante, e não quero ser genocida, como o Poder Criei-me, nobre Presidente, ouvindo a lição de dois novos cardeais - Dom Lucas MoreiraNeves Constituintenão pode sê-lo, em relação aos índios Capistrano de Abreu, que dizia que "o que falta e Dom José Freire Falcão desejo regozijar-me brasileiros. a nosso País é vergonha na cara". Nenhum Cons­ pelo significativo acontecimento, desejando a am­ O fato de a Comissão de Sistematização não tituinte está sob qualquer tipo de pressão, militar bos um múnus pastoral dos mais fecundos e ben­ ter votado o capítulo sobre os índios resultou na ou civil, que obrigue a votar desta ou daquela fazejos, mantendo a Igreja identificada com as adoção, pelo Projeto de Constituição ora em dis­ maneira. Quero deixar aos Constituinte de meu grandes causas populares no Brasil e no mundo. cussão, da redação do Deputado Bernardo Ca­ Estado a advertência de que não poderão declarar A SRA. IRMA PASSONI (PT - SP. Sem bral.Esta redação peca não só por criar condicio­ que votaram por cinco anos porque não puderam revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Consti­ nantes de difícil demonstração para os direitos resistir às pressões. Os Constituintes são os úni­ tuintes, inicialmente registro telegrama do Movi­ territoriaisdos índios ("posse imemorial" e "locali­ cos responsáveis, no âmbito deste Parlamento, mento Acorda Brasilde São Paulo, com a partici­ zação permanente"), mas principalmente por in­ pelo desdobrar das discussões que aqui se tra­ pação de oitenta entidades da sociedade civil,lide­ cluir um preceito que implica na incapacidade vamo São, pois, os responsáveis exclusivos por rado pela OAS-SP que realizou plebiscito no dia absoluta dos índios (que, hoje, pelo Código Civil seus votos, não podendo e não devendo transferir 19 de maio passado em todo o Estado de São em vigor, promulgado em 1916, são conside­ tais responsabilidades para terceiros, porque estes Paulo. A pergunta "você quer votar para Presi­ rados relativamente incapazes) e por dar a todo não existem. dente da República, em 1988?" Teve 144.695 o capítulo uma perspectiva etnocida, ao criar a Nunca fui convocado pelo Presidente da Repú­ votos "sim"; 132.268 "não", 11.043 votos nulos; distinção entre índios aculturados e não-acultu­ blica, nem por qualquer ministro de Estado, nem 1.353 votos em branco. Portanto quase 92% dos rados. Os índios considerados aculturados, escre­ pelo governador do meu Estado, nem por qual­ paulistas querem eleger o Presidente da República veu Bernardo Cabral, não fazem jus aos direitos quer militarpara votar desta ou daquela maneira. ainda este ano. específicos previsto no capítulo. Como os índios Voto com absoluta consciência, tendo respeito Gostaria de deixar registrado àinda que o Par­ não-aculturados são tidos por absolutamente in­ à soberania popular e ao mandato que me foi tido dos Trabalhadores, desde à época do Colégio capazes, o texto criou a seguinte situação: ou o confiado. Eleitoral,afirmava e continua a afirmar que a de­ índio é não-aculturado, incapaz e por isso não Assim sendo, quero declarar, neste instante, na mocracia não se instala com golpes de prorro­ goza dos direitos de cidadania, ou, para gozar antevéspera da votação do mandato -, para que, gação de mandato ou de mandatos i1egitimos. desses direitosnão pode ser índio,pois será consi­ amanhã, não se espalhe pelo País que os Consti­ Os paulistas não autorizam os parlamentares da­ derado aculturado ... tuintes votaram sob pressão-c- que não há qual­ quele Estado a votarem a favor dos cinco anos A emenda coletiva do "Centrão" seguiu a mes­ quer pressão, Sr. Presidente. Apressão que existe de mandato para o Presidente José Sarney. O ma perspectiva. Portanto, os direitos indígenas - e vai existir- é aquela da prestação de contas povo quer eleições diretas porque sabe que so­ não têm, em nenhum dos textos, uma referência ao povo pelo uso indevido do mandato, votando mente com um mandato legitimo,através do voto positiva. Esta referência é dada pelas emendas contra a manifesta e clara vontade da população. direto, o País poderá alcançar a estabilidade ne­ que foram apresentadas pelo Deputado Alceni Por igual, Sr. Presidente, quero deixar, de logo, cessária para promover o desenvolvimento nacio­ Guerra (art.268), SenadorJarbas Passarinho (art. o meu protesto pela falsificação geral existente nal. Portanto, votar contra o povo de São Paulo 269), destaque do Deputado Carlos Cardinal (art. em relação ao problema das eleições municipais. e contra o povo brasileiroserá trair os verdadeiros 270) e emenda supressiva do Deputado Fábio Não há legitimidade de qualquer mandato, na anseios da nossa população. Feldman (art 271). Cada uma desta emendas ou Câmara, no Senado, como na Assembléia Nacio­ Com relação à política econômica e social do destaques, contudo, precisará do 280 votos para nal Constituinte, que autorize a qualquer um de País, nos vangloriamos de ser a oitava economia sua aprovação. nós prorrogar mandato de quem quer que seja. do mundo, quando somos a centésima quarta Esperamos é que este Parlamento tenha digni­ Por isso quero deixar também registrado que a Nação na distribuição de renda, ficando abaixo dade para reconhecer os direitos indígenas. prorrogação de qualquer mandato representa a do Paraguai, do Uruguai, da Argentina, do Chile Durante o discurso daSrConstituinte Irma violência a que Capistrano de Abreu se referiu, e de outros países. Temos quase que a menor Passoni, o Sr. Jorge Arbage, 2 D-Vice-Presi­ que citei na fase inicial desta intervenção. Nin· distribuição de renda do mundo. Por isso, as elei­ dente, deixa a cadeira da Presidência, que guém, absolutamente ninguém, tem legitimidade ções diretas, a meu ver, significam dar ao povo para adiar as eleições municipais, porque isto sig­ é ocupadapeloSr.Mauro Benevides, 1D_ Vice­ brasileiro a legitimidade de um governo para fo­ Presidente. nifica,pura e simplesmente, prorrogação de man­ mentar o desenvolvimento nacional. Cinco anos dato. de mandato para o Presidente JoséSameysignifi­ Obrigado, Sr. Presidente. cam prorrogar indeterminadamente o mandato O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) ­ do Presidente da República, porque depois dos Concedo a palavra ao nobre Constituinte Virgil­ cinco, virão seis, sete. Pelo caráter do Presidente dásio de Senna. José Sarney e pelo tipo de cidadão que é, não O SR. VIRGILDÁSIO DE SENNA (PMDB O SR. LEITE CHAVES (PMDB - PRo Sem temos garantia de efetivademocratização do País - BA.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, revisão do orador.) - Sr. Presidentes, Sr' e Srs, e de que S. Ex"cumprirá somente os cinco anos Sr'" e Srs Constituintes, a Assembléia Nacional Constituintes, às 9h do dia 7 de junho, estarei mas talvez seis que se arvora ilegitimamente o Constituinte, neste primeiro turno, longo, demo­ defendendo, como advogado, a menina Bruna direito de ter. rado e penoso, macha para concluir a etapa .do Vasconcelos perante o tribunal israelense. Sr. Presidente, quero registrar ainda a rnanfes­ corpo constitucional propriamente dito. Provavel­ Como a Casa tem conhecimento, a menina, tação realizada na região de ltapecerica da Serra, mente esta semana estaremos iniciando a vota­ sequestrada através de organizações criminosas, Zona Sul de São Paulo, onde, debaixo de chuva ção das Disposições Transitórias, quando apre- foi levada para Israeltendo lá sido adotada. 10876 Quarta-feira 1 DIÁRIo DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988

Todas as provas somáticas foram feitas e con­ o SR. BEZERRA DE MELO (PMOB - CE. - e ainda afirma, porque continua em vigor ­ firmadas, inclusive a do exame de pele do pai, Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, textualmente, no seu art. 186: que teve de dirigir-se a Israel. S!"" e Srs. Constituintes, a preocupação desta As­ "As terras habitadas pelos silvícolas são O Dr. Shimon Schubert acompanha a fase de sembléia Nacional Constituinte com os direitos inalienáveis,nos termos que a lei federal de­ inquérito, quando, então, o caso será levado ao sociais dos trabalhadores e das classes mais po­ terminar, a eles cabendo (a sua posse) a sua Tribunal Pleno. Preocupa-me, Sr. Presidente, o bres e oprimidas traduziu certamente os ideais posse permanente e ficando reconhecido o fato de que a invocação dos pais adotivos possa cristãos de uma democracia ocidental fundamen­ seu direito ao usufruto exclusivo dos bens sensibilizar a Corte de Israel. Perguntam os pais tada no reconhecimento da verdade bíblica de e utilidades nelas existentes. adotivos: se a filha não for considerada como que todos somos irmãos e filhos do mesmo Pai. § 1c Ficam declaradas a nulidade e a ex­ deles e não tiverem legitimidade sobre ela, como Imbuido desse espírito cristão é que queremos tinção dos efeitos jurídicos de qualquer natu­ ficarão os direitos pessoais dela? E mais: dizem enaltecer hoje o longo itineráriohá pouco percor­ reza que tenham por objeto o domínio, a que a menina está saudável, recebe a melhor edu­ rido por Sua Santidade, o Papa João Paulo 11, posse ou a ocupação de terras habitadas pe­ cação, fala iíndiche. E indagam voltando para o pela América Espanhola. Esta viagem revestiu-se los silvícolas. Brasil,como sua mãe é pobre, que destino teria? de excepcional significação, dado o alto grau de § 2° A nulidade e extinção de que trata Sr. Presidente, isso é uma violência dos direitos sua sensibilidade social, ao ensejo em que o Su­ o parágrafo anterior não dão aos ocupantes humanos. Aquimesmo, na Constituinte,votamos mo Pontífice pôde conhecer o complexo de difi­ direitoa qualquer açãoou indenização contra que é dever dos pais criar seus filhos e, mais culdades por que passa este continente com uma a União e a Fundação Nacional do Índio." do que dever dos pais, é direito dos filhos serem massa demográfica superior a 200 milhões de criados pelos seus pais. O próprio Itamarati está almas. Percebeu-se que o Princípe da Igrejapreo­ Pedro Aleixo não caiu na imprecisão de falar nesta luta. A nossa interferência é muito grande, cupou-se com a instabilidade política ocorrente sobre "posse írnernoríal'', que não tem sentido há muito tempo. Constantemente tenho mantido em diversos países, ao lado de bolsões de miséria jurídico, nem histórico em se tratando de culturas contatos não só com a Corte Suprema de Israel, que se multiplicam através - via de regra ­ neolíticas. Nas terras onde habitem, o direito ex­ por quem mantenho o mais elevado respeito, mas do ritmo evolutivodas doenças carenciais. clusivo de usufruto ainda é do índio. também com a nossa Embaixada, através do nos­ Propugnador de uma sociedade justa, a par Atolice dessa "posse imemorial", numa Consti­ so grande Embaixador Asdrúbal Ulysses e com de um conceito distributivode riquezas ideal para tuição que ainda não vigora, está autorizando o o Dr. Shimon Schubert, que está acompanhando a condição humana, onde não exista a morta­ atual Presidente da Funai a distinguir silvícolade o caso, em nome de uma televisão inglesa de lidade infantile não falte o pão na mesa de todos índio, aculturado e não aculturado, para limitar Birminghan. Hoje mesmo falei longamente com estes povos, o Papa recolheu subsídios valiosos, essa posse. o Presidente José Sarney para inteirá-lodo assun­ essenciais às suas reflexões como pregador da Pelo menos é o que conta o jornal O Globo. to. O Itamaratí, por intermédio da nossa Embai­ paz comum. Mas, respeitados os aspectos de so­ Se ele se der ao trabalho de ler o Estatuto do xada em Israel, já fez ver àquele governo que o berania da cada País, segundo a melhor tradição Índio, que é lei ordinária em vigor, verá que ele Brasilnão admite que Bruna Vasconcelos perma­ diplomática, Sua Santidade conduziu-se como sinonimiza índio e silvícola, reiterando o manda­ neça privada da nacionalidade brasíleíra.,desde um peregrino cristão de avançada índole ética mento constitucional. que sejam satisfatórios os resultados das provas nas diferentes ocasiões em que manteve contatos Aculpa, em primeiro lugar, é do atual Governo, de sangue, de genética e de pele. A paternidade pessoais com grupos políticos desavindos, reve­ que escolheu para presidir a Funai um inimigo material está confirmada. O fato de receber me­ lando - em termos de fina discrição - uma dos índios, como culpa cabe a etnólogos, antro­ lhor educação em Israel do que no Brasil é uma inquietação profunda em território íbero-ameri• pólogos e sociólogos indigenistas, cujo lobbynão falácia. Até certo ponto, estamos diligenciando cano, diante das vias turvas que se abrem para soube funcionar nesta Casa. no sentido de que a menina receba uma bolsa o futuro. Cabe ouvir o Sr. Jucá, da Funai, para dizer se permanente, para que a sua educação aqui seja É evidente observar que os latinos da América está fazendo as distinções, que O Globo noticia, igual àquela que teria lá. padecem da crise do subdesenvolvimento, com por meio de simples portaria, ato de terceira cate­ O caso dessa criança tomou-se um símbolo. um patamar de pobreza que se situa entre os goria na hierarquia legal, pela qual pode mani­ Há2 milcasos semelhantes em Israel.Esta notícia mais sérios no contexto do Terceiro Mundo, onde festar sua incompetência. não é oficial,mas é o que me dizem os jornalistas se salientam a fome e a desnutrição, além de Deveríamos apresentar uma emenda supres­ de lá.Assim, os pais dessas crianças receiam que uma dívida externa de índices críticos, em que uma decisão favorável implique prejulgamento siva de todo o capítulo referente ao índio no atual falta às vezes a compreensão dos credores em anteprojeto, pois eles ficariam muito melhor pro­ com relação aos demais casos de paternidade face das assustadoras dificuldades internas. tegidos pela legislação ordinária em vigor. adotiva. Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente, SI'"' e Sr. Presidente, recentemente recebi a visita do Interpretando a posição de vanguarda da Igreja Embaixador Itzahak Zarpaty, que me transmitiu neste agônico quadro contemporâneo, o Papa Srs. Constituintes. a preocupação da Corte de Israel no sentido de João Paulo Il, nas suas freqüentes viagens pelo Sr. Presidente, Srs. Constituintes, trago outro que acreditássemos no julgamento isento daque­ mundo, revela-se verdadeiro apóstolo de Cristo, assunto. le tribunal, para que essa tragédia de famílianão objetivando prioritariamente o bem-estar da co­ Depois que grande parte dos sorteados pelo se tomasse então uma tragédia de país. Segura­ munidade internacional. "Tríleâo" pagou o seu prêmio à fera insaciável mente, Sr. Presidente, não chegaremos a esse Na sua postura de estadista do espírito, o Papa do Fisco, anuncia-se que o Presidente da Repú­ ponto. Acreditamos na Corte de Israel.Masaquele conduz a Igreja com equilíbrio e sabedoria, num blica prorrogará, mais uma vez,o prazo do depó• mesmo tribunal que condenou Lamia, uma brasi­ esforço de mobilização de todas as consciências, sito, para reestudar a matéria e - quem sabo/ leira com filhosbrasileiros, ao eterno desterro do contando com que a humanidade volte à con­ - revogar, com outro decreto-lei, a frustrada me­ País, à prisão perpétua, não haverá de negar ou córdia e possa viver dias pacíficos dentro de pa­ dida. de afastar Bruna eternamente da nacionalidade drões mínimos de estabilidade sócio-econômica. Um tributo não pode ser fato gerador de outro brasileira.Ela tem pais, tem parentes aqui, trata-se E ao congratular-me com o notável viandante tributo, o que é curial em Finanças, mesmo que de um caso profundamente humano. de Deus, manifesto a convicção de que ainda a cobrança, tendo como razão o mesmo fato gera­ Queria sensibilizara Casa para o caso, porque é viávelo reencontro dos povos com a esperança dor, ocorra na União e no Estado, na União e o Brasil certa vez quase entrou em guerra para e a paz. no Municípioou no Estado e no Município. trazer de volta Biggs, assaltante do trem pagador, O imposto sobre a renda e outros proventos nascido na Inglaterra.Se o Brasilquase foià guer­ O SR. DORETO CAMPANARI (PMDB ­ é de competência federal, daí por que sobre a ra em favor de sua reversão ao País, porque tinha SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presi­ mesma renda não pode ser cobrado um percen­ um filhobrasileiro,por que não há a mesmasensi­ dente, SI'"' e Srs, Constituinte, a Constituição de tual, nem para o Estado, nem para o Município. bilidade em relação a Bruna, paranaense, brasi­ 1967, no primoroso art. 186, da lavra de Pedro O Estado é federativo, mas o tributo que se leira,linda, encantadora, privada da nacionalidade Aleixo, que lhe foiadjudicado pela Emenda Cons­ arrecada é nacional. que o Brasil lhe deu? titucional n° 1/69, era exemplar quando afirmava Qual o fato gerador do "Trileão"? Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 1 10877

Arenda das pessoas, desde que superem deter­ mico e social, além de facilitar a vida de milhões de guerra, entre Urutu e Cascaval, invadiram nova­ minado teto num trimestre. de brasileiros. mente a Companhia Siderúrgica Nacional para Então, seria um imposto sobre lucros extraor­ O trabalho dos produtores rurais vem contri­ impedir a greve dos metalúrgicos da usina, que dinários? buindo também para a geração de excedentes se desenvolvia de maneira pacífica, legítima e Ou um empréstimo compulsório - sabe Deus exportáveis e, em conseqüência, para melhorar tranqüila, como outras paralisações de trabalha­ para ser pago quando? a posição de nossa balança comercial, de tão dores. A despeito de garantir a ordem e a defesa O que é uma excrescênciajurídica, uma aberra­ grande importância para o pagamento do serviço do patrimônio público, o Exército brasileiro, na ção tributária, uma agressão à bolsa dos que, da divida externa. posição de juiz da sociedade, investiu contra os não podendo viver de uma só fonte de renda, O setor rural é, ainda, um dos mais importantes direitos civis, direitos legítimos dos trabalhadores. são obrigados a ter dois empregos. na oferta de empregos e, certamente,_crescerá Essa é a questão da influência do militarismo, O Governo sabe disso. ainda mais, se contar com maior apoio governa­ do atrevimento, do avanço e do desrespeito aos Maílson, PhD pelo CEUB, e Sarney, ex-Gover­ mental, colaborando para redúzir o êxodo rural, direitos dos trabalhadores, os quais nossas Forças nador do Maranhão, não podem ignorar comesi­ tão grande nas últimas décadas, já que, em 1940, Armadas, em especial o Exército, são useira e nhos princípios de Direito Tributário. era de 67,5% o percentual da população radicada vezeira em desrespeitar assumindo o direito de O que querem, na verdade, é somar incompe­ no campo, e que baixou para 32,5% em 1980 intervir num processo legitimamente democrá­ tência e despreparo, a fim dê arranjar dinheiro e continua a cair. Contribui ele para uma melhor tico, que a Assembléia Nacional Constituinte con­ para o próximo "pool" eleitoral das prefeituras, distribuição da riqueza nacional, ao elevar o nível sagrou com uma votação esplendorosa, isto é, num indisfarçado "lobby". de renda do homem do campo, ao mesmotempo a do direito de greve. Desse jeito, Sarney, com cinco ou seis anos, que atua em favor de uma melhor alimentação Sr. Presidente, como comunista e marxista, não termina o mandato. Sai como saiu Getúlio dos brasileiros. acredito que a derrota que sofremosnestaAssem­ em 1945, Jânio em 1964 e o próprio Vargas em Além disso, o setor rural trabalha em benefício bléia, no que diz respeito ao direito constitucional 1954. Mas semsuicídio. Ninguém lhe deseja, nem da mão-de-obra especializada, preparando o Bra­ de somente as Forças Armadas protegerem as ele é homem para isso. sil para seu grande futuro de celeiro do mundo. fronteiras brasileiras, não é eterna, não é contínua. Era o que tínhamos a dizer, Sr. Presidente, SI"" O povo brasileiro, os trabalhadores, com o tempo, Como um dos meios para a sobrevivência e e Srs. Constituintes. e as forças representativas, nesta Casa cada vez a prosperidade das pequenas e médias proprie­ maistomam conhecimento, na prática, do quanto O SR. VIRGíuo GALASSI (PDS -MG. Pro­ dades rurais, justamente os responsáveis pela é nociva e inoportuna a influência do militarismo nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, rnaíot parte de nossaproduçãode alimentos, deve na vida do País. Novamente, no momento em Srs. Constituintes, as propriedades rurais produ­ o Governo incentivar e contribuir para a criação que o Assembléia Nacional Constituinte se reúne tivas vêm prestando inegável contribuição para e o funcionamento de cooperativas, cuja impor­ e se aproxima da votação do mandato do atual nosso desenvolvimento, não obstante a ausência tância dispensa destaque, eis que os exemplos Presidente da República, tomamos conhecimento de políticas agrária e fundiária, o que impossibilita ai estão para comprová-Ia. também de que se reúne o Alto Comando do maior expansão do setor. Todos sabemos que a união faz a força, toman­ Apesar da falta de apoio, sobejamente conhe­ Exército para deliberar, opinarsobre essa questão, do muitas vezes possível para muitos o que pare­ que só diz respeito ao povo brasileiro e aos seus cida, aos produtores rurais por parte do Governo, cia impossível para um ou para poucos. A coope­ sejam pecuaristas ou agricultores, vêm eles de­ representantes legítimos. rativa nada mais é do que uma união de forças Aproveitamos a oportunidade, ao ocupar esta senvolvendo um trabalho de significativa impor­ para que os produtores possam fazer o que isola­ tância para o Brasil, muito embora tenham de tribuna, para reafirmar nossa posição, do Partido damente nenhum deles pode. Seus esforços con­ Comunista do Brasil, de apoio à greve dos traba­ enfrentar problemas muitas vezes insolúveis e juntos, a que se deve aliar a ajuda do Governo, que, não raro, os tem transformado - refiro-me lhadores da CSN - movimento firme, legítimo, permitirão que eles possam adquirir, sem se ve­ combatido e aguerrido desencadeado por aque­ aos pequenos e médios, base de nossa agrope­ rem levados à insolvência, os insumos ~ ímple• cuária - em colonos, em virtude de não haverem les trabalhadores, repudiando novamente a ação mentos de que necessitam para desenvolver seu das Forças Armadas, tanto no que diz respeito conseguido saldar os empréstimos bancários, importante trabalho. As responsabilidades serão graças à defasagem entre os preços de seus pro­ à greve dos trabalhadores da CSN como, tam­ de todos e os benefícios serão comuns. bém, à pressão exacerbada aos trabalhos da As­ dutos e as taxas de juros e a correção monetária Espero que o Governo se sensibilize com o que os vêm estrangulando, e os dos insumos sembléia ,Nacional Constituinte a favor do man­ problema dos produtores ruràis e lhes dê o apoio dato de cinco anos para o PresidenteJosé Sarney e implementos agrícolas. Também nessa área a que lhes tem faltado. Assim agindo, estará traba­ contribuição do Governo não corresponde aos e contra a anistia de militares. lhando pelo progresso da agropecuária nacional Era o que tinha a dizer. anseios e às necessidades dos ruralistas, que se e, conseqüentemente, em favor da população bra­ vêem a braços com grandes dificuldades para sileira. saldar seus compromissos financeiros e adquirir O SR. ELIAS MURAD (PTB-MG.Pronuncia os insumos e implementos indispensáveis a suas O SR. EDMlLSON VALENTIM (pC do B ­ o seguinte discurso.) -Sr. Presidente, caros cole­ atividades, de valor transcendental para o País. RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, gas Constituintes, aqueles que querem dividirMi­ Ninguém, em sã consciência, pode negar o o povo do Estado do Rio de Janeiro, e acredito nas criando o Estado do Triângulo se esquecem esforço despendido pelo setor rural, para o abas­ que de todo o Brasil, na semana passada tomou de que a integridade geográfica, política e econô• tecimento nacional de alimentos, em consequên­ ciência, através dos jornais, de que o Exército mica do Estado é fator primordial no equilíbrio cia não só das dificuldades anteriormente citadas, brasileiro tinha enviado um taque, conhecido co­ do próprio País. mas ainda da falta de silos e armazéns, para esto­ mo Urutu, à Colônia Juliano Moreira, localizada Minas é o border-âne, a fronteira, o ponto de car a produção destinada à comercialização, e na cidade do Rio de Janeiro, para garantir a posse passagem entre o Sul do País rico 'êdesenvolvido de estradas para o escoamento; são heróis, a cujo do diretor do referido hospital. e o Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com algumas trabalho o Governo não tem dado o indispensável Foi com perplexidade e espanto que verifica­ regiões pobres e ainda em desenvolvimento.Aliás, apoio, apesar da euforia demonstrada em razão mos mais uma atitude de intervenção do Exército o próprio Estado tem, em sí, tais características: da supersafra da ordem de 67 milhões de tonela­ brasileiro na vida civil,principalmente no que diz um sul de Minas rico e desenvolvido e um norte das de grãos, para o que muito pouco tem contri­ respeito a garantir a posse de um diretor de hospi­ de Minas com bolsões de pobreza, como o vale buído, já, que até os preços mínimos estão fora tal, contrariando a vontade de todo o corpo médi­ do Jequitinhonha. Outrossim, Estado central, Mi- da realidade. Vivemos momentosterríveis em que, co, dos funcionários e dos próprios doentes. _nas é uma das unidades da Nação, aquela que quanto mais se produz, mais se perde. Nesse final de semana, espantado, perplexo e tem fronteiras com o maior número de outros Ao lado do notável trabalho que desenvolvem, revoltado ficou o povo brasileiro, em especial os Estados. Assim, em diferentes regiões existem as as propriedades rurais produtivas dão uma eleva­ trabalhadores, com mais uma investida, mais uma influências que fazem de Minas um Estado com dissima contribuição para a indústria de transfqr­ intervenção do Exército brasileiro na vida civil. características realmente nacionais. mação, que emprega dezenas de milhares de pes­ Precisamente na sexta-feira e no sábado, tropas Dividir Minas, tirando-se importante fatia do soas e atua em favor de nosso progresso econô- do Exército, com aproximadamente 1°tanques Triângulo, é quebrar essa característica de nacio- 10878 Quarta-feira 1 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988

