FACULDADES INTEGRADAS HÉLIO ALONSO

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Camila Arias Martins

A PROPAGANDA NAZISTA:

O PODER DE PERSUASÃO

Rio de Janeiro

2015

Camila Arias Martins

A PROPAGANDA NAZISTA:

O PODER DE PERSUASÃO

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Comunicação Social das Faculdades Integradas Hélio Alonso, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Jornalismo, sob a orientação do Prof. Oswaldo Munteal

Rio de Janeiro

2015

A PROPAGANDA NAZISTA:

O PODER DE PERSUASÃO

Camila Arias Martins

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Comunicação Social das Faculdades Integradas Hélio Alonso, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Jornalismo, sob à aprovação da seguinte Banca Examinadora

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Prof. Orientador

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Membro da Banca

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Membro da Banca

Data da Defesa: ______

Nota da Defesa: ______

Rio de Janeiro

2015

AGRADECIMENTOS

Ao professor Oswaldo Munteal pela sua orientação, dedicação e compreensão ao longo do TCC. Aos professores que foram importantes em minha vida, agradeço por seus ensinamentos e paciência, fundamentais na minha formação profissional. A minha querida família, pelo amor, dedicação e apoio, me mostrando os melhores caminhos para atingir meus objetivos.

Uma Mentira contada mil vezes, torna-se uma verdade.

Joseph Goebbels

RESUMO

O objetivo deste trabalho é analisar os meios de comunicação mais utilizados pelo Partido Nazista durante o período pré Segunda Guerra Mundial até o fim da campanha alemã, no final da guerra, em 1945, a fim de compreender as técnicas empregadas para a propagação das mensagens propagandísticas e a maneira como essas chegavam ao público, influenciando diretamente às massas. As comunicações mais trabalhadas no estudo são a imprensa, o cinema, e a forma gráfica, como o pôster, além dos grandes homens por trás da propaganda nazista: , e Otto Dietrich. O estudo da manipulação de opinião, analisado através da propaganda nazista, traz a oportunidade de investigar uma das raízes dessa poderosa ferramenta chamada persuasão, contribuindo para uma melhor compreensão sobre o poder manipulador da propaganda nazista. Na conclusão, é possível analisar como um país inteiro foi persuadido durante doze anos através da propaganda hitlerista e é possível perceber como a propaganda aplicada nos dias de hoje é influenciada diretamente pela propaganda nazista.

Palavras-chave: Propaganda. Nazismo. Persuasão. Antissemitismo

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...... 1 2. CRONOLOGIA DO NAZISMO ...... 7 3. OS PROTOCOLOS DOS SÁBIOS DE SIÃO ...... 9 4. OS HOMENS POR TRÁS DO REGIME NAZISTA ...... 11 4.1 Joseph Goebbels ...... 11 4.2 Otto Dietrich ...... 16 5. INSTRUMENTOS DE COMUNICAÇÃO ...... 19 5.1 Ministério da Propaganda ...... 19 5.2 Controle da opinião pública ...... 21 5.3 Imprensa ...... 22 5.4 Cinema ...... 24 5.5 Pôster ...... 27 6. A INFLUÊNCIA DA PROPAGANDA NAZISTA NO MARKETING POLÍTICO ATUAL ...... 30 6.1 Lei de simplificação e do inimigo único ...... 30 6.2 Lei da ampliação e desfiguração ...... 30 6.3 Lei da orquestração ...... 31 6.4 Lei da transfusão...... 31 6.5 Lei da unanimidade e de contágio ...... 31 7. CONCLUSÃO ...... 33 REFERÊNCIAS ...... 35 ANEXOS ...... 37

1. INTRODUÇÃO

Dentre os vários inimigos da Alemanha nazista, sem dúvidas, o judeu foi o mais odiado e perseguido. O antissemitismo mostrou-se uma ideologia tão poderosa e aceita por formar o que Shulamit Volkov1 chamou de um código cultural: o ponto de solidificação de diversos preconceitos antimodernos, medos profundamente enraizados e ansiedades existenciais que podiam ser facilmente reforçadas por desagrados pessoais. Os judeus eram vistos como tudo o que fosse ameaçador e perturbador acerca do progresso e da modernização, ou seja, tudo o que fosse negativo. Eles representavam liberalismo, comunismo, socialismo e capitalismo.

A identidade alemã era baseada nos princípios de etnia. Nem todos viviam no país, e aqueles que emigravam continuam sendo alemães. Mas esse senso de identidade foi prejudicado após a humilhação da derrota de Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a imposição de um intenso acordo de paz, seguido por crônicas crises econômicas e políticas.

A figura do “judeu” seria como uma imagem reversa da auto definição alemã, resultando na despersonalização do judeu individual, que era figurado em uma imagem de propaganda distorcida. Com isso, a propaganda nazista simplesmente usou a predisposição dos alemães, muito acentuada no século XIX, para o antissemitismo.

O nazismo soube se apropriar de todo o patrimônio ideológico do antissemitismo que havia se desenvolvido desde a Idade Média, acrescentando-lhe, especialmente por meio de Joseph Goebbles e , a visão apocalíptica de uma guerra extrema entre arianos e judeus. Adolf Hitler acreditava que o “judeu” apresentava uma ameaça à saúde, ao poder e à cultura da Alemanha, representativo de uma antirraça devotada ao materialismo. Assim, havia uma mistura de antissemitismo “científico”, que apresentava os judeus como bactérias mortais que ameaçavam a nação, com o antissemitismo “religioso”, que os via como diabólicos.

Hitler insistia que os judeus eram uma raça e não uma religião ao afirmar que eles se disfarçavam como uma comunidade religiosa para serem tolerados, quando,

1 VOLKOV, Shulamit 1978, p. 25/45 1 na verdade, formavam um Estado dentro do Estado, fazendo de tudo para evitar a exogamia, o que preservaria, assim, sua pureza racial. Como não tinham um Estado próprio nem uma cultura, os judeus corrompiam e destruíam a cultura dos outros.

A partir de todas essas mentiras da propaganda antissemita produzida pelos nazistas, Hitler conseguiu convencer a grande maioria dos alemães de que havia um “problema judaico” que precisava de uma “solução”. O antissemitismo era, então, apresentado como algo positivo, parte essencial de um programa meticuloso para construir uma nação saudável e poderosa onde o povo alemão viveria em harmonia e desfrutaria os benefícios de uma cultura purificada.

Porém, como uma sociedade inteira e tão moderna quanto a alemã foi capaz de dar suporte às barbáries cometidas pelo regime nazista? Na verdade, a grande maioria sabia o que estava acontecendo. Exemplo disso foi a inauguração de Dachau, primeiro campo de concentração construído pelos nazistas, anunciada em 1933 em uma entrevista coletiva, ou seja, não é possível dizer que o regime ocultava os fatos e tentava manter a sociedade alheia aos crimes que estavam sendo cometidos.

Os historiadores costumam marcar a política antissemita do Terceiro Reich em três diferentes etapas2:

Primeira etapa (1933-1938): banimento dos judeus alemães de todos os campos da vida econômica, social e política. O objetivo era a redução dos judeus alemães, expulsando-os do país. Nesta etapa alguns acontecimentos marcantes aconteceram, como a organização de um boicote aos comerciantes judeus, organizado por Joseph Goebbels e Julius Streicher, levando à pichação de Estrelas de David acompanhadas da palavra Jude (Judeu) nas vitrines de lojas de proprietários judeus; queima pública de livros de autores não alemães (especialmente de origem judaica); humilhações públicas; promulgação de leis antissemitas como a Lei de Cidadania do Reich onde colocava os judeus como cidadãos de segunda classe; e a lei para proteção do sangue alemão e honra alemã na qual proibia o casamento entre judeus e não judeus).

2 HERF, Jeffrey. Inimigo judeu, 2014, p. 13. 2

Segunda etapa (1938-1945): intensificação do antissemitismo a partir do Kristallnacht (Noite dos Cristais Quebrados); extermínio de homens e mulheres através do trabalho forçado; prática do programa de eutanásia, massacres, proliferação de guetos e de campos de concentração para judeus. Esta etapa é marcada pelo objetivo de no primeiro momento, impedir os judeus de deixarem a Alemanha para, em seguida, colocar em prática a ideologia de extermínio.

Terceira etapa (1941-1945): instalação de campos de extermínio por toda a Europa, juntamente pelo avanço das tropas alemãs em direção ao Leste Europeu. O objetivo era, então, reagrupar os judeus eu todos os lugares onde passassem a morar e, com a colaboração dos governos locais, enviá-los aos campos de extermínio.

O antissemitismo foi o principal pensamento de Adolf Hitler e de sua política do Terceiro Reich. Mas até que ponto o ódio aos 600 mil judeus alemães, aproximadamente 1% da população, influenciou os outros cidadãos a colaborar com o regime nazista para o Holocausto?

As principais interpretações sobre a Solução Final são divididas em dois grupos principais, os funcionalistas e os intencionalistas.

Os funcionalistas acreditam que o genocídio cresceu aos poucos por meio de uma “radicalização cumulativa”, ou seja, não havia um plano de longo prazo para exterminar os judeus. O antissemitismo não era ativo, mas latente e não foi o principal fator de adesão do eleitor ao nazismo (a vontade de ordem e estabilidade foram mais importantes). Com isso, é possível entender o motivo do nazismo não ter conseguido fora do partido, transferir o ódio para cada cidadão e levar cada um a perseguir os judeus. Explica também que os alemães deixaram por total indiferença o nazismo e que o resultado foi a colaboração de toda uma noção ao extermínio.

