INVENTÁRIO TAXON~MICODOS ANOSTOMÍDEOS(PISCES, ) DA BACIA DO RIO UATUMÁ-AM, BRASIL, COM DESCRIÇÁO DE DUAS ESPÉCIES NOVAS.

Geraldo M. dos SANTOS, Michel

RESUMO - O presente estudo trata do inventário, descriçb e ilustração das espécies de anostom'deos da bacia do rio UatumL Ele foi desenvolvido com base na colqão de peixes do INPA, montada a partir de um intenso programa de coletas, na bacia do Uatum4 nas áreas de influência das usinas hidrelétricas de Balbina e Pitinga, ambas no estado do Ammnas. Para a maioria das esmes são feitos comentários sobre os caracteres diagnósticos, área de distribuição, biótopos preferenciais e principais variações do padrão de colorido entre adultos e jovens. As vinte e duas esmesidentificadas pertencem a 8 gêneros, sendo Leporinus dominante, com 12 espécies, seguido de Laenwlyta, Anostonlus e Pseudanos, com duas e de Schizodon, Anostomoìdes, Synaptolaernus e Gnathodolus, com uma espécie cada. Dentre os peixes inventariados, duas espécies sb consideradas novas e descritas (Leporinus uatumaetzsis sp.n e Leporinuspitirzgaisp.n.) A partir deste estudo, as esgcies tiveram sua área de ocorrência ampliada,já que algumas delas SÓ haviam sido assinaladas para a localidade-tipo. Palavras chave: Ictiofauna, Amazônia, Anostomidae. Taxonomic Inventory of Anostomids (Pisces, Anostomidae) of the Uatumã River Basin, Amazonas State, Brazil, with Description of 'ho New Species. ABSTRACT - This study concerns in taxonomic survey on the anostomid species of the Uatuma River. It includes redescriptions and ilustrations of all species found at the area The ulilized material cames hman intensive survey program carried out at the Uatumã River drainage, in the atea affected by the Balbina and Pitinga hydroelectric darns, boths in the Amazonas state. It is deposited at the icththyological collection of the Instituto Nacional de Pesquisas da Ammonia @PA). Twenty two anostomid species were found in the Uatumã River drainage, belonging to eight genera, of which Lepori~zuswere dominant, with twelve species, followed by Laeìnolyta, Anostomus, hostornoides and Pseudanos (with two spe cies) and Schizodon, hostomoides, Sytzaptolaemus and Gnathodolus, with one species. "ho species, Leporinus uatumensis nsp. and Leporinus pitingai nsp. are considered new for science and here de- scribed. Diagnostic characters, distribution and habitat are cited; major ontogenetic changes in color pat- tems are also discussed. Several species had their distribution expanded. Key words. Fishfauna, Amazon, Anostomidae.

INTRODUÇÁO Brasil (GÉRY,1961;1977). Algumas espécies dos gêneros Os anostom'deos, popularmente Leporinus, Schizodon e Rhytiodus denominados de aracus na região norte alcançam até cerca de 400" de e de piaus nas demais regiões do comprimento e um quilo de peso, Brasil, pertencem à família tendo, portanto, uma elevada Anostomidae, um grupo de peixes da importância na pesca comercial. ordem , restritos à Outras espécies, como Synaptolaernus América do Sul e com representantes ciiigulatus e Anostonzus temetzi são de em todas às bacias hidrográficas do pequeno porte, até no máximo 80" - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Cx.P.478,Manaus,AM. ORSTOM-DEC. 213, Rue La Fayette, Paris, 75480 França. -_ -

I ACTA AMAZONICA 26(3): 151-184. 1996. 151

I O 10023460 . e tem grande aceitação na aquariofilia. no Tocantins, Jamari e Uatumã. No todo, este grupo de peixes é formado Extensos trechos destes rios foram por onze gêneros e cerca de 110 totalmente alterados por causa do espécies, a maioria delas endêmicas da represamento e isso levou a uma região amazônica. dizimaçã0 da maioria das espécies de Os anostomideos da bacia anostomideos que alí cororriam, amazônica são bem conhecidos do ponto principalmente nas áreas de corredeiras. de vista taxonômico e ecológico, A maioria dos trabalhos principalmente através dos trabalhos de taxonômicos, elaborados com base no MYERS (1950), G&Y (1960 a;b; 1972/ material que constitui estas coleções 73; 1977), GARAVELLO (1979), encontra-se em forma de relatórios SANTOS (1980; 1982) e SANTOS & técnicos, contendo apenas uma lista de JÉGU (1987; 1989), entretanto, ainda espécies. Trabalhos mais completos, existem grandes lacunas de contendo ilustrações ou chaves de conhecimento básico, pois extensas identificação foram feitos sobre os áreas da bacia amazônica ainda não fo- peixes do baixo Tocantins (SANTOS et ram sequer amostradas. Além disso, há al., 1984), dos principais rios de fortes evidências de que diversas sub- Rondônia (SANTOS,1991) e do médio bacias do sistema aquático amazônico rio Amazonas, na região de Santarém encerram uma ictiofauna própria, com (FERREIRA et al., no prelo). Outros alto grau de endemismo. trabalhos, considerando apenas A partir da criação, em 1976, de determinados grupos de peixes, foram um curso de pós-graduação em biologia realizados no baixo rio Tocantins aquática, o INPA vem realizando (PLOEG, 1986; JEGU & SANTOS, inúmeras excursões para coleta de peixes 1988; SANTOS & JEGU, 1989). e outros organismos aquáticos nas Estudos sobre a alimentação e hábitos principais bacias hidrográficas da alimentares dos peixes do Uatumã fo- Amazônia. Este trabalho intensificou-se ram desenvolvidos por LEITE (1987). a partir da década de 80, com a O objetivo do presente trabalho é elaboração de programas de trabalho o avanço do conhecimento sobre a conjunto entre instituições de pesquisa, ictiofauna dos rios amazônicos órgáos de fomento e agências de impactados por represamento. Ele trata desenvolvimento e que visavam o do inventário dos anostom’deos coletados diagnóstico ambiental de determinadas nos rios Uatumã e Pitinga, onde foram áreas. Através destes programas e instaladas as hidrelétricas de Balbina e também de coletas avulsas, o INPA Pitinga, respectivamente, ambas no montou coleções de peixes altamente estado do Amazonas. representativas de alguns rios Bacia do Rio Uatumã amazônicos, principalmente naqueles onde foram desenvolvidos inventários O rio Uatumá é um dos principais faunisticos como pré-requisito obrigatório afluentes da margem esquerda do para a construção de hidrelétricas, como Amazonas, entre a foz do no Negro e o

152 Sangos e Jegu Trombetas (Fig.1). Ele drena uma área de suspensão 0,002 a 15 mg/l e cálcio em ap"mte 70.600 Kn-?, inserida em quantidades mínimas, até no máximo 0,7 duas unidades morfo-esttuturaisdistintas: o miligramaspor litro (RIBEIRO, 1985 a;b). Escudo das Guianas, onde se situam o alto O regime hidrológico natural do e médio mose a Planicie Amazônica, nos Uatumã segue o mesmo padrão dos cursos inferiores (RADAMBRASIL, demais rios da Amazônia central, com 1976). um período de águas altas entre maio O perfil do Uatumã é de baixa e junho e outro de águas baixas, de declividade na maior parte de sua outubro a novembro. Sua vazão extensão, exceto nas zonas de apresenta médias mensais entre 30 a corredeiras, das quais as mais 1370m3/s (ELETRONORTE (1976). importantes são Morena e Balbina, Todos os locais onde foram efetuadas sendo esta última o local de instalação as coletas de peixes estão situados nas da Hidrelétrica Balbina. À jusante da áreas de influência das hidrelétricas de cachoeira Morena, que é a Última, a Pitinga e Balbina (Fig. 2), sendo que a partir da nascente,o rio é largo, com maioria daqueles situados à montante margens baixas e é bastante destas usinas faz parte dos seus atuais influenciado pelo regime do rio reservatórios. Amazonas, que o represa na época da MATERIAL E MÉTODOS cheia, formando vários lagos marginais e extensas áreas de igapós. Acima da A grande maioria dos peixes cachoeira Balbina o leito é bem tratados no presente estudo foi delimitado, as áreas inundadas pelas coletada em dois locais e períodos enchentes são estreitas, sendo estas distintos: no rio Uatumã, entre os anos fortemente influenciadas pelas chuvas de 1984 e 1987 e no rio Pitinga, entre locais. Atualmente uma enorme área 1994 e 1995. Estas coletas foram desse trecho, com aproximadamente realizadas durante a execução do 2.360Km2, constitui o reservatório da projeto de avaliação de impactos UHE Balbina, o qual tem um regime ambientais da UHE Balbina, do controlado pela operação das turbinas convênio I"A e ELETRONORTE e e portanto, com oscilações diárias do do projeto sobre pradarias de nível dágua. podostemácea, do convênio INPA e o A bacia do Uatumã localiza-se instituto francês ORSTOM. numa área dominada pela floresta No rio Uatumã as coletas foram , tropical densa e é formada por feitas antes da formação do atual numerosos igarapés, sendo o Pitinga reservatório da UHE Balbina e ao seu principal afluente. Suas águas são longo de cerca de 350Km deste rio, em típicas dos rios amazônicos de terra diferentes biótopos, como leito, firme, com temperatura de 23 a 30°C, pH margens, boca de igarapés e lagos. No 3,5 a 6, condutividade 10 a 50 micronho/ rio Pitinga, as coletas foram feitas em cm, oxigênio dissolvido 1,5 a 7 mgA, corredeiras próximas à Hïdrelétrica de transparência 0,4 a 1,5m, material em Pitinga, sendo uma delas situada à cerca

