SERTÃO DE COXIM: Apossamentos De Terras, Conquistas E Relações De Trabalho (1830-1898)

SERTÃO DE COXIM: Apossamentos De Terras, Conquistas E Relações De Trabalho (1830-1898)

ADILSON RODRIGUES SILVA SERTÃO DE COXIM: Apossamentos de terras, conquistas e relações de trabalho (1830-1898) DOURADOS-2013 ADILSON RODRIGUES SILVA SERTÃO DE COXIM: Apossamento de terras, conquistas e relações de trabalho (1830-1898) Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Federal da Grande Dourados, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em História. Orientadora: Profa. Dra. Maria do Carmo Brazil. DOURADOS-2013 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UFGD Silva, Adilson Rodrigues SERTÃO DE COXIM: Apossamento de terras, conquistas e relações de trabalho (1830-1898) / Adilson Rodrigues Silva. – Dourados, MS : UFGD, 2013. p.204 Orientadora: Profa. Dra. Maria do Carmo Brazil Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal da Grande Dourados. 1. Sertão de Coxim 2. Apossamento de Terras 3. Relações de Trabalho. I. Título. ADILSON RODRIGUES SILVA SERTÃO DE COXIM: APOSSAMENTO DE TERRAS, CONQUISTAS E RELAÇÕES DE TRABALHO (1830-1898) COMISSÃO JULGADORA DISSERTAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE Profa. Dra. Maria do Carmo Brazil (UFGD)______________________________________ Prof. Dr. Julio Ricardo Quevedo dos Santos (UFSM)_________________________________ Prof. Dr. Cláudio Alves de Vasconcelos (UFGD)____________________________________ Dourados, 31de agosto de 2013. APRESENTAÇÃO PERCURSOS... “[há que] reexaminar todos esses sistemas densos, complexos e elaborados pelos quais a vida familiar e social é estruturada e a consciência social encontra [rá] realização e expressão” (...) (THOMPSON, 1981, p. 189). A história da cidade de Coxim esta intimamente ligada à história e memória da ocupação e povoamento do sul de Mato Grosso no século 19. Nele, se instalaram fazendeiros oriundos do Triangulo Mineiro, Goiás e interior de São Paulo, principalmente, da região de Franca. Povoados se formaram na região do sertão dos Garcia, Coxim, Miranda e Vacaria (região que se localiza a cidade de Campo Grande). Ainda criança, quando morava em Campo Grande, ouvia histórias da cidade, sobretudo, a fundação da Fazenda Bálsamo, lugar dos primeiros moradores da cidade. Cresci nas redondezas da sede da fazenda, onde realizava visitas constantes. No ano de 1990, numa dessas visitas, comecei a questionar como se deu a ocupação da região, como eram as viagens e quais eram os propósitos de ocuparem os campos abertos do sul de Mato Grosso. O marco da visita foi ouvir a professora de Estudos Sociais falar da fundação de Campo Grande. Contava que o mineiro José Antonio Pereira e sua família no ano de 1872, em busca por terras pastais na região de Nioaque, acabou por estabelecer-se na região denominada Vacaria, na serra de Maracaju. No entendimento de uma criança, à figura de José Antônio Pereira ligava- se a uma mistura de explorador, aventureiro e viajante. Como que aqueles homens deixavam suas terras para explorar outros lugares? Para quê? Mal sabia que as respostas viriam anos mais tarde com o desenvolvimento de minha dissertação de Mestrado. No avançar da década de 1990, período conturbado na política brasileira, percebi outro lado da história. O que acontecia no país? Impeachment, renúncia, plebiscito... Com o recorte temporal do trabalho sobre Coxim entre os anos de 1830 e 1898 perpassaria o período monárquico brasileiro e início da República. As leituras sobre a administração imperial trouxeram-me informações fundamentais às dúvidas do passado político do país e, sobretudo, à política de ocupação e povoamento do oeste brasileiro. No início do século 21, já estava inserido profissionalmente no campo da história passei a refletir sobre o passado mato-grossense. Numa época em que a juventude buscava respostas sobre as questões sociais contemporâneas e, então, passei a participar como militante no movimento negro. A essa época passei a me dedicar aos estudos sobre o escravismo no Brasil, com destaque para Mato Grosso. No ano de 2001 ingressei na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, no curso de História no campus de Coxim. A partir daí que me aproximei de meu objeto de pesquisa. Minha vida acadêmica, no primeiro momento da graduação foi importante para o amadurecimento enquanto pesquisador, professor e, sobretudo, militante das causas sociais. Como havia aproximação com a temática escravidão, participei de seminários e fóruns sobre a situação do negro no Brasil. A militância no movimento negro direcionou minha decisão de realizar um estudo sobre o fenômeno quilombola em Mato Grosso (quilombos contemporâneos), como trabalho de conclusão do curso. No ano de 2007, conclui minha graduação em História, com a apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado “Fenômeno Quilombola: as