ATA DE AUDIÊNCIA PÚBLICA Aos 13 dias do mês de maio do ano de 2016, no ginásio Denir Alves de Macedo, endereço Av. Israel Pinheiro, 518, bairro Saudade , no município . Presentes os Promotores de Justiça Daniel Costa Lessa e Paulo Cesar Vicente de Lima, realizou-se Audiência Pública para os fins do disposto no art. 27, parágrafo único, IV, da Lei n. 8.625/93, regularmente convocada por meio do Edital de Divulgação, afixado na Promotoria de Justiça desde o dia 15/04/2016 e publicado no portal eletrônico do Ministério Público de desde o dia 15/04/2016, com o objetivo e a pauta apresentados a seguir:

1. Objetivo

Audiência Pública Direitos Fundamentais das Comunidades Quilombolas da Comarca de Minas Novas, tem como objetivo ouvir os representantes das comunidades sobre eventuais violações aos seus direitos básicos, e construir estratégias voltadas a garantir a efetivação dos direitos daquelas comunidades, com a inclusão social e reconhecimento do modo de vida das comunidades quilombolas localizadas nos 05 municípios que compõem a referida comarca.

2. Agenda da Audiência Pública

09 :30hs – 10:00 – Abertura dos trabalhos e apresentação dos grupos da Guarda de Congado Nossa Senhora do Rosário de Berilo e e da Marujada União de Ribeirão da Folha (Minas Novas); 10:00hs – 12:30– Manifestações dos expositores represntantes das comunidades quilombolas; 12 :30hs – 13:00 – Suspensão dos trabalhos para o almoço; 13:30hs – 14:30 – Pronunciamento dos debatedores inscritos; 14:30hs – 15:00 – Exposição da Presidência da Audiência Pública sobre os encaminhamentos

1 propostos; 15:00hs – 15:15 – Considerações finais e encerramento pelo presidente.

3. Desenvolvimento dos trabalhos Os trabalhos foram presididos pelo Promotor de Justiça Daniel Costa Lessa. Declarada aberta a audiência pelo seu presidente, procedeu à composição da mesa, que se fez como relacionado abaixo - Paulo César Vicente de Lima (Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Social) - Daniel Lessa Costa (Promotoria de Justiça de Minas Novas)

Foram realizadas apresentações da Guarda de Congado Nossa Senhora do Rosário dos Quilombolas de Berilo e Chapada do Norte, e do Grupo de Marujada União de Ribeirão da Folha de Minas Novas (Banda de Taquara). Em seguida pelo presidente, foi feita a apresentação inicial dos objetivos e da estrutura da Audiência Pública e foram reiterados os objetivos específicos do encontro, bem como suas regras de desenvolvimento. A seguir, ainda pelo presidente, foi apresentada a pauta dos trabalhos. Dando prosseguimento à audiência, o presidente esclareceu que foram registrados os nomes dos expositores, que em breve seriam abertas as incrições para debatedores, bem como que seriam registrados todos os atos da audiência em fitas de áudio, que seriam oportunamente publicizados no blog da CIMOS (cimos.blog.br), para constarem dos autos . A seguir, foi dada a palavra aos expositores que se seguiram na seguinte ordem:

Representantes das Comunidades Quilombolas de Minas Novas

- Antônio Luiz de Matos (Mestre Antônio) – Comunidade de São Benedito e Capivari: Afirmou que é muito importante a presença de autoridades públicas no município para acompanhar a situação dos quilombolas que são um povo muito sofrido na região. Falou da importância do cuidado com a natureza como foco, para reduzir os problemas da escassez 2 hídrica. Destacou que a região de Minas Novas concentra muitas comunidades quilombolas e que a presença das autoridades para contribuir com a defesa da natureza e a garantia dos direitos das comunidades quilombolas. Por fim destacou que após o ciclo do ouro na região sórestou para os quilombolas à "carcaça".

-Maria dos Anjos (Quilombola da Comunidade de Quilombo e Santiago): Agradeceu aos MP's e ressaltou a importância do MP estar junto das comunidades. Falou da importância da luta pela titulação das terras onde viveram seus ancestrais e da relevância desta luta para a sobrevivência da comunidade. Informou sobre a sua atuação como diretora da escola ressaltando a importância da parceria com a comunidade na valorização da identidade e da cultura das comunidades quilombolas. Ressaltou a importância dos órgãos públicos no trabalho de conscientização das comunidades sobre a identidade quilombola. Destacou que somente com essa valorização da cultura das comunidades é possível o desenvolvimento sustentável com a resolução dos problemas ambientais. Destacou ainda a importância do trabalho junto à comunidade para permanência dos jovens nas comunidades.