Para os intencionalistas, o Holocausto seria a concretização de um antissemitismo eliminacionista presente na história alemã. Os nazistas apenas concederam aos alemães a oportunidade de realizar algo que eles sempre desejaram: assassinar o povo judeu.

As imagens e textos da ideologia e propaganda nazistas durante o período da guerra são ótimos meios para entender como o antissemitismo europeu,

3 principalmente o alemão, fonte de séculos de opressão, entre 1941 e 1945 levou ao Holocausto. De 1919 à 30 de janeiro de 1939, Hitler disparou agressões e ameaças de violência contra os judeus. Em seus pronunciamentos públicos, os nazistas afirmavam repetidamente que a relação entre a Segunda Guerra Mundial e os judeus era causal e necessária, o que mostra, então, que foi mais do que um mero acidente temporal e geográfico. Mesmo Hitler planejando há muito tempo o início e como seria a guerra, ele e seus propagandistas insistiam que o “extermínio” dos judeus era uma resposta justificada para uma guerra iniciada contra a Alemanha pelo “judaísmo internacional”. A justificação nazista para o genocídio era baseada em uma mistura de ódio, indignação e paranoia.

E.H. Gombrich, um famoso historiador da arte que trabalhou na BBC como tradutor e analista da propaganda alemã durante a guerra, escreveu que a propaganda nazista criou um universo mítico ao “transformar o universo político em um conflito de pessoas e personificações”, onde uma jovem e vitoriosa Alemanha lutava fortemente contra conspiradores malignos, principalmente os judeus. Era “esta enorme mania de perseguição, este mico paranoico que juntava todas as correntes da propaganda alemã”. Durante a Segunda Guerra, a propaganda nazista afirmava todo o tempo que um sujeito político real, um ator chamado de “comunidade judaica internacional”, era “culpado” de começar e prolongar a guerra e que uma conspiração judaica internacional tinha a intenção de exterminar a Alemanha e os alemães. Declarações que eram sustentadas em uma paranoia essencial ao antissemitismo radical dos nazistas. No contexto da Segunda Guerra Mundial, essas crenças transformaram o antigo antissemitismo europeu de uma justificação para formas tradicionais de perseguição naquilo que o historiador Norman Cohn chamou de “licença para o genocídio”.

A obsessão de Hitler pelos judeus fica clara em um discurso feito em um encontro do Partido Nazista em 6 de abril de 1920:

Não queremos ser antissemitas emotivos que buscam criar um clima para pogroms. Antes somos movidos por uma determinação ardente e impiedosa para atacar o mal em sua raiz e extermina-lo por completo. Todos os meios são

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justificados para atingirmos nosso objetivo, mesmo se isso significa fazer um pacto com o demônio.3 No começo, Hitler denunciava a comunidade judaica como um elemento estranho à nação alemã e a causa dos problemas da Alemanha, da derrota militar à Depressão. Mas uma ameaça pública de exterminar os judeus só viria em 30 de janeiro de 1939. Entre 1920 e 1939, sempre usando um vocabulário cruel, Hitler defendeu a “remoção dos judeus do meio do nosso povo”. No final de Mein Kampf lê-se:

Se no começo e durante a guerra vinte ou quinze desses hebreus corruptores do povo tivessem sido submetidos a gás venenoso, como ocorreu com centenas de milhares de nossos milhares de soldados alemães no campo de batalha, o sacrifício de milhões não teria sido em vão.4 Diferentemente de sua prática pública entre 1919 e 1939, nos anos seguintes Hitler falou e escreveu com clareza, honestidade e frequência sem precedentes sobre concretizar suas ameaças de exterminar os judeus da Europa.

Hitler e seus propagandistas conseguiam reunir respectivamente versões completamente contraditórias dos eventos: de um lado a ideia grandiosa de uma raça superior e do domínio mundial; do outro, a autoindulgência paranoica da vítima inocente e perseguida. Grandiosidade e paranoia eram dois polos de uma mesma ideologia fanática. Os nazistas lançavam suas próprias intenções e políticas agressivas e assassinas em suas vítimas, principalmente nos judeus. Do começo ao fim, a paranoica da propaganda acompanhou e justificou a grandiosa guerra de agressão e as políticas genocidas do regime nazista.

Os líderes nazistas ao mesmo tempo em que entravam em um mundo essencialmente místico, convenciam a si mesmos e a outros milhões de que seu Ministério do Reich de Esclarecimento Popular e Propaganda (Reichsministerium fur Volksaufklarung und Propaganda) estava educando as massas sobre o povo nos bastidores e as realidades, onde eram a força por trás dos eventos. Dentro do discurso do antissemitismo radical, tudo se tornava explicável.

3 HITLER, Adolf. Munique, 6 de Abril 1920 4 HITLER, Adolf. Munique, 6 de Abril 1920

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Para a maioria dos adversários de Hitler, era difícil acreditar que ele estivesse falando sério sobre exterminar e aniquilar os judeus. Na verdade, há uma incrível semelhança entre as intenções declaradas publicamente e as políticas de fato realizadas. Na verdade, quando os líderes do regime nazista discursavam publicamente após 1938 sobre o que de fato pretendiam fazer com os judeus da Europa, eram incrivelmente francos e claros sobre sua intenção de exterminar ou matar todos os judeus. Dois verbos e substantivos da língua alemã estavam no centro da linguagem nazista: Vernichten e Ausrotten, traduzidos como “aniquilar”, “ exterminar”, e os substantivos Vernichtung e Ausrottung, “aniquilação”, “extermínio”.

Quando Hitler e os outros líderes e propagandistas do regime nazista descreveram o que pretendiam fazer com os judeus, quase sempre faziam após afirmar que eram os judeus que pretendiam exterminar ou aniquilar o povo alemão. Quando os nazistas criaram a política de Vernichtung e Ausrottung do judaísmo internacional, o sentido claro nesse contexto era o de que os judeus apoiavam uma política genocida contra a Alemanha. Em 1941, Hitler e Goebbels diziam publicamente que a ameaça de exterminar os judeus era agora parte de uma política oficial em execução.

O estudo foi baseado em procedimentos bibliográficos e na análise dos grandes filmes, pôsteres e documentos do nazismo. Englobou, também, um estudo aprofundado das personalidades da propaganda nazista, como Joseph Goebbels e Otto Dietrich. No decorrer do trabalho, é possível perceber uma cronologia passando pelos doze anos em que Hitler e seus propagandistas ficaram no poder da Alemanha até o final da guerra e suicídio de Hitler, em 1945. O trabalho foi dividido em tempo, personalidades importantes e fundamentais do processo nazista e suas comunicações na época, finalizando com a influência da propaganda nazista nos dias de hoje.

O objetivo deste trabalho é uma reflexão de por que de 1941 a 1945, pela primeira vez na história, o antissemitismo europeu tentou assassinar todos os judeus na Europa. Como a propaganda nazista mudou para que o antissemitismo se tornasse uma política de extermínio em massa?

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2. CRONOLOGIA DO NAZISMO

11 de novembro de 1918 - Termina a Primeira Guerra Mundial.

Setembro de 1919 - Em Munique, Adolf Hitler entra para o Deutsche Arbeiterpartei, o DAP (Partido Alemão dos Trabalhadores).

1° de abril de 1919 - O Partido Alemão dos Trabalhadores converte-se para Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei – NSDAP).

9 de novembro de 1923 - Hitler leva a cabo o Putsch de Munique. Depois do fracasso, é preso.

1° de abril de 1924 - Hitler é condenado à prisão e permanece 9 meses na prisão de Ladsberg, na Alemanha, onde escreve o Mein Kampf (Minha Luta).

31 de julho de 1932 - Nas eleições na Alemanha, o Partido Nacional Socialista consegue 37% do eleitorado. Os restantes 63% pertencem aos partidos da oposição, o qual principais exponentes são o Partido Comunista e o Social Democrata.

6 de novembro de 1932 – Nas novas eleições, os Nacionais Socialistas perdem 2 milhões de votos e os Comunistas ganham 750 mil.

30 de janeiro de 1933 - Hitler pactua com grupos conservadores e é designado pelo presidente Hindenburg, Chanceler do Reich.

5 de março de 1933 – Última eleição democrática na Alemanha. O Partido Nacional Socialista consegue 17.277.180 votos, os Sociais Democratas 7.181.629, os Comunistas 4.848.058.

24 de março de 1933 - Por meio de um Decreto, Hitler recebe plenos poderes.

26 de janeiro de 1934 - A Alemanha e a Polônia assinam o Pacto de Não-Agressão. 30 de junho de 1934 - Os nazistas assassinam líderes das (AS).

26 de julho de 1934 - Os nazistas assassinam o Chanceler da Áustria Dollfuss.

2 de agosto de 1934 – O Presidente do Reich, Von Hindenburg, morre. Hitler é nomeado Führer e Chanceler do Reich.

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13 de janeiro de 1935 - A Alemanha ocupa o território do Sarre.

16 de março de 1935 - Hitler implanta o serviço militar obrigatório na Alemanha. Começa o rearmamento.

25 de outubro de 1936 - Criação do Eixo Roma- Berlim.

4 de fevereiro de 1938 - Hitler afasta do comando militar Von Blomberg, Ministro da Guerra e Von Fritsch, Chefe do Exército. O Führer assume o comando da Wehrmacht.

12 de março de 1938 - A Alemanha anexa o território da Áustria.