Inventário taxonômico dos anostomídeos ... 153 1 os

30s I o3 O v) ID L 0 1. o Figura Mapa de localização do rio Uatumã e das Hidrelétricas de Balbina e Pitinga, instaladas em suas bacias hidrográficas. C

a. a

O 10 20 30 4Okm I ESCALA

c.L ul Figura 2. Mapa da bacia hidrográfica do rio Uatumã e seus principais ul afluentes. de 40 Km à montante da barragem dorsal e as escamas da linha lateral, (Terceira Queda) e duas outras situadas sendo estas excluídas da contagem; à 8 e 20 Km à jusante da barragem (40 Escamas abaixo da linha lateral: Ilhas e Paredão, respectivamente). número de séries de escamas entre o As coletas foram feitas ponto mais anterior da base da nadadeira bimestralmente, com duração de 10 a 20 ventral e as escamas da linha lateral, sendo dias, abrangendo os períodos diumo e estas excluídas da contagem; notumo. Os aparelhos de pesca utilizados Escamas do pedúnculo caudal: foram malhadeira, tarrafa, rede de menor número de série de escamas ao arrasto e ictiotóxico, sendo este último redor do pedúnculo caudal; empregado apenas em poqas isoladas ou Escamas pré-dorsais: número de em corredeiras. Representantes de todas escamas da série mediana dorsal, entre a as espécies coletadas, bem como todos cabeça e a origem da nadadeira dorsal; os exemplares de espécies raras foram Escamas interdorsais: número de trazidas para o laboratório, onde se escamas da série mediana dorsal, entre montou uma coleçã0 de referência, a as nadadeiras dorsal e adiposa; qual se constituiu de base para a Raios: número de raios das elaboração do presente trabalho. nadadeiras; os primeiros e Últimos raios O material estudado encontra-se não ramificados são indicados pela letra depositado na colqão central de peixes do “i“ e os ramificados por algarismos Instituto Nacional de Pesquisas da arábicos. O dois Últimos raios das Amazônia (INPA), sendo que tipos das nadadeiras dorsal e anal geralmente se encontram unidos pela base e foram espécies novas descritah foram também considerados como sendo apenas um. depositados no Museu de Zoologia da Dentes: Número de dentes bucais Universidade de São Paulo (MZUSP). presentes em cada seção da arcada su- Os caracteres meristicos e perior @ré-maxilar), seguido do número morfométricos tomados foram aqueles de dentes em cada seção da arcada in-’ normalmente citados para peixes de água ferior (mandíbula); doce, principalmente para os anostomideo. Altura do corpo: maior altura do As medidas e contagens empregadas fo- corpo, na vertical entre a origem da ram feitas de acordo com os seguintes I nadadeira dorsal e a linha mediana do CIitériw: ventre; Comprimento padrão: distância da Comprimento da cabeqa: distância ponta do focinho à extremidade posterior da ponta do focinho ao ponto mais dis- do corpo, ao nível da inser@o dos raios tal do opérculo, excluída a membrana caudais superiores; opercular; Linha lateral: número total de Comprimento do pedúnculo escamas perfuradas ao longo do caudal: distância entre a base posterior corpo; da nadadeira anal e a extremidade Escamas acima da linha lateral: posterior do pedúnculo caudal, ao número de séries de escamas entre o nível da linha lateral; ponto mais anterior da base da nadadeira

156 SangoseJegu Compx-imnto do focinho: distância da alaranjados, lábios muito &"ados ...... 3 ponta do focinho até a margem anterior da 2'. Boca parcialmente superior; dentes robustos e normalmente claros; lábios pouco franjados ...... 8 óhi@ 3. Apenas um dente exageradamente grande, em Diâmetro ocular: diâmetro do olho, forma de foice, na mandíbula ...... 3) medido horizontalmente emrelação ao eixo ...... Gnathodolus bidens (Fig. do corpo; 3'. Quatro dentes normalmente desenvolvidos de cada lado da mandííula ...... 4 Distância intembital:"r distância 4. Dentes com extremidades arredondadas ou entre as órbitas, tomada transversalmente pontudas em ambas as maxilas; faixas transversais sobre o topo da cabeça. escuras e alaranjadas, altemadamente, envolvendo Os valores de proporcionalidadeda todo o corpo ..... Synaptolaenzus cirzguhtus (Fig. 4) 4.Dentes bi ou tricuspidados em ambas as maxilas; altura do corpo, comprimento da cabeça manchas arredondadas ou faixas transversais restritas e do pedúnculo caudal foram calculados ao dorso ...... 5 em função do comprimento padrão e os 5. Listras longitudinais escuras e claras, valores relativos a comprimento do alternadamente, sobre o corpo ...... focinho, diâmetro ocular e distância ...... Anostoinus te met^ (Fig. 5) 5'. Manchas arredondadas ao longo da linha lateral, interorbial, em função do comprimento faixas, se presentes, res!ritas ao dorso ...... 6 da cabeça. 6. Linha lateral com 39 escamas ...... Anostoinus plicatus (Fig. 6) 0sno- vulgares das espécies são 6'. Linha lateral com 42 a 45 escamas ...... 7 aqueles comumente empregados pelos 7. Linha lateral com 44 ou 45 escamas; corpo pescadores ou moradores da região de alongado, altura 4,7 a 5,2 vezes no comprimento estudo. Quando o no& era desconhecido, padrão ...... Pseudanos gracilis (Fig. 7) 7'. Linha lateral com 42 a 43 escamas; corpo empregou-se os nomes atribuídos às mesmas espécies ou espécies semelhantes alto, altura contida 3,2 a 3,6 vezes no comprimento padrão ...... em oum regiões da AmaAnia...... Pseudanos trimaculatus(Fig. 8) O padrão de colorido das espécies 8. Dentes da mandíbula incisiviformes ...... refere-se norma€mente a exemplares ...... Anostoinoides laticeps (Fig. 9) adultos, preservados em alm~no caso de 8'. Dentes da mandibula com extremidadesplanas ...... 9 exemplares vivos ou de jovens isso é 9. Corpo alongado, altura contida 4 a 4,8 vezes no salientado no item"cornentários". comprimento padrão, umalistra escura ao longo da Todas as referências a com- linhalateral ...... Laeinolya taeniata (Fig. 10) 9'. Corpo alto, altura contida 3,7 a 4,2 vezes no primento do peixe, referem-se ao comprimento, uma listra e duas a quatro faixas comprimento padrão. A ordem de transversais escuras sobre o tronco ...... apresentação das espécies no texto e nas ...... Laemolyta varia (Fig. 11) ilustrações obedece à sequência em que 10. Dentes largos, multicuspidados, em ambas estas aparecem na chave de identificação. as maxilas ...... Schizodorzfasciatus (Fig. 12) 10'. Dentes incisiviformes ou truncados ...... 11 Chave de Identifïcagão das 11. Boca totalmente inferior; dentes Espécies pontudos, alinhados um ao lado do outro ...... Leporinuspachycheilus (Fig. 13) 1. Boca parcial ou totalmente superior ...... 2 11'. Boca terminal ou parcialmente inferior, dentes l'.Boca terminal ou inferior ...... 10 incisiviformes, em forma de escada ...... 12 2. Boca totalmente superior; dentes delicados e 12. Várias faixas transversais amarelas e escuras, altemadamente, sobre o tronco ...... 13

Inventário taxonômico dos anostomídeos ... 157 12'. Padrão de coloração diverso do anterior ...... 14 Espécies Inventariadas e 13. Nadadeiras ventrais e dorsal Descrição de Espécies Novas uniformemente claras; linha lateral com 42 a 45 escamas ...... Leporinusfasciatus (Fig. 14) 13'. Uma mancha escura na base das nadadeiras Gnathodolus bidens Myers, 1927 ventrais e dorsal; Linha lateral com 37 a 39 escamas ...... Leporinus desmotes (Figs. 15 e 16) (Tab. 1, Fig.3) 14. Coloração uniformemente mom-clara; linha lateral com 41 a 42 escamas ...... Gnathodolus bidens Myers, 1950; ...... Leporinus bruneus (Fig. 17) Géry,1972/73; Santos & Jegu, 1987. 14'. Uma listra horizontal na porção tedal do tronco ou de manchas arredondadas ao longo da Nome comum: aracu, piau. linhalateral...... 15 Material examinado: INPA 1164,1(113,5mm) 15. Uma listra horizontal escura na porção Rio Uatumã, montante UHE Balbina,AM, 02 terminal do tronco ...... 16 fevereiro/l985; INPA 10089, 1 (92m), Rio Uatumã, 15'. Ausência de listra horizontal sobre o tronco.. jusante UHE Balbina, 24 outubro/l987...... 17 Comentários: Esta espécie é a única 16. Linha lateral com 38 a 40 escamas; altura do do gênero Gnathodolus.Além do Uatumã, corpo contida 3,2 a 3,7 vezes no comprimento elaé citada apenas para a bacia do Orinoco, padrão ...... Leporinus agmsizi (Figs. 18 e 19) 16'. Linha lateral com 36 ou 37 escamas; altura do na Venezuela, sendo que apenas quatro corpo contida 3,7 a 45vezes no comprimento...... exemplares desta espécie foram até agora ...... Leporinus uatumaensis sp.n. (Fig. 20) citados na literatura (SANTOS & EGU, 17. Linha lateral com 33 a 35 escamas ...... 18 1987). Recentemente oito exemplares 17'. Linha lateral com 38 a 44 escamas ...... 19 foram coletados no rio Jamari, no canal de 18. Numerosas manchas escuras sobre o tronco; desvio da UHE Samuel, Rondônia maxila superior com três dentes de cada lado...... Leporinus megalepis (Figs. 21 e 22) (SANTOS,1991). Tanto pelo pequeno 18'. Poucas ou nenhuma mancha sobre o tronco; número de exemplares até agora coletados, maxila superior com quatro e eventualmente como pelas exóticas características cinco dentes de cada lado ...... apresentadas, ela pode ser considerada ...... Leporinus granti (Figs. 23 e 24) como extremamente rara e só tem sido 19. Corpo alongado, altura contida entre 4 e 5 vezes no comprimento padrão ...... 20 encontrada em áreas de pedrais. 19'. Corpo elevado, altura contida entre 3,l e Esta espécie apresenta 3,7 vezes no comprimento padrão ...... 21 nadadeiras uniformemente claras e o 20. Linha lateral com 38 ou 39 escamas, duas corpo cinza-amarelado, com duas a manchas escuras sobre a linha lateral ...... três manchas, escuras arredondadas Leporinus aripmiuiensis (Figs. 25 e 26) ao longo da linha lateral: a primeira, 20'.Linhalatemlcom41a43 escamas, &manchas maior, ao nível da nadadeira dorsal; escuras sobre a linha lateral ...... Leporinils cylindn~oms(Figs. 27 e 28) a segunda ao nível da nadadeira anal 21. Linha lateral com 38 a 39 escamas; e a última, menos conspícua, na normalmente três manchas arredondadas ou extremidade do pedúnculo caudal. ovais sobre a linha lateral ...... Além' destas, geralmente ocorrem ...... Leporinifsffiderici (Figs. 29 e 30) 21'. Linha lateral com 41 a 44 escamas, cerca de sete manchas alongadas e normalmente sete manchas, algumas das quais inconspícuas na linha mediana do alongadas verticalmente, sobre a linha lateral ...... dorso, sendo mais destacadas as três ...... Leporincrspitingai sp.n (Fig. 31) da região predorsal.

