Sondotécnica

PREFEITURADACIDADEDORIODEJANEIRO SECRETARIAMUNICIPALDEMEIOAMBIENTE

CONTRATONº77/97

ESTUDOODDEEIMPACTIMPACTOAMBIENTAAMBIENTALLPARPARAOAO PROJETOODEDERECUPERAÇÃRECUPERAÇÃOOAMBIENTAAMBIENTALLDADA MACROBACIMACROBACIAADEJACAREPAGUÁ

JAC-70-000JAC-70-0004RE

Volume4

DIAGNÓSTICODOMEIOSOCIOAMBIENTAL

SETEMBRO/1998 Projeto de Recuperação Ambiental da Macrobacia de Jacarepaguá

Estudo de Impacto Ambiental

VOLUME 4

DIAGNÓSTICO DO MEIO SOCIOAMBIENTAL

JAC-70-0004 RE

Rio de Janeiro Agosto/98 ÍNDICE PÁG.

APRESENTAÇÃO ...... 3

1. INTRODUÇÃO ...... 4

2. DEFINIÇÃO DA ÁREA DE INFLUÊNCIA ...... 5

3. CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA ...... 7

3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...... 7

3.2 PROCESSO HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO ...... 9

3.3 A MACROBACIA DE JACAREPAGUÁ NO PLANO DIRETOR DECENAL DA CIDADE...... 16

3.4 CONFIGURAÇÃO FÍSICO - TERRITORIAL DA BAIXADA DE JACAREPAGUÁ ...... 23

3.4.1 A Malha Urbana ...... 23 3.4.2 Infra-Estrutura ...... 27 3.4.3 Saúde ...... 32 3.4.4 Educação ...... 33

3.5 USO DO SOLO ...... 34

3.5.1 Uso Residencial ...... 36 3.5.2 Uso Comercial e Serviços ...... 43 3.5.3 Uso Industrial ...... 43 3.5.4 Outros Usos Urbanos ...... 44 3.5.5 Usos não Urbanos ...... 44

3.6 POPULAÇÃO RESIDENTE ...... 45

3.6.1 Aspectos Econômicos e Sociais da População ...... 46 3.6.2 Aspectos Psicossociais da População: Percepção Ambiental e Organização Comunitária ...... 52 3.6.3 Projeção da População Residente / Cenários de Médio e Longo Prazos ...... 68

3.7 CARACTERIZAÇÃO ECONÔMICA DA AP-4 ...... 73

1 PÁG.

4. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL APLICADA ...... 79

4.1 ASPECTOS GERAIS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ...... 79

4.1.1 Constituição Federal ...... 79 4.1.2 A Política Nacional de Meio Ambiente ...... 80

4.2 ASPECTOS GERAIS DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL E DA POLÍTICA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ...... 85

4.3 POLÍTICA AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DO ...... 87

4.4 LICENCIAMENTO AMBIENTAL ...... 91

4.5 PECULIARIDADES LEGAIS APLICADAS ÀS OBRAS ...... 96

4.5.1 Obras de Reflorestamento ...... 96 4.5.2 Obras de Dragagem e Saneamento Básico ...... 97

4.6 LEGISLAÇÃO DE USO DO SOLO ...... 104

4.6.1 Legislação Municipal ...... 104 4.6.2 Legislação Estadual ...... 105 4.6.3 Legislação Federal ...... 106

5. PLANOS E PROGRAMAS CO-LOCALIZADOS ...... 107

5.1 PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E PRINCIPAIS PROJETOS ...... 107

5.2 CONSELHO DAS ÁGUAS DA BAIXADA DE JACAREPAGUÁ – CONSAG .... 111

6. BIBLIOGRAFIA ...... 116

ANEXOS

Anexo I - Mapa JAC-70-0008 – Mapa de Uso do Solo, da Cobertura Vegetal e Loteamentos Irregulares

Anexo II – Questionários

2 APRESENTAÇÃO

O presente documento, JAC-70-0004 RE, corresponde ao Diagnóstico do Meio Socioambiental integrante do Estudo de Impacto Ambiental do Projeto de Recuperação Ambiental da Macrobacia de Jacarepaguá, previsto no contrato no 77/97 de 12 de dezembro de 1997, seus Termos de Referência e cronogramas acordados entre o empreendedor - a PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO - e a empresa independente contratada mediante licitação pública para sua execução - a SONDOTÉCNICA Engenharia de Solos S.A.

Para efeito de organização, os estudos de diagnóstico desenvolvidos foram separados em três volumes, a saber:

- JAC-70-0002 RE – Volume 2 – Diagnóstico do Meio Físico; - JAC-70-0003 RE – Volume 3 – Diagnóstico do Meio Biótico; - JAC-70-0004 RE – Volume 4 – Diagnóstico do Meio Socioambiental.

3 1. INTRODUÇÃO

Este documento compreende o Diagnóstico do Meio Socioambiental do Estudo de Impacto Ambiental do Projeto de Recuperação Ambiental da Macrobacia de Jacarepaguá (Relatório JAC-70-0004 RE), e trata da Caracterização Socioeconômica, Legislação Ambiental Aplicada e Planos e Programas.

O relatório encontra-se estruturado em 6 capítulos, incluindo esta introdução, que constitui o primeiro, a saber:

· Definição da Área de Influência; · Caracterização Socioeconômica; · Legislação Ambiental Aplicada; · Planos e Programas Co-Localizados; · Bibliografia.

O capítulo 2, que corresponde à Definição da Área de Influência, mostra a localização da mesma e relaciona as Regiões Administrativas e os Bairros nela inseridos.

O capítulo 3 apresenta a descrição dos aspectos socioeconômicos relativos à Área de Influência.

O capítulo 4 aborda a Legislação Ambiental Aplicada.

O capítulo 5 aborda os Planos e Programas Co-Localizados

O capítulo 6 consiste na Bibliografia.

Finalmente, em anexo, é apresentado o Mapa de Uso do Solo, da Cobertura Vegetal e Loteamentos Irregulares (JAC-70-0009), bem como os modelos de questionários aplicados à população ribeirinha.

4 2. DEFINIÇÃO DA ÁREA DE INFLUÊNCIA

De acordo com a Resolução CONAMA 001/86, o EIA deve "definir os limites da área geográfica a ser direta e indiretamente afetada pelos impactos, denominando área de influência do projeto, considerando em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza" (art. 5, III).

Para o empreendimento em tela, a área de influência direta e indireta para fins dos estudos físicos e bióticos abrange a Macrobacia Hidrográfica de Jacarepaguá. Com respeito aos estudos socioeconômicos, a Área de Influência Indireta compreende o município do Rio de Janeiro e a Área de Influência Direta à Macrobacia Hidrográfica de Jacarépaguá (Figura 2.1).

Para efeito dos estudos físicos e bióticos, devido ao seu teor sistêmico – fenômenos e processos naturais interdependentes - considera-se uma coincidência das Áreas de Influência Direta e Indireta, uma vez que as intervenções propostas pelo empreendedor estão disseminadas por toda bacia, estando seus efeitos diretos e indiretos inclusos nesta unidade espacial de análise e limitados pelas águas próximas da orla marítima.

Quanto aos estudos socioeconômicos, a despeito de se considerar diretamente impactadas apenas populações e comunidades residentes nas áreas imediatamente contíguas às principais obras e interferências - ou por elas reassentadas -, tomou-se também toda a Macrobacia como Área de Influência Direta. Essa decisão deveu-se, mais uma vez, ao caráter eminentemente sistêmico do plano de intervenção, trazendo influências diretas para toda a população da Baixada de Jacarepaguá, Barra e Recreio. Como Área de Influência Indireta, tomou-se o próprio Município do Rio de Janeiro, dado o vulto das obras e seus eventuais efeitos diretos e indiretos sobre a qualidade de vida e economia municipal.

Com cerca de 300 km2, a área de influência abarca as Regiões Administrativas de Jacarepaguá - VI e da Barra da - XXIV, englobando os bairros relacionados no Quadro 2.1, abaixo.

Quadro 2.1 – Regiões administrativas e bairros da área de influência

REGIÃO ADMINISTRATIVA BAIRRO Jacarepaguá Anil Gardênia Azul Cidade de Deus VI .RA - Jacarepaguá Taquara Praça Seca Joá Itanhangá XXIV. RA - Barra da Tijuca Vargem Grande Recreio Fonte: Anuário Estatístico da Cidade do Rio de Janeiro, 1992/93 – IPLANRIO

5 22 42'30''

AII - A'REA DE INFLUE^NCIA INDIRETA ~ 22 45'00'' CONVENC,OES

Via urbana

Rio ou canal

Lagoa

22 47'30'' 43 03'45'' Limite da macro bacia da baixada de Jacarepagua'

Limite de Bairros

BAIRROS

22 50'00''

MUNICI'PIO DO RIO DE JANEIRO

22 52'30''

PRA}A SECA

22 55'00'' TANQUE

TAQUARA

PECHINCHA

JACAREPAGUA' FREGUESIA XVI-RA CIDADE JACAREPAGUA' CURICICA DE DEUS ANIL 22 57'30'' VARGEM GRANDE GARDE^NIA 43 48'45'' AZUL JACAREPAGUA' TIJUCA CAMORIM VIII-RA

VARGEM PEQUENA ITANHANGA'

BARRA DA TIJUCA XXIV-RA 23 00'00'' BARRA DA TIJUCA 43 45'00''

JOA'

OCEANO ATLA^NTICO

23 02'30'' GRUMARI

~ PROJE,CAO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR

ESCALA GRAFICA

23 05'00'' 2.5 0 2.5 5 7.5km 43 18'45'' 43 15'00'' 43 41'15'' 4 3 37'30'' 43 33'45'' 43 30'00'' 43 26'15'' 4 3 22'30'' 43 11'15'' 4 3 0 7 '30''

Origem da quilometragem : Equador e Meridiano 45 W.G0 r. acrescidas as constantes 10.000km e 500km, respectivamente Datum vertical : maregr-afo Imbituba, SC Datum horizontal : Corr-ego Alegre, MG AID - A'REA DE INFLUE^NCIA DIRETA

FIGURA 2.1 A'REA DE INFLUE^NCIA

Sondotecnica 3. CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA

3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia adotada nos estudos do meio antrópico seguiu a metodologia clássica de avaliação de impacto ambiental utilizada neste documento, ou seja, diagnóstico socioeconômico da Macrobacia, identificação e avaliação dos impactos causados nos fatores ambientais diagnosticados, definição das medidas mitigadoras dos impactos avaliados e seus respectivos programas ambientais.

Este capítulo contemplou, em sua introdução, uma análise do processo histórico de ocupação da região e de como ela é considerada no Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro. No diagnóstico específico do meio antrópico, foram analisados a configuração físico-territorial da Baixada, sua malha viária e urbana, a infra-estrutura ofertada, os usos do solo dominantes, as características da população residente, os serviços de educação e saúde ofertados, as atividades econômicas desenvolvidas, os planos e projetos propostos de alcance regional, que conduziram a cenários da dinâmica populacional. Teve destaque especial, a análise da população ribeirinha que será diretamente impactada pelo empreendimento, por estar assentada às margens dos principais cursos d'água contemplados no projeto de macrodrenagem.

Para a caracterização do meio antrópico, recorreu-se a dados secundários, existentes em órgãos da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, em instituições de pesquisa ou em Universidades, assim como a dados primários coletados em campo e processados pela equipe técnica. A fonte dos principais dados utilizados está sempre referida no texto: para o processo histórico de ocupação, a publicação da coleção Bairros Cariocas, Baixada de Jacarepaguá, Sertão e Zona Sul; para infra-estrutura, saúde e educação, o Anuário Estatístico da Cidade do Rio de Janeiro; para população e atividades econômicas, a Fundação IBGE e o Anuário Estatístico; para planos e projetos, informações da Assessoria de Captação de Recursos da Secretaria Municipal de Fazenda.

A base cartográfica na escala de 1:50.000, fornecida pelo IPLANRIO e utilizada em todo o diagnóstico ambiental, é recente, datada de 1997. Porém, as bases cartográficas na escala de 1:10.000, essenciais aos estudos de socioeconomia, correspondem ao vôo de fevereiro de 1976.

Foi necessário atualizá-las, antes de se iniciar os trabalhos de campo. Estes consistiram no reconhecimento das principais ocupações e do uso do solo, em toda a área da Macrobacia. Para a atualização dos mapas, utilizou-se dados mais recentes referentes a loteamentos irregulares, a assentamentos de favelas, a novos empreendimentos de porte e os levantamentos em escala 1:4000 fornecidos pela Secretaria Municipal de Urbanismo, oriundos da elaboração do Plano de Estruturação Urbana da Taquara.

Procedendo-se desta forma, foi possível a elaboração por meio magnético, de um mapeamento atualizado de uso do solo, na escala 1:10.000, em que a legenda corresponde às diversas ocorrências atuais.

7 A superposição destes mapas com os desenhos do projeto de macrodrenagem, permitiu a identificação de quais as ocupações que serão diretamente impactadas pelo projeto de macrodrenagem. Estas áreas foram objeto de estudos específicos, incluindo a elaboração de cadastro socioeconômico e pesquisa sobre percepção ambiental, a partir de levantamento amostral de campo, processamento e tabulação dos dados.

A metodologia para a escolha das comunidades que foram incluídas na pesquisa amostral seguiu as seguintes etapas:

1. Base cartográfica 1: 25 000 contendo as favelas da cidade, adquirido no IPLANRIO;

2. Complementação do mapa com dados do cadastro de favelas daquele órgão e observações de campo;

3. Consulta às fotos aéreas 1:500 utilizadas para os projetos de drenagem;

4. Adaptação à listagem de favelas atingidas segundo o Departamento de Drenagem, que continha 43 favelas e 1350 domicílios a serem reassentados, com as obtidas acima que encontravam-se próximas a rios, alcançando-se mais 16 favelas que continham um número total de 7697 domicílios;

5. Considerou-se a média entre o número total de domicílios existente na listagem primitiva e aplicou-se este índice sobre o total da nova listagem, obtendo-se o montante de mais 1696 domicílios atingidos;

6. Eliminaram-se da amostra as favelas que apresentavam um número pequeno de imóveis atingidos, isto é menos de 40, pois a amostra mostrar-se-ia inexpressiva nesses casos;

7. Eliminaram-se as favelas que se encontram em programas municipais com recursos assegurados, tais como Bairrinho, Programa Grandes Favelas e PROAP- 1, alcançando-se, assim, um total de 10 favelas a serem trabalhadas, seis da listagem original e quatro da nova;

8. Considerou-se um percentual de 25% como a amostra a ser pesquisada e, num total de 1221 habitações, foram aplicados questionários em 305 deles.

Foram aplicados dois tipos de questionários (Anexo II): junto às lideranças de cada comunidade, com dados gerais relativos a padrão da ocupação, forma de associação, serviços públicos utilizados pela população, rede de abastecimento; em cada domicílio, com dados específicos sobre o imóvel, seus ocupantes, as relações de vizinhança atual e anterior, percepção sobre o seu meio ambiente local e, principalmente, os efeito das enchentes.

Do processamento dos dados obtidos dos questionários, resultaram tabelas que informam sobre as comunidades a serem atingidas.

8 3.2 PROCESSO HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO

A exemplo do que ocorre hoje, a ocupação da Baixada de Jacarepaguá caracterizou-se ao longo dos vários períodos de sua história, por grandes contrastes. Trata- se de uma região em que atuaram, em seu processo de formação, tanto elementos de identificação com o espaço natural quanto diferenças significativas.

As peculiaridades físicas e ambientais inerentes a esta região - restingas, manguezais, campos, dunas, florestas da Mata Atlântica , foram sendo descaracterizadas ao longo desse processo, principalmente, pela forma consagrada de uso e exploração da terra. Como conseqüência, a apropriação gradativa de seus espaços, foi responsável pelas profundas alterações que ocorreram em sua paisagem natural.

