Revista da Câmara Municipal de São Paulo

O novo Número 4 - dezembro/2013 Plano Diretor vai reorganizar Distribuição gratuita São Paulo. Com a sua ajuda, os vereadores paulistanos vão definir a cara da cidade para os próximos dez anos. Eles vão debater e votar os rumos do crescimento econômico, da mobilidade urbana, do saneamento, da habitação, entre outros. E como isso afeta a todos, a Câmara quer a sua participação.

Envie suas sugestões para a elaboração do Plano Diretor: www.camara.sp.gov.br/planodiretor Partos humanizados Lei garante tratamento mais respeitoso à mãe e ao bebê na

OH

CH-CH2-NH2 3 rede pública municipal de saúde OH OH

E=mc ² abc Talentos esquecidos Herança de guerra Projeto quer mais atenção Conflito de Canudos aos alunos superdotados mudou nomes de ruas em SP ?! Vereador José Américo PalavraComunicação do Presidente INTEGRADAPresidente da CMSP

Mesa Diretora Presidente: José Américo (PT) Câmara Municipal de São Paulo 1º Vice-Presidente: Marco Aurélio Cunha (PSD) 2º Vice-Presidente: Aurélio Miguel (PR) 1º Secretário: Claudinho de Souza (PSDB) 2º Secretário: Adilson Amadeu (PTB) 1º Suplente: Gilson Barreto (PSDB) 2º Suplente: Dalton Silvano (PV) Sua opinião é Corregedor: Rubens Calvo (PMDB) A última edição do ano da revista Apartes marca o fim do mandato da atual Mesa muito importante para a Diretora, da qual sou presidente. Fazendo um balanço das muitas decisões tomadas em Vereadores da 16ª Legislatura (2013-2016) relação a todos os setores da Casa ao longo desses 12 meses, tenho especial orgulho do Abou Anni (PV) - suplente em exercício, Adilson Amadeu (PTB), Con ra a agenda legislativa, construção deste veículo (PT), Andrea Matarazzo (PSDB), Antonio Carlos Rodrigues (PR) - licenciado, Ari investimento realizado na área de comunicação. Algumas melhorias foram significati- Friedenbach (PROS), Arselino Tatto (PT), Atílio Francisco (PRB), Aurélio Miguel (PR), vas. Por exemplo: a grade da TV Câmaraconsulte São Paulo leis ganhou e projetos novos e informe-seprogramas; osobre portal Aurélio Nomura (PSDB), Rubens Calvo (PMDB), Celso Jatene (PTB) - licenciado, o trabalho desenvolvido pelos vereadores. de comunicação pública Claudinho de Souza (PSDB), Conte Lopes (PTB), Coronel Camilo (PSD) - suplente recebeu um grande número de ferramentas úteis ao cidadão e foi remodelada a Web em exercício, Coronel Telhada (PSDB), Dalton Silvano (PV), David Soares (PSD), Rádio - mais uma alternativa para quem deseja se informar sobre o Parlamento paulis- Donato (PT), Edemilson Chaves (PP), Edir Sales (PSD), Eduardo Tuma (PSDB), Eliseu Gabriel (PSB) - licenciado, Floriano Pesaro (PSDB), George Hato (PMDB), tano, além de outras novidades, como o aplicativowww.camara.sp.gov.br da CMSP para dispositivos móveis e Gilson Barreto (PSDB), Goulart (PSD), Jair Tatto (PT), Jean Madeira (PRB), José as publicações institucionais. Américo (PT), José Police Neto (PSD), Juliana Cardoso (PT), Laércio Benko (PHS), Marco Aurélio Cunha (PSD), Mario Covas Neto (PSDB), Marquito (PTB) - suplente Entre as mudanças promovidas na área, tenho certeza de que um dos grandes acertos em exercício, Marta Costa (PSD), Milton Leite (Democratas), Nabil Bonduki (PT), Natalini (PV), Nelo Rodolfo (PMDB), Netinho de Paula (PC do B) - licenciado, foi alterar a periodicidade desta publicação, de semestral para mensal. A modificação Noemi Nonato (PROS), Orlando Silva (PC do B) - suplente em exercício, Ota contribuiu para aperfeiçoar ainda mais a comunicação da Câmara Municipal, ao disponi- (PROS), Patrícia Bezerra (PSDB), Paulo Fiorilo (PT), Paulo Frange (PTB), Reis (PT), Acompanhe as Sessões Plenárias e assista aos Ricardo Nunes (PMDB), Ricardo Teixeira (PV) - licenciado, Ricardo Young (PPS), bilizar um veículo mais dinâmico, atualdebates e presente e votações no cotidiano que do transformam Parlamento. Portanto,a cidade. Roberto Tripoli (PV), Sandra Tadeu (Democratas), Senival Moura (PT), Souza Santos é com muita satisfação que, como presidente da Mesa que encerra agora seu trabalho, (PSD), Toninho Paiva (PR), Toninho Vespoli (PSOL), Vavá (PT), Wadih Mutran (PP) - suplente em exercício escrevo esta última mensagem do ano para os leitoresCanal 61.4 da Apartes(aberto .digital – 24h) Entre em contato: Na edição passada, comenteiCanais sobre a a cabo importância 7 (digital) da e participação13 (analógico) de NET, todos das os 13h fun- às 20h. [email protected] Expediente cionários da Casa na construção desta revista. Nestewww.tvcamara.sp.gov.br número, novamente faço questão Editor executivo: José Carlos Teixeira de Camargo Filho de enaltecer o trabalho conjunto. Na reportagem Nomes de Guerra, a cooperação entre a Elaboração: CCI.3 - Equipe de Comunicação da CMSP Equipe de Documentação (SGP.3) e o corpo de jornalistas do Centro de Comunicação Supervisora: Maria Isabel Lopes Correa Siga: Editor: Sândor Vasconcelos Institucional resultou em importante resgate da história das ruas do Centro de São Paulo @RevistaApartes Editor assistente: Rodrigo Garcia que tiveram seus nomes alterados, na época da Guerra de Canudos (em 1896-1897, na Repórteres: Gisele Machado, Fausto Salvadori Filho Bahia), para homenagear os militares brasileiros que atuaram no conflito. Resultados Apoio jornalístico: Assessoria de Imprensa da Presidência Ouça a programação ao vivo ou faça download dos Curta: e Diretoria de Comunicação Externa como esses reforçam a importânciaboletins de todas diários as equipes sobre de as servidoresatividades da parlamentares. Câmara e a Fotografia: Ângelo Dantas, Fábio Lazzari, Gute Garbelotto, Mozart Gomes, qualidade do trabalho que realizam. /RevistaApartes Reinaldo Stávale, Ricardo Rocha, Marcelo Ximenez. Diagramação: Elton Pereira Não poderia deixar de mencionar, também,http://webradio.camara.sp.gov.br/ a matéria de capa, que traz um projeto Editor de infografia: Rogério Alves de lei aprovado nesta Casa que determina a humanização dos procedimentos dos partos Visite: Gustavo Milan, Hugo Ramallo, Raphaela de Oliveira Estagiários de arte: feitos na rede pública municipal de saúde. Outro texto desta edição debate a situação www.camara.sp.gov.br Equipe executiva: Leandro Uliam, Lívia Tamashiro Unidade de apoio: Secretaria de Documentação - SGP.3 dos alunos com altas habilidades, os chamados superdotados, que muitas vezes ficam à e Secretaria de Recursos Humanos - SGA.1 margem das atenções na rede municipal de ensino e acabam desestimulados, fazendo CTP, impressão e acabamento: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo Capa: Foto de Marcelo Min/Parto com Amor com que o País perca grandes talentos. Por fim, desejo aos leitores um grande final de ano, com muita paz e harmonia. E que Revista Apartes − Palácio Anchieta 2014 seja também excelente, com muito trabalho e inúmeras conquistas. Viaduto Jacareí, 100 - Anexo, 2º andar, sala 212A - Bela Vista, São Paulo - SP CEP 01319-900 - E-mail: [email protected] Versão digital disponível em: www.camara.sp.gov.br Uma boa leitura a todos! Tiragem: 10.000 exemplares Periodicidade: mensal Fechamento desta edição: 13/12/2013 Foto: Equipe de Eventos/CMSP Equipe Foto: Solicite o recebimento da revista Apartes em sua casa, gratuitamente, Solicitepreenchendo o recebimento cadastro noda site revista www.camara.sp.gov.br. Apartes em sua casa, gratuitamente, preenchendo cadastro no site www.camara.sp.gov.br. dezembro/2013 • Apartes | 3 sumário

8 12 3 Palavra do Presidente 6 Notas

8 Cultura São Paulo nas telas

12 Barulho Sem pancadão, mas com opção

16 Saúde Por nascimentos mais gentis

24 Educação 16 Para não desperdiçar talentos 29 Regulamentação

OH Menos burocracia para o comércio e a indústria 3 CH-CH2-NH2 OH OH 24 32 História Nomes de guerra E= mc² 37 Plano Diretor 32 A voz da cidade

abc 40 Premiação Projetos simbólicos, intenções verdadeiras Solicite o recebimento da revista Apartes em sua casa, gratuitamente, preenchendo 42 Comércio Banca de jornal, bebida, eletrônicos... cadastro no site www.camara.sp.gov.br?! 37 dezembro/2013 • Apartes | 5 7

| Apartes •

dezembro/2013 . É autor, autor, É . Paulo S.deEstado O Lua, Estrela, Baião - A História de (apresentador do evento) e Moacir Assunção Da esquerda para a direita, Assis Ângelo, Eugênio Araújo Os Homens que , os Mataram o sobre inimigos Facínora

“A história de um biografado pertence à história do Para Assis Ângelo, as questões de interesse do Brasil Assis do Brasil Memória Instituto é Ângelo presidente O Ciclo de Debates é promovido mensalmente pela Autores discutem discutem Autores autorizadas não biografias Garbelotto/CMSP Gute País”, País”, disse o jornalista e escritor AssunçãoMoacir no Ci- em CMSP pela realizado Comunicação, em Debates de clo Assis profissão de colega seu Assunçãoe novembro. de 11 Ângelo criticaram a possibilidade de veto legal a biogra- prévia. autorizaçãofias sem não teriam sido escritas se, “do lado, existissem co- outro merciantes como os da associação Procure Saber”, que reúne músicos – como Gilberto Gil e Caetano Veloso – encontro, No da à alheia”. venda “intimidade combate no gratuito Assunçãoe aberto ao e público, de- Assis Ângelo bateram também o crescente investimento de jornalistas livros. de na produção em reportagem de chefe foi e entre outros livros, de professor é Assunção Gonzaga. Luiz Moacir sobre Rei, um em trabalhou também e Tadeu Judas São Universidade na jornais de grande circulação. Entre os livros publicados, está em 2008. Jabuti prêmio finalistado foi e que Lampião de Câmara e os encontros são divulgados com antecedên- cia no portal. [email protected] A CMSP mudanças na aprovou prestação de As mudanças constam na Lei 15.887/2013, A legislação já é válida, mas ainda deve ser Oportal da CMSP lançou um em novembro even- sobre informes haverá espaço, novo Nesse Para divulgar um evento, entre em contato Agenda da da Agenda Democracia seguro mais Valet serviço de e manobra guarda o de cha- veículos, mado “valet service”, na cidade de São Paulo. A partir de agora, além do modelo e da marca do automóvel, também deverão ser anotados e entregues ao cliente dados como a placa, re- gistro de eventual avaria e a quilometragem no momento da entrega do veículo. Além disso, o de proibido fica valet de empresa da funcionário circular com o carro, exceto entre o ponto de e o estacionamento. sua coleta dos vereadores Marco Aurélio Cunha e Marta Costa (ambos do PSD), que pelo foi sancionada estabe- que 13.763/2004, Lei a altera e Executivo Município. no valet de serviço o para normas lece – regulamentada pela que Prefeitura precisa de- pe- serão as e quais fiscalização a será como finir caso infrações. no de nalidades espaço dedicado à Agenda da Democracia, que reúne eventos ligados às ticas, questões pelas liberdades democrá- e em defesa da vida cidadena de São Paulo. A agenda é pública e está constantemente sendo atualizada. Ver- da Comissão da públicas audiências como tos e da de CMSP, Herzog, Vladimir Municipal dade exposições, de além Verdade, da Comissões outras mu- por realizados debates e seminários palestras, de secretarias parlamentares, universidades, seus, civil. sociedade da organizações e governos pelo e-mail informando data, horário, local e telefone ou contato. de e-mail de Caetano Veloso a Vivaldi Orquestra Pão de Açúcar tocou

