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EMIRADOS ÁRABES: O OÁSIS DO DESENVOLVIMENTO NO ORIENTE MÉDIO Ighor Botti de Souza1, Rafaela Gomes Bravo 2

Copyright 2008, Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis - IBP Este Trabalho Técnico foi preparado para apresentação na Rio Oil & Gas Expo and Conference 2008, realizada no período de 15 a 18 de setembro de 2008, no Rio de Janeiro. Este Trabalho Técnico foi selecionado para apresentação pelo Comitê Técnico do evento, seguindo as informações contidas na sinopse submetida pelo(s) autor(es). O conteúdo do Trabalho Técnico, como apresentado, não foi revisado pelo IBP. Os organizadores não irão traduzir ou corrigir os textos recebidos. O material conforme, apresentado, não necessariamente reflete as opiniões do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, seus Associados e Representantes. É de conhecimento e aprovação do(s) autor(es) que este Trabalho Técnico seja publicado nos Anais da Rio Oil & Gas Expo and Conference 2008.

Resumo

O referido artigo tem como foco principal ilustrar um parâmetro entre o desenvolvimento dos Emirados Árabes Unidos – de seu histórico petrolífero (incluindo seu auge, na década de 1970) – e a preocupação do país com a diversificação econômica, tendo em vista que as jazidas de petróleo são finitas. Mesmo estando entre os maiores detentores de petróleo do mundo, os governantes do país já se preocupam com o futuro da economia. A proposta do governo consiste em investir seus exorbitantes royalties, provenientes da indústria petrolífera, em mega construções e inovações futurísticas, principalmente em . Segundo as previsões feitas pela divisão de gestão de ativos e investimentos do banco saudita National Commercial Bank (no início do ano de 2008), os Emirados Árabes deverão se tornar o país com maior independência da indústria de petróleo e gás entre os membros do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) e cerca de 70% do PIB, produto interno bruto, do país provirá de setores não-petrolíferos. Isso significa que os Emirados Árabes Unidos podem ser considerados um bom exemplo no que diz respeito à diversificação da economia regional.

Abstract

The referred article main focus is to illustrate a parameter between the development – from its oil historic (including its peek, in the 1970’s decade) – and the country preoccupation with the economic diversification, considering that the petroleum natural deposits are finite. Even though they’re one of the biggest petroleum holders in , the country governants are already worried about the economy’s future. The government proposal consists in investing their exorbitant royalties, from the oil industry, in mega constructions and “futuristic” innovations, mainly in Dubai. According to forecasts made by the division of active and investments management from the Saudi bank National Commercial Bank (in the beginning of the year of 2008) the United Arab Emirates might become the country with the most independency in the oil and gas industry between the Gulf Cooperation Council (GCC) members and that about 70% of the country’s GDP, gross domestic production, will come from the non-hydrocarbon sectors. This means that the United Arab Emirates can be considered as a good example in which refers to the regional economy diversification.

1. Introdução

Os Emirados Árabes Unidos (EAU) estão se tornando cada vez mais conhecidos em todo o mundo, como ilustram as seguintes manchetes: “Com a receita da venda de petróleo, Abu-Dhabi vai erguer a cidade mais ecológica do mundo” (EXAME, 26/03/2008) e “Emirados Árabes: Dubai vira paraíso de arquitetos e endinheirados” (FOLHA ONLINE 11/10/2007). Outros emirados também estão virando notícia, apesar da cidade de Dubai ainda ter o maior destaque. A temática pode ser abordada de diversos ângulos (turismo, desenvolvimento sustentável, economia, etc.), mas a realidade é que o governo do país tem sido extremamente bem sucedido no que tange ao planejamento, a fim de alcançar o desenvolvimento regional através da diversificação produtiva. ______1 Graduando de Relações Internacionais - UVV 2 Graduanda de Relações Internacionais e Direito - UVV Rio Oil & Gas Expo and Conference 2008 Os Emirados Árabes são um país jovem do sudoeste da Ásia que desde a década de 1930, antes de sua independência “tardia” em relação aos demais países do mundo, já contavam com a presença das primeiras companhias de petróleo no país. Essas empresas trabalhavam em pesquisas geológicas a fim de estudar o potencial petrolífero da região. O responsável pelas expedições pelo deserto era ninguém menos que o então governador de Abu-Dhabi, o Sheikh Zayed. Em 1966, Zayed bin Sultan Al Nahyan foi escolhido como governador de Abu-Dhabi, a capital, e desde então iniciou o projeto de unir diversos emirados. O país teve sua independência do Reino Unido conquistada em 1971. Abu Dhabi era pobre e não desenvolvida, bem como os outros emirados. A economia dependia da caça de pérolas, da pesca e da agricultura primitiva, já que o clima árido não favorecia diversas atividades comuns aos países subdesenvolvidos, como a criação de animais, além de dificultar o desenvolvimento de atividades como a agricultura. Os meios de transporte eram retrógrados: utilizavam camelos ou barcos. Foi no final da década de 1960, com as primeiras jazidas de petróleo encontradas no país e com a receita gerada a partir da exploração do hidrocarboneto, ou seja, dos royalties, que o Sheikh Zayed encontrou a oportunidade perfeita de beneficiar seu povo. O sonhado projeto de unificação dos emirados foi concretizado durante a gestão de Sheikh Zayed e a partir dessa união, surgiram os Emirados Árabes Unidos. Zayed, o maior responsável por essa conquista, manteve-se no poder até 2004 e faleceu em 2005. Seu filho, Khalifa Bin Zayed, assumiu as funções do pai e manteve a mesma postura que seu antecessor em praticamente todos os aspectos de sua liderança.