- Rosa Maria Barbosa (Sindicato dos Trabalhadore Rurais de Minas Novas): Informou sobre as dificuldades em Minas Novas referentes ao fechamento das escolas nas comunidades quilombolas do município, afirmando que isso retira as crianças de sua cultura. Registrou que a falta de titulação das terras faz com que os agricultores tenham muitas dificuldades de financiamento e acesso aos recursos por meio de projetos. Destacou o trabalho que vem sendo feito pelo Governo do Estado para a titulação das terras que se encontra na fase de medição.Destacou que o acesso ao PAA e ao PNAE estão limitados pela falta de acesso à documentação da terra e à DAP dificultando a legalização das associações e a potencialização das ações junto às comunidades. Relatou dificuldades das comunidades com relação ao acesso aos meios de transporte e às más condições das estradas. Destacou a dificuldade das comunidades para acesso à água e que diante desse problema sem o apoio das autoridades a agricultura familiar morrerá. Informou que os municípios receberam as máquinas do PAC II com a 3 intenção do Governo Federal de apoiar as comunidades no aumento e escoamento da produção mas que isto não está sendo realizado pela prefeitura. Por fim informou que as comunidades atualmente tem medo da polícia ambiental, afirmando que podem melhorar essa relação se a polícia passar a orientar os agricultores sobre o modo correto de fazer as coisas e não a simplesmente punir os agricultores.

- Elias Ramos Pires (Comunidade Quilombola de Capoeirinha): Relatou que a comunidade sofre com problemas de falta d'agua, tendo recentemente secado um dos dois poços artesianos que abastecem a comunidade e que com isso a comunidade está passando por dificuldades sendo inssuficiente o suprimento de água fornecido pelo posto. Informou que a comunidade se auto-reconheceu como quilombola há anos mas não recebeu ainda o certificado de autoreconhecimento da FCP. Registrou que há dois anos recebeu da Fundação Cultural Palmares a promessa de que enviaria o certificado de autoreconhecimento a comunidade, o que ainda não foi cumprido pela FCP. Destacou que a comunidade não consegue ser contemplada por projetos não tendo sequer uma sede para associação, apesar de apresentar projetos todos os anos, desde 1997.

- João Dutra (Quilombola Ribeirão das Folhas): Informou que a associação quilombola de Ribeirão das Folhas foi criada em 1984, já tendo contado com mais de 200 associados, restando hoje apenas 50 associados. Registrou que muito se hove falar dos recursos destinados as comunidades quilombolas mas que esses recursos não chegam as comunidades pois elas não tem condições de fornecer a documentação exigida e nem de elaborar projetos. Solicitou ao Ministério Público apoio para regularização dos documentos das associações. Destacou que quando as comunidades tem que elaborar projetos tem de contratar serviços de terceiros, os quais as comunidades muitas vezes não tem condições de pagar. Destaca que apesar da região da comunidade ser reconhecida como a que tem mais água no município as águas que a abastecem estão secando. Afirmou que isso se dá em virtude do desmatamento, do avanço do eucalipto e do represamento dos cursos d'água para irrigação de 4 café e pasto. Registrou que o córrego Capivari é o curso d'água que mais sofre com a redução, já tendo secado em alguns trechos. Solicitou pelo Ministério Público fiscalização acerca do barramento feitos nos rios e córregos da região. Solicitou do MP que fiscalize se os recursos que chegam para a prestação de serviços públicos estão sendo gastos em favor da população.

- Jacimar Alves Costa (Comunidade de Macuco, Matadouro, Pinheiros e Gravatá): Reivindicou que sejam respeitados os direitos como quilombolas na educação, saúde, lazer e principalmente de inclusão social. Afirmou que não há culpa exclusiva dos governos na crise de falta d'água, afirmando que se o governo investisse em represas para abastecimento não faltaria água para as comunidades. Registrou que em um córrego no qual ele pescava várias "qualidades" de peixe, hoje só setira areia. Que Ressaltou sobre a dificuldade de controle de recursos recebidos pelas comunidades já que os recursos chegam por meio de outras entidades. Destacou que os quilombolas tem antes de tudo que se aceitar como negros, valorizar suas características, e ter orgulho de ser quilombola.

- Maria Lúcia Ferreira de Souza (Comunidade Quilombola de Cabeceiras): Informou que o acesso por carro a comunidade é muito difícil tendo as pessoas da comunidade que caminhar 9 quilômetros até chegar à estrada onde passa o carro que traz até Minas Novas. Afirmou que a falta de um carro da saúde para atender a comunidade é outro grave problema. Por fim reforçou que o desmatametno das cabeceiras das nascentes feita pelos fazendeiros tem preocupado as comunidades.

- Galdina de Souza Pereira (Comunidade Quilombolas de Quilombo/ Fazenda Alagadiço): Informou que saiu de sua comunidade por falta de oportunidades de trabalho e estudo. Registrou que não há meio de transporte nem atendimento do posto de saúde na comunidade. Destacou que na gestão anterior havia um carro que atendia a comunidade no traslado ao hostpital, mas que esse carro foi retirado com a mudança da prefeitura. Ressaltou que as comunidades não recebem qulaquer apoio para produzir (semente, arado). Reivindicou a implantação de uma escola 5 agrícola na comunidade como forma de enfrentar o êxodo da juventude mantendo os jovens no campo. Destacou que o sofrimento dos antepassados tem que fazer valer as leis que protejem os quilombolas. Reforçou a importância de não venderem os votos pois político que compra voto não tem compromisso com a comunidade.

