Caderno de Geografia ISSN: 0103-8427 [email protected] m Pontifícia Universidade Católica de Brasil

Moreira Alvim, Ana Márcia; Braga Carvalho, Paulo Fernando; Brugger de Oliveira, Patrícia Aparecida ANÁLlSE DAS DINÂMICAS ECONÔMICA E POPULAClONAL DA MICRORREGIÃO DE DIVINÓPOLlS Caderno de Geografia, vol. 17, núm. 28, 2007, pp. 163-180 Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais , Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=333260071006

Como citar este artigo Número completo Sistema de Informação Científica Mais artigos Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Home da revista no Redalyc Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto ANÁLlSE DAS DINÂMICAS ECONÔMICA E POPULAClONAL DA MICRORREGIÃO DE DIVINÓPOLlS 1

Ana/ysis of the economic and popu/ationa/ dynamics in the micro-region of Divinópolis

Ana Márcia Moreira Alvim2 Paulo Fernando Braga Carvalho' Patrícia Aparecida Brugger de Oiiveira'

RESUMO Este estudo trata das dinâmicas econômica e populacional da Microrre- gião de Divinópolis. São contempladas a Teoria da Localização, a Teoria dos Lugares Centrais e a discussão sobre cidades médias. É aplicada a técnica de Análise de Componentes Principais, tendo como resultado a hierarquia e o agrupamento das cidades da Microrregião de Divinópolis. Palavras-chave: Análise de Componentes Principais; Hierarquia de cida- des; Funções urbanas; Dinâmica econômica e dinâmica populacional.

1. Trabalho elaborado a partir do Relatório Final da Pesquisa FIP/2006-11 OS1, financiada pelo Fundo de Incentivo à Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. 2. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Tratamento da Informação Espacial da PUC Minas e professora do Curso de Geografia, com ênfase em Geoprocessamento, da PUC Minas - . ana_al- [email protected] 3. Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Tratamento da Informação Espacial da PUC Minas e professor do Curso de Geografia, com ênfase em Geoprocessamento, da PUC Minas - Contagem. profes- [email protected] 4. Graduanda do Curso de Geografia, com ênfase em Geoprocessamento, da PUC Minas - Contagem e bol- sista do Fundo de Incentivo a Pesquisa - FIP 11O-Sl/PUC Minas. [email protected]

Caderno de Geografia, Belo Horizonte, v. 17, n. 28, p. 163 -180, 2° sem. 2007 163 Alvim, A. M. M.; Carvalho, P.F.B.; Oliveira, P.A. B.

Análise de Componentes Principais permite utilizar um número signifi- cativo de variáveis e reduzi-Ias, criando um escore que possa gerar uma A classificação de cidades. No intuito de testar a escolha das variáveis e a aplicação desse método estatístico para hierarquizar os lugares centrais, conforme a definição de"Christaller e a tipologia de cidades médias, a unidade espacial esco- lhida foi a Microrregião de Divinópolis, que é composta por 11 municípios, que tem se destacado no Estado de Minas Gerais diante de suas dinâmicas econômica e populacional. Este trabalho pode servir para a previsão e intervenção das autoridades públi- cas, para que municípios e regiões revertam suas preocupações com o intuito de reter sua população e gerar dinamismo. Para tanto, cabe às prefeituras municipais oferecer condições de trabalho e de vida para seus habitantes.

Objetivos o presente trabalho tem como objetivos: a) mostrar, analisar e relacionar as dinâmicas econômica e populacional da Microrregião de Divinópolis; b) hierarquizar suas cidades; c) fazer uma breve revisão bibliográfica sobre as Teorias dos Lugares Centrais e da Localização; d) mostrar o envolvimento das instituições de fomento, públicas e privadas, com os Arranjos Produtivos Locais (APLs), e mais especificamente com os APLs existentes na microrregião objeto de estudo; e) representar cartograficamente o saldo migratório dos municípios da Mi- crorregião de Divinópolis.

164 Caderno de Geografia, Belo Horizonte, v. 17, n. 28, p. 163 -180, 1° sem. 2007 ANÁLISE DAS DINÂMICAS ECONOMICA E POPULAClONAL DA MICRORREGIÃO DE DIVINOPOLlS