A Orquestra Pão de Açúcar, Mozart Gomes/CMSP Mozart bro, o Idade em Terceira Festa é um criado evento pela Resolução 1/2005, “destinado ao congraça- mento dos cidadãos da Paulo”, São de terceira Município do idade e serve para celebrar o final dos trabalhos da Comissão Extraordi- Idoso. do Permanente nária com regência de Daniel Misiuk e direção artística de Renata Jaffé, é presença regular no Terceira Idade em Festa. A Câmara Municipal de São Paulo A árvore está decorada com enfei- Até o Papai Noel já está pronto Copa do Mundo Mundo do Copa na começou já Câmara já entrou em clima de Copa do Mun- do. Em 3 de dezembro, inaugurou sua mundialárvoreNatal,ode cujo étema futebolístico de seleções, que ocorre no Brasil.em 2014, tes alusivos ao futebol e bonequinhos que homenageiam os craques das se- leções brasileiras campeãs do mundo, em 1958, 1962, 1994 1970, e 2002. paratorcer para oBrasil, com seuuni- forme da seleção. As Tico-ticoFubá no , . Sampa , As seleções do Brasil que venceram Copas são A apresentação ocorreu no for- no ocorreu apresentação A Os jovens e adolescentes da homenageadas pela Câmara mato mato de uma sessão solene, con- Covas Mário vereador pelo duzida anualmen- Realizado (PSDB). Neto dezem- de quinzena primeira na te Quatro Estações e o primeiro movimento de Orquestra Grupo Pão de Açúcar se apresentaram para um públi- co quase todo formado por gen- te acima dos 60 anos, o evento durante Terceira Idade em Fes- ta, realizada no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Pau- lo (CMSP), em 6 de dezembro. Com qualidade técnica, teatrais gestos e alegria músicos de executaram obras como tocar, os Aquarela Evento tem orquestra orquestra tem Evento idade terceira para 10/25/13 2:51 PM Esta Esta obra apresenta um Atualmente a Consultoria Consultoria Consultoria Técnico-Legislativa 5 SGP. conjunto conjunto de trabalhos desenvol- Técnico-Le- Consultoria pela vidos gislativa, órgão de assessoria da Câmara Municipal de São Paulo, diretamente vinculada ao pro- atribuições cujas legislativo, cesso constituem-se em fornecer sub- sídios e suporte técnico às ativi- às relativas dades parlamentares de Comissões Mérito legalmente à apoio como assim constituídas, suas em Câmara da Diretora Mesa demandas. variadas mais Técnico-Legislativa (SGP. 5) é composta por três áreas: As- sessoria e Consultoria de Ad- ministração Pública, Assessoria e Consultoria de Urbanismo e Meio Ambiente e a Assessoria e pre- A Social. Área da Consultoria sente publicação apresenta um realizadas atividades das resumo tais como equipes, por essas três relatórios, artigos, estudos, en- tre outros trabalhos desenvolvi- dos ao longo dos anos. ISSN 2316 - 7998 ISSN 2318-4248 ISSN 2316 - 798X ISSN 2316-8005 20132013201320132013201320132013201320132013201320132013201320132013201320132013201320132013201320132013201320132013201320132013 2013 2013 v.2 n.1 janeiro/dezembro 2013 n.1 janeiro/dezembro v.2 v.2 n.1 janeiro/dezembro 2013 n.1 janeiro/dezembro v.2 v.2 n.1 janeiro/dezembro 2013 n.1 janeiro/dezembro v.2 v.1 v.1 n.1 maio/outubro 2013 SOCIEDADE ESCOLA DO PARLAMENTO PROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIAPROCURADORIA REVISTA PROCURADORIA da Câmara Municipal de São Paulo CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO CÂMARA MUNICIPAL REVISTA Consultoria Técnica deConsultoria Técnica Economia e Orçamento REVISTA CTEO Técnico-Legislativa - SGP.5 Técnico-Legislativa CONSULTORIA CTEO CONSULTORIA PARLAMENTO REVISTA

REVISTA PROCURADORIA v.2 n.1 janeiro/dezembro 2013 REVISTA CONSULTORIA 2013 v.2 n.1 janeiro/dezembro 2013 REVISTA CTEO v.2 n.1 janeiro/dezembro 2013 da Câmara Municipal de São Paulo 2013 REVISTA PARLAMENTO SOCIEDADE v.1 n.1 maio/outubro 2013 Técnico Legislativa - SGP.5 Consultoria Técnica de Economia e Orçamento (da (da . Parla-

dezembro/2013

revista_procuradoria_cmsp-2013_capa.indd 1 • Revista Revista CTEO Procuradoria Procuradoria da e . . As publicações

A A CMSP lançou em

Apartes |

Mozart Gomes/CMSP Mozart 6

técnicas revistas lança Câmara notas mento mento & Sociedade Escola do Parlamento), Revista Consultoria Téc- nico-Legislativa – SGP.5 – 2013; – Consultoria de Técnica Economia e Orçamento – 2013 estão disponíveis em: www.camara.sp.gov.br Câmara Câmara Municipal de São – Paulo 2013, dezembro dezembro quatro re- vistas com pareceres e artigos: Cultura

cinema, e hoje eu me sinto muito à vontade aqui. Este é um lugar onde a gente encon- tra respaldo.”

RenattodSousa/Portal CMSP RenattodSousa/Portal Na sessão em que o projeto foi aprova- do, o vereador Orlando Silva (PCdoB) res- saltou que sua expectativa é que a SPCine tenha como marca a eficiência. “Nos debates com representantes do setor, sempre perce- bi uma preocupação com a eficiência, com São Paulo a agilidade, com a capacidade operacional que essa empresa deve ter, e isso está plena- mente contemplado nesse projeto.” O vereador Andrea Matarazzo (PSDB) declarou ser fundamental que a SPCine não se transforme em uma agência apare- lhada. “É importante que não tenha grupos nas telas que se assenhorem dela, que seja absolu- entUSiASMo tamente transparente e democrática. Que Cineastas comemoram a aprovação seus recursos sejam canalizados para a ati- Recém-criada, agência SPCine pretende do projeto da SPCine vidade fim, o cinema.” impulsionar setor audiovisual da cidade Na cerimônia de entrega do projeto, a ministra da Cultura, Marta Suplicy (PT), de- 772/2013, que cria a SPCine, ao presidente clarou que a indústria cinematográfica “traz da Câmara Municipal de São Paulo (CMSP), como resultado um produto que alegra a rodrigo Garcia | [email protected] José Américo (PT), em 31 de outubro, no alma e enriquece nossa cultura”. Segundo Palácio das Artes, com a presença de várias ela, “o cinema é um dos meios mais eficazes autoridades e cineastas. “Nos últimos anos, a de criar uma imagem do País, registrando Câmara vem aprovando vários projetos sobre a cultura, mas havia uma lacuna em relação esmo quem nunca esteve em Nova York facilmente reconhece a ci- ao cinema; a SPCine chega em muito boa BAtALHA dade quando vê seus pontos turísticos, como o Central Park ou hora”, afirmou Américo na ocasião. Toni Venturi é um dos cineastas que Ma Estátua da Liberdade, no cinema. Essas lembranças surgem Em 3 de dezembro, os vereadores apro- lutam pela “emancipação do cinema” porque muitas cenas de filmes e seriados são feitas nesses locais graças à varam o projeto por unanimidade, sob os ajuda, por parte do governo municipal, às produtoras. aplausos de vários diretores e produtores que Já a cidade de São Paulo, como ainda não contava com esse auxílio, lotaram as galerias da Câmara. O prefeito tem pouca presença nas telas do mundo e até do País. Para tentar so- deve sancionar a lei em breve e a previsão é lucionar essa carência, a Prefeitura e os governos estadual e federal se que a SPCine comece a funcionar nos primei- uniram para criar a Empresa de Cinema e Audiovisual de São Paulo, a ros meses de 2014. SPCine. A principal missão será facilitar e desburocratizar a economia Toni Venturi, ex-presidente da Associa- audiovisual da cidade. ção Paulista de Cineastas (Apaci), é um dos O prefeito Fernando Haddad (PT) queixou-se do número excessivo de Ponte eStAiAdA diretores de cinema que ajudaram a mon- Cena do filme Ensaio sobre a licenças exigidas atualmente para se filmar na capital paulista. “Não pode- Cegueira, com a ponte Octávio tar o PL. “Passei a frequentar essa Casa há

mos ter tantas”, disse ele na cerimônia de entrega do Projeto de Lei (PL) Frias de Oliveira ao fundo Divulgação alguns anos, lutando pela emancipação do Lazzari/CMSP Fábio

8 | Apartes • dezembro/2013 dezembro/2013 • Apartes | 9 Cultura movimentos históricos e características culturais, e São Paulo poderá contribuir muito com isso”. Por sua vez, o governador de São Paulo, Geral- Muitas produtoras, • São Paulo, Sinfonia da Metrópole do Alckmin (PSDB), disse que o projeto celebra a • o Homem que virou suco união de esforços. “Estamos por terra, mar e ar”, pouca produção • São Paulo Sociedade Anônima disse, em uma referência às três esferas de governo Sampa envolvidas no projeto. “Estamos imitando o cinema, Na justificativa do Projeto de Lei (PL) que enviou • O Corintiano que sempre trabalha em equipe, pois esse projeto à Câmara criando a SPCine, o prefeito Fernando • ensaio sobre a Cegueira não é trabalho isolado.” Haddad mostrou um retrato paradoxal da situação em • Anjos do Arrabalde audiovisual da cidade: há muitas produtoras e pou- • Linha de Passe MUitAS PLAtAforMAS ca produção. • Salve Geral Segundo ele, São Paulo concentra o maior nú- A SPCine investirá em produtos e serviços ligados a • O Signo da Cidade Divulgação Fotos: atividades audiovisuais, apoiará eventos promocio- mero de produtoras do Brasil: ultrapassa o número cartaz • Chega de Saudade nais no Brasil e no exterior, promoverá formação e de 500 e reúne as mais importantes em termos de • antonia capacitação profissional, subsidiará pesquisa e de- volume de negócios e de geração de empregos e Alguns filmes que senvolvimento científicos e financiará ou apoiará a renda. Mas isso não se reflete na bilheteria e na • O Invasor construção de espaços físicos. Terá, ainda, atuação audiência dos filmes. Em 2011, por exemplo, foram mostram a cidade • Bem-vindo a São Paulo como film comission, órgão que facilita as filmagens produzidos 32 filmes paulistas, ante 43 realizados nos espaços públicos da cidade de São Paulo. no Estado do Rio de Janeiro. De acordo com o prefeito, a SPCine vai fomen- Na realidade, percebe-se que nos últimos anos tar a produção cinematográfica, publicitária, televi- muitas produtoras têm realizado suas filmagens em siva, de games, de animação e de conteúdos trans- outras cidades devido às dificuldades de filmar e pro- mídia, criados para serem veiculados em diferentes duzir em São Paulo. Além disso, a capacidade de recursos para se desenvolver. Vai ter espaço para plataformas, das telas do cinema às dos aparelhos mobilizar recursos de incentivos fiscais por produto- todo tipo de produção”, disse Haddad. “É um en- celulares. “A SPCine é para todo mundo: para ras paulistanas foi, nos últimos 10 anos, 30% menor facilitar e xoval completo.” quem está produzindo audiovisual com complexi- do que a das produtoras do Rio de Janeiro, de acordo No mundo, poucas cidades têm uma instituição dade para ter penetração internacional, até para com dados da Agência Nacional de Cinema (Ancine). desburocratizar para cuidar especialmente do cinema. Entre elas, estão aquela garotada que está na periferia esperando Apesar do crescimento da produção cinematográ- Nova York, Seul, Buenos Aires e Rio de Janeiro, onde fica brasileira na última década, com 83 lançamentos Principais objetivos da SPCine desde 1992 existe a RioFilme. Por esse motivo, técni- nacionais e 15 milhões de espectadores em 2012, Elaborar políticas para o desenvolvimento cos da Secretaria de Cultura de São Paulo estudaram o existe um estrangulamento na fase da distribuição dos econômico, cultural, tecnológico e científico modelo da agência carioca antes da criação da SPCine. CooPerAÇÃo filmes, em um mercado exíguo, competitivo e concen- “Seria um erro se apenas copiássemos a RioFil- Os três níveis de governo se uniram Subsidiar e investir na realização para criar a empresa de cinema trado em títulos importados, informou Haddad. me”, disse o secretário municipal de Cultura, Juca de produtos e serviços Sendo o maior mercado exibidor do Brasil, o Es- Ferreira. “Analisamos a experiência e extraímos o tado de São Paulo é decisivo para impulsionar o Investir em eventos promocionais que achamos de bom. Há uma diferença de perspec- desenvolvimento econômico do audiovisual não só no País e no exterior tiva entre as cidades e as agências. Mas o trabalho local, mas nacional. será muito mais de cooperação do que de concor- Logo, concluiu o prefeito, é necessário um es- Distribuir produtos audiovisuais rência.” E completou: “Queremos fortalecer os la- forço maior para promover e inserir os filmes e Atuar como film comission, órgão que ços não só entre São Paulo e Rio de Janeiro, mas conteúdos audiovisuais paulistanos e brasileiros no facilita filmagens em espaços públicos no resto do País”. Também ajudaram no projeto de mercado paulista, o que, segundo ele, é um “fator criação da SPCine associações de cineastas, roteiris- estratégico para o desenvolvimento econômico e a Apoiar ações de formação de pessoas tas, produtores de TV, animadores e desenvolvedo- ampliação do público”. para a indústria audiovisual res de jogos digitais. Haddad também informou que vem aumentan- Incentivar ações de pesquisa Com tanto entusiasmo dos profissionais da in- do a demanda por roteiristas, quadros técnicos e científica e artística dústria audiovisual e das autoridades, um dia, quem fotógrafos. Atualmente, a formação na área técnica sabe, os nova-iorquinos assistirão a um filme rodado Investir no desenvolvimento de empresas audiovisual é um dos gargalos do desenvolvimento no Vale do Anhangabaú ou no Parque do Ibirapuera da atividade audiovisual

Fábio Lazzari/CMSP Fábio do audiovisual no País. e, rapidamente, reconhecerão São Paulo.

