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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DHE – DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO

CURSO DE HISTÓRIA

HISTÓRIA DA IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS DE IJUÍ

TIAGO DE CORDOVA

Ijuí – RS 2012

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TIAGO DE CORDOVA

HISTÓRIA DA IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS DE IJUÍ

Monografia apresentada ao Curso de História para obtenção do Título de Licenciatura em História pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

Orientação: Professor Mestre Dinarte Belato

Ijuí – RS 2012

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Dedico esta conquista a Deus que tem permitido e me dado forças para chegar até aqui, também a minha filha Hosana, que é um presente dos céus, há vocês meu muito obrigado.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que tem permitido mais essa conquista em minha vida. Agradeço a meu Pai e minha Mãe que sempre me auxiliaram e me apoiaram. Agradeço a minha filha Hosana que mora em meu coração todos os dias. Agradeço ao Professor e Mestre Dinarte Bellato por sua compreensão e ajuda. Agradeço a todos os professores do curso de História da Unijuí, e aos Tutores e demais integrantes do Departamento de Humanidades e Educação, por ajudarem-me em meus estudos todos estes anos.

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo analisar o processo de formação da Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Ijuí. Assim é necessário conhecer um pouco da história do cristianismo, os principais acontecimentos do cristianismo ao longo dos séculos. Procurei dar uma ênfase na Reforma Protestante ocorrida nos séculos XVI, porque dali se originaria uma série de correntes de pensamento, e uma série de igrejas surgiriam a partir da reforma. O Protestantismo Pentecostal é o objetivo que quere expor, para isso é necessário saber como ele se desenvolve e quem foram os precursores desse movimento, buscar onde acontece e quem são seus principais mentores. A história do Pentecostalismo Moderno é muito recente data pouco mais de um século, por isso concluímos que é um dos acontecimentos mais importantes da história do cristianismo e que carece de investigação, dado o crescimento gigantesco que o Pentecostalismo possui na atualidade. O foco na história do Movimento Pentecostal, e sua chegada ao Brasil e ao Rio Grande do Sul é tema de estudo e como esse movimento chega à cidade de Ijuí.

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SIGLAS

Adijuí – Assembleia de Deus de Ijuí CIEPADERGS – Convenção das Igrejas Evangélicas e Pastores das Assembléias de Deus no Estado do Rio Grande do Sul

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Charles Fox Pahram ...... 13 Figura 02 – William Joseph Seymour ...... 15 Figura 03 – e ...... 17 Figura 04 – Daniel Hogberg ...... 18 Figura 05 – Gunnar Vingren ...... 21 Figura 06 – Ata de Fundação da Adijuí ...... 35 Figura 07 – Aleixo Flores da Silva e Esposa ...... 36 Figura 08 – 1º Batismo em Ijuí ...... 37 Figura 09 – 1º Templo de Madeira ...... 37 Figura 10 – Adalberto Kolenda e Esposa ...... 38 Figura 11 – 1º Templo de Alvenaria ...... 39 Figura 12 – Início do Trabalho Social ...... 39 Figura 13 – Templo Matriz já Ampliado ...... 40 Figura 14 – João Ferreira Filho e Gessy ...... 40 Figura 15 – Vandir e Esposa...... 41 Figura 16 – Vilande e Esposa ...... 42 Figura 17 – Argemiro e Esposa ...... 42

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...... 8

1 O CRISTIANISMO ...... 10

2 OS PRECURSORES DO MOVIMENTO PENTECOSTAL MODERNO ...... 13 2.1 Charles Fox Pahram ...... 13 2.2 William Joseph Seymour ...... 15

3 OS PRECURSORES DO MOVIMENTO PENTECOSTAL MODERNO NO BRASIL ...... 17 3.1 Daniel Hogberg ...... 18 3.2 Gunnar Adolf Vingren ...... 21

4 HISTÓRIA DO MOVIMENTO PENTECOSTAL MODERNO E SUA CHEGADA AO BRASIL ...... 24 4.1 As Assembléias de Deus no Brasil ...... 27 4.2 As Assembléias de Deus no Rio Grande do Sul ...... 29 4.3 A Humilhante e Triste Despedida do Missionário Gustavo Nordlund e Elisabeth Nordlund ...... 31 4.4 Após a Crise Nils Taranger Assume a Igreja de Porto Alegre ...... 33

5 A HISTÓRIA DA IGREJA ASSEMBLÉIA DE DEUS DE IJUÍ ...... 35

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...... 44

REFERÊNCIAS ...... 46

ANEXO ...... 48

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INTRODUÇÃO

Toda e qualquer igreja, antes de ser igreja é uma manifestação social de um determinado grupo social. A formação da Igreja Evangélica Assembleia de Deus de Ijuí possui uma história e alguns indivíduos foram protagonistas dessa história. Como membro desta Igreja, aguçou-me o desejo de conhecer essa história e para isso foi necessário um longo percurso histórico para descortinar detalhes da construção dessa manifestação social chamada Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Ijuí. Uma das mais recentes doutrinas cristãs é o Pentecostalismo Moderno. Essa doutrina iniciou sua trajetória no início do século XX, nos Estados Unidos, e disseminou-se rapidamente através de missionários suecos que migraram para os Estados Unidos e foram os principais disseminadores de tais ideias no Brasil. Além disso, destacamos o avivamento (revival religioso) da Rua Azusa, conhecido como Street Azusa que foi o “avivamento” que marcou a cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos como o berço do Pentecostalismo Moderno. Alguns indivíduos, pastores e missionários tiveram significativa participação nesses acontecimentos e estão marcados historicamente como precursores do Movimento Pentecostal no Brasil e no Mundo. O desdobramento que cooperou com a chegada desta nova doutrina até nossas paragens é investigado e destacamos os sujeitos que fizeram isso acontecer. A formação social como igreja e instituição na cidade de Ijuí, hoje repleta de uma história na qual destacamos seus lideres, os pastores, como principais mentores e responsáveis diretos pela organização e prosperidade da instituição religiosa. Muitos detalhes não serão mencionados, porém destacamos que é uma instituição em que muitos sujeitos têm participado e seria quase impossível mencionar nome por nome devido a sua grandeza. Na elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso, adotei vários instrumentos de investigação: uma entrevista com um membro da Assembléia de Deus de Ijuí; investigação 9

documental e científica junto a seus arquivos e a literatura histórica produzida pela própria Igreja Assembleia de Deus no Brasil; consulta a fontes bibliográficas e eletrônicas, sobretudo, para os arquivos relacionados com a história da igreja nos EUA, Brasil e Rio Grande do Sul. A pesquisa ficou constituída de cinco capítulos. No primeiro capítulo procuro sublinhar alguns aspectos da história do cristianismo, relembrando seu surgimento, expansão nos primeiros séculos até sua oficialização como única religião do império romano e da Europa Medieval. O cristianismo nunca definiu com clareza o modo como ocorreu, por obra de Jesus, a salvação da humanidade de seus pecados. Ficava, em suspenso, para a maioria da população, sob que condições se realizaria sua “justificação”. Salvar-se pela fé ou pelas obras ou por ambas as vias? É este dilema que dá origem às indulgências, ou ao perdão dos pecados mediante a distribuição dos méritos da vida e da morte de Jesus. Com o passar dos séculos, esta prática ensejou a mercantilização das indulgências, propiciada, sobretudo pela ignorância e degradação moral do clero. As reformas religiosas, que iniciaram já no século XII visavam periodicamente conter tais abusos, afastar a igreja das intrigas políticas e dos interesses materiais e da riqueza. No segundo e terceiro capítulo tratamos de apresentar os homens que foram os responsáveis pela disseminação da doutrina Pentecostal Moderna. Consideramos que mereciam uma abordagem particular, frisando aspectos particulares e de suas origens. No quarto capítulo procuro apresentar uma história um pouco mais detalhada do Movimento Pentecostal Moderno, usando os diversos personagens que fazem parte desta história e dando uma ênfase em fatos e acontecimentos que foram cruciais para a compreensão desse movimento religioso. A introdução do Movimento Pentecostal Moderno em solo brasileiro é tratada nesse mesmo capítulo, e também a sua chegada até o Estado do Rio Grande do Sul. No quinto e último capítulo procuro deixá-lo exclusivo para a abordagem e discrição da História da Assembleia de Deus de Ijuí, seus principais personagens e seu crescimento e desenvolvimento até nossos dias.

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1 O CRISTIANISMO

Na atualidade as principais religiões mundiais, ou as religiões tronco, das quais se origina o maior número de ramificações são: Cristianismo, Islamismo, Judaísmo e Budismo. O Cristianismo e uma de suas ramificações serão objeto de estudo nesta pesquisa, a fração do cristianismo denominada de Pentecostalismo Moderno, que dá origem às Assembléias de Deus no Brasil e mais precisamente a Assembléia de Deus na cidade de Ijuí Estado do Rio Grande do Sul, será estudada. O Cristianismo é uma fração do Judaísmo, que se disseminou com o advento de Jesus (denominado Cristo). Os Judeus esperavam o Messias prometido, Jesus se apresenta como esse Messias, porém os Judeus o rejeitam. Uma parte muito significativa dos Judeus segue Jesus, e também eram seus discípulos próximos e o chamavam de Cristo (Messias), daí porque todo aquele que seguisse Jesus e seus ensinamentos era chamado de Cristão. As primeiras reuniões de Cristãos aconteceram logo após a morte de Jesus, aproximadamente no ano 33 a.D. No princípio a maioria dos cristãos judeus eram chamados de circuncisos, referindo-se a circuncisão. A circuncisão era um ato religioso que tinha como norma cortar o prepúcio do menino em forma cilíndrica em memória da aliança celebrada entre Javé e o povo de Israel. Acreditavam os judeus que era no o oitavo dia que a criança passa a viver com seu próprio sangue e não mais com o sangue da mãe, e também seria o dia, que segundo a mesma tradição, há menos sangue no corpo da criança, razão pela qual a cirurgia lhe causaria menor sangramento. A circuncisão não era um ato exclusivo da religião judaica, outros povos também a praticavam, sobretudo na África negra. Entretanto, para entrar para o judaísmo era e é necessário, segundo a Torá, ser circuncidado, mesmo já sendo adulto. Entendemos então que a maioria dos primeiros cristãos eram outrora adeptos do Judaísmo, e que apoiavam sua crença na Torá e nos demais livros do Antigo Testamento. O cristianismo, ao longo dos três primeiros séculos, espalha-se rapidamente pelo Império Romano e se converte, aos poucos, na medida em que cresce, num fator político. Em 312, o imperador Constantino, converte-se ao cristianismo. Nunca saberemos se o fez por mero oportunismo ou por convicção. O cristianismo agora é legalmente uma entre as várias religiões romanas, ao lado da religião oficial do Império. Somente no ano de 380, o imperador Teodósio, pelo edito de Tessalônica, impõe a fé cristã a todo o Império. O Cristianismo torna- 11

se então a religião única do Estado. As outras religiões são condenadas e os desvios heréticos são perseguidos. Surge a partir daí a Igreja Católica Romana (Católica significa em Grego: Universal de Todos; Única) e passa a exercer depois da queda do Império Romano, um amplo domínio sobre a Europa Ocidental. Como instituição hegemônica de uma sociedade fragmentada pelas sociedades bárbaras, ditava e/ou legitimava normas de comportamento moral, político e religioso, influindo decisivamente em toda a esfera da vida social e individual. Constituiu-se, desta forma, na civilização cristã, fundada nos ensinamentos do Novo e do Antigo Testamento. Nos séculos XI e XII, a igreja formula a doutrina segunda a qual são os méritos de Jesus e as obras do crente que salvam. Esta é a origem das indulgências, que significam perdão de dívidas, pecados ou crime, assim como, religiosamente, dispor dos méritos de Jesus para a justificação pessoal. No século XV, as profundas transformações da sociedade provocadas pelo movimento renascentista e humanista, as disputas políticas próprias da formação dos Estados modernos, a corrupção do clero e dos cristãos em geral transformaram a prática das indulgências num comércio lucrativo ensejando todo o tipo de abusos. Não é de se estranhar, então, que fossem práticas comuns no século XV e início do século XVI, a comercialização de indulgências, e relíquias de santos, pelas quais se podia comprar antecipadamente o perdão dos pecados no dia do juízo e, portanto, a justificação perante Deus e a salvação. O dinheiro das indulgências era revertido para a Igreja, seja para manter os Estados papais, seja para a construção de templos, ou manutenção da cidade de Roma, da qual o papa era o governante. No séc. XVI prosseguem as reformas religiosas que vinham sendo realizadas desde o século XIII, através dos movimentos anabatistas, pelo pentecostalismo do monge Joaquim de Fiore, pelo sacerdote John Wicleff, John Huss e muitos outros. É nesta tradição que as bem- sucedidas Reformas, lideradas inicialmente pelo monge agostiniano Martinho Lutero, que contrariando ensinamentos tradicionais da igreja, divide boa parte dos Teólogos e abre o caminho para a multiplicação de doutrinas cristãs. Martinho Lutero, em razão disso, ao fundar a Igreja Luterana, dá inicio a uma nova fase da história da igreja, com o surgimento de sucessivas igrejas, que receberam o nome genérico de Protestantes, por oposição à Igreja Católica. Os Protestantes, tal como os católicos, espalharam-se pelo mundo no embalo das navegações e grandes descobertas das rotas oceânicas que propiciaram a dominação da 12

