História: Debates e Tendências ISSN: 1517-2856 [email protected] Universidade de Passo Fundo Brasil

Maestri, Mário Estanislao Zeballos: a história jamais escrita da Guerra da Tríplice Aliança História: Debates e Tendências, vol. 15, núm. 2, julio-diciembre, 2015, pp. 350-366 Universidade de Passo Fundo Passo Fundo, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=552456384005

Como citar este artigo Número completo Sistema de Informação Científica Mais artigos Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Home da revista no Redalyc Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto Estanislao Zeballos: a história jamais escrita da 1 Guerra da Tríplice Aliança

Estanislao Zeballos: The Triple Alliance War never written History Estanislao Zeballos: La História jamais escrita de la Guerra de Tríple Alianza

Mário Maestri *

Resumo Estanislao Severo Zeballos: homem de política, de cultura e de ação A partir do fundo Estanislao Zeballos, do Arquivo Juan Bautista Gill Aguina- Estanislao Severo Zeballos nasceu em ga, discute-se o sentido da trajetória da- Rosario, Santa Fé, em 1854, quando a Argen- quele homem político argentino e sua tina começava a viver plenamente as contra- relação com a guerra contra o Paraguai dições entre unitários e federalistas, após a (1865-1870). Exploram-se as razões da não conclusão de sua proposta de pro- deposição de Juan Manuel de Rosas (1793- duzir a história geral do conflito. Anali- 1877), em Monte Caseros, em 3 de fevereiro sa-se a documentação produzida por ele de 1852. Ele seria conhecido no país como em visitas ao Paraguai e de seu registro prócer político da Geração de 1880, que ani- do desenvolvimento de espírito revisio- mou a República Conservadora e Oligárqui- nista pró-lopizta no país. Abordam-se ca (1880-1816), após a vitória do unitarismo os problemas postos pelos depoimentos liberal-mitrista sobre o federalismo provin- orais de protagonistas, diretos e indire- cial, na batalha de Pavón, em 17 de setembro tos, sobre a guerra. de 1861. Político e intelectual de ampla atua-

Palavras-chave: Estanislao Zeballos. Guer- ra do Paraguai. História e memória. * Doutor em História pela Université Catholique de Louvain, Bélgica. Professor titular do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo, Brasil. E-mail: [email protected]

Recebido em 04/05/2015 - Aprovado em 25/05/2015 http://dx.doi.org/10.5335/hdtv.15n.2.4993

350

História: Debates e Tendências – v. 15, n. 2, jul./dez. 2015, p. 350-366 ção, sua influência extrapolou sua época, fica e, em 1879, um ano após a conclusão da sentida ainda hoje na . Guerra del Desierto, do Instituto Geográfico No período 1866-1872, com dificulda- Militar (a seguir Instituto Geográfico Nacio- des econômicas familiares devido à morte nal). Nesse, a geografia andava de mãos da- do pai, Estanislao Zeballos dedicou-se aos das com a expansão dos territórios e da eco- estudos, como bolsista, no Colégio Nacional nomia mercantil dos Estados nacionais, e no de , fundado por Bartolomé caso da Argentina, extensão dos territórios Mitre (1821-1906) para conquistar a juventu- em direção ao sul e, se possível, do oeste. Em de provincial à nova ordem liberal-unitária. 1901, integrou a atual Academia Nacional Em 1870, com dezesseis anos, ainda estu- de História da Argentina. Pensador e polí- dante, necessitando trabalhar para susten- tico positivista, nacionalista e conservador, tar-se, ingressou como “segundo notário” defendeu a superioridade de estirpe argen- no destacado diário La Prensa, de Buenos tina imaginada, de lídima origem hispânica Aires, liberal-conservador, fundado no ano e europeia, e de seu pretenso destino diretor anterior, do qual seria redator e diretor. quanto aos vizinhos nacionais, inferiores. Em 1874, Zeballos licenciou-se e foi Foi “intelectual orgânico” do programa de doutorado em Direito pela Universidade de construção-expansão territorial apoiado em Buenos Aires, onde ensinou e foi decano de latifúndio, imigração europeia, colonização 1918 a 1919. Nesse último ano, abandonou agrícola, exportações, que tinha, na Euro- aquela posição de destaque pressionado pelo pa liberal e ilustrada, o paradigma cultural movimento da Reforma Universitária (1918). (LACOSTE; ARPINI, 2002, p. 125-146). Foi líder pastoril-latifundiário, deputado Zeballos escreveu precocemente ensaios provincial e nacional, presidente da câmara sobre paleontologia, arqueologia e antropolo- nacional, diplomata, três vezes ministro dos gia, disciplinas então semidesconhecidas na assuntos exteriores (DALLA-CORTE, 2011, Argentina, abraçando, mais tarde, a estra- p. 25). Com estudos institucionais em Ciên- nha teoria do portenho Florentino Amighino cias Exatas, foi ensaísta de sucesso, escreven- (1854-1911) de nascimento da humanidade do, em 1878, La conquista de quinze mil léguas: no pampa argentino — “Homus pampeanus” estúdio sobre la traslación de la fronteira sul (LACOSTE; ARPINI, 2002, p. 132). Em 1898, de la República al rio Negro. O livro fora en- fundou, financiou e dirigiu, até a morte, a Re- comendado e financiado pelo general Julio vista de Derecho, Historia y Letras, locus de ex- Roca (1843-1914), então ministro de Guerra pressão de suas posições político-ideológicas e Marinha, para apoiar a campanha militar (SÁNCHEZ, 2009, p. 224). Desde jovem, preo- proposta contra os poucos milhares de ín- cupou-se com a disputa entre a Argentina e o dios pampas para conquistar seus territó- Brasil pela hegemonia regional. No Brasil, é rios (ZEBALLOS, 1998, p. 22; ÉBÉLOT, 2008, conhecido, sobretudo, pela militância, quan- p. 195-235; RODRÍGUEZ, c2015). do ministro do exterior, de 1906 a 1908, pelo Em 1872, com dezoito anos, Zeballos armamento argentino, em vista de conflito participou da fundação da Sociedad Cientí- com o Brasil que julgava próximo e desejável.

