EDP Bandeirante Energia 3° Ciclo de Revisão Tarifária Periódica

Contribuição do Sinergia CUT 1 Audiência 055/2012

Apresentação

Esta é a Audiência Pública do 3° Ciclo de Revisão Tarifária Periódica de uma distribuidora, a EDP Bandeirante Energia, que pertence ao grupo econômico chamado EDP Energias do Brasil, com participação nos segmentos de distribuição, comercialização e geração de energia. O Sinergia CUT entende que por pertencer a uma holding , merecia um tratamento metodológico diferenciado por parte da Aneel e os motivos serão aqui apresentados.

No decorrer da história do setor elétrico brasileiro, muitas empresas foram incorporadas ou fundidas em grupos econômicos denominados holdings.

O Grupo CPFL Energia é o mais emblemático para discutirmos tarifa de distribuidoras que pertencem a uma holding , diante da capacidade de obterem ganhos significativos decorrentes do compartilhamento de suas estruturas e da possibilidade da sociedade se beneficiar desses ganhos através da redução de tarifa.

Porem, observamos que outros grupos também se configuraram em holdings no decorrer da história ao adquirirem, incorporarem e fundirem empresas como é o caso da EDP no Brasil, uma holding multinacional que está presente em outros 12 países no mundo (EUA, Canadá, Portugal, França, Bélgica, Reino Unido, Espanha, Itália, Polônia, Romênia, Angola e China). No Brasil, 71,9% da base acionária do Grupo EDP pertencem ao capital estrangeiro.

O momento da revisão tarifárias dessas empresas é uma oportunidade ímpar para discutirmos mais profundamente a modicidade tarifária e dar maior importância à qualidade dos serviços prestados.

1 Elaboração - Maristela Braga. Consultora Energia. Sinergia CUT. 2012 1

Desde o primeiro ciclo, o Sinergia CUT participa e intervêm no processo de revisão tarifária e vêm alertando a Aneel da necessidade da metodologia considerar este aspecto relevante na análise e definição dos reajustes tarifários, principalmente no que diz respeito ao compartilhamento das estruturas, característica preponderante no caso das holdings .

Reconhecemos que no 3° Ciclo a Aneel promoveu mudanças nesse sentido, porem ainda muito tímidas na opinião do Sinergia CUT que conhece e vivencia o dia-a-dia dessas empresas e possui legitimidade para se manifestar sobre o assunto.

Cada grupo econômico adota suas estratégias de compartilhamento, gestão e de otimização dos custos e utilizam-se de diferentes ferramentas de gestão. No caso da EDP, encontramos, por exemplo, Unidade de Negócios Distribuição (UND), Centro Corporativo e a Unidade de Serviços Partilhados, Unidades de Geração e Gestão de Energia. As áreas de Finanças, Contabilidade, Tecnologia da Informação, Jurídico e Suprimentos utilizam portais específicos no sistema interno da empresa, com o objetivo de facilitar o acompanhamento das atividades em tempo real.

A ferramenta de gestão da estratégia utilizada na EDP Energias do Brasil desde 2005 é a Balanced Scorecard (BSC), segundo seu Relatório Anual/2011, adicionalmente, as metodologias Kaizen e Lean e os sistemas de certificações ISO e OHSAS sustentam a execução da estratégia corporativa.

No final de 2011, o Grupo EDP Energias do Brasil registrou receita líquida de R$ 5.402 milhões no ano e lucro líquido de R$ 491 milhões.

Ao analisar os dados do seu relatório anual/2011, observamos que, do ponto de vista econômico financeiro tanto o Grupo EDP Energias do Brasil como a distribuidora EDP Bandeirante Energia vão muito bem. Porem, do ponto de vista dos trabalhadores os resultados deixam a desejar e confirmam a tendência de redução de postos de trabalho, rotatividade de mão- de-obra, redução de benefícios, etc.

Em 2011 o grupo encerrou o ano com 10.271 trabalhadores, sendo 2.600 empregados próprios, 7.485 contratados de terceiros e 186 estagiários, um contingente brutal de trabalhadores terceirizados, ou seja, cerca de 75% de todo o quadro de empregados do grupo.

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Quando do 2° ciclo de Revisão Tarifária o Sinergia CUT vem denunciando a terceirização e precarização do trabalho no Grupo EDP.

“Desde a sua privatização quando ainda a Piratininga e a Bandeirante pertenciam ao mesmo grupo, a empresa vem precarizando o trabalho com jornadas excessivas, terceirização e redução de conquistas trabalhistas. A partir do momento em que o Grupo EDP Energia passa a exercer seu controle acionário verificamos uma nova modalidade de precarização do trabalho com o compartilhamento de estrutura entre as empresas do mesmo grupo econômico e impondo multifunções aos seus trabalhadores que por sua vez possuem acordos coletivos diferenciados. Verificamos assim, o exercício diário de tratamento desigual aos trabalhadores que prestam serviços iguais, ferindo assim o princípio da isonomia garantido constitucionalmente e pela própria CLT em diversos artigos” 2.

Falta a Aneel garantir efetivamente a apropriação pelo consumidor dos ganhos reais de produtividade e de escala derivados da estrutura gerencial e administrativa compartilhada entre as empresas do Grupo EDP Energias do Brasil S.A., da redução do número de trabalhadores, de perdas técnicas, pelo aumento de produtividade por cliente, dentre outros.

Ainda há uma resistência muito grande por parte da Aneel de se manifestar sobre temas que envolvem o processo de trabalho, o mundo do trabalhador e atividades fins inerente ao setor elétrico brasileiro. O resultado de se deixar importantes temas sem regulamentação é que outros sem o devido conhecimento técnico podem acabar por arbitrar sobre assuntos de grande impacto para as empresas, os trabalhadores e sociedade em geral.

É o caso das decisões da justiça do trabalho diante dos inúmeros passivos demandados pelos sindicatos de trabalhadores. Transferem-se para o judiciário decisões muitas vezes de ordem técnica, que, na opinião dos trabalhadores, poderia ser regulamentada pela Aneel, se a mesma proporcionasse um amplo debate com os sindicatos dos trabalhadores eletricitários.

Podemos citar como exemplo Ação movida pelo Ministério Público do Trabalho e o Sindicato dos Eletricitários de Campinas, contra a CPFL pleiteado o fim da terceirização das atividades fins. E outra ação que diz respeito às atividades do Call Center, questionando sua terceirização através da CPFL Atende, empresa criada para executar diversas atividades que até

2 Fonte : Contribuição do Sinergia CUT ao 2º Ciclo de Revisão Tarifária da Bandeirante Energia S.A/2007 3

então eram exclusivas das concessionárias que compõe o grupo econômico CPFL Energia. Ações que buscam restabelecer as mesmas condições e direitos trabalhistas diante da execução de atividades iguais que tratadas de maneira diferente, numa clara tentativa das empresas burlarem a legislação e as resoluções da Aneel e assim, se apropriarem dos lucros auferidos por essas manobras praticadas por seus gestores.

Enquanto a disputa no judiciário continua e a Aneel se recusa a tratar seriamente essas questões, as conseqüências para os trabalhadores são: precarização do trabalho, assédio moral, redução salarial, alta rotatividade de mão-de-obra, fechamento de postos de trabalho e aumento no número de acidentes e mortes. Para as empresas o aumento no lucro e na distribuição de dividendos aos seus acionistas. Para a sociedade tarifas elevadas, dificuldade de atendimento e de solução de problemas, interrupção no fornecimento de energia e queda na qualidade dos serviços prestados.

Na EDP Bandeirante Energia a atuação da CIPA deixa a desejar, o Acordo Coletivo de Trabalho é desconhecido pelos trabalhadores, há denúncias de que a Resolução 414/2010 que trata das condições gerais de atendimento do consumidor é manipulada em relação ao cumprimento de prazos e benefícios como a previdência complementar passou por reformulações profundas que prejudicaram os trabalhadores.

Essas e outras ocorrências do dia-a-dia contribuem para um ambiente de tensão, descontentamento e de estresse entre os trabalhadores e prejuízos e aumento de reclamações dos consumidores.

