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Universidade do Extremo Sul Catarinense Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURAL DE COMUNIDADE ARBÓREA DE FLORESTA OMBRÓFILA DENSA MONTANA NO MUNICÍPIO DE MORRO GRANDE, SANTA CATARINA

Dolores Martins Bosa

Criciúma, SC 2011 1

Dolores Martins Bosa

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURAL DE COMUNIDADE ARBÓREA DE FLORESTA OMBRÓFILA DENSA MONTANA NO MUNICÍPIO DE MORRO GRANDE, SANTA CATARINA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências Ambientais da Universidade do Extremo Sul Catarinense para obtenção do Título de Mestre em Ciências Ambientais.

Área de Concentração: Ecologia e Gestão de Ambientes Alterados

Orientador: Prof. Dr. Robson dos Santos

Co-Orientador: Prof. Dr. Gilberto Montibeller Filho

Criciúma, SC 2011

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

B741c Bosa, Dolores Martins. Composição florística e estrutural de comunidade arbórea de floresta ombrófila densa montana no município de Morro Grande, Santa Catarina. / Dolores Martins Bosa ; orientador : Robson dos Santos ; co-orientador : Gilberto Montibeller Filho - Criciúma : Ed. do Autor, 2011. 87 f. : il. ; 30 cm.

Dissertação (Mestrado) - Universidade do Extremo Sul Catarinense, Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, Criciúma, 2011.

1. Comunidades vegetais – Morro Grande. 2. Botânica - Classificação. 3. Floresta ombrófila densa. 4. Recursos naturais. I. Título. CDD. 21ª ed. 581 Bibliotecária Eliziane de Lucca – CRB 1101/14ª - Biblioteca Central Prof. Eurico Back - UNESC

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus por me proporcionar esta oportunidade. Aos meus familiares pais, irmãos, principalmente meu companheiro Ezio Bosa, meus filhos Elivelton Martins Bosa e Pâmili Martins Bosa pela compreensão e apoio e pela contribuição para minha formação pessoal e profissional e também a família Bosa por me ceder à área para fazer o estudo. Aos professores Dr. Robson dos Santos, Dr. Gilberto Montibeller Filho e Drª Vanilde Citadini Zanette, pela paciência, carinho, aprendizado, amizade e por serem minhas referencias profissionais. Aos professores do mestrado em Ciências Ambientais a quem também tenho grande admiração e respeito. Aos meus amigos Marcelo Romagna Pasetto e Dilton Pacheco que muito contribuíram para realizar a pesquisa a campo e ao prof. Dr. Rafael Martins pela colaboração nos cálculos dos parâmetros fitossociológicos e da probabilidade de encontros interespecíficos. Aos meus amigos, principalmente a Rosivane Arcaro, Andreza Buzanello, Marlova Neuman Araujo, aos colegas da Escola de Educação Básica Timbé do Sul, aos colegas do mestrado em Ciências Ambientais, e a todos que sempre estiveram comigo, pela amizade, aprendizado e apoio em todas as situações. Em especial também gostaria de agradecer as pessoas que se prontificaram a dar a entrevista colaborando para que este trabalho fosse realizado.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Localização do município de Morro Grande, extremo sul de Santa Catarina...... 14 Figura 2. Foto parcial Floresta Ombrófila Densa Montana (área de estudo) no município de Morro Grande, Santa Catarina. Foto: Dilton Pacheco, dezembro/2010...... 16 Figura 3. Distribuição percentual das espécies por família amostrada no levantamento do componente arbóreo na Floresta Ombrófila Densa Montana no município de Morro Grande, Santa Catarina...... 24 Figura 4. Dendrograma gerado a partir do índice de similaridade de Jaccard entre a vegetação arbórea do bioma Mata Atlântica dos estudos considerados, onde, FODM = Floresta Ombrófila Densa Montana, FODS = Floresta Ombrófila Densa Submontana, FODT = Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas, FTUR = Floresta Turfosa, REST = Restinga, Ne = número de espécies arbóreas amostradas...... 26 Figura 5. Curva do número cumulativo de espécies por unidade amostral no levantamento fitossociológico, Siderópolis, SC...... 27 Figura 6. Freqüência de classes de altura (A), em metros, e de diâmetro (B), em centímetros, fechados à esquerda, da população de Euterpe edulis, amostrada na Floresta Ombrófila Densa Montana no município de Morro Grande, SC...... 31 Figura 7. Distribuição do número de indivíduos amostrados por classe de diâmetro, em intervalos de 5 cm, na comunidade arbórea na Floresta Ombrófila Densa Montana no município de Morro Grande, Santa Catarina...... 33 Figura 8. Distribuição das classes de alturas, com intervalor de 2,5 m, dos indivíduos arbóreos amostrados no levantamento do componente arbóreo na Floresta Ombrófila Densa Montana no município de Morro Grande, Santa Catarina, onde 1 = 2,0-2,49 m; 2 = 2,5-4,99 m; 3 = 5,0- 7,49; 4 = 7,5-9,99; 5 = 10,0-12,49; 6 = 12,5-14,99; 7 = 15,0-17,49; 8 = 17,5-19,99; 9 > 20,0 m...... 34 Figura 9. Distribuição do número de espécies por grupo ecológico na Floresta Ombrófila Densa Montana no município de Morro Grande, Santa Catarina...... 35 Figura 10. Distribuição percentual de espécies em estratégias de polinização e de dispersão da comunidade arbórea na Floresta Ombrófila Densa Montana no município de Morro Grande, Santa Catarina...... 36 Figura 11. Diagrama de ordenação produzido por análise de correspondência das espécies amostradas no levantamento da comunidade arbórea no município de Morro Grande, SC, distribuídas nas categorias de interações interespecíficas, levando-se em conta o número de indivíduos amostrados. As espécies são identificadas pelo seu acrônimo (três letras iniciais do gênero e três do epíteto específico); os nomes completos das espécies constam na tabela 2. . 38 Figura 12. Distribuição etária dos entrevistados na localidade de Três Barras, município de Morro Grande, Santa Catarina...... 41 Figura 13. Foto do acesso a área onde foi realizado estudo florístico-fitossociológico, antes (dezembro de 2010) e depois (fevereiro de 2011) de enxurrada, na localidade de Três Barras no município de Morro Grande, Santa Catarina. Fotos: Dilton Pacheco...... 51 Figura 14. Valor de existência atribuído pelos entrevistados da localidade de Três Barras, município de Morro Grande, Santa Catarina...... 59 4

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Categorias de interações interespecíficas para categorização das espécies arbóreas em Floresta Ombrófila Densa Montana no município de Morro Grande, SC...... 18

Tabela 2. Lista florística das espécies arbóreas amostradas na Floresta Ombrófila Densa Montana no município de Morro Grande, Santa Catarina, com correspondente grupo ecológico (GE), onde, Pio = pioneira, Sin = secundária inicial, Sta = secundária tardia e Cli = clímax; síndrome de polinização, onde, Anemof = anemofílica e Zoof = zoofílica e estratégia de dispersão, onde, Ameno = anemocórica, Auto = autocórica e Zooc = zoocórica...... 21

Tabela 3. Espécies arbóreas amostradas na Floresta Ombrófila Densa Montana no município de Morro Grande, Santa Catarin, e respectivos descritores estruturais, onde, H = altura máxima (m), DAi = densidade absoluta (indivíduos/ha), DRi = densidade relativa (%), FAi = frequência absoluta (%), FRi = frequência relativa (%), DoAi = dominância absoluta (m²/ha), DoRi = dominância relativa (%) e VI = valor de importância...... 28

Tabela 4. Grau de instrução dos entrevistados na localidade de Três Barras, município de Morro Grande, SC...... 42

Tabela 5. Opinião dos entrevistados da localidade de Três Barras, município de Morro Grande, SC, com relação a medida compensatória caso houvesse supressão da vegetação. ... 60

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Resumo

O Brasil é um país com patrimônio natural mais significativo do mundo, a maior riqueza é expressa pela diversidade e endemismo de espécies, patrimônio genético e variedade ecossistêmica. A manutenção de nossas florestas, entre elas a Mata Atlântica, é o maior desafio no campo científico pelo risco de extinção de muitas espécies. Diante da preocupação com o futuro desse ecossistema florestal realizou-se estudo com objetivo de analisar composição florística e estrutural da comunidade arbórea de Floresta Ombrófila Densa Montana e estudo de caso com população humana, no município de Morro Grande, Santa Catarina. No levantamento florístico e fitossociológico foram amostrados indivíduos arbóreos com diâmetro ≥ 5 cm, utilizando-se o método de quadrantes centrados. Foi avaliada a Probabilidade de Encontros Interespecíficos, pela presença ou ausência de cada interação interespecífica observada nas espécies amostradas. Realizou-se um estudo de caso para identificar o valor socioambiental atribuído pelos habitantes da localidade de Três Barras, no município de Morro Grande. Foi aplicado questionário referente à importância que atribuíam à floresta, agregando o componente do trabalho voluntário que estariam dispostos ou não a realizar em favor da preservação da floresta. Na área amostral foram identificadas 100 espécies nativas e duas espécies exóticas, distribuídas em 43 famílias botânicas. As famílias mais representativas foram , Lauraceae, Annonaceae e Fabaceae. A espécie mais importante foi Euterpe edulis. A maior riqueza de espécies com polinização e dispersão biótica indica a importância dos animais nos processos de regeneração e sucessão em florestas secundárias. O conhecimento da composição florística e estrutural da comunidade arbórea, aliado à compreensão do valor atribuído a floresta por moradores da localidade de Três Barras podem contribuir para o entendimento dos processos ecológicos e a dinâmica da natureza em áreas naturais e podem contribuir para que gestores estabeleçam e ponham em prática políticas públicas que promovam a sustentabilidade. Os entrevistados desta pesquisa distribuíram-se em diferentes níveis de instrução, desde ensino fundamental incompleto a graduação, e diferentes faixas etárias (18-88 anos). Dos domicílios pesquisados mais da metade tinha renda superior a R$ 1.000,00. Verificou-se divergência entre ideias antropocêntricas e ecológicas, demonstrou não ter domínio de informações específicas em relação às funções do ecossistema florestal para manter a integridade do ambiente, isto evidencia a falta de uma educação ambiental eficiente e de política de sustentabilidade que vise à convivência dentro de limites respeitáveis entre homem e floresta. Nesta pesquisa, 80% dos entrevistados demonstraram disposição ao trabalho voluntário em prol da preservação da floresta.

Palavras-chave: florística, fitossociologia, interação interespecífica, recursos naturais, trabalho voluntário.

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Abstract

The study was performed of the tree community of Floresta Ombrófila Densa Montana (Tropical rain forest) located in the Morro Grande, Santa Catarina, Brazil, in order to analyze the floristic composition and structure of the tree and the importance attached by the forest dwellers location. On the floristic and phytosociological sampled trees with diameter ≥ 5 cm, using the method of centered quarter. We evaluated the probability of interspecific encounters, the presence or absence of interspecific interaction observed in each species. To identify the social and environmental value, attributed by the inhabitants of the study was conducted through questions regarding the importance they attributed to the forest, adding the component of the volunteer work that would be willing or not to be held in favor of preserving the forest. In the sample area were identified 100 native and two exotic species, distributed in 43 families. The most representative families were Myrtaceae, Lauraceae, Annonaceae and Fabaceae. The most important species was Euterpe edulis. The greatest richness of species with biotic pollination and dispersal indicates the importance of animals in the process of regeneration and succession in secondary forests. Respondents were classified into different levels of education, from elementary school graduation and age groups (18-88 years). Of the households surveyed more than half had incomes exceeding R$ 1,000.00. There was disagreement between anthropocentric and ecological ideas, these have not demonstrated mastery of specific information regarding the functions of the forest ecosystem to maintain the integrity of the environment, this highlights the lack of an effective environmental education and sustainability policy that aims at the coexistence within respectable limits between man and forest. In this research, 80% of respondents showed willingness to volunteer work for the preservation of the forest. Knowledge of the floristic composition and structure of the tree, coupled with understanding of the socioeconomic and environmental value for local residents of three bars can contribute to the understanding of ecological processes and dynamics of nature in natural areas and can help managers to create policies public that promote sustainability.

Key words: floristic, phytosociology, interspecific interaction, natural resources, voluntary work.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...... 8 1.1 Objetivos ...... 12 1.1.1 Objetivo geral...... 12 1.1.2 Objetivos específicos ...... 13

2 MATERIAIS E MÉTODO ...... 14 2.1 Caracterização do município ...... 14 2.2 Metodologia ...... 16 2.2.1 Composição florística e estrutural da comunidade arbórea ...... 16 2.2.2 Categorias sucessionais, estratégias de polinização e de dispersão ...... 17 2.2.3 Interações interespecíficas ...... 18 2.2.4 Estudo de caso com população humana vizinha a floresta ...... 19

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...... 21 3.1 Composição florística e estrutural da comunidade arbórea ...... 21 3.2 Categorias sucessionais, estratégias de polinização e de dispersão ...... 35 3.3 Interações interespecíficas ...... 38 3.4 Estudo de caso analisando a relação socioeconômica e ambiental da população vizinha a floresta ...... 41 3.4.1 A Disposição ao Trabalho Voluntário (DATv) ...... 56

4 CONCLUSÃO ...... 63

REFERÊNCIAS ...... 66

APÊNDICES ...... 77

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1 INTRODUÇÃO

Toda a nação possui três formas de riqueza: material, cultural e biológica. A riqueza material e a cultural são bem compreendidas, pois constituem a substância de nossa vida cotidiana, quanto à riqueza biológica, esta não é considerada tão importante, constituindo-se assim na essência do problema da biodiversidade. A diversidade biológica é fonte potencial de imensas riquezas materiais ainda não exploradas, seja sob a forma de alimentos, medicamentos ou bem estar. A fauna e a flora são partes do patrimônio de uma nação, produto de milhões de anos de evolução concentrada naquele local e momento e, portanto, tão merecedoras da atenção nacional quanto as particularidades da língua e da cultura (WILSON, 2008). O Brasil é o país de maior biodiversidade do planeta, com um patrimônio natural reconhecido como o mais significativo do mundo (BRITTO, 2006). A sua maior riqueza é expressa pela diversidade e endemismo das espécies biológicas e seu patrimônio genético, bem como pela variedade ecossistêmica dos biomas (IBAMA, 2001). Segundo Minc (2005, p. 13), a dinâmica e o equilíbrio dos ecossistemas dependem de sua biodiversidade, da quantidade das espécies neles existentes e das interações que elas estabelecem entre si e com o meio físico. Nos ecossistemas as interações biológicas, que as espécies estabelecem entre si (intra-específica) e com a comunidade (interespecífica), são resultado da evolução que acabaram moldando as adaptações de certas espécies à presença de outras, servindo de subsídio para determinada espécie se manter presente neste ambiente. A conservação da biodiversidade regional é sem dúvidas um dos maiores obstáculos a ser superado neste século, isso em função do elevado nível de perturbações pela ação humana, as quais estão expostos os ecossistemas naturais. Segundo Nagagata (2006, p. 563):

A exploração sem controle dos recursos naturais pelo homem não deve mais ser aceita; nem tampouco o pensamente de que o homem é uma espécie mais importante do que as outras espécies que com ele coexistem.

Segundo o Decreto Federal n. 4339/02 (BRASIL, 2002) que rege a política da biodiversidade, a diversidade biológica tem valor intrínseco, merecendo ser preservada independentemente de seu valor para o homem ou potencial para uso humano. 9

De acordo com Brito (2006), a biodiversidade é a base da vida. É a base para as funções ecológicas e espécies que sustentam as formas de vida e modificam a biosfera, o que a torna apropriada e segura à vida no planeta. Neste sentido, a biodiversidade possui, além de seu valor intrínseco, os valores ecológicos, genéticos, sociais, econômicos, científicos, educacionais, culturais, recreativos e estéticos. A perda da diversidade biológica envolve os aspectos sociais, econômicos, culturais e científicos. As florestas tropicais são a principal fonte de madeira para os mais diversos usos sendo desta forma alvo de exploração predatória, onde o homem tem transformado e fragmentado grandes áreas naturais em pequenas manchas isoladas como se encontra atualmente a Mata Atlântica (FERRETI et al., 1995). Segundo Dean (1996), é impossível imaginar como era a Mata Atlântica antes da chegada do homem há 13 mil anos, quando teve início o processo de interação entre o homem e a natureza e a consequente intervenção na floresta. Sua história de destruição, nos espaços onde se ergueu a parte mais densamente povoada da sociedade brasileira é uma história do Brasil contada do ponto de vista das relações entre sociedade e meio ambiente. A responsabilidade da destruição recai sobre muitos, desde índios e missionários até os industriais e os governantes. Na época do descobrimento, a Mata Atlântica estendia-se ao longo da costa oriental brasileira, numa faixa de largura variada, desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, cobrindo tanto a planície costeira como as encostas e planaltos, ocupando uma área de aproximadamente um milhão de km². Sua flora exuberante e a diversidade faunística são consequência da forte influência oceânica associada às condições climáticas, ecológicas e, principalmente, a rica fácies geomorfológica (MARTINS, 2005). A Mata Atlântica é considerada um dos mais importantes repositórios de biodiversidade do planeta e um dos biomas mais ameaçados do mundo, sendo por isso considerado hotspot para a conservação (MYERS et al., 2000; SECHREST et al., 2002; MITTERMEIER et al., 2004). Atualmente, o bioma encontra-se reduzido a fragmentos florestais isolados (< 100 ha), indicando que restam aproximadamente de 11% da vegetação original (RIBEIRO et al., 2009). Apesar disso, estima-se que este bioma abriga 20.000 espécies de plantas vasculares, das quais cerca de 8.000 são endêmicas (MYERS et al., 2000). Cabe às gerações atuais tomar sábias decisões para superar os obstáculos que hoje se fazem presente e vencer o desafio de chegar à metade do presente século com a menor perda 10 possível da biodiversidade. As gerações futuras colherão os benefícios dessas decisões tomadas em prol da diversidade biológica por esta geração (WILSON, 2008). Uma verdadeira reconciliação entre homem e a natureza é desejável para que a humanidade possa viver de acordo com as leis naturais das quais, até certo ponto não pode libertar-se. A preservação do capital natural incluindo o conjunto dos animais e vegetais constituem assim o primeiro dever da humanidade moderna (DORST, 1973). As projeções de vida para a humanidade, no século XXI, estão cobertas pelo véu escuro da palavra crise: crise de mercado, econômica, trabalho, ecológica, social, tornando-se cada vez mais difícil separar modernidade de crise, pois, pelo que parece, ambas se tornaram companheiras. Esta situação vivenciada na modernidade está relacionada à chamada terceira revolução industrial gerada pelo avanço da microeletrônica, propiciando o aumento da produtividade. A racionalização da sociedade, simbolizada pela institucionalização do desenvolvimento técnico-científico no final do século XVIII, garantiu o poder do homem sobre a natureza, por meio do desenvolvimento das forças produtivas em uma escala que supera qualquer precedente histórico (DEMAJOROVIC, 2003). Até por volta de 1970, o capitalismo foi interpretado por teorias econômicas que não levavam em conta os fatores prejudiciais ao ambiente: degradação do ambiente pela poluição, destruição de ecossistemas ou esgotamento de recursos naturais. Isso decorrente do fato de até então, no quadro capitalista, não ter atingido uma situação crítica ou possuir um caráter localizado, e por não ter característica de irreversibilidade, fato bloqueador do despertar de uma consciência ecológica coletiva (MONTIBELLER-FILHO, 2008). A intensificação da industrialização e seus processos produtivos altamente impactantes sobre o meio ambiente aliado ao aumento da população ampliaram a problemática ecológica e assim surgiu na sociedade a preocupação com o presente e o futuro do meio ambiente (MONTIBELLER-FILHO, 2008). A economia socioambiental procura uma abordagem preventiva contra as catástrofes naturais pregando a conservação da biodiversidade mediante uma ótica que considere as necessidades potenciais das gerações futuras. Isso pressupõe que os limites ao crescimento fundamentado na escassez dos recursos naturais e sua capacidade de suporte é real e não necessariamente superáveis por meio do progresso tecnológico (MATTOS; MATTOS, 2005). Montibeller Filho (2008) designa economia ambiental a abordagem que trata da inter-relação entre o desenvolvimento socioeconômico e o meio ambiente. No campo da economia há três correntes ambientalistas: economia ambiental neoclássica, economia 11 ecológica e economia ambiental marxista. A corrente ambiental neoclássica baseia-se na valoração monetária dos bens e serviços ambientais, ou seja, imputar valor econômico em mercados hipotéticos, aquilo que o mercado normalmente não considera; a economia ecológica é a que pauta na análise dos fluxos de energia e de materiais e a ambiental marxista é a que percebe dialeticamente a relação do capital com a natureza. O enfoque sistêmico da valoração torna-se necessário para o entendimento da importância em compreender o valor que tem o meio ambiente para a sobrevivência correlacionando o problema da valoração com as questões da sustentabilidade biológica e ecológica dos recursos naturais, como estratégia de defesa do capital natural, como subsídio a gestão ambiental e pelos aspectos econômicos (MOTA, 2001). Um desenvolvimento econômico e social contínuo, harmonizado com a gestão racional do ambiente, passa pela redefinição de todos os objetivos e de todas as modalidades de ação. O ambiente é considerado uma dimensão do desenvolvimento e deve ser internalizado em todos os níveis de decisão (MATTOS; MATTOS, 2005). O desenvolvimento e o meio ambiente estão indissoluvelmente vinculados e devem ser tratados mediante a mudança de paradigma em relação a visão anteriormente dominante (SACHS, 1993). Três critérios fundamentais devem ser obedecidos simultaneamente: equidade social, prudência ecológica e eficiência econômica. Este conceito normativo básico emergiu da Conferência de Estocolmo em 1972, designado à época como “abordagem do ecodesenvolvimento” e posteriormente renomeado “desenvolvimento sustentável” (SACHS, 1993). Os mercados convencionais não contemplam os ativos naturais. Dessa forma a valoração desses ativos é de grande importância, permitindo analisar as questões de mercado, as externalidades de projetos de investimentos e dos problemas judiciais que envolvem os danos ao meio ambiente e a terceiros. Valorar significa atribuir aos ativos naturais significados que vão além da teoria de mercado, sendo que a esses recursos estão incorporadas atribuições ecológicas desconhecidas da ciência (MOTA, 2001). Como se percebe nos últimos anos, o debate sobre o uso dos recursos naturais e os problemas a eles relacionados decorrentes da excessiva exploração, vem adquirindo uma escala crescente, acentuando-se ainda mais em regiões que reúne de certa forma, um conjunto de atributos que os torne especiais. Assim sendo, discutir preservação torna-se uma tarefa complexa, uma vez que é necessário explorar os recursos naturais para continuarmos usufruindo de seus benefícios. 12

