02 SEDEVAL NARDOQUE.Pdf
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unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA APROPRIAÇÃO CAPITALISTA DA TERRA E A FORMAÇÃO DA PEQUENA PROPRIEDADE EM JALES–SP SEDEVAL NARDOQUE PRESIDENTE PRUDENTE 2002 2 unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA APROPRIAÇÃO CAPITALISTA DA TERRA E A FORMAÇÃO DA PEQUENA PROPRIEDADE EM JALES – SP Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Geografia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Presidente Prudente, para obtenção do título de mestre em Geografia (Área de Concentração: Desenvolvimento Regional e Planejamento Ambiental. Linha de Pesquisa: Estudos Agrários). Orientando: Sedeval Nardoque Orientador: Prof. Dr. Ariovaldo Umbelino de Oliveira Presidente Prudente 2002 3 SEDEVAL NARDOQUE APROPRIAÇÃO CAPITALISTA DA TERRA E A FORMAÇÃO DA PEQUENA PROPRIEDADE EM JALES – SP Dissertação para obtenção do Título de Mestre Banca Examinadora Presidente e Orientador: Prof. Dr. Ariovaldo Umbelino de Oliveira: __________________________________________ 2º Examinador: Prof. Dr. Antonio Thomaz Júnior: __________________________________________ 3º Examinador: Profa. Dra. Miriam Claudia Lourenção Simonetti: __________________________________________ Presidente Prudente, 13 de novembro de 2002. 4 Dedico este trabalho à Betane, companheira de sempre, à Beatriz e à Júlia, minhas filhas, razões de minha existência, pelos momentos furtados de suas convivências nestes últimos tempos. Aos meus pais, Lourdes e João, que me deram a vida, me ensinaram as coisas simples do campo, dedicaram suas vidas pelos filhos e sepultaram seus suores no sonho da terra na fronteira. 5 AGRADECIMENTOS A realização deste trabalho consistiu na concretização do sonho de realizar o desvendamento de uma realidade que por muito tempo afligiu muitos pequenos agricultores no entorno da cidade de Jales e da realização profissional com a obtenção do título de mestre. Para a concretização do sonho e da realização profissional houve a colaboração de muitas pessoas, às quais agradeço: Ao Prof. Dr. ARIOVALDO UMBELINO DE OLIVEIRA, pela orientação, pela confiança, pela paciência e pela relação de fraternal companheirismo ao longo deste trabalho. Aos professores do Programa de Pós-Graduação da FCT/UNESP, pelos ensinamentos durantes as disciplinas cursadas. Ao Prof. Dr. Antonio Nivaldo Hespanhol e ao Prof. Dr. Antonio Thomaz Júnior pelas contribuições durante o Exame de Qualificação. Ao Prof. Ms. Celso Donizete Locatel, companheiro de longa data, pelas contribuições teóricas, pela leitura e sugestões, pelo estímulo nos momentos difíceis e pelo fornecimento de materiais. Ao eterno aluno e agora companheiro geógrafo, Evandro César Clemente, pela contribuição no levantamento de dados. Aos companheiros Reolarde, Celso e André pela divisão daquilo que nos dava abrigo. À Profª. Evany Aun, pela revisão gramatical do texto da dissertação. Ao Prof. Marcelo Bonetti Agostinho, colaborador do Museu Histórico de Jales, pela gentileza no empréstimo de fotos e mapa. 6 À Profª. Márcia Correia Oliveira Mariano, pela versão do resumo em língua estrangeira. Ao Denis Richter, pela digitalização dos mapas que compõem este trabalho. Aos funcionários da Seção de Pós-Gradução - Ana, Márcia e Marcos – e da Biblioteca pelo pronto atendimento. Aos irmãos Alpha e Bolivar Brasileiro de Souza, que gentilmente me forneceram documentos para a pesquisa. Aos funcionários do Cartório de 2º Ofício do Fórum da Comarca de Jales, em especial, ao Escrivão Antonio Carlos Sambugari e ao Juiz Pedro Manoel Callado de Moraes pela gentileza da retirada do arquivo e pela confiança na cessão de documentos que foram objetos de análise neste trabalho. Às direções da Fundação Educacional de Fernandópolis, das Faculdades Integradas de Jales e da Cooperativa Regional de Ensino pelo auxílio nos momentos de maior dificuldade. Ao CNPq, pela concessão de bolsa durante alguns meses. Aos meus alunos, em especial, da Disciplina Geografia Agrária do Curso de Geografia da Fundação Educacional de Fernandópolis, pelos estímulos que me fizeram estudar a realidade do campo em Jales. Aos pequenos proprietários rurais da Gleba Coqueiros, que foram aviltados pelos interesses capitalistas na terra, agradeço em nome de Reinaldo Esgaravati, que foi entrevistado e gentilmente acompanhou outras entrevistas. Aos companheiros de curso, pelo convívio, pela amizade e pelo crescimento intelectual e pessoal que muitos me proporcionaram. 7 “A fronteira é o espaço próprio de encontro de sociedades e culturas entre si diferentes, como as sociedades indígenas e a chamada sociedade ‘civilizada’; lugar da pretensa epopéia da frente pioneira e dos também chamados ‘pioneiros’ e ‘civilizadores’. É o lugar da busca desenfreada de oportunidades, mas também do genocídio dos povos indígenas, do massacre dos camponeses pobres, da subjugação dos frágeis e desvalidos (...)” (MARTINS, 1997). 