nalidade, é fragmentar o próprio País, pôr em fluenciaram os seus fluxos migratórios e a fixação da. Hoje, 70% do setor bancário italiano pertence risco o equilíbrio político e econômico nacionais. dos primeiros núcleos de povoamento sua des­ ao Estado, e não há ninguém, seja dos partidos Quem financiará o nosso Estado? continuidade climática e topográfica, mas sobre­ conservadores, seja dos liberais, que ouse propor Declarações oficiais provindas de vários setores tudo as riquezas do seu subsolo, determinaram a privatização da Banca Nationale deI Lavoro, por a diversidade que Guimarães Rosa chamou de exemplo. De outro lado, na outra ponta, a "Dama já esclarecem que, enquanto o ICM arrecadado "muitas Minas" e destacar justamente a Minas de Ferro", Margareth Tatcher, intensifica um pro­ no Triângulo é de 11,2%, o Estado investe na das cidades históricas, do ciclo do ouro, das Ge­ grama de privatização. Se compararmos o desen­ região cerca de 15% do seu orçamento. Não há, rais, dos campos, sertões, veredas e chapadões. volvimento da Itália com o desenvolvimento da portanto, a propalada "expoliação" do rico territó• Mas ambastêm idêntica origem histórica, mesma Inglaterra, vamos verificar, obviamente, estatística rio pelo Governo Central mineiro. Ao contrário. formação étnica, traços comuns de personalidade e cientificamente, que a Itáliaavançou muito mais. Um exemplo sugestivo pode ser dado pela cidade e visão do mundo. Assim, o Brasil, que nesses últimos trinta anos de Araxá - a futura capital do estado, segundo DividirMinas Gerais é ato que ofende a História vem desenvolvendo, com erros e acertos, uma os separatistas. Há cerca de 10 anos, era o 82° e atenta contra a nossa realidade. linha de estatização de determinados segmentos município em arrecadação. Hoje,é o 12°e cresceu Minas é eterna! Minas é indivisível! da economia, não poderá, sob grave risco, rever­ tanto assim pelos investimentos que os governos tê-Ia. fizeram na região. A SRA. CRISTINA TAVARES (PE. Sem revi­ Outro problema que se coloca é o elevado gas­ são da oradora.) Sr. Presidente, Sr" e Srs. Consti­ DOCUMENTO A aUE SE REFERE A to necessário à criação de um novo Estado. Como tuintes, quero registrar a presença nesta Casa de ORADORA: se sabe, uma das emendas nas DisposiçõesTran­ Hélio Dutra, um brasileiro que em momentos de "O QUE SÃo AS ESTATAIS? sitórias diz que o novo Estado será criado dentro grande dificuldade foi a Cuba se solidarizar com das características em que se criou o Estado do a luta pela construção do socialismo. Vinte e seis "São empresas que pertencem ao governo (fe­ Mato Grossodo Sul. E quem bancou essa criação, anos depois Hélio Dutra volta ao Brasil, sua Pátria, deral, estadual ou municipal)." há alguns anos, foi o Governo Central. Calculam e é com emoção que o saudamos. Aqui em Brasí• Esta definição, a mais simples é a quetraz mais alguns especialistas que a criação do novo Estado lia, Hélio Dutra lançará um livro onde conta a dificuldades à compreensão da natureza e dos exigirá investimentos da ordem de 2 bilhões de experiência emocionante da luta do povo cubano objetivos da empresa estatal. dólares. pela liberdade e pelo socialismo. A estatal é orientada por aspectos políticos e No momento grave e dificilque atravessamos, Sr. Presidente, SI"" e Srs. Constituintes, quero éticos, inerentes ao poder representativo que a o País não tem condições de bancar isso apenas registrar também que o Centro de Estudos Polítí• controla, por isso a estatal é submetida a princí• para a satisfação de alguns políticos regionalistas cos e Socíais Teotônio Vilela, do Estado de Per­ pios de comportamento normativo, bastante dife­ e empresários locais ávidos de retornarem líderes nambuco, inicia hoje importante debate sobre a renciado da empresa privada. de um novo Estado. Se por acaso a divisão for pnvatízação das estatais. Sabe-se que há toda Uma definição mais completa da estatal, deve feita, ao invés de ter Minas como segundo Estado uma filosofia politica por trás de uma suposta excluir as empresas do governo que não se en­ da Federação, vamos tê-lo em quarto lugar, en­ tecnicidade. A privatização das empresas estatais quadram nesses princípios. quanto o novo Estado do Triângulo será o 14° não diz respeito apenas a que este País caminhe Uma das características da empresa estatal é ou 15° colocado. É por isso e outras coisas mais pelo trilho concebido pelo Fundo Monetário Inter­ a realização de sua missão social, independente que na bancada mineira, de 53 Constituintes, ape­ nacional. Há uma filosofia, repito, sobre a qual do imperativo do lucro. nas sete são favoráveis ao desmembramento, o Centro Teotônio Vilela, de Pernambuco, quer O comportamento e as ações de um adminis­ sendo 46 contra. aprofundar-se. trador de estatal são regulados por princípios éti­ O excesso de Confiança dos separatlstas. cos e valores morais não exigíveis explicitamente Depois de levarem a Uberaba e Uberlândia cer­ Leio alguns tópicos do debate, para que conste de administradores de empresas privadas mas, ca de 100 Constituintes - em viagem, ao que nos Anais da Casa: imprescindíveis à ação social da empresa estatal. se diz, financiada por empresários e pecuaristas "Aclarar a distinção entre empresa estatal A ação paternalista, patrimonialista e até mes­ locais parlamentares separatistas ficaram tão con­ e empresa do governo e intensificar o debate mo empreendedora do governo fez com que ele fiantes na vitória de sua causa que antecipada­ público sobre o assunto é a melhor forma se tornasse dono de muito mais empresas do mente mandaram imprimir o mapa do novo Esta­ de preservaro patrimônio nacional e a defesa que seria necessário. do, com sua bandeira, que apresentamos aqui, de interesses estratégicos da sociedade re­ Existem, portanto, muitas empresas nas quais desta tribuna, aos colegas Parlamentares presen­ presentados pelas empresas estatais." o Governo é sócio majoritário, controlador, ou tes. Curiosamente, não se contentam com a re­ até mesmo um proprietário, que não se incluem Há uma pergunta: o que é privatizar? Os gião do Triângulo propriamente dita, mas avan­ têcno­ na categoria de estatais, nos termos definidos. çam numa vasta região do alto Paranaíba, che­ cratas constumam mistificar, e mitificar a privati­ Aclarar a distinção entre empresa estatal e em­ zação, Queremos discutir esse tópico. gando a englobar - pasmem os Srs. Constituin­ presa do governo e intensificar o debate público tes e o Sr. Presidente-as cidades de João Pinhei­ "Nesse jogo de mão dupla, as elites domi­ sobre o assunto é a melhor forma de preservar ro, Paracatu, Patos de Minas e outras. Recente­ nantes conseguem sempre se beneficiar e o patrimônio nacional e a defesa de interesses transformar qualquer movimento, quer esta­ mente, um mineiro de Patos de Minas chegou estratégicos da sociedade representado pelas em­ tizador, quer privatizador, numa transferência a escrever um artigo, publicado em um dos gran­ presas estatais. real de riqueza da Nação para o setor priva­ des jornais mineiros, com o sugestivo título: "Pa­ do." O QUE É PRIVATIZAR? tos do Triângulo, uma ova", isto porque Patos Ainda com relação à pergunta: "Por que deve­ "É vender ações, de empresas que pertencem é de Minas, no nome e nas origens. mos defender as estatais?", vamos discutir o se­ ao governo, para a iniciativa privada, nacional ou Mas o que mais admira é o excesso de con­ fiança dos separatistas ao fazerem o referido ma­ guinte tópico: não aceitamos a privatização das internacional," estatais estratégicas nos setores de mineração, A singeleza da definição mais esconde do que pa, antevendo, antecipando, prevendo o voto livre energia, ação social, saúde, educação, habitação, mostra o verdadeiro significado da privatização. e soberano do plenário desta Assembléia Nacio­ comunicação, entre outras. Existe, sem dúvida, um conteúdo ideológico nal Constituinte. Essa é uma atitude que repre­ Sr. Presidente, além de pedir a V.Ex' que consi­ senta quase uma agressão à soberania deste Co­ em toda discussão sobre privatização. Sempre dere este documento do Centro Teotônio Vilela se busca, através de argumentos técnicos ou vi­ legiado. como parte deste pronunciamento, gostaria de sões puramente econômicas, escamotear os ob­ Minas eterna fazer uma rápida apreciação, entendendo o tempo jetivos políticos e ideológicos que devem estar Como escreveu o maior jornal dos mineiros, curto de que dispomos, sobre dois modelos de necessariamente ligados à ação das estatais. o Estado de Minas, recentemente Minas é um desenvolvimento em países latinos e europeus. Nesta discussão, os argumentos para a prívatí• estado mediterrâneo no mapa brasileiro e o que De um lado, a Itália, que manteve um modelo zação são sempre de ordem econômica: faz mais fronteiras com outras unidades da Fede- em que a empresa-estatal se complementava e 1) Aumentar a eficiência. _ ração. Sua herança histórica, os fatores que in- tinha uma complementaridade da empresa priva- 2) Diminuir o déficit público. Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSmUINTE Quarta-feira 1 10879

3) Reduzir a ação do Estado na Economia. Os exemplos de ineficiência, de corrupção, de e, a seguir, a apreciação da matéria constante Por outro lado, os argumentos para a estatí- desmotivação, de desvirtuamento e exploração da Ordem do Dia. Até lá, esta Casa continuará zação são sempre de ordem humanitária: praticados por empresas privadas como os co­ a ser brindada com mensagens de interesse na­ 1) Evitar demissões. , nhecidos golpes: Coroa-Bratel, Comind, Novo­ cional indiscutível, da lavra dos eminentes consti­ 2) Evitar prejuízos para pequenos investidores. Cred, Capemi, Sharp, Transbrasil, Mendes Júnior, tuintes que se encontram defronte aos microfo­ 3) Garantir a continuidade dos serviços, etc. além das estatizações feitas em empresas falidas nes, o primeiro deles o Constituinte Antônio de Quase nunca os verdadeiros motivos, pelos para salvaguardaros interesses particulares, usan­ Jesus, a quem concedo a palavra neste instante. quais se defende a privatização ou a estatização, do-se o dinheiro público e a legitimidade do apa­ Concedo a palavra ao nobre Constituinte Antô• são colocados com clareza nas discussões. relho do Estado, são argumentos contundentes nio de Jesus. Neste jogo de mão dupla, as elites dominantes neste sentido. O SR. ANTÔNIO DE JESUS (PMDB- GO. conseguem sempre se beneficiar e transformar . A QUEM INTERESSAA PRNATlZAÇÂO? Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, S.... qualquer movimento quer estatizador, quer priva­ Antes, o governo queria apenas controlar as e Srs. Constituintes, estamos aguardando com tizador, numa transferência real de riqueza da Na­ estatais, ele as considerava ineficazes, ineficientes, paciência o acordo que está sendo celebrado en­ ção para o setor privado.. perdulárias, para serem apresentadas em seguida tre as diversas lideranças partidárias, a fim de que POR QUE DEVEMOS DEFENDER AS.ESTA­ como as grandes responsáveis pelo déficit públi­ possamos ainda nesta tarde votar o capítulo con­ TAIS? co. Criaram-se então instrumentos, mecanismos cernente aos índios. Agora que já temos condições de avaliar o que e até novas estruturas especialmente para contro­ Neste momento, falar a respeito dos índios é realmente é uma empresa estatal, podemos anali­ lá-Ias. de suma importância, uma vez que foram os pri­ sar os motivos que nos levam a defender estas Este esforço de controle, por se basear em pre­ meiros a povoar o torrão brasileiro. empresas. missas tecnoburocráticas, desprezando a ação da Segundo nos informaram alguns pesquisado­ - Elas constituem o patrimônio nacional, em sociedade, como elemento interessado e fiscali­ res, quando do descobrimento do Brasil, havia forma produtiva. zador nas mudanças pretendidas, não surtiu qual­ aproximadamente dois milhões de fndios. Outros - Elas garantem a realização de suas missões quer efeito benéfico para a reestruturação das chegam a estender esse número a cinco milhões. sociais independente do imperativo do lucro. estatais. Dados mais recentes da Fundação Nacional do - Elas são.instrumentos avançados do Estado, As colocações dirigidas, no momento, para de­ Índio dão-nos conta da existência de duzentos para garantir a realização de suas políticas. negrir de uma maneira geral·a imagem das em­ e vinte mil índios no Brasil, incluindo os arredios. - Elas são submetidas a um código de ética presas estatais só servem para esconder os inte­ Portanto, a 'quantidade é significativa, encontran­ e a preceitos legais e obedecem a princípios de resses menores que vêem na privatização das es­ do-se distribuídos em cerca de oitenta naciona­ funcionamento que buscam os interesses da so­ tatais mais uma oportunidade a realização de lidades distintas. ciedade. bons negócios e deixam escapar a preocupação No Projeto de Constituição, a Comissão de Sis­ As empresas estatais, portanto, não devem tirar básica como a eficientização do Estado e, em tematização procurou tratar da matéria, que ficou vantagens de situações monopolistas ou circuns­ particular, de suas empresas. inserida entre os arts. 268 e 271. Por legítimo tanciais, sempre respeitam a leie não devem prati­ Mais uma vez, as elites dominantes se apro­ direito de antiguidade, esse assunto deveria ser car atos que prejudiquem a coletividade, em seu priam da ação do Estado e direcionam suas ações o primeiro. Os índios, povo originário do Brasil conjunto, ou os cidadãos isoladamente. e movimentos para uma linha de transferência e de tantos outros paises, aguardam com ansie­ das riquezas da Nação para o capital nacional dade o reconhecimento de seus direitos sobre Por tudo isso, não aceitamos a privatização das e estrangeiro. estatais estratégicas nos setores de mineração, as terras de posse imemorial, onde se acham Sob a orientação dos organismos internacio­ permanentemente localizados. Sua organização energia, ação social (saúde, educação, habitação, nais, FMle Banco Mundial, o governo empreende social, seus usos, costumes e tradições exigem comunicação), entre outros. essaação destrutiva e enganadora, passandopara da União proteção desses bens. o capital internacional o patrimônio já construído ENTÃO, A EMPRESA ESTATALNÃo MERE­ É necessário que fique inserido no texto consti­ pelas estatais, assim como o controle permanente tucional que as riquezas minerais em terras indí• CE CRITICAS? sobre empreendimentos e serviços estratégicos genas só poderão ser efetivadas com autorização Merece e muitas, mas para nenhuma delas a para a Nação. do Congresso Nacional, ouvidas democratica­ privatização é a solução. Como mentores dessas ações nocivas à Nação mente as comunidades afetadas. Dentre as críticas que podem ser feitas às em­ brasileira, que visam à transferência do controle Como constituinte, tenhoporjustacausa auferir de nossas riquezas e do patrimônio nacional para presas estatais, genericamente apresentadas co­ o reconhecimento às terras de posse imemorial mo ineficientes, sobressaem as seguintes: a iniciativa privada, apontamos como principais dos índios, que serão destinadas à sua posse per­ -A baixa produtividade dos eus recursos hu­ interessados: as elites dominantes comprometi­ manente. São bens inalienáveis e imprescritíveis manos e financeiros. das com o capital internacional." da União, cabendo a esta demarcá-Ias. -A não-otimização do uso de seus recursos O Sr. Eraldo Trindade - Sr. Presidente, pela Assim sendo, Sr. Presidente, esperamos que e potencialidades. ordem. chegue logo a este Plenário o acordo celebrado, - O baixo poder de autocrítica e a desmo­ para que possamos definir,semtraumas, o assun­ O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) ­ tívação dos seus quadros, mesmo quando bem to concernente aos índios nesta Assembléia Na­ Concedo a palavra, pela ordem, ao nobre Consti­ pagos. cional Constituinte. -o reduzido nível de envolvimento dos seus tuinte Eraldo Trindade. técnicos na definição de suas políticas, na orienta­ O SR. BRANDÃO MONTEIRO (PDT - RJ. O SR. ERALDO TRINDADE (PFL - AP. ção de suas ações e na avaliação de seus resul­ Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sr'" Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, com e Srs. Constituintes, em nome da direção nacional tados. o devido respeito aos nobres colegas que se en­ - A baixa capacidade de perceber e agir, adap­ do meu partido e da bancada federal, com grande contram na filapara proferir seus respectivos pro­ tando-se às novas demandas da sociedade. regozijo venho anunciar o ingresso do ex-Ministro nunciamentos, estamos aqui para votar e quere­ Outras críticas poderiam ser alinhadas, muitas Fernando Lyranas hostes do PDT. O nobre Cons­ mos fazê-lo. Gostaria que, dentro das possibili­ delas com origem e solução, fora das empresas tituinte Fernando Lyra, que já desempenhou tan­ dades, V.Ex"nos informasse a respeito do início estatais, como o mau uso dessas empresas pelo tas missões importantes pestes País, assumirá a da votação. governo ou a visão patrimonialista que as elites Coordenação Nacional do nosso partido. (Pal­ têm e as próprias atitudes de posse que exercem O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) ­ mas.) sobre elas, disputando cargos de direção, benefi­ A Mesa responde a V. Ex" que apenas aguarda Tomados de júbilo pelo ingresso no PDT de ciando-se com seus desvirtuamentos, e outras que sejam ultimados os entendimentos que se uma das figuras maisimportantes do Brasil,depu­ atitudes que não cabem aqui comentar. vêm processando emtorno do capítulo pertinente tado em várias legislaturas, ministro de Tancredo Afirmamos, mais uma vez, que a privatização aos índios, a fim de que, nos próximos quinze Neves - demitido pelo Presidente Sarney- sau­ não é solução para os problemas das estatais. minutos, se processe a verificação de quorum; damos o Constituinte Fernando Lyra. 10880 Quarta-feira 1 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988

o Senado Federal deverá apreciar amanhã a. apesar dos pontosde vista exarados pelos ilustres ponsabilidade mais imediata do Governador do legislação que regulamenta as eleições munici­ militares. (Palmas.) Estado do Rio de Janeiro, Sr. Moreira Franco. pais. Aproveito a oportunidade para dirigir apelo Todos sabem nesta Casa, porque o fato é co­ aos nobres senadores - especialmente ao Sena­ Duranteo discursodo Sr. ConstãuinteFa­ nhecido, que S. Ex' se acumpliciou ao crime orga­ dor José Fogaça- no sentido de que ali se ratifi­ rabuliniJúnior,o Sr.Mauro Benevides, 1°_Vi­ nizado, via tolerância a uma de suasmodalídades, que a decisão da Câmara dos Deputados. Não ce-Presidente, deixa a cadeira da Presidência, o jogo do bicho, A .partír de então, o ,princípio vamos buscar preciosismos. Precisamos de um que é ocupada pelo Sr. Marcelo Cordeiro, da autoridade ficou .extremamente combalido e Legislativo que marque sua posição em defesa lr-Secretârio. desmoralizado, fazendo comque prospere, no Es­ das eleições municipais. Sabe-se 'que, da parte tado, toda sorte de manifestação de ilícitos,sendo do Palácio do Planalto e de alguns outros que O SR. PRESIDENTE (Marcelo Cordeiro)­ um deles as invasões. estão camuflados e não querem aparecer, está-se Concedo a palavra ao nobre Constituinte César No último final de semana, a favela da Rocinha, tentando a prorrogação, o que é um escândalo. Maia. talvez a maior do mundo, foi objeto de quase Os prefeitos e vereadores tiveram seis anos de OSR. CÉSARMAIA(PDT- RJ.Sem revisão uma luta campal, onde moradores ou algumas mandato. Chegou a hora de se devolver ao povo I , do orador.) - Sr. Presidente, o Governo começa pessoas reconhecidamente carentes ocupavam o direito de eleger seus Prefeitos e Vereadores. a se enredar na sua política de prívatízação e a uma área do Departamento Nacional de Estradas Espero que o nobre Constituinte José Fogaça . -apresentar elementos de contradição' no seu ra­ de Rodagem, e, 'em vendo a atuação da força se sensibilize com nosso apelo, pois é fundamen­ ciocínio. Como é possível o Governo justificar a policial, que, em face da desmoralização do prin­ tai e necessário que a matéria seja'aprovada no privatização de grandes patrimônios e se negar cípio da autoridade, não vem sendo acatada pela Senado Federal. Dirijo ainda apelo especial ao a aprovar o projeto de lei votado nesta Casa que população, houve um confronto, e essa popu­ grande Senador Mauro Benevides, que no mo­ privatiza os apartamentos funcionais? lação passou a apedrejar os automóveis que pas­ mento preside esta Casa, no sentido de que nos Ora, se o Govemo de fato tem uma política savam e, ao mesmo tempo, interditou uma via. ajude nesta tarefa. O País precisa afirmar-se. Fo­ .privatizante, nada mais justo que privatize o gran­ É preciso que haja compreensão nesta Casa mos à praça pública, prometemos eleições ao de e o pequeno patrimônio. Como é que a popu­ para os fatos que estão ocorrendo no Estado do povo brasileiro. Agora começam os escamotea­ lação vai entender que o Governo vai privatizar Rio de Janeiro: a cada fim de semana, há inclusive mentos, idênticos aos da época da ditadura. ' a Aracruz Celulose e não os apartamentos funcio­ aparição de cadáveres de policiais, e as invasões Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. nais? Se ele quer se inspirar no modelo do gover­ vão acontecendo, porque naquele Estado não no britânico, teria, primeiramente, que 'privatizar . subsiste o príncípio da autoridade, e o principal o SR. FARABULINI JáNlOR (PTB - SP. essas empresas através de lei do Congresso Na­ responsável é o Governador do Estado, que está Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, SI"'". cional, da Câmara dos Deputados, o que não fez. acumpliciado - faço questão de denunciar isto e Srs. Constituintes, dentro de poucos dias votare­ 'No caso dos imóveis funcionais, a suaprivatização com o crime organizado, via tolerância ao jogo. mos a matéria referente ao Ato das Disposições veio através de lei. Mesmo assim, o Governo se Sabemos disso, porquejá começam a correr notí• Constitucionais Gerais e Transitórias, da mais alta nega a realizar esse processo de privatização. cias, no Estado, de que alguns benefícios vão significação sob os aspectos ético, político e mo­ Como é que a opinião pública pode entender sendo concedidos e, mais cedo ou mais tarde, rai. Refiro-me à anistia, um dos pontos altos desta uma medida dessa natureza? Para o grande patri­ virão a público os nomes daqueles, além do Go­ Assembléia Nacional Constituinte. mônio não há nenhum obstáculo à privatização, vernador, que servem de intermediários nesse Devo dizer a V. ~ que, desde o início dos pois privatiza-se por norma da presidência do BN­ 'acurÍlpliclamento imoral. debates, já no âmbito das Subcomissões, apre­ DES; ao pequeno patrimônio, ao imóvel funcio­ O SR. PRESIDENTE (Marcelo Cordeiro)­ sentei emenda no sentido de que a anistia se nai, não, porque se configura patrimônio público A Presidência esclarece aos Srs. Constituintes que revelasse ampla, geral e irrestrita, a civis e milita­ e o valor é muito alto, segundo eles. vamos votar conforme a praxe que já se estabe­ res, cada qual com os problemas criados por O Governo federal não pode se negar a sancio­ leceu em relação a essa matéria, no momento quantos ocuparam o poder em 1964.Ao tempo, nar o projeto de lei do Congresso Nacional que em que os acordos, os entendimentos são comu­ não poderiam ser denominados insurretos, antes autoriza a venda, a valores justos, dos imóveis nicados à Mesa. De modo que continuamos ou­ foram golpistas. Aíestá a grande questão. Os pu­ funcionais, porque vai ficar a descoberto com a vindo os judiciosos pronunciamentos dos Srs. nidos, os cassados, os queperderam seus manda­ sua política de privatização. Deveria adotar para Constituintes enquanto, ansiosamente, a Mesa e tos, os trabalhadores das fábricas que perderam as empresas sob o controle do BNDES o mesmo o Plenário aguardam que os entendimentos se as lideranças sindicais, os banidos desta Nação, procedimento que manteve nesta Casa em rela­ processem e se finalizem. os exilados, civis e militares - militares de todas çãoaos imóveis funcionais, isto é, aprovar, através Com a palavra o nobre Constituinte Paulo Del­ as armas - por evidente, eram legalistas que de tramitação legislativa e de projeto de lei, a gado. atuaram na linha da lei maior dominante, enquan­ venda de~es imóveis. toos que ocuparam o poder àquele tempo foram O SR. PAULO DELGADO (PT - MG. Sem golpistas. Na Legislatura passada, o Congresso O SR. PAULO RAMOS (PMDB- RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, enquanto Nacional convocou a Assembléia Nacional Cons­ revisão do orador.) - Sr. Presidente, SI"'" e Srs. aguardamos que se decida se os índios serão tituinte pela Emenda rr 26. Na verdade, a Assem­ Constituintes, a cada final de semana, os Consti­ ou não expropriados, e enquanto também aguar­ bléia Nacional Constituinte era mais do que indis­ tuintes que têm acesso aos jornais do Estado damosas articulações entreo Presidente da Cons­ pensável, pelo processo congressual, ou pelo pro- , do Rio de Janeiro devem ficar assustados e per­ tituinte e o Presidente da República a respeito cesso exclusivo, por alguns pontos que deveriam plexos com a realidade da segurança pública na­ da data exata da votação do mandato do atual ser examinados, um dos quais - o ponto de quele Estado. Além do crime e da violência esta­ Presidente, desejo fazer algumas considerações. honra- o que dizrespeito à anistia. AAssembléia rem presentes em todos os quadrantes do Estado, Na verdade, não é a viagem do Presidente da Nacional Constituinte deve examinar a questão agoraverificamos uma onda de invasão a terrenos República aos Estados Unidos que está em jogo, com isenção total. Aí, sim, Sr. Presidente, podem públicos e privados. mas sim a ausência do Presidente da Constituinte falar os militares, os Srs. Ministros do Exército, Sabemos perfeitamente bem que a política do desse lugar agora ocupado pelo Presidente Mar­ da Aeronáutica, da Marinha, o Chefe do EMFA. Governo Federal, com o fim do Banco Nacional celo Cordeiro. É que, ao viajar o Presidente Sar­ Todos podemos falar no sistema democrático.. da Habitação, não obstante as reconhecidas ca­ ney, não presidirá a Constituinte o Presidente (.lJys­ O que nãopode é estaAssembléia Nacional Cons­ rências e irregularidades desse Banco, fez com ses Guimarães. E isso é fundamental, segundo tituinte, genuflexa, resolver problemas dessa en­ que a sociedade-brasileira, especialmente a par­ o Palácio do Planalto, para que o mandato seja vergadura. Só se justificará a Assembléia Nacional cela mais carenteda população, não tivesse aces­ de cinco anos. Constituinte por inteiro nas suas decisões se hou­ so a imóveis a baixo custo. Entretanto, não obs­ Mas enquanto os entendimentos não ocorrem ver anistia ampla, geral e irrestrita. Os que foram tante a concorrência de responsabilidade do Go­ registraria, como cidadão brasileiro, o impacto idos devem ser anistiados, os que perderam seus verno Federal, com a extinção lesiva do Banco lamentável da morte, neste fim de semana, do empregos, reconduzidos. É esta a decisão que Nacional da Habitação e com o fim dos projetos grandepintor ítalo-brasileiro AlfredoVolpi,em São a Assembléia Nacional Constituinte deverá tomar, de habitação popular, verificamos também ares- Paulo. A perda que as artes plásticas deste País Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 1 10881

