Revista Brasileira fase ix janeiro-fevereiro-março 2018 ano i n.o 94 ACADEMIA B RASILEIRA R EVISTA B RASILEIRA DE L ETRAS 2018 Diretoria Diretor Presidente: Marco Lucchesi Cicero Sandroni Secretário-Geral: Alberto da Costa e Silva Conselho Editorial Primeira-Secretária: Ana Maria Machado Arnaldo Niskier Segundo-Secretário: Merval Pereira Merval Pereira Tesoureiro: José Murilo de Carvalho João Almino Comissão de Publicações Membros Efetivos Alfredo Bosi Affonso Arinos de Mello Franco, Antonio Carlos Secchin Alberto da Costa e Silva, Alberto Evaldo Cabral de Mello Venancio Filho, Alfredo Bosi, Ana Maria Machado, Antonio Carlos Produção Editorial Secchin, Antonio Cicero, Antônio Torres, Monique Cordeiro Figueiredo Mendes Arnaldo Niskier, Arno Wehling, Candido Revisão Mendes de Almeida, Carlos Heitor Cony, Vania Maria da Cunha Martins Santos Carlos Nejar, Celso Lafer, Cicero Sandroni, Cleonice Serôa da Motta Berardinelli, Projeto Gráfico Domicio Proença Filho, Edmar Lisboa Victor Burton Bacha, Evaldo Cabral de Mello, Evanildo Editoração Eletrônica Cavalcante Bechara, Fernando Henrique Estúdio Castellani Cardoso, Geraldo Carneiro, Geraldo Holanda Cavalcanti, Helio Jaguaribe, ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS João Almino, José Murilo de Carvalho, Av. Presidente Wilson, 203 – 4.o andar José Sarney, Lygia Fagundes Telles, Marco Rio de Janeiro – RJ – CEP 20030-021 Lucchesi, Marco Maciel, Marcos Vinicios Telefones: Geral: (0xx21) 3974-2500 Vilaça, Merval Pereira, Murilo Melo Filho, Setor de Publicações: (0xx21) 3974-2525 Nélida Piñon, Nelson Pereira dos Santos, Fax: (0xx21) 2220-6695 E-mail: [email protected] Paulo Coelho, Rosiska Darcy de Oliveira, site: http://www.academia.org.br Sergio Paulo Rouanet, Tarcísio Padilha, As colaborações são solicitadas. Zuenir Ventura. Os artigos refletem exclusivamente a opinião dos autores, sendo eles também responsáveis pelas exatidão das citações e referências bibliográficas de seus textos. Vinhetas coligidas do acervo da Biblioteca Acadêmica Lúcio de Mendonça. Transcrições feitas pela Secretaria Geral da ABL. Esta Revista está disponível, em formato digital, no site www.academia.org.br/revistabrasileira. Sumário Cicero Sandroni Editorial 7 Iconografia Ninil Gonçalves 9 Dossiê Língua Portuguesa Cristine Gorski Severo Uma visão panorâmica das políticas linguísticas no Brasil: construindo diálogos 11 Ricardo Cavaliere Por uma nova nomenclatura linguística no ensino básico da Língua Portuguesa 23 José Carlos de Azeredo Afinal, ensina-se a Língua Materna? Refletindo sobre alguns lugares-comuns 45 Cadeira 41 Luiz Ruffato Todos contra Júlia! 57 Nádia Battella Gotlib O legado de Clarice Lispector 77 Felipe Botelho Corrêa Lima Barreto em revista 87 Ensaio Geraldo Holanda Cavalcanti Nabuco Republicano 97 Evaldo Cabral de Mello Gibbon ou a refundação da história 109 Zhang Longxi “O tom pálido do pensamento” – sobre o dilema de pensar e agir 113 Dinu Fla˘mând À procura de uma pátria ideal. Fernando Pessoa, Emil Cioran, Walter Benjamin 135 Tomasz Łychowski A palavra – poetas poloneses contemporâneos 149 Rogério Amorim Metáfora e melancolia 159 Mônica de Ávila Todaro Signos artísticos em movimento, livro de Baptista, D’Ambrosio e Roggero 169 Leonardo Fróes La Fontaine e Saint-Exupéry – moralistas, mas nem tanto 173 Alva Martínez Teixeiro Nos rubros mares de Camões: a transfiguração do imaginário quinhentista em Clio, de Marco Lucchesi 179 Livia Apa O hotel da proximidade 191 Conto Luís Pimentel A farinha e o sonho 203 Poesia André Gabriel 207 Maurício de Macedo 211 Raquel Naveira 217 Bodan Alberto de Araújo Filho 225 Thássio Ferreira 229 Poesia Mundipoetas Yusef Komunyakaa 237 Hugo Mujica 253 Verónica Viola Fisher 271 Memória Futura O novo “imortal”: A recepção de Olegário Mariano, ontem, na Academia Brasileira 279 Esta a glória que fica, eleva, honra e consola. Machado de Assis Editorial Cicero Sandroni o assumir a Direção da Revista Brasileira, reitero sua Ocupante pertinência como veículo editorial, expressão da pere- da Cadeira 6 nidade da arte frente à demanda reflexiva dos tempos na Academia A Brasileira de de agora e vindouros: Ars longa, vita brevis. Letras. Não é, portanto, excessivo recordarmos que a Revista Brasileira, em todas as suas fases, da primeira à oitava, traz em seu bojo o debate de ideias, a divergência filosófica salutar, inerente à diversidade de pensamento de seus diretores, entre os quais: Nicolau Midosi, Batista Pereira, Josué Montello, João de Scan- timburgo e Marco Lucchesi. Herdeiros de tal riqueza intelectual e na busca de honrar nosso destino de “unidade literária”, nos termos machadia- nos, ou inspirados no dizer, sempre atual de nosso saudoso confrade Eduardo Portella, o “deslindamento crítico consiste num processamento ideológico” em “um interminável esforço de compreensão