2. O Petróleo e o Desenvolvimento

Embora seja um país pequeno territorialmente e com pouco tempo de independência, os Emirados Árabes Unidos são o quinto país com as maiores reservas de petróleo no mundo (EIA, 2005) e um dos mais ricos do globo. Mesmo sendo composto por sete emirados, mais de 80% da riqueza do país provêm de Abu Dhabi e Dubai (EIA, 2005). Até o ano de 2005, os segmentos da economia não-petrolífera vinham experimentando um grande crescimento, mas esse crescimento restringia-se ao setor petroquímico e aos setores financeiro e bancário (EIA, 2005). Não satisfez ao governo federal o fato de sete emirados pobres terem se unido e conseguindo se tornar um dos países mais ricos do mundo. Nos planos de Sheikh Zayed, era preciso alcançar os padrões de primeiro mundo. Para atingir esse ambicioso objetivo o governo tem investido nos mais distintos segmentos da economia: na produção de alumínio, aviação e telecomunicações. Entretanto, nenhum setor tem tido tanto destaque como a indústria do turismo. A estratégia utilizada para expandir esse setor transformou o país em um imenso canteiro de obras. São novos hotéis, restaurantes e shopping centers, aeroportos são expandidos, juntamente com as zonas de livre comércio, prova disso é que o país foi considerado como uma das economias mais abertas da região (WORLD BANK, 2005). A Constituição do país advoga que cada emirado deve ser responsável pelo controle de sua própria produção e do desenvolvimento de seus recursos. Há uma clara onda desenvolvimentista que cobre Dubai e Abi-Dhabi, entretanto Ajman, Al Fujayrah, Sharjah, Ra's al Khaymah e Umm al Qaywayn ainda não alcançaram a mesma visibilidade internacional que os dois primeiros, talvez pelo fato de não terem uma administração única. Essa onda desenvolvimentista pode ser caracterizada por elementos que compõe o termo desenvolvimentista, termo esse que é muito bem conceituado pelo ex ministro da fazenda Mailson da Nóbrega: “O 'desenvolvimentista' acredita pouco no mercado e muito no Estado como fonte do crescimento. O governo teria o poder de alocar os recursos segundo seus melhores usos e de ditar os níveis mais convenientes do câmbio e dos juros” (NOBREGA, 2007). É exatamente seguindo os pressupostos daqueles que foram intitulados de desenvolvimentistas que o governo dos Emirados Árabes pretende fazer do país um modelo a ser seguido no Oriente Médio, e não seria exagero dizer que o modelo também deveria ser copiado por diversas nações do resto do globo. “A próspera economia está a incentivar o desenvolvimento de infra-estruturas numa escala sem precedentes. Instalações para habitação, turismo, indústria e comércio, educação, cuidados de saúde, eletricidade e água, telecomunicações, portos e aeroportos estão todas as ser renovadas numa escala gigantesca, alterando radicalmente o ambiente urbano nos EAU. Muitos dos novos projetos de infra-estruturas baseiam-se no paradigma público-privado em que o setor privado está a ser capacitado para dar seguimento ao processo de desenvolvimento iniciado pelo estado” (UAE INTERACT, 2006). Para exemplificar o controle que o governo exerce sobre a economia regional, vale ressaltar que é possível encontrar, no site do departamento de desenvolvimento econômico do governo de Dubai, formulários para os interessados em investir nesse emirado, entretanto esses formulários vêm acompanhados do procedimento que o investidor deve seguir, da lista de violações e atos passíveis de multas.