158 SangoseJegu Synaptolaemus cingulatus Myers & Material examinado: INPA ioooo, 3 (24- Fernandez-Yepes, in Myers,1950. 47mm), Rio Uatumã, Cachoeira Morena, jusante UHE Balbina, 03 outubro/l987; INPA 10001, 1 (Tab. 1, Fig.4) (69,3mm), Rio Uatumã, jusante UHE Balbina, 24 outubro/l987; INPA 10002, 2 (50,5-56,7mm), Rio Synaptolaemus cingulatus Géry, Uatumã, próximo igarapé Arraia, acima UHE 1972173; Santos & Jegu, 1987. Balbina, 21 abriU1985; INPA 10003, 2 (37-45mm), Nome comum: aracu rajado. Rio Uatumã, Cachoeira Morena, 14 outubroll987; INPA 10004, 4 (36,1-40,3mm), Rio Uatumã, Material examinado: INPA 10047, 6 (46- Cachoeira Morena, 03 outubro/l987; INPA 10005, 104mm), Rio Uatumã, poças remanescentes à jusante 12 (41,5-70mm), Rio Uatumã, jusante UHE UHE Balbh, 04 0~tUbr0ll987;INPA 10048, 6 (29- Balhina, 28 outubroll987; INPA 10006, 5 (46,3- 70"), Rio Uatumã, poças jusante UHE Balbina 22 70,7mm), Rio Uatumã, jusante UHE Balbina, 22 outubroll987; INPA 10051, 2 (63-74mm), Rio outubroil987; INPA 10032, 1 (40,2mm) Rio Uatumã, jusante UHE Balbina, 02 outubroll987; Uatumã, jusante UHE Balbina, 02 outubroll987; INPA 10052, 1 (84mm), Rio Uatumã, Cachoeira INPA 10033, 2 (56,7-59,lmm), Rio Uatumã, Morena, jusante UHE Balbina, 02 outubroll987; jusante UHE Balbina, 26 outubroll987. INPA 10053, 2 (24-45mm), Rio Uatumã, jusante UHE Balbina, 28 outubroll987; INPA 10054, 1 Comentários: Anostomus temetzi (94mm), Rio Uatumã, jusante UHE Balbina, 24 é citada para os rios Tapajós, Xingu, outubroll987; INPA 10055, 1 (37mm),Rio Uatumã, Negro e Tocantins (WINTER- Cachoeira Morena, O8 outubroll987. BOTTOM, 1980; SANTOS & JEGU, Comentários: Synaptolaeinus 1989). Os dados de captura indicam cingulatus é assinalada para os rios que ela ocorre apenas nas áreas de Orinoco, Xingu, Trombetas e Aripuanã corredeiras, com fundo pedregoso. e tem sido capturada apenas em áreas de Sua dieta é constituída basicamente de corredeiras, com fundo pedregoso esponjas, plantas aquáticas, algas, (SANTOS & JEGU, 1987). A dieta detritos e larvas de insetos (SANTOS desta espécie é constituída basicamente & ROSA no prelo). Ela é uma das de esponjas, algas, detritos e larvas de espécies de anostom'deos mais citadas insetos, sendo que a presenqa nos compêndios de aquariofilia. constante de areia junto ao conteúdo estomacal indica que ela se alimenta Anostomus plicatus Eigenmann,l912 no fundo (SANTOS & ROSA, no (Tab.1; Fig.6) prelo).Trata-se, portanto, de um fato curioso, já que esta espécie possui a Anostomus plicatus Winterbottom, boca totalmente voltada para cima. Por 1980. causa de seu exótico padrão de Nome comum: aracu miúdo. colorido, é uma espécie de grande Material examinado: INPA iooss, i importância na aquariofilia. (65mm), Rio Uatumã, pé da barragem UHE Balbina, 24 outubrol87. Anostomus ternetzi Fernandez- Comentários: Anostomus plicatus Yepez, 1949 é citada apenas para o território das (Tab.1; Fig.5) Guianas, nos rios Essequibo e Rupununi Anostomus ternetzi Myers, 1950; (WINTERBOTTOM, 1980). No rio Gé1~,196Oa;b,1961;1972/73; Wmterh", Uatumã foi coletado apenas um Único 1980. exemplar, o que evidencia tratar-se de Nome comaracu miúdo, aracu raj ado. uma espécie incomum.

Inventário taxonômico dos anostomideos ... 159 Pseudanos gracilis .(Kner,1859) Arraia, 15 abriU1983. (Tab.1; Fig.7) . Comentários: Pseudanos trima- Schizodon gracilis Kner, 1859; culatus é citada para as bacias da Anostomus gracilis Géry, 1977; Amazônia, Paraná-Pagaruai e Pseudanos gracilis Winterbottom, Guianas, entretanto há uma grande 1980; Santos,199 1 ; Ferreira,1992. variação de seus caracteres, sendo Nome comum: aracu, piau provável que o complexo P. Material examinado: INPA 10022, 1 trimaculatus seja formado por (162,5mm), Rio Uatumã, Santa Luzia, acima UHE diferentes populações ou mesmo Balbina, 29 julho/1987; INPA 10023, 1 (128,5mm) espécies distintas. O número de Rio Uatumã, Igrapé Caititu, acima cachoeira Balbina, 19 de outubroll983; INPA 10024, 1 manchas escuras ao longo da linha (141,2mm),, Rio Uatumã, Igarapé Arraia, acima lateral desta espécie é muito variável, cachoeira Balbina, janeiro/l985; INPA 10025, 2 havendo citações de duas a quatro. (147-149,3mm), Rio Uatumã, Igarapé Santa Luzia, setembro/l985. Nos exemplares analisados apenas Comentários: Esta espécie é duas manchas são bem visíveis, sendo citada para várias bacias da Amazônia, uma no meio do corpo e outra no incluindo os rios NegrÓ, Guaporé, pedúnculo cauda1;a terceira mancha, Trombetas e Jamari. Os exemplares citada para a região humeral, é apenas analisados possuem quatro' raios vestigial e a quarta, citada para o nível branquiostégios, ao contrário de três, da origem da anal, encontra-se ausente. Em exemplaresjovens, com até conforme citado por WINT,EFSOTOM 70" (1980) e em nenhum exemplar foi cerca de de comprimento padrão observada a faixa longitudinal ao longo ocorrem cerca de 14 faixas transversais do meio do corpo, como.geralmente é escuras e estreitas na região dorsal, atribuída a esta espécie. Praticamente sendo 5 a 6 prédorsais, 2 na base da todos os exemplares coletados na dorsal, cerca de 6 na região pós-dorsal bacia do Uatumã são provenientes de e 2 a 3 na região pós-adiposa, sendo igarapés, evidenciando ser este seu que estas faixas não ultrapassam o biótopo preferencial. nível da linha lateral. Anostomoi¿Iis &eps Pseudanos trimaculutus (Kner,1859) (Eigenmanr41912) (Tab.1; Fig.9) (Tab.1; Fig.8) Schizodontopsis lnticeps Egenmann,l912; Schizodon trimaculatus Kner,1859; Anostomoides laticeps Myers,1950; Anostomus trimaculatus Myers, 1950; Géry,1977; Santos et a1.,1984; Géry,1961, Knoppel,l970. Santos,l991; Ferreira,1992. Nome comum: aracu, piau. Nome comum: aracu-de-pedra. INPA 3204, 1 Material examinado: Material examinado: INPA 3210, i (DO"), RO (148mm), Rio Pitinga, estação Ëom Futuro, 17 Pitinga, pé da xqma da UHE Pitinga ou Pamapanew outubdl989; INPA 3214, 1 (172mm), Rio Pitinga, AM., 11 outuW89; INPA 10090,3 (W239mm), Rio montante UHE Pitinga, 14 outubro/l985; INPA Uatumã, Cachoeira Miriti, abaixo cachoeira Balbina, 10030, 3 (123,8-127,9mm), Rio Uatumã, Igarapé do fevereiroll985; INPA 10091, 1 (199mm), Rio Arraia, acima cachoeira Balbina, janeid1985; INPA Uatumã, Nazaré, fevereiroll985; INPA 10092, 1 10031, 2 (125,6-127,3mm), Rio Uatumä, Igarapé do (202mm), Rio UaWUHE Balbina, novembdl984;

160 SangoseJegu c

INPA 10093, 1 (197mm), Rio Uatum& Igarap5 Santa 223mm), Rio Uatumã, Cachoeira Miriti, abaixo Luzia, acima cachoeira Balbina, fevereiro/l985; cachoeira Balbina, fevereiro/l985. INPA 10091,7 (194-250"), Rio Uabmã, jusante UHE Balbina, julho/1987; INPA 10095, 1 (172mm), Rio Coment&-ios:Laeiiiolyta taeniata Uatumã, Igarapé do Arraia, acima cachoeira Balbina, distribui-se amplamente em tcda a bacia 15 abri1/1983. amazônica e é comumente encontrada Comentários: Anostomoìdes tanto em lagos como em leito de rios. Em laticeps é citada para os rios Essequibo, Junho/94 foram observados grandes Tocantins, Jamari, Trombetas e Negro. cardumes desta espécie no sopé da Ela forma cardumes mistos com outras barragem da hidreléica Pitinga, tentanto espécies de Characiformes e empreende transpô-la, em direqão à montante, migrações em determinadas épocas do juntamente com cardumes de L~poriizus ano. No baixo rio Negro, durante um fasciatus e L agassizi; isso indica que ela ciclo anual completo, pudemos observar é uma espécie migradora. que todos os exemplares desta espécie Laemolyta varia (Garman,l890) se encontravam em repouso gonadal; (Tab,l; Fig.11) isso sugere que a sua área de desova se Anostomus varius Garman, 1890; localiza kursos superiores. Na bacia nos Laemolyta vaiia Myers,1950; Sanbs,1982. do Uatumã foram observados cardumes de peixes em repouso gonadal e muito Nome comum: aracu caneta. gordos concentrados no sopé da Material examinado: INPA 10007,1(232,2mm), Rio Uatumã, Igarapé Miriti, abaixo cachoeira Balbina, barragem de Pitinga, tentanto ultrapassá- fevereim/l985; INPA 10008, 3 (168,7-189m), Rio la, em direçã0 à montante; isso indica UawIgmg Miriti, fevmidl985; INPA 10013,2 que ela empreende também migração (216,7-259,3"), Rio Uatumã, Lago Samaúma, p16ximo rio Amazonas, 13 agostd1987; INPA 10014, não reprodutiva. 3 (226,5-229,1"), Rio Uatumã, Lago Samaúma, Laemolyta taeniata (Kner,1859) pnjximo rio Amazonas, setembdl985; INPA 10018,l (185mm), Rio Uatumã, Cachoeira Morena, jusante UHE (T.ab,l; Fig.10) Balbina, 18 novembdl994; INPA 10019, 1 (251mm), Schizodon taeiziam ber,185% Laemlyta Rio Pitinga, Cachmira Travessão, abaixo UHE F'itinga, 12janeidl995; INPA 10020, 1 (175mm), Rio Pitinga, taeniata Myers,1950; Géry,1972/73, 12 janeidl995; INPA 10021, 1 (212mm) Rio F'itinga, SantOS,l991. Cachoeira Travessão, 12 janeiroll995. Nome comAracu caneta. Comentários: Laemolyta varia Material examinado: INPA 10009, i (221), BO apresenta uma ampla distribuiqão pela UmJgarap5 do Arraia, acima cachoeira Balbma, 13 bacia dnica,enttctanto é mais mmum outubm/l983; INPA 10010, 1 (173mm), Rio Pitinga, Igampé Agua Branca, 17 outubdl983; INPA 10011, 1 em lagos de várzea. Por ser uma espécie (218mm) Rio Uatumã, Pcp do Nd,19 ab1W1983; que forma cardumes e ser muito abundante INPA 100l2,6 (145-192mm), Rio UawSama& em determinadas é-pocas, ela normalmente pnjximo no Amazonas,setembdl985; INPA 10015, 1 (174mm), Rio Uatumã, Igarag Arraia, acima cachoeira faz parte do pescado comercializado na Balbina, janeid1985; INPA 10016, 2 (210-212mm), EgiãO. Rio Uatumã, Igarapé Arraia, fevereiroll985; INPA 10017, 1 (229mm), Rio Uabmã, novembroll984; INPA Schizodon fasciatus Agassiz, 1829 im,2(166-239, RO um~g+ bonari, acima cachoeira Balbina, 18 fevereirO/l983; INPA 10027, 1 (Tab. 1; Fig. 12) (191mm), Rio Uaw5 Km acima UHE Balbina, 21 Schizodon fasciatus Eigen", 1912; fevmidl983; INPA 10028, 1 (229"), Rio Uatumã, UHE Balbina, setembm/l985; INPA 10029, 4 (211- GéryJ977; SanbsJ980.

