Processo STJD nº: 089/2015 Recorrente: JOINVILLE ESPORTE CLUBE - SC Recorrido: TRIBUNAL PLENO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA DO FUTEBOL DE Interessado: FIGUEIRENSE FUTEBOL CLUBE - SC Relator: AUDITOR FLAVIO ZVEITER

R E L A T Ó R I O

Cuida-se, na origem, de NOTIFICAÇÃO (fls. 03/15) apresentada pela FEDERAÇÃO CATARINENSE DE FUTEBOL (FCF), por intermédio de ofício expedido pelo Sr. FÁBIO NOGUEIRA, Gerente do Departamento de Competições, ao Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol de Santa Catarina, a 23/04/2015, na forma do art. 76 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva.1 Alegou a entidade de administração do desporto local, que recebida a súmula e os relatórios elaborados e entregues pelo árbitro e auxiliares da partida entre Clube Atlético Metropolitano-SC x Joinville Esporte Clube-SC, no Estádio Monumental do Sesi, em Blumenau-SC, no dia 18/04/2015 (sábado), às 16h, válida pela 10ª –e última- rodada da segunda fase (Hexagonal) do , constatou-se a existência de irregularidade na escalação, como suplente no banco de reservas, pelo Joinville Esporte Clube, do atleta ANDRÉ DIEGO KROBEL, jogador NÃO-PROFISSIONAL com 20 (vinte) ANOS COMPLETOS naquela data (18/04/2015), eis que o mesmo nasceu a 28/03/1995. Assim, haveria descumprimento do artigo 27 do Regulamento Geral das Competições da Federação Catarinense de Futebol, que proíbe “a participação em competições da categoria 'Profissional' de atletas não profissionais com idade superior a vinte anos (...).” Após, seguiu-se NOTÍCIA DE INFRAÇÃO DISCIPLINAR DESPORTIVA (fls. 16/39) oferecida pelo FIGUEIRENSE FUTEBOL CLUBE, a 28/04/2015 (terça-feira), a fim de provocar a iniciativa da Douta Procuradoria Geral de Justiça Desportiva do Futebol do Estado de Santa Catarina para a oferta de "denúncia" em face do Joinville Esporte Clube, na forma do art. 74 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva.2 A agremiação esportiva noticiante corroborou com a matéria de fato trazida