Metodologia Para compreender a dinâmica da Microrregião de Divinópolis (FIG. 1), op- tou-se, primeiramente, por fazer uma breve explanação acerca das contribuições teóricas consideradas fundamentais para a análise, quais sejam: Teoria da Locali- zação, Teoria dos Lugares Centrais, funções urbanas e cidades médias. Como método estatístico de análise multivariada, utilizou-se a Análise de Componentes Principais (ACP), discutido preliminarmente por Karl Pearson em 1901. A ACP sintetiza as informações de um grande número de variáveis em um número reduzido de novas variáveis, denominadas fatores ou componentes. Esses fatores serão ortogonais, o que implicará na independência estatística entre eles e serão obtidos via transformações lineares. Logo, cada fator (ou componente) será formado pela combinação linear das variáveis originais. A ACP explora a variância total existente no conjunto de variáveis em estudo, buscando explicar o máximo possível da variância encontrada nos dados originais que usa um número reduzido de componentes. Segundo Andrade (1989, p. 464), esse método tem sido empregado em es- tudos de análise regional e urbana, com finalidade classificatória de regiões e de cidades, por meio da criação de um índice que permita a hierarquização delas. Neste trabalho, o indicador calculado para a hierarquização dos municípios da Mi- crorregião de Divinópolis foi denominado de Indicador de Estágio de Desenvol- vimento Econômico. Para o cálculo, foram selecionadas 14 variáveis (referentes ao ano 2000), que permitiram a diferenciação dos municípios quanto à sua atividade econômica principal e ao seu potencial socioeconômico. Entre elas destacam-se: produto interno bruto industrial, agropecuário e de serviços; número de indústrias locais; consumo de energia elétrica (kWh); taxa média anual de crescimento popu- lacional; Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM); média de anos de estudo (pessoas de 25 anos de idade ou mais); taxa de urbanização e população total e população ocupada por setores econômicos (industrial, comercial, de servi- ços e agropecuário) Esses dados foram obtidos nas seguintes fontes: Instituto Brasileiro de Ge- ografia e Estatística (IBGE), Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais, Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil e Fundação João Pinheiro. Para o cálculo do indicador e conseqüente hierarquização dos municípios, foram selecionadas e padronizadas algumas variáveis, colocando o valor médio como ponto central, ou seja, o zero da distribuição (divide-se a diferença entre o valor da variável e o da média pelo desvio padrão); foram feitos o cálculo e a análise da matriz de correlação das variáveis selecionadas; determinados os autovalores e autovetores; selecionados os fatores (as componentes principais), de acordo com

Caderno de Geografia, Belo Horizonte, v. 17, n. 28, p. 163 - 180, 1° sem. 2007 165 Alvim, A. M. M.; Carvalho, P.F.8.; Oliveira, P.A. B. o critério de apresentar autovalor maior que a unidade; e calculado o escore para cada município (Indicador de Estágio de Desenvolvimento Econômico). Com os escores, fez-se a hierarquização dos municípios, colocando aquele com maior escore na primeira posição, sugerindo que este apresenta melhor está- gio de desenvolvimento, ou seja, promove-se a hierarquização em ordem decres- cente dos indicadores. Com a ACP, procurou-se ainda identificar agrupamentos de municípios com características e níveis de desenvolvimento semelhantes. Para tanto, usou-se o grá- fico de dispersão, admitindo como variáveis os escores dos municípios relativos a primeira componente (o Indicador de Estágio de Desenvolvimento Econômico) e a segunda componente mais significativa. Pontos mais próximos, no caso municí- pios, tendem a apresentar estruturas semelhantes e mesmos níveis de desenvolvi- mento. Esses resultados são confrontados com os obtidos na aplicação das Teorias da Localização Industrial, dos Lugares Centrais e "de cidades médias". A maior parte dos softwares matemáticos ou estatísticos profissionais atuais tem, incorporados em seu conjunto, pacotes para trabalho com ACP. Neste traba- lho, fez-se a opção pelo uso do SPSS e do MATLAB. Para representação gráfica e análise das informações espaciais das variáveis Produto Interno Bruto, População, População Ocupada por Setor e das funções dos municípios, usou-se o software ArcGIS 9.0. A base cartográfica utilizada foi obtida por meio da Malha Municipal Digital do Brasil de 2001 (BRASIL, 2001). Teorias e discussões essenciais aos estudos de hierarquia de cidades Para se realizar estudos relacionados às dinâmicas econômicas e populacio- nais, é importante considerar algumas teorias e discussões. No presente trabalho, optou-se por fazer uma revisão da Teoria da Localização e da Teoria dos Lugares Centrais, além de levar em conta algumas colocações sobre as funções urbanas e a discussão sobre cidades médias. A Teoria da Localização pode ser vista sob a ótica agrícola e industrial, cujo precursor foi o alemão Johann Heinrich von Thünen, que levou em conta o fator custo de transporte e o fator desaglomerativo - terra - para explicar a localização da atividade agrícola. Weber e Lõsch preocuparam com a localização da atividade in- dustrial. O primeiro admitiu como principal fator a influenciar a localização o custo de transporte, seja da matéria-prima (MP), seja do produto acabado (PA), o que dependerá do peso destes e da distância entre a indústria-fonte de MP e a indústria- mercado consumidor. O segundo, Lõsch, explicou a localização a partir dos fatores aglomerativos e, para tanto, trabalhou conceitos como a curva de demanda no espa-