2 Rio Oil & Gas Expo and Conference 2008 3. Do planejamento Estatal na Gestão dos Recursos Petrolíferos a Diversificação econômica

Os números do Ministério da Economia para 2006 indicam claramente que a diversificação produtiva está sendo alcançada. O PIB dos EAU cresceu em termos nominais em 23,5%, para Dirham 599 mil milhões, o que equivale a uma taxa de crescimento de 8,9% do PIB, valorizado a preços constantes. Refletindo a política de diversificação econômica do país, a contribuição do setor não-petrolífero para o PIB nominal foi de 63%. Os números do setor fabril correspondem a 19,5%, número que representa a importância que o governo está dando ao desenvolvimento da indústria nacional. Já o setor do comércio representa 16,1% do total. O setor imobiliário recolheu o correspondente a 12,2% do PIB nominal, um pouco mais que o ativo setor de serviços do governo, que contribuiu com 10,4%. Por fim, o setor dos transportes, armazenagem e comunicações, um dos sectores líderes no processo de desenvolvimento sustentável, devido ao imenso volume de investimentos acumulados, dirigidos para as suas múltiplas atividades combinadas, foi avaliado em 10,2% do PIB (UEA INTERACT, 2006).

Tabela 1. Investimentos equivalentes à produção petrolífera no primeiro semestre de 2006

INVESTIMENTOS PRODUÇÃO PRODUÇÃO TEMPO PARA US$ REALIZADOS DIÁRIA NECESSÁRIA ARRECADAÇÃO 6,0 bi Mercado imobiliário 5,5 milhões de barris Aproximadamente 2 dias 2,5 milhões de barris 1,5 bi 1.128 edifícios 1,4 milhões de barris Menos de um dia Fonte: UEA INTERACT/UOL/PLATTS, 2006

Traçando um paralelo entre os investimentos feitos pelo governo dos EAU no primeiro semestre do ano de 2006 e sua produção petrolífera, é possível perceber a dimensão do projeto proposto pelo governo do país. Foram investidos cerca de USD 6,0 bilhões em negócios imobiliários, o que equivale a 5,5 milhões de barris de petróleo se considerado o preço médio de USD 109,00/barril, cotação do dia 16 de março de 2008. A produção do país é de aproximadamente 2,5 milhões de barris por dia, segundo a Platts, uma divisão da The McGraw-Hill Companies (NYSE: MHP), que é uma importante provedora global de informações sobre energia e mercadorias. Logo, em menos de dois dias é possível arrecadar os 6,0 bilhões necessários aos investimentos imobiliários. Não menos espantoso é o número de edifícios erguidos neste período. Foram 1.128 edificações, nas quais foram gastos USD 1,5 bilhões, que correspondem à venda de aproximadamente 1,4 milhões de barris de petróleo, pouco mais que a metade do que é produzido em apenas um dia, conforme exposto na tabela 1.

3.1. Sustentabilidade

A diversificação da economia com a proposta de investimentos no campo turístico consiste em três idéias principais: 1) captação de divisas; 2) geração de empregos; e 3) redistribuição da renda. O primeiro ponto é fundamental para que subsista o aparato produtivo em países com relativa escassez de capital. A oferta de novos empregos é considerada uma alternativa ao plano industrial. Já o terceiro tópico é a canalização de recursos, que possui como exemplo o fato de pequenas vilas e cidades de interior terem iniciado processos desenvolvimentistas a partir de capital proveniente do setor de turismo e principalmente da indústria hoteleira. Enganam-se, porém, aqueles que acreditam que o planejamento estatal do país se restringe à sustentabilidade dos setores econômico e social. Além de prever avanços e a estabilidade nessas áreas, o governo federal preocupa-se também com a questão ambiental. A meta do governo de Abu-Dhabi é construir uma metrópole com emissão zero de gás carbônico. Além do governo, empresas multinacionais do setor de energia e até montadoras têm aderido ao projeto ambiental e trabalhado em parceria com o Estado. O projeto ambiental, assim como o de planejamento econômico e o arquitetônico, é excentrico e ambicioso. A previsão é que cerca de 1 bilhão de dólares serão investidos na instalação de painéis solares na cidade, para que o sistema possa representar a principal fonte de energia do lugar; casas e prédios utilizarão materiais que diminuam os gastos de energia para condicionamento de ar; toda a água e lixo deverão ser reciclados; será proibida a circulação de carros dentro dos muros de Abu-Dhabi. Para percorrer distâncias maiores na cidade, a população contará com uma rica rede de trens elétricos (EXAME, 26/03/2008). Segundo informações da UNCTAD, foram feitos, em 2004, nos Emirados Árabes, investimentos em 156 áreas verdes. Essa atração de capital estrangeiro pode ter sido resultante de um boom do mercado imobiliário e de projetos desenvolvimentistas, tais como Dubai Internet City, Knowledge Village, Silicon Oasis, Dubai International Financial Centre (UNCTAD, 2005).

