DISCURSO EM HOMENAGEM AO ATLETA PARAIBANO KAIO MÁRCIO ALMEIDA

BRASÍLIA, JANEIRO DE 2006

Senhor Presidente; Senhoras e Senhores deputados:

O nadador paraibano Kaio Márcio Almeida, para orgulho de todos nós, seus conterrâneos, conquistou na última terça-feira, 17, a medalha de ouro nos 50 m borboleta na quarta etapa da Copa do Mundo de natação em piscina curta (25 m), que está sendo realizada em Estocolmo, na Suécia.

Recordista mundial da prova com 22s60, o paraibano confirmou o favoritismo no evento sueco e venceu com tranqüilidade, registrando o tempo de 23s01, mais de 0s40 à frente do segundo colocado diferença significativa em uma distância tão curta.

Essa foi a sétima medalha de ouro consecutiva do paraibano na temporada 2005-2006 da Copa do Mundo, que já passou por Durban (África do Sul), (Austrália) e Daejeon (Coréia do Sul).

Ele não participou da etapa sul-africana, mas ganhou três provas - 50 m, 100 m e 200 m borboleta - nas etapas australiana e sul-coreana. Em Estocolmo, Kaio optou por disputar apenas a mais curta delas porque está em início de temporada.

Kaio Márcio começou a nadar aos nove anos de idade, por sugestão médica, como forma de evitar as crises de asma. O menino, entretanto, não se adaptou logo de início ao esporte.

Leodegário Arruda, seu técnico, conta que chegou a reprová-lo em um teste à época. Não demorou nem um ano, menino e futuro técnico voltaram a se encontrar, já no Cabo Branco, clube de João Pessoa em que treinam até hoje. Pouco depois, Kaio Márcio falava em abandonar a modalidade devido a um rival e a uma paixão herdada do pai, José Márcio de Almeida, ex-jogador da seleção brasileira de pólo aquático. “Ele estava completamente desestimulado, só falava em jogar pólo".

Foi uma clínica de natação em Brasília, com a presença do ídolo , de e de , que fez o menino mudar de idéia. Ele recebeu um uniforme da seleção brasileira e viu os ídolos. Isso mudou tudo. Daí em diante, mergulhou de cabeça na natação.

Kaio Márcio foi um dos destaques das Olimpíadas de Atenas, em cuja disputa entrou credenciado pelos bons resultados que obteve na etapa carioca da Copa do Mundo de natação, em que ganhou três medalhas. Mesmo assim, deixou Atenas tendo disputado apenas provas eliminatórias.

Entrou na piscina do Centro Olímpico pela primeira vez para os 200 m borboleta e acabou na 19ª colocação. Depois, disputou os 100 m borboleta e ficou a 11 centésimos de segundo de conquistar vaga na semifinal.

No revezamento 4x100 m medley, entrou na equipe brasileira depois da decisão de poupar para a final dos 100 m borboleta. Ao lado de Eduardo Fischer, Jader Souza e Paulo Machado, ficou na 15ª posição.

Kaio Márcio começou a nadar por influência do pai, José Márcio, no Esporte Clube Cabo Branco, em João Pessoa. Depois de passar uma temporada defendendo as cores do Flamengo, ele voltou para a cidade natal, onde não teve o apoio do Governo do Estado e teve que se mudar para o vizinho Estado de Pernambuco onde conseguiu apoio e toda uma estrutura para desenvolver seu talento.

O trabalho começou a mostrar bons resultados. Depois de vencer os 200 m borboleta no Troféu Brasil, Kaio teve boa participação no Mundial de , alcançando as semifinais na mesma prova. Foi no Pan de , porém, que seu nome ganhou projeção em todo o país. Contrariando tendências, o nadador segue em João Pessoa, descarta ir aos EUA, não adere à moda dos complementos e mantém simplicidade; mas já se vê em condições de brigar "de igual para igual" nas provas de borboleta em piscina curta com o fenômeno norte- americano

Ele não treina nos principais centros do país e nem cogita se mudar para os EUA. Não usa vitaminas sintéticas nem aposta suas fichas na musculação. É simples, acessível e discreto. Kaio Márcio de Almeida contrasta com o estereótipo da nova geração de nadadores brasileiros.

Ao contrário de , Joanna Maranhão, Gabriel Mangabeira e Rebeca Gusmão, que foram tentar a sorte nos EUA, Kaio Márcio, nascido em João Pessoa, continua no clube Cabo Branco, na capital paraibana, onde dá suas braçadas desde os nove anos -à exceção do período 1999-2001, quando nadou pelo Flamengo, no . Seu técnico, o conterrâneo Leodegário Arruda, 37, o acompanha desde os 12 anos de idade.

E é dessa época uma das histórias que, segundo Arruda, molda o comportamento do recordista. Aos 12 anos, em seu primeiro Brasileiro, em Maceió, Márcio foi sexto colocado. E ficou impressionado com as comemorações ostensivas -e, para ele, ofensivas- dos vencedores.

O técnico disse, no mesmo dia: o exemplo não são eles, é o Gustavo Borges. O segredo é humildade, simplicidade, tranqüilidade". E ele é assim: muito simples, muito humilde, é um 'goodboy'. Sempre foi muito focado, disciplinado. A família queria viajar em um feriado, a mãe me ligava para ver se eu deixava ou não. Sempre seguiu à risca tudo que foi traçado. É muito fácil trabalhar com ele".

Arruda, que orienta Kaio Márcio a não utilizar complementos vitamínicos por considerá-los supérfluos, conta que um de seus métodos para incentivar o pupilo, que até o ano passado dizia não fazer musculação é desafiá-lo com prêmios alimentícios.

Antes mesmo de se tornar o sexto brasileiro recordista mundial de prova individual da natação, já tinha apoio da prefeitura de João Pessoa, de três empresas privadas, contrato com o clube Nikita/SESI, de Recife, e também o patrocínio do governo do Estado de Pernambuco. O Governo da Paraíba não teve sensibilidade suficiente para apoiá-lo, obrigando-o a buscar guarida no vizinho Estado pernambucano.

E é o dinheiro proveniente desse apoio que permitiu à dupla Kaio Márcio/Leodegário a montagem de um grupo multidisciplinar a partir de maio do ano passado. São três nutricionistas, um fisiologista, dois preparadores físicos e um auxiliar.

O atleta Kaio Márcio, portanto, senhoras e senhores deputados, é merecedor de todas as homenagens e motivo de orgulho para os paraibanos e todos os brasileiros.

Muito obrigado, Sr. Presidente..