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ENTRE A ESCOLA E A PRAÇA: Reminiscências de ex-alunos internos em uma instituição evangélica na cidade de São Leopoldo/RS (1950 - 1960)

ESTELA DENISE SCHÜTZ BRITO1

RESUMO: Este trabalho é fruto de dissertação de Mestrado em Educação realizada entre os anos de 2016 e 2017 e tem como objeto de pesquisa a Escola Normal Evangélica, que se localizava na cidade de São Leopoldo/RS. O trabalho foi construído a partir das narrativas de memórias de seis ex-alunos(as) que estudaram na referida instituição, em regime de internato, entre as décadas de 1950 e 1960. A investigação respalda-se no campo da História Cultural e tem por metodologia a História Oral, que entende as memórias como documentos. Sendo assim, o estudo mobiliza conceitos como o de representação (CHARTIER, 1987; 1991; 2001) e memória (HALBWACHS, 2003; BOSI, 1987). Ao analisar as narrativas, foi possível perceber nos relatos a recorrência na relação estabelecida entre a escola e a praça, que se localizava em frente aos prédios da instituição. Os narradores salientaram também que a instituição lhes possibilitava passeios diários pela praça, e descreveram esses momentos como “liberdade vigiada”. Nesse sentido, observa-se um processo de apropriação do espaço público pela escola. Palavras-Chave: Memória. Escola Normal Evangélica. Praça do .

Apontamentos Iniciais

O presente estudo trata-se de um recorte da dissertação de mestrado, iniciado no ano de 2016 e que teve sua conclusão em março de 2018. A pesquisa, que contou com o financiamento da Capes/PROEX, discutiu a cultura escolar e as práticas cotidianas em uma escola/internato evangélica mista, localizado na cidade de São Leopoldo/RS.

No ano de 1926 o município de São Leopoldo/RS recebeu uma instituição denominada Seminário Evangélico de Formação de Professores, que teve suas atividades iniciadas em 1909 na cidade de Taquari/RS, junto aos asilos Pella e Bethânia. Devido às forças da nacionalização do ensino, organizadas pelo segundo governo de Getúlio Vargas, a instituição encerra as suas atividades no ano de 1939. Somente em 1950, este estabelecimento de ensino retoma suas funções, ainda na cidade de São Leopoldo, agora sob o nome de Escola Normal Evangélica. A escola/internato permanece no município até o ano de 1966, quando ocorre uma nova transferência, agora para a cidade de /RS.

1 Mestre em Educação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos. Pesquisa realizada com apoio da Capes/PROEX. 2

Nesse sentido, o recorte temporal das décadas de 1950 e 1960 justifica-se pelo período de reabertura da instituição sob o nome de Escola Normal Evangélica, no município de São Leopoldo, local onde permanece até sua transferência para Ivoti, já na década de 1960.

Os objetivos deste estudo são apresentar e analisar, a partir das narrativas de memórias de ex-alunos da Escola Normal Evangélica, a relação que se estabelecia entre os alunos, a escola e a praça, durante os anos de 1950 e 1960.

Cabe destacar ainda, que os documentos para análise são constituídos pelas narrativas de memórias de seis alunos(as) que estudaram nesta instituição, em regime de internato, no período já referido. Os mesmos foram organizados e produzidos a partir dos preceitos da História Cultural e da metodologia da História Oral, que entende as memórias dos narradores como documentos.