3 Rio Oil & Gas Expo and Conference 2008 4. Os EAU no Século XXI – Um Panorama do Cenário Atual

Atualmente os Emirados Árabes são um dos países mais atrativos para o mercado de investimentos de capital, principalmente no setor de turismo. Apesar de o investimento estrangeiro ser muito bem-vindo no país, qualquer empresa de âmbito comercial e/ou prestação de serviços deve ter seu projeto aprovado pelo Xeique Mohammed Bin Rashid Al Maktoum (chefe do governo dos Emirados Árabes Unidos) e aceitá-lo obrigatoriamente como um dos sócios do empreendimento a se instalar em Dubai. Segundo dados publicados da Agência de notícias dos Emirados Árabes em janeiro de 2008, a UAE Interact, cada emirado tem autonomia para impor seus impostos às corporações, entretanto todo empreendimento ou lucro é totalmente isento de impostos ou taxas federais, em todo o território nacional. O país tornou-se um grande ímã que atrai investimentos exorbitantes do mundo inteiro, principalmente das grandes economias. Os fundos arrecadados pelo governo provém de estatais, como as empresas de petróleo e como as companhias aéreas Emirates e Al Etihad, que desenvolveram um sistema de arrecadação que lembra o sistema Suíço e o de Mônaco, porém muito mais intenso e muito mais incentivador.

4.1. Religião e Cultura

Os Emirados Árabes foram se constituindo através de tribos que passaram a se agrupar desde o primeiro milênio antes de Cristo. Essas tribos foram se solidificando devido, essencialmente, à religião, no caso o Islamismo (UAE INTERACT, 2006). A figura da mulher, dentro do islamismo, representa família, lar e subentende-se que essa deve se reportar às vontades do homem, sendo ela submissa a ele (KAMEL, 2007). Porém, no fim de fevereiro deste ano, a Agência de notícias sobre o EAU anunciou a criação de um novo ministério: o do comércio estrangeiro, que ilustra a preocupação dos Emirados Árabes em caminhar rumo a uma maior especialização nas instituições do governo federal, além de retratar os esforços para tornar-se um núcleo comercial da região. A escolhida para chefiar o ministério em questão foi a Xeica Lubna Al Oasimi. A escolha de uma mulher para esse cargo de confiança demonstra o grau de liberalidade deste país, mesmo sendo islâmico – diferente de seus “vizinhos”, que geralmente são mais radicais.

4.2. Turismo

O turismo movimenta o fluxo de capital em um mercado consumidor de maiores proporções, o que dinamiza a economia e a atratividade de investimentos de capital interno e externo para desenvolvimento dessas regiões. Esses impactos econômicos se dão de forma direta ou indireta (efeito multiplicador) ou de maneira induzida, em que parte dessa renda advinda direta ou indiretamente é convertida em bens e serviços produzidos internamente. Segundo a Câmara de Comércio Árabe Brasileira, a empresa de investimentos hoteleiros Jones Lang La Salle Hotels divulgou que o turismo nos Emirados Árabes representa, em 2008, cerca de 19% do PIB nacional, e que os Estados Unidos é “o país responsável por 50% do crescimento do setor hoteleiro na região do Golfo Arábico” (BRASIL, 2008). Dentre os pontos mais turísticos de todo o país, podem ser citados a própria cidade de Dubai com seus arranha-céus e construções inusitadas, como o Burj Dubai (que em árabe significa Torre de Dubai), ainda em construção e com término previsto para 2009, que se tornará o mais alto edifício do mundo; outra abertura, prevista para 2010, é a do parque de diversões , com a mesma idéia dos parques da Walt Disney; além de outras obras como o ‘prédio do futuro’, por exemplo; a construção de 3 ilhas artificiais (Jumeirah, Jebel Ali e Deira) e do arquipélago The World (uma “réplica” do mapa mundi, com os países e continentes da Terra) na costa da cidade, como se pode ver na figura 1.