- Rufino Moreira de Souza (Comunidade Quilombola de São Pedro do Alagadiço): Registrou que o transporte escolar é deficiente, com o carro estando constantemente em manutenção tendo deixado de atender os alunos em 18 dias dos 86 desse ano. Informou que a escola do Alagadiço que funcionava com dois carros e que agora atende menos comunidades, utiliza 4 veículos podendo prestar serviço de melhor qualidade às comunidade se forem aprimoradas as rotas. Afirmou que o prefeito não atende as comunidadesem suas reivindicações por direitos. Registrou que a prefeitura não agiu diante dos seus constantes avisos (5 anos) sobre as más condições da ponte do Alagadiço que, neste momento está inutilizada. Destacou que a ponte que está sendo usada pela comunidade não tem boas condições de conservação para suportar o tráfego. Apresentou um documento que apresenta a solicitação da prefeitura de material para construção de ponte sobre o rio Capivari feita em 2007. Solicitou que o Promotor intervenha junto a prefeitura para resolução desta questão da ponte da comunidade e da utilização das máquinas do PAC 2 pela comunidade.

- Tarcísio Xavier (Francisco de Assis) -Comunidade Quilombola de São Pedro do Alagadiço: Informou que as chuvas de dezembro derrubaram a ponte e, desde então, a comunidade está tendo que caminhar 3 quilômetros a pé para pegar o ônibus, outras comunidades tendo que caminhar 6 ou 7 quilômetros para chegar à estrada. Afirmou que os moradores das comunidades da região da fazenda Alagadiço estão como crianças órfãs destacando a situação das estradas abandonadas e dos carro de transporte escolar de péssima qualidade. Revindicou saúde digna, educação digna, transporte digno. Registrou que o PNAE não funciona mais na comunidade tendo sido atrasados os pagamentos sistematicamente da compra direta. Destacou que o carro do feirante parou de ser disponibilizado à comunidade assim como a compra direta. Por fim afirmou 6 que as comunidades precisam estar atentas para ter seus direitos respeitados. Entregou documento a mesa sobre o Carro do Feirante.

- Cláudio Macedo de Azevedo (Comunidade Quilombola Bem Posta): Afirmou que os quilombolas, a despeito de seu passado de sofrimento, não tem ainda hoje condições de vida digna aos seus familiares. Destacou que, a despeito de se falar em dívida histórica com os quilombolas, as comunidades não tem o tratamento adequado por parte do poder público. Por fim, ressaltou que a comunidade de Bem Posta, diante deste quadro, pede socorro, pede ajuda ao Ministério Público.

Representantes das Comunidades Quilombolas de Chapada do Norte

- Maria Aparecida Machado Silva (Comunidade Quilombola de Córrego do Rocha e Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Chapada do Norte): Afirmou que a água é um dos maiores problemas do município e dos municípios vizinhos. Registrou que o rio Capivari está sendo privatizado pelos fazendeiros da região. Manifestou-se contrária a privatização da água. Destacou que a BR 367 tem promessa de asfaltamento há décadas e que a água dos rios do município estão secando sendo todos responsáveis pela crise de abastecimento. Afirmou que falta orientação aos agricultores, assistência técnica efetiva que oriente os agricultores sobre o uso adequado da água como estratégia de fortalecimento das tecnologias destinados à agricultura familiar pois sem água não há possibilidades de manutenção da agricultura. Registrou que o rio que abastece sua comunidade e no qual ela aprendeu a lavar roupas hoje em dia está completamente seco. Afirmou que as comunidades estão passando sede e que tem de ser incluída a pauta da Escolas Famílias Agrícolas como forma de garantir a sucessão rural. Destacou que a falta de transporte (BR 367) dificulta o escoamento da produção (agrícola e artesanato) das comunidades e que a falta de acesso desestimula que pessoas qualificadas permaneçam nos municípios como prestadores de serviços, destacando ainda que as péssimas condições das estradas são responsabilidade da prefeitura e não estão sendo supridas. 7 Informou que quilombolas tiveram que abrir mão de áreas produtivas (mangas) para garantir que os filhos tivessem acesso à educação. Informou que 60 famílias compoem a comunidades tendo doze dessas famílias como portadores de necessidades especiais que ficam isolados na comunidade sem qualquer tipo de assistência (inclusive médica na comunidade). Afirmou que a comunidade está a 6 quilometros do posto, tendo que gastar aproximadamente 50 reais para se deslocar da comunidade ao posto de saúde. Propos que médicos da prefeitura atendam na sede da associação periodicamente, já que a prefeitura alega que não há demanda que justifique a construção de um posto na comunidade. Registrou a falta de acesso da comunidade à energia elétrica em 12 residências afirmando que tal situação expõem a comunidade a riscos com relação a animais peçonhentos. Registrou que por estar a 15 quilômetros da sede e pela ausência de meios de comunicação a comunidade está exposta a situações de violência e alcoolismo com dificuldade de atendimento pela polícia. Por fim apresentou uma lista de demandas com destaque para a necessidade de ampliação do centro comunitário para criação de um telecentro, a regularização fundiária da comunidade incluindo a organização das comunidades quilombolas, sendo este o maior desafio para o acesso à políticas públicas, a necessidade de criação de EFA no município, a falta de serviço público de transporte para as comunidades ficando sem opção de aceso. Por fim, entregou documentos à mesa com a íntegra das demandas da comunidade.