Inventário taxonômico dos anostomídeos ... 161 Nome comum: aracu comum, aracu jusante UHE Pitinga, 07 abri111994; INPA 10130, 2 (225-250mm), Rio Pitinga, Cachoeira 3" queda, malhado montante UHE Pitinga, 14 agosto/1994; INPA 10131, Material examinado: IN~A10056, 1 (253-), 1 (208mm), Rio Pitinga, Cachoeira 40 Ilhas, jusante 40 Rio Pitinga, Cachoeira Ilhas, abaixo UHE Pitinga, 9 UHE Pitinga, 12 janeiro/95. dez~zxnbSl993;INPA 10057, 1 (260") Rio PiLga, Comentários: Leporinus Cachoeira 40 Ilhas, 02 junho11994; INF'A 1 10058, o (285mm), Rio Pitinga, Cachoeira 40 Ilhas, 02 junho/ pachycheizus só foi citada até 1994; INPA 10059, 1 (160"), Rio Rtinga, Cachoeira momento uara as bacias do Madeira

cachoeira Balbina, setembdl985; INPA 10062, 1 exemplares citados para a bacia do (270mm), Rio Uatumá, Samaúma, fevereiroll985; ,2 Trombetas (FERREIRA,1992) prova- INPA 10063, (289-313mm), Rio Uatumá, Sama% setembmll985; INPA 10064, 1 (243m), velmente pertencem a uma espécie Rio Pitinga, Cachoeira 40 Ilhas, 02 junho11994. semelhante, ainda não descrita (obs. Comentários: Schizodon fasciatus pessoal). Os dados de coleta evidenciam tem uma ampla área de distribuição e é que ela só ocorre em em áreas de uma das espécies mais comuns em toda a corredeiras, com fundo pedregoso e se Amazônia. Devido à sua abundância e alimenta basicamente de podostemáceas, porte, é também uma das espécies de uma planta aquática e rupestre denominada anostom'deos mais destacada na pesca vulgarmente de alface-d'água. comercial da região. Ela tem uma forte O colorido desta espécie é bastimte preferência por nos e lagos de vánea, onde variável, podendo aparecer faixas se alimenta basicamente de raizes e folhas longitudinais ao longo do corpo ou de de capins flutuantes (SANTOS, 1981). No várias manchas ovais. Em vida, todos os .. no Uatumã, foram encontrados cardumes exemplares apresentam uma série de 4 a 5 desta espécie aglomerados no sopé da pontos vermelhos no centro das primeiras barragem, tentando atingir o curso à escamas situadas logo abaixo da linha lat- montante. Foi observado que esta espécie eral e um ponto vermelho na cava que é muito comum no reservatório da UHE abriga a porção lateral dos lábios. Samuel, sendo atualmente uma das Leporinus fmciutus (Bloch,1794) espécies dominantes e sobre a qual vem (Tab. 1; Fig. 14) sendo exercido um grande esforço de Salmo fasciatus Bloch,1794; Leporinus pesca, tanto a comercial como a de fasciatus Eigenmann,l912; GéryJ977; subsistência (SANTOS, 1995). Gamvell0~1979. Leporinus pachycheìlus Britski, 1976 Nome comaracu flamengo. (Tab.1; Fig.13) Material examinado: INPA 2743, 5 (229-

Nome comum: aracu charuto. UaGPcp do NA,19 abriV1983; &'A 10035, 9

(185-200mm), Rio Pitinga, Cachoeira 40 Ilhas, Comentários: Leporinus fasciatus

162 SangoseJegu tem uma ampla área de distribuição, áreas de corredeiras, em pedrais e os abrangendo rios das Guianas e toda a indivíduos são normalmente capturados Amazônia, sendo também comum tanto em pequeno número, indicando que ela em lagos de várzea, como igapós e não forma cardumes. corredeiras. Ela é uma das espécies de Leporinus desmotes tem uma anostom'deos que alcança maior porte, dentição tipica, consistindose de um par até cerca de de 350mm de comprimento sinfisial muito desenvolvido e comprimido e um quilo de peso, tendo portanto lateralmente, o que levou GÉRY (1977) a grande importância na pesca comercial. considerá-la como um sub- gênero Ela é uma espécie migradora. Em junho monotipico de Leporirzus (Linyocharax). e outubro/94 grandes cardumes desta As principais dihenças no padrão espécie, juntamente com Leporinus de colorido entre adutos e jovens, com até agassizi e Laernolyta taeniata, cerca de 25mm de comprimento (Fig.16) encontravam-se aglomerados no sopé da é que nestes, as duas primeiras manchas barragem da hidrelétrica de Pitinga, sobre a cabeça e a mancha ao nível da tentanto ultrapassá-la em diraçã0 à nadadeira dorsal com a imediatamente montante. Sua dieta é composta seguinte são coalescentes; além disso, basicamente de larvas de insetos e a ocorre uma mancha puniifonne e escura na desova ocorre apenas uma vez por ano, extremidade do pedúnculo caudal e uma no início da enchente. faixa escura na lated do focinho. O colorido desta espécie, em vivo, Leporinus bruiineus Myers, 1950 consiste de faixas escuras sobre um fundo (Tab.1; Fig.17) amarelo-ouro, sendo a parte inferior da Leporinus bmnrzeus Garavello,1979; caba e a região opercular alaranjadas. santos, 1991. Leporinus desmotes Fowler,l914 Nome comum: mcu branco (Tab.1; Fig.15 e 16) Material examinado: INPA 5025, 1 Leporinus desmotes Géry, 1977; (280mm), Rio Uatumä, Igarapé Arraia, acima cachoeira Balbina, 15 abrill1983; INPA 10067, 1 Garavello,1979; Santos & Jegu, 1989 (203mm), Rio Uatumã, 15 outubroll983; INPA Nome comum: aracu flamengo. 10068, 1 (147mm), Rio Uatumã, Igarapé Arraia, 15 abrill1983; INPA 10069, 3 (210-260mm), Rio Material examinado: INPA 10065, 1 Uatum& novembdl984; INPA 10083, 1 (256m), (88mm), Rio Uatumã, jusante UHE Balbina, 24 Rio Uatumä, Igarapé Tucurutuba, O1 março11983; outubroll987; INPA 10066, 16 (75-137mm), Rio INPA 10084, 1 (265mm), Rio Uatumã, Igarapé Uatumã, jusante UHE Balbina, 26 outubroll987; Arraia, maiol1985; INPA 10085, 2 (306-323mm), INPA 10134, 4 (23-26mm), Rio Uatum$ Cachoeira Rio Uatumä, Igarapé Barreto, acima cachoeira Morena, abaixo UHE Balbina, 07 outubroll987. Balbina, 27 abri111983. Comentários: A localidadetipodesta Comentários: Leporinus brunneus espécie é o rio Rupununi, Guiana Inglesa, diferencia-se das demais espécies de mas tem sido citada para a Venezuela e anostom'deos do Uatumií pelo colorido vários rios da -nia brasileira, como do corpo, uniformemente claro. Esta Tocantins (SANTOS & JEGU, 1989), espécie tem sido assinalada para os rios Jamari e Machado (SANTOS, 1991). Negro, Tapajós, Curuá-Una, Aripuaná e Esta espécie apresenta preferência por Orinoco e os dados de coleta sugerem

Inventário taxondmico dos anostomídeos ... 163 que ela só ocorre nos rios periféricos da peitorais, ventrais e anal alaranjadas e olho bacia amazônica, sobretudo em vermelho-púrpura.Em exemplaresjovens, pequenos igarapés. com até cerca de loo" de comprimento Leporinus agassizì Steindachner, (Fig.19), a faixa longitudinal escura sobre 1876 (Tab.1; Fig.18 e 19) o corpo apresenta-se normalmente Leporinus agassizi GéyJ960b; 1972/73; fragmentada, sendo a sua porção anterior GaravelloJ979. mais dilatada e em forma de mancha oval Nome comum: aracu cabeça gorda. ou retangular. Além da faixa longitudinal, ocorre normalmente uma série de 3 ou Material examinado: INPA 10110, 4 (50- 62mm), Rio Uatumã, Cachoeira do Miriti, abaixo mais manchas ovais na região UHE Balbina, 06 outubro/l987; INPA 10111, 19 humeral, logo abaixo da linha lateral, (46-86") Rio Uatumã, Cachoeira Morena, abaixo e 12 a 14 faixas escuras na região UHE Balbina, 07 outubro/l987; INPA 10113, 1 (240mm), Rio Uatumã, Cachoeira de Miriti, dorsal, melhor visualisadas quando o fevereiro/l985; INPA 10114, 4 (233-260"), Rio peixe é olhado de cima. Uatumã, UHE Balbina, fevereiroll985; INPA 10118, 3 (233-243"), Rio Uatumã, Igarapé do Leporinus uatumuensis spn. Arraia, acima cachoeira Balbina, 15 abri111983; ; INPA 10119, 1 (284mm), Rio Uatumã, Igarapé do (Tab. 1 Fig.20) Barreto, UHE Balbina, 27 abriM983; INPA 10120, Nome comum: aracu listrado. 2 (244-256mm), Rio Uatumã, 27fevereiro11983; HOLOTIPO INPA 10087, INPA 10121, 2 (235-308mm), Rio Uatumã, Material examinado: novembro/l984; INPA 10122, 1 (236mm), Rio (89mm), Rio Uatumã, Cachoeira do Miriti, abaixo da Pitinga, Igarapé Água Branca, 17 abriV1983; INPA cachoeira Balbina, col. S. Amadio, 09 fevereiro/l985; 10123, 1 (274mm), Rio Pitinga, Igarapé Água Branca, PARATIPOS: MZUSP 51125, (ex INPA 10086), 17 outubro/l983; INPA 10124, 3 (225-309"), Rio (go"), Rio Uatumã, Igarapé do Arraia, acima da UaWIgarapé Caititu, acima cachoeira Balbina, 19 cachoeira Balbina, col. M. Jegu, janeiroll995; MZUSP 51126, (ex INPA 10154), (102mm), Rio outubro/l983. Uatumã, Igmpé Santa Luzia, acima da UHE Balbina, 8 Comentários: Leporinus agassizi é col. S. Amadio, 30 julho/1987; INPA 10535, (67- citada para vários rios da Amazônia, 80mm), mesmos dados de coleta do holotipo. principalmente na área periférica à calha Descrigo: caracteres morfométriws do rio Amazonas. Ela é uma das espécies e merístims (Tabs. 1e 2). Porte pequeno, de anostom'deos que alcança maior porte, corpo alongado, boca terminal, lábios chegando a cerca de 350m.m de finos; dentes no premaxilar, em comprimento e um quilo de peso e número de três, dispostos em forma de empreende wigra@es. Grandes cardumes escada, ligeiramente recurvados na desta espécie, juntamente com Leporinus porqäo terminal, escavados fasciatus e Luemolyta taeniata foram internamente e com contorno plano; observados no pé da barragem de F'itinga, dentes da mandíbula, em número de emjunho e outubd94, tentanto ultrapassá- quatro, cônicos a achatados, com la em &qão à montante. Sua alimenta@o extremidade pontuda, decrescendo de é constituída basicamente de larvas de tamanho a partir da sínfise, sendo o insetos e material vegetal. último atrofiado; cabeça curta, cônica Em vida, os indivíduos adultos e pontuda; perfil pré-dorsal curvado na geralmente apresentam a poqão inferior da ponta do focinho e ligeiramente cabeça, a região opercular e as nadadeiras inclinado a quase reto no dorso, até o