166 Caderno de Geografia, Belo Horizonte, v. 17, n. 28, p. 163 - 180, 1" sem. 2007 ANÁLISE DAS DINÂMICAS ECONCMICA E POPULAClONAL DA MICRORREGIÂO DE DIVINÓPOllS

ço, área de mercado e economias de escala. Para o autor, a área de mercado de um bem resulta de fatores econômicos de concentração - especialização e produção em grande escala - e de dispersão - custo de transporte e diversificação da produção. Christaller (1966), ao propor a Teoria dos Lugares Centrais, mostrou que seria possível hierarquizar centros urbanos conforme as funções que desempenhavam. Para ele, cada cidade, pequena ou grande, desempenha uma chief profession, que pode ser considerada um lugar central no que se refere ao entorno imediato ou a região. Assim, os lugares que exercem funções centrais se estendem a uma região em que outros lugares centrais têm menor importância, dada a oferta de bens e serviços. Com base nessa concepção, Chistaller distinguiu os lugares centrais em: primeira ordem (que desempenha funções centrais que atendem a uma ampla região, tendo, portanto, um raio de influência maior); os central places of a lower and of the lowest order têm importância para a vizinhança imediata; e os auxiliar) central places, que não exercem papel central. Para este estudioso, a centralidade decorre da atividade econômica nele desenvolvida, o que justifica uma revisão da Teoria da Localização. Essa centralidade pode variar no tempo, pois o sistema urbano é dinâmico. Segundo Beaujeu-Garnier (1997) "[ ... ] a cidade transforma o espaço onde está implantada, quer diretamente, quer pela influência periférica, positiva ou ne- gativa, que exerce [...]". Essa afirmativa condiz com as concepções de Christaller, que chama a atenção para a importância das cidades para seu entorno regional ej ou nacional. A autora fez ainda uma sugestão de classificação das funções urba- nas em três grandes grupos: de enriquecimento, que gera fluxo monetário e tem um caráter cumulativo, como a industrial, a comercial, a turística, a financeira e a residencial; de responsabilidade, como administração, saúde e educação, que são desempenhadas em todas as cidades, embora de forma distinta; e de transmissão ou difusão, relacionada aos meios de transporte e comunicação. As funções urbanas são, então, fundamentais para a hierarquização dos cen- tros urbanos e devem ser analisadas ao se estudar as cidades médias, cidades que têm desempenhado importante papel nos sistemas urbanos. Vale salientar que não há um conceito único, assim como uma teoria específica de cidades médias, há sim uma série de estudos desenvolvidos em países distintos, como, por exemplo, na França, no Brasil, e em outros da América do Sul. Esses estudos atentam para a relevância das cidades médias para seu contexto regional, pois têm a faculdade de amenizar e ou solucionar problemas de desequilíbrios de redes urbanas, podendo funcionar como barreiras às migrações rumo às grandes metrópoles, descentrali- zando homens, atividades e riquezas. Levando em consideração o tamanho demográfico e as "funções urbanas", alguns estudos foram de grande importância para compreender a hierarquia de ci-

Caderno de Geografia, Belo Horizonte, v. 17, n. 28, p. 163 - 180, 10 sem. 2007 167 Alvim, A. M. M.; Carvalho, P.F.B.; Oliveira, P.A. B. dades mineiras. Um deles foi Les villes du Minas Gerais,5 que propôs uma hierar- quia composta pelos seguintes níveis de cidades: grandes centros regionais, centros regionais, centros intermediários ou sub-regionais e centros locais. Outro estudo foi "Cidades de porte médio e o programa de ações sócio-educativo-culturais para as populações carentes do meio urbano em Minas Gerais".6 Neste, os autores su- geriram quatro níveis distintos: grandes centros regionais, cidades médias de nível superior, cidades médias propriamente ditas e centros emergentes. Recentemente, com o intuito de atualizar a hierarquia proposta, Amorim Filho et alo (2006) desenvolveram um estudo sugerindo uma nova hierarquia de cidades médias em Minas Cerais.?