A ocupação da Baixada de Jacarepaguá foi decorrente do processo de evolução urbana do Rio de Janeiro. A cidade, fundada às margens da baía de Guanabara, expandiu-se para oeste, uma vez que as águas da baía a limitavam a leste, a partir de dois vetores:

- um ao norte, estendendo-se paralelamente ao maciço montanhoso da serra da Carioca, levando à ocupação de Jacarepaguá a partir do século XVII;do processo de ocupação desordenada da Baixada de Jacarepaguá, especialmente nas áreas lindeiras às lagoas, canais e outros cursos d’água;

- outro ao sul, acompanhando a orla marítima, porém bloqueado por várias pontas do cordão de montanhas que chega até o mar. Somente com a construção de túneis e viadutos, na segunda metade deste século, foi possível estender-se a ocupação do litoral carioca à Barra da Tijuca.

Ao longo dos séculos XVI e XVII, seguindo o vetor norte, foram sendo explorados o recôncavo da Guanabara (mangal de São Diogo), as planícies costeiras (até os campos de Irajá) e aos poucos, o enclave entre os dois maciços rochosos, Tijuca e da Pedra Branca - Jacarepaguá. A forma de ocupação correspondeu às que eram então utilizadas no país: grandes sesmarias, fazendas e engenhos foram sendo progressivamente fracionados por venda, herança, doações, aluguéis.

As mais antigas referências bibliográficas que se tem sobre a região de Jacarepaguá estão relacionadas à sua ocupação por canaviais e fazendas de gado. Em 1594, Salvador Correia de Sá, governador do Rio de Janeiro, contemplou seus dois filhos Gonçalo e Martim de Sá com toda a terra existente entre a restinga da Tijuca e . Foi então iniciada a ocupação das terras da sesmaria na "planície dos onze engenhos", formando suas grandes propriedades: Engenho d'Água, Engenho da Serra, Engenho da Taquara, Engenho Velho, (hoje Colônia Juliano Moreira), Engenho de Fora (no vale do Marangá, hoje Praça Seca), fazendas do Camorim, do Rio Grande (antigo Engenho do Pau-da-Fome), da Vargem Grande, da Vargem Pequena e da Restinga.

Como marco da ocupação de suas terras, Gonçalo Correia de Sá em 1625 levantou a capela de São Gonçalo do Amarante, ainda hoje existente. Em 1667, os padres beneditinos herdaram da filha de Gonçalo C. de Sá, que não deixou herdeiros, todo o seu dote, com o compromisso de manterem a capela e rezarem missa por sua alma. Mais tarde, foram adquiridas pelos beneditinos as terras adjacentes, expandindo o primitivo engenho, e explorando as fazendas de cultura, do Camorim, da Vargem Grande e Vargem Pequena. Sua produção agropecuária estava comprometida com o sustento e as rendas da ordem, sediada no Convento de Nossa Senhora de Monserrate (posteriormente Mosteiro de São Bento).

Entretanto, o estudo da toponímia (Jacarepaguá na língua tupi significa lagoa rasa dos jacarés) permite conjeturar que o fato de ter sido usado o nome da lagoa para designar toda a região, pode indicar que os primeiros contatos com esta região tenham se dado por via marítima, com as

9 lagoas servindo como via de acesso às terras do interior. O primeiro povoado da região - Porta d'Água, na atual Freguesia, logo passou a se chamar Jacarepaguá, adotando o nome da lagoa, o que se estendeu a toda a região.

A cultura do açúcar acarretou maior dinamismo na vida urbana porém, no quadro rural refletiu-se com uma quase imobilidade, um período de poucos eventos, identificado apenas pela construção de benfeitorias e capelas. Os engenhos coloniais podem ser entendidos como células da sociedade da época, reunindo representantes de diferentes grupos sociais e de atividades, concentrando espaços de moradia, lazer, trabalho e religião, agrupando técnicas de apropriação e transformação da natureza. As relações sociais com o mundo exterior limitavam-se ao povoado mais próximo, só ultrapassadas nas festividades religiosas.

No período anterior a 1800, as igrejas e capelas concentravam em seu calendário toda a iniciativa de peso para organizar a vida social. Como a atividade de moagem da cana e fabrico do açúcar nos engenhos era febril de junho a agosto/ setembro, justificava-se que o festejar dos santos padroeiros da região fosse nos meses que se seguiam, de setembro a dezembro - Nossa Senhora do Loreto, na igreja matriz; Nossa Senhora da Pena, em igreja construída no alto de um penhasco de onde se descortina toda a região, onde ainda se praticam romarias, e cujo acesso se faz pelo Largo do Loreto; Nossa Senhora da Cabeça, no Engenho d'Água; Nossa Senhora de Monserrate, na capela situada numa colina próxima à estrada dos Bandeirantes; Nossa Senhora dos Remédios, na Fazenda da Taquara; Nossa Senhora da Conceição, em capelas no Engenho de Fora e no Pau da Fome.

Algumas destas edificações mantêm-se ainda hoje, constituindo importante patrimônio cultural brasileiro, estando protegidas por lei federal ou estadual. Esta referência encontra-se no item relativo à Legislação de Uso do Solo.

Ao longo do século XVII, os engenhos dos senhores e dos padres foram dando nova forma à geografia local. O assentamento de índios mansos e dos escravos africanos, permitiu obras e benfeitorias nas propriedades, além de garantir a comunicação com outros pólos, mediante as melhorias realizadas em antigos caminhos e a abertura de novas estradas.

O caminho pelo vale do Marangá ligava a planície à via por onde se dava o trânsito do Rio de Janeiro para Santa Cruz e São Paulo. Por este local denominado Campinho, chegava a influência do porto de Irajá, que representava uma alternativa de acesso ao centro da Cidade, fazendo-se por barco a primeira etapa das viagens terrestres. Outra possibilidade de acesso a Jacarepaguá era a que vinha da Lagoa Rodrigo de Freitas (então Sacopenapã), através do Joá e da Pedra de Itanhangá, contornando as lagoas até à atual Freguesia.

Menor importância tiveram as trilhas que conduziam a áreas mais ao norte (hoje e Estrada do Catonho) ou a oeste, para Guaratiba onde o convento do Carmo possuía vastas propriedades, com engenho de açúcar e criação de bois e cavalos.

O braço escravo empregado na abertura de canais e desobstrução do leito dos rios, permitiu a intercomunicação entre as lagoas e os principais cursos d'água, podendo-se ir do Itanhangá e o Largo da Barra até Curicica e Vargem Pequena.

Como a economia açucareira levava a uma concentração de mão de obra, com conseqüente aumento da população, justificou-se a criação em 1661, da Freguesia de Nossa Senhora do Loreto e Santo Antônio de Jacarepaguá, desmembrada da Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação de Irajá. Quando se arruinou o prédio original, construído para atender à nova freguesia, a população local construiu à sua custa, próximo à antiga igreja, novo templo de pedra e cal, que subsiste até hoje, de estilo barroco, com fachada muito semelhante à da igreja de Irajá

10 que lhe deu origem. Esta fachada, voltada para a direção das localidades do Pechincha, Tanque e Praça Seca, confirma a importância do acesso às terras de Jacarepaguá através do Campinho.

Nos anos setecentos, os Beneditinos começaram a ligar por estradas suas propriedades, como a que comunicava as fazendas da Lagoa de Jacarepaguá e da Vargem, e caminhos no "sertão" da Vargem. Muito em uso era o caminho que vindo do mar, na região do Pontal de Sernambetiba, passava pelas Vargens, pela fazenda do Camorim e daí à Taquara, correspondendo mais ou menos em nossos dias, à Estrada dos Bandeirantes.

Da Taquara ao Campinho, o percurso já muito freqüentado, apresentava a meio caminho, uma alternativa - uma via paralela aos relevos das serras dos Pretos Forros e Engenho Novo, que ia dar na área da atual Freguesia, caminho que corresponde à atual Geremário Dantas. Em direção às serras, saía da Freguesia um caminho que ia dar na fazenda dos jesuítas no Engenho Novo, atravessando a serra dos Três Rios, correspondendo à atual Estrada Grajaú-Jacarepaguá. Este caminho foi a linha de invasão adotada pelo corsário Duclerc quando em 1710 desembarcou na orla da restinga de Sernambetiba com aproximadamente 1000 homens, surpreendendo os portugueses ao chegar ao centro da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, passando pela serra dos Três Rios e pelo Engenho Novo.

A invasão francesa levou os governantes a fortificarem a região, prevenindo-se de outras incursões - duas baterias entre a lagoa de Marapendi e o mar, duas no Alto da Boa Vista e na Barra da Tijuca, duas no pontal de Sernambetiba, três no caminho para o Engenho Novo. Desta forma, de arraial a vilarejo, a paróquia, a bairro, o lento transformar-se dos espaços neste período fez - se sempre na dependência do senhor de engenho e do clero.

Ao iniciar-se o século XIX, com o declínio da cana de açúcar e a opção pelo café, apenas oito engenhos em Jacarepaguá encontravam-se em atividade, surgindo neles paralelamente atividades alternativas de plantações de café, mandioca, arroz, legumes. Como esta economia diversificada exigia mercado forte de distribuição, a região voltou-se então para fora de seus limites, transformando-se uma provedora de alimentos para a cidade. Terminava assim na Baixada de Jacarepaguá seu período de "sertão", tornando-se cada vez mais periferia do Rio de Janeiro.

No período pós 1808, em que o Rio de Janeiro passa a ser a Corte, destacou-se nas terras de Jacarepaguá a família Telles, que dispunha também de importantes propriedades no Largo do Paço (atual Praça XV). As fazendas de melhor produção da época foram sendo, ao longo do século, incorporadas ao patrimônio familiar, destacando-se a fazenda da Taquara, o Engenho de Fora, o Engenho d'Água, a Fazenda do Macaco no vale do Marangá.

Em 1882, D Pedro II ao reconhecer a magnanimidade de Francisco Pinto da Fonseca Telles com a Corte e com a população local, concedeu-lhe o título de Barão da Taquara. As sedes das duas principais fazendas, reformadas ao longo do século XIX, recebiam com freqüência visitas da Corte. Atualmente estão tombadas pelo IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, mantendo hoje o aspecto da época. Infelizmente a ambientação do Engenho D'Água se perdeu, em decorrência das diversas intervenções viárias.

O café, por seu turno, só se desenvolvia bem nas terras altas, não se adaptando aos terrenos de baixada. As grandes propriedades locais, ao se ressentirem do declínio econômico sofrido, foram se tornando com o correr do tempo, menos auto-suficientes que no século anterior, dedicando-se então a uma agricultura variada e à criação de animais. A subdivisão das grandes propriedades foi a forma dos proprietários se adaptarem às novas condições econômicas e de trabalho. Vendas de partes das grandes propriedades foram feitas a novos ocupantes, assim como doações a antigos escravos, terras foram confiadas ao trabalho de arrendatários ou meeiros, enquanto outras foram ocupadas por simples posseiros.

11

Somente com a criação do imposto territorial em 1922 e a conseqüente elevação das taxas de arrendamento, foi possível iniciar-se o processo de regularização fundiária das terras da Baixada de Jacarepaguá.

Da antiga Mata Atlântica, então sendo arrasada pelos cafezais e pela criação de pastos, o inglês John Luccock, que no início dos oitocentos visitou a região, dá-nos um instantâneo em “Notas sobre o Rio de Janeiro e Partes Meridionais do Brasil”: "Nas partes mais adustas desses cenários, reparei freqüentemente e com surpresa que, enquanto por todos os lados as matas caiam ao golpe de machado, a natureza desenvolvia maravilhosos esforços no sentido de ressarcir os danos ....Os efeitos que as substâncias duras determinam sobre as raízes das árvores não podem deixar de ser conhecidos, mas nunca me aconteceu de observá-los em tão ampla escala como nessas montanhas que separam as planícies de Jacarepaguá das do Engenho Novo."

A chegada da Estrada de Ferro D. Pedro II à estação de Cascadura em 1858, possibilitou aos moradores de Jacarepaguá terem maior facilidade de acesso ao Centro da Cidade. Em 1875, as distâncias foram encurtadas mais ainda, com a inauguração da Companhia Ferro-Carril de Jacarepaguá, ligando Cascadura ao Largo do Tanque. Mais tarde, o bonde se incumbiu de unir as diferentes localidades que iam compondo o bairro: para a praça Seca, o Tanque, até a Taquara e a Freguesia. Com os novos transportes, a população se adensava, mudando-lhe a fisionomia na última década dos anos oitocentos.

Na Baixada de Jacarepaguá repercutiram as melhorias que atingiram a região. Pelo vale do Marangá, um novo caminho amplo, direto e plano contrastava com as outras saídas do bairro, que no início do século eram apenas "picadas". Através desta conexão com o Campinho e com os bairros periféricos a ele integrados, os novos moradores traziam consigo novas idéias, modas e bens. Em consequência disto, foi-se criando a consciência de que se estava mais próximo da Corte, de que Jacarepaguá passava a ser um território a mais na rede de relações entre os bairros suburbanos.

Na primeira metade do século XX, alguns aspectos da ocupação da Baixada de Jacarepaguá merecem destaque:

- a principal via de acesso ainda era através de Cascadura e Madureira, que nesta época experimentou grande desenvolvimento, depois da inauguração das estações de Madureira e Dona Clara;

- os trens e os bondes, estes eletrificados a partir de 1911, favoreciam o assentamento de uma pequena classe média, surgindo conseqüentemente prédios destinados a fins comerciais e de serviços;

- as vias principais, ainda de barro, foram sendo alargadas, regularizadas, recebendo pontes, aterros, calçamento de paralelepípedo;

- expandiu-se a rede de povoados que compunha o bairro; os núcleos deixaram de ser meras extensões das fazendas e capelas, passando a concentrar atividades comerciais e de serviços relativas a uma população ainda dispersa;

- na administração do prefeito Pereira Passos (1903/1906), as obras nas estradas do Alto da Tijuca estenderam-se até a Lagoa de Jacarepaguá;

- a partir dos anos 30, intensificaram-se as ações das companhias imobiliárias, que loteavam e revendiam as terras pertencentes às grandes propriedades dos séculos anteriores

12 - entre 1935 e 1950, surgiram dois novos bairros: a Barra da Tijuca e o Recreio dos Bandeirantes, graças às melhorias nas estradas do Joá e da Floresta da Tijuca e à criação da Avenida Edson Passos, além de outras obras de infra - estrutura que viabilizaram a fixação dos novos moradores.

Entre as localidades da Baixada de Jacarepaguá nesta primeira metade do século, citam-se a Praça Seca, o Largo do Tanque, o Largo da Taquara, o Largo do Pechincha, o Largo da Freguesia, a Restinga de Jacarepaguá, hoje Barra da Tijuca.

A região compreendia campos, matas e lagoas fartíssimas de peixes e moluscos. A população satisfazia suas necessidades e ainda se permitia vender o excedente ou conservar peixes em salga para o ano inteiro. Os pescadores, que constituíam a Colônia Z 14 da Confederação Geral dos Pescadores do Brasil, reuniam-se próximos a pequenos portos nas margens das lagoas. Como estas se intercomunicavam e havia saída para o mar, encontrava-se ai uma fauna diversificada com espécies marinhas e fluviais.

Cabe destaque, nesta época, o desenvolvimento agropecuário que ocorreu na região da Vargem Grande, situada em parte na serra, na planície e estendendo-se até à baixada turfosa ou brejo, chamada de campos de Sernambetiba. Suas terras, inicialmente de propriedade dos beneditinos, durante o século XIX foram sendo arrendadas. Em 1891, foram transferidas para a Companhia Engenho Central de Jacarepaguá, que as adquiriu com capital do Banco de Crédito Móvel, tornando-se este o novo dono. Os moradores que as ocupavam porém, fizeram prevalecer seus direitos, conseguindo que o banco lhes vendesse em prestações as terras que ocupavam como arrendatários. Neste período, familiares e amigos se incorporaram ao grupo de arrendatários, garantindo a produção agropecuária característica do bairro.