Outro aspecto importante que deveria ser considerado nessa revisão tarifária diz respeito ao vencimento, a partir de 2015, da concessão de parte significativa do setor elétrico do país (geração, transmissão e distribuição).

Só no estado de São Paulo em 2015 vencem os contratos das Usinas de Ilha Solteira e Jupiá, ambas da CESP, de Estreito de Furnas, Paranapanema e Rio Novo, ambas da Cia Força e Luz Santa Cruz, Rio do Peixe da Cia Paulista de Energia Elétrica, Quatiara e Coronel Domiciano, ambas da Quatiara Energia S.A. Da CTEEP na área da transmissão. E na distribuição terão seus contratos vencendo: Caiuá, Jaguari, Leste Paulista, Força e Luz de Mococa, Santa Cruz, Nacional,

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Sul Paulista, Vale do Paranapanema, Bragantina e Força e Luz do Oeste, muitas dessas já incorporadas pelo Grupo CPFL Energia.

O novo modelo para essas concessões ainda não foi definido. Não sabemos ainda se haverá renovação ou novas concessões, o que deixa o cenário ainda mais complexo. Como a Aneel tratou essa questão ao estabelecer e projetar os custos e investimentos das concessionárias que se encontram nessa situação? Isso não merecia um debate mais aprofundado e transparente com a sociedade? Qual o reflexo desse vencimento para a modicidade tarifária? E o que pretendemos obter de resposta por parte da Aneel nesse processo de Audiência.

Pelas recentes declarações veiculadas pela imprensa a estrutura tarifária deverá em breve sofre um novo revés, pois há um forte desejo do governo de promover o que está chamando de desoneração da tarifa, extirpando da sua estrutura alguns encargos setoriais e alterando a metodologia de cálculo e critérios de alguns tributos. Também está sendo cogitado o fim do reajuste tarifário anual, ou seja, a desindexação da tarifa.

É certo que mudanças virão, o que exigirá que os sindicatos e a categoria estejam preparados para participar e intervir nesse debate. Portanto é provável que tenhamos, novamente, uma nova metodologia para o 4° Ciclo de Revisão Tarifária Periódica, ou quem sabe, uma revisão da atual por conta dos acontecimentos que virão.

Também não podemos deixar de mencionar a Resolução Normativa n° 414, de 09 de setembro de 2010, alterada pela Resolução Normativa Aneel nº 479, de 03 de abril de 2012, que estabelece as Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica de forma atualizada e consolidada.

Em seu Artigo 218 estabelece as condições de transferência do sistema de iluminação pública para os municípios, em cumprimento ao estabelecido no Artigo 30 da Constituição Federal, cujo prazo limite é 31 de janeiro de 2014. Esse prazo inicialmente era 2011.

Não identificamos na nova metodologia adotada pela Aneel nenhum tratamento especial em relação a este assunto, o que nos leva a indagar sobre qual é o verdadeiro impacto na tarifa e quais benefícios trarão para a sociedade a transferência desses ativos de iluminação pública para os municípios. De que maneira a Aneel tratou esse assunto na Revisão Tarifária?

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A Aneel estabeleceu que esses ativos serão transferidos sem ônus para o municípios. Dessa maneira eles continuam a constar dos balanços das empresas. Se estes ativos não forem baixados e deduzidos dos balanços das distribuidoras eles continuarão como base para cálculo das tarifas futuras, já que os mesmos constam da parcela B - custos operacionais das concessionárias, e também continuarão a ser cobrados pelos municípios que os receberá através da transferência, através das tarifas de iluminação pública.

É nesse contexto que o Sinergia CUT participa da terceira revisão tarifária da EDP Bandeirante Energia.

O Grupo EDP Energias do Brasil 3

A EDP Energias do Brasil, mais conhecida por EDP no Brasil, é uma holding que detém investimentos no setor de energia, consolidando ativos de geração, comercialização e distribuição em sete estados - São Paulo, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Ceará, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Controlada pela EDP - Energias de Portugal, uma das maiores operadoras européias no setor energético, a EDP Energias do Brasil abriu seu capital no Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo, em julho de 2005.

Em 2011 possuía 1.741 MW de capacidade instalada, gerou 7.873 GWh, distribuiu 23.748 GWh e comercializou 9.895 GWh, no mesmo período. Atendeu 2,832 milhões clientes. O valor de mercado da companhia no encerramento do ano chegou a R$6,6 bilhões.

Em distribuição, o grupo controla integralmente a EDP Bandeirante, com atuação no Alto Tietê, Vale do Paraíba e Litoral Norte de São Paulo, atendendo uma população de 4,4 milhões de habitantes. A EDP Escelsa abrange mais de 90% do território do Estado do Espírito Santo, que atende a uma população de 3,2 milhões de habitantes.

No mundo o Grupo EDP está presente: nos EUA, Canadá, Portugal, França, Bélgica, Reino Unido, Espanha, Itália, Polônia, Romênia, Angola e China. No Brasil, 71,9% da base acionária do Grupo EDP pertencem ao capital estrangeiro.

3 Dados extraídos do site: http://www.edpbr.com.br/energia/empresa/historico/historico.asp 6

Em 1996, o Grupo EDP inicia suas operações no Brasil, com a aquisição de uma participação minoritária na Cerj (hoje Ampla). Em 1997 assume 25% da hidrelétrica Luís Eduardo Magalhães (Lajeado), no Tocantins, realizando assim seu primeiro investimento na área de geração no país.

Em 1998 adquire a Bandeirante Energia, em conjunto com a CPFL, no âmbito do processo de desestatização do setor elétrico paulista. Em 1999 adquire a participação direta e indireta na Iven, veículo controlador da Escelsa e da Enersul e em 2000 dá início à construção da termelétrica Fafen, no pólo petroquímico de Camaçari (BA), em parceria com a .

Em 2001 adquire, em leilão, a concessão para construir a usina de Peixe Angical (TO), com potência de 452 MW e é quando se dá, também, a cisão da Bandeirante Energia, com a saída da CPFL do capital social da empresa, que passa a ser controlada unicamente pela Energias do Brasil.

Em 2002 entra em operação a hidrelétrica Lajeado, com potência de 902,5 MW. Em 2003 retomada das obras de Peixe Angical, que passa a ter Furnas como sócia (40%) na Enerpeixe, com financiamento do BNDES e de um pool de bancos. Como parte da estratégia de sua reestruturação societária, a então EDP Brasil passa a deter o controle direto da Iven S.A. e, conseqüentemente, da Escelsa e da Enersul.

Em 2004, segunda fase da sua reestruturação societária, onde prepara a migração dos acionistas minoritários das distribuidoras. Venda da participação na Fafen para a Petrobras.

Em 2005, mudança na identidade visual (baseada no sorriso) e mudança do nome da empresa para Energias do Brasil. Conclusão do processo de reestruturação societária. Desverticalização dos ativos, com a segregação dos negócios de geração e distribuição. Abertura do capital da companhia com oferta pública de ações no Novo Mercado da Bovespa e capitalização das dívidas em dólar da Escelsa, em uma operação de quase R$ 1,2 bilhão, a maior do gênero naquele ano.

Em 2005, a EDP no Brasil concluiu o processo de desverticalização do Grupo, separando suas atividades de geração de distribuição por meio da cisão da distribuidora de energia elétrica EDP Escelsa (ES). Parte dos ativos da EDP Escelsa foi distribuída entre a Castelo Energética (Cesa) e a EDP Investco. A medida é uma das exigências do Novo Modelo do Setor

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Elétrico, pelo qual as concessionárias de distribuição de energia elétrica não mais poderão exercer atividades de geração e transmissão e tampouco deter participações societárias em outras empresas.

Em 2006, conclusão das obras do aproveitamento hidroelétrico Peixe Angical, no Estado de Tocantis. O primeiro conjunto gerador da usina entrou em operação no mês de junho. A terceira e última turbina começou a funcionar em setembro, totalizando 472 MW de capacidade instalada. Iniciada a operação comercial da quarta máquina da Usina Hidrelétrica Mascarenhas, no Estado do Espírito Santo, adicionou 50 MW de capacidade instalada à UHE. E conclusão das obras da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) São João, no Estado do Espírito Santo, com capacidade instalada de 25 MW, cuja licença de operação foi obtida em fevereiro de 2007.