10 | Apartes • dezembro/2013 dezembro/2013 • Apartes | 11 BarulHo

som pode chegar a 110 decibéis. sor da Universidade de São Paulo É comparável ao de uma bri- (USP) José Fernando Cremonesi,

Gute Garbelotto/CMSP Gute tadeira e pode levar à surdez mestre em Ruídos Urbanos e dou- O Garbelotto/CMSP Gute instantânea. A vibração dispara tor em Ruídos Industriais. alarmes dos carros e faz tremer O aposentado Jacir relata o so- janelas e portas das casas próxi- frimento vivido nas noites de sexta mas. Esse barulho potente chega para sábado e de sábado para do- ao quarto de Jacir Fernando, téc- mingo: “Arrebentam a casa da gen- Sem nico em química aposentado de 61 te; bate vidro, janela, sem hora nem anos, morador do Jardim São Luiz, limite para o barulho”. Nos últimos zona sul de São Paulo, e o faz “pu- meses, entretanto, ele notou que a lar” involuntariamente na cama situação melhorou muito e supõe aos finais de semana. que seja efeito da Lei 15.777/2013, pancadão, O que provoca tudo isso é um que proíbe a emissão de som eleva- fenômeno urbano bem conhecido do por automóveis parados, espe- dos paulistanos: as festas ao redor cialmente à noite. Criada em maio PreCAUÇÃo Câmara aprova lei de carros estacionados e com mú- de 2013, a Lei do Pancadão foi pro- Vereador Coronel Camilo acredita que que permite multar sica excessivamente alta. “Além de posta pelos vereadores da Câmara o Poder Público deve evitar a desordem mas prejudicar os vizinhos, o alto nível Municipal de São Paulo (CMSP) antes que ela se instale som alto em carros sonoro atrapalha o próprio dono Coronel Camilo (PSD), Dalton Sil- do carro. Você para perto dele e vano (PV) e o atualmente senador estacionados e estremece. Além de tudo, é um pro- Antonio Carlos Rodrigues (PR). “Já pretende criar blema de segurança sério, porque tenho conseguido dormir em casa. funk: “Não trabalho com carro nas com aquele fulano não ouve nada, pode Se mexer no bolso, o pessoal aten- minhas apresentações, mas sou do alternativas de passar um caminhão por cima que de”, diz o aposentado, em referên- funk na comunidade e a galera fica ele não escuta”, comenta o profes- cia às multas previstas no texto. meio assim, já abaixa o som. Ulti- lazer aos jovens Quem não cumprir a lei pagará mamente, percebo as pessoas fa- multa de R$ 1 mil. Se não baixar lando sobre a multa”. opção o volume, o responsável pelo carro Apesar de surtir efeitos, Coro- pode ter seu aparelho de som ou o nel Camilo lembra que, até o fe- Gisele machado | [email protected] inStrUMento Vereador Dalton Silvano: próprio veículo apreendido “até o chamento desta edição, a lei ainda “Não havia punição para donos de restabelecimento da ordem públi- não havia sido regulamentada pelo carros estacionados com som alto” ca”. Se a mesma infração ocorrer Executivo, que deve determinar novamente em menos de 30 dias, quem fiscalizará e quantos decibéis a multa sobe para R$ 2 mil. A par- serão suficientes para considerar tir da terceira infração, o valor vai um som abusivamente alto, entre a R$ 4 mil. As regras não atingem outros pontos. O prazo para a re- veículos usados para publicidade e gulamentação terminou em 29 de manifestações sindicais ou popu- julho. Por isso, o vereador protoco- lares, além de outros casos previa- lou um pedido à Comissão Perma- mente autorizados. nente de Administração Pública da PAnCAdÃo Jovens promovem Assim como Jacir, mais morado- CMSP para que questione o prefei- festa com bebidas res sentiram que o medo da multa to Fernando Haddad (PT) sobre o ao redor de carro fez diminuir o barulho. É o caso motivo do atraso. estacionado do MC Diih, nome profissional de O vereador Dalton Silvano lem- Diego Pereira da Silva, 23 anos, bra que, sem a lei, as autoridades que mora em Santana, na zona não têm base para punir quem

Equipe de Eventos/CMSP Equipe norte, e faz shows desde reggae a abusa do volume em veículos esta-

12 | Apartes • dezembro/2013 dezembro/2013 • Apartes | 13 BarulHo

cionados. Só é possível a punição atuar sobre o comércio irregular e cia, com antecipação, antes de as por crimes isolados e às vezes as- o uso inadequado do espaço para pessoas se embriagarem, não sociados, como perturbação do estacionar, mas a fiscalização pode respeitarem mais ninguém e sossego ou venda ilegal de bebi- ser demorada. Já o Programa de ter confronto”. BARULHO das alcoólicas, que requerem tes- Silêncio Urbano (Psiu), do Execu- temunhas. O Código de Trânsito tivo municipal, atua apenas dentro GAStAr enerGiA Brasileiro (CTB) prevê multa para de estabelecimentos, como bares e MC Diih é crítico da veículos com som elevado, mas os boates. “Com a lei em prática, será informalidade dos bai- automóveis devem estar em mo- muito fácil terminar com esse jogo les. Conta que recebe vimento. A Prefeitura ainda pode de empurra, porque ela dá poder amigos estrangeiros e PESADO de sanção financeira forte e per- tem receio de levá-los Exemplos ensurdecedores B B mite apreensão do veículo ou som às festas de rua por d d encontrados nas grandes cidades fUnk num posto, bar, terreno, área pú- conta da falta de ba- 0 0 Para o MC Diih, se o jovem for blica, sem a necessidade de teste- nheiros, por exemplo, *dB = decibéis 8 9 proibido de se divertir de um modo considerado nocivo, buscará uma munha”, diz Coronel Camilo. e da possibilidade de – – ) opção igualmente negativa Em sua experiência como mili- abordagem policial. o a B s ci tar, o parlamentar do PSD notou Contrariado, leva os n d n â que os encontros ao redor de car- visitantes a casas no- e st t di 0 ros com som abusivo iniciam 90% turnas, mesmo com in e 0 go d 1 do que ele denomina “pancadões”: muita vontade de apre- Tráfe 0 m festas com música alta nas vias pú- sentá-los à comunidade. 10 ) – (a ia blicas, sem autorização e estrutura Diego vê mais vantagens c B o ân fornecidas pelas autoridades, que na formalização: os comer- oe nd st ing decola di se tornam polo de atração para o ciantes podem atuar em de 0 m uso de bebidas e entorpecentes, parceria com o Estado e aju- (a 1 violência, corrupção de jovens e dar a movimentar a economia. Buz rro B B “bagunça generalizada”. Ele acre- O músico defende que, se exis- ina de ca d d dita que o Poder Público peca pela tissem opções culturais, em espa- 10 20 demora na resposta ao cidadão: “O ços estruturados pelo governo, não – 1 1 Divulgação trabalho tem de ser com inteligên- seriam necessárias as abordagens S ivo ) – om au omot om t e s a d caix condições de da propiciar novos (a 2 m Sho ck locais para a diver- w de ro são dos paulistanos. “Há igrejas com área livre Discriminação musical policiais e a para shows, CEUs subutilizados e proibição de bailes outros espaços que já podem ser direcio- Assis Ângelo, presidente do Instituto Memória Brasil minação musical, porque não é de cultura musical que informais. Ele também teme que, nados para o lazer e onde o Poder Público pode pôr e estudioso de cultura popular, diz que o som usado se está tratando, mas rigorosamente de barulho, que ao serem simplesmente proibidos de exercer um lazer um mínimo de regras, para que não haja consumo de nos pancadões não pode ser comparado às valsas e deve ser cerceado naturalmente, não no sentido pura considerado nocivo à sociedade, os jovens procurem drogas”, disse o vereador. Além disso, nas conversas chorinhos das serestas noturnas do século passado, e simplesmente de proibir, mas de tirar de circulação alternativas igualmente negativas: “Já não tem educa- com os secretários o parlamentar ofereceu a possi- que incomodavam os trabalhadores ansiosos por uma um objeto que incomoda a população”, afirma. ção, não tem uma cultura tão forte, e o que tem o go- bilidade de apresentar emendas ao Orçamento para boa noite de sono, levavam os cantores para a prisão, Para ele, não há condições de a expressão musical verno cada vez mais tira, tira, entende?”. gerar áreas de lazer, principalmente, na periferia. “Se mas, ao mesmo tempo, deixaram um precioso legado ser de boa qualidade nos eventos ao redor de automó- Coronel Camilo conversou sobre isso com Juca não criarmos espaços, a lei não vai resolver, porque o musical. “Não tenho medo de ser acusado de discri- veis, inclusive por conta do volume excessivo. Ferreira, secretário municipal de Cultura, e com Ne- jovem quer se divertir, gastar energia. A ideia é melho- tinho de Paula, secretário especial de Promoção da rar a vida das pessoas, o que significa termos ordem, Igualdade Racial, e concluiu que a Prefeitura tem mas sem cercear a diversão”, diz Camilo.

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ascimento gentil é como os falantes de língua banho. “Não acreditei no amor com que elas me inglesa denominam o parto humanizado. A trataram. Me senti em outro mundo. Foi a expe- Nideia pode ser traduzida pelo carinho e pela riência mais incrível da minha vida”, diz Priscila, serenidade da auxiliar de enfermagem Marlene, que teve seu filho na Casa de Parto de Sapopemba, que delicadamente trançava os cabelos da gestan- um Centro de Parto Normal (CPN) público muni- nascimentos te Priscila Ortega, jornalista, enquanto esperava cipal. Nesse local, o parto é um evento natural, que a dilatação aumentar. Marlene saía da sala de vez respeita o tempo do bebê, sem intervenção médi- em quando e, na volta, trazia lanchinhos e chá de ca. O procedimento é destinado aos casos de baixo cravo-da-índia para Priscila. Ao longo de sete horas risco, com possibilidade de acesso ao hospital se madrugada adentro, a enfermeira Maria segurou houver alguma complicação. mais gentis a mão de Priscila e disse que ela não precisava ter O relato é um ideal de perfeição e lembra os medo, que conseguiria ter seu bebê como queria: clichês das telenovelas, em que as mães aparecem Paulistanas terão direito a parto humanizado por parto normal e sem medicamentos ou anestesia. sorrindo ao ter seus bebês. Mas o momento tam- Finalmente, às 4 horas da manhã, Marlene, Ma- bém pode ficar marcado pelos traumas. De maio a no SUS, graças a lei elaborada pela CMSP ria e outra assistente trouxeram ao mundo o forte novembro de 2013, a advogada Priscila Cavalcanti, Isaac, que em hebraico significa sorriso. O pai cor- especializada em direitos reprodutivos e sexuais Gisele machado | [email protected] tou o cordão umbilical e acompanhou o primeiro da mulher, atendeu 30 mulheres que foram víti- Parto com Amor com Min/ Parto Marcelo