-Ana Maria Aparecida Pereira (Comunidade Quilombola de Faceira): Apresentou a seguinte lista de prioridades construída pela comunidade: recuperação de nascentes para preservação de recursos hídricos e construção de barragens para abastecimento da população, manutenção das estradas e garantia de trasnporte escolar, abertura de salas de EJA nas comunidades, aquisição de máquinas agrícolas para atendimento das comunidades, atendimento específico de médicos no PSF das comunidades Quilombolas, desburocratização para o tranposte do artesanato pelos artesãos do município, falta de transporte para levar artesanato as feiras, regularização fundiária das comunidades quilombolas, apoio aos grupos culturais das comunidades quilombolas, Pavimentação da BR367, ação urgente dos órgãos competentes para fiscalização das situação de barrametno do Rio 8 Capivari que colocam em risco o abastecimento das comunidades. Entregou a mesa a Carta das Águas redigida pelo Fórum de Mulheres do Vale do .

- Hélio Marques dos Santos (Comunidade Quilombola de Ribeirão da Cachoeira): Afirmou que a comunidade não tem o uso dos direitos sociais, e que mesmo sendo quilombolas não tem certificação pela Fundação Cultural Palmares nem associação comunitária. Denuncou à violação de direitos básicos ressaltando a ausência de Regularizaão fundiária. Afirmou ainda que a falta de cisternas de placas para captação de águas da chuva, tendo que buscar água com balde por mais de 2 quilometros, prejudica muito a comunidade. Registrou que a parte da comunidade que não tem acesso à água tem um poço artesiano perfurado necessitando os equipamentos para funcionamento. Afirmou que o transporte escolar não atende a toda a comunidade e que algumas crianças tem que caminhar 3 quilometros para chegar ao transporte escolar. Registrou que 13 residências da comunidade não tem acesso à energia elétrica. Entregou documentação à mesa diretora.

-José André Machado da Costa (Comunidades Quilombolas deTolda e Água Suja): Informou que foi o primeiro presidente da Associação Quilombola de sua comunidade e relatou a sua luta para efetivação de direitos, princialmente tendo em vista não ter tido acesso à educação formal.

-José Antônio Neto (Comunidade Quilombola de Gravatá): Afirmou que o Carro Feirante deixou de atender a comunidade. Registrou que existem 4 residências sem energia elétrica na comunidade. [Acrescentou à relatoria a Senhora Maria Zilda de Matos que é necessário que o atendimento das comunidades quilombolas de Chapada do Norte seja realizado por um técnico de desenvolvimento social que apoie as comunidades na implantação de tecnologias de convivência com o semiárido e melhoria das técnicas produtivas e uso da água.]

9 -Elenice Ferreira Martins (Comunidade Quilombola de Cuba): Afirmou que estava ali representando a associação e também a juventude da comunidade. Apontou a necessidade de carro para atendiemtno de urgência as famílias, a instalação de telecentro, posto de saúde, implantação de tecnologias de gestão das água, realização de cursos de capacitação da juventude como forma de evitar o êxodo para o corte de cana em São Paulo. Destacou a importância da Certificação da Palmares em andamento, destacando que a falta de certificação impede que os jovens recebam bolsas. Reivindicou ainda a ampliação dos centro comunitário. Solicitou a maior agilidade nos processos de aposentadoria rural e por invalidez que prejudicam as comunidades.

-Marcelo Alves da Silva (Comunidade Quilombola de Moça Santa) Afirmou que faltam médicos para atender a população, destacando que quando há atendimento este é mensal. Afirmou que muitos idosos não estão recebendo o atendimento médico domiciliar. Destacou os seguintes pontos como carências da comunidades falta de manutenção nas estradas, falta de abastecimento de água própria ao consumo humano, falta de transporte para os feirantes, a falta de medicamentos para a comunidade. Destacou que 30 famílias na comunidade não tem acesso à energia elétrica. Afirmou que muitas famílias quilombolas não recebem bolsa famiília mesmo cumprindo às condições de enquadramento. Afirmou que A COPANOR não tem garantido o abastecimento adequado da comunidade não garantindo nem o abastecimento da escola da comunidade, sobretudo pela falta de manutenção dos poços artesianos.

Representantes das Comunidades Quilombolas de Berilo

-José Nilson Araújo Cota (Comunidade Quilombola de Roça Grande) Afirmou que as comunidades quilombolas tem que lutar com a razão para conseguir avanços reais. Destacou que o acesso à educação sem o retorno das pessoas para as comunidades faz com que a comunidade não se desenvolva. Manifestou que a assistência técnica insuficiente faz com que as comunidades não consigam obter o retorno adequado dos investimentos que fazem 10 em suas propriedades. Acrescentou a relatoria da ata que a comunidade de Roça Grande já é certificada, não tendo recebido, entretanto, até o momento o documento de certificação emitido pela Fundação Cultural Palmares, o que tem ocasionado prejuízos à comunidade como acesso à Feiras de artesanato.

-Olídia Alves Santos Batista (Comunidade Quilombola de Santo Isidoro): Afirmou que as comunidades quilombolas tem encontrado muito dificuldade de conseguir a DAP, destacando a negação de acesso à DAP aos familiares de servidores públicos. Informou que a comunidade tem sido tratada com descaso pela COPANOR, e que apesar das cobranças serem mantidas as comunidades não tem garantido o abastecimento de água, tendo a comunidade que se cotizar para adquirir caminhões pipas. Registrou que em função do abastecimento, embora muito deficiente, a comunidade não foi beneficiada pelas caixas de captação de água da chuva. Destacou por fim que há uma obra paralisada da COPANOR na Comunidade que impede o adequado acesso à água.

