Revista Brasileira
Fase VII Outubro-Novembro-Dezembro 2009 Ano XVI N. o 61
Esta a glória que fica, eleva, honra e consola. Machado de Assis ACADEMIA BRASILEIRA REVISTA BRASILEIRA DE LETRAS 2009
Diretoria Diretor Presidente: Cícero Sandroni João de Scantimburgo Secretário-Geral: Ivan Junqueira Primeiro-Secretário: Alberto da Costa e Silva Comissão de Publicações Segundo-Secretário: Nelson Pereira dos Santos Antonio Carlos Secchin Diretor-Tesoureiro: Evanildo Cavalcante Bechara José Mindlin José Murilo de Carvalho
Membros efetivos Produção editorial Affonso Arinos de Mello Franco, Monique Cordeiro Figueiredo Mendes Alberto da Costa e Silva, Alberto Venancio Filho, Alfredo Bosi, Revisão Ana Maria Machado, Antonio Carlos Igor Fagundes Secchin, Ariano Suassuna, Arnaldo Niskier, Frederico Gomes Candido Mendes de Almeida, Carlos Projeto gráfico Heitor Cony, Carlos Nejar, Celso Lafer, Victor Burton Cícero Sandroni, Cleonice Serôa da Motta Berardinelli, Domício Proença Filho, Editoração eletrônica Eduardo Portella, Evanildo Cavalcante Estúdio Castellani Bechara, Evaristo de Moraes Filho, Pe. Fernando Bastos de Ávila, Helio Jaguaribe, Ivan Junqueira, Ivo Pitanguy, João de ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS Scantimburgo, João Ubaldo Ribeiro, José Av. Presidente Wilson, 203 – 4.o andar Mindlin, José Murilo de Carvalho, José Rio de Janeiro – RJ – CEP 20030-021 Sarney, Lêdo Ivo, Luiz Paulo Horta, Lygia Telefones: Geral: (0xx21) 3974-2500 Fagundes Telles, Marco Maciel, Marcos Setor de Publicações: (0xx21) 3974-2525 Vinicios Vilaça, Moacyr Scliar, Murilo Fax: (0xx21) 2220-6695 Melo Filho, Nélida Piñon, Nelson Pereira E-mail: [email protected] dos Santos, Paulo Coelho, Sábato Magaldi, site: http://www.academia.org.br Sergio Paulo Rouanet, Tarcísio Padilha. As colaborações são solicitadas.
Os artigos refletem exclusivamente a opinião dos autores, sendo eles também responsáveis pelas exatidão das citações e referências bibliográficas de seus textos. Sumário
EDITORIAL João de Scantimburgo Ainda Euclides da Cunha ...... 5 CULTO DA IMORTALIDADE Marco Maciel Rocha Pombo ...... 9 Murilo Melo Filho Raymundo Faoro: uma grande lição ...... 15 PROSA Afonso Arinos, filho Euclides da Cunha e o Itamarati...... 21 Mary del Priore Caçadores de almas: biógrafos, biografias e história ...... 43 Arnaldo Niskier Coelho Neto: um turbilhão de palavras ...... 61 Lêdo Ivo Sobre Paul Valéry...... 73 Maria José de Queiroz Aires da Mata Machado filho – Contagem progressiva. . 85 Marcos Santarrita Um escritor grapiúna ...... 101 Coelho Neto Euclides da Cunha (Feições do Homem) ...... 115 Fábio Lucas A obra e a crítica numa cultura dependente ...... 163 Rachel Bertol Conversando com Didier Lamaison ...... 175 Gilberto Araújo Ao Erasmo, cartas amputadas de Alencar...... 185 João Pedro Fagerlande De Lalinha a Leandra: Lala em travessia...... 199 Mário Moreyra Revisitando Álvaro Moreyra: memorial de um poeta ...... 217 Edmílson Caminha A justiça que se deve a Gustavo Barroso ...... 229 Cláudio Murilo Leal Lembrança de Josué Montello ...... 239 José Maurício Gomes de Almeida Os Sertões: uma epopeia dos vencidos...... 243 Marcus Vinicius Quiroga A poética do diálogo na obra de Antonio Carlos Secchin ...... 261 André Seffrin Alberto da Costa e Silva: vivência e afeto ...... 283 POESIA Vera Lúcia de Oliveira ...... 287 Rodrigo Petronio ...... 293 POESIA ESTRANGEIRA José Ángel Leyva Tradução de Ronaldo Costa Fernandes ...... 307 GUARDADOS DA MEMÓRIA Afonso Arinos de Melo Franco Casa Grande & Senzala ...... 323 Parecer do Prêmio Euclides da Cunha ...... 331
Editorial
Ainda Euclides da Cunha
João de Scantimburgo