Isso, porém, envolve interesses, perspectivas e limitações sejam quanto ao método, ou quanto ao domínio do conhecimento das relações entre os elementos da natureza. Conhecer a diversidade biológica nos remanescentes florestais por meio de sua quantificação e a compreensão da organização espacial das comunidades nos fragmentos fornece conhecimento sobre parte da grande riqueza florestal do país ainda não conhecida, permitindo avaliar os índices de perdas e conservação dos recursos naturais. É necessário também conhecer o entorno dessas florestas, habitado pela população humana para analisar os possíveis impactos, frente aos processos produtivos, causados nesses habitat naturais e qual a visão que estas populações, têm da floresta, para que futuramente possa-se estabelecer políticas públicas que visem trabalhos de recuperação e manutenção de florestas nestes locais com a participação ativa e atuante da população. Dentro desse contexto de reflexão referente às questões ambientais vinculadas os de ordem social e econômica buscaram-se, através do presente trabalho, compreender a dinâmica de uma floresta através do estudo da composição florística e estrutural da comunidade arbórea na localidade de Três Barras, município de Morro Grande, Santa Catarina, e possíveis interações ecológicas com outras espécies presentes na área. O estudo também realizou um estudo de caso enfocando a relação socioeconômica-ambiental que a população humana mantém com a floresta. O estudo procurou compreender a relação do homem com o meio ambiente, evidenciando a importância de conservação do capital natural para as atuais e as futuras gerações, dentro da sociedade que se apresenta atualmente.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo geral

 Analisar composição florística e estrutural da comunidade arbórea de Floresta Ombrófila Densa Montana e estudo de caso com população humana, no município de Morro Grande, Santa Catarina.

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1.1.2 Objetivos específicos

 Realizar levantamento da composição florística e da estrutura da comunidade arbórea;  Classificar as espécies amostradas quanto ao seu grupo ecológico e estratégias de polinização e de dispersão;  Caracterizar as espécies amostradas quanto à ocorrência de interações interespecíficas;  Realizar estudo de caso com o intuito de evidenciar a importância atribuída à floresta por moradores da localidade.

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2 MATERIAIS E MÉTODO

2.1 Caracterização do município

O município de Morro Grande (28º 44' S, longitude de 49º 45' W), situado no extremo sul de Santa Catarina, no vale do rio Araranguá (Figura 1), possui área de 282 km², (EPAGRI, 2008).

Figura 1. Localização do município de Morro Grande, extremo sul de Santa Catarina. 15

Os primeiros colonizadores chegaram ao município de Morro Grande por volta de 1918. Eram famílias descendentes de italianos provindos de Rancho dos Bugres (Urussanga), Morro da Fumaça, Içara e Criciúma. A base da economia do município é a agricultura, com destaque para o cultivo do arroz, milho, feijão, banana e beneficiamento de madeira (AMESC, 2009). Quanto às variações climáticas o município de Morro Grande apresenta dois tipos de clima o Cfa e o Cfb. O Cfa, segundo Köppen, é clima subtropical constantemente úmido, sem estação seca, com verão quente (temperatura média do mês mais quente > 22 °C) e o Cfb nas regiões mais altas, ou seja, clima temperado constantemente úmido, sem estação seca, com verão fresco (temperatura média do mês mais quente < 22,0 °C). A temperatura média normal anual do município varia de 17,0 a 19,3 °C. A temperatura média normal das máximas varia de 23,4 °C a 25,9 °C, e das mínimas de 12,0 °C a 15,1 °C. A precipitação pluviométrica total normal anual pode variar de 1.220 a 2.000 mm, com o total anual de dias de chuva entre 102 e 150 dias. A umidade relativa do ar pode variar de 81,4 a 82,2%. Podem ocorrer, em termos normais, de 0,3 a 11,0 geadas por ano. Os valores de horas de frio abaixo ou iguais a 7,2 °C são relativamente baixos (de 164 a 437 horas acumuladas por ano). A insolação total normal anual varia de 1.855 a 2.182 horas neste município (EPAGRI, 2008). O município é banhado pelos rios Manuel Alves, do Meio, Saltinho e Pilão. Morro Grande possui como limites territoriais: ao norte o estado do Rio Grande do Sul; ao sul, os municípios de Meleiro e Turvo; ao leste, o município de Nova Veneza; a oeste, o município de Timbé do Sul (AMESC, 2009). A vegetação do município de Morro Grande inserida no bioma Mata Atlântica é classificada como Floresta Ombrófila Densa (IBGE, 1992). Trata-se de floresta de encosta e ocupa encostas baixas ou suaves, mas também se estende por encostas com declividade de 30 a 60°, até 700-1.000 m de altitude na Serra Geral. Esta floresta tende a reduzir seu porte com o aumento de altitude e da declividade. É dominada por árvores de 20 a 30 m de altura, com muitos indivíduos um pouco mais baixos e arvoretas, além de arbustos e samambaias arborescentes. A riqueza e a abundância de epífitos são evidentes, com destaque para Orchidaceae, Bromeliaceae, Cactaceae e pteridófitas. Na porção inferior desta floresta até 500-600 m de altitude as árvores mais altas podem atingir de 25 a 30 m de altura destacando- se espécies como Sloanea guianensis, Ficus spp., Magnolia ovata, Cedrela fissilis, Ocotea catarinensis, Cabralea canjerana, Nectandra spp., Bathysa australis, Posoqueria latifolia, Psychotria spp., muitas espécies de Myrtaceae, entre outras. Na porção mais elevadas, a 16 riqueza de espécies é menor, bem como a altura atingida por suas árvores (10-20 m), destacando muitas myrtáceas, lauráceas e espécies como Lamanonia ternata, Phytolacca dioica, Verbenoxylum reitzii, Eupatorium rufescens, Sapium gladulosum, Myrsine spp., Alchornea triplinervia, entre outras (SCHEIBE; BUSS; FURTADO, 2010)

2.2 Metodologia

2.2.1 Composição florística e estrutural da comunidade arbórea

O estudo foi realizado em Floresta Ombrófila Densa Montana, com altitude de 430 m, localizado no município de Morro Grande, Santa Catarina (Figura 2).

Figura 2. Foto parcial Floresta Ombrófila Densa Montana (área de estudo) no município de Morro Grande, Santa Catarina. Foto: Dilton Pacheco, dezembro/2010.

Segundo relato de um morador local, parte da área estudada foi utilizada para a agricultura a aproximadamente 45 anos atrás. Nesta área, cultivou-se principalmente milho e feijão, que serviam de alimento para as famílias que viviam na localidade. Essas famílias viviam da agricultura e compravam apenas alimentos que não conseguiam produzir em sua propriedade. O difícil acesso a estas áreas e as constantes enchentes que destruíam as vias de acesso, mantiveram muitas vezes os moradores isolados o que provocou o deslocamento dos mesmos, que se estabeleceram em outras localidades de fácil acesso, abandonando a agricultura desta área para trabalharem em outras com acesso facilitado. Há aproximadamente 25 anos a área foi utilizada para extração de madeira e logo após abandonada não sendo mais utilizada para nenhuma atividade. O levantamento florístico e fitossociológico foi realizado empregando-se o método de quadrantes centrados (COTTAM; CURTIS, 1956). No total foram amostrados 250 pontos, distando 10 m entre si, distribuídos ao longo de transectos paralelos, com número de pontos variável de acordo com a dificuldade de deslocamento dos pesquisadores. A disposição dos quadrantes foi determinada com estacas transversais à linha do transecto. Para cada árvore 17 mais próxima da origem do quadrante foi registrada a identificação taxonômica, as medidas usuais de distância do ponto, o perímetro à altura do peito (DAP) e a estimativa de altura total, conforme descrito por Waechter et al. (2000). Foram amostrados os indivíduos arbóreos (árvores, palmeiras e samambaias arborescentes) com diâmetro a altura do peito (DAP) igual ou superior a 5 cm, medido a 1,3m do solo. Para os fustes ramificados foram medidos o diâmetro de cada ramo, considerando que pelo menos um dos ramos tenha o diâmetro mínimo estabelecido. A área basal destes indivíduos ramificados foi obtida pela soma das áreas basais calculadas para cada ramo. Com base nas medidas de diâmetro foram elaborados gráficos de linha com a distribuição de todos os indivíduos amostrados, em intervalos de classe de 5 cm. A suficiência amostral foi avaliada a partir da curva de espécies por pontos quadrante. Os dados obtidos na amostragem foram utilizados para quantificar os seguintes descritores estruturais: frequência, densidade e dominância e valor de importância das espécies arbórea (MUELLER-DOMBOIS; ELLENBERG, 1974). A ordenação decrescente das espécies seguiu o valor de importância (VI) sugerido por Holdridge et al. (1971), que dividem a soma dos parâmetros relativos por três. A distância média geométrica foi empregada para estimar a densidade total por área (indivíduos/ha). Foram coletados representantes das espécies amostradas para registro e coleção. Espécies desconhecidas foram identificadas com o auxílio de chaves analíticas, descrições em estudos especializados ou consulta a especialistas, além de comparação com material existente no Herbário Pe. Dr. Raulino Reitz (CRI) da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). Para a delimitação das famílias seguiram-se as propostas de Smith et al. (2006), para as monilófitas, e APG III (2009), para as angiospermas. Foi calculado o índice de similaridade de Jaccard (ISj) entre a comunidade arbórea amostrada no presente estudo e outros dezessete estudos realizados no sul do Brasil.

2.2.2 Categorias sucessionais, estratégias de polinização e de dispersão

As espécies foram distribuídas em quatro grupos, seguindo a classificação de Budowski (1965, 1970), sendo eles: a) Pioneira: espécie que se desenvolve em clareiras, nas bordas da floresta ou em locais abertos, sendo claramente dependentes de condições de maior luminosidade, não ocorrendo, em geral, no sub-bosque. 18

b) Secundária inicial: espécie que se desenvolve em clareiras pequenas ou mais raramente no sub-bosque, em condições de algum sombreamento. Podem também ocorrer em áreas de antigas clareiras, nesse caso ao lado de espécies pioneiras. c) Secundária tardia: espécie que se desenvolve exclusivamente em sub-bosque, permanentemente sombreado e, nesse caso, arvoreta ou árvore de grande porte que se desenvolve lentamente em ambiente sombreado, podendo alcançar o dossel ou ser emergente. d) Clímax: espécie que se desenvolve a sombra das pioneiras e secundárias chegando ao dossel, apresenta crescimento lento, madeira dura e pesada, é tolerante a sombra, dispersão ampla, frutos grandes e pesados, alta dependência de polinizadores e tempo de vida longo. Foram realizadas observações de campo para auxiliar na classificação das espécies em grupos ecológicos que, por ventura, não se enquadraram nos critérios propostos pelos autores consultados, devido à baixa abundância, ou mesmo por falta de registro na literatura. A classificação das estratégias de polinização e de dispersão foi com base nas flores e frutos, conforme descrito em Faegri e van der Pijl (1979) e van der Pijl (1982), respectivamente. Nos táxons que estavam com flores ou frutos, as estratégias foram inferidas de acordo com a literatura, principalmente, a Flora Ilustrada Catarinense (REITZ, 1964-1989; REIS, 1989-2006).

2.2.3 Interações interespecíficas

Foi avaliada a Probabilidade de Encontros Interespecíficos, pela presença ou ausência de cada interação interespecífica observada nas espécies amostradas (Tabela 1), onde o maior número de ocorrência de interações indicou espécies com maior interação biológica na área de estudo ressaltando sua importância ecológica e seu potencial para acelerar o processo de sucessão da comunidade.

Tabela 1. Categorias de interações interespecíficas para categorização das espécies arbóreas em Floresta Ombrófila Densa Montana no município de Morro Grande, SC.

N° Categoria 1 Polinização zoofílica 2 Dispersão zoocórica 3 Herbivoria 4 Suporte para epífitas e/ou lianas 5 Bagueira1

1Bagueira: termo utilizado por caçadores para designar árvores que produzem grande quantidade de frutos que quando estão maduros atraem dispersores de sementes. 19

Para tal finalidade foi elaborada uma matriz, adaptada de Martins (2005), onde constam características das espécies amostradas que promovem interações interespecíficas e indicada a presença, representada pelo número de indivíduos amostrados ou ausência (0) dessas categorias nas espécies relacionadas. Os dados obtidos foram analisados estatisticamente através de análise multivariada, utilizando-se o software MULVA 5 (WILD; ORLÓCI, 1996). Para auxiliar a pesquisa dos encontros interespecíficos, além das observações a campo, foram consultadas bibliografias especializadas, destacando-se: Flora Ilustrada Catarinense (REITZ, 1964-1989; REIS, 1989-2006); Backes e Irgang (2002) e Carvalho (2003, 2006, 2008).

2.2.4 Estudo de caso com população humana vizinha a floresta

Para o estudo de caso realizado na comunidade de Três Barras, município de Morro Grande, Santa Catarina, mais próxima da floresta (cerca de 10 km), foram entrevistados 30 moradores com idade acima de 18 anos, um por família sorteados aleatoriamente, sendo que a comunidade conta com 51 famílias. As entrevistas foram realizadas na residência dos entrevistados que se prontificaram sem nenhuma recusa a dar a entrevista, após a apresentação do objetivo da pesquisa e leitura do termo circunstânciado. O questionário (Apêndice A) foi elaborado de forma a apontar questões de natureza socioeconômica e ambiental relacionadas à área florestal estudada. A aplicação do questionário seguiu as diretrizes do Ministério do Meio Ambienta (MMA) que recomenda a realização de um estudo piloto, a fim de verificar a forma mais adequada de aplicabilidade das questões, o nível de objetividade e a reprodutibilidade das respostas. A pesquisadora procedeu da seguinte maneira: em um primeiro momento foi à residência de um morador muito conhecido pela comunidade, onde foram explanados os objetivos da pesquisa. Neste primeiro momento foram anotadas informações sobre o número de moradores e famílias. Solicitou-se também colaboração para realização das entrevistas, onde este morador se colocou a disposição sem qualquer restrição. Em um segundo momento a pesquisadora selecionou as famílias a serem entrevistadas por sorteio simples. As entrevistas foram agendadas e realizadas nas datas e horários determinados. A pesquisadora se comprometeu que com a conclusão do estudo os resultados seriam apresentados para os moradores da localidade. 20

A partir da análise dos questionários foi considerado o esquema básico do valor econômico total (VET) do bem ou do serviço ambiental (PEARCE; MORAN, 1994; MONTIBELLER-FILHO, 2008). Segundo estes autores o VET é constituído pelo valor de uso atual, o valor de opção (uso futuro) e o valor de existência do bem, definidos como: a) o valor de uso atual é representado por um valor atribuído ao uso efetivo do recurso ambiental e pode ser de dois tipos: i) valor de uso direto, quando o meio ambiente fornece recursos ao processo produtivo; ii) valor de uso indireto, decorrente das funções ecológicas do meio ambiente, como receptor e assimilador de rejeitos do processo produtivo e regularização do clima através das florestas entre outras. b) o valor de opção é a possibilidade de se dispor futuramente de um recurso natural hoje preservado. O valor de uso futuro é correspondente ao uso potencial do recurso natural no futuro. c) o valor de existência é um valor intrínseco presente na natureza, independente de sua relação com os seres humanos, sem associação a nenhum uso atual, nem futuro. O VET é composto pela soma do valor de uso (VU), valor de opção (VO) e valor de existência (VE). VET VU VO VE A obtenção da importância atribuída pelos moradores aos componentes do VET foi feita com inspiração no Método da Valoração de Contingência ressaltando-se que a intenção foi apenas de observar e não quantificar esses valores.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Composição florística e estrutural da comunidade arbórea

Na área amostral da Floresta Ombrófila Densa Montana no município de Morro Grande, Santa Catarina, foram identificadas 100 espécies nativas e duas espécies exóticas, consideradas invasoras (Tabela 2). Dentre as espécies nativas foram identificadas 42 famílias e 78 gêneros, sendo que 21 famílias (50%) foram representeadas por apenas uma espécie.