164 SangoseJegu início da nadadeira dorsal; base da entre as órbitas, outra acima do dorsal ligeiramente inclinada; perfil opérculo, quatro entre o opérculo e o pós-dorsal levemente abaulado; perfil início da nadadeira dorsal, duas na dorsal do pedúnculo caudal ligeiramente base da dorsal e quatro a cinco entre côncavo a quase reto; perfil ventral em esta e a nadadeira adiposa; quase curva suave, da ponta da mandííula até o sempre ocorrem também duas a dez início da nadadeira anal; base da anal manchas, ovais ou ligeiramente ligeiramente inclinada, perfil inferior do alongadas sobre o dorso, acima da pedúnculo caudal côncavo; nadadeira linha lateral e mais acentuadas na região anal curta com extremidade reta, anterior do corpo, sendo que elas distante da base da caudal. geralmente correspondem bextremidades O colorido de fundo do corpo é ou aos pontos de intersqão das bandas castanho claro no dorso, cinza amarelado transversais; a parte anterior da listra no ventre e claro na região opercular; longidudinal e as duas manchas situadas uma listra longitudinal escura, ao nível logo à sua frente apresentam o contorno da linha lateral, que vai do nível da prateado a metálico; nadadeiras dorsal, a partir da 12" escama da linha uniformemente claras. lateral, até a extremidade do pedúnculo Diagnose: Porte pequeno; corpo caudal e daí se estrende até a castanho a amarelado com várias extremidade dos raios caudais bandas escuras inclinadas sobre o medianos; esta faixa ocupa a fileira de dorso e uma listra escura longitudinal escamas da linha lateral e meia escama sobre a linha lateral; esta listra inicia- das séries imediatamente acima e se ao nível da nadadeira dorsal e vai abaixo da linha lateral, sendo que ela até a extremidade do pedúnculo se expande na sua porqão anterior, caudalyestendendo-se daí até o final formando geralmente uma mancha dos raios caudais medianos; além grande, arredondada ou oval, que disso, ocorrem duas manchas escuras ocupa cerca de seis escamas de arredondadas na porqão anterior do comprimento e duas de altura; além da tronco, imediatamente abaixo da linha faixa longitudinal, ocorrem duas lateral e várias outras manchas acima manchas escuras na porção anterior do da linha lateral, correspondendo às tronco, sendo uma, menor, logo atrás extremidades ou pontos de interseção do opérculo e a outra, arredondada e das faixas dorsais. equidistante entre esta e a origem da Etimologia: O nome específico listra longitudinal; uma série de treze uatumaensis refere-se ao rio Uatumã, a quatorze bandas escuras transversais primeiro grande afluente da margem no dorso, sendo estas melhor visíveis esquerda do Amazonas, abaixo de quando vistas de cima; estas bandas Manaus e no qual foi instalada a Usina são estreitas e ligeiramente inclinadas Hidrelétrica de Balbina. para a frente, em direqão ao dorso e Discussão: L. uatuinaeiisis se apresentam a seguinte disposiqão: uma enquadra perfeitamente no grupo de mais inclinada, atrás das narinas, outra espécies de Leporinus com listras

Inventário taxonômico dos anostomídeos ... 165 longitudinais sobre a linha lateral, pequeno porte e de seu padrão de segundo critérios apresentados por colorido, esta espécie apresenta GÉRY (1977) e GARAVELLO grande potencial para a aquariofilia. (1979). Ela apresenta certas Leporinus megalepis Gunther, 1863 semelhanqas com L. agassizi, L. (Tab.1; Fig.21 e 22) nigrotaeniatus, L. melanopleura e L. Leporinus rnegalepis Géry et al., taeniatus mas diferencia-se fundam en talm ente destas espécies 1988; 1991. pelos seguintes atributos: Nome comum: aracu pintadinho. L. agassizi tem um corpo bem Material examinado: INPA 3209, 2 (69- mais elevado (altura contida 3,2 a 3,7 72mm), Rio Pitinga, jusante UHE Pitinga, 11 outubroll989; INPA 10037, 3 (40-74mm), Rio vezes no comprimento), maior número Uatumã, Cachoeira Miriti, 04 outubroll987; I"A de escamas na linha lateral (38 a 40) 10038, 3 (34-48mm), Rio Uatumã, jusante UHE e os adultos não apresentam mancha Balbina, 24 outubro/l987; INPA 10039, 10 (55- 65mm), Rio Uatumã, poço jusante UHE Balbina, sobre o corpo além da listra 28 outubroll987; INPA 10040, 1 (92mm), Rio longitudinal e tem a adiposa com um Pitinga, Cachoeira 40 Ilhas, jusante UHE Pitinga, 03 junho/1994; INPA 10041, 4 (43-80mm), Rio distintivo halo amarelado; Pitinga, Cachoeira 3a. queda, montante UHE L. nigrotaeniatus tem quatro Pitinga, 15 janeiroll995; INPA 10050, 3 (32- dentes no pré-maxilar e 40 a 42 60mm), Rio Uatumã, jusante UHE Balbina, 26 outubroll987; INPA 10136, 2 (33-42mm), Rio escamas na linha lateral Uatumã, Cachoeira Miriti, abaixo UHE Balbina, 10 (EIGEWANN, 1912). oùtubro/l987. L. melanopleura é uma espécie Comentários: Leporinus mgdepis é originária e restrita à bacias costeiras uma es&ie de pequeno porte, alcanpndo do nordeste brasileiro (FOWLER, cerca de 60mm e distribui-se pelos rios 1930), tem apenas 33 a 36 escamas na das Guianas Francesa e Inglesa e na linha lateral e apresenta a listra longi- periferia da bacia amazônica brasileira tudinal contínua sobre todo o tronco, (GÉRY et al., 1988), onde predomina do opérculo à base do pedúnculo cau- áreas de corredeiras. dal (GÉRY, 1960b). Em alguns dos lotes examinados L. taeniatus é uma espécie os exemplares apresentam as manchas originária e restrita a bacia do rio São da região abdominal de colorac$io Francisco e apresenta também a listra cinza-metálica, tendo em seus longitudinal contínua e bem contornos um halo iridescente. As delimitada sobre todo o tronco, do nadadeiras são uniformemente claras, opérculo à base do pedúnculo caudal exceto a anal, que tem uma mancha (GARAVELLO, 1979). preta alongada sobre os raios Leporinus uatumaensis sp.n. medianos. demonstrou ser uma espécie rara no rio Uatumã, tendo sido coletados Leporinus granti Eigenmann, 1912 apenas onze exemplares no decorrer (Tab.1; Fig.23 e 24) de várias coletas efetuadas na sua área LÆporinus grantì Garavello, 1979; Santos de ocorrência. Por causa de seu & Jegu, 1989; Géry et al., 1991.

166 Sangos e Jegu Nome comum: aracu rabo vermelho. nível terminal da nadadeira dorsal; Material examinado: INPA 10096,2 (177- uma (oval) ao nível da nadadeira anal 198mm), Rio Uatumä, igarapé Barreto, acima e a outra (arredondada) na cachoeira Balbina, 27 abriV1983; INPA 10097, 1 extremidade do pedúnculo caudal; (123,5mm), Rio Pitinga, Cachoeira 40 Ilhas, abaixo normalmente entre estas duas últimas UHE Pitinga, 02 fevereiroll994; INPA 10098, 1 (152mm), Rio Pitinga, Cachoeira 40 Ilhas, 04 junho/ manchas sobre a linha lateral ocorrem 1994; INPA 10099, 1 (183") Rio Pitinga, duas manchas menores e Cachoeira 40 Ilhas, 12 janeiroll995; INPA 10101, 3 (104,4-113mm), Rio Uatumi, abaixo barragem diametralmente opostas, sendo uma ao Balbina, 21 outubrol98; INPA 10102, 3 (121- nível do final da adiposa e outra ao 146") Rio Uatumã, jusante UHE Balbina, 24 nível final da anal. outubroll987; INPA 10104, 2 (90-104mm), Rio Uatumä, Ilha de Nazaré, 16 setembroll985; INPA Leporinus arìpuanuensis Garavello & 10107, 1 (72mm), Rio Uatumä, Ilha de Nazaré, 16 Santos, 1981. setembroll985; INPA 10109, 8 (53-105mm), Rio (Tab.1; Fig.25 e 26) Uatumã, jusante UHE Balbina, 28 outubroll987. Comentários: Leporinus granti é Leporinus aripuanaensis Garavello & Santos, 1992. citada para as Guianas e o rio Aripuaná, afluente do Madeira. Na área do Uaturná Nome comm aram pintado ela foi comumente encontrada tanto no Material examinado: INPA 3208, 2 (118- leito como nos pequenos afluentes. Em 119mm), Rio Pitinga, pé da barragem de Pitinga, 11 junho/94 foram observados grandes outubrol87; INPA 10042, 6 (78,5-92,2mm) Rio Uatumã, jusante UHE Balbina, 26 outubroll988; cardumes desta espécie no sopé da INPA 10043, 3 (91,8-99,2mm), Rio Uatumä, Igampé barragem de Pitinga e no canal de do Arraia, fevereirol85; INPA 10044, 12 (54,l- desvio, tentando atingir a seçáo à 85,lmm) Rio Uatumä, Ilha de Nazaré, jusante UHE Balbina, 16 setembroll985; INPA 10045, 5 (53,l- montante. Ela é uma espécie facilmente 59,3mm), Rio Uatumã, Cachoeira Morena, jusante capturável com anzol e isca de peixe, UHE Balbina, 7 outubroll987; INPA 10046, 3 (49- 64") Rio Uatumä, Cachoeira de Miriti, 04 outubro/ carne e insetos. 1987; INPA 10049, 6 (69,6-84,1MM), Rio Uatumä, Em vida, os indivíduos apre- pé da barragem da UHE Balbina, 24 outubrol87. sentam a região ventral do corpo e as Comentários: Leporirtus aripuanaensis só nadadeiras intensamente averme- foi citada até o presente para o rio Aripuaná, lhadas, exceto a adiposa que é cinza. afluente da margem direita do Madeira e Nos juvenis, com até cerca de 120" tem sido coletada somente em áreas de de comprimento, o padrão de colorido corredeiras com fundo arenopedregoso. é totalmente distinto (Fig. 24): nestes Nos indivíduos maiores as faixas ocorrem numerosas manchas escuras transversais limitam-se ao dorso, sendo que sobre o tronco, principalmente sobre nos jovens estas geralmenteultrapassam o a linha lateral e melhor evidenciadas nívelda linha lateral, algumas chegando a quando o peixe é visto de cima. As atingir o abdomen (Fig. 26). manchas que ocorrem ao longo ou logo abaixo da linha lateral Lep orin us cy liri drifo rm is Borodin, normalmente apresentam a seguinte 1929 distribuição: duas a três na região hu- (Tab. 1; Fig.27 e 28) meral; uma (maior e retangular), ao Leporinus cylìdn~onnisGaravelo, 1979;