América, de porções da Ásia e da África. A descoberta da imprensa através de tipos móveis realizada por Guttemberg favoreceu muito a divulgação das doutrinas dos reformadores. Os Protestantes, embora tenham multiplicado seu número, fragmentaram-se em muitas tendências, que podem ser assim classificadas: Os Protestantes Históricos; Os Protestantes Tradicionais; Os Protestantes Pentecostais. Os Protestantes Históricos são uma corrente de pensamento religioso derivada do cristianismo, mas contrária aos ensinamentos ditados pela igreja católica, bem como à sua organização hierárquica. Originam-se diretamente do pensamento de Martinho Lutero, João Calvino e do Rei Henrique VIII. A Igreja Luterana, a Igreja Calvinista e a Igreja Anglicana, são as principais representantes dessa linha protestante. Os Protestantes Tradicionais compreendem as Instituições Religiosas protestantes variando de acordo com as condições que lhes eram impostas pelos países onde surgiram nos séculos seguintes à Reforma luterana, calvinista e anglicana. Entre elas destacam-se: a Igreja Presbiteriana; Igreja Batista; e Igreja Metodista. Os atuais movimentos Protestantes Pentecostais são correntes do protestantismo que surgiram nos Estados Unidos, no início do século XX, a partir de dissidências dos movimentos Batistas e Metodistas. A Igreja Assembleia de Deus, Congregação Cristã, e Igreja Universal do Reino de Deus, são seus principais representantes. A Igreja Evangélica Assembleia de Deus de Ijuí- RS, objeto de nosso estudo, origina- se da vertente do cristianismo chamada Pentecostalismo, e faz parte das Assembleias de Deus do Brasil, fundadas em 1911, pelos Missionários Suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg. Estudar a sua formação e seus componentes são o objetivo que me proponho.Como não há ainda uma história da Igreja Assembleia de Deus Ijuí, tenho a satisfação de realizar esse trabalho no ano em que a Igreja completa seus setenta anos de história. Isto nos motiva muito a realizar esta pesquisa.

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2 OS PRECURSORES DO MOVIMENTO PENTECOSTAL MODERNO

Muitas referências indicam Charles Fox Pahram e Wiliam Seymour, como fundadores do Pentecostalismo Moderno, apesar da doutrina do pentecostalismo já existir durante muitos anos em muitas e diferentes congregações nos Estados Unidos e Reino Unido. Para compreendermos como se deu o surgimento do Movimento Pentecostal Moderno, precisamos conhecer um pouco da história desses dois homens que ficaram na memória como seus precursores.

2.1 Charles Fox Pahram

Figura 01 – Charles Fox Pahram Fonte: Wikipedia.org/wiki/Charles_fox_pahram.

No dia 04 de Junho de 1873, nascia um dos homens mais amado e ao mesmo tempo mais odiado dos Estados Unidos, Charles Fox Pahram. Pregador estadunidense considerado um instrumento fundamental na formação do pentecostalismo moderno. Pahram criou um movimento chamado de Apostolic Faith (Fé Apostólica) constituído por igrejas independentes inicialmente chamadas de “Missões” que cresceram no sul e oeste dos Estados Unidos, onde ele realizava suas reuniões. Embora a imprensa inicialmente fora favorável em algumas das localidades onde Parham ministrava algumas das maiores igrejas de linha principal, e a hierarquia eclesiástica 14

da cidade de Sião, não foram favoráveis ao seu ministério e fizeram de tudo para que seus ensinamentos não prosseguissem. Como resultado, alguns relatórios da imprensa tornaram-se mais negativos na medida em que seu ministério aproximava-se do ápice entre 1906 e 1907. Pahram foi uma figura controversa em todo seu ministério. Como um jornal comentou em 1916: “Ele é um dos homens mais amados e ao mesmo tempo um dos mais odiados em todos os Estados unidos”. Caluniadores de Pahram ainda estavam bem ativos em 1929, ano de sua morte, que de acordo com uma fonte seu eventual enterro foi adiado. A hostilidade direcionada a Pahram era evidenciada por impressões de notícias caluniadoras, baseadas em parte sobre rumores de um casal de jornalistas religiosos. Esse jornal parece ter aumentado uma reportagem imparcial impressa em 19 de Julho de 1907, edição de “Sam Antonio Light” Sam Antonio Texas, que dizia que Pahram foi detido por causa de imoralidades. A hostilidade religiosa dos jornais nunca mencionou que o tema foi imediatamente espalhado no local original dos jornais. As acusações nunca alcançaram o estágio de indiciamento, pois não havia nenhuma evidência que merecesse reconhecimento legal. Pahram foi acusado de sodomia, sem comprovação da acusação e também apontado com alegações de envolvimento com a maçonaria e a Ku klux Klan o que minou seu ministério. Pahram havia atuado como pastor de uma Igreja Metodista, sua decisão em abandonar esta igreja estava na sua crença pessoal na cura divina. Pahram na cidade de Topeka no Kansas fundou a Bethel Bible College, uma instituição que ficou conhecida pela prática da cura divina, assistência material e espiritual a pessoas de origem humilde e que estavam dispostos a atuar como missionários. O canal utilizado por Pahram para a disseminação dos conceitos era o jornal The Apostolic Faith, os metodistas americanos ensinavam a seus fiéis sobre duas bênçãos fundamentais aos cristãos, eram elas a conversão e santificação, a Teologia de Pahram ensinava sobre a necessidade da terceira benção: o batismo no Espírito Santo. No ano de 1905 Pahram se muda para Houston no Texas, onde fundou uma nova escola bíblica onde teve como um de seus alunos Wiliam Seymour, que assistia às aulas em uma cadeira posta no corredor por ser negro, quando os EUA viviam um período extremamente racista. Wiliam Seymour mais tarde se tornaria o líder do avivamento de Los Angeles. O Centro Charles Fox Pahram de estudo pentecostal carismático é um “mecanismo de investigação independente” no campus da South Texas Bible Institute, em Houston, Texas. É 15

uma das várias instituições que consideram Pahram o líder fundador do movimento pentecostal. A principal contribuição de Pahram foi sua interpretação doutrinária do Batismo do Espírito Santo e o seu requerimento como prova do falar em línguas.

2.2 William Joseph Seymour

Figura 02 – William Joseph Seymour Fonte: Wikipédia.org/wiki/Wiliam_Seymour.

No dia 02 de Maio de 1870, cidade de Centervile, no Estado Americano de Louisiana nascia o homem responsável pelo maior avivamento que os Estados Unidos já viram o avivamento da Azusa Street. Filho de ex-escravos católicos converteu-se a Igreja Batista, durante sua adolescência. Em 1895, com 25 anos, mudou para Indianápolis onde inicialmente exercia a função de Garçom e posteriormente de representante comercial. Em Indianápolis freqüentava a Igreja Metodista Episcopal, uma igreja predominantemente negra. Em 1905 mudou-se para Houston, onde passou a frequentar a recém formada escola bíblica de Charles Fox Pahram em uma cadeira colocada no corredor por ser negro. Foi nessa escola que aprendeu as doutrinas do movimento Holiness (movimento de Santidade) e desenvolveu a crença na glossolalia (mais conhecido como falar em línguas) como prova do Batismo no Espírito Santo. Seymour mudou-se depois para Los Angeles, onde passou a exercer o pastorado em uma igreja da metrópole nascente. No entanto, não foi bem aceito ao começar a pregar a mensagem de avivamento e batismo no Espírito Santo e foi expulso da paróquia. Na procura de um lugar para continuar seu trabalho ele fundou sua própria igreja, em um templo abandonado da Igreja Metodista Africana em Los Angeles, localizado na Rua Azusa nº 312, o resultado disso foi o Histórico Avivamento da Rua Azusa. 16

Seymour não só derrubou a existência de barreiras raciais em favor da “unidade em Cristo”, mas também rejeitou barreiras impostas às mulheres em qualquer forma de liderança de uma igreja. O avivamento liderado por William Seymour virou noticia rapidamente, e em 18 de Abril de 1906, o jornal Los Angeles Times, publicou uma extensa matéria sobre o movimento, denunciando uma nova “seita” onde fundamentalistas, em sua maioria negros e imigrantes pobres dizendo-se movidos pelo Espírito Santo de Deus, se manifestavam em línguas estranhas (glossolalia) e a pregação de curas e milagres. O avivamento em seu ápice durou três anos, de 1906 a 1909, e se tornou objeto de investigação de muitos protestantes da época. Alguns diziam que as visões de Seymour eram heréticas, outros aceitavam seus ensinamentos e retornavam as suas igrejas para repassá-los. O movimento resultante do avivamento da Street Azusa ficou conhecido como “Pentecostalismo” uma referência a passagem bíblica de Atos dos Apóstolos, capítulo 2, onde os discípulos receberam o batismo no Espírito Santo e falavam em outras línguas, fato que ocorreu no dia de Pentecostes. Los Angeles foi o berço pentecostal, e deu origem em todo mundo à maior parte das igrejas pentecostais existentes. As barreiras raciais que haviam foram quebradas, e brancos e negros passaram a cultuar juntos, esse foi uma das maiores heranças do avivamento da Rua Azusa. As mulheres que eram excluídas da liderança eclesiástica obtiveram graças ao avivamento essa barreira quebrada e a partir daí galgaram suas merecidas posições no meio eclesiástico sem nenhuma barreira preconceituosa que impeça. O Pentecostalismo foi a principal herança de William Seymour para a humanidade. O pentecostalismo reascendeu a discussão teológica para os protestantes no mundo, formando novas correntes teológicas de pensamento.

