Revista do CEFAN/CDM Ano III | Nº 03 | 2016 | ISSN: 2447-5327 Podium Naval A Marinha do Brasil nos Jogos Olímpicos Rio 2016 :: Edição Histórica ::

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OS EXCELENTES RESULTADOS ALCANÇADOS PELA MARINHA DO BRASIL NOS JOGOS OLÍMPICOS RIO 2016 DE MANEIRA NENHUMA PODEM SER ANALISADOS PONTUALMENTE OU COMO RESULTADO DE COINCIDÊNCIAS, MAS SIM COMO UM PROCESSO DE PLANEJAMENTO BEM ELABORADO E EXECUTADO.

Almirante de Esquadra (FN) FERNANDO ANTONIO DE SIQUEIRA RIBEIRO Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais e Presidente do Comitê Olímpico da Marinha do Brasil

Apresentação A participação da Marinha do Brasil nos Jogos Olímpicos Rio 2016

Almirante de Esquadra (FN) FERNANDO ANTONIO DE SIQUEIRA RIBEIRO Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais e Presidente do Comitê Olímpico da Marinha do Brasil

Os excelentes resultados alcançados ráveis e constitui uma importante ferra- pela Marinha do Brasil (MB) nos Jogos menta para contribuir para que o Brasil Olímpicos Rio 2016 de maneira nenhuma se constitua em uma potência olímpica. podem ser analisados pontualmente ou O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) re- como resultado de coin- cebeu a tarefa de ad- cidências, mas sim como ministrar o esporte na um processo de planeja- MB em 2008 e, desde mento bem elaborado e então, o sucesso al- executado. Das 19 me- cançado tem aumen- dalhas obtidas pelo Time tado gradativamente Brasil, 6 foram conquis- em todos os sentidos. tadas por atletas da MB; Não apenas nos re- cerca de 31% do total. sultados desportivos, Considerando que havia mas também no em- 55 atletas da MB de um preendedorismo da total de 465 integrantes renovação das insta- do Time Brasil - ou seja, lações do Centro de quase 12% - fica evidente Educação Física Al- que o envolvimento das Forças Armadas mirante Adalberto Nunes, o CEFAN, em com o esporte, em conjunto com a estru- todas as suas vertentes. Seja no apoio à tura de apoio planejada e executada pela saúde, no incentivo e no aprimoramento MB, tem proporcionado resultados favo- da prática desportiva, na hotelaria para os

Esporte é vida. Viva o Esporte! 1 atletas, na progressiva capacitação dos profis- um emprego maciço das tropas da Força de sionais daquele Centro de Educação Física e, Fuzileiros da Esquadra (FFE) e de expressiva também, na gestão de eventos desportivos de quantidade de meios navais, coordenados pelo grande vulto. Comando do 1º Distrito Naval, no Rio de Janei- ro, e pelo Comando do 2º Distrito Naval, em Foi motivo de grande satisfação constatar Salvador. O Comando-Geral do Corpo de Fuzi- que, durante os Jogos Olímpicos Rio 2016, leiros Navais também empregou considerável várias delegações estrangeiras procuraram o efetivo em apoio à FFE, além de assessora- CEFAN para se hospedar e manter seu nível mento ao Centro de Defesa Nuclear, Biológica, de treinamento. Isso demonstra estarmos bem Química e Radiológica da MB e do meticuloso posicionados no circuito mundial em relação trabalho de aquisição de material realizado a material e instalações. O destacado Usain pelo Comando do Material de Fuzileiros Na- Bolt, da Jamaica, considerado por muitos um vais antes das Olimpíadas. dos maiores atletas da atualidade, foi um dos que desfrutaram das instalações do CEFAN Os Jogos Olímpicos também proporciona- para seu treinamento. ram à MB a participação de militares nas ce- rimônias de premiação com grande destaque Com a mesma satisfação, constatamos que a na mídia, além de um importante legado em integração do Programa Olímpico da Marinha novas instalações e equipamentos desportivos (PROLIM) com projetos sociais como o Forças que serão detalhados no decorrer dos artigos no Esporte - que oferece a crianças e jovens desta revista. de comunidades menos favorecidas o convívio com os valores militares - tem se mostrado É por isso que ressalto que o sucesso alcan- como uma fonte de captação de atletas de alto çado não foi fruto de coincidências, mas sim rendimento, além do imenso benefício social de esmerado planejamento. O CFN se sente que proporciona. Já há atletas de alto rendi- orgulhoso de gerenciar um programa como o mento no Time Brasil que foram oriundos des- PROLIM, com resultados tão favoráveis para ses projetos e esse registro nos motiva a man- toda a sociedade. ter dedicados a essa iniciativa. Além da participação desportiva nas Olim- Viva ao esporte! píadas, houve também uma significativa con- tribuição com a segurança dos Jogos, com ADSUMUS!

2 Revista Podium Naval Expediente

REVISTA PODIUM NAVAL Ano III - 3ª Edição - 2016 Distribuição Gratuita - 1.000 exemplares

Realização Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes

EDIÇÃO Contra-Almirante (FN) Carlos Chagas Vianna Braga 1º Ten (RM2-T) Vanesca Queiroga Soares

GRUPO DE TRABALHO CT (S) Priscila dos Santos Bunn 1o Ten (RM2-T) Bruno de Souza Terra 1o Ten (RM2-T) Vanesca Queiroga Soares 1o Ten (RM2-T) Erik Bueno de Ávila

COMERCIAL CMG (RM1-T) Luiz Carlos Pinheiro Serrano 1o Ten (RM2-T) Raphael de Mattos Soares

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL CEFAN-CDM CMG (RM1-FN) Carlos Alfredo dos Reis Lessa 1º Ten (RM2-T) Maria Cecilia Bello Moutinho Baseggio 1o Ten (RM2-T) Vanesca Queiroga Soares 1o Ten (RM2-T) Claudia Figueiredo de Azeredo

FOTOGRAFIA SO (RM1-FN) Laerte da Silva 1o SG (FN-IF) Leonardo da Silva Paes Leme SD (FN) Bernardo Jucá Viana

PROJETO GRÁFICO Agência 2A Comunicação

IMPRESSÃO Gráfica Walprint

CEFAN Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes Av. Brasil 10.590 - Penha - - RJ - CEP: 21012-350

Esporte é vida. Viva o Esporte! 3 Editorial

Contra-Almirante (FN) CARLOS CHAGAS VIANNA BRAGA

É com grande satisfação que a Comissão Na terceira parte, são apresentados de Desportos da Marinha (CDM) e o Centro de aspectos relativos à atuação da Marinha no Educação Física Almirante Adalberto Nunes apoio à organização dos jogos. Aqui, destaca- (CEFAN) apresentam a terceira edição da Re- se o emprego simultâneo de 90 embarcações, vista Podium Naval: edição histórica. recém-adquiridas pela força, no apoio à orga- Assim, a edição busca apresentar os princi- nização das provas aquáticas: inequivocamen- pais aspectos do excepcional trabalho e resul- te, uma excepcional faina marinheira. tados obtidos pela Marinha do Brasil no apoio Os aspectos ligados à atuação das Forças à execução dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Armadas na segurança e na defesa durante Rio 2016. Tais resultados, obtidos nas mais va- os Jogos são abordados na quarta parte desta riadas áreas e segmentos, conforme destacado já edição. Diversos artigos relatam a atuação das no artigo de apresentação desta edição, pelo Al- Forças Armadas, em especial da Marinha, no mirante de Esquadra (FN) Fernando Antonio de Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, ficando Siqueira Ribeiro, Comandante-Geral do Corpo de evidente a enorme contribuição para os re- Fuzileiros Navais e Presidente do Comitê Olím- sultados alcançados e para um ambiente de pico da Marinha, durante os referidos Jogos. segurança e estabilidade durante todo o de- Assim, a primeira parte desta edição apre- correr dos jogos. senta artigos que destacam a participação Por fim, a quinta parte aborda o legado esportiva dos atletas militares da Marinha e olímpico para a Marinha, bem como as pers- seus extraordinários resultados, assim como as pectivas futuras, destacando a modernização diversas iniciativas que vem permitindo que do CEFAN, o Centro Nacional de Levantamen- o Programa Olímpico da Marinha (PROLIM) to de Pesos, a orientação, o futebol feminino atinja plenamente seu objetivo principal de e as perspectivas da nova modalidade militar contribuir para a transformação do Brasil em (“lifesaving”). potência olímpica. Em suma, trata-se de uma Edição Histó- A segunda parte aborda a utilização de ins- rica, uma vez que busca deixar registrada talações da Marinha como centros de treina- a grande contribuição da Marinha do Brasil mento. Dos artigos apresentados, destaca-se a para o sucesso alcançado pelo País na con- participação do CEFAN, como Centro Oficial de dução do mais importante e complexo evento Treinamento, recebendo delegações de diver- esportivo mundial. sos países, em especial da equipe de atletismo da Jamaica, incluindo o medalhista olímpico Boa leitura! Usain Bolt, e a Escola Naval, recebendo a dele- Esporte é vida, viva o esporte! gação dos Estados Unidos da América. ADSUMUS! VIVA A MARINHA!

4 Revista Podium Naval Sumário

A participação da Marinha do Brasil nos 01 Apresentação Jogos Olímpicos Rio 2016

Editorial 04

Jogos Olímpicos Rio 2016: a participação dos atletas da 09 Marinha do Brasil

A importância da Fisioterapia Desportiva na preparação e Parte 1: 24 reabilitação das equipes Os atletas do Programa Olímpico da Marinha O apoio do Laboratório de Pesquisa em Ciências do Exercício 30 na preparação de equipes esportivas de alto rendimento

O CEFAN como Centro de Treinamento dos 37 Jogos Olímpicos Rio 2016 Parte 2: A participação da Escola Naval nas Olimpíadas e nas Treinamento Olímpico 41 nas Organizações Militares Paralimpíadas Rio 2016 da Marinha

Embarcações da Marinha em apoio às provas aquáticas: 49 uma extraordinária faina marinheira Parte 3: Participação da Marinha do Brasil nas Cerimônias de Marinha no Apoio à 60 Organização dos Jogos Premiação dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016

67 Coordenação Geral de Defesa de área do Rio de Janeiro Parte 4: Atuação do Comando de Defesa Setorial Copacabana nos Segurança e Defesa 75 Jogos Olímpicos Rio 2016 Atuação da Força de Fuzileiros da Esquadra nas 78 Olimpíadas de 2016

A participação da Companhia de Polícia do Batalhão Naval 81 na segurança dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 Parte 4: Marinha do Brasil coordena ações de defesa durante jogos 87 Segurança e Defesa do futebol olímpico em Salvador

Atuação do Batalhão de Defesa Nuclear, Biológica, Química 92 e Radiológica de Aramar durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 na cidade de São Paulo

97 Modernização e Construção de Novas Instalações no CEFAN

107 Centro Nacional de Levantamento de Pesos

A Marinha do Brasil e o legado de equipamentos e materiais 110 esportivos dos Jogos da Rio 2016 Parte 5: O Legado Olímpico 115 49ª Campeonato Mundial Militar de Orientação – WMOC 2016

Lifesaving: Salvamento aquático rumo aos 7º Jogos Mundiais 121 Militares

127 Futebol Feminino: Campeão Mundial Militar e Campeão Brasileiro Parte 1: Os atletas do Programa Olímpico da Marinha

• Jogos Olímpicos Rio 2016: a participação dos atletas da Marinha do Brasil • A importância da Fisioterapia Desportiva na preparação e reabilitação das equipes • O apoio do Laboratório de Pesquisa em Ciências do Exercício na preparação de equipes esportivas de alto rendimento Mascotes da Rio 2016 no Forte de Copacabana – Divulgação/Rio 2016 Fonte: www.wp.clicrbs.com.br/brasilolimpico Contra-Almirante (FN) CARLOS CHAGAS VIANNA BRAGA Capitão de Mar e Guerra (RM1-FN) CARLOS ALFREDO DOS REIS LESSA Primeiro Tenente (RM2-T) BRUNO DE SOUZA TERRA Primeiro Tenente (RM2-T) MARIA CECÍLIA BELLO MOUTINHO BASEGGIO Primeiro Tenente (RM2-T) VANESCA QUEIROGA SOARES Jogos Olímpicos Rio 2016: a participação dos atletas da Marinha do Brasil Introdução Os resultados alcançados pelo Brasil nos Jo- importantíssima ligação entre as atividades es- gos Olímpicos Rio 2016 apresentaram uma inte- portivas desenvolvidas no âmbito da Força Naval ressante peculiaridade, que prontamente atraiu e a realidade do esporte nacional. a atenção da grande mídia e da população em Tal ligação, ainda que não com tamanha in- geral: das 19 medalhas conquistadas pelo País, tensidade e resultados tão expressivos, sempre 13 foram obtidas por atletas militares, com des- esteve presente ao longo da trajetória do esporte tacada participação da Marinha do Brasil (MB), no País, alternando, naturalmente, momentos de cujos atletas obtiveram seis medalhas. Compu- maior e menor visibilidade e importância. O ano tadas apenas as medalhas de ouro, os números de 2015 marcou a celebração do centenário da impressionam ainda mais: das sete medalhas “Liga de Sports da Marinha”, criada com o pro- brasileiras, cinco foram conquistadas por milita- pósito de regular as atividades esportivas no âm- res, sendo quatro deles integrantes da MB. bito da Força. No contexto das comemorações do Essa decisiva contribuição da MB não deve evento foi editada a publicação histórica intitu- ser considerada como um acontecimento isola- lada: “100 anos de esporte na Marinha do Brasil do, mas como a consolidação de uma política - da ‘Liga de Sports’ ao Programa Olímpico”, pioneira de desenvolvimento esportivo iniciada que apresenta uma elegante e abrangente retros- pela Força, há quase dez anos, implementada de pectiva de alguns dos principais fatos ligados à forma consistente e contínua ao longo de sua tra- prática esportiva na Marinha, desde seus antece- jetória. Além disso, evidencia, no presente, uma dentes, ainda no século XIX. Tal relato permite

Artigo publicado originalmente na Revista Marítima Brasileira v. 136 n. 07/09 – jul./set. 2016

Esporte é vida. Viva o Esporte! 9 constatar a estreita ligação histórica com a pró- expor a trajetória recente do desenvolvimento pria memória do esporte no Brasil. esportivo na Marinha do Brasil no contexto do esporte nacional e, especialmente, como as po- Na última década, os grandes eventos esporti- líticas e programas de incentivo, que contribu- vos organizados em nossa nação (Jogos Pan-Ame- íram para atingir os resultados alcançados nos ricanos 2007; 5º Jogos Mundiais Militares 2011; Jogos Olímpicos Rio 2016. Copa das Confederações 2013; Copa do Mundo 2014, além dos já mencionados Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016), com intensa partici- Antecedentes históricos pação das Forças Armadas, tanto na área espor- tiva, como na própria organização, segurança e O esporte é um fenômeno consagrado, pratica- logística, contribuíram para iluminar, aos olhos do no meio militar em todo o mundo. No âmbito da população, a importante contribuição militar das Forças Armadas brasileiras, o campo espor- para o desenvolvimento no esporte nacional. tivo foi consolidado ao longo do século XX. No entanto, verifica-se que, já no século XIX, os mi- Cabe destacar que especificamente nos Jogos litares tiveram participação marcante no início do Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, a contribui- processo de difusão do esporte moderno no Brasil. ção da Marinha foi especialmente importante em cinco eixos principais: Logo em 1808, por exemplo, apareceram as primeiras práticas de atividades físicas na Aca- 1. atletas militares de alto rendimento para demia Real de Guardas-Marinha (atual Escola compor o chamado “Time Brasil”; Naval) e na Brigada Real da Marinha (atual Corpo 2. instalações de treinamento, para o Brasil de Fuzileiros Navais), empregadas com fins uti- e outros países, como o Centro de Edu- litários, de formação do militar e de preparação cação Física Almirante Adalberto Nunes para a guerra. Dentre tais atividades, destaca- (CEFAN) e a Escola Naval; vam-se o remo escaler, a vela, o tiro e a esgrima. 3. aquisição de material esportivo e de Nesse processo de sistematização das ativi- apoio para utilização nas competições, dades físicas e introdução de práticas esportivas com destaque para 90 embarcações para no cotidiano dos militares da MB, ocorreu uma utilização nas competições aquáticas e rápida aproximação com alguns esportes náuti- que reverterão como legado à MB e todo cos, como o remo, bem como a organização de o equipamento utilizado nas competi- outro esporte náutico, a vela, como forma de ções de Levantamento de Peso Olímpi- treinamento das habilidades navais. A prática co (LPO), halterofilismo (paralímpico) e esportiva competitiva, entretanto, ocorria fora taekwondo; das instalações militares, já que não existia uma 4. cessão de pessoal para apoio à organiza- regulamentação ou entidade esportiva no inte- ção, com destaque para as cerimônias de rior da Força. Tal situação trouxe também uma hasteamento de bandeiras; e importante aproximação entre o esporte militar e próprio processo de fundação e consolidação 5. segurança, com a expressiva participação de alguns dos mais importantes e tradicionais de mais de 10.000 marinheiros e fuzilei- clubes esportivos. É marcante a participação de ros navais, no Rio de Janeiro, Salvador, atletas militares na história de muitos desses São Paulo, Brasília e Manaus. clubes. Destaca-se, como exemplo, o Clube de O presente artigo tem como foco principal o Regatas Flamengo, que ao ser fundado, em 1895, primeiro eixo: a participação dos atletas milita- teve como primeiro presidente o Guarda-Mari- res da Força. Assim seu propósito é justamente nha Domingos Marques de Azevedo.

10 Revista Podium Naval Em 1910, foi publicado um artigo na edi- • 1952 - Primeiro Tenente Mário Jorge da ção do 4º bimestre da Revista Marítima Bra- Fonseca Hermes como porta-bandeira sileira, propondo a criação de uma Escola de da delegação brasileira, desfila na ceri- Gymnastica, que teria como alunos sargentos mônia de aber­tura dos Jogos Olímpicos e cabos em um curso teórico-prático. Tais mi- de Helsinki, trajando seu uniforme de litares seriam diplomados como monitores de Oficial da MB; ginástica, com a responsabilidade de divulgar • 1972/1973 - O Centro de Esportes da os jogos e a ginástica sueca pelas escolas e na- Marinha, com então sede na Ilha das En- vios da MB. Embora a preocupação com a con- xadas, teve a sua denominação alterada dição física dos militares, iniciada naquele ano, para Centro de Educação Física da Ma- tenha se intensificado ao longo do século XX, rinha, em 18 de fevereiro de 1972, pas- a criação do curso só foi concretizada 15 anos sando finalmente a ter a denominação mais tarde, no ano de 1925. atual, Centro de Educação Física Almi- A estruturação e regulamentação de entidades rante Adalberto Nunes (CEFAN), em 31 esportivas e clubes pelo País foram ampliadas de outubro de 1973; pouco a pouco, chegando também essa tendência nas FFAA. Buscando centralizar a organização e normatizar a participação dos militares da MB, um grupo de oficiais reuniu-se no Clube Naval, em 25 de novembro de 1915, para fundar uma entidade diretora de esportes navais que recebeu o nome de “Liga de Sports da Marinha” (LSM). Na época, o Capitão de Corveta Adalberto Nunes (que posteriormente daria o nome ao CEFAN), por indicação dos presentes na reunião de fun- dação, foi nomeado Diretor-Presidente da Liga. Desde então, já se passaram 100 anos de uma Ministro da Marinha AE Adalberto de Barros Nunes história bastante intensa e rica em aconteci- Fonte: Acervo Histórico CEFAN mentos. Como exemplos de apenas alguns dos principais eventos que marcaram a trajetória do • 1974 - Inauguração do CEFAN, com a pre- esporte na Marinha, podem ser identificados: sença das autoridades da época e grande • 1922 - Primeira participação do Brasil festa esportiva; em Jogos Olímpicos, na Antuérpia, com • 2008 - Transferência de subordinação da representantes da MB; Comissão de Desportos da Marinha (CDM) e do CEFAN, que passam a integrar o se- tor Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais (CGCFN); • 2008 - Criação do Programa de Atletas de Alto Rendimento (PAAR). O programa, concebido e iniciado de forma pioneira pela MB, seria posteriormente reproduzi- do pelo Exército Brasileiro e, mais adian- te, pela Força Aérea. 1º Ten Mário Jorge da Fonseca Hermes, porta-bandeira da delegação brasileira – Helsinki/1952

Esporte é vida. Viva o Esporte! 11 • 2011 - Realização dos 5º Jogos Mundiais Jogos, contribuindo para o início do pro- Militares na cidade do Rio de Janeiro. O cesso de consolidação do Brasil como po- evento conta com expressiva participação tência esportiva militar, com a conquista de atletas da MB e o CEFAN é palco de do 1º lugar no quadro geral de medalhas importantes acontecimentos durante os (114 medalhas no total, sendo 45 de ouro);

Quadro de Medalhas: 5º Jogos Mundiais Militares - Rio 2011

PAÍS OURO PRATA BRONZE TOTAL

Brasil 45 33 36 114

Atletas MB (%): 20 (44,4%) 13 (39,4%) 14 (38,8%) 47 (41,2%)

China 37 28 34 99

Itália 14 13 24 51

Polônia 13 19 11 43

Fonte: Ministério da Defesa e CDM

cançado pelo Programa de Atletas de Alto Rendi- mento (PAAR) no âmbito da Marinha. O PAAR foi criado, de forma pioneira e inova- Equipe do Brasil dora, pela MB, em 2008. À época, o propósito do na abertura dos programa, inspirado nas experiências de alguns 5º JMM - Rio 2011 países europeus, era permitir elevar o nível da participação brasileira nos Jogos Mundiais Mili- tares, cuja quinta edição seria realizada em 2011 • 2012 - Participação de atletas do PAAR no Brasil, por meio da incorporação à Marinha da MB nos Jogos Olímpicos de Londres, de atletas de alto rendimento. A iniciativa da obtendo duas medalhas no judô, sendo Marinha foi, logo em seguida, reproduzida pelo uma de ouro; e Exército Brasileiro e, alguns anos mais tarde, • 2013 - Criação do Programa Olímpico da pela Força Aérea. O objetivo do PAAR consis- Marinha (PROLIM). tia exatamente na incorporação de atletas com elevado potencial, tendo sido viabilizado por meio de editais públicos e de importantes parce- Programa Olímpico da rias com o Ministério do Esporte, com o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e com algumas confe- Marinha derações desportivas. A criação do Programa Olímpico da Mari- Os resultados obtidos pelo Brasil nos 5º Jogos nha (PROLIM) deve ser interpretada e entendida Mundiais Militares, com o 1º lugar geral no qua- como uma conseqüência natural do sucesso al- dro de medalhas, materializaram o grande su-

12 Revista Podium Naval cesso do programa nas Forças Armadas. Ainda, atletas da MB), com destaque para a Medalha como reflexo direto do PAAR, verifica-se que, de Ouro obtida pela então Marinheira (atu- no ano seguinte, em 2012, nos Jogos Olímpi- almente Terceiro Sargento) e cos de Londres, a equipe brasileira contou com para a medalha de bronze da então Marinheira a participação significativa de 51 atletas mi- (atualmente Terceiro Sargento) , litares, sendo que estes atletas conquistaram ambas obtidas no . cinco medalhas (sendo duas conquistadas por

3º SG-RM2-EP Sarah Menezes 3º SG-RM2-EP Mayra Aguiar

Diante do retumbante sucesso alcançado, mentação e encerramento de projetos relaciona- a Alta Administração Naval, entendendo que dos, dispondo, prioritariamente, das instalações, a iniciativa do PAAR não deveria ficar limita- material e pessoal da Comissão de Desportos da da apenas ao campo do desporto militar, uma Marinha (CDM) e do CEFAN, para a consecução vez que teria condições de prestar contribuição do mesmo. Outras organizações militares tam- ainda maior para o desenvolvimento do despor- bém participam da execução do programa, como, to nacional, decidiu criar um novo programa: o por exemplo, a Escola Naval, contribuindo deci- Programa Olímpico da Marinha (PROLIM). sivamente nos projetos das modalidades esporti- O PROLIM foi criado em 2013, tendo como vas de Tiro Esportivo e Vela. propósito principal “auxiliar no desenvolvimento O PROLIM tem como principais objetivos: do desporto nacional de alto rendimento, a fim de contribuir para a transformação do Brasil em 1. Prática da Educação Física e dos es- uma potência olímpica”. O programa tem caráter portes. permanente e abrangência nacional, sendo con- 2. Captação e apoio a atletas de alto ren- duzido no âmbito do Comando-Geral do Corpo de dimento. Fuzileiros Navais (CFN) e aprovado pelo Coman- 3. Inclusão social por meio do esporte. dante da Marinha. Cabe ao Comandante-Geral Assim sendo, são desenvolvidos no âmbito do do CFN a direção do mesmo e a criação, imple- PROLIM, além do PAAR, programas e projetos

Esporte é vida. Viva o Esporte! 13 sociais e de base, como o Programa Forças no Es- execução dos hinos. Uma vez que algumas com- porte (PROFESP) e o Projeto Olímpico Marinha petições eram transmitidas ao vivo por diversos do Brasil-Odebrecht. canais, a continência dos atletas atraiu a atenção A Marinha conta hoje em seus quadros com da mídia, despertando o público para a partici- 221 atletas militares de alto rendimento, em 22 pação dos atletas militares e para a existência de modalidades esportivas, conforme o quadro a se- um programa de incentivo ao desporto nacional guir. O efetivo máximo atualmente autorizado é no âmbito das Forças Armadas. de 242. Existe constante renovação, com a incor- poração e licenciamento de novos militares, em função de seus índices esportivos e dos novos editais públicos, visando sempre proporcionar uma combinação dos melhores resultados de curto, médio e longo prazo.

3º SG-RM2-EP Etiene Medeiros prestando conti- nência no pódio durante os Jogos Pan-Americanos de Toronto 2015 Foto: espnw.espn.uol.com.br

Distribuição dos atletas militares de alto rendimento da Ainda em 2015, nos VI Jogos Mundiais Mili- MB, por modalidade tares, disputados em Mungyeong, na Coreia do Sul, o Brasil obteve a 2ª colocação no quadro geral de medalhas (84 medalhas no total, sen- Os resultados do PROLIM evoluíram a cada do 34 de ouro), atrás apenas da Rússia e com grande competição, atingindo patamares cada intensa participação da MB. Com o resultado vez mais elevados. Nos Jogos Pan-Americanos o Brasil consolidou sua posição como potência de Toronto, em 2015, dos 590 atletas do Time esportiva militar. Brasil, 41 (7%) eram da MB. Foram conquistadas 21 medalhas por estes atletas, correspondendo a Programas Sociais 18,2% de todas as medalhas do Time Brasil. Des- taca-se a participação da 3º SG-RM2-EP Etiene e de Base Medeiros, medalha de ouro na natação 100 m costas, conquistando 4 medalhas, sendo a 1ª me- Programa Forças no Esporte dalha de ouro da história da natação feminina O Programa Forças no Esporte (PROFESP) é em Jogos Pan-Americanos, quebrando também o um projeto social criado em parceria entre os recorde Pan-Americano e Sul-Americano. Outro Ministérios da Defesa, do Esporte e do Desenvol- aspecto interessante foi a questão da continên- vimento Social e Agrário, tendo como principais cia realizada pelos atletas militares durante a objetivos a promoção da cidadania e do acesso

14 Revista Podium Naval Quadro de Medalhas: VI Jogos Mundiais Militares - Mungyeong (Coreia do Sul) 2015

País Ouro Prata Bronze Total

1º Rússia 59 43 33 135

2º Brasil 34 26 24 84

Atletas MB (%): 12 (35,3%) 11 (42,3%) 7 (29,2%) 30 (35,7%)

3º China 32 31 35 98

4º Coreia do Sul 19 15 25 59

Fonte: Ministério da Defesa e CDM

Delegação do Brasil na cerimônia de abertura dos VI Jogos Mundiais Militares - Mungyeong (Coreia do Sul) 2015

Esporte é vida. Viva o Esporte! 15 à prática do Esporte. Beneficia cerca de 21 mil programas sociais realizados no CEFAN, em fun- crianças e jovens em situação de vulnerabilida- ção dos resultados obtidos, ao atingirem a maio- de social. Com atuação em 89 municípios de 26 ridade, em função de seus excepcionais resul- estados brasileiros, contribui para democratizar tados esportivos, acabam sendo incorporados ao o acesso à prática e à cultura do esporte, como Programa Olímpico da Marinha (PROLIM), como fator de formação da cidadania e de melhoria da atletas militares de alto rendimento. qualidade de vida, além de promover o desen- volvimento integral de crianças, adolescentes e Projeto Olímpico Marinha do Brasil - jovens. Os alunos participam de atividades es- portivas educacionais, de lazer, de reforço esco- Odebrecht lar, de laboratórios de informática visando à in- O Projeto Olímpico Marinha do Brasil - clusão digital e de oficinas de treinamentos que Odebrecht, iniciado em dezembro de 2010, orientam para diversas especialidades técnicas, contempla atualmente as modalidades de atle- facilitando o ingresso no mercado de trabalho. tismo, levantamento de peso olímpico e boxe, O CEFAN integra o PROFESP desde seu iní- tendo como objetivo a identificação, o apoio e cio, em 2003, e desenvolve o programa em par- a preparação de jovens, entre 14 e 18 anos de ceria com a Arquidiocese do Rio de Janeiro, por idade, que apresentem condições de alcançar meio da Pastoral do Menor, que exerce um papel o alto rendimento em competições nacionais e fundamental para o sucesso do programa, sendo internacionais. responsável pela seleção dos alunos em situa- Esses jovens recebem apoio integral, com ção de risco social nas comunidades atendidas, suporte técnico desportivo de alto nível, assis- além de executar assistência social e diversas tência psicológica, social, pedagógica, médica e atividades que contribuem para a inserção dos jovens no mercado de trabalho. Atualmente, o plano de saúde, além de uniformes para treina- PROFESP, no CEFAN, conta com 376 alunos. mento, alimentação e para complementar, uma bolsa-auxílio. Desde sua implantação, o projeto Além do trabalho social, o CEFAN, por sua tem contribuído para a projeção do Brasil no ce- excelência no âmbito do esporte, destaca-se, nário esportivo internacional. dentre todas as demais organizações milita- res integrantes do programa, por proporcionar Além dos ótimos resultados esportivos apre- às crianças atendidas iniciação esportiva dire- sentados, o projeto possui sua maior relevância cionada em diferentes modalidades, tais como no campo social. Doze jovens oriundos desse Levantamento de Peso Olímpico (LPO), Boxe, projeto, que já completaram 18 anos, tiveram a Atletismo, Esgrima, Lutas Associadas e Pentatlo oportunidade de ingressar na Marinha do Brasil, Moderno, dentre outras. como sargentos / atletas de alto rendimento do PROLIM, por seus resultados esportivos alcança- Tal peculiaridade, exclusiva do CEFAN, per- dos. Este projeto já atendeu, até a data de hoje, mite a convivência com atletas de destaque 46 jovens atletas, sendo, portanto, um importan- internacional, integrantes do PROLIM ou par- te desenvolvedor de jovens talentos. ticipantes dos diversos eventos esportivos orga- nizados no Centro, além da utilização das mais O sucesso alcançado pode ser evidenciado modernas instalações, resultando frequentemen- pela presença de atletas, oriundos do Projeto te na identificação e no desenvolvimento de Olímpico Marinha do Brasil-Odebrecht, dentre os importantes talentos esportivos. Vários alunos que participaram dos Jogos Olímpicos Rio 2016, participam de competições estaduais, nacionais como a Terceiro-Sargento Vitória Rosa, da equipe e internacionais, alcançando expressivos resul- de atletismo, que treina no CEFAN desde os 14 tados. Além disso, alguns alunos, oriundos dos anos de idade, e o Terceiro-Sargento Joedison Tei-

16 Revista Podium Naval xeira, da equipe de boxe, que foram incorporados “Futuramente, quando aparecer al- à Marinha após ter integrado o projeto. gum jovem que sintamos tenha con- dições de se tornar um grande com- No momento da finalização deste artigo, o petidor, estaremos preparados para CEFAN busca novas parcerias, que permitam a dar-lhe residência, alimentação e manutenção ou ampliação deste projeto tão bem trabalho para que possa se dedicar in- sucedido. tegralmente ao esporte, a exemplo do que acontece nas grandes potências.”

