www.politica-.org 29º Cuarto trimestre 2018

A Igreja Católica na China: da introdução à “sinização” André Saraiva Santos e Larissa Kehan

Xi Jinping, o temoneiro de ferro. Regreso ao pasado para encamiñar o futuro Marola Padín Novas

Xi Jinping, Trump and the torch passing Alfredo Toro Hardy

Oportunidades en la interacción económica de la Alianza del Pacifico con la República Popular China a partir del proteccionismo promovido por Estados Unidos en la era Trump Raquel León de la Rosa y Carlos García Dorantes

Argentina frente a la Comunidad de Destino de la Humanidad Eduardo Daniel Oviedo

La carta taiwanesa Xulio Ríos www.politica-china.org

Cuarto trimestre 2018

Dirección: Xulio Ríos

Lugar de edición: Centro Cívico Sur, Rúa Luís Braille, 40 36003 Pontevedra, Galicia, España

Editor: Observatorio de la Política China

Maquetación: PositiBos.gal

ISSN: 2253-945X

En el área iberoamericana, diferentes centros y personas vienen desarrollando desde hace años una ardua labor de seguimiento y análisis de la realidad china. El momento actual parece propicio para activar sinergias que permitan una mayor visibilidad de dicho trabajo, de forma que pueda ponerse en valor esa trayectoria y aflorar un discurso propio en nuestro ámbito político-cultural sobre los cambios en el mundo chino y sus implicaciones regionales y globales.

Jiexi Zhongguo es una iniciativa del Observatorio de la Política China www.politica-china.org Índice

4 A Igreja Católica na China: da introdução à “sinização”, André Saraiva Santos e Larissa Ma Kehan http://politica-china.org/areas/sociedad/a-igreja-catolica-na-china-da-introducao-a-sinizacao

19 Xi Jinping, o temoneiro de ferro. Regreso ao pasado para encamiñar o futuro, Marola Padín Novas http://politica-china.org/areas/sistema-politico/xi-jinping-o-temoneiro-de-ferro-regreso-ao-pasado-para- encaminar-o-futuro

27 Xi Jinping, Trump and the torch passing, Alfredo Toro Hardy http://politica-china.org/areas/politica-exterior/xi-jinping-trump-and-the-torch-passing

37 Oportunidades en la interacción económica de la Alianza del Pacifico con la República Popular China a partir del proteccionismo promovido por Estados Unidos en la era Trump, Raquel León de la Rosa y Carlos García Dorantes http://politica-china.org/general/oportunidades-en-la-interaccion-economica-de-la-alianza-del-pacifico- con-la-republica-popular-china-a-partir-del-proteccionismo-promovido-por-estados-unidos-en-la-era- trump

55 Argentina frente a la Comunidad de Destino de la Humanidad, Eduardo Daniel Oviedo http://politica-china.org/areas/politica-exterior/argentina-frente-a-la-comunidad-de-destino-de-la- humanidad

62 La carta taiwanesa, Xulio Ríos Publicado en: Vanguardia Dossier nº 70, octubre-diciembre 2018

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A Igreja Católica na China: da introdução à “sinização” André Saraiva Santos e Larissa Ma Kehan

1. Das Eras Imperiais ao Período Pré-Republicano: Introdução e Evolução do Cristianismo na China

Na altura em que as primeiras palavras sobre o evangelho de Cristo entraram no Grande Império do Meio, curiosamente, ainda não tinham sido disseminadas na Europa. De acordo com López (1987), haveria sido no ano 635 que através de um cristão vindo dos territórios da Pérsia, chamado de , que o Império dos Tang ouvia falar da “Religião da Luz”. Um artefacto encontrado em Xi’an evidencia esse acontecimen- to. (LÓPEZ-GAY, 1987, p. 45) No entanto, segundo Yan (2014), o nome de Jesus já deveria ser conhecido ainda antes deste marco, sendo os monges sírios com filiação à Igreja Siríaca do Oriente que viajavam com outros mercadores pela Rota da Seda, os primeiros difusores da vida e dos feitos de Cristo.

Independentemente destas duas referências cronológicas, é consensual a teoria de entrada da “Religião da Luz” durante o período da dinastia Tang. Sendo uma nova religião e claramente desprovida de conhecimento por parte dos habitantes da China, os monges teriam que se adaptar a um meio onde a sua fé não era maio- ritária nem sequer a favorita na corte dos Tang (veja-se as perseguições aos cristãos por parte de Wu Zetian), estando estes dependentes do trato que o governante no poder lhes concedia.

Até ao reinado do Imperador Wuzong, os monges sírios souberam-se integrar e adotar meios de contacto com a população nativa através da língua. No entanto, foi com a vinda de Wuzong para o poder e com a ocupação da região da Pérsia pelos muçulmanos que o Cristianismo entrou novamente em declínio, sendo ainda uma religião “estrangeira”, distante, pouco incorporada na vida das gentes locais, demasiado fechada nos seus locais de culto e dependente da boa vontade de imperadores Tang para realizarem a sua missão. (YAN, 2014, p. 14)

A segunda vaga de portadores da “boa nova” cristã inseriu-se na Corte Mongol, durante a dinastia Yuan, onde apesar do estilo sinicizado de governo de Khubilai Khan, a liberdade assim como a diversidade religiosa abundavam e os cristãos conseguiram estar representados na corte mongol juntamente com membros de outras religiões importantes da China (FAIRBANK & GOLDMAN, 2002, p. 121). Contudo, apesar dos es- forços de Giovanni da Montecorvino, Arcebispo de Pequim, o cristianismo iria entrar em queda novamente, logo após a destruição da Dinastia Yuan. Este “período negro” para o trabalho da igreja foi fruto da ausência de novos elementos da igreja que dessem continuidade ao legado deixado por Montecorvino, a não ser a breve estadia de Giovanni Marignolli em 1432, 64 longos anos após a queda dos mongóis e 104 anos depois da morte de Montecorvino (YAN, 2014, p. 15).

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Segundo González (2000), o aparente desinteresse de Roma em enviar mais missões a um Império lon- gínquo, assim como a falta de recursos para suportar essas jornadas foram as principiais razões para tal ausência de missões (GONZÁLEZ, 2000, p. 145). Os portugueses haveriam de chegar às costas da China em 1513, e o Papa Paulo III deu à coroa portuguesa a missão de espalhar a fé católica na Ásia, desviando-se assim dos elevados gastos que esses empreendimentos trariam para a Santa Sé. Estabeleceu-se assim o Padroado Português e as missões na China estariam a cargo dos portugueses que, consigo, levariam também os jesuítas para o local. (TICOZZI, 2014, p. 95) Apesar de São Francisco Xavier ter morrido às portas da sua missão para evangelizar o Império do Meio, o jesuíta haveria de concretizá-la, chegando mesmo a receber aceitação por parte dos Ming para se estabelecer na Corte.

A inserção de Ricci dentro do organismo governativo do Império e a adopção do seu modo soave (ver YAN, 2014, p. 17) de acomodar tanto os ensinamentos religiosos cristãos como o respeito pelos regulamentos imperiais e pela própria cultura e forma de encarar a perceção da religião por parte dos chineses, deu azo à entrada de outros missionários cristãos nos anos vindouros. Mesmo com o destrono do Ming, os primeiros imperadores manchus da dinastia Qing, toleraram a presença jesuíta na Corte (servindo também como eru- ditos do Ocidente que apresentavam os seus estudos astronómicos, cartográficos, tecnológicos, fascinando a elite imperial com todo o progresso e exotismo) e também permitiram a entrada de uma grande quantidade de organizações cristãs no terreno, como Franciscanos, os Agostinianos, Dominicanos e a Missão Estrangeira de Padres de . (WIEST, 1988, p. 45).

Durante o reinado de Kangxi, o Cristianismo tanto experienciou um dos momentos mais altos (como o seu reconhecimento formal em 1692), como igualmente atravessou mais um “período negro” com a sua abolição do Império em 1724. Como nos explica López-Gay (1987) surgiram dois grupos dentro da Igreja Católica que tinham interpretações diferentes dos ritos chineses. Os que toleravam a prática e outros que a viam com desdém (LÓPEZ-GAY, 1987, pp. 77-78). Os Dominicanos, mais concretamente na pessoa de Juan Mwrales, denunciaram o Confucionismo e as reverências aos antepassados levadas a cabo pelos crentes chineses.

A Cúria Romana concordou com o levantamento de uma ordem que proibia os chineses de praticar tais actos. Os Jesuítas alarmados, enviaram emissários para Roma a fim de persuadirem a Cúria a reformular o artigo de 1643 que destruiria os alicerces de respeito e tolerância para com a religião edificados por Ricci. O Pontífice Alexandre VII concordaria com a alteração. No entanto, os Pontífices em Roma mudavam cons- tantemente, e quando os Dominicanos interrogaram a Cúria sobre qual dos documentos era o que estava em vigor, o veredicto aclarava que os dois artigos eram válidos e um não excluía o outro.

Esta contradição levou a que houvesse uma reunião de missionários em Cantão. Após 40 dias concluiu-se que o documento de Alexandre VII seria aceite. Contudo, Charles Maigrot, Bispo de Fujian e Membro das Missões Estrangeiras francesas, desrespeitava estas ordens e continuava a proibir os ritos confucionistas, de respeito aos antepassados e com a agravante de mandar retirar das igrejas as placas inscritas pelo Imperador Kangxi dizendo “Respeitem o Céu”., Mais tarde, e graças aos elementos da Missão Estrangeira de Paris que estavam contra os Jesuítas neste aspecto, conseguiram que o Pontificado executasse uma decisão final em

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1704: “…Cristãos chineses não devem entrar em templos Confucianos ou templos ancestrais e não devem participar em nenhuma actividade que preste homenagem aos antepassados ou a Confúcio…”. Estavam assim declaradas as tradicio- nais práticas chinesas de veneração como heresia.

Depois das missões fracassadas da Cúria Romana à corte de Pequim (nas pessoas de Carlo Tommaso e Carlo Mezzabarba, assim como de Charles Maigrot) e do Pontífice Clemente XI declarar que o desrespeito pela decisão de 1704 seria considerado gnosticismo, Kangxi apercebesse da intromissão que um órgão estran- geiro pretende lançar sobre os assuntos internos do seu país e declara, em retaliação, a abolição do Cristianis- mo e a expulsão dos missionários estrangeiros (ZHANG, 2006, pp. 144-148). A Igreja tinha comprometido o seu papel na China sendo vítima da sua própria auto-destruição com as diferentes ordens a entrarem em constante conflito (FAIRBANK & GOLDMAN, 2002, p. 151).

Anos difíceis se seguiram, com jesuítas portugueses a terem de enveredar por condutas não-oficiais desde Macau para tentarem difundir a religião junto da população, mas com a extinção da sua Ordem em 1773 cada vez menos canais de comunicação se apresentavam. Wiest (1988) retrata bem o cenário dos missionários de então quando diz que “…o seu trabalho consistia principalmente em tentar manter a fé dos restantes católicos viva. Os es- forços para procurar novas conversões eram praticamente inexistentes…” (WIEST, 1988, p. 46). As subsequentes gue- rras que as potências Ocidentais impuseram à China, também não melhoraram a situação do Catolicismo. Yan (2014) relembra que a Guerra do Ópio que forçou a China a aceitar, através de tratados desiguais, a pre- sença de missionários e a condução livre das suas actividades, apenas veio abrir ainda mais o fosso existente. Se a religião já era considerada distante, a actuar na clandestinidade, pouco conhecida, agora estava também ela a ser catalogada de “imperialista”, que servia os propósitos dos agressores ocidentais (YAN, 2014, p. 20).

Shan (2004), expressa que num período em que na Europa os fortes nacionalismos eram incutidos nas mentes dos seus concidadãos, os missionários europeus que vieram para a China não chegaram ao país com uma atitude muito diferente, sentindo uma superioridade civilizacional e cultural, já que os materiais e a tecnologia da China imperial de então eram bastante atrasados. Foi um período onde a palavra de Deus se misturava com patriotismos ocidentais exacerbados, facto exemplificado no interior das próprias igrejas onde se colocavam as bandeiras dos respectivos países protectores da missão estrangeira (SHAN, 2004).

A França, que já tinha vindo a contestar e competir com o Padroado Português pelas missões na China, haveria de conseguir a posição de destaque que ansiava. Em 1846, no seguimento do Tratado de Whampoa, os Qing pressionados pelos franceses levantam a abolição do Cristianismo e no Tratado de Tianjin em 1858 toda a legislação anti-cristã iria ser revista. A Santa Sé, no Concílio do Vaticano I (1869-1870), preferia a acção da França como protectora dos interesses da igreja católica à criação de uma igreja nativa, assim como não via a necessidade de apontar nenhum Núncio à China para criar uma ponte de diálogo entre as duas partes. (MARIANI, 2011, p. 10).

Os vários estratos da sociedade chinesa viam os missionários como “…estrangeiros subversivos, os quais na sua conduta imoral e nos seus ensinamentos encontravam apoio em canhoneiras…”.Usufruindo da extraterritorialidade, várias nações cristãs fizeram grandes esforços no terreno, entre 1860 até 1900, para tentar atrair novos crentes

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mas sem efeito. (FAIRBANK & GOLDMAN, 2002, p. 222) “…Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra não se deixa salgar…”. De facto, a frase do Padre António Vieira já antes destes acontecimentos, ilustrava bem que os caminhos da fé não devem ser impostos pela força nem coerção.

O ódio ao estrangeiro teve a sua mais alta demonstração na Rebelião dos Boxers de 1898 a 1901 e os missionários foram atingidos, perseguidos e os seus locais de culto destruídos por um grupo de revoltosos que se apoiava em práticas xamânicas e na arte marcial chinesa de kong-fu para suprimir o imperialismo estrangeiro. Esta revolta seria esmagada pela intervenção armada conjunta de vários países ocidentais e obri- gariam a China dos Qing a mais uma humilhação com cedências de concessões e indemnizações pelos danos causados (ibidem, p.230-232). A insatisfação popular com o governo retrógrado, obsoleto e impotente dos Manchus vinha crescendo e em 1911 estala mais uma revolução, desta vez para fazer o imperador sair do trono e instaurar-se uma nova forma de governo: a República (GONZÁLEZ, 2000, p. 150).

2. Relações Santa Sé – China na pós-implementação da República da China(1)

Em 1922, houve uma intenção formal da Santa Sé de fortalecer as relações oficiais com o Guomindang (GMD) ou também apelidado de Partido Nacionalista, e, desta forma, enviou nesse ano um Delegado Apos- tólico([1]) ao país (Celso Constantini) (CHAN, 1989, p. 815). Pressentia-se no Vaticano que haveria que libertar a religião católica do vínculo à França como “Protectora” das suas missões, assim como da acção conjunta com potências estrangeiras (HAYHOE & LU, 1996, p. 109).

A ausência desse proteccionismo seria benéfica para ambos os lados. O catolicismo deixaria de ter uma conotação imperialista e essa pretensão estava presente também na ideologia do GMD (assim como na do Partido Comunista) de libertar a China das potências ocidentais. Para além disso, o que seria então líder do GMD, Chiang Kai-shek, era cristão e pessoalmente ansiava por uma aproximação com o Vaticano. (LEUNG & WANG, 2007, p. 495)

Foi durante o Papado dos dois Pios (XI e XII), que as relações entre a China e a Santa Sé conheceram um melhoramento bastante significativo. Em 1926, Constantini conseguiu que fosse aprovada a formação de uma hierarquia clerical nativa, podendo os chineses assumir cargos de liderança, em 1939 houve uma revisão da interpretação da Igreja Católica em relação aos ritos chineses, que passaram a ser permitidos e respeitados, como também houve o estabelecimento de relações diplomáticas em 1942 com o envio de Xie Shoukang como embaixador chinês no Vaticano.

Em 1945, nomeou-se o “primeiro Cardeal no Leste Asiático”, o chinês Tian Gengxin, e no país já se procedia a uma divisão das províncias em dioceses e prefeituras assim como a nomeação de bispos e arce- bispos (YAN, 2014, p. 21). Em 1946, com vista a elevar a relação existente entre Santa Sé e a República da

(1) Os Delegados Apostólicos, ao contrário dos Núncios, não fazem parte dos representantes diplomáticos da Santa Sé, não sendo portanto representantes do Papa para o Estado em que são enviados. A sua natureza é a de “representante oficioso” da Santa Sé no exterior, e que é enviado devido à ausência de relações oficias entre o Estado em questão e o Papado (VIZCAÍNO).

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China substituiu-se o Delegado Apostólico (na altura Monsenhor Zanini) por um núncio (Monsenhor António Riberi).

Quando estalou de novo a guerra civil (1945-1949) entre nacionalistas e comunistas, a Santa Sé tinha clara preferência pelo GMD para o comando governativo da China. Isso é provado pelo comportamento ideológico anti-esquerdista do seu núncio, Riberi, que fundou um grupo católico organizado responsável por colocar freio ao comunismo: A Legião de Maria (CARLETTI, 2008, p. 57). No final do ano 1948, a Igreja Católica tinha resultados positivos em termos de alocação de nativos na estrutura eclesiástica assim como “…o rácio pessoal-para-paroquianos era bastante invejado por nações católicas que já tinham o Catolicismo bem instaurado…” (MARIANI, 2011, p. 17).

A vinda do Partido Comunista Chinês (PCC) para assumir os destinos do país e a implementação da República Popular da China (RPC) em 1949 fizeram com que certas variáveis que até então estavam em andamento se alterassem. O PCC tornou claro que o que acontecera no passado, em relação à cooperação Igreja – Fações Imperialistas não se poderia voltar a repetir, e, por essa mesma razão, estabeleceu políticas que impedissem esse mesmo evento de ser reincidente.

Uma dessas políticas foi a privação de agentes externos controlarem assuntos da própria China, e assim a Santa Sé não pôde ter o mesmo papel que auferia anteriormente com o governo de Kai-shek (TSO, 2011, p. 5). Apesar do núncio António Riberi ter instruções do Papado para permanecer na RPC, em 1951, haveria de receber a ordem de expulsão por parte dos comunistas, e viajaria para Taipé pouco tempo depois (LEUNG & BENEDICT, 1983, pp. 9-10).

3. O PCCh e o Catolicismo: o nascimento da APCC e as políticas reguladoras do governo

Aquando da implementação da RPC, o governo face aos eventos do passado já mencionados, à relação distante que tinha com o Vaticano, à sua própria ideologia partidária ateísta e a sua política de proteger a Chi- na e o povo chinês da interferência estrangeira nos seus assuntos internos, decidiu aplicar formas de controlo a certos elementos e actividades religiosas.

Segundo Yan (2014), Zhou Enlai, na altura primeiro-ministro da RPC, quis tornar clara a política do go- verno reunindo-se com os líderes da religião católica na China em 1951. Haveria que se colocar uma divisão entre os aspectos considerados espirituais e aqueles que eram considerados de índole política e económica. Foi nessa linha de pensamento que os bispos chineses actuaram e elaboraram um sistema para a Igreja na China composta pelo conceito das “Três Autonomias”, ou seja, a Igreja na China deveria estabelecer uma hierarquia nativa (auto-governante), recusando receber assistência financeira do exterior promovendo a sua própria independência na gestão de fundos (auto-suficiente) e aceitando apenas a ajuda de missionários estrangeiros caso eles servissem somente os interesses da Igreja local e não os dos estrangeiros ou dos seus países de origem (auto-propagandista).

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Depois de algumas deliberações informais, o PCC aceitou em 1954 o estabelecimento da primeira orga- nização oficial cristã: “O Movimento Patriótico das Três Autonomias” (MPTA), ligado ao ramo Protestan- te (YAN, 2014, pp. 23-24). Para os protestantes era mais fácil a proclamação da tão ansiado afastamento de organizações centrais do Ocidente, já que ao contrário do que acontece com a religião católica, não possuem um líder espiritual como o é o Papa. O ramo católico chinês também iria enviar o seu manifesto para que se adquirisse o mesmo estatuto que o MPTA, algo que veio a ser aceite pelo PCC poucos anos mais tar- de (CARLETTI, 2008, p. 81).

Em 1957, criar-se-ia a Associação Patriótica Católica Chinesa (APCC), com a sua própria constituição a defender o seu papel na sociedade como ponte entre o Estado e o povo da igreja, assim como o seu carácter patriótico, de amor pelo país. A APCC manteria a sua ligação estritamente religiosa, ou melhor, espiritual com o Papa, defendendo, contudo, que a soberania do governo chinês em relação a quaisquer assuntos liga- dos ao país seria máxima.

Por outras palavras, a APCC não consultaria o Vaticano nem buscaria a sua aprovação para a nomeação de elementos na sua hierarquia. Era necessário afastar quaisquer “tentáculos do colonialismo” e todo o tipo de interferências imperialistas camufladas. O mote enraizado naquele período era o de “oposição ao imperialis- mo, amando o seu próprio país”.

No período de 1966-1976, a RPC teve de passar por uma etapa do Socialismo Maoista que necessitava da cessão de actividades religiosas no país: o período da Revolução Cultural. Assim a APCC teve de suspender as suas funções durante este período, até que em 1978 os representantes religiosos das principais fés da Chi- na voltaram a aparecer no diálogo formal, mais concretamente na Conferência Política Consultiva do Povo Chinês.

Com Deng Xiaoping no poder, deu-se um importante passo para a revisão constitucional na área das reli- giões, sendo permitida a crença, ou não, a qualquer cidadão em qualquer fé, não sendo igualmente permitida a ostracização destes cidadãos pela escolha religiosa que optem, estando estes protegidos pelo governo desde que desenvolvam “actividades religiosas normais” (YAN, 2014, pp. 24-27). Várias igrejas católicas e protes- tantes foram reabertas, assim como os templos budistas e as mesquitas islâmicas.