Breve histórico e contextualização É notório que o desenvolvimento econômico no Brasil sempre foi desigual. Desde a época do café, ele esteve centrado em São Paulo e em Minas Gerais. Foi a partir de 1933 que a economia do Brasil deixou de ser especializada para ser di- versificada. Entre 1940 e 1970, o estado de São Paulo respondia por grande parte da atividade industrial, e Minas Gerais participava com bem menos (FURTADO, 1995). Mas foi na década de 1970 que o Brasil e, especialmente, Minas Gerais apresentaram considerável crescimento econômico. Naquela década, começou o deslocamento da atividade industrial. Junto ao processo de industrialização, inten- sificaram-se também os processos de urbanização e de migração. A dinâmica urba- na no país foi alterada, o que remete à Teoria dos Lugares Centrais, aos diferentes níveis hierárquicos de cidades e, em especial, de cidades médias. O deslocamento da atividade industrial ocorrido no país, particularmente em Minas Gerais, ocorreu inclusive em função da política nacional, com a criação, na década de 1970, do I e do 11Plano Nacional de Desenvolvimento (11PND).8 Vale salientar que Minas Gerais, graças a posição geográfica, aos recursos naturais, ao investimento do governo, que criou estatais em setores distintos e naqueles ligados a infra-estrutura de transporte, telecomunicações e energia elétrica, permitindo a redução do custo de produção, ganhou novo ritmo econômico. Com relação aos municípios da Microrregião de Divinópolis, nessa época, se destacavam Divinópolis e Itaúna, sendo que o primeiro, em grande parte, graças ao sistema ferroviário, contava com indústrias siderúrgicas, de metalurgia e acia- ria. No entanto, a partir da crise do setor siderúrgico, a indústria da confecção

5. Escrito por Leloup (1970). 6. Escrito por AMORIM FILHO; BUENO; ABREU (1982). 7. Hierarquia divulgada no V Seminário Internacional de Estudos Urbanos. 8. Esse plano incentivou a criação de estatais, o capital privado e o capital estrangeiro visando a mudança do padrão industrial do Brasil e contribuiu para a desconcentração da produção industrial.

168 Caderno de Geografia, Belo Horizonte, v. 17, n. 28, p. 163 - 180, 1° sem. 2007 ANÁLISE DAS DINÁMICAS ECONOMICA E POPULAClONAL DA MICRORREGIÃO DE DIVINÓPOLlS passou a se desenvolver em Divinópolis e a têxtil em Itaúna. Nos municípios de e ,já nos anos de 1960, começaram a se instalar indústrias calçadistas e de cerâmicas, respectivamente. No caso de Santo Antônio do Monte, o setor industrial começou a ganhar força, nos anos de 1970, com a indústria de fogos de artifício. As atividades econômicas dos demais municípios, nos anos de 1970, concentravam-se no setor agropecuário. Em Cláudio, notava-se a presença de indústrias da fundição e siderúrgicas. Recentemente, Minas Gerais tem se apresentado como um dos estados mais dinâmicos do país no que tange ao crescimento e desenvolvimento econômico. No entanto, isso tem ocorrido de forma também desigual nas diferentes microrregiães do Estado. A Microrregião de Divinópolis é um exemplo disso; se comparada às demais e à média do Estado, vem se despontando, seja em termos econômicos, seja populacionais. O presente estudo visa compreender esse dinamismo. Caracterização da Microrregião de Divinópolis A Microrregião de Divinópolis, como mostra a FIG. 1, está situada a sudoeste de Belo Horizonte e é composta por , Cláudio, Conceição do Pará, Divinópolis, Itaúna, Igaratinga, Nova Serrana, Perdigão, Santo Antônio do Monte, São Gonçalo do Pará e São Sebastião do Oeste. Ela faz parte da Mesorre- gião Oeste de Minas e tem grande representatividade econômica e populacional no Estado de Minas Gerais. Segundo a Assembléia Legislativa de Minas Gerais, em 2000 a microrregião tinha um PIB total de R$ 2.008.930,00, o que correspondia a 1,89% do PIB de Minas Gerais; com relação à população total, também em 2000, era de 391.581 habitantes, o que representava 2% da população do Estado. Na microrregião, seja em 1991, seja em 2000, nota-se que o município de maior porte demográfico era Divinópolis, seguido de Itaúna (FIG. 2a e b). No en- tanto, ao se comparar o crescimento populacional dos municípios nesse período, nota-se que se despontam nesta ordem os municípios Divinópolis, Nova Serrana, Itaúna, Cláudio, Carmo do Cajuru e Santo Antônio do Monte (FIG. 2c). Dian- te da disponibilidade de dados socioeconômicos referentes aos municípios e não aos centros urbanos propriamente, neste artigo os dados municipais são utilizados como se fossem das cidades. Em 2000, segundo o IBGE, dos 391.583 habitantes da microrregião, 354.526 viviam nos centros urbanos (90,54%). A hierarquia dos municípios, conforme a variável Produto Interno Bruto (PIB), foi representada na FIG. 3. Nesta, percebe-se que a diferença dos valores re- ferentes às cidades de Divinópolis, Itaúna, Nova Serrana e as demais é significativa, o que induz a se pensar que há, pelo menos, quatro níveis hierárquicos de cidades . '- na rmcrorregiao.