brilhantismo que assinalou, o ano passado, o centenário Oda morte de Machado de Assis acaba de repetir-se, este ano, nas comemorações do centenário da morte de Euclides da Cunha. A exposição e o ciclo de conferências promovidos pela Academia Brasileira de Letras, a atribuição do Prêmio Euclides da Cunha à no- tabilíssima biografia Euclides da Cunha: uma Epopeia nos Trópicos,dopro- fessor norte-amricano Frederic Amory, a publicação da obra com- pleta do autor de Os Sertões pela Aguilar, sob os cuidados do Profes- sor Paulo Roberto Pereira, são alguns dos marcos mais ostensivos de uma celebração que se estendeu pelo Brasil inteiro – por este Bra- sil que constituiu a obsessão de Euclides da Cunha como intérprete insigne e dramático da nossa nacionalidade. A Revista Brasileira há de ter um papel relevante no empenho nacio- nal detinado a conferir à efeméride o fulgor merecido. Ao longo des- te ano, os números desta publicação se ocuparam amplamente de
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Euclides da Cunha, apresentando estudos sobre aspectos ainda não de todo abordados de sua obra e de sua vida. Neste número da Revista Brasileira, avulta, tanto pela sua dimensão gráfica como pelo riquíssimo contributo de informações sobre Euclides da Cunha, uma evocação de Coelho Neto. Foi ele um dos maiores amigos de Euclides da Cunha: uma amizade que transcorria dentro e fora da Academia Brasi- leira de Letras. Essa amizade era fundada não só na afeição pessoal como ainda na admiração mútua. Euclides, o autor de Os Sertões admirava e esti- mava o autor de Sertão. O estilo literário de ambos, de invejável riqueza vo- cabular e peregrina sintaxe, indica que ambos pertencem à mesma família espiritual. Esse Coelho Neto que o Modernismo tanto hostilizou não exerceu apenas a sua forte influência sobre Euclides da Cunha. Na verdade, são bastante numero- sos os escritores que sofreram o seu contágio. Ele está presente na obra de Gui- marães Rosa, que tanto o admirou e seguiu a sua trilha de enriquecimento perti- naz da nossa língua, através de modos de exprimir-se e do uso de um vasto glos- sário não utilizado na comunicação corrente. O ensaio de Arnaldo Niskier nesta Revista menciona a evidência de que o autor de Grande Sertão: Veredas foi um dos herdeiros literários e estilísticos de Coelho Neto. Sertão (Coelho Neto), Os Sertões (Euclides da Cunha) e Grande Sertão: Veredas são obras da mes- ma família estilística e literária. O barroquismo desses três expoentes literários aponta para a inanidade dos que proclamam como a virtude mais alta e respeitável da arte literária o estilo dos escritores considerados despojados, refratários aos adjetivos, econômicos ou mesmo secos em sua maneira de exprimir-se. A diferença e a diversidade são elementos vitais do labor literário e da evo- lução das literaturas. E a Academia Brasileira de Letras simboliza essa diferen- ça. É a Casa de Machado de Assis e de Euclides da Cunha; de Joaquim Nabu- co e de Jorge Amado; de Coelho Neto e José Lins do Rego; de João do Rio e Rachel de Queiroz. A pluralidade de direções literárias constitui o seu e nosso tesouro sempre crescente.
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Finalmente, desejo chamar a atenção dos nossos leitores para a conferên- cia-ensaio em que Afonso Arinos, filho esmiuça magistralmente a atuação de Euclides da Cunha no Itamaraty, a serviço do levantamento e fixação das nos- sas fronteiras amazônicas e como colaborador do Barão do Rio-Branco. E o artigo de crítica literária que seu pai, Afonso Arinos de Melo Franco, publicou quando em 1933 do aparecimento do Casa Grande & Senzala, de Gilberto Frei- re, há de constituir uma atração inarredável deste número de nossa Revista.
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