Tabela 2. Lista florística das espécies arbóreas amostradas na Floresta Ombrófila Densa Montana no município de Morro Grande, Santa Catarina, com correspondente grupo ecológico (GE), onde, Pio = pioneira, Sin = secundária inicial, Sta = secundária tardia e Cli = clímax; síndrome de polinização, onde, Anemof = anemofílica e Zoof = zoofílica e estratégia de dispersão, onde, Ameno = anemocórica, Auto = autocórica e Zooc = zoocórica. Estratégia Família/Nome científico Nome popular GE Polinização Dispersão Annonaceae Annona cacans Warm. Araticum-cagão Pio Zoof Zooc Annona neosericea H.Rainer Araticum-do-mato Sin Zoof Zooc Annona rugulosa (Schltdl.) H.Rainer Cortiça Sta Zoof Zooc Duguetia lanceolata A.St.-Hil. Pindabuna Sta Zoof Zooc Guatteria australis A.St.-Hil. Cortiça Sta Zoof Zooc Xylopia brasiliensis Spreng. Pindaíba Sta Zoof Zooc Apocynaceae Aspidosperma olivaceum Mull.Arg. Sta Zoof Anemo Aquifoliaceae Ilex theezans Mart. ex Reissek Caúna Pio Zoof Zooc Araliaceae Schefflera angustissima (Marchal) Frodin Pau-de-mandioca Sta Zoof Zooc Arecaceae Euterpe edulis Mart. Palmiteiro Cli Zoof Zooc Asteraceae Kaunia rufescens (Lund ex DC.) R.M.King & H.Rob. Pio Zoof Anemo Piptocarpha axillaris ( Less.) Baker Pau-toucinho Pio Zoof Anemo Piptocarpha tomentosa Baker Pau-toucinho Pio Zoof Anemo Bignoniaceae Jacaranda puberula Cham. Caroba Pio Zoof Anemo Boraginaceae Cordia silvestris Fresen. Louro-mole Pio Zoof Anemo Cardiopteridaceae Citronella paniculata (Mart.) R.A.Howard Congonha Cli Zoof Zooc Celastraceae Maytenus sp. Sta Zoof Zooc Maytenus glaucescens Reissek Sta Zoof Zooc 22

Estratégia Família/Nome científico Nome popular GE Polinização Dispersão Chrysobalanaceae Hirtella hebeclada Moric.ex DC. Cinzeiro Sta Zoof Zooc Clethraceae Clethra scabra Pers. Carne-de-vaca Pio Zoof Anemo Cunoniaceae Lamanonia ternata Vell. Guaperê Pio Zoof Anemo Cyatheaceae Alsophila setosa Kaulf. Samambaia Cli ------Cyathea delgadii Sternb. Samambaia Cli ------Dicksonia sellowiana Hook. Xaxim Cli ------Elaeocarpaceae Sloanea guianensis (Aubl.) Benth. Laranjeira-do-mato Cli Zoof Zooc Euphorbiaceae Alchornea triplinervia (Spreng.) Mull.Arg. Tanheiro Sin Zoof Zooc Alchornea glandulosa Popp. Tanheiro Pio Zoof Zooc Gymnanthes concolor Spreng. Larangeira-do-mato Sta Anemo Aut Sapium glandulosum (L.) Morong Pau-leiteiro Pio Zoof Auto Tetrorchidium rubrivenium Poepp. Canemuçu Sin Anemo Zooc Fabaceae Abarema langsdorffii (Benth.) Barneby & J.W.Grimes Pau-gambá Sin Zoof Auto Albizia edwallii (Hoehne) Barneby & J. W. Grimes Angico-pururuca Sta Zoof Auto Erythina falcata Benth. Corticeira-da-serra Cli Zoof Auto Inga marginata Willd. Ingá-feijão Sin Zoof Zooc Machaerium stipitatum (DC.) Vogel Farinha-seca Pio Zoof Anemo Myrocarpus frondosus All. Cabreúva Sin Zoof Anemo Lamiaceae Aegiphila brachiata Vell. Gaioleiro Sta Zoof Zooc Aegiphila integrifolia (Jacq.) Moldenke) Gaioleiro Pio Zoof Zooc Lauraceae Cinnamomum glaziovii Mez Canela-papagaio Cli Zoof Zooc Endlicheria paniculata (Spreng.) J.F.Macbr. Canela-burra Sta Zoof Zooc Nectandra Megapotâmica (Spreng.) Mez Canela-bosta Sta Zoof Zooc Nectandra membranacea (Sw.) Griseb. Canela-branca Sta Zoof Zooc Nectandra oppositifolia Ness & Mart.ex Ness Canela-amarela Sta Zoof Zooc Ocotea catharinensis Mez Canela-preta Cli Zoof Zooc Ocotea indecora (Schott ) Mez Louro- negro Cli Zoof Zooc Magnoliaceae Magnolia ovata (A.St.-Hil.) Spreng. Baguaçu Sta Zoof Zooc Malvaceae Luehea divaricata Mart. & Zucc. Açoita-cavalo Pio Zoof Zooc Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A. Robyns Embiruçu Sin Zoof Zooc Melastomataceae Miconia cabucu Hoehne Pixiricão Pio Zoof Zooc Meliaceae Cabralea canjerana (Vell.) Mart. Canjerana Sta Zoof Zooc Cedrela fissilis Vell. Cedro Sta Zoof Zooc 23

Estratégia Família/Nome científico Nome popular GE Polinização Dispersão Guarea macrophylla Vahl Pau-d'arco Cli Zoof Zooc Trichilia lepidota Mart. Guacá-maciele Cli Zoof Auto Trichilia pallens C.DC. Catiguá Cli Zoof Auto Myrtaceae Calyptranthes grandifolia O.Berg Guaramirim-chorão Sta Zoof Zooc Campomanesia xanthocarpa (Mart.) O.Berg Gabiroba Sin Zoof Zooc Eugenia bacopari D.Legrand Ingabaú Sta Zoof Zooc Marlierea silvatica (O.Berg) Kiaersk. Guaramirim-chorão Sta Zoof Zooc Myrcia brasiliensis Kiaersk. Guaramirim- araça Sta Zoof Zooc Myrcia glabra (O.Berg) D.Legrand Guaramirim Sta Zoof Zooc Myrcia pubipetala Miq. Guamirim-araçá Sta Zoof Zooc Guaramirim-de-folha- Myrcia splendens (Sw.) DC. Sin Zoof Zooc fina Myrcia tijucensis Kiaersk. Ingabaú Sta Zoof Zooc floribunda (H.West ex Willd.) O.Berg Cambuí Cli Zoof Zooc Myrciaria plinioides D.Legrand Camboim Sta Zoof Zooc Myrsinaceae Myrsine hermogenesii (Jung-Mend. & Bernacci) M.F.Freitas Capororoca Sin Anemof Zooc & Kin.-Gouv. Myrsine parvula (Mez) Otegui Capororoca Sin Anemof Zooc Myrsine umbellata Mart. Capororocão Sin Anemof Zooc Myristicaceae Virola bicuhyba (Schott ex Spreng.) Warb. Bicuíba Sta Zoof Zooc Monimiaceae Mollinedia sp. Pimenteira Cli Zoof Zooc Mollinedia schottiana (Spreng.) Perkins Pimenteira Cli Zoof Zooc Moraceae Ficus adathodifolia Schott ex Spreng. Figuerira Sta Zoof Zooc Ficus luschnathiana (Miq.) Miq. Gameleira-vermelha Sta Zoof Zooc Sorocea bonplandii (Baill.)W.C.Burger et al. Cincho Sta Zoof Zooc Nyctaginaceae Guapira opposita (Vell.) Reitz Maria–mole Sin Zoof Zooc Pisonia zapallo Griseb. Maria-mole Sin Zoof Zooc Phyllanthaceae Hyeronima alchorneoides Allemão Licurana Sin Zoof Zooc Phytolaccaceae Phytolacca dioica L. Umbu Pio Zoof Zooc Proteaceae Roupala montanas Klotzsch Carvalho-brasileiro Sta Zoof Anemo Rhamnaceae Hovenia dulcis Thunberg* Uva-do-japão ------Rosaceae Prunus myrtifolia (L.) Urb. Pessegueiro-do-mato Sin Zoof Zooc Rubiaceae Rubiaceae 1 --- Zoof --- Bathysa australis (A.St.-Hil.) K.Schum. Macuqueiro Sta Zoof Anemo Posoqueria latifolia (Rudge) Schult. Baga-de-macaco Cli Zoof Zooc 24

Estratégia Família/Nome científico Nome popular GE Polinização Dispersão Psychotria suterella Mull.Arg. Café-do-mato Sta Zoof Zooc Rudgea jasminoides (Cham.) Mull.Arg. Café-do-mato Cli Zoof Zooc Rutaceae Citrus limonum Risso* Limoeiro ------Esenbeckia grandiflora Mart. Cutia Sin Zoof Auto Zanthoxylum rhoifolium Lam. Mamica-de-cadela Sin Zoof Auto Sabiaceae Meliosma sellowii Urb. Pau-fernandes Sta Zoof Zooc Salicaceae Casearia sylvestris Sw. Guaçatonga Sin Zoof Zooc Xylosma prockia (Turcz.) Turcz. Sucará Sin Zoof zooc

Xylosma pseudosalzmanii Sleumer Sucareiro Sin Zoof Zooc Sapotaceae Chrysophyllum inornatum Mart. Murta Cli Zoof Zooc Sapindaceae Allophylus edulis (A.St.-Hil. et al.) Radlk. Chal-chal Sin Zoof Zooc Cupania Vernalis Cambess. Camboatá- vermelho Pio Zoof Zooc Matayba guianensis Aubl. Camboatá Sta Zoof Auto Solanaceae Solanum pseudoquina A.St.-Hil. Canema Pio Zoof Zooc Solanum sanctaecatharinae Dunal Joá-manso Pio Zoof Zooc Urticaceae Cecropia glaziovii Snethl. Embaúba Pio Zoof Zooc Verbenaceae Citharexylum myrianthum Cham. Tucaneira Sin Zoof Zooc Verbenoxylum reitzii (Moldenke) Tronc. Tarumã Sin Zoof Zooc *Espécie exótica considerada invasora.

A família mais representativa foi Myrtaceae, com 11 espécies (11%), seguida de Lauraceae, com sete espécies (7%), Fabaceae e Annonaceae, com seis (6%), Euphorbiaceae, Meliaceae e Rubiaceae, com cinco (5%), Asteraceae, Cyatheaceae, Moraceae, Myrsinaceae, Salicaceae e Sapindaceae, com três espécies (3%). As demais famílias contribuíram com valores iguais ou inferiores a duas espécies cada, totalizando 37 espécies (36%) (Figura 3).

Figura 3. Distribuição percentual das espécies por família amostrada no levantamento do componente arbóreo na Floresta Ombrófila Densa Montana no município de Morro Grande, Santa Catarina. 25

Na flora brasileira, Myrtaceae aparece entre as famílias mais numerosas na maioria das formações vegetacionais, com destaque para Floresta Ombrófila Densa e para Restinga, onde espécies de Eugenia, Gomidesia, Marlierea e Myrcia são muito comuns, representando frequentemente à família com maior número de espécies (SOUZA; LORENZI, 2005). Nas Regiões Sul e Sudeste do Brasil, Myrtaceae é a família dominante em diversos estudos (MANTOVANI, 1993; JARENKOW, 1994; CITADINI-ZANETTE, 1995; NEGRELLE, 1995, 2003; LISBOA, 2001; IZA, 2002; SEVEGNANI, 2003; MARTINS, 2005, 2010, COLONETTI et al., 2009; SANTOS JUNIOR, 2010). No presente estudo os gêneros mais representativos foram Myrcia, com cinco espécies, Nectandra e Myrsine com três espécies. Para que duas áreas distintas sejam consideradas floristicamente semelhantes (similaridade) pelo índice de Jaccard. Mueller-Dombois e Ellenberg (1974) assinalam que 25% é o limite mínimo para este índice. Pela análise do dendrograma de similaridade determinado no presente estudo (Figura 4) em comparação com outros dezessete estudos realizados no sul do Brasil observou-se a distribuição das formações em dois grupos: um formado pelas áreas sob influência da saturação hídrica (formações turfosas) e restingas (solo bem drenado), e outro grupo formado por áreas em solos bem drenados, compreendidos por Floresta Ombrófila Densa (das Terras Baixas, Submontana e Montana), onde o estudo realizado por Colonetti (2008) no município de Siderópolis e a área do presente estudo apresentaram similaridade em função dos processos de alteração semelhante que sofreram como o corte seletivo de madeira, pelos processos geológicos de formação que originaram as Encostas da Serra Geral da qual fazem parte os dois estudos e condições ambientais (principalmente altitude e latitude) que se refletem na composição florística propiciando o crescimento de vegetação característica. A dissimilaridade registrada, no presente estudo, em relação ao de Reginato e Goldenberg (2007), embora as duas áreas estudadas pertençam à Floresta Ombrófila Densa Montana pode ser atribuída às diferentes condições ambientais como altitude e latitude, além de estarem distantes geograficamente uma da outra. O dendrograma apresenta treze áreas que pertencem à Floresta Ombrófila Densa, no entanto, observaram-se diferenças florísticas, devido a diversos fatores, tais como: perturbação antrópica, condições climáticas, edáficas e variações microambientais de umidade e topografia que podem influenciar diretamente na composição florística, interferindo na similaridade (RODRIGUES; NAVE, 2000).

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Morretes Morro Grande Criciúma Siderópolis Turvo Timbé do Sul Orleans Morrinhos do Sul Siderópolis Piraquara Orleans

Araranguá Tavares

Estudos Formação Local (UF) Latitude Longitude Altura (m) Ne Martins (2010) FTUR1 Araranguá (SC) 29º02’ 49º31’ 4 26 Silva (2010) REST1 Torres (RS) 29º22' 49°45' 14 46 Scherer et al. (2005) REST2 Viamão (RS) 30º22’ 51°00' 10 31 Dorneles e Waechter (2004) FTUR2 Tavares (RS) 31º29’ 51º09' 2 21 Waechter e Jarenkow (1998) FTUR3 Rio Grande (RS) 32º30’ 52º20° 3 12 Negrelle (2006) FODT1 Itapoá (SC) 26º04' 48º38' 9 128 Citadini-Zanette (1995) FODS1 Orleans (SC) 28º21' 49º17' 270 112 Rebelo (2006) FODS3 Laguna (SC) 28º29' 48º53' 150 122 Martins (2005) FODS2 Siderópolis (SC) 28º35' 49º25' 140 115 Colonetti et al. (2009) FODS4 Siderópolis (SC) 28º36’ 49°33’ 170 107 Silva (2006) FODS5 Criciúma (SC) 28º48' 49º25' 34 137 Emerich (2009) FODS6 Turvo (SC) 28º54' 49º41' 32 133 Reginato e Goldenberg (2007) FODM2 Piraquara (PR) 25º29’ 48º59’ 1020 85 Silva (1989) FODM6 Morretes (PR) 25º30' 48º39' 485 70 Pasetto (2011) FODM5 Orlens (SC) 28º11 49º25' 550 128 Este estudo FODM4 Morro Grande (SC) 28º44' 49º45' 430 100 Martins (2010) FODM3 Timbé do Sul (SC) 28º44’ 49º50’ 500 149 Jarenkow (1994) FODM1 Morrinhos do Sul (RS) 29º21' 49º58' 450 114 Figura 4. Dendrograma gerado a partir do índice de similaridade de Jaccard entre a vegetação arbórea do bioma Mata Atlântica dos estudos considerados, onde, FODM = Floresta Ombrófila Densa Montana, FODS = Floresta Ombrófila Densa Submontana, FODT = Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas, FTUR = Floresta Turfosa, REST = Restinga, Ne = número de espécies arbóreas amostradas. 27

Dessa forma os padrões de similaridade observados neste estudo corroboram os descritos para as florestas do bioma Mata Atlântica, onde a diferenciação taxonômica encontra-se fortemente relacionada ao regime de chuvas e à altitude e suas correspondentes variações de temperatura (TORRES et al., 1997; OLIVEIRA-FILHO; FONTES, 2000). Em síntese os resultados aqui apresentados indicam que, além dos fatores geográficos e climáticos, a perturbação da área é outra informação que deve ser lavada em consideração nas comparações florísticas. A comparação florística indicou alta similaridade entre os estudos realizados no sul de Santa Catarina e nordeste do Rio Grande do Sul, destacando-se um grupo de Florestas Turfosas e outro grupo com Florestas Ombrófilas Densas Submontanas e Montanas. Foram relacionadas nos estudos 415 espécies arbóreas. Dentre estas, oito espécies foram citadas em todos os estudos da formação Montana e sete espécies para as formações Montana e Submontana [Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll.Arg., Cabralea canjerana (Vell.) Mart., Casearia sylvestris Sw., Lamanonia ternata Vell., Posoqueria latifolia Roem, Rudgea jasminoides (Cham.) Müll.Arg. e Sorocea bonplandii (Baill.) W.C.Burger, Lanj. & Wess.Boer]. Para as espécies com DAP  5 cm amostradas no levantamento fitossociológico no município de Morro Grande, SC, observou-se tendência à estabilização da curva a partir do ponto quadrante nº 240, tendo incremento de uma espécie nas unidades amostrais seguintes, o que se pode considerar a amostragem realizada representativa da florística local (Figura 5).

Figura 5. Curva do número cumulativo de espécies por unidade amostral no levantamento fitossociológico, Siderópolis, SC.

O levantamento da estrutura horizontal da floresta compreende a determinação de valores de densidade, frequência, dominância e valores de cobertura e de importância (VI) por espécie (MUELLER-DOMBOIS; ELLENBERG, 1974). 28

De acordo com Rodrigues e Gandolfi (2000), o levantamento fitossociológico tem como objetivo principal conhecer as características fisionômicas e estruturais da vegetação e como as espécies se relacionam com fatores biológicos, climáticos e pedológicos. As espécies amostradas no levantamento fitossociológico foram organizadas em ordem de valor de importância (VI), apresentando densidade total de 2.034 indivíduos.ha-1 (Tabela 3). A espécie com maior valor de importância foi Euterpe edulis, com 23,69, suplantando as demais espécies, principalmente em função de sua elevada densidade (645 indivíduos.ha-1) e frequência (72,40%) na área de estudo; seguido de Ficus adathodifolia, com 8,44, Nectandra menbranacea, com 4,81 e Bathysa australis, com 4,69. Considerando as nove espécies com maiores valores de VI o valor acumulado foi de 58,2% do VI total. Psychotria suterella, embora apresente menor dominância, ocupou o 6º lugar em valor de importância devido a sua elevada densidade e frequência. Diversos estudos da estrutura da comunidade arbórea apontam Euterpe edulis com maior valor de importância, principalmente pelos altos valores de densidade, nas formações florestais (JARENKOW, 1994; CITADINI-ZANETTE, 1995; MARTINS, 2005, 2010), o que deve estar relacionado ao seu grande sucesso reprodutivo e a grande disponibilidade de frutos produzidos anualmente (REIS; KAGEYAMA, 2000). Euterpe edulis sofre frequentes cortes seletivos e clandestinos, pois é abundante em toda a Floresta Ombrófila Densa. A freqüência de classes de altura (Figura 6A) e de diâmetro (Figura 6B), da população de Euterpe edulis, representou a espécie de maior destaque na área de estudo.

Tabela 3. Espécies arbóreas amostradas na Floresta Ombrófila Densa Montana no município de Morro Grande, Santa Catarin, e respectivos descritores estruturais, onde, H = altura máxima (m), DAi = densidade absoluta (indivíduos/ha), DRi = densidade relativa (%), FAi = frequência absoluta (%), FRi = frequência relativa (%), DoAi = dominância absoluta (m²/ha), DoRi = dominância relativa (%) e VI = valor de importância. Nome científico H DAi DRi FAi FRi DoAi DoRi VI Euterpe edulis 14 645 31,70 72,40 22,71 9,815 16,65 23,69 Ficus adathodifolia 20 43 2,10 8,00 2,51 12,213 20,72 8,44 Nectandra membranacea 19 55 2,70 9,60 3,01 5,134 8,71 4,81 Bathysa australis 12 114 5,60 19,20 6,02 1,434 2,43 4,69 Hieronyma alchorneoides 20 43 2,10 8,00 2,51 4,551 7,72 4,11 Psychotria suterella 7 106 5,20 16,80 5,27 0,577 0,98 3,82 Alchornea triplinervia 17 41 2,00 7,60 2,38 2,690 4,56 2,98 Cabralea canjerana 18 65 3,20 11,20 3,51 1,256 2,13 2,95 Alsophila setosa 8 77 3,80 8,40 2,63 0,995 1,69 2,71 Matayba guianensis 15 47 2,30 7,60 2,38 1,912 3,24 2,64 Trichilia lepidota 12 51 2,50 8,00 2,51 0,686 1,16 2,06 Gymnanthes concolor 10 49 2,40 8,80 2,76 0,476 0,81 1,99 Casearia silvestris 12 37 1,80 6,80 2,13 0,990 1,68 1,87 29

Nome científico H DAi DRi FAi FRi DoAi DoRi VI Tetrorchidium rubrivenium 16 22 1,10 4,40 1,38 1,301 2,21 1,56 Allophylus edulis 13 28 1,40 5,20 1,63 0,825 1,40 1,48 Mollinedia schottiana 6 37 1,80 7,20 2,26 0,133 0,22 1,43 Cupania vernalis 17 22 1,10 4,00 1,25 0,709 1,20 1,19 Magnolia ovata 17 22 1,10 4,40 1,38 0,580 0,98 1,15 Cordia silvestris 15 12 0,60 2,40 0,75 1,147 1,95 1,10 Endlicheria paniculata 8 26 1,30 4,80 1,51 0,275 0,47 1,09 Rudgea jasminoides 6 26 1,30 4,80 1,51 0,210 0,36 1,05 Pisonia zapallo 14 12 0,60 2,00 0,63 0,873 1,48 0,90 Verbenoxylum reitzii 13 18 0,90 3,60 1,13 0,352 0,60 0,88 Luehea divaricata 14 10 0,50 2,00 0,63 0,861 1,46 0,86 Myrsine umbellata 11 18 0,90 3,60 1,13 0,246 0,42 0,82 Cedrela fissilis 15 12 0,60 2,40 0,75 0,585 0,99 0,78 Citronella paniculata 18 18 0,90 3,20 1,00 0,198 0,34 0,75 Citharexylum myrianthum 15 8 0,40 1,20 0,38 0,819 1,39 0,72 Nectandra oppositifolia 13 10 0,50 2,00 0,63 0,579 0,98 0,70 Myrcia tijucensis 10 14 0,70 2,80 0,88 0,170 0,29 0,62 Citrus limonium* 7 16 0,80 2,80 0,88 0,067 0,11 0,60 Myrcia splendens 12 12 0,60 2,40 0,75 0,222 0,38 0,58 Chrysophyllum inornatum 9 10 0,50 2,00 0,63 0,260 0,44 0,52 Hovenia dulcis* 16 6 0,30 1,20 0,38 0,522 0,89 0,52 Rollinia rugulosa 9 12 0,60 2,40 0,75 0,082 0,14 0,50 Calyptranthes grandifolia 8 12 0,60 2,40 0,75 0,049 0,08 0,48 Lamanonia ternata 16 10 0,50 2,00 0,63 0,179 0,30 0,48 Aspidosperma olivaceum 7 12 0,60 2,40 0,75 0,041 0,07 0,47 Sapium glandulatum 15 8 0,40 1,60 0,50 0,240 0,41 0,44 Nectandra megapotamica 11 6 0,30 1,20 0,38 0,352 0,60 0,42 Virola bicuhyba 11 10 0,50 2,00 0,63 0,080 0,13 0,42 Myrsine hermogenesii 9 10 0,50 2,00 0,63 0,048 0,08 0,40 Machaerium stipitatum 10 10 0,50 1,60 0,50 0,114 0,19 0,40 Alchornea glandulosa 13 4 0,20 0,80 0,25 0,398 0,67 0,38 Annona cacans 16 4 0,20 0,80 0,25 0,392 0,67 0,37 Meliosma sellowii 12 8 0,40 1,60 0,50 0,118 0,20 0,37 Posoqueria latifolia 10 8 0,40 1,60 0,50 0,111 0,19 0,36 Guapira opposita 8 8 0,40 1,60 0,50 0,087 0,15 0,35 Erythrina falcata 16 2 0,10 0,40 0,13 0,446 0,76 0,33 Guarea macrophylla 9 6 0,30 1,20 0,38 0,155 0,26 0,31 Solanum sanctaecatharinae 13 6 0,30 1,20 0,38 0,124 0,21 0,30 Cecropia glaziovii 19 4 0,20 0,80 0,25 0,218 0,37 0,27 Cyathea delgadii 3 6 0,30 1,20 0,38 0,061 0,10 0,26 Inga marginata 8 6 0,30 1,20 0,38 0,033 0,05 0,24 Rollinia sericea 9 6 0,30 1,20 0,38 0,029 0,06 0,24 Duguetia lanceolata 18 4 0,20 0,80 0,25 0,149 0,25 0,23 Roupala brasiliensis 12 4 0,20 0,80 0,25 0,142 0,24 0,23 Dicksonia sellowiana 3 4 0,20 0,80 0,25 0,137 0,23 0,23 Ficus luschnathiana 6 4 0,20 0,80 0,25 0,119 0,20 0,22 Myrocarpus frondosus 15 4 0,20 0,80 0,25 0,114 0,19 0,21 30