Caderno de Geografia, Belo Horizonte, v. 17, n. 28, p. 163 -180, 1° sem. 2007 169 Estado de Minas Gerais Microrregião de Divinópolis

o 75 150 I I

I Oivinó olis VII 04500 11 SantoAntôniodo Monte VIII ! 111 São Sebastiãodo Oeste IX IV Cláudio X Mesorregião Oeste de Minas V Cannodo Caiuru XI VI ltaúna

FIGURA 1 - Mapa de localização da Microrregião de Divinópolis no Estado de Minas Gerais. Fonte: Base cartográfica IBGE. Elaborado por: Paulo Fernando Braga Carvalho.

DIferença popUaclonal Pop~ação Total 1991 Pop~ação Total 2000 (Hab. em 2000· Hab. em 1991)

a. b. c.

o 10 20 40 km I." I!!, I I I I I I! I J I I", I! " I

Diferença Habitantes 1991 Habitantes 2000 Habitantes 2000 • Habitantes 1991 03899-40511 03899-40511 0-409-1369 D 40512-76374 040512- 76374 D 1370-5494 _76375-112236 _76375-112236 •• 5495- 10467 _ 112237- 148099 • 112237- 148099 _ 10468-19534 _ 148100-183962 .148100-183962 _ 19535- 32500

FIGURA 2 - a. Mapa da População Total 1991 ; b. Mapa da População Total 2000; e c. Mapa da Diferença Populacional no período de 1991-2000

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1.600.000

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Para uma análise detalhada da microrregião, foi considerado o PIB desagrega- do por setores de atividades agropecuárias, industriais e de serviços no ano de 2000. O PIB do setor agropecuário não foi significativo, mas os de serviços e o industrial destacaram-se, este último especialmente no caso de Divinópolis e de Itaúna.

Setores Econômicos (em%) 10 20 40km 1 D Agropecuário DComércio _ Industrial _Serviços

FIGURA 4 - Mapa da População Ocupada por Setores Econômicos nos municípios da Microrregião de Divinópolis em 2000. Fonte: Assembléia Legislativa do Estado de Minas gerais, 2006. Elaborado por Patrícia Aparecida Brugger de Oliveira.

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Ao considerar, além do PIB setorial, a ocupação da população por setores de atividade, alguns centros mostram um setor industrial forte, como se pode ver na FIG. 4. Em 2000, Nova Serrana contava com praticamente 72% de sua população ocupada no setor industrial. Nos municípios de Perdigão, de Santo Antônio do Monte, de Igaratinga, de São Gonçalo do Pará, de Cláudio e de Carmo do Cajuru o percentual da população ocupada nesse setor variava entre 37% e 43%. No caso de Divinópolis e de Itaúna, o setor de serviços foi o de destaque; enquanto em Conceição do Pará e São Sebastião do Oeste o grande responsável pela ocupação foi o setor agropecuário. Análise dos resultados A hierarquia de cidades da Microrregião de Divinópolis foi obtida com o Mé- todo de Análise de Componentes Principais, a partir das variáveis: produto interno bruto industrial, agropecuário e de serviços; número de indústrias locais; consumo de energia elétrica (kWh); taxa média anual de crescimento populacional; Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM); média de anos de estudo (pessoas com 25 anos de idade ou mais); taxa de urbanização e população total; e população ocupada por setores econômicos (industrial, comercial, de serviços e agropecuário). O método supracitado permitiu gerar uma hierarquia em função do escore denomi- nado Indicador de Estágio de Desenvolvimento Econômico (Tabela 1). Mas foram considerados também alguns estudos de hierarquia urbana em Mi- nas Gerais, dentre eles, o de Leloup (1970), Amorim Filho, Bueno e Abreu (1982) e Amorim Filho et alo (2006). Leloup (1970), ao estudar as cidades de Minas Ge- rais, classificou Divinópolis como Centro Industrial, enquanto as cidades de Itaúna, Nova Serrana, Santo Antônio do Monte e Cláudio foram classificadas como Cen- tros Locais. Vale salientar que o autor hierarquizou as cidades mineiras consideran- do dados de 1950 e 1960, época em que em Divinópolis as indústrias siderúrgi- cas, de metalurgia e aciaria eram a base da economia do município. Amorim Filho, Bueno e Abreu (1982), ao distinguirem as cidades médias mineiras, consideraram Divinópolis como Centro Regional de Nível Superior; Itaúna como Cidade Mé- dia propriamente dita; e Nova Serrana como Centro emergente. As demais cidades da microrregião foram consideradas pequenas. Recentemente, Amorim Filho et alo (2006) mantiveram Divinópolis, Itaúna e Nova Serrana nos níveis supracitados, e como centros emergentes incluíram ainda Santo Antônio do Monte e Cláudio. Quanto às demais cidades da microrregião, foram consideradas pequenas. Essa hierarquia é praticamente a mesma obtida a partir dos escores do In- dicador de Estágio de Desenvolvimento Econômico. Divinópolis ocupa o nível superior, seguida de Itaúna, Nova Serrana, Santo Antônio do Monte, Carmo do