e a cultura brasileira têm com a morte de VOlPl eleições'para prefeitos e vereadores ainda este ção do Decreto-Lei n° 2.425, que congela a URP cria para o País um vazio cultural que não pode­ ano, porque o povo brasileiro exige mudanças. , paga aos servidores públicos, nosmeses de abril mos admitir, considerando as dificuldades de Lutaremos por isto e solicitamos à população bra­ e maio. prosperarem as artes plásticas e todas as formas sileira, através dos meios que nos'são dados.que " Quero protestar por essa desatenção do Presi- de manifestação artistica entre nós. . pressione seus Deputados e.Senadores para que dente do.Congesso Nacional, que representa a Portanto, gostaria de "registrar a nossa tristeza não .deíxem que essa manobra da prorrogação ·instituição perante o povo brasileiro. Não pode­ pela morte de Alfredo Volpi. ' dos mandatos de prefeitos se consolide nesta As­ mos ser cúmplices pelo silêncio, não podemos sembléia Nacional Constituinte. O SR. ADEMIR ANDRADE (PSB -PA Sem ser coniventes com a repetição de uma farsa aqui revisão do orador.) - Sr. Presidente, SI"" e Srs. Esta é a posição do Partido Socialista Brasileiro. ocorrida na semana passada, quando as lideran­ Constituintes, constantemente temos nos batido, çasvinculadas ao Palácio do Planalto; pela obstru­ O SR. ALDO ARANTES (PC do B - GO. nesta Casa, contra a política econômica adotada ção sísternátíca, preferiram que,o Congresso Na­ Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, SI"" pelo Governo. Esta política voltada para a conten­ cional desse um exemplo de falta de brio, desse e Srs. Constituintes, o povo brasileiro já tem opi­ ção de consumo, com vistas a aumentar o nosso um exemplo de .covardía, .não apreciando, pelo nião formada acerca do .mandato do atual Presi- superávit comercial e, conseqüentemente, sobrar voto responsável de cada Deputado e de cada . dente da República. Todas as .pesquísas de opi­ Senador, o Decreto-Lei rr 2.425,.pleno de iniqui­ , dólares para pagar os serviços da nossa dívida nião pública .realízadas pelo Pais afora mostram externa, estálevando o País à paralisação. A extin­ dades e de díscriminações contra os servidores . preferência pelo mandato de quatro anos. , públicos e os trabalhadores das estatais. ção da correção monetária e o congelamento do Aprovar quatro anos de mandato para o Presí• dólar seriam medidas fundamentais para que mu­ Desta tribuna, Sr. Presidente, quero fazer um denteJosé Sameysignifica exatamente ter a com­ dássemos essa política econômica. Entretanto, apeloa V.Ex' e, em especial, às demaisLideranças preensão rigorosa de que este é um Governo de não é possivel adotá-Ia, porque tanto contraria do PMDB, que têm acesso direto e permanente transição. Este Governo é fruto de nossa luta pelo o interesse dos exportadores, com suas indústrias ao Presidente Ulysses Guimarães e ao Presidente fim do regime militar, e o ex-Presidente Tancredo do Congresso, Senador Humberto Lucena, para aqui implantadas, na sua maioria multinacionais, Neves selou compromisso com a Nação de colo­ como o dos banqueiros, com o fim da especu­ que sugestionem no sentido de se conseguir uma car-lhe um ponto final após quatro anos. sessão do Congresso Nacional para quinta-feira. lação financeira. ,É preciso, Sr. Presidente, que Mas não é só por isso, Sr. presidente, porque se adotem medídas para mudar tal situação, Este Jásoubemos que o Presidente Humberto Lucena este Governo tem um caráter limitado, pela sua recusou-se a convocar sessão do Congresso Na­ Governo que aí estájá cedeu à pressão do.Fundo própria natureza, e particularmente porque ao tér­ Monetário Internacional, e a prorrogação do man­ cional para amanhã, em virtude de o Senadoestar mino dos trabalhos da Assembléia Nacional comprometido com a votação do projeto que dis­ dato do Presidente Sarney por mais um ano trará Constituinte não haverá mais razão para que con­ prejuízos incalculáveis à Nação. põe sobre as eleições municipais. Mas, Sr. Presi­ tinue dirigindo os destinos da Nação. Se todas dente, na quinta-feira o Presidente José Sarney Hoje, além do arrocho salarial constante que estas razões não forem suficientes, existe outra, se vem adotando, com vistas - volto a repetir quer ver esta Casa submetida aos seus desígnios a política antipopular e antinacional, adotada pelo - à contenção do consumo, já se investe contra e arrancar-lhe,a qualquer custo, a aprovação para Presidente José Sarney. O arrocho salarial, o con­ os cinco anos de mandato. Mais importante do o funcionário público, com o congelamento da gelamento da URP, a abertura do País para o URP,e nós, Conqressístas, nos vemos impedidos que esta obsessão do Presidente é a solução des­ capital estrangeiro, enfim, todas as medidas ado­ de votar sequer contra um decreto do Presidente sa expectativa nacional por parte de todos os tra­ tadas pelo Governo Sarney significam a coloca­ balhadores brasileiros, que esperam do Congres­ da República. ção em prática de uma política econômica que Não é possível a continuidade desta situação. so Nacional uma postura de afirmação das suas atende aos interesses dos grandes grupos econô• Este País está paralisado. Ninguém compra nem prerrogativas, derrubando esse decreto-lei infeliz, micos e queé frontalmente contrária aos interes­ para que a Justiça, através dos tribunais superio­ vende coisa alguma, tanto no interior como nas ses da grande maioria do povo brasileiro. res, quando da apreciação das ações movidas capitais dos Estados brasileiros. Chamo a atenção dos Srs. Constituintes para Portanto, todos aqueles Constituintes que vota­ pelos sindicatos do Pais inteiro, possa reparar as o fato de que o povo nos julgará pelo voto que perdas salariais nos meses de abril e maio, já rem a favor dos cinco anos para o Presidente dermos na questão do mandato do Presidente Samey estarão votando contra os interesses do consumadas pela força do Decreto-Lei n° 2.425. José Sarney. Enganam-se aqueles que imaginam Por isso, Sr. Presidente, esperamos as suas ges­ povo brasileiro, estarão votando contra o desen­ que poderão votar aqui contra a vontade do povo voMmento do Brasil, estarão votando contra o tões no sentido de que realizemos, na próxima sem ter, amanhã, de prestar contas à Nação. O quinta-feira, sessão do Congresso Nacional, para aumento da produção e do nosso consumo inter­ povo brasileiro já decidiu que quer eleições díretas no, tão necessários para o nosso povo, porque que possamos, definitivaménte, sepultar esse de­ imediatamente e cobrará dos seus Constituintes creto-lei, pior do que os dos tempos da ditadura estarão votando com a política adotada por este uma posição em favor do mandato de quatro Governo, que é que interessa ao imperialismo militar, que confiscavam salários dos trabalhado­ anos para o Presidente José Sarney. internacional. res brasileiros. E levantamos ainda outra preocupação. Gostaria de acentuar que o Partido Comunista Muito obrigado. Aprovado o mandato de cinco anos para o Pre­ do Brasil tem posição clara e definida não só sidente José Sarney, haverá aqueles que, neste quanto ao mandato de quatro anos para o Presi­ O SR. PRESIDENTE (Marcelo Cordeiro)­ plenário, imediatamente passarão a defender a dente Samey, mas também quanto à realização AMesa cumpre o dever de comunicar ao Plenário prorrogação dos mandatos dos atuais prefeitos de eleições municipais este ano. Estamos perce­ que recolheu informações atualizadas a propósito e vereadores, sob o pretexto de que eleição gera bendo manobras de caráter continuísta que já do andamento das negociações sobre o capítulo foram assumidas de público pelo Constituinte Ra­ despesas. Esta é a vontade dos preguiçosos e referente aos díreitos dos índios. Até o presente chid Saldanha Derzi,Líder do Governo no Senado. dos inoperantes. Muitos deles até já apresentaram momento, as negociações não se consumaram. emendas às Disposições Transitórias neste senti­ Quero manifestar o nosso repúdío a esta posição, Todavia, os líderes e demais constituintes que do. Sei que muitos Constituintes estão apenas que consideramos antidemocrática e contrária à integram o grupo de negociações asseguram e vontade do nosso povo. esperando, calados, que sejam aprovados os cin­ informam à Mesa que dentro de aproximadamen­ co anos para imediatamente aderir às propostas O SR. AUGUSTO CARVALHO (PCB - DF. te vinte minutos estarão com o acordo concluído prorrogacionistas colocadas por alguns colegas Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, S.... e que no presente debatem apenas o último artigo relativamente às Disposições Transitórias. e Srs. Constituintes, estive, há pouco, com mem­ que compõe a matéria em discussão a nível de O Partido Socialista Brasileiro, presente nesta bros do Comando Nacional dos Trabalhadores acordo entre lideranças. De modo que a Mesa Casa comtoda a suabancada,votará pelos quatro nas Estatais, que denunciaram o fato de que, ape­ pede ao Plenário compreensão para que, aproxi­ anos de mandato para o Presidente José Sarney, sar de terem procurado o Presidente do Con­ madamente às 17 horas portanto, dentro de deze­ não só porque este é o período normal da transi­ gresso Nacional, Senador Humberto Lucena, não nove minutos, possamos realizar a verificação de ção, mas também porque o Governo é ineficiente conseguiram encontrar-se com S. Ex' Visavam presença para, em seguida, darmos prossegui­ e está comprometido com os interesses do capital eles a solicitar a convocação de sessão do Con­ mento às atividades propriamente de votação. internacional. Votaremos a favor da realização de gresso Nacional para esta semana para aprecia- Desse modo, a Mesa continua propiciando os digo 10882 Quârtá-feira 1 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988 cursos parlamentares com que esta Casa, na tarde econômica. Estou chegandohoje do meu Estado, ilustre.Aquele tema deveriapairar acima do senti­ de hoje, tem sido brindada. o Río Grande do Sul, onde nos últimos anos se mento egoísta ou ideológico. Conduziram-se as­ verificaurn empobrecimento generalizado da po­ sim baianos outroscomoos SenadoresLuizViana O Sr. José Genoíno - Sr. Presidente, peço pulação. Nesses dias em que o Estado experi­ Filho eAfonso Arinos de Melo Franco. Infeliz­ a palavra para uma questão de ordem. menta um frio que anuncia um inverno rigoroso, mente, houve pressões quanto ao tema, pela invo­ com temperaturas inferiores a zero grau - nesta cação dos interesses menores dos grandes pro­ O SR. PRESIDENTE (Marcelo Cordeiro)­ madrugada, eu próprio experimentei urn frio de Tem V.Ex" a palavra. prietários, dos que não produzem, porque esta­ cinco graus negativos -, há lá milhares de cida­ mos a favor dos que produzem. dãos, de trabalhadores que vivemnas favelas,nos Sr. Presidente permita-me ler um pequeno tre­ O SR. JOSÉ GENOfNO (PT - SP. Sem seus casebres e não têm sequer agasalhos para cho deste artigo, que considero de todo perti­ revisão do orador.) - Sr. Presidente, esta sessão poder sobreviver. Nas ruas, existem mendigos nente. teve inícioàs' 14h30min, portanto, exatamente há sem ter o que comer, sem ter o amparo de que Dizo eminente Josaphat Marinho: duas horas. E V.Ex" acaba de anunciar que haverá precisam, como pessoas, para poder sobreviver. verificação de quorum às 17h. Isso demonstra que é necessário urgentemente Areforma agrária é providência que atinge modificar também a política econômica do País, privilégioslongamente cuidados. Ferir o blo­ O SR. PRESIDENTE (Marcelo Cordeiro)­ ai ém da social, e esta Constituinte tem que termi­ co de interesses dos grandes proprietários Por volta das 17h. nar logo seutrabalho, para que possamos implan­ rurais é tarefa que provoca reações com­ tar essa nova ordem. preensivas. Maior é a dificuldade porque cumpre ao legislador estabelecer regras que O SR. JOSÉ GENOfNO - Acontece, Sr. Para que a transição seja concluída, além da destinam ou permitam distinguir a proprie­ Presidente, que pelo § 2° do art. 36 Regimento mudança econômica e social da políticanacional, dade geradora de riqueza e desenvolvimento Interno a sessão deve ter início com a presença além da promulgação da nova Constituição brasi­ leira, é preciso também que se faça a eleição da propriedade improdutiva ou malefica­ de 56 constituintes. Foi o que ocorreu. Mas não mente explorada. Aação legislativainteligen­ se podefíxarde antemão uma hora para a verifica­ daqueles que vão executar a implantação dessa .nova ordem constitucional, ou seja, convém reali­ te há de conquistar forte adesão coletiva,co­ ção de quorum. Poderia V.Ex" fazê-laagora. Não mo anteparo à resistência das forças retró• havendo 280 Constituintes presentes, continua­ zar eleições para vereador, perfeito e presidente da República em 15 de novembro próximo. gradas. Cabe mesmo buscar o apoio daque­ riam as falações. Não se pode fixar uma hora les proprietários desenvolvidos, que verão na para se proceder a essa verificação, porque isso O Sr. Fernando Santana - Sr. Presidente, leisobriamente elaborada uma forma de de­ seria uma vantagem para os que não estão no peço a palavra pela ordem. fesa de seus interesses legítimos." plenário e uma desvantagem para os que estão. O SR. PRESIDENTE (Marcelo Cordeiro) ­ É essa a referência que eu não poderia deixar Portanto, solicitoa V.Ex" que faça agora a verifi­ Tem V.Ex" a palavra. de fazer, neste momento em que ainda temos cação do quorum. (Muito bem!) Havendo 56 O SR. FERNANDO SANTANA (PCB- BA esperança de que, no segundo turno, haja clarivi­ constituntes, podem continuar as falações. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, V.Ex" dência desta Constituintepara restabelecer o texto informa à Casa que o acordo está por um triz, nos termos propostos pelo ilustre Relator Bernar­ O SR. PRESIDENTE (Marcelo Cordeiro) ­ mas esse triz continuará por vários dias, se neces­ do Cabral. Auxilia a Mesa V. Ex" quando a faz novamente sário. Os interessados no chamado mandato de Peço ao Sr. Presidente que defira a transcrição declarar que informou ao Plenário ser sua inten­ cinco anos só vão comparecer aqui, Sr. Presi­ nos Anais da Constituinte deste artigo do emi­ ção proceder à verificação por volta das 17h. Por­ dente, quandojá tiverem mais ou menos a certeza nente baiano Josaphat Marinho. tanto, a Mesa não fixouhorário; apenas informou de contar com 530, 540 Constituintes presentes. ARTIGOA QaESEREFEREO ORADOR: sobre o andamento do processo de negociações Se esse acordo chegar aqui, hoje, hoje mesmo e fez uma previsão acerca da verificação da vota­ será votado, e amanhã começará a votação das ção, para cumprir o seu dever de manter o Plená­ Disposições Transitórias. Com o quorum que te­ "SOBREAREFORMA AGRÁRIA rioinformado. Por outro lado, é notória a presença mos no momento, sabemos de antemão, não JosaphatMarinho de 56 constituintes. Então, não pode V..Ex" ter srá possível realizar a votação. Pediria então a A Constituinte discute a reforma agrária sua questão de ordem deferida. V. Ex" que abreviasse esta espera, o que nos per­ como se fosse efetivá-Ia, plenamente, na ex­ mitiria trabalhar, fazendo logo a verificação do pressãodo textoem preparo. Não é a reforma Concedo a palavra ao Constituinte VicenteBo- quorum, pois só teremos quorumpara a votação na terra, mas no papel. O conceitualismo go. . na hora em que possamos estar em plenário 530 e a preocupação de pormenor abrem cami­ a 540 Constituintes. Fora disto, ficaremos sem nho ao êxitode conservadores e reacionários, O SR. VICENTE BOGO (PMDB - RS. Sem acordo o tempo todo. e até a perda de aliados. O procedimento revisão do orador.) - Sr. Presidente, SI""" e Srs. inábil lembra o das reformas do governo O SR. PRESIDENTE (Marcelo Cordeiro)­ Constituintes, não só nós aguardamos neste ple­ Goulart: agitadas em muitos plenários, con­ Nobre Constituinte Fernando Santana, os argu­ nário o iníciodas votações, para adiantar os traba­ denadas em vários volumes, e não. conver­ mentos de V. Ex" são de natureza política e, por tidos em realidade, antes propiciando a rea­ lhos desta Constituinte,mas também a sociedade mais judiciosos que sejam, não demovem a Mesa brasileira está esperando a conclusão desses tra­ da posição já fixada. ção de 1964. A falta de objetividade, confun­ balhos para que a vida do País possa retomar dmdo a técnica constitucional com a da lei Concedo a palavra ao nobre Constituinte Jairo ordinária e a do regulamento administrativo, o seu rumo desejado, superadas as dificuldades Cameiro. que esta índefínição momentânea traz hoje para sacrifica o alcance social do texto maior. a sociedade brasileira. Neste momento, lembra­ O SR. JAIRO CARNEIRO (PFL- BA.Sem Proporções diversas e em contraste ator:­ mos que alguns dizem estarmos concluindo o revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Consti­ mentam a Constituinte e embaraçam a pre­ processo da transição democrática pelo fato de tuintes, em homenagem que presto ao eminente valência do bom senso. Se não é de boa a Constituinte já estar caminhando para o final baiano, professor, jurista e políticoJosaphat Mari­ técnica constitucional declarar a propriedade dos seus trabalhos, entrando, logo mais, na vota­ nho, respeitado em toda a Nação, quero requerer produtiva sujeita a desapropriação para efeito çãoem segundoturno do Projeto de Constituição, a transcrição de um artigo de S. Ex" publicado de reforma agrária, também se revela incon­ e que, concluída a transição se reiniciariao novo no CorreioBraziliense do dia 27 de maio próxi• veniente a exclusão absoluta. Não há medida processo políticodo País. Quero crer que a transi­ mo passado, sob o título "Sobre a Reforma Agrá­ padrão do que seja propriedade produtiva, ção democrática, no caso brasileiro, não se dará ria". Ao prestar esta homenagem e ao encarecer e tal situação pode apresentar particularida­ somente com a mudança política do País, com a transcrição desse artigo nos Anais desta Assem­ des variáveis.A noção de produtividade não a implantação das alterações constitucionais fei­ bléia, sinto-me. muito bem com a minha cons­ é estática nem uniforme, antes corresponde tas pela Assembléia Nacional Constituinte. É pre­ ciência pelo fato de ter seguido, no voto afirmativo à diversidade da riqueza,no espaço e no tem­ ciso que se façam também mudanças na política que assumi na oportunidade, a lição desse baiano po. Assim, melhor é que a matéria tenha dis- Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 1 10883

ciplina em lei, na qual poderão ser conside- trair daí todas as conseqüências cabíveis. As­ e contribuindo para a continuidade de um Gover­ . radas não só as singularidades regionais, co­ sinalou que "a propriedade - função social no incompetente, safado, corrupto e rejeitado in­ mo seguidas'as alterações ocorrentes. A lei condiciona não só o conceito como a aquisi­ tegralmente pela opinião pública deste País. não oferece a rigidez da Constituição e seu ção. e o uso da propriedade". Diante disso, conteúdo' comporta minúcias a esta estra­ concluiu: "Já não é possível uso arbitrário O SR. LUIZ SALoMÃo (PDT - RJ. Sem nhas. A Constituição'conteria apenas as re­ ou imoderado da propriedade não só porque revisão do orador.) - Sr. presidente, Sras. e Srs. gras maiores sobre a reforma agrária. os princípios o condenam como de fatos não Constituintes, antes de tudo, alio-me aos pronun­ Ademais, todo sistema normativo que se o permitem". E advertiu, sem ameaças, ser ciamentos de protesto contra as manobras para destina a suprimir ou limitar privilégios, sen­ inútil "erguer barreiras onde a força dos fatos prorrogar a discussão e votação do projeto de do sempre contestado, não nasce perfeito. é o próprio suporte dos princípios". lei que trata das eleições municipais. As tentativas Aperfeiçoa-se com a prática. Por isso, há que Tornar essa convicção comum à socie­ de adiar as eleições camínharn contra a democra­ transigir para avançar pela persuasão e com dade significa reduzir obstáculos à reforma tização do País e devem ser objeto da repulsa experiência. A Lei rr 883, de 1949, dispôs agrária, dentro daquela concepção de consi­ de todos os Srs. Constituintes. t sobre o reconhecimento de filhos ilegítimos. derar a lei "expressão da vontade geral", co­ Em segundolugar, pronuncio-me contra a falta Referiu-se a "filhoreconhecido" e lhe atribuiu mo resumiu Carré de Malberg, vai por mais de disposição do Presidente do Congresso Nacio­ "direito, a título de amparo social", à metade de 50 anos, em preciosa monografia. E se nal para convocar sessão destinada à apreciação da herança que viesse a receber o "filholegiti­ o assentimento coletivo é necessário à legiti­ do decreto-Iei que congelou a URP para os servi­ mo ou legitimado". Era evidente a discrimi­ mação de todas as leis, cresce de valor em dores públicos. nação. O filho reconhecido não tinha condi­ relação às normas de grande relevo, como Sr. Presidente, esta oportunidade é azada tam­ ção de herdeiro e o que percebia era "a título as pertinentes ao regime agrário. Decerto o bém para manifestar-me contra a política de saú­ de amparo social". Os preconceitos então constituinte, no segundo turno de discussão de mental do Governo José Sarney, pedindo que correntes não permitiram que se cogitasse e votação, atentará nesse conselho da expe­ o nosso companheiro e colega Borges da Silveira, de herdeiro e de herança. A lei, entretanto, riência universal. Ministro da Saúde, tome providências urgentes .já era um avanço em favor do filho havido em relação ao que se está passando nos três fora da sociedade conjugal. Já em 1975, a o SR. PRESIDENTE (Marcelo Cordeiro) ­ hospitais psiq!Jiátricos federais do Rio de Janeiro. I"Turmá do SupremoTribunal Federal deci­ A Mesa tem a satisfação de deferir a solicitação Primeiro, tivemos a demolição de todo o traba­ dia que "o adulterino reconhecido, nos ter­ de V. Ex' e determina que se inclua nos anais lho moderno e progressista de psiquiatria comu­ mos da Lei n° 883, herdeiro necessário". E desta sessão da Assembléia Nacional Constituinte nitária que vinha sendo feito no Hospital Pedro a Lei rr 6.515, de 1977, que regulou o divór• o artigo do conhecido e festejado jurista e intelec­ ll,de que fugia do padrãotradicional de um hospí• cio modificou o regime e equiparou todos tual brasileiro, Professor Josaphat Marinho. cio convertido em prisão e local de tortura e sofri­ os filhos, assegurando-lhes "direito à heran­ Concedo a palavra ao nobre Constituinte Rob­ mento para doentes mentais. ça, em igualdade de condições". A1terando­ son Marinho. Em segundo lugar, a intervenção no Hospital se as circunstâncias sócio-culturais ampliou­ o SR. ROBSON MARINHO (PMDB- SP. Pinel e, o mais grave de tudo, a destituição do se o alcance da lei, primeiro por interpre­ Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quando diretor da Colônia Juliano Moreira, Clêsio Gou­ tação, depois por iniciativa do Poder Legis­ o anterior Congresso Nacional rejeitou a emenda veia. Aquela instituição está localizada em uma lativo. Foi certa, portanto, a flexibilidade do das diretas, o povo brasileiro delegou ao Presi­ área enorme que vem sendo abandonada pro­ legisladodor em 1949. dente Tancredo Neves e ao candidato a Vice-Pre­ gressivamente pelo Governo, o que fica caracte­ Assim como o legislador civil, o consti­ sidente, José Sarney, a competência para con­ rizado claramente com o intento de trasformá-Ia tuinte há de ser flexível para garantir o pro­ duzir a transição democrática em nosso País. En­ em empreendimento imobiliário. Trata-se de algo gresso das instituições. Essencial não é a tendemos que no momento em que for promul­ que tem de contarcom o repúdio de todaa Nação, ênfase ou pormenor, mas transmitir à norma gada a nova Constituição da República, encer­ pois mais de duas milpessoas dependem daquele o espírito que a impulsione no curso de sua rar-se-á essa transição democrática. Aliás, transi­ estabelecimento psiquiátrico e nãopodem serpri­ aplicação. A reforma agrária é providência ção esta tão demorada, que já vem de há 13 vadas de um hospital que já prestou tantos servi· que atinge privilégios longamente cuidados. anos. Primeiro a distensão do governo do General ços aos doentes mentais do Estado do Rio de Ferir o bloco de interesses dos grandes pro­ Ernesto Geisel; depois a abertura da época do Janeiro. prietários rurais é tarefa que provoca reações General João Figueiredo e agora a Nova Repú­ Eu diria que é dever do Ministro Borges da compreensíveis. A maior é a dificuldade por­ blica. No nosso entendimento, com a promul­ Silveira atuar direta e pessoalmente neste CIlSO, que cumpre ao legislador estabelecer regras gação da nova Carta, esgotar-se-á a fase da transi­ para evitar que uma instituição que já vem sendo que distingam ou permitam distinguir a pro­ ção para a democracia e, portanto, em seguida, degradada pela desatenção do poder público, cu­ priedade geradora de riqueza e desenvolvi­ terá de haver a realização de eleições diretas para jas verbas vêm sendo negadas sistematicamente, mento da propriedade improdutiva ou male­ a disputa do poder. Neste momento, em que a produzindo umaquedanaqualidade dosserviços, ficamente explorada. A ação legislativa inteli­ Assembléia Nacional Constituinte se aproxima da agora tenhaessefim melancólico, quesó contem­ gente há de conquistar forte adesão coletiva, votação do tempo de duração do mandato do pla os interesses dos especuladores imobiliários como anteparo à resistência das forças retró• atual Presidente da República, José Sarney, quere­ do Rio de Janeiro. gradas. Cabe mesmo buscar o apoio daque­ mos reafirmar uma vez mais o nosso compro­ Era o que eu tinha a dizer. les proprietários desenvolvidos, que verão na misso a favor do mandato de quatro anos. Como O Sr. José Genoíno - Sr. Presidente, peço lei sobriamente elaborada uma forma de de­ dissemos, anteriormente, a transição se esgotará a palavra para uma questão de ordem. fesa de seus interesses legítimos. com a promulgação da nova Constituição. O Pre­ A conquista dessa sustentação geral pres­ sidenteJoséSameyque deveria ser o responsável O SR. PRESIDENTE (Marcelo Cordeiro)­ supõe alguns fatores, entre os quais realça maior e principal pela transição, em decorrência Tem V.Ex' a palavra. a atividade legislativa desligada de acentua­ da delegação recebida do povo brasileiro, com O SR. JOSÉ GENoíNO (PT - SP. Sem dos motivos ideológicos. A prevalência deve a persistência em querer manter-se no poder por revisão do orador.) - Sr. Presidente, V.Ex' infor­ ser do espírito de justiça social, e não de mais tempo, com o mandato de cinco anos, está mou que a verificação de quorum se daria por vingança. A idéia de justiça desarma reações dificultando a conclusão da transição democrá­ volta das 17 horas. Eu pergunto a V. Ex' o que e cria simpatia pública. Pioneiro da reforma tica em nosso País. ocorreria com o plenário e com a sessão se exata­ agrária no parlamento, depois da ditadura Por que mandato de cinco anos para o Presi­ mente neste momento todos os Constituintes, fí• do Estado Novo, Nestor Duarte, embora um dente José Sarney, se a quase totalidade do povo zessem uma espécie de greve de silêncio isto socialista, tratou o assunto com a consciên­ brasileiro quer eleições diretas para Presidente e é, não nos manifestriamos mais e todos se senta­ cia serena de que buscava uma solução ade­ O fim do Governo Samey? riam. O que aconteceria com a sessão? V. Ex' quada. Como a constituição de 1946 já fixava Os que votarem pelo mandato de cinco anos não contaria com oradores para dar prossegui­ a função social da propriedade, procurou ex- estarão se colocando contra a vontade da Nação mento à sessão.V.Ex' suspenderiaa sessão,verifi- 10884 Quarta-feira 1 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONALCONSTITUINTE Junho de 1988 caria o quorum ou reconvocaria a sessão para do Cacique Raoni, que comunico a V. Ex" que O SR. PRESIDENTE (Marcelo Cordeiro)­ as 17 horas? os índios estão em Brasília há muito tempo, razão A Presidência indaga se ainda há algum Consti­ Deixo a sugestão da greve silêncio. Não vamos pela qual está passando a época do plantio. Pro­ tuinte postado na fila para pronunciar-se. mais falar, vamos sair da fila e ver o que V. Ex" fundamente preocupado com isso, pediu-me pa­ A Presidência pergunta aos Srs. Constituintes faz com a sessão. Vamos chamar o Dr. Ulysses transmitir a V.Ex"que precisam retor­ ra-ternbêrn nãopresentes à filaparapronunciamento se dese­ Guimarães e ver o que S. Ex"resolveria em relação nar às suas terras, cuidar de suas famílias. Diz jam comparecer à tribuna. a esta questão. mais: que a invasão do Brasil, que se processou Há evidente quorum para que a sessão se rea­ O SR. PRESIDENTE (Marcelo Cordeiro)­ em 1500, da qual são as principais vítimas, deve liza.Todavia, não havendo Constituinte para usar acabar agora, com o respeito, por essa Consti­ A Mesa lamenta informar ao Plenário que a sua da palavra, que seria a forma adequada de manu­ tuinte, às terras indígenas. previsão de realizar verificação às 17 horas não tenção da sessão, suspendo-a por 15 minutos. Por isso, trago o pedido do Cacique Raoni no se confirmou. ' Está suspensa a sessão. AMesa participa da mesmatolerância do Plená­ sentido de que a Assembléia Nacional Consti­ (Suspensa às 17horas e 5 minutos, a ses­ tuinte decida hoje a questão indígena, liberando rio em aguardar que chegue o texto' dos acordos são é reaberta às 17horas e 30minutos.) que estão sendo firmados. para retomarem ao seu habitat natural. Na reabertura da sessão, o Sr. Jorge Arbe­ Respondendo à questão de ordem do ilustre Era esta a questão de ordem, Sr. Presidente. ge, Segundo-Vice-Presidente,passaa ocupar Constituinte José Genoíno, a Mesa tem a dizer a cadeira da Presidência. a S. Ex' que não pode se basear em hipóteses O SR. PRESIDENTE (Marcelo Cordeiro)­ São inteiramente procedentes as alegações dos sua autoridade para decidir. Se o fato proposto O SR. PRESIDENTE (Jorge Arbage) -A pelo ilustre Constituinte José Genoíno se apre­ caciques indigenas que se encontram em Brasília. Presidência reabre os trabalhos da presente ses­ sentar, a Mesa saberá como decidir. Por enquanto, Aliás, a Assembléia Nacional Constituinte, como são e informa ao Plenário que as Lideranças, no é mantida a garantia da palavra aos Constituintes é do seu dever e de sua natureza popular e demo­ momento reunidas no gabinete do SenadorMário que dela desejarem fazer uso. crática, acolheu a delegação dos índios, como Covas, solicitaram à Mesa que aguardasse até Concedo a palavra ao nobre Constituinte Joa­ outras que aqui comparecem para trazer suas às 18h30min., para que o acordo seja consumado quim Bevilacqua. reivindicações e pontos de vistas. e trazido a plenário para votação. De modo que há todo um empenho, todo um A Presidência informa aos Srs. Constituintes esforço da Mesa e do nosso Plenário no sentido O SR. JOAQUIM BEVlLACQUA (PTB ­ que a duração da presente sessão é de quatro de que esta votação se realize ainda no dia de SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, horas consecutivas. Tendo sido iniciada às 14h30 Sras. e Srs. Constituintes, não quero furar a greve hoje. Fique V.Ex' certo de que a Mesa não faltará mino pontualmente, se extenderá até às 18h30 com o seu dever. proposta pelo Constituinte José Genoíno, mas, mino O § 2° do art. 39, do Regimento Interno, Concedo a palavra ao nobre Constituinte José como não vejo muita disposição para adesões, estabelece: vamos falando de coisas que ouvimos nas nossas Maria Eymael. "Não havendo matéria a discutir, o Presi­ bases, na viagem deste final de semana. O SR. JOSÉ MARIA EYMAEL (PDC - SP. dente poderásuspendera sessão pelo tempo Na minha cidade, São José dos Campos, a Sem revisão do orador.) - Sr. Prsidente, Sros e necessário à complementação do quorum, OAB fez um plebiscito para saber a posição da Srs. Constituintes, ontem o Partido Democrata ou conceder a palavra a quem quiser dela população no que conceme às eleições para Pre­ Cristão realizou, em São Paulo, sua convenção fazer uso." sidente da República. O resultado foi de 98% por regional, reunindo mais de 130 Municípios, com eleições no dia 15 de novembro deste ano. Vimos representantes de aproximadamente 120 mil filia­ Nestas condições, estando a presente sessão advertindo sempre que, no regime presidencia­ dos. dentro do horário regimental para seu funciona­ lista, é preciso renovar a credibilidade do Governo, mento regular, e tendo em vista o empenho das Nossos companheiros democratas-cristãos de e esta renovação se faz através do voto. Entendo Lideranças para que aguardemos até as 18h30 São Paulo fizeram duas colocações principais. Por mesmo que, no dia 15 de novembro próximo, min., quando os entendimentos sobre a matéria um lado, consideram imoral, indecente, abjeta a devemos fazer não só eleições para presidente que versa sobre o Capítulo do Índio estarão con­ manobra que hoje se faz em Brasília tentando da República, mas gerais, de vereador a presi­ cretizados, podendo, assim, a mesma ser subme­ a prorrogação dos mandatos e o adiamento das dente, passando pelo Congresso Nacional, para tida à deliberação do Plenário, a Presidência con­ eleições municipais. que haja uma renovação total (palmas). Quem cede a palavra a qualquer orador que dela queira De outro, pediram meus companheiros que eu sabe, dessa maneira, se inaugura a Nova Repú­ fazer uso. (Pausa.) transmitisse à Assembléia Nacional Constituinte blica sob o mandamento do voto, já que, até aqui, Concedo a palavra ao nobre Constituinte Mauro o verdadeiro espanto, a verdadeira perplexidade não tem sido assim? Miranda. Daí nossa posição em favor das emendas que que toma conta da população do Estado de São pregam eleições gerais no dia 15 de novembro Paulo, com relação ao mandato presidencial. O SR. MAURO MIRANDA (PMDB - GO. próximo. Estamos aqui aguardando paciente­ Quando mais de 90% das pessoas pedem, cla­ Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, mente, como, de resto, o povo brasileiro também mam e esperarm por eleições para Presidente Srs. Constituintes, ainda nem acabamos de colher o faz, que seja deslindada de vez essa questão da República em novembro de 1988, grandeparte a safra atual no interior do País e o Ministro (ris do texto permanente da Constituição, a fím de dos Srs. Constituintes, inertes, ausentes à resposta Rezende Machado anuncia que o Brasil colherá que possamos esgotarlogo as "DisposiçõesTran­ a esta aspiração popular, teimam em afirmar que outra importante produção agrícola no próximo sitórias", começando pelo mandato presidencial votarão a favor de um mandato de cinco anos. ano, a qual representaria um terceiro recorde e concluindo esse trabalho, quejá se toma exaus­ Fica, portanto, o protesto dos democratas-cris­ anual seguido. Três recordes, todos eles no Go­ tivo para todos nós e toda a Nação. tãos de São Paulo, que querem, em nome da vemo José Samey, sob o comando do Ministro sua população, eleições para Presidente da Repú­ lrís Rezende. O Sr. Hermes Zaneti - Sr. Presidente, peço blica em 15 de novembro. Não é possível que Na realidade, com toda essa crise que ameaça a palavra pela ordem. o povo inteiro seja traído desta forma. O que so­ a economia brasileira, a agropecuária mostra a O SR. PRESIDENTE (Marcelo Cordeiro) ­ mos nós, se não representantes do povo? O que sua pujança, a sua força, a sua modernidade, a Tem V.Ex"a palavra. representamos nós senão a sensação da socie­ sua capacidade de superar todos os desafios e dade? Se esta sociedade, em sua esmagadora devolver rapidamente os investimentos que nela A Mesa solicita ao ilustre Constituinte José Ge­ maioria, exige eleições para Presidente da Repú­ são feitos. noino que não interceda quanto ao uso da palavra blica, com que direito, nós, Constituintes, pode­ Tudo isso é possível graças a uma política agrí• pelo nobre Constituinte. mos trair esta aspiração popular? cola estabelecida a favor da produção rural, volta­ O SR. HERMES ZANETI (PMDB- RS. Sem Sr. Presidente, deixo aqui a postura da demo­ da para o estímulo da agropecuária, a qual reúne revisão do orador.) - Sr. Presidente, estou che­ cracia cristãos de São Paulo: lutaremos pelos qua­ assim condições para puxar consigo toda a eco­ gando ao plenário neste momento. Peço escusas tro anos, votaremos pelos quatro anos, para ser­ nomia brasileira e vencer as ameaças que pesam aos colegas Constituintes, mas traqo 1!m pedido mos fiéis ao povo de nossa terra. sobre o desenvolvimento nacional. Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE ' Quarta-feira 1 10885