Nome científico H DAi DRi FAi FRi DoAi DoRi VI Campomanesia xanthocarpa 8 6 0,30 0,80 0,25 0,044 0,07 0,21 Myrcia brasiliensis 12 4 0,20 0,80 0,25 0,088 0,15 0,20 Jacaranda puberula 10 4 0,20 0,80 0,25 0,061 0,10 0,18 Cinnamomum glaziovii 20 2 0,10 0,40 0,13 0,193 0,33 0,18 Xylosma pseudosalzmannii 12 4 0,20 0,80 0,25 0,050 0,09 0,18 Myrciaria plinioides 10 4 0,20 0,80 0,25 0,047 0,08 0,18 Aegiphila sellowiana 6 4 0,20 0,80 0,25 0,037 0,05 0,17 Myrcia pubipetala 9 4 0,20 0,80 0,25 0,032 0,06 0,17 Sorocea bonplandii 8 4 0,20 0,80 0,25 0,028 0,05 0,17 Trichilia pallens 13 4 0,20 0,80 0,25 0,027 0,05 0,17 Maytenus sp. 9 4 0,20 0,80 0,25 0,022 0,04 0,16 Ocotea indecora 8 4 0,20 0,80 0,25 0,021 0,04 0,16 Eupatorium rufescens 6 4 0,20 0,80 0,25 0,019 0,03 0,16 Zanthoxylum rhoifolium 8 4 0,20 0,80 0,25 0,015 0,03 0,16 Xylopia brasiliensis 8 4 0,20 0,80 0,25 0,012 0,02 0,16 Phytolacca dioica 9 2 0,10 0,40 0,13 0,074 0,13 0,12 Abarema langsdorffii 13 2 0,10 0,40 0,13 0,048 0,08 0,10 Schefflera angustissima 9 2 0,10 0,40 0,13 0,047 0,08 0,10 Myrciaria floribunda 7 2 0,10 0,40 0,13 0,040 0,06 0,10 Pseudobombax grandiflorum 17 2 0,10 0,40 0,13 0,038 0,07 0,10 Rubiaceae 1 8 2 0,10 0,40 0,13 0,035 0,06 0,10 Hirtella hebeclada 7 2 0,10 0,40 0,13 0,028 0,05 0,09 Myrcia glabra 7 2 0,10 0,40 0,13 0,026 0,04 0,09 Aegiphila brachiata 6 2 0,10 0,40 0,13 0,023 0,04 0,09 Ilex theezans 9 2 0,10 0,40 0,13 0,022 0,03 0,09 Marlierea syvatica 7 2 0,10 0,40 0,13 0,020 0,04 0,09 Maytenus glaucescens 16 2 0,10 0,40 0,13 0,020 0,03 0,09 Prunus myrtifolia 9 2 0,10 0,40 0,13 0,018 0,03 0,09 Sloanea guianensis 8 2 0,10 0,40 0,13 0,018 0,03 0,09 Guatteria australis 7 2 0,10 0,40 0,13 0,017 0,03 0,08 Xylosma prokia 8 2 0,10 0,40 0,13 0,016 0,03 0,08 Annona sericea 5 2 0,10 0,40 0,13 0,011 0,01 0,08 Clethra scabra 9 2 0,10 0,40 0,13 0,010 0,02 0,08 Ocotea catarinensis 5 2 0,10 0,40 0,13 0,006 0,01 0,08 Piptocarpha tomentosa 6 2 0,10 0,40 0,13 0,006 0,01 0,08 Solanum pseudoquina 7 2 0,10 0,40 0,13 0,006 0,02 0,08 Albizia edivaldi 4 2 0,10 0,40 0,13 0,005 0,01 0,08 Esenbeckia grandiflora 7 2 0,10 0,40 0,13 0,005 0,01 0,08 Eugenia bacopari 4 2 0,10 0,40 0,13 0,004 0,01 0,08 Miconia cabucu 6 2 0,10 0,40 0,13 0,004 0,01 0,08 Mollinedia sp. 5 2 0,10 0,40 0,13 0,004 0,01 0,08 Myrsine lorentziana 11 2 0,10 0,40 0,13 0,004 0,00 0,08 Piptocarpha axilares 8 2 0,10 0,40 0,13 0,001 0,01 0,08 Total 2.034 100 318,80 100 58,934 100 100 * Espécies exótica, considerada invasora.

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A distribuição dos indivíduos de E. edulis por classe de altura pode ser reflexo das condições da área de estudo, utilizada para lavoura e com abate dos indivíduos adultos e num passado recente (ocorrido há aproximadamente 25 anos) para retirada de lenha, fato que deve ter levado a uma recomposição natural mais lenta pela diminuição das plantas matrizes. A distribuição por classe de diâmetro mostrou que a maior concentração de indivíduos está na terceira, com diâmetros entre 10 cm e 12,5 cm, comportamento este também observado por Jarenkow (1994) em Morrinhos do Sul, RS e Citadini-Zanette (1995) em Rio Novo, Orleans, SC. No local de estudo, E. edulis desenvolveu-se no sub-bosque, não demonstrando aparentemente preferência quanto a exigência de luz, à topografia da área e às condições locais do solo (profundidade, umidade e outros) comprovado pelo valor máximo de freqüência obtido (72,4%).

A B

Figura 6. Freqüência de classes de altura (A), em metros, e de diâmetro (B), em centímetros, fechados à esquerda, da população de Euterpe edulis, amostrada na Floresta Ombrófila Densa Montana no município de Morro Grande, SC.

Apresentaram também densidades elevadas na área de estudo: Bathysa australis, com 114 indivíduos.ha-1, Psycotria suterella, com 106, Alsophila setosa, com 77 indivíduos.ha-1, Cabralea canjerana, com 65 indivíduos.ha-1 e Trichilia lepidota, com 51 indivíduos.ha-1. Alsophila setosa, embora abundante, apresentou baixa frequência indicando distribuição agrupada dos indivíduos. Das espécies amostradas, Euterpe edulis, não obteve o maior valor somente para dominância, estando a primeira posição ocupada por Ficus adathodifolia, com 12,21 m².ha-1, em função do maior diâmetro dos fustes, embora, apresente menor distribuição em relação a outras espécies como Bathysa autralis (19,2%), Psychotria suterella (16,8%), Cabralea canjerana (11,2%), Nectandra membranacea (9,6%) e Gymnantes concolor (8,8%). Ficus adathodifolia e Nectandra membranacea em função dos elevados diâmetros de seus troncos apresentaram grandes valores de dominância. Em contrapartida, Bathysa autralis apesar de abundante e frequente, apresentou baixa área basal. 32

Quanto à distribuição espacial das espécies, Euterpe edulis é também a que apresentou maior valor estando presente em 72,4% dos pontos amostrados, seguido de Bathysa autralis distribuída em 19,2%, Psychotria suterella em 16,8% e Cabralea canjerana em 11,2%. Um fato notável é a presença no presente estudo de Dicksonia sellowiana, espécie citada apenas para Floresta Ombrófila Densa Altomontana. Nesse estudo foram amostradas duas espécies exóticas, introduzidas por antigos moradores que habitavam as proximidades da área estudada. Citrus limonium (originário da Àsia) e Hovenia dulcis (originária da Ásia: Índia até o Japão), apresentam 16 e 6 indivíduos.ha-1, respectivamente, densidades consideradas elevadas em relação a outras espécies nativas. Holvenia dulcis é considerada espécie altamente agressiva e apontada como uma das mais importantes espécies na invasão biológica de ecossistemas no sul do Brasil. O processo de invasão de um ecossistema por uma planta exótica se dá quando qualquer espécie não natural é nele introduzida e se naturaliza, passando a se dispersar e a alterar esse ecossistema (ZILLER, 2001). Espécies exóticas são aquelas que estão inseridas fora de seu limite de ocorrência natural (BECHARA, 2003). Fiszon et al. (2003) enfatizam que a introdução de espécies exóticas de animais e plantas, seja de forma deliberada ou em decorrência de alguma atividade de exploração econômica do ambiente, legal ou clandestina, merece atenção permanente. Animais domésticos e silvestres, plantas para cultivo e ornamentação, agentes biológicos para controle de pragas, comensais e parasitas indesejáveis são introduzidos em áreas onde não ocorriam naturalmente, alterando o habitat e causando a extinção local de espécies nativas. Parte da estrutura de uma floresta pode ser avaliada por sua distribuição diamétrica, a qual é definida pela caracterização do número de árvores por unidade de área e por intervalos de classes de diâmetros (PIRES; O’BRIEN; O’BRIEN, 1995). Com base no histograma de frequência das classes diamétricas dos 1.000 indivíduos amostrados no estudo, 44,5% apresentaram diâmetros inferiores a 10,0 cm; 52,6% entre 10,0 e 44,9 cm e 2,9% apresentaram caules iguais ou superiores a 45,0 cm (Figura 7). Apenas 11 indivíduos (1,1%) apresentaram diâmetro superior ou igual a 55,0 cm. 33

Figura 7. Distribuição do número de indivíduos amostrados por classe de diâmetro, em intervalos de 5 cm, na comunidade arbórea na Floresta Ombrófila Densa Montana no município de Morro Grande, Santa Catarina.

A figura 7 mostra que 849 indivíduos amostrados se encontraram com valores de diâmetro menores de 20 cm de diâmetro. O elevado número de indivíduos em classe menores de diâmetro pode ser atribuído ao critério de inclusão adotado e à comunidade estar representada por indivíduos de pequeno porte, devido à intensa dinâmica de grande parte dessa área, que anos atrás servia para agricultura e passou por processo seletivo de exploração madeireira. As espécies que se destacaram, no presente estudo, por apresentarem fustes com maiores diâmetros foram Ficus adathodifolia (95,5 cm), Hieronyma alchorneoides (63,3 cm), Erythrina falcata (53,2 cm), Alchornea triplinervia (52,8 cm), Tetrorchidium rubrivenium (51,9 cm) e Nectandra membranacea (50,0 cm). Em estudo semelhante, porém em Floresta Omfrófila Densa Submontana, Colonetti et al. (2009), cita Ficus luschnathiana (140 cm), Nectandra membranacea (71 cm) e Hieronyma alchorneoides (70 cm) aqueles indivíduos com fustes mais desenvolvidos. Segundo Souza et al. (2003), a estratificação vertical de uma floresta interfere na riqueza, na diversidade, no crescimento e na produção de biomassa, sendo importantes indicadores de sustentabilidade ambiental de uma comunidade. Por serem os estratos compostos por inúmeras espécies vegetais com diferentes capacidades de adaptação, consequentemente surgem diferentes respostas adaptativas com relação às condições de luminosidade (GUILHERME et al., 2004). A altura dos indivíduos registrada no presente estudo variou de 2 a 20 m (Figura 8). Pela distribuição dos indivíduos nas classes de alturas observaram-se na comunidade estudada, três estratos, porém não nitidamente delimitados. Foram registrados na área amostrada 189 indivíduos (18,9%) no estrato inferior (Classes 1 e 2), justificando-se este número pelo critério de inclusão adotado conforme 34 metodologia aplicada no estudo, que excluiu todos os indivíduos com diâmetro menor que 5 cm, sendo este estrato caracterizado principalmente pelas espécies de sub-bosque como Alsophila setosa (28 indivíduos), Gymnanthes concolor (24 individuos), Psychotria suterella (39 individuos), Rudgea jasminoides (10 individuos), além de espécies como Mollinedia schottiana (11 individuos) e de Euterpe edulis (55 indivíduos). No estrato médio de alturas (classes 3 a 5) registrou-se 685 indivíduos (68,5%), destacando-se Euterpe edulis (254 individuos), presente nos três extratos, Bathysa australis (48 individuos), Cabralea canjerana (25 individuos), Trichilia lepidota (23 individuos), Gymnanthes concolor (20 individuos), Alsophila setosa (9 individuos), Casearia sylvestris (17 individuos), Matayba guianensis (19 individuos), Hieronyma alchorneoides (15 individuos), Allophylus edulis (12 individuos), Endlicheria paniculata (11 individuos), Magnolia ovata (8 individuos), Verbenoxylum reitzii (8 individuos), Alchornea triplinervia (7 individuos) e Aspidosperma olivaceum (6 individuos). No estrato superior de alturas (6 a 9) foi caracterizado pelas espécies de dossel, registrou-se 126 indivíduos (12,6%), destacando-se com maior número de indivíduos Nectandra membranacea (20 indivíduos), Ficus adathodifolia (14 individuos), Alchornea triplinervia (9 individuos), Tetrorchidium rubrivenium (7 individuos) e Cabralea canjerana (5 individuos). Observa-se que a distribuição dos indivíduos pelas diversas classes de alturas não foi suficiente para determinar o número de estratos dos indivíduos existentes. Aproximadamente 68,5% dos indivíduos amostrados estão concentrados entre 5,0 e 12,5 m de altura. Ressalta-se que pelo grande número de indivíduos lenhosos e em diferentes fases ontogenéticas que se mesclam pelos estratos, não foi possível observar uma nítida estratificação vertical.

Figura 8. Distribuição das classes de alturas, com intervalor de 2,5 m, dos indivíduos arbóreos amostrados no levantamento do componente arbóreo na Floresta Ombrófila Densa Montana no município de Morro Grande, Santa Catarina, onde 1 = 2,0-2,49 m; 2 = 2,5-4,99 m; 3 = 5,0-7,49; 4 = 7,5-9,99; 5 = 10,0-12,49; 6 = 12,5-14,99; 7 = 15,0-17,49; 8 = 17,5-19,99; 9 > 20,0 m. 35

3.2 Categorias sucessionais, estratégias de polinização e de dispersão

O enquadramento de espécies em grupos ecológicos (categorias sucessionais) é um subsídio que diversos autores desenvolveram para melhor entender o processo de sucessão que ocorre nas florestas tropicais, essa visão resulta do estudo da dinâmica de clareiras (BUDOWSKI, 1965; WHITMORE, 1978; DENSLOW, 1980; MARTINEZ- RAMOS, 1985; GÓMEZ-POMPA et al., 1988; BROKAW; SCHEINER, 1989). Citadini-Zanette (1995) ressalta que o enquadramento das espécies em categorias sucessionais representa uma tentativa de classificação com base em um conjunto de informações incipientes, onde estudos ecológicos das populações devem ser desenvolvidos para melhor entendimento da dinâmica em florestas tropicais. Com base na dinâmica sucessional apresentada por Klein (1979, 1980), na Resolução CONAMA 004/94 (BRASIL, 1994) e na composição florística e estrutural da comunidade arbórea da área de estudo, as categorias mais avançadas (secundária tardia + clímax) perfizeram percentual de 56% das espécies amostradas (Figura 9), concluindo-se que a floresta estudada se encontra em estágio avançado de regeneração natural, após ter sofrido, processo de exploração anos atrás.

Figura 9. Distribuição do número de espécies por grupo ecológico na Floresta Ombrófila Densa Montana no município de Morro Grande, Santa Catarina.

Pela abundância e riqueza específica das categorias representadas pelas pioneiras e secundárias inicias, pode-se sugerir que o fragmento florestal não esteja sofrendo perturbações recentes. As pioneiras e secundárias inicias representaram 44% do número de espécies amostradas (Figura 9). Em fragmento florestal em estágio médio de regeneração natural, Santos; Leal-Filho; Citadini-Zanette (2003) estimaram em aproximadamente 62% a representatividade dos indivíduos das espécies pioneiras e secundárias iniciais. 36

As espécies de início da sucessão desempenham alto valor ecológico na comunidade durante o processo sucessional, pelo fato de se desenvolverem em clareiras e em áreas degradadas apresentam rápido crescimento, ciclo de vida curto, produzindo muitas sementes dispersas por agentes generalistas e formarem banco de sementes com viabilidade por longo período (WHITMORE, 1978; GÓMEZ-POMPA; VASQUEZ-YANES, 1981). A fauna associada à vegetação é considerada componente-chave para a manutenção do processo dinâmico-sucessional nas formações florestais secundárias, destacando as interações que ocorrem na polinização e dispersão (REIS; KAGEYAMA, 2003; MARTINS, 2005). A importância da fauna para a manutenção e preservação de florestas, como fonte de propágulos que auxiliarão no processo de sucessão ecológica, já foi constatada em diversos trabalhos, justificando a relevância da interação planta-animal (PACHECO, 2010). Com relação às estratégias de polinização das espécies analisadas no presente estudo, 95% apresentaram polinização zoofílica (realizada por animais), e 5% anemofílica (realizada pelo vento) (Figura 10).

Figura 10. Distribuição percentual de espécies em estratégias de polinização e de dispersão da comunidade arbórea na Floresta Ombrófila Densa Montana no município de Morro Grande, Santa Catarina.

A dependência da fauna para a polinização é constatada por diversos estudos, Zambonim (2001), para o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro registrou 95% de zoofilia; Zoucas (2002) relacionou 981 espécies, de diferentes formas biológicas, ocorrentes no sul de Santa Catarina e constatou polinização zoofílica em 93% das espécies; Silva (2006) registrou 95%; Colonetti (2008) encontrou 94%; Martins (2005) registrou 94% e Pacheco (2010) amostrou 97% das espécies com zoofilia. Segundo Faegri e van der Pijl (1979), Bawa (1990) e Dafni (1999), o conhecimento disponível sobre a polinização indica que a maioria das espécies tropicais é polinizada por animais, apresentando fecundação cruzada obrigatória (alogamia), dada a comum a ocorrência de autoincompatibilidade. 37

A importância dos animais como principais agentes polinizadores, e da alogamia como principal sistema de reprodução, mostra que as áreas em restauração precisam, com o tempo, se tornar habitats permanentes para animais polinizadores. Para que a maioria das espécies arbustivo-arbóreas implantadas consiga produzir sementes e deixar descendentes na área restaurada será necessária a presença do polinizador adequado numa abundância adequada, e a presença de vários indivíduos da mesma espécie arbórea distribuídos a uma distância compatível com a capacidade de movimentação desse polinizador (GANDOLFI; BELLOTTO; RODRIGUES, 2009). A fragmentação de habitats de nossas florestas, também é um fator prevalecente relacionando a polinização, estendendo seus efeitos sobre os polinizadores e em consequência sobre as plantas, sendo objetos de estudos de diversos, que procuram estabelecer a susceptibilidade dos polinizadores e das plantas com o quadro de fragmentação existente atualmente (MAWDSLEY et al., 1998; DONALDSON et al., 2002; ASHWORTH et al., 2004). O aumento da fragmentação florestal e de áreas degradadas diminui as populações de muitas espécies de plantas nativas e seus polinizadores há previsões de que muitas espécies de plantas dentro das próximas décadas apresentarão declínios em suas populações devido a relação de interdependência com seus polinizadores (ALLEEN-WARDELL et al., 1998). Além da polinização, a dispersão é outra importante interação entre fauna e flora. A dispersão de sementes constitui mais um dos mecanismos essenciais para a dinâmica da Floresta, conseqüentemente influenciando na regeneração natural das populações (ZAMBONIM, 2001; TABARELLI; PERES, 2002). Nas florestas tropicais, a forma mais freqüente de dispersão das sementes é pelos animais (van der PIJL, 1972; HOWE; RESTREPO, 2002). Cerca de 60 a 90% das espécies vegetais dessas florestas são adaptadas ao transporte de propágulos por animais, sendo as aves e os mamíferos os principais frugívoros dispersores (MORELLATO et al., 2000). No presente estudo, do total de espécies analisadas, o tipo de dispersão zoocórica (realizadas por animais) caracterizou a maioria das espécies (77%). Entre as espécies de dispersão abiótica, a anemocoria destacou-se com (15%), seguida da autocoria, com 8% (Figura 10). Valores semelhantes foram encontrados por Citadini-Zanette (1995), Santos (2003), Martins (2005), Silva (2006), Colonetti (2008) e Pasetto (2011) em Floresta Ombrófila Densa do sul catarinense. Para as espécies cuja dispersão de propágulos é zoocórica, as limitações para a dispersão são maiores que para aquelas dispersas pelo vento (anemocóricas), pois os animais 38 dispersores podem estar ausentes ou em baixo número na área, principalmente em função da fragmentação de hábitats (SCARIOT et al., 2003), em que se prevê perda significativa de espécies quanto menor a área e maior o seu isolamento.