da verdade”, somos agora compelidos a lidar com uma multiplicidade de saberes tão bem espelhada em sua nona fase. Para tanto, muito nos alegra convidar à leitura desta publi- cação que abriga artigos, ensaios, criações artísticas, a nos fazer recordar a vivacidade linguística, poética e cultural de nossa sociedade constantemente debatida nesta Casa. iconografia Ninil Gonçalves inil Gonçalves é fotógrafo e poeta. Nasceu em Cris- tina, Minas Gerais, mora em São Paulo. A fotografia N e a literatura sempre estiveram presentes em sua vida desde a adolescência em Cristina. Gradua do em Letras e mestre em Educação. Está cursando doutorado em Educação, pesqui- sando a fotografia num âmbito pedagógico pela perspectiva do pensamento de Paulo Freire e Pierre Francastel. Acredita que a fotografia possibilita uma ação pedagógica quando a leitura da imagem estabelece um diálogo com os elementos ontológi- cos do Ser, dialogando com o contexto histórico e indo além dos elementos denotativos apresentados no seu aspecto estéti- co. Como pesquisador busca caminhos mais profundos desse diálogo da fotografia com a Educação, já como fotógrafo ele busca uma relação da poesia com a fotografia numa perspectiva documental, privilegiando o cotidiano e os elementos corriquei- ros do dia a dia. Leitor de William Carlos Williams e Manoel de Barros, acredita que esses elementos básicos da vida lhe ofe- recem a matéria-prima essencial para o que gosta de captar em fotografia. Publicou um livro de poemas chamado Absorções e três de fotografia: Cristina nos olhos, Cristinidades e Cristinas, Tere- zas, Marias, Anas..., todos dedicados à sua cidade natal. Também participa de coletâneas voltadas para a poesia, além de escrever artigos voltados para a área da Educação/Literatura/Fotogra- fia. É idea lizador, juntamente com sua irmã Ray Gonçalves, da Flicristina, a primeira Feira Literária de Cristina, que leva anual- mente grandes autores à cidade, reunindo todas as escolas do local, incluindo as da zona rural, com os alunos envolvendo-se nos temas literários e também produzindo trabalhos. dossiê língua portuguesa Uma visão panorâmica das políticas linguísticas no Brasil: construindo diálogos Cristine Gorski Severo este texto, proponho apresentar um breve panorama Professora da das políticas linguísticas brasileiras, evidenciando a Universidade Federal complexidade de elementos e agentes nelas envolvi- de Santa Catarina N (UFSC), bolsista dos. As políticas e planejamentos linguísticos, em geral, emer- de produtividade gem como campo disciplinar acadêmico a partir dos anos 1960, em pesquisa pelo paralelamente à emergência da sociolinguística como área de CNPq, doutora saber academicamente constituída. A despeito dessa formação em Linguística disciplinar, as políticas linguísticas englobam perspectivas e pela UFSC e práticas diversificadas, devendo ser vistas de maneira contex- pós-doutora em tualizada e amplificada. Entendemos que a política linguística Políticas Linguísticas pela Universidade deve ser considerada, fundamentalmente, como um campo de da Pensilvânia. diálogo em prol da manutenção da pluralidade linguístico- Tem pesquisado as -discursiva em um espaço compartilhado. políticas linguísticas A historicidade nos revela que as políticas linguísticas no em contextos Brasil envolveram uma série de mobilizações teóricas, artísti- coloniais e cas, religiosas, estatais, jurídicas que buscaram lidar com, pelo pós-coloniais de uso da língua menos, três grandes aspectos: (i) as formas de nomeação da portuguesa. Lidera língua – língua geral, língua da terra, língua exótica, língua o grupo de pesquisa brasileira, língua do Brasil, português brasileiro, língua nacio- Políticas Linguísticas nal, dialeto brasileiro, dialeto luso-brasileiro, português afro- Críticas (CNPq). -brasileiro, entre outras; (ii) os discursos em torno da língua 12 Cristine Gorski Severo – defesa de brasileirismos, regionalismos e de vernacularismo, combate aos estrangeirismos, hierarquização e valoração dos usos linguísticos, definição da norma brasileira, entre outros; (iii) as categorizações da língua falada e escrita no Brasil a partir do levantamento de determina- dos elementos linguísticos, em detrimento de outros, ajudando a definir o que conta como “língua”. Neste texto agrupo a história das políticas linguísticas em dois momentos: as políticas coloniais e a formação do Estado moderno bra- sileiro. Atribuo um enfoque maior às contribuições africanas para a for- mação discursiva e linguística do português brasileiro, pois compreendo que se trata de um tema ainda pouco explorado pela literatura. Políticas linguísticas no Brasil colonial As políticas linguísticas coloniais englobam tanto as políticas lin- guísticas católicas como as políticas linguísticas do
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