X Semana de Estudos da Engenharia Ambiental UNESP – Rio Claro, SP.

PANORAMA DO ATENDIMENTO DOS MUNICÍPIOS DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DOS RIOS , E JUNDIAÍ ÀS DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS. Aline de Fátima Rocha Meneses, Adriana Maria Nolasco Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP), Piracicaba (SP)

INTRODUÇÃO Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil (2012), a produção de lixo no Brasil cresce em ritmo mais acelerado que o crescimento populacional. O levantamento mostrou que de 2011 para 2012, a geração de resíduos sólidos urbanos cresceu 1,3%. Nesse mesmo período, o crescimento populacional urbano foi de 0,9% (ABRELPE, 2012). Esse quadro aponta alguns dos maiores desafios com que se defronta a sociedade moderna: o equacionamento da questão da geração excessiva e da disposição final ambientalmente segura dos resíduos sólidos (JACOB & BENSEN, 2011). Nesse sentido, foi sancionada em 2010, a Lei Federal nº 12.305 que instituiu no Brasil a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e definiu os princípios, estratégias e responsabilidades na gestão dos resíduos. De acordo com essa lei, resíduos sólidos urbanos são os resíduos domiciliares, os resíduos de limpeza urbana (varrição, limpeza de logradouros e vias públicas) e os resíduos de outros serviços de limpeza urbana, ou seja, os resíduos de competência municipal. Um dos instrumentos para a gestão dos resíduos sólidos existente na lei, é o Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos, cuja elaboração pelos municípios é requisito, a partir agosto de 2012, para captação de recursos do Governo Federal. Mesmo tendo sido estipulado este prazo para elaboração dos planos, somente 10% dos municípios brasileiros entregaram-no prazo. Diante do exposto acima, este estudo teve como principal objetivo fazer um levantamento do cumprimento da PNRS pelos municípios da região escolhida e identificar quais os principais desafios e soluções encontradas na elaboração dos planos de gestão. MÉTODOS O estudo está sendo realizado na região das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que abrange 76 municípios, dos quais 71 estão no estado de e 5 estão no estado de , com uma área aproximadamente de 15.320 km2, 92% (14.040 km2) da área em São Paulo e 2 8% (1.280 km ) em Minas Gerais. Nas Bacias PCJ encontram-se cinco Regiões de Governo do Estado de São Paulo: RG , RG Jundiaí, RG Piracicaba, RG e RG Bragança Paulista, as quais constituem níveis de gestão político-administrativa intermediários entre a Região Administrativa e os municípios. (Agência das Bacias PCJ, 2012). Para a identificação e quantificação dos municípios que cumpriram e os que não atenderam aos requisitos da PNRS, entregando ao Ministério do Meio Ambiente seus Planos de Gestão de Resíduos Sólidos; identificação e quantificação dos municípios em fase de elaboração dos planos; identificação e quantificação dos municípios que tiveram seus planos elaborados pelas próprias equipes técnicas e os que contrataram empresas ou consultorias para a elaboração; identificação das empresas contratadas, o tempo de elaboração e o custo do plano estão sendo utilizados dados secundários provenientes dos Comitês PCJ(pesquisa de saneamento realizada pela Agência das Bacias PCJ) e realizadas entrevistas (roteiros semi-estruturados) com técnicos, prefeitos, secretários

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de meio-ambiente e empresas contratadas (quando/se existirem). As entrevistas estão sendo feitas via e-mail, telefone e quando necessário com visitas às prefeituras e/ou empresas. Para a identificação das principais dificuldades encontradas pelas prefeituras que não elaboraram seus planos no prazo; as ações que estão sendo tomadas para resolver o problema; e sugestões para solução do problema também está sendo utilizado o método citado anteriormente e, além disso, realizados estudos de caso, buscando entender as dificuldades, desafios em locais específicos, a fim de generalizar e entender a situação da região como um todo. Para a classificação por tipo dos planos desenvolvidos e entregues; a análise dos programas propostos e o atendimento à legislação; a identificação nos planos, das principais soluções, atribuições de responsabilidades e fonte de recursos na gestão dos resíduos sólidos urbanos, foi elaborado um referencial teórico baseado na legislação e a partir desse referencial, estão sendo analisados os planos de gerenciamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Como resultados parciais, obteve-se a informação, por meio de dados secundários dos Comitês PCJ, que a Agência das Bacias PCJ elaborará o Plano Municipal de Saneamento Básico, integrado com o Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos, para 24 municípios da região que ainda não possuem nenhum dos dois planos, são eles: Bom Jesus dos Perdões, Bragança Paulista, Camanducaia, , Elias Fausto, Extrema, Ipeúna, Itapeva, Itatiba, Jaguariúna, Jarinu, Joanópolis, Louveira, Morungaba, Nazaré Paulista, Pedra Bela, Pinhalzinho, Rafard, Saltinho, Sapucaí-Mirim, Toledo, Tuiuti, , Vargem. Como resultados dos questionários, obteve-se a resposta de 17 municípios, são eles: Corumbataí, Cosmópolis, Ipeúna, Iracemápolis, Itatiba, Joanópolis, Jundiaí, Limeira, Louveira, Piracicaba, Rafard, Salto, Santa Bárbara D’oeste, , Santo Antônio de Posse, Valinhos e Vargem. Desses municípios, 13 não possuem seu Plano e apenas 4 possuem (Piracicaba, Salto, Santa Bárbara D’oeste e Valinhos). De acordo com as respostas, os principais desafios apresentados na elaboração dos planos foram: dificuldade em levantar as informações; falta de corpo técnico; falta de recursos financeiros; tema extremamente complexo; custos altos para elaboração; dificuldade de encontrar empresas capacitadas que atendam todos os requisitos exigidos na legislação; falta de esclarecimento da administração pública com relação à temática; falta de tempo dos funcionários, visto que desenvolvem diversas outras atividades; falta de comprometimento da antiga gestão; compilações dos dados do Município e a dificuldade em colocar algumas metas no plano a serem almejadas pelo Município de maneira que não engessasse o plano. As principais soluções apontadas foram: ajuda dos órgãos governamentais para os municípios pequenos; contratação de técnicos especializados e colaboração do todos os funcionários e comunidade. Também, por meio de dados secundários, foi possível verificar que os municípios de Americana, Elias Fausto, , Capivari, Monte Mor, Santa Bárbara D’oeste e Hortolândia, já tiveram seu Plano elaborado pelo Consórcio Consimares.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Até o momento, foi possível observar que assim como a maioria dos municípios do país, poucos municípios das Bacias PCJ elaboraram seu Plano de Gestão de Resíduos Sólidos. Além disso, as principais dificuldades enfrentadas foram a falta de corpo técnico e de recursos financeiros, fundamentais para sua elaboração e implementação. Ainda há um grande desconhecimento dos

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municípios sobre os recursos financeiros federais disponíveis para a elaboração dos planos e as formas de acessá-los.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRELPE. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil. Disponível em < http://www.abrelpe.org.br/ > Acesso em: 23 fev. 2013.

BRASIL. Política Nacional de Resíduos Sólidos. Lei no. 12305 de 2010. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm> Acesso em: 06 fev. 2013.

JACOBI, P.J.; BESEN, G.R. Gestão de resíduos sólidos em São Paulo: desafios da sustentabilidade. Estud. av. vol.25 no. 71 São Paulo Jan./Apr. 2011, disponível em Acesso em: 06 fev. 2013.

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