351

História: Debates e Tendências – v. 15, n. 2, jul./dez. 2015, p. 350-366 Nos países vizinhos, Zeballos foi visto Estanislao Zeballos: como defensor da refundação – ampliada – do vice-reinado do Prata, que assombrou uma história prometida sempre o Estado brasileiro, que temia que a Sem jamais destacar-se pela produção grande nação lhe fizesse contraponto no Pra- historiográfica propriamente dita, desde ta. No Brasil, foi acusado de manipular tele- 1884, Zeballos anunciou, por décadas, até grama cifrado do barão de Rio Branco (1845- a morte, a intenção de escrever história ge- 1912) para defender suas posições belicistas ral da Guerra da Tríplice Aliança contra o (HEINSFELD, 2008). A leitura incorreta do Paraguai (1864-1870). Seu sucesso político documento teria contribuído para sua que- e econômico permitiu-lhe produzir e reu- da do governo, ao ser questionado por seus nir ampla e variada documentação sobre o opositores, que divergiam de seu militaris- tema – livros, documentos, mapas, entrevis- mo (LACOSTE; ARPINI, 2002, p. 126). tas, etc. Ao morrer, sua biblioteca pessoal Registre-se em defesa de Zeballos que, possuiria 30 mil volumes. Em 1887 e 1888, então, o governo brasileiro encomendara empreendeu duas importantes expedições à na Inglaterra reaparelhamento faraônico da esquadra, que a colocou entre as mais província de Corrientes, ao sul do Paraguai, poderosas do mundo. Esquadra que viveu, e a Asunción, visitando locais de comba- em novembro de 1910, a maior sublevação te e entrevistando dezenas de argentinos, de marinheiros do século XX, em prol do uruguaios, franceses, ingleses e, sobretudo, fim da chibata e de melhorias profissionais paraguaios, protagonistas ou testemunhas (MAESTRI, 2015). Como ministro, Zeballos do conflito (BREZZO, 2006). Com o hábito militou também pelo armamento em relação de apoiar o que escrevia em dados obtidos ao , que, para ele, ocuparia territórios sur place, realizara expedições ao interior da que caberiam à Argentina (LACOSTE; AR- Argentina, sobre as quais produziu ensaios PINI, 2002, p. 125-146). de sucesso (RODRÍGUEZ, 2015). Nos anos Estanislao Zeballos foi escritor desbor- seguintes, manteve correspondência para 2 dante, autor de centenas de artigos, ensaios e obter dados para a empreitada paraguaia. livros sobre agricultura, antropologia, direi- Não conhecemos entrevistas e corres- to, economia, ficção, geografia, política, etc. pondências de Zeballos com políticos e mi- Em cinco tomos, sua mais ambiciosa obra, litares brasileiros, apesar do caráter central editada quando gozava de prestígio mundial desempenhado pelo Império no conflito. como jurista, traduzida ao francês, tratou de As razões parecem óbvias. Naquele então, La nationalité au point de vue de la législation a Argentina e o Brasil, os dois grandes ex- comparée et du droit privé humain (ZEBALLOS, -aliados, disputavam a hegemonia sobre 1914-1919). Em 1912, ingressou no prestigio- o sul da América e sobre a nação vencida, so Institut de Droit International, e, consa- que o governo brasileiro apoiava contra exi- grado internacionalmente, em 1923, foi eleito gências pós-conflito, que dizia presidente da International Law Association excessivas (CERVO; BUENO, 1986, p. 30-35; (LACOSTE; ARPINI, 2002, p. 125-146). ESTEVES, 1996, p. 121-125). Eram questões

352

História: Debates e Tendências – v. 15, n. 2, jul./dez. 2015, p. 350-366 que preocupavam desde muito o intelectual imperial, relato pouco crível. Zeballos seria e político argentino, que se destacava como econômico em informações sobre essas pro- defensor do confronto com o Brasil, se ne- postas experiências no Paraguai, que exigem cessário, armado. comprovação documental (Dalla-Corte, Apesar do significativo esforço de do- 2011, p. 20). cumentação, ao morrer, em 4 de outubro de Escrever uma história geral da guerra 1923, aos 69 anos, em Liverpool, na Ingla- da Tríplice Aliança tratava-se de operação terra, durante viagem ao exterior, o escritor intelectual em consonância com a disposição célebre, habilidoso e infatigável quase nada de jovem político e pensador que abraçara publicara sobre a guerra terrível! a causa nacional portenha vencedora, rom- pendo com as raízes federalistas da família, Razões de um projeto da cidade natal e de sua província. Com 30 anos, em plena ascensão, Zeballos lutava Compreende-se a disposição de Ze- para ampliar o espaço e relações que gozava ballos, em meados de 1880, de empreender no mundo político, social e intelectual argen- tal iniciativa historiográfica. Em 1870, ao tino dominante. Esforçava-se para conquis- findar a guerra, ele preparava-se para com- tar a posição que as relações e raízes crioulas pletar os 16 anos. Como os jovens de sua ge- dos seus sobrenomes sugeriam, mas que a ração, acompanhara em casa, na escola e nas falta de recursos familiares dificultava. A es- ruas fatos que galvanizaram e dividiram a critura de uma história geral da guerra gran- sociedade argentina. Apesar das raízes fede- de era necessária. Oito anos após o fim da ralistas de sua família, como tantas outras, ocupação militar do Paraguai, abundavam ela foi tomada de furor patriótico-unitarista as histórias rápidas dos sucessos e os relatos antiparaguaio. Em 1865, o menino Estanis- de ex-combatentes argentinos e brasileiros, lao emocionara-se com o anúncio do confli- escritos antes e após o fim do conflito, não 3 to, apesar de confessar que, mesmo sendo raro de circulação local ou regional. “estudiante de geografia”, ignorava se o Pa- Então, sobretudo, havia a ampla His- raguai “era de este o de otro mundo”. Como tória da Guerra do Brasil contra as Repúblicas tantos jovens, decidira-se arrolar-se e partir do Uruguay e , em quatro volumes, para o front. Foi frustrado na precoce carrei- de Francisco Felix Pereira da Costa, com ra militar pela severa tunda propiciada pelo ampla abordagem da influência da questão pai, ex-militar, que – ele mesmo revelaria, oriental nos sucessos (COSTA, 1870-1871). já adulto – esfriara suas “ideas patrióticas!” Na Argentina e no Brasil, o trabalho refe- (DE MARCO, 2009, p. 222-224). Mais tarde, rencial seguia sendo do major inglês George referiu-se a viagem que teria feito, em 1869, Thompson, simpático ao Paraguai, antipáti- impressionado pela guerra, à fantasmagóri- co ao Império do Brasil e crítico a Solano Ló- ca capital paraguaia. Tradição registra 1868 pez, a quem servira lealmente até a rendição como a data da viagem e seu engajamen- de Angostura, em 30 de dezembro de 1868 to, aos 15 anos, como tenente de infantaria (THOMPSON, 1869).

353

História: Debates e Tendências – v. 15, n. 2, jul./dez. 2015, p. 350-366 Porém, em 1883 e 1884, surgiam os autor de importante obra historiográfica, na valiosos Recuerdos de la guerra del Paraguay, qual se destacam Historia de Belgrano y de la do veterano militar José Ignacio Garmendia Independencia Argentina (1889) e Historia de San (1841-1921) (GARMENDIA, 1883-1884.). No Martín y de la Emancipación Sudamericana, em Brasil, o primeiro trabalho mais ambicioso, três volumes (1887, 1888, 1890). Em 1874, Ze- História da guerra do Paraguai, foi publicado ballos participara do levante fracassado pro- em 1897, em três volumes, pelo coronel sul- piciado pelo ex-presidente. Agora, prometia -rio-grandense José Bernardino Bormann colocar a pena ao serviço da construção da ha- (1844-1819), dedicado aos companheiros de giografia mitrista (DE MARCO, 2009, p. 15). combate (BORMANN, 1897). Também no Contudo, ao morrer, quase trinta anos Brasil, em 1902, vinha a lume a história da após a decisão sempre mantida, Zeballos jun- guerra do prussiano Louis Schneider (1805- tara vastíssima documentação sem publicar 1875), pró-imperial, anotado pelo barão do quase nada sobre o conflito, à excessão de ar- Rio Branco, de fumos oficialistas (SCHNEI- tigo sobre a batalha do Riachuelo. Não foram DER, 1902). encontrados nem mesmo rascunhos dos inú- meros livros que comporiam o trabalho pro- Promessa não cumprida metido. Portanto, resta-nos apenas conjeturar sobre as razões e eventuais consequências A operação proposta por Zeballos desse paradoxal fiasco. O projeto anunciado, cumpria uma quase necessidade de Estado portentoso e ambicioso, pretendera-se defi- e aproximava e estreitava as relações do jo- nitivo: onze volumes, mais um anexo carto- vem com os pro-homens argentinos que ha- gráfico, segundo o dito pelo autor em corres- viam vencido a guerra e dirigiram a nação, pondência a Mitre. Em verdade, ao registrar o assim como dos protagonistas uruguaios e plano de trabalho, propôs escrever um tomo paraguaios do conflito, derrotados, mas se especial sobre os sucessos ocorridos “dentro acomodando aos vencedores. Eram laços do Paraguai” quando da guerra – o que não pessoais importantes para a carreira polí- foi feito, plenamente, até hoje. Assim, a obra tica e diplomática que já deslanchara. Dé- comportaria treze volumes (BREZZO, 2006). cadas mais tarde, Zeballos teria se tornado Quando anunciou a obra magnífica, Ze- hiperlatifundiário no Chaco Boreal, remune- ballos já produzira livros de sucesso, em geral rado pela mediação do tratado bolivariano- entre o ensaísmo e a ficção, alguns em conti- -paraguaio de 1907 (DALLA-Corte, 2006, nuação ao livro encomendado pelo general p. 105-121). Por décadas, o político e intelec- Roca. Aqueles foram os seus anos de maior tual correspondeu-se e entrevistou-se com produtividade bibliográfica. Entre outros tra- Mitre, não raro semanalmente, facilitando-lhe balhos, escreveu Episodios en los territorios del o ex-presidente o acesso parcial aos seus mag- sur (1879), Descripción amena de la República níficos arquivos, contando certamente que Argentina, em três volumes (1881, 1883, 1888), Zeballos redigisse versão mitrista não oficial Callvucurá y la dinastía de los piedra (1884), da história que ele protagonizara. Mitre foi Painé y la dinastía de los zorros (1886), Relmu,