Memória e História Oral: aportes da pesquisa

O uso da memória enquanto documento e a utilização metodológica da História Oral têm conquistado maior espaço no campo científico nos últimos anos. No Brasil, isso ocorre a partir da década de 1970, tendo como uma de suas pioneiras Ecléa Bosi. A pesquisadora nos chama a atenção para a problematização de pontos importantes nas pesquisas que envolvem o uso das memórias. Para a autora, “[...] não há evocação sem uma inteligência do presente”. (BOSI, 1987, p. 39). Nesse sentido, os evocadores de memórias seriam essa “inteligência do presente”; partem do pesquisador ao narrador, em forma de ferramenta fundamental para a extração dessas memórias. Bosi (1987) e Amado (1995), ao explicarem que a memória permite uma viagem entre os diferentes tempos, acabam nos alertando para a distinção entre esses tempos: o presente e o passado. O sujeito que narra não é o mesmo que vivenciou tal cena rememorada, visto que, ao longo do tempo, ele modificou seu modo de pensar, sentir e perceber os fatos; foi atravessado por outras vivências e experiências que o fazem narrar suas memórias a partir de suas percepções que estão no presente. Por esse motivo, ao pesquisar as memórias, é “[...] fundamental atentar para o fato de que a memória é do passado, mas aquele que narra está no presente”. (GRAZZIOTIN, 2016, p. 168). 3

Nesse sentido, entendo as memórias que foram narradas para este estudo como representações desse tempo vivido e desse espaço público e privado compartilhado. Os estudos de Roger Chartier explicam que as representações são “[...] esquemas intelectuais incorporados que criam as figuras graças às quais o presente pode adquirir sentido, o outro tornar-se inteligível e o espaço ser decifrado”. (CHARTIER, 1987, p. 17). Assim, considerando as memórias como representações, nos é permitido relativizar a verdade que pelos alunos da Escola Normal Evangélica nos foram narradas.

Cabe ainda, o destaque de que o pesquisador que se propõe a trabalhar com a metodologia da História Oral e a fazer das memórias do informante seu material de pesquisa, necessariamente, precisa apresentar a sensibilidade da escuta e do olhar. Em outras palavras, o pesquisador oral “tem que ser um bom ouvinte”, como já lembrava Thompson (1992, p. 43).

As entrevistas de História Oral que utilizo neste estudo foram realizadas durante os anos de 2016 e 2017. Inicialmente, procurou-se estabelecer contato com os entrevistados, por meio de ligações telefônicas, mensagens em aplicativos de celular e via e-mail, buscando apresentar a pesquisadora, bem como a proposta da pesquisa, criando, dessa forma, uma relação de segurança e confiança entre narrador e pesquisador.

Os encontros ocorreram no dia, local e horário escolhidos por cada entrevistado. Deve-se enfatizar ainda que o ambiente também se faz importante durante as entrevistas, uma vez que, as interferências externas, as conversas, o toque do telefone, e os diferentes ruídos podem atrapalhar o fluir das memórias e da narrativa. Em algumas entrevistas realizadas, as interferências não puderam ser evitadas. Quando isso ocorria, desligava-se o gravador e depois retomava-se o assunto interrompido.

No quadro 1 está organizado algumas informações referentes aos narradores e as entrevistas realizadas.

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Quadro 1 – Informações dos entrevistados e das entrevistas Período de Dia e local da Tempo de Nome/Idade Internato entrevista Gravação

Magnus2 28/08/2016 em 1955 - 1960 Ivoti/RS, no 56:43 (78 anos) Instituto Ivoti 01/12/2016 em Danilo Romeu Streck São Leopoldo/RS, 1961 - 1965 56:44 (69 anos) no seu gabinete na Unisinos

Helga Elisabeth Porcher 20/10/2017 em 1958 - 1961 /RS, 1:17:30 (74 anos) na sua residência

Hermedo Egidio Wagner 26/09/2017 em 1950 - 1953 Ivoti/RS, na sua 1:49:58 (81 anos) residência

Luiz Alberto Mário Bencke 25/10/2016, em 1961 - 1964 Ivoti/RS, na sua 1:23:37 (72 anos) residência

Roswitha Dreher 02/02/2017, em 1958 - 1962 Porto Alegre/RS 4:03:43 (72 anos) na sua residência. Fonte: Organizado pela autora (2017)

Thompson (1992) justifica que a História Oral é realizada em torno de pessoas. Tal metodologia de pesquisa “admite heróis vindos não só dentre os líderes, mas dentre a maioria desconhecida do povo”. (THOMPSON, 1992, p. 44). Por este motivo e com a permissão de cada narrador, optou-se por divulgar a identidade de cada entrevistado, uma vez que estes são os sujeitos da história que aqui está sendo apresentada e que vivenciaram esta relação estabelecida entre a escola e a praça.