De facto, Deng queria dar um novo rumo às religiões dentro do seu país e o seu governo, em prol desse movimento, criou um Instituto das Religiões Mundiais na capital para promover um estudo destas e ajustá- las ao ponto de vista marxista (HE, 2003, p. 32). Para tal, voltou-se a estabelecer o mecanismo que serve de “ponte” ou mediação entre governo e religiões com a entrada em funcionamento do Departamento de As- suntos Religiosos. O ressurgimento da APCC, também veio com uma reafirmação no seu carácter patriótico expondo como sendo objectivos da organização unir o grupo de fiéis e enquadrá-los na liderança do Partido, seguindo as suas directrizes e agindo em conformidade, enaltecendo o espírito patriótico dos mesmos, para além de ser apoiante dos valores nobres universais da paz e da liberdade de crença religiosa.

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No seio da APCC também foram criados dois organismos para melhor gerir os seus assuntos internos: a Conferência dos Bispos Católicos Chineses (CBCC) e o Comité Administrativo da Igreja Católica Chinesa (CAICC). Como aponta Carletti (2008), a CBCC “…nascia com a intenção de concretizar o auto-governo da própria Igreja Católica…” e ao CAICC “…cabia resolver os assunto pastorais e organizacionais da Igreja Católica…” (CARLET- TI, 2008, p. 130). Em 1981, o governo aceitou que os católicos na China reconhecessem o Papa como o “líder espiritual” da sua religião, contudo, deixava bem claro que essa visão não se aplicava à autoridade administrativa.

Outro sinal de tolerância foi dado em 1982, com a permissão dada aos Católicos de mencionarem o nome do Papa nos seus rituais (Clark, 2018). De 1990’s em diante, o governo chinês reforçou a sua intenção de proibir quaisquer práticas religiosas que não estejam oficializadas pela APCC e CBCC e que não sigam as directrizes governamentais (YAN, 2014, pp. 28-31).

4. Entendendo os “Pilares” da Política Religiosa Interna e Externa do PCC

A ideologia comunista prevê o desaparecimento da religião como uma meta a ser atingida a longo prazo depois de certas etapas serem alcançadas. Apesar disso, o PCC tem, ao longo dos anos, tido uma conduta que favorece a tolerância religiosa, que enaltece o seu papel como agente do socialismo e auxiliador de uma sociedade harmoniosa, respeitando a unidade nacional.

A explicação do governo para a sua abordagem religiosa de hoje está fortemente ligada aos acontecimentos históricos descritos anteriormente. Segundo a interpretação dada por documentos oficiais presente no livro de Donald MacInnis (1989), após as humilhações impostas pelas potências estrangeiras na China, a religião foi utilizada por vários grupos como um mecanismo para a extensão de benefícios, nomeadamente senhores de guerra, grandes proprietários, barões de tráfico humano e potências estrangeiras.

Os ramos do Cristianismo (Catolicismo e Protestantismo, mais especificamente) estiveram nas mãos das forças colonizadoras imperialistas que dividiram e exploraram a China, e por isso, ao serviço dos seus propósitos. Como tal, a RPC adoptou uma forma de acomodar o lado positivo das religiões (termos espi- rituais) aceitando a crença da população nas mesmas, não obstante, exercendo também um controlo firme sobre os assuntos internos do país, o que significa que a religião terá sempre de ser um assunto nacional onde nenhuma outra entidade exterior poderá exercer controlo. Para isso foram criadas igrejas patrióticas para defenderem a China do imperialismo, adoptando os três princípios de independência, autonomia e auto- propaganda. Para além disso, é essencial que estas religiões cultivem juntos dos crentes o amor pelo país ao mesmo tempo que expõe o amor pela religião. (MACINNIS, 1989, pp. 97-98)

4.1 O “Pilar” da Política Interna Religiosa do PCC Apesar da ideologia ateísta do PCC, é intuito do mesmo respeitar e proteger a liberdade religiosa (todo o individuo tem a liberdade de crer ou não numa religião) assim como as conversões e as desistências religio- sas. Estas apenas poderão ser concretizadas caso seja a própria opção da pessoa em fazê-lo. Nesta lógica, não se pretende utilizar a coerção nem forçar os habitantes do seu país à desistência religiosa, pois o seu último

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objectivo é criar uma sociedade que promova um poderoso Estado Socialista e para isso, neste momento, crentes e não crentes têm de estar juntos neste processo.

Aliás, o documento 19, outorgado pelo PCC em 1982, exalta esse mesmo facto, garantindo que a religião não pode nem deverá ser erradicada. Também não é objectivo do estado a promoção de nenhuma religião para a sua população nem é sua meta a proibição de nenhuma das religiões oficiais. Para além disso, é forte- mente vincado ao longo dos anos pelo governo chinês, que não se voltará aos erros do passado em permitir que qualquer ordem religiosa do exterior (inclusive Santa Sé) usufrua privilégios dos “tempos feudais”, como também não permite a interferência das mesmas na estratégia delineada para o seu país. (ibidem, p.14- 15) Foi com esse intuito, e para que se proceda a uma correcta implementação das directrizes do PCC, que tomaram forma as oito organizações patrióticas religiosas patrocinadas pelo governo, inclusivamente as cris- tãs, que já foram mencionadas anteriormente.

As expectativas em relação às mesmas são o fortalecimento de espírito patriótico e socialista dos crentes e o auxílio na promoção e correcta transmissão da mensagem do PCC, tendo o papel de “pontes” entre a po- lítica comunista e os grupos de crentes, educando-os e unindo-os (ibidem, p.19) Os membros pertencentes a estas organizações religiosas patrióticas recebem formação por parte do PCC nas teorias socialistas marxistas, fomentando-se assim um vínculo relacional forte entre ambos os lados. Será também um objectivo a longo prazo do PCC o de demonstrar às pessoas (e aos crentes) que os idealismos (tal como é a religião) têm de ser gradualmente desconsiderados, mostrando-lhes que não existe fundamento em recorrer a um mundo transcendente e a uma entidade ilusória para lidar com o mundo (ibidem, p.25-26).

4.2 O “Pilar” da Política Religiosa Externa do PCC Em relação às relações internacionais, nomeadamente no contacto com ordens religiosas, o PCC tem uma política cuidadosa. Apesar de ser sua intenção levar a cabo o estabelecimento de um grande número de contactos internacionais com as várias entidades, aumentando a influência política mundial da RPC, exis- tem certos grupos religiosos / entidades morais no exterior que se pretendem manter afastados já que a sua actuação pode prejudicar os objectivos finais da estratégia partidária.

O Vaticano está entre os nomes dessa lista, conotado como uma “força religiosa estrangeira” que preten- de interferir nos trabalhos internos do PCC, para além de ser uma antiga lembrança do imperialismo que assolou e feriu a China gravemente. O PCC não proíbe os intercâmbios entre pessoas religiosas, desde que esses propósitos sejam os académicos, os culturais e os espirituais. Qualquer movimento ou acção que ponha em risco os princípios de uma igreja independente ou que tente apoderar-se de alguma religião no país terá de ser suprimido. O Partido também exalta que todas as organizações religiosas do país não devem aceitar ajudas financeiras vindas do exterior com propósitos religiosos. O PCC não tolera o estabelecimento de organizações religiosas não oficiais, assim como de igrejas ilegais (que são inclusive vistas como objecto de forças estrangeiras para se tentarem infiltrar no país).

Em suma, a linha externa do partido fica patente nesta frase: “…desenvolvendo relações amistosas com os grupos religiosos do estrangeiro, enquanto mantemos a nossa política de independência…” (ibidem, 1989, pp.23-24).

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4.3 Hiato na compreensão dos “Pilares” da política partidária: o exemplo da Carta do Papa Bento XVI à Igreja da China Na carta de 27 de Maio de 2007, enviada pelo Papa aos católicos na China demonstram alguns aspectos essenciais da visão que a Santa Sé, até então, tinha em relação ao seu mundo de crentes e à maneira como encarava o diálogo para com a RPC. É uma breve exposição de uma carta oficial, que tenta ser uma men- sagem inspiradora para os cristãos do país, como também tenta estabelecer uma ponte de diálogo com o PCC, mas que acaba por insistir em posições antagónicas e de incompreensão com o panorama governativo da China.

Procedendo à análise de premissas desse documento e contrapondo-as com as políticas internas e externas supramencionadas, sobressaem claras contradições. No dito documento vislumbra-se a seguinte frase: “…A Igreja é o salvo-conduto da dimensão transcendental da pessoa humana…”. A controvérsia começa imediatamente nesta frase. Lembre-se que o PCC é ateísta e portanto livre de pensamentos ou intenções extra-terrenas, não acreditando que a Igreja do Vaticano irá ser salvo-conduto de coisa alguma.

A carta continua dizendo que “…na sua proclamação, a Igreja local devia de ser fiel a Cristo, em comunhão com a Igreja Universal, sob a liderança do Papa, focalizado na missão de proclamar o Evangelho e nunca interferir em políti- ca…”. A ideia de que o Papa, figura distante e ocidental, tem de controlar os destinos universais da Igreja, inclusive da China, não se entende em Pequim. Quando se diz nos discursos oficias do Vaticano que a sua missão é apenas de evangelizar e não interferir em política, isso não representa a verdade na sua totalidade.

Para o PCC, nomear os líderes que estão à frente das religiões do país é um assunto nacional, que só diz respeito à China e ao governo que preside. Para além disso, a APCC segue os ensinamentos espirituais do Papa, não sendo quebrado o vínculo da moral cristã. Outra parte do documento afirma que “…a Igreja não procura nenhum privilégio especial, mas apenas quer altruistamente fazer o seu trabalho para o bem do povo chinês…” De facto, cada premissa enviada para Pequim esbarra nos limites delineados pelo partido.

Está claro que se o Vaticano tiver a possibilidade de nomear um bispo na China, já representa um privi- légio extraterritorial, uma intromissão num assunto religioso de outro país, de outro continente. Como não entender isso como um privilégio? Em relação à natureza altruísta/desinteressada da Santa Sé na China, em prol do “bem” do povo chinês, são tudo termos que pecam pela sua ambiguidade e subjectividade. Repare- se que a palavra “bem” pode ter significados diferentes tanto para Santa Sé como para PCC. Do Vaticano, encerra-se o documento da seguinte forma: “…Com esta atitude positiva, a Santa Sé, naturalmente, espera obter a compreensão e aceitação das autoridades chinesas através do diálogo…” Claramente, expostas as premissas que o Papa teceu anteriormente não facilita a compreensão nem aceitação do PCC assim como não apresenta qualquer naturalidade na lógica.

Contudo, o documento termina afirmando algo que está claro e é comum a ambos os lados: “…muitos desentendimentos e muita incompreensão permanece (…) isto coloca a Igreja num dilema.” (Tripod, 2017, pp. 71-73).

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5. A abordagem governamental da era Xi em relação aos assuntos religiosos

Xi Jinping tornou-se presidente da RPC em 2012 na altura do 18º Congresso Nacional do PCC (tam- bém conhecido na China como 十八大). Quando assumiu o governo do país, Xi apresentou uma nova agen- da para os assuntos religiosos e, mais tarde, o Bureau de Assuntos Religiosos publicava as suas directivas: Para conseguir uma correcta adequação na implementação das políticas partidárias aos assuntos religiosos nacionais, a directriz mais importante é saber “guiar” (导) os destinos das religiões e, consequentemente, os da Igreja.

O objectivo deste “guiar” tem como fim “…corrigir os conhecimentos erróneos que se têm acerca da religião, de forma a que se defina bem a direcção do trabalho religioso e se possa promover a sua estabilidade…”. Xi apresentou, igualmente, um conceito inovador a ser adoptado pelas religiões do país. A direcção para a qual se pretende “guiá-las” é a seguinte: “…uma religião socialista com características chinesas…”, ou também conhecida por “si- nicização” (中国化) das religiões, sendo vista como o sucesso mais recente da nova visão religiosa marxista implementada pela China.

É do conhecimento do partido que a religião tem o mesmo carácter volátil igual ao de uma moeda, que possui duas faces, podendo ter um lado bom e um lado mau. Ou numa concepção mais oriental do termo, um “yin yang”(阴阳), que necessita de ser analisado, gerido e guiado de perto para que se possa minimizar o aspecto negativo e maximizar o positivo, ao mesmo tempo que se adapta esta dimensão à sociedade socialista. O partido acredita que para o alcance de uma sociedade socialista com características chinesas é necessário haver sinergias que impulsionem esse movimento e, desta maneira, não só a política e a economia estão intrinsecamente ligadas ao processo como também o está a religião, precisamente na condução dos fiéis em torno do partido (SARA, 2013).

Com a vinda do novo presidente, novos léxicos foram rotulados às religiões, dando uma ideia do que se espera delas. Contudo, os termos “Liderança” e “Sinicização” careciam de um aprofundamento do seu real significado, percepcionados mais como slogans políticos pela parte dos meios de comunicação social.

5.2. O conceito de “Liderança” (导) na política governamental religiosa de Xi No que diz respeito ao primeiro termo (Liderança), a resposta pode ser entendida no estudo de Batke, aquando da comparência do Presidente chinês na Conferência Nacional dos Trabalhos Religiosos em 2016 (algo que já não acontecia desde 2001 com Jiang Zemin). Este acontecimento deu-se em Abril, e nessa oca- sião mostrou-se mais uma vez os sinais da importância que o governo chinês coloca nos assuntos religiosos da actualidade e foi no seu discurso que se destacou a visão política que é esperada daqui em diante.

Um dos ênfases é na “liderança” (导) partidária, que será responsável pela execução de dois movimentos híbridos. “Aliviar” (放) e “apertar” (收). “Aliviar” no sentido de não a constranger. “Apertar” refere-se essen- cialmente à colocação de mecanismos de controlo de forma a que a religião não esteja isenta de supervisão ficando assim vulnerável às interferências do exterior. Xi explicitou que o país encontra-se numa “Nova Situação” e que enfrenta alguns desafios que podem constranger a persecução dos seus objectivos, entre eles

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está, por exemplo, a proliferação de pensamentos extremistas, através de influências vindas do estrangeiro que entram no país pelos meios de comunicação social, sendo o mais comum a internet.

Desta forma, o governo lançou novas regras de controlo para que haja uma maior transparência no tipo de comportamento que se pode ou não adoptar assim como as consequências e sanções aplicadas caso o grupo religioso ou o individuo não esteja a seguir as “regras da lei”. Todos os eventos ligados à religião (inclusive as campanhas de caridade) têm de estar devidamente registadas, amparadas pelas organizações patrióticas religiosas, assim como os locais de culto legalizados. É através deste formalismo, desta burocracia, deste deli- near do que é aceitável pela lei, que se visa criar uma ligação forte entre “o Estado de Direito” e a “Religião”, diminuindo-se o risco das tais ameaças à estabilidade governativa (BATKE).

5.3. O conceito de “Sinicização” (中国化) na política governamental religiosa de Xi Em relação ao segundo termo “Sinicização”, só recentemente, foi explicado por um professor da Univer- sidade de Pequim. A “Sinicização” da religião não é apenas um slogan, mas sim um conceito teórico. Zhang Zhigang, Diretor do Instituto da Religião e Cultura, explicitou a mesma afirmando que esta compreende três pressupostos: O primeiro aponta para três dimensões (cultura, nacionalidade e sociedade) para correc- tamente se entender o que significa “ir na direcção da Sinicização”.

Segundo este académico, é necessário que as religiões da China se enraízem na cultura chinesa, “… criando tradições fortes com a cultura chinesa e fazendo contribuições positivas para a sociedade nacional…” O segun- do pressuposto é baseado na visão de Hans Küng, um católico chinês, teólogo e filósofo, que vinca dois componentes essenciais e que são inseparáveis um do outro. Componente A: “…Só quando estiver realmente enraizada no solo da cultura chinesa é que a Cristandade Chinesa terá um futuro…”. Componente B: Para alcançar isso é necessário livrar o Catolicismo de todas as práticas e actividades religiosas com traços imperialistas ou colonialistas, opondo a Igreja Católica Chinesa à Ocidentalização, ao estilo dos missionários, e à “…directa tradução da teologia Ocidental para o pensamento chinês. Em vez disso, devemos contemplar e praticar a fé cristã dentro da China, de forma a que consigamos erguer os seus valores com a nossa cultura nacional…” Ou seja, um reforço de uma igreja independente, expressa nas Três Autonomias. O terceiro pressuposto é baseado na “identidade” chinesa, no larguíssimo e ininterrupto legado deixado pela cultura da China. Só entendendo esta máxima, os seus costumes e as suas tradições, poderá a religião estar em sintonia com a sociedade chinesa (ZHANG Z. , 2017).

5.4. O 19º Congresso, o Fórum Católico Teológico de Ningxia e o plano futuro para o Catolicismo Xi, um presidente que segue de perto os assuntos religiosos do país, não poderia deixar de convidar os líderes de todas as religiões para assistirem ao seu discurso oficial a fim de perceberem qual seria o papel con- ferido às religiões para esta nova era. No 19º Congresso Nacional do PCC (十九大), o discurso do presidente direccionado às religiões foi sucinto e directo.

Após dar relevância aos aspectos essenciais repetidamente enfatizados no Congresso (autonomia do povo, desenvolvimento político democrático socialista, solidificação da Frente Unida Patriótica, “um país dois sis- temas”, implementação do socialismo com características chinesas) Xi expôs: “…Implementar integralmente a

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directriz básica do partido sobre o trabalho religioso, aderir à orientação chinesa da religião da China e orientar activamente as religiões para que se adaptem à sociedade socialista…”. Para finalizar, ainda houve a preocupação de alertar para o lado menos positivo da religião, sendo necessário tomar medidas contra as infiltrações do exterior, o radica- lismo religioso, acautelamento de possíveis ataques à integridade da China provenientes de extremistas que usam a religião para esses mesmos fins (中国天主教, 2017, p. 9).

Os responsáveis das religiões proferiram declarações após o Congresso e mostraram interesse em prosse- guir com as ideologias partidárias e trabalhar para o alcance das metas colocadas por Xi. (ibidem, p.6-7) Desta forma, procedeu-se à convocação rápida (logo após um mês do 19º Congresso) de um encontro nacional para alinhavar os métodos de acção da Igreja Católica na China.

Em Novembro de 2017, dava-se o Fórum Teológico da Sinicização Católica, organizado pela APCC e pelo CBCC em Ningxia, presidida pelos respectivos líderes Fang Xingyao e o Bispo Ma Yinglin. O alto representante da APCC expôs a direcção da qual se esperava orientar a Igreja Católica no país durante os próximos anos, seguindo o caminho pautado pelo presidente Xi. Será preponderante para o Catolicismo que se encontra numa “… Nova Situação (…) que insista na direcção da Sinicização do Catolicismo…” compreendendo o seu auto-governo, a sua independência, o seu encaixe entre o Envangelho apregoado e a cultura do terre- no e a adopção dos valores centrais do Socialismo como base ideológica central e moral do Catolicismo. O bispo Fang terminaria o seu discurso proferindo as seguintes palavras de ordem: “…Temos que garantir que o Catolicismo da China avança na direcção da Sinicização para sempre…”.

Após as palavras do bispo, o vice-director do Bureau Nacional dos Assuntos Religiosos, Chen Zongrong, explicou que no futuro ver-se-á implementada a seguinte ordem de trabalhos para o estabelecimento da “Sinicização” no círculo de crentes: Haverá uma “…Sinicização no pensamento teológico, uma Sinicização das cerimónias de adoração, uma Sinicização dos edifícios religiosos e uma Sinicização da arte religiosa…”. Igualmente im- portante para o alcance destas metas estarão a correcta utilização da educação, publicidade, regulamentos institucionais para se poder guiar os católicos à “Sinicização” (chinacatholic.cn, 2017).

6. Conclusão

O Cristianismo apesar da sua entrada bastante atempada na China, não conseguiu arrecadar um grande número de crentes. Mesmo apoiada nos esforços de missionários proeminentes que arriscavam a vida em viagens e estadias arriscadas para evangelizar o grande Império do Meio careceram de apoio em praticamente todas as áreas por parte da Igreja Católica Romana.

A China de então, vista como um país remoto, um sugadouro de meios financeiros e com poucos fiéis, não recebia muita atenção de Roma. Assim, a Santa Sé, mais tarde, delegou as suas missões a países europeus e esse terá sido um dos seus maiores erros na missão (e no processo) de transmitir os ensinamentos cristãos à China. Assim como foi a sua intolerância demonstrada pela não-aceitação dos ritos chineses, práticas já bastante enraizadas na cultura do povo chinês.

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Posteriormente, esses países chegariam à China não com os propósitos nobres de bondade, paz ou hu- mildade, mas com a ânsia de saquear e dividir o Império do Meio entre si. Os missionários, recebendo a protecção de cada divisão militar de determinado país estrangeiro, entravam assim no país para evangelizar (lembre-se o papel de França, um dos países invasores, que estava como Protectora da Missão Católica). Esta estratégia de “armas dos militares à frente e bíblias na retaguarda” condenou o papel da Igreja ao fracasso naquele período.

Durante muito tempo, não tanto pela força da moral, mas em grande parte pela força dos arsenais milita- res (em pleno contraste com o modo soave que Ricci tanto alertava no processo de inserção dos missionários), o Cristianismo não brotou na China e ficou associado ao imperialismo, ao Ocidente, ao estrangeiro. Quando o PCC chegou ao poder, umas das suas primeiras missões era a libertação dos vínculos colonialistas e impe- rialistas que tanto prejudicaram a China. Foi e é objectivo do PCC garantir que a história não se repete neste aspecto e proteger o povo chinês de influências externas nefastas. Havia que fortalecer o país e o governo tomou medidas para tal.

Apesar de ser um partido ateísta, o PCC não proibiu o culto de qualquer religião por parte dos cidadãos (salvo período Revolução Cultural), estando igualmente o Catolicismo e o Protestantismo entre as prin- cipais religiões aceites na RPC. No entanto, de forma a evitar que as tais interferências vindas do exterior penetrem no país, o PCC decidiu proteger o culto religioso aceitando a criação de Associações Religiosas que levem a cabo os ensinamentos dessas religiões. É com base no princípio das “Três Autonomias” que estas organizações se gerem, evitando contactos com o exterior ao nível da eleição de representantes e dependên- cias financeiras.