172 (adernode Geografia, Belo Horizonte, v. 17, n. 28, p. 163 -180, 1· sem. 2007 ANÁLISE DAS DINÂMICAS ECONOMICA E POPULACIONAL DA MICRORREGIÂO DE DIVINÓPOLlS

Cajuru, Cláudio, Perdigão, Igaratinga, São Gonçalo do Pará, Conceição do Pará e São Sebastião do Oeste. A ACP também foi utilizada para gerar agrupamentos de municípios, como mostra a FIG. 5. Nota-se que Divinópolis e Itaúna formam um grupo. Tais cidades são justamente as que têm uma economia já estruturada, em que o setor de servi- ços prepondera, e que têm maior raio de influência, que se deve em grande parte à oferta de serviços modernos (como de saúde e ensino superior), se comparados àqueles encontrados nos demais municípios da microrregião.

TABELA 1 Ordenação das cidades baseada nos escores obtidos por Análise de Componentes Principais

Escore Ordenação Município (Indicador de Estágio de Desenvolvimento Econômico)* 1 Divinópolis 8,7406

2 Itaúna 3,0254

3 Nova Serrana 0,8399

4 Santo Antônio do Monte -0,1042

5 Carmo do Cajuru -0,7930

6 Cláudio -0,9410

7 Perdigão -1,4927

8 Igaratinga -1,8673

9 São Gonçalo do Pará -2,1396

10 Conceição do Pará -2,5070

11 São Sebastião do Oeste -2,7611

* o indicador capta 73% da variabilidade dos dados.

Divinópolis, uma cidade média de nível superior, ocupa uma posição ge- ográfica privilegiada. A cidade é servida por eixos rodoviários importantes - MG 050, MG 430, MG 429 e BR 494 - e pela Ferrovia Centro Atlântica; além disso, possui um aeroporto. Com relação a sua função de transmissão ou difusão, nota-se que além da facilidade de acesso, os meios de comunicação também são desenvol- vidos, pois a cidade, em 2000, contava com sete jornais, e em 2001, com seis rádios (ALMG, 2006). As funções de responsabilidade também são representativas, pois existiam em Divinópolis seis faculdades que ofereciam mais de 30 cursos superiores das mais diversas áreas (MEC, 2006), três hospitais, 385 leitos hospitalares e 22 leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (DATASUS, 2003). No que concerne às funções de enriquecimento, a industrial e a comercial se destacam. Em Divinópolis, as indústrias com maior dinamismo são as do vestuário, cachaça e siderurgia.

Caderno de Geografia, Belo Horizonte, v. 17, n. 28, p. 163 - 180, 10 sem. 2007 173 ANÁLISE DAS DINÂMICAS ECONOMICA E POPULAClONAL DA MICRORREGIÂO DE DIVINÓPOLlS balanceada, dado que em 2000, segundo o IBGE, o setor industrial e o de serviços respondiam, respectivamente, por 49,83% e 48,18% do PIB total municipal. Ape- sar disso, a cidade mostrou-se bastante dependente de Itaúna e de Divinópolis, uma vez que não dispunha de forte função de responsabilidade, isso no que tange à saúde e educação. Pela própria proximidade, vários habitantes de Nova Serrana estudavam na Universidade de Itaúna, e mesmo nas faculdades de Divinópolis; o mesmo acontecia com o atendimento médico hospitalar. Mas é preciso salientar que, conforme informações do Departamento de Informática do SUS, em 2003,já havia na cidade um hospital com 28 leitos hospitalares. Com relação ao poder de atração, as cidades hierarquicamente superiores na microrregião - Divinópolis, Itaúna (em menor escala) e Nova Serrana - se desta- cam. Contudo, os saldos migratórios das cidades médias de níveis superior e mé- dio, propriamente dita, são negativos, ao contrário daquele de Nova Serrana. Santo Antônio do Monte, Cláudio e Carmo do Cajuru fazem parte de um gru- po, esses municípios são especializados, respectivamente, nas indústrias de fogos de artifícios, fundição e móveis e apresentam, em termos absolutos, PIB industrial semelhante. Esses centros urbanos, centros emergentes, têm a população ocupa- da distribuída entre os setores de atividades de forma semelhante. Além do mais são fortemente dependentes das funções de responsabilidade das cidades de níveis superiores a eles. O município que mais atrai população é Carmo do Cajuru, um município em que se tem o arranjo produtivo local (APL) moveleiro, APL bastante recente (SEBRAE, 2006). Outro grupo é formado pelos municípios de Perdigão, São Gonçalo do Pará, Conceição do Pará e Igaratinga, que têm seus Produtos Internos Brutos variando de 30 a 40 milhões de reais, e têm como principal rodovia de acesso a BR 262. No entanto, esses centros urbanos mostram certas especificidades que merecem ser melhor investigadas. São Sebastião do Oeste não pode ser agrupado, e é o único município que entre 1991 e 2000 apresentou uma taxa de crescimento econômico negativa e a menor média de anos de estudo das pessoas com 25 anos ou mais de idade, média de 3,9 anos (IBGE, 2000). Vários desses municípios apresentam uma concentração de atividades indus- triais especializadas, como mostra o Quadro 1. É importante destacar que tais es- pecializações não se referem somente à produção de grandes empresas. Muito pelo contrário, tais municípios têm contado com a participação de instituições públicas e privadas para o desenvolvimento econômico e, em especial, para o das pequenas e microempresas, que têm procurado cooperar com o intuito de atender, inclusive, o mercado internacional. Com isso, tem sido forte a concentração espacial de empresas