8 RESUMO Esta dissertação tem como objetivo principal analisar a apropriação capitalista da terra através dos avanços da frente de expansão e da frente pioneira e a formação da pequena propriedade no município de Jales, Estado de São Paulo. A apropriação ocorreu de forma ilícita por meio da indústria de grilagem de terras no extremo Noroeste Paulista no decorrer do século XX. Em Jales, a apropriação capitalista foi realizada pelo engenheiro Euphly Jalles. Após a década de 1940, Jalles montou estratégias de venda de pequenos lotes de terras a trabalhadores rurais provenientes de outras regiões do Estado e do Brasil, antigos colonos e parceiros. Como estratégias, foram fundadas duas cidades - Jales e São Francisco -, abertas estradas e realizado o parcelamento no pagamento das vendas de terras. Centenas de famílias foram conduzidas a Jales para a realização do sonho da propriedade da terra e, por outro lado, para concretizar os interesses mercantis por meio da extração da renda capitalista da terra realizada pelos especuladores imobiliários. Entre as décadas de 1960 e 1980, muitos pequenos proprietários de terras, que compraram suas propriedades de Euphly Jalles, sofreram ações de despejo e cobrança por novos pagamentos efetuada pelo surgimento de outro proprietário dessas áreas. Essas famílias viveram um verdadeiro drama social. Mesmo assim, houve a manutenção da pequena propriedade, tanto em área como em número, característica do espaço geográfico do município de Jales. Palavras-chave: apropriação capitalista, frente de expansão, frente pioneira, pequenos proprietários, pequena propriedade. 9 ABSTRACT This dissertation is mainly aimed to analyse the capitalist seizure of land, through the advance the expansion and pioneers fronts and the small property formation in Jales, a town in the state of São Paulo. The seizure happened illegally, through the industry of faking land documents in the extreme northwest of São Paulo state during the 20th century. In Jales, the capitalist seizure was managed by the engineer Euphly Jalles. After the 1940 decade, Jalles created sale strategies of small pieces of land to rural workers coming from other regions of the state and the country, former workers and partners. Strategically two towns were founded - Jales and São Francisco -, dirt roads were opened and the payments of the lands were divided. Hundreds of families were conducted to Jales in order to fulfill the dream of owning a property and, on the other hand, to achieve the market interest through the extracting capitalist dividends from the land carried out by the real state speculators. Between the 60’s and 80’s, many small land owners who bought their properties from Euphly Jalles, were sued, being evicted and forced to repay to the real owners of those areas. These families faced a true social drama. However, the small property was maintained both in size and in quantities, typical of the geographical space in Jales. Keywords: capitalist seizure, expansion front, pioneer front, small owners, small property. 10 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS 11 LISTA DE TABELAS E QUADRO 12 INTRODUÇÃO................................................................................. 13 1. A INCORPORAÇÃO DAS TERRAS DE SÃO PAULO À PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS....................... 23 1.1. A ocupação de São Paulo até o século XIX.................................... 24 1.2. Café e ferrovias: a expansão da ocupação territorial a partir do século XIX........................................................................................ 29 1.3. Ferrovias e regionalização de São Paulo........................................ 40 2. A SUBSTITUIÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO PELO TRABALHO LIVRE E A EXPANSÃO DAS FRONTEIRAS EM DIREÇÃO AO OESTE...................................................................... 53 2.1. A transformação do trabalho cativo em trabalho livre...................... 53 2.2. O cerceamento jurídico de acesso à propriedade da terra.............. 56 2.3. O cerceamento jurídico e a renda capitalista da terra..................... 58 2.4. A ideologia do trabalho como cerceamento e como possibilidade de acesso à terra.............................................................................. 60 3. O ALARGAMENTO DA FRONTEIRA DEMOGRÁFICA E ECONÔMICA E A INCORPORAÇÃO DO EXTREMO NOROESTE PAULISTA................................................................... 71 3.1. A fronteira no extremo Noroeste Paulista.......................................