O PCC, apesar de não ter relações oficiais com a Santa Sé, dá liberdade aos católicos de rezar pelo líder espiritual da sua religião e que acompanhem os seus ensinamentos. Aliás, nas missas o padre/bispo pode mencioná-lo na Oração Eucarística. A APCC também segue as instruções espirituais do Papa nas suas práti- cas junto dos crentes. Contudo, para evitar a formação de seitas, rituais ou práticas dissidentes foi necessário criar um “Estado de Direito” para que se proceda o seguimento legal de todas as acções ligadas à Igreja e para isso a APCC é responsável por creditar todas elas.

É igualmente visível a importância atribuída pelo governo aos assuntos religiosos. Principalmente na era Xi, com a inclusão dos representantes de cada religião oficial no 19º Congresso. O PCC é responsável por “guiar” e apontar as directrizes que a Igreja deve seguir para alcançar uma sociedade socialista. A esta, compete-lhe a divulgação e inclusão do grupo de crentes nesse rumo. Consegue-se percepcionar a ênfase nesse caminho, tendo a sua expressão máxima a “Sinicização” do catolicismo, reforçado também no Fórum Teológico Católico de Ningxia. Espera-se do catolicismo uma igreja de chineses para chineses, oposta à vertente convencional ocidental, nomeadamente na própria interpretação do Evangelho que foi transcrito e explicado através do pensamento de uma outra cultura que não a chinesa. Não só se espera uma mudança em termos bíblicos, como também de uma imagem renovada da Igreja, traduzida na presença física, tendo que se adaptar edifícios à cultura e à arquitectura nacional. Através deste processo pretende-se criar uma “identidade católica” própria da China.

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André Saraiva Santos é Professor de Língua e Cultura Portuguesa na Universidade de Línguas Estrangeiras de Jilin (China). Colabora com o Diário de Aveiro para as edições das “Crónicas da Manchúria”. Presidente e fundador da Estudantuna Romancina. Membro da Comunidade Católica Cristã da Catedral de Stª Teresa de Changchun.

Larissa Ma Kehan é Mestranda no curso de Português Língua Estrangeira na Universidade de Aveiro (Portugal).

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Xi Jinping, o temoneiro de ferro. Regreso ao pasado para encamiñar o futuro

Introdución

A relevancia do XIX Congreso do Partido Comunista de China é tal pola resposta que ofrece a quen liderará China nos vindeiros anos. Os principais líderes son, por suposto, importantes. Asemade, tamén o é coñecer os seus perfís e as razóns polas que o actual Presidente, Xi Jinping, realizou cambios que permiten a súa permanencia no poder máis do estipulado ata o de agora. Así, o presente traballo organízase da seguinte forma: a primeira parte analizará o sistema de elección da cúpula, a segunda parte versará sobre os pasos a se- guir por Xi Jinping, unha terceira parte definirá o poder en clave de xénero e por último, unhas conclusións.

1. De liderado colectivo a liderado exclusivo con características “xiístas”

Fai todo con moderación, incluso moderarte. Confucio (551 a. C. – 479 a. C.)

En China dise que Mao Zedong fíxoos libres, Deng Xiaoping converteunos en «ricos» e Xi Jinping con- verteraos nunha superpotencia, ou non. Dende que Deng Xiaoping alcanzou o poder a finais da década de 1970, o partido foi exaltando as virtudes do “liderado colectivo” no que as responsabilidades son compartidas en vez de estar concentradas en mans dun único político como no caso do antecesor de Deng, Mao Zedong.

A Constitución de 1982 establece o liderado do Partido Comunista de China (PCCh) ante os tres pode- res, o que fai de China un réxime de partido único onde todo o poder formal está concentrado no goberno central, que ten o poder de delegar competencias para os gobernos locais (e provinciais) e rematar estes ter- mos de uso ou cambialos, ao seu criterio.

Ademais, o sistema de toma de decisións caracterízase por ser moi vertical, pouco transparente e cunha complexa coordinación horizontal. E por iso que o Partido Comunista impregna todos niveis de toma de decisións. Outro rasgo do sistema chinés é a busca de consenso, o que conleva que o veto, atraso, ou modifi- cación dunha política, en particular, pode ser realizada por unha gran pluralidade de actores. Neste senso, os gobernos provinciais son consultados sobre todas as políticas que poidan afectarlles. Ademais, os gobernos locais teñen xerado un sistema de fontes de renda á marxe do goberno central. Esta descentralización fiscal xerou unha forma de proteccionismo local contra a competición de fóra de empresas e o apoio financeiro das empresas locais por axencias locais (Tsai, 2002).

O sistema de eleccións do Partido Comunista de China é indirecto. Os 90 millóns de membros do Par- tido Comunista votan aos delegados dos congresos comarcais e estes aos congresistas provinciais que, á súa vez, elixirán os representantes para o Congreso Nacional (o órgano soberano do partido, con máis de 3.000 membros).

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O Congreso Nacional elixe o Comité Central do Partido Comunista (máis de 300 membros, entre ti- tulares e suplentes) que, á súa vez, elixe o Politburó (24 membros) e sete dos seus membros que forman o Comité Permanente do Politburó (o núcleo duro do poder en China e onde se cohesionan partido e estado, cuxo presidente é o Secretario Xeral do Partido Comunista.

Sen embargo, segundo apunta Gao Wenqian, en realidade, mais importantes son as decisións tomadas con anterioridade á celebración do congreso entre os líderes do país, que tentan chegar a un acordo sobre a división de postos no Buró Político entre as distintas faccións do partido.

Así, un pequeno grupo de líderes no nivel superior do PCCh planea e toma decisións en segredo, e logo impón a súa vontade no Congreso do partido. O procedemento específico é: primeiro, o líder do partido de alto rango expón as súas liñas de pensamento; os membros do Comité Permanente do Buró Político son consultados individualmente para as súas opinións; o Comité contempla as ideas e formula propostas; du- rante a reunión de Beidaihe, solicítanse as opinións dos veteranos do partido; as propostas sométense ao Buró Político para a súa discusión; as propostas apróbanse na sétima sesión plenaria; e, finalmente, o congreso do partido pon o seu selo neles.

Asemade, nesta escaleira de postos, Xi Jinping ocupa unha posición preeminente e fai uso dela para es- tender as súas decisións a tódolos brazos do partido. Ter baixo control a membros, decisións e institucións principais asegúralle un poder real a longo prazo para facer efectivos os seus plans derivados do seu proxecto estrela, a nova ruta da seda denominada “Unha Franxa, Unha Ruta”, presentada en 2013 polo propio Xi e posteriormente promovida polo Premier Li Keqiang durante visitas de Estado a Asia e Europa.

O pasado outubro do 2017, o Partido Comunista de China celebrou o seu XIX Congreso. Cinco dos seus membros do anterior Comité Permanente retiráronse por ter excedido o límite “informal” de 68 anos de idade. Xi Jinping e Li Keqiang seguiron no Comité. Por outra banda, con menos inimigos internos máis seguridade dentro do Partido para afastar o medo a unha purga en contra.

Na cerimonia de clausura no Gran Salón do Pobo da era-Mao, foi anunciado que o “Pensamento de Xi sobre o Socialismo con Características Chinesas para unha Nova Era” incluiríase na Constitución equipa- rándoo así con líderes históricos como Deng Xiaoping e Mao Zedong.

2. Do núcleo duro ao poder único: Xi Jinping, actuais ansias de poder ou medo futuro?

O dragón inmóbil nas augas profundas convertese en presa dos cangrexos Proverbio chinés

China foi un país de dinastías. Sun Yat-sen, o fundador da China moderna, aboliu os intentos de recupe- ración dunha liñaxe imperial nos anos 20 do pasado século e Deng Xiaoping, o pai das primeiras reformas

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de corte capitalista, posteriormente sentara en 1982 as bases dun mecanismo de substitución no poder (non máis de dous mandatos de cinco anos, 70 anos como límite de idade) e a introdución do consenso nun lide- rado colectivo. Esa formulación buscaba eludir a solución occidental baseada na alternancia electoral e evitar un dominio personalista do poder. Xi Jinping non só está a romper a convención establecida dende hai moito tempo, senón que está a desmantelar o mesmo sistema de goberno colectivo.

En novembro de 2012, Xi Jinping foi nomeado como militar xefe e secretario xeral do Partido Comunista e presidente en marzal de 2013, enviando unha clara mensaxe de que o país non é só gobernado por un par- tido sen rostro senón que é gobernado por un home, el mesmo. Co paso do tempo adquiriu un alcume: “Xi Dada”, ou “Tío Xi”, como é a denominación dada polos usuarios de internet e ás veces incluso os medios de comunicación oficial (nunha clara estratexia de acercar o Líder ás masas). O mandatario tamén demos- trou ter unha visión política clara dende o inicio, promovendo grandes proxectos nacionais con iniciativas internacionais como a nova ruta da seda e anunciando grandes plans para acabar coa pobreza do país antes de 2020.

O compromiso para o desenvolvemento dunha sociedade modestamente acomodada, pero tamén tec- nolóxica e aberta ás novas formas de innovación, son algunhas das características do socialismo con pecu- liaridades chinas que foron propostas polo presidente Xi Jinping durante a súa intervención ante o plenario do partido. Un compromiso que se visualiza na teorización dos cinco conceptos de desenvolvemento. Os mesmos fan referencia a que “a innovación (创新 chuang xin), coordinación (协调 xietiao), desenvolvemento ecolóxico (绿色 lüse), a apertura (开放 kaifang) e o desenvolvemento compartido (共享 gongxiang)”, permiti- rán facer de China un país en continuo crecemento.

Pero a cúpula do Partido Comunista de China con Xi Jinping á cabeza atópase con non poucas barreiras, a corrupción é unha delas. Esta pode provocar un deterioro do sistema político e unha moderación no cre- cemento da economía e, en consecuencia, un socavamento da lexitimidade da elite do Partido como xestores do desenvolvemento do país. De feito, a corrupción xa foi un dos principais problemas remarcados durante as manifestacións contra o goberno en 1989. A reforma tamén ampliou significativamente o ámbito de co- rrupción como unha cuestión política fomentando novos comportamentos e valores, cambiando o significa- do dos máis vellos, e dando lugar a novas queixas relacionadas co crecemento das desigualdades.

Dende que asumiu o poder en 2012, Xi deulle gran relevancia a este tema e promoveu unha campaña ma- siva contra a corrupción en toda China como unha forma de selo persoal do seu estilo de gobernabilidade. O Exército foi un dos sectores máis afectados polas reformas anticorrupción de Xi: por primeira vez na historia do país, procesouse a ex-altos mandos castrenses. A loita de Xi Jinping contra “tigres” e “moscas” saldouse con altos cargos no partido condenados a cadea perpetua. O caso máis representativo de “tigre” é Bo Xilai, ex-secretario do partido na municipalidade de Chongqing e ex-membro do Politburó, que en setembro de 2013 foi sentenciado a cadea perpetua por aceptar 20,4 millóns de iuáns (2,5 millóns de euros) en subornos, malversar cinco millóns de iuáns (605.000 euros) e abusar do seu poder en relación co asasinato por parte da súa esposa dun home de negocios británico amigo da familia. Os Bo recibiron, entre outros agasallos dun empresario, un chalé no sur de Francia. A súa condena foi promocionada como unha mostra da vontade do

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Goberno de loitar contra a corrupción. Os partidarios de Bo Xilai, con todo, aseguran que foi vítima dunha purga política.

O aumento da corrupción en China é unha consecuencia non só das reformas económicas, como tamén da orde político-económica que as precederon. O sistema foi construído sobre a ideoloxía revolucionaria, un líder carismático, e o dominio do partido-estado. Faltaron unha serie de límites que fixeran posible unha alternativa viable de sociedade civil, incluíndo distincións: 1) entre os dominios público e privado; 2) entre dereitos e intereses individuais e colectivos; 3) entre política e administración; 4) entre mercado e mecanis- mos de distribución patrimonial; e 5) entre estado e sociedade. Como resultado, unha vez que a transición á reforma comezou, China foi incapaz de conter tanto as forzas de mercado ou a explotación oficial. A corrup- ción na década dos 50 foi considerada como un desvío individual, en vez de como unha rémora institucional ou problema sistémico, e as persoas estaban mobilizadas en campañas periódicas de rectificación para infor- mar de delitos e criticar os pensamentos e comportamentos decadentes. A corrupción foi atribuída a varios factores: a influencia feudal, a adoración burguesa aos cartos, e o egoísmo.

Debido a estes factores e ás implicacións directas da corrupción na cúpula do poder, Xi Jinping non quere que ninguén ameace o seu poder na forma como o seu antecesor, Hu Jintao, foi ensombrecido pola figura de Zhou Yongkang, un membro da Comisión Permanente, que foi o encargado de toda a aplicación do aparello legal, dende a policía, policía secreta ata o poder xudicial.

Asemade, Sun Zhengcai, un ex-dirixente do Partido Comunista de China, unha vez considerado un potencial sucesor do Presidente Xi Jinping, foi condenado a prisión de por vida por aceptar subornos. Sun foi encargado de Chongqing en 2012 despois de que o ex-secretario do partido Bo Xilai fora encarcerado de por vida por corrupción.

Estes exemplos teñen varias lecturas. A primeira a nivel social, os cidadáns entenden que baixo a xestión de Xi Jinping, ningún membro do Partido, por moi alto cargo que ostente dentro do mesmo, está libre de evadir a lei. Estas sentencias actúan como exemplarizantes e como mostras de seguridade cara a poboación. En termos xerais, existe unha clara aceptación social da figura deste Presidente e das súas actuacións neste eido. Sun e Yuan (2017) afirman que a sociedade chinesa percibe unha redución da corrupción a nivel na- cional, pero non nas bases locais do Partido. Nembargantes, unha segunda lectura apunta a que o Presidente ten usado a represión para eliminar algúns dos seus rivais políticos.

O apoio social ás políticas de Xi Jinping non son ao 100%, existe disidencia en internet, e os censores chineses están a traballar duro para reprimila. Prohibiron temporalmente o uso de frases como “culto á per- sonalidade “, “o meu emperador” ou “Xi Zedong” pero os internautas modifican as súas formas de expresión e estratexias de uso na rede de redes para continuar amosando certo descontento coa acumulación de poder de Xi Jinping. A súa forma de liderado non é a única crítica existente: a desaceleración da economía, a inten- sificación de certos conflitos sociais e a escalada de control por parte de rangos superiores son algunhas das razóns que motivan certa desafección da poboación co sistema.

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Xi Jinping ten só 64 anos de idade. Polo que se coñece, conserva un excelente estado de saúde e ademais saíu reforzado no último Congreso do Partido como se amosa na incorporación do ‘Pensamento de Xi’ aos estatutos como unha “guía para a acción do partido”, elevando a Xi Jinping ao nivel de Mao. O seu pensa- mento vai ser agora obxecto de estudo nas universidades. Todo apunta a que Xi Jinping estará presente na cúpula máis alá de 2023.

Segundo unha resolución aprobada polo XIX Congreso Nacional do PCCh, outro aspecto que se suma a incorporación aos estatutos é o desenvolvemento da “Iniciativa dunha franxa, Unha ruta”, outro dos proxec- tos estrela do Presidente. Proposto por Xi Jinping, ten como obxectivo construír unha rede de comercio e de infraestruturas que conecte Asia con Europa e África ao longo e máis alá das rutas comerciais da antiga ruta da Seda. Comprende as rutas comerciais da Ruta da Seda e as rutas marítimas do século XXI.

Ademais do presidente, o primeiro ministro Li Keqiang foi o único que conservou o seu cargo tras unha reorganización radical do Comité Permanente do Politburó. Li Zhanshu, Zhao Leji, Han Zheng, Wang Hu- ning e Wang Yang foron promovidos para substituír a cinco membros do comité que se retiraron, incluído o xefe anticorrupción Wang Qishan, un aliado clave de Xi. Os sete funcionarios teñen máis de 60 anos e, por primeira vez, ningún membro do Comité Permanente do Politburó nacería antes da Revolución Comunista chinesa de 1949.

Estes cambios no estilo fan unha clara alusión a un profundo cambio na natureza da política levada a cabo ata agora. Xi Jinping engadiu unha nova capa de autoridade na parte superior da escala, tomou o mando de numerosas comisións, e actualmente supervisa a reforma xeral do goberno, as finanzas, a revisión das forzas armadas e a seguridade cibernética.

Mirando atrás, dende 1949 o máis extremo exemplo de gobernante omnipotente foi, por suposto, Mao Zedong. Cando a súa desastrosa política coñecida como o Gran Salto Adiante deixaba millóns de persoas morrendo de fame ata a morte, o Ministro de Defensa, o mariscal Peng Dehuai, contestoulle. Por esta razón, un dos heroes da revolución foi eliminado.

Por suposto, a China de hoxe non é comparable con aquela de 1959, pero a acumulación de poder en torno a unha única figura no “núcleo” que non pode ser criticada está a levantar sospeitas e preocupacións entre un amplo grupo de analistas.

Existía a idea en Occidente que segundo a economía de China melloraba esta iría adquirindo un carácter máis democrático no seu sistema político pero non só non é así senón que está a acontecer o contrario. O control é cada vez maior e a presión sobre os cadros do partido non deixa de medrar.

Nas sesións do marcoparlamento chinés celebradas en marzo do ano seguinte, a reelección do mandata- rio produciuse uns días despois de que os lexisladores aprobasen eliminar da Constitución o límite de dous períodos consecutivos para o presidente do país.

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A determinación de Xi de permanecer no poder tamén pode ser un acto de auto protección. O presidente chinés purgou e encarcerou a tantos inimigos poderosos que o cárcere está completo. Poida que vexa no poder eterno a única forma de evitar que rivais con desexos de vinganza lle condenen algún día a un destino similar.

3. O “soño chinés” de Xi Jinping inclúe mulleres ao mando?: as mulleres ocupan a metade do ceo, e na terra, a metade da solución.

A virtude non habita na soidade: debe ter veciños. Confucio (551 a. C. – 479 a. C.)

As mulleres na sociedade deben ter un espello nas mulleres no poder. A pesares da sociedade tradicio- nalmente patriarcal na China, a política dun fillo único permitiu crear unha clase ben preparada de mulle- res (particularmente nas áreas urbanas), excluíndo a situación no rural claramente pouco beneficiosa para elas.

Se ben Mao Zedong afirmaba que “as mulleres ocupan a metade do ceo”, a idea é ter os pés na terra e que as mulleres deben procurar a súa inserción nos ámbitos de decisión para que se produza un cambio substancial tanto na súa situación xeral como na atención das súas demandas nos órganos directivos de toma de decisións. As mulleres chinesas participan na administración dos asuntos do estado principalmente a través das seguintes canles: participando na consideración e formulación de leis estatais ao obter acceso ás institucións lexislativas; participando na administración dos asuntos estatais e sociais asumindo postos de goberno a todos os niveis; participando no goberno representativo a través da Conferencia Consultiva Política; expresando as súas opinións e defendendo os seus dereitos a través de federacións e sindicatos para as traballadoras en diversos niveis; expresando as súas opinións e suxestións directamente aos gobernos e departamentos competentes.

A participación das mulleres nas actividades políticas está sobre papel. Así, prevese claramente na “Cons- titución” da China e na “Lei sobre a protección dos dereitos da muller”, que as mulleres e os homes gocen de dereitos políticos igualitarios. Co fin de promover a participación das mulleres na administración e na toma de decisións dos asuntos estatais e sociais, China formulou os principais obxectivos e iniciativas de estratexias específicas para a participación das mulleres na adopción de decisións e a administración, mellorar a forma- ción dos cadros das mulleres, dar pleno xogo ao papel das organizacións non gobernamentais, comprender as opinións e demandas das mulleres, ampliar as canles de recomendación democrática, a participación de- mocrática, a administración democrática e a supervisión democrática.

No eido privado hai varios casos sobresaíntes nos que mulleres ocupan altos cargos directivos das empre- sas pero no eido político, por exemplo, sería proposta para unha posición de alto rango na Comisión Per- manente do Buró Político? Este sería un histórico compromiso, xa que ningunha muller ocupou este cargo dende a fundación da República Popular da China en 1949. Inclúe o “soño chinés” de Xi Jinping mulleres

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ao mando? Probablemente non. Existían ata antes do XIX Congreso do Partido (2017) só dúas mulleres entre os 25 membros do Politburó, e ningunha estaba a piques de ser ascendida. Actualmente, no XIX Buró Político está Sun Chunlan (孙春兰). Sun, a única muller no Buró político de 25 membros, tamén estivo no corpo durante o primeiro mandato do Presidente Xi Jinping, que comezou en 2012, con outra muller, Liu Yandong, que ven de xubilarse. Sun Chunlan desempeñouse como secretaria do Partido Comunista de Chi- na na cidade costeira de Tianjin, o máis alto cargo no municipio. Ela é a única muller a nivel provincial xefe do partido na China, e a segunda na historia deste país.

O liderado sufriu cambios na actualidade entre os membros do Comité Central (4,9 por cento dos mem- bros formais son mulleres) e maioritariamente vanse escoller homes de máis de 60 substituídos por homes de máis de 50. Con todo, o partido-estado está prestando atención as críticas estranxeiras sobre a falta de diversidade de xénero na súa dirección. Con carácter previo ao congreso, un xornal oficial recollía nun artigo o anuncio dun aumento do número de mulleres delegadas como tamén das minorías e da clase traballadora. Pero delegados son só os participantes no poder simbólico para elixir líderes. De todos é sabido que a toma de decisións reside na parte superior da pirámide, non nos preto de 2.300 delegados escollidos para simbo- lizar a existencia de votación.

Con todo isto, o liderado dos distintos estratos da xerarquía do poder en China está a ver cambios subs- tanciais na súa formación, a nivel de ampliación temporal (eliminación dos dous termos de 5 anos cada un para o Presidente), ou a nivel de composición (ningún dos novos membros nacería antes de 1949), entre outros. O Partido adáptase aos novos tempos, cara novos rumbos.