Caderno de Geografia, Belo Horizonte, v. 17, n. 28, p. 163 - 180, 10 sem. 2007 175 Alvim, A. M. M.; Carvalho, P.F.B.; Oliveira, P.A. B. especializadas. Esse fato decorre, em grande parte, de alguns dos fatores estudados por Weber e Lõsch, fatores como: custo de transporte (da matéria-prima e do produ- to acabado) e aglomerativos de especialização e produção em larga escala que agem na microrregião e que em alguns outros lugares agem como fatores de dispersão. QUADRO 1 Arranjos produtivos locais da Microrregião de Divinópolis

Município Atividade Divinópolis Vestuário, cachaça e siderurgia Itaúna Siderurgia e têxtil Nova Serrana Calçados e artefatos Santo Antônio do Monte Fogos de artifício Carmo do Cajuru Móveis Cláudio Fundição

Fonte: www.sebrae.com.br. 2006.

o desenvolvimento da atividade industrial, por sua vez, cria novas demandas que acabam por induzir o crescimento de setores como de comércio e serviços. A oferta de novos empregos nestas atividades econômicas gera um fluxo migratório significativo na microrregião. Nos períodos 1986-1991 e 1995-2000 migraram na microrregião, respecti- vamente, 3.160 e 5.179 pessoas. No primeiro período, Divinópolis, Nova Serrana e Itaúna foram as cidades que apresentaram maior poder de absorção, mas no se- gundo foram Divinópolis, Nova Serrana e Carmo do Cajuru as que mais se desta- caram, como mostra a FIG. 6a. É preciso salientar que esse poder de atração ex- trapolou os limites da microrregião. Entre 1986 e 1991 chegaram na Microrregião de Divinópolis 9.850 pessoas, oriundas das microrregiões vizinhas, e entre 1995 e 2000 o número aumentou para 15.187. A maior parte dos migrantes era oriunda da Microrregião de Belo Horizonte (6.500 imigrantes). Se em 2000 Divinópolis foi a cidade que mais atraiu população, foi também a que mais expulsou (FIG. 6b), o que gerou um saldo migratório negativo (FIG. 6c). A emigração também foi significativa nas cidades de Nova Serrana, Carmo do Cajuru, Cláudio e Itaúna; no entanto, Nova Serrana apresentou o maior saldo migratório da microrregião. Outras cidades apresentaram saldos migratórios po- sitivos, como foi o caso de Carmo do Cajuru, São Sebastião do Oeste e Perdigão, esta última em grande parte por fazer fronteira com Nova Serrana, cidade que tem apresentado forte dinamismo econômico, decorrente de seu setor industrial cal- çadista. Divinópolis, Itaúna e Cláudio apresentaram saldos migratórios negativos, talvez parte desses possa ser explicada, no caso das duas primeiras cidades citadas,

176 Caderno de Geografia, Belo Horizonte, v. 17, n. 28, p. 163 - 180, 1° sem. 2007 /"'\1'If'lLI:>t: Uf'I:> UII'If'lIVIILf'I:> I:LUI'IV'VIILt\ I: rUrULf'lLlV''IIf'lL Uf'I IVIILnurU'\I:\Jlf'lU l..IC LJlv"'IurVL.I-:l

Imigrantes 2000 Emigrantes 2000 Saldo migratório 2000

a. N b. N c. N A A A

o 10 20 4010n 10 20 4010n o 10 20 4010n I I I I I I I

Imigrantes Emigrantes Saldo migratório 026-106 D 26-106 D - 470a - 416 0107-256 D 107-256 D- 415a- 80 257- 349 257- 349 D-79a80 .350-859 _ 350-859 _81 a 177 .860-1869 _ 860-1869 _178a451

FIGURA 6 - a. Mapa de Imigrantes 2000; b. Mapa de Emigrantes 2000; e c. Mapa de Saldo Migratório. Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000. Elaborado por Patrícia Aparecida Brugger de Oliveira. pela oferta do 30 grau nestes centros urbanos, o que permite aos novos profissio- nais se qualificar e buscar se inserir em um mercado de trabalho mais amplo que não somente local.