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3 OS PRECURSORES DO MOVIMENTO PENTECOSTAL MODERNO NO BRASIL

Os homens responsáveis pela introdução da doutrina pentecostal em solo brasileiro, ambos possuem a mesma nacionalidade, eram Suecos, e vieram juntos para o Brasil, com a intenção de divulgar tal doutrina. Chegaram ao Brasil em 1910, na cidade de Belém do Pará, enquanto Daniel Berg trabalhava, Gunnar Vingren estudava o Português e evangelizava. No ano de 1911, fundaram a Igreja Evangélica Assembleia de Deus. Em 2011, as Assembleias de Deus no Brasil completaram 100 anos de feliz existência. Hoje, é muito difícil no Brasil encontrar um município que não possua uma Igreja Evangélica Assembleia de Deus, e também é difícil encontrar algum país no mundo que não conte com pelo menos um missionário enviado por alguma Assembleia de Deus. O crescimento das Assembleias de Deus foi muito relevante, e hoje conta com milhões de fiéis no Brasil e no mundo. As Assembleias de Deus cresceram no seu início principalmente entre as camadas mais humildes da população brasileira, porém também alcançou muitos seguidores de outras frações sociais como médicos, advogados, engenheiros, professores, empresários, políticos em todas as esferas da vida pública. Hoje a Igreja tem um perfil social nitidamente heterogêneo. A Casa Publicadora das Assembleias de Deus –CPAD – é a principal responsável pela literatura produzida de cunho evangélico no Brasil e conta com milhares de impressos, que ajudam a manter a unidade das Assembleias de Deus. Além disso, a CGADB – Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil – mantém uma forte ligação entre as igrejas de todo Brasil mantendo dessa forma laços de unidade. O apoio das Convenções Estaduais é imprescindível para essa ligação.

Figura 03 – Daniel Berg e Gunnar Vingren Fonte: Wikipédia.org/wiki/glossolalia.

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3.1 Daniel Hogberg

Daniel Hogberg, conhecido no Brasil como Daniel Berg, nasceu no ano de 1884 na cidade de Vargon na Suécia, as margens do lago de Vernern. Quando o evangelho começou a entrar nos lares de Vargon, seus pais Gustav Vernern Hogberg e Fredrika Hogberg, o receberam e ingressaram na igreja Batista. Logo procuraram educar o filho nos princípios cristãos. No ano de 1899, Daniel converteu-se e foi “batizado nas águas”.

Figura 04 – Daniel Hogberg Fonte: Wikipédia.org/wiki/Daniel_ Berg.

Em 1902, aos 18 anos pouco antes do início da primavera nórdica, deixou seu país. Embarcou a 05 de Março, no porto de Gothemburgo, no navio MS Romeu, com destino aos Estados Unidos. “Como tantos outros haviam feito antes de min.” Frisava. O motivo a grande depressão que a Suécia vivia naquele ano. Em 25 de março de 1902, Daniel desembarcou em Boston. No Novo Mundo, sonhava como tantos outros de sua época em realizar-se profissionalmente. Mas Deus tinha um plano diferente e especial para sua vida. De Boston, viajou para Providence, Rhode Island, para se encontrar com amigos suecos, que lhes conseguiram um emprego numa fazenda. Permaneceu nos Estados Unidos por sete anos, onde se especializou como fundidor. Com saudades do lar, retornou à cidade natal, onde o tempo parecia parado. Nada havia se modificado, Só seu melhor amigo, 19

companheiro de infância, não morava mais ali. "vive em uma cidade próxima, onde prega o evangelho", explicou sua mãe. Logo chegou ao seu conhecimento que seu amigo recebera o “batismo no Espírito” Santo, coisa nova para sua família. A mãe do amigo insistiu para que Daniel o visitasse. Aceitou o convite. No caminho, estudou as passagens bíblicas onde se baseava a "nova doutrina". Chegando à igreja do amigo, encontrou-o pregando. Sentou e prestou atenção na mensagem. Após o culto conversaram longamente sobre a nova doutrina. Daniel demonstrou ser favorável. Em seguida, despediu-se e partiu sua intenção não era permanente na Suécia, mas retornar à América, do Norte. Em 1909, após despedir-se dos pais, em meio à viagem de retorno aos Estados Unidos, Daniel orou com insistência a Deus, pedindo o batismo no Espírito Santo. Como não estava preocupado como da primeira vez, posto que já conhecesse os EUA, canalizou toda sua atenção à sua busca da benção. Ao aproximar-se das plagas norte-americanas, sua oração foi respondida. A partir de então, sua vida mudou. Daniel passou a pregar mais a Palavra de Deus e a contar testemunho a todos. Ainda em 1909, por ocasião de uma conferência em Chicago, Daniel encontrou-se com o pastor batista Gunnar Vingren, que também fora batizado no Espírito Santo. Os dois conversaram haras sobre as convicções que tinham uma “chamada missionária”. Quanto mais dialogavam, mais suas chamadas eram fortalecidas. Quando Vingren estava em South Bend, Daniel Berg estava trabalhando numa quitanda em Chicago, quando o “Espírito Santo mandou que se mudasse para South Bend”, Berg abandonou seu emprego e foi até lá, onde encontrou Vingren pastoreando a Igreja Batista dali. "Irmão Gunnar, Jesus ordenou-me que eu viesse me encontrar com o irmão para juntos louvarmos o seu Nome", disse Berg. "Esta bem!", respondeu Vingren com singeleza. Passaram, então, a encontrar-se diariamente para estudar as Escrituras e orar juntos, esperando uma orientação de Deus. Após a revelação divina dada ao irmão Olof Uldin de que o lugar para onde deveriam ir era o Pará, no Brasil, Daniel Berg, contra a vontade dos seus patrões, abandonou o emprego. Eles argumentaram: "Aqui você pode pregar o evangelho também, Daniel; não precisa sair de Chicago". Mas ele estava convicto da chamada não voltou atrás. Ao se despedir, Berg recebeu de seu patrão uma bolacha e uma banana. Essa era uma tradição antiga nos Estados Unidos. Simbolizava o desejo de que jamais faltasse alimento 20

para pessoa que recebesse a oferta. Esse gesto serviu de consolo para Berg, que em seguida partiu com Vingren para Nova York, e de lá para o Brasil em um navio. No Pará, Daniel, que logo se empregou como caldeireiro e fundidor na companhia Port of Pará, recebendo salário de doze mil reis, passou a custear as aulas de português ministradas a Vingren por um professor particular. No fim do dia, Vingren ensinava o que aprendera a Daniel. Justamente por isso Berg nunca aprendeu bem a língua portuguesa. O dinheiro que sobrava era usado na compra de Bíblias. Tão logo começou a se fazer entender na língua portuguesa, passou a evangelizar nas cidades e vilas ao longo da estrada de ferro Belém-Bragança, enquanto Vingren cuidava do trabalho recém-nascido na capital. Como o evangelho era desconhecido no interior do Pará, Berg se tornou o pioneiro da evangelização na região. É que as igrejas evangélicas existentes na época não tinham recursos suficientes para promover a evangelização no interior. Após a evangelização de Bragança, tornou também o pioneiro na evangelização na Ilha de Marajó, onde peregrinou por muitos anos, abordo de pequenas ou grandes canoas. Berg ia de ilha em ilha, levando a mensagem bíblica aos pequenos grupos evangélicos que iam se formando por onde passavam. No início de 1920, Daniel visitou a Suécia onde se enamorou de jovem Sara, com quem se casou, em julho daquele ano. Em março de 1921, retornou ao Brasil acompanhado com sua esposa. Em 1927, o casal Berg mudou-se para São Paulo, onde Daniel continuou fazendo o seu trabalho de evangelismo. Daniel Berg sempre foi muito humilde e simples. Em suas pregações e diálogos sempre demonstrou essas virtudes. Ninguém o via irritado ou desanimado. Sempre que surgia algum problema, estas eram suas palavras: "Jesus é bom. Ele salva, batiza no Espírito Santo e cura os enfermos. Ele faz tudo por nós. Glória a Jesus! Aleluia!". No Ano de Ouro (1961) das Assembleias de Deus no Brasil, comemorado em Belém, Berg estava lá, inalterado, enquanto os irmãos faziam referência à sua atuação no início da obra. Para ele, a glória era única e exclusivamente para Jesus. Berg considerava-se apenas um instrumento de Deus. Nas comemorações do Jubileu no , no maracanãzinho, quando o pastor Paulo Leivas Macalão colocou em sua lapela uma medalha de ouro, Berg externou visivelmente em seu rosto a ideia de que não merecia tal honra. Até 1960, Berg recebeu, “diretamente de Deus”, a cura de suas enfermidades mediante a oração da fé. Em 1963, foi hospitalizado na Suécia. Mesmo assim, ainda trabalhando para o 21

Senhor. Ele saia da enfermaria para distribuir folhetos e orar pelos que se decidiam. A disciplina interna do hospital não lhe permitia fazer aquilo, por isso uma enfermeira foi designada para impor-lhe a proibição. Porém, ao deparar-se com o homem de Deus alquebrado pelo peso dos anos, mas vigoroso em sua tarefa espiritual, não teve coragem e desistiu da tarefa. Berg, então, continuou a oferecer literaturas. Finalmente, em 1963, aos 79 anos, Daniel Berg passou a descansar nas moradas celestiais. Quando a morte chegou, encontrou-o sorridente e feliz. Ele então não temeu. Seu tesouro estava guardado.

3.2 Gunnar Adolf Vingren

Figura 05 – Gunnar Vingren Fonte: Wikipédia.org/wiki/Gunnar_vingren.

Conhecido no Brasil como Gunnar Vingren, nasceu num lar evangélico, em oito de agosto de 1879, em Ostra Husby, Ostergotland, Suécia. Seu pai era jardineiro, profissão que Vingren exercerá até os 19 anos. Gunnar Vingren sentiu a chamada de Deus pela primeira vez aos nove anos de idade. Porém, esteve longe da igreja entre os 12 e 17 anos, reconciliando-se durante um culto de vigília. Em 1897, aos 18, foi batizado nas águas na Igreja Batista em Wraka, Smaland, Suécia, vindo a assumir a liderança da Escola Dominical. Mas, foi lendo um artigo sobre missões numa revista nesse mesmo ano que foi impactado pela chamada de Deus para sua própria 22

vida. Ano seguinte, participou de uma Escola Bíblica de um mês em Gbtabro, Narke, onde foi muito tocado pela mensagem. Seu primeiro campo de trabalho foi na província de Skane, seguido de muitos outros lugares; finalmente viajando para os Estados Unidos em 1903. Ali, assumiu a direção da Igreja Batista Menominee, Michigan. Em novembro de 1909, Gunnar Vingren visita a Primeira Igreja Batista Sueca, em Chicago, onde é batizado com o Espírito Santo e conhece Daniel Berg. Em 1910, vai para a Igreja Batista em South Bend, Indiana, onde havia um grande avivamento. Gunnar Vingren chegou a Belém no dia 19 de novembro de 1910. Em 18 de junho de 1911, tornou-se o primeiro pastor da Assembléia de Deus, liderando um grupo de dezenove irmãos. Diferente de Daniel Berg que, pelo ministério de evangelista itinerante e vigor físico, era incansável em viagens, Gunnar Vingren exerceu mais o ministério pastoral propriamente dito, cuidando do rebanho. Era uma pessoa de saúde frágil, extremamente amorosa e tinha como particularidade orar pelos enfermos. A biografia de Gunnar Vingren estaria incompleta se não fizéssemos referência à irmã Frida Standberg Vingren, a quem conheceu em 10 de agosto de 1917 durante uma viagem que fez a Suécia. Frida compartilhou a Gunnar Vingren que também tinha uma chamada de Deus para o Brasil. Enviada como missionária pela igreja da Suécia, Frida casou-se com Gunnar Vingren em 16 de outubro de 1917, em Belém, numa cerimônia presidida pelo pastor Samuel Nystrbm. O casal teve seis filhos: Ivar, Rubem, Margit, Astrid, Bertil e Gunvor. Frida Vingren, enfermeira, foi muito atuante no ministério. Oficialmente, o ministério de Gunnar Vingren como nosso primeiro pastor começou em 18 de junho de 1911. Ele esteve na liderança da igreja até 1924. Portanto, foram 13 anos e alguns meses de ministério. Por motivo de saúde, viajou duas vezes para a Suécia nesse período. Gunnar Vingren era um pastor com formação teológica e preocupava-se muito com a instrução do povo. Suas pregações eram profundas e edificantes. A Igreja nascia sobre o solo firme das Escrituras. Essa visão de Gunnar Vingren levou-o a criar um serviço de tipografia no templo, hoje denominado, de TV. 9 de Janeiro. Ali, em 10 de novembro de 1917, junto com seus cooperadores, editou o primeiro jornal pentecostal brasileiro, a “Voz da Verdade", dirigido por Almeida Sobrinho e João Trigueiro. 23