Na serra dominava o plantio da banana, na planície, as lavouras. A lavoura permanente que permitiu ao longo dos séculos anteriores, o enraizamento do homem à terra, desenvolveu-se em moldes tecnológicos mais adequados à época. No brejo porém, cultivavam-se apenas plantas de curto ciclo vegetativo. Muito lentamente, com o recurso a obras de drenagem e canalização dos rios, algumas áreas foram conquistadas ao domínio dos pântanos, permitindo aí o desenvolvimento da horticultura.

Região densamente florestada, nesta época começaram a ser valorizados seu clima e belezas naturais. A maioria das antigas propriedades rurais, já então muito fracionadas não se prestavam mais a investimentos na agropecuária. Para residência, estes locais eram considerados distantes do Centro. Como a procura era pouca, o valor da terra era baixo, quando comparado a bairros mais centrais.

Disto resultou a instalação nas diversas localidades de casas de repouso, hospitais e outras instituições em que se buscasse recuperar a saúde. Esta vocação do bairro ainda se confirma, pela presença de numerosas clínicas. Jacarepaguá, cuja história pode ser contada também pela história de suas igrejas e capelas, continuou atraindo congregações religiosas, que ali criaram conventos, seminários, centros de estudos, assim como unidades religiosas dedicadas à assistência social.

A segunda metade deste século foi um período de alterações radicais na Baixada de Jacarepaguá. Seu litoral, nos limites de um grande centro, cujo encanto era associado cada vez mais à existência das praias, passou a ser considerado como extensão da orla marítima do Rio de Janeiro. A partir dos anos 60 e principalmente depois da abertura da Rio-Santos, significativos contingentes populacionais foram estimulados pela ação das companhias imobiliárias.

Em 1965, pelo PA 5596, estabeleceram-se as vias na planície de Jacarepaguá e, em decorrência destas, áreas para fins industriais, comerciais e residenciais.

13 A abertura da auto-estrada Lagoa - Barra permitiu a consolidação da Barra da Tijuca. Em 1968, o governo Negrão de Lima confiou ao arquiteto urbanista Lúcio Costa, o equacionamento disciplinado da Baixada, sendo produzido então o Plano Piloto da Baixada de Jacarepaguá. Datam desta época, a pavimentação da Avenida Alvorada e Avenida das Américas e o início do Elevado das Bandeiras (túneis Dois Irmãos, Joá e São Conrado).

Tais iniciativas do poder público transformaram radicalmente a área, com extensas glebas rurais sendo subitamente incorporadas à dinâmica urbana, realizando saltos demográficos até então nunca vistos e que estão expressos em números no item 3.6.3 do presente trabalho.

Por outro lado, pôde-se testemunhar principalmente, ao longo dos séculos XIX e XX a luta de regeneração das espécies vegetais nativas contra os fatores destrutivos: a derrubada da vegetação para plantio dos cafezais, formação das pastagens, ação dos "carvoeiros" e posteriormente, ocupação urbana; o capim, sendo introduzido desde o inicio da colonização, para servir de alimento ao gado; as queimadas, como prática cultural de limpeza do terreno, para atender ao plantio agropecuário e aos novos loteamentos; a ocupação das margens de rios e canais, com assentamentos em áreas de risco e conseqüente destruição do ecossistema local; a ocupação das encostas, após derrubada da vegetação secundária que aí se desenvolvia, para construção em áreas situadas acima das cotas permitidas. A degradação imposta à paisagem foi alterando a fisionomia regional, implicando numa redução drástica dos elementos naturais.

Cabe ainda destaque na primeira metade do século XX, a abertura da Estrada Grajaú - Jacarepaguá. Iniciada na administração do prefeito H. Dodsworth (1937-45), a nova ligação entre a Tijuca e Jacarepaguá foi concluída no início dos anos 50, permitindo assim um importante acesso à região de Jacarepaguá. Nessa ocasião, diversas obras viárias na Estrada dos Bandeirantes, Estrada dos Três Rios, Estrada do Campinho, entre outras, foram se sucedendo, facilitando a intercomunicação entre suas partes.

Obras de engenharia rural também tiveram prioridade, destacando-se as de drenagem como construção de valas para escoamento de águas represadas no terrenos baixos, construção de molhe de pedras nos canais da Baixada, de modo a conter a vazão dos rios.

Com as novas comunicações e controle de cheias, intensificaram-se as ações das companhias imobiliárias, tanto no interior do bairro quanto em seu litoral, revendendo as terras pertencentes às grandes propriedades do século anterior. Desde os anos 30, alguns loteamentos já vinham ocorrendo no litoral da Baixada, como o do Recreio dos Bandeirantes, entre o entorno do Morro do Rangel e o Pontal de Sernambetiba, obedecendo a um modelo convencional de ruas perpendiculares entre si, que se desenvolviam ao longo da orla marítima.

A segunda metade do século foi um período de alterações radicais na Baixada de Jacarepaguá. Seu litoral, nos limites de um grande centro, cujo encanto era associado cada vez mais à existência das praias, passou a ser considerado como extensão da orla marítima do Rio de Janeiro. A partir dos anos 60 e principalmente depois da abertura da Rio-Santos, significativos contingentes populacionais foram estimulados a adquirir terras na Baixada, muitas vezes para segunda moradia .

Ressalta-se a importância da elaboração, na administração do prefeito Mendes de Moraes, do Plano de Diretrizes para Vias Arteriais na Planície de Jacarepaguá, aprovado pelo PA 5596, em 29.12.1950. Neste Plano foi instituído o sistema de vias numeradas, de 1 a 11, todas paralelas entre si, com exceção das vias 9 e 11 - a via 9, partindo do Canal das Taxas, atravessava as demais, acompanhando a Lagoa de Jacarepaguá, terminando na Estrada de Guaratiba (atual Bandeirantes); a via 11, partindo da via 1 na orla marítima, desenvolvia-se perpendicularmente à demais, em direção ao interior de Jacarepaguá, fazendo a ligação com suas principais artérias viárias.

14 Este sistema hierarquizado de vias, por seu valor de organização do espaço permitindo o zoneamento do uso do solo e das atividades econômicas, embasou todos os planos urbanísticos que foram posteriormente elaborados para a Baixada de Jacarepaguá.

O Plano incluía também uma reserva de Parques de Preservação dos Ecossistemas Lagunares, que objetivavam impedir loteamentos e arruamentos descontrolados no entorno da lagoas. Estes Parques integravam a proposta da Reserva Biológica de Jacarepaguá, que abrangia todas as lagoas da área e a restinga de Itapeba. O Poder Público já observava o processo de degradação ambiental que ocorria na região, com a fauna e flora sendo paulatinamente devastadas: muitas das espécies animais estavam desaparecendo em face da caça e da pesca descontroladas, muitas espécies vegetais vinham sendo extintas pela forma de apropriação do espaço.

Podia-se então testemunhar, como resultado do processo de ocupação, principalmente ao longo dos séculos XIX e XX, a luta de regeneração das espécies vegetais nativas contra os fatores destrutivos: a derrubada da vegetação para plantio dos cafezais, formação das pastagens, ação dos "carvoeiros" e posteriormente, ocupação urbana; o capim, sendo introduzido desde o início da colonização, para servir de alimento ao gado; as queimadas, como prática cultural de limpeza do terreno, para atender ao plantio agropecuário e aos novos loteamentos; a ocupação das margens de rios e canais, com assentamentos em áreas de risco e conseqüente destruição do ecossistema local; a ocupação das encostas, após derrubada da vegetação secundária que aí se desenvolvia, para construção em áreas situadas acima das cotas permitidas.

Além da criação da Reserva Biológica, com a desapropriação de terras do entorno das lagoas, outras ações de preservação tornaram-se mais freqüentes a partir dos anos 80, quando foram adotadas medidas mais restritivas de uso e ocupação, conforme detalhado no Volume 2 deste Relatório.

Foi durante o governo Negrão de Lima (1965-71), marcado por intervenções viárias de grande porte na cidade, que se realizaram as obras que conduziram ao desenvolvimento da Baixada de Jacarepaguá, destacando-se a Auto - Estrada Lagoa - Barra, constituída por diversas obras de arte - túneis, viadutos, pontes, elevados - permitindo o acesso da Zona Sul, através da Lagoa Rodrigo de Freitas à Jacarepaguá. Incluía os túneis Dois Irmãos, Joá e São Conrado entre outros. Obras complementares, como ponte sobre o Canal da Barra da Tijuca, pavimentação do trecho Pontal - Sernambetiba e outros da Estrada da Grota Funda, construção dos acessos às pontes de Marapendi e Sernambetiba, asfaltamento da Avenida das Américas e da Avenida Alvorada (via 11 do Plano original, atualmente Ayrton Senna) viabilizaram a ocupação da região.

Tendo em vista a necessidade de serem estabelecidos critérios de urbanização capazes de garantir a ordenação da expansão urbana que se previa para a área da Baixada de Jacarepaguá, o governador Negrão de Lima confiou ao arquiteto urbanista Lúcio Costa em fins de 1968, a elaboração do Plano.

Em 23 de junho de 1969, pelo Decreto-lei 42 (incorporado posteriormente ao Decreto "E" 3800 de 20.04.70, regulamento da Lei do Desenvolvimento Urbano do Estado da Guanabara) foi aprovado o Plano Piloto da Baixada de Jacarepaguá, nos limites definidos pelo PA 5596. Na mesma ocasião, foi criado o Grupo de Trabalho da Baixada de Jacarepaguá, responsável por sua implantação, que teve o arquiteto Lúcio Costa como seu consultor.

Com base nas definições do Plano de Diretrizes das Vias Arteriais, o Grupo de Trabalho elaborou o Projeto de Alinhamento Básico das Vias Diretrizes de Jacarepaguá, que foi aprovado em 11.03.71 pelo Decreto 4880, substituindo o PA 5596.

15 O Prefeito Marcos Tamoyo (1975-79) em 05.03.76 publicou o Decreto 324, aprovando instruções normativas comuns à área da Baixada de Jacarepaguá, consolidando definitivamente o Plano Piloto.

A região passou a ser priorizada nos investimentos municipais: simultaneamente com obras de infra-estrutura urbana - a CEDAE estendeu a rede de abastecimento de água, a CEG implantou a subestação com 4,5 km de linhas - as obras viárias continuaram a ser realizadas com a duplicação da Avenida Alvorada, a pavimentação da via 4 (começando na via 11, contornando a Lagoa de Jacarepaguá, estendendo-se até à Avenida Sernambetiba), da via 5 (ligando as vias 9 e 11, estendendo-se até o rio das Pedras) e da via 9 (no sentido transversal, ligando a orla ao Largo da Taquara) e a duplicação da Avenida Sernambetiba.

Ainda naquela Administração, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro concluiu as obras do autódromo de Jacarepaguá e iniciou as do RIOCENTRO. Novas obras se seguiram, de iniciativa pública e privada, novos loteamentos e condomínios foram implantados, confirmando o potencial de crescimento da Baixada de Jacarepaguá e configurando seu contexto físico-territorial, descrito no item 3.4.

Em 1975, com a fusão dos Estados da Guanabara e do antigo Estado do Rio de Janeiro, há uma completa reformulação da administração pública culminando com a criação da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Assim, em 1977, foi aprovado um Plano Urbanístico Básico da Cidade (PUB-Rio) que dentre outras medidas institui uma nova divisão territorial, criando as cinco Áreas de Planejamento (AP), dentre elas a AP-4 que engloba a totalidade da bacia, objeto deste estudo. Além destas, criou as Unidades Espaciais de Planejamento (UEP), para as quais se formularam alguns PEUs, isto é, os Projetos de Estruturação Urbana. Nestes projetos definem-se os traçados viários, padrões de uso do solo e os planos de massa. O PUB reconheceu ainda os usos básicos do solo urbano e estabeleceu uma hierarquia viária, além de identificar os centros funcionais da Cidade.

Apesar disto tudo a legislação de uso do solo data de 1976, anterior ao PUB-Rio, portanto, e continua vigendo até hoje, através do Decreto 322/76, que estabeleceu um novo Regulamento de Zoneamento para o município. Observe-se que muitos PEUs, já foram realizados para as UEP, ou conjunto de UEP que, quando instituídos, alteram o disposto no decreto geral. Na área em apreço, entretanto, apenas o PEU Taquara foi realizado e, ainda assim, não se encontra aprovado. Apesar disto, a legislação que incide sobre a área, é também específica, como se verá no item apropriado.

A área, atualmente, apresenta um grande crescimento demográfico e de construções, e altos níveis de degradação ambiental, como já se verificou nos itens anteriores. Ações de preservação, porém, tornaram-se mais freqüentes, dando ensejo à criação de diversas Unidades de Conservação, conforme referidas no item específico.

3.3 A MACROBACIA DE JACAREPAGUÁ NO PLANO DIRETOR DECENAL DA CIDADE

Em 1992, foi aprovado o Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro, em atendimento à exigência da Constituição Federal, de 1988. O Plano Diretor, criado pela Lei Complementar 16 de 04.06.92, manteve divisão da cidade para fins de planejamento e controle do desenvolvimento urbano em cinco Áreas de Planejamento (AP), que são formadas por agrupamentos de Regiões Administrativas (RA), que contêm seus bairros, conforme o Quadro 3.1.

16

Quadro 3.1 - Áreas de planejamento e regiões administrativas da cidade do Rio de Janeiro

Área de Planejamento (AP) Região Administrativa (RA)

I RA – Portuária AP- 1 II RA – Centro III RA – Rio Comprido VII RA – São Cristóvão XXI RA – Ilha de Paquetá XXIII RA – Santa Teresa

AP- 2 V RA – V RA – Copacabana IX RA – VI RA – Lagoa VIII RA – Tijuca XXVII RA –

AP- 3 X RA – Ramos XI RA – Penha XX RA - Ilha do Governador XII RA – Inhaúma XV RA – Madureira XIII RA – XIV RA – Iraja XXII RA – Anchieta XXX RA – Complexo da Maré XXV RA – XXIX RA – Complexo do Morro do Alemão XXVIII RA – Jacarezinho

AP- 4 XVI RA – Jacarepaguá XXIV RA – Barra da Tijuca

AP- 5 XIX RA – Santa Cruz XVII RA – Bangu XVIII RA – Campo Grande XXVI RA – Guaratiba

Fonte: Anuário Estatístico da Cidade do Rio de Janeiro, 1992 / 93 - IPLANRIO

17 A Macrobacia de Jacarepaguá contém a Área de Planejamento 4 (AP-4), com suas duas Regiões Administrativas e seus respectivos bairros, relacionados a seguir e apresentados na Figura 3.1:

- XVI RA - Jacarepaguá - bairros: Jacarepaguá, Anil, Gardênia Azul, Cidade de Deus, Curicica, Freguesia, Pechincha, Taquara, Tanque e Praça Seca;

- XXIV RA - Barra da Tijuca - bairros: Joá, Itanhangá, Barra da Tijuca, Camorim, Vargem Pequena, Vargem Grande, Recreio dos Bandeirantes e Grumari.

Faz exceção o bairro de Vila Valqueire, que apesar de contido na XVI RA, insere-se na bacia da baía de Guanabara.

No Capítulo de Ocupação Urbana, o Plano Diretor estabelece que o uso e ocupação do solo ficam condicionados ao controle da densidade demográfica, e do número de empregos, em função da saturação da infra-estrutura e ameaça ao meio ambiente e à memória urbana, mediante o estabelecimento de limites de construção, por Unidade Especial de Planejamento (UEP). Os limites de construção foram fixados nos Índices de Aproveitamento do Terreno (IATs), utilizados para o cálculo do limite máximo da área edificável no lote e outros parâmetros urbanísticos.

Observe-se que o Plano afirma que a ocupação urbana consolidará os grandes vetores de crescimento, incluindo, dentre estes, “a região de Jacarepaguá” ressalva, entretanto a ocupação urbana naquilo que denomina “macrozonas de restrição”, destacando as áreas agrícolas, as áreas objeto de proteção ambiental e as áreas frágeis. Nesta última categoria inclui as encostas e as áreas sujeitas a inundações e rebaixamento (solos hidromórficos). Cumpre ressaltar que a Zona Especial 5 é considerada pelo Plano Diretor como “prioritária para estudos ambientais e posterior alteração, por lei, da ordenação urbanística vigente, visando a compatibilizar o uso e a ocupação do solo com suas características geológicas”.