Figura 1. The World Dubai (2008) 4 Rio Oil & Gas Expo and Conference 2008 Outros magníficos empreendimentos da cidade são o Ski Dubai, a Sports City, o e o . O primeiro é um complexo de esqui com aproximadamente 6 mil toneladas de neve artificial com 50 cm de espessura, localizado em pleno clima árido e desértico da região. Dentro dele também se encontra o hotel Kempinski, nos mesmos moldes de um resort dos Alpes europeus. O segundo, o Sports City, é uma área da cidade destinada a diferentes tipos de esporte, com parques próprios para a prática de skateboadirg, com escaladas indoor, e, além disso, estão disponíveis desde golfe a corridas de carro e esportes radicais. Já o terceiro e o quarto, Hydropolis e Burj Al Arab respectivamente, revolucionam a área de hotelaria e turismo; o Hydropolis, com abertura prevista para 2009, é um hotel com toda infra- estrutura abaixo do nível do mar, ou seja, os hóspedes vão ter a visão de várias criaturas marinhas através de paredes ‘transparentes’(de vidro); já o Burj Al Arab (Torre dos Árabes) é um dos hotéis mais luxuosos e mais altos do mundo, com 321 metros de altura, mais alto que a Torre Eiffel (320 metros) em Paris, na França. Além do fato de ser uma obra ‘faraônica’, o Burj Al Arab possui um design em formato de uma grande vela, como a de um barco a vela, tornando-o impossível de passar despercebido pela costa do mar da cidade (figura 2).

Figura 2. Burj Al Arab, Dubai (2008)

Para os outros emirados existem projetos de construção de resorts, campos de golfe e grandes centros comerciais. Em suma, pode-se dizer que os Emirados Árabes Unidos têm aumentado sua renda com a entrada de divisas: através da indústria petrolífera e do turismo, que ao serem estimulados com investimentos acabam por gerar empregos, e que conseqüentemente redistribui as riquezas. Esse argumento pode ser respaldado por dados do PNUD, que afirmam que o país já alcançava a 49ª colocação em um ranking composto por 177 países que tiveram seu IDH avaliado no ano de 2002.

5. Conclusão

Os Emirados Árabes Unidos são um país que, assim como muitos outros países, sofreram com a pobreza e subdesenvolvimento por muitos anos. Diferenciam-se, porém, da grande maioria por contar com um governo empenhado no desenvolvimento regional, e que para atingir esse fim tem trabalhado de forma estratégica. O planejamento visa utilizar o que se tem de melhor (potencial petrolífero), revertendo os recursos adquiridos com essa atividade econômica em investimentos em setores não-petrolíferos. 5 Rio Oil & Gas Expo and Conference 2008 Como resultado dessa política de diversificação produtiva, os EAU tiveram investimentos estrangeiros diretos de aproximadamente USD 11 bilhões em 2005, segundo dados do FMI. Esses dados tornam-se extremamente relevantes considerando-se que um país que tem sua economia restrita a produção de petróleo acaba tornando-se refém das políticas da OPEP (Organização dos países exportadores de petróleo) e do preço do barril do petróleo. Ou seja, a economia desse país deixaria de ser controlada pelo Estado e passaria a ser regulada pelos órgãos que definem a política do hidrocarboneto. A partir de uma política desenvolvimentista, o governo federal está logrando êxito em sua empreitada de construir um país nos moldes dos de ‘primeiro mundo’, impulsionado por uma economia rica e diversificada, sem deixar de lado os aspectos ambientais e sociais e nem entrar em atrito com a população, no que tange aos fatores culturais e religiosos.

6. Agradecimentos

Aos nossos pais e parentes, pelo apoio e incentivo; à professora Viviane Mozine, pela orientação e motivação; e, por fim, agradecemos um ao outro, pela compreensão, dedicação e companheirismo desde a elaboração à conclusão deste trabalho.

7. Referências

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