o Brasil, com essa nova política, ultrapassou Demonstra o Ministro lris Rezende que temos Cometeu-se, entretanto, um equívoco, ao deci­ a fase histórica como País que depende quase tudo para isso: tecnologia em aperfeiçoamento, dir-se pela aplicação de verbas públicas em bolsas que exclusivamente da exportação de produtos produtividade com forte potencial, conjuntura de de estudo apenas para o ensino fundamental e primários, mas sem abandonarsua vocação agrí• mercado favorável e politica adequada de' apoio médio, mas não para o ensino universitário, que cola: hoje, ternos mais de 390 milhões de hectares pelo Governo. A estabilidade desses,fatores de­ continuará sendo gratuito somenteem estabeleci­ voltados para a produção ágropecuár!a em geral, monstra que dois recordes consecutivos, até ago­ mentos públicos, discriminando milhares de jo­ como carne, leite, frutas, cereais e hortaliças. Após ra, não foram obras do acaso ou de chuvas gene­ vens, trabalhadores e filhos de trabalhadores, que a fase histórica de monocultura de exportação, rosas. Na mesma hnha de profissionalização e têm e continuarãotendo de pagar para freqüentar hoje o País está entre os seis maiores fornece­ privatização do setor agropecuário, o Concexa­ um curso superior. dores de alimentos do mundo. provou, recentemente, a liberação da importação Observe-se, Sr. Presidente, Sr"" e Srs. Consti­ Esse fato está demonstrado em nosso salto e exportação de quatro produtos iniciais: soja, al­ tuintes, que 72% dos alunos universitários em no setor agrícola, como saiu de um PIB negativo godão, milho e arroz. nosso País freqüentam seus cursos de nível supe­ de 7,9 pontos, em 1986, para o positivo de 14 A liberação foi procedida de amplo debate do rior em escolas e universidades particulares ou por cento em 1987. Da mesma forma concreta, Ministério da Agricultura, com a partícrpação de comunitárias pagas; apenas 23% estão matricu­ em 1988, a agropecuária dispõe de uma renda técnicos do Governo, produtoresrurais envolvidos lados em escolas federais e 5% em universidades adicional, que oscila entre 3 e 3,5 bilhões de dóla• e Parlamentares. O resultado foi o voto que repre­ estaduais. res, capazes, ainda neste ano, de reativa r toda sentou o consenso geral, finalmente submetido Também surpreende o fato de que no ensino a economia brasileira, como atesta o isento eco­ e aprovado no Concex, e que representou, ainda, superior federal apenas 5% dos cursos são notur­ nomista e professor da Universidade de São Pau­ a democratização do processo de decisão na nos, o que impede que os alunos que trabalham lo, Fernando Homem deMello.Essa renda adicio­ área agropecuária: ninguém precisa mais pedir frequentem um curso universitário, de onde se nal, extra porque é inesperada, está sendo propi­ licença ao Governo para importar ou exportar, conclui que o ensino público superior discrimina ciada pelos bons preços obtidos interna e externa­ O resultado deve apresentar-se neste ano, com o trabalhador. mente, que vêm sendo divulgados para a agrope­ um superávit brasileiro na balança comercial aci­ Por estes dados conclui-se que a elitização do cuária. ma dos 13 bilhões de doláres, com o qual a nossa ensino superior, nas escolas públicas uníversitá• A .entrada dessa renda extra deverá alavancar agropecuária deverá colaborar com mais de 80 rias, é uma triste realidade, que começa na inexis­ o desenvolvimento de todos os -outros setores por cento. tência de vagas, até porque inexistem cursos no­ da economia, reativando-a então como um todo, A nossa indústria de alimentos participou com turnos, os quais, paradoxalmente, existem nas es­ mas é de se esperar que boa parte dela seja inves­ média de 24,3 por cento da pauta brasileira de colas pagas. Quem precisa trabalhar, portanto, tida em insumos, como adubo, tecnologia, e pro­ exportação, entre 1980 e 1987. Hoje estamos com dificilmente tem chances de freqüentar uma facul­ dutividade em geral, pois os produtores estão sa­ a participação em tomo dos 45 por cento, mas dade gratuita. tisfeitos com os seus negócios. Assim, podemos ela vai crescer mais ainda. E esta situação, em que o aluno de melhor dizer que o setor agropecuário caminha para sua A produção agrícola, nos.últimos dois anos, situação financeira tem precedência nas vagas profissionalização, com a qual o Governo cola­ aumentou vertiginosamente, ressaltando produ­ do ensino público superior, até porque pode pre­ bora, retirando-se do mercado para que aquele tos como o arroz, cuja safra de 85/86 era de 9,8 parar-se melhorparao vestibular, ouporque pode setor, já maduro e moderno, possa assumir todo milhões de toneladas, passando para 11,9 mi­ dar-se ao luxo de frequentar um curso diurno, o seu espaço no contexto nacional. . lhões de toneladas, em 87/88. enquanto o trabalhador, ou filho de trabalhador, Nesse amplo sentido adotou-se no Ministério O caso do milho também vale uma menção, nos horários do curso tem de trabalhar para s0­ da Agricultura, por determinação do Ministro lris pois em 85/86, a produção estava em 20,2 mi­ breviver, não pode perdurar. É chegada a hora Rezende, um novo processo de decisão. Nada lhões de toneladas, sendo que a previsão da Com­ de democratizar também o ensino superior, pro­ é concluído sem que haja um amplo debate, de panhia de Financiamento da Produção - CF,P porcionando a todos as mesmas oportunidades cada item, com o setor produtivo, e também com para este ano é de 25 milhões de toneladas. Vale, e a mesma qualidade de ensino. O ensinosuperior Parlamentares representantes da área rural. Em ainda, lembrar que, na safra de 86/87, o milho deve ser cobrado dos que têm condições de pa­ fevereiro último o Ministério da Agricultura baixou teve uma produção extra-recorde de 26,7milhões gar, sendoindispensável que se estenda a possibi­ uma portaria disciplinando as bases de comercia­ de toneladas. A soja, que em 85/86 não ultrapas­ lidade de gratuidade aos que não têm recursos lização da nova safra, quejá estava sendo colhida. sava a casa das 13,5 milhões de toneladas, tem para pagar o curso, também em universidade pa­ Nela, o Governo delimitou os níveis de sua inter­ uma previsão de safra para 87/88 de 18 milhões gas, mesmo que em forma de bolsa de estudo venção no mercado, comprando ou vendendo de toneladas. integral, condição essencial para a solidificação produtos. Com esses dados exuberantes, sem dúvida po­ do regime democrático. Isso já é a privatização da comercialização: o demos garantir que a agropecuária brasileira pas­ Existe, portanto, na matéria aprovada pelo Ple­ Governo só intervém com a liberação de seus sa por um dos seus mais notáveis momentos nário da Constituinte, no Capítulo da Educação, estoques quando os preços do mercado superam históricos, pela extrema dedicação com que vêm uma contradição evidente, que procuraremos determinados índices, com a intervenção forçan• acompanhando o setor. corrigir nasvotações de 2°turno, de modoa esten­ do o recuo dos preços a patamares justos. Além Era o que tinha a dizer. der os benefícios da bolsa de estudo também disso, o preço mínimo de Governo deixa de ser aos estudantes universitários, especialmente nas o preço máximo, ou seja, o produtor ganha estí• localidades onde não existe universidade oficial. mulo para buscar no mercado preços mais com­ o SR. VICTOR FACCIONI (PDS - RS. Caso contrário, estaremos condenando milhares pensadores, enquanto o Governo acompanha o Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, de estudantes a uma odiosa discriminação e tere­ processo para impedir distorções nos preços. O Sr'" e Srs. Constituintes, a educação, em nosso mos'de lutar pela estatízação de todas as escolas produtor, por sua vez,passa a buscar no mercado país, desde os tempos coloniais, sempre foi elitis­ comunitárias de nível superior do País, como a as oportunidades que o Governo não oferece. ta, condição que esta Assembléia Nacional Cons­ de minha cidade, Caxias do Sul, e de tantas outras, Isso, ao mesmo tempo, representa uma reava­ tituinte pretendeu modificar. Assim, superando a corno as de Bento Gonçalves, Vacaria, Lageado, liação por parte do Governo, dos limites toleráveis visão obscurantista de um ensino estatizado da­ Cruz Alta, Bagé, SantoÂngelo, Passo Fundo, Uru­ para a sua intervenção no mercado. Agora, o Go­ queles que pretendiam destinar os recursos da guaiana, Erechirn, São Leopoldo, Novo Hambur­ verno, que no início dá década corrente comprava educação exclusivamente para a escola pública, go, Ijuí,todas no meu Rio Grande do Sul, e cada o total de 431,8 mil toneladas de produtos, che­ assegurou-se na futura Constituição o princípio região, nos demais Estados, fará o mesmo, num gou a adquirir 10,9 milhões de toneladas em da pluralidade de sistemas educacionais e o direi­ esquema de pressão que o Governo não terá co­ 1987, mas, agora, tenta voltar ao limite conve­ to compulsório de acesso à escola em todos os mo suportar. E todos sabemos que o Governo niente socialmente. Com todas essas medidas de níveis, ao lado da melhoria e desenvolvimento não teria recursos para tanto. (Palmas.) ajuste no setor, é justo esperar por uma outra do ensino, prioritária e democraticamente minis­ produção recorde no próximo ano, que será a trado, gratuitamente, a todos aqueles que de­ O SR. FERES NADER (PTB - RJ. Pronuncia terceira consecutiva, desde 1987. monstrarem insuficiência de recursos. o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs Consti- 10886 Quarta-feira 1 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988 tuintes, no Parlamento, somos os legítimos repre­ Nacional Constituinte, cumprindo devotadamente dos os mandatos dos Srs. Prefeitos. Hoje, sentantes do povo e temo-nos comportado patrio­ o seu dever, transforme em fulgurante realidade não há interesse do Governo em aprovar esta ticamente no cumprimento de nossos mandatos, as grandes e legítimas aspirações nacionais. matéria e o Plenário está vazio. Por quê? Por­ pelejando e porfiando, com dignidade e bravura, Obrigado. que os Deputados do PDS, por ordem do na busca das soluções que atendam aos anelos, Governo, estão escondidos, para não se per­ O SR. VlRGÍUO GUIMARÂES (PT - MG. os mais caros, da gente brasileira, em cujo nome mitir que matéria tão relevante para o ensino Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, falamos e agimos. Se ainda não estamos vivendo, deste Pais seja aprovada. Fica, assim, mais Srs. Constituintes, há mais de 30 dias os trabalha­ uma vez registrada a estupidez do Governo. em toda a plenitude, as realidades institucionais dores do ensino e da saúde, inclusive os médicos, que são a razão basilar da própria democracia, Há algumas semanas, fretou ele aviões a jato da Prefeitura de Belo Horizonte se encontram em para trazer seus Deputados lá do interior de delas nos acercamos a passos largos, fírmendo greve. Reivindicam piso salarial, eleição direta pa­ a cada dia novos marcos que assinalam o territó• Minas, os quais, hoje, foram autorizados a ra diretor de escola e, por parte do pessoal da ficar em casa. As galerias estão repletas de rio próprio de homens livres e dignos, ou seja, saúde, isonomia salarial com os funcionários do professoras, que aqui vieram ouvir o Depu­ aquele onde a liberdade só tem como limite a Estado. Até o dia 30 de maio, o Sr. Prefeito da lei. Capital Mineira,Sr. Sérgio Ferrara, não se dignou tado Federal votar emseu favor e, no entanto, o Deputado sumiu, porque essa matéria não Cumpre aos nossos patricios, sem quaisquer a dialogar com seus servidores. exceções, ficar convencidos de que nosso poten­ É certo que esta intransigência já virou rotina é do interesse do Governo." cial econômico - mesmo seriamente compro­ por parte dos governantes da Nova República. Após este aparte, disse, concluindo, o Deputado metido com a divida externa - nossa densidade Mas nunca é demais denunciar a demagogia e Ferrara: demográfica, nossa massa continental represen­ as promessas eleitorais que tanto têm caracta­ "Será que o Governo federal gostou das tam um conjunto de fatos positivos que estão rizado os políticos da burguesia em nosso País. atitudes e da insensibilidade do Governo de a exigir um tremendo esforço coletivo na procura Tenho em mãos um discurso pronunciado na Minas, que tudo prometeu, nada realizou e e no encontro de soluções nitidamente brasileiras. sessão da Câmara dos Deputados do dia 18 de hoje deseja que esta proposta de emenda Entendemos que o Poder Legislativo é a fonte setembro de 1980 pelo então Deputado Sérgio constitucional não seja aprovada? Será que e a origem de todos os demais Poderes. Há, entre­ Ferrara, do PP, infelizmente, hoje, prefeito de Belo o nobre DeputadoAlexandre Machado, antes tanto, um consenso universal que tem por base Horizonte pelo PMDB,para o qual peço a atenção de apresentar a proposição, não teria conver­ a tecnfflcação de decisões e a velocidade de co­ de V.EXoS Naquele dia, disse o Sr. Sérgio Ferrara: municações, realidade que, por si só, impuseram sado com as lideranças do seu partido sobre a necessidade de aprovação de medida tão a necessidade do fortalecimento do Poder Execu­ 'Temos ainda gravadas na memória as justa? Será que ele não lutou para que sua tivo. O reconhecimento desta verdade não signi­ cenas tristes de há um ano, quando a polícia proposta atingisse o objetivo? fica, nem de leve, que ao Congresso não caiba reprimiu pela violência a greve dos profes­ Vemos a expectativa, a esperança estam­ o exercício de suas imensas virtualidades, dentre sores de Minas Gerais. A classe sofrida dos pada em cada semblante das professoras e as quais merecem destaque o poder de revisão mestres do nosso Estado, depois de anos professores aqui presentes. A expectativa é das leis, o de debater de todos os grandes temas de humilhação, percebendo salários que ja­ grande em todo o Brasil. Mas, infelizmente, nacionais, o de flscallzador permanente da atua­ mais dariam para uma vida decente, resol­ podemos antever mais uma desilusão dos ção do Executivo e de severo guardião do legítimo vera fazer uma pausa no seu trabalho para mestres brasileiros. É bom que os profes­ emprego das verbas públicas. lutar pelos seus direitos. sores estejam aqui, observando como se de­ O fenômeno a que assistimos na área econô• Mas o que vimos foi a falta de grandeza senrolam os acontecimentos nesta Casa. mica é mundial. Mas é lógico que entendemos, do Govemo para dialogar com os mestres. O Governo aceita o projeto de seu Depu­ e com a convicção daqueles que lutam diuturna­ No lugar do diálogo, recorreu-se à força poli­ tado, sabe que é mais do que justo, mas mente nos campos talados em defesa da restau­ ciai. Então, eram mulheres e moças enfren­ não deseja sua aprovação." ração da democracia, que não existirá sociedade tando com estóica bravura os jatos d'água democrática onde não se exiba um organismo da polícia, porque sabiam que maior que o Srs. Constituintes, diz o ditado popular que o legislativo que represente a vontade soberana do sofrimento e a humilhação é a dignidade de sujo fala do mal lavado! O Sr. Governador Newton povo. Cabe a ele o direito maior da decisão políti• sua classe, responsável pela educação e pela Cardoso usou agora das mesmas artimanhas, en­ ca. E esta há de ser tomada por aqueles a quem formação cívica dos jovens de Minas Gerais. tão denunciadas para conduzir pelo cabresto do o povo outorgou tal responsabilidade, que é in­ E esse Governador é do sistema, conta com clientelismo vários Constituintes do PMDBminei­ transferível e inegociável. o apoio do Governo Federal e, ainda assim, ro, quando da votação do mandato presidencial De nosso gênio criador, de nossa capacidade nada faz pela classe dos professores." de cinco anos. de ação, de nosso idealismo, que exigem obstina­ Srs. Constituintes, os trabalhadores da educa­ ção e sacrificio, façamos dos Partidos o instru­ Notem bem, nobres colegas, mas foi este mes­ mo Sr. Ferrara quem, na semana passada, no ção e da saúde de Belo Horizonte reivindicam mento politico de um país adulto, capaz de, no apenas o cumprimento das promessas eleitorais I debate que implica dissenso e disputa, convencer dia 27 de maio, colocou nas ruas a Polícia Militar e ordenou o espancamento em praça pública de do atual prefeito. Este, quando pleiteara no PMDB e conduzir o povo à participação consciente do a vaga para a disputa da prefeitura, assinou docu­ processo de desenvolvimento nacional, que in­ professores, médicos, enfermeiros e demais tra­ balhadores em greve. Tomou exatamente a mes­ mento que também consta, ao lado do discurso cluiu o processo político. E ao Parlamento, que antes citado, do arquivo da UTE - União dos queremos habilitado a um trabalho mais efícíente ma atitude que criticara oito anos atrás, do então Governador arenista, Sr. Francelino Pereira. Trabalhadores do Ensino de Minas Gerais. Da ainda, que todos, motivados pelos compromissos plataforma eleitoral do então candidato Sérgio partidários, possamos dar-lhe a dimensão política A demagogia do PMDB nunca encontrou limi­ tes, atingindo as raias do absurdo. Naquele mes­ Ferrara faziam parte, dentre outros, os seguintes sem a qual a democracia fica a flutuar, instável, compromissos: entre o jogo personalista de líderes sem mensa­ mo 18 de setembro de 1980, enquanto discursava gens e a aventura dos que, valendo-se dos caris­ o Deputado Ferrara, entrou em cena, através de "Plano educacional visando a criar uma mas, substituem instuições protetoras por místi• um aparte, nada mais nada menos que o atual escola em cada bairro, dentro das normas cas truncadoras da História. carrasco da educação em Minas, Governador do pedagógicas aceitáveis, isto é, escola de pri­ Estamos caminhandoporestradas ensolaradas PMDB, Sr. Newton Cardoso, então, também De­ meiro grau nunca acima de 400 alunos: ­ e cumprindo, patrioticamente, todos os ritos que, putado Federal. Disse ele naquele aparte: piso salarial para o professorado municipal, inelutavelmente, nos conduzirão à completa esta­ "Meu caro.Deputado Sérgio Ferrara, V.Ex" da ordem de 6 (seis) salários mínimos, a bilidade das instituições, que estamos reedífícan• está de parabéns pelo discurso que pronun­ viger a partir de 15 de janeiro de 1986." do depois de havermos visto e sofrido tudo quanto cia nesta tarde. Na semana retrasada, Nobre Srs. Constituintes, flca claro e fartamente de­ se fezpara solapá-Ias, senão, mesmo, para derruí• Deputado, encontravam-se aqui ambulân• monstrado que o calote político-eleitoral, como las de todo. O ciclo vai-se completando, no tempo cias, compareceram aqui aleijados, aqui vo­ esse, também é prática comum na administração e no espaço, e é imperioso que a Assembléia tou até defunto, para que fossem prorroga- peemedebista da Prefeitura de Belo Horizonte. Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 1 10887