tradições culturais da comunidade Quintino Elias na cidade de Pedro Gomes (1960-2007)”. A partir desse momento passei a me dedicar em estudar sobre relações de trabalho no século 19, com o propósito de desenvolver um projeto para ingressar no Programa de Pós-Graduação em História, nível de Mestrado, na Universidade Federal da Grande Dourados. No ano de 2006, casei com Fernanda Reis, também historiadora, compartilhamos estudos juntos, projetos juntos, dificuldades juntos. Ela com dedicação em estudos culturais, eu em movimentos sociais. Da nossa união nasceu em 2008 na cidade de Coxim nossa filha Bethânia. No ano de 2011, participamos do processo seletivo no PPG Historia/UFGD, no qual obtivemos sucesso. Sob orientação da professora Maria do Carmo Brazil, passei a desenvolver a pesquisa acerca do estabelecimento de fazendas pastoris no sul de Mato Grosso e as relações de trabalho que se desenvolveram no sertão de Coxim (1830- 1898). Com o retorno simbólico ao meu passado, àquela fazenda Balsamo, passei a estudar a implantação das fazendas no sertão de Coxim. Avancei sobre os arquivos, parti do estudo das atividades econômicas desenvolvidas entre o período em questão. O contato com os arquivos me fascinou, as descobertas correspondiam ao que foi traçado na proposta do projeto. Um lugar onde ecoava a memória de Coxim é o estabelecimento do senhor José Guedes, o Bar do Guedes, onde funciona a Confraria do Piau, um grupo de artistas e interessados na cultura de Coxim que se reúnem nas noites das quartas-feiras. Minha participação é de ouvir boa música regional e conhecer a história contada pelos moradores daquela cidade. Lá tive a oportunidade de conhecer o historiador e artista plástico, já falecido, Henrique Spengler, que me incentivou muito em estudar a história local. Recordo-me que apresentei um trabalho na disciplina de Prática de Ensino em História I, a defesa do Bar do Guedes como Patrimônio Histórico e Cultural de Coxim, foi muito “bacana”, pois possibilitou-me expor a história da cidade e do evento que acontecia no estabelecimento do Zé Guedes. Através do contato boêmio com os artistas de Coxim, do cotidiano acadêmico durante a graduação, das participações em movimentos sociais, e da empolgante infância pude aproveitar parte dessa vivência na construção da minha pesquisa. Esse trabalho é o retorno às raízes, sobretudo uma contribuição à história de uma região e da sociedade que se estabeleceu neste local. RESUMO Propomos análise sobre o desenvolvimento da produção pastoril e as relações de trabalho na região de Coxim do antigo sul de Mato Grosso – 1830-1898. A ocupação das terras que atualmente compreendem o atual município de Coxim e a atividade criatória na região teve início a partir da década de 1830. Sob extensão da ocupação do chamado sertão dos Garcia, pelos migrantes mineiros, capitaneados por José Garcia Leal e Joaquim Francisco Lopes, a onda migratória e expansionista, a despeito da presença dos indígenas, senhores daquele espaço, alcançou Coxim dando inicio ao processo de ocupação, povoamento e afirmação das propriedades da terra no sul de Mato Grosso. O estudo desenvolveu-se através da investigação histórica, utilizando-se de documentos e bibliografias, a partir da definição dos fatos, fenômenos sociais e políticos, seus encadeamentos necessários. Elegemos Coxim como objeto de análise com objetivo de ir além dos estudos realizados acerca do fluxo monçoeiro, ou de um local que serviu de rota às minas auríferas de Cuiabá, ou ainda de um entreposto de abastecimento e descanso. Buscamos evidenciar a realidade da sociedade de Coxim no século 19 sob orientação do método dialético investigativo, que procura descrever o particular (a região) à luz do contexto econômico, político, social e cultural (nacional, sobretudo). O estudo partiu da análise de memórias, crônicas produzidas no século 19, documentos disponíveis nos arquivos públicos como inventários post-mortem, testamentos, cartas de alforrias, listas de classificação de escravos e relatórios de presidentes de províncias. Nosso recorte temporal 1830-1898 envolve o período do surgimento de fazendas de gado nesta região e alcança o período que se consolidou a definitiva ocupação da região com a elevação de Coxim a município. Palavras-chave: terra e trabalho, história agrária, história regional. ABSTRACT We propose analysis on the development of pastoral production and labor relations in the region to Coxim the old southern Mato Grosso - 1830-1898. The occupation of the lands that now comprise the current municipality of Coxim and stock breeding activity in the region began from the 1830s. Under extent of occupation of the hinterland called Garcia, the migrant miners, led by Jose Garcia Leal and Joaquim Francisco Lopes, migration and expansion wave, despite the presence of indigenous, lords

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