UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS ORIENTAIS PROGRAMA DE LITERATURA E CULTURA RUSSA RODRIGO ALVES DO NASCIMENTO Tchékhov no Brasil: a construção de uma atualidade Versão corrigida São Paulo 2013 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS ORIENTAIS PROGRAMA DE LITERATURA E CULTURA RUSSA Tchékhov no Brasil: a construção de uma atualidade Rodrigo Alves do Nascimento Dissertação em versão corrigida apresentada ao Programa de Pós-graduação em Literatura e Cultura Russa do Departamento de Letras Orientais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo como requisito para obtenção do título de Mestre em Literatura e Cultura Russa. Pesquisa desenvolvida com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). De acordo, Orientador: Prof. Dr. Bruno Barretto Gomide São Paulo 2013 3 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Catalogação na Publicação Serviço de Biblioteca e Documentação Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo ______________________________________________________________________ Nascimento, Rodrigo Alves do Tchékhov no Brasil: a construção de uma atualidade / Rodrigo Alves do Nascimento; orientador Bruno Barretto Gomide. -- São Paulo, 2013. 344 f. ; il. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura Russa – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. 1. Tchékhov, Anton Pávlovitch, 1860-1904. 2. Dramaturgia. 3. Encenações. 4. Teatro Brasileiro. 5. Teatro Russo I. Título. II. Gomide, Bruno Barreto. 4 RODRIGO ALVES DO NASCIMENTO Tchékhov no Brasil: a construção de uma atualidade Dissertação de mestrado em versão corrigida presentada ao Programa de pós-graduação em Literatura e Cultura Russa do Departamento de Letras Orientais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, aprovada pela Banca Examinadora constituída pelos seguintes professores: ______________________________________________ Prof. Dr. Bruno Barretto Gomide Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Universidade de São Paulo Orientador ______________________________________________ Prof. Dr. Luiz Fernando Ramos Escola de Comunicações e Artes Universidade de São Paulo ______________________________________________ Prof. Dra. Elena Vássina Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Universidade de São Paulo São Paulo 2013 5 Para Vilma Arêas, pelas lições de liberdade. 6 AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à FAPESP, pelas bolsas concedidas no Brasil e nos EUA, que me permitiram a dedicação exclusiva a esta pesquisa. Ao meu orientador, Bruno Barretto Gomide, que me honrou com suas orientações e, sempre à disposição, permitiu-me grande liberdade de trabalho. Na USP, tive a oportunidade de assitir às aulas de Elena Vássina, Arlete Cavaliere, Fátima Bianchi, Maria Silvia Betti e do professor João Roberto Faria, que me proporcionaram momentos instigantes de formação e em muito contribuíram para este estudo. Além deles, Aurora Fornoni Bernardini, Tatiana Belinky e Boris Schnaiderman cederam longas entrevistas - o que, em si, já vale por todo o trabalho. Na Universidade da Califórnia, em Berkeley, tive a oportunidade de tomar contato com as ótimas aulas da professora Anna Muza e com a presença solícita da professora Irina Paperno - responsáveis também por me guiar dentro do acervo fabuloso das bibliotecas americanas. Laurence Senelick e Patrick Miles, especialistas na recepção de Tchékhov nos EUA e no Reino Unido, estiveram à disposição para trocar e-mails e fornecer informações valiosas para esta pesquisa. No Instituto de Estudos da Linguagem (IEL-UNICAMP), fui beneficiado pelas aulas do professor Antonio Arnoni Prado e pelas presenças fundamentais, tanto pessoal quanto intelectualmente, dos professores Eric Mitchell Sabinson e Vilma Arêas. A professora Vilma, em especial, abriu-me as portas para a seara russa. No Rio de Janeiro, o diretor de teatro Antonio Gilberto me forneceu preciosas informações sobre a recepção de Tchékhov no Brasil. Márcia Cláudia, funcionária da FUNARTE, aturou-me durante muitos dias e nunca negou qualquer solicitação. Também os funcionários do AEL-Unicamp, do Centro Cultural São Paulo, da Casa Rui Barbosa e da Biblioteca Jenny Klabin Segall foram sempre solícitos e prestativos. Os funcionários da Pós-Graduação, em especial o Jorge, tornaram o labirinto burocrático das inscrições, prazos e relatórios menos assustador. Há também os amigos! Fernando e Gracilene Macedo são amigos de primeira hora, salvaram meus dias da monotonia e garantiram as condições para que eu conseguisse trabalhar (e bebericar). Adriana e Anderson, primos, deram-me