1 Art. 76. A entidade de administração do desporto, quando verificar existência de qualquer irregularidade anotada nos documentos mencionados no art. 75, os remeterá ao respectivo Tribunal (STJD ou TJD), no prazo de três dias, contado do seu recebimento. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009). 2 Art. 74. Qualquer pessoa natural ou jurídica poderá apresentar por escrito notícia de infração disciplinar desportiva à Procuradoria, desde que haja legítimo interesse, acompanhada da prova de legitimidade. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009). Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009). § 1º Incumbirá exclusivamente à Procuradoria avaliar a conveniência de promover denúncia a partir da notícia de infração a que se refere este artigo, não se aplicando à hipótese o procedimento do art. 78. (AC). pela Federação Catarinense de Futebol e, no mérito, argumentou, em apertada síntese, que a conduta perpretada pelo Joinville Esporte Clube infringiu o art. 43 da Lei nº 9.615/1998 (Lei Pelé), que veda “a participação em competições desportivas profissionais de atletas não-profissionais com idade superior a vinte anos.” Sustentou-se também violação ao parágrafo 5º do art. 22 do Regulamento Geral das Competições da Federação Catarinense de Futebol, que autoriza atletas não-profissionais de atuarem nas competições profissionais somente caso possuam a faixa etária entre 16 (dezesseis) anos completos e até 20 (vinte) anos; e, ainda, atentado ao já mencionado art. 27 do RGC-FCF. Pugnou-se, por fim, pela aplicação ao Joinville Esporte Clube da penalidade prevista no art. 85 do Regulamento Geral das Competições da Federação Catarinense de Futebol, nomeadamente a perda de 03 (três) pontos na classificação do campeoanto, independentemente do resultado da partida, e multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais)"; e, por conseguinte ao decréscimo dos três pontos, a declaração do Figueirense Futebol Clube, então em 2º (segundo) lugar, como 1º (primeiro) colocado da segunda fase –ou Hexagonal- do Campeonato Catarinense (posição ocupada naquele momento pelo Joinville Futebol Clube), bem como a anulação da 1ª (primeira) partida da final do referido Campeonato Catarinense, entre Figueirense Futebol Clube x Joinville Esporte Clube, ocorrida no Estádio Orlando Scarpelli (de propriedade do Figueirense Futebol Clube), em 26/04/2015, terminada em 0x0. Convém sublinhar, no ponto, que a procedência das alegações levariam a uma inversão na vantagem da final do Campeonato Catarinense (entre Joinville Futebol Clube x Figueirense Futebol Clube): o segundo –e derradeiro- confronto seria no estádio Orlando Scarpelli e o Figueirense teria vantagem de dois empates. Juntou-se, ainda, no anexo (fls. 32/33), reportagem do sítio eletrônico Globoesporte.com, de 03/03/2015, narrando que o Clube Náutico Marcílio Dias-SC foi punido, em julgamento do Tribunal de Justiça Desportiva de Santa Catarina, por relacionar de forma irregular o atleta não-profissional Rodrigo Pita, nascido a 11/02/1995, em duas partidas do Campeonato Catarinense e perdeu 06 (seis) pontos na tabela de classificação da competição. Os jogos foram contra o Esporte Clube Internacional de Lages-SC, no dia 18/02/2015, pela 5ª rodada da 1ª fase, disputado no Estádio Vidal Ramos Junior, em Lages-SC, que terminou com vitória do Inter de Lages por 2x1, e diante do Avaí Futebol Clube-SC, pela 6ª rodada da 1ª fase, no dia 22/02/2015, no estádio Roberto Santos Garcia, em Camboriú-SC, que encerrou com vitória do visitante Avaí por 4x3. Tratar-se-ia de um recente –e importante- precedente do próprio TJD-SC semelhante à hipótese em tela. Decisão interlocutória (fl. 30) da lavra do Exmo. Sr. Dr. ROBSON VIEIRA, Presidente do Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol de Santa Catarina, a 28/04/2015, determinou o encaminhamento dos autos à Procuradoria de Justiça Desportiva local para que se manifestasse no prazo de 02 (dois) dias. Ordenou ainda que, em havendo denúncia, ocorresse a distribuição do feito para uma das Comissões Disciplinares, designando-se Auditor Relator e incluindo em pauta para julgamento com a devida citação e intimação das partes. A PROCURADORIA DE JUSTIÇA DESPORTIVA DO FUTEBOL DE SANTA CATARINA apresentou DENÚNCIA (fls. 44/47) em face do JOINVILLE ESPORTE CLUBE a 29/04/2015, elencando todos os dispositivos normativos já remetidos aqui no presente. Enfatizou-se o parágrafo único do art. 27 do RGC-FCF: “o atleta não-profissional ficará proibido de participar de competições profissionais a partir do dia seguinte após a data de seu aniversário de 20 (vinte) anos.” Por fim, capitulou o denunciado –Joinville Esporte Clube-, nas iras do art. 214 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva por “fazer constar da súmula (...) atleta em situação irregular para participar de partida” e não no art. 85 do RGC-FCF (embora tenha a mesma redação) aludido pelo Figueirense Futebol Clube na notícia de infração disciplinar, in verbis: Art. 214. Incluir na equipe, ou fazer constar da súmula ou documento equivalente, atleta em situação irregular para participar de partida, prova ou equivalente. PENA: perda do número máximo de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da competição, independentemente do resultado da partida, prova ou equivalente, e multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais). § 1º Para os fins deste artigo, não serão computados os pontos eventualmente obtidos pelo infrator. § 2º O resultado da partida, prova ou equivalente será mantido, mas à entidade infratora não serão computados eventuais critérios de desempate que lhe beneficiem, constantes do regulamento da competição, como, entre outros, o registro da vitória ou de pontos marcados. § 3º A entidade de prática desportiva que ainda não tiver obtido pontos suficientes ficará com pontos negativos. § 4º Não sendo possível aplicar-se a regra prevista neste artigo em face da forma de disputa da competição, o infrator será excluído da competição. PEDIDO DE INGRESSO NOS AUTOS NA QUALIDADE DE TERCEIRO INTERESSADO (fl. 60/90) pelo FIGUEIRENSE FUTEBOL CLUBE, a 30/04/2015, na forma do art. 55 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva.3 MANIFESTAÇÃO oferecida pela PROCURADORIA DE JUSTIÇA DESPORTIVA

3 Art. 55. A intervenção de terceiro poderá ser admitida quando houver legítimo interesse e vinculação direta com a questão discutida no processo, devendo o pedido ser acompanhado da prova de legitimidade, desde que requerido até o dia anterior à sessão de julgamento. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009). DO FUTEBOL DE SANTA CATARINA, a 04/05/2015, sobre a suposta inserção de dados falsos junto ao sistema de registros da CBF. Argumentou a PJD-SC que, com vistas a contribuir para a organização processual e facilitar o regular processamento do feito, requeria o desentranhamento da "emenda" apresentada pelo Figueirense Futebol Clube e a respectiva autuação em separado, sobretudo, tendo em vista que os fatos noticiados não apresentam relação direta com a infração disciplinar descrita na denúncia, a saber a inclusão de atleta em situação irregular. Juntada aos autos (fls. 96/103) cópia do acórdão do processo nº 222/2014, julgado pelo Tribunal Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol, a 16/10/2014, que, por unanimidade, não proveu o recurso voluntário do Sociedade Esportiva, Recreativa e Cultural Guarani-SC, “mantendo a decisão do Pleno do Tribunal de Justiça Desportiva de Santa Catarina, que definiu que em competições profissionais, o atleta é amador até o dia em que completa 20 anos e após a data do aniversário é irregular sua participação em partida de competição profissional.” Naquele caso, o relator, Excelentíssimo Senhor Doutor Auditor DECIO NEUHAUS, narrou que a equipe do SERC Guarani teria utilizado irregularmente o atleta Kahuam Santos Rangel da Silva, em partida entre esta equipe e o Clube Atlético Tubarão, no dia 23/07/2014, válida pelo Campeonato Catarinense Profissional da Série B de 2014. A irregularidade consistia no fato de que o referido atleta completou 20 anos no dia 27 de maio (nasceu em 27/05/1994) e, portanto na partida do dia 23/07/2014, já não mais poderia atuar na condição de amador. E concluiu:

Tenho assim, que em respeito a grande quantidade de clubes, que observam o mesmo critério profissionalizando seus atletas quando completam os 20 anos, em respeito ao princípio da dignidade do trabalho do atleta profissional, em conhecer do recurso mas não prover, mantendo a decisão do Pleno de Santa Catarina.

Foram juntados aos autos, documentos levados por ambas as partes ao julgamento da 1ª Comissão Disciplinar (fls. 95/289). Em julgamento de 1ª (primeira) instância, a 1ª COMISSÃO DISCIPLINAR DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA DE SANTA CATARINA (fls. 292/296), a 05/05/2015, por UNANIMIDADE DE VOTOS, CONHECEU DA DENÚNCIA para com a mesma votação CONDENAR O JOINVILLE ESPORTE CLUBE à perda de 04 (quatro) pontos na segunda fase (Hexagonal) do Campeonato Catarinense e multa no valor R$ 8.000,00 (oito mil reais), com fulcro no art. 214 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Em desfavor do acórdão de 1ª (primeira) instância, o JOINVILLE ESPORTE CLUBE interpôs RECURSO VOLUNTÁRIO (fls. 298/317) ao Tribunal Pleno do Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol de Santa Catarina, a 08/05/2015, suscitando a inexistência de infração disciplinar pelo recorrente, ou, em última hipótese, que a conduta narrada na denúncia não justificaria a aplicação da pena de perda de pontos prevista no art. 214 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, mas a incidência do art. 191, inciso III do CBJD, in verbis:

Art. 191. Deixar de cumprir, ou dificultar o cumprimento: (...) III - de regulamento, geral ou especial, de competição. (AC). PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a 100.000,00 (cem mil reais), com fixação de prazo para cumprimento da obrigação. Salientou-se, na defesa, que o atleta adquiriu condição para participar de todo o torneio e não de uma ou determinada partida, desde que inscrito na forma do art. 18 do Regulamento Específico da Competição, e que preenchidos estavam os requisitos legais e regulamentares, quando do momento da inscrição enviada à Federação Catarinense de Futebol. Que não há previsão normativa que retire a regularidade da inscrição durante a competição, após efetivada. E que não se pode aceitar a afirmação de que o atleta encontrava-se inscrito de maneira regular para a competição, porém irregular para eventual participação na partida contra o Clube Atlético Metropolitano-SC. Registrou-se ainda que a carteira de atleta do jogador André Krobel (anexada à fl. 95), expedida pela Federação Catarinense de Futebol, reforçaria tal tese, pois trazia como validade a data de 31 de dezembro de 2015, e não a data em que o atleta completou 20 anos de idade. Pontuou-se que o parágrafo único do artigo 27 do Regulamento Geral das Competições da Federação Catarinense de Futebol, em verdade, surgiu para encerrar as discussões que permeavam o cenário futebolístico catarinense, quanto à possibilidade de atletas que já haviam completado 20 (vinte) anos e 01 (um) dia de vida, poderem ser inscritos para participarem das competições priofissionais da Federação Catarinense de Futebol ainda na condição de atletas não-profissionais. Frisou-se ainda que o atleta André Krobel permeneceu durante toda a partida contra o Clube Atlético Metropolitano-SC na condição de substituto, no banco de reservas, não influenciando o resultado da partida, não tendo a chance de exercer ação (jogar futebol) e ocasionar resultado favorável à equipe do Joinville Futebol Clube. Mencionou-se o disposto no § 1º do artigo 25 do Regulamento Geral das Competições da Federação Catarinense de Futebol que corroboraria tal entendimento ao trazer que: “o atleta, mesmo que tenha assinado a súmula na qualidade de substituto (regra 3), mas que não tenha participado da partida, poderá transferir-se com condição de jogo para outra associação.” Invocou-se violação aos princípios do pro competitione (art. 2º, XVII do CBJD: prevê a estabilidade das competições); pro desporto (os resultados desportivos oriundos do campo de jogo devem prevalecer); razoabilidade (art. 2º, XIV do CBJD: as decisões devem ser razoáveis e equilibradas aos fatos e ao desporto); proporcionalidade (art. 2º, XIV do CBJD: as decisões devem ser proporcionais aos fatos e às partes); motivação (arts. 2º, IX e 19, V do CBJD: o interesse do desporto deve prevalecer nas decisões); in dubio pro reo (princípio de direito penal aplicável em favor do denunciado em caso de norma contraditória ou dúvida na decisão) e tipicidade desportiva (art. 2º, XVI do CBJD: ninguém será penalizado se não houver norma anterior que defina a conduta como ato infracional). Pediu-se a desclassificação do art. 214 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva para o artigo 191, inciso III do CBJD, por se tratar, caso não entendida a atipicidade da conduta, de infração de descumprimento de regulamento, aplicando-se somente a pena pecuniária, conforme estipula o art. 22 do Regulamento Específico de Competição, in verbis:

Art. 22. A regulamentação geral da competição obedecerá às disposições constantes no Regulamento Geral das Competições da Federação Catarinense de Futebol ficando as associações disputantes deste campeonato obrigadas a cumprir o referido Regulamento, sob pena das sanções do art. 191 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). (grifos não-originais) Decisão interlocutória (fl. 318) da lavra do Exmo. Sr. Dr. ROBSON VIEIRA, Presidente do TJD-SC, a 11/05/2015, dentre outros, (i) recebendo o recurso tempestivo e preparado; (ii) incluindo-o na pauta de julgamentos designada para o dia 14/05; e (iii) mandando a intimação do terceiro interessado e da PJD-SC com urgência para, querendo, manifestar-se acerca do recurso interposto, no prazo de 03 (três) dias. EDITAIS DE INTIMAÇÕES (fls. 319/320) enviados por mensagem eletrônica à PJD-SC e ao Figueirense Futebol Clube, no dia 11/05/2015. CONTRARRAZÕES (fls. 322/327) apresentada pelo FIGUEIRENSE FUTEBOL CLUBE, a 13/05/2015, pugnando pela necessidade de se manter o acórdão guerreado e fazendo menção ao já exposto precedente do Tribunal Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva no Recurso Voluntário nº 222/2014, que aplicou a regra do art. 214 do CBJD. Raciocinou-se ainda que o art. 27-A do Regulamento Geral de Competições da Federação Catarinense de Futebol encerraria a tese do Recorrente (JOINVILLE ESPORTE CLUBE), eis que estipula que o atleta amador, uma vez profissionalizado, retorne imediatamente à condição de jogo. Assim, haveria dispositivo regulamentar específico tratando de condição de jogo. PARECER (fls. 346/350) emitido pela PROCURADORIA DE JUSTIÇA DESPORTIVA DO FUTEBOL DE SANTA CATARINA, a 13/05/2015, pleiteando que a decisão merecia ser mantida por seus próprios fundamentos, uma vez que aplicou com precisão os preceitos insculpidos no CBJD. Explicou-se que, admitir a hipótese de utilizar o momento da inscrição como parâmetro, seria permitir que determinado atleta com contrato de trabalho encerrado no curso de uma competição estivesse autorizado a continuar dela participando regularmente, o que, por óbvio, não se concebe. Sublinhou-se ainda que, nos termos do art. 214 do CBJD, o ato de “fazer constar da súmula” o nome de atleta em situação irregular é conduta suficiente para configurar a prática da respectiva infração disciplinar. Destarte, o fato de o atleta ter apenas figurado entre os suplentes seria absolutamente irrelevante. Invocou-se a jurisprudência do Tribunal Pleno do Tribunal de Justiça Desportiva de Santa Catarina, com os casos Guarani (Processo nº 170/2014) e Marcílio Dias (Processos nºs 019/2015 e 021/2015). Alegou-se no que tange à dosimetria da pena, que nenhum reparo requeria o acórdão recorrido, pois levou em consideração a capacidade econômico-financeira do recorrente. Opinou a Procuradoria de Justiça Desportiva de Santa Catarina, por fim, pelo CONHECIMENTO e DESPROVIMENTO DO RECURSO. Em julgamento de 2ª (segunda) instância (fls. 351/360), o TRIBUNAL PLENO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORITVA DO FUTEBOL DE SANTA CATARINA, a 14/05/2015, por UNANIMIDADE DE VOTOS, CONHECEU DO RECURSO VOLUNTÁRIO E NEGOU-LHE PROVIMENTO mantendo a decisão combatida por seus próprios fundamentos. MANDADO DE INTIMAÇÃO enviado por mensagem eletrônica às partes da demanda (fl. 361) informando da lavratura do acórdão referente ao caso em tela. Em desfavor do acórdão de 2ª (segunda) instância lavrado pelo Tribunal Pleno do Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol de Santa Catarina, o JOINVILLE ESPORTE CLUBE interpôs RECURSO VOLUNTÁRIO COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO (fls. 362/396), a 25/05/2015, requerendo a remessa imediata dos autos ao Exmo. Sr. Dr. Auditor Presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, bem como a concessão do efeito suspensivo ao recurso. Guia de preparo recursal dos emolumentos devidos juntada (fls. 364/365). Substabelecimento, com reserva de iguais, em favor de dois outros advogados juntado (fl. 393). O JOINVILLE ESPORTE CLUBE, recorrente, ainda procedeu com o encaminhamento e remessa da VIA ORIGINAL do RECURSO VOLUNTÁRIO COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO (fls. 402/430), a 26/05/2015, dentro do prazo estabelecido no art. 139 do CBJD.4 Via original da Guia de preparo recursal dos emolumentos devidos juntada (fls. 403/404). Via original do substabelecimento, com reserva de iguais, em favor de dois outros advogados igualmente juntada (fl. 431). Argumentou-se, no mérito, a omissão do Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol de Santa Catarina ao não determinar, por cautela e de ofício, a suspensão das disputas finais que seriam e foram disputadas entre Joinville Esporte Clube e Figueirense Futebol Clube (1ª partida, 26/04/2015, Figueirense Futebol Clube-SC 0x0 Joinville Esporte Clube-SC; e 2ª partida, 03/05/2015, Joinville Esporte Clube-SC 0 x 0 Figueirense Futebol Clube-SC). Alegou-se que as partidas deveriam ter sido suspensas, pois o resultado do julgamento poderia influenciar diretamente na determinação dos mandos de campo dos jogos finais e nos critérios de desempate, conforme previsto no regulamento da competição. Que o Figueirense Futebol Clube (ora recorrido), em 29/04/2015, à fl. 50, requereu liminarmente o deferimento da suspensão da partida a ser realizada na cidade de Joinville-SC na data de 03/05/2015 (2º confronto da final), todavia, que, sequer foram analisados os pedidos de suspensão dos jogos. Que o caso em exame, por isso, não pode ser considerado como excepcional, mas sim excepcionalíssimo, dadas as decorrências práticas. Questionou-se, atentando aos efeitos consenquencialistas, o que “será feito com o Campeonato Catarinense 2015?” E diz-se que o TJD-SC não se manifestou em julgamento sobre o assunto, limitando-se a dizer que se julgada a suposta irregularidade, e tão só. Provocou-se, ainda, se “o STJD vai definir e determinar o que será feito com o campeonato (herdando a omissão do órgão recorrido e tentando solucioná-la)? Ou deixará a cargo da Federação Catarinense de Futebol - FCF? Ou ainda de improvável entendimento/acordo entre as EPD's interessadas, com homologação da FCF? Portanto quem definirá? Quando - datas disponíveis? Com base em que? [sic] Quais as medidas de segurança para o ineditismo da eventual repetição que causará desagrado e revolta em muitos dos desportistas catarinenses?” Registrou-se que a própria CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL parabenizou o Joinville Esporte Clube pelo título conquistado, por intermédio de ofício assinado pelo Exmo. Sr. Dr. Presidente Marco Polo Del Nero, datado de 04/05/2015. Pleiteou-se, mais uma vez, a aplicação dos princípios da prevalência, continuidade e estabilidade das competições, pro competitione, o que induziria, no máximo, a uma desclassificação da suposta infração disciplinar de normativa (art. 214 do CBJD) para regulamentar (art. 191, inciso III do CBJD).