O Plano Diretor define para cada Área de Planejamento, diretrizes específicas de uso e ocupação do solo. Para a AP-4, relacionam-se:

- adensamento compatível com a infra-estrutura existente nos bairros do Pechincha, Freguesia, Taquara, Tanque e Praça Seca;

- incentivo à localização de atividades geradoras de emprego, para redução dos deslocamentos, mediante o fortalecimento do centro de comércio e serviços Tanque - Taquara;

- desestímulo ao parcelamento das áreas ocupadas por sítios e granjas nos bairros de Vargem Grande, Vargem Pequena e Camorim;

- revisão, complementação e implementação do sistema viário projetado da Barra da Tijuca;

- recuperação e preservação dos canais da Barra da Tijuca;

- criação de área para estacionamento na região Tanque - Taquara;

- implantação do sistema cicloviário;

- elaboração e execução de macroplano de drenagem e aterros para a Baixada de Jacarepaguá, o qual dará prioridade à desobstrução de canais de alimentação das lagoas da região, mediante estudo e relatório de impacto ambiental;

- revisão do estudo de variação das lâminas d'água das lagoas, para redefinição das cotas de aterros da Baixada de Jacarepaguá;

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FIG. 3.1 ESTA}O~ES DE MONITORAMENTO DA QUALIDADE DAS A'GUAS SMAC/UERJ 7447500

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- consolidação das áreas destinadas à ocupação industrial, inclusive dos pólos de desenvolvimento industrial;

- criação de unidades de conservação na área da Colônia Juliano Moreira e definição de parâmetros de ocupação compatíveis com a proteção da área;

- incentivo ao desenvolvimento de atividades turísticas, desportivas, culturais, de educação ambiental e de pesquisa e proteção de fauna, da flora e dos recursos naturais da região;

- estímulo à implantação de transporte sobre trilhos de alta capacidade para promover a integração dos bairros da Baixada de Jacarepaguá com Madureira e Penha; com Água Santa e Encantado, com a Ilha do Governador e com a zona Oeste, com a utilização do corredor denominado T-5;

- elaboração de planos de recuperação e preservação ambiental do sistema lagunar da região, compreendendo o controle e a fiscalização da ocupação das margens das lagoas por edificações e aterros irregulares e do lançamento de esgotos sanitários e industriais sem tratamento ou com tratamento inadequado;

- contenção do processo de ocupação desordenada da Baixada de Jacarepaguá, especialmente nas áreas lindeiras às lagoas, canais e outros cursos d’água;

- manutenção do sistema e medidas de caráter permanente para inibir a ocupação desordenada de áreas públicas na Baixada de Jacarepaguá, mediante a criação de oferta de lotes urbanizados e construção de habitações para a população de baixa renda;

- planejamento integrado da infra-estrutura da Baixada de Jacarepaguá, com as instalações aeroportuárias ali existentes.

Entre as diretrizes específicas para a AP-4, destacam-se as que se referem ao tema destes estudo, ou seja, a obrigatoriedade do estudo de impacto ambiental para o macroplano de drenagem, ora em execução, a prioridade à desobstrução dos canais de alimentação das lagoas, sua recuperação e preservação integradas aos planos de recuperação e preservação ambiental do sistema lagunar, articuladas à política de contenção do processo de ocupação das áreas lindeiras às lagoas e seus canais.

Ainda, especificamente para a AP-4, o Plano Diretor inclui entre as áreas que integram o patrimônio paisagístico do município as seguintes:

- As lagoas de Camorim, Jacarepaguá, Lagoinha, Marapendi e Tijuca, seus canais de suas faixas marginais

· Parque Chico Mendes

- A orla marítima da praia da Gávea, em São Conrado, até a ponta da Praia Funda, incluídas as faixas de areia, as formações rochosas e as ilhas

- A Prainha

20 · Bairro de Grumari

- Os Maciços da Pedra Branca e da Tijuca

- As Pedras de Itaúna e do Calembá

- Os Morros da Panela, do Bruno, do Camorim, do Cantagalo, do Outeiro, do Portela, do Rangel e do Urubu

- Os bosques da Barra e da Freguesia

· Itanhangá Golf Clube

- A Restinga de Marapendi

· Parque Ecológico da Barra da Tijuca, formado pelos Morros do Amorim e Cantagalo

- Outros conjuntos arquitetônicos e monumentos de valor cultural e paisagístico da área

Para a AP-4, foram adotados os IATs (Índices de Aproveitamento do Terreno), por Unidade Espacial de Planejamento, apresentados no Quadro 3.2.

Quadro 3.2 – Índice de aproveitamento do terreno na AP- 4

UNIDADE ÍNDICE DE ESPACIAL DE BAIRROS APROVEITAMENTO PLANEJAMENTO DO TERRENO 40 Jacarepaguá 1,0 41 Anil, Gardênia Azul, Cidade 1,0 de Deus, Curicica 42 Freguesia, Pechincha 3,0 43 Taquara, Tanque 4,0 44 Praça Seca, Vila Valqueire 3,0 45 Joá, Itahangá, Barra da 1,0 Tijuca 46 Camorim, Vargem Grande, - Vargem Pequena 47 Recreio dos Bandeirantes, - Grumari Fonte: PCRJ, "Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro", 1993

A incidência dos IATs 3,0 e 4,0 indica possibilidade de adensamento e verticalização nos bairros Taquara, Tanque, Freguesia, Pechincha, Praça Seca e Vila Valqueire. Observe-se que, entretanto, os PEU “poderão definir índices diferenciados para uma mesma Unidade Espacial de Planejamento, a partir das diferentes características das áreas e critérios de planejamento, respeitados os índices de aproveitamento máximos definidos no quadro...”

O Anexo VII da Lei Complementar define, na AP-4, conforme explicitado no item 4.4, relativo à legislação de uso do solo, as seguintes áreas industriais:

21 - as Zonas de Uso Predominantemente Industrial (ZUPI) de Jacarepaguá, Camorim e Curicica;

- os Pólos industriais, contidos em Zonas Estritamente Industriais (ZEI), de Cine Vídeo e Comunicação, Ótica, Tecnologia I e II, Confecção.

Observe-se que tais disposições contradizem o Zoneamento Industrial Metropolitano, tanto de maneira restritiva, ao eliminar uma ZUPI (Taquara) como não, ao indicar os pólos industriais como ZEI já que, este tipo de zona, além do aspecto de especialização daqueles espaços, associa gêneros industriais potencialmente muito mais poluidores que os típicos de ZUPI.

O Plano Diretor não se ateve, entretanto à legislação urbanística mas abrangeu uma ampla gama de políticas públicas que, naturalmente, também se relacionam com o presente programa, colocando a RA de Jacarepaguá, uma das que compõem a área do programa estudado, como prioritária, junto com as AP-3 e 5, “na distribuição de investimentos públicos”

Assinala, ainda, que, embora assegure o princípio da não remoção de favelas, estarão sujeitas à relocalização aquelas localizadas em faixas marginais de proteção de águas superficiais assim como em áreas de especial interesse ambiental ou unidades de conservação ambiental. Em seu artigo 138 introduz que, nos casos de remoção “serão adotadas, em ordem de preferência, as seguintes medidas:

I - reassentamento em terrenos na própria área;

II - reassentamento em locais próximos;

III - reassentamento em locais dotados de infra-estrutura sanitária e transporte coletivo.”

O Plano Diretor dedica todo um capítulo à Política de Meio Ambiente e Valorização do Patrimônio Cultural, dando ênfase particular ao processo de avaliação do impacto ambiental, no qual se inclui o presente estudo, afirmando que o “licenciamento de obras, instalações e atividades e suas ampliações, de origem pública ou privada, efetiva ou potencialmente causadoras de alteração no meio ambiente natural e cultural e na qualidade de vida, estará sujeito à elaboração de Estudo de Impacto Ambiental, de Relatório de Impacto Ambiental e de Relatório de Impacto de Vizinhança”. Ainda neste capítulo o Plano Diretor cria a Unidade de Conservação Ambiental, que neste estudo encontram-se detalhadas no item específico.

Vale ressaltar que o Plano Diretor considera, dentre os programas prioritários da política de meio ambiente o Programa de Proteção de Encostas e Baixadas Sujeitas a Inundação, assim como o de Educação Ambiental e de Defesa do Meio Ambiente, detalhando-os em subseções específicas. Neste sentido os projetos incluídos no Projeto de Recuperação Ambiental, ora em estudo, podem ser assim considerados, destacando-se a “elaboração e execução de planos de macrodrenagem para as grandes baixadas” e “a elaboração e execução de plano de drenagem das lagoas”. Por outro lado, entre os treze rios do município que o Plano afirma que “interferem nas condições de vida de áreas densamente povoadas”, apenas o Rio das Pedras, na AP-4, é citado. No Programa de Educação Ambiental, por seu turno, inclui a promoção de campanhas educativas e a utilização de parque ecológicos para orientação de “professores, estudiosos e o público em geral”.

No capítulo dedicado aos serviços públicos, destacam-se, sob a ótica do Projeto em estudo, os programas de esgotamento sanitário e drenagem, embora o Plano contemple ainda aspectos relativos a limpeza urbana e o abastecimento de água, que não foram incluídos no Projeto de Recuperação. No primeiro destaca-se a exigência de tratamento dos efluentes, e no outro a necessidade de um plano de macrodrenagem, em colaboração com o órgão estadual competente.

22 Finalmente, cumpre destacar que grande parte das proposições do Plano não foram regulamentadas, tornando-se de difícil aplicação, o que faz com que a legislação urbanística vigente, por exemplo, seja anterior ao Plano Diretor. De toda forma, pode-se dizer que o Programa, ora em exame, em muito se relaciona com as diretrizes expressas naquela Lei Complementar, como se verificou acima.

3.4 CONFIGURAÇÃO FÍSICO-TERRITORIAL DA BAIXADA DE JACAREPAGUÁ

3.4.1 A Malha Urbana

A Macrobacia de Jacarepaguá, limitada a sul pelo Oceano Atlântico e a oeste, norte e leste pelos divisores de água das serras de Guaratiba, da Prata, do Barata, do Engenho Velho, do Valqueire, dos Pretos Forros, dos Três Rios e pela vertente ocidental do Maciço da Tijuca, tem de fato sua ocupação limitada pelas condições naturais das encostas, estabelecida em lei até à cota 100,00 m e, a partir deste patamar, sua ocupação é restrita às áreas que já contam com logradouros reconhecidos, limitando-se, contudo, ao uso residencial unifamiliar. Muitas destas áreas, porém, apresentam ocupação irregular, como se pode observar Mapa de Uso do Solo, da Cobertura Vegetal e Loteamentos Irregulares (JAC-70-0009) em anexo.

Considerando sua localização em relação aos limites da cidade do Rio de Janeiro e mesmo em relação à Região Metropolitana, a Baixada de Jacarepaguá situa-se equidistante dos extremos leste e oeste do município, com proximidade à zona norte, o que lhe favorece a comunicação com os demais bairros e centros metropolitanos da Baixada Fluminense; com a Baía de e com o núcleo metropolitano. Esta posição geográfica, associada ao fato de ser atendida e estar integrada a um sistema viário de alcance regional, tem lhe permitido assumir uma função de centro de serviços em escala metropolitana.

A ocupação urbana da Baixada de Jacarepaguá ocorre, principalmente, nas áreas planas e baixas. Tal tendência reflete-se, entretanto, na dificuldade de conciliar a drenagem de terrenos e logradouros com as pequenas declividades observadas na região, o que obriga a que muitos terrenos, para serem ocupados, demandem grandes volumes de aterro, como se verá oportunamente. O efeito das chuvas nestas áreas é fácil de ser aquilatado, sendo constante a ocorrência de enchentes.

A malha urbana, entretanto, encontra-se em permanente expansão, tendo partido de núcleos distintos. Na RA de Jacarepaguá as estradas que transpuseram o maciço da Tijuca foram os primeiros caminhos indutores de ocupação, além do já citado Caminho de Maranguá, sendo responsáveis pela ocupação da encosta ao longo da Estrada das Furnas, por onde se chega ao bairro da Tijuca, ou pela Estrada dos Três Rios, pela qual se alcança a estrada Grajaú- Jacarepaguá (Av. Menezes Cortes).

Ocupações em encostas, mais recentes, podem ser observadas nos bairros do Itanhangá e Joatinga, onde casas de padrão alto ocupam trechos de cota e declividades acentuadas, além da encosta que margeia as Estradas dos Bandeirantes e do Pontal; na Estrada do Camorim, o caminho aberto para dar acesso à represa do mesmo nome, vem induzindo a ocupação da área.

No trecho litorâneo os núcleos pioneiros encontram-se no extremo leste da área na Barra da Tijuca, e correspondem aos loteamentos de Tijucamar, Jardim Oceânico e Vila Balneária.

As ocupações que ocorrem pelo vetor nordeste, interiorano e a leste, litorâneo, determinam respectivamente os aglomerados urbanos de Jacarepaguá e Barra da Tijuca, que possuem gênese, estrutura física e padrão de assentamento bastante distintos.

23 O primeiro resulta da incorporação de uma área agrícola à dinâmica urbana da cidade e sua estrutura é marcada pelos caminhos rurais que serviam ao escoamento da produção, sendo sintomático que seus nomes guardem a denominação de “Estradas”, dentre as quais se destacam a Estradas dos Bandeirantes, Curicica, Catonho, Jacarepaguá, Gabinal, etc. São caminhos tortuosos que contornam acidentes geográficos e que determinam uma estrutura radiocêntrica, a partir de três pontos principais: o Largo da Freguesia, Taquara e Tanque.

Sobre esta estrutura básica adicionaram-se os arruamentos oriundos do fracionamento de sítios em lotes, criando um processo típico de formação dos bairros periféricos cariocas, pelo qual os arruamentos dos loteamentos são abertos sem garantir continuidade, larguras de vias ou hierarquia viária, originando o que se pode chamar de uma colcha de retalhos (ver Figura 3.2).

Resulta daí a superutilização dos antigos caminhos rurais, agora transformados simultaneamente em elementos estruturadores de urbanização, corredores de transporte e eixos comerciais.

Observe-se que, na medida em que os antigos caminhos rurais buscavam, tradicionalmente, os fundos dos vales, tornaram-se ao longo do tempo os locais mais afetados pelas enchentes. Acrescente-se a isso, que um sistema radial de vias dificulta a circulação interna da região.

O outro vetor, litorâneo é totalmente distinto do anterior. Dispôs-se de maneira longitudinal, paralelo à praia, estruturando-se sobre dois eixos principais, o beira-mar, representando pela Av. Sernambetiba e um interno, divisório entre as lagoas da região. Por ter tido sua ocupação planejada, recebeu uma rede estrutural de vias, não concluído até o momento, e uma hierarquia de vias bastante acentuada. Desse sistema destacam-se as vias 5 (cinco ), 8 (oito) e 9 (nove), das quais apenas esta última encontra-se implantada e a Avenida Alvorada (atual Ayrton Senna) perpendiculares aos eixos longitudinais.

Sobre este sistema aplicou-se um dos princípios mais caros ao urbanismo modernista, as “unidades de vizinhanças”, organismos auto suficientes num certo nível de comércio e serviços, inclusive equipamentos públicos, como a escola elementar.

Na Barra este conceito resultou em condomínios que alternam assentamentos unifamiliares e grupos de prédios multifamiliares. Como unidades autônomas têm seus arruamentos fechados à circulação pública e esta se dá quase que exclusivamente pelas vias estruturais já referidas1.