Recentemente, em função dos grandes even- tos esportivos realizados no país nos últimos anos, suas instalações passaram por dois importantes processos de modernização e revitalização, que permitiram sua permanência no estado da arte. O primeiro processo ocorreu no período que ante- cedeu os 5º Jogos Mundiais Militares, tendo como propósito preparar as instalações do Centro para receber as competições de determinadas modali- dades. O segundo processo, recém concluído, teve Emily Rosa, atleta de Levantamento de Peso Olímpico o propósito de preparar as instalações do CEFAN (LPO), do Projeto Marinha do Brasil-Odebrecht, recor- para funcionarem como Centro de Treinamento dista panamericana. Oficial dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Foto: globoesporte.globo.com (Divulgação / IWF) Como Centro Oficial de Treinamento dos Jo- jornalfolhadoiguassu (Alziro Xavier) gos Olímpicos Rio 2016, o CEFAN recebeu dele- gações estrangeiras das modalidades de futebol, vôlei e polo aquático. As intervenções realizadas Instalações Esportivas para a Olimpíada, todas viabilizadas com recursos Outro aspecto de fundamental importância oriundos do Ministério do Esporte, incluíram a para o desenvolvimento pleno das atividades construção de dois campos de futebol e prédio de esportivas de alto rendimento e, consequente- apoio, calçamento nas vias de acesso, acessibili- mente, para a conquista dos melhores resultados dade, e reformas no tanque de saltos, nos vestiá- consiste na existência de instalações de qualida- rios, na piscina e no ginásio com quadra de vôlei de, que permitam o treinamento dos atletas e o climatizado. Destaca-se a tecnologia sustentável desenvolvimento de novos talentos. e inovadora utilizada na construção dos campos Neste aspecto, o Centro de Educação Físi- de futebol, com células fotovoltaicas e reutilização ca Almirante Adalberto Nunes foi concebido e da água, dentre outros aspectos. Após os Jogos, construído na década de 1970, de acordo com as referidas instalações representarão importan- os mais elevados padrões esportivos existentes te legado, não apenas para o esporte nacional de à época. A inspiração e a vocação principal do alto rendimento, como também para os projetos Centro aparecem de forma clara nas palavras sociais e de base desenvolvidos no CEFAN. de seu comandante, Capitão de Mar e Guerra A Escola Naval também recebeu delegações Mario Luiz de Lima Lages, em entrevista con- estrangeiras, com destaque para a delegação dos cedida ao Jornal do Brasil, em 27 de fevereiro Estados Unidos da América, sendo também be- de 1973, por ocasião da inauguração: neficiada por importantes modernizações, como

Esporte é vida. Viva o Esporte! 17 a da pista de atletismo, que teve seu piso total- mente substituído, resultando em importante le- gado para o esporte na Marinha. O momento olímpico e o excepcional de- sempenho do projeto da modalidade Levanta- mento de Peso Olímpico (LPO), desenvolvido no CEFAN, integrando atletas de alto rendi- mento consagrados e atletas iniciantes de base, Laboratório de Pesquisa Centro de Reabilitação pertencentes especialmente ao PROFESP, per- em Ciências do Exercício Físico-Funcional (LABOCE) mitiram também que o Ministério do Espor- te direcionasse recursos para a construção do quanto a Fisioterapia contam com profissionais primeiro Ginásio de LPO do País. Tal ginásio, qualificados, como doutores, mestres, além de que estará concluído até o final de 2016, será outros títulos em suas respectivas áreas. Tais totalmente equipado com os equipamentos uti- qualificações e intercâmbios com atletas estran- lizados nas competições de LPO e halterofilis- geiros permitem uma transmissão de conheci- mo (paralímpico) dos Jogos Olímpicos e Para- mentos do mais alto nível para alunos de cursos límpicos Rio 2016, representando indiscutível de especialização e formação de militares, bem legado e iluminando um futuro cada vez mais como para os jovens do PROFESP e do Projeto promissor para a modalidade. Marinha do Brasil-Odebrecht, maximizando o O CEFAN conta também com um Serviço de potencial desses programas. Reabilitação Físico-Funcional muito bem equi- A inegável qualidade das instalações do pado, que se tornou referência no País. Em 2013 CEFAN permitiu, ainda, que, no período que foi implantado o Laboratório de Pesquisa em Ciências do Exercício (LABOCE), que vem de- imediatamente antecedeu os Jogos Olímpicos, senvolvendo estudos voltados para a melhora do alguns países e equipes escolhessem o Centro desempenho de atletas e militares da área ope- para realizar seu preparo final, como foi o caso rativa, bem como para a prevenção de lesões. da equipe de atletismo da Jamaica, incluindo o Além disso, tanto o setor de Educação Física, tricampeão olímpico Usain Bolt. Jogos Olímpicos Rio 2016

O tricampeão olímpico Usain Bolt (Jamaica) com as crianças do PROFESP, no CEFAN. | Foto: SO-RM1-FN Laerte Silva

18 Revista Podium Naval A consolidação das iniciativas descritas nos sincronizado Sargento Maria Eduarda Micucci itens anteriores, tanto em termos de políticas e e Sargento Luisa Borges, as jogadoras de vôlei programas, como em termos de infraestrutura, de praia Sargento Ágatha Bednarczuk e Sargen- permitiram que a Marinha do Brasil atingisse to Bárbara Seixas, a nadadora Sargento Etiene nos Jogos Olímpicos Rio 2016 resultados impres- Medeiros, o saltador ornamental Sargento Hugo sionantes, tanto em termos de participação de Parisi e as velejadoras Sargento e seus atletas, como especialmente em termos das Sargento , além de toda a equipe medalhas obtidas. feminina de judô. Dos 465 atletas do Time Brasil, 55 (11,8%) pertenciam à MB, incluindo, por exemplo, o O quadro a seguir apresenta a relação de to- boxeador Sargento Robson Conceição, a lutado- dos os 55 atletas da Marinha que participaram ra Sargento Aline Silva, a maratonista aquática dos Jogos Olímpicos Rio 2016, compondo o cha- Sargento , a dupla de nado mado “Time Brasil”, divididos por modalidade:

ATLETISMO JUDÔ

3º SG-RM2-EP Ana Claudia 3º SG-RM2-EP Érika Miranda

3º SG-RM2-EP Andressa Oliveira 3º SG-RM2-EP Maria Portela

3º SG-RM2-EP Cristiane Santos 3º SG-RM2-EP Maria Suelen

3º SG-RM2-EP Geisa Coutinho 3º SG-RM2-EP Mariana Silva

3º SG-RM2-EP Fabiana Moraes 3º SG-RM2-EP Mayra Aguiar

3º SG-RM2-EP Joelma 3º SG-RM2-EP

3º SG-RM2-EP Lutimar Paes 3º SG-RM2-EP Sarah Menezes

3º SG-RM2-EP Moreira LEVANTAMENTO DE PESO OLÍMPICO 3º SG-RM2-EP Núbia 3º SG-RM2-EP Jaqueline Ferreira 3º SG-RM2-EP Tabata 3º SG-RM2-EP Rosane Reis 3º SG-RM2-EP Vanessa Chefer

3º SG-RM2-EP Vitória Rosa LUTAS ASSOCIADAS

3º SG-RM2-EP Aline Ferreira BOXE 3º SG-RM2-EP Gilda Oliveira 3º SG-RM2-EP Joedison Texeira 3º SG-RM2-EP Joice Silva 3º SG-RM2-EP Juan Golçalves

3º SG-RM2-EP Julião Neto NADO SINCRONIZADO

3º SG-RM2-EP Robenilson Vieira 3º SG-RM2-EP Luisa Borges

3º SG-RM2-EP Robson Conceição 3º SG-RM2-EP Eduarda Micucci

Esporte é vida. Viva o Esporte! 19 NATAÇÃO/MARATONA AQUÁTICA TIRO

3º SG-RM2-EP Alan Do Carmo 3º SG-RM2-EP Rosane Ewald

3º SG-RM2-EP Ana Marcela VELA

3º SG-RM2-EP Brandon Almeida 3º SG-RM2-EP Fernanda Decnop

3º SG-RM2-EP Gabriel Borges 3º SG-RM2-EP Etiene Medeiros 3º SG-RM2-EP Henrique Haddad 3º SG-RM2-EP João Luiz 3º SG-RM2-EP Isabel Swan

REMO 3º SG-RM2-EP

3º SG-RM2-EP Willian Giaretton 3º SG-RM2-EP Kahena Kunze

3º SG-RM2-EP Marco Grael SALTOS ORNAMENTAIS 3º SG-RM2-EP Martine Grael 3º SG-RM2-EP Cesar Castro VÔLEI DE PRAIA FEMININO 3º SG-RM2-EP Hugo Parisi 3º SG-RM2-EP Agatha Bednarczuk 3º SG-RM2-EP Jackson Rondinelli 3º SG-RM2-EP Bárbara Seixas 3º SG-RM2-EP Juliana Veloso

VÔLEI DE PRAIA MASCULINO TAEKWONDO 3º SG-RM2-EP Alisson Cerutti 3º SG-RM2-EP Venilton Texeira 3º SG-RM2-EP Bruno Schmidt

Foram conquistadas 6 medalhas (4 de ouro). e a dupla da vela, as 3º SG-RM2-EP Martine Destacam-se as quatro medalhas de ouro con- Grael e Kahena Kunze. Estes números foram quistadas pelos seguintes atletas: 3º SG-RM2-EP decisivos para assegurar a 13ª posição geral do Rafaela Silva, do judô; 3º SG-RM2-EP Robson Brasil no quadro geral de medalhas, conforme o Conceição, do boxe; a dupla de vôlei de praia, os quadro a seguir: 3º SG-RM2-EP Alison Cerutti e Bruno Schmidt;

Quadro de Medalhas: Jogos Olímpicos Rio 2016

Colocação / País Ouro Prata Bronze Total

13º Brasil 7 6 6 19

Atletas MB (%)*: 4 (57,1%) 1 (16,6%) 1 (16,6%) 6 (31,5%)

* Se a MB fosse um país, ficaria em 22º lugar no quadro geral de medalhas. Fonte: Comissão de Desportos da Marinha

20 Revista Podium Naval 3º SG-RM2-EP Rafaela Silva 3º SG-RM2-EP Robson Conceição Foto: Danielo Verpa/Folha de S. Paulo/NOPP Foto: Danielo Verpa/Folha de S. Paulo/NOPP

3º SG-RM2-EP Alison Cerutti e Bruno Schmidt 3º SG-RM2-EP Martine Grael e Kahena Kunze Foto: Murad Sezer/REUTERS Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Quadro Sintético da part. dos atletas militares todas medalhas conquistadas e, ainda mais im- da Marinha nos Jogos Olímpicos Rio 2016 pressionante, 57% das medalhas de ouro. Des- taca-se, ainda, a importante informação de que JOGOS OLÍMPICOS RIO 2016 7 dos atletas da MB que participaram dos Jogos Atletas % Medalhas % foram oriundos de programas sociais, sendo que dois deles, 3º SG-RM2-EP Rafaela Silva, do judô; Time 465 100% 19 (7 ouro) 100% Brasil 3º SG-RM2-EP Robson Conceição, do boxe, obti- veram medalhas de ouro. O quadro a seguir sin- Total 68% 145 31,18% 13 (5 ouro) Militares (71%) tetiza a contribuição dos atletas da Marinha para o sucesso alcançado pelo Brasil. 32% Marinha 55 11,82% 6 (4 ouro) (57%) As conquistas destes atletas renomados mo- Projetos tivam os mais jovens a se dedicarem e a trei- 07 - 2 (2 ouro) - Sociais narem para futuras conquistas. Na realidade, o papel dos mais jovens é fundamental para a A participação dos atletas da MB foi muito continuidade e para o sucesso de longo prazo do expressiva sob todos os aspectos. Esses atletas PROLIM, uma vez que, somente por meio de in- constituíram quase 12% do Time Brasil (um dado vestimentos nos processos sociais e de base liga- que, mesmo isoladamente, já teria um signifi- dos ao esporte será possível realizar a verdadeira cado importante), conseguiram obter 32% de transformação do Brasil em potência olímpica.

Esporte é vida. Viva o Esporte! 21 Perspectivas Futuras

O excepcional resultado obtido nos Jogos sidente da Confederação Brasileira de Levan- Olímpicos Rio 2016 pelos atletas militares tamento de Peso (CBLP), em audiência pública em geral, especialmente pelos atletas da MB, realizada na Câmara dos Deputados, em 10 de além da grande repercussão positiva imedia- setembro de 2015, relata de forma clara as ex- ta, criou um ambiente altamente favorável à pectativas, ao explicitar sua visão de que, para consolidação, continuação e, até mesmo, uma o futuro da modalidade,“a aposta é no projeto ampliação do Programa Olímpico da Marinha social desenvolvido no Centro de Educação Fí- e de sua contribuição para a transformação do sica Almirante Adalberto Nunes (CEFAN), no País em potência olímpica. Autoridades pú- Rio de Janeiro. .. É um apoio inédito para a blicas, nos mais diversos níveis do governo, base e já tivemos resultado.... Nunca tínhamos desde o próprio Presidente da República, e re- conseguido um pódio e no fim foram seis me- presentantes do COB e de diversas confedera- dalhas”, referindo-se aos resultados alcançados ções desportivas ressaltaram explicitamente a no Campeonato Mundial Juvenil disputado em importância da continuidade da contribuição Lima, em 2015. prestada pelas Forças Armadas. Esta conjugação entre os atletas de alto Em termos do contínuo aprimoramento das rendimento, que além de inspirarem os mais instalações desportivas, já existem, para um fu- jovens, permitem alcançar bons resultados no turo próximo, projetos de construção, por meio curto prazo, e a existência dos programas so- de parceria com o Ministério do Esporte, de um ciais e de base, que além de retratarem um ginásio de lutas e de um ginásio de treinamento compromisso fundamental da MB com a for- “dry land” de saltos ornamentais, que segura- mação da cidadania, permitem sonhar com um mente proporcionarão um impulso ainda maior, futuro cada vez mais promissor para o esporte tanto para o alto rendimento, como para os proje- nacional, tudo isso aliado a investimentos con- tos de base ligados a essas modalidades. sistentes por parte dos atores envolvidos, asse- gura uma sinergia única, que seguramente será Os projetos de base desenvolvidos no CEFAN, materializada em resultados cada vez melhores principalmente nas modalidades de LPO, lutas, nos próximos ciclos olímpicos. Neste contexto, atletismo e boxe, seguramente continuarão a com a significativa contribuição da Marinha do identificar e desenvolver, desde muito cedo e Brasil no esporte, o futuro do esporte nacional em quantidades cada vez maiores, atletas de parece ser cada vez mais promissor. destaque, capazes de representar o Brasil no futuro, nas mais relevantes competições inter- nacionais. Neste aspecto, o depoimento do Pre- Rumo a Tóquio 2020!

22 Revista Podium Naval Referências

CANCELA, K., GARRIDO, F. A. C., ÁVILA, E. B., SOARES, COMANDO DA MARINHA. Anexo 16, da Portaria nº V. Q., GROSS, P. S. C. 100 anos de esporte na Marinha 40/2013 - Programa Olímpico da Marinha. do Brasil. 1ª ed. Rio de Janeiro: Agência 2A Comunicação, 2015, 124p. MINISTÉRIO DA DEFESA. Programa Forças no Esporte. Disponível em: . Acesso: 31 ago. litares. Disponível em: . Acesso: 30 ago. 2016.

Esporte é vida. Viva o Esporte! 23 Primeiro Tenente (RM2-S) BRUNO SENOS QUEIROZ GOMES Primeiro Tenente (RM2-S) MAURÍCIO DOS SANTOS SOARES Primeiro Tenente (RM2-S) THIAGO DOS SANTOS PINHEIRO

Colaboradores: Capitão de Corveta (S) THIAGO JAMBO ALVES LOPES Capitão Tenente (S) PRISCILA DOS SANTOS BUNN A importância da Fisioterapia Desportiva na preparação e reabilitação das equipes

24 Revista Revista Podium Podium Naval Naval Nos últimos 10 anos, o Brasil foi palco de gran- na, nutrição, odontologia, psicologia e fisiotera- des eventos esportivos. Desde os jogos Pan-Ame- pia desportiva, e contando com um importante ricanos de 2007, foram acumuladas importantes laboratório de pesquisa em Ciência do Exercício experiências em aspectos organizacionais, admi- (LABOCE), ele possui os recursos mais modernos nistrativos, logísticos e técnicos. A Marinha do para a prevenção e reabilitação de atletas. Toda Brasil (MB), inicialmente em virtude dos Jogos essa infraestrutura potencializada por investi- Mundiais Militares de 2011 e, posteriormente, mento constante em capacitação profissional e com a criação do Programa Olímpico da Marinha com diversas experiências internacionais acu- (PROLIM), assumiu papel de destaque neste pro- muladas em eventos de preparação para os Jogos cesso, investindo em atletas de alto rendimento, Olímpicos Rio 2016. Desta forma, a fisioterapia em infraestrutura e em capacitação de pessoal. desportiva do CEFAN oferece um suporte de ex- Toda essa mobilização teve como principal des- celência para os atletas. fecho o sucesso da MB na participação nos Jogos Mundiais Militares de 2011, bem como nos Jo- Os Jogos Olímpicos se notabilizam pela pro- gos Olímpicos Rio 2016. O Centro de Educação ficiência esportiva e essa vem acompanhada de Física Almirante Adalberto Nunes (CEFAN) foi um grande suporte no âmbito do treinamento e peça-chave nesta engrenagem, por ter oferecido dos cuidados com os participantes. Em vista dis- todas as condições para o treinamento, prepara- so, o Comitê Olímpico Internacional (COI) vem ção e reabilitação de atletas. aumentando a ênfase na proteção da saúde dos atletas e na prevenção das lesões esportivas. Recentes evidências científicas mostraram que avaliações padronizadas de lesões esportivas for- necem não só informações epidemiológicas, mas também direções para a prevenção e o monitora- mento de mudanças de longo prazo na frequên- cia e nas circunstâncias das lesões (Junge et al., 2004; Fuller et al., 2005). Toda esta preocupação do COI resultou em um primeiro trabalho acerca das condições de saúde dos atletas nas Olimpíadas de Pequim 2008. Foram relatadas 1055 lesões, resultando numa incidência de 96.1 delas por 1000 atletas registrados (Junge et al., 2009). A experiência adquirida em Pequim teve continuidade nos Jo- gos de Londres 2012, com uma pesquisa sobre a ocorrência diária de lesão e doenças duran- te a competição, baseado nas informações dos O fisioterapeuta 1º Tenente Thiago Pinheiro visita o La- Comitês Olímpicos Nacionais (CON) e equipes boratório de Ciências do Esporte na Coreia do Sul duran- médicas das policlínicas e centros médicos do te os 6º Jogos Mundiais Militares em 2015 Comitê Organizador Olímpico e Paralímpico de O Serviço de Reabilitação Físico-Funcional Londres. Um total de 10.568 atletas de 204 CON do CEFAN é um dos mais modernos centros de participaram do estudo e foram reportadas 1361 reabilitação da América Latina. Possui como lesões e 758 doenças, gerando uma incidência grande característica a atuação transdisciplinar. de 128.8 lesões e 71.7 doenças por 1000 atletas Composto por profissionais das áreas de medici- (Engebretsen et al., 2013).

Esporte é vida. Viva o Esporte! 25 As informações adquiridas nos Jogos de Pe- quete paralímpica do Canadá - beneficiaram-se quim e de Londres sobre as condições de saú- de todos os recursos e instalações de saúde do de e lesões dos atletas foram importantes para CEFAN durante o período pré-jogos olímpicos. servir de base para estudos dos fisioterapeutas Ainda no CEFAN, instalações exclusivas para em todo o mundo. Além disso, subsidiaram o treinamento de equipes de futebol, natação, Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e o Comi- pólo aquático e nado sincronizado, que também tê Organizador da Rio 2016 na elaboração de receberam todo suporte das equipes militares estratégias e investimentos, tanto na área de de reabilitação, foram criadas pelo Comitê Rio prevenção quanto na assistência aos atletas du- 2016. Destaca-se ainda a atuação de alguns fisio- rante as competições. Foram criados centros terapeutas da MB compondo as equipes do COB, médicos e fisioterapêuticos na vila olímpica e bem como dando suporte em centros exclusivos em locais de treinamento, contando com toda dos atletas, como na Vila Olímpica, centros mé- a condição técnica de qualificação profissional, dicos e áreas de competição. bem como de infraestrutura. O sucesso conseguido nos serviços prestados A MB, representada pelo Serviço de Rea- só foi possível em virtude das experiências ad- bilitação Físico-Funcional do CEFAN, teve um quiridas ao longo dos anos com o suporte ofe- papel de protagonismo neste processo. Algumas recido às equipes militares brasileiras de alto delegações - como as equipes de atletismo da Ja- rendimento que treinam diariamente no CEFAN. maica e Costa Rica; a equi- Neste contexto, as ações de pesquisas acerca de pe de boxe de Cuba; e a equipe de bas-

Usain Bolt durante treina- mento na pista de atletismo do CEFAN antes de se tornar tri-campeão olímpico nos Jogos Olímpicos Rio 2016

26 Revista Podium Naval Equipe de basquete para- límpica do Canadá treina na quadra climatizada do CEFAN durante preparação para os Jogos Paralimpicos Rio 2016.

EsporteEsporte é évida. vida. Viva Viva o oEsporte! esporte! 27 O 1º Ten Augusto (ao centro), fisiotera- peuta coordenador da Policlínica na vila dos atletas, recebe como representantes do COFFITO (Conselho Federal de Fisio- terapia e Terapia Ocupacional) os fisiote- rapeutas Fabio Perrisé (esquerda) e o 1º Ten Thiago Pinheiro (direita) durante os Jogos Olímpicos Rio 2016

A CT Priscila Bunn aplicando testes para prevenção de lesões em atletas da Confederação Bra- sileira de Lutas Associadas no LABOCE. Classificação do risco de lesões musculoesqueléticas com o Functional Movement ScreeningTM

incidência e prevalência de lesões desenvolvidas Durante todos os seus seis anos de existência, pelo COI, em conjunto com o investimento do o Serviço de Reabilitação do CEFAN proveu aos CEFAN em qualificação profissional, permitiram atletas de alto rendimento nacionais e internacio- que os militares da Fisioterapia Desportiva do nais toda a condição de preparação e assistência CEFAN tivessem acesso aos principais métodos para reabilitação. As experiências acumuladas e de reabilitação e prevenção de lesões de atletas. o envolvimento direto com os Jogos Olímpicos Rio 2016 fez com que a Fisioterapia Desportiva Tratamentos especializados e ações preventi- no Brasil e na MB tivessem um grande desenvol- vas para cada esporte auxiliaram na obtenção de vimento. Todo esse avanço permitiu que novos resultados positivos em competições nacionais protocolos e tecnologias fossem disponibilizadas e internacionais de nossos atletas em esportes aos atletas de alto rendimento no cenário na- como atletismo, boxe e levantamento de peso cional. Sem dúvida, todas essas conquistas são olímpico. Além disso, o programa de prevenção certezas de um cenário mais promissor em fu- de lesão, estabelecido pela equipe de Fisiote- turas competições. A Fisioterapia Desportiva do rapia Desportiva do CEFAN, foi um importante CEFAN está pronta para cumprir sua missão. coadjuvante no título de campeão brasileiro de futebol feminino de 2016, conseguido pela par- ADSUMUS. ceria Flamengo / Marinha. Referências

ENGEBRETSEN, L. et al. Sports injuries and illnesses JUNGE, A.; DVORAK, J.; GRAF-BAUMANN, T. Football during the London Summer 2012. British injuries during the World Cup 2002. The American journal of sports medicine, v. 47, n. 7, p. 407-414, Journal of Sports Medicine, v. 32, n. 1 suppl, p. 2013. ISSN 1473-0480. 23S-27S, 2004. ISSN 0363-5465.

FULLER, C.; JUNGE, A.; DVORAK, J. A six year prospective JUNGE, A. et al. Sports injuries during the summer study of the incidence and causes of head and neck injuries Olympic games 2008. The American journal of sports in international football. British journal of sports medicine, v. 37, n. 11, p. 2165-2172, 2009. ISSN 0363- medicine, v. 39, n. suppl 1, p. i3-i9, 2005. ISSN 1473- 5465. 0480.

28 Revista Podium Naval Esporte é vida. Viva o Esporte! 29 Capitão Tenente (S) PRISCILA DOS SANTOS BUNN O apoio do Laboratório de Pesquisa em Ciências do Exercício na preparação de equipes esportivas de alto rendimento

O Laboratório de Pesquisa em Ciências do técnicas e a realização de estudos científicos Exercício (LABOCE) é um núcleo de assessoria relacionados ao esporte. ao comando do Centro de Educação Física Almi- Ao serem acionados por uma equipe espor- rante Adalberto Nunes (CEFAN) que tem como tiva, inicialmente os membros do LABOCE se objetivo principal o planejamento, a coordenação reúnem com a Comissão Técnica da modalida- e a execução de pesquisas científicas direciona- de, que expõe suas necessidades em termos de das às Ciências do Exercício e do Esporte, em avaliação e quais valências físicas devem ser especial ao desempenho esportivo, operacional e avaliadas para melhoria do desempenho e pre- à prevenção de lesões musculoesqueléticas. venção de lesões musculoesqueléticas. Poste- Formado por pessoal militar com Pós-Gradu- riormente, é realizada uma revisão da literatura ação Stricto Sensu (Mestrado ou Doutorado), o para a seleção ou proposição de testes. Desta for- LABOCE é constituído de uma sala principal e ma, é possível definir o protocolo de avaliação. mais três anexas, onde se encontram a avaliação Após aplicar os testes, os dados são analisados física, a ergoespirometria e o isocinético. O la- e fornecidos laudos e relatórios para a comissão boratório possui equipamentos que permitem a técnica com sugestões para o treinamento e para avaliação da composição corporal, do consumo a reabilitação dos atletas. As reavaliações permi- máximo de oxigênio, da atividade eletromiográfi- tem o acompanhamento das equipes, bem como ca, do equilíbrio, da potência de saltos e da força o aperfeiçoamento do protocolo de testes. muscular isométrica e isocinética. Esses testes e No último ciclo olímpico, o LABOCE realizou equipamentos podem ser utilizados na avaliação avaliações de atletas de várias modalidades, em e treinamento de equipes desportivas em todos especial o nado sincronizado e a luta olímpica. os níveis de rendimento, além da sua aplicação Eles foram avaliados antes do início da tempora- para avaliação da aptidão física de militares e na da de 2016, tendo sido realizados protocolos de vertente operativa da Marinha do Brasil (MB). acordo com cada equipe. O LABOCE realiza o apoio técnico-científico A Confederação Brasileira de Desportos às equipes esportivas de alto rendimento, em Aquáticos (CBDA) solicitou a realização de ava- especial àquelas compostas por atletas militares liações biomecânicas e de desempenho na água da MB. A realização das avaliações tem como para os 14 atletas da seleção brasileira de nado objetivo a assessoria científica às comissões sincronizado. Após a elaboração do protocolo,

30 Revista Podium Naval o LABOCE realizou os seguintes testes: composição corpo- ral, flexibilidade, avaliação da resistência dos músculos do tronco, potência de membros inferiores e superiores, ava- 1T (RM2-S) Vanessa Knust e 1T (RM2-S) Maicom Lima liação funcional do ombro e da coluna cervical, desempe- realizando a avaliação da ativi- nho na água, cinemetria e dinamometria isocinética. Eles dade de músculos cervicais foram realizados pelos militares do LABOCE e contaram com a participação de oficiais da Divisão de Fisioterapia do CEFAN. O Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM), que possui parceria técnico-científica com o CEFAN, dis- ponibilizou profissionais e o sistema de cinemetria para a avaliação tridimensional do movimento dos atletas. Este equipamento tem um alto custo e é encontrado apenas em laboratórios de biomecânica de algumas universidades.

CT (S) Priscila Bunn realizando a avaliação da resistência dos músculos do tronco

EsporteEsporte é évida. vida. Viva Viva o oEsporte! esporte! 31 Teste de salto vertical Avaliação tridimensional do movimento com sistema de cinemetria

Avaliação da propriocepção do complexo articular do ombro

Testes específicos na água

32 Revista Podium Naval Nos dias 6 e 7 de janeiro de 2016, foi feita avaliação da força de músculos extensores de a avaliação dos atletas da Seleção Brasileira de tronco e outros. Lutas Associadas (CBLA). Em todos os casos, foram realizadas reuniões Foram realizados os seguintes testes: compo- com as comissões técnicas para discussão dos sição corporal, preensão manual, flexibilidade, resultados e sugestões de melhorias. classificação do risco de lesão musculoesqueléti- Diante do exposto, ressalta-se a importância ca, potência de membros inferiores e superiores, deste laboratório no desporto da MB.