PACiente Em partos normais humanizados, há respeito ao tempo do bebê

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mas de violência obstétrica: “Elas chegam até mim reclaman- pesadelo. Sem questionar a gestan- do de maus tratos verbais, de exposição de seus corpos sem te, uma obstetriz induziu o trabalho consentimento, de procedimentos invasivos e dolorosos sem de parto precocemente e proposital- anuência, de intervenções sem justificativa médica”. Segundo mente, durante o exame de toque. O Parto ela, as mulheres ainda reclamam que os serviços não permi- Após quase 15 horas de contra- tem a entrada do acompanhante, às vezes em nenhum mo- ções, sentindo-se esgotada e insegu- Humanizado mento do trabalho de parto, “por inacreditável que pareça”. ra, Luciana pediu para ser transfe- As clientes chegam abaladas, com raiva, tristes, algumas em rida a um hospital conveniado ao tratamento por depressão, segundo a advogada. “Elas choram Sistema Único de Saúde (SUS). Ao nas reuniões comigo, contam detalhes que as marcaram e re- chegar, presenciou uma discussão pessoal Arquivo latam muitas dificuldades em retomar a vida normal.” entre a equipe que a levava e profis- Luciana Lima, que trabalha como secretária, é uma das clien- sionais da instituição receptora, que feridA tes que está movendo ação por danos morais contra o hospital não teria sido avisada sobre a trans- Luciana imaginou um parto Preza pelo que a atendeu. Em busca de um parto normal humanizado, com ferência. Com fortes dores, saiu da humanizado, mas teve seu THOMAS filho sozinha e desassistida alívio da dor respeito ao tempo do bebê, procurou um CPN particular. Com ambulância a pé, esperou a briga 39 semanas de gravidez, na instituição escolhida, começou seu terminar e, finalmente, foi admiti- da. “Na sala de triagem, ao vocalizar Com uma gravidez saudável e feliz, Luciana Lima idealizava um parto minha dor pelas contrações, a en- normal romantizado, com a presença de seu marido, que cortaria o cordão fermeira me mandava calar a boca, umbilical do bebê. Juntos, os três tirariam fotos de um nascimento cheio de dizia: ‘Você não fala nada aqui! Fica alegria. Para que isso acontecesse, ela escolheu uma casa de parto particular Alia segurança quieta!’”. Após um exame de toque muito conceituada, onde Thomas nasceria sem a presença de médicos, quando ao bem-estar “superdoloroso”, a profissional dis- estivesse pronto para vir ao mundo. da mãe e do se que havia dilatação suficiente Os planos de Luciana ruíram quando uma obstetriz induziu o trabalho de parto sem necessidade nem anuência, durante um exame de toque. bebê para o parto normal. Mesmo assim, Depois de 15 horas de contrações e exausta, a gestante foi transferida a um ameaçou buscar o fórceps. Luciana hospital, onde foi maltratada. No dia 8 de março de 2012, seu filho nasceu desassistido, na sala de pré-parto. O marido não estava presente. “As memórias me machucam sempre”, diz Luciana. As fotos, ela só conseguiu Tem mínima ALeGriA fazer no dia seguinte ao nascimento. Thomas é um garoto saudável. Luciana Laura Alzueta Laura Vereadora Patrícia Bezerra, que interferência criou a lei do parto humanizado: se trata para superar o estresse pós-traumático e a depressão. médica “A mulher não pode ter trauma num momento tão especial” SerenidAde ISAAC Priscila Ortega só tem boas lembranças de seu parto se desesperou, e a enfermeira rea- de que o menino estava nascendo Usa métodos giu com riso e deboche. e que eu poderia morrer”, disse. menos invasivos Quando engravidou, Priscila Ortega tinha uma certeza: não Transferida para a sala de pré- Num grito, nasceu Thomas. E as- e mais naturais queria ter seu bebê em um hotel cinco estrelas, mas fazia questão parto, a gestante percebeu que fica- sim terminou o sonho de um par- de um tratamento cinco estrelas, em um lugar simples e acolhedor ria sem acompanhante. O marido, to romantizado. A enfermeira veio como uma manjedoura. Ela possuía bom convênio de saúde, mas que assinava a papelada na recep- com uma bronca por Luciana não optou por uma casa de parto pública, onde são feitos partos ção, foi proibido de entrar. Ainda ter contido a expulsão, dizendo que normais humanizados e sem médicos. lhe injetaram o hormônio ocitocina a paciente tinha culpa por ter fica- Permite que a Lá, nasceu Isaac, em setembro de 2012, pelas mãos de três mãe escolha sintético, que acelera o trabalho de do “estragada”. Na opinião da mãe, profissionais de enfermagem. “Lembro-me da fisionomia serena da parto e costuma gerar dor intensa. entretanto, algumas das lacerações como o bebê enfermeira obstétrica Maria segurando minha mão por horas, “Fecharam o biombo e me deixa- que sofreu devem-se às induções ar- vai nascer enquanto cronometrava minhas contrações na água quente da ram lá, sozinha. Minha barriga en- tificiais e à falta de assistência. banheira em que eu estava. Silenciosa e paciente, aguardava minha dureceu, eu não conseguia parar de Frustrada, Luciana quis sair do dilatação evoluir”. Priscila não fala das dores do parto. Ela só tem Fonte: Lei 15.894/2013 fazer força, pedia ajuda, meu quei- hospital, mas os profissionais riram boas lembranças: “Foi a experiência mais incrível da minha vida”.

Ricardo Rocha/CMSP Ricardo xo batia de tanto medo, a sensação dela. O marido, quando foi apresen-

18 | Apartes • dezembro/2013 dezembro/2013 • Apartes | 19 entrevista 〉 vereadora Juliana Cardoso

Entre as propostas da CMSP para garantir melhores condições às gestantes e aos recém-nascidos, a vereadora Juliana Cardoso (PT) elaborou o Projeto de Lei 542/2009, que dá respaldo legal para o Município ter mais Centros de O ambiente Parto Normal (CPNs), inclusive por meio de convênios com unidades particulares. O texto pede a observância de alguns Mozart Gomes/CMSP critérios nessas casas, dedicadas ao parto vaginal (normal) humanizado para gestantes de baixo risco: permitir a presen- de uma casa ça de acompanhante, garantir a assistência quando não houver riscos à mãe e ao bebê, respeitar a individualidade da “de parto é parturiente e disponibilizar remoção emergencial a hospitais de referência em eventuais situações de risco. Atualmente, existe apenas um CPN público na cidade, a Casa de Parto de Sapopemba. Juliana, que estava no fim da gestação quando foi entrevistada pela reportagem da apartes, em dezembro, também acolhedor” idealizou a lei do Programa Mãe Canguru (14.966/2009), para estimular o contato pele-a-pele entre mãe e bebê prematuro ou de baixo peso. Com isso, a criança gasta menos energia para manter a temperatura ideal, em 37ºC, e ganha peso mais rápido. Outras vantagens são a estimulação sensorial e a criação de laços afetivos. Deve haver algum cuidado especial ao se decidir por uma casa de parto? Do que trata o projeto do Centro de Parto Normal? é muito importante, principalmente para as mães de É importantíssimo fazer um plano de parto, além de Juliana Cardoso - Ele motiva o SUS a ter mais casas de primeira viagem, que têm muita dúvida, medo... Os um acompanhamento bem antes para saber se está tudo parto fora do complexo hospitalar, porque dentro dos médicos geralmente não dialogam e você tem que certinho, já que não é um local anexo ao hospital. Fica a hospitais não se estimula o parto normal humanizado, pesquisar por fora, mas na casa de parto não. Tem uma certa distância, permitida pelo Ministério da Saúde. em que a mulher sente seu corpo e tem mais benefícios todo o acolhimento das obstetrizes, toda uma equipe Quando há complicações, ambulâncias removem a mãe do que se fizesse a cesariana, uma cirurgia com dificul- para sanar suas dúvidas, dar atenção e carinho, o que pois descobri que o que eliminei foi o tampão (secreção ao hospital. Todo o trabalho pré-natal é feito para que a dades de recuperação. é muito diferente de hospital. que bloqueia o colo do útero) e que, a partir disso, você mãe tenha a segurança de ter seu filho na casa de parto. Hoje, a legislação não dá respaldo municipal para que Na primeira gravidez, tive minha filha por convênio e ainda tem tempo para romper a bolsa. casas de parto particulares ingressem na rede pública não tinha muita informação. Quando cheguei ao hos- Há espaço para a cesárea, mas também para o parto Qual o objetivo do Programa Mãe Canguru? de saúde por meio de convênio. O projeto de lei vai pital, os profissionais não conversavam comigo. Eles te humanizado, natural (normal que dispensa medicação), Os prematuros acabam indo para a incubadora, que é possibilitar isso. levam para uma sala, o médico te apavora para que você sem o preconceito que já vem desde a faculdade de Me- uma máquina. Quero reforçar a questão de ter o bebê não tenha parto normal, diz que o nenê fez as fezes na dicina. A classe médica sempre alega que é perigoso ter mais perto da mãe, sentindo seu calor e seu carinho. As Algumas parturientes transferidas a hospitais citam barriga... E apavora a família também. Ele sai e diz: “A parto normal. Mas, no fundo, tem a questão financeira, estatísticas mostram que os bebês tratados nesse proje- preconceito por terem tentado antes uma casa de parto. mãe não quer fazer a cesárea e está acontecendo uma porque em uma cesariana é necessária toda uma equipe to saem muito mais cedo da UTI (Unidade de Terapia Não é possível ter tanto preconceito! O ambiente de complicação”. A família então apoia a cesariana, porque de profissionais, como o anestesista. E na casa de parto Intensiva) neonatal, em comparação aos que ficam só uma casa de parto é acolhedor e aconchegante. Isso supostamente médico é médico, ele é quem sabe. De- humanizado, não. O parto é o mais natural possível. na incubadora.

tado à criança na sala de espera, cho- quando as parturientes assistidas quer garantir que mais mulheres lher tem o direito de chorar apenas rante que a gestante possa receber ver preferência por métodos mais rou enfurecido, porque entendia ser por ela não têm sucesso na tentati- tenham um parto humanizado e de alegria”, afirma àApartes , A par- informação e escolher os proce- naturais e menos invasivos. seu direito ter acompanhado o par- va de dar à luz no lar ou em casa de com boas recordações. O texto, da lamentar elaborou a proposta inspi- dimentos que lhe tragam maior A gestante também terá o direi- to. “Nos dois dias que passei naquele parto e precisam ser levadas a hos- vereadora Patrícia Bezerra (PSDB), rada no trabalho da médica obstetra segurança, conforto e bem-estar, to de elaborar um Plano Individu- hospital, entre a admissão e a alta, pitais, são recebidas com “violência diz que toda gestante tem o direito Márcia Aquino, diretora da divisão incluindo o alívio da dor por anes- al de Parto, no qual ela indicará: fiquei totalmente acuada, sofri maus verbal”: “Dizem atrocidades, tiram à assistência humanizada durante o médica do Hospital Maternidade tesia, medicamentos ou métodos o estabelecimento e a equipe que tratos, senti a repulsa e a rejeição dos da mulher o direito da escolha”. parto na rede de saúde pública do Leonor Mendes de Barros, institui- alternativos, como massagens e escolheu para fazer o pré-natal e o profissionais”, diz a mãe de Thomas. Município de São Paulo, integran- ção pública estadual de referência banhos de água morna. O médico parto; as rotinas e os procedimen- Histórias dramáticas como as vi- BoAS MeMóriAS te do SUS. “Você não pode ter um que realiza em média 550 partos por deve interferir o mínimo possível tos de parto; se terá um acompa- vidas por Luciana são presenciadas A Lei 15.894/2013, sancionada em trauma num momento tão especial, mês – sendo 370 deles normais. no parto e só poderá restringir as nhante nas duas últimas consultas frequentemente pela parteira tradi- novembro e à espera da regulamen- ainda mais para a gestante que pre- A lei aprovada na Câmara Mu- escolhas em caso de risco à saúde e no parto; se usará métodos não cional Jéssica Nunes. Ela conta que, tação do Executivo para vigorar, cisa do SUS. Na hora do parto, a mu- nicipal de São Paulo (CMSP) ga- da gestante ou do bebê. Deve ha- farmacológicos para alívio da dor