Assim, os acessos estão condicionados por estas diferenças estruturais. Jacarepaguá liga-se a noroeste, norte e leste, respectivamente com as Zona Oeste (AP-5), Madureira e Cascadura (AP- 3), Tijuca e Grajaú (AP-2), enquanto a Barra da Tijuca conecta-se principalmente a leste com os bairros litorâneos da Zona Sul (São Conrado, , ) e oeste com os bairros de Guaratiba.

Os principais eixos de ligação da região com o restante da cidade também apresentam-se num esquema radiocêntrico, do qual se destacam:

- Estrada do Catonho - principal ligação de Jacarepaguá aos bairros de , Bangu e os demais bairros da Zona Oeste; - Av. Cândido Benício - até recentemente a única e principal ligação com os bairros da AP-3, destacando-se Cascadura e Madureira; - Linha Amarela - ligação expressa entre a região e os bairros da AP-3, Av. Brasil e Linha Vermelha;

1Observe-se que, ainda que tratados como condomínios, muitos deles são, de fato, loteamentos, valendo dizer, dispõem de áreas, em verdade públicas, ou até mesmo de escolas, também públicas. O fechamento dos logradouros e a colocação de guaritas criam, conseqüentemente, constrangimentos à utilização destes equipamentos urbanos.

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IA 43 48'45'' G PRA S 23 00'00'' I A 43 45'00'' L CH K TA A 23 02'30'' B 43 18'45'' as E ETI 43 26'15'' 4 3 2 2 ' 3 0 '' 4 3 1 5 ' 0 0 ' ' 4 3 1 1 '1 5 ' ' 4 3 0 7 ' 3 0 ' ' iab S B P M A AM 23 05'00'' s D N 43 41'15'' da ER 43 37'30'' 4 3 3 3 ' 4 5 '' 4 3 3 0 ' 0 0 ' ' A RIO S l C ana H DA C ENI A AV L D

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as A 7452500 ab C Pi OCEANO ATLA^NTICO Rio R io

d a ~ GRUMARI s PROJE,CAO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR

ESCALA GRAFICA A 1 1 lm 0 2 3km as Rio d o Origem da quilometragem : Equador e Meridiano 45 W.0Gr. M u acrescidas as constantes 10.000km e 500km, respectivamente n d o Datum vertical : maregr-afo Imbituba, SC 7450000 Datum horizontal : Corr-ego Alegre, MG

FIGURA 3.2 SISTEMA VIA'RIO

7447500

647500 650000 652500 655000 657500 660000 662500 665000 667500 670000 672500 675000 677500 Sondotecnica - Av. Menezes Cortes - Estrada recentemente duplicada, que sobrepuja o Maciço da Tijuca e alcança o bairro Grajaú, na AP-2; - Estrada de Furnas - como a anterior, liga a Barra da Tijuca ao bairro Tijuca; - Estrada Lagoa- Barra - conjunto de obras composto de túneis e elevados com pistas de alta velocidade, que liga a Barra da Tijuca a São Conrado e à Zona Sul; - Estrada da Grota Funda - que liga a área à Zona Oeste (AP-5).

Internamente, com função de penetração, destacam-se as vias que ligam as Regiões Administrativas da Barra e de Jacarepaguá, destacando-se a Estrada dos Bandeirantes, as Avenidas Salvador Allende e Ayrton Senna, e o corredor formado pelas Estradas da Barra da Tijuca, Itanhangá, Engenheiro Souza Filho, Jacarepaguá e Avenida Geremário Dantas, e as que estruturam a ocupação litorânea: Av. Sernambetiba e Av. das Américas.

Tanto a Av. das Américas como a Ayrton Sena, face à grande concentração de estabelecimentos comerciais de grande porte, a inauguração da linha Amarela e, principalmente à excessiva dependência que nesta região se tem do veículo particular, já se mostram com alto grau de saturação, levando a Prefeitura a incluir em seus planos alternativas a essas vias, como as projetadas Via-Parque, a ligação Riocentro - Grota Funda e as ligações radiais ao Anel Viário, que possivelmente desafogarão as vias acima citadas. O principal gargalo à circulação viária da região, entretanto é, e por muito tempo continuará sendo, a ligação com a Zona Sul da Cidade que se dá, quase que exclusivamente através do corredor Lagoa - Barra, que nas horas de pico, apresenta-se diariamente engarrafado, tanto pelo lado da Barra como o da Zona Sul. Nem mesmo no final de semana, quando em toda a cidade se assiste à diminuição dos engarrafamentos, tanto a praia como a grande oferta de equipamentos de lazer apresentada pela Barra da Tijuca tornam- se grandes atratores de viagens, causando, igualmente, grandes engarrafamentos.

Com função de distribuição, destacam-se os seguintes conjuntos:

- Estradas Vereador Alceu de Carvalho e B. de Morais nos Bairros de Vargem Grande e Vargem Pequena;

- Avenidas Zilke Machado, Gláucio Gil e Alfredo Balthazar da Silveira, no bairro do Recreio dos Bandeirantes;

- Av. Olegário Maciel e Rodolfo Amoedo na Barra da Tijuca;

- Av. Embaixador Abelardo Branco, atendendo a área onde se localizam importantes equipamentos como Rio Centro e Autódromo;

- As Estradas do Gabinal e de Três Rios, na Freguesia;

- As Estradas de Tindiba, Rio Grande, Rodrigues Caldas, na Taquara;

Finalmente, um grande número de logradouros exerce a função de ligação de dois ou mais bairros, como a Estrada de Curicica, André Rocha, Boiúna e Guerenguê.

A malha urbana desenvolveu-se, assim, a partir dos eixos de circulação, entre estes e os elementos naturais que impediram sua expansão - lagoas, rios, canais, encostas florestadas. A leitura do Mapa de Uso e Ocupação do Solo permite avaliar a extensão de sua ocupação, limitando-se a leste com o Parque Estadual da Pedra Branca e a oeste com o Parque Nacional da Tijuca e a norte estendendo-se pelo vale que liga a Baixada de Jacarepaguá à zona norte da cidade.

26 3.4.2 Infra-Estrutura

A expansão urbana, entretanto, não foi devidamente acompanhada pela implantação das redes de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, com o adequado tratamento. Apenas uma pequena parcela de efluentes é tratada, sendo uma parte operada pela CEDAE e a outra em instalações particulares (condomínios e conjuntos habitacionais). Estas instalações possuem estações de tratamento próprias, com sistema de gestão aeróbica, porém com lançamento final nas lagoas ou nos cursos d'água que para elas convergem.

A drenagem na região apresenta muitos problemas, muitos causados por suas próprias características geológicas e topográficas, já que, a baixada apresenta grandes extensões de terrenos sedimentares com baixíssima declividade. Nestas regiões a ocupação urbana vem se dando com a execução de aterros, que por ocorrerem de forma esparsa, isto é, na medida em que o proprietário do terreno se disponha a ocupá-lo, cria áreas baixas cercadas por outras já aterradas, o que propicia, após as chuvas, a ocorrência de vetores.

De forma esparsa também, vem se dando a colocação das redes de drenagem pelos empreendimentos e que, segundo trabalho da própria Prefeitura, “cada empreendedor projeta a micro drenagem da sua área de interesse e o destino destas águas tem seguido por caminhos paralelos ou concorrentes, ao longo do tempo, com o de outras áreas próximas, configurando, desde já um subsolo caótico, no dizer da Div. de Drenagem da SMO. De fato, a operação futura de um sistema dessa natureza e sem cadastro, quando a Barra da Tijuca e Jacarepaguá estiverem totalmente urbanizados, será absolutamente inviável” (Plano Diretor, Subgrupo de Meio Ambiente, pg. 160).

Assim, a região é vitimada por enchentes periódicas, cujas áreas mais atingidas são mostradas no Mapa de Risco (JAC-70-0002) em anexo ao volume 1 do Diagnóstico (JAC-70-0002 RE). Concentram-se sobretudo na RA de Jacarepaguá, nas sub-bacias do rio Grande e Anil, que concentram grande parte da população da AP.

Desta forma, todas as comunidades incluídas na pesquisa amostral informam sobre a existência de enchentes, sendo que 254 dos 309, mais de 82% dos entrevistados, portanto, queixam-se da ocorrência por mais de uma vez por ano, enquanto outros 12% registram enchentes uma vez por ano. As demais respostas somam apenas 6% e apenas 2 informantes consideram que nunca houve enchentes naquelas áreas.

Estas enchentes, entretanto, parecem ter efeitos restritos nos imóveis já que apenas 78 informantes dão conta de danos em seus imóveis. A maioria, cerca de 50%, queixam-se de danos irrecuperáveis em móveis e utensílios. Outros 50% informaram sobre danos nos imóveis, mas destes, apenas a metade considerou os danos como perda total e enquanto os demais consideraram a perda parcial. Com relação ao total da amostra, este contingente corresponde a cerca de 10%.

Quanto aos danos nas próprias pessoas mais de 90% não reconhecem qualquer efeito das enchentes mas 24 informantes consideraram que estas foram responsáveis por doenças como hepatite e leptospirose.

Com relação aos sistemas de água e esgoto, o quadro 3.3 indica, para os bairros da AP-4, o número de ligações, economias e volumes atendidos por água e esgoto, em 1992.

A análise dos dados estatísticos confirma a importância da atividade comercial nos bairros da Taquara, Tanque, Itanhangá, Barra da Tijuca, Freguesia, Pechincha, principalmente no primeiro, tendo em vista o percentual do consumo comercial de água/esgoto nas economias destes bairros, em relação ao consumo domiciliar.

27 Quadro 3.3 – Água e esgoto - número de ligações, economias e volume, por categoria, segundo região administrativa e bairro - 1992

BAIRRO POR TIPO ÁGUA / ESGOTO ÁGUA RA Volume Volume Ligações Economias (m3) Ligações Economias (m3) XVI- RA total 41.024 97.743 2.704.988 6.188 9.493 307.484 Jacarepaguá Jacarepaguá total 2.219 5.398 153.121 580 933 31.721 com 51 54 2.319 33 90 3.613 dom. 2.156 5.332 120.994 524 820 25.248 Ind. 12 12 29.809 23 23 2.860

Anil total 2545 3.782 315.453 265 315 20.449 com 66 69 3.116 4 5 100 dom. 2.469 3.703 100.421 254 303 7.679 Ind. 10 10 211.917 7 7 12.670

Gardênia Azul total 878 1478 32.851 42 46 3.079 com 23 28 1.777 5 6 1230 dom. 850 1445 29.548 36 39 1.114 Ind. 5 5 1527 1 1 735

Cidade de Deus Total 102 123 3.376 19 22 688 com 15 15 575 2 2 80 dom. 87 108 2.796 15 18 480 Ind. - - 6 2 2 128

Curicica Total 1970 2.775 62.598 762 1006 24.026 com 46 57 1339 11 20 418 dom. 1.923 2.717 60.998 745 980 23.428 Ind. 1 1 261 6 6 180

Freguesia Total 3226 11.913 282.348 590 938 28.689 com 17 611 21.188 11 13 292 dom. 3.203 11.296 260.711 555 901 27.577 Ind. 6 6 499 24 24 821

Pechincha Total 3.672 9.207 222.482 348 509 16.605 com 311 424 13.694 8 11 412 dom. 3.349 8.771 204.363 329 487 15.213 Ind. 12 12 4.425 11 11 980

Taquara Total 14.660 35.280 917.571 2.534 4.024 134.435 com 6.313 16.873 434.940 1.004 1.796 53.599 dom. 8.303 18.363 429.555 1.502 2.200 65.173 Ind. 44 44 53.075 28 28 15.664

(continua)

28 (continuação, quadro 3.3)

BAIRRO POR TIPO ÁGUA / ESGOTO ÁGUA RA Volume Volume Ligações Economias (m3) Ligações Economias (m3) Tanque Total 3.361 8.998 224.480 455 823 23.220 com 473 936 26.990 5 5 165 dom. 2.877 8.051 197.043 455 813 22.896 Ind. 11 11 446 5 5 159

Praça Seca Total 4.214 10.268 246.393 263 394 9.042 com 141 149 5.320 7 9 206 dom. 4.071 10.117 240.985 252 381 8.653 Ind. 2 2 88 4 4 183

V.Valqueire Total 4.177 8.521 244.315 330 483 15.532 com 234 240 8.086 0 0 0 dom. 3.913 8.246 235.307 329 482 15.512

Ind. 30 35 922 1 1 20

XXIV - RA B.da Tijuca Total 5.329 35.181 1.094.465 2.045 5.662 206.322 Joá total 123 276 12.754 50 54 5.208 com 9 19 4.071 - - - dom. 114 257 8.683 46 50 5.093 Ind. - - - 4 4 115

Itanhangá total 806 2.133 52.852 28 59 3.388 com 122 198 7.014 2 18 1.172 dom. 678 1.909 45.239 20 35 1.954 Ind. 6 6 598 6 6 263

B.da Tijuca total 3.789 29.049 943.774 1.110 3.702 154.460 com 437 2.038 135.840 127 464 27.689 dom. 3.351 27.010 807.584 905 3.160 116.647 Ind. 1 1 350 78 78 10.125

Camorim total - - - 2 2 137 com - - - 1 1 122 dom. - - - 1 1 15

V Pequena Total 23 27 675 14 18 532 dom 23 27 675 14 18 532

V. Grande Total 95 102 2.901 236 316 9.769 com - - - 2 2 59 dom 95 102 2.901 234 314 9.710

Recreio dos Total Bandeirantes. 493 3.614 81.510 605 1.511 32.828 com 12 17 2.072 7 43 899 dom 481 3.597 79.438 520 1.390 29.310 ind. - - - 78 78 2.618

Fonte: Anuário Estatístico da Cidade do Rio de Janeiro 1992 / 93 - IPLANRIO

29 Evidencia também a concentração do atendimento à atividade industrial em alguns bairros da AP- 4. A relação entre o somatório dos volumes de água/esgoto e água consumidos pela atividade industrial e os volumes totais, indica o alto índice de consumo industrial no Anil, seguido de Jacarepaguá, Gardênia Azul e Taquara. Estes índices relacionam-se não só ao número de estabelecimentos industriais, mas principalmente a seu porte.

Quando comparados os dados referentes às ligações de água e esgoto em 1992, com os referentes à população de cada bairro em 1991 (apresentados no Quadro 3.3), pode-se verificar a grande demanda em termos quantitativos, por serviços de infra-estrutura em alguns bairros e comparar as diferenças de atendimento entre as duas RAs e seus bairros. Enquanto em Jacarepaguá, o percentual de atendimento varia entre 40 a 20% nos bairros mais bem servidos - Taquara (39.8%), Pechincha (31.9%), Tanque (30.3%), Freguesia (24.3%), Anil (21.5%), nos demais o atendimento é muito baixo - Praça Seca (18.9%), Gardênia Azul (15.1%), Curicica (13.4%), Jacarepaguá (8.6%), chegando a 0.3% na Cidade de Deus. Na Barra da Tijuca, os bairros mais populosos são relativamente bem servidos - Barra (45.8%), Joá (33.2%), Recreio dos Bandeirantes (25.4%), Itanhangá (22.8%), sem atendimento para os demais. Evidenciam-se nestes percentuais, os atendimentos às atividades comerciais e industriais.

Indicador também significativo é a relação entre o volume de água e o de água / esgoto consumidos no mesmo bairro, denotando a falta de serviços de esgotamento sanitário. Registra- se maior percentual nos bairros com predominância de sítios e chácaras - Camorim, Vargem Grande e Vargem Pequena, o primeiro sem qualquer registro e os demais com baixo atendimento sanitário. Entre os bairros urbanizados, também registraram baixos percentuais o Joá, Recreio dos Bandeirantes e Curicica.

A relação entre o número de ligações e o de economias pode ser ainda utilizada como um indicador do grau de verticalização de cada bairro. Destacam-se em ordem decrescente, Barra da Tijuca, Freguesia, e igualmente posicionados, Itanhangá. Tanque, Pechincha, Taquara, Jacarepaguá e Praça Seca.