Durante a greve de 1986, também em documento mos sacudir o torpor da sociedade brasileira, des­ ção clamorosa deste setor fundamental para os ' arquivado pela UTE,a Prefeitura de Belo Horizonte pertando em cada família a motivação para o destinos da Nação. se comprometia a adotar eleição para diretor e ensino e a cultura. Essa atitude deve ganhar a vice-diretor das escolas a partir de 15 de dezem­ dimensão de um movimento nacional para de­ A SR" BENEDITADASILVA (PT- RJ. Pro­ bro de 1986. Puro engano. Ao invés de colocar semperrarmos os entraves do sistema educacio­ nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, em prática mais estapromessa, aceitando o resul­ nal brasileiro. O Governo, que até hoje foi incapaz S!"" e Srs. Constituintes, no momento em que tado das eleições, o Sr. Ferrara exonerou seis de encontrar uma solução para o problema; deve os novos rumos da Nação brasileira estão sendo diretores durante a greve em curso, três dos quais ser forçado a isso pela pressão da sociedade. discutidos e redefmidos pela Assembléia Nacional eleitos diretamente pela comunidade. Com isso estaremos seguindo os passos dos Constituinte, venho a esta tribuna para falar, mais Sr. Presidente, Srs. Constituintes, o discurso do outros países, que lograram superar atrasos edu­ uma vez, de tema que deve ser repensado e refle­ então Deputado Sérgio Ferrara, em 1980, feito cacionais estribando-se na vontade nacional e, tido por todos nós, povo brasileiro: a questão indí• nesta Casa, alertava que a partir dela, formulando' estratégias e políticas gena. No momento em que lutamos, neste Con­ voltadas para o sistema de ensino. E, mais uma gresso e nas manifestações populares, pela cons­ "a resposta à desilusão, à revolta, será dada vez, a ênfase maior deve ser colocada na escola trução de um futuro justo e digno para as popula­ em 82 a este Governo insensível que gasta de primeiro grau, ela que é fundamento do que ções brasileiras, é essencial lembrar que o Brasil fortunas com mordomias, que sacrifica os virá depois. Deve haver uma boa formação básica é um país pluriétnico; que 44,5% de sua popu­ trabalhadores, professores e o povo com es­ para todos. A partir daí vão as pessoas, segundo lação são integrados por negros e que, além de sa inflação galopante. A resposta será dada sua vocação e capacidade, procurar as escolas outros componentes étnicos, temos o privilégio não só pelos professores, mas por todo o profissionalizantes ou o ensino superior. de, ainda, abrigar 180 nações indigenas, diferen­ povo brasileiro, cansado, esperando pacien­ Quanto a este último, devemos descartara idéia tes entre si, com uma riqueza cultural e humana temente por dias melhores, por medidas jus­ da universidade popular, que parece ser o pensa­ da qual devemos nos orgulhar. tas que jamais aparece. Nós da Oposição, mento dominante no Brasil de nossos dias. Todos Um país é, pois tanto mais democrático e civili­ cumpriremos nosso dever, como sempre, e, sabemos que a expansão do ensino superior, no zado na medida em que consegue conviver e desta forma, eu não poderia deixar de estar Brasil, se fez com prejuízo da sua qualidade. O harmonizar as diferentes raças, culturas, tradições hoje ao lado desta classe sofrida dos profes­ resultado não tem sido bom para o País, nem e modos de vida que convivem em seu território. sores". para o pessoal formado nas instituições pouco Quanto mais reconhece e respeita os direitos fun­ Mas, ainda é tempo de reformular, Srs. Depu­ comprometidas com as finalidades maiores do damentais desses povos, mais se aproxima de tados e Senadores do Governo. Os professores ensino. uma sociedade verdadeiramente igualitária, justa brasIleiros esperam que, acima do dever parti­ Então, é preciso refletir com seriedade. Pouco e fraterna. dário, fale o dever da consciência e da justiça! ou nada vale uma universidade abrangente, mas Os povos indigenas já são parte integrante de Concluo reafirmando o apoio irrestrito do PT incapaz de formar os quadros de alto gabarito, nosso País e seus direitos têm de ser assegurados que o País reclama na sua arrancada desenvolvi­ à greve dos servidores da educação, da saúde pela nova Constituição que estamos delineando. e dos médicos da Prefeitura de Belo Horizonte. mentista. Melhor é termos uma universidade para A surrada ideologia da incorporação, da "integra­ poucos, mas uma boa universidade, onde a me­ ção dos índios" que, infelizmente, continua a Solidariedade e luta, até a vitória! diocridade não entra, onde os universitários pas­ orientar a política indigenista do Governo, significa O SR. GEOVAHAMARANTE (PMDB- Se. sem pelo crivo rigoroso, selecionando as inteli­ uma mistura de ignorância, arrogância e má fé, Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, gências mais privilegiadas. pois disfarça muito mal seu verdadeiro objetivo, Srs. Constituintes, é comum ouvirmos referências Sr. Presidente, a questão é complexa, bem o que é a expropriação das terras indígenas, cujo . ao Brasil como "potência emergente", significan­ sabemos. Ela reflete o descompasso caracterís• resultado é claro: a "integração" dos índios na do um país em rápida evolução para figurar entre tico da nossa realidade sócio-econômica, desde miséria, na legião de despossuídos, na fome e asnaçõesmaisdesenvolvidas do mundo.Ao mes­ a falta de verbas para o programa educacional, na aculturação. mo tempo sabemos quão precárias são as condi­ passando pelos professores mal remunerados e Sr. Presidente, Srs. e Sr'" Constituintes, o resga­ ções do nosso sistema educacional. Seriam 20 pouco motivados para o trabalho, até a carência te da imensa dívida social no Brasil começará milhões os brasileiros analfabetos. O ensino fun­ alimentar da maioria das crianças, prejudicando pelo reconhecimento e garantia dos direitos fun­ damentaI, por sua vez, não cumpre a contento a sua capacidade de aprender. damentais dos povos indígenas que serão inseri­ o seu papel de preparar as pessoas para a vida. Não se pode, todavia, esperar por melhores dos nesta nova Carta. E se o primeiro grau não funciona direito, resul­ tempos para atacar um problema que diz respeito A nossa História sempre'foi feita contranando tam prejudicadas as outras etapas da escolari­ à qualidade da nossa vida futura e à posição do a história dos oprimidos, ou seja, sempre na pers­ zação. Brasil no contexto mundial. A nova distribuição pectiva dosvencedores. Não podemos nos esque­ Difícil conciliar as duas coisas, isto é, difícilsin­ da receita tributária prevista no texto constitucio­ cer de que durante esses cincos séculos de domi­ tonizar a idéia do Brasil potência tendo por base nal em elaboração bem poderá ser o início de nação se tentou apagar a memória dos vencidos uma população tão mal preparada, com tantos umavirada neste sentido, atribuindo-se aos muni­ - índios e negros - pois era um risco para milhões de analfabetos e semi-analfabetos. Afinal, cípios maior parcela de responsabilidade na edu­ as elites dominantes do Estado autoritário. Fre­ não vamos esquecer que a educação é, concomi­ cação das crianças brasileiras. quentemente, como é natural sob esse ponto de tantemente, um indicadore um gerador de desen­ Temos de caminhar rapidamente para os 100 vista, a história foi invertida. Genocidas, como os volvimento. Ela dá a medida do progresso de (cem por cento) de escolarização no nível primá­ bandeirantes e nossos primeiros governadores, um povo, mas também funciona como motor rio. Paralelamente, vamos melhorar a remune­ tomaram-se heróis, e muitas lutas populares fo­ desse progresso. ração dos mestres, deles exigindo-se maior quali­ ram escondidas e seus líderes, considerados treJJi­ Sr. Presidente, este é um assunto que deve dade e dedicação no trabalho. A merenda escolar dores, foram dizimados. preocupar a todos nós. As projeções realizadas deve ser mantida e melhorada como meio de Precisamos, a partir de agora, reverter esse qua­ com base na situação atual indicam um futuro suprir a deficiência nutritiva dos lares de baixa dro, questionar a historiografia oficial para que sombrio para a educação no Brasil. No momento renda, conferindo aos alunos a capacidade de nosso País redefina suas relações raciais, objeti­ em que adentramos à era da informática, com responderprontamente aos ensinamentos recebi­ vando assumir sua real condição de nação plu­ os computadores tomando conta das fábricas, dos na sala de aula. riétnica. utilizados até norecinto doslares, é triste constatar O panorama educacional do País exige medi­ Em 1.500, quando os europeus chegaram 11 que nosso País chegará ao ano 2000 com um das urgentes. O Governo deve partir, imediata­ nossa terra, os indios somavam mais de cinco grande número de crianças e jovens excedendo mente, para a elaboração de um plano nacional milhões, como é do conhecimentodetodos. Hoje, a capacidade das escolas, aos quais serão nega­ de educação, levando em conta os aspectos aqui são pouco mais de 200 mil, concentrados em das as oportunidades de aprender. focalizados, e tudo mais que diga respeito a uma cerca de 180 nações espalhadas por todo o terri­ Temos de reverter esse quadro se, de fato, qui­ redefinição nos padrões do ensino brasileiro. Não tório nacional. É interessante notar que só na pri­ sermos estarao lado dasgrandesnações. Precisa- podemos continuar impassíveis diante da situa- meira metade deste século nada menos que 87 10888 Quarta-feira 1 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONALCONSTITUINTE Junho de 1988 povos foram completamente exterminados. Na terras. Poisfoiapenas coma Constituição de 1967 social, culturale político.Sempre que compelidos, verdade, algumas dessas nações estão ameaça• que se deu um passo à frente, embora mantendo acima de suas forças, a desistirem de sua identi­ das de desaparecimento, mas é certo também o mesmo intuito incorporador, assegurando aos dade específica, os povos indígenas entram em que a grande maioria está aí para ficar e se perpe­ "silvícolas" a posse permanente das terras que processo irreversível de desestruturação, que cul­ tuar, cabendo a nós, povos ditos "civilizados", a habitassem, reconhecendo-lhes o "direitoao usu­ mina com a dispersão e a morte, pura e simples, conscientização e compreensão para que esse fruto exclusivo dos recursos naturais e de todas da maior parte de seus integrantes. E a cada povo desaparecimento não se concretize. as utilidades existentes". eliminado desaparecem valiosos conhecimentos, As comunidades indígenas têm reclamado Sr. Presidente, nobres pares, como está colo­ que não podem ser reproduzidos em museus. constantemente, com justiça, seus direitos per­ cada hoje a questão, até parece que o índio signi­ Desaparece, irrecuperavelmente, mais uma expe­ manentes de viverem segundo suas próprias cul­ fica o contrário de desenvolvimento. Mas sabe­ riência de projeto humano: é mais um ponto con­ turas, além de gozarem dos direitos da plena cida­ mos que é possível que os povos indígenas conti­ tra a Humanidade. dania e conservarem o usufruto das suas terras nuem sobrevivendo sem que isso prejudique o À geração e às pessoas contemporâneas ao e recursos naturais. Pois são exatamente essas desenvolvimento do País. Como qualquer povo, desaparecimento de um povo indígena será sem­ reivindicações que estão sendo discutidas aqui também os indígenas necessitam de uma base pre cobrado o que fizerem - ou deixarem de nesta Assembléia Constituinte.Desde o iníciodos indispensável à sua sobrevivência: a terra. Muitos fazer.Não se trata, no entanto, de pretender devol­ trabalhos legislativos tínhamos ciência da hege­ alegam que eles pretendem ocupar quantidades ver o Brasilaos índios. Me parece que não sobrou monia conservadora deste Congresso, que dificul­ territoriais absurdas Mas os dados falam por si nenhum Tupinambá que poderia ter de volta o taria sobremaneira a inscrição dos direitosperma­ só. Quando duemos que as terras indígenas ocu­ bairro de Copacabana, por exemplo. nentes dos índios na nova Carta, no sentido de pam a,75% da superfície brasileira, num total de A opção que se coloca, hoje, para a sociedade ver superada a atual condição de tutela do Estado. 518 áreas, não significa que esse território todo indígena está entre deixar que tudo continue co­ Aprópria ideologia oficial, fundamentada na atual esteja garantido e efetivamente assegurado às po­ mo sempre foi,indiferente à destruição dos povos legislação de proteção aos interesses indigenas, pulações indígenas que nele vivem. Dessas 518 indígenas, ou conceber maneiras que permitam parte do pressuposto de que "os índios são uma áreas apenas 41 estão regularizadas. As restantes conciliarnossos projetos com a sobrevivência dig­ categoria transitória, aos quais, portanto, não se dependem ainda de lento e difícil processo de na dos índios. Já se demonstrou que o Brasil, devem reconhecer direitos permanentes, mas demarcação. E enquanto essas terras não são em suas dimensões continentais, não só oferece condições provisórias,orientadas para sua assimi­ regularizadas, prossegue a espoliação das últimas espaço suficiente para índios e não-índios, como lação à cultura brasileira". nações indígenas do Brasil. dispõe de um excedente formidável, ressaltadas Sob este ponto de vista, a questão indígena Qualquer que seja o modelo de desenvolvimen­ as terras indígenas, de que nos podemos apro­ é considerada "questão de segurança nacional", to que adotemos, mesmo assim ainda haverá ter­ priar. e as decisões sobre a demarcação de suas terras ra suficiente para todos. Se há terras em grandes Sr. Presidente, SI"" e Srs. Constituintes, rara­ estão, hoje, na esfera do Conselho de Segurança quantidades no País, por exemplo, para iniciar mente em nossa Históriaa sobrevivência dos ín• Nacional, com o pretexto de controle das fron­ projetos de desenvolvimento,por que não garantir dios esteve tão ameaçada como agora. A atual teiras internas e extemas do País. Não podemos aos povos indígenas o espaço que milenarmente política indigenista govemamental, coroada com nos esquecer, no entanto, dos verdadeiros ínteres• ocupam? sucessivos equívocos, tem cunho essencialmente ses econômicos (das estatais e grupos privados) Poderiam ser levantados argumentos de que empresarial, considerando os índios a partir do e que cortam (as estradas), inundam {as barra­ isso levaria à criação de "territórios indígenas in­ potencial econômico representado por suasterras gens), devastam (as madeireiras), invadem (agro­ dependentes". Não há por que pensar assim, pois e mão-de-obra. pecuárias) e cavam (as mineradoras) até o chão a autodeterminação que reivindicam essas popu­ Legalmente considerados pelo Código Civil em dos territórios indígenas, para quem eles são me­ lações não vai além do desejo de decidirem, elas vigor"relativamente incapazes" e por isso mesmo ros "obstáculos" que devem ser removidos. Certa­ próprias, os rumos de seus projetos culturais e submetidos à tutela especial do Estado, os índios mente esse conjunto de interesses está bem re­ de viverem em paz e em suas terras. assistem ao saque de suas terras e riquezas com presentado neste Congresso Constituinte. O antropólogo DarcyRibeiroafirma que as ter­ o aval do próprio Estado, que, juridicamente, Mas, remando contra a maré, está a própria ras indígenas foram expropriadas para cederlugar deveriaser responsável pela sua proteção. O etno­ resistência, história e luta das comunidades indí• aos empreendimentos extrativistas (madeireiras cídio continuado que caracteriza as relações do genas, que estamos presenciando nos corredores e mineradoras) e agropastoris. Esses empreendi­ Estado brasileiro com os índios deu-se sempre desta Casa, por ocasião da votação do capítulo mentos se agregam hoje aos grandes projetos à reveliade leis que, com maior ou menorintensi­ dos direitos indígenas, com a presença de suas econômicos e suas obras de infra-estrutura. Ao dade, objetivaram garantir-lhes um mínimo de lideranças que tentam, no corpo a corpo, conven­ mesmo tempo, a mão-de-obra indígena foialicia­ proteção, sem lograr resultado positivo. cer os Constituintes duvidosos quanto à votação da para a produção de mercadorias estranhas É por isso que a Constituição que estamos pro­ pela continuidade da sobrevivência desses povos. às necessidades dos próprios índios. Concluimos, jetando inaugura oportunidade ímpar de corrigir Sr. Presidente, SI"" e Srs. Constituintes, não então, que a destruição do índio está no rastro essas deficiências.E nesse cenário que será trava­ creio que seja do conhecimento da maioria de da própria ocupação do País, pela própria socie­ do o embate decisivo para o futuro dos povos meus pares aqui reunidos que, até o ano de 1934, dade não-indígena, ou seja, a nossa sociedade. indígenas. Um importante passo já foi dado, con­ os índios não apareciam em nossas Constitui­ Significadizer,ainda, que, a construção do Estado siderando-se que a inclusão de um capítulo dedi­ ções. Para as duas primeiras Cartas do Brasil­ brasileiro custou aos índios a morte de 95% de cado exclusivamente às questões indígenas signi­ a do Império (1824) e a da República (1891)­ sua população e a expropriação de 91% do seu' fica um avanço considerável. era como se o índio não existisse.Não havia qual­ território, tendo em vista que ocupavam todo o Dependendo do resultado das votações, a polí• quer dispositivo que garantisse direitos especí• território brasileiro antes da chegada dos euro­ tica indigenista oficial poderá ser institucionali­ ficos às populações indígenas. A primeira Consti­ peus. zada e, com isso, se dará o golpe de misericórdlá tuição a tratar especificamente do índio foi a de Na medida em que resistem, os índios exigem nos povos sobreviventes; ou se essa política for 1934, mesmo assim transferindo para a União respeito a seus territóriostradicionais, exigem res­ renegada, estarão garantidas as condições míni• a competência para legislarsobre "a incorporação peito às suas pessoas e repelem tentativas que mas para que os povos indígenas tenham uma dos silvícolas à comunhão nacional". É a partir perturbarão seus próprios projetos. Para muita perspectiva de futuro digno. de então que se fundamenta a ideologia protecio­ gente, no entanto, mais prático seria conseguir O fato de a Comissão de Sistematização não nista e patemalista em relação aos índios, preven­ que os índios desistissem de continuar sendo ín• ter votado o capitulo sobre os índios, por decurso do o desaparecimento desses povos enquanto dios. Assim, seria agregado mais facilmente o es­ de prazo, resultou na adoção da redação do Depu­ etnias, concretizando a verdadeira extinção de toque de terras indígenas em benefício do mer­ tado Bemardo Cabral para o texto que em breve uma cultura, pois seriam "incorporados" ao mo­ cado e eles se somariam à população economi­ será votado neste Plenário. Essa redação peca delo de estado burguês, indo engrossar, possivel­ camente ativa. principalmente por incluirum preceito (mais pre­ mente, as, fíleíras dos' despossuídos da periferia Ahistória, entretanto, não mais permite a ilusão conceito que preceito) que implica incapacidade dos grandes centros urbanos, expulsos de suas de que isso possa ser feito sem um enorme custo absoluta dos índios e por dar ao capítulo uma Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 1 10889 perspectiva etnocida, ao criar a distinção entre gando 1/3 da população do Brasil, constitui uma Oeste à condição de participantes do desenvol­ índios aculturados e não-aculturados. O relator das -áreas mais pobres em todo mundo, e das vimento nacional. afirma que os índios considerados _aculturados regiões Norte e Centro-Oeste que, detendo 2/3 Conforme se sabe, o crescimento do produto não fazem jus aos direitos específicos Previstos do territorlo,' continuam a se caracterizar como real de uma economia - indicador primeiro do no capítulo, isto é "os índios com elevado estágio grande vazios demográficos e econômicos. Por progresso material-derivada de três fontes prin­ de aculturação que mantenham uma convivência sua vez,o Sul-Sudeste representa menos de 18% cipais: constante com a sociedade nacional e que não da superfíce total do País, mas abriga 60% da - aumento na disponibilidade dos fatores de habitem terras indígenas". população brasileira. produção; Como os índios não-aculturados são tidos co­ Do estrito ponto de vista econômico, o Sul-Su­ - aumento no nível de utilização desses fato­ mo absolutamente incapazes pela legislação em deste responde por quase 80% do Produto Interno res; e vigor, o texto criou a seguinte situação: ou o índio Bruto a custos de fatores, representa 77% da for­ - aumento da eficiência no emprego dos fato­ é não-aculturado, incapaz, e por isso não goza mação bruta do capital fixo, 88,5% do produto res produtivos. dos direitos de cidadania, ou, para gozar desses industrial e 85 da Receita Tributária do Brasil. A redução das disparidades regionais toma, direitos, não pode ser índio, pois será considerado Obviamente-as desigualdades de repartição do portanto, unperioso o aumento substancial do es­ aculturado. Isto sígnifica que esse artigo é alta­ crescimento refletem-se nos planos social e políti• toque de capitalnasregiõesmais atrasadas, desde mente discriminatório, pois considera que o índio co. A-expectativa de vida de um habitante do Su­ que a força de trabalho está em contínuo cresci­ aculturado deixa de ser índio; e que, na medida deste e de 63 anos, de um sulista 67 anos, de mento e a terra é um dado. em que ele adquire o conhecimento formal da um nortista 61 anos, enquanto para um nordes­ O aumento da utilização dos fatores produtivos sociedade não-índia, no momento em que ele tino e de apenas 51 anos. O contraste é também também significa, nessas regiões incorporar ao tem o domínio da linguagem, é ele considerado gritante no que tange à taxa de analfabetismo processo produtivo extensas áreas subaproveíta• um cidadão fora dos padrões normais da comu­ entre a população de 10 anos ou mais de idade; das, principalmente na produção agropecuária. nidade indígena. Aculturá-lo, então, significa mar­ Sudeste, 11,6%; Norte, 11,01%; Sul, 12,2%; Cen­ A revisão e adequação da combinação dos fatores ginalizá-lo totalmente da sua comunidade, confor­ tro-Oeste, 16,7%; e Nordeste, pasmem, 38,3%! produtivos, espcialmente da relação terra/ho­ me o que está escrito no texto constitucional que Por outra parte, enquanto no Sul-Sudeste os do­ mem, e o aporte crescente dos ganhos tecnoló• vai ser votado. micílios ligados à rede geral de abastecimento gicos constituem condição para elevação da pro­ Por isso, representações indígenas de todo o d'água representam 84,6% do total daquela re­ dução e da produtividade regional e nacional. País, presentes em Brasília, estão tentando orga­ gião, no Nordeste esse percentual é pouco supe­ A consciência desssa realidade impõe se pos­ nizar o apoio e sensibilizar as lideranças políticas rior a 47%. Anotem-se ainda as diferenças em tule a adoção de uma política explícita de desen­ propondo a aprovação das emendas e destaques termos de leitos hospitalares por habitantes: Su­ volvimento regional a1icerçada nos seguintes prin­ que corrijam essa deformação, no caso a supres­ deste, 1/186; Nordeste, 1/387; Norte, 1/212; Sul, cípios gerais: são do artigo 271 do atual texto, por ser grave­ 1/208 e Centro-Oeste, 11237. Importa notar tam­ - o desenvolvimento regional é resultante de mente discriminatório. bém que, no Sudeste, 94% dos domicílios são ação conjunta e constitui responsabilidade de to­ Sr. Presidente, finalizoreafirmando que a causa servidos com energia elétrica, enquanto no Nor­ dos os órgãos de governo e que deve ser compar­ indígena é uma causa de todo o povo brasileiro deste. apenas 62% contam com esse benefício. tilhada com a iniciativa privada, a qual contará e que é chegado o momento de resgatara imensa Cumpre notar também que no Sudeste 62% das para esse mister, com estímulos adequados; dívida social que nossa sociedade tem para com pessoas ocupadas contribuem para Previdência -apolítica deve caracterizar-se porseu escopo essas populações. Social, ao passo que no Nordeste a esse indicador mter-regional, com vistas a promover a comple­ Para que o Brasil seja uma pátria tanto dos representa pouco mais de 28%. Comparativa­ mentaridade entre as diretrizes para as diversas índios como dos não-índios, é necessário que mente com as demais regiões brasileiras, o Nor­ regiões, de maneiraa evitar tratamentoautárquico seja consagrado e reafirmado pela nova Consti­ deste apresenta o maior número de pessoas com para cada espaço subnacional; e tuição o direito indígena à terra, à identidade pró• renda mensal de até um salário mínimo: 28% - a consideração da dimensão espacial deve pria, à vida digna. Deve-se estabelecer, principal­ contra 16% no Sudeste e no Sul, 15% no Centro­ presidir as políticas macroeconomicas e setoriais, mente, que os índios não precisam renunciar à Oeste e 13% e no Norte. em cuja formulação avulta o expresso objetivo sua origem étmca para usufruir da cidadania, e Essas disparidades deitam raízes no próprio de atuar de forma direta para tomar mais equâ• não criar preceitos discriminatórios e racistas. Se processo de desenvolvimento do País e que se nime a distribuição pessoal e espacial de renda assim procedermos, estaremos dando um passo tem notabilizado privilegiar as regiões mais adran­ do País. fundamental para entrar no próximo século sem tadas e apenas marginalmente contemplando Nesse contexto, afigura-se imperativa a reto­ a vergonha de termos contribuído para a extinção as regiões menos envolvidas. mada da formulação de planos de desenvolvi­ historicamente imposta aos povos indígenas. Não surpreende, portanto, que contingentes mento de médio e longo prazos. Era o que tinha a dizer. populacionais expressivos continuem a migrar Com efeito. definidos os objetivos maiores da em direção ao Sul-Sudeste brasileiro com todos nação brasileira para um horizonte considerado, o SR. JOAQWMFRANCISCO (PFL -PE. os conhecidos efeitos desse processo migratório. cabe examinar alternativas de cursos de ação vi­ Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Se de um lado, atestam a pujança da região sando a compatibilizar própositos setoriais e espa­ Srs. Constituintes, a persistência de graves dese­ mais dinâmica no Pais, de outro lado, esses indi­ ciais, tendo em vista promover um melhor uso quilíbrios regionais constitui uma das caracterí• cadores retratam a maneira extremamente desi­ dos recursos e reduzir as desigualdades. Os pla­ ticas mais marcantes do desenvolvimento brasi­ gual- mesmo iníqua - da distribuição espacial nos e orçamentos plurianuais de investimento, leiro e denota a insuficiência do esforço até aqui e pessoal do desenvolvimento nacional. revistos e ajustados anualmente, devem direcio­ emprendimento no sentido a reverter esse qua­ Diante do quadro traçado, cabe qual deve ser nar o esforço maior para as regiões menos desen­ dro, que tende a pepetuar-se, a postura da sociedade brasileira: quedar-se sem volvidas e para os setores e grupos populacionais As disparidades regionais coincidem, em gran­ ação à espera de que os mecanismos de mercado que por sua condição presente são prioritários. de medida, com as desigualdades sociais e reve­ estabeleçam o equílibrio espacial e pessoal do Aqui, vale um parêntese. Logicamente, a ado­ lam a dualidade do processo de desenvolvimento. desenvolvimento! Ou deve, através de seus canais ção de uma política de desenvolvimento, confor­ De fato, o crescimento polarizado, díspar apon­ competentes, notadamente das forças políticas me se vem de preconizar, impõe livraras finanças tado como natural nos estágios iniciais do desen­ que a representam, exigir do Poder Executivo a públicas do caos em que se acham mergulhadas. volvimento continua a produzir no Brasil. adoação de providências concretas para alterar A adoção de medidas sérias dirigidas às reais Ao lado de regiões prósperas e dinâmicas, co­ a realidade observada? fontes do déficit público não pode continuar sen­ mo o Sul e o Sudeste, que exibem indicadores Parece inquestionável que o Governo, por dele­ do postergada: às dívidas interna e externa e a econômicos, sociais e tecnológicos semelhantes gação da sociedade brasileira, deve conjugar es­ ciranda financeira que engendram; descabidos aospaíses desenvolvidos, vastas áreas parcamçn• forço com a iniciativa privada nacional e estran­ privilégios sob a forma de estímulos fiscais e sub­ te arquinhoadas com os benefícios do progresso. geira e intervir no processo, estabelecendo meios sídios; e créditos generosos ainda exigem do Po­ Este o caso, em especial, do Nordeste que, abri- para alçar as Regiões Norte, Nordeste e Centro- der Executivo tratamento condizente com seu 10890 Quarta-feira 1 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988 peso no descontrole das finanças govemametais, Adespeito do singular itinerário do federalismo .A reorientação do desenvolvimento consiste, alimentando o processo inflacionário e estimu­ brasileiro nascido impositivamente e não tendo 'na prática, em estimular o'aproveitamento de nos­ lando o ganho sem trabalho, sem risco, A impo­ jamais 'conhecido o Poder originariamente local sas potencialidades, em bases socialmente mais sição de sacrifícios a tão sofrida classe dos funcio­ ..:.... a exemplo dos Estados Unidos, paradigma justas e que permitam a efetivação da cidadania nários públicos serve apenas para encobrir a au­ escolhido por Rui Barbosa peralançar, 'quando r à luz: dos direitos sociais e econôrnícos.Em países sência de firmeza e determinação no combate da primeira Constituição republicana,' as bases ,como o Brasil, o que' conta não são os problemas, às verdadeiras origens do déficit e para aumentar dessa forma de Governo - a verdade é que sua mas os recursos. Explorá-los 'com racionalidade a angústia e o desassossego no seio de milhões mais grave distorção tem a ver com as profundas e distribuí-los com eqüidade constitui a diretriz de famílias, e persistentes disparidades inter-regionais de de­ mais apropriada para arrostar a crise e suplantar Retomando o tema dessa alocução, importa senvolvimento. as dificuldades estruturais. salientar quea regionalização do desenvolvimento Com efeito, impressiona saberque 72% da pro­ A transição política é o exemplo mais caro da nacional comporta pelo menostrês vertentes prin­ dução industrial brasileira estão concentrados no índole do povo brasileiro, vocacionando para a cipais: política de recursos naturais, política demo­ Sudeste, que a taxa de analfabetismo no Nordeste concórdia e o entedimento, conforme se registra gráfica e política de investimentos. é o dobro da média nacional, que a Arriazõnla, neste Plenário. Os percalços que fortuitamente A política de recursos naturais buscando, de representando 2/3 do território brasileiro, concor­ enfretamos são restrições fictícias, porquanto são um lado, dinamizar os esforços com vistas ao re com 2% da arrecadação nacíonal'de ICM,'que da natureza do processo eventuais contradições conhecimento do potencial efetivo e de sua distri­ a expectativa de vida no Nordeste é de 51 anos, e ansiosos propósitos de, mediante a discussão buição espacial, e, de outro lado, estabelecendo enquanto no Sul é de 67 anos e que' - se prefe­ desapaixonada, chegar à melhor solução para os diretrizes para o aproveitamento racional desses rem um exemplo mais contundente- São Paulo, conflitos emergentes. recursos. A elaboração e execução de uma polí• a cada duas horas, produz uma arrecadação esta­ AIiOOa de mudanças e transformações, acresce tica de águas, principalmente para o Nordeste, dual de impostos equivalente àquela realizada pe- salientar, reclama, em todos os segmentos da com vistas aos múltiplos usos dos recursos hídri• lo Acre em um ano. ' sociedade, a adoção de urn comportamento que exclua as demandas particularistas, elegendo o cos, assoma em importância. A Prudência ecoló• Não é desarraz~ado dizer-se, como assinalam gica, traduzida em medidas de preservação e con­ interesse público como diretriz principal. Impõe, tantos estudos que o Brasl exibe uma das maíores além disso, a exigência de austeridade, seriedade servação dos recursos naturais, insere-se no con­ desiguldades inter-regionais de renda, em todo texto dessa política. e eficiência na dministração Pública, sem o que o Mundo. Para fixar-se numaimagem, é pertinente Apolítica demográfica, objetivando de umapar­ será inócua, e por certo iníqua, qualquer provi­ assinalar-sequeo Pais reproduzo queno contexto dência sob a responsabilidade do estado. te, o planejamento familiar e, de outra parte a internacional corresponde às discrepâncias so­ orientação dos fluxos migratórios consoantes a Srs. Constituintes: a questão regional não é ma­ ciais e econômicas entre os hemisférios Norte téria exclusiva do Governo, sequer da Constituinte. necessidade de redistribuir especialmente a popu­ e Sul. lação, com o próposito de ocupar e efetivamente É, antes de tudo, assunto que dizrespeito ao Go­ incorporar ao sistema produtivo nacional amplos A1iOOei, nesta oportunidade, uma proposta de verno, à Constituinte e, sobretudo, à sociedade ação para enfrentamento da questão regional. Te­ espaços físicos ainda subaproveitados, principal­ brasileira. É imperioso que todos tenhamos uma contudo, a mais firme convicção de que se mente na Amazônia e Centro-Oeste. 000 consciência crítica da questão e que saibamos A política de investimentos, seletiva em termos trata de um processo longo e complexo o qual discernir entre a miopia do custo prazo e o delírio de público, regiões e setores prioritários, contem­ somente será exitoso se tivermos capacidadepolí• idealista dos que se abstraem das limitações do tica de converter a questão regional em tema prio­ plando a criação de núcleos de geração e irradia­ tempo presente. ção do desenvolvimento nas regiões mais depri­ ritário na formulação das políticas nacionais de A esses desafios múltiplos e variados importa midas, sem perda da eficiência global das inver­ desenvolvimento, abdicando de posturas autár­ responder com tenacidade e vontade de supe­ sões, quicas ultrapassadas, reconhecendo a baixa efi­ rá-los, como convém à Nação brasileira, e a todos ciência dos instrumentos compensatórios e for­ Essa política requer: nós, Muito obrigado. jando uma consciência de que todo projeto tem Regionalização dos dispêndios públicos, mor­ O SR. ROSAS (PMDB-SP.Pronun­ endereço e, por isso mesmo de algum modo re­ HÉuo mente das inversões, coerentemente com o obje­ cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, SI"" tivo de desconcentrar espacialmente, tanto quan­ percute espacialmente. e Srs. Constituintes, chegaram às minhas mãos to possível, as atividades produtivas; e Remover os óbices estruturais e as restrições as notas taquigráficas de um discurso pronun­ Clara definição de áreas e setores prioritários, de cunho cultural à consecução desse objetivo ciando pelo nobre Deputado Percival Muniz, do e de objetivos metas e meios, como forma de requer criatividade, trabalho e paciência. E, mais PMDBde Mato Grosso, na sessão, do dia 26 deste induzir a atuação do setor privado. ainda, determinação, energia e espírito público. nesta Assembléia Nacioal Constituinte. De conformidade com o que se propugna, as Não posso, entretanto, desconhecer que esse V.EX, alegando "comunicado da imprensanacio­ Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste passam projeto se inscreve em um contexto de profundas nal", -que invoca de forma vaga, sem nenhum a tomar-se beneficiárias de fluxos cada vez mais inquietações e transformações que permeiam a esclarecimento, conclui de forma totalmente intensos de investimentos. realidade brasileira conteporânea, desde a cons­ equivocada e irresponsável o seguinte: 1. que o A essas medidas que buscam essencialmente trução de uma nova ordemjurídica, por este Con­ ilustre Governador Orestes Quércia, de SãoPaulo, atuar na repartição espacial das atividades produ­ gresso Constituinte, até a vivência de umprocesso pretende ser o futuro Presidente da República; tivas deve-se somar elenco de ações no sentido de transição política, daí passando à reorientação 2. que, para atingir esse objetivo, deseja, segundo de promover a qualidade de vida nessas regiões: do desenvolvimento brasileiro e até mesmo à as palavras daquele Constituinte, "trair os interes­ trata-se fundamentalmente de inversões em edu­ reordenação dos valores Éticos de uma sociedade ses do povo brasileiro, para garantir o apoio em­ cação, saúde e habitação. alcançada por uma crise de proporções interna­ presarial" à sua candidatura; 3. que pretende con­ A rnaterielização dessa proposta toma impres­ cionais. sumar essa traição, obrigando todos os Consti­ cindível incluir a questão regional como matéria A crise de valores faz aflorar conflitos sociais tuintes paulistas a "engolir o que pregaram aqui prioritária na Administração Pública Federal. Os de todas as espécies. Há que se conceber uma na Constituinte". primeiros passos nesse sentido estão sendo da­ nova lei para uma nova ordem, porque a obsoles­ Em parte, a irresponsabilidade desse Consti­ dos no âmbito da nova Carta Magna que estamos cêncía das estruturas sociais não poderá sancio­ tuinte tem comoatenuantesua ignorância da polí• escrevendo. Contudo, considerando a magnitude nar uma anomia, em que todos abjuram a lei tica paulista, que ele nãotem obrigação de conhe­ do desafio e a dimensão da questão há ainda por entendê-la em conflito com as circunstãncias. cer só porque um conterrâneo seu é prefeito da longo caminho a percorrer. Há que se restaurar o primado da autoridade e capital paulista. Conforme visto, tem-se a partir de uma pers­ o governo das leis, pois, em caso contrário, cami­ Dou-lhe duas informações: primeira, a de que pectiva regional da realidade brasileira, uma visão nharemos céleres para a desestruturação moral o Governador Orestes Quércia tem afirmado enfa­ aproximativa desse notavél mosaico econômico, e, o que é bem mais grave, estaremos tomando ticamente que não é candidato, por não se consi­ social e cultural, enriquecido pela diversidade e as instituições menos amadurecidas, vulneráveis derar em condições de disputar a Presidência da aviltado pelas desigualdades. às tentações totalitárias. República tendo de deixar inacabada a grande Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 1 10891 gestão que pretende, e que sem dúvida irá realizar Apesar de sabermos que o artista no Brasil é Para esse grupo de Deputados e Senadores e já está .realízando.vno Governo de São Paulo. a categoria mais desprestigiada, mais desassís• mais sensíveis ao pensamento da sociedade que Os mais categorizados analistas políticos da gran­ tida, mais dasamparada, não sabíamos que para representam, urgia perquirir as causas do enfra­ de imprensapaulista têm registrado essaposição; sobreviver ele precisava negar sua origem, suas quecimento do Legislativo e o exercício perma­ segunda, a de que o Governador-Orestes Quércia raízes,'sua própria vida. . - nente de esforço comum destinado a soerguer, - e acredito seja esta a posição da maioria abso­ , Faço esta carta, meu ilustre e querido tio, em à altura devida e merecida, a confiabilidade do luta dos membros desta Assembléia - sempre meu nome e em nome de minha mãe, irmã 'do povo no seu Parlamento. defendeu a prevalência do trabalho sobre o capi­ .Josías, da minha avó Augusta (sua mãe adotiva, Constatou-se, então, que os brasileiros, de mo­ tal. Nem ele, entretanto, nem ninguém, em sã aquela que o amamentou na mais tenra idade), do geral, desconheciam a mutilação das prerro­ consciência, pode negar a importância do papel de alguns amigos comuns que são seu próprio gativas do Congresso, desconhecendo, por igual, do empresariado nacional no processo de criação sangue, comoa querida e saudosa madrinha Higi­ que em face dessa circunstância não poderia a de riquezas e no conseqüente desenvolvimento na, o Preto Verdade, o povo do Manezinho, a Sá Instituição responder, de forma pronta e eficiente, do País, caminho obrigatório para a conquista Joana, o Gractano,o Marcionílio,o Sanérn, o Ber­ às reivindicações populares. do bem-estar geral e da paz social. nardino, o Serapião etantos outros que'como Não bastassem os reflexos internos do fenô• O.respeito que todos.devemos, Sr. Presidente, nós estão decepcionados, mas pediram que lhe meno universal da prevalência dos Executivos so­ à classe empresarial, e que o Governador Orestes avivasse a' memória de alquns fatos que muito bre os demais Poderes, por conta mesmo de sua Quércia tem demonstradosempre que surge uma marcaram nossa reqião - a sua região, o futuro responsabilidade pelo necessário dinamismo do oportunidade, não tem relação alguma com o Estado Cio Triângulo. gerenciamento da coisa pública, e pelo gigan­ apoio político desse importante segmento de nos­ O senhor não se lembra da resistência h~róica tismo dos meios administrativos e recursos fínan• sa sociedade. O Governador Orestes Quércia não do negro Arnbrózio (contada nas escolas quando ceiros disponíveis, essa supremacia foi agravada contou com a ajuda do empresariado para se ainda se ensinava a história do Triângulo), filho pelo seccionamento das prerrogativas do Parla­ eleger. Foi eleito pelos pobres. Se o nobre Depu­ de reis africanos trazido ao Brasil como escravos mento, para permitir a pretendida consolidação tado Percival Muniz procurar informar-se sobre e que por possuir conhecimentos bélicos, com do processo revolucionário instaurado em 13 de quem teve o apoio da classe empresarial paulista as armas disponíveis (paus, pedras e flechas), março de 1964. para se eleger, tenho certeza de que ele terá uma com seus irmãos nogros e índios, combatem por Em todo o período de exceção, concentrou-se grande,surpresa e talvez passe a dispensar a essa quase quinze anos, e todos foram exterminados na esfera de influência do Executivo a maiorsoma classe a atenção e o respeito que merece. . por Bartolomeu Bueno da Silva Filho filho do de poderes, inviabilizando-se, pelas razões apon­ Mas o Deputado Percival Muniz - e aqui S. Caçador das Esmeraldas, qué se orgulhava de tadas, a retomada das prerrogativas das duas Ca­ Ex' demonstrou ignorância imperdoável - ao possuir, e mostrava como troféu, um colar feito sas, mesmo ante a evidência de que esse compor­ tentar atingir o Governador Orestes Quércia aca­ com mais de sete mil orelhas dos homens (negros tamento fatalmente conduziria à diminuição da bou mesmo atingindo, de forma direta, a digni­ e índios) que havia matado na região do Sertão confiança do povo na sua Instituição. dade e a honra de seus colegas Constituintes pau­ da Farinha Podre, às margens da Estrada Real O Congresso, assim marginalizado, transfor­ listas e, indiretamente, toda a Assembléia Nacio­ ou Picada de Goiás. mou-se muitas vezes no abonador de atos do nal S. Ex' não tem o direito imagi­ Constituinte. de Este "Bandeirante" (para não dizer assassino) Executivo, que então usou como quis da própria nar, nem mesmo com palavras menos grosseiras foifinanciado pelo Governo da Província de Minas interpretação da processualística legislativa e do "~n­ do que as que usou, que um, Constituinte vá Gerais, a exemplo do que estão fazendo hoje na poder de iniciativa das leis. golir" seu voto para agradar a quem quer que tentativa de sufocar um movimento de emanci­ Contudo, prosseguia a resistência daquele gru­ seja. pação do Triângulo, décimo primeiro, movimento po de Parlamentares, que lutava teimosamente Estou usando esta Tribuna, pois, para deixar popular que trouxe para a Assembléia Nacional pelo retomo das prerrogativas do Congresso. Já registrado meu veemento protesto pelas palavras Constituinte uma Emenda Popular assinada por em 1979 formalizava alterações constituicionais do Constituinte mato-grossense Percival Muniz. nada menos' que 202.577 eleitores das regiões do Capítulo referente ao Poder Legislativo,restau­ Era o que tinha a dizer. do Triângulo Mineiro e do Alto Paranaíba, região rando as competências retiradas em sucessivas O SR. CHICO HOMBERTO (PDT - MG. esta que foi paulista até 1744, foi goiana até 1816 etapas. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, e só de lá para cá é que se encontra em Minas. Entre outras modificações, intentava-se extin­ guir a aprovação de proposições por decurso de S.... e Srs. Constituintes, quero, nesta tarde, usar Nós, constituintes, querido tio, não queremos prazo ou sem deliberação do Congresso; permí• desta Tribuna para ler, a fim de que fique gravada e nem pretendemos tirar a cidadania de ninguém, nos Anais desta Casa, uma Carta Aberta que dirigi muito menos de pessoas ilustres como o senhor tia-se, novamente, a sua autoconvocação extraor­ dinária; e, eliminavam-se as normas instituídas a um ilustre uberlandense, meu tio Sebastião Pra­ nem temos nada contra esta mãe adotiva que pela JuntaMilitar, concernentes aos trabalhos das ta. nos agasalhou por algum tempo, que é Minas Comissões, à censura de pronunciamentos, aos "Carta Aberta a Grande Otelo Gerais. Só entendemos que é chegada a hora Meu caro tio Sebastião Prata: da partida - como aquela que ocorreu em Uber­ mandatos dos dirigentes das duas Casas e a ou­ Faço neste momento esta carta aberta para lândia, faz mais de 50 anos, quando o garoto tras questões próprias de disciplinam ente interno. ter a certeza de que o senhor possa tomar conhe­ Sebastião Prata acompanhou um circo que pas­ Além disso, feriam-se os casos de declaração cimento do teor da mesma, uma vez que há mais sou pela cidade. de perda ou suspensão de mandato; do exercício, de cincoenta anos não temos seu endereço. Afi­ por Parlamentares, de outros cargos públicos; da nal, desde que se mudou para o Rio nós não Um forte abraço do seu sobrinho, que por coin­ aprovação de emenda do Senado pela Câmara, pudemos mais desfrutar do prazer da suahonrosa cidência é defensor e co-autor da emenda que por decurso de prazo; da suplência dos Senado­ companhia. pede somente um plebiscito para que o nosso res; da aprovação, por decurso de prazo, do veto, O senhor se mudou, ficou mundialmente fa­ povo possa decidir sobre seus destinos. e suavotação secreta; da tramitação das leis com­ moso e se esqueceu justamente daqueles que Brasília, 31 de maio de 1988." plementares, do decreto-lei e da inviolabilidade o estimaram sempre, que lhe querem muito e dos mandatos. que o amam tanto. O SR. ODACIR SOARES (PFL - RO. Pro­ Conquanto a Emenda na 22 tenha absorvido Em nossas lembranças temos as recordações nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, parte dessas reivindicações, o problema do com­ saudosas do garoto Tíão, do moleque de calças Srs. Constituintes, incluindo-me desde a primeira pleto resgate das prerrogativas persiste. Elas, que curtas que por mérito próprio se tornou célebre, hora, no movimento pela restauração das prerro­ constituem o instrumental para uma ação dili­ artista de renome intemacional, que ficou imorta­ gativas do Poder Legislativo, venho defendendo gente e eficaz do Legislativo forte que todos pre­ lizado na sua cidade natal, na praça principal que cumpre fundamentalmente aos próprios Par­ tendem, continuam sendo o alicerce indispen­ de Uberlândia, com busto em bronze, num preito lamentares reagir de forma construtiva a uma rea­ sável a 'que se eleve, junto à opinião pública, o de reconhecimento da sua gente, do seu povo lidade histórica que conduz ao desprestígio do ainda ameaçado prestígio da Instituição. e dos seus irmãos, pela grande figura humana Congresso e mesmo à total incredulidade da po­ Felizmente, a futura Constituição será reflexo que nós todos sabemos que o senhor é. pulação nas ínstítuíções nacionais. e instrumento do anseio popular, assim como 10892 Quarta-feira 1 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988