Considerações finais A metodologia utilizada foi uma tentativa de se empregar o método quantitati- vo da Análise de Componentes Principais, identificando agrupamentos constituídos por municípios que apresentassem características econômicas e estruturas urbanas semelhantes. Os agrupamentos foram obtidos por meio do gráfico de dispersão, com a intenção de criar a hierarquia urbana das cidades da Microrregião de Divinópolis. Há semelhanças entre Divinópolis e Itaúna, embora elas tenham suas especi- ficidades, ambas oferecem serviços mais modernos, têm uma economia mais es- truturada e, conseqüentemente, maior raio de influência e forte poder de atração. Nova Serrana mostra-se como uma cidade ainda em estruturação, mas o setor in- dustrial e o de serviços têm participação semelhante no PIE total do município. Santo Antônio do Monte, Cláudio e Carmo do Cajuru, tanto em termos popula- cionais quanto em população ocupada por setores de atividades, se assemelham. Perdigão, São Gonçalo do Pará, Igaratinga e Conceição do Pará desempenham

Caderno de Geografia, Belo Horizonte, v. 17, n. 28, p. 163 -180, 1· sem. 2007 177 Alvim, A. M. M.; Carvalho, P.F.B.; Oliveira, P.A. B. funções que atendem basicamente seus próprios habitantes, não tendo grande representatividade econômica nem populacional, se comparadas às cidades hie- rarquicamente superiores. Quanto ao município de São Sebastião do Oeste, sua realidade é bastante diferente, pois ainda tem o setor agropecuário como o maior responsável pelo pessoal ocupado, com grande participação no PIB e com a menor taxa de urbanização da microrregião. Uma vez que o desenvolvimento de uma cidade e de uma região está dire- tamente ligado as suas atividades econômicas, foram considerados os diferentes setores da economia, dando atenção especial ao industrial, pois os processos de industrialização, urbanização e migração acontecem concomitantemente. Sabe-se que são vários os fatores capazes de explicar a localização da atividade econômica, mas nota-se que na Microrregião de Divinópolis alguns fatores aglomerativos são fortes. A concentração de empresas especializadas tem permitido as micro e pe- quenas empresas competir no mercado nacional, e/ou até internacional. Em coo- peração, tais empresas, inclusive com a ajuda de órgãos e instituições como Sebrae, BDMG, Sindicatos e Prefeituras, conseguem comprar matéria-prima, vender pro- dutos acabados, desenvolver novos modelos e treinar a mão-de-obra com custos menores, mostrando a importância dos arranjos produtivos locais para toda a re- gião. O setor industrial, por sua vez, tem atraído pessoas de diferentes lugares, que se instalam nas cidades e criam novas demandas, estimulando o desenvolvimento de atividades comerciais e de serviços. A dinâmica econômica e populacional da Microrregião de Divinópolis tem sido incentivada pelos governos, federal, estadual e municipal, garantindo não so- mente a essa região mas a várias outras crescer e desenvolver economicamente, reduzindo assim a desigualdade regional. Além disso, a administração municipal, especialmente, deve estar atenta às mudanças, aos imigrantes e emigrantes, para que possa gerir o município procurando melhor organizar seu espaço urbano. A análise de uma região deve ser feita de forma sistêmica; sendo assim, é pre- ciso considerar os aspectos sociais, demográficos e econômicos dos municípios que a compõem. Com isso, a aplicação da técnica de Análise de Componentes Principais e a elaboração do gráfico de dispersão mostram-se úteis, pois podem gerar um diagnóstico, uma hierarquia urbana, que sirva de subsídio para a tomada de decisão.

ABSTRACT This paper addresses the economic and populational dynamics in the Mi- cro-region ofDivinópolis. It comprises the Locational Theory, the Central Places Theory and a discussion about medium-size cities. The applied

178 (aâemo de Geografia, Belo Horizonte, v. 17, n. 28, p. 163 -180, 1° sem. 2007 ANÁLISE DAS DINÁMICAS ECONOMICA E POPULAClONAL DA MICRORREGIÃO DE DIVINOPOllS

technique of Principal Components Analysis provides the hierarchy and grouping of cities in the Micro-region ofDivinópolis. Key words: Principal components analysis; Hierarchy of cities; Urban functions; Economic and populational dynamics.

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