Inventário taxonômico dos anostomídeos ... 167 Santos, 1991. Comentários: Leporinas j+idericì é Nome comum: aracu pintado. uma espécie citada para as bacias do Material examinado: INPA 10070,1 (176mm), Amazonas e Paraná-Paraguai, além de Rio Pitinga, Cachoeira Tiavessão, jusante UHE Pitinga, bacias costeiras do nordeste. Esta área de 06 fevereiro, 1994; INPA 10075, 2 (138-14Omm), Rio tão Uatum& 5Km acima UHE Balbina, 21 fevereirol983; distribuição vasta, aliada b grandes INPA 10076,3 (162-182mm), Rio Ua- gara@do variações dos caracteres citados para esta Anaia, acima UHE Balbina, 15 abriV1983; INF'A 10078, espécie, sugerem que provavelmente se 3 (180-195mm), Rio Uatumã, 15 outubdl983; INPA 1W9, 1 (175mm), Rio UahnG, UHE Balbina, fevereid trata de um conjunto de variedades ou 1985; INF'A lOOSo,2 (175-176mm), Rio Uatumã, UHE mesmo de espécies críticas. Balbina, fevereiroll985; INPA 10081, 3 (150-179mm), Nos juvenis, com cerca de 70" Rio Uatumã, Igarapé Agua Branca, acima cachoeira até Balbina, janeh/l985; INPA 10082, 1 (115mm), Rio (Fig. 30), ocorre uma série de 13 a 15 Uatum& jusante UHE Balbina, 26 outubdl987; INPA faixas transversais, restritas ao dorso 10133,Z (50-53mm), Rio Uatumã, Cachoeira Morena, e uma a duas manchas arredondadas abaixo UHE Balbina, 07 outubro/l987. incipientes na região humeral, abaixo Com ent ár io : or inus cyZindr$oms s Lep da linha lateral. tem sido citada apenas para os rios Amazonas (GARAVELLO, 1979) e Leporinus pitingai sp.n. Jamari (SANTOS, 1991). No rio (Tab.1; Fig.31) Uatumã ela foi capturada tanto no Nome comum: aracu, piau leito, como nas áreas de corredeiras Material examinado: INPA 10126, Hoiótipo e nos pequenos afluentes. (285mm), Rio Pitinga, Cachoeira 40 Ilhas, abaixo Nos juvenis, com até cerca de UHE Pitinga, col. G.M.Santos, 6 abri111994; MZUSP 48960 (ex INPA 10125), Parátipo 100" de comprimento (Fig.28), além (3 IS"), Rio Pitinga, Cachoeira Travessão, abaixo das manchas arredondadas, comuns nos UHE Pitinga, col. Michel Jegu, 7 fevereiroll994; adultos, ocorrem 11 a 13 faixas escuras, INPA 10127, parátipo (212mm), Rio Pitinga, Cachoeira Travessão, abaixo UHE Pitinga, col. G. transversais sobre o dorso, bem visíveis M. Santos, 8 abri1/1994. quando o peixe é visto de cima. Além Diagnose: Porte médio a grande; das três manchas arredondadas, ao nível seis a sete manchas escuras de da linha lateral, ocorrem outras manchas diversas formas e tamanhos ao longo na região anterior do corpo, logo abaixo da linha mediana do corpo, quarenta da linha lateral. e uma a quarenta e quatro escamas na Leporinus, friderici (Bloch,1794) linha lateral, seis séries de escamas (Tab.1; Fig.29 e 30) acima da linha lateral, quatro dentes no Salmofridericì Bloch, 1794; Leporinus pré-maxilar e quatro no dentário. friderici Géry, 1977; Garavello, 1979; Descrição: Dados morfométricos e Santos, 1982. merísticos (Tabs. 1 e 2). Porte médio a Nome comum: aracu cabeça gorda. grande, chegando a cerca de 315" hkbid examinado: INPA 2732,l (Xlmm), Rio de comprimento; corpo alongado e Uatumã, Arraia, acima cachoeira Balbina, setembro/ alto na região pré-dorsal; perfil da 1985; INPA lolls, 7 (208-255~~11),Rio U- UHE Balbina, janeiroll985; INPA 10132, 4 (48-68mm), cabeça triangular; boca terminal; o Rio Pitinga, Igarapé na mdovia que leva à cachoeira lábio superior projeta-se sobre o 40 Ilhas, jusante UHE Pitinga, 05 junho/94; inferior, deixando a boca ligeiramente

168 SangoseJegu voltada para baixo, quando fechada; em frente à vertical que passa pela perfil dorsal abaulado sobre a ponta do origem da nadadeira anal e a Última, focinho, ligeiramente inclinado a quase na extremidade do pedúnculo caudal. reto no topo da cabeça e inclinado na A mancha maior, localizada ao nível da região pré-dorsal; base da dorsal dorsal, ocupa cerca de tres a cinco inclinada; região pós-dorsal levemente escamas tanto horizontal como inclinada; perfil dorsal do pedúnculo verticalmente; no holotipo a última caudal côncavo; perfil abaulado na mancha é estreita e bastante alongada, ponta da mandíbula, inclinado na ocupando sete escamas e esmaecida nos cabeça e uniformemente abaulado do parátip. Nadadeiras dorsal e caudal cinza- istmo à base da nadadeira anal; base escuras, sendo que a dorsal apresenta sua da anal inclinada; perfil ventral do porção terminal mais escura que a base; . pedúnculo caudal reto; dentes do pré- nadadeira peitoral cinzaescura; nadadeiras maxilar em número de quatro, cônicos, ventral e anal amareladas. escavados internamente, alinhados em Etimologia: O nome específico forma de escada e decrescendo pitingai refere-se ao rio Pitinga, afluente paulatinamente de tamanho a partir da do Uatumã, estado do Amazonas, na sínfise; dentes da mandíbula, em bacia do qual foi construida a Usina número de quatro, incisiviformes e Hidrelétrica de Pitinga. decrescendo de tamanho a partir da Discussão: As espécies de sínfise; nadadeira anal relativamente Leporinus são geralmente agrupados de longa, chegando perto da base da cau- acordo com seu padrão de colorido, sendo dal, exceto no holotipo, onde parece ter a forma e o númem de manchas sobre o sido danificada e posteriormente corpo dos adultos um dos caráteres mais regenerada; coloração de fundo cinza distintivos (GÉRY 1977; GARAVELLO, escura na região dorsal, amarelo clara 1979). Segundo os critérios adotados por no ventre e alaranjada na porqão infe- GERY (1977), há quatro ppos básicos de rior da cabeça; normalmente seis a es*=: oprimeir0 oporfaixas sete manchas escuras no corpo, ao transversais, tipo Leporinus trifasciaatus; longo da linha lateral, com diferentes o segundo por uma a quatro manchas formas e tamanhos e apresentando a arredondadas sobre a linha lateral, tipo L o terceha por longitudinais, seguinte disposição: a primeira, na ji-zdericc listras tipo L agassizi e o úlbpela ausência região humeral, iniciando-se logo após de manchas ou no uma mancha o opérculo; a segunda, iniciando-se ao máximo na extremidade do pedúnculo caudal, tipo nível da extremidade da nadadeira L. brunneus. peitoral; a terceira, maior de todas, ao acordo com estas categorias, nível mediano da nadadeira dorsal; a De L. pitingai não se enquadra bem em quarta, geralmente arredondada, nehum dos quatro grupos, pois apresenta iniciando-se ao nível da quarta fileira um número bem maior de manchas sobre de escamas atrás da dorsal; a quinta, a linha lateral, sendo que estas não chegam arredondada e geralmente fragmentada, a formar faixas transversais como as

Inventário taxonômico dos anostomídeos ... 169 demais espécies conhecidas deste ppo. DECUSSÃO E CONCLUSõES L. pitingai difere do ppo de espécies de Leporinus definidos por Das vinte e duas espécies de GARAVELLO (1979) para agregar as anostom’deos inventariadas na bacia do espécies de pequeno porte e com grande Uatumá, doze espécies, ou seja, cerca da número de manchas sobre o corpo (p.ex. metade, são pertencentes ao gênero L mgdepis)pelo fato de seu porte gt-ande Leporinus. Este gênero é formado por e não apresentar nenhuma mancha acima cerca de 60 espécies (GARAVELLO, ouabaixodalinhalated,como~mcom 1979), englobando aproximadamente as espécies deste grupo. 50% das espécies conhecidas de O padrão de colorido da maioria das anostom’deos. Laemolyta, Pseudanos espécies de Leporinus, bem como das e Anostomus apareceram com duas demais espécies de anostom’deos, varia espécies e Schizodon, Anostomoides, acentuadamente com o desenvolvimento Synaptolaemus e Gnathodolus, com ontogenético (GARAVELLO, 1979; uma espécie cada. SANTOS, 1982), entretantopelo tamanho O número de espécies inventariadas apresentado, os exemplares analisados de na bacia do Uatumã foi muito elevado, L pitingai são todos adultos, o que a toma tendo em vista tratar-se de um rio de facilmente distinta das demais espécies pequeno a médio porte em termos de bacia conhecidas do grupo. amazônica e onde, em inventário feito L pitingai apresenta um padrão anteriormente, só haviam sido assinaladas de colorido ligeiramente semelhante à L quinze espécies (AMADIO, 1985). trifasciatus,L cylindriyoms, mas diere Inventários feitos em outros rios da destas espécies pelos seguintes caracteres: Amazônia, como Tocantins (SANTOS de L trzzmchtzu, por apresentaumnúmero & JEGU, 1989), Jamari (SANTOS, maior de manchas sobre o tronco (sete, 1991) e Trombetas (FEWIRA, 1992) três) contra apenas e de dentes em ambas indicam que o número médio de espécies as maxilas (quatro ao invés de irê$; Ela de anostom’deos, em cada um destes difere basicamente de L. cylindrifoms rios, oscila em tomo de vinte. por apresentar um corpo bem mais Apesar da quantidade apro- elevado (altura contida 3,6 a 3,7 no ximadamente igual de espécies de comprimento padrão contra 4 a 4,7) e anostom’deos nos diferentes rios da manchas em maior número e tabanho Amazônia, observa-se no entanto, uma sobre a linha lateral. grande diferenciação quanto à sua Leporinuspitingai é uma espécie composição específica: Entre os rios rara no Uatumã, já que apenas três Tocantins e Uatumã, por exemplo, exemplares foram encontrados na apenas sete espécies foram comuns e região, após dezenas de coletas. Todos entre o Uatumã e o Jamari, apenas os exemplares capturados foram doze. Estes dados mostram que apesar provenientes de áreas de corredeiras, da bacia Amazônica ser formada por indicando ser este o biótopo preferencial um sistema hidrográfico contínuo, ela, desta espécie.