a Constituinte é um desafio lançado a todos os Ressalte-se, por oportuno, que foi-aumentado controle interno de cada Poder, fiscalizará ainda que devem perseguir a satisfação dessa vontade, em quase um mês o tempo de duração dasessão aaplicação dás subvenções e renúncias de receio ensejando a construção de instituições estáveis, legislativa; que os deputados passam a integrar tas. Está obrigada à prestação de contas e sujeita a serviço permanente da nacíonalídade a Mesa diretora do'.·Gongresso Nacional; é que ao acorripanharnento crítico dos congressistas Neste sentido, devo consignar, com grande jú­ .os- Presidentes da Câmara dos Deputados e do qualquer pessoa'físícà ou" entidade pública que bilo, que estudo comparativo da questão revela Senado Federal, ou a maioria'dos membros de 'utilize, arrecade, guárde, gerencie ou, por qual­ significativos avanços do texto constitucional em ambas as Casas, passam a ter a prerrogativa da quer forma,' administre'dinheiros, bens e valores votação, no seu título N, confirmandq, finalmente, convocação extraordinária do Congresso Nacio" públicos, ou pelos quais a União responda ou, que os representantes da sociedade estão próxi• nal, em caso de urgência ou interesse público ainda, que em nome desta assuma obrigações mos do antigo objetivo de restaurar as prerro­ relevante, quando atualmente essa convocação de natureza pecuniária. gativas do Congresso. só é possível quando requerida pôr dois terços . Ampliam-se, por igual, as competências do Trí• Podemos alinhar, entre outros exemplos, os se· do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. bunal de Contas da União, a quem cabe exercer guintes: como expressões da soberania popular, As Comissões podem discutir'e votar'projeto o controle externo a cargo do Congresso Nacio­ de lei, substituindo a corripetêhcía do'Plenário. foram consagrados o exercício do plebiscito, da nal, que'poderá fiscalizar as contas das empresas Não mais como figura regimental, as comissões súprànacíonais de cujo capital social a União parti­ iniciativa das leis, do veto e do referendo. Mante· cipe, de forma direta ou indireta, nos termos do ve-se como atribuição do Congresso Nacional permanentes, autorizadas por dispositivo éonsti­ dispor sobre todas as matérias de competência tucional, podem realizar reuniões' de audiência 'respectivo tratado constitutivo; e a aplicação de da União, exigível a sanção presidencial, ressal­ pública, em assunto de sua competência; caben­ quaisquer recursos' repassados, mediante convê­ vados os casos de competência privativa, quer do-lhes ainda acompanhar, junto ao Governo, os nio, pela União, a Estados, ao Distrito Federal do Parlamento, quer de cada uma de suas Casas. atos de regulamentação, velando por sua com­ ou a Município. pletaadequação.Além disso, passam a estaraber­ Ademais, cumpre-lhe, entre outras missões au­ Constitui competência exclusiva do Congresso tas ao recebimento de 'petições, reclamações, re­ xiliares do Poder Legislativo, realizar inspeções Nacional autorizar o Presidente da República a presentações ou queixas de qualquer pessoa, e auditorias de natureza financeira, contábil, orça• se ausentar do País, quando o afastamento exce­ contraatos ou emissões de áutoridades ou entida­ "rnentáría, operacional patrimonial, quando re· der a 15 dias; aprovar ou suspender o estado e des públicas. Em matéria orçamentária, acompa­ queridas pela Cãrmira dos Deputados, o Senado de defesa; aprovar a incorporação, subdivisão ou nham a elaboração da proposta pelo Governo, Federal, por iniciativa de Comissão, nas unidades desmembramento de área de Estados e Territó• e a sua completa execução. . . de qualquer dos Poderes, compreendendo admi­ rios, ouvidas as respectivas Assembléias Legisla­ Elimina-se o limite para a criação de Comissão nistração direta, indireta, fundações, empresas tivas; não apenas julgar a prestação de contas, Parlamentar de Inquérito, quando houver até 5 públicas, autarquias ou sociedades instituídas ou mas também apreciar os relatórios sobre a execu­ em funcionamento, e, por fim, cria-se Comissão mantidas pelo Poder Público federal. ção dos planos de governo; e zelar pela preser­ Representativa encarregada de, nos períodos de Adite-se, finalmente, a propósito, que a Comis­ vação de sua competência legislativa. recesso, responder pelos assuntos de interesse são Mista de Orçamento, confrontada com indí• Compete-lhe, ainda, apreciar os atos de con­ do Congresso Nacional, conforme dispuser o no­ 'cios de despesas não autorizadas, ainda que sob cessão e renovação de concessões de emissoras vo Regimento Comum. a forma de investimento não programado ou de de rádio e televisão; escolher dois terços do Tribu­ Quanto ao aspecto específico do Processo Le­ subsídio não aprovado, poderá requerer esclareci· nal de Contas da União; aprovar iniciativas do gislativo, extinguem-se os decretos-leis. O Presí• mentes da autoridade responsável. Desatendida, Poder Executivo referentes a atividades nucleares; dente da República, em caso de relevância e ur­ a Comissão pode solicitar o pronunciamento do autorizar a realização de referendo e plebiscito, gência, poderá adotar medidas provisórias com Tribunal de Contas a respeito, e propor ao Con­ bem como a exploração de riquezas minerais em força de lei, mas deve submetê-las imediatamente gresso Nacional, se for o caso de dano irreparável terras indigenas. O Congresso Nacional pode ain­ à apreciação do Congresso Nacional. Não terão ou grave lesão à economia pública, a sustação da sustar os atos normativos do Poder Executivo eficácia, desde a publicação se o Congresso Na­ da despesa. que exorbitem o poder regulamentar ou dos limi­ cional não as converter em lei, no prazo de 30 Embora esses avanços ainda dependam de um tes da delegação legislativa. dias. segundo turno de discussão e votação, consubs­ A redução, de 3 mil para 2500 hectares, da A proposta de emenda à Constituição passa tanciam desde logo inestimável contribuição para exigência de aprovação prévia para a alienação a exigir um terço da Câmara dos Deputados, ou o fortalecimento das prerrogativas do Poder Le­ ou concessão de terras pública amplia considera­ do Senado Federal, quando anteriormente exigia gislativo, afinal elevado à integral confiança e ver­ velmente o poder de controle do Parlamento, a a formalização por um terço de cada uma das dadeiraadmiração dos brasileiros, e para que aqui ser exercitado, inclusive diretamente pelos órgãos Câmaras; abre-se à maioria das Assembléias Le­ se reafirmem os princípios democráticos e univer­ técnicos, pois a convocação de Ministro de Estado gislativas a iniciativa de proposta de emenda à sais da independência, harmonia e equilíbrio das para prestar informações sobre assunto determi­ Constituição; o quorum para aprovação diminui: competências dos Poderes da República. nadopodeserporelas implementada, sem neces­ passa de dois terços para três quintos de cada No que diz respeito ao Poder Executivo, do sidade de aprovação do Plenário. Casa; acrescenta-se que não é permitida proposta exaustivo e aprofundado debate ensejado pelo O Senado Federal assume a competência não de emenda à Constituição tendente a abolir o sistema de governo, emergiu sem dúvida, um pre­ apenas de julgar, mas também de processar o voto direto, secreto, universal e periódico; a sepa­ sidencialismo legitimado. Pode-se dizer que de­ Presidente da República, nos crimes de responsa­ ração dos Poderes; os direitos e garantias.indivi­ volve ao povoa prerrogativa de elegerdiretamente bilidade; de aprovar a escolha de governadores duais. o supremo mandatário da Nação. Devolve, por­ de Territórios, do Presidente e dos diretores do Reduz-se o prazo para a apreciação do veto que será a Constituição fonte desse direito, muito Banco Central do Brasil e do Procurador-Geral presidencial, de 45 para 30 dias; a votação pública embora a Emenda na25, de 1985,já tenha, depois da República; de fixar os limites globais para o passa a secreta; o quroum de dois terços cai de mais de 20 anos de eleições presidenciais indi­ montante da dívida consolidada da União, dos para maioria absoluta. Não poderá haver delega­ retas restaurado tal direito, ainda não exercido, Estados e dos Municípios; de dispor sobre limites ção, além dos casos conhecidos, quando setratar todavia. globais e condições para as operações de crédito de direitos individuais e dos planos plurianais, dí• Do texto aprovado em 10 turno, ressaltamos externo e interno da União, dos Estados, do Dis­ retrizes orçamentárias e orçamentos. características inovadoras que revigoram o regi­ trito Federal e dos Municípios, de suas autarquias No que diz respeito à função fiscalizadora, amo me. Por exemplo, as eleições em dois turnos, se e demais entidades controladas pelo Poder Públi­ plia-se o leque de abrangência do Poder Legis­ nenhum candidato obtiver maioria absoluta de co federal; e, de dispor limites e condições para lativo, que passa a enfocar os aspectos contábil, votos, conforme o artigo 92. a concessão de garantia da União em operações financeiro, orçamentário, operacional e patrimo­ Aregra de quevagando os cargos de Presidente de crédito externo e interno. Compete-lhe, ainda, nial da União e de todas as entidades da adminis­ e Vice-Presidente da República far-se-á eleição privativamente, aprovar a exoneração do Procura­ tração direta e indireta, quanto àlegalidade, legiti­ é mantida, mas, amplia-se o prazo de 30 para dor-Geral da República, antes do término de seu midade e economicidade. O Congresso Nacional, noventa días depois de aberta a última vaga. Se mandato. mediante o controle externo e os sistemas de a vacância ocorrernos últimos dois anos do perio- Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 1 10893 do presidencial, a,eleição, para ambos os cargos .A criação do Conselho da República, como ór• dido, a execução do.ato impugnado, comunican­ será feita pelo Congresso, devendo os eleitos gão superior de consulta do Presidente da Repú­ do a decisão à Câmara dos Deputados e ao Sena­ completar o período de seus antecessores, , blica, tendo entre seus membros, seis cídadões do Federal"; , O art. 94 reduz para cinco anos o, mandato . brasileiros natos, sendo dois nomeadós pelo Pre­ Um parágrafo 1° garante: presidencial que a Emenda n° ?,.de 1977, arn­ , sídente da República, ,dois eleitos pelo Senado pliara para seis; mantém proibição de, reeleição e dois pela Câmara, todos com mandato de três ':Na hipótese de sustação de contrato, a para o período subseqüente e inova quando fixa anos, consagra a participação democrática nas parte que se considerar prejudicada poderá data para a posse. decisões de govemo. . interpor recurso, sem efeito suspensivo, ao A permissão para que o Presidente e Vice-Pre­ Não é outraa inspiração do Conselho de Defesa Congresso NacionaL" sidente se ausentem do País, sem licença do Con­ Nacional que substitui, com vantagem, o Conse­ E um segundo parágrafo disciplina: gresso, por período não superior a quinze días, 11)0 de Segurança Nacional da.atual Constituição. é um avanço para socorrer sítuações de emer­ , No que conceme ao exercício do controle exter­ "Se o Congresso Nacional, no prazo de gência. Permanece, porém, o controle do Con­ .no da aplicação dos recursos públicos, o texto 90 dias, por sua maioria 'absoluta, não se gresso ao qual os dírígentes ficam, em todos os aprovado até esta data mantém.em linhas gerais, pronunciar sobre o recurso previsto no pará­ casos, obrigados a apresentar relatórios círcuns• , .a filosofia adotada pela Constituição ainda. em grafo anterior, prevalecerá a decisão do Tri­ tanciados da viagem. vigor, coI11 alguns aspectos novos, que comenta- bunal."

Na parte relativa' à competência do Presidente o remos a seguir. " ',., No texto'aprovado em primeiro turno, tais pará­ da República, destacam-se sensíveis inovações: .A sistemática adotada em fj7/69 trouxe signifi­ grafos' receberam a seguinte' redação: A obngação de, por ocasião da abertura da cativa mudança, ao prever a auditoria fínanceíra Sessão Legislativa, remeter ao Congresso Nacio­ e orçamentária, que se realiza através das verifica­ "§ 1° No caso de contrato, o ato de sus­ nal, juntamente com a tradicional mensagem, o çõesin loco.Ao invés de umaatitude meramente tação será adotado diretamente pelo Con­ plano de governo. passiva, em que o órgão auxiliar do Congresso gresso Nacional, que solicitará, de imediato, A necessidade de aprovação pelo Senado Fe­ - o Tribunal de Contas - ficava à espera de ao Poder Executivo, as medidas cabíveis. deral, para a nomeação do Procurador-Geral da que os órgãos e entidades lhe remetessem as § 2° Se o Congresso Nacional ou o Po­ República, do Presidente e dos Diretores do Ban­ prestações de contas, facultou-se ao Tribunal der Executivo, no prazo de 90dias, não efeti­ co Central e outros servidores quando determi­ contestaros valores apresentadosnas contas com varem as medidas previstas no parágrafo an­ nado por lei. É um avanço considerável porque . os registros contábeis e com a existência física terior, o Tribunal decidirá a respeito." facíhta o exercício do poder de fiscalização do de bens adquírldos ou com a execução de servi­ Ora, não é só o Executivo que celebra contratos. Congresso dando-lhe um caráter preventivo. ços contratados. Os órgãos do Poder Judiciário também podem A permissão, ao Presidente da República para Mas o desempenho das funções de auditoria fazê-lo. Então, por que a solicitação de providên­ editar medidas provisórias com força de lei, extin­ cingia-se apenas aos aspectos orçamentários e cias somente ao Poder Executivo? guindo-se o decreto-lei com implicações já anali­ financeiro. Nada além disso. Agora, prevê-se que O que há de positivo neste assunto é a elimina­ sadas, quando abordamos o novo papel do Poder a fiscalização seja não só financeira e orçamen• 'ção da regra da Constítuiçâo de 1969, segundo Legislativo. ' tária, mas, também operacional e patrimonial de a qual a 'não-deliberação do Congresso, em 30 O Título N prevê, ainda, que o Presidente da todos os órgãos e entidades da administração dias, sobre as impugnações do Tribunal, tinha República será suspenso de suas funções apenas direta e indireta, cujo exame deve avaliar a legali­ o condão de legitimar os atos eivados de ilega­ depois que a denúncia ou queixa-crime for rece­ dade e, igualmente, a legitimidade e a economi­ lidade. bida pelo Supremo Tribunal Federal, em caso cidade dos atos e da gestão estatal. Regra de alto significado contra a improvisação de crimes comuns; ou depois queo Senado Fede­ A controvérsia, até então existente, sobre se é a contida no art. 84 do texto aprovado. Esse ral instaurar o processo, nos crimes de responsa­ as entidades da chamada administração indireta dispositivo estabelece que a Comissão Mista Per­ bilidade, o que resguarda o Presidente de even­ deviam ounão prestar contas, fica definitivamente manente do Congresso, diante de indício de des­ tuais movimentos tendenciosos. A Constituição superada, ante a clareza do texto em elaboração. pesas não autorizadas, ainda que sob a forma atual prevê a suspensão tão logo a Câmara decla­ De igual modo, pode, doravante, o controle exter­ de investimentos não programados ou de subsí• re a procedência da acusação. no fiscalizar as contas nacionais das empresas dios não aprovados, poderá, pela maioria absoluta Coerente, com inovações constantes de outros supranacionais de cujo capital social a União parti­ de seus membros, solicitar à autoridade governa­ títulos, destinadas a abrir as várias instâncias politi­ cipe, de forma direta ou indireta. mental responsável que, no prazo de cinco dias, cas para os jovens, reduz para 21 anos a idade A legalidade dos atos de aposentadorias, refor­ preste os esclarecimentos necessários. mínima para o cargo de Ministro de Estado. mas e pensões continuam sob crivo do controle Não prestados os esclarecimentos, ou conside­ Aobrigação de os Ministros de Estado atende­ externo, mas deu-se ao Tribunal de contas a com­ rados Insuficientes por dois terços dos membros rem convocação da Câmara dos Deputados e petência para apreciar, para fins de registro, a da comissão, esta solicitará ao Tribunal pronun­ do Senado Federal permanece e permite desdo­ legalidade dos atos de pessoal, a qualquer título, ciamento conclusivo sobre a matéria no prazo bramentos políticos mais incisivos, pois na sessão na administração direta e indireta excetuadas as de 3D dias ordinárias imediatamente posterior àquela em nomeações para cargo de natureza especial ou Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a que se houver dado a presença do Ministro, por de provimento em comissão. Comissão, se julgar que o gasto possa causar iniciativa de qualquer das lideranças que repre­ Notável avanço conceme à regra que permite dano irreparável ou grave lesão à economia públi­ sentem no mínimo um terço da respectiva Casa ao Tribunal aplicar aos responsáveis, em caso ca, proporá ao Congresso Nacional a sustação Legislativa, pode ser aprovada Resolução expri­ de ilegalidade de despesa ou irregularidade de da despesa. mindo discordância ao depoimentoe às respostas contas, as sanções previstas em lei, que estabe­ Quanto à composição do Tribunal de Contas, do Ministro às interpelação dos parlamentares. lecará, dentre outras cominações, multa propor­ avançou-se no sentido de tomá-Ia mais consen­ Tal Resolução de Discordância, ressalte-se, só cional ao vulto do dano causado ao erário. Essa tãnea com as finalidades do controle externo, já tem efeito moral, uma vez que não obriga o Chefe regra constitui uma imposição ao legislador ordi­ que parte dos seus membros são escolhidos livre­ do Executivo a tomar qualquer providência. nário, que até hoje se mostroutímido em tal seara, mente pelo Congresso Nacional. Mas, estipulou­ À Camara dos Deputados, contudo, por inicia­ já que, a teor do Decreto-lei n" 199/67, tais multas se uma lamentável temporariedade ao exercício tiva de um terço de seus membros e por voto só poderiam alcançar o máximo de 10 valores do cargo de ministro, o que só servirá para enfra­ de dOIS terços dos Deputados, cabe aprovar mo­ de referência. quecer a atuação do órgão. ção de censura a Ministro de Estado, implicando Relativamente aos contratos públicos, o texto Felizmente, o texto, a exemplo do tratamento tal moção a exoneração do Ministro.E um avanço aprovado, lamentavelmente, está muito aquém dado ao Superior Tribunal Militar, deu tratamento considerável no poder de Fiscalização do Legis­ da matéria da Comissão de Sistematização. adequado aos auditores, que. são os substitutos lativo sobre os atos do Executivo. Permite, inclu­ Vejamos: legais dos ministros. sive, sejam corrigidas a tempo distorções graves O texto da Sistematização determina que, com­ Passemos, agora, aos Capítulos N e V do Título na política dos Ministérios. pete ao Tribunal de Contas "sustar, se não aten- N do Projeto. 10894 Quarta-feira 1 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1968

Algumas noções se impõem para o bom enten­ Fazendas Federal, Estadual e Municipal, os casos ciaro aperfeiçoamento de nossaJustiça, elevando dimento da maneira por que se faz justiça no de créditos de natureza alimentícia; obriga atuali­ ainda mais o respeito e a confiança que nela depo­ Brasil, mormente como ela é tratada em nossos zação nos débitos constantes de precatórios judi­ sitamos. textos constitucionais. ciários. Portanto, não temos dúvidas ao afirmar que A conceituação do Poder Judiciário pode per­ É particularmente relevante quando regula­ os Capítulos referentes ao Poder Judiciário con­ mitir entendimentos os mais diversos, inclusive menta os Serviços Notariaise de Registros, limita substanciam um conjunto de avanços dos mais o de que a rigor não seria um Poder, porque idade máxima (65) anos para o cargo de Ministro expressivos de tantos quantos foram propostos não emana diretamente da vontade popular; sua do STF, institui o habeas data e o mandado até aqui. força pode variar de um país para outro ou, até, de injunção, dá competência ao STF para julgar Sr. Presidente, Srs. Constituintes, na seqüência de uma para outra época, dentro de uma nação; os recursos ordinários no caso de crimes politicos, da análise que venho fazendo a respeito do texto sua ação, nos domínios da construção legislativa, define as partes legítimas para propor Ação de da futura Constituição brasileira, quero, nesta podeassumiraspectos mais ou menosrelevantes, Inconstitucionalidade e a forma como se deve oportunidade, tecer algumas consideraçõessobre na conformidade das preceituações constitucio­ processar a declaração de inconstitucionalidade; o Título V, que trata Da Defesa do Estado e Das nais, mas seu papel na sociedade é de tal modo regulamenta o Superior Tribunal de Justiça, no Instituições Democráticas. importante, para o equilíbriogeral e para a segu­ que tange à organização, competência e funcio­ Essa questão, ao contrário do que ocorreu nas rança dos indivíduos, que, sem a magistratura namento. Constituições anteriores, mereceu da Assembléia e sua independência, embora relativa, desapare­ Os avanços, aliás,nesses capítulos, são inúme­ Nacional Constituinte especial atenção e cuidado. ceriam o império da lei, da segurança, da ordem ros. Poderíamos citar,ainda: do Conselho de Jus­ E não foi sem razão. Afinal, na atualidade, obser­ e da paz. E do ponto de vista histórico, a distri­ tiça Federal, que funcionará junto ao STJ; a regu­ va-se em quase todas as nações desenvolvidas buição de Justiça foi "a primeira necessidade das lamentação dos tribunais regionais federais e juí• a ampliação do espaço dedicado ao chamado sociedades humanas" e o Poder Judiciário, con­ zes federais; a competência aos juízes federais estado de defesa. quanto embrionário "o mais antigo de todos os para julgar os casos das disputas sobre os direitos O mundo moderno, dividido ideologicamente poderes". indígenas; a ampliação do número de ministros em dois, necessita, minuto a minuto, das salva­ São múltiplas as funções constitucionalmente do Tribunal Superior do Trabalho de 17 para 27 guardas institucionais que garantam a convivên­ atribuídas no Brasil ao Poder Judiciário. Dentre membros, bem como sistema de escolha de seus cia pacífica, tanto no nível interno de cada país elas podemos destacar o poder de controle sobre membros e as normas para negociação coletiva como no múltiplo relacionamento entre todos os os atos do Executivo e do Legislativo. Esse poder e arbitragem para os dissídios trabalhistas; a defi­ povos.O Brasil,em que pese ocupara privilegiada de controle, aliás, tendo em vista as modernas nição da composição das Juntas de Conciliação posição de oitava economia do mundo, é um tendências em prol do fortalecimento do Execu­ e Julgamento, como obrigatoriedade para o mano membro do segmento formado pelas nações em tivo,é, hoje, uma das funções primordiais do Judi­ dato dos juízes classistas de 3 anos, permitida desenvolvimento. Suas riquezas e potencialida­ ciário no que tange ao aspecto político de suas uma recondução; a criação da figura do Corre­ des, tão conhecidas e decantadas, servem de atra­ atribuições. gedor Eleitoral, dentre os Ministros do Superior tivo à cobiça dos mais poderosos. Aliás,a nossa Tribunal de Justiça. história registra, ao longo dos últimos séculos, Especificamente cabe ao Judiciário: O texto dispositivo, estabelecendo que caberá uma sucessão de verdadeiros saques à integri­ "Aplicar contenciosamente a lei a casos recurso sobre decisões do TRE,quando anularem dade do nosso patrimônio, tanto no que se refere particulares, ou ainda, assegurar, por suas diplomas ou decretarem a perda de mandato ele­ à nossa cultura quanto aos bens materiais que decisões, a soberania da Justiça, isto é, a tivofederal ou estadual, ou ainda denegarem "ha­ a natureza nos concedeu no solo e no subsolo. realização dos direitos individuais nas rela­ beas corpus", mandado de segurança, habeas A defesa desses valores é dever de cada um. ções sociais." data e mandado de injunção. O Estado, todavia, precisa estar preparado para As Constituições brasileiras sempre se preocu­ Quanto à competência dos tribunais estaduais, assumir o seu papel. O conjunto de instituições param com a organização, a mecânica, a compo­ observados os princípios das Constituições Fede­ garantidoras da ordem econômica, da ordem po­ sição e o funcionamento do Poder Judiciário, atra­ ral e Estadual, atribui à Lei Estadual o poder de líticae da ordem social, necessita de instrumentos vés de seus diferentes instrumentos de ação. criar a Justiça Militar Estadual. legais e jurídicos capazes de viabilizarem o equilí• Feitas essas considerações preliminares neces­ Atribuicompetência ao Tnbunal de Justiça para brio interno ao mesmo tempo em que garantam sárias, consideremos o que desaparece do texto designar Juízos de Entrância Especial, para diri­ o sadio confronto das idéias na busca de soluções constitucional vigente e o que se apresenta como mir questões agrárias e sua prestação jurisdicio­ para os problemas de cada dia. grandes alterações no Projeto de Constituição nal. Assim o títuloV,ao contemplar separadamente Em relação à Constituição vigente ficam supri­ Concede ao Ministério Público substancial o estado de defesa, o estado de sítio, as Forças midos no texto até agora aprovado, o Conselho avanço no que concerne à sua autonomia funcio­ Armadas e a Segurança Pública, cria um arca­ Nacional da Magistratura, o Tribunal Federal de nal e administrativa, inclusive a diretriz de sua bouço constitucional inovador e, creio, adequado Recursos, as normas relativas à organização e proposta orçamentária, e defineMinistérioPúblico à realidade do momento e às exigências do futuro funcionamento da magistratura, a Lei Orgânica da União e o Ministério Público dos Estados. próximo. da Magistratura Nacional, a acumulação de ma­ Vê-se,pois, Sr. Presidente, que prevalece a dua­ Após um longo período de autoritarismo, quan­ gistério superior para os juízes. As funções e atri­ lidade da Justiça brasileira, decorrente da condi­ do a nação conviveu com o arbítrioe viu os desti­ buições do Ministério Público,tanto na área fede­ ção de Estado Federal, introduzido na República. nos de milhões à mercê dá vontade decisória ral como na estadual, foram modificadas quase !'lo Império,o princípio era o da unidade das justi­ de poucos, a nova Constituição democratiza o que em sua totalidade. ças, como resultante mesma do governo unitário direito de decidir a oportunidade e a necessidade De outra parte, os avanços obtidos com o texto dominante na Monarquia. de decretar o estado de defesa. Dessa forma, msti­ constitucional são substanciais. AConstituição de 1891, porém, bipartiuo Poder tui-se o Conselho da República e o Conselho de Comecemos pela criação do Superior Tribunal Judiciário, com a criação da Justiça dos Estados, Defesa Nacional, aos quais deve recorrer o Chefe de Justiça, dos tribunais regionais federais, dos ao lado da Justiça Federal. do Executivo quando sentir "a ordem pública ou juizados especiais de pequenas causas, do Esta­ Esse regime perdura até os nossos dias, apesar a paz social ameaçadaspor grave e iminente insta­ tuto da Magistratura, da figura do Juizado de Paz, de tentativas repetidas, mas sem repercussão bilidade institucional ou atingidas por calamida­ regulamentando-lhe a composição, competência maior, no sentido da federalização das justiças des naturais de grandes proporções". Decidida e mandato. Ao Supremo Tribunal Federal, tribu­ estaduais. a sua conveniência, o presidente decretará o ato nais superiores e tribunais de justiça, foram dadas Para dar ênfase aos avanços alcançados na fu­ e, numa etapa posterior, dentro de dez dias, o competências privativasmais ordenadas. tura Constituição que ora se elabora, temos que Congresso Nacional se manifestará a respeito, O texto assegura autonomia administrativa e exaltara integridade e devotamento dos Senhores aprovando-o ou rejeitando-o. financeira ao Poder Judiciário dando ênfase às Constituintes,que trouxeram à Assembléia Nacio­ Aprovado,poderá o estado de defesa ter a dura­ normas para proposta orçamentárias dos Tnbu­ nal Constitumte, dentro dos limites Constitucio­ ção de trinta dias prorrogáveis por igual período. nais; excluindo, nos pagamentos devidos pelas nais, uma contribuição capaz de, por certo, propí- Durante a sua vigência, "nos termos e limites da Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 1 1ü8ªS