No que concerne ao grau de atendimento de cada bairro, comparando-se o número de ligações domiciliares expresso no quadro acima e a população dos bairros, contida no Quadro 3.7, ter-se-ia a seguinte relação:

Jacarepaguá 11.8 Anil 4.7 Gardênia Azul 6.8 Cidade de Deus 354.0 Curicica 7.6 Freguesia 4.3 Pechincha 3.3 Taquara 4.8 Praça Seca 5.4 Tanque 3.7 Joá 3.2 Barra da Tijuca 2.3 Itanhangá 4.9 Camorim 0 Vargem Grande 124.0 Vargem Pequena 64.0 Recreio 3.9

30 Desta forma, pode-se constatar que o grau de atendimento entre os bairros de ambas as RAs, é bastante diferenciado. O bairro da Barra da Tijuca é o que apresenta o melhor índice, 2,3 habitantes por ligação domiciliar, seguido do Joá e Pechincha, este na RA de Jacarepaguá. A partir daí os bairros, com características urbanas, e portanto dependentes da rede de abastecimento para receber o serviço, começam a apresentar índices bem mais desfavoráveis, chegando, em Jacarepaguá, a 11,8 habitantes por ligação. Observe-se que o índice apresentado pela Cidade de Deus, considerando-se tratar-se, em grande parte, de um conjunto habitacional, deve ser explicado pela inexistência de medição do que pela ausência do serviço.

Os bairros com características ainda rurais, ou onde as densidades demográficas são baixas, apresentam os piores índices. Assim, Vargem Pequena e Vargem Grande apresentam índices que denunciam a ausência de rede e que suas populações lançam mão de outras formas de abastecimento como poços e nascentes, a exemplo do Camorim que não conta com nenhuma ligação oficial, embora abrigue uma represa da CEDAE, a qual empresta o nome.

Quanto aos aglomerados favelados, ao menos naqueles que fizeram parte da pesquisa amostral, quase totalidade dos imóveis dispõem de vaso sanitário, menos de 4% não o têm e mais de 75% contam uma pia de cozinha. Em contrapartida, menos de 60% apresentam caixa d'água. Estes equipamentos indicam que as comunidades são providas de abastecimento de água, o que faz com que, em todas as comunidades, a grande maioria informe que estão ligados de maneira não oficial à rede da CEDAE, enquanto apenas 9% afirmem contar com o serviço oficial. As demais respostas são numericamente pouco significativas, menos de 5%.

No que se refere às condições ambientais da Macrobacia de Jacarepaguá, decorrentes dos serviços de esgotamento sanitário em operação, o permanente lançamento de esgotos sanitários (mesmo que sejam tratados) e efluentes industriais nos rios e lagoas, vem comprometendo a qualidade de suas águas. A recuperação ambiental do complexo lagunar só poderá ser alcançada quando estiver operando o sistema de esgotamento sanitário, incluindo além do assentamento de troncos coletores e redes de ligações domiciliares, a construção de estações elevatórias e das estações de tratamento - a terrestre, projetada na Av. Ayrton Sena e a marítima. Com a implantação deste sistema e a necessária fiscalização, impedindo o lançamento de esgoto sanitário e industrial nas redes de água pluvial, poderá ficar preservado o sistema hidrográfico (rios, canais, lagoas) da Macrobacia de Jacarepaguá, assim como a orla marítima.

Conjugado a este sistema, o abastecimento de água deverá ser redimensionado e complementado, de forma a atingir toda a área urbana, incluindo além da distribuição de água tratada, a construção de linhas - tronco e reservatórios.

A completa operação do sistema poderá permitir também uma solução para o problema do lodo acumulado no fundo das lagoas: as elevatórias e as estações de tratamento em horários de pouca carga, poderão retirá-lo por sucção em partes, até se alcançar a despoluição do sistema lagunar.

O crescimento do número da domicílios favelados cria também um adicional lançamento de efluentes nos corpos d’água, já que na pesquisa amostral constatou-se que mais de um terço afirma ter o esgotamento canalizado, mas apenas 2% do total informa que a ligação é à rede oficial. Assim, apenas 7% possuem fossa, individual ou coletiva, o que determina um quadro de alta contaminação ambiental pelos efluentes domésticos.

Com relação à limpeza urbana, a COMLURB realiza os serviços de varredura de logradouros e coleta domiciliar de lixo na região, este último em parte terceirizado (aluguel de caminhões).

Mantém, entretanto, os garis sob sua contratação assim como o planejamento de coleta. O serviço é considerado bom, sendo o lixo domiciliar coletado em toda a Baixada de Jacarepaguá,

31 através do Distrito de Coleta 9, alcançando números significativos quando comparado com outras áreas da cidade.

Em Jacarepaguá, há uma de Reciclagem funcionando como Estação de Transferência, tendo recebido no último mês de janeiro cerca de 18.200 toneladas, o que representa um ingresso de pouco mais de 651 toneladas por dia de resíduos sólidos.

O destino final resultante é, de fato, um aterro existente em Santa Cruz, às margens do Canal de São Francisco. O aterro que a COMLURB utiliza em Jacarepaguá, em um terreno particular, encontra-se desativado. Acrescente-se a isso que parte da Usina de Reciclagem foi cedida à Cooperativa dos Catadores de Vargem Pequena, que opera a catação com 90 cooperativados.

Nos aglomerados favelados pesquisados, a coleta de lixo apresenta-se com um serviço bem melhor que os de água e esgoto, já que mais de 70% dos entrevistados dizem ter o lixo coletado pela COMLURB. Destinos finais absolutamente inadequados como a queima ou atirar no rio é revelado por menos de 4%. Apesar disto, é grande a queixa sobre a existência de vetores como ratos, sobre os quais mais de 50% dos entrevistados afirmam que existem com muita freqüência, moscas (35%) e baratas 26%. Os mosquitos, por sua vez, são apontados por mais de 90% dos entrevistados, que destacam o verão como a época em que há maior infestação (62%) e que ocorrem principalmente a tarde (58%) e noite (31%).

Com relação à infra-estrutura econômica, isto é energia e comunicações, não se obteve dados desagregados por AP, ou bairro, por parte das concessionárias, enquanto que os publicados nos Anuários municipal e estadual referem-se à cidade como um todo. Sabe-se, entretanto que energia elétrica consegue atender a demanda com facilidade e os problemas existentes são de geração e transmissão, o que é um problema não da área, mas de todo o Estado, que se localiza nas extremidades do sistema integrado do Sudeste. A região é servida de gás natural, pelo que se pode apurar, e a telefonia é do mesmo tipo e qualidade que a servida para o restante da cidade, isto é, telefonia móvel e fixa e transmissão de dados.

As três concessionária, LIGHT, CEG e TELERJ, já foram privatizadas.

3.4.3 Saúde

O padrão de atendimento sanitário na região, precário principalmente nas comunidades faveladas, vem se traduzindo em índices altos de doenças de veiculação hídrica, pelo que se pode depreender do número de casos de doenças de notificação compulsória. Conforme dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde, constantes do Anuário Estatístico da Cidade do Rio de Janeiro 1992/93, casos de gastroenterite e diarréia, os mais altos entre aquelas morbidades, se apresentam acima da média das outras regiões da cidade. No caso desta última doença a AP-4 responde por mais de 25% de todos os casos notificados na cidade.

Em 1996, em particular, ano em que ocorreram as grandes chuvas que trouxeram grandes problemas para a região, o quadro epidemiológico acima descrito foi intensificado, com significativo aumento de casos de tifo, gastroenterite e leptospirose. Esta última, que se espalha através da urina de ratos, dispersa pela enchente, se num mês com índice pluviométrico baixo, como junho, fez nove vítimas, em fevereiro daquele ano, o número de casos saltava para 380 e, em março, 1162. Vale lembrar que, como já foi dito anteriormente, é grande a queixa, entre os domicílios pesquisados, sobre a ocorrência de vetores como ratos e baratas e, principalmente, mosquitos, nos aglomerados favelados.

Ainda assim, a pesquisa amostral realizada nas comunidades faveladas da área apontou que, segundo os próprios moradores, a imensa maioria, quase 90%, considera que não apresenta

32 nenhum problema grave de saúde os únicos percentuais de doenças apontadas destacáveis são os problemas cardíacos (3,47%) e do sistema nervoso (3,23%).

Por outro lado é região é bem servida por equipamentos de saúde, tanto da rede particular como pública como mostra a relação a seguir, retirada do Atlas de Saúde - SUDS RJ, evidenciando a necessidade de medidas sanitárias preventivas.

Serviços de Saúde:

¨ Rede Municipal - UACPS Vargem Grande - UMAMP Hamilton Land (Cidade de Deus) - CMS Jorge S. B. de Melo (XVI) - Hosp. Munic. Lourenço Jorge

¨ Rede Estadual - Hospital Est. Santa Maria - Hosp. Colônia de Curupaiti

¨ Rede Federal - PAM- PU Jacarepaguá - Hosp. Geral de Jacarepaguá - Total (Rede INAMPS) - Hosp. Raphael de Paula Souza - Hosp. Jurandyr Manfredini

¨ Rede Privada - Clinica Repouso Campo Belo - C.S. Maternidade Campinho - C.S Gabinal LTDA. - Centro Pediatria Jacarepaguá - Clinica Amendoeira - Clinica Monte Alegre - A.M.H. São Jorge - C.S. Afonso MacDowell - Clinica Valência - Casa de Saúde Humaitá

3.4.4 Educação

A rede de ensino, na área de estudo, é formada por escolas municipais e particulares, no 1o grau, isto é, da 1a à 8a série, e de escolas estaduais e particulares no 2o Grau. Observe-se que a totalidade das matrículas públicas de 1º Grau são oferecidas pela rede municipal.

33 Estas escolas municipais estão sob a jurisdição da 7a Coordenação Regional de Educação, que corresponde à AP-4. Em 1994, segundo o Anuário Estatístico da Cidade do Rio de Janeiro, havia cerca de 66.000 alunos nas classes de Pré-escolar e 1o Grau da rede municipal que, em 1998, segundo dados do próprio 7º CRE, já somavam mais de 80.000 matrículas, cujo grande incremento foi no 1o segmento, isto é, do CA à 4a série, cujos alunos, em 1998, ultrapassavam a casa dos 45.000.

Observe-se que, em 1994, havia, ainda 26.000 matrículas de 1o Grau em escolas particulares, que correspondiam a menos de 30% do total de matrículas da rede. Contudo, é significativo o incremento das escolas particulares na região, inclusive de novas entidades de 3o Grau, devendo- se ressaltar, também que muitas escolas públicas, notadamente nos bairro da RA da Barra da Tijuca, encontram-se no interior de loteamentos que, por sua morfologia urbanística, terminam por se tornarem verdadeiros condomínios, dentro dos quais encontram-se áreas públicas e, até mesmo, escolas.

Cumpre ressaltar que, por se tratar de uma região que sofre expansão recente, sua população infantil tende a aumentar, não só pela migração interna, apresentada no item específico, mas também pelo crescimento vegetativo, imprimindo grandes pressões de demanda sobre a rede escolar, o que pode ser observado pelo significativo aumento no número de matrículas, dificilmente, encontrado em outras áreas da cidade.

3.5 USO DO SOLO

Considerando-se a extensão da área construída, por uso, conforme expresso no Quadro 3.4, o uso residencial corresponde a cerca de 82%, tanto no total da região quanto na RA de Jacarepaguá. Na RA da Barra da Tijuca o índice apresenta ligeira elevação. Por bairro, entretanto, o Joá apresenta-se como residencial em sua quase totalidade (96%), assim como o Itanhangá e a Praça Seca, que dispõem de mais de 90% da área construída ocupada por residências. No extremo oposto, o bairro do Camorim concentra apenas 30% da área construída. O Mapa de Uso do Solo (JAC-70-0009), em anexo, indica os usos e suas concentrações mais freqüentes na Macrobacia de Jacarepaguá, ocupados por residências, o que se explica pela presença de equipamentos como o Rio Centro. Abaixo de 70% de área destinada a residências, encontram-se os bairros de Jacarepaguá e Gardênia Azul, onde o uso industrial se faz mais presente.

Os dados relativos à concessão de habite-se às construções são fornecidos pelos Departamento de Licenciamento e Fiscalização (DLF) que no caso específico da AP-4 têm sua jurisdição igual à divisão das RAs, podendo-se assim, aplicá-los sem distorções. Assim, os dados relativos à RA da Barra da Tijuca são os do IV DLF e de Jacarepaguá, do V DLF. Observe-se que este último inclui o bairro de Vila Valqueire, que não faz parte da Bacia, mas que por seu porte não altera as conclusões, apresentadas a seguir.

Utilizando-se o ano de 1996, constata-se que a AP-4 apresentou a significativa marca de 587.597 m2 de área construída de imóveis residenciais, o que representou cerca de 42% do total construído no município, naquele ano, de imóveis desse tipo. Tal percentual representa a mesma proporção do que a AP-4 absorveu no incremento demográfico da cidade, o que permite constatar-se que, embora a AP-4 seja a área da cidade com o melhor índice de formalização das residências, - posto que só há habite-se para os imóveis regulares, e considerando-se que em outras APs, notadamente a AP-5, que absorve 70% do incremento demográfico e apenas 14,5% dos habite-se-, caso se considera-se o total real de área construída no município, o percentual da AP-4, para se manter no mesmo patamar de seu incremento demográfico, teria que crescer também sua área construída, o que permite supor que apesar do bom índice de formalização das residências há um enorme contingente habitando imóveis informais, o que corrobora o crescimento da favelização na área e o de casas em loteamentos irregulares.

34

Quadro 3.4 – A área construída por uso segundo as regiões administrativas e bairros da macrobacia REGIÃO ADMINISTRATIVA RESIDENCIAL INDUSTRIAL COMERCIAL OUTRAS TOTAL E BAIRROS m2 % m2 % m2 % m2 % m2 % AP - 4 10.559.269 82,55 568.990 4,45 1.619.191 12,66 42.727 0.34 12.790.177 100,00 XVI Jacarepagua 6.262.885 82,13 554.583 7,27 772.940 10,12 35.621 0,47 7.626.029 100,00 Jacarepaguá 402.233 64,58 127.637 20,49 90.406 14,51 2.614 0,42 622.890 100,00 Anil 389.787 75,31 100.567 19,43 27.137 5,24 115 0,02 517.606 100,00 Gardênia Azul 92.783 59,99 44.157 28,55 17.546 11,34 180 0,12 154.666 100,00 Cidade de Deus 214.131 88,00 5.642 2,32 23.403 9,62 154 0,06 243.333 100,00 Curicica 174.420 76,95 19.760 8,72 31.655 13,97 831 0,37 226.666 100,00 Freguesia 1.094.156 85,60 34.593 2,71 148.440 11,61 1.055 0,08 1.278.244 100,00 Pechincha 603.487 89,77 3.503 0,52 55.278 8,22 10.000 1,49 672.268 100,00 Taquara 1.399.877 75,64 209.306 11,31 229.904 12,42 11.742 0,63 1.850.829 100,00 Tanque 401.911 86,36 2.325 0,50 59.209 12,72 1.944 0,42 465.389 100,00 Praça Seca 875.593 91,89 4.110 0,43 68.137 7,15 4.991 0,52 958.831 100,00 XXIV Barra da Tijuca 4.296.384 83,20 14.407 0,28 846.251 16,39 7.106 0,13 5.164.148 100,00 Joá 77.935 96,03 - - 3.219 3,97 - - 81.154 100,00 Itanhangá 232.894 91,26 900 0,35 21.206 8,31 185 0,07 255.185 100,00 Barra da Tijuca 3.402.900 83,42 466 0,01 668.849 16,40 6.841 0,17 4.079.056 100,00 Camorim 41.905 30,19 8.905 6,41 88.411 63,40 - - 138.821 100,00 Vargem Pequena 35.717 75,03 3.579 7,52 8.305 17,45 - - 47.601 100,00 Vargem Grande 49.408 78,28 517 8,82 13.196 20,91 - - 63.121 100,00 Recreio dos Bandeirantes 454.881 91,27 40 0,01 43.416 8,71 80 0,02 498.417 100,00 Grumari 744 93,82 - - 49 6,18 - - 793 100,00 Fonte: Anuário Estatístico da Cidade do Rio de Janeiro 1992 / 93 - IPLANRIO 3.5.1 Uso Residencial

O uso residencial na região caracteriza-se por se apresentar em duas estruturas distintas e definidas, representadas pelas áreas litorâneas e as do interior.