Em 18 de janeiro de 1919, juntamente com Samuel Nystrbm, fundou em Belém o jornal "Boa Semente", precursor do atual Mensageiro da Paz. Além dos jornais, também eram editadas em Belém Bíblias e revistas da Escola Dominical. A primeira "Harpa Cristã" foi impressa em Belém em 1921 chamava-se Cantor Pentecostal, com 44 hinos e 10 corinhos. À medida que aqueles primeiros crentes pregavam a Palavra, o Senhor ia salvando, curando e batizando com o Espírito Santo. Como fruto, Deus levantou muitos obreiros para auxiliar Gunnar Vingren. Isidoro Filho e Absalão Piano foram “consagrados” em 1912 e 1913, respectivamente. Foram eles os primeiros pastores pentecostais brasileiros. Seguiram-lhe: Crispiniano Meio, Pedro Trajano, Adriano Nobre, Clímaco Bueno Aza e João Pereira de Queiroz. Em 15 de dezembro de 1919, a igreja consagrou como pastor o irmão José Paulino Estumano de Moraes. Foram auxiliares de Gunnar Vingren em Belém: Daniel Berg, Samuel Nystrbm, Nels Nelson, Almeida Sobrinho e Bruno Skolimowski, polonês que chegou a Belém em 1909 em busca de emprego e que, em dois de março de 1921, tornou-se o primeiro estrangeiro consagrado a pastor no Brasil. Estudou português e propagou a doutrina pentecostal de maneira proselitista inicialmente entre Batistas em Belém, e posteriormente entre os ribeirinhos da Amazônia e entre o nordeste do Brasil. Na década de 1920 mudou-se para o Rio de Janeiro a fim de ampliar sua atividade missionária. No desejo de que todo o Brasil recebesse a mensagem, foram enviados missionários a Alagoas e Pernambuco. Gunnar Vingren com sua família foram para o sul, passando pelo Rio de Janeiro, depois Santa Catarina e outras cidades no estado de São Paulo. Após outra série de viagens, Gunnar voltou alguns anos depois para residir permanentemente no Rio de Janeiro. Assim como no Pará, a obra pentecostal no Rio de Janeiro crescia exponencialmente. De 5 a 10 de setembro de 1930 houve uma importante Conferência Nacional dos obreiros pentecostais em Natal; a principal decisão foi a de que a obra missionária na região norte estaria sendo dirigida exclusivamente por obreiros nacionais. Os anos seguintes foram de grande expansão da obra, sobretudo no Rio de Janeiro. No dia 15 de agosto de 1932, o pastor Gunnar Vingren e sua família despediam-se da igreja do Rio de Janeiro e do Brasil voltando à Suécia. Gunnar Vingren, no tempo que viveu no Brasil, apresentou alguns problemas de saúde que se agravaram depois que retornou à Suécia. No dia 29 de junho de 1933 ele entrou no descanso eterno. Sua esposa, através de uma carta enviada ao Brasil, descreveu detalhadamente a paz, a confiança e o consolo estampados no semblante de Gunnar no seu momento último.

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4 HISTÓRIA DO MOVIMENTO PENTECOSTAL MODERNO E SUA CHEGADA AO BRASIL

O surgimento do Movimento Pentecostal Moderno é um dos principais fenômenos religiosos da história da igreja no século XX. Por causa do enorme crescimento do pentecostalismo e do impacto que este tem causado nas igrejas e na sociedade, particularmente no Brasil, é importante conhecer a sua história e as suas características. Para compreendermos melhor, o que é o batismo no Espírito Santo e o movimento Pentecostal, temos que nos reportar aos tempos bíblicos e observar que, Pentecostes era uma festa judaica que ocorria 50 dias após a páscoa, o fato acontecido exatamente no dia de Pentecostes é descrito no livro de Atos dos Apóstolos:

E cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; e de repente vem do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. (Bíblia, 2009, p.164)

Portanto foi atribuído a expressão pentecostes, ou pentecostalismo a todo movimento religioso que evidencia as manifestações do Espírito Santo, como prática religiosa, ou onde acontecem manifestações do Espírito Santo acompanhadas da glossolalia. Para ficar mais claro citamos um pequeno trecho de Atos dos Apóstolos:

(...) e dizendo Pedro ainda esta palavra caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviram a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios. Porque os ouviram falar línguas e magnífica a Deus. (Bíblia, 2009, p.179)

Na segunda metade do século XIX, posteriormente a guerra civil americana, o movimento pentecostal surgiu nas igrejas metodistas dos Estados Unidos. Estas igrejas foram denominadas holiness (santidade) e passaram a reproduzir um novo ensinamento, onde colocavam o batismo com o Espírito Santo como sendo uma experiência espiritual mais profunda. Próximo ao ano de 1900, Charles Fox Parham, um pregador pertencente à igreja metodista, deu início a um instituto bíblico na cidade de Topeka, no Kansas, na região central 25

dos Estados Unidos. Segundo o pensamento de Parham, manifestações de glossolalia já haviam ocorrido anteriormente, no entanto ele trazia um novo paradigma, onde colocava o fenômeno da glossolalia como sendo uma evidência inicial do batismo no Espírito Santo conforme se evidencia em Atos dos Apóstolos: “E impondo-lhes Paulo a mão veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam” (BÍBLIA, 2009, p.164). Parham, juntamente com seus alunos, realizaram um culto de vigília no dia 31 de dezembro de 1900, a fim de esperar o novo século. Neste culto uma de suas alunas solicitou que Parham orasse por ela lhe impondo as mãos, a fim de que ela recebesse o Espírito Santo, já que almejava ser missionária em algum país. Então, nessa reunião, essa aluna recebeu o dom de falar em línguas, nos dias que sucederam a reunião, o fenômeno voltou a se repetir, sendo que metade dos estudantes da escola, inclusive Parham, recebeu o mesmo dom. O trabalho de Parham cresceu disseminando sua escola e a nova doutrina por grande parte dos Estados Unidos. Então no ano de 1905, Charles Parham abriu uma nova escola bíblica em Houston, no Texas. Foi nesta escola que Wiliam J. Seymour um ex garçom e representante comercial negro, se interou dos ensinos de Parhan. Nesta época os Estados Unidos passavam por um momento de grande discriminação racial, tanto é que Seymour tinha de assistir a aula do lado de fora da sala, por ser negro. Neste período Seymour foi convidado a ministrar aulas em uma pequena congregação da cidade de Los Angeles. Ali passou a congregar, mas logo foi excluído, já que membros da mesma não aceitaram a pregação de Seymour no que diz respeito ao batismo no Espírito Santo e o dom de línguas. Então ele permaneceu na cidade de Los Angeles, sozinho sem dinheiro até mesmo para voltar para Houston. Outro cidadão Edward Lee, compadecido da situação de Seymour o hospedou por algum tempo, em seguida este se mudou para casa de Richard Asbery. Foi na casa da família Asbery, na Rua Bonnie número 214, que se iniciaram as reuniões de oração dirigidas por Seymour. Este grupo reuniu algum dinheiro e levou para uma dessas reuniões Lucy Farrow, amiga de Seymour e que já havia recebido o batismo no Espírito Santo. Nesta reunião as maiorias das pessoas presentes receberam o mesmo dom, o que ajudou a fortalecer e disseminar as reuniões, tanto que nos dias subsequentes a casa da Rua Bonnie passou a ficar lotada de pessoas buscando o batismo no Espírito Santo. O grande número de pessoas que começaram a participar dessas reuniões obrigou os participantes a encontrarem um novo lugar para se reunir. Foi aí que eles encontraram um prédio que havia pertencido a uma igreja Metodista Episcopal, localizado na Rua Azusa número 312. O primeiro culto foi realizado na Rua Azusa no dia 14 de abril de 1906. 26

Imediatamente essas reuniões passaram a atrair a atenção das pessoas e da imprensa, tanto que o principal jornal da cidade escreveu um artigo sobre as reuniões onde ridicularizava Seymour e seus seguidores. Sobre esse assunto, Conde escreve:

A Rua Azusa transformou-se em poderosa fogueira divina, onde centenas de milhares de pessoas de todos os pontos da América, ao chegarem atraídas pelos acontecimentos e para ver o que estava se passando ali, eram batizadas com o Espírito Santo, e ao retornarem para suas cidades levavam essa chama viva que alcançava também outras pessoas. (CONDE, 2005)

O movimento que se iniciou na Rua Azusa alcançou pessoas de outras regiões dos Estados Unidos, como outros países. As pessoas chegavam ao local e eram impactadas com o que viam e ouviam, as reuniões eram barulhentas. Estas iniciavam às 10 da manhã e continuavam por pelo menos doze horas, muitas vezes terminando as duas ou três da madrugada seguinte. Foi nesse momento que o avivamento alcançou a cidade de South Bend, no Estado de Indiana, onde Gunnar Vingren conheceu e tornou-se seguidor do movimento. Segundo Conde:

Atraídos pelos acontecimentos do avivamento de Chicago, o jovem originário da Suécia foi a essa cidade a fim de saber o que realmente estava acontecendo ali. Diante da demonstração do poder divino, ele creu e foi batizado com o Espírito Santo. (CONDE, 2005)

Gunnar Vingren, juntamente com Daniel Berg, foi o responsável por propagar o pentecostalismo para o Brasil. Conde, falando sobre o momento do encontro dos dois jovens companheiros de evangelização, coloca que:

Pouco tempo depois, Gunnar Vingren participou de uma convenção de igrejas Batista, em Chicago. Essas igrejas aceitaram o movimento pentecostal. Ali ele conheceu outro jovem sueco que se chamava Daniel Berg. Esse jovem fora batizado com o Espírito Santo. (CONDE, 2005).

Nesse momento se deu início à amizade entre os dois jovens, que foram responsáveis por propagar o movimento pentecostal por quase todo o território brasileiro. Ainda sobre a Rua Azusa, uma das características marcantes dessas reuniões foi o caráter multicultural da mesma, onde não se fazia acepção de pessoas e podiam participar das reuniões, desde negros, brancos, hispanos, asiáticos e imigrantes europeus. Também na liderança da congregação não havia divisão entre negros e brancos, homens e mulheres. 27

Com o tempo iniciaram crises internas, que tiveram como algumas causas: personalidade, fanatismo, divergências doutrinárias e separação racial. Com a onda de crise, Seymour e alguns líderes negros que o auxiliavam acabaram assumindo o controle da congregação, excluindo aqueles que estavam instigando rebeldia. Com o passar do tempo diminui a intensidade das orações e vigílias, entrando em declínio, isso após três anos de reuniões diárias de alta intensidade. O chamado Avivamento da Rua Azusa terminou definitivamente no ano de 1922 com a morte de Seymour e com a morte de sua esposa em 1936. Então a igreja fechou suas portas e o edifício foi demolido. Mas um novo capítulo na história da igreja havia começado, já que todos aqueles que foram tocados de alguma forma pelas reuniões, serviram como disseminadores desse novo braço do cristianismo, o pentecostalismo.

