Trabalho De Campo M Ultiprofissional MUNICIPIO DE MOCOCA
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACUIJDADE DE SAÚDE PÚBLICA I Trabalho de Campo M ultiprofissional , I MUNICIPIO DE MOCOCA -- 1996 ----- RELATÓRIO DO TRABALHO DE CAMPO MULTIPROFISSIONAL-1995 ESTUDO DO PROCESSO DE MUNICIPALIZAÇÃO NO MUNICÍPIO DE MOCOCA Relatório apresentado à Comissão Organizadora do Trabalho de Campo Multiprofissional, para cumprir exigência do currículo do Curso de Especialização em" Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo São Paulo 1995 EQUIPE MULTIPROFISSIONAL' Ana Cecília Mac-Dowell Gonçalves Falcão Arlindo da Silva Lourenço Carla Raquel dos Santos Ramos Cecília Umbelino de Barros Durval Quiezi Eliana Fritzsons Mellim Edna Soares Santana Eveline Pravato Klinger Atuy dos Santos Leda Maria Aschermann Neide Maria Rodrigues da Silva Teresa Cristina Dias'~e Matos ORIENTADOR Dr. Antonio Carlos Albuquerque Bandeira COMISSÃO ORGANIZADORA DO TRABALHO DE CAMPO MULTIPROFISSIONAL Presidente Profa. Doutora Eunice Aparecida Bianchi Galati Membros Profa. Doutora Sandra Maria Ottati de Oliveira Nitrini Prof. Doutor Roque Passos Piveli Prof. Doutor José Cavalcante de Queiroz Assistente Cláudio Gastão Junqueira de Castro Secretária Felícia Ida Lipparelli Marques dos Reis , INDICE Conteúdo Pg !.Introdução 01 2.Procedimentos Metodológicos 02 3.Caracterização do Município 05 4.Caracterização das Organizações Civis 72 5.Caracterização Ambiental 101 6.Descrição dos Serviços de Saúde do Município de Mococa 117 7.Saúde Bucal 182 8.Análise Epidemiológica 197 9.Processo de Municipalização 228 10.Pesquisa de Opinião com Base Populacional 257 11.Conclusão 281 12.Anexos 284 13.Bibliografia 288 l.INTRODUÇÃO Este relatório é resultado do Trabalho de Campo Multidis ciplinar (TCM), trabalho de conclusão do Curso de Especializa ção da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo), realizado no município paulista de Mococa. Tem por objetivo compreender o processo de implantação da municipalização da saúde no município de Mococa, dentro dos princípios e diretrizes do SUS (Sistema único de Saúde) . A saúde no município foi analisada dentro de uma perspec tiva global, onde além dos indicadores de saúde se considerou os indicadores sócio-econômicos. Foram considerados também as pectos políticos, ambientais e sociais, assim como o históri• co, tentando a todo instante inseri-lo no contexto geral das políticas públicas. Este estudo procurou identificar a organização dos servi ços de saúde disponíveis à população, quanto a sua instalação, funcionamento, organização e profissionais disponíveis. Procu rou também verificar como se estabelece a participação da po pulação na gestão da saúde. E, finalmente,espera-se contribuir de alguma forma para a reflexão da equipe diretora de saúde do município, para a me lhor organização dos serviços:prestados à população. 2 2.PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Este Trabalho de Campo Multiprofissional que tem por ob jetivo conhecer o processo de implantação do SUS em Mococa, seguiu os seguintes passos: (1) Caracterização do município, a partir de levantamento de dados históricos e gerais fornecidos pela Prefeitura de Mo coca. (2) Levantamento e organizaçao dos dados secundários for necidos pela Faculdade de Saúde Pública a partir de fontes como: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Fundação Seade e Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA/SUS) . (3) Coleta de informações em todas Unidades de Saúde, onde foram levantadas os registros de produção dos serviços médicos, de enfermagem, de exames laboratorias, dos programas e número dos profissionais existentes. ( 4) Coleta de informações no Cartório de Registro Ci vil, utilizando-se dos registros de natalidade e mortalidade. (5) Entrevistas: -instrumentos: Foi construído instrumento (questionário anexo) definido para a pesquisa de opinião junto a população, referente à área 3 de saúde do município, contendo perguntas não estruturadas (questionário não estruturado) . Outras entrevistas foram realizadas de forma livre com os representantes de entidades, empresas, sindicatos, a secretá ria da saúde, e curador da Santa Casa, baseadas em roteiro pré-estabelecido, onde foram explorados aspectos diretamente ligados ao entrevistado e à saúde municipal. -seleção da amostra: Para entrevista com a população, partiu-se da Planta de Setores Fiscais de Mococa de 1984, para a seleção das quadras referentes à área urbana do município. De um total de 321 quadras identificadas utilizou-se en tão, um programa estatístico construido no software Resample Stats (TM) para escolha aleatória de 10 quadras. O número das quadras sorteados foram os seguintes:143, 307,04, 61, 76, 110, 54, 260, 169 e 242. Definiu-se em 10 domicílios e o número de entrevistas a serem realizadas em cada quadra, optando-se pela mulher res ponsável pelo domicílio como ego da pesquisa. Definiu-se, também, que na impossibilidade em se obter os 10 domicílios na mesma quadra, completar-se-ia o número de en trevistas com domicílios de quadras imediatamente subsequen tes. 4 Partindo-se de uma primeira entrevista na quadra sortea da, desconsideravam-se duas(2) casas imediatamente adjacentes para entrevistar-se o terceiro domicílio e assim sucessivamen te -análise dos dados: Foram inicialmente codificadas as respostas, partindo-se de 20% da amostra relacionada. Construíu-se uma matriz de có• digos referente a núcleos de conteúdo similar e após esta co dificação inicial,todas as respostas da amostra foram codifi cadas. Os dados codificados foram então introduzidos em Banco de Dados eletrônico, através do programa Filemaker. Para análise dos dados utilizou-se de estatísticas des critivas. (6) Nas tabelas de 1 a 6 foi usado cálculo da taxa de in cremento populacional, baseada no modelo geométrico de cresci mento no_período entre censos). 