Valdir Olivo Júnior EXCRIPTA COZARINSKY Florianópolis 2015
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
Valdir Olivo Júnior EXCRIPTA COZARINSKY Tese submetida ao Curso de Pós- Graduação em Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Literaturas. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Liliana Reales Coorientador: Prof. Dr. Luiz Felipe Guimarães Soares Florianópolis 2015 Agradecimentos A minha orientadora Profª. Drª. Liliana Reales por me acolher, pelas orientações e por ser um exemplo de ética profissional e comprometimento intelectual. Ao meu coorientador, professor Dr. Luiz Felipe Guimarães Soares, por me acompanhar e coorientar desde o mestrado e pelas inestimáveis contribuições. Ao professor Dr. Raul Antelo pela leitura aguda, pela imensa generosidade e por ter me estabelecido diversas pontes, entre elas a que me conectou com Edgardo Cozarinsky. A Edgardo Cozarinsky por ter me recebido em Buenos Aires, pela confiança depositada, pelo afeto e também pela generosidade, mas principalmente por ter me passado esse témoin que agora passo adiante. Igualmente agradeço aos professores: Dr. Gonzalo Aguilar, Dr. Ezequiel De Rosso, Dr. Jorge H. Wolff e Dr. Jair da Fonseca por aceitarem o convite de participar da banca de avaliação deste trabalho. A minha companheira Silviana Deluchi, por compartilharmos um mesmo amor, pela compreensão e também pelas revisões e opiniões. Aos meus pais e avós, pois este trabalho também traz consigo as marcas de uma herança familiar. Agradeço ainda a todos os membros do Núcleo Juan Carlos Onetti de Estudos Literários Latino-Americanos da UFSC, pelos diálogos e pela amizade. Ao Programa de Pós-Graduação em Literatura, especialmente aos últimos coordenadores e sub-coordenadores que desempenharam essa função durante o desenvolvimento desta pesquisa: Profª. Drª. Susana Scramin, Prof. Dr. Luiz Felipe Guimarães Soares, Profª. Drª. Maria Lúcia de Barros e Prof. Dr. Jorge H. Wolff. Agradeço ainda a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) que financiou essa pesquisa no país e ao programa CAPG/CAPES que financiou meu sanduíche. E todos os professores e funcionários da Universidad Nacional de Cuyo (UNCuyo) que me auxiliaram durante minha estadia, entre eles, meu supervisor prof. Dr. Claudio Maíz. Celui qui a un domicile fixe se demande : « Comment est-il possible de vivre sans être sûr du lendemain, comment peut-on dormir sans un toit au-dessus de sa tête ? Mais quelque événement la chassé pour toujours de sa Maison, et il passe la nuit dans une forêt. Il ne peut parvenir à s’endormir tout d’abord. Il craint les bêtes sauvages ; il a peur des rodeurs. Mais il finit cependant par se confier au hasard ; il mène la vie des vagabondes et peut-être même ne craint plus. Shestov, Lev. Sur les confins de la vie: l'apothéose du dépaysement. Paris: Éditions de la Pléiade, 1927, p. 03. El hombre avanza a campo traviesa, en la mano una rama de avellano, hendida en forma de horqueta. Esta temblará al percibir agua escondida, y también ante el oro, el bronce o el hierro, aun ante los huesos o ante una urna llena de polvo humano. Ese hombre es un rabdomante, otros lo llaman zahorí. Los antropólogos se han servido de las personas que poseen este don misterioso, como el buscador de trufas se sirve de su perro o su cerdo amaestrado, para olfatear los tesoros perdidos de antiguos cementerios o ciudades hace tiempo abandonadas... Pero la mera ubicación del tesoro no basta. Queremos saber el sentido de lo que sale a la luz, preguntamos cuándo y cómo y por qué. Cozarinsky, Edgardo. En ausencia de guerra. Buenos Aires: Tusquets, 2014, p. 09. A menudo me pregunto qué oscura pulsión lleva a conservar lo que sabemos destinado a desaparecer, atisbos de memoria, retazos de experiencia, descartes de películas, fotos deslavadas, recortes de un diario no escrito… ¿Será que al hacerlo intentamos, ciegamente, sin entenderlo, asegurarnos la supervivencia de nuestros propios afectos, prolongar mezquinamente los días que nos quedan? ¿Acaso eludir el olvido? Alberto Tabbia hablaba de un «palacio de olvido»: un museo invisible, inabordable, donde va a parar lo que nos desvela tanto como lo que hemos preferido ignorar. Un inmenso recinto inapelable, sublime porque no tiene lugar en el espacio ni en el tiempo… Y sin embargo, no puedo sino luchar contra ese fantasma, apuntalar con esos fragmentos mis ruinas. Cozarinsky, Edgardo. Sara. Buenos Aires: Urania, 2013, p. 37-38. Quiero agregar que si en esa tierra que llaman la patria está el padre, y en la lengua es la madre quien opera, en estos gestos de la escritura, de la lectura, de traducciones enfrentadas en los espejos deformantes de varios idiomas, el exilio del que se habla y que habla es del hijo. Cozarisky, Edgardo. Vudú urbano. Buenos Aires: Emecé, 2007e, p. 163-164. RESUMO A proposta desta tese é o estudo do exílio e seus desdobramentos em textos críticos, literários e fílmicos de Edgardo Cozarinsky (Buenos Aires, 1939). Tem como corpus central: uma seleção de seus primeiros textos críticos e entrevistas realizadas para as revistas Sur, Primera Plana, Panorama