Teste de potência de membros superiores

EsporteEsporte é évida. vida. Viva Viva o oEsporte! esporte! 33 Avaliação da força mus- Teste de cular de extensores da salto vertical coluna vertebral

34 Revista Podium Naval Parte 2: Treinamento Olímpico nas Organizações Militares da Marinha

• O CEFAN como Centro de Treinamento dos Jogos Olímpicos Rio 2016 • A participação da Escola Naval nas Olimpíadas e nas Paralimpíadas Rio 2016

Capitão de Mar e Guerra (RM1-T) LUIZ CARLOS PINHEIRO SERRANO O CEFAN como Centro de Treinamento dos Jogos Olímpicos Rio 2016

Antes e durante a realização dos Jogos Olím- Graças à revitalização das instalações des- picos Rio 2016, o Centro de Educação Física Al- portivas, também consideradas muito moder- mirante Adalberto Nunes (CEFAN) serviu como nas, o CEFAN possui atualmente uma infraes- Centro de Treinamento para diversas delegações trutura de treinamento de primeira classe. Por estrangeiras em várias modalidades desportivas. isso, passou a ser considerado um centro de Isso só foi possível devido ao investimento de referência e de excelência, onde atletas de alto cerca de R$ 20 milhões do Ministério do Esporte rendimento farão a preparação para a 32ª Edi- aplicado na revitalização das instalações despor- ção dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, em tivas do CEFAN. 2020, no Japão. Cabe ressaltar que o investimento citado tam- No período entre 19 de Julho e 19 de Agos- bém foi utilizado para a construção do Centro to de 2016, as Seleções Olímpicas de Cuba, Ja- Nacional de Levantamento de Pesos, pioneiro maica e Porto Rico realizaram training camp no dessa modalidade no Brasil, que foi todo mobilia- CEFAN, visando à aclimatação de seus atletas do com equi- pamentos usados du- rante os Jogos Olímpicos Rio 2016. para participação nos Jogos Olímpicos Rio 2016.

EsporteEsporte é é vida. vida. Viva Viva o o Esporte! Esporte! 37 A seleção cubana de boxe, maior potência mundial da modalidade, realizou no CEFAN a fase de preparação técnica e física, período mais importante no seu ciclo de pré-Jogos Olímpicos Rio 2016. As excelentes condições de estrutura de treinamento do centro, as- Cuba sociadas ao elevado nível da equipe de boxe da Marinha do Brasil (MB), que treinou com os atletas cubanos, contribuíram para que a equipe estrangeira alcançasse seu ápice de performance, conquistando três medalhas de ouro e três medalhas de bronze durante as Olimpíadas. O intercâmbio entre o time cubano e o da MB ocorreu em tempo integral, com as equipes realizando toda a preparação técnica e física em conjunto, ocasionando a assimi- lação por parte de todo o corpo técnico militar de um inédito legado de metodologia de preparação de campeões olímpicos.

Também no período anteriormente citado, as seleções de atletismo, boxe, lutas associadas e taekwondo de Porto Rico realizaram seus treina- mentos no CEFAN. Porto Rico Porto

38 Revista Podium Naval Os nove ouros olímpicos do atleta jamaicano Usain Bolt nas provas mais rápidas do atletismo o credenciaram como uma das principais estrelas dos Jogos Olímpicos Rio2016. Mas antes da disputa dessas provas no Estádio do Engenhão, Usain Bolt, Asafa Powell, Yohan Blake, Nickel Ashmead, Shelly-Ann Fraser-Pryce, Elaine Thompson e outros es- trelas da equipe jamaicana realizaram training camp no CEFAN. Foi uma honra muito

Jamaica grande receber esses atletas do mais alto nível do atletismo mundial, que contribuíram para o desenvolvimento do esporte nacional em função da convivência com os nossos militares e atletas. Durante o período de treinamento da equipe jamaicana, Bolt postou em suas redes sociais a foto que tirou com as crianças que pertencem aos projetos sociais desenvolvidos no CEFAN. O atleta escreveu na imagem em que as crianças fazem a sua tradicional co- memoração: “estas crianças residem em comunidades carentes aqui do Rio, mas elas são o nosso futuro e eu estou muito feliz por conhecê-las”.

Nos períodos de 5 a 14 de Abril e de 30 a 31 de Agosto 2016, as seleções masculina e fe- minina de basquete de cadeirantes do Canadá realizaram training camps no CEFAN, visando a aclimatação de seus atletas para participação nos

Canadá Jogos Paralímpicos Rio 2016. Durante o segundo período de treinamento, foi solicitado pela comissão técnica canadense a visita ao Navio Aeródromo São Paulo (A12), como parte da preparação motivacional dos pa- ra-atletas. Assim, eles puderam perceber que as dificuldades a bordo são as mesmas existentes em quadra e que para alcançar a vitória é funda- mental trabalhar sempre com espírito de equipe.

Esporte é vida. Viva o Esporte! 39 A realização desses eventos foi muito im- gurou-se como um legado no que se refere ao portante para o CEFAN, pois exigiu a reforma desenvolvimento do desporto e do parades- de algumas instalações, visando a acessibili- porto. Não podemos também deixar de consi- dade de atletas Paralímpicos. Sendo assim, ele derar como legado o efeito desse treinamento se tornou capacitado a sediar treinamentos e/ sobre os programas sociais desenvolvidos no ou competições de outros desportos para atletas CEFAN, pois motivou crianças residentes em com deficiência física. comunidades carentes a intensificarem a prá- tica em esportes para no futuro poderem O treinamento realizado se tornar atletas. por esses países no CEFAN confi-

40 Revista Podium Naval Primeiro Tenente (RM2-T) DAYSE DEOLINDA DE SOUZA RIBEIRO PITA Primeiro Tenente (T) DANIEL DIAS AZEVEDO Primeiro Tenente (RM2-T) PEDRO HENRIQUE SILVA MARTINS DE OLIVEIRA Primeiro Tenente (RM2-T) ÉRIKA MUSSI NEIL

A participação da Escola Naval nas Olimpíadas e nas Paralimpíadas Rio 2016

Em 2009, o Rio de Janeiro venceu a con- Brasil”. Dentro deste contexto, a EN foi designa- corrência com Madri, Tóquio e Chicago entre da como Centro de Treinamento do Time Brasil os membros do Comitê Olímpico Internacional para as modalidades de nado sincronizado, pólo (COI) na eleição em Copenhague, na Dinamar- aquático, tiro esportivo e vela. Além disso, ce- ca, para sediar as Olimpíadas de 2016. Pela deu, mediante assinatura de contrato, suas ins- primeira vez desde sua criação, em 1896, na talações esportivas para o uso do Comitê Olímpi- Grécia, os Jogos Olímpicos (JO) seriam sediados co Americano (COA). Em 2014, foram assinados na América do Sul. A partir daí, uma série de também contratos de apoio da EN às equipes mudanças ocorreu na cidade do Rio de Janeiro olímpicas de vela das delegações da Austrália, e o apoio das Forças Armadas mostrou-se de França, Japão, Reino Unido e Suécia, dando con- extrema importância na preparação e execução dições para que treinassem, antecipadamente, deste ciclo olímpico. na futura raia olímpica, inclusive armazenando seus equipamentos e material na EN. Em 2013, representantes do Comitê Olímpi- co Brasileiro (COB) iniciaram as tratativas com Escolhida por sua estrutura esportiva, segu- a Escola Naval (EN) para verificar a possibilida- rança reforçada e localização privilegiada na ci- de desta instituição de ensino tornar-se a “Casa dade do Rio de Janeiro, a EN abrigou cerca de

Esporte é vida. Viva o Esporte! 41 260 atletas de diferentes nacionalidades, predo- Chegada minando a participação de americanos e brasi- leiros, no período de 11 de julho a 9 de setembro da chama de 2016. Eles eram das modalidades de atletis- mo, boxe, nado sincronizado, pólo aquático, tiro Olímpica ao esportivo, vela e vôlei e puderam utilizar a infra- estrutura da instituição de ensino superior mais Rio de Janeiro antiga do Brasil. Para atender às expectativas por meio das delegações do COB e do COA, a EN realizou reformas e melhorias nas instalações e mobili- da EN zou grupos de trabalho, de acordo com um Plano A EN foi palco da ce- de Operações, para cumprir tempestivamente as rimônia de chegada da diversas demandas que poderiam surgir na pre- Chama Olímpica, um paração de atletas olímpicos. dos maiores símbolos das As atletas brasileiras de nado sincronizado Olimpíadas, ao Rio de Ja- treinaram no parque aquático e os de tiro espor- neiro, na manhã do dia 3 tivo no Centro de Treinamento de Tiro Esportivo de agosto de 2016. A Cha- (CTTE) da EN. Este foi inaugurado em 28 de se- ma chegou à cidade atra- tembro de 2015, com o aporte financeiro da Ma- vessando a Baía de Guana- rinha do Brasil (MB) e do Ministério dos Esportes bara, vinda de Niterói, na (ME), em decorrência da parceria firmada com o Região Metropolitana. COB e com o Comitê Organizador dos Jogos Olím- A bordo da embarcação escaler a remo picos Rio 2016. Já a delegação dos Estados Unidos “Thaís”, Aspirantes conduziram os medalhis- treinou nas modalidades de atletismo (olímpico e tas olímpicos na vela e irmãos Torben e Lars paralímpico), boxe, pólo aquático e vôlei. Grael. Este último fez a entrega da Chama ao Dentre os locais utilizados, destacam-se o prefeito da época Eduardo Paes, oficializando a uso do parque aquático pelas equipes masculina chegada do símbolo na cidade. de pólo aquático dos EUA e pela feminina de Estiveram presentes à cerimônia o Coman- nado sincronizado do Brasil (dueto e equipe) e o dante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais, Al- uso da pista de atletismo para treinamentos do mirante de Esquadra (FN) Fernando Antonio de COA, com a equipe olímpica e paralímpica nas Siqueira Ribeiro; o Diretor-Geral do Pessoal da seguintes modalidades: 100 m, 200 m e 400 m Marinha, Almirante de Esquadra Ilques Barbo- rasos, provas de meio fundo (800 m e 1.500 m), sa Junior; o Comandante do 1º Distrito Naval, corrida de fundo (5.000 m e 10.000 m), corridas Almirante de Esquadra Leonardo Puntel; o Co- de obstáculos, revezamentos, saltos, arremessos mandante da Escola Naval, Contra-Almirante e lançamentos. No ginásio poliesportivo, as equi- Newton de Almeida Costa Neto, além de autori- pes masculina e feminina americanas de vôlei, dades civis e militares. terceiras colocadas nas Olimpíadas, realizaram treinamentos técnicos e táticos no período pré As tripulações da EN e do Navio Veleiro Cis- e durante os Jogos. Diversas equipes esportivas ne Branco estavam em postos de continência utilizaram o refeitório e a sala de musculação. e presenciaram um fato histórico que recebeu Além disso, militares da EN foram empregados intensa cobertura midiática nacional e interna- para prestar apoio nas áreas de segurança, saúde cional e exibiu a imagem da EN e da MB a um e assessoria de imprensa. grande público.

42 Revista Podium Naval Irmãos Torben e chegando à EN com a Chama Olímpica Fonte: De Vito Fotos

Visita do secretário segurança e a confiança experimentadas pela delegação norte-americana. Além disso, a vi- de estado dos EUA às sita ressaltou a importância das instalações es- portivas como um dos Centros Oficiais de Trei- instalações de namento da delegação norte-americana durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Cerca de treinamento na EN 230 atletas americanos treinaram diariamente Outro marco da participação da EN no con- entre julho e setembro na Instituição. texto dos Jogos Olímpicos foi a visita do Secre- Durante o evento, 12 Aspirantes da EN pude- tário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, ram interagir com os atletas olímpicos e com o no dia 5 de agosto de 2016. Tal fato ratificou a Secretário de Estado.

Secretário de Estado e Aspirantes da EN Fonte: Grêmio de Fotografia da EN

Esporte é vida. Viva o Esporte! 43 Interação do Corpo de ouro na vela, após vencerem a regata da classe FX e o 3o Sargento do Exército Brasileiro Aspirantes com os atletas (EB) Felipe Almeida Wu obteve a prata no tiro esportivo, na prova de pistola de ar de 10 metros. olímpicos A equipe de voleibol masculina americana Na qualidade de Centro de Treinamento do conquistou a medalha de bronze após vencer a COB e COA para os Jogos Rio 2016, a EN realizou Rússia por 3 sets a 2 e a equipe feminina ame- atividades que permitissem a interação entre ricana derrotou a Holanda por 3 sets a 1, con- sua tripulação (principalmente os Aspirantes e quistando também o 3º lugar no pódio. Ambas profissionais do Departamento de Educação Fí- as equipes realizaram seus treinamentos na EN sica e Esportes) e as delegações. Desta forma, desde a véspera dos Jogos Olímpicos. a possibilidade de assistir aos treinamentos das Quanto ao atletismo, a pista foi reformada equipes, trocar informações e poder ver de perto pelo COA para que chegasse aos padrões mais a rotina de treinamento de atletas medalhistas fidedignos à pista do Estádio João Havelange, olímpicos foi uma oportunidade ímpar para os local oficial de realização das provas. Esse in- militares e servidores civis. vestimento resultou em pelo menos 13 atletas Diversas equipes esportivas da EN tiveram a medalhistas. Destacaram-se os seguintes atletas: possibilidade de treinar junto com atletas profis- Allyson Felix (ouro nos 4x100 m, 4x400 m e pra- sionais. Os Aspirantes da equipe de tiro espor- ta nos 400 m), Ashton Eaton (ouro no decatlo), tivo treinaram com os atletas brasileiros em al- English Gardner (ouro nos 4x100 m), Tori Bowie guns momentos da preparação do ciclo olímpico, (ouro nos 4x100 m, prata nos 100 m e bronze nos sendo essa experiência, de extrema importância 200 m) e Lashawn Merritt (ouro nos 4x100 m e para os resultados obtidos na 50ª NAVAMAER, bronze nos 400 m). Cabe ressaltar ainda a partici- realizada na Academia da Força Aérea. pação do atleta Justin Gatlin, o grande adversário de Usain Bolt na Rio 2016, que não conseguiu A equipe de pólo aquático da EN, através de superar o seu maior rival e recebeu a medalha acordo com a Confederação Brasileira de Despor- de prata na prova dos 100 m rasos, uma das mais tos Aquáticos (CBDA), teve a oportunidade de re- tradicionais das Olimpíadas. alizar treinamentos e amistosos contra a equipe Olímpica do Brasil no período pré-Jogos. Ao final dos Jogos Rio 2016, os atletas nor- te-americanos que treinaram nas instalações da Além disso, a tripulação da EN foi convidada EN acumularam um total de 20 medalhas nas a assistir a um amistoso de vôlei entre a seleção diversas modalidades de atletismo e no vôlei. masculina americana e argentina, realizado no ginásio da instituição de ensino. Após o evento, o público pôde interagir com os atletas e com a Melhorias e legado comissão técnica de ambas as equipes. para a EN Para que os treinamentos ocorressem da Medalhistas olímpicos que melhor maneira possível, a EN recebeu recur- sos do ME, do COB e do COA. Desta forma, treinaram na EN foram feitas algumas aquisições e reformas Muitos atletas que treinaram na EN obti- importantes para a instituição, que ficaram veram medalhas nas Olimpíadas Rio 2016. As como legado dos Jogos, tais como a compra de 3o SG-RM2-EP Martine Soffiatti Grael e Kahena empilhadeiras, de carros elétricos, de apare- Kunze, da MB, conquistaram a medalha de lhos de musculação, além das reformas de alo-

44 Revista Podium Naval jamentos, dentre outros. No local, também foi significativamente na melhora da formação montado um moderno Centro de Treinamento dos Aspirantes. para o Tiro Esportivo (CTTE), com aquisição de É relevante mencionar que o sucesso dos Jo- alvos eletrônicos, armas e kits de reposição. gos Olímpicos e Paralímpicos ajuda a promover Já o COA investiu na instalação da nova a imagem do Brasil e das suas Forças Armadas, pista de atletismo, bem como toda a área de que prestaram diversos tipos de apoio que vão saltos e arremessos. Os americanos também desde o planejamento de segurança até o apoio contribuíram na manutenção dos aquecedo- logístico à prática das modalidades esportivas. res das piscinas olímpica e semiolímpica, na adequação da rede elétrica dos refeitórios de Assim, os servidores civis e militares da Cabos e Marinheiros, na iluminação do campo EN tiveram a oportunidade de realizar um in- de esportes e do ginásio, na cobertura do teto tercâmbio de experiências com profissionais do ginásio com manta impermeável e na mon- de outras instituições, de praticar idiomas, de tagem de uma sala de musculação completa, aprimorar a mentalidade de segurança orgâni- composta por duas esteiras mecânicas e duas ca, além de receberem mais um estímulo para a elétricas, cinco plataformas de treinamento, prática esportiva e, consequentemente, buscar aparelhos variados de treinamento de força, um atributo tão importante na carreira militar, conjunto de dumbbells (espécie de anilhas) e que é a higidez física. materiais de treinamento funcional. Ao final dos JO, os envolvidos ficaram com o Todas essas aquisições de equipamentos, sentimento de dever cumprido e o orgulho de te- reformas e construção de instalações esporti- rem feito parte de um momento único na história vas ficam como legado à MB, especialmente à do Brasil e de terem participado de perto da or- EN, uma vez que a tripulação poderá utilizar ganização do maior evento esportivo do planeta. a nova infraestrutura esportiva, contribuindo

Referências

BARBOSA, Ariane. Legados das Olimpíadas Rio 2016: BRASIL. Ministério da Defesa. Rio 2016: Militares mobilidade urbana. Mundo Geo. 22 ago. 2016. Disponível conquistam 68% das medalhas brasileiras. Brasília, DF, em: . Acesso em: 01 br/noticias/23696-rio-2016-militares-conquistam-68-das- set. 2016. medalhas-brasileiras>. Acesso em: 27 set. 2016.

BRASIL. Ministério da Defesa. Rio 2016: sargentos da FIGUEIRÓ, Francisco. Marinha investe na preparação de Marinha conquistam ouro na Vela. Brasília, DF, 18 ago. 2016. atletas para as Olimpíadas. Marinha em Revista, ano 7, Disponível em: . Acesso em: 01 set. 2016. PODIUM Naval, Revista do CEFAN/CDM, ano II, n.2, 2015.

Esporte é vida. Viva o Esporte! 45 46 Revista Podium Naval Parte 3: Marinha no Apoio à Organização dos Jogos

• Embarcações da Marinha em apoio às provas aquáticas: uma extraordinária faina marinheira

• Participação da Marinha do Brasil nas Cerimônias de Premiação dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016

Capitão de Corveta ANDRÉ RICARDO MORAES DOS SANTOS Embarcações da Marinha em apoio às provas aquáticas: uma extraordinária faina marinheira

Orgulho nacional estrutura e das instalações dos Jogos, além de garantir a segurança, o bem-estar e a saúde dos O sonho de todo atleta é conquistar uma me- participantes. dalha nos Jogos Olímpicos, a maior competição esportiva do planeta. O evento ocorre de quatro em quatro anos e a cada edição uma cidade do Atuação das Forças mundo é escolhida como sede. Armadas Em 2016, o Brasil e a América do Sul rece- beram pela primeira vez os Jogos Olímpicos, Em 58 dias de atividades de defe- a Rio 2016. Também conhecidos oficialmente sa para a segurança dos Jogos Rio como os Jogos da XXXI Olimpíada, a competi- 2016 na capital fluminense, 23 ção, realizada na cidade do Rio de Janeiro de mil militares da Marinha (MB), 05 a 21 de agosto de 2016, contou com a parti- Exército (EB) e Aeronáutica (FAB) cipação de 11.303 atletas de 206 países, em foram empregados. Em todo o disputas de 42 modalidades esportivas. Brasil, nas 5 cidades onde foram Os Jogos Paralímpicos Rio 2016, ofi- realizadas as partidas de futebol, cialmente Jogos da XV Paralimpía- 43 mil homens e mulheres atua- da, realizados na mesma cidade de ram nos Jogos. 07 a 18 de setembro de 2016, reu- As operações conta- niu 4.500 atletas de 176 países ram com o monitora- em disputas de 23 modalidades mento, vigilân- diferentes. cia e proteção Organizar os Jogos Olímpicos e Para- límpicos é um desafio para qualquer país. Para uma cidade se candidatar a hospedar esses eventos, precisa assumir uma série de responsabilidades na criação da infra-

Esporte é vida. Viva o Esporte! 49 de 139 estruturas estratégicas em todo o país. Características das Na cidade do Rio, as Forças Armadas garanti- ram a segurança de 73 estruturas estratégicas. embarcações Ainda na capital fluminense, foram realiza- Embarcação de Casco Semi Rígido, Motor de das 12.300 patrulhas marítimas, a pé, a cavalo, Popa, pequena (ECSR-MP-P): 49 embarcações motorizadas e com blindados. No total, foram empregados 26 navios, 3.083 viaturas, 109 blin- Modelo GAMPER 500 dados, 51 helicópteros, 81 embarcações, 80 ae- 01 MOTOR GASOLINA, Propulsão ronaves e 370 motocicletas. Além de todo esse 115HP, 4 TEMPOS aparato utilizado pelas três Forças, salientamos a Pessoal: 5 Capacidade de preponderante participação da MB com o apoio (1 Patrão + 4 Passageiros) transporte de 90 embarcações às competições aquáticas de Carga: 1.200 kg vela, na Baía de Guanabara; maratona aquática e Velocidade 30 nós (plena carga) triatlo olímpico e paralímpico, em Copacabana; 1.200 kg (com carreta, motor e remo e canoagem olímpicos e paralímpicos, na Peso e tanque de combustível Lagoa Rodrigo de Freitas. cheio) Tara da carreta 300 kg Capacidade de Embarcações de apoio 130 Li (gasolina) combustível aos Jogos Olímpicos e Comprimento: 5,2 m Dimensões Paralímpicos Rio 2016 Boca externa: 2,4 m O Centro de Educação Física Almirante Adal- Embarcação de Casco Semi Rígido, Motor berto Nunes (CEFAN) foi o responsável pela aqui- Centro Rabeta, média (ECSR-CR-M): sição, pelo recebimento, pelo armazenamento, 24 embarcações pela manutenção, pela operação, pelo recolhi- mento e pela distribuição das 90 Embarcações Modelo FLEXBOAT SR 620 m CR de Casco Semi Rígido (ECSR) de 4 diferentes ti- 01 Motor Diesel, QSD pos, adquiridas com recursos oriundos do Minis- Propulsão 150HP, Rabeta ALFA ONE tério do Esporte (ME) para emprego no apoio à MERCRUISER organização dos Jogos Rio 2016. Pessoal: 7 Capacidade de (1 Patrão + 6 Passageiros) transporte Conceito da operação Carga: 1.600 kg Velocidade 35 nós (plena carga) Apoiar o Comitê Organizador dos Jogos Olím- picos e Paralímpicos Rio 2016 na aquisição, no 1.500 Kg (com carreta, motor Peso e tanque de combustível recebimento, na armazenagem, na manutenção cheio) e na operação de 90 ECSR para serem utilizadas durante as competições das modalidades Olím- Tara da carreta 400 kg picas de vela, de remo, de canoagem, de ma- Capacidade de 200 Li (diesel) ratona aquática, e de triatlo; e Paralímpicas de combustível remo, de canoagem e de triatlo, em diversas ta- Comprimento: 6,20 m Dimensões refas como resgate, patrulhamento, arbitragem Boca externa: 2,55 m e auxílio aos atletas.

50 Revista Podium Naval Embarcação de Casco Semi Rígido, Motor Todas as embarcações são dotadas dos equi- Centro Rabeta, grande (ECSR-CR-G): pamentos exigidos pela legislação brasileira, 11 embarcações com seus acessórios; instrumentos; ferramentas e sobressalentes de manutenção básica; docu- Modelo FLEXBOAT SR 760 G 2CR mentação técnica; de apoio logístico e de ga- 02 Motor Diesel, QSD rantia; motor com partida elétrica, por meio de Propulsão 150HP, Rabeta ALFA ONE bateria; transceptor VHF canais MIKE I, II, III; MERCRUISER material de salvatagem completo; GPS Map com Pessoal: 10 Capacidade de ecobatímetro; Chartplotter compacto; visor colo- (1 Patrão + 9 Passageiros) transporte rido GVGA, com certificado NMEA 2000. Carga: 2.400 kg Velocidade 35 nós (plena carga) Organização por tarefas 1.800 Kg (com carreta, motor Peso e tanque de combustível Para a consecução dessa sublime e honrosa cheio) missão foi nomeada uma Comissão de Embar- Tara da carreta 500 kg cações do CEFAN, sob a Coordenação Geral do Capitão de Mar e Guerra (RM1-FN) José Jorge da Capacidade de 300 Li (diesel) Silva e a Coordenação Executiva do Capitão de combustível Corveta André Ricardo Moraes dos Santos. Os Comprimento: 7,60 m Dimensões militares da comissão foram divididos em qua- Boca externa: 3 m tro Grupos de Embarcações (GE), que atuaram nos locais de competição e no CEFAN. O GE 1, cujo Encarregado foi o 1o T (RM2-T) Sandoval As- sis de Medeiros Júnior, atuou em Copacabana e Embarcação de Casco Semi Rígido, Motor contou com a participação de 53 Praças. O GE Centro Rabeta, extra grande (ECSR-CR-XG): 2, cujo Encarregado foi o 1o T (RM2-T) Thiago 6 embarcações Cesar Garcia Cyrino, empregado na Baía de Gua- nabara, teve a participação de 44 Praças.O GE Modelo GAMPER 30 PRO 3, cujo Encarregado foi o 1o T (RM2-T) Douglas 02 Motor Diesel, QSD Aquino da Silva, teve a contribuição de 53 Pra- Propulsão 170HP, Rabeta ALFA ONE ças e atuou na Lagoa Rodrigo de Freitas. MERCRUISER Visando a manter a integridade de todos os Pessoal: 15 Capacidade de (1 Patrão + 14 Passageiros) sistemas que compõem a embarcação e assegu- transporte Carga: 3.600 kg rar seu retorno para compor o legado da MB com plena capacidade operacional, todas foram con- Velocidade 35 nós (plena carga) troladas por militares da Força, sendo as ECSR-P 7.000 Kg (com carreta, motor e M guarnecidas com um militar, enquanto as Peso e tanque de combustível G e XG, por dois militares cada. O GE 4, sob a cheio) Supervisão do SO-FN-IF Gomes, contou com um Tara da carreta 1.000 kg Destacamento Logístico e de Segurança compos- Capacidade de to por 17 Praças, e foi responsável pelas fun- 600 Li (diesel) combustível ções de apoio logístico aos GE 1, 2 e 3, além da Comprimento: 10 m garantia da guarda das embarcações durante os Dimensões Boca externa: 3,5 m períodos de pernoite nos locais de competições.

Esporte é vida. Viva o Esporte! 51 Organograma

COMISSÃO DE EMB 1 OF SUP (CC)

GRUPO DE GRUPO DE GRUPO DE GRUPO DE EMBARCAÇÕES 1 EMBARCAÇÕES 2 EMBARCAÇÕES 3 EMBARCAÇÕES 4 (GE1) (GE2) (GE3) (GE4)

COPACABANA BAÍA DE LAGOA CEFAN 35 EMB GUANABARA 24 EMB DstLogSeg 1 OF E 53 PR 31 EMB 1 OF E 53 PR 1 SO e 17 PR 1 OF E 44 PR

Qualificação dos militares 2. A Mercury, fabricante dos motores de to- das as embarcações, ministrou o estágio O grande desafio para a operação das embar- básico de operação e de manutenção em cações em apoio às modalidades aquáticas olím- primeiro escalão, que consistiu no ades- picas e paralímpicas, sem dúvida, foi a qualifi- tramento de substituição de filtros de cação dos militares destacados no CEFAN, em combustível e de lubrificante; óleos; im- virtude do exíguo tempo e diante da grande di- pelidor da bomba d’água; procedimentos versidade de especialidades oriundas de diversas para partida e parada; operação com água OM. Releva mencionar que muitos militares não doce; e manutenção de motor parado du- possuíam experiência com embarcações e nem rante os períodos pré e pós jogos; mesmo haviam embarcado. Tampouco conhe- ciam as modalidades que seriam apoiadas. Essa 3. O CEFAN foi o responsável por condu- qualificação ocorreu em quatro fases distintas: zir vários adestramentos na preparação dos militares, tais como: Adestramentos 1. O estágio básico de operação nas fábri- de navegação, manobras de atracação cas da Flexboat e da GAMPER consistiu e desatracação; de procedimento fonia no adestramento, em cinco dias corridos, (PROFON); de trabalhos marinheiros pelos fabricantes das embarcações na (nós e voltas); de Regulamento Interna- sede das empresas durante a confecção cional para Evitar Abalroamento no Mar do casco, dos flutuadores e da montagem dos equipamentos. Houve adestramentos para utilização do kit de reparo dos flu- tuadores; emprego de soprador térmico; preparação da superfície da borracha; mistura e aplicação dos componentes da cola; técnica e tempo de colagem; opera- ção de equipamentos; luzes de navega- ção; e motor; culminando com os testes de mar e provas de máquinas;

52 Revista Podium Naval (RIPEAM); de sinais de auxílio à nave- Legado gação, além de adestramentos práticos com o lançamento e recolhimento das É comum dizer que esse grande evento deixa embarcações por turco elétrico (ECSR-P um legado para o país. Sediar os Jogos Olímpicos e M) e rampa (ECSR-G e XG) e de nave- pode ser a oportunidade de usar o esporte para gação prática do CEFAN à Baía de Gua- trazer uma série de melhorias para a cidade onde nabara e Copacabana. a competição será realizada, como a criação de 4. O Comitê Organizador da Rio 2016, por redes de transporte e de moradia, além da preo- meio dos Encarregados das modalidades cupação com a segurança e com a saúde pública. aquáticas, realizou, no CEFAN, adestra- A cidade do Rio de Janeiro foi escolhida como mentos de noções básicas de uso das em- sede do evento em 2009 e teve 7 anos para se barcações em cada uma delas. Os tipos de preparar. Foram construídos ginásios, parques, procedimentos durante as competições; prédios para acomodar os atletas e uma nova in- qual velocidade a ser empregada; o bordo fraestrutura de transporte público. O principal de atracação; o posicionamento; o auxílio investimento foi o Parque Olímpico, onde foram aos competidores; as normas de conduta disputadas 16 modalidades esportivas. A partir para salvamento; o auxílio à arbitragem e de agora, o local será usado para a formação de à imprensa nacional e internacional; e o novos atletas e algumas instalações serão trans- apoio aos bombeiros militares. formadas em escolas, parques e escritórios.