3.3 Interações interespecíficas

Para análise das interações interespecíficas utilizou-se 94 espécies, retirando-se as identificadas somente em nível de gênero ou família, as Pteridophyta e as espécies exóticas. Organizou-se uma tabela com as espécies e as categorias de interações analisadas (Figura 11).

Figura 11. Diagrama de ordenação produzido por análise de correspondência das espécies amostradas no levantamento da comunidade arbórea no município de Morro Grande, SC, distribuídas nas categorias de interações interespecíficas, levando-se em conta o número de indivíduos amostrados. As espécies são identificadas pelo seu acrônimo (três letras iniciais do gênero e três do epíteto específico); os nomes completos das espécies constam na tabela 2.

Hurlbert (1971) propôs quantificar a capacidade das espécies em promover encontros interespecíficos dentro da comunidade e critica os métodos de avaliação de diversidade tradicionais. 39

As espécies indicadas no dendrograma com um asterisco (*) são espécies que apresentaram o maior número de interações possíveis, as espécies Cedrela fissilis, Cordia silvestris, Guarea macrophylla, Piptocarpha axillaris, P. tomentosa e Trichilia lepidota são espécies que apresentaram três interações: zoofilia, herbivoria e suporte para lianas e epífitas. Outro grupo formado por Annona neosericea, Luehea divaricata, Virola bicuhyba, Annona cacans, Magnolia ovata, Endlicheria paniculata e Eugenia bacopari apresentaram quatro interações: zoofilia, zoocoria, herbivoria, suporte para lianas ou epífitas. As espécies que apresentaram as cinco interações são: Cabralea canjerana, Casearia sylvestris, Solanum santacatarine, Chrysophyllum inornatum, Citharexylum myrianthum, Nectandra Megapotâmica, Nectandra membranacea, Nectandra oppositifolia, Ocotea catharinensis, Guapira opposita, Inga marginata, Alchornea triplinervia, Miconia cabucu, Myrcia pubipetala, Myrcia splendens, Myrcia tijucensis e Solanum sanctaecatharinae. As espécies indicadas com dois asteriscos (**) apresentaram no máximo três interações. Espécies como: Cecropia glaziovii, Euterpe edulis, Ilex theezans, Schefflera angustissima, Xylopia brasiliensis e Campomanesia xanthocarpa apresentaram as interações: zoofilia, zoocoria e foram consideradas bagueiras. As demais espécies desse grupo apresentaram duas interações: zoofilia e zoocoria. As espécies que se situaram entre as interações zoocoria e suporte para lianas e epífitas são espécies que não apresentaram a interação herbivoria. As espécies: Esenbeckia grandiflora, Matayba guianensis, Machaerium stipitatum e Roupala montanas apresentaram duas interações: zoofilia e suporte para lianas ou epífitas. Xylosma pseudosalzmanii, Guatteria australis, Aegiphila integrifolia, Rudgea jasminoides, Citronella paniculata, Cupania vernalis, Allophylus edulis, Mollinedia schottiana, Phytolacca dióica, Hyeronima alchorneoides e Duguetia lanceolata apresentaram três interações: zoofilia, zoocoria e suporte para lianas ou epífitas. Espécies como: Myrsine hermogenesii, Myrsine umbellata e Myrsine parvula apresentaram zoofilia e zoocoria e foram espécies consideradas bagueiras. As espécies Myrciaria floribunda, Myrciaria plinioides, Ficus adathodifolia, Ficus luschnathiana, Psychotria suterella e Ocotea indecora apresentaram quatro interações: zoofilia, zoocoria, suporte para lianas ou epífitas e foram consideradas bagueiras. As espécies que estão entre as interações zoofilia e herbivoria não apresentaram a interação “suporte para epífitas e lianas”. Erythina falcata, Aspidosperma olivaceum, Zanthoxylum rhoifolium e Jacaranda puberula apresentaram somente uma interação: zoofilia. 40

Lamanonia ternata, Bathysa australis, Clethra scabra, Abarema langsdorffii, Kaunia rufescens, Albizia edwallii, Pseudobombax grandiflorum, Sloanea guianensis, Myrocarpus frondosus, Trichilia pallens e Sapium glandulosum apresentaram duas interações: zoofilia e herbivoria. Espécies como Hirtella hebeclada, Verbenoxylum reitzii e Posoqueria latifolia apresentaram três interações: zoofilia, zoocoria e herbivoria. Já, Solanum pseudoquina, Myrcia brasiliensis, Myrcia glabra e Alchornea glandulosa apresentaram quatro interações nesse grupo, sendo elas, zoofilia, zoocoria, herbivoria e bagueira. Gymnanthes concolor e Tetrorchidium rubrivenium apresentaram apenas as interações herbivoria e suporte para lianas/epífitas. Quanto à dispersão de sementes, Reis (1995) e Reis et al. (1996, 1999, 2003) ressaltam o termo “bagueira”, enfatizando o papel fundamental destas no equilíbrio das florestas e na recuperação de áreas degradadas. Este conceito é aplicado àquelas espécies que, quando com frutos maduros, atraem grande número de animais para se alimentarem de seus frutos ou para predar outros animais que ali se encontram. Enquadram-se neste conceito as figueiras (Ficus spp.), muitas mirtáceas (Psidium spp.), e o palmiteiro (Euterpe edulis), tido como excepcional por atrair animais de maior porte e capacidade de dispersão dos mais variados. O termo “bagueira” é oriundo do conhecimento popular de caçadores, mas que pode ser descrito como sinônimo dos conceitos de “espécie chave” (TERBORGH 1986). As lianas e a vegetação epifítica estão na dependência da vegetação arbórea (forófito). As lianas desempenham papel muito importante na dinâmica florestal, aumentando a mortalidade das árvores, é uma valiosa fonte de alimento para animais, e fisicamente ligando árvores em conjunto, proporcionando assim acesso para animais, também contribuem para a diversidade de plantas globais em florestas tropicais (especialmente em lacunas de luz e próximo a bordas florestais onde lianas são abundantes, devido ao aumento da disponibilidade de luz), com sua alta produção fotossintética e significativa da biomassa, lianas também contribuem significativamente para o seqüestro de carbono (SCHNITZER; BONGERS, 2002, BUTLER, 2008). As epífitas fornecem vários recursos para as aves tais como frutos, flores, sementes, material e local para nidificação, armazenamento de água, folhas velhas e minerais dissolvidos que suportam populações de invertebrados, que por sua vez constituem importante fonte de alimento para aves (NADKARNI; MATELSON, 1989), caracterizando-se como ampliadoras da biodiversidade local (ROCHA et al., 2004). As bromélias são, particularmente, adaptadas à vida epifítica e são importantes para a comunidade como um 41 todo, principalmente pela capacidade de armazenar água em seu tanque, o que a torna elemento importante para a ampliação da diversidade deste hábitat. Por esta característica, diversas espécies animais utilizam a água contida no tanque das bromélias para forrageamento, reprodução e refúgio contra predadores (ROCHA et al., 1997).

3.4 Estudo de caso analisando a relação socioeconômica e ambiental da população vizinha a floresta

A distribuição etária da população pesquisada na localidade de Três Barras no município de Morro Grande, Santa Catarina (Figura 12), demonstrou que 46% dos entrevistados tinham entre 31 e 49 anos de idade e um percentual relativamente alto encontrou-se acima de 50 anos de idade (27%). Segundo informações do Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina de 2010 (dados não publicados) existe forte tendência ao envelhecimento dos morados da zona rural. O campo sofre um processo de envelhecimento e quanto mais jovem, menos o interesse pelas atividades rurais.

Figura 12. Distribuição etária dos entrevistados na localidade de Três Barras, município de Morro Grande, Santa Catarina.

A permanência na propriedade rural tem sido o destino daqueles cujo nível de formação educacional é o mais baixo. Até um passado recente, a educação formal não era vista como prioritária pelos agricultores para o exercício da profissão agrícola e considerava- se que estudando até a 4ª série do primeiro grau mais os conhecimentos adquiridos no seio familiar eram suficientes (MELLO et al., 2003). Esta tendência foi corroborrada no presente estudo (Tabela 4) onde 63% dos entrevistados possuíam ensino fundamental incompleto, cursando até a 4ª série, e segundo relato dos entrevistados “tinham que trabalhar na lavoura e 42 paravam de estudar no ensino fundamental”. Outro motivo apontado foi que na localidade não existe escola com as séries seguintes (5ª a 8ª séries) e as que existiam na região localizavam- se distantes de suas moradias. Alguns entrevistados citaram que “não gostavam de estudar, abandonando a escola”. Apenas 7% dos entrevistados possuíam nível superior, complementado com curso de pós-graduação (especialização).

Tabela 4. Grau de instrução dos entrevistados na localidade de Três Barras, município de Morro Grande, SC. Grau de Instrução Número de entrevistados % Ensino fundamental incompleto 19 63 Ensino fundamental completo 3 10 Ensino médio completo 6 20 Graduação (Pós-Graduação) 2 7 Total 30 100

Dos domicílios pesquisados, 73% tiveram renda mensal superior a R$ 1.000,00 e 27% com renda mensal até R$ 1.000,00, em ambos os casos, trabalhavam na agricultura ou em empresas da região sendo que os demais familiares colaboravam com a renda familiar. Procurou-se verificar o conhecimento da população amostrada em relação aos serviços ambientais e funções do ecossistema florestal relacionando suas respostas com algumas variáveis. Independente do gênero (masculino ou feminino), idade, grau de instrução, tempo de residência na localidade, atividade profissional e renda familiar. Todos os entrevistados da localidade de Três Barras no município de Morro Grande, SC, ao serem questionados qual a ordem de prioridade do bem ambiental que mais valorizavam (Questão 15, apêndice A) citaram prioritariamente como bem ambiental a água seguida das plantas e dos animais. A água foi apontada como sendo um bem essencial para a sobrevivência humana. De acordo com Rebouças et al. (1999), dentre os recursos naturais, a água ocupa o lugar de componente fundamental para o desenvolvimento, uma vez que existem pouquíssimas atividades humanas em que sua utilização é prescindível. Garcia (2006, p. 1), salienta que:

[...] a água potável é um bem comum da humanidade. O acesso a este bem foi declarado pelo Comitê das Nações Unidas para os Direitos Econômicos, Culturais e Sociais como um direito humano, já que é fundamental para a saúde. É indispensável para ter uma vida saudável, com dignidade, e pré-requisito para os outros Direitos Humanos.

Segundo Moss e Moss (2008), a água é provavelmente o único recurso natural que tem a ver com todos os aspectos da civilização humana, desde o desenvolvimento agrícola e industrial aos valores culturais e religiosos arraigados na sociedade. É um recurso natural 43 essencial, seja como componente bioquímico de seres vivos, como meio de vida de várias espécies vegetais e animais, como elemento representativo de valores sociais e culturais e até como fator de produção de vários bens de consumo final e intermediário. Entretanto, a água é um dos recursos naturais que vem sofrendo, cada vez mais, com perdas de quantidade e qualidade. Garcia (2006) desenvolveu seu trabalho voltado à percepção do consumidor e do gestor sobre á água, e concluiu que a população reconhece a qualidade finita da água, porém não se preocupa em mudar seus hábitos pensando na economia dela pelo valor do recurso, mas na economia financeira que isso lhe proporciona. Contatou-se que em segundo plano ficaram as plantas. Isso se dá, porque, o ser humano, entende que a água, é necessária para a sua sobrevivência de forma direta, pois sem ela, o homem sofre conseqüências diretas nas suas atividades e também no seu corpo, no entanto não percebe que sem o oxigênio e sem um clima favorável à vida entre outros benefícios indiretos que as plantas proporcionam, ele também não conseguiria sobreviver e produzir. As plantas são consideradas essenciais nos diversos fatores indiretos à sobrevivência do ser humano e diretamente ao meio ambiente, dentre eles, podem ser destacados, a fabricação de medicamentos, a regulação do clima, a produção de oxigênio, na agricultura, alimentação, participação no ciclo hidrológico, evita erosão, na diversidade ecológica da biosfera, dentre muitos outros fatores. De acordo com Silva Filho (2005), o objeto de proteção da legislação ambiental federal sobre a vegetação são as diversas formas de vegetação nativa, especialmente as formações florestais e seus ecossistemas associados, por seus valores intrínsecos, por suas peculiaridades e fragilidades e, principalmente, por ser reguladora de vários processos naturais. Shinzato (2009) ressalta que com a ausência de vegetação, problema encontrado na maioria dos grandes centros, contribui para a formação do efeito da ilha de calor na medida em que prejudica mecanismos fundamentais para a redução da temperatura nas cidades: o sombreamento, a filtragem da poluição, a direção dos ventos e o processo de evapotranspiração, além da retenção de partículas e do armazenamento do carbono atmosférico. Em terceiro lugar foi mencionado os animais alegando que os animais dependem também da água e da vegetação e que desempenham papel menos importante quando comparado com os dois primeiros. Cabe salientar que se torna difícil dizer o que vem em primeiro lugar, pois, os três itens estabelecem uma dependência mutua. 44

A água precisa da planta que colabora no ciclo hidrológico através da evapotranspiração, plantas precisam de animais como polinizadores e dispersores e água para suas funções. Os animais precisam de plantas como abrigo e comida e água para os diversos processos metabólicos, talvez a não percepção dessa reciprocidade colabore para priorizar os bens ambientais apresentados, fazendo com que utilizem um critério relacionado ao uso. Analisando-se os resultados verifica-se que os entrevistados apontaram valores relacionados com o valor de uso direto e indireto do bem ambiental e não explicitando nada quanto ao valor de existência. O conceito de Valor Econômico Total (VET), desenvolvido pela Economia Ambiental, é uma estrutura útil para identificar, em qualquer escala, os diversos valores associados aos recursos ambientais. De acordo com esse conceito, o valor econômico da biodiversidade consiste nos seus valores de uso e de não-uso. Os valores de uso direto (VUD) dos recursos ambientais são derivados do uso direto da biodiversidade como atividades de recreação, lazer, colheita de recursos naturais, caça, pesca, educação. Os valores de uso indireto (VUI) abrangendo de forma ampla as funções ecológicas da biodiversidade como proteção de bacias hidrográficas, preservação de habitat para espécies migratórias, estabilização climática e seqüestro de carbono (BIOMAS, 2009). No presente trabalho o conceito mostrou-se útil para encaminhar a questão temática a qual propôs, no entanto, não há preocupação com a quantificação de valores monetários. De acordo com o Decreto Federal nº 4.339/2002 (BRASIL, 2002), no seu princípio XIV deixa claro que o valor de uso da biodiversidade é determinado pelos valores culturais e inclui valor de uso direto e indireto, de opção de uso futuro e, ainda, valor intrínseco, incluindo os valores ecológico, genético, social, econômico, científico, educacional, cultural, recreativo e estético. Ortiz (2003) toma como exemplo recurso floresta para explicar os diferentes valores: os valores de uso direto seriam então a exploração da madeira e de produtos não-madeireiros; os valores de uso indireto seriam os serviços ambientais prestados pelas florestas, como a proteção de córregos d’água, ar puro e controle de erosão. A floresta tem papel importante no ciclo hidrológico do planeta tornando-se necessário que ela esteja bem preservada para desempenhar seu papel de maneira equilibrada. Martins e Kung (2007) salientam que as florestas fornecem matéria orgânica para as teias alimentares dos rios, troncos e galhos que criam microhabitats dentro dos cursos d'água e protegem espécies da flora e fauna. Quando perguntado sobre o estado de preservação das florestas da região (Apêndice B) observou-se que 73% de homens e 66% de mulheres consideraram as florestas bem 45 preservadas, corroborado com os dados do levantamento florístico e fitossociológico que classificou a floresta estudada em estágio avançado de regeneração natural, demonstrando boa percepção dos entrevistados sobre a preservação das florestas do entorno da localidade. Apenas 27% dos homens e mulheres entrevistados responderam que consideram a floresta pouco preservada. Porém na região há o aumento de florestamentos com pinus e eucalipto, espécies exóticas consideradas invasoras que são a segunda causa de extinção de espécies nativas. Essa constatação dos entrevistados pode ser baseada pela observação da paisagem, onde salientam que “antigamente os morros eram tudo pelados hoje tem bastante mato e plantios por tudo, tá tudo verde, então hoje é mais preservado”. Nesta região, há alguns anos atrás, as madeireiras utilizavam madeira de lei, causando a modificação da paisagem observada pelas pessoas, com a proibição, áreas foram abandonadas, outras utilizadas para as agriculturas ou florestadas com pinus o eucalipto. Segundo Valente (2005), a fragmentação de origem antrópica tem sido uma das principais causas de alteração, tanto na estrutura como nos processos de diferentes paisagens. De acordo com Baker e Cai (1992), um aspecto importante para a conservação e preservação dos recursos florestais, em nível de ecossistema, é o conhecimento da estrutura (composição e configuração) e processo de sua paisagem, o que torna possível identificar os fatores importantes à manutenção da biodiversidade regional. Segundo Geneletti (2004), as ações de conservação e preservação florestais devem, portanto, caminhar no sentido contrário ao da fragmentação. Dessa maneira poderá garantir-se a manutenção e/ou restauração da biodiversidade da paisagem afetada. Segundo Corraliza (2000), para estabelecer uma relação com o ambiente (natural ou construído) é necessário que exista uma série de dimensões afetivas estabelecidas, que são fundamentais para construção da imagem ambiental e determinantes para formação das estratégias das atitudes do indivíduo para com o ambiente. Assim que a interação indivíduo- ambiente se estabeleça é necessário que o espaço físico constitua um espaço significativo para o indivíduo. Esta interação ocorre a partir de um impacto emocional que afete seus sistemas de ação gerando, através da atividade cognitiva, emoções e sentimento com o grau de intensidade e sinal variáveis que indicarão a valoração emocional daquele ambiente para aquela pessoa e compondo sua experiência individual. Dislich (2002) salienta que é necessário definir exatamente o que se deseja preservar, e estabelecer uma escala de valores que possibilite a definição de prioridades, dada a limitação de recursos existentes para ações de manejo com fins de conservação. 46

O autor destaca que em várias instâncias os processos ligados à manutenção da diversidade das plantas dependem também da conservação da fauna, especialmente a de mamíferos e aves que atuam como polinizadores e dispersores de semente, e a de insetos polinizadores. A conservação florestal pode ser definida como o conjunto de ações que são realizadas em um ecossistema, tendo em vista sua restauração, sua proteção e, sobretudo, a sustentabilidade da qualidade e quantidade de seus componentes e processos (DUNSTER; DUNSTER, 1996). No Brasil, a necessidade de preservação e conservação dos recursos naturais levou a criação de diversos mecanismos, entre eles, o jurídico, sendo a legislação ambiental brasileira uma das mais avançadas e completas do mundo. A preservação e restauração dos processos ecológicos essenciais, o manejo ecológico das espécies e ecossistemas, a proteção da diversidade e da integridade do patrimônio genético, assim como a proteção da fauna e flora, são imposições atribuídas ao Poder Público para assegurar o dever de defender o ambiente para as atuais e futuras gerações, sendo a institucionalização e a criação dos espaços territoriais especialmente protegidos um instrumento para efetivar essa missão constitucional (HADDAD, 2007). No apêndice C foram apresentadas atividades que deveriam ser proibidas em relação à floresta, de acordo com os moradores da localidade de Três Barras, município de Morro Grande, SC. Verificou-se a opinião dos moradores, com base no que foi considerado prejudicial e que alteravam significativamente a floresta nativa local, e que a medida preventiva, seria a proibição destas atividades, embora isso já aconteça na legislação brasileira e que segundo relato dos moradores, não é cumprido por pessoas que na maioria das vezes não são moradores da localidade. Dos entrevistados, (47%) dos homens e (27%) das mulheres, elegeram a caça em sua opinião, como atividade que deveria ser proibida na região, o desmatamento foi também citado por (26%) das mulheres e (27%) dos homens, As queimadas foram outro item citado por (20%) das mulheres e (7%) dos homens, e (20%) das mulheres e (13%) dos homens consideram que todas as atividades acima citadas são prejudiciais e deveriam ser proibidas em sua opinião. Cabe ressaltar que no Brasil há o Código Florestal Brasileiro que normatiza a proteção e o uso das florestas com o propósito maior de proteger os solos, as águas e a estabilidade do mercado de madeira. Segundo Ahrens (2003, p. 1), "foi apenas com a edição da Lei nº 6.938/81 (BRASIL, 2001) que as florestas nativas passaram a constituir um bem 47 jurídico ambiental e que tem um valor intrínseco, próprio, e independente de suas utilidades: um valor de existência e não mais apenas um valor de uso." De acordo com a Lei nº 4771/1965 em seu Art 1º, consta que:

Artigo 1° - As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem. (BRASIL, 1965).

