Cultura E Mobilização – Reflexões a Partir Do I Congresso Internacional De Escritores E Artistas Negros Todos Os Direitos Desta Edição Reservados À Synergia Editora

Cultura E Mobilização – Reflexões a Partir Do I Congresso Internacional De Escritores E Artistas Negros Todos Os Direitos Desta Edição Reservados À Synergia Editora

CULTURA e MOBILIZAÇÃO Reflexões a partir do I Congresso Internacional de Escritores e Artistas Negros Raissa Brescia dos Reis Taciana Almeida G. Resende (Organizadoras) CULTURA e MOBILIZAÇÃO Reflexões a partir do I Congresso Internacional de Escritores e Artistas Negros Raissa Brescia dos Reis Taciana Almeida G. Resende (Organizadoras) Copyright © 2016 Cultura e Mobilização – Reflexões a partir do I Congresso Internacional de Escritores e Artistas Negros Todos os direitos desta edição reservados à Synergia Editora Editor Jorge Gama Capa Equipe Synergia Diagramação Flávio Meneghesso Revisão Lorrane Martins ________________________________ R375c Reis, Raissa Brescia Cultura e mobilização: reflexões a partir do I Congresso Internacional de de Escritores e Artistas Negros. / Raissa Brescia dos Reis, Taciana Almeida (Org.) ̶ Rio de Janeiro: Synergia Editora, 2016. 200 p. ; 21 cm Inclui Bibliografia Coedição UFMG ISBN: 978-85-68483-31-2 1. Negros na literatura 2. Identidade negra – I. Resende, Taciana Almeida G. II. Título. CDU 316.722(6) CDD 305.896 ________________________________ Livros técnicos, científicos e profissionais Tel.: (21) 3259-9374 www.synergiaeditora.com.br – [email protected] Sumário Apresentação Profª Drª Vanicléia Silva Santos......................................................................VII Introdução Raissa Brescia dos Reis e Taciana Almeida Garrido de Resende................IX 1 Présence Africaine e Intelectualidade Francófona: uma Introdução à Historiografia Raissa Brescia dos Reis e Taciana Almeida Garrido de Resende...................1 2 O I Congresso de Escritores e Artistas Negros: Antecedentes, Tensões e Consequências Maria Nazareth Soares Fonseca.......................................................................25 3 Pré-histórias da Literatura Francófona na África: Pan-africanismo, Negritude e o Primeiro Congresso dos Escritores e Artistas Negros Fernanda Murad Machado.................................................................................41 4 Projeto Cultural e Política Intelectual nas Páginas da Présence Africaine (1947-1956) Raissa Brescia dos Reis.......................................................................................71 5 Ousmane Sembène: um Cineasta Contra o Colonialismo e as Elites Africanas David Marinho de Lima Júnior......................................................................105 Frantz Fanon: Sobre a Violência e o Projeto Anticolonial para a Emancipação 6 Gustavo de Andrade Durão.............................................................................127 vi Cultura e Mobilização 7 Descolonizações Na Adversidade: a Présence Africaine Como Prisma de Constelações Culturais Charlotte Arndt.................................................................................................147 8 Lumières Noires e o Ensino De História da África na Educação Básica: uma Proposta Interdisciplinar no IFMG Gilbert Daniel da Silva, Simone Maria dos Santos e Taciana Almeida Garrido de Resende..........................................................163 Apresentação O Centro de Estudos Africanos, oficialmente criado em 2012, é o primeiro centro de estudos da UFMG criado no âmbito do projeto de ampliação da internacionalização da nossa universidade junto à África. O CEA tem como missão promover o encontro de acadêmicos especialistas no tema e divulgar as pesquisas realizadas na UFMG em outros centros de pesquisa no Brasil e no mundo, assim ajudando a consolidar os estudos africanos no país e a estabelecer a área como temática de pesquisa rele- vante no interior de nossa instituição. As parcerias com universidades e outras instituições de ensino têm como objetivo a realização de atividades conjuntas de pesquisa, o intercâmbio de material acadêmico e projetos de mobilidade acadêmica de alunos e professores. Por meio desses acordos internacionais, estudantes e pesquisadores da UFMG já puderam cursar disciplinas de sua área no exterior e alunos estrangeiros vieram à UFMG no mesmo intuito. Ao longo de sua atividade, o CEA também trouxe grandes especialistas em Estudos Africanos que realizaram conferências e seminários e ministraram disciplinas em programas de Pós-Graduação. Como um de seus objetivos principais, o CEA busca congregar pesquisadores, da UFMG e de outras Instituições de Ensino Superior, que desenvolvam pesquisas pertinentes à África. Dessa forma, incenti- vamos, por meio de editais de financiamento, a realização de congressos e colóquios que promovam um espaço para discussões e produção de conhecimento científico. Em 2015, por meio de Edital para Eventos do CEA-UFMG, foram realizados cinco eventos na