Esporte é vida. Viva o Esporte! 53 Nº EMB TIPO FABRICA OM RECEBEDORA

1 ECSR-M FLEXBOAT CPRJ

2 ECSR-M FLEXBOAT De1 Itacuruçá

3 ECSR-M FLEXBOAT CN

4 ECSR-M FLEXBOAT CN

5 ECSR-G FLEXBOAT CPRJ

6 ECSR-P GAMPER EB

7 ECSR-P GAMPER Btl Eng

8 ECSR-P GAMPER Btl Eng

9 ECSR-P GAMPER 1º Btl Inf

10 ECSR-P GAMPER 1º Btl Inf

11 ECSR-P GAMPER 2º Btl Inf

12 ECSR-P GAMPER 2º Btl Inf

13 ECSR-P GAMPER CIAGA

14 ECSR-P GAMPER CIAGA

15 ECSR-P GAMPER EN

16 ECSR-P GAMPER Dep CMRJ

17 ECSR-P GAMPER EN

18 ECSR-P GAMPER EN

19 ECSR-P GAMPER CN

54 Revista Podium Naval Nº EMB TIPO FABRICA OM RECEBEDORA

20 ECSR-P GAMPER CN

21 ECSR-P GAMPER CN

22 ECSR-P GAMPER CIAW

23 ECSR-P GAMPER CIAW

24 ECSR-P GAMPER CADIM

25 ECSR-P GAMPER CADIM

26 ECSR-P GAMPER CPRJ

27 ECSR-M FLEXBOAT CADIM

28 ECSR-M FLEXBOAT CIAGA

29 ECSR-M FLEXBOAT CADIM

30 ECSR-M FLEXBOAT CIAGA

31 ECSR-M FLEXBOAT CIAW

32 ECSR-M FLEXBOAT BFNIG

33 ECSR-M FLEXBOAT CIAW

34 ECSR-P GAMPER AgSTBarra

35 ECSR-P GAMPER Ag Parati

36 ECSR-M FLEXBOAT EN

37 ECSR-M FLEXBOAT EN

38 ECSR-P GAMPER De1Itacuruçá

Esporte é vida. Viva o Esporte! 55 Nº EMB TIPO FABRICA OM RECEBEDORA

39 ECSR-P GAMPER CPRJ

40 ECSR-P GAMPER AgCFrio

41 ECSR-P FLEXBOAT De1Itacuruçá

42 ECSR-P GAMPER De1Macaé

43 ECSR-P GAMPER AgCFrio

44 ECSR-P GAMPER De1Itacuruçá

45 ECSR-P GAMPER De1AReis

46 ECSR-M FLEXBOAT De1Macaé

47 ECSR-M FLEXBOAT AgCFrio

48 ECSR-M FLEXBOAT CADIM

49 ECSR-M FLEXBOAT GptFNRJ

50 ECSR-M FLEXBOAT CADIM

51 ECSR-M FLEXBOAT CADIM

52 ECSR-M FLEXBOAT BFNIG

53 ECSR-P GAMPER CEFAN

54 ECSR-P GAMPER BtlOpEsp

55 ECSR-P GAMPER CEFAN

56 ECSR-G FLEXBOAT CN

57 ECSR-G FLEXBOAT BFNIG

56 Revista Podium Naval Nº EMB TIPO FABRICA OM RECEBEDORA

58 ECSR-G FLEXBOAT CIAW

59 ECSR-G FLEXBOAT De1Macaé

60 ECSR-G FLEXBOAT De1AReis

61 ECSR-G FLEXBOAT ComDivAnf

62 ECSR-P GAMPER BtlOpEsp

63 ECSR-P GAMPER CIASC

64 ECSR-P GAMPER BtlOpEsp

65 ECSR-P GAMPER CIASC

66 ECSR-P GAMPER BtlOpEsp

67 ECSR-P GAMPER BtlOpEsp

68 ECSR-M FLEXBOAT BtlOpEsp

69 ECSR-M FLEXBOAT BtlOpEsp

70 ECSR-M FLEXBOAT AgSJBarra

71 ECSR-M FLEXBOAT AgParati

72 ECSR-G FLEXBOAT CIAGA

73 ECSR-G FLEXBOAT EN

74 ECSR-G FLEXBOAT CEFAN

75 ECSR-XG GAMPER CPRJ

76 ECSR-XG GAMPER AgSTBarra

Esporte é vida. Viva o Esporte! 57 Nº EMB TIPO FABRICA OM RECEBEDORA

77 ECSR-XG GAMPER GptFNLa

78 ECSR-P GAMPER 3º Btl Inf

79 ECSR-P GAMPER BtlOpEsp

80 ECSR-XG GAMPER CADIM

81 ECSR-P GAMPER 3º Btl Inf

82 ECSR-P GAMPER BFNIG

83 ECSR-P GAMPER GptFNBe

84 ECSR-P GAMPER CMM

85 ECSR-XG GAMPER CADIM

86 ECSR-P GAMPER GptFNLa

87 ECSR-P GAMPER GptFNLa

88 ECSR-P GAMPER BFNIF

89 ECSR-P GAMPER GptFNBe

90 ECSR-XG GAMPER GptFNBe

Com o término dos Jogos Paralímpicos, to- deste episódio nas operações da tentativa de das as embarcações foram recolhidas ao CEFAN, salvamento e resgate dos corpos das vítimas do onde permaneceram durante a fase de distribui- acidente aéreo, que resultou na morte de cinco ção do legado. Foram contempladas 28 Organiza- pessoas, e ainda do recolhimento dos destroços ções Militares, incluindo uma do EB. para análise das causas do acidente. A Agência e a Delegacia da Capitania dos Portos do Rio de A importância desse legado para a MB é o Janeiro em Paraty e em Angra do Reis, respec- emprego dessas embarcações em diversas ati- tivamente, atuaram com três ECSR (P, M e G) vidades como: inspeções navais; operações de logo após o acidente. A aeronave caiu na Baía de busca e salvamento; operação verão, conduzidas Paraty no mês de janeiro de 2017, durante uma pelas agências, delegacias e capitanias, com vis- tentativa de pouso no aeroporto da cidade. tas a conduzir ações de fiscalização em embar- Mais do que entrar para a história do mundo cações de esporte e recreio; apoio às populações esportivo, sediar os Jogos Olímpicos e Paralím- ribeirinhas; e apoio às operações aéreas. picos é ter a oportunidade de contabilizar lega- Recentemente, assistimos o caso de reper- dos materiais e imateriais que marcam a vida cussão nacional, amplamente divulgado pelas de uma nação. Com o Brasil não foi diferente. mídias, do acidente aéreo na cidade de Paraty, Por aqui, tivemos mudanças em infraestrutura, onde o ministro do Supremo Tribunal Federal economia, segurança, turismo e outras áreas im- Teori Zavascki foi vitimado. A MB participou portantes. Mas algumas consequências menos

58 Revista Podium Naval palpáveis e igualmente relevantes fizeram da gamos ao final de um ciclo de grandes eventos Rio 2016 um evento único. esportivos, todos realizados com excelentes re- As trocas de experiência, as mudanças de sultados. O Brasil e o Rio de Janeiro comprova- percepções, os ganhos culturais, os recordes ba- ram sua vocação e capacidade de realização de tidos e as oportunidades de transformar o Brasil grandes eventos com maestria. por meio da prática esportiva foram alguns dos Os Jogos Rio 2016 marcaram a história da ci- legados intangíveis dos Jogos Olímpicos e Para- dade e, certamente, do País, demandando a cola- límpicos Rio 2016. boração de diferentes entes públicos e privados, Como legado imaterial para a MB, destaco, destacando-se a participação significativa da MB. principalmente, a capacitação de mais de 180 Para a consecução dessa extraordinária faina militares na condução e manutenção de em- marinheira, com mais de 9 mil horas de efetivo barcações de pequeno porte, o conhecimento emprego das embarcações em apoio às competi- obtido no apoio às 5 modalidades olímpicas e ções, destacamos o ilibado profissionalismo, de- às 3 paralímpicas, e a experiência em grandes dicação, abnegação e comprometimento de todos eventos esportivos. os marinheiros envolvidos, que abrilhantaram e contribuíram sobremaneira para o sucesso da missão e o distinto reconhecimento do Comitê Conclusão Organizador dos Jogos Olímpicos e Jogos Para- Após quase uma década esportiva, desde límpicos Rio 2016. Especialmente ao CEFAN os Jogos Pan-Americanos de 2007 até os Jogos pela exemplar e infalível participação da MB em Olímpicos e Jogos Paralímpicos Rio 2016, che- tão valoroso evento esportivo.

Esporte é vida. Viva o Esporte! 59 Primeiro Tenente (RM2-T) ERIK BUENO DE ÁVILA

Primeiro Tenente (RM2-T) FERNANDA DOS SANTOS GUEDES Participação da Marinha do Brasil nas Cerimônias de Premiação dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016

Histórico convidados para mais uma missão, além das muitas já convocadas. No ano de 2015, como parte integrante do apoio prestado pelo Ministério da Defesa (MD), Historicamente, os militares têm sido os por intermédio das Forças Armadas, na prepa- responsáveis pelo hasteamento dos pavilhões ração da cidade do Rio de Janeiro para mais nacionais em homenagem aos atletas meda- uma edição dos Jogos Olímpicos de Verão, a lhistas, participando do cerimonial alusivo Marinha do Brasil (MB), o Exército Brasileiro ao momento máximo, o ápice da festa olím- (EB) e a Força Aérea Brasileira (FAB) foram pica, desde os primórdios dos Jogos. Duran-

60 Revista Podium Naval te as Olimpíadas de Londres, Sebastian Coe, Qual era a missão? presidente do Comitê Organizador, disse que o hasteamento da bandeira é “visto como uma Nossa missão foi constituir equipes para ma- honra. Mas somos nós que estamos, de fato, nusear as bandeiras das nações dos atletas que honrados em contar com esses homens e mu- subiriam aos pódios em todas as Cerimônias de lheres inspiradores e que eles façam parte da Premiação das competições, com elegância e a Olimpíada de Londres”. É indiscutível que o marcialidade peculiares às Forças Armadas, le- garbo e os diferentes uniformes conferem a vando em conta a excepcional exposição desses uma cerimônia conduzida por militares o pa- eventos nos Jogos Olímpicos e Jogos Paralímpi- drão de excelência e plasticidade do nível do cos Rio 2016. maior espetáculo desportivo da Terra. Por que a escolha das Entende-se ainda que a participação de Orga- nizações Militares (OM) em cerimônias com exi- Forças Armadas? gências e execuções típicas militares, e de uma Como dito anteriormente, o garbo, a marcia- exposição com o quilate dos Jogos Olímpicos, são lidade, o comprometimento e o cumprimento do excelentes oportunidades, não só para demons- dever foram, dentre outros, os motivos que leva- trar a disciplina quanto à marcialidade. ram por parte do Comitê Organizador Rio 2016 à Os militares das três Forças Armadas brasi- escolha pela composição militar em um momen- leiras foram, então, convidados para fazer parte to tão especial nos Jogos Olímpicos e Paralímpi- da composição de equipes para o Cerimonial de cos Rio 2016. Hasteamento de Bandeiras e de Premiação dos A guarda do símbolo máximo de cada país Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. também influenciou a escolha para a escolta da medalha dada ao atleta no seu momento mágico. A tarefa foi prontamente aceita pelo Co- Nos treinamentos, os militares foram alertados mandante da Marinha, Almirante de Esquadra sobre o problema que existiria se a bandeira er- Eduardo Bacellar Leal Ferreira, e, consequen- rada fosse hasteada ou se fossem trocados os pa- temente, pelas autoridades das outras Forças. O vilhões dos países no ato da premiação. Imagine trabalho foi incorporado pelo Comando-Geral do um país inteiro à espera do ápice do atleta ao Corpo de Fuzileiros Navais (CGCFN), mais pre- receber a tão sonhada medalha, e erguer-se no cisamente pelo Batalhão Naval (BtlNav). A OM mastro principal a bandeira de outro país? Qual era responsável, dentro do âmbito da Força Na- não seria o incidente diplomático no qual os or- val, no envolvimento em cerimônias e represen- ganizadores estariam envolvidos? tações pelo Brasil afora, além de selecionar os mais competentes militares para tal missão. Os locais de competição - Através de intensa troca de documentos, chegou-se a constituição de um grupo de tra- arenas esportivas balho composto por militares de várias OM da Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos dividi- MB, Oficiais e Praças, qualificados em ofício ram a cidade em macrorregiões, os chamados externo de resposta ao CGCFN ao Comitê Rio clusters, o que significa, informalmente, um 2016 de número Of. Ext. nº 435/2016. O do- grupo de coisas ou de atividades semelhantes cumento designou o Capitão de Fragata (FN) que se desenvolvem conjuntamente. Entende-se Anderson Neves Navi, do BtlNav, como respon- como uma ideia de junção, união, agregação e sável pelo grupo de trabalho. integração. Foram elas:

Esporte é vida. Viva o Esporte! 61 1. Barra da Tijuca; Essa expertise foi compartilhada por toda 2. Deodoro; equipe de Cerimônias Olímpicas, dos quais fa- ziam parte pessoas de todos os lugares do Bra- 3. Maracanã; e sil que participavam tanto de maneira volun- 4. Copacabana. tária quanto como parte integrante do próprio Comitê. A equipe ficava sob a supervisão de Cada cluster continha um contingente de mi- um “cabeça”, uma pessoa vinda de outro país litares responsáveis pela preparação, condução - mais precisamente dos Estados Unidos - es- e hasteamento das bandeiras nas Cerimônias de pecialista na área. Premiação de todas as modalidades esportivas lis- tadas no programa olímpico. Essas equipes eram compostas por um Oficial e mais seis ou oito mi- litares subordinados de forças diferentes, depen- Aceitação do público e dendo do critério da premiação do local de ceri- desafios mônia, do tipo de premiação e do esporte. Com Uma das coisas que chamou a atenção do isso, houve uma interação e troca de experiências, grupo de militares que atuou diretamente com vivenciadas todos os dias pelos militares envolvi- os eventos foi à aceitação do público que acom- dos, pois cada um tinha sua ordem de comando, panhou todo o período dos Jogos Olímpicos e Pa- seu estilo de marcha e outras pequenas diferen- ralímpicos Rio 2016. Por onde passaram, ganha- ças. Estas tiveram que ser padronizados para uma ram elogios pela elegância, pela apresentação exibição mais formatada do hasteamento. pessoal e coletiva, pois todas as Forças se empe- nharam em mandar para a missão seus melhores militares e seus uniformes representativos. Preparação, recepção e Outro ponto importante a ser citado foi a es- treinamento colha acertada pelo Comandante-Geral do Cor- po de Fuzileiros Navais, Almirante de Esquadra As equipes, em um primeiro momento, fo- (FN) Fernando Antonio de Siqueira Ribeiro, op- ram escolhidas dentro de suas OM. Os escolhi- tando pelo uso do uniforme 5.3 (Dólmã). Essa es- dos foram submetidos à apreciação do comitê or- colha propiciou a melhor e maior visibilidade da ganizador das cerimônias – Olympics Ceremony. presença da MB, atribuindo um destaque espe- Posteriormente, os militares foram agrupa- cial dos militares nas Arenas Esportivas, pois o dos de maneira que as três Forças compusessem branco completo chamava muito mais a atenção uma mesma equipe, ou seja, ocorreu uma mis- do público presente. Por outro lado, aumentou a tura, o que acabou proporcionando uma maior e responsabilidade dos escolhidos, pois com esse melhor integração entre todos, facilitando e abri- uniforme o destaque era maior diante das câme- lhantando ainda mais a missão. ras de televisão do mundo todo. Depois de vencida esta primeira etapa de se- A entrega da medalha, seja ela de ouro para o leção e agrupamento, os militares foram convi- primeiro colocado, prata para o segundo e bronze dados a participar de treinamentos in loco, ou para o terceiro, é um momento único. Momento seja, dentro das próprias arenas esportivas. Algu- esse que o atleta espera praticamente por toda mas ainda estavam em fase final de preparação, sua vida, feita de lutas e de conquistas, de ab- proporcionando, com isso, a entrada efetiva nos negação e de escolhas. Muitas vezes com suor, bastidores dos jogos para conhecer lugares que lágrimas e até sangue. Um momento único na passaram longe das vistas do grande público. carreira do atleta de alto rendimento, onde milé-

62 Revista Podium Naval simos de segundo podem significar uma derrota dução de autoridades e de atletas pelas ruas do para a história ou uma vitória para a eternidade. Rio de Janeiro; e cessão de espaços esportivos militares para treinamento de equipes estran- Esse momento mágico de subir ao pódio, geiras e nacionais, mais essa missão foi delega- poder ouvir o hino do seu país e vislumbrar o da a um seleto grupo, que representou com todo hastear da sua bandeira, num momento dig- orgulho, garbo e elegância um dos momentos nificante para toda uma nação, é de excepcio- mais importantes dos Jogos Olímpicos e Para- nal importância. E nada disso pode dar erra- límpicos Rio 2016: o das premiações. do, com a possibilidade de ser um fiasco total para os organizadores, algo que ecoaria para a história dos jogos. Legado para os participantes Além de todas as funções assumidas pelas O que ficou de legado para os participantes Forças Armadas, dentre elas, segurança; con- deste grande evento, mais especificamente na

Esporte é vida. Viva o Esporte! 63 área de Cerimonial, foi à oportunidade de con- res. O convívio com os voluntários, conhecendo tribuir com a grande festa do esporte, de pre- pessoas de todos os cantos do Brasil e também senciar superatletas, ícones do esporte nacional do exterior. Pessoas que deixaram suas vidas e e mundial olímpicos e paralímpicos. Momentos o conforto dos seus lares por um curto período, que ficarão na memória de todos os envolvidos. vivenciando os primeiros Jogos Olímpicos da América do Sul, realizados na cidade do Rio de Foi um período em que houve a oportuni- Janeiro, trazendo toda sua ansiedade, angústia, dade de verificar como funciona internamente medos em troca de poder participar como volun- um megaevento esportivo com seus pormeno- tário desta grande festa. res, detalhes pouco conhecidos do público geral. Dos acertos e também das pequenas falhas, que Que venham os próximos Jogos! Rumo a causariam grandes transtornos aos organizado- Tóquio 2020!!

64 Revista Podium Naval Parte 4: Segurança e Defesa

• Coordenação Geral de Defesa de área do Rio de Janeiro

• Atuação do Comando de Defesa Setorial Copacabana nos Jogos Olímpicos Rio 2016

• Atuação da Força de Fuzileiros da Esquadra nas Olimpíadas de 2016

• A participação da Companhia de Polícia do Batalhão Naval na segurança dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016

• Marinha do Brasil coordena ações de defesa durante jogos do futebol olímpico em Salvador

• Atuação do Batalhão de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica de Aramar durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 na cidade de São Paulo

Fonte: www.http://antesdemorrer.com.br/rio-de-janeiro-brazil/

Capitão de Fragata (FN) ALEXANDRE SOARES DE ARAUJO Coordenação Geral de Defesa de área do Rio de Janeiro O início oficinas temáticas, treinamentos, adestramentos e ensaios. Tudo isso visando não só avaliar as A Coordenação Geral de Defesa de Área instalações esportivas, mas também o próprio (CGDA) foi uma organização por tarefas criada planejamento do CGDA. para conduzir as ações das Forças Armadas, no Os JO/JP Rio 2016 contou com a participação Rio de Janeiro, em apoio à segurança dos Jogos de 205 nações, com cerca de 15 mil atletas e 70 Olímpicos e Paralímpicos (JO/JP) Rio 2016. Foi mil voluntários, com competições distribuídas ativada, oficialmente, em 05 de agosto de 2015, em 65 modalidades. Concentrado principalmen- exatamente a um ano da Cerimônia de Abertu- te na cidade do Rio de Janeiro, ocorreu em um ra dos Jogos. Inicialmente funcionando no Cen- período de 17 dias, contando com 665 eventos tro de Coordenações de Operações (CCOp) do e três lives sites1. Diante de todos Comando Militar do Leste (CML), sua primeira estes fatores, pode-se ter uma tarefa foi o acompanhamento dos eventos teste ideia da complexidade de co- de remo e hipismo que ocorreram naquele perí- ordenação entre os vários odo. Dali por diante, seguiram-se vários outros setores envolvidos, inclu- eventos testes, alguns até com status de campe- sive as Forças Armadas. onato mundial, além de recorrentes seminários,

1 Locais de encontro e convivência, com programação de shows e transmissão de competições esportivas.

Esporte é vida. Viva o Esporte! 67 Para a complexa tarefa de proporcionar um Ainda fazendo parte da governança de se- ambiente seguro e estável para a realização de gurança dos JO/JP Rio 2016, foi instituído pelo todos os eventos citados, a governança de segu- PESI o Comitê Executivo de Segurança Integra- rança dos JO/JP Rio 2016 foi definida no Plano da (CESI), no âmbito nacional, composto pelos Estratégico de Segurança Integrada (PESI), base- representantes da Casa Civil da Presidência da ada em três eixos de atuação bem definidos: República; do MJ; do MD; do Gabinete de Se- gurança Institucional, por meio da ABIN; e dos • O eixo “Segurança Pública”, sob respon- estados e municípios que sediaram os Jogos, jus- sabilidade do Ministério da Justiça (MJ); tamente para orientar e facilitar a integração dos • O eixo “Defesa Nacional”, sob responsabi- eixos de atuação. lidade do Ministério da Defesa (MD); No âmbito regional, esta tarefa ficou com o • O eixo “Inteligência”, sob responsabilida- Comitê Executivo de Segurança Integrada Re- de da Agência Brasileira de Inteligência gional (CESIR), também com representantes (ABIN). das secretarias estaduais de segurança pública, Embora bem definidos, muitas vezes foi di- das secretarias de defesa civil do município, do Ministério da Justiça, do CGDA e pelo Su- fícil determinar os limites de atuação de cada perintendente Estadual da ABIN. É importante eixo, tanto na fase do planejamento quanto na mencionar que o esforço para que as coordena- fase da execução das ações de segurança. A go- ções fossem realizadas, sem causar qualquer tipo vernança, conduzida sob coordenação entre os de intolerância pelas partes, foi intenso, pois o três órgãos, não deixava bem clara uma cadeia CGDA marcou bem seus limites e demonstrou de comando. Diferente do modus operandi mili- junto ao CESIR que seus argumentos sempre es- tar, onde as tarefas e responsabilidades são mui- tavam muito bem fundamentados. to bem definidas e sempre há um comandante, um encarregado ou qualquer outra função que designe a responsabilidade direta. Todavia, mes- mo com as dificuldades já citadas, as Forças Ar- madas puderam discutir em igualdade de condi- ções todas as formas de emprego de suas tropas. Apesar de não haver claramente uma Unidade de Comando, havia um sentimento bem explíci- to de Unidade de Esforço, uma vez que o objetivo

comum era proporcionar a todos a realização de Reunião do CESIR Jogos Olímpicos seguros e sem surpresas nega- tivas e que ficassem marcadas as características Ainda de acordo com o PESI, as tarefas ini- positivas e únicas do nosso Brasil. ciais atribuídas às Forças Armadas eram de pro- A partir da emissão do PESI, o Estado-Maior teger as estruturas estratégicas (Etta Estrt) e atu- Conjunto das Forças Armadas (EMCFA) emitiu ar como Força de Contingência (FOCON), caso a Segurança Pública necessitasse de apoio. Para a o Plano Estratégico de Emprego Conjunto das execução dessas tarefas, a atuação do CGDA foi Forças Armadas (PEECFA), que trouxe para o dividida em quatro grandes áreas, denominadas âmbito militar as esferas de atuação descritas Clusters2, que praticamente coincidiam em qua- no PESI. Por sua vez, o CGDA, de posse destes tro grandes áreas de competição sob responsabi- dois documentos condicionantes, emitiu seu Plano Operacional, que teve sua última revisão 2 Áreas que concentravam vários locais de competição. Nos em fevereiro de 2016. Jogos Rio 2016 existiam quatro clusters, a saber: Copacaba- na, Maracanã, Barra e Deodoro.

68 Revista Podium Naval lidade dos Comandos de Defesa Setoriais (CDS), Cada CDS, então, ficou com as tarefas já ci- a saber: Barra da Tijuca, Deodoro, Maracanã e tadas dentro de suas áreas de responsabilidade. Copacabana, sendo os três primeiros sob respon- As Etta Estrt que se encontravam fora dessas sabilidade do Exército Brasileiro (EB) e o último áreas ficaram sob responsabilidade da Força de sob responsabilidade da Marinha do Brasil (MB). Proteção de Etta Estrt (FProtEttaEstrt). Além destas forças, o CGDA ainda contou com uma Força de Coordenação de Escoltas (FCoorEsct), com a Aviação do Exército (AvEx) e com um Batalhão de Infantaria da Força Aérea (BINFA) sob controle operacional, que viria a ser empre- gado diante de novas demandas que poderiam surgir, particularmente nas proximidades dos aeroportos e bases aéreas. Localização dos Clusters e respectivos responsáveis

CGDA Comandante Militar do Leste

Estado-Maior Coor Log Conjunto

CDS CDS CDS CDS BINFA GLO Deodoro Barra Maracanã Copacabana (Ct Op)

Coordenação Estruturas Aviação do FOCON de Escolta Estratégicas Exército

Organização do CGDA

A situação do Rio de Janeiro A situação observada na cidade do Rio de Janeiro, es- tampada nas manchetes dos principais jornais à época, era de incerteza e, principalmente, insegurança. Não só a po- pulação, como também os turistas e até mesmo os atletas, já viam a realização dos Jogos envolta por um sentimento de pessimismo. Diante de tantas notícias alarmantes, o Governo do Estado viu a necessidade de solicitar ao Presidente da República o apoio das Forças Armadas nas ações de segu- rança dos Jogos. Inicialmente, o eixo “Segurança Pública” solicitou o apoio em regiões como a Avenida Brasil e co- munidades no entorno de alguns locais de competição. A partir deste momento, deu-se o início às tratativas entre Notícia de “O Globo” 20JUN2016

Esporte é vida. Viva o Esporte! 69 o Governo do Estado do Rio de Janeiro, parti- • Segurança ostensiva no Aeroporto Inter- cularmente a Secretaria de Segurança Pública, nacional do Galeão e adjacências; e o CGDA na negociação de tarefas e áreas de • Segurança ostensiva nas Estações Ferro- responsabilidade durante a execução das Ope- viárias de Magalhães Bastos, de Deodoro, rações em Apoio a Segurança dos JO/JP Rio da Vila Militar, de Ricardo de Albuquer- 2016. Várias reuniões foram realizadas até que, do Maracanã, de São Cristóvão e de que as tarefas fossem muito bem definidas en- Engenho de Dentro; tre os diversos entes envolvidos, fossem eles do eixo “Segurança Pública”, fossem eles do • Proteção às estruturas estratégicas Pão de eixo “Defesa Nacional”. Açúcar, Corcovado e Pira Olímpica; • Segurança ostensiva durante as Cerimô- As novas tarefas nias de Abertura e de Encerramento; • Segurança ostensiva na região da Cande- Durante o processo de negociação, algumas lária, Aeroporto Santos Dumont e Marina das tarefas afetas ao eixo “Segurança Pública” da Glória; começaram a ser compartilhadas com o eixo “Defesa Nacional”. Coube ao CGDA conduzir as • Reforço na segurança do Estádio Olímpi- conversas de maneira que todo o apoio solicita- co (Engenhão) e em novos pontos na Bar- do pelo Governo do Estado convergisse para um ra da Tijuca; e esforço olímpico, ou seja, tarefas que estivessem • Segurança ostensiva durante as Provas de diretamente relacionadas com a boa execução Maratona, em toda a sua extensão. dos Jogos. Foram utilizados modelos já empre- gados em outros Grandes Eventos, como foi o Após este intenso trabalho de negociação, o caso do uso de militares no apoio à segurança texto base para se legitimar todas essas ações e ta- durante a Eurocopa 2016, realizada na França, refas foi divulgado por meio do Decreto Presiden- proporcionando visibilidade às Forças Armadas cial de 08 de agosto de 2016, que proporcionava e consequente poder de dissuasão. Isso fez com um amparo legal consistente a todas as ações das que eixo “Defesa Nacional” ficasse sempre em Forças Armadas. Outro instrumento que também uma posição favorável na mesa de negociações. teve um papel legitimador, além de ser extrema- Principalmente no que se referia às áreas geo- mente ágil, foi o Protocolo de Cooperação entre o gráficas a serem guarnecidas e as tarefas a serem execu- tadas, deixando explícito a articulação entre os dois ei- xos. Basicamente se manteve as áreas de responsabilidade originais, acrescentando-se agora as seguintes tarefas: • Segurança das Vias Expressas: Transolím- pica, Linha Amarela, Linha Vermelha, tre- cho Av. Brasil, Vias da Barra da Tijuca e Zona Sul; Esquema de Manobra do CGDA

70 Revista Podium Naval MD, MJ, GSI, Casa Civil da Presidência e Governo cas e de Assuntos Civis. Também compunham o do Rio de Janeiro, que conferia ao CESIR agilidade EM Cj do CGDA as assessorias de Defesa Nucle- e flexibilidade de cumprimento de deliberações ar, Biológica, Química e Radiológica (DefNBQR), ocorridas em suas reuniões. Jurídica, de Operações Marítimas e de Opera- Paralelamente a todo o processo de negocia- ções Aéreas. Algumas seções de Estado-Maior ção, o CGDA continuava com o seu planejamen- foram organizadas em grupos de assuntos afins, to. Na verdade, de acordo com cada demanda, como as Células de Operação (Operações, Pla- havia a necessidade de ajustes no plano já con- nejamento e Operações Marítimas) e a de Apoio cebido. Os ensaios e exercícios foram intensa- à Informação (Inteligência, Informações, Opera- mente aproveitados, constituindo-se um ins- ções Psicológicas e Comunicação Social), funcio- trumento fundamental para coordenações mais nando ininterruptamente, com equipes de per- finas, inclusive com as agências fora do eixo manência, briefings diários, videoconferência “Defesa Nacional”. É fundamental citar que to- com o MD diária e briefing com o Ministro da dos os treinamentos, principalmente aqueles Defesa (MinDef), Raul Belens Jungmann Pinto, que foram intensamente explorados pela mídia, que constantemente estava presente na Sala de foram determinantes para mudar o ambiente de Comando e Controle do CGDA. Cabe aqui uma incerteza e insegurança que imperava antes do menção especial aos Oficiais de Ligação (OLig) início dos Jogos, sendo percebido pela população dos CDS, que permaneciam o tempo todo nesta o alto grau de profissionalismo e comprometi- sala, em ligação estreita com os respectivos CDS, mento das Forças Armadas. permitindo não só uma atualização constante da situação das tropas, como também a dissemina- O CGDA ção de ordens oriundas do CGDA. O CGDA observou as seguintes fases durante Para os trabalhos do CGDA, o seu Estado-Maior toda a operação: Planejamento; Levantamento Conjunto (EM Cj) foi composto pelas seções de de Recursos Logísticos; Preparação Específica; Pessoal, de Inteligência, de Operações, de Logís- Adestramentos (Ensaios); Concentração Estra- tica, de Planejamento, de Comando e Controle, tégica; os Jogos Olímpicos e Paralímpicos; e de Comunicação Social, de Operações Psicológi- Desmobilização.