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LUz também chamado normal, que per- Médica obstetra, assistente e doula mite uma recuperação mais rápida à ARTHUR sorriem ao ver a cabeça do bebê mãe, entre outras vantagens. Outra previsão da lei é garantir que a mulher tenha liberdade de Em novembro de 2007, a jornalista Luciana Benatti deu à luz Arthur, movimento durante o trabalho de nas águas da banheira de um hospital particular, sem anestesia, sem parto. “Não precisa ficar deitada, mutilações e sem aceleradores de dilatação. As primeiras pessoas que o pode andar. É bom porque, ao sen- Mendes de Barros Leonor Hospital Maternidade Arquivo bebê conheceu, além da mãe e do pai, que fotografava a cena, foi a tir menos dor, ela pode cooperar no médica obstetra humanizada, o assistente e a doula, profissional que processo de parto vaginal.” A legisla- esteve ali para dar suporte emocional à mãe. “Encontrar a doula ção determina que será favorecido o referênCiA sorrindo no saguão me tranquilizou. Reclamei de dor e ela disse com contato precoce entre mãe e recém- Maternidade Leonor Mendes de Barros, em São Paulo, faz 550 partos humanizados por mês voz suave que era meu corpo se preparando para a chegada do bebê”, nascido, e que é necessário preservá- relatou Luciana no livro Parto com Amor, elaborado com o marido lo da queda de temperatura. Marcelo Min para incentivar o parto vaginal, por meio do relato de O documento ainda coíbe prá- dades de saúde: “Vamos encontrar nove partos humanizados, realizados em vários formatos e cenários. ticas rotineiras nos partos, como aquele pessoal do ‘por que preciso Luciana planejava um parto normal pelas mãos de um médico lavagem intestinal, aceleração da fazer diferente do que sempre fiz?’ do convênio. Mas um mês antes da data provável do nascimento de dilatação com ocitocina, recomen- Vamos precisar de boa vontade, de Arthur, questionou o obstetra sobre seus procedimentos e descobriu que ele era adepto do corte vaginal em partos normais, da cesariana dação de esforços de puxo prolon- profissionais multidisciplinares, de por conveniência e da anestesia em todos os casos. Ouviu do médico gado, ruptura artificial da bolsa e capacitação permanente, atualização que ela deveria se preocupar com as roupinhas do bebê e com a corte entre a vagina e o ânus (epi- dos conhecimentos médicos, de os decoração do quartinho, enquanto ele cuidaria do parto. Trocou de siotomia) para facilitar o parto. Por postos estarem em contato com as obstetra, pagando uma profissional particular. Gastou mais, mas se levarem a sofrimento, constrangi- maternidades e de boa vontade polí- sentiu protagonista da própria história: “O nascimento foi emocionante. mento, lacerações e cirurgia cesa- tica”. A obstetra, no entanto, acredita E não menos seguro para mim e para o bebê”. riana desnecessários, com a lei o ser possível humanizar os partos, já uso desses métodos ficará sujeito a que a mentalidade começa a mudar justificação. “Racionalmente, eu sei Os profissionais entre seus pares. A vereadora Patrícia Parto com Amor com Min/ Parto Marcelo que não é pra fazer a episiotomia. do parto Bezerra está otimista. Idealiza que Mas a minha mão vai sozinha”, dis- seu projeto estimulará o aumento de (massagem e banho de água morna) ou se uma médica em entrevista para humanizado partos normais e será repetido em anestesia e o modo como prefere que uma tese de doutorado apresenta- outras cidades: “Tudo o que se faz em Doula: Dá suporte físico sejam medidos os batimentos cardíacos da à Faculdade de Medicina da Uni- São Paulo é replicado em um monte As práticas que a lei quer e emocional à mulher do feto (interna ou externamente). versidade de São Paulo (USP) por de lugares nesse País. Então acho que Patrícia Bezerra diz que o direito de Carmen Simone Grilo Diniz. Outro Parteira: Traz o bebê ao mundo demos um passo enorme”. uso da anestesia é um avanço, porque a médico disse à doutoranda que pro- baseada no saber tradicional Incentivar disponibilização desse recurso na rede fissionais forçam a cesariana por Obstetriz e enfermeiro • Liberdade de movimento à parturiente pública não é usual, bem como os méto- meio da ocitocina: “Tem colega que obstetra: Com funções saiBa mais • Alívio da dor também por meios alternativos dos alternativos contra a dor. Do mesmo diz que vai fazer um parto normal, semelhantes e curso tese de doutorado • Alimentação (leve) da mulher em trabalho de parto modo, a presença de um acompanhante que é a favor, concorda em ir para universitário em Obstetrícia ou Enfermagem, com • Contato físico precoce entre mãe e recém-nascido já é um direito previsto em lei federal, aquelas salas bonitas de parto nor- Entre a técnica e os direitos especialização em Obstetrícia humanos: possibilidades e limites mas descumprido em 65% dos casos, mal que tem nos hospitais caros. da humanização da assistência Médico obstetra humanizado: Coibir segundo a vereadora. “A lei vem para di- Mas quando chega lá, bota um soro ao parto. Carmen Simone Grilo Respeita o ritmo da natureza, o • Lavagem intestinal zer que agora não tem mais brincadeira. bem firme na paciente e diz: ‘apos- Diniz. Faculdade de Medicina da corpo da mulher e suas escolhas • Aceleração da dilatação com ocitocina Tem que ter acompanhante e acabou”, to que da segunda dor já vai sair pe- Universidade de São Paulo. 2001. • Esforços de puxo prolongado diz a parlamentar. A médica Márcia dindo cesárea’. E o pior é que saem Médico anestesista: Aplica Disponível na internet. • Ruptura artificial da bolsa Aquino explica que a presença de uma contando isso como vantagem”. medicamentos para reduzir a dor livro ou anestesiar quando preciso • Corte entre a vagina e o ânus para facilitar o parto pessoa que tranquilize a parturiente Para a médica Márcia Aquino, a Parto com Amor. Luciana Benatti • Hipotermia do bebê aumenta até as taxas de parto vaginal, lei deve enfrentar resistência nas uni- e Marcelo Min. Panda Books. 2011.

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3 eduCaÇÃo CH-CH2-NH2 OH

OH res utilizaram a mesma definição que o Ministério da Educação usa: “Podem ser consideradas como de altas habilidades/superdotadas as pessoas que apresentam notável de- Para não sempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspec- E= tos, isolados ou combinados: ca- mc pacidade intelectual geral, aptidão ² acadêmica específica, pensamento criador ou produtivo, capacidade desperdiçar de liderança, talento especial para artes e capacidade psicomotora”. Se a lei for sancionada pelo prefeito Fernando Haddad (PT), o Município vai promover a implan- talentosabc tação gradativa do atendimento às altas habilidades, no prazo de cinco anos. Edir Sales comemorou Vereadores criam lei que garante a aprovação do PL: “O aluno com capacidade acima da média preci- educação diferenciada para sa ser acolhido, recebendo educa- alunos altamente habilidosos ção direcionada; caso contrário, corre riscos de desenvolver trans- tornos afetivos”. rodrigo Garcia | [email protected] Floriano Pesaro ressaltou que países como Estados Unidos, Japão

Montagem sobre foto de Ângelo Dantas/CMSP de Ângelo foto sobre Montagem e Coreia do Sul não desperdiçam seus talentos, “pois tratam de for- ma diferente pessoas diferencia- ModeLo das”. Ele espera que o Brasil tam- Outros países cuidam bem dos elipe Sakae tem 10 anos, está no 5º ano do! ensino Os AHs podem ter capacidades bem acima da média, vimento, Trabalho e Empreende- bém tenha essa política e que São ? superdotados e São Paulo pode fundamental e também faz aulas de robótica, in- como inteligência, rapidez, memória, criatividade, lide- dar o exemplo ao Brasil, diz Pesaro dorismo da Prefeitura paulistana), Paulo possa servir de modelo. Fglês, natação e teatro. Ele aprendeu a ler aos 4 rança, facilidade para determinada tarefa. Entretanto, Edir Sales (PSD), Floriano Pesaro Nos Estados Unidos, por exem- anos, tem um bom vocabulário e adora se informar muitas dessas habilidades não se desenvolvem por falta (PSDB), Noemi Nonato (Pros) e plo, é possível uma criança entrar sobre a Segunda Guerra Mundial, mas não gosta mui- de estímulo ou, pior, por pressão para que sejam limita- Marta Costa (PSD), o projeto prevê na universidade. Com apenas 11 to da escola. “É chato, a professora de matemática ex- dos, principalmente nas escolas. que as escolas terão de assegurar anos, Carson Huey-You é o aluno plica uma vez, eu entendo, mas ela fica repetindo pros Para que o Brasil não desperdice esses talentos, é aos alunos superdotados currícu- mais novo na história a ser admi- outros alunos, tem vez que ela repete quatro vezes”, preciso que haja uma atenção especial às crianças super- los, métodos, técnicas, recursos tido na Texas Christian University. queixa-se. E confessa: “Não gosto da aula, é fácil de- dotadas. A Câmara Municipal de São Paulo (CMSP) deu educativos e organização específica Carson quer ser físico quântico. mais”. Entediado, ele deixa de prestar atenção para passo importante para evitar a perda desses prodígios para atender às suas necessidades; Com 10 anos ele se candidatou ficar perturbando os colegas. E enfrenta problemas ao aprovar, em segunda votação, em 13 de novembro aceleração para concluir em menor para a graduação – fez 1.770 pon- (ver box na pág. 27). de 2013, o Projeto de Lei (PL) 352/2012, que determina tempo o programa escolar, série ou tos de 2.400 possíveis no SAT (es- O menino é uma das milhares de pessoas altamente que em cada escola municipal haja um especialista para etapa; enriquecimento curricular pécie de Enem norte-americano). habilidosas (AH), também conhecidas como superdota- detectar os alunos com altas capacidades e lhes garantir (mudanças no currículo) ou lúdico Também fala mandarim. Sua mãe das, que, segundo especialistas em educação, não estão um atendimento educacional especializado. (brincadeiras que ensinam). afirma que o menino já lia livros recebendo do Poder Público a atenção que merecem e Apresentado pelos vereadores Eliseu Gabriel (PSB) Na proposta, para determinar com dois anos e fazia contas de

correm o risco de ter seus talentos desperdiçados. (licenciado da Câmara para ser secretário do Desenvol- CCI.1/CMSP Arquivo quem é superdotado os vereado- multiplicação e divisão aos três. “A

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universidade é divertida, pois parece com a esco- la, só que em um câmpus maior e com mais gen- te”, afirmou Carson a uma TV norte-americana. A iogaterapeuta Gabriela Vanina Toscanini explica

Ângelo Dantas/CMSP que usa as posturas e as respirações da ioga para fa- deBAteS zer com que a pessoa altamente qualificada mostre o O PL 352 foi apresentado em 15 de agosto de 2012, que está sentido. “Como elas são muito inteligentes, mas a Câmara já tratava da questão antes. Em 28 conseguem manipular usando as palavras; já com o deSeStiMULAdo de novembro de 2011, por iniciativa do vereador Eli- Felipe não gosta corpo isso não é possível”, afirma. Principais seu Gabriel, foi realizado no Palácio Anchieta, sede da aula porque Paula tem outro filho, Henrique, de seis anos. Ele da CMSP, o 2º Congresso para Altas Habilidades/ “é fácil demais” também aprendeu a ler praticamente sozinho e está características Superdotação, que contou com a participação de no 1º ano do ensino fundamental. Adora brincar com médicos e pedagogos. O parlamentar explicou que os amigos de pega-pega e de “aventuras”, mas disse da criança com o encontro se destinava a “subsidiar a formulação gostar “mais ou menos” da escola. Sua justificativa: altas habilidades (AH) de políticas”, já que “pessoas com altas habilidades Tédio na escola “É muito entediante, a tarefa de matemática é muito muitas vezes são excluídas e até perseguidas”. fácil, queria que fosse um pouquinho mais difícil”. Em 19 de junho de 2012, realizou-se na CMSP o O altamente habilidoso Felipe Sakae já foi expulso Ele não tem problemas de relacionamento nem com da sala de aula e tinha dificuldades em fazer amigos, colegas, nem com professores, mas há alguns me- Aprende rapidamente Fórum Legislativo das Altas Habilidades/Superdota- É original, criativa, não convencional ção, com o objetivo de propor uma regulamentação pois as outras crianças não tinham os mesmos in- ses começou a roer as unhas. Por isso também está Está sempre bem informada teresses que ele. Sua mãe, a pediatra Paula Sakae, frequentando a Apahsd. Pensa de forma incomum para resolver problemas ficou preocupada e encaminhou o filho à Associa- Paula admira tanto a ajuda que a associação dá a ção Paulista para Altas Habilidades/Superdotação seus filhos que resolveu se unir à Apahsd. Atualmen- É persistente, independente, autodirecionada, persuasiva fAMÍLiA Pode não tolerar tolices A pediatra Paula, com Henrique no colo, (Apahsd), onde Felipe há alguns meses passou a ter te, ela faz um trabalho com seus colegas pediatras É inquisitiva, cética e curiosa tem dois filhos AHs e procura conscientizar os colegas sessões de iogaterapia. Agora, ele tem amigos, pois para que eles possam reconhecer com mais facilida- Adapta-se com bastante rapidez a novas situações aprendeu a ter mais paciência. de uma superdotação. Habilidades nas artes Tem vocabulário excepcional, múltiplos interesses Resiste à rotina e à repetição

Como lidar com elas específica. Durante os debates, o es- duas audiências públicas para que PreoCUPAÇÃo pecialista em educação Giovani Fer- a sociedade apresentasse aos verea- Para Edir Sales, “o aluno com capacidade Dedicar-lhes tempo. Discutir ideias, acima da média precisa ser acolhido” responder a perguntas, valorizar a curiosidade reira, que é superdotado, lamentou dores suas propostas. Nesses encon- Transmitir amor e conança que “ninguém gosta” do alto habili- tros, organizados pela Comissão nas capacidades e demonstrar aceitação doso: “É como se a pessoa fosse proi- de Educação, Cultura e Esportes, Encorajar a busca por fontes bida de ser ela mesma”. Segundo pais, mães e educadores deram de- diversicadas de conhecimento Ferreira, o superdotado é excluído poimentos sobre as dificuldades de Estimular habilidades físicas e sociais desde a escola até o ambiente profis- lidar com os superdotados. sional. Ele acredita que a falta de in- Ana Lucia Fanganiello é direto- A falta de estímulo pode causar formação faz com que a exclusão seja ra de escola e mãe de duas crian- constante e que essas pessoas sejam ças que apresentam altas habilida- Baixo rendimento escolar vítimas até de ódio. O educador ain- des. Ela teve duas vezes negado o Decepção e frustração da aponta que mesmo profissionais pedido de aceleração do processo Desinteresse pelos estudos da psicologia e da educação não são educativo das filhas, mecanismo Comportamento inadequado, muitas vezes confundido com hiperatividade, décit de preparados para lidar com a inclusão previsto pelo Ministério da Edu- concentração, dislexia ou depressão dos superdotados, que acabam pre- cação. Na esfera profissional, ela ferindo esconder a característica a reconhece que há uma cadeia de buscar acompanhamento. desinformação, que inclui profes- Obs.: Uma criança com altas habilidades não apresenta, necessariamente, todas essas características Em maio de 2013, com o projeto sores sem capacidade de identifi- Fontes: Associação Paulista para Altas Habilidades/Superdotação (Apahsd) e Conselho Brasileiro Ângelo Dantas/CMSP Ângelo de Superdotados (Conbrasd) já em tramitação na Câmara, houve car os alunos com essas caracte- Sales Edir Assessoria vereadora

26 | Apartes • dezembro/2013 dezembro/2013 • Apartes | 27 eduCaÇÃo reGulamentaÇÃo Ricardo Rocha/CMSP Ricardo Plano Municipal de Educação avança na CMSP

O Plano Municipal de Educa- plicou que foi elaborado um substi- cional de Educação, entre outras ção (PME) foi aprovado pela Co- tutivo com base nos debates feitos regulamentações, para orientar missão de Administração Pública, nos últimos meses. Agora o projeto o planejamento, a avaliação e o em 6 de novembro, após os vere- volta para a Comissão de Educa- controle social das políticas edu- adores terem participado de uma ção, Cultura e Esportes para que cacionais do Município por um série de audiências públicas para as alterações sejam submetidas período de dez anos. Trata-se de discutir a proposta. O plano es- aos vereadores que a compõem. um plano de Estado e não de go- tabelece diretrizes para o ensino O Plano de Educação é um verno, porque vai além da gestão municipal até 2020. instrumento previsto na Lei Or- que o aprovar e evita a descon- O presidente da comissão, ve- gânica do Município, na Consti- tinuidade na execução das políti- reador Gilson Barreto (PSDB), ex- tuição do Estado e no Plano Na- cas educacionais.