29 de setembro de 1938 - Assinado o tratado de Munique. O território dos Sudetos (Tchecoslováquia) passa ao poder da Alemanha.

16 de março de 1939 - A Alemanha cria os protetorados da Boêmia e Morávia. A Wehrmacht ocupa esses territórios.

23 de março de 1939 - A Wehrmacht ocupa a região do Memel.

22 de maior de 1939 - Firmada a aliança militar ítalo-alemã, o Pacto de Aço.

1° de setembro de 1939 – AA Wehrmacht invade a Polônia.

1940 – Forças alemãs invadem a Noruega, Dinamarca, Bélgica, Luxemburgo, Holanda e França.

22 de junho de 1941 - Forças alemãs invadem a União Soviética.

7 de dezembro de 1941 - O ataque japonês à Pearl Harbor, base naval norte- americana no Havaí, leva os Estados Unidos a entrarem na guerra.

31 de janeiro de 1943 – O Exército alemão rende-se em Stalingrado.

7 de setembro de 1943 - A Itália anuncia a rendição.

1944 – Hitler escapa de ser assassinado por oficiais alemães dissidentes.

30 de abril de 1945 - HItler suicida-se, enquanto os exércitos soviéticos entram em Berlim.

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3. OS PROTOCOLOS DOS SÁBIOS DE SIÃO

Os protocolos dos Sábios de Sião é um dos livros mais famosos propagados no mundo sobre o antissemitismo, que serviram como um dos pilares que justificariam a discriminação contra os judeus pelos nazistas.

O livro foi escrito por Sergio Nilus na Rússia em 1905. Nilus baseou sua obra em uma sátira escrita em 1864 por Maurice Joly contra Napoleão III, imperador da Franca. A obra de Joly era um diálogo entre Maquiavel e Montesquieu no inferno e através desse dialogo, Napoleão III era apresentado como um homem cínico, ambicioso, sem escrúpulos e aventureiro, que tinha a intenção de tomar o poder ampliando as conquistas de seu tio Napoleão Bonaparte. O livro, na época, foi confiscado na França e levado para a polícia. Ao visitar a França em 1895, o czar Nicolau II da Rússia recebeu de um agente da polícia russa um desses exemplares. Com isso, notou que o conteúdo poderia ser usado contra os judeus, ao simplesmente trocar Napoleão III por judeus. O documento chegou a influenciar diretamente o czar Nicolau II, que eliminou da Constituição todas as ideias consideradas como “liberais”, já elas eram “invenções judaicas para enfraquecer os povos com o objetivo de dominá-los5”. O objetivo do documento era mostrar que os judeus tinham a pretensão de dominar o mundo secretamente, tendo para isso uma organização que se reunia de vez em quando para planejar a conquista. Essa dominação judaica secreta seria feita através do controle da imprensa, do governo, nas finanças, etc. Os protocolos foram desmascarados em 1921 apesar de os antissemitas tentarem de todos os jeitos comprovar a sua autenticidade.

Entre os leitores dos protocolos estava Adolf Hitler, que se baseou neles para escrever seu livro autobiográfico, o Mein Kampf (Minha Luta). No livro, Hitler usa as seguintes palavras:

Os “Protocolos dos Sábios de Sião”, tão detestados pelos judeus, mostram, de uma maneira incomparável, a que ponto a existência desse povo é baseada em uma mentira ininterrupta. “Tudo isso é falsificado” geme sempre de novo o “Frankfurter Zeitung” [jornal alemão que existiu entre os séculos XIX até meados do século XX], o que constitui mais uma prova de que isso tudo é verdade. Tudo o que alguns judeus façam inconscientemente, acha-se aqui claramente desvendado. Mas o ponto capital é que não importa absolutamente saber que do cérebro judeu provem tais revelações. O ponto decisivo

5 CARNEIRO, Marcelo. O partido nazista, 2007, p.21 9

é a maneira pela qual essas revelações tornam patentes, com uma segurança impressionante, a natureza e a atividade do povo judeu nas suas relações intimas, assim como nas suas finalidades (...)”6 Os protocolos poderiam ser muito bem aceitos como verdadeiros por muitas pessoas porque compensava o insucesso destas, apontando dessa forma uma responsável para o fracasso de indivíduos e nações. Nas biografias sobre Hitler, provavelmente a explicação dada pelos protocolos – e a do antissemitismo em geral – abrandava tanto as suas frustrações pessoais como coletivas. Quando a Alemanha perdeu a Primeira Guerra e assinou o Tratado de Versalhes, Hitler viu na derrota uma humilhação para o país e, no tratado de paz, um castigo inaceitável contra o orgulho nacional.

Após a Primeira Guerra, centenas de milhares de cópias dos Protocolos dos Sábios de Sião foram vendidas no país, a maior parte delas, após a ascensão de Hitler ao poder. Através dos Protocolos, a propaganda nazista conseguiu criar forma e mostrar para os alemães que os judeus tinham como objetivo enfraquecer a raça ariana a ponto de abrir espaço para os judeus dominarem a Alemanha e depois o mundo.

6 HITLER, Adolf. Mein Kampf, p.228. 10

4. OS HOMENS POR TRÁS DO REGIME NAZISTA

Com a chegada dos nazistas ao poder em 1933, Hitler colocou ideólogos antissemitas nas principais instituições formadoras de opinião, dentre os quais os mais importantes eram Joseph Goebbels, Otto Dietrich, Hans Schweitzer e Leni Riefenstah.

Entre os funcionários do Escritório de Imprensa do Reich e do Ministério da Propaganda estavam pessoas de formação acima da média, que constituíam uma comunidade de intelectuais antissemitas reunida em torno de livros, revistas e jornais que a Alemanha inteira lia. Esses propagandistas não foram as mentes mais brilhantes ou criativas de sua geração, mas nem por isso foram os mais burros e medíocres. Uma boa parte da inteligência e talento na Alemanha Nazista acabou desperdiçada na produção e difusão de uma propaganda antissemita.

4.1 Joseph Goebbels

O material criado por Goebbels e seus colaboradores continua surtindo efeito mesmo depois de sua morte: sem ele, não é possível nenhum filme, volume fotográfico, livro didático, descrição popular ou científica do Terceiro Reich. A propaganda de Goebbels tornou-se um conceito muito conhecido e procurado: para explicar porque a grande maioria da população alemã se vinculou notoriamente ao regime nazista deve-se estudar Joseph Goebbels. Não é exagero dizer que foi ele, o Ministro da Propaganda do Reich, quem arquitetou a imagem pública de Hitler – não apenas como líder político, mas como o Messias da nação alemã.

Mediante uma política totalmente focada na pessoa de Hitler, Goebbels sempre tentou fortalecer ao máximo a posição de Hitler no partido e glorificar literalmente seu papel de Führer. Na época de eleições, por exemplo, ele se pôs a enaltecer o líder nazista em uma série de artigos no Angriff apresentando-o como “combatente político”, “estadista” e também uma “pessoa bondosa” que tinha um “amor especial” pelas crianças. Hitler, segundo Goebbels conseguiu transformar, seria um homem “de gosto espiritual refinadíssimo, de extraordinária sensibilidade

11 artística”, de “cujos lábios jamais saia uma palavra em que ele próprio não acreditasse”. 7

Goebbels foi o responsável pela frente de propaganda das sucessivas campanhas eleitorais que acabaram conduzindo Hitler ao cargo de chanceler. Foi ele quem cunhou e tornou compulsória a saudação Heil Hitler (Ave Hitler ou Vida longa a Hitler) entre os integrantes do partido nazista, uma menção que lembrava “Ave César”, saudação feita ao grande conquistador territorial romano.

Joseph Goebbels foi um homem que sempre viveu em busca de reconhecimento por parte dos outros. Essa necessidade manifestava-se no fato de o Ministro da Propaganda e senhor da opinião pública do Terceiro Reich continuar, mesmo após anos de atividade, se entusiasmando toda vez que seus discursos eram divulgados e elogiados pela mídia que ele próprio controlava.

Sem dúvidas, a necessidade narcísica de reconhecimento foi o grande estímulo à carreira de Goebbels. Suas características principais – excesso de autoconfiança, compulsão pelo trabalho, submissão incondicional a um ídolo, desprezo por outras relações humanas e, em interesse próprio, a disposição de passar por cima das normas morais aceitas – são detectáveis como consequência da obsessão que tinha por Adolf Hitler.

Após muita hesitação de Hitler, Goebbels foi nomeado em 1930 diretor nacional de Propaganda, começando a centralizar o aparato propagandístico do partido e a controlar cada vez mais as grandes campanhas eleitorais que, entre 1930 e 1933, transformaram o NSDAP em um movimento de massa; entretanto, apenas em 1932 conseguiu a direção unificada das campanhas eleitorais.

Em 1932, começou a concentrar mais fortemente a imagem de Hitler como líder popular. A exposição cada vez mais intensa e a personificação da luta política não foram uma invenção de Goebbels. Resultaram principalmente da estrutura do movimento nazista como “partido do Führer” e receberam o apoio e um amplo consenso na cúpula de agremiação. Porém, em 1933, Goebbels aproveitou a chance de usar a maquinaria da propaganda do Führer já em funcionamento para

7 , 31 de marco, 1 e 4 de abril (apud) de 1932. 12 estabelecer um verdadeiro culto do líder mediante o emprego concentrado de todos os meios de comunicação.