Em frente à escola, uma praça: reminiscências de ex-alunos internos

A Escola Normal Evangélica, entre as décadas de 1950 e 1960, localizava-se na cidade de São Leopoldo/RS, nos prédios que foram adquiridos pela IECLB3, no ano de 1925, para a instalação do antigo Seminário Evangélico de Formação de Professores

2 Nome fictício escolhido pelo narrador. 3 Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. 5

Alemães, que antecedeu a Escola Normal. Os prédios adquiridos, nos quais a instituição permaneceu em funcionamento por 40 anos nesta cidade, ficavam em frente a uma praça e ao lado do Rio dos Sinos.

Frente a essa aquisição da igreja, destaca-se um trecho publicado em 10/04/1926, por um periódico que circulava entre a população alemã da região, Deutsche Post, no qual descreve e elogia o local escolhido para a instalação do Seminário Evangélico, futura Escola Normal Evangélica:

Pela passagem do centenário da imigração, construiu-se um monumento de pedra, na praça do imigrante. Agora, criamos, com a transferência dos Seminários, um ponto central, onde se cultivam os bens espirituais e culturais de nossos antepassados. (HOPPEN, [19--], p. 38).

Diante deste trecho, do periódico Deutsche Post, observa-se que a transferência da instituição para esta cidade, não ocorreu por acaso, uma vez que São Leopoldo/RS é conhecida por ser o berço da imigração alemã no país, além de a região ter sido colonizada por eles. A escola para a formação de professores, que foi sonhada e planejada por um grupo de imigrantes teutos, estava sendo estrategicamente bem localizada, colocada no centro da sua comunidade alemã, junto às margens do Rio dos Sinos, local de desembarque de seus primeiros imigrantes. Müller (1979) explica que o local em frente aos prédios da Escola Normal Evangélica foi destinado para a construção de uma praça desde 1833, quando a cidade recebeu a primeira planta, traçando as ruas de São Leopoldo/RS. Entretanto, foi apenas entre 1924 e 1934 que o espaço recebeu essa construção. Em 1924, em comemoração ao centenário da chegada dos primeiros imigrantes, foi inaugurado, em meio a esse espaço, um monumento homenageando os primeiros colonizadores alemães. Porém, levou mais dez anos para que o espaço fosse concretizado, sendo inaugurado inicialmente com o nome de Praça Centenário, que passou a ser chamada, anos mais tarde, de Praça do Imigrante.

Esse local público, que se localizava em frente à instituição de ensino, foi rememorado por todos os alunos entrevistados para este estudo. Rememorado pelas atividades de rotina que a escola utilizava o espaço, pelos passeios, pelos encontros ou simplesmente pelo encantamento que este ambiente ao ar livre proporcionava aos 6

moradores da cidade e aos alunos da escola. Hermedo recorda sua vinda para estudar na cidade, caracterizando os prédios da escola a partir da praça:

“A escola que eu era para ir, ficava lá no morro no meio do mato, não era o prédio do Sinodal era o prédio do antigo IPT4, só que dois dias antes de sair de casa, eu recebi um fonograma, [...] que eu me apresentasse no prédio da Escola Técnica de Comércio que é o prédio antigo do Seminário. Aí eu fiquei contente, vibrei com aquilo. Eu tinha visto aquela foto que ficava numa praça, tinha um chafariz, monumento do imigrante. Assim, em fins de fevereiro de 1950, eu fui parar naquele instituto”. (Entrevista, Hermedo Wagner, 26/09/2017).