Coordenador Geral de Defesa de Área Comandante Militar do Leste

Chefe do Estado-Maior Conjunto CAlte (FN) Carlos Chagas

S Ch EM Cj/MB S Ch EM Cj/EB S Ch EM Cj/FAB CMG (FN) Guimarães Cel Cruz Jr. Cel Av Elia

D1 D3 D5 - CMG D7 D9 - CF (FN) COA Ass Jur TC Genésio Cel Santos (FN) Tinoco TC Ventura Leonel Cel Av Elia TC d’Ávila

D2 D4 D6 D8 Mar Ops DefNQBR TC Camilo CF (FN) Marlos Cel/R1 Hugo Cel Corrêa CC Bezerra CMG (FN) Chaib

Organização do CGDA

Esporte é vida. Viva o Esporte! 71 As fases de Planejamento e de Levantamento As ações de Garantia da Lei e da Ordem de Recursos Logísticos praticamente ocorreram (GLO), em apoio ao eixo “Segurança Pública” em paralelo, sendo que já próximo ao início dos durante o período, transcorreram da melhor Jogos o esforço para apoiar da melhor maneira maneira possível. Algumas demandas surgiram possível os CDS e Forças em suas necessidades durante as atividades, sendo levantadas, princi- foi bem acentuado, levando em consideração que palmente, durante as reuniões do CESIR. Dentre muitas tropas vieram de fora do Rio de Janeiro. essas novas demandas, podemos citar o estabe- Para muitos, a preparação específica ocorreu lecimento de novos Postos de Controle Estáticos ainda em suas cidades de origem, como um pri- (PCE) e o guarnecimento de alguns pontos turís- meiro treinamento, tomando por base as tarefas ticos do Rio de Janeiro, como o Pão de Açúcar, o iniciais. Como já citado anteriormente, foi com o Corcovado e a Pira Olímpica. Merece destaque, adestramento e os grandes ensaios, já mais próxi- também, o estabelecimento de perímetros de se- mo ao início dos Jogos, que o emprego das Forças gurança no estádio Olímpico e no estádio do Ma- Armadas começou a tomar forma diante da socie- racanã durante as cerimônias de abertura e de dade. Os exercícios, principalmente aqueles cujo encerramento dos Jogos, nas provas de Maratona tema envolvia um grande deslocamento de tropa, e no patrulhamento ostensivo nas principais vias tomaram uma proporção elevada na mídia, sendo expressas da cidade. fator de força quando se falava em dissuasão. Durante toda a operação, foram realizadas Já na fase final da Concentração Estratégica, mais de 620 escoltas de autoridades e 12.300 o CGDA realizou o último grande ensaio geral, patrulhas ostensivas (a pé e motorizadas). As que ocorreu de 15 a 21 de julho de 2016. Este Unidades Marítimas realizaram 3.227 aborda- exercício mobilizou todos os CDS e Forças, pos- gens, 119 notificações e 34 apreensões. As ae- sibilitando ajustes finais nas manobras e coorde- ronaves da MB e do EB realizaram mais de 350 nações com outras agências envolvidas. Foi bem horas de voo. Os meios utilizados foram os mais notado pela própria imprensa e população que diversos, dentre os quais 16 navios, 2.105 via- as Forças Armadas, efetivamente, se mostravam turas, 86 veículos blindados, 33 helicópteros, prontas para assumir suas tarefas em apoio à se- 50 embarcações e 316 motocicletas. Diante de gurança da condução dos JO/JP Rio 2016, seja tão expressivos números, pode-se ter uma ideia pelo grau de moral observado nos exercícios, ou do nível de coordenação envolvido, não só entre até mesmo pelo número de militares envolvidos. as Forças Singulares, como também com outras Esse pacote todo fez com que se aumentasse a agências participantes. sensação de segurança e, com isso, o poder de dissuasão ficasse bem latente. O trabalho de Inteligência desenvolvido an- tes, durante e após os Jogos foi fundamental para No dia 24 de julho foi aberta oficialmente a a eficiente condução das ações. Principalmente Vila dos Atletas, na Barra da Tijuca. Esta data durante as cerimônias de Abertura e Encerra- ficou marcada como o início oficial das ações mento, ocasiões onde havia uma grande concen- do CGDA, pois a partir daí toda a operação de tração de autoridades. O risco de interferência segurança passou à responsabilidade dos eixos na condução dos eventos por possíveis manifes- de atuação. Deste evento até praticamente o fi- tações se tornava muito grande. Mais uma vez nal dos Jogos Paralímpicos, as ações das Forças o trabalho integrado do CGDA com as outras Armadas ocorreram de maneira ininterrupta, agências, principalmente a ABIN, proporcionou sendo observada apenas uma diminuição de in- uma atualização quase que instantânea da cons- tensidade das operações entre o final dos Jogos ciência situacional, auxiliando nas alterações do Olímpicos e o início dos Paralímpicos. planejamento por meio de rápidas tomadas de

72 Revista Podium Naval Patrulhamento ostensivo nas Praias da Zona Sul Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil decisão. Neste sentido, a grande quantidade de gurança e continuidade do fluxo de veículos. A meios de comunicação empregados fez com que Comunicação Social entrou como uma ferramen- as informações fluíssem de maneira a alimentar ta fundamental de disseminação de ideias. As o sistema de Comando e Controle constantemen- mídias foram largamente utilizadas, com farta te. Podemos citar várias ocasiões que isto ocor- requisição dos principais meios de comunicação reu durante o transcorrer das operações, porém o para elaboração de matérias, acompanhamento que pode ser considerado um bom exemplo foi o de exercícios e divulgação de entrevistas. As acompanhamento online do Presidente da Repú- pesquisas conduzidas por alguns destes órgãos blica, desde a sua chegada ao Rio de Janeiro, es- mostraram que cerca de 90% da população apro- tendendo-se ao deslocamento do aeroporto para vou o esquema de segurança planejado e execu- o MRE - onde ocorreu uma pequena recepção a tado durante os Jogos. alguns chefes de Estado -, para o Maracanã, até o seu embarque novamente no Aeroporto Santos A seção de Assuntos Civis mostrou que este Dumont, durante a cerimônia de abertura dos campo - principalmente durante os Grandes Jogos Paralímpicos. Todos os trajetos foram pra- Eventos, onde há a participação de vários órgãos ticamente transmitidos ao vivo para a Sala de federais, estaduais, municipais ou mesmo civis Comando e Controle do CGDA, sendo largamente - vem ganhando cada vez mais força e impor- empregados celulares que transmitiam imagem tância. A cultura organizacional observada nas (SCOOP), rádios, sistema Olho da Águia (Aviação diversas agências guardava características pró- do EB) e o Sistema de Aeronaves Remotamente Pilotada (SARP) da Força Aérea Brasileira (FAB). prias, que precisavam ser compreendidas para que o resultado final pudesse ser alcançado. Foi As operações de Informação prestaram um preciso um grande esforço de coordenação para apoio expressivo às ações do CGDA. Durante todo que no final tudo desse certo. Apesar disso, a o período de emprego das tropas, várias foram as experiência mostrou que sabendo-se respeitar o campanhas desenvolvidas, sempre tendo como modus operandis de cada organização envolvida, foco a facilitação da execução das tarefas. Pode- mos citar as propagandas enaltecendo o trabalho os melhores resultados podem ser alcançados. das Forças Armadas durante os Jogos, veicula- Outro campo que merece destaque foi o da As- das nos metrôs, trens, rodoviárias e aeroportos. sessoria Jurídica, onde podemos destacar a atua- Além disso, também atuou junto às comunidades ção das Delegacias de Polícia Judiciária Militar, adjacentes às vias expressas, de maneira a cons- que prestaram todo o apoio às ações do CGDA, cientizá-la da importância da manutenção da se- desde seu EM Cj até os escalões mais baixos.

Esporte é vida. Viva o Esporte! 73 A Assessoria de Defesa Nuclear, Biológica, defesa na segurança dos Jogos. A capacidade de Química e Radiológica (DefNBQR) também teve integração e interoperabilidade, não só entre as uma participação significativa durante os Jogos, Forças Singulares, mas também entre a defesa e principalmente nas varreduras dos locais de outras agências, foi fator decisivo para o suces- competição. Atuou significativamente sempre so das operações. Nesse sentido, acrescenta-se quando existia a suspeita de colocação proposital a coordenação e articulação estabelecida com a de artefatos explosivos ou substâncias nocivas. Segurança Pública, o que muito contribuiu para o estabelecimento de um ambiente seguro para a Lições aprendidas condução dos Jogos. Cabe destacar que, dentro da própria organização do CGDA, a MB participou Ao final da realização dos JO/JP Rio 2016 e de ativamente de todo o processo decisório, pois se todas as atividades envolvidas nas operações de encontrava presente em todas as seções do EM apoio à segurança, pode-se concluir que muitos Cj como integrante ou até mesmo como Chefe fatores ajudaram o bom andamento das opera- de Seção. Ao final dos Jogos, fica a sensação de ções. Inicialmente, o amparo legal às atividades dever cumprido e de que a MB acumulou sig- do CGDA, concedido pelo decreto de 08 de agosto nificativa experiência em atuação em Grandes de 2016, garantiu tranquilidade à tropa em suas Eventos, no planejamento conjunto e interagên- tarefas diárias. Foi latente e bem observado por cias, provando estar apta para assumir tarefas todos os setores da sociedade o sucesso do eixo desta natureza em um futuro próximo.

74 Revista Podium Naval Capitão de Corveta LUIZ FRANCISCO CALHEIROS BARBOSA DA CUNHA Atuação do Comando de Defesa Setorial Copacabana nos Jogos Olímpicos Rio 2016

A XXXI edição dos Jogos Olímpicos e a XV dos Jogos Para- límpicos foi realizada na cidade do Rio de Janeiro, no período de 5 de agosto a 18 de setembro de 2016. Os Jogos, o maior evento esportivo do planeta, ocorreram pela primeira vez na América do Sul. Também foi destaque na imprensa o clima de festa que tomou conta das venues (terminologia utilizada para denominar os locais de competição) durante a realização dos dois eventos. Tal sucesso deveu-se a uma meticulosa preparação e à execu- ção dos Planos de Segurança estabelecidos durante a fase de pla- nejamento dos Jogos Rio 2016, o que exigiu um esforço integrado entre os Órgãos de Segurança Pública e de Inteligência, as For- ças Armadas e o Comitê Executivo Rio 2016. Nesse contexto, as principais tarefas da Marinha (MB), Exército (EB), e Aeronáutica

Navio patrulha realizando segurança de área marítima próximo à Praia de Copacabana Fonte: Assessoria de Comunicação Social do Com1ºDN

Esporte é vida. Viva o Esporte! 75 (FAB) eram a atuação como Força de Contingên- seus meios e contribuir para a garantia da segu- cia para a Segurança dos Jogos (efetivo reserva rança das competições em sua área de atuação pronto para atuar em caso de falência dos Órgãos (Copacabana, Marina da Glória, Lagoa Rodrigo de Segurança Pública) e a proteção de estruturas de Freitas, Aterro do Flamengo e Zona Portuária, estratégicas (notadamente o Porto do Rio de Ja- desde a Praça XV até as proximidades do Caju): neiro, o Terminal Rodoviário Novo Rio, a Estação um Grupo-Tarefa (GT) Marítimo, um Grupo-Tare- das Barcas, o Sítio de Antenas de Radiodifusão fa Terrestre (GTT) e um Centro de Controle Tático da Ilha Rasa e o Centro Regional de Operação do Integrado (CCTI). Este último, voltado especial- Sistema Elétrico). mente para as ações de conscientização e de en- A MB ficou responsável pela segurança das frentamento ao terrorismo. raias de competição na Baía de Guanabara (vela), O GT Marítimo foi constituído por meios e na Lagoa Rodrigo de Freitas (canoagem), no lito- militares do Comando-em-Chefe da Esquadra ral da Praia de Copacabana (maratona aquática (adjudicados ao Comando da 1ª Divisão da Esqua- e vôlei de praia) e na praia da Barra da Tijuca dra, Comandante do GT), do Comando do Grupa- (ciclismo). As Forças Armadas também deveriam mento de Patrulha Naval do Sudeste e da Capi- estar prontas para agir em apoio ao Sistema Na- tania dos Portos do Rio de Janeiro, tendo como cional de Defesa Civil, em caso de catástrofes na- principais tarefas controlar o tráfego aquaviário turais durante o período dos Jogos. e impedir a entrada de embarcações não autori- Para a consecução de tais objetivos foi cria- zadas nas áreas de competição. da uma estrutura militar conjunta, composta por um Comando-Geral de Defesa de Área (CGDA), tendo como elementos subordinados quatro Co- mandos de Defesa Setorial (CDS), corresponden- tes às regiões onde ocorreram competições (Bar- ra da Tijuca, Deodoro, Maracanã e Copacabana). À MB coube a tarefa de coordenar o CDS Copa- cabana. As demais áreas de competição foram designadas ao EB.

Navio Patrulha Oceânico “Apa” durante a realização de evento teste para os Jogos Olímpicos Fonte: Assessoria de Comunicação Social do Com1ºDN

O GTT e o CCTI foram constituídos por mili- tares e viaturas da Força de Fuzileiros da Esqua- dra, sob controle operativo do CDS Copacabana. Inicialmente concebidos para atuar como Força de Contingência e em Ações de Garantia da Lei Componentes do Estado-Maior do CDS Copacabana, ten- e da Ordem (GLO), o Grupamento Operativo de do à frente o Comandante do 1º Distrito Naval, Vice-Al- Fuzileiros Navais componente do GTT passou, a mirante Leonardo Puntel pedido do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Fonte: Assessoria de Comunicação Social do Com1ºDN a realizar o patrulhamento ostensivo da Zona O CDS Copacabana, que foi coordenado pelo Sul e da Zona Portuária, onde estava localiza- Vice-Almirante Leonardo Puntel, Comandante do o Boulevard Olímpico Porto Maravilha, um do 1º Distrito Naval à época, possuía 3 principais live site onde ocorreram transmissões ao vivo componentes para garantir o pleno emprego dos dos jogos, além da realização de shows e ou-

76 Revista Podium Naval tras atrações culturais, garantindo maior segu- pecíficos, a fim de testar a operacionalidade dos rança à população. A MB também realizou a meios, equipamentos e prontidão dos GT, além segurança da Pira Olímpica durante o período da realização de palestras sobre a importância da dos Jogos. Foi a primeira vez na História que a percepção da ameaça terrorista para instituições Chama Olímpica ficou localizada fora do local envolvidas nos Jogos Olímpicos. da Cerimônia de Abertura. Pode-se concluir, portanto, que a atuação do CDS Copacabana nos Jogos Olímpicos e Para- límpicos Rio 2016 tratou-se da mais longa e da maior operação interagências já realizada pela MB em situação de paz e que seu sucesso foi fru- to do trabalho árduo de todos os militares envol- vidos direta ou indiretamente na composição dos seus elementos organizacionais subordinados. A experiência adquirida durante os eventos ocorri- Militares e viaturas do CFN durante Cerimônia de Ati- dos nos anos anteriores aos Jogos Olímpicos, em vação do GT Terrestre especial durante a Copa do Mundo, em 2014, Fonte: Assessoria de Comunicação Social do Com1ºDN serviu de base para que o nível de excelência Ao todo, participaram da operação 23 navios; necessário para garantir o sucesso da Rio 2016 6 helicópteros; 2 Avisos de Patrulha; 40 lanchas; fosse alcançado. A concentração geográfica das 5 motos aquáticas; 1 Embarcação de Desembar- competições, porém, constituiu-se em um novo que de Carga Geral (EDCG); 1 Embarcação de desafio, vencido graças à capacidade de supe- Desembarque de Viaturas e Material (EDVM); ração dos homens e mulheres que contribuíram 3 Batalhões de Infantaria, que compuseram as para que fosse escrita mais uma página da glo- chamadas UTO – Unidades-Tarefa Olímpicas; 1 riosa História da MB. Batalhão reserva; 1 Grupo de Apoio de Serviços ao Combate; 1 Unidade-Tarefa de Operações Es- peciais e 1 Unidade-Tarefa de Defesa Nuclear, Química, Radiológica e Bacteriológica (DefNB- QR), totalizando 8 mil militares ao longo dos cer- ca de 70 dias de duração dos Jogos. Porém, cabe ressaltar que a preparação do contingente foi ini- ciada um ano antes do efetivo início dos Jogos Rio 2016. Nesse período, foram realizados uma série de ensaios durante eventos esportivos es-

CF (FN) Pinto Homem, Encarregado do CCTI, durante Componentes do GT Terrestre realizam a segurança da palestra sobre percepção de ameaça terrorista Pira Olímpica Fonte: Assessoria de Comunicação Social do Com1ºDN) Fonte: Assessoria de Comunicação Social do Com1ºDN

Esporte é vida. Viva o Esporte! 77 Capitão de Corveta (T) ALEXANDRO SARMENTO VIANNA Atuação da Força de Fuzileiros da Esquadra nas Olimpíadas de 2016

Os maio- eixos: Segurança Pública, Defesa e Serviço de res even- Inteligência. Para garantir a segurança da po- tos espor- pulação, turistas e atletas, o Ministério da De- tivos do fesa (MD) empregou mais de 38 mil militares planeta, os durante as competições no Rio de Janeiro e em Jogos Olímpi- outras cidades que receberam as partidas de fu- cos e Paralímpi- tebol. Desse total, cerca de 3 mil Fuzileiros Na- cos, aconteceram no período de 5 a 21 de agosto vais da Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE), e de 7 a 18 de setembro de 2016, respectivamen- componentes da “Força que vem do Mar”, fo- te, na cidade do Rio de Janeiro. Segundo o site ram empregados em áreas onde ocorreram as Oficial dos Jogos, mais de 10.500 atletas de 206 competições. Foram reforçados por cerca de mil países estiveram na Cidade Maravilhosa partici- Fuzileiros Navais do setor Comando-Geral do pando do evento. Foram 42 modalidades olímpi- Corpo de Fuzileiros Navais (CGCFN), de 135 do cas e 23 Paralímpicas, disputadas em 32 locais de Grupamento de Fuzileiros Navais de Ladário, competição, espalhados em 4 regiões da cidade. em Mato Grosso do Sul, de 74 do Grupamento de Fuzileiros Navais de Natal, no Rio Grande do Sem dúvida, os olhos do planeta estiveram Norte, e 45 do 1º Batalhão de Operações Ribei- voltados para a Cidade Maravilhosa, o que impôs rinhas de Manaus, no Amazonas. um minucioso planejamento do Governo Fede- ral, principalmente no que se refere à segurança Com a finalidade de atender suas principais e à organização dos Jogos. características, ou seja, sua vocação anfíbia, sua De acordo com o Plano Estratégico de Segu- prontidão operativa e o seu caráter expedicioná- rança Integrada (PESI) das Olimpíadas de 2016, rio, as tropas da FFE seguem um rigoroso ciclo a ação das Forças Armadas foi formada por três de adestramento, com diversas atividades que

78 Revista Podium Naval Atuação da Força de Fuzileiros da Esquadra nas Olimpíadas de 2016

permitem o estabelecimento permanente de em todas as 11 atividades classificadas como uma Força de Emprego Rápido, pronta para ser de Emprego Limitado da Força e em 9 das 12 utilizada em todo espectro de conflitos, desde Atividades Benignas. as operações de caráter humanitário até as ope- rações internacionais de paz e operações em Para um evento da magnitude dos Jogos conflitos armados. A Doutrina Básica da Ma- Olímpicos e Paralímpicos de 2016, a FFE pas- rinha indica a participação dos Fuzileiros Na- sou por um período de intensa preparação por vais em 14 das 18 Operações de Guerra Naval, meio de adestramentos, de oficinas de segurança

Esporte é vida. Viva o Esporte! 79 e da participação em diversos eventos testes, nos de Segurança Estáticos; garantiu a segurança quais foram verificados a estrutura de Comando das rotas protocolares; e realizou operações de e Controle, as definições de efetivos necessários cerco e isolamento para a atuação dos Órgãos e o posicionamento e quantitativo dos meios que de Segurança Pública e do Grupo-Tarefa Centro seriam empregados, observando as lições apren- de Coordenação Tático Integrado (GT CCTI). Re- didas e a experiência adquirida em recente atua- alizou, ainda, dada a credibilidade da tropa pe- ção em grandes eventos, como a Copa das Confe- rante a população local e visitantes nacionais e derações e a Copa do Mundo FIFA 2014. estrangeiros, primeiros-socorros, apreensão de No Rio de Janeiro, a estruturação militar re- infratores e prisão de Agentes Perturbadores da alizada pelo MD teve início com o Plano Opera- Ordem Pública (APOP). cional do Coordenador Geral de Defesa de Área (CGDA), que foi subdividido em Coordenado- Os militares da FFE atuaram também na rias Setoriais (CDS), correspondentes aos seto- prevenção ao terrorismo, com elementos de res olímpicos da Barra da Tijuca, de Deodoro, Operações Especiais, os quais fizeram parte do do Maracanã e de Copacabana. Esta última foi Comando Conjunto de Prevenção e Combate ao assumida pela Marinha do Brasil (MB), onde Terrorismo (CCPCT); na Defesa Nuclear, Biológi- aconteceram as competições de vôlei de praia, ca, Química, e Radiológica no Rio de Janeiro e triatlo, ciclismo de estrada e maratona aquática, em Salvador (BA), por meio de militares do Ba- em Copacabana; vela, na Marina da Glória; remo talhão de Engenharia; e na Defesa Antiaérea da e canoagem, na Lagoa Rodrigo de Freitas; e ma- Vila Olímpica, do Parque dos Atletas, do Riocen- ratona, no Aterro do Flamengo. A FFE nucleou tro e do Parque Olímpico - onde foram realizadas o Grupo-Tarefa Terrestre (GTTer), componente provas de 22 modalidades - com militares do Ba- do Comando de Defesa Setorial Copacabana, que talhão de Controle Aerotático e Defesa Antiaérea. foi designado para atender à atividade de Defesa Nacional de Emprego de Forças de Contingência. Foram empregadas mais de 170 viaturas Contudo, a pedido do Governo do Estado do operativas, 11 viaturas blindadas “PIRANHA” e Rio de Janeiro à Presidência da República, os 2 Carros Lagarta Anfíbios. Fuzileiros Navais passaram a realizar, de for- ma ostensiva, o patrulhamento da Zona Sul do Ao final da operação, pôde-se constatar que Rio de Janeiro, garantindo maior segurança à os Jogos Olímpicos e Paralímpicos transcorre- população. ram em um ambiente estável e seguro e que Para cumprir sua missão, o GTTer, por in- as demandas eventualmente atribuídas à FFE, termédio de suas Unidades-Tarefa Olímpicas decorrentes da possibilidade de concretização (UTO) Copacabana, Lagoa e Marina, realizou re- de quaisquer ameaças, foram tempestivamen- conhecimentos de itinerários, localidades e ins- te atendidas. A “Força que Vem do Mar” con- talações; patrulhas a pé e motorizadas; proteção tribuiu, mais uma vez, para a consolidação da de estruturas críticas, particularmente do sítio imagem da MB e do Corpo de Fuzileiros Navais de Antenas de Radiodifusão da Ilha Rasa e do como instituições preparadas e competentes pe- Complexo do Pão de Açúcar; estabeleceu Postos rante a sociedade brasileira.

80 Revista Podium Naval Capitão de Corveta (FN) DANIEL MARQUES RUBIN A participação da Companhia de Polícia do Batalhão Naval na segurança dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016

Introdução vertentes: segurança de autoridades e de insta- lações; escolta de batedores; e controle de dis- A participação da Companhia de Polícia do túrbios. Para o cumprimento da missão, foi con- Batalhão Naval (CiaPolBtlNav) nas ações de segu- duzido um processo detalhado de planejamento, rança durante os Jogos Olímpicos (JO) e Paralím- mobilização e preparo. Durante a execução, picos (JP) Rio 2016 foi de fundamental importân- foram empregados 120 agentes de segurança, cia para o sucesso do evento. 62 motociclistas militares e um Pelotão de Con- A CiaPolBtlNav atuou em três importantes trole de Distúrbios (PelCD) com 45 militares.

Esporte é vida. Viva o Esporte! 81 Mobilização e preparação Davidson (MCL HD) - alguns deles sem contato com a atividade por anos - demandou tempo e Um dos primeiros desafios encontrados foi minucioso planejamento, em especial face aos a mobilização do efetivo planejado, já que a elevados riscos que cercam a atividade. CiaPolBtlNav não dispunha do quantitativo total de agentes de segurança e de motociclistas mili- De um modo geral, a preparação da tares (batedores) necessários. CiaPolBtlNav para os JO/JP Rio 2016 contem- plou instruções, adestramentos e palestras sobre Quanto aos agentes de segurança, foram in- cluídos os militares concludentes do Curso Espe- os seguintes assuntos: procedimento com arma- cial de Destacamentos de Segurança de Embai- mentos; respaldo jurídico na atuação de militares xada (C-Esp-DstSEB) da turma única de 2016. Foi na garantia da lei e da ordem; ameaça terrorista antecipada também a apresentação dos militares e uso da força; escolta de autoridades em célula selecionados para os Destacamentos de Seguran- de segurança e cápsulas motorizadas; embarque ça de Embaixada, que seriam submetidos ao Es- e desembarque de autoridades; técnicas de ação tágio Preparatório (E-Prep-DstSEB) somente após imediata em diversas situações; reciclagem de o término dos Jogos Paralímpicos. O restante do escolta de batedores; análise de estudos de caso efetivo foi completado com agentes de seguran- em sala de aula, com temas que envolviam uso ça oriundos do próprio setor Comando-Geral do gradual da força, proporcionalidade e assuntos Corpo de Fuzileiros Navais (CGCFN), incluindo tratados no Manual CGCFN-31.3 - Controle de oito agentes do sexo feminino possuidoras do Distúrbios (CD); adestramento de técnicas de CD Estágio Preparatório para o Serviço de Polícia com execução de formações e de comandos ver- para Militares Femininas da Marinha do Brasil bais; e instrução prática de tiro. (E-Prep-SvPol-MB). Execução Os agentes de segurança Os 120 agentes de segurança da CiaPolBtlNav foram empregados em 5 ocasiões distintas, sendo por 4 vezes nas ações de segurança no Palácio Itamaraty durante as recepções a dig- nitários estrangeiros e autoridades domésticas que antecederam as Cerimônias de Abertura e de Encerramento dos JO e dos JP. Em outra ocasião, em reforço ao GT Terrestre do CDS Copacabana, auxiliaram nas atividades que ga- No caso dos motociclistas militares, além da rantiram a segurança dos atletas e do público necessidade de mobilização de mais de 20 bate- durante a maratona olímpica masculina dos JO dores, a CiaPolBtlNav se deparou com o desafio Rio 2016 nas imediações do Com1ºDN. de prepará-los em tempo hábil. Além de todos os Por ocasião da segurança no Palácio Itamaraty procedimentos de controle de trânsito, de conhe- (com exceção no encerramento dos JO Rio 2016, cimento da legislação em vigor, de técnicas de em 21 de agosto) os agentes foram empregados abordagem e de tiro, dentre outras, a readapta- de acordo com o Decreto Presidencial nº 4.332, ção dos motociclistas com as motocicletas Harley de 12 de agosto de 2002, que estabelece normas

82 Revista Podium Naval para o planejamento, a coordenação e a execução Relações Exteriores (MRE), enquanto que outras das medidas de segurança a serem implementa- utilizaram comboios próprios. das durante as viagens presidenciais em territó- Nas quatro ocasiões, a CiaPolBtlNav enviou rio nacional. Inseridos no Sistema de Segurança agentes de segurança para guarnecer os locais Presidencial, os agentes da CiaPolBtlNav atua- onde ocorreram as varreduras (realizadas pelo ram como Agentes de Segurança de Área (ASA), GSI/Polícia Federal) e garantir, assim, a inviola- trabalhando em ligação com a segurança pessoal bilidade de determinadas áreas até que o grosso fornecida pelo Gabinete de Segurança Institucio- do efetivo da segurança fosse estabelecido. nal e de Polícia Federal. Dentre as tarefas específicas, coube aos agen- tes de segurança da CiaPolBtlNav contribuir no controle de acesso, garantindo que somente as pessoas devidamente credenciadas adentrassem no Palácio Itamaraty; garantir a inviolabilidade dos aposentos do Presidente da República e fa- mília, bem como da “sala segura” (ambos seriam utilizados somente em caso de necessidade); garantir que no local da recepção somente es- tivessem as autoridades e demais pessoas auto- rizadas; garantir que a imprensa permanecesse nos locais a ela autorizados; contribuir com a Po- lícia Federal (PF) na segurança de área durante o embarque e o desembarque de autoridades nos ônibus; e identificar e assessorar, de um modo Em 05 de agosto e em 07 de setembro, datas geral, o GSI e a PF sobre as deficiências de segu- das cerimônias de abertura dos JO e dos JP Rio rança observadas. 2016, o Presidente da República Michel Temer foi o anfitrião. Em 21 de agosto e em 18 de se- tembro, datas das cerimônias de encerramento Os motociclistas militares dos JO e dos JP Rio 2016, o presidente da Câmara (batedores) dos Deputados, Deputado Federal Rodrigo Maia, representou o Presidente da República, sendo Os motociclistas militares certamente foram que, na última ocasião, foi o anfitrião da recepção os responsáveis pelo cumprimento da maior par- na qualidade de Presidente em exercício. te das missões recebidas pela CiaPolBtlNav. A necessidade de garantir a fluidez e a segurança A dinâmica do evento, em linhas gerais, nos deslocamentos de comboios e de veículos previa, inicialmente, a chegada de autoridades isolados, com missões simultâneas e diversas, domésticas, seguidas de outras autoridades na- apontou para a necessidade de adoção de uma cionais, como o Prefeito, o Governador e os pre- estrutura de organização flexível e peculiar por sidentes dos comitês Olímpico e Paralímpico, o parte do Pelotão de Motociclistas. Presidente da República (anfitrião) e, finalmen- te, dos dignitários e demais autoridades estran- Os 62 motociclistas foram divididos em 4 geiras. Após uma breve recepção (coquetel/jan- equipes, de 11 batedores cada, e uma equipe de tar), a maior parte das autoridades se deslocou ao apoio, além de um oficial de ligação com a Cen- Maracanã em ônibus fretados pelo Ministério de tral de Batedores do Ministério da Defesa (MD).

