Francisco António Grandão Gonçalves Cultura e Identidades Açorianas. As Palestras Radiofónicas de Francisco Carreiro da Costa (1945 – 1974) Universidade dos Açores Departamento de História, Filosofia e Ciências Sociais 2008 3 Francisco António Grandão Gonçalves Cultura e Identidades Açorianas. As Palestras Radiofónicas de Francisco Carreiro da Costa (1945 – 1974) Dissertação para provas de Mestrado em Património, Museologia e Desenvolvimento, apresentada na Universidade dos Açores. Orientador: Professor Doutor Carlos Alberto da Costa Cordeiro Universidade dos Açores Departamento de História, Filosofia e Ciências Sociais 2008 4 ÍNDICE ÍNDICE .............................................................................................................................. 5 AGRADECIMENTOS ...................................................................................................... 7 I – NOTA INTRODUTÓRIA ......................................................................................... 9 II – REGIONALISMO, CULTURA E IDENTIDADES AÇORIANAS .................. 12 1 - Regionalismo ......................................................................................................... 12 2 - Cultura e Identidades Açorianas ............................................................................ 14 3 - O I Congresso Açoriano ........................................................................................ 21 III – FRANCISCO CARREIRO DA COSTA ............................................................ 36 1 - Esboço Biográfico ................................................................................................. 36 IV– CONTRIBUTO DE FRANCISCO CARREIRO DA COSTA ........................... 49 1 - Palestras Radiofónicas: Tradições, Costumes e Turismo nos Açores ................... 53 1.1 - Introdução ................................................................................................... 53 1.2 - História dos Açores ..................................................................................... 56 1.3 Os Açores na História de Portugal ................................................................. 79 1.4 - Identidade e Insularidade Açorianas ........................................................... 96 1.4.1 - A Cultura Açoriana ........................................................................... 96 1.4.2 - Valores Açorianos ........................................................................... 105 1.4.3 - Alguns que Visitaram os Açores ..................................................... 120 5 1.4.4 - Insularidade e Catástrofes Naturais ................................................. 132 1.4.5 - Comunicações ................................................................................. 134 1.4.6 - Emigração Açoriana ........................................................................ 141 1.4.7 - Turismo ........................................................................................... 144 1.4.8 - Administração ................................................................................. 146 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 162 FONTES E BIBLIOGRAFIA .................................................................................... 171 ANEXOS ..................................................................................................................... 190 ÍNDICE DAS PALESTRAS ........................................................................................ 191 6 AGRADECIMENTOS Este estudo, apesar de individual, envolveu na sua realização, a colaboração de outras pessoas a quem não podemos deixar de agradecer. O primeiro agradecimento é para a família, por todo o apoio e compreensão aquando da realização deste trabalho, por entre as dificuldades do dia-a-dia, e que permitiram a sua lenta, mas reflectida construção. Prestamos um especial tributo, ao Senhor Professor Carlos Cordeiro, acima de tudo pelo seu saber e os seus ensinamentos, mas também pela sua disponibilidade, compreensão, e comentários críticos, pelo apoio e orientação constantes, prestados durante a realização do presente trabalho. Consideraríamos injusto deixar de agradecer à Doutora Maria de Lurdes Rocha, técnica superior, responsável pelo Fundo Francisco Carreiro da Costa, pelo apoio dado durante o período de investigação para a dissertação de mestrado. 