4. Conclusións

O colosal tamaño de China, o seu nivel de desenvolvemento intermedio que lle permite competir con baixos custos laborais e de produción, as condicións de traballo ou a normativa ambiental (menos restritiva que as europeas) e a súa relativa paz social permitiulle aproveitar as novas oportunidades derivadas da glo- balización económica. Nembargantes, estas “características chinesas” sempre foron xestionadas dende finais da década dos 70 mediante a fórmula de “liderado colectivo” nas máis altas esferas do Partido; pola contra, actualmente Xi Jinping está a modificar esta norma. Non se pode negar que, desde que asumiu o primeiro posto na xerarquía política chinesa en 2012-13, Xi consolidou o poder de xeito firme. Nos últimos cinco anos, a purga masiva contra a corrupción de Xi afectou a máis dun millón de funcionarios, militares e polí- ticos. Acertadamente, a loita contra o suborno tamén varreu á maioría dos rivais potenciais de Xi, dándolle unha man libre para selar a súa autoridade no sistema de partido e estado. Pode haber dúas razóns para estes movementos: ou o mesmo Xi ten medo de ser purgado ou simplemente o sistema chinés seguiu o seu curso. Xi Jinping xa pode continuar coa súa folla de ruta.

Marola Padín Novas é Lcda en CC. Políticas na rama de RR.II na Universidade de Santiago de Com- postela (USC). Ma Chinese Studies (SOAS). É analista do Observatorio de la Política China (OPCh).

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Xi Jinping, Trump and the torch passing Alfredo Toro Hardy

China’s unstoppable drive to a position of leadership in the expansion of globalization, has been funda- mental. This route towards leadership, though, has not been easy, obvious or linear. It began as the natural byproduct of its explosive international commercial interconnectedness, after its access to World Trade Or- ganization (WTO) in 2001. It followed, as expression of the country’s willingness to create a parallel institu- tional framework to the Western controlled multilaterals. It went on, as a mean of transforming the country in the center of an expanding supply chain and as the nucleus of the Asian economic integration process. And, finally, it has become expression of a torch passing, as the is forfeiting its willingness to lead the international economy. Let us try to follow each step of that route.

In 2011, the United Nations Economic Commission for Latin America and the Caribbean, ECLAC, pointed out that South-South exchange, headed by China, was the main driving force of global trade growth. The volume of exports from developing countries had, indeed, gown by 17 percent in 2010 compared with 13 percent in developed countries.(1) The year before, Gordon Brown had written: “This weakening of the Eu- ropean, American and Japanese growth rate also reflects the fundamental shift taking place across the world in the location of production and the direction of trade…And with China leading the growth of South-South trade, globalization will no longer be dominated by trade between today’s developed countries”.(2)

Some good examples of the above were the trade expansions experienced between China and Latin Ame- rica and China and Africa. The former had gone from US$ 8.3 billion in 1999 to US$ 233.7 billion in 2011, while the latter grew from US$ 10 billion in 2000 to US$ 114.81 billion in the period comprised between January and November 2010. At that point, China had already surpassed the United States as the largest trade partner with Africa, while its trade with Latin America was growing at nearly twice the level of that region with the United States. Trade between China and India had also gone from US$ 1.8 billion in 2001 to US$ 60 billion US$ in 2010.(3)

The increase in trade between China and the Arab world was so impressive, that experts were already talking about the reconstitution of the Silk Road: “The door between the Arab world and China, which was shut for centuries, is now open again”.(4) China’s exports to Arab countries worth US$ 6 billion in 2000 had reached US$

(1) “Exports from Latin America and the Caribbean will increase in 27% in 2011”, Economic Commission for Latin America and the Caribbean, Santiago de , Press Release, 31 August, 2011. (2) Beyond the Crash: Overcoming the First Crisis of Globalisation (: Simon & Schuster, 2010), p. 136. (3) NAISBITT, John and Doris, China’s Megatrends (New York: Harper Business, 2010); MORRIS, Ruth, “China: Latin Ame- rica trade jumps”, LBC Latin Business Chronicle, 9 May, 2011; COMISIÓN ECONÓMICA PARA AMÉRICA LATINA Y EL CARIBE, La República Popular China y América Latina y el Caribe: Diálogo y Cooperación ante los Nuevos Desafíos de la Economía Mundial (Santiago de Chile: Junio de 2012); “China, Africa trade increase in 2010”, Africa News.com, . Accessed: 12 January, 20013; CHI RAVI, Vellor, “India’s passage to China”, The Straits Times, 7 January, 2011. (4) SIMPFENDORFER, Ben, The New Silk Road (New York: Pelgrave Macmillan, 2011), p. 160.

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60 billion in 2010. In the process, China had overtaken the in 2002, Germany in 2006 and the United States in 2008, as the larger exporter to this region.(5)

Edward Luce, gives us the proper context of what was happened: “From barely a statistical rounding error in 1978, with less than 1 per cent of global trade, China rose to become in 2013 the world’s leading trading nation with almost a quarter of its annual flows…Nothing on this scale or speed has been witnessed before in history”.(6)

Not surprisingly, at the time China accounted for 13.6 percent of the global GDP. Much surprisingly, though, its voting power within the International Monetary Fund (IMF), has remained as low as its per- centual share, which is just 3.8 percent. Actually, China surpassed the US in GDP measured in Purchasing Power Parity (PPP) in 2014.(7) Indeed, while the US accounted for US$ 17.4 trillion, China reached US$ 17.6 trillion. Nonetheless, China’s voting power at the IMF is, as mentioned, just 3.8 percent versus 17.9% for the United States.

China’s possibilities of increasing this utterly unfair ceiling, proved to be dim. Indeed, in two occasions the country tried to obtain a better positioning within the IMF, to no avail. One came a result of the talks for recapitalizing the International Monetary Fund, on occasion of the 2007-2008 financial crisis. The other, came during the Eurozone Crisis in 2011.

In the first instance, The US Congress rejected any reorganization of the IMF quotas that could translate into a larger voting power by emerging economies and very particularly by China. In the second instance, China offered to provide US$ 100 billion to help easing the Eurozone crisis. In return for which, it asked for the European support in obtaining more influence at the IMF. The European Union, though, spurned Beijing’s demands.

In relation to the second of these two cases, Benjamin Lim and Nick Edwards, Reuters’ Correspondent in Beijing, wrote: “The IMF route would have been the simplest diplomatically, especially after European Union (EU) leaders last month laid out a plan to leverage up the resources of its crisis-fighting fund through an IMF-backed investment vehicle. But the sources in Beijing said this option was abruptly closed to China when it became clear to EU politicians that any investment from China would be contingent on gaining a greater say in IMF decision-making and a more rapid path to inclusion of China’s Yuan in the IMF’s special drawing rights (SDR) currency unit. Increasing China’s say at the IMF would mean reducing EU representation and possibly diluting the influence of the United States, which enjoys veto-power status given its voting rights at the IMF”.(8)

So embedded is the notion that such institutions “belong” to developed economies, that even common sense proposals as the previous one are flatly rejected. In Josep Stiglitz words: “To maintain a cabal among de-

(5) Idem. (6) Op. Cit. Part 1, Loc 219. (7) The PPP exchange rate translates into the equal amount of goods and services that can buy by using two different curren- cies. (8) “Politics stymie China’s EU aid offer”, Reuters, 11 November, 2011, . Accessed: 20 March, 2014.

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veloped countries, whereby the US appoints the World Bank president and Europe picks the International Monetary Fund’s head, seems particularly anachronistic and perplexing today, when the bank and the fund are turning to emerging-market countries as a source of funds”.(9)

Indeed, as Daniel W. Drezner clearly describes the situation: “But unless rising powers such as China and India are incorporated into this framework, the future of these international regimes will be uncomfortably uncertain (….) If China and India are not made to feel welcome inside existing international institutions, they might create new ones- leaving the United States on the outside looking in (….) Global institutions cease to be appropriate when the allocation of decision- making authority within them no longer corresponds to the distribution of power”(10).

Not surprisingly, in their Summit and the end of March 2012 the leaders of the BRICS member cou- ntries agreed to move towards creating a new development bank that would improve access to capital for developing nations, while agreeing as well to do deals with one another in their local currencies. China, as we shall see, will play a leading role in this matter.

As Radhika Deasi clearly explains, without fanfare the main emerging economies are bypassing the eco- nomic institutional architecture of the West: “The BRICS and emerging economies have already set in train a wider set of changes in the institutional architecture of the world order. Since Western powers maintain their grip on its major institutions, these rising powers have simply side-stepped them, setting up new institutions and using old minor ones in new ways. The result is a decentralised institutional structure that doesn’t look like a rival to Western-dominated centralised and worldwide institutions at first sight. But it is. For example, it bypasses US dollar-cantered world monetary and financial regime…Over this period, the International Monetary Fund’s influence fell and it had to compromise key policy prescrip- tions –pre-eminently on capital controls- as regional developments banks and arrangements between two or more developing economies to conduct trade in their own currencies undermined its monopoly…As the rising profile of the BRICS reshapes geopolitical economy and its institutional architecture, backing this or that candidate for president of an unreformed World Bank hardly matters”(11).

In 2014, China was instrumental in the creation of the BRICS’ New Development Bank, whose head- quarters are in . The bank is called to support public and private projects through loans, guarantees and other financial instruments. Moreover, the bank aims at cooperating with international organizations and other financial entities, in order to provide technical assistance to projects supported by the bank. The initial authorized capital of the bank was of US$ 100 billion, distributed in equal parts among its five mem- bers.

In 2015, the BRICS member countries established a Contingency Reserve Arrangement to provide pro- tection against global liquidity pressures. This arrangement is seen as a competitor to the IMF. Within its capital of US$ 100.000 billion, the majority corresponds to China with US$ 39.95 billion.

(9) “Picking the next chief: Whose World Bank is it?”, The Straits Times, 12 April, 2012. (10) “The New New World Order”, , Volume 86 (March/April, 2007), pp. 34, 36, 39. (11) “The West must wake up to the growing power of the brics”, The Guardian, 2 April, 2012.

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But before being instrumental in these initiatives, China was already asserting an important international role through the China Development Bank. Created in 1994, as an engine called to power the government’s economic development, the Bank has played a leading role in the country’s international financial positio- ning. Besides being the second bond issuer in China after the Ministry of Finance, it has become an important international lender. Solely in Latin America, Chinese loan commitments between 2005 and 2013, reached US$ 130 billion. That represented more than what the World Bank, the Inter-American Bank and the World Bank combined, lent to the region during that period. The majority of those resources, dedicated to infras- tructure and energy projects in commodity exporting nations, came from the China Development Bank.(12)

At the same time, the country has been a member of many multilateral institutions of emerging nations. According to Erik Berglof: “In fact, Chinese international engagement is now occurring on a scale and at a rate never seen before. China is a member of many multilateral institutions –including several regional players like the African Deve- lopment Bank (AfDB) and the Inter-American Development Bank (IDB)- with which it is deepening its relationships, especially through co-investment in projects around the world. For example, China significantly ratcheted up its commitment to the AfDB last year through the $2 billion African Growing Together Fund”.(13)

In the global financial sphere, China has been very active as well. The country has moved in two direc- tions. On the one hand, pushing forward the internationalization of its currency, the renminbi. On the other hand, trying to position Shanghai as a global financial center. In relation to the former, it has tried to tie as much as possible the renminbi to its wide international trade network, the largest in the world. As for the second, the following quote by Oliver Stuenkel says much: “…one of the Chinese government’s most am- bitious and fascinating strategies, which symbolizes the extent to which China is willing to alter global structures: To turn Shanghai, a regional also-ran behind other geographically close cities like Hong Kong, into a global financial center capable of challenging New York and London, the world’s only truly global financial centers. According to China’s State Council, this should be achieved by 2020”.(14)

China also played an important role in the creation of the Shanghai Cooperation Organization (SCO), whose organizational charter was signed in June 2002, entering into force on 19 September, 2003. This is a multi-faceted organization, that beyond mutual economic support, covers also security and political sup- port. SCO is integrated by 8 Eurasian member states that in addition to China include also India, Russia, Pakistan and several Central Asian states. This organization superseded the Shanghai Five Group which had been founded in 1996, also under the leadership of China.

Moreover, China was the driving force behind the Asian Infrastructure Investment Bank (AIIB) and the Silk Road Fund. The first is a multilateral development bank that aims at supporting the building of infras-

(12) GUAJARDO, Jorge, “A Latin American Perspective on China’s Growing Presence in the Region” in ROETT, Riordan and PAZ, Guadalupe, Latin America and the Asian Giants: Evolving Ties with China and India (Washington D.C.: Brookings Institu- tion, 2016), p. 69. (13) “Will China change the world’s financial institutions?”, World Economic Forum, 25 November, 2015, https://www.weforum. org/agenda/2015/11/will-china-change-the-worlds-financial-institutions/ Accessed 19 March, 2018. (14) “Can Shanghai become a global financial center?”, Post-Western World, 24 August, 2015, http://www.postwesternworld. com/2015/08/24/shanghai-global-financial/ Accessed 19 March, 2018.

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tructures in the Asia-Pacific region. The initiative gathered support from 37 regional and 20 non-regional members. Currently the bank has 61 member states, while another 23 are prospective members. That could take the bank to 84 members, which by all accounts is a very representative number. Moreover, the capital of the bank is of US$ 100 billion, which is half of that of the Word Bank. China pledged US$ 50 billion to the AIIB special fund, which will help low-income countries in developing infrastructure projects.

AIIB was proposed by China in 2013 and its launching initiative took place in Beijing in October 2014. As from the beginning, the United States opposed the idea and tried to avoid the participation of its main European and Asian allies. The simple fact that China could attain such a degree of financial might in the fas- test growing region of the planet, was unacceptable to Washington. The boycott, however, fell together with the first domino piece: The United Kingdom. As soon as London decided to be founding member of AIIB, before the foreclosure of the initial subscription period on March 31, 2015, the rest of the of the domino row followed: Germany, France, Italy, Netherlands, Switzerland, , Australia, New Zealand, South Korea, etc. Washington pressure proved to be insufficient against the opportunities herein offered by China’s initiative.

The Silk Road Fund, differently from AIIB is not a multilateral financial institution, but a Chinese state owned investment Fund. Its aim is to foster increased investments in the countries along the One Belt One Road. The Chinese government pledged US$ 40 billion for the creation of this investment fund, which as established on December 29, 2014. Its investments will not only include Asia, but also Europe. The Silk Road Fund will complement AIIB in relation to infrastructure developments along the One Belt, One Road course. Needless to say, that these initiatives tend to close the Washington based financial institutions parti- cipation in such gigantic project.

The One Belt, One Road Initiative itself, is a development strategy proposed by the Chinese government that focuses on connectivity and cooperation between Asian, African and European countries. It was unvei- led by President Xi Jinping in September and October of 2013. This mega infrastructure development plan covers more than 65 countries in Asia, Africa and Asia, and bears a price tag estimated at a trillion dollars.

Comprising a land route (“Silk Road Economic Belt”) and a maritime route (“Maritime Silk Road”), it aims at building highways, railways, pipelines, ports and industrial ports. The land route will go from Lian- yungang in China to Rotterdam in the Netherlands, while the maritime one will depart from Quanzhou in China and end in Venice, Italy.

Referring to China’s reasons behind the One Belt, One Road Initiative, Hugh White expresses: “China wants to consolidate its position at the centre of the global supply and manufacturing networks which will be the key to the global economy over the coming decades. Beijing understands that as China’s economy matures and its income levels rise, the lower-wage industries which have fueled China’s growth so far will migrate to less-developed countries where labour costs are lower. China’s economic planners want to fight that trend, but turn it to China’s advantage by building itself an inexpugnable place at the centre of the expanding supply-chain web which will result from it”.(15)

(15) “China’s One Belt, One Road to challenge US-led order”, The Straits Time, 27 April, 2017.

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The One Belt, One Road project encompasses 65 percent of the world’s population, about one third of the world’s gross domestic product and about a quarter of the world’s trade.(16) Making this bold vision a reality will require an extraordinary alignment of financial resources, political commitment, technical skills and international cooperation. It is by no means an easy task. However, the benefits that it may bring to so many are so significant, that numerous countries have shown their interest in this project.

Not surprisingly 110 countries were represented, some of them at the highest level, at the mid-May 2017 Beijing meeting to discuss the initiative. With commodities showing their lowest prices in more than a decade, the incentive to build an intercontinental web of infrastructure and trade links has been greatly enhanced. The China Development Bank alone has earmarked US$890 billion for some 900 projects herein involved.(17)

Anabel Gonzalez, from the World Economic Forum, provides an overly ambitious picture of the Belt and Road initiative and of its expansive possibilities: “It is the most ambitious initiative to improve regional economic integration and connectivity on a transcontinental scale: involving ‘hard’ infrastructure along six overland corridors, and the 21st Century Maritime Silk Road; ‘soft’ infrastructure, such as the financial system, to enhance efficiency and facilitate economic flows; and policy reforms and institution-building to promote trade and foreign direct investment among the 70 or o BRI countries. There is talk now of expanding it to Latin America or to shipping routes across the Artic, dubbed the ‘Polar Silk Road’”.(18)

Beijing has also been playing a major role in the proposed free trade agreement known as the Regional Comprehensive Economic Partnership (RCEP). This would include the ten member states of ASEAN (Brunei, Cambodia, Indonesia, Laos, Malaysia, the Philippines, , Thailand and Vietnam), and the six states with which ASEAN has existing free trade agreements: Australia, China, India Japan, South Korea and New Zealand.

Formal negotiations for RCEP began in November 2012 and it is expected that it will be formally launch in Singapore, in November 2018. RCEP has been seen, and consequently Beijing’s particular interest in it, as an alternative to the Trans-Pacific Partnership, (TPP) which excluded China. Once in force, RCEP will be open to new members. As a conventional free trade agreement, it will have a lax structure when compared TPP.

RCEP member states will account for a population of 3.4 billion people and a combined GDP of US$ 49.5 trillion, which is approximately tantamount to 39 percent of the world’s GDP. It will become the largest trading bloc in the planet and its importance will keep increasing in direct relation to the GDP increase of its member states.

(16) SUI NOI, Goh, “China makes tracks on modern Silk Road”, The Straits Time, May, 11, 2017. (17) “Projects span rail, ports, industrial parks”, The Straits Times, May 15, 2017. (18) “Brexit, the US, China and the future of global trade”, World Economic Forum, 12 February, 2018 https://www.weforum.org/ agenda/2018/02/brexit-china-global-trade/. Accesed 4 March, 2018.

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At the 2014 APEC Economic Leaders’ Meeting, held in Beijing, President Xi Jinping urged the group economies to approve a roadmap for achieving a Free Trade Area of the Asia-Pacific (FTAAP). As a result, a so called Beijing Roadmap was adopted in order to push forward the FTAAP process. A collective strategic study of this plan was subsequently approved at the 2016 APEC summit in Lima, Peru. In Lima, President Xi delivered a keynote speech in which he urged the building of the FTAAP, as protectionism had dented global trade and economic integration. Moreover, he urged APEC members to stay committed to taking economic globalization forward and to transform the Asia-Pacific region in a growth engine within an “in- novative, invigorated, interconnected and inclusive world economy”.(19)

But beyond China’s leadership, we find the Trans-Pacific Partnership (TPP). This was, precisely, the United States answer to Chinese lead. Indeed, President Obama’s Administration wanted to confront China’s rise by given shape to an Asia-Pacific security and prosperity area for the 21st century. Such project was supported by two broad aims.

The first was to seek a sustainable security, by counterbalancing China’s emergence through the gathe- ring together of the United States and its traditional allies in the region. The second objective was to pro- mote what Obama called “our shared prosperity”, essentially through an enlarged trans-Pacific trade and economic liberalization agreement: The Trans-Pacific Partnership. Hugh White, professor of strategic stu- dies at the Australian University of Canberra talked of an Obama containment doctrine to China, describing it as “America’s most ambitious new strategic doctrine since Truman committed America to contain the Soviet Union”.(20)

The Trans-Pacific Partnership went in the opposite direction to the Asia-Pacific economic strategy pur- posefully followed by China for many years. East Asian countries were thus placed, amid a difficult balance act that had China at one side and the United States on the other. According to Kwan Weng Kin: “Security analyst Yukio Okamoto warned…‘The TPP raises the question of whether the region should aim for a US-style free trade area or to co-exist with China’”.(21)

President Trump’s first act in office, though, was to retire his country from the TPP. Hence, Obama’s “share prosperity” approach suddenly disappeared from the equation, which henceforward had just the security leg to counterbalance China’s emergence. For East Asian countries the decision was thus changed to approach China’s economic opportunities, at the expense of a certain degree of “Finlandization”, or to choose American security at the expense of China’s economic benefits.

TPP was to move forward towards completion with its 11 remaining members. But instead of being a counterbalance to China, it would become an economic counterbalance to President Trump’s protectio- nism. According to Ernesto Londoño and Motoko Rich: “A trade act originally conceived by the United States to counter China’s growing economic might in Asia now has a new target: President Trump’s embrace of protectionism. A group of 11 nations –including major United States allies like Japan, Canada and Australia- signed a broad trade deal on

(19) “Highlights of President Xi’s attendance at the Lima APEC Meeting”, Xinhua, 21 November, 2016. (20) “Contain China?”, The Straits Times, 26 November, 2011. (21) “Japan’s balancing act”, The Straits Time, 23 November, 2011.

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Thursday in Chile’s capital, Santiago, that challenges Mr. Trump’s view of trade as a zero-sum game filled with winners and losers. Covering 500 million people on either side of the Pacific Ocean, the pact represents a new vision of global trade as the United States imposes steel and aluminum tariffs on even some of its closest friends”.(22)

As a Working Paper by the Peterson Institute for International Economics stated, the absence of the United States in the TPP presented both costs and benefits. Among the costs was the obvious loss of access to the U.S. domestic market, which had been an important incentive for many of the would be members (particularly Vietnam). Among the benefits, though, were not only less rigorous provisions (as it is the case of the controversial eight-year data exclusivity protection for biologic drugs, advocated by the U.S.), but also even stronger incentives for others to join. The fact is, that Indonesia, South Korea, the Philippines, Taiwan, Thailand and, even China, have all expressed interest in membership following the conclusion of the negotiations.(23)

So, the 11 remaining countries of both shores of the Pacific Basin, representing a combined GDP of US$ 13.7 trillion and a join population of 500 hundred million people, were able to eliminate more than 98 percent of tariffs between them, in an agreement finally signed in March 2018. Rebranded as the Compre- hensive and Progressive Agreement for Trans-Pacific Partnership, the agreement was signed the same day in which President Trump signed steel and aluminum tariffs.