Esporte é vida. Viva o Esporte! 83 das pelos batedores da MB. Em todos os casos, foram empregadas 2 equipes com 11 motociclistas cada. Na abertura dos JO especificamen- te, em virtude da grande demanda de escoltas solicitadas à Central de Batedores, além das duas equipes presidenciais, houve o emprego de uma 3a equipe com 9 motociclistas, ocasião em que foi atingido o índice de emprego de quase 100% das MCL disponíveis. Ao longo de todo o período dos JO/JP Rio 2016, os batedores da CiaPolBtlNav executaram 139 escoltas. Considerando esse expressivo número com a quantidade de motociclistas e motocicletas empregados, a relevância das autoridades escoltadas e a magni- A Central de Batedores do MD, subordinada tude do evento como um todo, é pos- à Força de Coordenação de Escoltas, ambas com sível afirmar que esse foi o maior emprego de os seus efetivos compostos exclusivamente por batedores na história da MB. militares do Exército Brasileiro (EB), teve como sede o 1º Batalhão de Guardas (BG), em São Cris- O Pelotão de Controle de Distúrbios tóvão, no Rio de Janeiro. Os 62 batedores foram (PelCD) apresentados à Central já com a distribuição por No início da fase de execução, o PelCD per- equipes supracitada, operando, porém, a partir maneceu com um Grupo de Controle de Dis- das instalações da Fortaleza de São José (FSJ). túrbios em prontidão a bordo diariamente, em As missões recorrentes eram do tipo Pronti- condições de atender a um possível acionamento dão 24h (a bordo com equipamento/armamento em apoio à visitação ao Navio Veleiro Português individual guarnecido e comunicações estabele- Sagres, atracado na Ilha das Cobras no período cidas com a central, para atendimento de possível necessidade de deslocamen- to das frações da Força de Contingência [FOCON], sediadas nos diversos pontos do Rio de Janeiro), escolta de Chefes de Estado, de comboios militares em deslo- camento administrativo (FOCON-MD) e, de maior relevância, as escoltas presi- denciais. Cabe destacar que todas as escoltas presidenciais no período foram conduzi-

84 Revista Podium Naval de 06 a 21 de Agosto. O Grupo CD que permane- daré, no 1º Distrito Naval (1o DN), e ficou em ceu a bordo em prontidão teve ainda como tarefa condições de ser empregado. Estava sob co- o guarnecimento de dois postos de serviço em mando tático do CDS Copacabana, reforçando apoio à Visitação Pública. o Grupo-Tarefa de Segurança do GT Terrestre. Além disso, o PelCD foi acionado em quatro Mais especificamente, uma Companhia de ocasiões: Controle de Distúrbios comandada pelo Co- mandante da CiaPol. 1. 05 AGO – Abertura dos Jogos Olímpicos; Nenhuma das manifestações chegou a afe- 2. 16 AGO – Possível manifestação na área tar a segurança das instalações do 1ºDN ou a de responsabilidade do CDS Copacabana; ameaçar a segurança do público que circulava 3. 17 AGO – Possível manifestação na Área pelo Boulevard Olímpico a ponto de demandar de Responsabilidade do CDS Copacabana; o emprego efetivo do PelCD. Entretanto, o sim- 4. 07 SET – Abertura dos Jogos Paralímpicos ples posicionamento, a postura e a presteza demonstrada pelos seus militares certamente Ao ser acionado, o pelotão se deslocou para contribuíram para garantir um ambiente mais as instalações do Edifício Almirante Taman- seguro e dissuadir possíveis ameaças.

Esporte é vida. Viva o Esporte! 85 Conclusão res envolvidos, foram alcançados. Os indiretos, difíceis de mensurar, se estendem à experiência A participação da CiaPolBtlNav nos JO/JP Rio adquirida, ao estreitamento de relações com di- 2016 se mostrou fundamental para o sucesso do versos órgãos, como a PF, EB, MRE etc., e a va- evento, seja nas atividades de segurança de au- lorização da imagem das Forças Armadas diante toridades, escolta de batedores ou emprego do da opinião pública, dentre outras. Mais uma vez PelCD. Os números, por si só bastante expressi- a CiaPolBtlNav cumpriu com a sua missão evi- vos, atestam o elevado grau de profissionalismo denciando os valores essenciais do CFN: honra, da tropa empregada. Além disso, benefícios di- competência, determinação e profissionalismo. retos, como a aquisição de material novo e mo- derno e aprimoramento profissional dos milita- ADSUMUS!

86 Revista Podium Naval Capitão Tenente (T) FERNANDO JEANN TORRES ARAÚJO Marinha do Brasil coordena ações de defesa durante jogos do futebol olímpico em Salvador

Entre os dias 04 e 13 de agosto de 2016, Sal- segurança pública e inteligência nos níveis fede- vador, na Bahia, foi sede de 10 partidas de fu- ral, estadual e municipal. tebol por ocasião dos Jogos Olímpicos Rio 2016, Em Salvador, um efetivo superior a 1.500 o maior evento esportivo já realizado no Brasil, militares das Forças Armadas foi empregado sendo acompanhado por metade da população em diversas ações de defesa, coordenadas pelo mundial, de acordo com informações do Comitê então Comandante do 2º Distrito Naval (2º DN) Olímpico Internacional (COI). Vice-Almirante Cláudio Portugal de Viveiros, A fim de promover um ambiente pacífico e que, na condição de Coordenador de Defesa de seguro para um evento de tamanha visibilidade, Área (CDA), se reportou diretamente ao Minis- a Marinha do Brasil (MB) atuou durante os Jo- tério da Defesa (MD), sendo assessorado por um gos Olímpicos Rio 2016 em Salvador por Estado-Maior Conjunto composto por oficiais das meio do planejamento, co- ordenação e três Forças atuando no Centro de Coordenação de execução das ações de de- fesa, num Defesa de Área (CCDA) Salvador, e contando com trabalho integrado com o Exército uma moderna instalação de Comando e Contro- Brasileiro (EB), a For- ça Aérea le montada na sede do Comando do 2º DN para Brasileira (FAB), além de órgãos de atender as demandas dos grandes eventos. O Estado-Maior Conjunto do CDA Sal- vador coordenou a atuação de uma Força Naval e de uma Força Ter- restre Componente, além de forças especiais da

Esporte é vida. Viva o Esporte! 87 MB, que compuseram um Centro de Coordena- contou com militares do Batalhão de Engenha- ção Tático Integrado (CCTI). No CCDA também ria de Fuzileiros Navais, tropa que, durante os funcionou uma Célula de Operações Aéreas jogos, realizou vistorias preventivas contra agen- (COA), responsável por controlar o emprego de tes Químicos, Biológicos, Radiológicos e Nucle- aeronaves, sob a orientação do Comando de De- ares (QBRN) na Arena Fonte Nova e em outras fesa Aeroespacial Brasileiro e do Departamento instalações de interesse, como centros de treina- de Controle do Espaço Aéreo da FAB. mento e hotéis das delegações, e também ficou em condições de agir em casos de localização ou detonação de artefatos explosivos.

Atuação das forças Durante o período dos jogos, coube à Força Terrestre Componente, composta por tropas da 6ª Região Militar (EB), a proteção de estruturas es- tratégicas, no intuito de garantir a integridade de Sob a coordenação do Comando de Defesa instalações e serviços que, se interrompidos, pro- Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA), aerona- vocariam sério impacto na realização do evento. ves de caça da FAB e um contingente de Ar- Tropas do EB também ficaram em condições de tilharia Antiaérea do EB realizaram a proteção atuar como força de contingência, caso houves- do espaço aéreo da capital baiana durante o se a necessidade de complementar a capacidade evento. Militares da FAB também estiveram de operativa dos órgãos de segurança pública. prontidão para auxiliar e atuar na segurança do embarque e desembarque das delegações no Aeroporto de Salvador.

Navios do 2º DN atuaram na defesa marítima Durante os Jogos Olímpicos Rio 2016, a Cor- veta “Caboclo”, os Navios-Patrulha “Guaratuba” e “Gravataí” e o Aviso de Patrulha “Dourado”, Forças especiais da MB (Mergulhadores de do Grupamento de Patrulha Naval do Leste; o Combate e Comandos Anfíbios) também ficaram Navio-Varredor “Araçatuba”, da Força de Mina- em condições de serem empregadas no enfren- gem e Varredura; além de dez embarcações da tamento ao terrorismo, em conjunto com forças Capitania dos Portos da Bahia, garantiram a se- de segurança pública, integrando o Centro de gurança da capital baiana contra ameaças que Coordenação Tático Integrado (CCTI). Também pudessem vir do mar.

88 Revista Podium Naval Cidade de características eminentemente marítimas, Salvador concentrou próximo à orla os principais hotéis que hospedaram as seleções participantes do torneio de futebol olímpico. A Arena Fonte Nova, que foi o palco das partidas, também está situada a menos de 1 km do mar. “Monitoramos e controlamos diuturnamente Percepção de ameaças a Baía de Todos Santos, além de toda a orla marí- terroristas tima de Salvador, desde Stella Maris, onde se en- contravam os hotéis das delegações estrangeiras, No período dos jogos, a Seção de Comunica- até o Farol da Barra”, detalhou o Comandante da ção Social do CCDA em Salvador, executou uma Força Naval Componente (FNC) para os jogos do campanha de percepção de ameaças terroristas futebol olímpico em Salvador, Capitão de Fragata junto à população e visitantes da capital baiana. Fernando Vidal Vianna Parente. A partir do dia 1o de agosto, 4 vídeos com Por meio de ações de patrulha e inspeção na- orientações sobre situações suspeitas que pos- val, os navios e embarcações da FNC do CDA sam sinalizar um iminente atentado foram exi- Salvador para os Jogos Olímpicos Rio 2016 re- bidos em diversos locais públicos, como o metrô, alizaram 1.181 abordagens, 62 notificações e 6 aeroporto e 180 ônibus urbanos de Salvador. apreensões de embarcações na área marítima Produzidos pelo MD, os vídeos também foram adjacente à capital baiana. exibidos nas lanchas e ferry boats que fazem o A Força Naval Com- transporte de passageiros e veículos pela Baía de ponente também teve sob Todos os Santos. seu comando operativo O objetivo da campanha foi aumentar a efi- duas aeronaves da Força cácia das ações de prevenção ao terrorismo por Aeronaval, que ficaram parte das forças de segurança e defesa, estimu- em estado de prontidão lando os cidadãos a colaborar com as autorida- para apoiar as ações de des, identificando e comunicando corretamente defesa, como pro- possíveis ameaças. ver o transporte de forças especiais do Para o auditor fiscal Paulo Andrade, que foi CCTI em caso de de metrô à Arena Fonte Nova ver o jogo Brasil necessidade. x Dinamarca no dia 10 de agosto, a iniciativa

Esporte é vida. Viva o Esporte! 89 foi válida. “Apesar de achar improvável que al- Após ser informada sobre o papel desempenha- guém tente algum atentado no Brasil, acredito do pelos militares no local, a torcedora Suzana que é muito importante estarmos todos prepa- Purificação se mostrou admirada com a precau- rados”, pontuou. ção do monitoramento. “Diante do cenário que estamos vivendo no mundo, eu acho muito im- portante esse tipo de trabalho. É sempre bom prevenir”, destacou.

Fuzileiros Navais reforçaram a segurança da Arena Fonte Nova Com todos os 42 mil ingressos vendidos, a Visitantes elogiaram a rodada dupla do futebol olímpico do dia 10 de agosto, na Arena Fonte Nova, em Salvador, foi segurança dos jogos do marcada pela primeira vitória da seleção mas- futebol olímpico em culina de futebol do Brasil nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Salvador A lotação do estádio testou ao máximo todo o Ao final da última partida do futebol olímpico planejamento de segurança e defesa para o even- em Salvador, no dia 13 de agosto, as Forças Ar- to. Em todos os jogos na arena, a MB reforçou a madas e órgãos de inteligência e segurança pú- segurança com militares do Batalhão de Enge- blica, que atuaram de forma integrada por oca- nharia de Fuzileiros Navais, realizando o moni- sião dos Jogos Olímpicos Rio 2016, constataram toramento contra agentes químicos, biológicos, o sucesso na missão. radiológicos e nucleares em cada um dos portões Além da ausência de ocorrências que prejudi- de entrada da Fonte Nova. cassem a realização das partidas, o maior motivo A presença dos Fuzileiros chamou a atenção de satisfação foi a efetivação do ambiente seguro e despertou a curiosidade de muitos torcedores. e pacífico em que os jogos aconteceram, sensa-

90 Revista Podium Naval ção perceptível entre os baianos e visitantes que foram à Arena Fonte Nova para o jogo Nigéria e Dinamarca. “Apesar de estar há apenas dois dias na cidade, me senti muito seguro em Salvador e nos jogos”, confirmou o gerente de projetos Magnus Nilson, que veio da Suécia. Já o seu colega To- mas Jonsson, confessou que teve algum receio: “Vemos mui- tos casos na TV, mas, pessoalmente, não passei por nada que reforçasse a minha preocupação”, declarou. Os dois amigos suecos vieram a Salvador para assistir às quartas de final do futebol olímpico, depois de passarem cinco dias acompanhando os jogos no Rio de Janeiro. Após passar por duas revistas e ver um Fuzileiro Na- val operando um aparelho detector de radiação na entrada da arena, a advogada catarinense Hellen Frantz reconheceu a qualidade do esquema de segurança para os jogos. “Acredito que o Brasil se preparou bem para a segurança dos jogos e confio no trabalho das Forças Armadas. Por isso, me senti segura para vir ao estádio” afirmou.

Esse foi também o sentimento da professora norte-americana Marissa Maggio: “Achei muito boa a segurança. O trabalho dos policiais nos controles de acesso me pareceu muito eficiente. Estou tranqui- la”, pontuou. Marissa veio de férias para Salvador e aproveitou para acompanhar as partidas de futebol olímpico na capital baiana.

Com sua participação nos Jogos Olímpicos Rio 2016 encerrada, o Coordenador de Defesa de Área Salvador parabenizou a todos os mais de 600 militares da MB que participaram, direta e indireta- mente, do planejamento e da execução das ações de defesa, de segurança e de inteligência.

Em mensagem enviada a todas as organizações militares da MB envolvidas nas ações de defesa para os Jogos Olímpicos em Salvador, o então Comandante do 2º Distrito Naval afirmou que as atividades apresentadas à população durante o período de realização dos jogos de futebol na capital baiana ates- taram a excelência no cumprimento das tarefas e o comprometimento dos militares da MB. Também destacou que a sinergia e a integração entre os militares das três Forças e dos órgãos de Segurança Pú- blica, importante legado nesse evento em que havia pluralidade de meios e de instituições, comprovou o elevado grau de maturidade atingido nas ações de interagências. E, por fim, reconheceu que o esfor- ço de todos, desde os componentes do Estado-Maior Conjunto do CDA e das Forças Componentes, até os militares embarcados nos meios navais e aeronavais, ou desdobrados junto aos Fuzileiros Navais, foi fundamental, atestando a prontidão operativa e o comprometimento da MB em prol da sociedade.

Esporte é vida. Viva o Esporte! 91 Capitão de Fragata (FN) CRISTIANO CIPRIANO SOUZA Atuação do Batalhão de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica de Aramar durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 na cidade de São Paulo

No período de 03 a 19 de agosto de 2016, e das instalações e para a atenuação das conse- ocorreram na Arena Corinthians, na cidade de quências internas e externas de uma eventual São Paulo, 10 partidas de futebol referentes aos emergência desta natureza. Jogos Olímpicos Rio 2016. Apesar de ser vocacionado para realizar A Marinha do Brasil (MB) atuou com um suas tarefas dentro da área do CEA, coube ao destacamento de 79 Fuzileiros Navais oriun- BtlDefNBQR-ARAMAR a missão de atuar na De- dos do Batalhão de Defesa Nuclear, Bio- fesa NBQR durante os jogos Olímpicos e Para- lógica, Química e Radiológica de Aramar límpicos Rio 2016. (BtlDefNBQR-ARAMAR), que participaram da Defesa NBQR nesses jogos. Os militares do ba- talhão permaneceram em São Paulo de 17 de Preparação julho a 20 de agosto de 2016. Nos meses que antecederam os Jogos Olím- picos e Paralímpicos Rio 2016 foram realizados adestramentos de montagem do Posto de Des- O BtlDefBNBQR-ARAMAR contaminação Total (PDT); descontaminação de O BtlDefNBQR-ARAMAR tem a missão de pessoal e de material; manuseio de detectores prover a segurança física das instalações e de NBQR; e marchas com Medidas Operacionais de executar ações de controle de emergências de Proteção Preventiva (MOPP). Foram realizados natureza nuclear, biológica, química e radiológi- ainda exercícios conjuntos com outras agências, ca, potenciais ou reais, na área do Centro Experi- destacando-se o Corpo de Bombeiros da Polí- mental Aramar (CEA). Tudo para contribuir para cia Militar do Estado de São Paulo e a empresa a manutenção da integridade física do pessoal Suatrans, bem como o adestramento da Força de

92 Revista Podium Naval Adestramento SUATRANS Marcha MOPP no CEA

Resposta Inicial (FRI) e do Módulo de Saúde do Atuação nos jogos Exército Brasileiro. Esse aprestamento contri- buiu sobremaneira para a interação das tropas da O BtlDefNBQR-ARAMAR fez parte do Centro Marinha do Brasil (MB) com os demais órgãos, de Coordenação Tático Integrado de São Paulo além de fornecer conhecimento prévio sobre o (CCTI-SP), uma estrutura temporária que prestou ambiente operacional onde o batalhão operaria assessoramento ao Comando de Defesa de Área durantes os Jogos. (CDA) de São Paulo na questão de enfrentamento ao terrorismo e de ações de defesa NBQR.

Varredura Arena Corinthians

Esporte é vida. Viva o Esporte! 93 Nesse período, os militares do batalhão reali- zaram as seguintes tarefas: • varreduras das instalações que foram utilizadas pelos atletas (Arena Corin- thians, hotéis e centro de treinamen- tos); • monitoramento estático e dinâmico na Arena Corinthians. Durante o monitora- mento, houve um total de 26 detecções de pessoas que realizaram tratamento com radiofármacos; • reconhecimento e identificação de uma possível ameaça pela Equipe de Pronta Resposta; e • mobilização de um dispositivo de descon- taminação. Exercício Arena Corinthians

94 Revista Podium Naval Parte 5: O Legado Olímpico

• Modernização e Construção de Novas Instalações no CEFAN

• Centro Nacional de Levantamento de Pesos

• A Marinha do Brasil e o legado de equipamentos e materiais esportivos dos Jogos da Rio 2016

• 49ª Campeonato Mundial Militar de Orientação – WMOC 2016

• Lifesaving: Salvamento aquático rumo aos 7º Jogos Mundiais Militares

• Futebol Feminino: Campeão Mundial Militar e Campeão Brasileiro

Capitão de Mar e Guerra (RM1-FN) JOSÉ ROBERTO TINOCO Modernização e Construção de Novas Instalações no CEFAN

Introdução Desde a sua criação em outubro de 1973, o primento dessa tarefa grandiosa. Posteriormen- Centro de Educação Física Almirante Adalber- te, em 2012, o CEFAN foi escolhido pelo Comitê to Nunes (CEFAN) não experimentava um rol Organizador dos Jogos Rio 2016 como uma das de transformações na sua infraestrutura com Áreas de Treinamento para as Equipes Olímpi- tamanha amplitude como o observado nos úl- cas, particularmente para as modalidades espor- timos anos. Na esteira do sucesso dos Jogos tivas de futebol, voleibol, pólo aquático e saltos Pan-Americanos de 2007, a cidade do Rio de ornamentais, com vistas aos Jogos Olímpicos Rio Janeiro foi escolhida, em maio de 2007, como 2016, o que reativou o fluxo de recursos. sede dos 5º Jogos Mundiais Militares (5º JMM), O presente artigo trata das principais modifi- pelo Conselho Internacional de Desporto Militar cações operadas na área construída do CEFAN no (CISM). A partir de 2008, com a passagem da su- período compreendido entre 2008 e 2016, rela- bordinação do CEFAN para o Setor Comando-Ge- tando as principais obras de reformas e constru- ral do Corpo de Fuzileiros Navais (ComGerCFN), ções levadas a termo para, inicialmente, servir o aporte de recursos necessários, tanto de pesso- como um dos locais de competição dos 5º Jogos al quanto financeiro, foi sendo gradativamente Mundiais Militares, em 2011 e, posteriormente, injetado nessa Organização Militar (OM) pela como Centro de Treinamento para os Jogos Olím- Administração Naval, para possibilitar o cum- picos Rio 2016.

Esporte é vida. Viva o Esporte! 97 Primeira revitalização mitindo que os recordes fossem homologados. Foram instalados novos sistemas de filtragem e A primeira fase de revitalização das insta- cloração, e realizada a substituição de toda a tu- lações do CEFAN teve início em 2008, com as bulação hidráulica existente para a interligação obras que visavam a sua preparação para sediar e o esgotamento das piscinas. as competições de taekwondo e pentatlo naval O Ginásio Poliesportivo teve o seu ambien- nos 5º JMM, previsto para acontecer em julho de te totalmente climatizado, com a instalação de 50 2011. Para sediar essas competições e proporcio- equipamentos de ar-condicionado do tipo Split. nar as melhores condições de treinamento aos atletas, o CEFAN passou por uma ampla reforma As duas quadras principais receberam piso flutu- de suas instalações esportivas e de apoio, além ante de madeira, que proporciona alta absorção da construção de novos prédios. Essas obras, de impactos, prevenindo lesões musculares, de inauguradas em junho de 2011, consistiram na ligamentos e articulares nos atletas praticantes. reforma do Parque Aquático, do Ginásio Polies- A cobertura do ginásio teve substituído o seu portivo, da Pista de Atletismo, dos Campos de Fu- sistema de esgotamento de águas pluviais por tebol, da Pista de Obstáculos do Pentatlo Naval, componentes novos, como as calhas e tubos de das Instalações de Apoio, como a hospedagem, a descida. O telhado recebeu uma camada de tin- cozinha, os refeitórios e os alojamentos, passando ta térmica, com pigmentos cerâmicos reflexivos ainda por melhorias na infraestrutura de energia que, além de reduzir as infiltrações por águas da elétrica, pela realização da pintura externa dos chuva, contribuiu para uma redução da tempera- prédios e pela execução de pavimentação e do tura ambiente em até 35% e, consequentemente, recapeamento das vias existentes. Por sua vez, com a melhoria do conforto térmico. foram construídos um Centro de Reabilitação Fí- A Pista de Atletismo recebeu um piso sico-Funcional para a recuperação fisioterápica totalmente reformado, com a preparação da base dos atletas; um prédio para servir de Centro de asfáltica para a aplicação de um revestimento Planejamento Operacional para os 5º JMM; um sintético importado, altamente resistente, do Estande de Tiro Esportivo; e um Paiol de Bar- tipo sportflex, fabricado pela Mondo Sport cos, que figurariam como instalações-partes do and Flooring e certificado pela Associação circuito de provas do Pentatlo Naval. Internacional de Federações de Atletismo (IAAF – sigla em inglês: International Association O Parque Aquático, composto por uma pis- of Athletics Federations). Também foram cina olímpica de 50 m e uma piscina de saltos, passou por uma profunda intervenção para rece- adquiridos equipamentos novos, tais como a ber a homologação da Federação Internacional gaiola para lançamento de martelos, discos e de Natação (FINA). A estrutura de concreto da dardos e as caixas de saltos. piscina olímpica teve que receber um reforço Os Campos de Futebol sofreram intervenções de fibras de carbono para que as suas dimen- variadas. O campo de futebol n.º 2 recebeu um sis- sões internas fossem ampliadas em 5 cm. Todo tema de irrigação automático e teve o seu gramado o seu revestimento interno e externo foi substi- substituído pela grama do tipo bermuda tifway, tuído, bem como os seus vestiários, localizados além de ter sido construído um alambrado em no compartimento térreo, foram totalmente re- seu perímetro. No outro campo de futebol foram formados. Um sistema de aquecimento da água aplicadas pequenas correções no gramado, como por placas solares, complementado pelo aque- o replantio em áreas específicas, a adubagem e a cimento a gás natural, foi instalado para que a aplicação de herbicidas. Posteriormente, em 2013, temperatura da água pudesse permanecer en- esse gramado também teve instalado um sistema tre 25º C e 28º C nas competições oficiais, per- de irrigação automático.

98 Revista Podium Naval A Pista de Obstáculos do Pentatlo Naval rece- beu o revestimento sintético nas três raias, fabricado pela Mondo Sport and Flooring, aplicado sobre uma base asfáltica, além da instalação de obstáculos novos. Nas instalações de apoio, destacaram-se as obras de reforma da hospedagem, com a ampliação do núme- ro de leitos nos quartos e o aumento do comprimento dos beliches para 2,20 m, para atender especialmente aos atletas de grande estatura, bem como a criação de uma sala de estar (lounge) dotada de acesso à internet. A cobertura do prédio da hospedagem também sofreu uma grande intervenção com a impermeabilização das calhas centrais e a substituição de telhas. Os vestiá- rios masculino e feminino foram totalmente reforma- dos, com a substituição de revestimentos, pisos, louças e metais. Os pisos do hall central, bem como os dos corredores de acesso, foram substituídos por pisos de granito, facilitando a limpeza e a higienização. A cozi- nha mereceu atenção especial com a criação de áreas específicas para o preparo e a cocção dos alimentos, assim como recebeu equipamentos novos, tais como frigoríficas, fogões, fornos elétricos, fritadeiras e pa- nelas. Este projeto também incluiu a reforma de to- dos os refeitórios e vestiários adjacentes a esse setor, incluindo a troca de revestimentos e pisos, de louças e metais e a pintura interna. A subestação de energia elétrica recebeu bastidores novos e cabos de energia compatíveis para a alimentação de energia da cozinha e do Ginásio Poliesportivo. O pacote de obras no CEFAN visando à realização dos 5º JMM previa, ainda, a construção de mais qua- tro instalações. O mais complexo deles, o Centro de Reabilitação Físico-Funcional, foi concebido na sua arquitetura somente após ocorrerem várias visi- tas dos profissionais de saúde do CEFAN às melhores clínicas de fisioterapia existentes no mercado, o que proporcionou um layout adequado para o melhor aten- dimento aos atletas e demais usuários dos serviços. Neste prédio foram construídos ambientes específicos para consultórios, ginásio para fisioterapia e pilates, tratamento com turbilhão e uma piscina própria para hidroterapia, além de possuir dois consultórios odon- tológicos com seus gabinetes e equipamentos comple- tos. O prédio contou, ainda, com um laboratório dotado

Esporte é vida. Viva o Esporte! 99 de infraestrutura voltada para as atividades de da subestação de energia. Também definia a biomecânica e fisiologia do exercício, possibili- construção de um ginásio para treinamento de tando a realização de pesquisas relacionadas à saltos ornamentais em seco (dryland) e de um Ciência do Esporte. ginásio para levantamento de peso que, mesmo O segundo prédio foi construído para abrigar não servindo como área de treinamento para os o pessoal e os equipamentos do Centro de Pla- atletas participantes dos Jogos Rio 2016, perma- nejamento Operacional para os 5º JMM, onde neceria como um legado esportivo da modalida- foram instalados todos os equipamentos necessá- de. Posteriormente, o ginásio dryland foi supri- rios para o Comando e Controle das suas ativida- mido do rol das instalações previstas por decisão des decorrentes. Após a finalização do evento, o da organização dos jogos. prédio foi readaptado para servir de alojamentos Os requisitos apontados no documento elabo- e vestiários para a tripulação do CEFAN. rado pelo Comitê Rio 2016 resultaram em inter- A realização da prova de cross-country, um venções nos equipamentos esportivos seleciona- dos eventos da competição de pentatlo naval, dos, em variados níveis de complexidade, que obrigou a construção de um Estande de Tiro serão resumidas a seguir: Esportivo no CEFAN. Este prédio, com aproxi- madamente 800 m2 de área, do tipo fechado, foi construído para comportar até 10 raias de tiro Ginásio Poliesportivo para carabina para uma distância de até 50 m. Reinaugurado no dia 25 de novembro de Destacam-se as suas vigas de concreto armado, 2015, data da comemoração do centenário da com 12 m de extensão, que servem como pá- Liga de Sports da Marinha, o Ginásio Polies- ra-balas, impedindo totalmente a saída dos pro- portivo, instalação selecionada para os treina- jetis para o exterior. mentos de voleibol pelo Comitê Organizador Completando este rol de modificações, tam- dos Jogos Rio 2016, apresentava, como requisito bém foi construído um Paiol de Barcos, com cer- principal, a necessidade de que fossem atingi- ca de 120 m2 de área para o armazenamento dos dos 750 lux de iluminância na quadra principal barcos utilizados nas provas aquáticas do pen- de jogo. Isto demandou uma revisão geral no tatlo naval. quadro elétrico de distribuição geral (QDG) do ginásio, para possibilitar a instalação de circui- Segunda revitalização tos para as novas luminárias. Em meados de 2014, após a confirmação Além da pintura geral interna, foram revisa- da seleção do CEFAN como área de treinamen- dos os componentes da cobertura e seu sistema to oficial dos Jogos Olímpicos Rio 2016, teve de esgotamento, sendo substituídas as telhas início a fase de planejamento das reformas e translúcidas que provocavam infiltrações no in- construções exigidas, descritas no documento terior do ginásio devido ao seu abaulamento. intitulado “Rio 2016 – CEFAN – Requerimentos As quadras principais receberam três cama- Gerais das Instalações”, expedido pelo órgão or- das de tinta a base de poliuretano, após lixamen- ganizador do evento. to total e a realização de reparos pontuais no seu Esse documento apontava as necessidades madeiramento. Uma demão de pintura a base de reformas do Ginásio Poliesportivo, do Parque epóxi foi aplicada no piso de concreto, após os Aquático e dos Campos de Futebol, instalações reparos parciais. previamente definidas como locais de treina- As arquibancadas retráteis receberam uma mento para as competições de futebol, de volei- camada de tinta esmalte sintético para a reativa- bol e de polo aquático, bem como as adequações ção da cor. Os vestiários localizados no ginásio

100 Revista Podium Naval foram totalmente reformados, incluindo a substi- por estarem fora das normas arquitetônicas. To- tuição de pisos, revestimentos, louças e metais. dos os degraus de acesso bem como os pisos das Todos os equipamentos de ar-condicionado plataformas receberam revestimento antiderra- passaram por revisão, efetuando-se a reposição pante de borracha vinílico. Os corrimãos das de gás e substituição de componentes danifica- plataformas receberam tratamento antioxidante dos, tais como placas eletrônicas, motores, tubu- e demãos de tinta esmalte sintético. Os refleto- lações e suportes. res das piscinas foram reativados após a recu- peração estrutural dos postes e a substituição Na parte externa do ginásio, a passarela de de componentes danificados. acesso foi revitalizada com a substituição da cobertura de policarbonato e a pintura dos seus A reforma do Parque Aquático também in- componentes metálicos. cluiu a revitalização dos vestiários localizados no térreo, onde foram substituídos itens danifi- cados pelo uso prolongado, tais como pisos, re- Parque Aquático vestimentos, louças e metais e, ainda, quadro e A reforma da piscina olímpica do CEFAN circuitos elétricos para a instalação de chuveiros visava atender à demanda de treinamento das elétricos em todos os vestiários. equipes olímpicas de pólo aquático. Foram re- alizadas substituições pontuais de pisos danifi- Campos de Futebol e Prédio de cados e a reposição de revestimentos internos Apoio que haviam se desprendido em algumas áreas. Inaugurados no dia 15 de julho de 2016, junto As calhas para a coleta das águas da “prainha” com as instalações do Parque Aquático, os dois (borda da piscina) tiveram sua impermeabiliza- campos de futebol e o seu prédio de apoio em ção refeita, pois causavam intensas infiltrações nada guardavam semelhança com as instalações nos paióis localizados no térreo. que lhe deram origem. Vários vícios construti- O sistema de filtragem e cloração foi revisa- vos foram sanados nas novas construções. do, incluindo a substituição completa da areia As dimensões anteriores eram menores do especial para filtro de piscinas em todos eles. que os exigidos pela Fédération Internationale O sistema de aquecimento por placas solares foi de Football Association (FIFA). Nos gramados, reativado, efetuando-se a retirada de vazamentos observavam-se desnivelamentos e descontinui- pontuais, inclusive com o reparo do seu sistema dades na superfície, solos exageradamente en- automático de acionamento. charcados após chuvas de média e alta intensi- Mesmo com a retirada da piscina de saltos dade e a necessidade de substituição da grama do rol das áreas de treinamento das equipes existente, bastante comprometida pela invasão olímpicas, a sua revitalização foi mantida, por de outras espécies de plantas e ervas daninhas. pertencer ao mesmo conjunto arquitetônico do A inexistência de iluminação local impedia os Parque Aquático. Foram realizadas reposições treinos noturnos. de revestimentos internos da piscina de saltos e O relatório do Comitê Organizador também reparos estruturais pontuais nas bordas das pla- apontou a necessidade da construção de um pré- taformas e na base da estrutura, que apresenta- dio de apoio que servisse de vestiários para os vam desplacamento da cobertura de concreto, atletas, pois os existentes, localizados abaixo das pequenas fissuras e algum grau de corrosão nas piscinas, seriam utilizados pelos atletas das de- suas armaduras. Foram reconstruídos alguns mais modalidades e pela força de trabalho du- degraus da escada de acesso ao primeiro piso rante o período dos Jogos Rio 2016.