Também em 2006, adesão aos princípios do Pacto Global (Global Compact), iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), que propõe a cidadania corporativa como forma de contribuir para o avanço de uma economia global mais sustentável e inclusiva. Ingresso das ações no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), da Bolsa de Valores de São Paulo. Os papéis também passaram a integrar importantes índices de mercado de capitais, entre eles o Índice Brasil (IBr-X), o Índice de Energia Elétrica (IEE) e o Índice Valor Bovespa (IVBX-2).

Em 2007, lançamento do projeto Letras de Luz. A Energias do Brasil adquire a usina termelétrica Pecém, no Maranhão, em parceria com a MPX Mineração. Cada empresa detém 50% do empreendimento. A usina, que representa um investimento de US$ 1,3 bilhão, resultará num aumento de 35% na capacidade instalada do grupo, que no mesmo ano inaugura a PCH São João (29 MW) e lança a pedra fundamental da PCH Santa Fé (25 MW), ambas no Espírito Santo.

Energias do Brasil e EDP Renováveis criam subsidiária e acordam 1º investimento eólico no país em 2008. O Grupo EDP também firma nesta época uma parceria estratégica com a para implantação de 500 MW em Minas Gerais e Espírito Santo. A EDP e MPX firmam acordo para expansão da base do projeto da Usina Termelétrica Porto do Pecém, localizada no Estado do Ceará. A Energias do Brasil conclui troca de ativos com Grupo Rede adicionando 653 MW à sua capacidade instalada, ao assumir 73% do capital votante da Investco, empresa que opera a Usina Hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães (Lajeado), localizada no Rio Tocantins, e cede ao Grupo Rede a distribuidora Enersul.

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Em 2009 a EDP inicia o processo de migração para a marca EDP através do Programa de Transformação Organizacional “Vencer”, que está inserido num movimento de fortalecimento do espírito e da cultura do Grupo EDP em todo o mundo. O nome EDP passa a constar, com destaque, em todas as empresas do Grupo no Brasil, numa alteração que vem no sentido de unir ainda mais o grupo em torno de uma visão e de valores comuns. A EDP no Brasil passa a ter nova assinatura da marca – "EDP, uma boa energia".

Também em 2009 a EDP Escelsa e a EDP Bandeirante, juntas, atingiram a marca de 21.313 GWh distribuídos; totalizando uma população de 7,8 milhões de pessoas. As duas empresas investiram mais de 20 milhões de reais em Projetos de Eficiência Energética, beneficiando mais de 100 mil clientes residenciais de baixo poder aquisitivo, instituições beneficentes e hospitais públicos.

Em 2010, lançamento da pedra fundamental do parque eólico de Tramandaí (RS) com 70 MW de capacidade instalada. Inauguração da 1ª rede de abastecimento de veículos elétricos, no ES. Repotenciação da 3ª unidade geradora da UHE Mascarenhas (ES). Comercializadora inicia investimento na área de serviços.

Em 2011 EDP leva mobilidade elétrica ao campus da USP. Aparecida torna-se a primeira cidade inteligente do Estado de São Paulo, com o projeto InovCity. Adquire a UHE Santo Antônio do Jari, com 373,4 MW, entre os estados do Pará e Amapá. Oferta pública de ações teve demanda 4,5 vezes superior do que a oferta prevista. EDP arrecadou R$ 810,7 milhões com a venda de 13,79%. Comercializadora bate recorde de vendas desde 2001: 1168 MWm comercializados. UHE Lajeado bate recorde ao alcançar a maior geração acumulada anual de sua história: 4.549.644 MWh.

Em 22 de dezembro de 2011, a EDP anunciou a assinatura de um acordo para a venda de 21,35% do seu capital social para a China Three Gorges International, subsidiária da China Three Gorges (CTG), empresa estatal da República Popular da China.

Também registra no mesmo ano uma valorização em suas ações de 13,9%, a receita líquida totalizou R$ 5.401,7, com aumento de 7,3% sobre 2010, e o EBITDA chegou a R$ 1.537,6 milhões (alta de 1,8%).

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Encerrou 2011 contratando 364 empregados e desligados 243, resultando em taxa de rotatividade de 12,1%. Em 31 de dezembro contava com 10.271 trabalhadores, sendo 2.600 empregados próprios, 7.485 contratados de terceiros e 186 estagiários, um contingente brutal de trabalhadores terceirizados, ou seja, cerca de 75% de todo o quadro de empregados do grupo.

Esse é o Grupo EDP Energias do Brasil, um grupo forte, estruturado em holding , desverticalizado que atua em três seguimentos dos mais importantes da cadeia da energia elétrica: geração, distribuição e comercialização e sua cronologia ilustra muito bem a atual realidade do setor elétrico brasileiro e o constante rearranjo societário das empresas.

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Estrutura Societária 4

A EDP Bandeirante Energia

A Bandeirante Energia foi privatizada em 17 de setembro de 1998, tendo sido adquirida pelas empresas Electricidade de Portugal S.A. - EDP e pela Companhia Paulista de Força e Luz S.A. - CPFL. Em 1º de outubro de 2001, foi cindida parcialmente onde foram criadas duas empresas distintas: a Bandeirante Energia S.A., subsidiária integral da EDP e a CPFL Piratininga, que passou a ser controlada pela holding CPFL Energia.

A Bandeirante surge fruto da cisão da Eletropaulo como parte da política de privatização do governador Mário Covas.

Atua em 28 municípios do Estado de São Paulo, especialmente nas regiões do Alto do Tietê, Vale do Paraíba e Litoral Norte, atendendo cerca de 4,5 milhões de habitantes. 9.644 km² de área de concessão.

Em 2011 a Receita Operacional Líquida apresentou um crescimento de 6,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo R$ 2.410,6 milhões. A receita de

4 Fonte: Relatório Anual/2011 – Grupo EDP Energias do Brasil S.A.

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fornecimento a clientes finais apresentou um incremento de 6,2% no mesmo período, atingindo R$ 1.414,5 milhões.

As Despesas Operacionais tiveram aumento de 8,3% comparado ao mesmo período do ano anterior. As despesas operacionais gerenciáveis da EDP Bandeirante, compreendendo os custos de pessoal, materiais, serviços de terceiros, depreciação e amortização e outras despesas registraram um aumento de 17,6% em relação a 2010.

O Resultado do Serviço de Energia Elétrica (EBIT) totalizou R$ 407,2, inferior em 0,5% ao obtido em igual período no ano anterior.

EDP Bandeirante apresentou um Lucro Líquido de R$ 222,9 milhões no período de doze meses findo em 31 de dezembro de 2011, inferior em 19,9% ao registrado em igual período do ano anterior.

Em 31 de dezembro de 2011, a EDP Bandeirante apresentou um endividamento líquido de R$ 455,7 milhões, fechando o ano de 2011 em 22,9% superior com relação ao saldo de dezembro de 2010.

Analisando os dados do seu Relatório Anual/2011, o quadro de pessoal próprio da EDP Bandeirante, ao final de 2011, foi de 1.103, um aumento de 2,7% em relação ao mesmo período do ano anterior que foi de 1.074. A produtividade em relação clientes por empregado próprio atingiu 1.402 perante a 1.406 apresentado em 2010. A produtividade MWh distribuído por empregado foi de 13.351, um aumento de 0,2% em relação a 2010.

A folha de pagamento bruta da EDP Bandeirante em 2011 foi de R$ 95.724 mil, um aumento de 5,24% em relação ao mesmo período do ano anterior que foi de R$ 95.215. Da folha de pagamento bruta foram gastos em 2010, com segurança e saúde no trabalho, 1,04% (R$ 987,00 mil), enquanto que em 2011 esses gastos foram de 0,41%, ou seja, a empresa reduziu esses gastos para R$ 394,00 mil.