Para Goebbels, não se tratava de lançar mão de uma propaganda mais ou menos intensa a fim da aprovação da política nazista-socialista na maioria da população nem de convencê-la ou seduzi-la. Pelo contrário, ele se apresentava como o chefe genial de um aparato de propaganda muito ramificado e altamente complexo que, em conformidade intuitiva com Hitler e se baseando nos conhecimentos de psicologia de massa, produziria um consenso quase ideal entre povo e liderança política. Essa imagem concebida por Goebbels, onde se refletia sua pessoalidade narcisista, é praticamente, o seu legado histórico.

Essa lenda criada por Goebbels através do total controle dos meios de comunicação e na nazificação da vida cultural, funcionava como um sistema fechado.

Primeiramente, não tolerando vozes discordantes. Já em 1933-34, providenciou para que a crítica ao sistema desaparecesse da mídia; quando surgia, Goebbels reagia de maneira alérgica. Em 1936, essa aversão às observações críticas levou-o a eliminar a crítica artística e reprimir os satíricos e comediantes politizados ou os grandes analistas dos suplementos culturais. Seu empenho em excluir as influências externas era gigantesco como os filmes estrangeiros (eram cuidadosamente censurados tanto quanto os alemães); a distribuição de jornais estrangeiros no Reich, regulamentada e enfim quase sempre proibida; a audiência de emissoras de rádio estrangeiras, proscrita e, depois do início da guerra, punida com rigor.

Em segundo lugar, pelo comportamento em público, as pessoas eram obrigadas a manifestar aprovação à política do regime nazista. Essa suposta concordância entre povo e governo era vista em diversas escalas de conduta: abrangia desde a saudação hitlerista ou o porte de emblemas do partido ao trato cotidiano com segmentos marginalizados da população, como os judeus, por exemplo, até a participação em comemorações, desfiles em massa e plebiscitos cujo resultado não se deixava ao acaso. Quando a população se comportava conforme o desejo do regime, era a tarefa da propaganda mostrar esse comportamento e reforçar a desejável impressão de coesão da comunidade popular. 13

Em terceiro lugar, o próprio sistema fornecia a Goebbels as provas do seu bom funcionamento: em forma de fotografias ou sons gravados, na cobertura da imprensa ou ainda nos relatórios internos do estado.

A tática propagandística de Goebbels era baseada em conquistar às massas. Segundo ele, “Berlim precisa de sensacionalismo como um peixe precisa de água. Esta cidade vive disso, e toda propaganda política que não levar em conta está fadada ao fracasso”8. Goebbels orientou-se totalmente pelo modelo de publicidade comercial, com métodos, na Alemanha, que não poderiam ser melhores estudados do que no cotidiano berlinense, que se transformou na época em um laboratório de estratégias publicitarias.

Goebbels baseou-se na psicologia da publicidade desenvolvida nos Estados Unidos desde o início dos anos 1920, que impôs a ideia de que era possível controlar amplamente o comportamento do cliente por meio de estímulos relativamente simples e em parte subliminares. Esta publicidade partia do princípio da concentração e repetição de mensagens publicitarias na forma de campanha e seus resultados práticos apareciam nos cadernos de anúncios de jornais, na publicidade do cinema e no cotidiano das grandes cidades.

Em agosto de 1929, ao visitar uma mostra de publicidade em Berlim, Goebbels examinou com interesse o material exposto mas disse que faltava o “cartaz político”. Em 1930, então, publicou um livrinho escrito por seu diretor de propaganda George Stark explicando explicitamente a publicidade comercial como modelo. A simplificação, a repetição constante de slogans marcantes e a concentração dos meios de propaganda em verdadeiras campanhas: os princípios da publicidade do consumo de massa eram facilmente usados para a propaganda política.

Goebbels tinha – em contraste com sua estatura baixa – uma voz surpreendentemente grave e estrondosa, muito bem articulada, mas também modulável. Mesmo quando a forcava ao extremo, geralmente sabia evitar tropeço ou esforço perceptível ao espectador. Como orador, tinha o domínio de uma variedade de formas: o tom coloquial quando necessário com um pouco de gracejo, sarcasmo,

8 GOEBBELS, Joseph, Kampf, p.28. 14 o discurso triunfante, o fúnebre muitas vezes com voz quase embargada. Tinha também um vocabulário rico e sabia usar exemplos históricos e citações clássicas, mas também tinha uma argumentação cativante e compreensível para o grande público.

Ao contrário de Hitler, o orador Goebbels mantinha o autocontrole em cada fase de sua alocução, mesmo nos momentos de mais excesso. A mímica e a gesticulação eram cuidadosamente estudadas, quase perfeitamente ajustadas ao discurso. Eram comuns os leves movimentos ondulados da mão acompanhando as partes expositivas do discurso, o dedo ameaçador espetando repentinamente o ar, o punho cerrado com que, nas passagens mais dramáticas, ele batia repetidamente no peito ao ritmo da fluência oral, os murros na tribuna, as mãos nos quadris para destacar a superioridade do orador. Era justamente essa flexibilidade e versatilidade que consistia na atratividade do orador Goebbels.

Em 1933, Hitler indicou Goebbels para a liderança do recém-criado Ministério da Propaganda. Como diretor do Ministério, tornou-se o rosto público da propaganda nazista. Em 1939, o Ministério incluía departamentos para propaganda, imprensa doméstica, imprensa estrangeira, imprensa periódica, rádio, filme, escritores, teatro, belas-artes, música e cultura popular. Goebbels diariamente realizava uma coletiva de imprensa em que repassava ordens aos órgãos de propaganda no governo e no partido. Na primeira dela, em 16 de março de 1933, disse que essência da propaganda era simplicidade, força e concentração.

Goebbels foi o único a permanecer no bunker após a morte de Hitler e, enfim, acompanhá-lo no suicídio, levando sua mulher e seus seis filhos também à morte. Segundo o ajudante de ordens de Hitler, Gunter Schwagermann, Goebbels fez questão de manter as aparências até o final: “Pouco antes, por volta das 20h30, o ministro e a esposa saíram do quarto. Ele foi tranquilamente até o gabinete, vestiu o sobretudo, pôs o chapéu e calçou as luvas. Ofereceu o braço à mulher e, sem dizer uma palavra, deixou o bunker pela saída do jardim”. Pouco depois, Schwagermann encontrou os dois corpos inertes do lado de fora – pareciam ter se envenenado: “Como combinado, meu acompanhante disparou uma ou duas vezes no cadáver do

15 dr. Goebbels. Nenhum deles se mexeu. Verteram gasolina nos dois e acenderam as chamas. Os defuntos foram imediatamente devorados pelo fogo” 9

4.2 Otto Dietrich

Apesar de Goebbels ter um papel fundamental e central na história da propaganda nazista, ele não foi o principal responsável pelo controle das imprensas, mas sim Otto Dietrich que, ao contrário de Goebbels, trabalhava diariamente no escritório de Hitler e dava ao Führer todas as manhas um resumo das notícias internacionais. A partir disso, Dietrich transmitia a sua equipe as sugestões e desejos de Hitler sobre o que a imprensa alemã deveria ou não escrever. Ao longo da guerra, dezenas de milhares de diretivas de imprensa confidenciais foram comunicadas oralmente e por escrito em uma coletiva e imprensa diária em Berlim. Essas ordens então eram transmitidas a milhares de jornais e publicações. Através de Dietrich e sua equipe, Hitler tinha um impacto mais importante e mais direto do que nunca sobre a crônica dos eventos retratados pelos jornais e publicações alemãs. No âmbito da propaganda e do controle de imprensa, o regime exibia coordenação e eficiência mesmo diante de conflitos pessoais internos e disputas burocráticas, demonstrando uma frente unida em seus principais objetivos políticos. Segundo Ian Kershaw, Goebbels e Dietrich estavam “trabalhando em direção ao Führer. Mas Dietrich, com seu acesso diário a Hitler, não precisava adivinhar seus desejos, pois Hitler simplesmente dizia quais eram”10.

O impacto de Dietrich é explicado por sua conexão com Hitler. Ele trabalhava no escritório do líder diariamente, primeiro antes da guerra, quando Hitler estava em Berlim, e depois durante os anos da guerra, no quartel dele na Prússia Oriental. A cada manhã de trabalho, entregava para Hitler um “material para o Führer”, que eram textos selecionados da imprensa estrangeira. Esse processo influenciava todos os dias a compreensão de Hitler em eventos internacionais e era a evidência

9 LA Berlin, Rep. 058, n. 6012, depoimento de Gunter Schwagermann, Hanover, 16 de fevereiro de 1948.

10 KERSHAW, Ian. Hitler p. 207. 16 de sua confiança nas opiniões de Dietrich. Segundo Paul Karl Schmidt, diretor de imprensa do Ministério de Relações Exteriores, o “material para o Führer” selecionado por Dietrich era “a base das detalhadas diretivas de propaganda que eram dadas praticamente todos os dias por Hitler ao dr. Dietrich para serem publicadas na imprensa alemã e a Goebbels para a propaganda geral em países estrangeiros”11. Dietrich e sua equipe em Berlim transformavam assim vagas sugestões de Hitler em diretivas de imprensa diárias e semanais.