Esporte é vida. Viva o Esporte! 101 Após as intervenções necessárias, as dimen- irrigação, estima-se a recuperação de até 30% do sões dos campos de futebol foram redefinidas volume de água irrigado. para os padrões estabelecidos pela FIFA, pas- Para o sistema de iluminação, foram insta- sando para 105 m x 68 m. Os gramados foram lados 6 postes metálicos em cada campo, que totalmente replantados por meio de semeadura, sustentam, cada um deles, 10 projetores de processo que garante maior aprofundamento e 1000 W de potência, produzindo a quantidade aderência das raízes ao solo. A grama do tipo de 500 luxes, iluminância dentro dos padrões es- bermuda celebration foi plantada sobre uma tabelecidos pela FIFA para os eventos deste tipo. camada de uma mistura de areia e substrato com 30 cm de altura, propiciando um alto grau O prédio de apoio, com um pavimento me- de atenuação aos choques provocados pelas dindo cerca de 750 m2 de área, foi construído quedas dos atletas, reduzindo a quantidade e o em alvenaria de blocos de concreto com uma es- nível das lesões. trutura de concreto armado. Para as fundações foram utilizadas estacas pré-moldadas de concre- Foram substituídos os sistemas de irrigação to armado, distribuídas entre 38 estacas de 25 t existentes por um sistema novo, composto por de capacidade, combinadas com 32 estacas de 40 aspersores em cada campo, incluindo os equi- 35 t de capacidade, estabelecidas a uma profun- pamentos de controle automático de irrigação, didade média de 10 m. O prédio foi distribuído válvulas e bombas de recalque. pelos seguintes compartimentos: dois vestiários Nos dois campos de futebol foi posicionado masculinos e dois femininos, dois lounges para um sistema de drenagem do tipo espinha de pei- atletas, dois depósitos para armazenagem de ma- xe, utilizando tubulações perfuradas Kanaflex, terial esportivo, duas salas de fisioterapia, duas envoltas com manta bidim e brita n.º 1. Este salas para preleção de técnicos e uma sala para sistema permite a coleta de parte das águas de apoio administrativo, além dos compartimentos irrigação, assim como parte das águas pluviais técnicos destinados aos equipamentos elétricos e não absorvidas pelo solo ou evaporadas, e o seu de aquecimento de água. direcionamento para duas cisternas de 70 m3 Seguindo o viés da sustentabilidade, na co- cada uma. Com este sistema, considerando-se bertura do prédio foram instalados 128 módulos somente as águas provenientes do processo de de células fotovoltaicas que produzem 32 kWp de

102 Revista Podium Naval energia, suficiente para, inicialmente, atender turas. Em dias de grandes eventos, o CEFAN à demanda de iluminação do prédio. O siste- experimentava um comprometimento na sua ca- ma on grid (conectado à rede) permite que todo pacidade de geração de energia entre 50 e 70%, o excedente de energia gerado pela microusi- sendo prioritária a reestruturação da sua infraes- na seja reaproveitado pelos demais setores do trutura elétrica. CEFAN, deixando-se de consumir a energia Desta forma, foram instalados, no interior da oferecida pela concessionária. Estima-se que a subestação, dois transformadores de 300 kVA produção anual de energia gerada neste sistema com seus bastidores e um gerador estacionário fotovoltaico será de aproximadamente 48 MWh, de 450 kVA para suprir eventuais falhas no for- o que poderá corresponder a cerca de 8 a 10% necimento de energia pela concessionária. do consumo total de energia elétrica no CEFAN, Foram cumpridos vários requisitos ante- ao final do período considerado. riormente levantados pela concessionária em Um sistema para o aquecimento da água inspeções realizadas, tais como a implantação com 40 placas solares também foi instalado de um sistema de proteção contra descargas sobre a laje do prédio para possibilitar o uso atmosféricas, a substituição da cabine de me- da água aquecida nos vestiários. Para comple- dição para atender novos padrões estabeleci- mentar o sistema principal, instalou-se uma dos, a substituição da chave geral de proteção rede de gás natural que alimenta dois termo- magnética e a colocação de grades metálicas de tanques de 4 m3 cada um. proteção interna. Dois tanques de combustível, com 5 mil litros cada um, foram posicionados Adequação da Subestação de Energia no lado externo da subestação, com bacia de Elétrica contenção e caixas separadoras de água e óleo, conforme as normas ambientais vigentes. A intervenção na subestação de energia elé- trica do CEFAN foi necessária face à previsão do Os campos de futebol receberam dois trans- aumento de demanda de energia elétrica oriun- formadores de 225 kVA, para atender especifi- da da construção das instalações previstas para camente aos circuitos de iluminação dos gra- comporem a área de treinamento, bem como mados. Uma carreta foi adquirida, somado a para a demanda de energia das instalações fu- um gerador móvel de 450 kVA, visando suprir

Esporte é vida. Viva o Esporte! 103 a demanda de energia eventual em qualquer tuaram-se duas áreas de convivência para atletas ponto do CEFAN. com banheiros, uma sala multiúso e uma sala de apoio administrativo. O prédio contou com cli- Ginásio para Levantamento de Pesos matização em todos os ambientes, sendo instala- dos 15 equipamentos de ar-condicionado do tipo O Ginásio para Levantamento de Pesos foi Split de 48.000 Btu nas áreas de treinamento. inaugurado no dia 25 de novembro de 2016, quando recebeu a denominação de Centro Na- Devido à baixa resistência do solo no local cional de Levantamento de Pesos. É reconhecida da construção, tiveram que ser estaqueadas 70 como a primeira instalação esportiva desta mo- estacas de concreto pré-moldadas, distribuídas dalidade existente no Brasil e a mais moderna na entre 25 e 35 toneladas de capacidade de car- América Latina. ga, garantindo uma alta estabilidade estrutural, A modalidade havia sido implantada no reduzindo a possibilidade de recalques futuros e CEFAN em 2009, em condições bastante des- as patologias comuns em prédios dessa tipologia. favoráveis, em um pequeno setor do ginásio O piso de concreto armado, projetado para re- poliesportivo. Desde então, com o incentivo ceber cargas de até 4.000 Kgf/m2, compatíveis das parcerias formadas, inclusive da iniciativa com a dinâmica de utilização dos equipamen- privada, a modalidade cresceu de importância. tos esportivos, recebeu telas de arame soldados Seus atletas obtiveram bastante reconhecimento, Q196, envoltos em uma massa de concreto de frutos de sua dedicação, alcançando expressivos 20 cm de altura. Com o objetivo de possibilitar a resultados a nível internacional. Esse sucesso transferência de cargas e minimizar a ocorrência motivou a construção de um ginásio próprio, no rastro do legado olímpico. de trincas entre os panos de lajes, foram posicio- nadas barras de transferência de aço 16 mm de O projeto do prédio seguiu a mesma arqui- diâmetro, justapostas a cada 50 cm ao longo das tetura sugerida para os Centros Integrados de juntas das peças estruturais. Esporte (CIE), empreendimentos planejados pelo Ministério do Esporte em todo o país e construí- Os mesmos princípios de sustentabilidade dos com o aporte financeiro do Governo Federal. presentes no projeto da Área de Treinamento das Com cerca de 1.100 m2 de área, o ginásio foi Equipes de Futebol nortearam a construção do construído em estrutura metálica de perfis “I” Centro Nacional de Levantamento de Pesos. Nes- (Aço ASTM – A572), encimado por uma cober- te ginásio, foram instalados sistemas de micro- tura de telhas térmicas metálicas isoladas com geração de energia, de aquecimento de água por poliuretano do tipo sanduíche. O lanternim re- placas solares e de reaproveitamento de águas cebeu telhas translúcidas de policarbonato, para pluviais, além do emprego de lâmpadas do tipo permitir melhor aproveitamento da luz natural. LED (Light Emitting Diode) para a iluminação Os fechamentos foram executados com alvenaria dos ambientes internos e externos. de blocos de concreto revestidos com argamassa. O sistema de energia fotovoltaica foi projeta- No pavimento térreo, foram projetados dois do para produzir 16 kWp, por meio de 64 placas vestiários, masculino e feminino, dois banhei- de silício de 250 W de potência cada uma, co- ros para o público em geral, uma sala de apoio mandadas por dois inversores, modelo SUNTRIO de saúde, uma sauna mista com banheiras para 8LK de 8 kW de potência, e conectados à rede tratamento crioterápico e uma área para arma- de baixa tensão (on grid). Este conjunto de equi- zenagem de material esportivo. No mezanino, pamentos possui a capacidade de gerar cerca de posicionado sobre uma laje do tipo steel deck, si- 22% da demanda energética do prédio, excetuan-

104 Revista Podium Naval do-se aquela necessária para os equipamentos de construção destes equipamentos esportivos, bem ar-condicionado. Todo o excesso de energia ge- como a de outras instalações. rado e não utilizado no prédio é imediatamente Também em fase de projeto, um prédio pró- realocado para os demais setores do CEFAN, na prio deverá ser construído para atender a uma subestação de energia, o que poderá representar das vertentes das atividades desenvolvidas no até cerca de 5% do gasto médio atual de energia. CEFAN: o apoio ao Programa Forças no Espor- O aquecimento da água nos chuveiros dos te (PROFESP). Esta construção abrigará salas de vestiários foi projetado para ser fornecido pelas aula, biblioteca, salas de informática e de apoio trocas térmicas em 20 placas solares e reservató- pedagógico, além de uma cozinha e refeitórios rios térmicos de 1000 l, cada um, que, em dias com vistas à ampliação e à melhoria no aten- de insolação favorável, mantém a temperatura dimento psicopedagógico às crianças e jovens da água em 30º C. Este sistema é complementa- carentes beneficiados pelo programa. do por um sistema de aquecimento a gás natural, Considerando-se a infraestrutura existente, em dias de baixa ou nenhuma insolação. as redes hidráulicas, de incêndio e de esgotos Para o reaproveitamento de águas pluviais, foi deverão passar por uma ampla revitalização para construída uma cisterna de 15 m3 que armazena atenderem às recentes normas técnicas da Asso- a água coletada pelas calhas e tubos de descida ciação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e do telhado, para ser utilizada como águas servi- às legislações ambientais cada vez mais restriti- das nas bacias sanitárias dos vestiários, rega dos vas. Ressalta-se, ainda, que os sistemas estrutu- jardins e na lavagem de material. rais mais antigos necessitarão de inspeções téc- Para o sistema de iluminação da quadra cen- nicas para a avaliação de suas condições de uso, tral do ginásio, utilizaram-se 42 lâmpadas do haja vista a idade das construções dos prédios tipo LED de 80 W em substituição às lâmpadas pioneiros, que beira a vida útil de projeto de 50 de vapor metálico de 400 W, comumente utiliza- anos para os sistemas estruturais, limite previsto das para iluminação de quadras em edificações na Norma de Desempenho (NBR 15575 – 2013). esportivas. Isto garantirá uma redução de cerca Projetos que visem à sustentabilidade, como, de 65% com o gasto de energia para o mesmo por exemplo, a captação e o reaproveitamento nível de iluminância requerido. de águas pluviais das coberturas dos prédios existentes, a construção de microusinas de ge- Perspectivas futuras ração de energia fotovoltaica e a substituição paulatina das lâmpadas existentes pelas de LED No decorrer dos últimos anos, várias gestões são algumas opções que, em complemento aos foram realizadas pelo CEFAN junto aos demais programas de redução de consumo, deverão ser órgãos governamentais, tais como o Ministério utilizados, em conjunto ou isoladamente, para do Esporte e as confederações brasileiras, vi- a redução de custos com a água e a energia sando proporcionar as melhores condições de elétrica no CEFAN. treinamento para os atletas de alto rendimen- to. Prosseguindo neste objetivo, novos ginásios estão sendo planejados para as modalidades de Conclusão Saltos Ornamentais, Lutas, Boxe, Taekwondo e O CEFAN tem sido considerado por diversas Judô. Em 2016, houve a incorporação de uma entidades ligadas ao esporte como um centro de área com aproximadamente 21 mil m2, que per- excelência em várias modalidades esportivas. tencia ao Grupamento de Fuzileiros Navais do Esta percepção é calcada, em parte, nos brilhan- Rio de Janeiro (GptFNRJ), que possibilitará a tes resultados obtidos pela Marinha do Brasil nos

Esporte é vida. Viva o Esporte! 105 últimos anos em competições nacionais e inter- No entanto, vale ressaltar que todo este con- nacionais. São o resultado direto do trabalho pro- junto de transformações estruturais operado no fícuo de seus profissionais envolvidos, atletas e CEFAN só foi concretizado graças à obstinação comissões técnicas. dos seus Comandantes e das suas respectivas tripulações; dos que o planejaram; dos que parti- Parte deste reconhecimento deve também ser ciparam da sua construção; dos que o manuteni- atribuída ao padrão construtivo das suas instala- ram ao longo de sua vida útil e dos que não pou- ções, resultado dos pesados investimentos que param esforços na observância do cumprimento foram aplicados nos últimos anos na moderni- dos prazos, no correto emprego dos recursos e na zação do CEFAN. Cerca de 25% de área construí- fiscalização das suas obras. Todos, no seu tempo da foi acrescida à sua planta original no período e dentro de suas possibilidades, construíram um considerado neste artigo, cujos prédios e instala- legado valioso, para esta e para as futuras gera- ções apresentam excelente desempenho, propor- ções, permitindo que o CEFAN transcenda o hon- cionando os requisitos de segurança, habitabili- roso título de “A Casa do Esporte na Marinha” e dade e sustentabilidade aos usuários. alcance o patamar de um centro de treinamento esportivo de referências nacional e mundial.

106 Revista Podium Naval Primeiro Tenente (RM2-T) CARLOS HENRIQUE RIOS RODRIGUES AVEIRO Centro Nacional de Levantamento de Pesos

O Centro Nacional de Levantamento de Pesos rápica; auditório para congresso técnico, cursos (CNLP), sediado no Centro de Educação Física e atividades afins; dois vestiários; banheiros de Almirante Adalberto Nunes (CEFAN), é o primei- visitantes com acessibilidade; banheiras para hi- ro e único do país voltado exclusivamente para dromassagem; crioterapia e também uma sauna. a modalidade. Construído por meio da parceria entre os Ministérios do Esporte (ME) e da Defesa Além das estruturas anteriormente citadas, o (MD), está pronto para receber competições re- CNLP é um ginásio alinhado com o que há de gionais, nacionais e internacionais, com requisi- mais moderno nos conceitos de sustentabilida- tos da mais alta qualidade, tais como: materiais de. Pode ser considerado um prédio “verde”, já certificados pela Federação Internacional de Le- que a energia elétrica da instalação é alimentada vantamento de Pesos (IWF); salas para descanso por placas fotovoltaicas e o aquecimento da água dos atletas antes de suas respectivas competi- para uso no chuveiro é realizado por painéis so- ções e/ou treinamentos; sala médica e fisiote- lares. Existe um sistema de captação de água de

Esporte é vida. Viva o Esporte! 107 chuva para reuso e a iluminação das áreas in- uma escolinha da modalidade com as crianças ternas e externas conta com lâmpadas de LED do PROFESP. A Imediato, que também é profis- de baixo consumo. Tais características tornam o sional de educação física, acreditou no projeto e prédio praticamente autossuficiente. solicitou a autorização para início das ativida- des ao então Comandante do CEFAN, o Contra Atualmente treinam no CNLP atletas milita- -Almirante (FN) Nilton Moreira Salgado. Assim res, atletas de seleção brasileira adulta e de base, se iniciou o LPO na Marinha do Brasil (MB). além de alunos do Programa Forças no Esporte No início, não existia local específico destinado (PROFESP). Este praticamente vem sendo a base para a prática. De forma improvisada, no canto de renovação dos atletas da modalidade no Pro- do ginásio poliesportivo e com alguns materiais grama Olímpico da Marinha do Brasil (PROLIM), cedidos pela Confederação Brasileira, trabalhou- o que contribuiu para que o CEFAN já some 141 se duro, de segunda-feira a sábado (e algumas medalhas internacionais, além de diversos re- vezes aos domingos). Mas todo esse esforço teve cordes nacionais e internacionais. um reconhecimento único por parte da MB, que Ao ver a estrutura do CNLP hoje, não é possí- abraçou a modalidade e a fez hoje reconhecida vel imaginar todo o caminho percorrido desde a pelas Forças Armadas e por todo o Brasil. idealização até a finalização de um ginásio espe- cífico para a prática da modalidade. Em 2009, o Com a projeção alcançada pelos jovens atle- então Guarda Marinha (RM2-T) Carlos Henrique tas formados no CEFAN, o Contra-Almirante Rios Rodrigues Aveiro solicitou autorização a en- (FN) Luiz Artur Rodrigues Nunes, Comandan- tão Imediato do CEFAN, Capitão de Mar e Guerra te do Centro de Educação Física entre 2013 (RM1-T) Ângela de Carvalho Lage, para iniciar e 2015, grande entusiasta do esporte e prin-

108 Revista Podium Naval cipalmente da modalidade Levantamento de sim, honrar todo investimento realizado pelos Peso Olímpico (LPO), idealizou o ginásio hoje parceiros, dentre eles, os ministérios da Defesa e chamado de CNLP. Com a convergência de re- do Esporte (principais patrocinadores do CNLP), cursos humanos e financeiros, o projeto arqui- Comitê Olímpico e a Confederação Brasileira de tetônico foi devidamente finalizado com todos Levantamento de Pesos. os detalhes técnicos estabelecidos. Em outubro de 2015, iniciou-se a obra. E com total ma- E os desafios não param por aí. Como o giná- estria e zelo, o atual comandante do CEFAN, sio é destinado à prática de levantamento de pe- Contra-Almirante (FN) Carlos Chagas Vianna sos, com a inauguração do CNLP foi iniciado um Braga, finalizou e inaugurou o centro em 25 de trabalho com atletas da modalidade halterofilis- novembro de 2016. mo, o Levantamento de Peso Paralímpico. Isso Hoje, pode-se se dizer que o sonho virou re- foi possível por conta do recebimento de parte alidade e o trabalho continua com todo o apoio do material utilizado nos Jogos Paralímpicos Rio do CEFAN, do Comando-Geral do Corpo de Fu- 2016 na modalidade. Tal iniciativa indica tam- zileiros Navais e da MB, que acreditaram que bém a preocupação da MB e do CEFAN com a se em uma sala de 180 m2, 6 plataformas e 10 barras foram obtidos resultados tão expressivos inclusão de atletas adaptados, o que irá, cada vez e inimagináveis para o Brasil, a partir de agora, mais, oportunizar jovens portadores ou não de com todas as condições que o CNLP e o CEFAN deficiências a buscar seus sonhos Olímpicos e oferecem para os atletas, a esperança é a de tra- Paralímpicos, concretizando assim a missão do zer cada vez mais medalhas para o país e, as- CEFAN desde 1973. Ad Sumus!

Esporte é vida. Viva o Esporte! 109 Capitão de Mar e Guerra (RM1-FN) JOSÉ JORGE DA SILVA A Marinha do Brasil e o legado de equipamentos e materiais esportivos dos Jogos da Rio 2016

Contribuir para a transformação do Bra- (CEFAN) conduza seus esforços humanos, mate- sil numa potência olímpica. Esta é a engrena- riais e financeiros em proveito do esporte nacio- gem mestra do Programa Olímpico da Marinha nal. Foi dentro deste espírito que a instituição (PROLIM) e a força balizadora para que o Centro aceitou um grande desafio, em agosto de 2015, de Educação Física Almirante Adalberto Nunes do Ministério do Esporte (ME): ser um dos agen-

110 Revista Podium Naval tes das Forças Armadas a conduzir o processo de até novembro de 2015, e os TED das embarca- aquisição de equipamentos e material esportivo ções e do material do Taekwondo e do LPO e do para utilização nos jogos da Rio 2016. O tem- IPC PO foram publicados em dezembro de 2015. po para a condução eficaz das aquisições, em A partir de janeiro de 2016, a corrida para cum- conformidade com a Lei 8.666 e as normas em prir os cronogramas de entregas exigiu muito vigor da Administração Naval, era muito curto e esforço da Comissão de Aquisição e estreita co- não admitiria erros. Contudo, o legado seria de ordenação com os fornecedores, a Administração grande valor para a Marinha do Brasil (MB), para Naval, o ME e a Rio 2016. Esforço recompensado o Centro e para a nação. pela satisfação de ver todo material sendo utili- zado nas mais diversa áreas de treinamento, de Tendo em vista a exiguidade de tempo para aquecimento e de competição espalhadas pela conduzir todo um processo de compras dentro cidade do Rio de Janeiro. das normas legais, em perfeita harmonia com O processo de aquisição e distribuição pelas a Lei 8.666 que baliza todo o rito legal de aqui- diversas áreas dos Jogos da Rio 2016 encerrou sições no Governo Federal, o CEFAN, após um outra etapa. Após os Jogos, iniciou-se a fase do minucioso estudo, concluiu sendo exequível e de recolhimento, inventário e preparação para dis- grande importância como legado esportivo para tribuição do legado. Logística de grande comple- si, mobiliar suas instalações em apoio aos atletas xidade, devido à simultaneidade de desativação de alta performance, assim como os núcleos de das áreas e à necessidade de recolhimento e de base e em desenvolvimento. Foram adquiridos armazenagem de um grande volume de material, os materiais e equipamentos das modalidades executando em paralelo seu inventário. A fase foi de Taekwondo, Levantamento de Peso Olímpi- concluída com sucesso em outubro de 2016. co (LPO), Levantamento de Peso Paralímpico (IPC PO) e embarcações para apoiar as competi- O sonho de todo atleta de possuir condições adequadas e de igualdade de treinamento com ções Olímpicas de vela, remo, canoagem, mara- os demais atletas internacionais tornou-se reali- tona aquática e triatlo, e paralímpicas de remo, dade, no mínimo, para as modalidades que esta- canoagem, e triatlo. vam no bojo deste grande processo: Taekwondo, A condução do processo, em função da exi- LPO e IPC PO. Hoje a MB possui condições de guidade de tempo, exigiu da Comissão de Aqui- oferecer os melhores equipamentos e materiais sição rapidez e trabalho simultâneo nas diver- homologados pelas Federações Internacionais. sas etapas, tais como: formulação dos Planos de Em paralelo ao processo de aquisição de equi- Trabalho junto ao ME; aprovação dos Termos pamentos e materiais, foi construído um ginásio de Execução Descentralizada (TED); preparação no CEFAN: o Centro Nacional de Levantamento das licitações; e quantificação e precificação dos de Pesos. Ele está em plena atividade desde no- itens, em apoio direto ao Rio 2016 e Fundação vembro de 2016. O ginásio é dotado de toda a Getúlio Vargas. Trabalho complexo, pois além infraestrutura humana e material necessária aos das normas conhecidas, a compra também de- atletas de alta performance. veria atender às exigências das diversas Fede- Para as modalidades de LPO e IPC PO foi ad- rações Internacionais que normatizam os equi- quirido todo o material exigido pela Federação pamentos e materiais válidos para computar os Internacional de Levantamento de Peso (IWF) e pontos e recordes dos atletas de todo o mundo pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC), que em igualdade de condições. é reconhecido como o órgão regulador do espor- Todos os Planos de Trabalho foram aprovados te Paralímpico para homologação dos resultados

Esporte é vida. Viva o Esporte! 111 e recordes estabelecidos nos Jogos da Rio 2016. é constituída de madeira de extrema rigidez Material que, devido a sua qualidade e certifica- para permitir ao atleta a máxima estabilidade ções, poderão mobiliar o Centro de Treinamento por ocasião dos movimentos com grandes car- do CEFAN e de diversos outros locais do país com gas. Este conjunto confere ao atleta a garantia de excelentes condições técnicas para apoiar atletas reduzir lesões e proporcionar melhor rendimento de alto rendimento e em desenvolvimento. nos movimentos de levantamento de pesos. A modalidade de LPO foi contemplada com A modalidade de levantamento de pesos a aquisição de 92 plataformas de treinamento paralímpica mereceu especial atenção, tendo da empresa ZKC, uma das maiores fornecedoras em vista as peculiaridades e exigências espe- mundiais deste material e certificada pela IWF. cíficas. O IPC homologou para os Jogos da Rio As plataformas foram adquiridas completas, cuja 2016 o conjunto de materiais e equipamentos a composição consta de: barras femininas e mas- da ELEIKO, fabricante tradicional deste mate- culinas, conjunto completo de anilhas e suportes rial e de qualidade reconhecida internacional- maciço de puxada e arranque; e 02 plataformas mente, em especial pela sua durabilidade. Para de competição. As plataformas são constituídas atender aos Jogos foram adquiridos 59 bancos de borrachas especiais para absorver os impac- de supino completos, compostos por: barras e tos das anilhas, causando o menor desgaste pos- conjunto de anilhas. Ele é especialmente de- sível ao material, ao piso e à infraestrutura cir- senvolvido para a modalidade, visando o má- cundante, pois são muitas delas sendo utilizadas ximo desempenho e segurança do atleta em simultaneamente. A parte central da plataforma trabalhos com cargas de extremas.

112 Revista Podium Naval O Centro Nacional de Levantamento de Pesos proteção antes dos grandes eventos nacionais da MB, inaugurado em novembro de 2016, foi e, principalmente, os internacionais, uma vez dotado com 45 plataformas olímpicas e 10 ban- que os de países com maior infraestrutura já cos de supino paralímpico para atender ao ple- dispunham de tais equipamentos em suas ro- no funcionamento e adequado apoio aos atletas. tinas diárias de treino. Contudo, passados os Material que será fundamental para que a MB anos, o sistema tornou-se obsoleto. Havia a ne- contribua de forma significativa para o desenvol- cessidade premente de atualização para que os vimento destas modalidades esportivas no terri- brasileiros pudessem treinar com ferramentas tório nacional. As demais plataformas e bancos equiparadas aos demais atletas da modalidade foram disponibilizados ao ME para distribuição no mundo esportivo de alto nível e ter igualda- do legado a outros centros constituintes da Rede de de condições nas competições. Em dezembro Nacional de Treinamento. de 2015, foi apresentado pela DAEDO a última A modalidade de taekwondo foi contempla- geração do sistema de proteção e de pontuação da com o que há de mais moderno e sofisticado homologado para as Olimpíadas de 2016 pela para a proteção do atleta e à definição da pontu- Federação Internacional de Taekwondo (ITF). ação. Foi realizada a aquisição de 10 conjuntos Diante desta oportunidade, o CEFAN tomou to- do Sistema de Proteção e Pontuação Eletrônica das as providências junto a Rio 2016 e ao ME DAEDO-PSS DAEDO GENERATION 2 e de 95 para a aquisição desta versão, visando prover conjuntos de protetores de peito, capacetes e os atletas do Brasil com o melhor equipamento meias eletrônicas, itens essenciais para o fun- disponível como legado para o ciclo olímpico de cionamento dos sistemas de pontuação e de se- 2020. Por meio de clínicas e de camp training, gurança do atleta. em coordenação com a confederação brasileira e com as federações de taekwondo, será possí- A forma de proteção e pontuação do vel dar ampla divulgação e conhecimento do taekwondo evolui constantemente nos passos novo sistema em âmbito nacional. Isto possibi- do desenvolvimento tecnológico dos sistemas litará aos atletas de alta performance e em de- aplicados ao esporte. A partir de 2009, foi posto senvolvimento no país igualdade de condições em uso uma nova sistemática de proteção e de em competições internacionais. pontuação. Este fato mudaria de forma radical a metodologia de pontuação e, em consequência, O CEFAN recebeu, para mobiliar seu Centro de toda a técnica de treinamento para os atle- de Treinamento de Lutas, 80% de todo o mate- tas em desenvolvimento e de alta performan- rial e equipamento de taekwondo adquirido para ce do mundo. A MB recebeu, após os 5º Jogos os Jogos Rio 2016, que totaliza oito conjuntos de Mundial Militares de 2011, no Rio de Janeiro proteção e de pontuação da DAEDO da geração 2. (5º JMM-Rio 2011), um conjunto do Sistema da Material suficiente eventos de cunho interna- DAEDO em sua primeira versão, tendo em vista cionais nas dependências deste centro, sem a que o CEFAN desempenha a função de geren- necessidade de buscar outras parcerias. Os 20% ciamento da modalidade de taekwondo dentro restantes foram disponibilizadas ao ME para dis- das Forças Armadas, visando a otimização de tribuição do legado. meios humanos e materiais. O CEFAN também teve participação crucial O recebimento deste primeiro sistema pos- na aquisição de embarcações de apoio às com- sibilitou que os atletas pudessem se familiari- petições aquáticas da Rio 2016. Foi realizada a zar com a nova ferramenta de pontuação e de aquisição de 90 embarcações de apoio às provas

Esporte é vida. Viva o Esporte! 113 de vela, na Baía de Guanabara; maratona aquáti- O CEFAN tem a certeza de que o esforço em- ca e triatlo olímpico e paralímpico, em Copaca- preendido para a realização das aquisições con- bana; e remo e canoagem olímpicos e paralím- tribuiu para o êxito dos Jogos Rio 2016. E, por picos, na Lagoa Rodrigo de Freitas. Elas foram meio do legado deixado, está contribuindo para a empregadas simultaneamente nos mais diversos inserção do Brasil no topo do esporte internacio- locais de competição. Fato que exigiu grande e nal, provendo centros de treinamento de excelên- detalhado planejamento nas áreas de pessoal, de cia em suas dependências com o melhor material logística e de operacional. As embarcações fo- e equipamento disponível no mercado interna- ram utilizadas entre 20 de julho e 20 de setem- cional. O ciclo olímpico de 2020 teve o seu início bro. Após o período, houve o recolhimento e a sinalizado de forma digna e de acordo com a es- manutenção para posterior distribuição do lega- tatura do Brasil no cenário internacional. do para diversas Organizações Militares (OM) da MB. As embarcações hoje estão prestando ines- timável apoio à segurança das águas jurisdicio- nais, à salvaguarda da vida no mar, e à diversas federações aquáticas no país.