The table is now serve for China to take advantage of the TPP. Again in Londoño and Rich words: “When Obama was advocating the deal, he said that ‘America should call the shots’ instead of China. Now, signatories are opening the door for China to join. Heraldo Muñoz, Chile’s foreign minister, told reporters on Thursday afternoon that Chinese officials have been weighing the possibility of signing on. ‘This will be open to anyone who accepts its components’ Mr. Muñoz said. ‘It’s not an agreement against anyone. It’s in favor of open trade’”.(24)

It is possible that in the end China might not be interested in joining TPP, a deep and comprehensive “new generation” trade agreement that covers issues that transcend the kind of traditional free trade agree- ments preferred by Beijing. However, TPP is no longer a threat for China, nor does it present an adversarial approach to its leadership in the region. Much to the contrary, TPP signatories have become China’s natu- ral allies in counterbalancing Trump’s protectionism. Londoño and Rich, quote Professor Jeffrey Wilson, head of the U.S.-Asia Center at the University of Western Australia: “If you’re a trade policy maker in Asia, your number one fear is that Trump is going to take a swing on you…The U.S. is really delivering the region to China at the moment”.(25)

But more than simply delivering Asia or the Pacific Basin, Trump has been delivering to China the leadership on globalization. According to Richard Hass: “When great powers fade, as they inevitably must, it’s

(22) “U.S. Allies Sign Sweeping Trade Deal in Challenge to Trump”, The New York Times, March 8, 2018. (23) PIETRI, Peter, PLUMMER, Michael G., URATA, Shujiro and ZHAI, Fan, “Going It lone in the Asia-Pacific: Regional Tra- de Agreements Without the United States”, October 2017, https://piie.com/system/files/documents/wp17-10pdf Accessed 19 March, 2018. (24) Op. Cit. (25) Idem.

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normally for one or two reasons. Some powers exhaust themselves trough overreach abroad, underinvestment at home, or a mixture of the two. This was the case o the Soviet Union. Other powers lose their privileged position with the emergence of a new, stronger powers. This describes what happened with France and Great Britain in the case of Germany’s emergence after World War I and, more benignly, with the European powers and the rise of the United States during and after World War II. To some extent America is facing version of this- amid what Farid Zakaria has dubbed ‘thee rise of the rest- with China’s ascendance the most significant development. But the United States has now introduced a third means by which a major power forfeits international advantage. It is abdication, the voluntary relinquishing of power and responsibility. It is brought about more by choice than by circumstances either at home or abroad (…) Abdication is as unwarranted as it is unwise. It is a basic fact of living in a global world that no country can insulate itself from much of what happens elsewhere. A foreign policy based on sovereignty alone will not provide security in a global, interconnected world”.(26)

Richard Hass, President of the Council on Foreign Relations, later coined this abdication process as the Withdrawal Doctrine. President Xi Jinping has taken advantage of every possible opportunity to assert his country’s willingness to take the torch from a withdrawing United States. At the Da Nang Asia-Pacific Cooperation Forum in November 2017, he told the assembly: “We should uphold multilateralism, pursue shared growth through consultation and collaboration, forge closer partnerships, and build a community with a shared future for mankind”.(27)

A month before, at the 19th Communist Party Congress in October 2017, Mr. Xi had not only proclai- med that “China will take the lead in international cooperation on climate change” but added that “this is an era that will see China move closer to the centre of the world and make more contributions to humankind”.(28) In January of the same year at the World Economic Forum in Davos, Xi stated: “It is true that economic globalization has created new problems. But this is no justification to write off economic globalization altogether. Rather we should adapt and guide globa- lization, cushion its negative impact, and deliver its benefits to all countries and all nations (…) The global economy is the big ocean you cannot escape from…China has learned how to swim (…) We should commit ourselves to growing an open global economy (…) World history shows that the road of human civilization has never been a smooth one and that mankind has made progress by surmounting difficulty…When encountering difficulty we should not complain, blame others, or run away from responsibilities. Instead we should join hands and se to the challenge. History is made by the brave”.(29)

Also in June of 2017, China and the European Union prepared a joint statement to uphold the Paris Agreement on Climate Change, as the U.S. pulled out from its commitment to it. On that occasion, The Guardian wrote: “The expected announcement in Brussels illustrates China’s determination to take a leadership role in the world”.(30)

(26) “America and the Great Abdication”, The Atlantic Magazine, December 28, 2017. (27) CHANDA, Nayan, “Trump Abdicates Global Leadership to China’s Xi”, Asia Sentinel, November 17, 2017, https://www. asiasentinel.com/opinion/donald-trump-passes-abdicates-global-leadership-xi-jinping/ Accessed 20 March, 2018. (28) HWEE PENG, Tay, “19th Party Congress: 7 key themes from President Xi Jinping’s work report”, The Straits Times, 18 Octo- ber, 2017. (29) PARKER, Ceri, “China’s Xi Jinping defends globalization from the Davos stage”, World Economic Forum, 17 January 2017, https://www.wforum.org/agenda/2017/01/chinas-xi-jinping-defends-globalization-from-the-davos-stage/ Accessed 20 March, 2018. (30) BOFFEY, Daniel and NELSEN, Arthur, “China and EU strengthen promise to aris deal with US poised to step away”, The Guardian, 1 June, 2017.

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As Anthony J. Blinken reluctantly recognizes: “All of this positions China to become, in Mr. Xi’s words, ‘a new choice for other countries’ and the principal arbiter of something long associated with the United States: the international order. China has a profound stake in that order and a globalized world (…) I’d never bet against the United States, but if the Trump-led retreat into nationalism, protectionism, unilateralism and xenophobia continues, China’s model could carry the day”.(31)

What a decade ago would have been unimaginable, the generalized acceptance of China as the leader of the globalized economy, has become reality. In the process, the parallel globalization developed by China to overcome the constrains imposed upon its emergence by Western powers, has moved into the center stage. The window of opportunity opened by the U.S. sudden withdrawal, found China ready. As a good surfer, Beijing had the surfboard prepared when the big wave appeared. This, of course, would have not been possible if globalization had not evolved from its initial market economy orientation into a more plural and multicultural content.

Alfredo Toro Hardy is a Venezuelan author, scholar and retired diplomat. Former Venezuelan Ambassa- dor to the U.S., U.K., Spain, , Chile, Ireland and Singapore. Author or coauthor of 33 books in and numerous academic articles on international affairs. He has directed several Venezuelan academic institu- tions on international affairs and taught in universities from , the United States, Brazil and Spain.

(31) “Trump is Ceding Global Leadership to China”, The New York Times, November 8, 2017.

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Oportunidades en la interacción económica de la Alianza del Pacifico con la República Popular China a partir del proteccionismo promovido por Estados Unidos en la era Trump

Raquel León de la Rosa y Carlos García Dorantes

Introducción

Durante los últimos dos años, se han producido una serie de cambios importantes dentro de la escena internacional. Dichos cambios impactan entrelazan las acciones políticas y económicas de actores de suma importancia, como es el caso de Estados Unidos. Producto del alza del proteccionismo en las regiones tra- dicionalmente más desarrolladas del mundo, en concreto en los Estados Unidos, se hace necesario apostar a nuevas formas de comerciar a nivel internacional, ya que la apertura económica impulsada desde la década de los noventa se ve afectada por dicha postura. Esto genera desafíos para economías que se encuentran ligadas al comercio con este país, como es el caso de México y Canadá. Por lo tanto, estos países se encuentran en un proceso de replanteamiento de política comercial a partir del desgastante proceso de renegociación del Tratado de Libre Comercio de América del Norte (TLCAN). Dentro de este replanteamiento, se ponen sobre la mesa los múltiples acuerdos comerciales que cada uno de estos países posee, siendo los procesos de integración económica como la Alianza del Pacifico (AP), en donde México es miembro y Canadá recién se estrena como Estado Asociado, volviéndolo como uno de los más atractivos por su planteamiento, pues des- de el año 2011 los países miembros se han propuesto como objetivo superior el crear un área de integración profunda que impulse el desarrollo, crecimiento y competitividad de sus países miembros en el marco del libre comercio, multilateralismo y en el marco del nuevo regionalismo abierto.

Desde su planteamiento, la Alianza del Pacífico se centra en la importancia de la vinculación transpacífica. La idea de un periodo histórico en el que Asia-Pacifico fuera la región preponderante en el mundo no es nueva, en el año de 1996 el politólogo finlandés Pekka Korhonen publicó el artículo titulado “The Pacific Age in World History”; en dicho texto a través de un análisis historiográfico se desarrolla la idea de un siglo que en lo político, cultural y económico habría de tener como área de influencia prioritaria a la región del Pacífico, este análisis se remonta desde finales del siglo XIX siendo concebido el concepto por el economista japonés Inagaki Manjiro pero que sólo vería la oportunidad de su consolidación a finales del siglo XX y principios del siglo XXI con el surgimiento de las naciones de Asia Pacifico como potencias económicas, en particular la República Popular China (RPCH), según el académico finlandés.

Como parte de esta línea de pensamiento, el presente artículo plantea que es no sólo plausible sino com- pletamente necesario que los países miembros de la Alianza del Pacifico cuyos miembros poseen amplios litorales hacia el Pacífico o en su defecto Tratados de Libre Comercio (TLC) con países de la región incre-

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menten exponencialmente sus lazos culturales, políticos y económicos con países de Asia-Pacifico, muy específicamente con la RPCH.

A lo largo del artículo se analizará el desarrollo de las relaciones transpacíficas en la última década del siglo XX hasta nuestros días, enfatizando la política comercial que la región ha desarrollado con China en años recientes hasta llegar incluso a esbozar el nuevo perfil de la política económica y comercial de los Esta- do Unidos en la administración Trump, como ejemplo de la nueva ola de proteccionismo y la necesidad de buscar otras vías plausibles. La segunda parte que comprende el cuerpo del trabajo tratará de dilucidar con apoyo de un marco teórico conciso y bien delineado, cómo el bagaje institucional de la Alianza del Pacifico permite la interacción con países terceros y, en este sentido, si se ha buscado potencializar o no con acciones concretas y datos duros la relación comercial con China y cuáles son las áreas de oportunidad para mejorar las relaciones entre los países de la AP y la RPCH.

Finalmente, en las conclusiones, se llevará un recuento de lo observado a lo largo de la investigación, así como los resultados obtenidos y así mismo enunciaremos cuáles son los retos y limitantes de la AP respecto a su relación con China.

Contexto de las relaciones transpacíficas en la década de los noventa hasta la actualidad

Para comenzar a abordar el tema que nos atañe es necesario definir lo que entendemos por relaciones transpacíficas, estas encuentran su definición más clara en el concepto de transpacificidad que podría enten- derse como los diferentes grados de conectividad en la que la pertenencia de los actores a esa región no sólo se define por la geografía sino por una red profunda de nexos económicos, políticos, sociales y culturales cu- yos niveles de intensidad determinan su proyección dentro de un complejo escenario de relaciones transre- gionales (Uscanga,2005,p.208), dicho de otra forma estas relaciones se conforman de una manera compleja haciéndose necesario comprenderla de forma más profunda a un nivel estructural en dónde las relaciones económicas y comerciales toman un papel fundamental.

Acorde a esta línea de pensamiento, la década de los noventa representó un momento histórico de oportu- nidades sin precedentes para las relaciones transpacíficas gracias a la necesidad de definir el Nuevo Orden In- ternacional tras la caída del bloque socialista y, con ello, la reestructuración de las nuevas reglas que regirían el sistema internacional, entre ellas, la apertura y la liberalización del comercio internacional. Como consecuen- cias de estas nuevas expresiones Asia Oriental se convirtió una zona de interés estratégico. El acelerado desa- rrollo económico de la región, aunque tuvo su lugar en diferentes momentos dependiendo de la inserción de cada país a la economía de mercado, pero que sin duda impactó a la mayoría de ellas, como afirma Yamazawa:

Japón comenzó el desarrollo en 1985, mientras que otras economías de Asia oriental lo iniciaron después de la Segunda Guerra Mundial en sucesivo orden; Hong Kong, Corea, Taiwán y Singapur, economías recientemente industrializadas (NEI) comenzaron en la

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década de 1960, entonces miembros originales de la Asociación de Naciones del Sureste Asiático (ASEAN) (Tailandia, Malasia, Filipinas e Indonesia) siguieron en la década de 1970, para continuar con China desde principios de 1980, este rápido crecimiento econó- mico fue descrito por el reporte del Banco Mundial de 1993 como “El milagro del Este de Asia” (1992, p.2).

En suma, las economías de Asia respondieron satisfactoriamente a los retos que el nuevo proceso de glo- balización planteó tanto individualmente como región.

Por todas estas razones se considera al siglo XXI como la Era del Pacifico, un momento histórico ca- racterizado por el ascenso de ciertos países de la región como potencias económicas con un gran poder de decisión en el escenario internacional. La región se constituyó en una zona de interés para América Latina derivado de la gran demanda de inversiones y las oportunidades de comercio que esta región representaba, sin embargo las oportunidades de convergencia no llegarían de forma tan fácil, pues como nos dice Uscanga (2004) mientras, el Pacífico asiático junto a Estados Unidos y Canadá estaban creando escenarios de coope- ración, América Latina fue inicialmente marginado de la construcción de los emergentes espacios de diálogo de la Cuenca del Pacífico. (p. 206).

Lo anteriormente enunciado es debido, por una parte, a la desatención de los países latinoamericanos en su diversificación de relaciones con otras regiones que no fuesen por un lado América del Norte y, por el otro, Europa con esta segunda debido a los lazos históricos y culturales, aunado a la crisis de 1995 que tuvo como origen México y el posterior “efecto tequila” que golpeo las demás economías de la región, creo una imagen de inestabilidad y poca confianza de América Latina.

Es imprescindible enunciar el papel de los Estados Unidos en la región, pero debemos empezar por definir una serie de conceptos. En primer lugar, la regionalización, en la literatura de la economía política internacional, se refiere al crecimiento de la interdependencia económica dentro de un área geográfica de- terminada (Fawn, 2009, p 13). Así mismo el autor nos señala que una región por sí misma no existe sino a través del bagaje institucional que los actores le confieren para darle sentido. Se inicia con esta definición porque son los Estados Unidos quienes a través de ejercicios de regionalización se volvieron activos en este tipo de posicionamiento e instituciones, pues a finales de los ochenta y principios de los noventa se visualiza su presencia, por una parte, en el TLCAN, que incluye a México y Canadá, y por otra, su participación como miembro del Foro de Cooperación Económica Asia-Pacífico APEC.

Las posibilidades de un mayor dinamismo económico entre Asia Pacífico y América Latina parecían una utopía, sin embargo, por su parte Altemani de Oliveira (2009) nos explica que para los países de Asia-Pacífico el interés por fortalecer las relaciones con los países latinoamericanos vino propiciado por dos razones fun- damentales, la primera fue el ejercicio de revisionismo que la región llevo a cabo sobre su percepción de zona, como producto de la crisis que la región vivió en carne propia entre 1997 y 1998. En segundo lugar, se identifica un miedo fundamental de cualquier nación: el miedo al aislacionismo (p.70). Esto debido a los ejercicios de integración anteriormente mencionados, adicionando el de los países de Europa Occidental,

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quienes con la entrada en vigor del Tratado de Maastricht el 1 de noviembre de 1993 dieron vida a un proceso de una profundidad sin precedentes.

La apertura y diversificación de la RPCH comenzó a partir de las primeras reformas implementadas por Deng Xiaoping en 1978 que contemplaron: reformas macroeconómicas, desregulación de mercados inter- nos y la apertura a mercados internacionales. Uno de los proyectos más importantes fue la creación de las Zonas Económicas Especiales, que pretendían crear las condiciones necesarias para que llegara inversión extranjera (Cornejo en León de la Rosa y Calderón, 2015, p. 3). Posteriormente, el camino hacía el mul- tilateralismo se confirmó a partir en 1992 cuando la RPCH lanzó una interesante estrategia de proyección hacía al exterior: los acuerdos con Rusia, ingreso al Foro Regional de la Asociación de Naciones del Sudeste Asiático (ASEAN) en 1994, la activa promoción y participación en el Grupo de los Tres (China, Japón y Co- rea del Sur) y en el caso particular de sus relaciones con América Latina en 1991 ingresó al APEC.

Respecto a la crisis financiera que tuvo su origen en 2007 y cuyas repercusiones se trasladaron rápidamen- te a la esfera global a partir de septiembre de 2008, tuvo un impacto fuerte en el crecimiento de la región de América Latina y el Caribe, para 2009 se calculó que el producto interno bruto (PIB) de la región sufriría una caída de 1.7% (CEPAL, 2009, p.13).

En el informe de la CEPAL titulado “El comercio internacional en América Latina y el Caribe en 2009 Cri- sis y recuperación” indica que como producto de la crisis las exportaciones de la región representaron una caída del 24%y del 25% en las importaciones. Sin embargo, podemos denotar la relevancia de Asia para las exporta- ciones latinoamericanas considerando que las exportaciones a la Unión Americana se redujeron de un 37% a un 32% mientras que en Asia fue únicamente del 12% y en China tan sólo del 2%, estas cifras nos demuestran que mientras los productos básicos exportados desde países en desarrollo sufrieron una contracción en sus precios el golpe en la reducción fue menor gracias a la constante demanda de China (CEPAL, 2009, p.13).

Lo anteriormente enunciado empata con la relevancia que el comercio entre Asia-Pacifico y la región de América Latina ha tomado en los últimos años; el análisis aislado de los datos oficiales de Brasil señala una variación negativa de menos del 22,7% en el total de las exportaciones y del 26,2% en las importaciones con relación al 2008. Mientras, en 2009 China se convirtió en su principal socio comercial, manteniendo la primera posición como principal destino de las exportaciones brasileñas y la segunda posición como origen de las importaciones brasileñas, por detrás de Estados Unidos. Por otra parte, según la Organización de las Naciones Unidas para la Alimentación y la Agricultura FAO (2012) gracias al tratado comercial que entró en vigor el 1 de octubre de 2006 entre China y Chile, el intercambio comercial entre ambos países ha alcanzado 30.000 millones de dólares anuales convirtiendo a China en el primer socio comercial del país latinoamerica- no, tanto en volumen como en monto. Esta mayor presencia asiática, en especial china, ha acabado generan- do dos consecuencias importantes: una acentuada tendencia a la ampliación de medidas proteccionistas y el efecto de desplazamiento consecuente de las exportaciones asiáticas, tanto en los mercados nacionales como en el mercado latinoamericano (Altemani de Oliveira, 2009, p 10). Para el año 2016, China era ya el primer socio comercial de América Latina, exceptuando a México.

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Finalmente, para concluir con este apartado, podemos asegurar que en conjunto los miembros de la Alian- za del Pacifico han aumentado si bien no de forma exponencial, pero sí de forma considerable las exportacio- nes a la región pasando de 43203 millones de dólares en 2007 a 68 837 millones de dólares en 2011 (CEPAL, 2013, p.33), es necesario puntualizar que a pesar de todo México presenta bajos niveles de interacción econó- mica con los países de Asia Pacifico presentando un déficit en la balanza comercial que persiste hasta la fecha.

Algunas aproximaciones teóricas

La política comercial es el principal referente que habremos de utilizar para abordar la investigación, en este sentido cabe destacar que el concepto no presenta controversia per se por lo que podemos definirlo simplemente como el manejo del conjunto de instrumentos al alcance del Estado para mantener, alterar o modificar sustantivamente las relaciones comerciales de un país con el resto del mundo (Canta Izaguirre, 2014, p.24), los Estados pueden optar por dos caminos dentro de este rubro, por una parte el libre comercio y por el otro el proteccionismo según Goldberg y Pavenik (2016) que las condiciones económicas deter- minan cuál de los dos caminos toman los países, en el caso del proteccionismo lo definen como barreras al comercio internacional que pueden aplicarse a través de políticas endógenas justificadas por los riesgos al abrir un mercado , por ejemplo para evitar el aumento de las importaciones aunque pueden existir muchas otra medidas (p. 16).

En este sentido las instituciones resultan muy efectivas para prevenir el proteccionismo, pues transfor- man el comercio de un único juego del dilema del prisionero a un juego iterado en el que la “sombra del futuro” figura fuertemente en las elecciones de comportamiento de los actores. A través de períodos his- tóricos, las instituciones también han sido efectivas en proporcionar información que apoye o prevenir el proteccionismo: las instituciones internacionales y la política comercial socavan la reputación de los Estados, separando los “limones” de la comercialización confiable socios (Tomz citado en Baccini y Yeon Kim, 2012, p.371 ) . Al hacerlo, las instituciones reducen la incertidumbre sobre la comportamiento de los actores par- ticipantes y los riesgos de hacer acuerdos.

Por su parte las instituciones pueden ser definidas como “principios, normas, reglas y procedimientos de toma de decisiones alrededor de qué expectativas de los actores convergen en un área temática determinada “ (Krasner citado en Baccini y Yeon Kim,2012, p. 370) de esta forma podemos afirmar que la Alianza del Pacífico, como un ejercicio institucional que aglutina las aspiraciones de sus países miembros, es un ejemplo claro de la apertura al mercado y el libre comercio en comparación con la nueva política comercial imple- mentada por la administración Trump desde la Casa Blanca que, a lo largo de la investigación podremos dar cuenta de su falta de empatía por las instituciones construidas a finales del siglo XX, como catalizadores para la cooperación entre sus miembros. Siendo esta situación el punto de partida hacia una nueva propuesta de institucionalización de las relaciones comerciales de Estados Unidos, motivada por el proteccionismo.