e Tiempo de cine, além dos dois únicos números da revista Flashback, criada por ele com o apoio do crítico de cinema Alberto Tabbia (Buenos Aires, 1939-1997); Puntos suspensivos, seu primeiro filme terminado em 1971 e Vudú urbano (1985), livro que reúne seus primeiros textos escritos após seu exílio em Paris iniciado em 1974. A primeira etapa deste trabalho consistiu em recuperar as primeiras publicações de Edgardo Cozarinsky nas revistas citadas anteriormente, além de outros textos importantes que permitissem rearmar parte do conjunto de forças políticas e culturais que atravessaram o período anterior ao seu exílio. Dentre os duzentos textos do autor que recuperei – importante ressaltar que são textos que, em sua grande maioria, foram ignorados por ele e pela crítica– incorporei ao meu estudo apenas aqueles que são concernentes à proposta desta pesquisa. No trabalho de campo pude descobrir que o exílio enquanto estratégia textual já operava nos primeiros movimentos críticos de Cozarinsky. Através da leitura da obra de alguns escritores e cineastas como Vladimir Nabokov, Severo Sarduy, Roman Polanski, Jean-Marie Straub, entre outros, Cozarinsky havia chegado a uma concepção da literatura (e do cinema) como exílio. Dessa forma, este trabalho busca rastrear e inventariar os movimentos do exílio nessa primeira etapa de sua produção que vai dos textos críticos escritos na Argentina até os primeiros textos ficcionais compostos na França entre 1974 e 1981. Mas esse inventário importa principalmente na medida em que permite vislumbrar uma máquina muito mais ampla e sofisticada que trabalha na desconstrução de textos, conceitos e de si própria, a isso denomino excripta Cozarinsky. Pois o exílio é muito mais do que uma condição temporária ou causal, inscreve-se como engrenagem fundamental em seu trabalho criativo. A excripta Cozarinsky é o lugar do desvio e do deslocamento, mas também da cripta e do desencriptamento. Não se trata simplesmente de reconhecer o exílio como um tema recorrente em vidas e textos, mas elucubrar sua tensão, resistência e articulação, na maioria das vezes subterrânea, no desenvolvimento e na disposição de textos e imagens. O exílio em Cozarinsky é singular-plural, é o lugar da tradição (literária, cinematográfica e familiar), da literatura como exílio e da existência exilada. Esse tríplice movimento constitutivo do exílio faz do texto um constante devir enquanto ser-com o leitor na construção de um significado que nunca é completo. A excripta de Cozarinsky, como a de Jacques Derrida, constitui-se de pelo menos dois movimentos fundamentais: trata-se da inversão e do deslocamento que enxerta e dissolve conceitos da responsabilidade com a herança (necromancia), pois este trabalho depende de um compromisso com a memória e sua disseminação diferida. Por fim, a excripta Cozarinsky caracteriza-se ainda por seu constante exercício de reelaboração enquanto desconstrução de si mesma. Palavras-chave: Edgardo Cozarinsky; Excripta; Literatura; Cinema. RESUMEN Esta tesis se propone a estudiar el exilio y sus desdoblamientos en textos literarios y fílmicos de Edgardo Cozarinsky (Buenos Aires, 1939). Su corpus central se compone de: una selección de sus primeros textos críticos y entrevistas realizadas para las revistas Sur, Primera Plana, Panorama y Tiempo de cine, además cuenta con los dos únicos números de la revista Flashback, creada por él con el apoyo del crítico de cine Alberto Tabbia (Buenos Aires, 1939-1997); Puntos Suspensivos, su primer film concluido en 1971 y Vudú urbano (1985), libro que reúne sus primeros textos escritos después de su exilio en París que se inicia en 1974. La primera etapa de este trabajo consistió en recuperar las primeras publicaciones de Edgardo Cozarinsky en las revistas citadas anteriormente, además de otros textos importantes que permitieron rearmar parte del conjunto de fuerzas políticas y culturales que atravesaron el periodo anterior a su exilio. Entre los doscientos textos del autor que pude reunir –importante subrayar que son textos que, en su gran mayoría, fueron ignorados por él y por la crítica– incorporé a mi estudio solamente aquellos que están directamente relacionados a la propuesta de esta investigación. A partir de mi trabajo de campo pude descubrir que el exilio como estrategia textual ya operaba en los primeros movimientos críticos de Cozarinsky. A través de su lectura de la obra de algunos escritores y cineastas como Vladimir Nabokov, Severo Sarduy, Roman Polanski, Jean-Marie Straub, entre otros, Cozarinsky había llegado a una concepción de la literatura (y del cine) como exilio. De esa manera, este trabajo busca rastrear e inventariar los movimientos del exilio en esa primera etapa de su producción que va de los textos críticos escritos en Argentina hasta sus primeros textos ficcionales compuestos en Francia entre 1974 y 1981. Sin embargo, ese inventario importa principalmente por lo que permite en el sentido de vislumbrar una máquina mucho más amplia y sofisticada que trabaja en la deconstrucción de textos, conceptos y de sí misma, a esa máquina la llamo excripta Cozarinsky.