LeGALidAde Estabelecimentos menores poderão funcionar apenas com um laudo rísticas e diagnósticos errôneos de entidade que ajudou na elaboração A especialista faz questão de res- dislexia e déficit de atenção. da proposta, conta que alguns pais saltar que uma criança altamente A presidenta da Associação Pau- chegam a ser orientados a não es- qualificada tem plena consciência lista para Altas Habilidades/Super- timular a inteligência do filho. “Pe- sobre o seu próprio conhecimento dotação (Apahsd), Ada Toscanini, dem para eles fazerem a criança e não sente necessidade de mostrar brincar em vez de comprar livros. nada a ninguém. “Ela não se impor- Menos burocracia para Mas ler pode ser brincar”, argu- ta com notas, algumas ficam desin- PróXiMo “Um superdotado pode estar ao seu menta. Para ela, a maneira com teressadas e tiram notas baixas”, lado”, diz Ada, presidenta da Apahsd que a maioria das escolas lida com explica. E alerta: “Um superdotado os superdotados não é justa. Ada, pode estar ao seu lado, por isso é o comércio e a indústria que é pedagoga, comemorou a importante estar atento para não aprovação do projeto, mas ressalta desperdiçar esses talentos”. que ainda há muito a ser feito, prin- Lei da CMSP permite que imóveis cipalmente entre pais, professores, de até 1.500 m² funcionem sem o Habite-se terapeutas e médicos. saiBa mais Ela também afirma que é pre- Algumas entidades têm programas de aju- ciso tomar muito cuidado com os da aos altamente qualificados e aos pro- tratamentos que alguns profissio- fissionais que queiram ajudá-los. Também Gisele machado | [email protected] nais recomendam, pois algumas há bolsas de estudos à disposição: vezes o superdotado é equivocada- Associação Paulista para Altas mente diagnosticado com proble- Habilidades/Superdotação (Apahsd): ntre os estabelecimentos comerciais, industriais, necessários para conseguir uma Licença de Funciona- mas médicos, como hiperatividade http://apahsd.org.br institucionais ou de prestação de serviços da ca- mento definitiva. “Não existe outra cidade brasileira ou depressão. Ada lembra que um Conselho Brasileiro para Epital paulista, apenas 65 mil têm autorização da com tamanho nível de exigência para a regularização aluno da associação presidida por Superdotação (Conbrasd): Prefeitura. Esse número representa menos de 10% dos dos estabelecimentos”, conta o vereador Ricardo Nu- ela tomou tanto remédio, alguns http://conbrasd.org que deveriam ter o Habite-se (Certificado de Conclu- nes, líder da bancada do PMDB na Câmara Municipal até de tarja preta, que perdeu par- Instituto Social Para Motivar, Apoiar são, também conhecido com Auto de Vistoria, Alvará de São Paulo (CMSP). Junto com os colegas de parti- te de sua capacidade intelectual, e Reconhecer Talentos (Ismart): de Conservação e Auto de Conclusão) para funcionar. do Calvo, George Hato e Nelo Rodolfo, Nunes é au-

Ângelo Dantas/CMSP Ângelo de forma irreversível. http://ismart.net.br O principal motivo é a extensa lista de documentos tor da Lei 15.855/2013, que simplifica as regras para

28 | Apartes • dezembro/2013 dezembro/2013 • Apartes | 29 REGULAMENTAÇÃO

MOTOR seja o primeiro passo de uma gran- 1 2 Criadores da lei, de caminhada”, disse o executivo. os vereadores Calvo (foto 1), George Hato O representante da ACSP conta O QUE MUDA (2), Nelo Rodolfo (3) que a nova legislação foi recebida e Ricardo Nunes (4) pelo setor com alívio: “A regulariza- acreditam que ajudarão liCenÇa definitiva liCenÇa temPorária a movimentar a ção das empresas é fator de arreca- economia da cidade dação: o empresário quer gerar ri- Passa a ser permitida a queza, pagar os impostos, cumprir Passa a ser permitida a estabelecimentos entre seus deveres sem chateação, sem estabelecimentos de até 1.500 m² e 5 mil m², desde criar problemas, sem ficar devedor 1.500 m² sem Habite-se que respeitadas as regras da Justiça nem ficar preocupado e Auto de Regularização com o agente vistor”. específicas vigentes

Com acesso mais rápido à licen- Fonte: Liderança do PMDB na Câmara ça permanente, o empreendedor

Ricardo Rocha/CMSP Ricardo Mozart Gomes/CMSP consegue outras facilidades, como a permissão para instalar as placas O Poder Executivo deveria ter para fazer entrevistas com seus genheiro ou arquiteto credenciado que levam o nome e a marca do elaborado, até novembro, as nor- proprietários para esta matéria. 3 4 no conselho da categoria. Também estabelecimento. “Isso nos leva ao mas de aplicação da lei. Mas até o Em comum, todos tinham o medo permanece necessário respeitar a combate efetivo da corrupção. Você fechamento desta edição, um mês de se expor. “Eu digo por que mui- Lei de Zoneamento. rompe com a cultura do jeitinho, após expirar o prazo, o prefeito tos empresários se apavoram: eles Outra novidade é a possibilidade de gerar dificuldade para vender Fernando Haddad (PT) ainda não têm pânico da abordagem dos fis- de licença condicionada para imó- facilidade”, diz o vereador Nunes. havia publicado a regulamentação. cais. Muitos estão ilegais e garanto veis não residenciais com área entre Antônio Carlos Pela concorda: “Pa- que não é por vontade própria”, 1.500 m² e 5 mil m², desde que res- rece que a situação ficava aberta de trAUMA disse a dona de um restaurante, peitadas as regras específicas vigen- propósito para que agentes mal in- A reportagem da Apartes visitou que aceitou falar desde que não tes. A permissão valerá por dois anos tencionados pudessem agir”. vários estabelecimentos comerciais fosse identificada. e poderá ser renovada por igual pe- Quando a empresária estabele- ríodo. Até agora, só tinham direito ceu seu ponto comercial, o Habite-se a essa permissão provisória os locais já estava garantido, mas ela conhece LiBerdAde com até 1.500 m² construídos. “O empresário quer gerar riqueza, sem ficar preocupado com o agente vistor”, a história de vários colegas de profis-

Equipe de Eventos/CMSP Equipe de Eventos/CMSP Equipe Segundo estimativa de Ricar- diz o coordenador da ACSP, Antônio Carlos Pela são que precisaram do documento do Nunes, mais de 1,5 milhão de para obter a licença de funcionamen- comerciantes poderão sair da ile- to: “É complicado, muito difícil”. galidade com a Lei 15.855/2013, No site da Prefeitura paulistana são obter a permissão para funcionar. documentos, o dono do imóvel terá além de indústrias, instituições e mencionadas nada menos do que 11 “Se você for ao Rio de Janeiro, por de fazer um laudo técnico em que prestadores de serviços. Dados ob- etapas para concluir o trâmite de ob- exemplo, tira a sua Licença de Fun- se comprometa a cumprir as regras tidos pelo vereador na Secretaria tenção do Habite-se. cionamento em uma semana com existentes sobre higiene, acessibi- de Finanças do Município e na Co- “É uma teia, com nós, que se laudo técnico, sem precisar do Ha- lidade, segurança, estabilidade e ordenação das Subprefeituras mos- constrói em cima do alvará. E você bite-se”, compara Nunes. habitabilidade da edificação, além tram que a maioria das empresas tem de ficar soltando, ponto a pon- Para amenizar o problema na do Auto de Vistoria do Corpo de da cidade possui até 1.500 m² e será to, se quiser sua licença pelas vias capital paulista, os parlamentares Bombeiros (AVCB), em alguns ca- beneficiada. “Os locais maiores têm legais”, diz a proprietária. A banca- redigiram o texto que dispensa os sos. “A parte da segurança continu- de ser atendidos, mas já conseguire- da do PMDB acredita que a situação estabelecimentos com até 1.500 m² ará a mesma”, explica Paula Motta mos resolver grande parte dos pro- tende a mudar com Lei 15.855. Para construídos de apresentar Habite-se Lara, secretária de Licenciamen- blemas”, confirma o coordenador os vereadores, a cidade terá um fa- e Auto de Regularização (referente to do Município, por meio de sua de Política Urbana da Associação tor de intimidação a menos contra aos pedidos de anistia) ao pleitear assessoria de imprensa. O laudo Comercial de São Paulo (ACSP), os que pretendem abrir empresas e

a licença definitiva. No lugar desses poderá ser feito por qualquer en- Antônio Carlos Pela. “Acredito que ACSP gerar empregos na capital.

30 | Apartes • dezembro/2013 dezembro/2013 • Apartes | 31 HistÓria nomes do Estado de São Paulo Público Guilherme Gaensly/Arquivo de guerra Em 1897, o conflito de Canudos, no sertão baiano, fez a Câmara mudar os nomes de seis ruas do centro de São Paulo

MUdAnÇA Entre 1897 e 1899, a Rua Direita chamou-se Floriano Peixoto fausto salvadori filho | [email protected]

ão se falava em outra coisa. Canudos para vender de sapatos a dos, a guerra virou assunto na Câ- voto de pesar e protesto ao chefe da na- te, no dia 17, o Plenário aprovou CAPtUrAdo Em 1897, a guerra do Exér- vestidos de seda. mara Municipal de São Paulo. Além ção, por intermédio do presidente [equi- propostas dos vereadores Gomes Soldados do Exército levam prisioneiro para execução Ncito brasileiro contra um Os habitantes do arraial, coman- de suspender sessão e fazer voto de valente a governador] d’este Estado, a Cardim, Alfredo Zuquim e Rober- arraial pobre do sertão baiano era dados pelo líder religioso Antônio pesar, os vereadores decidiram alte- sua franca solidariedade e apoio incon- to Penteado que rebatizavam as tema de tudo quanto fosse roda Conselheiro, já haviam rechaçado rar os nomes de seis ruas do centro dicional em todos os terrenos em prol da Ruas do Quartel (que virou Cabo de conversa. “É um zunzum que duas pequenas expedições enviadas (veja mais na pág. 35) para homena- Republica”, afirmaram os vereadores Roque), João Alfredo (General ensurdece, / Um vaivém que nos para combatê-los, entre outubro de gear militares mortos em Canudos e (grafia da época). Carneiro), da Esperança (Capitão põe mudos, / Desde que o dia 1896 e janeiro de 1897. Mas o que heróis da República da Espada. Salomão) e das Flores (Coronel amanhece / Até que acaba: – Ca- fez o pânico se espalhar por todo o “Deante do inesperado acontecimen- neM tÃo HeroiCoS Tamarindo), “em homenagem aos nudos!”, escreveu um poeta no jor- País foi a derrota da terceira expe- to que acaba de enlutar a Patria Brazi- Antes do encerramento dos traba- patriotas e heroicos soldados assassi- nal A Bahia. Políticos e intelectuais dição, uma força de 1.300 homens leira e o glorioso exercito nacional, pela lhos, a Câmara aprovou a mudança nados covardemente na cruzada de de todas as tendências debatiam o comandada por um dos heróis do morte de seus bravos soldados no com- dos nomes das Ruas Direita (reba- Canudos, defendendo a Republica”. conflito nas tribunas e nos jornais, Exército republicano, coronel Mo- bate com as hordas monarchistas nos tizada Marechal Floriano Peixoto) Nem todos os “patriotas e heroi- editoras vendiam mapas do arraial reira César, o Corta-Cabeças. sertões da Bahia, indicamos que a Ca- e São Bento (Coronel Moreira Cé- cos soldados” homenageados pela “nitidamente litografados” e lojas, Em 10 de março, seis dias após mara Municipal de S. Paulo suspenda sar), duas das mais conhecidas vias Câmara eram tão heroicos assim. O

em seus anúncios, usavam o nome a morte de Moreira César em Canu- a sessão de hoje, lançando na acta um de São Paulo. Na sessão seguin- próprio Moreira César não ganha- da República de Barros/Museu Flávio