lei", serão autorizadas "restrições dos direitos de to do Congresso, sejam manifestamente incom­ Constituintes, a cada proximidade de eleições, es­ reunião e associação, do sigilo de correspondên­ patíveis com a execução da medida". pecialmente das municipais, começam os boatos cia, da comunicação telegráfica e telefônica e, Convém lembrar, também, que a Constituinte e as tentativas de prorrogação de mandatos e na hipótese de calamidade pública, a ocupação inovou ao atribuir ao Poder Legislativo a autori­ de inviabilização da realização do pleito. e uso temporário de bens e serviços púbhcos e dade de fiscal da execução das medidas previstas Agora, não se foge à regra. Próximo ao pro­ privados". tanto na vigência do estado de sítio quanto na cesso eleitoral de substituição de prefeitos e verea­ Como se vê, os Constituintes conseguiram do estado de defesa. Esse ato fiscalizador se dará dores que já exercem o mandato por seis anos, compatibilizar a necessidade de criar os meca­ através de uma comissão de cinco parlamentares alguns inimigos do processo eleitoral começam nismos necessários à ação do Estado, possibili­ indicados pela Mesa do Congresso Nacional, ouvi­ a manifestar-se e a tentar evitar a mamfestação tando, ao mesmo tempo, a consulta e manifes­ dos os líderes partidários. popular sobre a situação política brasileira. tação da sociedade. Mais que isso, bem ao con­ No capítulo das Forças Armadas, a Assembléia Alguns setores inconformados em ver o povo trário do que ocorre nos regimes de força e, inclu­ Constituinte entendeu não haver necessidade de votar, outros tentando evitar o julgamento dos sive, a História recente da nossa Pátria registra inovações ou alterações profundas. Os funda­ governadores, alguns prefeitos tentando ficar exemplos lamentáveis, na vigência do estado de mentos permanecem inalterados, seguindo a tra­ mais algum tempo contra a vontade popular, e defesa, a futura Constituição assegurará a integri­ dição de outras Cartas. O Presidente da República alguns parlamentarestentando manter basespara dade dos presos por crime cometido contra o é a autoridade suprema sob cujo comando o futuros acordos, vêm pregando, perante os ór• Estado. Se, hoje, muitos patrícios nossos carre­ Exército, a Marinha e a Aeronáutica desempe­ gãos de comunicação social, a prorrogação dos gam seqüelas físicas irremedíávers em conse­ nham o seu papélna defesa da Pátria e na garantia mandatos de prefeitos e vereadores por mais um quência das violências sofridas e, mesmo, muitos dos Poderes constitucionais. FICOU para o Poder ano. reclamam o desaparecimento de familiares e ami­ Legislativo, através de lei complementar, estabe­ É bom ressaltar, Sr. Presidente, que o programa gos nos cárceres, o novo texto faculta "ao preso lecer as normas gerais a serem "adotadas na or­ do PMDB é bem claro contra qualquer prorro­ requerer exame de corpo de delito à autoridade ganização, no preparo e no emprego das Forças gação. O parlamentar do PMDBque insistirnessa policial", além de vedar a sua incomunicabilidade Armadas". Com o objetivo de resguardar a hierar­ tese estará afrontando o programa partidário e e limitar a sua prisão a dez dias, "salvo quando quia e a disciplina, sem o que toma-se impossível inviabIlizando a convivência com os seus compa­ autorizada pelo Poder Judiciário". às Forças Armadas o fiel cumprimento da sua nheiros que insistem em cumprir o programa do Ressalte-se, ainda, que decretado o estado de tarefa, excluiu-se as punições disciplinares milita­ partido. Não pode um partido com as dimensões' defesa e o Congresso Nacional rejeitar o decreto res dos benefícios do instituto do habeas-cor­ do PMDBassistir à manifestação de algumas lide­ ele cessará imediatamente. Esse dispositivo esta­ pus. ranças falando em nome do partido, programan­ belece de forma clara a supremacia do Poder Finalmente, Srs. Constituintes, foram estabe­ do e propondo prefeitos e vereadores biônicos Legislativo, o poder político por excelência, para, lecidos os parâmetros da segurança pública co­ para enxovalhar a história do partido e macular na condição de representante da Nação, dar a mo "dever do Estado" a ser exercido pela Polícia a sociedade brasileira, que terá de suportar prefei­ última palavra sobre um ato excepcional nascido Federal, Polícias Civis, Polícias Militarese Corpos tos e vereadores que não foram eleitos para aque­ na órbita do Poder Executivo. de Bombeiros Militarese Polícia Rodoviária le mandato. É preciso que se diga agora e já que prorrogar mandatos é cassar o povo, desres­ Procedimento semelhante terá a decretação do À Polícia Federal reservou-se a apuração de peitá-lo pela iniciativa daqueles que têm o seu estado de sítio nos casos de: 1-comoção grave infrações penais contra a ordem pública e social, mandato, é dizer que a sociedade está sem condi­ de repercussão nacional ou fatos que comprovem a prevenção e repressão do tráfico ilícrto de entor­ ções de eleger os seus representantes. a ineficiência da medida tomada durante o estado pecentes e o contrabando, além da competência E vêm agora algumas ilustres figuras propor de defesa; 11 - declaração de estado de guerra para exercer a polícia marítima, aérea e de fron­ teiras e, com exclusividade, a polícia judiciária da que se renovem mandatos através de prorrogação ou resposta a agressão armada estrangeira. via Congresso Nacional ou viaAssembléia Nacio­ Na mesma linha de respeito aos princípios fun­ União. nal Constituinte. Quem quer prorrogar mandatos damentais da democracia, na vigência do estado Às Polícias Civis e Militares e Corpos de Bom­ detesta a manifestação popular, desrespeita o po­ de sítio, só poderão ser tomadas contra as pes­ beiros, estruturados na forma de lei, cumprirá o vo, violenta as tradições brasileiras. soas as seguintes medidas: desempenho de funções garantidoras da ordem Por isso, Sr. Presidente, quero deixar consa­ pública, a apuração de infrações penais e a execu­ 1-obrigação de permanência em localidade grado nesta Assembléia Nacional Constituinte: di­ ção de atividades de defesa civil além das, no determinada; rigentes e fílrados do PMDB, detentores de cargos caso das Polícias Civis, funções de polícia judi­ 11-detenção em edifício não destinado a acu­ do partido, não têm autoridade para propor pror­ ciária. sados ou condenados por crimes comuns; rogação de mandatos, porque estarão contrários Ao-mesmo tempo em que assegura aos muni­ III-restrições relativasà inviolabilidadede cor­ ao programa do partido, que prometeram cum­ cípios a possibilidade de constituir guardas muni­ respondência, ao sigilodas comunicações, à pres­ prir, embora muitas vezes se esqueçam de suas cipais, a nova Constituição mantém as Polícias tação de informações e à liberdade de imprensa, obrigações para com o partido e o eleitorado. radiodifusão e televisão, na forma da lei; Militarese os Corpos de Bombeiros Militares co­ A prorrogação dos mandatos vem enxovalhar a mo "forças auxiliares e reserva do Exército". N - suspensão da liberdade de reunião; Assembléia Nacional Constituinte, desrespeitar V- busca e apreensão em domicílio; Sr. Presidente e Srs. Constituintes, lembro-me aqueles que foram eleitos e vem dizer que os VI-intervenção nas empresas do serviço pú­ bem das apreensões dos vários segmentos da mandatos foram usurpados por alguns que, tendo blico; nossa sociedade quanto ao tratamento a ser dado medo do povo, têm medo de eleições para pre­ VIl-requisição de bens. pela Constituinte a essa matéria. Por esta análise, feito, governador e presidente da República. Em outras disposições, de igual fundamenta­ parece-me possível comprovar o alto grau de Portanto, aqui fica meu protesto contra a tenta­ ção democrática, e que preservam o Poder Lr.gis­ amadurecimento político da maioria dos seus tiva de algumaslideranças, que, falando pelo parti­ lativo, a futura Carta Maior veda restrições aos membros O texto a ser promulgado, com certeza, do, estão maculando a história do PMDB, porque pronunciamentos de parlamentares "efetuados não agradará a todos Nem seria possível. Aliás, prorrogar mandatos ê o ato mais danoso para ' em suas Casas Legislativas, desde que liberados jamais foi pretensão de nenhum de nós a unani­ a vida de qualquer partido político. pela respectiva mesa". Mais além, expressa de midade. Sobre a nova Carta, o que importa é a sua atualidade, a sua consistência e, sobretudo, O Sr. José Genoíno - Sr. Presidente, peço forma categórica que "as imunidades dos mem­ a palavra para uma questão de ordem. bros do Congresso Nacional subsistirão durante a sua flexibilidade no atendimento às exigências o estado de sítio". Todavia, antevendo possíveis naturais para a construção de uma sociedadejus­ O SR. PRESIDENTE (Jorge Arbage) - Tem abusos, resguarda o texto a própria responsabi- . ta, democrática e livre. V. Ex' a palavra. Iidade do parlamento ao admitir que tais imuni­ Era o que tinha a dizer. dades "poderão ser suspensas mediante o voto O SR. JOSÉ GENoíNO (PT - SP. Sem de dois terços dos membros da Casa respectiva o SR. JORGE UEQUED (PMDB - RS.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sr'" e Srs, ao Senador ou Deputado cujos atos, fora do recin- revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sr'" e Srs. Constituintes, o Regimento Interno, no § 3° do 10896 Quarta-feira 1 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988

art. 36, é claro. Não se achando presentes 56 concede a palavra ao nobre Constituinte Aluízio sem nenhum motivo para seu adiamento. O Se­ Constituintes no plenário, a sessão será suspensa Campos. nado vaivotar. Elas deverão realizar-se.O Tribunal por trinta minutos. Isto não ocorreu às 14h30min. Superior Eleitoral garantiu que com sessenta dias No entanto, às 16h40min e poucos segundos, O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT - SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, não vou elas serão viáveis. Portanto, há muito prazo para não havia oradores inscritos para falar. A Mesa recorrer da decisão de V.Ex"Quero apenas regis­ a tranqüilidade da vida brasileira.Seria até interes­ suspendeu a sessão por vinte minutos, recome­ trar que o caput do art. 39 é claro: sante pararmos de falar nesse assunto, porque çando os trabalhos às 17:00h.Agora, V. Ex"reabre as eleições estão asseguradas. Neste ano, as elei­ a sessão com o mesmo dispositivo regimental "Asvotações só serão iniciadas com a pre­ ções municipais são sagradas. da abertura da sessão às 14h30min. No meu en­ sença de, no mínimo, 280 (duzentos e oiten­ Durante o discurso do Sr. Constituinte ta) Constituintes." tendimento, o que deve acontecer, com base no Aloysio Vasconcelos, o Sr. Jorge Arbage, Regimento Interno combinando-se o § 3° do art. É o que faz o Presidente Ulysses Guimarães. 36 com o caput do art, 39, é proceder-se à verifi­ 2°_Vice-Presidente, deixa a cadeira da Presi­ Regimentalmente, o que lhe garante chegar aqui dência, que é ocupada pelo Sr. Mário Maia, cação de quorum. Se há um apelo para que às 15h30min. ou às 16 horas, verificaro quorum 2°-Secretário. a votação ocorra às 18:00h., o Presidente deve e, se não houver, suspender a sessão? E o que suspender a sessão e convocar a votação para V. Ex' pode fazer, porque está no lugar da Presi­ O SR. PRESIDENTE (Mário Maia) - Com as 18:00h. O que não podemos é permanecer dência. É necessário verificar, naquele momento, a palavra o nobre Constituinte Jorge Vianna. neste plenário fazendo de conta que há sessão, se estãopresentes280 constituintes. Do contrário, O SR. JORGE VIANNA (PMDB - BA.Sem sem que ela aconteça. Ou V. Ex"procede à verifi­ vamos ficaraqui até as 16h30min. ainda podendo, revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sr'" e Srs. cação de quorum - e se não há, suspende a nesta hora, a sessão ser prorrogada por mais al­ Constituintes, tomado de perplexidade, ocupo a sessão, convocando outra para amanhã - ou gum tempo, para que haja falações ilimitadas. tribuna desta Assembléia Nacional Constituinte suspende a sessãoagora, convocando outra para Enquanto isso, as votações são obstruídas. Não para dizer que duvido seja verdadeira a notícia as 18:00h., para se proceder à votação. Às 18:00h sei por quem. Não é por este parlamentar. Talvez hoje publicada à página 7 do jornal A Tarde, faz-se a verificação, e, não estando presentes 280 o sejam pelo Governo, um Governo tão fraco que da Bahia. A manchete diz: "Waldir quer substi­ Srs. Constituintes, suspende-se a sessão. Do con­ precisa fazer auto-obstrução. Mas não é o caso tuição de Ulysses na direção do PMDB". Não pos­ trário, estaremos ferindo o disposto no § 3° do que está em discussão aqui agora, Sr. Presidente. so acreditar que o Governador WaldirPires queira art. 36 e o caput do art. 39 do Regimento Interno. Acho que há uma anomalia regimental. substituir o homem que tem sido seu amigo du­ O SR. PRESIDENTE (Jorge Arbage) - A O SR. PRESIDENTE (Jorge Arbage) - Vejo rante toda a sua vida política, que o fezMinistro Mesa, preliminarmente, indefere a questão de or­ com particular alegria que V. Ex", agora sim, deu da Previdência e Assistência Social e que, na sua dem suscitada pelo Constituinte José Genoíno, a interpretação literale legítima ao dispositivoregi­ direção, transformou o PMDB no maior partido com base no §.5°do art, 74 do Regimento Interno, mental. desta Nação. E o Governador WaldirPires,segura­ que diz: Concedo a palavra ao nobre Constituinte Aloísio mente, fazia parte do "grupo do poire"! Sr. Presidente, peço que seja transcrita nos "Nenhum Constituinte poderá renovar, na Vasconcelos. Anais da Assembléia Nacional Constituinte a notí• mesma sessão, questão de ordem nela deci­ O SR. ALOÍSIO VASCONCELOS (PMDB dida pela Presidência." cia publicada no jornal A Tarde, para que o Go­ -MG. Sem revisão do orador.) -Sr. Presidente, vemador Waldir Pires possa desmenti-Ia. Tenho Reitera V. Ex', pela terceira ou quarta vez, a Sr'" e Srs. Constituintes, venho à tribuna hipotecar certeza de que o fará amanhã, para segurança mesma questão de ordem; daí o indeferimento. solidariedade à palavra do nobre Constituinte Jor­ de todos nós. Somos daqueles que acreditam Porém a Mesa, sem embargo do indeferimento, ge (Iequed, do meu Partido, o PMDB. Por uma que um homem pode ser tudo, menos ingrato, presta esclarecimentos necessários à elucidação coincidência, ambos estamos hoje sendo entre­ quanto mais com alguém do quilate de Ulysses da interpretação regimental feita por V. Ex". vistados pelo jornal "O Estado de S. Paulo" sobre Guimarães. Todos sabemos que esta Assembléia Nas sessões que têm Ordem do Dia, como o mesmo tema: manutenção das eleições muni­ Nacional Constituinte só funciona com a presença é o caso da presente, não se aplica o disposto cipais do próximo dia 15 de novembro de 1988 de Ulysses Guimarães, que os avanços e posições no art. 36 do Regimento Interno. Este dispositivo Não há por que adiá-Ias, pelo contrário. Acabo que tem se devem a ele. Agora mesmo, ouvia só é aplicável às sessões que não têm Ordem de conversar com o ilustre e competente Consti­ o próprio Líder do PT dizer que é com Ulysses do Dia. Ao contrário, há Pequeno Expediente, tuinte José Fogaça, e S. Ex" nos assegurou que Guimarães que se fazem todas as votações. Grande Expediente, Comunicações de Liderança, apresentará seu relatório ao Senado, que poderá Toda a Nação sabe que o que tem ocorrido e o tempo que restar fica para discussão de maté­ votar a matéria dentro de 48 horas. Portanto, não nesta Assembléia Nacional Constituinte se deve rias. Percebe V. Ex"que esta Presidência, ao abrir se justifica especulação, nem essa manobra pror­ a Ulysses Guimarães. Não posso acreditar que a sessão, o faz invocando o § 2° do art. 39 do rogacionista. Apenas estranho o fato de o Consti­ o Governador Waldir Pires seja um homem do Regimento Intemo, que exige para votação a pre­ tuinte Rachid Saldanha Derzi- Líder do Governo ódio e queira trazer os rastilhos da política da sença em plenário de, no mínimo, 280 Consti­ no Senado, do nosso partido, o PMDB, partido Bahia para o Congresso Nacional e, sobretudo, tuintes. É evidente que, em todas as sessões aber­ que não tem medo de uma ou do povo, partido atingir o Presidente Ulysses Guimarães. É desa­ tas, nenhuma apresentou o quorum de 280 que tem avanços a mostrar à população, que dis­ creditando de tudo isso que não preciso aqui, Constituintes em plenário. Disso vem resultando putará as eleições de novembro deste ano e que neste microfone, levar minha solidariedade ao que a Presidência, com fulcro no citado § 2° do irá ganhá-Ias em sua maioria - aceitar teses que Presidente Ulysses Guimarães, porque sei, pela mesmo art. 39 do Regimento Interno, para não fogem da linha programática do PMDB. Não con­ grandeza do Governador Waldir Pires, que S. Ex" suspender a sessão pelo tempo necessário ­ cordamos com a criação ou recriação da figura fará seguramente amanhã o desmentido desta entenda V. Ex"por esse tempo necessário as qua­ de prefeitos ou governantes "biônicos". Quere­ publicação de A Tarde de hoje. tro horas consecutivas da sessão - atendendo mos eleições municipais em 1988, em todos os à presença de inúmeros Constituintes, inclusive municípios brasileiros. Queremos também elei­ O SR. AÉCIO NEVES (PMDB - MG. Sem V. Ex', que é de uma assiduidade extraordinária, ções no Distrito Federal. Chego até a admitir ­ revisão do orador.) - Sr. Presidente, retornando tem optado pela concessão da palavra ao Consti­ falo e repito - que, em último caso, aceitarei hoje de Minas Gerais, quero trazer aqui o meu tuinte que dela queira uso fazer. até as eleições gerais, para não se prorrogar em regozijo pelo grandioso movimento cívico que to­ Nessas condições, já devidamente esclarecido nem um dia o maior mandato da história republi­ mou conta daquele Estado, congraçando as mais o equívoco regimental de interpretação feito por cana brasileira, que é o dos atuais prefeitos e variadas entidades, das mais variadas origens, em V. Ex", a Presidência, atendendo, nesse caso, ao vereadores. A renovação é necessária.' É impor­ busca da integridade territorial daquele Estado, apelo das lideranças partidárias reunidas no gabi­ tante a catarse feita através do voto pela popula­ tanto na capital como no interior, de onde acaba­ nete do Líder Mário Covas, que afirmaram que ção. Acima de tudo, a participação política só mos de chegar. Essas entidades, como disse, das até às 18 horas a matéria estará preparada para é feita através da oxigenação da democracia, e mais variadas origens, sabendo da sua pouca re­ . ser submetida à delíberação do-Plenárío,mantém esta vem com as eleições. Prossigamos com as presentatividade, mas conscientes de que unidas o ritmo normal do funcionamento da sessão e eleições de 1988, sem maiores especulações e poderão fazer sua voz chegar a esta Assembléia, Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 1 10897 lutam pela integridade de Minas Gerais, preocu­ sentantes da Mesa que assumem, não tem a cora­ a conclusão do processo político de transi­ padas não apenas com a repercussão interna des­ gem de colocar em votação a matéria de hoje. ção, com a imediata legitimação, por eleições ta possível divisão, mas, sobretudo, com as reper­ Não sei se é determinação do Presidente Ulysses diretas, da investidura do Presidente da Repú­ cussões que esta possível divisão poderá causar Guimarães que ninguém pode colocar em vota­ blica. ao nosso País. ção a matéria, ou se os componentes da Mesa Os resultados de um plebiscito realizado São mineiros que, sempre ponderados, equili­ não querem ferirS. EX, que deseja fazer a votação no último dia 19, pelos comitês regionais brados, se preocupam com o fortalecimento e da Constituição por mteiro. pró-diretas 88, indicam claramente aquilo o equilíbrio deste País. E agora, por uma emenda que todos sabemos: em percentual superior casuística e despreparada de fundamento, procu­ Sou contra essa falação aqui desde às 14h30 a 90%, a população brasileira, simbolizada ra-se ameaçar a integridade deste Estado que mino da tarde. Já são 18 horas. Mas, já que a pelos votantes naquele dia, quer eleger o Pre­ sempre teve equilíbrio e moderação. Mesa realmente não vai colocar em votação a sidente da República em 88 - resgatando Creio que, após a movimentação supraparti­ matéria, quero registrar uma correspondência o sonho de 84. dária, que ocorreu em Minas nas últimas sema­ que recebi do Conselho Federal da Ordem dos nas, teremos afastado este fantasma e poderemos Advogados do Brasil, datada do dia 24 de mato, Em anexo, vai um quadro demonstrativo dos plebiscitos realizados nos Estados. dizer que, independente de lideranças políticas AOrdem dos Advogados fez uma pesquisa em ocasionais e de governos passageiros, Minas Ge­ vários Estados sobre a realização de eleições para Reiteramos a nossa convicção de que a rais permanecerá unida para o bem não só dos a Presidência da República, se em 1988 ou 1989. eleição de Presidente, por si só, não resolve mineiros, mas sobretudo desta Nação. É o seguinte o texto: os graves problemas que afetam a Nação. Mas, nenhum desses problemas terá a sua O Sr. Edésio Frias - Sr. Presidente, peço "Com a proximidade da votação do man­ solução encaminhada antes que tenhamos a palavra pela ordem. dato do Presidente José Sarney, a Ordem O SR. PRESIDENTE (Mário Maia) - Con­ dos Advogados do Brasil (OAB) vem reafir­ um governo com a co-responsabilidade da cedo a palavra ao nobre Constituinte Edésio Frias. mar o seu entendimento de que, após a pro­ população. mulgação da Constituição, nada justifica a Certos de sua compreensão da importân• O SR. EDÉSIO FRIAS (PDT- RJ. Sem revi­ continuidade de um mandato marcadamen­ cia do momento que a Constituinte vai viver, são do orador.)-Sr. Presidente, tenho observado te transitório. A OAB,em sintonia com a von­ apresentamos. Respeitosas saudações. ­ que essa Presidência, pelos mais ilustres repre- tade majontária do povo, considera urgente Márcio Thomaz Bastos, Presidente."

QUADRO DEMONSTRATIVO DO RESULTADO DO PLEBISCITO REAUZADO EM DIVERSOS ESTADOS DA FEDERAÇÃO SOBRE AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS EM 1988

1"1" e Percentual de Votos Estado Favor Contra AMAPÁ 44.520 (97,26%) 621 (1,28%) DISTRITO FEDERAL 5.640 (91%) 503 (8,14%) ESPÍRITO SANTO 25.484 (92,16%) 2.029 (7,33%) PARANÁ 15.066 (94,26%) 917 (5,74%) MINAS GERAIS 5.900 (92%) 513 (8%) SANTACATARINA 5.501 (94%) 243 (5%) RORAIMA 5.204 (93,3%) 300 (5,38%) RIO GRADEDO NORTE 22.747 (91,99%) 1.725 (7,02%) SÁOPAULO 127.447 (92%) 10.255 (7,4%)

088.: A diferença no percentual encontrada no quadro acima corresponde aos votos nulos ou em branco.