O Artigo 26º2, da referida Lei, penaliza com três meses a um ano de prisão simples ou multa de um a 100 vezes o salário mínimo mensal do lugar e a data da infração ou ambas as penas cumulativamente. No artigo 27º é proibido o uso de fogo nas florestas e demais formas de vegetação, porém se justificar o motivo do emprego do fogo em práticas agropastoris ou florestais, a permissão será estabelecida em ato do Poder Público, circunscrevendo as áreas e estabelecendo normas de precaução. A história da devastação da Mata Atlântica está associada à história econômica do Brasil, a começar pelo próprio nome do país, derivado de uma árvore do bioma extraída até sua quase extinção (NEVES, 2006). As principais causas da destruição da Mata Atlântica e consequentemente de sua biodiversidade, estão relacionadas direta ou indiretamente às atividades humanas (RODRIGUES, 1997; ROOS, 2002). No processo de desenvolvimento econômico do país, está em debate o papel da política ambiental, a qual muitas vezes é culpada por impedir ou prejudicar o crescimento econômico. Entretanto, uma série de estudos empíricos, realizado pelo Grupo de Economia do

2 Artigo 26º da Lei 4771/1965: a) destruir ou danificar a floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infrigência das normas estabelecidas ou previstas nesta Lei; b) cortar árvores em florestas de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente; c) penetrar em florestas de preservação permanente conduzindo armas, substância ou instrumentos próprios para caça proibida ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem estar munido de licença da autoridade competente; d) causar danos aos Parques Nacionais, Estaduais ou Municipais, bem como às Reservas Biológicas; e) fazer fogo, por qualquer modo, em florestas e demais formas de vegetação, sem tomar as precações adequadas; f) fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação; g) impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetações; h) receber madeira, lenha, e outros produtos procedentes de florestas, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto, até o final beneficiamento; i) transportar guardar madeiras, lenha, carvão e outros produtos procedentes de florestas, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente; j) deixar de restituir à autoridade licenças extintas pelo decurso do prazo ou pela entrega ao consumidor dos produtos procedentes de florestas; l) empregar, como combustível, produtos florestais ou hulha, sem uso de dispositivos que impeçam a difusão de fagulhas, suscetíveis de provocar incêndio nas florestas; m) soltar animais (domésticos) ou não tomar precauções necessárias para que o animal de sua propriedade não penetre em florestas sujeitas a regime especial; n) matar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia ou árvore imune de corte; o) extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais; (...) q) transformar madeiras de lei em carvão, inclusive para qualquer efeito industrial, sem licença da autoridade competente. 48

Meio Ambiente (Instituto de Economia, Universidade Federal do Rio de Janeiro), com apoio da Fundação SOS Mata Atlântica, mostrou que alguns mitos sobre a incompatibilidade entre desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente não se sustentam (YOUNG, 2004). Mais estudos realizados, incorporando indicadores sociais à análise, com o intuito de examinar se existe alguma correlação entre desmatamento e melhoria das condições de vida da população rural, apontaram para as seguintes conclusões: desmatamento e crescimento econômico caminham em lados opostos, e mais, desmatamento não garante melhor condição de vida para a população rural (NEVES, 2006). Ao serem questionados se as matas propiciam algum benefício ao ser humano (Apêndice A, pergunta 18) todos os entrevistados responderam que sim, que as matas são responsáveis pela purificação das águas, fornece oxigênio entre outros benefícios, mesmo não percebendo se esse benefício é direto ou indireto, reconheceram a importância da floresta para sua sobrevivência. A floresta pode ser considerada como um conjunto de seres vivos, com predominância de árvores, vivendo em equilíbrio e ocupando grande extensão de terra. Alguns autores classificam os benefícios florestais em diretos e indiretos, os primeiros são os produtos fornecidos ao homem, como madeira, resinas, óleos essenciais, plantas medicinais, frutos e mel, os indiretos são benefícios ambientais como conservação do solo, produção da água, influencia sobre o clima, proteção da flora e fauna e os benefícios sociais, compreendendo as atividades recreativas e de pesquisa científica (DIAS, 2005). As florestas tropicais – e, por extensão, a Mata Atlântica – têm como principais benefícios, de acordo com diferentes pesquisas, a proteção do solo contra a erosão e o controle dos ciclos hídricos, impedindo ou reduzindo os efeitos de enchentes, assoreamento e sedimentação (TONHASCA, 2004). Ao serem perguntados se tinham conhecimento que muitos cosméticos, perfumes e medicamentos são feitos a partir de plantas(Apêndice A, pergunta 19), 97% responderam que sim e apenas 3% não souberam informar. Segundo relatos os entrevistados sabem que as florestas são importantes sim para o ser humano porque é delas que se faz uso, principalmente se retira substâncias que auxiliaram na fabricação de remédios ou cosméticos utilizados por todas as pessoas, esse conhecimento já era observado em muitas comunidades indígenas que se utilizavam de recurso naturais para se tratarem de muitas doenças, e que hoje observa-se também nas pastorais da saúde ou em mulheres na comunidade que fazem muitos remédios caseiros para combater diversos males 49 da saúde com parte de plantas diversas, cascas de árvores entre outros, conhecimento este que aprenderam com seus antepassados. Segundo Gross et al. (2005) as populações locais possuem um acervo valioso de conhecimentos tradicionais sobre como conservar e usar a biodiversidade, são também as que mais sofrem quando a diversidade é destruída ou expropriada ou quando seus conhecimento são apropriados por outras populações, infelizmente tem sido em geral excluídas de qualquer participação significativa nas decisões nacionais e internacionais sobre biodiversidade as quais afetam duramente seus modos de vida. Conforme Azevedo (2006 apud MASSAROTTO, 2009) esse tipo de exploração econômica da diversidade e dos conhecimentos tradicionais associados não revertia benefícios aos detentores destes, somente com a Convenção da Biodiversidade é que se considerou que os países são soberanos sobre os recursos biológicos que ocorrem na área geográfica sob sua jurisdição e sobre a regulamentação do acesso aos recursos genéticos e ao conhecimento tradicional associado. A biotecnologia moderna é o conjunto de técnicas das ciências biológicas aplicadas à pesquisa e desenvolvimento de produtos voltados ao mercado, através de experimentos realizados com pequenas amostras de recursos biológicos, visando obter medicamentos, hormônios, cosméticos, organismos (plantas e animais) resistentes a pragas, armas biológicas, entre outros produtos. Como o interesse das empresas nesse setor é grande, elas acabam por dar preferência para desenvolver produtos que podem gerar mais lucros, um exemplo é o mercado de fármacos (PEREIRA; LIMA, 2008). Conforme os autores acima na indústria farmacêutica encontram-se o maior potencial de uso da biodiversidade e do Conhecimento Tradicional Associado à Biodiversidade (CTA), na qual se concentra o maior número de agentes interessados na realização da bioprospecção. Calcula-se que aproximadamente 25% de todos os fármacos receitados provêm de fontes botânicas No início do século XIX, com o desenvolvimento da química farmacêutica, as plantas passaram a representar a primeira fonte de substâncias para o desenvolvimento de medicamentos. Atualmente, apesar do grande desenvolvimento da síntese orgânica e de novos processos biotecnológicos, 25% dos medicamentos prescritos nos países industrializados são originários de plantas, obtidos a partir de cerca de 90 espécies que são utilizados na terapia moderna. Depois de algumas décadas do século XX, a química de produtos naturais passou a representar a principal linha de pesquisa para as descobertas de novos agentes anticancerígenos (RINALDO, 2007). 50

De acordo com o Instituto de Tecnologia do Paraná (TECPAR) e Agencia Paranaense de Propriedade Industrial (APPI) (PARANÁ, 2004) a falta de fiscalização e controle das espécies nativas abre as portas para a biopirataria e dá ao Brasil um grande prejuízo, sabe-se a biodiversidade brasileira vale muito inclusive os para estrangeiros. Esse "ouro verde" rende para eles milhões, mas o país não recebe um centavo por eles, mesmo que as espécies nasçam e cresçam somente aqui. O TECPAR e a APPI citam exemplos como rupununine, uma espécie de noz extraída da semente da árvore Ocotea rodiei, usado como anticoncepcional substância patenteada pela Inglaterra, o laboratório canadense Biolink registrou seu princípio ativo, empregado em medicamentos para Aids; o quebra-pedra (Phyllantus niruri Linn.) usada pelos índios para tratar problemas hepáticos e renais, foi patenteada por uma empresa americana para a fabricação de medicamento para hepatite B; a copaíba (Copaifera sp.) considerado o antibiótico das matas, tem propriedades expectorantes, desinfetantes e estimulantes, foi registrada a patente pela empresa Technico-flor S/A sobre todos os cosméticos ou alimentos que utilizem a planta. Carvalho (2007) cita a Casearia sylvestris como outro exemplo, estudos clínicos já confirmaram algumas das propriedades preconizadas pela medicina popular em alguns lugares é utilizada para o tratamento de doenças de pele e como depurativo do sangue e em muitos países da América do Sul entra na composição de produtos dentários e antisépticos, entre outros. Segundo o autor acima citado, segundo a crença popular, o lagarto-tiú (Tupinamba sp.) só enfrenta uma cobra se houver um pé de cafezeiro-do-mato por perto, tamanho é o poder cicatrizante da planta. Estudos farmacológicos com ratos utilizando o extrato de sua casca mostraram atividade antiinflamatória, protegendo-os contra o veneno da cobra (Bothrops jararaca), por isso ela é usada também contra mordida de cobra ( Segui-se assim uma longa lista de espécies brasileiras que são utilizadas na produção de fármacos e cosméticos, infelizmente grande parte disso é explorada por empresas estrangeiras que patenteiam essa imensa riqueza e os conhecimentos das comunidades indígenas brasileiras e de muitas pessoas que detém um conhecimento herdado de antepassados sobre o poder da diversidade botânica que compõe a vegetação brasileira. Além dessa riqueza em produtos com fins comerciais as florestas também propiciam outros bens ambientais provindos de suas funções ecossistêmicas. No apêndice D constam opiniões dos entrevistados a respeito do conhecimento que tem sobre a influência das matas no clima (temperatura e precipitação). 51

Contatou-se que 93% do total de mulheres e 80% dos homens entrevistados consideram que as florestas influenciam no clima da região. As florestas, principalmente as ciliares, liberam água em forma de vapor, que ao atingirem a atmosfera se concentram e se condensam, formando nuvens que diminuem os efeitos dos raios do sol, produzem as chuvas e estabilizam o clima; atuam como corredores ecológicos porque une fragmentos de florestas, o que permite a circulação de animais e a dispersão de sementes, aumentando a conservação da biodiversidade; são como filtros que evitam que os sedimentos trazidos pela erosão se depositem nos rios, o que levaria ao assoreamento, à diminuição de seus volumes e à perda da qualidade da água e funcionam ainda como barreiras naturais contra a disseminação de pragas e doenças nas culturas agrícolas; entre outras (JAKIEVICIUS, 2011). Constatou-se que grande maioria de homens e mulheres demonstra ter conhecimento que a floresta tem influência no clima, mesmo tendo um conhecimento simplificado de toda a complexidade formadora do mesmo, sabem sua da colaboração para que esses processos aconteçam já os que responderam não demonstram certa desinformação da influência desta no processo climático. Durante o levantamento florístico e fitossociológico houve uma enxurrada (Figura 13), ocorrida em fevereiro de 2011, que destruiu pontes e estradas trazendo muitos transtornos para a localidade de Três Barras. Deve-se salientar que os riscos decorrentes destes eventos são coletivos, embora, os proprietários das terras que margeiam os rios, sejam poucos.

Figura 13. Foto do acesso a área onde foi realizado estudo florístico-fitossociológico, antes (dezembro de 2010) e depois (fevereiro de 2011) de enxurrada, na localidade de Três Barras no município de Morro Grande, Santa Catarina. Fotos: Dilton Pacheco.

Nas cidades com as construções, o clima urbano difere, consideravelmente, do ambiente natural de uma floresta. A amplitude térmica, o regime pluviométrico, o balanço hídrico, a umidade do ar, a ocorrência de geadas e vendavais, são exemplos dessas diferenças, 52 nas cidades, que possuem uma grande concentração de construções e pavimentos, existe um favorecimento na absorção de radiação solar diurna e a reflexão noturna. Isso gera o fenômeno denominado de “ilhas de calor”, cujo efeito é um diferencial térmico bastante significativo se comparado a locais vegetados. O asfalto, por exemplo, é afetado por esse fenômeno, cujo resultado é a sua rápida deterioração (CAPPS, 2010). O clima é formado pela dinâmica dos sistemas atmosféricos com seus respectivos tipos de tempo e influenciado por fatores como latitude, altitude, relevo, solo, cobertura vegetal, continentalidade e maritimidade (MONTEIRO; FURTADO, 2010). As florestas se revestem de importância ainda maior na atualidade pelo fato de que atuam como centros absorvedores de carbono atmosférico – armazenando carbono na forma de sua biomassa viva, solos e brejos associados – além de atuar fortemente no ciclo dos regimes de chuva. A escala de desmatamento, fruto da ação direta do ser humano nos últimos 200 anos é alarmante, os registros de aumento na taxa de desmatamento são significativo, desde a consolidação do modelo capitalista industrial, esta aceleração no desmatamento preocupa os ambientalistas e gestores de todo o mundo, quer pela perda da biodiversidade, que tem custos irreparáveis quer pelos riscos que esta ação impõe ao equilíbrio dos ciclos biogeoquímicos existentes no planeta e seus impactos, agora agravados pelos cenários das mudanças globais do clima (OLIVEIRA, 2009). As florestas tropicais desempenham um papel vital para funcionamento dos sistemas naturais do planeta, regulam as condições meteorológicas locais e globais através de sua absorção e criação de chuva e sua troca de gases atmosféricos. Por exemplo, a Amazônia cria sozinha de 50 a 80%, de sua própria precipitação através de transpiração. Se as florestas continuam a ser destruídas, padrões climáticos globais podem tornar-se mais instáveis e extremos. Florestas tropicais, como todas as formas de vegetação, afetam a "superfície albedo" ou refletividade de uma superfície por absorver mais calor do que no solo (BUTLER, 2009). Parcela significativa da água de chuva que cai sobre a floresta logo retorna para a atmosfera por evaporação ou transpiração. Verificando a movimentação de isótopos de hidrogênio, alguns engenheiros agrônomos demonstraram que a evapotranspiração da floresta amazônica é responsável por até 50% das chuvas da região. Isso significa que a cobertura vegetal é fundamental para a manutenção do ciclo hídrico da mata, influenciando diretamente o regime de chuvas (TONHASCA, 2004). As encostas da Serra Geral por sua grande altitude e posição próxima ao oceano exercem grande influência na distribuição regional das chuvas, agindo como uma barreira que 53 provoca a precipitação a partir das nuvens proveniente do oceano (SCHEIBE; JÚNIOR, 2010). Quando questionados se acham que as florestas mantêm e purificam a água todas as mulheres responderam que sim e (94%) dos homens também (Apêndice E). Por compreender a importância da água como elemento essencial para a vida e para o desenvolvimento, bem como condição estruturante para o cumprimento das Metas do Milênio, a Organização das Nações Unidas (ONU) escolheu o ano de 2005 até 2015 para iniciar a Década Mundial da Água, com o tema “Água para a Vida” (BATISTA; SPENGLER; SORRENTINO, 2005). Alguns hidrólogos constataram que 85% das chuvas que caem na serra do Mar ficam armazenadas no solo, e que cerca de 60% dessas reservas abastecem os riachos e rios da região. Esse trabalho é particularmente relevante porque quantifica a importância – reconhecida há muito tempo – da Mata Atlântica como reservatório hídrico. Um exemplo histórico confirma isso: durante o Império, para evitar os freqüentes episódios de falta de água no Rio de Janeiro, o governo reflorestou as áreas montanhosas em torno da cidade, dando origem a uma das maiores florestas urbana do mundo: a da Tijuca (TONHASCA, 2004). Uma demanda importante a ser considerada é a aplicação dos estudos e avaliações de monitoramento com a finalidade de quantificar os serviços ambientais proporcionados pela restauração das florestas nativas. Entre esses serviços, podemos considerar, por exemplo, a produção e o armazenamento de água nas microbacias (RODRIGUES; BRANCALION; ISERNHAGEN, 2009). As encostas da Serra Geral, com sua vegetação original em grande parte preservada, são essenciais para a regulação de toda a disponibilidade hídrica da bacia do rio Araranguá. A formação das escarpas das Encostas da Serra Geral propiciou o crescimento da pujante vegetação característica da Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica), que desempenha papel de grande relevância no controle dos processos erosivos, bem como infiltração e liberação gradativa da água das chuvas, sendo, portanto responsável pela manutenção das nascentes dos principais rios das bacias. Considerando a grande declividade das encostas, sua manutenção está protegida pelo código florestal, porém encontra-se permanentemente ameaçada pela indústria madeireira, pelas enxurradas e pelo fogo (SCHEIBE; JÚNIOR, 2010). Ao serem questionados se a presença da floresta evita ou pelo menos ajuda a evitar erosão do solo, (86%) das mulheres e (67%) dos homens responderam que sim, que na sua opinião a presença da floresta evita a erosão, porém (27%) dos homens disseram que não a 54 floresta em nada influencia na erosão dos solos, e (14%) das mulheres e (6%) dos homens preferiram dizer que não sabiam responder a pergunta (tabela 9 anexo 5). Constata-se pelo exposto no apêndice F, que o grau de instrução das pessoas é uma variável importante nessas análises, observou-se que com grau de instrução menor ocorre insegurança em responder a esse questionamento por isso preferiram alegar não saber, e outras responderam que as plantas não evitam a erosão, relatando que "nas margens do rio mesmo tendo árvores a terra caiu", talvez indique desconhecimento das pessoas entre a relação solo/planta e a dinâmica das águas dos rios dessa região. Fato não observado nas pessoas com grau de instrução maior, que demonstram saber da importância da contribuição das plantas no processo de retenção dos solos. A maioria dos entrevistados (Apêndice F) demonstrou saber que as plantas colaboram para evitar os processos erosivos, mesmo sem saber detalhadamente que a preservação de plantas possibilita: a redução de erosão, pela diminuição (amortecimento das gotas de chuva através das copas das plantas) do impacto das gotas de chuva sobre o solo e a sua melhor fixação através das raízes, permitindo uma melhor conservação do solo. A manutenção das florestas nas encostas é essencial para a proteção das nascentes e também das terras da planície (SCHEIBE; JÚNIOR, 2010). As modificações dos usos da terra, que impliquem na substituição da cobertura vegetal, podem causar importantes alterações nas características hidrológicas de uma bacia hidrográfica, especialmente nas ligadas ao aumento da energia cinética da chuva (aumento do impacto da gota d'água no solo), redução da evapotranspiração, diminuição do volume de infiltração e consequente aumento do escoamento superficial (TEIXEIRA, 2009). Quando questionados a respeito de quem deveriam cuidar das matas, 93% opinaram que todos da região deveriam ser responsáveis pelo cuidado ou preservação das matas, pelo fato de que as matas beneficiam estendem seus benefícios a todos. Uma pequena porcentagem respondeu que cada proprietário deveria ser responsável pela floresta que faz parte de sua propriedade. Ao citar a alternativa “todos ou nós”, os informantes deixam de olhar para os processos reais da comunidade e do entorno socioambiental. Essa indicação é citada por meio de uma expressão ampla, revelando um sujeito anônimo, o qual não especifica quem são segundo os informantes, os autores sociais que devem cuidar do bem em questão. No discurso da ação é necessário vigiar os comportamentos dos outros e os comportamentos próprios, porque há ainda muito pouca gente verdadeiramente sensibilizada para a proteção do ambiente (CARVALHO; ROCHA; MISSIRIAN, 2009). 55