O caminho de Dietrich para a cúpula do regime nazista foi familiar. Depois de servir o Exército alemão na Primeira Guerra Mundial, Dietrich estudou Ciências Políticas nas universidades de Munique, Frankfurt e Friburgo, onde escreveu um doutorado também. Depois de trabalhar como assistente de pesquisa na Câmara de Comercio de , começou a se dedicar ao jornalismo. Em 1928, se tornou chefe da seção de economia do Munchener-Augsburguer Zeitung. Em 1931, se tornou editor associado do Essener Nationale Zeitung. Filiou-se ao Partido Nazista em 1929 tornando-se assessor de imprensa pessoal de Hitler e um canal para os executivos de carvão e ferro do Ruhr. Hitler o indicou como diretor do Escritório de Imprensa do Reich do Partido Nazista em 1931, posição em que comandava as campanhas eleitorais do Führer. Em 1932, tornou-se membro da SS, e Hitler o nomeou um Reichleiter no Partido Nazista. Em 1933, como vice-presidente da Câmara de Imprensa do Reich, teve um importante papel em purgar a imprensa alemã de opositores políticos. Em 1937, Hitler nomeou-o secretário de Estado, formalmente sob Goebbels no Ministério da Propaganda, com responsabilidade direta pelos escritórios que lidavam com a imprensa alemã, a estrangeira e periódicos. De 1938 a marco de 1945, Dietrich foi chefe de imprensa do Reich, secretário de Estado da Divisão de Imprensa no Ministério da Propaganda e presidente da Câmara de Imprensa do Reich.

Se baseando nos documentos e diretivas diárias de imprensa emitidas por Dietrich durante a guerra e o Holocausto, o tribunal condenou-o por crimes de guerra e contra a humanidade. Em seu julgamento:

É portanto, claro que uma campanha persistente, bem elaborada, frequentemente repetida para incitar o ódio do povo alemão contra os judeus foi fomentada e dirigida pelo departamento de imprensa e seu chefe de

11 HERF, Jeffrey. Inimigo Judeu, 2014, p. 67. 17

imprensa, Dietrich. Que parte ou muito disto tenha sido inspirado por Goebbels é sem dúvida verdade, mas Dietrich aprovou e autorizou cada publicação. (...) A única razão da campanha era mitigar a sensibilidade popular em relação à campanha de perseguição e morte que estava sendo empreendida. (...) Estas diretivas de imprensa e periódicos não eram meras polêmicas políticas, não eram uma expressão despropositada de antissemitismo e não foram elaboradas apenas para unir o povo alemão no sentido da guerra. (...) Seu propósito claro e expresso era enfurecer os alemães contra os judeus, para justificar as medidas tomadas e a serem tomadas contra estes, e para eliminar quaisquer dúvidas que pudessem surgir em relação à justiça dos meios de perseguição racial aos quais os judeus estavam sujeitos. Por meio delas, Dietrich conscientemente implementou e, ao fornecer premissas e justificativas, participou nos crimes contra a humanidade em relação aos judeus.12 As diretivas de imprensa mostravam a forma radical com que o antissemitismo informava as notícias na Alemanha e demonstra como Hitler, através de Dietrich e da burocracia do Escritório de Imprensa, foi capaz de exercer pressão constante sobre a imprensa alemã. As diretivas são fundamentais para que se entenda como o antissemitismo radical moldava as notícias na Alemanha Nazista e como o regime foi capaz de exercer impacto constante sobre a imprensa alemã.

O julgamento marcou a primeira vez, desde o desenvolvimento da comunicação em massa, em que um diretor foi responsabilizado pelo uso da imprensa para incitar o ódio ligado ao genocídio.13

12 Judgment. Trials of War Criminals before the Nuremberg Military Tribunals, IMT, 14, p. 565-76. 13 “XV. Judgment”, Trial of War Criminals before the Nuremberg Military Tribunals under Control Council Law n.10, v.14, Nuremberg, 1946. 18

5. INSTRUMENTOS DE COMUNICAÇÃO

Quando comparado à outras forças políticas de sua época, o nazismo triunfou graças a implantação de um método de controle da massa por meio da propaganda. Hitler e seus propagandistas foram inovadores por combinar elementos coletados de diversas fontes com os meios de comunicação de massa que haviam acabado de nascer nos anos 1920.

Todos os elementos que pudessem ser reaproveitados para a propaganda eram incorporados a ela, visando o convencimento da massa independente de normas ou princípios morais. Seus instrumentos eram: a imprensa, cinema, rádio, teatro, literatura e poesia, artes plásticas, música, cartazes, eventos e arquitetura.

5.1 Ministério da Propaganda

A chegada dos nazistas ao poder em janeiro de 1933 trouxe dois elementos importantes para as campanhas antissemitas que iriam acompanhar a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto. Primeiro, Hitler e alguns de seus companheiros mais próximos formavam um núcleo experiente de propagandistas antissemitas. Segundo, os nazistas criaram uma nova instituição, o Ministério do Reich de Esclarecimento Popular e Propaganda, conhecido na Alemanha por RMVP. O próprio partido nazista tornou-se um instrumento para difundir a mensagem do regime desde o ministério e as sedes do partido para a sociedade alemã. Hitler permaneceu como o principal narrador e propagandista. Seus discursos, veiculados por escrito na imprensa, eram transmitidos nas rádios e trechos selecionados apareciam nos milhares de pôsteres espalhados pelo país.

A formação da opinião pública começou com a destruição da imprensa livre. Até 30 de janeiro de 1933, cerca de 2 mil jornalistas alemães, incluindo escritores judeus, liberais, conservadores, apolíticos, social democratas e comunistas, sofreram com a perda de seus empregos, prisão, exílio forcado ou até mesmo uma combinação dessas três perseguições. O controle da imprensa implicava tanto a expulsão e repreensão a suspeitos de dissidência, o que abria vagas para membros do Partido Nazista.

19

Em 4 de outubro de 1933, o diretor de imprensa Otto Dietrich inseriu a Lei de Controle Editorial colocando todos os editores de jornais e periódicos sob controle governamental, o que acabou assim com qualquer pretensão de liberdade de imprensa. Os editores precisavam ser “arianos” e não podiam ser casados com alguém não ariano. Assim, a lei conseguia banir judeus e todos aqueles casados com judeus da prática jornalística.

Em 12 de dezembro do mesmo ano, importantes serviços alemães de imprensa uniram-se para formar a Agencia Alemã de Notícias (Deutsches Nachrichtenburo ou DNB), que foi colocada sob supervisão do Escritório de Imprensa de Dietrich no Ministério da Propaganda. A imprensa alemã tornara-se, assim, monopólio estatal.

O regime nazista também conseguiu o controle da imprensa através da compra de diversos jornais e periódicos, sempre a preços irrisórios. O editor (1891-1957) é um importante ator nesse processo, por ganhar a preferência de Hitler ao tornar o Mein Kampf um sucesso comercial e de Hitler, um homem rico. Em 1933, Hitler nomeou Amann presidente da Câmara de Imprensa do Reich e diretor da Associação Alemã de Editores de Jornais e Periódicos. Sob sua direção, o domínio nazista sobre a imprensa alemã expandiu de forma dramática.

O trabalho de traduzir a ideologia narrativa de eventos coerente para a imprensa aconteceu no Ministério da Propaganda e, principalmente, no Escritório de Imprensa do Reich de Otto Dietrich. Diária e semanalmente, era este o escritório que dava ordens para a imprensa sobre como narrar os eventos que aconteciam na Alemanha.

Em Origens do totalitarismo, Hannah Arendt considera que “nos países totalitários, a propaganda e o terror parecem ser duas faces da mesma moeda”.14 Joachim Fest afirma que “a propaganda foi o gênio do nacional-socialismo”15, pois ela não foi apenas a determinante das mais importantes vitorias de Hitler. Mais que isso, ela foi a alavanca que promoveu a ascensão do partido, sendo mesmo parte da sua essência, e não simples instrumento de poder.

14 ARENDT, Hannah. Origens do Totalitarismo, 1998, p. 390. 15 HERF, Jefrey. Inimigo judeu, 2014, p. 28. 20

5.2 Controle da opinião pública

No segundo ano do domínio nazista já se havia instituído o “calendário festivo nacional-socialista” com a organização da festa da colheita de Buckberg, a coleta de doações na campanha assistencial de inverno, a comemoração do malogrado putsch nazista em novembro, a entrega pública de presentes no Natal, entre muitos outros.

A propaganda maciça da campanha assistencial e os diversos coletores voluntários de doações com as suas caixas de coleta precisavam dominar a imagem pública do Terceiro Reich. Goebbels mandou a Direção Nacional de Propaganda apoiar a campanha de inverno com uma onda de eventos. É bem significativa a advertência da DNP aos militantes do partido para que não recorressem a ameaças e atos de violência a fim de coagir o povo a participar das dezenas e centenas de milhares de comícios. Como era praticamente impossível conseguir não obedecer à avidez dos coletores de campanha de inverno – os doadores eram recompensados com várias insígnias, de modo que os relutantes não tardavam a dar na vista -, a propaganda alardeava o resultado das coletas como a obra de uma “comunidade nacional-popular” em pleno funcionamento e como aprovação geral da política do regime. Porém, segundo o diário de Goebbels, só se pôde alcançar o resultado – alguns milhões a mais que no ano anterior – quando, no fim de outubro, se intensificou consideravelmente a atividade de coleta com o seu apelo insistente ao voluntariado.