7 Abreviaturas utilizadas Serviços de Documentação da Universidade dos Açores – S. D. U. A. Fundo Carreiro da Costa – F. C. C. 8 I – NOTA INTRODUTÓRIA O movimento regionalista açoriano, nos anos 20 e 30 do século XX, promoveu o debate sobre as realidades políticas, económicas, sociais e, de um modo muito especial, culturais insulares. Envolveu intelectuais, políticos, jornalistas, empresários, elementos do clero, entre outros, que almejavam a ―construção‖ de uma verdadeira ―consciência açoriana‖, entendida, em linhas gerais, como a substituição dos interesses particularistas de cada uma das ilhas pelos valores da unidade e solidariedade açoriana. O recurso à História e o apelo ao regresso da tradição; as preocupações pela preservação do património etnográfico e artístico; a exaltação dos valores patrióticos integra esse discurso regionalista que, na sua vertente mais conservadora, invoca os valores da ordem e da disciplina sociais. É nestas questões que se declara o interesse e dedicação de Francisco Carreiro da Costa, aos Açores. Desde cedo manifestou atenção pelas questões culturais do arquipélago, aquando da organização e realização do I Congresso Açoriano, de que foi seu secretário, o que lhe permitiu o contacto com a generalidade das questões açorianas de então. Além das actividades de carácter oficial e associativo, foi à etnologia dos Açores, que se dedicou mais empenhadamente. Os vários cargos que ocupou permitiram que realizasse uma obra exaustiva de descoberta, recolha e coordenação dos valores da tradição regional, que executou com método, persistência e a divulgou amplamente. Personalidade marcante e influente na sociedade açoriana do seu tempo, foi considerado importante obreiro das Letras e possuidor de reconhecidas capacidades intelectuais. A sua vida foi um raro exemplo de trabalho e actividade, tendo compreendido muito de 9 perto a alma do povo, que tão empenhadamente observou em todas as suas manifestações, conforme testemunham aqueles com quem privou. Foi interlocutor privilegiado de escritores, jornalistas, artistas, cientistas que visitaram São Miguel e viram nele colaborador incansável. Participou em diversas palestras e conferências no território nacional como no estrangeiro, contribuindo com os seus estudos para o enriquecimento do debate sobre a definição da identidade açoriana. Salienta-se, igualmente, o valioso trabalho de compilação e divulgação do património histórico e etnográfico dos Açores, empreendido pelo Dr. Francisco Carreiro da Costa, bem como a sua colaboração na constituição de vários organismos culturais do arquipélago. A vasta e tão relevante obra congregada no Fundo Dr. Francisco Carreiro da Costa que se encontra à guarda dos Serviços de Documentação da Universidade dos Açores, é constituída pelas palestras, proferidas no Emissor Regional, correspondência diversa enviada pelo próprio a particulares e a entidades públicas, trabalhos de investigação, ficheiros sobre os temas de estudo, além de textos variados, que são importantes para quem se queira debruçar sobre a problemática da identidade cultural açoriana. Acerca da realidade açoriana, Carreiro da Costa acentua a necessidade do apoio do poder central para a resolução dos problemas resultantes da insularidade, chamando a atenção para a sua compreensão, realidades diferenciadas relativamente ao resto do território português e que se caracterizam por várias carências resultantes dessa mesma insularidade, porque na opinião do autor, apesar de todas as manifestações de progresso, a insularidade continuava a impor limitações à maioria dos açorianos. Daí a necessidade do Poder Central continuar a reconhecer aos açorianos a capacidade de se administrarem de acordo com o sistema de descentralização, bem como na manutenção 10 dos auxílios prestados por este às autarquias e populações para que as ilhas açorianas pudessem acompanhar o ritmo do desenvolvimento social e económico de outras regiões portuguesas. O trabalho que ora se apresenta desenvolve sobretudo as temáticas insertas nas palestras radiofónicas, com especial relevo para as que se referem à História dos Açores. Procura dar a conhecer as palestras proferidas de Abril de 1945 e Maio de 1974, que reflectem o interesse de Francisco Carreiro da Costa em relação a vários temas, sobretudo à história e à etnologia açorianas. Durante a elaboração do presente trabalho, através do manuseamento das várias fontes utilizadas, ficamos impressionados não só com o Homem que foi o Dr. Francisco Carreiro da Costa, mas também com o seu vasto trabalho de investigação sobre os Açores: as suas gentes, os costumes e as tradições, passando pela política, pela economia, turismo, etc. O resultado deste seu trabalho de cinco décadas é imprescindível para o estudo da história e etnografia açorianas, e constitui um precioso legado para os investigadores destas temáticas: ―Porque sou português dos Açores – dos Açores de Portugal – orgulho- me de ser açoriano. É um orgulho que tem raízes fundas no Portugal de agora e de sempre porque os Açores, não obstante se situarem no meio do Atlântico, são raízes, ramos, flor e fruto de Portugal.
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