ótima estadia nos dias de confecção dos capítulos finais. Marcelo Lotufo, mesmo em outro hemisfério, ajudou-me em tudo e é grande parceiro intelectual. Leonel Carneiro deu ótimas indicações para o texto. Larissa Machado enfrentou os arquivos junto comigo. Priscila Nascimento, Deise e Flávia tornaram minha vida nos corredores da FFLCH mais vivas. Lígia, Larissa Higa, Gislaine e Fernanda Valim são insubstituíveis e têm tornado essa etapa de minha vida menos árida. Diogo, Dieguinho, Diego Fernandez, Alexandre Baquero, Lucas Ferreira, Igor Tanaka, Luis Stival, Robson, Paulinha, Priscila, Gabriel e Kauê me brindam com a oportunidade de tê-los como amigos. Já quase no final, mas não menos importante, agradeço aos meus irmãos Rogério e Reginaldo, a quem amo tanto. Agredeço ao meu pai Sebastião, por ser um maravilhoso contador de histórias - o primeiro grande artista que conheci. E agradeço a minha mãe, Sônia, por ser quem é, por ser um exemplo de luta e por ter me instigado a ler os primeiros livros. Por fim, agradeço à Patrícia Rocha, companheira que me deu meus melhores anos e que toca em meus dias uma apaixonada sinfonia para o embalo do corpo e das emoções. Aos meus companheiros de militância política e aos meus educandos que, mesmo diante dos percalços (que são muitos), continuam acreditando que é necessário viver de maneira radicalmente diferente da que se vive hoje. Ainda que não o saibam, também pensam um pouco como Tchékhov. 7 Poucos escritores estrangeiros são mais intrinsecamente "brasileiros" do que Anton Chekov (sic). E sua obra tem um pungente "brasileirismo" atual. De Dostoiévski ou Tolstoi - os grandes contemporâneos de Chekov - só se pode dizer que sejam brasileiros naquilo que têm de universal: a angústia metafísica, a luta pelo aperfeiçoamento, a preocupação pela injustiça social vista como pecado, etc. Chekov, não. Equilibrado sensato, cuidadoso das aparências, mais "europeu" do que russo, viu perfeitamente, viu tão bem quanto o grande Dostoiévski, a revolução que se acercava, mas viu-a de forma muito mais nossa: as elites russas não eram elites nenhumas, os fazendeiros e senhores de engenho não eram nem maus nem bons, mas estúpidos e imprevidentes, todo o mundo via o errado de tudo, mas ninguém queria dar-se o trabalho de endireitar nada, todos falavam muito em cultura mas ninguém a conhecia fora dos livros, cultura viva, inventada, fecunda. Sua peça "O Cerejal" ou "O Pomar de Cerejas" ou como a chamemos, podia desenrolar-se numa fazenda de café, assim como "As Três Irmãs" podia acontecer num engenho de açúcar (...) Antonio Callado, Chekov 8 NASCIMENTO, Rodrigo Alves do. Tchékhov no Brasil: a construção de uma atualidade. São Paulo: 2013, 344f. Dissertação (Mestrado em Literatura e Cultura Russa) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. RESUMO Anton Pávlovitch Tchékhov (1860-1904) é hoje um dos dramaturgos mais encenados no Brasil e no mundo. A fim de compreender como se deu o processo de afirmação de sua dramaturgia, bem como as interpretações e atualizações feitas por críticos e grupos teatrais, realizaremos um estudo de recepção com foco específico na relação entre texto e cena. Inicialmente, faremos uma breve análise de suas primeiras encenações em solo russo (e a produção pelo Teatro de Arte de Moscou do que se convencionou chamar tchekhovismo), passando pelos palcos europeus e americanos para, finalmente, entender as principais interpretações produzidas em solo brasileiro - foco deste trabalho. Ao final, esperamos que fique evidente que nossa tentativa é menos a de estabelecer uma linha evolutiva de dissolução do mito do tchekhovismo e mais a de mostrar como ao longo da história da recepção do drama de Tchékhov sua atualização constante sofria (e sofre) pressões dos impasses de nossa formação teatral, nossas dificuldades econômicas, sociais e políticas. Palavras-chave: Anton Tchékhov; Dramaturgia; Encenação; Teatro Brasileiro; Teatro Russo. 9 NASCIMENTO, Rodrigo Alves do. Chekhov in Brazil: the building of a presentness. São Paulo: 2013, 344f. Dissertação (Mestrado em Literatura e Cultura Russa) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. ABSTRACT Anton Pavlovich Chekhov is one of the most staged playwriters of our days both in Brazil and in most of the World. In order to understand how the importance of his dramaturgy came into being, as well as the different interpretations and updatings done by several theater groups, this study will investigate Chekhov's reception, with emphasis to the relation between the text and the stagings. Beginning with
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