Os elaborados eventos de massa, as comemorações e ações de propaganda constantemente organizados pelo regime eram concebidos para documentar a alegada adesão entusiástica da grande maioria da população à política do governo. Além disso, os nazistas tinham conseguido ajustar sistematicamente a imagem do Terceiro Reich a metas nacionalistas. Dominaram vastamente o espaço público através de seus rituais e símbolos, com cartazes espalhados, dos mostradores em que se afixavam exemplares do Sturmer, da redecoração de ruas devido aos grandes comícios, da troca de nomes de ruas e logradouros, da introdução de estereótipos nazistas na linguagem cotidiana, do alinhamento de grandes massas em colunas em marcha e blocos fechados nas concentrações e desfiles e principalmente ela transformação completa dos espaços públicos através de uma 21 arquitetura do poder com a qual se pretendia criar o marco permanente para a formação das massas.

Mesmo com uma grande transmissão através de rádio nos comícios de Hitler, a presença do Führer continuava essencial e, por isso, houve cada vez mais a necessidade de comparecer nos eventos em diferentes lugares e em menos espaço de tempo. Os comícios eram precedidos de campanhas propagandísticas pelo rádio, para convocar a população a participar do evento.

5.3 Imprensa

O jornal-mural Wandzeitungen (Palavra da Semana) foi um importante marco na propaganda nazista. Semanalmente eram distribuídas dezenas ou muitas vezes centenas de milhares de cópias, configurando um aspecto mais intrusivo e presente da ofensiva visual nazista na nova era de reprodução mecânica de ilustrações, seja em preto e branco ou em cores. Os jornais-murais alemães eram uma combinação única de editorial jornalístico, panfleto político, pôster e tabloide, onde empregava técnicas modernas de reprodução e eram destinados a uma sociedade com uma rotina caracterizada pelo trânsito a pé e por transporte público. Alguns aspectos visuais do nazismo como os Comícios de Nuremberg, os portões de Auschwitz-Birkenau, O Triunfo da Vontade e os grandes filmes antissemitas como Der ewige Juss (O judeu eterno) e Jud Suss (O judeu Suss) – desde há muito tempo tem sido ícones da memória e da consciência moderna sobre a era nazista. Porém, tirando os noticiários semanais, nenhuma forma de propaganda visual nazista contribuiu de forma tão crucial para a representação que o regime fazia dos eventos cotidianos como a Palavra da Semana. As pessoas podiam decidir não assistir aos filmes e noticiários semanais. Mas era impossível evitar a Palavra da Semana. Edições eram postadas nas praças, mercados, metrô, ônibus, bancos, salas de espera de hospitais, refeitórios de fábricas, hotéis, restaurantes, correios, estações de trem e escolas na Alemanha e Áustria. Em um país de grande população, em que as pessoas se deslocavam praticamente a pé ou através de transporte público, os jornais-murais, estrategicamente situados em pontos em que as massas convergiam e se dispersavam ao longo do dia, eram o meio mais efetivo

22 de intrusão no campo visual de milhões de pessoas. Ao usar modernas técnicas de publicidade e de reprodução mecânica e fotográfica, além do arsenal de organização do regime nazista, os propagandistas de Hitler transformaram os jornais-murais em um método efetivo de difusão de propaganda política em massa.

A Palavra da Semana continha fotos produtivas em massa de personagens reais como Bernard Baruch e Maxim Litvinov, uma forma de dar nomes e rostos a uma grande conspiração. Para uma audiência de massa que não tinha outro meio de se ter informação confiável e de acesso imediato sobre o mundo afora, as fotos e as informações aparentemente detalhadas e acuradas foram plausíveis à teoria da conspiração. Manchetes como “Eles Deixarão de Rir!!!” e “A Conspiração Judaica” foram grandes polêmicas mas mesmo assim, vistas por toda uma população.

Entre 1933 e 1945, o Escritório de Imprensa produziu mais de 75 Presseanweisungen (diretivas de imprensa) secretas, chamadas também de Die Parole des Tages (A Palavra do Dia), sobre qualquer assunto político concebível. Elas diziam a imprensa quais historias cobrir, como apresentá-las ao leitor, que linguagem utilizar e a quais fontes recorrer. As diretivas da Palavra do Dia eram espalhadas pelo país para mais de 3 mil jornais todos os dias.

Der Volkische Beobachter, o jornal nacional oficial do regime nazista, era um órgão central nas campanhas antissemitas do governo. Suas manchetes pretas e vermelhas em negrito e suas matérias de capa continham os mais importantes temas de propaganda provindos das coletivas de imprensa de Dietrich. Houve duas matérias de capa antissemitas no jornal em 1939, nenhuma em 1940, dezessete em 1941, quatro em 1942, cinquenta em 1943, dez em 1944 e duas em 1945.

Internamente ao Escritório de Propaganda Ativa do Ministério da Propaganda, o Antikomintern, dirigido por Eberhard Taubert, produziu grande parte da propaganda antissemita do Leste Europeu e da União Soviética. Também providenciava material antissemita para outros escritórios do Ministério da Propaganda, o Ministério de Relações Exteriores, o alto escalão militar e os escritórios administrativos nos territórios ocupados.

O Institut zum Studium der Judenfrage (Instituto para o Estudo da Questão Judaica) também tem um papel importante para os propagandistas antissemitas do

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Escritório de Propaganda Ativa. Alfred Rosenberg, fundador, supervisionou o roubo de livros, arquivos e objetos guardados em bibliotecas judaicas e instituições religiosas na Europa sob ocupação nazista. Em 1939, depois da assinatura do pacto de não agressão, um escritório de Antisemitsche Aktion (Ação Antissemita) foi formado com membros dos escritórios de Taubert e de Rosenberg. No escritório de Ação Antissemita que o Die Judenfrage (A questão Judaica), um jornal bissemanal, começou a ser editado e publicado. Seus 1200 assinantes poderiam ser encontrados no Ministério da Propaganda, no Partido Nazista, nas universidades e entre editores de jornais e periódicos. Conforme sua própria primeira edição revelou, o jornal teria como foco os judeus enquanto raça; o impacto nacional e internacional dos judeus na vida econômica, política e cultural das nações modernas; a necessidade de despertar a “oposição critica contra o elemento estrangeiro judaico” e promover o antissemitismo entre formadores de opinião alemães e internacionais; e o esforço dos próprios judeus em “resolver a questão judaica” por meio da fundação de um Estado próprio.

5.4 Cinema

A propaganda nazista através do cinema é iniciada em 1932 com a produção de filmes direcionados à vitória nas eleições. Até então, o interesse estava voltado apenas para a entrada no meio de maior divulgação e amplitude da época, o rádio.

Foram aproximadamente 1350 longas-metragens nos doze anos de domínio nazista. Destes, noventa e seis foram produzidos por ordem do Ministério da Propaganda. Os estilos eram os mais variados - desde comédias românticas e musicais, a operetas, filmes de costume, de guerra e de exaltação dos valores do regime.

Lenharo comenta que "estes filmes super doutrinários projetam sobre os inimigos externos práticas obscuras que estavam sendo alimentadas na própria Alemanha: campos de concentração, perseguições, tortura, genocídio de civis".16

16 LENHARO, Alcir. Nazismo, o Triunfo da Vontade, 7º edição, 1991. Editora Ática, SP. 24

Os ingleses e russos eram muitas vezes os protagonistas de filmes políticos em que eram retratados como inimigos capitais da população, pessoas covardes e traiçoeiras, levando a população a menosprezar tudo o que não era de origem alemã. Através do anticomunismo, os filmes nazistas retratavam também os russos como brutos e alcoólatras que violavam mulheres e assassinavam e torturavam civis. Os judeus eram vistos como renegados que traíam seu próprio país.

A força e a importância do cinema para a propaganda nazista podem ser verificadas pelo impressionante número de escolas que tinham na época salas de projeção - 40 mil em um total de 62 mil existentes.

O impacto do cinema não é racional, segundo Bernardet17, “ele seduz as pessoas, sendo completamente emocional”. Nos filmes, é mostrada a unidade, a superioridade e o carisma do líder Hitler. Os símbolos do nazismo, misturados a sons e luzes, formam uma aura mística ao redor do Nacional Socialismo, interagindo com o público, levando-o a aceitar como verdadeiro o que lhe é mostrado. Era comum nos filmes o culto à virilidade, à saúde e à pureza, ao corpo humano e a arquitetura nazista.

Goebbels via que, através da imagem, podia-se mobilizar milhares de pessoas, sendo essa uma engrenagem da sensibilidade que faz com que o povo se movimente emotivamente a seu favor, tornando mais fácil guiar e potencializar a multidão a acreditar no que o Nazismo pregava.

O filme propagandístico mais famoso da era nazista é, sem dúvidas, O Triunfo da Vontade, de Leni Riefenstahl. Na primavera de 1934, Hitler a havia incumbido de realizar mais um filme sobre o congresso nacional do partido, marcado para setembro. A obra distingue-se dos documentários convencionais pela direção de fotografia extraordinariamente movimentada, pelas tomadas inusitadas e pelas sequências de cortes mais comuns em filmes de ficção. Tanto a conformação técnica da fita quanto o próprio decorrer do evento destacavam-se pela perfeição. Ao contrário do primeiro documentário da cineasta sobre o congresso, agora todo o acontecimento partidário aparecia como uma ordenada cerimonia centrada em

17 BERNARDET, 1980, p. 27 25

Hitler. A “ornamentação das massas” no nacional-socialismo nunca foi apresentada de maneira mais chocante que nessa obra de Reifenstahl.