4 Art. 139. Em caso de urgência o recurso poderá ser interposto por telegrama, facsímile, via postal ou correio eletrônico, com as cautelas devidas, devendo ser comprovada a remessa do original no prazo de três dias, sob pena de não ser conhecido. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009). Argumentou-se que o alcance do termo “participação”, contido no art. 241 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, estaria limitado aos atletas que adentraram ao campo de jogo durante o tempo regulamentar. Fez-se, para tanto, alusão ao conceito de “participação” empregado pelas 02 (duas) principais instituições do futebol no mundo, a IFAB –International Football Association Board- e da FIFA –Fédération Internationale de Football Association. Citou-se a regra 03 do jogo de futebol, criada pela IFAC e difundida pela FIFA, a qual revela que “em todas as partidas, os nomes dos substitutos deverão ser entregues ao árbitro antes do início da partida. Os substitutos que não tenham sido designados desta maneira, não poderão participar da partida.” Assim, somente participaria da partida quem efetivamente entrou no campo de jogo e atua, joga a partida, durante o período regulamentar, não tendo sido esse o caso do atleta André Kroebel. Aludiu-se ao processo nº 233/2014, do Tribunal Pleno do STJD, de relatoria do Excelentíssimo Senhor Doutor Auditor MIGUEL ÂNGELO CANÇADO, de 02/10/2014, onde se firmou que na hipótese de transferência somente se pode considerar o impedimento se o atleta tiver participado da partida, a partir do artigo 46 do Regulamento Geral de Competições (“o atleta cujo nome constar da súmula na qualidade de substituto e não participar da partida poderá transferir-se para outro clube, na mesma competição”). Que, se para efeito da condição de transferência há que se levar em conta o fato de ter ou não o atleta entrado no jogo, parece lógico que também seja assim quando, como aqui, houver de se punir o clube pela utilização de atleta em condições irregulares exatamente em decorrência das mudanças de equipe. Que a situação retrataria uma enorme e inegável desproporção, ferindo de morte um dos princípios básicos do direito desportivo, qual seja, o da proporcionalidade –art. 2º do CBJD-, pois não tendo atuado o atleta, se mostra desproporcional retirar pontos da equipe recorrente eis que não houve qualquer influência no campo de jogo. E asseverou que a redação do o artigo 88 do Regulamento Geral de Competições da FCF segue o disposto no artigo 22 do Regulamento Específico da Competição, já destacado:

Art. 88. A associação ou liga que deixar de cumprir ou dificultar o cumprimento qualquer obrigação legal, tais como o Estatuto da FCF, este Regulamento, regulamento específico de competição ou de deliberação, resolução, determinação, exigência, requisição ou qualquer ato normativo da FCF da CBF ou da FIFA ficará sujeita às penas previstas no art. 191 do CBJD. (grifos não-originais) Pleiteia-se que o recurso seja recebido e conhecido com a concessão do efeito suspensivo, na forma dos artigos 147-A e 147-B do CBJD5; e, no mérito, o TOTAL

5 Art. 147-A. Poderá o relator conceder efeito suspensivo ao recurso voluntário, em decisão fundamentada, desde que se convença da verossimilhança das alegações do recorrente, quando a simples devolução da matéria puder causar prejuízo irreparável ou de difícil reparação. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de PROVIMENTO, de modo reformar a decisão do Pleno do Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol de Santa Catarina, de maneira a RECONHECER A INEXISTÊNCIA DE INFRAÇÃO DISCIPLINAR e ABSOLVER O JOINVILLE ESPORTE CLUBE ou, ainda, RECONHECER A DESCLASSIFICAÇÃO DO ARTIGO 214 PARA O ARTIGO 191, III, DO CBJD, absolvendo-o ou, caso contrário, aplicando pena de multa em valor menor ao anteriormente aplicado. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA (fl. 435) da lavra do Exmo. Sr. Dr. CAIO CÉSAR ROCHA, Presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, a 01/06/2015, nomeando, por sorteio, este auditor, para cumprimento do disposto no art. 138-C, § 1º do CBJD.6 DECIDI MONOCRATICAMENTE (fl. 436), a 08/06/2015, que deixava de analisar o pedido de liminar ante a aparente perda de objeto. Determinei ainda a abertura de vista às partes e, após, a oitiva da Procuradoria de Justiça Desportiva. MANDADO DE INTIMAÇÃO enviado por mensagem eletrônica ao terceiro interessado (fls. 437/438), a 08/06/2015, informando da decisão e abrindo vista para, querendo, se manifestar quanto ao recurso interposto no prazo de 3 (três) dias. CONTRARRAZÕES (fls. 439/444) apresentadas pelo FIGUEIRENSE FUTEBOL CLUBE, a 11/06/2015, pugnando pela “irretocabilidade” da decisão recorrida, revelando o art. 214 do CBJD ser claro, bem como que o art. 27-A do Regulamento Geral de Competições da FCF encerra a discussão na tese recorrente. Trouxe-se, novamente, o precedente do processo nº 222/2014, de relatoria do Exmo. Sr. Dr. Auditor Decio Neuhaus. Colocou-se que inscrever um atleta no banco de reservas faz parte da estratégia do jogo, indagando-se se escalar um jogador como Lionel Messi no banco, ainda que de forma irregular, não geraria um reflexo na estratégia do adversário. Lembrou-se ainda o fato de que um componente do banco pode ser advertido com cartão amarelo, ser expulso e até participar do exame antidoping, o que evidenciaria que esse atleta participa da partida. Requereu-se, por fim, que fosse