-Ana Lúcia Moreira da Silva (Comunidade Quilombola de Alto Catitu e Mocó dos Pretos): Afirmou que o atendimento médico à comunidade é inadequado às comunidades quilombolas com demora na realização de exames de anemia falciforme, não fornecimento de medicamentos para diabetes e Doença de Chagas e vacinas em número insuficiente. Destacou que as estradas estão em más condições, ficando ilhadas as comunidades no período de chuvas. Registrou que escolas tem sido fechadas sem o diálogo e consulta aos moradores. E destacou que a dificuldade de escoamento do artesanato em função da má condição de estradas inviabiliza a atividade econômica da comunidade. Soliticitou que sejam realizados cursos profissionalizantes para evitar a saída de jovens para o corte de cana e colheirta de café.Reivindicou que sejam realizadas atividades de empoderamento dos mestres da comunidade para repasse das tradições.

-Ieni Barbosa de Souza (Comunidade Quilombola de ): Registrou que as comunidades (Tabuleiro, Cruzeiro e Brejo) permanece, desde 2009, sem 11 certificação em função da pendência de visita técnica por parte da FCP. Reinvindicou a recuperação do ribeirão do Andorras com a recuparação da mata ciliar e construção de barraginhas como forma de perenização do curso d'água. Reinvindicou a construção de Barragens e melhoria das estradas que chegam as comunidades. Registrou a inportância de que as comunidades recebam apoio técnico para a elaboração e execução de projetos. Afirmou que é fundamental que cursos profissionalizantes para os jovens sejam realizadas para as comunidades como estratégia para se evitar a evasão temporária para o corte de cana. Atenção das autoridades para ações de fiscalização quanto ao plantio de eucalipto de modo desordenado prejudicando o abastecimento de água as comunidades.

-José Adão Pereira (Comunidade Quilombola do Cruzeiro e do Ribeirão do Altar):

Afirmou que desde a década de 1990 a comunidade vem denunciando a destruição das nascente do Ribeirão Gangorras e do Ribeirão do Altar, afirmou ainda que atualmente os proprietários tem abusado do desmatando ilegalmente e do desvio o curso dos rios. Registrou que tais afluentes que abastecem 5 comunidades estão comprometidos por tais intervenções. Destacou a necessidade de qualificação profissional para os jovens para que se evite o êxodo para a agricultura em outras regiões.

-Lidiane Barbosa Alves (Comunidade Quilombola do Brejo) Informou que a comunidade está localizada a 18 quilômetros de Berilo e é composta por 43 famíliar. Reivindicou a construção de poços artesianos uma vez que a comunidade não dispõem de abastecimento de água e no período de seca ficam restritos a compra de caminhões-pipa para abastecimento. Destacou a falta de atendimento pelo carro da saúde, tendo a comunidade que arcar com os custos do transporte de doentes (táxi) que somadas as más condições das estradas dificultam a garantia a saúde. Falou sobre a necessidade de construção de barragens para a dessedentação animal, afirmando ainda que a má qualidade da alimentação fornecida pelas 12 escolas sendo ofertada alimentação indigna às crianças da comunidade. Ressaltou que falta comunicação estando a comunidade sem acesso à sinal de celular nem de internet. Ressaltou que mata-burros frágeis (madeira) colocam a vida das pessoas que utilizam as estradas em risco. Afirmou qeu aguardam a visita técnica pela Fundação Cultural Palmares para emissão de certificado desde de 2010. Registrou que ela própria no dia 20 de maio está indo para a colheita de café. Reivindicou a realização de cursos profissionalizantes como forma de garantir aos jovens trabalho fora das colheitas de café e cana e apoio à associação na elaboração de projetos e gerenciamento.

-Cristiane Fernandes da Rocha (Comunidade Quilombola de Morrinhos): Informou que faltam medicamentos para os idosos da comunidade. Informou que há nuita demora para marcação de consultas com períodos de espera de até cinco meses. Reivindicou a construção de unidade de saúde na comunidade de Morrinhos. Destacou as más condições das estradas, a falta de meio de comunicação nas escolas e a falta de acesso à água em parte da comunidade. Registrou a extração de areia irregular em APP (entre duas nascentes) que abastecem as comunidades. Reivindicou a implantação de turmas de educação de jovens e adultos na comunidade de Morrinhos. Registrou o fato de que existem duas escolas com o mesmo nome sendo uma quilombola e a outra não, o que pode estar levando a um direcionamento inadequado de recursos destinados à merenda das criaças quilombolas. Solicitou esclarecimento à secretária de educação sobre os fatos narrados.

-Nelson Teixeira Cardoso: Reivindicou a melhoria das estradas e a construção de barraginhas para a dessedentação animal.