4.1 As Assembléias de Deus no Brasil

A Igreja Assembléia de Deus teve seu início no Brasil no Estado do Pará, com a chegada naquele Estado de dois missionários suecos: Daniel Berg e Gunnar Vingren. Eles chegaram ao território brasileiro no dia 19 de novembro de 1910, na cidade de Belém, vindos dos Estados Unidos da América. Inicialmente os missionários se integraram a Igreja Batista em Belém. Sobre isso, Conde escreve:

Como Daniel Berg e Gunnar Vingren estivessem até aquele momento ligados à Igreja Batista na América ( as igrejas que aceitavam o avivamento permaneciam com o mesmo nome), Justus Nelson os acompanhou à Igreja Batista, em Belém e os apresentou ao responsável pelo trabalho, pastor Raimundo Nobre. E, assim os missionários passaram a morar nas dependências da igreja. (CONDE, 2005)

Um dos primeiros contatos dos dois jovens missionários foi com o Sr. Justus Nelson, que sensibilizado pela situação dos dois jovens os encaminhou ao responsável pela Igreja Batista, o Sr. Raimundo Nobre, que os hospedou nas dependências da Igreja. Os missionários traziam consigo uma nova mensagem, ainda desconhecida em nosso país: a doutrina do batismo no Espírito Santo, cuja comprovação primária era a glossolalia, ou seja, falar em línguas estranhas, diferentes, conforme o Espírito Santo, uma das pessoas da trindade divina de acordo com o cristianismo, concedia que se falasse. Esse já havia sido observado em muitas reuniões dos Estados Unidos e em raras vezes em alguns países da Europa. A primeira pessoa a receber esse dom, em solo brasileiro foi à senhora Celina Albuquerque. Vingren, assim relata esse acontecimento: 28

Nos cultos de oração que se seguiram, aquela irmã começou a buscar o batismo com o Espírito Santo. O seu nome era Celina de Albuquerque. Na quinta feira, depois do culto, ela continuou orando em sua casa, juntamente com outra irmã. Há uma hora de madrugada a irmã Celina começou a falar em novas línguas, e continuou falando durante duas horas. Foi, portanto a primeira operação de batismo com o Espírito Santo feita pelo Senhor Jesus em terras brasileiras. (VINGREN, 2000)

Essa nova doutrina, além da cura divina preconizada por Daniel Berg e Gunnar Vingren, trouxe muitas dissensões dentro da Igreja Batista. Parte da igreja recebeu o novo ensino como mensagem divina, enquanto que a outra ignorou a mensagem, repugnando-a e colocando-a no campo do fanatismo ou da loucura. Para que a discórdia dentro da igreja fosse resolvida foram realizadas duas assembléias gerais. De acordo com as atas das sessões foi decidido que os propagadores da nova doutrina (posteriormente chamados de pentecostais relembrando o fenômeno ocorrido entre os apóstolos do inicio da igreja nos dias da festa judaica chamada de Pentecostes) seriam desligados da comunhão de membros da Igreja Batista, assim como todos aqueles que aderissem a esta. Isso ocorreu no dia 18 de junho de 1911. Segundo Conde, estes foram desligados:

Para conhecimento da posteridade, registramos aqui os nomes dos que arbitrariamente, foram excluídos daquela Igreja Batista por haverem recebido a fé apostólica do batismo com o Espírito Santo: Celina e seu marido Henrique de Albuquerque; Maria Nazaré; José Plácido, Piedade e Prazeres da Costa, esta, respectivamente esposa e filha daquele; Manoel Maria Rodrigues e esposa, Jerusa Rodrigues; Emilia Dias Rodrigues; Manoel Dias Rodrigues; João Domingues; Joaquim Silva; Bem vindo Silva, Teresa Silva de Jesus e Isabel Silva, respectivamente esposa e filhos; José Batista de Carvalho e esposa, Maria José de Carvalho; Antônio eram membros e os outros Mendes Garcia. Dessa lista 17 eram membros e os outros menores de idade. (VINGREN, 2000)

Expulsos da Igreja Batista por defenderem a doutrina pentecostal, os missionários fundaram uma nova denominação e lhe deram o nome de Missão Apostólica da Fé, relembrando o nome empregado pelo movimento pentecostal da Rua Azusa, mas sem qualquer ligação administrativa com Wiliam Seymour (fundador do movimento em Los Angeles). A partir de então, os cultos passaram a ser realizados na residência de Celina de Albuquerque, ex-membro da Igreja Batista, que havia aceitado a nova doutrina. Posteriormente, em 18 de janeiro de 1918 a nova igreja, por proposta de Gunnar Vingren, ocorreu à mudança da denominação. De Missão Apostólica da Fé, passou a ser chamada de Assembleia de Deus, inspirado na fundação das Assembléias de Deus nos 29

Estados Unidos, no ano de 1914, em Hot Springs, no Arkansas, mas outra vez sem qualquer vínculo institucional entre ambas as igrejas. A Assembléia de Deus no Brasil cresceu significativamente no Estado do Pará, alcançou, através de missionários, territórios nos Estado do Amazonas, chegando também à região Nordeste. O movimento pentecostal preconizado pelos missionários cresceu, principalmente entre as camadas mais pobres da população, chegando ao Sudeste em torno do ano de 1922, através de famílias que migraram do Pará para aquela região. No ano de 1922, a Primeira Igreja Evangélica Assembléia de Deus do Estado do Rio de Janeiro foi aberta no Bairro de São Cristóvão, e fortaleceu-se com a mudança do missionário Gunnar Vingren, de Belém do Pará para o Rio de Janeiro, em 1924. A formação e desenvolvimento da Igreja Assembléia de Deus no Brasil teve forte influência sueca devido à nacionalidade dos missionários fundadores do movimento. A igreja pentecostal escandinava, sobretudo a Igreja Filadélfia de Estocolmo a partir de 1924, assumiram o sustento de Gunnar Vingren e Daniel Berg e enviaram outros missionários para dar apoio aos novos membros em seu papel evangelístico. A partir de 1930, quando se realizou um concílio da igreja na cidade de Natal no Estado do Rio Grande do Norte, a Assembléia de Deus no Brasil tornou-se independente passando a ter autonomia interna, sendo administrada unicamente pelos pastores residentes no Brasil, contudo não se perderam os vínculos fraternais com a Igreja na Suécia. De 1936 em diante as Assembléias de Deus dos EUA passaram a contribuir maciçamente para o desenvolvimento da Igreja no Brasil, enviando missionários os quais se envolveram diretamente com a estruturação teológica da denominação.

4.2 As Assembléias de Deus no Rio Grande do Sul

O primeiro culto no Estado do Rio Grande do Sul foi realizado no dia 15 de Abril de 1924 na cidade de Porto Alegre. Este culto contou com a presença de apenas quatro pessoas: o Missionário Gustavo Nordlund, sua esposa Elisabeth, seu filho Herberto (que foram enviados para fundar a igreja no Estado do Rio Grande do Sul) e um ancião de 70 anos de idade, que se chamava José Correia da Rosa, o qual havia entrado no local do culto com o único objetivo de abrigar-se da chuva torrencial que caia. Este, após ouvir a mensagem que Gustavo Nordlund trazia, converteu-se ao cristianismo pentecostal e foi batizado em águas por imersão, tornando-se o primeiro membro da igreja Assembléia de Deus no Estado do Rio Grande do Sul. A capela onde os primeiros cultos foram realizados era pequena e simples, com apenas 30

quatro bancos que acomodavam, no máximo, vinte pessoas. Sobre essa questão, Conde escreve:

Em 02 de fevereiro de 1924 chegou a Porto Alegre, após haver passado oito meses em Belém do Pará, o missionário Gustavo Nordlund e família. Não havia qualquer pessoa à sua espera. Porém o anjo do Senhor caminhava à frente de seus servos. Em 15 de abril do mesmo ano foi realizado o primeiro culto da Assembléia de Deus no Estado do Rio Grande do Sul, na Rua Maryland, bairro de Monte Serrat. Além da família Nordlund, o único assistente foi um ancião de 70 anos de idade, João Correia da Rosa, que aceitou a Cristo naquela noite. (CONDE, 2005)

Cinco meses depois no dia 19 de outubro de 1924, mais dez pessoas foram batizadas nas águas do Rio Guaíba, em Porto Alegre. Depois deste batismo o Missionário Gustavo Nordlund realizou a primeira Santa Ceia no templo da Rua Maryland, com os doze primeiros membros da Igreja. Neste mesmo dia foi organizada e constituída oficialmente a Igreja Evangélica Assembleia de Deus do Estado do Rio Grande do Sul, com sede em Porto Alegre. Um ano depois, em 1925, em um domingo de Páscoa, foi inaugurada a primeira sede própria da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, em Porto Alegre com capacidade para 200 pessoas, localizada na Travessa Azevedo. Quatro anos, mais tarde, em 1929, como o número de fiéis aumentava consideravelmente, foi alugado um prédio na Rua Cristóvão Colombo, 580, no centro da capital gaúcha, que comportava 800 membros efetivos da igreja. Sobre essa questão, conde coloca que:

Em 20 de outubro de 1929 a igreja em Porto Alegre, atendendo ao progresso do trabalho, inaugurou um salão mais amplo em uma das principais ruas da cidade Cristóvão Colombo, 580. O ato de inauguração foi uma oportunidade para os membros de a igreja convidar amigos e vizinhos. (CONDE, 2005)

No ano de 1939, após uma festa, foi inaugurado o grande Templo na Rua General Neto 384. Este se tornou na época o maior templo evangélico da América Latina, com capacidade para 3000 pessoas sentadas. Sobre isso, Conde escreve:

Fevereiro de 1939 tornou-se uma data histórica para a Assembléia de Deus em Porto Alegre. No dia 26 do citado mês, estando presentes os obreiros do Estado, autoridades e representantes de várias igrejas evangélicas, inaugurou-se o templo da Assembléia de Deus na Rua General Neto, 384. Quando foi inaugurado, era na época o maior entre os da Assembléia de Deus. (CONDE, 2005)

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Como a igreja continuava a crescer aumentando a cada dia mais o número de fiéis, o missionário e pastor da igreja, Gustavo Nordlund, convidou o Pastor sueco Nils Taranger, para lhe ajudar em todo o trabalho. Na Suécia, Nils Taranger trabalhava evangelizando e louvando a Deus com seu acordeão, desde os seus dezesseis anos de idade. O Pastor Nils Taranger, de 30 anos de idade aceitou o convite e chegou a Porto Alegre, após uma escala de poucos dias no Rio de Janeiro. Durante cerca de dois anos Nils Taranger dedicou-se ao aprendizado da língua portuguesa, com a ajuda de pastores membros da igreja e professores. Depois disso começou o seu trabalho de evangelismo, tanto em Porto Alegre como em outras cidades do Estado, sendo fundamental para o crescimento e solidificação das igrejas que já haviam sido fundadas.

4.3 A Humilhante e Triste Despedida do Missionário Gustavo Nordlund e Elisabeth Nordlund

Após 30 anos de trabalho missionário no Estado do Rio Grande do Sul, e a recém perda de seu filho único Herberto Nordlund, o casal de missionários Gustavo e Elisabeth Nordlund, foram alvo de calúnias e difamações por um grupo de dissidentes da Igreja de Porto Alegre.