2009). Art. 147-B. O recurso voluntário será recebido no efeito suspensivo nos seguintes casos: (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009) I - quando a penalidade imposta pela decisão recorrida exceder o número de partidas ou o prazo definidos em lei, e desde que requerido pelo punido; (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009). II - quando houver cominação de pena de multa. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009). 6 Art. 138-C. Se o Presidente do órgão judicante considerar presentes os requisitos recursais, sorteará relator, designará sessão de julgamento, determinará a intimação e abrirá vista dos autos para as partes contrárias e interessados impugnarem o recurso no prazo comum de três dias. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009). § 1º Em caso de pedido de efeito suspensivo, os autos serão encaminhados ao relator para apreciação; em hipóteses excepcionais, dada a urgência, cópia dos autos poderá ser remetida ao relator por fac-símile, via postal ou correio eletrônico, e o relator poderá apresentar seu despacho utilizando os mesmos meios. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009). § 2º A Procuradoria será intimada e terá três dias para emitir parecer. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009). § 3º Decorrido o prazo previsto no § 2º, mesmo que a Procuradoria não tenha se manifestado, os autos retornarão ao relator. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009). NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO, sendo mantida a decisão atacada na sua totalidade. PARECER DA PROCURADORIA DA JUSTIÇA DESPORTIVA (fls. 445/453), a 24/06/2015, da lavra do Exmo. Sr. Dr. Procurador FERNANDO SILVA JUNIOR, opinou que presentes estão os requisitos recursais, em especial o reparo, tempestividade e regularidade formal. Sustentou ainda que a matéria fática resta incontroversa, eis que “tal fato não foi negado pela agremiação recorrente, assim como também não foram carreados aos autos quaisquer provas que pudessem infirmar tal constatação.” Que assiste razão à 1ª Comissão Disciplinar e ao Tribunal Pleno do Eg. TJD/SC, de que não há duvidas que a questão deve ser analisada de acordo com o disposto no art. 214 do CBJD. Fez-se menção ao art. 43 da Lei Geral do Desporto (Lei nº 9.615/1998), bem como aos arts. 27 e 27-A do Regulamento Geral das Competições organizadas pela FCF. Aduziu-se que, segundo se extrai do caput do artigo 214 do CBJD, a conduta típica antidesportiva em questão não se refere à participação de atleta em “situação irregular”, mas se refere à inclusão na equipe, ou ainda, fazer constar da súmula atleta em situação irregular. Sustentou não haver como tipificar a conduta como aquela prevista pelo art. 191 do CBJD, em razão do princípio da tipicidade desportiva, previsto no inciso XVI do art. 2º do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Citou-se o eminente Procurador-Geral do STJD, Dr. PAULO MARCOS SCHIMITT, em sede doutrinária, que “o tipo traz consigo a própria essência da antidesportividade (ilicitude) e, em regra, descreve por inteiro a conduta infracional, devendo, por isso, o julgador verificar a correspondência exata entre a conduta e o tipo”. (In Código Brasileiro de Justiça Desportiva Comentado, Coordenador Paulo Marcos Schimitt, Ed. Quartier Latin, 2006, p. 145.) E que, nesse sentido, o arguido art. 191 do CBJD, apresenta-se como dispositivo considerado como de “tipo aberto” e, nos ainda nos termos do Dr. PAULO MARCOS SCHIMITT, “pela insegurança que geram, devem ser utilizados ou aplicados em situações de absoluta excepcionalidade na falta de melhor adequação entre o fato e o desvalor da conduta previstos em outros tipos mais específicos”. (ob. cit) Arrematou-se que as informações trazidas pela equipe recorrente acerca dos resultados obtidos posteriormente não se revelam prejudiciais ao processamento, (i) porque nenhum ato administrativo poderá afetar as decisões proferidas pelos órgãos da Justiça Desportiva (parágrafo único do art. 133 do CBJD); (ii) em se tratando de julgamento condenatório, seus efeitos se deram a partir do dia seguinte à proclamação; (iii) não consta dos autos a concessão de qualquer efeito suspensivo aos julgamentos proferidos pela 1ª Comissão Disciplinar e pelo Tribunal Pleno do Eg. TJD/SC; (iv) eventual descumprimento às determinações emanadas pela 1ª Comissão Disciplinar e pelo Tribunal Pleno do Eg. TJD/SC não tem o condão de se convalidar com o tempo; (iv) eventual descumprimento às determinações emanadas pela 1ª Comissão Disciplinar e pelo Tribunal Pleno do Eg. TJD/SC não comportariam discussão nos presentes autos, mas em procedimento próprio. Trouxe-se o art. 282 do CBJD: “Art. 282. A interpretação das normas deste Código far-se-á com observância das regras gerais de hermenêutica, visando à defesa da disciplina, da moralidade do desporto e do espírito desportivo.” E aduziu-se que a teoria do fato consumado (ter sido consagrado campeão do campeonato) não poderia ser aplicada ao caso em tela, eis que somente é viável quando o retorno ao status quo anterior se mostrar contrário ao senso de justiça, defesa da disciplina, da moralidade do desporto e do espírito desportivo e, ainda, que o interessado tenha cumprido as exigências legais no curso da demanda. OPINOU-SE, por fim, pelo CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO e, no mérito, que seja-lhe NEGADO PROVIMENTO, mantendo-se incólumes os fundamentos constantes do julgamento do Eg. TJD/SC.

É o RELATÓRIO minucioso do caso.

Em que pese o extenso relatorio onde detalhei as diversas teses de defesa, a matéria a ser decidida é simples e se limita à analse do descumprimento ou não do artigo 214 do CBJD.

Há de se afastar de plano a utilização das normas internacionais que, de acordo com o artigo 283 do CBJD, só devem ser aplicadas nos casos em que haja omissão na legislação local, o que não ocorre no presente caso.