-Maria Geralda Gomes de Oliveira (Comunidade Quilombola de Catitu do Meio): Agradeceu a atuação do Dr. Daniel na defesa da saúde de uma criança de sua família, e afirmou que a criança teria falecido não fosse a interveniência do Promotor da Comarca de Minas Novas. Afirmou que os quilombolas de Berilo melhoraram muito suas condições de vida nos últimos anos, 13 destacando que antes as mulheres de sua comunidade eram discriminadas por serem negras e quilombolas do Catitu e que hoje andam de cabeça erguida e tem orgulho de sua identidade. Afirmou que é importante que todos os quilombolas saibam que em Minas Novas existe uma promotoria dedicada a defesa dos direitos das pessoas. Afirmou que quando trabalhou como doméstica em São Paulo ainda era escrava, mas que hoje podem comer carne e não osso como antigamente. Reforçou que não tem medo de lutar por seus direitos, e que ninguém deve ter medo de lutar pelo que lhe é de direito.

-Antônio Teodoro Mendes (Comunidade Quilombola Água Limpa de Cima): Afirmou que a guerra das comunidades é por saúde, boas condições das estradas e acesso à água. Registrou que atualmente na sua comunidade eles tem que pagar 150 reais para receber água de caminhão pipa. Destacou que as barragens que a comunidade utilizava estão em más condições, soterradas, estando uma delas inutilizada. Solicitou o apoio para reforma das barragens subterrâneas. Falou sobre a importância do acompanhamento das comunidades menores.

-Maria Aparecida Lopes Gomes (Comunidade Quilombola de Água Limpa de Baixo): Falou sobre a necessidade de melhoria das estradas e informou que os taxistas estão se recusando a ir à comunidade em função das más condições. Informou que a comunidade tem que fazer um revezamento para abastecimento de água, destacando a necessidade de construção de barraginhas para garantia de abastecimento as comunidades com revitalização das nascentes. Destacou ainda a necessidade de capacitação

- Caroline da Rocha Souza (Comunidade Quilombola de Muniz): Reinvindicou a construção de igreja e reforma de estradas. Afirmou que antes as comunidades utilizavam a escola como local de culto, mas atualmente a escola está com risco de desabar. Afirmou que a comunidade é esquecida pela administração municipal. A comunidade de Muniz não recebe transporte escolar pela prefeitura de Berilo.Afirmou que em função da má condição 14 das estradas os taxistas cobram altos preços para atender a comunidade.

Representantes das Comunidades Quilombolas de Francisco Badaró

-Maria Emília Alves Silva (Comunidade Quilombola de Mocó): Informou que é presidente da Associação de Artesãs de Francisco Badaró. Reivindicou a melhoria da estrada que liga Mocó à Francisco Badaró informando ainda que a Comunidade necessita de estruturas comunitárias como telecentro e centro comunitário. Informou que a comunidade tem uma tenda de farinha comunitária que atualmente carece de um muro para proteger a tenda de farinha. Reivindicou a ampliação da represa comunitária e a construção de cisternas calçadão, para o consumo das famílias e produção de alimentos. Informou que a comunidade de Mocó carece de atendimento odontológico.

-José Carlos (Comunidade Quilombola de Tocoiós de Minas): Apresentou as seguintes reivindicações das comunidades quilombolas próximas ao distrito de Tocoiós de Minas: más condições das estradas, abastecimento e tratamento da água, asfaltamento dos distritos, construção de barragens para garantir o abastecimento, construção de quadra poliesportiva, telecentro comunitário e outras tendo entregue documento a mesa.

- Antônio Derivaldo Silva (Comunidade Quilombola de Passagem): Afirmou que a água é uma prioridade para a comunidade, passando as comunidades sem o abastecimento de água pela COPANOR por períodos de15 a 20 dias. Registrou que as más condições das estradas obrigam os passageiros (alunos a empurrar o veículo de transporte escolar) durante o trajeto.

Representantes das Comunidades Quilombolas de

15 - Claudiana Batista Gomes (Comunidade Quilombola de Silvolândia/ COQUIVALE): Reivindicou a valorização da agricultura familiar na currículo escolar. Registrou que a merenda escolar tem de ser adequada aos recursos difereinciados recebidos para comunidades quilombolas. Destacou que a comunidade não é atendida pelas máquinas do PAC 2, não sendo respeitado o planejamento anual realizado pelo CMDRS para uso das máquinas. Por fim informou que o município não fez projeto do garantia Safra no último ano, o que ocasionou sérios prejuízos as comunidades. Informou da necessidade de apoio a comunidade em projetos de banco de sementes e de viveiros de mudas nativas realizados na comunidade.

-Adão de Souza (Comunidade Quilombola de Silvolândia): Apresentou diversas reivindicações relacionadas aos serviços da saúde. Informou que a comunidade só conta com uma nascente em boas condições, sendo necessária a recuperação das nascentes da comunidade para a garantia do abastecimento da comunidade de maneira sustentável. Relatou que foi feita solicitação a prefeitura de material para distribuição da água de poço artesiano mas que tal reivindicação não foi atendido pela prefeitura. Relatou por fim que a escassez de água está comprometendo a sobrevivência das famílias de agricultores.