Gastos com educação também foram reduzidos de R$278,00 mil em 2010 para R$ 229,00 em 2011, assim como capacitação e desenvolvimento social também sofreram redução.

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Balanço Social EDP Bandeirante/2011

Fonte: Demonstrativo Financeiro/2011

Outro dado que chama atenção diz respeito ao índice de acidentes registrados pela EDP Bandeirante segundo a Arsesp (ver Anexo I). São 606 acidentes, desses 70 foram enquadrados no nível cinco de gravidade que corresponde a morte ou invalidez permanente. Ou seja, 11,55% foram acidentes que se enquadraram como de altíssima gravidade ou fatais.

Também causa preocupação o elevado número de acidentes envolvendo os trabalhadores, tanto quadro próprio como terceirizados, que mais do que dobraram nos últimos dois anos comparados aos dois anos anteriores. Na série histórica que vai de 1999 a 2011, eles somam 431, ou seja, 71,12% do total de 606 acidentes registrados.

A própria empresa trás esses dados em suas demonstrações financeiras/2011, onde registra que as taxas de frequência e gravidade da EDP Bandeirante foram de 1,74 e 2648,34 respectivamente, ao mesmo tempo em que as prestadoras de serviços, registraram taxas de frequência e gravidade de 5,82 e 2.071,69 respectivamente, e foram realizadas 2.014 inspeções.

A EDP Bandeirante em 2011 registrou 2.307 reclamações de consumidores na Aneel, um aumento de 14,60% em relação ao mesmo período anterior. Paralelamente a isso, houve queda nas reclamações junto à empresa. Um possível indicativo de que a empresa não vem atendendo o consumidor a contento, o que reforça denúncias que o Sinergia CUT vem recebendo de que ela vem negligenciando os prazos estabelecidos na Resolução 414/2010, emitindo faturamentos errados, não atendendo nos escritórios todos os tipos de reclamação, obrigando o consumidor a se

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deslocar para grandes centros, de que há poucos funcionários para atender a demanda dos consumidores, de que falta treinamento dos atendentes, alta rotatividade de mão-de-obra no call Center, dentre outras.

A Revisão Tarifária Periódica - metodologia

A revisão tarifária tem o objetivo de obter o equilíbrio das tarifas com base na remuneração dos investimentos das empresas voltados para a prestação dos serviços de distribuição e a cobertura de despesas efetivamente reconhecidas pela ANEEL. Na Revisão Tarifária Periódica são consideradas as variações dos índices inflacionários, as mudanças na estrutura de capital de custos das empresas, os ganhos de produtividade e fatores macroeconômicos, como oscilações de câmbio e juros.

Na revisão, as tarifas são alteradas (para mais ou para menos) segundo uma metodologia que consiste em revisar as condições de desempenho das concessionárias, dependendo das mudanças ocorridas na estrutura de custo e de mercado das empresas e dos referenciais estabelecidos pela ANEEL (metodologia de benchmarking - ranking). A receita do serviço de distribuição de energia elétrica é então reposicionada para um novo patamar de “preço máximo” de forma a expressar os ganhos de eficiência obtidos e apropriados pela concessionária ao longo dos anos que antecedem a revisão tarifária.

A Revisão Tarifária Periódica é o momento de se fazer um encontro de contas entre a receita requerida pelas concessionárias e a receita verificada pela ANEEL. No período entre as revisões tarifárias periódicas as concessionárias se beneficiam dos ganhos de eficiência que conseguirem atingir. A Revisão Tarifária Periódica é o momento de esses ganhos serem repassados para os consumidores.

A metodologia do 3° Ciclo de Revisão Tarifária somente foi concluída em novembro de 2011, devido à longa discussão que envolveu as novas propostas apresentadas pela ANEEL. Diante disso, não houve tempo hábil para realizar a Revisão Tarifária Periódica de algumas empresas como, por exemplo, a Eletropaulo, o Grupo Rede e a Elektro, todas com áreas de concessão no Estado de São Paulo, na data prevista em contrato de concessão. Por essa razão, as tarifas foram prorrogadas, conforme determina a Resolução n° 417/2011.

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As Revisões tiveram início em abril/2011 com a Coelce/CE, e terminarão em março/2014, com a Ampla.

Desde a privatização na década de 90 do século passado de parte significativa do setor elétrico brasileiro e após o surgimento da agência reguladora – ANEEL passamos por três ciclos de Revisão Tarifária Periódica com intervalos em média de quatro anos. O primeiro e o segundo ciclos utilizaram basicamente a mesma metodologia com algumas alterações do primeiro para o segundo, porem foi preservada a estrutura metodológica inicialmente proposta. Já o terceiro ciclo passou por uma reformulação mais significativa e, portanto, se caracteriza por um ciclo de transição entre o modelo antigo (2° Ciclo) e o novo, o que dificuldades ainda maiores em termos de assimetria de informações, dados e comparativos.

As matérias que envolvem o marco regulatório do setor elétrico são extremamente complexas e exige profundos conhecimentos técnicos para acompanhá-las, sem falar da necessidade de acesso a dados e informações restritos às empresas e ao agente regulador. Isso dificulta e muitas vezes inviabiliza a participação da sociedade.

Para os sindicatos dos trabalhadores eletricitários a coisa não é muito diferente já que sequer esse trabalhador é considerado pela Aneel como ator social fundamental e estratégico do setor. Dessa maneira o órgão regulador deixando-o alijado do processo de regulamentação e com reduzidas condições de participar de forma mais efetiva. A categoria eletricitária e suas entidades representativas, na maioria das vezes, também é vítima das mesmas condições e dificuldades apontadas acima para o conjunto da sociedade.

Para a Aneel o “TRABALHADOR” continua não tendo importância e é um ator social desprezado por ela no processo de regulamentação do setor elétrico brasileiro, uma vez que em momento algum ela considera a hipótese de ouvir a categoria eletricitária e menos ainda, de conhecer seus processos de negociação coletiva, seu cotidiano nas relações com as empresas, visando, dessa maneira, garantir que a metodologia aplicada considere aspectos importantes do dia-a-dia desse trabalhador no que se refere, principalmente, a jornada e processos de trabalho, acidentes, terceirização, precarização, assédio moral, dentre outros.

Novamente o Sinergia CUT vem a público reiterar os mesmos questionamentos que vêm fazendo desde o primeiro ciclo de revisão tarifária ocorrido em 2003, onde pleiteia a participação dos trabalhadores eletricitários nos atos regulatórios da Aneel, inserindo-os como

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agentes desse processo e não apenas como um dado de despesa operacional das empresas com sempre foi tratado pelo órgão regulador.

O SINERGIA CUT, desde a criação da Aneel , acompanha e intervém no processo regulatório promovido por esta agência, principalmente aqueles que afetam diretamente os trabalhadores eletricitários e a sociedade em geral.

Visando propiciar uma maior participação da sociedade a Aneel implementou as chamadas Audiências Públicas como um instrumento de apoio ao seu processo decisório e que precede a expedição dos seus atos administrativos. Entendemos que apenas este mecanismo não basta para garantir a participação social diante da complexidade do tema e assimetria de informações quando o assunto é Revisão Tarifária.

Portanto, em relação a este modelo de Audiência Pública para a Revisão Tarifária Periódica restrita a apenas uma única localidade da área de concessão da empresa e ao envio de contribuições pela internet o Sinergia CUT reitera suas críticas, pois, somado ao fato de ter muito pouco seus pleitos atendidos pela Aneel, sua participação acaba por legitimar um processo nada participativo e muito distante da realidade do trabalhador eletricitário e do consumidor de energia elétrica deste país.