Não houve despedida para Gustavo e sua Esposa. Os pioneiros do trabalho em Porto Alegre precisaram sair como se fugindo às pressas, escondidos para não sofrerem nenhum atentado. E aqueles que os ameaçavam eram os mesmos a quem haviam evangelizado batizado em águas, consagrado a obreiros e pastores. (STEIN, 2002)

O ano de 1954 registrara em Porto Alegre uma das maiores lutas já ocorrida na história das Assembléias de Deus no Brasil. Com o passar dos dias foi deflagrada por alguns grupos uma agressiva campanha para retirar Gustavo Nordlund da presidência da igreja, a fim de colocar em seu lugar um dos líderes do movimento, que semeava entre o povo tal idéia. A situação começou a fugir ao controle, apesar dos inúmeros esforços feitos por Gustavo e pelos pastores do interior do Estado para acalmar os rebeldes. Por diversas vezes a Junta de Pastores esteve reunida, sobretudo com os representantes das igrejas do interior do Estado, para tentar uma reaproximação. Sem muito sucesso. O problema tornava-se cada vez mais sério, com desdobramentos ainda mais agravantes, que apenas pioravam a situação. 32

No dia 23 de Outubro de 1954 a Junta de Pastores se reuniu e decidiram pelo afastamento da comunhão da igreja todos os que causavam a desordem. Durante as festividades de 30 anos da igreja de Porto Alegre, os cultos foram realizados com o auxílio dos pastores do interior, que haviam sido chamados para a pregação da palavra. Na cidade de Canoas realizou-se o culto comemorativo. Sem evidentemente qualquer ambiente para comemorações. Durante o culto daquela noite, quando o pastor Sven, da Suécia, transmitia a palavra, a igreja foi invadida por um grupo de pessoas que, aos gritos tentavam subir ao púlpito para tirar os pastores de lá. Para proteger Gustavo e os outros pastores que ali estavam os irmãos Jesuíno e Manoel Dorneles colocou-se nas escadas de acesso ao púlpito para que ninguém subisse. Assim conseguiram evitar o pior, apesar de no auge da confusão a luz ser apagada, aumentando o transtorno. Após a chegada da polícia, Gustavo foi retirado em segurança e alguns dias depois o templo em Niterói foi lacrado pela justiça. As paredes da igreja, como também os muros da cidade, estavam repletos de pichações com palavras difamatórias contra os missionários suecos. Além de folhetos espalhados pela cidade com o mesmo conteúdo. Esta foi uma das maiores injustiças cometidas pelo grupo dissidente, pois Gustavo Nordlund além de não receber salário da igreja destinava o Bônus que vinha da Missão Sueca para ajudar no sustento dos irmãos necessitados. Além disso, ainda foi ao ar um programa radiofônico na rádio Farroupilha, que ao invés de anunciar a Cristo, ofendia a igreja e a Missão Sueca. As ofensas chegaram a tal ponto que os diretores da radio foram obrigados a retirar o programa do ar, pois sua repercussão estava trazendo uma imagem negativa para a emissora. Antes de sua eminente saída, por já estar velho e por toda essa perseguição, Gustavo Nordlund, reúne os pastores e comunica sua eminente saída. Os pastores ficaram a noite em oração no subsolo da igreja, pedindo a Deus que lhes desse uma saída. Naquele momento havia em porto Alegre apenas três pessoas que poderiam assumir o lugar de Gustavo à frente da igreja: Jesuíno de lima, Manoel Dorneles e Orvalino Lemos. Já que lideravam a resistência aos rebeldes, Jesuíno e Manoel Dorneles preferiram não aceitar a indicação, pois a situação poderia vir a piorar. Orvalino, devido a motivos de saúde, também ficou impossibilitado de assumir a igreja, deixando-os sem nenhuma alternativa. Quando o dia estava amanhecendo, os pastores continuavam em oração, buscando a orientação de Deus. De repente, Jesuíno levantou-se e tomou a palavra – nós temos o homem 33

certo para contornar essa situação – Todos o olhavam esperando a resposta. – É Nils Taranger, que está em Bagé – Vamos trazê-lo para cá. O Missionário Gustavo Nordlund e sua esposa Elisabeth Nordlund, após mais de trinta anos de trabalho missionário no Rio Grande do Sul, deixam o solo gaúcho sem seu único filho Herbert, que ficou nesse solo, e retornam para Estocolmo, capital da Suécia, já velhos e entristecidos pela situação vexatória e sem ter ao menos um culto de despedida, porém deixou Nils Taranger como seu sucessor.

Para dar-lhes proteção, Jesuíno e Manoel, juntamente com o Dr. Décio Freitas, os acompanharam de avião até Santos. De lá, Gustavo e Elizabeth seguiram de navio para a Suécia. Enquanto isso, no dia 03 de março de 1955, a família Taranger viajava para Porto Alegre. (STEIN, 2002)

4.4 Após a Crise Nils Taranger Assume a Igreja de Porto Alegre

O pastor Nils Taranger que também era sueco, já estava no Brasil desde o ano de 1946, aprendeu o idioma e no ano de 1948 havia assumido o trabalho da Igreja de Bagé, com o intuito de auxiliar o filho do Missionário Gustavo, Herberto Nordlund, que atendida às igrejas da fronteira, e sofria de leucemia, doença que mais tarde veio a falecer. Em 1955, o trabalho em Bagé crescia mais e mais, expandindo-se para outras cidades. E Nils era estimado por todos na fronteira. Apesar de a situação em Porto Alegre ser bastante complicada, a igreja aceitou bem o novo pastor, que aos poucos consegui contornar os problemas e apaziguar os ânimos. Os irmãos também demonstraram muito amor para com eles. Em pouco tempo, começaram a receber de volta aqueles que haviam saído e também acrescido de outros. Após se habituar aos costumes e ao clima gaúcho, o Pastor Nils e sua esposa Mary, assumiu a presidência da igreja de Porto Alegre, cargo que ocuparam por quarenta e três anos. Neste período desenvolveram um trabalho de grande envergadura, dando continuidade às obras já iniciadas pelo Pioneiro Gustavo Nordlund, empenharam-se no envio e sustento de missionários, no trabalho social e na edificação de novos templos. Por motivos de saúde, no dia 19 de Outubro do ano de 1988, o Pr. Nils foi substituído na gestão da Igreja de Porto Alegre, pelo Pastor João Ferreira Filho, que também se tornou Presidente da CIEPADERGS, órgão responsável pela organização e coordenação das Assembléias de Deus no Estado do Rio Grande do Sul, juntamente com sua esposa Gessy de Viegler Ferreira. João Ferreira Filho, durante 27 anos havia liderado a igreja Evangélica 34

Assembléia de Deus de Ijuí. Contudo sua liderança em Porto Alegre não durou muito tempo. Quatro anos e nove meses após assumir a presidência da Igreja de Porto Alegre e da CIEPADERGS, o Pastor João Ferreira Filho, devido a problemas de saúde, precisou exonerar- se do cargo, passando suas atribuições ao Pastor Ubiratan Batista Job, no dia 07 de julho de 2003. Este ocupa a presidência da CIEPADERGS até o presente momento.

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5 A HISTÓRIA DA IGREJA ASSEMBLÉIA DE DEUS DE IJUÍ

A História da Igreja Assembléia de Deus de Ijuí, teve seu início em meados do ano de 1940. As primeiras reuniões foram realizadas nas residências de pessoas simpatizantes da causa. Na medida em que foi aumentando o número de adeptos, verificou-se a necessidade de aquisição de imóvel para a realização dos cultos e reuniões da membrezia. Assim descreve o Pastor Mario de Souza, vice presidente da Assembléia de Deus de Ijuí, sobre os primeiros cultos:

(...) os cultos eram realizados em casas de famílias, não tinha ainda a Igreja, não possuía templo, posteriormente então à Igreja adquiria um terreno com uma pequena capela, da primeira igreja Batista, foi o primeiro imóvel adquirido pela Igreja Assembléia de Deus aqui na cidade de Ijuí. (Fonte: Mario Souza)

A fundação da Igreja Assembléia de Deus de Ijuí, se deu no dia 23 de Outubro do ano de 1942, isso dezoito anos após a chegada do Missionário Sueco Herberto G. Nordlund, ao Estado do Rio Grande do Sul, que se fazia presente neste dia e estava sobre seus ombros ser Ministro e Procurador Geral das Assembléias de Deus no Estado do Rio Grande do Sul. A ATA de fundação, assim descreve este ato solene:

Figura 06 – Ata de Fundação da Adijuí Fonte: Arquivo da Adijuí. 36

Ata da secção de Assembléia Geral e Extraordinária da fundação da Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Ijuí. Aos 23 dias do mês de Outubro do ano de mil novecentos e quarenta e dois, sobre a presidência do irmão Herberto G. Nordlund, Ministro e Procurador Geral para o Estado do Rio Grande do Sul, das Igrejas Evangélicas Assembléia de Deus, foi realizada a secção de Assembléia Geral Extraordinária de fundação da Assembléia de Deus de Ijuí. (ATAS, ADIjuí).

Até aquele momento a Igreja pertencia à jurisdição de Cruz Alta e após a fundação os seus membros passaram à Jurisdição de Ijuí. Inicialmente foram aprovados os estatutos que norteariam o funcionamento da mesma e depois foi eleita a primeira diretoria. A primeira ATA da Igreja, assim relata a escolha dos membros da primeira diretoria:

Para constituir a diretoria ou administração da Igreja conforme artigo 8º dos Estatutos foi eleito os seguintes irmãos: Presidente Aleixo Flores da Silva; 1º Secretário, Adalgisa Flores da Silva e 1º Tesoureiro José Bencov. De acordo com o artigo 10º dos mesmos estatutos foram eleitos para constituírem a comissão de contas os seguintes irmãos: Waldemar Gonçalves, Micacino de Souza Pereira e João Hedlund e Deolinda Maria Gonçalves. (ATAS, Adijuí)

Conforme a ATA de fundação, assume como o 1º Pastor Presidente Aleixo Flores da Silva. Como este residia em Santo Ângelo, eles realizavam visitas esporádicas a Ijuí, pois o trabalho não tinha grandes demandas, uma vez que o número de fiéis era pequeno. Mesmo assim sob sua liderança os membros da Igreja percorreram o território do município de Ijuí e cidades vizinhas anunciando o evangelho e buscando conquistar membros para a Assembléia de Deus de Ijuí.

Figura 07 – Aleixo Flores da Silva e Esposa Fonte: Arquivo da Adijuí.

Os primeiros cultos da Assembléia de Deus em Ijuí eram realizados em casas de famílias que faziam parte da Igreja. O Pastor Mario Silva de Souza assim descreve o início dos cultos:

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O Pastor Aleixo ficou mais ou menos uns cinco ou seis anos realizando culto em casas das famílias da Igreja, inclusive também servia como a Igreja, o salão do Gervi, ali na Coronel Dico, onde eram realizados cultos, e posteriormente que a Igreja adquiriu essa propriedade, onde está localizado hoje o templo matriz na rua 14 de Julho.( Fonte Oral, Sr. Mario Souza).

Figura 08 – 1º Batismo em Ijuí Fonte: Arquivo da Adijuí.

Inicialmente os cultos além de serem realizados nas casas dos membros da Assembléia de Deus de Ijuí, eram realizados também no salão do GERVI (tradicional salão de festas da cidade de Ijuí), Depois na década de 1950, foi adquirido o primeiro imóvel pela Igreja na cidade, localizado na Rua 14 de Julho, onde hoje (2011), se encontra a sede da Igreja Assembléia de Deus de Ijuí. O local adquirido possuía uma pequena capela de madeira que anteriormente pertencia à Primeira Igreja Batista de Ijuí, este local passou a ser a sede da Assembléia de Deus de Ijuí, e local de reunião de seus membros, que cada dia aumentava mais em número.