Fotografia 1 – A Escola Normal e a Praça do Imigrante (Década de 1950)

Fonte: Arquivo pessoal Veleda Arendt

Os fragmentos de memória recompõem os espaços público e privado, referentes à praça e à escola, quase de maneira homogênea. Recordaram o uso desse local público para a realização de exercícios físicos matinais antes do início das aulas, das quartas- feiras à tarde em que não havia atividades curriculares e tinham a praça como uma área de encontro com os amigos, além dos passeios diários de quinze a vinte minutos que a escola possibilitava aos alunos, sempre após as refeições - almoço e janta. Essa prática diária de caminhada na praça foi denominada por Roswitha Dreher em entrevista (02/02/2017) por meio da expressão “footing”. Porém, não era um passeio com liberdade total, como nas quartas-feiras à tarde, já que recebiam uma regra clara com relação a este momento: por motivo de vigilância, meninos e meninas deveriam caminhar na praça em sentido contrário, recordaram os narradores.

Danilo Streck, afirmou aos risos, durante a entrevista (01/12/2016): “Isso é digno de filme”, recordando-se de tais momentos. E como ocorriam as vigilâncias durante essas

4 Instituto Pré-Teológico. 7

caminhadas? Sempre havia professores que ficavam ao centro da praça, observando a circulação dos alunos, ou na varanda da própria escola:

“Havia uma certa vigilância, que tinha que manter certos limites. Só pra ter uma ideia: de noite, depois da janta, tinha a praça na frente da escola, então nós podíamos caminhar na praça só que os rapazes tinham que fazer a volta por aqui e as meninas por aqui [fazendo referência de voltas em direções contrárias], então a gente se encontrava duas vezes na volta e, as vezes a comunicação era passar um bilhete [risos], porque se o professor, tinha professor eles, às vezes era mais que um lá, eles ficavam controlando se o rapaz ficava parado pra conversar com a moça, isso depois tinha que dar explicação”. (Entrevista, Hermedo Wagner, 26/09/2017).

As voltas na praça foram rememoradas aos risos, não somente por Danilo, como também pelos demais entrevistados – risos estimulados pela saudade, ou pela sensação provocada ao se recordarem dos olhares trocados, dos sorrisos encabulados, dos flertes, daquelas ações que, de alguma forma, a escola proibia, mas que, por outro lado, a praça lhes proporcionava.

“Lógico que a gente paquerava. Por mais que era proibido, mas a gente está sempre fazendo coisas proibidas né? E aí tinha um que passava e a gente chamava, a gente apelidou ele de canto de olho, porque ele sempre olhava para mim assim de canto de olho, ‘olha lá vem o canto de olho’ [risos]”. (Entrevista, Helga Porcher, 20/10/2017).

Essas saídas ao espaço público, as voltas diárias na Praça do Imigrante foram uma das práticas realizadas pelos alunos da Escola Normal Evangélica que os entrevistados denominaram como sendo uma forma de “liberdade vigiada”, que a escola lhes proporcionava. Apesar de terem a regra de meninos e meninas andarem em sentidos opostos na praça, a fim de evitarem contato entre eles, os namoros e paqueras eram inevitáveis e acabavam ocorrendo. Helga narrou como percebia a posição da escola nesse sentido: “Eu acho que eles [a escola] faziam de conta que não sabiam, quando a coisa não era muito, quando não passava dos limites, fingiam que não estavam vendo, mas eu acho que era, assim, uma liberdade vigiada”. (Entrevista, Helga Porcher, 20/10/2017). Com relação a esta expressão “liberdade vigiada” utilizada pelos narradores, Sampaio (2011), a partir dos estudos de Michel Foucault, explica que a liberdade é uma parte essencial para que a relação de poder exista. Ou seja, para que o poder possa ser 8

exercido, a liberdade deve se fazer presente; de outra forma, seria uma relação de coação ou inibição, mas não de poder. Segundo Foucault, para a escola:

importa estabelecer as presenças e as ausências, saber onde e como encontrar os indivíduos, instaurar as comunicações úteis, interromper as outras, poder a cada instante vigiar o comportamento de cada um, apreciá-lo, sancioná-lo, medir as qualidades ou os méritos. Procedimento, portanto, para conhecer, dominar e utilizar. A disciplina organiza um espaço analítico. (FOUCAULT, 2017, p. 140).