Así mismo, se utiliza al neoliberalismo institucional, que se rige bajo tres ejes: la cooperación entre los Estados, las instituciones y la regulación de la interacción en áreas de la política. La conjunción de los ejes

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genera la interdependencia. Por lo tanto, la interdependencia genera las siguientes situaciones: relaciones horizontales, la preponderancia de la agenda económica y la existencia de canales múltiples de comunicación entre los distintos actores internacionales (Keohane & Nye citados en León de la Rosa, 2016, p. 180).

Esta interdependencia compleja, entendida como “la ausencia del uso de la fuerza, la falta de jerarquías en asuntos a tratar, y la presencia de múltiples canales de contacto entre las sociedades” (Keohane y Nye, 1989, p.165) nos ayuda a comprender los niveles de interacción tanto económica, política y cultural entre la región de Asia-Pacifico y América Latina que son no solo evidentes sino necesarios e innegables de potenciar.

Nuevo paradigma en la política comercial estadounidense en la administración Trump

Desde el último año y medio, la política exterior estadounidense ha representado cambios sin prece- dentes en la historia contemporánea. La administración del actual presidente Donald J. Trump rechaza los tratados multilaterales de comercio en dónde se vean envueltos Estados con políticas laborales más flexibles y requerimientos medioambientales y de calidad en la producción más bajo, en palabras del presidente: “este juego desleal no hace más que dañar a la economía americana” (Trump, 2017) , ejemplos claros de su postura anti-multilateralismo lo tenemos en la salida de Estados Unidos del Acuerdo Transpacífico de Cooperación Económica TPP, considerado uno de los mayores logros en materia de política exterior durante la era Oba- ma, cabe destacar el impacto de dicho acuerdo 12 países que, juntos, representan el 40% de la economía mundial y casi un tercio de todo el flujo del comercio internacional.

Por otra parte, el Tratado de Libre Comercio de América del Norte, que aglutina a las tres economías de la región, ha sido punto nodal de la retórica del presidente Trump contra acuerdos comerciales que desde su percepción son desleales y poco beneficiosos para la Unión Americana, al respecto comenta: “Tenemos un déficit comercial de 100,000 millones de dólares con México. ¿Qué nos dice esto? Nos dice que el TLC no es bueno. El TLC nunca fue bueno; pero, por alguna razón, nadie nunca lo modificó” (El Economista, 2018).

Con respecto de la renegociación del tratado, el 20 de agosto del 2018 se cumple un año de la conclusión de la Primera Ronda de negociación, hoy las negociaciones se han extendido hasta la Octava Ronda, sin re- solverse los temas más controversiales e importantes para el futuro del tratado en materia de mecanismos de resolución de controversias y reglas de origen en el sector automotriz.

La última acción respecto al eje comercial en la política estadounidense tuvo lugar el 1 de junio que entró en vigor un arancel del 25 por ciento al acero y uno del 10 por ciento al aluminio de la Unión Europea, Ca- nadá y México, que proveen cerca de la mitad del metal importado por Estados Unidos, dijo Wilbur Ross, secretario de Comercio de Estados Unidos (New York Times, 2018). En días posteriores los gobiernos de México y Canadá anunciaron medidas similares imponiendo aranceles a importaciones a embutidos, aceros planos y lámparas en el caso del estado mexicano.

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Este tipo de acciones ha detonó una serie de acciones de emergencia por parte del gobierno mexicano, que en plena transición gubernamental y la incertidumbre que esto planteaba al mundo de los negocios, decidió retomar en el mes de agosto la negociación, pero desde una perspectiva bilateral. Situación que recayó en la especulación del fin de un acuerdo entre tres partes y, al mismo tiempo, ha propiciado una negociación forzada con Canadá a fin de mantener un acuerdo con tres socios y no la generación de dos acuerdos bilaterales.

En conclusión, todas estas medidas que han sido calificadas por la comunidad internacional como “guerra comercial”, se refieren a éstas como un daño a los esfuerzos que por décadas se han llevado a cabo a nivel internacional en aras del multilateralismo y la cooperación económica. Sin duda alguna, la administración actual de Estados Unidos ha dado una vuelta de tuerca de tal magnitud que se ha perfilado como el nuevo garante del proteccionismo económico en el siglo XXI.

Alianza del Pacifico: marco institucional y alcances

En agosto de 2006 surgió la propuesta de promover un mecanismo de cooperación e integración entre los países ribereños del Pacífico. La iniciativa comenzó a discutirse en el seno del gobierno peruano, en medio de la crisis que generó en la CAN (Comunidad Económica Andina) la decisión de Hugo Chávez de retirar a Venezuela de este bloque regional (Briceño, 2010, p.50).

En este complejo escenario, el gobierno peruano dio un viraje en su estrategia regionalista y comenzó a considerar el Pacífico como «eje articulador» de su inserción internacional, dentro del cual se destacaba la propuesta de crear una «Asociación del Pacífico Latinoamericano».

El ministro de Comercio de Colombia, Jorge Humberto Botero, decidió convocar a una reunión en Santiago de Cali, en la cual se discutiría la creación del nuevo bloque regional12. Este encuentro se realizó entre el 29 y el 30 de enero de 2007, con la participación de Colombia, Chile, Ecuador, El Salvador, Gua- temala, Honduras, México, Panamá y Perú. Allí se formalizó la creación del “Foro sobre la Iniciativa de la Cuenca del Pacífico Latinoamericano”. Concebido como un intento de articular perspectivas en común, el foro sobre la Cuenca del Pacifico Latinoamericano reivindico el modelo de integración abierta que Chile, Perú, Colombia y México materializarían posteriormente a través de un proceso de integración profunda.

La Alianza del Pacífico nace con la declaración de Lima del 28 de abril del 2011, iniciativa del entonces presidente del Perú Alan García, en colaboración con sus homólogos: Juan Manuel Santos de la República de Colombia, Sebastián Piñera de la República de Chile y Felipe Calderón Hinojosa de los Estados Unidos Mexicanos. Sin embargo, sería el 6 de junio de 2012 con la Firma del Acuerdo Marco de la AP en Paranal, Antofagasta, República de Chile que se autorizó formalmente la creación de las instituciones que confor- man hoy en día a este ejercicio de integración, esta vez con la presencia de Ollanta Humala como titular del ejecutivo peruano.

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La Alianza del Pacifico tiene como objetivos los siguientes (Alianza del Pacífico, 2012):

»» a) construir, de manera participativa y consensuada, un área de integración profunda para avanzar progresivamente hacía la libre circulación de bienes, servicios, capitales y personas;

»» b) impulsar un mayor crecimiento, desarrollo y competitividad de las economías de las Partes, con miras a lograr un mayor bienestar, la superación de la desigualdad económica y la inclusión social de sus habitantes; y

»» c) convertirse en una plataforma de articulación política, de integración económica y comercial, y de proyección al mundo, con especial énfasis al Asia y Pacífico.

La estructura de la Alianza del Pacífico está determinada de la siguiente forma a través de una serie de instituciones (Alianza del Pacífico, 2018):

»» Cumbres que reúnen a los presidentes de los países miembros, en fechas recientes del 21 al 24 de julio se llevó a cabo la XIII cumbre de la Alianza del Pacifico en Puerto Vallarta México.

»» Consejo de Ministros, conformado por los Ministros de Relaciones Exteriores y Comercio Exterior y cuya tarea fundamental es adoptar acciones y decisiones encaminadas a cumplir con las declaraciones presidenciales y lo establecido en el Acuerdo Marco, así como evaluar periódicamente los resultados obtenidos, y regular las relaciones con terceros estados o esquemas de integración.

»» Presidencia pro tempore: ejercida sucesivamente por cada estado miembro y encargada de organizar y ser sede de las cumbres, así como coordinar las reuniones de los consejos de ministros y de los Grupos de Alto Nivel.

»» Grupos de Alto Nivel (GAN): reúnen a los Viceministros de Relaciones Exteriores y Viceministros de Comercio Exterior. Realiza el seguimiento periódico y detallado del cumplimiento de los compromisos de la Alianza, así como del trabajo de los Grupos Técnicos.

»» Grupos Técnicos: se encargan de ejecutar los diferentes mandatos presidenciales, actualmente existen 27 grupos técnicos.

Estrategias Comerciales para países terceros

El fortalecimiento e incremento de relaciones con otros países es un eje fundamental desde la creación del bloque de integración, es por ello por lo que las medidas aplicadas para países terceros y países observa- dores giran en torno a facilitar el acceso de inversores hacía las industrias de los países miembros, así como la apertura de mercados hacia el exterior.

En este sentido la instancia encargada de diseñar las estrategias de vinculación con terceros países es el Grupo de Relacionamiento Externo (GRE) bajo supervisión del Consejo de Ministros. La Alianza del Pacífico ha acordado priorizar su trabajo con los Estados Observadores en cuatro áreas temáticas: ciencia,

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tecnología e innovación, facilitación del comercio, PYMES y educación. Actualmente, los Observadores de la Alianza del Pacífico son 52 países, ocho de ellos provenientes de Asia, incluida la República Popular de China. En la más reciente cumbre de la AP, realizada en julio del presente año en Puerto Vallarta, se anexaron cuatro países (Australia, Canadá, Nueva Zelanda y Singapur) como Estados Asociados.

Cualquier proyecto de cooperación deberá ser presentado por escrito y dirigido al país que ocupe la Presi- dencia Pro Tempore (PPT), el que deberá circularla dentro de los siete días hábiles siguientes a su recepción a los miembros de la Alianza del Pacífico para su consideración.

Al respecto de las relaciones con la región de Asia, el 24 de septiembre del 2016, la Alianza del Pacífico y la Asociación de Naciones del Sudeste Asiático ASEAN, adoptaron un documento de cooperación entre ambos mecanismos con énfasis en temas económicos, educativos, desarrollo sostenible, ciencia y tecnología (Alianza del Pacífico, 2018).

Como ejemplo tenemos la XIII Cumbre de la Alianza del Pacífico que tuvo lugar del 21 al 24 de julio del año en curso en Puerto Vallarta, México, dónde sorprendente se contó con la presencia de los jefes de Estado de los países miembros del Mercosur y el Viceministro de Paraguay en aras de consolidar el acercamiento de ambos bloques con esto demuestra la calidad sui generis del proceso de integración de la AP que permite la colaboración de dos ejemplos de integración tan diferentes en su concepción.

Así mismo, el Protocolo Comercial, además de regular los lineamientos que guiarán las relaciones en- tre los cuatro países miembros, también colabora con las pautas respectos a la relaciones transpacíficas y el fortalecimiento de las mismas contiene también la mención de los países asociados, lo que diferencia esta figura de un estado observador, es que en el caso del Estado Asociado, todas las Partes del Acuerdo Marco de la Alianza del Pacífico celebran y ponen en vigor un acuerdo vinculante de altos estándares en materia económico comercial, que contribuya a la consecución de los objetivos del Acuerdo Marco de la Alianza del Pacífico), este acuerdo vinculante incluye pero no se limita al comercio de bienes y de servicios y las inver- siones (Alianza del Pacífico,2017).

Finalmente, se cuenta también con el trabajo de ProMéxico, ProColombia, PromPerú y ProChile, los organismos federales encargados de coordinar las estrategias dirigidas a fortalecer la participación de dichos países en la economía internacional y que desde el año 2012 firmaron una declaración para trabajar en con- junto en la promoción de la Alianza del Pacífico al exterior (ProColombia, 2018).

Tomando en cuenta la construcción institucional de la Alianza del Pacífico podemos afirmar que efectiva- mente es un ejemplo claro del nuevo regionalismo abierto, en el marco de un proceso de globalización que ha venido a priorizar el libre comercio y las ventajas comparativas como medidas necesarias para emprender ejercicios de integración económica, en este sentido, la AP se puede catalogar como un área de preferencias comerciales, el cual consiste en afianzar los vínculos entre ambos elementos, es decir, entre la integración ‘de hecho y la integración impulsada por políticas, de modo tal que aumente la competitividad de la región y constituya en lo posible, el cimiento que fortalezca una economía internacional más abierta y transparente

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(Herrera citado en Ramírez Montañez y González Sarmiento, 2016, p. 19), este hecho se ve fortalecido aún más por la apertura de las economías de los países miembros y su competitividad a nivel internacional.

Este acercamiento entre ambas regiones se visualiza en las siguientes tablas, que muestran la actividad económica de los cuatro miembros de la AP y Asia Pacífico. En ellas, se muestra la importancia de China en los tres rubros. Si bien existe una participación asiática en la vida económica de la AP, de manera bilateral no en bloque, es China quien lidera la presencia en cada uno de estos rubros. Cabe puntualizar que esta presencia no es homogénea, ya que el contexto regional, geopolítico y geoeconómico determinan el mayor acercamiento con países como Chile y Perú, y la presencia silenciosa en Colombia y México.

Figura 1. Evolución de las exportaciones de la AP y Asia Pacífico 2009-2017.

Fuente: Elaboración propia basada en COMTRADE, 2018.

Figura 2. Evolución de las importaciones de la AP y Asia Pacífico 2009-2017.

Fuente: Elaboración propia basada en COMTRADE, 2018.

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Figura 3. Evolución de las inversiones de Asia Pacífico en América Latina 2009-2017.

Fuente: Elaboración propia basada en UNCTAD, 2013; Korea Eximbank, 2017; JETRO FDI Statistics, 2018; Secretaría de Economía , 2018; Banco Central de Chile, 2018; Banco Central de Colombia, 2018; The American Enterprise Institute y The Heritage Foundation, 2018.

Alianza del Pacífico y China: un recuento de las relaciones comerciales y económicas

La importancia de la Alianza del Pacífico hoy en día radica en la apertura comercial impulsada por sus países miembros en las últimas décadas aunado a la fuerza y estabilidad de sus economías. La AP constituye la octava economía y potencia exportadora a nivel global, así mismo en América Latina y el Caribe, el bloque representa el 37% del PIB, concentra 52% del comercio total y atrae el 45% de la inversión extranjera direc- ta. La población total que aglutina es de aproximadamente de 225 millones de personas y cuentan, con un PIB per cápita promedio de US$ 16 759, en términos de paridad de poder adquisitivo (Alianza del Pacífico, 2018).

El comercio entre los países de la Alianza del Pacifico y China a partir del 2011 año de creación de la Alianza del Pacifico ha ido en aumento, sin embargo, no de manera homogénea y constante para todos los países miembros. Por una parte en materia de balanza comercial para ambos socios del año 2007 al año 2011 se observó un incremento exponencial como podemos observar en la figura 4, mientras las importaciones de China con respecto a la AP representaron un incremento entre ambos años de 21 235 millones de dólares, también las exportaciones lo hicieron en 25 180 millones de dólares, es decir, aunque el comercio hizo más que duplicarse, mientras Chile y Perú presentaron un superávit respecto a su relación comercial con China para el año 2011, no lo fue así para Colombia y México que presentaron un déficit.

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Figura 4. Balanza comercial de China con la Alianza del Pacífico 2007 y 2011

Elaboración propia basada en UN COMTRADE, 2018.

Así mismo en el siguiente gráfico, podemos observar las importaciones y exportaciones entre China y los países miembros de la AP por sectores, al respecto se concluye que los aquellos de mayor ganancia en la relación comercial para el país asiático son el de las TICs, electrónico y el de las textiles y manufacturas, productos con un alto valor agregado en comparación con los productos que importa China de la zona AP, siendo la agroindustria, la madera y sus manufacturas de baja tecnología los de mayor relevancia.

Figura 5. Flujos Comerciales Promedios (2007-2011) por sector de China respecto la Alianza del Pacífico Elaborado por CEPAL, 2011 a partir de estimaciones CEAP 2007 y 2011 a cuatro dígitos de UN COM- TRADE 2012.

A continuación, se presentan los datos concernientes a la balanza comercial 5 años después de la creación formal de la zona A.P y habiendo puesto en marcha todos sus protocolos y normativas pertinentes.

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Figura 6. Balanza Comercial Alianza del Pacífico con China por países.

Elaboración propia a partir de UN COMTRADE, 2018.

Analizando la información de las gráficas, podemos concluir que después de constituirse en un bloque de integración regional en un claro ejemplo de regionalismo abierto, cuyo alcance se perfila a incentivar una mayor interacción económica y cooperación entre los estados miembros con Asia Pacífico y en este caso específico con China, las expectativas respecto a la AP están muy alejadas de la realidad, en el caso de Chile el incremento en las exportaciones de 2011 a 2013 fue de apenas 407,583,008 millones de dólares y para el año 2016 presento un decremento de la mitad del total de sus exportaciones al mercado Chino mientras que las importaciones aumentaron casi en 2,000,000,000 de dólares desde 2011 hasta el año 2016; En el caso de México las exportaciones hacia China aumentaron en tan sólo 947,148,736 dólares lo que resulta marginal considerando que las exportaciones hacía estados unidos fueron de $289 miles de millones de dólares en el mismo año según datos de The Observatory de Economic Complexity 2017. En el caso del Perú el aumento en las exportaciones fue de aproximadamente 1, 600 miles de millones de dólares y la balanza comercial termino en un superávit, sin embargo, el comercio sigue siendo muy inferior frente a los otros dos países antes men- cionados, por su parte Colombia vuelve a ser después de cinco años el país con menor interacción comercial con el país asiático.

Los datos anteriores nos hablan del poco fortalecimiento que las relaciones meramente comerciales entre los países AP y la República Popular China presentaron en los años posteriores a la creación del proceso de integración, una falta de voluntad por parte de los tomadores de decisión y, por otra parte, los interés políti- cos y económicos que están sobre la mesa, en el caso específico de México la cercanía constante y perenne con la Unión Americana obligan a compromisos políticos que han imposibilitado pensar en una interacción más profunda con el país asiático.

La inversión extranjera directa es un área fundamental para el bienestar de cualquier economía, no sólo porque fortalece industrias existentes, también apertura centros productivos en dónde antes no existían ade-

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más de crear empleos. En este sentido como se muestra en los siguientes gráficos la inversión China en los países AP gira en torno a dos sectores productivos muy definidos: metales y energía. Esto resulta evidente dado los grandes recursos naturales con los que cuenta la región de América Latina, en el caso específico de estos países, por ejemplo, la minería es muy importante para Perú y Chile quienes exportan a la economía asiática una gran cantidad de cobre y sus concentrados por lo cual resulta natural que la principal inversión llegue a estos países hacía ese sector. En el caso de México y Colombia, el sector más favorecido es el ener- gético, esto debido al hecho de que el petróleo crudo es el principal producto de exportación desde estos dos países hacía el dragón asiático.

Figura 7. Inversión china en la Alianza del Pacífico por países 2005-2018 (MDD).

Elaborado a partir de China Global Investment Tracker, 2018.

Oportunidades para el fortalecimiento de las relaciones entre la Alianza del Pacífico y China

Como se destaca en la sección anterior, a pesar de existir un ejercicio de integración profunda dónde la promoción de las relaciones económicas y comerciales pareciera ser primordial para los países miembros de la Alianza del Pacífico, no existe una política común respecto a la República Popular China, la política co- mercial de los países responde a relaciones que tradicionalmente se han construido con el tiempo dónde los commodities son la herramienta fundamental para negociar con el país asiático y las cantidades del comercio son desiguales de un país al otro. Por lo tanto, en esta sección nos encargaremos de revisar áreas clave para el fortalecimiento de las relaciones tanto económicas como comerciales entre la Alianza del Pacífico y China.

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Como se señaló en el apartado anterior, la inversión es un sector fundamental para el fortalecimiento cualquier economía, así mismo, para las relaciones entre dos o más países, en este sentido la Alianza del Pacífico cuenta con un capítulo de inversión en el Protocolo de la AP muy flexible y bastante evolucionado, sus disposiciones son parecidas a las contenidas en el Tratado de Libre Comercio de América del Norte (TL- CAN), en este sentido el protocolo cuenta con cláusulas estándares a nivel internacional, incluyendo (1) tra- to nacional (TN) y nación más favorecida (NMF), ambas clausulas cubren al inversionista y a la inversión. En el caso del TN, el país anfitrión deberá otorgar a los inversionistas de las otras partes y a sus inversiones en su territorio un trato no menos favorable que el otorgado en circunstancias similares a los inversionistas e inversiones nacionales, a nivel nacional y subnacional y el trato de NMF exige que cada parte otorgue a los inversionistas de las otras partes un trato no menos favorable que el que le otorga, en circunstancias simila- res, a los inversionistas de cualquier país que no sea parte del protocolo y a sus inversiones en su territorio (Herreros y Millán, 2017, p. 26).

Por su parte las disposiciones que abarcan la expropiación directa e indirecta, protegen las inversiones ex- tranjeras de la expropiación salvo que sea por un bien público y en dado caso de darse esta, debe estar sujeta a una indemnización justa con apego al principio de debido proceso (Herreros y Millán, 2017, p. 27), por lo que dicho marco genera certidumbre y certeza y seguridad para los inversionistas extranjeros de que los capitales que coloquen en estos países generaran ganancias, por lo cual resulta factible y estratégico incenti- var un mayor acercamiento con China y la AP, ya no como país observador sino como país asociado, de esta forma los países miembros pueden implementar una política económica y comercial en conjunto hacía la República Popular China y no una fragmentada como ha venido ocurriendo.