Figura 09 – 1º Templo de Madeira Fonte: Arquivo da Adijuí. 38

O Pastor Aleixo Flores da Silva foi transferido para a cidade de São Leopoldo, em 1951, na região metropolitana de Porto Alegre. Assume a Igreja de Ijuí, o Pastor Adalberto kolenda Lemos, que já trabalhava juntamente com o Pastor Aleixo, desde o início dos trabalhos nessa cidade. Ele era originário da cidade de São João do Rio Preto, no Estado de São Paulo. Como consta em ATA, no dia 18 de agosto de 1952, a Igreja Assembléia de Deus de Ijuí, se reuniu a fim de tratar de assuntos referentes à transição do pastorado desta igreja. Assim consta na ATA:

Tendo a presente reunião como finalidade a transferência de pastorado do irmão Aleixo Flores da Silva para Adalberto Kolenda Lemos (...) apresentou em breves palavras o irmão Adalberto Kolenda Lemos para pastorear esta igreja, que por todos foi cordialmente recebido e saudado como pastor dessa igreja, bem como sua esposa. (ATAS, Adijuí)

Com a presença de inúmeras autoridades da Igreja Assembléia de Deus, vindas de diversas regiões do Estado do Rio Grande do Sul, foi realizada a cerimônia de transferência do pastorado, do Sr. Aleixo Flores da Silva, para o Sr. Adalberto Kolenda Lemos, e que esse seria sustentado com a ajuda da Igreja Assembléia de Deus de Santo Ângelo, devido a falta de recursos da Igreja de Ijuí.

Figura 10 – Adalberto Kolenda e Esposa Fonte: Arquivo Adijuí.

No inicio da década de sessenta é demolido o templo de madeira, situado a Rua 14 de Julho, e no mesmo local é erguido um templo de alvenaria, isso na gestão do Pastor Adalberto Kolenda Lemos. A madeira da antiga capela foi utilizada para construir uma nova congregação no bairro Elisabeth, sendo a 1º sub sede da Assembléia de Deus de Ijuí, hoje no ano de 2011, já constam 37 sub sedes, distribuídas entre os bairros da cidade e também no interior. 39

Figura 11 – 1º Templo de Alvenaria Fonte: Arquivo Adijuí.

Durante a liderança do Pastor Adalberto Kolenda Lemos e sua esposa Maria de Lourdes Kolenda Lemos, houve intenso trabalho nas questões sociais do município. A década de sessenta é marcada com a fundação da casa lar “Lar das Meninas”, ou “Instituto Lar Bom Abrigo.” Em entrevista o Pastor Mario silva de Souza, assim descreve esse período:

Em 1960, aconteceu a fundação do Instituto Lar Bom Abrigo, que ampara meninas órfãs, então esse trabalho social iniciou na década de sessenta, através da mui saudosa irmã Maria de Lourdes Kolenda Lemos, que foi a fundadora do Instituto Lar Bom Abrigo, também foi fundada a sociedade beneficente” Gota de Leite”, essa instituição tinha o objetivo de auxiliar aquelas mães, que quando davam à luz aos seus filhos,eram desprovidas de recursos.Elas recebiam dessa sociedade beneficente um enxoval para os recém nascidos, também foi fundado na época o asilo de amparo a velhice “Nosso Lar”, que amparava pessoas idosas, e muitas vezes sozinhas que não possuíam familiares, porém com o tempo foi instinto e juntamente com ele a Instituição Gota de Leite, restando somente o Lar Bom Abrigo.(Fonte: Mario Souza)

A obra social sempre teve lugar de destaque dentro da Igreja Assembléia de Deus de Ijuí, na década de sessenta, teve destaque a Fundação do “Lar Bom Abrigo”, também “Instituição Gota de Leite”, e do asilo “Amparo a Velhice”. A instituição Gota de Leite, e o asilo de Amparo a Velhice, foram instintos, restando somente o Lar Bom Abrigo.

Figura 12 – Início do Trabalho Social Fonte: Arquivo da Adijuí.

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Transferido da cidade de São Sepé, em março de 1972, o Pastor João Ferreira Filho e sua esposa Gessy de Viegler Ferreira, assumiram a liderança da Igreja Assembléia de Deus de Ijuí, substituindo o Pastor Adalberto Kolenda Lemos. Neste período a Assembléia de Deus experimentou um crescimento vertiginoso. Muitas construções de templos em diversos bairros da cidade, e no interior do município, e em diversas cidades vizinhas foram realizadas. O templo matriz da Assembléia de Deus de Ijuí foi ampliado, e foi construída uma casa pastoral, nos fundos da mesma que hoje abriga a sede administrativa da igreja.

Figura 13 – Templo Matriz já Ampliado Fonte: Arquivo da Adijuí.

Figura 14 – João Ferreira Filho e Gessy Fonte: Arquivo Adijuí.

Gessy de Viegler Ferreira dedicou-se muito à obra social no município alavancando e fortalecendo o Lar Bom Abrigo, principal instituição de assistência social da Igreja Assembléia de Deus de Ijuí, além de outras atividades sociais, como a distribuição de alimentos aos menos favorecidos. O Pastor João Ferreira Filho, alcançou destaque e chegou à liderança da Convenção Estadual de Líderes das Assembléias de Deus do Estado do Rio Grande do Sul. No ano de 1998, o Pastor João Ferreira Filho, precisou deixar a liderança da 41

Assembléia de Deus de Ijuí, para assumir a liderança da Assembléia de Deus de Porto Alegre. Para assumir a igreja de Ijuí, foi designado o Pastor Vandir Ribas Ferreira, da cidade de Gravataí, o livro de Atas assim descreve a posse do Pastor Vandir:

(...) culto de ação de graças pelos 45 anos de ministério do Pastor João Ferreira Filho, sua despedida em razão da transferência para o campo de Porto Alegre e recepção do Pastor Vandir Ribas Ferreira, para assumir este campo de trabalho. (ATAS, Adijuí)

Figura 15 – Vandir e Esposa Fonte: Arquivo Adijuí.

No dia 24 de outubro de 1998 se realizou a solenidade que marcou a transferência do pastorado da Igreja Assembléia de Deus de Ijuí,do Pastor João Ferreira Filho, para o Pastor Vandir Ribas Pereira.A permanência do Pastor Vandir Ribas Pereira, foi muito breve, sendo que dois anos após ter assumido o cargo ele foi novamente transferido para pastorear outra cidade. No ano de 2000, assume o Pastorado da Igreja Assembléia de Deus de Ijuí, o Pastor Jesus Vieira Vilande. Em cerimônia solene ocorreu à transferência do Pastorado, onde o Pastor Vandir Ribas Pereira, transferiu seu cargo ao Pastor Jesus Vieira Vilande. Assim consta em ATA essa transferência de pastorado:

Às 19 horas e 30 min.do dia 04 de Julho do ano de 2000, nesta cidade de Ijuí, Estado do Rio Grande do Sul, sob convocação do Pastor Presidente Vandir Ribas Pereira, reuniram os membros da Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Ijuí, em sua sede à rua 14 de Julho 246, para uma Assembléia Extraordinária, constatando da pauta: culto de despedida do Pastor Vandir Ribas Pereira, em razão de transferência para o campo de Charlau, e recepção do Pastor Jesus Vieira Vilande e família para assumir este campo de trabalho. (ATAS, Adijuí)

No dia 04 de Julho do ano de 2000, ocorre a despedida do Pastor Vandir Ribas Pereira, e a posse do novo Pastor Jesus Vieira Vilande, como novo Pastor Presidente da Assembléia de Deus de Ijuí. 42

Figura 16 – Vilande e Esposa Fonte: Arquivo da Adijuí.

O Pastor Jesus Vieira Vilande, havia sido missionário no país do Uruguai juntamente com sua família durante muitos anos. Sua permanência na presidência da Igreja Assembléia de Deus de Ijuí, foi muito curta, durando apenas 05 anos. No ano de 2005, o Pastor Jesus Vieira Vilande foi transferido para a cidade de Parobé, assumindo em seu lugar a Presidência da Igreja Assembléia de Deus de Ijuí, o Pastor Argemiro Rodrigues da Silva e sua esposa Juraci Terezinha da Silva. Assim consta na ATA da Igreja, a transferência:

Aos 19 dias do mês de Abril do ano de 2005, às 19 horas e 30 min. Os membros da Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Ijuí, reuniram-se em sua sede à Rua 14 de Julho nº 246, sob convocação de seu presidente Pastor Jesus vieira Vilande, para uma assembléia Geral Extraordinária (...). O Pastor Ubiratan Batista Job, Presidente da Convenção dos Pastores das Assembléias de Deus do Estado do Rio Grande do Sul, que ao assumir a direção da reunião, informou aos membros presentes que sob o pálio estatutário da CIEPADERGS, o Pastor Jesus Vieira Vilande acabara de ser transferido para assumir a presidência da Igreja Assembléia de Deus de Parobé, neste Estado, e que acabara de ser designado para assumir a presidência da Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Ijuí, o Pastor Argemiro Rodrigues da Silva, com a aprovação de todo o plenário presente. (ATAS, Adijuí)

O Pastor Argemiro Rodrigues da Silva e sua esposa Juraci Terezinha da Silva, que já há décadas haviam sido membros dessa Igreja retornam a Ijuí, após anos de trabalho pastoral em outras cidades. Eles haviam pastoreado as cidades de: Augusto Pestana, Condor, Horizontina, e Parobé. Atualmente (2012) pastoreiam a Igreja Assembléia de Deus de Ijuí que conta com um número aproximado de três mil membros.

Figura 17 – Argemiro e Esposa Fonte: Arquivo da Adijuí. 43

O início da Igreja Assembléia de Deus de Ijuí, foi modesto, com poucos membros e existia pouco recurso financeiro e necessitava da ajuda financeira de outras cidades, porém com o passar dos anos, a situação melhorou e hoje (2012), a igreja é auto-sustentável e, além disso, ainda mantém financeiramente as cidades de: Ajuricaba, Nova Ramada, Bozano. Também conta com sete missionários em países como: Guiné Bissau, Uruguai, Argentina e no Estado do Acre (Brasil). Assim a formação da Igreja Assembléia de Deus de Ijuí ocorreu de forma lenta e gradativa, mas cresceu de forma que atualmente (2012), é uma das principais instituições religiosas do município de Ijuí, e neste ano (2012), esta completando 70 anos de história.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Leitores atentos certamente encontrarão grandes lacunas em meu trabalho. E eles têm razão. Gostaria porem, de dizer-lhes que não me foi possível, com tempo exíguo de que dispunha, de forma sistemática e adequada, examinar arquivos, ler os livros de atas, entrevistar pessoas, de uma instituição que completa setenta anos de existência. Entretanto, não tive em momento algum a intenção de esgotar meu objeto de estudos. Sei que serão necessárias muitas outras pesquisas tanto com o objetivo geral de reconstruir os grandes momentos ou uma “história geral” da Igreja Assembleia de Deus de Ijui, quanto de investigar aspectos específicos de sua história tais como: - a historiados pastores que atuaram desde a fundação da Igreja de Ijuí; - a história da expansão física, material da Igreja, com seus templos, bens e recursos; - séries estatísticas dos membros da igreja; dos cultos, dos batismos, casamentos, enterros; - história das instituições fundadas para dar assistência a grupos sociais da sociedade de Ijuí: Lar da Menina (originalmente Lar Bom Abrigo), Amparo à velhice e Gota de Leite, assim como das pessoas que as animaram e as administraram, bem como das pessoas que aí encontraram apoio, assistência e amparo; - história fotográfica da Igreja Assembleia de Deus de Ijuí; - por sua importância como pastor local e sua projeção no rio Grande do Sul é fundamental a elaboração de uma biografia detalhada do Pastor João Ferreira filho. Como costumava dizer o grande escritor e pensador Umberto Ecco: uma boa pesquisa pode dar passo a outras pesquisas, que podem durar toda a vida de uma pessoa. Espero poder, pelo menos em algum grau seguir pesquisando este tema, que interessa não só aos estudiosos da academia, mas, sobretudo aos membros da própria Igreja. 45