354

História: Debates e Tendências – v. 15, n. 2, jul./dez. 2015, p. 350-366 reina de los Pinares (1888). Escritor experiente, VERINA, 1933). Em 1934, o general brasi- não tinha tradição na produção historiográfi- leiro Augusto Tasso Fragoso (1869-1945), ca, que exige enorme dedicação, sobretudo também enfronhado naquela arte, e dis- tratando-se de obra de tal dimensão, a ser pondo de posição de destaque no aparato escrita com a historiografia da guerra então estatal brasileiro, lançou a exaustiva His- gatinhando. Tinha autoridade e recursos tória da guerra entre a Tríplice Aliança e o para fazer entrevistas, pedir depoimentos, Paraguai, em cinco volumes (FRAGOSO, contratar copistas, etc., mas o tempo lhe seria 1934; MAESTRI, 2012). Os seis volumes curto, visto o crescente sucesso como jorna- de Beverina somados aos cinco de Fragoso lista, político, ministro, diplomata, professor, não perfaziam os doze ou treze prometidos advogado, estancieiro, etc. E o Paraguai seria por Zeballos! É quase fantasia realizar um entre outros projetos bibliográficos. prognósticos sobre o valor e a orientação Homem maduro e jurista consagrado, de obra jamais escrita. Porém, sua forma- redigiu estudo jurídico de fôlego, e não a ção, a visão de mundo, a militância polí- obra prometida sobre a guerra. Talvez lhe tica, a intimidade com Mitre, o plano de dificultasse a escritura, a consciência de que, trabalho, tudo sugere que, provavelmente, sobretudo após Curupayty, em setembro de obedeceria aos cânones da historiografia 1866, e o fortalecimento dos motes no inte- inspirada pelo centralismo estatal argen- rior da Argentina, a guerra fora uma opera- tino. Hipótese corroborada pelas entre- ção querida e levada ao fim, principalmente, vistas que produziu, pois há traços de sua pelo Império do Brasil (POMER, 1986). O intencionalidade nos depoentes seleciona- certo é que a obra não deslanchara. Dezoito dos, temas abordados, perguntas postas, anos mais tarde, o político e historiador pa- orientações e transcrições das entrevistas, raguaio Manuel Dominguez (1868-1935) es- já que raramente reproduzia literalmente crevia, talvez descrendo na promessa: “Ter- os depoimentos. mine, por Dios, aquella historia de la guerra Zeballos propôs dedicar o tomo inau- del Paraguay, assunto digno de sua brillante gural da obra monumental à história e pluma” (BREZZO, 2006, p. 18). à sociedade paraguaia. Se é correta a in- formação do representante oriental em O plano geral e o sentido da obra Asunción, quando ali chegou o “notable escritor”, em abril de 1888, ele dedica- magnífica ria “especial atención a los governos de Na Argentina, um trabalho de gran- Francia y López”, reunindo “en un libro de amplitude – seis tomos e anexos car- la terrible historia de las tiranías sufri- tográficos – foi produzido em 1933, meio das” pelos paraguaios (BREZZO, 2005, século após Estanislao Zeballos propor-se p. 226). O que sugere resgate da crítica à tarefa, pelo coronel cordobês Juan Be- tradicional portenha ao antiliberalismo verina (1877-1943), militar com tradição paraguaio, retomada após a guerra pela na historiografia castrense argentina (BE- historiografia (Maestri, 2009). O segun-

355

História: Debates e Tendências – v. 15, n. 2, jul./dez. 2015, p. 350-366 do tomo abordaria os sucessos pregressos à Fiel à tradição positivista, mesmo guerra de 1864-1870, desde a Revolução de entrevistando algumas mulheres, Zeballos Maio de 1810. No plano geral de trabalho, não se preocupou com a voz feminina, mes- não há referência ou destaque à invasão da mo das classes proprietárias. Ele se opôs, República do Uruguai, por Venancio Flores, sempre, ao voto da mulher, pois, bom po- apoiada por Bartolomé Mitre e, a seguir, sitivista, via como papel feminino “formar pelo Império do Brasil, tida como causa fun- ninos y darles una ‘conciencia nacional’ en damental do início do conflito (HERRERA, el seno del hogar” (Dalla-Corte, 2009, 1927). Os nove livros seguintes abordariam p. 23). Ainda que muito breve, o depoimen- cronologicamente os fatos bélicos. to de Concepción Domecq de Decoud deixa- Tratava-se de plano geral tradicional -nos entrever a importância dessa voz até de história político-diplomática-militar, há pouco desprezada.5 Em 1893, o sul-rio- sem inovações temáticas, com excessão do -grandense J. Montenegro, estudioso do tomo proposto sobre o Paraguai durante conflito, publicou em português as memó- o conflito. O que sabemos sugere também rias da prisioneira francesa Dorothéa Du- explicação do passado a partir dos gran- prat de Lasserre, escritas, em 1870, a pedi- des protagonistas. Em carta ao padre pa- do de oficial imperial (LASSERRE, 1893). raguaio Fidel Maíz (1828-1920), Zeballos Como os autores de sua época, Zeballos afirmara que buscava “la verdad, sin ignorou o depoimento dos abundantes po- partido tomado previamente, dispuesto a pulares que viveram e lutaram a guerra amparar com ella a quien la mereça”.4 Ou no semianonimato, protagonistas coletivos seja, definir os vilões e os heróis, os pro- e individuais do conflito geral. tagonistas e os antagonistas, como normal Ao registrar o depoimento de infor- na ciência historiográfica positivista. Os madores socialmente não excelentes, as- depoentes de Zeballos eram os grandes sinalava que eram homens excepcionais, protagonistas do conflito. No Paraguai, para resgatar o valor do depoimento. Em , o padre Fidel Maíz, fins de 1919, quando combatia a reforma o dirigente legionário Segundo Decoud, universitária, Zeballos declarou: Pedro Duarte, entre outros. Na Argentina, Los hombres de Estado son cérebros su- mesmo sendo Bartolomé Mitre o depoente periores; el vulgo tiene el dever de pensar por excelência, consultou outros oficiais mi- como los hombres superiores y no los hom- litares (ou seus familiares), Emilio Mitre, bres superiores como el vulgo (LACOSTE; Luis María Campos, Ignácio Garmendia, ARPINI, 2002, p. 132). Candido López, entre outros. No Uruguai, São raros os registros de fatos, hábi- contatou Juan José de Herrera, a família tos e tradições do quotidiano da guerra. Ao de Venancio Flores, Justiniano Salvañach, anotar, com sua singular competência nar- etc. Alguns europeus foram ouvidos, mas, rativa, um relato popular fantasmagórico segundo parece, nenhum brasileiro prota- sobre a guerra, entrevemos o valor do que gonista daqueles feitos. deixou de registrar.6