Para o 3° Ciclo , reconhecemos que a Aneel promoveu avanços ao rever a metodologia da Revisão Tarifária eliminando a empresa de referência (apesar de estabelecer como parâmetro uma empresa real) e o risco cambial e promovendo modificações nas séries históricas utilizadas para calcular os demais riscos, reconhecendo outras receitas aferidas pelas empresas e o compartilhamento de estruturas a favor da modicidade tarifária. Incorporando o fator Q (qualidade), medido a partir do DEC e FEC, dentre outros. Procurou corrigir erros e distorções do marco regulatório que há muito o Sinergia CUT vinha denunciando, apesar de não ter promovido em tempo algum uma reflexão quanto às conseqüências para a tarifa, trabalhadores do setor e para a sociedade em geral da aplicação do modelo anteriormente adotado.

Porem a lógica inicial permanece, ou seja, mantém-se o sistema de incentivo às empresas de aumentar a produtividade e diminuir custos a fim de superar a remuneração do capital, garantida pelo agente regulador no cálculo do equilíbrio econômico-financeiro da concessão, ao fixar as tarifas pelo chamado preço-teto (pricecap), sem, contudo considerar outros

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elementos também importantes como, por exemplo, o índice de acidentes de trabalho, a convenção coletiva dos trabalhadores, os índices de satisfação dos consumidores.

Os mecanismos de compensação/incentivo não se alteraram significativamente, pois se premia a empresa que gasta menos e pune-se a que gasta mais. A Aneel resiste em não estabelecer quais estruturas e atividades podem ser compartilhadas sem ferir o contrato de concessão, já que os mesmos são individuais para cada empresa enquanto que muitas se fundiram em holding. Essa é uma discussão primordial para os trabalhadores que lutam por uma definição por parte do órgão regulador do que é atividade fim inerente ao serviço de distribuição de energia e que não pode ser compartilhada, terceirizada, precarizada, extinta, etc., pois reflete diretamente na qualidade dos serviços e na segurança do trabalho.

O Sinergia CUT sempre criticou e continua criticando esse modelo uma vez que é ele o maior responsável pelo aumento de acidentes, precarização das condições de trabalho, assédio moral, terceirização e demais práticas abusivas praticadas pelas empresas em busca do lucro.

Mesmo assim, com a nova metodologia foi possível explicitar mais claramente os reais ganhos de produtividade das empresas até então mascarados pelo método anterior, o que deverá possibilitar uma nova abordagem para os trabalhadores em relação a sua participação nesses lucros, pois entre as grandes empresas do setor verifica-se nos últimos anos que o percentual de reajuste acima da inflação sequer tem atingido 1%. Ou seja, os trabalhadores efetivamente não estão participando sequer dos ganhos de produtividade alcançados pelas empresas.5

Acidentes de Trabalho – indicadores que merecem atenção especial

Novamente reiteramos ser fundamental a análise e tratamento desse indicador não só porque expressa qualidade de serviço, mas, acima de tudo porque trata de vidas humanas. Na busca incessante do lucro as empresas negligenciam nos investimentos e políticas relacionadas a saúde e segurança no trabalho, principalmente em relação aos trabalhadores terceirizados.

A Aneel por sua vez não regulamenta e nem exige o fornecimento de dados em relação a esta questão. E os poucos indicadores que possuímos, fornecidos pela ARSESP, agência reguladora do estado de São Paulo, para demonstrar a situação das empresas são insuficientes,

5 Fonte : 3º Ciclo de Revisão Tarifária Periódica: mudanças e permanências - Trabalho produzido para o Sinergia CUT. Renata Belzunces dos Santos. Dezembro/2011. 17

pois trazem na mesma coluna dados de mortes e invalidez permanente, além de não abranger todas as empresas do setor elétrico paulista.

Na série histórica apresentada pela ARSESP que abrange o período entre 1999 a 2011, foram registrados 606 acidentes na EDP Bandeirante Energia, que corresponde a 7,15% do total de acidentes apurados pelo conjunto de 14 empresas pesquisadas pela agência, que juntas registraram 8.471 acidentes no mesmo período (ver Anexo I).

Desses 606 acidentes, 70 foram enquadrados no nível cinco de gravidade que corresponde a morte ou invalidez permanente. Ou seja, 11,55% foram acidentes que se enquadraram como de altíssima gravidade ou fatais.

Outro dado que chama a atenção é o elevado número de acidentes envolvendo os trabalhadores, tanto do quadro próprio como terceirizados que mais que dobraram nos últimos dois anos comparados aos dois anos anteriores. Na série histórica eles somam 431 acidentes, ou seja, 71,12% do total de 606 acidentes registrados.

Os indicadores envolvendo a população foram reduzidos, o que já foi objeto de denuncia por parte do Sinergia CUT nos ciclos anteriores de revisão tarifária pelos índices alarmantes apresentados pela empresa na época.

Portanto não podemos comungar com uma metodologia de revisão tarifária que não leva esses indicadores em consideração e não estabelece nenhum mecanismo de punição para as empresas que não reduzirem os índices de acidentes e morte ou que registram baixos investimentos em saúde e segurança no trabalho. A Aneel não se posiciona em relação à obrigatoriedade no cumprimento da NR10 tanto para o quadro próprio quanto para os terceirizados. Não estabelece metodologia que dê conta de abranger um dos itens mais importantes para a classe trabalhadora e sociedade, que é a VIDA.

Segundo dados extraídos o Relatório Anual/2011 do Grupo EDP Energias do Brasil S.A, ela própria descreve a situação em relação aos seus indicadores de acidentes. Abaixo a íntegra do texto extraído do Relatório.

“O número total de acidentes com afastamento em 2011 ficou 37,8% acima do ano anterior, sendo 11 com colaboradores e 51 com empregados de terceiros. Ocorreram três óbitos, sendo dois de colaboradores e um de contratado de terceiros, todos por 18

choque com a rede elétrica. No primeiro, em tarefa para aprumar um poste, a equipe de apoio desligou um circuito diferente daquele em manutenção e a equipe de trabalho não fez o teste obrigatório de ausência de tensão e uma descarga elétrica atingiu o colaborador. O segundo decorreu do contato da rede com a axila do eletricista que efetuava a substituição de ramais de ligação. O terceiro foi consequência da falta de testes de aterramento e do uso de EPIs, que são medidas obrigatórias. Os acidentes determinaram ações preventivas e corretivas, como treinamentos e cursos de reciclagem em segurança no trabalho”.

Por exemplo, ao analisarmos as demonstrações financeiras referentes a 2011 da empresa EDP Bandeirante verificamos os reais motivos dessa elevação nos índices de acidentes. A folha de pagamento bruta da EDP Bandeirante em 2011 foi de R$ 95.724 mil. Da folha de pagamento bruta foram gastos em 2010, com segurança e saúde no trabalho, 1,04% (R$ 987,00 mil), enquanto que em 2011 esses gastos foram de 0,41%, ou seja, a empresa reduziu esses gastos para R$ 394,00 mil.

No ano de 2011 as taxas de frequência e gravidade da EDP Bandeirante foram de 1,74 e 2648,34 respectivamente, ao mesmo tempo em que as prestadoras de serviços, registraram taxas de frequência e gravidade de 5,82 e 2.071,69 respectivamente, e foram realizadas 2.014 inspeções.

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Relatório Anual/2011 – Grupo EDP Energias do Brasil S.A

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Estamos tratando de vidas que se perdem e não apenas de números, estatísticas, indicadores. O que a sociedade quer e os trabalhadores exigem é um basta nessa matança onde famílias inteiras são arruinadas conseqüência da morte de seus membros.

Dados da Revisão – 3° Ciclo de Revisão Tarifária

O reposicionamento tarifário da EDP Bandeirante Energia é de -3,55% (efeito médio percebido pelo consumidor).

Impacto Tarifário ao Consumidor

Fonte: Nota Técnica Aneel 202/2012.

São vários os itens que compõe a revisão tarifária. Abaixo o que a Aneel considera outras receitas a serem revertidas para a modicidade tarifária.

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Outras Receitas 6 As outras receitas podem ser classificadas em duas categorias, conforme sua natureza: em “receitas inerentes ao serviço de distribuição de energia elétrica” e “receitas de outras atividades empresariais”.