De um ponto de vista metodológico, tentei dar conta de três dimensões que me pareciam importantes: de um lado, fazer um quadro geral do surgimento do pentecostalismo e da Igreja Assembleia de Deus nos Estados Unidos no início do século XX, prosseguir na construção de um quadro geral do surgimento e expansão da Igreja no Brasil e no Rio grande do sul e finalmente, sua chegada em Ijui, há setenta anos, e sua consolidação ao longo deste período. Por outro lado, para dar conta dessa tríplice dimensão, utilizei fontes bibliográficas de segunda mão para todos os temas, exceto para a Igreja de Ijui, para a qual pude utilizar fontes primárias junto a seus arquivos de atas, fotografias, relatórios e entrevista com o pastor Mario Silva de Souza, vice-presidente da Assembleia de Deus de Ijui. Lamento não ter podido entrevistar as pessoas que estão e estiveram ligadas às instituições de assistência social de Igreja. Penso realizar esta tarefa em outro trabalho. Penso que seja importante desenvolver um projeto de memória da Igreja mediante a realização de entrevistas com membros da Igreja, pessoas idosas que guardam da história da instituição uma memória social e religiosa que de outro modo se perderia. A esta iniciativa poder-se-ia dar o nome de Arquivo da Memória Viva. Com este trabalho de pesquisa, embora de caráter inicial, espero ter contribuído para a conservação da memória coletiva da comunidade ijuiense que se constitui entorno à Igreja Assembleia de Deus. Espero que possa ser lido com proveito tanto pelos “irmãos” da Igreja, quanto por acadêmicos e estudiosos dos fenômenos sociais de caráter religioso. Agradeço a todas as pessoas, da Igreja e da Universidade, que me auxiliaram e me apoiaram nesta tarefa acadêmica. A elas ofereço, com carinho, o resultado final, provisório, a que cheguei. Prometo que prosseguirei em pesquisas futuras a investigar esta temática que me é muito cara. Finalmente, gostaria, mais uma vez, de enfatizar que a História tem por objetivo resgatar conhecimentos que, de outro modo, perder-se-iam no esquecimento. Por isso, a pesquisa que realizei sobre a História da Igreja Assembleia de Deus de Ijuí a considero uma contribuição significativa, pois resgatou a lembrança-memória de personagens fundamentais de sua formação, assim como relatou seu avanço no decorrer dos seus setenta anos na cidade de Ijuí. Particularmente, fiquei satisfeito com os resultados obtidos, mesmo com a exiguidade de tempo que não me permitiu como enfatizei explorar a riqueza documental e oral existente nos arquivos da igreja e na memória dos membros de sua comunidade.

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REFERÊNCIAS

Bibliografia

BÍBLIA, Bíblia Sagrada. O Antigo e Novo Testamento . São Paulo: Geográfica, 12ª ed.2009.

CONDE, Emílio. História das Assembléias de Deus no Brasil .4ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.

FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas Técnicas para Trabalho Científico: Elaboração e Formatação. 14ª Ed. Porto Alegre: Ampliada e Atualizada, 2007.

STEIN, Luciano. Nils Taranger, Um Coração Missionário no Sul do Brasil. Porto Alegre: CPAD, 2002.

VINGREN, Ivar. Diário do Pioneiro Gunnar Vingren. 5ª Ed. Rio de janeiro: CPAD, 2000.

Sites

HTTP://pt.Wikipedia.org/wiki/Charles_Fox_Parham. Consultado em 31/01/2012 às 23h02min.

HTTP://pt.wikipedia.org/wiki/Daniel_Berg. Consultado em 23/12/2011 às 10h39min.

HTTP://pt.wikipedia.org/wiki/Glossolalia. Consultado em 01/02/2012 às 10h17min. http://pt.wikipedia.org/wiki/Gunnar_Vingren. Consultado em 20/12/2011 às 10h02min.

HTTP://pt.wikipedia.org/wiki/William_Seymour. Consultado em 31/01/2012 às 23:52min.

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Fonte Oral

Entrevista realizada com Sr. Mario Silva de Souza, membro da Igreja Assembléia de Deus de Ijuí, e atualmente pastor vice presidente (Anexo).

Arquivos

Arquivo fotográfico da Assembléia de Deus de Ijuí.

Livro de Atas da Assembléia de Deus de Ijuí 1942 até o ano de 2012.

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ANEXO

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Anexo 1

Entrevista realizada com Sr. Mario Silva de Souza, pelo aluno da UNIJUI – Tiago de Cordova – concedida no dia 12 de Novembro de 2011.

Entrevista com Sr. Mario Silva de Souza vice presidente da Assembléia de Deus de Ijuí

No dia 12 de novembro de 2011, o aluno acadêmico do curso de História, entrevista o Sr. Mario Silva de Souza, com a finalidade de obter detalhes sobre a história da Assembléia de Deus de Ijuí. Tiago – Sr. Mario, qual a sua ligação com a Igreja Assembléia de Deus de Ijuí? Mario – Nós nos convertemos em 1955, e a fundação da Igreja aconteceu em 1942. Tiago– Quais as principais pessoas que fizeram parte do início dessa história? Mario – O primeiro pastor Presidente foi Aleixo Flores da Silva, que veio nomeado através do Presidente e fundador das Assembléias de Deus no Estado do Rio Grande do Sul. Sr. Herberto Gustavo Nordlund. Tiago– Ele foi o primeiro? Mario – Foi o primeiro pastor que assumiu trabalho da Igreja na cidade de Ijuí, Pastor Aleixo Flores da Silva. Tiago– Nessa época já havia uma sede, uma igreja? Mario – Não, os cultos eram realizados nas casas dos irmãos, nas casas de famílias, não tinha ainda a igreja, não possuía templo, posteriormente então à igreja adquiriu um terreno com uma pequena capela de madeira, da igreja Batista... Foi o primeiro imóvel adquirido pela Igreja Assembléia de Deus aqui na cidade de Ijuí. Tiago– A localização? Mario – A localização na Rua 14 de Julho onde hoje se encontra o templo matriz da Igreja Assembléia de Deus de Ijuí, posteriormente foi construída um novo templo na gestão do pastor Adalberto Kolenda Lemos, que foi segundo pastor presidente da Igreja Assembléia de Deus de Ijuí. Tiago– Essa igreja foi adquirida logo no início da chegada do Pastor Aleixo nesta cidade? Ou demorou um tempo? Mario – Não, demorou ainda um tempo. Ele ficou mais ou menos uns cinco ou seis anos realizando culto em casas das famílias da Igreja, inclusive também serviam como salão para 50

cultos o GERVI, tradicional salão de festas da cidade, ali na Coronel Dico, e posteriormente aqui na 14 de julho onde hoje é o templo matriz. Tiago- Qual ano seria isto? Mario – foi na década de 50 que a igreja adquiriu esta propriedade, e na década de 60 foi construído o templo de alvenaria, foi demolido o templo, esse pequeno templo de madeira, essa pequena capela de madeira, e foi construído um templo de alvenaria, isso na gestão do Pastor Adalberto Kolenda Lemos, posteriormente na administração do Pastor João Ferreira Filho foi ampliado este templo de alvenaria, ele ampliou o templo e também construiu nos fundos do templo uma casa pastoral que serve hoje como secretaria e alguns apartamentos para a casa pastoral. Tiago– O Pastor Aleixo, quantos anos permaneceu na cidade? Mario – O Aleixo permaneceu aqui em Ijuí, aproximadamente uns 02 anos, o Pastor Kolenda uns 21 anos e o Pastor João Ferreira Filho 27 anos e alguns meses quase 28 anos. Tiago– Depois desse pastor? Mario – Depois do pastor João Ferreira então, com a ida do Pastor João Ferreira, a Porto Alegre, foi destacado para Ijuí como Pastor Presidente o Pastor Vandir Ribas Pereira, que ficou aqui 02 anos sendo substituído pelo Pastor Jesus Vieira Vilande, que também ficou aqui aproximadamente 05 anos depois assumiu o trabalho o atual pastor Presidente Argemiro Rodrigues da Silva. Tiago – Como é que foi o crescimento da igreja no início? Mario – A Igreja iniciou com um número relativamente pequeno de membros e aos poucos então esse número foi aumentando, e hoje a igreja praticamente conta com 3.500 membros no campo de Ijuí. Tiago– A igreja de Ijuí tem várias congregações? Mário – Tem aproximadamente ela tem 23 congregações nos bairros e também em municípios vizinhos como Ajuricaba, Nova Ramada e Bozano, que são municípios que são jurisdicionados ao campo de Ijuí. Tiago– Qual seria o trabalho da Igreja para a comunidade? Mario – Além do trabalho de evangelização que a igreja realiza, também nós temos o trabalho social, esse trabalho social ele já iniciou praticamente na década de 60, quando foi fundado o instituto Lar Bom Abrigo que ampara meninas e meninos órfãos, então esse trabalho social iniciou nos anos 60 através da mui saudosa irmã, Maria de Lourdes Kolenda Lemos, além do instituto Lar Bom Abrigo, também foi fundado a sociedade beneficente Gota de Leite, essa instituição ela tinha o objetivo de auxiliar aquelas mães que, quando davam luz aos seus 51

filhos, então elas recebiam dessa sociedade beneficente um enxoval para os recém nascidos, também foi fundado na época o Asilo Amparo a Velhice Nosso Lar, que amparava pessoas idosas, e muitas vezes não tinham familiares que eram pessoas sozinhas, então esse asilo amparava essas pessoas, e com o tempo foi extinto da sociedade, a sociedade Gota de leite e o Asilo Nosso Lar, restando somente como obra social o Lar bom Abrigo. Tiago– Desses líderes da igreja qual deles teve maior importância? Que teve seu trabalho, mais destacado? Mario – A gente destaca que o trabalho que a gente pode considerar como grande progresso no trabalho da igreja foi justamente na administração do Pastor Adalberto Kolenda Lemos, e também na administração do Pastor João Ferreira Filho, foram os pastores que mais tempo permaneceram como pastores presidentes no campo de Ijuí. Tiago – Qual a importância da igreja de Ijuí, para a Assembléia de Deus no Estado? Mario – A igreja Assembléia de Deus de Ijuí se destacou por ser sede da presidência da convenção por aproximadamente 10 anos. Já que o Pastor João Ferreira Filho exerceu esse mandato durante todo esse tempo não só como presidente, mas também como secretário da convenção, e também Ijuí foi à sede do 1º Congresso Sul Riograndense de Jovens, com a participação de jovens de todo o Estado, jovens da Argentina, Uruguai, inclusive da Suécia, tivemos representantes de jovens da Suécia naquela oportunidade. Tiago – Quais os meios utilizados para o crescimento da igreja de Ijuí? Mario – No inicio havia muita dificuldade para a evangelização, pois muito poucos irmãos possuíam carro. Os cultos eram feitos nas residências e ao ar livre, os irmãos se deslocavam a cavalo para realizar as reuniões. Também nós tínhamos um programa de rádio na Rádio Progresso de Ijuí, que também era um meio de evangelização e também um meio de comunicação da Igreja, esse programa, depois com o decorrer do tempo, aí surgiram outros meios como se foi construindo templo nos bairros e a evangelização se tornando mais fácil não tão difícil como no início da igreja. Tiago – Qual o papel da evangelização, qual o benefício que traz? Mario – Os benefícios da evangelização é mostrar para as pessoas que existe um Deus, e transforma as vidas através da obediência à sua palavra que é a bíblia sagrada.

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Declaração

Eu, Mario Silva de Souza, estado civil casado declaro para os devidos fins que cedo os direitos da Minha entrevista sobre a história da Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Ijuí, gravada no dia 12 de Novembro de 2011, para a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), para usá-la integralmente ou em partes, sem restrições de prazos e citações, desde a presente data. Da mesma forma, autorizo terceiros a ouvi-la e transcrevê-la, ficando vinculado o controle à Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), que tem sua guarda.

Ijuí, 12 de Novembro de 2011.

Mario Silva de Souza