FAFICH/UFMG. Um deles foi o I Congresso de Escritores e Artistas Negros: Seis décadas depois. O congresso de 1956 congregou intelectuais africanos e da diáspora e é hoje uma baliza fundamental para se pensar a experiência africana no século XX. O evento que deu origem a este livro e a própria publicação são, portanto, frutos do investimento do CEA/UFMG na consolidação do viii Cultura e Mobilização campo de estudos africanos. Acreditamos que há um público crescente e interessado em compreender melhor a história do continente africano e seus diálogos atlânticos estabelecidos com a Europa e a América. Assim, a UFMG cumpre seu papel ao promover a produção de conhecimento científico de alta qualidade e se abre para dialogar inter- nacionalmente com intelectuais africanos e outros estudiosos dedicados aos estudos da área. Profª Drª Vanicléia Silva Santos Professora de História da África – UFMG Coordenadora do Centro de Estudos Africanos - UFMG Introdução Em 1956, houve em Paris um encontro de escritores e artistas que marcaria profundamente a memória dos intelectuais que lá estiveram. Esse encontro mobilizou a atenção dos governos e, sobretudo, representou um momento fundamental na trajetória das discussões sobre a condição colonial. Contou com a presença de pensadores das colônias e ex-colônias francesas na África e na América, e com uma delegação de intelectuais estadunidenses. Fundadores e herdeiros da primeira geração do Négritude,1 esses intelectuais tinham como referência as produções da década de 1930, a proclamação e a prescrição de uma identidade coletiva informada por conceitos de cultura negro-africana. Uma “Bandung Cultural” – foi como chamou Alioune Diop o congresso de 1956, em referência à reunião realizada na Indonésia no ano anterior. Entre os princípios fundamentais defendidos pelos países do então chamado “Terceiro Mundo” em Bandung, estavam o reconhecimento da igualdade entre pessoas e nações e a autodeterminação dos povos. O ques- tionamento ao colonialismo estava dado, mas qual o papel da cultura negra diante dessa realidade? O que ela significa e como ela deve ser mobilizada pelo homem de cultura negro? A quem diz respeito e como é definida? A identidade racial compartilhada é um critério fundamental e incontor- nável de união? Intelectuais como Aimé Césaire, Léopold Sédar Senghor, 1 O movimento da Négritude, desenvolvido entre estudantes antilhanos e africanos em estadia em Paris no entreguerras, tinha como principal pauta a positivação da identidade negra mobilizada por poetas, escritores e estudantes de Letras. Para muitos autores, como Lilyan Kesteloot, a literatura negro-africana francófona tem como marco fundamental os primeiros escritos deste grupo na década de 1930. Segundo a autora belga – e também para os histo- riadores franceses Bernard Mouralis e Jacques Chevrier –, o movimento da Négritude inau- gura a autenticidade em literatura negro-africana devido a sua ligação com uma estética da rebelião e sua necessária fala engajada. Ler mais em KESTELOOT, 1963. x Cultura e Mobilização Cheikh Anta Diop, Frantz Fanon, Richard Wright, Jacques Stéphen Alexis e o próprio Alioune Diop tentaram responder a essas e outras questões entre os dias 19 e 22 de setembro de 1956, diante de uma plateia atenta no auditório Descartes da Sorbonne. Não sem discordâncias. O I Congresso Internacional de Escritores e Artistas Negros completa 60 anos em 2016 e apresentamos aqui algumas contribuições para esse debate. O Centro de Estudos Africanos da Universidade Federal de Minas Gerais, a quem agredecemos muito, foi responsável pelo financiamento dessa publi- cação e também do evento que lhe deu origem. Em novembro de 2015, com o apoio do Departamento de História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, a equipe organizadora do seminário I Congresso de Escritores e Artistas Negros: sessenta anos depois propôs um espaço de balanço e novas discussões a respeito desse histórico encontro. Ao professor e amigo Luiz Arnaut, que concebeu conosco a proposta do evento, um agradeci- mento especial pela parceria. Para compor o evento acadêmico, foram selecionados filmes e docu- mentários cujas temáticas versam sobre assuntos correlatos ao Congresso de 1956 ou aos seus participantes. Para debater com o público, foram apresen- tados os documentários Aimé Césaire: une voix pour l’histoire, de Euzham Palcy; Concerning Violence, do diretor Göran Hugo Olsson, e Lumières Noires, de autoria de Bob Swaim; além do longa metragem de ficçãoXala , de Ousmane Sembène. Foram três dias de debates, mesas temáticas e sessões de filmes comentadas sobre as principais questões mobilizadas pelo Congresso. As reflexões dali decorrentes estão agora reunidas neste livro. Diante da crescente relevância dos Estudos Africanos no Brasil nas últimas décadas, o evento buscou incentivar o intercâmbio entre áreas (como a da História, da Literatura e das Ciências Sociais) e

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