170 SangoseJegu na verdade, é formada por sub-bacias que preferências por determinados biótopos: encerram uma ictiofauna diferenciada e os peixes de pequeno porte, como as com alto grau de endemismo. espécies de Pseudanos, Anostomus, Esta distribuição descontínua e Synaptolaemus e Gnattzodolus, além de em forma de mosaico das espécies de Leporinus granti e L. megalepis só anostomideos deve estar associada ocorreram em zonas de comdeiras. Outras tanto às diferentes características espécies, como Schizodon fasciatus e limnológicas observadas na atualidade Laeinolyta vana ocorreram geralmente no entre os rios de água preta, branca ou baixo curso e em áreas inmdadas. clara (SIOLI, 1968; JUNK & FURCH, A maioria das espécies de 1980), como à eventos vicariantes anostom'deos inventariadas é de pequeno ocorridos no passado, principalmente a médio porte, sendo que quatro aqueles relacionados às glaciações e espécies (Leporinus fasciatus, L. que provocaram uma variação do nível friderirì, L. agassizi e Schizodon do mar em torno de 100 metros, com fasciatus) são bem populares e o consequente isolamento de apresentam porte relativamente grande, populações, submetidas a um intenso em torno de 300" de comprimento e processo de especiaçã0 (HAFFER, tem uma certa importância na pesca 1982; RENN0 et al., 1990). local, principalmente à jusante das Sete espécies de anostom'deos barragens, onde elas se aglomeram do Uatumã (Leporinus fasciatus, L. durante os movimentos migratórios em friderici, L. desmotes, L. agassizi, direçã0 à montante. Schizodon fasciatus, Laemolyta Algumas espécies de pequeno taeniata e L. varia) podem ser porte que são intensamente coloridas, consideradas comuns e com ampla como Synaptolaemus cingulatus, distribuição por toda a bacia amazônica Leporinus megalepis, Pseudanos central; as demais espécies, sobretudo gracilis, R trimaculatus e Anostomus as dos gêneros Anostomus, Pseudanos, ternetzi apresentam grande potencial Gnathodolus e Synaptolaemus, são na aquariofilia. relativamente raras, tendo sido Foi observado que o padrão de encontradas apenas nos altos cursos de colorido de várias espécies de rios periféricos à grande calha do anostom'deos sofre acentuada variação sistema Solimóes/Amazonas. Duas durante o desenvolvimento ontogenético, espécies (LRporinus uatumaensis sp. n havendo uma tendência dos jovens terem e L. pitingai sp.n.) foram descritas um grande número de faixas transversais como novas e até o momento só fo- sobre o dorso, as quais sofrem uma ram encontradas na bacia do Uatumã. reduqão gradativa com o crescimento dos Os dados de coleta e as indivíduos. Tal fenômenojá foi assinalada observagões feitas em campo indicam para algumas espécies dos gêneros que a maioria das espécies de Leporinus (GARAVELLO, 1979), anostomídeos do Uatumã é restrita a Laemolyta (SANTOS, 1982) e Rhytiodus determinadostrechos do rio ou apresentam (SANTOS, 1980).

lnventário taxonômico dos anostomídeos ... 171 e I-A Tabela 1. Caracteres meristicos morfométricos das espécies estudadas (C= comprimento; Ex= exemplares; d = diâmetro; Lklinha lateral; Ped= 4h) pedúnculo caudal).

Esp6cb Ex. C.Padrão Escamas Ralos Dentes Proporçäes Corporais

LL acima LL abaixa LL Ped. PrB dorsal interdorsai Dorsal Peiiorai Ventral ,Anal Altura Cabeça C. Ped. A. Ped. Focinho d. orbital Interorbital

Gnafhodolus bldens 2 92-113.5 38-39 5 4-4.5 16 8-1o 8-10 11.10 1.13-15 1,8 ii.8 411 3.4-3.7 3.5-3.8 5.2-62 7.9-8.4 2.3-2.7 3.3.3.7 2.5

Synaplolaemus cingulalus 19 29-104 36-38 4 3 12 9-12 9-11 ii.10 i.14-16 i,8 ii,8 414 4.1-5 3.7-4.2 5.6-6.7 8.6-9.8 2.3-2.8 3.5-4.8 33.7

Anostomus lemetrl 30 24-70 39.41 5 4 16 10-13 11-14 ii.10 i.12-14 1.8 ii,8 414 4.7-5.8 3.6-4.3 6.4-8.1 9.7-12 2.2-3.3 3.2-4 2.5-3.5

Anostomus plicalus 1 65 39 5 4 16 12 13 i1.10 i,14 1.8 ii.8 414 4.6 3.6 6.1 9.3 2.8 4.5 3.3

Pseudanos gracilis 5 128.5-149.3 44-45 5 4-4.5 16 13-14 14-15 ii.10 1.13-15 i.8 11.8 414 4.7-5.2 4.7-4.9 7.2-8.3 10.4-10.6 2.8.2.9 3.9.4.5 2.4-2.7

Pseudanos trimaculatus 7 123.8-172 42-43 5-5.5 4.5-5 16 12-14 11-15 ¡¡.IO i.13-14 1.8 ii,8 414 3.2-3.6 4.3.4.6 7-8.5 8.4-10 2.8-3.4 4-4.4 2.3-2.6

Anoslomoides laliceps 15 194-250 42-44 556.5 4-5 16 11-14 12-15 ¡¡,IO 1,13-15 i,8 ii,8 414 3.2-3.8 4-4.5 6.6-8.1 9-10.6 2.3-2.7 3.4-3.9 1.8-2.1

Laemolyfa taeniala 21 145-236 43-45 5 4-4.5 16 11-14 13-17 ¡¡,IO i,12-15 i,8 ii.8 414 4-4.6 4.8-5.3 6.7-7.9 11.3-12.5 2.5-2.9 3.6-5 2.1-2.5

Laemolyfa varia 13 168.7.259.3 45.47 6 5-5.5 10.14 12.16 ii.10 i.12-14 i.8 11.8 414 3.7-4.2 4.76.3 6.6-7.5 10-11.5 2.4-2.9 3.6.4.3 1.9-2.3

Schizodon fasciatus 10 250-313 42-44 4.5-5 4-5 16 10-13 15-17 ii.10 1.15-16 i,8 ii,8 414 3.6-4.1 4.4-5.2 7-8.2 9.3-10.2 2.1-2.7 4.1-5.1 1.6-1.9

Leporinus pachycheiius 6 185-250 40-42 5 4-4.5 12 11-15 12-14 ii.9-10 i.15-16 i,8 ii,8 414 4.3-4.8 4.6-5.1 7.5-9 10-10.8 2.4-2.7 4-4.7 2.2-2.5

Leporinus lascialus 17 79-264 43-45 7-7.5 6 16 12-16 12-14 ¡¡.IO i.14-16 i.8-9 ii,8 414 3.7-4.3 3.9-4.3 7.7-6.5 10.2-11.3 2.3-2.6 4-5.6 22-2.8

Leporinus desmoles 21 75-137 37-39 5.6 4.5-5 1416 9-12 9-12 ¡¡,IO i.14-16 i,8-9 ii.8-9 414 3.7-4.1 3.9-4.4 7.1-8.6 9.4-10.4 -2.44 2.9.4.3 2.4-2.9 ¡¡,IO Leporinus brunneus 10 147-306 41-42 5-5.5 4.4.5 11-12 11-13 i.15-16 i.8 ii.8 414 4-4.9 3.9-4.5 5.9-7.1 11.3-12.1 2.2-2.4 4.4-6 2.4-3

Leporinus agassizi 41 62-309 38-40 5-5.5 4.5.5 16 10-12 11-13 ¡¡.IO i.14-16 1.6 ii.8 414 3.2-3.7 3.6-4.2 6-7.5 9.3-10.5 2.2-2.8 3.2-5.3 2.1-2.8

Leporinus ualumaensis sp. n. 11 71.5-102 36-37 4.5-5 4.5-5 16 9-12 9.13 ii.10 i,13-14 i.8 ii,8 414 3.7-4.5 4.4-3 6.8-8 10.2-11.5 2.7-2.9 3-3.7 2.3-2.7

Leporinus megalepis 28 32-92 33-35 4.5-5 3.5-4 16 9-12 8-11 ¡¡,IO 1.13-14 1,8 ii,8 414 3.5-4.2 3.8-4.5 7-8.8 8.4-10.5 2d-3 2.8-3.6 2.3-2.9 v) Leporinus granti 22 53-198 35-36 5 4-4.5 16 8-11 9-12 ¡¡,IO 1.14-15 1.8 ii.8 4/46 2.9-3.6 3.7-4.2 6.84 8.9 2.3-2.8 3.6-5 2.2.2.9 5 Leporinus aripuanaensls 37 49-119 38-39 5 4-4.5 16 8-12 9-13 ii,9-10 i,14-16 i,8 ii,8 414 4.1-5 4-4.3 7.8-8 10.3-12 2.4-2.8 3.4-4.1 2.6-3.2 i Leporinus cyllndriformes 16 115-195 41-43 5 4.5-5 16 10-14 11-15 ¡¡,IO 1.14-16 i,8 ii,8 414 4-4.7 4.2-4.6 7.4-9.3 11.6-13 2.24.5 3.8-4.5 2.3-29 (D Leporinus triderici 12 208-261 38-39 5 4.5-5 16 9-11 10-12 ¡¡,IO i,14-16 i,8 ii.8 414 3.1-3.6 3.9-4.3 7.9-8.4 9.9.10.8 2.3-2.7 4.5-5.1 2.1-2.4

,C Leoorinus. .".Ditinoai sD. n. 3 212-315 41-44 6 5 16 12-14 12-13 li.10 i.16-17 1.8-9 ii.8 414 3.6-3.7 4.1-4.2 6.4-7.8 9.6-10.8 2.5-2.6 4.7-4.8 2.1-2.5 ciia S e e Tabela 2. Dados morfométricos meristicos dos holótipos de Leporinus pitingui sp. n. Leporinus uatumaemis sp. n. L. 1 pitingai sp. n. uatumaensis sp. n. Comprimento padrão 285,O 89,O Altura do corpo 85,O 23,O Comprimento da cabeça 67,5 21 ,5 Comprimento do focinho 27,O 7,5 Diametro orbital 14,O 535 Distância interorbital 32,O 8,O Distância pré-dorsal 122,o 41 ,O Distância pré-ventral 135,O 45,O Distância pré-anal 240,O 72,O Distância interdorsal 84,O 25,O Comprimento pedúnculo caudal 44,5 12,6 Altura pedúnculo caudal 29,5 10,6 Escamas linha lateral 44 37 Escamas acima linha lateral 6 5 Escamas abaixo linha lateral 5 5 Escamas circumpedunculares 16 16 Escamas pré-dorsais 12 10 Escamas interdosais 12 13 Raios dorsais ¡¡,IO ¡¡,IO Raios peitorais ¡,I6 ¡,I4 Raios ventrais i,8 i,8 Raios anais ii,8 48 Branquiostégios 4 4 Dentes 414 314