As primeiras caracterizam-se por ocupações de alta renda que seguem os princípios, ainda que adaptados, do plano indutor de ocupação, isto é, a alternância de condomínios unifamiliares e multifamiliares, estes últimos, organizados em torres de grande número de pavimentos. Nos extremos desta sub-área, isto é nos bairros de Tijucamar e Recreio dos Bandeirantes, o padrão de assentamento característico é também multifamiliar, porém distribuído, em lotes individuais e com gabarito limitado a cinco pavimentos. A orla é ocupada por prédios altos, que incluem apart-hotéis como formas de moradia.

A ocupação interiorana referente principalmente à RA de Jacarepaguá, não se apresenta com uma trama urbana tão característica, como a primeira, mas por aquela típica das estruturas que se formam a partir da adição de loteamentos, criando uma malha descontínua e de difícil leitura. Esta área caracteriza-se pela ocupação unifamiliar e que, aos poucos vem sendo substituída pela multifamiliar, formando bolsões de densidade mais alta.

Nesta área foram construídos um número muito grande de conjuntos habitacionais, desde a ocupação pioneira da Cidade de Deus, hoje com mais de 30.000 habitantes, ou outros menores e de padrão mais alto. Encontram-se principalmente em Jacarepaguá e foram de iniciativa tanto da CEHAB, companhia habitacional do governo estadual, como do INOCOOP, instituto que reúne cooperativas habitacionais. São em geral de quatro pavimentos, sem elevador e possuem o formato clássico de um H. Outros foram implantados utilizados-se tipologias mais densas, destacando-se o do Cafundá. A construção recente de conjuntos é mínima quando comparada aos anos 70.

A Prefeitura construiu um conjunto para abrigar vítimas de deslizamentos, o Vila Nova Cruzado, localizado no terreno do Pólo de Tecnologia II e, no momento implanta o Conjunto Novo Horizonte, dentro do Programa Morar Sem Risco, da SMH, no terreno do projetado Pólo de Confecções.

As áreas residenciais de menor densidade correspondem aos bairros onde a atividade agrícola, ainda há pouco, se mostrava ativa e que paulatinamente assiste-se à criação de segundas residências, chácaras e haras. Estas atividades se dão principalmente ao longo da Estrada dos Bandeirantes, mas também dispersos pelos bairros de Vargem Grande e Vargem Pequena. Cabe ressaltar que, na XXIV RA, esses bairros estão incluídos na Área Agrícola 7 (Dec.5 648/85). Estas áreas estão em processo de revisão pela SMU.

A favelização da macro-bacia é acentuada, devendo-se, entretanto relativizá-la, ao menos quando comparada ao que ocorre em outras áreas da cidade.

É certo, que o crescimento relativo do número de domicílios em favela foi alto, o que pode ser explicado pelo fato de que todo o crescimento, formal ou informal, na região é recente, o que gera taxas de crescimento relativas altas. De fato, o crescimento de número de domicílios favelados na região foi de 10% ao ano, entre 1980 e 1991, chegando neste último ano a mais de 18.000 domicílios. Entretanto, esse número representa apenas 7,8 % do total do Município e seus habitantes formam um contingente de somente 3,5% da população total da área. Caso se compare com o que ocorre na AP-3, onde o crescimento da população favelada é, em números absolutos, superior ao da população total, ter-se-á uma medida menos alarmante do que ocorre na AP-4.

36 Além disto, as favelas da área caracterizam-se por abrigarem um número pequeno de domicílios. As aglomerações que se destacam pelo número de domicílios, são a do Canal do Anil, Rio das Pedras e Canal das Taxas, esta última já contemplada pelo Programa Favela-Bairro. As outras apresentam sérios problemas de inundações, sendo que Rio das Pedras, por localizar-se sobre um grande colchão de argila orgânica, apresenta contínuos afundamentos, estando, como se verá no item específico, incluída no Programa Grandes Favelas.

O Quadro 3.5 apresenta a relação das favelas da região, incluídas nos Censos de 1980 e 1991, relacionando o número de domicílios, população e área ocupada de cada uma delas. Muitas destas favelas têm sido objeto de programas governamentais, entre eles o PROAP I e o PROAP II, que incluem obras de urbanização, construção de equipamentos públicos e regularização fundiária. Citam-se algumas já incluídas no PROAP I: Canal das Taxas, Vila Sapê, Floresta da Barra da Tijuca, Fazenda do , Santa Maria, Parque Chico Mendes, André Rocha. Ainda não se tem relação das que serão atendidas pelo PROAP II, do qual faz parte o Favela Bairro.

Além das favelas existentes até à data do último Censo, pôde-se constatar o surgimento de novos assentamentos, localizados no Mapa de Uso do Solo, da Cobertura Vegetal e Loteamentos Irregulares, (JAC-70-0009), e expressos na relação descrita na página 40 deste relatório.

Quadro 3.5 – Domicílios, densidade, área ocupada das favelas, segundo as regiões administrativas - 1980/1991

1980 1991 (1) ÁREA DENS. NOME PRINCIPAL OCUPADA POP. DOMIC. POP. DOMIC. (ha) Hab/ha 1991 XVI- Jacarepaguá 22.376 5.113 58.255 14.804 183,1 318,2 Rua Ariticum, 832 - - 50 10 0,8 61,0 Araticum 481 110 778 188 2,5 308,7 Barão 3.247 687 1.251 301 15,5 80,7 Caminho do 437 100 307 74 5,0 61,6 Waldemar Canal do Anil 1.964 387 3.516 862 13,2 267,3 Canal do Arroio 131 30 189 49 1,6 115,0 Pavuna Caxangá 219 50 271 56 0,8 328,9 Covanca 524 120 524 120 2,5 205,7 Espírito Santo 358 93 672 160 1,1 589,5 Estr. do Catonho, 1 109 25 35 0,3 441,4 Estr. Meringuava 87 20 68 1,3 212,3 Inácio do Amaral 264 56 276 63 0,7 403,5 Shangrilá 325 66 338 79 0,3 1092,8 Loteamento São 87 20 262 66 0,4 635,9 Sebastião Morro do Piolho 524 120 1.142 284 8,1 141,1 Nova Aurora 930 187 1.029 250 2,0 502,1 Outeiro 219 50 303 72 1,8 165,4 Rio das Pedras 7.390 1.856 11.956 3.444 25,6 466,4 Rua Luiz Beltrão, 656 150 485 122 3,0 160,2 1.127 Rua Quiririm 219 50 406 101 1,7 244,0 Rua São Marciano 262 60 520 119 0,6 902,8 Vila José de 481 110 804 201 5,2 155,5 Anchieta (continua)

37 (continuação, quadro 3.5) 1980 1991 (1) ÁREA DENS. NOME PRINCIPAL OCUPADA POP. DOMIC. POP. DOMIC. (ha) Hab/ha 1991 Vila Sapê 2.829 625 2.930 720 8,7 335,7 Vila Nossa Senhora - - 312 82 0,4 821,1 da Paz Tirol - - 380 100 0,1 7238,1 Morro de São - - 435 111 0,6 679,7 Geraldo Moquiço - - 5.474 1.339 1,0 5430,6 Comandante - - 775 213 3,4 229,3 Luis Souto Chacrinha do Mato - - 1.157 294 3,7 309,4 Alto Chácara Flora - - 1.520 400 5,3 287,7 Vila Santa Clara - - 413 107 0,8 498,8 Curicica - - 57 15 0,5 111,0 Vila Getúlio Vargas - - 122 32 0,2 653,8 Vila Santa Mônica - - 346 93 0,4 923,7 Nova Esperança - - 84 22 0,7 116,7 Vila Pitumbú - - 241 67 0,6 418,4 Comunidade São - - 1.176 275 1,8 637,7 Francisco de Assis Fazenda do Mato - - 3.440 782 7,2 477,2 Alto Asa Branca - - 813 214 2,8 290,9 Abadianas - - 245 52 1,5 161,5 Santa Maura - - 219 48 1,1 192,1 Virgolândia - - 140 43 0,8 167,7 Vila Calmete - - 220 58 1,5 142,1 Estrada da Curicica - - 1.393 346 4,4 313,5 Santa Anastácia - - 976 241 2,4 399,8 Santa Efigênia - - 1.090 303 3,8 283,4 André Rocha - - 614 159 2,5 245,1 Vilar São Sebastião - - 175 35 0,4 426,2 Alto Bela Vista - - 813 217 2,6 316,4 Vila Clarim - - 178 43 0,4 433,5 Tancredo Neves - - 599 152 1,9 307,7 Santa Maria - - 2.055 520 9,6 213,3 Jardim Boiúna - - 200 40 1,0 193,1 Morro Bela Vista - - 534 146 4,7 114,6 Inácio Dias - - 342 91 1,8 190,7 Comunidade Passo - - 416 105 1,8 235,3 do Lumiar Rua Mirataia - - 200 40 0,9 228,3 Portugal Pequeno - - 185 38 0,3 533,8 Estrada do Quitite - - 350 70 0,8 426,8 Avenida das - - 225 45 - - Lagoas Estrada do - - 200 40 - - Engenho D’água Estrada do Sertão - - 250 50 - - (continua)

38 (continuação, quadro 3.5) 1980 1991 (1) ÁREA DENS. NOME PRINCIPAL OCUPADA POP. DOMIC. POP. DOMIC. (ha) Hab/ha 1991 Quintanilha - - 100 20 - - Rua São Jorge - - 55 11 - - Parque da Pedra - - 500 100 - - Branca XXIV-Barra da 4.609 983 16.842 3.968 98,4 171,2 Tijuca Vila Nova - - 537 125 0,3 1678,1 Angu Duro 44 10 279 69 0,8 332,1 Beira do Canal 683 139 1.406 308 3,5 402,6 Cachorro Sentado 131 30 258 59 1,2 208,7 Caminho do Bicho 87 20 166 38 0,6 276,7 Caminho do 565 114 549 117 1,6 44,0 Marinho Canal das Tachas 1.080 230 1.916 460 6,5 295,1 Rio Morto - - 817 187 0,4 196,2 Canal do Cortado 87 20 524 131 2,8 187,9 Floresta da Barra 386 79 1.923 512 5,2 372,4 da Tijuca Muzema 425 84 328 87 1,3 244,0 Restinga 109 25 506 116 1,5 330,3 R. S. Tillon 22 5 22 5 0,1 239,1 Sítio do Pai João 131 30 173 38 5,6 31,1 Tijuquinha 329 79 556 163 5,6 94,2 Vila dos Crentes 246 53 246 53 0,8 317,0 Vila União 109 25 109 25 0,7 151,4 Estrada dos - - 70 16 1,2 60,8 Bandeirantes,9.192 Agrícola - - 514 112 5,8 89,1 Fazenda - - 275 77 1,7 162,1 Furnas - 265 62 1,8 148,9 Vila da Paz - 332 82 0,9 362,4 Caeté - - 120 24 0,6 209,3 Vila Harmonia - - 93 20 0,7 129,2 Vila Amizade - - 466 103 1,9 241,7 Santa Luzia - - 150 30 0,9 160,7 Morro do Portelo - - 710 142 3,5 200,3 Vila Autódromo - - 388 97 6,0 64,3 Cambalacho - - 605 163 1,6 374,4 Palmares - 550 110 - - Rua 8 W, 500 - - 250 50 - - Parque Chico - - 1.000 200 - - Mendes Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE e Empresa Municipal de Informática e Planejamento S.A. - IplanRIO

39 RA DE JACAREPAGUÁ

Condomínio Vila Darcy Vargas Associação de Moradores e Amigos do Rio das Pedras Condomínio Rio Pequeno Morro da Reunião Associação de Moradores do Vale do Curicica Parque Dois Irmãos Entre Rios Ladeira da Reunião Travessa Efraim Vila Nova Esperança Parque das Palmeiras Associação de Moradores e Amigos do Loteamento Josué

RA DA BARRA DA TIJUCA

Vista Alegre do Recreio Associação do Rio Bonito Ilha da Gigóia Vila Santa Terezinha

Por outro lado, algumas favelas que constavam da relação do Anuário do IPLANRIO, em 1991, não foram encontradas quando do levantamento de campo, o que faz supor que desde então tenham sido removidas. Neste caso, incluem-se as seguintes favelas:

- Av. das Américas, km. 14,8 - Est. Dos Bandeirantes, 29 495 - Via Parque - Comunidade Marapendi

Da mesma forma, as favelas que serão incluídas no Programa Favela - Bairro, Pró-Moradia e Grandes Favelas, encontram-se listadas no item referente aos planos e programas co-localizados. A época de ocupação das faixas rebeirinhas é em geral recente: 18% datam de depois do ano de 1995 e 57 de 1985 até aquele ano. Menos de 25 % são anteriores a 1985, sendo que, antes de 1975 apenas 8% dos informantes disseram lá estar morando.

A larga maioria dos informantes, mais de 60%, diz ter adquirido o imóvel através de compra e cerca de 11% ter contratado alguém para construí-lo. 14% afirmam ter sido o imóvel cedido e apenas 2 informantes dizem ter alugado. Apenas 12% participaram diretamente da construção do imóvel sendo que destes 8% sem ajuda da vizinhança e 4% contando com esta.

Estas construções são em sua quase totalidade, 90%, são feitas de alvenaria, sendo as demais de madeira. Observe-se que destas quase 80% estão na favela do Moquiço, podendo-se considerar um fenômeno localizado. 77% dos imóveis contam com apenas um pavimento, enquanto 22% já contam com dois. Além disto há apenas casos isolados com 3 ou 4 pavimentos, não chegando a representar 1%.

Não são imóveis pequenos, ao menos se considerar-se o número de cômodos, já que 66% dos imóveis dispõem de 4 a 7 cômodos e apenas 12 % apresentam 2 ou menos 2 ambientes.

O acabamento interno das paredes, em 72% dos imóveis, conta com emboço e 46 % são pintadas. As demais não contam com revestimento interno. Externamente o quadro é um pouco

40 menos favorável, já que apenas 60% dos imóveis têm revestimento e apenas 31% receberam acabamento.

A cobertura destes imóveis são em sua maioria feita apenas com laje, 55%, o que prenuncia a espera para construção de um novo pavimento, enquanto 42% utilizam telhas de fibrocimento.

Os entrevistados afirmam, em sua maioria, que moram nas atuais condições por não terem conseguido pagar aluguéis ou prestações. Cerca de 29% escolheram o local por possuir ali parentes ou amigos e apenas 2% por ser próximo ao local de trabalho. Apenas 3% consideram que estão vivendo em melhor condição que anteriormente.

Vale ressaltar o grande número dos que afirmam terem vindo do mesmo bairro ou de bairros próximos (62%). Pouco mais de 10%, apenas, informa ter saído de outro estado ou município, o que faz parecer crer que as comunidades são formadas, principalmente por uma mobilidade vertical dentro do próprio município que por fluxos migratórios.

Tal assertiva pode ser comprovada quando se constata que apenas 31% dos entrevistados são provenientes de favelas, enquanto 55% afirmam terem vindo de loteamentos regulares, conjuntos habitacionais ou de bairros formais da cidade, sendo maciça a informação de que o imóvel anterior eram de alvenaria (76%) que, coincidindo com a informação acima, quanto a dificuldade de pagar aluguéis ou prestações, estes imóveis eram alugados (38%) ou em pagamento (9%).

A Macrobacia apresenta, contudo, outro tipo de assentamento informal, os loteamentos irregulares e clandestinos, com cerca de 7 000 domicílios. Estes representam cerca de 7% dos domicílios do Município. Diversamente das favelas, os loteamentos irregulares em pouco diferem, morfologicamente, dos regulares, tendo em vista o nível de urbanização, infra-estrutura instalada e padrão construtivo. Consubstancia-se assim, numa questão mais jurídica do que urbanística.