As receitas inerentes ao serviço de distribuição de energia elétrica são adicionais ao fornecimento de energia, mas ainda fazem parte da essência da concessão de distribuição de energia elétrica, para as quais as despesas incorridas em sua prestação já estão contempladas na receita do serviço regulado. Encontram-se nessa categoria as receitas obtidas com encargos de conexão e serviços cobráveis.

As receitas de outras atividades empresariais são todas e quaisquer atividades desenvolvidas pela própria concessionária e que não estão diretamente relacionadas à atividade fim da concessão. Subdividem-se em 2 subgrupos:

a) Atividades complementares : são aquelas cujas despesas não são claramente identificadas e já estão cobertas pela receita advinda da atividade regulada. Enquadram- se nesse subgrupo os contratos de compartilhamento de infraestrutura e sistemas de comunicação (PLC).

b) Atividades atípicas : são aquelas às quais se impõem critérios de administração e gestão que permitam total distinção de contabilização dos custos e resultados. Destacam-se nessa categoria receitas advindas da prestação de serviços a terceiros (operação e manutenção, consultoria, comunicação e engenharia) e cobrança pela arrecadação de convênios nas faturas de energia.

Para cada natureza de receita há um percentual que deve ser revertido à modicidade tarifária, nos termos do Submódulo 2.7 do PRORET”.

O Sinergia CUT considera esse tratamento muito modesto em relação aos lucros que as empresas configuradas em holdings têm ao compartilhar suas estruturas e oferecer serviços para outros mercados e forte presença de mão-de-obra terceirizada, dentre outros.

6 Fonte: Nota Técnica Aneel 202/2012. 22

Resumo da Revisão Tarifária

Fonte: Nota Técnica Aneel 202/2012.

Iluminação Pública 7

A Resolução Normativa n° 414, de 09 de setembro de 2010, alterada pela Resolução Normativa Aneel nº 479, de 03 de abril de 2012, estabelece as Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica de forma atualizada e consolidada. Essa Resolução veio substituir a então conhecida 456/2000. Nela a Aneel consolidou os direitos e deveres dos consumidores de energia elétrica.

7 Contribuição do colaborador do Sinergia CUT, Eduardo Toledo. Setembro/2010.

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Em seu Artigo 218 estabelece as condições de transferência do sistema de iluminação pública para os municípios, em cumprimento ao estabelecido no Artigo 30 da Constituição Federal, cujo prazo limite é 31 de janeiro de 2014. Esse prazo inicialmente era 2011.

O novo regulamento é resultado de um longo processo de discussão, iniciado em 2008, por meio da Audiência Pública nº. 008/2008 que se estendeu até setembro/2010, quando a Resolução Normativa n° 414, foi publicada. Recebeu 2.580 contribuições de consumidores, associações de agentes do setor elétrico, órgãos de defesa do consumidor, Ministério Público Federal e Departamento Nacional de Defesa do Consumidor (DPDC) do Ministério da Justiça.

Portanto, a definição da nova regulamentação das Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica promovida pela Aneel ocorreu antes mesmo da definição da nova metodologia de Revisão Tarifária Periódica para o 3° Ciclo.

O Art. 218 da Resolução 414/2010, define a forma como a transferência deve ser feita transferência do Ativo Imobilizado em Serviço (AIS) de Iluminação Pública (IP) às Prefeituras. Podemos perceber que existem duas condições de transferência desses ativos.

No § 4° os ativos de IP que foram constituídos com recurso da distribuidora devem ser alienados ou em caso excepcional, doados, desde que anuídos pela ANEEL. No § 5° os ativos que foram constituídos com "Obrigações Especiais" deverão ser transferidos sem ônus para a pessoa jurídica de direito público, também mediante anuência da ANEEL.

Antes dessa Resolução as distribuidoras podiam ser proprietárias dos ativos de iluminação pública. Após a publicação da Resolução 414/2010, os ativos de iluminação pública terão que ser transferidos para os municípios conforme prazo estabelecido pela Aneel. O que vai acontecer seja por transferência do valor residual contábil dos AIS ou sem ônus às Prefeituras, é que os ativos que ficaram sem investimentos nos últimos anos, após as distribuidoras terem certeza que a transferência se daria no futuro (que é agora), terão que ser quase que integralmente substituídos pelas prefeituras, o que exigirá uma antecipação de recursos magnífica por parte das prefeituras, que só terão o retorno destes investimentos com a aplicação das tarifas que já estão definidas pela ANEEL e não pelas Prefeituras que estarão fazendo os investimentos.

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Outro aspecto importante, o serviço de Iluminação Pública pelas Prefeituras terão o serviço tarifado, mas os serviços que as distribuidoras poderão prestar de operação, manutenção e aluguel dos postes onde esses equipamentos estão instalados, deverão ser pagos pelas Prefeituras.

Resumindo, as PMCs ficam com o sistema velho e depreciado com tarifas tabeladas e as distribuidoras ficam livres para definirem os custos de operação e manutenção e aluguel de postes pelos preços que elas quiserem, já que estes serviços são considerados "outros serviços" que não são tabelados pela ANEEL.

Adicione a tudo isso, que em nenhum momento na Resolução 414/2010, uma vez que ela trata de Condições Gerais de Fornecimento, tratou da questão das baixas dos ativos pelo valor contábil dos balanços das distribuidoras. Isto é, se isto assim acontecer, os consumidores brasileiros estarão pagando duas vezes pelo mesmo serviço. Uma porque os ativos de IP permanecem diluídos nos seus AIS e outra porque serão cobrados pelas prefeituras.

Se estes ativos não forem baixados e deduzidos dos balanços das distribuidoras eles continuarão como base para cálculo das tarifas futuras (como estão sendo calculados nesta revisão já que a Aneel desconsiderou este fato na metodologia), já que os mesmos constam da parcela B - custos operacionais das concessionárias, e também continuarão a ser cobrados pelos municípios que os receberá através da transferência, através das tarifas de iluminação pública.

O Sinergia CUT participou e contribuiu com o processo que reformulou a Resolução Normativa 414/2010, que estabelece as Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica.

Por que trazemos novamente esta discussão neste momento de Revisão Tarifária Periódica? Porque não identificamos na nova metodologia adotada pela Aneel, nenhum tratamento especial em relação a este assunto. O que nos leva a indagar a agência reguladora sobre qual é o verdadeiro impacto na tarifa e quais benefícios trarão para a sociedade a transferência desses ativos de iluminação pública para os municípios. De que maneira a Aneel tratou esse assunto na Revisão Tarifária? Como essa transferência impactará a modicidade tarifária?

Para o Sinergia CUT a doação para os municípios dos ativos de iluminação pode trazer uma precarização para o sistema, uma vez que a maioria deles não tem condições e nem estrutura para gerenciar uma atividade tão complexa e de alto risco como é a energia elétrica. A

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Regulamentação não é clara quanto à definição de responsáveis pela manutenção desses ativos. Pela falta de especialização das prefeituras certamente haverá queda da qualidade dos serviços, maior possibilidade de acidentes e um aumento das tarifas de iluminação pública, uma vez que as prefeituras terão que fazer investimentos em equipamentos e mão-de-obra especializada.

Também é fato que muitas empresas têm nos últimos anos negligenciando a manutenção e modernização dos ativos de iluminação pública por já prever sua transferência para os municípios que receberão equipamentos sucateados.

Portanto, é primordial revermos a decisão de transferência desses ativos para os municípios à luz da realidade atual e se for o caso propor uma emenda constitucional extinguindo tal obrigatoriedade da Constituição de 1988.

Caso ocorra a transferência, propomos que ela seja na forma de doação pelo valor contábil registrado nas concessionárias que serão obrigadas a baixar e deduzir dos seus balanços os ativos de iluminação pública. Cabe a Aneel definir de quem será a responsabilidade pela manutenção e exigir que os serviços sejam prestados por trabalhadores altamente treinados e capacitados, seguindo as normas regulamentadoras de segurança na área de energia como a NR10. E caso a execução desses serviços realmente deixe de ser executada pelas concessionárias que os benefícios sejam imediatamente repassados para os consumidores revertidos à modicidade tarifária.