A postura de dependência e de desresponsabilização da população decorre principalmente da desinformação, falta de consciência ambiental e de um déficit de práticas comunitárias baseadas na participação e no envolvimento dos cidadãos, que proponham uma nova cultura de direitos baseadas na motivação e na co-participação da gestão ambiental (JACOBI, 2003). A percepção ambiental pode ser definida como sendo uma tomada de consciência das problemáticas ligadas ao ambiente, ou seja, o ato de perceber o ambiente em que se está inserido, aprendendo a proteger e a cuidar do mesmo. Também define-se pelas formas como os indivíduos vêem, compreendem e se comunicam com o ambiente, considerando-se as influências ideológicas de cada sociedade. As respostas ou manifestações daí decorrentes são resultados das percepções, individuais e coletivas, dos processos cognitivos, julgamentos e expectativas de cada pessoa. Uma das dificuldades para a proteção dos ambientes naturais está na existência de diferenças nas percepções dos valores e da importância dos mesmos entre os indivíduos de culturas diferentes ou de grupos sócio-econômicos que desempenham funções distintas, no plano social, nesses ambientes (VILLAR et al., 2008). A Terra, a nossa casa, está viva como comunidade de vida única A capacidade de recuperação das comunidades vivas, e o bem-estar da humanidade, dependem da manutenção de uma biosfera saudável em todos os seus sistemas ecológicos, uma enorme diversidade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O ambiente global com seus recursos não renováveis é uma preocupação comum a todas as pessoas. A proteção da beleza, diversidade e vitalidade da Terra é um dever sagrado (COMISSÃO DA CARTA DA TERRA, 1996). Ao serem questionados se consideram as matas que rodeiam a cidade muito ou pouco importante (73%) das mulheres e (80%) dos homens responderam que acham as matas muito importante, porém (27%) das mulheres e (14%) dos homens preferiram dizer que não sabiam responder a pergunta (Apêndice G). De acordo com Silva Filho (2009 apud CAPPS, 2010), o consumo de energia elétrica de aparelhos de refrigeração e ar condicionado, em setores residenciais, gira em torno de 10 a 17% dos gastos no país, e de acordo com pesquisas do serviço florestal norte-americano, o efeito refrescante de arborização urbana pode diminuir em pelo menos 20% desse consumo, com a redução do tempo de uso do ar-condicionado, gerando uma economia total para o país de 7,8%. Em um estudo realizado por pesquisadores da Escola de Saúde Pública e Medicina Comunitária da Universidade de Washington (EUA), analisando imagens de satélites durante 56 dois anos com crianças de 3 a 16 anos mostrou que morar perto de áreas verdes traz benefícios à saúde e evita a obesidade infantil já que estas saem para brincar e se exercitam com mais frequência, concluindo que a arborização pode servir de alvo para estratégias ambientais de prevenção da obesidade além de contribuir com outros fatores restauradores da saúde pública (SILVA FILHO, 2009 apud CAPPS, 2010). Percebe-se nas respostas referentes à importância das matas, a ligação desta com as ideias antropocêntricas o mesmo percebido em estudos de representações sociais realizados por Martinez (2010), na cidade de criciúma onde a perspectiva antropocêntrica continua preponderante e é a base dos valores ambientais dos sujeitos. Mesmo aqueles que conferem respeito e apreço ao natural trazem em si a ideia de que o homem é o centro de tudo o que existe, e que a natureza deva ser preservada, apreciada e/ou respeitada unicamente pelo que traz de positivo: o sustento, a beleza, o alimento, os recursos, o bem-estar e o divertimento. Visão esta com raízes nos dogmas do cristianismo, a natureza só seria sagrada por ser uma criação divina, não por seu valor intrínseco, e deveria ser preservada apenas para a garantia da sobrevivência humana. A educação e percepção ambiental despontam como armas na defesa do meio natural e ajudam a reaproximar o homem da natureza, garantindo um futuro com mais qualidade de vida para todos, já que despertam maior responsabilidade e respeito dos indivíduos em relação ao ambiente em que vivem (VILLAR et al., 2008). Para Leff (2000), investigar a organização social e produtiva das culturas tradicionais, das comunidades é importante para conhecer o processo histórico de assimilação cultural dos processos ecossistêmicos e das transformações que sofreu o meio, assim como os traços culturais fundamentais que constituem a identidade étnica de uma comunidade permite descobrir a racionalidade de suas práticas de uso dos recursos e reorientá-los para os objetivos de desenvolvimento sustentável.

3.4.1 A Disposição ao Trabalho Voluntário (DATv)

Nesta pesquisa foi introduzido o parâmetro disposição dos entrevistados para o trabalharem voluntariamente para proteção ou recuperação das florestas da região. Para se obter a DATv foi utilizado o método de valoração de contigente (MVC). A variável enfatizada pelo MVC é o tempo. Essa variável parece-nos a mais indicada na estimativa e nos referenciais ao valor dos ecossistemas, seja no tempo necessário ao seu 57 surgimento, na resiliência ou no tempo de trabalho voluntário destinado a atividades de recuperação ou preservação, considerando aí, também, a percepção ambientalista do cidadão. Ao destinar voluntariamente parte do seu trabalho a essas atividades, o cidadão está contribuindo para uma externalidade positiva (ou internalizando uma externalidade negativa, conforme o caso) que, diferentemente do produto capitalista, será apropriada direta ou indiretamente por todos (FONSECA; DRUMMOND, 2003). No apêndice H verificou-se a disposição para o trabalho voluntário dos entrevistados. Das mulheres entrevistadas e dos homens, respectivamente 86% e 73%, colocaram-se a disposição para prestarem trabalho voluntário em prol do meio ambiente. O trabalho voluntário é comumente realizado no Brasil, na forma de mutirões comunitários rurais e mesmo nas áreas urbanas mais carentes de serviços públicos, e em outras instâncias, como o Projeto Rondon e o Serviço Civil Voluntário. São comuns ainda mutirões comunitários para limpar e recuperar áreas de lazer. Na Europa, há muito os voluntários atuam no apoio à defesa civil, em calamidades ou em campanhas preventivas, ou na defesa de ecossistemas (FONSECA; DRUMMOND, 2003). Nesta pesquisa verificou-se que grande parte dos entrevistados desta comunidade aceita dedicar algumas horas do seu tempo para trabalharem voluntariamente em prol do meio ambiente, porém a recusa neste tipo de voluntariado é maior, supõe-se que muitas pessoas entendem o meio ambiente como sendo uma parte externa, não conectada ao ser humano, não necessitando de sua solidariedade, não percebendo nenhum vínculo com o mesmo. No apêndice I verificou-se o número de horas que os entrevistados disporiam para realizarem trabalho voluntariamente em prol da preservação da floresta em estudo. As mulheres se colocaram a disposição nos seguintes horários: 1/2 dia (26%), 1 dia (27%), 2 dias (26%) e algumas horas do dia (27%). Os homens: 1/2 dia (33%), 1 dia (14%) e algumas horas do dia (27%). Cabe ressaltar que essa disposição dos entrevistados depende de seu tempo livre depois do trabalho ou nos finais de semana. Considerando o total da amostra verifica-se que (59%) das mulheres tem disposição de mais tempo para esse tipo de trabalho e apenas (47%) dos homens. Apesar de pequena a maior disposição para trabalhos voluntários nas mulheres pode encontrar explicação em Martinez-Alier (1998) quando salienta que são as mulheres precisamente quem frequentemente exercem o papel socialmente mais importante no combate a certas externalidades, por necessitarem muitas vezes de recursos ambientais para suas funções domésticas como a água, por exemplo, essa proximidade das mesmas da Oikonomia (a noção 58 de oikonomia como um processo destinado "ao aprovisionamento material e energético das comunidades humanas") e, portanto da ecologia não é decorrente de nenhuma relação essencialmente próxima entre mulheres e a natureza, da raiz biológica, mas, devido ao papel social de trabalhadoras na economia doméstica atribuída as mulheres pela divisão social do trabalho. Em trabalho semelhante à disposição da população de Viçosa ao trabalho voluntário pela recuperação ou preservação das APPs das microbacias do São Bartolomeu foi baixa, apenas 31% das pessoas entrevistadas concordaram em dedicar parte de seu tempo para esse fim (MATTOS, 2006). Este mesmo autor cita que em outro trabalho sobre a DATv pela recuperação da laguna de Itaipu- RJ, foi obtido 54% de DATv positiva. Lopes (2007) registrou em sua pesquisa sobre valoração ambiental aplicada à qualidade da água da Lagoa da Conceição em Florianópolis-SC, que 98% da amostra investigada responderam de forma positiva ao trabalho voluntário sendo que esta abordagem foi a questão que apresentou maior índice de aceitação entre a população amostrada dentre outros parâmetros analisados, e de certa forma demonstrando a preocupação com a conservação e recuperação do recurso ambiental estudado. Abordou-se as respostas dos entrevistados da questão 27 (Apêndice A) procurando resgatar o valor atribuído pelo morador, sobre o recurso ambiental. A questão lhe foi colocada no sentido que se ele admitiria a extinção da floresta vizinha, na condição que ela fosse substituída por outra em outro lugar em Santa Catarina. Destes 100% responderam negativamente a essa possibilidade. O resultado sugere a conexão entre a visão apresentada por grande parte da população amostrada, anteriormente nas questões relacionadas às funções ecológicas da floresta hoje preservada para futuramente exercer a mesma função nesta localidade, portanto se esta fosse extinta e não substituída por outra que exercesse a mesma função o uso futuro desta estaria comprometido, e a importância da sua existência. Relacionando estas respostas com o Valor de Opção de um bem ambiental no qual trata do uso futuro, com efeito, compreendendo o papel da floresta em relação a microclima, chuvas, entre outras potencialidades, os moradores em sua totalidade manifestam-se pela sua preservação no local. Segundo Pearce e Moran (1994) e Montibeller-Filho (2008), o valor de opção é a possibilidade de se dispor futuramente de um recurso natural hoje preservado. O valor de uso futuro é correspondente ao uso potencial do recurso natural no futuro. 59

Observou-se nas respostas na figura 14 (Apêndice A, pergunta 28) procurando confirmar o Valor de Existência atribuído pelo morador ao ser perguntado se concordaria que a floresta a qual está sendo realizado o estudo fosse retirada para construção de mais indústria ou lavouras no município de Morro Grande, Santa Catarina.

Figura 14. Valor de existência atribuído pelos entrevistados da localidade de Três Barras, município de Morro Grande, Santa Catarina.

Constata-se pela figura 14 que grande parcela dos entrevistados respondeu não concordarem com a retirada da floresta em estudo para qualquer fim, demonstrando apreço pelo natural simplesmente pelo fato de ela estar presente e ser importante para o equilíbrio do meio natural. Cabe salientar houve porém aqueles que concordaram com a retirada da floresta para a construção de indústrias ou lavouras, fato que reforça a visão antropocêntrica colocando o homem como principal ator e o centro das atenções nesse processo, fato conectado com algumas respostas anteriores. Porém o grande número dos que preferem a preservação da floresta mesmo confrontada com os valores instrumentais fortalece a noção da importância dada pelos moradores próximos da floresta. Os valores de não-uso (VNU) são aqueles que as pessoas atribuem ao recurso ambiental, sem que este esteja ligado a algum de seus usos. São dois os valores de não-uso: o valor de herança (VH) relativo ao beneficio de saber que outros se beneficiarão, no futuro, do recurso ambiental, e o valor de existência (VE), que reflete o benefício da existência de um recurso ambiental, embora ele não seja conhecido e, provavelmente, nunca será conhecido nem usado. A perspectiva do valor de existência retira da valoração o caráter utilitarista, ao considerar que um indivíduo, mesmo não consumindo o serviço ou o bem ambiental, pode manter-se preocupado com sua qualidade ou existência. 60

Para Gregory; Slovic (1997), o valor de existência representa, simplesmente, o valor de saber que as espécies existem. Na tabela 14 verificou-se a respostas dos entrevistados com relação à questão 29 que aborda a possibilidade de substituição, se caso a floresta fosse retirada e não houvesse mais como recuperá–la, por uma obra pública neste bairro que compense os danos ambientais, que tipo de obra acharia justo. Como opção de algo que achariam justo tem-se várias respostas.

Tabela 5. Opinião dos entrevistados da localidade de Três Barras, município de Morro Grande, SC, com relação a medida compensatória caso houvesse supressão da vegetação. Medida compensatória Medida compensatória 16,6% R$ 10.000,00 anuais: 10,0% Verba para agricultura R$ 15.000,00 anuais: 3,3% R$ 5.000,00 mensais: 3,3% 10,0% Verba para o município R$ 10.000,00 anuais: 6,7% R$ 5.000,00 mensais: 3,3% 6,7% Verba para restaurar florestas R$ 5.000,00 mensais Fábrica para gerar empregos 13,3% Parque ecológico 10,0% Santuário ecológico 3,3% Lazer para os jovens 3,3% Construção de parque infantil 3,3% Escola 3,3% Parque turístico voltado à preservação 3,3% Creche infantil 3,3% Não soube opinar 16,7% Não respondeu 6,7%

Constatou-se que a opção por alguma obra para preservação ambiental, equilibrou-se com a problemática socioeconômica. Foram notórias as respostas por opções de algo que gerasse empregos, lazer e escolas em benefício de questões socioeconômicas, bem como respostas em prol de questões ambientais. A problemática da sustentabilidade assume neste novo século um papel central na reflexão sobre as dimensões do desenvolvimento e das alternativas que se configuram. O desenvolvimento sustentável não se refere especificamente a um problema limitado de adequação ecológica de um processo social, mas a uma estratégia ou um modelo múltiplo para a sociedade, que deve levar em conta tanto a viabilidade econômica como a ecológica (JACOBI, 2003). 61

O fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA, 1999), incentiva projetos que implementam atividades produtivas sustentáveis e de conservação de recursos naturais, principalmente na Amazônia, Mata Atlântica e Pantanal. Voltado prioritariamente a comunidades tradicionais e organizações de pesquisa. Entretanto, as políticas públicas para a adaptação as vulnerabilidades socioeconômicas e ambientais causadas por mudanças climáticas, em cursos no Brasil além de dispersas, são descoordenadas. Há uma série de políticas que guardam relação indireta com a temática, mas que necessitam ser melhor coordenadas para atingir a eficácia desejada (FRANKE; HACKBART, 2008). O quadro socioambiental que caracteriza as sociedades contemporâneas revela que o impacto dos humanos sobre o meio ambiente tem tido consequências cada vez mais complexas, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos (JACOBI, 2003). Um mecanismo importante adotado pelo governo do estado do Amazonas foi a criação da Bolsa-Floresta, com o objetivo de coibir o desmatamento que causa mudanças climáticas e perda de biodiversidade, estimulando a população a cuidar das florestas. O Bolsa- Floresta é um incentivo que faz parte da política Estadual de Mudanças Climáticas, um pacote de leis ambientais estaduais, é um benefício anual pago as famílias que morando em regiões florestais, contribuírem para a sua preservação, as quais poderão receber até R$ 600 cada, no caso de desmatamento zero, aferido pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) Com isso o governo do Amazonas espera arrecadados recursos para garantir essa política através da venda voluntária, no mercado paralelo de créditos de carbono e pela conservação da biodiversidade, através de certificados relacionados ao desmatamento evitado (FRANKE; HACKBART, 2008). A crescente preocupação com o desenvolvimento sustentável e com o futuro da Terra tem sido tema em debates e conferências por todo o mundo, com a finalidade de buscar o equilíbrio entre o meio ambiente e as comunidades humanas. Todas estas reflexões e observações da natureza implicam em mudanças de comportamento por parte das pessoas nos seus estilos de vida, desperdiçar menos apostar na reciclagem de materiais, momento de economizar, mudar os hábitos consumistas os quais não vai ser nada fácil mudar em uma cultura consolidada capitalista. Apesar da obviedade da situação a qual vivemos pouco se tem feito para promover um modo de vida em nossa civilização, que permita uma existência se não completamente harmônica, pelo menos ecologicamente equilibrada, também passa por mudanças em políticas públicas que sejam mais organizadas para serem eficazes, enfim são mudanças que passam por todos os setores da sociedade e com certeza por todas as instituições de ensino visando 62 disseminar o conhecimento para todos. Em todos esses problemas, observa-se a necessidade deles serem analisados a partir de referenciais conceituais e metodológicos contextualizados à nossa realidade, integrando as dimensões mais relevantes (PORTO, 2002). Contata-se na tabela 14, que a população aproveitando a oportunidade que a pergunta lhe gerou, apresentou de modo claro e objetivo o problema que mais os aflige: falta de emprego, falta de apoio a agricultura familiar, demonstrado pelas respostas na preferência de algo que pudesse amenizar a problemática socioeconômica. Portanto se estes moradores fossem bem orientados a desenvolverem algumas técnicas de exploração sustentável, como enfatizar algo no sentido de turismo bem orientado aproveitando o que a natureza lhes deu de presente que é o belo cenário, embora hoje um pouco modificado, mas ainda com belezas naturais como: rios, cachoeiras entre outros. Aproveitar o que já está pronto como as escolinhas que hoje estão desativadas e paradas poderia aí se criar uma cooperativa para explorar o turismo sustentável ou até o trabalho orientado com a fabricação do suco da polpa da semente de Euterpe edulis (palmiteiro), e integrar a estes várias outras atividades (a fabricação de queijo, doces, e outras iguarias caseiras que as mulheres dessa comunidade fazem para seu próprio sustento. Valorização (de trabalhos manuais de clubes de mães que tem na comunidade, atividades de clube de idosos), poderia servir como fonte de renda para as famílias principalmente algumas mulheres que muitas vezes não tem como trabalhar longe de casa, aí entra o papel da Universidade e das políticas públicas, aplicados em outros estados brasileiros. Essas ações prenderiam a atenção dos moradores dessa comunidade e talvez os conduzisse ao desenvolvimento de uma visão ambiental da importância das florestas para a manutenção da vida. Dessa forma passariam a lutar pela sua conservação e preservação.