Com Leni Riefenstahl e seus famosos “O Triunfo da Vontade” e “Olympia”, o cinema nazista não só propôs uma nova modalidade de filme de propaganda, mas também alcançou um nível invejável de realização estética.18

Goebbels em 1933 torno a atividade cinematográfica dependente da filiação à Câmara Nacional do Cinema. Com a Lei do Cinema de 16 de fevereiro de 1934, os filmes passaram a poder ser proibidos por violação da sensibilidade “nacional- socialista” ou “artística”, e a lei reforçou de tal modo o procedimento de inspeção que deu ao ministro a possibilidade de proibir diretamente filmes isolados. A lei também introduzia a classificação dos filmes por parte da autoridade fiscalizadora: os fiscais tinham direito a classificar as fitas como “valiosas para a política estatal”, “artísticas”, “instrutivas” ou “culturalmente valiosas” e, assim, isentá-las do imposto de diversões. Além disso, a lei previa a nomeação de um Reichsfilmdramaturg, ou seja, um consultor dramático para o cinema ao qual se submeteriam – independente da censura – todos os projetos cinematográficos em forma de argumento ou roteiro.

Os filmes de grande prestígio, autorizados pelo regime nazista e que tiveram sua mostra no cinema foram: “A Juventude Hitlerista nas montanhas” e “A viagem triunfal de Hitler através da Alemanha”, todos produzidos em 1932. O som da marcha militar erguendo a bandeira da Alemanha Nazista foi um importante marco na expansão do nazismo, o que elevou de forma penetrante na mente alemã a exaltação dos soldados e o símbolo da nova Alemanha.

Já os filmes alemães nos anos 1930 e 1940 faziam a análise do regime e sugeriam uma Solução Final para os judeus europeus. Os grandes sucessos foram “O eterno judeu”,dirigido por Fritz Hippler, e “O judeu Süss”, de Veit Harlan, ambos gravados em 1940.

18 LENHARO, Alcir. Nazismo, o triunfo da vontade. 4 ed. São Paulo: Ática, 1986, p.59 26

5.5 Pôster

Uma das principais instituições centrais das quais derivavam as campanhas antissemitas da Propaganda era a Divisão de Propaganda Ativa do Ministério da Propaganda, responsável pela propaganda visual na forma de pôsteres políticos. Os filmes, por maior que fosse sua eficácia em transmitir estereótipos e estimular o ódio, não conseguiam arquitetar uma narrativa explicativa dos sentidos, esse era o papel dos cartazes.

Em 1936, Hitler nomeou o artista gráfico Hans Schweitzer, mais conhecido como Mjölnir, como representante do Reich para a criação de formas artísticas. Ele era responsável por traduzir a ideologia nazista em uma forma artística e um estilo para diferentes lugares – uniformes, selos, bandeiras, pôsteres. Considerado o melhor e principal desenhista de pôsteres dos anos 20 através de imagens que exaltavam Hitler e retratavam a crise econômica da Alemanha e denunciavam os judeus, Mjölnir foi um importante nome no mundo da propaganda nazista. Em outubro de 1937, ele e outros artistas visuais e jornalistas do Diretório de Propaganda do Reich (Reichspropagandaleitung) começaram a publicar e distribuir a famosa Palavra da Semana.

Os pôsteres eram grandes e impressos em uma tipografia enorme e em negrito, para que alcançasse à distância. Várias pessoas conseguiam, dessa forma, ler ao mesmo tempo, gerando uma leitura publica compartilhada. Os pôsteres eram projetados não apenas para diminuir a velocidade de deslocamento do passante, mas para atrai-lo para a sua leitura, segundo Goebbels. A distribuição dos pôsteres era um grande meio para os propagandistas e a cada semana aparecia um novo pôster.

No dia 23 de setembro de 1929, após Hitler começar a Segunda Guerra Mundial através da invasão à Polônia, Goebbels enviou um memorando intitulado “Plano para a Implementação da Propaganda do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP)” para todos os oficiais de propaganda, onde mostrava que a propaganda política do partido incluiria encontros, discursos e filmes, mas que daria mais espaço aos pôsteres do que a qualquer outra coisa. O

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Reichspropagandaleitung distribuiria aos escritórios regionais principalmente a Palavra da Semana com seus pôsteres.

A primeira referência quantitativa é de 1937, e diz respeito à exposição “Gebt mir vier Jahre Zeit” (Dê-me mais quatro anos). Um cartaz impresso em seis cores que mostra Hitler em frente a uma paisagem industrial. A segunda fonte faz referência à emissão de cartazes no primeiro ano da guerra, e foi publicada pela revista Unser Wille und Weg (Nossa vontade e caminho), destinada exclusivamente à propagandistas regionais e locais do Ministério da Propaganda.

Em 1941, Friedrich Madebach publicou Das Kampfplakat: Aufgabe, Wesen und GesetzmaaBigkeit des Politischen Plataks, nachgewiesen an den Plakaten der Kampfiahre von 1918-1933 (O Pôster Combativo: Missão, Essência e Regras do Pôster Político, como Demonstrado pelos Pôsteres dos Anos de Luta de 1918 a 1933). Friedrich defendia a importância do pôster em uma era dominada pelo jornal, rádio e filme. Segundo ele, quando colocados em ruas e praças, os pôsteres seriam notados “tanto por aqueles que quisesse, quanto pelos que não quisessem vê-los”. Madebech buscou através do Mein Kampf as “leis básicas” da influência sobre as massas: simplificação intelectual, limitação a alguns argumentos centrais básicos, repetições desses argumentos, foco em um ponto subjetivo e exclusão dos demais, além do apelo a emoções e a contrastes entre o bem e o mal ou entre a verdade e a mentira. Os pôsteres continham um design gráfico simples, que servisse para todos os tipos de massas; eram básicos, porém não eram monótonos; e tinham como objetivo despertar emoções. Eram usadas na maioria das vezes cores básicas, que causariam um impacto emocional simples (vermelho e branco, vermelho e preto, amarelo e preto).

Em Mein Kampf, Hitler cita que “em princípio, a cor vermelha foi escolhida porque é a mais provocativa e deveria indignar e provocar nossos adversários e mais ou menos levar-nos, através deles, ao conhecimento e à lembrança”. Ou seja, sua intenção era captar e redirecionar o significado evocado pela cor vermelha na propaganda comunista para o nacional-socialismo, que passou a usar a mesma cor em uma estratégia de substituição de estímulos. Não por coincidência, o próprio nome do partido é um agregado de dois termos relativamente distantes politicamente: o nacionalismo, típico da direita, e o socialismo, um movimento de

28 esquerda. A ideia era, portanto, criar uma opção intermediária que pudesse atrair o maior número possível de simpatizantes das outras tendências políticas através da adoção ou, no mínimo, da menção superficial às ideias dos movimentos adversários.

Os cartazes não faziam qualquer referência ao emprego de violência física contra os judeus. Era uma estratégia política importante evitar qualquer tipo de discurso excessivamente agressivo, especialmente que envolvesse alusão à violência ou à eliminação dos judeus, para não chocar uma significativa parcela da população de receptores da propaganda sobre os quais a menção de violência teria um efeito negativo.

Em janeiro de 1941, o Ministério da Propaganda informou que produziu e distribuiu mais de 7 milhões de pôsteres, 2 milhões de panfletos, 6 milhões de periódicos e jornais de parede e 67 milhões de folhetos. Propagandistas do regime nazista organizaram mais de 30 mil apresentações de slides e 45 mil exibições de filmes por mês, além de aproximadamente 200 mil encontros e passeatas.

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6. A INFLUÊNCIA DA PROPAGANDA NAZISTA NO MARKETING POLÍTICO ATUAL

O regime nazista transformou a propaganda em uma arma, usada para diversos fins. Hitler e Goebbels não inventaram a propaganda política moderna, mas a transformaram. Pode-se afirmar que o marketing político atual mantém muitos traços da propaganda nazista, pois ambos utilizaram de todos os meios disponíveis de comunicação para as diferentes épocas em que exercem. Independente do momento e de seus precursores, a propaganda nazista e o marketing político atual têm o mesmo objetivo: influenciar as massas e torná-la um meio para seu objetivo final.

6.1 Lei de simplificação e do inimigo único

Através de uma preocupação em simplificar ao máximo as mensagens – tornando-as praticamente fórmulas facilmente decoráveis. Ao mesmo tempo, busca- se - a cada nova mensagem - focar apenas no inimigo e na sua individualização.

6.2 Lei da ampliação e desfiguração

"Toda propaganda deve estabelecer seu nível intelectual segundo a capacidade de compreensão dos mais obtusos dentre aqueles aos quais se dirige. Seu nível intelectual será, portanto, tanto mais baixo quanto maior a massa de homens que se procura convencer"19 Segundo Hitler, a propaganda precisa ser entendida de maneira global e de modo surpreendente, sendo "a ampliação exagerada das notícias (...) um processo jornalístico empregado correntemente pela imprensa de todos os partidos, que coloca em evidência todas as informações favoráveis aos seus objetivos"20. Ou seja, a propaganda tem a tendência em utilizar a notícia em proveito próprio, colocando em evidência todas as informações que possam ser favoráveis aos seus objetivos. Uma citação feita fora do contexto é um exemplo de desfiguração.

19 HITLER, Adolf. Mein Kampf, 1925. 20 DOMENACH, s.d., p.55. 30

6.3 Lei da orquestração

A primeira condição de uma boa propaganda é a repetição dos principais temas que deseja abordar sob diferentes formar, ou seja, a permanência de um tema apresentado de maneira variada ilustra essa lei. Principalmente quando a mensagem é repetida por todos os órgãos de propaganda e adaptada à diferentes formas que atinjam melhor seus públicos. O tom e a argumentação levam em conta a natureza destes.