Estrutura de Atendimento Presencial

A Resolução Normativa n° 414, de 09 de setembro de 2010, alterada pela Resolução Normativa Aneel nº 479, de 03 de abril de 2012, que estabelece as Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica de forma atualizada e consolidada, também trás uma novidade em benefício dos consumidores.

Em seus Artigos 177 a 182 estabelece que toda distribuidora deverá dispor de uma estrutura de atendimento presencial em todos os Municípios que preste o serviço público de distribuição de energia elétrica, adequada às necessidades de seu mercado, acessível a todos os consumidores da sua área de concessão e que possibilite a apresentação das solicitações e reclamações, assim como o pagamento da fatura de energia elétrica, sem ter o consumidor que se deslocar de seu Município.

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Uma importante conquista já que o Sinergia CUT vem pleiteando medidas nesse sentido desde a privatização do setor elétrico paulista, onde essas estruturas foram desativadas pelos novos controladores das empresas, causando graves prejuízos à sociedade, fechando postos de trabalho e provocando queda nos serviços prestados.

Porem, apesar da Aneel definir o mínimo de um escritório de atendimento presencial em todas as localidades de concessão, falha por não estabelecer um número mínimo em relação a quantidade de unidades consumidoras. Uma cidade com 500 mil habitante, por exemplo, não consegue proporcionar um bom atendimento com apenas um escritório de atendimento.

Outro problema causado pela não definição por parte da Aneel é em relação ao atendimento ser realizado ou não por trabalhadores do quadro próprio da empresa ou se o mesmo poderá ser realizado por terceiros. Para o Sinergia CUT é fundamental que a Aneel deixe claro essas questões pendentes uma vez que as mesmas afetam diretamente a tarifa e dificulta a fiscalização por parte da sociedade. Também defendemos que esses serviços sejam executados pelo quadro próprio da empresa devidamente capacitado e treinado para prestar um serviço de qualidade e com conhecimento técnico adequado.

Entendemos que sem essas definições é muito difícil identificar os custos apresentados pela concessionária para o quesito abertura de escritórios, pois é relevante sabermos a quantidade dos mesmos, a jornada de trabalho e salários a serem praticados, se utilizará mão-de- obra própria ou terceirizada, etc. Essas informações são essenciais, inclusive, para serem comparadas com outras empresas do setor (benchmarking).

No Relatório Anual/2011 do Grupo EDP Energias do Brasil, consta a informação que em 2011, foram inaugurados 25 novos postos de atendimento nas distribuidoras do Grupo, intensificando o contato direto com o consumidor”. No entanto, no quadro abaixo extraído do mesmo relatório são outros os números apresentados onde podemos observar um maior investimento no atendimento terceirizado.

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Só a EDP Bandeirante abrange uma área de concessão de 28 municípios no estado de São Paulo e a EDP Escelsa, 70 no estado do Espírito Santo. Daí já dá para se ter uma idéia da morosidade na implementação dos tais escritórios de atendimento e, conseqüentemente, em cumprir o que determina a Resolução 414/2010.

DEC/FEC

Segundo nota técnica emitida pela Aneel, para o DEC não haverá mais conjuntos com limites superiores a 26 em 2015. Já para o FEC, não haverá mais conjuntos com limites superiores a 13 nesse mesmo ano. Com base nos histogramas apresentados, a proposta para o período de 2013 a 2015 irá reduzir a distância entre os limites dos conjuntos, levando a uma maior uniformização da continuidade prestada pela distribuidora aos seus consumidores.

Ao analisar a proposta da Aneel para a apuração dos índices DE e FEC observamos, novamente, a sua extrema tolerância em relação a esses indicadores. Para o Sinergia CUT trata-se de um verdadeiro estímulo a redução da qualidade dos serviços prestados pelas distribuidoras de energia elétrica.

O Resumo Executivo 01/2012 de maio/2012 do Governo do Estado de São Paulo, traz uma série histórica de 2005 a 2012 dos DEC’s e FEC’s das 5 maiores concessionárias do Estado de São Paulo 8. Os valores correspondentes de DEC, FEC e DM do Estado de São Paulo, referentes ao “Acumulado” de Janeiro a Março, dos anos 2005 a 2012, não apontam os dias críticos, ou seja, dias em que houveram interrupções significativas.

8 Fonte: Resumo Executivo 01/2012. Maio/2012. Governo do Estado de São Paulo DEC: Duração equivalente de interrupção por unidade consumidora (é um indicativo de tempo total de duração das interrupções de energia elétrica, no período considerado). FEC: Frequência equivalente de interrupção por unidade consumidora (é um indicativo de número de interrupções de energia elétrica maiores que 3 minutos, no período considerado). DM: Duração Média de interrupções (corresponde ao quociente entre as durações de interrupção – DEC e as freqüências dessas interrupções – FEC). OBS: Os menores índices de DEC, FEC e DM indicam os melhores resultados

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Segundo dados apresentados acima pelo governo de São Paulo o comparativo São Paulo Brasil anual, o DEC em 2011, foi de 8,66, enquanto que no Brasil esse indicador foi de 18,42 e o FEC registrado nesse mesmo período em São Paulo foi de 5,44, enquanto o do Brasil foi

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de 11,16. Portanto, São Paulo no comparativo anual com o Brasil apresenta uma tendência de queda e com indicadores em média 50% menores da média do país, o que permitiria uma rigidez maior por parte da Aneel com as concessionárias paulistas.

DEC e FEC da Bandeirante

Ao analisarmos os dados fornecidos pelo governo de São Paulo verificamos que os referentes a EDP Bandeirante Energia são os piores entre as cinco empresas pesquisadas.

Segundo nota técnica emitida pela Aneel, para o DEC não haverá mais conjuntos com limites superiores a 26 em 2015. Já para o FEC, não haverá mais conjuntos com limites superiores a 13 nesse mesmo ano.

A própria Aneel na Nota Técnica 94/2012 admite que os limites de conjuntos da Bandeirante Energia se encontram como os piores indicadores da concessão, porem inferiores aos limites globais.

A Bandeirante possui atualmente 47 conjuntos de unidades consumidoras em sua área de concessão. Percebe-se que ela possui áreas bastante concentradas.

A seguir os limites propostos para os conjuntos da Bandeirante.

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Continuação

Novamente a Aneel na Nota Técnica 94/2012, reconhece através do histórico de apuração global e os limites propostos para a Bandeirante que ela já possui apuração inferior aos limites globais, com exceção do DEC de 2009 e 2010. 33

Novamente observamos um verdadeiro incentivo a redução na qualidade dos serviços prestados já que segundo dados apresentados acima pelo governo de São Paulo o comparativo São Paulo Brasil anual, o DEC em 2011, foi de 8,66, enquanto que no Brasil esse indicador foi de 18,42 e o FEC registrado nesse mesmo período em São Paulo foi de 5,44, enquanto o do Brasil foi de 11,16. Portanto, São Paulo no comparativo anual com o Brasil apresenta uma tendência de queda e com indicadores em média 50% menores da média do país, o que permitiria uma rigidez maior por parte da Aneel com as concessionárias paulistas.

Propostas do Sinergia CUT:

Trabalhador Ator Social do processo de regulamentação - Novamente o Sinergia CUT reitera a importância de sua participação nos atos regulatórios da ANEEL, com o objetivo de inserir os trabalhadores como agentes desse processo e não apenas como dado de despesa operacional das empresas. Que os trabalhadores, através de seus sindicatos de classe, sejam recebidos e ouvidos pela Aneel assim como acontece com as concessionárias e o Conselho de Consumidores.

Participação da sociedade – O atual modelo de Audiência já se comprovou pouco eficaz pela reduzida participação da sociedade e pela complexidade como o assunto é apresentado. Propomos ampliar o debate público através de audiências presenciais

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descentralizadas e que a Aneel disponibilize em diversos pontos do estado, técnicos preparados para atender os agentes envolvidos no processo de revisão tarifária a fim de tornar compreensível e transparente a atividade regulatória da Agência e a metodologia adotada.