32 | Apartes • dezembro/2013 dezembro/2013 • Apartes | 33 HistÓria ra o apelido Corta-Cabeças por ser mente dado como morto. Em 1985, des da Cunha, “tinham todos, sem um defensor dos direitos humanos. Dias Gomes reaproveitaria o mes- excetuar um único, colgada ao peito TROCA DE NOMES Ao contrário, era um militar cuja mo mote na trama da sua teleno- esquerdo em medalhas de bronze, As ruas de São Paulo que mudaram de denominação, em 1897, por causa da Guerra de Canudos “bravura cavalheiresca” esvaía-se vela Roque Santeiro. Por outro lado, a efígie do marechal Floriano Pei- “na barbaridade revoltante”, segun- ninguém até hoje desmentiu a his- xoto e, morrendo, saudavam a sua do Euclides da Cunha em Os Ser- tória do martírio do Capitão José memória”. O outro homenageado, Largo do tões. Quando foi capitão, participou Salomão da Rocha, que “tombou, general Gomes Carneiro, foi encar- Paissandu Vd. Santa Ifigênia Rua General Carneiro Av. Prestes Maia do linchamento de um jornalista, retalhado a foiçadas, junto dos ca- regado por Floriano de combater a Rua Capitão Salomão R. Cap. Salomão Antes chamada Rua João Alfredo, mudou Apulcro de Castro. Anos depois, nhões que não abandonara”, tam- Revolução Federalista no Paraná, Antes chamada Rua da Esperança, manteve o novo (Resolução 84/1897) para o nome que Av. São João mantém até hoje. encarregado de reprimir duas re- bém segundo Euclides da Cunha. onde morreu resistindo, com 600 nome (Resolução 84/1897) até 26/9/1923, quando a rua deixou de existir, englobada pela Praça da Sé (Ato Parque Dom beliões contra o governo Floriano Tanto que seu feito é lembrado em homens, a um cerco de mais de 3 Largo 2185/1923). No dia seguinte, o nome Capitão Salomão São Bento Pedro II Peixoto (a Revolta da Armada, no um verso da Canção da Artilharia mil revoltosos, no episódio conheci- rebatizou a Travessa do Paissandu (Ato 2187/1923). Praça Ramos Rio de Janeiro, e a Revolução Fede- do Exército: “Abraçado ao canhão do como Cerco da Lapa. de Azevedo Ld. Porto Geral

Vd. do Chá R. Boa Vista ralista, em Santa Catarina), ficou morre o artilheiro”. Prefeitura Rua Direita conhecido pelas execuções de ini- Os outros dois homenageados o fiM de CAnUdoS R. GeneralR. Vinte Carneiro e Cinco de Março migos indefesos. pela CMSP nunca pisaram em Ca- Chama atenção o modo como a Renomeada Rua Marechal Floriano Peixoto (Resolução 82/1897). Em 1899, Em Canudos, muito do fracasso nudos, mas foram lembrados como Rua São Bento primeira alteração nos nomes das Vale do retomou nome original (Lei 416/1899). da expedição foi culpa do salto alto símbolos da República da Espa- ruas, em 10 de março, foi realizada. Renomeada Rua Coronel Moreira Anhangabaú Av. Vinte e Três de Maio com que o coronel entrou na bata- da (1889-1894), período em que o A pedido do vereador Gomes Car- César (Resolução 82/1897). Em 1899, R. Direita retomou nome original (Lei 416/1899). R. São Bento lha, desprezando os inimigos ao recém-proclamado regime republi- dim, as mudanças foram aprovadas Av. Nove de Julho ponto de dizer “vamos almoçar em cano, comandado por militares, es- sem debate, “pois que sua discussão Praça Rua das Flores Canudos” para seus comandados magou uma série de revoltas contra pareceria pôr em duvida os sentimentos da Sé Renomeada Rua Coronel Tamarindo pouco antes de invadir o arraial. O o governo federal. O símbolo dessa republicanos da Camara”. Não havia Câmara (Resolução 84/1897). Retomou nome coronel Tamarindo, que assumiu fase foi o marechal Floriano Peixo- ambiente para questionamentos. O Rua 11 de Agosto Municipal original em 1899 (Lei 416/1899). Viaduto Jacareí Chamada Rua do Quartel, foi renomeada o comando da terceira expedição to, segundo presidente do Brasil clima era de guerra. R. das Flores Cabo Roque (Resolução 84/1897), mas Vd. D. Paulina após a morte de Moreira César, en- (1891-1894). Os soldados que en- Como relata a pesquisadora Vd. Brigadeiro Luis Antônio novo nome não “pegou”. Em 1907, tornou-se R. Tabatinguera trou para a história ao falar, diante frentavam Canudos, segundo Eucli- Walnice Nogueira Galvão em No Rua 11 de Agosto (Lei 1033/1907). Fonte: Secretaria de Documentação (SGP.3) da Câmara Municipal da batalha perdida, outra frase me- R . 11 de Agosto de São Paulo / Catálogo de Logradouros da Prefeitura de São Paulo morável: “É tempo de murici, cada um cuide de si...”. SoBreViVenteS Já o Cabo Roque era celebrado Mulheres e crianças aprisionadas em Canudos como o herói que teria sido mor- Calor da Hora, várias matérias jornalísticas retratavam lização geral da opinião feita pelos jornais, acompa- to enquanto protegia o cadáver Canudos como um grupo com ramificações em Nova nhando as operações bélicas, a Guerra de Canudos de Moreira César dos jagunços de York e Paris que pretendia restaurar a monarquia no foi, afinal, ganha e o arraial arrasado a dinamite e Canudos. O heroísmo durou até o Brasil e pediam sua destruição. Canudos era “uma querosene juntamente com quem não quis se render. cabo ser descoberto, muito vivo, e horda de mentecaptos e galés”, segundo Rui Barbosa, Os prisioneiros foram todos degolados, restando ape- confessar que, durante o conflito, considerado o principal intelectual brasileiro, ou uma nas algumas poucas centenas de mulheres e crianças havia simplesmente largado o cor- “vergonha que cumpre extinguir de pronto”, de acordo que foram dadas de presente ou vendidas. A Repúbli- po do comandante no mato e saído com um manifesto de acadêmicos baianos. “Em Canu- ca estava salva”, resume Walnice. correndo, “vítima da desgraça de dos não ficará pedra sobre pedra”, prometia o presiden- Com o fim de Canudos, alguns dos setores que ha- não ter morrido, trocando a imor- te da República, Prudente de Morais. viam pedido a destruição do arraial começaram a per- talidade pela vida”, nas palavras de A promessa foi cumprida com o envio, em abril, de ceber que, da mesma forma como muitos militares não Euclides da Cunha. O personagem uma quarta expedição contra Canudos, com mais de foram os heróis que se imaginava, os canudenses tam- teria inspirado o dramaturgo Dias 5 mil homens, comandados pelo general Artur Oscar. bém não eram o grupo de conspiradores interessados Gomes a criar o Cabo Jorge, prota- Em outubro, já haviam destruído o arraial. Não houve em derrubar a República que a mídia e os políticos ha- gonista da peça O Berço do Herói, de rendição. O conflito acabou quando os soldados ma- viam retratado. O arraial era apenas uma comunidade 1963, um personagem que passa a taram os últimos defensores de Canudos: um velho, de gente pobre, que, embora houvesse crescido a ponto

ser considerado herói após ser falsa- da República de Barros/Museu Flávio dois adultos e uma criança. “E assim, com essa mobi- de virar a segunda maior cidade da Bahia, mantinha-se

34 | Apartes • dezembro/2013 dezembro/2013 • Apartes | 35 HistÓria Plano diretor

sobre as quais ele mesmo havia si- lenciado em sua cobertura para o jornal O Estado de S.Paulo, e afirma Rocha/CMSP Ricardo que a campanha de Canudos “foi,

Flávio de Barros/Museu da República de Barros/Museu Flávio na significação integral da palavra, um crime”. Para as vítimas, porém, protestos como os de Euclides ou A voz do parlamentar João Bueno, além de ocorrerem tarde demais, nunca levaram a qualquer punição. Das seis mudanças de nome feitas pela Câmara em 1897, ape- nas duas perduraram – a General da cidade Carneiro e a Capitão Salomão. Si- tuação parecida ocorreu no Rio de Nas audiências públicas Janeiro, que na mesma época reba- do Plano Diretor, um retrato tizou a Rua do Ouvidor como Mo- reira César, nome que também não das várias caras de São Paulo GUerrA pegou. Houve, porém, um nome Soldados reconstituem captura de canudenses para fotógrafo Flávio de Barros originado de Canudos que atra- vessou o século, levado por anti- fausto salvadori filho | [email protected] gos soldados da Guerra que foram à margem de todos os poderes da nudos, e que nessa occasião apresentou morar no Rio de Janeiro. Descarta- época, fosse do Estado, da Igreja ou emenda para que a Camara se mani- dos pelo Exército após a batalha, uas São Paulo bem diferentes deram as caras nas dos grandes fazendeiros – e que tal- festasse contra esses factos”. O mesmo os antigos combatentes subiram principais audiências públicas convocadas para vez por isso incomodasse tanto. parlamentar, contudo, retirou a tal em um morro para ali erguer ca- Ddebater o novo Plano Diretor Estratégico (PDE), emenda, por entender que cabia ao sebres onde pudessem morar. Em que vai definir os rumos do planejamento urbano para fAVeLAS governo “syndicar os fatos” e propôs, homenagem a um morro de Canu- a cidade nos próximos dez anos. Os vereadores de São Paulo volta- em seu lugar, uma congratulação dos, batizaram o local de Favela. Em 23 de novembro, o Centro Educacional Unifi- ram a tratar de Canudos na sessão “com o Paiz pela victoria da guerra em O nome “favela” se espalhou pelo cado (CEU) Vila Rubi foi ocupado por mais de mil de 27 de outubro, quando Rober- Canudos, trazendo a paz aos brasilei- País e passou a designar conjuntos pessoas, a maioria militantes do Movimento dos Tra- to Penteado propôs “um voto de ros”. Novamente, não houve acordo de habitações precárias das cidades balhadores Sem Teto (MTST). Gritos, palmas, tambo- congratulação com o general Arthur e a votação acabou adiada. que, ao longo das décadas seguin- res e discursos exaltados de quem busca um lugar para Oscar, pela victoria de Canudos, com O desconforto com que os ve- tes, algumas autoridades tratam do morar deram o tom da audiência da Macrorregião Sul. as forças em operações e com o brioso readores retomaram a questão de mesmo jeito que trataram Canudos Uma semana depois, a audiência pública da Macror- 1º batalhão de S. Paulo pela bravura Canudos fazia parte de um pro- – com a mesma brutalidade e, qua- região Centro-Oeste atraiu um público mais velho e com que revelou o seu patriotismo”. cesso de mudança na mentalidade se sempre, com impunidade. silencioso, preocupado com áreas verdes, especulação Dessa vez não houve a mesma una- da “consciência letrada” do País, imobiliária e equipamentos de saúde. nimidade. Vereadores propuseram que, após o massacre do arraial, De outubro a dezembro, a Comissão de Política que a congratulação fosse feita à “termina reconhecendo os jagun- saiBa mais Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente da Câmara “Patria Brazileira” e a “todos os altos ços (como eram chamados os ca- livros Municipal de São Paulo (CMSP) realizou 45 audiências poderes da nação”. Sem acordo, a nudenses) como compatriotas e a para ouvir o que a população tem a dizer a respeito da A Dinâmica dos Nomes na Cidade discussão foi retomada na sessão se- guerra como fratricida”, segundo de São Paulo. Maria Vicentina de Paula proposta de Plano Diretor enviado pela Prefeitura, por guinte, em 3 de novembro, quando Walnice. O auge desse “mea-culpa” meio do Projeto de Lei (PL) 688/2013. Com base nes- do Amaral Dick. Annablume, 1997. direito o vereador João Bueno afirmou que, é a obra-prima Os Sertões, publica- No Calor da Hora. Walnice Nogueira Ana Paula Ribeiro, sas sugestões, os vereadores devem apresentar, no iní- “quando se iniciou a questão, teve que do em 1902, em que o jornalista Galvão. Ática, 1974. do MTST, pede cio de 2014, um substitutivo para o projeto. manifestar o seu descontentamento con- Euclides da Cunha relata as exe- mais moradia para Das 45 audiências, quatro foram voltadas a debater Os Sertões. Euclides da Cunha. Várias baixa renda tra a degolação dos prisioneiros em Ca- cuções de sertanejos prisioneiros, editoras. os problemas das quatro Macrorregiões do municí-