356

História: Debates e Tendências – v. 15, n. 2, jul./dez. 2015, p. 350-366 O tirano como culpado homens como demiurgos da história. Sobre as costas largas de López acomodaram-se Os registros de Zeballos sugerem um inicialmente as elites paraguaias vencedoras viés interpretativo do conflito segundo a e vencidas, que administraram o país des- visão liberal-patriótica mitrista. No plano truído e refundado na tradição liberal-mer- de trabalho, refere-se aos paraguaios como cantil-latifundiária. Fazendo da nécessité ver- “enemigos” e a López, como “tirano”. As tu, reconheciam os bons serviços aliancistas, visões das gerações de 1870 e 1880 sobre a ao pôr fim ao reino do despotismo no Para- guerra, sucesso cardinal na formação do Es- guai. Os vencidos reivindicavam apenas o tado unitário argentino, eram no essencial reconhecimento da dignidade e o heroísmo concorrentes. Seguia-se propondo o con- do combatente paraguaio. Em 1888, dueña fronto como a luta entre a barbárie e a civi- Juana, viúva do general Francisco Isidoro lização, entre o centro e a periferia, causada Resquín (1823-1882), alegrava-se que o po- pela ambição do ditador despótico contra lítico argentino pretendesse “historiar nues- quem fora feita a guerra, exclusivamente. tra guerra nacional, separando lo que perte- Nos depoentes, Zeballos procura a confir- nece a los caprichos de un hombre (Solano mação dessa tese. López) y al valor legendario de un pueblo”.8 Durante a guerra, aquela retórica jus- Seu esposo integrara o círculo militar para- tificadora, que apresentava Solano López guaio máximo durante a guerra. (1862-1870) como o responsável exclusivo Ao entrevistar legionários e ex-mem- do conflito – lopizmo negativo –, fora abra- bros da administração paraguaia, Zeballos çada pelas facções paraguaias liberais que recebeu a confirmação que procurava dirigiram o país imediatamente após o con- (AGUINAGA, 2011). A culpa da guerra flito (ROLÓN, 2011). Após o fim da guerra, e da derrota teria sido de López, definido ela fora funcional aos quadros (paraguaios e como homem desprezível, malévolo, falso, estrangeiros) do aparato administrativo mi- covarde. Suas próprias raízes familiares não litar e político lopizta. O médico inglês Guil- o recomendariam. Zeballos pediu ao padre lermo Stewart lembrava que, após a derrota, Fidel Maíz, “datos sobre el carácter y origen “nosotros ingleses que estábamos a su lado de los López”. Para gáudio do argentino, (de López), teníamos vergüenza de habernos crente da determinação do homem pela manchado sirviendo a tal monstruo”. Ele raça, o padre afirmou que, por parte do avô fora membro do círculo restrito do mariscal paterno, a família López “no era de la raza e pudera sempre abandonar sua posição. Em blanca”, distinguindo-se pelos membros seu livro, de 1869, Thompson, que servira “tétricos y ensimismados”, opostos por “an- fielmente nas tropas paraguaias, racionaliza- tagonismo inconciliable”.9 ra sua participação no conflito responsabili- Sobre os tribunais de sangue, tema cen- zando Solano López (THOMPSON, 1869).7 tral da narrativa antilopista, os depoentes Aquela explicação era coerente com vi- foram também unânimes em afirmar que sões cultas da época, que viam os grandes criam que a conspiração jamais existira, tese

357

História: Debates e Tendências – v. 15, n. 2, jul./dez. 2015, p. 350-366 da narrativa liberal-platense forte até hoje. Para o sacerdote, López teria empreen- Assim dissera, entre outros, Patricio Esco- dido os processos ao saber precisamente das bar, que lembrava ter pedido uma vez ao tentativas ou contatos com os aliancistas.13 mariscal pela vida “de un inocente” – have- Fidel Maíz denunciou o comportamento do ria, então, culpados?10 A conspiração seria mariscal, algoz dos irmãos e torcionário da produto da imaginação e sede de sangue própria mãe. Mas sugeriu a possibilidade da de Solano López. Nesse quesito, destaca- materialidade do plano de envenenamento -se o depoimento do tortuoso padre Maíz, do mariscal. “Mi madre, no hay para que ne- acusado de protagonizar aqueles sucessos, gar cuando ya está todo descubierto” – teria aproveitando-se deles para tentar alcançar declarado, segundo ele, Venancio, em Cara- a posição máxima na Igreja paraguaia. Em guatay.14 longa carta, afirma que os “procesos […] eram fabricados bajo la imediata inspiración Uma documentação inestimável – a de López”. O tirano teria as sentenças “pre- radiografia de uma época concebidas” e assinalava nas listas dos jul- gados os que deveriam morrer.11 O Fundo Estanislao Zeballos, do Ar- Inquirido sobre a conspiração, o padre quivo Bautista Gill Aguinaga, a ser publi- Maíz foi viscoso como uma enguia. Limitou- cado, é formado por cartas isoladas, depoi- -se a propor que acreditava que não tivesse mentos escritos pelos autores, cópias de existido: “Yo creo que no ha existido”. A se- documentos, entrevistas realizadas e trans- guir, confirmou a conspiração, obliquamen- critas por Zeballos, etc. Trata-se de docu- te, ao assinalar que, após o cerco de Humai- mentação multifacetada de valor singular, tá e a crença na perdição do mariscal, era que se abre a múltiplas leituras e interpre- “lógico que algunos vecinos principales” se tações, colocando igualmente não poucas preocupassem com “la dirección de los inte- novas questões. Desse material, destaca- reses propios y generales”, “poniéndose de -se a longa entrevista com o coronel Pedro acuerdo o intentándolo con los brasileros”.12 Duarte, que expõe sua versão direta sobre Aquela fora a justificativa de Benigno, ao ser a batalha de Yatay, na Argentina, diante inquirido pelo irmão, em San Fernando, so- de Uruguaiana, em 17 de agosto de 1865.15 bre as propostas de entrega de Asunción à Como complexo documental, valoriza-se esquadra imperial, em fevereiro de 1868. singularmente pelo inestimável registro do – Señor, como no hemos temido más noti- momento de transição cultural, ideológica cias de Ud. o del ejército […], había creído e política da sociedade paraguaia, nos anos llegado el momento de pensar y tomar al- 1887-1888, quando da produção da maioria gunos resolución tendente a salvar nues- das entrevistas realizadas. tras personas y neutros intereses (CENTU- Enquanto Zeballos avançava, em Asun- RIÓN, 2010, p. 309). ción, sua enquete sobre a guerra, afloravam Ou seja, entrar em confabulação com o no Paraguai fenômenos políticos e culturais inimigo! que assentavam raízes nas entranhas da me-