-Rosa Nilia Rodrigues (Associação Consciência Negra Fé e Resgate): Reivindicou um trabalho de valorização dos fazeres e saberes tradicionais não sendo o trabalho tradiconal reconhecido pela sociedade, destacando o trabalho de parteiras, batuqueiros, cantadores e tocadores

-Lidiana da Silva Ribeiro (Comunidade Quilombola de São José do Bolas): Reinvidicou o cascalhamento das estradas e construção de ponte em São josé do Bolas, atendimento do PSF em acordo com a legislação, melhoria da merenda escolar, canalização e tratamento da água da barragem de Setúbal, utilização das máquinas do PAC2 para atendimento da comunidade, apoio as organizações comunitárias e valorização delas como canais de diálogo com a comunidade. 16 -Lucimara Martins Nunes (Comunidade Quilombola dos Martins): Destacou que saneamento básico, o abastecimento de água, e a melhoria da merenda escolar em acordo com os recursos recebidos.

-Maria Geralda Soares de Oliveira (Comunidade Quilombola de Cortume): Destacou a má qualidade da água (salobra) e as más condições das estradas da comunidade.

-José da Conceição Reis (Comunidade Quilombola de Lagoa Grande): Informou que estão ocorrendo desmatamentos na comunidade com retirada de madeira pelos fazendeiros na área de nascentes. Destacou que o poço da comunidade está fornecendo água para outras comunidades, afirmando que a água do poço não é suficiente para abastecimento de outras comunidades. Destacou que isto pode comprometer os cursos d'agua e o abastecimento das comunidades que dependem da água do rio. Afirmou que as estradas da comunidade estão em más condições expondo as crianças que utilizam o transporte escolar a riscos físicos. Relatou episódio em que a prefeitura se recusou a fazer a manutenção da estrada da comunidade por falta de combustível mas que atendia à fazendeiros do município.

-Maria Eva de Souza Santos (Comunidade Quilombola de Lagoa Grande): Denunciou as ameças contra os quilombolas de Lagoa Grande, destacando episódios de tiros em ameça, ações de despejo. Destacou a questão da escassez de água que atinge as comunidades e que as tem obrigado a comprar caminhões-pipa para seu abastecimento. Afirmou que o agronegócio, principalmente o eucalipto, é a maior ameaça as fontes de água que abastecem as comunidades. Reforçou que, em Lagoa Grande, há um intenso processo de desmate das matas nativas da comunidade.

-Alessandro Borges de Araújo (COQUIVALE): Afirmou que no dia 13 de maio as comunidade quilombolas não tem nada para comemorar pois a 17 mesma elite que foi obrigada aceitar a liberdade dos negros promoveu no dia de ontem um golpe de estado. Afirmou que os gestores públicos estão despreparados para a efetivação dos direitos das comunidades quilombolas. Perguntou aos presentes quem aqui já havia lido o Programa Brasil Quilombola no que somente um gestor se manifestou positivamente. Afirmou que as comunidades ali presentes não trouxeram demanda, mas trouxeram dores desde 1888. Informou que a Coquivale é uma comissão das comunidades quilombolas do médio jequitinhonha, moviemtno popular sem fote de recursos. Destacou que a Prefeitura não presta qualquer apoio às associações das comunidades. Registrou que comunidades de Berilo aguardam desde de 2010 pela certificação da fundação Palmares, o que tem impedido as comunidade de acessar as políticas públicas ressaltando que falta acesso a informações por parte das comunidades e dos gestores sobre os direitos quilombolas. Afirmou que o ICMS cultural que deveria chegar as comunidades é desviado para outras açoes da Prefeitura. Afirmou que falta planejamento municipal para enfrentar a seca. Afirmou que o licenciamento ambiental coloca em risco a vida das comunidades principalmente relacionado ao eucalipto. Ressaltou que é importante que as comunidades exijam e que os gestores públicos incluam, em todo cadastro público realizado nas comunidades seja informado que são quilombolas, no DAP, no Leite pela Vida, no Bolsa-Família, etc., como forma de dar visibilidade aos quilombolas. Solicitou à Cimos a realização de curso e minicurso sobre os direitos quilombolas. Afirmou que a SEDA (Secretaria de Desenvolvimento Agrário) não tem representado as comunidades do médio Jequitinhonha, apesar de ter uma pessoa destacada exclusivamente para tratar do tema. Destacou que a organização da Coquivale visa representar as comunidades da região que não se sentem representadas pela federação N'golo. Afirmou que a violência contra a mulher, principalmente a mulher quilombola mais vulnerável, faz com que seja necessária a criação de uma delegacia da mulher do Médio Jequitinhonha.

Após as falas dos expositores, representantes das comunidades quilombolas dos municípios da comarca, foi franqueada a fala aos debatedores que se manifestaram na forma que segue.

18 - Marcia de Fátima Jardim- (Comunidade Quilombola do Pega - ): Questionou a legalidade da extração de areia por balsas no rio Araçuaí. Solicitou a realização de Audiência Publica nos mesmos moldes na comarca de Araçuaí.

-Maria Helena Gomes Santos – (Comunidade Quilombola de Arraial dos Criolos - Araçuaí): Ressaltou que não existem nas prefeituras pessoas capacitadas para informar as pessoas sobre os direitos das comunidades quilombolas. Informou que a comunidade de Arraial dos Criolos foi atingida pela barragem do Calhauzinho que ficou completamente prejudicado pela construção da barragem. Afirmou que com isso a comunidade ficou sem acesso à água. Solicitou a realização de uma Audiência Pública nos mesmos moldes na comarca de Araçuaí.