Uma grande campanha de propaganda tem êxito quando e amplifica em ecos indefinidos, quando consegue suscitar um pouco por toda a parte a retomada do mesmo tema e que se estabelece entre seus promotores e os seus transmissores verdadeiros fenômeno de ressonância, cujo ritmo pode ser seguido e ampliado.21 Segundo Goebbels, “a Igreja Católica mantém-se porque repete a mesma coisa há dois mil anos. O Estado nacional-socialista deve agir analogamente”. Hitler conseguia dominar muito bem esta lei. "Diante dos antigos companheiros, evocava o heroísmo das lutas passadas; diante dos camponeses, falava da felicidade familiar; diante das mulheres, discorria sobre os deveres das mães alemãs".22

6.4 Lei da transfusão

A propaganda explora sentimentos conscientes ou inconscientes que estão presentes na população, e que serão ligados por alguns pontos às campanhas políticas, se beneficiando dessa forma de uma transfusão da convicção. Afinal, não se faz propaganda do nada, é necessário agir sempre com algo em mente. No caso da Alemanha nazista, o ódio pelos judeus e os ressentimentos suscitados pela derrota na Primeira Guerra Mundial.

6.5 Lei da unanimidade e de contágio

A lei da unanimidade e de contágio está relacionada com a tentativa de reforçar ou criar, mesmo artificialmente, unanimidades, a fim de conseguir apoios de

21 DOMENACH, Jean-Marie. A Propaganda Política, 1998, p.63. 22 DOMENACH, Jean-Marie. A Propaganda Política, 1998, p.67. 31 indecisos através do "contágio". Esta lei está ligada à tendência psicológica humana a fugir do isolamento, que leva muitas pessoas a aderirem ao que parece comum a todos.

Em novembro de 1932, os nazistas antes de ascenderam ao poder, experimentaram o revés da campanha eleitoral ao perderem 2 milhões de votos e 34 cadeiras no Reichstag. Através da realização de eleições parciais em Lippe- Detmold, os nazistas conseguiram fazer um trabalho longo de divulgação, conseguindo assim triunfar e transmitir à opinião pública a impressão de uma nova etapa de ascensão, revertendo a derrota. O resultado foi a volta dos financiamentos para a campanha que refletiram em 30 de janeiro de 1933, com Hitler assumindo como Chanceler da Alemanha.

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7. CONCLUSÃO

Hitler cometeu suicídio com um tiro na cabeça em seu bunker no dia 30 de abril de 1945. Um dia antes, escreveu seu Testamento Político. A guerra que ele mesmo começara estava perdida. Em seu testamento, Hitler repetia a afirmação de sua intenção de perpetuar o extermínio, com a ausência de detalhes verídicos sobre sua implementação. Então, finalmente dizia:

“Acima de tudo, comando a liderança e os seguidores da nação que observem escrupulosamente as leis raciais e empenhem-se na resistência implacável contra o corruptor de todos os povos, o judaísmo internacional”.23 Até o último segundo, Hitler persistiu com sua lógica paranoica de inocência, irresponsabilidade e projeção. Essa visão paranoica de uma conspiração judaica internacional empreendendo uma guerra contra a Alemanha inocente e nazista, foi o principal elemento de texto e imagem da propaganda antissemita do regime nazista desde o início até o fim de Segunda Guerra Mundial e do Holocausto.

A linguagem perfeita do genocídio mais uma narrativa convencional de campanha militar foram centrais na propaganda antissemita nazista. Na imaginação nazista, não existiam judeus inocentes. Como, segundo eles, os judeus haviam começado a guerra, fazia todo o sentido o extermínio completo dessa raça e que o ódio assassino por esse povo judeu se intensificasse à medida que a guerra se agravasse e expandisse. Dessa forma, quando a vulnerabilidade completa dos judeus europeus ficou evidente, a propaganda nazista procurou instalar o terror em milhões de alemães alegando que os judeus tinham o objetivo de exterminar os alemães. Segundo Goebbels, os judeus eram culpados e mereciam ser punidos.

A propaganda nazista exibia mais paranoia do que grandiosidade, mais afirmações de inocência do que planos para a dominação mundial ariana. Na própria profecia feita por Hitler em 30 de janeiro de 1939, fica claro isso. Consciente de que pretendia começar uma guerra o quanto antes, Hitler ordenou a seus propagandistas que afirmassem exatamente o contrário do que de fato ocorria – ou seja, que o judaísmo internacional estava prestes a começar a implementar uma guerra de extermínio contra a Alemanha e mais tarde toda a Europa. Para os líderes nazistas, a vinda da guerra que Hitler começou parecia confirmar a verdade de seu

23 HERF, Jeffrey. Inimigo Judeu, 2014, p.337. 33 antissemitismo paranoico e radicalizava as consequências desse ódio há tanto tempo visto.

David Bankier, um professor alemão especializado em Holocausto, confirma que “claramente não havia escassez de informações” e que “não há dúvidas que aqueles interessados em saber tinham a sua disposição os meios para adquirir tal conhecimento”.24 Mesmo assim, o que todos poderiam saber na época era fragmentado, não substituindo o verdadeiro jornalismo, que fora destruído pelo regime nazista. A própria pesquisa de David mostra que fatos concretos eram escassos, e que era pouco provável que aqueles que desejavam saber tinham a capacidade de fato de apreender as dimensões e os métodos da Solução Final.

24 BANKIER, David. The Germans and the Final Solution: Public Opinion under . Oxford: Blackwell, 1992. P.115 34

REFERÊNCIAS

GERD, Jeffrey. Inimigo Judeu: Propaganda nazista durante a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto. São Paulo: EDIPRO, 2014, 1º Edição.

LONGERICH, Peter. Joseph Goebbels - Uma Biografia. São Paulo: Editora Objetiva, 2014, 1º edição.

HARDY, Alexander. Hitler’s Secret Weapon: The “Managed” Press and Propaganda Machine of Nazi . Nova York, Vatange, 1967

CHEVALIER, Jean. GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos. Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 2009, 23ª edição.

MAROSIN, Jônatas. A influência da propaganda nazista no marketing atual. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/25561/000754312.pdf?sequence= 1

A propaganda política nazista. Disponível em: http://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10005202

NETO, Vulmeron. A propaganda nazista. Seus instrumentos e estratégias. http://logobr.org/wp-content/uploads/2009/06/a-propaganda-nazista.pdf

O Cérebro do Reich. Revista Veja, 1939. Disponível em: http://veja.abril.com.br/especiais_online/segunda_guerra/edicao001/perfil_imp.shtml

Linha do tempo da vida de Hitler. Disponível em: http://nazismo- hitler.blogspot.com.br/2007/09/linha-do-tempo-da-vida-de-hitler.html

BARTLETT, F.C. A propaganda Política. Disponível em: http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/proppol.html

A propaganda nazista no marketing político atual. Disponível em: http://comunicacaoetudo.blogspot.com.br/2014/09/a-propaganda-nazista-no- marketing.html

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A propaganda nazista. Disponível em: https://thaispasquini.wordpress.com/publicidade-e-propaganda/a-propaganda- nazista/

BERTÃO, Ruth. A propaganda nazista: o poder do cartaz. Disponível em: https://pt.scribd.com/doc/53005827/A-PROPAGANDA-NAZISTA-O-PODER-DO- CARTAZ#scribd

GUTERMAN, Thiago. Propaganda e persuasão na Alemanha nazista. Disponível em: http://www.repositorio.uniceub.br/bitstream/123456789/1661/2/20415552.pdf

LUZ, Enrique. O eterno judeu. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/25561/000754312.pdf?sequence=1

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ANEXOS

Figura 1 - “Os judeus quiseram a guerra!” (“Die Juden haben den Krieg gewollt”), Ministério de Esclarecimento Público e Propaganda, outono de 1941. Bundesarchiv Koblenz, Koblenz, Alemanha, n. 003-020-023.

Figura 2 – “O objetivo militar da plutocracia mundial” (“Das Kriegsziel der Weltplutokratie”), imagem de Hans Schweitzer, texto de Wolfgang Diewerge, posfácil de Joseph Goebbels, Ministério do Reich de Esclarecimento Popular e Propaganda, Berlim, 1941 (Berlim: Franz Eher Verlag, 1941).

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Figura 3 – “A conspiração judaica” (“Das Judische Komplott”), Parole der Woche, 10 de dezembro de 1941, Diretório de Propaganda do Reich do Partido Nazista. Landeshauptarchiv, n. 1709.

Figura 4 - Cartaz político alemão “Vote Hitler” (“Schluss jetzt, wahlt Hitler”), imagens de Hans Schweitzer, 1932.

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Figura 5 - Anúncio de guerra alemão “Ele é culpado pela Guerra!” (“Der ist Schuld am Kriege!”), imagens de Schweitzer, Reichspropagandaleitung H.A. Pro. Nr. 41, 1943.

Figura 6 – Cartaz do filme “O eterno judeu” (Der ewige Jude - The Eternal or Wandering Jew)” dirigido por Fritz Hippler, 1940, de Fritz Hippler, 1940.

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Figura 7 - Cartaz do filme “Judeu Süss” (“Jud Süß”), dirigido por Veit Harlan, 1940.

Figura 8 – Cartaz do filme “Triunfo da Vontade” (“Triumph des Willens”), dirigido po Leni Riefenstahl, 1935.

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