358

História: Debates e Tendências – v. 15, n. 2, jul./dez. 2015, p. 350-366 mória e das experiências populares. Ocorreu bal: “¡Siempre fue malo!”. E completou desa- um processo complexo e contraditório, apre- nimado: “Sin embargo ¡lo quieren!”.17 Mais sentado, em geral, de forma mecanicista, re- do que uma invenção, o lopizmo positivo foi dutora e ideológica, como mero produto de um fenômeno social que transcendeu o pró- conspiração nascida de interesse material prio personagem histórico no qual se fixava. (reivindicações fundiárias de Enrique Solano A visão geral de Zeballos sobre a guerra López) e de ambição política do antigo alto- aflora aqui e lá, ao comentar e transcrever as -comando militar (coloradismo) (PAGNI; entrevistas e documentos que reúne. Varia- CESARETTI, 2007). Ainda que esses e outros riam apenas os argumentos que reafirmavam interesses e pretensões procurassem even- as narrativas ideológicas de Mitre e Domin- tualmente orientar, manipular e se servir gos Faustino Sarmiento (1811-1886) de luta daquele processo singular, é simplismo ina- entre civilização e barbárie, entre campo e ci- ceitável explicar fenômenos sociais ou cultu- dade, entre centro e periferia. Corroborando rais profundos a partir de motivações secun- aquelas visões, Zeballos assinala a força do dárias, superficiais e contingentes. Aquelas barbarismo guarani que, segundo ele, aflora- forças teriam se expressado, sem a influên- va após a guerra, por além de frustrados en- cia das referidas determinantes superficiais, saios de civilização. Zeballos traça o retrato ainda que com configurações diversas. Ao do ex-líder legionário José Segundo Decoud, referir-se ao que propôs como ressurgência que, para ele, procurava negar suas raízes na- do atavismo guarani, Zeballos assinalava cionais. Propôs que, apesar de não se crer um as importantes metamorfoses em curso nas, [...] paraguayo en sus hábitos y maneras, la como diríamos hoje, representações historio- sangre (guarani) pugna con el refinamien- gráficas e culturais paraguaias organizadas to, y sus botines de cabritilla con empeine e racionalizadas do grande conflito. Com o capellada de seda color Bismarck claro, sensibilidade, anunciava o nascimento do lo- dicen desde lejos, que es un paraguayo quien lo lleva.18 pizmo positivo. “Hay en la Asunción indis- cutiblemente un partido lopista, que si hoy Para Zeballos, eram raízes que ressur- no tiene vida activa, tiene culto a la memoria giam após a planta ter sido aparentemente ex- del que otros paraguayos […] llaman Tigre”. tirpada: “Se nota que las nuevas generaciones Seguia Zeballos no registro daquele momen- de paraguayos vienen con ideas reaccionarias to de transição: “Hay retratos (de Solano Ló- en favor del pasado bárbaro de este país”.19 pez) en todas las casas de sus amigos más o menos mal hechos”.16 Uma questão de raça O depoimento do capitão de fragata paraguaio Pedro Gill, veterano da guerra, Zeballos não explicava, a partir da liberal e furibundo antilopista, referiu-se ao história e da sociologia, o fenômeno que forte sentimento popular. Zeballos pergun- descrevia. Apoiando-se no “racismo positi- tou a ele: “desde cuando había empezado vista” e no “darwinismo social”, acreditava López a ponerse malo”. Sua resposta foi ca- que tudo se deveria à força transcendental

359

História: Debates e Tendências – v. 15, n. 2, jul./dez. 2015, p. 350-366 da raça. “Es una ley de la existencia y un fe- Os Estados signatários da Tríplice nómeno fisiológico que se explica. La pure- Aliança propuseram que a guerra não fora za de la sangre guaraní predomina todavía contra o país e os paraguaios, mas contra So- y ahoga los gérmenes nuevos”.20 Ele menos- lano López, ditador sanguinário responsá- prezava as “razas ‘inferiores’” e propunha vel pelo conflito, pela mortandade, destrui- a criação de nova raça e de nova civilização ção e perdas territoriais, indenizações, etc. argentinas, surgidas da confluência do imi- Essa tradição chocava-se contra o bom sen- grante europeu com os extratos crioulos de so e, sobretudo, com a memória da guerra, raízes espanholas (SÁNCHEZ, 2009, p. 230). mesmo desorganizada, da população para- Em 1915, Zeballos escrevia no verbete guaia, a grande protagonista da resistência relativo à população argentina, da célebre à invasão e à submissão do país. População enciclopédia El tesoro de la juventud: das cidades e dos campos que sofria e segui- ra sofrendo duramente as sequelas da nova El carácter de esta población (Argentina) es enteramente europeo, pues, como ya diji- ordem imposta. mos, la raza blanca [sic] ha fecho desapare- cer, por absorción [sic], a los indios y a los mestizos (LACOSTE; ARPINI, 2002, p. 131). O fato, a memória e a versão

Visões de mundo correntes na época Estanislao Zeballos retrata a sociedade entre a intelectualidade elitista conservado- paraguaia em transformações, não apenas ra latino-americana. quanto às interpretações sobre a guerra, de- No Brasil, em 1902, Euclides da Cunha terminadas por fortes contradições sociais, (1866-1909) publicara a sua obra referencial, históricas, políticas, etc., que traspassavam Os sertões: a campanha de Canudos, em que, o país. O que exige uma aproximação cui- impregnado pelas visões do racismo pre- dadosa dos valiosíssimos relatos obtidos em tensamente científico e do determinismo 1887 e 1888, ou produzidos a seguir, para geográfico e climático, anunciava e festejava sua utilização como fontes dos sucessos a o proposto próximo desaparecimento das que se referiam. raças caboclas brasileiras, historicamente Os depoimentos são versões sobre o superadas, segundo ele, pelas levas de imi- passado, mediadas e traduzidas pela memó- grantes europeus que inundariam o Brasil ria e conformadas pela situação do depoen- (CUNHA, 1911). te no momento da locução, pela sintaxe da Apesar da explicação desvairada e da narrativa. Quanto mais distante dos fatos, qualificação ideológica do fenômeno, Ze- mais a locução de uma memória é facilmen- ballos acertava ao anunciar a ruptura na te objeto de interferências e metamorfoses. hegemonia ideológica imposta pelos alian- As reconstituições de diálogos históricos, cistas, no que se referia ao conflito: “Evi- comuns na legenda histórica e historiografia dentemente el Paraguay va a pasar por las da guerra grande, são também influenciadas tormentas de la demagogia guaraní semi- pela autonomia tendencial das palavras, em -civilizada”.21 relação, por um lado, ao depoente, no mo-