O quadro 3.6, a seguir, mostra os loteamentos irregulares presentes nos bairros da AP-4. No mesmo quadro é apresentada a listagem de loteamentos inscritos no Núcleo de Regularização de Loteamentos, que conta com 262 inscrições, sendo que apenas 33 localizam-se na Baixada de Jacarepaguá. O bairro da Taquara é o que concentra o maior número, 18, seguido, de longe do Pechincha, com 5. Observe-se que apenas um dos loteamentos inscritos encontra-se na RA da Barra da Tijuca, sendo todos os demais localizados na RA de Jacarepaguá.

A maioria dos loteamentos são de pequeno porte, até 100 lotes, e pela pesquisa elaborada para o IPLANRIO, apresentam um razoável grau de atendimento de serviços públicos e uma regularidade de traçados que faz com que se possa afirmar, como já foi dito, que o que os faz diferir dos loteamentos regulares é, principalmente, as questões fundiárias e jurídicas que os cercam, não se devendo, contudo, expandir esta observação para os demais loteamentos clandestinos da cidade, tratando-se de uma característica exclusivamente desta AP.

Observe-se que, recentemente, com o PROHAP, programa da Secretaria de Habitação que, além do Favela - Bairro, inclui um componente para loteamentos, deu-se início ao processo de regularização de muitos desses loteamentos, incluindo alguns da AP-4 e que, como se pode ver no quadro acima, 4 já se encontram com aceitação por parte da Prefeitura.

Observe-se, ainda, que estes loteamentos inscritos no Núcleo não expressam a totalidade dos casos de irregularidade nem na AP-4 nem na cidade como um todo.

41 Quadro 3.6 - Loteamentos irregulares da AP-4

INSCRIÇÄO NO 2 NÚCLEO CÓDIGO DE BAIRRO CÓDIGO DA RA NOME PRINCIPAL LOTES OCUPADOS AREA DE OCUPAÇÄO AREA DA GLEBA (m ) 141 Jacarepaguá 16 Vale dos Calhares 0 136462 183040 148 Jacarepaguá 16 Pedreira Copacabana (com aceitação ) 180 0 31000 27 Anil 16 Fazenda Uniao 0 13775 204839 00P23 Gardênia Azul 16 Rua Isabel Domingues 0 0 0 208 Curicica 16 André Rocha 26 0 10889 239 Freguesia 16 Rio Pequeno 3 795 795 104 Pechincha 16 Estrada Do Tindiba 597 E 525 11 0 1558 134 Pechincha 16 Vila Ati (com aceitação ) 30 0 107730 237 Pechincha 16 Prof.Henrique Costa 609 0 0 0 242 Pechincha 16 Vila Pacoty 2 0 7030 247 Pechincha 10 Sitio Santa Izabel 6 2857 2857 16 Taquara 16 Mapuá (com aceitação ) 228 0 53000 101 Taquara 16 Vila Projetada I 32 9830 9830 106 Taquara 16 Rodrigues Caldas 0 0 41573.9 107 Taquara 16 Guerenguê 1064 50 0 9516 110 Taquara 16 Guerenguê 1104 4 3395 5035 111 Taquara 16 Estrada do Guerenguê 1304 29 0 13320 115 Taquara 16 Macembú 1570 43 0 17000 117 Taquara 16 Outeiro Santo 742 22 0 8660 118 Taquara 16 Outeiro Santo 900 45 0 9900 150 Taquara 16 Prof.Gomes De Souza 30 9565 10245 155 Taquara 16 Bairro São Jorge 50 0 109000 169 Taquara 16 Boa Esperança 641 0 122350 170 Taquara 16 Rodrigues Caldas 2135 (com aceitação ) 0 13049 15579 185 Taquara 16 Macembú 511 37 0 9700 195 Taquara 16 Boiuna Lote 1000 11 17712 26925 205 Taquara 16 Outeiro Santo 735 68 0 21826 233 Taquara 16 Pousada dos Sabiás 20 0 12539 244 Taquara 16 Macembu 12 0 0 177 Tanque 16 Jardim da Vitoria 16 3200 3500 243 Tanque 16 Jordão 893 145 42380 43813 192 Tanque 16 Jardim Praça Seca 31 7813 7813 210 Praça Seca 16 Vale do Sol 80 0 13920 156 Vargem Pequena 24 Bandeirantes 18080 11 0 16513 Fonte: IplanRIO-Sabren, 1997 3.5.2 Uso Comercial e Serviços

A exemplo do uso anterior, comércio e serviços também se apresentam de forma distinta. Enquanto na Barra da Tijuca caracterizam-se pela concentração em shopping-centers, em Jacarepaguá, o porte dos empreendimentos é reduzido, em geral ao longo dos eixos principais de circulação. Fazem exceção, o Rio Shopping e o Quality Shopping, próximos à Linha Amarela, o primeiro já implantado e o segundo em construção, indicando o crescimento do setor comercial e de serviços na área. Observa-se também a formação de centros de comércio e serviço na Freguesia, Taquara e Praça Seca, onde a Prefeitura prevê a instalação dos projetos Rio-Cidade.

Na Barra da Tijuca, por seu turno, nas proximidades do cruzamento das Avenidas Ayrton Sena e das Américas, desenvolveu-se linearmente sobre ambas uma intensa e extensa ocupação do solo por comércio, serviços e equipamentos urbanos de porte metropolitano. São os supermercados Bom Marché, Paes Mendonça, Free Way, Carrefour, Makro, Sendas; os shopping-centers Barra Shopping, Barra Square, Casa Shopping, Via Parque, com a casa de espetáculos Metropolitan.

Novos equipamentos de porte, surgem ao longo da Avenida das Américas; para leste, o Barra Point e o Down Town; para oeste, o Shopping Recreio e os projetados Centro de Sernambetiba e Barra Bali, ampliando assim a área de concentração dos grandes empreendimentos.

A Avenida das Américas tem se definido como um eixo de concentração de comércio e serviços - lojas de automóveis, agências bancárias, clubes, discotecas, restaurantes, locadoras de vídeo, academias de ginástica, clínicas médicas, consultórios médicos, administradoras de imóveis, lojas de assistência técnica, de material esportivo, etc.- refletindo a dinâmica da Barra da Tijuca.

O uso comercial, como extensão construída, representa o segundo uso mais expressivo da Macrobacia: cerca de 12% do total (Quadro 3.4). Neste caso, o bairro da Barra da Tijuca apresenta-se com um percentual significativo, pois dos cerca de 1,6 milhão de metros quadrados existentes na área em estudo, mais de 660 mil encontram-se naquele bairro, concentrando, portanto, mais de 40% do total. Outros bairros onde a área comercial é considerável, são a Taquara, a Freguesia, Jacarepaguá e Camorim.

Os habite-se fornecidos pelos DLF, já citados anteriormente, informam, surpreendentemente, que a metragem quadrada construída na AP-4 só é superior à AP-1. Em 1996, construiu-se na área em estudo, 53 951 m², que representaram apenas 14% do que foi construído no município em áreas comerciais e de serviços, naquele ano, bastante inferior ao que foi apresentado pelos habite-se residenciais.

3.5.3 Uso Industrial

O uso industrial na área é diversificado, quanto ao porte e quanto ao ramo, como se verá no item 3.7, relativo à caracterização econômica da Macrobacia. Sua concentração se dá, principalmente nas ZUPIS, isto é, zonas de uso predominantemente industriais consagradas pelo Zoneamento Industrial Metropolitano que criou quatro delas: Jacarepaguá, a maior, Curicica, Camorim e Taquara.

Como extensão construída, o uso industrial é pouco significativo (Quadro 3.4), comparecendo apenas em 4,5% da área total da Macrobacia. Os bairros que possuem maiores áreas industriais são Taquara, Jacarepaguá e Anil.

Em anos recentes, a Prefeitura incentivou a criação de Pólos especializados em determinados ramos industriais, tais como Tecnologia I e II, Confecções, Ótica e Cine-vídeo, que não parecem ter prosperado muito, constatando-se a transformação de dois deles (parte do Tecnologia II e

43 Confecções) em projetos habitacionais, da própria Prefeitura, o de ótica não chegou a ser executado, e o de Tecnologia I vem recebendo indústrias de outros gêneros que não aquela inicialmente programada. O Pólo de Cine-Vídeo, por seu turno, vem lançando empreendimentos muito mais ligados ao setor serviços, em geral, como o conjunto de prédios comerciais recentemente apresentado, do que à indústria cinematográfica, propriamente dita.

Em compensação, algumas indústrias localizaram-se na região em tempos recentes, destacando- se a Companhia Cervejaria Antártica e o PROJAC - da Rede Globo de Televisão, ambos localizados fora das áreas destinadas aos Pólos Industriais.

Os habite-se industriais, ao contrário dos anteriormente comentados que mantêm uma razoável regularidade ao longo dos anos, apresentam ano a ano comportamento muito diversificado. Assim, se em 1992 os habite-se industriais na AP-4 foram de 8000 m², representando 35% do total municipal, em 1996, apenas 336m², menos de 2% do total. Observe-se que os habite-se industriais não servem para avaliar-se o perfil industrial da área, já que se refere a prédios como tipologia industrial e não à atividade em si. Desta forma, um galpão para depósito de bebidas, por exemplo, enquadra-se perfeitamente nesta categoria.

A listagem e localização das principais indústrias da região encontram-se no item 3.7.

3.5.4 Outros Usos Urbanos

Diversos equipamentos pontuais, de porte, localizam-se na região, destacando-se o Aeroporto de Jacarepaguá, o centro de exposições Rio-Centro e o Autódromo da cidade. Vários empreendimentos de porte vêm buscando a área, notadamente no que tange aos parques temáticos, como o recém inaugurado Terra Encantada, o anunciado Wet & Wild e a Fazenda Alegria, como também universidades como a Estácio de Sá e Veiga de Almeida.

Como área institucional, destaca-se a grande área pertencente ao Governo Federal e ocupada pela Colônia Juliano Moreira e onde encontra-se também o Hospital de Curicica. Esta área vem sendo objeto de diversas invasões e já foi cogitado o seu parcelamento, que resultaria em um grande número de unidades habitacionais.

3.5.5 Usos não Urbanos

A área agrícola da macrobacia encontra-se principalmente na baixadas de Sernambetiba, Vargem Grande e Vargem Pequena, além da encostas do maciço da Pedra Branca.

Sernambetiba tem comportamento bastante variado, em processo de conversão urbana, com algumas propriedades com pecuária extensiva ao lado de áreas vazias. Há poucos anos, esta área ainda sobressaía no conjunto agrícola do município pela sua produção de hortaliças, tendo entrado num processo de rápida degeneração. Os sítios estão num processo avançado de transformação em residências, sedes campestres de colégios e empresas, havendo a presença de alguns haras. A encosta, contudo, ainda é ocupada pela banana, mas sua produção não representa parte significativa da renda de seus produtores que hoje, se identificam muito mais como comerciantes feirantes do que como agricultores.

Vargem Grande e Vargem Pequena apresentam-se de forma semelhante. Existem cultivos de horticultura, tradicionais na área, como também o são a pecuária de pequeno porte de suínos e aves, seguidos da pecuária bovina para leite. Muitas propriedades agrícolas têm se convertido em sítios de veraneio e estes em residência. Entretanto, ao lado destas, há a entrada de pequenos e médios produtores urbanos dinâmicos, introduzindo novas atividades agrícolas de alta

44 rentabilidade, com perspectivas de rápida difusão, o que faz da área também um ambiente de adaptação agrícola.

Outros usos não urbanos do solo, Unidades de Conservação e áreas de mineração, encontram-se apresentados nos Volumes I e II deste Diagnóstico Ambiental.

3.6 POPULAÇÃO RESIDENTE

A população residente em 1991, nos bairros das duas Regiões Administrativas contidas na Macrobacia de Jacarepaguá, está expressa no Quadro 3.7.

Quadro 3.7 – População residente em 1991

POPULAÇÃO RA BAIRRO RESIDENTE

VI .RA Jacarepaguá Jacarepaguá 62.885 Anil 17.523 Gardênia Azul 9.853 Cidade de Deus 38.246 Curícica 20.680 Freguesia 49.024 Pechincha 28.795 Taquara 88.567 Praça Seca 54.276 Tanque 29.612 Subtotal 399.761 XXIV. Barra da Tijuca Joá 831 Barra da Tijuca 63.389 Itanhangá 9.358 Camorim 146 Vargem Grande 6.557 Vargem Pequena 3.368 Recreio 14.222 Grumari 119 Subtotal 97.990 Total Geral 497.751 Fonte: Anuário Estatístico da cidade do Rio de Janeiro 1992 / 93 - IPLANRIO

Pode-se constatar que a população residente na área em estudo está concentrada principalmente na RA Jacarepaguá, que detém 80% deste total.

Com relação aos bairros, na RA de Jacarepaguá, destacam-se a Taquara e Jacarepaguá, que juntos correspondem a 40% da população total da RA.

45 Na RA da Barra da Tijuca, 65% da população encontra-se no bairro homônimo e em posição bastante secundária, no Recreio dos Bandeirantes (14%).

Grande parte da área em estudo apresenta-se ainda com densidades bastante baixas, inferiores a 5 hab./ha., enquanto áreas de densidade mais altas são encontradas nos bairros ao norte da RA de Jacarepaguá, e as áreas litorâneas da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes. As mais altas densidades, entretanto, ocorrem em favelas como a do Rio das Pedras e conjuntos como a Cidade de Deus, ultrapassando a faixa dos 50 hab./ha., e em alguns trechos esparsos dos demais bairros, notadamente, Freguesia, Pechincha, Praça Seca e Taquara, onde as densidades situam- se entre 5 e 50 hab/ha. A Figura 3.3 apresenta a densidade demográfica na bacia.

O quadro 3.8 apresenta a população da área reagrupada pelas sub-bacias hidrográficas que a compõem. Por ele, pode-se constatar que a sub-bacia do Rio Grande concentra mais de 46% da população total da área, apresentando-se em absoluta primazia. As outras bacias que se destacam são a Unidade de Restinga, com cerca de 15% da população total, e as bacias dos rios Guerenguê e Anil que correspondem, respectivamente a 10 e 12% da população total.

Para o cálculo das populações do quadro 3.8 utilizou-se como fonte de dados, o setor censitário que é a menor unidade de informação do IBGE.

Quadro 3.8 - População em sub-bacias hidrográficas

SUB-BACIAS POPULAÇÃO Sub-bacia do Rio Cachoeira 9.466 Sub-bacia de Grumarí 98 Sub-bacia da Zona dos Canais 13.968 Sub-bacia do Rio Grande 230.925 Sub-bacia do Rio Camorim 11.061 Sub-bacia do Rio Guerenguê 53.991 Sub-bacia do Rios dos Passarinhos 11.940 Sub-bacia do Rio Anil 61.410 Sub-bacia do Rio das Pedras 26.377 Micro Bacia Micro bacia da Praínha 19 Micro bacia do Rio Muzema 1.930 Micro bacia do Rio da Barra 2.776 Micro bacia Joatinga 297 Unidade especial de Restinga 73.493 Total geral 497.751 Fonte IBGE -1991 (setor censitário)

Finalmente, cabe observar que a análise do crescimento demográfico da região e as perspectivas de desenvolvimento constam do item 3.6.3.

3.6.1 Aspectos Econômicos e Sociais da População

A estrutura de rendimento do chefe de família residente na AP-4 apresenta diferenças marcantes entre as duas RAs: enquanto na Barra da Tijuca, 53% dos domicílios se encontram na faixa de renda de mais de 10 salários mínimos, na RA de Jacarepaguá, apenas 13% dos domicílios situavam-se nesta faixa. O padrão médio de renda da Barra da Tijuca equivale a 18 salários mínimos e em Jacarepaguá a 5,2 salários mínimos.

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