En el marco del neoliberalismo institucional ha nacido la iniciativa OBOR(1). Hoy se constituye como el proyecto más ambicioso a nivel global e importante de la historia moderna, podría y de hecho está conside- rado que abarque también a la región de América Latina, dicho proyecto no engloba únicamente relaciones comerciales y económicas sino también redes de transporte de magnitudes colosales e inversiones en in- fraestructura que tanto atesora la región latinoamericana. En este escenario la participación de la Alianza del Pacífico es fundamental para que América Latina sea prioritaria y aproveche al máximo los beneficios de la Franja y la Ruta. Existen dos razones para suponer esto: por una parte los Tratados de Libre Comercio que dos miembros del bloque (Chile y Perú), han firmado y ratificado con China y en segundo punto, por el debilitamiento de otros bloques de integración que se esperaba enarbolaran los principios de dicha iniciativa de apertura e integración en diversas ramas como se ha señalado anteriormente, a decir del TTP debido a la salida de los Estados Unidos de América de dicha iniciativa, quien fungía como el líder indiscutible de esta forma podemos observar las repercusiones que trae el proteccionismo y su aplicación en el siglo de la interdependencia compleja y, por otra parte, el MERCOSUR y las crisis políticas, sociales y económicas que algunos de sus miembros más prominentes han sufrido desde el año 2015 a la fecha. En lo que respecta al MERCOSUR, la presencia de la mayoría de los Jefes de Estado de este bloque en la XIII Cumbre Presiden-

(1) One Belt One Road presentada en septiembre de 2013 por el presidente Xi Jinping durante su visita a la Universidad de Na- zarbayev, Kazajstán, en la cual propuso construir “la Franja Económica de la Ruta de la Seda” en sinergia con Asia Central. En octubre de ese mismo año, durante la Reunión Informal de Líderes de APEC, Xi planteó construir la “Ruta de la Seda Marítima del siglo XXI” con los países de la ASEAN, encadenando a 67 países, cubriendo casi 5000 millones de personas y regiones (Zottele y Quian, 2015, p.42).

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cial de la AP señala un punto de partida sobre la importancia que posee la AP como un puente con la región de Asia Pacífico. Sí bien no hay como tal un proyecto hacia un bloque, pues la dinámica y naturaleza de am- bos ejercicios es distinta, existe un común en ambos, que es la importancia de China como socio comercial e inversor en la región.

Conclusiones

Las relaciones transpacíficas son un tema fundamental para el estudio de la relaciones internacionales y comerciales en la actualidad dada la importancia de los países localizados entre esta región para la economía global, el crecimiento acelerado de la región de Asía Oriental obliga a los países latinoamericanos a recon- siderar las prioridades de su política exterior, en este sentido Chile, Colombia, México y Perú desde el año 2011 a través del ejercicio de integración conocido como la Alianza del Pacífico han buscado potenciar en un primer momento sus relaciones intrarregionales tanto política, social, económica y comercial para des- pués incentivarlas al exterior. Sin embargo, estos objetivos se han alcanzado de manera parcial y aún con resultados escuetos. Los desafíos hoy de los países AP son buscar las oportunidades y foros adecuados para la inclusión de sus economías en cadenas regionales de valor de manera efectiva, así mismo lograr atraer in- versión en diferentes sectores desde la República Popular China a través de la promoción de los protocolos y herramientas existentes dentro de la misma institución de la AP.

Por otra parte, el siguiente desafío será lograr conjuntar voluntades dentro de la AP para ser un ca- nal, por antonomasia, del multilateralismo en América Latina y lograr formar parte de manera exitosa del OBOR, una iniciativa que se erige como una contrapropuesta a la gobernanza comercial y la cooperación entre los países. En suma, el reto fundamental de la Alianza del Pacífico es pasar de la teoría a la práctica, de las declaraciones a las acciones concretas, de la virtual ficción a la tangible realidad, es decir concretar una política exterior conjunta que responda satisfactoriamente a los objetivos que se han planteado los países miembros.

En cuanto a las limitantes externas para los países AP se pueden englobar en una sola variable: las relacio- nes con EUA. En efecto, las relaciones tan compenetradas que algunos de los estados miembros tienen con Estados Unidos, pueden imposibilitar primero consolidar la integración del bloque y en un segundo mo- mento diversificar sus relaciones al exterior de forma satisfactoria, claro ejemplo lo tenemos en la propuesta del pasaporte único de la Alianza del Pacífico que tiene como principal detractor a la Unión Americana debido a la reacia postura anti migración y el proteccionismo que han adoptado a partir de la administración Trump, pues recordemos que es vecino inmediato de México.

Asimismo, las amenazas constantes del retiro de apoyo en materia de cooperación, así como el aumento en aranceles al acero y al aluminio ya han comenzado a afectar las relaciones con México y Europa y, al mismo tiempo, a crear incertidumbre al resto de las economías que dependen en gran medida del comercio e inversiones provenientes de este país, no es una casualidad que en la renegociación del TLCAN las dispo- siciones en materia de reglas de origen hayan causado mayor controversia pues sesgarían al Estado mexicano

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sus posibilidades de inclusión en cadenas globales de valor además de ser una medida que directamente va en detrimento de la inclusión de China en productos mexicanos con destino a los Estados Unidos.

Estos son los principales desafíos y limitantes que el bloque tiene de cara a los meses y años venideros, acompañados de áreas de oportunidad muy bien definidas que de ser aprovechadas correctamente podrían potenciar la presencia de estos cuatro países latinoamericanos no sólo en la región como potencias emer- gentes, sino como los principales representantes de la misma a nivel global en lugares de preponderancia económica, pero también política y diplomática, es por ello que la política exterior y la diplomacia serán fundamentales para generar esquemas de ganar-ganar y horizontalidad con la China de Xi Jinping de cara al nuevo siglo XXI.

Raquel León de la Rosa es Profesora-investigadora de Tiempo Completo de la Licenciatura en Negocios Internacionales y coordinadora de la Especialidad en Protocolo y Desarrollo de Negocios en Mercados Emergentes de la Benemérita Universidad Autónoma de Puebla (México), y miembro del programa de Jóvenes Investigadores, “China and Latin-America” de The Inter-American Dialogue.

Carlos García Dorantes es Estudiante de la Licenciatura en Relaciones Internacionales de la Benemérita Universidad Autónoma de Puebla (México), ex-becario del Programa Delfín (programa de investigación).

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Argentina frente a la Comunidad de Destino de la Humanidad(1) Eduardo Daniel Oviedo

China

La “Comunidad de Futuro Compartido para toda la Humanidad” es un nuevo lema de la política exterior china, propuesto por el presidente Xi Jin Ping a fines del año 2012. El gobierno chino elevó su nivel al ran- go constitucional con la reforma aprobada por la Asamblea Popular Nacional en el mes de marzo de 2018. Precisamente, la reforma constitucional modificó el decimosegundo párrafo del prólogo de la constitución, de su original contenido de “desarrollar relaciones diplomáticas e intercambios económicos y culturales con todos los países”, a “desarrollar relaciones diplomáticas e intercambios económicos y culturales con todos los países y promover el establecimiento de una Comunidad de Futuro Compartido para toda la Humanidad”.(2)

Sin caer en el análisis semántico, es preciso aclarar su denominación en chino, ya que renlei mingyun gong- tongti (人类命运共同体) literalmente debe ser traducido como “Comunidad de Destino de la Humanidad”, que incluye las palabras Comunidad, Destino y Humanidad. En especial la palabra “Destino”, tan cara a la población china y al pensamiento confuciano. Con sus diferencias inherentes y diversas interpretaciones, el término “Destino” es asimilable a los conceptos de “Fortuna”, de Nicolás Maquiavelo, y “Circunstancia”, de José Ortega y Gasset; ambos empleados asiduamente en la ciencia política para mencionar condiciones externas al ser humano, separadas de su propia voluntad. Es decir, Destino, Fortuna y Circunstancia son conceptos equiparables para esta disciplina. Por su parte, Comunidad y Humanidad son barbarismos de uso frecuente en el discurso político y económico, aunque en el lenguaje chino existen otros vocablos tradicio- nales sustitutos, especialmente en la doctrina confuciana.

Esta Comunidad de Destino tiene como ejes centrales la asociación equitativa y el desarrollo inclusivo para todos los países. Además, diversos artículos y publicaciones, en especial el discurso del presidente Xi Jin Ping en Naciones Unidas en enero de 2017, mencionan los objetivos de búsqueda de la paz y el desarrollo; el beneficio mutuo en la cooperación; un nuevo concepto de seguridad universal; el diálogo como mecanismo de resolución de controversias; una gobernanza abierta y estable; junto a otros propósitos y principios que resaltan intereses comunes y positivos en las interacciones entre todos los países.

(1) Durante mi estadía en China en septiembre de 2018, el profesor Jiang Shixue gentilmente me invitó a participar del Foro sobre la Comunidad de Destino Compartido y Relaciones Chino-latinoamericanas celebrado en la Universidad de Shanghai, los días 22 y 23 de ese mismo mes. Con tal motivo, el profesor Jiang envió por WeChat una serie de siete pregun- tas como ejes del debate. Luego de tratar de responder a todas las preguntas, envié mi ponencia. El profesor Jiang rechazó mi presentación bajo el argumento de ser crítica, lo cual él consideraba inaceptable, y me sugirió que podía participar del evento, hacia el final del Foro. Ante la censura realizada, desistí de participar en dicho evento. El presente texto es la ponencia origi- nal presentada. (2) 中华人民共和国宪法修正案(2018年3月11日第十三届全国人民代表大会第一次会议通过),新华社,北京2018年3月11日。见: http://www.xinhuanet.com/politics/2018lh/2018-03/11/c_1122521235.htm?baike

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Estos objetivos, propósitos y principios comúnmente son parte del discurso de la política exterior de China. En un trabajo recientemente publicado en Buenos Aires,(3) se ha definido la política exterior como “…la acción de un Estado, formulada en el plano interno de la realidad política, bajo incidencia de variables internas y externas a esta unidad, que a modo de producto(4) se ejecuta en el plano internacional o plano externo de la realidad política.”(5) Es decir, la política exterior es la acción del Estado que interconecta los ámbitos internos y externos de la realidad política,(6) aunque desafortunadamente nadie ha construido una teoría de la política exterior capaz de explicar los comportamientos de los Estados, sus interacciones y los resultados internacionales que enlazan a estos dos ámbitos.(7)

Ahora bien, ¿Cuáles son las condiciones internas y externas de China al momento de enunciar la “Comu- nidad de Destino de la Humanidad”? En el plano interno, refiere al constante crecimiento de las variables de poder, tanto en materia económica como política y cultural. El incremento de sus capacidades internas llevó a China a ocupar una posición de privilegio en la economía mundial, considerado también el número dos del plano político y que, además, expande sus relaciones culturales y migratorias con todos los países del mundo. Este ascenso internacional de China y su posición de gran potencia, significó pasar del Sur al Norte y de la Periferia al Centro, transformándose en un nuevo polo del poder mundial desde inicio del siglo XXI. Este nuevo rol internacional obliga a China a desplegar una red de relaciones y alianzas estratégicas con los miem- bros de la comunidad internacional, capaz de conformar una fuerza trans-civilizacional de estados, favorable a su interés central de continuar incrementando su poder en el plano internacional, con miras a construir una “Pax Sínica” y, de ser posible, cambiar el orden mundial y los principios de sistema internacional.

Implementar una “Pax Sínica” requiere de la ideología capaz de persuadir al resto de los estados acerca de las bases legítimas de dominación china. “Sociedad Armoniosa”, “Comunidad de Destino de la Huma- nidad”, la “Franja y la Ruta” y otras iniciativas concretas o ideológicas son partes del discurso y praxis del gobierno chino que hacen a la formación de la hegemonía de una nueva gran potencia. Desde Lenin, pa- sando por los realistas clásicos y sus revisores, como Robert Keohane, Kenneth Waltz, Susan Strange, Paul Kennedy y tantos otros especialistas de las relaciones internacionales, explicaron el ascenso de los estados y sus ambiciones hegemónicas por cambiar el orden y el sistema internacionales. Además de mantenerse como segunda gran potencia como mínimo y avanzar como primera potencia mundial como máximo, el desafío de China en el largo plazo consiste en evitar la “diplomacia de la cañonera” en que otrora incurrieron las grandes potencias para hacer cumplir, por la fuerza, sus ambiciones mundiales.

(3) Eduardo Daniel Oviedo, Alternancia política y política exterior. El caso de Argentina y sus relaciones con China y otros países del Este Asiático. En María Clelia Guiñazú y Alejandro Pelfini (comp.), Las relaciones entre Sudamérica y Asia-Pacífico en un mundo incierto. Los casos de Argentina, Chile y Brasil, CICCUS-FLACSO, Buenos Aires, 2018. (4) El concepto de producto refiere a las “decisiones autoritarias y su ejecución” dentro del flujo del sistema político. Es carac- terístico de la teoría sistémica en la versión de David Easton. En David Easton, Esquema para el análisis político, Amorrortu, Buenos Aires, 1999, p. 155. (5) Melo, Artemio Luis (1983), Compendio de Ciencia Política, Tomo II, Depalma, Buenos Aires. (6) La realidad política es el campo de estudio de la Ciencia Política. Está separada analíticamente en dos planos: interno e in- ternacional. A su vez, la realidad política internacional –o sencillamente realidad internacional– es el objeto de estudio de las Relaciones Internacionales. Esta última es una especialidad de la Ciencia Política que tiene identidad de objeto con ésta, pues ambas estudian el poder político (Melo, 1983: 409). (7) Waltz, Kenneth N. (1996), “International politics is not foreign policy”, en Security Studies, vol. 6, nº 1, 1996, p. 57.

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¿Por qué debemos creer que China es un actor distinto a las otras potencias? ¿Acaso la lógica histórica de las grandes potencias puede cambiar con el ascenso de China en el sistema internacional? En este sentido, el gobierno chino ha reiterado constantemente que no pretende ni ejercerá la hegemonía. ¿Por qué creerle? ¿Se trata una cuestión de fe o hay algo racional en la propuesta? La experiencia histórica de los auges de las nacio- nes en el sistema internacional muestra otra realidad, porque como dice el célebre filósofo argentino Mario Bunge, una cosa son las palabras y otra los hechos. El mundo académico de las relaciones internacionales debe concentrarse en el campo de los hechos y no en las palabras. En tal sentido, si es correcta la afirmación del gobierno chino, China deberá seguir un camino virgen, no transitado por otras grandes potencias en el pasado. En términos particulares, como potencia oriental, hasta el presente las únicas experiencias que la historia registra son los dos truncos intentos de hegemonía desplegados por Japón, a través de la “Esfera de Co-prosperidad de la Gran Asia Oriental” y el “Milagro Japonés”.

En búsqueda por establecer bases legítimas a la “Paz Sínica”, China construye su discurso. ¿Cómo se pre- senta? ¿Cómo se construye? China es el estado emisor de la propuesta y plantea alcanzar “sueños compartidos” o la existencia de un “destino común”. Sin embargo, es posible que los otros actores no quieran compartir el “sueño chino”, a menos que éste concuerde con sus intereses y, en tal caso, debería haber potenciales ganancias para mantener a los estados dentro del esquema planteado por China. De acuerdo a la teoría de las expectativas comerciales es necesario que la contraparte observe al menos potenciales ganancias para cooperar.(8)

Sin embargo, cuando se observa el comercio bilateral argentino-chino, Argentina viene de perder una década en el intercambio con China. ¿Por qué este país debería participar en un sueño conjunto que solo beneficia a China? Los datos económicos están a la vista: la transferencia de divisas a través de superávits co- merciales ha sido totalmente desequilibradora para Argentina, la cual ha debido recurrir al capital chino y de otros países e instituciones como forma de resolver los acuciantes problemas que el mismo déficit comercial con China y otros factores generaron a las finanzas argentinas. Entonces, ¿Es un sueño compartido o es un sueño de China? Independiente de la posición que adopte la Cancillería Argentina, desde este país se observa que no se han creado los intereses necesarios para que Argentina adhiera decididamente a la Comunidad; los objetivos planteados en la propuesta china no se han aplicado hasta la actualidad y se presentan como realizables hacia el futuro, como objetivos a largo plazo. En otros artículos, he denominado este a este último accionar de la diplomacia china como la práctica de “vender futuro”(卖将来). Es decir, el uso de acciones o posiciones de cumplimiento prorrogado en el tiempo utilizadas por la diplomacia china en los procesos de negociación que pueden concernir tanto a las exportaciones, las inversiones o posiciones políticas. Es decir, cambiar algo presente y concreto por la potencial e incierta apertura del mercado chino a los productos na- cionales u otras expectativas.(9)

Esta situación bilateral afecta la complementariedad. A partir del crecimiento de los sectores medios en China y la mayor demanda de commodities agrícolas, China se ha transformado en el segundo socio comercial

(8) Dale C. Coperland, “Economic Interdependence and War: a Theory of Trade Expectations”, International Security 20 (4), 1996, ps. 5–41. (9) Eduardo Daniel Oviedo, Historia de las Relaciones Internacionales entre Argentina y China, Editorial Dunken, Buenos Aires, sep- tiembre de 2010, p. 456.

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de Argentina, después de Brasil. La relación entre una economía exportadora de alimentos y otra importa- dora de estos productos debería generar una alianza estratégica fundamental entre ambos países, situación inobservable en el vínculo bilateral. Incluso, estudios económicos(10) han demostraron que la complementa- riedad entre ambas economías existe, pero el proteccionismo en China provoca que la complementariedad de Argentina con países del Sudeste Asiático, India, la Unión Europea y otras regiones del mundo sea mayor a la complementariedad con China, pues hacia estos países y regiones se pueden exportar materias primas industrializadas, mientras que a China solo materias primas en estado bruto. Aquí aparece el célebre caso del poroto de soja.

Esta discordancia entre los principios planteados por la Comunidad y la relación bilateral sucede porque, en relaciones internacionales, la lógica es la comunidad de intereses, no de destino. Es que el destino de los estados no está escrito, ni se lo conoce. ¿Cómo podrían los estados manejar su destino o la fortuna si ambos son ajenos a aquél? Es una tarea improbable de realizar, como si existiese una “hoja de ruta” determinada por la cual cada estado seguiría un camino. Este camino parece que ha sido definido por China y este país quiere acoplar(对接)las estrategias de otros estados a su propia estrategia global. Como se expresó, más que la comunidad de destino, sobresale la comunidad de interés, y estos intereses, según la clasificación realizada por Carl Fiedrich en su libro El hombre y su gobierno: una teoría empírica de la política (Nueva York: McGraw- Hill, 1963) pueden ser comunes (concurrentes o complementarios) y contradictorios. La “Comunidad de Destino Compartida” destaca solamente los intereses comunes y positivos. Por otra parte, las diversas formas de articulación de los países de la región en sus relaciones con China generan falta de uniformidad en el volumen de intereses compartidos para llevar adelante la asociación de intereses en el presente como plantea en gobierno chino. Los fuertes lazos culturales entre Argentina y Europa y Estados Unidos son muchos más poderosos que la oferta económica y financiera china, aunque estos últimos son importantes para el desa- rrollo del país.

En materia de intereses comunes, Argentina y China persiguen la paz mundial como ambiente para desplegar sus respectivos modelos de crecimiento económico. La seguridad alimentaria es otro objetivo compartido por Argentina, como exportador de alimentos, y China, como su importador. La búsqueda de un mundo con valores plateada por China requiere saber cuáles son esos valores, dada la pertenencia a ci- vilizaciones distintas. Es decir, un sinfín de intereses comunes rodean a la relación. En materia de intereses contradictorios, cabe destacar el “choque de modernizaciones”, dado que China exitosamente implementó un proceso de industrialización orientado a la exportación; mientras que Argentina y otros países de Améri- ca Latina no han podido anclar la modernización en la región, con consecuencias directas en la creación de asimetrías. Incluso, la industrialización y la explotación de recursos no renovables son parte de ese conflicto. En materia política, existen ideas contradictorias, por ejemplo, las posiciones de ambos países sobre la re- forma a la Carta de las Naciones Unidas. Por su parte, los intereses complementarios provienen del acople de América Latina a la estrategia de modernización china, la cual ha recreado el esquema centro-periferia, donde la periferia latinoamericana es dependiente de China. Precisamente, los países de la región buscan modificar este esquema.

(10) Por ejemplo, Cristini M. y Bermudez G., La nueva China cambia el mundo, Documento de Trabajo No 81, FIEL, Bueno Aires, 2004.

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La Comunidad de Destino de la Humanidad, al igual que la iniciativa de la Franja y la Ruta, implica definiciones estratégicas de los países en el plano internacional. Esta iniciativa no es neutral y demanda po- sicionar a los estados en el contexto del “choque de modernizaciones” entre el modelo chino de apertura orientada a la exportación de manufacturas y la re-modernización liderada por Donald Trump en Estados Unidos, comúnmente denominado “guerra comercial” o “guerra aduanera”.

El orden bipolar se caracterizó por el conflicto y la cooperación entre Estados Unidos y la Unión So- viética. Cuando en diciembre de 1991 la desintegración de la Unión Soviética puso punto final a la Guerra Fría, la cosmovisión centrada en el conflicto Este-Oeste como principal relación del sistema internacional, evolucionó hacia el “choque de civilizaciones”, de la mano de Samuel Huntington. Parafraseando al profesor Huntington, se podría afirmar que desde el inicio del gobierno de Donald Trump y su impronta económica proteccionista asistimos al “choque de modernizaciones” entre el modelo chino de exportación de manu- factura versus el proceso de re-modernización que Donald Trump intenta llevar a cabo en Estados Unidos. Por supuesto, tras el inicio de la crisis económica mundial, la inercia de cuarenta años de crecimiento exitoso produjo que la modernización china se haya reciclado hacia un mix de exportación de manufacturas con valor agregado y medidas keynesianas en el plano interno, tratando de generar incentivos a partir de diversas iniciativas (entre ellas la Franja y la Ruta), para dinamizar la economía mundial y articular estrategias de de- sarrollos con otros países y dar continuidad a la exportación de bienes, servicios y capitales chinos.

La llegada de Donald Trump a la presidencia en Estados Unidos produjo cambios en la estrategia externa de la superpotencia. Combatido el terrorismo transnacional y limitado a las expresiones reducidas de los “lobos solitarios”, la nueva política de la única superpotencia está intensamente influida por su situación económica interna. Al volver la vista hacia el interior de la unidad política, el presidente Tramp observa que Estados Unidos, un país tempranamente modernizado, desarrollado con impulso sin precedente durante la segunda guerra mundial y la primera década de la posguerra, había entrado en una etapa de estancamiento económico y retroceso en materia de infraestructura que requiere dinamizar un nuevo proceso económico, al que podemos denominar de re-modernización.