360

História: Debates e Tendências – v. 15, n. 2, jul./dez. 2015, p. 350-366 mento da cedência da informação e, por ou- que fuesen pasados por las armas los cóm- tro, em relação ao locutor histórico, pretenso plices, a medida que fuesen descubriéndo- produtor original da fala. se” (CENTURIÓN, 2010, p. 312). Aveiro re- Os diálogos históricos são retocados fere-se à proposta de Palacios, sem se referir pela tradição quanto à sintaxe, sobrepondo- à reunião: -se as formas sintéticas às prolixas; as ver- […] se aproximaba el 24 de julio, natalicio sões dramáticas às prosaicas; as locuções del Mariscal […]. El Obispo Palacios, to- mais fônicas às menos fônicas, etc. Eles são mando por pretexto esta proximidad de retocados, mais ou menos conscientemente, las fiestas, com repetición y en distintas pelas visões do depoente quando da locução reuniones de los fiscales y jefes allegados, decía al Mariscal que si la causa estaba tan e do registro dos diálogos. Épocas diver- bien averiguada […] se diera por termina- sas produzem comumente relatos diversos, do el procedimiento, colgándose a todos apresentados pelos mesmos depoentes, so- los encausados (AVEIRO, 1998, p. 67). bre os mesmos fatos. Os relatos históricos in- Na primeira versão, pedia-se o fuzila- dividuais tendem a adaptar-se às narrativas mento, na segunda, o uso da forca. Em suas dominantes, constituídas e sacralizadas. Memórias militares, Aveiro propôs sobre a Zeballos transcreve literalmente o de- conspiração: “Yo pienso que ha existido poimento de Patrício Escobar sobre as pala- […]” (AVEIRO, 1998, p. 67). vras que o bispo Palacios teria dito, quando Zeballos não entrevistou, como preten- da comunicação por Solano López da des- dera, Silvestre Aveiro quando de sua visita coberta da conspiração, no acampamento de a Asunción, o que enriqueceu e não empo- San Fernando: breceu as fontes historiográficas. Publicadas No es la clemencia lo que Vuestra Excelen- apenas quando do centenário de Cerro-Co- cia debe ofrecer. En este caso, la salud de rá, as valiosas Memórias militares de Aveiro Vuestra Excelencia y de la Patria exigen foram escritas precisamente a pedido de Es- un castigo inmediato e inexorable y Vues- tra Excelencia debe mandar ejecutar a de- tanislao Zeballos. O autor escreveu em sua güello a todos los criminales (ZEBALLOS, breve introdução: 2015, p. 112). Las páginas que siguen son mi única autén- Essas palavras diferem fortemente das tica declaración sobre la guerra […]. Digo declaración, por que fueron algo así cuando versões de Centurión e Aveiro, que teriam las escribí en 1880 [sic], respondiendo a un estado presentes à reunião. Porém, os três interrogatorio del Dr. Estanislao Zeballos, mantinham-se em contato e certamente re- empeñado entonces en acumular datos memoravam os fatos, ensejando possíveis para escribir una historia de dicha guerra (AVEIRO, 1998, p. 27). transferências e acomodações nas recorda- ções de cada um. Centurión transcreve tex- Talvez o exemplo mais paradigmático tualmente Palacios e enfatiza a proposta de de flutuação individual da memória seja o execução imediata após a descoberta: “Que padre Fidel Maíz. Em 1918, anos após a de- en su opinión el Mariscal debería disponer claração dada a Zeballos, foi publicado o libe-

361

História: Debates e Tendências – v. 15, n. 2, jul./dez. 2015, p. 350-366 lo condenatório redigido pelos clérigos Justo Así es que, cualquiera que sean los errores Román e Fidel Maíz, em 1º de dezembro de de López, éste es una gran figura: EN ÉL SE ENCARNA LA PATRIA PARAGUA- 1868, em Pykysyry, pedindo a suspensão YA EN TODO LO QUE TIENE DE FER- de Palacios de sua alta função eclesiástica e VOR, DE ENERGÍA, DE ELASTICIDAD… sua morte. No documento, rogavam a Sola- DE ETERNIDAD. […] EL CULTO DE LÓ- no López, definido como “Cristo del Pueblo PEZ, […] NO ES SINO EL CULTO DE LA Paraguayo”, a nomeação de um novo bispo, PATRIA (MAÍZ, 1916, p. 126-132, grifo do autor). para não deixar “huérfana y viuda” a Igreja do país, praticamente sugerindo Maíz para o cargo (ROMÁN; MAÍZ, 1996, p. 73-95). Abstract Em 7 de julho de 1889, na carta a Ze- Using from the Estanislao Zeballos Ar- ballos, desde Arroyos y Esteros, sua vila chive Fund Juan Bautista Gill Aguina- natal, Fidel Maíz descarrega sobre López ga discusses Argentine politician’s tra- as enormes responsabilidades que lhe eram jectory and its relationship to the war imputadas pela participação nos julgamen- against Paraguay (1865-70). The pro- tos-execuções. Na longa missiva, refere-se posals to produce a general history of ao mariscal como “tirano” – mais de vinte the conflict and the reasons of its non vezes –, “autocrata”, “absolutista”, “orgu- non-completion are explored. The do- lhoso”, “monstruo de la tirania”, homem de cumentation produced by him on visits “crueldad sin limites” e “desposeído ya de to Paraguay and his record of the deve- todo sentimento de humanidad”, “Nerón de lopment of pro-lopizta revisionists spi- América”. Para o padre Maíz, ele e os outros rit in the country are also analyzed. The elevados colaboradores do mariscal seriam article addresses the problems posed by the direct and indirect oral testimony of “funcionários” submetidos – como soldados protagonists on the war. à disciplina dos oficiais – às ordens peremp- tórias do tirano, em ambiente de terror que os Keywords: Estanislao Zeballos. War of acabrunhava com a permanente ameaça das Paraguay. History and memory. “penas y morte” “contra aquellos” que pen- savam de “otra maneira” que López.22 Anos mais tarde, consolidado o lopizmo positivo Resumen no Paraguai, em nova pirueta, Maíz partici- A partir del Fondo Zeballos Estanislao, paria da sacralização historiográfica de quem del Archivo Juan Bautista Gill Aguina- acusara, em 1888, como verdugo deplorável. ga, de próxima publicación, se discute el O bom sacerdote, já venerando ancião, sentido de la trayectoria del importante escreveria sobre Solano López: “No hay fi- político argentino de la Generación de gura que remplace al Mariscal López, figura 1880, y su relación con la guerra contra de talla colosal, guerrero sin igual, que se el Paraguay [1865-1870]. Se discuten las alza imponiéndose a la admiración del mun- razones eventuales de la no finalización do y a la gratitud de su patria”. de su propuesta de producir una histo-