-Maria Aparecida Nunes Silva (Comunidade Quilombola de Córrego Narcísio do Meio- Araçuaí): Informou que a água é a demanda principal e tem visto esta demanda se aprofundar, com relação a saúde e destacou a dificuldade de acesso aos serviços de saúde pela comunidade.

-Antônio Cosme das Neves (Comunidade Quilombola do Baú- Araçuaí): Relatou que muitas comunidades quilombolas estão com seus filhos fora da escola, não garantindo o material didático com educação diferenciada para quilombolas tal qual está previsto nas diretrizes e bases da educação.

- Professor Antônio Sérgio (Prefeito de Francisco Badaró): Prestou diversos esclarecimentos sobre a forma de busca de direitos pelas comunidades como a certificação das comunidades. Afirmou que a certificação redundou no acesso em uma merenda diferenciada por parte das escolas quilombolas. Afirmou que a prefeitura fez um projeto para abastecimento de água encanada da sede do municípo até o distrito de Tocoiós. Informou ainda que por meio de projeto a Prefeitura conseguiu uma ambulância para atendimento das comunidades quilombolas. Ressaltou que as comunidades estão em situação de calamidade. No mês de abril a prefeitura de Francisco Badaró já está abastecendo 14 comunidades com 19 caminhão-pipa. Afirmou que hoje foi um dia de aprendizado muito grande e agradeceu aos presentes e especialmente ao MP.

- Acidalha Maria Praxedes (Secretária de Cultura de Chapada do Norte): Leu documento encaminhado pelo Prefeito de Chapada do Norte justificando demandas apresentadas pelas comunidades. Destacou que a COPANOR tem respondido negativamente a todas as demandas relacionadas ao abastecimento de água das comunidades. Ressaltou a necessidade de mais caminhões-pipa para garantir o abastecimento das comunidades. Informou que a comunidade de Gravatá recebeu um poço artesiano, sem contudo ter recebido o equipamento necessário a sua operacionalização. Entregou três ofícios à presidência da mesa.

Márlio (Prefeito Jenipapo de Minas): Registrou o fato dea Audiência Pública ser realizada no dia da abolição da escravatura, ressaltando a importância fundamental negra na formação da sociedade brasileira. Ressaltou que a receita da prefeitura caiu de maneira drástica, o que tem impactado de maneira determinante as políticas públicas municipais.

-Padre João (Deputado Federal): Parabenizou ao MP pela iniciativa da Audiência Pública, especialmente à CIMOS pelo compromisso com a mobilização e inclusão dos excluídos. Ressaltou que percebe que nos últimos anos vê alguns avanços. Informou que a experiência das barraginhas é exitosa e faltou dar continuidade dessas ações de construção de barraginhas. Afirmou que é um crime a perfuração de poços artesianos na região, pela contaminação do lençol freático e pelo caráter provisório desta solução. Ressaltou a importância da tríade água, terra e assistência técnica na garantia das condições de vida da agricultura familiar.

- Dr. Jean Freire (Deputado Estadual): Afirmou que a região é tratada com descaso pelos governos anteriores, aja vista a não resolução 20 durante décadas da falta de asfaltamento da BR 367, a qual já teve, inclusive recursos destinados às obras de pavimentação.

- Dr. Paulo César: Fala da importância da audiência, parabeniza o envolvimento das comunidades e o empenho para participação na Audiência Pública.

Dando seqüência aos trabalhos, dentro da pauta previamente aprovada, o presidente, finalizando, agradeceu a presença de todos e encerrou a Audiência Pública, às 17 horas e 52 minutos que teve os seguintes encaminhamentos.

Encaminhamentos: Após a oitiva dos presentes a mesa deliberou os seguintes encaminhamentos às demandas apresentadas:

1- O Ministério Público de Minas Gerais realizará mediação junto à órgãos públicos, notadamente à CEMIG, COPANOR e Fundação Cultural Palmares, visando garantir a efetivação dos direitos sociais (acesso à água e energia elétrica) e étnicos (certificação de autoreconhecimento como remanescentes de quilombo) das comunidades quilombolas.

2- A equipe da CIMOS realizará visitas técnicas às comunidades que se fizeram representar na Audiência Pública com o objetivo de qualificar as informações acerca das demandas apresentadas pelas representantes.

3- A Promotoria de Justiça de Minas Novas, com o apoio da CIMOS, instaurará um PROPS (Procedimento para implementação e acompanhamento de Projetos Sociais) com vistas ao apoio as comunidades na efetivação de seus direitos.

21 4- Os 5 municípios da Comarca de Minas Novas serão incluídos na programação do Projeto Ministério Público Itinerante do ano de 2017.

5- O Ministério Público de Minas Gerais encaminhará ata, com os detaques das questões espefícicas, aos órgãos competentes para conhecimento e adoção de eventuais providências.

6- O Ministério Público de Minas Gerais realizará, no ano de 2016, minicurso com o tema "Os Direitos Fundamentais dos Povos e Comunidades Tradicionais" em Minas Novas.

Minas Novas, 13 de Maio de 2016

Daniel Lessa Costa Paulo Cesar Vicente de Lima Promotor de Justiça Promotor de Justiça Promotoria de Justiça de Minas Novas Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais

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