En este vis a vis de las dos modernizaciones más importantes del mundo, los países latinoamericanos encuentran una grieta entre la primera y segunda potencias económicas, por donde deberán orientar sus estrategias economías externas y buscar los equilibrios necesarios para exportar sus bienes y servicios a estos dos relevantes mercados. La habilidad de los líderes políticos regionales en el manejo de los asuntos externos dependerá de cómo ellos sortearán los niveles de presión que ejerzan Estados Unidos y China sobre sus gobiernos, manteniendo al mismo tiempo el buen estado de las relaciones con ambas naciones durante el tiempo que dure la tensión. De lograr dicho equilibrio, los países latinoamericanos (quienes desde larga data buscan anclar la modernización en la región) encuentran una oportunidad para intensificar las relaciones comerciales con los dos países.

Estimular el comercio y las inversiones son fuerzas motrices para el despliegue de la comunidad de intereses y el avance de una región fuerte y estable. Una América Latina y el Caribe con mayor peso económico y político incrementaría los lazos con China y favorecería a los intereses chinos en la puja mundial con Estados Unidos.

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El “trato especial” hacia regiones desfavorable económicamente puede ser una fuerza motriz de la nueva asociación estratégica. China tiene un discurso general para todos los países, pero la práctica de la diplomacia china se ha caracterizado por un doble estándar desde la revolución de 1949. Este doble estándar de discurso y práctica puede ser otra fuerza motriz que active la relación, generando una dualidad de beneficios hacia regiones en desarrollo, como América Latina, a diferencia de las relaciones con los países desarrollados, protegiendo en mayor medida los intereses de aquellas naciones. Si este trato preferencial no se produce, entonces, ¿Qué diferencia sustantiva habría entre el sueño chino y el sueño estadounidense o europeo?

China debe resignar algunos aspectos de su política general y beneficiar a las economías en desarrollo estimulando el comercio y las inversiones, a fin de generar una masa de intereses consistentes que, en la ac- tualidad, excepto Brasil, Chile, Venezuela y otros estados, es inexistente. Si bien la masa de intereses actuales es importante, no son tan relevante para implementar una comunidad de destino compartido en varios países de la región, particularmente Argentina. En tal sentido se deben revertir las asimetrías; la posición periférica de la región respecto de China y otras barreras, como abrir su mercado a los productos industrializados la- tinoamericanos. Economías como la Argentina encuentran el equilibrio externo en la diversificación de sus exportaciones (entre Estados Unidos, China, la Unión Europea, Brasil y otros destinos), situación que le impide definir políticas de acercamiento hacia China sin deteriorar el vínculo con otros países. Este país im- plementa una política de apertura integral hacia el mundo y evita posiciones internacionales que conduzcan nuevamente a la conformación de bloques antagónicos y perturben la inserción internacional.

Los académicos de China y América Latina tienen una tarea importante al respecto. Deben tener mayor interrelación, evitar el diálogo sobre eslóganes políticos, la defensa de las políticas públicas de los gobier- nos y profundizar el estudio académico de situaciones y problemas internacionales para proveer soluciones concretas. Es entendible que los académicos chinos busquen fundamentar las políticas oficiales y la defensa del interés nacional. Sin embargo, en la contradicción entre el conocimiento científico y el interés nacional debe prevalecer el primer sobre el segundo. El desarrollo de investigaciones conjuntas es un camino muy próspero para promover una comunidad de intereses comunes. Desde esta perspectiva, estamos trabajando desde Argentina en la creación de un Centro Virtual Binacional en Ciencias Sociales en base a la experiencia del Centro Virtual en Alimentos, creado por el Ministerio de Ciencia, Tecnología e Innovación Productiva y la Academia China de Ciencias Agrarias en 2009.

Como conclusión, resulta necesario realizar una síntesis aclaratoria de los temas abordados. A partir del análisis de los mismos, se puede afirmar lo siguiente:

»» La Comunidad de Destino de la Humanidad es un nuevo lema del Partido Comunista Chino de raigambre constitucional que responde al discurso político de un estado exitoso en su fase de ascenso y busca construir las bases ideológicas preparatoria de una “Pax Sínica”.

»» Mediante la Comunidad de Destino de la Humanidad, el gobierno chino busca aglutinar una alianza trans-civilizacional de estados sobre la base de los intereses comunes, dejando de lado los contradictorios, ofreciendo una perspectiva de futuro positiva.

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»» Se observa un desfase entre objetivos, principios y propósitos enunciado en la Comunidad y la realidad de las relaciones bilaterales, particularmente en el caso de Argentina. Por eso, la Comunidad de Destino debería propender a modificar las asimétricas y el patrón centro-periférico, situaciones que actúan precisamente en contra de los principios de asociación equitativa y el desarrollo inclusivo.

»» A través de la Comunidad de Destino, China coloca a los estados en la necesidad de manifestar su posición internacional, en un mundo fragmentado por la grieta chino-estadounidense generada por el “choque de sus modernizaciones”.

»» El volumen dispar de los intereses comerciales, financieros y culturales de los países latinoamericanos en sus relaciones con China muestra que aun resulta escaso para superar las relaciones económicas y, principalmente, culturales con Europa y Estados Unidos. Esta situación relacional impide definiciones precisas de las cancillerías sobre la propuesta china, o ésta entra en conflicto con políticas integrales y de diversificación de destinos económicos desarrolladas por los estados hacia el mundo.

»» La Comunidad debe basarse menos en discursos y más hechos concretos. China debe dejar de “vender futuro” a América Latina y el Caribe y preocuparse por resolver los acuciantes problemas de asimetrías, complementariedad, trabas comerciales y patrón periférico de las mismas.

»» La “década perdida” de Argentina en las relaciones comerciales con China conduce a la pregunta ¿Por qué este país debería participar en un sueño conjunto que solo beneficia a China? Desde Argentina se observa que no se han creado los intereses necesarios para que este país adhiera decididamente a la Comunidad; y los objetivos planteados en la propuesta china, inaplicable hasta la actualidad, se presentan como realizables hacia el futuro, como objetivos a largo plazo.

»» La fuerza motriz de una comunidad de intereses sigue siendo el comercio y las inversiones, al cual China debe agregar un “trato especial” hacia los países en desarrollo, con miras a fortalecer la densidad de intereses.

»» Argentina debe consolidar sus relaciones económicas con China, asentadas en el comercio intra- industrial (de base en recursos renovables) y servicios, para dejar atrás el esquema centro-periferia. El impulso de esta asociación debe provenir del desarrollo industrial argentino, promovido por capitales nacionales y extranjeros, o asociado a industrias chinas que exporten productos con valor agregado al mercado chino.

»» El mundo académico debe pasar de la difusión de las políticas publicas de los estados a la investigación sobre nuevas situaciones, ideas y problemáticas sociales concretas que afecten o beneficien a las relaciones de China con cada país de la región. Estas se deben realizar en un clima de respeto académico, transparencia y defensa del interés científico.

Eduardo Daniel Oviedo es Profesor Titular Ordinario de la Universidad Nacional de Rosario e Investi- gador Independiente del Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas, Argentina.

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La carta taiwanesa

Xulio Ríos

Taiwán es un asunto central en la política china y el más importante y sensible en las relaciones China- EEUU. Por otra parte, el “sueño chino” de Xi Jinping es inseparable de la reunificación entre la isla y el continente.

Tras ceder dicho territorio a Japón en 1895 como consecuencia del Tratado de Shimonoseki que puso fin a la primera guerra sinojaponesa, en 1945, tras el final de la Segunda Guerra Mundial, la China del Kuomin- tang (KMT) recuperó su control. En 1949, tras la victoria de Mao en el continente, el líder de la República de China proclamada en 1911, Chiang Kai-shek, se refugió en Taiwán, donde recreó su gobierno a la espera de reconquistar el continente. Pese a las esporádicas tensiones militares, con el firme apoyo de EEUU, Taiwán pronto se convirtió en uno de los “tigres asiáticos”. Con un territorio similar a Galicia, hoy es la 15ª econo- mía del mundo y la 7ª mayor de Asia.

El Consenso de 1992 y el principio de Una sola China

El Consenso de 1992 es un concepto básico para entender las relaciones actuales a través del Estrecho. Se refiere a un entendimiento tácito entre el nacionalista KMT y el gobierno continental de que ambas partes reconocen que hay “una sola China” si bien cada lado tiene su propia interpretación de lo que significa “Chi- na”. Para el KMT, esa China es la República de China, mientras para Beijing es la República Popular China. El Partido Comunista considera que la República de China fue derrocada en 1949 por lo que el gobierno de la República Popular China representa a la única China existente en el mundo y Taiwán sigue siendo parte del territorio soberano de China.

El soberanista y gobernante Minjindang (PDP, Partido Democrático Progresista) se opone radicalmente al reconocimiento del Consenso de 1992 y niega su propia existencia. Reconoce, si, que hubo conversacio- nes ese año entre los dos gobiernos y ambas partes alcanzaron algunos acuerdos, pero ninguno de los cuales incluye que Taiwán es parte de China.

El triángulo del statu quo

Taiwán es uno de los mayores motivos de conflicto entre China y EEUU debido, sobre todo, a que EEUU es el principal suministrador de armas de Taiwán y sería su mayor aliado militar en caso de un even- tual conflicto bélico con China.

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China y EEUU han firmado tres comunicados conjuntos: el Comunicado de Shanghái de 1972, el Co- municado de 1979 sobre el establecimiento de relaciones diplomáticas y el Comunicado de 1982. En ellos, Washington suscribe la política de “una China” y apostilla que la cuestión de Taiwán debe ser resuelta pací- ficamente.

En 1979, tras romper los lazos diplomáticos con Taipéi y establecerlos con Beijing, EEUU adoptó la Taiwan Relations Act (reconociendo a Taiwán por su nombre) que le compromete con la defensa de la isla y a suministrarle armamento.

Hasta ahora, la mayor venta de armas a Taiwán se produjo en 2008 durante el mandato de George W. Bush (2001-2008), valorada en 6.500 millones de dólares. En respuesta, China suspendió sus lazos militares con EEUU, decisión que mantuvo hasta febrero de 2009, cuando ya con Obama como presidente se reanu- daron las relaciones en materia de defensa. Obama vendería a Taiwán armas por valor de 1.830 millones de dólares en diciembre de 2015 pero, finalmente, la operación fue descartada.

Otra guía relevante de las relaciones bilaterales son las llamadas Seis Garantías otorgadas por el presidente Ronald Reagan en 1982. Estas son: no fijar una fecha para la finalización de la venta de armas defensivas a Taiwán, no alterar los términos de la TRA, no consultar a China de antemano sobre decisiones relativas a ventas de armas defensivas a Taiwán, no mediar entre los dos lados del Estrecho, no cambiar su posición respecto a la soberanía de Taiwán, y no forzar a Taiwán a entrar en negociaciones con China. En 2016, la Convención Republicana incluyó por primera vez las seis garantías en su plataforma oficial.

El mantenimiento del statu quo a través del Estrecho es una condición básica para la persistencia de la adhesión de EEUU a la política de “una sola China”.

Las relaciones entre China continental y Taiwán

La victoria del PDP en las elecciones legislativas y presidenciales de 2016 transformó de forma radical las relaciones amigables que Taipéi y Beijing mantuvieron durante los dos mandatos precedentes de Ma Ying- jeou (KMT, 2008-2016). Sobre la base de la aceptación del Consenso de 1992, el PCCh y el KMT iniciaron en 2005 lo que podría llamarse la “tercera cooperación” (la primera fue en los años 20 y la segunda durante la lucha antijaponesa) que activó numerosos acuerdos, además de la tregua diplomática. El reflejo de ese tiem- po fue la cumbre entre Ma y Xi Jinping del 7 de noviembre de 2015 en Singapur. Entonces parecía viable el acuerdo de paz y hasta un calendario para el retorno de Taiwán a China.

Según el general Zhu Chenghu, al parecer nieto del mítico general Zhu De, el buen entendimiento llegó incluso a lo militar, un plan que se vio frustrado por EEUU quien objetó cinco líneas rojas: no puede haber un mecanismo de confianza entre Taiwán y China, las dos capitales no pueden unirse sobre la cuestión del Mar de China meridional contra otros países que tienen demandas territoriales, Taiwán y China no pueden

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unirse contra Japón en el tema de las islas Diaoyu/Senkaku, no pueden hablar sobre tecnología militar y las interacciones entre los militares taiwaneses y continentales retirados no pueden ser institucionalizadas.

El relevo gubernamental del PDP y su negativa a suscribir el Consenso de 1992 supuso la congelación inmediata de las relaciones a través del Estrecho, acompañada de un hostigamiento en toda regla en varios frentes (político, militar, diplomático, etc.).

En lo económico, el continente es el principal socio de Taiwán y acapara en torno al 40 por ciento de las exportaciones de la isla, cuatro veces más que EEUU, y con un superávit que en 2015 ascendió a 27.000 millones de dólares. Para Taipéi, hoy día, resulta esencial reducir esa dependencia para lo cual ideó la Nueva Política hacia el Sur y plantea su incorporación al nuevo Acuerdo Transpacífico.

Trump redefine la estrategia de EEUU

La Administración de Donald Trump ha supuesto un endurecimiento de la política taiwanesa de EEUU y un cuestionamiento activo de las políticas de sus antecesores. Antes ya de tomar posesión propició un gran golpe diplomático, la conversación telefónica mantenida con la presidenta Tsai Ing-wen el 2 de diciembre de 2015, un acontecimiento sin precedentes en los últimos cuarenta años refiriéndose a ella como “presidenta taiwanesa”.

El siguiente paso fue el cuestionamiento del principio de “Una sola China”. En una entrevista al The Wall Street Journal, Trump dijo no comprometerse con dicha política hasta ver el progreso de Beijing en su mo- neda y sus prácticas comerciales, señalando que su interpretación del principio no reconoce la soberanía china sobre Taiwán. Aunque Trump pareció dar marcha atrás aclarando algún extremo en su conversación telefónica con Xi del 9 de febrero de 2017, la ambigüedad persiste. La política de “una China” de Washington diverge del principio de “una sola China” de Beijing.

En el último año, EEUU también autorizó la elevación del nivel de los intercambios militares con Tai- wán. A sabiendas de que China se opone a cualquier contacto oficial y vínculo militar entre EEUU y Taiwán, los buques de la armada estadounidense podrán hacer escalas y repostajes en el puerto de Kaohsiung u otros puertos taiwaneses adecuados, una decisión que irritó mucho a China. Li Kexin, ministro consejero de la embajada china en EEUU, advirtió que el día en que lleguen a Kaohsiung los buques de la armada estadou- nidense será el día en que el ejército chino “unifique” a Taiwán por la fuerza.

Asimismo, a los militares taiwaneses se les dispensa un nivel de acceso sin precedentes en los ejercicios estadounidenses, especialmente los relacionados con la guerra anti-submarina, y la Casa Blanca autorizó a las empresas de EEUU a apoyar la construcción de submarinos en la isla.

Cabe esperar igualmente un incremento de las ventas de armas a Taiwán. Trump ya aprobó la venta de un paquete por valor de 1.400 millones de dólares, que irá acompañado del fortalecimiento de las relaciones

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militares. Taipéi se ha mostrado dispuesto a tomar en consideración la preocupación expresada por EEUU ante el creciente desequilibrio militar con China, elevando su presupuesto de defensa (14 veces inferior al del continente) a más del 2 por ciento del PIB. Taiwán tiene la intención de adquirir avanzados cazas F-35.

A ello tenemos que sumar la aprobación de la Taiwan Travel Act, que alienta el envío de altos funcionarios a Taiwán para que se reúnan con sus contrapartes y viceversa, violentando otro tabú respetado desde 1979.

Algunos interpretan las decisiones de Trump como un envite para que China se implique más a fon- do en la desnuclearización de la península coreana o para obtener contrapartidas en el ámbito comercial. Ese temor a ser utilizado como moneda de cambio en las negociaciones con China, preocupa y mucho en Taiwán. Pero probablemente sus decisiones van más allá y son directa consecuencia de la influencia de un grupo de reflexión conservador, el Project 2049 Institute, creado en 2008 y cuyo objetivo es revisar a fon- do las estrategias de la Casa Blanca en relación a Taiwán. Dirigido por Richard L. Armitage, número 2 del departamento de Estado durante la presidencia de Bush (2001-2005), lideró la redacción de un documento titulado “US-Taiwan relations in a sea of changes. Navigating toward a brighter future”, que hoy supone una guía de referencia inexcusable para comprender el giro estadounidense. Sus propuestas, claramente orientadas a impedir la reunificación china, amenazan con modificar sensiblemente la naturaleza de las relaciones en el Estrecho de Taiwán.

Por otra parte, la Estrategia de Seguridad Nacional de EEUU, presentada en diciembre de 2017, identifica a China como competidor estratégico y destaca el papel de Taiwán en la estrategia del Indo-Pacífico, una nueva táctica sustitutoria del Pivot to Asia de Obama que puede beneficiar a Taiwán al ser el corazón de este diamante del Indo-Pacífico que aglutina a las cuatro principales democracias de la región (EEUU, Japón, India y Australia). Taiwán ansía que EEUU valorice su importancia estratégica, recordando su posición de pivot en el centro de la primera cadena de islas en torno a China, a caballo entre Asia oriental, Sudeste asiá- tico y Oceanía. La inquietud suscitada por el ascenso de China crea para Taiwán un terreno favorable.

¿Guerra a la vista?

Hoy día, la relación entre China y EEUU es la relación bilateral más crítica para las relaciones interna- cionales y del Estrecho. En una interacción multilateral que abarca seis décadas se logró un equilibrio estra- tégico entre Taiwán, EEUU y China, con Taiwán logrando posicionarse como un Estado de hecho, China evitando que Taiwán busque la independencia de derecho y EEUU impidiendo que Taiwán se convierta en una inmensa base militar china en alusión al portaaviones insumergible que bautizara el general McArthur.

Para China, Taiwán es un “interés central”, lo cual quiere decir que es irrenunciable. Cuanto más Taipéi se vuelque hacia Washington, más Beijing aumentará la presión. Los aviones militares han aumentado sus misiones, también los barcos de la Armada y la reducción del espacio internacional podría agravarse si ade- más de sustraer aliados va tras los privilegios sin visado que los taiwaneses disfrutan en 167 naciones.

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Xi Jinping dijo en 2013 que este asunto no puede ser dejado “de generación en generación”. China quiere pasar factura a Taiwán por su negativa a suscribir el Consenso de 1992 y por buscar protección en los aliados occidentales. La unificación pacífica es el objetivo, pero no abandonará la opción de la unificación por la fuerza militar, tal como preceptúa la Ley Anti secesión aprobada en 2005. Kung Chia-cheng, vicealmirante taiwanés retirado, está convencido de que China se está preparando para una guerra parcial, limitada y no nuclear, en la que EEUU tendrá difícil intervenir y que será difícil de resistir para Taiwán.

Pero, ¿está China preparada para la guerra? Beijing muestra esa capacidad por primera vez desde 1950. Su modernización ha erosionado muchas de las ventajas históricas de Taiwán a la hora de disuadir al Ejército Popular de Liberación (EPL). Pese a todo, “anunciar” un conflicto inminente parece precipitado. El EPL tiene capacidad para llevar a cabo una variedad de ejercicios militares anfibios pero insuficientes para invadir Taiwán a gran escala.

¿Puede Taiwán resistir una guerra con China? ¿Puede confiar en EEUU? ¿Es la unificación inevitable? China ha estado alcanzando a EEUU en cada aspecto durante los últimos años, tanto económica como militarmente. En 10 años, el PNB de China será superior al de EEUU, en 20 años igualará su presupuesto de defensa… Paul Kane, investigador en la Escuela de Gobierno JFK de Harvard, planteó en una ocasión reforzar la seguridad económica estadounidense poniendo fin a la asistencia militar a Taiwán a cambio de la cancelación de US$1,4 billones en bonos del Tesoro en manos de China. No falta quien considere esto un planteamiento inteligente.

Para algunos, evitar la guerra dependerá de la voluntad de EEUU de ayudar a reforzar la capacidad de defensa de Taiwán en el contexto de la negativa a aceptar una hipotética prevalencia china en el Mar de China meridional. EEUU está obligado por ley a proporcionar a Taiwán los medios para defenderse, pero no está claro si enviarían tropas en caso de guerra entre Taiwán y China. Casi el 70 por ciento de los taiwaneses están dispuestos a ir a la guerra si China intenta anexarse Taiwán por la fuerza, según una encuesta reciente, pero menos de la mitad confía en el auxilio de Washington.

En China están convencidos de que EEUU se opone a la reunificación porque eso fortalecería la posición de Beijing como un rival. Además, Washington no puede soportar ser marginado en los asuntos del Estrecho y creen que continuará usando a Taiwán como palanca para frenar a China y zancadillear su desarrollo.

El ex presidente del PDP, Hsu Hsin-liang, ha indicado que Taiwán no debe involucrarse en el enfrenta- miento entre EEUU y China, debiendo crear otro camino para interactuar con las dos potencias para garan- tizar su seguridad. Su Chi, muñidor del Consenso de 1992, también ha advertido de que la posibilidad de que EEUU juegue la carta de Taiwán contra China ha aumentado, reclamando una estrategia de cobertura para mantener las relaciones con ambos al mismo tiempo.

Sea como fuere, la escalada de los intercambios oficiales entre EEUU y Taiwán traerá consecuencias para Taipéi. China puede seguir atrapando a más aliados e intensificando los ejercicios militares cerca de Taiwán. Ese enfoque duro coexistirá con la adopción de medidas positivas dirigidas a atraer a ciertos sectores de Taiwán.

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Pero sin recurrir a medios militares, China también puede alcanzar sus objetivos. Basta observar el cam- bio de tono de Filipinas en la cuestión del Mar Meridional después de que la Corte Permanente de Arbitraje de La Haya se pronunciara a favor de Manila sobre el asunto y Beijing podría ejercer el mismo tipo de “pre- sión” sobre Taipéi.

Xulio Ríos es director del Observatorio de la Política China.

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