Inventário taxonômico dos anostomídeos ... 173 1

A observqão de que cardumes Sulamita Silva, pela ajuda nos trabalhos de L. agassizi, L fasciatus, L. granti e delabomtório. Laemlyta taenMa se aglomeram no sopé da barragem de Pitinga, nos meses de Bibliografia citada junho e outubro/94, é uma evidência de AGASSIZ,L. 1829. Selecta genera et species que estas espécies empmndemmigrações piscium quos in intinere per brasiliam ascendentes ao longo da bacia do Uatumã. (1817-1820)... collegit... Dr. J.B. de Spix Isso mostra que estas barragens são um Munich (Cham: 41-46; 57-79). AMADI0,S.A. 1985. Ekhrdosde ecologia e controle obstáculo intransponível e que se ambiental na região do reservtório du UHE constituem num sério risco à integridade e de Balbina. Sub-projeto Estimativa da * manutengo de suas popdagões, sobretudo ictiofauna. Relatórios técnicos. Convênio para aquelas mantidas à montante do ELN-CNPqhNPA. Manaus,AM. barramento e restritas a um pequeno BLOCH,M.E. 1785-1795. Naturgeschichte der auslaendischenJ. Atlas: 1-324. segmento do rio, sem acesso ao curso BORODIN,N.A. 1929. Notes on some species and inferior, onde normalmente se dá a desova subspecies of the Leporinus Spix. e a criaqão de larvas e alevinos. Mem Mics. Comp. 2001. Cambridge Mass, 50: Pelo fato de que as diferentes sub- 269-290. bacias hidrográficas da Amazônia BRITSKI,H.A. 1976. Sobre uma nova espécie possuem uma ictiofauna própria, com alto Leporinus da mniaActa Amazonica 6 (4), SUPP.87-89. grau de endemismo e também de que o EIGENMANN,C.H. 1912. The freshwater barramento dos rios tanto compromete a of British Guiana including a integridade das populqões como ocasiona study of the ecological grouping of the extinqb local, principalmente nas de species and the relation of fauna of the codeiras, o inventário ictiofaunktico nas plateau to that of the lowlands. Mem. áreas submetidas à este tipo de impacto Cam. Mirs., 5: 11-578. constitui-se num dado histórico e é de ELETRONORTTE 1976. Estudos Amazônia. Aproveitamento hidrelétrico do rio fundamental importância para a Uatumä, em Cachoeira Balbina. Estudos compreensão do grau de diversidade de viabilidade. Relatório final, volume IV. e do padrão de distribuiqão dos peixes paginação variada. na Amazônia. FERNANDEZ-YEPES,A. 1949. Anostomus ternetzi nuevo anostomido de Sur AGRADEClMENTOS America, colectado en Palital, Estado Guarico, Venezuela. Bol. Soc. Venez. Os autores agradecem às empresas Cienc. Nat, 11: 293-295. Eletronorte e Paranapanema, pelo apoio FERREIRA,E.J.G. 1992. A ictiofauna do rio logistic0 às atividades de campo; aos Trombetas na área de influência da “referees” e Efrem Ferreira, pelas jütura usina hidrelétrica de Cachoeira sugestões quanto à forma do trabalho; Porteira, Pará. Tese de Toutorado, aos pesquisadores e técnicos do INPA, FUA/INPA. Manaus, 162p. pela participação nas coletas do FERREIRA,E. J.G.; ZUANON, J.A.S .; SANTOS,G.M. (No prelo). Catálogo material; à João Paulo, pela traduqão do dos peixes comerciais do médio resumo; à Marcelo Garcia pela leitura Amazonas: região de Santarém, Pará. do texto; à Cristiany Apolinário e Gráfica Ibama.

174 Sangos e Jegu FOWLER,H.W. 1930. Os peixes de água doce do GÉRY,J. 1977. Characoids of the world. T.F.H Brasil. Av. Zool. SP. v0.W 205-404. Publ., Neptune City, 672 p. FOWLER,H.W. 1914. Fishes from the GÉRY.J., PLANQUETTE,P.; LE BAIL,P.Y. Rupununi river, British Guiana. Proc. 1988 - Nomenclature des espèces du Acad. Nat. Sci. Philad. 66:229-284. groupe Leporinus rnaculatus et formes GARAVELL0,J.C. 1979. Revisão taxonôinica affines des Guyanes (Pisces, do gênero Leporinus Spix, 1829. Tese de Characoidei, Anostomidae). Revue Doutorado. USP. 451p Suisse Zool., 95 (3): 699-713. GARAVELL0,J.C.; SANTOS ,G.M. 1981. GERY,J., PLANQUEITEP.; LEBAIL,P.Y. 1991 Duas espécies novas do gênero - Faune characoide (Poissons Leporinus Spix, 1829, da bacia do rio ostariophysaires) de L'Oyapock, Aripuanã, estado do Mato Grosso (Pi- L'Approuague et la riviere de Kaw (Guyane sces, Anostomidae). Anais do III Française). Cybium 1991,15(1) Suppl: 1-69. Encontro de Zoologia do Nordeste, GUNTHER,A. 1863. On new species of fishes Recife, Brasil: 188. from the Essequibo. Ann. Mag. Nat. Hist. GARAVELL0,J.C.; SANTOS ,G.M. 1992. LoìZdOìz. 3 (12): 441-443 Leporinus triinaculatus, a new spcies HAFFER,J. 1982. General aspects of the ref- from Amazonia, Brazil, and redescription uge theory. In. Biological diversification of the sympatric Leporinus in the Tropics. (G.T.Prance, ed.):6-26. aripuanaensis (Pisces, Characiformes, N.Y., Columbia Univ. Press. Anostomidae). Bull. Zool. Mus. Unv. JEGU,M.; SANTOS,G.M. 1988. Le genre van Amsterdain, 13 (12): 109-117. Serrasalmus (Pisces, Serrasalmidae) dans le bas Tocantins (Bresil, Pará) avec la GARMAN,S.W. 1890. On the species of the description d'une espece nouvelle, genus Chalcinus in the Museum of com- Serrasalmus geryi, du bassin Araguaia- parative zoology at Cambridge. Mass. Tocantins. Rev. Hydrobiol. Trop., 21 (3): USA. On species of Gasteropelecus, 239-274. Cynopotamus and Anostomus. Bull. Essex JUNG,W.J.; FURCH,K. 1980. Química da água Inst. Salem, 22 (1-3):l-23 e macrófitas aquáticas de rios e igarapés na GÉRY,J. 1960a. Contributions à l'etude des Bacia Amazônica e nas ámis adjacentes.Acta poissons characoides. 14. Révision de la AmamniCa, 10 (3): 61 1-633. super-espèce Anostonius anostomus 6.) KNER,R. 1859. Zur familie der Characinan III. Folge et description de formes nouvelles: A. der ichthyologiscen Beitraege. Densk Kai- brevior et A. anostoinus longus sex Akad. Wss. Wen, 17: 136-182. (Erythrinidae, Anostominae). Bul. Mus. KNOPPEL,H.A. 1970. Food of central ama- Nat. Hist. Nat: 32: 498-505. zonian fishes. Contribution to the nutri- GÉRYJ. 1960b. Contributions to the study of ent ecology of amazonian rain forest the Characoid fishes. Some South Ameri- streams. Ainazoniana, 2 (3): 257-352. can characoid fishes in the Senckenberg LEITE,R.G. 1987. Alimentação e hábitos Museum, with the description of a new alimentares dos peixes do rio Uatwuï na Leporinus. Senck, Biol., 41: 273-288. área de abrangência da Usina HidreEtrica GÉRYJ. 1961. Contributions à l'étude des - Balbina, Amazonas, Brasil. Dissertação de poissons Characoides. 13. Structures et Mestrado. INPAIFUA. Manaus, 81p. évolution des Anostominae. Bull. Aquat. MYERS,G.S. 1927. Descriptions of new South Biol.,, 2(19): 93-112. American fresh-water fishes collected by dr. Carl Ternetz. Bull. Mus. Comp. Zool. GÉRY,J. 1972/73. Notes sur quelques ZXVIII., Anostomidae (Pisces, Characoidei) du Harvard College. vol. 8:108-135. bassin Amazonien. We Millieu, 23: fasc.1 MYERS,G.S. 1950. Studies on South American 1 (C): 143-175. fresh-water fishes. II. The genera of Anostomine Characids. Stanford

Inventário taxonômico dos anostomídeos ... 175 1

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176 SangoseJegu c

" ,

Fig. 3. Gnathodo1~r.sbidens. INPA 1 O 164, 111, 2mm CP

92" Fig. 4. SynnptoLnem~isciizgulntus. INPA 10047, CP

4

Fig. 5. Awxronzzis teriietzi. INPA 10006, 70,7mm CP

Fig. 6. Anostoimis plicatm. INPA 10008, 65" CP 3 Figuras a 31. Ilustração das espécies de Anostomideos da bacia do rio Uatumã tratadas no presente estudo.

Inventário taxonômico dos anostomídeos ... 177 Fig. 7. Pseudanos gracilis INPA 10025, 147" CP

Fig. 8. Psezidanos trimaculatzcs. INPA 10030, 123,8mm CP

Fig. 9. Anostontoides laticeps. INPA 10092, 202" CP

Fig. 10. Laeniolyta taeniata. INPA 10015, 174" CP

178 Sangos e Jegu Fig. 11. Laernolyta varia. INPA 10020, 175" CP

, Fig. 12. Schizodon fasciatus. INPA 10057, 260" CP

Fig. 13. Leporinus paclzycheihts. INPA 10128, 201" CP

Fig. 14. Leporinus fasciatus. INPA 10034, 151mIn CP

Inventário taxonômico dos anostomídeos ... 179 Fig. 15. Leporinus desmotes INPA 10066, 118" CP

Fig. 16. Leoporinus desmotes, juvenil. INPA 10134, 26" CP

Fig. 17. Leporinus bnmizeus. INPA 10069, 209,8mm CP

^I

Fig. 18. Leporinus ugussizi. INPA 10114, 259" CP

180 SangoseJegu .I

Fig. 19. Leporinus agassizi, juvenil. INPA 10111, 79" CP

Fig. 20. Leporinus uaíumaensis spa. INPA 10087, 891m CP

Fig. 21. Leporinus megalepis. INPA 10041, 80" CP

Fig. 22. Leporinus megalepis, juvenil. INPA 10136, 42" CP

Inventário taxonômico dos anostomídeos ... 181 Fig. 23. Leporinus granti. INPA 10098, 152" CP

Fig. 24. Leporinus granti, juvenil. INPA 1O 115, 55" CP

Fig. 25. Leporinus aripuanaensis. INPA 10043, 92" CP

+"

Fig. 26. Leporinus aripuannensis, juvenil. INPA 10045, 58,7mm

182 SangoseJegu Fig. 27. Leporinus cylindrifortnes. INPA 10070, 176mm CP

Fig. 28. Leporinus cylindrifonnes, juvenil. INPA 50" CP 10133, ,

Fig. 29. Leporinus jEdeil'ci. INPA 1O 115, 218mm CP

68" Fig. 30. Leporinusfiideriri, juvenil. INPA 10132, CP

Inventário taxondmico dos anostomídeos ... 183 * -1

I Fig. Leporinur pitingai sp.n. MPA 10116.285m1n CP 31. .- _- - ,

184 SangoseJegu