Metodologia - Continuamos discordando da lógica inicial e que permanece até hoje na metodologia de revisão tarifária periódica, ou seja, aquela que mantém o sistema de incentivo às empresas de aumentar a produtividade e diminuir custos a fim de superar a remuneração do capital, garantida pelo agente regulador no cálculo do equilíbrio econômico- financeiro da concessão, ao fixar as tarifas pelo chamado preço-teto (pricecap). Os mecanismos de compensação/incentivo não se alteraram significativamente, pois se premia a empresa que gasta menos e pune-se a que gasta mais. Reiteramos que a Aneel estabeleça quais estruturas e atividades podem ser compartilhadas sem ferir o contrato de concessão, já que os mesmos são individuais para cada empresa enquanto que muitas se fundiram em holding no decorrer do tempo. Essa é uma discussão primordial para os trabalhadores que lutam por uma definição por parte do órgão regulador do que é atividade fim inerente ao serviço de distribuição de energia que não pode ser compartilhada, terceirizada, precarizada, extinta, etc., pois reflete diretamente na qualidade dos serviços e na segurança do trabalho.

Acidentes de Trabalho - Que a metodologia considere os indicadores de acidentes tanto os que envolvem o quadro próprio de trabalhadores como das empresas terceirizadas e população. Que para atingir esses objetivos a Aneel regulamente uma base de dados igual para todas as empresas do país e exija sua atualização periódica, disponibilizando esses dados para consulta da sociedade. Mais importante que aumentar a participação do consumidor nos ganhos de produtividade obtidos pela empresa, é exigir a redução ao máximo dos indicadores de acidentes e a uma prestação de serviço de qualidade e segurança.

Primarização de atividades e o fim das terceirizações - Que a Aneel regulamente e defina as atividades fim das empresas de energia elétrica. Que obrigue as empresas utilizarem somente trabalhadores do quadro próprio para as atividades fim proibindo, expressamente, a contratação de terceiras para a execução das mesmas.

Índice de Satisfação dos Consumidores - Que a metodologia aplicada para aferir o índice de satisfação dos consumidores seja efetivamente considerada na Revisão Tarifária.

Iluminação Pública - Não identificamos na nova metodologia adotada pela Aneel, nenhum tratamento especial em relação a este assunto. O que nos leva a indagar a agência

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reguladora sobre qual é o verdadeiro impacto na tarifa e quais benefícios trarão para a sociedade a transferência desses ativos de iluminação pública para os municípios. De que maneira a Aneel tratou esse assunto na Revisão Tarifária? Para o Sinergia CUT a doação para os municípios dos ativos de iluminação pode trazer uma precarização para o sistema, uma vez que a maioria dos municípios não tem condições e nem estrutura para gerenciar uma atividade tão complexa e de alto risco como é a energia elétrica. A Aneel estabeleceu que esses ativos serão transferidos sem ônus para o municípios. Dessa maneira eles continuam a constar dos balanços das empresas e base para cálculo das tarifas futuras. Portanto, é primordial revermos a decisão de transferência desses ativos para os municípios à luz da realidade atual e se for o caso propor uma emenda constitucional extinguindo tal obrigatoriedade da Constituição de 1988. Caso ocorra a transferência, propomos que ela seja na forma de doação pelo valor contábil registrado nas concessionárias que serão obrigadas a baixar e deduzir dos seus balanços os ativos de iluminação pública e que a Aneel defina de quem será a responsabilidade pela manutenção e exija que os serviços sejam prestados por trabalhadores altamente treinados e capacitados, seguindo as normas regulamentadoras de segurança na área de energia como a NR10. Que os benefícios dessa transferência sejam imediatamente repassados para os consumidores e revertidos à modicidade tarifária.

Estrutura de Atendimento Presencial - A Resolução Normativa n° 414, de 09 de setembro de 2010, alterada pela Resolução Normativa Aneel nº 479, de 03 de abril de 2012, que estabelece as Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica estabelece em seus Artigos 177 a 182 que toda distribuidora deverá dispor de uma estrutura de atendimento presencial em todos os Municípios que preste o serviço público de distribuição de energia elétrica e que permita, também, o pagamento da fatura de energia elétrica, sem ter o consumidor que se deslocar de seu Município. Que a Aneel defina o mínimo de escritórios de atendimento presencial proporcional ao número de unidades consumidoras. Que o atendimento deva ser realizado somente pelo quadro próprio da empresa devidamente capacitado e treinado para prestar um serviço de qualidade e com conhecimento técnico adequado.

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DEC e FEC - O Sinergia CUT repudia a maneira condescendente e complacente que a Aneel vem tratando esses indicadores que estimula as empresas a não investirem na melhoria da qualidade dos serviços prestados, em equipes de trabalho qualificadas, em treinamento, tecnologia, equipamentos, etc. e exigem que os mesmos sejam revistos em benefício do consumidor.

Amplo debate sobre o fim das Concessões - Que a Aneel se manifeste em relação ao tratamento dado na revisão tarifária levando em consideração às empresas que terão suas concessões vencendo em 2015. Como estabeleceu e projetou os próximos quatro anos de custos e investimentos das concessionárias que se encontram nessa situação? Que a Aneel, juntamente com o Ministério de Minas e Energia, promova amplo debate sobre o melhor modelo a ser adotado com as concessionárias que terão seus contratos de concessão vencidos em 2015 e os reflexos na tarifa.

Comissões Municipais de Serviços Públicos – que os municípios aprovem a constituição de Comissões Municipais de Serviços Públicos visando garantir o controle social.

Metodologia específica para empresas que pertencem a holdings – que a Aneel desenvolva uma metodologia específica considerando a particularidade da estrutura compartilhada das empresas de um mesmo grupo econômico em benefício da modicidade tarifária.

O Sinergia CUT pleiteia o fim da precarização, do assédio moral, da terceirização e dos acidentes no setor elétrico brasileiro.

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ANEXO I

ACIDENTES NA EDP BANDEIRANTE ENERGIA 1999 -2011

Acidentes com Empregados Próprios Acidentes com Pessoas de Empresas Acidentes com Público em Geral Sub- Sub- Sub- ANO Nível de Gravidade Nível de Gravidade Nível de Gravidade TOTAL Total Total Total 12345 12345 12345 1999 63 4 0 0 0 67 5 0 1 0 1 7 9 2 0 0 2 13 87 2000 34 5 0 0 1 40 5 1 0 1 1 8 1 2 0 4 1 8 56 2001 40 1 3 1 0 45 2 0 0 0 1 3 7 0 0 4 6 17 65 2002 13 3 2 0 3 21 0 0 0 0 2 2 11 1 0 2 2 16 39 2003 11 2 0 0 0 13 5 0 0 0 1 6 14 1 0 0 3 18 37 2004 9 0 1 0 0 10 2 0 1 0 1 4 3 1 3 2 4 13 27 2005 11 2 0 0 0 13 7 3 1 0 0 11 3 3 1 0 5 12 36 2006 6 0 0 0 0 6 6 1 0 0 0 7 6 3 0 0 6 15 28 2007 16 2 0 1 0 19 10 1 0 2 0 13 7 4 0 3 6 20 52 2008 5 0 0 1 0 6 8 5 0 0 1 14 6 0 0 3 6 15 35 2009 10 0 0 2 0 12 8 5 0 0 1 14 1 0 0 3 2 6 32 2010 11 0 0 0 0 11 14 17 0 0 2 33 0 0 0 4 5 9 53 2011 8 1 1 10 29 5 1 1 36 4 4 5 13 59 TOTAL 237 20 6 5 5 273 101 38 4 3 12 158 72 17 4 29 53 175 606 Fonte: ARSEP . Elaboração : Maristela Braga /Sinergia CUT

Níveis de Gravidade : 1 - Tratamento médico de0 a 15 dias 2 - Tratamento médico de 15 dias a 2 meses (sem comprometimentoe d orgãos e seqüelas) 3 - Tratamento médico de 2 meses a 4 meses (sem comprometimentoe d orgãos e seqüelas) 4 - Lesões corporais graves (perda de orgãos, invalidez temporária, etc.) 5 - Morte ounvalidez i permanente

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