O artigo 214 prêve que:

Art. 214. Incluir na equipe, ou fazer constar da súmula ou documento equivalente, atleta em situação irregular para participar de partida, prova ou equivalente.

PENA: perda do número máximo de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da competição, independentemente do resultado da partida, prova ou equivalente, e multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais). (NR). § 1º Para os fins deste artigo, não serão computados os pontos eventualmente obtidos pelo infrator. § 2º O resultado da partida, prova ou equivalente será mantido, mas à entidade infratora não serão computados eventuais critérios de desempate que lhe beneficiem, constantes do regulamento da competição, como, entre outros, o registro da vitória ou de pontos marcados. § 3º A entidade de prática desportiva que ainda não tiver obtido pontos suficientes ficará com pontos negativos. § 4º Não sendo possível aplicar-se a regra prevista neste artigo em face da forma de disputa da competição, o infrator será excluído da competição.

Da análise do supra transcrito artigo temos que uma equipe perderá pontos em duas ocasiões: uma ao incluir na equipe atleta irregular, duas ao fazer constar da súmula atleta em situação irregular.

No caso dos autos, a infração se daria pela segunda parte do artigo pois a equipe Recorrente fez constar da sumula da partida disputada contra o Clube Atlético Metropolitano-SC o nome do atleta ANDRÉ DIEGO KROBEL que na qualidade de suplente permaneceu no banco durante aquela partuda, segundo a Procuradoria, de maneira irregular.

Portanto, o primeiro enfrentamento é saber quando um atleta está em situação irregular, e me surgem em especial as seguintes hipóteses:

a) quando está cumprindo suspensão automática, seja decorrência do terceiro cartão amarelo, ou por ter recebido cartão vermelho;

b) estar cumprindo pena imposta por Tribunal Desportivo;

c) quando não tem vinculo federativo vigente com o clube;

d) estar infringindo regulamento da competição ou normas das entidades de administração no futebol, previsto em seus estatutos e regulamentos gerais naquilo que diz respeito as condições de regularidade dos atletas para disputarem uma competição.

No caso dos autos, a equipe recorrente descumpriu os itens (c) e (d) supra transcritos.

Isso porque, o RGC prevê expressamente em seus artigos 22 § 5º e 27 que atletas com mais de 20 anos (a partir do dia seguinte do aniversario de 20 anos) e que não tenham contrato de trabalho firmado, não poderão participar da competição.

Portanto, no caso, a equipe recorrente descumpriu ostensivo as normas regulamentar que tratavam da profissionalização de atletas e que os davam condição de jogo.

Ademais, ao completar os vinte anos e não firmar um contrato de trabalho, o atleta deixou de ter vinculo federativo vez que este, é assessório ao próprio contrato de trabalho, e somente pode existir se aquele estiver valido.

Portanto, seja por descumprimento ao RGC naquilo que diz respeito aos critérios de inscrição para regularidade do atleta, seja pela ausência do vinculo esportivo, a equipe Recorrente ao relacionar o atleta ANDRÉ DIEGO KROBEL para participar da partida o fez em descumprimento ao artigo 214 do CBJD.

Importante deixar registrato neste voto que o Campeonato Catarinense 2015 prevía que as duas equipes que alcançassem respectivamente o primeiro e segundo lugar no hexagonal, disputariam a final daquela competição, sendo que o primeiro colocado no hexagonal teria o beneficio de jogar a segunda partida da final em seu estádio e, em caso de empate, se tornaria a campeãm aquela que fosse a detentora do beneficio ou seja a primeira colocada do hexagonal.

No caso concreto, a partida em que o atleta ANDRÉ DIEGO KROBEL foi relacionado, foi a ultima do hexagonal contra o Clube Atlético Metropolitano-SC que acabou empatada e, em decorrencia deste resultado o Joinvile acabou o hexagonal em primeiro lugar, seguido do Figueirense, o que lhe deu o beneficio supra referido.

Contudo, com o resultado do julgamento e a consequente perda dos pontos obtidos naquela partida o Joinvile deixa de ocupar o primeiro lugar no hexagonal e passa a ocupar o segundo lugar, passando o Figueirense a ser o primeiro colocado no hexagonal.

Desta forma, ao meu ver, consequencia logica da perda de pontos e portanto da reclassificação do hexagonal é que a vantagem que até então era do Joinvile, passou a ser do Figueirense e, tendo em vista que ambas as partidas da final do Campeonato Catarinense de 2015 terminaram empatadas, deve ser o Figueirense declarado o campeão.

Contudo, à homologação do resultado do Campeonato deve ser feita pela Federação Catarinense de Futebol, sob pena de usurpação de competencia. Por esses fundamentos, nego provimento ao recurso do Joinvile e mantenho a pena aplicada pelo Pleno Tribunal de Justiça Desportiça de Santa Catarina.

Flavio Zveiter

Auditor do Pleno do STJD do Futebol