Vejam V. EXs que a população brasileira quer Além do mais, é motivo de orgulho para o Rio O SR. PRESIDENTE (MárioMaia)- A Mesa eleições em 1988, e ela realmente verá quem de Janeiro, que durante séculos - muito embora acolhe o discurso do nobre Constituinte Edésio votará pelos cinco anos, apesar dos benefícios sua expressiva industrialização -, pelo fato de Frias e deve uma explicação a V. EX quanto à que o Governo está distribuindo a alguns parla­ ter como capital a mais bela cidade brasileira, parte inicial de suas considerações. mentares para votarem pelos cinco anos. quiçá do mundo, foi conhecido como o cartão Sr. Presidente, outro assunto me traz à tribuna: postal do Brasil, explorando apenas o turismo e A Mesa que está dirigindo os trabalhos, neste A população de Arraial do Cabo comemorou, o lazer, e agora vem-se afirmar como Estado pro­ momento, explica que, como os demais compa­ nheiros que por aqui passaram, está procurando no dia 13 de maio passado, o 3D aniversário da dutivo, com alta capacitação industrial, seja na emancipação política deste Município. siderurgia, na extração, produção e industrializa­ cooperar com todos os Srs. Constituintes, uma Essa cidade do Estado do Rio de Janeiro, que ção de derivados de petróleo, seja na indústria vez que as lideranças de todos os partidos estão emergiu como um pólo produtivo, numa região automobilística; na industrialização de cana e tan­ em volta de uma mesa, procurando um acordo onde somente havia turismo e lazer, é motivo tos outros produtos. quanto ao último capítulo das disposições perma­ para a mais festiva comemoração, que não deve nentes, que diz respeito aos índios. Parabéns a Arraialdo Cabo e ao valoroso povo, deixar de ser registrada nesta Casa, até porque Esta sessão tem a duração, de quatro horas. o maior produtor de barrilha do Brasil! se comemora também o aniversário do surgi­ Para aproveitar o tempo, a Mesa, objetivando o mento de mais uma cidade industrial neste País Vamos vê-la adolescente e, mais tarde, adulta, bom andamento dos trabalhos, tem dado oportu­ tão carente de mão-de-obra, tão necessitada de dentre as mais industrializadas do Brasil, emoldu­ nidade aos Srs, Constituintes, a fim de que se desenvolvimento. rada pela beleza de sua orla marítima. manifestem enquanto aguardamos o entendi- 10898 Quarta-feira 1 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988

mento das Lideranças. Entretanto, até o presente ção equivocada dos problemas da mineração do o Sr. João Menezes - Sr. Presidente, peço momento, não chegou à Mesa qualquer matéria cobre. a palavra pela ordem. para ser submetida a votação. Como em casos No mstante em que se privatizaessa empresa, O SR. PRESIDENTE (Mário Maia) - Tem anteriores semelhantes a este, a Mesa tem sido privatiza-se apenas a metalurgia, e não a mina. V. Ex' a palavra. condescendente, procurando cooperar com os Quer dizer,vende-se a carne e fica-se com o osso. Srs. Constituintes e com as Lideranças, que bus­ Isso é detestável, porque a privatização acelerada O SR. JOÃO MENEZES (PFL - PA. Sem cam uma solução, num texto que represente o que está sendo feita com empresas estatais de­ revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Consti­ entendimento de todos, o consenso. O entendi­ corre da pressão do FMI e de uma visão equivo­ tuintes, acabei de visitar a taba dos índios, onde mento, ao invés de atrasar os trabalhos, adian­ cada que o Sr. Presidente da República e os seto­ estão reunidos os Constituintes. Hámais Congres­ ta-os, porque consome vários artigos, incisos e res econômicos têm. Essas empresas foram sitas que índios. De uma coisa tão simples, o parágrafos, que são fundidos em uma só propo­ construídas com o sangue e o suor dos trabalha­ direito dos índios à terra, está-se fazendo quase sição. dores e do povo brasileiro e, da maneira que o um código. Cada um apresenta uma palavra, mu­ De modo que, mais uma vez, a Presidência BNDES está fazendo, elas estão praticamente da umavirgula,um um ponto e virgula,e a reunião dos trabalhos exorta os Srs. Constituintes à com­ sendo dadas de bandeja aos grandes grupos inter­ vaidemorar, sem obter nenhum resultado prático. preensão e à paciência para esperar mais um nacionais, Estão complicando algo muito simples. pouco a solução dos problemas, enquanto não É detestável, mas continuaremos na luta. Não Não vejo porque os Constituintes estão nesta concluímos os trabalhos ou chegamos ao término queremos entregar as empresas estatais. Ê uma protelação, nesta luta inglória, cada um querendo da sessão. posição equivocada dos setores econômicos do colocar a palavra em português que não está cer­ Concedo a palavra ao nobre Constituinte Nelton Governo. (palmas.) ta, que está incorreta. Aquestão é apenas garantir Friedrich. ao índio o direito à terra. Não vejo qualquer razão O SR. CARLOS SANTANNA (PMDB -BA. para esta demora. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero SR. NELTON FRIEDRICH (PMDB - PRo Sr. Presidente, protesto contra esta demora. Es­ o fazer uma dupla comunicação. Aprimeira diz res­ Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, pedi­ tamos aqui desde as 14h30m, e não adianta espe­ peito a notícias que o Jornal de Brasíliaveiculou mos a palavra para solicitar uma informação. rar mais, porque ainda vai demorar muito. Há ontem. muitos artigos lá para serem discutidos. V. Na última quinta-feira, encaminhamos um re­ Ex' querimento à Mesa, objetivando ter da Presidên­ Quero declarar que a Liderança do Governo deve tomar uma providência: ou encerra a sessão, na Câmara tem a mais absoluta confiança no ou toca-a para frente, colocando em votação o cia, ou da Mesa como um todo, o deferimento Senador Mauro Benevides e no Deputado Jorge para a transmissão, em cadeia de rádio e televisão que houver para votar. Arbage. A notícia veiculada é absolutamente im­ da votação da matéria, por certo histórica, impor­ O SR. PRESIDENTE (MárioMaia)-AMesa procedente. As razões pelas quais estamos empe­ tantíssima, relativaao mandato do Presidente Sar­ nhados em que a votação se processe sobre as acolhe a raclamação e protesto de V. Ex', mas insiste em exortar os companheiros a terem pa­ ney. Trata-se de uma possibilidade regimental, "Disposições Gerais e Transitórias" e sobre a que a Presidência pode solicitar quando melhor Emenda Matheus Iensen, que fixa o mandato do ciência e aguardarem os entendimentos das lide­ ranças. entender. Fazemos o apelo, para que haja esse Presidente José Sarney, dizem respeito, primeira­ Temos notícia de que neste momento, estão deferimento, porque, segundo informação oficial­ mente, ao próprio processo que precisa evoluir sendo apostas as assinaturas ao texto que haverá mente, ainda não houve manifestação da Presi­ o mais rapidamente possível e, depois, pela cir­ dência nem da Mesa a esse respeito. cunstância muito especial da viagem que o Presi­ de ser submetido, dentro em pouco, a este colen­ do Plenário. Por isso, gostaria de obter da Mesa detalha­ dente da República fará, como Chefe de Estado, mento sobre o nosso requerimento, que pede para participar de uma reunião da Organização a transmissão em cadeia de rádio e televisão da O Sr.- Paulo Ramos - Sr. Presidente, peço das Nações Unidas, onde serão tratados assuntos a palavra pela ordem. votação do mandato do Presidente Sarney e que de desarmamento e da paz mundial. O Senador a votação seja nominal, para que os brasileiros O SR. PRESIDENTE (Mário Maia) - Tem Mauro Benevides e O DeputadoJorgeArbage me­ possam melhor teStemunhar a matéria e o com­ recem a nossa absoluta e integral confiança, res­ V. Ex' a palavra. portamento dos Constituintes especialmente por­ peito, admiração, amizade e estima. O SR. PAULO RAMOS (PMDB - RJ. Sem que, no Paraná, 150 mil pessoas passaram pelas Queria registrar da tribuna desta Casa a impro­ revisão do orador.) - Sr. Presidente, durante as catracas das diretas, instaladas pela OAB,e 92% cedência da notícia. votações que se realizam nesta Casa, assistimos foram favoráveis aos quatro anos para o Presi­ Asegunda comunicação, Sr. Presidente, dizres­ a vários acontecimentos que hão de caracterizar, dente Sarney. É preciso que a Assembléia Nacio­ peito a um acontecimento da mais alta impor­ na Históriado Brasil, a responsabilidade de cada nal Constituinte mostre perante a Nação, o voto tância. O Presidente da República acaba de rece­ um de nós, Constituintes. nominal de todos os Constituintes, exatamente ber, em seu gabinete, o Presidente da Petrobrás para evitar equívocos que às vezes ocorrem com Por exemplo, é comum Constituintes virem à e o Ministro das Minas e Energia, Aureliano Cha­ tribuna dizer que houve equivoco, que votaram painel desta Casa. ves, que lhe anunciaram que a Bacia de Marajó, "sim", "não", ou se abstiveram de votar e saiu Manifesto,mais uma vez, o meu apelo, no sen­ uma das mais importantes do mundo, talvez tão diferente no painel. Há questão de três semanas, tido de que haja a informação do deferimento grande quanto a do Mardo Norte, apontou agora, aproximadamente, o Deputado e Constituinte Da­ ou não do nosso requerimento. perfurada a 5.500m, na sua parte sedimentar, a so Coimbra disse que havia aparecido seu voto presença de hidrocarbonetos, gás e petróleo. Os no painel eletrônico, embora não tivesse votado. O SR. PRESIDENTE (MárioMaia)- A Mesa estudosprospectivos estãosendofeitos, e há uma Já presenciamos, também, em outra oportuni­ apreciará oportunamente a manifestação de V. esperança muito grande, Sr. Presidente, de que dade, um episódio que, em certo sentido, com­ Ex' este achado que estou anunciando em nome do prometeu a imagem da Assembléia Nacional A SRA. ABIGAILFEITOSA(PSB- BA.Sem Governo possa talvez representar, pelas perspec­ Constituinte. Foi o voto do Constituinte José Sar­ revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sr"" e Srs. tivas que tem, a redenção economica do País. ney Filho, na ausência de S. Ex' deste Plenário. Constituintes, a imprensa tem registrado que, no O SR. PRESIDENTE (MárioMaia)-AMesa O Constituite Nelton Friedrich já apresentou próximo dia 24 de agosto, será privatizadaa Caraí• acolhe as considerações de V. Ex' a respeito dos proposta a esta Casa no sentido de que a votação ba Metais, na Bahia. Registro meu protesto. De colegas Presidentes Jorge Arbage e Mauro Bene­ relativaà duração do mandato do atual Presidente nada adiantaram os movimentos que os trabalha­ vides. Não poderia ser outro o pensamento do da República seja nominal e de que a Mesa provi­ dores e os Parlamentares da Bahia fizeram e os Líder do Governo a respeito desses ilustres com- dencie a transmissão da sessão para toda a Na­ apelos do Sr. Governador, no sentido de que não panheiros Constituintes. . ção. se f~esse a privatização dessa empresa estatal, Rejubiliza-se, também, com este acontecimen­ Sabemos que os Constituintes, responsáveis porque ela é considerada estratégica. A empresa, to que, acredita, ser motivo de alegria e satisfação que são, pretendem que as posições aqui toma­ em determinado instante, deu prejuízo, pela má a todos os brasileiros e Constituintes, indepen­ das sejam do conhecimento de toda a sociedade administração, a falta de democracia e a condu- dente de suas siglas partidárias. brasileira. Como o instituto da representação sig- Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBJ:.ÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 1 10899 nifica que ao representante cabe fazer a vontade queiram manifestar-se, a Presidência irá suspen­ ção de armas depois de empregados recursos do representado, e como, segundo as pesquisas der a sessão por dez minutos. Mas, se houver doze vezes maiores na educação. E, como já dis­ de opinião, mais de noventa por cento da nossa oradores, esse tempo será preenchido. se, ninguém prestou atenção a esta emenda. população deseja um mandato de quatro anos, O SR. JOSÉ GENOÍNO - Sr. Presidente, Sr. Presidente, a crise econômica de hoje está estou convencido de que a maioria esmagadora solicito, com base no Regimento Interno, verifica­ na dependência dessa loucura humana. Empre­ gam-se, no mundo inteiro, três bilhões de dólares dos Srs. Constitumtes, que aqui representam o ção de quorum. Se não pudermos votar hoje por dia para a produção de armas, e o mundo povo, fará a vontade deste, votando a favor do a matéria relativa aos índios, votaremos amanhã. mandato de quatro anos. E espero que V. Ex', O mandato do Presidente José Sarney poderá morre de fome. Estamos consumindo as riquezas que preside esta sessão, juntamente com os de­ ser votado no dia 6 ou 7. Se o Presidente Ulysses do planeta nesta loucura, para destruir a própria mais integrantes da Mesa, providenciem para que Guimarães, na oportunidade, estiver presidindo vida. Que a visita do Presidente Samey à ONU a votação seja nominal, de modo a não haver seja um chamamento para a paz, mas também o País, o Vice-Presidente Mauro Benevides presi­ qualquer equívoco, qualquer insinuação ou sus­ dirá a sessão de votação do mandato do Presi­ se reflita, em termos práticos, no compromisso peição de que o voto saiu errado, e também para deste País, de um povo que ama a paz, que quer dente da República, e não há ninguém que se que o povo brasileiro possa reconhecer que seus paz e que quersair da miséria, do analfabetismo, oponha a isto, conforme declaração do Líder do a representantes fizeram aqui a sua vontade. da fome e da situação em que se encontra. Muito Governo, Constituinte Carlos SanfAnna. O SR. PRESIDENTE (Mário Maia) - Esta O Constituinte Mauro Benevides tem todas as obrigado. (Palmas.) Presidência, nobre Constituinte Paulo Ramos, le­ condições para presidir a referida sessão. Não vará ao conhecimento dos demais membros da vamos condicionaros nossos trabalhos à votação O SR. LÉUo SOUZA (PMOB - RS. Sem Mesa e à Presidência efetiva a sugestão que V. do mandato do Presidente da República. revisã~ do orador.) - Sr. Presidente, a Casa está Ex" faz no momento, ratificando sugestões de ou­ Solicito, portanto, verificação de quorum com inteirada das razões pelas quais até o presente tros nobres Srs. Constituintes no mesmo sentido. base no caput do art. 39 do nosso Regimento. momento não foi possível iniciar o processo de Acredito que a Mesa apreciará a sugestão de V. O SR. PRESIDENTE (Mário Maia) - Con­ discussão e votação da matéria constante da Or­ Ex" Com a devida isenção, levando em conta o dem do Dia destasessão. O acordo, até o presente mteresse de toda a Nação. cedo a palavra ao nobre Constituinte Celso Dou­ rado. instante, ainda não foi ultimado. Referre-se ao últi­ A Presidência aproveita ainda a oportunidade O SR. CELSO DOURADO (PMOB - BA. mo capítulo do Título VIII, o qual dispõe sobre para comunicar aos nobres companheiros, que o índio. Nestas circunstâncias, Sr. Presidente, a pacientemente aquardam, já exaustos, o entendi­ Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Constituintes, gostaria de fazer um rápido comen­ lógica regimental está a recomendar o encerra­ mento de suas Lideranças, que dentro de pouco mento desta sessão e a convocação de uma outra minutos, segundo nos informa a assessoria, tere­ tário sobre a viagem do Presidente da República, JoséSamey. para amanhã, no horário matutino, porque é pro­ mos aqui o texto que, naturalmente, correspon­ vável que até lá este acordo seja concluído. Com derá aos interesses dos nossos irmãos primitivos, Minha expectativa é de que essa visita não ape­ nas testemunhe o compromisso do povo brasi­ isto, Sr. Presidente, não se fará nenhuma discrimi­ os verdadeiros donos da terra brasileira, os índios, nação. Dar-se-á a todos os Constituintes a pre­ que estão procurando ter uma convivência pací• leiro com a paz, mas que possa contribuir para o desarmamento no mundo, e que o Brasil possa sençajá atestada na abertura do? trabalhos desta fica com os brancos, que ocuparam seu território. sessão pelas verificações feitas conforme a praxe Sugerimos, inclusive, nesta oportunidade, que se lembrarque não basta estabelecer compromissos teóricos; é preciso comprometer-se com a paz desta Casa. Não há razão para sujeitar os Consti­ mude um pouco a História do Brasil, que não tuintes a um regime de cativeiro, presentes neste na prática. se diga mais que o Brasil foi descoberto, e, sim, Plenário desde as 14 horas, sem que haja um invadido, no ano de 1500. AAlemanha eo Japão, após a 11 Grande Guerra, ficaram proibidos de fabricar armas, e por isso horizonte concreto sobre a conclusão desses O prazo regimental desta sessão termina às acordos. 18h30min.Ainda temos, portanto, de acordo com mesmo investiram na educação. Como não po­ diam fazer armas, nem se preparar para a guerra, Parece-me, volto a afirmar, que a lógica regi­ o Regimento, quinze minutos para aguardar que mental recomenda não a verificação de quorum as Lideranças cheguem a um entendimento. e por lei eram obrigados a controlar o animus bellgerandi, investiram na educação. O resultado - esta V. Ex' já a tem, com base nas listas de Não havendo, no momento, Constituinte que presença apresentadas na instalação dos traba­ queira manifestar-se, e entendendo que interpreta está aí: não só a Alemanha se recuperou, mas também o Japão saiu do seu isolamento espacial, lhos - mas o encerramento da sessão, porque o espírito de cooperação de todos os constituin­ não há matéria a votar e não há por que permane­ tes, esta Presidência vai suspender a sessão até social e cultural para tornar-se uma grande po­ tência. cermos aqui. É preciso Iiberàr os Srs. Consntuín• as 18h25min., quando reabrirá a sessão; e, se tes para outras tarefas correlatas e também in­ houver chegado aqui o texto, fruto do entendi­ O nosso País está participando loucamente dessa corrida armamentista. Num espaço muito substituíveis no exercício das atividades parla- mento, a prorrogará pelo tempo necessário para mentares ' a votação da matéria. curto, deixamos de ser um país desarmado, que não fabricava sequer garrucha para matar lagar­ Está é a ponderação que faço a V. Ex", sem O Sr. José Genoíno - Sr. Presidente, peço tixa, para nos tomarmos um dos maiores produ­ prejuízo da celeridade dos trabalhos, porque ama­ a palavra, pela ordem. tores de armamento bélico do mundo. Agora, até nhã, à primeira hora da manhã, é possível insta­ lar-se uma sessão extraordinária da Assembléia O SR. PRESIDENTE (Mário Maia) - Tem oxigenando a vaidade nacional, fala-se na cons­ trução de submarino atômico. Precisamos, Sr. Nacional Constituinte e entãovotar o capítulo refe­ a palavra, pela ordem, o nobre Constituinte José rente ao índio. Genoíno. Presidente, estabelecer um compromisso legal: é proibido fabricar armas. É necessário controlar O SR. MESSIAS GÓIS (PFL - SE. Sem O SR. JOSÉ GENOINO (PT - SP. Sem esse animus beligerandi e investir na educação. revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Consti­ revisão do orador.) - Sr. Presidente, esta é a Se nessas últimas décadas tivéssemos investido tuintes, acredito que este País merece respeito. primeira vez - e é importante que fique claro parte do que foi aplicado na produção de arma­ Não é possível ficarmos aqui a tarde toda espe­ - que uma sessão da Assembléia Nacional Cons­ mentos na educação das crianças, não teríamos rando que a confederação dos índios do país deci­ tituinte é prorrogada até o término do prazo regi­ mais de vinte milhões de crianças marginalizadas da o que será do índio e do não-índio, do acultu­ mental semverificação de quorum. Vamos che­ e abandonadas, e este País estaria participando rado e do não-aculturado. Sr. Presidente, acredito gar às 18h30min. sem que fique claro quem está da revolução tecnológica, que muda o panorama que esta Assembléia Nacional Constituinte mere­ no plenário e quem não está, e então a sessão do mundo inteiro. Sr. Presidetne, a educação é ce respeito. E preciso que haja seriedade. o índio será suspensa automaticamente. Isto é inaceitá­ absolutamente prioritária, e está na hora de o País realmente não tem culpa de nada. Seria melhor, vel, Sr. Presidente. tomarumaposiçãonesse campo.Apresentei uma diante do fato de que não se quer votar a questão O SR. PRESIDENTE (Mário Maia) - Nobre emenda relativa à educação, à qual ninguémpres­ do índio para fazer uma ralvinha ao Presidente Constituinte José Genoino, a sessão não foi pror­ tou muita atenção porque a este tipo de emenda da República - na realidade os fatos são esses, rogada. Para que isto náo aconteça, estou comu­ séria poucos prestam atenção. Por esta emenda, estão fazendo demagogia com a coisa séria ­ nicando à Casa que, se não houver oradores que só poderiam ser empregados recursos na fabrica- seria melhor, repito, em nome da seriedade, em 10900 Quarta-feira 1 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988

nome da honestidade, em nome daquilo que o são da Assembléia Nacional Constituinte para poldo Bessone - PMDB; Leur Lomanto - PFL; País espera dos seus Constituintes, que fosse dito: amanhã, às 14h30min. Lezio Sathler - PMDB; Lúcia Braga - PFL; Luiz vamos encerrar, porque hoje não temos pauta, Soyer- PMDB;LuizViana Neto - PMDB;Maluly vamos apenas enrolar esta Nação, porque alguns Neto - PFL; Manoel Moreira - PMDB; Manuel não querem que sejam votadas as Disposições IV - ENCERRAMENTO Viana - PMDB;Mário Bouchardet- PMDB;Má­ Transitórias; alguns querem fazer uma raivinha rio Lima - PMDB; Maurício Pádua - PMDB; ao Presidente da República, alguns querem man­ Mendes Botelho - PTB; Milton Lima - PMDB; ter esse estado de incerteza nesta Nação, para O SR. PRESIDENTE (Mário Maia) - Nada Milton Reis - PMDB; Miro Teixeira - PMDB; tirar proveito. É bom, Sr. Presidente, darmos um mais havendo a tratar, vou encerrar a sessão. Myrian Portella - PDS; Narciso Mendes - PFL; cunho de seriedade a esta Casa. V. Ex', que é DEIXAM DE COMPARECER OS SENHORES: Nelson Carneiro - PMDB; Nelson Sabrá - PFL; honrado, deve, em nome do Brasil encerrar esta Nestor Duarte - PMDB; Noel de Carvalho ­ sessão, que não vai dar em nada. (Palmas.) Aécio de Borba - PDS; AfifDomingos - PL; PDT; Olavo Pires - PMDB; Osvaldo Macedo ­ Airton Cordeiro- PFL;Airton Sandoval- PMDB; O SR. CÁSSIO CUNHA (PMDB ­ PMDB; Oswaldo Almeida - PL; Paulo Marques LIMA Aloysio Teixeira - PMDB;Álvaro Pacheco- PFL; PB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, - PFL; Paulo Paim - PT; Paulo Roberto Cunha Álvaro Valle - PL; Antero de Barros - PMDB; - PDC; Pedro Ceolin - PFL; Pimenta da Veiga faltam pouco mais de três minutos para o encerra­ Antoniocarlos Mendes Thame - PFL; Antonio mento desta sessão. Sohcíto a V.Ex' que proceda, -; Raul Belém - PMDB; Renan Calheiros - Ferreira- PFL;Antonio Perosa- PMDB;Antonio com base no art. 39 do Regimento Interno, à PMDB; Renato Bernardi - PMDB; Ricardo Fiuza Salim Curiati - PDS; Antonio (Ieno - PFL;Arnal­ verificação de quorum. - PFL; RobertoAugusto - PTB; Roberto Balestra do Faria de Sá - PMB; Arnold Fioravante ­ - PDC; Roberto, Brant -; - Faço a solicitação para que a Mesa não argu­ PDS; Arolde de Oliveira - PFL; Asdrubal Bentes mente que o Constituinte e nobre Líder José Ge­ PDS; Roberto D'Avila - PDT; Roberto Jefferson - PMDB; Beth Azize - PSB; Caio Pompeu ­ noíno não poderia fazer o pedido de verificação, - PTB; Ronaldo Cezar Coelho - PMDB; Rose PMDB;Carlos Benevides - PMDB;Carlos Virgílio uma vez que já o fez por duas vezes durante a de Freitas - PMDB; Rospide Netto - PMDB; - PDS; Carrel Benevides - PTB; Chagas Duarte sessão. Portanto, antes que se encerre o prazo Rubem Branquinho - PMDB; Rubem Medina­ - PFL; Christóvam Chiaradia - PFL; Cid Carva- da sessão, para que se registre os que estão pre­ PFL; Sadie Hauache - PFL; Salatiel Carvalho ­ lho - PMDB;Cleonâncio Fonseca- PFL; Dirceu sentes, os que ficaram durante toda a tarde, per­ PFL; Samir Achôa - PMDB; Santinho Furtado Carneiro - PMDB;Edivaldo Holanda - PL; Ervin dendo o seu tempo à espera de uma negociação - PMDB; Sérgio Brito - PFL; Sérgio Spada ­ Bonkoski-;EuniceMichiles- PFL; Evaldo Gon­ que está sendo protelada pelo "Centrao", que ain­ PMDB;Severo Gomes - PMDB;Sílvio Abreu ­ çalves - PFL; Expedito Machado- PMDB;Faus­ da não tem garantido o mandato de cinco anos PMDB;Sólon Borges dos Reis - PTB; Stélio Dias to Fernandes - PMDB; Fausto Rocha - PFL; para o Presidentre da República e quer trazer ao - PFL; Theodoro Mendes - PMDB; Tito Costa Felipe Cheidde - PMDB; Fernando Cunha ­ plenário a todo custo, os parlamentares que - PMDB; Ubiratan Spinelli - PDS; Vinicius Can- PMDB;França Teixeira - PMDB; Francisco Coe­ apóiam o Governo à distância, deve ser feita, de sanção - PFL; VirgílioTávora - PDS; Vladimir lho - PFL; Francisco Diógenes - PDS; Fran­ Palmeira - PT; Wagner Lago - PMDB;Walmor acordo com o Regimento Interno, a verificação cisco Pinto - PMDB; Francisco Sales - PMDB; de quorum. de Luca - PMDB;Wilma Maia - PDS. Genebaldo Correia - PMDB;Genésio Bernardino O SR. PRESIDENTE (Mário Maià) - Esta - PMDB; Geraldo Bulhões - PMDB; Geraldo mesa recebe comunicação da Mesa da Câmara Melo - PMDB; Gerson Marcondes - PMDB; Gil dos Deputados para avisar aos nobres Srs. Depu­ César - PMDB; Guilherme Palmeira - PFL; Ha­ O SR. PRESIDENTE (MárioMaia) - Encerro tados que está convocada uma sessão da Câmara roldo Lima - PC do B; Henrique Eduardo Alves a sessão, designando para a de manhã, dia 10 dos Deputados para amanhã, dia 10,quarta-feira, - PMDB;Hilário Braun - PMDB;Irajá Rodrigues de junho, às 14 horas e 30 minutos, a seguinte às9h. - PMDB; Ivo Mainardi - PMDB; Jessé Freire Atendendo, também, a solicitação do Presiden­ - PFL; João Cunha - PMDB; João da Mata te do Senado Federal, comunico a V. Ex's que - PDC; João Herrmann Neto - PMDB;Joaquim ORDEM DO DIA haverá sessão matutina do Senado Federal, ama­ Sucena- PTB; Jonas Pinheiro - PFL;JoséAgri­ nhã, 10,quarta-feira. pino - PFL; José Camargo - PFL; José Carlos Prosseguimento da votação, em primeiro turno, EstaPresidênciaolhando o relógio e verificando Coutinho - PL; José Carlos Martinez - PMDB; do Projeto de Constituição. que o tempo da presente sessão está esgotado, José Carlos Sabóia - PSB; José Egreja - PTB; completando-se as quatro horas, encerra a pre­ José Freire - PMDB; José Geraldo - PMDB; (Encerra-se a sessão às J8 horas e 27mi­ sente sessão, antes, porém, convocando uma ses- José Serra - PMDB;Júlio Campos - PFL; Leo- nutos.) ...... Ir

MESA UDERANÇAS NA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSmOlNTE

PMDB Geovani Borges Vice-Uderes: Presidente: Uder: MozariIdo Cavalcanti Prmio Arruda Sampaio ValmirCampelÓ José Genoíno ULYSSES GUIMARÃES MéItoCovaa MessiasGóis PL Vice-Uderes: Arolde de Oliveira Uder: EuclidesScalco l°-Vice-Presidente: Alércio Dias AdolfoOUvelra PauloMacarini EvaldoGonçalves .MAURO BENEVIDES AntônioPerosa Simão Sessim RobsonMarinho PDC Divaldo Suruagy AntônioBritto Uder: José Agripino Maia 29-Vice-Presidente: GonzagaPatriota MauroBorges JORGE ARBAGE Osmirüma Mauricio Campos GidelDantas PauloPimentel José-Uns Vice-Uderes: HenriqueEduardo Alves Paes Landim José Maria Eymael 1°-Secretário: José Quedes SiqueiraCampos .MARCELO CORDEIRO Ubiratan Aguiar PDS PCdoB Rose de Freitas Uder: VascoAJWs Uder: AmaralNetto Cássio Cunha Uma Haroldo Uma 29-Secretário: Joaci

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fNDICE TEMÁTICO COMPARATIVO

Preço = Cz$ 1.000,00

À venda na Subsecretaria de Ediç6es Técnicas (Telefone: (061) 211-3578) Senado Federal, Anexo I 229 Andar - Praça dos Trtfs Poderes, CEP70160 - Brasllia, DF. ' Os pedidos deverão ser acompanhados de cheque nominal à Subsecretaria de Edições Técnicas do Senado Federal ou de vale postal, remetido à Agência ECTSenado Federal - CGA 470775. Atende-se, também, pelo sistema de reembolso postal. REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA N9 95

(julho a setembro de 1987)

Está circulando o n° 95da Revista de Informação Legislativa, periódico trimestral de'pesquisa jurídica editado pela Subsecretaria de Edições Técnicas do Senado Federal. Este número, com 360 páginas, contém as seguintes matérias:

- Direitos humanos no Brasil - compreen­ Liberdade capitalista no Estado :de Direito são teórica de sua história recente - José Rei. - Ronaldo Poletti ', naldo de Lima Lopes -A Constituição do Estado federal e das uni- _ Proteção internacional dos direitos do ho­ dades federadas - Fernanda Dias Menezes de mem nos sistemas regionais americano e europeu Almeida - uma introdução ao estudo comparado dos direi­ -A distribuição dos tributos na Federação tos protegidos - Clemerson Merlin Cleve brasileira - Harry Conrado Schüler - Teoria do ato de governo - J. Cretella - A moeda nacional e a Constituinte - Letá· Júnior . cio Jansen - A Corte Constitucional - Pinto Ferreira - Do tombamento - uma sugestão à As­ _A interpretação constitucional e o controle sembléia Nacional Constituinte - Nailê Busscma­ da constrtucionalkíede das leis - Maria Helena no Ferreira da Câmara - Facetas da "Comissão Afonso Arinos" ­ - Tendências atuais dos regimes de governo e eu.., - Rosah Russomano - Raul Machado Horta - Mediação e bons offcios - considerações - Do contencioso administrativo e do pro- sobre sua natureza e presença na história da Amé­ cesso administrativo - no Estado de Direito ­ rica Latina - José Carlos Brandi Aleixo A.B. Cotrim Neto - Ombudsman - Carlos Alberto Proven­ - Prevenção do dano nuclear-aspectos jurí• dicos - Paulo Affonso Leme Machado ciano Gallo

À venda na Subsecretaria ASSinatura para 1988 de Edições Técnicas.­ (nOS 97 a 100): Cz$ 600,00 Senado Federal, Anexo I, PREÇO DO 22° andar - Praça dos Três Poderes, EXEMPLAR: CEP 70160 - Brasília, DF Cz$ 150,00 - Telefone: 211-3578

Os pedidos deverão ser acompanhados de cheque nominal à Subsecretaria de Edições Técni­ cas do Senado Federal ou de vale postal remetido à Agência ECT Senado Federal - CGA 470775, Atende-se, também, pelo sistema de reembolso postal. Centro Gráfico do Senado Federal Caixa Postal 07/1203 Brasília - DF

j EDIÇÃO DE HOJE: 40 PÁGINAS I: PREÇO DESTE EXEMPLAR: CZ$ 6,00 I