Departamento de Geografia e Meio Ambiente

A METROPOLIZAÇÃO DO ESPAÇO SUBURBANO DO (RJ): O GRANDE .

Aluno: Lucas Antonioli Meirim Coutinho Orientador: Regina Célia de Mattos

Introdução A representação espacial Grande Méier¹ foi utilizada na década de 1980 para se referir ao bairro do Méier e suas adjacências, posteriormente foi incorporada pela prefeitura como o “nome popular” da subprefeitura da Zona Norte 2. Por ser uma região de bairros bastante conurbados, tendo núcleo central o bairro do Méier, o Grande Méier em seu recorte político- administrativo se torna algo concebido, um fato, ao mesmo tempo em que se expressa como um artifício, podendo ganhar representações simbólicas ao se manifestar nas dinâmicas de produção do espaço [1 ]. A racionalidade atual do capital hegemônico, regida pelo setor financeiro, coloca o processo de urbanização do espaço em um novo movimento [1]: a metropolização [2]. A lógica do capital, buscando construir centralidades, se apropria de estruturas pretéritas reorganizando-as, objetivando incorporar valor no espaço. O capital através do discurso, e entrelaçado ao processo de urbanização, cria imaginários e estratégias que beneficiam o setor da construção civil e incorporadores imobiliários, criando continuidades/descontinuidades de investimentos no espaço. Esse processo de fragmentação, de valorização/desvalorização gera novas funcionalidades impondo limites para o uso. O Grande Méier participa desse processo. A produção do espaço do subúrbio carioca ocorre no movimento das transformações decorrentes da atual lógica de (re)produção do espaço na qual se insere o Grande Méier, tendo o setor imobiliário como uma grande força transformadora, assim como as novas aglomerações de consumo em diversos núcleos, e uma rede de eixos de circulação gerando uma dinâmica de valorização desigual. Da dimensão simbólica da região Grande Méier emerge conteúdos e espacialidades transformando as práticas, as normas, as convenções, mascarando as tensões entre o espaço-tempo das espacialidades e o tempo da vida cotidiana do subúrbio.

Objetivos O objetivo geral desta pesquisa é analisar a dinâmica de metropolização do espaço em áreas do subúrbio do município do Rio de Janeiro, notadamente a região Grande Méier. De fato, trata-se da condição espacial da produção continuada do capital gerando novos contornos e conteúdos no espaço.

Metodologia [1] afirma ser o espaço condição, meio e produto das relações sociais, palco das ações do homem levando em conta suas múltiplas escalas e dimensões. O processo de metropolização [2] do espaço é uma dinâmica de urbanização com a regência do capital imobiliário e financeiro, que redefine usos e apropriação, favorecendo o surgimento de novas espacialidades na cidade, e mais recentemente no subúrbio carioca, atribuindo-lhe novos significados. Esse processo transforma a própria cidade em sujeito/ator econômico, instaurando uma nova lógica onde o capital privado se apropria dos instrumentos do poder público para se legitimar: as parcerias público/privado. Nesse sentido, buscaremos analisar os novos significados de subúrbio, assim como desenvolveremos o conceito de região como “Artefato”[3] tanto como instrumento analítico quanto como um recurso metodológico. As Departamento de Geografia e Meio Ambiente

tensões entre a apropriação e o uso percebidas serão analisadas através de trabalhos de campo orientados com entrevistas ou outros procedimentos a serem definidos com o desenvolvimento da pesquisa.

Conclusões Embora a pesquisa esteja em seus passos iniciais, acompanhamos o processo de transformações no denominado Grande Méier constatando a presença de novos empreendimentos imobiliários reproduzindo a condominização até então não presente, o estímulo ao consumo através de shoppings, e oferta de serviços de lazer e entretenimento. A “região” é cortada por importantes vias como a Via Amarela e a linha 2 do metrô, além de contar com bom serviço rodoviário que constituem atrativos não só como local de moradia, assim como de outros investimentos trazendo novos modos de vivência, tensionando a aparente tranquilidade do cotidiano suburbano.

Nota ¹É constituído pelos bairros: Méier, Abolição, Água Santa, , , Jacaré, Lins de Vasconcelos, , Riachuelo, Rocha, Sampaio, São Francisco Xavier, Todos os Santos, Piedade, Encantado e . Quintino, e Maria da Graça.

Referências [1] CARLOS, Ana Fani Alessandri. A condição espacial. São Paulo: Contexto, 2011. [2] FERREIRA, Alvaro; RUA, João; MATTOS, Regina Celia de. Desafios da Metropolização do Espaço. Rio de Janeiro: Consequência, 2015. [ 3] HAESBAERT, Rogério. Viver no limite. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014