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4 CONCLUSÃO

A paisagem constitui um todo complexo, em que numerosos elementos físicos e biológicos tomam parte, sendo necessária a compreensão de tais processos, para assim agrupar informações que possam ajudar nas ações de conservação dos ambientes naturais. Dentre alguns elementos de transformação da paisagem destaca-se a atividade humana como agente principal de tal ação. A Mata Atlântica que abriga uma parcela bem significativa de diversidade biológica vem eventualmente sofrendo com ações expressivas de perdas de hábitat de grande diversidade de seres, tornando-se necessário o conhecimento de sua formação para planejadamente reconhecer quais ações poderiam ser aplicadas para sua preservação. Tendo em vista a escassez de informações sobre Floresta Ombrófila Densa Montana há necessidade de estudos para uma melhor compreensão desta formação no estado de Santa Catarina. A área onde foi realizado o estudo possui alta riqueza de espécies, sobretudo de Myrtaceae, Annonaceae e Lauraceae, se comprando com outros estudos realizados no sul do Brasil, tornando-o importante centro de dispersão de diásporos para áreas adjacentes, em estádios sucessionais menos avançados. A floresta foi classificada em estágio avançado de regeneração natural com base em sua composição florística e estrutural, após 25 anos de última intervenção humana na área. A comparação florística indicou alta similaridade entre os estudos realizados no sul de Santa Catarina e nordeste do Rio Grande do Sul, destacando-se um grupo de Florestas Turfosas e outro grupo com Florestas Ombrófilas Densas Submontanas e Montanas. O maior valor de importância foi obtido por Euterpe edulis com 23,69, garantido pela alta densidade. O palmiteiro é usualmente encontrado nos estudos em Floresta Ombrófila Densa na região sul do Brasil. A interação entre vegetação e fauna evidenciou a importância desta relação para ações de manejo e recuperação de áreas alteradas na região. Zoofilia e zoocoria se mostraram as mais importantes estratégias de polinização e dispersão neste estudo, eventos característicos nas formações da Floresta Ombrófila Densa, principalmente daquelas em estádios sucessionais mais avançados. Na pesquisa realizada com a população humana, diante dos resultados verificou-se divergência em ideias antropocêntricas e ecológicas. Os entrevistados não demonstraram ter 64 domínio de informações específicas em relação às funções do ecossistema florestal para manter a integridade ambiental, no entanto, quando as investigações partiram para preocupações socioambientais observou-se que, embora estivessem ligadas a ideias antropocêntricas relativas à natureza, as ideias ecológicas sobre a importância das matas foram de certa forma representativa, mesmo com indícios de que a concepção destas ideias ecológicas tenha sido influenciada pela própria questão apresentada. O cenário ambiental, quanto ao estado de preservação e funções do ecossistema florestal é compreendido, porém não com clareza pela maioria dos moradores entrevistados. Pelo exposto nos resultados apresentados, parece existir uma relação de dependência positiva entre as variáveis (gênero, idade, grau de instrução, tempo de residência, profissão e renda mensal familiar, tabelas em anexos) analisadas com as respostas dos indivíduos sobre as questões de caráter ambiental nesta região (compreensão de funções do ecossistema florestal e sua preservação). Há necessidade de se multiplicar as práticas sociais baseadas no fortalecimento do direito ao acesso a informação e uma educação ambiental mais completa e objetiva em todos os setores da sociedade, indicando a necessidade da participação de agentes da sociedade (empresas, instituições de ensino superior, organizações não governamentais, órgãos públicos, entre outras) na sistematização e socialização do conhecimento, para que questões ambientais possam não ser apenas discutidas, mas para que se busquem soluções para as mesmas, com estas e a transparência na administração dos problemas ambientais poderá se criar condições para uma reflexão que vise em reorganização do poder e da autoridade, esta tem um papel indutivo, e assim, possivelmente, surgiriam caminhos que viessem a colaborar para alterar o quadro de degradação sócioambiental atual. Para tanto, não somente o conhecimento científico é a chave desse processo, mas também a inserção e a mobilização da sociedade civil, ONGs, escolas, associações de moradores e entidades governamentais. A efetiva aplicação da legislação, hoje existente, ajudaria sobremaneira a amenizar grande parte dos problemas ambientais gerados pela atividade econômica. Com uma população mais participativa e atuante no processo de decisão, preservação e conservação do meio ambiente, propicia-se o desenvolvimento da racionalidade ambiental nos diversos segmentos da sociedade e evidencia-se a importância de conservação do capital natural para as atuais e futuras gerações. Sugere-se com este trabalho que outros possam ser realizados contemplando o ponto de vista do conhecimento científico, e o ponto de vista do conhecimento empírico, para a 65 implantação de prática que possam surtir efeitos no lento processo de tomadas de decisões em prol da natureza. O conhecimento produzido na área estudada poderá, no futuro, fornecer alternativas de uso e manejo de outras áreas similares, sua manutenção é importante para estimular a preservação de outros fragmentos florestais próximos. As informações obtidas a partir deste levantamento, além de contribuir para o conhecimento da biodiversidade regional, poderão servir para a restauração de fragmentos florestais alterados, com indicação das interações interespecíficas na manutenção e preservação das florestas. O presente trabalho também é uma importante fonte de informações da composição arbórea da região de Morro Grande, e através do estudo de caso uma sugestão de por onde começar a implantar uma educação ambiental de qualidade e efeitos, para resguardar as florestas que ainda restam nessa região.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A - Questionário: Valoração ambiental a ser aplicado à comunidade de Três Barras no município de Morro Grande, Santa Catarina.

Data:______comunidade:Três Barras Entrevistador:Dolores Martins Bosa

Meu nome é Dolores Martins Bosa, estou realizando uma pesquisa para uma Dissertação de Mestrado da UNESC (Universidade do Extremo Sul Catarinense) com fins estritamente acadêmicos, cuja temática é o estudo das relações entre a população e um fragmento de Mata Atlântica dessa região. Esta pesquisa utiliza um cenário hipotético (não real) e se houver alguma pergunta que não queira responder sinta-se à vontade em deixar em branco. Obrigado. 1 Nome (só o primeiro nome): ...... 2 Sexo: ( ) masculino ( ) feminino 3 Idade: ...... anos 4 Qual o seu grau de instrução: ( ) sem estudo ( ) 1º à 4° série ( ) 5° à 8° série ( ) 2° grau ( ) faculdade ( ) pós-graduação ...... 5 Seus filhos ou dependentes estudam ou estudaram em escola: ( ) pública ( ) particular ( ) não estudam 6 Quantas pessoas economicamente ativa moram (ou colaboram com a renda) na sua residência? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) mais de 4 7 A residência onde mora é: ( ) alugada ( ) própria ( ) em financiamento 8 Assinale quais serviços públicos estão disponíveis em sua residência? ( ) rede de distribuição de água (CASAN) ( ) rede de coleta de esgoto ( ) estação de tratamento de esgoto ( ) coleta de lixo ( ) coleta seletiva de lixo ( ) acesso a internet 9 O que você costuma fazer prioritariamente nas horas de lazer? ( ) esportes ( ) leitura ( ) bares, danças ( ) ficar em casa ou visitar amigos/familiares ( ) outros ...... 10 Há quantos anos você mora na região? ...... 11 Você exerce sua atividade profissional neste bairro? ( ) sim ( ) não 12 Qual o motivo que o levou a morar aqui: ( ) hábito familiar ( ) negócios: estudos, emprego ( )beleza do bairro(paisagem) ( ) Opções de lazer (rios, casa de campo) ( ) qualidade de vida 13 Renda mensal aproximada da família toda? ...... 14 Se houvesse oportunidade de mudar de bairro você aceitaria? ( ) Não ()Sim.Porque?......

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Coloque em ordem de prioridade os bens ambientais que você mais valoriza: ( ) plantas ( ) água ( ) animais 16 Qual a sua opinião sobre o estado de preservação das matas de sua região? ( ) bem preservadas ( ) pouco preservadas ( ) não preservadas 17 Coloque em ordem de prioridade a atividade você acredita que deveria ser proibida ou controlada em relação as matas? ( ) caça ( ) pesca ( ) desmatamento ( ) queimada 18 Você acha que as matas propiciam algum benefício ao ser humano? ( ) Não ( ) Sim.Qual: ...... 19 Você sabia que muitos remédios, cosméticos e perfumes são feitos a partir de plantas? ( ) Sim ( ) Não 20 Você acha que as matas influenciam no clima (chuvas, temperatura)? ( ) sim ( ) não 21 Você acha que as matas mantêm e purificam a água? ( ) Sim ( ) Não 22 Em sua opinião, as plantas, evitam a erosão? ( ) Sim ( ) Não 23 Em sua opinião quem deve cuidar da mata? ...... 24 Você considera a mata que rodeia a cidade: ( ) pouco importante ( ) muito importante ( ) não sabe 25 Se fossem realizado trabalhos voluntários para preservar as florestas você estaria disposto a colaborar com algumas horas por mês, junto com outras pessoas, para preservá-la? ( ) Sim ( ) Não 26 Quantas horas por mês? ( ) meio dia ( ) 1 dia ( ) 2 dias )outros ...... ( ) mandaria alguém da família 27 Se a mata a qual está sendo realizado o presente estudo fosse totalmente retirada, você conhece outro lugar em Santa Catarina que poderia substituí-la? ...... 28 Você concordaria que a mata a qual está sendo realizado o presente estudo, fosse retirada para a construção de mais indústrias, lavouras, etc. ( ) Sim ( ) Não 29 Se a mata a qual está sendo realizado o presente estudo, fosse retirada e não pudesse mais ser recuperada e o governo quisesse pagar pelos danos ambientais com uma obra pública, que tipo de obra você acharia justo? ......

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APÊNDICE B - Opinião dos entrevistados na comunidade de Três Barras, município de Morro Grande, SC, com relação ao estado de preservação da Floresta Ombrófila Densa, onde, F = feminino e M = masculino. Gênero (%) Estado de preservação das florestas (%) Variável analisada Bem preservada Pouco preservada Não preservada F M F M F M F M Idade (anos) 18 à 30 anos 33 20 39 65 61 35 - - 31 à 49 anos 47 47 70 70 15 30 15 - ≥ 50 anos 20 33 100 82 - 18 - - % F e M 100 100 66 73 27 27 7 0 Grau de Instrução Fundamental Incompleto 47 73 70 63 15 37 15 - Fundamental Completo 20 7 70 100 30 - - - Ensino Médio Completo 20 20 70 100 30 - - - Graduação 13 - 50 - 50 - - - % 100 100 66 73 27 27 7 0 Tempo de Residência (anos) Até 30 anos 60 33 55 79 45 21 - - 31 à 49 anos 20 53 65 62 - 38 35 - ≥ 50 anos 20 14 100 100 - - - - % 100 100 66 73 27 27 7 0 Atividade Profissional Professor 7 - 100 - - - - - Agricultor 47 53 57 75 28 25 15 - Empresário - 27 - 74 - 26 - - Madeireiro (serviços gerais) - 20 - 65 - 35 - - Secretária 13 - 50 - 50 - - - Do lar 33 - 79 - 21 - - - % 100 100 66 73 27 27 7 0 Renda Familiar Mensal (R$) Até 1.000,00 47 13 70 54 15 46 15 - Acima de 1.000,00 53 87 62 75 38 25 - - % 100 100 66 73 27 27 7 0

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APÊNDICE C - Opinião dos entrevistados com relação as atividades que deveriam ser proibidas na Floresta Ombrófila Densa na localidade de Três Barras, município de Morro Grande, SC, onde, F = feminino e M = masculino.

Gênero (%) Qual atividade que deveria ser proibida na floresta? (%)

Caça Desmatamento Queimada Todas Nenhuma Não sei F M F M F M F M F M F M F M Idade (anos) 18 à 30 33 20 - 35 79 65 ------21 - 31 à 49 47 47 43 57 - 15 43 15 14 13 - - - - ≥ 50 20 33 35 40 - 21 - - 65 21 - 18 - - % F e M 100 100 27 47 26 27 20 7 20 13 0 6 7 0 Grau de instrução Fundamental incompleto 47 73 43 36 15 26 15 10 27 18 - 10 - - Fundamental completo 20 7 - 100 35 - 35 - - - - - 30 - Ensino médio completo 20 20 35 65 35 35 - - 30 - - - - - Pós-graduação 13 - - - 46 - 54 ------% 100 100 27 46 27 27 21 7 19 13 0 7 6 0 Tempo de residência

(anos) Até 30 60 33 12 39 45 61 33 - - - - - 10 - 31 à 49 20 53 65 62 - - - 13 35 25 - - - - ≥ 50 20 14 30 - - 50 - - 70 - - 50 - - 100 100 26 46 27 27 20 7 21 13 0 7 6 0 Atividade profissional Professor 7 - - - - - 100 ------Agricultor 47 53 28 51 15 11 - 13 42 25 - - 15 - Empresário - 27 - 48 - 26 - - - - - 26 - - Madeireiro (serviços - 20 - 35 - 65 ------gerais) Secretária 13 - 54 - 46 ------Do lar 33 - 21 - 39 - 40 ------% 100 100 27 47 26 26 20 7 20 13 0 7 7 0 Renda familiar mensal (R$) Até 1.000,00 47 13 28 - 30 46 - - 28 54 - - 14 - Acima de 1.000,00 53 87 25 59 25 25 37 8 13 - - 8 - - % 100 100 26 47 27 26 20 13 20 7 0 7 7 0

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APÊNDICE D - Opinião dos entrevistados da localidade de Três Barras, município de Morro Grande, SC, com relação se as floretas influenciam no clima, onde, F = feminino e M = masculino. Gênero (%) As florestas influenciam no clima? (%) Sim Não F M F M F M Idade (anos) 18 à 30 33 20 100 100 - - 31 à 49 47 47 85 72 15 28 ≥ 50 20 33 100 82 - 18 % 100 100 93 81 7 19 Grau de Instrução Fundamental incompleto 47 73 85 82 15 18 Fundamental completo 20 7 100 - - 100 Ensino Médio 20 20 100 100 - - Pós-Graduação 13 - 100 - - - % 100 100 93 81 7 19 Tempo de Residência (anos) Até 30 60 33 100 100 - - 31 à 49 20 53 65 75 35 25 ≥ 50 20 14 100 50 - 50 % 100 100 93 81 7 19 Atividade Profissional Professor 7 - 100 - - - Agricultor 47 53 85 89 15 11 Empresário - 27 - 52 - 48 Madeireiro (serviços gerais) - 20 - 100 - - Secretária 13 - 100 - - - Do lar 33 - 100 - - - % 100 100 93 81 7 19 Renda Familiar Mensal (R$) Até 1.000,00 47 13 85 100 15 - Acima de 1.000,00 53 87 100 84 - 16 % 100 100 93 81 7 19

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APÊNDICE E - Opinião dos entrevistados da localidade de Três Barras, município de Morro Grande, SC, com relação se as floretas mantêm e purificam a água, onde, F = feminino e M = masculino. Gênero (%) As florestas mantêm e purificam a água? (%) Variável analisada Sim Não F M F M F M Idade (anos) 18 à 30 33 20 100 100 - - 31 à 49 47 47 100 100 - - ≥ 50 20 33 100 82 - 18 % 100 100 100 94 0 6 Grau de Instrução Fundamental incompleto 47 73 100 92 - 8 Fundamental completo 20 7 100 100 - - Ensino Médio Completo 20 20 100 100 - - Pós-Graduação 13 - 100 - - - % 100 100 100 94 0 6 Tempo de Residência (anos) Até 30 60 33 100 100 - - 31 à 49 20 53 100 89 - 11 ≥ 50 20 14 100 100 - - % 100 100 100 94 0 6 Atividade Profissional Professor 7 - 100 - - - Agricultor 47 53 100 89 - 11 Empresário - 27 - 100 - - Madeireiro (serviços gerais) - 20 - 100 - - Secretária 13 - 100 - - - Do lar 33 - 100 - - - % 100 100 100 94 0 6 Renda Familiar Mensal (R$) Até 1.000,00 47 13 100 100 - - Acima de 1000,00 53 87 100 93 - 7 % 100 100 100 94 0 6

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APÊNDICE F - Opinião dos entrevistados da localidade de Três Barras, município de Morro Grande, SC, com relação se a presença da floresta evita a erosão, onde, F = feminino e M = masculino. Gênero (%) A presença da floresta evita a erosão? (%) Variável analisada Sim Não Não sei F M F M F M F M Idade (anos) 18 à 30 33 20 100 100 - - - - 31 à 49 47 47 85 58 - 42 15 - ≥ 50 20 33 65 61 - 21 35 18 % 100 100 86 67 0 27 14 6 Grau de Instrução Fundamental incompleto 47 73 70 64 - 27 30 9 Fundamental completo 20 7 100 - - 100 - - Ensino Médio Completo 20 20 100 100 - - - - Pós-Graduação 13 - 100 - - - - - % 100 100 86 67 0 27 14 6 Tempo de Residência (anos) Até 30 60 33 100 82 - 18 - - 31 à 49 20 53 65 62 - 26 35 12 ≥ 50 20 14 65 50 - 50 35 - % 100 100 86 67 0 27 14 6 Atividade Profissional Professor 7 - 100 - - - - - Agricultor 47 53 85 64 - 25 15 11 Empresário - 27 - 48 - 52 - - Madeireiro (serviços gerais) - 20 - 100 - - - - Secretária 13 - 100 - - - - - Do lar 33 - 79 - - - 21 - % 100 100 86 67 0 27 14 6 Renda Familiar Mensal (R$) Até 1.000,00 47 13 70 - - 100 30 - Acima de 1.000,00 53 87 100 75 - 18 - 7 % 100 100 86 67 0 27 14 6

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APÊNDICE G - Opinião dos entrevistados da localidade de Três Barras, município de Morro Grande, SC, com relação se considera as florestas no entorno da localidade, onde, F = feminino e M = masculino. Gênero (%) Como considera a floresta presente no entorno da localidade? (%) Pouco Variável analisada Muito importante Não sei F M importante F M F M F M Idade (anos) 18 à 30 33 20 82 100 - - 18 - 31 à 49 47 47 70 70 - - 30 30 ≥ 50 20 33 65 82 - 18 35 - % 100 100 73 80 0 6 27 14 Grau de Instrução Fundamental incompleto 47 73 70 82 8 30 10 Fundamental completo 20 7 35 - - - 65 100 Ensino Médio Completo 20 20 100 100 - - - - Pós-Graduação 13 - 100 - - - - - % 100 100 73 80 0 6 27 14 Tempo de Residência (anos) Até 30 60 33 78 100 - - 22 - 31 à 49 20 53 65 74 - - 35 26 ≥ 50 20 14 65 57 - 43 35 - % 100 100 73 80 0 6 27 14 Atividade Profissional Professor 7 - 100 - - - - - Agricultor 47 53 70 87 - - 30 13 Empresário - 27 - 52 - 22 - 26 Madeireiro (serviços - 20 - 100 - - - - gerais) Secretária 13 - 100 - - - - - Do lar 33 - 60 - - - 40 - % 100 100 73 80 0 6 27 14 Renda Familiar Mensal (R$) Até 1.000,00 47 13 57 100 - - 43 - Acima de 1.000,00 53 87 87 84 - 7 13 9 % 100 100 73 80 0 6 27 14

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APÊNDICE H - Opinião dos entrevistados da localidade de Três Barras, município de Morro Grande, SC, com relação se há disposição para realizar trabalho voluntário, onde, F = feminino e M = masculino. Gênero Disposição para trabalho voluntário? (%) Variável analisada Sim Não Não sei F M F M F M F M Idade (anos) 18 à 30 33 20 100 100 - - - - 31 à 49 47 47 85 70 - 30 15 - ≥ 50 20 33 65 61 35 39 - - % 100 100 86 73 7 27 7 0 Grau de Instrução Fundamental incompleto 47 73 70 63 15 37 15 - Fundamental completo 20 7 100 100 - - - - Ensino Médio Completo 20 20 100 100 - - - - Pós-Graduação 13 - 100 - - - - - % 100 100 86 73 7 27 7 0 Tempo de Residência (anos) Até 30 60 33 100 82 - 18 - - 31 à 49 20 53 65 87 - 13 35 - ≥ 50 20 14 65 - 35 100 - - % 100 100 86 73 7 27 7 0 Atividade Profissional Professor 7 - 100 - - - - - Agricultor 47 53 85 75 - 25 15 - Empresário - 27 - 48 - 52 - - Madeireiro (serviços gerais) - 20 - 100 - - - - Secretária 13 - 100 - - - - - Do lar 33 - 79 - 21 - - - % 100 100 86 73 7 27 7 0 Renda Familiar Mensal (R$) Até 1.000,00 47 13 70 46 15 54 15 - Acima de 1.000,00 53 87 100 84 - 16 - - % 100 100 86 73 7 27 7 0

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APÊNDICE I - Opinião dos entrevistados da localidade de Três Barras, município de Morro Grande, SC, com relação se a disposição de horas para realizar trabalho voluntário, onde, F = feminino e M = masculino. Gênero Horas de trabalho voluntário? (%) Variável analisada ½ dia 1 dia 2 dias Outros Não sei F M F M F M F M F M F M Idade (anos) 18 à 30 33 20 - 65 60 - 18 - 22 35 - - 31 à 49 47 47 43 28 15 15 - - 27 30 15 27 ≥ 50 20 33 30 21 - 20 - - 35 20 35 39 % 100 100 26 33 27 14 6 0 27 27 14 26 Grau de Instrução Fundamental incompleto 47 73 13 16 27 9 - - 30 40 30 35 Fundamental completo 20 7 30 - 35 100 - - 35 - - - Ensino Médio Completo 20 20 35 100 35 - - - 30 - - - Pós-Graduação 13 - 54 - - - 46 - - - - - % 100 100 26 33 27 14 6 0 27 27 14 26 Tempo de Residência (anos) Até 30 60 33 22 60 45 - 10 - 23 22 - 18 31 à 49 20 53 35 25 - 26 - - 30 38 35 11 ≥ 50 20 14 30 - - - - - 35 - 35 100 % 100 100 26 33 27 14 6 0 27 27 14 26 Atividade Profissional Professor 7 - 100 ------Agricultor 47 53 13 25 30 13 - - 43 38 14 24 Empresário - 27 - 26 - 26 - - - - - 48 Madeireiro (serviços gerais) - 20 - 65 - - - - - 35 - - Secretária 13 - 54 - - - 46 - - - - - Do lar 33 - 18 - 40 - - - 21 - 21 - % 100 100 26 33 27 14 6 0 27 27 14 26 Renda Familiar Mensal (R$) Até 1.000,00 47 13 - - 28 - - - 42 54 30 46 Acima de 1.000,00 53 87 50 41 26 18 11 - 13 25 - 16 % 100 100 26 33 27 14 6 0 27 27 14 26