362

História: Debates e Tendências – v. 15, n. 2, jul./dez. 2015, p. 350-366 ria general del conflicto. Se analiza la do- lao Zeballos. Carpeta Nº 124 (ZEBALLOS,1 [2015], cumentación producida por él en sus vi- p. 80). 8 Carta de Juana C. de Resquín a José Mernes. Villa sitas a locales de combates y a Asunción Concepción, 12 de abril de 1888. Fondo Estanis- en 1887 y 1888, y su testimonio del de- lao Zeballos. Carpeta Nº 149 (ZEBALLOS, [2015], sarrollo, entonces, de un fuerte espíritu p. 161). 9 Carta de Fidel Maíz, Arroyo y Esteros, 7.7.1889, revisionista pro-lopizta en Paraguay. Se a Estanislao Zeballos, Buenos Aires, Archivo ocupa de los problemas planteados por Juan Bautista Gill Aguinaga. Carpeta 122 (ZEBA- el testimonio oral de los protagonistas, LLOS, [2015], p. 61). 10 directos e indirectos, sobre esos sucesos. ZEBALLOS, Estanislao. Segundo Viaje al Tea- tro de la Guerra. Informes del señor presidente de la República, General Don , Palabras clave: Estanislao Zeballos. Gue- que hizo toda la guerra hasta la muerte de Ló- rra del Paraguai. História y memória. pez. Archivo Juan Bautista Gill Aguinaga. Fondo Estanislao Zeballos. Informes del general Patri- cio Escobar. Carpeta nº 130 (ZEBALLOS, [2015], p. 111). Notas 11 Carta de Fidel Maíz a Estanislao Zeballos, Arro- yos y Esteros, 7 de julho de 1889. Fondo Estanis- 1 Agradecemos a gentil leitura da historiadora Ma- lao Zeballos (ZEBALLOS, [2015], p. 61). ria José Becerra da Universidad Nacional de Cor- 12 Carta de Fidel Maíz a Estanislao Zeballos, Arro- doba, Argentina, e da linguista Florence Carboni, yos y Esteros, 7 de julho de 1889. Fondo Estanis- da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, lao Zeballos (ZEBALLOS, [2015], p. 61). Brasil. 13 Anexo à carta de Fidel Maíz, Arroyo y Esteros, 2 Parte do arquivo paraguaio de Estanislao Ze- 7.7.1889, a Estanislao Zeballos, Buenos Aires, Ar- ballos foi comprada pelo intelectual paraguaio chivo Juan Bautista Gill Aguinaga. Carpeta 122. e rico proprietário Juan Bautista Gill Aguinaga Fondo Estanislao Zeballos (ZEBALLOS, [2015], (1910-1982) e legada, mais tarde, ao Estado pa- p. 61). raguaio. Devido a financiamento do governo ar- 14 Anexo à carta de Fidel Maíz, Arroyo y Esteros, gentino, foi empreendida a publicação dessa do- 7.7.1889, a Estanislao Zeballos, Buenos Aires, Ar- cumentação, em livro, a ser apresentada em 2015 chivo Juan Bautista Gill Aguinaga. Carpeta 122. (BREZZO, 2015). Fondo Estanislao Zeballos (ZEBALLOS, [2015], 3 Sobre as primeiras histórias da guerra escritas p. 61). por combatentes e contemporâneos brasileiros, 15 Pedro Duarte. Recuerdos del General Pedro cf. (GAY, 1867; MADUREIRA, 1870; DIAS, 1870; Duarte comunicados especialmente a Estanis- TAUNAY, 1871; SILVA, 1877; JOURDAN, 1890). lao Zeballos. Fondo Estanislao Zeballos (ZEBA- 4 Carta de Fidel Maíz a Estanislao Zeballos, Arro- LLOS, [2015], p. 92). yos y Esteros, 7 de julho de 1889. Juan Bautista 16 ZEBALLOS, Estanislao. Segundo Viaje al Teatro Gill Aguinaga. Fondo Estanislao Zeballos. Carta de la Guerra 1888. Varias noticias recogidas en la del Padre Fidel Maíz a Estanislao Zeballos. Car- Asunción. Archivio Juan Bautista Gill Aguinaga. peta Nº 122. Carpeta Nº 128-1. Fondo Estanislao Zeballos (ZE- 5 ZEBALLOS, Estanislao. Informes de la Señora BALLOS, [2015], p. 61). Concepción Domecq de Decoud, Asunción, 1888, 17 ZEBALLOS, Estanislao. Segundo Viaje al Teatro Segundo viaje al teatro de la Guerra. Archivo Juan de la Guerra 1888. Varias noticias recogidas en la Bautista Gill Aguinaga. Fondo Estanislao Zeba- Asunción. Archivio Juan Bautista Gill Aguinaga. llos. Carpeta Nº 128 (ZEBALLOS, [2015], p. 85). Carpeta Nº 128-1. Fondo Estanislao Zeballos (ZE- 6 ZEBALLOS, Estanislao. Viaje al Teatro de la Gue- BALLOS, [2015], p. 61). rra del Paraguay Abril de 1887. 14 de abril. Archi- 18 ZEBALLOS, Estanislao. Memorias del Doctor vo Juan Bautista Gill Aguinaga. Fondo Estanislao José Segundo Decoud 1888 Asunción. Segundo Zeballos (ZEBALLOS, [2015], p. 245-54). viaje al teatro de la Guerra Informes de Doctor 7 Declaraciones del Dr. Stewart súbdito inglés Ci- José Segundo Decoud Ministro de Relaciones Ex- rujano Mayor del Ejército del Paraguay. Archivo teriores del Paraguay. Archivio Juan Bautista Gill Juan Bautista Gill Aguinaga. Fondo Estanislao Aguinaga. Fondo Estanislao Zeballos. Informes Zeballos. Carta de Guillermo Stewart a Estanis-

363

História: Debates e Tendências – v. 15, n. 2, jul./dez. 2015, p. 350-366 de José Segundo Decoud. Carpeta Nº 125 (ZEBA- CENTURIÓN, Juan Crisóstomo. Memorias o LLOS, [2015], p. 83). reminiscencias históricas sobre la guerra del Para- 19 ZEBALLOS, Estanislao. Segundo Viaje al Teatro guay. Asunción: El Lector, 2010. de la Guerra 1888 (ZEBALLOS, [2015], p. 43). 20 ZEBALLOS, Estanislao. Segundo Viaje al Teatro CERVO, Amado Luiz; BUENO, Clodoaldo. A de la Guerra 1888 (ZEBALLOS, [2015], p. 43). política externa brasileira (1822-1985). São Paulo: 21 ZEBALLOS, Estanislao. Segundo Viaje al Teatro Ática, 1986. (Série Princípios). de la Guerra 1888 (ZEBALLOS, [2015], p. 431). 22 Carta de Fidel Maíz, Arroyo y Esteros, 7.7.1889, a COSTA, Francisco Felix Pereira da. História da Estanislao Zeballos, Buenos Aires, Archivo Juan guerra do Brasil contra as repúblicas do Uruguay Bautista Gill Aguinaga. Carpeta Nº 122 (ZEBA- e Paraguay. Contendo considerações sobre o LLOS, [2015], p. 61). exército do Brasil e suas campanhas no Sul até 1852. Campanha do Estado Oriental em 1865. Referências Marcha do Exército pelas Províncias argenti- nas. Campanha do Paraguay. Operações do Exército e da Esquadra. Acompanhada de juí- AGUINAGA, Juan B. Gill. La Asociación Para- zo crítico sobre todos os acontecimentos que ti- guaya en la Guerra de la Triple Alianza. Asun- veram lugar nesta memorável campanha. Rio ción: Servilibro, 2011. de Janeiro: Guimarães, 1870-1871. 4 v. AVEIRO, Silvestre. Memorias militares. Asun- CUNHA, Euclides da. Os sertões: campanha de ción: El Lector, 1998. Canudos. 4. ed. : Francisco Al- BEVERINA, Juan. La guerra del Paraguay: las ves; Paris: Aillaud, Alves, 1911. operaciones de la guerra en territorio argen- DALLA-Corte, Gabriela. El Estado nacional tino y brasileño. Buenos Aires: Biblioteca del en el control económico del . La uni- Oficial, 1933. 6 v. dad de los intereses políticos y empresariales de BORMANN, Jose Bernardino. História da guer- Estanislao Zeballos y Carlos Casado del Alisal. ra do Paraguai. Curitiba: Paranaense Jesuino In: DALLA-CORTE, Gabriela et al. (Coord.). Lopes, 1897. 3 v. Homogeneidad, diferencia y exclusión en América. Barcelona: Universidad de Barcelona, 2006. BREZZO, Liliana M. La guerra de la Triple Alian- za en la primera persona de los vencidos: el hallaz- ______. Felisa Jordan. La madre de Estanis- go y la incorporación de la Sección Estanislao lao Zeballos. Practicas Asociativas, Espacio S. Zeballos del Ministerio de Defensa de Para- Publico y Proyeccion Femenina en Argentina guay. Anuario de la Escuela de Historia – Fa- (1870-1880). Revista Digital de la Escuela de His- cultad de Humanidades y Artes - UNR; Lugar: toria, UNR, Rosario, a. 3, n. 5, p. 11-34, 2011. Rosario; Año: 2011, p. 201-220. Disponível em: . Acesso em: 25 jul. 2014. la memoria de sus actores: el proyecto histo- riográfico de Estanislao Zeballos. Nuevo Mun- ______. Una sociedad en red: prácticas asocia- do, Mundos Nuevos Colloques, Paris, févr. 2006. tivas, espacio público y proyección femenina Disponível em: . Acesso em: 17 ago. 2014. Nelida; Lagunas, Cecilia (Ed.). Hacia una ______. (Org.). La Guerra del Paraguay en pri- redefinición del concepto patrimonio cultural. La mera persona. Testimonios inéditos. Fondo Es- inclusion de las Mujeres, Editorial de la Uni- tanislao Zeballos. Asunción: Tiempo de Histo- versidad Nacional del Comahue, 2009. Dispo- ria, 2015. nível em:

364

História: Debates e Tendências – v. 15, n. 2, jul./dez. 2015, p. 350-366 com/2013/06/2009-dalla-corte-zeballos.pdf>. HERRERA, Luís Alberto de. El drama del 65. La Acesso em: 28 jul. 2014. culpa mitrista. Montevideo: A. Barreiro y Ra- DE MARCO, Miguel Angelo. Dos escritos ju- mos, 1927. veniles de Estanislao S. Zeballos. Temas de His- JOURDAN, E. C. Guerra do Paraguay. Rio de Ja- toria Argentina y americana, Buenos Aires, n. 14, neiro: Laemmert, 1890. p. 217-244, enero-jun. 2009. Biblioteca digital LACOSTE, Pablo; ARPINI, Adriana. Estanis- da Universidad Catolica Argentina. Disponível lao Zeballos, La politica exterior argentina, la em: . Acesso em: 6 ago. 2014. vista Universum, Universidad de Talca, Chile, DIAS, Satyro de Oliveira. O Duque de Caxias e a. 17, p. 125-146, 2002. Disponível em: . Acesso em: 2 ago. 2014. ÉBÉLOT, Alfred. Adolfo Alsina y la ocupación del LASSERRE, Dorothéa Duprat de. Memórias de Desierto. Relatos de la frontera. Buenos Aires: Dorothéa Duprat de Lasserre. Versão e notas J. El Elefante Branco, 2008. Arthur Montenegro. Rio Grande do Sul: Reis ESTEVES, Gomes Freire. História Contemporá- Bastos; Trocadero, 1893. nea del Paraguay. Asunción: El Lector, 1996. MADUREIRA, Cel. Antônio de Sena. Guerra FRAGOSO, Gal. Augusto Tasso. História da do Paraguai: resposta ao sr. Jorge Thompson, Guerra entre Tríplice Aliança e o Paraguai. Rio de autor da “Guerra del Paraguay” e aos anota- Janeiro: Imprensa do Estado Maior do Exérci- dores argentinos D. Lewis e A. Estrada. Rio de to, 1934. 5 v. Janeiro: Typographia do Imperial Instituto Ar- tistico, 1870. GARMENDIA, José Ignacio. Recuerdos de la guerra del Paraguay. Buenos Aires: Jacob Peu- Maestri, Mário. A guerra contra o Paraguai: ser, 1883-1884. 2 v. história e historiografia: da instauração à res- tauração historiográfica (1871-2002). Nuevo GAY, João Pedro. Invasão paraguaia na fronteira Mundo, Mundos Nuevos, Colloques, Paris, não brasileira do Uruguai: desde seu princípio até o paginado, mars 2009. Periódico on-line. Dis- fim (de 10 de junho a 18 de setembro de 1865). ponível em: . Acesso em: 10 jun. 2015. de J. Villeneuve, 1867. ______. Cisnes negros: 1910: a revolta dos ma- HEINSFELD, Adelar. Falsificando telegramas: rinheiros contra a chibata. 3. ed. Porto Alegre: Estanislao Severo Zeballos e as relações Brasil- FCM, 2015. -Argentina no início do século XX. In: EN- CONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA – VES- ______. Tasso Fragoso e a guerra da Tríplice TÍGIOS DO PASSADO, Seção Rio Grande do Aliança. História e ideologia. O Olho da História, Sul, 9, 2008, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: Salvador, BA, n. 18, não paginado, jul. 2012. Dis- ANPUH, 2008. p. 1-10. Disponível em: . Acesso em: 10 jun. 2015. anais/1211228384 _ARQUIVO_ Falsificando- MAÍZ, Fidel. Desagravio. Asunción: La Mun- Telegramas.pdf>. Acesso em: 1º jul. 2014. dial, 1916.

365

História: Debates e Tendências – v. 15, n. 2, jul./dez. 2015, p. 350-366 PAGNI, Florencia; CESARETTI, Fernando. La SILVA, Teotônio Meirelles. O exército brasileiro metamorfosis de Francisco Solano López. Crónica na Campanha do Paraguai: resumo histórico. Rio de la larga operación histórica que transformó de Janeiro: O Globo, 1877. a un individuo nefasto para su pueblo en el TAUNAY, Alfredo d’ E. La Retraite de Laguna: prócer paradigmático de la nación. Blogue gru- Épisode de la Guerre du Paraguay. Rio de Ja- po Efefe, Grupo de Estudo de História. 2007. neiro: Typographia Nacional, 1871. Disponível em: . Acesso em: 10 jun. 2015. acompañada de un bosquejo histórico del país y con notas sobre la ingeniería militar. Buenos POMER, Léon. Cinco años de guerra civil en la Aires: Americana, 1869. Argentina (1865-1870). Buenos Aires: Amorror- te, 1986. ZEBALLOS, E. S. La conquista de quinze mil lé- guas: estúdio sobre la traslación de la fronteira RODRÍGUEZ, F. Estanislao S. Zeballos: un de- sul de la República al rio Negro. Dedicado a sierto para la nación. Relics & Selves: Articles. los jefes y oficiares del Ejercito Expedicionário. Portal Birkbeck University of London. c2015. Buenos Aires: La Prensa, 1878. Disponível em: . Acesso ______. La guerra del Paraguay en primera per- em: 10 jun. 2015. sona. Testimonios inéditos. Fondo Estanislao Zeballlos. Ed. Brezzo, L. Asunción: Tiempo de ROLÓN, Oscar Bogado. Sobre cenizas. Cons- Historia, [2015]. trucción de la Segunda República del Para- guay (1869-1870). Asunción: Intercontinental, ______. La nationalité au point de vue de la lé- 2011. gislation comparée et du droit privé humain. Paris: Sirey, 1914-1919. 5 t. ROMÁN, Justo; MAÍZ, Fidel. Campamento de Pykysyry, diciembre 1º de 1868. In: GODOY, Juan Silvano. El fusilamiento del Obispo Palacios y los tribunales de sangre de San Fernando. Do- cumentos históricos. Asunción: El Lector, 1996. (1ª edição em folhetim, El Liberal, de Asun- ción; em livro, 1918). SÁNCHEZ, Santiago Janvier. Nacionalidad e inmigración en el pensamiento de Estanislao Zeballos (1883-1912). Temas de Historia Argenti- na y americana, Buenos Aires, n. 15, p. 223-258, jul.-dic. 2009. Biblioteca digital da Universidad Católica Argentina. Disponível em: . Acesso em: 2 ago. 2014. SCHNEIDER, Louis. A guerra da Tríplice Alian- ça contra a República do Paraguai (1864-1870). Anotado por José M. da S. Paranhos. Rio de Janeiro: Garnier, 1902. 2 v.

366

História: Debates e Tendências – v. 15, n. 2, jul./dez. 2015, p. 350-366