5 3.CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO 3.l.Aspectos históricos No início do século XIX, a região do nordeste paulista ba nhada pela bacia do Rio Pardo, incluindo a área de Mococa era composta de mata virgem. O povoamento de Mococa teve início com a chegada de possei ros vindos de Minas Gerais. Os mineiros viveram durante o século XVIII uma das mais importantes etapas de desenvolvimento econô• mico do período colonial no Brasil, tornando-se uma região abas tada graças à mineração. No entanto, já nas duas últimas décadas daquele século, a atividade mineradora entrou em decadência de vido à escassez de ouro. Com isso, houve um empobrecimento dos mineradores que a princípio dividiram-se em dois grupos. Aqueles que ainda dispunham de recursos e possuíam escravos formaram grandes fazendas, os demais estabeleceram pequenas roças de sub sistência e, com o passar dos anos, acabaram sendo absorvidos pelos latifundiários. Foram estes mineiros os primeiros a povoar a região de Mo coca. O que os atraía era a baixa densidade demográfica da regi ão, a topografia favorável, as condições do clima e a fertilida de das terras de massapê e terra roxa. As primeiras atividades destes povos foram: a derrubada das matas virgens, a construção de moradas e a formação de pequenas 6 lavouras e pastagens, que ampliaram-se na primeira metade do século XIX , dando origem as primeiras fazendas de Mococa. A partir do ano de 1.850, com a promulgação da "Lei de Ter ras", os posseiros tiveram suas terras demarcadas judicialmente. Somados a estes, encontramos os fazendeiros mineiros que se fi xaram em Mococa por terem recebido concessões de Sesmarias. No início, os fazendeiros desenvolveram uma agricultura de subsistência, plantando mandioca, milho, feijão e arroz; além de hortaliças e árvores frutíferas (bananeira, laranjeira e limoei ro) . Em grande escala desenvolvia-se a cultura da cana-de açúcar, da qual se extraía o açúcar, o melado e a aguardente. Desenvolveu-se a pecuária de corte (gado bovino e suíno), utilizando-se a carne e o couro. Existia também a criação de carneiros, cuja lã era usada na confecção de roupas.Da mandioca se obtinha a farinha e da mamona o óleo para o candeeiro. Por tanto, nesta época, as fazendas podiam ser consideradas auto suficientes. Em 1. 841, um casal de fazendeiros de Mococa, que possuía grande tradição religiosa e era devoto de São Sebastião, resolve fundar uma Capela que se denominou Boa Vista. A população de Mococa, desde o período colonial, assim como todo o Império, era fervorosamente católica, seguindo com rigor o que era pregado pela Igreja, que acabava por influir em todo andamento da vida colonial, quer seja no aspecto social, econômico ou político da época. Dois anos depois começaram a ser construídas as primeiras 7 casas dos grandes fazendeiros nas proximidades da Capela, também chamada "Capela Curada", com esse processo inicia a urbanização da cidade que, em 1.846 já contava com 12 casas e 100 habitan tes. Em 1.856, a Capela Curada passa à condição de Freguesia e em 1.871 à Vila de São Sebastião da Boa Vista. Em 1.875 é elevada à condição de cidade, com o nome de Mo coca (palavra indigena que quer dizer "casa de pequeno esteio", alusão feita às primeiras moradias do povoado). Na segunda metade do século XIX, os mineiros de Mococa que haviam vivido a opulência do ouro, voltam a encontrar a riqueza com a produção do café. A primeira lavoura do café foi plantada em Mococa, em 1.845. Com a expansão da atividade cafeeira, mui tas mudanças se fizeram sentir, tais como: -- a substituição da mão-de-obra escrava pelo trabalho assa lariado dos imigrantes (sobretudo italianos); - o crescimento populacional da região; - a modernização dos meios de transporte, com a construção da estrada-de-ferro Mogiana, que chegava à Mococa; - a expansão da rede bancária e do crédito agricola; e - a dinamização das atividades comerciais. Ainda hoje pode-se observar a riqueza produzida pelo café e deixada pelos fazendeiros nas casas do centro urbano, formando o patrimônio arquitetônico e histórico de Mococa. 8 Nas fazendas, a imigração era subsidiada pelos fazendeiros que cobriam as despesas de transferência do imigrante da Europa para o Brasil que aqui chegando, deveria trabalhar gratuitamente para o fazendeiro, durante algum tempo, até reembolsá-lo. Os imigrantes tornavam-se então colonos da fazenda.