Conforme os relatos das alunas Helga e Roswitha, pouco se importavam com o tempo, fosse com sol ou com chuva, ambas não deixavam de realizar o passeio de caminhada pela praça. Helga, em especial, participava de todos os momentos em que a escola permitia a saída dos alunos: podia ser um concerto, ir colher flores para a colega aniversariante ou caminhar pela praça. Independentemente de como o tempo estava, “a oportunidade de sair do quadrado a gente não perdia”. (Entrevista, Helga Porcher, 20/10/2017).

Fotografia 2 – A praça do Imigrante

(Década de 1950)

Fonte: Instituto São Leopoldo 2024

Que relação era essa estabelecida pelos alunos entre a escola e a praça? Quais sentimentos foram despertados ao recordarem esse vínculo diário que mantinham entre o espaço público e o privado? Sobre isto, Portelli (2016) nos ajuda a refletir, analisando que “[...] a História Oral nos oferece acesso à historicidade das vidas privadas – mas, mais importante ainda, ela nos força a redefinir nossas noções preconcebidas sobre a geografia do espaço público e do privado, e do relacionamento entre eles”. (PORTELLI, 2016, p. 17). O espaço público da praça se revelava como um “possibilitador de acontecimentos”, algo barrado, de certa forma, pelo espaço privado, a escola. Entretanto, 9

essa relação dos alunos com os dois ambientes, de forma cotidiana, entrelaçava-os de tal forma que, a partir desses resquícios de memórias, poderíamos dizer que os dois ambientes se tornaram quase que um espaço híbrido, já que a vigilância se instaurava independentemente dos ambientes nos quais os alunos se encontravam.

Para continuar a reflexão

A Escola Normal Evangélica, instituição que iniciou suas atividades em 1909 na cidade de Taquari/RS sob o nome de Seminário Evangélico de Formação de Professores Alemães, permaneceu em funcionamento em São Leopoldo/RS até o ano de 1966. Foi neste ano que ocorreu sua mudança para a cidade de Ivoti/RS, local onde encontra-se em exercício até os dias atuais, porém com o nome de Instituto Ivoti.

A pesquisa envolvendo as memórias, utilizando como meio a metodologia da História Oral, nos possibilita um acesso a uma história viva, narrativas que vêm carregadas de uma grande carga emocional provocada pelas lembranças dos entrevistados. Nessas ocasiões, os sujeitos narram não somente suas experiências, mas todos os sentimentos envolvidos ao recordarem tal acontecimento, uma vez que, segundo Halbwachs (2003, p. 79), “[...] nossa memória não se apoia na história aprendida, mas na história vivida”.

Podemos inferir que essa relação rememorada pelos alunos internos, estabelecida entre a Escola Normal Evangélica e a Praça do Imigrante, entre os anos de 1950 e 1960, era um vínculo que se aproximava de uma apropriação do espaço público pelo espaço privado. Isso porque a praça tornava-se uma extensão da escola, tanto para a prática de exercícios físicos matinais, caminhadas diárias por meio das voltas dos alunos após as refeições ou como forma de lazer nas tardes de quartas-feiras, em que os alunos tinham livres das atividades curriculares e podiam usufruir da praça sem os olhares vigilantes da escola.

Os prédios utilizados pela Escola Normal Evangélica e o espaço da Praça do Imigrante, localizam-se no mesmo lugar, ao centro da cidade de São Leopoldo/RS. A relação das pessoas que circulam hoje em dia entre os prédios da antiga Escola Normal e a praça, provavelmente, diferencia-se em muitos aspectos da que se estabelecia entre as décadas de 1950 e 1960 pelos alunos da instituição, porém ambos os espaços ainda 10

guardam resquícios de memórias e marcas dessas histórias narradas, que fizeram parte da concretização desta pesquisa e, certamente, de futuros estudos que ainda possam surgir desse vínculo constituído entre a escola e a praça.

Referências

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