36 | Apartes • dezembro/2013 dezembro/2013 • Apartes | 37 PLANO DIRETOR

lação imobiliária, além do desejo de mais hospitais e melhores condi-

Ricardo Rocha/CMSP Ricardo Rocha/CMSP Ricardo ções de transporte. A questão ambiental foi uma das prioridades. O representante da Se- cretaria de Planejamento, Fernando Bruno, recebeu críticas ao mostrar um slide com a previsão das áreas verdes a serem implantadas na ma- crorregião durante os próximos três anos. “É muito pouco! Quase nada”, gritaram da plateia. “Concordo que não seja muito, mas acho que não é zona sul pouco para três anos, considerando Militantes sem-teto participam de audiência da Macrorregião Sul custos de desapropriação, projeto, implantação”, respondeu Bruno. Uma das principais propostas pio: Leste, Sul, Centro-Oeste e Norte. Além dessas, a do projeto de Plano Diretor enviado Casa organiza uma audiência para cada Subprefeitura pela Prefeitura, a de permitir o aden- (31, no total) e algumas temáticas, sobre assuntos como samento em torno dos corredores de mobilidade, moradia e meio ambiente, entre outros. transporte público, também foi cri- ticada. Lucila Lacreta, do Defenda Moradia antes de tudo São Paulo, movimento que discute No dia 23, uma multidão de vermelho, com mais de mil as questões sobre a cidade, disse que militantes do MTST, tomou o auditório aos gritos de a proposta vai gerar um padrão de “Criar, criar, poder popular” e “Pisa ligeiro, pisa ligeiro, ocupação semelhante à da Avenida quem não pode com a formiga não atiça o formigueiro”. Paulista, com um “Muro de Berlim” Na fala inicial, os vereadores e o representante da de prédios altos se espalhando por Prefeitura ressaltaram que os grandes problemas da áreas de várzeas e por trechos da Macroárea Sul são a moradia e a questão ambiental, já Serra da Cantareira. “Não estamos que muitos habitantes vivem de forma irregular em áre- Centro-oeSte prevendo as mudanças climáticas as de mananciais. Quando o microfone foi aberto, con- Audiência realizada no Sesc Pinheiros, em 30 de novembro que isso pode causar numa cidade telão tudo, a maioria dos cidadãos apontou problemas como Público assiste à audiência pública no CEU Rubi que já é uma ilha de calor”, afirmou. a falta de moradia e pediu a implantação de novas Zo- O presidente da Câmara, verea- pertinentes. Estamos estudando e Em resposta aos questionamen- nas Especiais de Interesse Social (Zeis). dor José Américo (PT), destacou que vamos tratar com muito carinho por- tos, o relator do projeto do Plano “Tem que preservar mananciais, mas também o di- a capacidade de mobilização de seto- que precisamos ampliar o espaço de Diretor Estratégico, vereador Nabil reito dos cidadãos à moradia”, disse Natália Rocha, do res da sociedade, como os sem-teto, moradia em São Paulo”, disse. Bonduki (PT), disse que o adensa- MTST. “Moro há 26 anos num loteamento irregular, na pode influenciar no conteúdo do mento em torno dos corredores de Ilha do Bororé, e a única luz que tenho ali é clandesti- Plano Diretor. “Quem decide a cida- “MUro de BerLiM” transporte foi pensado para “absor- na.” Valmir de Sena, presidente da Associação dos Sem de são as pessoas que se mobilizam. Ninguém levou tambores e poucos ver as necessidades futuras da cida- Casa da Zona Sul (Ascaz), lembrou como a pressão dos Isso dá muita força para as reivindi- mencionaram a questão da mora- de, porque ela não pode mais cres- movimentos populares levou o poder público a ampliar cações. Dessa vez não é só o Secovi dia na audiência da Macrorregião cer horizontalmente”. as fronteiras da legalidade. “Quando chegamos aqui, [Sindicato das Empresas de Compra, Centro-Oeste, realizada no dia 30, em 1987, era proibido entrar água, luz, asfalto. O Hos- Venda, Locação e Administração de no Sesc Pinheiros. Como aquela é pital Grajaú e o CEU em que estamos agora não pode- Imóveis Residenciais e Comerciais a área que concentra os maiores saiBa mais riam ter sido construídos se a lei não fosse mudada.” de São Paulo] que está mobilizado”, índices de emprego do Município, site Entre uma fala e outra, o público soltava seus refrões, afirmou. “As propostas de alteração as preocupações ali envolvem mais Plano Diretor.

acompanhados pelo som dos tambores. Rocha/CMSP Ricardo de Zeis que vocês trouxeram são áreas verdes e o receio da especu- http://planodiretor.camara.sp.gov.br.

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iniciativa da CMSP para oferecer

Arquivo CCI.1/CMSP Arquivo aos estudantes do 6º ao 9º ano do

Ensino Fundamental municipal Rocha/CMSP Ricardo uma lição de cidadania e demo- cracia, com o exercício, por um dia, das funções e dos trabalhos do Poder Legislativo. Os projetos enviados pelas es- colas foram escolhidos por uma comissão de vereadores, seguindo os critérios de respeito ao formato de projeto de lei, pertinência em re- lação ao tema do partido, correção gramatical, concisão e clareza, ori- ginalidade e exequibilidade. Para o presidente da Câmara CoMProMiSSo Municipal, José Américo (PT), o Estudantes prestam juramento ao serem empossados como vereadores jovens Parlamento Jovem é um sucesso. descontração • Pais e professores tiram fotos dos vereadores jovens no Plenário 1º de Maio “Pela quantidade de garotas e garo- tos aqui presentes, vemos que a ideia Já houve casos de vereadores que paulistano, chama a atenção por ter pegou”, observou durante a Sessão aproveitaram propostas sugeridas sido apresentada no Parlamento Jo- Solene de abertura dos trabalhos. no Parlamento Jovem e as encampa- vem de 2012 por seu filho Laércio O ex-vereador José Rogério ram, sempre citando de quem foi a Benko Lopes Filho. Projetos simbólicos, Farhat, autor da proposta de cria- ideia original. Laércio Benko (PHS), Independentemente de o pro- ção do Parlamento Jovem Paulista- Aurélio Nomura (PSDB) e Coronel jeto virar lei, os professores acham no, também participou da cerimô- Camilo (PSD), por exemplo, já apre- excelente a realização do Parlamen- nia. “Espero que vocês continuem sentaram projetos baseados em su- to Jovem Paulistano. “Os jovens se intenções verdadeiras na política, pois um dia vão coman- gestão dos vereadores jovens do ano sentem ouvidos”, comentou Thiago dar este País”, afirmou aos jovens. passado. Uma das propostas utiliza- Braz, que leciona sociologia para Vereadores jovens apresentam suas propostas para a cidade das por Benko, que institui o pro- alguns dos parlamentares mirins. fUtUro doS ProJetoS grama de permeabilização do solo O professor de português Luís Al- Todos os projetos dos vereadores berto Camargo acha que é muito Rodrigo Garcia | [email protected] jovens foram aprovados, mas ape- importante os estudantes passarem nas de forma simbólica, já que não diVULGAÇÃo um dia ouvindo e conversando com vão se tornar leis. Essa questão foi Material de apoio do Parlamento Jovem 2013 os outros vereadores jovens. “É um lice Ye Eun Chug, filha de sul-coreanos,tem 12 anos e O vereador jovem André Hardt Cardoso, de mencionada por Laura Franciscato aprendizado da consciência políti- estuda no Bom Retiro. No caminho para a escola, 13 anos, propôs que em todas as escolas públicas mu- dos Santos em seu discurso como ca”, resumiu. Aela vê muitos retalhos de tecidos jogados na rua nicipais houvesse uma horta. “Aluno que come bem, candidata à Presidência da Mesa Di- Mais informações sobre o Par- como se fosse lixo. A estudante, então, teve uma ideia: a estuda bem”, afirmou o garoto de 13 anos, que garante retora. “Espero que os projetos se- lamento Jovem podem ser obtidas Prefeitura poderia organizar o recolhimento desse ma- gostar de verdura. jam postos em prática e virem leis,” com a Equipe de Eventos da Câmara, terial, para que fosse reciclado. A proposta foi aprovada Heitor Chaves Teodoro, de 10 anos, apresentou pro- declarou ela, que acabou sendo elei- pelo e-mail [email protected] por seus professores e encaminhado à Câmara Munici- posta para que a sobra de madeira nas obras de cons- ta presidenta pelos colegas. ou pelo telefone (11) 3396-4170. No pal de São Paulo (CMSP), onde se tornou um dos 55 trução seja enviada para os presídios, onde seria trans- Para que as propostas de Laura portal www.camara.sp.gov.br, em Prê- projetos que fizeram parte do Parlamento Jovem deste formada em móveis pelos detentos. “Assim, quando o e dos outros jovens vereadores tor- mios Institucionais, também é pos- ano. “Para o cidadão, é melhor andar por uma rua lim- preso voltar para a rua não precisará mais roubar, já nem-se realidade, é necessário que sível encontrar mais detalhes, como pa do que uma suja”, justificou Alice. Em 8 de novem- que terá uma profissão”, afirmou, com convicção. algum vereador apresente os proje- cronograma de atividades, fichas bro, ela defendeu o projeto na tribuna do Plenário 1º de Esses são apenas três dos 55 projetos aprovados tos, que a maioria dos parlamentares de inscrição e as normas para envio

Maio, no Palácio Anchieta, sede da CMSP. na 12ª edição do Parlamento Jovem Paulistano, uma aprovem e que o prefeito sancione. Dantas/CMSP Ângelo dos trabalhos.

40 | Apartes • dezembro/2013 dezembro/2013 • Apartes | 41 ComÉrCio Comunicação INTEGRADA Câmara Municipal de São Paulo Mozart Gomes/CMSP

Banca de jornal, Confira a agenda legislativa, consulte leis e projetos e informe-se sobre o trabalho desenvolvido pelos vereadores. bebida, eletrônicos... www.camara.sp.gov.br O que pode Acompanhe as Sessões Plenárias e assista aos Lei aprovada na Câmara Com a nova lei, as bancas podem comercializar: debates e votações que transformam a cidade. amplia rol de produtos • Refrigerante, água mineral, isotônico, energético, oferecidos em bancas suco industrializado, bebidas à base de soja e de Canal 61.4 (aberto digital – 24h) café, chá em lata, água de coco, bebidas lácteas, Canais a cabo 7 (digital) e 13 (analógico) NET, das 13h às 20h. iogurte líquido e natural, leite fermentado e outras be- www.tvcamara.sp.gov.br sândor vasconcelos | [email protected] bidas não alcoólicas em embalagem de até 600 ml; • Doces industrializados e biscoitos salgados de até partir de novembro, os donos das cerca de 3.500 ban- 200 gramas e sorvetes em embalagens descartáveis individuais; cas de jornal de São Paulo podem ampliar a lista de produtos e serviços oferecidos por seus estabe- • Artigos eletrônicos de pequeno porte, como pen A drives, mídias, reprodutores de mídia, jogos de vi- Ouça a programação ao vivo ou faça download dos lecimentos, graças à Lei 15.895/2013, cujo projeto foi deogame, fones de ouvido, mouse, carregadores boletins diários sobre as atividades parlamentares. idealizado pelo presidente da Câmara Municipal de São de celulares, cartuchos e toner para impressoras, Paulo, José Américo (PT), e sancionado pelo Executivo. cadeados, capas de chuva, guarda-chuvas e outros http://webradio.camara.sp.gov.br/ Segundo Américo, a iniciativa tenta corrigir uma produtos de pequeno porte do segmento; injustiça, já que as bancas enfrentam a concorrência • Artigos de papelaria, como papel sulfite A4 (folhas de, por exemplo, supermercados e lojas de conveniên- individuais), papel de presente, envelope, caderno, cia, que podem vender jornais e revistas sem restrição. agenda, calendário, cola escolar, pasta, fita e bloco “As bancas não precisam de privilégios, mas de con- autoadesivos, clipe, elástico, etiqueta, ímã, jogos dições iguais para competir”, apontou o vereador na de tabuleiro, brinquedos pequenos, boné, jogos de justificativa do projeto. cartas e similares; De acordo com a lei, bebidas e alimentos devem es- • Cartões de recarga e chips para celulares; tar acondicionados em refrigeradores, no interior da • Transmissão e recepção de fax e e-mail, assinaturas banca. A comercialização de revistas e jornais segue de revistas, serviços de revelação de fotos e en- como atividade principal, por isso 75% do espaço inter- comendas rápidas por convênios com a Empresa no útil do estabelecimento continuam destinados ape- Brasileira de Correios e Telégrafos e outras empre- sas do ramo. nas a produtos editoriais.

42 | Apartes • dezembro/2013 Revista da Câmara Municipal de São Paulo

O novo Número 4 - dezembro/2013 Plano Diretor vai reorganizar Distribuição gratuita São Paulo. Com a sua ajuda, os vereadores paulistanos vão definir a cara da cidade para os próximos dez anos. Eles vão debater e votar os rumos do crescimento econômico, da mobilidade urbana, do saneamento, da habitação, entre outros. E como isso afeta a todos, a Câmara quer a sua participação.

Envie suas sugestões para a elaboração do Plano Diretor: www.camara.sp.gov.br/planodiretor Partos humanizados Lei garante tratamento mais respeitoso à mãe e ao bebê na

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CH-CH2-NH2 3 rede pública municipal de saúde OH OH

E=mc ² abc Talentos esquecidos Herança de guerra Projeto quer mais atenção Conflito de Canudos aos alunos superdotados mudou nomes de ruas em SP ?!