114 Revista Podium Naval Capitão de Mar e Guerra (FN) Capitão de Mar e Guerra (FN) Capitão de Mar e Guerra (RM1-FN) JOSÉ FIRMEZA SIMÕES DOS REIS VICTOR SOUSA ABREU RUBENS DA IGREJA FERREIRA 49ª Campeonato Mundial Militar de Orientação – WMOC 2016

O Brasil organizou no período de 17 a 23 de ordenado pela Comissão Desportiva Militar do novembro de 2016, na Região dos Lagos, Rio de Brasil (CDMB), do Ministério da Defesa (MD), janeiro, o 49º Campeonato Mundial Militar de cabendo à Marinha do Brasil (MB), através da Orientação (49o WMOC), evento pertencente ao Comissão de Desportos da Marinha (CDM) e do calendário anual do Conselho Internacional do Centro de Educação Física Almirante Adalberto Esporte Militar (CISM). Nunes (CEFAN), seu planejamento e execução, auxiliada pelas demais Forças Armadas. Pela 5ª vez o Brasil foi palco deste grande evento que, em 2016, contou com a presença de A Força Aeronaval de São Pedro D’Aldeia 25 países de diversos continentes, totalizando recebeu em suas Organizações Militares su- 280 participantes, sendo 151 atletas masculinos bordinadas todas as delegações participantes, e 55 femininos. apoiando de forma impecável com hospeda- gem, alimentação, serviço de saúde, secretaria e Além do Brasil, participaram do campeonato transporte, o que, sem dúvida, contribuiu para o os seguintes países: Alemanha, Áustria, Bélgi- sucesso do evento. ca, Chile, China, Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Equador, Eslovênia, Estônia, Finlândia, O Exército Brasileiro (EB) e a Força Aérea França, Geórgia, Letônia, Lituânia, Noruega, Brasileira (FAB) prestaram um excelente apoio Países Baixos, Polônia, Rússia, Suécia, Sérvia, logístico integrado com a MB na “Vênus” de Rio Suíça, Uruguai e Venezuela. O evento foi co- das Ostras, área de competição.

Esporte é vida. Viva o Esporte! 115 O esporte orientação Orientação é um esporte moderno em que o atleta, munido de um mapa e de uma bússola, tem que passar por postos de controle marcados no terreno na sequência correta e no menor tem- po possível. A orientação usa a própria natureza como campo de jogo. O atleta escolhe o caminho a ser seguido para se deslocar no terreno de um posto de controle a outro, onde através de um chip eletrônico registra sua passagem em bases eletrônicas dispostas no terreno. Os mapas A área escolhida para a realização do 49o WMOC atendeu aos critérios técnicos exigi- dos pelo CISM dentro das normas da Federação Internacional de Orientação (IOF), sendo apro- vados pelo President of CISM Sport Committee (PCSC) de Orientação. Todo o serviço de mapeamento foi realizado por um grupo altamente qualificado e experien- te de militares da MB, que usaram tecnologia e técnicas de última geração, programa OCAD e posições georreferenciadas precisas, o qual foi motivo de elogio das delegações participantes. O campeonato Foram realizados dois percursos em área de floresta no município de Rio das Ostras, sendo um médio e um longo, além de um reveza- mento urbano no centro do município de Ar- mação de Búzios. O percurso médio No percurso médio masculino (5.000 metros), o grande feito foi o surpreendente resultado do Brasil. O CB-FN-IF Sidnaldo Faria obteve a 10ª colocação e figura agora com muita justiça entre os Top 10 do mundo na categoria. Ele é também o detentor do título de Campeão Sul-americano de Orientação de 2016.

116 Revista Podium Naval Isto foi um fato inédito na orientação brasi- leira masculina. É a melhor posição alcançada até hoje, individualmente, por um atleta brasi- leiro em campeonatos mundiais. O que mostra a grande evolução alcançada pelo Brasil no espor- te, fruto de muito trabalho, muito treinamento e apoio das Forças envolvidas. Sagrou-se campeão do médio masculino Matthias Kyburz, da Suíça, que vem mantendo a supremacia seguida de perto pela Rússia e pela Estônia. No médio feminino (3.700 metros), o melhor resultado do Brasil foi o da atleta 3º SG-RM2-EP Letícia Saltori, que alcançou a 13ª colocação. A Rússia manteve a supremacia no feminino com Natalia Efimova em primeiro lugar. A gran- de surpresa foi a Suíça, que pela primeira vez se fez representar em campeonatos militares e con- quistou a medalha de prata com Sarina Jenzer, seguida de perto por outra atleta russa.

O percurso longo No percurso longo masculino (13.100 me- tros), mais uma vez o melhor desempenho da equipe do Brasil foi do CB-FN-IF Sidnaldo Faria, que alcançou o 16º lugar mostrando que se pre- parou com muita vontade para o mundial.

Esporte é vida. Viva o Esporte! 117 A Suíça mais uma vez mostrou o grande po- do em área urbana e não em área de floresta. O tencial de sua equipe masculina, conquistando a objetivo primordial foi dar visibilidade de forma 1ª posição novamente com Matthias Kyburz. que a mídia e o público pudessem interagir com No percurso longo feminino (8.000 metros) os atletas e conhecer o esporte Orientação. foi a vez da atleta 3º SG-RM2-EP Letícia Saltori Dessa forma, o Brasil foi ao encontro dos in- figurar no Top 10 do mundo. Ela conquistou a 9ª teresses da IOF estabelecidos na Convenção de posição, melhor resultado alcançado individual- Leibnitz, em 2007, tendo por principais objeti- mente por uma atleta brasileira. vos a divulgação do esporte com melhor visibili- A surpresa ficou por conta da suíça Sarina dade junto ao público e à mídia, além de tornar Jenzer, que conquistou o ouro, seguida da aus- a orientação cada vez mais atrativa e acessível. tríaca Ursula Kadan, deixando a favorita Natalia Certamente foi alcançado o efeito desejado e Efimova, da Rússia, com o bronze. foi um grande sucesso, como se pode observar na reportagem do CISM-Orienteering: O revezamento urbano – “Um dia fantástico em Búzios. Os brasilei- ros queriam promover a orientação e o fizeram. A grande novidade O revezamento foi organizado no município de Ressalta-se que, pela primeira vez na história Búzios, uma pequena cidade na costa leste do de mundiais militares, o revezamento foi realiza- Rio. Muitos espectadores. Mapa 1: 5000, norma

118 Revista Podium Naval sprint. Homens 3 x 9 km = 27 km. Mulheres suas belas praias, em um alegre passeio de escu- 3 x 6 km = 18 km.” na. Depois, visitaram a famosa Rua das Pedras e desfrutaram da espetacular gastronomia local. No revezamento urbano masculino, o Brasil Os atletas ainda tiveram a oportunidade de assis- não obteve uma boa colocação e conquistou as tir a um show de samba na famosa orla Bardot, 18ª e a 20ª posições. Mais uma vez o destaque como registrou de forma alegre e cordial o PCSC foi para a equipe da Suíça, grande campeã, se- Cel Harald da Noruega: guida da Rússia e da Polônia. “Hoje, descanso, passeios e comida. O que No revezamento urbano feminino, o Brasil mais podemos pedir? 28 graus Celsius. Céu azul. obteve uma boa colocação com o trio formado Viagem de barco. Boa comida. Hospitalidade pelas atletas 3º SG-RM2-EP Leticia Saltori (MB), brasileira.” 3º SG RM2 Edneia Roniak (EB) e 3º SG RM2 Franciely Chiles (FAB), ficando em 7º lugar. Des- taque para a equipe da Rússia que conquistou o ouro, seguido da Polônia e da Lituânia. Protocolo As cerimônias de abertura e de encerramento foram realizadas nas instalações do complexo da Cultural Day Força Aeronaval de São Pedro D’Aldeia. As delegações tiveram a oportunidade de O Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros conhecer as belezas da paradisíaca Búzios com Navais, Almirante-de-Esquadra (FN) Fernan-

Esporte é vida. Viva o Esporte! 119 do Antonio de Siqueira Ribeiro, abrilhantou o to do dever cumprido, pois temos a crença de evento presidindo as cerimônias de abertura e havermos alcançado nossos dois principais obje- de encerramento. tivos: criar condições para que aqui brilhassem, como efetivamente brilharam, as estrelas deste A Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE), grande evento, que são esses fabulosos atletas, que forneceu meios em pessoal, viaturas, co- orgulho de suas respectivas nações, e confirmar municações e outros apoios logísticos, se fez um ambiente de trabalho e convivência propício representar na cerimônia de abertura pelo seu à prática contínua dos ideias do CISM, tão bem comandante, o Vice-Almirante (FN) Alexandre expressos em seu lema, a bem da verdade sua José Barreto de Mattos. razão de ser: Amizade através do esporte.” O Vice-Almirante (FN) Paulo Martino Zucca- ro, diretor do DDM, comentou com muita pro- Ao final da cerimônia, a bandeira do CISM priedade a relação dos esportes com a atividade foi entregue ao representante da Finlândia que militar: “Costumamos dizer que o esporte imita sediará o 50º WMOC em 2017. o combate, mas certamente a orientação é uma E o Brasil, através do DDM e da MB, auxilia- das modalidades em que esta similaridade se en- dos pelas demais Forças Armadas, cumpriu sua contra mais evidenciada” missão com muita eficiência, encerrando o cam- O Contra-Almirante Carlos Chagas Vianna peonato com muito orgulho e com a satisfação do Braga, Presidente da CDM e Comandante do dever cumprido. CEFAN, em seu discurso na cerimônia de encer- ramento, afirmou que: “De nosso ponto de vista, terminamos este grande evento com o sentimen- ADSUMUS!

120 Revista Podium Naval Capitão de Mar e Guerra (RM1-CD) RICARDO LUIZ ALVES DA SILVA Lifesaving: Salvamento aquático rumo aos 7º Jogos Mundiais Militares 1. Histórico 1.1. Provas de piscina O salvamento aquático (Lifesaving) é uma 1.1.1. Individuais modalidade utilitária que, por meio da simula- ção de situações similares ao de um salvamen- • Reboque de manequim 50 m to aquático real, propicia o aprimoramento do • Reboque de manequim 100 m (com nada- condicionamento físico e da técnica necessários deiras) para a realização dessa atividade. Como qualquer • Reboque de manequim 100 m (com nada- outro esporte, a modalidade ajuda na promoção deiras e tubo resgate) da saúde, na educação e na integração social, • 100 m medley além de manter os laços de amizade com nações • 200 m com obstáculos amigas. A partir outubro de 2014, o Salvamento Aquático (Lifesaving) foi incluído entre as diver- • 200 m medley (Super Lifesaver) sas modalidades esportivas sob a responsabilida- 1.1.2. Revezamentos de da Marinha do Brasil (MB). • Reboque de manequim 4 x 25 m No âmbito do Conselho Internacional de Es- portes Militares (CISM), normalmente as com- • 4 x 50 m medley petições da modalidade acontecem simultane- • 4 x 50 m com obstáculos amente com as de natação, com participação média de 20 países e cerca de 200 atletas. As 1.2. Provas de praia provas, conforme descritas abaixo, são realiza- 1.2.1. Individuais das em piscina e praias/lagos/rios e de acordo • Duatlo (Run-Swim-Run) com o regulamento da International Life Saving • Remo em pranchão (Board Race) Federation (ILS). As equipes são compostas por no máximo 12 atletas (6 masculinos e 6 femini- • Remo em caiaque (Surf Ski Race) nos), sendo possível a participação de 2 atletas • Ocean woman/Ocean man (natação, pran- em cada prova individual e apenas 1 equipe em chão, caiaque e corrida) cada prova de revezamento. • Corrida na areia (Beach flags)

Esporte é vida. Viva o Esporte! 121 1.2.2. Revezamentos board). A partir dessa observação, estreitamos os • Resgate com pranchão (long board) contatos que possibilitaram a união desses dois setores, MB e CBM, com o intuito de formar uma • Resgate com tubo de resgate (rescue tube) equipe forte e de elevado nível técnico. Duran- • Ocean woman relay/Ocean man relay (na- te o evento, constatamos o interesse dos CBM tação, pranchão, caiaque e corrida) nessa integração, inclusive oferecendo para trei- namento os equipamentos que ainda não dispo- mos, tais como o pranchão e o tubo resgate. 2. Período (2014-2015) Através da SOBRASA, que é a entidade bra- sileira filiada à ILS, tomamos conhecimento de outras competições de nível elevado na América do Sul, na Europa e na Austrália. Em março de 2015, a equipe da MB parti- cipou do XI Campeonato Sul-Americano de Salvamento Aquático, realizado na praia de La Florida, em Rosário, Argentina. A competição, organizada por um órgão civil da Argentina - a Equipo Profissional de Salvamento Acuático da Argentina (EPSA) - contou com a participação Com o intuito de obter as informações ne- de cerca de 150 competidores e representantes cessárias para a implantação da modalidade em do Brasil, Argentina, Chile, Espanha e Estados conformidade com o regulamento do CISM e Unidos da América. A equipe da MB, formada da ILS, uma equipe precursora da Comissão de pelos militares da equipe de Pentatlo Naval que Desportos da Marinha (CDM) foi enviada ao XIV haviam iniciado suas atividades em novembro Campeonato Brasileiro de Salvamento Aquático, de 2014, obteve resultados expressivos em sua realizado na cidade de Vitória, no Espírito Santo, primeira participação no cenário internacional. no período de 18 a 22 de novembro de 2014. Das 15 principais provas disputadas, os atletas da MB subiram ao pódio em 14 oportunidades, Essa competição tradicional, organizada anu- conquistando 12 medalhas de ouro. almente pela Sociedade Brasileira de Salvamen- to Aquático (SOBRASA), contou com a partici- Em novembro desse mesmo ano, a MB par- pação de 15 estados e cerca de 300 atletas. Ela ticipou do XV Campeonato Brasileiro de Salva- possibilitou à comissão técnica da CDM avaliar a mento Aquático, realizado em Goiânia, Goiás, complexidade das provas, estudar o regulamento onde foram realizadas apenas provas de piscina. da ILS e conhecer os equipamentos necessários Mais uma vez a equipe obteve excelentes resul- para a implantação de uma equipe competitiva tados, vencendo todas as provas de revezamento. no âmbito das competições desportivas do CISM. Nesse mesmo mês, com a confirmação da re- Em razão da similaridade das provas de piscina, alização do 48º Campeonato Mundial do CISM alguns de nossos atletas da equipe de Pentatlo em agosto de 2016, em Halmstad, Suécia, con- Naval participaram da competição obtendo bons cretizou-se a possibilidade do Brasil, pela pri- resultados logo de início. Já nas provas de praia, meira vez, participar de uma competição deste os atletas oriundos dos Corpos de Bombeiros Mi- nível com uma equipe completa. De imediato a litar (CBM) mostraram que tem mais afinidade comissão técnica designada iniciou o planeja- e melhor técnica no manuseio dos equipamen- mento da missão, que incluía a seleção, convo- tos específicos, principalmente o pranchão (long cação e treinamento da nova equipe.

122 Revista Podium Naval Devido aos diversos Estados de origem dos militares selecionados, o período inicial de trei- namento ocorreu à distância, sob a supervisão da comissão técnica designada, e a fase final foi realizada em conjunto no Centro de Educação Fí- sica Almirante Adalberto Nunes (CEFAN), na se- mana que antecedeu o embarque para a Suécia.

3.1. Composição da Comissão Técnica • Chefe de Equipe: CMG (RM1-CD) Ricardo Luiz Alves da Silva (CDM) 3. Seleção da equipe • Técnico (Masc): CMG (RM1) Cyro Carlos Seguindo o planejado, foi realizada, no Colé- Dias Coelho (CDM) gio Naval, em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, no • Técnico (Fem): TC BM Fábio Braga Mar- período de 16 a 20 de maio de 2016, a Seletiva tins (CBMERJ) de Salvamento Aquático Militar. O evento, orga- nizado pela Comissão Desportiva Militar do Bra- • Fisioterapeuta: 1o Ten (RM2-S) Maicom sil (CDMB) em conjunto com a CDM, contou com da Silva Lima (CEFAN) a participação de 99 militares das Forças Arma- das e de corporações de Bombeiros Militares de 3.2. Composição da Equipe 8 estados do país. A competição selecionou os 3.2.1. Equipe Masculina 12 militares que iniciaram, sob a coordenação • 1o Ten. (RM2-T) Carlos Eduardo de S. Oli- da CDM, a fase de preparação para a competição. veira (Colégio Naval) Em face da falta de conhecimento em relação • 1º Ten. (BM) Fábio Fregapani Silva à modalidade salvamento aquático, essa compe- (CBMSC) tição mostrou-se como uma excelente oportuni- dade para a disseminação das informações ne- • CB-BM Filipe dos Santos Pereira cessárias para a implantação da modalidade nas (CBMERJ) demais Forças Armadas, que doravante poderão • SD-FN Pablo H. de Sant’anna Aquino representar o Brasil em competições nacionais e (CDM) internacionais do CISM e da ILS. Visando pre- • SD-BM Yuri Alexsander Marinho parar treinadores e árbitros, foi realizada, com o (CBMPB) apoio da SOBRASA, uma Clínica de Arbitragem e Treinamento, abordando os regulamentos vi- • SD-BM Gustavo Souza Gimenez (CBMGO) gentes, as técnicas e os equipamentos emprega- dos na modalidade. 3.2.2 Equipe Feminina • 3º SG-RM2-EP Jéssica Lima Lessa Participaram do evento representantes da (CEFAN) CDMB, MB, Exército Brasileiro (EB), Força Aérea Brasileira (FAB) e corporações de Bombeiros Mi- • 3º SG-RM2-EP Tatilaine R. V. de Oliveira litares dos Estados do Rio de Janeiro, do Espírito (CEFAN) Santo, de Goiás, da Paraíba, de Santa Catarina, • CB-BM Vick Dantas Rocha (CBMDF) de Mato Grosso, de Minas Gerais e do Distrito Federal. Nessa ocasião foi definida a composição • SD-BM Naiana Freire da Purificação final da equipe brasileira. (CBMERJ)

Esporte é vida. Viva o Esporte! 123 • SD-BM Luna Figueiredo F. Roriz dos San- no verão a temperatura máxima seja de 15°C, as tos (CBMGO) chuvas e os fortes ventos transformaram-se num fator complicador para nossa equipe. • SD-BM Marina Machado Berti (CBMES) A equipe brasileira estava coesa e focada. Superou as dificuldades e na sua primeira par- ticipação no cenário internacional obteve resul- tados significativos nas 18 provas realizadas em piscina e águas abertas: 2 medalhas de ouro, 3 de prata e 6 de bronze, sendo que na prova de Revezamento Medley foi batido o recorde mun- dial do CISM, com o tempo de 1:32:23. Seguem abaixo os demais resultados obtidos: Beach Flag (corrida) • 1º Lugar (Fem): 3º SG-RM2-EP Tatilaine R. V. de Oliveira (CEFAN) • 3º Lugar (Masc): SD-FN Pablo Henrique Sant’ana Aquino (CDM) Revezamento 4x50 medley • 1º Lugar (Masc): Recorde Mundial (1:32.23): CB BM Filipe dos Santos Pe- reira (CBMERJ) / SD-FN Pablo Henrique Sant’ana Aquino (CDM) / SD BM Gustavo Gimenez (CBMGO) / SD BM Yuri Alex- 4. O 48º Campeonato sander Marinho (CBMPB) Mundial de Salvamento Revezamento 4x50 com obstáculos • 3º Lugar (Masc): CB BM Filipe dos San- Aquático do CISM tos Pereira (CBMERJ) / SD-FN Pablo Hen- O 48º Campeonato Mundial de Salvamento rique Sant’ana Aquino (CDM) / SD BM Aquático do CISM aconteceu no período de 8 a Gustavo Gimenez (CBMGO) / SD BM Yuri 15 de agosto de 2016, na cidade de Halmstad, na Alexsander Marinho (CBMPB) Suécia, situada a cerca de 150 Km de Gotembur- go. O 6º Regimento de Defesa Aérea do Exército Revezamento Ocean man (natação, Sueco (Luftvärnsregementet-Lv6) foi a Organiza- pranchão, caiaque e corrida) ção Militar (OM) responsável pela execução do • 2º Lugar: 1T (RM2-T) Carlos Eduardo de evento. A competição contou com a participação S. Oliveira (CN) / 1T BM Fábio Fregapani de cerca de 150 competidores e representantes (CBMSC) / CB BM Filipe dos Santos Pe- das comissões técnicas das equipes do Brasil, da reira (CBMERJ) / SD-FN Pablo Henrique Alemanha, do Canadá, da China, da Espanha, Sant’ana Aquino (CDM) da Holanda, da Irlanda, da Suíça, da Rússia e da Suécia. As provas foram realizadas no parque 100 m Reboque Manequim com nadadeiras aquático de Brottet e na praia de Tylösand, am- • 2º Lugar: CB BM Filipe dos Santos Perei- bos próximos ao local de hospedagem. Embora ra (CBMERJ)

124 Revista Podium Naval Board Race (remada no pranchão) • 2º Lugar (Masc): 1º T BM Fábio Frega- pani Silva (CBMSC) • 3º Lugar (Fem): SD BM Luna Santos (CBMGO) Board Rescue (resgate c/pranchão) • 3º Lugar (Masc): 1º T BM Fábio Frega- pani (CBMSC) / SD BM Gustavo Gime- nez (CBMGO) • 3º Lugar (Fem - Brasil): SD BM Luna Santos (CBMGO) / SD BM Marina Berti (CBMES) Rescue tube relay (resgate c/ tubo resgate) • 3º Lugar (Fem): 3º SG -RM2-EP Tatilaine Regina V. de Oliveira (CEFAN)/ SD BM Luna Santos (CBMGO) / 3º SG-RM2-EP Jéssica Lima Lessa (CEFAN) / SD-BM Marina Berti (CBMES) 5. XVI Campeonato Brasileiro de Salvamento Aquático 2016 Ainda em 2016, visando manter e apri- morar o estágio alcançado, a MB participou do XVI Campeonato Brasileiro de Salvamento Aquático, realizado no período de 9 a 12 de novembro, na Praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis, Santa Catarina. Pela pri- meira vez a equipe da MB pôde participar oficialmente da competição (até então parti- cipava como equipe convidada, sem direito à premiação), conquistando o título de Cam- peão Brasileiro da categoria Open, superando a forte equipe da SOBRASA, composta pelos melhores guarda-vidas, civis e militares, do país. Com o aprimoramento do conhecimento da modalidade, das técnicas e dos equipamen- tos utilizados, a MB treinou atletas de natação, obtendo um expressivo resultado, vencendo sete das oito provas de piscina disputadas.

Esporte é vida. Viva o Esporte! 125 senta importante componente para alcançar a meta pretendida. Diante do exposto, a comissão técnica con- sidera que os resultados obtidos de 2014 até o momento superaram as expectativas, sinalizan- do que as ações adotadas foram adequadas. A maior participação da equipe em competições nacionais e internacionais têm proporcionado, por meio de intercâmbio, um aumento de expe- riência tanto para os atletas como para a comis- são técnica, agregando conhecimento em rela- ção aos equipamentos, técnicas e treinamentos empregados pelas equipes participantes. Em 2017, o foco será o mês de novembro, quando serão realizados o XVII Campeonato Brasileiro de Salvamento Aquático, em João Pes- soa, na Paraíba, e o 25th International German Cup, em Warendorf, na Alemanha. A partir dos 6. Análise da situação resultados observados nessas competições, será procedida uma reavaliação das ações planeja- atual e perspectivas futuras das, visando a preparação para os 7º Jogos Mun- diais Militares de 2019. Espera-se também que, Em razão da grande quantidade de meda- a partir dos conhecimentos disseminados na lhas em disputa - 36 no total - a modalidade Clínica de Arbitragem e Treinamento realizada salvamento aquático despertou uma atenção em 2016, as demais Forças Armadas possam se maior por parte da CDMB, órgão que coordena estruturar, possibilitando a revelação de novos as atividades do desporto militar no Brasil. No talentos para a equipe brasileira. seu plano estratégico, a CDMB pretende que a delegação brasileira permaneça entre as 5 me- lhores do mundo no quadro de medalhas dos Agradecimentos 7º Jogos Mundiais Militares, que serão reali- Fica o agradecimento a todos aqueles que, zados na China em 2019. Desta direta ou indiretamente, possibilitaram a execu- forma, pare- ce claro que a ção desse planejamento, ressaltando o alto grau implantação, estruturação de motivação, a capacidade técnica e o empe- e evolução da nova moda- nho de todos os integrantes da equipe. lidade repre-

126 Revista Podium Naval Capitão de Mar e Guerra (RM1-FN) SÉRGIO CHAVES DE JESUS Futebol Feminino: Campeão Mundial Militar e Campeão Brasileiro

O futebol é um esporte consolidado na cul- intimamente relacionado a estes acontecimentos tura popular nacional. No entanto, a sua prática positivos. Através do Programa Olímpico da Ma- por parte das mulheres, em âmbito profissional, rinha (PROLIM), ingressaram nas fileiras da For- merece grande atenção, pois o desenvolvimento ça as primeiras atletas de alto rendimento desta do futebol feminino esbarra em muito preconcei- modalidade esportiva. O primeiro grande resul- to, falta de organização e pouco financiamento, o tado seria a conquista da medalha de ouro no que gera retardo em seu crescimento no Brasil. Jogos Mundiais Militares de 2011, realizados no Rio de Janeiro. Em virtude do sucesso do projeto, Enquanto os homens disputavam a sua pri- ao longo dos anos, novas atletas incorporaram e meira Copa do Mundo em 1930, no Uruguai, as ajudaram a repetir a difícil missão de ganhar a mulheres brasileiras tiveram sua primeira con- medalha de ouro em Jogos Mundiais Militares, vocação oficial em 1988 e, posteriormente, para dessa vez em 2015, na Coreia do Sul. a primeira Copa do Mundo em 1991, na China. A partir desta década, começou a aumentar a O início desse bicampeonato ocorreu contra visibilidade do futebol feminino no Brasil. Sua a Holanda, no dia 03 de outubro de 2015, jogo convocação para Olimpíadas aconteceu nos Jogos em que o Brasil superou suas adversárias pelo de Atlanta, em 1996. placar de 1 a 0. Já na segunda rodada da fase preliminar da competição, a seleção brasileira No Brasil, a Confederação Brasileira de Fute- militar empatou com a Alemanha em 1 a 1, re- bol (CBF) ainda engatinha no fomento ao esporte sultado que assegurou a primeira colocação no em questão, visto que a primeira edição da Copa grupo. A partir disso, tons de dramaticidade de- do Brasil foi organizada em 2012 e do Campe- ram contorno à conquista do ouro na Coreia do onato Brasileiro, em 2013. Hoje, o Campeona- Sul. Em jogo válido pelas semifinais contra as to Brasileiro de Futebol Feminino 2017 contará anfitriãs, o tempo normal finalizou empatado – 0 com 32 equipes, divididas em duas séries (A1 a 0. Sendo assim, o jogo foi para as prorrogações. e A2) possuindo sistema de ascensão e rebaixa- Bastou apenas 2 minutos e no seu primeiro to- mento, fato inédito na história da competição. que na bola, a 3o SG-RM2-EP Tatiane da Silva Ainda que o futebol feminino brasileiro não Antonio deu números ao jogo: Brasil 1 x 0 Coreia tenha alcançado patamares semelhantes ao mas- do Sul. As finais não ficaram atrás no quesito culino, nos recentes anos ocorreram importantes emoção, já que novamente a partida terminou mudanças e evoluções na modalidade. Certa- empatada no tempo normal – Brasil 1 x 1 Fran- mente o nome da Marinha do Brasil (MB) está ça - e as prorrogações definiriam o campeão.

Esporte é vida. Viva o Esporte! 127 Seleção Brasileira Campeã Mundial 2016 Futebol feminino Fonte: Museu do Esporte da Marinha Fonte: Site Flamengo

3o SG-RM2-EP Tânia Maria Pereira Ribeiro Futebol feminino (Tânia Maranhão) e 3o SG-RM2-EP Andreia Fonte: Staff Imagens dos Santos (Maycon)

Pódio do Campeonato Mundial Militar do CISM 2016, na Coreia do Sul ganizada pelo órgão máximo do futebol em nosso país, a CBF. Ao longo dessa brilhante campanha, foram realizados 14 jogos, sendo 9 vitórias, 2 empates e 3 derro- tas. E como consequência deste grandioso trabalho desenvolvi- do nas dependências do Centro Quando tudo indicava a disputa do ouro nas co- de Educação Física Almirante branças de penalidade máxima, a 3o SG-RM2-EP Adalberto Nunes (CEFAN), a 3o SG-RM2-EP La- Bárbara Chagas Ferreira, no último minuto do rissa Pereira da Cruz foi eleita a melhor atleta jogo, chutou firme para o fundo da rede. Brasil da competição e o 1º Tenente (RM2-T) Ricardo 2 x 1 França, assegurando o bicampeonato nos Costa Abrantes Junior foi coroado como melhor Jogos Mundiais Militares. treinador do campeonato. O sucesso do PROLIM permitiu que novas Em suma, em um período marcado por gran- barreiras fossem quebradas e outras conquis- des conquistas e eventos esportivos que culmi- tas alcançadas, visto que a MB representa um naram com a realização dos Jogos Olímpicos Rio grande fomentador da modalidade em questão. 2016, a MB, por meio do PROLIM e da ação di- A prova disso ocorreu em maio de 2016, quando reta de toda tripulação do CEFAN e da Comissão a equipe de futebol feminino, em parceria com o de Desportos da Marinha (CDM), firmou-se como Clube de Regatas do Flamengo, conquistou pela um forte pilar para o desenvolvimento desta mo- primeira vez o Campeonato Brasileiro, a com- dalidade de grande valor, que merece um lugar petição mais importante do cenário nacional or- de destaque no cenário esportivo brasileiro.

128 Revista Podium Naval

NESTE CONTEXTO, COM A SIGNIFICATIVA CONTRIBUIÇÃO DA MARINHA DO BRASIL NO ESPORTE, O FUTURO DO ESPORTE NACIONAL PARECE SER CADA VEZ MAIS PROMISSOR.

RUMO A TÓQUIO 2020!

Contra-Almirante (FN) CARLOS CHAGAS VIANNA BRAGA

Capitão de Mar e Guerra (RM1-FN) CARLOS ALFREDO DOS REIS LESSA

Primeiro Tenente (RM2-T) BRUNO DE SOUZA TERRA

Primeiro Tenente (RM2-T) MARIA CECÍLIA BELLO MOUTINHO BASEGGIO

Primeiro Tenente (RM2-T) VANESCA QUEIROGA SOARES

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